Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESCALAS DE WESCHLER
As provas de Wechsler são escalas de inteligência, aplicadas de acordo com a idade cronológica do sujeito e referindo-se a diferentes
períodos do desenvolvimento.
As últimas revisões das escalas de Wechsler introduzem modificações aos subtestes e ao cálculo do QI, respeitando uma definição ampliada
de inteligência e, no caso das escalas adaptadas à infância, renunciam ao conceito de Idade Mental (Binet). A inteligência é, pois, entendida para
além da capacidade intelectual pura e qualquer dos seus aspectos – verbal, abstracto, numérico ou até global – incluindo outras capacidades que
incluem outros vectores, nomeadamente traços de temperamento e personalidade, tais como persistência, esforço, nível de energia, entre outros.
A teoria actual subjacente às escalas de Weschler é que a inteligência é parte de um todo maior, a personalidade, não podendo ser separada desta.
Assim, a sua aplicação deve também ser enquadrada numa bateria de provas que permita um exame psicológico global e compreensivo e não
como medida isolada.
Todas as escalas Wechsler são compostas por subtestes reunidos em dois grupos: Testes Verbais e Testes de realização.
WAIS- R
|dos 16 anos e 6 meses |
CONSTITUIÇÃO DA ESCALA
Análise Inter-Individual:
Implica a comparação do resultado obtido pelo sujeito com os resultados esperados para o mesmo sexo e faixa etária, através dos Quocientes de
Inteligência – QI Total, QI Verbal e QI Realização.
Nota Bruta: Somatório dos pontos atribuídos ao sujeito em cada item de cada subteste.
Nota Ponderada/Padronizada: Conversão da Nota Bruta em Nota Padronizada através das tabelas de conversão que fazem parte do
manual da prova e que se organizam pela idade cronológica do sujeito.
Análise Intra-Individual: Consiste na comparação dos resultados obtidos pelo sujeito nos vários subtestes – Scatter (Critérios de Cálculo e
Normas iguais à WISC).
Quociente de Deterioração Mental
Não é um quociente que se aplique a todos os sujeitos, mas apenas aqueles que pensemos que nos será útil.
Um quociente positivo é indicador de deterioração. Quanto mais elevado é o valor da deterioração, menor a percentagem de indivíduos que a
têm, na população.
VALOR DO QDM
A aplicação da escala é individual, com duração variável entre os 60 e os 90 minutos, e com aplicação alternada entre subtestes verbais e
subtestes de realização. A aplicação da WISC-III permite avaliar os aspectos quantitativos e qualitativos da inteligência geral, considerando os seus
domínios cognitivo, instrumental e afectivo.
CONSTITUIÇÃO DA ESCALA
Análise Inter-Individual: Implica a comparação do resultado obtido pela criança com os resultados esperados para o mesmo sexo e faixa etária,
através dos Quocientes de Inteligência – QI Total, QI Verbal e QI Realização.
Nota Bruta: Somatório dos pontos atribuídos à criança em cada item de cada subteste.
Nota Ponderada/Padronizada: Conversão da Nota Bruta em Nota Padronizada através das tabelas de conversão que fazem parte do
manual da prova e que se organizam pela idade cronológica da criança.
Resultados QI Classificação
>130 Muito Superior
120-129 Superior
110-119 Normal Brilhante
90-109 Médio
80-89 Normal Lento
70-79 Zona Fronteiriça
<69 Debilidade Mental
Análise Intra-Individual: Consiste na comparação dos resultados obtidos pela própria criança nos vários subtestes – Scatter.
Se a diferença entre o QIv e o QIr for igual ou superior a 12 significa que o resultado do teste não é fiável e a análise das provas tem que
ser feita em dois grupos distintos: a análise das provas verbais e a análise das provas de realização (ou seja, calculam-se dois Scatters) –
considera-se o raciocínio heterógeneo.
Se a diferença entre o QI v e o QI r for inferior a 12, os resultados são fiáveis, pelo que se elabora apenas um Scatter, com todas as provas,
comparando-as entre si – considera-se o raciocínio como homogéneo.
QIv – QIr < |12| " 1 scatter = (somatório dos subtestes V e R)/n.ºsubtestes = X
Encontra-se a média das diferentes provas e relacionam-se todos os valores com esta média. Subtrai-se ao valor obtido em cada prova a média
encontrada e regista-se o resultado, que pode ser positivo ou negativo. Atribui-se um determinado sinal a cada valor, de acordo com a seguinte
norma:
-3 (---) -2,5 (--) -1,5 (-) X (0) +1,5 (+) +2,5 (++) +3 (+++)
-0,5 -1 -1,5 x(0) +1,5 +1 +0,5
ANÁLISE QUALITATIVA DOS SUBTESTES
|Informação compilada a partir dos trabalhos de Simone Bourgés e dos trabalhos de Jacques Gregoire |
SUBTESTE INFORMAÇÃO
Descrição 30 questões sobre conhecimentos que a criança pode adquirir através da educação formal ou através do meio envolvente (cultura
geral). Avalia conhecimentos básicos e a atenção à informação do meio. Organiza-se segundo um gradiente de dificuldade.
Pressupostos Esta prova é muito sensível à influência do meio cultural e escolar. Implica um interesse pela vida social e facilidade em termos de
aptidões verbais. Revela capacidades de investimento na escolaridade e permite-nos avaliar a adaptação escolar.
Permite-nos avaliar a abertura da criança ao seu meio envolvente, à aprendizagem e à curiosidade intelectual. Permite avaliar a
atitude da criança face à elevação progressiva de complexidade (rejeição, ansiedade, depressividade, comportamento errático).
Hipótese A curiosidade intelectual da criança pode estar bloqueada por dificuldades emocionais, como por exemplo, a depressão, inibindo
Interpretativa o sucesso nesta prova.
Esta prova pode prejudicar as crianças de meio socio-cultural diferebte do seu original, por exemplo, crianças migrantes.
Pelo contrário, nas crianças com debilidade e que são sobre-educadas para compensar as dificuldades, o resultado pode ser bom,
devido a um hiperdesenvolvimento das capacidades mnésicas e da atenção.
Os resultados deste subteste devem ser comparados aos resultados dos subtestes Aritmética e Vocabulário para uma melhor
compreensão.
Pontuações altas nesta prova podem sugerir ambiente cultural elevado e boas leituras, curiosidade e interesse pelo meio
envolvente, ambição intelectual, boa memória.
Pontuações baixas nesta prova podem sugerir ambiente empobrecido, frequentemente associado a pouco investimento
emocional pelos pais e, consequentemente, diminuição da disponibilidade para o conhecimento geral; melhor atenção para a
acção do que para a reflexão; e/ou dificuldades escolares associadas a uma atitude resistente em temas que podem suscitar
ansiedade.
O resultado desta prova é geralmente fraco em casos de psicopatia e pode ser muito elevado em estruturas psicóticas.
Factores Factores Cognitivos e Instrumentais: Relação com a Língua Materna, Representação das coisas por palavras, Verbalização,
Implicados Expressão Verbal e Comunicação ao nível do Grupo (atenção e investimento aos interesses do grupo), Memória Longo Prazo,
Aquisições Culturais
Factores Afectivos: Capacidade de Investimento na Escolaridade, Ambiente Escolar, ambiente Familiar, ambiente Grupo (Pares)
Especificidade É a prova mais saturada de factor G. é uma excelente medida de inteligência cristalizada, reflectindo a extensão dos conhecimentos
do mundo que a criança pôde recolher e representar verbalmente na sua memória a longo prazo.
SUBTESTE COMPLETAMENTO DE GRAVURAS
Descrição Consiste em indicar, num tempo limitado, o detalhe em falta numa série de objectos do quotidiano.
Pressupostos Avalia o reconhecimento visual e a identificação de formas familiares. Apela também à memória visual de longo prazo, exigindo à
criança que compare a imagem apresentada do objecto com o traço que existe na sua memória. Requer a discriminação de
aspectos essenciais e acessórios. Apela à adaptação à realidade e à capacidade de discriminação fina com atenção ao detalhe.
Permite avaliar as capacidades de percepção e atenção selectiva de material visual da criança.
Hipótese Permite avaliar a perturbação ou não do pensamento concreto e decorrente adaptação à realidade. O desempenho nesta prova
Interpretativa depende também das experiências da criança, tal como a extensão do seu contacto com o meio envolvente.
É muito sensível ao stress na situação de avaliação, podendo impelir a criança a responder impulsivamente ou, pelo contrário, a
manifestar dúvidas ou hesitações exageradas.
As pontuações elevadas podem dever-se a uma boa disposição para a aprendizagem, excessivo conformismo, hiperatenção
obsessiva ao detalhe, perfeccionismo compulsivo e boas capacidades de percepção e atenção/concentração. Um excelente
sucesso manifesta a vigilância, a procura de controlo da realidade nos seus pormenores, como se encontra em certos obsessivos
ou paranóicos.
Pontuações baixas sugerem fracasso da atenção e concentração, devido à ansiedade ou inibição fóbica face ao perigo mais ou
menos generalizado que o mundo exterior representa. Mas o insucesso pode também ser provocado por uma retirada da própria
realidade, de tipo psicótico, ou por indiferença ao que não está centrado sobre si, equivalente a um não investimento de tipo
histérico, manifestando que a descoberta da realidade circundante, normal no período anal, se realizou pouco ou mesmo nada. O
sobreinvestimento do pormenor que falta ou se arrisca a faltar, pode estar relacionado com uma forte angústia de castração e
manifestar-se por um sucesso compensador ou, pelo contrário, por um inscesso, se há inibição dominante.
Factores Factores Cognitivos: Adaptação à Realidade
Implicados Factores Instrumentais: Percepção Visual (QIR)
Factores Afectivos: Ligação à Realidade
Especificidade É uma das medidas mais saturada de factor G, deixando supor que ela é determinada por outras competências que não só a
organização espacial, apesar de ser uma tarefa de discriminação visual.
Weschler considera que esta prova faz uma boa discriminação entre os níveis de eficiência intelectual inferior e médio.
SUBTESTE CÓDIGO
Descrição A tarefa da criança é completar, com os símbolos adequados, os desenhos ou dígitos que se lhe apresentam.
Pressupostos Avalia a coordenação visuo-motora, a rapidez da operação mental (velocidade de execução) e a memória de curto prazo
(capacidade de aprendizagem associativa). Avalia a capacidade para aprender associações de símbolos e formas, ou de símbolos
e números, e sua transcrição manual (manejo lápis-papel), num intervalo limitado de tempo.
Hipótese O desempenho nesta prova parece depender da acuidade vidual da criança, da sua actividade motora, e da coordenação entre
Interpretativa ambas (perícia oculo-manual).
Esta prova utiliza as capacidades mnésicas, a atenção, a concentração e a capacidade de aprendizagem. É uma prova bastante
sensível aos factores emocionais devido à cronometragem.
Os insucessos podem revelar dificuldades de manipulação ou perturbações da expressão escrita. Esta prova prejudica as crianças
pouco habituadas a escrever.
Ela é fracassada em casos de organicidade e frequentemente em casos de psicose.
O desempenho depende também do valor simbólico que os números têm para a criança, promovendo ou não uma implicação
pessoal, ou seja, quando os números não representam um valor especial para a criança, um êxito pode testemunhar uma recusa
projectiva se as outras provas, pondo em jogo uma carga emocional, se mantém médias ou com insucesso. Esta atitude pode ser
de tipo obsessivo ou até mesmo fóbico. Certas entradas nos processos psicóticos utilizam também este mecanismo. O conjunto
de símbolos numéricos pode ser investido de um valor relacional de identificação ou de evitamento. Contudo, ele também pode
ser desinvestido de todo o valor simbólico afectivo através do reforço do mecanismo de isolamento e nesse caso assumem um
valor abstracto. O sucesso manifesto de uma criança nas provas que utilizam símbolos numéricos deve fazer-nos questionar o que
explica o seu investimento.
Um forte êxito nesta prova também revela geralmente um desejo de sucesso, de aprender, de lucrar de uma experiência através
da utilização da sua memória que lhe permite ser mais rápido e usar todas as suas potencialidades para se expandir. Quando este
êxito contrasta com uma falha numa ou em todas as provas escolares pode ser sinal de uma inibição de tipo fóbico: deseja ser
bem sucedido, mas não tem esse direito, não pode.
É preciso perceber, em comparação com outros subtestes (como os Cubos e Disposição de Gravuras) se há ou não perturbação
motora no sucesso ou insucesso desta prova. Uma perturbação na expressão motora pode estar associada a um estado de carência
afectiva precoce ou falta de maternage. O insucesso pode estar relacionado com uma forte inibição, em que a expressão do eu é
vista como perigosa.
Pelo contrário, um sucesso nesta prova, pode revelar um sobreinvestimento do agir em oposição ao verbal e ao mental.
Factores Factores Cognitivos: Capacidade de Aprendizagem
Implicados
Factores Instrumentais: Grafismo e Memória (Memorização visual de signos e símbolos numerados, assim como concentração da
atenção e execução rápida de uma tarefa grafo-motora)
Factores Afectivos: Não implicação pessoal, Desejo de sucesso (investimento baixo ou contrainvestimento por angustia do desejo
de conseguir, invasão de ansiedade motivada por fantasmas arcaicos), Valor Simbólico dos Números (carga afectiva inibitória ligada
aos números), Expressão Motora
Especificidade Esta prova tem uma boa correlação com os outros subtestes, particularmente com as provas verbais, especialmente o subteste de
Memória de dígitos. É a única prova da escala que faz apelo às competências grafo-motoras.
A prova de Labirintos pode substutir a de Código no caso de crianças não escolarizadas.
Tem uma medida fraca de factor G e é também a menos saturada pelo factor de realização.
Remete para a Velocidade de Processamento e enquadra-se nas provas em que as crianças disléxicas obtêm piores resultados.
É uma prova muito sensível a problemas neurológicos.
SUBTESTE SEMELHANÇAS
Descrição Apresentam-se dois conceitos e pede-se à criança que estabeleça entre eles uma relação de semelhança.
Pressupostos Avalia a formação de conceitos, o pensamento associativo e a capacidade de abstracção mental. Avalia também as capacidades
de generalização, conceptualiazaçao e categorização. Avalia a capacidade de elaboração de esquemas dos acontecimentos
ambientais, através do estabelecimento de ralações significativas e da captação de semelhanças
Para W. este é um dos melhores subtestes da escala: está fortemente saturado de factor G e a sua correlaçao com a nota total é
bastante elevada.
Vários autores (Kaufman, 1979; Searls, 1986; Sattler, 1988) assinalam que esta prova reflecte também as influencias culturais e
sociais, sendo também uma medida do desenvolvimento da linguagem (McGrew, 1997).
Esta prova avalia a formação de conceitos verbais e a competência para constituir classes hierarquizadas. Para fazer esta operação
mental, a criança deve conseguir distinguir os detalhes, para se conseguir concentrar no essencial. Esta capacidade para categorizar
é um mecanismo adaptativo fundamental, permitindo organizar o mundo físico e social e passar do contínuo ao descontínuo
(Houdé, 1992).
O tipo de resposta ao apelo do subteste reflecte a maturidade do pensamento da criança. Assim sendo, as respostas podem ser
de diferente níveis: nível concreto (faz referencia às qualidades sensíveis do objecto), nível funcional (faz referencia ao uso dos
objectos) e nível abstracto (faz referencia à classe comum a que pertencem os objectos).
Hipótese Do ponto de vista clínico, um grande sucesso nesta prova pode remeter para negação da realidade por excessiva intelectualização,
Interpretativa com mobilização defensiva de carácter psicótico ou obsessivo. A pesquisa de generalizações pode equivaler a um evitamento da
realidade afectiva carregada ou até mesmo da própria realidade.
Um bom resultado pode manifestar a tentativa da criança para situar as coisas que a rodeiam nas suas categorias próprias,
reflectindo possíveis dificuldades em se situar no seu ambiente relacional e que justificam o reforço da utilização das suas
capacidades de categorizaçao a título defensivo. Isto é frequente no caso de crianças inseguras em que o fundo fóbico pode ser
ele mesmo reforçado pela realidade (ex.; situaçao familiar instável, rejeição, deslocaçoes/mudanças recorrentes). Nestes casos, e
se esta adesão fica relativamente isolada, um bom resultado nesta prova nao significa forçosamente que a eficiência intelectual
da criança seja de nível superior.
Resultados baixos neste subteste também podem dar conta de um certo negativismo na criança (nao se parecem), de uma certa
desconfiança (eles nao se parecem, está a tentar enganar-me) ou até mesmo da distorção dos processos de pensamento.
Especificidade Esta prova é muito saturada em factor G: reflecte geralmente a eficiência intelectual da criança. Bons resultados indicam uma boa
eficiência intelectual. Por outro lado, esta prova é fracassada em casos de organizadamente com perda significativa do pensamento
abstracto. Ela é sempre fraca nas crianças com deficiência mental. O sucesso neste subteste permite eliminar a suspeita de
deficiência mental e levantar a hipótese de ser uma pseudo-deficiência mental.
SUBTESTE DISPOSIÇÃO DE GRAVURAS (Sequências)
Descrição A tarefa pedida ao sujeito é a de dispor os cartões numa determinada sequência de forma a que relatem uma historia. Avalia a
percepção, a integraçao visual de uma série de elementos apresentados sequencialmente e sua sintese num conjunto inteligível.
Controla-se o tempo de execução.
Pressupostos O subteste faz apelo à aptidão para entender uma situaçao no seu meio e simultaneamente à capacidade para ordenar
logicamente e temporalmenteuma situaçao concreta, à adaptação prática e social.
Remete para a organização visual e implica também um sentido mínimo de lateralidade. As crianças com dificuldades de
lateralizaçao podem inverter a ordem de várias ou de todas as imagens, mas quando interpeladas, habitualmente, rectificam a
sequência.
Esta prova remete ainda para a capacidade da criança planear, ou seja, criar uma ideia completa da situaçao total. Implica também
a capacidade para antecipar as consequências de actos ou situações iniciais e para interpretar situações práticas decorrentes da
vida social normal, o que reflecte igualmente um mínimo de oportunidades culturais.
Hipótese Os insucessos podem reflectir dificuldades do sujeito em situar-se no tempo (deve comparar-se com outras provas que delimitem
Interpretativa a capacidade de estruturar a temporalidade.
O sobreinvestimento neste subteste pode manifestar uma procura para se situar no tempo presente em relação a um passado ou
a um futuro imediato, como se pode encontrar em certas crianças ou adolescentes inseguros e pouco estruturados.
Alguma organizaçoes obsessivas, que procuram o controlo do tempo e da realidade, vao igualmente ter muito sucesso nesta prova.
As ciranças podem falhar numa história muito específica por ser afectivamente muito forte. É o caso quando os mecanismos de
isolamento, de tipo obsessivo, impedem a criança de apanhar o sentido lógico que une os componentes da história. Ou quando a
inibiç\ao, de tipo fóbico, provoca um bloqueio diante de algumas sequências.
O insucesso pode encontrar-se na criança imatura que n\ao percebe o interesse de se situar no tempo, em função de investimentos
vitais de que ela ainda se encontra muito privada, nomeadamente de uma imagem parental protetora.
Crianças em risco de psicopatia tem bons resultados, fruto da sua adaptação prática (neste caso, os resultados devem ser
comparados com o subteste Compreensão, pois estas crianças muito frágeis conseguem um bom resultado na Disposição de
Gravuras, mas falham na Compreensão).
Esta prova raramente têm êxito em crianças com deficiência mental.
Crianças com organizações psicóticas também poderão fracassar porque fazem combinações bizarras.
Uma orientação impulsiva ou ansiosa da acção é igualmente penalizações já que nao permite que entrem em jogo os mecanismos
de espera, o que impede a verificação de detalhes.
Factores Factores Cognitivos: Adaptação Social
Implicados Factores Instrumentais: Estruturação Temporal
Factores Afectivos: Sociabilidade, Referências Temporais
Especificidade Combinado com os resultados da prova Cubos, proporciona uma boa medida da inteligência geral nao-verbal.
Combinada com a prova Completamento de Gravuras, explora a capacidade de perceber detalhes, embora implique em particular
a capacidade para manipular esses detalhes logicamente.
Para além da ordenação das figuras em si, a narrativa da criança face ás histórias representadas nos desenhosé informativa e deve
sempre ser anotada. Os aspectos de apercepçao tematica das histórias, tipo CAT/TAT, proporcionam indícios importantes acerca
das áreas problemáticas das crianças.
SUBTESTE ARITMÉTICA
Descrição A tarefa consistem resolver problemas aritméticos simples. Avalia a habilidade para utilizar conceitos numéricos abstractos,
operações numéricas e a capacidade de atenção e concentração.
Pressupostos Avalia a capacidade para manipular os conceitos numéricos em situações problemáticas que requerem a compreensão e a
utilização do número e das operações aritméticas elementares, bem como a atenção selectiva e focalizada.
Esta prova implica a aquisição prévia de conhecimentos matemáticos (contagem, sistemas numéricos e operações aritméticas
elementares), a memória de trabalho na medida em que esta delimita a extensão da informação que a criança é capaz de reter no
curto prazo da tarefa (nomeadamente no cálculo mental), os recursos atencionais da criança e a forma como ela os distribui
(concentrando-se ou dispersando-se) pelas diversas exigencias da tarefa, a atitude e empenhamento da criança face à escola em
geral e aos problemas aritméticos em particular e a capacidade da criança para lidar com situações novas e únicas.
Hipóteses Um insucesso nesta prova pode demonstrar dificuldades ao nível da representação: a incapacidade de representação mental pode
Interpretativas estar relacionada com dificuldades na aquisição da representação simbólica (pode ser necessário recorrer a exames
complementares, como por exemplo, as provas piagetianas que permitem situar o nível de desenvolvimento da representação
simbólica, bem como as etapas do desenvolvimento do raciocínio operatório e lógico, e a consequente aproximação as
matemáticas.
Esta prova exige também boas capacidades de atenção e concentração. Nas crianças instáveis ou que recorrem a modalidades
maníacas caracterizadas por uma exaltação eufórica e expansiva da personalidade que procura negar, de forma ineficaz, a
angústia, há tendência a fracassar.
As crianças em risco de psicopatia investem pouco na escolaridade e apresentam dificuldades de representação simbólica, pelo
que raramente conseguem ser bem sucedidas nestas prova.
O sobreinvestimento é encontrado em casos de crianças com traços obsessivos. É o subinvestimento no caso de inibições de tipo
fônico.
Por outro lado, os números são símbolos e podem ter um impacto particular para a criança, seja em função das suas características
perceptivas, forma ou fonética, seja em função do que eles representam para a criança. No caso de insucesso, é preciso perceber
o valor simbólico do número para a criança ou, quando o insucesso não está relacionado com os números, mas cometidas ou uma
das operações implicadas em Aritmética, pode questionar-se ou valor simbólico da operação (ex.: traumatismo físico real ou
angústia maciça de castração ou de abandono). Quando o reconhecimento da permanência do objecto nao é adquirida, as crianças
podem nao ser capazes de utilizar a representação simbólica nas operações complexas e abstractas, precisando, por exemplo,
recorrer a um objecto concreto.
Factores Factores Cognitivos: Representação Simbólica, Adaptação Escolar
Implicados Factores Instrumentais:
Factores Afectivos: Comportamento, Representação Mental, Valor Simbólico dos Números
Especificidade Esta prova tem uma excelente correlação estatística com o resultado global da escala, ela é muito sensível à influencia da educaçao
e do nível escolar.
É uma prova frequentemente fracassada em casos de organizadamente e é sempre fracassada em casos de defici\encia mental.
Hipótese Resultados francamente baixos podem estar relacionados com problemas orgânicos, pelo que a hipótese deve ser testado com
Interpretativa outra prova, como o teste de retenção visual de Benton, por exemplo. É também importante avaliar bem os aspectos
psicomotores, pois as dificuldades podem manifestar dificuldades mais ou menos importantes de coordenação motora.
Os insucessos podem também indicar uma inibição cristalizada sobre a conceptualizaçao traduzindo por vezes uma pseudo-
debilidade, em que o sintoma da debilidade significa e evita simultaneamente o perigo representado pelo pensamento, pela
compreensão e pelo crescimento intelectual.
Além das dificuldades de origem instrumental, um insucesso neste subteste pode também manifestar uma carência ou
traumatismo vividos quando da formação das referencias espaciais na primeira relação objectal.
Os aspectos da representação mental são muito sensíveis à emotividade, mobilizando uma angústia que pode ser excessiva e
arrastar uma inibição mais ou menos generalizada. Este comportamento observa-se em personalidade inseguras, de base fóbica
ou esquizóide. Em termos clínicos e afectivos, o insucesso nesta prova pode estar também associado a angústia evocadas pela
representação mental do objecto interno, experimentando intensas angústias de desamparo e/ou abandono.
Carências muito precoces podem provocar um estado pré-psicótico que perturba a percepção da realidade e os aspectos motoras.
Do ponto de vista clínico, a prova de Cubos permite observar um fenómeno muito particular nas crianças autistas, uma vez que
elas apresentam frequentemente grandes sucessos neste subteste, muitas vezes superiores à média das crianças. Segundo Shah
e Frith (1993), o ser humano tem tendência a perceber um conjunto de elementos como um todo, mais do que uma coleção de
detalhes, tendência que é uma expressão da coerência central (teoria da Gestalt). Os autistas, segundo as autoras, carecem de
coerência central e tem uma grande facilidade em decompor uma forma nas suas partes elementares.
Hipótese Baixos resultados podem indicar perturbações de diferentes níveis e é fundamental comparar com resultados de diferentes provas
Interpretativa para excluir hipóteses de organicidade ou para avaliar as possibilidades de aprendizagem e de recuperação. Os insucesso podem
manifestar perturbações ao nível da organização espacial, de coordenação visuomotora, de lateralizaçao, da leitura e da escrita, e
do esquema corporal.
Assim, para além dos aspetos mais instrumentais, um insucesso neste subteste pode revelar dificuldades na formação das
referências espaciais na primeira relação objectal e deve ser comparado com os resultados obtidos na prova dos Cubos, bem como
com os resultados das provas projectivas. Quando n\ao há défice instrumental, o insucesso neste subteste pode estar relacionado
com uma forte inibição diante da expressão do eu percebida como agressiva, perigosa.
Por outro lado, a imagem do corpo forma-se a partir das primeiras percepções visuais e tácteis do corpo da mae ou seu substituto.
Se esta referencia sofre perturbações, a criança arrisca-se a experimentar, entre o seu esquema corporal e a imagem do corpo,
uma falha maior ou menor que vai provocar perturbações que este subteste é susceptivel de revelar.
Um insucesso específico no puzzle da cara pode testemunhar uma perturbação ligada à angústia de abandono, enquanto que no
caso do puzzle da boneca podemos estar presentes uma angústia de castraçao. A carga afectiva experimentada pela criança que
provoca um insucesso neste subteste depende do simbolismo particular que a criança confere a cada objecto.
Algumas crianças manifestam nesta prova os seus esforços para tentar integrar as coisas num todo, para evitar angustias de falta,
de castração ou de fragmentação.
Por outro lado, um sobreinvestimento nesta prova pode revelar um domínio do agir sobre o verbal e sobre o mental, como alguns
psicopatas ou histéricos podem colocar em jogo.
FACTORES INTELECTUAIS
FACTOR SUBTESTE
Conceptualização Semelhanças | Cubos
Factor G Semelhanças | Cubos
Representação simbólica Aritmética | Cubos
Relação com a Língua Materna Informação | Vocabulário
Relação com Operações Matemáticas Aritmética
Capacidade de Aprendizagem Informação | Vocabulário | Aritmética
|Código
Adaptação Social Compreensão | Disposição de Gravuras
Adaptação à Realidade Completamento Gravuras | Labirintos
FACTORES INSTRUMENTAIS
FACTOR SUBTESTE
Verbalização Vocabulário | Quociente Inteligência Verbal
Percepção Auditiva Quociente Inteligência Total
Percepção Visual Quociente Inteligência Realização
Lateralização / Percepção Espacial Puzzles | Cubos
Estrutura Temporal Disposição de Gravuras
Manipulação Quociente Inteligência Realização
Grafismo Compreensão | Cubos
FACTORES AFECTIVOS
FACTOR SUBTESTE
Comportamento Aritmética | Cubos
Abstracção Semelhanças | Cubos
Implicação Pessoal Quociente Inteligência Total
Representação Mental Aritmética | Cubos
Investimento na Escolaridade Informação | Vocabulário | Aritmética
|Código
Expressão Verbal Vocabulário | Quociente Inteligência Verbal
Valor Simbólico do Número Aritmética | Código
Desejo de Conseguir Código
Memorização Código | Memória Dígitos
Sociabilidade Disposição de Gravuras | Compreensão
Ligação à Realidade Completamento Gravuras | Labirintos
Referências Espaciais Composição de Objectos
TABELA RESUMO PARA ANÁLISE DAS PONTUAÇÕES POR SUBTESTE
A WPPSI-R (Wechsler, 2003) destina-se à avaliação de crianças entre os 3 anos e os 7 anos. Este instrumento permite calcular, através dos
resultados obtidos nos subtestes, o QI verbal, o QI de realização, e o QI total da criança.
CONSTITUIÇÃO DA ESCALA
A WPPSI-R (Wechsler, 2003) é constituída por 10 subtestes, cinco verbais (informação, compreensão, aritmética, vocabulário e
semelhanças) e cinco de realização (composição de objetos, figuras geométricas, quadrados, labirintos e figuras) que são apresentados
alternadamente. Os subtestes verbais são perguntas orais, sem limite de tempo (excetuando o de aritmética); os subtestes de realização consistem
em realizar problemas não-verbais (e.g. labirintos), os quais são cronometrados. Há, ainda, um subteste opcional em cada categoria.
Aritmética Quadrados
Vocabulário Labirintos