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05/12/2022 21:20 Descomplica

Avaliar para reabilitar

A Neuropsicologia é uma área de conhecimento de caráter


interdisciplinar que tem suas origens na interface entre
Psicologia e a Medicina, sobretudo a Neurologia. Se dedica a
estudar a expressão comportamental das disfunções cerebrais e
as alterações comportamentais e cognitivas associadas a correlatos
cerebrais. Ou seja, trata-se do estudo da relação entre o sistema nervoso,
a cognição e o comportamento (MALLOY-DINIZ et al., 2014).

Já a avaliação neuropsicológica, um dos aspectos práticos da


Neuropsicologia, se trata de um método de investigação do
funcionamento cerebral através do quesito comportamental. Através de
técnicas de caráter quantitativo e qualitativo, avaliam-se funções
cognitivas e socioemocionais. Se possível, também se investiga como tais
cognições - manifestadas através de comportamentos - se relacionam
com o cérebro, em busca de possíveis correlatos
neuroanatomofuncionais.

A avaliação neuropsicológica conta com 3 principais técnicas de


investigação e avaliação, sendo elas 1) as técnicas psicométricas – testes
e instrumentos; 2) técnicas qualitativas – observação e testes projetivos; e
3) entrevista – histórico pessoal, médico, familiar, história de vida e
evolução da queixa. Levando em consideração a constante mudança pela
qual os seres humanos passam, assim como a flutuação e alteração da
atenção e vigília ao longo dos dias, a avaliação neuropsicológica é um
exame que indica o estado/perfil neuropsicológico do paciente no
momento em que a avaliação foi realizada, tendo um ‘prazo de validade’.

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Vários são os objetivos para a realização de uma avaliação


neuropsicológica, sendo um exame que responde a diferentes
necessidades clínicas e diferentes áreas profissionais, como a Medicina, a
Fonoaudiologia e a própria Psicologia. Dentre as mais comuns, há a
identificação e descrição de alterações no funcionamento
neuropsicológico/cognitivo; o diagnóstico clínico; a identificação e
prevenção de alterações no desenvolvimento; o diagnóstico diferencial; o
planejamento de intervenções; a elaboração de documentos legais; etc.

Em geral, o processo ocorre ao longo das etapas: 1) encaminhamento; 2)


contrato; 3) descrição de demanda; 4) levantamento de hipóteses; 5)
elaboração de plano de trabalho; 6) escolha dos testes e técnicas; 7)
avaliação/levantamento dos dados; 8) análise dos dados; 9) devolutiva;
10) encaminhamento (reabilitação ou não). Ao final do processo avaliativo,
o profissional elabora um laudo dentro das normas da Resolução
006/2019 do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Resumidamente, o
laudo é o documento fundamentado técnico e científico, fruto de uma
avaliação, que resume os resultados de um processo avaliativo e faz
encaminhamentos.

O primeiro (e o único obrigatório) instrumento utilizado no processo


avaliativo é a entrevista. As entrevistas podem ser de anamnese
(investigação minuciosa da história de vida e do desenvolvimento),
diagnóstica (investigar suspeita diagnóstica), sistêmica (investigar
aspectos familiares) ou outra. No caso de crianças, após a anamnese
com os pais, a Hora do Jogo Diagnóstica é uma excelente técnica para
iniciar a avaliação infantil.

Em seguida, o profissional elabora o protocolo de avaliação, avaliando


funções como atenção, praxia motora, funções executivas, memória,
linguagem, percepção, aspectos socioemocionais, de personalidade,
comportamentais, etc. O uso de testes normatizados e comercializados no

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país deve seguir as normas do Conselho Federal de Psicologia (CFP),


sendo necessário observar se o mesmo se encontra favorável através do
SATEPSI, plataforma do CFP em que constam os testes favoráveis e
desfavoráveis para uso clínico.

Após o processo avaliativo, o laudo neuropsicológico fornecerá os


resultados esmiuçadamente, com as respectivas classificações baseadas
nas tabelas normativas dos instrumentos. O laudo também contará com a
análise e interpretação dos resultados e, por fim, com os
encaminhamentos, que podem ou não ser necessários. Em casos de
rebaixamentos ou déficits em funções cognitivas, a reabilitação
neuropsicológica é um dos encaminhamentos mais comuns, sendo essa
modalidade uma continuação no processo da Neuropsicologia clínica
(exame – avaliação; intervenção - reabilitação).

Se considerarmos o estudo científico e a elaboração de protocolos de


avaliação como a primeira fase da Neuropsicologia e a avaliação
neuropsicológica como a segunda, a terceira seria a reabilitação
neuropsicológica (RN). A RN é um agrupamento de técnicas interventivas
e de estimulação que tem a finalidade de potencializar as funções que, por
algum motivo, se encontram prejudicadas no paciente, estimulando a
plasticidade neuronal. Para que um plano de reabilitação neuropsicológica
possa ser elaborado, se faz necessário um laudo de uma avaliação
neuropsicológica, que fornecerá as bases clínicas para se estruturar um
protocolo interventivo personalizado para cada paciente, buscando torná-
lo o mais independente e autônomo possível para as atividades da vida
diária. Logo, é necessário avaliar para reabilitar.

Atividade Extra

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“O Conselho Federal de Psicologia (CFP) promoveu no dia 25 de agosto,


às 15h, a terceira live da série "Você sabia que a Avaliação Psicológica faz
parte da sua vida?", no contexto da Neuropsicologia.

A transmissão sobre Avaliação Psicológica no contexto da


Neuropsicologia contou com a participação da psicóloga Daniela
Sacramento Zanini (CRP 09/003595), integrante da Comissão Consultiva
em Avaliação Psicológica (CCAP), que fez a mediação da live; da
psicóloga Clarissa Trentini (CRP 07/08471), especialista em Avaliação
Psicológica e professora Titular na Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS,); e a psicóloga Helenice Fichman (CRP 05/38227),
Neuropsicóloga Clínica e professora na PUC-Rio.”

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=zK5V5-D6xAw

Referência Bibliográfica

MÄDER, M. J. Avaliação neuropsicológica: aspectos históricos e situação


atual. Psicologia: ciência e profissão, v. 16, n. 3, p. 12-18, 1996.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pcp/a/3HbDmGVsn6WbXFVgFNX3JpQ/?lang=pt

MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Neuropsicologia: aplicações clínicas.


Artmed Editora, 2015. Disponível: https://bit.ly/3FYd1mT

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