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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL EM MONTAGEM INDUSTRIAL

TÉCNICAS DE INSPEÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE

PROFESSOR: JOSÉ LUIZ FERREIRA MARTINS.

ALUNOS: ALEX PEREIRA DE SOUZA E MAURO MUNIZ DE CASTRO

RELATÓRIO DE ENSAIOS NÃO


DETRUTIVOS

NITERÓI-RJ, 04 DE DEZEMBRO DE 2017.


RELATÓRIO DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS
Tema: Inspeção Visual, Líquido Penetrante e Partículas Magnéticas

Professor: José Luiz Ferreira Martins

Alunos: Mauro Muniz de Castro e Alex Pereira de Souza

Turma: Mestrado Profissional em Montagem Industrial


RESUMO

Os ensaios não destrutivos (END) são largamente empregados na


indústria,a fim de inspecionar as peças ou estruturas contra descontinuidades que
podem comprometer a resistência dos materiais, além de conferir qualidade. Para
realização de END em aula de laboratório foram realizados os ensaios de líquido
penetrante, partículas magnéticas e ultrasson para detecção de descontinuidades
superficiais e sub superficiais em corpos de prova soldado.

Palavras-chave: END, indústria, resistência dos materiais, qualidade


SUMÁRIO

1- Introdução...............................................................................................................5

2- Objetivo.....................................................................................................................6

3- Materiais e Métodos..................................................................................................6

3.1- Líquido Penetrante e Partículas Magnéticas.........................................................6

3.2- Ensaio de Ultrasson...............................................................................................7

4- Resultados e Discussões........................................................................................10

4.1- Inspeção Visual....................................................................................................10

4.2- Inspeção por Líquido Penetrante.........................................................................11

4.3- Inspeção por Partículas Magnéticas....................................................................15

4.4- Inspeção por ensaio de ultrassom.......................................................................17

5- Conclusão.............................................................................................................20

6- Bibliografia...............................................................................................................20

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1- Introdução

Ensaios não destrutivos (END) são métodos de inspeção, no qual se


mantêm a integridade do material ou equipamento sem danificá-lo para o uso e
podem ser realizados durante o processo de fabricação, construção, montagem e
manutenção. Os ENDs são amplamente utilizados nos mais diversos setores da
indústria, pois aumentam a qualidade do produto, proporciona redução de custos,
não agridem o meio ambiente e aumentam a competitividade entre as empresas
devido ao maior controle das características dos seus produtos [1].

Um dos ENDs mais aplicados na metal- mecânica é o ensaio por líquido


penetrante (LP), cuja finalidade é detectar descontinuidades superficiais ainda que
estejam abertas na superfície do material. Consiste basicamente na penetração de
um líquido na descontinuidade e posteriormente a aplicação de outro líquido
revelador que mostra a forma da descontinuidade [2].

Outro END muito utilizado é o ensaio por partículas magnéticas (PM), cuja
finalidade é detectar descontinuidades superficiais e sub-superficiais em peças/
materiais ferromagnéticos. Consiste basicamente na aplicação de campo magnético
em parte da peça ou na região onde deseja-se inspecionar, gerando um campo de
fuga onde não houver continuidade, inserindo logo após partículas ferromagnéticas
que irão se aglomerar onde foram gerados os campos de fuga, revelando contornos
de descontinuidades existentes [3].

Outro END muito empregado é o ensaio por ultrassom (US), cuja finalidade
é detectar descontinuidades internas nas peças/ materiais ferrosos e não ferrosos.
Consiste basicamente na aplicação de vibração ou onda ultrassônica num meio
elástico através de aparelhos especiais que também captam reflexões do interior do
material ensaiado, possibilitando assim, a interpretação de falhas internas e
descontinuidades [4].

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2- Objetivo

Realização de ENDs para identificação de descontinuidades superficiais e


sub superficiais em soldas de peças metálicas previamentepreparadas.

3- Materiais e Métodos

3.1- Líquido Penetrante e Partículas Magnéticas

No dia 09 de outubro de 2017, na sala 302b, bloco D, da Universidade


Federal Fluminense, situada na Rua Passos da Pátria em Niterói, foi realizada aula
experimental de laboratório, ministrada pelo professor José Luiz Ferreira Martins,
para a turma de mestrado profissional em montagem industrial, sob o tema:
inspeção visual, líquido penetrante e partículas magnéticas.

As peças que foram inspecionadas em aço carbono consistiam em:

4 chapas de espessura 8 mm, com solda de topo (chapa 1, chapa 2, chapa


3, e chapa 4)

2 Tês com solda de filete (T1 e T2)

1 chapa com multipasses de solda de topo (chapa multipasse)

1 chapa de espessura 14 mm, com solda de topo (chapa grossa)

1 tubo

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Figura 1- Chapas 1, 2, 3, 4 e grossa. Fonte: Próprio autor.

Figura 2: Chapa multipasse e tês. Fonte: Próprio autor.

Figura 3: Tubo, Fonte: Próprio autor.

3.2- Ensaio de Ultrasson

No dia 13 de novembro 2017, na sala 302b, bloco D, da Universidade


Federal Fluminense, situada na Rua Passos da Pátria em Niterói, foi realizada
aula experimental de laboratório, ministrada pelo professor José Luiz Ferreira
Martins, para a turma de mestrado profissional em montagem industrial, sob o
tema ensaio de ultrassom.

As peças que foram inspecionadas em aço carbono consistiam em:


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1 bloco padrão K1/V1

1bloco padrão K2/V2

1 Bloco escalonado

1 Peça cilíndrica com furos e rebaixos

1 Transdutor simples de diâmetro 10mm

1 Transdutor dumplo cristal de diâmetro10mm

1 Transdutor angular 8x9mm, 45º

1 Transdutor angular 8x9mm, 60º

1 Transdutor angular 8x9mm, 70º

1 Aparelho de ultrassom ISONIC 2005

Figura 4- Bloco padrão K1/V1 e K2/V2, CP soldado, peça com rasgo em V e óleo condutor.
Fonte: Próprio autor.

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Figura 5- Peça cilíndrica com furos e rebaixos. Fonte: Próprio autor.

Figura 6- Bloco de alumínio. Fonte: Próprio autor.

Figura 7- Transdutores simples, duplo cristal e angulares: Fonte próprio autor.

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Figura 8- Aparelho de ultrassom ISONIC 2005. Fonte: Próprio autor.

4- Resultados e Discussões

4.1- Inspeção Visual

Inicialmente foram realizadas inspeções visuais em todas as peças,


sendo anotadas quais as descontinuidades identificadas em cada peça. Para
auxiliar na identificação das descontinuidades foi utilizada uma lista de
descontinuidades que podem ser identificadas através de inspeção visual.

A lista consiste em:

1- Falta de Fusão
2- Poro superficial
3- Trinca
4- Escória superficial
5- Sobreposição
6- Mordedura (reforço / raíz)
7- Deposição insuficiente
8- Abertura de arco
9- Respingo
10- Reforço Excessivo
11- Desalinhamento

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12- Concavidade
13- Falta ou excesso de penetração

Após inspeção visual de cada peça, foram identificadas as seguintes


descontinuidades:

Chapa 1- descontinuidades tipo 1, 2, 6, 9, 11, e 13

Chapa 2- descontinuidades tipo 1, 2, 6, 7, 9, 11 e 13

Chapa 3- descontinuidades tipo 1, 2, 7, 9, 13

Chapa 4- descontinuidades tipo 2, 6, 9, e 13

Chapa grossa- descontinuidades tipo 5, 10, 11 e 13

Chapa multipasse– descontinuidades tipo 1, 2, 5, 7, 10, 11, e 13

T1 – descontinuidades tipo 2, 10, e 11

T2 – descontinuidades tipo 1, 2, 6, 7, 9, 11, e 13

OBS: Cabe ressaltar que não estavam disponíveis as especificações de


procedimento de soldagem (EPS) das peças inspecionadas, assim sendo,
informações importantes como o comprimento de perna das soldas de filete não
puderam ser analisadas.

4.2- Inspeção por Líquido Penetrante

Após realizar as inspeções visuais, foram escolhidas duas chapas


(dentre as chapas de 8 mm de espessura) para realização de inspeção por
líquido penetrante. O critério para escolha das chapas foi a expectativa de se
identificar maior quantidade de defeitos com líquido penetrante, com este
enfoque foram escolhidas as chapas 2 e 3. A chapa grossa foi indicada pelo
Professor José Luiz para que também fosse realizada inspeção por líquido
penetrante, mesmo apresentando poucas descontinuidades na inspeção visual.

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Para a realização do ensaio de líquido penetrante na chapa grossa e nas
chapas 2 e 3 foi realizada inicialmente a preparação das mesmas. A preparação
consistiu na aplicação de removedor com pano, escovação com escova manual
de cerdas de aço, e passagem de pano limpo sobre a solda até o mesmo
apresentar o mesmo aspecto limpo após ser passado sobre a solda. O objetivo
da preparação é a retirada de sujeiras e contaminantes que possam estar
presentes sobre a solda e prejudicar o acesso do líquido penetrante às
descontinuidades, e assim comprometer o ensaio não destrutivo em questão.

Figura 4: Preparação para LP. Fonte: Próprio autor

Com a etapa de preparação concluída, foi aplicado o líquido penetrante


nas soldas das chapas, conforme Figuras abaixo, e aguardado o tempo de 7
minutos (para atender ao ASME V) para que líquido pudesse preencher as
possíveis descontinuidades com abertura para superfície, fazendo-se valer do
fenômeno da capilaridade.

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Figura 5: Chapas 2, 3 e grossa após aplicação de LP. Fonte: Próprio autor.

Passados os 7 minutos, foi removido o excesso do líquido penetrante das


chapas com o auxílio de panos e removedor.

Figura 6: Remoção de excesso de líquido penetrante. Fonte: Próprio autor.

Na sequência, foi aplicado o revelador e aguardado 7 minutos para


realização da primeira verificação de descontinuidades reveladas, por tratar-se
de líquido penetrante removível à solvente, a verificação final deve ser realizada
após o tempo de 60 minutos de aplicação do revelador. No ensaio realizado, que
possui fins didáticos, não foi aguardado o tempo de 60 minutos para a verificação
final. Nas Figuras abaixo se pode notar as descontinuidades identificadas na
chapa grossa e nas chapas 2 e 3 através do ensaio de líquido penetrante.

Figura 7: Trinca identificada na chapa por LP. Fonte: Próprio autor

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Figura 8: Indicações na chapa 2 por LP. Fonte: Próprio autor

Figura 9: Indicações na chapa 3 por LP. Fonte: Próprio autor.

Pode-se notar que a chapa grossa, que apresentou relativamente poucas


descontinuidades na inspeção visual, apresentou uma trinca de 5mm de
comprimento na inspeção por líquido penetrante.

Ao fim do ensaio foi utilizada escova de aço e pano com removedor para
limpeza final das peças.

Cabe ressaltar que não foram utilizados equipamentos de proteção


individual (EPIs) em nenhuma das etapas de preparação e ensaio por líquido
penetrante por não estarem disponíveis. Outra observação importante está no
fato do kit utilizado (removedor, líquido penetrante e revelador) estar com a data
de validade vencida.

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4.3- Inspeção por Partículas Magnéticas

A inspeção por partículas magnéticas foi realizada apenas na chapa


grossa, e foi utilizado um yoke e partículas magnéticas em via úmida.

Antes da realização da inspeção por partículas magnéticas na peça, foi


realizado teste no yoke para verificação da intensidade do campo magnético
gerado por ele. O teste realizado consistiu no levantamento (lifting force) de uma
massa padrão de 5,5 kg de aço carbono, este teste é previsto na norma
Petrobras N-1598.

Figura 10: Levantamento de massa padrão de 5,5 kg. Fonte: Próprio autor.

Ainda antes da realização da inspeção na chapa grossa, foi também


realizado teste do yoke e partículas na detecção de descontinuidade em duas
chapas com descontinuidades conhecidas elaboradas para este fim. Ambas as
chapas padrão utilizadas seguiam padrões indicados na NBR NM 342:2014, porém,
durante o teste, a detecção das descontinuidades em um destes padrões não obteve
o resultado considerado adequado. De acordo com o Professor José Luiz faz-se
necessário ajuste na chapa padrão. A outra chapa de teste possuía um entalhe de
profundidade progressiva feito na face oposta a do ensaio, nesta chapa houve a
detecção do entalhe no teste, conforme Figura abaixo.

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Figura 11: Teste do yoke e partículas magnéticas. Fonte: Próprio autor

Para a realização da inspeção por partículas magnéticas na chapa


grossa foi primeiramente aplicado um contraste branco sobre a solda e
aguardado 5 minutos para secagem do mesmo. A aplicação de contraste facilita
a visualização da aglomeração das partículas magnéticas sobre as
descontinuidades da peça. As aglomerações das partículas magnéticas ocorrem
em função dos campos de fuga do fluxo magnético causados pelas próprias
descontinuidades.

Após aguardarmos a secagem do contraste, o yoke foi encostado na


peça de forma cruzada sobre o cordão de solda e o botão de geração de campo
magnético foi acionado no yoke, na sequência as partículas magnéticas foram
aplicadas. Logo após a aplicação das partículas magnéticas sobre a área do
cordão de solda que está sendo ensaiada, foi aplicado sopro de ar (bucal) sobre
as partículas para que o excesso saia de cima da solda e permaneçam apenas
as partículas aglomeradas sobre campos de fuga, conforme citado acima. Desta
forma, já foi possível identificar a existência de várias trincas subsuperficiais na
área ensaiada.

Figura 12: Trincas na chapa grossa – partículas magnéticas. Fonte: Próprio autor

Para continuar o ensaio ao longo de todo o cordão de solda, o


procedimento de aplicação de campo magnético, partículas magnéticas e sopro
foi repetido. Para a detecção de descontinuidades que por ventura estivessem
alinhadas com fluxo magnético da primeira passagem, foi também realizada
passagem de forma cruzada (90 graus) em relação à primeira passagem.

4.4- Inspeção por ensaio de ultrassom

Para a realização da inspeção por ensaio de ultrasson, foi inicialmente


feita a inspeção visual nas peças em aço, a fim de detectar possíveis vazios ou
furos presentes principalmente nos blocos padrão K1/V1, K2/V2 e bloco
escalonado. Em seguida foi realiza a calibragem do aparelho, a fim de determinar
alguns parâmetros de ensaio como: range, ganho, velocidade e delay. O ajuste
dos parâmetros supracitados são imprescindíveis para a leitura correta no display
do aparelho e interpretação de descontinuidades.

A atividade prática consistiu no uso dos blocos padrões para a


identificação de furos e rasgos padrões no caso do uso dos transdutores simples,
duplo cristal e angulares. Na peça escalonada, foi medida a espessura através
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do deslocamento do centro para as bordas do bloco com o transdutor de duplo
cristal. Para a inspeção da peça cilíndrica, foram identificados os centros dos
furos no quadrante 1-2.

Figura 13- detecção de furo em bloco padrão K1/V1.

Figura 14- detecção de furo em bloco padrão K2/V2.

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Figura 15- Detecção de espessuras em peça escalonada.

Figura 16- detecção de furos em peça cilíndrica.

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5- Conclusão

As inspeções visuais, por líquidos penetrantes, e por partículas


magnéticas podem ser aplicadas de forma complementar, tendo em vista as
facilidades de aplicação de cada um dos métodos, pois possibilitam sensibilidade
aos tipos de descontinuidades que são capazes de detectar. Faz-se necessário
atenção para as limitações de cada uma das técnicas de ensaios não destrutivos,
sendo necessário a realização de ensaios que revelem as possíveis
descontinuidades de cada processo de fabricação (peças novas), ou
consequentes do uso.

Figura 2: Chapa multipasses e tês. Fonte: Próprio autor.

6- Bibliografia

[1]Disponível em <http://www.abendi.org.br/abendi/default.aspx?
mn=709&c=17&s=&friendly=>, acessado em 28/11/2017.

[2] ABENDI. Líquidos Penetrantes. São Paulo, Associação Brasileira de Ensaios


Não Destrutivos e Inspeção (ABENDI), 2016.

[3] ABENDI. Partículas Magnéticas. São Paulo, Associação Brasileira de Ensaios


Não Destrutivos e Inspeção (ABENDI), 2016.

[4] ABENDI. Ensaio por Ultrasson. São Paulo, Associação Brasileira de Ensaios
Não Destrutivos e Inspeção (ABENDI), 2016.

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