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Fios para Ortodontia

Alexandre Blanco Escandell 1


Alaina Fioravante 2

RESUMO

Com a evolução do aparelho ortodôntico fixo, novas ligas metálicas empregadas na


fabricação de fios para ortodontia foram se desenvolvendo resultando em uma grande
variedade de tipos de fios com características distintas. Diante de dessa gama de
opções, o conhecimento das propriedades mecânicas de cada tipo de fio permite sua
aplicação clínica, buscando forças biologicamente recomendadas e movimentos
ortodônticos mais precisos. Sendo assim o objetivo deste trabalho foi realizar uma
revisão de literatura comparando os tipos de fios para ortodontia e suas aplicações.
Foram selecionados artigos científicos relacionados com o tema proposto, nas bases
de dados PubMed e Google Scholar. Conclui-se que nenhum tipo de fio apresenta
simultaneamente todos os requisitos necessários para defini-lo como ideal.
Resultados mais assertivos e que oferecem maior conforto ao paciente são
alcançados através do conhecimento das características de cada tipo de fio para
ortodontia aliado aos movimentos planejados em cada fase do tratamento ortodôntico.

Palavras-chave: Fios Ortodônticos. Arcos Intraorais. Memória de Forma.


Propriedades Mecânicas.

1 INTRODUÇÃO
O tratamento ortodôntico consiste na técnica de correção de mordidas que não
proporcionam estética e função mastigatória adequadas, desequilibrando
funcionalmente a face. O conceito de movimento ortodôntico então se dá por meio da
correlação entre à mecânica aplicada, aos dentes e suas estruturas de suporte e dos
fatores do paciente. Um dos métodos mais tradicionais para essa correção é através
da aplicação de forças de baixa intensidade, diretamente nos elementos dentários que
devem ser movimentados fisiologicamente com o uso de aparelhos fixos, constituídos
basicamente de bráquetes e fios ortodônticos.
Assim, os fios ortodônticos são elementos fundamentais dos aparelhos fixos pois
seu adequado emprego garante a geração das forças clínicas necessárias ao
tratamento. Tais forças são obtidas com a aplicação de conceitos biomecânicos
avançados, associados às diversas características dos fios ortodônticos. Como os

1 Acadêmico do curso de graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia Anhanguera


Sorocaba.
2 Orientadora. Docente do curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia Anhanguera Sorocaba..
profissionais que praticam ortodontia podem otimizar o tratamento utilizando o
conhecimento das características dos fios para ortodontia?
Como objetivo geral deste artigo, realizou-se uma revisão da literatura
específica, avaliando e comparando as principais propriedades mecânicas dos fios
usados em aparelhos ortodônticos fixos, viabilizando sua indicação clínica. Como
objetivos específicos foram reunidos dados atualizados para comparação dos tipos de
fios para ortodontia e identificadas as indicações e limitações de uso para cada tipo
de fio.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Metodologia
Foi realizada uma Revisão de Literatura qualitativa e descritiva, em que foram
pesquisados artigos científicos selecionados através de busca nas bases de dados
PubMed e Google Acadêmico. O período dos artigos pesquisados compreende os
trabalhos publicados nos últimos 15 anos, sendo as palavras-chave utilizadas na
busca: ”fios ortodônticos”, “propriedades” em associação e” orthodontic wires”. Os
parâmetros de inclusão adotados foram: artigos escritos em português ou inglês,
disponibilidade de texto integral em suporte eletrônico, artigos publicados em
periódicos nacionais e internacionais.
Os parâmetros adotados para a exclusão foram: artigos que não são
relacionados às propriedades de fios para ortodontia, artigos que foram publicados
fora do período estabelecido na pesquisa, artigos baseados em testes em animais,
relatos de casos clínicos, artigos não publicados.

2.2 Resultados e Discussão


A Ortodontia se baseia no conceito que a aplicação de forças baixas e
constantes permitem a movimentação fisiológica dos dentes e suas estruturas de
suporte, desta forma o controle adequado desta movimentação somente pode ser
obtido mediante a aplicação de um sistema de forças clinicas guiadas por diversos
acessórios empregados na pratica ortodôntica. Entende-se então que força clinica é
a energia necessária para se alterar a forma ou criar movimento entre determinados
corpos físicos, no caso, os acessórios do aparelho fixo como bráquetes, fios
ortodônticos, elásticos, molas, entre outros. (MACENA, 2015)
São diversos os materiais empregados na mecânica ortodôntica fixa, os fios
ortodônticos fazem parte dos artifícios que, associados aos demais componentes do
aparelho fixo, promovem as forças necessárias para a movimentação dentária. A
melhor escolha de um fio para ortodontia requer amplo conhecimento das suas
propriedades mecânicas e químicas para que seu emprego clinico seja eficiente.
(MORAES, 2010)

2.2.1 Desenvolvimento dos Fios para Ortodontia


Atualmente há vasta gama de fabricantes e tipos de fios ortodônticos, mas
pode-se dizer que toda essa tecnologia teve início nos estudos do médico francês
Pierre Fauchard e sua publicação “Le Chirurguien Dentiste” de 1728, que entre outros
temas odontológicos, abordou a confecção de dispositivos para movimentações
dentárias nos pacientes (LOIOLA, 2017).
Vários pesquisadores deram continuidade aos trabalhos de Fauchard mas
somente com os estudos de Edward Angle no início do século XX deu-se origem à
Ortodontia Moderna e se chegou ao real início do emprego dos aparelhos fixos
dentários. (QUINTÃO, 2015).
Com o advento dos bráquetes Edgewise em meados de 1930, Edward Angle
que havia utilizado várias ligas metálicas em seus aparelhos ortodônticos, optou por
empregar o ouro como matéria prima principal dos componentes de seus aparelhos,
principalmente pela capacidade de serem tratadas termicamente para variar a rigidez
em cerca de 30% e sua excelente resistência à corrosão (MORAES,2010)
A evolução tecnológica dos fios para ortodontia, evidencia o desenvolvimento
constante de novas ligas, novos processos de fabricação e controle de excelência
mecânica dos fios. Como resultado temos a otimização dos tratamentos e a
diminuição do desconforto para o paciente. (MACENA, 2015)

2.2.1.1 Fios de Aço Inoxidável


É a liga mais popular utilizada na Ortodontia, no Brasil passou a ser utilizado
no final da década de 40. Trata-se de uma liga a base de ferro com cromo e níquel,
como principais elementos de liga. Existe uma grande variedade de aços inoxidáveis,
sendo que as principais diferenças entre eles se referem à composição química
(teores dos elementos de liga) e a estrutura cristalina. (QUINTÃO, 2009)
Tais aspectos influenciam as propriedades dos fios e conferem aos aços
elevada resistência à corrosão dos e rigidez. Apresentam boa formabilidade, devido à
plasticidade o que permite a execução de dobras. Mesmo fios de pequenos diâmetros
podem gerar forças elevadas, o que muitas vezes inviabiliza o uso desse tipo de fio
em fases iniciais de tratamento. (MACENA, 2015)

2.2.1.2 Fios de Aço Multifilamentados


São fios de aço trançados entre si que apresentam propriedades mecânicas
que diferem diferentes do aço convencional. Possuem recuperação elástica 25%
maior do que a do aço convencional e uma rigidez menor. Esta liga apresenta algumas
propriedades mecânicas semelhantes às de fios de NiTinol, sendo bem indicados para
fases iniciais do tratamento. (MALIK, 2015)

2.2.1.3 Fios de Cobalto-Cromo


Foram originalmente desenvolvidas com o nome de Elgiloy para o uso em
molas de relógio. Essas ligas, com propriedades similares ao aço inoxidável são
normalmente encontradas na forma de fios em varetas, sendo necessária sua
conformação em arco previamente, sendo passiveis de tratados térmico, o que
permite ao ortodontista pode alterar as propriedades mecânicas dos fios. Seu
tratamento térmico ocorre com aquecimento a aproximadamente 480ºC por um
período de 7 a 12 minutos e podem ser adquiridos com vários graus de dureza para
ajustes de suas características de uso. (MORAES, 2010)

2.2.1.4 Fios de Beta-Titânio (TMA – Titanium Molybdenium Alloy)


Com as primeiras aplicações na ortodontia realizadas na década de 80 as ligas
de beta-titânio são ligas puras de titânio e possuem uma grande vantagem de
resiliência, associada a uma moderada formabilidade. Fios em liga de beta-titânio
possuem um valor de módulo de elasticidade que fica no meio do intervalo entre o aço
e o NiTinol. (MACENA,2015)
É possível promover sua deformação duas vezes mais do que o aço sem
causar deformação permanente. A excelente resistência à corrosão dessa liga é
devido à passivação do titânio, ou seja, quando o titânio e o cromo entram em contato
com o oxigênio, eles criam uma camada de óxidos que protege esses metais e ligas
da corrosão. Essa liga é adequada para ser dobrada e utilizada para alças, sem o
risco de fraturas e permite a realização de soldas diretas, como a soldagem elétrica,
que é comumente utilizada em Ortodontia. (CHANG, 2018)

2.2.1.5 Fios em NiTinol


Desenvolvida para fins militares na década de 60, seu uso na odontologia teve
início na década de 70, sofrendo alterações até que na década de 90 se iniciou a
distribuição no mercado de fios com propriedades interessantes. Apresentam
superelasticidade e memória de forma, aliadas a um elevado limite elástico, baixa
rigidez e elevada resiliência. (MALIK, 2015)
Esta liga apresenta propriedades bastante interessantes, como
superelasticidade e memória de forma. Possuem também características únicas, tais
como: alto limite elástico, baixo módulo de elasticidade (baixa rigidez) e alta
resiliência. (MALIK, 2015)
Os fios fabricados com essa liga podem ser submetidos a grandes deformações
e tem a capacidade de recuperar a sua forma original liberando uma força moderada
e uniforme ao aparelho dentário, por conta destas características não possuem boa
formabilidade, para receber ajustes em arco pré conformado. (UYSAL, 2022)
Os fios que precisam ser ativados termicamente são conhecidos como
termoativados e apresentam a propriedade de memória de forma, que permite que
retornem à sua forma original quando são levemente aquecidos após terem sido
deformados. (JACOB, 2010)

2.2.1.6 Fios em CuNiTi


O CuNiTi (Cooper NiTi) é a mais recente adição aos fios de liga NiTinol e foi
desenvolvido ao final da década de 90. Esta liga quaternária apresenta vantagens
significativas em relação às ligas em NiTinol disponíveis anteriormente. Quando
ativada com forças leves, a liga gera uma força praticamente constante. (MALIK,2015)
Além disso, fios dessa liga são mais resistentes à deformação permanente e
tem excelentes propriedades de recuperação elástica. Ao contrário de outras ligas de
NiTinol, apresenta uma pequena histerese na força de descarregamento. A adição de
cobre, permite a utilização desses fios em temperaturas de transformação diferentes
(15, 27, 25 e 40 °C), o que possibilita a criação de um fenômeno útil em ortodontia: a
ortodontia de temperatura de transformação variável. (PIOUS, 2020)
2.2.1.7. Fios Estéticos
Alguns fios estéticos são classificados como não-metálicos por serem
fabricados com fibras de vidro envoltas em uma matriz polimérica ainda possuem
aplicação associada aos aparelhos fixos estéticos. Por apresentarem coloração
similar ao esmalte dentário se tornam menos visíveis. Possuem baixa rigidez, similar
aos fios em NiTi, associado a um baixo coeficiente de atrito. Porém existe certa
limitação de uso devido à sua fragilidade decorrente da sua característica hidrofílica.
(MACENA, 2015)
Existem fios metálicos estéticos, os quais possuem substrato com fios de aço
ou NiTinol recoberto por camadas de teflon ou vernizes, apresentando as
propriedades mecânicas dos materiais metálicos aliadas a capacidade estética dos
fios em polímero (MALIK, 2015)

2.2.2 – Propriedades Mecânicas


Muitos ortodontistas fazem a escolha dos fios com base em impressões
clínicas, quando a escolha por meio do conhecimento das propriedades de cada
material melhoraria o controle das forças aplicadas. Considerando o uso de um
mesmo tipo de material, o controle das forças de alinhamento e nivelamento era
realizado apenas pela variação da seção dos fios. Com seções redondas, quadradas
e retangulares ocorre a variação dos níveis de carga progressivamente conforme o
aumento da seção do fio. Esse tipo de incremento da carga com o mesmo tipo de
material, limitava o controle de outras movimentações (QUINTÂO, 2009)
Nos casos em que é necessária a utilização de fios retangulares com baixos
níveis de força era praticamente impossível atender a essa necessidade. Com as
variações de tipo de material isso é possível, uma vez que fios de mesma seção
apresentam comportamentos muito diferentes, que permitem o controle das cargas
clinicas. (HAAS, 2021)
Alguns conceitos da física são importantes para a compreensão das
propriedades mecânicas. Quando uma força atua sobre um corpo, recebe como
resposta uma força de igual magnitude em direção oposta. Essa força também é
conhecida como carga, que dividida pela área em que está sendo aplicada irá gerar
uma tensão. Sempre que existir uma tensão atuante, teremos como resultado uma
deformação. (MORAES, 2010)
As deformações podem ser plásticas ou elásticas, sendo as elásticas
reversíveis após a retirada da carga, já as deformações plásticas são irreversíveis por
conta das alterações na estrutura do material e permanecem após a retirada da carga.
Quando instalado no aparelho fixo, o fio ortodôntico está sujeito a tensões complexas
atuando no mesmo corpo, muitas vezes simultâneas. (MACENA,15)
Figura1: Gráfico de Carga x Deflexão

Fonte: O Autor (2022).


São as respostas a essas tensões que formam a relação de carga x deflexão,
desta forma, os fios atuam dentro dos limites definidos pela lei de Hooke, em que o fio
ortodôntico libera suas forças por milímetros de deformação, onde o deslocamento de
um material em deflexão é proporcional ao carregamento (figura1). Neste caso para a
correção de um dente desnivelado o ortodontista irá posicionar o fio ortodôntico dentro
do slot do bráquete promovendo um aumento da sua carga e proporcionalmente
aumentando a distância de deflexão. (LUZ, 2017)

Módulo de Elasticidade
O módulo de elasticidade de um material pode ser definido como a magnitude
de força necessária para deformá-lo. Esse valor é obtido através da razão entre a
força aplicada e a deformação elástica resultante. Para a aplicação em ortodontia essa
característica pode ser tratada como rigidez. É determinada pelas forças de atração
inter atômicas dos metais e pode variar em função da sua composição química ou
tratamento térmico. (LUZ, 2017)
Figura 2: Deflexão para a montagem do fio

Fonte: O Autor (2022).


A rigidez é diretamente ligada à movimentação dentária, pois trata-se da carga
propriamente dita que é aplicada nos elementos dentários. Clinicamente observa-se
que quando maior o desnivelamento dentário maior será a carga aplicada ao dente
(figura 2). Cargas elevadas podem causar danos ao periodonto de sustentação nas
fases iniciais do tratamento, sendo indicados fios de seção reduzida ou de baixa
rigidez. Para a fase final de tratamento, são indicados fios de rigidez mais elevada,
para estabilizar os dentes nas posições planejadas após a conclusão da
movimentação dentária. (MACENA, 2015)
Essa propriedade é válida enquanto a deformação ocorre dentro do limite
elástico do material, após o limite de escoamento o material sofrerá uma deformação
permanente e entrara em seu regime plástico, clinicamente os fios devem atuar com
forças produzidas pelo regime elástico. Materiais com limite elástico elevado evitam
deformações permanentes indesejadas ou mesmo fratura dos fios induzidas pelas
forças mastigatórias. (LUZ, 2017)

Resiliência
Trata-se da capacidade do fio ortodôntico absorver energia durante a aplicação
da carga e libera-la conforme ocorre o seu descarregamento. Durante a colocação do
fio no slot a tensão é mais elevada, conforme ocorre a movimentação dentária fazendo
com que o dente vá para sua posição final, a energia absorvida vai sendo devolvida
sob a forma de tensão, mais baixa que a observada durante a instalação do arco.
(QUINTÃO, 2009)
Formabilidade
A formabilidade ou conformabilidade confere ao material a capacidade de ser
deformado permanentemente sem que ocorra um prejuízo funcional ao fio. Muito
utilizada em casos em que exista a necessidade de complementar as forças ou
adicionar um direcionamento ao movimento ortodôntico. Mais empregada em fios de
aço inoxidável, permite a execução de dobras biomecânicas como alças e loops que
transmitem forças especificas durante seu uso. (MACENA, 2015)

Soldabilidade
Caso o fio ortodôntico necessite incorporar algum acessório ao seu design, isso
pode ocorrer por soldagem. Soldabilidade então é capacidade do fio em receber
soldas de adição (prata) ou de fusão com outros materiais. Fios de aço inoxidável são
os mais empregados para essa finalidade enquanto fios de NiTinol ou betatitânio não
permitem soldagem. (MACENA, 2015)

Memória de Forma
Nos fios de NiTinol o comportamento mecânico não obedece à Lei de
proporcionalidade de Hook. Uma mudança em sua estrutura permite seja aplicada
uma carga elevada, promovendo grande deformação no fio e a energia absorvida
devolva uma carga baixa e constante. A esse comportamento é dado o nome de
memória de forma. A manutenção de uma força constante e baixa durante o
descarregamento torna os fios de NiTinol a opção mais adequada para o início do
tratamento, momento em que existem grandes desníveis que poderiam comprometer
as estruturas de suporte do dente e aumentar o desconforto do paciente. (UYSAL,
2022)
Existe ainda uma variação da memória de forma atrelada à temperatura, os
fios termoativados após a deformação, tem a capacidade de retornar ao seu formato
original quando em contato com a temperatura do ambiente bucal. Essa propriedade
permite uma leve variação das forças de movimentação dentária, as quais ainda leves
podem ser intermitentes por conta da amplitude térmica do ambiente bucal. (UYSAL,
2016)
Compatibilidade Biológica
Os fios são inseridos na cavidade oral e permanecem por longos períodos em
contato com tecidos bucais, a resistência à degradação é uma propriedade
necessária. Os produtos dessa degradação podem desencadear processos alérgicos
no paciente comprometer a saúde do paciente e a própria resistência do fio
ortodôntico.
Fica evidenciado que não existe um modelo de fio ortodôntico que atenda a
todas as necessidades das várias fases do tratamento ortodôntico. A sequência de
arcos ideal considerando suas variações, requer amplo conhecimento das
propriedades dos fios, mas possibilita o ortodontista definir o melhor protocolo de
tratamento, com redução de tempo, custo e menor possibilidade de causar danos à
saúde bucal do paciente. (QUINTÃO, 2009)
Novos tipos de componentes e materiais para ortodontia fixa são
frequentemente lançados no mercado, em contrapartida muitos os cirurgiões dentistas
determinam suas escolhas de fios ortodônticos com base em suas impressões ou
experiências clínicas ou mesmo por influência de materiais publicitários dos
fabricantes. (MACENA, 2015)
Considerando que o conhecimento aprofundado das características dos fios
ortodônticos pode otimizar os tratamentos e proporcionar menor desconforto não se
deve optar por apenas um tipo de fio ortodôntico, deve-se buscar o uso adequado das
melhores características de cada tipo de fio em associação com a fase clínica.
(JACOB, 2010)
O emprego correto dos fios para ortodontia depende da fase do tratamento.
Existem três fases no tratamento ortodôntico: Fase 1. Alinhamento e nivelamento;
Fase 2. Fechamento de espaços e correção da relação entre molares e Fase 3.
Finalização. Atualmente existem fios com características para cada um desses
estágios. A fase do alinhamento e nivelamento exige muita flexibilidade ou
elasticidade, portanto a maioria das técnicas ortodônticas tem como protocolo os fios
de Ni-Ti e os fios de Ni-Ti termoativado devido às características de alto limite elástico,
baixa rigidez e alta resiliência (MACENA, 2015)
Durante muito tempo os fios de aço inoxidável foram predominantes na
Ortodontia, com o desenvolvimento de novas ligas metálicas tornou diversificada
aplicação clínica. Estas novas ligas permitem alterações nos protocolos de
tratamento, encurtando o tempo de cadeira e aumentando o conforto do paciente.
Assim para as fases de nivelamento e alinhamento os fios devem ser capazes de
gerar forças leves e contínuas e para isso precisam te baixa rigidez, assim, para este
propósito o uso de fios de NiTinol oferecem uma curva força-flexão com um patamar
definido e uma maior faixa de ativação. (HAAS, 2021)
Apesar de várias características vantajosas, os fios de NiTinol apresentam
limitações. Como a baixa formablidade, a impossibilidade de soldagem, os custos
mais elevados. Deve-se considerar ainda a baixa rigidez, que impede a retração de
dentes anteriores ou o fechamento de espaços. (JACOB 2010)
A evolução dos arcos em aço inoxidável resultou na redução da espessura e
seção transversal e embora apresentem maior rigidez, pode-se obter bons resultados
nas fases de nivelamento em alinhamento com sua aplicação, sem promover danos
aos tecidos de suporte. (MORAES, 2016)
Nas etapas de alinhamento e nivelamento o uso de fios de aço inoxidável
somente se viabiliza com a incorporação de alças e arcos controlar a baixa resiliência
e a alta rigidez do material. Essas dobras podem dificultar a higienização e provocar
lesões em tecidos moles adjacentes caso não esteja bem posicionada. (QUINTÃO,
2009)
Apesar de várias características vantajosas, os fios de NiTinol apresentam
limitações. Como a baixa formabilidade, a impossibilidade de soldagem e custos
superiores ao aço. Deve-se considerar ainda a baixa rigidez, que impede a retração
de dentes anteriores ou o fechamento de espaços. (JACOB, 2010)
Com custo mais elevado, os fios em beta-titânio geralmente apresentam
vantagens como boa conformabilidade, forças intermediárias entre o aço inoxidável e
o NiTinol além de boa soldabilidade, porém foi comprovado que os fios dessa liga
apresentam elevada rugosidade superficial, o que pode limitar a movimentação
dentária. (SHARMILA 2016)

3 CONCLUSÃO
São diversas as opções de fios ortodônticos disponíveis no mercado, se
observam tais diferenças principalmente das propriedades mecânicas, o que resulta
em diversas aplicações para o tratamento ortodôntico. É incontestável que nenhum
material utilizado na fabricação dos fios para ortodontia possui simultaneamente todas
as qualidades necessárias para ser considerado ideal, porém os melhores resultados
são obtidos ao utilizar fios específicos para tratar problemas específicos.
Sendo assim, é recomendável que o ortodontista possua amplo conhecimento
das propriedades e características dos diferentes tipos de fios, juntamente com um
diagnóstico e planejamento adequados, de modo a alcançar uma correção ortodôntica
mais eficaz e rápida, com custos reduzidos e com menor possibilidade de causar
danos ao periodonto de suporte do paciente.
O trabalho realizado sobre fios de ortodontia não alcançou plenamente os
objetivos propostos devido à ampla diversidade de tipos de materiais disponíveis,
fabricantes envolvidos, tecnologias de fabricação e o constante desenvolvimento de
novos materiais. Essa complexidade e variedade de elementos dificultaram a
obtenção de resultados conclusivos e consistentes. Portanto, diante desses desafios
se justificam novos trabalhos com o devido aprofundamento sobre o tema para
superar essas limitações.

REFERÊNCIAS
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