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Envelhecimento e Gerontologia

Envelhecimento populacional

Para os próximos anos, estima-se o crescimento da população idosa. Segundo dados das Nações
Unidas, em 2050 haverá mais população idosa do que crianças menores de 15 anos. Sendo assim o
grupo idoso ocupará. 22% da população global.

Dados sobre a transição demográfica:


● Redução da taxa de fecundidade (o número médio de filhos que a mulher teria até o fim de seu
período reprodutivo
● Aumento da expectativa de vida
↳ Evolução da medicina, tecnologia, imunização.

Expectativa de vida no Brasil:


●1940 – 43 anos
●2016 – 75, 8 anos
Por que a expectativa de vida do brasileiro aumentou?
Podemos citar fatores como: a diminuição do índice da taxa de mortalidade e a crescente evolução
da medicina, bem como de meios de imunização, o avanço da tecnologia que fornece ampliação das
ferramentas de comunicação e transmissão de informações, etc.

Atualmente observa-se o “achatamento” da pirâmide etária no Brasil, a população entre 30 e 50 anos,


situada no meio da pirâmide, ocupa grande espaço. Vê-se também um aumento da expectativa de
vida da população idosa, ampliando o topo da pirâmide. Na base, observa-se uma diminuição
quanto aos números relacionado as crianças, o que compreende uma queda na taxa de natalidade
e na taxa de fecundidade, hoje em dia as famílias, dentre outros motivos, optam por terem menos
filhos ou a possibilidade de não terem filhos, cenário que é muito diferente em comparação à anos
atrás.

Teorias Biológicas do Envelhecimento

Convenções sociais:
➜ 0 – 11 Infância
➜ 12 – 18 Adolescência
➜ 18 – 38 Adulto
➜ 39/40 Meia Idade (baseada na estimativa de vida atualmente.)

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Por volta do início dos 39/40 anos, existe a crise da meia idade (com maior incidência entre 40 e 50
anos), observa-se:
● Período de acumulo de múltiplas funções (ser pai, filho, cuidador dos pais...)
● Consciência maior acerca da finitude
● Sensação de perda de vigor físico
● Menopausa, Andropausa
● Revisão de planejamentos pessoais e profissionais

O cérebro
Após os 30 anos, nosso cérebro perde peso, a princípio lentamente, e depois mais rápido. Aos 90
anos, o cérebro pode ter perdido até 10% de seu peso. A perda de peso do cérebro ocorre em função
da perda de neurônios (células nervosas) no córtex cerebral, parte do cérebro destinada às funções
cognitivas. Não há uma perda generalizada, mas uma perda do tecido conectivo: axônios, dendritos
e sinapses.

Teorias Psicológicas do Envelhecimento

Teoria Psicossocial de Erik Erikson (1902 – 1994) - Psicólogo alemão


● Único teórico do desenvolvimento que fala da infância até a morte.
● Preocupado com a consciência e com o ego e não com o inconsciente.
● Rompe com Freud e faz uma releitura de sua teoria, a luz da antropologia.
● Não excluía os processos biológicos, mas via as influências culturais e a resposta idiossincrática
de cada indivíduo também como variáveis.
● Estabelece oito fases do desenvolvimento (tabela abaixo).
● Segundo Erikson, o indivíduo está sempre redesenhando sua personalidade. Em cada fase do
desenvolvimento o indivíduo deve enfrentar e dominar um problema central, o dilema da fase.
● Traz psicologia do ego, centrada em como lidamos com os dilemas, conflitos da vida.

Idade Conflito do Ego Valor Emergente


1. Bebê (12 a 18 meses) Confiança X Desconfiança Esperança

2. Infância Inicial (12-18 meses Autonomia X Vergonha e Dúvida Domínio


a 3 anos)

3. Idade do brinquedo (3 a 6 Iniciativa X Culpa Propósito


anos)

4. Idade escolar (6 a 12 anos) Trabalho X Inferioridade Competência

5. Adolescência (12 a 18-20 Identidade X Confusão de Papéis Fidelidade


anos)

6. Idade adulta (20 a 40 anos) Intimidade X Isolamento Amor

7. Maturidade (40 a 60 anos) Geratividade (busca por conquistas, Cuidado


realizações) X Estagnação
8. Velhice (à partir dos 60 Integridade X Desespero Sabedoria
anos, nos países em
desenvolvimento)

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Teoria do curso de vida de Paul Baltes (1939-2006) - Psicólogo Alemão.
● Perspectiva da vida com um curso que tem início, meio e fim. Desenvolvimento ocorre ao longo da
vida, desde a concepção até a morte, Não adota ciclos ou estágios para descrever o
desenvolvimento. Cada ciclo de vida da pessoa é afetado pelo que aconteceu antes e afetará o que
está por vir. Cada período tem características e valores únicos. Nenhum período é mais ou menos
importante que qualquer outro.
● Nossa origem traz marcas, aprendizados que carregamos ao longo da vida. Podemos ressignificar
essas marcas, mas continuam sendo nossa origem.
● A teoria de Erikson Erikson foi a precursora da teoria do curso de vida, mas se diferencia de Erikson
pois não concentra tanta preocupação com os processos do ego
● “Infância, adolescência, vida adulta e velhice são fases construídas socialmente, por meio de
normas reguladoras que determinam as exigências e as oportunidades de cada segmento etário na
ordem social. Por exemplo: as crianças devem ir à escola, os idosos devem aposentar-se, os adultos
devem cuidar dos filhos menores de idade e os filhos devem cuidar dos pais idosos”
● Os estágios de desenvolvimento são de origem sociogenética e não ontogenética. A sociedade dita
os cursos de vida na medida em que define expectativas e normas para cada faixa etária a partir de
marcadores de natureza biológica e social

Pontos importantes dessa teoria:


● Multidirecionalidade. O desenvolvimento é caracterizado como capacidade tanto para o aumento
quanto para diminuição da eficácia durante o curso da vida. “Algumas habilidades, como o vocabulário,
geralmente continuam crescendo ao longo da idade adulta; outras, como a capacidade de resolver problemas
com os quais não estão familiarizados, poderão diminuir; mas alguns novos atributos, como a sabedoria,
poderão aumentar com a idade”. Ganhos como habilidades novas e experiências, e perdas como
declínios físicos, cognitivos, neuronais, de habilidades, funções, etc.
● Multidimensionalidade. Uma interação de fatores, endógenos e exógenos, influenciando o
desenvolvimento. Ocorre ao longo de múltiplas dimensões que interagem biológica, psicológica e
socialmente, cada uma delas podendo se desenvolver em ritmos diferentes.
● Plasticidade e variabilidade intrapessoal Potencial de mudança dos indivíduos ao se considerar as
potencialidades e limites da natureza do desenvolvimento humano.
● Influências relativas de mudanças biológicas e culturais sobre o ciclo de vida. O processo de
desenvolvimento é influenciado tanto pela biologia quanto pela cultura, mas o equilíbrio entre essas
influências se altera.
● O desenvolvimento envolve mudança na alocação de recursos. Os indivíduos escolhem como
“investir” seus recursos de tempo, energia, talento, dinheiro e apoio social de várias maneiras. “Na
infância e no início da vida adulta, a maior parte dos recursos é direcionada para o crescimento; na velhice,
para a regulação da perda. Na meia-idade, a alocação é mais equilibrada entre as três funções.”
● Contexto histórico e cultural. Cada pessoa se desenvolve em múltiplos contextos – circunstâncias
ou condições definidas em parte pela maturação e em parte pelo tempo e lugar.

➜ A idade cronológica não causa o desenvolvimento ou o envelhecimento. Os fatores ambientais


interferem na velhice. Desenvolvimento humano entendido de uma perspectiva multidisciplinar.

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Noções gerais de Gerontologia
Qual o nome da velhice?

No dicionário, o significado da palavra “Velho” ⇒ idoso, antigo, gasto pelo tempo, experimentado,
veterano, desusado, obsoleto.
Sentido da palavra é diferente na: ● Cultura Ocidental: Ultrapassado, antigo,
● Cultura Oriental: Experiente, sábio, mestre, alguém a
consultar.

O melhor a utilizar é a nomenclatura “Pessoa Idosa”, pois em primeiro lugar ali existe uma pessoa.
O termo “Terceira Idade” tem origem na década de 1960, na França, para descrever a idade em que
a pessoa se aposentada (na época, aos 45 anos, hoje aos 65 anos).

As idades da velhice
Para a OMS, a partir da idade cronológica, a definição de idoso inicia aos 65 anos nos países
desenvolvidos e aos 60 anos nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Para o Estatuto do Idoso,
a pessoa se caracteriza como idosa a partir dos 60 anos.
O processo de envelhecimento (“envelhescência”) é influenciado por fatores variados, como gênero,
classe social, cultura, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, dentre outros.

● Cronológica: Passagem do tempo decorrido em dias, meses e anos desde o nascimento.


● Biológica: relacionada aos órgãos internos/corpo. Definida pelas modificações corporais e mentais
que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento e caracterizam o processo de
envelhecimento humano.
● Social: relacionada as expectativas sociais (imagina-se que quem está produzindo tem menos
idade). Definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de
muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu
grupo social.
● Psicológica: relacionada à como a pessoa se vê, como se percebe, se sente, como está sua auto
estima

GERONTOLOGIA ➝ Área multidisciplinar


↳ Ciência que estuda o processo de envelhecimento e seus determinantes genético-biológicos,
psicológicos e socioculturais

Do grego: Gero ⇒ envelhecimento | Logia ⇒ estudo

GERIATRIA ➝ Especialidade médica


↳ Médico que atende adultos e idosos. É parte da gerontologia que estuda os distúrbios provenientes
do envelhecimento, além de atuar na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças agudas e
crônicas da velhice.

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Termos utilizados na Geriatria e Gerontologia

AVD’s ou ABVD’s ⇒ Atividades básicas da vida diária.


Relacionadas a autocuidado, higiene, alimentação.
Está relacionada com a capacidade de independência da pessoa.

AVI’s ⇒ Atividades instrumentais da vida diária.


Envolvem planejamento e tomada de decisão.
Está relacionada a capacidade de autonomia da pessoa.

➜ A medida em que ocorre o desenvolvimento de uma velhice patológica com doenças crônico
degenerativas, vai-se perdendo as AVD’s e as AVI’s. Primeiramente as AVI’s (dificuldade de gerenciar
a própria vida) e num segundo momento as AVD’s
➜ Quando existe a perda das AVD’s, significa que a pessoa perdeu sua independência, sendo assim,
necessita de um cuidador para auxiliá-la.

● Independência: Capacidade de executar suas tarefas e atividades, realizar algo com seus próprios
meios, sem auxílio de terceiros.
● Autonomia: Capacidade individual de tomada de decisão e comando sobre suas ações,
capacidade para gerir a própria vida.
● Senilidade: Velhice patológica, caracterizada por disfunções orgânicas, doenças crônico-
degenerativas e perdas psíquicas.
● Senectude/Senescência: Processo de envelhecimento que resulta nas mudanças fisiológicas e
psicossociais durante a velhice. Envelhecimento não patológico.

➜ A autonomia geralmente é a primeira a ser afetada, precisa de alguém que faça a gestão da
vida/casa dela.
➜ E a independência geralmente é perdida em um nível avançado da doença, indicando que a
pessoa precisa de um cuidador.

➜ Ageísmo = Intolerância relacionada à idade da pessoa. Como se tivessem menos valor ou


importância.

➜ A partir da década de 70: Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) amplia os
programas voltados para as pessoas idosas.
➜ A longevidade é um fato dos tempos atuais que traz a necessidade de adaptação frente às perdas
que ocorrem ao longo da vida.

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A Institucionalização da Pessoa Idosa
“A pessoa Idosa nas instituições de Longa Permanência (ILP’s)”

1994 ⇒ Homologa-se a Política Nacional do Idoso, lei 8.842/1994

2003 ⇒ Estatuto do Idoso, lei nº 10.741 de 1 de Outubro de 2003

No Brasil a maior parte dos cuidadores, são cuidadores primários (da mesma família) e, em sua
maioria, mulheres.

O que são ILP’s?


Instituições de Longa Permanência são instituições que apresentam características residenciais
destinadas ao domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com a função de
integrar a rede de assistência social à rede de assistência à saúde.
Normalmente são relacionadas aos asilos e a todo estigma que a palavra traz: um lugar de tristeza,
abandono, pobreza e decadência para exclusão da população idosa pobre.
Atualmente observa-se uma mudança do perfil dos idosos institucionalizados: de uma demanda de
idosos pobres e desprovidos de família para idosos com incapacidade e dependência física ou
cognitiva, com doenças crônicas e falta de acesso a serviço de saúde.

■ Todo esse estereótipo e estigmas que as ILP’s carregam contribuem para a manutenção uma
percepção social negativa acerca da pessoa idosa. Esse preconceito contribui para danos a sua
qualidade de vida, é preciso desconstruir essa imagem caricaturada das instituições.
■ A tristeza apresentada em muitas pessoas ao visitar ou se referir a uma Instituição de longa
permanência, está relacionada a internalização que fazemos daquele lugar, como um lugar
reprodutor de tristeza, abandono, maus cuidados, pobreza, decadência, etc...

Consequências da Institucionalização
● Ausência da possibilidade de expressão, bem como de habilidades motoras. Um ambiente que
pouco estimula a pessoa a pensar, agir... Podendo apresentar pouca perspectiva de mudança de
vida.
● Isolamento, inatividade física e mental, reduzindo o ambiente físico, afetivo e social da pessoa
idosa, o que pode resultar na redução de sua qualidade de vida
● Dificulta a convivência familiar e comunitária. As ILP’s constituem um lugar que impossibilitam um
contato social externo, promovem o confinamento e a institucionalização que per ventura dificultam
os vínculos familiares. (Mas deve-se pensar também que muitas vezes a pessoa idosa pode estar
enclausurada dentro de sua própria casa.)
● Tratamento igualitário e simultâneo para todos os residentes, acompanhado de um estado
acentuado de controle.

➜ Toda essa situação exige uma adaptação da pessoa institucionalizada e produz uma estranheza
que pode levar a pessoa a pensar na solidão, conformismo e também no abandono.

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
A pessoa idosa no contexto familiar: o papel do cuidador e a
violência doméstica

➜ Mais de 70% dos casos de agressão sofridos pela pessoa idosa, são realizados pelos seus próprios
familiares.

Tipos de violência contra a pessoa idosa:


● Negligencia: recusa ou omissão dos cuidados necessários aos idoso por parte dos responsáveis
familiares ou institucionais.
● Violência Psicológica: agressões verbais ou gestuais com objetivo de aterrorizar os idoso, humilhá-
los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.
● Abuso financeiro e econômico: exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido
por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.
● Violência física: uso da força física, para forçar os idoso a fazerem o que não desejam, para feri-
los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte. Quando ocorre esse tipo de violência, normalmente
outros tipos de violência já estão acontecendo a muito tempo.
● Abandono: ausência ou deserção dos responsáveis sejam governamentais, institucionais ou
familiares de prestaram socorro e assistência a uma pessoa idosa.

Segundo Maria Cecília Minayo, Cientista Social e Socióloga, a violência contra os idoso se expressa
de três formas:
1 - Violência social ou estrutural: a base para todos os outros tipos de violência, estando ligada as
relações sociais e as estruturas econômicas e políticas.
2 - Violência institucional: aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais pelo estado e pelas
instituições de assistência.
3 - Violência familiar ou interpessoal: diz do ambiente familiar e caracteriza-se pelas formas de
comunicação e interação cotidiana.

➜ Faz-se dever da instituição, de acordo com artigo 49 do Estatuto do Idoso, preservar o vínculo do
idoso com sua família. Necessitando também de um olhar que preserve a individualidade de cada,
bem como de questões significativas para a pessoa, como por exemplo sua fé.
A pessoa idosa tem de se sentir acolhida e ouvida dentro da instituição, além de ser incentivada a
participar das atividades comunitárias de caráter interno e externo, como por exemplo
apresentações artísticas e culturais próximas ao local da instituição.
Por fim, é de extrema importância frisar que as instituições não assumem, de forma alguma, o papel
da família do indivíduo, não o isentando de seus deveres e responsabilidades enquanto tal.

➜Ao profissional psicólogo, cabe identificar as necessidades daquela pessoa e não tratá-la de
maneira igualitária ou classificatória, reproduzindo um olhar de dó ou de caridade, um olhar
caricaturado herdado pelas instituições em questão.

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Cuidando de quem cuida:
O papel do cuidador da Pessoa Idosa

O que é cuidar?
Cuidado vai muito além dos cuidados essenciais (alimentação, higiene) é ouvir, fazer cia, levar para
tomar sol, preparar comida, contar uma história, etc....
Cuidado exige atenção, doação, não necessariamente é um fator estressante.

Cuidador primário: geralmente são os mais afetados, possui vínculo com o familiar.
Muitas vezes tem de conciliar família e tarefas domésticas com o cuidado da PI

Cuidados profissional: relação de trabalho

➜ É de extrema importância cuidar da saúde do cuidador (que normalmente é relacionado a uma


figura feminina).

Sexualidade e Afetividade na Velhice

A função sexual na velhice é comprometida por mudanças fisiológicas e anatômicas, próprias do


envelhecimento, que abrangem:
● Ritmo corporal
● Movimentos
● Equilíbrio postural
● Energia física
● Dentre outras....

➜ Estas mudanças precisam ser distinguidas das alterações patológicas, causadas por diferentes
doenças ou tratamentos.
➜ É importante para a pessoa idosa, ter a consciência de suas próprias limitações, porém, estas não
os impedem de exercerem sua sexualidade, a menos que não queiram, uma vez que a sexualidade
vai muito além do ato sexual em si.

Preconceito
- Fase da velhice, continua de certa forma como um período de não sentir, não desejar, não querer,
entre outros rótulos advindos da sociedade.
- Muitas vezes o que ocorre é uma repressão que impede que a sexualidade da pessoa idosa seja
manifestada e vista como natural.
- Visão de muitas pessoa sobre a pessoa idosa: alguém que não tem saúde, não “daria conta”.
- Deve-se ter adaptações e adequações feitas no ritmo de cada um, envolvendo: movimentos,
posturas, energia, etc....

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Ciclo da resposta sexual humana, por Masters e Johnson (2010):

Desejo – Excitação – Platô – Orgasmo – Resolução

● Desejo - Primeira fase em qualquer idade, considerada como disparador de todo o restante. O que
dispara o desejo varia de pessoa para pessoa.
Se o desejo não acontece, o que pode ser fruto de algum trauma, outras fases não acontecem.
● Excitação - Desejo aumenta e tem-se respostas fisiológicas de excitação.
● Platô - Nível mais elevado de excitação, que desencadeia o orgasmo.
● Orgasmo - Descarga de tensão sexual.
● Resolução - Momento do relaxamento pós orgasmo.

➜ Os autores consideram que a ausência de determinada fase do ciclo de resposta sexual humana
corresponde a uma disfunção sexual.
Mas é importante salientar que as disfunções não são necessariamente patológicas e nem exclusivas
da pessoa idosa, podem acontecer com qualquer pessoa independentemente da idade.

Modificações da resposta sexual

Modificações da resposta sexual da mulher


▸Climatério - nome científico que diz respeito da transição fisiológica do período reprodutivo para
o não reprodutivo na mulher (não diminui o interesse sexual da mulher, o que muda é o tipo de
resposta sexual, que se torna mais lento e menos intenso, mas nem por isso menos prazerosa ou
satisfatória.);
▸Diminuição dos níveis de estrógeno e progesterona;
▸Diminuição do tamanho do colo do útero, do útero e dos ovários;
▸Diminuição na espessura e elasticidade da vagina;
▸Diminuição da lubrificação vaginal;
▸Coito pode causar dor por conta da secura vaginal;
▸Diminuição da duração do orgasmo;
▸Menos contrações vaginais, e mais fracas;
▸Aumento do tempo de retorno ao estado pré-estimulatório;
▸Redução da capacidade multiorgastica;
▸Sintomas de cistite ou uretrite após o coito demorado ou repetido em intervalo curto de tempo
(cistites de lua-de-mel).

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Modificações da resposta sexual do homem
▸Não é mais capaz de produzir ereção concomitante ou imediata;
▸Necessário mais tempo e maior estimulação tátil para que o pênis fique ereto;
▸Ereções tendem a ser menos firmes e só alcançam o máximo de rigidez segundos antes da
ejaculação;
▸Menos facilidade no controle ejaculatório;
▸Quantidade de sêmen e a intensidade da ejaculação reduzem;
▸Diminuição das contrações na uretra durante a ejaculação;
▸Perda de ereção imediatamente após a ejaculação;
▸O período refratário (período necessário para obtenção de nova ereção após a ejaculação) fica
mais longo, de 15 minutos até uma semana;
▸Diminuição da lubrificação.

Disfunções Sexuais
Femininas
● Anorgasmia total;
● Anorgasmia com exceção da masturbação sozinha;
● Anorgasmia com exceção do estimulo manual e/ou oral do outro;
● Anorgasmia com exceção de vibrador ou estímulo mecânico;
● Orgasmos coitas infrequentes.

Masculinas
● Variedades de ejaculação precoce:
- Antes da introdução;
- Antes de 1 minuto de penetração;
- De 1 a 3 minutos;
- De 4 a 7 minutos.
● Ejaculação impedida “Anorgasmia masculina” (não consegue gozar durante penetração);
● Anedonia Orgástica (condição na qual a pessoa não tem sensação física de orgasmo, muito
embora o componente fisiológico permaneça intacto - ejaculação);
● Orgasmo com pênis flácido;
● Priapismo (ereção prolongada, indesejada e não associada a desejo sexual ou estímulo erótico).

Fármacos que podem comprometer o desejo sexual

● Anti-hipertensivos ● Hipnóticos e ansiolíticos


● Bloqueadores dos receptores adrenérgicos ● Alucinógenos
● Tranquilizantes maiores ● Anfetaminas e cocaína
● Antidepressivos

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Aspectos Clínicos, Psicológicos e Sociais da Velhice

Todas as alterações que podem ocorrer nos sentidos físico, psíquico e social com a pessoa idosa.

ASPECTOS CLÍNICOS DA VELHICE


Iatrogenia:
● Prejuízos provocados a um paciente por ação de algum profissionais da área da saúde, ainda que
o atendimento tenha ocorrido de maneira adequada e com indicação correta (sem erro médico,
muitas vezes).
● São ações indesejadas.
Exemplo: machucou fazendo fisioterapia, alergia devido a vacina....

Iatrogenia medicamentosa = muito comum


● Organismo absorve os nutrientes e elimina as toxinas, porém com o envelhecimento esse processo
acontece de forma mais lenta (metabolismo lento), podendo gerar uma intoxicação por alta
concentração de determinados medicamentos no organismos.
● Alguns medicamentos – benzodiazepínicos, antidepressivos - são os que mais causam iatrogenia,
mas pode ocorrer com outros também (paracetamol, por exemplo.)
● Consequências:
- Concentração da droga será mais elevada e sua eliminação será mais lenta.
- Com isso a duração do efeito de alguns medicamentos irá aumentar.
● Alguns medicamentos podem provocar um bloqueio na recepção dos neurotransmissores do S.N,
como a acetilcolina, provocando uma toxicidade anticolinérgica. Tendo como consequências:
- Toxicidade no sistema nervoso central: inquietude, irritabilidade, confusão mental, desorientação,
alucinações, tremores e sedação;
- Toxicidade no sistema nervoso periférico: taquicardia, hipertensão, visão borrada, xeroftalmia
(secura no olho), anidrose (ausência ou diminuição do suor), ressecamento da mucosa do trato
respiratório, dentre outros.

Incontinência Urinária (IU)


● Eliminação involuntária da urina em qualquer quantidade e frequência suficientes para provocar
prejuízos sociais à saúde.
● Prevalência aumentada na velhice, em especial em mulheres
● Pode ser causada por efeitos colaterais de uma medicação, ou também pelo efeito natural do
envelhecimento.
● Tipos:
- IU Estabelecida de urgência: (bexiga hiperativa ou instabilidade do músculo detrusor - da parede
da bexiga);
- IU Funcional (muitas vezes transitória, ocasional);
- IU Estabelecida de esforço ou IU de estresse; (Relacionada a carregar peso, por exemplo). (Exercício
de Kegel para tratamento, visando o fortalecimento do músculo vaginal);
- IU de Transbordamento (ou IU paradoxal) (atingiu o ápice da quantidade na bexiga e ir correndo
pro banheiro. Repentina)
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● Substâncias que provocam ou agravam a incontinência urinária
- Álcool e cafeína; - Chás com efeitos diuréticos
- Anti-inflamatórios; - Benzodiazepínicos;
-Medicamentos diuréticos e anti-hipertensivos; - Anticolinérgicos (inibidores da acetilcolina).

Hipertensão
● As alterações específicas do envelhecimento tornam o indivíduo mais propenso ao
desenvolvimento de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
● Fator de risco para várias outras doenças: doença renal, insuficiência cardíaca, entre outras...

Diabetes
● Diabetes Mellitus (DM): incidência de cerca de 20% das pessoas idosas brasileiras.
● Sintomas: Boca seca, muita fome, fraqueza física, vontade excessiva de ir ao banheiro, dificuldade
em adquirir peso, tendência a ter perda de massa magra...

Demências na Velhice
Demência
↳ Síndrome neurológico que não tem causa única além de possuir difícil identificação de sua causa.
Tem probabilidade maior de acontecer em pessoas idosas, especialmente em pessoas com mais de
80 anos.

Classificadas em:
Reversíveis = provocadas por um agravo, mas sem perdas significativas
Irreversíveis = são neurodegenerativas, ou seja, uma perda progressiva. Prejuízos cognitivos serão
gradativos ao longo do tempo.

✤ Alzheimer (DA – Doença de Alzheimer)


Patologia crônico-degenerativa ou neurodegenerativa que afeta principalmente a memória.
➜ Sintomatologia:
- Dificuldade de pensar e compreender (AVI’s afetadas);
- Confusão mental e delírio (alteração com a realidade, percebe a realidade de uma maneira
equivocada);
- Desorientação (tempo e espaço), esquecimento;
- Dificuldade de concentração e incapacidade de fazer cálculos simples;
- Incapacidade de reconhecer coisas comuns ou perda de memória recente;
- Agitação, agressividade e irritabilidade;
- Mudanças de Personalidade;
- Repetição sem sentido das próprias palavras, dificuldade para exercer funções do dia-a-dia;
- Vagar sem rumo e se perder (dentro da própria casa)
➜ Tem uma predisposição genética.
Acomete pessoas normalmente na casa dos 50 ou 60 anos. Raramente antes dos 40 (Alzheimer
precoce), mas pode acontecer.
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➜ Esquecimento é normal?
Todos podemos ter quadros de esquecimento, vários fatores interferem na nossa memória recente
ou de trabalho (cansaço, insônia, remédios, estresse, etc....)
Seu período de evolução dura em média 10 anos, inicia com pequenos esquecimentos, mudanças de
personalidade, perguntas repetitivas...
Afeta a princípio a memória de curto prazo e depois, de longo prazo
➜ Perguntas insistentes, repetitivas = podem ser sinal de alerta
➜ Como confirmar diagnóstico:
- Avaliação neurológica
- Equipe multidisciplinar para verificar as áreas cognitivas mais afetadas e fazer essa avaliação
- Mais facilmente em exame clínico e cognitivo do que neuroimagem.
➜ Causas:
Genéticas ou ambientais

✤ Demência Vascular (Senil)


Resultado do infarto cerebral devido à doença vascular, inclusive a doença cerebrovascular
hipertensiva. Infartos usualmente pequenos ganham efeito cumulativo. Início ocorre em geral na
pessoa com idade avançada
➜ Segunda mais comum depois do Alzheimer.
➜ Consequências do efeito cumulativo desses micro enfartos.
➜ Sintomatologia:
- Perda na função executiva (perda nas capacidades de gerencias sua vida, tomar decisões)
- Perdas cognitivas gradativas (memória, percepção, linguagem e outras funções neurocognitivas)
➜ Pode ser diagnosticada por exame de imagem.

✤ Mal de Parkinson (Paralisia Agitante)


➜ Doença neurológica degenerativa do SNC, que afeta os movimentos causando tremores, lentidão
de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, alterações de fala e de escrita.
➜ Paralisia agitante pois ao mesmo tempo que causa uma lentidão no processamento cognitivo, os
extremos do corpo apresentam tremores (mãos, pés, queixo).
➜ Região cognitiva afetada é a do controle dos músculos. Afeta o movimento do indivíduo.
➜ Causa tremores contínuos, lentidão do movimento (bradicinesia), rigidez muscular, desequilíbrio,
alterações de fala e escrita.
➜ Sinais e sintomas iniciais da doença podem ser leves, passando despercebido. Os sintomas
começam de um lado do corpo e depois afetam o outro lado.
➜ Pode causar cansaço, fadiga, insônia.
➜ A letra se torna menor (micrografia)

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➜ Sintomatologia:
- Excesso da camada de gordura sobe a pele - Dificuldade para engolir
- Tontura - Aumento da saliva
- Sudorese excessiva na face - Cansaço e perda de peso
- Depressão - Perda dos movimentos automáticos
- Hipotensão postural (levantar rápido e - Alterações de fala (fala rápido, fala baixo, fala
passar mal) lento)
- Ansiedade

➜ Causa:
Degeneração dos neurônios produtores de dopamina.
Não somente os neurônios dopaminérgicos estão envolvidos, mas outras estruturas produtoras de
serotonina, noradrenalina e acetilcolina estão envolvidas na gênese dessa doença.

✤ Acidente Vascular Encefálico (AVE ou popularmente AVC)


➜ Maior ocorrência na população hipertensa;
➜ Pode levar a complicações como incontinência urinaria, depressão, cor crônica.
➜ Reabilitação multiprofissional deve ser iniciada ainda na fase aguda do AVC;
➜ Possui características muito especificas.
Dois tipos:

Hemorrágico Isquêmico
➝ Houve ruptura. ➝ Não tem ruptura do vaso, mas tem uma

➝ Ocorre o rompimento do vaso, que provoca barreira/obstrução (coágulos) que dificultam a


uma infiltração do sangue em grande parte do passagem do fluxo sanguíneo.
tecido nervoso podendo comprometer várias ➝ Medicação para reduzir o efeito do coágulo,
partes, causando pressão alta, aneurisma, evitando que ocorra um acidente vascular do
distúrbio na coagulação sanguínea e tipo hemorrágico.
aterosclerose. ➝ Menos grave pois o fornecimento de sangue
➝ Sintomas para o cérebro é interrompido por um período
- Dor de cabeça forte; curto, assim os sintomas são sentidos por
- Perda da força de um dos lados do corpo ou pouco tempo e desaparecendo em até 24
paralisia; horas.
-Perda parcial ou total da visão (comum ➝ Principais causas:
apresentar visão borrada); - Hipertensão; - Colesterol alto;
- Dormência na mão, pernas e rosto...; - Diabetes; - Doenças cardiovasculares;
- Dificuldade em falar e compreender; - Tabagismo; - Excesso de peso.
- Perda de coordenação e tontura; ➝ Sintomas: Os mesmos que os apresentados
- Dificuldade em andar no AVE hemorrágico.

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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
ASPECTOS PSICOLOGIOS DA VELHICE

✤ Quedas e fraturas: o medo posterior


Síndrome do medo pós queda: distúrbio de marcha provocado pelo medo de cair, mesmo sem perda
de capacidade de marcha.
➜ Fratura mais comum na população idosa: Fratura de Fêmur.
➜ Probabilidade maior de ter uma deficiência de cálcio nessa etapa da vida.

➜ Nessa síndrome psicológica, a pessoa se recusa a andar devido ao medo de cair novamente.
Passam então a andar com dificuldade, se apoiando nas pessoas ou usam andadores mesmo sem
precisar. Alguns deixam até de sair de casa.

✤ Insônia
➜ Incapacidade de conciliar sono de boa qualidade, durante um período adequado para restaurar
as necessidades fisiológicas do organismo
➜ Natural que a pessoa idosa tenha menos necessidade de dormir do que uma pessoa jovem. Ou se
adeque a uma rotina em que durma menos tempo. Mas a fato de não dormir é prejudicial.
➜ Avaliar quem está relatando a insônia. Cuidador pode relatar que a pessoa idosa está com
dificuldade de dormir, para manter o paciente mais tranquilo e com mais tempo em repouso, para
poder descansar (visto que muitas vezes são cuidadores primários e tem acúmulo de papéis e
funções).
➜ Se o idoso tem memória a curto prazo preservada (se não tem nenhuma demência), pode relatar
com precisão a qualidade de seu sono.

➜ Hábitos que atrapalham a qualidade do sono:


- Cochilar durante o dia
- Vida sedentária
- Dormir mais de 40 minutos depois do almoço
- Compensar uma noite de insônia dormindo até mais tarde no dia seguinte pela manhã.
- Atividades estimulantes à noite podem aumentar a latência do sono.

✤ Depressão de início tardio


Pode ocorrer ao longo da vida, ou ter início tardio (na velhice)
Depressão na velhice se caracteriza por um humor deprimido sutil, na velhice, é mais uma apatia.

➜ Requer um diagnóstico diferencial e a avaliação da existência de alguma comorbidade (quando


duas ou mais doenças estão etiologicamente relacionadas):
- Pode não ser depressão, mas outra doença com sintomas similares;
- Ser depressão ou distimia (humor depressivo por um período mínimo de dois anos) provocada por
medicamentos ou outras doenças. Deve-se então, tratar a doença que a provoca;

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➜ Sintomas:
- Humor deprimido com menos frequência e intensidade (ou seja, menos tristeza)
- Anedonia (perda do prazer em atividades que antes era prazerosas) Idosos deixam de fazer
atividades rotineiras como cuidar de plantas, dos animais, ir à Igreja, sair, passear com amigos e
familiares.
- Ansiedade e impaciência, irritabilidade, mau humor;
- Hipocondria (supervalorização das queixas físicas) – pode estar relacionado num quadro
depressivo ou numa demonstração de carência;
- Retardo psicomotor mais frequente (apatia, pobreza e lentidão da fala, dificuldade para tomar
decisões);
- Sintomas melancólicos (hiporexia e perda de peso);
- Insônia mais frequente que sono excessivo;
- Queixas cognitivas frequentes (queixa de memória, provocada pela dificuldade de manter a
atenção focalizada na atividade que realiza).

➜ Tratamento consiste em psicoterapia e tratamento medicamentoso (quando necessário),


considerando os possíveis efeitos colaterais.
Exemplo: fluoxetina tem como efeito colateral reduzir o sono e o apetite, ideal para hipersonia e
compulsão alimentar; paroxetina tem como efeito colateral a sedação leve e a constipação, efeito
colateral ideal para idosos com sintomas de ansiedade e diarreia)

✤ Delirium
Diferente do Delírio (com “o” no final), o Delirium não é decorrente de problema de saúde mental e
sim um episódio temporário e agudo decorrente de um pós-cirúrgico, infecções, uso de
medicamento e deve ser esclarecida caso a caso
➜ Considerado causa comum de confusão mental aguda em pessoas idosas, frequente em pós-
operatório, em pacientes com doenças agudas como pneumonia ou síndrome de abstinência de
benzodiazepínicos.
➜ Consiste em alterações no pensamento (desorganizado), da atenção, do nível de consciência
(hiperalerta ou letárgica) e pela frequência de alucinações visuais.

➜ Condições clínicas que favorecem o delirium:


- Infecções, alterações cardiovasculares (angina, infarto, insuficiência cardíaca),
- Aspectos musculoesqueléticos (fratura, luxações, entorses, contusões),
- Endócrinos (diabetes, hipo e hipertireoidismo),
- Distúrbios hidroeletrolíticos (desidratação)
- Medicamentos (sedativos e anticolinérgicos).

➜ Condições que agravam ou aumentam o risco de delirium:


- Privação de sono
- Desidratação,
- Déficit auditivo.

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✤ Síndrome do Ninho Vazio
➜ Desconforto emocional dos pais ao perceberem seus filhos deixando a casa, e o ninho
permanecendo vazio.
➜ Um período emocionalmente vivenciado também na velhice uma vez que a taxa de natalidade tem
diminuído no Brasil, ao passo que com a expectativa de vida aumentada e os filhos deixando suas
famílias tardiamente ao entrarem no mercado de trabalho, as pessoas idosas se veem sozinhas
justamente quando se sentem mais dependentes dos familiares.

✤ Síndrome da Imobilidade
➜ “Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da imobilidade, por restrição a uma poltrona ou ao
leito, por um tempo prolongado, associada a múltiplas causas e com implicações físicas e
psicológicas, e que pode levar a óbito” (CHAIMOWICZ et al 2013, p. 152)

➜ Algumas pessoas idosas apresentam tendência a permanecer deitados por muito tempo quando
suas dificuldades de locomoção estão aumentadas.
A imobilidade pode ser temporária (em caso de fratura) ou crônica (em casos de demências,
depressão grave, dor crônica, neoplasias, distúrbios da marcha, fobia de queda, sequela de AVC).

Estudo de Caso

Caso
Sr. José (78 anos), procura por atendimento psicológico levado pela filha, Ana.
Durante o atendimento psicológico, após conversa inicial com a filha, o profissional da psicologia X
realiza mini exame mental com Sr. José e percebe uma desorientação espacial e temporal
significativa, assim como perda das funções executivas (planejar, raciocinar, tomar decisões) e
dificuldades na memória recente para novas informações e instruções. Sr.
José repetia muitas palavras principalmente contidas no final das perguntas do profissional da
Psicologia.

Se você fosse o/a profissional do atendimento do Sr. José, o que você faria?
Realizar um processo de anamnese aprofundada com a filha, para avaliar o que poderia provocar a
confusão mental. Realizar perguntas como:
- Quais medicamentos está usando?
-Teve febre? Infeção? Foi medicado?
- Faz acompanhamento com geriatra? neurologista?
- A quanto tempo apresenta esses sintomas? Tem se repetido frequentemente?
- Teve queda? Sofreu algum acidente? Bateu a cabeça? Tem dor de cabeça forte?
- Teve algum AVC ou tem casos na família?
- Possui dificuldade de movimentar alguma parte do corpo?
Excluído tudo isso, exclui-se a possibilidade de pensar em demência senil ou vascular (pelo prejuízo
nas funções executivas). Busca-se então investigar demências de base cognitiva: Alzheimer ou
Parkinson
- Investigar se mora sozinho, se alguém cuida dele.
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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Qual seria o possível diagnóstico para Sr. José?
- Conclui-se que teve prejuízo nas atividades básicas da vida diária (AVI’S), e com isso sua autonomia
e capacidade de gerir a própria vida foi afetada.
- Possibilidades de Alzheimer ou Demência Senil (Vascular)
- Necessário um diagnóstico multidisciplinar.

Quais os encaminhamentos e orientações para a filha de Sr. José?


- Encaminhar ao neurologista para realizar uma avaliação clínica.
- Médico pode solicitar ressonância, tomografia.

A equipe multidisciplinar no cuidado na velhice

➜ Trabalho deve ser multidisciplinar e interdisciplinar. É um trabalho em equipe, em rede.

➜ Deve envolver profissionais da área do cuidado, de ajuda, como: terapeuta ocupacional,


fisioterapeuta, enfermeiro, médico geriatra, gerontólogo, nutrólogo, nutricionista, psicólogo e
assistente social

➜ “[...] as dificuldades relacionadas ao cuidado domiciliar concentraram-se na falta de articulação


entre a rede hospitalar e rede básica de saúde, sistema de referência e contra-referência e no pouco
investimento que o sistema público destina para a essa área”.

A Pessoa Idosa no Mercado de Trabalho


➜ Processo de desligamento e entrada na aposentadoria – Programas de Desligamento
Esses programas são de direito da pessoa idosa, mas muitas vezes não acontecem.

➜ Entrada na aposentadoria causar preocupação: seja de fator financeiro, seja relacionado a


mudança da rotina.

➜ Deve-se procurar promover a possibilidade de a pessoa idosa participar de entrevistas de


emprego, possibilitando acesso as vagas e promovendo entrevistas que sejam pensadas também
para essa faixa etária.

➜ Itens que os idosos mais gastam individualmente:


- Alimentação (93% das menções),
- Contas de luz, água e telefone (79%).
- Gastos com remédio (59%).

As despesas com alimentação diminuem com a idade, mas aumentam as despesas com médicos e
planos de saúde relativamente estabilizados.

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➜ Segundo Wajnman (2004) é inevitável o aumento de pessoas com mais de 60 anos na População
Economicamente Ativa (PEA) brasileira.
PEA – População Economicamente Ativa – conceito elaborado para designar a população que está
inserida no mercado de trabalho ou que, de certa forma, está procurando se inserir nele para exercer
algum tipo de atividade remunerada.

➜ Muitos idosos permanecem no mercado de trabalho ou retornam a ele após a aposentadoria por
vários motivos, entre eles: necessidade de uma renda adicional, ocupação do tempo ocioso, gosto
pelo trabalho desenvolvido.

IBGE, 2007: quase 20% dos idosos aposentados no Brasil trabalham. Principais motivos: necessidade
de uma remuneração extra ou a vontade de permanecer ativo.

O gestor de recursos humanos encontra, assim, um cenário onde a presença dos idosos nas
empresas será cada vez maior, associado a uma queda na natalidade, que em algumas décadas
reduzirá o número de jovens no mercado de trabalho.

Amarilho(2005) as potencialidades mentais das pessoas idosas merecem ser entendidas como
sinônimo da força produtiva de que são detentores.

➜ Lei 9.029 proíbe a discriminação contra os idosos com vínculo empregatício, mas não protege os
prestadores de serviços (BRASIL, 2007).
A Constituição Federal do Brasil, artigos 203 e 229, e a Política Nacional do Idoso (Lei nº 8842 de 04
de janeiro de 1994), em seu capítulo IV, dispõe que se deve: garantir mecanismos que impeçam a
discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público e
privado; priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários; criar e estimular a
manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores públicos e privado com
antecedência mínima de dois anos antes do afastamento.

➜ Direitos da Pessoa Idosa: Senado Federal


Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741), aprovado em 2003.
1: Prioridade em processo judicial;
2: Meia-entrada em eventos culturais;
3: Distribuição de remédios gratuitos para hipertensão e diabetes;
4: Transporte urbano e interestadual gratuito;
5: Isenção de IPTU em alguns municípios;
6: 5% das vagas de estacionamento.
Dentre outros.

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Finitude e espiritualidade da pessoa idosa

➜ Período de reflexão e resolução de situações familiares pendentes, conflitos intra e intersubjetivos.

Citações: Sirlene Lopes de Miranda (texto não publicado). “Espiritualidade e Finitude”. Instituto de
Psicologia. Universidade de São Paulo.
“Saber que a nossa vida tem um fim geralmente deixa um sentimento de tristeza, de desespero, até
porque, no nosso inconsciente, nós não admitimos a possibilidade de morrer, um dia” (DOLL & PY,
2011, p.280).

“A morte faz parte do desenvolvimento do ser humano e da cadeia evolutiva do mundo animal. A
morte é a única certeza que temos para a vida, entretanto, não nos preparamos e nem conversamos
sobre o tema morte, sobre viver uma vida que é finita”

“A espiritualidade compreende a relação entre o homem e uma força superior, cada pessoa possui
a sua espiritualidade própria e a expressa conforme seus valores. Espiritualidade, portanto,
independe de professar uma religião”

“É preciso aceitar que não sabemos o melhor caminho e que nosso instrumento de trabalho é o ouvir.
Essa escuta pode favorecer ao paciente a oportunidade para falar sobre sua experiência íntima com
a doença e com a própria morte. Escutar ativamente e empaticamente o paciente favorece que ele
ressignifique suas questões referentes à finitude, relate seus desejos e anseios, vontades, angústias
e temores”.

“Viver o luto é deixar-se esvaziar dos sentimentos, permitir-se chorar a perda, o tempo que for
necessário para cada pessoa. O vazio que fica após esse esvaziamento pode ser preenchido com as
lembranças e com o aprendizado que se obteve com a pessoa que partiu, com psicoterapia e com a
rede social e familiar de apoio”.

“Reconhecer a finitude não é viver sob controle do medo da morte, mas viver intensamente cada
momento, cada qual com sua singularidade. Além de buscar uma vida longeva, é viver com
intensidade o agradável ofertado no dia de hoje”.

“Metáfora da árvore que vem de uma semente que germina em solo propício, cresce, oferece
proteção a animais e pessoas, purifica o ar, floresce, produz frutos, flores e sombra até a mais
elevada capacidade. E na manhã prevista para a derrubada, permite ser cortada. Deixar-se crescer,
deixar-se amadurecer e frutificar, deixar-se sofrer as podas para o amadurecimento emocional e
autoconhecimento, deixar marcas no mundo, deixar-se cortar.
Reconhecer a dimensão da finitude e toda a sua beleza pressupõe deixar quem amamos partir. Viver
uma vida finita, não sob controle da morte, mas do viver intensamente cada momento, cada
experiência e cada segundo genuinamente, sem abandonar quem nos tornamos a partir do encontro
com o Outro, Outro Esse que permanecerá vivo em nós e em nossas atitudes”.
Sirlene L. Miranda

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