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E.E.

SENADOR ANTÔNIO MARTINS

COMPONENTE CURRICULAR: CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS


TECNOLOGIAS

NOVO ENSINO MÉDIO - 1º BIMESTRE

NOME DO ALUNO:

TURMA: 1º ANO:

PROFESSOR(A): MARIA LAURA MACIEL DA SILVA

ORIENTAÇÕES AOS PAIS E RESPONSÁVEIS BOAS VINDAS ALUNO!

Prezado responsável, estamos iniciando mais Olá Estudante, seja bem-vindo (a)!
um ano. Agora é necessário tomar todas as Descansou bastante? Está preparado para
precauções e seguir as orientações sanitárias. novos desafios e muito aprendizado? O ano
de 2022 promete... Hoje você inicia mais um
Os conceitos principais de cada aula serão
ano escolar. Novos professores, colegas,
apresentados e em seguida o aluno será
novos componentes curriculares, e para
desafiado a resolver algumas atividades. Para
muitos uma nova escola. Voce irá receber
respondê-las, ele poderá fazer pesquisas em
uma apostila com o conteúdo a ser abordado
fontes variadas disponíveis em sua
em Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
residência. Escola e família constituem uma
por bimestre com vários textos e atividades.
comunidade de aprendizagem. Vamos
continuar trabalhando para que a educação
não pare, com a certeza de que muito em
Espero que você esteja disposto a aprender
breve estaremos todos juntos novamente,
muito. Até breve!
com segurança e com muita determinação
que vemos em todos os nossos educadores.
Contamos com sua colaboração para auxiliar
seu(s) filho(s) na organização do tempo e no
cumprimento das atividades.

Este componente curricular para o 1º ano apresenta uma estrutura integrada formada por:

• História da Ciência,

• Questões Controversas,

• Questões Socioambientais,

• Recurso Tecnológico de Impacto Local.

A área de Ciências da Natureza tem a responsabilidade de apresentar e capacitar o estudante


com embasamento científico, tornando-o suficientemente capaz de se contrapor às ideias de
pseudociências e do senso comum presentes em seu cotidiano, concedendo subsídios para
desenvolver nele um olhar crítico e criativo.

1
SUMÁRIO

HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA 3

COMO O MÉTODO CIENTÍFICO É APLICADO NA ATUALIDADE? 7

O LABORATÓRIO E O DIA-A-DIA: O QUE É O MÉTODO CIENTÍFICO E POR QUE ELE É O


MAIOR INIMIGO DAS FAKE NEWS? 11

RECAPITULANDO 15

AGORA VOCÊS SÃO OS AUTORES 19

APRENDENDO COM AS MÍDAIS: DIFUSÃO DOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS 22

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26

2
HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA

COMO SURGIU A CIÊNCIA?1

Na Antiguidade os filósofos já pensavam sobre os fenômenos naturais e criavam teorias para


explicar o mundo por meio do raciocínio lógico. Pensadores como Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.),
Platão (427 a.C.- 347 a.C.), Sócrates (470 a.C.-399 a.C.), Demócrito (460 a.C.-370 a.C.) e Epicuro
(341 a.C.-271 a.C.) criaram explicações diferentes sobre as propriedades da natureza,
influenciados por um período racionalista. No entanto, ao longo da Idade Média houve uma
influência muito grande do pensamento religioso.

A desagregação do Império Romano do Oriente demarca o início da Idade Moderna. Ocorre um


renascimento comercial e das cidades, principalmente na Itália, onde mercadores negociavam
os mais diversos tipos de produto com o Oriente. Isso estimulou o comércio e possibilitou que
os mecenas, indivíduos que faziam parte da burguesia ascendente, patrocinassem a produção
artística e intelectual. Nessa época, a prensa móvel é inventada por Gutenberg (1396-1468),
superando as cópias manuscritas de livros e revistas, reproduzindo um número muito maior de
cópias impressas em menor tempo.

Pensadores humanistas ganham destaque, reforçando uma concepção antropocêntrica: “O


homem é a medida para todas as coisas”, em referência às realizações da humanidade e da era
das Grandes Navegações. Os artistas renascentistas são influenciados pelos humanistas e
retomam o apreço por elementos da cultura greco-romana
da Antiguidade.

Tanto o Humanismo como os artistas do Renascimento


influenciaram a Revolução Científica do século XVII. Os
cientistas dessa época tinham críticas aos filósofos da
Antiguidade e à teologia da Igreja católica. Para eles era
importante valorizar a razão, a observação dos fenômenos
naturais, a formulação de hipóteses, a elaboração de
experiências e a busca da comprovação das conclusões
oriundas do raciocínio. Nesse período, destacam-se os
trabalhos de: Miguel Servet (1511-1553), que investigou o
funcionamento da circulação sanguínea dissecando cadáveres; Nicolau Copérnico (1473-1543),
que desenvolveu a teoria do heliocentrismo, em contraposição ao geocentrismo defendido pela
Igreja; Galileu Galilei (1564-1642), que desenvolveu teorias astronômicas e físicas; Francis Bacon
(1561-1626), que desenvolveu o método científico; e René Descartes (1596-1650), que lançou
as bases do Racionalismo na obra Discurso do método e inaugurou a Filosofia moderna.
Portanto, esse momento histórico deu início ao processo de construção do conhecimento
científico e influenciou os cientistas e pesquisadores da modernidade e da contemporaneidade.

A ciência e seus métodos

O que é método?

[...] Um dos significados da palavra método refere-se a procedimento ou caminho. [...] A ciência
[...] é um conhecimento racional que avança “com caminho”, com método. O método
representa a busca de segurança e um critério de validade daquilo que se faz, seja uma
experiência, análise ou interpretação. E esse método é algo fixo, um modelo pronto e definitivo?

3
Não, a natureza do problema, as hipóteses, a conjuntura, as condições, as habilidades e a
criatividade do pesquisador estão sempre em interação e abrem novos “caminhos”, ousados
até, no objetivo maior de compreensão e explicação da realidade.

Em linhas gerais, num dos métodos (hipotético-dedutivo) há os seguintes elementos:

• Observação e enunciado de um problema que nos questione e que não foi


compreendido e/ou explicado satisfatoriamente;

• Formulação de uma hipótese, a partir da observação ou da intuição do pesquisador a


ser avaliada, analisada, interpretada, testada, refutada, como solução ao problema observado
e/ou enunciado;

• Testes, experimentações, análises, interpretações e argumentações, controladas por


pessoas que se dedicam àquela área da ciência, que buscam responder à hipótese formulada;

• Conclusão sobre os testes, experimentações, análises e interpretações, confirmando,


refutando ou corrigindo a hipótese testada ou analisada.

ATENTO! O método é
FIQUE
fundamental, mas ele sozinho não é
Métodos em ciência
suficiente para garantir que a ciência
Existem diversos tipos de métodos, assim como existe progrida. Além dele, é preciso
um número quase ilimitado de objetos para pesquisa.
criatividade, imaginação e o exercício
Cada objeto ou campo de objetos exige um método.
da inteligência e da reflexão do
Também há várias formas de se classificar as ciências. pesquisador.
Essas classificações levam em conta vários fatores como
a natureza do objeto da ciência e também o seu
método. [...]

Quando se fala em ciência “formal”, “pura”, “ideal” ou


“teórica”, entende-se a ciência que trabalha com
sistemas teóricos, com as formas de se fazer ciência: o
número, a lógica, a linguística. São exemplos: a
Matemática, a Lógica, a própria Linguística, as bases
teóricas da Computação e da Informação. Quando se
fala em ciência “empírica”, refere-se
à experimentação, são ciências aplicadas. Mas essas
ciências empíricas precisam de bases teóricas para se
constituir. No fundo, há grande articulação entre as
diversas ciências e hoje há um processo de valorização
da interdisciplinaridade, que coloca em evidência a insuficiência da consideração isolada dos
diversos campos do saber, no tratamento dos complexos problemas que enfrentamos.

Tipos e classificações de métodos em ciência

Os métodos variam de acordo com a natureza da pesquisa, a área da ciência, a forma de


abordagem, o objeto-problema e as fontes, os objetivos e ainda os procedimentos. [...]

O método indutivo parte das observações particulares para chegar a conclusões gerais. A
constância e a regularidade dos fenômenos produzem uma generalização, querem levar a uma
lei geral e universal. Induzir é chegar a uma conclusão a partir de dados particulares. [...]

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O método dedutivo, ao contrário do anterior, parte da generalização e quer confirmá-la na
particularidade. [...] O método indutivo-dedutivo combina os dois anteriores. Parte da
observação para a indução faz a dedução e volta à observação. O esquema é o seguinte:
observação dos fenômenos – indução – dedução – volta aos fenômenos. [...]

O método hipotético-dedutivo nasceu da percepção de que não é necessário sempre se partir


dos fenômenos, da observação deles e, então, por indução, produzir uma hipótese. É possível
que já exista a hipótese, nascida da imaginação, do senso comum ou da intuição. [...]

A partir da hipótese, o pesquisador, por dedução, deve verificar se ela realmente se confirma ou
não. O esquema é o seguinte: hipótese – dedução – fenômenos. Há um problema, proposto
como hipótese, formula-se uma solução dedutiva e se realiza experimentos, testes, análises para
refutar ou confirmar a hipótese.
PANASIEWICZ, R.; BAPTISTA, P. A. N. Metodologia científica: a ciência e seus métodos. Belo Horizonte: Universidade FUMEC, 201 3. Disponível em:
http://ppg.fumec.br/ecc/wp-content/uploads/2016/12/MetodCientica_02.pdf. Acesso em: 28 jan. 2020

Classificação da Ciências

EXERCÍCIOS:

1) Argumente sobre as condições históricas que permitiram a Revolução Científica do séc. XVII.

2) Qual a importância de analisar os acontecimentos histórico que possibilitam que os


desenvolvimentos da ciência?

3) Ao examinar um fenômeno biológico, o cientista sugere uma explicação para o seu


mecanismo, baseando-se na causa e no efeito observados. Esse procedimento:

01. Faz parte do método científico.

02. É denominado formulação de hipóteses.

04. Deverá ser seguido de uma experimentação.

08. Deve ser precedido por uma conclusão.

Dê como resposta a soma dos números das asserções corretas.

4) A partir das informações dadas, enumere as informações, em ordem sequencial, de acordo


com as etapas do método científico:

5
( ) Conclusões

( ) Possíveis respostas para a pergunta em questão (hipótese)

( ) Etapa experimental

( ) Dúvida sobre determinado fenômeno da natureza

( ) Levantamento de deduções
Referências: GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Da escola para o mundo: Projetos integradores – Ciências da Natureza e suas
tecnologias. In projeto 3 – Comunicação e Divulgação Científica. Vol. Único, 1ª ed. – SP. Ática, 2020 p. 70 – 101

Diferença entre ciência e senso comum

Os conhecimentos do senso comum baseiam-se na experiência cotidiana das pessoas, na chamada


experiência de vida, e se distingue da experiência científica, que é feita com um planejamento
rigoroso e método.

• Usado para interpretar e organizar mentalmente o mundo a sua volta.

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COMO O MÉTODO CIENTÍFICO É APLICADO NA ATUALIDADE?

Atualmente, muitos conhecimentos científicos são desenvolvidos em laboratórios de


universidades, instituições de pesquisa e empresas, públicas ou privadas. O método científico,
que inclui a realização de experimentações e testes, é utilizado, entre outras situações, para a
produção de mercadorias e produtos de tecnologia. Porém, o acesso a esses novos produtos
nem sempre é possível, já que seu preço pode ser inviável para a maioria da população, por
exemplo. Por essa razão, muitas vezes, a dificuldade de custear tratamentos médicos e comprar
remédios pode levar as pessoas a tomar medidas impróprias A promessa de tratamentos mais
baratos e acessíveis é uma das razões que estimulam as pessoas a buscar fontes alternativas
para a medicina convencional. Infelizmente, grande parte desses métodos é considerada
pseudociência. A pseudociência é um conjunto de práticas, teorias, métodos e afirmações com
aparência científica, mas que são baseados em conceitos e afirmações falsos ou que não adotam
métodos científicos rigorosos.

Conheça a história da primeira vacina do mundo descoberta há 224 anos na


Inglaterra2
Jenner iniciou o combate ao vírus da varíola; processo foi descoberto 100 anos antes de que
o mundo tomasse conhecimento sobre o que eram os vírus.
3 Por Gabriela Brumatti, Terra da Gente 25/05/2020 12h43 Atualizado há 9
meses

Em 14 de maio de 1796, cem anos antes de que o


mundo soubesse o que são os vírus, o médico rural
inglês Edward Jenner descobriu a primeira vacina,
capaz de combater um dos piores deles. Foi usando o
vírus de uma doença adquirida da vaca, que
provocava lesões muito similares à varíola, que ele
conseguiu criar o medicamento capaz de combater
essa doença.

A varíola era uma ameaça gigantesca à humanidade e a batalha contra ela era travada há
séculos. Sabe-se hoje que esta foi a doença viral que mais matou na história. “Era tida como o
‘horror’ da época! Só para fazer uma comparação: o novo coronavírus tem uma taxa de
letalidade global de 6,5%, a varíola tinha taxas de 30%”, contextualiza a virologista Clarissa
Damaso, assessora da Organização Mundial da Saúde (OMS) para pesquisas sobre o vírus da
varíola.

O impacto da enfermidade impressionava, principalmente, pelas pústulas provocadas no corpo,


bolhas com pus que apareciam pela pele. Jenner, então, resolveu testar algo que outros
cientistas já haviam observado com relação a este sintoma: mulheres que ordenhavam vacas,
na Inglaterra, eram conhecidas pela beleza e não apresentavam as marcas da varíola, muito
recorrentes em grande parte da população.

7
4

Acreditando que as ordenhadoras que haviam adquirido


das vacas uma doença semelhante, porém mais branda,
estavam protegidas contra varíola, há 224 anos, o médico
fez um experimento ousado (e irresponsável, diante dos
moldes sanitários atuais): retirou a substância da lesão de
uma dessas mulheres e inoculou em uma criança de 8 anos,
James Phipps, filho de seu jardineiro. Seis semanas depois,
no outro braço da criança, inseriu o próprio vírus da varíola
e o garoto não adquiriu a doença!

“É um raciocínio científico perfeito e um experimento que fazemos até hoje chamado de


‘desafio’. Nele você deve provar que algum vírus pode ser vacinal. Claro que, atualmente, não
se faz isso com humanos”, explica Damaso. O pai da imunologia repetiu os testes e, em dois
anos, apresentou resultados em 21 testes diferentes. Em 1800, o processo ganhou nome:
"vacinação", em referência a ser derivado da "vaca".

Raciocínio sagaz e muita sorte

A descoberta de Jenner ocorreu em uma época obscura para a ciência, quando doenças
infecciosas eram justificadas como fruto de forças negativas. “Ele era uma cara à frente do
tempo. Estava a 100 anos antes da descoberta dos vírus, não tinha noções de imunologia ou dos
postulados de Koch, que mostravam como doenças infectocontagiosas eram transmitidas...”,
exemplifica a assessora da OMS.

O médico inglês teve a percepção, inclusive, de deixar o vírus bovino agindo um tempo no corpo
do garoto. Como Clarissa Damaso explica, ele imaginou que o organismo teria que formular uma
resposta e se tivesse inoculado a varíola no dia seguinte ao vírus vacinal, o menino teria
desenvolvido a doença. “Ele esperou seis semanas que é realmente o prazo aproximado que a
gente espera. Ele foi fantástico no raciocínio e na elaboração de conclusões”, explica ela.

O pai da imunologia contou ainda com uma sorte grande, já que são raras as doenças em que
um vírus diferente do causador da enfermidade seja capaz de atenuá-la. “O vírus usado por
Jenner não é o da varíola, é um do mesmo gênero. E essa família tem a particularidade de que
vírus do mesmo gênero protegem contra a doença por outros. Ele não sabia disso nessa época
e deu sorte, porque não é comum. Por exemplo, se você tiver dengue não está protegido de
febre amarela ou zika, mesmo sendo todos do mesmo gênero”, define a virologista.

“Fake News” antivacina

Sagacidade de raciocínio e êxito no experimento não


foram suficientes para convencer uma comunidade
ainda temerosa quanto à eficácia das vacinas. Clarissa
Damaso explica que, em algumas regiões da Inglaterra,
Jenner foi ridicularizado porque, às vezes, o vírus bovino não funcionava. Uma hipótese é que
existia um outro vírus em animais que gerava lesões similares às conhecidas pelo médico, mas,
como pertencia a um gênero diferente, não protegia contra a varíola.

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Havia também os que consideravam o processo um absurdo. Charges divulgadas em jornais da
época satirizavam a vacinação mostrando pessoas imunizadas se transformando em vacas.
Jenner, então, construiu uma choupana em sua casa e se isolou para continuar vacinando as
pessoas que desejassem. Aos poucos, os benefícios foram se mostrando evidentes e sendo
divulgados pelo planeta. Em 13 anos, todo o mundo já tinha recebido uma amostra do vírus
vacinal.

Um vírus extinto

Apesar da eficiência do processo, campanhas de vacinação desordenadas faziam com que a


varíola continuasse aparecendo. Em 1968, a estimativa era de que o mundo alcançasse ainda 15
milhões de casos anuais. E foi através de ações organizadas que neste mesmo ano a OMS
começou a atingir toda a população mundial, uma batalha finalizada apenas dez anos depois.

Assim como o primeiro teste da vacina foi feito no mês de maio, há quatro décadas a batalha
contra a varíola foi finalizada em mesmo mês e aquietou um tormento de milhares de anos com
a certeza de que o mundo e todos os seus povos estavam livres da varíola. “Essa é, até hoje, a
única doença humana erradicada. Ter atingido esse feito é um orgulho muito grande”, assume
Clarissa Damaso.

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EXERCÍCIOS:

1) Qual é o seu papel?

Para esta atividade, você irá precisar da ajuda dos seus pais. No final de 2019 e início de 2020
foi descrita, em pessoas na China, uma nova infecção por um vírus da família coronavírus,
identificado como nCoV-2019. Na maioria dos pacientes, o vírus causou sintomas semelhantes
aos do resfriado, como febre, tosse e dificuldade para respirar. A falta de informações sobre a
nova infecção, no entanto, levou muitas pessoas a ler e a compartilhar notícias falsas sobre os
perigos da doença, formas de prevenção e medicamentos indicados.

2) Como podemos evitar a disseminação de informações falsas sobre infecções como a


causada pelo nCoV-2019?

3) Agora é com você - o objetivo é ajudar a população leiga da sua vizinhança a verificar se
uma medida de prevenção ou um medicamento não regulamentado são válidos no
combate a essa doença, além de informar sobre os riscos das pseudociências para a
saúde.

DICA: Você pode desenvolver memes, mensagens de texto ou áudios (podcast) de fácil
compartilhamento, sempre usando uma linguagem acessível para atingir o maior número
possível de pessoas.

Usem sempre fontes confiáveis, como institutos de pesquisa, e lembrem-se de colocar crédito
nas imagens utilizadas.

Referências: GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Da escola para o mundo: Projetos integradores – Ciências da Natureza e suas tecnologias. In projeto 3 – Comunicação e Divulgação Científica. Vol.
Único, 1ª ed. – SP. Ática, 2020 p. 78 – 82 BRUMATTI, Gabriela Conheça a história da primeira vacina do mundo descoberta há 224 anos na Inglaterra

Extraído de https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-dagente/noticia/2020/05/25/conheca-a-historia-da-primeira-vacina-do-mundodescoberta-ha-224-anos-nainglaterra.ghtml Acesso em: 13/03/202

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O LABORATÓRIO E O DIA-A-DIA: O QUE É O MÉTODO CIENTÍFICO E POR QUE ELE
É O MAIOR INIMIGO DAS FAKE NEWS? 5
MAIO 9, 2019 | REBECABAYEH

Na ciência, busca-se o tempo todo correlacionar fenômenos com suas causas e consequências,
a fim de se compreender como o mundo funciona. Contudo, os tipos de correlação e as
dificuldades experimentais que cientistas precisam enfrentar variam de área para área, e
evoluem conforme o campo de estudo amadurece.

Por exemplo, se queremos estudar um fenômeno físico, como a relação matemática entre a
temperatura e a dilatação de uma barra de metal (o quanto ela varia em comprimento quando
aquecido ou resfriado), precisamos realizar uma série de medições de temperatura e do
comprimento do objeto, além de levar em conta diferentes tipos de materiais (cada material
possui um coeficiente de dilatação diferente, ou seja, diferentes materiais vão dilatar mais ou
menos quando sujeitos à mesma variação de temperatura).

Neste caso, chamamos a dilatação do objeto de variável dependente (aquela que depende de
outras variáveis que estamos estudando), e a variação de temperatura, o comprimento inicial e
o coeficiente de dilatação de variáveis independentes (que são aquelas que estamos
controlando a fim de estudar a dilatação). Neste caso termodinâmico, é relativamente simples
inferir quais as variáveis dependentes e independentes, mas às vezes estas relações não são
óbvias a uma primeira vista.

Além disso, estas medições sozinhas não nos fornecem as causas materiais da dilatação, ou seja,
as estruturas por trás da mudança de tamanho provocada por alteração da temperatura, mas
podem nos fornecer padrões o suficiente para estabelecermos relações matemáticas e
podermos prever com boa confiabilidade o quanto determinado material vai dilatar em
determinadas circunstâncias (o que culmina em diversas aplicações práticas em várias áreas do
conhecimento, por exemplo na engenharia civil).

Quais variáveis têm influência sobre meu objeto de estudo? Créditos: Rebeca Bayeh.

No entanto, ao longo da história da ciência, vários modelos de termodinâmica e de estrutura


dos materiais já foram desenvolvidos de forma que seja possível, no caso deste fenômeno, não
só prever com boa confiabilidade o comportamento dos materiais estudados em diferentes
temperaturas, mas fornecer explicações para as causas do fenômeno da dilatação. Quanto mais
suporte teórico e experimental uma teoria científica tem, maior sua credibilidade.

Essa credibilidade passa também pela quanto determinada afirmação pode ser falseável. O
conceito de falseabilidade foi introduzido pelo filósofo Karl Popper, e diz respeito ao quanto
uma afirmação ou teoria permitem que sejam realizadas investigações que as refutem.

Por exemplo, no caso dos objetos que dilatam com o calor, alguém poderia observar em
laboratório que toda barra de ferro dilata X quando é aquecida em dez graus Celcius.

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Poderíamos “falsear” essa afirmação fazendo experimentos que medissem a dilatação de
diferentes barras de ferro com diferentes tamanhos
iniciais e diferentes temperaturas iniciais, sempre
variando dez graus.

Caso as barras, dentro de condições controladas de


laboratório e utilizando-se estatística apropriada, se
comportem de forma semelhante à da afirmação que
estamos tentando falsear (o que não aconteceria aqui,
pois já sabemos que a dilatação dependeria sim do
comprimento inicial da barra), estaríamos fornecendo
com isso mais embasamento para uma teoria. Caso
contrário, e caso se verifique que não houve falhas
sistemáticas na realização do experimento, estamos
falseando a afirmação inicial.

Quando isso acontece na ciência, surge debate e reflexão sobre quais as variáveis que podem
não estar sendo levadas em conta, quais as possíveis falhas experimentais do experimento
original (e dos experimentos dele derivados) e quais as causas do fenômeno estudado. Quando
o monge e botânico Gregor Mendel desenvolveu, no século XIX, seus princípios de
hereditariedade, que seriam base para os estudos em Genética, ele desconhecia a existência de
genes ou mesmo a existência do DNA, e, portanto, não pôde explicar as causas através das quais
as cores das ervilhas que ele estudou dependiam das cores das plantas que foram cruzadas.
Contudo, os padrões de hereditariedade verificados experimentalmente por ele em plantas são
verificáveis e falseáveis, e seu trabalho serviu como base para o que viria a ser posteriormente
a Genética moderna.

Muitas vezes, quando cientistas se depararam com padrões de fenômenos que podiam
observar, mas cujas causas eram desconhecidas, foram atribuídos significados místicos e
religiosos para estes fenômenos. Quando isso acontece, estamos saindo do campo da ciência.
Por exemplo, se eu observo que qualquer barra de ferro dilata sempre proporcionalmente ao
seu comprimento inicial e à sua variação de temperatura, eu posso fazer uma afirmação
falseável acerca deste fenômeno (se alguém quiser testar minha afirmação, basta aquecer uma
barra de ferro em um laboratório com condições controladas e verificar se a minha afirmação
se sustenta). Contudo, se eu afirmar que a dilatação se dá por intervenção de um deus do calor
que interveio em meu laboratório, esta afirmação não é falseável (não posso provar a existência
do deus do calor nem sua presença no meu laboratório, e, portanto, não posso provar que esta
foi a causa da dilatação da barra de ferro).

Além disso, o fato de eu não provar a não-existência do deus do calor não implica na existência
do deus do calor. Cabe a quem fez a afirmação de que tal deus existia a comprovação do que
está dizendo.

Analogamente, quando são compartilhadas notícias falsas (“fake news”) com afirmações
mirabolantes nas redes sociais, cabe a quem fez as afirmações comprovar que o que está
dizendo é verdade. O grande problema destes compartilhamentos é que as notícias costumam
envolver um grande peso emocional e, muitas vezes, fazem com que os leitores se sintam
ameaçados por um oponente político que está supostamente prejudicando sua vida, sua família
e seu senso de sagrado. É natural que fiquemos impressionados com ideias fortes e emotivas,
mas cabe a nós verificar se as pessoas que as estão afirmando (e as que estão compartilhando,
já que compartilhar é uma forma de reafirmar) verificaram ou comprovaram tudo que estão
alegando, ou se tratasse apenas de ideias fantasiosas que parecem ser verdadeiras apenas por
possuir um vínculo com uma parte da realidade que já conhecemos ou porque elas
intuitivamente fariam sentidos.

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Muitas ideias científicas se iniciam de forma intuitiva, com um vínculo com a realidade já
conhecida, como foi o caso das Leis de Mendel e de muitas outras, como a Teoria da Relatividade
do Einstein. Mas as intuições isoladamente não constituem por si só o pensamento científico, e
não cabe à ciência fornecer explicações para as causas de todos os fenômenos se estas causas
não puderem ser estudadas de maneira criteriosa.

Trata-se de um trabalho colaborativo de longo prazo, que tem compromisso com a consistência,
e não com a explicação de todas as verdades, e cujos paradigmas evoluem conforme a
tecnologia se desenvolve e conforme são encontradas novas relações entre diferentes áreas
dentro da ciência.

EXERCÍCIOS: Qual é o seu papel?

13
É a sua fez de combatera a
“fake news”! Elabore uma
estratégia para combater a
fake news na sua casa, na sua
rua e no seu bairro. Veja o
exemplo 6:

Referências: GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Da escola para o mundo: Projetos integradores – Ciências da Natureza e suas
tecnologias. In projeto 3 – Comunicação e Divulgação Científica. Vol. Único, 1ª ed. – SP. Ática, 2020 p. 83 – 87 REBECABAYEH O laboratório e o dia-
adia: O que é o método científico e por que ele é o maior inimigo das fake news?

Extraído de https://cientistasfeministas.wordpress.com/2019/05/09/o-laboratorio-eo-dia-a-dia-qual-a-relacao-entre-o-metodo-cientifico-e-as-

fakenews/ Acesso em: 13/03/2021

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RECAPITULANDO

COMO SURGIU A CIÊNCIA? Como o método científico é aplicado na


atualidade?
• Em linhas gerais, num dos métodos • Em 14 de maio de 1796 – 1ª vacina;
(hipotético-dedutivo) há os seguintes • Varíola: ameaçava grande parte da
elementos: humanidade;
• Observação e enunciado de um • A varíola é causada por um vírus;
problema • Formava pústulas - bolhas de pus por todo o
que nos questione e que não foi compreendido corpo;
e/ou explicado satisfatoriamente; • Observação: mulheres que ordenhavam vacas
• Formulação de uma hipótese, a partir não tinham a forma grave da doença; • Primeiro
da observação ou da intuição do pesquisador a experimento – uma criança de 8 anos;
ser avaliada, analisada, interpretada, testada, • A vacina era distribuída de forma gratuita,
refutada, como solução ao problema mas sem o conhecimento de noções sanitárias, as
observado e/ou enunciado; aplicações sucessivas também abriam portas para a
• Testes, experimentações, análises, transmissão de outras;
interpretações e argumentações, controladas • Algumas regiões da Inglaterra, Jenner foi
por pessoas que se dedicam àquela área da ridicularizado porque, às vezes, o vírus bovino não
ciência, que buscam responder à hipótese funcionava.
formulada; • Essa é, até hoje, a única doença humana
• Conclusão sobre os testes, erradicada
experimentações, análises e interpretações,
confirmando, refutando ou corrigindo a
hipótese testada ou analisada.

O que é o método científico e por que ele é o maior inimigo das fake news?

• Correlacionar fenômenos com suas causas e consequências, a fim de se compreender como o


mundo funciona;

• Evolução de modelos termodinâmicos ao longo dos anos;

• Quanto mais suporte teórico e experimental uma teoria científica tem, maior sua credibilidade;

• Falseabilidade: quanto uma afirmação ou teoria permitem que sejam realizadas investigações
que as refutem;

• Aos fenômenos de causas desconhecidas, foram atribuídos significados místicos e religiosos para
estes fenômenos;

• O grande problema destes compartilhamentos é que as notícias costumam envolver um grande


peso emocional;

• As intuições isoladamente não constituem por si só o pensamento científico;


• A ciência é um trabalho colaborativo de longo prazo, que tem compromisso com a consistência, e não
com a explicação de todas as verdades, e cujos paradigmas evoluem conforme a tecnologia se desenvolve
e conforme são encontradas novas relações entre diferentes áreas.

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Viu que legal! Dentro destas caixas temos as ideias principais de cada texto. Fácil para estudar,
não é!

EXERCÍCIOS:

1) Quais das afirmações abaixo se relacionam com o princípio da verificabilidade? 7

a) Aquilo que não tem possibilidade de verificação deve ser retirado do saber científico,
como, os enunciados metafísicos.

b) A Física era o modelo que eles propunham para todos os enunciados científicos, ou seja,
só aquilo que foi dito a partir de observações poderia ser considerado verdadeiro.

c) Os enunciados que não pudessem ser examinados a partir da verificação empírica não
tinham significação e, portanto, deveriam ser desconsiderados da ciência.

d) A verificação pode ser feita por meio da aplicação da lógica para saber se há coerência
no enunciado.

2) Indique quais das afirmações abaixo podem ser consideradas verdadeiras ou falsas a partir do
critério de verificabilidade e quais devem ser desconsideradas do saber científico para os
pensadores do Círculo de Viena: 8

a) Deus é bom e justo.


b) A alma é imortal.
c) Há vida inteligente em Plutão.
d) Há ouro no meu quintal.

3) A primeira vacina foi criada no século XVIII por Edward Jenner e garantia proteção contra a
varíola. O princípio utilizado nessa época é o mesmo utilizado nos dias atuais e baseia-se: 9

a) na aplicação de anticorpos contra a doença em pessoa saudável, garantindo sua imunização.


b) na aplicação de anticorpos contra a doença em pessoas doentes para garantir a sua cura.
c) na aplicação de antígenos causadores da doença em pessoa saudável, garantindo sua
imunização.
d) na aplicação de antígenos causadores da doença em pessoa doente para garantir a sua cura.

4) De acordo com o texto, as informações falsas se espalham rapidamente, porque (


) elas apelam para o emocional das pessoas.
( ) elas são curtas e de fácil entendimento.
( ) elas parecem ser verdadeiras.

5) O termo “fake news”, emprestado da língua inglesa, tem sido muito usado para
fazer referência a notícias não confiáveis e de rápida repercussão nos meios digitais. Em
relação às ideias apresentadas no texto sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.

A) O costume de espalhar rumores mentirosos sobre as pessoas é muito antigo, nascido


com a invenção da escrita, e recriminado desde sempre, a exemplo dos textos escritos sobre a
mitologia clássica por autores como Virgílio e Platão.
B) A divulgação de notícias que misturam indiferentemente mentiras e verdades para
influenciar eleições e prejudicar inimigos políticos foi uma prática comum ao longo da história
da humanidade e, tão necessária, que chegou a se tornar uma profissão.

16
C) Os antigos rumores e as atuais “fake news”, apesar de terem como fundamento a
mistura de realidade e ficção a serviço da difamação, são bastante diferentes no modo de
divulgação: sendo invenção restrita ao mundo tecnológico da Internet, as “fake news” se
propagam com rapidez e dificilmente são identificadas.
D) A meia‐verdade pode ser mais perniciosa que uma mentira completa, justamente
porque é composta indiferentemente de verdade e ficção, que o leitor aceita com facilidade em
vez de pesquisar os fundamentos da notícia.
E) As “fake news” são notícias divulgadas na Internet cujo conteúdo falso tem 70% a mais
de probabilidade de ser detectado que o das notícias factuais, em acordo com pesquisas
atualizadas.
Até aqui foi possível perceber a importância do Método Científico e por que precisamos
combater as FAKE NEWS.

17
AGORA VOCÊS SÃO OS AUTORES

Vocês a partir de agora são os AGENTES de COMBATE A FAKE NEWS. Eu


vou guiar vocês nesta aventura. Todos prontos?

1ª Etapa: Narre um acontecimento sobre uma notícia falsa que prejudicou alguém que você
conhece. Seja rico nos detalhes.

2ª Etapa: Elabore uma cartilha para evitar que outras pessoas sejam prejudicadas pela mesma
Fake News que você descreveu acima.

3ª Etapa: Vocês já se depararam com alguma informação falsa? O que fizeram?

4ª Etapa: Por que pessoas boas espalham informações ruins? Explore o conceito de “viés de
confirmação”.

Referências: GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Da escola para o mundo: Projetos integradores – Ciências da Natureza e suas
tecnologias. In projeto 3 – Comunicação e Divulgação Científica. Vol. Único, 1ª ed. – SP. Ática, 2020 p. 93 – 97

18
APRENDENDO COM AS MÍDAIS: DIFUSÃO DOS CONHECIMENTOS
CIENTÍFICOS10

Os conhecimentos científicos geralmente não têm uma linguagem de fácil assimilação pela
população como um todo. Os termos usados são técnicos, a linguagem é formal e há
utilização de conceitos científicos complexos.

Etapas do Fazer Científico


Após seguir rigorosamente as etapas do método científico .
Produzir um artigo científico
Publicar em uma revista especializada .
Comunicação entre os pares .
Aceitação entre os pares.
Após publicação nas revistas especializadas .
Agências de Notícias e jornalistas especializados elaboram texto para informar a
sociedade.

Como divulgar ciência nas mídias digitais?

Estratégias de divulgação científica se tornaram um tema comum nas discussões entre


pesquisadores. Mas hoje em dia não basta mais apenas marcar presença nos jornais, revistas e
televisão. É nas mídias digitais que as pessoas têm buscado informação, sobretudo as mais
jovens, que podem encontrar conteúdos relevantes, mas também estão expostas a mentiras
que alimentam o descrédito à ciência. Foi pensando nisso que o Instituto de Física Gleb Watagin
(IFGW) ofereceu neste semestre a disciplina eletiva “Tópicos de Física Aplicada: Divulgação
Social nas Novas Mídias”. A iniciativa foi de Leandro Tessler, professor do instituto, que convidou
Átila Iamarino para ministrar as aulas como Professor Especialista Visitante em graduação. Ele
foi um dos professores selecionados na modalidade pela Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp.

A escolha não poderia ser mais adequada: além de ser doutor em microbiologia pela
Universidade de São Paulo (USP) é um dos apresentadores do Nerdologia, um dos maiores
canais de ciência [...]. No total, 40 alunos da universidade participaram da disciplina, a maioria
do curso de Física, mas alguns também de outras áreas que trabalham com a divulgação
científica. Ao longo do curso, Átila compartilhou com os estudantes sua experiência em produzir
vídeos [...], ensinando como a plataforma funciona do ponto de vista de um criador de conteúdo,
além de discutir com eles as principais dificuldades em se comunicar com públicos que estão
fora da universidade.

“Tem duas grandes dificuldades. A primeira, mais evidente, é a dificuldade de se comunicar de


outra forma que não a escrita. Nossa formação inteira é para o meio escrito. A gente passa no
vestibular fazendo redação, na graduação tem que entregar trabalhos escritos, nos pós também
são trabalhos escritos, depois uma tese. Então sempre se exercita a escrita e uma escrita formal.
Mas o principal meio em que as pessoas estão consumindo notícias e também ciência é o vídeo.

19
A segunda é com as mídias sociais, isso também é muito pouco tratado. As pessoas até
consomem informação nelas, mas não sabem usar de uma forma crítica ou não sabem como
elas funcionam por trás desse consumo”, explica Átila.

[...] também ressaltou a importância de incluir os cientistas nas mídias digitais. Para ele, ainda é
comum que pesquisadores se apoiem apenas nos meios de comunicação tradicionais. Mas a
realidade já é bem diferente. “A TV não coloca alguém falando que as pessoas não devem se
vacinar, ou que a Terra é plana. As mídias tradicionais respeitam o consenso científico em grande
parte das vezes. As mídias sociais promovem esse tipo de conteúdo, e promovem acima da
informação correta. É mais fácil uma notícia falsa se espalhar. Esses são os meios em que o
descrédito da ciência acontece, mas os cientistas não entendem isso, não se relacionam e não
buscam se comunicar nesses meios”, comenta Átila [...]. [...]

Para colocar em prática as habilidades e estratégias de comunicação ensinadas por Átila, os


estudantes produziram também vídeos sobre temas científicos que consideram interessantes.
O grupo da Agnes Simões e de Joelson Silva escolheu falar sobre mineração de asteroides, um
novo assunto que vem ganhando popularidade nas mídias digitais, mas muita gente não tem
conhecimento sobre o tema, ou está consumindo e compartilhando informações erradas.

Aluno do 2o ano de Engenharia Física, Joelson acredita que saber produzir um conteúdo que
seja acessível a mais pessoas pode aproximar a ciência da comunidade, criando uma ponte com
quem não está dentro do universo acadêmico. “A gente está em uma sociedade em que existe
muita disseminação de fake news, muita gente que acha que, por ter acesso a informação, tem
conhecimento. Mas informação não é conhecimento. Então a divulgação científica cria essa
ponte, desperta interesse, traz pessoas que não teriam acesso formal à universidade [...].

Agnes também vê a disciplina como uma oportunidade de os alunos pensarem de que forma
estão se comunicando com as pessoas. Bacharel em Química, a estudante está
complementando a formação com a licenciatura na área. “Eu achei legal toda a discussão do
começo da disciplina: quais são as métricas, o que influencia na visualização de um vídeo, qual
o público mais atingido, como você faz para chegar nas pessoas. Essas coisas ajudaram não só
na produção do vídeo, mas em como a gente também conversa com as pessoas. Acho que
dentro da universidade a gente sabe que tem conhecimento, e de fato temos, mas temos
dificuldade de passar esse conhecimento para as pessoas”, afirma Agnes.
MATEUS, F. Estudantes aprendem com Youtube a divulgar ciência nas mídias digitais. Universidade Estadual de Campinas, 13 dez. 2019. Disponível
em: https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2019/12/13/estudantes-aprendem-com-youtuber-divulgar-ciencia-nas-midias-digitais. Acesso em:
18 dez. 2019.

EXERCÍCIOS:

1) Como a ciência pode ser divulgada de forma eficiente? *Não esqueça de explorar todas
as possibilidades!*

2) Argumente a seguinte afirmação: “É possível aprender ciência utilizando mídias


digitais.” Não esqueça de dizer se você usa as mídias e quais são.

20
3) Como os conhecimentos científicos poderiam contribuir para uma educação melhor em
Ciências da Natureza?

Referências: GEWANDSZNAJDER, Fernando; PACCA, Helena. Da escola para o mundo: Projetos integradores – Ciências da Natureza e suas tecnologias.
In projeto 3 – Comunicação e Divulgação Científica. Vol. Único, 1ª ed. – SP. Ática, 2020 p. 93 – 97

Você conhece alguma destas revistas?

SUPERINTERESSANTE Disponível em: https://super.abril.com.br/

MUNDO ESTRANHO Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/

GALILEU Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/

MINAS FAZ CIÊNCIA INFANTIL Disponível em :


https://minasfazciencia.com.br/infantil/

21
Você já leu um texto de divulgação científica?
“Levitação Acústica”11 Suspensão de objetos por meio do som é desafio da tese de
doutorado de pesquisadora da UFU
A ficção científica e as histórias de fantasia possível levitar objetos de diferentes formas
já nos deram diferentes vislumbres do que e tamanhos, mas com limitação de peso.
seria se deslocar por aí em objetos que
“Por enquanto, só é possível a levitação de
flutuam ou levitam no ar. Carros flutuantes
pequenas cargas, na ordem de centenas de
em Os Jetsons, o desejado hoverboard de
De volta para o futuro II ou as vassouras gramas. Acredito que, na atualidade, este
seja o principal obstáculo para aplicação
voadoras de Harry Potter são exemplos
conhecidos que povoam nosso imaginário dessa técnica”, explica. Ou seja: embora a
ideia de “sair levitando coisas por aí” pareça
de uma utopia mágica ou futurista. Não é
que, na Universidade Federal de Uberlândia muito sedutora, a proposta envolve
pesquisa teórica e extensos estudos
(UFU), bem ali no Triângulo Mineiro, uma
pesquisadora do programa de numéricos.
pósgraduação em Engenharia Mecânica Uma das referências mundiais na área é o
dedicase a transformar essa ideia em professor Izhak Bucher, do Instituto
realidade – e com ciência? Technion, em Israel. “Já havia lido vários
Geisa Zuffi estuda a técnica de levitação artigos dele sobre levitação acústica de
campo próximo e tentava reproduzir uma
acústica de campo próximo. Por meio de
uma corrente elétrica, a pesquisadora – de suas simulações, mas com dificuldades.
Resolvi enviar um e-mail com perguntas, e
também graduada e mestre em Engenharia
Mecânica pela UFU – consegue vibrar jamais achei que ele fosse responder”,
lembra Zuffi.
pastilhas piezelétricas (uma espécie de
sensor, capaz de detectar toques e No então, Bucher respondeu! E os
vibrações) presentes em um transdutor, de professores Valder Steffen Jr. e Aldemir
modo a causar aumento da pressão do ar Cavalini Jr., orientadores de Geisa, acharam
localizado entre o transdutor e o objeto a que seria uma ótima oportunidade para que
ser levitado. ela concorresse ao edital do Programa
Institucional de Internacionalização da
A pressurização faz com que seja criada
uma força de sustentação. “A levitação Coordenação de Aperfeiçoamento de
acústica pode ser definida como o ato de Pessoal de Nível Superior (PrInt/Capes) da
fazer objetos ou substâncias levitarem a UFU, com o objetivo de ir a Israel aprender
partir do uso de ondas ultrassônicas. Isso mais sobre a técnica de levitação acústica de
pode ser feito segundo duas técnicas: campo próximo e trabalhar com o professor
ondas planas ou campo próximo”, explica. Izhak Bucher e sua equipe.
A técnica consiste em acionar uma
superfície em frequência ultrassônica
(acima de 20 kHz), para que o ar em contato
com a superfície, e imediatamente acima
dela, seja pressurizado.

A levitação acústica lhe foi apresentada pelo


professor Aldemir Aparecido Cavallini
Junior, que, hoje, é seu coorientador no
doutorado. “Achei sensacional e um ‘baita’
desafio. Imagine você sair por aí levitando
coisas?! [risos] Naquele momento, não tive
dúvidas de que queria trabalhar com o
tema”, conta, ao destacar que, hoje, é

22
Das simulações à prática

Antes de chegar ao instituto israelense, a


pesquisadora havia reproduzido resultados
obtidos por Bucher e feito a análise de
A partir dos experimentos, surgem, ainda,
incertezas dos modelos, com placa fixa ou
ideias para futuros trabalhos, já que, ali,
livre, para levitar. Já em Israel, realizaramse
observam-se limitações da técnica e/ou
testes que levitaram de fios de cabelo a uma
necessidades de aprimoramento, para que
pequena peça de vidro.
seja possível uma aplicação prática na
Durante os seis meses em que esteve no indústria ou no dia a dia das pessoas.
Instituto Technion, Zuffi desenvolveu toda a
Além das aplicações que povoam nosso
parte experimental ao lado do professor
imaginário, geralmente relacionadas ao
Bucher, que trabalhava no projeto de
transporte e ao deslocamento de veículos de
desenvolvimento de um sistema capaz de
um local a outro, Geisa Zuffi cita outras
levitar grandes objetos. O objetivo?
aplicações possíveis para a técnica de
Levantar um televisor de LCD, de,
levitação acústica: “Podemos citar mancais
aproximadamente, 32 polegadas. O palpite
que levantam eixos com levitação acústica
era de que, se pusessem ranhuras na
(mancais acústicos), manipulação
superfície de um transdutor – dispositivo
de medicamentos e componentes
usado em conversão de energia de uma
eletrônicos que não podem sofrer
natureza para outra –, o desempenho do
contaminação por contato. Poderíamos
sistema melhoraria.
imaginar uma linha de produção inteira
A equipe realizou testes para o transdutor operando sem contato de humanos com
com e sem ranhuras, levando em objetos ou peças”.
consideração a altura do objeto levitado e
O processo de manipulação pela levitação
sua capacidade de carga. Ao sistema,
também pode servir, por exemplo, para
forneceu-se, primeiramente, descarga de
outras substâncias instáveis, com risco de
nove volts. Depois, a intensidade decresceu,
explosão. Entretanto, pesquisas levam
até chegar a cinco volts, em ambos os
tempo e precisam de investimento e
sistemas: com e sem ranhuras.
dedicação contínuos, de modo que muitas
Também foram adicionados pesos para dessas aplicações ainda não são realidade,
testar o limite dos sistemas. Nesta fase ou estão longe de ser: “Temos bons
prática da pesquisa, o objetivo era averiguar cientistas trabalhando com essa técnica no
o comportamento dos resultados Brasil e no mundo, mas não saberia dizer
numéricos fora das simulações. “Só com quanto tempo levará para as aplicações
essa etapa, podemos dizer se as simulações acontecerem”, pondera.
numéricas modelam mesmo o fenômeno
A tese de Zuffi está na fase experimental de
estudado, e se o modelo numérico condiz
testes. Os próximos passos tratarão de comparar
com a realidade. Outra função é produzir a
resultados experimentais com numéricos, e de
levitação em si, para, de fato, provarmos
aperfeiçoar a parte experimental, para
que somos capazes de levitar algo, e que
tudo não fica apenas no campo teórico”, implementação em trabalhos futuros. A pesquisa
detalha a pesquisadora. é financiada pela Capes e será concluída até
março de 2021. Texto extraído da Revista Minas Faz Ciência.
Disponível em< https://minasfazciencia.com.br/wp-
content/uploads/2020/09/MFC_83_FINAL.pdf> Acesso em: 14/03/2021

23
EXERCÍCIOS:

O que acharam? Agora é com vocês! Que tal ser um leitor crítico?

1) Volte no texto e grife todas as passagens que você compreendeu.

2) Agora você vai transcrever as frases mais difíceis do texto.

3) Estamos quase lá! Vamos agora pegar as ideias mais importantes. Nada de copiar texto não
hem! Vamos extrair o essencial.

Vou dar sugestão de roteiro:

✓ Qual é a pesquisa, o objetivo?

✓ Quem é o pesquisados (a)?

✓ Qual instituição ele (a) trabalha?

✓ Quais testes realizados?

✓ Já é um produto ou ainda é fase teste?

Referências: FAPEMIG. Revista Minas Faz Ciência. Disponível em: Acesso em 14/03/2021.

24
O objetivo das atividades propostas até o momento, foi estimular o desenvolvimento do
letramento científico, a originalidade da produção textual e a operação de conceitos em Ciências
da Natureza. Além de reconhecer as notícias falsas, boatos, pseudociências e informações
incorretas. É necessário também saber fazer uso das mídias digitais para desenvolver o processo
de aprendizagem e produção textual. O exercício de pesquisa e escrita colabora para o espírito
crítico e traz motivação para o desenvolvimento pessoal.

1)Que estratégias podem ser utilizadas para difundir os conhecimentos científicos na sociedade?
(enumere pelo menos 4).

2) Leia novamente o artigo científico “Levitação Acústica” Suspensão de objetos por meio do som
é desafio da tese de doutorado de pesquisadora da UFU. Agora se imagine o escritor. Quais
estratégias de escrita você mudaria no texto para aumentar o interesse e a participação de
discussões sobre temas científicos?

25
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 Da escola para o Aluno – Projeto Integradores

2 Extraído de https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-
gente/noticia/2020/05/25/conheca-a-historiada-primeira-vacina-do-mundo-descoberta-ha-
224anos-na-inglaterra.ghtml Acesso em: 13/03/2021.

3 Enquanto a varíola castigava principalmente as crianças, Jenner buscava a solução para a


vacina em um vírus semelhante que ocorria em vacas — Foto: Wellcome Collection.
Attribution 4.0 International (CC BY 4.0)

4 Obra de arte retrata a aplicação da primeira vacina do mundo por Edward Jenner em uma
criança de apenas oito anos — Foto: Gaston Mélingue/Reprodução

5 /texto extraída na integra de


https://cientistasfeministas.wordpress.com/2019/05/09/olaboratorio-e-o-diaa-dia-qual-a-
relacao-entre-o-metodo-cientifico-e-as-fake-news/ Acesso em 13/03/2021

6 Extraído do site: https://www.comciencia.br/falsa-ciencia-e-pos-ciencia/

7 Extraído de: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-filosofia/exercicios-sobre-


karlpopper.htm Acesso em: 13/03/2021

8 Extraído de: https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios-filosofia/exercicios-sobre-


karlpopper.htm Acesso em: 13/03/2021

9 Extraído de: https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-biologia/exercicios-


sobrevacinassoros.htm Acesso em: 13/03/2021

10 Da escola para o Aluno – Projeto Integradores

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