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Adolescente

de 16 anos
com queixas
cognitivas
Ana Luiza Pereira • Vinicius Bedran
Solicitação de Atendimento e
Dados do Paciente
Jonas, 16 anos, Classe B1, 8º ano do ensino médio.
Mora com os pais e irmã de 23 anos em bairro classe
média, capital; Mãe (Tec. enfermagem) 41 anos; Pai
(Tec automação) 44 anos.

Encaminhado pelo posto de saúde por dificuldade de


aprendizagem, atenção e memorização. Queixa dos
pais: Falta de iniciativa, e dificuldade em se dar conta
quando precisava de ajuda.
Anamnese: Gestação,
Desenvolvimento e Família
Gravidez planejada e bem acompanhada, sem uso de
substância psicoativa ou medicação durante a gestação. Parto
cesária, Apgar 9/10. Desenvolvimento normal. Com dois anos e
meio fez acompanhamento com fonoaudióloga para pronúncia
correta das palavras e frases (falava enrolado).

Atualmente: Bom relacionamento com a família nuclear, pouco


contato com a família extensa. Os pais o descrevem como um
menino esforçado e carinhoso, mas que se incomodava
quando apontavam suas dificuldades. No momento da
avaliação aguardava resultado de teste auditivo.

O pai possuía transtorno bipolar - sem tratamento.


Anamnese:
Antecedentes Sociais e Rotina
• Entrou na escola com 7 anos e estudou em 4 escolas diferentes devido a
mudanças de residência. Reprovou na sexta e oitava série..
• Desde pequeno tinha poucos amigos próximos, mas relatou ter
interesse e mostrou ser capaz de fazer amizades.
• Aos 11 anos mudou de um sítio para a área urbana - sofreu pela
mudança pois gostava do contato com a natureza; Relatou estar bem
adaptado ao local em que morava.
• Trabalhava como empacotador (48h semanais de trabalho + escola) - Ao
final da avaliação Jonas optou por sair do emprego.

Rotina: Acordar cedo, tomar café, ir para escola, almoçar e ir para o


trabalho. Aos finais de semana: descansar, ficar com a família, ir ao
cinema ou outros passeios com amigos.
Dados de Observação e
Planejamento.

Jonas pareceu ser um adolescente educado e discreto; Com


atitude positiva frente a avaliação, mas demonstrou
retraimento e queixou de cansaço em certos momentos.
Compareceu a todos os atendimentos acompanhado do
pai.

Dificuldade de Aprendizagem: Avaliação dos aspectos


cognitivos - nível de inteligência, atenção, funções
executivas, capacidade de abstração e memória.
Falta de iniciativa: Avaliação de aspectos emocionais e
comportamentais - depressão, ansiedade e habilidades
sociais.
Procedimentos e Técnicas
Utilizadas

Realizados 9 encontros de avaliação (60min), seguido por um


encontro de devolução.

● Entrevista de anamnese com o paciente;


● Casa-Árvore-Pessoa (HTP) - Técnica Projetiva de Desenho;
● WISC-IV (Escala de Inteligência para crianças);
● WCST (Teste Wisconsin de Classificação de Cartas);
● Teste de Atenção Concentrada (AC-15)
● Escala de autoconceito Infanto-Juvenil (EAC-IJ)

Fontes Complementares:
● Child Behavior Checklist (CBCL)
● Entrevista Clínica Estruturada para DSM-IV - SCID-I
● Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT)
● Frontal Assessment Battery (FAB) e MTA SNAP-IV.
Resultados

Media para a idade


Media para a idade
Media para a idade
Prejuízo na memorização de trabalho - oscilou.
Dificuldade de Atenção, concentração e
velocidade
Resultados Complementares
Resultados: Hipótese
Diagnóstica e Conclusão
● Depressão: Sinais de anedonia, cansaço, tristeza (Relacionado a dificuldade de
socialização e desempenho escolar).
● Transtorno de Ansiedade Social: Tendência a se isolar quando seu
desempenho não era o esperado (Relação com a queixa de falta de iniciativa);
● Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade: distração, dificuldade
em manter atenção e prestar atenção em detalhes, desvio de atenção com
facilidade.

Diagnóstico de Deficiência Intelectual leve descartado diante das avaliações


cognitivas e de funcionalidade através de entrevistas semiestruturadas - descartado
a hipótese de prejuízo global.
Indicações Terapêuticas
Entendimento Crítico da Avaliação

● Acompanhamento Psicológico e Psiquiátrico.


● Acompanhamento e Acolhimento familiar: Orientação
familiar para compreendê-lo e auxiliar no desempenho
escolar, com incentivo à autonomia.

● A ansiedade social causava prejuízo tanto no ambiente


escolar, como de trabalho e familiar - Fundamental
entendimento para encaminhamento adequado, que o
auxilie não somente nas dificuldades escolares.
Raciocínio Clínico em
Diagnósticos: Tema para Reflexão
O transtorno de ansiedade se diferencia entre um
indivíduo e outro.

• Transtorno de Ansiedade Social (TAS) - Medo ou


ansiedade diante a situação de Interação social.
Os primeiros sintomas costumam se manifestar na
adolescência e revelam prejuízos sociais como
oportunidades acadêmicas e laborais.
• Entrevista ampla - paciente, pais e professores
Déficits Neuropsicológicos em
Pacientes com TAS
Pacientes com TAS apresentam prejuízos em:
● Tarefas Verbais;
● Memória de Trabalho;
● Flexibilização Cognitiva.

Disfunções Cognitivas:
● Funções executivas: processos atencionais;
● Memória: Trabalho, autobiográfica e episódica;
● Distorções Cognitivas: Crenças e pensamentos;
● Metacognição.
Avaliação do Transtorno de TDAH
e Sintomas Emocionais
● Deve ser feita anamnese minuciosa para resgatar o histórico
clínico e marcos desenvolvimentais, além do levantamento do
funcionamento acadêmico, social e emocional;
● Avaliação ampla e levar em conta diversas causas para o
problema, atentando para a presença de comorbidades.
● Verificar possíveis causas para sintomas semelhantes: disfunção
na tireóide, reações adversas à medicação, etc).

Com o comprometimento nas funções executivas, responsáveis pelo


planejamento e controle: atenção, planejamento, memória e trabalho,
controle inibitório e flexibilidade, pode apresentar dificuldade em
autorregulação (princ. emocional) - prejuízo nas interações sociais.
- Dificuldade na regulação emocional (compreender, diferenciar,
expressar e lidar com emoções)
Considerações Finais

Os prejuízos do transtorno identificado em Jonas


(TDAH) podem ser amenizados por tratamento
especializado, como treinamento de habilidades sociais
- desenvolvimento de competências, autonomia e
autorregulação emocional.

- Dificuldade dos pais compreenderem diagnóstico


(prejudicial para o desenvolvimento).
- Diagnóstico precoce para tratamento antecipado
e melhor qualidade de vida.
- Comorbidades.

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