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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM


Departamento de XXX

Sigla: HL 053
Júlia Caroline Milanezi Ferreira RA:252549

Estudo dirigido 1

A seguir, são propostas questões sobre os textos “Neurolinguística”, bem como sobre o livro de
E. Ahlsén, “Introduction to Neurolinguistics” ( 2—6; parte I).

1) Levando em conta as diferentes definições de Neurolinguística, como podem ser


entendidas as relações entre linguagem, cérebro e cognição?

A Neurolinguística estuda as relações entre linguagem, cérebro e cognição de diversas formas.


Na perspectiva cognitiva, explora como o cérebro lida com a linguagem como uma atividade mental,
analisando como as estruturas gramaticais e o significado são processados.
A abordagem neurobiológica foca nas bases biológicas da linguagem, examinando as
estruturas neurais e possíveis alterações devido a lesões ou desenvolvimento atípico.
A perspectiva desenvolvimental investiga como a linguagem é aprendida ao longo do tempo,
considerando fatores genéticos, ambientais e neurológicos.
No contexto clínico, a Neurolinguística é aplicada para compreender distúrbios da linguagem,
como afasia e dislexia, centrando-se nas relações entre lesões cerebrais e déficits linguísticos.
A abordagem cultural e sociolinguística explora como fatores culturais e sociais influenciam a
linguagem e sua relação com o cérebro. Essas perspectivas diversas contribuem para uma
compreensão abrangente da interação entre linguagem, cérebro e cognição.

2) O que mais chama a sua atenção em relação às condições de surgimento da


neurolinguística?
O que mais se destaca nas condições de surgimento da Neurolinguística é a sua abordagem
interdisciplinar e a confluência de diferentes áreas de estudo, como linguística, neurociência e
psicologia cognitiva. Essa disciplina surgiu da necessidade de compreender as complexas relações
entre linguagem, cérebro e cognição. O foco na investigação das bases neurais da linguagem, aliado
aos progressos tecnológicos em neuroimagem, resultou em um campo promissor de pesquisa. Além
disso, a Neurolinguística foi impulsionada pelo interesse em compreender distúrbios linguísticos e as
implicações práticas para a reabilitação após lesões cerebrais. A diversidade de perspectivas, desde o
processamento cognitivo até as influências culturais, destaca a amplitude e a relevância da
Neurolinguística na compreensão da complexa interação entre linguagem e mente.

3) Conforme o texto Neurolinguística, que contribuições foram dadas por Roman


Jakobson a essa área?
Roman introduziu conceitos que exploram a interconexão entre linguagem, cérebro e
comunicação, introduzindo a teoria das funções da linguagem, teoria que traçou seis funções para a
linguagem, sendo elas, emotiva, conativa, referencial, poética, metalinguística e fática. Esta teoria
destacou a diversidade de usos da linguagem para expressar informações de diferentes naturezas,
sugerindo implicações significativas para a compreensão cerebral da linguagem, considerando seus
aspectos emocionais, cognitivos e sociais.
Jakobson também enfatizou a relevância do contexto e da comunicação na compreensão
linguística, argumentando que a linguagem não é uma estrutura isolada, mas está intrinsecamente
ligada às interações sociais e à comunicação, o que se tornou crucial para a perspectiva da
neurolinguística, sugerindo que a compreensão vai além dos processos cerebrais.
Seus estudos sobre afasia também foram norteadores para a neurolinguística, investigando as
diferentes manifestações que a afasia pode gerar e fazendo relação entre estrutura da linguagem e
localização cerebral. Além disso, sua exploração sobre os aspectos sonoros da linguagem, como
fonética e fonologia, também desempenhou um papel relevante. Investigando a produção e percepção
dos sons da fala, ele ofereceu percepções cruciais para compreender tanto a linguagem falada quanto
sua interpretação cerebral.
Seu interesse na poética e na criatividade linguística proporcionou uma compreensão mais
profunda de como o cérebro lida com a linguagem em contextos criativos e poéticos. Essa abordagem
enriqueceu a compreensão da variedade de expressões linguísticas.

4) Quais os temas que compõem, atualmente, a agenda da Neurolinguística? Quais os


temas de interesse comum que essa área tem com a Linguística e as Neurociências?
A agenda da Neurolinguística abrange uma ampla variedade de temas de pesquisa que buscam
entender as complexas relações entre linguagem, cérebro e cognição. Entre esses temas, destaca-se o
estudo do processamento da linguagem, investigando como o cérebro processa diferentes aspectos
linguísticos. Isso inclui a sintaxe, semântica, fonologia e morfologia, com foco na análise dos padrões
de atividade cerebral durante a compreensão e produção da linguagem.
Realiza estudos sobre distúrbios da linguagem, como afasia, dislexia e apraxia da fala, visando
compreender como lesões cerebrais afetam a linguagem e identificar as áreas cerebrais envolvidas em
diferentes aspectos linguísticos.
Outro ponto de interesse é o desenvolvimento da linguagem ao longo da vida, tanto em
crianças quanto em adultos. Isso implica o estudo dos estágios típicos de aquisição da linguagem e a
investigação de fatores que influenciam esse processo. Também explora o bilinguismo e
multilinguismo, investigando como o cérebro lida com múltiplos idiomas e como os sistemas
linguísticos interagem em pessoas bilíngues ou multilíngues.
Além desses temas específicos da Neurolinguística, há áreas de interesse comum entre
Linguística e Neurociências. Isso inclui a compreensão da linguagem como um fenômeno complexo,
envolvendo aspectos cognitivos, cerebrais e linguísticos. Ambas as disciplinas compartilham o
interesse na estrutura da linguagem, incluindo sintaxe, semântica, fonologia e morfologia. O
processamento da linguagem também é um ponto comum de interesse, embora a Neurolinguística
acrescente a dimensão neural, buscando entender as áreas cerebrais envolvidas nesse processo.
Outros pontos de convergência incluem as origens evolutivas e o desenvolvimento da
linguagem, bem como o estudo de distúrbios da linguagem e os métodos de pesquisa, como
experimentos comportamentais, estudos de neuroimagem e análises linguísticas.

*Capítulos indicados no programa da disciplina da obra “Origens Culturais do Conhecimento


Humano”, de Michael Tomasello (2003)
1) Problematize o “enigma” apontado por Tomasello, assim como identifique e explique
“a chave” que o autor aponta para resolvê-lo.

Na obra, Tomasello explora um enigma relacionado à evolução da cognição humana e à


habilidade de compartilhar conhecimento e intenções. O enigma destaca a transição entre o
comportamento social dos primatas não humanos e as habilidades cognitivas únicas dos seres
humanos. Ele observa que, apesar da capacidade limitada dos primatas não humanos para a
cooperação e ação conjunta, eles não demonstram a mesma forma complexa de colaboração e
compartilhamento de intenções presentes nos seres humanos. Os primatas não humanos têm uma
compreensão rudimentar de ação conjunta, mas não conseguem coordenar ações e compartilhar
intenções de maneira tão elaborada quanto os humanos. Essa capacidade é essencial para atividades
sociais e culturais humanas, como linguagem, aprendizagem colaborativa e formação de instituições
sociais.
Para resolver esse enigma, Tomasello propõe que a chave está na capacidade humana única de
"intencionalidade compartilhada". Essa capacidade é a habilidade dos seres humanos de compartilhar
intenções, atenção e foco em atividades ou objetivos comuns. A intencionalidade compartilhada
permite a coordenação de ações, a compreensão mútua de intenções e a colaboração em níveis mais
avançados do que em qualquer outro animal. Essa capacidade é resultado da evolução cooperativa, em
que os seres humanos se engajam em ações conjuntas e colaborativas orientadas para objetivos
compartilhados, argumentando que essa capacidade é essencial para a construção da cultura humana,
facilitando a comunicação, a aprendizagem colaborativa e a transmissão cultural.

2) Considerando a concepção de cognição formulada pelo autor, aponte as diferenças e


semelhanças por ele destacadas entre cognição primata não humana e cognição primata
humana.
Sobre as diferenças, destaca-se a capacidade única dos humanos da intencionalidade
compartilhada. Enquanto primatas não humanos têm alguma habilidade para ação conjunta, a
intencionalidade compartilhada é significativamente mais complexa nos seres humanos,
desempenhando um papel crucial na comunicação e colaboração cultural.
Os humanos exibem uma compreensão e colaboração em objetivos e intenções
compartilhados de forma mais sofisticada do que os primatas não humanos, facilitando a realização de
ações coordenadas e complexas. Outra diferença destacada é a capacidade exclusiva de aprendizado
cultural dos humanos, que se baseia na observação, demonstração e ensino por outros indivíduos.
Nas semelhanças, ambos os grupos, primatas não humanos e humanos, possuem a habilidade
de realizar ações conjuntas, embora essa capacidade seja mais desenvolvida nos seres humanos em
termos de complexidade e natureza compartilhada das ações. Ambos também exibem percepção
social, sendo capazes de perceber as ações e intenções de outros membros de sua espécie, o que é
crucial para a interação social e comunicação.
Além disso, ambos têm a capacidade de resolver problemas de maneira adaptativa, mas a
colaboração humana em soluções complexas é mais avançada. E tanto um quanto o outro, mostram
sinais de cognição social, incluindo a capacidade de entender relações sociais e formar alianças,
embora a cognição social seja mais sofisticada nos seres humanos.

*Capítulos indicados no programa da disciplina da obra “Fundamentos de Neuropsicologia”,


de A. R. Luria (1981)
1) Considerando o capítulo a respeito da organização funcional da atividade cerebral,
explique como o autor define e estabelece a relação entre “lesão”, “sintoma” e “função”.
A "lesão" é referente aos danos específicos em áreas do cérebro, frequentemente causados por
acidentes, traumas, doenças ou distúrbios neurológicos. Por sua vez, o "sintoma" representa as
modificações observáveis ou relatadas no comportamento, cognição ou em outras funções do
indivíduo, resultantes dessas lesões cerebrais, incluindo mudanças em habilidades linguísticas,
memória, atenção, percepção, entre outras. A "função" diz respeito às habilidades cognitivas,
sensoriais, motoras e outras atividades mentais e físicas executadas pelo cérebro, as quais são
comprometidas quando ocorre uma lesão cerebral. O autor destaca que as lesões cerebrais não afetam
apenas áreas isoladas do cérebro, mas também causam uma desorganização funcional em todo o
sistema neuropsicológico.
Essa relação é abordada por meio dos seguintes conceitos:
- Síndrome: Ele introduz o termo "síndrome" para descrever um conjunto específico de
sintomas decorrentes de uma lesão cerebral, caracterizado por um padrão distinto de
alterações em diferentes funções cognitivas e comportamentais.
- Bloqueio Funcional: a lesão cerebral não apenas causa déficits nas funções associadas
diretamente à área lesionada, mas também resulta em um bloqueio funcional que afeta áreas
interconectadas, manifestando-se em sintomas aparentemente desconexos.
- Reorganização: Destaca a capacidade do cérebro de reorganizar suas funções após uma lesão,
observando que, em alguns casos, outras áreas podem assumir as funções prejudicadas.
Luria enfatiza a importância de uma abordagem detalhada e integral na avaliação de pacientes
com lesões cerebrais, considerando minuciosamente as capacidades cognitivas e as relações
funcionais entre diferentes áreas do cérebro.

2) Explique como ocorre a organização da atividade mental, segundo Luria.


Luria desenvolveu um modelo que busca compreender a distribuição e interação das funções
cognitivas no cérebro, visando sustentar atividades mentais complexas. Nessa abordagem, o cérebro
humano é concebido como uma rede intricada de interações funcionais, não redutível a áreas isoladas.
Identificou-se três unidades principais, a primeira, localizada no lobo occipital e áreas parietal e
temporal, trata da percepção e processamento sensorial, a segunda, na área pré-frontal, está envolvida
no planejamento, controle motor e execução de atividade e a terceira, no lobo temporal, sendo
relacionada à linguagem e ao processamento simbólico.
É relevante a interconexão dessas unidades, operando de maneira integrada para conduzir
atividades mentais. Além disso, destaca-se a importância das "zonas corticais associativas",
estabelecendo conexões entre distintas áreas cerebrais e facilitando a integração de informações
diversas. Tais zonas desempenham um papel crucial em processos mentais avançados, como memória
e resolução de problemas.

3) Identifique e conceitue as três principais “unidades cerebrais funcionais” descritas


pelo autor. Em seguida, aponte como ele estabelece uma relação entre elas.
Luria descreveu três principais "unidades cerebrais funcionais" que ele acreditava serem
responsáveis por diferentes aspectos da atividade mental. Essas unidades funcionais são definidas da
seguinte maneira, a unidade funcional do cérebro posterior (Sensório), esta unidade está relacionada
às áreas do lobo occipital, parietal e temporal do cérebro. Lida com a percepção e processamento de
informações sensoriais provenientes do ambiente, transformando essas informações em
representações cognitivas e perceptuais.

Já unidade funcional do cérebro anterior (Motor) está localizada na área pré-frontal do


cérebro, esta unidade está envolvida no planejamento, controle e execução de atividades motoras e
comportamentais, vai regular as ações voluntárias, processos de tomada de decisão, organização de
comportamentos complexos e coordenação de movimentos. A unidade funcional do cérebro temporal
médio (Linguagem) está no lobo temporal, e é associada ao processamento de informações
simbólicas, incluindo a linguagem, desempenhando um papel crucial na compreensão e produção da
linguagem, além de estar envolvida no armazenamento de informações verbais e na interpretação de
símbolos e significados culturais.
Luria ainda estabelece uma relação entre essas unidades, trazendo a interconexão entre elas
para sustentar a atividade mental complexa, acreditando que as partes não trabalham separadamente,
mas sim de maneira integrada para a realização das tarefas cognitivas. A interação entre essas
unidades cerebrais funcionais e suas zonas associativas permite que atividades cognitivas mais
complexas, como memória, atenção, solução de problemas e tomada de decisões, sejam realizadas.
Essa interação reflete a complexa natureza da atividade mental humana, em que diferentes áreas
cerebrais trabalham em conjunto para sustentar uma ampla gama de funções cognitivas e
comportamentais.

Estudo dirigido 2

1. Na obra “O normal e o patológico”, Canguilhem afirma: “A delimitação entre o que


pode ser considerado normal e o que deve ser tido como patológico é uma questão que gera
constantes discussões conceituais. No terreno da psicopatologia, essa discussão ainda é mais
relevante, já que sua demarcação é muito mais flutuante e suas fronteiras pouco rígidas”.

Com base nas reflexões do autor na referida obra, de algum modo condensada na passagem
acima, discorra sobre as condições que poderiam ser evocadas para pensar em termos de
continuidade e em termos de ruptura entre normal e patológico em relação à linguagem.
Exemplifique e justifique.
As reflexões de Georges em sua obra "O normal e o patológico" oferecem percepções sobre a
complexidade de estabelecer limites entre o normal e o patológico em diversos campos, incluindo a
linguagem. Ao abordar as condições que podem ser consideradas para refletir sobre a continuidade e a
ruptura entre o normal e o patológico no âmbito linguístico, é essencial levar em conta o contexto e a
perspectiva sob os quais estamos conduzindo a análise.
Em muitos casos, a variação linguística é uma continuidade natural, em diferentes culturas,
regiões e grupos sociais podem ter dialetos e formas de expressão únicas. O que pode ser considerado
"normal" em um contexto linguístico pode ser percebido como "patológico" em outro. Por exemplo,
sotaques regionais podem ser considerados normais em suas respectivas áreas, mas podem ser vistos
como desviantes em uma norma linguística mais ampla.
Pensando que a linguagem está em constante evolução, o que era considerado patológico em
um momento histórico pode se tornar parte da norma em uma época posterior, nesse contexto temos,
por exemplo, palavras, gramática e expressões que mudam com o tempo, e essa evolução é uma
continuidade natural na linguagem.
Por outro lado, existem situações em que ocorre uma ruptura entre o normal e o patológico na
linguagem. A afasia é um exemplo claro dessa condição, sendo uma perturbação da capacidade de
compreender ou produzir linguagem devido a danos cerebrais. Enquanto a maioria das pessoas é
capaz de se comunicar de modo eficiente por meio da linguagem, as pessoas com afasia experimentam
uma interrupção significativa nessa habilidade. Outro exemplo de condição que vai romper essas
barreiras é a dislexia.
Sendo assim, a perspectiva de continuidade e ruptura entre o normal e o patológico na
linguagem depende do contexto, da cultura, da evolução histórica da língua e das condições médicas
individuais. O autor ressalta a flutuabilidade das fronteiras entre esses conceitos, enfatizando que o
que é considerado normal ou patológico pode ser subjetivo e moldado por diversos fatores. A análise
deve levar em consideração essas complexidades para uma compreensão mais completa das questões
relacionadas à linguagem.

2. Considere a passagem abaixo, de autoria de G. Canguilhem, autor da obra “O


normal e o patológico”, considerando as implicações que os arrazoados do autor poderiam
trazer para os campos das patologias de linguagem.

“Ao longo da história, as noções de normalidade e de patologia vêm sendo amplamente


discutidas. Na antiga Grécia, influenciada pelos pensamentos hipocráticos, tinha-se uma
concepção dinâmica acerca da doença. A saúde seria a harmonia e o equilíbrio, enquanto a
doença seria a perturbação deste último. Este desequilíbrio, no entanto, não é considerado de
todo disfuncional, mas sim como uma tentativa da própria natureza de restaurar a saúde e o
equilíbrio anteriores. A doença é, assim, uma reação generalizada com intenção de cura
(CANGUILHEM, 1904)”

De que maneira a doença pode ser distinguida da saúde, segundo Canguilhem? Opine a respeito
dos arrazoados de Canguilhem sobre a questão.

O livro oferece uma visão interessante sobre a distinção entre saúde e doença. Segundo o
autor, essa distinção não é uma linha clara e fixa, mas algo dinâmico e contextualizado. Ele menciona
a influência do pensamento hipocrático, que via a saúde como equilíbrio e harmonia, enquanto a
doença era vista como uma perturbação desse equilíbrio.
O ponto crucial da abordagem é que a doença, ou desequilíbrio, não é necessariamente
prejudicial. Ele argumenta que a doença pode ser uma reação da natureza, uma tentativa do organismo
de restaurar a saúde e o equilíbrio. Dessa forma, a doença pode ser entendida como uma resposta
adaptativa do corpo a desafios. A visão dele sugere que a distinção entre saúde e doença não é uma
separação clara, mas um espectro. Em alguns casos, o que parece uma doença pode ser o corpo
tentando se autorregular e se curar. Essa perspectiva destaca a complexidade do conceito de patologia
e mostra que a fronteira entre normal e patológico é influenciada pelo contexto, cultura e dinâmica do
organismo.
Essa abordagem também se aplica ao campo das patologias de linguagem, e assim como na
saúde física, a linha divisória entre uma linguagem considerada "normal" e "patológica" não é clara e
pode variar dependendo do contexto e perspectiva. Por exemplo, uma criança com um
desenvolvimento linguístico um pouco diferente do esperado pode ser vista como tendo uma
"anormalidade" na linguagem, mas essa diferença pode não ser disfuncional e ser uma resposta
adaptativa às suas necessidades individuais.
Sendo assim, a visão do autor nos lembra da importância de uma compreensão mais ampla e
contextualizada das patologias de linguagem, considerando a complexidade das interações entre
linguagem e indivíduo.

3) Dando como exemplo o astigmatismo, que poderia ser considerado normal em uma
sociedade agrícola, mas patológico para alguém que estivesse na marinha ou na aviação,
Canguilhem afirma que só se compreende bem que é no contexto dos "meios próprios do
homem, que este seja, em momentos diferentes, normal ou anormal". Ou seja, o patológico não
possui uma existência em si, podendo apenas ser concebido numa relação.
Comente as passagens acima, considerando as implicações que os arrazoados do autor
poderiam trazer para o terreno dos estudos da linguagem, patológica ou não.
Nas análises do autor sobre normalidade e patologia, aplicadas aos "meios próprios do
homem", encontramos que o patológico não existe isoladamente, mas apenas em relação.
Considerando a variação linguística e o contexto cultural, assim como no exemplo do astigmatismo, a
linguagem é fortemente influenciada pelo ambiente cultural e social. O que é tido como normal em
linguagem pode variar amplamente entre diferentes comunidades, exigindo uma abordagem nos
estudos linguísticos que leve em conta essa diversidade cultural.
Nas patologias da linguagem, como em distúrbios de fala e comunicação, a perspectiva do
autor traz a importância de avaliações individualizadas, pensando que, o pode ser considerado
patologia linguística para um indivíduo pode não ser o mesmo para outro, dependendo de seus
contextos e necessidades comunicativas. Isso sugere que profissionais de saúde da área da linguagem
devem considerar o contexto do paciente ao diagnosticar e tratar distúrbios de comunicação.
Na evolução linguística, entendemos que a linguagem é dinâmica e muda ao longo do tempo,
e que essas mudanças podem ser percebidas como patológicas em um contexto histórico e, mais tarde,
serem integradas à norma linguística. Isso ressalta a importância de estudar a linguagem em seu
contexto histórico, reconhecendo que as normas linguísticas não são estáticas, mas evoluem com o
tempo. Por fim, a diversidade linguística é uma característica natural da comunicação humana. Em vez
de rotular automaticamente formas de linguagem que não se encaixam em um padrão como
patológicas, os estudiosos de linguística podem adotar uma abordagem mais inclusiva, valorizando a
riqueza da diversidade linguística.

4) A seu ver, quais seriam as implicações do conceito de páthos para a compreensão das
relações entre o normal e o patológico? Justifique.
O termo "páthos", se refere ao sofrimento e à experiência emocional na doença, traz
perspectivas importantes sobre as relações entre o normal e o patológico, esse conceito destaca a
dimensão subjetiva da experiência humana diante da doença, sugerindo que a avaliação do normal e
do patológico não deve ser apenas objetiva, mas considerar as vivências individuais das pessoas com
condições de saúde.
A avaliação médica também é influenciada pelo "páthos", indicando que a abordagem clínica
não deve depender exclusivamente de critérios objetivos, mas considerar o sofrimento emocional do
paciente. Condições de saúde consideradas normais clinicamente podem ser vistas como altamente
patológicas devido ao sofrimento emocional, enfatizando a necessidade de uma abordagem completa
na medicina. A humanização dessa categoria também é incentivada pelo "páthos", enfatizando a
importância de tratar não apenas os sintomas físicos, mas também as necessidades emocionais dos
pacientes.
O "páthos" também destaca variações nas percepções do normal e do patológico conforme a
cultura e a sociedade. Em diferentes culturas, algumas condições de saúde podem ser normalizadas ou
estigmatizadas, ressaltando a importância de compreender as diferenças culturais na experiência do
"páthos" e evitar julgamentos simplistas, proporcionando uma visão mais humanizada e subjetiva das
relações entre o normal e o patológico, destacando a importância de considerar as experiências
emocionais das pessoas diante de condições de saúde.

5) Canguilhem propõe então que o estado patológico não é a ausência de uma norma,
pois não existe vida sem normas de vida, e o estado patológico também é uma forma de se viver.
A Linguística, por sua vez, também se interessa pela discussão em torno da noção de
norma (relativa ao uso, ao sistema, aos padrões linguísticos, às leis discursivas, aos atos de fala
etc.). Também tem se interessado pelas “infrações” da norma (por meio de discussões e
rediscussões em torno de noções como erro, desvio, variação, padrão, entre outras).
Procure desenvolver uma reflexão sobre a noção de norma no campo dos estudos da
linguagem a partir dos arrazoados de Canguilhem. Exemplifique (pode levar em conta
fenômenos da linguagem cotidiana relativos à linguagem, como digressão, repetição,
autocorreção, mal-entendido, lapsos de natureza diversa – fonética, semântica, etc. -, falas
parentéticas, infração de máximas conversacionais, titubeios, hesitações, falsos começos,
assíndetos semânticos, etc.)
A norma linguística é vista como uma construção que se adapta a diferentes contextos e às
necessidades individuais dos falantes, não sendo algo universal, mas sim dependente do contexto e da
comunidade linguística. Em certos contextos, a interrupção durante uma conversa pode ser
considerada um “erro”, mas pode ser aceita em outros, dependendo das habilidades linguísticas do
grupo.
A autocorreção durante a fala não é vista como um erro, mas como um mecanismo natural de
autorregulação para se adequar à norma contextual, se corrigir durante a fala é uma forma de ajuste à
norma fonética esperada no contexto linguístico e mal-entendidos não são automaticamente
considerados patologias da comunicação, mas reflexos da complexidade da linguagem e da
interpretação subjetiva.
Hesitações, falsos começos e titubeios na fala são entendidos como adaptações naturais à
complexidade da linguagem falada, e não como desvios da norma. As máximas conversacionais, são
princípios gerais, mas a aplicação pode variar conforme o contexto e a cultura. Em algumas culturas,
as regras de conversação, como a assíndese semântica, podem ser aceitas, mas não em outras,
destacando a flexibilidade da norma.

6) Porter (1993) afirma que apenas na segunda metade do século XVIII tem-se uma
espécie de “moeda linguística” entre médico e doente: antes disso os médicos, ao se dispor a
ouvir a história do paciente, interpretando suas queixas, tentava formar uma ideia totalizante
da doença, sem possuir um conjunto de tecnologia de diagnose, sem um nome que permitisse a
este compreender sua doença. Não é à toa que o final do século XVIII marcou a preocupação
com a terminologia, com o jargão técnico. A terminologia devia ser uma expressão neutra e
objetiva de conhecimento científico, mas está, ao mesmo tempo, “emaranhada em transações
socioeconômicas e aspirações terapêuticas”.
Vemos aqui a expectativa de que a linguagem seja não apenas a expressão da doença,
como também de seu conteúdo patológico. Em sua opinião, quais os problemas que poderiam
advir desse papel atribuído à linguagem de interpretar o que os sintomas significam e de fazer a
doença significar algo de determinada maneira.
A consideração de Porter sobre a evolução da relação médico-paciente em termos de
linguagem na medicina destaca questões significativas sobre o papel fundamental da linguagem na
interpretação e atribuição de significado aos sintomas. Isso pode resultar em diversos desafios:
- Descrição dos sintomas por meio da linguagem inevitavelmente envolve interpretação
subjetiva, podendo resultar em mal-entendidos e diagnósticos imprecisos, e a subjetividade na
interpretação dos termos usados pelos pacientes pode impactar a compreensão adequada.
- Construção de significado por meio da linguagem é uma ferramenta poderosa, mas diferentes
escolhas de palavras e metáforas podem resultar em interpretações distintas da mesma
condição, dificultando a comunicação eficaz entre médicos e pacientes.
- Influência cultural na linguagem médica é significativa, pois o contexto cultural pode moldar
como os sintomas são expressos e compreendidos.
- Estigmatização pode surgir da escolha de palavras e frases ao descrever condições de saúde,
perpetuando estigmas e dificultando o acesso ao tratamento adequado, especialmente em
relação a problemas de saúde mental.
- Expectativas de tratamento podem ser moldadas pela linguagem usada na descrição de uma
doença.
- Complexidade e ambiguidade inerentes à linguagem podem criar desafios na descrição precisa
de sintomas, levando a termos vagos e genéricos.
Portanto, enquanto a linguagem é essencial para a comunicação e interpretação de sintomas
na medicina, ela também apresenta desafios relacionados à subjetividade, construção de significado e
complexidade. Médicos e pacientes devem estar cientes dessas complexidades, promovendo uma
comunicação clara e precisa para melhorar diagnósticos e tratamentos, lembrando que a linguagem
médica deve ser sensível, inclusiva e culturalmente apropriada para evitar estigmatização e equívocos
na interpretação dos sintomas e condições de saúde.

7) Como entender, no texto de Porter, a expressão “Uma doença nomeada é uma doença
quase curada”?
A expressão "Uma doença nomeada é uma doença quase curada", encontrada no texto de
Porter, reflete uma ideia que era prevalente em determinado momento da história da medicina. Essa
ideia sugere que, ao atribuir um nome a uma doença ou condição médica, já se dá um passo
significativo em direção ao tratamento eficaz e à cura. Contudo, é essencial entender essa afirmação
dentro do contexto histórico e social em que foi proferida.
Antes da padronização e sistematização dos diagnósticos médicos, muitas doenças não eram
categorizadas com nomes específicos, sendo descritas de maneira imprecisa. Nesse cenário, dar um
nome a uma doença era considerado um avanço crucial, pois possibilitava que os médicos
identificassem, comunicassem e estudassem a condição de forma mais efetiva.
A expressão reflete a crença de que, ao nomear uma doença, os médicos estariam mais
próximos de compreender suas causas e, consequentemente, de encontrar tratamentos adequados. A
nomeação representava uma forma de classificação e categorização, sendo vista como um passo inicial
no processo de tratamento.
Atualmente, compreendemos que dar um nome a uma doença é apenas o ponto de partida em
direção ao tratamento e à cura. A prática médica moderna requer uma compreensão mais aprofundada
das causas, mecanismos e tratamentos das doenças, frequentemente demandando pesquisas científicas
extensivas.
Portanto, a expressão "Uma doença nomeada é uma doença quase curada" deve ser
interpretada como uma simplificação histórica da complexidade envolvida na prática médica. Embora
a nomenclatura das doenças seja crucial para a comunicação e pesquisa médica, não é, isoladamente,
suficiente para alcançar a cura. A abordagem contemporânea da medicina exige uma análise mais
abrangente, fundamentada em evidências científicas sólidas, para o tratamento e a cura das doenças.

8) Você poderia fornecer exemplos atuais do que Porter chama de “moeda linguística”?
Um exemplo atual seria a pandemia de Covid-19, em que surgiram termos específicos para
descrever a doença e seus tratamentos, por exemplo, “SARS-COV-2”, “vacina de mRNA”,
“isolamento social” “passaporte de vacina”, foram termos que se introduziram na nossa linguagem
cotidiana, a medida que as pessoas buscavam meios de se comunicar e entender assuntos relacionados
a pandemia.

Estudo Dirigido 3
1) Debert analisa e dá visibilidade ao conceito de velhice não apenas pela lente do
diagnóstico de um crescente envelhecimento populacional brasileiro, mas a partir de
critérios e reflexões de natureza sócio-antropológicas que nos ajudam a compreender o
que está em jogo na construção e na percepção social da velhice nas últimas décadas.
Tendo isso em vista, procure identificar fatores ou condições que explicariam a
preocupação com a idade cronológica e com o envelhecimento (com suas várias
implicações).
A abordagem de Debert se aprofunda em aspectos sócio-antropológicos para compreender a
construção social da velhice no contexto brasileiro, diversos fatores e condições podem ser
identificados como explicativos para a preocupação generalizada com a idade cronológica e o
envelhecimento.
Primeiramente, mitos e estigmas associados à velhice, a ideia propagada de que o
envelhecimento está diretamente ligado à fragilidade, dependência e declínio cognitivo contribui para
a apreensão social e individual em torno dessa fase da vida. Se pensarmos na representação midiática
que os idosos têm, sempre sendo retratados de maneira estereotipada, contribuindo para uma visão
desvalorizada dessa fase da vida e alimentando ainda mais os estigmas.
Além disso, padrões culturais que valorizam a juventude e impõem padrões específicos de
beleza associados à idade podem intensificar a aversão ao envelhecimento, juntamente da pressão
social para atender a esses padrões estéticos cria uma percepção negativa do processo de
envelhecimento.
Outro fator é a discriminação etária no mercado de trabalho, o medo da perda de
oportunidades de emprego e o estigma associado a trabalhadores mais velhos alimentam ansiedades
em relação à idade e ao envelhecimento. Os desafio no acesso aos serviços de saúde também é ponto
de importância, estando principalmente vinculada a acessibilidade e qualidade do serviço.

2) Os estudos no campo da Linguística e mesmo no da Neuropsicologia (cf. Brandão e


Parente, 2001) nem sempre se mostram decisivos quanto à manutenção, modificação ou
declínio das funções e processos linguísticos no envelhecimento. Descreva as
características da linguagem do idoso mencionadas pelas autoras identificadas acima,
destacando aqueles aspectos creditados ao envelhecimento e aqueles que não seriam
necessariamente associados ao envelhecimento.
Nas características linguísticas atribuídas ao envelhecimento, temos um declínio na fluência
verbal, o que vai gerar uma produção linguística mais lentificada, a redução do vocabulário e
mudanças no tempo de reação também são mencionadas, sugerindo que o processamento e produção
de linguagem podem tornar-se mais demorados.
Porém, as autoras destacam que existe variação entre os indivíduos, mostrando que nem todos
apresentam essas características, aspectos como saúde mental, estilo de vida e educação vão
influenciar nessas variações.
Outro ponto é que algumas habilidades linguísticas podem se manter relativamente
preservadas no envelhecimento, como a compreensão da linguagem, que pode ser menos afetada do
que a produção verbal, ou até mesmo a habilidade de expressão. As autoras novamente destacam que
esses fatores dependerão diretamente da individualidade do idoso e do modo de interação com o outro.

3) Há autores que falam em uma espécie de “alzheimerização” da velhice e do


envelhecimento (ADELMAN, 1995)? Em sua opinião, como a reflexão sobre a linguagem
pode colocar em questão a patologização dos processos linguísticos e cognitivos
associados a uma etapa natural da vida, o envelhecimento? Por que se torna inadequada
uma associação direta entre envelhecimento e Doença de Alzheimer, como podemos
apreender das atuais definições desta patologia? Em sua opinião, como a reflexão sobre
a linguagem pode colocar em questão uma “patologização” dos processos linguísticos e
cognitivos associados a uma etapa natural da vida, o envelhecimento?
O conceito de "alzheimerização" refere-se à tendência de associar automaticamente o
processo de envelhecimento à doença de Alzheimer, patologizando muitas vezes as mudanças
cognitivas e linguísticas normais associadas à velhice. Esse termo nos mostra a alta patologização do
envelhecimento e novamente trazendo ideias estereotipadas e estigmatizadas de que os idosos terão
automaticamente algum tipo de deterioração cognitiva.
A reflexão sobre os processos linguísticos reconhece a diversidade natural nas habilidades
linguísticas dos idosos, ao invés de considerar automaticamente as mudanças na linguagem como
indicadores de patologia. A abordagem linguística vai considerar a variabilidade individual e
contextual das habilidades linguísticas em diferentes estágios da vida.
A doença de Alzheimer é uma condição específica, caracterizada por alterações
neuropatológicas distintas que vão além das mudanças linguísticas normais associadas ao
envelhecimento. Associar automaticamente o declínio linguístico à doença de Alzheimer pode levar a
diagnósticos incorretos e estigmatização injustificada dos idosos.
Com isso, é compreender as características normais do envelhecimento linguístico, a
linguística pode contribuir para a desmistificação de estereótipos negativos associados à velhice. Isso
envolve reconhecer que algumas mudanças na linguagem são parte integrante do processo de
envelhecimento e não necessariamente indicativos de patologia, sempre considerando a cultura,
contexto social e individual dos idosos.

4) Quais são as alterações da linguagem e da cognição presentes na Doença de Alzheimer,


segundo Mansur et al. (2005), Damasceno (1999) e Sé (2011)? Como essas alterações
comparecem nos diferentes estágios da doença e em que medida nos estágios iniciais os
sintomas da Doença de Alzheimer podem ser assemelhados aos processos
linguístico-cognitivos associados ao envelhecimento?
As autoras indicam que as mudanças se manifestam de maneira progressiva nos diferentes
estágios da doença, sendo eles:
a. Declínio na Memória Episódica: a memória episódica, responsável pelo armazenamento de
eventos específicos, é afetada precocemente.
b. Dificuldades na Linguagem Expressiva: pode haver dificuldades na produção e expressão
linguística. Os pacientes podem apresentar problemas para evocar palavras, construir frases
complexas e expressar ideias de maneira clara.
c. Desorientação Temporal e Espacial: a desorientação em relação ao tempo e ao espaço é
comum. Os pacientes podem perder a noção do tempo presente, esquecer datas e ter
dificuldade em reconhecer lugares familiares.
d. Comprometimento na Linguagem Receptiva: com a progressão da doença, ocorre um
comprometimento na compreensão da linguagem. Os pacientes podem ter dificuldade em
entender instruções simples e responder a perguntas.
e. Dificuldades na Resolução de Problemas: a capacidade de resolver problemas complexos e
executar tarefas que exigem raciocínio lógico pode ser prejudicada.
Nos estágios iniciais da doença, os sintomas podem se assemelhar aos processos
linguístico-cognitivos do envelhecimento normal, como esquecimentos ocasionais, dificuldade em
lembrar nomes e lentidão na evocação de palavras podem ocorrem em ambos os casos, no
envelhecimento normal e no Alzheimer. O que os diferencia é progressão e intensificação desses
sintomas, que vai interferir diretamente nas atividades de vida diária.

5) Quais as características dos dois principais modelos de compreensão da Doença de


Alzheimer, o modelo biomédico e o modelo (bio)psicossocial, de acordo com Morato (2014)?
Você poderia identificar algum deles no vídeo?
As características do modelo biomédico se voltam para explicações biológicas e fisiológicas
das doenças, se baseando em que as doenças têm causas específicas e mensuráveis, muitas vezes
relacionadas a anormalidades em órgãos, tecidos ou processos bioquímicos. No contexto da Doença
de Alzheimer, um modelo biomédico abordaria a condição a partir de alterações específicas no
cérebro e as intervenções poderiam incluir medicamentos destinados a modular os processos
biológicos envolvidos.
O modelo (bio)psicossocial compreenda que a saúde e doença vão além das dimensões
puramente biológicas, incorporando também fatores psicológicos e sociais, reconhecendo a
complexidade dos diferentes aspectos da vida de um indivíduo. Na Doença de Alzheimer, essa
abordagem considera não apenas os aspectos biológicos, como as alterações cerebrais, mas também os
fatores psicológicos, como o impacto emocional no paciente e na família, e os fatores sociais, como o
papel do suporte social no enfrentamento da doença.
Ao assistir o vídeo “my name is lisa”, podemos observar que no início, a filha está apenas
voltada as características biológicas da doença (que ainda não foi percebida), estando ligada aos sinais
de esquecimento. Porém, conforme o tempo passa, e Lisa percebe que o que esta acontecendo vai
além dos sintomas apresentados (dificuldade de evocar palavras, alteração da memória recente e
passada), a filha se volta para uma abordagem (bio)psicossocial, vendo sua própria mãe de um modo
além dos sintomas, levando em conta suas individualidades.

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