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escola de gestores
da educação básica
Democracia, Formação e Gestão Escolar:
Reflexões e Experiências do Programa Nacional
Escola de Gestores da Educação Básica
no Estado do Espírito Santo
VITÓRIA
2010
© GM Gráfica e Editora Ltda.
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Edson Maltez Heringer
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Impressão
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gmgrafica@terra.com.br | 27 3323-2900
212 p. ; 20 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-99510-57-5
CDU: 37.07/.09
Sumário
Apresentação.................................................................................................................................... 7
Sobre os autores...........................................................................................................................207
Apresentação
1
Os consultores eram integrantes do Grupo de Trabalho Estado e Política Educacional da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e da Associação Nacional de Política
e Administração da Educação (ANPAE).
Como pode ser notado, a Sala Ambiente Projeto Vivencial (PV) com uma
carga horária de 120h (das 400 h a serem cumpridas pelos cursistas) possui
vinculação com as demais salas. Ela foi pensada, ao mesmo tempo, como
um espaço de convergência para os conteúdos das outras salas ambientes e
como um espaço de articulação do curso. Nessa Sala Ambiente, a proposta
de ensino-aprendizagem é a elaboração de um projeto de intervenção na
escola que incida na formulação, implantação e avaliação do projeto político-
pedagógico da instituição educativa. Esse projeto constitui o Trabalho de
Conclusão do Curso.
As Salas Ambientes Fundamentos do Direito à Educação (FDE),
Políticas e Gestão na Educação (PGE) e Planejamento e Práticas de Gestão
Escolar (PPGE) têm, cada uma, 60 horas, e apresentam uma proposta de
aprofundamento sobre as temáticas que constituem as diretrizes do curso
(gestão democrática, direito à educação e qualidade do ensino). A Sala
Ambiente Tópicos Especiais (TE), com 30 horas, é a que permite flexibilidade
e reflexão sobre questões localizadas (escolas) ou locais (região). Já a Sala
Ambiente Oficinas Tecnológicas (OT), também com 30 horas, tem por
Referências
ARAUJO, Gilda Cardoso de. Tempo de unir esforços. Revista Nova Escola. São
Paulo: Editora Abril, ago. 2008. Edição Especial “Gestão Escolar”.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – MEC/ SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
BÁSICA – SEB- Diretrizes Nacionais do Curso de Especialização Em Gestão
Escolar. Brasília, 2007. (mimeo)
Introdução
1 É oportuno ressaltar que a divisão das turmas foi realizada tomando como critério as proximidades dos
municípios de acordo com as regiões do Estado do Espírito Santo. Nesses termos, a turma em que fui
professor era formada por quarenta gestores de dezoito municípios da Região do Caparaó, sendo eles:
Alegre, Afonso Cláudio, Apiacá, Bom Jesus do Norte, Conceição do Castelo, Cachoeiro do Itapimirim,
Castelo, Divino de São Lourenço, Guacuí, Ibitirama, Iuna, Jerônimo Monteiro, Laranja da Terra, Muniz
Freire, Piúma, Presidente Kennedy, Santa Maria de Jetibá, São José do Calçado.
2 A re-elaboração do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica teve como referência, a
3 Com base no levantamento quantitativo das atividades e os respectivos trabalhos enviados em cada sala
observamos a seguinte configuração: nas 8 atividade obrigatórias introdução ao curso foram enviados
50 trabalhos; na sala projeto vivencial foram encaminhados 362 trabalhos distribuídos nas 6 atividades;
na sala tópicos especiais encontramos 10 atividades e 327 trabalhos, na políticas e gestão na educação
verificamos 327 trabalhos em 10 atividades; na sala oficinas tecnológicas possui um quantitativo de 106
trabalhos em 3 atividades; na sala fundamentos do direito à educação foram enviados 161 trabalhos
em 5 atividades; na sala planejamento e práticas da gestão escolar verificamos 112 trabalhos em um
contingente de 3 atividades.
[...] Assim, ante um aluno que fracassa num aprendizado, uma leitura negativa
fala em deficiências, carências, lacunas e faz entrar em jogo os processos de
reificação e aniquilamento que analisamos, enquanto que uma leitura positiva
se pergunta ’o que está ocorrendo’, qual a atividade implementada pelo aluno,
qual o sentido da situação para ele, qual o tipo das relações mantidas com os
outros, etc. A leitura positiva busca compreender como se constrói a situação
do aluno que fracassa em um aprendizado e, não, ‘o que falta’ para essa situação
ser uma situação de aluo bem-sucedido (CHARLOT, 2000, p. 30).
4
Para saber mais sobre o assunto ver trabalho de Santos (2005).
A melhora da prática implica tomar partido por um quadro curricular que sirva
de instrumento emancipatório para estabelecer as bases de uma ação mais
autônoma. Para isso, a teoria deve servir de instrumento de analise da prática, em
primeiro lugar, e apoiar a reflexão crítica que torne consciente a forma como as
condições presentes levam à falta de autonomia (SACRISTÁN, 2000, p. 48).
Considerações finais
Referências
Introdução
Marilena Chauí em Convite à filosofia, traz conceitos (eu, pessoa, cidadão, sujeito) como parte constitutiva
1
da formação da consciência. Não nos deteremos nas especificidades de cada conceito, o que implicaria um
estudo mais aprofundado. Neste texto, concebemos os termos sujeito, consciência e homem como sinônimos.
Esta mensagem foi retirada do Histórico de Mensagens do Curso de Especialização em Gestão Escolar. Curso
3
sediado pelo Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica e oferecido pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC) em colaboração com a Secretária de Educação à Distância (SEED).
Tabela 1
Quantitativo das mensagens trocadas entre a professora e o cursista
Mês/ano Número de Mensagens Mensagens
mensagens enviadas pela enviadas pelo
professora cursista
Maio/2007 5 3 2
Junho/2007 27 12 15
Julho/2007 28 18 10
Agosto/2007 49 32 17
Setembro/2007 43 23 20
Outubro/2007 59 41 18
Novembro/2007 39 26 13
Dezembro/2007 14 9 5
Janeiro/2008 26 12 14
Fevereiro/2008 14 12 2
Março/2008 23 16 7
Abril/2008 13 12 1
Maio/2008 16 10 6
Junho/2008 12 7 5
Julho/2008 11 6 5
Agosto/2008 16 10 6
Setembro/2008 4 2 2
Total 393 246 147
5 Termo utilizado por Eni Pulcinelli Orlandi em A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso.
JOANA [10:24]: Ola turma!!! Fiz uma pequena pesquisa sobre alguns
generos textuais que circulam na esfera pública, mais precisamente na esfera
academica, tais como: ‘artigo cientifico’, ‘ensaio’, ‘resenha’, ‘resenha critica’,
‘relato de experiencia’, ‘sintese de texto’. Achei interessante visto que, a
depender da situaçao, bem como o exercicio de escritura academica, teremos
que nos atentar para as diferenças entre esses generos. Coloquei pequenas
definiçoes no nosso glossario. Fica ai a dica. Com relaçao a resenha,formato de
texto da atividade 06, sala 06, seguem algumas dicas: – Na estrutura essencial
da resenha ha certos elementos que nao devem faltar: nome da obra, nome do
autor, a descriçao do conteudo da obra e a avaliaçao (nesse momento entra
o ponto de vista do autor da resenha. Abraços
Algumas considerações
6 Para Masseto (2000) novas tecnologias estão vinculadas ao uso do computador, à telemática e à educação
a distância.
Referências
Introdução
Opto por usar a primeira pessoa do plural por acreditar que este texto não foi desenvolvido por uma única
1
pessoa, mas sim por um coletivo composto por estudiosos da área e pelos profissionais da EMEF IJSSL.
Pensar e fazer uma escola pública de qualidade para as classes populares tem
sido um grande desafio para os educadores comprometidos com a construção de
uma sociedade verdadeiramente democrática. Em períodos de transformações
tão profundas como o que estamos vivendo, este desafio parece tornar-se ainda
mais complexo, pois a incerteza acompanha cada passo.
Entendemos que não foi nada fácil, pois sabemos que a direção da
unidade de ensino tem um papel fundamental neste processo de elaboração,
e concordando com Veiga (2004), reafirmamos que escola é lugar de diálogo,
discussão, planejamento, estudo e, é lógico, de muito trabalho; e tudo isso fica
muito difícil de ser feito, nesta organização, respeitando uma legislação que
prevê um calendário com um mínimo de duzentos dias letivos.
O corpo técnico administrativo, ou seja, diretor, pedagogos e coordenadores,
formam o grupo que ficou com a responsabilidade de articular todo esse
trabalho, garantindo a participação dos sujeitos que precisam se envolver com
essa construção.
No início de 2007, a partir de uma discussão com o grupo de educadores,
em virtude da importância e necessidade da elaboração do projeto, conseguimos
assegurar que os dias previstos em calendário escolar para Formação Continuada
na Escola, fossem destinados ao processo de elaboração do projeto, o que
possibilitou um avanço significativo nesta caminhada.
Então começamos a trabalhar com o Marco Referencial – que se constitui
na junção dos marcos situacional, teórico e operativo. Para tanto realizamos um
encontro onde conseguimos reunir todos os funcionários da escola: professores,
coordenadores, pedagogos, merendeiras, auxiliares de serviços gerais, assistentes
administrativos, bibliotecária, estagiárias e diretor e, através de pequenos
grupos, aplicamos um questionário que trata do Marco Situacional – que visa
conhecer aspectos da situação sócio-econômico-político-cultural- educativo da
comunidade onde a escola está inserida. Depois socializamos no grupão.
Considerações finais
Pensando nas palavras de Vygotsky de que tudo de grande que fazemos tem que
vir de um sentimento poderoso e, logo, grandioso, podemos dizer que pensar um
projeto político pedagógico para uma escola nada mais é do que ter um sentimento
poderoso – o de uma educação democrática, de qualidade, viva e vibrante. E é esse
sentido que nos faz refletir sobre uma escola que não se contenta com o mínimo,
com pouco, mas que busca a cada dia o melhor para seus sujeitos.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Irmã Jacinta Soares de
Souza Lima tem experimentado esse processo de mudança movido por este
sentimento poderoso, tanto é que conseguimos implementar um processo
de debate, estudo, discussões que agora encontram-se reunidos no projeto
político pedagógico.
Projeto este que reflete os desejos, anseios e perspectivas de alunos, pais,
professores, comunidade escolar, em torno de uma escola aberta à diversidade,
Referências
Introdução
A demanda da educação pública, a partir dos anos 80, passou a ter como
foco de preocupação a qualidade do ensino oferecido, e neste sentido,
compreende-se que essa qualidade está associada ao tipo de gestão realizada
no contexto escolar, uma vez que a educação necessária para promover os
princípios da cidadania está ligada às diferentes formas de concepção de
educação, de homem e de sociedade.
Neste contexto, uma educação democrática se faz pela ação dos atores
envolvidos, como o diretor, pedagogos, alunos, professores e outros
profissionais que constituem o espaço escolar.
É preciso compreender que a gestão não se resume em ações de ordem
administrativa no interior da escola. A mesma está diretamente ligada a outras
instâncias, configurando, assim, uma hierarquia de poderes.
Verifica-se a existência de uma relação vertical entre os órgãos da
administração, e “nessa relação verticalizada, as escolas se percebem sem poder
de decisão e o necessário envolvimento dos sujeitos que atuam no seu interior
não ocorre na intensidade requerida” (CERQUEIRA, 2000, p. 30).
De todas as instâncias que compõem o sistema de ensino, é na escola que
se caracteriza mais amplamente a democracia, pois as relações, neste caso,
apresentam-se de maneira horizontal.
1 A palavra democracia foi utilizada pela primeira vez pelo historiador grego Heródoto, combinando
as palavras gregas “demos”, que significa “o povo”, e “kratein”, que significa governar. Desde o século V
a.C até os dias atuais este conceito foi sendo ampliado e recebeu diferentes significados conforme as
situações em que era empregado, mas estando sempre associado às idéias de igualdade.
2 A cidadania é um conceito histórico, e, como tal, o seu sentido varia no tempo e no espaço. Este conceito
tem origem na Grécia, e remete à participação dos cidadãos atenieneses nas assembléias do povo, com
plena liberdade para votar as leis que governavam a cidade - a Polis - tomando decisões políticas. Naquele
momento histórico estavam excluídos da cidadania os estrangeiros, as mulheres e os escravos. Ao longo
dos anos este conceito passou por transformações e no contexto atual, cidadania é uma condição política
de direitos e obrigações frente ao coletivo e as pessoas com as quais se convive.
Considerações finais
Referências
Introdução
Por ouro lado, conforme determina a LDB (Art. 6°), além do gestor e
dos órgãos competentes, é dever dos pais ou responsável efetuar a matrícula
dos menores, a partir dos sete anos de idade, no ensino fundamental. Além
disso, o documento que garante a proteção integral à criança e ao adolescente
- Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8.069/90) no inciso V,
artigo 53, assegura ao estudante o acesso à escola pública e gratuita próxima
de sua residência.
Importante ressaltar que o estado tem uma parcela significativa de
responsabilidade pelo atendimento ao aluno no ensino fundamental, através
da garantia de programas suplementares como o material didático-escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde (ECA - artigo 54, inciso VII).
A busca pela qualidade tem sido o “motor” das políticas e das ações na
educação. A definição de qualidade da educação é uma tarefa complexa porque
envolve contextos, atores e situações diversificadas. É, em síntese, um desafio
para o gestor.
Nos últimos anos, o conceito de qualidade prevalente nas políticas
públicas esteve associado ao argumento de que o Brasil havia atingido
a quase universalização do ensino fundamental, com mais de 90%
de atendimento. Entendia-se, assim, que as escolas e salas de aula
eram suficientes para atender a todos. Neste contexto, a existência de crianças
e jovens fora da escola era atribuída apenas à reprovação e à evasão escolar.
Segundo essa concepção, a qualidade se reduz à superação do problema da
reprovação e da evasão e não mais para a sua democratização, em sentido
amplo.
Gentilli (1994), ao discutir essa visão, registra que a palavra qualidade em
educação tem sido muito utilizada como uma “nova retórica conservadora no
campo educacional”, num discurso utilitarista que reafirma uma postura que
nega um processo educativo emancipador para as maiorias.
Outro fator decisivo para que a qualidade se efetive nas escolas, sobretudo
às que atendem as populações mais pobres, é tornar o aluno no foco central do
sistema educativo, de modo que sejam ativos no processo de aprendizagem.
Portanto, a produção de qualidade da educação, sob o ponto de vista extra-
escolar, implica, por um lado, em políticas públicas, programas compensatórios
e projetos escolares para enfrentamento de questões como: fome, violência,
drogas, sexualidade, desestruturação familiar, trabalho infantil, racismo,
transporte escolar, acesso à cultura, saúde e lazer, dentre outros.
Implica, ainda, em efetivar uma visão democrática da educação como
direito e bem social que deve expressar-se por meio de um trato escolar
pedagógico que ao considerar a heterogeneidade sócio-cultural dos sujeitos-
alunos seja capaz de implementar processos formativos emancipatórios.
No compromisso com uma educação de qualidade, o gestor tem um
papel muito sério, inescapável: ele deve motivar a comunidade escolar local
no sentido de participar efetivamente dos destinos da escola como forma de
garantir a permanência com qualidade do aluno na escola.
A escola como espaço privilegiado de encontro com o diferente deve ter
um papel muito claro e verdadeiramente democrático, e ela se democratiza
quando garante os direitos e cobra os deveres de cada um e faz com que todos
os alunos dali se respeitem.
Portanto, a construção de um Projeto Político Pedagógico que seja da escola
e que seja construído coletivamente, com objetivos e metas bem definidos
além de um currículo que garanta em sua essência, conteúdos significativos
e o respeito à diversidade podem contribuir para uma qualidade desejável na
educação.
O dilema da evasão
A evasão escolar ainda é um dos desafios que afligem muitas unidades
escolares. Este é um problema complexo e está relacionado à prática pedagógica
da escola, à forma de avaliação e ao currículo escolar, além de outros fatores.
Os gestores comprometidos com a sua função, não podem ficar indiferentes a
Sabe-se que grande parte das escolas ainda não tem um gestor que atua
sob os princípios da gestão democrática. Apesar dos avanços, muito ainda
há para se fazer, no contexto escolar, de forma que todas as ações a serem
implementadas na escola tenham participação efetiva de representantes de
todos os segmentos.
Considerações finais
Referências
Introdução
Considerações finais
Introdução
No Brasil, desde 1980 a população vem reivindicando o direito de participar
das tomadas de decisões no setor público. A educação está inserida nesse processo
de redemocratização. O empenho do povo em busca da democratização cria a
necessidade de se rever o papel do Estado e da Escola Pública, e assim, priorizar
a educação.
Passou-se então a falar sobre a gestão democrática, que é traduzida como a
abertura das escolas para a comunidade. É nesse cenário que surge o Conselho
Escolar, protagonizando esta abertura e tornando a escola mais corajosa para
enfrentar os desafios a ela impostos. Um estudo sobre o Conselho Escolar faz-se
então necessário. É essencial que se crie na escola um ambiente que favoreça a
participação de todos os segmentos das comunidades escolar e local.
Buscamos investigar, através de observações, as causas da precária
participação dos integrantes dos Conselhos de Escola do Centro Municipal
de Educação Infantil “Vovó Sinhá” (CMEI), situada na sede do município de
Aracruz, o Centro Municipal de Educação Infantil “Vovó Jandira” (CMEI),
localizado na Barra do Riacho e o Centro Municipal de Educação Básica “Álvaro
Souza” (CMEB), em Vila do Riacho, e descobrir formas para incentivá-los a
um maior envolvimento.
Quem ganha com esse acordo é a comunidade escolar e local, pois a partir
daí eles passaram a ter direito de participar dos processos decisórios da vida da
[...] em seus objetivos e prioridades, e em mais quatro partes, tratam dos níveis
e modalidades de ensino e educação, do magistério da educação básica, do
financiamento e gestão, e do acompanhamento e avaliação do Plano. Desse
modo, faz o diagnóstico e fixa diretrizes, objetivos e metas [...]
Conselho vem do latim Consilium. Por sua vez, Consilium provém do verbo
consulo/consulere, significando tanto ouvir alguém quanto submeter algo a
O termo participação (do latim participationis) significa fazer parte de, tomar
parte em, fazer saber, informar, anunciar. É fazer parte de uma ação, portanto,
agindo em uma ação que é coletiva. Significa ação conjunta de “um fazer” que
também é conjunto e que se destina a todos.
Para se alcançar uma gestão democrática, essa participação não pode ser
esporádica, precisa acontecer periodicamente. Vale ressaltar ainda, que para que
a escola funcione bem, é imprescindível a adesão dos membros do Conselho aos
propósitos educativos da instituição. Segundo Navarro (2004, p. 48)
Considerações finais
Referências
Abrir a Escola para todos não é uma escolha entre outras: é a própria vocação
dessa instituição, uma exigência consubstancial de sua existência, plenamente
coerente com seu princípio fundamental. Uma escola que exclui não é uma
escola: é uma oficina de formação, um clube de desenvolvimento pessoal, um
curso de treinamento para passar em concursos, uma organização provedora
de mão-de-obra ou uma colônia de férias reservada a uma elite social. A
Escola, propriamente, é uma instituição aberta a todas as crianças, uma
instituição que tem a preocupação de não descartar ninguém, de fazer com
que se compartilhem os saberes que ela deve ensinar a todos. Sem nenhuma
reserva (MEIRIEU, 2005, p. 44).
Para que a diversidade humana possa se fazer presente como valor universal,
a escola precisa assumir uma postura de desconstrutora da igualdade, visando
incluir na tessitura social aqueles que vêm sendo sistematicamente excluídos
(JESUS, 2006, p. 91).
1 Dados obtidos no Jornal A Gazeta de circulação no Estado do Espírito Santo, conforme divulgado em
03/10/2007.
2 Dados obtidos no censo escolar do Ministério da Educação e Cultura no site http://www.inep.gov.br/
basica/censo/
Uma escola, como nos faz pensar Alarcão (2001), aberta a uma população
trabalhadora com necessidades de ocupação de novas posições sociais e espaço
para a continuidade com a formação docente, uma vez que como nos diz Freire
(1992, p. 98) “[...] o que não podemos é [...] parar de aprender e buscar, de
pesquisar a razão de ser das coisas. Não podemos existir sem nos interrogar
[...] em torno de como fazer concreto o ‘inédito’ viável demandando de nós
a luta por ele”.
Desta forma, somos levados a refletir que esses movimentos, só serão
levados para o contexto das escolas de educação básica, à medida que
passarmos a construir com o outro, a trocar opiniões, a ver em nossos pares
uma possibilidade de troca, emanadas pela cultura do diálogo, pois “[...] sem
ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. [...] Somente o
diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz também, de gerá-lo” (FREIRE,
1987, p. 83).
Esta linha de raciocínio nos faz argumentar em favor da instituição de
políticas públicas de valorização do trabalho docente e de investimentos na
formação continuada de educadores para que esses sujeitos, frente à necessidade
de promover a permanência dos alunos no contexto escolar, façam salutar na
sala de aula, práticas pedagógicas alimentadas por uma “obstinação didática”
(MEIRIEU, 2002), ou seja, a prospecção incansável de formulações que leva o
educador a aprender aquilo que quer transmitir, a inventar permanentemente
novas situações de aprendizagem, a buscar demonstrações mais eficazes de
aprendizagens e ainda “[...] indagar sobre como fazer da sala de aula um lugar
de inovação, de imaginação e de encontros” (MEIRIEU, 2002, p. 145).
Pensando positivamente no trabalho docente e na formação permanente
dos profissionais da educação possivelmente chegaremos à conclusão que “[...]
é possível recuperar juntos a convicção de que algo é possível no trabalho em
Adotando as políticas de formação inicial e continuada de educadores no contexto francês para reflexão,
3
Meirieu sinaliza que o professor ao tomar os desafios da práxis como possibilidade de formação profissional
forma-se pedagogos em processo, podendo aqui no Brasil ser compreendido como professores que se
tornam pesquisadores de novos-outros saberes a partir da articulação entre teoria-prática e assunção dos
desafios encontrados em sala de aula como possibilidade de formação contínua.
Não está dando pra vim porque não tenho com quem deixar o meu filho.
Não moro com meu esposo e minha mãe já fica com ele durante o dia para eu
trabalhar. Ficar à noite com ele é cansativo para ela. Ela já está bem cansada e
a idade também já não ajuda muito (aluna da EMEF “Clarice Lispector”).
Ah! Diretora, a situação está difícil. Meu desejo é voltar a estudar, mas estou
encontrando dificuldade em encontrar alguém para ficar com as crianças. Já
Adotamos nome fictício para preservar a identidade da unidade de ensino e os profissionais que nela atuam.
4
Barbier (2004, p. 18) nos diz que “[...] a mudança, quer dizer, o vivente,
implica a existência de conflitos abertos entre as instâncias internas e externas
no âmago dos indivíduos e dos grupos”, por isso, somente assumindo os
desafios da EJA que o grupo vislumbrava possibilidade de falar em acesso,
permanência e ensino com qualidade na educação desses sujeitos que mais
uma vez retornavam aos bancos escolares na busca por novas perspectivas de
trabalho e acompanhamento dos avanços tecnológicos e científicos produzidos
pela humanidade.
O Projeto “Atendimento aos Filhos de alunas-mães-trabalhadoras”
abria possibilidades para que as estudantes reingressassem na escola e nela
permanecessem, uma vez que, pela via da ação pedagógica de uma educadora
contratada para o projeto, vinte crianças eram assistidas em espaço alternativo
da escola com atividades voltadas para exibição de filmes, contação de histórias,
atividades recreativas, teatro com fantoches, dramatizações, uso do laboratório
de informática, favorecendo o processo de escolarização de quinze mães
matriculadas nos projetos de alfabetização, pós-alfabetização e séries finais do
Ensino Fundamental, encontrando assim possibilidades para voltar a estudar
e projetar um futuro mais promissor.
Neste movimento, o projeto desenvolvia-se no período noturno, das
18h00min às 21h30min, de segunda a quinta-feira, uma vez as políticas da
Educação de Jovens e Adultos implementadas pelo Sistema Municipal de
Educação de Vitória, assegurava às sextas-feiras planejamento coletivo para os
educadores instituírem propostas de trabalhos interdisciplinares para serem
desenvolvidas no transcorrer da semana, não aula neste dia.
Estar em sala de aula, sentar novamente nos bancos escolares, segurar
um lápis entre os dedos, folhear livros e cadernos, ter contato com a leitura
e a escrita, conflitar-se novamente com os desafios trazidos pela matemática,
problematizar, refletir, conversar, trocar informações, produzir e acompanhar
conhecimentos eram movimentos que traziam novas perspectivas para as
alunas que, muitas vezes, relatavam seus anseios por uma melhor qualificação
profissional, ajuda aos filhos nas tarefas escolares, ampliação da renda
Considerações iniciais
Não tivemos formação para trabalhar com essas crianças. A sala de aula também
está muito cheia e não temos tempo de dar a atenção que essas crianças merecem.
Eu estou frustrada, a palavra é essa. Eu cheguei aqui com uma disposição! Xérox,
eu estava com um bolo de xérox, achando que eu estava fazendo alguma coisa
para ajudar e ai cheguei ao final e vi que não estava ajudando nada. As crianças
não avançaram como eu esperava. Eu preciso de apoio em sala de aula, mas nem
sei se um dia vou conseguir isso (Professora Maria – 1ª Série).
1 Utilizamos nome fictício para preservar a identidade da escola e de seus profissionais neste artigo.
“Ah! Está ali só para socializar”. “Ah! É só socialização”! Tipo assim: - Não se
preocupe não! Então ta, está ali para socializar, para a gente não se preocupar.
Desde que passamos a nos reunir, estudar, ler alguns textos, passamos
entender o porquê dos alunos com deficiência aqui na escola. Na verdade
ensinar todos na sala de aula é um desafio, mas a partir do momento em que
passamos a estudar estas questões aprendemos que podemos contar com
apoio. A ida da professora de Educação Especial para a minha sala de aula me
proporcionou possibilidades para respeitar, porque pude atender aos alunos
que antes ficavam de lado. Acho que esse trabalho nos possibilitou explorar
mais os momentos para planejamento e desenvolver aulas onde as crianças
que não eram deficientes passaram também a se desenvolver melhor ( Joana
– professora da 2ª Série B).
Vejo que o meu lugar é trabalhar na sala de aula com a professora regente.
Ela fica mais segura e tem condições de trabalhar com os alunos especiais
enquanto dou assistência para a turma. As aulas ficam mais criativas porque
temos mais de uma pessoa pensando e fazendo juntas. A colaboração na escola
atual se faz necessária para enfrentamento das necessidades que os alunos
trazem para este contexto (Professora de Educação Especial).
Referências
Introdução
Não ter dúvida que o diretor deve gastar parte do seu tempo para aprimorar a
relação entre família e escola. Há muito que aprender, de ambos os lados, para
que está relação tenha resultados que, de fato, contribuam para a qualidade
da educação (p. 65).
(...) tipo de pesquisa social e com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo
e no qual os pesquisadores e os participantes das situações ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo e participativo (THIOLLENT, 1985, p. 35).
Os pais são agora mais permissivos, deve-se em parte a que já não tem muito
o que impor a seus filhos, já que a aprendizagem da vida em sociedade
foi delegada à escola, aos pares e a diferentes redes de comunicação. Não
controlando o tempo de seus filhos, os pais tampouco controlam tanto sua
vida. Com a transferência de funções educativas para a escola, a criança
experimenta na vida pública escolar sua formação e preparação para a vida,
gerando-se para os escolares um espaço privado dentro do novo espaço
público escolar, fora do controle direto da família (p. 219).
Introdução
A indisciplina escolar tem sido motivo de queixas por parte dos professores,
principalmente daqueles que atuam na Educação Básica. Os alunos estão
agitados, inquietos, irritadiços e impacientes. Não demonstram bons hábitos
e atitudes, saem da aula sem permissão ou sem comunicar. Algumas vezes
depredam o patrimônio escolar, riscam os carros estacionados em frente à
escola e respondem mal aos colegas e professores. São essas algumas dentre
muitas das queixas dos professores, que conseqüentemente, ocasionam
conflitos na sala de aula.
Dessa forma, a manutenção da disciplina tornou-se um desafio individual
e coletivo para todos aqueles que se acham envolvidos com o processo
educacional. A partir desta constatação, apresenta-se neste estudo a seguinte
situação-problema: Que ações podem promover um ambiente escolar
democrático nas séries finais do Ensino Fundamental, envolvendo toda a
comunidade escolar a fim de que todos se sintam comprometidos e responsáveis
pela construção de uma disciplina consciente e desejada, podendo com isso
minimizar os conflitos que surgem em função da indisciplina escolar?
Partimos de uma reflexão que toma a realidade e os conhecimentos
acerca da indisciplina escolar como ponto de partida. Procuramos apresentar
dados empíricos que possam subsidiar o quanto um ambiente escolar
democrático contribui diretamente e indiretamente para a promoção de
benefícios sociais, educativos e interpessoais, favorecendo o desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem, e acima de tudo, “[...] na construção de
uma disciplina consciente e interativa, marcada por participação, respeito,
Turma que não está estudando bem, bagunceira, que tira nota baixa, não
presta atenção na aula, não cumpre com as tarefas de sala de aula, conversa,
não respeita o professor. (ALUNO DA 6ª SÉRIE)
Se tivesse mais jogos para montar, ao terminar o dever, eu iria para o cantinho
para jogar ou ler, ou contar história. (ALUNO DA 5ª SÉRIE)
Eu não gosto que a pessoa fique mandando em mim. A professora até que
eu deixo, mas eu fico com raiva. Vou para casa com raiva porque os colegas
implicam comigo, e no outro dia repito tudo o que eles fizeram comigo.
(ALUNO DA 8ª SÉRIE)
O professor deveria passar mais dever, não deixar ficar parado tempo nenhum.
(ALUNO DA 6ª SÉRIE).
Referências
Introdução
Considerações finais
Referências
Maristela Wassoler
Diretora da E.E.E.F.M “Amélia Toledo do Rosário”. Especialista em Gestão Escolar
pela UFES
Helio Pettene
Graduado em Filosofia, pela PUC-PR, Especialista em Planejamento Educacional,
FISG – São Gonçalo – RJ, Especialista em Didática no Ensino Superior, pela
UNIVEN – Nova Venécia – ES e Especialista em Gestão Escolar pela UFES.
Diretor na EEEM Dom Daniel Comboni e Professor na Univen.