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Artigo Inédito

Alterações Dimensionais Maxilares Provocadas


por Expansor Colado, com 2 Padrões de
Ativação*
Dimensional Alterations Provoked by a Bonded Expander, with Two
Activation Patterns

Resumo vação, o expansor ficou estabilizado por 5


O objetivo deste trabalho foi verificar se meses. Passado este período, os mesmos
duas formas diferentes de ativação no apa- foram removidos e novas radiografias e
relho expansor colado alterariam, de for- modelos obtidos. Os pacientes receberam
ma significante, a inclinação axial dos mo- então placa de acrílico para contenção da
Rosana Villela
lares superiores permanentes e a quanti- expansão realizada. A partir dos modelos
Chagas dade de expansão. Foram selecionadas 28 de estudo, foram obtidas medidas trans-
crianças entre sete e dez anos de idade, versais entre os primeiros molares superio-
sendo sete do sexo masculino e 21 do sexo res através do aparelho tri-dimensional Zeiss
feminino, da disciplina de Ortodontia do (Mod. Numerex C100-N). Usando vários
Curso de Odontologia da Universidade de pontos de referência foi possível determi-
Taubaté, apresentando atresia maxilar de- nar os efeitos de inclinação axial nos pri-
terminadas clinicamente. Antes do início do meiros molares permanentes, nos dois gru-
tratamento foram realizadas pos, permitindo concluir-se que os efeitos
telerradiografias lateral e frontal, radiogra- de inclinação, nos dentes de ancoragem,
fias panorâmica e oclusal e modelos de es- foram semelhantes em ambos os padrões
tudo. Foram aleatoriamente divididas em de ativação.
dois grupos: grupo A (14 crianças) e grupo
B (13 crianças). O grupo A foi submetido à INTRODUÇÃO
ativação do aparelho expansor com um A expansão maxilar tornou-se parte
quarto de volta por dia e o grupo B com integrante da clínica ortodôntica nos tem-
quatro quartos de volta por dia. Em ambos pos atuais. Sabemos da sua necessidade
os grupos, a extensão final de abertura do no momento que deparamos com uma
parafuso expansor foi de 8mm, sendo esta atresia maxilar assim como, sabemos das
medida obtida intrabucalmente, com paquí- vantagens que trazem para o tratamen-
metro ortodôntico. Após o período de ati- to ortodôntico.

* Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia e Ortopedia
Facial na Universidade de Taubaté.

Rosana Villela Chagas**


Cristiane Assis Claro***
Gerval de Almeida****
Weber Ursi*****

** Professora Colaboradora Adjunta na Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia da


Palavras-chave: Universidade de Taubaté.
Dimensão transver- *** Professora Colaboradora Assistente na Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia da
sal no arco superior; Universidade de Taubaté, Professora do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da UNITAU.
**** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté,
Expansão rápida; Coordenador do Curso de Especialização de Ortodontia e Ortopedia Facial da UNITAU.
Expansão simétrica. ***** Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP, Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e
Ortopedia facial da UNITAU, Professor Assistente Doutor na UNESP-SJC. Orientador da monografia

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O primeiro relato de expansão veio MONSON 1898; BROWN 1903; adultos com fenda palatina. O autor
com ANGELL (1860) nos Estados Uni- ORTTOLENGUI 1904; BLACK 1909; chamou atenção para o fato de que o
dos, porém os ortodontistas america- LANDSBERGER 1910; WILLIS 1911; tratamento de expansão maxilar, na
nos estavam direcionados para a idéia WRIGHT 1912; BARNES 1912; dentadura mista, não implica na exclu-
de crescimento ósseo intersticial defen- HAWLEY 1912; PULLEN 1912. são da necessidade de um tratamento
dido por Angle. Todavia, na Europa, Alguns autores não acreditavam complementar futuro. Nos casos de Cl
um grupo de pesquisa, liderado por no processo, outros tornaram-se in- III, pode ser observado que a maxila
DERICHSWEILER (1953) e diferentes ao método tais como move-se para baixo e para frente, cau-
KORKHAUS (1953), apresentou resul- ANGLE (1910), CASE (1893), sando mudanças na oclusão como aber-
tados favoráveis em seus trabalhos. Isto KETCHAM (1912) e DEWEY tura de mordida e aumento do ângulo
incentivou, na Universidade de Illinois, (1913). Nos E.U.A. esta indiferença do plano oclusal, assim como o do pla-
trabalhos experimentais, com expan- causou a interrupção desta mecâni- no mandibular. Outro efeito secundário
são maxilar, nos anos de 1950. Após ca, porém na Europa continuou sen- que pode ser visto é que a mordida cru-
os trabalhos de HAAS (1961 e 1965), do estudada e usada. KORKHAUS zada anterior pode sofrer auto correção.
a expansão maxilar ganhou repercus- (1953) é provavelmente o KREBS (1964) estudou 23 pacien-
são e foi capaz de ressuscitar a impor- reintrodutor do método nos E.U.A . tes da Royal Dental College (12 do sexo
tância do trabalho de ANGELL (1860). HAAS (1961), fez estudo em ani- masculino e 11 do sexo feminino) entre
Dentro do vasto assunto de ex- mais e um estudo clínico em dez pa- oito a 19 anos de idade que apresenta-
pansão maxilar, intrigava-nos a dú- cientes com deficiência maxilar trans- vam mordida cruzada esquelética bila-
vida sobre os resultados possivelmen- versal e respiração nasal deficiente. A teral, algumas anomalias de oclusão ou
te diferentes, advindos de diferentes amostra consistiu de cinco meninos e falta de espaço. Teve como objetivo exa-
velocidades de ativação, frente a pa- cinco meninas de nove a 18 anos, que minar, por meio de implantes, o efeito
cientes na dentadura mista, com ida- submeteram-se a telerradiografias la- da terapia de expansão na maxila e face
de de sete a dez anos. teral e frontal, fotos e modelos de estu- superior em sessões anuais continua-
O padrão de ativação, em expan- do. Os pacientes receberam um apare- das, até o crescimento completo. Foram
são palatina, é um assunto contro- lho para expansão com bandas nos feitos implantes pelo método de Björk,
verso dentro da Ortopedia mecâni- primeiros molares e primeiros premo- no processo zigomático da maxila e no
ca, pois existe a possibilidade de se lares e barras conectadas às bandas e osso palatino, na altura dos caninos e
imprimir velocidades diversas ao pa- inserida ao acrílico no palato, que con- molares. Após este procedimento foram
rafuso expansor desses aparelhos. tinha um parafuso expansor, acompa- feitas telerradiografias laterais e frontais
Entre as mais comuns, temos as ve- nhando a orientação da rafe palatina. padronizadas, modelos de estudo e fo-
locidades de uma a quatro quartos O resultado mais consistente encon- tos da face. Os exames foram repetidos
de volta por dia. trado pelo autor refere-se aos casos que após a fase ativa, com intervalos de dois
Não encontramos na literatura foram submetidos a uma volta com- a três meses, dependendo do caso, e
análise dos diferentes resultados fren- pleta logo após a cimentação do apa- após, com intervalos de um ano, du-
te a diferentes padrões de ativação relho expansor e um quarto de volta a rante sete anos. As medidas foram rea-
na dentadura mista. cada 12 horas até que se conseguisse lizadas em seis lugares diferentes. Pode
A necessidade de conhecermos a sobrecorreção. Neste momento o apa- ser observado que: 1) aumento na lar-
como estes diferentes padrões de ati- relho era estabilizado com fio .040” nas gura do arco dentário superior entre as
vação atuam na inclinação dos mo- duas bordas de acrílico, por três me- superfícies linguais dos caninos (23 ca-
lares na dentadura mista, foi o que ses. O autor relata que as pressões fo- sos); 2) aumento na largura do arco
despertou nosso interesse para efe- ram mais sentidas no processo alveo- dentário superior entre as superfícies lin-
tuar este trabalho. lar, abóbada maxilar e articulações da guais dos molares (23 casos); 3) au-
maxila, frontal e ossos próprios do na- mento da largura da zona anterior da
REVISÃO DA LITERATURA riz. Metade dos pacientes sentiram sutura palatina, como reflexo do aumen-
A utilização da expansão palatina, pressão na sutura zigomático-maxilar, to da distância entre o implante de cada
para se conseguir aumento transversal e poucos na sutura zigomático-tempo- lado do palato duro, na região de cani-
do arco dentário superior, não é recurso ral. Como resultado o autor pôde ob- nos (14 casos); 4) aumento da largura
novo na Ortopedia Dentofacial. Prova- servar abertura da sutura palatina e da zona média da sutura médio-palati-
velmente isto advém dos trabalhos de presença de diastema inter-incisivos. na como reflexo da distância entre o im-
ANGELL em 1860 Apud HAAS (1965), O mesmo autor em 1965 relatou que plante em cada lado do palato duro, na
e depois, esse assunto foi também rela- a expansão maxilar é um método efici- região de molares (6 dos 14 casos); 5)
tado e discutido por outros autores tais ente para tratar deficiência maxilar real aumento da largura na região médio-
como: GODDARD 1893; BLACK 1893; ou relativa, casos de Cl III e pacientes palatina, como reflexo do aumento da

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distância entre os implantes no processo lização foi realizada com aparelho de ma fosse aberta. Utilizaram um menino
zigomático, em cada lado da maxila (23 contenção. Nos crânios secos, o autor de dez anos com mordida cruzada uni-
casos) e 6) aumento da largura da ca- pôde observar que a abertura da sutu- lateral e perda precoce dos dentes 11 e
vidade nasal, medido nas telerradiogra- ra palatina, em crânios adultos, foi li- 21 que recebeu aparelho expansor tipo
fias frontais entre as paredes do antro, mitada e nos crânios com dentadura Haas. O aparelho foi ativado dois quar-
onde o contorno ósseo é mais suave, mista foram de grande magnitude. tos de volta por dia, durante 13 dias.
(23 casos). O autor acredita que o gran- COHEN e SILVERMAN (1973) Em princípio foi obtida uma radiografia
de aumento da base maxilar ocorreu apresentaram uma nova proposta in- oclusal e modelo de estudo. Neste mo-
antes e durante a puberdade. A recidi- dicando o uso de aparelhos colados que delo, foram determinadas três áreas que
va ocorreu durante o período de con- pudessem diminuir o tempo consumi- deveriam ser submetidas à radiação. O
trole, que foi de 7 anos, entre o quatro do para confecção do aparelho, tanto aparelho usado foi o Henrikson Iodine-
e quinto ano. na clínica (provas de bandas), como 125, que tinha como fonte de radiação
MOSS (1968) acredita que a me- no laboratório (soldas e acrilização). O o radioisótopo I-125. As três áreas me-
lhor idade para a expansão rápida é dos aparelho proposto era feito sobre um didas foram: o plano mediano da sutu-
dez aos 15 anos, pois a experiência de modelo, e com encapsulamento den- ra palatina; perto da borda e o osso ao
dor desaparece depois do segundo ou tário vestibular, oclusal e lingual, em lado da sutura. Pode ser observado que
terceiro dia. Em paciente com mais de acrílico, unindo estas regiões ao para- a quantidade de mineral aumentou de
vinte anos o desconforto é maior. Acre- fuso expansor. O mesmo era colado 0,25 mg/mm2 para 0,70 mg/mm2 no
dita que efetivar o tratamento em idade com sistema de adesivos ortodônticos. plano mediano na primeira semana e
muito precoce, compromete a retenção MELSEN (1975) suplementou o co- nos dois meses subsequentes houve au-
e implica na necessidade de outra ex- nhecimento já existente sobre crescimento mento com menor rapidez. Com três
pansão mais tarde. Após instalação do do palato duro, com investigação meses o conteúdo de mineral era o mes-
aparelho expansor com recobrimento histológica e microrradiografia em autop- mo em todas as áreas de abertura, com
oclusal a ativação deve ser realizada três sia humana. Utilizou um grupo de 33 isso o autor concluiu que após três me-
vezes ao dia. O autor relata como resul- meninos e 27 meninas com idade vari- ses de retenção do aparelho colado ocor-
tado da expansão maxilar, abertura de ando de zero a 18 anos, sem doença ria a estabilização da sutura.
diastema anterior, aumento do volume prévia. Foi removido um bloco de tecido WERTZ e DRESKIN (1977) em
nasal pelo aumento de extensão do da porção média, sendo 1cm atrás dos amostra de 56 pacientes, sendo 32
assoalho nasal e afastamento das pa- incisivos e margem posterior do palato. mulheres e 24 homens com idade de
redes laterais nasais. O corte anterior foi bizelado com corte 8 a 29 anos, usaram uma variedade
O objetivo de WERTZ (1970) foi ve- frontal e o posterior com corte sagital. Os de aparelhos expansores fixos para
rificar alterações esqueléticas na sutu- blocos foram submetidos a correção da atresia maxilar. O objeti-
ra palatina na rotina ortodôntica. O au- microrradiografia. Os referidos blocos fo- vo foi avaliar a alteração da largura
tor tratou 60 pacientes sendo 37 mu- ram colhidos nas regiões da face palatal inter-maxilar, inter–molares superiores
lheres (7 a 29 anos ) e 33 homens (8 nasal, face palatal oral, sutura palatina e inferiores e as alterações
a 14 anos), com mordida cruzada bi- mediana, sutura palatina transversal. dimensionais na cavidade nasal, além
lateral usando aparelho expansor tipo Como resultado a autora pode observar de verificar alterações nas medidas
Haas, com ativação de uma volta com- que a morfologia da sutura transversa, angulares em telerradiografias laterais.
pleta no dia da instalação e um quarto ao nascimento, era larga e levemente si- Foram obtidas telerradiografias late-
volta pela manhã e a tarde até obter a nuosa, mas com cerca de dez anos o ral e frontal, antes do tratamento, após
expansão adequada. Foram feitas te- desenvolvimento era tipicamente de su- a abertura da sutura (quatro meses),
lerradiografias frontal, lateral e mode- tura escamosa. Na parte inferior da sutu- após a retirada do aparelho com a
los de estudo antes do tratamento, após ra, que era mais larga, foram vistas sutura fechada (oito meses) e com tra-
completa expansão e três meses após digitações incipientes aos dez anos. Dos tamento ortodôntico completo. Obser-
a expansão. Como suplemento dois crâ- 13 aos 14 anos, a sutura torna-se mais vou-se, após a abertura da sutura, um
nios secos (um adulto e outro na den- estreita e ligeiramente ondulada porém, aumento médio de 6,5 mm e máximo
tadura mista) foram submetidos à mes- uma lâmina de tecido conjuntivo situa-se de 11,5 mm entre as coroas dos pri-
ma terapia para observação dos efei- entre as duas partes do osso palatino. A meiros molares superiores. Logo após
tos esqueléticos. Os resultados encon- morfologia da sutura média palatina tam- a remoção do aparelho houve uma
trados nos pacientes foram que, após bém é mudada durante o crescimento. pequena recidiva de 0,5mm. Aos 36
a completa expansão, houve aumento EKSTRÖM et al. (1977) realizaram meses houve uma recidiva de 1,5mm,
máximo na largura posterior de 12mm, um trabalho para medir objetivamente não sendo maior devido à terapia or-
e após a retirada do aparelho expan- o nível de mineralização na sutura o todôntica convencional instalada
sor não houve alteração, pois a estabi- mais rápido possível depois que a mes- após a expansão. Foram tam-

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bém formados grupos por idade: abai- maxila, em 20 pacientes, sendo 6 me- ativação de quatro quartos de volta por
xo de 12 anos; entre 12 a 18 anos; ninos e 14 meninas que usaram ex- dia no primeiro dia e dois quartos de
acima de 18 anos. Nestes grupos pôde- pansor colado, com relação a uma volta por dia nas três semanas subse-
se observar que o aumento da distân- amostra já existente, que usou expan- qüentes. Foram feitas radiografias
cia inter–molares foi semelhante para sor bandado. Nos pacientes que rece- oclusais antes do tratamento e sema-
todos os grupos, porém a recidiva foi beram expansor colado foi realizada nalmente por cinco semanas. As radi-
maior nos pacientes com mais idade. uma ativação de quatro quartos de volta ografias foram digitalizadas usando
LINDER–ARONSON e LINDGREN por dia, até atingir o resultado neces- uma vídeo câmera (com escala cinza
(1979) tiveram como proposição es- sário para cada paciente individualmen- de 0-256) e um processador de ima-
tudar alterações dentárias e esqueléti- te. Após conseguido o resultado satis- gem Kontron Imco-0. Às novas ima-
cas que acompanham a expansão rá- fatório, o aparelho foi estabilizado du- gens obtidas coloridas por uma vídeo
pida assim como sua estabilidade. Uti- rante 3 meses. Foram realizadas teler- impressora Mitsubishi CP100E. Os au-
lizaram 23 pacientes, sendo, 7 meni- radiografias laterais antes e após a ex- tores usaram dois pontos para o estu-
nos e 16 meninas, com idade média pansão. Os autores puderam observar do da densitometria óssea: borda an-
de 14 anos e quatro meses, com pe- que o deslocamento inferior da maxila terior da sutura palatina e um outro
quena mordida profunda e mordida é menor com o uso do aparelho ponto localizado à 2mm anteriormen-
cruzada bilateral. Foi realizada expan- expansor colado. te ao parafuso expansor. Os resulta-
são rápida, sem extrações durante o ADKINS et al. (1990) observaram a dos mostraram que inicialmente a den-
período de controle. Foram feitos cefa- relação entre expansão maxilar e o resul- sidade da sutura é maior que no osso e
logramas laterais e modelos antes do tado de ganho no perímetro do arco. Ava- decresce na primeira semana de trata-
tratamento, imediatamente após a ex- liaram 21 pacientes: 14 meninas e sete mento e reaparece na quinta semana.
pansão, no fim da contenção e ao fim meninos na dentadura mista tardia. Des- CAVASSAN et al. (1993) observa-
do período de observação. O período tes pacientes oito não tinham mordida cru- ram o comportamento das seguintes
de ativação foi de dois meses. O perío- zada posterior e dos 13 com mordida cru- medidas: inter-cuspídeas; inter-cervi-
do de contenção variou de um a sete zada posterior, nove apresentavam mor- cais; área palatina oclusal; área palatina
anos e pós contenção de quatro a sete dida cruzada unilateral funcional e quatro posterior e profundidade palatina em
anos. Algumas variáveis foram exami- mordida cruzada bilateral não funcional. modelos de gesso. Em uma amostra
nadas nos modelos: largura do arco Foram usados aparelhos do tipo Hirax que de 16 pacientes de ambos os sexos com
superior, medida transversalmente em foram ativados dois quartos de volta por idade de 11 anos a 18 anos e quatro
três áreas: entre os caninos, entre os dia. O período de estabilização foi, em mé- meses, foram instalados aparelhos ex-
primeiros molares e entre os segundos dia de dez a vinte semanas. Foram feitos pansores maxilares tipo Haas, no qual
molares. Foi medida também a altura modelos de estudo antes e após o trata- as bandas receberam braquetes solda-
palatal bem como a extensão da so- mento. Estes receberam marcas para que dos na face vestibular (primeiros mo-
bremordida e da sobressaliência. se pudesse identificar as medidas em lar- lares e primeiro premolares), assim
A diminuição da expansão após cin- gura e comprimento do arco. Após estas como os segundos premolares recebe-
co anos foi moderada. O aumento final providências foram obtidas fotografias e ram braquetes colados. Um fio
da distância inter-molares foi de 3,6mm suas imagens digitalizadas. Os autores .021’x.025’ foi colocado passivamen-
e da distância inter-caninos de 0,8 mm. puderam concluir que o aparelho produ- te nos braquetes do molar e dos pre-
HOWE (1982) relatou o caso de ziu aumento no perímetro do arco maxilar molares, para obtenção da ancoragem
uma menina de 12 anos que usou um em 0,7 vezes a mudança na distância máxima. A ativação realizada foi de dois
aparelho superior no qual havia um entre os primeiros premolares. Foi encon- quartos de voltas de manhã e dois quar-
contorno de fio 1,5mm nas superfíci- trado movimento dos incisivos superiores tos de voltas à tarde. Após o período
es vestibulares e linguais. Um parafu- diminuindo o perímetro do arco em 4 dos ativo, foram aguardados três meses
so maxilar foi colocado e soldado aos 21 pacientes, após estabilização do apa- como contenção, usando uma placa de
extremos linguais. Foi colocado acríli- relho Hirax. Observaram moderada incli- acrílico. Estes pacientes foram tratados
co sem invadir a superfície oclusal e o nação vestibular nos dentes de ancora- logo em seguida com técnica corretiva
aparelho foi colado com resina com- gem porém, sem significância estatística . de arco de canto convencional. Foram
posta. O resultado obtido foi abertura Com o objetivo de medir o trajeto de obtidos modelos de gesso antes do tra-
da sutura palatina com aparecimento formação óssea após a expansão ma- tamento, após a retirada do aparelho
de diastemas na linha mediana. Não xilar e avaliar a densitometria óssea expansor e após finalização com apa-
percebeu descalcificação dentária, como um significado efetivo de moni- relho corretivo. Foram obtidas medi-
quando o aparelho foi removido. toramento do osso de reparação, COBO das inter-cúspides e inter-cervicais di-
SARVER e JOHNSTON (1989) ob- et al. (1992), utilizaram seis pacientes retamente no modelo de gesso com pa-
servaram o deslocamento vertical da de 14 anos com aparelho Hirax com químetro. A área palatina posterior e

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oclusal assim como a profundidade pa- aparelho expansor colado, a cimen- de dois quartos de volta pela manhã e
latina foram medidas através de cópi- tação pode ser feita com resina quimi- à noite. Entre outras medidas, o autor
as xerográficas. Como resultado pode- camente ativada ou resina foto ativa- pesquisou o comportamento dos mo-
se observar que houve aumento da lar- da. A ativação do aparelho deve ser lares de ancoragem, e concluiu que
gura transversal do arco dentário, au- de um quarto de volta por dia durante ambos os aparelhos expandiram a
mento na região palatina alta e vesti- 14 dias, após este período o paciente maxila e contribuiram para a vestibu-
bularização dos molares, o que foi cor- será reavaliado para ser verificada a larização dos molares de ancoragem.
rigido durante o tratamento corretivo. necessidade de se obter uma maior ex- ASANZA et al. (1997) compara-
LADNER e MUHL (1995) tiveram pansão. Conseguida a expansão o pa- ram dois tipos de aparelhos, Hirax e
como objetivo determinar a relação en- ciente deverá ser visto a cada seis se- expansor colado, para observar a re-
tre as alterações abaixo comparando a manas por um período de cinco me- lação simétrica de expansão,
expansão rápida e o quadri-hélice, utili- ses. Completado os cinco meses o apa- extrusões e inclinações dentárias,
zando um grupo de trinta pacientes, 17 relho expansor colado é substituído por assim como alterações verticais. Fo-
meninos e 13 meninas com idade mé- uma contenção de acrílico, que será ram utilizados sete meninos e sete
dia de 11 anos e oito meses para ex- usada por um período mínimo de um meninas de 8,5 a 16 anos de idade,
pansão rápida e 30 pacientes, 19 me- ano, para que facilitasse as adapta- com mordida cruzada posterior. A
ninos e 11 meninas para uso de quadri ções nas relações maxilo – mandibu- ativação foi de dois quartos de volta
- hélice com idade média de 11 anos e lares, tais como as correções espon- por dia e após a correção, o apare-
11 meses. Na expansão rápida, o perí- tâneas das Classes II. lho foi estabilizado e contido por três
odo de ativação, foi em média 23 dias e SPILLANE e MCNAMARA (1995) meses. Foram obtidos cefalogramas
o período de contenção de 77 dias. Po- utilizaram uma amostra de 162 pacien- frontais antes, na fixação e após o
rém no quadri-hélice a quantidade de tes submetidos a expansão rápida da período de estabilização. Não houve
ativação não foi bem controlada. O pe- maxila, para observação do comporta- diferenças estatísticas em relação a
ríodo de contenção foi em média 149 mento dos molares superiores antes e mudanças angulares e a abertura da
dias. Foram medidas as alterações da pós expansão. Os pacientes receberam sutura. A assimetria esteve presente
largura maxilar, a inclinação do proces- expansor colado por um período de 5 a em ambos os grupos. Em três casos
so alveolar, inclinação do molar superi- 6 meses. Após este período os pacientes de expansor colado observou-se uma
or, rotação do molar superior, profundi- receberam uma placa de contenção. leve diminuição da altura facial ante-
dade palatina, medidas dentárias trans- Foram obtidos modelos de gesso pré e rior, assim como o grupo com
versais (distância inter-caninos e inter- pós-expansão. Como resultado os au- expansor colado mostrou menor des-
molares em ambas as arcadas). O estu- tores puderam inferir que os molares que locamento anterior da maxila e me-
do apresentou uma grande variabilida- apresentavam maior inclinação lingual nor movimento da região posterior
de nas variáveis estudadas para o no início do tratamento, apresentavam do palato para baixo.
quadri-hélice, o que não aconteceu com mais expansão em relação àqueles com CAPELOZZA FILHO e SILVA FILHO
a expansão rápida. Verificou-se também inclinação vestibular. A largura obtida (1999) adotaram o aparelho de expan-
um aumento esquelético na largura da na expansão foi mantida em 90,5% são rápida anunciado por Haas. Po-
maxila no grupo de expansão rápida. durante o primeiro ano e 80,4% no fi- rém quando o paciente apresentava–
Nos grupos de quadri-hélice e expansão nal de 2,4 anos pós expansão. Os au- se em estágios precoces, na dentadura
rápida pode observar-se aumento na dis- tores concluíram que a maioria dos gan- mista, admitiam uma pequena modifi-
tância molar inferior. hos obtidos no início da dentadura mis- cação com bandas nos segundos mo-
MARTINS et al. (1995) acreditam ta são mantidos até o estabelecimento lares decíduos ou primeiro molar per-
que o período de ativação deve ser ini- da dentadura permanente. manente. Uma barra de conexão, sol-
ciado 24 horas após a cimentação do Para verificar possíveis diferenças dada por lingual e vestibular, uniria os
aparelho Haas e que deve ser dada uma dento-esqueléticas quando usava-se molares ao canino decíduo. Sua ativa-
volta completa no parafuso expansor. aparelhos dentomucosuportados e ção deveria ser de dois quartos de vol-
Nos dias subsequentes recomendam a dentosuportados MAZZIEIRO et al. ta de manhã e dois quartos de volta à
ativação de dois quartos de volta de (1996) estudaram por meio de terra- tarde até a sobrecorreção. O período
manhã e dois quartos de volta à noite. diografias frontais uma amostra de 20 de estabilização recomendado foi de três
O período de estabilização deve ser de pacientes que receberam os aparelhos meses e após este período, uma con-
no mínimo três meses, com o próprio expansores dentomucosuportados e tenção removível deveria ser instalada
aparelho, e após esta fase, deve ser ins- 21 pacientes que receberam os apa- por um período de seis meses.
talada uma contenção de acrílico por relhos expansores dentosuportados.
um período superior a seis meses. Após a cimentação dos aparelhos ex- PROPOSIÇÃO
Segundo MCNAMARA (1995), no pansores, a ativação do parafuso foi Verificar se os dois padrões de ati-

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vação extremos: um quarto de volta momento, novas telerradiografias la- co meses pós expansão, foram co-
de ativação por dia e quatro quartos terais e frontais, radiografias panorâ- lhidas medidas transversais, entre os
de volta de ativação por dia, no ex- micas e modelos de estudo. primeiros molares permanentes su-
pansor maxilar colado, determinam: A partir dos modelos de estudo, periores através do aparelho Tridimen-
1) diferentes resultados clínicos obtidos no pré - tratamento e aos cin- sional Zeiss (mod. Numerex C 100 -
em relação a quantidade de expan-
são maxilar.
2) diferentes inclinações axiais dos
primeiros molares permanentes supe-
riores que suportam os aparelhos.

MATERIAL E MÉTODO
De uma triagem de 400 crianças
foram selecionadas 27 com atresia ma-
xilar, entre sete e dez anos de idade, FIGURA 1 - Vista oclusal antes da co- FIGURA 2 - Vista oclusal do aparelho
lagem do aparelho expansor expansor em posição.
sendo seis do sexo masculino e 21 do
sexo feminino, pacientes da clínica de
Ortodontia do Departamento de Odon-
tologia da Universidade de Taubaté. A
amostra foi dividida aleatoriamente em
dois grupos : Grupo A (14 crianças ) e
Grupo B ( 13 crianças).
Previamente ao tratamento, foram
realizadas telerradiografias lateral e fron-
tal, radiografias panorâmica e oclusal e
modelos de estudo. Os dois grupos re- FIGURA 4 - Ponta do aparelho Tridimen-
sional Zeiss na cúspide mésio palatina.
ceberam expansor colado (Fig. 1 e Fig.
2) e o material usado para realizar a
colagem foi resina foto ativada (TPH
Spectrum - Dentsply). Os dispositivos
expansores foram todos da marca
Leone, modelo de11mm de capacidade 1
de expansão. Foram usados dois pa- 2
drões de ativação diferentes, sendo que
o grupo A foi submetido a um quarto de FIGURA 3 - Aparelho Tridimensional FIGURA 5 - (1) Distância inter-sulcos;
volta de ativação por dia e o grupo B a Zeiss (mod. Numerex C 100-N). (2) distância inter-cúspides.

quatro quartos de volta por dia. Cada


Quadro 1
quarto de volta, corresponde nestes ex- Grupo A: Valores individuais para a distância inter-cúspides
pansores a uma abertura de 0,25mm. (distância entre as cúspides mésio - palatinas dos primeiros molares
O parâmetro quantitativo do experi- Nome Pré-tratamentosuperiores)
Pós-tratamento Diferença
mento foi a abertura do parafuso em 8,0 C. M. 36,09mm 41,22mm 5.13mm
mm, medida esta obtida intrabucalmen- C. 32,83mm 39,12mm 6.29mm
te com paquímetro ortodôntico. Quando J. 36,75mm 42,79mm 6.04mm
este parâmetro foi atingido, o parafuso K. 39,22mm 46,86mm 6.33mm
foi recoberto com resina acrílica de rápi- M. D. 38,02mm 44,35mm 5.76mm
da polimerização para travamento. M. 32,69mm 38,89mm 6.20mm
Aos cinco meses da expansão rá- N. H. 37,68mm 43,39mm 5.71mm
pida maxilar (E.R.M), foram realiza- N. F. 39,14mm 45,40mm 6.26mm
das radiografias oclusais para obser- P. V. 35,36mm 41,03mm 5.67mm
vação do fechamento da sutura. Após R. 34,87mm 41,48mm 6.61mm
esta providência o expansor colado foi T. R. 38,08mm 42,99mm 4.91mm
removido e usado como um aparelho T. P. 34,08mm 40,23mm 6.15mm
removível até a instalação da conten- V. A. 43,78mm 48,78mm 5.00mm
ção de acrílico. Foram obtidas neste Z. 36,38mm 42,81mm 6.43mm

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Quadro 2 Distância entre as pontas das cús-
Grupo B: Valores individuais para a distância inter-cúspides
pides mésio - palatinas dos primei-
Nome Pré-tratamento Pós-tratamento Diferença
ros molares permanentes superiores
C. A. 39,21mm 45,55mm 6.34mm e inter-sulcos, que corresponde à dis-
C. L. 38,17mm 43,18mm 5.01mm
tância entre as junções do sulco
C. 38,64mm 44,06mm 5.42mm
palatino com a gengiva dos mesmos
D. 39,26mm 45,72mm 6.46mm
dentes (Fig.5).
F. 36,65mm 41,54mm 4.89mm
G. R. 37,43mm 43,77mm 6.34mm
RESULTADOS
G. 38,21mm 45,77mm 7.40mm
Os valores individuais foram ob-
J. B. 31,18mm 36,98mm 5.80mm
tidos nos modelos de estudo antes da
J. 36,36mm 43,02mm 6.66mm
expansão e após o período de estabi-
L. 40,61mm 47,67mm 7.06mm
lização, que foi de 5 meses. As tabe-
M. 36,32mm 41,96mm 5.64mm
las abaixo nos mostra os valores in-
N. 39,36mm 44,91mm 5.55mm
dividuais das distâncias inter-cúspides
R. 37,08mm 43,44mm 6.36mm
e inter-sulcos para o grupos A (um
quarto de volta de ativação por dia)
e grupo B (quatro quartos de ativa-
Quadro 3 ção por dia). Quadros 1, 2, 3, 4.
Grupo A: Valores individuais para a distância inter-sulcos (distância entre as A comparação da quantidade de
junções do sulco palatino dos primeiros molares superiores com gengiva dos expansão, através do teste “t”, obti-
Nome Pré-tratamentom e s m os)
Pós-tratamento Diferença da nos grupos A e B , tanto na medi-
C. M. 32,38mm 36,70mm 4.32mm da inter-cúspides como na inter-sul-
C. 29,84mm 37,03mm 7.19mm cos, revelou não haver diferença es-
J. 30,87mm 37,24mm 6.37mm tatisticamente significante.
K. 32,68mm 40,27mm 7.59mm Para o grupo A a média das me-
M. D. 31,77mm 38,08mm 6.31mm didas inter-cúspides foi de X A =
M. 27,57mm 33,78mm 6.20mm 5,89mm e para o grupo B foi XB =
N. H. 33,54mm 40,18mm 6.64mm 6,07mm (Fig.6). Com relação à me-
N. F. 33,50mm 40,67mm 7.17mm dida inter-sulcos a média para o gru-
P. V. 30,28mm 36,40mm 7.51mm po A foi de XA = 6,10mm e para o
R. 31,44mm 38,95mm 4.25mm grupo B foi XB = 6,28mm (Fig.7).
T. R. 31,25mm 38,33mm 7.08mm Como pode ser observado na ta-
T. P. 29,06mm 33,96mm 4.90mm
bela 1, não houve diferença estatis-
V. A. 38,80mm 43,69mm 4.89mm
ticamente significante, quando com-
Z. 31,12mm 36,08mm 4.96mm
parado os padrões de ativação de um
quarto de ativação por dia e quatro
quartos de ativação por dia, nas dis-
Quadro 4 tâncias inter-cúspides e inter-sulcos.
Grupo B: Valores individuais para a distância inter-sulcos Para observar alterações nas in-
Nome Pré-tratamento Pós-tratamento Diferença clinações axiais, foram obtidas as di-
C. A. 32,63mm 39,59mm 6.96mm ferenças entre as medidas inter-cús-
C. L. 32,46mm 38,87mm 6.41mm pides e inter-sulcos pré e pós trata-
C. 31,16mm 37,16mm 6.00mm mento, em ambos os grupos.
D. 34,93mm 40,17mm 5.54mm O confronto entre as diferenças das
F. 30,76mm 36,98mm 6.22mm medidas acima mostrou que as medi-
G. R. 30,47mm 36,06mm 5.59mm das e os desvios foram semelhantes. A
G. 31,68mm 39,82mm 8.14mm distância inter-cúspides com relação à
J. B. 25,94mm 32,78mm 6.84mm distância inter-sulcos, com padrão de
J. 31,56mm 37,55mm 5.99mm ativação de uma volta de ativação por
L. 34,86mm 41,25mm 6.39mm dia no pré-tratamento e pós-tratamento
M. 30,26mm 37,53mm 7.27mm foi de XA (pré- tratamento)= 5,06 e XA (pós-trata-
N.C. 33,06mm 39,13mm 6.07mm mento)
= 4,86, e com o padrão de quatro
R.S. 34,39mm 38,64mm 4.25mm quartos de volta por dia foi

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10 DISCUSSÃO
Muito se tem estudado sobre ex-
pansão maxilar, a partir de sua rein-
8
6,07 trodução, no cotidiano ortodôntico por
5,89 Haas em 1961. Seus efeitos sobre o
6
porção alveolar, bases apicais e tecido
mole adjacente, têm sido objeto de in-
4 vestigação por inúmeros pesquisado-
res. A expansão maxilar rápida, ou
2 disjunção maxilar, é um dos melhores
exemplos de expansão ortopédica ver-
0 dadeira, em que as alterações obser-
Grupo A Grupo B
vadas são derivadas primariamente,
FIGURA 6 - Medidas da expansão transversal da distância inter-cúspides nos Grupos A e B. pela mudança na posição óssea ma-
xilar, e espera-se, não pelo movimen-
10
to vestibular dos dentes posteriores.
As duas hemi - maxilas são se-
paradas ortopedicamente, permitin-
8
do a formação de osso novo, de ma-
6,10 6,28
neira semelhante ao que ocorre na
6
distração osteogênica. O sistema
sutural circum-maxilar também é afe-
4 tado, com um aumento temporário
de atividade osteogênica.
2 Sabe-se que a viabilidade da ex-
pansão diminui com a idade, sendo
0 facilmente realizada durante a denti-
Grupo A Grupo B ção mista e com alguma facilidade
FIGURA 7 - Medidas da expansão transversal da distância inter-sulcos nos Grupos A e B. durante a adolescência. Uma ques-
tão que se coloca, é que a efetividade
10
da expansão maxilar depende do
acúmulo de força suficiente para a
separação das hemi-maxilas. Com a
8
utilização de aparelhos disjuntores
5,72 tipo Haas, ou outros que utilizem pa-
6 5,53
4,86 5,06 rafuso tipo Hyrax, geralmente se em-
pregam variados padrões de ativa-
4 ção, com o intuito de acumular uma
quantidade de força suficiente para
2 promover a disjunção.
Para a escolha da ativação enten-
0 de-se que uma ativação corresponde-
1 2 3 4
ria a um quarto de volta, no parafuso
Pós-tratamento Pós-tratamento expansor, por dia. Os autores apresen-
grupo A grupo B tam variados padrões de ativação
Pré-tratamento Pré-tratamento como: MCNAMARA (1995) recomen-
grupo A grupo B da como conduta, um quarto de volta
FIGURA 8 - Medidas das diferenças entre as medidas inter-cúspides e inter- por dia; HAAS (1961) e COBO (1992)
sulcos pré-tratamento e pós-tratamento nos grupos A e B.
preconizam quatro quartos de voltas
de X B (pré- tratamento) = 5,72 e X B (pós-trata- A tabela 2, nos apresenta a di- por dia no primeiro dia e dois quartos
mento)
= 5,53. As análises utilizando os ferença da distância inter-cúspides de voltas nos dias subsequentes;
testes ‘ t ‘ e x2 revelaram que as incli- com a distância inter-sulcos, nos SARVER e JOHNSTON (1989),
nações axiais entre os grupos A e B mostrou a não significância entre CAVASSAN et al. (1993), MARTINS et
foram semelhantes. as relações. al. (1995), MAZZIEIRO et al. (1996),

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TABELA 1 TABELA 2
Distância inter-cúspides e inter-sulcos com padrão de Diferença das distâncias inter-cúspides (IC) e inter-
um quarto de volta por dia e quatro quartos de volta dia. sulcos (IS) antes e após o tratamento, com padrão de
ativação de um quarto de volta por dia e quatro quartos
1
/ 4 ativação 4
/ 4 ativação de volta
Prépor dia.
Pós S SY
X S X S SY X X
Inter-cúspides 5,89 0,55 6,07 0,74 NS 1
/4 ativação IC – IS 5,06 4,86 0,93 NS
Inter-sulcos 6,10 1,15 6,28 0,92 NS 4
/4 ativação IC – IS 5,72 5,53 1,11 NS
NS - Não significante

CAPELLOZA e SILVA FILHO (1999) re- são do parafuso expansor e a expan- controlar o movimento ortodôntico da
comendam quatro quartos de voltas por são dentária e esquelética, no entanto unidade de ancoragem (molares supe-
dia; outros como EKSTRÖM et al. este assunto não foi motivo de averi- riores permanentes). Em termos de efe-
(1977), ADKINS et al. (1990), guação neste trabalho. tividade de expansão maxilar esta in-
ASANZA et al. (1997) aconselham dois A estabilização da distância trans- formação é importante pois, implica que
quartos de voltas por dia; enquanto versal conseguida após a expansão, é o controle da inclinação axial vestibu-
MOSS (1968) ativa três quartos de vol- uma fase clássica no tratamento. O lo-lingual foi mantido. Com uma ativa-
ta por dia. Parece-nos que a ativação período de estabilização pós expansão ção única por dia, geralmente resulta
dos aparelhos são realizadas de acor- pode variar de três meses segundo em menor desconforto para o pacien-
do com a opinião de cada autor e não ASANZA, et al. (1997), CAVASSAN et te. É mais adequada ao cotidiano fa-
por haver padronização de conduta. al. (1993) EKSTROM et al. (1997), miliar e parece-nos em função de sua
Os extremos de ativação, na denta- SARVER e JOHNSTON (1989), HAAS efetividade clínica, deva ser a melhor
dura mista (um quarto de volta por dia e (1961) a cinco meses conforme os tra- escolha para pacientes com dentadura
quatro quartos de voltas por dia), foram balhos de MCNAMARA (1995), mista.
utilizados neste trabalho, para a obser- SPILLANE e MCNAMARA (1995) e Não houve relato de dor durante o
vação do comportamento dos molares ADKINS (1990). Em nossos estudos período de tratamento ativo, Acredita-
de ancoragem, uma vez que não se en- adotamos cinco meses como período mos que tenha sido por trabalharmos
contra na literatura qualquer trabalho de estabilização pós expansão, e ime- com crianças com idade entre sete a dez
que tenha avaliado este quesito. diatamente após este período uma ra- anos de idade, quando as suturas inter-
De acordo com os trabalhos de diografia oclusal foi realizada para ob- maxilar e circum maxilares são menos
WERTZ e DRESKIN (1977), a sutu- servação do fechamento da sutura. resistente (WERTZ 1977; MELSEN
ra inter-maxilar é menos resistente Entre os eventos que ocorrem na 1975). Neste trabalho pudemos obser-
nos pacientes de sete a dez anos. expansão maxilar o aumento da lar- var a presença do fator patognomônico
MELSEN (1975) relata que por vol- gura inter-maxilar e a inclinação dos da expansão maxilar, o aparecimento
ta dos dez anos a sutura passa a ser molares de ancoragem foram motivos de diastemas entre os incisivos centrais
tipicamente escamosa, porém, com de nossa pesquisa. Nos resultados en- superiores, fator este visto também nos
a presença de tecido conjuntivo en- contrados neste trabalho, fica óbvio trabalhos de HAAS (1961), KREBS
tre as duas partes maxilares. Por es- pelo aumento dimensional obtido, o (1964) e HOWE (1982). Não foi obje-
tes motivos essa foi a faixa etária de grande impacto positivo desta mano- tivo deste trabalho avaliar as diferenças
eleição para o nosso trabalho. bra terapêutica sobre as dimensões do de comportamento quanto ao sexo.
Como fator de homogeneização do arco dentário superior. Isto não é sur-
evento, a quantidade de abertura do presa em função da míriade de traba- CONCLUSÃO
parafuso expansor também foi um fa- lhos concordantes na literatura Baseado nos dados obtidos neste
tor que mereceu atenção. Sendo as- (KREBS, 1964; CAVASSAN, 1993; trabalho julgamos lícito concluir que:
sim foi estabelecido que o valor de LANDER e MUHL, 1995; SPILLANE e 1 - Nos pacientes entre 7 e 10 anos
abertura do parafuso seria padroni- MCNAMARA, 1995). Por outro lado, de idade, um quarto de volta por dia de
zado em 8mm para todos os pacien- nossa intenção inicial, de verificar a ativação, promove um tratamento tão
tes, porém sabíamos que este valor, qualidade deste ganho transversal em efetivo quanto aquele em que é realiza-
poderia não atender as necessidades termos de inclinação vestibulo-lingual do com quatro quartos de voltas por dia.
de todos os pacientes. Nos pacientes dos dentes de ancoragem, foi demons- 2 - Houve aumentos direcionais
em que não obtivemos o resultado sa- trada pela manutenção das distâncias transversais nos dois grupos em
tisfatório (dois pacientes), tratamen- (inter-cúspides – inter-sulcos). Este pa- quantidade equivalente
tos complementares foram realizados rece ser o resultado mais significante, 3 - Não houve alteração signifi-
posteriormente sem prejuízo a saúde uma vez que demonstrou ser possível, cativa na inclinação axial dos primei-
dos mesmos. Sabe-se que existe uma utilizando um padrão de ativação de ros molares permanentes superiores
relação entre a quantidade de expan- apenas um quarto de volta por dia, nos dois grupos.

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Abstract
The objective of this paper was to oramic and occlusal radiographs were Numerex C - 100 N) precision machine
verify the effect on the axial inclination obtained before and after the expansion. for tri-dimensional measurements. Using
of the first permanent molars using two Patients were randomly assigned to two various reference points, it was possible
activation regimens with a bonded rapid different expansion rates, either one turn determine the effect on the axial incli-
maxillary appliance. Twenty eigth chil- per day (14 children) or four turns per nation of the first permanent molars of
dren between the ages of 7 to 10 , being day (13 children). The appliances were the two expansion rates. It was con-
6 males and 21 female, from the Disci- activated until the screw opening reached cluded that both rates of activation
pline of Orthodontics of the Departament 8mm. The appliance were stabilized for provoked similar effect on the appliances
of Dentistry of the University of Taubaté 5 months, removed and a maintenance anchor teeth.
were selected. All patients presented acrylic plate placed.On the before and
maxillary constriction that was suitable after expansion study cast measure- Key-words: Rapid maxillary expan-
for this procedure. Model cast, lateral ments between the permanent upper sion; Symmetrical expansion; Upper
and P-A cephalometric, as well as pan- molars were obtained using Zeiss (model dental arch shape.

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