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Um de seus alunos, Tweed, inicialmente com uma prática clínica fiel aos
preceitos não extracionistas de Angle, observou que os resultados obtidos
estavam deixando muito a desejar, sendo que o índice de recidivas no pós-
tratamento era muito alto, então, após alguns anos, decidiu começar a tratar
alguns dos seus pacientes desprendendo-se completamente do compromisso
de manter todos os dentes na boca, como pregava seu mestre.
FIOS ORTODÔNTICOS
Estas ligas são designadas pelo Instituto Americano do Ferro e Aço (AISI -
American Iron and Steel Institute) como aços inoxidáveis da série AISI 400.
Esta série compartilha tal numeração com os aços inoxidáveis martensíticos.
Os aços inoxidáveis ferríticos têm boa resistência à corrosão e baixo custo.
Portanto, são indicados quando não é necessária alta resistência mecânica.
Uma vez que a mudança de temperatura não induz transformação de fase no
estado sólido, os aços inoxidáveis ferríticos não são endurecidos por
tratamento térmico. Os aços inoxidáveis ferríticos não são também facilmente
submetidos ao trabalho a frio (encruamento). Consequentemente, apesar de
terem um grande número de aplicações industriais, eles tem pouca aplicação
na Odontologia. (ANUSAVICE)
Ligas de cobalto-cromo
Esta liga é formada pelos fios Elgiloy (Rocky mountain orthodontics). Azura
(Ormco corporation) e Multiphase (American Orthodontics Corporation), muito
utilizados na técnica de Ricketts.
Rigidez Alta
Flexibilidade Baixa
Resiliência Baixa
Tenacidade Alta
Biocompatibilidade Alta
Quadro 1 - Fonte: Kapila e Sachdeva.
Ligas de Níquel-Titânio
A primeira liga metálica, composta basicamente por níquel e titânio, foi criada
no início dos anos 1960 por Willian Buehler, metalurgista do Laboratório de
Armamentos Navais da Marinha Americana, em Maryland. O nome dado à liga
foi Nitinol (ni de níquel, ti de titânio e nol de Naval Ordenance Laboratory), e
visava à construção de antenas a serem utilizadas no programa espacial
americano.
Rigidez Baixa
Flexibilidade Alta
Resiliência Alta
Tenacidade Baixa
Biocompatibilidade Média
Quadro 2 - Fonte: Kapila e Sachdeva
Podemos notar que o Nitinol é mais flexível que o aço, pois em uma dada força
(F) sofrerá maior deformação. Observa-se também que correspondendo a esta
força, o Nitinol armazena muito mais energia (área 0-3-4) que o aço (área 0-1-
2), denotando maior resiliência.
A força ortodôntica que o fio aplica no dente (linha pontilhada) mostra-se muito
mais suave e constante no Nitinol e a quantidade de deformação permanente
(onde a linha pontilhada toca no eixo X), sensivelmente menor.
Estes fios trouxeram para a prática clínica uma das mais incríveis propriedades
das ligas de níquel-titânio - a memória de forma, decorrente das
transformações cristalográficas induzidas por alterações de temperatura. A
memória de forma ocorre porque, em sua fabricação, a liga é aquecida e
moldada sob a forma de um arco ideal, com a estrutura cristalina arranjada na
conformação Martensite. Quando resfriada à temperatura ambiente, o arco de
níquel-titânio modifica-se no arranjo cristalino e assume a conformação
denominada Austernite. O fio é então posicionado nos braquetes, o que leva à
sua deformação. Na temperatura bucal (em torno de 37 o C), a grade cristalina é
induzida a retornar para a conformação Martensite e, com isso, como se
possuísse memória, retorna à forma original de um arco ideal.
A figura 7 (8.34 vellini pag 279) mostra o comportamento dos fios níquel-titânio
de última geração quando comparados ao dos Ni Ti tradicionais e ao dos fios
de aço inoxidável.
Figura 7 - Curvas de tensão-deformação comparativas dos fios de aço inoxidável, Ni Ti e Ni Ti superelásticos.
Observa-se que os fios de Ni Ti superelásticos apresentam as propriedades mecânicas de maior flexibilidade e menor
força ortodôntica, com relação aos fios de aço ou Ni Ti convencionais. FONTE: Burstone e colaboradores.
Cabe ressaltar que as ligas de níquel-titânio não permitem soldagem com solda
de prata e nem uniões com solda elétrica em máquinas convencionais.
Contudo, a máquina de solda a ponto Kernit capacitiva desenvolvida no Brasil
permite esta união. O caso clínico apresentado na figura 8 ( vellini pag 279)
demostra a incrível potencialidade mecânica dos fios de níquel-titânio.
FIGURA 8 - Fonte: Vellini (substitutuir por algum caso clínico próprio - se
puder)
Ligas de beta-titânio
As ligas de beta-titânio têm sua origem nos anos 1960, quando a indústria
metalúrgica consegue, por meio da adição de molibdênio, zircônio e estanho,
estabilizar a estrutura cristalina de titânio em forma de cubo de base centrada
(antes isso só ocorria em temperaturas superiores a 885o C).
Estes fios passaram a ser avaliados para fins ortodônticos a partir do fim dos
anos 1970 por Goldberg e Burstone (artigo 14 pag 288 vellini). Sua composição
básica reúne 79% de titânio, 11% de molibdênio, 6% de zircônio e 4% de
estanho.
Podemos definir metal como aquele elemento químico que, em solução forma
íons positivos. Em geral, os metais apresentam constituição sólida em
temperatura ambiente, superfície lisa e polida e conduzem bem o calor e a
eletricidade. A camada de elétrons mais extrema do átomo metálico é chamada
camada de valência, pela facilidade com que são liberados do átomo.
Estes átomos de grade cristalina são unidos entre si graças à força de atração
proporcionada pela nuvem de elétrons que circula os íons positivos. Esta
ligação é conhecida por ligação metálica. Gradientes térmicos ou campos
elétricos fazem com que a nuvem de elétrons se desloque das áreas de maior
para as de menor energia, explicando, assim, a alta condutibilidade térmica e
elétrica dos metais.
Quando se aplica uma força sobre um fio, uma falha na estrutura cristalina do
metal, seja por linhas de discordância ou por degraus, causará o deslizamento
dos planos atômicos. Este deslizamento pode ser impedido por outro defeito da
estrutura metálica que se oponha ao primeiro. Forças maiores que aquelas
que provocam o deslizamento podem levar ao encruamento, isto é, o
deslizamento de diversos planos anatômicos e tornar o metal mais resistente e
duro. Se a força for ainda maior e todos os deslizamentos possíveis ocorrerem,
o metal sofrerá fratura.
Definições
CARGA
Tensão é a carga sofrida pelo fio dividida por sua área (tensão = carga + área).
Sempre que houver uma tensão do fio ortodôntico, haverá uma alteração na
disposição de seus átomos na grade cristalina, seja no sentido de afastá-los ou
de aproximá-los. Este fenômeno é conhecido por deformação, e seu valor é
dado pela alteração do fio após a aplicação da carga.
LIMITE DE ELASTICIDADE
O fio ortodôntico ideal teria alto LE, podendo sofrer uma grande tensão sem se
deformar irreversivelmente. Será usado sempre o termo limite de elasticidade,
mesmo quando referente ao limite de proporcionalidade ou limite convencional
de escoamento. Segundo ANUSAVICE, isto pode ser realizado para propósitos
práticos por serem seus valores muitos próximos.
MÓDULO DE ELASTICIDADE
MÓDULO DE RESILIÊNCIA
As ligas com alta tenacidade - que são dobradas durante a confecção de alças
sem o risco de fratura - são preferíveis, pois os fios de baixa formabilidade
sofrerão fratura facilmente quando dobrados.
BIOCOMPATIBILIDADE
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