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Metodologia

Científica

A CIÊNCIA E
SEUS MÉTODOS
APRESENTAÇÃO

B em-vindo(a) ao estudo sobre a Metodologia Científica, disciplina que estuda os


caminhos do conhecimento, pois “método” significa caminho, “logia”, estudo e
“científica” se refere a uma das formas do conhecimento humano que, na atualidade,
tornou-se muito importante. A ciência é uma das principais atividades do ser humano
capaz de interferir no dia a dia de todos nós.
Não há conhecimento científico sem método. Ao longo da caminhada da ciência foram
inventados e testados vários deles. Para cada tipo de fenômeno ou objeto percebeu-se
que era necessária a utilização de um método adequado.
Há uma variedade de métodos, de acordo com as diversas ciências: humanas, sociais,
biológicas, exatas etc. Com essa diversidade, você pode realizar diferentes tipos de
pesquisa, seja numa investigação teórica ou prática.
Se você conhece os métodos, saberá escolher aquele que é mais adequado ao objeto e
ao problema de pesquisa descritos no projeto elaborado.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender a especificidade do conhecimento científico.
• Conhecer e identificar diversos métodos de pesquisa.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de AUTORIA


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia
FICHA TÉCNICA

Prof. Leônidas Dias,


Coordenação
Gestão Pedagógica Profa. Maria Cristina L. Peixoto,
Rodrigo Tito M. Valadares
Assessoria ao Professor, Profa. Vanessa Carvalho e
Design Multimídia 2018
Assessoria ao Aluno e Tutoria Profa. Vanessa M. Moreira Salles
Marcela V. Scarpelli
Coordenação Adaptação 2018
Gabrielle Nunes Paixão Infraestrutura e Suporte Profa. Vanessa M. Moreira Salles
Transposição Pedagógica Coordenação
Joelma Andréa de Oliveira Anderson Peixoto da Silva

BELO HORIZONTE - 2018


A CIÊNCIA E SEUS MÉTODOS

O que é ciência?
A busca pelo conhecimento do mundo, dos animais, dos fenômenos naturais, do homem,
de sua história de interpretações e significados é própria da espécie humana. No entan-
to o conhecimento racional é uma das possibilidade de conhecimento, ainda que seja a
forma reconhecida no mundo moderno e contemporâneo como a maneira mais eficaz de
conhecimento humano.

O conhecimento racional inicia-se com a filosofia, que no século VIII a.C., na Grécia
Antiga, propôs explicações baseadas não mais em explicações míticas. Os mitos mostram
também uma resposta para os fenômenos, mas uma resposta imaginada e que é compar-
tilhada por um grupo. Veja que isso não é exclusivo do homem da pré-história, mas não
iremos tratar dessa questão aqui. Quem estiver curioso, sugiro a leitura do instigante
Sapiens - Uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harrari (2018).
A filosofia se constitui como a forma inicial de ruptura com as explicações baseadas na
magia, na superstição ou nos deuses e pela busca de explicações lógicas e racionais. Mas
a razão filosófica tem caráter especulativo, não tem como objetivo interferir na natureza.

Somente no século XVII, além da argumentação lógica passa a ser importante a observa-
ção empírica da realidade. Temos a união da razão com a experiência e o início da ciência
experimental. (LAVILLE; DIONE, 1999). Para a ciência moderna, somente os enunciados
teóricos sustentados empiricamente são aceitos. A ciência configura-se como um conhe-
cimento racional sobre o universo. No entanto, o saber racional não é exclusivo da ciência.

A ciência é uma forma de “sistematização de conhecimentos [...] um conjunto de propo-


sições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que
se deseja estudar.” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 80), Sua argumentação é lógica,
estruturada, sem contradições, mas a ciência reconhece que suas generalizações poderão
ser derrubadas posteriormente.

A pesquisa científica é a atividade que utiliza a metodologia e os pressupostos científicos


em busca do conhecimento, da resposta a suas indagações.

As pesquisas podem ser classificadas segundo a área do conhecimento, a natureza, a


finalidade, seus objetivos mais gerais, e os métodos empregados.

Quanto à área de conhecimento, adota-se a classificação estabelecida pelo Conselho


Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Nessa classificação as
pesquisas distribuem-se em sete grandes áreas:

1. Ciências Exatas e da Terra;


2. Ciências Biológicas;
3. Engenharias;
4. Ciências da Saúde;
5. Ciências Agrárias;
6. Ciências Sociais Aplicadas;
7. Ciências Humanas.

Essas áreas são subdivididas em subáreas, conforme os objetos de estudo e os procedimen-


tos metodológicos, e essas, por sua vez são subdivididas em especialidades. (GIL, 2010)

Em relação à natureza dos dados temos pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa.

A distinção entre a pesquisa básica, que seria aquela que não tem finalidade imediata e a
pesquisa aplicada, que seria aquela que busca resolver problemas identificados na reali-
dade, atende a classificação segundo a finalidade. No entanto, há uma inter-relação entre
essas duas formas de pesquisa, pois uma pesquisa básica pode contribuir para problemas
práticos e uma pesquisa aplicada pode contribuir para o surgimento de novas questões
teóricas a serem investigadas por pesquisa básica.

Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser classificadas como exploratórias, descriti-
vas ou explicativas.

A pesquisa exploratória é, num primeiro momento, o tipo de pesquisa da maioria das


pesquisas efetuadas com propósitos acadêmicos. Ela busca reunir informações diversas
sobre vários aspectos relacionados ao tema a ser investigado.

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A pesquisa descritiva visa descrever as características de uma dada população, de um
determinado grupo ou fenômeno, sem que o pesquisador interfira nos fatos observados.
Busca classificar, explicar e interpretar os fenômenos. As pesquisas de levantamento de
opiniões, atitudes e crenças de uma população e aquelas que têm por objetivo descobrir
a existência de associações entre variáveis, também são classificadas como pesquisas
descritivas.

A pesquisa explicativa tem como objetivo apresentar os fatores que contribuem ou deter-
minam a ocorrência dos fenômenos. Busca explicar a razão, o porquê dos fenômenos, as
relações de causa e efeito. Nas ciências naturais utilizam predominantemente o método
experimental.

Quanto aos métodos empregados na pesquisa científica podemos distinguir os métodos


de abordagem e de procedimento. Mas antes de apresentarmos esses métodos vamos
entender o que é o método científico.

O que é método científico?


A ciência, como você já sabe, é um conhecimento racional que avança “com caminho”,
com método. O método consiste nos procedimentos da ciência em busca do conhecimen-
to. O método científico representa a busca de segurança e um critério de validade daquilo
que se faz, seja uma experiência, análise ou interpretação. E esse método é algo fixo, um
modelo pronto e definitivo? Não, a natureza do problema, as hipóteses, a conjuntura, as
condições, as habilidades e a criatividade do pesquisador estão sempre em interação e
abrem novos “caminhos”, ousados até, no objetivo maior de compreensão e explicação
da realidade.

O método é fundamental, mas ele sozinho não é suficiente para garantir que a ciência
progrida. Além dele, é preciso criatividade, imaginação e o exercício da inteligência e da
reflexão do pesquisador.

Em linhas gerais, as etapas do método científico seriam: Observação e enunciado de um


problema; formulação de uma hipótese, ou seja, de uma possibilidade de resolução do
problema; seguido de testes, experimentações, análises, interpretações e argumentações
e finalmente, uma conclusão que confirma a hipótese, nega-a ou pressupõe ajustes na
mesma.

É interessante destacar que o pesquisador precisa de uma “lente” teórica que possibilitará
a ele a identificação de um problema de pesquisa científica.

Dependendo de sua formação, ou seja, dos pressupostos teóricos que fundamentam sua
área de conhecimento, em seu curso de graduação ou pós-graduação, será construída
sua capacidade de identificar problemas científicos. Altas temperaturas são um problema
para a população de uma cidade, mas não um problema de pesquisa para todos. Somente
aqueles profissionais com capacitação teórica – físicos, engenheiros, geógrafos, soci-
ólogos, entre outros, terão condições de avaliar esse problema e configurar problemas
científicos à questão climática, com pontos de vistas diferentes, conformados por seus
conhecimentos de área.

Não há um único método científico. Atualmente admite-se que, conforme o objeto de


investigação e o tipo de pesquisa seja possível a adoção de métodos científicos diferentes.
Alguns autores classificam os métodos como gerais e específicos. Os métodos gerais são
também intitulados como métodos de abordagem e os específicos como métodos discre-
tos ou de procedimento.

A Ciência e seus Métodos 25


MÉTODOS EM CIÊNCIA
Nesse tópico iremos tratar dos métodos de abordagem e dos métodos de procedimento.
Os métodos de abordagem dizem respeito aos fundamentos lógicos e aos processos de
raciocínio adotados, destacamos: o método dedutivo, o indutivo, o hipotético-dedutivo, o
dialético, o fenomenológico e o método da complexidade. Já os métodos de procedimento
dizem respeito aos meios técnicos de investigação.

Métodos de abordagem
Os métodos gerais ou de abordagem dizem respeito a formas de compreensão abstrata do
caminho em direção ao conhecimento. Vamos apresentar a você os seguintes métodos:
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

Qual método devo escolher? A resposta a esta pergunta dependerá do tipo de objeto que
pretendemos investigar, dos recursos materiais que temos disponíveis, do nível de abran-
gência da pesquisa e da criatividade do pesquisador. É o problema de pesquisa que nos
leva a definir o método apropriado.

MÉTODO DEDUTIVO

O método dedutivo segue a mesma estrutura dos raciocínios dedutivos. E o que são racio-
cínios dedutivos? É o conhecimento que decorre do percurso lógico que parte de teorias,
leis ou princípios gerais, considerados verdadeiros para predizer a ocorrência de casos
particulares. Um exemplo clássico de raciocínio dedutivo é:

R.I.P PREMISSA MAIOR

R.I.P
TODO HOMEM É MORTAL
R.I.P

PREMISSA MENOR

SÓCRATES É HOMEM R.I.P


R.I.P
R.I.P CONCLUSÃO

LOGO, SÓCRATES É MORTAL

26 A Ciência e seus Métodos


Ou seja, temos um grupo (dos homens) e os participantes desse grupo têm uma carac-
terística (são mortais). Logo, qualquer homem que fizer parte desse grupo terá, neces-
sariamente, essa característica. Partimos do geral (todo homem) para chegarmos a uma
conclusão que já estava prevista na premissa geral (Sócrates é mortal). Temos, pois,
conhecimento de uma característica do Sócrates pelo fato dele ser integrante do grupo
de mortais.

Nas Ciências Sociais devido ao fato de não pressupor argumentos gerais, o uso do méto-
do dedutivo é restrito. Nas ciências exatas, o método é amplamente utilizado, visto serem
ciências que utilizam enunciados gerais, ou seja, leis, princípios e teorias. Por exemplo, é
uma lei que explica porque sempre que estivermos de pé dentro de um ônibus e ele frear
bruscamente nosso corpo continua indo para frente. É a 1ª lei de Newton que explica o
fenômeno. Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou movimento retilíneo a
não ser que seja forçado a modificar esse estado.

Uma das críticas feita a esse método deve-se ao fato de que o conhecimento que conse-
guimos nesse percurso não traz nenhuma inovação, visto estar pressuposto na premissa
geral o que se sabe na conclusão. Seria um raciocínio tautológico, que não traz nem
um saber que já não esteja previamente dado na premissa maior. Outra objeção decorre
do caráter dogmático da premissa maior. Como se chega ao conhecimento de que todo
homem é mortal? Essa assertiva é tomada como um pressuposto verdadeiro.

MÉTODO INDUTIVO

O método indutivo segue a lógica do raciocínio indutivo, ou seja, são observados vários
fenômenos e a conclusão é uma generalização de uma característica comum observada
em todos eles. No entanto, a cadeia lógica não reúne todos os fenômenos. Portanto,
temos um salto, um conhecimento novo, a partir de alguns casos, que pode vir a ser
descredenciado se outros fenômenos observados o contrariarem. Veja o exemplo:

Como chegamos à conclusão de que a água, em determinadas condições, ferve a 100


°C? Fazendo experimentos. Foram fervidas várias porções de água e todas ferveram a
100°C. No entanto, não foi fervida toda a água existente. Temos, pois, um caminho em
que o conhecimento decorre da generalização de características particulares.

100cº

Essa passagem do particular para o geral é criticada porque a verdade não está contida
nas premissas consideradas, “por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas
prováveis.” (GIL, 2008, p. 11). No caso da água, hoje sabemos que ela ferve a 100º C em
determinas condições de pressão e pureza da água. O ponto de ebulição da água salgada
é maior do que 100º e no Monte Everest menor.

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Tanto o método indutivo quanto o dedutivo concordam com o fato de que o fim
da investigação é a formulação de leis para descrever, explicar e prever a reali-
dade; as discordâncias estão na origem do processo e na forma de proceder.
Enquanto os adeptos do método indutivo (empiristas) partem da observação
para depois formular as hipóteses, os praticantes do método dedutivo têm como
inicial o problema (ou a lacuna) e as hipóteses que serão testadas pela observa-
ção e pela experiência.
(PRODANOV; FREITAS, 2013, p.30)

As generalizações decorrentes do método indutivo trazem conhecimento novo sobre os


fenômenos, no entanto, esse conhecimento é provisório, sendo passível de reconsideração.
Por exemplo, com a evolução do conhecimento científico, novos equipamentos que
permitem mensuração mais detalhada contrariaram conhecimentos que no passado eram
considerados verdadeiros.

MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

O método hipotético-dedutivo nasceu da percepção de que não é necessário sempre se


partir dos fenômenos, da observação deles e, então, por indução, produzir uma hipótese.
É possível que já exista a hipótese, nascida da imaginação, do senso comum ou da intui-
ção. Freire-Maia cita o exemplo de Charles Darwin que teve a ideia da teoria da evolução,
lendo um livro sobre sociologia e economia. Ele usava tanto o método indutivo (coletar
muitos dados para formular uma hipótese) quando hipotético-dedutivo (partia de uma
hipótese e buscava deduzi-la na verificação dos fatos e fenômenos (MAIA, 2007, p. 43).

A partir da hipótese, o pesquisador, por dedução, deve verificar se ela realmente se confir-
ma ou não. O esquema é o seguinte: hipótese – dedução – fenômenos. Há um problema,
proposto como hipótese, formula-se uma solução dedutiva e se realizam experimentos,
testes, análises para refutar ou confirmar a hipótese.

O caminho do método hipotético-dedutivo parte de um problema ou de uma lacuna no


conhecimento. Na sequência é estabelecido um modelo teórico de resolução desse proble-
ma, construindo hipóteses de possíveis soluções. Deduz-se, então, as consequências. As
hipóteses são testadas com “planejamento; realização das operações; coleta de dados,
tratamento e análise dos dados; interpretação” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 96). e,
finalmente, pode-se concluir que o modelo ou os procedimentos estavam equivocados,
ou que estavam corretos ou que caberiam alguns ajustes corretivos.

O método hipotético-dedutivo é largamente aceito na área das ciências naturais.

28 A Ciência e seus Métodos


MÉTODO DIALÉTICO

Para falarmos sobre esse método é preciso primeiro entender o significado de dialética.
Você sabe o que significa? Para Platão era uma forma de diálogo, de confrontação de
ideias, era o método de perguntar, responder e refutar, que ele aprendeu com Sócrates.
Para Hegel, a dialética era uma dinâmica contínua do pensamento de oferecer uma tese,
a contraposição a ela (antítese) e a elaboração de uma síntese. (GIL, 2008)

Para Karl Marx, dialética é aplicada numa perspectiva materialista. Para ele, a dinâmica
do pensamento corresponde à lógica da realidade. Pensamento e realidade se articulam.
(GIL, 2008)

Por exemplo, consideremos a dinâmica da natureza. Uma fruta nasce de uma semente
que se transforma em árvore, que gera frutas e, nelas, sementes. Toda a sua vida é um
processo dinâmico. Há uma evolução ocasionada por inúmeros fatores, mudando a quali-
dade. A fruta cresce amadurece e morre. A semente surge da “morte” da fruta, é sua
negação, e ela também morre, é a negação da negação: nova árvore que gerará novas
frutas e sementes. Ainda que o exemplo seja uma com o desenvolvimento da fruta seja
uma simplificação, ajuda-nos a perceber o caráter dinâmico desse método. preocupação
do método dialético é buscar a solução dos problemas de forma sistêmica, inter-relacional
e contínua.

O método dialético pressupõe que todos os fenômenos têm características contraditórias


e devem ser considerados em suas várias condições – sociais, econômicas, políticas,
históricas. É um método dinâmico, atento às constantes mudanças a que os fenômenos
se sujeitam. As pesquisas que utilizam esse método são qualitativas e geralmente das
áreas das Ciências Humanas e Sociais.

MÉTODO FENOMENOLÓGICO

O método fenomenológico foi desenvolvido pelo filósofo Edmund Husserl (1859-1938).


Busca identificar, a partir dos fenômenos, ou seja, das coisas como elas se apresentam
para nós, pela percepção, a essência das coisas. Seguidores de Husserl transpuseram os
pressupostos desse filósofo para as ciências empíricas.

Poderíamos estabelecer três princípios que fundamentam uma pesquisa fenomenológica:


a definição da região de investigação; a descrição fenomenológica e a dialética da inter-
pretação (MARTINS; FARINHA, 1984, p.75-88).

A pesquisa fenomenológica se aplica especialmente à pesquisa qualitativa.

MÉTODO DA COMPLEXIDADE

O mundo contemporâneo está marcado por relações complexas e os problemas não


têm como ser resolvidos apenas considerando a dimensão racional. Segundo a teoria da
complexidade, estão envolvidos aspectos, éticos, culturais, sociais, etc. e que devem ser
considerados na pesquisa científica qualitativa. Este método busca superar a tendência da
ciência moderna da superespecialização e fragmentação da realidade. Busca compreender
os fenômenos a partir de um contexto complexo em que atuam vários vetores.

Ao contrário dos métodos tradicionais – indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo – o


método da complexidade permite que ocorram mudanças metodológicas no decorrer
da pesquisa. Isso não significa falta de rigor científico e sim criatividade metodológica.
Considera que não é possível haver neutralidade científica e que o pesquisador não conse-
gue manter-se completamente independente da realidade investigada.

A forma de abordagem de uma pesquisa qualitativa baseada em pressupostos da comple-


xidade pressupõe uma atuação do pesquisador questionadora e reflexiva em relação ao
tema que está sendo investigado, aberta a mudanças de percurso.

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Métodos de procedimento
Métodos de procedimento são aqueles utilizados na coleta, análise e interpretação dos
dados de pesquisa

Numa pesquisa científica é preciso que inicialmente seja estabelecido o delineamento da


pesquisa que significa, o planejamento da pesquisa. No delineamento são estabelecidos
“os fundamentos metodológicos, a definição dos objetivos, o ambiente da pesquisa e a
determinação das técnicas de coleta e análise” (GIL, 2010, p.29). Segundo Gil (2010)
temos os seguintes delineamentos de pesquisa: “pesquisa bibliográfica, pesquisa docu-
mental, pesquisa experimental, ensaio clínico, estudo caso-controle, estudo de coorte,
levantamento de campo (survey), estudo de caso, pesquisa etnográfica, pesquisa feno-
menológica, teoria fundamentada nos dados (grounded theory), pesquisa-ação e pesquisa
participante.

A maioria dos trabalhos acadêmicos incluem pesquisa bibliográfica. As demais técnicas


de pesquisa serão escolhidas pelo pesquisador em função do seu problema de pesquisa
de seus objetivos.

TEXTO
Para saber mais leia o artigo de Gil (2009): “Como classificar as pesquisas?”

http://www.academia.edu/8750775/COMO_CLASSIFICAR_AS_PESQUISAS_1-COMO_
CLASSIFICAR_AS_PESQUISAS_COM_BASE_EM_SEUS_OBJETIVOS
Acesso em: 12 mar. 2018.

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Síntese
Tratamos neste módulo dos métodos de pesquisa científica, numa perspectiva geral.
Assim, foram apresentados os principais métodos da ciência e suas características bási-
cas. Vimos que não há conhecimento científico sem método e que ao longo da história
da ciência foram criados e testados vários deles. Para cada tipo de fenômeno ou objeto
percebeu-se que era necessário a utilização de um método adequado.

Referências
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social - 6 ed. Porto Alegre: Atlas, 2008.
__________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 26. ed.
Petrópolis: Vozes, 2009.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. 5. reimp. São Paulo:
Atlas, 2007.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em ciências
humanas. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1999.
MAIA, Newton Freire. A ciência por dentro. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
MARTINS, J.; FARINHA, S.F.M. Temas fundamentais de fenomenologia. Centro de Estudos fenomenológicos de
São Paulo. São Paulo: Moraes, 1984.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas
da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo, RS: Feevale Ed., 2013. Disponível em: http://
www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-book%20Metodologia%20
do%20Trabalho%20Cientifico.pdf. Acesso em: 21 abr. 2017. Acesso em: 21 abr. 2017.

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