Você está na página 1de 10

RESUMO PARA INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Compilação: José Aristides da Silva Gamito


1. INTRODUÇÃO

A área de estudos denominada filosofia emprega o verbo filosofar para se referir à ação de
quem se ocupa desse conhecimento. Filosofar é sinônimo inexato de pensar. Trata-se de um pensar
sistemático sobre o sentido da realidade, sobre o significado da vida. A filosofia exige um tipo
específico de pensamento. Ela tem como objetivo buscar a verdade por meio da atividade racional.
A filosofia leva a uma inquietação que o senso comum ou saber prático do dia a dia não tem.
Sempre lidamos com as questões do cotidiano de modo automático, óbvio, sem exigências sérias de
justificativas. A atitude filosófica corresponde a encarar os problemas do cotidiano de forma crítica,
com um exame aprofundado, afastando-se de respostas apressadas. Essa atitude exige também uma
afastamento do dogmatismo (respostas inquestionáveis e imutáveis) de um lado, e de outro, do
relativismo (qualquer resposta serve).

CARACTERIZAÇÃO DA FILOSOFIA

O que é? Qual o objetivo? O que estuda?


 Há várias definições  O objetivo da  Existem várias
de Filosofia. filosofia é compreender o subdivisões na área da
Etimologicamente, o termo próprio homem. Isso quer Filosofia, cada uma se
Philosophía, em dizer o homem enquanto ser ocupando de um aspecto do
grego, significa “amizade ao e enquanto agente. A homem ou da realidade. A
saber”. filosofia se preocupa com seguir, os ramos da filosofia:
 Segundo a tradição, tudo que o homem é e tudo
foi Pitágoras (570-496 a. C.) que ele faz e atribui valores.  Lógica: Trata do
que cunhou esse termo raciocínio metódico e válido.
porque não se considera  Ontologia: Trata da
sábio, mas apenas “amigo do realidade, do ser e do nada.
saber”, em grego, filósofo.  Gnoseologia: Trata da
 Uma definição natureza e validade do
possível: Filosofia é a conhecimento.
investigação crítica e  Ética: Trata dos
racional dos princípios valores, da distinção entre o
fundamentais relacionados bem e o mal.
ao mundo, ao homem e a sua  Estética: Trata da arte,
ação e seus valores. da noção de belo e de feio.

1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A formação em filosofia exige a adoção de uma atitude filosófica. A atitude filosófica é um


conceito que significa, acima de tudo, romper com o senso comum e olhar com espanto o que há de
mais trivial em nosso cotidiano. A problematização da realidade é o ponto central e o motor da
filosofia. Para Platão, a filosofia começava pelo espanto e pela admiração. O olhar do filósofo tentar
entender a realidade buscando a totalidade e a universalidade.
CONCEITO DEFINIÇÃO
MITO Relato fantástico de tradição oral, geralmente protagonizado por seres
que encarnam as forças da natureza e os aspectos gerais da condição
humana; lenda.

RAZÃO É a faculdade de conhecimento intelectual próprio do ser humano, é


um entendimento, em oposição à emoção.
NECESSIDADE Diz-se daquilo que necessariamente vai acontecer, ou seja que tem um
ciclo, que tem um padrão de repetição;
CONTINGENTE É o que está ligado ao acaso, ou seja, aquilo que é imprevisível.
SENSO COMUM É o conhecimento adquirido pelas pessoas a partir dos costumes, das
experiências e vivências cotidianas. É um conhecimento superficial
baseado no hábito, não é fruto de grande reflexão.
IDEOLOGIA São convicções, princípios filosóficos, sociais e/ou políticos que
caracterizam o pensamento de um indivíduo, grupo, movimento, época
ou sociedade.

2. FILOSOFIA ANTIGA

A Filosofia Antiga corresponde ao período do surgimento da filosofia grega no século VII


a.C. Ela surge da necessidade de explicar o mundo de um novo modo. Os filósofos buscam
encontrar respostas racionais para a origem das coisas, dos fenômenos da natureza, da existência e
da racionalidade humana. A primeira fase foi inaugurada pelos pré-socráticos.

I - PRÉ-SOCRÁTICOS: PERÍODO NATURALISTA

A filosofia dos pré-socráticos tinha como preocupação a compreensão da natureza. Eles


procuram entender como a natureza mantém a sua unidade tendo uma pluralidade de formas. A
questão proposta por esses primeiros filósofos era: Qual é o elemento que deu origem a todas as
coisas? O primeiro deles foi Tales de Mileto. Aqui destacamos três:

a. Demócrito b. Heráclito c. Parmênides


Teoria Atomista: Mobilismo: A realidade é Imobilismo: Há uma origem
Demócrito teve destaque ao múltipla e é regulada pelo única, eterna, indivisível e
desenvolver a teoria atomista conflito. Não há uma imutável para os seres. Sua
de Leucipo de Mileto, de unidade natural no mundo. máxima é “o ser é e o não-ser
quem era discípulo. Todas as Tudo está em constante não é”. Isso significa que algo
coisas seriam constituídas de mudança. Além disso, o que existe não pode se tornar
átomos. O átomo era o fogo era a substância nada, da mesma forma que o
menor componente de toda a original, ou seja, o primeiro nada não pode vir a se tornar
matéria existente, portanto: elemento na composição da algo.
Indivisível. O arranjo de matéria. Todas as todas as variações e
todas essas partículas mudanças que nossos sentidos
constituiria todo o universo. atestam são meras ilusões destes.
Todo o universo seria fruto
do caso e da necessidade.
Até mesmo alma seria
material e incapaz de viver
eternamente.
II – OS CLÁSSICOS: PERÍODO ANTROPOCÊNTRICO

A partir de Sócrates, a produção filosófica deixa de ser exclusivamente centrada na natureza


e inclui o homem no debate. Juntamente com o eixo antropológico entram o estudo sobre a alma, o
conhecimento e a moral.

Autoconhecimento: A máxima de Sócrates é “Conhece-te a ti


a. SÓCRATES mesmo”. Antes de lançar-se em busca de qualquer verdade, o
homem precisa se autoanalisar e reconhecer sua própria ignorância.
Maiêutica: A forma de obter conhecimento era através da troca
direta de ideias através de perguntas e respostas entre duas pessoas.
Por este método, qualquer pessoa poderia tirar de sua mente o que já
sabe.
Intelectualismo moral: A posição ética de Sócrates argumenta que
o homem não é mal, mas é ignorante. Esse ponto de vista é chamado
de “intelectualismo moral” e afirma que a virtude pode ser
conhecida e, acima de tudo, pode ser ensinada, no princípio do “eu.
Dualismo: A realidade está dividida em mundo sensível e em
b. PLATÃO mundo inteligível. O ser humano era imortal e essencialmente alma,
donde ela pertencia ao mundo inteligível (apreendido pelo intelecto)
e não o mundo sensível (apreendido sobre os sentidos). O Mundo
Sensível está em constante movimento e mudança (algo que não
ocorreria no Mundo das Ideias, que é eterno).
Conhecimento: O conhecimento seguro é aquele obtido pela razão.
A mera opinião é enganosa. A aprendizagem se dava pela
reminiscência da visão da alma no mundo sensível.
Política: Propunha a testar as aptidões dos alunos para que apenas
os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação
completa para ser governantes (“o governo dos sábios”). Ele pregava
a renúncia do indivíduo em favor da comunidade.
Ato e potência: Todos os seres e objetos materiais existem em duas
c. ARISTÓTELE formas, uma atual e uma em potencial. Ato seria a forma atual,
S aquilo que a matéria é agora, e potência seria uma forma especial
que a matéria guarda dentro de si, isto é, um “vir a ser” ou um
“poder vir a ser”.
Conhecimento: O conhecimento se inicia a partir das sensações e
sentidos. O mundo sensível é também inteligível e é a partir da
memória que os indivíduos conseguem reter dados vindos do mundo
das sensações. Aristóteles valorizava a experiência. Ele classificou
as ciências em teóricas, práticas e produtivas.
As quatro causas: O conhecimento pressupõe o conhecimento das
causas - a causa material (aquilo de que uma coisa é feita), a causa
formal (aquilo que faz com que uma coisa seja o que é), a causa
eficiente (a que transforma a matéria) e a causa final (o objetivo com
que a coisa é feita).
Ética: A virtude é adquirida pela aprendizagem prática e ela diz
respeito ao equilíbrio no comportamento entre dois extremos. São
virtudes importantes a prudência e a moderação. A ética pressupõe o
uso da razão e a busca da felicidade como o maior bem. A política é
uma forma de realização da felicidade coletiva.

III – FORMAÇÃO DA FILOSOFIA CRISTÃ

O cristianismo nascente se deparou com homens e mulheres que estudavam filosofia. Aliás,
se converteram ao cristianismo. A relação dos cristãos com a sociedade letrada e que tinha estudado
filosofia foi inevitável. Diante das diferenças entre as crenças cristãs e os princípios da filosofia não
houve unanimidade no tratamento da aceitação da filosofia.
Assim como alguns grupos cristãos ultraconservadores hoje rejeitam a educação secular,
alguns cristãos achavam que a filosofia não teria valor para eles e que poderia prejudicar a fé. Por
outro lado, outros consideraram importante conservar as contribuições da filosofia para auxiliar a
fé.

A favor da Filosofia Contra a Filosofia


1. JUSTINO DE ROMA: A filosofia é o 2. HÉRMIAS: Há muitas contradições na
maior bem, ela nos aproxima de Deus. filosofia, seu objeto de estudo não é claro.
3. CLEMENTE DE ALEXANDRIA: A 4. TERTULIANO: A filosofia é fonte de
filosofia foi uma via propedêutica para heresias, a fé é suficiente para o cristão e não
Cristo, sua metodologia ajuda a chegar a precisa de indagações.
Cristo pela demonstração, ajuda fazer o
bem.
5. PSEUDO-JUSTINO: A filosofia serve 6. TACIANO: A filosofia e a retórica são
para inculturar as crenças cristãs. inúteis e não produzem nada que mereça
respeito.

Dentro essas filosofias cristãs, Agostinho procurou cristianizar o pensamento de Platão


sistematizando os princípios da revelação cristã.

Fé e razão: Agostinho formula as relações entre fé e razão. A


d. AGOSTINHO razão natural dá acesso ao conhecimento, mas existem realidades
DE HIPONA que somente a revelação pode mostrar. A filosofia é um
instrumento importante para entender as verdades cristãs.
Teoria da Iluminação: O homem chega à verdade por meio da
iluminação divina sobre sua mente.
Ética: Há três formas de mal: ontológico, físico e moral. O homem
erra quando enfraquece sua vontade e desvia sua atenção do bem
maior e se volta para as criaturas inferiores. A felicidade consiste
no deleite de Deus.

1 FILOSOFIA MEDIEVAL

A filosofia medieval buscou conciliar duas áreas, até então, distintas: a razão científica e a fé
cristã. A filosofia medieval abordava essencialmente os problemas relacionados com a crença e a
influência de Deus para a realidade. Além do desenvolvimento natural de áreas como a lógica e
ética.

Fé e razão: Tomás rejeita o antagonismo entre fé e razão. Estas


e. TOMÁS DE são distantes, não opostas, assim como filosofia e teologia não se
AQUINO opõem, pelo contrário se aperfeiçoam e se qualificam em busca da
verdade.
Provas da existência de Deus: 5 vias: 1ª motor imóvel; 2ª causa
primeira; 3ª ser necessário; 4ª graus de perfeição; 5ª governo
supremo.
Teoria do conhecimento: Ele toma a razão e os sentidos como
meios para compreender a realidade. Há dois tipos de
conhecimento: o sensível, captado pelos sentidos, e o intelectivo,
que se alcança pela razão. Daí, verdade configura-se como a
relação de adequação da coisa e do intelecto.
Ética: Ser ético é escolher o bem, ou seja, não contrariando a
razão. Ético é a inclinação para o bem, aquilo que está de acordo
com a razão e a lei, já que a razão é a orientação da mesma. A lei
eterna é constituída por Deus e é revelada por nos dez
mandamentos.

2 FILOSOFIA MODERNA

A Filosofia Moderna caracteriza-se, principalmente, por uma guinada ao Humanismo, iniciada


no Renascentismo, e pela valorização incondicional à razão trazida à luz pelo ceticismo e pela
descoberta de que o ser humano independe de instâncias racionais metafísicas, como Deus, para
descobrir o seu intelecto.

Cogito ergo sum: Descartes reduziu toda a realidade a três


a. DESCARTES substâncias: res cogitans (a mente), res extensa (o corpo) e res
infinita (Deus). É através do pensamento que se fundamenta a
existência do eu.
Método dedutivo: Descartes defendia o uso da dedução.
Utilizando um método seguro qualquer ser humano pode chegar
ao conhecimento seguro. O método consiste de 4 regras: 1ª
Regra da evidência: Duvidar de tudo. 2ª Regra da análise:
Dividir as dificuldades em partes menores. 3ª Regra da síntese:
Partir do mais simples para o mais complexo. 4ª Regra da
Revisão: repetir esse processo sempre.
Epistemologia: O conhecimento no ser humano é inato. A
razão é a fonte do conhecimento. Há ideias que são inatas
(nascemos com elas), outras adventícias (adquirimos pela
experiência) e ideias factícias (que formamos na mente a partir
de outras).
Moral provisória: Enquanto reformava a ciência, Descartes
propôs um conjunto de normas para evitar uma insegurança na
hora de agir. Uma delas é respeitar as leis e os costumes de seu
país.
Epistemologia: Locke rejeita as ideias inatas. Todo o
b. JOHN LOCKE conhecimento provém da experiência. Há dois tipos de ideias:
as de sensação, vindas do exterior; e as da reflexão, originadas
do interior. Conhecimento consiste na percepção do acordo ou
desacordo de duas ideias.
Contratualismo: O ser humano é racional, livre e igual, mas
não é bom. É necessário um contrato social para a convivência
em grupo como uma possibilidade de amenizar a violência e
invasão à soberania da propriedade privada.
Política: Pautado no pensamento liberal, ele contesta a doutrina
do direito divino dos reis e do absolutismo real. A soberania
não reside no Estado, mas na população, que através de
representantes escolhidos, deveria formular e promulgar leis a
serem cumpridas pelos monarcas. Além disso, o Estado deveria
intervir o mínimo possível na vida das pessoas, atuando apenas
como juiz para a resolução de conflitos.
Epistemologia: Kant revela que o espírito ou razão, modela e
c. IMMANUEL coordena as sensações, das quais as impressões dos sentidos
KANT externos são apenas matéria prima para o conhecimento. Há
duas fontes do conhecimento: a) sensibilidade, por meio da qual
os objetos são dados na intuição e b) entendimento, por meio do
qual os objetos são pensados nos conceitos.
Política: Kant apresenta a ideia de Paz Perpétua e defende a
cooperação internacional existência de Estados organizados pela
lei e com a existência de governos republicanos.
Ética do dever: Existe um dever universal baseado em leis
morais e esse dever está submetido ao estrito cumprimento das
leis morais em qualquer situação racional. O ser humano ou
qualquer outro ser racional deve cumprir aquilo que é
estabelecido pela lei moral.
d. HOBBES X Hobbes: O homem é o lobo do homem, ou seja, a violência
ROUSSEAU seria a regra nas relações entre os homens, assim como é a regra
nas relações de todas as outras espécies. Portanto, o pacto social,
este acordo de não violência travado entre os homens, seria a
base da formação da nossa sociedade e, consequentemente, a
base da moral social.
Rousseau: O homem nasce essencialmente bom e que seria a
civilização que o corrompe. O elemento que determina essa
passagem da natureza para a cultura seria a propriedade privada.
A demarcação da primeira propriedade privada deu origem à
civilização, mas também à guerra.

3 FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A principal característica do período contemporâneo é a crítica aos modelos filosóficos


desenvolvidos até a modernidade. É uma fase com uma variedade de escolas filosóficas como o
positivismo, idealismo, racionalismo, pragmatismo, cientificismo, liberalismo, niilismo,
utilitarismo, fenomenologia. Além disso, algumas áreas específicas foram desenvolvidas como a
filosofia da mente, filosofia da linguagem etc.

Crítica da tradição racionalista: Nietzsche critica os valores


a. NIETZSCHE iluministas e racionalistas, os valores morais e religiosos em vigor
na época de sua produção intelectual. E apresenta a relativização
das noções de bem, verdade, mal, justiça, virtude e Deus. A partir
desta crítica, ele inclui o cristianismo com a expressão “morte de
Deus”. Toda a metafísica está inclusa nessa crítica.
Apolíneo e dionisíaco: O apolíneo representa a contemplação,
harmonia, beleza, e o equilíbrio entre as formas, especialmente
através do uso da racionalidade; enquanto o dionisíaco é a imagem
da força instintiva e da saúde, uma embriaguez criativa, uma
paixão sensual, é o símbolo de uma humanidade em harmonia com
a natureza.
O cristianismo impôs uma inversão de valores morais que
culminaria no enfraquecimento do ser humano por ser a negação
dos impulsos morais que falam mais alto em qualquer animal.
Verdade: O conhecimento e a verdade para Nietzsche estão
atrelados a uma função, a uma escala de valores – o poder. O
conhecimento é construído em cima de metáforas. As coisas em si
mesmas não podem ser apreendidas.
O conhecimento pode ser utilizado para manipulação. O homem é
movido a conhecer pela vaidade.
Moral: É uma construção humana e cada conjunto de valores está
vinculado a um período da história. As pessoas mantêm esses
princípios por hábito e por submissão. Nietzsche considera como
bom tudo aquilo que afirma e conserva a vida. Mau é tudo que é
fraco, negador das forças da vida.
Materialismo dialético: É o entendimento de que há uma disputa
b. KARL MARX de classes sociais histórica desde os primórdios da humanidade e
que ela está condicionada à produção material (trabalho e
resultado do trabalho) da sociedade.

Teoria econômica: O trabalho que define o valor das


mercadorias. As relações de troca dependem de que haja trabalho
prévio para a determinação de preços. Os meios de produção são
portanto a base para compreender a alocação de recursos entre as
classes, já que é nesta esfera que a riqueza é produzida.
Estruturas: A infraestrutura determina a superestrutura. Isto
significa que o Estado, as leis, as ideias que se difundem numa
sociedade não são elementos neutros, ao serviço de todos, mas sim
elementos que estão ao ser viço da infraestrutura económica,
permitindo a esta a sua reprodução contínua.
Socialismo científico: Marx criticou o capitalismo considerando-o
instável e a acumulação típica desse sistema, que criava um
abismo entre as classes sociais cada vez maior. Marx e Engels
pensam um método de superação da exploração capitalista pelo
fim da luta de classes.
Crítica a Hegel: Kierkegaard propôs a noção de que a verdade
c.SOEREN está na subjetividade, que a existência verdadeira é alcançada pela
KIERKEGAARD intensidade do sentimento. Essa subjetividade é a subjetividade do
Indivíduo, pela qual ele ataca o sistema hegeliano. A filosofia
resume-se em tomar consciência e questionar as exigências
absolutas feitas a qualquer pessoa que deseje viver uma existência
verdadeiramente autêntica.
Angústia: Kierkegaard é existencialista. Sua preocupação é com
a liberdade e o sentido da existência que o homem propõe para si.
A angústia é o cerne da existência humana. Ela é a disposição do
espírito diante da liberdade de escolhas. Ele diz que ao olharmos
para um precipício, sentimos vertigem diante da possibilidade de
nos sentirmos atraídos por ele, pela liberdade de escolha entre
atirarmo-nos ou não no vazio.
Ironia: Segundo Kierkegaard, é a “figura do discurso retórico,
cuja característica está em se dizer o contrário do que se pensa”.
Três estágios: aponta a existência humana repartida em três
estádios: o estético (vida de prazer), o ético (busca de
compromisso) e o religioso (profunda relação com Deus).
Ciências humanas: Ele experimentou um método chamado
d. MICHEL “arqueológico” para examinar as ciências humanas.
FOUCAULT
Mente e loucura: A loucura não é uma coisa natural e imutável,
mas depende da sociedade e cada sociedade constrói sua própria
experiência de loucura. Foucault analisou como as ciências se
modificam ao longo do tempo.
Sexualidade: Ele procurou entender as questões biopolíticas que
envolveram a corporeidade e como as pessoas se relacionam com
a subjetividade.
Poder: É exercido em todo o corpo social e opera nos níveis micro
das relações sociais de modo onipresente. A disciplina é um
mecanismo de poder que regula o comportamento dos indivíduos.
Isso é feito através da regulação da organização dos espaços
(arquitetura etc.), do tempo (horários) e da atividade e
comportamento das pessoas (treinos, postura, movimento) e
reforçada com o auxílio de sistemas complexos de vigilância. Os
mecanismos de poder incluem até o conhecimento.

3. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

A escola conservadora é tecnicista, performática e não conciliar ensino com ludicidade.


Pensador / Conceito Ideias
Giorgio Agamben Contemporaneidade: Contemporâneo é aquele que mantém
fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas
o escuro. Perceber o contemporâneo é ter a coragem de manter
fixo o olhar no escuro de sua época. A contemporaneidade é
uma relação singular com o tempo, nela consta um movimento
de aproximação e afastamento, sendo que os que estão
completamente imersos no seu próprio tempo não podem ser
considerados contemporâneos, por que não conseguem vê-lo
Stuart Hall Identidades: A contemporaneidade é marcada pela
multiplicidade de identidades. O fixo cede lugar para a
mudança. Não há certezas.
Herbert Marcuse Racionalização: uma ligação entre essa característica da escola
conservadora e o que o filósofo Herbert Marcuse chama de
“princípio de desempenho ou performance”, a partir do qual o
indivíduo é valorizado pelo o que ele produz. Segundo o
filósofo, esta é uma característica do “mundo administrado”,
fruto de um processo de racionalização que supervaloriza a
razão em detrimento da sensibilidade. A esfera pública tornou-
se o império da racionalidade. Os sentimentos, os prazeres
ficaram na esfera privada.
Razão instrumental: Marcuse ressalta a eminência da razão
instrumental em detrimento da sensibilidade e afirma a
necessidade de uma sociedade menos opressora, na qual a
imaginação e a fantasia teriam vez.
Revolução Industrial A revolução industrial acentuou a cisão entre as esferas pública
e privada laicizando cada vez mais a esfera pública e a
transformando no “mundo do sério”, enquanto, na esfera
privada, permanecem os sentimentos. escola reproduz a ordem
da esfera pública e reafirma a cisão entre o público e o privado.
A revolução industrial gera a racionalização dos processos de
produção, por meio do taylorismo e a produção em série é
engendrada por nossa sociedade.
Schiller A fruição de prazer está separada do trabalho, os meios do fim,
o esforço da recompensa.
Fernando Hernandez O currículo escolar é fundamentalista. Ele reduz a
complexidade do mundo a uma proposta simples que pretende
resolver os problemas do mundo. A interdisciplinaridade
precisa ser trabalhada.

5. FILOSOFIA E O CORPO

Platão Prisão: Platão considera o corpo como cárcere da alma. O corpo


é impedimento para o conhecimento. Platão ressalta a
importância e a necessidade da prática de ginástica moderada,
pois o corpo deve ser cuidado da melhor forma possível.

Agostinho Culpa: Agostinho o homem é concebido como uma mescla de


corpo e alma. É a alma que faz o corpo sentir e o autoflagelo
seria um tipo de compensação na qual a dor compensa o prazer.
Em Agostinho pode-se inferir que o próprio fato de estar
encarnado, gera um sentimento de culpa, já que a vida espiritual
e a vida “profana” são incompatíveis.

Idade Média Sacralização do corpo: O corpo é parte integrante da pessoa, na


medida em que ela preserva aspectos de sua fisionomia após a
morte, como no exemplo das aparições, nas quais os santos
preservam o semblante que tinham quando encarnados. Na
doutrina cristã, a ressurreição se dá de corpo e alma.

Descartes Máquina: Ele dessacraliza o homem ao considerá-lo como uma


máquina que opera de acordo com leis necessárias. Descartes
separa radicalmente corpo e alma e garante a laicização que a
ciência necessitará nos próximos séculos. Porém esta separação
acaba gerando uma cisão no conhecimento: o objetivismo da
ciência de um lado e o idealismo filosófico de outro.

6. FILOSOFIA E ÉTICA

Ética A ética estuda a moral e procura compreender os valores que


valem em qualquer época e lugar.

Moral A moral é o conjunto de regras, crenças, tradições, costumes, leis


e todo elemento que regula a conduta humana. Portanto, a moral
muda de acordo com o tempo e o espaço por se vincular à
cultura.

Estado laico É a separação entre religião e Estado. Significa que o Estado não
tem uma religião oficial e privilegiada. Ele é impessoal e isento.
Não deve favorecer e nem impedir a religião. O Estado laico
ajuda assegurar a liberdade de expressão e de crença.

Referência:
SANTOS, Aloísio Andre dos. Filosofia. Serra: Multivix, 2018.

Bibliografia recomendada:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4ª edição. São Paulo: Moderna, 2009.

BUZZI, Arcângelo. Introdução ao Pensar. Petrópolis: Vozes, 2000.

COLLI, Giorgio. O nascimento da filosofia. Campinas: UNICAMP, 1992.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 1ª edição. São Paulo: Ática, 2005.

COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. 1ª edição. São Paulo:


Saraiva, 2010.

MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de


Janeiro: Zahar, 2008.

MELANI, Ricardo. Diálogo: primeiros estudos em filosofia. São Paulo: Moderna, 2016.

SANTOS, Robinson dos. Filosofia: uma introdução. Pelotas: NEPFIL, 2014.

Você também pode gostar