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Vale S.A.
Presidente
Eduardo Bartolomeo
8 | Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil e Trilhos da Educação – Fortalecimento do Protagonismo Juvenil
Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 9
O que é ser jovem?
Juventudes
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O que é ser jovem?
Diversidade
Falamos bastante até aqui sobre a diversi- pensar ou observar a diversidade ao seu qual com a sua crença religiosa, como e danças, desses valores, dessas histó-
dade ou a pluralidade das juventudes e como redor? Já se perguntou sobre as culturas, por exemplo a umbanda, o candomblé, as rias, dessas culinárias, dos artesanatos
isso diferencia a forma que vivemos esse pe- comunidades e tradições presentes na sua igrejas evangélicas e católicas, o espiritis- e desses modos de ver o mundo que nos
ríodo. Talvez você esteja se perguntando “O cidade e no seu estado? mo, as tradições indígenas ou o islamismo. enriquecem enquanto sociedade. Por
que seria essa diversidade?”, “Onde ela está O estado do Maranhão é um lugar com Aqui também é o lugar de festas tradicio- isso essa diversidade deve ser conheci-
presente?” ou até “Qual é essa diversidade muita diversidade, aqui se reúnem pesso- nais como o Bumba meu boi e os arraiais de da e reconhecida, valorizada e compar-
aqui no Maranhão?”. É isso que tentaremos as de todos os tipos, origens e culturas. São João, além dos ritmos musicais como tilhada por todo o estado, especialmente
responder daqui para frente, começando pelo Pessoas de diferentes gêneros e orienta- reggae, hip-hop, samba, entre outros. entre as juventudes. Ter conhecimento
conceito de diversidade e depois explorá-lo ções sexuais, pretas, brancas, amarelas e Cada um desses grupos e comunida- e apreciar essas culturas é algo funda-
no contexto maranhense. indígenas estão espalhados nas diferentes des contribuem para a pluralidade cultu- mental para o nosso desenvolvimento
Diversidade é o conjunto de diferenças, regiões do estado, organizadas em diver- ral do Maranhão. É o compartilhamento, enquanto seres humanos e também uma
valores e experiências compartilhados e sas comunidades, sejam elas indígenas, a mistura e a troca desses saberes tra- forma de preservar essa história que faz
expressados pelos seres humanos na vida quilombolas, ribeirinhas ou rurais cada dicionais, dessas festas, dessas músicas de nós o que somos hoje.
em sociedade. A diversidade pode ser ma- Vale lembrar que esta é só uma intro-
nifestada de formas distintas, sejam elas dução e não entraremos em detalhes aqui.
sociais, culturais, regionais, étnico-raciais, Para realmente se conectar com toda essa
geracionais, sexuais, funcionais, de gêne- diversidade presente no Maranhão, é pre-
ro, religiosas, relacionados a alguma defi- ciso conversar com pessoas dos diferen-
ciência física, emocional e cognitiva, entre tes grupos e comunidades, visitar lugares
outras. São essas diferenças que caracte- que guardem essa memória e que com-
rizam e potencializam a humanidade. partilhem os conhecimentos sobre as di-
Por isso, é necessário entender a di- ferentes culturas. Existem vários espaços
versidade do ponto de vista do reconheci- e organizações que proporcionam experi-
mento, do respeito e da valorização dessa ências, rodas de conversa e outros tipos
pluralidade presente em você e em todos de troca que permitem uma aproximação
ao seu redor, entendendo que é a partir com a pluralidade maranhense.
dela que construímos e afirmamos nossas Um exemplo é a plataforma criada pelo
identidades e contribuímos com o mundo. governo do Maranhão chamada Mapa
É na escola que essas diferenças se des- Cultural do Maranhão – http://ma.mapas.
tacam e são percebidas. Ao olhar para seus cultura.gov.br/ – onde você e seus cole-
colegas é impossível não perceber o quanto gas podem conhecer mais sobre o cenário
é diverso o ambiente da escola, com jovens cultural maranhense e também contribuir
de diferentes cores, crenças e formas de ex- com esse mapeamento compartilhando
pressar a sexualidade. Você já parou para espaços e eventos que você conheça.
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O que é ser jovem?
Desigualdade
Infelizmente, o que vemos no mundo e bairros. Em geral os bairros em que vivem res sociais mostram que a população negra e barreiras impostas a pessoas que expe-
não é de hoje, é que muitas vezes as dife- são mais violentos, possuem transporte tem menos direitos e acesso à educação, à rimentam a desigualdade social produzem
renças entre nós não são respeitadas e precário, ausência de saneamento básico saúde, ao saneamento básico, entre outros. marcas profundas no seu processo de de-
muito menos valorizadas. Essa atitude em e educação e saúde com baixa qualidade. É muito importante destacar que ao fa- senvolvimento, restringindo a formação de
relação ao que nos diferencia vem histori- O acesso ao transporte, ao saneamen- larmos sobre desigualdade, precisamos competências essenciais para a vida e limi-
camente se constituindo como uma forma to, à educação, etc., deveria ser provido falar sobre racismo, machismo, LGBTQIA+ tando a ocupação de profissões e lugares
de inferiorizar, ofender, oprimir e discrimi- pelo Estado, por meio da oferta de polí- fobia e os outros diferentes preconceitos e sociais mais valorizados na sociedade.
nar as pessoas por conta de traços cultu- ticas públicas, ou seja, ações e equipa- discriminações que estruturam a nossa so- Para ilustrar as consequências das
rais e identitários, o que leva à intolerância, mentos que garantem direitos sociais ciedade e que negam oportunidades. São desigualdades, sugerimos que você e
ao preconceito e à violência – seja ela física, assegurados na Constituição Brasileira formas de violência com as pessoas que seus colegas façam a atividade Corrida
verbal ou psicológica. Quando isto ocorre, a de 1988, que seriam ofertados a partir do fazem parte desses grupos. As ausências da desigualdade.
diferença deixa de ser olhada pela lente da pagamento dos impostos. Não tem nada
diversidade e se torna desigualdade. de graça, a população paga por esses 1 A sigla LGBTQIA+ reúne orientações sexuais (ou seja, por quem cada pessoa se sente sexual e afetiva-
A desigualdade tem consequências per- serviços e tem o direito a essas questões mente atraída) e identidades de gênero (como a pessoa se identifica): Lésbicas, Gays, Bissexuais, Tran-
versas para pessoas e grupos sociais, mui- todas levantadas. Enquanto os mais ricos, sexuais ou Travestis, Queer, Intersexo e Assexuais. O sinal de + significa outras orientações sexuais e
tas vezes leva à exclusão de espaços físicos das cidades, vivem em bairros com sane- identidades de gênero (pansexualidade, não bienariedade, crosdresser etc.).
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O que é ser jovem?
Quando a Desigualdade e a
Diversidade Se Encontram
Quando tratamos da diversidade e da
desigualdade é importante pensar que
esses processos podem se sobrepor e se
cruzar e que uma pessoa pode ter distin-
tos processos de exclusão que se somam.
Uma mulher, negra, lésbica, moradora
da periferia sofre discriminação por fa-
tores distintos, que juntos, se potenciali-
Dando sequência na conversa
zam. Esse processo de sobreposição en-
tre raça, classe, orientação sexual etc., é Considerando suas respostas na atividade ante-
chamado de interseccionalidade. rior e tudo o que foi discutido neste capítulo e du-
Interseccionalidade é um conceito socio- rante as aulas, convidamos você a refletir individu-
lógico que estuda as interações nas vidas al ou coletivamente sobre as seguintes questões.
das minorias, entre diversas estruturas de
· Depois deste capítulo, como você entende
poder. Então, a interseccionalidade é a con-
o que são as juventudes?
sequência de diferentes formas de domina-
ção ou de discriminação. Ela trata das inter- · Qual diversidade você observa em si, na sua
seções entre estes diversos fenômenos. escola e na sua comunidade? Como fazer com
Ao conhecer melhor os conceitos da di- que ela seja valorizada e não se transforme
versidade, desigualdade e intersecciona- em mais desigualdades?
lidade, você certamente deve reconhecer
· Depois da atividade “corrida da desigualdade”,
amigos do bairro, da escola, familiares
você identificou possíveis iniciativas que podem
que vivenciam esses processos ou até
contribuir para a redução dessas desigualdades?
mesmo você. É muito importante, que
você seja um agente de mudança dessa Anote as discussões e as respostas, elas serão
realidade, valorizando e respeitando as muito importantes no percurso que teremos
diversidades e colaborando para enfren- pela frente neste material!
tar as desigualdades.
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Introdução
Capítulo 2 É muito comum dizermos ou ouvirmos Para que os direitos não sejam apenas fra-
frases como “Eu tenho direito de estar aqui!” ses escritas em documentos oficiais e real-
Direitos Juvenis ou “Você não tem o direito de fazer isso!” nas mente façam parte da nossa realidade, o pri-
mais diversas situações. Segundo o profes- meiro passo é conhecê-los, sempre tendo em
sor Eduardo Rabenhorst, isso deve ser visto mente os deveres que caminham junto deles,
como uma grande conquista, ainda que in- que é, em parte, o que faremos neste capítu-
completa. Se olharmos para o nosso passado lo. O segundo passo é exercê-los ou lutar para
enquanto humanidade, veremos que muitas que eles sejam garantidos por meio das leis e
injustiças e atrocidades foram cometidas em instituições responsáveis, ou a partir de orga-
relação a diferentes grupos. Nesses casos, nizações e movimentos sociais, sobre os quais
quem cometia esses atos não via o outro en- falaremos um pouco mais adiante.
quanto alguém que merecia respeito e os be- Como bem disse o professor Rabenhorst:
nefícios da vida em sociedade. “Poder se ver como sujeito de direitos. Poder exigir
Para combater essas injustiças e construir que tais direitos sejam respeitados. Poder lutar para
um mundo justo surgem os ideais pelos direitos ter novos direitos. Eis uma transformação que afetou
dos seres humanos, que não foram dados por radicalmente a maneira como nós nos percebemos
governos, mas frutos da organização e da luta como pessoas e cidadãos” (2008, p. 3).
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Direitos Juvenis
Direitos Humanos Os direitos juvenis e
a sua história
Os chamados Direitos Humanos são
No Brasil, junto aos direitos humanos e recursos financeiros como os adultos e
aqueles garantidos a todos os seres hu-
aqueles previstos na nossa Constituição não, necessariamente, estão no mundo do
manos independente do seu país de ori-
Federal, estão os chamados direitos ju- trabalho e quando sim, ganham menos.
gem. São direitos associados à dignidade
venis. Eles são os direitos que devem ser As conquistas desses direitos foram fru-
humana, ou seja, estão além daqueles
garantidos a toda juventude brasileira, tos de lutas e articulações de coletivos e mo-
previstos nas leis dos países. Possuímos
entendendo que ser jovem é um período vimentos jovens com o objetivo de garantir
esses direitos simplesmente pelo fato de
importante das nossas vidas e que possui que você e toda a juventude sejam sujeitos
sermos humanos. A ideia de garantir di-
características – sobre as quais conver- de direitos reconhecidos pela lei, podendo
reitos para todas as pessoas no mundo
samos no capítulo anterior – que devem exercê-los em diferentes espaços das mais
ocorre em 1948, quando a Organização das
ser reconhecidas pela lei. Esse período diversas formas. Contudo, ainda que se te-
Nações Unidas (ONU) aprova a Declaração
da vida demanda que o Estado assegure nha avançado em sua aprovação, ainda falta
Universal dos Direitos Humanos, logo após
educação de qualidade, equipamentos e muito para que todos sejam efetivados para
a humanidade experimentar duas guerras
ações que promovam o lazer, o esporte a grande massa de jovens do país.
mundiais, em um curto espaço de tempo.
e a cultura e subsídios, como é o caso Essa trajetória tem início no século XX e
Os direitos humanos são uma grande con-
do ID Jovem, que assegura meia-entra- teve seus momentos mais importantes en-
quista para a humanidade, porque deixamos
da cultural ou transporte interestadual tre as décadas de 1990 e 2010, como mos-
de depender da vontade dos outros para que Designed by Freepik
gratuito, já que os jovens não possuem traremos a seguir.
tenhamos direitos reconhecidos. Eles repre- dição mínima de sobrevivência. Infelizmente,
sentam a ideia de que existem certas coisas a fome é hoje uma realidade de uma parcela
que são fundamentais para vivermos en- da população e certamente um problema
quanto indivíduos e enquanto sociedade. que deve ser prioridade absoluta na ação de
Ao longo dos anos, os direitos huma- um governo com apoio da sociedade.
nos, também chamados de fundamentais, No total, a Declaração Universal dos Direi-
vêm evoluindo e incluindo mais grupos e tos Humanos tem 30 artigos que descrevem
aspectos da nossa vida. Atualmente, eles os direitos que compartilhamos com toda
vão desde questões mais individuais, como a população mundial. Não colocamos essa
o direito à vida, à liberdade de expressão e lista neste material, mas recomendamos
de crença religiosa, até direitos mais am- que você dê uma olhada. Você pode acessar
plos como o direito à educação, à moradia no link: https://www.unicef.org/brazil/de-
ou aqueles que dizem respeito ao meio am- claracao-universal-dos-direitos-humanos.
biente, à paz, às mulheres e às crianças. Como dissemos no começo do capítulo, é
No Brasil, vale destacar um direito essen- muito importante conhecer seus direitos, só
cial, que voltou a ser tema de grande preo- assim será possível exercê-los e lutar para
cupação, que é o direito à alimentação, con- que eles sejam garantidos.
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1934 1990: 2013:
Constituição dá aos jovens o direito à Aprovação do Estatuto da Criança e Aprovação do Estatuto da Juven-
educação, que antes não era um direi- Adolescente (ECA), que assegura o di- tude, documento que reconhece e
to garantido à todos. reito de organização a à participação estabelece os direitos de todas e
em entidades estudantis. todos os jovens brasileiros.
2003:
1964 - 1985
Aprovação da Lei 10.639 que torna
(Ditadura Militar) Período em que os
o ensino de história e cultura afro-
movimentos estudantes foram funda-
-brasileira nas escolas, assegu-
mentais para resistir à opressão e luta
rando um ensino que contemple a
pela democracia.
diversidade brasileira.
2005:
1979 Criação da Secretaria Nacional da
Greve da Meia Passagem: Uma greve Juventude e do Conselho Nacio-
estudantil em São Luís reivindicando nal da Juventude, responsáveis por
a meia passagem para estudantes. A pensar as políticas públicas e ações
greve foi marcada por forte repressão voltadas para a juventude brasileira.
policial às passeatas e assembleias.
2015:
1988 1996: Criação da Identidade Jovem, ou ID Jo-
Retomada da democracia e a aprova- Aprovação da Lei de Diretrizes e Bases vem, documento que comprova a condi-
ção da Constituição de 1988, que se- da Educação (LDB), que garantiu a criação ção de jovem de baixa renda para acesso
gue até hoje e garante novos direitos de duas instituições, a Associação de Pais à meia entrada, da reserva de vagas nos
à toda a população, como os direitos e Mestres e o Grêmio Estudantil, cabendo veículos do sistema de transporte inte-
ao transporte e a moradia, além do à Direção da escola criar condições para restadual e da gratuidade na emissão
direito ao voto aos 16 anos. que os alunos se organizem em Grêmios. da Carteira de Identificação Estudantil.
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01. 02. 07.
Destacamos também o Artigo 17 do
EJ (2013) que diz o seguinte:
O jovem tem direito à diversidade e
Direito à Diversidade Direito ao Desporto Direito à Cidadania, à Parti- à igualdade de oportunidades e não
e à Igualdade e ao Lazer cipação Social e Política e à será discriminado por motivo de:
Representação Juvenil
I - etnia, raça, cor da pele, cultura,
origem, idade e sexo;
Estatuto da Juventude
Como deu para ver na linha do tempo,
03. 08. II - orientação sexual, idioma ou religião;
III - opinião, deficiência e condição
social ou econômica.
o Estatuto da Juventude (EJ) se tornou Direito à Comunicação e à Direito à Profissionalização,
e continua sendo o principal documento Liberdade de Expressão ao Trabalho e à Renda
sobre os direitos da juventude brasileira. Veja que esse artigo está totalmente
O EJ representou grandes conquistas conectado com os conceitos de diver-
em termos de reconhecimento e sidade e desigualdade que discutimos
garantia de novos direitos para os e as
jovens de todo o Brasil.
04. 09. no capítulo anterior. O Estatuto parte
do princípio de que é preciso reconhe-
A primeira delas foi a definição da cer e valorizar a diversidade juvenil,
Direito à Cultura Direito à Saúde
juventude como o período vivenciado de forma a proteger os jovens de pre-
entre os 15 e os 29 anos de idade. Tornar conceitos e discriminações, muitas ve-
a juventude mais longa, permitiu que zes responsáveis pelas desigualdades
05. 10.
mais jovens pudessem experienciar presentes na nossa sociedade.
essa etapa da vida e aproveitar os direitos Em resumo, o Estatuto da Juven-
e possibilidades que ela oferece, em tude é um documento que dá a você e
especial jovens das camadas populares, Direito ao Território Direito à Educação a todos os jovens brasileiros possibili-
negros e negras, mulheres, indígenas, e à Mobilidade dades e proteções legais – ou seja, das
quilombolas, moradores e moradoras leis – para que possam viver esse pe-
de zonas rurais e ribeirinhas. ríodo de diferentes formas e se desen-
06. 11.
Além disso, o Estatuto da Juventude volver como pessoas e cidadãos, ainda
estabelece um total de 11 direitos que que estas precisem ser transformadas
devem ser assegurados e proporcionados em políticas públicas pelos governan-
pelo governo brasileiro e respeitados por Direito à Segurança Públi- Direito à Sustentabilidade tes para serem uma realidade experi-
toda a população, sendo eles: ca e ao Acesso à Justiça e ao Meio Ambiente mentada em seu cotidiano.
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Direitos Juvenis
O direito à participação
timos no primeiro capítulo são grandes
Atualmente existe no conjunto da socie-
obstáculos para a juventude brasileira e
dade uma visão de que os jovens de hoje
pode também ser para você.
são apáticos e avessos à participação. O
As desigualdades sociais levam os jovens
que você pensa disso?
a trabalharem duro para ajudar no sustento
Essa afirmação em geral compara a atual
da família, com grandes deslocamentos pela
geração com jovens de outro tempo, em es-
cidade para ir à escola e ao trabalho e nes-
pecial aqueles que lutaram contra a ditadu-
se contexto sequer são informados dos seus
ra, a partir do movimento estudantil e orga-
direitos básicos, o que torna muito difícil seu
nizações políticas. Porém, tivemos episódios
engajamento e atuação. O racismo, o machis-
da história recente no Brasil, que mostram
mo e a intersecção entre eles fazem com que
que essa visão não é real e que existem sim
jovens mulheres, negros e negras sejam dis-
jovens do país que participam de movimen-
criminados, vítimas da violência e impedidos
tos e coletivos, mas que têm se expressado
de participar do jeito que gostariam.
de forma diferente de outros tempos.
O que vemos é uma juventude que vem
Isso não significa que essa nova gera-
criando novas formas de participação, como
ção seja despolitizada ou que não tenha
a atuação por meio da cultura, da comuni- Designed by pch.vector / Freepik
desejos de mudança, a questão é que ela
cação, da religião, da internet e da ação so- lamento das diferenças. A sua geração (e cer-
manifesta seus anseios a partir de uma Dando sequência na conversa
cial no bairro, por meio de ações voluntá- tamente, as próximas que virão) vem enfren-
gramática política diferente: os jovens
rias. Apesar e por causa das dificuldades, tando o enorme desafio de se empoderar nas A escola é um dos principais espaços
desse início de século XXI acreditam na
os jovens têm inventado formas de produzir ruas e nas redes para defender seus direitos, para exercer essa participação, por isso
política, mas não creem em partidos; re-
novas relações sociais, com os saraus peri- reivindicar as liberdades e construir caminhos propomos a reflexão:
conhecem a importância da coletividade,
féricos, as batalhas de slam, os coletivos de para um país com mais igualdade e justiça. E · Você tem sido convidado ou
mas almejam crescer individualmente;
denúncia de violação de direitos ou de visi- fazem criando novas formas de atuação, por incentivado a participar de alguma
buscam transformações, mas são pou-
bilidade de suas iniciativas por meio digital, isso destacamos a importância do direito à atividade ou espaço de participação?
co afeitos a rupturas; anseiam por novas
por meio do empreendedorismo social ou de participação no Estatuto da Juventude, ele
ideias, mas são também pragmáticos. · Como a escola tem promovido a
promoção de ações de doação de alimentos, contribui para que você e outros jovens lutem
Ainda que muitos jovens, como você, participação dos estudantes?
de revitalização de praças, entre outros. e reivindiquem seus direitos.
busquem romper com as dificuldades
Assim, ao mesmo tempo que sofre com as · O que te motiva a se envolver nos
impostas nas suas vidas a partir da atu-
desigualdades e os problemas da nossa so- espaços de participação da sua escola?
ação coletiva, milhões de jovens têm sua
ciedade, a juventude ganha mais importância
cidadania interditada, pois possuem uma · Como reunir mais pessoas para
e resiste à agenda de destruição ambiental,
agenda diária que não permite que sobre participar? Vamos chamar os
de ataque aos direitos individuais e sociais, de
tempo para se dedicar a causas sociais amigos e arregaçar as mangas?
ampliação da pobreza e da fome e de aniqui-
e coletivas. As desigualdades que discu-
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Introdução
Capítulo 3 Agora que você conhece seus direitos possibilidades, muitas barreiras aparecerão
enquanto ser humano e jovem no Brasil, você no caminho, nem todos os professores serão
O Jovem Na Escola pode estar se perguntando: “Como eu faço incentivadores, mas a gente sempre encontra
para exercer esses direitos?”. Responder essa alguém na escola que topa ajudar a realizar
pergunta não é uma tarefa fácil, já que você iniciativas propostas pelos estudantes.
deve perceber que boa parte deles estão na Por outro lado, participar é também uma
lei, mas não estão garantidos no seu dia a dia. ótima maneira de exercer e reivindicar outros
A ideia aqui é apresentar alguns caminhos de direitos, ou seja, um exercício de cidadania.
como aproveitar a escola como um espaço para Isto porque cidadania é também a prática de
concretizar parte deles, com seu engajamento. opinar, propor, debater e reivindicar dentro
Se usarmos o direito à participação como dos diferentes espaços de participação, mas
exemplo, veremos que podemos participar em também criar novos espaços e formas de
diferentes lugares – na sala de aula, na escola, contribuir com a sociedade, seja em sala de
na comunidade ou na política – e de diferentes aula, na escola, na comunidade ou no país. E
formas, propondo metodologias e temas para o que vemos hoje em dia são o surgimento e
as aulas, demandando melhorias nas quadras, a consolidação de novas formas de se fazer
criando um coletivo, fazendo um sarau, tudo isso, em especial por meio da internet e
debatendo em assembleias ou manifestando das redes sociais.
nas ruas. Isso só mostra a diversidade de Recentemente, Greta Thunberg, uma
possibilidades para o exercício de um único jovem sueca, ficou conhecida no mundo
direito. É claro que apesar de todas essas todo por realizar protestos todas as sextas,
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O Jovem na Escola
Gestão Democrática
e Participação
na frente do parlamento do seu país, Para falarmos sobre a participação na
exigindo medidas efetivas dos governantes escola, é essencial conversar sobre Gestão
para conter o aquecimento global. Democrática. De forma bem resumida, a
Greta Thunberg fundou um movimento gestão democrática é um modo de organi-
internacional chamado “Fridays For Future” zar as atividades da escola – questões po-
e inspirou uma greve global pelo clima, em líticas, administrativas, culturais e pedagó-
15 de março de 2019. Isso tudo não seria gicas – para que ela cumpra a sua função
possível sem a existência das redes sociais. que é educar todos os estudantes, mas fa-
É importante dizer que a internet possibilitou zendo isso com a colaboração de todos os
a todos nós novos jeitos de nos relacionarmos, membros da comunidade escolar, ou seja,
mas também de discutirmos, nos organizarmos diretor, coordenadores, professores, pais
e atuarmos nas nossas vidas e no mundo ao e responsáveis, líderes do bairro e vocês,
nosso redor, fazendo dela uma ótima plataforma estudantes. Na prática, uma gestão demo-
para a participação e o exercício da cidadania. crática nada mais é do que a gestão da es-
Porém, percebemos também que ela se cola com a participação de todos de forma
tornou um espaço utilizado para disseminar colaborativa nas tomadas de decisão.
discursos de ódio, desinformação, padrões de A gestão democrática também é uma
comportamento, entre outras questões que nos forma de aprendizado para você e seus
prejudicam enquanto indivíduos, mas também colegas. É poder participar de discus-
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como sociedade. Esse processo se dá quando sões sobre melhorar os espaços de la-
criticamos uma amiga no Facebook que não tem zer da escola, propor mudanças no cur- O interessante é que esse jeito de ad- tante ter persistência, consistência nas
um corpo idealizado. Ataques virtuais a jovens na rículo ou nas dinâmicas das aulas junto ministrar a escola é algo previsto nas suas propostas e juntar mais estudantes
internet já foram responsáveis por suicídios em com os professores, ajudar a decidir as leis brasileiras, está na nossa Consti- para fortalecer a reivindicação.
algumas partes do mundo. Por isso, é sempre atividades extracurriculares, organizar tuição Federal, como também na Lei de Na sequência, vamos discutir sobre
fundamental termos em mente os benefícios e festas e outros eventos na escola, entre Diretrizes e Bases da Educação Nacio- várias possibilidades de participação
os problemas da internet, para poder utilizá-la várias outras possibilidades. Tudo isso nal. A ideia de gestão democrática de- que contribuem para a construção con-
da melhor forma em nossas vidas. envolve escutar, argumentar, fazer pro- veria orientar as atividades de todas as junta de uma gestão democrática dentro
Assim, para entender as diferentes formas postas, formar uma opinião, desenvolver escolas do Brasil, inclusive aqui no Ma- da sua escola. Daqui para frente também
de se exercer nossos direitos, falaremos interesses, representar seus colegas, ranhão. Sabemos que nem sempre isso vamos propor algumas reflexões para
neste capítulo sobre as possibilidades de aprendizados importantíssimos nos dias acontece, mas assim como dissemos você e seus colegas pensarem como a
participação dentro da escola, entendendo o de hoje. É uma vivência da cidadania e da sobre os direitos, o fato de que é algo sua escola se organiza e o que falta para
que já existe, o que pode ser criado e o que democracia dentro da escola, uma pos- presente nas leis, permite que vocês ela realmente ser democrática. Come-
é fundamental para o exercício da cidadania sibilidade de exercer seus direitos e de proponham ou reivindiquem que ela de çando pela pergunta: “Você considera a
dentro do ambiente escolar. participar das decisões. fato aconteça na sua escola. É impor- sua escola democrática? Por quê?”
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Participação na Gestão Democrática da Escola e Participação na Gestão Democrática da Escola | 31
O Jovem na Escola
Participação na sala de aula
Existem várias maneiras de participar em você tenha pensado em algo incrível, é sem-
sala de aula, vai depender do tema que você pre importante conversar com seus colegas
e seus colegas decidirem que é importante, para entender se faz sentido para todo mun-
por exemplo: assuntos para serem discuti- do, se existem propostas de melhoria ou algo
dos durante as aulas, atividades que contri- do tipo. O mesmo vale para o contato com os
buam para o aprendizado da turma, novas professores, depois de conversar com a tur-
formas de avaliar a aprendizagem que não ma, falar, em conjunto, com o professor ajuda
sejam provas ou testes, entre outras possi- na aceitação da ideia, no engajamento de to-
bilidades. Além disso, a participação vai se dos no momento de colocá-la em prática.
diferenciar dependendo do que vocês forem O segundo é ser proativo quando for possí-
fazer sobre cada tema. vel. Talvez na sua escola, não exista tanto es-
Se vocês entenderem que atividades di- paço para a participação em sala de aula, ou, Provavelmente você já esteve na situação
ferentes ajudam para que mais estudantes se houver, não sejam tão frequentes, por isto, em que uma proposta ou uma demanda Começando os trabalhos!
aprendam, o segundo passo é pensar em é importante que você e seus colegas apro- feita pelos estudantes não foi atendida pe-
Para dar início à participação, junte-se
quais seriam as atividades, depois conver- veitem os momentos que tiverem para dar los professores, tendo as mais variadas
com seus colegas para pensar sobre:
sar com a professora se é possível fazer e suas opiniões, propor ideias, fazer críticas ou justificativas. Infelizmente, isso é algo que
por último realmente colocar as ideias em reivindicar mudanças, sempre de uma forma vai continuar acontecendo, não só porque · Definir, em conjunto, para qual
prática. Só nesse percurso, as possibilida- respeitosa. Muitas vezes pode acontecer de em alguns casos os professores podem disciplina seria mais interessante
des são muitas e o mesmo vale se esco- você não se sentir confortável de falar ou ter não abrir o espaço para contribuições dos propor alguma iniciativa e o motivo da
lhessem propor algo novo nas avaliações a sensação de que não será ouvido de fato, e jovens ou podem não concordar com as escolha;
ou nos assuntos para as aulas. isso faz parte, mas, aos poucos, é fundamen- propostas feitas, mas também muitas ve-
· Decidir, em conjunto, o principal
Como vocês podem ver, existe um mundo tal que você vá ocupando esse lugar, porque zes por não ser possível executar as ideias,
ponto das aulas que é preciso
de possibilidades para se envolver na sala de quanto mais vocês, jovens, forem falando e seja por falta de recursos, por desconheci-
melhorar;
aula e vamos falar sobre elas mais para fren- se posicionando, maiores as chances de suas mento, falta de tempo ou outras questões.
te. Antes temos que dizer que, mesmo com ideias serem aceitas e que mudanças aconte- É muito importante que vocês entendam · Escolhido o ponto, construir uma
toda essa diversidade de maneiras de parti- çam na sua escola. essas situações, porque elas fazem parte, proposta do que poderia ser feito para
cipar, podemos falar de alguns princípios que Nesse sentido, a ideia da colaboração mas não impedem a sua participação e a dos melhorar essa questão;
ajudam a pensar em ideias para participação e pode ser muito importante, porque ao invés seus colegas, por isso ter paciência com os
· Conversar com professor sobre a
como colocá-las em prática. de falar individualmente, você e seus colegas obstáculos no caminho e ter a perseverança
proposta e como colocá-la em prática.
O primeiro deles é a colaboração. Partici- podem se manifestar enquanto grupo, dimi- de seguir participando. Este será um gran-
pação, como dissemos na seção anterior, é nuindo o peso de dar uma opinião sozinho e de aprendizado para a vida, porque cada
um processo coletivo, ou seja, feito em par- aumentando a potência da participação. vez que uma ideia não der certo, você terá
ceria com outras pessoas, sejam elas seus Por fim, temos dois princípios que se a oportunidade de melhorar essa ou a pró-
colegas ou professores. Então, por mais que misturam a paciência e a perseverança. xima para que sejam colocadas em prática.
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O Jovem na Escola
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O Jovem na Escola
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O Jovem na Escola
Importância da Representação
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O Jovem na Escola
Regras, convivência
e clima escolar
Toda escola tem um conjunto de regras importante que se crie espaços e se uti-
e normas, mas na maioria das vezes, es- lize daqueles que já existem na esco-
tas não foram elaboradas com a escuta la para manter um diálogo permanente
dos estudantes. Você teve a oportunida- sobre os conflitos, métodos de resolução
de de discuti-las? São horários definidos, dos mesmos, formas de reparação pac-
formas de convívio, rotinas estabeleci- tuadas e mudança permanente das prá-
das e muitas vezes não sabemos quem ticas e das relações. Construir um clima
definiu e o porquê das decisões. O fato é acolhedor e positivo não é fácil, mas de-
que as regras e normas definem muitas manda compromisso de todos os atores
coisas na escola e é importante dialogar da escola para o respeito ao outro, a di-
sobre elas, não apenas para entendê-las, ferença do outro, valorizando a diversi-
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mas para aperfeiçoá-las. Às vezes exis- dade e fortalecendo a participação e a
Coletivos Juvenis
tem normas que duram décadas em uma democracia na escola.
escola, mas já não correspondem mais
Existe uma forma bastante comum dos vação do meio ambiente, com ações cul- à cultura de uma sociedade, como por
jovens se organizarem que é em torno de turais, comunitárias e que podem ser exemplo a proibição do uso de boné dos
temas ou de suas identidades (racial, gê- formados na escola ou fora dela. É in- meninos ou saia das meninas. O mundo
nero, orientação sexual, pessoa com defi- teressante pesquisar sobre a existência mudou e a escola precisa mudar.
ciência), mas sem uma estrutura formal, deles no seu bairro, comunidade e quem Outro aspecto essencial é a convi-
como acontece no grêmio, por exemplo, sabe convidá-los para ser parceiro da vência e o clima escolar, ou seja, como
que possui definições de cargos e uma escola ou até mesmo, montar um com são estabelecidas as relações entre e
certa hierarquia. Os coletivos são estrutu- seus amigos. O mais importante é ter intraestudantes e profissionais, se são
ras horizontais, sem a pretensão de repre- uma causa em comum para lutar e aí é respeitosas, baseadas no diálogo ou se
sentar outras pessoas e que buscam orga- só arregaçar as mangas. reforçam a violência e a intolerância. As
nizar ações coletivas transformadoras. Para te ajudar, organizamos alguns dificuldades de convivência acontecem
Existem inúmeros coletivos e grupos de exemplos de coletivos existentes em es- entre os estudantes, expressas em vá-
jovens no Brasil, que atuam com a preser- colas brasileiras. rias formas de discriminação e bullying
com os colegas ou mesmo de professo-
Coletivos trazem causas da nova Coletivo de meninas realizam debates res com estudantes e vice-versa.
geração para a escola sobre igualdade de gênero A construção de um clima escolar res-
peitoso, agradável, é uma responsabili-
dade de todos da escola e deve ser per-
seguido diariamente. Para isso, é muito
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O Jovem na Escola
Projeto de vida
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Introdução
Capítulo 4 Como já falamos, a participação não se gas, mas também a vida das pessoas que
resume à escola, mas além de ser um óti- moram ao redor da escola e que são im-
Juventude, escola e comunidade mo lugar para começar, ela pode ajudar portantes para a sua continuidade. Essa
muito a construir uma participação em ou- aproximação faz com que a escola consi-
tros lugares. Um bom exemplo é a relação ga ser mais contextualizada, aproximan-
entre a escola e a comunidade do entorno. do o conhecimento transmitido da reali-
Várias escolas fazem trabalhos muito im- dade vivida no bairro e trazendo saberes
portantes com moradores e organizações populares e iniciativas juvenis locais para
do bairro ou da região onde se encontram. dentro dos muros da escola.
As ações são diversas e vão desde a orga- Como você já deve saber, essa não é uma
nização de eventos na escola e a ida dos es- tarefa fácil de alcançar. Talvez a sua escola
tudantes em projetos sociais, saraus, batalhas não tenha uma cultura de promover esse tipo
de rima, e apresentações culturais, até a cons- de interação ou de participação com a comu-
trução do currículo ou do projeto pedagógico nidade, ou a própria comunidade não é tão
da escola, incluindo saberes e demandas lo- aberta a iniciativas desse tipo, porém existem
cais para serem desenvolvidas nas aulas e formas de superar esses desafios, e promo-
que contribuíssem com o desenvolvimento da ver uma participação da escola com a comu-
comunidade como um todo. nidade que seja benéfica para todo mundo.
Quando jovens, professores, gestores Pensando nisso, neste capítulo vamos
e demais funcionários da escola levam a explorar alguns dos passos fundamen-
participação para além dos seus muros, tais para constituir uma participação que
é possível produzir coisas sensacionais envolva você, seus colegas, a escola e a
e ajudar o seu aprendizado e dos cole- comunidade no entorno!
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Juventude, escola e comunidade
Coletivos Juvenis
Mas aí você pode perguntar: como eu faço aprofundarem sobre problemas e desafios Essa não é uma tarefa que só os estu- turais ou escolares que tenham a participa-
para conseguir todas essas informações para locais, inclusive pesquisas cartográficas, dantes devem realizar, muito pelo contrá- ção, convidem ou sejam organizadas junto
pensar na minha participação e da minha es- que podem ser sobre dados sociais, eco- rio. Professores e gestores devem se enga- com moradores e artistas da comunidade;
cola? O melhor jeito para fazer isso é conhe- nômicos, culturais e até afetivos. Veja essa jar na construção de iniciativas que sejam com eventos esportivos com times e atle-
cer e conversar com as pessoas que moram experiência de cartografia realizada por um viáveis, contribuam para a comunidade e tas locais e da escola; palestras ou rodas de
no território, serão elas que vão te contar as professor de Geografia: signifiquem aprendizados dos conteúdos conversa com lideranças locais e membros
experiências de viver naquele espaço ao lon- do currículo escolar. Essa orientação dos de organizações sociais ou coletivos do ter-
go dos anos, as mudanças que aconteceram, Professor de geografia utiliza o entorno da adultos e que estão mais familiarizados ritório, como uma forma de compartilhar as
as tradições, o que tem de bom e de ruim na- escola para criar mapas colaborativos com os conhecimentos escolares e onde experiências e conhecimentos dessas pes-
quela comunidade. Esse processo é funda- eles se aplicam na nossa vida vai ser fun- soas; entre outras tantas possibilidades. A
mental, porque, na prática, a participação no damental para realmente colocar em prá- seguir compartilhamos algumas das experi-
território tem como principal objetivo contri- tica as ações de participação. Também por ências pelo Brasil de ações como essas.
buir com as pessoas que fazem parte daque- isso, é importante que você e seus colegas
le lugar, então nada mais justo e importante peçam ajuda, escutem e respeitem as re-
“De uma forma geral, recomendamos que você e a sua esco- Estudantes ajudam a preservar e compartilhar
do que ouvir o que elas têm a dizer, para, aí comendações dos professores e gestores.
la se esforcem para conhecer o local e as pessoas com quem as manifestações culturais do bairro
sim, pensar em como ajudar! Lembramos que esse, como toda participa-
querem trabalhar, se fizerem isso, suas propostas terão
Sugerimos que você e seus colegas também ção, não vai ser um processo fácil, e que aque-
muito mais chances de serem aceitas, colocadas em prática
procurem na internet algumas informações so- les princípios de participação que falamos no
e de terem resultados positivos para a comunidade, além de
bre o bairro em que pretendem atuar. Algumas último capítulo – colaboração, proatividade,
representarem um aprendizado para todos os envolvidos.”
informações podem complementar os relatos paciência e perseverança –, assim como o
dos moradores da comunidade, por exemplo, respeito à diversidade de opiniões, serão es-
Jovens quilombolas criam jornal para
se alguém comentar sobre uma organização lo- Conexão participação, senciais para fazer com que as suas iniciativas
contar as próprias histórias
cal importante, você pode pesquisar mais sobre escola e território sejam as melhores possíveis. Mas também
ela, buscar o contato, ver quais as atividades ela ressaltamos que vocês não precisam partir do
realiza, onde ela se encontra e assim por dian- Depois de conhecer a comunidade e levan- zero, na sequência apresentamos algumas ex-
te. Também é possível encontrar dados sobre tar algumas possibilidades de atuação, um periências já realizadas em diferentes lugares
a quantidade de hospitais, estações de trem ou grande desafio é pensar, junto com profes- do Brasil que podem ajudar a pensar nas suas
metrô, linhas de ônibus que passam por ali, o sores e gestores, em conexões dessas ideias ações junto com a sua escola.
que existe ao redor ou dentro do bairro que po- com os conteúdos e atividades desenvolvidas Além de iniciativas da escola e dos estu- Estudantes se mobilizam e ajudam a criar
deria contribuir, entre outras informações. nas aulas e na escola. Mesmo que a participa- dantes na comunidade, é possível e impor- lei para proteger recifes de corais
Existem experiências de pesquisa sim- ção, por si só, já seja um grande aprendizado tante que a escola abra suas portas para
ples, feitas com celulares ou até mesmo para você e os seus colegas, é importante con- que eventos e projetos comunitários aconte-
com questionários impressos, que podem tar com o apoio da escola e colocar em prática çam no espaço escolar. Isto pode acontecer
gerar informações interessantes para se conhecimentos desenvolvidos na sala de aula. de diferentes formas, seja com festas cul-
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Juventude, escola e comunidade
Como você pode ver, a participação, com dade para exigir políticas públicas efetivas. Assim como falamos no capítulo ante- servar uma área verde, montar um proje-
a escola junto da comunidade, oferece diver- Com essas ideias e os princípios de partici- rior, aqui, os coletivos também são formas to cultural, pensar uma ação voluntária de
sas maneiras de contribuir com a comuni- pação como suporte, você vai ser totalmente alternativas de você e seus colegas se or- distribuição de alimentos ou pressionar os
dade local, reconhecendo e potencializando capaz de colocar os seus saberes e experiên- ganizarem para atuar na comunidade do governos para promover melhorias sociais.
seus traços culturais e projetos que já acon- cias enquanto jovem e desenvolver diferentes entorno da escola, nas comunidades onde Independente do coletivo ter surgido fora
tecem, também ajudando a pensar e resol- projetos, ações e iniciativas na sua escola e vocês moram ou na própria escola. da escola, você sempre pode encontrar for-
ver os problemas locais, assim como expe- na comunidade da qual você faz parte! Coletivos podem ser muito potentes, mas de conectar essa ação e o aprendiza-
riências que serão muito importantes para o porque mobilizam você e seus amigos em do desenvolvido com a escola, promovendo
seu desenvolvimento e o dos seus colegas. Adolescentes combatem violência urbana causas que vocês acreditam e não exigem ações com os estudantes, levando saberes
É essencial que, nesses processos de parti- abrindo a escola para a comunidade uma estrutura burocrática para fazer acon- para a sala de aula e sensibilizando profes-
cipação, você e seus colegas tenham em mente tecer. Você pode encontrar coletivos orga- sores e gestores com as ações.
que a comunidade possui saberes e vivências nizados no seu bairro que despertem seu Sempre você encontrará resistência e di-
que merecem ser valorizadas e com as quais interesse em se engajar ou mesmo montar ficuldades, financeiras, organizativas e de
todos temos o que aprender. Assim como a es- um coletivo com um grupo de amigos da envolvimento das pessoas, mas é importante
cola e os conhecimentos que ela trabalha têm escola ou vizinhos. São tantas coisas que persistir e vencer as barreiras. O aprendizado
Plataforma sobre experiências de
grande importância e podem auxiliar na cons- podem ser realizadas para melhorar a vida que você adquirirá nesse percurso você leva-
participação de jovens
trução de uma sociedade melhor. em comunidade e faz muita falta em um rá para toda a vida, ajudará a desenvolver seu
Essa ação fora da escola é uma aproxi- local, pessoas dispostas a contribuir para senso crítico, sua capacidade de realização,
mação importante do exercício da cidadania, organizar ações com interesse público e argumentação e autonomia.
colaborando com a organização da comuni- coletivo, para melhorar uma praça, pre-
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Juventude, escola e comunidade
Conclusão
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PARCERIA: