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Funções Executivas e Inteligência

Reabilitação Cognitiva
• A inteligência humana talvez seja um dos
assuntos mais estudados em toda a história da
Psicologia.

• Dados PsycINFO da Associação Americana de


Psicologia constam 18.448 artigos desde 1887.

• Diante da imensidão de trabalhos publicados


podemos conjeturar que dificilmente existirá
uma teoria consensual sobre o que é
inteligência.
• Através dos séculos, a expressão de “inteligência”, como
expressão de uma inteligência superior, foi sendo valorizada de
diferentes modos.

• Seria mais inteligente o homem que descobriu a eletricidade do


que aquele que inventou o computador? Um não existiria sem o
outro.

• O que é, então, inteligência? Ser inteligente? E, no outro


extremo, não ser inteligente?

• Inteligente é aquela pessoa que possui habilidades excepcionais?


Obter sucesso na vida é sinônimo de inteligência? Um QI alto
significa que aquela pessoa é muito inteligente?
• A inteligência é uma característica do ser humano. É a capacidade global do
indivíduo para pensar racionalmente e agir no seu ambiente e inclui todas as
habilidades da mente.

• São muitas as competências intelectuais que adquirimos ao longo da vida.


Dentre elas citamos algumas:
• a expressão e a compreensão verbal
• a flexibilidade de pensamento
• a criatividade
• o raciocínio lógico
• a formação de conceitos abstratos

• A inteligência pode ser definida também como a maneira como nós pensamos
sobre algo e como conhecemos as coisas, nossa habilidade para apreender
significados, fatos e verdades, lembrar de experiências, entender o mundo
social, as regras, entender também a si mesmo e a maneira de governar a vida.

• Inteligência significa nossos processos mentais, é considerada a base da


aprendizagem e envolve a memória.
• Todas as capacidades que adquirimos desde a infância e na
adolescência vão se aperfeiçoando ao longo da vida e seu ápice
ocorre na vida adulta.

• Portanto inteligência é uma construção e essa construção sofre


influência das nossas convicções, crenças, atitudes diante da situação,
bem como de todos os nossos conhecimentos prévios armazenados,
por isso é que envolve memória.

• Mudanças que ocorrem nos comportamentos, geram outros


comportamentos que costumamos chamar de inteligentes.

• Cada vivência do mesmo tipo de situação, leituras, conversas e


desafios experienciados são atualizados e ou reformulados a todo o
momento, o que implica o crescimento de nosso conhecimento de
mundo, nossos conhecimentos episódicos, lingüísticos, procedurais
(agir em situações particulares), etc...
• Os comportamentos inteligentes são expressos de várias
formas. Desempenhos intelectuais são formas particulares e
preferidas de processar informações, mas vão além de
processar informações.

• São nossos estilos de pensamento, nossos esquemas mentais,


ou modelos mentais, estratégias e competências que se
traduzem em inúmeras inteligências.

• As teorias variam em razão da tradição de pesquisa herdada


pelo estudo podendo ser classificada de modo geral em três
grandes abordagens:

• fatorial ou psicométrica
• desenvolvimentalista
• cognitiva

• (Almeida, 1988, 1994; Sternberg, 1979, 1980, 1981).


• Podemos afirmar, a partir da perspectiva da psicologia cognitiva,
que a Inteligência é um conceito que “amarra”, une ou transita por
todas (ou quase) as funções cognitivas:

• Memória
“Resumindo, inteligência é a capacidade para
• aprender a partir da experiência, usando
Atenção
• processos metacognitivos para melhorar a
Criatividade
• aprendizagem,
Resolução de problemase a capacidade para adaptar-se ao
• ambiente circundantes, que pode exigir diferentes
Representação
• adaptações dentro de diferentes contextos sociais
Percepção
• e culturais” (Stern Berg, 2005).
Linguagem
• Processamento de informação
• Algumas pessoas têm uma determinada aptidão física, outras
são sociáveis, algumas têm capacidades musicais, outras têm
um bom sentido de orientação. Algumas são bons bailarinos ou
pintores, enquanto que outros possuem aptidão para aprender
línguas, etc.

• Os testes tradicionais de inteligência tipicamente recorrem à


medição da inteligência linguística, lógica/matemática e
espacial. Atualmente, também falamos em termos de
inteligência musical, corporal, pessoal e prática.

• Um doente que tenha sofrido uma lesão ao ponto de


comprometer sua inteligência linguística poderá ter preservada
outras formas de inteligência.
• A partir deste ponto é possível pensar sobre os diversos
conceitos de inteligência em culturas distintas. Afinal, se
ser inteligente é poder analisar e pensar sobre os próprios
pensamentos, idéias e conceitos... Por que não fazê-lo?

• Seria interessante refletir o por quê de culturas distintas


valorizarem “funções” ou “habilidades” tão diferentes
para definir uma pessoa inteligente.

• Será que algumas culturas valorizam mais o “uso” (a


prática daquela habilidade), enquanto outras se
preocupam mais com a “capacidade”, mesmo que em
potencial?
Teoria das Inteligências Múltiplas
• Conceituada por Gardner (1982) como um potencial
biopsicológico para processar informações que pode ser
ativado num cenário cultural para solucionar problemas
ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura.
“a capacidade de resolver problemas
ou potencialidades
• Trata das de elaborar produtos
humanas.que Elasejam
foi concebida
como umavalorizados
explicaçãoemdaum ou mais
cognição ambientes
humana, que pode ser
comunitários.”
submetida a testes empíricos e definiu inteligência como:

• Essa definição dada por Gardner, aproxima-se muito do


que considera a própria essência da criatividade.

• Gardner identificou as inteligências como:


Intrapessoal
Lógicomatemática Espacial Interpessoal
Linguistica Musical Cinestésico
• Segundo Gardner, os seres humanos dispõem
de graus variados de cada uma das
inteligências e maneiras diferentes com que
elas se combinam e organizam e se utilizam
dessas capacidades intelectuais para resolver
problemas e criar produtos.

• Embora estas inteligências sejam, até certo


ponto, independentes uma das outras,
raramente funcionam de maneira isolada.
• Algumas culturasBoareferem
percepçãoavaliar a inteligência de seus
visoespacial
indivíduos em conseqüência do cargo que ele vai ocupar, como
se fosse um RH contemporâneo.
Memória semântica de longo prazo
• Portanto, é mais interessante colocar como navegador um
indivíduo que saiba se guiar bem através da constelação do céu
ou tenha algumMemória de trabalhoaeficiente
conhecimento respeito das leis naturais
como vento, marés, etc.

Função executiva eficiente


• Se algum neuropsicólogo fosse avaliar hipoteticamente o
mesmo sujeito através de testes neuropsicológicos, que
resultados poderia obter?
• Porém, muito provavelmente, este avaliador daria um resultado
geral do coeficiente de inteligência (QI) baixo para este
Teria acaso
indivíduo, inteligência
ele não viso-espacial bem todas
executasse bem acima as
da outras
média. funções
cognitivas, como pensamento lógico-matemático, linguagem,
criatividade e representação do conhecimento por exemplo.

• Por outro lado, como ele seria avaliado pela teoria das
Inteligências Múltiplas?

• Portanto, a teoria desenvolvida por Gardner é construída em


módulos.
Afinal, este sujeito é inteligente?
• Imaginemos a situação oposta: Se Albert
EinsteinSerá resolve ser “avaliado”para alguma
capaz de desenvolver alguma
trabalho numaque
atividade tribo africana:
não seja intelectual?

Será considerado inteligente pela tribo


local?

Como eles fariam para avaliar esse construto? Pelo


uso ou pela capacidade?

• Façamos uma metacognição sobre o assunto...


Piaget e os estágios

• Os processos cognitivos emergem da reorganização de estruturas


psicológicas resultantes das interações organismo-meio, que são
governadas por duas tendências:

• Organização: tendência a combinar dois ou mais esquemas


separados em uma ordem mais alta, num esquema integrado.

• Adaptação: seria um equilíbrio entre as atuações do organismo


sobre o meio e as atuações inversas.
• Para Piaget, a inteligência é adaptação, ou seja, um estado de
equilíbrio para o qual tendem todas as adaptações sucessivas
sensório-motoras e cognitivas.

• O modelo de inteligência Piagetiano é hierárquico, com o


desenvolvimento intelectual dividido em quatro estágios, cada
um representando sua forma de adaptação biológica:

• 1) Sensório-motor

• 2) Pré-operatório

• 3)Operatório concreto

• 4) Pensamento formal
Diante da complexidade: Como mensurar?

• Tradicionalmente, a inteligência está relacionada com as habilidades


acadêmicas, porém existem outros tipos de inteligência que, muitas
vezes, não é possível mensurar através dos testes convencionais.
Ex.: conceitos abstratos.

• A este respeito, Primi salienta que, nas abordagens da inteligência,


duas são tratadas como fundamentais: a inteligência cristalizada
(que prioriza o conhecimento) e a inteligência fluida (que prioriza o
raciocínio).

• Primi RO, Santos AAA, Vendramini CM, et al. Cognitive abilities and competencies:
distinct terms for the same constructs. Psic Teor Pesq. 2001;17(2):151-9.
• Primi R, Almeida LS. Validity of a battery of reasoning tests (BPR-5). Psic Teor Pesq.
2000;16(2):165-73.
Inteligência cristalizada X Inteligência fluida
• Cristalizada – envolve conhecimentos que a pessoa adquiriu durante
a vida. A pessoa é capaz de resolver problemas com base em
experiências e conhecimentos existentes. Tanto problemas de
origem práticas ou morais.

• É influenciada pelas questões sócio-culturais e desenvolver-se com a


idade, apresentando progressos. É fruto de nossas práticas culturais.
São formas de pensamentos complexos e sofisticados que a pessoa
aprimorou ao longo da vida. Podemos chamar de sabedoria.

• Fluida – refere-se à capacidade de processamento cognitivo, ou seja,


a capacidade geral de processar informações ou as operações
mentais realizadas quando se resolvem problemas relativamente
novos, imediatos. Seu funcionamento é influenciado por mecanismos
biológicos. Inclui o raciocínio lógico e a formação de conceitos.
• Muitos testes para inteligência surgiram nos anos pós-guerra. Em 1949,
Allen propõe a utilização do Wechsler-Bellevue no exame de pacientes
com TCE, com a finalidade de realizar uma observação empírica dos
distúrbios e uma estimativa da inteligência pré-mórbida dos pacientes.

• Primeiramente, as observações empíricas têm sido úteis para o


conhecimento de novas síndromes e de novas doenças, entretanto a
utilização exclusiva de escalas de QI não possibilita o exame de diversas
funções cognitivas que podem estar seletivamente falhas, tais como:

• Atenção
• Linguagem
• Funções motoras
• Funções executivas (Lezak, 1983).
O fator “g”
• O fator g, ou fator geral, é um dos aspectos mais discutidos por
psicólogos interessados na mensuração da inteligência. A questão passa,
a princípio, pela investigação sobre se existe ou não uma inteligência
geral.
O fator g, portanto, é um índex de
• No início habilidade
do séc. XX, mental geralinglês
o psicólogo ou inteligência.
Spearman desenvolveu a
extração estatística do fator g por meio de análise fatorial,
determinando um número mínimo de dimensões para associar a um
padrão de respostas.

• Spearman, em 1927, pensou o fator g como uma energia mental geral,


com atividades mentais complexas contendo a maior soma de g.

• Concluiu que estaria envolvido em operações de natureza dedutiva,


ligado à habilidade, velocidade, intensidade e extensão da produção
intelectual de uma pessoa.
QI (Quociente de Inteligência)
• Atualmente, o quociente de inteligência é avaliado pela utilização de
extensas baterias de testes psicométricos, como a escala WAIS-R
(Wechsler Adult Intelligence Scale – Revised).

• Essas escalas de avaliação são constituídas por diferentes subtestes,


voltados ao exame de processos cognitivos, tais como nível geral de
informação, pensamento lógico e abstrato, habilidades verbais e
aritméticas, capacidades visoespaciais e visoconstrucionais, atenção,
memória e destreza psicomotora.

• No entanto, os resultados dessas escalas devem ser interpretados com


cautela, em função das variáveis envolvidas na realização dos
diferentes subtestes.

• Fatores como nível de instrução formal, faixa etária, presença de


doença física ou psiquiátrica e utilização de drogas psicoativas podem
interferir no desempenho em vários subtestes cognitivos, alterando de
maneira significativa o índice final do quociente de inteligência
WAIS-III

• A Escala Wechsler de Inteligência para Adultos (WAIS


III) 3ª edição foi adaptada, validada e normatizada
para o contexto brasileiro por Nascimento (2000).

• É um instrumento flexível considerado padrão-ouro de


avaliação intelectual que permite a avaliação de
componentes cognitivos específicos, como funções
executivas, linguagem, memória.

• Nascimento, E. (2000). Validação e adaptação do teste WAIS-III para um


contexto brasileiro (Tese de doutorado). Brasília: Universidade de Brasília.
Inteligência X FE
• As FE, em particular a atenção seletiva e a memória operacional,
desempenham um papel importante na aquisição de
conhecimentos. No entanto, a literatura apresenta divergências
quanto a unidade ou diversidade das FE.

• Duncan (apud Stuss & Alexander, 2000), defende o caráter


unitário das funções executivas enquanto função única da
inteligência fluida, com supervisão exercida pelos lobos frontais.

• Stuss e Alexander (2000), argumentam que o termo funções


executivas engloba uma multiplicidade de funções refinadas e
complexas que estariam relacionadas a diferentes regiões
dentro dos lobos frontais, e destas com outras regiões cerebrais.
TDAH: Transtorno de Inteligência ou FE ?

• Indivíduos com TDAH SABEM que


comportamentos eles precisam ter, mas não
conseguem fazer por causa da disfunção no
sistema executivo.

• Portanto, acredita-se que o TDAH seja um


problema de funcionamento do sistema
executivo e não um transtorno de inteligência.

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