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CALDEIRAS
ELISEU AVELINO ZANELLA JUNIOR
ÍNDICE
4. FORNALHAS .................................................................................................................. 34
5.7.4.2 ECONOMIZADOR.......................................................................................................... 78
6. TIRAGEM ........................................................................................................................ 83
9.2. Perdas por combustão incompleta ou combustível não queimado. ................................ 113
9.6. Perdas por entalpia sensível dos produtos de combustão ............................................... 120
14.2.7.1. Determinação do poder calorífico para combustíveis sólidos e líquidos ............. 195
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Além da indústria, outras empresas, utilizam, cada vez mais vapor gerado pelas caldeiras,
como por exemplo: restaurantes, hotéis, hospitais, frigoríficos.
Esta definição abrange todos os tipos de caldeiras, sejam as que vaporizam água, mercúrio
ou outros fluídos e que utilizam qualquer tipo de energia, inclusive a elétrica.
Algumas vezes, o fluído permanece no estado líquido, apenas com temperatura elevada para
ser aproveitado nos processos de aquecimento (calefação), formando, deste modo, a linha de
caldeiras de água quente.
A produção de vapor pode ser conseguida, também, pela absorção da energia térmica
desprendida pela fissão do urânio.
Quanto mais alta a viscosidade do combustível, mais difícil será a sua nebulização, ou seja,
mais difícil será a sua divisão em gotículas. O preaquecimento do óleo combustível é
fundamental para atingir os limites adequados de viscosidade necessários para uma boa
pulverização.
SUPERFÍCIE DE AQUECIMENTO
É a área de tubulação (placa metálica) que recebe o calor dos gases quentes responsável por
vaporizar a água (m2).
CALOR ÚTIL
É a parcela de calor produzida pelo combustível que se transferiu para a água formando
vapor.
EFICIÊNCIA TÉRMICA
.
m c PCI
m V ,m C = vazão em massa de vapor fornecido, vazão em massa de combustível (kg/h).
2. COMPONENTES CLÁSSICOS
que nem todos os componentes abaixo, necessariamente, fazem parte de todos os geradores
de vapor.
A. Cinzeiro
Lugar onde depositam as cinzas e ou eventualmente restos de combustíveis que atravessam o
suporte de queima sem completarem sua combustão.
B. Fornalha
Local onde se instala a início do processo de queima, seja para a queima de combustíveis
sólidos, líquidos ou gasosos.
C. Câmara de combustão
Volume onde se deve extinguir toda a matéria combustível antes dos produtos de combustão
atingirem e penetrarem no feixe de absorção do calor por convecção. Esta câmara por vezes
se confunde com a própria fornalha dela fazendo parte, Outras vezes separa-se
completamente. A câmara de combustão pode ser constituída pela própria alvenaria
refratária, ou revestida de tubos (parede de água), ou integralmente irradiada.
D. Caldeira de vapor
Corresponde ao vaso fechado, à pressão, com tubos, contendo a água no seu interior, que ao
receber calor se transforma em vapor
E. Superaquecedor
Responsável pela elevação da temperatura do vapor saturado gerado na caldeira. Todo o
vapor ao passar por este aparelho se superaquece.
F. Economizador
Onde a temperatura da água de alimentação sofre elevação, aproveitando o calor sensível
residual dos gases da combustão, antes de serem eliminados pela chaminé.
G. Aquecedor de ar
Também conhecido como pré-aquecedor de ar, cuja função é aquecer o ar de combustão para
a seguir introduzi-lo na fornalha, graças ao aproveitamento do calor sensível dos gases da
combustão.
H. Canais de gases
São trechos intermediários ou finais de circulação dos gases de combustão até a chaminé.
Estes canais podem ser de alvenaria ou de chapas de aço conforme a temperatura dos gases
que neles circulam.
I. Chaminé
É a parte que garante a circulação dos gases quentes da combustão através de todo o sistema
pelo chamado efeito de tiragem. Quando a tiragem, porém, é promovida por ventilador
exaustor, sua função se resume no dirigir os gases da combustão para a atmosfera. Neste
caso se diz que a tiragem é induzida. A circulação dos gases também poderá ser assegurada
por um ventilador soprador de ar de combustão com pressão suficiente para vencer toda a
perda de carga do circuito. Neste exemplo, a tiragem se diz forçada.
Tomando por base a unidade mais complexa, a figura 2.1 permite identificar os componentes
clássicos e o princípio de funcionamento da instalação.
Princípio de funcionamento de uma unidade complexa com fornalha para queima de lenhas
em toras
Fig.2.1
3. TIPOS DE CALDEIRAS
Existem diversas formas para se classificar as caldeiras. Por exemplo, elas podem ser
classificadas sob os seguintes aspectos:
Quanto à Localização Água-Gases:
A) Flamotubulares
Verticais
Horizontais
Fornalhas corrugadas
Traseira seca
Traseira molhada
B) Aquotubulares
Tubos retos
Tubos curvos
Perfil A
Perfil D
Perfil O
Lâmina, cortina ou parede de água
C) Mistas
A) Combustíveis
Sólidos
Líquidos
Gases
B) Elétricas
Jatos-de-água
Eletrodos submersos
Resistores
C) Caldeiras de Recuperação
Gases de outros processos
Produção de soda ou licor negro
D) Nuclear
Quanto à Montagem:
Quanto à Sustentação:
A) Caldeiras auto-sustentadas
B) Caldeiras suspensas
C) Sustentação mista
A) Circulação natural
B) Circulação forçada
C) Combinada
A) Tiragem natural
B) Tiragem forçada
Este foi o primeiro tipo de caldeira construída. É também chamada de tubo-de-fogo, tubo-
de-fumaça ou pirotubular, por causa dos gases quentes provenientes da combustão que
circulam no interior dos tubos em um ou mais passes, ficando a água por fora dos mesmos. É
o tipo de caldeira mais simples. Muito usada em locomotivas e navios, mesmo com o
aparecimento de caldeiras mais modernas, este tipo ainda continua em uso.Posteriormente,
com alguns aperfeiçoamentos, passou a chamar-se caldeira escocesa.
Segundo o esquema, notamos que a caldeira tipo flamotubular não passa de um cilindro
externo que contém a água e um cilindro interno destinado à fornalha. Sua tiragem ou saída
de gases é normal. A carcaça é construída de chapas que variam de espessura de acordo com
o porte da caldeira e a sua pressão pode variar entre 5 a 10 quilogramas-força por centímetro
quadrado, sendo que as maiores unidades atingem a produção de 6 tv/h, saturado e pressões
não superiores a 17 kgf/cm2. Maiores produções e pressões determinam a utilização de
caldeiras aquotubulares.
Fig.3.1
A) Caldeira Cornuália:
B) Caldeira Lancaster:
Caldeira
flamotubular horizontal - multitubular
Fig.3.3
Fig.3.4
Também é do tipo multitubular. Sua característica principal é a fornalha que apresenta uma
dupla parede em chapa, por onde circula a água. Quando o combustível é lenha ou carvão,
possui, na parte inferior um conjunto de grelhas que servem para manter a lenha em posição
de queima e dar escoamento às cinzas. Estas são captadas em uma caixa colocada logo
abaixo das grelhas, chamadas de cinzeiro.
O largo emprego deste tipo de caldeira se deve à facilidade de transferência de um local para
outro, podendo ser acionada mecanicamente onde não houver energia elétrica.
Fig.3.5
Este tipo de caldeira teve largo emprego na Marinha, por ser construída de forma que todos
os equipamentos colocados formam uma única peça. Seu diâmetro é bastante reduzido,
sendo de fácil transporte e pode ser operada de imediato. Os gases produzidos na fornalha
circulam várias vezes pela tubulação, sendo impulsionados por ventiladores. O combustível
usado é unicamente óleo ou gás, podendo seu rendimento atingir a 83%. A figura 3.6 da um
exemplo de caldeira escocesas com 3 voltas de chama.
Fig.3.6
Fig. 3.7
Os tubos são colocados verticalmente dentro do cilindro e a fornalha interna fica no corpo do
cilindro. Existem tipos cuja fornalha é externa.
Esta caldeira é usada em locais onde o espaço é reduzido e não requer grande quantidade de
vapor, mas alta pressão.
Os gases resultantes da queima na fornalha sobem pelos tubos e aquecem a água que se
encontra por fora dos mesmos.
Fig. 3.8
Podem ser de fornalha interna (figura 3.8) ou de fornalha externa. Geralmente as fornalhas
internas são envolvidas por uma câmara de água formada pelo prolongamento do corpo
cilíndrico, já as caldeiras verticais de fornalha externa são aplicadas principalmente quando é
usado combustível de baixo PCI (bagaço de cana, casca de laranja, madeira, carvão, etc.)
Somente foi possível a obtenção de maiores produções de vapor, a pressões elevadas e altas
temperaturas com o aparecimento das caldeiras aquotubulares (tubos de água). O fato dos
tubulões estarem situados fora dos corpos das caldeiras, a eles se unindo para constituírem
um feixe tubular de água que compõe a parte principal de absorção de calor, permite a
obtenção de grandes superfícies de aquecimento. A figura 3.9 representa uma seção
transversal de feixe aquotubular unindo dois tambores, no interior dos tubos circula a água e
por fora os gases quentes através do caminho formado pela alvenaria e chicanas internas.
Vapor
nível de água
tubulão de vapor
tubulão de lama
descarga
Fig.3.9
A água é vaporizada nos tubos que constituem a parede mais interna. Recebendo calor
primeiro, vaporiza e sobe até o tambor superior, dando lugar à nova quantidade de água fria
que será vaporizada e assim sucessivamente. Esse tipo de circulação de água, provocada
apenas pela diferença de peso específico entre a água ascendente e descendente, é
característica das chamadas caldeiras com circulação natural.
A medida que a caldeira aquotubular aumenta sua capacidade, aumenta também seu
tamanho, quantidade de tubos e por conseqüência as perdas de cargas no circuito hidráulico
tornando a circulação por meio de bombas necessária, são as chamadas caldeiras de
circulação forçada.
A produção de vapor nestes tipos de caldeiras pode atingir capacidades de 600 até 750 tv/h
com pressões de 150 a 200 kgt/cm2, temperaturas de 450 - 500 oC existindo unidades com
pressões críticas (226 atm) e supercríticas (350 kgf/cm2).
A flexibilidade permitida pelo arranjo dos tubos que constituem os feixes ou parede d’água
possibilitam um vasta variedade de tipos construtivos conforme veremos na classificação a
seguir:
Essas foram as primeiras caldeiras tubo-de-água que surgiram e tinham uma capacidade de
produção de 3 a 30 toneladas-vapor/hora com pressões de até 45 Kg/cm2. Os projetos foram
apresentados pelas firmas Babcok & Wilcox e a Steam Muller Corp.
Consiste em um feixe de tubos retos e paralelos que se interligam com o tambor de vapor,
através de câmaras, sendo que através dos espaços existentes entre os tubos circulam os
gases quentes. As figuras 3.10 e 3.11 são dois exemplos deste tipo de gerador de vapor com
tambor longitudinal e transversal respectivamente.
Fig.3.11
A figura 3.12 apresenta uma das formas de fixação dos tubos mais usadas na fabricação de
caldeiras.
A principal característica deste tipo, são os tubos curvos que se unem aos tambores por solda
ou madrilamento, o que representa grande economia na fabricação e facilidade na
manutenção. Além de serem bastantes práticas para limpar, possibilitam a produção de
grande quantidade de vapor.
As primeiras caldeiras deste tipo foram idealizadas por Stirling. Apresentavam um número
de tambores variados, e um grande volume de água. Na figura 3.13 apresentamos um
esquema desse tipo de caldeira, com três tambores superiores e um inferior, existindo
modelos com dois tambores inferiores.
Partindo deste modelo, foram projetadas novas caldeiras. Com o objetivo de se aproveitar
melhor o calor irradiado na fornalha, reduziu-se o número e o diâmetro dos tubos, e
acresceu-se uma parede de água em volta da fornalha o que serviu como meio de proteção ao
refratário da mesma, diminuição da caldeira, eliminação total dos refratários de alta
qualidade e vaporização mais rápida.
Fig.3.13
A figura 3.14 representa uma caldeira com dois tambores transversais e parede de água,
enquanto a figura 3.15 mostra uma caldeira com três tambores transversais.
Fig.3.14
Fig.3.15
Dentro da categoria de tubos curvos cabe analizar em separado, uma versão que mantém
grande projeção no mercado consumidor: a caldeira aquotubular compacta de operação
totalmente automatizada, conforme esquema da figura 3.16.
Com produções até 100 toneladas de vapor por hora e obtenção de eficiência térmica elevada
(até 80%), estas unidades são oferecidas para pronto funcionamento, dispensado a
montagem no campo, fazendo apenas as interligações e instalações elétricas-eletrônicas e
hidráulicas.
Unidades não transportáveis num único pacote são fornecidas ou em blocos semi-compactos
ou em componentes unitários desmontados, de tal maneira que no local de instalação estes
componentes são unidos para completar a unidade.
Os aços aplicados na construção das caldeiras expostas aos gases quentes precisam ser
continuamente resfriados por água ou mistura água-vapor para conservarem suas qualidades
de resistência, pois até a temperatura limite de 450ºC para os aços carbonos comuns, 590ºC
para os aços martensíticos e 650ºC para outras ligas martensíticas, estes materiais conservam
suas propriedades mecânicas. Ultrapassando estes limites as propriedades destes materiais
utilizados na construção de caldeiras começam a diminuir sua resistência mecânica.
Sabe-se que a circulação natural da água fica mais comprometida a medida que a pressão se
eleva. Constata-se que o vapor a pressão de 35 kgf/cm2 pesa por unidade de volume 45
vezes menos que a água; à 140 kgf/cm2 7,5 vezes menos e a 210 kgf/cm2 apenas 2,5 vezes.
Dai concluí-se que a circulação controlada por meios forçados é fundamental nas caldeiras e
altíssimas pressões, normalmente acima de 160 kgf/cm2.
Fig.3.17
Há dois tipos de concepções que se destinguem pelo sistema de circulação, todas utilizando
como meio de circulação uma bomba centrífuga de construção especial, para resistir às altas
pressões de operação das unidades.
No 1º tipo, toda água introduzida na caldeira circula uma só vez, através do economizador,
caldeira e superaquecedor, transformando-se diretamente em vapor. A bomba de
alimentação injeta na caldeira exatamente a quantidade de vapor a produzir.
A primeira concepção de caldeira de circulação forçada foi dada por Benson, a qual se
caracteriza pela construção monotubular, através da qual circula a água unidirecionalmente,
desde a entrada até a saída, já no estado de vapor, conforme esquema da figura 3.18
Fig.3.18
Existe também a caldeira Belser ou Sulzer, que é a mesma caldeira Benson acrescida de um
tambor separador intermediário entre a seção geradora de vapor e o super aquecedor
conforme figura 3.19. Este coleta cerca de 4% da água evaporada para aquecimento da água
de alimentação.
A caldeira “Le Mont” aproveitou a idéia do tambor separador com bomba de recirculação
(figura 3.20). A bomba de circulação opera com pressão superior a da caldeira consumindo
de 0,5 a 0,6% da energia produzida pela própria caldeira.
Fig.3.19 Fig.3.20
São basicamente constituídas pelo casco ou tambor, contendo uma cuba interna e os
eletrodos, um por fase. O casco é um vaso de pressão, cilíndrico-vertical, isolado
termicamente e convenientemente aterrado. A cuba é isolada elétricamente por meio de
porcelanas adequadas.
A corrente elétrica, passando através da água, no interior da cuba, provoca seu aquecimento
e vaporização.
- condutividade da água;
- nível da água;
- distância entre os eletrodos.
a) Tipo Eletrodo Submerso: geralmente destinado a trabalhar com pressões de vapor não
muito elevadas (aproximadamente 15 Kgf/cm2.). A figura 3.21 mostra um dos possíveis
esquemas, utilizando o sistema de eletrodos submersos a baixa tensão (220 a 440 V), existe
também nessa modalidade a alta tensão (3800 a 13800 V).
1 - Corpo da Caldeira
2 - Eletrodo
3 - Câmara de Vapor
4 - Bomba de Circulação
5 - Bomba de Alimentação de
Água
6 - Eliminador de Água
7 - Válvula de Segurança
Legenda:
4. FORNALHAS
1- O aparelho de combustão
2- A câmara de combustão
A fornalha deve evaporar toda a umidade do combustível e destilar suas substâncias voláteis,
elevar a temperatura do combustível até a combustão espontânea proporcionando uma
combustão completa, criar turbulência para misturar o ar e o combustível e finalmente
impedir a troca de calor entre os gases quentes produzidos e o ambiente.
No interior da fornalha as paredes devem ser revestidas com uma camada de tijolos
refratários responsáveis por reter o calor no interior da fornalha, por isso devem ter
refratariedade e alto ponto de fusão, resistência ao choque térmico e dilatação quase nula.
A fixação desses tijolos é feita com argamassa refratária. Os principais componentes dos
materiais refratários são o óxido de sílica, óxido de magnésio, grafite e silício. Recomenda-
se, quando da utilização de tijolos refratários novos, que se aplique pouco calor nos
primeiros momentos e se vá aumentando gradativamente, até atingirem suas características
de operação.
Várias são as maneiras de se classificar este componente importante dos geradores de vapor,
sendo assim optou-se pela classificação que engloba todas as fornalhas em apenas duas
categorias:
A primeira categoria engloba todas as fornalhas que queimam combustíveis sólidos à granel,
grosseiramente divididos, picados e britados.
São adequadas para a queima de lenha em toras de um metro. A figura 4.1 mostra a
instalação de uma grelha plana em caldeira flamotubular.
O suporte todo costuma possuir ligeira inclinação para a parte posterior de 10 a 15 graus
para facilitar o manuseio do combustível durante os períodos de movimentação das toras a
que são submetidos.
A aplicação deste tipo de grelha é limitado à caldeiras com capacidade de gerar até 15 tv/h.
A partir desta capacidade o suprimento manual do combustível se complica o ponto de
inviabilizá-lo. Projetos maiores, jamais deveriam adotar este sistema de queima sob pena de
contribuir para o desperdício de reversas florestais comprometidas com outros programas
mais coerentes com a economia da Nação.
Como o nome sugere, esta grelha é construída por placas de FOFO, formando degraus,
apoiados em travessões inclinados. O combustível é arrastado ou projetado no início do
plano inclinado, desce até formar um monte equilibrado, preenchendo todo o suporte. A
figura 4.2 apresenta quatro exemplos de grelha tipo escada. Em seguida na figura 4.3,
apresenta-se algumas disposições construtivas dos travessões inclinados que servem de
apoio às placas que compõem os degraus.
Estas grelhas, quando alimentadas mecanicamente se prestam para caldeiras de até 20 tv/h.
Acima deste valor, há outros processos mais adequados e de mais fácil manutenção.
Fig. 4.2
Fig. 4.3
É uma variante da grelha anterior e consta de um plano inclinado constituído pelos próprios
tubos de circulação de água da caldeira. Esses tubos, afastados um do outro, cerca de 60 a
120 mm são soldados em dois coletores, um alimenta o feixe inclinado e o outro que recebe
a água em circulação conectado com o resto da caldeira (figura 4.4).
Aplicam-se em unidades geradoras de até 100 tv/h para a queima de qualquer biomassa,
mesmo aquelas contendo teores de umidade superiores a 50%. Se prestam pois, para
queimar cavacos de lenhas, resíduos florestais, resíduos industriais, cascas de cereais e
outras bio-massas.
Fig. 4.4
Fornalhas Celulares
Fornalha celular
Fig. 4.5
A figura 4.6 apresenta um projeto de caldeira com grelhas basculantes para queima de casca
de arroz. As fornalhas desta categoria se aplicam para caldeiras de até 150 tv/h
Como se observa no desenho, a grelha é formada por piso plano constituído por placas
perfuradas, observe que o ar ingressa por baixo do piso basculante. As placas se apoiam em
travessões lisos que giram em torno de mancais laterais mediante a ação de um pistão
pneumático, que também pode ser visto pela figura 4.7. A cada ação do pistão corresponde
um basculante, durante o qual as cinzas caem no cinzeiro. Esta concepção construtiva possui
alimentação de combustível sempre por projeção. Há dois tipos de distribuidores, um
denominado aspegidor pneumático e outro mecânico (figura 4.7).
- suportes constituídos por componentes que percorrem toda extensão do plano inferior da
fornalha com movimento contínuo assegurado por acionamento mecânico.
- grelha oscilante;
A figura 4.8 ilustra este tipo de grelha com inclinação aproximada de 20o em que a rosca sem
fim (a) força o carvão sobre as barras de suporte (b) apoiadas nas vigas de acionamento (c)
movimentadas por uma engrenagem regulável (d) que lhe confere o movimento de vai e vem. O
cilindro (e) é responsável por projetar a escória mais leve ao reservatório de escória (i) que
recebe também detritos da grelha pela saída (k). O ventilador (f) introduz o ar de combustão que
penetra na grelha pelas câmaras de corrente de ar inferior (g); regulado por “dampers” através
do controle da corrente de ar inferior (h). Bocais de ar (l), localizados acima da grelha, auxiliam
na queima do pó de carvão em suspensão e do coque volátil.
Fig. 4.8
O combustível é admitido por meio de uma rosca (a), acionada por motor elétrico (h) com
transmissão por engrenagens (g), que continuamente projeta o combustível na parte inferior da
grelha. A grelha (c) propriamente dita é inclinada e transversalmente apresenta dupla inclinação
de ambos os lados do, canal central (b), de forma que o combustível caminhe do centro para os
lados, onde é totalmente queimado sobre a grelha de combustão (d), conforme representação na
figura 4.9 (seção A-B).
O carvão, a medida que é forçado a subir para as partes superiores do leito, vai se aquecendo
eliminando os voláteis e incandescendo-se. Atingindo o topo do leito, o carvão rola sobre si
mesmo lateralmente até sua extinção total na grelha de combustão. As laterais recebem as
cinzas que são basculadas por meio de alavancas (e), caindo em seguida nos cinzeiros. A escória
é direcionada para a saída f da figura 4.9.
Fig. 4.9
Grelha Oscilante
São grelhas que provocam o caminhamento do combustível sob o suporte, graças a impulsos
produzidos por mecanismo oscilante (figura 4.10).
Fig. 4.10
O suporte é constituído por placas perfuradas, uma ao lado da outra, formando um piso
ligeiramente inclinado para o fundo. Estas placas são fixadas em barras, as quais, por sua vez, se
reúnem a lâminas flexíveis.
CALDEIRAS - Apostila Fevereiro/ 2013 44
ELISEU AVELINO ZANELLA JUNIOR
Estas lâminas flexíveis, no lado oposto às barras, são rigidamente fixadas a uma estrutura
solidamente chumbada no concreto da fundação. A grelha é adaptável para a queima de
qualquer combustível de biomassa e do carvão com médio e baixo teor de cinzas. Carvão com
alto poder calorífico, fundem as placas e inutilizam a fornalha, fato este que tem limitado sua
aplicação.
Modelo mais avançado é a grelha oscilante resfriada que queima carvão com alto poder
calorífico pois contém, junto ao piso da grelha tubos resfriados pela própria água da caldeira
além de apresentar na sua parte inferior compartimentos por onde passa o ar de combustão.
Também conhecidas como grelha rotativa, lembra um transportador, onde os óleos das correntes
recebem as placas perfuradas que formam o piso do leito. Foram concebidos com a finalidade
de desempenhar automaticamente boas condições de carregamento, distribuição do combustível
e extração de cinzas (figura 4.11).
Fig. 4.11
Entre todas é a de montagem mais complexa porque envolve uma mecanização mais elaborada,
são utilizadas para aplicação em caldeiras de produção superiores a 39 t/h até 150 t/h.
São as fornalhas usadas quando se queima óleos , gases ou combustíveis sólidos pulverizados,
utilizando para tal, equipamento especial chamado maçarico ou combustor, responsável pela
dispersão do combustível na fornalha de forma homogênea. Cada classe de fornalha emprega
queimadores especiais para proporcionar as condições de queima adequada. Conforme o tipo de
combustível empregado, podemos ter:
a) Pulverização a ar - O óleo escoa por gravidade ou por impulsão de uma bomba de baixa
pressão, o ar é insuflado por ventilador, sendo o veículo responsável pela pulverização do óleo
em gotículas (figura 4.12)
Fig. 4.12
Conforme a pressão do ar, os queimadores são denominados de baixa pressão (até 500 mmca)
ou de média pressão (da ordem de 100 mmca). São indicados para unidades de pequeno porte,
queimando uma quantidade máxima de 50 kg óleo/h. O ar de pulverização, denominado ar
primário, representa 20% do ar total necessário à combustão. Opera com 30 a 40% de excesso
de ar e apresentam uma pulverização não uniforme, dificultando a regulagem da queima. Uma
concepção mais moderna deste tipo, procura dar uma rotação aos dois fluxos, o que tem
permitido uma melhora na sua performance (figura 4.13).
CALDEIRAS - Apostila Fevereiro/ 2013 46
ELISEU AVELINO ZANELLA JUNIOR
Fig. 4.15
Fig.4.16
Graças ao estado gasosos, o gás é o combustível mais simples de ser queimado pois a mistura
com o comburente se processa de forma muito mais fácil do que com qualquer outro
combustível, podendo ter sua velocidade de ignição consideravelmente aumentada mediante pré
aquecimento do suprimento do comburente. Basicamente distinguem-se dois tipos:
queimadores de mistura
queimadores de difusão.
Existem também queimadores de difusão para queimar a combinação de gás e óleo é até carvão
pulverizado, encontrados nas grandes unidades geradoras de vapor.
A utilização dos combustíveis sólidos apresentam como exemplo mais importante o carvão
mineral utilizado nas grandes unidades geradoras de vapor das centrais Termo Elétricas. Há
contudo, outras matérias orgânicas pulverizadas e resíduos de processos industriais que servem
a queima, como é o caso do bagaço de cana, o bagacilho, a borra de café, a serragem e resíduos
florestais macerados, que são reduzidos a tamanhos de alguns milímetros e queimados em
suspensão, quando insuflados na câmara de combustão.
A figura 4.19 mostra, de forma esquemática um queimador a carvão pulverizado tipo ciclone
que associa a injeção pneumática com a formação de forte movimento vorticoso no interior da
câmara de combustão, existindo concepções mais modernas que distribui os queimadores
(geralmente em número de quatro) tangencialmente à câmara de combustão.
O processo possibilita a queima de combustíveis sólidos finos de carvão com alto teor de cinzas,
aproveita os finos resultantes da preparação do próprio carvão e admite a queima de grandes
quantidades, assegurando sua aplicação nas grandes caldeiras, possibilitando uma larga faixa de
controle de combustão.
Fig.4.19
A redução parcial do tamanho das pedras de carvão para 10 a 20mm de diâmetro se processa
com britadores de martelo. Após a britagem segue-se a secagem do carvão pelos mais variados
aparelhos cilindrícos rotativos. Para a pulverização definitiva usam-se moinhos de rolos, de
bolas ou cônicos e o transporte do pó de carvão efetua-se normalmente por via pneumática
geralmente a alta pressão.
Tubulão de vapor
Válvula de controle
Bomba de alimentação
Fig 5.1
5.1.1 INJETORES
São equipamentos para alimentação de água usados em pequenas caldeiras de comando manual
e também foram muito empregados em locomotivas a vapor. Seu princípio, simples, baseia-se
no uso do próprio vapor de caldeira ou de ar comprimido que é injetado dentro do aparelho,
onde existem os cônicos divergentes e as válvulas de retenção, de controle, e de sobrecarga,
conforme figura 5.2.
Quando o ar ou vapor passa pelos cônicos divergentes, forma vácuo, faz com que a válvula de
admissão seja aberta e arrasta por sucção a água do reservatório para dentro da caldeira. Se a
água entra em excesso, sai através de uma válvula de sobrecarga.
Injetor de Água
Fig.5.2
A bomba acionada eletricamente tem sido aplicada em pequenas caldeiras que operam em
pressões elevadas, pois as bombas centrífugas para altas pressões dificilmente atingem pequenas
capacidades.
Sua constituição esquemática, representada na figura 5.3, conta com uma câmara, duas válvulas
de retenção e um êmbolo.
Fig.5.3
As bombas acionadas a vapor mais difundidas são as denominadas Bombas duplex a vapor ou
também conhecidas por Burrinhos, disponíveis no mercado para atender geradores com
produções de vapor até 50 t/hora e pressões até 21 kgf/cn2. Nestas o vapor aciona o par de
pistões de maior diâmetro movimentando assim os pistões menores de injeção de água.
Estes tipos de bombas, devido a presença de lubrificação contínua dos cilindros, apresentam o
inconveniente de arrastarem óleo para o interior da caldeira, por isso, geralmente, cumprem o
papel de bomba de reserva.
São bombas que têm dado os melhores resultados, pela simplicidade de seus componentes,
facilidade de manutenção, pela grande vazão que nos oferece, atingindo até 500.000 litros de
água por hora, e por operar em regime contínuo, ao contrário das bombas alternativas onde a
alimentação se processa em golpes contínuos.
Seu funcionamento consiste em um disco com um jogo de palhetas que giram em alta
velocidade e fazem a sucção da água. Cada disco forma um estágio, cuja quantidade pode
variar de acordo com a capacidade da bomba. Nas caldeiras de baixa pressão empregam-se
bombas com apenas um estágio e nas de alta pressão são usados multiestágios.
As bombas centrífugas são passíveis de serem acionadas por motores elétricos ou por turbinas a
vapor, estas últimas aplicáveis apenas em geradores de maiores capacidades e pressões. Podem,
ainda, ter carcaça cilíndrica e bipartida.
Há dois aparelhos básicos que respondem por esta característica; um denominado Regulador de
Nível com Eletrodo e o outro Regulador de Nível com Bóia.
Este sistema consiste em aproveitar a condutividade elétrica da água, através de três eletrodos
que podem ser de aço inoxidável e tamanhos diferentes, correspondendo, cada tamanho, a um
nível de água: o central, o máximo e o mínimo. Este dispositivo é montado na parte superior do
tambor de vapor, e os eletrodos estão ligados a um relé de nível de água que, através de seus
contatos, comandará a bomba de alimentação de água.
A bomba entrará em funcionamento quando a água atingir a ponta de eletrodo central e deverá
parar quando a água atingir o eletrodo de nível máximo ( o menor eletrodo). Se o nível da água
atingir a ponta do eletrodo maior o relé desligará o queimador ou em alguns sistemas poderá
fazer funcionar um alarme que dará ao operador a indicação do defeito (figura 5.4).
Poderão ser construídos de várias formas mas os principais constam de uma garrafa que é ligada
ao tambor de vapor e uma bóia que flutua no seu interior. Qualquer flutuação do nível interno é
transmitidos a esta bóia, presa na parte superior por uma haste (3), conforme fig. 5.5.
A haste movimenta-se dentro do recipiente (5), e ao passar pelo campo magnético (2) produzido
pelo imã permanente (1) faz movimentar a célula de mercúrio (4) pelo pino pivotado (A). A
bomba assim fica dependendo do sistema liga-desliga, das chaves de mercúrio, alimentando ou
não a caldeira.
Indicador De Nível Com Eletrodo, onde: E = Eletrodo; VVN -1 e 2 = Válvula do visor de nível
superior e inferior; VDN = Válvula do dreno de nível; VDRN = Válvula de dreno reguladora de
nível; CN = Coluna de nível e TP-1 e 2 = Torneiras de prova 1 e 2.
Fig.5.4
Fig.5.5
Sua construção é bastante simples. É formado por dois tubos concêntricos, sendo que o tubo
externo é o tubo de expansão e o interno serve para fazer a ligação com o tambor de vapor pela
sua parte superior, onde recebe uma quantidade de vapor. Faz também a ligação com o tambor
de vapor em um ponto correspondente ao nível mínimo, recebendo, portanto, pela parte de
baixo, água do tambor de vapor.
O tubo termostático abrange quase toda a extensão da fornalha, sendo que em uma das
extremidades é rigidamente ligado a serpentina de aquecimento e a outra extremidade
permanece livre, a fim de poder dilatar-se e mover a válvula de admissão da água.
Quando a caldeira está com uma queima total, a extremidade livre do tubo termostático mantém
a válvula de admissão em posição que passe, apenas, a água para repor a quantidade que está
sendo evaporada.
À medida que a água vai entrando no tambor, a quantidade de vapor dentro do tubo termostático
também vai diminuindo, dando lugar à água que é bem mais fria que o vapor, fazendo, desta
forma, com que o tubo, que se havia expandido pelo calor, agora se contraia em virtude da
mudança de temperatura: à medida que a temperatura diminui no interior do tubo, este se
contrai, fazendo com que o conjunto de comando faça a redução da entrada de água até que o
nível seja equilibrado.
O nível normal de água na caldeira poderá ser elevado ou baixado à vontade, dentro de limites
razoáveis. Uma porca de regulagem, localizada na extremidade do tubo, pode ser girada para
proporcionar o nível desejado mesmo com a caldeira em funcionamento.
Um amortecedor protege o regulador contra esforços bruscos quando a válvula está fechada e o
tubo de expansão está contraído
Uma outra concepção, conforme figura 5.7, denomina-se controle de nível termohidráulico,
que opera agora graças à dilatação e contração da água contida numa câmara cilíndrica
anelar fechada.
O sistema compreende um duplo cilindro concêntrico, instalado com uma inclinação pré
definida em relação ao nível interno da caldeira. O primeiro, aletado em toda extensão,
forma uma camisa fechada, enquanto o interno une-se ao tambor de forma a receber as
oscilações do nível de água.
O tubo externo, por sua vez, liga-se pela parte inferior ao diafragma de uma válvula de
controle. Pela conexão superior desta camisa introduz-se água limpa até o fluido
transbordar.
A caldeira entrando em operação, apenas uma parcela desta câmara entra em contato com o
vapor o qual promove o aquecimento e conseqüente dilatação da parte correspondente de
água. O aumento de volume reflete sobre o diafragma da válvula de controle, portanto sobre
o orifício de passagem de água de alimentação.
À medida que o nível oscila, a água contida na câmara recebe contato com maior ou menor
superfície de aquecimento, respondendo com variações nas dilatações e contrações do fluido
de maneira a transmitir à válvula de controle, posições diferentes de ingresso ou interrupção
da passagem da água.
A figura 5.8 exibe uma versão mais moderna de controle de nível em caldeiras, introduzindo
o ar comprimido como fluido auxiliar.
Fig.5.8
No caso de combustível líquido o fornecimento não deve ser feito diretamente do tanque
principal para o consumo e sim passar por um reservatório intermediário, evitando-se
problemas de flutuação de carga e baixa temperatura do combustível no bombeamento. Esse
reservatório deve ser instalado no circuito mais próximo da bomba de óleo tendo antes um
filtro da bomba, uma válvula de gaveta e a linha de retorno do excedente ao depósito, sendo
sua principal finalidade o aquecimento de óleo (figura 5.9).
Devido à quantidade do “Fuel oil” fornecido com alto teor de parafina o sistema de
aquecimento deve ser misto (eletricidade e vapor), a fim de elevar e manter a temperatura do
óleo acima do ponto de fluidez (ponto de baixa viscosidade).
Caso o óleo combustível seja muito viscoso, ele deve ser recirculado no sistema de
preaquecimento até atingir a temperatura ideal, antes de ser admitido na caldeira para não
entupir o pulverizador, em razão da viscosidade imprópria.
No início de funcionamento, quando o óleo não está ainda a uma temperatura ótima de
pulverização, deve-se usar querosene.
Fig.5.9
No caso dos combustível sólidos a alimentação pode ser manual ou mecanizada No caso de
alimentação manual de combustível sólido deve ser armazenada na casa da caldeira uma
quantidade suficiente para até duas horas, evitando-se o acúmulo de combustível que retira a
liberdade de ampla circulação que o operador deve ter..
Três são as grandezas relacionadas com o problema de malha aberta que responde pela
regulagem automática da combustão:
o consumo de combustível
o consumo de ar para a combustão
a extração dos gases formados
Consiste em um tubo de vidro colocado no tambor de vapor (figura 5.10) e que tem a
finalidade de dar ao operador a noção exata da altura onde se encontra a água da caldeira.
Na maioria das caldeiras o nível de água é exatamente no centro do tubo de vidro, o que
corresponde ao centro do tambor de vapor. Existem, porém, caldeiras que não seguem esta
regra cabendo ao operador certificar-se do quanto corresponde a marca de nível dos
indicadores.
Visor de nível
Fig.5.10
Manter o nível de água da caldeira é um importante papel do operador que terá que
dispensar-lhe uma especial atenção.
Antes de se iniciar a operação da caldeira, deve ser feita uma drenagem no nível, a fim de
que se eliminem algumas impurezas que por ventura tenha-se localizado no nível ou nas
5.5 MANÔMETROS
Aparelho com o qual se mede a pressão de gases, de vapores e de outros fluídos. É muito
utilizado na indústria, entre outros fins, para verificar a pressão de caldeiras e de vasos sob
pressão.
O conhecimento desta pressão é obrigatório, não só sob o ponto de vista de segurança, como
também, para a operação econômica e segura da caldeira.
A escala de uma manômetro pode ser graduada em quilograma, força por centímetro
quadrado (Kgf/cm2), em atmosferas (atm), em libras-força por polegada quadrada (lbf/pol2
ou psi), ou em qualquer outra unidade de pressão. A tabela abaixo dá a correspondência
entre estas unidades.
1 1,033 14,22
0,96 1 14,7
0,065 0,068 1
Fig.5.11
Cada caldeira tem uma capacidade de pressão determinada. Sendo assim, os manômetros
utilizados em cada caldeira devem ter a escala apropriada. A pressão máxima de
funcionamento da caldeira deverá estar sempre marcada sobre a escala do manômetro, com
um traço feito a tinta vermelha, para servir de alerta ao operador no controle da pressão.
Sua função é de promover o escape de excesso do vapor, caso a pressão máxima do trabalho
permitida da caldeira venha a ser ultrapassada, e os outros dispositivos de segurança venha a
falhar.
Quando uma caldeira possui duas válvulas de segurança, uma delas deverá abrir com 5%
acima da pressão máxima de trabalho permitida e a outra com 10% acima da pressão
máxima permitida.
Todas as válvulas de segurança deverão ser experimentadas uma vez ao dia, acionando-se
a alavanca de teste manual.
Promover a inspeção das sedes das válvulas pelo menos uma vez por ano.
Fazer periodicamente um teste de funcionamento da válvula. Isto se faz colocando uma
manômetro aferido na caldeira e, em seguida, fechando todas as saídas de vapor até que a
válvula comece a funcionar. Para a aferição da válvula devem ser observadas as
porcentagens acima indicadas, e também deve-se observar que durante o teste a pressão
máxima da caldeira não deve ultrapassar 10% da pressão máxima permitida.
As válvulas de contrapeso são as mais simples, porém não atendem os requisitos atrás
anunciados. Sua vedação nem sempre impede vazamentos contínuos.
As válvulas de mola predominam nos dias de hoje. Há dois tipos de válvulas de mola:
de baixo curso;
de alto curso.
No primeiro tipo, a pressão do vapor atuando sobre a área do disco de vedação, abre
totalmente a válvula.
Os fabricantes fornecem estas válvulas nas dimensões adequadas, desde que se forneçam a
vazão e pressão do vapor.
Na instalação deve-se:
evitar choques;
acertar o prumo (velocidade da válvula)
Na operação:
Para assegurar esta performance, as válvulas de segurança devem ser fabricadas, sob
controle de qualidade, instaladas corretamente e ser submetidas a sistemáticas inspeções e
mantidas em condições de funcionamento perfeito.
Fig.5.12
Fig.5.13
Caldeiras que usam queimadores de sólidos pulverizados (carvão), líquidos (BPF, diesel,...)
ou gasosos (gás de gasogênio, GLP,...) necessitam de um sistema de proteção e controle de
chama para supervisionar principalmente:
Ocorrendo uma destas falhas, a fornalha da caldeira ficaria sujeita a uma explosão, caso não
houvesse a interrupção imediata do fornecimento do combustível.
Os dispositivos usualmente empregados nestes sistemas de proteção são dos seguintes tipos:
POR TERMOELÉTRICOS
São formados por lâminas bimetálicas (lâminas de metais diferentes) e de uma chave
elétrica. As lâminas bimetálicas ficam instaladas no caminho dos gases e também estão
ligadas ao circuito, de tal modo, que não é possível acender o queimador com a chave aberta.
Acendendo a caldeira, o calor dos gases desprendidos dilata as lâminas, queimando-se a
caldeira as lâminas e se contraem abrindo e interrompendo o circuito elétrico do queimador.
Trata-se de um sistema bem aperfeiçoado que trabalha com uma célula fotoelétrica, um
amplificador e um relé. O seu funcionamento é baseado na coloração das chamas. Se estas
se apagarem a luminosidade no interior da fornalha será diminuída, a célula fotoelétrica
comandará o amplificador e o relé que abrirá seus contatos, interrompendo o circuito dos
queimadores.
Os amplificadores conseguem estabelecer diferenças entre o calor das chamas e o calor dos
refratários da fornalha.
5.7.1 PRESSOSTATOS
Tem a finalidade de controlar a pressão interna da caldeira por meio de um comando para os
queimadores (figura 5.14).
É constituído de um fole metálico (ou de um diafragma) que comanda uma chave elétrica
por meio de um dispositivo de regulagem da pressão. À medida que diminui a pressão
dentro da caldeira o fole (ou diafragma) se contrai, fechando o circuito elétrico, dando
partida ao queimador. Quando a pressão for restabelecida o fole (ou diafragma) se dilata e
fará a abertura dos contatos, interrompendo o funcionamento dos queimadores. Nas
caldeiras semi-automática e chave interrompe o circuito do queimador, quando atingida a
pressão de corte e mantém o circuito travado, impedindo que seja reacendido manualmente,
até que seja atingida a pressão de operação.
Fig.5.14
Pressostato Modular
Todo este trabalho é conseguido através do motor modulador que consiste (além dos
enrolamentos do motor) de um relé de equilíbrio e de um reostato de balanceamento.
Portanto o motor trabalha junto com o reostato da chave moduladora.
a) modulação automática
b) ignição elétrica
c) apagar a caldeira por motivo de segurança
d) limitar a pressão
e) promover a ignição automaticamente.
Válvula Solenóide
Nas cadeiras flamotubulares com queima a óleo ou a gás, o óleo diesel, ou gás, para a chama
piloto é controlada por uma válvula solenóide, dotada de uma bobina, que, quando
energizada, atrai o obturador pelo campo eletromagnético formado, abrindo a passagem do
combustível.
Permite a vazão de todo o vapor produzido pela caldeira. Na maior parte das aplicações são
válvulas do tipo globo, por assegurarem controle mais perfeito da vazão.
Válvula De Alimentação
Fig.5.15
Válvulas de Escape de Ar
Outra válvula do tipo globo que controla a saída ou entrada de ar na caldeira, nos inícios e
fins de operação. Apresenta dimensões de ¾ “a 1”.
Válvula de Retenção
figura 5.16
Válvulas de Descarga
Estão sempre ligadas às partes mais inferiores das caldeiras. O lodo do material sólido em
suspensão, geralmente acumulado no fundo dos coletores ou também inferiores das caldeiras
é projetado violentamente para fora da unidade, quando se abrem estas válvulas.
Além da descarga de fundo, caldeira de certo porte, recebem outro sistema de descarga para
assegurar uma dessalinização contínua da água, feita por meio de válvula globo agulha.
É uma válvula do tipo globo , cuja secção corresponde a 10% da válvula principal. Sua
função é assegurar o suprimento de vapor para acionamento de órgãos da própria caldeira,
como:
bombas de alimentação
aquecimento de óleo
injetores
Válvulas de Alívio
É uma válvula instalada na parte superior do préaquecedor de óleo, para evitar que o óleo
combustível atinja pressões superiores aos níveis adequados no mesmo.
Tubulações
É recomendável que a água sofra um tratamento químico antes de ser bombeada para dentro
da caldeira.
Considerando que foi feito o tratamento, a água é bombeada para o interior da caldeira,
passando antes pelo preaquecedor (se a caldeira assim estiver equipada).
Se a água for lançada na parte onde tem vapor, estando ela bem mais fria, provocará um
choque térmico, que poderá causar sérias conseqüências. Portanto, a admissão é feita abaixo
do nível de água e o mais distante possível da fornalha.
Não se deve injetar água fria em caldeira quente quando o nível d’água estiver baixo. Deve-
se diminuir o fogo a até apagá-lo, esfriando a caldeira. Caso isto não seja observado, corre-
se o risco do choque térmico e da provável implosão da caldeira.
Se a rede de água não deve ter vazamentos, esta menos ainda. Os combustíveis são
inflamáveis, portanto podem provocar acidentes. Além disso, criam ainda outra condição
insegura no trabalho, pois eliminam o atrito e o operador pode acidentar-se por quedas, etc.
Rede de Drenagem
Esta é a rede que sai da parte mais baixa da caldeira e vai terminar fora da caldeira. Próximo
da caldeira ela tem uma válvula comum. A rede conduz uma mistura de água e vapor para
um local protegido, onde não possa atingir algumas pessoas. O objetivo é drenar a caldeira,
isto é, eliminar os detritos, sujeiras e composto de corrosão que se acumulam dentro dela.
Rede de Vapor
O vapor é um fluido pouco corrosivo, para o qual os diversos materiais podem ser
empregados, até a sua temperatura limite de resistência mecânica aceitável.
5.7.4.1 PREAQUECEDOR DE AR
Fig.5.17
Classificação
a) Preaquecedor regenerativo
Preaquecedor de ar regenerativo
Fig.5.18
Fig.5.19
Fig.5.20
5.7.4.2 ECONOMIZADOR
Sua finalidade é aquecer a água de alimentação da caldeira (ver esquema da figura 5.21).
Está localizado na parte alta da caldeira entre o tambor de vapor e os tubos geradores de
vapor sendo que os gases são obrigados a circular através dele, antes de saírem pela
chaminé.
Fig.5.21
Existem vários tipos de economizadores e na sua construção podem ser empregados tubos de
aço maleável ou tubo de aço fundido com aletas. Os economizadores podem ser:
SEPARADO
Usados nas caldeiras de baixa pressão (25 kg/cm2) e construído geralmente de tubos de aço
ou ferro fundido com aletas; no seu interior circula a água e por fora os gases de combustão.
INTEGRAL
Empregado na maioria dos geradores de vapor, apesar de requerer mais cuidados que o
economizador em separado. Deverá ser retirado da água de alimentação todo o gás
carbônico e o oxigênio, isto porque, quando estes elementos são aquecidos aumentam a
corrosão dos tubos. Este economizador tem grande capacidade de vaporização e é
constituído por uma serpentina e tubos de aço maleável.
A corrosão nos tubos dos economizadores pode ser tanto de dentro para fora como de fora
para dentro. Os furos de fora para dentro são causados pelos gases que aquecem e arrastam
enxofre contido no óleo. Ao se juntarem com o oxigênio e com outros elementos contidos
nos gases, formam um poderoso agente corrosivo (Ácido sulfúrico, por exemplo). Os furos
de dentro para fora são causados pela circulação da água não tratada que contém oxigênio e
gás carbônico, principais agentes da corrosão interna dos tubos.
5.7.4.3 SUPERAQUECEDORES
Se aquecermos água em um recipiente fechado, quando a água atingir uma certa temperatura
esta se transforma em vapor (temperatura de 100ºC aproximadamente, ao nível do mar).
Enquanto existir água dentro do recipiente, o vapor será saturado e a temperatura não
aumentará.
Mantendo-se o aquecimento até que toda a água se evapore teremos o vapor superaquecido,
com o conseqüente aumento de temperatura.
Este processo de superaquecimento do vapor seria impraticável nas caldeiras, pois quando a
água evaporasse, os tubos se queimariam e também não haveria uma demanda suficiente na
rede de vapor. Assim sendo, empregamos aparelhos destinados a elevar a temperatura do
vapor sem prejuízo para a caldeira.
O vapor saturado é mais indicado para uso em aquecimento, pois devido à mudança de fase
permite a troca de calor a temperatura constante, apresentando como inconveniente a grande
formação de condensado.
Quando instalados dentro das caldeiras estão localizados atrás do último feixe de tubos,
entre dois feixes de tubos, sobre os feixes de tubo ou ainda sobre a fornalha (figura 5.22). A
caldeira pode, apresentar o superaquecedor em separado (figura 5.23). Neste caso, ele
dependerá de uma fonte de calor para o aquecimento; normalmente, é instalada uma outra
fornalha.
Figura 5.22
Fig.5.23
5.7.4.4 PURGADORES
São dispositivos automáticos que servem para eliminar o condensado formado nas linhas de
vapor e nos aparelhos de aquecimento, sem deixar escapar vapor.
6. TIRAGEM
No caso em que os gases são eliminados com a ajuda de ventiladores sopradores, a tiragem
chama-se forçada (figura 6.1), podendo apresentar várias disposições construtivas. Suas
dimensões porém, dependem da capacidade da caldeira para um suficiente suprimento de ar
de combustão e para que os gases sejam totalmente eliminados).
Nas caldeiras em que os gases são eliminados através de exaustores, aspirando os gases e
projetando-os para a atmosfera, a tiragem é chamada induzida (figura 6.2).
Tiragem Forçada
Fig.6.1
As caldeiras que possuem este tipo de tiragem são chamadas de caldeiras despressurizadas e
precisam ter muito boa vedação para evitar a entrada de ar falso, através de suas paredes ou
duplos invólucros.
Tiragem Induzida
Fig.6.2
Neste sistema, são empregados dois ventiladores sendo que um deles tem a finalidade de
introduzir o ar dentro da caldeira (ventilador soprador) e o outro tem a finalidade de retirar o
ar da caldeira (ventilador exaustor), conforme esquema da figura 6.3.
Tiragem mista
Fig.6.3
Para que uma caldeira possa ter um bom funcionamento, a tiragem tem que ser muito bem
controlada. Este controle é feito por registros colocados no circuito dos gases. Estes
registros constam de uma ou mais palhetas que podem ser comandada manual ou
automaticamente, chamados de “dampers”.
6.5 CHAMINÉ
Ajudam a tiragem devido à diferença entra a sua base e o seu topo, provocada pela diferença
de temperatura dos gases da combustão.
Pela chaminé deverão sair o gás carbônico (CO2), vapor d’água (H2O) e outros compostos.
Isso, porém, na maioria das vezes não ocorre e junto com o gás carbônico há um grande
desprendimento de fuligem que contribui para a poluíção da atmosfera.
A fumaça que sai pela chaminé, quando apresentar uma coloração clara, pode indicar um
pequeno excesso de ar e quando sua coloração for escura, indica a presença de combustível
não queimado pela deficiência na alimentação de ar, de forma a atingir uma relação ar-
combustível adequado.
7. COMBUSTÃO E COMBUSTÍVEL
7.1 DEFINIÇÕES
COMBUSTÃO
COMBUSTÍVEL
a) SÓLIDOS
madeira, turfa, linhito, lulha, carvão vegetal, coque de carvão, coque de petróleo, etc.
b) LÍQUIDOS
c) GASOSO
COMBURENTE
REAÇÕES DA COMBUSTÃO
Observa-se pelas reações anteriores, que se deve, sempre, orientar a queima no sentido de se
obter o CO2 pois assim se tem uma maior liberação de calor.
Na prática, queima-se combustíveis que não se compõem, apenas, de carbono (C), mas
também de hidrogênio (H2) e enxofre (S), conforme visto nas reações acima.
c) quanto maior a viscosidade do combustível, mais difícil será a sua pulverização, ou seja,
mais difícil será a sua divisão em gotículas. O preaquecimento do óleo combustível é
fundamental para se atingirem os limites adequados de viscosidade necessários para uma boa
pulverização.
A quantidade teórica de ar necessária à combustão pode ser calculada pela seguinte fórmula:
Onde
C = 84%, H2 = 11%, S = 4% e O2 = 1%
0 , 01
mtar = (11,5 - 0,84) + 34,8 (0,11 - )+ (4,35 x 0,04)
8
mtar = 9,66 + 3,7845 + 0,174
Considerando que o ar possuí 23% em percentagem por peso atômico do oxigênio, então
teremos:
Exercicio:
Solução:
PV = mRT
R 8 , 315 kJ
RAR = 0 , 287
Mar 29 kg .K
A forma mais prática e rápida de se calcular o calor perdido através dos gases de combustão
é pela medição de sua temperatura na base da chaminé, associando-se ao teor de CO2
medido no mesmo ponto.
Como foi visto, sabemos que o excesso de ar reduz a percentagem de CO2 presente nos
gases de combustão, pois para o mesmo volume de CO2 teremos aumentado o volume total
dos gases.
As medições do teor de CO2 nos gases de combustão são efetuadas por meio de um medidor
de CO2 tipo “Firyte” ou “Orsat”. Esse tipo de medidor de CO2 funcionam pela absorção
deste gás por uma solução de hidróxido de potássio concentrada contida numa coluna
graduada, que fornece o teor de CO2 por leitura direta. Com a determinação dos valores de
CO2 e temperatura, obteremos informações tais como: a perda percentual de calor pela
chaminé e a percentagem de excesso de ar.
Considere uma fornalha, onde ocorre a combustão circundada por superfícies frias de
troca de calor. Parte do calor gerado pela combustão é perdido pela chama às superfícies de
troca de calor, conforme representado pela figura 1. Um balanço de energia na fornalha vai
determinar a temperatura de saída dos gases de combustão da zona de radiação, se
conhecidos as vazões de ar e combustível, o poder calorífico e o calor cedido por radiação,
conforme esquema da figura 2.
sendo que :
onde:
T : temperatura do fluido
T0 : temperatura de referência
T0 = Tar = Tc
A troca de calor por radiação da chama pode ser determinada pela equação:
onde:
A dependência da troca de calor por radiação com a temperatura de saída dos produtos de
combustão da fornalha torna o cálculo da temperatura dos produtos, um processo iterativo. A
verdadeira temperatura da chama não é conhecida pois esta varia em todo o volume da
câmara de combustão. A equação acima assume que a temperatura de saída dos produtos de
combustão da fornalha representa a temperatura média da fornalha.
Poucas informações são encontradas na literatura a respeito dos valores de ε. Como base
de cálculo a ordem de grandeza pode ser tomada dentro dos seguintes valores:
A área de troca de calor é representada pela superfície projetada dos tubos de troca de
calor nas paredes da fornalha. No caso de uma caldeira flamotubular, onde a combustão
ocorre dentro de uma fornalha cilíndrica completamente circundada por parede de água, a
superfície de troca é a própria superfície interna da fornalha. No caso de caldeiras
aquatubulares, com paredes de tubos de água, a superfície efetiva de troca de calor depende
do espaçamento dos tubos da parede de água, onde:
O fator de correção da superfície projetada não diminui muito para um espaçamento igual
a dois diâmetros externos dos tubos pois é suposto que existe por detrás dos tubos uma
superfície refratária que reirradia para a parte traseira dos tubos o calor emitido pela
fornalha. A temperatura externa dos tubos é a temperatura Tp da superfície de troca de calor.
Os coeficientes de troca de calor por convecção da água evaporando no interior dos tubos
são extremamente altos, da ordem de 5000 a 25000 W/m2K, representando pouca resistência
a troca de calor. As espessuras de parede dos tubos metálicos, bem como a alta
condutividade dos metais também pouco contribuem para a resistência térmica, sendo que de
uma maneira geral, podemos assumir a temperatura externa das superfícies de troca como
Conhecida a temperatura de saída dos gases da fornalha, pode-se partir para o cálculo da
transferência de calor na área de convecção da caldeira. Aqui, a superfície de convecção é
tomada como as superfícies que não tem contato geométrico com a chama da fornalha, ou
seja, aquelas não recebem radiação direta da chama. Embora gases aquecidos em alta
temperatura e que contenham parcelas que emitem radiação como CO2 e H2O, também
troquem calor por radiação, este mecanismo de troca não será considerado aqui, pela
complexidade de cálculo e pela menor importância da radiação na zona de convecção.
Em caldeiras aquatubulares, a troca de calor por convecção é realizada por fluxo de gases
externos a tubos, num feixe de tubos de convecção. Estes feixes podem apresentar arranjo de
tubos alinhados, ou em quicôncio, como representados na figura 3. O arranjo em quicôncio é
mais frequentemente utilizado devido aos maiores coeficientes de troca de calor que
proporciona.
Para tubos alinhados, o número de Nusselt pode ser calculado segundo a equação:
As equações acima valem para fluxo turbulento e para quantidade de fileiras de tubos
maior ou igual a 10. Para fileiras de tubos em quantidade menor que 10,
o número de Nusselt pode ser multiplicado por um fator de correção fb conforme a tabela
abaixo:
a)alinhados b)quicôncio
Para cálculo das propriedades dos fluidos, as temperaturas devem ser tomadas na
temperatura média de mistura.
O calor transferido dos gases de combustão para a água é calculado pela equação:
No caso de vapor saturado em ebulição, o coeficiente de película pode ser tomado entre
5000 e 25000 W/m2K. As taxas de troca de calor por convecção por gases já não são tão
altos quanto a taxas de troca de calor por radiação, e simplificações devem ser feitas com
algum cuidado. A resistência térmica por condução através da parede do tubo deve ser
calculada sempre que possível.
A perda de pressão estática dos gases de combustão, ou seja , a perda de carga deve ser
suprida pelos dispositivos de circulação, ventilador, exaustor e chaminé, garantindo assim o
fluxo através da caldeira.
Na sua forma mais geral, a perda de carga através de um dispositivo ou duto pode ser
calculada pela equação:
onde:
Δp : perda de carga
ρ : densidade do fluido
Para dispositivos em geral, e singularidades tais como injetores, curvas, expansões, aletas
de direcionamento, o coeficiente é obtido experimentalmente e encontram-se na literatura
diversas configurações tabeladas, porém dificilmente abrange todas as necessidades
especificas de um projeto de uma caldeira. Assim, alguns valores de perda de carga tem que
ser estimados e experimentados.
Para o fluxo de fluidos dentro de dutos, ou por fora de tubos circulares, a perda de carga
pode ser calculada através da equação:
onde:
Para o fluxo de fluidos por fora de tubos, o caso de feixes de convecção, a perda de carga
pode ser calculada segundo as fórmulas:
onde:
f : fator de correção
Nf : nº de fileiras de tubos
onde:
Para tubos arranjados em quicôncio, o fator f pode ser estimado pela equação:
A perda de carga do escoamento dos gases de combustão deve ser vencida pela diferença
de pressão ocasionado pelos ventiladores e chaminé. A chaminé tem como função principal
a dispersão adequada dos produtos de combustão no meio ambiente. Quanto maior a altura
da chaminé, menor deve ser a concentração de material particulado e gases poluentes,
emitido pelo sistema de combustão, ao nível do solo circunvizinho. A chaminé também
provoca uma depressão no sistema pela diferença da densidade da coluna de fluido dentro da
chaminé em comparação a densidade do ar atmosférico. A depressão gerada pela chaminé é
calculada pela equação:
onde:
g : aceleração da gravidade
A temperatura do gás na chaminé deve ser tomada como a temperatura média entre o pé
da chaminé e a temperatura verdadeira da saída dos gases. A temperatura do pé da chaminé é
a temperatura de saída dos produtos de combustão na caldeira. É um valor geralmente
conhecido ou fácil de ser medido. Os produtos de combustão vão perder calor ao ambiente
enquanto fluem para o topo da chaminé. A perda de calor depende das condições ambientais
externas, tais como a temperatura ambiente, a velocidade do vento, e as características e
dimensões da parede da chaminé. A variabilidade deste parâmetros pode não compensar o
esforço de se calcular a perda de calor pela chaminé. De um modo geral, a fim de se estimar
a perda de temperatura dos gases de combustão fluindo pela chaminé podemos tomar como
valores básicos uma queda de temperatura da ordem de 0,2 a 0,6 ºC/metro linear da altura da
chaminé.
A densidade dos produtos de combustão, bem como outras propriedades necessárias aos
cálculos de troca de calor e perda de carga pode ser calculada em função da composição
molecular dos produtos e das propriedades de cada componente da mistura na temperatura
desejada. Assim, a densidade da mistura, e similarmente, outras propriedades, fica
determinada por:
onde:
ρi : densidade do componente i
Analisando-se a equação que fornece a depressão causada pela chaminé observamos que
esta é proporcional a altura útil da chaminé. Por outro lado, a perda de carga provocada pela
circulação do fluido na própria chaminé deve ser calculada e esta também aumenta com a
altura linear da chaminé, além de ser uma função da velocidade dos gases. Para o cálculo da
perda de carga na chaminé, assume-se que a chaminé comporta-se como um duto, e uma
altura excessiva da chaminé pode ter o efeito inverso de diminuir a depressão disponível
para a caldeira por excesso de perda de carga. Para tiragem natural, as velocidades
recomendadas estão na faixa dos 4 a 8 m/s. Com tiragem artificial pode-se chegar a valores
da ordem de 10 a 15 m/s.
A eficiência de transformação de energia pode ser definida como a relação entre a energia
útil produzida (ou transformada) e aproveitável do ponto de vista prático e a energia
efetivamente consumida nesta transformação.
Num gerador de vapor a energia útil produzida é a energia na forma de entalpia do vapor
produzido e efetivamente disponível para utilização industrial. O conceito de eficiência
térmica pode variar conforme se estabeleça as fronteiras ou o "volume de controle" do
equipamento sendo analisado.
Tomando como fronteira apenas o corpo principal do gerador de vapor, que inclui as
superfícies de transferência de calor e a câmara de combustão, a eficiência térmica pode ser
escrita como:
onde:
No caso foi considerado como energia útil a entalpia do vapor total produzido
efetivamente pela caldeira, independente de sua utilização posterior, e como energia
consumida, a energia química do combustível utilizado na geração do vapor.
Importante notar que neste caso, a eficiência total vai ser afetada também pela eficiência
dos equipamentos auxiliares, que transformam, por exemplo a energia elétrica em um
aumento de pressão do ar de combustão ou da água de alimentação.
Dois métodos básicos de cálculo da eficência térmica de caldeiras podem ser usados: o
método de medida direta, onde os fluxos de entrada e saída de energia são medidos e
computados diretamente; e o método indireto ou da avaliação de perdas térmicas.
A medida de consumo de combustível apresenta menores problemas, já que pode ser feita
diretamente através de medidores totalizadores na linha de alimentação ou através do cálculo
do volume consumido no tanque de serviço, quando se tratar de óleo combustível.
Medidores totalizadores para gases ou líquidos são utilizados em diversos tipos, sendo mais
problemáticos apenas, quando se usa óleo combustível de alta viscosidade ou alto teor de
enxofre. O cálculo através do volume no tanque depende fundamentalmente do
conhecimento e precisão das medidas internas do tanque de serviço, e uma calibração pode
ser feita sem maiores problemas.
introduzidos, desde que as medidas obtidas tenham boa repetibilidade, mesmo que
imprecisas.
onde
Num sistema operando em regime permanente, onde por exemplo a pressão e temperatura
do vapor produzido pela caldeira permanece constante, pode-se assumir que a variação da
energia interna do sistema é nula, e a equação 3 simplifica-se como sendo a Energia que
entra no sistema é igual a Energia que sai.
onde:
O método de avaliação das perdas também pode não produzir um valor numérico preciso,
pois é praticamente impossível medir e avaliar todas as possíveis perdas de calor e energia
com razoável precisão, já que nem sempre se dispões de dados ou condições favoráveis para
tanto. Algumas perdas são desprezíveis em sua ordem de grandeza, e o esforço para avaliá-
las pode não ser compensador. O grande mérito deste método está justamente em se poder
avaliar as perdas mais significativas e fornecer condições e dados a fim de minimizá-las,
atuando diretamente no desempenho do sistema e no melhor aproveitamento de energia.
As perdas por combustão incompleta podem ser identificadas pela presença de CO, H2 ou
fuligem nos produtos de combustão. Monóxido de carbono é produto típico de combustão
incompleta e sua presença em concentrações da ordem de 0,2% já indicam anomalias no
sistema de combustão. Sistema de combustão bem operadas apresentam concentrações de
CO da ordem de 100 a 1000 ppm. Mesmas considerações se aplica a presença de H2, cujas
concentrações em situação normal devem ser menores ainda ou indetectáveis. A perda pela
presença de CO e H2 pode ser calculada facilmente conhecida a concentração dos mesmos e
deve ser imediatamente sanada, pois além da própria perda de energia, produz poluição
ambiental. O calor perdido pode ser calculado:
onde:
CO = 283000 kJ/kmol
onde:
α : coeficiente de excesso de ar
amostra. Geralmente, pela ordem de grandeza que estas perdas representam, todo este
esforço não é compensador.
onde:
Se o arraste de cinzas pelos gases efluentes for desprezável, o teor de cinzas pode ser
tomada como o teor de cinzas médio no combustível utilizado. Se houver sistema de coleta
de particulados, a mesma análise pode ser feita levando-se em conta também as cinzas
coletados no sistema de limpeza dos gases.
Não há um método direto der se medir as perdas de calor para o ambiente externo. Estas
perdas podem ser calculadas teoricamente se for conhecida as características do isolamento
térmico, ou a distribuição de temperatura das superfícies externas. Esta distribuição pode ser
medida, com um simples dispositivo de medidas superficiais de temperatura como indicado
na figura 3. A medição direta da temperatura superficial proporciona um cálculo mais
preciso das perdas de calor e elementos para análise da eficiência do isolamento térmico.
Cálculos de isolamento térmico através do cálculo do calor conduzido pressupõem
propriedades térmicas de isolantes em bom estado. A deterioração do isolamento térmico é
comum, e suas propriedades não podem ser mais assumidas iguais ao isolamento novo.
O calor perdido por radiação através de uma superfície ao ambiente externo pode ser
calculado através da fórmula:
onde:
ε : emissividade da superfície
O calor perdido por convecção natural depende do coeficiente de película externo para
convecção natural, o qual por sua vez depende da temperatura das superfícies externas. O
tratamento teórico para o cálculo destes coeficientes pode ser encontrado em qualquer livro
básico de transferência de calor. A tabela 2 apresenta estimativas de coeficientes de
convecção natural para superfícies planas verticais e horizontais em ambientes sem vento.
Para ambientes externos deve ser considerado a influência de ventos conforme indicado. A
equação para cálculo do calor perdido por convecção natural é:
onde:
Importante notar que o calor perdido pelas paredes externas da caldeira não dependem de
sua carga de trabalho, pois a temperatura externa das superfícies permanecem relativamente
constantes. Assim, a fração de eficiência térmica perdida pelas paredes diminui com o
aumento da carga da caldeira. Uma curva típica do calor perdido para caldeiras modernas de
paredes de água é mostrada na figura 4.
Caldeiras com alimentação ou controle manual podem perder calor por radiação direta
através das aberturas, como por exemplo a porta de alimentação da fornalha. O cálculo do
calor perdido utiliza a mesma equação de calor irradiado onde a temperatura da superfície
emissora é a própria temperatura média da fornalha.
O cálculo das perdas por radiação direta pode ser feito através da seguinte equação, com
recomendações de valores típicos na tabela 3.
onde:
σ : constante de Stepan-Boltzmann
onde:
onde:
Qprod : energia perdida por entalpia sensível dos produtos de combustão (kJ/kg)
onde:
Cpp, Cpar e Cpc : calor específico dos produtos na saída , ar e combustível na entrada.
(kJ/kgºK)
sendo que:
A equação anterior não pode ser usada quando a temperatura do combustível na entrada é
sensivelmente diferente da temperatura ambiente e sua relação A/C é baixa. É o caso por
exemplo, de gás produzido em gaseificadores para utilização local, onde a temperatura do
gás de entrada pode atingir valores de até 300ºC. Apesar de ser não ser comum para
geradores de vapor, é utilizado em fornos cerâmicos e metalúrgicos, cujas relações são
semelhantes e serão estudadas adiante.
Pelas equações anteriores, fica evidente que a perda por entalpia dos gases de combustão
dependem da sua temperatura de saída e do excesso de ar utilizado. Ambos parâmetros tem
limitações práticas, além dos quais não é possível reduzir-se.
A temperatura de saída dos produtos de combustão está limitada pela área de troca de
calor da caldeira, e principalmente, pelo ponto de orvalho dos produtos de combustão.
Combustíveis que possuem enxofre tornam esta limitação mais séria, já que a condensação
de ácido nas partes mais frias do equipamento provoca séria corrosão. A figura 5 sugere
limites mínimos de temperatura de exaustão para combustíveis com enxofre.
Esta última equação traz de volta a discussão relativa a utilização dos valores de Poder
Calorífico Superior, ou Inferior, para cálculo do rendimento.
Desta maneira, é deixada como opção a escolha do PCI ou PCS, o que implica que
qualquer resultado de cálculo de rendimento térmico de equipamentos a combustão, deve ser
especificado se o é em relação ao PCI ou PCS. No caso da utilização do PCS como valor de
referência, deve ser avaliada as Perdas por umidade dos produtos de combustão.
onde:
onde:
A perda por umidade da água formada é praticamente inevitável, e por esta razão muitas
vezes é preferido a utilização do PCI como valor de referência.
Lenha perde água até atingir sua umidade de equilíbrio, a qual em regiões temperadas está
na ordem de 17 a 25%. Em regiões tropicais úmidas, a umidade de equilíbrio pode atingir até
35%, e uma secagem artificial pode ser conveniente.
A vantagem óbvia da secagem natural é que a fonte de energia natural é solar e de baixo
custo. O tempo necessário para atingir-se a umidade de equilíbrio de lenha em toras pode
chegar até 3-4 meses.
O calor perdido pela umidade do ar não foi considerado aqui em nenhum caso por se
tratar de parcela muito pequena. Em todas análises o ar foi considerado como ar seco, livre
de umidade.
onde:
A energia da purga contínua pode ser recuperada através de um trocador de calor, porém,
como a ordem de grandeza de perdas é até 1,5%, dependendo da pressão de trabalho da
caldeira, nem sempre é economicamente viável.
Muito mais do que se chegar a um valor numérico que represente a eficiência térmica de
um sistema de geração de vapor, é importante e útil poder interferir diretamente nestas, a fim
de diminui-las, e por esta razão, a análise da eficiência térmica através do cálculo de perdas é
o método mais adequado.
Conforme a sua procedência, tais águas podem conter diferentes produtos dissolvidos ou em
suspensão, em concentrações bem diversas.
O emprego direto das águas “in natura”, como água de alimentação de caldeiras, implica
num processo de evaporação da fase líquida, com conseqüentes concentrações dos produtos
minerais dissolvidos.
Outros produtos, entretanto, também se liberam, tais como gases dissolvidos existentes na
fonte fornecedora ou mesmo resultante da decomposição de matérias orgânicas igualmente
presentes.
Como esses depósitos incrustantes, são fracos condutores de calor, seu acúmulo sobre as
superfícies metálicas tendem a criar maiores resistências ao escoamento do calor,
contribuindo para uma sensível diminuição do Coeficiente de Condutividade entre os gases
quentes e a água situada no interior da tubulação. Evidentemente, diante de uma condição
de trabalho que prejudica a troca de calor entre os fluidos do processo, a caldeira, passa a
produzir menor quantidade de vapor e a apresentar uma diminuição no seu rendimento
térmico.
A unidade mais universal para exprimir a concentração das substâncias em solução nas
águas naturais é o ppm, ou seja, partes por milhão.
As análises são sempre feitas com referência ao volume de água e não ao pêso, assumindo o
pêso de 1 kg por cada litro de água sem levar em conta a correção pela temperatura.
Toda água de alimentação deve ser conhecida e controlada. Baseado no fato de se conhecer
quais as impurezas normais das águas naturais, foram formulados métodos simplificados
suficientemente satisfatórios para assegurar um controle rotineiro.
dureza
alcalinidade
cloretos
fosfatos
pH
sólidos totais
resíduos calcinado
matéria orgânica
concentração de O2 livre.
sílica.
Dureza - O grau de dureza exprime a concentração dos sais de cálcio seja na forma de
carbonato, sulfato silicato ou cloreto. Pode ser expressa em grau alemão, francês ou inglês,
entre os quais há uma relação:
Cloretos - São geralmente muito solúveis, sejam de cálcio, magnésio, sódio, ferro e
outros. Sua determinação se faz com solução de Nitrato de Prata N10 padrão empregando
como indicador o Cromato de Potássio. Estes sais, por serem altamente solúveis permitem,
em primeira aproximação, estabelecer a porcentagem de descarga da caldeira.
Sílica - É responsável pelas incrustações mais difíceis de serem removidas das superfícies
metálicas. Sua determinação se faz por processo quantitativo.
Sólidos totais - É a soma dos sólidos em suspensão e dos sólidos dissolvidos. Os sólidos
totais são uma medida da possibilidade de formação de espuma, arraste de sílica volátil e
formação de depósitos. Supondo que o tratamento d’água está obtendo o máximo de
eficiência possível, é necessário purgar a caldeira para reduzir sua concentração. Esta purga
é realizada pela extração de superfície, que é uma purga contínua e, quando necessário, pela
extração de fundo, que é uma purga intermitente, limitando assim a concentração de sólidos
totais admissíveis na água de caldeira, cujo teor tolerável é inversamente proporcional à
pressão de operação, como se segue:
Nessa hipótese, a aplicação de um filtro de areia aberto com remoção das impurezas por
gravidade ou uma variante de filtro auto lavável, também aberto, atendem as necessidades
do processo. Na ausência de espaço para se instalar um filtro deste tipo, se recorre a um
filtro de camadas de areia e antracito, fechado, compacto que promove a circulação da água
sob pressão até no máximo de 10 m c.a. (vide fig.8.1). Quando a pressão interna do vaso do
filtro acusa valores superiores a pressão atrás indicada promove-se uma inversão do fluxo da
água que passa a circular no sentido ascendente, arrastando para o esgoto todo o material
acumulado sobre a camada superior de areia. Esta operação se prolonga até o visor existente
no circuito, acusar passagem de água límpida, com duração aproximada de 5 a 10 minutos.
Fig.8.1
Naturalmente durante esta limpeza o suprimento de água fica interrompido, razão pela qual,
ser de boa norma, instalar dois aparelhos em paralelo. Enquanto um deles atende a operação
de limpeza, o segundo continua suprindo água ao processo.
Dificilmente hoje se encontra um córrego, rio ou lago que disponha de água límpida sendo
forçoso o acréscimo de um pré tratamento, antes da filtração, denominado clarificação.
Os aparelhos clarificadores recebem a água bruta tal qual procedem das fontes de suprimento
juntamente com agentes coaguladores que promovem a formação de flocos gelatinosos
dotados de grande capacidade de absorção das impurezas existentes no fluido.
Os agentes coagulantes minerais mais divulgados são compostos de ferro e de alumínio estes
últimos de maior aplicação.
Fig.8.2
A água límpida a seguir deve ser submetida a outros tratamentos para eliminar as impurezas
dissolvidas. Serão parâmetros determinantes na decisão do processo de tratamento a ser
adotado, a qualidade da água, a pressão da caldeira e a pureza do vapor.
Determinadas águas uma vez isentas de turbidez, podem ser introduzidas diretamente no
interior das unidades geradoras de vapor de baixa pressão, e ali serem submetidas ao
chamado tratamento interno descrito páginas adiante.
A segunda etapa dos tratamentos externos praticados pela tecnologia, encontram-se aqueles
que promovem apenas o abrandamento da água, ou seja, que eliminam a sua dureza, e outros
11.3.1.1 ABRANDAMENTO
Existem na literatura diversos métodos para se obter o abrandamento da água, dentre eles o
mais difundido atualmente é o abrandamento por troca de íons. Este método se baseia na
propriedade de certas areias naturais que imersas em água provocam um intercâmbio de
íons.
O abrandamento da água consiste em passar a água dura através de uma coluna de resina
aniônica a base de sódio. O sódio presente na resina substituí o cálcio e o magnésio da água
num processo contínuo até o seu exaurimento, momento a partir do qual se torna forçoso a
regeneração. Neste estágio se interrompe a passagem da água a ser tratada substituíndo-a
por uma solução de cloreto de sódio a qual recompõe o cátion consumido e remove o cálcio
e o magnésio do aparelho diretamente para o esgoto. Feita a regeneração, volta a
operação.do ciclo de tratamento. A figura 8.3 -a exibe um aparelho abrandador de um
estágio, com tanque de salmoura para regeneração e todas as tubulações de operação, já a
figura 8.3-b representa o corte em perspectiva de um abrandador de leito misto.
(a) (b)
11.3.1.2 DESMINERALIZAÇÃO
Efetuada sobre uma série de trocadores de ;íons, é o tratamento escolhido para a alimentação
das caldeiras com pressões acima de 40kgf/cm2, especialmente quando estas caldeiras
comportam superaquecedores ou alimentam turbinas, caso nas usinas térmicas para geração
de potência.
11.3.1.3 DESGASEIFICAÇÃO
Tem a finalidade de eliminar todos os gases ainda dissolvidos na fase líquida, para a
atmosfera, como por exemplo o oxigênio, gás carbônico, sulfídrico e outros.
Todavia, unidades que operam com baixas pressões, podem dispensar o acréscimo da
aparelhagem, adotando métodos químicos para atenuar o efeito corrosivo, sobretudo o
oxigênio.
Os produtos mais difundidos neste tipo de tratamento são o Sulfito de Sódio e a Hidrazina.
A Hidrazina simples ou catalizada vem sendo mais utilizada para neutralizar a corrosão do
oxigênio, porquanto ela seqüestra este gás dissolvido na água.
Aparelhos Desgaseificadores
O degaseador a pulverização (Vide figura 8.4) dispersa a água em finas gotas através de
pulverizadores na câmara de vapor do aparelho proporcionando um aumento da superfície de
contato das fases.
Uma variação mais moderna deste tipo, aplica bandejas perfuradas de forma a criar uma
série de jatos cilíndricos de água em queda vertical aumentando a superfície de contato das
fases, conforme esquema da fig.8.5.
Fig.8.4
Fig.8.5
Os gases incondensáveis são arrastados pelas bolhas de vapor em excesso para a coluna do
aparelho que dispõe de uma distribuição da água de ingresso na forma de cascatas.
O aparelho deste tipo precisa ser rigidamente fixado a base, e todos os acessórios
firmemente atados, dado que a injeção do vapor diretamente no fundo do vaso cheio de água
fria, no início do processo de aquecimento provoca fortes golpes de aríete pela instântanea
condensação do vapor.
Na maioria das instalações de degaseamento, o aparelho opera com uma pressão interna
ligeiramente superior a pressão atmosférica, de conformidade com a temperatura desejada na
água degaseada.
CALDEIRAS - Apostila Fevereiro/ 2013 138
ELISEU AVELINO ZANELLA JUNIOR
Como já foi observado anteriormente, a sílica está presente na água como ácido salicílico e
silicatos solúveis. Forma incrustações de difícil remoção que podem ser retirados pelo
tratamento com óxidos por troca iônica.
Aplica-se em água de baixa dureza, não turvas, adicionando-se produtos químicos que
reagem no interior da caldeira.
Há varias composições no mercado, cujas doses são prescritas pêlos fabricantes em função
das impurezas encontradas pela análise da água.
É o método mais econômico que consiste em adicionar uma solução dos sais de tratamento
no próprio tanque de alimentação de água ou no tubo de injeção desta, no interior da
caldeira, mediante um dosador contínuo.
As reações do fosfato no interior da caldeira precipitam os sais de cálcio, numa forma não
aderente a superfície metálica e tornam altamente solúveis os sais que davam dureza a água.
O precipitado formado pelas reações, sob forma de um lodo, depositam-se nas partes
inferiores da caldeira, de onde são eliminados por meio de descargas intermitentes.
Apesar do tratamento mais rigoroso que se possa adotar, é impossível eliminar da água todos
os sais em solução. Excetua-se o método da distilação.
A caldeira com a água que produz vapor, portanto, vai acumulando e concentrando os sais
que ingressam com a água. A concentração deve ser mantida até o limite de solubilidade a
partir do qual há precipitações que concorrem para incrustração, arraste de partículas sólidas
pelo vapor e formação de espuma.
É a descarga da caldeira que mantém a concentração destes sais dentro dos limites
convenientes, além de arrastar o lodo que se acumula nas partes inferiores da caldeira.
O arraste consiste de diminutas gotículas de água que são carregadas pelo vapor no momento
que este se desprende da superfície da água. Em condições normais de operação, o arraste
de água é uma possibilidade remota pois os internos do tubulão superior são projetados para
evitar que isto ocorra. Entretanto, pode ocorrer este tipo de arraste se houver:
Assim, os produtos químicos são lançados no espaço de vapor e carregados por ele. A
intensidade desta espuma depende da natureza dos compostos químicos na água da caldeira.
O problema de arraste provoca a formação de depósitos no superaquecedor, nas pás das
turbinas e no sistema de condensado, além de problemas de corrosão e erosão, nas caldeiras
aquotubulares.
Outro contaminante indesejável é o óleo ou graxa presentes na água de caldeiras os quais são
grandes formadores de espuma. Formam também uma película isolante sobre a superfície
interna dos tubos da caldeira provocando superaquecimento. Dependendo da temperatura,
podem ser carbonizados resultando uma deposição de carbono na caldeira.
12. CO-GERAÇÃO
12.1. Conceituação
A geração de energia elétrica quando encontrada junto aos centros de carga ou dentro dos
próprios, como é o caso da auto-produção, conhecida como geração distribuída, só se tornou
competitiva com a concentração em grandes usinas, na medida em que a tecnologia se
desenvolveu no sentido de aumentar a eficiência das máquinas acionadoras dos geradores
elétricos (COBAS, 2001).
Nesse trabalho nos concentramos na co-geração a partir do gás natural, mas um estudo mais
amplo desse assunto nos mostraria o uso da co-geração de diversas outras formas. Porém, o
conceito permanece o mesmo: minimizar custos aproveitando ao máximo o conteúdo
energético de uma fonte, seja ela gás, óleo, lenha, bagaço de cana, resíduos combustíveis em
geral etc.
12.2. Histórico
aproveitando o represamento de algum riacho da fazenda. O mesmo ocorre ainda nas salinas
em que o vento ajuda o calor do Sol a evaporar a água, separando fisicamente os sais
minerais, ao mesmo tempo em que move os moinhos acionadores das bombas, que
movimentam a água retirada do mar.
Voltando à máquina a vapor, que fazia papel semelhante ao da roda d’água dos engenhos de
café, a distribuição da energia mecânica, via eixos, roldanas e correias, pode ser substituída
pela distribuição de energia elétrica, produzida num gerador central acionado pela máquina a
vapor, e levada a motores elétricos por meio de cabos. Da forma descrita podemos perceber
que a co-geração já era um conceito energético nas empresas antes do advento das
companhias de fornecimento de eletricidade. Se utilizarmos turbina ou motor a gás para
acionar um gerador elétrico, os gases quentes provenientes da descarga desses equipamentos
podem ser utilizados para gerar vapor através de uma caldeira de recuperação.
A co-geração apresenta diversos aspectos que atraem as empresas para esta alternativa. A
primeira que vem à tona é quanto à redução de custos operacionais. Em muitas empresas a
participação do custo de energia no custo final do produto pode ser muito grande e a
possibilidade de aumentar a eficiência no aproveitamento da energia adquirida é sempre
atraente.
Um consumidor de energia elétrica dificilmente terá escala suficiente para produzir sua
própria energia elétrica a um custo menor do que o da energia oferecida pela empresa
concessionária. O preço da aquisição de combustível fóssil adicionado ao custo de capital
necessário para transformá-lo em energia útil leva a um custo do MWh gerado bem maior do
que o que se apresenta na sua conta mensal da distribuidora local, a menos que esse
consumidor tenha possibilidades de obter combustível (ou aproveitamento hídrico) a baixo
12.4. Plantas
12.4.1. Tecnologia
As plantas de co-geração mais comuns são concebidas com caldeira e turbina a vapor,
utilizando o ciclo termodinâmico de Rankine. Na figura 2 o combustível, fonte de toda a
energia produzida pela planta, é introduzido para queima numa caldeira e o vapor gerado, de
alta pressão, é levado a uma turbina a vapor, de contrapressão ou de condensação com
extração, que aciona o gerador elétrico.
O vapor que sai da turbina é utilizado para atender à demanda de energia térmica do
consumidor. Uma vantagem dessa concepção é a possibilidade de uso de elenco de
diferentes combustíveis, tais como gás, lenha, carvão, bagaço de cana, cascas de arroz, óleo
combustível, resíduos orgânicos em geral, etc. Os sistemas de potência a vapor estão mais
detalhados no ANEXO 1 desta apostila.
Por outro lado, o projeto conceitual que apresenta mais eficiência é o da turbina ou motor a
gás associados a uma caldeira de recuperação.
CALDEIRAS - Apostila Fevereiro/ 2013 143
ELISEU AVELINO ZANELLA JUNIOR
Por exemplo, uma turbina a gás natural descarrega grande quantidade de ar com cerca de 2%
de dióxido de carbono, a 500 ºC ou mais, e esse "sopro quente" pode produzir vapor
saturado seco de 10 atm de pressão a 180ºC. Com isso, o aproveitamento da energia contida
no gás natural pode chegar a 80%, enquanto que gerando apenas energia elétrica ficaria em
torno de 30%.
As caldeiras geradoras de vapor para co-geração podem ser fabricadas para utilizar
praticamente qualquer combustível. Porém as turbinas e os motores a pistões exigem
combustíveis mais puros e fluídos. Nesse caso pode-se utilizar gases, óleo diesel, gasolina,
querosene de aviação, e, em último caso, o óleo combustível.
Numa turbina a gás, de toda a energia disponível no combustível obtém-se entre 22 e 35%
de energia elétrica nos bornes do gerador acionado, enquanto que num motor a gás a faixa é
um pouco maior, podendo-se obter até cerca de 40% em energia elétrica em potências em
que a turbina não alcança 30%. Nesse aspecto se verifica, portanto, uma vocação maior do
motor a gás para um perfil de demanda de energia em que prepondera a demanda elétrica.
Por outro lado, não há no mercado motores a gás acima de 5 MW, pois, pela sua concepção
mecânica, suas dimensões trazem dificuldades físicas para o projeto. Já no caso das turbinas,
existem desde pequenas potências como 600 kW até as grandes, de 300 MW.
A turbina leva vantagem do ponto de vista térmico na medida em que quase toda a energia
disponibilizada pela queima do gás e não transformada em energia mecânica é descarregada
nos gases, em maior temperatura do que nos motores a gás, pois uma das principais funções
do ar é refrigerar o equipamento. Nelas, a temperatura dos gases exaustos fica na faixa de
450 a 900 °C, sendo que nos motores ela fica entre 300 e 500°C.
Por outro lado, os motores disponibilizam energia térmica em boa parte na água de
arrefecimento, que nem sempre pode ser totalmente aproveitada, pois exige permutador de
calor em vista da possibilidade de contaminação. Este fator reduz o rendimento, pois ela não
se situa numa faixa de temperatura alta (em torno de 100°C).
A turbina costuma apresentar um preço de aquisição maior do que o motor, para a mesma
potência, entretanto, o maior nível de vibração no motor, pela sua concepção, pode requerer
maiores investimentos na estrutura civil da planta. Em resumo, os dois têm vantagens e
desvantagens, e para cada caso estudado deve-se avaliar a conveniência de se optar por um
ou por outro.
Uma vantagem importante do motor sobre a turbina é que os gases de exaustão do primeiro
contêm grande porcentual de dióxido de carbono, ao contrário da turbina, cujo potencial
deste gás fica em torno de 2%, devido ao excesso de ar para sua refrigeração.
Isso torna o motor atrativo em empresas que utilizam esse gás inerte, como é o caso da
indústria de refrigerantes. No ANEXO 2, desta apostila, os sistemas de potência a gás (ou
diesel) estão mais detalhados.
De qualquer forma, esse é um aspecto que precisa ser considerado na fase de avaliação
econômica do projeto, pois um compressor para o gás pode ter peso razoável no cálculo do
investimento, frente a outros equipamentos.
No primeiro caso, de sistema central, tem-se usado circuitos de água gelada, que
normalmente é resfriada a cerca de 5°C num sistema de compressão (figura 11). Neste
sistema um gás, usualmente o freón, é comprimido num compressor acionado por motor
elétrico e expandido numa câmara na qual ele retira o calor nessa expansão. No interior
dessa câmara estão as serpentinas por onde circula a água que retorna do circuito após passar
por uma torre de refrigeração (a água ou a ar). A água gelada sai do resfriador, e vai para o
circuito no qual atravessa as colméias dos radiadores externamente às quais passa o ar da
ventilação forçada dos ambientes a refrigerar (fan coils).
Quando se concebe um sistema de co-geração para uma instalação de utilidades que inclui
fornecimento de refrigeração ambiental, há uma preferência em optar por uma chiller de
absorção, em substituição ao tradicional chiller por compressão, descrito acima. Isso por
que, enquanto este último se apresenta como carga elétrica, o outro (de absorção) é carga
térmica, visto que este equipamento é suprido por vapor, gases quentes ou água quente. Na
realidade, o sistema por absorção tem como principal virtude o fato de depender pouco de
energia elétrica. Em certos casos, ele independe totalmente, em sistema pequenos, como
geladeira doméstica (muito usada no interior, onde é precária a eletrificação, consumindo
GLP ou querosene). Apesar de ter uma eficiência menor do que o convencional por
compressor, o sistema de absorção viabiliza o de cogeração na medida em que desloca para a
parcela de demanda térmica o que seria uma demanda elétrica, melhorando o balanço
termoelétrico. O efeito de refrigeração (coeficiente de eficácia) de um sistema por absorção é
cerca de quatro vezes menor do que o de um sistema por compressor. Cada TR (tonelada de
refrigeração) demandada pelo ambiente faz um sistema por compressores exigir cerca de 0,9
kW do acionador. Se for utilizado um sistema de absorção, a demanda equivalente sobe para
3,5 kW. Porém, como o sistema de absorção consome uma energia que seria desperdiçada
caso não houvesse co-geração, essa diferença se compensa. Em termos de custo, o chiller de
absorção é um pouco mais caro do que o de compressão. Entretanto, o sistema de
refrigeração ambiental como um todo, tirando o chiller, é praticamente o mesmo para os dois
tipos. No final, a diferença entre uma alternativa e outra acaba pesando pouco na decisão.
Existe um tipo de tarifa, na maioria das concessionárias, que atende a essa forma de contrato
que é a Tarifa de Emergência. Por ser esta hoje considerada alta, pode-se também negociar a
DSR (demanda suplementar reserva, ver cap. IV tópico 4.3) compondo as tarifas normais e
de emergência. Ou seja, se for de interesse da concessionária, pode-se contratar o
fornecimento para paralisações inesperadas pela tarifa de emergência, e a parada programada
pela tarifa normal. Hoje, pela nova regulamentação do setor elétrico, o auto-produtor
qualificado como co-gerador pode adquirir a energia no mercado e contratar com a
concessionária local apenas o uso do sistema de distribuição, com tarifas reguladas e com
um fator de desconto para utilização em até doze vezes por ano.1
1
Res. Aneel 371/1999
2
Manutenção sob condição, ou seja, decidida em função de inspeção prévia.
a- turbina de contrapressão
b- turbina de condensação
c- turbina de condensação com extração
No ANEXO 3 (Co-geração com turbinas a vapor) esse tópico está mais detalhado.
12.6. Viabilidade
co-geração3. Isso ocorre porque a relação entre energia elétrica e energia térmica geradas via
turbina ou motor se mantém aproximadamente constante e elas precisam ser aproveitadas ao
máximo para garantir a alta eficiência do sistema. Entretanto o uso de queima suplementar
na caldeira ou de chillers elétricos pode ajudar a ajustar a relação de demandas (elétrica e
térmica) do cliente à relação entre as potências térmica e elétrica co-geradas.
Outro fator que deve ser levado em conta na avaliação técnica da aplicabilidade de um
sistema de co-geração é a temperatura do “sopro” quente a ser aproveitado. Se a opção for a
configuração em que se gera inicialmente energia elétrica por um acionador a combustão, a
temperatura dos gases exaustos pode chegar a 450º C, no caso de motores, ou a 550o C no
caso das turbinas. Isso limita a aplicação dessa alternativa, que se tornaria inadequada para
temperaturas muito acima dessa faixa, como é o caso, por exemplo, da indústria de vidro, em
que a temperatura do processo está acima de 1000oCelsius. Já o setor de cerâmica branca,
que possui secador para a pasta obtida pela mistura dos componentes minerais (argilas,
saibro etc.) em base d'água, tem implementado co-geração com turbinas a gás natural nos
países de grande tradição e importância no mercado mundial desse produto, como é o caso
da Espanha e da Itália, exatamente porque as temperaturas dos processos de secagem (nos
chamados spray dryers ou atomizers), normalmente por queima direta de gás, e o excesso de
ar são muito próximos dos encontrados nos gases de descargas das turbinas, permitindo o
total aproveitamento destes ao mesmo tempo que é gerada toda a energia elétrica demandada
pela planta (BARONCINI e CHIARINI, 1995).
Esse tipo de indústria se caracteriza por processos em que há grande demanda de energia
térmica na forma de vapor, para acionamento por turbinas, ou para aquecimento ou ainda
para introdução direta no processo, e também grande demanda de energia elétrica para
acionamento de bombas, compressores, sopradores etc. O que encontramos normalmente
nessas plantas é a co-geração aplicada na forma de geração inicial de vapor de alta pressão
utilizado para gerar energia elétrica através de turbinas a vapor, e o vapor para o processo
pode ser ou das turbinas de contrapressão ou de turbinas de condensação com extração. As
figuras 2, 3, 4 e 15 (abaixo) mostram exemplos simplificados de instalações típicas desse
tipo de aplicação da co-geração.
3
Se o vapor for de 10 bar saturado seco, o consumo de 15 t/h equivale a aproximadamente 11 MWth
(megawatts térmicos).
Essas plantas costumam demandar, além de energia elétrica, energia térmica na forma de
vapor e frio. Uma configuração possível poderia ser a da figura 16.
A planta de produção de cerâmica branca se mostra uma das mais favoráveis para utilização
de co-geração. Isso porque ela demanda uma grande quantidade de calor, normalmente de
gás queimado, numa temperatura, para secagem, compatível com a da exaustão de uma
turbina a gás ou diesel. A configuração seria simplesmente a das figuras 6 e 17 (abaixo).
A co-geração tem sido considerada uma solução energética benéfica para o meio ambiente,
na medida em que:
Do ponto de vista ambiental há que se comentar que a auto-produção a gás natural, sob a
forma de co-geração, só se apresenta como redutora de emissões quando promove a
substituição do uso de energéticos mais poluentes. Aplicada ao setor comercial ou ao de
serviços, que consomem apenas energia elétrica, não consumindo normalmente
combustíveis mais poluidores como óleo, carvão etc., significa introdução de fonte emissora
que não existia, no local da instalação. Num país onde predomina geração térmica de energia
elétrica, que não é o caso do Brasil, a co-geração como a citada acima aumenta um pouco o
impacto global pela perda de eficiência com planta menor, mas aumenta a diluição de outros
componentes pela geração distribuída.
Estudo de caso realizado pelo autor, sobre projeto de planta no Rio de Janeiro, mostrou que
as emissões de monóxido de carbono e de NOx de plantas de co-geração com motores a gás
natural de cerca de 5 MW podem chegar às de quase 50 ônibus ou caminhões a diesel,
dependendo do motor utilizado. Se considerarmos que o centro da cidade do Rio de Janeiro
teria um potencial de edifícios comerciais que contemplaria um número estimado de plantas
como essa na ordem de 40, e se todas as implementassem, isso equivaleria a acrescentar
mais 2000 ônibus circulando nesse local, do ponto de vista de poluição pelos gases
estudados. Uma outra comparação que podemos fazer é que essas 40 plantas emitiriam NOx
em quantidade equivalente a 10% do que foi emitido por processos industriais e queima de
combustíveis em fontes estacionárias em Cubatão em todo o ano de 19884. Algumas
medidas mitigadoras poderiam ser tomadas para minimizar os impactos causados pelas
emissões das plantas de co-geração. Uma delas é procurar instalar as plantas nas coberturas
dos prédios, ou, se isto não for possível, levar a chaminé até lá, de modo a facilitar a
dispersão dos gases. Outra forma, mais onerosa, seria instalar filtros nas chaminés para reter
pelo menos parte das substâncias poluidoras. É preciso levar em conta também o problema
do ruído, que pode ser reduzido pela utilização de cabines acusticamente isoladas.
Em outras palavras, qualquer que seja a motivação que o empresário tenha ao buscar a co-
geração, a análise verificará se a redução que se pode obter nos custos de aquisição da
energia é suficiente para garantir um retorno adequado para o investimento a ser realizado.
Como exemplo, uma empresa que compra gás (para queimar em caldeiras) e eletricidade,
poderá deixar de comprar esta última e apenas aumentar sua demanda de gás em cerca de
30%. No entanto, isso não significa que haverá redução de custos, pois depende das tarifas
de energia elétrica e de gás. Além disso, mesmo havendo redução de custos operacionais, é
4
CETESB, Relatório de Qualidade do ar na Região Metropolitana de São Paulo e em Cubatão, SP,
1988
preciso avaliar se ela seria suficiente para suportar os custos do capital. Finalmente, e aí que
está a dificuldade da decisão, é preciso encarar os benefícios como valores presentes de um
fluxo de caixa ao longo de 15 ou 20 anos de vida útil da planta de co-geração, pois, em
função das variações dos parâmetros econômicos que contêm incertezas, tais como tarifas,
taxa de câmbio, tributos etc., é possível que em alguns períodos de tempo a planta dê lucro e
em outros, prejuízo.
Do conceito técnico de co-geração devemos destacar alguns aspectos que nos ajudam a ter
uma idéia de em quais instalações de utilidades a alternativa pode vir a se viabilizar
economicamente.
O equipamento acionador do gerador mantém uma relação quase constante entre energia
mecânica produzida no eixo e energia térmica disponibilizada nos gases da descarga. Com
base em dados de fabricantes5 essa relação é de cerca de 1:2 no caso de turbina a gás e cerca
de 1,6:1 no caso de motor a gás. Isso significa que uma planta com demanda térmica com
valor que seja o dobro da demanda elétrica (na mesma unidade de engenharia) tende a ter
vocação para co-geração com turbina. Se a demanda elétrica for apenas um pouco maior do
que a térmica, e dependendo do seu valor, é possível que motores a gás atendam e a co-
geração se viabilize. Além disso as duas precisam apresentar alguma coincidência no tempo,
para não haver excedente não aproveitado. Como já citado, o uso de queima suplementar na
caldeira ou de chillers elétricos pode ajudar a ajustar essa relação de demandas.
Outro problema é que um turbo-gerador tem seu rendimento reduzido se operar a uma carga
menor do que a nominal. Isso significa que, quanto mais estáveis forem as demandas de
energia (térmica e elétrica) da planta, melhor para a co-geração. Uma alternativa possível
para o problema de oscilação das demandas é produzir energia elétrica constante (em base)
no sistema de co-geração e suprir a parte variável por compra da concessionária.
5
Solar Turbines, Waukesha, Caterpillar etc.
Assim, quanto mais o empresário estiver pagando pela energia elétrica, mais viável se torna
a co-geração. Por isso um ponto que precisa ser analisado numa primeira abordagem é o tipo
de contrato que o cliente tem com a concessionária de energia. Quanto maior for a tensão de
suprimento mais barata é a energia. Por exemplo, em uma determinada concessionária um
cliente A4 (recebendo em, digamos, 13,8 kV) pode estar pagando cerca de R$ 200 /MWh na
compra de energia. Um outro cliente A2 (recebendo em 138 kV) pode ter um custo de R$
100/MWh. Evidentemente que o primeiro tem muito mais chances de ter a co-geração
viabilizada do que o segundo.
Outro aspecto é o custo de operação e manutenção que uma planta de co-geração requer.
Indo ao extremo de um cliente como um shopping center, no qual o único consumo (sem
auto-produção) é de energia elétrica (para suas demandas elétrica e térmica de ar
condicionado) a implementação de uma planta de co-geração introduzirá um custo adicional
de operação e manutenção (e possivelmente de administração) que antes ele não possuía6.
Se uma empresa apresenta uma relação entre energia elétrica e energia térmica demandadas,
tecnicamente favorável à implementação de um sistema de co-geração, há grandes chances
6
Isso sugere mais um ponto positivo para a co-geração: pode propiciar aumento do nível de
emprego.
7
ver resolução 371 de 1999, da Aneel.
de a viabilidade econômica ocorrer. Porém, diversos outros fatores têm de estar presentes
para que o benefício econômico, representado por um ganho obtido na redução de custos,
venha a ser suficiente para propiciar retorno, em prazo compatível, ao investimento a ser
realizado. Dentre os vários fatores podemos destacar:
• o custo total que será evitado (custo de energia elétrica comprada e custo de combustíveis
na atual configuração);
• o custo do capital a ser aplicado ao investimento das novas instalações, incluindo-se aí
tanto o capital próprio como o de terceiros (costuma ficar na faixa de 800 a 1200 US$/kW
instalado);
• a tarifa do gás os custos de operação e manutenção que os novos equipamentos irão exigir
(na faixa de 3 a 8 US$/MWh gerado) e
• o custo associado ao contrato de back-up de energia elétrica para cobrir paradas,
programadas ou não, dos geradores.
Por outro lado, não é correto fazer uma avaliação estática dos resultados econômicos de uma
planta em função de parâmetros que não são fixos ao longo do tempo, visto que todo
investimento pressupõe uma vida útil em que o resultado final é o resultado líquido de toda
esta vida útil. Há de se fazer portanto uma análise mais refinada na qual deverão entrar
projeções de valores para parâmetros tais como tarifas de energia elétrica, preços de
combustíveis, taxas de câmbio, taxas de inflação etc., de preferência acompanhadas de
quantificação das incertezas, associadas a esses inputs de modelos financeiros de fluxo de
caixa descontado.
Em primeiro lugar a auto-produção de energia elétrica implica em investimentos que não são
pequenos. Como ordem de grandeza, uma fábrica que demanda 5000 kW em média, e pode
aproveitar todo o calor produzido por uma máquina de combustão, terá que investir de 5 a 8
milhões de dólares para conquistar sua independência. Portanto terá que reduzir seus custos
operacionais anuais em cerca de 1,5 a 2 milhões de dólares para ter retorno em 5 anos
(considerando os custos financeiros do mercado atual). Esses números são estimados, e só
servem para se ter uma idéia dos valores envolvidos.
Nesse tópico nos referimos a condições mais abrangentes de vocação de uma instalação para
co-geração. Temos que considerar os seguintes:
- tarifas praticadas, ou negociáveis, de energia elétrica: quanto maiores mais favoráveis à co-
geração;
- preço do combustível consumido atualmente: idem;