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UERJ/CEDERJ
Coordenação Ana Lucia Gomes
O behaviorismo é uma das teorias da aprendizagem mais importantes e tem sua origem
nos Estados Unidos. Como teóricos influentes destacam-se: Ivan P. Pavlov (1849-
1936), John B. Watson (1878-1958) e Burrhus F. Skinner (1904-1990). Essa teoria se
caracteriza por focar em eventos comportamentais objetivos, destacando os estímulos,
respostas e recompensas que se encontram envolvidos neste processo (Lefrançois,
2015). A aprendizagem para o behaviorismo é entendida como a aquisição de um
padrão de comportamento estabelecido pela relação existente entre o estímulo que o
produziu, a resposta emitida pelo sujeito e a presença do reforço (Davis e Oliveira,
2010).
De acordo com a teoria comportamental, uma vez identificadas essas relações é possível
prever, manter ou eliminar a ocorrência de padrões de comportamento descartando a
importância atribuída à investigação da consciência, através da introspecção para
explicar o comportamento, conforme os mentalistas faziam.
“[...] Assim, se soubermos que uma criança está há muito sem comer e que, por
essa razão, sente fome, e que, sentindo-se esfomeada, comerá, então saberemos
que, se ela não come há algum tempo, então ela comerá. E, se tornando-lhe
inacessíveis outras comidas, fizermos com que se sinta faminta, e se, em virtude
de sentir fome, comer então uma certa comida, deverá seguir-se então que,
tornando-lhe inacessíveis outras comidas, nós a induziremos a comer essa
comida.” (Skinner, 1974; p. 16)
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[S] refere-se à palavra stimulus, estímulo em latim.
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isto é, sem necessidade de imergir uma das mãos na água (Keller, 1973,
op cit, Bock, Furtado e Teixeira, 2008, p. 60).
As variações ambientais interferem nessas ações, bem como, variações nessas ações
também produzem interferências no ambiente, tornando essa relação contingencial.
Dessa forma, podemos verificar a ação do indivíduo no meio, as circunstâncias que o
levou a agir e as consequências da sua ação (Lefrançois, 2015). A ação do indivíduo no
ambiente é influenciada pelas consequências produzidas por estas mesmas ações, sendo
uma das variáveis de controle do comportamento mais importantes no estudo do
comportamento (Bock, Furtado e Teixeira, 2008).
A consequência de uma ação produzida no ambiente pode ser de dois tipos: reforçadora
ou punitiva. A consequência reforçadora ou elemento reforçador consiste no evento
seguido ao comportamento (resposta) que aumenta a probabilidade do comportamento
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voltar a ocorrer. A tabela 1 nos indica como reforçadores os seguintes eventos: perda de
peso, obter boas notas, não ficar molhado e evitar que o carro seja roubado. Esses
Reforçamento e Punição
O reforço positivo pode ser conceituado como o evento que aumenta a probabilidade do
comportamento ocorrer, sendo semelhante à ideia de “recompensa”. Na tabela 1, temos
como exemplo de reforço positivo: a perda de peso e a obtenção de boas notas. Esses
reforços estabelecem uma relação de contingência positiva com as ações realizadas
aumentando a probabilidade de que sejam novamente praticadas em outro momento
pelo indivíduo. Assim, quanto mais exercícios físicos o indivíduo faz, mais peso ele
perde. Quanto mais peso ele perde, mais exercícios físicos ele faz; Quanto mais o
indivíduo estuda para a prova, melhor é o seu desempenho. Quanto melhor é o seu
desempenho, mais estuda para a prova.
O reforço negativo, por sua vez, consiste no evento que produz uma resposta que leva à
eliminação, prevenção ou atenuação de algo presente no contexto e que desencadeou o
comportamento, sendo semelhante a ideia de “alívio”. Na tabela 1, temos como
exemplos de reforço negativo: abrir o guarda chuva, para evitar ficar com as roupas
molhadas e acionar o alarme do carro, para não ter o carro roubado. Assim, a
consequência de ficar seco com o uso do guarda chuva e o carro não ser roubado em
função do uso do alarme, mantêm esses padrões de comportamentos por propiciar a
remoção de uma contingência negativa.
Importante destacar, que todo reforço tem como função aumentar a probabilidade de um
comportamento ocorrer, independentemente, dele ser positivo ou negativo. Os efeitos de
ambos aumentam a frequência de ocorrência da ação praticada pelo indivíduo. Outro
ponto que merece destaque é que se deve considerar o efeito produzido pelo reforço e
não, a sua natureza, pois é o efeito que vai influenciar na repetição ou não do
comportamento (Lefrançois, 205). Isso explica em parte, porque mesmos reforçadores
podem produzir efeitos “diferentes” nos indivíduos em uma mesma situação. Exemplos:
Nem todos os alunos vão fazer o dever de casa porque foram elogiados pela professora;
Nem todos praticam exercícios porque perderam peso.
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O comportamento pode deixar de ocorrer também, por dois motivos: retirada do
reforçamento e pela prática da punição. A retirada do reforço elimina a influência do
seu efeito sobre o comportamento, fazendo com que ele deixe de ser realizado pelo
É muito comum cair no erro de pensar a punição como sinônimo de reforço negativo.
Punição e reforço negativo são conceitos diferentes e opostos em sua natureza. O
reforço negativo recebe o termo “negativo” por estar vinculado à remoção de uma
contingência negativa, ou seja, um desconforto ou aversão é vivenciado pelo indivíduo
levando-o a agir e com este ato, há a eliminação, atenuação daquilo que era entendido
por ele como “ruim”. Dessa forma, sempre que esta situação ocorrer, o comportamento
será realizado e reforçado continuamente, pois o seu efeito é um reforçador negativo,
contribuindo para a manutenção do comportamento. Exemplos: Um aluno se dedica ao
estudo das provas finais para que não seja reprovado. Uma pessoa paga as contas em dia
para não pagar multa.
A Educação foi uma das áreas de aplicação da teoria behaviorista. Skinner desenvolveu
uma metodologia que destacava o planejamento pedagógico visando garantir a
aprendizagem do aluno de forma eficiente. Para alcançar este objetivo, o planejamento
era elaborado considerando uma série de fatores, como: perfil do aluno/turma,
encadeamento do conteúdo, grau de complexidade das atividades, sequência de
atividades, uso de reforçadores e rápido feedback ao aluno sobre o seu desempenho. A
perspectiva behaviorista destaca a importância do papel do professor no processo de
aprendizagem dos seus alunos, na medida em que cabe a ele o planejamento,
organização e execução das atividades pedagógicas visando atender aos objetivos
relativos à instrução e ao desenvolvimento de habilidades específicas dos alunos.
Segundo Davis e Oliveira (2010), a crítica que se faz à perspectiva behaviorista aplicada
à educação refere-se por considera-la diretiva, por guiar o aluno em uma determinada
direção, através da prática repetitiva, que visa a fixação dos conteúdos. Assim, nota-se
uma suposta ênfase na obtenção de padrões de respostas, sem haver o cuidado com o
desenvolvimento de uma reflexão crítica acerca do que está sendo aprendido. Para os
críticos do behaviorismo aplicados à escola, a repetição de padrões de respostas pelo
aluno, pode leva-lo ao acerto, sem, no entanto, garantir-lhe a compreensão conceitual
sobre aquilo que pode fazer com eficiência e acerto.
Apesar das críticas, o behaviorismo continua tendo seu espaço no contexto educacional,
auxiliando o professor na organização dos exercícios, a pensar na forma como a prova
deve ser elaborada e no modo como deve se relacionar com o seu aluno. Importante
entendermos isso, para que possamos, enquanto educadores, elencarmos aquilo que é
importante de forma a contribuir para o processo de ensino-aprendizagem.
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Referências Bibliográficas:
Bock, Ana Mercês Bahia; Furtado, Odair e Teixeira, Maria de Lourdes Trassi. (2008).
Psicologias: Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. 14ª ed. – São Paulo: Saraiva.
Davis, Cláudia e Oliveira, Zilma de Moraes Ramos de. (2010). Psicologia na Educação.
3ª ed.- São Paulo: Cortez.
Skinner, Burrhus F. (1974; 1999). Sobre o Behaviorismo. 11ª ed. - São Paulo: Cultrix.