Funcionalismo. Máquina de Turing. Ciências Cognitivas – linha representacionista. Ciências Cognitivas – linha dinâmica. Naturalismo. 1. FUNCIONALISMO Principal autor: Putnam
Tese: a mente não se define pelo que é, mas pelo
que faz.
Funcionalismo da máquina (Putnam): cérebro
(hardware) e mente (software) – a mente nada mais seria que um programa implementado no cérebro, e os estados mentais são os seus estados funcionais (uma pessoa poderia ter sua mente escaneada e guardada em um pendrive, e usada em um supercomputador). Como resposta, o funcionalismo põe em relevo não a identificação entre físico e mental, mas as funções do cérebro. O funcionalismo compreende os estados mentais em termos de funções que eles servem. As entidades que realizam essas funções são processos materiais do cérebro. A mente funciona como um computador. Para cada comando de entrada, resulta um comportamento. Ela pode ser compreendida como um sistema organizado que pode executar certas funções e não é exclusividade do corpo humano. Um computador pode desempenhar funções semelhantes ao de um cérebro e serve de analogia para compreender a relação entre corpo e mente. O corpo é o hardware e a mente, o software. 2. MÁQUINA DE TURING
A filosofia da mente e as ciências cognitivas foram
dominadas durante um período pelo fascínio de representar a mente humana através de um computador. Um dos primeiros modelos foi a máquina de Turing descrita em 1936. Trata-se de uma idealização de uma máquina que executa tarefas como memória, estado e transições. Mais tarde, vieram os computadores e a inteligência artificial. Em 1976, Turing ensaiou a possibilidade de uma máquina pensar. As idealizações de Turing tratam a mente de modo mecanicista. O mesmo procedimento do cérebro poderia também ser imitado pela máquina. Esses princípios influenciaram o funcionalismo computacional de Hilary Putnam (MORACA, 2013, p.59-65). 3. Ciências Cognitivas 1950 – início do reconhecimento das CCs. Ramos – representacional e dinâmico. Pressuposto: as máquinas representam bons modelos do funcionamento da mente humana. É um estudo interdisciplinar da mente. A filosofia teria o papel de unificar e coordenar as diversas contribuições. Há o desafio de adotar uma única metodologia e manter a interdisciplinaridade. Há tentação de predominância da metodologia epistemologia analítico-positivista que não admite a diferença entre ciências naturais e humanas. Há o risco de não diferenciar o cultural do natural. A analogia do computador para explicar a mente é um desses limites da área. O início das CCs está ligado à cibernética. São Norbert Wiener, John Von Neumann e William Ross Ashby os precursores das Ciências Cognitivas. O interesse da cibernética converge para o modo como se comportam os organismos e as máquinas. Há três períodos das ciências cognitivas: cibernética (1940-1960), cognitivismo (1960), conexionismo (1980) e abordagem corporificada (1990).
a) Cibernética: formou-se através de
estudos independentes das áreas clássicas; É a precursora das Ciências Cognitivas; Procurou criar uma tecnologia da mente; O propósito era estudar a mente a partir da lógica; Utilizou a experiência com o computador para entender a mente. NORBET WIENER O estudo da cibernética difere da abordagem behaviorista. Causalidade circular: possibilidade que alguns sistemas possuem de alterar a si e ao seu meio, a partir da combinação de elementos que o circundam. Causalidade circular é importante para entender processos de “auto-organização”. Ciência cognitiva dinâmica: o conhecimento se estabelece pela interação direta entre o ser e o meio em que este vive. JOHN VON NEUMANN
Analogia entre cérebro e computador.
Complexidade biológica: diz-se da capacidade do autômato natural tem de se autorreproduzir e autorreparar. Desordem: são capazes de, em situações às vezes desfavoráveis, traçar uma estratégia que lhes permita suportar as adversidades e continuar vivendo. WILLIAM ASHBY
Analogia entre cérebro e computador.
A vida e a inteligência desenvolvem-se necessariamente em sistemas semi-isolados. Condição de estar vivo: capacidade de manutenção de um pequeno número de variáveis essenciais no interior de sistemas que interagem com seu meio ambiente. A inteligência de um sistema é medida pela sua capacidade de manter-se vivo. WILLIAM ASHBY
Os organismos naturais são regidos pela auto-
organização. As máquinas não capazes de alterar sua própria função.
Houve uma herança cibernética nas CCs.
4. Cognitivismo b) Cognitivismo: A computação pode explicar a cognição; Comparação do processamento de informações com a linguagem do pensamento; Os processos cognitivos são operações formais realizadas por símbolos; É um modelo computacional de explicação; Esta etapa permitiu o crescimento de estudos de fenômenos mentais; A representação simbólica é o aspecto central desta teoria; Os processos mentais são representados no sistema nervoso central; Os neurônios se encarregam das informações traduzidas em representações; já o encéfalo soluciona os problemas; É um modelo descritivo. 5. Conexionismo O recurso utilizado nesta etapa são as redes neurais artificiais; A representação é armazenada por conexões; O foco está em áreas do cérebro; Os processo mentais advêm da evolução de uma rede de neurônios; A abordagem critica o cognitivismo por não explicar a flexibilidade da mente; Cognição é o processo de conexões neurais que atinge um estado particular. Pesquisas representacionista e dinâmica Anos 80 - linha de pesquisa denominada Redes Neurais Artificiais (RNA). Programa de pesquisa representacionista: IA e RNA. Programa de pesquisa dinâmico: auto- organização e percepção direta. Os dois programas procuram estudar o comportamento inteligente por meio do emprego de modelos mecânicos. Esses, por sua vez, servem para estabelecer hipóteses e teorias acerca do funcionamento e da estrutura dos estados mentais. Objetivo da IA - simular por meio de máquinas, computadores eletrônicos, alguns processos cognitivos e por meio dessa simulação aprender um pouco mais sobre o funcionamento do cérebro. Plano representacional: uma perspectiva de análise independente do físico e do biológico. Atividade mental: é uma sequência bem definida de operações (algoritmo). Não depende de estrutura física, são abstrações lógicas. Objetivo da RNA - simular a dinâmica que ocorre na atividade perceptual. As operações são feitas por meio de conexões de nódulos (simulação de neurônios). Através da excitação ou da inibição, operam até um padrão estável. Baseiam-se na noção de auto-organização. 6. Ciência Cognitiva Dinâmica Propositores: Van Gelder (1998) e Thelen e Smith (1994). Objetivo da CCD: elaborar um esquema que consiga explicar a complexa relação mente/mundo sem a necessidade de recorrer à noção de representação mental. A mente e o comportamento inteligente em geral devem ser explicados no seu processo de interação com o mundo. Admite a complexidade. 7. Redes Neurais Artificiais de McCulloch e Pitts Os cientistas cognitivos que trabalham na Inteligência Artificial (IA) e nas Redes Neurais Artificiais (RNA) acreditam que termos como inteligência e entendimento podem ser empregados em qualquer sistema que se comporte como o cérebro humano, processador de informação. É uma concepção lógica de funcionamento do neurônio no processamento de informações. Essa concepção é importante por levar esses estudos para o campo da simulação da mente humana. Pode meio do modelo de perceptrons, houve mais tarde a simulação de um sistema que aprende padrões. O modelo de Kohonen procurou simular a aprendizagem por competição (MORACA, 2013, p. 118-129). 9 . Teoria da mente incorporada A mente incorporada quer dizer que ela é enraizada no corpo. O corpo e a mente são integrados e até mesmo a abstração é um esquema adquirido pelo corpo. Além disso, essa concepção de mente considerada que ela está sintonizada com o ambiente. Todas as funções abstratas estão no corpo. A mente não se separa do corpo. Ela é um conjunto de atividades sensório-motor em interação com o meio. Esta abordagem considera a relação de corpo e mente; Ela considera todo o corpo como sistema cognitivo; Envolve também o ambiente no processo; A representação mental depende do ambiente, da experiência sensoriomotor; Leva me conta as interações do organismo com o ambiente; Amplia o conceito de racionalidade, pois, conhecer é viver e não unicamente raciocinar; A cognição depende de três elementos que são sensação, percepção e ação; São conceitos importantes: autopoiese e auto- organização; O sistema neural é dinâmico; os neurônios mudam de função; O sistema nervoso faz conexões ao interagir com o ambiente (aferências / eferências); É um modelo biológico. 10. Teorias naturalistas
John Searle se posiciona contra as falhas do
funcionalismo. Esses sistemas demasiadamente objetivos não dão conta da consciência e da intencionalidade. O desafio da filosofia da mente é conciliar a existência de um universo mecânico com a intencionalidade da mente humana. Segundo Searle, as respostas dadas anteriormente estavam dependentes da terminologia cartesiana. Havia uma resistência em admitir que os fenômenos mentais são físicos. A concepção da mente precisa ser naturalizada. A mente e os estados mentais são processos cerebrais (MORACA, 2013, p. 49-51). A - John Searle O naturalismo de John Searle defende (LYRA, MOGRABI, 2016):
Os processos mentais fazem parte da história
natural biológica assim como a digestão; Os fenômenos mentais são causados por processos neurofisiológicos no cérebro; Os estados mentais são microprocessos neurobiológicos (sinapse e neurônios); A instância do mental é uma ontologia de primeira pessoa; Uma parte da realidade é subjetiva; Há uma redução causal entre cérebro e consciência; Não há distinção entre realidade e aparência na consciência; A metodologia de estudo da mente deve ser em primeira e em terceira pessoa. B – Daniel Dennett Principais ideias (VALE, 2019):
A mente é um produto gradativo da evolução;
A mente, por ser dotada de linguagem, tornou- se mais produtiva e criativa; Há dois tipos de mentes: ontológica e epistemológica; Temos conhecimentos do cérebro por ouvir dizer, mas a mente nos é familiar; A existência de outras mentes se dá pelo reconhecimento de um “você”; A conversação é reveladora da mente – ato de falar; Hipótese: pode haver mentes que não se comunicam; Há mentes sem linguagem ou totalmente inacessíveis a nós; Pode existir mente que age automaticamente; Há necessidade de distinguir mentes comunicáveis de mentes incomunicáveis; A ação nasce de uma sensibilidade com o ambiente; Há três posturas fundamentais na mente: intencional, física e de planejamento; A postura intencional diz respeito à estratégia de interpretar o comportamento de uma entidade como se ela fosse racional, ou seja, capaz de desejo e de escolhas; A postura física refere-se a identificação do que não é vivo; A postura de planejamento diz respeito ao comportamento planejado por comando (relógio, elevador); A postura intencional pode envolver racionalidade, mas também ser involuntária e automática. REFERÊNCIAS:
VASCONCELLOS, S. J. L. (2008). A filosofia da mente: