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Leituras, pesquisas e descrição substancial da

vida e do tempo!

Pesquisas e leituras em
Psicolinguística

EM 07/03/2014 / POR ROBSON JR. / EM LIVROS

(https://robsonjjunior.files.wordpress.com/2014/03/duvida-
gif1.jpg)A PESQUISA EM PSICOLINGÜÍSTICA

Joselaine Sebem de Castro


      Acredita-se que o termo “psicolingüística” tenha aparecido pela
primeira vez em um artigo de Proncko, em 1946, no qual se colocava
como abordagem central o relacionamento entre o pensamento
(comportamento) e a linguagem. Contudo, foi somente em 1951 que
se deu a publicação de um livro para tratar especialmente das
relações entre lingüística (fatos lingüísticos (1)) e psicologia
(problemas de comunicação (2)).
      Nessa fase, os estudos abarcados por esse campo interdisciplinar
constituíam uma tentativa de encontrar respostas para questões
comuns às duas disciplinas. Identificava-se, ainda, a existência de
dois caminhos opostos: um que partia da Psicologia para a
Lingüística e outro que partia da Lingüística para a Psicologia.
            Na Psicologia, os estudiosos buscavam compreender o
funcionamento da linguagem como um meio para se chegar a uma
melhor compreensão da mente humana, pois acreditavam que esta se
organizava de forma análoga à linguagem e através dela.
Vislumbravam-se, então, duas correntes: a mentalista, que explorava
o pensamento através da linguagem, e a comportamentalista, que
buscava entender o comportamento lingüístico, reduzindo-o a uma
série de mecanismos de estímulo-resposta.
            Na Lingüística, a busca pela teoria psicológica apareceu
especialmente pelos introdutores do método histórico, que tentavam
fundamentar suas explicações sobre as mudanças lingüísticas no
associacionismo psicológico (3). A demonstração feita por Wundt (4)
de que a linguagem poderia ser em parte explicada com base em
princípios psicológicos motivou a adesão de muitos lingüistas,
especialmente porque as propostas e métodos do psicólogo
obedeciam ao rigorismo científico, o que contribuiria para uma
abordagem mais científica da linguagem.
            A dificuldade de aplicar análises psicológicas aos fenômenos
contemporâneos a partir de uma perspectiva histórica acabou por
reduzir a colaboração entre as duas áreas. Com a introdução da
descrição sincrônica das línguas, feita pelo estruturalismo lingüístico,
Psicologia e Lingüística reaproximaram-se.
            Esse período foi bastante produtivo, principalmente devido ao
sucesso do estruturalismo (5) e do comportamentalismo (6). Também,
destaca-se um relacionamento mais igualitário entre Psicologia e
Lingüística, com contribuições e descobertas de ambos os campos. De
acordo com Kess (1992), essa relação mais simétrica foi possibilitada
pelo fato de os dois paradigmas serem operacionalistas, isto é,
buscavam construir suas teorias com base nos fenômenos observáveis
e através de um conjunto de operações verificáveis que são facilmente
explicitadas. No entanto, uma colaboração mais estreita entre as duas
ciências foi dificultada, por um lado, porque os comportamentalistas
reduziram a linguagem a atos de fala observáveis, minimizando o
papel das estruturas mentais e, por outro, porque os estruturalistas
julgavam a semântica inacessível à pesquisa lingüística. Como explica
Scliar-Cabral (1991), uma psicologia que não estuda a mente e uma
lingüística que não estuda o significado têm pouco a oferecer uma à
outra.
      A Teoria da Informação (7), surgida logo após a Segunda Guerra,
ofereceu à Psicolingüística uma base epistemológica mais consistente.
Por volta dos anos 50, a Psicolingüística era definida como o estudo
dos “processos de codificação e decodificação no ato da comunicação,
na medida em que ligam estados das mensagens e estados dos
comunicadores” (Osgood e Sebeok, 1954, ap. Titone, 1976: 24).
Seguindo a definição, a unidade de comunicação, objeto de análise
dessa ciência, era descrita como englobando os seguintes elementos:

            Com o crescente aumento de pesquisas e descobertas, surge a


necessidade de agrupar e organizar tais materiais que tratavam de
problemas comuns. Em 1954, Osgood e Sebeok editam o material
apresentado em um famoso simpósio realizado no ano anterior, na
Universidade de Indiana. A partir de então, a ciência Psicolingüística
ficou mais bem definida, assim como mais bem esclarecidos seus
métodos e limites de atuação.
            Em 1959, o operacionalismo, característico tanto do
comportamentalismo como do estruturalismo, é fortemente criticado
por Noam Chomsky, lingüista que propõe uma abordagem
racionalista e dedutiva para a ciência. Assim, os fundamentos da
Psicolingüística foram abalados, ocasionando uma diminuição
gradativa do comportamentalismo e uma revigoração do mentalismo,
embora em novas bases. A partir daí, a Psicolingüística assume como
paradigma teórico central o modelo chomskyano, proposto para a
Lingüística, o qual propunha, principalmente, que:
      a) as sentenças faladas (estruturas superficiais) seriam derivadas
de estruturas profundas, através de regras transformacionais, que se
organizam numa gramática ou sintaxe;
      b) este componente sintático (Gramática Universal-GU), capaz de
gerar qualquer e somente uma língua, deveria ser inato à espécie
            c) se distinguisse entre a competência (conhecimento que um
falante nativo ideal tem de sua língua) e a performance (atividade do
falante numa situação comunicativa concreta).
      À teoria lingüística cabia o estudo da competência – tendo como
componente central a sintaxe – e o seu objetivo seria a construção e
descrição de uma Gramática Universal que permitisse entender como
a linguagem surge e se diferencia, em línguas distintas, na mente
humana. A dificuldade de encontrar evidências experimentais que
sustentassem as teorias, assim como a verificação de que não apenas a
estrutura sintática, mas também a semântica e a pragmática seriam
importantes no processamento de sentenças foi ocasionando o
abandono dessa linha de pesquisa.
      As mudanças na teoria lingüística chomskyana, juntamente com a
consideração de fatores semânticos e pragmáticos, propiciaram uma
ampliação e enriquecimento da Psicolingüística. Atualmente, observa-
se, então, uma abordagem mais cognitivista, na qual os aportes da
teoria lingüística, embora ainda importantes, perderam seu caráter de
exclusividade, sendo a linguagem apenas um dos fatores da cognição.
            Os novos experimentos sobre a realidade psicológica das
estruturas e operações sintáticas (8) mostraram que tais estruturas
desempenham função na memória e na organização cognitiva.
Também se verificou que as estruturas lingüísticas não são adquiridas
separadamente dos conceitos semânticos e das funções discursivas,
além de estarem submetidos aos princípios cognitivos. A aquisição da
linguagem passou a ser explicada como o resultado da interação
entre vários fatores. Rejeitando a centralidade e independência da
gramática, o paradigma cognitivo (9) ampliou e tornou mais variado
o campo dos estudos psicolingüísticos, aproximando-os de outras
ciências relacionadas (10) (como a Antropologia, a Filosofia da
Linguagem, a Inteligência Artificial).
            Scliar-Cabral (1991) apresenta os seguintes assuntos como de
interesse da Psicolingüística:

relações entre pensamento e linguagem;


aquisição da linguagem;
neurofisiologia da linguagem;
fatores inatos, maturacionais e experienciais;
processamento dos sinais lingüísticos;
processamento textual;
memória semântica;
distúrbios de aquisição e processamento da linguagem.

      Pode-se perceber, conforme essa lista, que predomina o enfoque


de questões como a relação entre linguagem e cérebro, incluindo os
fundamentos biológicos da linguagem, sua neurofisiologia e os
prejuízos do processamento causados por lesão cerebral; as relações
entre pensamento e linguagem, como um produto do sistema
cerebral; os sistemas de processamento mental da linguagem,
incluindo os subsistemas lingüísticos (fonética, sintaxe, semântica,
etc.) e os subsistemas psíquicos (percepção, memória, conhecimento
de mundo, etc.); processamento de unidades amplas como o texto e o
discurso; e a aprendizagem de outros sistemas lingüísticos como a
leitura e a escrita.
            Dada a relevância natural dos tópicos abordados pela
Psicolingüística, são bastante numerosas, no Programa de Pós-
Graduação em Letras da Faculdade de Letras da PUCRS as
dissertações de mestrado
(http://www.pucrs.br/edipucrs/online/pesquisa/pesquisa/artigo13link
11.html) (11) e as teses de doutorado
(http://www.pucrs.br/edipucrs/online/pesquisa/pesquisa/artigo13link
12.html) (12) que recaem nessa área do saber, mais especificamente na
linha de pesquisa denonimada “Processamento cognitivo da
linguagem e conexionismo (13)“, como pode ser exemplificado
através do estudo realizado por Castro (2004) (14). Do mesmo modo,
no Centro de Referência para o Desenvolvimento da Linguagem –
CELIN, vinculado a esse programa, vêm sendo realizadas pesquisas
(15) nessa mesma linha, tendo como eixo temático a compreensão da
leitura. As descobertas científicas, possibilitadas especialmente pelo
desenvolvimento das técnicas de imageamento cerebral (16), com
certeza ainda instigam mais a curiosidade sobre as bases neurológicas
do fenômeno da linguagem, fomentando novos e importantes
conhecimentos.
 
REFERÊNCIAS
ENGELKAMP, J. Psicolingüística. Madrid: Gredos, 1981.

KESS, J.F. Psycholinguistics: psychology, linguistics and the study of


natural language. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company,
1992.

MCCLELLAND, J. D. & RUMELHART, D. E. Parallel distributed


processing: explorations in the microstructure of cognition:
psychological and biological models. V.2. Cambridge: MIT, 1986.

SCLIAR-CABRAL, L. Introdução à Psicolingüística. São Paulo: Ática,


1991.

TITONE, R. Psicolingüística aplicada. Buenos Aires : Kapelusz, 1976.

 
fonte:
http://www.pucrs.br/edipucrs/online/pesquisa/pesquisa/artigo13refer
encias.html
(http://www.pucrs.br/edipucrs/online/pesquisa/pesquisa/artigo13refe
rencias.html)

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