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Pinos

Durante muito tempo, os núcleos metálicos fundidos foram as únicas opções de


tratamento para restabelecer as estruturas dentárias perdidas devido ao tratamento
endodôntico. No entanto, esses pinos apresentam desvantagens, como:
Falta de retenção do agente cimentante
Possibilidade de corrosão do metal, levando à degradação do selamento apical do
elemento dentário, descoloração irreversível e enfraquecimento da dentina
Módulo de elasticidade elevado do metal, o que eleva a transmissão de estresse à
estrutura dentária, podendo culminar em fratura de raiz
Escurecimento da gengiva marginal
Inibição da transmissão de luz
Elevado potencial alergênico
Dificuldade de remoção, se necessário
Longo tempo de trabalho
Custos laboratoriais.

Dentre os pinos metálicos, os mais biocompatíveis são os pinos à base de titânio


minimizando, assim, os fatores negativos, porém não eliminam, de forma que em
busca de tornar a restauração de dentes tratados endodonticamente por meio de pinos
mais adequada tanto mecânica quanto esteticamente, foram desenvolvidos os pinos
não metálicos.

Tipos de pinos
Com a introdução dos pinos não metálicos, reforçados por fibra, surgiu um novo
conceito de sistema restaurador, no qual os componentes da restauração (sistema
adesivo, agente cimentante, pino e material de preenchimento) constituem um
complexo estrutural mecanicamente homogêneo, com propriedades físicas
semelhantes às da dentina.

Pinos cerâmicos
Composição: são a base de óxido de zircônio
Vantagens:
Estéticos
Excelente resistência mecânica

Desvantagens:
Elevado módulo de elasticidade, assim como ocorre com os pinos metálicos,
causando também concentração de tensões na parede radicular
Dificuldade de remoção
Adesão fraca aos sistemas adesivos e cimentos resinosos
Custo elevado.
Pinos de fibra

Composição:
 Matriz: matriz de polímero de resina, geralmente epóxi, tem a propriedade de
ligar-se quimicamente à resina Bis-GMA, constituinte predominante dos sistemas
de cimentação adesiva, por radicais livres comuns às duas substâncias.
 Fibras: compõem de 35 a 65% do pino, quanto maior a quantidade de fibras
maiores propriedades mecânicas como módulo de elasticidade, resistência à
fratura e resiliência. Estas são circundadas pela matriz. A microestrutura de cada
pino de fibra é baseada no diâmetro de cada uma dessas fibras, em sua densidade,
na qualidade de adesão entre as mesmas e a matriz resinosa, e na qualidade da
superfície externa do pino, podendo ser divididos em três grupos:
 Carbono: tem boas propriedades mecânicas, porém são antiestéticos devido a sua
cor acinzentada.
 Vidro: à base de sílica e contendo óxidos de cálcio, de boro e de alumínio.
 Quartzo: maior resistência à tração que as de vidro e também apresentam alta
translucidez, o que as torna mais estéticas que as demais.

Vantagens:
Possibilitam a reconstrução do dente destruído com resina composta na mesma sessão
da sua cimentação, dispensando um procedimento indireta
Conta com uma técnica fácil e segura de realização, tanto para o paciente quanto para
o profissional
Têm módulo de elasticidade próximo ao da dentin
Oferecem boa estética
Sua natureza química é compatível com sistemas adesivos e cimentos resinosos
Têm facilidade de remoção quando comparados aos pinos metálicos.
Fatores que influenciam no sucesso da cimentação adesiva dos pinos de fibra à
dentina radicular:
Fator cavitário
Incompatibilidade química entre o cimento resinoso e o sistema adesivo
Heterogeneidade do tecido dentinário
Incerteza da hibridização de toda a dentina do canal radicular
Forma e largura do canal radicular
Forma e composição dos pinos de fibra.

Pinos anatômicos
A utilização de pinos de fibra pré-fabricados de maneira direta em canais amplos, de
forma ovóide ou raízes fragilizadas (com 1 mm ou menos de espessura dentinária,
principalmente na região proximal) gera um espaço entre o pino e as paredes do canal
radicular, criando uma grande espessura do agente cimentante, o que diminui a
resistência à fratura do conjunto pino/preenchimento. Nesses casos são indicados
pinos anatômicos por meio de modelagem do conduto radicular com resina composta,
associada aos pinos pré-fabricados de fibra, de forma a garantir maior adaptação do
pino ao canal e promover mais resistência à extrusão (deslocamento) devido ao bom
embricamento mecânico entre o pino e o conduto radicular. Assim, a retenção do pino
passa a não depender apenas do sistema de cimentação adesiva.

Comparação entre pinos metálicos e não metálicos:

O módulo de elasticidade próximo ao da dentina determina um comportamento


parecido dos pinos de fibra com relação ao comportamento da dentina radicular, o que
diminui a transmissão de tensões sobre as paredes radiculares e possivelmente evita a
fratura radicular. O módulo de elasticidade dos pinos de fibra é de aproximadamente 8
GPa, 34 GPa e 90 GPa quando medido com a incidência de forças transversais, de
forças oblíquas ou de forças paralelas ao longo eixo das fibras (que são paralelas ao
longo eixo do pino), respectivamente, ou seja, próximo ao módulo de elasticidade da
dentina que apresenta valores em torno de 8 GPa e 18 GPa para cargas com inclinação
transversal e oblíqua ao longo eixo do dente.
São necessários ensaios clínicos controlados e randomizados para confirmar a
superioridade dos pinos reforçados por fibras e também para esclarecer a influência da
estrutura dental remanescente no resultado do tratamento dos diferentes sistemas de
pinos e núcleos disponíveis.

Cimentação dos Pinos de Fibra

Apesar da sensibilidade da técnica de cimentação dos pinos à dentina radicular, seu


uso combinado à utilização de materiais restauradores adesivos pode promover um
longo sucesso clínico às restaurações de dentes tratados endodonticamente, quando
lança-se mão de técnica de cimentação apropriada e de um sistema adesivo eficiente,
visando adequada união e à retenção dos pinos intrarradiculares ao canal radicular,
uma vez que eles são cimentados passivamente.

Cimentos resinosos
Permitem a reabilitação da função e da estética, aliando resistência de união elevada,
baixa solubilidade e alta resistência à tração e à compressão.

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