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Novas Praticas de

Neuropsicologia
Historia da Neurociencia e Neuropsicologia

➜ Visão do encéfalo da pré-história ao século XVII


● Pré-História - Prática de trepanação (orifícios no cérebro para curar dores de cabeça e
transtornos psiquiátricos)
● Grécia Antiga – Hipócrates lança a ideia de que temos na cabeça a maioria dos órgãos do
sentido, então o encéfalo deve controlar nossas sensações. Se a razão é controlada pelos órgãos
do sentido, estão o encéfalo estaria relacionado com o controle da razão e inteligência.
● Império Romano – Galeno leva a diante a ideia de Hipócrates e a partir da observação e
dissecação de cérebros de animais não humanos, procurava entender como este se divide.
Identificou inicialmente: Cérebro, cerebelo e ventrículos.
● Renascença – Descartes não acreditava que a sede do intelecto era a mesma em todos os
animais, não admitia que não era exclusiva do ser humano. Assim, os comportamento humanos
básicos que se assemelhavam ao de outros animais partiam dos mesmos mecanismos cerebrais, já
as capacidades mentais mais complexas eram exclusivamente humanas, ficando num lugar do qual
denominou de mente/alma: uma entidade espiritual situada fora do cérebro que estaria ligada a
ele por meio da glândula pineal.
Em suas observações, notou que a glândula pineal era a única estrutura no cérebro que não era
espelhada, não era bilateral e ficava situada bem no meio do cérebro, atribuindo assim a essa
estrutura um valor de extrema importância. Surgindo dessa maneira, o chamado “dualismo cartesiano”:
corpo e mente.

➜ Visão do encéfalo entre os séculos XVIII e XIX


● Galvani e Reymond – ideia de que os nervos não seriam como cabos, mas sim como tubos ocos
e através de estimulação elétrica, esses nervos permitiriam o movimento de nossos músculos.
● Duas grandes linhas distintas:
- Localizacionistas – cada área do cérebro seria responsável por uma função.
Gall, localizacionista, criou a frenologia. Para ele o cérebro seria constituído por regiões que
conteriam faculdades intelectuais, bem como os comportamentos emocionais.
- Funcionalistas – acreditavam na ideia de um encéfalo geral, não sendo possível que locais únicos
controlassem regiões determinadas.
Flourens, funcionalista, criou a ideia de Campo agregado: todo o encéfalo se encarrega de todas
as funções.

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Luciana Supino – 7º Semestre – Novas Práticas de Neuropsicologia
➜Visão do encéfalo no século XIX
● Golgi, médico desenvolveu um método de coloração por prata, que possibilitava a identificação
microscópica de toda a estrutura do neurônio.
● Ramon y Cajal cunhou o termo sinapses. Entendeu que a rede neuronal não era contínua, mas que
se comunicava de maneira não direta, mas por meio de comunicação química.
● Darwin propõe a teoria da evolução natural, defende a ideia de que se viemos de um mesmo
ancestral comum, partilhamos de comportamentos comuns, sendo assim, possuímos uma série de
comportamentos e bioquímicas que são conservados. Havendo essa conservação entre as
espécies, podemos então observar um organismo mais simples (roedores, coelhos, etc.) para fazer
experimentos que não poderíamos fazer em humanos para compreender o comportamento neuronal.

➜ Visão do encéfalo no século XX


● Hebb, psicólogo interessado nos processos de memória, propôs que as conexões neuronais são
múltiplas e modificáveis, formulando a famosa frase: “neurônios que disparam juntos, permanecem
juntos”.
● Lashey, psicólogo, aprofundou a ideia dos funcionalistas (campo agregado) e reformulou
afirmando que o funcionamento do encéfalo não pode ser visto individualmente nos neurônios, estes
precisam ser vistos em população.
● Luria, considerado o pai na neuropsicologia dividiu o encéfalo em três unidades funcionais, em
sua ideia o encéfalo sofre modulações diretas do ambiente, mudando com base nas experiências
vividas nessa relação.
● Sperry, fisiologista, demonstrou que as especialidades dos hemisférios podem ser diferentes, e que
raramente a especialização hemisférica significa exclusividade funcional.

Neuropsicologia

Ramo da neurociência que busca estabelecer relações entre o comportamento e o funcionamento


cerebral.
Visa responder à questão: Como as áreas cerebrais atual para produzir comportamentos
complexos?

Objetivos:
● Investigar alterações nas funções superiores produzidas por alterações cerebrais;
● Estimar a evolução do quadro;
● Estimar o prognóstico do quadro clínico;
● Delinear programas de reabilitação cognitiva;
● Acompanhar a eficácia de tratamento farmacológico;
● Avaliar o funcionamento cognitivo em casos de interdição, acidentes de trabalho, etc.
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Avaliação Neuropsicológica
Em uma bateria de testes neuropsicológicos é possível avaliar:
● Memória ● Planejamento
● Atenção ● Controle inibitório
● Linguagem ● Flexubiulidade comportamental
● Inteligência ● Capacidade de abstração
● Habilidades Motoras ● Resolução de problemas
● Habilidades visuespaciais ● Raciocínio lógico-matemático
● Velocidade de processamento ● Habilidades sociais
● Reconhecimento de emoções

Áreas de Atuação da Neuropsicologia


● Clínica ● Organizacional
● Hospitalar ● Esporte
● Forense ● Pesquisa
● Escolar ● Políticas públicas

Neuroanatomia Basica
O Sistema Nervoso tem a função no organismo de perceber o ambiente e reagir a esse ambiente

Estruturalmente falando, o Sistema Nervoso se subdivide em:


➜ Sistema Nervoso Central – escondido dentro do crânio e dentro das meninges, sendo o encéfalo
e a medula espinhal.
➜ Sistema Nervoso Periférico – não tem envoltórios nem de osso e nem de meninges. Esta espelhada
pelo corpo, por isso tem a função de captar os estímulos do ambiente.

Duas vias importantes:


Aferencia – sobe (SNP -> SNC) Eferencia - desce (SNC -> SNP)

Eixos de Referência
Existem três eixos de referência para o estudo mais preciso do encéfalo

● 1º eixo – Antero/Posterior
Corte na horizontal
Anterior/Rostral o que está à frente, na testa
Posterior/Caudal o que está na nuca
Perspectiva longitudinal

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● 2º eixo – Dorso/Ventral
Corte na vertical, perfil:
Dorsal: em direção a superfície
Ventral: em direção a parte inferior desse cérebro (ventre)
Perspectiva de profundidade

● 3º eixo – Médio/Lateral
Perspectiva do meio para lateral desse encéfalo
Perspectiva de lateralidade

Secções
Cortes do encéfalo que permitem o alcance a determinadas regiões
1. Secção Sagital
Corte do encéfalo na linha longitudinal.
Corte bem ao meio, dividindo o encéfalo em duas metades.
Corte Sagital Medial.
Tenho uma separação medial, lateral.

2. Secção Coronal
Corte é feito em movimento de “colocar uma coroa”.
Da uma perspectiva de ver o encéfalo Antero/posterior.
Este corte pode-se deslocar para frente ou para trás.

3. Corte transversal ou horizontal


Corte ao meio, na horizontal.
Possibilita uma investigação dorso ventral.
Este corte, pode-se deslocar para cima ou para baixo.

Desenvolvimento embrionário do Sistema Nervoso

Entre a 3ª e 5ª semana de gestação ocorre o Período de Neurulação. Ao final deste processo,


temos a formação do Tubo Neural.

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O ácido fólico é um importante nutriente para este processo. Funciona como uma espécie de cola
do tudo neural.
Quando ocorrem deficiências neste processo, podem ocorrer:

➜ Anencefalia
Quando o tudo neural não fecha a parte superior
Tem-se a ausência total de encéfalo e da caixa craniana do feto.

➜ Espinha bífida
Quando o tubo neural não fecha a parte inferior.
Tem-se a abertura e exposição da medula espinhal

Formação do tubo neural:

Rostral forma o encáfalo.

Vesículas Primárias Vesículas Secundárias

Caudal forma a coluna vertebral

Substancia branca e cinzenta

➝ Porção do encéfalo acinzentado


Corpo de neurônio
Conjunto de corpos de neurônios acontecem
no córtex cerebral e nos núcleos da base
➝ Porção branca do encéfalo
São os axônios
Branco pela bainha de mielina (composta
por lipídio, capa de gordura)

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Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central é constituído por encéfalo e medula espinhal.

Cérebro
É o órgão mais importante do sistema nervoso. Considerado
o órgão mais volumoso, pois ocupa a maior parte do
encéfalo, o cérebro está dividido em duas partes simétricas:
o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo. Ademais, é sede
dos atos conscientes e inconscientes, da memória, do
raciocínio, da inteligência e da imaginação, e controla
ainda, os movimentos voluntários do corpo. Prosencéfalo ou
Prosencéfalo basal – parte mais dorsal do nosso encéfalo
(copa).

ENCÉFALO
Cerebelo
Localizado dentro da caixa craniana.
Apresenta três órgãos principais: Está situado na parte posterior e abaixo do cérebro, o
cerebelo coordena os movimentos precisos do corpo, além
de manter o equilíbrio. Além disso, regula o tônus muscular,
ou seja, regula o grau de contração dos músculos em
repouso. Se subdivide em córtex e núcleo.

Tronco encefálico
Localizado na parte inferior do encéfalo, o tronco
encefálico conduz os impulsos nervosos do cérebro para a
medula espinhal e vice-versa. Além disso, produz os estímulos
nervosos que controlam as atividades vitais como os
movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos e os
reflexos, como a tosse, o espirro e a deglutição. Formado
por: mesencéfalo, bulbo e ponte.

MEDULA ESPINHAL:

Um cordão de tecido nervoso situado dentro da coluna vertebral.


Na parte superior está conectada ao tronco encefálico.
Sua função é conduzir os impulsos nervosos do restante do corpo para o cérebro e coordenar os
atos involuntários (reflexos).

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Divisao estrutural do Encefalo
Córtex Cerebral
Telencéfalo
Núcleos da base
Prosencéfalo
Tálamo
Diencéfalo
Hipotálamo
Encéfalo

Mesencéfalo
Tronco
Ponte
Encefálico
Bulbo

Córtex cerebelar
Cerebelo
Núcleos profundos

O Telencéfalo, estrutura recheada de corpo celular (a “cabeça pensante” do neurônio). Ele dá a


capacidade de processamento da informação.

O Cortex Cerebral
O Córtex Cerebral é um corpo celular organizado em camadas. Dividido em cinco porções corticais:

➜ Córtex Occipital - Posicionado próximo a região da nuca, é encarregado primordialmente de


processamento visual.

➜ Córtex Parietal – Localizado sobre o lobo occipital e atrás do lobo frontal, relacionado a
navegação espacial (capacidade de se orientar no espaço) e ao controle do processamento
somático: tato, dor, propriocepção

➜ Córtex Frontal – Relacionado com: controle motor, funções executivas: atenção, memória
operacional, controle inibitório, tomada de decisão, além de regular as emoções.
A maioria dos neurônios sensíveis à dopamina do cérebro se encontram no lobo frontal.

➜ Córtex temporal – Responsável pelo processamento auditivo, processamento de compreensão


da linguagem, do som, processamento de memória declarativa, além de estar relacionado com o
equilíbrio.

➜ Córtex Insular – Relacionado com o processamento gustativo, processamento interoceptivo (senso


de si, perceber como estamos, ansiosos, relaxados, processos fisiológicos a reações emocionais)
Possui cinco giros (curtos e longos). Suas principais funções são fazer parte do sistema límbico e
coordenar quaisquer emoções, além de ser responsável pelo paladar.
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Neuronios
Células nervosas responsáveis pela propagação do impulso nervoso, os neurônios compõem o
sistema nervoso juntamente com as células glia.
Existem cerca de 86 bilhões de neurônios no cérebro humano e novos neurônios são produzidos ao
longo da vida.
São responsáveis pela condução dos sinais elétrico e também possuem terminações através das
quais transmite as informações aos neurônios vizinhos, por meio de sinapses.

No corpo celular do neurônio estão as organelas e o


núcleo, é neste local que ocorre o metabolismo celular.
Do corpo celular partem alguns prolongamentos:
Os mais curtos são os dendritos, através dos quais são
recebidos os estímulos provenientes dos neurônios vizinhos.
O axônio é um prolongamento longo do corpo celular,
envolvido pela bainha de mielina. Possui descontinuidades
chamadas nódulos de Ranvier.
A Bainha de Mielina é composta de células gliais que se
encolar no axônio. Podem ser de dois tipos:
Oligodendrócitos e células de Schwann. A Bainha de
Mielina protege o axônio e não permite que a informação
se dissipe.

Meninges
Protegem o encéfalo contra impactos e fazem a função de nutrição do encéfalo e da medula
espinhal, além de atuarem na remoção de resíduos de células (metabólicos).

● Dura-máter – mais rígida


● Aracnoide – onde passa o liquido encéfalo
● Pia-máter – proteção mais refinada do encéfalo

Rosa = Couro cabeludo


Amarelo = Crânio
Azul = Duas divisões da dura-máter
Cinza = Aracnoide

Sistema ventricular
Sua principal função é proteger o SNC, agindo como um amortecedor de choques. É aqui que o
líquor de movimenta

● Ventrículos laterais (Telencéfalo. Lados opostos)


● 3º ventrículo (diencéfalo)
● 4º ventrículo (tronco encefálico)

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O líquido cefalorraquidiano (LCR)
Funções do líquido cefalorraquidiano (LCR) também conhecido como líquor ou fluído cérebro
espinhal:

● Função de proteção de impacto


● Nutre o encéfalos, carrega nutrientes importantes
● Suga os metabolitos

Quando o LCS não é eliminado causa um quadro de hidrocefalia, que acaba comprimindo o
encéfalo. Se esse fluxo de LCS chega ao espaço subaracnóideo o liquido retorna causando uma
dilatação dos ventrículos.

Barreira hematoencefálica (BHE)


Impede que determinadas substancias cheguem até o neurônio
Cerca de 98% dos medicamentos em potencial não ultrapassam esta barreira, sendo esse um dos
principais desafios na terapêutica de sistema nervoso central.

Sistema Nervoso Periferico


É formado por gânglios (aglomerado de corpos celulares) e nervos que se originam no encéfalo e
na medula espinhal. Tem como função conectar o sistema nervoso central ao restante do corpo.

Existem dois tipos de nervos: os cranianos e os raquidianos.


➜ Nervos Cranianos: distribuem-se em 12 pares que saem do encéfalo. Sua função é transmitir
mensagens sensoriais ou motoras, especialmente para as áreas da cabeça e do pescoço.
➜ Nervos Raquidianos: 31 pares de nervos que saem da medula espinhal. São formados por
neurônios sensoriais, que recebem estímulos do ambiente, e por neurônios motores que levam impulsos
do sistema nervoso central para os músculos ou para as glândulas.

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De acordo com a sua atuação, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em sistema nervoso
somático e sistema nervoso autônomo:

➜ Sistema Nervoso Periférico Somático


Regula as ações voluntárias, ou seja, que estão sob o controle da nossa vontade bem como regula
a musculatura esquelética de todo o corpo.
Aferente – movimento ascendente, normalmente sensorial
Eferente – movimento descendente, normalmente motora

➜ Sistema Nervoso Periférico Visceral


Faz controle involuntário do sistema nervoso periférico
Não temos controle consciente sobre o que esses nervos e gânglios estão fazendo a nível de
inervação de nossos órgãos internos. Não temos poder de ação sobre.
Ansiedade e o medo são exemplos de reações controladas pelo SNP Visceral eferente.

➜ Sistema Nervoso Autônomo


Atua de modo integrado com o sistema nervoso central e apresenta duas subdivisões: o sistema
nervoso simpático, que estimula o funcionamento dos órgãos, e o sistema nervoso parassimpático
que inibe o seu funcionamento.

● Simpático – aumento da frequência cardíaca


● Parassimpático – associado a nosso relaxamento, alivio
Responsável por: Funcionamento gástrico, intestinal, sistema imunológico, capacidade de
crescimento. Guarda reserva de glicose, armazena energia.
Protege o organismo de agentes externos.

De maneira geral, esses dois sistemas têm funções contrárias: enquanto o sistema nervoso simpático
dilata a pupila e aumenta a frequência cardíaca, o parassimpático, por sua vez, contrai a pupila e
diminui os batimentos cardíacos

Eixo HAP (hipotálamo hipófise) – controla a liberação de cortisol


↳ Controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo
Relacionado ao controle simpático do nosso organismo

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Sensacao e Percepcao
Quando um estímulo chega a determinado órgão, temos dois processos:
A Sensação: detecta esse estímulo
A Percepção: organiza as sensações em padrões significativos e interpretação.

Outra característica da percepção: entendemos o mundo e formamos conceito sobre esse mundo.
Nem tudo que percebemos está inteiramente disponível a nossa consciência.
Via de regra a integração de informação diz respeito a constância.

Constância Perceptual
Quando você observa uma pessoa se afastar, a projeção da pessoa em sua retina diminui. Ela não
diminuiu de tamanho, sabemos que ela apenas se afastou. Isso é denominado constância do
tamanho.
Outras constâncias incluem a habilidade de reconhecer que as formas dos objetos são as mesmas,
apesar dos diferentes ângulos sob os quais eles possam ser visto, denominada constância da forma
e a habilidade de reconhecer que as cores são constantes, mesmo com a mudança de luz ou
sombra sobre elas, denominada de constância da cor

➝ A Gestalt propõe que temos 4 regras perceptuais:


1. Cor; 3. Tamanho;
2. Forma; 4. Profundidade.

➝ Caminho da informação:
Estímulo – Receptor – Transdução – Córtex Sensorial Primário – Integração Cortical

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Sistema Visual
Retina
Contém os cones e os bastonetes.
No meio dessa retina temos um aglomerado de cones, que é chamado de fóvea, essa faz com que
enxerguemos de dia.

Dois fotorreceptores:
1. Cones
Temos 3 tipos de cones: um que enxerga o azul, um enxerga o vermelho e o último enxerga o verde,
sendo assim somos tricromatas.
A maior parte do nosso processamento vem dos cones. Eles estão localizados principalmente na
região central da retina e seu estímulo depende de altas intensidades luminosas. Reconhecem cores
e são células utilizadas quando há claridade.

2. Bastonetes
Os bastonetes existem em maior quantidade na periferia da retina e são estimulados com luz de
baixa intensidade. É frequente dizer que são usados para a visão no escuro e não registram cores.

Nervo Óptico
A comunicação dos fotorreceptores está conectado ao olho e onde ele começa não temos retina,
mas ocorre muita vascularização. Se não tem retina não tem fotorreceptor, portanto é o ponto cego
do nosso olho, que não é capaz de detectar a luz.
Nosso córtex é inteligente o suficiente para tapar esse buraco e enche-lo de processamento de
função sensitiva.
Este nervo capta as informações através dos cones e bastonetes presentes na retina que são
estimulados pela luz projetada em objetos.

Área de processamento
O sistema visual é uma exceção à regra em via de processamento, as vias de processamento são
curtas quando se trata de outros sistemas, mas no sistema visual é longa, a ideia é que a maior parte
do encéfalo possa ter o processo visual.

No meio do encéfalo temos o tálamo, que funciona como um “portão sensorial”.


A informação visual passa por ele que permite ou não a passagem desta para
o córtex.
Isso justifica a função do tálamo e o fato de, quando estamos em um nível de
atenção grande, filtrarmos o ambiente e as informações visuais desse ambiente
para dar conta da demanda exigida. O tálamo pode impedir informações
sensoriais de distração cheguem ao córtex e sem essa função não teríamos
capacidade de função superior, sem o tálamo nosso córtex seria
bombardeado de informação.

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Ritmo circadiano
Além dos dois fotorreceptores, coabita no nosso olho a célula ganglionar que capta a luminosidade
e caminha através do hipotálamo. Esse processamento chega ao núcleo do hipotálamo do sono
vigília. Quando a célula ganglionar percebe a redução da luminosidade estimula o núcleo que e
se comunica com a glândula pineal para favorecer nosso sono.
A glândula pineal libera melatonina que permite a sensação de sono. Essa atividade combinada
contribui para o sono vigília.
A exposição à luz azul durante o dia é importante para suprimir a secreção de melatonina, produzida
pela glândula pineal e que desencadeia o ritmo circadiano.
O ritmo circadiano regula todos os ritmos materiais bem como muitos dos ritmos psicológicos do
corpo humano, com influência sobre, por exemplo, a digestão ou o estado de vigília e sono, a
renovação das células e o controle da temperatura do organismo.

Via Visual
Como foi dito a via visual é longa e faz um cruzamento, esse cruzamento (como está na figura ao
final da página) ocorre, pois nosso encéfalo é capaz de reconhecer cor e forma, quando ele
compara a atividade dos dois olhos ele faz uma comparação de profundidade e essa
profundidade em X é necessária para otimizar o sistema, por isso conseguimos enxergar o cinema
em 3D. O nome desse processo é binocular.

➜ Os cones que detectam a cor azul tem uma particular relação com a excitabilidade no nosso
cérebro, ou seja, ela é mais agradável, tem alta luminosidade, nós somos mais sensíveis a essa cor.
Nossos equipamentos eletrônicos tem uma alta de cor azul e nosso relógio biológico fica
bagunçado, pois com isso acaba retardando a liberação da melatonina e consequentemente
retardamos o adormecer ou o acordar mais cedo.

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Fenômeno da visão cega
O indivíduo tem o córtex occipital lesionado, pode ser unilateral ou bilateral, mas processamentos
anteriores permitem a percepção visual, como o tálamo. Ou seja, não há processamento visual
evidente mas há algum processamento, a retina está inteira, a informação passa por ela, passa pelo
cérebro, tálamo e chega ao córtex occipital que está lesionado.
➜ Quem tem falha na retina a informação não caminha.
➜ Dano no tálamo pode bombardear o córtex de muita informação, não há filtro. A função talâmica
pode estar prejudicada, por exemplo, no TDAH.

Córtex occipital
De maneira geral o funcionamento cortical funciona de maneira primaria, processa a informação e
passa para a área de processamento secundária.
Temos duas vias:
➜ A via que sai do occipital caminha para o temporal (que tem especialidade em Memória) ajuda
a reconhecer o que vê. Via do “O Que”.
➜ A via que sai do occipital e vai para o parietal (somático sensorial), é a localização,
profundidade e movimento do objeto. Via do “Onde”.

➜ Falha na via do “O que” ⇒ Prosopagnosia = falha no reconhecimento de faces.


Nesse fenômeno, a pessoa não enxerga/reconhece faces. Há uma lesão na via do “o que”.

➜ Falha na via do “Onde” ⇒ Acinetopsia = falha na detecção de movimento.


Pessoas com Acinetopsia veem o mundo em quadros. Por esse motivo, possuem grandes dificuldades
para realizar atividades tão simples quanto atravessar uma rua. Ao ver o mundo em quadros, são
incapazes de ver um carro em movimento. Elas o veem aqui e depois ali, isso significa que, na melhor
das hipóteses, podem sentir a transição (velocidade).

Resumo – Sistema Visual


➜ Estímulo - Radiação eletromagnética
➜ Órgão - Olho
➜ Transdução – Pelos fotorreceptores (cones e bastonetes) capazes de transduzir sinal luminoso
em sinal químico impulso elétrico)
➜ Caminho da informação – Captada pelos fotorreceptores, através do nervo ótico a informação
caminha pelo tálamo, mesencéfalo até chegar no córtex occipital
➜O processamento visual ocorre no córtex occipital.

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Sistema Auditivo
➜A frequência permite reconhecer se o som é mais agudo ou mais grave.
➜ A intensidade da a capacidade de ouvir o volume do som.

Temos 3 ouvidos:
1. Ouvido externo;
2. Ouvido médio;
3. Ouvido interno.

Quando o som passa pelo pavilhão caminha pelo tubo do canal auditivo e chega ao tímpano
que vibra. O tímpano está conectando aos ossículos, eles se movem até mover uma janela que vai
abrir e fechar com o movimento dos ossículos gerando uma mudança na pressão da cóclea. A
cóclea é recheada de liquido que gera a excitabilidade das células do nosso ouvido interno.

Cóclea
Vem de concha de caracol, ela possui
três espaços ocos. No espaço oco do
meio tem uma estrutura chamada de
órgão de corti.

Células
Células ciliadas
➜ Fazem a transdução do sinal. No ouvido temos duas: externas e internas.
➜ As internas tem os exteriocílios diferentes, é mais bagunçada que a externa. Cada exteriocílios da
célula ciliada é conectado a uma mola. As células ciliadas tem um par de aferência que caminha
para o encéfalo até chegar ao córtex.
➜ Na externa além de ter pernas aferentes tem um par de pernas eferentes, ou seja, o encéfalo
devolve uma informação para as células ciliadas externa, ele faz isso para permitir uma estimulação,
para decifrar algo ou dar a sensação de incomodo ao ouvir um som e cria uma resistência a essa
onda sonora, para refletir menos.
Outra capacidade dessa eferência é decifrar quando estamos em um ambiente com muitos estímulos
auditivos, esse fenômeno chama Amplificação Sonora, e aumenta a sensibilidade dos exteriocílios,
para que possamos perceber e detectar os sons.

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Células ciliadas internas = comunicação que vai para o encéfalo (aferencia)
Células ciliadas externas = comunicação que parte do encéfalo (eferencia). Essas células tem a
permissão de ser modulada pelo córtex.

Membrana
➜ Fica acima das células ciliadas e coladas aos exteriocílios.
➜ Quando ela vibra os exteriocílios movem e eles fazem a transdução do sinal que ocorrem em
extintas frequências.

Exteriocílios
➜ Os exteriocílios são prolongamentos imóveis e longos de células que aumentam a superfície de
contato da célula.
➜ Sua principal função é absorção e secreção, mas podem assumir função sensorial quando
associados a cílios sensoriais (quinocílios) no ouvido interno.
➜ Podem ser encontrados no canal deferente e no epidídimo.
➜ Sons muito altos podem matar os exteriocílios assim como alguns tipos de antibióticos.

Porque a informação natural quis juntar a informação dos dois ouvidos?


Quando misturamos a informação que está chegando dos dois ouvidos, temos a capacidade de
estimação de onde está vindo esse som. Essa identificação permite a vigília, estado de alerta,
entender perigos, etc. É a ponte, junto com o mesencéfalo que processam e permitem a orientação
da cabeça, do corpo Nossa capacidade de orientação atencional, depende do bom
funcionamento da estrutura encefálica.

Resumo - Sistema Auditivo


➜ Estimulo: Som, uma energia mecânica causada pela variação na pressão do ar. Dimensões do
som são a amplitude, frequência e fase.
➜ Receptor: Captadas pelo órgão ouvido (dividido em externo, médio e interno)
➜ Transdução: No órgão de corti temos nossas células receptivas: as células ciliadas fazem a
transdução do estimulo, que ainda é uma onda mecânica, em sinal químico.
➜ Caminho da informação: Película do tímpano vibrar, fazendo vibrar os ossos do ouvido médio
(ossículos martelo, estribo e bigorna). Ao final dos ossículos temos a janela oval, que abre e fecha,
movimentando o liquido que está dentro da nossa cóclea. A via de processamento para a
informação chegar até a insula é o vestíbulo coclear
Informação do ouvido direito chega no bulbo do lado direito, quando sobre na via, informação
chega até a ponte, caminhando pro mesmo lado (ipsilateral) e também para o outro lado
(contralateral).

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Sistema sensorial: Sentido Quimico

Sentido Gustativo
Estimulo químico em contato direto com o corpo

Papila = um pico envolto de vales. Língua tem a textura áspera pois tem esse relevo, para poder
guardar os botões gustativos, pois o estimulo recebido pode ser um estimulo deletério (substancia
quente), o fato de estarem escondidos, ajudam como mecanismo de proteção de substancias que
podem danificar os receptores. Temos células especificas para captar os cinco sabores específicos

No sistema gustativo três pares de nervos inervam nossa língua: além de carregar as informações dos
sabores básicos, faz-se o movimento de identificar alimentos estragados, por exemplo. Semelhante
ao auditivo, esses nervos estão chegando próximo ao bulbo e ponte.

Três pares de nervos:


1. Carregar a informação gustativa
2. Permitir identificação rápida de alimento deletério e expulsa-lo por meio do movimento do
vomito
3. Último par faz com que consigamos deglutir

Como somos capazes de perceber uma imensidão de sabores se só temos 5 tipos de receptores
gustativos?
a) Por meio da combinação desses sabores básicos apenas;
b) Por meio de outras modalidades sensoriais;
c) Por meio da criação de sabores no córtex.
Resposta: Mistura das três coisas acima!

Resumo – Sistema Gustativo


➜ Estimulo: sustâncias químicas em contato direto com o corpo
➜ Órgão: boca, língua
➜ Transdução: botões gustativos
➜ Quais tipos de substancias químicas: salgados, doces, azedos, amargos e umami (Ajinomoto)
➜ Caminho da informação: Informação saiu da língua, entra no bulbo. Do bulbo temos uma conexão
que vai até o tálamo (portão sensorial). Essa informação vai para a área cortical da insula

17 | P á g i n a
Luciana Supino – 7º Semestre – Novas Práticas de Neuropsicologia
Sistema Olfativo
Tem um contato não direto com o corpo
3ª exceções do Sistema Olfativo
1) Receptores neurônios
2) Vai pra um córtex antes do tálamo
3) Tem mais uma via de processamento.

São 2 vias de processamento olfativo


Esse processamento em duas vias, distingue a função desse processamento de informação.

O único sistema sensorial em que o receptor que faz a transdução é o neurônio.


No caso da COVID-19, estes neurônios são destruídos.

Nos adultos, há pouca capacidade de neurogenese (formação de novos neurônios)


Dois lugares capazes de neurogeneses (no adulto):
1. Bulbo olfatório
2. Regiões de hipocampo (controle de memória)
Por conta disso quem tem redução na acuidade olfativa, tem a possibilidade de recuperação.

Anosmias – redução do sistema olfativo.

Resumo – Sistema Olfativo


➜ Estímulos = odorantes no ar
➜ Órgão = nariz
➜ Receptor = os receptores olfativos são neurônios
➜ Transdução = Nos outros sistemas estudados, receptores que fazem a transdução do sinal são
as células receptivas. Aqui no olfativo, são os neurônios, eles que fazem a transdução do sinal. (O
único sistema sensorial em que o receptor que faz a transdução é o neurônio.)
➜ Caminho da informação: o primeiro caminho da informação olfativa é córtex (córtex piriforme),
depois tálamo, depois outro córtex.

18 | P á g i n a
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Sistema Somatico
Combo de vários sistemas sensórias
Pensamos em quatro tipos distintos de informação sensorial sendo processada nesse sistema: Tato,
temperatura, dor e propriocepção.

Dermátomo – nome dado para o mapa de inervação da nossa medula espinhal.


A informação chega na medula e a medula leva até o córtex, indo para a região somato sensorial
primário (S1).

● Mais inervação nos pés = para caminhar, sermos bípedes.


Quando viramos bípedes, as mãos ficaram livres. Permitindo assim, mais possibilidades para estas (tem
mais inervações)
● Mais inervação na região da boca = capacidade da linguagem e comunicação.
⇒ Quanto mais utilizo, maior inervação da região no córtex

Fenômeno do Membro fantasma


Após algum acidente ou cirurgia, quando a pessoa recobre a consciência as vezes começa a
relatar que está sentindo dor, frio, formigamento no membro perdido.
A região cortical que inervava determinado membro do corpo foi superexcitada de informações
dolorosas/negativas, os neurônios vizinhos percebem que os neurônios não estão mais trabalhando
e então são alocadas em outras atividades, mas seguem com as informações dos últimos momentos
vividos daquele membro, permitindo assim com que aconteçam essas sensações de membro
fantasma.

Quando a informação é de dor, existe uma segunda via envolvida. ⤴

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PAG – substância cinzenta perianquedutal
Informação vai para a amigdala (controle de memória afetiva), insula (controle interoceptivo muito
forte) e córtex cingulado (tem uma modulação de memórias aversivas, ressignificação de memórias
aversivas.)
Linha azul – leva a informação desde o tronco encefálico até outras regiões: córtex e não córtex.
Via afetiva da dor = como se fosse dor de uma lesão.

Porque sofrimento provoca dor?

➝ Porque as mesmas estruturas (em


vermelho, da via azul), são ativadas
durante estados de sofrimento.

Insula parece controlar nosso sentido do eu (interocepção – capacidade de olhar para dentro de
si)
Córtex cingulado = desregulado em quadros de TEPT (aqui não conseguimos inibir uma memória
aversiva). Responsável pelo “ei, você está sofrendo demais, vamos com calma”.
Memória traumática desbalança o cingulado ou cingulado causa um desbalanço na memória
traumática? = questões a serem respondidas.

Arco-reflexo
Reflexo é uma reação corporal automática à estimulação. Segundo Piéron, o reflexo corresponde
a toda e qualquer atividade ou variação de atividade de um efetor (músculo, glândula, etc.) ou de
um grupo de efetores que possa ser provocada de maneira regular pela estimulação natural ou
experimental de um receptor ou de um grupo de receptores determinados, ou ainda, pelas fibras
nervosas aferentes que lhe correspondem

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Anosognosia
● Falta de discernimento ou consciência sobre ter um distúrbio.

● Pode ocorrer em esquizofrenia, demência, bipolaridade, entre outros.

● Capacidade de perceber que a gente percebe: metacognição = capacidade de discernir

sobre as próprias cognições.


● Capacidade metacognitiva = saber o que está bem, o que não está... Exemplo: Minha memória

é boa, é ruim, etc.

Interocepção
● Fora para dentro - exterocepção

● Dentro para fora – Interocepção = senso de si

Resumo – Sistema Somatico


➜ Aqui não temos receptores específicos de um campo.
➜ O órgão que controla esse sistema é a pele. Sendo assim os receptores estão distribuídos pelo
nosso corpo
➜ Receptores = distintos, pelo menos 4 sentidos (tato, temperatura, dor e propriocepção)
Estão distribuídos pelo nosso corpo, localizados na nossa pele.
➜ Distintos receptores para transduzir sinais distintos. Fazem o processamento de quatro sentidos.
➜ Caminho da informação = Receptor capta uma informação e a leva até a região da medula,
que inerva determinado pedaço do corpo. Ali ocorre um processamento e a informação sobre para
o encéfalo, indo para a área do córtex parietal.

21 | P á g i n a
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Teorias Perceptuais

Córtex integra e forma padrão significativo para interpretarmos melhor o mundo.

Bottom-up
De baixo para cima = processamento mais rudimentar, mais simplificada
Quanto menos a experiência previa, mais uso processamento bottom-up, mais utilizamos informação
sensorial (exemplo: bebê, que quer chegar perto de tudo)
Entra pelos órgãos do sentido e tem um processamento mais simplificado na atividade cortical.

Top-Down
Sempre que integramos uma informação, temos processamento de alta ordem (de cima para baixo).
(Exemplo de processamento top-down = cubo de necker.)
Quando mais informação previa eu tenho, mais uso processamento top-down para perceber a
informação. Sendo assim, a informação Top-Down depende do conhecimento prévio acumulado
Esse processamento (de cima para baixo) acontece no córtex e é um processamento mais
requintado.
É da área de processamento perceptual que o processamento está acontecendo.

22 | P á g i n a
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Atencao
Prestar atenção é a capacidade processar simultaneamente várias fontes de informação. Todo
processamento atencional é limitado e tem de ser limitado, pois se não entramos em sobrecarga.

Os estímulos estão a nossa volta e selecionamos, dentre muitos, o que vamos ou não prestar
atenção. Se não temos a capacidade de selecionar determinados estímulos em detrimento de
outros estímulos, estamos com dificuldade em seleção da atenção.

A atenção é como uma lanterna = quando ligamos, iluminamos uma região em específico = o foco
da atenção. Capacidade de selecionar estímulos de acordo com metas.

Atenção é porta de entrada para o processamento de informação. Também é porta de entrada


para memória e nossas emoções.

Nível de alerta = nível de consciência = nível de vigília

Dois tipos de atenção


Atenção endógena – onde eu decido por focar, prestar atenção em algo. Com base em um
objetivo. (Como por exemplo, prestar atenção na aula). Orienta a atenção de maneira voluntária.
Atenção de cima para baixo. Do córtex para baixo. Atenção voltada para o objetivo.
Controle ambiental.

Atenção exógena – despertada de maneira aleatória. “Puxada” externamente. Algo no ambiente


que desviou a minha atenção para ele. (Exemplo: durante a aula, de repente um barulho forte nos
chama atenção). Atenção de baixo para cima. Os órgãos dos sentidos recrutam a atenção de
maneira externa, e levam para o córtex. Essa atenção é automática, involuntária
Controle fisiológico.

Quatro parâmetros da atenção


1. Seletividade (habilidade de focar algo em especifico). Se existe um prejuízo nesse foco,
déficit da distratibilidade.
2. Sustentação (habilidade de manter a concentração por um período de tempo.) Déficits são
caracterizados por desconcentração.
3. Alterna a seletividade
4. Divide a atenção entre estimulos

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Atenção seletiva Atenção sustentada Atenção alternada

Evita distrações Foco prolongado Alterna com eficiência


Mantém a resposta diante Mantém a resposta em foco Muda a atenção entre
de estímulos que distraem prolongado durante tarefas que exigem
ou competem. atividades repetitivas. diferentes habilidades.

A nível de atividade encefálica, o que está por trás desse processamento atencional?

Tálamo.
Formado anatomicamente por vários núcleos, cada um desses núcleos possui uma responsabilidade
específica. É o portão sensorial, sendo um dos responsáveis por filtrar a informação e decidir se
chega no córtex ou não.

Mesencéfalo
Dentro dele existe: coliculo superior (recebe informação visual) e coliculo inferior (recebe informação
auditiva)

Tálamo e Mesencéfalo, juntos, conseguem orientar nossos movimentos e corpo de modo a selecionar
estímulos enquanto se inibe outros estímulos. Funciona como um sistema para direcionar a atenção
e facilitar o desempenho visual.

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Memoria
Definição
Memória significa: capacidade de lidar com informações de modo a: adquirir, formar, conservar e
evocar essas informações.

Aprendizagem ou memória?
Nas neurociências, não é possível diferenciar o processo de aprendizagem do processo de
memória. São equivalentes, são como sinônimos. Está falando de um, está falando do outro
também. São processos complementares.

Estágios da memorização
1º passo - Etapa de aquisição.
Processamento da informação é a aquisição. Informação está entrando pelos órgãos dos sentidos
e vai ser entendida, interpretada, codificada.

2º passo - Consolidação.
Deixamos a informação guardada ali, armazenada, retida, para o uso no futuro.
Armazenamos um pedaço do processamento da informação.

3º passo - Evocação/Resgate/Recuperação
Recuperar essa informação que foi guardada.

Evocação da memória
Resgate – tentativa de evocar a memória livremente
Reconhecimento – através de alguma pista

Estágios da memorização
➝ Percepção (entrada dos estímulos) ➝ Codificação, interpreta esses estímulos ➝ Armazena,
consolida ➝ Recupera, temos a chance de evocar as informações.

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Áreas encefálicas envolvidas na memorização
Formação hipocampal – termo mais correto de ser utilizado, que inclui estruturas ao redor do
hipocampo (reconhecido por fazer parte dos nossos processos de memória)
Córtex, sem ele também não somos capazes de armazenas a informação.
Esse arranjo, junto com sistema límbico, são as responsáveis de maneira gera pelos processos de
memorização.

Atividade neuronal
O que essa estrutura (hipocampo, em formato de cavalo marinho) está fazendo?
Donald Hebb – primeiro a desvendar como molecular mente os processos de memória se dão.
Os neurônios que levaram a informação para a memória são os mesmos neurônios que quando
vamos evocar as informações vão ascender de novo.
➝ Aprendizado Hebbiano: “Neurônios que disparam juntos permanecem juntos”

● Quando o neurônio A e o neurônio B são ativados simultaneamente, os dois sofrem

transformações que fazem com que as conexões sinápticas entre os mesmos sejam reforçadas
(células reciprocamente interconectadas).
● A lei de Hebb é um mecanismo associativo poderoso e plástico envolvido em aprendizagem

que permite a formação de um sistema de memória distribuída (rede neuronal)

Quando consolidamos a memória estamos falando de córtex.

Sono
Importante para a consolidação da informação. Se não dormimos, prejudicamos a consolidação
destas. A formação hipocampal está a todo vapor quando estamos aprendendo, está trabalhando
para gerar a consolidação. Estas só se mantem quando dormimos, pois a atividade da formação
hipocampal aumenta muito sua atividade durante o estágio mais profundo do sono.
O que aprendemos no dia, reverbera na formação hipocampal, e é como se as memórias fossem
revistas várias vezes durante essa reverberação.

26 | P á g i n a
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Uma das funções mais importantes do sono, é permitir que aquelas informações adquiridas naquele
dia possam ser revistas para serem fortalecidas e serem destinadas a outros setores, ou seja saem
da formação hipocampal e vão para o córtex.
Se essas informações não migrarem para as regiões corticais, essa memorização, o processo de
aprendizagem está prejudicado. Dito de outra forma, as conexões são ativadas e reativadas,
favorecendo a migração da informação para outras regiões encefálicas e consequentemente
armazenamento da informação na memória de longo prazo.

O “Deu branco” ocorre quando existe falha na evocação da memória: não existe acesso à memória
ou existe acesso apenas de parte dessa memória. Isso pode acontecer por cnta de estresse,
ansiedade ou porque o aprendizado não foi efetivo. Em caso de estresse e ansiedade, os
corticoides agem diretamente no hipocampo e indiretamente na amígdala, afetando a evocação.

Curva em “u” do cortisol


E existência de pouco ou muito cortisol, atrapalha o desenvolvimento da memória, o ideal é a
existência moderada de cortisol.

Tipos de Memória
Memória de trabalho ou operacional

Memória declarativa
Aquela que conseguimos falar sobre. Temos dois tipos:
Memória Episódica - Fatos das nossas vidas, autobiográfica, temporal.
Memória Semântica - Conhecimentos gerais, aprendizado acadêmico

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Memória Prospectiva
Capacidade do lembrar de lembrar. Lembrar coisas a frente, num futuro próximo.

Falsas memórias
Ou memórias ilusórias, as falsas memórias são lembranças de eventos que não ocorreram, de
situações, de lugares jamais vistos, ou então, de lembranças distorcidas de algum evento.
Falsas memórias estão contidas nas memórias declarativas. Quando tenho memória declarativa
episódica a trago à tona na memória de trabalho, essa memória pode ficar suscetível a modificação:
uma interferência verbal de alguém, uma interferência semântica muda a característica da memória
episódica. Assim sendo, o relato de pessoas agrega informações nessa memória episódica.
Semantização na memória episódica, quando a interferência verbal modifica as informações vividas
da memória episódica.

MEMÓRIAS NÃO DECLARATIVAS


Memória priming
Priming = pré aquecimento. É um tipo de memória não declarativa
Encéfalo guarda as informações feito caixas modulares, agrupando. Agrupamento por semelhança,
agrupamento por diferenças.
Exemplo: “branco branco branco branco…” “O que a vaca bebe?” leite.
Quando fala branco muitas vezes, neurônio estava categorizando a categoria cor.

Memória de procedimento
É a de habilidades e hábitos, ou seja, procedimentos que se torna automáticos com a prática diária.
São memórias que duram a vida toda. Habilidade de manusear objetos. Do mesmo jeito que é
demorada para se adquiri, também é demorada a se perder. Memória de procedimento para se
formar depende de processamento atencional. Prestar atenção guia o aprendizado da memória
de procedimento.

Diferenças:
●Memória declarativa – adquire rápido e pode ser facilmente perdida

●Memórias de procedimento – demora para adquiri e não é facilmente perdida.

28 | P á g i n a
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Memória de condicionamento clássico
Essa associação de estímulos é uma memória não declarativa. Fazemos a associação, guardamos
essas associações.

Reconsolidação da memória
Consolidamos e agora estamos reconsolidando. Reconsolidação pela adição de uma nova
informação = por exemplo: aprende-se algo e depois tem-se a atualização desse aprendizado
Reativar a memória, reviver a memória, alterando-a ou não.

Perda da memória
Quanto mais recente é uma memória, mais rapidamente pode ser esquecida. As memórias mais
antigas já passaram por uma certa resistência, então perseveram e são mais dificilmente retiradas.
Alzheimer – o que perdemos primeiro são as memórias recentes.

Esquecimento não adaptativo ou amnésia, temos dois tipos:


●Amnésia retrógrada – esquecimento de eventos passados, antes do trauma.

●Amnésia anterógrada – esquecimentos depois do trauma.

O que pode levar a um esquecimento não adaptativo – traumas, síndrome de Korsakof (síndrome
amnésia provocada por um contexto de dependência ao álcool)

29 | P á g i n a
Luciana Supino – 7º Semestre – Novas Práticas de Neuropsicologia
Linguagem
O que é linguagem?
Uma forma de comunicação.
↳ Qualquer emissão e codificação de um sinal que usa símbolos para compreensão
e expressão.
➜ Linguagem implica a manipulação de um código linguístico
Arranjo de sinais, símbolos organizados num conjunto de sinais e símbolos

O que a pessoa está fazendo? (Exames de neuroimagem)


Linguagem se divide em:
●Primária: envolve percepção e
processamento
A escuta e a fala são funções dessa
linguagem, elas se formam sem esforço.
●Secundária: envolve ler e escrever.
Surge com algum esforço, durante a
escolarização.

Linguagem e Memória.
A memória de trabalho e a memória declarativa armazenam informações do conteúdo da linguagem.
A imagem do lado retrata o encéfalo do paciente Tan-tan, um paciente de Broca. (Esse nome se
dá por essa ser a única coisa que ele falava);
Logo, Broca associou a falha na linguagem desse paciente, a essa lesão na região frontal,
denominando então essa área de “Área de Broca”

Linguagem e Integração Sensorial


Essa integração leva a consciência fonológica. Ocorre um recrutamento sensorial e motor para
processamento de componentes ortográficos, fonológicos e semânticos, que atuam conjuntivamente
para extrair o significado da leitura e escrita.
Nós integramos a informação para compreender linguagem.
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Processamento da Linguagem
O processamento da linguagem é de cima para baixo - top-down.
Várias áreas corticais são responsáveis pelo processamento da linguagem, contudo, exames de
imagens indicam que o hemisfério esquerdo é mais eficiente no processamento da fala.
Quanto maior o aprendizado, o uso da linguagem se torna mais eficiente e automático, e assim a
atividade neuronal se torna específica e focalizada.

Fluxos de processamento da linguagem


● Em azul: uma via dorsal parece envolvida na
produção da fala e na repetição de palavras
● Em verde: A outra via dorsal parece envolvida no
processamento de estruturas sintáticas complexas (i, e, na
análise de palavras organizadas de acordo com um
sistema gramatical)
● Em vermelho: O fluxo central processa os sons da fala
e extrai seu significado.

Funcoes Executivas Superiores


Caso Phineas Gage
Até o momento, não se sabia ao certo a função do córtex frontal. Foi por conta do Gage que
descobriu mais sobre esse córtex.
A personalidade de Gage mudou depois do acidente que sofreu, foi afetada a área responsável
pela cognição social.
➜ Os pacientes que passaram por lobotomia apresentavam resultados inconsistentes: parte
melhorava, parte não tinha alteração, e parte piorava.

Funções executivas
Correspondem ao sistema cognitivo relacionado ao controle voluntário de operações mentais,
possibilitando o comportamento direcionado a metas.

31 | P á g i n a
Luciana Supino – 7º Semestre – Novas Práticas de Neuropsicologia
● Identificar objetivos, metas e estratégias
● Direcionar comportamentos e metas
● Selecionar estratégias
● Monitorar eficiência de tais estratégias
● Resolver problemas considerando a escala temporal.

Funções executivas envolvem 9 subdomínios:


- Planejamento - Fluência - Categorização - Atenção
- Criatividade - Tomada de - Flexibilidade - Memória
- Controle Inibitório decisões Comportamental Operacional

Alterações de linguagem
Afasia: diz respeito a perda parcial ou completa das capacidades de linguagem em função de
lesões encefálicas.
Afasias mais comuns:
● Broca
Fala telegráfica: com fala sem ligação, as palavras produzidas são as de maior significado.
A compreensão do discurso está preservada, ou seja, se perguntas são feitas para o afásico ele
consegue compreender.
● Wernicke
Anosognosia: não possui compreensão da existência de um problema.
Possui dificuldade na compreensão da fala, que vai desde o reconhecimento do que está sendo
dito até a conseguir organizar o que se pretende dizer;
● Condução
Entre as áreas de broca e wernicke existe uma comunicação. Neste caso foi a condução da
informação entre as áreas de broca e wernicke que foi lesionada
A maior dificuldade apresentada aqui é a repetição, o indivíduo entende o que está sendo
perguntado, até começa a responder, mas logo começa a errar.

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