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Bases da Psicologia Humanista e

Fenomenológica Existencial
Abordagens Fenomenológica-Existencial e
Humanista

Fenomenologia
e
Existencialismo
Husserl e Heiddeger

Humanismo

Abraham
Maslow Carl Rogers Frederick Perls Viktor Frankl J.L.Moreno
Psicologia Transpessoal ACP Gestalt Terapia Logoterapia Psicodrama
Psicologia Fenomenológico-
Existencial: bases epistemológicas
• Fenomenologia – Husserl:
• Questiona a ciência empírica do século XIX, principalmente em seu positivismo
(deixa de fora a subjetividade), e denuncia o desligamento da ciência das questões
vitais da vida humana;
• Critica três posturas filosóficas e científicas da época:
1. Objetivismo: concepção de que há um mundo real independente do sujeito,
acessível através da razão, que deve ser purificada das distorções subjetivas (ex:
positivismo);
2. Subjetivismo: compreensão de que tudo o que o indivíduo vive é subjetivo e
particular, de modo que a objetividade seria uma ilusão; Só entendo o mundo a
partir da minha forma de ver o mundo.
3. Historicismo: posição que acredita que todo conhecimento depende das condições
históricas de cada época
• A fenomenologia corresponde a um método de aquisição de
conhecimento, que estabelece um modo sobre como entendemos as
coisas e o mundo, compreendendo que não há uma dicotomia entre
sujeito e objeto, mas uma correlação entre eles. Busca observar os
fenômenos tal como eles aparecem para uma consciência, não tendo
como intuito o entendimento dos fatos objetivos, mas suas tantas
possíveis descrições subjetivas.
Fonte:
https://www.ex-isto.com/2018/12/psicoterapia-fenomenologico-existencial.html
O que é um fenômeno?

• “Fenômeno” vem do Latim PHAENOMENON, do Grego


PHAINOMENON, “o que é visto, o que surge aos olhos”, de
PHAINESTHAI, “aparecer”, relacionado com PHOS, “luz”.

• É TUDO AQUILO QUE SE APRESENTA À MINHA CONSCIÊNCIA.

• Ir às coisas mesmas
• Concepção a priori da realidade
• Desvinculação de preconceitos (atitude antinatural)
• Atingir o ponto essencial do objeto
• Redução fenomenológica: olhar para as coisas sem se misturar com
elas.
A estrutura do fenômeno na
compreensão comum

• A estrutura do fenômeno possui pelo


menos dois polos fundamentais: um
polo subjetivo e um polo objetivo.

• Quando olhamos para a bola:

• NOESIS: (percepção imediata, irreflexiva,


intuição, a bola que se mostra) – polo
objetivo

• NOEMA: o significado que damos ao


objeto (polo subjetivo)
Bases epistemológicas

O que a fenomenologia busca antes de um conhecimento científico


sobre o objeto, acessar seu sentido primordial, tal como aparece ao
sujeito em sua vivência. Essa seria a essência da experiência, ela se
dá na relação intencional da consciência com o mundo.

EXPERIÊNCIA:

Depende da
Sujeito Objeto relação do sujeito
com o mundo,
num determinado
Conhecimento contexto histórico
• Fenomenologia fornece o método
que busca não somente a causa
mas o sentido da experiência.
• Descrever a experiência como se
fosse a primeira a vez.
• Olhamos para as coisas com olhar
viciado, com conceitos e
preconceitos.
Conceito e Pré-Conceito

• Pré-Conceito = produto de
uma antecipação, da
antevisão de uma
possibilidade, ou seja, um
conhecimento “a priori”.
• Conceito = fruto da relação do
sujeito com sua realidade
vivencial, produto a posteriori.
Redução fenomenológica

• Para se compreender o fenômeno é preciso renunciar a tudo que


é particular do sujeito, de modo que lhe seja permitido uma maior
liberdade na compreensão da realidade deste fenômeno.
• Chama de “époché” fenomenológica = colocar o mundo entre
parênteses, suspender todo e qualquer juízo da realidade.
• Busca de significado além do simples aparente.
• Se embrenhar por dentro da realidade, para desvendar o que
está por trás desta realidade.
• Suspender temporariamente valores e ideias sobre algo me
aproxima da realidade do objeto.
Redução fenomenológica

• Suspensão da atitude natural, deixando de lado preconceitos, teorias,


captando as coisas independente de qualquer coisa.

• DESAFIO: PERCEBER O MUNDO COMO SE FOSSE PELA PRIMEIRA


VEZ.
Verdade
X
Realidade
Será?
Fenomenologia e Psicologia

• A fenomenologia aplicada à Psicologia, pode ser entendida


como uma postura, uma atitude que nos abre um leque de
possibilidades para plenificar o encontro com o fenômeno.

• Uma reflexão sucinta sobre nossa dificuldade em nos postar


sem misturas, sem amalgamas, diante das coisas, numa
posição de observador que participa, mas não interfere, é uma
proposição da Fenomenologia para a Psicoterapia.
Campo fenomenológico

“Todo comportamento, sem exceção, está


inteiramente em função do campo
fenomenológico, onde o organismo atua. O
campo fenomenológico consiste na
totalidade de experiências das quais a
pessoa toma consciência no momento da
ação.

Essa tomada de consciência pode variar


de um nível mais baixo a um mais elevado,
embora se presuma que nunca possa
chegar a ser completamente inconsciente.”
O fenômeno na psicoterapia se revela
se adotarmos uma posição de:

• Escuta ativa
• Espera
• Observação atenta

No sentido de permitir o acesso do fenômeno para nossa consciência.


Encontrar-me com o cliente nele, com ele e através dele.
• Se prestarmos atenção ao cliente este se nos revela, não
apenas em parte, mas na sua totalidade.
• O cliente não é um objeto, um doente que vem para ser
tratado, mas uma pessoa no mesmo nível existencial que seu
psicólogo.
• O terapeuta que assume uma postura fenomenológica torna-
se um verdadeiro facilitador do fenômeno-cliente, pois sabe
que ninguém melhor do que ele mesmo para interpretar a sua
própria realidade.
As doutrinas existencialistas

• Existencialismo: tendência ou movimento filosófico que enfatiza a


existência individual, liberdade e escolha, que influenciou diversos
escritores nos séculos XIX e XX.

• “Conjunto de doutrinas segundo as quais a filosofia tem como


objetivo a análise e a descrição da existência concreta, considerada
como ato de uma liberdade que se constitui afirmando-se e que tem
unicamente como gênese ou fundamento essa afirmação de si.”
(Figueiredo, p. 179)]

• Kierkegaard, Nietzsche, Sartre, Heidegger


Existencialismo – bases
epistemológicas
• Fenomenologia contribui com o método mas o existencialismo
contribui com a forma de se enxergar o homem.
• O existencialismo é um movimento que surge com Kieerkegaard e foi
influenciado por Nietzche. Ele floresce no século XX, a partir do
método fenomenológico, com Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, entre
outros;
• É um movimento que busca compreender o homem enquanto
existência, que é definida como ser-no-mundo;
• Busca compreender o sentido da vida humana, valorizando a
experiência subjetiva do sujeito, que lida com as questões existenciais
que são comuns a todos: a morte, a angústia, a falta de sentido;
• O existencialismo foi um movimento filosófico
e cultural surgido entre as duas grandes guerras
mundiais, no eixo Alemanha-França. Seu grande
representante são Martin Heidegger e Jean Paul-
Sartre.

• O protótipo do pensador existencialista é Soren


Kierkegaard, que é o principal e mais direto
precursor do existencialismo.
• Kierkegaard defende que o indivíduo não pode ser
explicado por uma essência universal. O ser
humano consiste em sua própria existência, sua
subjetividade, que é puramente liberdade de
escolha.
• As coisas são; somente o homem existe.
• Existência é a forma de estar no mundo. Existe fora de si, existe nas coisas que
faz, nas coisas onde me coloco. Está na relação com o mundo. As situações nas
quais estou é onde encontro sentido da vida, que nasce na experiência subjetiva
• Ex: situação da aula, assistir filme.
• “Quando escrevo, existo na ponta da caneta” (Sartre)
• É um pensamento que parte do fato de que o homem é livre e ao mesmo tempo
condenado a escolher , tendo que arcar com as responsabilidades de suas
escolhas. Esse paradoxo está na base do sofrimento humano. Mesmo quando
não escolho, eu escolho.
Principais conceitos

• Ser-no-mundo: A existência do sujeito se dá no mundo, e essa relação é


intencional – a consciência dá sentido às suas vivências no mundo;
• Escolha: o indivíduo está sempre aberto a um certo número de
possibilidades. Mas nem sempre ele tem clareza sobre essas, e essa
restrição sobre as possibilidades lhe causa sofrimento;
• Liberdade: somos livres para escolher entre um determinado número de
possibilidades. Mas somos condenados a escolher – não escolher é
também uma escolha;
• Angústia: ao enfrentar certos impasses no processo de escolha, o sujeito
experimenta a angústia, cujo fonte está na condição existencial.
Escolhas

• Escolher é uma forma de autocuidado.


• Responsabilizar-se pelas próprias escolhas: modo
autêntico
• As escolhas que vamos fazendo ao longo da nossa vida
constroem o sentido da nossa existência.
Papel do psicólogo desta abordagem

• A tarefa do psicólogo fenomenológico-existencial é ajudar (estar junto) o cliente


a resgatar sua liberdade e flexibilidade.
• A perda da liberdade e a diminuição da abertura (às possibilidades) são os
fatores que geram sofrimento.
• O terapeuta não trabalha diretamente sobre o sofrimento/sintoma. Qual a função
do sintoma?
• Conduzir o cliente a ser “si-mesmo” (reconhecer o si-mesmo e estar no mundo
de modo mais aberto e autentico.
• Buscar o desvelamento do sentido do ser do cliente. Em que sentido ele está
indo? Para onde segue o fluxo do ser?
• Investigar o fenômeno, diferenciando aparência , encobrimento e desvelamento.
As vezes o sintoma aparece com o sentido de encobrir algo, o fenômeno.
(Heidegger)
• Facilitador
• Tanto Kierkegaard quanto o psicoterapeuta existencial pretendem
facilitar ao homem o encarar sem temor o seu ser em abertura e
aceitar a condição paradoxal da existência humana. (escolhas,
finitude)

• O psicólogo pode se valer dos princípios da relação de ajuda, a fim de


que o homem reconheça a si mesmo, assumindo a responsabilidade
de suas escolhas e daquilo que continua a escolher ser, em cada
momento de sua vida, sabendo-se, ao mesmo tempo, lançado às
contingências do mundo.
Como deve proceder o psicoterapeuta
existencial

• Quando se pretende ajudar o outro, deve-se promover a aproximação,


acompanhando aquele que está sob a ilusão, mas jamais escolhendo por
ele;
• Sendo cuidadoso e paciente para chegar onde o cliente se encontra e
começar por aí;
• Entendendo o que o cliente entende e a forma como entende. Se assim não
for, a ajuda de nada lhe valerá. Tudo começa quando se pode entender o
que o outro entende, e a forma como entende;
• Assumindo uma atitude de humildade e colocando-se, deste modo, na
relação. Se, orgulhoso do conhecimento, antes de ajudar o outro, o que se
deseja é ser admirado. O autêntico esforço para ajudar começa com uma
atitude humilde. Aquele que ajuda deve colocar-se como desconhecendo
mais do que aquele a quem ajuda;
Como deve proceder o psicoterapeuta
existencial

• Assumindo a responsabilidade pela atuação;


• Utilizando metáforas, quando estas se fizerem necessárias. Interpretações
poéticas, muitas vezes, ajudam aquele que fala do seu sofrimento; 9º)
• Deve-se ser um ouvinte que senta e escuta o que o outro encontra mais
prazer cm contar, sem assombro;
• Apresentando-se com o tipo de paixão do outro homem: alegre para os
alegres, em tom menor para os melancólicos;
• Não temendo fazer tudo isto, mesmo que na verdade não se possa fazer
sem medo e temor.
Dasein (Da: aí ; Sein: ser)

• Significa ser-aí, presente enquanto existência lançada no mundo, sujeita à


facticidade, sendo constituído juntamente com o mundo, o tempo e o espaço,
de maneira cooriginária.
• Buscando responder o que é o homem, qual o sentido do ser que
procura respostas sobre o mundo, Heidegger afirmou que o homem era
um dasein.
• O homem, assim, embora não tenha escolhido estar no mundo, nem tenha
optado pelo espaço e tempo em que se encontra, encontra-se sempre em
determinada situação dentro desse mundo, tendo sido lançado nele em um
projeto existencial.
• Esse projeto refere-se à tentativa humana de encontrar, indo além da busca
pelo sentido do ser, o sentido de sua própria existência, que, para Heidegger,
não estava previamente determinada. O poder ser.
Estrutura da escolha e condição
existencial do homem

Usa da situação do passado para Projeta as suas possibilidades,


escolher, para cuidar de si no abre-se para uma dimensão futura
presente

Consciência da finitude
Daseinsanálise

Análise fenomenológica do Dasein, onde busca facilitar uma maior consciência das
experiências vividas num dado momento por meio da relação terapêutica. Proposta
inicialmente por psiquiatras como Medard Boss e Ludwig Binswanger, com influências da
filosofia de Heidegger.
• É preciso não saber – condição fundamental
• Não é dispositivo para corrigir ou para se ensinar valores
• É espaço de procura, de conhecer a si mesmo, de sentido. Procura da verdade que pode
produzir libertação.
• Conversa que pode dar lugar à existência do (resultado, resposta) que ainda não existe.
• Cura (sorge, em alemão) = cuidado. Espaço de cuidado.
• A busca de sentido é uma busca permanente porque os sonhos também morrem. Na
psicoterapia daseinsanalítica o paciente encontra possibilidade de construir novos sentidos.
Ser-com-os-outros

• Segundo Heidegger, o homem se constrói e se define na liberdade,


utilizando o mundo como ferramenta, no entanto, nesse mundo, existem
outros homens que também se encontram na mesma situação de plena
liberdade e que não podem ser desprezados ou desconsiderados.
• Não há, portanto, um sujeito sem mundo e muito menos um “eu” isolado
no mundo sem os outros sujeitos. O mundo é, assim, um conjunto de “eus”
que se relacionam de alguma forma, pois todos participam do mesmo
mundo. Por esse motivo, assim como é impossível viver no mundo sem
as coisas que o compõem, é impossível viver nele sem existir o
cuidado dos homens uns com os outros, o que Heidegger chamava
de “cuidar dos outros”, sendo essa a base da vida em sociedade.
Nessa relação com os outros, o homem possui duas possibilidades:

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