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Científica
A CIÊNCIA E
SEUS MÉTODOS
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Compreender a especificidade do conhecimento científico.
• Conhecer e identificar diversos métodos de pesquisa.
O que é ciência?
A busca pelo conhecimento do mundo, dos animais, dos fenômenos naturais, do homem,
de sua história de interpretações e significados é própria da espécie humana. No entan-
to o conhecimento racional é uma das possibilidade de conhecimento, ainda que seja a
forma reconhecida no mundo moderno e contemporâneo como a maneira mais eficaz de
conhecimento humano.
O conhecimento racional inicia-se com a filosofia, que no século VIII a.C., na Grécia
Antiga, propôs explicações baseadas não mais em explicações míticas. Os mitos mostram
também uma resposta para os fenômenos, mas uma resposta imaginada e que é compar-
tilhada por um grupo. Veja que isso não é exclusivo do homem da pré-história, mas não
iremos tratar dessa questão aqui. Quem estiver curioso, sugiro a leitura do instigante
Sapiens - Uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harrari (2018).
A filosofia se constitui como a forma inicial de ruptura com as explicações baseadas na
magia, na superstição ou nos deuses e pela busca de explicações lógicas e racionais. Mas
a razão filosófica tem caráter especulativo, não tem como objetivo interferir na natureza.
Somente no século XVII, além da argumentação lógica passa a ser importante a observa-
ção empírica da realidade. Temos a união da razão com a experiência e o início da ciência
experimental. (LAVILLE; DIONE, 1999). Para a ciência moderna, somente os enunciados
teóricos sustentados empiricamente são aceitos. A ciência configura-se como um conhe-
cimento racional sobre o universo. No entanto, o saber racional não é exclusivo da ciência.
A distinção entre a pesquisa básica, que seria aquela que não tem finalidade imediata e a
pesquisa aplicada, que seria aquela que busca resolver problemas identificados na reali-
dade, atende a classificação segundo a finalidade. No entanto, há uma inter-relação entre
essas duas formas de pesquisa, pois uma pesquisa básica pode contribuir para problemas
práticos e uma pesquisa aplicada pode contribuir para o surgimento de novas questões
teóricas a serem investigadas por pesquisa básica.
Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser classificadas como exploratórias, descriti-
vas ou explicativas.
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A pesquisa descritiva visa descrever as características de uma dada população, de um
determinado grupo ou fenômeno, sem que o pesquisador interfira nos fatos observados.
Busca classificar, explicar e interpretar os fenômenos. As pesquisas de levantamento de
opiniões, atitudes e crenças de uma população e aquelas que têm por objetivo descobrir
a existência de associações entre variáveis, também são classificadas como pesquisas
descritivas.
A pesquisa explicativa tem como objetivo apresentar os fatores que contribuem ou deter-
minam a ocorrência dos fenômenos. Busca explicar a razão, o porquê dos fenômenos, as
relações de causa e efeito. Nas ciências naturais utilizam predominantemente o método
experimental.
O método é fundamental, mas ele sozinho não é suficiente para garantir que a ciência
progrida. Além dele, é preciso criatividade, imaginação e o exercício da inteligência e da
reflexão do pesquisador.
É interessante destacar que o pesquisador precisa de uma “lente” teórica que possibilitará
a ele a identificação de um problema de pesquisa científica.
Dependendo de sua formação, ou seja, dos pressupostos teóricos que fundamentam sua
área de conhecimento, em seu curso de graduação ou pós-graduação, será construída
sua capacidade de identificar problemas científicos. Altas temperaturas são um problema
para a população de uma cidade, mas não um problema de pesquisa para todos. Somente
aqueles profissionais com capacitação teórica – físicos, engenheiros, geógrafos, soci-
ólogos, entre outros, terão condições de avaliar esse problema e configurar problemas
científicos à questão climática, com pontos de vistas diferentes, conformados por seus
conhecimentos de área.
Métodos de abordagem
Os métodos gerais ou de abordagem dizem respeito a formas de compreensão abstrata do
caminho em direção ao conhecimento. Vamos apresentar a você os seguintes métodos:
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.
Qual método devo escolher? A resposta a esta pergunta dependerá do tipo de objeto que
pretendemos investigar, dos recursos materiais que temos disponíveis, do nível de abran-
gência da pesquisa e da criatividade do pesquisador. É o problema de pesquisa que nos
leva a definir o método apropriado.
MÉTODO DEDUTIVO
O método dedutivo segue a mesma estrutura dos raciocínios dedutivos. E o que são racio-
cínios dedutivos? É o conhecimento que decorre do percurso lógico que parte de teorias,
leis ou princípios gerais, considerados verdadeiros para predizer a ocorrência de casos
particulares. Um exemplo clássico de raciocínio dedutivo é:
R.I.P
TODO HOMEM É MORTAL
R.I.P
PREMISSA MENOR
Nas Ciências Sociais devido ao fato de não pressupor argumentos gerais, o uso do méto-
do dedutivo é restrito. Nas ciências exatas, o método é amplamente utilizado, visto serem
ciências que utilizam enunciados gerais, ou seja, leis, princípios e teorias. Por exemplo, é
uma lei que explica porque sempre que estivermos de pé dentro de um ônibus e ele frear
bruscamente nosso corpo continua indo para frente. É a 1ª lei de Newton que explica o
fenômeno. Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou movimento retilíneo a
não ser que seja forçado a modificar esse estado.
Uma das críticas feita a esse método deve-se ao fato de que o conhecimento que conse-
guimos nesse percurso não traz nenhuma inovação, visto estar pressuposto na premissa
geral o que se sabe na conclusão. Seria um raciocínio tautológico, que não traz nem
um saber que já não esteja previamente dado na premissa maior. Outra objeção decorre
do caráter dogmático da premissa maior. Como se chega ao conhecimento de que todo
homem é mortal? Essa assertiva é tomada como um pressuposto verdadeiro.
MÉTODO INDUTIVO
O método indutivo segue a lógica do raciocínio indutivo, ou seja, são observados vários
fenômenos e a conclusão é uma generalização de uma característica comum observada
em todos eles. No entanto, a cadeia lógica não reúne todos os fenômenos. Portanto,
temos um salto, um conhecimento novo, a partir de alguns casos, que pode vir a ser
descredenciado se outros fenômenos observados o contrariarem. Veja o exemplo:
100cº
Essa passagem do particular para o geral é criticada porque a verdade não está contida
nas premissas consideradas, “por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas
prováveis.” (GIL, 2008, p. 11). No caso da água, hoje sabemos que ela ferve a 100º C em
determinas condições de pressão e pureza da água. O ponto de ebulição da água salgada
é maior do que 100º e no Monte Everest menor.
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
A partir da hipótese, o pesquisador, por dedução, deve verificar se ela realmente se confir-
ma ou não. O esquema é o seguinte: hipótese – dedução – fenômenos. Há um problema,
proposto como hipótese, formula-se uma solução dedutiva e se realizam experimentos,
testes, análises para refutar ou confirmar a hipótese.
Para falarmos sobre esse método é preciso primeiro entender o significado de dialética.
Você sabe o que significa? Para Platão era uma forma de diálogo, de confrontação de
ideias, era o método de perguntar, responder e refutar, que ele aprendeu com Sócrates.
Para Hegel, a dialética era uma dinâmica contínua do pensamento de oferecer uma tese,
a contraposição a ela (antítese) e a elaboração de uma síntese. (GIL, 2008)
Para Karl Marx, dialética é aplicada numa perspectiva materialista. Para ele, a dinâmica
do pensamento corresponde à lógica da realidade. Pensamento e realidade se articulam.
(GIL, 2008)
Por exemplo, consideremos a dinâmica da natureza. Uma fruta nasce de uma semente
que se transforma em árvore, que gera frutas e, nelas, sementes. Toda a sua vida é um
processo dinâmico. Há uma evolução ocasionada por inúmeros fatores, mudando a quali-
dade. A fruta cresce amadurece e morre. A semente surge da “morte” da fruta, é sua
negação, e ela também morre, é a negação da negação: nova árvore que gerará novas
frutas e sementes. Ainda que o exemplo seja uma com o desenvolvimento da fruta seja
uma simplificação, ajuda-nos a perceber o caráter dinâmico desse método. preocupação
do método dialético é buscar a solução dos problemas de forma sistêmica, inter-relacional
e contínua.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
MÉTODO DA COMPLEXIDADE
TEXTO
Para saber mais leia o artigo de Gil (2009): “Como classificar as pesquisas?”
http://www.academia.edu/8750775/COMO_CLASSIFICAR_AS_PESQUISAS_1-COMO_
CLASSIFICAR_AS_PESQUISAS_COM_BASE_EM_SEUS_OBJETIVOS
Acesso em: 12 mar. 2018.
Referências
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social - 6 ed. Porto Alegre: Atlas, 2008.
__________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 26. ed.
Petrópolis: Vozes, 2009.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. 5. reimp. São Paulo:
Atlas, 2007.
LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: Manual de metodologia da pesquisa em ciências
humanas. Porto Alegre: Artes Médicas; Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1999.
MAIA, Newton Freire. A ciência por dentro. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
MARTINS, J.; FARINHA, S.F.M. Temas fundamentais de fenomenologia. Centro de Estudos fenomenológicos de
São Paulo. São Paulo: Moraes, 1984.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas
da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo, RS: Feevale Ed., 2013. Disponível em: http://
www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-book%20Metodologia%20
do%20Trabalho%20Cientifico.pdf. Acesso em: 21 abr. 2017. Acesso em: 21 abr. 2017.
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