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04/02/2023

TÉCN ICAS DE EXAM E E AVALIAÇ ÃO PSICOLÓ GI C A II


PROFA .K EL LYAN E FIGUEIRE DO

INTELIGÊNCIA HUMANA:
CONCEITOS GERAIS E MODELOS

COLOM, Roberto. O que é inteligência? Em: FLORES-MENDOZA, C.; COLOM, R. (Cols.). Introdução à psicologia das diferenças individuais. Porto Alegre: Artmed,
2006, pp. 59-72.
ANDRÉS-PUEYO, Antonio. Modelos psicométricos da inteligência. Em: FLORES-MENDOZA, C.; COLOM, R. (Cols.). Introdução à psicologia das diferenças individuais.
Porto Alegre: Artmed, 2006, pp. 73-100.

LINK:

https://www.menti.com/aleyiuuxbiz9
04/02/2023

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04/02/2023

Pare um instante e pense em três pessoas que conheça bem.

Você deve considerar que a primeira pessoa é apenas inteligente, que a segunda é
inteligente academicamente e que a terceira é inteligente em sua vida cotidiana.

Logo a seguir, estão listadas algumas qualidades que você deve avaliar nessas pessoas em
que você pensou:
na pessoa que considera apenas inteligente, na que é inteligente academicamente e na que
você considera inteligente em sua vida cotidiana.

É importante que você conheça e lembre bem a pessoa que escolheu para cada categoria e
que, portanto, não se limite a fazer suposições.

Se você considera que uma qualidade determinada não representa essa pessoa, deve optar
por valores próximos de 1, mas se considera que a qualidade está muito presente nessa
pessoa, deve escolher um valor próximo de 9.

Lista de qualidades
para avaliar a
inteligência

(Colom, 2006)
04/02/2023
04/02/2023

Lista de qualidades para avaliar a inteligência (Colom, 2006)

A quais qualidades você atribuiu maior importância?

“16 - Fala com clareza”, “17 - fala com fluidez”, “1 - raciocina com lógica”, “2 - identifica as relações entre as
ideias”, “3 - vê todas as variantes de um problema”, “18 - é um bom conversador”, “domina uma determinada
área de conhecimento”, “mantém sua mente aberta” e “29 - interessa-se pelas coisas do mundo em geral”
foram as qualidades com maior peso entre as avaliadas por pessoas leigas no campo da inteligência.
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Suponha que, depois de termos pedido para avaliar seu nível


de inteligência, agora aplicamos a você um teste de
inteligência e calculamos seu escore.

Acha que haverá coincidência entre sua avaliação pessoal e os


resultados do teste de inteligência?

Curva de Gauss

As evidências são claras quando


indicam que o escore obtido (QI)
em um teste de inteligência
elaborado pela psicologia científica
relaciona-se com o nível de
inteligência acadêmica e cotidiana
que uma pessoa atribui a si mesma
a partir de uma perspectiva leiga.
04/02/2023
04/02/2023

Fundamentação Teórica
• A conduta dos seres humanos, bem como a forma como estes utilizam para solucionar seus
problemas, sempre despertou o interesse dos cientistas

• Uma alternativa para se melhor entender e diferenciar as atitudes destes quando diante de
situações inusitadas, seria buscar uma compreensão acerca do potencial de inteligência de
cada um

• Contudo, a tentativa de se definir o conceito de inteligência originou grande polêmica, a


qual ultrapassa gerações

• As polêmicas acerca da definição do conceito “Inteligência” não impediram os cientistas de


criar instrumentos para medi-la.

(Boccalandro, 2003)

Mas...

O QUE
É INTELIGÊNCIA?
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O pontapé inicial: Francis Galton - 1880

Um dos precursores da psicometria – estabeleceu as bases para


o estudo da influência dos fatores hereditários sobre a
inteligência humana, e aplicou técnicas estatísticas às pesquisas
sobre o caráter (relações entre os resultados de diferentes
instrumentos de medida – medidas de associação).
Inaugurou o movimento da testagem e se interessou pela
avaliação das aptidões humanas com base em medidas
sensoriais.

Alfred Binet

“NOMEIO INTELIGÊNCIA AQUILO


QUE MEDE OS MEUS TESTES”.
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Não se pode considerar um mero


conhecimento enciclopédico, uma
habilidade acadêmica particular
ou uma perícia para resolver
testes.

Em outras palavras, há um consenso de que a inteligência integra as


ações de aprender, ser capaz de planejar e de resolver problemas

Os processos que fazem parte


do comportamento inteligente
se manifestam em todos os
contextos, mas de diferentes
maneiras......
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Thorndike sugere...

Que o construto inteligência deve ser dividido em três esferas:


 Inteligência abstrata e verbal;
 Inteligência prática;
 Inteligência social.
Neste sentido, o resultado obtido por um determinado sujeito em um teste de
inteligência estará sempre condicionado ao tipo de teste ao qual este for
submetido.

(Boccalandro, 2003)

Já Spearman...
Buscou evidenciar matematicamente que as habilidades intelectuais de um dado
sujeito tratam-se da expressão de dois fatores:

Teoria Bifatorial da Inteligência

 Fator G – Comum em todas as habilidades


 Fator S – Particular a cada habilidade e em
cada caso

(Andrés-Pueyo, 2006; Boccalandro, 2003)


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O fator g é um fato empírico

Compilação de centenas de investigações que mostram


correlações do fator g com variáveis educacionais, sócio-
comportamentais e neurofisiológicas

Terman salienta que...

“É preciso se precaver contra definir a inteligência somente em termos de


capacidade de passar nos testes de uma escala de inteligência. Não é preciso
dizer que nenhuma escala de inteligência é capaz de medir adequadamente a
capacidade de lidar com todos os possíveis tipos de materiais em todos os
níveis de inteligência”.
(Terman, 1921 apud Boccalandro, 2003)
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No entanto...
• As considerações de Terman não abalaram os psicometristas, uma vez que estes
acreditavam na possibilidade de mensurar e predizer sobre o construto
inteligência em algumas áreas;
• Ainda que até hoje não se tenha chegado a uma unanimidade acerca do
conceito em questão, a grande maioria dos psicólogos parece aceitar os
instrumentos de mensuração da inteligência enquanto medida relativamente
preditiva da capacidade do ser humano em lidar com problemas que encontra –
pessoais (emotividade e afetividade), escolares ou laborais.

Thurstone – Habilidades Mentais Primárias


O modelo de Thurstone identificou sete aptidões mentais primárias que correspondem a
diferentes tipos de raciocínio.
Deu ênfase em uma estrutura básica de fatores de inteligência independentes e aplicados a
tarefas com especificidades diferentes (Andrés-Pueyo, 2006).

Propôs sete fatores básicos (habilidades mentais primárias):

◦ Compreensão verbal
◦ Fluência Verbal
◦ Aptidão numérica
◦ Memória associativa
◦ Velocidade percepctual
◦ Raciocínio Indutivo
◦ Aptidão espacial
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Thurstone – Habilidades Mentais Primárias

O próprio Thurstone assumiu, mais tarde, que elas não eram independentes entre si
As habilidades mentais primárias estão correlacionadas entre si

Para alguns autores...

“É a capacidade do indivíduo de agir com propósito, pensar racionalmente e


lidar efetivamente com o seu meio ambiente” (Wechsler, 1944)

“É o produto final de uma sequência vasta e complexa de interações entre


fatores hereditários e ambientais” (Anastasi, 1977).
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Inteligência: o que é?
Capacidade de
raciocínio

Capacidade de
apreender ideias
complexas

Capacidade de
compreender o
ambiente

Capacidade de
aprender com a
experiência
(Gottfredson, 1997)

Após muitos estudos, os cientistas observaram que a inteligência


pessoal está relacionada com mais de 60 fenômenos sociais.

Rendimento acadêmico Nível socioeconômico Capacidade de liderança

Vulnerabilidade aos
Rendimento no trabalho Sensibilidade emocional
acidentes

À saúde A longevidade Resposta à psicoterapia

(Colom, 2006)
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0,73

11 anos
77 anos

Não existe nenhum traço


psicológico mais estável do que a
inteligência

Origem da inteligência

INATA ? Adquirida ?
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Para Raven...

 Não se pode considerar a hereditariedade de forma arbitrária, uma vez


que fatores ambientais influenciam diretamente no desenvolvimento da
inteligência;
 Sendo assim, hereditariedade não implica em imutabilidade.
 Uma das variáveis ambientais que mais atuam sobre a inteligência é a
escolarização – A escolarização desenvolve habilidades, inclusive as
avaliadas nos testes.
(Boccalandro, 2003)

Modelos de Fatores Específicos


Teorias Hierárquicas

◦ Raymond Cattell (John Horn)

 Um dos modelos mais utilizados nos estudos acerca da inteligência.


Inicialmente propõe dois fatores gerais Gf e Gc.
Estrutura da inteligência: 5 fatores de segunda ordem e 19 fatores primários
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Vamos entender melhor!

Inteligência
Genética Cristalizada
Gc

Inteligência
Fluida
Gf Cultura

Cattel & Horn (1963)

Inteligência Fluida
 Eficiência mental essencialmente não verbal, livre de cultura;

 Capacidade adaptativa e de aprendizagem nova;

 Aumenta até a adolescência, estabiliza e declina em paralelo ao envelhecimento - É


mais sensível à lesão cerebral;

 Rapidez de processamento e memória operacional.


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Inteligência cristalizada

Conhecimentos e habilidades adquiridas;

Depende de exposição à cultura;

Altamente influenciada pela educação formal ou informal ao longo da vida;

Aumenta até a vida adulta.


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Como elas se influenciam...

A perda de inteligência fluida em detrimento do


envelhecimento tende a ser compensada pela
inteligência cristalizada.
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Estudos subsequentes confirmam a estrutura


proposta por Cattell/Horn

Gv – visualização
Gf – fluido
Gc – cristalizado
Gs – velocidade
Gr – fluência

Gf se mostra estreitamente ligado ao fator g (0,80)

A Teoria dos Três Estratos de Carroll

Trata-se de uma teoria que integra diferentes posições defendidas dentro da abordagem
fatorial da inteligência.
Reanalisou um conjunto de 460 estudos realizados entre 1925 e 1987 sobre a estrutura da
inteligência, totalizando 131.571 sujeitos.
É um modelo hierárquico que prevê um fator geral ocupando o estrato mais elevado da
estrutura e que corresponde ao fator g de Spearman.
O segundo estrato é composto por oito fatores amplos: inteligência fluida, inteligência
cristalizada, memória geral e aprendizagem, percepção visual, percepção auditiva, habilidade
de recuperação, velocidade cognitiva geral.
No primeiro estrato, encontram muitas aptidões específicas mais fortemente relacionadas a
cada fator de segunda ordem
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A Teoria dos Três Estratos de Carroll

Inteligencia Inteligencia Memoria y Percepción Percepción Capacidad de Velocidad Rapidez de


Fluida (2F) Cristalizada (2C) Aprendizaje Visual (2V) Auditiva (2U) Recuperación (2R) Cognitiva (2s) Procesamiento /
General (2Y) de decisión (2T)

Factores de Factores de Factor de Factor de


Nivel : Nivel : Nivel : Nivel : Factores de Factor de Factores de Factores de
Nivel : Nivel : Velocidad : Nivel :
Razonamiento Desarrollo del Amplitud de Visualización
Secuencial Lenguaje (LD). Memoria (MS). (Vz). Umbrales de Creatividad Velocidad Tiempo de
General (RG). Comprensión Escucha y Habla (FO). para Resolver Reacción
Inducción (I). del Lenguaje (UA, UT, UU). Test (R9). Simple (R1).
Razonamiento Escrito (V). Factores de Factores de Discriminación Facilidad Tiempo de
Cuantitativo Conocimiento Velocidad : Velocidad : de Sonidos del Factores de Numérica (N). Reacción de
Léxico (VL). Habla (US). Velocidad : Rapidez Elección (R2).
(RQ).
Razonamiento Comprensión Memoria Relaciones Discriminación Perceptiva (P). Rapidez de
Piagetiano Lectora (RC): Asociativa (MA). Espaciales (SR). General de Fluencia Ideativa Procesamiento
(RP). Decodificación Recuerdo Rapidez de Sonidos ((U3) (FI). Semántico (R4).
Lectora (RD). Libre (M6). Clausura (CS). Discriminación Naming (NA). Rapidez de
Factores de Cloze Ability Memoria Flexibilidad de de Frecuencia de Fluencia Comparación
Velocidad : (CZ). Semántica (MM). Clausura (CF). Sonidos (U5). Asociativa (FA). Mental (R7)
Deletreo (SG). Memoria Integración Discriminación Fluencia
Velocidad de Codificación Visual (MV). Perceptiva de la Duración e Expresiva (FE).
Razonamiento Fonética (PC). Aprendizaje (L1). Serial (PI). Intensidad de Fluencia para
(RE). Sensibilidad Rastreo Espacial Sonidos (U6). Palabras (FW).
Gramática (MY). (SS). Juicio y Sensibilidad a
Segundas Velocidad Discriminación los Problemas
Lenguas (LA) Perceptiva (P). Musical (SP)
Comunicación (UI, U9). Fluencia
(CM). Miscelanea : Resistencia a la Figurativa (FF).
Escucha (LS). Distorsión Flexibilidad
Competencia para Imágenes (IM). Acústica (UR). Figural (FX).
lenguas no maternas Estimación de Ajuste
(KL). Longitudes (LE). Temporal (UK).
Percepción de Ritmo (U8).
Factores de Nivel Ilusiones (IL). Memoria para
y de Velocidad : Intercalamiento Patrones de
Perceptivo (PN). Sonidos (UM).
Velocidad de Ajuste Absoluto
Lectura (RS). (UP).
Fluencia y Localización de
Producción Sonidos (UL).
Oral (OP).
Escritura (WA).

J.B. Carroll
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ESTUDOS SOBRE PSICOLOGIA E INTELIGÊNCIA

• A evolução da produção científica em psicologia nas áreas de avaliação


psicológica, psicologia do desenvolvimento, psicologia cognitiva e neuropsicologia
permite, atualmente, construir um conjunto de conhecimentos que subsidiam a
avaliação da inteligência ao longo do ciclo vital.
• Os estudos relacionados à inteligência passaram a focar também nas funções
cognitivas, como atenção, percepção, memória, imaginação, organização do
conhecimento, linguagem, pensamento, resolução de problemas, criatividade,
raciocínio e tomada de decisão.

O MODELO CHC DE INTELIGÊNCIA

• A origem do modelo CHC é difícil de precisar, mas está intimamente relacionada à


publicação da revisão da Bateria Psicoeducacional Woodcock Johnson III (Wj-III),
em 2001, instrumento que foi adequado para o modelo CHC, por Woodcock,
McGrew e Mather.
• O modelo CHC de inteligência propõe que as habilidades cognitivas são dispostas
em níveis diferentes em função do seu grau de abrangência e especialização e, em
essência, a inteligência é multidimensional e integrada.
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O MODELO CHC DE INTELIGÊNCIA

• As dimensões de habilidade estão integradas em uma estrutura hierárquica, não se


trata de categorias rígidas, mas sim de uma maneira de descrever as habilidades
em categorias em função de seus diferentes graus de amplitude.
• As habilidades específicas são as únicas habilidades que podem ser medidas
diretamente, relacionadas a uma atividade ou um teste específico (parte inferior da
hierarquia).
• As outras habilidades (estreita, ampla e geral) são classificações teóricas inferidas
pelas observações das relações entre as habilidades específicas.
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O MODELO CHC DE INTELIGÊNCIA

• A proposta inicial do modelo CHC apresentava o fator g como representante da


inteligência geral, 10 habilidades amplas e, aproximadamente, 70 habilidades
específicas.
• Em 2009, seis habilidades amplas foram acrescentadas.
• Embora o fator g seja por vezes criticado e questionado, ele se mantem no modelo
atual, com 17 habilidades amplas e 90 habilidades específicas.
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O MODELO CHC DE INTELIGÊNCIA

• As atualizações do modelo não geram apenas novas habilidades, há


revisões, como por exemplo, dos nomes utilizados como foi o caso da
Memória de curto prazo (Gsm) renomeada para Capacidade de memória de
trabalho (Gwm);
• Divisão de uma habilidade ampla, Armazenamento e recuperação de longo
prazo (Glr), em duas habilidades amplas: Aprendizagem de longo prazo (Gl)
e Fluência de recuperação (Gr)

(Scheneider & McGrew, 2018)

(Campos, Zaia, Primi, 2019)


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(Segabinazi & Zamo, 2016)

(Segabinazi & Zamo, 2016)


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Referências
Anastasi, A. (1977). Testes Psicológicos. São Paulo: EPU;
Andrés-Pueyo, A. (2006). Modelos psicométricos da inteligência. Em C. E. Flores-Mendoza & R. Colom (Orgs.),
Introdução à psicologia das diferenças individuais (pp. 71-100). Artmed.
Boccalandro, E. (2003). G-36: Teste não-verbal de inteligência: Manual – 5ª edição. São Paulo: Vetor.
Colom, R. (2006). O que é inteligência?. Em C. E. Flores-Mendoza & R. Colom (Orgs.), Introdução à psicologia das
diferenças individuais (pp. 59-72). Artmed.
Pasquali, L. (2001). Técnicas de Exame Psicológico – TEP. Manual Vol. 1: Fundamentos das técnicas psicológicas.
São Paulo: Casa do Psicólogo.
Segabinazi, J. D., & Zamo, R. S. Psicodiagnóstico e inteligência. Em. HUTZ, C. S.; BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.;
KRUG, J. S. Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016, p.258-273.
Schneider, W. J., & McGrew, K. S. (2018). The Cattell-Horn-Carroll Theory of Cognitive Abilities. In D. P. Flanagan &
E. M. Harrison (Eds.), Contemporary intellectual assessment: Theories, tests, and issues (4ed., pp. 73–163). The
Guilford Press.
Wechsler, D. (1944). The measurement of adult intelligence (3rd ed.). Baltimore: Williams & Wilkins.

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