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Bioquímica do Sistema Dental


Obter uma análise bioquímica dos constituintes do sistema dental

O sistema dental é formado por órgãos dentais. Cada um desses órgãos são divididos em dente e periodonto. A figura abaixo aponta a estrutura
do órgão dental com suas partes:

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Iremos, a partir de agora, fazer uma análise bioquímica da composição e da atividade dos órgãos dentais.

 Bioquímica do dente

Um humano adulto tem normalmente 32 dentes, 16 implantados na mandíbula e 16 na maxila. Os dentes humanos apresentam função
mastigatória e servem também como auxílio na fonação visto que a pronúncia correta de alguns fonemas depende deles, juntamente com a
língua.Há vários tipos de dentes onde cada um apresenta uma função ou tarefa específica. Os incisivos, que são os dentes frontais, são afiados e
apresentam função de cortar os alimentos. Os caninos são dentes com pontas agudas (cúspides) que rasgam os alimentos. Os pré-molares, com
duas pontas (cúspides) na superfície apresentam função de esmagar e moer os alimentos. Os molares que visam triturar os alimentos, possuem
várias cúspides na superfície de mordida.

Anatomicamente, o dente é dividido em 2 partes, a coroa dentária que é a porção visível com função mastigatória e a raiz, que é a porção alojada
no interior do osso, tem a função de fixar o dente na cavidade bucal. Do ponto de vista estrutural, podemos dividir o dente em camadas distintas:
o esmalte, a dentina e a polpa.Vamos estudar cada uma destas camadas:

Esmalte

É a camada mais externa da coroa do dente, está diretamente em contato com o ambiente. Apresenta espessura variada e isso influencia na
coloração do dente, uma camada mais fina de esmalte significa coloração mais amarelada devido a dentina que reflete. O esmalte é a camada
mais dura do organismo, extremamente compacta, pouco permeável e de elevada densidade.

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Todas as características do esmalte estão relacionadas a sua composição química que é formada por aproximadamente 97% de minerais, 01% de
substâncias orgânicas e 02% de água. Na porção mineral predomina a hidroxiapatita Ca10(PO4)6(OH)2, contudo, há outros minerais envolvidos:
sódio (Na-), potássio (K-), cloro (Cl-), magnésio (Mg+2), ferro (Fe), carbonato (CO3-), etc.

A porção orgânica do esmalte é baseada em proteínas estruturais (amelogenina, ameloblastina e enamelina) e proteolíticas, ambas relacionadas ao
processo de mineralização do esmalte.A integridade do esmalte depende do meio. A porção mineral do dente sofre reação na presença de ácido
desencadeando o processo de desmineralização.

                                                        Ca10(PO4)6(OH)2 + 8H+ + 10Ca+2 + 6HPO4+2 + 2H2O

A dissolução do mineral do dente é o início da formação da cárie e precisa ser revertido no seu estágio inicial, quando não há cavidade, apenas
mancha branca. O processo de remineralização da mancha branca pode ser realizado com cálcio e fosfato em solução e acelerado pela ação do
flúor.

Dentina

A dentina é a massa principal do dente, dá forma geral ao mesmo. Aparece abaixo do esmalte na porção coronária do dente ou abaixo do cemento
na porção radicular. Têm de cor amarelada.A dentina é uma extensão fisiológica da polpa por apresentar uma série de canalículos dentinários que
permitem reparo e manutenção do complexo pulpo-dentinário. Através destes canalículos circulam fluido dentinário. Possui terminações
nervosas no seu interior, o que ocasiona sensibilidade ou dor quando agredida pela cárie ou outras lesões.

A composição química da dentina apresenta aproximadamente 70% de minerais, 20% de substâncias orgânicas e 10% de água. Com essa porção
de substâncias orgânicas e água maior que o esmalte, a dentina apresenta uma maior permeabilidade e densidade que o esmalte, porem uma
menor dureza.

A porção mineral da dentina é representada principalmente pela hidroxiapatita Ca10(PO4)6(OH)2, além outros minerais envolvidos em porção
menor: sódio (Na-), potássio (K-), cloro (Cl-), estrôncio (Sr+2) e carbonato (CO3-).

A porção orgânica forma uma matriz extracelular composta por fibras de colágeno e outras proteínas não-colagenosas. O colágeno, proteína
fibrosa com cerca de 1000 aminoácidos distribuídos em 03 cadeias polipeptídicas, apresenta função estrutural fundamental a dentina. Essa
proteína pode apresentar pequenas variações na sua composição de aminoácidos formando tipos diferentes. O colágeno I, III, V e VI são os
encontrados. A rede de colágeno é envolta por proteoglicanos, fosforina, sialoproteína dentinária, metaloproteína e outras que são fundamentais
na orientação e regulação da mineralização do dente, além de uma ação na fibrilogênese do colágeno.

Polpa

A polpa ocupa o espaço central do dente circundada pelas estruturas mineralizadas do dente com comunicação com o periodonto.

É a porção do dente com função formadora de dentina, nutricional e sensorial devido as suas terminações nervosas.

Anatomicamente a polpa é dividida em câmara pulpar e um canal radicular onde se encontram vasos sanguíneos e nervos.

A polpa é formada por uma porção celular, com grande variedade de células, e uma porção extracelular. Esta porção extracelular apresenta uma
substância fundamental que é meio de transporte de nutrientes e metabólitos. Na composição desta porção extracelular há água, mínima
concentração de minerais, proteínas (colágeno, fibronectina, tenascina, osteonectina, osteopontina, osteocalcina), glicosaminoglicanos e fatores
de crescimento que agem no crescimento, desenvolvimento e regeneração tecidual.

A polpa serve como um reservatório de células-tronco com capacidade de se diferenciar, sendo assim, uma parte importante para os processos de
reparação do órgão dental.Podemos encontrar na polpa terminações nervosas.

Na polpa há intensa atividade metabólica. A glicólise, glicólise anaeróbica, via pentose fosfato e glicogenólise são vias metabólicas que ocorrem
na polpa com a função de gerar energia para suas atividades.

 Bioquímica do periodonto

O periodonto é a unidade anatômica e funcional do dente, serve para proteger o dente das pressões que sofre, além de fixá-lo. É dividido em:
periodonto de proteção e periodonto de fixação.

Periodonto de proteção

O periodonto de proteção é formado pela gengiva que é a parte da mucosa mastigatória que cobre o processo alveolar e circunda o colo dos
dentes.

A gengiva é dividida em três porções: a gengiva marginal ou gengiva livre, aquela que está circundando o dente formando um colarinho; a
gengiva inserida, uma continuidade da gengiva marginal; e a gengiva interdentária, aquela que ocupa o espaço interproximal situado abaixo do
contato dentário.

A formação da gengiva é de tecido epitelial e conjuntivo.

Tecido epitelial

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O tecido epitelial é aquele constantemente exposto a ataque microbiano e se renova com frequência. Sua principal função é proteger as estruturas
mais profundas e permitir a troca de substâncias com o meio por difusão.

As células principais do tecido epitelial são os queratinócitos que produzem a queratina em concentrações variadas de acordo com a região,
função, renovação da mucosa e instalação ou não de processo inflamatório. Essa queratina é uma proteína fibrosa (alongada e insolúvel) com
função estrutural, auxiliar na manutenção da homeostasia e na regulação da síntese proteica.Devido a função protetora contra microorganismos, o
tecido epitelial apresenta uma grande quantidade de defensinas que são moléculas peptídicas com ação antimicrobiana por lisar parede celular.

Tecido conjuntivo

O tecido conjuntivo da gengiva é formada por uma porção celular e uma extracelular rica em fibras e substância fundamental.

As fibras são de colágeno, proteínas fibrosas do tipo I, III, IV, V e VI que servem como suporte, mantendo a forma.

A substância fundamental do tecido conjuntivo gengival é rica em água, proteoglicanos e glicoproteínas.

Os proteoglicanos presentes na gengiva são o ácido hialurônico e o condroitin-sulfato. São compostos com uma porção de carboidrato grande
associada a proteína que agem na hidratação, lubrificação e suporte estrutural da matriz extracelular ao se ligarem a outras moléculas e
amortecendo impactos.

As glicoproteínas, compostos com uma porção pequena de carboidrato associada a proteína, são importantes para estrutura e também adesão
entre componentes da matriz e componentes celulares. As glicoproteínas encontradas no tecido conjuntivo gengival são a laminina e a
fibronectina.

A gengiva apresenta uma intensa atividade metabólica já que sua capacidade de biossíntese de colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas é
intensa. Utiliza como vias metabólicas principais a glicólise, glicólise anaeróbica e via pentose fosfato.

Periodonto de fixação

O periodonto de fixação é responsável pela sustentação do dente. É capaz de absorver parte das pressões impostas ao dente durante a mastigação.
Apresenta uma desenvolvida função sensitiva ou táctil.

É dividido em ligamento periodontal, osso alveolar e cemento.

Ligamento periodontal

É um tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado e celular, interposto entre a raiz do dente e a parede interna do osso alveolar. Apresenta
uma rica matriz extracelular composta por rede de colágeno para dar suporte e proteoglicanos mais glicoproteínas que regulam a atividade e
função do ligamento periodontal.

A presença desse ligamento permite que forças produzidas durante a função mastigatória e outros contatos dentários sejam distribuídas e
absorvidas pelo processo alveolar através do osso, além de ser essencial para a mobilidade dos dentes.

Osso alveolar

Formado ao redor do folículo dentário durante a odontogênese, é a porção da maxila e da mandíbula que formam e dão suporte aos alvéolos dos
dentes.

É um tecido mineralizado, rico em hidroxiapatita, na porção mineral, e com uma porção orgânica de colágeno, proteoglicanos, lipídeos e outras
proteínas não colagenosas como a osteopontina. No osso alveolar há a inserção das fibras colágenas do ligamento periodontal que se aderem a
rede de colágeno e outras proteínas do osso mantendo as suas funções biomecânicas e protetora.

Cemento

É um tecido mineralizado especializado que reveste as superfícies radiculares. Não contém vasos sanguíneos e linfáticos, não tem inervação, não
sofre remodelação, mas é formado continuamente ao longo da vida.

O cemento é composto principalmente por hidroxiapatita, cerca de 60%, e uma porção orgânica composta de pela proteína fibrosa colágeno (do
tipo I e III), além de glicoproteínas como a sialoproteína óssea, indispensável a biomineralização do tecido conjuntivo.

Como funções do cemento está a inserção das fibras do ligamento periodontal da raiz e contribuir para o processo de reparação após o dano da
superfície radicular.

ATIVIDADE

Camada do dente que apresenta maior quantidade de hidroxiapatita e outros minerais, com menor permeabilidade e que sofre com ação direta de
ácidos do meio bucal desencadeando a cárie é:

A. A dentina.

B. O esmalte.

C. O cemento.
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D. A polpa.

ATIVIDADE

O colágeno é uma proteína fibrosa, alongada e de pouca solubilidade, que tem papel fundamental para a estrutura de tecidos, une e fortalece. A
porção do órgão dental que não apresenta colágeno é o:

A. Esmalte.

B. Cemento.

C. Ligamento periodontal.

D. Gengiva.

ATIVIDADE

Encontre a alternativa correta:

A. A dentina apresenta função de reparo e manutenção do complexo pulpo-dentinário.

B. A gengiva é capaz de inserir fibras do ligamento periodontal da raiz e contribuir para o processo de reparação após o dano da superfície
radicular.

C. O cemento apresenta importante função de formar a dentina.

D. A polpa apresenta função protetora contra microorganismos.

ATIVIDADE

Qual constituinte do órgão dental que não é considerado integrante do periodonto:

A. Gengiva.

B. Cemento.

C. Osso alveolar.

D. Polpa.

REFERÊNCIA

ARANHA, F. L. Bioquímica odontológica. 2ª. ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

NICOLAU, J. Fundamentos de bioquímica oral. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MENAKER, L. Cáries dentárias – Bases biológicas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984.

FERREIRA, C. P. Bioquímica para cirurgiões-dentistas. 1ª ed. São Paulo: Editora Apoio Ltda., 1989.

MARZZOCO, A.; TORRES, B.B. Bioquímica básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

CAMPBELL, M.K. Bioquímica 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

CHAMPE, P.C.; HARVEY, R.A. Bioquímica ilustrada. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2ª ed. São Paulo: Sarvier, 2000.

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