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05/12/2022 21:20 Descomplica | Técnicas Em Reabilitação Neuropsicológica

Fundamentos da Neuropsicologia

D iversas pesquisas arqueológicas


hominídeos e os homens pré-históricos já possuíam alguns
conhecimentos a respeito da importância da cabeça, ou cérebro.
Por exemplo, sabiam que traumas nesta região eram capazes
demonstram que os

de produzir sérios distúrbios, como perda da memória, da consciência,


convulsões e até alterações comportamentais (CASTRO; LANDEIRA-
FERNANDES, 2010).

Através dos crânios descobertos nas escavações, muitos arqueólogos


tentaram entender melhor esta questão. Um dos mais antigos é um crânio
da espécie Astralopithecus africanus, datado de 3 milhões de anos a.C.,
que foi descoberto com uma série de fraturas, uma muito próxima a outra,
que os pesquisadores associaram a agressões intraespecíficas. Alguns
crânios da espécie Homo erectus, datados em 500 mil anos, também
apresentaram o mesmo padrão, a exemplo d’O homem de Java e d’O
Homem de Pequim, que se tornaram espécies de “casos” entre os
cientistas. Já na espécie Homo Neanderthalensis, vários e vários crânios
encontrados em cavernas no Iraque, no Quênia, China e várias outras
regiões mostraram, novamente, o mesmo padrão, com feridas na região
da testa e na cabeça, associadas a embates e confrontos interpessoais
(CASTRO; LANDEIRA-FERNANDES, 2010).

Os conhecimentos mais estruturados lançados acerca da neuroanatomia


e neurofisiologia datam dos rituais de trepanação na pré-história e do
sistema de mumificação no Egito Antigo. O Papiro Cirúrgico de Edwin
Smith (Figura 1), de 1.700 a.C., é considerado o registro mais antigo sobre

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o cérebro, trazendo 48 casos clínicos com descrição, tratamento e


prognóstico. Na Grécia Antiga, filósofos discutiam sobre a razão e a ideia,
tentando localizar a alma no corpo. No fim do Renascimento, Descartes
sugere que o homem é composto por um substrato material e outro
pensante. E mesmo mais recentemente, no início da psicologia científica
no século XIX, com Wundt e a psicofísica alemã, a relação entre fisiologia,
cérebro e comportamento era ressaltada (CASTRO; LANDEIRA-
FERNANDES, 2010).

Figura 1: Papiro Cirúrgico de


Edwin Smith

Apesar disso, com a crítica realizada pelo Iluminismo e pelo Romantismo


à ciência moderna no século XVIII e com as ideias da Teoria da Evolução
de Darwin, a psicologia passa a privilegiar posições funcionalistas em
detrimento de compreensões estruturais. É a partir da segunda metade do
século XIX, no auge dos estudos sobre doença mental, que são sugeridas
as primeiras sistematizações da relação cérebro-comportamento e
começa a se delinear o campo que mais tarde veio a ser denominado
‘Neuropsicologia’. Em 1865, Paul Broca localiza a função da linguagem
expressiva no cérebro a partir de seu método anátomo-clínico para estudo
das afasias. Broca contrapõe as especulações da frenologia e do
processo de cranioscopia, buscando um método científico para
correlacionar áreas cerebrais a déficits funcionais. Posteriormente, Carl

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Wernicke localiza a função da linguagem receptiva, ampliando os


conhecimentos da linguagem (MADER, 1996).

É durante as duas grandes guerras mundiais do século XX que a


neuropsicologia se desenvolve com mais intensidade, devido a
necessidade de reabilitar soldados com lesões cerebrais. Os trabalhos de
Alexander Romanovitch Luria com soldados feridos se destacam e, mais
tarde, seus conhecimentos foram sistematizados e deram origem a
Bateria Luria-Nebraska. Com os estudos de nomes como Wernicke,
Sherington e Luria, a neuropsicologia começa a ter suas bases mais
solidificadas (MADER, 1996).

Grande foi a influência da Revolução Cognitiva, em 1960. O Paradigma


de Processamento de Informação dá origem a Neuropsicologia
Cognitiva, que se torna um dos métodos mais eficazes para o estudo
do da cognição humana funcional e disfuncional. A década de 1990 é
considerada a década do cérebro. Diversos foram os investimentos feitos
no desenvolvimento de tecnologias de imageamento e mapeamento
cerebral. Na década de 90, também, é inaugurada no Brasil a
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia e alguns anos depois, em 2004,
a neuropsicologia é reconhecida como especialidade pelo Conselho
Federal de Psicologia (MADER, 1996).

Portanto, a Neuropsicologia é uma área de conhecimento de caráter


interdisciplinar que tem suas origens na interface entre Medicina e
Psicologia, mais especificamente a Neurologia. É composta tanto de
disciplinas básicas, como a neuroanatomia e a neurofisiologia, quanto por
disciplinas aplicadas, como a psicologia experimental e a psicometria.
Suas bases teóricas partem do estudo de três principais pontos: a) o
sistema e o funcionamento cortical, b) os processos cognitivos que
ocorrem nesse sistema e c) o comportamento através do qual esse
processo se manifesta. Dessa forma, a neuropsicologia está

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interessada na expressão comportamental tanto de disfunções cerebrais


quanto do funcionamento normal (MALLOY-DINIZ et al., 2015).

Atividade Extra

Qual é a diferença entre a Medicina praticada no Egito Antigo e a Medicina


que se pratica atualmente?

Daison Dias, no seu canal no youtube, explica um pouco como os


“egípcios, com o intuito de preparar seus corpos para a vida eterna,
desenvolveram muitas técnicas que são utilizadas até hoje para
desvendar o que acontece com o ser humano”.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TpmVH0coIcg

Referência Bibliográfica
CASTRO, F. dos S.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Alma, mente e cérebro
na Pré-história e nas primeiras civilizações humanas. Psicologia:
reflexão e crítica, v. 23, p. 141-152, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/prc/a/YD3jJrSVtHgcNjYrJCyScVJ/?
format=pdf&lang=pt

MÄDER, M. J. Avaliação neuropsicológica: aspectos históricos e situação


atual. Psicologia: ciência e profissão, v. 16, n. 3, p. 12-18, 1996.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pcp/a/3HbDmGVsn6WbXFVgFNX3JpQ/?lang=pt

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MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia: aplicações clínicas.


Artmed Editora, 2015. Disponível: https://bit.ly/3FYd1mT

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