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Envelhecimento populacional
Para os próximos anos, estima-se o crescimento da população idosa. Segundo dados das Nações
Unidas, em 2050 haverá mais população idosa do que crianças menores de 15 anos. Sendo assim o
grupo idoso ocupará. 22% da população global.
Convenções sociais:
➜ 0 – 11 Infância
➜ 12 – 18 Adolescência
➜ 18 – 38 Adulto
➜ 39/40 Meia Idade (baseada na estimativa de vida atualmente.)
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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Por volta do início dos 39/40 anos, existe a crise da meia idade (com maior incidência entre 40 e 50
anos), observa-se:
● Período de acumulo de múltiplas funções (ser pai, filho, cuidador dos pais...)
● Consciência maior acerca da finitude
● Sensação de perda de vigor físico
● Menopausa, Andropausa
● Revisão de planejamentos pessoais e profissionais
O cérebro
Após os 30 anos, nosso cérebro perde peso, a princípio lentamente, e depois mais rápido. Aos 90
anos, o cérebro pode ter perdido até 10% de seu peso. A perda de peso do cérebro ocorre em função
da perda de neurônios (células nervosas) no córtex cerebral, parte do cérebro destinada às funções
cognitivas. Não há uma perda generalizada, mas uma perda do tecido conectivo: axônios, dendritos
e sinapses.
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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Teoria do curso de vida de Paul Baltes (1939-2006) - Psicólogo Alemão.
● Perspectiva da vida com um curso que tem início, meio e fim. Desenvolvimento ocorre ao longo da
vida, desde a concepção até a morte, Não adota ciclos ou estágios para descrever o
desenvolvimento. Cada ciclo de vida da pessoa é afetado pelo que aconteceu antes e afetará o que
está por vir. Cada período tem características e valores únicos. Nenhum período é mais ou menos
importante que qualquer outro.
● Nossa origem traz marcas, aprendizados que carregamos ao longo da vida. Podemos ressignificar
essas marcas, mas continuam sendo nossa origem.
● A teoria de Erikson Erikson foi a precursora da teoria do curso de vida, mas se diferencia de Erikson
pois não concentra tanta preocupação com os processos do ego
● “Infância, adolescência, vida adulta e velhice são fases construídas socialmente, por meio de
normas reguladoras que determinam as exigências e as oportunidades de cada segmento etário na
ordem social. Por exemplo: as crianças devem ir à escola, os idosos devem aposentar-se, os adultos
devem cuidar dos filhos menores de idade e os filhos devem cuidar dos pais idosos”
● Os estágios de desenvolvimento são de origem sociogenética e não ontogenética. A sociedade dita
os cursos de vida na medida em que define expectativas e normas para cada faixa etária a partir de
marcadores de natureza biológica e social
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Luciana Supino – 5º Semestre – Psicologia do Envelhecimento e Gerontologia
Noções gerais de Gerontologia
Qual o nome da velhice?
No dicionário, o significado da palavra “Velho” ⇒ idoso, antigo, gasto pelo tempo, experimentado,
veterano, desusado, obsoleto.
Sentido da palavra é diferente na: ● Cultura Ocidental: Ultrapassado, antigo,
● Cultura Oriental: Experiente, sábio, mestre, alguém a
consultar.
O melhor a utilizar é a nomenclatura “Pessoa Idosa”, pois em primeiro lugar ali existe uma pessoa.
O termo “Terceira Idade” tem origem na década de 1960, na França, para descrever a idade em que
a pessoa se aposentada (na época, aos 45 anos, hoje aos 65 anos).
As idades da velhice
Para a OMS, a partir da idade cronológica, a definição de idoso inicia aos 65 anos nos países
desenvolvidos e aos 60 anos nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Para o Estatuto do Idoso,
a pessoa se caracteriza como idosa a partir dos 60 anos.
O processo de envelhecimento (“envelhescência”) é influenciado por fatores variados, como gênero,
classe social, cultura, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, dentre outros.
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Termos utilizados na Geriatria e Gerontologia
➜ A medida em que ocorre o desenvolvimento de uma velhice patológica com doenças crônico
degenerativas, vai-se perdendo as AVD’s e as AVI’s. Primeiramente as AVI’s (dificuldade de gerenciar
a própria vida) e num segundo momento as AVD’s
➜ Quando existe a perda das AVD’s, significa que a pessoa perdeu sua independência, sendo assim,
necessita de um cuidador para auxiliá-la.
● Independência: Capacidade de executar suas tarefas e atividades, realizar algo com seus próprios
meios, sem auxílio de terceiros.
● Autonomia: Capacidade individual de tomada de decisão e comando sobre suas ações,
capacidade para gerir a própria vida.
● Senilidade: Velhice patológica, caracterizada por disfunções orgânicas, doenças crônico-
degenerativas e perdas psíquicas.
● Senectude/Senescência: Processo de envelhecimento que resulta nas mudanças fisiológicas e
psicossociais durante a velhice. Envelhecimento não patológico.
➜ A autonomia geralmente é a primeira a ser afetada, precisa de alguém que faça a gestão da
vida/casa dela.
➜ E a independência geralmente é perdida em um nível avançado da doença, indicando que a
pessoa precisa de um cuidador.
➜ A partir da década de 70: Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) amplia os
programas voltados para as pessoas idosas.
➜ A longevidade é um fato dos tempos atuais que traz a necessidade de adaptação frente às perdas
que ocorrem ao longo da vida.
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A Institucionalização da Pessoa Idosa
“A pessoa Idosa nas instituições de Longa Permanência (ILP’s)”
No Brasil a maior parte dos cuidadores, são cuidadores primários (da mesma família) e, em sua
maioria, mulheres.
■ Todo esse estereótipo e estigmas que as ILP’s carregam contribuem para a manutenção uma
percepção social negativa acerca da pessoa idosa. Esse preconceito contribui para danos a sua
qualidade de vida, é preciso desconstruir essa imagem caricaturada das instituições.
■ A tristeza apresentada em muitas pessoas ao visitar ou se referir a uma Instituição de longa
permanência, está relacionada a internalização que fazemos daquele lugar, como um lugar
reprodutor de tristeza, abandono, maus cuidados, pobreza, decadência, etc...
Consequências da Institucionalização
● Ausência da possibilidade de expressão, bem como de habilidades motoras. Um ambiente que
pouco estimula a pessoa a pensar, agir... Podendo apresentar pouca perspectiva de mudança de
vida.
● Isolamento, inatividade física e mental, reduzindo o ambiente físico, afetivo e social da pessoa
idosa, o que pode resultar na redução de sua qualidade de vida
● Dificulta a convivência familiar e comunitária. As ILP’s constituem um lugar que impossibilitam um
contato social externo, promovem o confinamento e a institucionalização que per ventura dificultam
os vínculos familiares. (Mas deve-se pensar também que muitas vezes a pessoa idosa pode estar
enclausurada dentro de sua própria casa.)
● Tratamento igualitário e simultâneo para todos os residentes, acompanhado de um estado
acentuado de controle.
➜ Toda essa situação exige uma adaptação da pessoa institucionalizada e produz uma estranheza
que pode levar a pessoa a pensar na solidão, conformismo e também no abandono.
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A pessoa idosa no contexto familiar: o papel do cuidador e a
violência doméstica
➜ Mais de 70% dos casos de agressão sofridos pela pessoa idosa, são realizados pelos seus próprios
familiares.
Segundo Maria Cecília Minayo, Cientista Social e Socióloga, a violência contra os idoso se expressa
de três formas:
1 - Violência social ou estrutural: a base para todos os outros tipos de violência, estando ligada as
relações sociais e as estruturas econômicas e políticas.
2 - Violência institucional: aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais pelo estado e pelas
instituições de assistência.
3 - Violência familiar ou interpessoal: diz do ambiente familiar e caracteriza-se pelas formas de
comunicação e interação cotidiana.
➜ Faz-se dever da instituição, de acordo com artigo 49 do Estatuto do Idoso, preservar o vínculo do
idoso com sua família. Necessitando também de um olhar que preserve a individualidade de cada,
bem como de questões significativas para a pessoa, como por exemplo sua fé.
A pessoa idosa tem de se sentir acolhida e ouvida dentro da instituição, além de ser incentivada a
participar das atividades comunitárias de caráter interno e externo, como por exemplo
apresentações artísticas e culturais próximas ao local da instituição.
Por fim, é de extrema importância frisar que as instituições não assumem, de forma alguma, o papel
da família do indivíduo, não o isentando de seus deveres e responsabilidades enquanto tal.
➜Ao profissional psicólogo, cabe identificar as necessidades daquela pessoa e não tratá-la de
maneira igualitária ou classificatória, reproduzindo um olhar de dó ou de caridade, um olhar
caricaturado herdado pelas instituições em questão.
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Cuidando de quem cuida:
O papel do cuidador da Pessoa Idosa
O que é cuidar?
Cuidado vai muito além dos cuidados essenciais (alimentação, higiene) é ouvir, fazer cia, levar para
tomar sol, preparar comida, contar uma história, etc....
Cuidado exige atenção, doação, não necessariamente é um fator estressante.
Cuidador primário: geralmente são os mais afetados, possui vínculo com o familiar.
Muitas vezes tem de conciliar família e tarefas domésticas com o cuidado da PI
➜ Estas mudanças precisam ser distinguidas das alterações patológicas, causadas por diferentes
doenças ou tratamentos.
➜ É importante para a pessoa idosa, ter a consciência de suas próprias limitações, porém, estas não
os impedem de exercerem sua sexualidade, a menos que não queiram, uma vez que a sexualidade
vai muito além do ato sexual em si.
Preconceito
- Fase da velhice, continua de certa forma como um período de não sentir, não desejar, não querer,
entre outros rótulos advindos da sociedade.
- Muitas vezes o que ocorre é uma repressão que impede que a sexualidade da pessoa idosa seja
manifestada e vista como natural.
- Visão de muitas pessoa sobre a pessoa idosa: alguém que não tem saúde, não “daria conta”.
- Deve-se ter adaptações e adequações feitas no ritmo de cada um, envolvendo: movimentos,
posturas, energia, etc....
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Ciclo da resposta sexual humana, por Masters e Johnson (2010):
● Desejo - Primeira fase em qualquer idade, considerada como disparador de todo o restante. O que
dispara o desejo varia de pessoa para pessoa.
Se o desejo não acontece, o que pode ser fruto de algum trauma, outras fases não acontecem.
● Excitação - Desejo aumenta e tem-se respostas fisiológicas de excitação.
● Platô - Nível mais elevado de excitação, que desencadeia o orgasmo.
● Orgasmo - Descarga de tensão sexual.
● Resolução - Momento do relaxamento pós orgasmo.
➜ Os autores consideram que a ausência de determinada fase do ciclo de resposta sexual humana
corresponde a uma disfunção sexual.
Mas é importante salientar que as disfunções não são necessariamente patológicas e nem exclusivas
da pessoa idosa, podem acontecer com qualquer pessoa independentemente da idade.
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Modificações da resposta sexual do homem
▸Não é mais capaz de produzir ereção concomitante ou imediata;
▸Necessário mais tempo e maior estimulação tátil para que o pênis fique ereto;
▸Ereções tendem a ser menos firmes e só alcançam o máximo de rigidez segundos antes da
ejaculação;
▸Menos facilidade no controle ejaculatório;
▸Quantidade de sêmen e a intensidade da ejaculação reduzem;
▸Diminuição das contrações na uretra durante a ejaculação;
▸Perda de ereção imediatamente após a ejaculação;
▸O período refratário (período necessário para obtenção de nova ereção após a ejaculação) fica
mais longo, de 15 minutos até uma semana;
▸Diminuição da lubrificação.
Disfunções Sexuais
Femininas
● Anorgasmia total;
● Anorgasmia com exceção da masturbação sozinha;
● Anorgasmia com exceção do estimulo manual e/ou oral do outro;
● Anorgasmia com exceção de vibrador ou estímulo mecânico;
● Orgasmos coitas infrequentes.
Masculinas
● Variedades de ejaculação precoce:
- Antes da introdução;
- Antes de 1 minuto de penetração;
- De 1 a 3 minutos;
- De 4 a 7 minutos.
● Ejaculação impedida “Anorgasmia masculina” (não consegue gozar durante penetração);
● Anedonia Orgástica (condição na qual a pessoa não tem sensação física de orgasmo, muito
embora o componente fisiológico permaneça intacto - ejaculação);
● Orgasmo com pênis flácido;
● Priapismo (ereção prolongada, indesejada e não associada a desejo sexual ou estímulo erótico).
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Aspectos Clínicos, Psicológicos e Sociais da Velhice
Todas as alterações que podem ocorrer nos sentidos físico, psíquico e social com a pessoa idosa.
Hipertensão
● As alterações específicas do envelhecimento tornam o indivíduo mais propenso ao
desenvolvimento de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS).
● Fator de risco para várias outras doenças: doença renal, insuficiência cardíaca, entre outras...
Diabetes
● Diabetes Mellitus (DM): incidência de cerca de 20% das pessoas idosas brasileiras.
● Sintomas: Boca seca, muita fome, fraqueza física, vontade excessiva de ir ao banheiro, dificuldade
em adquirir peso, tendência a ter perda de massa magra...
Demências na Velhice
Demência
↳ Síndrome neurológico que não tem causa única além de possuir difícil identificação de sua causa.
Tem probabilidade maior de acontecer em pessoas idosas, especialmente em pessoas com mais de
80 anos.
Classificadas em:
Reversíveis = provocadas por um agravo, mas sem perdas significativas
Irreversíveis = são neurodegenerativas, ou seja, uma perda progressiva. Prejuízos cognitivos serão
gradativos ao longo do tempo.
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➜ Sintomatologia:
- Excesso da camada de gordura sobe a pele - Dificuldade para engolir
- Tontura - Aumento da saliva
- Sudorese excessiva na face - Cansaço e perda de peso
- Depressão - Perda dos movimentos automáticos
- Hipotensão postural (levantar rápido e - Alterações de fala (fala rápido, fala baixo, fala
passar mal) lento)
- Ansiedade
➜ Causa:
Degeneração dos neurônios produtores de dopamina.
Não somente os neurônios dopaminérgicos estão envolvidos, mas outras estruturas produtoras de
serotonina, noradrenalina e acetilcolina estão envolvidas na gênese dessa doença.
Hemorrágico Isquêmico
➝ Houve ruptura. ➝ Não tem ruptura do vaso, mas tem uma
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ASPECTOS PSICOLOGIOS DA VELHICE
➜ Nessa síndrome psicológica, a pessoa se recusa a andar devido ao medo de cair novamente.
Passam então a andar com dificuldade, se apoiando nas pessoas ou usam andadores mesmo sem
precisar. Alguns deixam até de sair de casa.
✤ Insônia
➜ Incapacidade de conciliar sono de boa qualidade, durante um período adequado para restaurar
as necessidades fisiológicas do organismo
➜ Natural que a pessoa idosa tenha menos necessidade de dormir do que uma pessoa jovem. Ou se
adeque a uma rotina em que durma menos tempo. Mas a fato de não dormir é prejudicial.
➜ Avaliar quem está relatando a insônia. Cuidador pode relatar que a pessoa idosa está com
dificuldade de dormir, para manter o paciente mais tranquilo e com mais tempo em repouso, para
poder descansar (visto que muitas vezes são cuidadores primários e tem acúmulo de papéis e
funções).
➜ Se o idoso tem memória a curto prazo preservada (se não tem nenhuma demência), pode relatar
com precisão a qualidade de seu sono.
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➜ Sintomas:
- Humor deprimido com menos frequência e intensidade (ou seja, menos tristeza)
- Anedonia (perda do prazer em atividades que antes era prazerosas) Idosos deixam de fazer
atividades rotineiras como cuidar de plantas, dos animais, ir à Igreja, sair, passear com amigos e
familiares.
- Ansiedade e impaciência, irritabilidade, mau humor;
- Hipocondria (supervalorização das queixas físicas) – pode estar relacionado num quadro
depressivo ou numa demonstração de carência;
- Retardo psicomotor mais frequente (apatia, pobreza e lentidão da fala, dificuldade para tomar
decisões);
- Sintomas melancólicos (hiporexia e perda de peso);
- Insônia mais frequente que sono excessivo;
- Queixas cognitivas frequentes (queixa de memória, provocada pela dificuldade de manter a
atenção focalizada na atividade que realiza).
✤ Delirium
Diferente do Delírio (com “o” no final), o Delirium não é decorrente de problema de saúde mental e
sim um episódio temporário e agudo decorrente de um pós-cirúrgico, infecções, uso de
medicamento e deve ser esclarecida caso a caso
➜ Considerado causa comum de confusão mental aguda em pessoas idosas, frequente em pós-
operatório, em pacientes com doenças agudas como pneumonia ou síndrome de abstinência de
benzodiazepínicos.
➜ Consiste em alterações no pensamento (desorganizado), da atenção, do nível de consciência
(hiperalerta ou letárgica) e pela frequência de alucinações visuais.
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✤ Síndrome do Ninho Vazio
➜ Desconforto emocional dos pais ao perceberem seus filhos deixando a casa, e o ninho
permanecendo vazio.
➜ Um período emocionalmente vivenciado também na velhice uma vez que a taxa de natalidade tem
diminuído no Brasil, ao passo que com a expectativa de vida aumentada e os filhos deixando suas
famílias tardiamente ao entrarem no mercado de trabalho, as pessoas idosas se veem sozinhas
justamente quando se sentem mais dependentes dos familiares.
✤ Síndrome da Imobilidade
➜ “Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da imobilidade, por restrição a uma poltrona ou ao
leito, por um tempo prolongado, associada a múltiplas causas e com implicações físicas e
psicológicas, e que pode levar a óbito” (CHAIMOWICZ et al 2013, p. 152)
➜ Algumas pessoas idosas apresentam tendência a permanecer deitados por muito tempo quando
suas dificuldades de locomoção estão aumentadas.
A imobilidade pode ser temporária (em caso de fratura) ou crônica (em casos de demências,
depressão grave, dor crônica, neoplasias, distúrbios da marcha, fobia de queda, sequela de AVC).
Estudo de Caso
Caso
Sr. José (78 anos), procura por atendimento psicológico levado pela filha, Ana.
Durante o atendimento psicológico, após conversa inicial com a filha, o profissional da psicologia X
realiza mini exame mental com Sr. José e percebe uma desorientação espacial e temporal
significativa, assim como perda das funções executivas (planejar, raciocinar, tomar decisões) e
dificuldades na memória recente para novas informações e instruções. Sr.
José repetia muitas palavras principalmente contidas no final das perguntas do profissional da
Psicologia.
Se você fosse o/a profissional do atendimento do Sr. José, o que você faria?
Realizar um processo de anamnese aprofundada com a filha, para avaliar o que poderia provocar a
confusão mental. Realizar perguntas como:
- Quais medicamentos está usando?
-Teve febre? Infeção? Foi medicado?
- Faz acompanhamento com geriatra? neurologista?
- A quanto tempo apresenta esses sintomas? Tem se repetido frequentemente?
- Teve queda? Sofreu algum acidente? Bateu a cabeça? Tem dor de cabeça forte?
- Teve algum AVC ou tem casos na família?
- Possui dificuldade de movimentar alguma parte do corpo?
Excluído tudo isso, exclui-se a possibilidade de pensar em demência senil ou vascular (pelo prejuízo
nas funções executivas). Busca-se então investigar demências de base cognitiva: Alzheimer ou
Parkinson
- Investigar se mora sozinho, se alguém cuida dele.
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Qual seria o possível diagnóstico para Sr. José?
- Conclui-se que teve prejuízo nas atividades básicas da vida diária (AVI’S), e com isso sua autonomia
e capacidade de gerir a própria vida foi afetada.
- Possibilidades de Alzheimer ou Demência Senil (Vascular)
- Necessário um diagnóstico multidisciplinar.
As despesas com alimentação diminuem com a idade, mas aumentam as despesas com médicos e
planos de saúde relativamente estabilizados.
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➜ Segundo Wajnman (2004) é inevitável o aumento de pessoas com mais de 60 anos na População
Economicamente Ativa (PEA) brasileira.
PEA – População Economicamente Ativa – conceito elaborado para designar a população que está
inserida no mercado de trabalho ou que, de certa forma, está procurando se inserir nele para exercer
algum tipo de atividade remunerada.
➜ Muitos idosos permanecem no mercado de trabalho ou retornam a ele após a aposentadoria por
vários motivos, entre eles: necessidade de uma renda adicional, ocupação do tempo ocioso, gosto
pelo trabalho desenvolvido.
IBGE, 2007: quase 20% dos idosos aposentados no Brasil trabalham. Principais motivos: necessidade
de uma remuneração extra ou a vontade de permanecer ativo.
O gestor de recursos humanos encontra, assim, um cenário onde a presença dos idosos nas
empresas será cada vez maior, associado a uma queda na natalidade, que em algumas décadas
reduzirá o número de jovens no mercado de trabalho.
Amarilho(2005) as potencialidades mentais das pessoas idosas merecem ser entendidas como
sinônimo da força produtiva de que são detentores.
➜ Lei 9.029 proíbe a discriminação contra os idosos com vínculo empregatício, mas não protege os
prestadores de serviços (BRASIL, 2007).
A Constituição Federal do Brasil, artigos 203 e 229, e a Política Nacional do Idoso (Lei nº 8842 de 04
de janeiro de 1994), em seu capítulo IV, dispõe que se deve: garantir mecanismos que impeçam a
discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público e
privado; priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários; criar e estimular a
manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores públicos e privado com
antecedência mínima de dois anos antes do afastamento.
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Finitude e espiritualidade da pessoa idosa
Citações: Sirlene Lopes de Miranda (texto não publicado). “Espiritualidade e Finitude”. Instituto de
Psicologia. Universidade de São Paulo.
“Saber que a nossa vida tem um fim geralmente deixa um sentimento de tristeza, de desespero, até
porque, no nosso inconsciente, nós não admitimos a possibilidade de morrer, um dia” (DOLL & PY,
2011, p.280).
“A morte faz parte do desenvolvimento do ser humano e da cadeia evolutiva do mundo animal. A
morte é a única certeza que temos para a vida, entretanto, não nos preparamos e nem conversamos
sobre o tema morte, sobre viver uma vida que é finita”
“A espiritualidade compreende a relação entre o homem e uma força superior, cada pessoa possui
a sua espiritualidade própria e a expressa conforme seus valores. Espiritualidade, portanto,
independe de professar uma religião”
“É preciso aceitar que não sabemos o melhor caminho e que nosso instrumento de trabalho é o ouvir.
Essa escuta pode favorecer ao paciente a oportunidade para falar sobre sua experiência íntima com
a doença e com a própria morte. Escutar ativamente e empaticamente o paciente favorece que ele
ressignifique suas questões referentes à finitude, relate seus desejos e anseios, vontades, angústias
e temores”.
“Viver o luto é deixar-se esvaziar dos sentimentos, permitir-se chorar a perda, o tempo que for
necessário para cada pessoa. O vazio que fica após esse esvaziamento pode ser preenchido com as
lembranças e com o aprendizado que se obteve com a pessoa que partiu, com psicoterapia e com a
rede social e familiar de apoio”.
“Reconhecer a finitude não é viver sob controle do medo da morte, mas viver intensamente cada
momento, cada qual com sua singularidade. Além de buscar uma vida longeva, é viver com
intensidade o agradável ofertado no dia de hoje”.
“Metáfora da árvore que vem de uma semente que germina em solo propício, cresce, oferece
proteção a animais e pessoas, purifica o ar, floresce, produz frutos, flores e sombra até a mais
elevada capacidade. E na manhã prevista para a derrubada, permite ser cortada. Deixar-se crescer,
deixar-se amadurecer e frutificar, deixar-se sofrer as podas para o amadurecimento emocional e
autoconhecimento, deixar marcas no mundo, deixar-se cortar.
Reconhecer a dimensão da finitude e toda a sua beleza pressupõe deixar quem amamos partir. Viver
uma vida finita, não sob controle da morte, mas do viver intensamente cada momento, cada
experiência e cada segundo genuinamente, sem abandonar quem nos tornamos a partir do encontro
com o Outro, Outro Esse que permanecerá vivo em nós e em nossas atitudes”.
Sirlene L. Miranda
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