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Abordagens da Psicologia Cognitiva e suas Referências na Inteligência

Artificial.

Aline Grazielle da Silva.

RESUMO
O propósito deste artigo é analisar como a relação entre Psicologia Cognitiva e Inteligência
Artificial se desenvolveu ao longo do tempo. Embora esses campos tenham crescido
paralelamente e se apoiado mutuamente, a questão central é se essa relação ainda é forte e
presente nos dias atuais, ou se houve um distanciamento entre eles. Este artigo se concentra
em destacar o progresso de ambos os campos na relação atual, destacando os principais focos
de interesses desses campos, que incluem o estudo da mente humana como um objeto de
estudo e em suas ramificações.

Palavras-Chave: Psicologia, Cognição, Inteligência, Artificial.

ABSTRACT

The purpose of this article is to analyze how the relationship between Cognitive Psychology
and Artificial Intelligence has developed over time. Although these fields have grown in
parallel and supported each other, the central question is whether this relationship is still
Strong and presente today, or whether there was a distance between them. This progresso of
these teo fields in the current relation ship, highlighting the main focuses of interest of both,
which inclued the study of the human mind and it’s related áreas.

Keywords: Cognitive Pyschology, Artificial Intelligence and Psychology.


1. INTRODUÇÃO

A psicologia cognitiva é uma disciplina que concentra-se no estudo dos processos


mentais, tais como percepção, pensamento, linguagem, memória e solução de
problemas. A psicologia cognitiva tem desempenhado um papel significativo no
desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) e da compreensão da mente humana.
Neste artigo, iremos exploraras abordagens da Psicologia Cognitiva e suas relações
com a IA, com ênfase em pensadores da área.

2. MÉTODOS

O trabalho executado constituiu uma pesquisa de natureza exploratória, conforme


Severino (2007), a pesquisa exploratória tem como seu principal propósito a coleta
de informações relativas a um objeto especifico, com a finalidade de estabelecer um
domínio de estudo e identificar as circunstâncias que envolvem a manifestação desse
objeto.
Neste estudo, o uso da abordagem qualitativa é indispensável, conforme elucidado
por Silva (2010), a abordagem qualitativa investiga elementos como valores, crenças,
representações, hábitos, atitudes e opiniões. Ela se dedica a aprofundar a
compreensão da complexidade de fenômenos, eventos e processos. O método
empregado consistirá na análise bibliográfica dos dados contidos no SciELO, Google
Acadêmico e Biblioteca Digital.

3. ABORDAGENS DA PSICOLOGIA COGNITIVA

3.1 Teoria da Informação

Ao falar das abordagens da Teoria da Informação, desenvolvida por Claude Shannon,


a mesma estabeleceu a base para entender a cognição como processamento de
informações. Esta teoria indica que o cérebro humano funciona de maneira
semelhante a um sistema de processamento de informações, onde dados estão sendo
recebidos, processados e transmitidos.
A psicologia cognitiva se desenvolveu com base na teoria do processamento de
informações. Pioneiros no assunto, pesquisadores como Ulric Neisser e George
Miller, a Teoria do Processamento de Informações consiste na forma como os
indivíduos organizam e recuperam informações. Essa perspectiva destacou a
importância da memória, atenção e resolução de problemas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A IA é capaz de produzir trabalhos, aparentemente criativos. A principal questão em


torno da IA ser criativa como um aspecto de ser inteligente diz respeito à definição
de criatividade, que é um termo ambíguo (RAMALHO, 2017).

Na psicologia, a criatividade aborda uma certa novidade e adequação onde o produto


ou processo criativo deve ser novo e valioso (KAMPYLIS,2010). Entretanto, os
devidos termos são utilizados de forma frívola, não deixando claro o determinado
grau em que o produto deve ser novo e valioso para que seja considerado criativo
(BODEN, 2009).

Quando nos referimos a criatividade computacional, para que a IA seja considerada


criativa, a mesma precisa buscar soluções que não sejam replicadas de soluções
anteriores, tendo também que buscar soluções aceitáveis para a tarefa que está sendo
proposta (MCCUTCHEON, 2012).

A IA é um ramo da ciência que busca, por intermédio tecnológicos, ser capaz de


simular a inteligência humana, sendo capaz de resolver problemas, criar soluções e
tomar decisões no lugar do ser humano (SILVA, 2019).

Para falarmos da IA em resolução de problemas, precisamos citar a lógica de Fuzzy.


A lógica de Fuzzy é baseada na teoria dos conjuntos Fuzzy, ela difere dos sistemas
lógicos tradicionais em suas características e seus detalhes. Nesta lógica, o raciocínio
exato corresponde a um caso limite do raciocínio aproximado, sendo interpretado
como um processo de composição de relações enigmáticas. (GOMIDE, 1995).
Parafraseando Quaresma (2019) que cita em seu trabalho os problemas do
desenvolvimento da IA, principalmente por conta da noção de consciência e suas
propriedades, uma vez que, não somos capazes de esclarecer e definir cada
fenômeno, objeto, sentimento pensamento, experiência, sensação, de modo que não
gere ambiguidades, o que é um enorme problema de desenvolvimento de uma IA.

Quaresma (2019) argumenta que cada indivíduo singular, pode perceber,


experimentar, conceituar, definir e representar experiencias de maneiras diversas
entre si, desde pontos de vistas díspares, subjetivos e particulares.

Devido a análise de Quaresma (2019), identificamos que a subjetividade e


ambiguidade humana é um problema, será que seríamos capazes de desenvolver uma
máquina para conviver em sociedade que possua seus próprios pensamentos,
opiniões e até mesmo experiencias?

Como Silva (2019) havia dito, o fato de que a experiência de um fenômeno é


variável para cada indivíduo, sua percepção, conceitos e diferentes pontos de vista
levam a uma experiência baseada na subjetividade.

A criação de uma mente humana por parte de uma máquina, necessitaria de uma
equação de pensamento humano.

Em relação a formulação da mente humana, Alan Turing (1950), propõe o que


chamamos de “Teste de Turing”, um teste que tinha como propósito responder à
questão “Uma máquina pode emular com eficácia o pensamento humano?”

4.1 TESTE DE TURING

Pozza (2002) descreve que um sistema informal pode ser visto como uma espécie de
jogo rigorosamente definido, que define regras para a manipulação de símbolos. Para
que haja a qualificação de um sistema, três aspectos desse “jogo” devem ser
estabelecidos, são eles: a natureza dos símbolos, a descrição da situação inicial e uma
lista de quais movimentos são permitidos.
Pozza (2002) refere-se a Turing como o desenvolvedor de um sistema formal
automático, consistente em um dispositivo físico que emula automaticamente os
símbolos de um sistema formal de acordo com suas regras.

O teste de Turing consiste em uma ocasião onde seis agentes, cinco pessoas e uma
máquina alocados em salas distintas irão conversar sobre um assunto pré-
determinado em um prazo. Após esse determinado prazo, cada uma das cinco
pessoas, que previamente foram informadas de que um entre os seis agentes é uma
máquina, propondo a adivinhação de qual entre eles é a tal máquina, caso mais da
metade deles, no caso três pessoas, errem a resposta, a máquina pode ser considerada
autoconsciente por ter sido aprovada no teste. (MONTAGNOLI,2018, p.06.)

Searle (1985) explica isso referenciando-se a um experimento conhecido como Sala


Chinesa, um experimento que também nos leva a ter uma percepção quanto a auto
consciência. Searle (1985) propõe que um agente artificial pode simular o
comportamento verbal humano de forma extremamente convincente, perante está
situação, o agente artificial está apenas manipulando os símbolos sem entendimento
de seu significado, o que é justamente o que vem a ocorrer em um teste formal
automático.
O teste de Turing e o experimento de Sala Chinesa, nos trazem uma visão
representativa da IA, retratando-a como um algoritmo definido para executar
determinadas tarefas. Contudo, a conclusão é de que a IA é apenas um algoritmo
capaz de seguir um conjunto de instruções e não definitivamente um agente subjetivo
e inteligente.

4.2 INTELIGÊNCIAS ARTIFICIAIS E PSICOLOGIA.

Souza (2015) aponta para a diferença de objetivos entre a Psicologia Cognitiva e


da Inteligência Artificial, ressaltando que os resultados experimentais de campos da
IA beneficiaram de forma Significativa a Psicologia Cognitiva.
Segundo Neves (2020), apesar de IA’S existirem como um modelo para simular a
inteligência humana, não passam disso. Esse limite entre os dois campos não
significa que sua relação não existia, por se tratar de uma simulação do que é a mente
humana, a IA não será funcional em toda a complexidade de uma mente, mas há a
capacidade de executar tarefas cognitivas de extrema complexidade.
Um exemplo dentro da psicologia envolvendo a simulação da IA, é um programa
de nome Sniffy the virtual rat. Burani (2020), diz que a substituição do uso de
cobaias animais por softwares nos cursos de graduação em psicologia é uma ação
eficaz do uso da IA, uma vez que, isso ajuda a solucionar problemas de questões
éticas da humanização da psicologia. O software Siniffy é um impulso perfeito para
estudos cognitivos.
Lobo (2020) traz uma visão de como o campo de estudo da psicologia e da física
se diferenciam, a psicologia começou seus estudos pela psique, e a física pela
matéria. Logo, o campo físico dentro da IA estava focado na mente como uma
simulação e como uma matéria, gerando um distanciamento com a psicologia,
preocupando-se com a essência da psique e não em torna-la uma simulação.

4. CONCLUSÃO

A Psicologia Cognitiva e a Inteligência Artificial evoluíram ao longo do tempo,


dividindo-se em subáreas de estudos devido a diferentes objetivos e abordagens,
resultando na necessidade de separar seus campos e conceitos.

Devido a essas divisões surgiram diversas apropriações de conceitos, como, por


exemplo, o conceito do que é uma inteligência, que foi definido de uma forma por
Turing e de outras formas por outros autores e campos, gerando uma diferença
semântica, e fazendo com que a forma que a inteligência descrita por Turing fosse
simplificada a um reconhecimento de símbolos.

As áreas tinham uma forte relação complementar, compartilhando ideias na cognição


e inteligência, que ainda se mostra presente no trabalho de realização de simulações e
atividades especificas que ajudam a humanizar ainda mais a psicologia, onde ao
mesmo tempo que a psicologia auxilia a inteligência artificial no desenvolvimento
teórico que é interesse da área. As relações entre ambos os ramos se mantém
existentes e se mostram presentes, apesar de terem enfraquecido devido ao
distanciamento entre as áreas.
REFERÊNCIAS:

BODEN, M. A. Computer models of creative. AI Magazine. V. 30, n. 3, p. 23,


2009.

DA SILVA, Gisele Cristina Resende Fernandes. O método cientifico na


psicologia: abordagem qualitativa e quantitativa. 2010.

DA SILVA, Jennifer Amanda Sobral; MAIRINK, Carlos Henrique Passos.


Inteligência artificial: aliada ou inimiga. LIBERTAS: Revista Ciências
Sociais Aplicadas, v. 9, n. 2, p. 64-84, 2019.

SEARLE, John. Mind, brains and science. Cambridge, MA: Harvard


University Press, 1985.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São


Paulo: Cortez, 2007. p. 03.

TURING, Alan Mathison. Mind. Mind, v. 59, n. 236, p. 433-460, 1950.

POZZA, Osvaldo Antonio; PENEDO, Sérgio. A máquina de Turing.


Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. http://www. inf. ufsc. br/~
barreto/trabaluno/MaqT01. pdf, 2002.

QUARESMA, Alexandre. Inteligências artificiais e o problema da consciência.


PAAKAT: revista de tecnología y sociedad, v. 9, n. 16, p. 8-18, 2019.

RAMALHO, A. Will Robots Rule the (Artistic) World? A Proposed Model


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NEVES, Bárbara Coelho. Inteligência artificial e computação cognitiva em


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205, 2020.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São
Paulo: Cortez, 2007. p. 03.

MCCUTCHEON, J. Curing the authorless void: protecting computer-


generated works following IceTV and Phone Directories. Melb. UL Rev., v.
37, p. 46, 2013.

KAMPYLIS, P. G.; VALTANEN, J. Redefining creativity—analyzing


definitions, collocations, and consequences. The Journal of Creative
Behavior, v. 44, n. 3, p. 191-214, 2010.

LOBO, Matheus Pereira. Psicologia quântica: autoestima e vaidade. 2020.

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