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Associação Brasileira de Educação

a Distância
ABED, sociedade científica sem fins lucrativos, que tem como
finalidades: o estudo, o desenvolvimento, a promoção e a divul-
gação da educação aberta, flexível e a distância, pessoa jurídi-
ca de direito privado, constituída em 21 de junho de 1995 por
tempo indeterminado por um grupo de estudiosos interessa-
dos em aprendizagem moderada por tecnologias variadas, tem
sua sede a Rua Vergueiro, 875, 12º andar, Conjuntos 121 a 124,
Bairro da Liberdade, CEP 01504-000, São Paulo, SP, Brasil. Seu
portal é http://www.abed.org.br.
Apresentação
A "Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância" (RBAAD) é um
jornal interativo com foco em pesquisa, desenvolvimento científico e
prática da educação a distância.
A RBAAD publica artigos sobre resultados de pesquisas empíricas ou teóricas,
reflexões sobre práticas concretas e atualizadas na área, e estudo de casos que
retratem situações representativas e de significativa contribuição para o conheci-
mento na EaD. Diferentes perspectivas teóricas e metodológicas no tratamento
de temas são encorajadas, desde que consistentes e relevantes para o desenvolvi-
mento da área. Relatos de pesquisa e trabalhos publicados em anais de congres-
sos podem ser considerados pelo Conselho Editorial, uma vez que estejam em
forma final de artigo, conforme o padrão da RBAAD.
Resenhas comentadas de livros da área, indicações de URLs de homepages
inovadoras na educação a distância e anúncios de conferências também são
bem-vindos, como parte da missão da Revista em divulgar a produção nacional e
internacional nesta área da Educação.
A revista aceita e publica artigos em três idiomas – português, inglês e espanhol,
de autores brasileiros ou estrangeiros. A política e a seleção de artigos são deter-
minadas pelos objetivos editoriais da ABED e pelo grupo editorial da revista,
tomando como referência a necessidade do ineditismo da obra, sua contribuição
à Educação a Distância, além da originalidade do tema, a consistência e o rigor
da abordagem teórica.
Editorial
É  com prazer que lançamos o volume 16 da Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta
e a Distância (RBAAD). Disponível em português, em sua versão impressa, e tam-
bém em espanhol e inglês, na versão eletrônica, esta edição conta com oito artigos que
apresentam pesquisas relevantes, com foco principal na interação entre os diferentes ato-
res do processo de ensino e aprendizagem, visando ao seu aprimoramento.
A formação do tutor, neste contexto, é abordada em dois trabalhos: Wagner Rambaldi
Telles e Agnaldo da Conceição Esquincalha relatam, no artigo intitulado O tutor a dis-
tância e sua formação para o trabalho em ambientes virtuais de aprendizagem, a ex-
periência da implantação de um curso de formação de tutores para atuar em ambientes
virtuais de aprendizagem, evidenciando o papel do tutor e as habilidades consideradas
indispensáveis ao sucesso do curso e à formação do educando autônomo. Luiz Bento,
Milena de Sousa Nascimento, Viviane Grenha e Margarete Valverde Macedo apresentam,
em A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EaD: um
estudo de caso, uma pesquisa realizada com tutores a distância de um curso de graduação
oferecido no estado do Rio de Janeiro sobre a concepção de interatividade e a importância
de formação específica para a prática pedagógica em EaD.
No trabalho intitulado Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e com-
partilhamento em rede, Eleonora Milano Falcão Vieira, Marialice Moraes e Jaqueline
Rossato propõem a construção de uma rede colaborativa de informações sobre o tema,
visando ao compartilhamento de recursos e materiais e à interatividade de experiências.
O artigo Critérios de avaliação da participação dos atores em um fórum de Educação
a Distância: uma pesquisa-ação, do grupo de pesquisa Metodologias em Ensino e
Aprendizagem em Ciências (MEAC) da UNIFEI – Campus de Itabira –, relata os resul-
tados obtidos em uma experiência que originou mudanças nos fóruns dos ambientes
virtuais de aprendizagem, promovendo maiores frequências de interação e uma cultura
participativa e colaborativa.
A metodologia de construção colaborativa de ambientes virtuais é tema do artigo de
Dafne Fonseca Alarcon e Fernando José Spanhol – O fluxo de conhecimento na produ-
ção deambientesvirtuais de aprendizagem –, que discute a utilização do modelo ADDIE
para definir, desenhar, desenvolver, implementar e avaliar, com ações motivadoras, a pro-
duçãode diversos tipos de AVA. A identificação dos principais elementos facilitadores da
aprendizagem e da prática docente no processo de ensino e aprendizagem é tema do artigo
de Vanessa Elisabete Raue Rodrigues e Rita de Cássia da Silva Oliveira, Pressupostos
pedagógicos nos ambientes virtuais: apontamentos da Educação Superior a Distância.
Dois trabalhos abordam MOOCs. Um deles intitulado Desenvolvimento de uma comu-
nidade virtual de aprendizagem para a inserção da metodologia Blended Learning na
Educação Básica, de Alexandre José de Carvalho Silva e Ronei Ximenes Martins, apre-
senta o desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem para capacitar,
por meio de um MOOC, professores da educação básica a usufruírem dos recursos e fer-
ramentas de um ambiente virtual no seu fazer pedagógico cotidiano. O outro, sMOOC:
estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”, de
Rosana Amaro e Welinton Baxto, discute como o ensino aberto, on-line e massivo po-
deatender às necessidades de formação dos cidadãos no século XXI, por meio de redes
de interação nos fóruns visando a uma cultura participativa entre os membros do curso.
Respeitando a tradição das revistas científicas, os artigos que compõem este volume foram
analisados por dois referees e, em caso de divergências, foram submetidos à apreciação
de um terceiro. Agradecemos, portanto: ao corpo de referees, que tem nos ajudado com
entusiasmo, competência e presteza;
Agradecemos também a colaboração dos colegas da Fundação Cecierj – Consórcio Cederj
– e ao suporte financeiro da Universidade Positivo.
Continuamos nos empenhando para conquistar a publicação de dois volumes anuais da
revista, conforme critérios de periodicidade sugeridos pela Capes na classificação das re-
vistas científicas, meta que esperamos alcançar em 2018.
Além disso, no final de 2016, demos início à gestão da RBAAD por meio do Sistema
Eletrônico de Editoração de Revistas (Seer), o que traz mais agilidade e qualidade para o
processo editorial, sempre almejando aumentar a qualificação da publicação. O novo ende-
reço da Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância é http://seer.abed.net.br.
Que todos desfrutem de uma boa leitura!

Atenciosamente,
Carlos Bielschowsky
Editor da Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância − RBAAD
Expediente
Associação Brasileira de Educação a Distância
Presidente
Fredric Michael Litto – ABED

Vice-Presidente
Vani Moreira Kenski – USP

Diretores
Carlos Roberto Juliano Longo – Universidade Positivo
Cristiana Mattos Assumpção – Colégio Bandeirantes
Edimilson Picler – Grupo UNINTER
João Augusto Mattar Neto – Grupo UNINTER
Luciano Sathler Rosa Guimarães – Universidade Metodista
Margarete LazzarisKleis – Delinea Educacional
Mauro Cavalcante Pequeno – Universidade Federal do Ceará
Rita Maria de Lino Tarcia – Universidade Federal de São Paulo
Stavros Panagiotis Xanthopoylos – OEC

Revista Brasileira de Ensino de Aprendizagem Aberta e a Distância


Editor-Chefe
Carlos Eduardo Bielschowsky

Coordenação editorial
Diana Castellani

Staff ABED Diagramação


Alessandra dos Santos Ferreira Pio Maria Fernanda de Novaes
Ariane Prado Vasconcelos Mario Lima
Beatriz Roma Marthos Capa
Mauricio de Lima Aguiar Fernando Romeiro
Ozéias da Silva
Imagem da Capa
Conselho Editorial http://br.freepik.com/fotos-gratis/azul-luzes-
Carlos Eduardo Bielschowsky − CECIERJ/UFRJ -de-neon-estrela-forma-fundo_868115.htm
Carlos Roberto Juliano Longo − Universidade Positivo
Cristine Costa Barreto − CECIERJ Tradução e revisão textual
Eliane Schlemmer − UNISINOS Traduzca
Sergio Roberto Kieling Franco − UFGRS
Vani Moreira Kenski − USP Apoio
Fundação CECIERJ / Consórcio CEDERJ
Waldomiro Pelágio Diniz Loyolla − UNIVESP
Universidade Positivo
Gestão de Produção
Fábio Rapello Alencar
Projeto Gráfico
Sanny Reis Bizerra
Sumário
Artigo 1 − O tutor a distância e sua formação para o trabalho
11 em ambientes virtuais de aprendizagem
por Wagner Rambaldi Telles, Agnaldo da Conceição Esquincalha

Artigo 2 − A concepção de tutores a distância sobre

23
interatividade e a formação em EaD: um estudo de caso
Luiz Bento, Milena de Sousa Nascimento, Viviane Grenha e Margarete
Valverde Macedo

Artigo 3 − Dialética da tutoria: conhecimento a distância,


37 gestão e compartilhamento em rede
Eleonora Milano Falcão Vieira, Marialice Moraes e Jaqueline Rossato

Artigo 4 − Critérios de avaliação da participação dos atores

49
em um fórum de educação a distância: uma pesquisa-ação
Cynthia Helena Soares Bouças Teixeira, Ricardo Luiz Perez Teixeira,
Ricardo Shitsuka e Dorlivete Moreira Shitsuka

Artigo 5 − O fluxo de conhecimento na produção de


63 ambientes virtuais de aprendizagem
Dafne Fonseca Alarcon e Fernando José Spanhol

Artigo 6 − Pressupostos pedagógicos nos ambientes virtuais:


73 apontamentos da educação superior a distância
Vanessa Elisabete Raue Rodrigues e Rita de Cássia da Silva Oliveira

Artigo 7 − Desenvolvimento de uma comunidade virtual

85 de aprendizagem para a inserção da metodologia blended


learning na educação básica
Alexandre José de Carvalho Silva e Ronei Ximenes Martins
Artigo 8 − sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO –
97 “E-learning, Communication and Open Data”
Rosana Amaro e Welinton Baxto
1
Artigo

O TUTOR A DISTÂNCIA E SUA FORMAÇÃO PARA O


TRABALHO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Wagner Rambaldi Telles1
Agnaldo da Conceição Esquincalha2

RESUMO ABSTRACT
Este trabalho tem como objetivo relatar This paper aims at describing the imple-
a experiência da implantação de um curso de mentation of a tutor training course enabling
formação de tutores para atuar em ambientes them to work in virtual learning environ-
virtuais de aprendizagem de cursos na moda- ments of Distance Education (DE) programs
lidade Educação a Distância (EaD) oferecido offered by a federal higher education insti-
por uma instituição federal de ensino supe- tution in the State of Rio de Janeiro. It also
rior situada no Estado do Rio de Janeiro. São presents a brief review of the literature on the
apresentadas ainda, uma breve revisão da li- subject, as well as the tutor skills considered
teratura sobre o tema, bem como as habilida- essential for students to be able to learn au-
des consideradas indispensáveis ao tutor para tonomously. These theoretical contributions
que ocorra uma aprendizagem autônoma do serve as a support for us to discuss the mo-
educando. Essas contribuições teóricas ser- del chosen for the Distance Education Tutor
vem de suporte para discutir o modelo esco- Training Course offered by such institution.
lhido para o Curso de Formação de Tutores Through an exploratory study of the course
para Educação a Distância (CFTEaD), ofere- participants, we found that the course is an
cido pela instituição. Por meio de um estudo efficient training strategy for people who in-
exploratório envolvendo os participantes do tend to work in distance education, more spe-
curso, foi possível observar que o CFTEaD se cifically, as distance tutors. We also found the
apresenta como uma eficiente estratégia de course is in line with the proposals suggested
formação para profissionais que pretendem in the literature.
atuar na modalidade a distância, mais especi-
ficamente, como tutores a distância, estando Keywords: Tutoring. Tutor Training
em consonância com as propostas sugeridas Course. Distance Education.
na literatura consultada.
RESUMEN
Palavras-chave: Tutoria. Formação de
Tutores. Educação a Distância. Este trabajo tiene como objetivo relatar
la experiencia de la implantación de un curso

1
Universidade Federal Fluminense. E-mail: wtelles@id.uff.br
2
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E- mail: agnaldo.esquincalha@gmail.com
Volume 16 - 2017
de formación de tutores para actúen en am- No Brasil, a EaD teve sua regulamen-
bientes virtuales de aprendizaje de cursos en tação estabelecida pela Lei de Diretrizes e
la modalidad Educación a Distancia (EaD), Bases da Educação Nacional – Lei nº. 9.394,
ofrecido por una institución federal de en- de 20 de dezembro de 1996 –, que foi regu-
12 señanza superior ubicada en el Estado de Río lamentada pelo Decreto nº. 5.622, de 2005.
de Janeiro. Presenta, también, una breve re- Recentemente, por meio da Resolução nº.
visión de la literatura sobre el tema, así como 1, de 03 de fevereiro de 2016, a Câmara de
Associação Brasileira de Educação a Distância

las habilidades consideradas indispensables Educação Básica do Conselho Nacional de


al tutor para que se realice un aprendizaje Educação definiu diretrizes nacionais para o
autónomo del educando. Esas contribucio- credenciamento institucional e para a oferta
nes teóricas sirven de soporte para discu- de cursos de Ensino Básico (ensino médio,
tir sobre el modelo escogido para el Curso educação profissional técnica e educação de
de Formación de Tutores para Educación a jovens e adultos) por meio de educação a
Distancia (CFREaD), ofrecido por tal insti- distância. Até então, o que se via de forma
tución. Por medio de un estudio exploratorio majoritária era a oferta de cursos de gradu-
involucrando a los participantes del curso, ação, especialização e mestrado profissional
fue posible observar que el CFTEaD se pre- nessa modalidade.
senta como una eficiente estrategia de forma-
ción para profesionales que pretenden actuar Como a EaD faz uso da internet, o ensi-
en la modalidad a distancia, estando en con- no e a aprendizagem costumam encontrar lu-
sonancia con las propuestas sugeridas en la gar em Ambientes Virtuais de Aprendizagem
literatura consultada. (AVA), que oferecem ferramentas que têm
como função proporcionar ao aluno um am-
Palabras clave: Tutoría. Formación de biente que vai além da reprodução virtual de
Tutores. Educación a Distancia. uma sala de aula presencial, com uma série
de possibilidades propiciadas pelo uso das
tecnologias educacionais. É por meio desses
INTRODUÇÃO
ambientes que ocorre todo o processo de en-
Vivemos em um mundo em que a bus- sino-aprendizagem pela constante interação
ca por novos saberes apresenta-se não mais entre alunos e tutor.
como uma questão cultural, mas de sobrevi-
vência no mercado de trabalho. Como a com- Com o intuito de desenvolver a moda-
petitividade se torna cada vez mais intensa, lidade de educação a distância, expandindo
apenas os mais aptos e capacitados para lidar e interiorizando a oferta de cursos e pro-
com questões emergentes e que envolvem, gramas de educação superior no país, foi
em geral, o uso de tecnologias sobressaem-se criado o Sistema Universidade Aberta do
e conseguem se manter. Brasil (UAB), através do Decreto 5.800 de 8
de junho de 2006, tendo como integrantes
Nos últimos anos, o acesso à informa- universidades públicas, em nível, federal, es-
ção aumentou sobremaneira, principalmente tadual ou municipal e Institutos Federais de
graças ao uso da internet. Dentre os benefí- Educação, Ciência e Tecnologia. Essas insti-
cios que a rede virtual proporcionou, desta- tuições são responsáveis por determinados
ca-se a possibilidade de acesso à educação cursos a serem oferecidos para uma deter-
para pessoas que não frequentaram cursos minada região, com polos de apoio presen-
presenciais devido a dificuldades financei- cial, aos quais o aluno pode recorrer para
ras, logísticas e incompatibilidade de horá- sanar dúvidas conceituais e administrativas.
rios na relação trabalho-estudo, por meio da Esses polos costumam ser gerenciados por
Educação a Distância (EaD). prefeituras ou pelos governos estaduais. No

RBAAD – O tutor a distância e sua formação para o trabalho em ambientes virtuais de aprendizagem
ambiente virtual, o aluno costuma ter no tu- edições futuras do curso a partir do que ob-
tor a distância a figura de referência em rela- servamos nessa experiência.
ção à parte conceitual e pedagógica do curso.
FORMAÇÃO DE TUTORES
A literatura apresenta uma gama de au- 13
PARA EAD
tores que já abordaram ações e comporta-
mentos necessários ao tutor com o objetivo Giannella, Struchiner e Ricciardi (2003)

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de propiciar uma aprendizagem significativa pontuam que as modalidades presencial e a
aos alunos. No entanto, para que essas ações distância não diferem em sua essência. No
e comportamentos ocorram, é fundamental entanto, ressaltam que a Educação a Distância
que os cursos de formação de tutores lhes apresenta especificidades que necessitam
possibilitem uma formação adequada. de estudo e discussão para que o processo
educacional em um ambiente virtual ocorra
Torna-se, portanto, indispensável uma com bons resultados. Por conta disso, o tutor
discussão no âmbito dos cursos de forma- a distância tem características diferentes de
ção para tutores, de modo a contribuir para um formador que atua em cursos presenciais
uma análise crítica sobre esse tema. Objetiva- e essas especificidades devem ser levadas em
se, neste trabalho, abordar a figura do tutor consideração em sua formação.
e sua formação na tentativa de responder às
seguintes indagações: Medeiros et al. (2010) mencionam que a
autonomia para estudar é um requisito muito
Será que os tutores recebem uma formação importante na Educação a Distância, porém,
compatível com sua importância no processo isso não deve ser sinônimo de abandono ou
de ensino-aprendizagem na EaD? Os cursos de solidão. Além disso, a distância física entre os
formação abordam as ações e comportamentos envolvidos nesse processo de ensino-aprendi-
necessários para que o tutor desenvolva sua zagem impossibilita que o aluno se encontre
função de maneira eficaz? com o professor para sanar possíveis dúvidas,
como ocorre na modalidade presencial.
Para tentar refletir sobre essas ques-
tões, propomos, em 2012, por meio da Dessa forma, faz-se necessária a presença
Coordenação Geral de Tutoria de uma insti- de um orientador, alguém habilitado a obser-
tuição federal de ensino superior do Rio de var e ajudar na trajetória para a construção do
Janeiro, um Curso de Formação de Tutores conhecimento desse aluno. Cria-se, portanto,
em EaD (CFTEaD). Esse curso é apresentado um novo conceito, um novo profissional e,
ao longo desse trabalho, destacando-se sua consequentemente, um novo papel no ato de
estrutura e alguns de seus resultados obser- educar: o tutor (SCHLOSSER, 2010). Ele, o
vados pelos autores do texto por meio dos tutor, deve ser um parceiro dos estudantes, es-
fóruns de discussão e das tarefas realizadas timulando-os a uma aprendizagem autônoma
pelos cursistas, que eram, em geral, profissio- na busca pela construção do conhecimento e
nais de educação ou interessados em atuar na em atividades de pesquisa (BELLONI, 2003),
área. Antes de apresentar o CFTEaD, traze- além de ter pleno domínio teórico sobre o
mos alguns referenciais teóricos a partir de conteúdo que será trabalhado, bem como o
autores que sustentam as escolhas feitas para domínio e correto manejo das ferramentas
a estrutura do curso e que oferecem parâme- tecnológicas que serão empregadas durante a
tros norteadores para nossas observações. disciplina (ESQUINCALHA e ABAR, 2014).
Por fim, nas considerações finais, registramos Ressalta-se ainda que o tutor é mais que um
alguns pontos que nos pareceram positivos acompanhante funcional para o sistema, pois
e outros que precisam ser melhorados em desempenha uma função fundamental no

Volume 16 - 2017
processo de ensino-aprendizagem dos cursis- Diante do exposto sobre a importância
tas, passando a ser compreendido como um do tutor, torna-se substancial uma boa prepa-
professor que agrega conhecimentos técnicos ração desse profissional, sendo necessário o
da tutoria em EaD (RICCIO et al., 2007). oferecimento de cursos que possam prepará-
14 -lo para as práticas específicas demandadas
Aretio (2001) destaca algumas caracte- pela modalidade a distância, em particular,
rísticas que considera fundamentais para o em ambientes virtuais de aprendizagem.
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exercício da tutoria a distância: cordialidade,


aceitação, honradez, empatia e “a capacida- Alguns cursos de formação para tutores
de de desenvolver uma escuta/leitura inteli- têm sido oferecidos em nível de extensão, ca-
gentes”. Segundo o autor, a cordialidade está pacitação ou de especialização, porém, esses
associada a deixar o cursista confortável. Já a não são suficientes para suprirem a carência
aceitação está relacionada à compreensão de desta modalidade que se encontra em cons-
sua realidade. A honradez diz respeito à ho- tante crescimento. Nunes (2007) menciona
nestidade permanente na relação com o cur- que pelo fato da educação a distância ser rela-
sista. Por fim, a empatia se relaciona com o tivamente recente, existem poucos profissio-
estreitar dos laços. Essas qualidades ressaltam nais preparados para esta área e que grande
a relevância do afeto como um componente parte dos envolvidos saiu diretamente do en-
importante no exercício da tutoria a distân- sino formal ou presencial.
cia, visto que nessa modalidade, o cursista
muitas vezes se sente sozinho e as taxas de Neste contexto, Pimentel (2008) relata
evasão são relativamente altas. que a literatura discute o perfil do tutor, mas
o foco de como deve ser a formação que o
Uma pesquisa internacional sobre a tu- habilite para que seja um verdadeiro elo en-
toria a distância, realizada ao mesmo tempo tre os estudantes e o conhecimento ainda é
em cinco países, é discutida em um texto de algo limitado.
Preti e Oliveira (2004). Seu objetivo foi captar
diversas dimensões da atuação tutorial por Sendo assim, pode-se recorrer a Cassol
meio de suas “práticas discursivas”. Além dis- (2002), que trata da formação do tutor para
so, os autores investigaram o perfil do tutor, atuar na modalidade a distância e o que se es-
suas funções previstas, percebidas, executa- pera de cursos com essa finalidade. O autor
das e desejadas, e também o seu grau de satis- diz que a formação desse profissional deve
fação com o trabalho. incluir os fundamentos, a metodologia e a es-
trutura dos sistemas de EaD para sustentar as
Para os autores, a formação para a tutoria bases pedagógicas da aprendizagem sobre o
a distância precisa ser mais clara em relação comportamento das pessoas adultas.
ao seu objetivo, pois grande parte dos tutores
destacou “levar o cursista à reflexão e a res- Esquincalha e Abar (2014) discorrem
ponder ele mesmo às suas dúvidas” como sua sobre a proposição de um modelo para for-
principal atribuição. Por outro lado, respon- mação de tutores a partir do quadro teóri-
deram “tirar dúvidas” à pergunta “qual a ação co TPACK3 (MISHRA e KOEHLER, 2006),
mais desenvolvida em seu trabalho?”. Outro ressaltando a importância do domínio das
ponto relevante destacado como conclusão da ferramentas tecnológicas inerentes ao traba-
pesquisa é ainda a importância de os tutores lho no AVA, das questões pedagógicas para
participarem da elaboração do curso em que
vão atuar, a fim de experimentarem sua es- 3
sência, atuando como coautores do processo. Acrônimo para Technological Pedagogical Content
Knowledge. Conhecimento Tecnológico, Pedagógico
do Conteúdo, em português.

RBAAD – O tutor a distância e sua formação para o trabalho em ambientes virtuais de aprendizagem
formação de tutores (que são adultos e têm de prática especialmente criado para este pro-
demandas específicas) e do domínio do con- pósito. Todas essas atividades foram realiza-
teúdo que é objeto da tutoria. Esses autores das na Plataforma MOODLE e utilizaram o
pontuam, ainda, que esses três conjuntos de debate em Fóruns Temáticos, o envio de tare-
conhecimentos não são independentes, mas fas elaboradas a partir da leitura e discussão e 15
combinam-se entre si dando origem ao co- reflexão sobre os textos base disponibilizados
nhecimento tecnológico pedagógico do con- na Plataforma como recursos para o processo

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teúdo. Além disso, Esquincalha (2015) apon- de ensino-aprendizagem.
ta para a necessidade de formação específica
dos tutores para o desenvolvimento de com- O CFTEaD foi oferecido como um cur-
ponentes afetivo-atitudinais junto aos cursis- so livre, com duração de 60 horas, distribuí-
tas da modalidade a distância. das no período de 31 de março a 25 de maio
de 2012, totalizando 8 semanas de curso, as
Outros autores como Bairral (2005) e quais iniciavam-se sempre as quartas-feiras e
Aretio (2001) também ressaltam a importân- findavam-se nas terças-feiras da semana sub-
cia da afetividade no trabalho do tutor, desta- sequente, garantindo, dessa forma, a possibi-
cando posturas que desacam a cordialidade, lidade de acesso tanto em dias úteis quanto
a aceitação, a honradez, a empatia e “a ca- em finais de semana. Essa edição do curso
pacidade de desenvolver uma escuta/leitura contou com a participação de 590 alunos dis-
inteligentes”. Essas características refletem a tribuídos em 23 grupos. Cada grupo possuía
importância do componente afetivo no exer- cerca de 26 alunos e um tutor para orientá-los
cício da tutoria a distância, modalidade na nas atividades propostas, de modo a não pre-
qual o cursista tende a se sentir sozinho e que judicar a interação aluno-tutor e aluno-aluno.
apresenta taxas de evasão relativamente altas Esses tutores eram especialistas em EaD, com
(ESQUINCALHA, 2015). pelo menos três de experiência na função, e
foram selecionados a partir da avaliação da
Coordenação Geral de Tutoria dos Cursos de
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA E
Pós-Graduação a Distância da instituição em
ALGUMAS DISCUSSÕES
que atuavam há algum tempo.
Este trabalho se propõe a apresentar o
Curso de Formação de Tutores em Educação Para a aprovação, os cursistas deveriam
a Distância (CFTEaD), ofertado por uma obter nota final igual ou superior a 70 pon-
instituição federal de ensino superior, na tos, sendo a mesma oriunda da média arit-
modalidade a distância, tendo como pú- mética das somas das notas recebidas pelas
blico alvo egressos e concluintes dos cur- discussões nos Fóruns Temáticos e das notas
sos de pós-graduação lato sensu oferecidos recebidas nas Tarefas. Os Fóruns Temáticos e
na modalidade a distância, no âmbito do as Tarefas versavam sobre temas emergentes
Sistema UAB. na área de tutoria, fomentados pelo estudo e
discussão de textos da área. As Tarefas consis-
O CFTEaD teve início no primeiro se- tiam em produções textuais individuais a par-
mestre de 2012, com o objetivo de articular tir dos mesmos temas discutidos nos Fóruns.
teoria e prática, propondo ao aluno reflexões
a respeito de temas e fundamentos da EaD, Além das atividades pontuadas referi-
da importância do papel do tutor num curso das no parágrafo anterior, na sétima semana,
a distância, de sistemas de tutoria e avaliação também foi oferecido aos cursistas a possibi-
em EaD, além de realizar experimentações lidade de repor um fórum ou tarefa que que
em um Ambiente Virtual de Aprendizagem não tivesse sido realizada ou entregue, duran-
(AVA) com perfil de tutor, em um ambiente te as seis primeiras semanas do CFTEaD.

Volume 16 - 2017
A primeira semana do curso foi desti- experiências negativas estavam relacionadas
nada à apresentação dos alunos no fórum à falta de empatia e cordialidade por parte
(Apresentação dos participantes) e a sua am- de alguns tutores, o que é corroborado pelos
bientação no AVA. Além dessa atividade, foi estudos de Esquincalha (2015) a respeito da
16 disponibilizada uma Wiki, cujo tema era A importância dos componentes afetivo-atitu-
história de um tutor, a partir do qual todos dinais para evitar a evasão de alunos na mo-
os cursistas davam prosseguimento a uma dalidade a distância. Em relação às situações
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história inicializada pelo tutor de cada grupo positivas, majoritariamente apareceram refe-
para, posteriormente, ser compilada e dispo- rências à possibilidade do estudo a qualquer
nibilizada para todos terem acesso no final horário e local.
da semana. Uma wiki é uma ferramenta para
construção colaborativa de textos em meio Paralelamente ao fórum temático, os
virtual; trata-se de uma ferramenta nativa da cursistas fizeram uma produção textual, a
Plataforma Moodle. tarefa da semana, em que deveriam escolher
três experiências negativas citadas no fórum
Ainda durante a primeira semana, tam- e propor soluções. De forma geral, foram re-
bém foram disponibilizados vídeos sobre o correntes, mais uma vez, as questões afetivas.
CFTEaD e mensagens de boas-vindas aos
cursistas; o Guia do Aluno; um Glossário de Chegando à terceira semana, foi a vez de
construção coletiva sobre EaD; e uma pas- abordar o tema Sistemas de Tutoria em cursos
ta intitulada Biblioteca do Curso, contendo a distância. As discussões sobre o tema foram
textos auxiliares para os debates promovidos realizadas no fórum temático que teve como
durante as oito semanas. Além disso, foram base a análise dos sistemas de tutoria de sete
disponibilizados, por último, três links de- instituições que oferecem cursos na moda-
nominados Fórum de notícias (informes da lidade a distância, as quais, por questões de
coordenação aos cursistas, sem a possibili- ética, não tiveram seus nomes divulgados.
dade de interação), Comunicação com o tutor
(fórum de interação sobre questões adminis- O suporte teórico ficou a cargo de dois
trativas entre tutor e cursistas, por grupos) e textos base disponibilizados na plataforma:
Café Virtual (fórum sem mediação por parte Guia do Tutor dos Cursos de Pós-Graduação
dos tutores, onde os cursistas de todos os gru- (ESQUINCALHA, 2010) e Sistemas de Tutores
pos podiam interagir livremente, desde que em Cursos de Pós-Graduação a Distância
respeitando as normas para boa convivência). (ESQUINCALHA et al., 2009). Esses textos
Todos os itens descritos nesse parágrafo esti- versam sobre sistemas de tutoria que apresen-
veram ativos durante todo o curso. tam padrões de qualidade elevados, em acor-
do com os Referenciais de Qualidade para
Na segunda semana, abordou-se o tema Educação Superior a Distância (MEC, 2007),
Educação a Distância: conceitos e potencia- com a presença de tutores a distância e pre-
lidades. Foi criado um fórum temático pe- senciais trabalhando com grupos de não mais
dindo aos cursistas que relatassem situações que 25 alunos, até sistemas de tutoria em que
positivas e negativas vivenciadas na EaD, havia apenas um tutor para cerca de 500 cur-
tendo como suporte teórico o Texto Base sistas, tirando dúvidas conceituais em fóruns
Educação a Distância: conceitos e potencia- de discussão, o que nos parece inconcebível.
lidades (GIANNELLA e STRUCHINER, A tarefa da semana consistiu na proposição, a
2005). Como todos os cursistas eram egres- partir dos textos e das experiências dos parti-
sos de cursos a distância, foi possível travar cipantes, de um sistema de tutoria que pare-
importantes discussões sobre boas práticas cesse eficaz à luz dos parâmetros de qualidade
em um ambiente virtual. De forma geral, as discutidos pela literatura da área.

RBAAD – O tutor a distância e sua formação para o trabalho em ambientes virtuais de aprendizagem
As discussões da quarta semana tiveram cursistas puderam conhecer melhor as possi-
como tema A importância do papel do tutor bilidades de edição da plataforma. Para isso,
num curso a distância. Para esse debate, foi foi criado um ambiente exclusivo de prática,
disponibilizado o texto base Lições aprendidas no qual eles operaram as principais ferra-
em experiências de tutoria a distância: fatores mentas que a plataforma possui. 17
potencializadores e limitantes (GIANNELLA
et al., 2003). A ideia das discussões da sema- Para estimular os cursistas a manipula-

Associação Brasileira de Educação a Distância


na era conhecer um pouco melhor as ações rem o ambiente de prática e interagirem com
e comportamentos que se esperam de um ele, foi solicitada uma tarefa na qual eles de-
tutor frente a situações conflitantes que po- veriam escolher um assunto relacionado a
dem ocorrer no ambiente de aprendizagem. uma disciplina de seu interesse e criar um
Foi solicitado aos cursistas, como tarefa da tópico sobre algum assunto dessa disciplina.
semana, redigir um texto relatando como se O tópico deveria conter um título, um pe-
comportariam frente a algumas situações- queno texto de apresentação, um arquivo de
-problema (problematizadas de modo a mos- texto, um fórum e uma tarefa (envio de ar-
trar as consequências de cada uma delas) que quivo único).
podem vir a ocorrer no dia a dia do tutor.
Para subsidiar essa tarefa, foi oferecido aos Como apoio, os cursistas tiveram à dis-
cursistas um texto de apoio que versava sobre posição um fórum para tirar dúvidas sobre
as seguintes situações: 1) tutor com dificulda- a Plataforma Moodle; quatro tutoriais sobre
des técnicas em relação ao ambiente virtual; como editar tópicos, criar fóruns, inserir e ex-
2) tutor tendo que mediar conflito entre cur- cluir atividades e recursos; um passo-a-passo
sistas; 3) tutor discordando das ideias do tex- sobre como criar os itens solicitados na tarefa;
to sugerido para discussão pela coordenação; e o Texto Base Manual do MOODLE – Perfil
4) tutor frente a cursistas com mais conheci- de Professor (Equipe do Projeto EaD – CPD –
mento que ele em relação ao tema em discus- MOODLE UFBA, 2008).
são; 5) tutor tendo que lidar com excesso de
afetividade e constrangimentos em fóruns de Na penúltima semana desse curso, ver-
discussão; 6) silêncio virtual. são 2012, o tema proposto foi Ambientes
Virtuais de Aprendizagem e a Plataforma
Ao iniciar a quinta semana de curso, os MOODLE. O foco dessa semana foi discutir
cursistas tiveram como tema Avaliação em o tipo de abordagem utilizado em diferen-
EaD. Baseado nos textos O tutor-professor e a tes plataformas de EaD (Teleduc, Aulanet,
avaliação da aprendizagem no ensino a distân- Moodle, etc.). Além do fórum temático,
cia (GUSSO, 2009) e Avaliação de fóruns de também foi proposta como tarefa uma pes-
discussão (DOMINGUES, 2006), no fórum quisa em que os alunos deveriam descrever
temático foram discutidos os critérios de ava- dicas de como poderiam utilizar pelo menos
liação que os cursistas adotariam ao avaliar quatro ferramentas da plataforma. Naquela
um fórum temático e os motivos de suas es- semana, também foi possível repor uma ta-
colhas. Como tarefa, os cursistas deveriam refa que não tivesse sido realizada nas seis
descrever os tipos e formas de avaliação que primeiras semanas.
eles utilizavam no ensino presencial e refle-
tir sobre a possibilidade de sua utilização (ou Para auxiliar os cursistas, foram dispo-
não) na modalidade a distância. nibilizados dois textos base: Uma introdu-
ção aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Durante a sexta semana de curso, cujo (SALVADOR, 2010) e Definição de um am-
tema foi Edição de Recursos e Tarefas na biente de cursos para ensino/aprendizagem de
Plataforma MOODLE – Experimentação, os Estatística via Internet (RODRIGUES, 2002).

Volume 16 - 2017
Por fim, a última semana foi destinada em conta as relações interpessoais entre os
à avaliação do curso, feita pelos alunos. No participantes do grupo. Ressalta-se também
fórum aberto para essa finalidade, três itens que o link Café Virtual permite uma socia-
deveriam ser abordados: avaliação do curso; lização entre todos os cursistas, indepen-
18 avaliação do tutor; e avaliação da participa- dente dos seus grupos, o que foi apontado
ção do cursista. como positivo.
Associação Brasileira de Educação a Distância

Observa-se que as Semanas 1, 6 e 8 ti- O acesso a um ambiente de prática, no


veram uma média de participação abaixo qual era possível editar e criar tópicos no
das demais, o que já era esperado, uma vez AVA, possibilitou aos participantes um con-
que a primeira semana se destinou apenas tato com a forma como são criados os cur-
às apresentações dos cursistas, enquanto que sos na plataforma e, consequentemente, um
na sexta e na oitava semanas os fóruns foram maior esclarecimento sobre esse tópico.
exclusivamente para tirar dúvidas sobre a
Plataforma e para a realização da avaliação Na edição do CFTEaD de 2013, além da
do curso, respectivamente. experimentação em relação aos conhecimen-
tos técnicos de edição do Moodle, foi propos-
ta uma ciranda de mediação, em que cada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
aluno teve a oportunidade de mediar uma
Esse texto trouxe um relato de experiên- discussão no fórum que criou ao longo de
cia da implantação de um curso de formação dois ou três dias. Para isso, cada grupo de cur-
de tutores para EaD em uma instituição fe- sistas foi dividido em alguns subgrupos, de
deral de ensino superior, sediada no estado modo que todos os alunos tivessem a oportu-
do Rio de Janeiro. Verificou-se que o curso nidade de vivenciar, mesmo que brevemente,
apresenta carga horária e distribuição das ati- a oportunidade de mediar um fórum de dis-
vidades organizadas por períodos semanais cussão. Em 2014, essa etapa passou de uma
que estão de acordo com o proposto pela lite- para cerca de três semanas. Dessa maneira,
ratura consultada e que foi avaliado positiva- além dos conhecimentos tecnológicos, os
mente pela maior parte dos alunos. conhecimentos pedagógicos e tecnológicos-
-pedagógicos (MISHRA e KOEHLER, 2006),
Além disso, a sequência na qual os temas tão fundamentais, também passaram a ser
foram abordados (Apresentação dos parti- contemplados, além dos afetivo-atitudinais.
cipantes; O que é Educação a Distância, os
prós e contra dessa modalidade; Sistemas de Ao se analisar o item Avaliação, verifica-
tutoria; A importância do papel do tutor no -se que o curso apresenta um tópico específi-
ensino a distância; Avaliação na Educação co no qual esse tema é debatido, uma vez que
a Distância; Prática na Plataforma Moodle; avaliar é uma tarefa que costuma proporcio-
Abordagens construtivistas presentes nos nar discussões polêmicas, tanto na modalida-
Ambientes Virtuais de Aprendizagem) pare- de presencial quanto a distância. Verifica-se
ce ter sido bem-sucedida, conforme os indi- ainda, no que diz respeito a esse item, que
cadores extraídos das avaliações dos alunos. o próprio curso oferece formas variadas de
avaliar os participantes, como por sua parti-
Observa-se ainda que o curso disponibi- cipação em fóruns temáticos, pela construção
liza canais de comunicação exclusivos entre colaborativa de textos (wiki), e pelo envio de
o tutor e o aluno, além dos fóruns temáticos tarefas de produção individual de textos.
que propiciam uma aprendizagem colabora-
tiva por meio das discussões e interatividade De posse dos comentários dos alunos,
entre tutor-aluno e aluno-aluno, levando-se verificou-se uma boa aceitação frente ao

RBAAD – O tutor a distância e sua formação para o trabalho em ambientes virtuais de aprendizagem
CFTEaD, que contemplou as necessidades br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/
de seus participantes. Vários alunos sugeri- d5800.htm>. Acesso em: 23 mai 2011.
ram que, em vez de fórum, fosse utilizado um
formulário anônimo, externo à plataforma, o BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educa-
que foi analisado pela coordenação e imple- ção nacional Lei nº 9.394/96. 5. ed. Rio de 19
mentado nas versões seguintes. Janeiro: DP&A, 2002.

Associação Brasileira de Educação a Distância


Por fim, cabe ressaltar que os autores BRASIL. Ministério da Educação.
desse texto não defendem ou acreditam em Referenciais de qualidade para a EaD. 2007.
único modelo eficiente para formação de tu- Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
tores a distância, entretanto, diante da oferta seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf>.
de algumas versões bem-sucedidas do curso Acesso em: 07 mai 2013.
de formação em tela e com base em avali-
ções da coordenação e dos cursistas, julgou- BRASIL. Relatório de Avaliação do
-se pertinente compartilhar a experiência Plano Plurianual 2008-2011. 2011.
para que seja discutida e melhorada pelos Disponível em: <https://www.goo-
profissionais responsáveis pela formação de g le.com/url?q=http://p or tal.me c.gov.
tutores a distância das mais diversas insti- br/index.php%3Foption%3Dcom_
tuições que tomam para si esse importante e do cman%26t ask%3D do c_
complexo desafio. download%26gid%3D8567%26Itemid%3-
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Volume 16 - 2017
2
Artigo

A CONCEPÇÃO DE TUTORES A DISTÂNCIA SOBRE


INTERATIVIDADE E A FORMAÇÃO EM EAD:
UM ESTUDO DE CASO
Luiz Bento1
Milena de Sousa Nascimento2
Viviane Grenha3
Margarete Valverde Macedo4

RESUMO Palavras-chave: Educação a distância.


Interatividade. Formação.
Este trabalho tem como objetivo avaliar
a concepção que os tutores a distância de um
ABSTRACT
curso de graduação têm sobre interatividade
e a relação dessa concepção com sua forma- This paper aims to evaluate how an un-
ção específica em EaD e com sua prática na dergraduate program’s distance tutors see
tutoria. Para poder entender esta problemá- interactivity and how their views relate to
tica, foi enviado um questionário para tuto- their specific distance education training
res a distância do curso de Licenciatura em and tutoring practice. In order to unders-
Ciências Biológicas de um consórcio de ins- tand this problem, a survey was sent to dis-
tituições públicas para oferta de cursos de tance tutors working in programs that train
graduação na modalidade EaD do estado do future biological science teachers at public
Rio de Janeiro. Ao todo, 20 tutores a distância institutions offering distance education un-
responderam a todas as perguntas presentes dergraduate programs in the state of Rio de
no questionário, sendo amostrado um total Janeiro. Twenty distance tutors answered all
de 12 disciplinas diferentes. Através da aná- of the questions in the survey, comprising a
lise da resposta dos tutores a distância, o pre- total of 12 different courses. After analyzing
sente estudo pode concluir que uma alta for- the distance tutors’ answers, we concluded
mação acadêmica pode não necessariamente that high academic training may not neces-
representar um conhecimento específico sarily mean one has specific knowledge about
sobre aspectos relacionados à EaD e que cur- Distance Education-related aspects , and that
sos de formação específicos sobre Educação specific distance education courses are im-
a Distância são importantes para uma me- portant to better train tutors as promoters
lhor formação dos tutores como promotores of interactivity.
da interatividade.

1
Fundação Cecierj. E-mail: lbento@cecierj.edu.br
2
Fundação Cecierj. E-mail: milenasnascimento@gmail.com
3
Universidade Federal do Rio de Janeiro E-mail: vigrenha@gmail.com
4
Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: margaretevmacedo@gmail.com
Volume 16 - 2017
Keywords: Distance education. responsabilidade pelo seu próprio aprendiza-
Interactivity. Training. do, ou seja, diferente da educação presencial
tradicional, um aluno de curso a distância ou
semipresencial é orientado a usar todos os
RESUMEN
24 recursos de aprendizagem que são disponibi-
Este trabajo tiene por objetivo evaluar la lizados da forma mais colaborativa possível.
concepción que los tutores a distancia de un Isso, associado à flexibilidade de horários, faz
Associação Brasileira de Educação a Distância

curso de grado tienen sobra la interactividad com que seja ainda mais necessária a orga-
y la relación de esa concepción con su forma- nização do tempo, o empenho e a autodis-
ción específica en EaD y con su práctica de ciplina do estudante. Dessa forma, além dos
tutoría. Para poder comprender ese tema, se novos papéis de professor e aluno, surge na
envió un cuestionario a los tutores a distancia EaD um novo personagem, essencial nessa
del curso de profesorado (Licenciatura) en modalidade – o tutor –, que vai acompanhar
Ciencias Biológicas de un consorcio de ins- e orientar os estudantes diretamente visando
tituciones públicas para la oferta de cursos à aprendizagem.
de grado en la modalidad EaD del estado de
Río de Janeiro. En total, 20 tutores a distancia A tutoria é, portanto, essencial nos cur-
respondieron a todas las preguntas del cues- sos da modalidade a distância, e dessa for-
tionario, siendo que la muestra contempló ma, além da formação acadêmica na sua
un total de 12 asignaturas diferentes. Por me- área, o tutor deve também dominar temas
dio del análisis de la respuesta de los tutores importantes em Educação de um modo ge-
a distancia, este estudio puede concluir que ral e em Educação a Distância, particular-
una alta formación académica puede no re- mente. Nesse contexto, segundo importan-
presentar, necesariamente, un conocimiento tes pesquisadores em EaD (e.g. MORAN
específico sobre aspectos relacionados a la 1995, LEVÝ 2001, PETERS 2001), intera-
EaD y que cursos de formación específicos tividade, autonomia e afetividade são três
sobre Educación a Distancia son importan- aspectos importantes a serem considerados
tes para una mejor formación de los tutores no modelo tutorial, tonando-se necessário
como promotores de la interactividad. que todo tutor tenha uma boa base teórica
e prática sobre esses aspectos de forma a
Palabras clave: Educación a distancia. exercer melhor seu papel na mediação do
Interactividad. Formación. aprendizado do aluno. De um modo geral,
entender o papel do tutor na EaD e como
funciona sua relação com o aluno é essen-
1. INTRODUÇÃO
cial para um processo efetivo de construção
Com o advento das tecnologias de infor- do conhecimento, contribuindo, assim, para
mação e comunicação, a relação entre pro- a diminuição da evasão e para o aumento da
fessores e alunos ganha novas possibilidades qualidade nessa modalidade de ensino.
na Educação a Distância (EaD), uma vez que
eles não precisam estar em um mesmo es- Um tema que vem sendo debatido com
paço para que se constitua um ambiente de frequência é a função do tutor e os novos
ensino e aprendizagem estimulante e intera- papéis que esse profissional assume nos
tivo (MEDEIROS et al. 2010). Assim, na EaD, dias atuais (e.g. JAEGER & ACROSSI 2005,
surgem novos papéis para professores e alu- PAIANO 2006, LEAL 2004, MEDEIROS et
nos, nos quais o professor não é mais a figura al. 2010), uma vez que as atribuições do tutor
controladora e detentora do conhecimento, e vêm sofrendo modificações a partir de sua
o foco é deslocado para o aluno (OLIVEIRA, concepção inicial. Jaeger & Acrossi (2002),
2003). Nesse contexto, o aluno tem grande por exemplo, destacam que o papel inicial

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
do tutor estava basicamente ligado ao apoio O tutor a distância é considerado o prin-
ao professor, ao esclarecimento de dúvidas cipal elo entre o aluno e o conteúdo em cur-
de conteúdo e ao acompanhamento de ativi- sos a distância e, por este motivo, a interati-
dades. Na visão mais atual do papel do tutor, vidade entre o profissional e os alunos é de
além das atribuições citadas anteriormente, extrema importância para a construção do 25
são incluídas novas responsabilidades, ati- conhecimento e para a autonomia do aluno.
tudes e competências com relação a aborda- A avaliação da atitude dos tutores a distância

Associação Brasileira de Educação a Distância


gens pedagógicas e tecnológicas, como por para promover a interatividade é relevante na
exemplo: melhor entendimento do processo proposição de melhorias tanto das ferramen-
de aprendizagem em EaD; reconhecimento tas online quanto da capacitação para esta
da importância da afetividade nas relações modalidade de ensino.
com os alunos; busca de estratégias para
desenvolvimento da autonomia; e uso, cada Nesse contexto, o objetivo do presente
vez maior, de ambientes virtuais de apren- trabalho foi avaliar a concepção que os tuto-
dizagem e suas possibilidades de interati- res a distância de um curso de graduação têm
vidade (MACHADO & MACHADO 2004, sobre interatividade e a relação desta concep-
OLIVEIRA 2009). ção com sua formação específica em EaD e
com sua prática na tutoria.
Assumindo essas novas responsabilida-
des, segundo Leal (2004), o tutor seria um
2. METODOLOGIA
educador a distância selecionando conteú-
dos, discutindo estratégias de aprendizagem, O instrumento utilizado nesse estudo
problematizando o conhecimento, estabele- foi um questionário autoaplicado, contendo
cendo diálogos com os alunos e mediando questões semiestruturadas por meio do uso
problemas de aprendizagem. Dessa forma, da ferramenta formulário do site Google
na Educação a Distância, é necessária uma Drive (http://drive.google.com). A análise
revisão das concepções de aprendizagem, de dos dados foi realizada através do softwa-
conhecimentos e técnicas para aproveitar o re Microsoft Excel 2007. O questionário
máximo do uso das tecnologias e ferramen- (anexo 1) foi enviado aos tutores a distân-
tas, sendo a complexidade da ação docente cia do curso de Licenciatura em Ciências
mais claramente percebida do que na educa- Biológicas de uma instituição que oferece
ção presencial (MEDEIROS et al. 2010). cursos de graduação na modalidade semi-
presencial no estado do Rio de Janeiro. Este
Um aspecto que passa a ter grande rele- questionário, além de levantar a formação e
vância é a formação ideal dos tutores a dis- o conhecimento específico na área tecnoló-
tância. Segundo alguns autores (e.g. LEAL gica dos tutores, teve como objetivo conhe-
2004, PAIANO 2006, MEDEIROS et al. cer sua concepção em relação ao tema da in-
2010), as bases teóricas da formação inicial teratividade. O questionário apresentou um
do tutor deverão ser as mesmas de um profes- total de 9 perguntas, sendo sete fechadas e
sor presencial, incluindo uma boa formação duas abertas.
acadêmica na área de atuação e também a ex-
periência prática. Além disso, à sua formação O questionário foi enviado para os
devem ser acrescentados conhecimentos e tutores a distância no dia 19/05/2012, fi-
habilidades específicas necessárias ao desem- cando disponível para respostas até o dia
penho de funções, envolvendo o uso de tec- 30/05/2012. Todos os tutores que responde-
nologias e estratégias pedagógicas para me- ram ao questionário on-line assinaram um
diar, acompanhar e avaliar o aprendizado do termo de consentimento que está de posse
aluno no ambiente virtual de aprendizagem. do primeiro autor do presente trabalho. Ao

Volume 16 - 2017
final do período definido, 20 de um total de concluído e 50% deles possuíam doutora-
aproximadamente 90 tutores a distância do do concluído ou em andamento (Figura 1).
curso haviam respondido a todas as pergun- Em um curso de capacitação de tutores na
tas do questionário, sendo amostrado um Bahia, Souza e colaboradores (2007) relatam
26 total de 12 disciplinas diferentes. Existe uma que mais de 60% dos tutores possuíam ou
variação do número de tutores a distância a estavam cursando uma especialização, o que
cada semestre, uma vez que a carga horária mostra que os tutores amostrados no pre-
Associação Brasileira de Educação a Distância

dos tutores tem relação direta com o número sente estudo possuem, comparativamente,
de alunos inscritos. uma alta formação acadêmica. Entretanto,
considerando que o papel do tutor a distân-
cia está além do conteúdo acadêmico, sendo
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
este um motivador e efetivador do processo
A idade média dos tutores foi de 31 anos de aprendizagem (BATTISTI et al., 2011), a
(mínimo 23 e máximo 47 anos), sendo 70% formação acadêmica não pode ser o único
do sexo feminino. Em relação à formação aca- fator indicador do potencial pedagógico de
dêmica, 80% dos tutores possuíam mestrado um tutor em EaD.

Figura 1: Formação acadêmica dos tutores a distância (n=20) de um curso semipresencial


de Licenciatura em Ciências Biológicas, no estado do Rio de Janeiro, em pesquisa reali-
zada entre os dias 19 e 30 de maio de 2012.

Visando aprofundar o conhecimento em questão estava em um processo de capa-


sobre a formação dos tutores a distância citação dos tutores mais antigos e, por isso,
amostrados neste trabalho, foi concebido foram feitas perguntas fechadas, às quais os
um item no questionário que tratava sobre tutores poderiam responder não apenas se
a formação específica em EaD dos tutores. possuíam uma formação específica em EaD,
Durante o período do estudo, a instituição mas se eles consideravam essa formação

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
importante para um tutor a distância. As dado mostra que uma parte importante
respostas do item que questionava a for- dos tutores, mesmo tendo formação em
mação em EaD estão resumidas na figura EaD, não reconhece a importância desta
2. A maior parte dos tutores amostrados já para o seu trabalho em cursos a distância.
fez ou está fazendo um curso de formação Considerando os tutores que ainda não 27
específico em EaD (14) e uma grande par- têm formação em EaD, a maior parte (67%)
cela deles (7) acreditava que essa formação respondeu que pretende fazer um curso

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é imprescindível para um tutor a distância. específico de formação em EaD, pois seria
Ao mesmo tempo, aproximadamente 30% importante para sua formação (opção N1).
dos tutores que responderam de forma po- Apenas dois tutores optaram por respostas
sitiva escolheram a opção S1, que descreve afirmando que a motivação seria apenas
que a motivação para ter uma formação uma obrigação do curso ou que essa forma-
específica em EaD partiu de uma solicita- ção não seria imprescindível para um tutor
ção do coordenador do curso/tutoria. Esse a distância (opções N2 e N3).

Figura 2: Frequência de respostas dos tutores a distância (n=20) de um curso semipre-


sencial de Licenciatura em Ciências Biológicas, no estado do Rio de Janeiro, em relação
à pergunta: Está fazendo ou já fez algum curso de formação específico em EaD? N1: Não,
mas pretendo fazer pois acho importante para minha formação; N2: Não, mas pretendo
fazer pois poderei ser cobrado por isso; N3: Não, pois não acho que seja imprescindível
para um tutor ter formação específica em EaD; S1: Sim, mas apenas porque foi solicitado
pelo coordenador do curso/tutoria; S2: Sim, pois acho imprescindível para um tutor ter
formação específica em EaD; S3: Sim, pois acho que pode ser importante para minha
formação. Pesquisa realizada entre 19 e 30 de maio de 2012.

Tendo como base os conceitos de in- de interatividade para você? ” foram di-
teratividade em EaD de Amaral & Rosini vididas entre certas e erradas, no sentido
(2008) e Capelari & Barros (2008), as re- de estarem ou não estarem alinhadas aos
postas à pergunta aberta “Qual é o conceito conceitos dos autores acima. Exatamente

Volume 16 - 2017
50% (10) dos tutores tiveram respostas a interatividade no ambiente de aprendiza-
consideradas certas, pois incluíam a troca gem. Cerca de 54% dos tutores que fazem ou
de informações e/ou conexão entre duas ou já fizeram um curso específico de EaD res-
mais pessoas através do uso de ferramentas ponderam de forma considerada incorreta à
28 específicas. Podemos citar como um mode- pergunta conceitual sobre interatividade, o
lo de resposta correta: que mostra que o conteúdo de um curso de
formação em EaD também é um fator rele-
Associação Brasileira de Educação a Distância

“Para mim, interatividade é a comuni- vante. Um tema tão importante como esse
cação entre os diversos membros envol- deve ser mais trabalhado em cursos de EaD
vidos na EaD, possibilitada pelas ferra- de modo a garantir que todo aluno conclua
mentas de ensino nos AVAs” o curso com este conceito bem estabelecido.
Tutor 19. Ressaltamos, entretanto, que mesmo sem
uma definição correta sobre interatividade
Dentre os tutores que tiveram a resposta é possível que um tutor realize de forma
considerada incorreta (50%), podemos re- competente o seu trabalho, mas julgamos
gistrar basicamente dois grupos de erros, os relevante que qualquer tutor seja capaz de
tutores que consideraram que apenas as fer- definir de forma correta um conceito central
ramentas poderiam realizar a interatividade em sua área de atuação.
em cursos EaD e os tutores que consideraram
que a interatividade ocorre apenas em uma A segunda pergunta aberta deste estu-
via, entre tutores e alunos. Um exemplo de do fazia uma relação entre interatividade e
resposta incorreta que fazia referência apenas aprendizado em cursos à distância: “Você
às ferramentas foi: considera a interatividade importante para
o aprendizado de um aluno em um curso a
“Utilização de diferentes mídias (inter- distância? Por quê? ”. De todas as respostas,
net, vídeos, telefone)” apenas uma foi negativa, mostrando que a
Tutor 14. maior parte dos tutores reconhece a impor-
tante relação entre estes dois conceitos. A
Este tipo de resposta mostra que alguns segunda parte da pergunta, que pedia uma
tutores ainda não conseguiram visualizar o explicação da resposta afirmativa ou negati-
importante papel que eles têm na promo- va, teve um padrão de respostas voltado para
ção da interatividade. Segundo Capelari & a importância da relação tutor-aluno, sendo
Barros (2008), as ferramentas devem ser o a parte relativa à interatividade aluno-alu-
meio que ajuda a proporcionar a interativi- no pouco explicitada de forma marcante.
dade em EaD. Elas não trabalham sozinhas Exemplos desse padrão de resposta podem
e precisam do papel ativo dos tutores a dis- ser encontrados nas citações abaixo:
tância para que sejam efetivas no aumento
da interatividade em cursos à distância. A “Fundamental, pois num ensino a dis-
grande porcentagem de tutores que res- tância é ainda mais difícil o aluno se in-
pondeu de forma incorreta a uma pergun- serir do contexto teórico do assunto tra-
ta conceitual sobre interatividade mostra a tado, como quando acontece numa sala
relevância de cursos de formação em EaD de aula, com um professor presencial.
para que o tutor seja capaz de reconhecer A interatividade tutor-aluno é necessá-
seu importante papel no processo de ensi- ria para fortalecer esse vínculo do alu-
no-aprendizagem. Essa necessidade não diz no com a matéria, tornar-se íntimo do
respeito apenas a cursos gerais sobre EaD, assunto. No entanto, é imprescindível a
mas também cursos que trabalhem especi- discrição por ambas as partes para tal
ficamente o papel do tutor para promover interação se manter dentro dos limites

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
éticos, não envolvendo assuntos pesso- social do conhecimento. Sem interativida-
ais durante a interatividade. ” de aluno-aluno, o conhecimento passa a ser
Tutor 8. tratado em apenas uma via, sendo os alunos
receptores do conteúdo das disciplinas.
“Sim. A interatividade é um método de 29
manter o contato direto com o conteúdo Em uma pergunta fechada, os tutores
da disciplina na ausência de um profes- responderam sobre a importância dos atores

Associação Brasileira de Educação a Distância


sor presente. ” da EaD para a promoção da interatividade
Tutor 14. (Figura 3). Considerando a média das respos-
tas para cada ator da EaD, podemos perceber
Podemos perceber também que as res- que “Tutor” obteve a maior nota (9,9), sendo
postas mostram que essa parcela de tutores vê seguido por “Alunos” (9,3) e “Ferramentas
a interatividade como uma ferramenta usada da plataforma” (9,0). Sendo assim, podemos
para facilitar o entendimento individual do considerar que o papel do tutor foi considera-
aluno relativo ao conteúdo da disciplina. Os do o de maior importância para a promoção
aspectos relacionados à interatividade aluno da interatividade, sendo o papel dos alunos e
-aluno são citados apenas por 10% dos tuto- das ferramentas muito próximos na opinião
res, o que mostra que a visão de que a interati- geral dos tutores a distância amostrados. Este
vidade se resume apenas à relação tutor-aluno resultado mostra que, segundo os tutores, as
ainda está muito presente no conhecimento ferramentas da plataforma representam por
dos tutores amostrados. Esse comportamen- elas mesmas um papel importante na interati-
to reproduz o modelo do sistema educacional vidade, corroborando o resultado encontrado
presencial tradicional, centrado no professor. na pergunta aberta sobre o conceito de inte-
Segundo Amaral & Rosini (2008) os ambien- ratividade. Entretanto, é claro que ferramen-
tes virtuais de aprendizagem devem dar su- tas devem ser utilizadas para facilitar a comu-
porte a uma aprendizagem colaborativa, na nicação tutor-aluno e aluno-aluno e não são
qual os alunos participem de uma construção por si só provedoras de interatividade.

Figura 3: Frequência de respostas dos tutores a distância (n=20) de um curso semipre-


sencial de Licenciatura em Ciências Biológicas, no estado do Rio de Janeiro, em relação à

Volume 16 - 2017
pergunta: “Em uma escala de 1 a 10, escolha o nível de importância de cada item abaixo
para a promoção da interatividade em Educação a Distância”. As respostas foram fecha-
das em uma escala de 1 a 10 para cada ator da EaD. Cada barra representa a nota média
para cada ator. Pesquisa realizada entre 19 e 30 de maio de 2012.

30
As duas últimas perguntas do questio- Outras ferramentas síncronas podem ter
nário levantavam os tipos de ferramentas um importante papel na EaD. Castro (2007)
Associação Brasileira de Educação a Distância

que os tutores já tinham utilizado e as que ressalta que alunos podem ter desempenhos
eles consideram possibilitar maior interati- diferentes em ferramentas distintas e que
vidade (Figura 4). Podemos perceber que as por isso é importante o uso de várias formas
ferramentas mais utilizadas pelos tutores são de proporcionar a interatividade em cursos
o Fórum (20 citações), a Sala de Tutoria (20 à distância. No curso analisado é papel do
citações) e a ferramenta Atividade (16 cita- professor responsável pela disciplina esco-
ções), todas assíncronas. A Sala de Tutoria é lher as ferramentas para que os seus tutores
uma ferramenta específica para a colocação possam estimular a maior interatividade dos
de dúvidas, que funciona como um fórum atores da disciplina. Mesmo se os alunos es-
de perguntas e respostas somente entre tu- tiverem estimulados e os tutores possuírem
tores e alunos e não entre alunos e alunos. uma boa formação específica em EaD, um
Já a ferramenta Atividade é uma ferramenta ambiente virtual de aprendizagem precisa
que permite a postagem de arquivos anexa- ter ferramentas adequadas à interatividade.
dos, como avaliações a distância. Quando Sendo assim, não existe interatividade sem
analisamos as ferramentas que, segundo os um papel ativo dos tutores/alunos e sem o
tutores, possibilitam maior interatividade, uso de ferramentas síncronas e assíncronas
vemos que não há uma coincidência entre que ajudem a mediar essa relação.
as duas respostas. A ferramenta Atividade,
muito utilizada pelos tutores, não foi se-
quer citada como importante para a inte-
ratividade, e outras, como o Fórum e Sala
de Tutoria, também muito utilizadas pelos
tutores, receberam poucas citações em rela-
ção a sua importância para a interatividade.
Isso indica que as ferramentas mais utiliza-
das na plataforma deste curso, na opinião
dos tutores, não são diretamente aquelas
que possibilitam maior interatividade. Uma
ferramenta como o chat, por exemplo, que
só foi utilizada por 25% dos tutores (Figura
4), teve quase o dobro de citações conside-
rando a sua importância na interatividade
(45%; Figura 4). Esse padrão mostra que os
tutores apresentam o conhecimento de que
ferramentas síncronas podem ter um papel
importante para uma maior interativida-
de, mesmo não sendo utilizadas em suas
disciplinas. Segundo Ferreira & Bianchetti
(2004), “um chat é um espaço onde todos in-
teragem com todos e não apenas no sentido
professor-aluno”.

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
31

Associação Brasileira de Educação a Distância


Figura 4: Frequência de respostas dos tutores a distância (n=20) de um curso semipre-
sencial de Licenciatura em Ciências Biológicas, no estado do Rio de Janeiro, em rela-
ção às perguntas: “Selecione abaixo as ferramentas da plataforma que você já utilizou
em sua disciplina” e “Considerando as ferramentas listadas acima, qual(is) dela(s),
na sua percepção, possibilita(m) maior interatividade?”. Barras azuis representam as
ferramentas já utilizadas e barras vermelhas representam as ferramentas que possibi-
litam maior interatividade na opinião dos tutores. Pesquisa realizada entre 19 e 30 de
maio de 2012.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
capacitação em EaD responderam de forma
O presente trabalho apresentou um es- incompleta uma pergunta conceitual sobre
tudo de caso sobre a importância da inte- interatividade, esse quadro se torna ainda
ratividade em um curso EaD. No grupo de mais preocupante. Apesar de a maioria dos
tutores amostrados, 50% eram doutorandos tutores mostrar, nas perguntas subsequen-
ou possuíam o grau de doutorado, o que tes, que tem a noção intuitiva do que é inte-
mostra a alta formação acadêmica do grupo. ratividade, eles não trabalham de forma co-
Além disso, a maior parte deles estava cur- erente com essa noção. O investimento em
sando ou já havia cursado uma capacitação uma capacitação de qualidade dos tutores a
em EaD, mas cerca de 30% dos tutores que distância, aliada ao uso de ferramentas tanto
tinham um curso específico em educação a síncronas como assíncronas pode estimular
distância responderam que só fizeram este a interatividade em cursos a distância, au-
curso porque foram requisitados pelo co- mentando o interesse e a participação dos
ordenador de sua disciplina. Este resultado tutores na promoção da interatividade. Não
mostra que mesmo tendo uma formação menos importante é a formação em EaD dos
acadêmica de alto nível, nem todos os tuto- professores responsáveis pelas disciplinas
res reconhecem a importância de um curso para que seu planejamento inclua o uso de
de capacitação em EaD na sua atuação pro- ferramentas e estratégias que promovam a
fissional, o que pode causar um baixo apro- interatividade, propiciando mais oportuni-
veitamento do curso ou até mesmo uma re- dades de aprendizagem para todos.
jeição por parte dos tutores. Considerando
que 54% dos tutores que responderam
que estão fazendo ou fizeram um curso de

Volume 16 - 2017
REFERÊNCIAS e Gestão da EaD, 2010, UFF, Rio de Janeiro.
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Distância. Salvador, 2004. Disponível em:
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plina Sistemas de tutoria em cursos a distân-
cia, do curso Planejamento, Implementação

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
Associação Brasileira de Educação a Distância
33

Volume 16 - 2017
ANEXO 1
34
Associação Brasileira de Educação a Distância

RBAAD – A concepção de tutores a distância sobre interatividade e a formação em EAD: um estudo de caso
Associação Brasileira de Educação a Distância
35

Volume 16 - 2017
3
Artigo

DIALÉTICA DA TUTORIA: CONHECIMENTO A DISTÂNCIA,


GESTÃO E COMPARTILHAMENTO EM REDE

Eleonora Milano Falcão Vieira1


Marialice Moraes2
Jaqueline Rossato3

RESUMO forma, espera-se contribuir com discussões


A educação a distância evoluiu no sen- acerca dos recursos tecnológicos multimídia
tido da multipolaridade territorial, na ampla e com a qualificação de pessoal e material pe-
diversidade de oferta de cursos, na qualifica- dagógico em contínuo aperfeiçoamento, que
ção dos recursos multimídia e na especializa- tornam o programa EaD uma modalidade
ção de pessoal. A opção por essa modalidade institucional específica ou programática nas
de ensino permitiu sua institucionalização instituições presenciais.
em larga escala e consequente difusão do co-
nhecimento não presencial. Nessa modalida- Palavras-chave: Tutoria. Ambientes vir-
de, ressalta-se a função do tutor, a gestão da tuais. Compartilhamento em rede.
tutoria e a necessidade de compartilhamento
em rede do material pedagógico produzido
ABSTRACT
e dos métodos de estruturação e organiza-
ção administrativa nas diversas categorias Distance education has evolved so much
institucionais que ofertam a modalidade de in terms of territorial multipolarity, wider va-
educação a distância. Nesse sentido, o obje- riety of course offerings, and higher-quality
tivo deste artigo é analisar a importância do multimedia resources and personnel exper-
tutor, sua evolução conceitual, a gestão da tise. Opting for this type of education has
tutoria e o compartilhamento do material allowed for its institutionalization on a large
pedagógico produzido em consonância com scale and consequent diffusion of knowl-
os métodos de gestão por meio de rede com- edge without attending on-campus classes.
partilhada, visto que a educação a distância Distance education emphasizes the role of the
vem aprimorando seus ambientes virtuais tutor, the management of tutoring, and the
de aprendizagem. Para isso, utilizou-se uma need for network-sharing the teaching mate-
abordagem teórica e interpretativa da reali- rials produced and methods for structuring
dade de referência, particularizando a gestão and administratively organizing the various
de compartilhamento entre os diversos ma- types of schools offering distance education.
teriais oferecidos ao contexto tutorial. Dessa In that regard, the purpose of this article is

1
Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: eleonora.vieira@ufsc.br
2
Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: marialice.moraes@ufsc.br
3
Universidade Federal do Maranhão. E-mail: inerossato@gmail.com
Volume 16 - 2017
to analyze the importance of tutors, their de referencia, particularmente la gestión de
conceptual evolution, tutoring management, compartición entre los diferentes materiales
and sharing of teaching materials produced que se ofrecen al contexto tutorial. De esa for-
in accordance with the management meth- ma, se espera contribuir con las discusiones
38 ods through a shared network, considering sobre los recursos tecnológicos multimedios
distance education has been improving its y con la calificación de personal y material pe-
virtual learning environments. To do that, we dagógico en permanente perfeccionamiento,
Associação Brasileira de Educação a Distância

used a theoretical, interpretative approach to que hacen del programa EaD una modalidad
the reference reality and particularly focused institucional específica o programática en las
on how the sharing of the various materials instituciones presenciales.
offered to tutors is managed. Thus, we hope
to contribute to discussions about multimedia Palabras clave: Tutoría. Ambientes vir-
technological resources, personnel training, tuales. Compartición.
and continuously-improving teaching mate-
rials that make the distance education pro-
INTRODUÇÃO
gram a specific programmatic or institutional
modality at attendance-based institutions. A educação além do campo presencial
ganhou impulso nas últimas décadas no
Keywords: Tutoring. Virtual environ- Brasil. Em se tratando de um país de grande
ments. Network sharing. extensão territorial, com significativa diver-
sidade natural, social e cultural, fez-se ne-
cessária a criação de uma modalidade edu-
RESUMEN
cacional capaz de atender aos isolamentos
La educación a distancia ha evolucionado demográficos nacionais.
tanto en el sentido de la multipolaridad te-
rritorial, como en la gran variedad de ofertas A educação a distância trouxe a possibi-
de cursos, en la cualificación de los recursos lidade de extensão do conhecimento e da for-
multimedia y en la especialización personal. mação técnica em áreas com carência de ins-
La opción por esa modalidad de enseñanza talações físicas e de pessoal qualificado para o
ha permitido su inserción institucional en exercício do processo educacional.
amplia escala y la consecuente difusión del
conocimiento no presencial. En esa modali- O processamento de ensino e aprendi-
dad, se destaca el rol del tutor, la gerencia de la zagem teve um início lento, dependente do
tutoría y la necesidad de compartir en la red el instrumental tecnológico disponibilizado em
material pedagógico elaborado y los métodos conformidade com a evolução do conheci-
de estructuración y organización administra- mento, da ciência e da tecnologia. Foi neces-
tiva en las diferentes categorías instituciona- sário um certo tempo para que a educação a
les que ofrecen la modalidad de educación a distância se tornasse uma fonte importante
distancia. En ese sentido, el objetivo de este de formação técnica para os contingentes da
artículo es analizar la importancia del tutor, população com dificuldades de deslocamento
su evolución conceptual, la gestión de la tuto- até as unidades escolares presenciais.
ría y la compartición del material pedagógico
producido en conformidad con los métodos Consagrada na Lei de Diretrizes e Bases
de gestión por medio de red compartida, da Educação Nacional como uma modalidade
una vez que la educación a distancia viene a ser praticada no âmbito das políticas públi-
perfeccionando sus ambientes virtuales de cas voltadas à educação e à institucionaliza-
aprendizaje. Para ello, se ha utilizado un abor- ção de programas como a UAB (Universidade
daje teórico e interpretativo de la realidad Aberta do Brasil), a modalidade ganhou

RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


impulso. O avanço dos recursos multimídia verdade, a elevação do cidadão, pelo conheci-
para informação e comunicação permitiu mento e pela formação técnica, na escala so-
maior abrangência territorial com a crescen- cial. Conforme Vieira e Vieira (2007, p. 148),
te participação de Universidades Federais, “Realizada por meio de ações públicas, a qua-
Institutos Tecnológicos Federais e também de lificação contínua do sujeito projetará os valo- 39
Unidades Acadêmicas Privadas. res da vida na pluralidade dos espaços sociais”.

Associação Brasileira de Educação a Distância


O que se verifica na atualidade é uma ins- Todavia, para que o reconhecimento do
titucionalização da educação a distância em valor da educação a distância fosse conquis-
diferentes estágios de domínio, alcançando, tando espaço, impunha-se a credibilidade
em muitos casos, uma ampla diversidade de na qualificação do ensino. Tal credibilidade
cursos técnicos, de graduação e pós-gradua- não dependia apenas de ambientes virtuais
ção. Assim, foi sendo definida, pela diversi- com mídias tecnológicas adequadas, mas de-
dade e intensidade do processo em EaD, uma pendia, primordialmente, da qualificação de
verdadeira modalidade educacional, cujas re- docentes especificame nte preparados para
lações entre os agentes envolvidos se diferen- o desempenho das formas de conhecimento
ciavam nitidamente das formas tradicionais e para a utilização do instrumental técnico.
praticadas na educação presencial. “Com o desenvolvimento da EaD, surgem no-
vas figuras profissionais no trabalho docente.
Gradualmente disseminada em diversos A relação ensino-aprendizagem nesse contex-
territórios, conforme o alcance e o financia- to, conta, por exemplo, com o docente-tutor”
mento de políticas voltadas para o aprimo- (MILL et al., 2008, p.113).
ramento técnico das populações envolvidas,
a modalidade a distância ganhou impulso. Essa relação de causa e efeito é natural
Contudo, o sucesso dessa modalidade de no campo da educação. O avanço de conhe-
ensino, em seu processo de evolução e aper- cimentos sempre ocorre por consequência da
feiçoamento, está na dependência da quali- ampliação da capacidade cognitiva humana.
ficação de pessoal, numa conectividade ade- Nesse sentido, abre-se o horizonte do aperfei-
quada entre o instrumental tecnológico e a çoamento pedagógico na prática de ensino e,
especialização profissional. por outro lado, cria-se a necessidade de ino-
vação das tecnologias utilizadas como meios
A especialização profissional na área de de informação e comunicação.
ensino, particularmente, remete ao embate
constante entre realidades que se renovam Atualmente vivemos um novo marco na
permanentemente. O educador, ao se espe- evolução do conhecimento e na geração de
cializar e renovar a prática de transmissão do tecnologias, principalmente das tecnologias
conhecimento, assume o papel principal na multimídia, que são fundamentais à expansão
elevação cultural das comunidades. É sempre de qualidade na educação a distância. Essa re-
oportuno lembrar que a educação é a base alidade conduz à introdução de novas formas
primordial para a formação da nacionalidade, de qualificação de material humano para o
da construção da consciência e da harmonia desempenho de atividades correlatas à com-
social, sendo, portanto, prioritária na elabo- plexa estruturação dos ambientes virtuais.
ração das políticas públicas.
No campo das realidades globais, eco-
A educação na modalidade a distância nômicas, financeiras, intelectuais e cultu-
permite disseminar o conhecimento em lo- rais, forma-se uma identidade conectiva em
cais distantes dos grandes centros urbanos ambientes tecnológicos de interação. É uma
e marcados por desigualdades sociais. É, na nova realidade, tangível e intangível por onde

Volume 16 - 2017
se movimentam os fluxos de comando, negó- distinção qualificada de seu pessoal de atu-
cios, padrões de comportamento, de lingua- ação, como no caso do tutor e da gestão da
gem e significados. As tecnologias multimídia tutoria de forma compartilhada.
permitem o desenvolvimento dessa etapa in-
40 terativa de ação material e virtual na evolução
ASPECTOS METODOLÓGICOS
das plataformas de ensino presencial e da mo-
dalidade a distância. No desenvolvimento desse trabalho,
Associação Brasileira de Educação a Distância

seguiu-se uma metodologia teórica, interpre-


A educação a distância como uma im- tativa da realidade de referência, particula-
portante ferramenta na difusão do conhe- rizando a gestão de compartilhamento entre
cimento deve equiparar-se, qualitativamen- os diversos materiais oferecidos ao contexto
te, à modalidade presencial. Os objetivos, tutorial. A abordagem interpretativa encon-
o alcance social, o caráter soberano para o tra amparo na funcionalidade estrutural e
desenvolvimento nacional são os mesmos. organizacional das instituições. Gioia e Pitre
Embora a educação presencial tenha uma es- (1990) elencam algumas características inter-
trutura, organização e condição de pessoal e pretativas como o diagnóstico e a conversão
material estabelecidas na tradição do ensino, da construção social da realidade em proces-
a educação a distância hoje é parte integran- so analítico e de entendimento.
te de unidades acadêmicas de diversos tipos,
mas não como um apêndice ou um comple- O caráter fenomenológico adotado no
mento, mas como parte da estrutura organi- método objetivou a identificação de pa-
zacional, dos objetivos e metas estabelecidas drões, imbricação e o significado das relações
no campo acadêmico. (CRESWELL, 1994). Para Triviños (1987), a
fenomenologia procura estabelecer conheci-
Há uma convergência entre as duas mo- mento intersubjetivo de validade ampla po-
dalidades de ensino ditadas pela necessida- dendo, no caso estudado, abranger uma pauta
de de aprofundamento do conhecimento. de gestão universalizada.
Necessidade com suporte no aprimoramen-
to dos quadros docentes e de apoio técnico, O método adotado valoriza o processo de
bem como no avanço da instrumentalização gestão institucional, considerando a organiza-
tecnológica. Essa é uma constatação crescente ção da gestão como um pressuposto sistêmico
em todas as instituições com programações à realização objetiva e de qualidade na moda-
presenciais e a distância. lidade de educação a distância.

O que se observa na realidade brasileira, Ademais, este trabalho compõe, em par-


ainda que com grandes carências na geração te, uma ampliação das discussões acerca do
de novos conhecimentos no campo científi- projeto de pesquisa que apresentou propostas
co/tecnológico, é a preocupação com a difu- de integração e inteligências coletivas para a
são da formação técnica como mão de obra Rede e-Tec Brasil que permitem a produção,
qualificada para o desenvolvimento do país. armazenamento, compartilhamento e utili-
Por essa razão, a educação a distância vem zação da informação e do conhecimento de
ampliando seu leque de oferta de cursos no forma colaborativa.
processo educacional brasileiro.
A Rede e-Tec Brasil é uma ação do MEC
Como parte da estrutura acadêmica das para fomento de cursos técnicos na modali-
Universidades Federais, Institutos Federais dade a distância que estabelece orientações e
e da conformação privada do ensino, a edu- diretrizes para apoio financeiro na formação
cação a distância impõe uma aceleração na dos profissionais da educação dos Institutos

RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. distância vem sendo assegurada pelo avanço
Em termos práticos, a missão da rede é am- das tecnologias da informação.
pliar a oferta de educação profissional e téc-
nica na modalidade a distância por meio de “A sociedade informacional é constituída
cursos gratuitos e com assistência técnica e pelo paradigma do conhecimento e da infor- 41
financeira do MEC. mação, a nova organização social dele deriva-
da se apoia firmemente no uso das técnicas

Associação Brasileira de Educação a Distância


que o instrumentalizam” (VIEIRA; VIEIRA,
O CONHECIMENTO A DISTÂNCIA
2004, p. 99). Portanto, conhecimento, infor-
A evolução humana, das civilizações, das mação e tecnologia se viabilizam na moda-
sociedades organizadas, assim como o maior lidade a distância sempre que se processe,
ou menor ritmo de desenvolvimento econô- continuamente, a qualificação de recursos
mico, social e cultural é uma consequência da humanos operacionais.
capacidade do homem de gerar e evoluir em
formas de conhecimento. Qualificar os contingentes populacionais
em dispersões territoriais, promovendo a
Na sociedade atual, o espaço global é qualificação dos recursos humanos necessá-
uma ordem complexa e dominante e de fun- rios ao desenvolvimento equitativo no con-
cionalidade sistêmica. Internamente, em cada junto nacional é a grande prioridade a ser
sociedade nacional, há a imperiosidade de se estabelecida nas políticas públicas. São as es-
alcançar níveis de desenvolvimento compatí- tratégias educacionais à qualificação contínua
veis com a ordem global. Em se tratando de do sujeito nacional que projetará no conjunto
amplas territorialidades, como a brasileira, os da nação os desempenhos técnicos nos diver-
mecanismos de qualificação das populações sificados espaços sociais do país.
dispersas em espaços de desigualdades sociais
se tornam mais prementes. Há no desenvolvimento nacional a preva-
lência dos paradigmas da eficiência e da ino-
O desenvolvimento das estruturas cog- vação. Essa evidência conduz ao aprimora-
nitivas está condicionado ao grau de envol- mento da concepção educacional, entendida
vimento da relação entre o natural e o social de forma dinâmica e inovadora. “A educação
nas diferentes comunidades. Essa relação é o impulso primordial do desenvolvimento
tende à ruptura pelo avanço do desenvol- humano. É a educação que garante o signifi-
vimento, sempre em expansão, focado em cado da vida e os valores da consciência so-
alguma forma de produção. Os novos co- cial” (VIEIRA; VIEIRA, 2007, p.148).
nhecimentos que acompanham o avanço da
produção passam a pressionar recursos hu- Numa sociedade de valores diversos, tra-
manos à formação técnica. Nem sempre, por dições enraizadas e inibições à mudança, é
condicionamentos locais, dimensionamento premente a necessidade de nela fazer chegar
e indisponibilidade de recursos financeiros, os novos paradigmas que ditam o ordena-
é possível a instalação de unidades de ensi- mento da vida moderna.
no seguindo as plataformas tradicionais dos
centros de maior adensamento urbano. O conhecimento na modalidade a dis-
tância evoluiu, nos últimos dez anos, para
A educação a distância tornou-se uma novos ambientes de ensino/aprendizagem.
ferramenta adequada para a compatibilização Não se trata, como antes, de atender apenas
do desenvolvimento e da disponibilização dos aos distanciamentos espaciais, nos quais o
recursos humanos necessários. A qualidade aluno enfrentava dificuldades de mobilida-
nos polos disseminadores do conhecimento a de decorrentes de variáveis físicas e sociais.

Volume 16 - 2017
Presentemente, diversas instituições ofere- a evolução conceitual, a gestão da tutoria e
cem cursos em EaD não necessariamente o compartilhamento do material pedagógico
pela distância, mas pela disponibilidade dos produzido, bom como os métodos de gestão
alunos em tempos e locais que lhes sejam por meio de rede compartilhada.
42 mais favoráveis para a formação em suas áre-
as de preferência. Em todo processo de ensino, indepen-
dente da modalidade, o docente é o centro da
Associação Brasileira de Educação a Distância

A necessidade leva o conhecimento bá- ação educacional. É a pessoa qualificada para a


sico, técnico e especializado para além dos transmissão e geração do conhecimento, com
maiores centros de adensamento da popula- capacidade de desencadear nos estudantes o
ção e isso vem descentralizando o conheci- potencial cognitivo e proporcionar a evolução
mento nas cidades onde há instalações para a do pensamento (VIEIRA; VIEIRA, 2004).
prática do ensino.
Em educação a distância, a figura do pro-
As gerações atuais e as novas, principal- fessor se identifica na denominação de tutor e
mente, enfrentarão um cenário de ocupações seu campo de ação em tutoria. Muitas abor-
bem diferente do passado recente. As unidades dagens se referem ao tutor em EaD. Entre elas
estratégicas de produção mudaram o perfil dos a de docente-tutor (MILL et al., 2007); profes-
edifícios fabris de poucos anos atrás. Tanto em sor on-line (BORBA et al., 2007); tutor virtual
termos de produção total, como na utilização (MILL; FIDALGO, 2007); orientador acadê-
de mão de obra cada vez mais especializada. A mico (RODRIGUES; BARCIA, 2009); asses-
alta tecnologia exige especializações cada vez sor pedagógico (ALONSO, 2000); e professor
mais sofisticadas. Portanto, para os jovens se orientador, (MORAN, 2008). Independente
inserirem nesse novo modelo de ocupação, são da nomenclatura, o tutor é o agente principal
necessários aprendizados novos, correspon- para a execução do ensino, interagindo, dire-
dentes às exigências do mercado de trabalho. tamente, com os alunos na orientação do ma-
terial de formação e no diálogo construtivo de
Os serviços e as iniciativas empreendedo- promoção da formação pedagógica, técnica e
ras, por sua vez, enquadram-se na nova rea- especializada em diversos graus do processo
lidade. A tecnologia, portanto, torna-se um de educação a distância.
decisivo agente de mudança nos métodos de
trabalho, nos modelos organizacionais e na Com atribuições antigas de tutela, ou
vida das pessoas individual e coletivamente. seja, de proteção e defesa, o tutor na área da
educação ganhou, já no século XV, nas uni-
versidades, atribuições de orientador de reli-
A EVOLUÇÃO CONCEITUAL DE
gião e de comportamento social. Foi somente
TUTOR E GESTÃO DA TUTORIA
no século XX que o tutor assumiu o papel de
A educação a distância vem aprimoran- orientador de trabalhos acadêmicos, signifi-
do seus ambientes virtuais de aprendizagem. cado esse incorporado aos atuais programas
Instalações físicas de suporte aos polos, recur- de educação a distância (SÁ, 1998).
sos tecnológicos multimídia, qualificação de
pessoal e material pedagógico em contínuo Atualmente, o tutor em EaD é um profis-
aperfeiçoamento tornam o programa EaD sional credenciado para o exercício de funções
uma modalidade institucional específica ou no processo de aprendizagem, sendo, inclusive,
programática nas instituições presenciais. agente fundamental na qualificação dos cursos.

Para o objetivo central deste trabalho, o Nos referenciais de Qualidade para a


destaque analítico é a importância do tutor, Educação Superior a Distância (BRASIL,

RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


2007), “o tutor é tido como personagem fun- seu modelo tutorial que atenda às especifi-
damental no processo educacional de cursos cações regionais e aos programas e cursos
superiores a distância e “compõe o quadro propostos” (PETRI, 1996).
diferenciado no interior das instituições”. O
tutor, portanto, na realidade atual em EaD, O bom desempenho dos tutores tem su- 43
é um professor qualificado, com formação porte na agenda de gestão estratégica, cujos
específica para o desempenho de atribuições princípios básicos se fundamentam em: com-

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também específicas. petência acadêmica; competência tecnológi-
ca; competência administrativa e institucio-
É de se ressaltar, contudo, que figuram nal; competência de gerenciamento. Cabe ao
como atribuições correlatas as funções de gestor da tutoria institucionalizada viabilizar
promover espaços de construção coletiva de essas competências no desempenho dos tuto-
conhecimento, selecionar material de susten- res. Para tanto, é preciso elaborar princípios
tação teórica aos conteúdos, esclarecer dúvi- impressos de atuação que servirão de orienta-
das por meios dos fóruns de discussão pelos ção à padronização de determinadas ativida-
meios tecnológicos de comunicação, parti- des de ensino e aprendizagem nos ambientes
cipar de videoconferências e contribuir com virtuais inerentes à educação a distância.
processos avaliativos, além de outras que a
própria evolução da modalidade a distância A tutoria, como processo organizacio-
vai impondo. nal responsável pela qualidade e eficiência
das atividades do tutor, deve ser institucio-
Para o eficiente desempenho das atribui- nalizada em coordenação envolvendo di-
ções de tutor, é indispensável a elaboração de versos desempenhos. Entre eles, atribuições
parâmetros de gestão da tutoria. Trata-se de de visitas periódicas aos polos de apoio pre-
definição de procedimentos colaborativos, ca- sencial, acompanhamento do trabalho dos
pazes de orientar as atividades dos tutores em tutores e reuniões virtuais por meio de vi-
ambientes virtuais de aprendizagem. deoconferências para o aprimoramento pe-
dagógico dos cursos.
O tutor é a pessoa detentora de atributos
para determinados fins de docência na mo- A gestão de tutoria tem, portanto, ca-
dalidade a distância. A tutoria é um processo, ráter sistêmico, conectando os atores que
um conjunto de procedimentos envolvendo giram em torno dos tutores. A qualificação
diversidades pedagógicas de acordo com as dos cursos ofertados depende das inter-
ofertas de cursos pelas instituições educacio- -relações que se estabelecem por normas e
nais. A tutoria como complexo de ações peda- princípios de funcionalidade.
gógicas de formação técnica e especialização
a serem procedidas em ambientes não presen- Um plano de tutoria deve ser previamente
ciais comporta uma agenda própria de gestão. estabelecido. No âmbito sistêmico, ressaltam-
-se as atividades de acompanhamento a par-
A operacionalização da educação a dis- tir de informações registradas nos ambientes
tância é um trabalho de equipe que proces- virtuais de aprendizagem, seguindo os fluxos
sa, orienta e avalia determinadas estratégias de procedimentos previamente estabelecidos.
para a aprendizagem dos alunos. Participam
do processo de gestão os coordenadores de O plano de tutoria e sua correspondente
tutoria, os tutores a distância, os tutores pre- gestão identificam um instrumento didático-
senciais e o pessoal de apoio técnico. Com o -pedagógico para dar maior segurança ao
rápido avanço dos cursos em EaD, em diver- trabalho do tutor. Os tutores, dentro de suas
sos níveis, “cada instituição busca construir competências, participam diretamente da

Volume 16 - 2017
elaboração do plano de tutoria, sistematizado com a coordenadoria, visando, sempre, a
com a gestão de tutoria em cada instituição. inovação, a qualificação e a mudança com
atenção ao aperfeiçoamento da modalidade
A gestão de tutoria tem na avaliação uma de educação a distância.
44 de suas principais atribuições. Na verdade, a
qualidade dos cursos, o desempenho do tutor, Na avaliação, deve ser identificada a com-
a estrutura e a organização de apoio depen- petência do tutor não só no domínio de con-
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dem fundamentalmente do sistema de ava- teúdo como também em sua disposição para
liação estabelecido. Podem-se elencar vários participar de programas de aperfeiçoamento
quesitos básicos de avaliação no contexto de e demonstrar aptidão para a ampliação do co-
uma gestão de tutoria. O tutor deve ser uma nhecimento via atualização bibliográfica.
presença constante no ambiente virtual, pois
a interação dele com os alunos não deve se Na gestão de tutoria pode-se estabelecer
distanciar a ponto de abrir lacunas na regu- uma série de indicadores relevantes para guiar
laridade do processo de educação a distância. o acompanhamento das atividades dos tuto-
res. Essa prática permite o acompanhamento
Também sua disponibilidade é indis- das atividades desempenhadas pelos tutores e
pensável para outras tarefas que exijam par- a mensuração do trabalho individualizado de
ticipação em reuniões de trabalho, análises cada tutor, de acordo com seus campos de atu-
críticas, relatórios e diálogo construtivo ação. A seguir, alguns indicadores sugeridos:

Quadro 1: Indicadores de acompanhamento das atividades dos tutores


Atividades Indicadores
Quantidade de fóruns propostos
Fóruns Duração
Quantidade de intervenções realizadas
Quantidade de chats
Duração
Bate papo Grau de participação do tutor
Ausências
Atrasos
Envio e recebimento Número de e-mails recebidos e enviados pelo tutor
de e-mails Tempo de re respostas do tutor para cada mensagem

Resposta aos alunos Tempo de retorno ao aluno por meio de data e hora de sua publicação

Tempo para iniciar a correção após a entrega do trabalho


Correção de
Tempo médio, mínimo e máximo de retorno
atividades
Publicação e atualização das informações no mural do ambiente
Publicação e atualiza-
Número de publicações postadas, conforme solicitações da coordenação
ção das informações
Tempo de atualização das informações
no mural do ambiente
Publicação e dis-
ponibilização de ma- Número e frequência dos materiais publicados
terial complementar
Fonte: Almeida; Pimentel; Stiubiener (2012)

RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


A gestão de tutoria conta com um con- relacionada ao conhecimento e à aprendiza-
junto instrumental de apoio a partir do desen- gem é gerada numa dimensão espacial e re-
volvimento das tecnologias de informação e passada à outra, produzindo o alcance de um
comunicação (fóruns, chats, diálogos) e ainda objetivo ou meta. Especificamente, a trans-
todas as ferramentas de avaliação e constru- missão de conhecimento, a formação técnica 45
ção colaborativa (wikis, glossários, livros). e a especialização são processadas pelos siste-
mas de redes voltadas à educação a distância.

Associação Brasileira de Educação a Distância


Há uma conectividade entre a gestão do
conhecimento e a gestão eficiente do sistema A multipolaridade no campo da educa-
de tutoria. Na experiência formam-se comu- ção a distância gera, na diversidade das orga-
nidades de práticas, definidas como grupos nizações acadêmicas, metodologias de gestão
informais e interdisciplinares de pessoas uni- de diferentes formatos. Fluxos de gestão são
das em torno de um interesse comum. desencadeados representando várias formas
de atuação e poder.
As comunidades são auto-organizadas de
modo a permitir a colaboração de pessoas in- As redes estratégicas não contemplam
ternas ou externas ao grupo; propiciam o vín- apenas as organizações econômicas e finan-
culo e o contexto para facilitar a transferência ceiras, “são também montadas para os fluxos
de melhores práticas e o acesso a especialistas, sociais, amparadas em políticas públicas, ca-
bem como a reutilização de modelos, de co- pazes de dinamizar os fundamentos da ele-
nhecimentos e das lições aprendidas. vação social: a educação e a saúde pública”
(VIEIRA; VIEIRA, 2014, p. 114).
Também pode-se mencionar o mento-
ring, que é uma relação de trabalho entre um A educação presencial utiliza as redes
membro mais experiente e um iniciante; a para a interatividade interinstitucional, tan-
narrativa, usada quando uma pessoa possui to no plano nacional como internacional. Na
conhecimento interessante de sua experiência modalidade a distância, a rede é o meio pri-
pessoal; portal de conhecimento, que utiliza mordial para a execução de seus objetivos.
o espaço web de integração de sistemas cor-
porativos com segurança e privacidade de da- O que realmente precisa ser ressaltada é
dos; ambientes de trabalhos físicos e virtuais, a necessidade de compartilhamento em rede
com vistas ao compartilhamento na criação do material produzido na gestão da tutoria
do conhecimento; e redes sociais de ampla di- em cada instituição. A disponibilização desse
fusão de informações e conhecimento. material, originalmente em arquivos impres-
sos ou virtuais em rede de compartilhamento
de informações, representaria um ganho para
COMPARTILHAMENTO EM REDE
as práticas de gestão da tutoria.
A sociedade atual tem um marco que a
diferencia das anteriores. É a sociedade das Um manual de gestão da tutoria para o
práticas econômicas, financeiras, sociais, cul- uso em rede deve apresentar padronização e
turais e educacionais organizadas num siste- orientação para o exercício da gestão de tu-
ma global de redes, de ampla interatividade e toria. Seriam estabelecidos parâmetros para
de novos significados. a elaboração pela Secretaria de Educação
Básica (SEB) e do Fundo Nacional de
As redes movimentam fluxos direcio- Desenvolvimento da Educação (FNDE) de
nados para determinados fins da atividade um manual colaborativo no qual constassem
humana em várias escalas dimensionais, lo- as informações referentes à realização das
cais, regionais e internacionais. Uma prática atividades do tutor no ambiente virtual de

Volume 16 - 2017
aprendizagem. Também os métodos e as téc- educativas de formação básica, tecnológica e
nicas para recrutamento, seleção, capacitação, especialização. Não há mais lugar, na realida-
acompanhamento e avaliação de desempenho de interativa da presente modernidade, para
ganhariam uma agregação de valor. a compartimentação do conhecimento, da in-
46 formação e da comunicação.
A elaboração de uma proposta de cons-
trução colaborativa tem como objetivo apoiar A educação a distância precisamente
Associação Brasileira de Educação a Distância

a gestão, capacitar e produzir conhecimento alarga a fronteira do conhecimento, da quali-


em parceria e compartilhar informações e do- ficação pessoal e da inclusão social pela via da
cumentos sobre recursos e materiais didáticos. educação. O desenvolvimento nacional ao ní-
vel de bem-estar para todos só pode ser alcan-
Vale ressaltar que, nesse interstício, çado na medida da qualificação da população.
cabe ao MEC, através da extinta Secretaria
de Educação à Distância (SEED) e hoje por O fenômeno da urbanização torna os
meio da SEB e do FNDE, as atribuições de grandes centros de adensamento populacio-
agente de inovação tecnológica nos pro- nal focos irradiadores do conhecimento, da
cessos de ensino e aprendizagem, fomen- inovação e da mudança. “Há efetivamente,
tando a incorporação das Tecnologias de duas conexões dimensionadas na presente
Informação e Comunicação (TICs) e das modernidade. De um lado a dimensão trans-
técnicas de educação a distância aos métodos nacional das atividades econômicas, das rela-
didático-pedagógicos. ções sociais e da inteligência global; de outro
a dimensão nacional, ainda em processo lento
A partir desse enfoque, portanto, torna- de mudança e inserção na ordem mundial.
-se relevante a colaboração dos coordenado- Essas duas dimensões atribuem funcionalida-
res de curso e coordenadores de tutoria para a des diferentes para as cidades e zoneamentos
elaboração do manual dirigido ao atendimen- urbanos” (VIEIRA; VIEIRA, 2014, p. 91).
to das necessidades da rede compartilhada. O
sistema ganharia em participação e orienta- A expansão da educação a distância é
ção das atividades dos gestores de tutoria. hoje abrangente em cidades de diferentes
portes, em zoneamentos urbanos incluindo
As experiências vivenciadas pela orga- comunidades de pequeno porte.
nização das coordenadorias nas várias insti-
tuições que ofertam educação a distância já Num cenário educativo que se amplia
dispõem de um estoque de material valioso rapidamente, todas as experiências devem
sobre as práticas de gestão de tutoria, parti- ser disponibilizadas em rede compartilhada,
cularmente. A discussão e o estabelecimento deixando à disposição de todos os interessa-
de diretrizes para formar a rede comparti- dos as competências sociais e profissionais
lhada de informações que sirvam de subsí- na estrutura e organização das coordenações
dios a toda modalidade de educação a dis- de tutoria.
tância seriam iniciativas valiosas, não só de
compartilhamento, mas subsidiariamente, A contribuição a toda modalidade sistê-
para a confecção do manual a ser sugerido à mica a distância seria no sentido de melhor
SEB/MEC e ao FNDE. gerenciamento das equipes, na administração
de talentos, no incentivo de habilidades e na
O conhecimento é uma fronteira aberta à manutenção do interesse dos grupos opera-
capacidade cognitiva das pessoas. Enriquecida cionais. Desse modo, será ressaltado o valor
com informações, a mente humana desenvol- de cada experiência a partir dos pontos posi-
ve novas formas de conhecimento e práticas tivos das práticas adotadas.

RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


O manual a ser sugerido para a SEB/MEC Particularmente, o desempenho do tutor
e ao FNDE servirá de guia para todas as insti- ganha relevância, como também a retaguarda
tuições que já estão inseridas na modalidade pedagógica e de gestão que garante a produ-
a distância, bem como àquelas que venham a ção de um trabalho de qualidade. O sucesso
participar dessa forma de difusão do conheci- de seu desempenho depende, além do esforço 47
mento e formação especializada da juventude, pessoal, da equipe de entorno, da gestão de
guardadas certas particularidades locais. tutoria, de uma gama de material impresso

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de orientação e padronização a ser disponi-
bilizado nos ambientes virtuais de ensino. A
CONSIDERAÇÕES FINAIS
rica experiência que as instituições vêm acu-
Ao longo desse trabalho, foi desenvolvida mulando nas últimas décadas com a prática
a visão dialética da modalidade a distância para de educação a distância inspira a ideia de
a difusão do conhecimento e práticas de apren- um compartilhamento em rede de informa-
dizagem para a qualificação de mão de obra es- ções sobre material produzido e seus graus
pecializada. A ampliação do conhecimento na de compatibilidade nos diversos segmentos
dispersão populacional brasileira, em diversas dessa modalidade de ensino, considerando as
escalas de adensamentos, tornou-se uma im- diversidades locais e regionais.
periosidade, de acordo com o desenvolvimen-
to e a integração nacional via educação. Há, ainda, a considerar, a contribuição
a ser oferecida à SEB/MEC e ao FNDE para
A modalidade EaD exige qualificações elaboração de um manual de gestão de tutoria
específicas no campo programático, no do- no qual seriam estabelecidos parâmetros de
mínio tecnológico e nos métodos de gestão caráter colaborativo com informações rele-
como suporte às atividades pedagógicas. O vantes para a atividade do tutor nos ambien-
sentido da educação a distância é o de forma- tes virtuais de aprendizagem.
ção com os pressupostos de qualidade, capa-
zes de garantir um padrão equânime com o A proposta formulada a partir da cons-
praticado nas estruturas presenciais. trução da rede colaborativa de informações
sobre tutoria representa a interatividade de
Há, reconhecidamente, uma mudan- experiências sobre recursos e materiais uti-
ça de domínio no horizonte das ocupações lizados nas diversas práticas da educação
humanas. As sempre renovadas tecnologias, a distância.
as estruturas organizacionais, as estratégias
de produção e a interatividade intelectual O conhecimento e as práticas educativas
na realidade global têm exigido, progressi- devem representar uma fronteira em aberto,
vamente, novos níveis de qualificação para não só para permitir a instrumentalização dos
as novas gerações. A inserção delas na mo- meios como para, principalmente, avançar
dernidade tão dominante da atualidade de- continuamente na ampliação da capacidade
sencadeia a necessidade de ampla qualifica- cognitiva dos estudantes.
ção pessoal, quase sempre acompanhada de
especializações específicas. Parâmetros de conhecimento, informa-
ções, comunicações e práticas de aprendiza-
No caso da educação a distância, para que gem no campo da educação a distância devem
se atinjam níveis desejados no objeto central da ser disponibilizados e compartilhados em
ação, conhecimento e formação técnica, há inú- rede de acesso a consultas que levem ao aper-
meras variáveis a serem consideradas, tanto do feiçoamento das práticas de aprendizagem na
ponto de vista das instalações físicas como as que modalidade a distância.
envolvem pessoal docente e de apoio técnico.

Volume 16 - 2017
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RBAAD – Dialética da tutoria: conhecimento a distância, gestão e compartilhamento em rede


4Artigo

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS


ATORES EM UM FÓRUM DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:
UMA PESQUISA-AÇÃO
Cynthia Helena Soares Bouças Teixeira1
Ricardo Luiz Perez Teixeira2
Ricardo Shitsuka3
Dorlivete Moreira Shitsuka4

RESUMO Palavras-chave: Ensino a distân-


cia. Aprendizagem. Educação superior.
Uma das ferramentas mais importantes Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem
-AVA é o fórum e nestes é preciso que o
ABSTRACT
aluno participe ativamente para que ocorra
o aprendizado. Em um fórum se realizam One of the most important tools of the
postagens permitindo que ocorra a interati- Virtual Learning Environments -AVA is the
vidade entre os atores de modo a ocorrer a forum and in these it is necessary that the stu-
construção do saber social. Este artigo tem dent participates actively for the learning to
como objetivo apresentar um estudo de mu- occur. In a forum, there are postings allowing
dança critérios de avaliação de participação interactivity between the actors to take place in
por parte dos atores em um fórum de EaD. order to create social knowledge. This article
Realizou-se uma pesquisa qualitativa do aims to present a study of changing criteria for
tipo pesquisa-ação em um Curso Superior evaluation of participation by the actors in an
de Tecnologia no qual incialmente havia EaD forum. A qualitative research of the type
pouca interatividade e no primeiro encontro research-action was carried out in a Superior
presencial houve uma proposta de mudan- Course of Technology in which there was ini-
ça de critérios de avaliação de participação tially little interactivity and in the first face-to-
nos fóruns. Este estudo complementa outros -face meeting there was a proposal to change
relacionados na turma relacionados com a criteria of evaluation of participation in the
mudança de atitude dos atores. Com os no- forums. This study complements others rela-
vos critérios, observou-se resultados melho- ted in the class related to the attitude change of
res e os alunos se mostraram otimistas com the actors. With the new criteria, better results
o sucesso obtido. were observed and the students were optimis-
tic about the success obtained.

1
Universidade Federal de Itajubá. E-mail: cyrilet@gmail.com
2
Universidade Federal de Itajubá. E-mail: ricardo.luiz@unifei.edu.br
3
Universidade Federal de Itajubá. E-mail: ricardoshitsuka@unifei.edu.br
4
Universidade Faculdades Metropolitanas Unidas. E-mail: dorlivete@uol.com.br
Volume 16 - 2017
Keywords: Distance Learning Strategies. Nos Ambientes Virtuais de
Learning. College education. Virtual Aprendizagem (AVA) a ferramenta fórum é
Learning Environment. uma das mais utilizadas para realizar a inte-
ratividade. No artigo faz-se uso da base te-
50 órica apresentada por Risemberg, Shitsuka e
RESUMEN
Tavares (2015) referente aos padrões de in-
Una de las herramientas más importan- teratividade em ferramentas de AVA. Neste
Associação Brasileira de Educação a Distância

tes de los Ambientes Virtuales de Aprendizaje estudo, utilizou-se outra ferramenta de inte-
-AVA es el foro y en estos es necesario que ratividade que era a wiki e constatou-se que
el alumno participe activamente para que os alunos de um curso de tecnologia na área
ocurra el aprendizaje. En un foro se realizan de informática interagiam menos que outros
posturas permitiendo que ocurra la interac- de cursos de graduação na área de humanas e
tividad entre los actores de modo que ocurra de ciências sociais aplicadas.
la construcción del saber social. Este artículo
tiene como objetivo presentar un estudio de Mais dois autores da base teórica são:
cambio criterios de evaluación de participa- Wallon (2008) e Vygotsky (2013) cujos con-
ción por parte de los actores en un foro de ceitos em relação à aprendizagem, apontam
EaD. Se realizó una investigación cualitativa no sentido da aprendizagem por meio da
del tipo investigación-acción en un Curso afetividade e interação social respectiva-
Superior de Tecnología en el que inicialmen- mente. Já nos ambientes virtuais há os tra-
te había poca interactividad y en el primer balhos sobre aprendizagem em ambientes
encuentro presencial hubo una propuesta de virtuais apresentadas por Ribeiro, Todescat e
cambio de criterios de evaluación de partici- Jacobsen (2015).
pación en los foros. Este estudio complemen-
ta otros relacionados en la clase relacionados A autonomia é considerada como sen-
con el cambio de actitud de los actores. Con do importante no aprendizado em AVA, de
los nuevos criterios, se observaron resultados modo que o aluno trabalhe buscando o co-
mejores y los alumnos se mostraron optimis- nhecimento por meio da pesquisa, interativi-
tas con el éxito obtenido. dade e de forma colaborativa entre seus pares.
Freire (2013) considera que os alunos devem
Palabras clave: Enseñanza a distancia. possuir autonomia nos processos educacio-
Aprendizaje. Educación superior. Entornos nais. Estas questões são complementadas
Virtuales de Aprendizaje. por Gottardi (2015) que trabalha a autono-
mia dos alunos nos AVA e Santos (2014) que
aborda a colaboração entre alunos.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a cultura da Educação a Torna-se interessante realizar um traba-
Distância (EaD) está mais presente na so- lho conjunto dos alunos e tutores de modo
ciedade brasileira e a cada ano, mais alunos a se alcançar uma participação ativa. Para
procuram cursos de graduação nesta moda- Dockter (2016) os profissionais de tutoria
lidade. O avanço continuado da tecnologia que conseguem superar as barreiras da parti-
principalmente por meio dos dispositivos cipação passiva para a ativa estão sendo cada
móveis, facilitam o acesso aos cursos a dis- vez mais requisitados para trabalho em AVA.
tância no nível de graduação. De acordo com
o SEMESP (2015) há mais de um milhão de Algumas questões que surgem são:
alunos matriculados anualmente em cursos
superiores EaD. 1. Como resolver problemas educacio-
nais de modo que os atores se envolvam

RBAAD – Critérios de avaliação da participação dos atores em um fórum de educação a distância: uma pesquisa-ação
nas decisões para melhorar os cursos 2. O APRENDIZADO COM
a distância? METODOLOGIA ATIVA EM
AMBIENTE VIRTUAL
2. A comunicação por meio da interati- Para os autores Godberg (2010), Berbel
vidade na ferramenta pode ajudar no (2011), Gemignani (2012), Barbosa e Moura 51
aprendizado na EaD? (2013), Freire (2013), Borges e Alencar
(2014), De Deus (2014), Moran (2015),

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Este artigo tem como objetivo apresentar Gouvea et al. (2016), nas metodologias ati-
um estudo de mudança critérios de avaliação vas, o ensino e a aprendizagem passam a ser
de participação por parte dos atores em um focados nos estudantes e suas participações.
fórum de EaD. Neste contexto, em AVA, o fórum se torna
uma das ferramentas mais utilizada para se
Realizam-se as avaliações de respostas às trabalhar com metodologias ativas. Esta, faz
entrevistas por meio da análise do discurso com que o aluno tome decisões autônomas
conforme a escola francesa de conforme con- e aceite as responsabilidades por suas posta-
sideram os autores Foulcalt (2007) e Mazzola gens. Trabalhando-se desta forma, propicia-
(2009). Este estudo complementa outros re- -se o respeito pela inteligência e o paradigma
lacionados na turma relacionados com a mu- na capacidade do aluno ser o centro do pro-
dança de atitude dos atores e que integram cesso e desenvolver habilidades e competên-
uma linha de estudos de pesquisa social. cias conforme sua velocidade e interesse isso
favorece a formação de um ambiente demo-
Neste artigo trabalha-se a seguir, os itens: crático, flexível e participativo.

O aprendizado com metodologia ativa Bolaño (2007) considera que a Web


em ambiente virtual. Neste tópico aborda- é rede que democratiza a informação. De
-se a metodologia ativa como uma forma de fato, a informação nesta rede fica disponível
trabalho do processo de aprendizagem tanto para os usuários. Para Wolton (2010) infor-
presencial como também virtual na qual o mação não é o mesmo que comunicação. A
aluno é responsabilizado pelo seu aprendiza- comunicação é uma via de duas mãos e nela
do e é levado a trabalhar ativamente na busca ocorre a interatividade, deste modo conside-
pelo seu saber. ramos que a Web democratiza a comunica-
ção, e esta colocação se aproxima da realiza-
O crescimento em quantidade de cursos e da por Marcondes (2011) que considera as
vagas previstos na EaD brasileira nos próximos Tecnologias de Informação e Comunicação
anos. No tópico apresentam-se dados e infor- (TIC) favorecendo a cultura participativa e
mações sobre Leis e fatos que corroboram no a democratização.
sentido de confirmar que a EaD é uma modali-
dade educacional em expansão no Brasil.
3. O CRESCIMENTO EM
QUANTIDADE DE CURSOS E
O aprendizado na interatividade forense.
VAGAS PREVISTOS NA EAD
Este tópico é trabalhado à luz de teóricos da
BRASILEIRA NOS PRÓXIMOS ANOS
educação como é o caso de Wallon na ques-
tão da afetividade e Vygotsky no aprendizado Já há alguns anos, o Brasil possui anual-
envolvendo a interação social e no ambiente mente mais de um milhão de alunos matri-
forense, a interatividade. Ao longo do texto, culados em cursos superiores EaD (SEMESP,
considera-se indistintamente tutores ou pro- 2015). Em relação ao total de alunos matri-
fessores virtuais. Em muitas instituições os culados anualmente no ensino superior, a
professores são os conteudistas. EaD representa cerca de 15%. A realidade

Volume 16 - 2017
brasileira, no entanto, tende a elevar esta par- 4. O APRENDIZADO NA
ticipação para os próximos anos. INTERATIVIDADE FORENSE
Stair e Reynolds (2011) e Laudon e
A quantidade de alunos nos cursos supe- Laudon (2015) consideram os sistemas como
52 riores EaD pode duplicar ou aumentar mais sendo conjuntos de componentes, que intera-
ainda, nos próximos anos. Uma das causas gem de modo interdependente para alcançar
desse aumento vem por meio da Lei no 13.005, objetivos comuns. A comunicação quando
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de 2014, que apresenta as metas do Plano ocorre Web, forma sistemas sócio-técnicos
Nacional de Educação (PNE) para o decênio pelos quais passarão os fluxos informacionais.
entre 2014 a 2024. Por meio deste, aguarda-se
que em 2024 se alcance um aumento na taxa Quando a interação social acontece por
bruta de matricula 50% maior, para alunos na meio da Web, ela pode ser considerada como
faixa etária entre 18 a 24 anos. (Schincariol, sendo uma interatividade. Através dela acon-
2014, UFC, 2014, VEJA, 2014). tecem as trocas sociais entre atores dos cursos
EaD, possibilitando a apropriação do saber.
Somando-se aos cursos de gradua- Ribeiro, Todescat e Jacobsen (2015) conside-
ção, existem outras vagas correspondentes ram que ela acontece através da ação do sujei-
aos cursos de pós-graduação e os cursos to sobre o objeto do conhecimento e também
de extensão. dos esquemas de significação os quais estabe-
lecem relações com o novo saber.
Outro fator vem com Brasil (2017) que
considera por meio da Portaria Normativa Tenório, Ferrari Júnior e Tenório (2015),
no 11/2017, que há a possibilidade de abertu- consideram que nos fóruns EaD, para que os
ra de polos EaD pelas instituições, conforme alunos entendam a proposta, torna-se im-
as regras, mas sem necessidade de inspeção portante que exista uma apresentação inicial
por parte dos avaliadores designados pelo na abertura do fórum. Este é um momento
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas importante no qual o aluno precisa entender
“Anísio Teixeira” (INEP). claramente o que será trabalhado no fórum.

Verifica-se que a legislação atual favo- Risemberg, Shitsuka e Tavares (2015)


rece a expansão de cursos de graduação em apresentam resultados de um estudo realiza-
ambientes virtuais, além disso observa-se do em turmas EaD de cursos de graduação
que, com o aumento de uso das tecnologias em Pedagogia, Administração e Tecnologia
móveis também se favorece o crescimento na da área de informática, nos quais se observou
quantidade de cursos de extensão e de curta diferenças de interatividade e participação na
duração na modalidade e-learning. ferramenta wiki.

Confirma-se então que a EaD possui um Apesar da ferramenta utilizada ser dife-
caminho livre para realizar as expansões nos rente de um trabalho forense, há semelhan-
próximos anos. Belloni (2002) considera que ças e pode-se considerar que pela natureza do
a EaD é parte de um processo de inovação curso, os alunos do curso de menor duração,
educacional amplo e inclui a integração das que é o de tecnologia, apresentem uma inte-
TIC aos processos de ensino e aprendizagem ratividade mais baixa que a dos outros cursos
das escolas. de maior duração e que levam a mais reflexão.

Num fórum cabe ao tutor manter seus


alunos focados no tema e conteúdo em dis-
cussão. Para realizar este trabalho, torna-se

RBAAD – Critérios de avaliação da participação dos atores em um fórum de educação a distância: uma pesquisa-ação
interessante o emprego de critérios de ava- saber e para que isso ocorra ela deve seguir
liação das postagens, do tipo rubrica como uma metodologia e utilizar alguma técnica
afirmam Tenório, Ferrari Júnior e Tenório por exemplo para realizar a coleta de dados e
(2015). Uma vantagem desse enfoque é a ra- sua análise e interpretação. Lakatos e Marconi
pidez e até mesmo a possibilidade de automa- (2010) e Demo (2013), as pesquisas sociais 53
tização no processo avaliativo. são as que ocorrem em pessoas ou grupos nos
quais ocorre a interação ou interatividade no

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Por meio da interatividade entre os pa- caso dos ambientes virtuais.
res, ocorre que estes possuem uma lingua-
gem próxima o que facilita o entendimento Neste trabalho, utiliza-se uma metodolo-
do conteúdo. A autora Wellings (2003), ao gia qualitativa na qual se busca a solução para
pesquisar a aprendizagem de conceitos cien- um problema detectado de pouca participa-
tíficos em alunos, considera que, quanto mais ção forense nos alunos de um curso de tec-
próximos estes estiverem dos conceitos já nologia. A forma de pesquisar foi criada por
possuídos na mente dos alunos, facilita-se a Thiollent e se denomina pesquisa-ação. Para
ocorrência da aprendizagem significativa. A Nunes e Infante (1996), Baldissera (2001),
aprendizagem é significativa, como considera Franco (2005), Thiollent (2008), Souza et
Ausubel Novak e Hanesian (1980), quando é al. (2009), Koerich et al. (2009) e Tanajura e
duradoura, forma relações entre conceitos e Bezerra (2015) a pesquisa ação é um tipo de
desta forma torna-se útil na vida do aluno. estudo social, qualitativo e que une a teoria
Este fato é observado no cotidiano dos pro- com a prática para resolução de um proble-
fessores seja em ambiente presencial ou EaD. ma que acontece num grupo social e pode
A linguagem quando é entendida pelo aluno, contar com a participação e envolvimento
facilita a comunicação, a interatividade e, por do pesquisador.
conseguinte, a aprendizagem.
A pesquisa-ação é voltada para a resolu-
Um profissional importante no AVA é ção de um problema de ambiente de trabalho
o Designer instrucional (DI). Ele fará a ade- e um importante viés de aplicação ocorre nos
quação das mídias ao conteúdo do curso. Ele ambientes educacionais. Tripp (2005), Mello
pode definir quais serão os fóruns, quando (2009) e Ludke e Andre (2013) consideram
serão utilizados e quais objetivos a serem al- que a pesquisa-ação educacional é uma estra-
cançados. Silva et al. (2014) considera que o tégia para o desenvolvimento de professores
DI planeja e organiza e define as ferramentas e pesquisadores de uma forma tal que utili-
de avaliação nos cursos EaD. A realização do zem seus estudos para melhorar o seu ensino
trabalho planejado pelo DI acontece por meio e o aprendizado.
do trabalho cotidiano dos atores. O tutor faz
a abertura do fórum seguindo os critérios de- A estratégia da pesquisa ação na escola
finidos pelo DI. Em seguida ele faz o convite torna-se interessante uma vez que conside-
para a participação forense dos alunos. Nos ra que todo professor é um pesquisador de
trabalhos seguintes faz o acompanhamento suas condições de trabalho na sala de aula,
das postagens, mediações, intervenções e fee- nos processos de ensino e de aprendizagem
dback necessários para o desenvolvimento do e na escola.
trabalho forense.
Na época em que havia pouca participa-
ção forense, este não era pontuado. Tendo em
5. METODOLOGIA
vista os aspectos éticos e em respeito ao pe-
Metodologia é o caminho para alcançar dido dos pesquisados, evitou-se citar nomes
algum objetivo. Uma pesquisa visa um novo e localidades.

Volume 16 - 2017
A turma do trabalho era formada por 52 participação forense para todas disciplinas
estudantes que estavam no primeiro semes- com inserção de nota para os fóruns e esta
tre letivo do curso. O trabalho foi realizado nota iria participar na formação da média do
envolvendo todas disciplinas do semestre. aluno na disciplina.
54 Foram realizadas entrevistas semi-estrutu-
radas como sugere Gil (2010) e o corpus da O novo formato foi levado pelo coorde-
pesquisa se limitou a 45 declarações em que nador do curso que era também o coordena-
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se observou regularidades. dor do NDE e coordenador do colegiado do


curso que incluía todos professores e tutores
O presente estudo contribui para as do curso. Tais critérios eram semelhantes
instituições de ensino a distância, os profis- aos propostos por Tenório, Ferrari Júnior e
sionais envolvidos nesta importante moda- Tenório (2015) no qual os tutores avaliavam
lidade educacional, mostrando que é possí- as postagens dos alunos para atribuir nota.
vel a solução de problemas de participação
forense, sem custos e de modo a melhorar Considerava-se o número de postagens
o aprendizado. em dias diferentes e a qualidade das posta-
gens, se eram de ação ou réplica a outra pos-
tagem de colega, se era centrada na temática
6. A PESQUISA-AÇÃO E AS
em foco e se trazia contribuições para o saber
DISCUSSÕES
do grupo, não se aceitando plágios tanto de
Numa instituição de ensino particular, postagens como de material externo pois as
localizado na região sudeste, em um curso postagens eram consideradas como sendo de
superior de Tecnologia da área de informáti- autoria e era importante que os alunos pos-
ca EaD, em 2016, os alunos, desde o primeiro tassem os resultados de seus estudos, bus-
fórum estavam pouco participativos. A parti- cas de saber e suas respectivas opiniões dos
cipação dos alunos era importante para que alunos e não a simples cópia. O colegiado do
ocorresse um aprendizado ativo em todas curso aprovou os critérios.
disciplinas. Ocorre que o fórum era de parti-
cipação livre, sem avaliação. A proposta foi aprovada para implanta-
ção em todas disciplinas do curso e incluindo
Quando aconteceu o primeiro encontro os seguintes itens: uma tabela de critérios que
presencial da turma, aconteceu o levanta- considerava uma pontuação proporcional a
mento do problema e os próprios alunos do quantidade de postagens e o seu respectivo
curso sugeriram que os fóruns fossem pon- conteúdo: coerência, centrado na temática,
tuados e que houvesse critérios de avaliação. erros do idioma e postagem de autoria; a
pontuação obtida nos fóruns entraria como
Os tutores chamaram a coordenação e uma parte da média do aluno nas disciplinas
outros membros da equipe de EaD da insti- e, o tutor tinha que comentar todas postagens
tuição. Como todos estavam presentes, com em no máximo 24 h e que deveria ser contro-
a exposição dos problemas observados pelos lada pelos alunos que deveriam reclamar caso
alunos, foram feitas propostas com a partici- não houvesse comentário, acompanhamento
pação de todos. ou resposta do professor no prazo estipula-
do. Além disso o sistema gravava as horas e
Com base nas propostas surgidas, fez-se permitia que a coordenação acompanhasse
uma ata da reunião e posteriormente, este as participações.
documento foi levado para apreciação pelo
Núcleo Docente Estruturante (NDE) do cur- Apresenta-se algumas declarações obtidas
so. Este, em reunião, definiu os critérios de junto ao tutor de uma disciplina inicial de curso

RBAAD – Critérios de avaliação da participação dos atores em um fórum de educação a distância: uma pesquisa-ação
que foram coletas no último encontro presen- que o aluno sabia quais eram os critérios bali-
cial do primeiro semestre de 2016. Como já se zadores e dentro dos limites podiam trabalhar
mencionou anteriormente, fez-se a análise do com autonomia. A ideia de autonomia pode
discurso das respostas considerando-se os au- ser considerada como indo ao encontro do que
tores Foulcalt (2007) e Mazzola (2009). preconiza Freire (2013). Este, como já mencio- 55
nado anteriormente, considera que o aluno
Perguntou-se: O que você achou da mu- tem que aprender de modo autônomo. Além

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dança que ocorreu na forma de estudo e pontu- disso, também se vai ao encontro da legislação
ação do fórum? que conforme Brasil (1998) o Decreto n. 2494
de 1998 afirma que a “EaD é forma de ensino
Amostra 1: Eu e meus colegas acháva- que possibilita a autoaprendizagem com me-
mos que o fórum não tinha importância pois diação de recursos didáticos sistematicamente
não tinha nota. Agora, todos participam e organizados em diferentes suportes de infor-
como podemos ver as postagens dos colegas, mação, usados isoladamente ou combinados e
aprendemos muita coisa. veiculados pelos meios de comunicação”.

O Decreto mencionado afirma que a EaD


Comentário: Observa-se que os critérios possibilita a autoaprendizagem, ele considera
fazem com que os alunos percebam a serie- a questão da autonomia que o estudante tem
dade e importância do fórum. Na medida que que possuir em seus estudos nesta. Mais um
isso ocorre, com regularidade e em todas dis- aspecto relacionado à autonomia do aluno
ciplinas, os alunos vão se apropriando dos cri- está ligado à questão do trabalho colaborati-
térios e vão assimilando a forma de trabalhar vo, que incentiva os alunos a buscarem a in-
que inicialmente vem de fora do aluno mas vai formação. Para Dockter (2016) isso acontece
fazendo parte do aprendizado do aluno que quando os atores se juntam para trabalhar
passa a trabalhar segundo tais critérios que fa- focados em problema comum.
zem parte do sistema. O sistema de avaliação é
um caso particular em relação aos sistemas ge- Amostra 2: Ninguém sabia que o fórum
rais, da Teoria Geral dos Sistemas, considerada é importante. Quando os colegas pediram
por O’Brien (2010), Stair e Reynolds (2011) e para avaliar o fórum percebemos que o fórum
Laudon e Laudon (2015). Esse sistema tem cri- tinha muita coisa e começamos a aprender
térios, forma de avaliação e locais de avaliação. mais. Agora que o fórum virou costume a
Tenório, Ferrari Júnior e Tenório (2015) con- gente acessa todos os dias. A gente tem que
sideram importante a definição de critérios ter responsabilidade sobre o que posta por isso
de avaliação das postagens forenses e suge- temos que ler a matéria, ver o que os outros
rem alguns deles com o objetivo de melhorar já postaram, entender e aí podemos pensar
a participação, por conseguinte, a construção em discutir.
do saber grupal e a melhora no aprendizado.
Os atores do presente estudo também enten- Comentário: Considera-se que a defini-
deram desta forma e trabalharam a implemen- ção de regras é muito importante. A ausência
tação de critérios que favorecessem o aprendi- delas leva a um excesso de graus de liberda-
zado utilizando os critérios de quantidade de de e com isso os atores (tutor presencial, tu-
participações em dias diferentes, o tipo de pos- tor EaD e, alunos) perdem a objetividade e
tagem se era de ação ou réplica e o conteúdo se a noção do que é importante. No caso, por
era coerente, centrado no tema em discussão meio do trabalho de pesquisa-ação especi-
e se trazia alguma contribuição. Verificou-se ficamente educacional de modo semelhante
que nesta forma de trabalhar o fórum, houve ao que consideram os autores Tripp (2005),
um aprendizado de modo autônomo uma vez Mello (2009) e Ludke e Andre (2013) para o

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ambiente educacional: detectou-se o proble- A clarificação de conceitos segundo
ma e buscou-se uma solução de modo cola- Ausubel, Novak e Hanesiam (1980) é previs-
borativo envolvendo os atores. Como todos ta na teoria da aprendizagem significativa.
foram ouvidos, pode-se considerar que se Neste caso se observa que os tutores também
56 sentiram parte do processo educacional e do aprendem e este fato vai ao encontro do que
curso e com isso os alunos passaram a apre- considera Freire (2013) que afirma que quem
sentar mais aderência em relação ao curso e a ensina aprende ao ensinar.
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se ajudar mais.
Aprendizado continuado torna-se um
Amostra 3: Agora dá gosto de ver o fó- incentivo para que os tutores também se sin-
rum. Todo mundo participa. A gente lê as tam mais valorizados e melhora sua profis-
postagens dos colegas da turma e fica sabendo sionalização desse modo, pode-se considerar
o que eles pensam. Aí temos que estudar mais, que esse aprendizado também é um incen-
o tutor não aceita cópia de postagem. tivo à melhoria dos processos educacionais.
Como considera a autora Campos (2008), os
Comentário: A participação aumentou e incentivos são externos e a motivação surge
os alunos perceberam a importância do fórum no interior dos estudantes como respostas
na construção do saber coletivo. Verifica-se aos incentivos.
os estudantes assumiram a responsabilidade
pelo seu aprendizado no fórum da disciplina, Tutor EaD:
como consideram os autores Godberg (2010),
Berbel (2011), Gemignani (2012), Barbosa e Amostra 5: A mudança no fórum acon-
Moura (2013), Freire (2013), Borges e Alencar teceu com a reclamação da turma que não
(2014), De Deus (2014), Gouvea et al. (2016), sabia bem para que servia. Agora tenho que
portanto, houve a aprendizagem ativa. participar com mais frequência e também
sou avaliada pelo coordenador. Tenho um
Perguntou-se a opinião do tutor sobre as prazo de 24 h para responder as mensagens
mudanças realizadas e obteve-se a seguinte dos alunos, comentando-as, mostrando
resposta: está ocorrendo um acompanhamento e os
alunos sabem que todas as mensagens são
Tutor Presencial lidas. Essa forma de trabalhar integrou alu-
nos e professores. A nota é a moeda de troca
Amostra 4: As mudanças só acontece- para a participação dos alunos.
ram no encontro presencial. Antes a gente
não tinha uma definição clara de como de- Comentário: a tutora EaD que pro-
víamos trabalhar no fórum. Por meio dos curava anteriormente incentivar a partici-
critérios fica transparente o modo de traba- pação dos alunos, no modelo antigo, con-
lhar e avaliar. ta com sua experiência profissional e de
acordo com esta considera que os alunos
Comentário: Verifica-se que o tutor pre- ainda são movidos muito por nota e que a
sencial participa dos encontros presenciais atribuição de nota ao fórum foi o fator de-
dos alunos e que ele também foi afetado pela terminante para que ocorresse o sucesso na
definição de critérios e o emprego deles no participação dos alunos. Acreditamos que
processo educacional em todas disciplinas. este fator pode ter contribuído em conjun-
Esta forma de trabalhar, ao que tudo leva crer, to com outros fatores, mas que todos pre-
trouxe benefícios para esta turma e também cisam ser bem trabalhados caso contrário,
para os tutores que passaram a ver com mais com nota ou sem nota, não há participação
clareza sua forma de atuação. dos estudantes.

RBAAD – Critérios de avaliação da participação dos atores em um fórum de educação a distância: uma pesquisa-ação
Pelos dados analisados, verificou-se que avaliação da participação dos estudantes, a
houve a participação ativa de todos, que se nota do fórum fosse considerada no cômpu-
mostraram participativos, colaborativos e to da nota final da disciplina e que houvesse
tudo leva crer que houve a formação do saber uma atuação do(s) tutor(s) diariamente com
coletivo ou social nos atores. respostas as postagens em no máximo 24 h, 57
de modo a diminuir a sensação de solidão
O presente artigo contribui para as institui- do aluno ou de ausência de quem lesse suas

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ções de ensino que trabalham com a EaD que postagens. As condições mencionadas foram
é possível superar muitos problemas por meio aprovadas pelos órgãos colegiados do curso
pesquisa-ação e que este tipo de metodologia por considerar que havia o emprego de me-
valoriza o tutor que passa a ser considerado todologia ativa de ensino e aprendizagem.
como sendo um pesquisador do seu ambiente Houve ainda a pesquisa-ação que forneceu o
de trabalho seja ele presencial ou virtual. suporte a essas decisões.

Observou-se que o processo de comu-


7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
nicação na pesquisa-ação participativa fez
Anteriormente ao trabalho realizado com que tutores, alunos e a equipe de EaD
havia uma mínima participação forense nas se envolvesse de modo a buscar uma solução
disciplinas de um curso de tecnologia da área que foi obtida passando-se pelos órgãos co-
de informação. Acreditava-se isso ser um fato legiados do curso e com isso todos se envol-
normal em vista de haver trabalhos como é veram na busca pela resolução do problema
o caso de Risemberg, Shitsuka e Shitsuka de modo a melhorar o curso e o aprendizado
(2016) que mostram um caso no qual os alu- nele, levando à satisfação dos envolvidos e
nos de um curso de tecnologia apresentavam com isso, aprenderam, como considera Freire
uma interatividade menor que o de outros (2013) tanto quem ensina como também
cursos das áreas de saber das humanidades os alunos.
e das ciências sociais aplicadas, que além de
disso eram cursos com mais anos de duração Sugere-se para estudos futuros a avalia-
e com mais conteúdo reflexivo. ção do impacto do uso dos critérios de ava-
liação forense em outras turmas e cursos EaD
Na reunião presencial houve reclamação da instituição.
por parte dos alunos e a investigação ação
participativa levou à definição de critérios
REFERÊNCIAS
para avaliação das participações forenses
bem como a valoração das participações con- BARBOSA, E. F.; MOURA, D. G.
forme os critérios. Estes seguiram o modelo Metodologias ativas de aprendizagem na
apresentado por Tenório, Ferrari Júnior e educação profissional e tecnológica. B. Tec.
Tenório (2015). Senac, R. Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67, maio/
ago. 2013.
O presente trabalho faz parte de uma li-
nha de pesquisa na qual se estuda as mudanças BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas
ocorridas no trabalho forense, e nele se verifica e a promoção da autonomia de estudan-
de modo qualitativo, a importância da adoção tes. Semina: Ciências Sociais e Humanas,
de critérios ocorrida na avaliação forense. v. 32, n.1, p. 25-40, 2011. Disponível em:
<http://www.proiac.uff.br/sites/default/
Por meio do trabalho de pesquisa-ação files/documentos/berbel _2011.pdf.>.
fez-se uma proposta conjunta para que o Acesso: 30 jul. 2017.
fórum fosse avaliado, houvesse critérios de

Volume 16 - 2017
BALDISSERA, A Pesquisa-ação: uma me- BRASIL (2017). Leis e Decretos. Portaria
todologia do “conhecer” e do “agir” co- Normativa no 11, de 20 de junho de 2017.
letivo. Sociedade em Debate, Pelotas, v. Estabelece normas para o credenciamen-
7, n. 2, p.5-25, Ago/2001. Disponível em: to de instituições e a oferta de cursos supe-
58 <http://revistas.ucpel.tche.br/index.php/ riores a distância, em conformidade com
rsd/article/viewFile/570/510>. Acesso: 30 o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017.
julho 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/
Associação Brasileira de Educação a Distância

index.php?option=com_ docman&view
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Volume 16 - 2017
5
Artigo

O FLUXO DE CONHECIMENTO NA PRODUÇÃO DE


AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM
Dafne Fonseca Alarcon1
Fernando José Spanhol2

RESUMO on distance learning services and processes


O artigo tem como objetivo identificar focusing on the work done by multidisci-
e discutir os resultados do fluxo de conheci- plinary teams involved in DE projects and
mento na produção de Ambientes Virtuais de programs. Thus, the purpose of this article
Aprendizagem (AVAs) aplicados a Educação is to assist the teams involved in knowledge
a Distância (EaD). Este mapeamento foi rea- management and sharing so they may aim
lizado, a partir da revisão da literatura, orien- for and achieve the consequent improvement
tada aos serviços e processos na EaD com in quality and organization of DE processes
foco no trabalho das equipes multidisciplina- and services.
res envolvidas em projetos e programas desta
modalidade educacional. Assim, a proposta Keywords: Virtual Learning
deste artigo é auxiliar as equipes envolvidas Environments. Distance Education and
na gestão e compartilhamento de conheci- Knowledge Sharing.
mentos, a fim de almejar e alcançar a conse-
quente melhoria da qualidade e organização
RESUMEN
em processos e serviços que envolvem a EaD.
El artículo tiene por objetivo identifi-
Palavras-chave: Ambientes Virtuais car y discutir los resultados del flujo de co-
de Aprendizagem. Educação a Distância e nocimiento en la producción de Ambientes
Compartilhamento de Conhecimento. Virtuales de Aprendizaje (AVAs) aplicados a
la Educación a Distancia. Este mapeo se re-
alizó a partir de la revisión de la literatura,
ABSTRACT
orientada a los servicios y procesos de EaD
The article aims to identify and discuss con enfoque en el trabajo de los equipos mul-
knowledge flow results in the production of tidisciplinarios involucrados en proyectos y
Virtual Learning Environments (VLE) ap- programas de esa modalidad de enseñanza.
plied to distance learning. This mapping was Así, la propuesta de este artículo es auxiliar
carried out based on a review of the literature a los equipos involucrados en la gestión y

1
Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: dafnefa@gmail.com
2
Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: profspanhol@gmail.com
Volume 16 - 2017
compartición de conocimientos, para anhe- A pesquisa sobre AVAs se mostra uma
lar y alcanzar la consecuente mejora de la ca- temática pertinente a ser debatida, na medi-
lidad y organización en procesos y servicios da em que aponta para aspectos relativos ao
que involucran la EaD. compartilhamento de conhecimentos exis-
64 tentes entre equipes multidisciplinares, suas
Palabras clave: Ambientes Virtuales ações e atividades nas etapas de concepção do
de Aprendizaje. Educación a Distancia y curso ou de produtos educacionais.
Associação Brasileira de Educação a Distância

Compartición del Conocimiento.


1. MATERIAIS E MÉTODOS
INTRODUÇÃO
Os AVAs são considerados espaços de
A qualidade dos serviços de Educação compartilhamento de conhecimento propí-
a Distância - EaD dependem da realidade cios a aprendizagem, ao possibilitar ampla
e do contexto educacional e organizacio- participação dos atores e enriquecimento do
nal para atender as necessidades culturais, processo pedagógico, de forma mais dinâ-
sociais e econômicas do ambiente onde mica e criativa (FRANKLIN; HARMELEN,
irá atuar. Mesmo, havendo resistências a 2007; FERGUSON; BUCKINGHAM, 2012).
aprendizagem realizada a distância, muitas Neste contexto educacional os AVAs in-
organizações (públicas e privadas) têm se cluem: conteúdos que permitem maior ou
mobilizado para adotar o uso intensivo dos menor grau ou nível de interatividade, aces-
diferentes tipos de tecnologias educacionais so a recursos e ferramentas educacionais e
ou de Ambientes Virtuais de Aprendizagem a objetos de aprendizagem. A combinação e
(AVAs) como possibilidade de oferta de uma uso de cada elemento é o que caracteriza o
“sala de aula virtual e interativa” (SILVA, tipo de ambiente educacional a ser produzi-
2001) cujo objetivo é capacitação e atuali- do e gerido, de acordo com o paradigma e o
zação de competências no ambiente organi- modelo pedagógico.
zacional. No caso das instituições públicas,
o desafio está na expansão da educação no Desta forma, cada ambiente educacio-
país por meio de cursos de graduação e pós- nal possui características que são definidas
-graduação e, nas empresas privadas, o foco de acordo com o modelo pedagógico, o de-
está na busca crescente de adequação das sign educacional, os recursos e materiais
necessidades de treinamento e desenvolvi- didáticos e as configurações técnicas que
mento do mundo corporativo. (VALENTE; permitem identificar os níveis de interação
ARANTES, 2011). e interatividade.

No âmbito desta pesquisa o proces- Desta forma, foram caracterizados cin-


so de produção de AVAs se caracteriza no co diferentes tipos de AVAs, de acordo com
modelo de referencia - ADDIE (Análise, a estratégia de aprendizagem, o design edu-
Design, Desenvolvimento, Implementação cacional e os objetivos pedagógicos, con-
e Avaliação), especificamente orientado forme a tabela (02) a seguir (OLIVEIRA;
para o contexto da EaD. Segundo Pinheiro TEDESCO, 2010; PEÑAHERRERA, 2011;
de Lima et. al., (2005), o processo de pro- KOHLER et. al., 2010; OSGUTHORPE, 2003;
dução e gestão desses ambientes requer a MATSUMOTO et al., 2010):
formulação de estratégias de utilização do
conhecimento como um ativo relevante para
a organização, fazendo uso intensivo do co-
nhecimento organizacional nos sistemas e
processos de gestão.

RBAAD – O fluxo de conhecimento na produção de ambientes virtuais de aprendizagem


Tabela 1: Classificação dos diferentes tipos de AVAs.
Tipologia Estratégia|Design
Uso de recursos colaborativos, enfatizando a cultura de participação coletiva
e o compartilhamento do conhecimento como aspecto fundamental da
Ambientes 65
aprendizagem. O design é personalizado, centrado no usuário e tem como
colaborativos
objetivo atender as necessidades e expectativas dos estudantes (OLIVEIRA;
TEDESCO, 2010).

Associação Brasileira de Educação a Distância


Uso de ferramentas para solução de problemas educacionais (tarefas e ativi-
dades) no qual o estudante possui autonomia para realização de tarefas que
Ambientes
consiste em uma atuação no ambiente sem a presença central do professor
autônomos
no processo. O foco fica mais centrado nas interações do estudante com a
interface ou sistema (TEJEDOR 2010; PEÑAHERRERA, 2011).

Design centrado na experiência do estudante, enfatizando as motivações, ex-


Ambientes de pectativas fundamentadas nos aspectos emocionais, estéticos e sensoriais.
experiência Privilegiam os ambientes imersivos e o uso de tecnologias em 3D, personas,
“avatares” e|ou personagens fictícios (KOHLER et al., 2010).

Uso de recursos presenciais e virtuais disseminados nas instituições de en-


Ambientes sino superior ao abrirem seus recursos educacionais das grades curriculares.
híbridos Os estudantes optam sobre o modo como querem aprender, dependendo de
suas necessidades e habilidades (OSGUTHORPE, 2003).

Considera o nível de aquisição de conhecimento do estudante fazendo uso


Ambientes
de técnicas de Inteligência Artificial (IA) para personalizar as ações e reações
adaptativos
do sistema ao perfil do estudante (MATSOMOTO et al., 2010).
Trata-se de um ambiente virtual que considera a inclusão de usuários com
Ambientes
deficiência auditiva e/ou deficiência visual proporcionando acessibilidade
inclusivos
voltada para a aprendizagem e interação (OBREGON; 2011; VANZIN; 2005).
Fonte: dos autores (2016).

O design educacional de AVAs envolve Os Ambientes Autônomos são concebi-


uma série de fatores que são determinan- dos estrategicamente na “coaprendizagem”, no
tes para sua qualidade técnica e pedagógi- qual o estudante é responsável pela sua apren-
ca. O Ambiente Colaborativo (PEREIRA dizagem de forma independente, mas que não
et al., 2007; OLIVEIRA; TEDESCO, 2010; descarta a atuação do professor. Esses ambien-
MANDAJI, 2012) é definido por atividades tes são projetados para oferecer o máximo de
e trabalhos realizados em conjunto. Cada autonomia por parte do aluno para realização
usuário agrega uma determinada parte da das atividades propostas, no qual a interação
atividade ou tarefa realizada em grupo que ocorre, mais intensamente com o sistema
ao final é reunida e compilada formando o avançado desenvolvido para o estudante atuar
todo. O mesmo princípio é utilizado em um como o coadjuvante. Os níveis de autonomia
ambiente wiki que é um ambiente para com- são incentivados por conteúdos, métodos e
partilhar conteúdo. A promoção da colabo- técnicas desenvolvidos, segundo as estratégias
ração no AVA contribui para uma maior co- de ensino, de acordo com a heterogeneidade
operação entre os estudantes e proveem mais em contextos de aprendizagem e apoiados
atividades, tarefas e também feedbacks para pela utilização das Tecnologias de Informação
a coordenação. e Comunicação – TICs (TEJEDOR 2010;
PEÑAHERRERA, 2011).

Volume 16 - 2017
Estudos recentes, tem se preocupa- no perfil do estudante atualizado dinamica-
do em compreender como funcionam os mente pelo sistema. Desta forma, o ambiente
Ambientes de Experiência Educacional. cria condições para que os mesmos possam
Esses ambientes têm como base o design guiar o aprendizado de forma personalizada
66 centrado no usuário, adaptado as necessi- (BRUSILOVSKY, 1996).
dades e preferências de uso. Os ambientes
de experiência são caracterizados pelo uso Os Ambientes Inclusivos são delimita-
Associação Brasileira de Educação a Distância

de recursos, tais como: personagens, jogos, dos pela problemática da fundamentação pe-
ilustrações interativas, animações, entre ou- dagógica mais adequada a ser adotada para
tras peças gráficas que proporcionam um indivíduos com necessidades especiais. Este
tipo de visualização com níveis elevados de tipo de AVA necessita seguir os critérios de
interatividade e imersão (KOHLER et. al., acessibilidade para assegurar a participação
2011). Um exemplo é o Second Life (SL), das pessoas com deficiência em atividades,
que é ambiente virtual tridimensional aber- materiais didáticos e produtos, garantindo a
to que simula alguns aspectos da vida real melhoria da qualidade e acesso aos serviços
e social do ser humano, personificado por considerando as necessidades de cada um
um “avatar” caracterizado como um tipo (OBREGON; 2011; VANZIN; 2005).
de representação gráfica ou entidade em um
dado meio onde outros usuários podem ver Cabe ressaltar, que cada ambiente, pos-
ou interagir (CASTRANOVA, 2005). Este sui singularidades e semelhanças que se dis-
ambiente virtual é projetado para propor- tinguem e se complementam. Por exemplo,
cionar experiências cognitivas e sensoriais um ambiente pode ser ao mesmo tempo,
por meio de formas diferenciadas a aprofun- colaborativo e autônomo. Colaborativo por
dadas de interação dos usuários no ambiente enfatizar o compartilhamento do conheci-
(KOHLER et al., 2011). mento entre os atores em atividades em gru-
po, onde cada indivíduo cria uma parte do
Os Ambientes Híbridos ou Blended exercício; e autônomo por restringir a me-
Learning, dependendo de sua natureza de diação do professor e estudante, deixando a
pedagógica e características técnicas, po- interação mais centrada nos outros colegas
dem incluir tanto recursos presenciais, ou no sistema de forma geral.
quanto virtuais. O equilíbrio entre os com-
ponentes online e face-a- face pode variar No âmbito desta pesquisa, no que se re-
de acordo requisitos estabelecidos no curso fere a análise do processo de produção de
(OSGUTHORPE, 2003). Assim, o ambiente AVAs, adotou-se o Modelo ADDIE, conside-
é projetado como uma alternativa para com- rado um Sistema de Design Instrucional de
plementar as atividades desenvolvidas em referência, amplamente utilizado por desig-
sala de aula, impulsionando a intervenção ners educacionais, e construído em uma base
das práticas escolares em direção à aplicação teórica solidificada. O modelo ADDIE (análi-
de um modelo híbrido de ensino (BROD; se, design, desenvolvimento, implementação
RODRIGUEZ, 2009). e avaliação) foi configurado como uma estru-
tura útil para examinar, criar, desenvolver e
Os Ambientes Adaptativos que ao con- aplicar programas de capacitação. A Figura
trário da maioria dos ambientes que utili- (01) ilustra as etapas do processo, a seguir
zam mecanismos e conteúdos estáticos, no (GUSTAFSON; BRANCH, 1997):
qual se apresenta para todos os estudantes
o mesmo design e conteúdo, do início ao
final do curso; nesse tipo de ambiente o ní-
vel de aquisição de conhecimento é baseado

RBAAD – O fluxo de conhecimento na produção de ambientes virtuais de aprendizagem


67

Associação Brasileira de Educação a Distância


Figura 1: Modelo ADDIE.
Fonte: (GUSTAFSON; BRANCH, 1997).

O Modelo ADDIE é um conceito de 1.1. Análise


desenvolvimento efetivo de produtos edu- Nesta etapa são definidos os objetivos
cacionais constituído em cinco etapas, a e as estratégias de aprendizagem de acordo
saber: análise, design, desenvolvimento, com o modelo de aprendizagem a ser con-
implementação e avaliação, caracterizado cebido. Uma característica marcante dessa
por um conjunto de atividades, podendo fase são as metas específicas de aprendiza-
variar em função do contexto ou das dife- gem que resultam do compartilhamento de
rentes realidades educacionais, atribuídos competências, conhecimentos e habilidades
pela personalização e padrão de utilização envolvidas. Portanto, esta etapa requer re-
das tecnologias. cursos determinísticos de mineração do co-
nhecimento disponíveis para a implantação
De acordo com Molenda (2003) e do modelo de aprendizagem, de acordo com
Mayfield (2011), o modelo ADDIE é con- a caracterização dos participantes e métodos
siderado mais um processo “guarda-chuva” de entrega alternativos que inclui a definição
de desenvolvimento de medidas específicas do problema educacional para projetar uma
para a criação de um programa de treina- solução aproximada. Isso é feito por meio da
mento. O modelo tornou-se popular como caracterização do perfil dos usuários/clientes,
um framework para a criação de programas levantamento das necessidades educacionais
de treinamento. Desde a primeira publica- e formação da equipe multidisciplinar. Esta
ção sobre o modelo datada de 1996, até os fase fornece orientações claras sobre o que é
dias atuais, uma quantidade enorme de arti- necessário e o que é possível fazer no projeto.
gos, livros e ensaios discutem o ADDIE, tan-
to na área educacional, quanto para a área
1.2. Design
de negócios, mesmo sendo relativamente
recente na área acadêmica. Os detalhes de Implica em definir as estratégias e ati-
cada etapa do ADDIE estão dispostos a se- vidades de aprendizagem, faz o mapeamen-
guir conforme (MAYFIELD, 2011): to das atividades e o sequenciamento dos

Volume 16 - 2017
conteúdos, geralmente visualizados por meio etapa em dois momentos distintos: a pu-
de mapas conceituais e escolha das mídias blicação do conteúdo no Ambiente Virtual
adequadas ao contexto de uso. Determinam de Aprendizagem e a execução, fase em
os elementos educacionais que devem estar que o aluno, já com seu acesso liberado ao
68 associados aos elementos conceituais do cur- ambiente de estudo, acessa os módulos e
so. Os elementos educacionais correspondem as unidades.
às informações complementares utilizadas na
Associação Brasileira de Educação a Distância

explicação de um dado conceito ou conjunto


1.5. Avaliação
de conceitos. Esses elementos permitem que
o aprendiz “navegue” através do domínio de Na fase final do processo, os gestores ava-
conhecimento, praticando os conceitos abor- liam os objetivos da aprendizagem, a eficiên-
dados. Elementos de avaliação permitem que cia das atividades, os problemas técnicos que
o desempenho do aprendiz e a consequente dificultam a aprendizagem, bem como quais-
efetividade da solução determinada. quer novas oportunidades de aprendizagem
identificadas. Esta fase é vital, porque fornece
informações para melhorar a próxima itera-
1.3. Desenvolvimento
ção do programa de treinamento podendo
Esta etapa trata das atividades que sugerir novos caminhos e oportunidades ao
compõem o ciclo de vida do produto edu- curso. Define os ajustes finais de acordo com
cacional. Neste ponto podem ser identi- os feedbacks coletados revisando as estraté-
ficadas as diferenças mais significativas gias para a condução da avaliação, a revisão
entre produção de software e módulos da aprendizagem e o fechamento das ativida-
educacionais (BARBOSA; MALDONADO; des, dando início a gestão do curso.
MAIDANTCHIK, 2003). Nesta fase, os de-
senvolvedores criam o conteúdo de apren-
RESULTADOS E DISCUSSÃO
dizagem. Este conteúdo inclui o quadro
geral de aprendizagem (pesquisa como um A base conceitual de produção na EaD
sistema de e-learning), exercícios, palestras, pós-moderna, é caracterizada, segundo
simulações ou outro material de treinamen- Peters (2006), pela inovação do produto e
to adequado. Esta etapa classifica o produto pela alta variabilidade nos processos, onde
tangível a ser usado para o treinamento. não são mais produzidos grandes cursos,
como se fazia no início da EaD moderna, en-
tre os anos 60 e 70, mais sim, cursos meno-
1.4. Implementação
res, porém, atualizados constantemente. Esse
Esta etapa solicita a participação dos modelo agrega inovação na produção e varia-
estudantes para obtenção de feedbacks va- bilidade nos processos com alto nível de res-
liosos ao projeto. Esses feedbacks são contri- ponsabilidade das equipes multidisciplinares,
buições dos atores educacionais ao processo sendo os cursos produzidos “sob demanda” e
de aprendizagem a distância. Os materiais atualização constante.
didáticos são fornecidos aos alunos e o mó-
dulo de aprendizagem é utilizado para esta Para Peters (2006) essa mudança força
finalidade. A principal utilidade desta fase as organizações a modificarem seus proces-
é a implementação do processo de apren- sos e fluxos de trabalho, que em lugar do
dizagem. Sua relevância está na identifica- desenvolvimento e produção da divisão do
ção de discrepâncias ou lacuna entre o de- trabalho centralizado, são formados peque-
senvolvimento do conhecimento desejado nos grupos de trabalho descentralizados,
e desenvolvimento real para implementar com responsabilidade própria e dotados de
melhorias futuras. Filatro (2008) divide esta maior autonomia.

RBAAD – O fluxo de conhecimento na produção de ambientes virtuais de aprendizagem


A relevância está na mudança das for- ser avaliado e validado. O instrumento de
mas clássicas de ensino e aprendizagem na pesquisa teve como base entrevistas presen-
EaD (cursos padronizados, assistência pa- ciais gravadas com os especialistas sobre a
dronizada) que estão sendo substituídos ou relevância e autenticidade do fluxo de co-
complementados por formas mais flexíveis nhecimentos apresentado. Este fluxo, em 69
e interativas, quanto ao currículo, tempo e formato de tabela, contém informações de
lugar (variabilidade dos processos). Desta entrada e saída das atividades e ações, pes-

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forma, no âmbito desta pesquisa, procurou- soas e tecnologias envolvidas em cada etapa
-se adotar o Modelo de referência em EaD, do processo.
denominado pelas siglas ADDIE (Análise,
Design, Desenvolvimento, Implementação Esta investigação é parte de um estu-
e Avaliação em inglês Evaluation) e consi- do mais amplo que abrange os resultados
derado um Sistema de Design Instrucional da Tese de Doutoramento no Programa de
amplamente utilizado por designers educa- Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do
cionais e construído em uma base teórica Conhecimento concluído no ano de 2015,
solidificada e atualizada. cujo tema está relacionado a gestão do co-
nhecimento e os aspectos que envolvem a
Com base no Modelo ADDIE e oito EaD. Os resultados visuais de mapeamento
(8) especialistas da área da Educação a do fluxo de conhecimento são apresentados a
Distância, o instrumento de pesquisa pode seguir, conforme apresentado na tabela (02):

Tabela 2: Fluxo de Conhecimento no processo de produção de AVAs.

Fonte: dos autores 2016.

Com base nas entrevistas com os especia- inerentes ao processo: a) coleta de dados do
listas da área foi possível ajustar e confirmar usuário/cliente e o contexto onde a aprendi-
as informações de entrada e de saída do flu- zagem ocorrerá; b) formulação dos objetivos
xo. As informações de entrada que contem- e metas pedagógicas; c) organização do pro-
plam a primeira etapa do modelo ou análise cesso de trabalho, atividades da equipe e cro-
contempla as seguintes atividades e/ou ações nograma. As informações de entrada e saída

Volume 16 - 2017
que contemplam a etapa de design incluem: A compreensão sobre como o conhe-
a) a estruturação do conteúdo e o plano de cimento é caracterizado no ambiente orga-
gestão do design; b) a concepção das estraté- nizacional (e também no ambiente virtual)
gias e atividades de aprendizagem; c) o mapa permite que sejam elaboradas ações motiva-
70 das interações Interface-Human-Computer – doras visando estimular o nível de compar-
IHC. Na etapa de desenvolvimento as ativi- tilhamento de conhecimento entre os atores
dades e ações incluem: a) o design educacio- educacionais e as equipes multidisciplinares
Associação Brasileira de Educação a Distância

nal, a elaboração do roteiro e storyboards dos envolvidos na produção dos AVAs.


vídeos e hipermídias; b) o design gráfico do
AVA e o desenho da interface; c) os objetos Portanto, o fluxo de conhecimento
e atividade de aprendizagem. As informações apresentado nesta pesquisa pode ser facil-
de entrada que contemplam a etapa de im- mente implementado em organizações in-
plementação são: a) a produção e publicação tensivas em conhecimento e interessadas
de objetos de aprendizagem; b) testes com nos produtos e serviços gerados na EaD.
estudantes, professores, tutores; c) Feedbacks O fluxo tem por finalidade auxiliar a equi-
dos estudantes. As informações de entrada e pe multidisciplinar no compartilhamento
saída que na etapa de avaliação incluem: a) o de conhecimento mais eficiente, a partir
produto educacional em fase de finalização/ de feedbacks obtidos de forma mais facili-
ajustes finais; b) apresentação/introdução do tada e mapeada para melhor atender aos
curso aos estudantes; c) acompanhamento objetivos de aprendizagem, e consequen-
geral do andamento do curso. temente influenciando na qualidade do
curso produzido especificamente para esta
Com base no fluxo de conhecimento, o modalidade educacional.
modelo de aprendizagem pode ser implan-
tado e os feedbacks podem ser obtidos mais
REFERÊNCIAS
facilmente. Os ajustes podem ser realizados
na etapa apropriada e os módulos podem BARBOSA, Ellen F.; MALDONADO, José C.;
ser atualizados para melhor atenderem aos MAIDANTCHIK, Carmen LL. Padronização
objetivos educacionais, auxiliando a equipe de processos para o desenvolvimento de
no compartilhamento de conhecimentos e módulos educacionais. In: XXIX Latin-
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mentos mais eficazes para aperfeiçoar suas ca- estruturas complementares na gestão do
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a partir de um emissor para um receptor são virtual como estratégia de aprendizagem no
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RBAAD – O fluxo de conhecimento na produção de ambientes virtuais de aprendizagem


6
Artigo

PRESSUPOSTOS PEDAGÓGICOS NOS AMBIENTES


VIRTUAIS: APONTAMENTOS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR A
DISTÂNCIA
Vanessa Elisabete Raue Rodrigues1
Rita de Cássia da Silva Oliveira2

RESUMO ABSTRACT
O presente estudo surgiu a partir de refle- This study emerged from my reflections
xões e da experiência como docente na disci- and experience as a lecturer in undergraduate
plina de Educação a Distância e Métodos de and graduate programs at the Open University
Autoaprendizagem no Ensino de Graduação of Brazil in partnership with the Center West
e Pós-Graduação na Universidade Aberta do State University in Guarapuava in 2014
Brasil em parceria com a Universidade Estadual and 2015. Through an integrative literature
do Centro Oeste no município de Guarapuava, review, we sought to question the pedagogical
durante os anos de 2014 e 2015. Através de assumptions in distance higher education. To
uma revisão bibliográfica integrativa, buscou- systematize the notes, they were organized to
-se problematizar os pressupostos pedagógicos explain the virtual environment, understand
no ensino superior na Educação a Distância. students’ particularities in this context, and
Para sistematização, os apontamentos foram reflect on teaching practices considering
organizados de modo a explicitar o ambien- these characteristics. Once we had identified
te virtual, compreender as especificidades do the assumptions regarding the potential of
aluno nesse contexto e refletir sobre o ensino technology as time and space relationships
diante dessas particularidades. Identificados and enhanced reading comprehension
os pressupostos nas potencialidades da tec- through reframing, we were able to see their
nologia, como as relações de tempo e espaço bond in autonomy. Jointly-created autonomy
e de ampliação da compreensão de leitura pela which, from the standpoint of participating
ressignificação, foi possível perceber seu liame in collaborative environments, is the entire
com a autonomia. Uma autonomia gerada na prospect of distance education.
coletividade e que, pelo enfoque de participa-
ção nos ambientes colaborativos, representa Keywords: Distance education. Teaching
todo o prospecto da Educação a Distância. assumptions. Higher education.

Palavras-chave: Ensino a Distância.


Pressuposto pedagógico. Ensino Superior.

1
Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: vanessarauerodrigues@gmail.com
2
Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: soliveira13@uol.com.br
Volume 16 - 2017
RESUMEN no ensino superior frente às possibilida-
Este estudio surgió de las reflexiones y la des tecnológicas presentes na Educação
experiencia como docente en la asignatura a Distância.
de Educación a Distancia y Métodos de
74 Autoaprendizaje en la Enseñanza de Grado A escolha dessa abordagem surgiu a
y Posgrado en la Universidade Aberta partir das reflexões e experiência como do-
do Brasil, en alianza con la Universidade cente na disciplina de Educação a Distância
Associação Brasileira de Educação a Distância

Estadual do Centro Oeste, en el municipio de e Métodos de Autoaprendizagem no


Guarapuava, durante los años 2014 y 2015. Ensino de Graduação e Pós-Graduação na
Por medio de una revisión bibliográfica Universidade Aberta do Brasil em parceria
integradora, se ha buscado discutir los com a Universidade Estadual do Centro
supuestos pedagógicos en la enseñanza Oeste no município de Guarapuava duran-
superior en Educación a Distancia. A los te os anos de 2014 e 2015. O trabalho foi
efectos de sistematización, las anotaciones elaborado a partir de uma revisão biblio-
fueron organizadas de modo a explicitar gráfica integrativa, que delimitou o Ensino
el ambiente virtual, comprender las Superior a Distância como cenário inves-
especificidades del alumno en ese contexto tigativo. O processo de seleção e definição
y reflexionar sobre la enseñanza antes esas de informações traçado foi a extração dos
especificidades. Identificados los supuestos estudos indicados durante o curso da dis-
en las potencialidades de la tecnología ciplina em questão, dentre eles Amarilla
como las relaciones de tiempo y espacio y Filho (2011), Barros (2011) e Moran (2000);
de ampliación de la comprensión de lectura e autores referenciados posteriormente à
por la resignificación, fue posible notar su disciplina, frutos de estudos complemen-
relación con la autonomía. Una autonomía tares, como Santos (2010), Sobral (2010),
generada en la colectividad y que, por el Teperino (2006), entre outros. Estes foram
enfoque de participación en los ambientes analisados por explicar, com competência,
colaborativos, representa todo el prospecto os conceitos que se mostraram com lacunas.
de la Educación a Distancia.
Para sistematização dos apontamentos,
Palabras clave: Enseñanza a Distancia. a problematização foi organizada a partir de
Supuesto pedagógico. Enseñanza Superior. três conceitos: o ambiente virtual, o aluno na
Educação a Distância e o ensino no cenário
virtual. Os critérios se justificam com as tare-
1. INTRODUÇÃO
fas de explicitar o ambiente virtual questio-
A Educação a Distância no Ensino nando o papel do docente e sua contribuição
Superior tem aumentado significativamen- para a autonomia dos alunos, compreender
te seu atendimento no Brasil nos últimos as especificidades do aluno neste contexto e
anos. Do mesmo modo, muitos autores têm os elementos facilitadores de sua aprendiza-
discutido sobre as práticas pedagógicas de- gem e, por fim, traçar algumas reflexões so-
senvolvidas a partir dos recursos tecnológi- bre o ensino diante dessas particularidades.
cos. Com objetivos educacionais similares, Nessa perspectiva, os pressupostos pedagó-
mas encaminhamentos metodológicos e es- gicos no contexto da Educação a Distância
paços de sala de aula diferentes do ensino se apresentam pelos desafios e obstáculos na
presencial, as aulas nos ambientes virtuais efetivação do ensino e da aprendizagem uti-
são desafios presentes na sociedade da in- lizando o meio tecnológico com o propósito
formação. Dessa forma, a proposta, ao tra- de potencializar a incorporação de conheci-
zer a discussão em questão, é problemati- mentos de forma significativa.
zar a relação dos pressupostos pedagógicos

RBAAD – Pressupostos pedagógicos nos ambientes virtuais: apontamentos da educação superior a distância
2. O AMBIENTE VIRTUAL [...] uma forma de ensino que possibilita
O ambiente virtual disposto como es- a auto-aprendizagem, com a mediação
paço de aprendizagem é permeado por de recursos didáticos sistematicamente
discursos fundamentados na democratiza- organizados, apresentados em diferentes
ção e na acessibilidade à educação, mas é suportes de informação, utilizados iso- 75
envolvido também por muitos obstáculos e ladamente ou combinados, e veiculados
desafios. As tecnologias de Comunicação e pelos diversos meios de comunicação

Associação Brasileira de Educação a Distância


Informação se expandiram, reforçadas pe- (BRASIL, 1998).
las redes sociais, e incorporaram práticas
cotidianas voltadas para o entretenimento. Conforme a autora e o trecho da legisla-
Esta complexidade gerou uma aproximação ção acima, os recursos didáticos disponibili-
entre o virtual e o físico. Na educação, to- zados virtualmente, chamados de mediação
davia, a resistência está pautada nos apon- didático-pedagógica, geram expectativas para
tamentos de ruptura da relação professor o desenvolvimento da autonomia do aluno,
aluno, no isolamento discente e, conse- intitulando-a, na lei, como autoaprendiza-
quentemente, no autodidatismo. Outro gem. Porém, entende-se ainda que a aprendi-
equívoco está na equiparação entre autono- zagem está pautada na relação humana, não
mia e autodidatismo, conceitos distintos no somente na tecnológica. Em consideração a
entendimento pedagógico. esta mediação humana, professores, tutores e
colegas envolvem-se numa prática reconhe-
Nesse sentido, questiona-se o papel do cidamente diferente das salas de aulas físicas.
docente e como ele pode contribuir para a
autonomia do aluno num ambiente virtual A mediação tecnológica permite a que-
que possui características muito diferentes bra de distâncias e, por conseguinte, outra
do presencial. Inicialmente, é preciso con- compreensão de temporalidade, mas não
ceituar o ambiente virtual como espaço de rompe com a necessidade humana de socia-
possibilidades pedagógicas, compreendendo lização. Alguns exemplos já citados são as
suas especificidades. Oliveira (2008) define redes sociais e as comunidades virtuais de
que o processo de ensino nesta modalidade aprendizagem, as quais permitem a cone-
é caracterizado e exemplificado por media- xão com outras pessoas ou grupos de estu-
ções identificadas por dos do mundo todo. Dessa forma, o aparato
tecnológico é um cenário onde são criadas
[...] um computador conectado à in- possibilidades de aprendizagem e potencia-
ternet e o uso de ambientes virtuais de lidades de ensino, condições motivadas pelo
aprendizagem (mediação tecnológica), professor para a construção do conhecimen-
a adoção de alternativas didáticas inte- to. É necessário entender que, apesar dessas
rativas e colaborativas (mediação didá- condições, na modalidade de Educação a
tico-pedagógica) e uma função docente Distância, o aluno tem desafios muito maio-
(mediação humana) para dinamizar a res para superar. Um deles é a dicotomia en-
experiência de aprendizagem do am- tre o tempo e o rendimento.
biente virtual (p. 189).
O tempo “tradicional”, identificado por
Observa-se, ainda, especificamente no Amarilla Filho (2011), é o tempo real correla-
Decreto Federal n° 2.494/98, que regulamen- cionado à organização das etapas de ensino e
ta o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da de aprendizagem e à dedicação das atividades
Educação, no artigo primeiro, a definição da desenvolvidas. Refere-se, portanto, aos mo-
Educação a Distância como: mentos de promoção da ação educativa. Mas
esta modalidade possui também a dimensão

Volume 16 - 2017
relacionada ao espaço temporal, uma relação que tem a especificidade de mediar o saber e a
que, após a ambientação virtual do espaço tecnologia, assumindo as funções de
de aprendizagem, tende a ser cada vez mais
rápida. Isso não se dá pela aceleração do en- [...] formulador de problemas, provo-
76 sino e da aprendizagem, mas pela facilidade cador de interrogações, coordenador
com que esse instrumento favorece as esco- de equipes de trabalho e sistematizador
lhas na organização da sua própria maneira de experiências. Em síntese, desempe-
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de aprender. Este tempo implica na compre- nha a função de orientador acadêmico


ensão do espaço virtual, também chamado (OLIVEIRA, 2008, p. 197).
de ciberespaço, o “qual destrava os limites co-
municacionais e abarca uma dimensão con- Com características diferenciadas de sala
tínua e permanente de trocas, assimilações e de aula, o conceito de aula revisto e a relação
desconstruções de elementos culturais, [...] professor aluno alterada, fica claro que o en-
trata-se do campo de imersão das mídias in- caminhamento metodológico não pode ser
tegradas” (SOBRAL, 2010, p.7). igual aos aplicados nas aulas presenciais. As
aulas precisam ser potencializadoras e agre-
Oliveira (2008) revela que, no ciberespa- gadoras, com ações que deixem visível cada
ço, o “conceito de presencialidade” se altera etapa de aprendizagem e instiguem à pesquisa
na medida em que as tecnologias permi- de novos conhecimentos.
tem diminuir distâncias e integrar espaços
diversos de aprendizagem. Assim como o Diante desse cenário, o aluno se encon-
conceito de aula se modifica e integra outros tra, muitas vezes, num espaço educacional di-
personagens, além do professor e aluno, na ferente de qualquer outro que tenha vivencia-
instituição escola. do. Reconhecer-se neste espaço como sujeito
autônomo é muito importante. Todavia, não é
O Ambiente Virtual de Aprendizagem, somente esse aspecto que pode caracterizar o
também chamado pelos seus usuários de aluno no espaço virtual. Em vista disso, serão
AVA, é um dos espaços para o estudo e é abordadas a seguir as particularidades que
intitulado assim para “designar qualquer re- podem intervir na aprendizagem do aluno da
lacionamento mediado ou potencializado Educação a Distância.
pela tecnologia como produto de externaliza-
ção de construções mentais no ciberespaço”
3. O ALUNO DA EDUCAÇÃO A
(OLIVEIRA, 2008, p. 194). Neste ambiente, a
DISTÂNCIA
autora distingue duas abordagens pedagógi-
cas: a conservadora e a emergente. A conser- É fato que a modalidade está correlacio-
vadora se fundamenta na simples transmissão nada aos meios tecnológicos, mas nem sem-
de informações com objetivos de memoriza- pre todo o aluno que a procura tem facilidade
ção e repetição numa aplicação de prova es- na utilização desses instrumentos. Nesse caso,
crita, sendo as aulas expositivas gravadas e o a preparação durante a imersão nessa tecno-
livro didático disposto em texto. A emergente, logia é o primeiro passo. É preciso assumir a
por sua vez, permite a interação dos sujeitos identidade de aluno virtual e compreender
de forma que o processo de ensino aprendiza- as responsabilidades, possibilidades e limites
gem seja mútuo e coletivo e que o diálogo seja que esta condição proporciona.
o cerne da abordagem.
O aluno enfrentará vários desafios: pre-
O papel do professor como único deten- cisará conhecer as ferramentas e entender
tor do conhecimento cede espaço, na aborda- o que o ambiente pode oferecer para que
gem emergente, para o professor mediador, sua aprendizagem seja significativa. Essa

RBAAD – Pressupostos pedagógicos nos ambientes virtuais: apontamentos da educação superior a distância
exigência indicará constantemente a ques- intenções previstas no plano didático com
tão dialética que a aprendizagem a distância clareza, compreendendo o que é proposto nos
estabelece. Aspectos como distância e pro- processos educativos. Essa é uma condição
ximidade, aprender e ensinar, tempo virtual que alavanca a autonomia do aluno e o prota-
e tempo real, construção e desconstrução, gonismo no envolvimento com a sua própria 77
conceitos que por vezes assumem signifi- aprendizagem (OLIVEIRA, 2008).
cados muito diferentes no espaço virtual e

Associação Brasileira de Educação a Distância


que são valorados pela sua necessidade ao O conhecimento é construído de forma
instrumentalizar frente às possibilidades de gradativa, na medida em que se problemati-
construção do conhecimento. za o conteúdo. Estes momentos se apresen-
tam pelas leituras iniciais, aprofundadas e
Trata-se também de compreender que complementares, áudios, textos, vídeo aulas,
não são somente as plataformas educacionais filmes, fóruns e chats, entre outros. Vale redi-
que correspondem ao espaço de aprendiza- mensionar, neste contexto de ensino, o con-
gem. Muitas vezes, elas levarão a outros tex- ceito de leitura, conforme as peculiaridades
tos, vídeos, imagens ou áudios conectados que do Ensino Superior.
proporcionarão a visualização de materiais
que possibilitam aprofundar, complementar Rosa (2014) afirma que a leitura não re-
ou diversificar os conteúdos. Essa múltipla vi- presenta somente a decodificação do código
sualização se chama hipertexto, que, segundo escrito. Ela permite a articulação dos conhe-
Santos et al. (2010), é aquele que rompe com cimentos, o reconhecimento da sociedade
a linearidade dos textos comuns e, ao remeter pela leitura de mundo, a reflexão e a proble-
a outros planos textuais, transcende o conhe- matização ao estabelecer um diálogo entre o
cimento. Os textos eletrônicos permitem essa texto e o leitor. Embora seja uma das princi-
quebra de limites de planos textuais de uma pais habilidades exigidas dos estudantes, mui-
maneira muito fácil pela condição tecnológi- tos “ao ingressarem no Ensino Superior, têm
ca e promovem ligações que não seriam pos- demonstrado dificuldades e desinteresse por
síveis em outros materiais físicos, nem ocor- atividades relacionadas à leitura” (REZENDE
reriam com tanta rapidez. Malaggi, Marcon e apud ROSA, 2014, p. 14).
Teixeira (2012) apontam que
A dificuldade e o desinteresse resultam
Ao “navegar” na estrutura de um hiper- em obstáculos para a aprendizagem. Não con-
texto torna-se possível verificar que os seguir compreender o que se lê afasta o leitor
links efetuam ligações por meio de algu- de uma análise profunda e dificulta a critici-
ma expressão, frases ou palavras que re- dade. No contexto da Educação a Distância,
metem o leitor a outros fragmentos de in- desenvolver a compreensão leitora dos con-
formações. Estes fragmentos, por sua vez, teúdos acadêmicos é essencial para ativar
podem possuir outros tantos links que os conhecimentos prévios, contextualizar,
compõem assim uma malha informacio- aprofundar e problematizar o tema e, assim,
nal que pode ser acessada de diversas for- contribuir com o ambiente colaborativo. Rosa
mas e em diversas direções, dependendo (2014) destaca que
para isso da própria intencionalidade do
leitor, dos seus propósitos (p.155). [...] a leitura torna-se necessária ao es-
tudo, a busca por informações, pesqui-
Essa percepção de que a tarefa de apren- sas entre outras tarefas, nas quais uma
der vitualmente não é uma ação estática, nem ação complementa a outra, que é com-
muito menos isolada, é fundamental. Com plementada por uma terceira, a visão de
isso, o aluno precisa reconhecer as metas e mundo que cada pessoa tem. Visto que,

Volume 16 - 2017
a leitura permite a ampliação dos co- pressupõe a necessidade da característica da
nhecimentos e dialoga com o texto, seja interação com vistas a compartilhar conheci-
este representado por letras, sons, cores, mentos, saberes e experiências. A participa-
imagens, entre outros (p. 22). ção, entendida como colaborativa, compõe
78 um dos pilares da Educação a Distância pelo
A autora salienta a linguagem não- conceito da interatividade.
-verbal como uma ampliação do processo
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de aprendizagem. Assistir a filmes, ouvir Segundo Nova e Alves (2003), a intera-


músicas ou analisar infográficos permitem a tividade é um termo que define a ação recí-
construção de significados e a decodificação proca na troca da recepção na comunicação.
de informações, tanto quanto o texto escrito. Essa troca, porém, pode ser “provocada” a
Cabe também destacar a leitura dos diferen- todo o momento pelas atividades propostas.
tes gêneros textuais, os quais instigam o lei- Demanda de uma participação ativa e com in-
tor a criar estratégias cada vez mais comple- terferências de diversas posições de usuários,
xas para compreensão. sendo eles colegas de turmas, professores e
tutores que intervêm em condições diversas.
As diferentes leituras são fundamentadas Ao compreender o sentido de coletividade,
num processo dialógico. Moran (2000, p. 23) entende-se que:
frisa que “aprendemos quando estabelecemos
pontes entre a reflexão e a ação, entre a ex- A este caberia a possibilidade de remo-
periência e a conceituação, entre a teoria e a delar, ressignificar e transformar o pro-
prática; quando ambas se alimentam mutua- duto com o qual estivesse interagindo,
mente”. Essa característica se refere à ressigni- de acordo com sua imaginação, neces-
ficação do conteúdo. sidade ou desejo [...]. Isso abre maiores
chances para que os discursos se tornem
Ressignificar é desconstruir e recons- mais abertos e fluidos, diminuindo-
truir conceitos e isso se dá “[...] quando des- -se bastante as fronteiras e distâncias
cobrimos novas dimensões de significação existentes no processo de comunicação
que antes nos escapavam, quando vamos entre emissores e receptores, sem que,
ampliando o círculo de compreensão do que com isso, os agentes produtores percam
nos rodeia” (MORAN, p. 23). A ressignifi- sua singularidade. É a própria escrita
cação decompõe e reescreve o processo de do mundo, confundida com sua leitura,
ensino aprendizagem dentro da modalidade que tende a se tornar coletiva e anônima
tecnológica em que se possibilita uma refle- (NOVA e ALVES, 2003, p.11).
xão sobre a prática pedagógica, não como
uma ação isolada do aluno na sua aprendi- As autoras ainda citam que a interativi-
zagem ou do professor no ensino, mas como dade na modalidade de Educação a Distância
uma interação intermediada pelas mídias. É trata de uma ampliação da coletividade do sa-
emergencial compreender que esses artefa- ber produzido a partir dessa troca de emissão
tos tecnológicos não representam a substi- e recepção de informações. Essa produção não
tuição do professor nessa modalidade. linear do conhecimento conduzido pela tecno-
logia midiática revela um raciocínio significa-
Na prática, a ressignificação também se tivamente aberto e flexível às novas inserções.
refere às reconfigurações das propostas pe- Fóruns, chats e demais espaços representam
dagógicas e dos espaços os quais fazem parte uma construção da bidirecionalidade na comu-
da inserção na cibercultura. Assim, os am- nicação, na qual emissor e receptor trocam de
bientes de comunicação são diferentes, mas o papéis continuamente e formam uma rede de
diálogo permanece como parte do processo e conhecimento com a qual todos contribuem.

RBAAD – Pressupostos pedagógicos nos ambientes virtuais: apontamentos da educação superior a distância
O fato de as pessoas poderem expor aprendizagem, para o estabelecimento do seu
seus trabalhos na internet e receber co- próprio ritmo e para a definição de objetivos
mentários sobre eles; de produzir textos para cada etapa. Afinal, tempo é um termo
colaborativamente, de participar de co- que, assim como distância, corresponde a
munidades virtuais que oportunizam vários conceitos na Educação a Distância. 79
participação por temas de interesse, de Segundo Teperino (2006), este condicionante
discussões virtuais, de comunicação é uma característica da aprendizagem do alu-

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instantânea, de espaços para divulgação no adulto e, nesse sentido,
individual e coletiva, [...] permite [...]
apresentar uma proposta de integra- [...] sua motivação para o estudo é espon-
ção, potencializada por meio de diver- tânea, intensa e persistente; apresenta ob-
sos dispositivos disponíveis (BARROS e jetivos claros e concretos; deseja ser bem-
CARVALHO, 2011, p.213). -sucedido e, portanto, muito preocupado
com resultados, no sentido de não poder
A questão é que, nesta modalidade, as fracassar ou não perder tempo; apresen-
conexões precisam acontecer para que a ta suscetibilidade diante de comentários
aprendizagem e o ensino também aconteçam. críticos; possui senso de responsabilidade
Dessa forma, existe um profundo elo entre in- perante sua consciência [...]; tem maior
teração, interatividade e aprendizagem como predisposição à fadiga derivada do traba-
ações imbricadas que precisam ser alimen- lho; tem conhecimentos e experiências an-
tadas pelas perspectivas de novas formas de teriores que podem ser positivas, [...] busca
saber. É fundamental para a aprendizagem consequências práticas para seus objetivos,
manter esse desejo por conhecer, que é um o que, em geral, resulta em maior dedica-
aspecto atrelado à automotivação. ção ao seu aprendizado (p. 41).

A automotivação se refere à vontade de Todas as questões apresentadas referen-


aprender, de intervir na própria aprendizagem. tes a interatividade, disciplina, motivação
Moran (2000) salienta que a aprendizagem se para aprender e compreensão do ciberespa-
dá pelo interesse, o qual está vinculado à neces- ço são características do desenvolvimento
sidade. A aprendizagem precisa de significado, da autonomia. A autonomia se refere, segun-
objetivo ou utilidade. A modalidade exige o do Araújo e Carvalho (2011), à “atuação do
atendimento de princípios que não podem ser aluno como sujeito do seu aprendizado” (p.
simplesmente conduzidos pelo professor ou 186). Ser autônomo, nesse caso, não é um
tutor. É extremamente necessário que o aluno momento, mas uma postura que será concre-
tenha essa iniciativa e alimente-a a cada obstá- tizada durante os estudos e será manifestada
culo que perceber, como um elemento a mais em vários momentos conforme as atividades
na dimensão da aprendizagem. Isso diz res- apresentadas, os conceitos construídos e suas
peito a uma potencialização do interesse, uma ressignificações, a busca de novos conheci-
segurança para que o aluno não se perca no mentos, a facilidade nos procedimentos tec-
caminho percorrido do ensino. nológicos, as aplicações ou exemplificações
dos conhecimentos a situações práticas e as
Outro aspecto importante no ensino a participações nas atividades coletivas. A defi-
distância é a disciplina. A disciplina com- nição de autonomia na modalidade está
preende muitos fatores como, por exemplo, a
organização do tempo para participação nos [...] diretamente ligada ao fato de que
momentos coletivos e individuais propostos os estudantes têm a possibilidade de
e dispostos no espaço virtual. Administrar realizar seus estudos a distância sem,
o tempo é essencial para a estruturação da necessariamente, contar com a presença

Volume 16 - 2017
física do professor. [...] vale salientar Dessa forma, os elementos facilitado-
que a atividade que é realizada de forma res definem a aprendizagem na Educação a
autônoma na EaD, foi pensada, planeja- Distância e apontam possibilidades para or-
da, sistematizada e disponibilizada por ganizar os estudos e para estabelecer objetivos
80 um ou vários professores (ARAÚJO e a serem alcançados paulatinamente. Algumas
CARVALHO, 2011, p.186). dessas possibilidades referem-se a observar
a importância de se conhecer as característi-
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Esses professores, por sua vez, depen- cas ontológicas citadas nas abordagens, con-
dem da dedicação do aluno para que seus ceituar ou reconceituar os itens propostos,
encaminhamentos metodológicos e suas observar as diferentes formas de layout de
abordagens sejam concretizados na apren- apresentação e dedicar atenção à interação
dizagem. Essa condição de “mão dupla” na nos espaços de participação da rede. Os ele-
intervenção está direcionada ao aspecto da mentos facilitadores descrevem, portanto, as
aprendizagem colaborativa, potencialidade características necessárias que devem ser de-
atribuída às características de cooperação senvolvidas para a aprendizagem no contexto
e criatividade na produção de um conheci- da Educação a Distância.
mento conectado virtualmente. A “intera-
tividade, as possibilidades de navegação na
4. O ENSINO NO CENÁRIO
rede e o diálogo que pode ser efetivado são
VIRTUAL
condições mínimas para se estabelecer a au-
tonomia” (SERAFINI, 2012, p. 73). A abordagem de ensino se apresenta se-
parada da aprendizagem neste estudo somen-
A construção da autonomia está pre- te como uma forma de sistematizar as dis-
sente e integrada na postura de um aspecto cussões a respeito do tema central. O ensino
tratado como novo conceito na educação, e a aprendizagem fazem parte de um mesmo
a proatividade. Conforme Aguiar, Ferreira processo e o propósito é compreender, pela
e Garcia (2010), na proatividade se incluem perspectiva do professor, quais são os desafios
prontidão, antecipação, perspicácia, senso de e os obstáculos para concretizá-los.
urgência, iniciativa, agilidade, responsabilida-
de e consistência. Um aluno proativo busca o Cabe lembrar que o cenário trata do ensi-
professor e o tutor e cerca-se de outras fontes no superior intermediado pelas Tecnologias.
de conhecimento para que suas dúvidas não Quanto a essa questão, Romiszowski apud
fiquem sem respostas. A proatividade está Oliveira (2008) ressalta que grande parte das ati-
estreitamente ligada à participação do aluno, vidades didáticas do ensino presencial, ou como
mas não se restringe a ele, pois amplia as pos- o autor intitula, “convencional”, já utilizam de
sibilidades quando desenvolvida pelo tutor e algum meio não presencial, seja por materiais
professor, que por meio da prática dialógica didáticos enviados por email ou localizados no
no ambiente colaborativo, possibilitam uma sítio on-line. Incluir a mediação tecnológica no
formação mais consistente. Este fortaleci- ensino é, portanto, uma tarefa desenvolvida par-
mento da rede de interatividade favorece a cialmente muitas vezes. Todavia, as característi-
solução de problemas que o aluno pode en- cas de ensino mudam quando se constata que
contrar pois, com o auxílio coletivo à aprendi- as Tecnologias são um dos principais eixos da
zagem, ele pode se efetivar com mais autono- mediação. A articulação pedagógica precisa ser
mia. Portanto, a proatividade pressupõe o uso diferente e alguns conceitos mudados. Um deles
de mecanismos de busca de respostas, reduz é o conceito de aula.
as dificuldades e permite uma visão mais crí-
tica da própria aprendizagem. O conceito de aula virtual tem como pre-
missa uma prática alicerçada em conceitos

RBAAD – Pressupostos pedagógicos nos ambientes virtuais: apontamentos da educação superior a distância
de inovação, flexibilidade e diálogo, além da colaborativo é resultado de conhecimentos
potencialização pela rapidez e quebra de dis- adquiridos pela leitura, onde as percepções
tâncias oferecidas pela mediação tecnológica. dos sujeitos se chocam e se complementam
Com a facilitação do diálogo, é possível um nos e pelos diferentes contextos, favorecendo
diagnóstico mais apurado do que o aluno o posicionamento pela linguagem. 81
compreendeu ou não. Esse diagnóstico pode
ser sincrônico, pelos chats e webconferências, Associado aos apontamentos descritos, o

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ou assincrônico, pelas mensagens, e-mails e ensino com vistas à concretização da aprendi-
fóruns de discussões. Outro aspecto impor- zagem promove a reflexão quanto à relevância
tante do diálogo pela mediação tecnológica é de se expandir o diálogo no ensino a distân-
o fato de que todas as orientações ficam regis- cia, o que garante a qualidade dessa prática. A
tradas, o que permite que elas sejam acessa- perspectiva, nesse cenário tecnológico, é que
das a qualquer momento pelo aluno ou pelo as especificidades sejam parte do arcabouço
professor. A aula não se limita aos cinquenta de integração e enriquecimento na constru-
minutos e pode ser acessada em horários dis- ção de conhecimentos.
tintos do dia e em qualquer dia da semana.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteúdo proposto se desdobra em
novas descobertas que, pelo tempo real na A identificação dos vários elementos faci-
aula presencial, não seriam possíveis. A bus- litadores da aprendizagem e da prática docen-
ca de novos conhecimentos acontece pelo te no ensino superior, tendo como mediação
que Oliveira (2008) chama de compensação os elementos tecnológicos, representaram o
da ausência, quando o professor faz uso, na fio condutor desta problematização. A me-
conversação didática, do encorajamento que diação didático-pedagógica se destacou pelo
instiga o aluno à participação, ao trabalho e foco interativo ao pontuar o ambiente colabo-
ao desenvolvimento da autonomia. rativo e a mediação humana como pontos de
partida e chegada para a elaboração dos ma-
Uma das principais preocupações do do- teriais e das atividades previstas.
cente na aula virtual, nesse sentido, é a ela-
boração e disposição do material didático no O engajamento do aluno na sua própria
ambiente virtual. O espaço de aprendizagem aprendizagem e na contribuição da aprendi-
precisa ser familiar ao aluno para permitir a zagem de outros colegas também foi observa-
interatividade. Adaptada à organização do do como um dos pontos de apoio na constru-
desenho da plataforma, o aluno precisa en- ção do conhecimento nos ambientes virtuais.
contrar na linguagem do professor o objetivo A exploração das potencialidades da tecnolo-
de cada conteúdo, cada procedimento de es- gia, tais como as relações de tempo e espaço,
tudo e compreender, inclusive, os critérios de e da ampliação da compreensão de leitura
avaliação (OLIVEIRA, 2008). pela ressignificação, engajados pela discipli-
na e motivação, são aspectos que fortalecem
Para tanto, o aluno também precisa ter o processo de construção do conhecimento.
desenvolvido sua compreensão quanto à lei-
tura. Quaglia, Bonnici e Paixão (2015) frisam Todavia, o elo de todos os pressupostos
a importância da formação do aluno leitor, pedagógicos apontados é a autonomia, uma
que deve ser incentivado pelo professor. A autonomia gerada na coletividade, portanto
consistência da pesquisa é consequência da uma autonomia de sujeito com sentimento de
investigação, da interpretação e do potencial pertencimento – nela reside todo o prospecto
crítico, somente estimulados pelo hábito da do Ensino a Distância. Não se trata somente
leitura. Além disso, a articulação no ambiente da flexibilização dos momentos de estudos,

Volume 16 - 2017
mas de uma ampliação do espaço educacional n.º9.394/96). Brasília, 1998. Disponível em
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82 ao fortalecimento das relações e da constru- MALLAGI, V.;. MARCON, K.;. TEIXEIRA, A.
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Volume 16 - 2017
7
Artigo

DESENVOLVIMENTO DE UMA COMUNIDADE VIRTUAL


DE APRENDIZAGEM PARA A INSERÇÃO DA METODOLOGIA
BLENDED LEARNING NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Alexandre José de Carvalho Silva1
Ronei Ximenes Martins2

RESUMO ABSTRACT
Este artigo apresenta o desenvolvimen- This paper presents the development of
to de uma comunidade virtual de aprendi- a virtual learning community called Landell
zagem, denominada Landell, com base no and based on the ADDIE model of analysis,
modelo ADDIE de análise, design, desen- design, development, implementation, and
volvimento, implementação e avaliação, cujo evaluation whose objective is to foster the
objetivo é fomentar o uso de ambiente virtual use of virtual learning environments in basic
de aprendizagem na educação básica. Foi ela- education. A set of guidelines in the form of
borado um conjunto de orientações na forma MOOC (Massive Open Online Course) was
de MOOC (Massive Open Online Course) designed so basic education teachers can take
para que professores da educação básica pos- advantage of the different educational uses
sam acessar os diferentes usos pedagógicos of tools and resources available, ways to set
das ferramentas, os recursos disponíveis, as up virtual learning spaces, and examples of
formas de configuração de espaços virtuais teaching sequences to offer subsidies for in-
para aprendizagem e os exemplos de sequ- corporating the Blended Learning methodo-
ências didáticas, visando oferecer subsídios logy into school activities. Various audiovisu-
para a incorporação da metodologia Blended al aids were produced, and various learning
Learning em atividades escolares. Foram objects and educational use programs were
produzidos diversos recursos audiovisuais organized and displayed to enrich and bro-
e organizados e indicados vários objetos de aden the possibilities of educational activities
aprendizagem e programas de uso educacio- using the community developed.
nal visando enriquecer e ampliar as possibi-
lidades de ações educacionais utilizando a Keywords: Educational technology.
comunidade desenvolvida. Hybrid Learning. Teacher training. Virtual
learning community.
Palavras-chave: Tecnologia educacional.
Educação bimodal. Formação de professores.
Comunidade virtual de aprendizagem.

1
Universidade Federal de Lavras. E-mail: alexandresilva@ead.ufla.br
2
Universidade Federal de Lavras. E-mail: rxmartins@ded.ufla.br
Volume 16 - 2017
RESUMEN a integração dos modelos presencial e EaD e
Este artículo presenta el desarrollo de a convergência em todos os campos e áreas,
una comunidad virtual de aprendizaje, de- desde prédios à produção de recursos edu-
nominada Landell, con base en el modelo cacionais (PRETTO, 2011)
86 ADDIE de análisis, diseño, desarrollo, im-
plantación y evaluación, cuyo objetivo es fo- O termo blended learning tem várias tra-
mentar el uso de ambiente virtual de aprendi- duções em português, mas todas incluem a
Associação Brasileira de Educação a Distância

zaje en la enseñanza básica. Se ha elaborado convergência entre o virtual e o presencial


un conjunto de orientaciones en la forma de na educação (TORI, 2010). Ele pode ser tra-
MOOC (Massive Open Online Course); para tado por educação bimodal, aprendizagem
que profesores de la enseñanza básica puedan combinada, educação semipresencial ou en-
utilizar los diferentes recursos pedagógicos sino híbrido que, em sua essência, combina
de las herramientas y recursos disponibles, elementos da aprendizagem face a face com
formas de configuración de espacios virtuales a aprendizagem mediada pela internet. Na
para el aprendizaje, ejemplos de secuencias essência, o que se busca é a adequação e/ou
didácticas buscando ofrecer subsidios para a adaptação das modalidades de ensino a dis-
la incorporación de la metodología Blended tância e presencial, bem como a integração
Learning en actividades escolares. Se pro- de novas ferramentas e a mixagem de dife-
dujeron diferentes recursos audiovisuales rentes métodos e abordagens pedagógicas
y organizados, indicando varios objetos de (RODRIGUES, 2010). Segundo destacam
aprendizaje y programas de uso educacional DeBettio et al. (2013), com essa convergên-
con el objetivo de enriquecer y de ampliar las cia de modalidades, é possível criar diferentes
posibilidades de acciones educacionales utili- modelos de ensino dependendo da tecnolo-
zando la comunidad desarrollada. gia, da metodologia e da abordagem peda-
gógica adotadas, sendo necessário o redese-
Palabras clave: Tecnología educacional. nho dos cursos presenciais convencionais.
Educación bimodal. Formación de profesores. As necessidades dos alunos e os conteúdos a
Comunidad virtual de aprendizaje. serem abordados devem definir o modelo a
ser adotado.
1. INTRODUÇÃO
Dessa forma, com a utilização de
Grandes e rápidas mudanças na socie- Ambientes Virtuais de Aprendizagem
dade podem ser percebidas na atualidade, (AVA) – denominação utilizada para sis-
sendo que este processo de transformação temas computacionais desenvolvidos para
é estrutural, multidimensional e fortemen- o gerenciamento de atividades de ensino e
te relacionado com as Tecnologias Digitais aprendizagem via internet – é possível cons-
de Informação e Comunicação (TDIC) truir comunidades virtuais de aprendizagem
(CASTELLS e CARDOSO, 2006). Uma das (SCHLEMMER, SACCOL e GARRIDO,
transformações que se apresentam é a utili- 2014). Tais comunidades são compostas por
zação das tecnologias próprias da Educação professores e estudantes que podem atuar de
a Distância (EaD) em contextos não exclu- forma intensa e permanente em interações
sivos de cursos a distância. As instituições sucessivas, independentemente da locali-
educacionais buscam, cada vez mais, apro- zação geográfica (PRETTO, 2011). A partir
priarem-se dessas ferramentas da EaD, apli- disso, é possível afirmar que elas permitem
cando-as também para cursos presenciais (BELTRAN LLERA, 2007): (a) que alunos e
(MORAN, 2014). Esta ação denominada professores se (re)encontrem além da limi-
blended learning pode se tornar, em breve, tação da sala de aula; (b) que membros da
o modelo predominante de educação, com comunidade pensem e reflitam com tempo,

RBAAD – Desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem para a inserção da metodologia blended learning na educação básica
antes de responderem e interagirem discu- uma pesquisa bibliográfica e também em co-
tindo conceitos ou construindo argumen- munidades especializadas sobre avaliação de
tações; (c) acesso facilitado ao conteúdo te- AVAs, bem como sobre o uso dos mesmos em
órico trabalhado pelos professores; (d) que cursos presenciais, com interesse principal
todos percebam o caminho dos raciocínios por trabalhos relacionados à educação básica. 87
individuais e coletivos.
Foram acessados o portal de periódicos

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Pesquisas em cursos no formato blended da Capes e o Google Acadêmico, nos quais
learning como as de Carvalho Neto (2009) foi realizada uma busca por artigos de 2009
e Martins et al. (2011) apontaram para per- a 2014 que tratassem da avaliação e/ou do
cepções favoráveis de estudantes brasileiros uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
que consideraram relevante a utilização do em cursos presenciais. Os resultados mos-
AVA como apoio ao ensino presencial e como traram que a predominância de publicações
repositório de conteúdos, bem como para o é internacional, com maior incidência de
alto índice de intenção de uso desse recurso relatos relacionados à educação superior e à
em atividades profissionais futuras. Tais re- educação corporativa. Na educação básica,
sultados indicam que o desenvolvimento da foram identificados poucos relatos e pesqui-
Comunidade Landell3 pode contribuir para a sas. Foram encontrados poucos trabalhos
ampliação das oportunidades de aprendiza- realizados no Brasil, sendo que a maioria de-
gem na educação básica. les trata de formação de professores em cur-
sos semipresenciais. Quando é focalizada a
Como a utilização de comunidades vir- pesquisa na utilização da educação bimodal
tuais de aprendizagem e, principalmente, a na educação básica no Brasil, o número de
adoção do blended learning são práticas ain- publicações é de apenas 9 textos, sendo que,
da recentes, se faz necessário investigar as somente o artigo de Giraldo e Isaza (2011)
possibilidades de aplicação e os resultados está relacionado diretamente com a temática
desse modelo de educação. Uma das formas do presente estudo. As informações detalha-
de investigar esta prática é acompanhar o de- das dessa pesquisa bibliográfica podem ser
senvolvimento da área do conhecimento por obtidas na dissertação de Silva (2014). Além
meio da análise de sua produção científica, da pesquisa bibliográfica, realizou-se estudo
visto que é um modo interessante de reco- comparativo com base em uma pesquisa dos
nhecer a saliência de determinadas temáticas AVAs atualmente disponíveis que possuem
e apontar caminhos de crescimento e apri- código livre e que dentre os seus benefícios
moramento de outras (TEIXEIRA, SILVA e estão funcionalidades atualizadas, fácil con-
BARDAGI, 2013). figuração e serviço e apoio de comunidades
de desenvolvedores (ABERDOUR, 2007).
Nesse contexto, visando obter subsídios Foram selecionados AVAs com versão em
para o desenvolvimento da comunidade vir- português, visando facilitar a utilização por
tual de aprendizagem Landell4, foi realizada professores e estudantes da educação básica
uma investigação descritiva e exploratória que possuam atualizações por comunidades
(GIL, 1991), incluindo análise documental de desenvolvedores ou gestores de proje-
e estudo comparativo (TEIXEIRA, SILVA to e que sejam de uso gratuito. O resultado
e BARDAGI, 2013). Para tal, procedeu-se a da análise e da comparação entre sistemas
apontou o Moodle como o mais adequado
3
Nome dado ao ambiente virtual de aprendizagem para uso na educação básica presencial. As
desenvolvimento nesta pesquisa. informações detalhadas da etapa de analise
4
A comunidade virtual de aprendizagem recebeu dos AVA podem ser obtidas na dissertação
este nome em homenagem ao pesquisador brasileiro de Silva (2014).
Landell de Moura.

Volume 16 - 2017
Após identificação do estado da arte 3. RELATO DO DESENVOLVIMENTO
e do AVA a ser utilizado para a criação da E DISCUSSÃO DO PROCESSO
comunidade virtual, foi iniciada a etapa de Neste relato, serão descritas as ações de-
desenvolvimento da comunidade Landell senvolvidas em cada uma das fases do mode-
88 com o propósito de organizar conteúdos so- lo ADDIE (FILATRO, 2008).
bre a utilização do AVA com indicações de
uso de ferramentas, recursos, configuração
3.1. FASE DE ANÁLISE
Associação Brasileira de Educação a Distância

de salas virtuais e exemplos de sequências


didáticas (SD). As SDs são um conjunto de Na fase de análise foram definidos os se-
orientações de atividades com grau de difi- guintes requisitos necessários para a constru-
culdade progressivo, planificadas, e guiadas ção da Comunidade Virtual Landell:
ou por um tema ou por um objetivo geral
(MACHADO E; CRISTÓVÃO, 2006). O ob- a) O referencial teórico que sustenta a orga-
jetivo de criação da comunidade é dar opor- nização dos materiais e elementos formativos
tunidade de formação a professores para a presentes na comunidade de aprendizagem;
utilização de AVA na educação básica e for-
necer, de forma gratuita, salas virtuais para b) A Instalação do Moodle, no caso
os professores utilizarem com seus estudan- a versão 2.7, por ser estável e por apre-
tes de escolas públicas. sentar a solução de alguns problemas das
versões anteriores;
Concluída e etapa de estudos teóricos
e investigativos necessários para a concep- c) O tipo de Interface, que deve-
ção da comunidade virtual de aprendizagem ria ser simples visando favorecer aos
pretendida, iniciou-se o desenvolvimento, usuários iniciantes;
cuja descrição é objetivo do presente artigo
d) Definição das ferramentas do Moodle
que seriam liberadas para os usuários (página
2. METODOLOGIA
web, fórum, tarefa e rótulos);
A criação do ambiente foi baseada no
modelo ADDIE (abreviatura em inglês para e) A concepção do curso no formato de
analysis, design, development, implemen- MOOC;
tation e evaluation), que é um modelo de
design instrucional amplamente aplicado f) A concepção do MOOC, com poucos
(FILATRO, 2008). recursos de interação de forma a minimizar a
dependência de um tutor, liberando a dispo-
A instalação do Moodle foi feita com o nibilidade do curso de formação de turmas e
auxílio de um técnico em tecnologia da in- definição de datas para início e término.
formação. A estruturação da comunidade e
o desenvolvimento de materiais foram reali-
3.2. FASE DE DESIGN
zados por um estudante de mestrado com a
supervisão do professor orientador. A etapa Na fase de design, foi criada a identidade
de desenvolvimento teve duração de aproxi- visual para a comunidade virtual de aprendi-
madamente três meses zagem e para os materiais didáticos. A iden-
tidade visual foi concebida tendo como ins-
piração a transmissão de voz realizada pelo
pesquisador brasileiro Landell de Moura.
Também foram definidas as categorias de or-
ganização da comunidade virtual, que são os

RBAAD – Desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem para a inserção da metodologia blended learning na educação básica
locais disponíveis navegação dentro da comu- Na primeira categoria, para prover a
nidade, sendo elas: (i) MOOC: uso de AVA na formação de professores para uso de AVAs
Educação Presencial, curso sobre a utilização na educação presencial, optou-se por criar
de AVA; (ii) Espaços de Aprendizagem, nos um MOOC, já que ele une a conectividade
quais os professores podem criar suas salas das redes sociais à facilitação de um espe- 89
virtuais; (iii) Troca de Experiências, que dis- cialista em um campo de estudo e concentra
ponibiliza um fórum para relatos de uso da uma coleção de recursos online de acesso

Associação Brasileira de Educação a Distância


comunidade e (iv) Biblioteca Virtual, onde fi- livre. Como o MOOC se baseia na partici-
cam disponíveis vários recursos, como vídeos pação ativa de estudantes que se auto-orga-
e programas que podem ajudar a enriquecer nizam de acordo com os objetivos de apren-
as salas virtuais. As duas primeiras categorias dizagem e o conhecimento prévio (Mcauley
só podem ser acessadas por usuários cadas- et al., 2010), considera-se que serão privile-
trados e as duas últimas podem ser acessadas giados o acesso livre a um grande número
também por visitantes. de usuários e a sua autonomia para ditar seu
ritmo de estudos.
3.3. FASE DE DESENVOLVIMENTO
A estrutura do MOOC denomina-
Na fase de desenvolvimento, foram im- da “Uso de AVA na educação presencial”
plantadas as categorias, criadas as salas vir- foi organizada com os seguintes elemen-
tuais, selecionadas as imagens representativas tos: Apresentação, Orientações Iniciais,
das categorias, inseridos textos complemen- Fundamentação teórica, Construindo a Sala
tares e criadas tirinhas5 para dar destaque a Virtual, Abordagem Pedagógica com sequ-
cada tópico do curso. Destaca-se a gravação ências didáticas e Considerações Finais.
e edição de 19 videoaulas sobre abordagem
pedagógica, recursos e configuração do AVA, Em cada tópico, foram inseridas orien-
conforme tabela 1. tações em forma de texto e de tirinhas do
tipo história em quadrinhos, por meio do
Tabela 1: Relação de videoaulas criadas recurso “rótulo” do Moodle. Foram utili-
para o curso zados também o “link a uma página” para
Título Duração (min.) disponibilizar as videoaulas, “link a um
Abordagem Pedagógica 23 arquivo” para disponibilizar textos com-
Apresentação e Chat 7e3 plementares e “link a uma URL (Uniform
Configuração de sala 8
Resource Locator)” para páginas da internet
relacionadas aos conteúdos, conforme ilus-
Diário e Fórum 4 e 10
tram as imagens das Figuras 1 e 2
Glossário e Grupos 3e7
Inserção de páginas 5
Link a um arquivo 4
Mensagem e Navegação 4
Notas 15
Questionário 12
Relatórios e Rótulos 5e3
Sumário e Tópicos 5
Tarefa 5
Wiki 7

5
Gênero textual que parece um "recorte" de jornal.

Volume 16 - 2017
90
Associação Brasileira de Educação a Distância

Figura 1: Tela inicial do MOOC

Figura 2: Tirinha do MOOC

Conforme estabelecido na concepção do iniciais para introduzir os conteúdos e, pos-


projeto e na fase de análise, o MOOC não teriormente, momentos para a realização das
somente se propõe a orientar professores atividades que podem ser presenciais ou a
sobre os aspectos tecnológicos de criação de distância. Também foi disponibilizada a indi-
recursos no AVA, mas também oferece uma cação de uma página na internet com vários
abordagem pedagógica baseada no modelo exemplos de sequências didáticas6.
TPACK, que propõe conhecimento de um
professor em três níveis: conhecimento dos Visando apresentar exemplos do uso
conteúdos curriculares, dos métodos peda- de sequências didáticas em ambientes vir-
gógicos, e das competências a nível tecnoló- tuais de aprendizagem, foi elaborada uma
gico, sendo que as suas interseções resultam SD sobre tipos e gêneros textuais a partir do
no Conhecimento Tecnológico Pedagógico, tema gerador "diminuição da maioridade
no Conhecimento Tecnológico do Conteúdo penal", e outra sobre "posições relativas de
e no Conhecimento Pedagógico do Conteúdo retas no plano". Para cada sequência didá-
(SAMPAIO e COUTINHO, 2011). Foi, por- tica, foi elaborada uma matriz de designer
tanto, disponibilizado um conjunto de mate- instrucional7. A sequência didática sobre
riais para estudo do modelo TPACK e de sua tipos e gêneros textuais foi elaborada com
aplicação. Também foi inserida uma videoau-
la sobre a criação e utilização das sequências 6
sosequencias.blogspot.com
didáticas esclarecendo que estas são exemplos 7
É a ação que envolve o planejamento, o desenvolvi-
de abordagem pedagógica que podem ser mento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades
utilizadas na metodologia blended learning, materiais e produtos educacionais em situações
didáticas específicas a fi m de promover o processo de
pois serão necessários momentos presenciais ensino e aprendizagem [6].

RBAAD – Desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem para a inserção da metodologia blended learning na educação básica
diversas atividades e exige dos estudantes do MOOC disponíveis para download e uma
conhecimentos de recursos tecnológicos, de série de recursos que podem ser aplicados
como fazer pesquisas na internet, de produ- para a criação de salas virtuais, tais como
ção textual utilizando editores de texto, de bancos de imagem, repositórios educacio-
gravação de vídeos, entre outras. A sequên- nais, programas educacionais, entre outros. 91
cia didática 2, sobre "posições relativas de
retas no plano" foi elaborada com um nú- Na terceira categoria, foi desenvolvido

Associação Brasileira de Educação a Distância


mero menor de atividades, em comparação um espaço para troca de experiências, com-
à sequência descrita acima, considerando a posto de um fórum no qual os membros da
faixa etária dos estudantes (de 11 a 12 anos). comunidade podem compartilhar sua ex-
Em função da faixa etária, há uma menos periência de uso do AVA da Comunidade
exigência de conhecimentos técnicos, sendo Landell em suas turmas da educação básica.
necessários somente conhecimentos básicos Esse espaço é aberto para visitantes, ou seja,
de programas de criação de desenhos e para qualquer pessoa, mesmo sem cadastro na co-
a realização de pesquisas na internet. munidade, pode acessar a sala.

Na segunda categoria, foi criada uma bi- Na figura 3, é apresenta a tela inicial do
blioteca virtual contendo todas as videoaulas ambiente para troca de experiências.

Figura 3: Sala para troca de experiências

3.4. FASE DE IMPLEMENTAÇÃO


A quarta e última categoria organiza um
espaço de aprendizagem no qual são criadas Após uma revisão de todos os recursos
as salas virtuais dos professores da educa- produzidos e disponibilizados na comunida-
ção básica que ingressarem na comunidade. de virtual, iniciou-se a fase de implementa-
Essas salas virtuais só podem ser acessadas ção com a criação da primeira sala para uma
pelos estudantes que forem cadastrados pelo professora da educação básica no espaço de
professor-membro da comunidade que criou aprendizagem. Essa primeira experiência foi
uma sala no espaço de aprendizagem. solicitada por uma professora de Ciências do
nono ano do ensino fundamental, de uma

Volume 16 - 2017
escola pública do município de Lavras, Minas temperatura, calor e equilíbrio térmico, uti-
Gerais, com cerca de 30 estudantes. A pro- lizando vídeos, diário, fórum e tarefas, a sala
fessora criou uma sequência didática sobre virtual é mostrada na figura 4.

92
Associação Brasileira de Educação a Distância

Figura 4: Sala de Ciências

Foi realizada, inicialmente, durante uma A fase de implementação será comple-


aula, uma capacitação para a utilização da tada quando foram inseridas pelo menos
comunidade virtual mostrando o uso das 50 salas virtuais de professores da educação
ferramentas disponíveis. A etapa seguinte foi básica. Para isso, serão organizadas palestras
feita a distância com a execução da sequência em algumas escolas públicas do Sul de Minas
didática elaborada. A maioria dos estudantes Gerais visando à divulgação da Comunidade
acessou a comunidade a partir de sua casa Landell. Em uma etapa seguinte, pretende-se
usando computadores, alguns o fizeram uti- ampliar a comunidade por meio da divulga-
lizando celulares ou tablets. Apenas 10% dos ção em sites e publicações especializadas.
estudantes não acessaram a comunidade e
não fizeram as atividades.
3.5. FASE DE AVALIAÇÃO
Após o término das atividades foi feita A fase de avaliação sobre uso de AVA
uma avaliação quantitativa, e todos os que no MOOC irá ocorrer de forma plena du-
acessaram a sequência didática tiveram bom rante a efetiva utilização da comunidade
aproveitamento. Também foi feita uma ava- virtual. Na educação presencial, existe um
liação qualitativa com base nos depoimen- recurso próprio para avaliação ao final do
tos dos estudantes sobre processo de ensino curso. Ela deve ser realizada pelos parti-
e aprendizagem utilizando a Comunidade cipantes e é solicitado que sejam relatados
Landell. Observou-se que todos os partici- aspectos positivos, negativos e sugestões de
pantes consideraram esta abordagem mais melhoria no curso. No espaço de troca de
motivadora e significativa do que o formato experiência, existe um recurso que permite
convencional das aulas. comentários, no qual podem ser verificadas

RBAAD – Desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem para a inserção da metodologia blended learning na educação básica
avaliações e impressões dos usuários sobre Considera-se que a estratégia de ofertar
a comunidade. exemplos de sequências didáticas permitiu
orientar o professor sobre como organizar
Os relatos da turma que participou da sa- seus conteúdos e como utilizar as salas de
la-piloto da disciplina de Ciências confirmam aula virtuais não somente para repositó- 93
o potencial motivador e efetivo do modelo rio de conteúdos, mas para permitir, numa
híbrido para a educação básica. Houve par- perspectiva criativa, a aplicação tecnológica

Associação Brasileira de Educação a Distância


ticipação efetiva e interessada dos estudantes como uma estratégia no processo de ensino
e muitos pedidos para que a comunidade fos- e aprendizagem. Tal estratégia pode ser um
se utilizada de forma permanente. Para uma ponto de partida eficiente para outras inicia-
avaliação profunda de alterações e de melho- tivas de mesma natureza.
rias no processo de ensino e aprendizagem
com a utilização do blended learning, será ne- Quanto ao modelo TPACK, considera-se
cessária a elaboração de futuros projetos de que ele ofereceu uma base para as sequências
pesquisa utilizando a Comunidade Landell. didáticas, pois, por meio dele, foi possível
identificar a necessidade de interseção do co-
nhecimento tecnológico do professor com as
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
escolhas de ferramentas do AVA. O modelo
Visando facilitar o processo de desenvol- também propiciou, nos estudos prévioso co-
vimento da comunidade virtual de aprendiza- nhecimento de conteúdos a serem trabalha-
gem, foi realizada uma análise dos requisitos dos com os estudantes e o conhecimento de
da comunidade virtual conforme preconiza a aspectos pedagógicos na elaboração e sequ-
primeira fase do modelo ADDIE. Com isso, ência das atividades. Ficou evidenciado que o
optou-se por utilizar uma versão de Moodle importante não é o uso da tecnologia, mas a
estável (versão 2.7), um layout simples com sua associação com um embasamento teórico
poucas categorias e, principalmente, a elabo- na busca de novas abordagens e estratégias
ração de recursos audiovisuais curtos e que no processo de ensino e aprendizagem.
tratam de conteúdos específicos. Também
foram disponibilizados textos e links para re- A organização da Comunidade Landell
cursos externos, tais como objetos de apren- exigiu um conhecimento significativo dos re-
dizagem e programas educacionais, com o cursos disponíveis no Moodle e de como criá-
intuito de colaborar para a formação dos pro- -los. Além disso, foram necessárias muitas
fessores e para a elaboração de salas virtuais horas investidas em pesquisa e seleção de re-
com recursos variados e significativos. cursos educacionais disponíveis na internet.
O trabalho envolveu ainda a elaboração de
A estratégia de formação dos professores exemplos de sequências didáticas com a as-
para o uso do AVA em Blended Learning por sociação de recursos e atividades para o apro-
meio de um MOOC ainda não foi totalmente fundamento de determinado conteúdo. A
avaliada. A escolha do formato MOOC vi- tarefa mais complexa foi a gravação e edição
sou incentivar a autonomia dos interessados, das 19 videoaulas mostrando a criação de re-
pois eles podem começar o curso a qualquer cursos no Moodle acompanhada de orienta-
momento, sem a necessidade de organização ções sobre seu uso pedagógico. Com a criação
de turmas e por meio de um estudo autôno- e disponibilidade sem custos da Comunidade
mo no AVA. Espera-se que, à medida que os Landell, espera-se contribuir para a redução
professores se interessem em participar da do tempo e do esforço técnico individual dos
Comunidade Landell e cursem o MOOC, professores quando da inserção dessas tecno-
seja possível aprimorá-lo com base no feed- logias como recursos didáticos na educação
back dos participantes. básica, contribuindo para a formação no uso

Volume 16 - 2017
de tecnologias digitais em atividades didáti- curso, Tubarão, v. 6, n. 3, p. 547-573, set./
cas e oferecendo recursos básicos necessários dez. 2006.
para que os professores mantenham espaços
virtuais de ensino e aprendizagem disponí- MARTINS, R. X.; REZENDE, D. de C.;
94 veis aos seus alunos. ESMIN, A. A. SILVA, C. R. da. Ambientes
virtuais de aprendizagem na graduação
presencial: a avaliação dos estudantes. VIII
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Volume 16 - 2017
8
Artigo

SMOOC: ESTUDO DE CASO DO PROJETO ECO –


“E-LEARNING, COMMUNICATION AND OPEN DATA”
Rosana Amaro1
Welinton Baxto2

RESUMO Palavras-chave: Cursos abertos massivos


Este artigo faz uma reflexão acerca da online. MOOC. sMOOC.
proposta do curso “sMOOC Passo a Passo”
no âmbito do Projeto ECO – “E-learning,
ABSTRACT
Communication and Open Data”, cujo objeti-
vo geral foi apoiar e incentivar as iniciativas This article is a reflection on the proposal
da oferta de cursos abertos massivos online of the course "sMOOC Step-by-Step" in the
(MOOC). O artigo se apresenta como estu- ECO Project - "E-learning, Communication
do de caso na perspectiva descritiva e possui and Open Data" whose general objective was
abordagem qualitativa, buscando analisar se to support and encourage initiatives offering
“os MOOCs dão uma resposta às necessida- massive online open courses (MOOC). The
des de formação ao longo da vida aos cida- article presents a case study in the descriptive
dãos no século XXI”. A pesquisa se alinha nas perspective and qualitative approach in order
observações realizadas no ambiente virtual to achieve if "MOOCs give an answer to the
de aprendizagem (AVA) na plataforma ECO, training needs lifelong citizens in the twen-
em um período de 30 dias/75 horas por dois ty-first century?". The research is aligned in
participantes do grupo da língua portuguesa. the observations made in the virtual learning
As evidências foram coletas pelas técnicas environment (VLE) in the ECO platform, in
da observação participante e pesquisa docu- a period of 30 days / 75 hours by two partici-
mental. Das análises das evidências concluiu- pants of the Portuguese group. The evidence
-se que o modelo de sMOOC contribui para was collected by the techniques of participant
as necessidades de formação ao longo da vida observation and documentary research. The
aos cidadãos no século XXI. Porém, alertou- analysis of the evidence was concluded that
-se ser imperativo dispensar maior atenção à the model sMOOC contributes to the trai-
formação em rede de aprendizagem para ob- ning needs lifelong citizens in the twenty-first
tenção de frequências mais altas de interações century. But it warned to be greater attention
por meio do desenvolvimento de uma cultura as imperative to training in learning network
participativa entre os participantes. to obtain higher frequencies of interactions

1
Universidade de Brasília. E-mail: rosanaead@unb.br
2
Ministério da Educação. E-mail:wbaxto@gmail.com
Volume 16 - 2017
through the development of a participatory condicionado à sua história social. Acredita-
culture among participants. se que a noção de interesse do homem seja in-
trospetiva. Na busca pelo objeto de seu inte-
Keywords: Massive open online course. resse, o homem se depara com as tecnologias
98 MOOC. sMOOC. da informação e comunicação (TICs) que
pode aproximá-lo ou distanciá-lo de determi-
nado grupo social, induzindo-o à formação
RESUMEN
Associação Brasileira de Educação a Distância

formal e informal. Possivelmente, visando


Este artículo hace una reflexión acerca de dirimir certos distanciamentos do homem,
la propuesta del curso “sMOOC Paso a Paso” algumas instituições de educação superior
en el ámbito del Proyecto ECO – “E-learning, pelo mundo buscaram parcerias e recursos
Communication and Open Data” cuyo objeti- próprios para o desenvolvimento de ações
vo general fue apoyar e incentivar las inicia- voltadas às formações continuadas, autofor-
tivas de la oferta de cursos abiertos masivos mação e acreditação. Essas instituições edu-
online (MOOC). El artículo se presenta como cacionais desenvolveram cursos com vistas às
estudio de caso en la perspectiva descriptiva y demandas do mundo moderno em rede e/ou
abordaje cualitativo, para determinar si "¿Los individualizado, com execução de atividades
MOOCs dan respuesta a las necesidades de e distribuição de conteúdo.
formación a lo largo de la vida para los ciu-
dadanos en el siglo XXI?". El estudio está No âmbito da União Europeia, surgiu
alineado a las observaciones realizadas en el o Projeto ECO (E-learning, Communication
ambiente virtual de aprendizaje (AVA) en la and Open Data), com o objetivo de apoiar
plataforma ECO, en un período de 30 días/75 e incentivar as iniciativas de cursos abertos
horas por dos participantes del grupo de por- massivos online (MOOC). O projeto preten-
tugués. Las evidencias fueron recolectadas deu dar especial atenção à formação de pro-
por las técnicas de la observación participan- fessores europeus, promovendo as condições
te e investigación documental. Del análisis de para que os professores criassem seus pró-
las evidencias se concluyó que el modelo de prios cursos online por meio Portal Projeto
sMOOC contribuye con las necesidades de ECO e de recursos educacionais abertos.
formación al lo largo de la vida para los ciu- Dessa forma, poderiam provocar impacto
dadanos en el siglo XXI. Pero, se alertó que es positivo em outras comunidades educativas.
imperativo tener más atención a la formación
en red de aprendizaje para obtener mayores Acreditava-se, com o Projeto ECO, na
frecuencias de interacciones por medio del potencialidade dos recursos educacionais
desarrollo de una cultura participativa entre abertos (REA) como mecanismos de amplia-
los participantes. ção do acesso, da melhoria da qualidade e
da eficiência de custos voltados ao ensino e
Palabras clave: Cursos abiertos masivos aprendizagem na Europa. Segundo a propos-
online. MOOC. sMOOC. ta do projeto ECO, a oferta de curso no for-
mato MOOC é a mais eficiente para se alcan-
çar uma determinada aplicação prática com
INTRODUÇÃO
os REAs. Assim, o projeto ECO se distingui-
As mudanças que acontecem na socie- ria dos modelos cMOOC e xMOOC, uma vez
dade advêm das diversas ações do homem que buscaria o fortalecimento da relação de
enquanto ser racional, social, econômico comunicação por redes, metodologia, mode-
e comunicativo, como resultado do dese- lo comunicativo e pedagógico de comunica-
jo da apropriação de bens de consumo e de ção multidirecional (todos com todos), deno-
conhecimento intelectual, intrinsecamente minado sMOOC pelo Projeto ECO.

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
Com o sMOOC, se pretendeu romper formación que está atrayendo a millones
com o modelo pautado na transmissão, na de alumnos em todo el mundo y que
reprodução e na utilização de modelos unidi- está alterando la manera en que las uni-
recionais, por exemplo, o modelo televisivo, versidades presenciales conciben la for-
modelo do rádio e da mídia de comunicação mación online. [...] La magnitud de los 99
de massa. Dessa forma, se propôs a utilização MOOC, la rapidez de su incremento y
de “tecnologias mais atuais na implementa- las profundas cuestiones que parecen es-

Associação Brasileira de Educação a Distância


ção da plataforma agregadora de MOOC [...] tar aumentando en relación con los fines
que permitirá o desenvolvimento das ativi- de la educación superior y el futuro de
dades piloto combinadas e transfronteiriças la universidad, indican claramente algo
em todos os centros envolvidos no projeto” realmente nuevo, algo más que una sim-
(PROJETO ECO, 2015). ple moda (CASTAÑO, MAIZ e GARAY,
2015, p. 20).
Para o Projeto ECO (2015), o sMOOC é
diferente por sua característica social, uma Contudo, o emprego do MOOC em curso
vez que possibilita aprendizagem por in- de formação colocou no centro da atenção da
teração social e participação transparente, comunidade acadêmica e científica a discussão
acessíveis a partir de diferentes plataformas e sobre a sua aplicação educacional. No ponto de
dispositivos móveis integrando experiências vista do “sMOOC Passo a Passo”, os MOOCs
dos participantes de modo contextualizado transcenderiam o entendimento de que são
com os conteúdos, as atividades e a gamifi- classificados apenas como um modismo.
cação. De modo geral, pode-se dizer que os
sMOOCs tendem a alcançar os conceitos Com intuito de contribuir com a discus-
de equidade, inclusão social, acessibilidade, são, sobre o modelo sMOOC, especialmente,
qualidade, diversidade, autonomia e aber- pesquisou-se o próprio questionamento do
tura por meio de dispositivos móveis aos curso sMOOC Passo a Passo, investigando
diferentes usuários. se “os MOOCs dão uma resposta às necessi-
dades de formação ao longo da vida aos ci-
A referência do Projeto ECO, finan- dadãos no século XXI”. O artigo se apresenta
ciado pelo CIP3 da Comunidade Europeia, como estudo de caso na perspectiva descri-
resultou na elaboração do curso “sMOOC tiva e de abordagem qualitativa. A coleta de
Passo a Passo”, em seis línguas na plataforma dados apoiou-se na técnica da observação
“ECO+OpenMOOC”. O Projeto ECO (2015) participante, pesquisa documental e na aná-
defende que os recursos educativos abertos lise por triangulação do tipo fonte, segundo
têm a capacidade de proporcionar um maior Colás e Buendia (1992). Nessa linha meto-
e mais amplo acesso à educação e de melho- dológica, inicialmente abriu-se espaço para
rar a qualidade e a eficiência de custos do en- a definição do MOOC (massive open online
sino e da aprendizagem na Europa por meio course). Na sequência, foi apresentada a con-
dos MOOCs. textualização do cenário “sMOOC Passo a
Passo” com apresentação e análises dos da-
Castaño, Maiz e Garay (2015) destacam que dos. Ressalta-se que a pesquisa se alinhou na
percepção de dois membros participantes do
En los últimos meses, los denominados grupo da língua portuguesa no ambiente vir-
MOOC están recibiendo gran atenci- tual de aprendizagem (AVA) na plataforma
ón en la literatura científica, presen- ECO, em um período de 30 dias/75 horas.
tando una nueva manera de enfocar la
3
Na próxima seção serão apresentados os
Project funded from the European Community's CIP tipos de MOOC – massive open online course.
(Programme under grant agreement n° 21127).

Volume 16 - 2017
MOOC – MASSIVE OPEN ONLINE Por definição, o acrônimo MOOC, em
COURSE seu sentido mais significativo, pressupõe,
MOOC (Massive Open Online Course), de fato, ser curso no formato online, aberto
termo criado por Dave Cormier que, de acor- e massivo. Essa referência estabeleceu defi-
100 do com Albuquerque (2013, p. 62), no vídeo nições para que os cursos fossem desenvol-
“What’s is MOOC?”, produzido em 2010, vidos numa plataforma online, com recurso
pelo próprio Dave Cormier, consiste em de web 2.0 e redes sociais. No aspecto aberto,
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“um curso aberto participativo, distribuído implicou que o acesso fosse gratuito, sem pré-
e idealizado para apoiar a aprendizagem em -requisitos e facilitado para os participantes.
rede ao longo da vida”. O acrônimo MOOC Por se tratar de um curso massivo, envolveria
teve origem em 2008, a partir das experiên- um grande número de participantes. Assim,
cias de Stephen Downes e George Siemens descreveu Downes (2013):
com a criação do curso “Connectivism and
Connective Knowledge - CCK” (Conectivismo So what is essential to a course being a
e Conhecimento Conectivo). Segundo, *massive* open online course, therefore,
Bartolomé e Steffens (2015), os idealiza- is that it is not based in a particular en-
dores do MOOC estavam cansados de dis- vironment, isn't characterized by its use
cutir sobre as aplicações do conectivismo of a single platform, but rather by the
e entenderam que a melhor forma de apli- capacity of the technology supporting the
car os princípios do conectivismo seria course to enable and engage conversations
colocá-los em prática em um curso online. and activities across multiple platforms.
Consequentemente, após debates realizados (DOWNES, 2013).
no âmbito da conferência Desire21Learn,
Downes e Siemens pensaram em um cur- Downes (2013) sublinha que a integração
so online denominado Connectivism and de múltiplos recursos e de múltiplas platafor-
Connective Knowledge (CCK). mas são características essenciais no desen-
volvimento de um MOOC, além disso, deve-
Tratava-se de um curso direcionado -se viabilizar a interatividade, assim como
ao estudante pagante da Universidade de promover interação entre os participantes.
Manitoba (Canadá) que também contou com Um MOOC não deve se limitar a um ambien-
a participação de outros 2300 estudantes do te fechado ou privado, nem a uma única pla-
público em geral, via internet gratuita, que taforma. Mesmo que os componentes de um
participaram do primeiro curso on-line aber- MOOC sejam on-line, abertos e massivos,
to e massivo. Enfatiza Downes (2013) que nem sempre um MOOC atende plenamente
posteriormente à experiência do curso CCK a esses componentes. Spilker e Nascimento
de Siemens & Downes, em 2008, muitos ou- (2014, p.8) esclarecem que “O termo MOOC
tros MOOCs foram desenvolvidos, sendo é por vezes enganador. Wiley (2010) sublinha
aproximadamente 40 MOOCs em diferentes que alguns dos MOOCs são massivos, mas
países. Todavia, a visibilidade do MOOC se não são abertos; alguns são abertos, mas não
deu com “os cursos oferecidos com o selo de o que se pode entender comumente por em
instituições de elite dos Estados Unidos, tais massa.” No entanto, consideram um ponto
como, o Massachusetts Institute of Technology em comum a aplicação online, uma vez que
(MIT), a Stanford University e Harvard” todos os MOOCs se apropriam desse elemen-
(ALBUQUERQUE, 2013, p.63). Ainda que to em sua realização.
iniciada em 2008, somente anos depois que o
meio acadêmico e a imprensa perceberam que Pelo mundo, algumas instituições de
os MOOCs poderiam servir como uma nova educação superior desenvolveram modelos
forma para promover a educação a distância. de MOOC que se diferenciaram quanto a

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
sua denominação como cMOOC, xMOOC delo sMOOC buscou atender a essas novas
ou sMOOC e são voltados à aprendizagem demandas, certamente, não por modismo,
em rede, execução de tarefas, distribuição de mas pelo fato de que o modelo proposto se
conteúdo com vistas à formação continuada, assentava em “conceitos como equidade, in-
formação para acreditação e/ou autoforma- clusão social, acessibilidade, qualidade, di- 101
ção em parceria ou com recursos próprios. versidade, autonomia e abertura”. (PROJETO
ECO, 2015). O modelo foi fortemente de-

Associação Brasileira de Educação a Distância


Em virtude dessa variedade de MOOC, marcado por características educacionais e
ressalta-se que o modelo conectivista comunicacionais, conforme exposto a seguir:
cMOOC é um modelo de distribuição de
orientação conteudista e autoinstrucional 1. O desenho educacional é permeado
como o xMOOC, também conhecido por ca- pelo estilo dos media sociais. As tecno-
racterísticas comerciais. Todavia, o modelo logias móveis e de aprendizagem ubíqua
cMOOC enfatiza a participação ativa do es- assumem grande relevância, porque os
tudante pautada na criação do conhecimen- estudantes vão aprender em comunida-
to, da criatividade, da autonomia, da apren- des virtuais o que promove a motivação
dizagem partilhada e colaborativa. O modelo e interatividade.
xMOOC é desenvolvido em plataformas co-
merciais e/ou semicomerciais, adota o mode- 2. Foca-se no processo de aprendizagem
lo de aprendizagem tradicional e unidirecio- dos estudantes. Não apenas as tarefas su-
nal e é regulado na autoinstrução por recurso geridas pelo professor, mas também por
audiovisual, textos e exercícios em formato iniciativa própria dos estudantes vão ser
de teste de autocorreção. um elemento chave para apoiar a colabo-
ração e o diálogo entre as comunidades
Explica Torres (2013, p. 66) que os virtuais criadas em cada curso.
cMOOCs são estruturados a partir da “apren-
dizagem auto-organizada e centrada na ob- 3. É necessário medir o sucesso de um
tenção de significado através da experiência sMOOC a partir dos objetivos, interes-
em comunidade, utilizando ferramentas de se e satisfação dos próprios estudantes e
participação como blogs, feeds RSS e outros não dos resultados de aprendizagem de-
métodos descentralizados”. Os xMOOCs pos- terminados pelos professores.
suem foco no conteúdo e são centrados em
um único site da web com a utilização de fer- 4. É necessário um curto período de
ramentas automatizadas que suportam ativi- adaptação no sMOOC, por parte dos
dades com grande quantidade de estudantes. estudantes, o que deve ser conseguido
durante a primeira semana do MOOC
Segundo os idealizadores do curso (PROJETO ECO, 2015).
“sMOOC Passo a Passo”, a tendência atual de-
manda um desenho educacional de MOOC Com referência às características edu-
que se fundamente no conceito de rede e cacionais e comunicacionais do modelo
aprendizagem ubíqua4. Neste sentido, o mo- sMOOC, observa-se que seu desenho tende
a agregar recursos de mídias sociais como
4
[...] tecnologicamente, a ubiquidade pode ser defi nida blogs, microblogging, ferramentas de grupos,
como a habilidade de se comunicar a qualquer hora, wikis, you tube, twitter, facebook, google+ e
comunicação ubíqua: Repercussões na cultura e na
educação e em qualquer lugar via aparelhos eletrôni- muitos outros recursos de web 2.0 disponíveis
cos espalhados pelo meio ambiente. Idealmente, essa para adaptação e para utilização como re-
conectividade é mantida independente do movimento cursos educacionais. Esses recursos, quando
ou da localização da entidade. (Souza e Silva, 2006,
apud Santaella 2013, pp. 15-16). utilizados com intencionalidade pedagógica,

Volume 16 - 2017
poderão potencializar as aprendizagens dos portuguesa durante a execução do curso
participantes. Na perspectiva da aprendiza- “sMOOC Passo a Passo”, de acordo com o ar-
gem ubíqua, o emprego das tecnologias mó- gumento de Gil (2011), que explica que a téc-
veis pode favorecer o acesso à informação, a nica da observação possibilitará o mais eleva-
102 comunicação e a aquisição de conhecimento, do grau de precisão nas ciências sociais. Para
tanto em tempo quanto em espaço. O dese- a análise dos achados da pesquisa, seguiu-se
nho educacional do sMOOC, ao contrário do a técnica da triangulação, por ser considerada
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modelo tradicional de educação com foco no uma técnica comum da metodologia qualita-
professor, procura garantir que o estudante tiva e por utilizar distintas técnicas para in-
esteja no centro do processo de aprendiza- terpretação que, segundo Colás (1993), pode
gem, de modo que seja protagonista do seu ser utilizada associada aos métodos, teorias,
próprio processo de aprendizagem. informação e investigadores.

ABORDAGEM METODOLÓGICA CONTEXTUALIZAÇÃO DO CENÁ-


RIO “SMOOC PASSO A PASSO”
A presente pesquisa é um estudo de caso
único com desenvolvimento descritivo e O curso “sMOOC Passo a Passo”, pri-
abordagem qualitativa. A coleta de dados se- meira edição, foi iniciativa coletiva e multi-
guiu a técnica da observação participante e da disciplinar que envolveu a participação de
pesquisa documental com análises por trian- diferentes instituições de ensino superior
gulação do tipo fonte. Na acepção de Robert europeu. Foram organizadores dessa ação de
Yin (2010), o estudo de caso “é uma investi- formação a Universidade da Cantabria (UC),
gação empírica que investiga um fenômeno Universidade de Manchester (UoMAN),
contemporâneo em profundidade e em seu Sünne Eichler (SE), Fundação para o Estudo
contexto de vida real, especialmente quando e Desenvolvimento da Região de Aveiro
os limites entre o fenômeno e o contexto não (FEDRAVE), Universidade Sorbonne (SOR),
são claramente evidentes” (YIN, 2010, p. 39). Universidade Loyola Andaluzia (LOYOLA),
Universidade Nacional de Educação a
Salienta-se que a pesquisa documental Distância (UNED), Universidade Aberta
foi realizada com base nas informações inse- de Portugal (UAb), Politécnico de Milão
ridas na plataforma do curso “sMOOC Passo (POLIMI), Telefónica Learning System
a Passo”, pois alerta May (2004, p.212) que “há (TLS), Universidade de Zaragoza (UNIZAR),
diversas maneiras nas quais os pesquisadores Universidade de Oviedo (UniOvi) e
poderiam conceituar um documento”, dentre Universidade de Valladolid (UVA). Essas
elas o reflexo da realidade, os representativos instituições foram encorajadas à livre parti-
dos requerimentos práticos para os quais fo- cipação nos Cursos Abertos Massivos Online
ram construídos e os meios através dos quais (MOOC), no âmbito do projeto europeu na
se expressa o poder social. Na mesma plata- plataforma ECO criada especialmente para o
forma, realizaram-se as observações partici- curso, conforme apresentado na figura 2.
pantes por dois membros do grupo da língua

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
103

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Figura 2: Ambiente do curso “sMOOC Passo a Passo”
Fonte: Plataforma Projeto ECO (2015).

Em virtude do envolvimento e da coo- características, cabe ao participante assumir


peração entre as diferentes instituições eu- uma postura ativa e responsável, definindo o
ropeias, o curso sMOOC foi planejado em seu nível de envolvimento e participação nas
um formato multilíngue (Espanhol, Inglês, atividades do curso.
Francês, Italiano, Português e Alemão), cer-
tamente com o objetivo de alcançar diferen- Destaca-se que a proposta didática de-
tes públicos, com escala mundial. De acordo lineada apontou uma perspectiva aberta e
com a proposta didática do “sMOOC Passo a flexível, trazendo a recomendação de que
Passo”, tratava-se de “uma abordagem teórica os participantes tivessem conhecimentos
e prática como um apelo à reflexão sobre o básicos de informática como utilizadores e
papel que o ensino aberto on-line e massivo, interesses na relação entre arte, tecnologia
em particular os sMOOC, terão no século e educação.
XXI em qualquer processo de aprendizagem”
(Projeto ECO, 2015). Havia um alerta de que o curso estaria
sempre aberto e que seria possível acessar os
Para a realização do curso “sMOOC conteúdos a qualquer momento, mas aque-
Passo a Passo” a proposta didática foi plane- la edição já havia terminado, logo, o cursista
jada para ser realizada no período de março poderia encontrar menos participantes. Isso
a abril de 2015, com dedicação de estudo significaque o número poderia variar, con-
semanal de 15 horas, totalizando a carga ho- forme as novas entradas. Inicialmente, hou-
rária de 75h. Todavia, sabe-se que a organi- ve a formação de diferentes grupos no curso,
zação do tempo de estudo depende do estilo formados conforme a preferência da língua
e do compromisso de cada participante. Os de participação, conforme apresentado no
MOOCs são definidos como cursos abertos, quadro 1:
gratuitos e não-formais, assim, devido a essas

Volume 16 - 2017
Quadro 1: Quantitativo de membros no curso por escolha de idioma
LÍNGUAS GRUPOS MEMBROS
Alemão 1 Grupo 8
Francês 1 Grupo 40
104
Italiano 1 Grupo 14
Português 1 Grupo 44
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Espanhol 10 Grupos 773


Inglês 12 Grupos 906
6 Línguas 26 Grupos 1785 Membros
Fonte: curso "sMooc Passo a Passo", adaptado pelos autores.

O curso “sMOOC Passo a Passo” foi estabelecidos cinco objetivos de aprendiza-


organizado em cinco temáticas. Cada temá- gem para as temáticas. Na sistematização do
tica trouxe um objetivo de aprendizagem e quadro 2, observa-se a relação entre as de-
diferentes etapas avaliativas. Conforme de- finições dos objetivos de aprendizagem e os
lineado no planejamento didático, foram conteúdos propostos.

Quadro 2: Objetivos de aprendizagem e conteúdo do curso


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM TEMÁTICAS (CONTEÚDOS)
1. Identificar as principais tendências da formação em 1. Bem-vindo e introdução – Por que
ambiente virtual. fazer um sMOOC?

2. Reconhecer as possibilidades que oferecem os


sMOOC como recursos para a aprendizagem em dife- 2. Ingredientes de um sMOOC
rentes áreas, níveis e contextos.

3. Desenvolver competências para a criação de


um sMOOC passo a passo; seguindo as seguintes
3. Administração de um sMOOC; Recur-
questões: porquê; como fazer, como gerir, como usar
sos e apoios de um sMOOC
a tecnologia; como torná-lo acessível; como divulgar,
e como avaliar e utilizar os dados.

4. Desenvolver competências para divulgar sMOOC. 4. Plano de comunicação e acessibilidade


5. Usar a tecnologia para realizar sMOOC individual e
5. A avaliação de um sMOOC
colaborativamente.
Fonte: Curso "sMooc Passo a Passo", adaptado pelos autores.

A primeira temática de base introdutória responder a um questionário diagnóstico e


denominada “Bem-vindo e introdução – Por realizar pequenas atividades de ambientação.
que fazer um sMOOC?”, teve como finalida-
de promover a iniciação ao tema sMOOC e, A segunda temática “Ingredientes de
ao mesmo tempo, promover a ambientação um sMOOC” foi organizada em três subte-
na plataforma, de modo que o participante se mas: “sMOOC: características pedagógicas”,
familiarizasse com ambiente da plataforma “sMOOC: atores e papéis” e “sMOOC: ele-
virtual e ainda desenvolvesse competências mentos curriculares” e teve como objetivo
acerca da gestão do sMOOC. Nesta etapa, os subsidiar os participantes com os diferentes
participantes deveriam assistir a um vídeo, elementos que envolvem o sMOOC. Como

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
objetivo de aprendizagem delineado buscou- objetivos?”. Para essa etapa, foram delineadas
-se reconhecer as possibilidades que oferecem atividades relacionadas às características di-
os sMOOC como recursos para a aprendiza- ferenciais para MOOC; criação de perfil em
gem em diferentes áreas, níveis e contextos. redes sociais; partilha em fórum e Facebook
A atividade proposta para essa etapa, como - peer-to-peer - (P2P). 105
exercício, foi a elaboração de um desenho pe-
dagógico em sMOOC. Por último, a sexta temática “Avaliação

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de um sMOOC” objetivou que os participan-
A terceira temática correspondeu à ad- tes fossem capazes de identificar os aspectos
ministração de um sMOOC. Nessa seção, mais relevantes da avaliação de um sMOOC.
objetivou-se que o estudante focalizasse os Em subseções temáticas propôs-se refletir “O
principais aspectos a ter em consideração que posso avaliar num sMOOC?”, “Como
na gestão de um sMOOC e no processo a posso avaliar um sMOOC?”; e "Como posso
ser seguido, passando pela concepção geral, utilizar a informação/dados num sMOOC?”.
planejamento detalhado e apresentação de Nesta temática, as atividades envolveram dis-
um projeto sMOOC. Nesta temática, propôs- cussão e partilha de opinião no fórum; pes-
-se a pesquisa livre na internet para explorar quisa e partilha dos resultados das pesquisas
o universo de outros MOOC buscando as usando microblog e/ou “pearltrees” ou “scoop
semelhanças a serem construídas no portal it” ou outra ferramenta; apresentação de so-
ECO, propondo ainda a partilha de pelo me- luções específicas para avaliar um sMOOC
nos dois links pesquisados no fórum destina- e análise dos resultados do questionário
do à atividade. de satisfação.

A quarta temática, “Recursos e Apoios A proposta avaliativa das atividades des-


de um sMOOC”, foi organizada em dois as- critas para o curso “sMOOC Passo a Passo”,
suntos. No primeiro foi proposto o tema “O se constituiu em diferentes etapas e em um
apoio ao participante num sMOOC” e, no processo contínuo ao longo de cada temática.
segundo, “O que torna um recurso de apren- Conforme apresentado no programa de estu-
dizagem bom para um sMOOC?”. A partir do, no decorrer de cada temática foram pro-
desses conteúdos, os participantes realizaram postas atividades avaliativas para se prosse-
atividades de: a) pesquisar, partilhar e avaliar guir a temática seguinte. As atividades foram
recursos educacionais abertos na rede com diversificadas, tais como: atividades de leitu-
discussão no fórum; b) explorar o conceito ra, seção de vídeo, realização de Quiz, elabo-
de REA; c) discutir os resultados com os seus ração de atividade individual e avaliação em
pares no fórum e; d) planificar a adaptação de pares ao final de cada unidade temática.
um REA pré-selecionado para utilização em
novo contexto. Buscou-se nesta etapa instru- A seguir serão apresentadas as análises
mentalizar o estudante quanto aos recursos dos dados ancorados nos procedimentos me-
educacionais abertos (REA). todológicos alinhados às percepções dos dois
observadores integrantes do grupo da língua
A quinta temática, “Plano de comuni- portuguesa no curso “sMOOC Passo a Passo”
cação para MOOCs”, teve como objetivo na plataforma ECO.
que o participante desenvolvesse competên-
cias para divulgar o sMOOC. Nessa etapa,
APRESENTAÇÃO E ANÁLISES
buscou-se investigar as seguintes questões:
DOS DADOS DA PESQUISA
“Quais são os objetivos principais dos meus
MOOC?” e “Como é que as estratégias de Considerando a perspectiva descritiva, a
comunicação podem ajudar a alcançar os qualitativa e a triangulação por tipo de fonte

Volume 16 - 2017
da pesquisa, os observadores e participantes 6 (seis) com exigência maior da organização
do curso notaram que as atividades propostas do tempo de estudo dos observadores/parti-
na temática introdutória “Bem-vindo e intro- cipantes. Concomitantemente às atividades,
dução – Por que fazer um sMOOC?”, do am- ocorreram os processos de ambientações na
106 biente “sMOOC Passo a Passo” na plataforma plataforma ECO com o reconhecimento do
ECO, se apresentou, dada a experiência dos programa de estudo, dos enunciados das ati-
participantes em cursos online, com grau de vidades e das navegações em diferentes espa-
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pouca complexidade. Entretanto, à medida ços: Programa de Estudos, Revisão, Grupo,


que se tomava conhecimento dos enunciados, Fórum, Barra de Progresso e Perfil, este últi-
apesar de as atividades não serem de difícil mo exibia o sistema de avaliação apoiado na
realização, havia um conjunto de atividades estratégia da Gamificação - (Figura 1).

Figura 1: Emblemas ou Medalhas


Fonte: Plataforma ECO- curso sMOOC Passo-a-Passo (2015).

Aponta-se que as temáticas estavam siste- comunidade de aprendizagem” com referên-


matizadas para a aquisição de emblemas5 ou cia na língua, participação e apresentação no
medalhas, em diferentes níveis, denominadas Fórum de Discussão, criação do perfil por
conforme os seguintes pontos: a) um gran- meio do recurso “gravatar6”, “Mensagem no
de envolvimento na melhoria do sMOOC; microblogging7”, criação de comunidade “Eu
b) Gestão de um sMOOC; c) Adaptação de sigo outra pessoa”, e realização da “Atividade
REA para sMOOC; d) Avaliação do sMOOC; de facebook (P2P)”. A partir do vídeo e ques-
e) Especialista de um sMOOC. Ao final da tionário diagnóstico, foi possível se apropriar
formação, com a aquisição de medalhas conceitualmente da compreensão de MOOC.
conquistadas por meio dos questionários Seguindo o programa proposto e os respecti-
e as atividades de facebook, o participan- vos enunciados, buscou-se a participação no
te, caso tivesse interesse, poderia obter cre- “Grupo de Comunidade de Aprendizagem
dencial/certificação de conclusão de curso – Língua Portuguesa”, não obstante, a pla-
mediante pagamento. taforma permitia o livre acesso aos demais
grupos, assim, na qualidade de observado-
A primeira temática envolveu a visualiza- res/participantes optou-se pelo grupo de lín-
ção do vídeo introdutório sobre os MOOCs gua portuguesa uma vez que é língua nativa
e a realização de questionário diagnóstico, dos observadores.
assim como a definição por um “Grupo de
6
https://pt.gravatar.com/
5 7
Figura simbólica https://pt.wikipedia.org/wiki/Microblogging

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
Na sequência dos enunciados, a Atividade a participação ativa dos participantes, evi-
1, atualização do perfil, consistiu na utiliza- denciou-se a ausência de acompanhamento
ção do recurso de criação de uma conta de e execução por parte da equipe gestora do
avatar na ferramenta Gravatars, integrada na curso sMOOC. Observou-se também que
Plataforma Eco, instalado via plugins, com a os enunciados apresentados, assim como as 107
atualização de 20 perfis dos 43 participantes orientações, foram descritos de maneira su-
do grupo da Língua Portuguesa. Na segunda cinta e em formato de tópico com destaque

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atividade em “Meu Perfil”, o participante deve- em negrito, dessa forma a orientação sobre
ria inserir uma “Mensagem no microblogging”, cada atividade foi transmitida de maneira
com apresentação e explicação das expetati- clara, objetiva e de fácil entendimento pelo
vas em relação ao curso. Na terceira atividade participante. O conjunto de atividades pro-
“Eu sigo outra pessoa”, havia orientação para postas possibilitou a identificação dos aspec-
leitura das postagens do “microblogging” dos tos fundamentais da formação na perspectiva
participantes e professores com a proposta de um MOOC, assim como propiciou a refle-
da vinculação como seguidor daqueles com xão sobre o conceito MOOC, seus diferentes
maior interesse das postagens. Nesse conjun- tipos e a perspectiva dos MOOCs em relação
to de atividades, constatou-se um forte apelo à formação ao longo da vida no século XXI.
quanto à formação de redes, por grupo de in- Ademais, a última etapa avaliativa, de reali-
teresse, todavia, verificou-se que dos 43 mem- zação obrigatória, no formato facebook pro-
bros da Língua Portuguesa 23 membros foram piciou o exercício da avaliação, assim como o
seguidos e os demais não tiveram seguidores. conhecimento da rubrica proposta pela equi-
Entretanto, desses que foram seguidos, 14 de- pe docente do curso.
les tornaram-se seguidores, contribuindo as-
sim para a formação da rede. A segunda temática “Ingredientes
sMOOC: metodologia, pedagogia e atores”,
A última atividade da temática introdu- organizada em três seções, incentivou a pes-
tória sugeriu a participação ativa na web so- quisa e a partilha dos importantes aspectos
cial, de acordo com o enunciado descrito. Ela pedagógicos e metodológicos para desen-
orientava-se pela postura ativa do participan- volvimento de um sMOOC. A atividade
te com intuito de se estabelecer a construção possibilitou partilhar exemplos de cursos
coletiva do conhecimento. Para essa ativida- de MOOC e sMOOC, analisar as pesquisas
de, disponibilizaram um link via Facebook partilhadas pelos colegas e contribuir com
e outro no Twitter. Relativamente, quanto às os colegas, fortalecendo a dinâmica de rede
atividades 4 (fórum de discussão) e 6 (rede de aprendizagens pelo Facebook na ativida-
social), como participantes do curso, obser- de “Desenho pedagógico de um sMOOC”.
vou-se que as atividades propostas não foram Nessa seção, observaram-se importantes
disponibilizadas aos participantes por parte pontos de articulação entre as atividades
do moderador da plataforma. Verificou-se propostas com a utilização das diferentes fer-
que não houve a abertura do fórum de dis- ramentas (fórum de discussão e Facebook).
cussão conforme descrito no enunciado e Além do incentivo à pesquisa de materiais
referente à rede social Facebook. O link apre- complementares, propôs-se a elaboração
sentado informava “O link que você seguiu de um pequeno resumo e a partilha, via
pode estar quebrado ou a página pode ter sido Facebook, com o grupo. Notou-se que essa
removida”. O mesmo ocorreu em relação ao estratégia inicialmente contribuiria com a
Twitter, não havendo troca de mensagens. produção do texto para a atividade principal
“Desenho pedagógico de um sMOOC” e, ao
Ainda que o curso planejasse a inclu- mesmo tempo, com a partilha de novos ma-
são de ferramentas sociais e orientasse para teriais com os demais colegas, cumprindo

Volume 16 - 2017
também a tarefa social proposta no plane- de Facebook. Aponta-se que o link de aces-
jamento do sMOOC. Entretanto, apesar do so no Facebook não funcionou, mas os de-
desenho do curso apontar para uma propos- mais espaços estavam acessíveis na própria
ta de articulação atividade/planejamento do plataforma. Nota-se que no decorrer do
108 sMOOC, não houve evidências de postagens curso foram enviados comunicados sobre
e partilhas na rede social. Tal situação pode a importância da participação dos cursistas
ter relação com a falha do link que ocorreu nas diferentes atividades propostas e nos
Associação Brasileira de Educação a Distância

na etapa introdutória do curso, prejudican- espaços sociais.


do o envolvimento dos participantes quan-
to à realização das tarefas sociais. Quanto A quarta temática, “Recursos e apoios
à segunda atividade complementar, no de um sMOOC”, com duas seções, teve
Fórum de Discussão, “Bem-Vindos à seção como objetivo incentivar a pesquisa, a par-
2 Ingredientes de um sMOOC”, propôs-se a tilha e a avaliação de recursos educacionais
“discutir com os outros participantes os as- abertos na rede imediatamente. A partir da
pectos pedagógicos mais relevantes do cur- avaliação do próprio cursista, orientou-se
so que selecionou e outros que podem ser pela seleção e partilha dos links seleciona-
melhorados”. Observou-se nessa atividade dos no fórum com os demais participantes.
a participação de sete membros, totalizando Recomendou-se, ainda, explorar e identifi-
18 postagens. Ainda que as atividades com- car o conceito de REA e, em seguida, rea-
plementares não envolvessem diretamente a lizar a discussão com os demais participan-
aquisição de emblemas na unidade e na con- tes. Os tópicos para essa temática foram:
clusão do curso, destaca-se que o desenvol- “O que torna um recurso de aprendizagem
vimento dessas atividades foi essencial para bom para um sMOOC?" e “O apoio ao par-
fortalecer o grupo de aprendizagem, inter- ticipante num sMOOC”. A proposta para
cambiar experiências e ampliar a partilha de os tópicos instigou a pesquisa e a partilha
conteúdos propostos ao longo do curso. de materiais complementares, ampliando
o acesso a diferentes materiais disponibili-
A terceira temática “Administração de zados na plataforma. Participaram dessas
um sMOOC”, organizada em três seções in- atividades 10 cursistas com postagem de 34
centivou, no primeiro momento, a pesquisa mensagens. Após debates, os participantes
de outros MOOCs e, via fórum de discus- desenvolveram a “eAtividade 4”, integran-
são, a partilha dos resultados da pesquisa. te do Facebook. Para essa etapa, se propôs,
Subsequentemente, se propôs a realização de forma fictícia, a elaboração de um plano
de pesquisa mais aprofundada sobre um de adaptação de um REA pré-selecionado
MOOC, selecionando e indicando no fórum para uso em um novo contexto. Na condi-
e, a última seção, orientou-se para a elabo- ção de participante/observador, percebeu-se
ração da Atividade 3 “Planejar o MOOC”, que as atividades propostas possibilitaram
dentro da proposta de revisão por pares a ampliação e compreensão dos recursos
(peer-to-peer). Novamente, observou-se a educacionais abertos no sentido de ser pos-
forte articulação do desenho educacional sível disponibilizar diferentes fontes para a
do sMOOC com as atividades propostas. Na sua instrumentalização.
postagem da equipe pedagógica do curso re-
lacionada ao fórum da seção 3, igualmente, A quinta temática do plano de estu-
havia a orientação pelo fortalecimento da do abordou o Plano de Comunicação e
comunidade de aprendizagem, pela partilha Acessibilidade em duas seções. Nessa te-
de materiais livres, de propostas e ideias re- mática foi proposto aos participantes uma
lacionadas aos tópicos voltados à seção, por sequência de cinco atividades para apoiar o
meio do fórum, microblogging ou a página desenvolvimento do plano de comunicação

RBAAD – sMOOC: estudo de caso do Projeto ECO – “E-learning, Communication and Open Data”
direcionado ao sMOOC. A primeira ativi- sMOOC. Os tópicos propostos: “O que pos-
dade, em formato de exercício de reflexão, so avaliar? Como posso avaliar? Como uti-
propôs pensar sobre os aspectos diferenciais lizar a informação/dados num sMOOC?”,
do MOOC voltado para a definição do plano possibilitaram a sistematização de uma se-
de comunicação. Na sequência, orientou-se quência de cinco atividades apoiadas pela 109
pela pesquisa de outros MOOC com o ob- pesquisa de artigos sobre a avaliação em
jetivo de tomar como exemplos as boas prá- MOOC, seguida da orientação da partilha,

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ticas para o desenvolvimento do plano de via “pearltrees” ou “scoop it”, publicação no
comunicação. A terceira atividade proposta microblogging e discussão entre os pares via
envolveu a criação de um perfil em redes so- Fórum de Discussão. Por fim, a atividade de
ciais para simular uma proposta de prática Facebook teve como proposta a elaboração
que demonstrasse a relevância real da pro- de uma produção textual problematizada
posta (hipotética) em construção. Em segui- pelas diferentes etapas e percalços às quais
da, propôs-se a partilha e a discussão para os aspectos da avaliação estão suscetíveis,
refletir a respeito das etapas de formação bem como a gestão de soluções e resultados
de comunidade para o MOOC. Decorrente de um planejamento de sMOOC. Por últi-
deste processo, a última atividade, igual- mo, o programa de estudo para fins de aqui-
mente pautada no critério de Facebook, sição da última medalha e certificação se
consistiu na proposta de elaboração de um concretizou com a participação no questio-
plano de comunicação. Destaca-se que nes- nário de satisfação. Observou-se nesta etapa
sa seção, novamente, não houve a abertura que o exercício da atividade de Facebook
do tópico pelo moderador da equipe peda- possibilitou que os cursistas vivenciassem e
gógica, situação que inviabilizou o fortale- refletissem sobre o sistema de avaliação de
cimento da rede de aprendizagem uma vez um sMOOC.
que a interação entre os participantes foi
descontinuada. À exceção dessa ocorrên- Com os dados analisados da plataforma
cia, percebeu-se nessa etapa a congruência do curso “sMOOC Passo a Passo” constatou-
das atividades propostas como elemento -se que 7 (sete) membros conquistaram 5
importante para subsidiar a elaboração do emblemas, 1 (um) membro obteve 4 emble-
plano de comunicação e, ao mesmo tempo, mas, 1 (um) membro obteve 3 emblemas, 3
corresponder ao objetivo de aprendizagem (três) membros obtiveram 1 (um) emblema,
que se destinou a “desenvolver competên- todavia, 31 membros não obtiveram em-
cias para divulgar sMOOC”. Assim como blemas, entre os 43 membros do grupo da
nas temáticas anteriores, observou-se que os língua portuguesa. Salienta-se que havia a
enunciados apresentados estavam descritos exigência, para a obtenção dos emblemas
de maneira clara e objetiva, entretanto, sem ou medalhas, de acreditação ou certifica-
muito detalhamento. Por um lado, a infor- ção do curso e da realização da atividade de
mação resumida é mais direta, por outro, a Facebook, porém, os dados indicam que os
falta de detalhamento pode gerar lacunas e emblemas não foram atrativos e instigado-
suscitar dúvidas. res para a execução das atividades e perma-
nência dos participantes no curso “sMOOC
A última temática “A avaliação de um Passo a Passo”. Pode-se observar, na tabela
sMOOC” organizada em quatro seções, bus- 1, as frequências dos 43 membros do Grupo
cou desenvolver os aspectos mais relevantes Língua Portuguesa curso “sMOOC Passo a
da avaliação de um sMOOC. Também in- Passo” (Publicações no fórum e microblog,
centivou a aplicação do conhecimento apre- formação da Rede e conclusão do curso):
endido por meio de uma proposta de ela-
boração de rubrica de avaliação no próprio

Volume 16 - 2017
Tabela 1: Frequência da participação Grupo Língua Portuguesa sMOOC Passo a Passo
Nº PUBLICAÇÕES SEGUIRAM OUTROS
FREQUÊNCIA OBTEVE SEGUIDORES
(POSTAGEM) MEMBROS
≥ 10 3 7% 0 0% 3 7%
110 ≥ 05 5 12% 12 28% 7 16%
≤ 04 10 23% 11 26% 4 9%
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Sem frequência 25 58% 20 47% 29 68%


CONCLUÍRAM O CURSO NÃO CONCLUÍRAM O CURSO
8 Membros 19% 35 Membros 81%
Fonte: Elaborado pelos autores

Observa-se na tabela 1 que 7% dos mem- baixa frequência das postagens nos fóruns
bros do grupo da Língua Portuguesa reali- entre os participantes: a) o Fórum “Bem-
zaram dez ou mais postagens, 12% de cinco vindo ao curso sMOOC” teve 36 postagens;
a nove postagens e 23% entre uma a quatro b) o Fórum “ingredientes-de-um-sMOOC”
postagens, porém, 58% dos membros não teve 18 postagens; c) o Fórum “gestão
publicaram ou interagiram nos fóruns e/ou de um sMOOC” teve 37 postagens; d) o
através de microblogging. Extrai-se que 54% Fórum “avaliação de um sMOOC” teve 7
dos membros foram seguidos por outros postagens; e) o Fórum “o que posso avaliar
membros do grupo, todavia, isso não garan- num sMOOC?” teve 8 postagens.
tiu a reciprocidade entre outros membros
para formação da rede colaborativa - obten- Nesses fóruns temáticos, os participan-
ção de seguidores e seguir outros membros. tes deveriam explorar os recursos educati-
vos abertos na internet, partilhar, participar
Na categoria “seguiram outros mem- de forma colaborativa das atividades e dos
bros” constatou-se que apenas 32% dos espaços sociais (hangout, fórum, microblog-
membros seguiram outros participantes ging ou facebook). Observou-se que os par-
do grupo. Verifica-se que os mais “ativos” ticipantes mais ativos nos fóruns temáticos
não impactaram para a formação da rede partilharam, mas não estimularam o debate
colaborativa – aqui entendida como coope- com outros participantes. Denota-se que
rativa por se tratar da realização das ativi- esse comportamento, adicionado à ausência
dades separadas e não em comum acordo. da postagem do (a) moderador (a) do fórum
Notadamente, as postagens não estimula- “Plano de Comunicação e Acessibilidade” in-
ram o diálogo entre os participantes, mas fluenciaram na participação e, consequente-
sim, o ambiente configurou-se num local mente, no elevado o número de participantes
de repositório das atividades. Ressalta-se desistentes do curso “sMOOC Passo a Passo”,
que desde a primeira postagem, pelo (a) primeira edição 2015.
moderador (a) do fórum, havia orientação
da criação de uma comunidade de aprendi- As atividades avaliativas foram realiza-
zagem com a ferramenta “GRUPOS”. Nessa das por pares (participantes) com escala de
ferramenta, os participantes deveriam se 1 a 5, sendo a nota final resultante da média
enquadrar naquele grupo conforme o crité- entre os avaliadores. Nesse ponto, observou-
rio da língua de interesse. Havia orientação -se que a avaliação do participante somente
quanto à entrada e participação no sMOOC era visualizada após a realização de avaliação
no sentido do fortalecimento do ambien- de, pelo menos, dois outros participantes do
te colaborativo. Entretanto, constatou-se curso. Caso o número de avaliador (pares)

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fosse insuficiente, não havia a orientação so- seus próprios cursos e para que, ao mesmo
bre a possibilidade de a avaliação ser realiza- tempo, impactassem positivamente outras
da pelo moderador, tampouco houve arbitra- comunidades educativas.
gem para dirimir possíveis contestações em
caso de situação discrepante das avaliações O curso “sMOOC Passo a Passo”, na pla- 111
por pares. taforma do Projeto ECO, foi concebido no
modelo pedagógico de MOOC com vista à

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reflexão acerca da aplicação de que o ensino
CONSIDERAÇÕES FINAIS
aberto, online e massivo, em particular os
A presente pesquisa se desenvolveu no sMOOC, poderá ter no século XXI nos di-
curso “sMOOC Passo a Passo”, primeira edi- ferentes cenários de aprendizagem, diferen-
ção 2015, na perspectiva do estudo de caso, temente dos modelos tradicionais, no geral,
descritiva e de abordagem qualitativa. A co- centrados na transmissão e na reprodução de
leta das evidências foram por observação conteúdos. O design do sMOOC fundamen-
participante, pesquisa documental e as aná- tou-se nas características sociais, na apren-
lises realizadas foram do tipo fonte, a fim de dizagem ubíqua, nos recursos educacionais
investigar se “os MOOCs dão uma resposta abertos e nos elementos de gamificação. Esse
às necessidades de formação ao longo da modelo pode ser considerado diferenciado
vida aos cidadãos no século XXI”. A partir em relação ao modelo unidirecional, por
das análises das evidências, constatou-se que exemplo dos xMOOC, superando até a ideia
o modelo desenhado para o curso sMOOC de mero modismo do emprego do MOOC
Passo a Passo, primeira edição 2015, se apre- em cursos de formação continuada.
sentou de forma flexível e conciliável com as
demandas da vida moderna pelo designer es- Todavia, observou-se que havia um forte
pecialmente direcionado à aprendizagem. O apelo à colaboração em rede voltada à aquisi-
curso disponibilizou diferentes recursos (fó- ção das competências necessárias para apre-
runs de discussão, grupos, microblogging, fa- sentar ideias educativas próprias alinhadas
cebook, além da web social como o Facebook aos grupos formados pelas seis línguas ofere-
e Twitter.) e materiais diversificados, possibi- cidas (Alemão, Francês, Italiano, Português,
litando a aquisição de competências alinha- Espanhol e Inglês) quanto à concepção para
das às demandas do professor do século XXI. o desenvolvimento de curso no ponto de vis-
Pode-se inferir, a partir das evidências, que o ta de um sMOOC. Neste ponto, adverte-se
curso “sMOOC Passo a Passo”, primeira edi- para o modelo de formação em rede colabo-
ção 2015, possibilitou uma visão alargada do rativa que se pretende alcançar com o mode-
cenário voltado às situações de aprendizagens lo sMOOC, pois percebeu-se que no curso
num formato de tempo possível e a um cus- analisado as contribuições dos participantes
to acessível ao professorado, sendo possível se limitaram ao cumprimento da atividade
sua aplicação às necessidades de formação ao utilizando alguns nichos como repositórios
longo da vida para os cidadãos do século XXI. apenas, ou seja, não consideram o apelo à
participação colaborativa. Em alguns casos,
Diante das demandas da sociedade em foram estritamente cooperativos, com pou-
rede e da necessidade de formação ao lon- ca troca ou interação entre os mediadores e
go da vida, com a proposta do Projeto ECO membros do curso.
do curso “sMOOC Passo a Passo”, ampara-
do financeiramente pela União Europeia, Alerta-se ser imperativo dispensar
pretendeu-se apoiar as iniciativas de cur- atenção à formação em rede colaborativa
sos massivos online voltados às formações de aprendizagem para que sejam alcança-
de professores europeus para que criassem das maiores frequências nas interações que

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possam resultar numa cultura participativa PROJETO ECO. Plataforma integrada no
entre os membros participantes de um cur- ECO: Elearning, Comunicação e Open-data.
so sMOOC. Isso se justifica pelo forte apelo Disponível em: <http://ecolearning.eu/pt-pt/
social ao estilo das mídas sociais com foco projeto-eco/ > . Acesso em: 23 jun. 2015.
112 no processo de aprendizagem entre os mem-
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sMOOC rumo à colaboração e ao diálogo en- repercussões na cultura e na educação
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