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da Educação
(BLOCO IV)
FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE
COORDENAÇÃO GERAL DE GRADUAÇÃO
RECIFE, 2016
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FICHA CATALOGRÁFICA
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SUMÁRIO
07 1. O Behaviorismo
08 2. O Condicionamento Clássico de Pavlov
09 3. O Condicionamento de Skinner
09 3.1 Conceitos Básicos
11 4. Aplicação do Behaviorismo à Educação
13 5. A Psicanálise
15 6. A primeira teoria do aparelho psíquico
15 7. A segunda teoria do aparelho psíquico
16 8. A descoberta da sexualidade infantil
18 9. Contribuições da psicanálise
para a educação
20 Resumo
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No bloco anterior estudamos aprendizagem, psicologia da
aprendizagem e as funções psíquicas envolvidas. Compreendemos
o conceito de aprendizagem e que, como seres humanos, temos
processos psicológicos que interferem nesse experiência. Vimos que
nossa percepção com seus determinantes e a organização perceptiva
são importantes para interpretação dos estímulos; que a emoção e a
motivação também são centrais para o processo de aprendizagem,
pois como o sujeito se sente e o quanto está “a fim de” aprender são
fatores essenciais para uma aprendizagem de sucesso.
Neste bloco, começaremos a estudar as teorias psicológicas que
estão relacionadas ao processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Na psicologia, há muitas perspectivas teóricas e vamos destacar a
Psicanálise de Freud, o Behaviorismo Radical de Skinner, a Epistemologia
genética de Piaget, o Sociointeracionismo de Vygotsky e a Psicogênese
de Wallon. Neste módulo, vamos aprender Psicanálise e Behaviorismo,
duas perspectivas com concepções bem distintas, mas que trazem
importantes contribuições no entendimento do ser humano e de seus
processos de aprendizagem. Então, vamos lá!
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1. O BEHAVIORISMO
https://www.youtube.com/watch?v=vMVaxktVJz4
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2. O CONDICIONAMENTO
CLÁSSICO DE PAVLOV
https://www.youtube.com/watch?v=C40cXKi4c3Y
Ele afirmava que os psicólogos perdiam tempo com concepções do tipo “será que os
macacos pensam?”, “será que utilizam ensaio e erro para solucionar problemas?”. Para
Pavlov, o macaco simplesmente repetia comportamentos bem sucedidos que o faziam
ganhar uma banana.
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3. O CONDICIONAMENTO DE SKINNER
Os behavioristas, inspirados pela lei do efeito de Thorndike1, trabalham com reforço que
objetiva aumentar a probabilidade de uma resposta ser emitida, podendo ser um reforço
positivo ou negativo. O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade
futura da resposta a ser produzida. O reforço negativo é todo evento que aumenta a
probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua. Por exemplo, o reforço positivo
oferece alguma coisa ao organismo (água quando se tem sede); o negativo retira algo
indesejável (choques). Esses reforços eram muito utilizados por Skinner em sua famosa
Gaiola de Skinner, onde ele condicionava os ratos para pressionarem a barra da gaiola.
Os ratos o faziam tanto para obter água como para eliminar os choques. Isso é o que
Skinner chama de modelagem do comportamento.
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Presente na escola chamada associacionista, a lei do efeito de Thorndike afirmava que as ações que apresentam resul-
tados agradáveis tendem a se repetir e as de resultado neutro ou desagradável tendem a não se repetir ou desaparecer
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Percebemos que o reforço é essencial na teoria de Skinner, mas, e se o retirássemos, o que
aconteceria? O comportamento condicionado entraria em extinção. Então, na extinção,
uma resposta deixa de ser reforçada e, como consequência, a resposta diminuirá de
frequência e poderá até deixar de ser emitida. O tempo necessário para que a resposta
deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido. Assim, quando
paqueramos alguém e somos retribuídos, a paquera continua, porém, se a pessoa deixa
de nos olhar e passa a nos ignorar, as investidas tenderão a desaparecer.
Para compreender um pouco mais do condicionamento operante assista:
https://www.youtube.com/watch?v=--VoFnc7z-Y
Outro conceito é a punição, porém os behavioristas a questionam, pois punir ações levaria
à supressão temporária da resposta, mas não alteraria a motivação envolvida. As práticas
punitivas, já usadas na Educação, foram questionadas pelos Behavioristas, tais como
palmatória, ajoelhar em milho, bater com réguas, copiar frases inúmeras vezes, sentar
isolado, etc. A proposta de Skinner é a substituição das práticas punitivas por modelar
comportamentos desejáveis. Esse princípio pode ser aplicado no cotidiano e em todos os
espaços em que se trabalhe para instalar comportamentos desejados. Então, ao invés de
punição por um mal comportamento, os alunos são reforçados por bons comportamentos,
como tratar bem o colega.
Ainda há outros conceitos, mas, aqui, nos limitaremos aos já apresentados, por serem os
que facilitarão as questões relacionadas à concepção de educação pensada a partir
dos behavioristas, foco pretendido neste bloco.
²Reflita sobre a afirmação tecnicista de que esse fazer estaria separado do aonde chegar
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Vamos imaginar que a educação queira formar pessoas organizadas. Isso é uma
finalidade do campo político e filosófico, e o pensamento tecnicista vai-se preocupar em
como chegar a isso. Então seria preciso definir quais comportamentos dizem respeito a ser
organizado e, a partir de tais definições, montar programas de esquemas de reforçamento,
para aqueles que se comportem nesse sentido desejado.
Um aspecto interessante para pensarmos, no tecnicismo, é a avaliação. Avaliar seria,
então, verificar se o comportamento dos alunos coincide com o das metas estabelecidas.
Se sim, é porque o planejamento pedagógico foi corretamente elaborado, mas, caso o
comportamento desejado não tenha sido alcançado, eles afirmam que é preciso rever os
itens e localizar a falha. Ou seja, não busca localizar a deficiência ou o fracasso nos alunos,
mas no procedimento, pois o aluno é o resultado das operações de condicionamento.
Muitas pessoas, principalmente educadores, podem ficar incomodados com essa leitura.
Pode não ser agradável olhar o trabalho do educador, reduzindo-o à aplicação de
procedimentos como condicionamentos. Isso ocorre, principalmente, porque temos uma
visão humanizadora da educação, que valoriza a relação educador-aluno e vê o espaço
educacional como formador de cidadãos e não de modelador de comportamentos.
Os behavioristas argumentam que isso é uma questão de linguagem, pois o formar cidadão
poderia ser substituído por processos operacionais, controles ou condicionamentos. Para
eles, formar cidadão jamais prescinde de técnicas que reforcem comportamentos. E
você, o que acha? Almejamos metas para a escola e para o país? Como o behaviorismo
poderia contribuir com essas metas? Até que ponto essa teoria seria útil sem perder de
vista o papel da educação na manutenção e transformação social?
O estudo do comportamento humano ganha maior destaque na Psicanálise, desenvolvida
no tópico seguinte.
5. A PSICANÁLISE
Quando se comete um engano, uma falha, por exemplo: estou triste em lhe ver... quando era para ter dito feliz.
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Ao trabalhar com a associação livre, Freud observou que existia uma força que se opunha
a tornar consciente, a revelar o conteúdo. A essa força Freud chamou resistência. E para
a força que reprime, encobre e faz desaparecer da consciência o conteúdo, ele chamou
recalque. Esses conteúdos a que nos referimos, estão no inconsciente. A partir daí, Freud
começa a pensar que nós temos um aparelho psíquico e parte para a sua primeira tópica
ou primeira teoria do aparelho psíquico5.
6. A PRIMEIRA TEORIA DO
APARELHO PSÍQUICO
Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud apresenta sua primeira concepção
sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Fala da existência de três sistemas
psíquicos: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. O consciente é o sistema
que está em contato com o mundo exterior e interior; é onde está nossa percepção
e raciocínio, como, por exemplo, o que você lê agora. O pré-consciente é o sistema
no qual permanecem conteúdos acessíveis à consciência, mas que podem não estar
acessíveis num momento e noutro sim, como, por exemplo, se você quiser recordar algo
que viveu nos seus 15 anos. Já o inconsciente é composto por conteúdos que estão fora
da consciência e por conteúdos recalcados, como, por exemplo, traumas, experiências
dolorosas, principalmente da infância.
7. A SEGUNDA TEORIA DO
APARELHO PSÍQUICO
Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e passa a trabalhar com as
instâncias psíquicas id, ego e superego, para referir-se aos três sistemas da personalidade.
O id constitui o reservatório da energia psíquica e nele estão as pulsões de vida e de
morte. É regido pelo princípio do prazer. O ego é o que tenta estabelecer o equilíbrio entre
as exigências do id, da moralidade do superego e a realidade. É regido pelo princípio da
realidade. É um regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar
a satisfação, considerando as condições da realidade. Algumas funções básicas do
ego são a percepção, a memória e os sentimentos. O superego surge na saída da fase
fálica6 e é um herdeiro do complexo de Édipo. Surge da internalização da autoridade,
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Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a história de Freud pode assistir ao filme Freud além da alma ou acessar
os sites a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=-op3s6s-yw4 https://www.youtube.com/watch?v=JrIZn3od6So
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Freud fala em cinco fases psicossexuais do desenvolvimento da personalidade. A fase fálica seria a terceira e nela
ocorre o complexo de Édipo, conceito central na teoria Freudiana. Falaremos sobre as fases mais adiante.
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das proibições e limites. A moral é função do superego e dele vem nossos sentimentos de
culpa. O conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais. Por exemplo,
você está passeando pelo shopping e vê uma roupa que adorou. Quer a roupa! Quando
olha o preço, vê que está mais caro do que pode pagar. Você quer a roupa, mas não
vai roubar! Então decide sair e se dispõe a economizar dinheiro para comprar depois. O
desejo (id) de ter não foi passando por cima da lei (superego) e você mediou (ego) a
possibilidade de comprar, depois que obtiver a quantia necessária. Os sistemas não são
separados e, embora o id se refira ao inconsciente, o ego e o superego têm, também,
aspectos inconscientes.
8. A DESCOBERTA DA
SEXUALIDADE INFANTIL
Na sua prática clínica, Freud trabalhou com as neuroses e, em seu trabalho, descobriu que
muitos dos desejos reprimidos se referiam a conflitos de ordem sexual, vivenciados nos anos
iniciais de vida. Ou seja, as experiências infantis poderiam ter caráter traumático, serem
reprimidas e configurar a origem dos sintomas neuróticos dos sujeitos. Isso confirmava que
as ocorrências da infância têm relação com os sofrimentos na vida posterior. Com essa
descoberta, Freud coloca a sexualidade no centro da vida psíquica e postula a existência
da sexualidade infantil. Contudo houve muita resistência dos médicos e da sociedade
em geral, já que era uma época vitoriana na qual a sociedade vivia um puritanismo e as
crianças eram vistas como totalmente inocentes.
Freud concluiu que o corpo da criança era erotizado, que elas passavam por fases psicossexuais
a partir de excitações localizadas no corpo, e que iam evoluindo progressivamente no
desenvolvimento. Nessas fases, a libido circula pelo corpo, concentrando-se mais fortemente
nas zonas erógenas respectivas de cada fase. Freud postula as fases psicossexuais do
desenvolvimento, divididas em cinco, conforme tabela abaixo:
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Vamos destacar a vivência do complexo de Édipo, na fase fálica. É um complexo central
e estruturante para a psicanálise. Nossa forma de ser no mundo se define a partir da
vivência edípica. Mas isso é uma longa história e de grande complexidade. Interessa
essencialmente aos que trabalham com a clínica psicanalítica, mas, se você quiser ler mais
sobre isso, sugiro o livro de Nazio, Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa.
De maneira bem geral, a essência do édipo se dá pela rivalidade e amor com os pais. A
criança rivaliza com um dos pais do mesmo sexo dela e ama o de sexo oposto.
9. CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE
PARA A EDUCAÇÃO
RESUMO
O behaviorismo oferece uma base teórica e técnica bem eficiente no tocante a previsão
e controle, com a vantagem da simplicidade, se comparado à psicanálise. Seria mais
simples para explicar e controlar a ação humana e, particularmente na escola, o
comportamento de alunos e educadores. O behaviorismo expressa uma mentalidade
que visa à racionalização de procedimentos, à eficiência e à ênfase em resultados.
Os críticos do behaviorismo dizem que é uma teoria simplista e deixa de lado a riqueza da
complexidade humana. Criticam que se utilizam de animais inferiores aos humanos e suas
situações de aprendizagens são simples. Já seus defensores dizem que teorias sofisticadas
como a psicanálise geram boas ideias literárias, mas pouco resultado prático.
A Psicanálise oferece contribuições para o entendimento das questões menos
metodológicas e mais relacionais, portanto é um referencial de compreensão do ser
humano. A psicanálise não se fundamenta em procedimentos, métodos e técnicas de
ação pedagógica e sim, numa relação permeada pelo desejo, inclusive no desejo em
aprender.
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REFERÊNCIAS
ALENCAR, E.S. Psicologia: introdução dos princípios básicos do comportamento.
Petrópolis: Vozes. 2000.
PAPALIA, D. M.; OLDS, S. W. Desenvolvimento humano. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
WEITEN, W. Introdução a Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson. 2002.
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