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A Neuropsicologia

como especialidade
da Psicologia
Conselho Regional de Psicologia Minas
Gerais (CRP-MG)
Comissão de Orientação em Neuropsicologia

Organizadoras(es)

Akauito Elcino Moreira Teixeira - Coordenador


Elza Maria Gonçalves Lobosque - Conselheira
Referência

Membros(as):
Pedro Arthur Roldi Fernandes
Kátia Tomagnini Passaglio
Michel de Rezende Costa
Geiscislene Marta Martins

XVII Plenário do Conselho Regional de


Psicologia Minas Gerais (Gestão 2022-2025)

DIRETORIA
Suellen Ananda Fraga
Conselheira Diretora Presidenta

Liliane Cristina Martins


Conselheira Diretora Vice-Presidenta
Elizabeth de Lacerda Barbosa
Conselheira Diretora Tesoureira
Paula Ângela de Figueiredo Paula
Conselheira Diretora Secretária
CONSELHEIRAS(OS)

Alessandra Kelly Belmonte


Ana Maria Prates da Silva e Silva
Anderson Nazareno Matos
Caroline de Souza
Celso Francisco Tondin
Cláudia Aline Carvalho Esposito
Cristiane Santos de Souza Nogueira
Daniel Caldeira de Melo
Danty Dias Marchezane
Délcio Fernando Guimarães Pereira
Elizabeth de Lacerda Barbosa
Elza Maria Gonçalves Lobosque
Gab Almeida Moreira Lamounier
Gabrielly Dolores Rios da Cunha
Henrique Galhano Balieiro
Hudson Bruno Cares Carajá
Isabella Cristina Barral Faria Lima
João Henrique Borges Bento
Júnia Maria Campos Lara
Liliane Cristina Martins
Lorena Rodrigues de Sousa
Lourdes Aparecida Machado
Luís Henrique de Souza Cunha
Márcio Rocha Damasceno
Marleide Marques de Castro
Paula Ângela de Figueiredo Paula
Renata Ferreira Jardim de Miranda
Suellen Ananda Fraga
Ted Nobre Evangelista
Wellington Eustáquio Ribeiro
Apresentação

Esta cartilha foi elaborada a partir da


consulta pública realizada pelo CRP-MG
junto à categoria de psicóloga(os) sobre
dúvidas pertinentes à Neuropsicologia.
Uma vez coletadas, as perguntas foram
amplamente discutidas e respondidas pelo
então Grupo de Trabalho de
Neuropsicologia.

Desta forma, esta cartilha serve ao


propósito de elucidação, orientação e
divulgação de importantes temas nesta
ampla e fundamental área da Psicologia,
bem como, inaugura as produções da
recém criada Comissão de Orientação em
Neuropsicologia do CRP-MG.

Boa leitura!

Comissão de Orientação
em Neuropsicologia
Sumário
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esta página, clique no botão SUMÁRIO presente no
canto inferior esquerdo de cada página

1 O que é Neuropsicologia?

2 Quais as contribuições da Neuropsicologia


para a Psicologia?
3 Quais as resoluções e normativas do CFP
para a Neuropsicologia?
4 Me formei, como faço para obter o título de
especialista em Neuropsicologia?
5 Quais as possibilidades de atuação na
Neuropsicologia enquanto especialidade?
6 Qual a diferença entre Avaliação
Psicológica e Avaliação Neuropsicológica?
7 Existe uma bateria mínima para Avaliação
Neuropsicológica?
8 Quais são as fontes de dados de uma
Avaliação Neuropsicológica?
9 Os testes neuropsicológicos são diferentes
dos testes psicológicos?
10 Quais os documentos produzidos em
Neuropsicologia?

11 Todas(os) psicólogas(os) podem fazer


Avaliação Neuropsicológica?

12 Quais outras(os) profissionais podem fazer


Avaliação Neuropsicológica?

13 Quais os limites da(o) psicóloga(o) na


Avaliação Neuropsicológica em relação a
outras áreas?

Considerações importantes

Referências
1 O que é Neuropsicologia?

A Neuropsicologia é a ciência que estuda a relação


entre cognição, comportamento e sistema nervoso.
Suas raízes teóricas avançam sobre os campos de
estudo da Biologia, Psicologia, Estatística e
Neurociências. Uma de suas contribuições significativas
encontra-se no trabalho de Alexsander Luria (1902-1977)
ao correlacionar os modos de funcionamento do
encéfalo e os processos mentais, tais como os estados
de consciência, as sensações, as percepções e os
pensamentos, entre outros. O pioneirismo de Luria se
destaca na superação de perspectivas que
consideravam o funcionamento cerebral em áreas
isoladas.

Atualmente, as pesquisas buscam compreender a


dinamicidade do encéfalo mediante a associação de
estruturas e circuitos envolvidos em uma determinada
atividade mental e comportamento. Resultante dessa
história, a Neuropsicologia abrange uma área multi e
interdisciplinar sustentada na investigação das relações
existentes entre os aspectos anatômicos e fisiológicos
do sistema nervoso e as condições ambientais e
socioculturais que influenciam no comportamento
humano. Por ser uma especialidade ampla, recebe
contribuições dos diversos campos das ciências da
saúde, ciências da natureza, ciências humanas, ciências
sociais e ciências tecnológicas.

SUMÁRIO
Quais as contribuições da
2 Neuropsicologia para a Psicologia?

Os avanços recentes em Neuropsicologia contribuem


para uma melhor delimitação anátomo-fisiológica sobre
o funcionamento de circuitos e de áreas do encéfalo
envolvidas nas funções psicológicas, tais como a
consciência, a psicomotricidade, a linguagem, as
emoções, o pensamento, o raciocínio, a memória, as
sensações, as percepções e as funções executivas.

Vale ressaltar que a Neuropsicologia tem seu destaque


ao propor os alicerces neurobiológicos sobre os quais se
estrutura o levantamento de hipóteses e de métodos
investigativos que impactam na pesquisa e na prática
clínica em Psicologia. Essas bases investigativas
fornecem uma compreensão dinâmica sobre os
mecanismos adaptativos e de plasticidade do sistema
nervoso em determinados contextos, incluindo, por
exemplo, a função de respostas diante de estímulos e de
sintomas em circunstâncias específicas.

A aplicabilidade desse conhecimento passa, atualmente,


pelos campos da investigação dos correlatos
neurobiológicos associados aos sintomas apresentados
pela(o) paciente; do diagnóstico diferencial; do
estabelecimento de um prognóstico; da reabilitação
neuropsicológica, bem como para o entendimento do
perfil neuropsicológico nos distintos quadros patológicos
e no delineamento do perfil de funcionamento
neurocognitivo típico do desenvolvimento.

SUMÁRIO
Quais as resoluções e normativas
3 do CFP para a Neuropsicologia?

Diversas são as diretrizes éticas, técnicas e legais que


deverão ser seguidas pelas(os) psicólogas(os) quando na
atuação em Neuropsicologia. Em primeiro lugar, a
atividade profissional deve estar assentada nos princípios
fundamentais, deveres, direitos e demais prerrogativas
preconizadas no Código de Ética Profissional (Resolução
CFP nº 10/2005).

No que é próprio, a resolução CFP nº 02/2004


reconheceu a Neuropsicologia como especialidade em
Psicologia para finalidade de concessão e registro do
título de Especialista. Por sua vez, a Resolução CFP nº
23/2022 institui condições para concessão e registro de
psicóloga(o) especialista, bem como descreve atividades
possíveis nessa área.

A(o) profissional também deverá alinhar sua atividade à


Resolução CFP nº 31/2022, que estabelece diretrizes para
a realização de Avaliação Psicológica no exercício
profissional da(o) psicóloga(o) e regulamenta o Sistema
de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI (revoga a
Resolução CFP nº 09/2018). Outra importante referência
é a Resolução CFP nº 6/2019, que institui regras para a
elaboração de documentos escritos produzidos pela(o)
psicóloga(o) no exercício profissional.

SUMÁRIO
Em casos de prestação de serviço psicológico por meio
de tecnologias da informação e da comunicação (TICs),
a(o) psicóloga(o) deverá estar em consonância com a
Resolução CFP nº 11/2018 e a Resolução CFP nº 04/2020.

Para além das resoluções supracitadas, também deverão


ser consideradas a Resolução CFP nº 8/2022, que
estabelece normas de atuação para profissionais da
Psicologia em relação às bissexualidades e demais
orientações não monossexuais; a Resolução CFP nº
01/1999, que estabelece normas de atuação para os
psicólogos em relação à questão da orientação sexual; e
a Resolução CFP nº 01/2018, cujo conteúdo versa sobre as
normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação
às pessoas transexuais e travestis, bem como outras que
venham a estar relacionadas ao tema.

SUMÁRIO
Me formei, como faço para obter
4 o título de especialista em
Neuropsicologia?

A Resolução CFP nº 23, de 13 de outubro de 2022, institui


condições para concessão e registro de psicóloga(o)
especialista; reconhece as especialidades da Psicologia e
revoga as Resoluções CFP nº 13, de 14 de setembro de
2007; nº 3, de 5 de fevereiro de 2016; nº 18, de 5 de
setembro de 2019.

RESOLUÇÃO Nº 23, DE 13 DE OUTUBRO DE 2022 - DOU


- Conselho Federal publica novas regras para
obtenção de registro de especialista emPsicologia -
CFP | CFP

Leia a íntegra da
Resolução nº 23.

De acordo com a resolução, são duas exigências para a


comprovação de conhecimento teórico-metodológico:
conclusão de curso de especialização ofertado por
Instituição de Ensino Superior credenciada pelo
Ministério da Educação (MEC) ou por Sistemas de Ensino
dos Estados e do Distrito Federal; e aprovação em
concurso de especialista promovido pelo Conselho
Federal de Psicologia.

SUMÁRIO
O registro de psicóloga(o) especialista será concedido
à(ao) profissional que, cumulativamente, comprovar
efetivo exercício profissional por dois anos e
conhecimento teórico-metodológico.

Para concessão e registro do título de especialista, o


Conselho Federal de Psicologia define que a(o)
profissional deverá estar de acordo com o Art. 2º da
referida Resolução:
I- comprovar efetivo exercício profissional, nos termos
dos arts. 7º a 9º dessa Resolução;
II- comprovar conhecimento teórico-metodológico
mediante certificado de conclusão de curso de
especialização ofertado por Instituição de Ensino
Superior credenciada, nos termos da Lei n° 9.394, de 20
de dezembro de 1996, ou aprovação em prova de
especialista promovida pelo Conselho Federal de
Psicologia.
§1º Poderão ser registradas até duas especialidades na
Carteira de Identidade Profissional (CIP) da(o)
psicóloga(o).
§2º A(o) psicóloga(o) requerente deverá preencher o
Formulário 1, do Anexo II, para indicar as duas
especialidades que deverão ser registradas na CIP.

Ainda de acordo com o Art. 3º: a(o) psicóloga(o)


requerente deverá estar regularmente inscrita(o) em
Conselho Regional de Psicologia pelo período mínimo
de dois anos e em pleno gozo de seus direitos.

SUMÁRIO
Para efeito dessa Resolução, entende-se como pleno gozo
dos direitos:
I- estar com a inscrição ativa no Conselho Regional de
Psicologia;
II- estar adimplente em relação às anuidades dos
exercícios anteriores, conforme consta no art. 89 da
Resolução CFP nº 3, de 2007; e
III- não estar em cumprimento de pena de suspensão,
cassação, nem inadimplente com pena de multa
resultante de processo ético, conforme estabelecem os
incisos II, IV e V do art. 27 da Lei nº 5.766, de 1971.

Do Processo de Registro de Psicóloga(o) Especialista


no Conselho Regional de Psicologia e no Conselho
Federal de Psicologia

De acordo com o Art. 6º da citada Resolução: o processo


de registro de psicóloga(o) especialista será iniciado no
Conselho Regional de Psicologia de inscrição principal
da(o) psicóloga(o) requerente.
§1º A(o) psicóloga(o) requerente deverá protocolar os
documentos comprobatórios, que constam do art. 7º e do
art. 10 ou 11 dessa Resolução, com o Formulário 2, Anexo II,
para solicitação de registro de psicóloga(o) especialista.
§2º A CARPE examinará os documentos comprobatórios e
a correlação desses com a área de especialidade
reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia,
conforme ementas que constam no Anexo I.
§3º O Conselho Regional de Psicologia deferirá ou
indeferirá o registro de psicóloga(o) especialista, mediante
decisão plenária, em até 60 (sessenta) dias contados da
data de protocolo do requerimento.

SUMÁRIO
Quais as possibilidades de
5 atuação na Neuropsicologia
enquanto especialidade?

O anexo I da Resolução CFP nº 23/2022 descreve


atividades possíveis nesta área. Nesse sentido, sendo a
Neuropsicologia o campo de atuação profissional
voltado para a relação entre o sistema nervoso e o
comportamento humano, a(o) psicóloga(o):

a) emprega conhecimentos e construtos teóricos


relacionados a neurociências, avaliação psicológica e
Psicologia do Desenvolvimento;
b) avalia, diagnostica e intervém em aspectos
cognitivos, comportamentais e emocionais frente à
organização e funcionamento do sistema nervoso em
condições típicas, lesionadas ou de disfunção cerebral;
c) usa métodos clínicos e instrumentos padronizados
para avaliação das funções neuropsicológicas de
atenção, percepção, linguagem, raciocínio, afeto,
comportamento, abstração, memória, aprendizagem,
habilidade acadêmica, processamento da informação,
visuoconstrução, funções motoras e executivas, praxias
e personalidades;
d) realiza avaliações neuropsicológicas em contextos
clínicos, jurídicos e periciais; elabora laudos psicológicos
e complementa diagnósticos nas áreas de Neurologia,
Psiquiatria e Educação;

SUMÁRIO
e) identifica perfis neuropsicológicos para subsidiar o
desenvolvimento, habilitação ou reabilitação de
indivíduos com padrões qualitativos diferenciados de
neurodesenvolvimento;
f) propõe intervenções de reabilitação para melhoria,
compensação ou adaptação de dificuldades
neuropsicológicas;
g) auxilia a compreensão e a coparticipação de
familiares ou responsáveis em processos de
reabilitação neuropsicológica;
h) promove inserção e reinserção de pessoas atendidas
na comunidade, conforme possibilidades neurológicas,
capacidade adaptativa individual e familiar,
durabilidade e prognóstico clínico;
i) contribui para a proposição de políticas públicas,
estratégias de aprendizagem, modelos de reabilitação,
desenvolvimento de instrumentos de avaliação e
intervenção neuropsicológicas;
j) investiga hipóteses sobre a interação entre funções
cerebrais e comportamento, funcionamento típico ou
patológico cognitivo, consoante as áreas de
Neurociências, Medicina e Saúde.

SUMÁRIO
Qual a diferença entre
6 Avaliação Psicológica e
Avaliação Neuropsicológica?

A Resolução CFP nº 31/2022 define a Avaliação Psicológica


“como um processo estruturado de investigação de
fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas
e instrumentos, com o objetivo de prover informações à
tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou
institucional, com base em demandas, condições e
finalidades específicas”.

Nesse sentido, o processo de Avaliação Neuropsicológica


pode ser considerado como uma forma de Avaliação
Psicológica, desde que realizada por profissional da área
de Psicologia. Contudo, apesar das várias semelhanças
entre os processos, algumas especificidades são
encontradas na avaliação neuropsicológica. As diferenças
se concentram nos objetivos, procedimentos utilizados e
finalidades.

Os objetivos de uma Avaliação Neuropsicológica se


voltam para a descrição de padrões de funcionamento
cognitivo, emocional e comportamental e suas possíveis
relações com o sistema nervoso.

SUMÁRIO
Para tanto, no procedimento, métodos clínicos e
instrumentos padronizados são utilizados como forma
de realizar a avaliação das funções neuropsicológicas de
atenção, percepção, linguagem, raciocínio, afeto,
comportamento, abstração, memória, aprendizagem,
habilidade acadêmica, processamento da informação,
visuoconstrução, praxias, funções motoras e executivas e
personalidades.

Enquanto finalidades possíveis para esse tipo de


avaliação, deve-se considerar o diagnóstico, o
estabelecimento de um prognóstico, a estruturação de
uma reabilitação neuropsicológica, entre outras. Estas
finalidades são consideradas a partir do entendimento
do perfil de dissociações e associações neurocognitivas,
as quais compreendem a associação ou não, de déficits
encontrados e relacionados a fatores etiológicos distintos
ou semelhantes.

Diante do exposto, apesar das similaridades com o


processo de Avaliação Psicológica, a principal diferença
identificada na Avaliação Neuropsicológica é a sua maior
ênfase sobre as relações entre os resultados coletados e
o sistema nervoso.

SUMÁRIO
Existe uma bateria mínima para
7 Avaliação Neuropsicológica?

O entendimento de uma Avaliação Neuropsicológica


como um processo técnico e científico estruturado no
qual a(o) psicóloga(o) investigará os distintos
fenômenos psicológicos e suas correlações com os
sistema nervoso conduz à necessidade de métodos,
técnicas e instrumentos variados, que podem ser
utilizados de acordo com as especificidades do caso.
Desta forma, cabe ressaltar que, como estabelecido no
artigo 5º da Resolução CFP nº 31/2022,

Art. 5º A psicóloga e o psicólogo têm a


prerrogativa de decidir quais são os métodos,
técnicas e instrumentos empregados na
Avaliação Psicológica, desde que
fundamentados na literatura científica
psicológica e nas normas vigentes do
Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Ciente da prerrogativa da(o) profissional na escolha dos


procedimentos de uma avaliação, bem como os tipos
de fontes a serem escolhidas (fundamentais e
complementares), a(o) psicóloga(o) poderá optar por
baterias de avaliação (conjuntos de testes e técnicas)
tanto fixas, como variáveis.

SUMÁRIO
A escolha pelos tipos de bateria e/ou instrumentos a
serem utilizados deve ser respaldada nas características
da demanda de avaliação, na aplicabilidade de cada
um dos procedimentos, na abrangência dos distintos
construtos neuropsicológicos, bem como na
pertinência, necessidade e aplicabilidade das
ferramentas ao caso.

Com relação à quantidade de instrumentos a serem


utilizados, a(o) psicóloga(o) deverá considerar os
construtos a serem investigados, usando métodos
clínicos e instrumentos padronizados para avaliação
das funções neuropsicológicas de atenção, percepção,
linguagem, raciocínio, afeto, comportamento,
abstração, memória, aprendizagem, habilidade
acadêmica, processamento da informação,
visuoconstrução, praxias, funções motoras e executivas
e de personalidade.

SUMÁRIO
Quais são as fontes de dados de
8 uma Avaliação Neuropsicológica?

Considerando a Avaliação Neuropsicológica como uma


forma de Avaliação Psicológica (condições supracitadas
nesta cartilha), bem como a Resolução CFP nº 31/2022,
que estabelece diretrizes para a realização de Avaliação
Psicológica no exercício profissional da psicóloga(o), ao
proceder com uma avaliação, a(o) psicóloga(o) deve
basear sua decisão obrigatoriamente nas fontes
fundamentais de informação (métodos e/ou técnicas
e/ou técnicas e/ou instrumentos reconhecidos
cientificamente para o uso profissional), podendo, a
depender da situação, recorrer a recursos auxiliares
(fontes complementares de informação). A escolha dos
procedimentos adotados em uma avaliação deve ainda
estar em consonância com a complexidade do que está
sendo demandado, como preconiza a Resolução CFP
nº 06/2019.

Em uma Avaliação Neuropsicológica, distintas são as


fontes fundamentais de informação, as quais serão
adotadas a depender de critérios técnicos e teóricos.
Cabe ressaltar que, como estabelecido na Resolução nº
31/2022, os métodos, técnicas e instrumentos
considerados fontes fundamentais em uma Avaliação
Neuropsicológica podem ser constituídas por:

SUMÁRIO
a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso
profissional da(o) psicóloga(o) e/ou
b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou
c) Protocolos ou registros de observação de
comportamentos obtidos individualmente ou por
meio de processo grupal e/ou técnicas de grupo.

Contudo, considerando o campo multidisciplinar da


Neuropsicologia, ainda que como recursos auxiliares,
os exames de imagens, relatórios escolares, exames
laboratoriais, documentos emitidos por outros
profissionais são corriqueiramente analisados e
interpretados dentro do campo e podem oferecer à(o)
psicóloga uma visão sistêmica sobre a queixa e seus
correlatos.

SUMÁRIO
Os testes neuropsicológicos são
9 diferentes dos testes psicológicos?

Os testes psicológicos compreendem uma gama de


instrumentos (escalas, inventários, questionários e
métodos projetivos/expressivos) regulamentados e
listados no SATEPSI.

De acordo com a Resolução CFP nº 31/2022:

Art. 7º Os testes psicológicos têm como


objetivos identificar, descrever, qualificar e
mensurar características psicológicas, por meio
de procedimentos sistemáticos de observação
e descrição do comportamento humano, nas
suas diversas formas de expressão, acordados
pela comunidade científica.

Por sua vez, os instrumentos neuropsicológicos avaliam


os construtos competentes à Neuropsicologia,
Neurociência, Psicologia Cognitiva e Avaliação
Psicológica. Contudo, o enfoque maior se dá na
correlação desses resultados com substratos
anatomo-fisiológicos. Essa correlação só é possível a
partir da competência técnica, teórica e prática da(o)
profissional envolvida(o) no caso.

SUMÁRIO
Quais os documentos produzidos
10 em Neuropsicologia?

Considerando a Resolução CFP nº 6/2019, que institui


regras para a elaboração de documentos escritos
produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional,
documento psicológico constitui um instrumento de
comunicação que objetiva o registro do serviço prestado
pela(o) psicóloga(o). Quanto à modalidade do
documento, a resolução em questão define: a
declaração, o atestado, o laudo, o relatório (psicológico e
multiprofissional) e o parecer.

Dessa forma, os documentos escritos por psicólogas(os)


devem seguir os princípios de qualidade técnica
fundamentada na exposição organizada e lógica do
raciocínio científico, em uma linguagem clara e concisa,
conforme descrito na resolução supracitada.

A produção desses documentos deve estar em


consonância com o Código de Ética Profissional da(o)
Psicóloga(o) e demais resoluções que se relacionam ao
tipo de serviço prestado, destacando a preservação do
sigilo profissional, o compromisso com as bases
científicas que sustentam a ciência psicológica, a
Neuropsicologia enquanto campo de atuação, a
preservação dos direitos humanos e a responsabilidade
com as questões sociais.

SUMÁRIO
Todas(os) psicólogas(os) podem
11 fazer Avaliação Neuropsicológica?

Sim. Toda(o) profissional de Psicologia formado tem a


prerrogativa do exercício profissional. De acordo com o
Código de Ética da Profissão, Artigo 1º, letra b, a(o)
psicóloga(o) deverá assumir responsabilidades
profissionais somente por atividades para as quais
esteja capacitada(o) pessoal, teórica e tecnicamente.
Desta forma, o entendimento é que a(o) mesma(o)
possa exercer sua atividade laborativa em consonância
com o código e na análise da sua capacidade técnica,
teórica e prática. Sendo assim, a decisão de realizar ou
não uma Avaliação Neuropsicológica caberá à(ao)
própria(o) profissional.

SUMÁRIO
Quais outras(os) profissionais
12 podem fazer Avaliação
Neuropsicológica?

A Avaliação Neuropsicológica, por se sustentar na


interface entre as Neurociências e a Psicologia,
caracteriza-se como uma área inter e multidisciplinar e
envolve a participação de diversos profissionais além
da(o) psicóloga(o). Outras(os) profissionais que podem
contribuir nesse processo investigativo devem agir de
acordo com os princípios éticos de suas categorias
profissionais, observando o domínio do conhecimento
que corresponde às suas áreas de atuação. São:
médicas(os), biomédicas(os), terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas, fonoaudiólogas(os), educadoras(es)
físicos, enfermeiras(os) e pedagogas(os), entre outras(os).

Importante reforçar que a(o) psicóloga(o), ao atuar com a


Neuropsicologia, deverá se nortear seguindo os preceitos
e resolução estabelecidos pelo Conselho Federal de
Psicologia.

SUMÁRIO
13 Quais os limites da(o) psicóloga(o)
na Avaliação Neuropsicológica em
relação a outras áreas?

A psicóloga(o), ao realizar uma Avaliação


Neuropsicológica, constrói suas hipóteses investigativas,
seleciona instrumentos e técnicas, realiza o processo de
integração dos resultados e das informações
fundamentada(o) no arcabouço teórico e prático em que
associa o comportamento com o funcionamento do
encéfalo. Por exemplo, existem instrumentos
psicológicos e neuropsicológicos que avaliam processos
relacionados a alterações da linguagem em decorrência
de síndromes neurológicas, os quais a(o) profissional de
Psicologia tem pleno domínio dos aspectos conceituais,
teóricos e práticos que os alicerçam. Por outro lado, a
estruturação dessas avaliações compreende o
reconhecimento de outras áreas profissionais que fazem
intersecção com a Neuropsicologia, mas que não são do
domínio da(o) profissional de Psicologia. Os exames de
neuroimagem, que podem servir de fundamentação
para a(o) neurologista, exigem conhecimento e
formações específicas da Medicina para uma leitura
correta dos resultados encontrados. Investigação de
perdas do funcionamento auditivo, localizadas no ouvido,
por meio da realização de exames audiológicos, são
melhor interpretadas por profissionais da área de
Fonoaudiologia, entre outros casos.

SUMÁRIO
Os laudos e resultados desses exames podem servir de
fonte complementar para a psicóloga(o), mas não
devem ser interpretados unicamente por ela(ele). Ao
reconhecer esses limites, a(o) profissional de Psicologia
faz uma Avaliação Neuropsicológica consistente. O
melhor caminho para lidar com essa restrição é
estabelecer diálogos com demais profissionais
envolvidas(os), no sentido de adotar um raciocínio
clínico efetivo para o rastreamento das bases neurais
que se relacionam com o comprometimento nas
funções cognitivas e comportamentais. Tal postura
possibilita um olhar integral, de modo a oferecer uma
reabilitação condizente e de acordo com os suportes e
as intervenções das diversas áreas da saúde e/ou
educacional, tendo em vista a preservação de
estruturas que mantenham uma maior funcionalidade
e autonomia do indivíduo.

SUMÁRIO
Considerações importantes
1) A(o) psicóloga(o) tem pós-graduação na área de
Neuropsicologia e não possui o registro de
especialista pelo CFP: nesse caso, ela pode se
apresentar ou divulgar que é pós-graduada(o) em
Neuropsicologia; porém, se desejar utilizar o título de
especialista em Neuropsicologia, deverá solicitar ao
CRP da sua região análise para concessão do título de
especialista na área (esta concessão cedida
imediatamente é inserida na Carteira de Inscrição
Profissional – CIP).

Desta forma, a psicóloga que possui o registro de


especialista reconhecido pelo CFP em
Neuropsicologia pode se apresentar ou divulgar que
tem a especialidade reconhecida pelo CFP em
Neuropsicologia.

2) A(o) psicóloga(o) não possui pós-graduação em


Neuropsicologia, mas trabalha na área: nesse caso,
não poderá fazer referência, divulgar ou se apresentar
como neuropsicóloga, podendo apenas citá-la como
sua área de atuação.

3) A oferta do título de especialista em Neuropsicologia


pelo CRP confere credibilidade e qualidade técnica às
(aos) psicólogas(os) sobre a prestação de serviço na
área.

SUMÁRIO
4) As resoluções e normativas pertinentes ao tema
estão em constantes atualizações. Recomenda-se a
consulta regular do Guia para o Exercício Profissional
da Psicologia, disponível no link abaixo:

Se preferir, acesse acervodigital.crp04.org.br.

SUMÁRIO
Referências
Os itens sublinhados são links para os respectivos documentos.

BERTRAND, E.; MORGRABI, D.C.; LANDEIRA-


FERNANDEZ, J. Avaliação neuropsicológica. BAPTISTA,
M.N. et al. (org.). Compêndio de Avaliação Psicológica.
Petrópolis: Vozes, 2019, p. 273- 283.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


1, de 22 de março de 1999. Estabelece normas de atuação
para os psicólogos em relação à questão da orientação
sexual. [S.l.: s.n.], 1999.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


1, de 30 de março de 2009. Dispõe sobre a
obrigatoriedade do registro documental decorrente da
prestação de serviços psicológicos. [S.l.: s.n.], 2009.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


11, de 11 de maio de 2018. Regulamenta a prestação de
serviços psicológicos realizados por meio de tecnologias
da informação e da comunicação e revoga a Resolução
CFP nº 11/2012. [S.l.: s.n.], 2018.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


18, de 05 de setembro de 2019. Reconhece a Avaliação
Psicológica como especialidade da Psicologia e altera a
Resolução CFP nº 13, de 14 de setembro de 2007, que
institui a Consolidação das Resoluções relativas ao TíCFP
(Conselho Federal de Psicologia).

SUMÁRIO
CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº
2, de 03 de março de 2004. Reconhece a Neuropsicologia
como especialidade em Psicologia para finalidade de
concessão e registro do título de Especialista. [S.l.: s.n.],
2022. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2006/01/resolucao2004_2.pdf . Acesso
em: 3 out. 2022.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


23, de 13 de outubro de 2022. Institui condições para
concessão e registro de psicóloga e psicólogo
especialistas; reconhece as especialidades da Psicologia
e revoga as Resoluções CFP nº 13, de 14 de setembro de
2007; nº 3, de 5 de fevereiro de 2016; nº 18, de 5 de
setembro de 2019. Disponível em: RESOLUÇÃO Nº 23, DE
13 DE OUTUBRO DE 2022 - RESOLUÇÃO Nº 23, DE 13 DE
OUTUBRO DE 2022 - DOU - Imprensa Nacional (in.gov.br)

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


31, de 15 de novembro de 2022. Estabelece diretrizes para
a realização de Avaliação Psicológica no exercício
profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o
Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e
revoga a Resolução CFP nº 09/2018.[S.l.: s.n.], 2022.
Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp.

SUMÁRIO
CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº
6, de 29 de março de 2019. Institui regras para a
elaboração de documentos escritos produzidos pela(o)
psicóloga(o) no exercício profissional e revoga a
Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 7/2003 e a
Resolução CFP nº 4/2019. [S.l.: s.n.], 2019. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp. Acesso em: 1 jul. 2022.

CFP (Conselho Federal de Psicologia). Resolução CFP nº


8, de 17 de maio de 2022. Estabelece normas de atuação
para profissionais da psicologia em relação às
bissexualidades e demais orientações não monossexuais.
[S.l.: s.n.], 2022. Disponível em:
https://atosoficiais.com.br/cfp. Acesso em: 1 jul. 2022.

FINGER, S. History of Neuropsychology. CARTERETTE, E.


C. ; FRIEDMAN, M. P. Neuropsychology: Handbook of
Perception and Cognition. Second Edition. Dahlia W.
Zaidel (ed.). San Diego, 1994. p. 1-28. doi:10.1016/b978-0-
08-092668-1.50007-7.

LENT, R. (coord). Neurociência da mente e do


comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2016.

MOGRABI, D. C.; MOGRABI, G. J. C.; LANDEIRA-


FERNANDEZ J.. Aspectos históricos da neuropsicologia e
o problema mente-cérebro. In: FUENTES, D; MALLOY-
DINIZ, L; CAMARGO, C; COSENZA, R. (org).
Neuropsicologia: teoria e prática. 2 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014.

SUMÁRIO
Orientação sobre o exercício profissional
Em caso de dúvidas sobre o exercício da Psicologia,
faça contato com a equipe do Setor de Orientação e
Fiscalização do CRP-MG:

Sede - Belo Horizonte:


etecbh@crp04.org.br

Subsede Centro-Oeste - Divinópolis:


etecdiv@crp04.org.br

Subsede Leste - Governador Valadares:


etecgov@crp04.org.br

Subsede Norte - Montes Claros:


etecmoc@crp04.org.br

Subsede Sudeste - Juiz de Fora:


etecjf@crp04.org.br

Subsede Sul - Pouso Alegre:


etecpa@crp04.org.br

Subsede Triângulo - Uberlândia:


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Publicação produzida pelo CRP-MG, por meio


da Comissão de Orientação em Neuropsicologia.
Belo Horizonte, março de 2024.

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