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BREVE HISTÓRICO DAS TÉCNICAS ORTODÔNTICAS

O ponto inicial para a elaboração de um conceito antigo de se fazer Ortodontia


e que perdura até hoje - um fio retangular preenchendo total ou parcialmente o
interior também retangular de um bráquete - partiu de Edward Hartley Angle
por volta de 1925.

Angle conduzia seus tratamentos e ensinamentos apoiado numa técnica


expansionista, pois ele acreditava que uma oclusão normal e funcional só seria
possível com todos os dentes presentes na boca.

Um de seus alunos, Tweed, inicialmente com uma prática clínica fiel aos
preceitos não extracionistas de Angle, observou que os resultados obtidos
estavam deixando muito a desejar, sendo que o índice de recidivas no pós-
tratamento era muito alto, então, após alguns anos, decidiu começar a tratar
alguns dos seus pacientes desprendendo-se completamente do compromisso
de manter todos os dentes na boca, como pregava seu mestre.

Angle, em 1890, construiu um aparelho ortodôntico que denominou de arco E,


para normalizar o arco dentário. O Arco E (Fig 1) consistia de um arco
vestibular pesado de expansão unido por soldas a duas bandas parafusadas
nos dois primeiros molares.

Figura 1: Arco E - Fonte GRABER (2000)


Ele fazia uso de ancoragem simples e realizava movimentos de coroa dos
dentes. Amarrilhos de latão das coroas até o arco pesado (Fig. 2) eram usados
para conduzir os dentes até a oclusão.

Figura 2 - Fonte GRABER (2000)

Em resposta à necessidade de movimentação unitária dos dentes, em 1911,


Angle lançou outro aparelho, ainda mais aperfeiçoado, chamado Pino e Tubo
(Fig. 3), que realizava um melhor controle individual dos dentes. No seu
desenho original, o arco pesado do arco E foi removido, para que cada
dente pudesse ser movimentado através do pino e tubo, adaptados a cada
elemento dentário. Os arcos deviam ser alterados cada vez que os dentes
sofressem movimentações; essas alterações modificavam progressivamente o
formato do arco aproximando-o de uma forma ideal.

Figura 3 - Aparelho de pino e tubo - Fonte GRABER (2000)


O aparelho de pino e tubo era de difícil construção, sua manipulação era
excessivamente complicada. Apenas alguns operadores o usavam, todavia, foi
o primeiro aparelho que detinha algum controle do movimento de raízes.
Como o aparelho de pino e tubo era de complicada utilização, entre 1913 e
1915, Angle desenvolveu outro aparelho, que denominou de Arco cinta. Com o
conhecimento adquirido com a sua experiência, Angle começou novamente a
imaginar um tipo de dispositivo que pudesse não apenas suplantar as
dificuldades do passado, mas melhorar as possibilidades de atingir resultados
adequados nos seus tratamentos. E com a introdução do uso de fios de secção
retangular na mecânica, Angle conseguiu obter o controle da movimentação
dos dentes nos três planos do espaço, iniciando-se então, o uso de uma nova
grandeza pelo ortodontista: o torque. Surgia o aparelho Edgewise ou arco de
canto.
Begg em 1929, começou a usar o fio redondo 0,020”, em vez de usar o fio
retangular, para diminuir o atrito e, por volta de 1932, passou a usar o fio
0,018”, construindo nele as alças verticais.

Figura 4- O aparelho de Begg - Fonte MOURA

O aparecimento do aço inoxidável trouxe grandes vantagens à especialidade.


Begg procurou o metalurgista Arthur J. Wilcot, da Universidade de Adelaide,
escola onde ele lecionava e o incentivou a pesquisar um tipo de aço que fosse
bastante elástico. Após alguns anos, ele conseguiu e então Begg pôde abrir a
sobremordida, controlando a forma da arcada e proporcionando a estabilidade
molar.
O desenvolvimento do conceito Edgewise foi uma revolução sem precedentes
na maneira de se fazer ortodontia, desde o início da década de 30. O Edgewise
e a técnica de Begg, que utilizava fios redondos, eram as técnicas ortodônticas
mais utilizadas para o tratamento das más oclusões naquela época. Por isso,
durante muitos anos, a prática da Ortodontia exigia daqueles que desejavam a
ela se dedicar, além de profundos conhecimentos científicos, uma excelente
habilidade manual no que diz respeito à confecção de dobras nos fios, pois até
então era através delas que o tratamento era conduzido.
Lawrence Andrews começou então a estudar uma amostra de 120 pacientes
que apresentavam a face harmoniosa e uma boa oclusão, para uma busca das
características que se repetiam nessa amostra e com isso determinar quais as
condições necessárias para se obter uma oclusão normal e funcional.
Andrews determinou quais seriam as metas terapêuticas a serem buscadas e
alcançadas pela Ortodontia a partir de seus estudos. Com base neste estudo,
ele estabeleceu onde seriam as posições mais adequadas para os dentes sob
o ponto de vista anatômico e, além disso, determinou uma linha de referência
na coroa dentária para que se efetuasse um correto posicionamento do
braquete, o que ele chamou de eixo vertical da coroa clínica (EVCC), que trata-
se de uma linha que corta a coroa clínica verticalmente, paralela às faces
proximais do dente.

FIGURA 5- Plano de Andrews. Fonte: Andrews (1989).


O plano de Andrews compreende uma reta que passa pelos pontos centrais do
EVCC de cada elemento dentário, ligando todos em um plano, para que se
realizasse, durante o tratamento, o conceito de “arco reto” (Fig. ), ou seja, a
realização do tratamento ortodôntico sem que exista a necessidade de se
incorporar dobras nos arcos.
Desta maneira, Andrews criou um aparelho de natureza totalmente
tridimensional, constituído de braquetes que já possuíam no seu desenho as
características ideais de cada elemento dentário (1ª, 2ª e 3ª ordens), para uma
oclusão normal, derivadas do estudo dos 120 modelos com oclusão normal não
tratados.
Em 1986, alguns anos após o desenvolvimento de braquetes totalmente
programados (Andrews), Kesling em parceria com a companhia de produtos
ortodônticos TP® - EUA, desenvolveu um braquete que pretendia associar as
características positivas de dois tipos de acessórios - os de arco de canto e os
acessórios da técnica de Begg. Kesling propôs um acessório que conseguiria
produzir as forças leves e pendulares de Begg, juntamente com a capacidade
do controle tridimensional do aparelho de Andrews.
Nesta técnica, é possível chegar precocemente aos arcos retangulares e fazer
uso das molas de verticalização para o posicionamento final dos dentes.
Ronald Roth, discípulo de Lawrence Andrews, após a sua graduação na
Universidade de Loyola, em Chicago, onde estudou com o Dr. Jarabak,
começou a interessar-se por oclusão funcional logo após iniciar a sua prática
clínica, pois ele tinha certeza de que a dinâmica da oclusão estava envolvida
em obter resultados ortodônticos saudáveis e estáveis.
A prescrição de Roth se baseia em dois conceitos:
Há necessidade de nova correção na fase final da mecânica ortodôntica. O
mais provável de ocorrer é o ajuste de oclusão.
Colocando no encaixe dos braquetes um fio retangular com a mesma
dimensão do braquete e fornecendo-se tempo suficiente, os movimentos
incorporados no encaixe do braquete vão ocorrer, posicionando os dentes de
forma similar em todos os casos, independentemente da quantidade dessa
movimentação, portanto torna-se possível o uso de uma indicação ou
prescrição em mais de 90% dos casos.
Após um período de cinco anos de tentativas e erros, e de algumas
modificações nos valores normais de Andrews, Roth conseguiu reunir
elementos clínicos checando os resultados fotograficamente, a cada mudança
de arco, em todos os pacientes durante o tratamento e durante a contenção. O
resultado destas análises e erros são os valores das prescrições originais de
Roth.
Robert Murray Ricketts, graduado em Odontologia em 1945 pela Universidade
de Indiana, sob a direção do Dr. Alan G. Brodie, fez seu curso de pós-
graduação ao nível de mestrado em Ortodontia na Universidade de Illinois,
onde teve também como mestre o professor Downs.
Ricketts pretendia realizar o tratamento ortodôntico através de um sistema
mecânico que fosse simples, com forças leves e, acima de tudo,
biologicamente confiável. Inspirado no seccionamento dos arcos sugerido por
Burstone, idealizou uma mecânica segmentada, com o arco base e suas
variações.
A Bioprogressiva faz uso de sistemas biomecânicos que proporcionam a
visualização direta dos resultados, ações determinadas e previstas em setores
escolhidos no arco dentário, que permitem o uso de forças diferenciais e total
controle da ancoragem, tudo com alto requinte de individualização do problema
ortodôntico do paciente.
Após muitos anos de uso clínico do aparelho Straight Wire, proposto por
Andrews em 1972, John Bennett e Richard McLaughlin observaram que:
As características (torque, angulação, in-out) do braquete Straight Wire padrão
eram derivadas de modelos normais não tratados ortodonticamente (dos 120
modelos estudados por Andrews) que possuíam bases ósseas adequadas, ou
seja, elas eram arredondadas e largas, e eles observaram que muitos dos
casos tratados em consultório tinham bases estreitas.
Exatamente essa porcentagem de pacientes necessitava de dobras nos fios
para finalização ou braquetes adicionais com variações nas suas
características (movimento de translação).
As medidas do aparelho Straight Wire padrão foram obtidas de posições
estáticas e finais dos dentes sendo necessários, para movimentos de
translação, outros tipos de braquetes.
Também observaram que era necessário acrescentar torque aos fios
retangulares em uma alta porcentagem dos casos, buscando obter torque
palatino de raiz para os incisivos superiores e torque vestibular de raiz para os
incisivos inferiores.
Diante deste fato, optaram por algumas modificações nos braquetes desses
dentes.
Após muito tempo de uso clínico da prescrição do aparelho Straight Wire,
inicialmente preconizado por Andrews em 1972, e posteriormente por outros
autores, o Dr. Capelozza Filho e equipe amadureceram o pensamento em
concordância com a proposta de McLaughlin, Bennett e Trevisi, de que embora
o movimento de translação dentária, efetuado pelo ortodontista, provoque
perda da angulação destes dentes (caninos ou pré-molares), a permanência do
arco retangular no slot do braquete acaba por reintroduzir o posicionamento
ideal perdido no ato do movimento, não sendo necessária a individualização do
braquete para a movimentação ou translação. No pensamento de Capelozza
Filho, ao se fazer individualização para movimentação é preciso estar atento
para o final do movimento de translação, pois se neste momento os dentes já
estiverem na sua posição ideal e o arco retangular continuar em posição, o
restante dos torques, angulações ou rotações presentes no braquete, para
compensar o movimento de translação que já terminou, continuarão a ser lidos
pelo fio retangular e expressos no dente, tirando este da posição ideal, com o
passar do tempo, se nada for feito no fio (desgastes nos cantos do fio) ou no
braquete (troca do braquete).

FIOS ORTODÔNTICOS

Na sequência tradicional de substituição dos fios de aço inoxidável utilizada na


fase de alinhamento e nivelamento, a transição progressiva dos calibres dos
fios altera a quantidade de força liberada (GURGEL, et al, 2001), pois possui a
capacidade de transmitir força ao longo de seu comprimento (NIKOLAI, 1997).
O uso coerente dos fios ortodônticos, acompanhado de um diagnóstico e
planejamento adequados, resulta numa correção ortodôntica mais eficiente e
realizada em menor período de tempo (KASBERGEN, G. F)
Até o início dos anos 1930, os ortodontistas empregavam unicamente os
metais nobres - ouro, platina, paládio - na confecção de fios ortodônticos. A
partir dessa época, com a recessão econômica e os elevados custos destes
metais, a classe se viu obrigada a buscar materiais alternativos. O aço
inoxidável, por seu baixo custo e alta tolerância tecidual, foi rapidamente aceito
e adotado. Desde então, outras ligas metálicas desenvolveram-se, na procura
de resultados clínicos mais fisiológicos e previsíveis.
(falar sobre niti, termo, tma)

LIGAS DE AÇOS INOXIDÁVEIS

As ligas de aço inoxidável fizeram sua primeira aparição em Ortodontia no ano


de 1929, quando a Renfert Company dos Estados Unidos passou a vender os
fios produzidos pela Krupp alemã. O material teve pequena aceitação devido
ás suas características pouco desenvolvidas. (vellini)
Em novembro de 1933, em um encontro da American Society of Orthodontics,
na cidade de Oklahoma (EUA), diversos trabalhos foram apresentados,
demonstrando o sucesso clínico das ligas de aço inoxidável, o que difundiu em
todo os Estados Unidos este tipo de material. (vellini)
Sua constituição básica reúne 71% de ferro, 18% de cromo e 8% de níquel
(vellini). Quando cerca de 12% a 30% de cromo é adicionado ao aço, a liga é
chamada de aço inoxidável. Outros elementos além do ferro, carbono e cromo
podem estar presentes, resultando em uma grande variação na composição e
propriedades dos aços inoxidáveis (ANUSAVICE).
Na década de 40, o aço inoxidável passou a substituir as ligas de ouro e se
tornou o principal material empregado na fabricação de fios. (BURSTONE,C.J
& GOLDBERG,J.). Outras ligas trabalhadas usadas em Ortodontia incluem a
liga cobalto-cromo-níquel, níquel-titânio e beta-titânio (ANUSAVICE).
O cromo é responsável pelo aumento de resistência à corrosão e às manchas
da liga no meio bucal. Adiciona-se também uma pequena quantidade (<0,2%)
de carbono e promove-se o trabalho mecânico a frio (encruamento), o que
contribui para aumentar o limite de elasticidade e o módulo de elasticidade do
fio (VELLINI-FERREIRA). A resistência ao deslustre e à corrosão dos aços
inoxidáveis está associada ao efeito apassivador do cromo. (ANUSAVICE).
Os fios são usados na Ortodontia para corrigir a posição e a oclusão dos
dentes. Os fios ortodônticos são conformados com várias formas nos aparelhos
para permitir a aplicação das forças nos dentes e movê-los para o alinhamento
desejado. O sistema de forças desenvolvido é determinado pela forma do
aparelho e pela composição da liga do fio. As ligas ortodônticas devem
apresentar também, excelente resistência à corrosão no meio bucal, que é
importante para a biocompatibilidade, assim como para a durabilidade dos
aparelhos (ANUSAVICE)
A liga de aço inoxidável apresenta boas propriedades mecânicas que,
associadas ao seu baixo custo, fazem dela a mais utilizada na confecção de
quase todos os componentes do aparelho fixo. Além dos fios em diversas
conformações e dimensões, também são matérias-primas das bandas,
acessórios para soldagem, molas e parafusos expansores. (VELLINI-
FERREIRA)
Segundo VELLINI-FERREIRA, as principais características clínicas desta liga
são:
 Em decorrência de seu alto módulo de elasticidade (25.000.000 psi) os
fios de aço são muito rígidos, o que obriga o uso de arcos de baixo
calibre nas fases iniciais do tratamento. Contudo, a alta rigidez é
vantajosa nos arcos finais, nos quais esta propriedade torna o fio mais
resistente a deformações causadas por forças intra e extrabucais ou
pela força mastigatória;
 Baixo módulo de resiliência, isto é, os fios de aço absorvem pouca
energia quando comparados aos fios ortodônticos mais modernos. Isto
implica na produção de forças pesadas e que se dissipam rapidamente,
requerendo ativações mais constantes;
 Alta tenacidade ou formabilidade, isto é, os fios de aço permitem a sua
dobradura com pequeno risco de fratura. A maioria das técnicas que
emprega o fio de aço se vale desta propriedade, confeccionando alças e
dobras com múltiplas formas.

Segundo MOTTA et al , o aço inoxidável austenítico, de menor custo que o


ouro, com maiores limites de escoamento e módulo de elasticidade, tornou-se
mais vantajoso, principalmente, em condições nas quais fios mais rígidos eram
necessários, como nos casos de fechamento de espaços. No entanto, para o
alinhamento e nivelamento dentário, mesmo fios com pequenos diâmetros
resultavam em altas cargas, o que não era condizente com níveis fisiológicos
de força. Com o objetivo de se obter maior flexibilidade, reduziu-se a espessura
do fio e a forma passou de retangular para redonda. Progresso adicional foi
obtido com o uso de alças para aumentar a faixa de ativação do fio (MOTTA
apud EVANS et al & STRANG et al).
ANUSAVICE et al relatam que existem três tipos principais de aços inoxidáveis,
classificados com base nas estruturas cristalinas, formadas pelos átomos de
ferro, que são os aços inoxidáveis ferríticos, martensíticos e austeníticos.

Aços Inoxidáveis Ferríticos

Estas ligas são designadas pelo Instituto Americano do Ferro e Aço (AISI -
American Iron and Steel Institute) como aços inoxidáveis da série AISI 400.
Esta série compartilha tal numeração com os aços inoxidáveis martensíticos.
Os aços inoxidáveis ferríticos têm boa resistência à corrosão e baixo custo.
Portanto, são indicados quando não é necessária alta resistência mecânica.
Uma vez que a mudança de temperatura não induz transformação de fase no
estado sólido, os aços inoxidáveis ferríticos não são endurecidos por
tratamento térmico. Os aços inoxidáveis ferríticos não são também facilmente
submetidos ao trabalho a frio (encruamento). Consequentemente, apesar de
terem um grande número de aplicações industriais, eles tem pouca aplicação
na Odontologia. (ANUSAVICE)

Aços Inoxidáveis Martensíticos

Como foi anteriormente mencionado, os aços inoxidáveis martensíticos


compartilham a numeração da série AISI400 com os aços inoxidáveis ferríticos.
Os aços martensíticos podem ser submetidos aos tratamentos térmicos do
mesmo modo que os aços carbono, com resultados similares. Em virtude de
sua elevada resistência mecânica e alta dureza, os aços inoxidáveis
martensíticos são usados em instrumentos cirúrgicos e de corte. O limite de
escoamento dos aços inoxidáveis martensíticos com alto conteúdo de carbono
pode variar de 500 MPa, no estado recozido, até aproximadamente 1.900 MPa
no estado endurecido (resfriado rapidamente em água e temperado). A dureza
Brinell correspondente varia de 230 a 600 HB. A resistência à corrosão dos
aços inoxidáveis martensíticos é menor que a dos outros dois tipos de aço e é
reduzida após tratamento térmico de endurecimento. Os tratamentos térmicos
de endurecimento reduzem a ductilidade, que pode ser da ordem de 2% para
os aços inoxidáveis martensíticos com alto teor de carbono (ANUSAVICE)

Aços Inoxidáveis Austeníticos

Segundo ANUSAVICE, os aços inoxidáveis austeníticos são as ligas mais


resistentes à corrosão entre os três tipos de aço inoxidáveis e são usados
como fios ortodônticos, instrumentos endodônticos e próteses unitárias na
Odontopediatria. A estrutura austenítica para a série AISI 300 dos aços
inoxidáveis é obtida por meio da adição de níquel à liga ferro-carbono-cromo. O
aço inoxidável austenítico é preferível para aplicações dentárias graças ao
custo razoável e por ser possível obter excelente combinação das
propriedades:
• Grande ductilidade e capacidade de ser deformado a frio sem fratura;
• Substancial endurecimento durante a deformação a frio (ocorre alguma
transformação martensítica);
• Grande facilidade de soldagem;
• Capacidade de superar a sensitização (diminuição da resistência à corrosão
quando submetidos a temperaturas entre 400 0C e 9000C-. Essas temperaturas
estão na faixa usada pelo ortodontista para realizar a soldagem convencional e
a soldagem autógena ou elétrica);
• Crescimento granular menos crítico;
• Facilidade de conformação comparativa.

Ligas de cobalto-cromo
Esta liga é formada pelos fios Elgiloy (Rocky mountain orthodontics). Azura
(Ormco corporation) e Multiphase (American Orthodontics Corporation), muito
utilizados na técnica de Ricketts.

Em sua fabricação emprega-se 40% de cobalto, 20% de cromo, 15% de níquel,


15% de ferro, 7% de molibdênio, além de pequenas porcentagens de
manganês, carbono e berílio. O fio Elgiloy é comercializado em quatro
diferentes têmperas: azul(macio), amarelo (dúctil), verde (semirresiliente) e
vermelho (resiliente).

O primeiro é o mais fácil de ser dobrado, sendo recomendado para a cofecção


de alças, enquanto o Elgiloy vermelho é o de mais alta resiliência, apesar de
requerer um cuidado maior nas dobraduras. Todos eles têm a rigidez
incrementada quando submetidos ao tratamento térmico endurecedor (482 oC
por 7 a 12 minutos).

As ligas de cobalto-cromo têm propriedades semelhantes às do aço inoxidável:

 Alto módulo de elasticidade (cerca de 29.000.000 psi para o azul) o que


implica maior rigidez;
 Baixo módulo de resiliência, apesar de ser um pouco mais alto que o de
aço inoxidável;
 Alta tenacidade, também um pouco acima daquela obtida pelos fios de
aço;
 Alta biocompatibilidade.

As principais características clínicas dos fios de cobalto-cromo estão resumidas


no Quadro 1, desenvolvido por Kapila e Sachdeva:

Rigidez Alta
Flexibilidade Baixa
Resiliência Baixa
Tenacidade Alta
Biocompatibilidade Alta
Quadro 1 - Fonte: Kapila e Sachdeva.

Ligas de Níquel-Titânio
A primeira liga metálica, composta basicamente por níquel e titânio, foi criada
no início dos anos 1960 por Willian Buehler, metalurgista do Laboratório de
Armamentos Navais da Marinha Americana, em Maryland. O nome dado à liga
foi Nitinol (ni de níquel, ti de titânio e nol de Naval Ordenance Laboratory), e
visava à construção de antenas a serem utilizadas no programa espacial
americano.

Esse material foi utilizado em Ortodontia somente em 1971, quando a Unitek


Corporation lançou no mercado o fio com a marca Nitinol. Depois disso, foram
lançados os fios NiTi (Ormco), Orthocol (Rocky Mountain), Sentinol (GAC) e
Titanal (Lancer).

A liga originariamente descrita por Buehler era composta exclusivamente por


níquel e titânio, tendo o primeiro a porcentagem de 55% e o segundo, de 45%.
Hoje em dia, esta proporção foi modificada para 52% de níquel, 45% de titânio
e 3% de cobalto, o que incrementou suas propriedades mecânicas.

É indicado, preferencialmente, nas fases iniciais do tratamento, quando o


elevado desajuste dental requer um fio ortodôntico de grande flexibilidade e
elasticidade (pode sofrer grandes deformações em regime elástico).

Quanto às propriedades mecânicas de importância clínica, os fios de níquel-


titânio apresentam:

 Baixíssimo módulo de elasticidade, apenas 4.3000.000 psi, o que


significa apenas 1/6 do apresentado pelos fios de aço inoxidável. Essa
característica de alta flexibilidade permite ao ortodontista o uso dos
arcos de níquel-titânio nas fases de nivelamento, em maloclusões com
grande desajuste dental. Já nos arcos de finalização, sua baixa rigidez
torna-o pouco indicado;
 Alto módulo de resiliência, isto é, são fios que, quando deformados,
guardam grande quantidade de energia, que é liberada em forma de
forças ortodônticas leves e de longa duração. Isto faz com que os fios de
niquel-titânio exerçam cargas mais fisiológicas, acelerando a
movimentação dental e também atuem por mais tempo, diminuindo a
necessidade de troca de arcos.
A Associação de sua alta flexibilidade e alta resiliência permite, em alguns
casos, o uso de fios Ni Ti retangulares desde o inicio da terapia. Este
procedimento favorece o controle tridimensional (1ª , 2ª e 3ª ordem) da posição
radicular, assim como reduz o número de horas clinicas.

 Uma das principais desvantagens dos fios de níquel-Titânio é sua baixa


tenacidade, que permite mínimas dobras. Estas limitação faz com que
desvios. A solução é o uso deste material, preferencialmente, em
braquetes pré-angulados e pré-torqueados;
 Quanto à biocompatibilidade, há certa discordância entre os autores,
enquanto alguns afirmam que ela é tão alta quanto a do aço inox, outros
mencionam uma maior fragilidade a corrosão.

As principais características clinicas dos fios de níquel-titânio estão resumidas


no Quadro 2 :

Rigidez Baixa
Flexibilidade Alta
Resiliência Alta
Tenacidade Baixa
Biocompatibilidade Média
Quadro 2 - Fonte: Kapila e Sachdeva

A figura 6 representa as curvas de tensão-deformação de dois fios ortodônticos


retangulares 0,017 x 0,025, um de aço inoxidável e outro de níquel-titânio. A
linha contínua representa o comportamento do fio quando sofre uma carga
(ativação) e a linha tracejada mostra sua reação após a retirada da força
(representa a força de desativação do fio, ou seja, a força ortodôntica que ele
aplicará sobre o dente).
Figura 6. Curva tensão-deformação de dois fios ortodônticos 0,017 x 0,025, um confeccionado com aço inoxidável e outro com níquel-
titânio. Percebe-se que o níquel-titânio apresenta uma curva mais horizontal, o que denota seu baixo módulo de elasticidade e maior
flexibilidade. Além disso, o fio Nitinol aplica no dente forças mais suaves e constantes que as do aço (linhas pontilhadas).

Podemos notar que o Nitinol é mais flexível que o aço, pois em uma dada força
(F) sofrerá maior deformação. Observa-se também que correspondendo a esta
força, o Nitinol armazena muito mais energia (área 0-3-4) que o aço (área 0-1-
2), denotando maior resiliência.

A força ortodôntica que o fio aplica no dente (linha pontilhada) mostra-se muito
mais suave e constante no Nitinol e a quantidade de deformação permanente
(onde a linha pontilhada toca no eixo X), sensivelmente menor.

A partir de 1985, uma nova geração de fios de níquel-titânio chegou ao


mercado. São os chamados fios superelásticos, representados pelo Ni Ti
chinês, desenvolvido por Tien Hua Cheng, o Ni Ti japonês, criado por Fujio
Miura, e o Ni Ti com cobre, pesquisado por Rohit Sachedeva, nos EUA.

Estes fios trouxeram para a prática clínica uma das mais incríveis propriedades
das ligas de níquel-titânio - a memória de forma, decorrente das
transformações cristalográficas induzidas por alterações de temperatura. A
memória de forma ocorre porque, em sua fabricação, a liga é aquecida e
moldada sob a forma de um arco ideal, com a estrutura cristalina arranjada na
conformação Martensite. Quando resfriada à temperatura ambiente, o arco de
níquel-titânio modifica-se no arranjo cristalino e assume a conformação
denominada Austernite. O fio é então posicionado nos braquetes, o que leva à
sua deformação. Na temperatura bucal (em torno de 37 o C), a grade cristalina é
induzida a retornar para a conformação Martensite e, com isso, como se
possuísse memória, retorna à forma original de um arco ideal.

O efeito termo dependente tem pouca significância clínica no Ni Ti chinês e no


Ni Ti japonês. Já o Ni Ti com cobre não só reage consistentemente à
temperatura bucal, como é fabricado em quatro diferentes classificações. O tipo
I tem sua transformação cristalográfica a 15 o C e age com maior força e
velocidade; os Tipos II e III têm atuação intermediária; e o Tipo IV tem sua
temperatura de transformação em 40o C, atuando assim, de forma intermitente
e mais lenta.

De um modo geral, os fios superelásticos de níquel-titânio apresentam as


seguintes vantagens sobre os Ni Ti tradicionais:

 Geram forças mais leves e mais constantes;


 São mais resistentes às deformações permanentes;
 Possuem maior flexibilidade;
 Apresentam maior eficiência clínica, isto é, movem o dente mais
rapidamente e com um menor número de ativações ou trocas de arco.

A figura 7 (8.34 vellini pag 279) mostra o comportamento dos fios níquel-titânio
de última geração quando comparados ao dos Ni Ti tradicionais e ao dos fios
de aço inoxidável.
Figura 7 - Curvas de tensão-deformação comparativas dos fios de aço inoxidável, Ni Ti e Ni Ti superelásticos.
Observa-se que os fios de Ni Ti superelásticos apresentam as propriedades mecânicas de maior flexibilidade e menor
força ortodôntica, com relação aos fios de aço ou Ni Ti convencionais. FONTE: Burstone e colaboradores.

Cabe ressaltar que as ligas de níquel-titânio não permitem soldagem com solda
de prata e nem uniões com solda elétrica em máquinas convencionais.
Contudo, a máquina de solda a ponto Kernit capacitiva desenvolvida no Brasil
permite esta união. O caso clínico apresentado na figura 8 ( vellini pag 279)
demostra a incrível potencialidade mecânica dos fios de níquel-titânio.
FIGURA 8 - Fonte: Vellini (substitutuir por algum caso clínico próprio - se
puder)

Ligas de beta-titânio

As ligas de beta-titânio têm sua origem nos anos 1960, quando a indústria
metalúrgica consegue, por meio da adição de molibdênio, zircônio e estanho,
estabilizar a estrutura cristalina de titânio em forma de cubo de base centrada
(antes isso só ocorria em temperaturas superiores a 885o C).

Estes fios passaram a ser avaliados para fins ortodônticos a partir do fim dos
anos 1970 por Goldberg e Burstone (artigo 14 pag 288 vellini). Sua composição
básica reúne 79% de titânio, 11% de molibdênio, 6% de zircônio e 4% de
estanho.

Os fios de beta-titânio, comercializados sob o nome de TMA (Titanium-


Molibdenum Alloy), apresentam propriedades mecânicas características
clínicas são:

 Módulo de elasticidade intermediário entre o aço inox e o Ni Ti


(9.400.000 psi), o que indica seu uso em casos nos quais o aço é
extremamente rígido e o níquel-titânio muito flexível. Pode sofrer
deflexões 105% maiores que o aço inoxidável, sem deformações
permanentes;
 Seu módulo de resiliência também está entre o fio de aço e o fio de Ni
Ti, consequentemente, produz forças com magnitude 50% menores que
um fio de aço inoxidável com iguais dimensões;
 Alta tenacidade, o que o torna um fio que, apesar das propriedades
elásticas, pode também ser dobrado em alças, helicoides e ganchos,
com pequeno risco de fratura;
 Os fios de beta-titânio têm resistência à corrosão semelhante a dos fios
de aço.

As principais características clínicas dos fios de beta-titânio estão resumidas no


Quadro 3 abaixo:
Rigidez Média
Flexibilidade Média
Resiliência Média
Tenacidade Alta
Biocompatibilidade Alta
Quadro 3 - FONTE: Vellini pag 281

Outra importante característica dos fios de TMA é a possibilidade de se soldar,


com solda a ponto, ganchos, alças ou esporões. Isto faz com que a
versatilidade deste fio seja ainda maior.

PROPRIEDADES MECANICAS DOS FIOS ORTODONTICOS

Características físicas dos fios metálicos

Podemos definir metal como aquele elemento químico que, em solução forma
íons positivos. Em geral, os metais apresentam constituição sólida em
temperatura ambiente, superfície lisa e polida e conduzem bem o calor e a
eletricidade. A camada de elétrons mais extrema do átomo metálico é chamada
camada de valência, pela facilidade com que são liberados do átomo.

Os átomos dos metais organizam-se em forma de uma grade cristalina, ou


seja, um arranjo especial, de forma que todo átomo esteja semelhantemente
localizado em relação a todos os demais. A grade cristalina da maioria dos
metais empregados em Ortodontia tem a forma de um cubo, podendo
apresentar características de cubo simples, cubo de corpo centrado (quando
um átomo posiciona-se no centro do cubo) ou cubo de face centrada (um
átomo no centro de cada face).

Estes átomos de grade cristalina são unidos entre si graças à força de atração
proporcionada pela nuvem de elétrons que circula os íons positivos. Esta
ligação é conhecida por ligação metálica. Gradientes térmicos ou campos
elétricos fazem com que a nuvem de elétrons se desloque das áreas de maior
para as de menor energia, explicando, assim, a alta condutibilidade térmica e
elétrica dos metais.

O metal, quando submetido a altas temperaturas e, portanto, em estado


líquido, apresenta um conjunto de átomos e moléculas de forma desordenada.
À medida que a temperatura cai, núcleos de solidificação ou de cristalização
surgem e o sólido se forma com os cristais orientando-se em diferentes
direções.

Os fios ortodônticos constituem-se de metais trabalhados, isto é, obtém-se o


metal fundido e submete-se este metal ao estiramento, por meio de uma fieira.
Neste processo denominado encruamento, a estrutura granular se transforma,
a frio, em uma estrutura fibrosa e alongada.

Quando se aplica uma força sobre um fio, uma falha na estrutura cristalina do
metal, seja por linhas de discordância ou por degraus, causará o deslizamento
dos planos atômicos. Este deslizamento pode ser impedido por outro defeito da
estrutura metálica que se oponha ao primeiro. Forças maiores que aquelas
que provocam o deslizamento podem levar ao encruamento, isto é, o
deslizamento de diversos planos anatômicos e tornar o metal mais resistente e
duro. Se a força for ainda maior e todos os deslizamentos possíveis ocorrerem,
o metal sofrerá fratura.

Os fios utilizados em Ortodontia, em sua maioria, são constituídos de ligas


metálicas, isto é, são a reunião de dois ou mais metais que se encontram em
condição de missibilidade. A solubilidade sólida dos componentes da liga
dependerá de seu tamanho atômico, valência, afinidade química e tipo de
grade. O tamanho atômico de um dos componentes não deve ultrapassar em
15% o tamanho atômico do outro componente da liga.

Definições

CARGA

É a força aplicada sobre um fio ortodôntico. Pelo princípio da ação e reação,


quando o fio é colocado na boca e aplica uma força no dente, este reage e
produz uma carga no fio. Sua unidade usual em Ortodontia é o Grama (g).
TENSÃO E DEFORMAÇÃO

Tensão é a carga sofrida pelo fio dividida por sua área (tensão = carga + área).
Sempre que houver uma tensão do fio ortodôntico, haverá uma alteração na
disposição de seus átomos na grade cristalina, seja no sentido de afastá-los ou
de aproximá-los. Este fenômeno é conhecido por deformação, e seu valor é
dado pela alteração do fio após a aplicação da carga.

As tensões e consequentes deformações podem ocorrer no sentido da tração,


compressão ou torção. A maneira usual de representar a relação entre a
tensão e a deformação é por meio de um gráfico, colocando-se a tensão no
eixo Y e a deformação no eixo X. (FIGURA 9)

FIGURA 9 - FONTE: Vellini - G ráfico tensão-deformação, obtido a partir de cargas


progressivas aplicadas em um fio até sua fratura. Para cada valor de carga, anota-se no eixo X o valor da
deformação. LE = limite de estabilidade; MR = módulo de resiliência; RF = resistência à fratura.

LIMITE DE ELASTICIDADE

É a maior tensão a que um fio ortodôntico pode ser submetido, sofrendo


apenas deformações elásticas. Este ponto é demarcado no gráfico com as
letras LE (limite de elasticidade). Note que a linha que representa a relação
tensão-deformação é reta desde o zero até o ponto LE, o que indica que as
tensões e as deformações são diretamente proporcionais até este ponto.

O fio ortodôntico ideal teria alto LE, podendo sofrer uma grande tensão sem se
deformar irreversivelmente. Será usado sempre o termo limite de elasticidade,
mesmo quando referente ao limite de proporcionalidade ou limite convencional
de escoamento. Segundo ANUSAVICE, isto pode ser realizado para propósitos
práticos por serem seus valores muitos próximos.

A unidade usual para o limite de elasticidade é o psi (libras por polegadas


quadrada).

MÓDULO DE ELASTICIDADE

É a relação entre tensão e deformação em qualquer ponto de reta (módulo de


elasticidade = tensão + deformação até o ponto LE). Sua unidade também é o
psi. O módulo de elasticidade define a inclinação da reta do gráfico: se é mais
vertical (alto módulo de elasticidade), a liga é chamada de rígida, enquanto as
que possuem baixo módulo de elasticidade (porção reta do gráfico mais
horizontal) são mais flexíveis. O ideal seria o uso de fios flexíveis nas fases
inicias do tratamento ortodôntico e fios mais rígidos nas fases finais. Este
conceito da variação do módulo de elasticidade durante a terapia foi proposto
por Burstone, em 1981.

MÓDULO DE RESILIÊNCIA

É a quantidade de energia absorvida por um fio ortodôntico até o limite de


elasticidade. No gráfico da figura 1 é representado pela área sob a porção
retilínea da curva tensão-deformação (área MR). O ideal seria os fios com alta
resiliência, capazes de absorver grandes quantidades de energia, que se
dissipará de forma lenta e gradual. Estes fios permitem maior intervalo entre as
ativações. Em contrapartida, os fios de baixa resiliência produzem forças
pesadas e que se dissipam em um breve período, sendo mais prejudiciais aos
tecidos periodontais.
TENACIDADE OU FORMABILIDADE

Ao observar o gráfico da figura 1 nota-se que em um dado momento, a linha é


interrompida. Este ponto corresponde ao ponto RF e indica a resistência à
fratura, isto é, o material resiste à fratura até o ponto e então se rompe.

A tenacidade indica a dificuldade de quebrar o fio ortodôntico (ou a energia


total necessária para se fraturar um fio) e seu valor corresponde a toda a área
sob a curva tensão-deformação desde o zero até o ponto RF (área T).

As ligas com alta tenacidade - que são dobradas durante a confecção de alças
sem o risco de fratura - são preferíveis, pois os fios de baixa formabilidade
sofrerão fratura facilmente quando dobrados.

BIOCOMPATIBILIDADE

Reúne as características de resistência à corrosão e a manchas e tolerância


tecidual em relação aos metais constituintes do fio. Assim, o fio biocompatível é
aquele que não sofre corrosão no meio bucal e que por sua grande
estabilidade não libera substâncias que podem agredir o organismo.

O Quadro 4 ilustra as características desejáveis em um fio ortodôntico:

Limite de elasticidade Alto


Módulo de elasticidade Baixo no início do tratamento (flexível)
Alto no fim do tratamento
Módulo de resiliência Alto
Tenacidade Alta
Biocompatibilidade Alta
Quadro 4- Fonte Vellini pag 273

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