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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
O tratamento ortodôntico consiste na técnica de correção de mordidas que não
proporcionam estética e função mastigatória adequadas, desequilibrando
funcionalmente a face. O conceito de movimento ortodôntico então se dá por meio da
correlação entre à mecânica aplicada, aos dentes e suas estruturas de suporte e dos
fatores do paciente. Um dos métodos mais tradicionais para essa correção é através
da aplicação de forças de baixa intensidade, diretamente nos elementos dentários que
devem ser movimentados fisiologicamente com o uso de aparelhos fixos, constituídos
basicamente de bráquetes e fios ortodônticos.
Assim, os fios ortodônticos são elementos fundamentais dos aparelhos fixos pois
seu adequado emprego garante a geração das forças clínicas necessárias ao
tratamento. Tais forças são obtidas com a aplicação de conceitos biomecânicos
avançados, associados às diversas características dos fios ortodônticos. Como os
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
Foi realizada uma Revisão de Literatura qualitativa e descritiva, em que foram
pesquisados artigos científicos selecionados através de busca nas bases de dados
PubMed e Google Acadêmico. O período dos artigos pesquisados compreende os
trabalhos publicados nos últimos 15 anos, sendo as palavras-chave utilizadas na
busca: ”fios ortodônticos”, “propriedades” em associação e” orthodontic wires”. Os
parâmetros de inclusão adotados foram: artigos escritos em português ou inglês,
disponibilidade de texto integral em suporte eletrônico, artigos publicados em
periódicos nacionais e internacionais.
Os parâmetros adotados para a exclusão foram: artigos que não são
relacionados às propriedades de fios para ortodontia, artigos que foram publicados
fora do período estabelecido na pesquisa, artigos baseados em testes em animais,
relatos de casos clínicos, artigos não publicados.
Módulo de Elasticidade
O módulo de elasticidade de um material pode ser definido como a magnitude
de força necessária para deformá-lo. Esse valor é obtido através da razão entre a
força aplicada e a deformação elástica resultante. Para a aplicação em ortodontia essa
característica pode ser tratada como rigidez. É determinada pelas forças de atração
inter atômicas dos metais e pode variar em função da sua composição química ou
tratamento térmico. (LUZ, 2017)
Figura 2: Deflexão para a montagem do fio
Resiliência
Trata-se da capacidade do fio ortodôntico absorver energia durante a aplicação
da carga e libera-la conforme ocorre o seu descarregamento. Durante a colocação do
fio no slot a tensão é mais elevada, conforme ocorre a movimentação dentária fazendo
com que o dente vá para sua posição final, a energia absorvida vai sendo devolvida
sob a forma de tensão, mais baixa que a observada durante a instalação do arco.
(QUINTÃO, 2009)
Formabilidade
A formabilidade ou conformabilidade confere ao material a capacidade de ser
deformado permanentemente sem que ocorra um prejuízo funcional ao fio. Muito
utilizada em casos em que exista a necessidade de complementar as forças ou
adicionar um direcionamento ao movimento ortodôntico. Mais empregada em fios de
aço inoxidável, permite a execução de dobras biomecânicas como alças e loops que
transmitem forças especificas durante seu uso. (MACENA, 2015)
Soldabilidade
Caso o fio ortodôntico necessite incorporar algum acessório ao seu design, isso
pode ocorrer por soldagem. Soldabilidade então é capacidade do fio em receber
soldas de adição (prata) ou de fusão com outros materiais. Fios de aço inoxidável são
os mais empregados para essa finalidade enquanto fios de NiTinol ou betatitânio não
permitem soldagem. (MACENA, 2015)
Memória de Forma
Nos fios de NiTinol o comportamento mecânico não obedece à Lei de
proporcionalidade de Hook. Uma mudança em sua estrutura permite seja aplicada
uma carga elevada, promovendo grande deformação no fio e a energia absorvida
devolva uma carga baixa e constante. A esse comportamento é dado o nome de
memória de forma. A manutenção de uma força constante e baixa durante o
descarregamento torna os fios de NiTinol a opção mais adequada para o início do
tratamento, momento em que existem grandes desníveis que poderiam comprometer
as estruturas de suporte do dente e aumentar o desconforto do paciente. (UYSAL,
2022)
Existe ainda uma variação da memória de forma atrelada à temperatura, os
fios termoativados após a deformação, tem a capacidade de retornar ao seu formato
original quando em contato com a temperatura do ambiente bucal. Essa propriedade
permite uma leve variação das forças de movimentação dentária, as quais ainda leves
podem ser intermitentes por conta da amplitude térmica do ambiente bucal. (UYSAL,
2016)
Compatibilidade Biológica
Os fios são inseridos na cavidade oral e permanecem por longos períodos em
contato com tecidos bucais, a resistência à degradação é uma propriedade
necessária. Os produtos dessa degradação podem desencadear processos alérgicos
no paciente comprometer a saúde do paciente e a própria resistência do fio
ortodôntico.
Fica evidenciado que não existe um modelo de fio ortodôntico que atenda a
todas as necessidades das várias fases do tratamento ortodôntico. A sequência de
arcos ideal considerando suas variações, requer amplo conhecimento das
propriedades dos fios, mas possibilita o ortodontista definir o melhor protocolo de
tratamento, com redução de tempo, custo e menor possibilidade de causar danos à
saúde bucal do paciente. (QUINTÃO, 2009)
Novos tipos de componentes e materiais para ortodontia fixa são
frequentemente lançados no mercado, em contrapartida muitos os cirurgiões dentistas
determinam suas escolhas de fios ortodônticos com base em suas impressões ou
experiências clínicas ou mesmo por influência de materiais publicitários dos
fabricantes. (MACENA, 2015)
Considerando que o conhecimento aprofundado das características dos fios
ortodônticos pode otimizar os tratamentos e proporcionar menor desconforto não se
deve optar por apenas um tipo de fio ortodôntico, deve-se buscar o uso adequado das
melhores características de cada tipo de fio em associação com a fase clínica.
(JACOB, 2010)
O emprego correto dos fios para ortodontia depende da fase do tratamento.
Existem três fases no tratamento ortodôntico: Fase 1. Alinhamento e nivelamento;
Fase 2. Fechamento de espaços e correção da relação entre molares e Fase 3.
Finalização. Atualmente existem fios com características para cada um desses
estágios. A fase do alinhamento e nivelamento exige muita flexibilidade ou
elasticidade, portanto a maioria das técnicas ortodônticas tem como protocolo os fios
de Ni-Ti e os fios de Ni-Ti termoativado devido às características de alto limite elástico,
baixa rigidez e alta resiliência (MACENA, 2015)
Durante muito tempo os fios de aço inoxidável foram predominantes na
Ortodontia, com o desenvolvimento de novas ligas metálicas tornou diversificada
aplicação clínica. Estas novas ligas permitem alterações nos protocolos de
tratamento, encurtando o tempo de cadeira e aumentando o conforto do paciente.
Assim para as fases de nivelamento e alinhamento os fios devem ser capazes de
gerar forças leves e contínuas e para isso precisam te baixa rigidez, assim, para este
propósito o uso de fios de NiTinol oferecem uma curva força-flexão com um patamar
definido e uma maior faixa de ativação. (HAAS, 2021)
Apesar de várias características vantajosas, os fios de NiTinol apresentam
limitações. Como a baixa formablidade, a impossibilidade de soldagem, os custos
mais elevados. Deve-se considerar ainda a baixa rigidez, que impede a retração de
dentes anteriores ou o fechamento de espaços. (JACOB 2010)
A evolução dos arcos em aço inoxidável resultou na redução da espessura e
seção transversal e embora apresentem maior rigidez, pode-se obter bons resultados
nas fases de nivelamento em alinhamento com sua aplicação, sem promover danos
aos tecidos de suporte. (MORAES, 2016)
Nas etapas de alinhamento e nivelamento o uso de fios de aço inoxidável
somente se viabiliza com a incorporação de alças e arcos controlar a baixa resiliência
e a alta rigidez do material. Essas dobras podem dificultar a higienização e provocar
lesões em tecidos moles adjacentes caso não esteja bem posicionada. (QUINTÃO,
2009)
Apesar de várias características vantajosas, os fios de NiTinol apresentam
limitações. Como a baixa formabilidade, a impossibilidade de soldagem e custos
superiores ao aço. Deve-se considerar ainda a baixa rigidez, que impede a retração
de dentes anteriores ou o fechamento de espaços. (JACOB, 2010)
Com custo mais elevado, os fios em beta-titânio geralmente apresentam
vantagens como boa conformabilidade, forças intermediárias entre o aço inoxidável e
o NiTinol além de boa soldabilidade, porém foi comprovado que os fios dessa liga
apresentam elevada rugosidade superficial, o que pode limitar a movimentação
dentária. (SHARMILA 2016)
3 CONCLUSÃO
São diversas as opções de fios ortodônticos disponíveis no mercado, se
observam tais diferenças principalmente das propriedades mecânicas, o que resulta
em diversas aplicações para o tratamento ortodôntico. É incontestável que nenhum
material utilizado na fabricação dos fios para ortodontia possui simultaneamente todas
as qualidades necessárias para ser considerado ideal, porém os melhores resultados
são obtidos ao utilizar fios específicos para tratar problemas específicos.
Sendo assim, é recomendável que o ortodontista possua amplo conhecimento
das propriedades e características dos diferentes tipos de fios, juntamente com um
diagnóstico e planejamento adequados, de modo a alcançar uma correção ortodôntica
mais eficaz e rápida, com custos reduzidos e com menor possibilidade de causar
danos ao periodonto de suporte do paciente.
O trabalho realizado sobre fios de ortodontia não alcançou plenamente os
objetivos propostos devido à ampla diversidade de tipos de materiais disponíveis,
fabricantes envolvidos, tecnologias de fabricação e o constante desenvolvimento de
novos materiais. Essa complexidade e variedade de elementos dificultaram a
obtenção de resultados conclusivos e consistentes. Portanto, diante desses desafios
se justificam novos trabalhos com o devido aprofundamento sobre o tema para
superar essas limitações.
REFERÊNCIAS
CHANG, Hong-Po; TSENG, Yu-Chuan. A novel β-titanium alloy orthodontic wire. The
Kaohsiung journal of medical sciences, v. 34, n. 4, p. 202-206, 2018. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1607551X17307167. Acesso
em 10 mar 2023
QUINTÃO, Cátia Cardoso Abdo; BRUNHARO, Ione Helena Vieira Portella. Fios
ortodônticos: conhecer para otimizar a aplicação clínica. Revista Dental Press de
Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 14, p. 144-157, 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/dpress/a/NX9J9MYn4YWv7QfwppS5JFj/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em 20 out. 2022