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Fortalecimento do

Protagonismo Juvenil e participação


na gestão democrática da escola

São Luís, 2021


Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Participação na Secretaria de Educação do
Gestão Democrática da Escola. Governo do Estado do Maranhão
Esta publicação foi elaborada pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais Governador do Estado do Maranhão
(Flacso Brasil). A edição desta obra foi viabilizada por meio do projeto “Trilhos da Edu- Flávio Dino de Castro e Costa
cação - Assessoria técnico-pedagógica para o fortalecimento da educação básica nos
Secretário de Estado da Educação
municípios ao longo da Estrada de Ferro Carajás”, realizado por meio de parceria es-
Felipe Costa Camarão
tabelecida entre a Flacso Brasil, a Vale S.A. e a Secretaria de Educação do Governo do
Estado do Maranhão. Sua distribuição eletrônica ou impressa é gratuita. Subsecretário de Estado da Educação
Danilo Moreira da Silva

Secretária Adjunta de Gestão da


Rede do Ensino e da Aprendizagem
Nadya Christina Guimarães Dutra

Vale S.A.
Presidente
Eduardo Bartolomeo

Vice Presidente da Vale


Luiz Eduardo Osorio

Dados Internacionais de Catalogação na Dados Internacionais de Catalogação na Diretor de Relações Institucionais


Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Luiz Ricardo Santiago
Toledo, Gabriel Medina de
Fortalecimento do protagonismo juvenil e participação na gestão democrática
da escola [livro eletrônico] / Gabriel Medina de Toledo. -- 1. ed. --
Brasília, DF : Flacso, 2021. -- Faculdade Latino-Americana de
(Coleção trilhos da educação ; 1)
PDF. Ciências Sociais – Flacso Brasil
Bibliografia
ISBN 978-65-87718-21-7 Diretora
1. Democracia 2. Educação (Administração escolar) Salete Sirlei Valesan Camba
3. Gestão escolar 4. Jovens - Educação I. Título II. Série.

21-77747 CDD-371.2 Coordenadora do Programa Cidadania,


Índices para catálogo sistemático: Participação Social e Políticas Públicas
1. Gestão escolar : Planejamento e es tratégia: Kathia Dudyk
Educação 371.2

Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/312


Sumário
CAPÍTULO 1 - O QUE É SER JOVEM
Introdução................................................................................09
Juventudes.............................................................................. 10
Diversidade........................... ...................................................12
Desigualdade......................... ..................................................14
Quando a Desigualdade e a Diversidade Se Encontram.............16

CAPÍTULO 2 - DIREITO JUVENIS


Trilhos da Educação Introdução............................................................................... 19
Direitos Humanos - Os Direitos Juvenis e a Sua História.........21
Coordenação Geral
Linha do Tempo........................................................................22
Kathia Dudyk
Ficha Técnica Estatuto da Juventude..............................................................24
Coordenação de Articulação Direito à Participação...............................................................26
Organizadores
e Gestão Interna
Carolina Albuquerque Silva CAPÍTULO 3 - O JOVEM NA ESCOLA
Bárbara Alves Nonato
e Gabriel Medina de Toledo Introdução....................... ........................................................29
Coordenação de Conteúdo Gestão Democrática e Participação............................................30
Autor
Carolina Albuquerque Silva Participação na Sala de Aula....................................................32
Gabriel Medina de Toledo
Participação na Escola.............................................................34
Coordenação Pedagógica
Coautor Importância da Representação.................................................38
Camila Castanho
Lucas Guido Fauser Silva Coletivo Juvenis ......................................................................40
Coordenação de Ações Regras, Convivência e Clima escolar ......................................41
Revisão técnica
de Juventude Projeto de Vida ........................................................................42
Margareth Doher
Edvard Sales Ferreira Neto
CAPÍTULO 4 - JUVENTUDE, ESCOLA E COMUNIDADE
Projeto gráfico
Coordenação Introdução...............................................................................45
JJBZ e Vinícius Lourenço Costa
Administrativa-Financeira Conhecendo o Território..........................................................46
Márcia de Câmera Campos Diagramação e ilustração Coletivo Juvenis.......................................................................48
JJBZ e Keko Conexão Participação, Escola e Território...............................48
Equipe
Formas de Organização Juvenil Dentro e Fora da Escola........51
Aline Quintão, Fernanda Valesan, Assistentes de Edição:
Conclusão.................................................................................52
Juliana Nascimento Lima, Pedro Ana Cristina J. de Melo e
Referêncais..............................................................................53
Gorki e Wilna Sena. Rafael Minoru (Contra Regras)
Introdução
Capítulo 1 Você já teve sua opinião ignorada por imagem que o jovem brasileiro é igual, em
ser jovem? Você já ouviu pessoas fala- qualquer lugar ou realidade vivida.
O que é ser jovem? rem para você aproveitar a vida nesse Mas será que tudo isso faz sentido? Será
momento enquanto não tem nenhuma que a juventude se resume a essas visões?
responsabilidade? Já te disseram que a Será que só existe uma forma de ser jo-
juventude é uma fase de rebeldia e que vem no Maranhão, no Brasil ou no mundo?
os jovens só fazem besteira? Ou até mes- Estas são perguntas fundamentais
mo que a juventude é o nosso futuro e para entender o que de fato significa ser
que os jovens de hoje vão corrigir os er- jovem. É sempre importante pensar para
ros das gerações anteriores? além dos estereótipos e das frases pron-
Pois é, provavelmente você já tenha se tas que escutamos por aí, para construir
deparado com situações desse tipo. Es- uma visão própria sobre o que realmen-
tas são algumas das diversas visões que te experimentamos em nossas vidas, que
a nossa sociedade possui sobre os jovens. asseguram ou limitam as possibilidades
Ela coloca a juventude em diferentes po- de ser jovem, com liberdade e felicidade.
sições, inclusive contraditórias, ora diz Para começar a reflexão sobre esse seu
que você só pensa e faz besteira, ora diz momento de vida, que chamamos de ju-
que você é o futuro do país, mas em geral ventude, propomos a atividade Para co-
essas visões acabam por construir uma meço de conversa.

Para começo de conversa


Junte-se com seus colegas ou responda individualmente as seguintes perguntas:
· Afinal, o que é ser jovem para você?
· Como você e seus/suas colegas vivenciam a juventude?
· Existe uma única forma de ser jovem? Por quê?
· O que as pessoas ao seu redor (em especial os adultos) ensam ou
falam sobre os jovens e a juventude?
· Que vivências você acha que têm relação com a cidade, local ou
estado que você vive e que não marca a experiência de outros jovens?
Deixe registradas as suas respostas no seu caderno, pois ao passo que explorarmos os
conceitos de juventude, diversidade e desigualdades você poderá compará-las com o que
hoje se pensa sobre esses temas, assim como se questionar como as visões apresentadas
a seguir dialogam com as suas experiências enquanto jovem no estado do Maranhão.

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O que é ser jovem?

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Juventudes

Para respondermos às perguntas le- Para exemplificar o que queremos dizer,


vantadas anteriormente, vamos entender pense na resposta que você deu à pergun-
melhor o que se entende por juventude ta “Como você e seus/suas colegas viven-
atualmente. Diferentemente do que mui- ciam a juventude?”. Provavelmente, cada
tos pensam, a juventude não deve ser vis- um tenha seus gostos e interesses, suas
ta como uma fase natural e única da vida origens e experiências diferenciadas en-
para todas as pessoas. As formas de ser tre si, mesmo morando na mesma cidade
jovem são produzidas a partir das condi- e estudando na mesma escola. Esse é um
ções da sua vida, da família que nasceu, do pequeno exemplo da pluralidade que ca- fase que a gente começa a definir um esti- espera desse momento da vida, um tempo
bairro que vive, das condições financeiras racteriza as juventudes. lo de música que gosta, que define o jeito que pode viver coisas diferentes, sem ter
que você tem, das oportunidades que teve, Agora pense no Brasil, um país enorme, que a gente se veste e que tipos de coisas que trabalhar, sem ter tantas responsabili-
ou seja, dependem das circunstâncias com diferentes realidades, essa consta- queremos fazer em nossos momentos de dades, onde se amplia o universo cultural e
econômicas, sociais, políticas e culturais tação é ainda mais forte, pois a experiên- lazer, como fazer esporte, jogar videogame, simbólico e que se constrói sua identidade
de onde se vive e de quando se vive. cia de um jovem ribeirinho do Maranhão é namorar ou ler um livro. Segundo o soció- e escolhas. Essa realidade do que deveria
Assim, não se pode falar de uma juven- completamente diferente de um jovem de logo francês François Dubet, essas são ex- ser a juventude, é vivida por uma minoria
tude universal, mas de um período da vida São Luís, que vive em um bairro rico. Ape- periências compartilhadas por diferentes dos jovens, aqueles que têm famílias com
que é experienciado de diferentes manei- sar de serem jovens, possuem diferenças jovens não só no Brasil, mas no mundo. alto poder aquisitivo e podem financiar esse
ras por jovens ao redor do mundo, nas di- enormes nessa vivência. Sendo assim, podemos compreender as tempo com liberdade.
versas regiões do país ou até mesmo den- Ainda que sejam experienciadas de vá- juventudes como uma etapa da vida vivencia- Para entender melhor os diferentes mo-
tro de um estado ou uma cidade. Por conta rias formas, podemos falar de aspectos da de diferentes formas por diferentes pes- dos de se experienciar a juventude no Ma-
dessa pluralidade de modos de se viven- comuns às juventudes e que caracteri- soas, dependendo da época e do local onde ranhão, como eles podem ser importantes
ciar essa etapa, recomenda-se o uso do zam esse período da vida. É provável que, vivem, assim como suas particularidades, para o seu desenvolvimento e o que pode
termo juventudes, no plural mesmo, como ao pensar com seus amigos ou jovens de interesses e experiências. Mas que pode ser dificultar essas vivências, de todas e todos
uma forma de expressar a diversidade de outras regiões sobre atividades e preocu- caracterizada pela experimentação, pela os jovens, a seguir vamos discutir a diversi-
experiências e particularidades (gênero, pações compartilhadas, vocês cheguem a construção da identidade e pela busca pela dade e a desigualdade existente no territó-
cor/raça, classe social, local de moradia, questões como experimentar coisas novas, autonomia e pela independência. rio maranhense e brasileiro.
entre outros) dos jovens que influenciam descobrir e explorar interesses e construir Infelizmente, muitos jovens do Brasil não
no seu jeito de ser e viver. sua identidade. Para exemplificar, é nessa podem experimentar a juventude no que se

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O que é ser jovem?
Diversidade

Falamos bastante até aqui sobre a diversi- pensar ou observar a diversidade ao seu qual com a sua crença religiosa, como e danças, desses valores, dessas histó-
dade ou a pluralidade das juventudes e como redor? Já se perguntou sobre as culturas, por exemplo a umbanda, o candomblé, as rias, dessas culinárias, dos artesanatos
isso diferencia a forma que vivemos esse pe- comunidades e tradições presentes na sua igrejas evangélicas e católicas, o espiritis- e desses modos de ver o mundo que nos
ríodo. Talvez você esteja se perguntando “O cidade e no seu estado? mo, as tradições indígenas ou o islamismo. enriquecem enquanto sociedade. Por
que seria essa diversidade?”, “Onde ela está O estado do Maranhão é um lugar com Aqui também é o lugar de festas tradicio- isso essa diversidade deve ser conheci-
presente?” ou até “Qual é essa diversidade muita diversidade, aqui se reúnem pesso- nais como o Bumba meu boi e os arraiais de da e reconhecida, valorizada e compar-
aqui no Maranhão?”. É isso que tentaremos as de todos os tipos, origens e culturas. São João, além dos ritmos musicais como tilhada por todo o estado, especialmente
responder daqui para frente, começando pelo Pessoas de diferentes gêneros e orienta- reggae, hip-hop, samba, entre outros. entre as juventudes. Ter conhecimento
conceito de diversidade e depois explorá-lo ções sexuais, pretas, brancas, amarelas e Cada um desses grupos e comunida- e apreciar essas culturas é algo funda-
no contexto maranhense. indígenas estão espalhados nas diferentes des contribuem para a pluralidade cultu- mental para o nosso desenvolvimento
Diversidade é o conjunto de diferenças, regiões do estado, organizadas em diver- ral do Maranhão. É o compartilhamento, enquanto seres humanos e também uma
valores e experiências compartilhados e sas comunidades, sejam elas indígenas, a mistura e a troca desses saberes tra- forma de preservar essa história que faz
expressados pelos seres humanos na vida quilombolas, ribeirinhas ou rurais cada dicionais, dessas festas, dessas músicas de nós o que somos hoje.
em sociedade. A diversidade pode ser ma- Vale lembrar que esta é só uma intro-
nifestada de formas distintas, sejam elas dução e não entraremos em detalhes aqui.
sociais, culturais, regionais, étnico-raciais, Para realmente se conectar com toda essa
geracionais, sexuais, funcionais, de gêne- diversidade presente no Maranhão, é pre-
ro, religiosas, relacionados a alguma defi- ciso conversar com pessoas dos diferen-
ciência física, emocional e cognitiva, entre tes grupos e comunidades, visitar lugares
outras. São essas diferenças que caracte- que guardem essa memória e que com-
rizam e potencializam a humanidade. partilhem os conhecimentos sobre as di-
Por isso, é necessário entender a di- ferentes culturas. Existem vários espaços
versidade do ponto de vista do reconheci- e organizações que proporcionam experi-
mento, do respeito e da valorização dessa ências, rodas de conversa e outros tipos
pluralidade presente em você e em todos de troca que permitem uma aproximação
ao seu redor, entendendo que é a partir com a pluralidade maranhense.
dela que construímos e afirmamos nossas Um exemplo é a plataforma criada pelo
identidades e contribuímos com o mundo. governo do Maranhão chamada Mapa
É na escola que essas diferenças se des- Cultural do Maranhão – http://ma.mapas.
tacam e são percebidas. Ao olhar para seus cultura.gov.br/ – onde você e seus cole-
colegas é impossível não perceber o quanto gas podem conhecer mais sobre o cenário
é diverso o ambiente da escola, com jovens cultural maranhense e também contribuir
de diferentes cores, crenças e formas de ex- com esse mapeamento compartilhando
pressar a sexualidade. Você já parou para espaços e eventos que você conheça.

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O que é ser jovem?
Desigualdade

Infelizmente, o que vemos no mundo e bairros. Em geral os bairros em que vivem res sociais mostram que a população negra e barreiras impostas a pessoas que expe-
não é de hoje, é que muitas vezes as dife- são mais violentos, possuem transporte tem menos direitos e acesso à educação, à rimentam a desigualdade social produzem
renças entre nós não são respeitadas e precário, ausência de saneamento básico saúde, ao saneamento básico, entre outros. marcas profundas no seu processo de de-
muito menos valorizadas. Essa atitude em e educação e saúde com baixa qualidade. É muito importante destacar que ao fa- senvolvimento, restringindo a formação de
relação ao que nos diferencia vem histori- O acesso ao transporte, ao saneamen- larmos sobre desigualdade, precisamos competências essenciais para a vida e limi-
camente se constituindo como uma forma to, à educação, etc., deveria ser provido falar sobre racismo, machismo, LGBTQIA+ tando a ocupação de profissões e lugares
de inferiorizar, ofender, oprimir e discrimi- pelo Estado, por meio da oferta de polí- fobia e os outros diferentes preconceitos e sociais mais valorizados na sociedade.
nar as pessoas por conta de traços cultu- ticas públicas, ou seja, ações e equipa- discriminações que estruturam a nossa so- Para ilustrar as consequências das
rais e identitários, o que leva à intolerância, mentos que garantem direitos sociais ciedade e que negam oportunidades. São desigualdades, sugerimos que você e
ao preconceito e à violência – seja ela física, assegurados na Constituição Brasileira formas de violência com as pessoas que seus colegas façam a atividade Corrida
verbal ou psicológica. Quando isto ocorre, a de 1988, que seriam ofertados a partir do fazem parte desses grupos. As ausências da desigualdade.
diferença deixa de ser olhada pela lente da pagamento dos impostos. Não tem nada
diversidade e se torna desigualdade. de graça, a população paga por esses 1 A sigla LGBTQIA+ reúne orientações sexuais (ou seja, por quem cada pessoa se sente sexual e afetiva-

A desigualdade tem consequências per- serviços e tem o direito a essas questões mente atraída) e identidades de gênero (como a pessoa se identifica): Lésbicas, Gays, Bissexuais, Tran-

versas para pessoas e grupos sociais, mui- todas levantadas. Enquanto os mais ricos, sexuais ou Travestis, Queer, Intersexo e Assexuais. O sinal de + significa outras orientações sexuais e

tas vezes leva à exclusão de espaços físicos das cidades, vivem em bairros com sane- identidades de gênero (pansexualidade, não bienariedade, crosdresser etc.).

e sociais, à negação de oportunidades, à amento, bem asfaltados, com segurança,


ausência de ações e políticas públicas vol- praças, arborizados e parte dos serviços
Corrida da desigualdade
tadas a eles e ao tratamento discriminató- são pagos e não públicos, como é o caso
Junte-se com seus colegas na quadra da escola para uma corrida, mas antes de iniciar
rio nos diferentes ambientes de convivência de educação e saúde particulares.
faça o conjunto de perguntas abaixo e quem responder positivamente dá um passo à frente.
social. As desigualdades podem estar as- Vocês entenderam como é desigual o
sociadas à renda, escolaridade, disparida- modo de vida dos mais pobres e mais ricos? · Quem nunca precisou se preocupar com as três refeições diárias?
des regionais, a morar no campo e na ci- Isso é um dos exemplos de desigualdade no · Quem nunca precisou ajudar com as tarefas de casa?
dade e até mesmo associada ao bairro que país, mas que podem ser vistas na diferen- · Quem nunca precisou ajudar com as contas de casa?
você vive em uma cidade. ça da cor, do gênero, com piores condições · Quem nunca teve a preocupação de ter um lugar onde morar?
Para exemplificar, vamos tratar aqui econômicas das mulheres e na orientação · Quem nunca teve dificuldade para ir à escola?
de uma das desigualdades, a social, que sexual, quando pessoas não heterossexu- · Quem nunca sofreu algum tipo de preconceito dentro da escola ou fora dela?
marca a diferença entre ricos e pobres e ais sofrem um conjunto de barreiras.
Depois de responder as perguntas, olhem para as posições uns dos outros, as dife-
os impactos que isso provoca no desen- Os negros são a maioria nas periferias e
renças de posição são exemplos das desigualdades presentes na nossa sociedade.
volvimento das famílias e dos jovens. Os favelas do Brasil, a maioria dos desempre-
É importante perceber que nenhuma dessas questões, que deixaram alguns na
mais pobres sofrem distintas dificuldades, gados e que estão em situação de precarie-
frente e outros atrás, tem relação com o esforço, a capacidade ou o merecimento
a começar pelas péssimas condições de dade no mundo do trabalho e são vítimas da
de vocês. É disso que falamos quando dizemos que as desigualdades são respon-
moradia, pela falta de equipamentos pú- violência, 75% dos homicídios do país são
sáveis por negar oportunidades.
blicos de lazer, esporte e cultura em seus cometidos contra negros. Todos os indicado-

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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 15
O que é ser jovem?
Quando a Desigualdade e a
Diversidade Se Encontram
Quando tratamos da diversidade e da
desigualdade é importante pensar que
esses processos podem se sobrepor e se
cruzar e que uma pessoa pode ter distin-
tos processos de exclusão que se somam.
Uma mulher, negra, lésbica, moradora
da periferia sofre discriminação por fa-
tores distintos, que juntos, se potenciali-
Dando sequência na conversa
zam. Esse processo de sobreposição en-
tre raça, classe, orientação sexual etc., é Considerando suas respostas na atividade ante-
chamado de interseccionalidade. rior e tudo o que foi discutido neste capítulo e du-
Interseccionalidade é um conceito socio- rante as aulas, convidamos você a refletir individu-
lógico que estuda as interações nas vidas al ou coletivamente sobre as seguintes questões.
das minorias, entre diversas estruturas de
· Depois deste capítulo, como você entende
poder. Então, a interseccionalidade é a con-
o que são as juventudes?
sequência de diferentes formas de domina-
ção ou de discriminação. Ela trata das inter- · Qual diversidade você observa em si, na sua
seções entre estes diversos fenômenos. escola e na sua comunidade? Como fazer com
Ao conhecer melhor os conceitos da di- que ela seja valorizada e não se transforme
versidade, desigualdade e intersecciona- em mais desigualdades?
lidade, você certamente deve reconhecer
· Depois da atividade “corrida da desigualdade”,
amigos do bairro, da escola, familiares
você identificou possíveis iniciativas que podem
que vivenciam esses processos ou até
contribuir para a redução dessas desigualdades?
mesmo você. É muito importante, que
você seja um agente de mudança dessa Anote as discussões e as respostas, elas serão
realidade, valorizando e respeitando as muito importantes no percurso que teremos
diversidades e colaborando para enfren- pela frente neste material!
tar as desigualdades.

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Introdução
Capítulo 2 É muito comum dizermos ou ouvirmos Para que os direitos não sejam apenas fra-
frases como “Eu tenho direito de estar aqui!” ses escritas em documentos oficiais e real-
Direitos Juvenis ou “Você não tem o direito de fazer isso!” nas mente façam parte da nossa realidade, o pri-
mais diversas situações. Segundo o profes- meiro passo é conhecê-los, sempre tendo em
sor Eduardo Rabenhorst, isso deve ser visto mente os deveres que caminham junto deles,
como uma grande conquista, ainda que in- que é, em parte, o que faremos neste capítu-
completa. Se olharmos para o nosso passado lo. O segundo passo é exercê-los ou lutar para
enquanto humanidade, veremos que muitas que eles sejam garantidos por meio das leis e
injustiças e atrocidades foram cometidas em instituições responsáveis, ou a partir de orga-
relação a diferentes grupos. Nesses casos, nizações e movimentos sociais, sobre os quais
quem cometia esses atos não via o outro en- falaremos um pouco mais adiante.
quanto alguém que merecia respeito e os be- Como bem disse o professor Rabenhorst:

nefícios da vida em sociedade. “Poder se ver como sujeito de direitos. Poder exigir

Para combater essas injustiças e construir que tais direitos sejam respeitados. Poder lutar para

um mundo justo surgem os ideais pelos direitos ter novos direitos. Eis uma transformação que afetou

dos seres humanos, que não foram dados por radicalmente a maneira como nós nos percebemos

governos, mas frutos da organização e da luta como pessoas e cidadãos” (2008, p. 3).

de segmentos sociais excluídos. Nesse sentido,


os direitos representam, além de uma busca por Para começo de conversa
justiça, também uma obrigação do conjunto da Junte-se com seus colegas ou responda
sociedade para que essa paridade seja garanti- individualmente as seguintes perguntas:
da. Para que nossos direitos de fato se concre-
· Quais direitos e deveres você conhece?
tizem, é preciso uma contrapartida do governo
· De onde vêm esses direitos?
para assegurar as condições e o respeito das
· Você sabe se possui direitos por
pessoas ao nosso redor para exercermos nos-
ser jovem? Se sim, quais?
sos direitos. É isso o que chamamos de deveres.
· Você acredita que os seus direitos
Deveres são o outro lado da moeda dos di-
estão sendo garantidos? Por quê?
reitos, isto é, se nós temos o direito à liberdade
Pense em exemplos.
de ter a própria religião, precisamos respeitar
a religião escolhida pelo outro, para que de fato Anote as discussões e as respostas, pois
seja um direito compartilhado. Quando isto não ao passo que explorarmos os diferentes
acontece, há o que chamamos de violação dos direitos que você possui e um pouco da
direitos, o que infelizmente ocorre com frequ- história deles, você vai poder ver o que já
ência no Brasil e no mundo. sabia ou não sobre o assunto.

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Direitos Juvenis
Direitos Humanos Os direitos juvenis e
a sua história
Os chamados Direitos Humanos são
No Brasil, junto aos direitos humanos e recursos financeiros como os adultos e
aqueles garantidos a todos os seres hu-
aqueles previstos na nossa Constituição não, necessariamente, estão no mundo do
manos independente do seu país de ori-
Federal, estão os chamados direitos ju- trabalho e quando sim, ganham menos.
gem. São direitos associados à dignidade
venis. Eles são os direitos que devem ser As conquistas desses direitos foram fru-
humana, ou seja, estão além daqueles
garantidos a toda juventude brasileira, tos de lutas e articulações de coletivos e mo-
previstos nas leis dos países. Possuímos
entendendo que ser jovem é um período vimentos jovens com o objetivo de garantir
esses direitos simplesmente pelo fato de
importante das nossas vidas e que possui que você e toda a juventude sejam sujeitos
sermos humanos. A ideia de garantir di-
características – sobre as quais conver- de direitos reconhecidos pela lei, podendo
reitos para todas as pessoas no mundo
samos no capítulo anterior – que devem exercê-los em diferentes espaços das mais
ocorre em 1948, quando a Organização das
ser reconhecidas pela lei. Esse período diversas formas. Contudo, ainda que se te-
Nações Unidas (ONU) aprova a Declaração
da vida demanda que o Estado assegure nha avançado em sua aprovação, ainda falta
Universal dos Direitos Humanos, logo após
educação de qualidade, equipamentos e muito para que todos sejam efetivados para
a humanidade experimentar duas guerras
ações que promovam o lazer, o esporte a grande massa de jovens do país.
mundiais, em um curto espaço de tempo.
e a cultura e subsídios, como é o caso Essa trajetória tem início no século XX e
Os direitos humanos são uma grande con-
do ID Jovem, que assegura meia-entra- teve seus momentos mais importantes en-
quista para a humanidade, porque deixamos
da cultural ou transporte interestadual tre as décadas de 1990 e 2010, como mos-
de depender da vontade dos outros para que Designed by Freepik
gratuito, já que os jovens não possuem traremos a seguir.
tenhamos direitos reconhecidos. Eles repre- dição mínima de sobrevivência. Infelizmente,
sentam a ideia de que existem certas coisas a fome é hoje uma realidade de uma parcela
que são fundamentais para vivermos en- da população e certamente um problema
quanto indivíduos e enquanto sociedade. que deve ser prioridade absoluta na ação de
Ao longo dos anos, os direitos huma- um governo com apoio da sociedade.
nos, também chamados de fundamentais, No total, a Declaração Universal dos Direi-
vêm evoluindo e incluindo mais grupos e tos Humanos tem 30 artigos que descrevem
aspectos da nossa vida. Atualmente, eles os direitos que compartilhamos com toda
vão desde questões mais individuais, como a população mundial. Não colocamos essa
o direito à vida, à liberdade de expressão e lista neste material, mas recomendamos
de crença religiosa, até direitos mais am- que você dê uma olhada. Você pode acessar
plos como o direito à educação, à moradia no link: https://www.unicef.org/brazil/de-
ou aqueles que dizem respeito ao meio am- claracao-universal-dos-direitos-humanos.
biente, à paz, às mulheres e às crianças. Como dissemos no começo do capítulo, é
No Brasil, vale destacar um direito essen- muito importante conhecer seus direitos, só
cial, que voltou a ser tema de grande preo- assim será possível exercê-los e lutar para
cupação, que é o direito à alimentação, con- que eles sejam garantidos.

20 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 21
1934 1990: 2013:
Constituição dá aos jovens o direito à Aprovação do Estatuto da Criança e Aprovação do Estatuto da Juven-
educação, que antes não era um direi- Adolescente (ECA), que assegura o di- tude, documento que reconhece e
to garantido à todos. reito de organização a à participação estabelece os direitos de todas e
em entidades estudantis. todos os jovens brasileiros.

2003:
1964 - 1985
Aprovação da Lei 10.639 que torna
(Ditadura Militar) Período em que os
o ensino de história e cultura afro-
movimentos estudantes foram funda-
-brasileira nas escolas, assegu-
mentais para resistir à opressão e luta
rando um ensino que contemple a
pela democracia.
diversidade brasileira.

2005:
1979 Criação da Secretaria Nacional da
Greve da Meia Passagem: Uma greve Juventude e do Conselho Nacio-
estudantil em São Luís reivindicando nal da Juventude, responsáveis por
a meia passagem para estudantes. A pensar as políticas públicas e ações
greve foi marcada por forte repressão voltadas para a juventude brasileira.
policial às passeatas e assembleias.

2015:
1988 1996: Criação da Identidade Jovem, ou ID Jo-
Retomada da democracia e a aprova- Aprovação da Lei de Diretrizes e Bases vem, documento que comprova a condi-
ção da Constituição de 1988, que se- da Educação (LDB), que garantiu a criação ção de jovem de baixa renda para acesso
gue até hoje e garante novos direitos de duas instituições, a Associação de Pais à meia entrada, da reserva de vagas nos
à toda a população, como os direitos e Mestres e o Grêmio Estudantil, cabendo veículos do sistema de transporte inte-
ao transporte e a moradia, além do à Direção da escola criar condições para restadual e da gratuidade na emissão
direito ao voto aos 16 anos. que os alunos se organizem em Grêmios. da Carteira de Identificação Estudantil.

22 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 23
01. 02. 07.
Destacamos também o Artigo 17 do
EJ (2013) que diz o seguinte:
O jovem tem direito à diversidade e
Direito à Diversidade Direito ao Desporto Direito à Cidadania, à Parti- à igualdade de oportunidades e não
e à Igualdade e ao Lazer cipação Social e Política e à será discriminado por motivo de:
Representação Juvenil
I - etnia, raça, cor da pele, cultura,
origem, idade e sexo;
Estatuto da Juventude
Como deu para ver na linha do tempo,
03. 08. II - orientação sexual, idioma ou religião;
III - opinião, deficiência e condição
social ou econômica.
o Estatuto da Juventude (EJ) se tornou Direito à Comunicação e à Direito à Profissionalização,
e continua sendo o principal documento Liberdade de Expressão ao Trabalho e à Renda
sobre os direitos da juventude brasileira. Veja que esse artigo está totalmente
O EJ representou grandes conquistas conectado com os conceitos de diver-
em termos de reconhecimento e sidade e desigualdade que discutimos
garantia de novos direitos para os e as
jovens de todo o Brasil.
04. 09. no capítulo anterior. O Estatuto parte
do princípio de que é preciso reconhe-
A primeira delas foi a definição da cer e valorizar a diversidade juvenil,
Direito à Cultura Direito à Saúde
juventude como o período vivenciado de forma a proteger os jovens de pre-
entre os 15 e os 29 anos de idade. Tornar conceitos e discriminações, muitas ve-
a juventude mais longa, permitiu que zes responsáveis pelas desigualdades

05. 10.
mais jovens pudessem experienciar presentes na nossa sociedade.
essa etapa da vida e aproveitar os direitos Em resumo, o Estatuto da Juven-
e possibilidades que ela oferece, em tude é um documento que dá a você e
especial jovens das camadas populares, Direito ao Território Direito à Educação a todos os jovens brasileiros possibili-
negros e negras, mulheres, indígenas, e à Mobilidade dades e proteções legais – ou seja, das
quilombolas, moradores e moradoras leis – para que possam viver esse pe-
de zonas rurais e ribeirinhas. ríodo de diferentes formas e se desen-

06. 11.
Além disso, o Estatuto da Juventude volver como pessoas e cidadãos, ainda
estabelece um total de 11 direitos que que estas precisem ser transformadas
devem ser assegurados e proporcionados em políticas públicas pelos governan-
pelo governo brasileiro e respeitados por Direito à Segurança Públi- Direito à Sustentabilidade tes para serem uma realidade experi-
toda a população, sendo eles: ca e ao Acesso à Justiça e ao Meio Ambiente mentada em seu cotidiano.

24 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 25
Direitos Juvenis
O direito à participação
timos no primeiro capítulo são grandes
Atualmente existe no conjunto da socie-
obstáculos para a juventude brasileira e
dade uma visão de que os jovens de hoje
pode também ser para você.
são apáticos e avessos à participação. O
As desigualdades sociais levam os jovens
que você pensa disso?
a trabalharem duro para ajudar no sustento
Essa afirmação em geral compara a atual
da família, com grandes deslocamentos pela
geração com jovens de outro tempo, em es-
cidade para ir à escola e ao trabalho e nes-
pecial aqueles que lutaram contra a ditadu-
se contexto sequer são informados dos seus
ra, a partir do movimento estudantil e orga-
direitos básicos, o que torna muito difícil seu
nizações políticas. Porém, tivemos episódios
engajamento e atuação. O racismo, o machis-
da história recente no Brasil, que mostram
mo e a intersecção entre eles fazem com que
que essa visão não é real e que existem sim
jovens mulheres, negros e negras sejam dis-
jovens do país que participam de movimen-
criminados, vítimas da violência e impedidos
tos e coletivos, mas que têm se expressado
de participar do jeito que gostariam.
de forma diferente de outros tempos.
O que vemos é uma juventude que vem
Isso não significa que essa nova gera-
criando novas formas de participação, como
ção seja despolitizada ou que não tenha
a atuação por meio da cultura, da comuni- Designed by pch.vector / Freepik
desejos de mudança, a questão é que ela
cação, da religião, da internet e da ação so- lamento das diferenças. A sua geração (e cer-
manifesta seus anseios a partir de uma Dando sequência na conversa
cial no bairro, por meio de ações voluntá- tamente, as próximas que virão) vem enfren-
gramática política diferente: os jovens
rias. Apesar e por causa das dificuldades, tando o enorme desafio de se empoderar nas A escola é um dos principais espaços
desse início de século XXI acreditam na
os jovens têm inventado formas de produzir ruas e nas redes para defender seus direitos, para exercer essa participação, por isso
política, mas não creem em partidos; re-
novas relações sociais, com os saraus peri- reivindicar as liberdades e construir caminhos propomos a reflexão:
conhecem a importância da coletividade,
féricos, as batalhas de slam, os coletivos de para um país com mais igualdade e justiça. E · Você tem sido convidado ou
mas almejam crescer individualmente;
denúncia de violação de direitos ou de visi- fazem criando novas formas de atuação, por incentivado a participar de alguma
buscam transformações, mas são pou-
bilidade de suas iniciativas por meio digital, isso destacamos a importância do direito à atividade ou espaço de participação?
co afeitos a rupturas; anseiam por novas
por meio do empreendedorismo social ou de participação no Estatuto da Juventude, ele
ideias, mas são também pragmáticos. · Como a escola tem promovido a
promoção de ações de doação de alimentos, contribui para que você e outros jovens lutem
Ainda que muitos jovens, como você, participação dos estudantes?
de revitalização de praças, entre outros. e reivindiquem seus direitos.
busquem romper com as dificuldades
Assim, ao mesmo tempo que sofre com as · O que te motiva a se envolver nos
impostas nas suas vidas a partir da atu-
desigualdades e os problemas da nossa so- espaços de participação da sua escola?
ação coletiva, milhões de jovens têm sua
ciedade, a juventude ganha mais importância
cidadania interditada, pois possuem uma · Como reunir mais pessoas para
e resiste à agenda de destruição ambiental,
agenda diária que não permite que sobre participar? Vamos chamar os
de ataque aos direitos individuais e sociais, de
tempo para se dedicar a causas sociais amigos e arregaçar as mangas?
ampliação da pobreza e da fome e de aniqui-
e coletivas. As desigualdades que discu-

26 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 27
Introdução

Capítulo 3 Agora que você conhece seus direitos possibilidades, muitas barreiras aparecerão
enquanto ser humano e jovem no Brasil, você no caminho, nem todos os professores serão
O Jovem Na Escola pode estar se perguntando: “Como eu faço incentivadores, mas a gente sempre encontra
para exercer esses direitos?”. Responder essa alguém na escola que topa ajudar a realizar
pergunta não é uma tarefa fácil, já que você iniciativas propostas pelos estudantes.
deve perceber que boa parte deles estão na Por outro lado, participar é também uma
lei, mas não estão garantidos no seu dia a dia. ótima maneira de exercer e reivindicar outros
A ideia aqui é apresentar alguns caminhos de direitos, ou seja, um exercício de cidadania.
como aproveitar a escola como um espaço para Isto porque cidadania é também a prática de
concretizar parte deles, com seu engajamento. opinar, propor, debater e reivindicar dentro
Se usarmos o direito à participação como dos diferentes espaços de participação, mas
exemplo, veremos que podemos participar em também criar novos espaços e formas de
diferentes lugares – na sala de aula, na escola, contribuir com a sociedade, seja em sala de
na comunidade ou na política – e de diferentes aula, na escola, na comunidade ou no país. E
formas, propondo metodologias e temas para o que vemos hoje em dia são o surgimento e
as aulas, demandando melhorias nas quadras, a consolidação de novas formas de se fazer
criando um coletivo, fazendo um sarau, tudo isso, em especial por meio da internet e
debatendo em assembleias ou manifestando das redes sociais.
nas ruas. Isso só mostra a diversidade de Recentemente, Greta Thunberg, uma
possibilidades para o exercício de um único jovem sueca, ficou conhecida no mundo
direito. É claro que apesar de todas essas todo por realizar protestos todas as sextas,

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28 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 29
O Jovem na Escola
Gestão Democrática
e Participação
na frente do parlamento do seu país, Para falarmos sobre a participação na
exigindo medidas efetivas dos governantes escola, é essencial conversar sobre Gestão
para conter o aquecimento global. Democrática. De forma bem resumida, a
Greta Thunberg fundou um movimento gestão democrática é um modo de organi-
internacional chamado “Fridays For Future” zar as atividades da escola – questões po-
e inspirou uma greve global pelo clima, em líticas, administrativas, culturais e pedagó-
15 de março de 2019. Isso tudo não seria gicas – para que ela cumpra a sua função
possível sem a existência das redes sociais. que é educar todos os estudantes, mas fa-
É importante dizer que a internet possibilitou zendo isso com a colaboração de todos os
a todos nós novos jeitos de nos relacionarmos, membros da comunidade escolar, ou seja,
mas também de discutirmos, nos organizarmos diretor, coordenadores, professores, pais
e atuarmos nas nossas vidas e no mundo ao e responsáveis, líderes do bairro e vocês,
nosso redor, fazendo dela uma ótima plataforma estudantes. Na prática, uma gestão demo-
para a participação e o exercício da cidadania. crática nada mais é do que a gestão da es-
Porém, percebemos também que ela se cola com a participação de todos de forma
tornou um espaço utilizado para disseminar colaborativa nas tomadas de decisão.
discursos de ódio, desinformação, padrões de A gestão democrática também é uma
comportamento, entre outras questões que nos forma de aprendizado para você e seus
prejudicam enquanto indivíduos, mas também colegas. É poder participar de discus-
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como sociedade. Esse processo se dá quando sões sobre melhorar os espaços de la-
criticamos uma amiga no Facebook que não tem zer da escola, propor mudanças no cur- O interessante é que esse jeito de ad- tante ter persistência, consistência nas
um corpo idealizado. Ataques virtuais a jovens na rículo ou nas dinâmicas das aulas junto ministrar a escola é algo previsto nas suas propostas e juntar mais estudantes
internet já foram responsáveis por suicídios em com os professores, ajudar a decidir as leis brasileiras, está na nossa Consti- para fortalecer a reivindicação.
algumas partes do mundo. Por isso, é sempre atividades extracurriculares, organizar tuição Federal, como também na Lei de Na sequência, vamos discutir sobre
fundamental termos em mente os benefícios e festas e outros eventos na escola, entre Diretrizes e Bases da Educação Nacio- várias possibilidades de participação
os problemas da internet, para poder utilizá-la várias outras possibilidades. Tudo isso nal. A ideia de gestão democrática de- que contribuem para a construção con-
da melhor forma em nossas vidas. envolve escutar, argumentar, fazer pro- veria orientar as atividades de todas as junta de uma gestão democrática dentro
Assim, para entender as diferentes formas postas, formar uma opinião, desenvolver escolas do Brasil, inclusive aqui no Ma- da sua escola. Daqui para frente também
de se exercer nossos direitos, falaremos interesses, representar seus colegas, ranhão. Sabemos que nem sempre isso vamos propor algumas reflexões para
neste capítulo sobre as possibilidades de aprendizados importantíssimos nos dias acontece, mas assim como dissemos você e seus colegas pensarem como a
participação dentro da escola, entendendo o de hoje. É uma vivência da cidadania e da sobre os direitos, o fato de que é algo sua escola se organiza e o que falta para
que já existe, o que pode ser criado e o que democracia dentro da escola, uma pos- presente nas leis, permite que vocês ela realmente ser democrática. Come-
é fundamental para o exercício da cidadania sibilidade de exercer seus direitos e de proponham ou reivindiquem que ela de çando pela pergunta: “Você considera a
dentro do ambiente escolar. participar das decisões. fato aconteça na sua escola. É impor- sua escola democrática? Por quê?”

30 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 31
O Jovem na Escola
Participação na sala de aula

Existem várias maneiras de participar em você tenha pensado em algo incrível, é sem-
sala de aula, vai depender do tema que você pre importante conversar com seus colegas
e seus colegas decidirem que é importante, para entender se faz sentido para todo mun-
por exemplo: assuntos para serem discuti- do, se existem propostas de melhoria ou algo
dos durante as aulas, atividades que contri- do tipo. O mesmo vale para o contato com os
buam para o aprendizado da turma, novas professores, depois de conversar com a tur-
formas de avaliar a aprendizagem que não ma, falar, em conjunto, com o professor ajuda
sejam provas ou testes, entre outras possi- na aceitação da ideia, no engajamento de to-
bilidades. Além disso, a participação vai se dos no momento de colocá-la em prática.
diferenciar dependendo do que vocês forem O segundo é ser proativo quando for possí-
fazer sobre cada tema. vel. Talvez na sua escola, não exista tanto es-
Se vocês entenderem que atividades di- paço para a participação em sala de aula, ou, Provavelmente você já esteve na situação
ferentes ajudam para que mais estudantes se houver, não sejam tão frequentes, por isto, em que uma proposta ou uma demanda Começando os trabalhos!
aprendam, o segundo passo é pensar em é importante que você e seus colegas apro- feita pelos estudantes não foi atendida pe-
Para dar início à participação, junte-se
quais seriam as atividades, depois conver- veitem os momentos que tiverem para dar los professores, tendo as mais variadas
com seus colegas para pensar sobre:
sar com a professora se é possível fazer e suas opiniões, propor ideias, fazer críticas ou justificativas. Infelizmente, isso é algo que
por último realmente colocar as ideias em reivindicar mudanças, sempre de uma forma vai continuar acontecendo, não só porque · Definir, em conjunto, para qual
prática. Só nesse percurso, as possibilida- respeitosa. Muitas vezes pode acontecer de em alguns casos os professores podem disciplina seria mais interessante
des são muitas e o mesmo vale se esco- você não se sentir confortável de falar ou ter não abrir o espaço para contribuições dos propor alguma iniciativa e o motivo da
lhessem propor algo novo nas avaliações a sensação de que não será ouvido de fato, e jovens ou podem não concordar com as escolha;
ou nos assuntos para as aulas. isso faz parte, mas, aos poucos, é fundamen- propostas feitas, mas também muitas ve-
· Decidir, em conjunto, o principal
Como vocês podem ver, existe um mundo tal que você vá ocupando esse lugar, porque zes por não ser possível executar as ideias,
ponto das aulas que é preciso
de possibilidades para se envolver na sala de quanto mais vocês, jovens, forem falando e seja por falta de recursos, por desconheci-
melhorar;
aula e vamos falar sobre elas mais para fren- se posicionando, maiores as chances de suas mento, falta de tempo ou outras questões.
te. Antes temos que dizer que, mesmo com ideias serem aceitas e que mudanças aconte- É muito importante que vocês entendam · Escolhido o ponto, construir uma
toda essa diversidade de maneiras de parti- çam na sua escola. essas situações, porque elas fazem parte, proposta do que poderia ser feito para
cipar, podemos falar de alguns princípios que Nesse sentido, a ideia da colaboração mas não impedem a sua participação e a dos melhorar essa questão;
ajudam a pensar em ideias para participação e pode ser muito importante, porque ao invés seus colegas, por isso ter paciência com os
· Conversar com professor sobre a
como colocá-las em prática. de falar individualmente, você e seus colegas obstáculos no caminho e ter a perseverança
proposta e como colocá-la em prática.
O primeiro deles é a colaboração. Partici- podem se manifestar enquanto grupo, dimi- de seguir participando. Este será um gran-
pação, como dissemos na seção anterior, é nuindo o peso de dar uma opinião sozinho e de aprendizado para a vida, porque cada
um processo coletivo, ou seja, feito em par- aumentando a potência da participação. vez que uma ideia não der certo, você terá
ceria com outras pessoas, sejam elas seus Por fim, temos dois princípios que se a oportunidade de melhorar essa ou a pró-
colegas ou professores. Então, por mais que misturam a paciência e a perseverança. xima para que sejam colocadas em prática.

32 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 33
O Jovem na Escola

outros espaços que podem ou não ser


Aulas mudam depois de resultado Escola se propõe a debater os
Experiências Inspiradoras distantes para vocês, mas que são muito
de pesquisa com estudantes. espaços e forma um Grêmio Estudantil
importantes para se decidir os rumos da
escola e do seu aprendizado.
Provavelmente, o mais conhecido é o
Grêmio Estudantil, muito comum aqui no
Maranhão e é uma das principais formas
Alunos misturam arte e física e Estudantes criam grupo de rap de se participar em toda a escola. Nele, es-
Em parceria com o Grêmio, jovens criam
mudam a forma de aprender. e diminuem evasão escolar. tudantes como você podem se reunir, dis-
slam para discutir preconceitos
cutir problemas e possibilidades da escola,
propor ações, organizar e levar demandas
para professores ou gestores da escola
(coordenadores, vice-diretores e diretor),
assim como ser um canal de comunicação
Guia da Ação Avaliativa Mão na Massa entre a gestão e os estudantes. Fazer parte
Jovens criam clube de leitura de es-
do Grêmio pode ser um grande aprendizado
critoras negras para inspirar a traje-
por ser um espaço em que você vai deba-
tória de meninas negras
ter ideias, identificar problemas, pensar em
soluções e formar opiniões, todas habilida-
des muito importantes para o seu desen-
volvimento enquanto cidadão.
Separamos algumas experiências de Grê-
mios no Brasil, eles podem ajudar na organi- outros membros da comunidade escolar,
Participação na escola
zação e na atuação do Grêmio da sua escola. como professores, gestores, funcionários
Para falarmos sobre participar na es- possibilidades para ações, atividades, Outro espaço de participação que da escola e até pais ou responsáveis.
cola teremos que ampliar o nosso olhar discussões e decisões do que a sala existe ou pode ser criado na escola é a Diferente dos Grêmios, que geralmente
para os princípios e possibilidades de de aula. Um exemplo, é que as ativida- assembleia. Ela é um encontro de todos envolvem um número menor de estudantes,
participação discutidos até aqui. É impor- des propostas por você ou seus colegas os estudantes da escola ou de cada etapa eleito pelos colegas para representá-
tante dizer que o que foi dito para a sala não precisa estar ligada à uma discipli- do ensino (fundamental ou médio) para los, as assembleias permitem que mais
de aula continua valendo e sendo impor- na, como física, pode ser também so- se discutir e tomar decisões sobre temas jovens participem, deem suas opiniões e
tante, só não será suficiente para pensar bre a qualidade da merenda, a pintura específicos da escola. As assembleias façam suas propostas, sendo um espaço
a participação na escola como um todo. da escola, a realização de uma festa ou podem acontecer periodicamente, ou de participação direta. Na prática, é uma
Começando por onde se participa, a até uma revisão no currículo da escola. seja, uma vez por mês, por bimestre ótima forma de trazer mais estudantes para
escola é muito maior e dá muito mais Além disso, a participação acontece em ou semestre, e também podem incluir conversar sobre as questões escolares, que

34 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 35
O Jovem na Escola

pode apoiar as ações do próprio Grêmio e


tornar esse processo mais colaborativo,
um dos princípios da participação.
Também deixaremos aqui alguns exemplos
de como organizar assembleias na sua escola.
Na sua escola também existem os
conselhos, o conselho escolar e o conselho
de classe. O primeiro é um espaço em que
representantes da comunidade escolar
se reúnem periodicamente para discutir
e tomar decisões sobre as questões da fazer parte desse espaço (se a escola já
escola. Em uma gestão democrática, abre essa possibilidade) ou reivindiquem que
o conselho escolar deveria reunir o grupo de estudantes esteja representado nele.
gestores, professores, estudantes, pais e Já os conselhos de classe são espaços em
funcionários da escola escolhidos pelos que professores e estudantes das diferentes Conhecendo os espaços de participação da escola!
grupos que representam, ou seja, os jovens turmas, com o apoio da gestão escolar,
A princípio, todos esses espaços de participação deveriam estar presentes nas
da escola devem escolher entre si aqueles podem dialogar sobre o que vem dando certo
escolas, porém isso nem sempre acontece. Por isso convidamos você e seus colegas
que farão parte do conselho, assim como ou errado, e novas propostas para melhorar
a identificarem esses espaços e como eles funcionam. Para isto, temos uma lista de
professores, pais e funcionários. a aprendizagem da turma. São momentos
perguntas para orientar a sua pesquisa.
A participação juvenil nos conselhos para refletir em conjunto sobre como vem
escolares é muito importante, porque são sendo as aulas, os resultados das avaliações · Quais desses espaços (grêmio, conselho de classe, conselho escolar e assembleia)
os espaços em que as principais decisões e as relações entre estudantes e professores. existem na sua escola? Se existem, quem faz parte deles? Os estudantes têm
sobre a escola são tomadas. Por exemplo, Os conselhos de classe são ótimos seus representantes em todos eles?
quais as melhorias necessárias nas salas espaços para que você e seus colegas
· Como são escolhidos os representantes de professores, estudantes, pais e funcionários
de aula, nas quadras ou em qualquer outra apresentem e discutam com os professores
(caso eles participem desses espaços)? Qualquer um pode se candidatar?
parte da escola; a elaboração do currículo suas ideias, demandas e reclamações sobre
da escola para os próximos anos; a seus aprendizados na sala de aula. Eles não · Quais as ações realizadas e decisões tomadas nesses espaços? Elas têm sido
realização de eventos na escola; a inclusão precisam ficar limitados a olhar para as notas comunicadas para toda a escola? Para responder essas perguntas, procure os
de novas atividades no contraturno, como bimestrais e a aprovação ou reprovação. Isso representantes estudantis e dos professores, ou a direção da escola.
a formação de clubes estudantis. faz parte, mas existem tantas possibilidades
As respostas para estas perguntas te darão uma boa ideia de como funciona a
Em resumo, o conselho escolar é um quanto as que falamos sobre participação
participação na sua escola e, assim, você poderá identificar as lacunas e as possibilidades
dos principais espaços de participação na sala de aula. Na prática, o conselho de
de participação. Com isso em mente, é a hora de você conversar com seus colegas,
na escola. Por isso, é muito importante classe é uma extensão ou continuação da
professores, funcionários e a direção para dar início à participação na escola!
que jovens como você se proponham a participação na sala de aula!

36 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 37
O Jovem na Escola
Importância da Representação

A participação é um processo funda-


mental para a escola, para uma cidade ou
um país, mas nem sempre todas as pesso-
as conseguem participar de todas as deci-
sões que se referem ao coletivo, toda hora
e em todos os espaços. Por isso, temos a
ideia de representação, que significa de-
legar algumas decisões a representantes,
eleitos, para tomar a decisão por um gru-
po. Esse é o processo que fazemos com o
representante de turma, que defende os
interesses de toda a sala ou com o grêmio,
ao eleger uma chapa para defender os in-
teresses de todos os estudantes da escola.
Ao fazer parte de espaços como o grêmio
e os conselhos, você estará representando o
conjunto de jovens da sua escola em vários
assuntos e ações. Para garantir que você
esteja sendo representativo é muito impor- Designed by pch.vector / Freepik

tante escutar e se comunicar com seus co-


legas, registrando as opiniões, entendendo tes assuntos, principalmente aqueles que Contudo, quando olhamos para a clas- Portanto, o conceito de representativi-
as demandas e os conflitos, pensando em muitas vezes não são valorizados ou conhe- se política brasileira, é fácil de perceber dade é garantir que os segmentos sociais
soluções em conjunto e mantendo todos in- cidos na escola. Lembre-se de que a ideia que ela é dominada por homens, brancos, diversos estejam representados e reconhe-
formados sobre as discussões e as decisões de diversidade segue sendo fundamental, é velhos e em geral ricos. Esse perfil da cidos por esses públicos, como por exem-
nos espaços em que você participa. preciso que exista uma diversidade de opi- representação não corresponde à maio- plo os jovens, que representam 25% da po-
Assembleias, rodas de conversa, ques- niões, propostas, demandas e participação ria do povo e não expressa a diversidade pulação brasileira e não passam de 10% da
tionários e caixas de sugestão são boas vindo de diferentes grupos de jovens. presente na sociedade. Por isso, é comum composição do Congresso Nacional. Você
formas de você construir e manter esse di- Esse processo de representação é o dizer que eles não são representativos da não acha bom se tivéssemos mais jovens
álogo com seus colegas. São todas manei- mesmo que acontece com os vereado- população, pois as camadas mais pobres, deputados? Se sim, é porque você reconhe-
ras, umas mais pessoais, outras anônimas, res, prefeitos, deputados, governadores e os indígenas, as mulheres, os negros não ce que isso é representativo.
de escutar o conjunto de estudantes e agir presidentes. São pessoas que dedicam o se sentem representados nos espaços de
a partir dessa escuta. É muito importante seu tempo de trabalho à esfera da política poder, que reproduzem decisões e políti-
que você dê espaço para todos os jovens da e tomam as decisões que devem garantir cas que não enfrentam as desigualdades
escola se manifestarem sobre os diferen- uma vida digna a toda a coletividade. que tratamos no capítulo 2.

38 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 39
O Jovem na Escola
Regras, convivência
e clima escolar

Toda escola tem um conjunto de regras importante que se crie espaços e se uti-
e normas, mas na maioria das vezes, es- lize daqueles que já existem na esco-
tas não foram elaboradas com a escuta la para manter um diálogo permanente
dos estudantes. Você teve a oportunida- sobre os conflitos, métodos de resolução
de de discuti-las? São horários definidos, dos mesmos, formas de reparação pac-
formas de convívio, rotinas estabeleci- tuadas e mudança permanente das prá-
das e muitas vezes não sabemos quem ticas e das relações. Construir um clima
definiu e o porquê das decisões. O fato é acolhedor e positivo não é fácil, mas de-
que as regras e normas definem muitas manda compromisso de todos os atores
coisas na escola e é importante dialogar da escola para o respeito ao outro, a di-
sobre elas, não apenas para entendê-las, ferença do outro, valorizando a diversi-
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mas para aperfeiçoá-las. Às vezes exis- dade e fortalecendo a participação e a
Coletivos Juvenis
tem normas que duram décadas em uma democracia na escola.
escola, mas já não correspondem mais
Existe uma forma bastante comum dos vação do meio ambiente, com ações cul- à cultura de uma sociedade, como por
jovens se organizarem que é em torno de turais, comunitárias e que podem ser exemplo a proibição do uso de boné dos
temas ou de suas identidades (racial, gê- formados na escola ou fora dela. É in- meninos ou saia das meninas. O mundo
nero, orientação sexual, pessoa com defi- teressante pesquisar sobre a existência mudou e a escola precisa mudar.
ciência), mas sem uma estrutura formal, deles no seu bairro, comunidade e quem Outro aspecto essencial é a convi-
como acontece no grêmio, por exemplo, sabe convidá-los para ser parceiro da vência e o clima escolar, ou seja, como
que possui definições de cargos e uma escola ou até mesmo, montar um com são estabelecidas as relações entre e
certa hierarquia. Os coletivos são estrutu- seus amigos. O mais importante é ter intraestudantes e profissionais, se são
ras horizontais, sem a pretensão de repre- uma causa em comum para lutar e aí é respeitosas, baseadas no diálogo ou se
sentar outras pessoas e que buscam orga- só arregaçar as mangas. reforçam a violência e a intolerância. As
nizar ações coletivas transformadoras. Para te ajudar, organizamos alguns dificuldades de convivência acontecem
Existem inúmeros coletivos e grupos de exemplos de coletivos existentes em es- entre os estudantes, expressas em vá-
jovens no Brasil, que atuam com a preser- colas brasileiras. rias formas de discriminação e bullying
com os colegas ou mesmo de professo-
Coletivos trazem causas da nova Coletivo de meninas realizam debates res com estudantes e vice-versa.
geração para a escola sobre igualdade de gênero A construção de um clima escolar res-
peitoso, agradável, é uma responsabili-
dade de todos da escola e deve ser per-
seguido diariamente. Para isso, é muito
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40 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 41
O Jovem na Escola

Projeto de vida

O novo ensino médio (NEM) trouxe


mudanças significativas na escola,
como uma aprendizagem baseada em
competências, a possibilidade de você
escolher um itinerário para se aprofundar,
o desenvolvimento de competências
socioemocionais e o projeto de vida. O
projeto de vida é o aspecto do NEM que
mais possui interface com o estímulo
à participação que trabalhamos nesse
material, pois trabalha com três eixos: o
autoconhecimento, a cidadania e o mundo
do trabalho.
Como vocês observaram, para desenvolver
a cidadania é essencial participar, não apenas
da escola, mas de ações no seu bairro, na sua
cidade e no seu país e isso contribui muito
para o desenvolvimento do seu projeto de vida,
porque te proporciona diversas experiências
que serão muito importantes ao longo da sua
vida durante e depois da escola. No próximo
capítulo vamos apresentar uma forma de
participação que tem tudo a ver com a sua
formação para ser um cidadão crítico e ativo.
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42 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 43
Introdução

Capítulo 4 Como já falamos, a participação não se gas, mas também a vida das pessoas que
resume à escola, mas além de ser um óti- moram ao redor da escola e que são im-
Juventude, escola e comunidade mo lugar para começar, ela pode ajudar portantes para a sua continuidade. Essa
muito a construir uma participação em ou- aproximação faz com que a escola consi-
tros lugares. Um bom exemplo é a relação ga ser mais contextualizada, aproximan-
entre a escola e a comunidade do entorno. do o conhecimento transmitido da reali-
Várias escolas fazem trabalhos muito im- dade vivida no bairro e trazendo saberes
portantes com moradores e organizações populares e iniciativas juvenis locais para
do bairro ou da região onde se encontram. dentro dos muros da escola.
As ações são diversas e vão desde a orga- Como você já deve saber, essa não é uma
nização de eventos na escola e a ida dos es- tarefa fácil de alcançar. Talvez a sua escola
tudantes em projetos sociais, saraus, batalhas não tenha uma cultura de promover esse tipo
de rima, e apresentações culturais, até a cons- de interação ou de participação com a comu-
trução do currículo ou do projeto pedagógico nidade, ou a própria comunidade não é tão
da escola, incluindo saberes e demandas lo- aberta a iniciativas desse tipo, porém existem
cais para serem desenvolvidas nas aulas e formas de superar esses desafios, e promo-
que contribuíssem com o desenvolvimento da ver uma participação da escola com a comu-
comunidade como um todo. nidade que seja benéfica para todo mundo.
Quando jovens, professores, gestores Pensando nisso, neste capítulo vamos
e demais funcionários da escola levam a explorar alguns dos passos fundamen-
participação para além dos seus muros, tais para constituir uma participação que
é possível produzir coisas sensacionais envolva você, seus colegas, a escola e a
e ajudar o seu aprendizado e dos cole- comunidade no entorno!

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Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil


e Participação na Gestão Democrática da Escola | 45
Juventude, escola e comunidade
Conhecendo o Território

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O primeiro passo para participar na co-
munidade é conhecê-lo, é importante ter em
mente que cada lugar é diferente e essas di-
ferenças têm que ser levadas em considera-
ção, isso significa entender as características
e compreender a diversidade desse território.
Ele é urbano ou rural? Que comunidades e
culturas vivem nesse lugar? São ribeirinhos,
quilombolas, agricultores, indígenas ou pes-
soas da cidade? Quais são as principais ativi-
dades que acontecem nesse local? É a plan-
tação de alimentos, a venda de produtos em
lojas e vivendas, é uma produção cultural
com shows, saraus e outros eventos cultu-
rais, a presença de templos e organizações
religiosas, ou será que existem instituições
e espaços de educação (escolas, parques,
museus, organizações não governamentais
ou coletivos)? Quais os conhecimentos pre-
Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Aten- se uma comunidade tem grupos de jovens
servados e compartilhados pelas pessoas
dimento, médicos da família disponíveis), se- de rap e funk não faz sentido promover
que vivem no território? Saberes ancestrais
gurança, educação, emprego e transporte? um evento de bandas de rock. Ao mesmo
de diferentes culturas, a religiosidade de di-
O que mais dificulta a vida dessas pessoas? tempo, se não existe uma Unidade Básica
ferentes matrizes (africana, cristã, judaica,
Com essas informações, você, seus cole- de Saúde no bairro, é inviável que a esco-
muçulmana, budista, etc.), as habilidades de
gas e a sua escola serão capazes de pensar la e os estudantes se responsabilizem pela
plantação e colheita, a culinária tradicional,
em ações para contribuir com a comunidade construção de um equipamento de saúde
a cultura hip hop (rap, break, graffiti), o sam-
e aprender no processo. No processo de par- no território, por mais importante que isso
ba, o reggae, o bumba meu boi e outras mú-
ticipar junto ao território, é preciso ter cuidado seja para aquela comunidade, é uma tarefa
sicas populares, ou será um pouco de tudo?
para que as atividades e intervenções propos- muito grandiosa e custosa.
Além disso, também é preciso olhar para
tas façam sentido para quem vive, mas tam-
os problemas e dificuldades que existem
bém que esteja dentro das possibilidades da
nessa comunidade. Quais são as condições
escola e do próprio local.
de moradia, saneamento básico (acesso à
De nada adianta você ter uma grande
água, esgoto tratado, coleta de lixo, etc.),
ideia e não ter as condições ou a abertura
saúde (quantidade de hospitais, Unidades
para colocá-la em prática. Por exemplo,

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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 47
Juventude, escola e comunidade
Coletivos Juvenis

Mas aí você pode perguntar: como eu faço aprofundarem sobre problemas e desafios Essa não é uma tarefa que só os estu- turais ou escolares que tenham a participa-
para conseguir todas essas informações para locais, inclusive pesquisas cartográficas, dantes devem realizar, muito pelo contrá- ção, convidem ou sejam organizadas junto
pensar na minha participação e da minha es- que podem ser sobre dados sociais, eco- rio. Professores e gestores devem se enga- com moradores e artistas da comunidade;
cola? O melhor jeito para fazer isso é conhe- nômicos, culturais e até afetivos. Veja essa jar na construção de iniciativas que sejam com eventos esportivos com times e atle-
cer e conversar com as pessoas que moram experiência de cartografia realizada por um viáveis, contribuam para a comunidade e tas locais e da escola; palestras ou rodas de
no território, serão elas que vão te contar as professor de Geografia: signifiquem aprendizados dos conteúdos conversa com lideranças locais e membros
experiências de viver naquele espaço ao lon- do currículo escolar. Essa orientação dos de organizações sociais ou coletivos do ter-
go dos anos, as mudanças que aconteceram, Professor de geografia utiliza o entorno da adultos e que estão mais familiarizados ritório, como uma forma de compartilhar as
as tradições, o que tem de bom e de ruim na- escola para criar mapas colaborativos com os conhecimentos escolares e onde experiências e conhecimentos dessas pes-
quela comunidade. Esse processo é funda- eles se aplicam na nossa vida vai ser fun- soas; entre outras tantas possibilidades. A
mental, porque, na prática, a participação no damental para realmente colocar em prá- seguir compartilhamos algumas das experi-
território tem como principal objetivo contri- tica as ações de participação. Também por ências pelo Brasil de ações como essas.
buir com as pessoas que fazem parte daque- isso, é importante que você e seus colegas
le lugar, então nada mais justo e importante peçam ajuda, escutem e respeitem as re-
“De uma forma geral, recomendamos que você e a sua esco- Estudantes ajudam a preservar e compartilhar
do que ouvir o que elas têm a dizer, para, aí comendações dos professores e gestores.
la se esforcem para conhecer o local e as pessoas com quem as manifestações culturais do bairro
sim, pensar em como ajudar! Lembramos que esse, como toda participa-
querem trabalhar, se fizerem isso, suas propostas terão
Sugerimos que você e seus colegas também ção, não vai ser um processo fácil, e que aque-
muito mais chances de serem aceitas, colocadas em prática
procurem na internet algumas informações so- les princípios de participação que falamos no
e de terem resultados positivos para a comunidade, além de
bre o bairro em que pretendem atuar. Algumas último capítulo – colaboração, proatividade,
representarem um aprendizado para todos os envolvidos.”
informações podem complementar os relatos paciência e perseverança –, assim como o
dos moradores da comunidade, por exemplo, respeito à diversidade de opiniões, serão es-
Jovens quilombolas criam jornal para
se alguém comentar sobre uma organização lo- Conexão participação, senciais para fazer com que as suas iniciativas
contar as próprias histórias
cal importante, você pode pesquisar mais sobre escola e território sejam as melhores possíveis. Mas também
ela, buscar o contato, ver quais as atividades ela ressaltamos que vocês não precisam partir do
realiza, onde ela se encontra e assim por dian- Depois de conhecer a comunidade e levan- zero, na sequência apresentamos algumas ex-
te. Também é possível encontrar dados sobre tar algumas possibilidades de atuação, um periências já realizadas em diferentes lugares
a quantidade de hospitais, estações de trem ou grande desafio é pensar, junto com profes- do Brasil que podem ajudar a pensar nas suas
metrô, linhas de ônibus que passam por ali, o sores e gestores, em conexões dessas ideias ações junto com a sua escola.
que existe ao redor ou dentro do bairro que po- com os conteúdos e atividades desenvolvidas Além de iniciativas da escola e dos estu- Estudantes se mobilizam e ajudam a criar
deria contribuir, entre outras informações. nas aulas e na escola. Mesmo que a participa- dantes na comunidade, é possível e impor- lei para proteger recifes de corais
Existem experiências de pesquisa sim- ção, por si só, já seja um grande aprendizado tante que a escola abra suas portas para
ples, feitas com celulares ou até mesmo para você e os seus colegas, é importante con- que eventos e projetos comunitários aconte-
com questionários impressos, que podem tar com o apoio da escola e colocar em prática çam no espaço escolar. Isto pode acontecer
gerar informações interessantes para se conhecimentos desenvolvidos na sala de aula. de diferentes formas, seja com festas cul-

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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 49
Juventude, escola e comunidade

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Formas de organização juvenil


dentro e fora da escola
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Como você pode ver, a participação, com dade para exigir políticas públicas efetivas. Assim como falamos no capítulo ante- servar uma área verde, montar um proje-
a escola junto da comunidade, oferece diver- Com essas ideias e os princípios de partici- rior, aqui, os coletivos também são formas to cultural, pensar uma ação voluntária de
sas maneiras de contribuir com a comuni- pação como suporte, você vai ser totalmente alternativas de você e seus colegas se or- distribuição de alimentos ou pressionar os
dade local, reconhecendo e potencializando capaz de colocar os seus saberes e experiên- ganizarem para atuar na comunidade do governos para promover melhorias sociais.
seus traços culturais e projetos que já acon- cias enquanto jovem e desenvolver diferentes entorno da escola, nas comunidades onde Independente do coletivo ter surgido fora
tecem, também ajudando a pensar e resol- projetos, ações e iniciativas na sua escola e vocês moram ou na própria escola. da escola, você sempre pode encontrar for-
ver os problemas locais, assim como expe- na comunidade da qual você faz parte! Coletivos podem ser muito potentes, mas de conectar essa ação e o aprendiza-
riências que serão muito importantes para o porque mobilizam você e seus amigos em do desenvolvido com a escola, promovendo
seu desenvolvimento e o dos seus colegas. Adolescentes combatem violência urbana causas que vocês acreditam e não exigem ações com os estudantes, levando saberes
É essencial que, nesses processos de parti- abrindo a escola para a comunidade uma estrutura burocrática para fazer acon- para a sala de aula e sensibilizando profes-
cipação, você e seus colegas tenham em mente tecer. Você pode encontrar coletivos orga- sores e gestores com as ações.
que a comunidade possui saberes e vivências nizados no seu bairro que despertem seu Sempre você encontrará resistência e di-
que merecem ser valorizadas e com as quais interesse em se engajar ou mesmo montar ficuldades, financeiras, organizativas e de
todos temos o que aprender. Assim como a es- um coletivo com um grupo de amigos da envolvimento das pessoas, mas é importante
cola e os conhecimentos que ela trabalha têm escola ou vizinhos. São tantas coisas que persistir e vencer as barreiras. O aprendizado
Plataforma sobre experiências de
grande importância e podem auxiliar na cons- podem ser realizadas para melhorar a vida que você adquirirá nesse percurso você leva-
participação de jovens
trução de uma sociedade melhor. em comunidade e faz muita falta em um rá para toda a vida, ajudará a desenvolver seu
Essa ação fora da escola é uma aproxi- local, pessoas dispostas a contribuir para senso crítico, sua capacidade de realização,
mação importante do exercício da cidadania, organizar ações com interesse público e argumentação e autonomia.
colaborando com a organização da comuni- coletivo, para melhorar uma praça, pre-

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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 51
Juventude, escola e comunidade

Conclusão

Neste material, buscamos trazer um em suas comunidades, em suas cida-


repertório sobre as juventudes, seus di- des, no estado do Maranhão e no Bra-
reitos e exploramos a dimensão da par- sil. A nossa aposta é que a educação
ticipação na escola e fora dos muros. A deve ter o papel de transmitir a cultura
Secretaria Estadual de Educação aposta e o conhecimento produzido pela so-
que a escola tem papel essencial de es- ciedade, mas que fundamentalmente
timular os estudantes a serem donos do deve despertar a curiosidade para que
seu destino e que se desenvolvam cida- os jovens criem novos caminhos para
dãos ativos, capazes de reivindicar seus mudar o curso natural da história e
direitos e autores de transformações que possam ser realmente livres.

Referências
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ensino médio: desafios para a educação cola de Gestores da Educação Básica.
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FAZ SENTIDO. Diversidade, equidade
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Oficial da União, 2013. org.br/referencias/>. Acesso em: 20
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to de cidadania. In: COSTA, M.I.S.; IAN- PORVIR. Guia de Participação dos Estu-
NI, A.M.Z. Individualização, cidadania dantes na Escola. Porvir. Disponível em:
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Bernardo do Campo, SP: Editora UFA-
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humanos? In: ZENAIDE, Maria de Na-
DOURADO, L. MORAES; K. OLIVEIRA, J. zaré Tavares et al. Direitos Humanos:
Gestão escolar democrática: definições, capacitação de educadores. João Pes-
princípios e mecanismos de implemen- soa: Editora Universitária/UFPB, 2008.
tação. In: BRASIL. Ministério da Educa-

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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 53
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