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Somos destinados a ser quem vai elaborar uma presença na sua vida/existência
“Nós somos destinados, enquanto modo de ser mais próprio a ser sensível a tudo aquilo que não é nós
mesmos”
Humano quer dizer: ser terra fértil. Ser ser-humano é ser um ente destinado a ser fértil
Psicólogo ⇒ ser terra fértil ➝ cuidar ➝ oferecer nutrientes para a planta crescer como ela mesma e
não como nossos desejos. O psicólogo é aquele cujo trabalho se baseia na ontologia do ser humano.
As potencialidades de ser, daquele que nos solicita, possam se realizar.
Fazer terapia é ir em busca do seu modo próprio de ser, não é ir a encontro a algum modelo
“Ek sistere” ➝ ser sensível a tudo aquilo que não é ele mesmo
↳ Ser, estar aberto a.
Somos um modo de ser voltado para fora (para tudo aquilo que não nós mesmos)
Peculiaridade do ser humano ➝ sensibilidade para com.
Para feno é fundamental ter clareza da dimensão filosófica articulada com a cientifica
↳ Dimensão filosófica ➝ ser humano é nada. É possibilidade de ser algo.
↳ Essa dimensão guia o trabalho científico
Método fenomenológico – pretende ser rigoroso no sentido de aproximar o máximo possível o sentido
do que aquela pessoa descreve para ela.
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Dimensões ontológicas do existir ou Dimensões ontológicas do ser humano
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Edmund Husserl
↳ não adere ao cientificismo. Ele critica o cientificismo (tudo explicado pela natureza)
↳ preocupou-se em sistematizar uma teoria
No final dos anos 1800, as ciências da natureza estavam em alta (biologia, física, astronomia, química
e geologia, por exemplo). Alguns filósofos então, resolveram aderir aos mesmos modelos que estas para
estudar as questões humanas.
Alguns cientistas, como Wundt, aderiram ao cientificismo (nome dado a este movimento). Outros, como
Husserl, não aderiram, alegando que a humanidade é complexa demais para se “encaixar” como um
objeto estudado pelas ciências naturais (como por exemplo a temperatura, velocidade, planetas etc.).
Husserl é conhecido como criador da fenomenologia, mas suas raízes se Psicologia positivista:
devem a outros pensadores como por exemplo Franz Brentano (professor objetiva, experimental que,
como as demais ciências,
de Husserl e Freud). buscava o conhecimento
Ela se opõe criticamente ao conhecimento vigente da época, oriundo do absoluto ignorando a
positivismo. subjetividade.
Fenomenologia
Nome que se dá a um movimento cujo Para fazer fenomenologia:
objetivo é a investigação direta e a
descrição de fenômenos que são 1. investigar diretamente e a descrever fenômenos que são
experienciados conscientemente, sem experienciados conscientemente;
teorias sobre sua explicação causal e
tão livre, quanto possível, de 2. não se utiliza de explicação causal;
pressupostos e de preconceitos 3. tão livre, quanto possível, de pressupostos e de preconceitos.
Realidade ➝ Para a fenomenologia, a realidade não é tida como algo objetivo e passível de ser
explicado em termos de causa e efeito; é perspectiva, não havendo uma única realidade, mas tantas
quantas forem suas interpretações e comunicações.
Fenômeno ➝ Fenômeno vem da palavra grega fainomenon – que deriva do verbo fainestai – e significa
o que se mostra, o que se manifesta, o que aparece. É o que se manifesta para uma consciência.
O fenômeno não pode e não deve ser considerado independentemente das experiências concretas de
cada indivíduo.
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Heidegger
↳ Discípulo de Husserl, desenvolve sua filosofia na existência do ser
↳Trabalho principal: “Ser e tempo”
Hermenêutica
Fenomenologia de Haidegger é hermenêutica ou analítica do Dasein.
↳ Interpretações de textos sagrados
Enquanto psicólogos, somos hermeneutas, interpretamos. Antedemos alguém na perspectiva de revelar
sentidos de acontecimentos,
➜ Daseinsanalytik é a analítica do ser-aí. Em posso desse método, ele Heidegger procura investigar os
modos de ser do ser-aí; e esses modos de ser vão abrindo a compreensão do filósofo em direção a
certas estruturas ontológicas, representado por 11 existenciais
Entretanto, o trabalho clínico é ôntico, situado no contexto daquela existência.
➜ “Ontológico” - aquilo que é comum a todos ➜ “Ôntico” -como cada um vive dada situação.
os daseins. Categorias existenciais que fazem Particular a cada indivíduo.
parte da nossa constituição.
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Aspectos centrais para se fazer Fenomenologia
● O mundo da vida ou o mundo vivido (lebenswelt): experiência pré-reflexiva, o mundo que nos é dado
antes de elaborarmos conceitos sobre ele. É do mundo vivido que nascem nossos pensamentos.
O mundo da ciência não apenas distanciou-se do mundo-da-vida: esqueceu-se dele.
Um esquecimento trágico, pois o mundo expresso no modelo científico é um mundo em pedaços, é um
empobrecimento da realidade rica do mundo vivido. A Fenomenologia, na contramão dessa tendência
contemporânea, nos conclama a voltar às coisas mesmas - o que significa voltar ao mundo-da-vida,
ou seja, ao mundo da experiência.
● Atitude Natural: jeito básico e imediato de experienciar o mundo, como se tudo fosse dado e sempre
estivesse aí, independentemente de nós. Ingenuidade do senso comum e do pensamento científico.
Proposta: assumir uma atitude antinatural frente ao fenômeno – modo da fenomenologia alcançar
uma visada realmente rigorosa, não comprometida com a postura ingênua inconsistente, que se deixa
levar pela opinião
● Redução fenomenológica: O que fazemos diante de um fenômeno, como trabalhamos com ele.
➜ Dá-se início com a epoché.
➜ Descrição: devemos descrever o que vemos.
➜ Horizontalização: não hierarquizar os acontecimentos e relatos, colocá-los a partir do mundo
daquele que relata. Todo o acontecido tem igual valor.
➜ Verificação: hipóteses de hierarquia de acontecimentos devem ser sempre “checada na fonte”.
Checar se faz sentido no contexto analisado, e principalmente para aquele que relata.
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Os 11 existenciais de Heidegger
1. Compreensão (afinação/tonalidade afetiva) - Tipo de afeto, humor, emoção que está nos
embalando em um dado momento de vida. Possibilidades de ser. Abertura para o vir-a-ser.
2. Disposições afetivas
3. Impropriedade - se esconder através do “todo mundo”. forma que vivemos para conseguir dar
conta do que nos angustia. (exemplo: “negar” covid, “negar o ser-para-morte”).
4. Cura (cuidado/ocupação/lida/sorge) - Responsável por. Ser negligente com a saúde é um tipo
de cuidado “descuidando-se”.
5. Angústia - não é o sentimento, é aquele esvaziamento de sentido
6. Ser-para-a-morte
7. Temporalidade
8. Culpabilidade
9. Espacialidade - o que você conhece de mundo.
10. Corporeidade - Somos corpo, o que nos delimita. Morte cessa essa corporeidade, onde vivo
prazeres e desprazeres.
11. Historicidade
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Luciana Supino - 8º Semestre - Fenomenologia Clínica
Texto: Caracterização da psicoterapia.
Diferenças de linguagem
● Linguagem da razão, conhecimento, cientifica = tipo de linguagem que explica. Causa-efeito. Não
tem negociação.
● Linguagem da terapia é uma linguagem poética = não falamos de explicação e sim de compreensão.
➜ Psicoterapia é procura. “Pró cura”. (Em latim, cura tem significado de cuidar.)
Procura da verdade e da poieses.
➜ Coisas que estavam ocultas, começam a vir à tona na terapia, começa a se desvelar. Ali há espaço
para que essas coisas se apresentem. A verdade de cada um. Verdade que liberta.
Terapeuta e pacientes buscam juntos uma forma de verdade que possa representar a liberdade.
“Terapia via poieses pela verdade que liberta para a dedicação a um sentido”
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“Algumas reflexões acerca da psicoterapia daseinsanalítica com pacientes psiquiátrico”
Paulo Eduardo Rodrigues Alves Evangelista (2016)
Psicopatologista: serve se apoio para o psiquiatra, serve de apoio para o diagnóstico mental. Através
das descrições do paciente, observadas pelo psicopatologista, psiquiatra intervém.
Psicopatologista: cria as ferramentas
Psiquiatra: quem vai alterar, através da intervenção proposta.
➜ Na daseinsanalyse de Medard Boss não se pode falar claramente de uma psicopatologia, pois não
há transtornos ‘mentais’, já que todos os modos de adoecer são existenciais.
Adoecimento e saúde: o quanto você se encontra restrito diante das possibilidades. Quanto mais
restrito, maior o adoecimento. Quanto mais liberdade para responder, maior a saúde.
➜ “O sentido da psicoterapia e seu modo de proceder são outros, pois não se busca retornar à condição
anterior ao episódio psicopatológico. Pelo contrário, o objetivo é abarcar o atualmente vivenciado
numa trama histórica biográfica de sentido.”
“Existir é realizar a todo o momento modos de ser no mundo com outros. Os fenômenos chamados
de psicopatológicos também são modos de ser no mundo. Por isso, o psicoterapeuta precisa cuidar para
não assumir como tarefa a eliminação dos sintomas, por mais que eles sejam o motivo da procura por
psicoterapia. Não é esse o seu objetivo. O sentido da psicoterapia é relacionar-se à existência do outro.”
➜ Não devemos nos relacionar com os sintomas do indivíduo, mas sim com o indivíduo como um todo.
Não explicamos, compreendemos.
“Se quando o psicoterapeuta recebe um novo paciente com queixa psiquiátrica ele começa a
investigar os sintomas, ele perde de vista a existência. Além disso, não está no seu âmbito de ação (a
psicoterapia), correndo o risco de impedir o início da relação terapêutica.”
💻 Apresentação de trabalhos
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Importante lembrar:
➜ “Ontológico” - aquilo que é comum a todos ➜ “Ôntico” -como cada um vive dada situação.
os daseins. Categorias existenciais que fazem Particular a cada indivíduo
parte da nossa constituição.
➜ Conscientização do que é,
➜ Conscientização da responsabilidade sobre o que escolheu.
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