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* Professor associado do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP.
Professor adjunto do mestrado em Odontologia, área de Ortodontia, da Faculdade de Odontologia da Universidade Norte do Paraná (Unopar), Londrina/PR.
INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA eles respondam tão fisiologicamente quanto possível; ser facil-
Um dos primeiros ortodontistas a se preocupar com a esta- mente higienizável e apresentar boa estética e resistência.
bilidade dos resultados obtidos por meio de aparelhos removíveis A placa de Hawley clássica é constituída de um arco vestibular
de contenção foi C. A. Hawley, que em 1919 divulgou seu clássico com seus extremos passando pelas ameias de caninos e primeiros
aparelho na revista International Journal of Orthodontia. Hawley, pré-molares (Fig. 1). Uma modificação bastante aceita é a união do
na época ortodontista em Washington D.C., apresentou com deta- arco vestibular com o grampo de Adams, o que diminui a possibi-
lhes seu aparelho de contenção, em 1919, durante uma reunião da lidade de abertura de espaço nos casos tratados com extração (Fig.
American Society of Orthodontists, em St. Louis6,7. 8A - D). Alguns clínicos preferem, ainda, soldar o arco vestibular
A ideia do aparelho de contenção surgiu em uma visita do Dr. R. num grampo em C (circunferencial) no último molar ou um fio
D. McBride, de Dresden (Alemanha), ao consultório do Dr. Hawley, contínuo, o que evita problemas de interferência oclusal das cús-
em 1916. Esse clínico estava empregando, há alguns anos, um apa- pides dos dentes antagonistas com a porção do grampo de Adams
relho de contenção que apresentava princípios básicos que impres- que contorna as cristas marginais8,9,11 (Fig. 8E - H).
sionaram Hawley. O aparelho de McBride passou por algumas mo- A placa de Hawley pode ser utilizada tanto para a arcada su-
dificações para resultar em um aparelho que consistia de uma base perior quanto para a inferior, sendo que essa última apresenta
de vulcanite e um arco vestibular semelhante ao utilizado atual- alguns problemas. Como o sulco lingual é pouco profundo, a base
mente. Para retenção, eram soldados grampos circunferenciais nos do acrílico precisa ser estreita e mais espessa para aumentar sua
loops adaptados nos primeiros pré-molares. Todo esse arcabouço resistência, sendo necessária, muitas vezes, a colocação de um fio
metálico era construído com fios de ouro de diversos diâmetros. de aço no interior do acrílico na região anterior do aparelho. Além
Os loops e os grampos de retenção eram confeccionados com fio disso, a região dos molares, por ser uma região retentiva, precisa
19 (19-gauge) e a porção anterior que entrava em contato com os ser aliviada. Sendo assim, a placa de Hawley, na prática diária, é
dentes consistia de um fio retangular 0,022” x 0,036”. A união des- mais indicada e utilizada na arcada dentária superior10.
sas partes era realizada com solda de ouro 18k6,7. No arco inferior, Entre as vantagens desse dispositivo, destaca-se a manuten-
para evitar que as porções posteriores da base se deslocassem no ção de uma boa higiene bucal, a estética razoável e a facilidade
sentido gengival, eram colocados stops oclusais entre as cúspides de construção laboratorial, permitindo ajustes rápidos. A desvan-
linguais dos primeiros molares. Após a construção das partes me- tagem é inerente a todos os aparelhos removíveis: seu uso depende
tálicas, o aparelho era então vulcanizado. O autor sugeriu, ainda, da cooperação do paciente.
que, para a estabilidade da correção da sobremordida, fosse adi- O emprego de uma força implica numa reação de igual inten-
cionado um plano de mordida anterior e, para a estabilidade da sidade e em sentido contrário (Fig. 2A, B). Para neutralizar essa re-
relação anteroposterior, um plano inclinado6,7. ação, a placa de Hawley busca ancoragem no palato e nos dentes,
Segundo Hawley6, um aparelho de contenção deve cumprir sendo, portanto, um aparelho dentomucossuportado4.
quatro funções: manter a expansão e a forma da arcada dentária, A placa de Hawley é, atualmente, constituída de três partes:
evitar a recidiva de giroversões, estabilizar a relação anteroposte- (a) grampos de retenção para os molares, e auxiliares para os pré-
rior e estabilizar a sobremordida. molares; (b) arco vestibular, com fio de aço inoxidável de 0,7mm,
De fato, a Placa de Hawley tornou-se o aparelho de contenção contornando o segmento anterior; e (c) placa palatina de resina
mais utilizado na prática ortodôntica. Como regra, a placa de con- acrílica contornando o palato e as ameias interproximais2 (Fig. 1).
tenção é passiva, requerendo a ativação de seus elementos apenas
para garantir a sua retenção na cavidade bucal. Por outro lado,
nada impede que ela possa ser utilizada ativamente em casos se-
lecionados1. A adição de elementos ativos, como molas e grampos
na base de acrílico ou soldados ao arco vestibular, produziu uma
enorme variedade de aparelhos com os mais diversos fins, utiliza-
dos sobretudo na Ortodontia Interceptiva1.
Segundo Graber5, um bom aparelho de contenção deve: evitar
que os dentes recidivem às posições das quais eles foram movi-
mentados; permitir que as forças associadas à atividade funcional A B
atuem livremente nos dentes em contenção, possibilitando que FIGURA 1 - Placa de Hawley contemporânea.
A B
FIGURA 2 - A) Arco vestibular passivo. B) Arco vestibular ativado, passando abaixo do centro da coroa dos incisivos, e o consequente movimento de inclinação
pura, levando a coroa para lingual e a raiz para vestibular.
C D
FIGURA 2 - C, D) O arco vestibular está posicionado no centro da coroa dos incisivos e, por palatino, a resina acrílica toca alguns milímetros acima da cervical do
dente, criando um fulcro. Quando o arco vestibular é ativado, há um maior movimento da coroa para lingual.
E F
FIGURA 2 - E, F) A figura mostra o arco vestibular passando acima do centro da coroa dos incisivos. Neste caso, a resina acrílica por palatino toca na região
cervical aproximadamente na mesma altura do arco vestibular, ou seja, na altura do ponto de aplicação da força. Com a ativação do arco vestibular e o desgaste
da resina acrílica por palatino, o movimento do dente tende a ser de coroa e raiz, simultaneamente.
G H
FIGURA 2 - G, H) Note o arco vestibular passando abaixo do centro da coroa dos incisivos, com a resina acrílica da placa tocando o cíngulo dos incisivos. Após a
ativação do arco vestibular, a resultante do movimento realizado será de coroa para lingual e maior movimento da raiz para vestibular.
APLICAÇÃO CLÍNICA
A seguir, serão apresentados casos clínicos de pacientes que apresentava uma má oclusão de Classe I (Fig. 3E, F), com vestibulo-
utilizaram a placa de Hawley para movimentos dentários na denta- versão do incisivo central superior esquerdo (21), tendo como fator
dura mista e permanente. etiológico a presença de um dente supranumerário (mesiodens) na
região palatina (Fig. 3C, D).
CASO CLÍNICO 1 Foi indicada a exodontia do mesiodens e, após a cicatrização,
Paciente do gênero feminino, com 8 anos e 10 meses de idade, instalou-se uma placa de Hawley (Fig. 3G). As figura 3H a 3L mos-
período intertransitório da dentadura mista12 (Fig. 3A, B). A paciente tram o resultado após quatro meses de tratamento.
A B
FIGURA 3 - A, B) Vistas extrabucais iniciais.
C D
FIGURA 3 - C) Vista frontal inicial e D) vista oclusal do supranumerário.
E F
FIGURA 3 - E, F) Vistas laterais iniciais.
G H
FIGURA 3 - Vistas frontais: com aparelho de Hawley (G) e final (H).
I J
FIGURA 3 - I, J) Vistas laterais finais.
K L
FIGURA 3 - Vistas oclusais: inicial, após a extração do supranumerário (K), e final do tratamento (L).
CASO CLÍNICO 2
Paciente do gênero feminino com 10 anos e 7 meses de idade, de tratamento consistiu de duas fases: (a) a primeira fase, com
segundo período transitório da dentadura mista12 (Fig. 4). A pa- extração do dente extranumerário e instalação de uma placa de
ciente apresentava uma má oclusão de Classe I com um incisivo Hawley, com o objetivo de manter e alinhar os dentes anterossu-
lateral superior esquerdo extranumerário, causando um aumento periores (Fig. 4D - H) e o acompanhamento até o final do desen-
do comprimento da arcada dentária, com consequente desvio da volvimento da oclusão (Fig. 4I - O); (b) a segunda fase, com Orto-
linha média superior para o lado direito (Fig. 4A, B, C). O protocolo dontia corretiva, após a erupção de todos os dentes permanentes.
A B C
FIGURA 4 - A) Vista lateral direita inicial. Radiografia panorâmica (B) e vista lateral esquerda (C) iniciais evidenciando o extranumerário.
D E
FIGURA 4 - Vistas intrabucais oclusais superiores: D) após a extração de extranumerário e E) com o aparelho de Hawley.
F G H
FIGURA 4 - F, G, H) Placa de Hawley instalada.
I J K
FIGURA 4 - I, J, K) Vistas intrabucais finais.
L M
FIGURA 4 - Vistas oclusais: L) inicial, evidenciando o incisivo lateral extranumerário (seta) e M) final.
N O
FIGURA 4 - Vistas extrabucais frontais: inicial (N) e final (O).
A B
FIGURA 5 - Vistas oclusais: A) inicial, com Hawley instalado - binário de forças e B) final.
A B
FIGURA 6 - A, B) Aspectos intrabucais laterais iniciais.
C D
FIGURA 6 - C) Aspecto intrabucal frontal inicial. D) Aspecto intrabucal oclusal do Hawley com platô.
E F G
FIGURA 6 - E, F, G) Aspectos intrabucais finais.
H I
FIGURA 6 - Aspectos oclusais: H) inicial e I) final.
PLACA DE HAWLEY COMO CONTENÇÃO PASSIVA Algumas modificações foram realizadas com o passar dos anos,
Várias são as propostas de um aparelho de contenção, porém, como a adição da resina acrílica, dos grampos de retenção e do próprio
nenhuma supera as vantagens da placa de Hawley. Por esse motivo, arco vestibular. Esse arco não deve ser inserido na distal dos caninos e
ela continua sendo mundialmente utilizada ao final do tratamento mesial dos pré-molares, para evitar o aparecimento de diastemas nos
ortodôntico corretivo, sobrevivendo há aproximadamente 90 anos casos finalizados. O mesmo deve ser soldado nos grampos de retenção,
desde a sua concepção. que podem ser do tipo Adams ou grampo em C (Fig. 7).
A B C
FIGURA 7 - Mesa clínica evidenciando o arco vestibular soldado no grampo de Adams.
CASO CLÍNICO 5
O caso clínico a seguir mostra a finalização de um tratamen- soldado no grampo de Adams (Fig. 8A - D), com o arco vestibu-
to ortodôntico corretivo e a instalação de três tipos de placas lar soldado no grampo circunferencial (Fig. 8E - H) e com o arco
de Hawley modificadas como contenção, com o arco vestibular vestibular contínuo (Fig. 8I - L).
A B
C D
FIGURA 8 - A) Vista frontal com a posição correta do arco vestibular. B) Vista oclusal evidenciando o recorte da resina acrílica, 2/3 na região posterior e na região
anterior até o cíngulo, de canino a canino. C, D) Vistas laterais direita e esquerda com a adaptação do grampo de Adams.
E F
G H
FIGURA 8 - E) Vista frontal com a posição correta do arco vestibular. F) Vista oclusal evidenciando o
recorte da resina acrílica, 2/3 na região posterior e na região anterior até o cíngulo, de canino a canino.
G, H) Vistas laterais com o arco de Hawley soldado no grampo de retenção circunferencial.
I J
K L
FIGURA 8 - I) Vista frontal com a posição correta do arco vestibular. J) Vista oclusal evidenciando o recorte da resina acrílica, 2/3 na região posterior e na região
anterior até o cíngulo de canino a canino e o arco contínuo. K, L) Vistas laterais direita e esquerda com a adaptação do arco até o segundo molar permanente.
CORREÇÃO DE GIROVERSÕES, INTRUSÃO E EXTRUSÃO movimento binário – e colagem de um botão na superfície lingual
CASO CLÍNICO 6 dos incisivos, como suporte para o uso de elásticos (Fig. 9C, D).
Paciente com 9 anos e 9 meses de idade, no período inter- A paciente colaborou com o uso do aparelho e dos elásticos e
transitório da dentadura mista. A paciente apresentava uma má o resultado pode ser visto nas figuras 9E e F. O incisivo superior
oclusão de Classe I com desvio da linha média superior e incisivos direito encontrava-se verticalizado e com extrusão, em função do
centrais superiores com inclinação axial divergente para a coroa uso dos elásticos, e o esquerdo com pequena intrusão, inclinação
e giroversões (Fig. 9A, B). A primeira fase do tratamento consis- e giroversão. Com a continuidade do uso do aparelho e dos elás-
tiu de uma placa de Hawley modificada com ganchos soldados no ticos, houve uma melhora no posicionamento do incisivo central
arco vestibular, mola dupla por palatino – para a realização de um esquerdo.
A B
C D
E F
FIGURA 9 - Vistas intrabucais iniciais: A) frontal e B) oclusal superior. C) Vista frontal com gancho soldado no arco vestibular. D) Vista com mola dupla e elásticos
intrabucais para giroversão. E) Vista intrabucal frontal intermediária. F) Vista intrabucal frontal com extrusão do 11.
A B
FIGURA 10 - Vistas frontais do arco vestibular: A) ativado e B) em posição para intrusão.
A B
C D
FIGURA 11 - Vistas frontais intrabucais com o arco vestibular: A) ativado e B) na posição de intrusão. Vistas intrabucais finais: C) frontal e D) oclusal superior.
E F
FIGURA 11 - Fotografias extrabucais: E) inicial e F) final.
EXTRUSÃO
1) Para o movimento de extrusão, o arco vestibular é ativado 2) Passando o arco vestibular acima do botão, a força desen-
passando abaixo do botão colado na superfície vestibular do dente. volvida será intermitente de extrusão (Fig. 12).
A B
FIGURA 12 - Vistas frontais do arco vestibular: A) ativado e B) em posição para extrusão.
CASO CLÍNICO 7 botão colado na vestibular do incisivo central direito, exercendo uma
Paciente no período intertransitório da dentadura mista, apre- força intermitente de extrusão. Nas figuras 13B e C, o mesmo pro-
sentava incisivos central e lateral direito intruídos (Fig. 13A, B). Na fi- cedimento foi repetido para o incisivo lateral. A figura 13D mostra
gura 13A, nota-se o arco vestibular já ativado, passando por cima do o resultado final, com o alinhamento da borda incisal dos incisivos.
A B
C D
FIGURA 13 - A) Vista frontal intrabucal com arco vestibular para extruir o dente 11. B, C) Vistas intrabu-
cais frontal e lateral com arco vestibular para extruir o dente 12. D) Vista intrabucal frontal final.
CASO CLÍNICO 8
Paciente com 16 anos de idade, apresentava uma má oclu- e a adição de um stop de resina na superfície lingual do canino
são Classe I, com canino superior esquerdo (23) em mordida esquerdo (Fig. 14G, H).
cruzada. (Fig. 14A - F). O tratamento foi realizado com uma pla- Após cinco meses de tratamento, o canino encontrava-se
ca de Hawley com mola dupla, ou em “Z”. Devido à face lingual em posição normal e apresentando sobrecorreção suficiente
do canino ser expulsiva, e para melhor estabilidade do aparelho para impedir a recidiva. As figuras 14I a 14L evidenciam o resul-
e da mola quando ativada, realizou-se o condicionamento ácido tado final, devolvendo à paciente a estética do sorriso.
A B
FIGURA 14 - A, B) Fotos extrabucais iniciais.
C D
E F
FIGURA 14 - C - F) Fotos intrabucais iniciais.
G H
I J
FIGURA 14 - G) Aparelho de Hawley com mola em “Z”. H) Vista intrabucal oclusal superior com o aparelho em posição. I, J) Vistas laterais finais.
K L
FIGURA 14 - K, L) Vistas finais extrabucal frontal sorrindo e intrabucal frontal.
PLACA DE HAWLEY COMO CONTENÇÃO ATIVA se encontrarem bem posicionados no sentido vestibulolingual.
ARCO VESTIBULAR EM DELTA, MODIFICADO PARA A figura 15 mostra a adaptação do arco de Hawley, com exten-
TORQUE NOS CANINOS são para os caninos, soldado na barra horizontal do grampo de
Essa modificação pode ser utilizada como um excelente re- Adams. As ativações são realizadas na extensão do arco vesti-
curso para as finalizações ortodônticas, quando os caninos não bular para lingual.
FIGURA 15 - Vistas lateral direita, frontal e lateral esquerda do arco vestibular modificado.
CASO CLÍNICO 9 to dos caninos superiores (Fig. 16A, B, C). A mesma placa continuou
O caso clínico a seguir mostra a finalização de um tratamento como contenção passiva por mais dois anos (Fig. 16G, H, I).
ortodôntico sem os respectivos torques nos caninos (Fig. 16A, B, C). Para a realização do torque lingual de coroa, torna-se neces-
Como contenção ativa, utilizou-se o arco vestibular modificado e o sário o desgaste da resina acrílica, deixando um ponto de contato
paciente foi orientado a utilizá-lo 24 horas por dia, removendo-o com a cervical da face lingual dos caninos. Assim, após a ativação
apenas nas refeições e higienização (Fig. 16D, E, F). do arco vestibular, a resultante do movimento será de inclinação da
Após seis meses de uso, notou-se a melhora no posicionamen- coroa para lingual e da raiz para vestibular (Fig. 16J).
A B C
FIGURA 16 - A, B, C) Vistas intrabucais ao final do tratamento ortodôntico.
D E F
FIGURA 16 - D, E, F) Vistas intrabucais do arco vestibular modificado.
G H I
FIGURA 16 - G, H, I) Vistas intrabucais, em controle feito dois anos após o tratamento, exibindo a melhora do posicionamento dos caninos.
J
FIGURA 16- J) Desgaste da resina acrílica na região cervical dos caninos, dei-
xando um ponto de contato como centro de rotação do dente, após a ativação do
arco vestibular.
Comprovando a sua versatilidade, a placa de Hawley se 17A, B, C), grade palatina e placa com orifício no palato para exer-
transforma em uma variedade de aparelhos removíveis passivos cícios posturais da língua (Fig. 17D, E, F).
e ativos. • Ativos: placa de Hawley com adição de molas, parafuso ex-
• Passivos: mantenedores de espaço funcionais estéticos (Fig. pansor ou arco facial conjugado (AEB conjugado) (Fig. 17G, H, I).
A B C
FIGURA 17 - Fotografias extrabucal (A) e intrabucais (B, C) evidenciando a placa de Hawley passiva como mantenedor de espaço funcional.
D E F
FIGURA 17 - D) Placa de Hawley com grade palatina, aparelho interceptador da mordida aberta anterior. E, F) Placa com orifício no palato, para exercícios pos-
turais da língua.
G H I
FIGURA 17 - Fotografias intrabucais evidenciando: G) a placa de Hawley com mola simples ou digital, H) parafuso expansor e arco facial conjugado na placa e
I) AEB conjugado.
CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS va seria a substituição dos grampos de retenção do tipo Adams por
Após a obtenção dos modelos de gesso, seguem-se os passos grampos em “C”, de modo que o grampo fique por baixo do stop de
da construção dos grampos de retenção e dos acessórios, e a colo- resina colado ao dente.
cação da resina acrílica, que não deve ser recortada ou festonada Atualmente, a maioria dos aparelhos ortodônticos removíveis
nos contornos gengivais. O aparelho deve se adaptar corretamente é construída com resina acrílica de rápida polimerização, ativada
aos tecidos moles e às faces linguais dos dentes, em aproximada- quimicamente (RAAQ, resina acrílica ativada quimicamente), cujos
mente 2/3 das faces linguais posteriores e até o cíngulo dos cani- procedimentos são mais rápidos e fáceis de serem realizados quan-
nos e incisivos. Com esses procedimentos, o aparelho oferece me- do comparados aos da resina acrílica ativada termicamente (RAAT).
lhor ancoragem, estabilidade mais efetiva e conforto ao paciente. Porém, apresenta uma maior porosidade, tornando-a mais frágil.
Nos casos de dentes parcialmente irrompidos ou expulsivos (como Na instalação do aparelho, ajustam-se os grampos de reten-
os caninos decíduos), que não oferecem retenção, pode ser realiza- ção e o arco vestibular, que deve tocar passivamente a face ves-
do um procedimento simples e fácil, que consiste em acrescentar tibular dos dentes anteriores. Deve-se prevenir o paciente de que
um stop de resina na face vestibular desses dentes. Outra alternati- nos primeiros dias haverá sensibilidade, maior salivação e alguma
dificuldade com a dicção, mas essas alterações serão normalizadas sobre o assunto em questão, a orientação para o paciente quanto
com o uso. ao uso, escolha do tipo de aparelho removível e a habilidade na
Esse aparelho removível, mesmo sendo frágil, não quebra com execução do protocolo de tratamento. Ao paciente, a honestidade
facilidade, e a sua indicação depende de cada caso em particular. e a responsabilidade quanto à manutenção e uso do aparelho. Aos
A sua remoção da cavidade bucal deve seguir o princípio básico de pais, além da confiança no profissional, a motivação, a supervisão
utilizar os dedos indicadores apoiados nos grampos de retenção, e o controle do uso do aparelho pelo filho. Com a interação harmo-
sem tracioná-lo para baixo pelo arco vestibular. niosa desses três elementos, certamente o sucesso ocorrerá.
O processo de higienização requer cuidados especiais, deven-
do ser realizado com o aparelho fora da cavidade bucal, utilizan- CONCLUSÃO
do creme e escova dental. Deve-se tomar os devidos cuidados Os aparelhos ortodônticos removíveis, quando utilizados com
para não alterar a forma e a posição dos grampos de retenção, coerência, parcimônia e criatividade, tornam-se um importante
arco vestibular e outros componentes. Em hipótese alguma de- aliado no tratamento ortodôntico. Com a interceptação de um pro-
vem ser utilizadas substâncias químicas ou água quente para a blema simples, que pode tornar-se complexo no futuro, devolve-se
limpeza do aparelho. ao paciente a oportunidade de uma estética agradável e uma oclu-
O sucesso do tratamento ortodôntico depende da qualidade do são funcional. Dessa forma, há o restabelecimento do equilíbrio do
aparelho e de uma tríade, na qual estão presentes: o profissional, o sistema estomatognático, favorecendo sobremaneira o desenvolvi-
paciente e os pais. Ao profissional cabe a sensatez, o conhecimento mento da oclusão.
REFERÊNCIAS
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Renato Rodrigues de Almeida
8. Huge S, Huge G, Fuller J. Orthodontic appliance design manual. Atlanta: Specialty
Appliances; 1986. p. 3-12 Rua Manoel Pereira Rolla, 18-09 – Vila Nova Cidade Universitária
9. Martins DR, Almeida RR, Fêo OS, Piccino AC. Ortodontia I - aparelhos removíveis. 1ª. ed. CEP: 17.012-190 – Bauru / SP
Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru; 1974. E-mail: coraorto@uol.com.br