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Bioquímica da Saliva
Obter uma análise bioquímica da saliva e compreender sobre sua importância no meio bucal.

Chamamos de saliva ou solução salivar o líquido que umedece toda a cavidade bucal. Essa solução é de extrema importância para a cavidade bucal, sua ausência ou
qualquer alteração pode causar problemas de saúde e comprometer a qualidade de vida do indivíduo.

Produção de saliva

A saliva é uma solução produzida pela combinação de secreções de diferentes glândulas salivares, um par de parótidas, um par de submandibulares, um par de
sublinguais e diversas outras menores espalhadas por toda a cavidade bucal.

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Legenda: MOSTRAR A LOCALIZAçãO DAS GLâNDULAS SALIVARES.

Tradução
Glândula parótida – Parotid gland

Ducto parotídeo – Parotid duct

Pregas sublinguais – Sublingual ducts


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Glândula sublingual – Sublingual gland

Glândula submandibular – Submandibular


gland

Ducto submandibular – submandibular duct


 

As parótidas estão localizadas posteriormente ao músculo masseter e distribuem sua produção de aproximadamente 25% de solução através do ducto parotídeo.

As submandibulares, responsáveis por 70% da produção salivar, localizam-se próximo ao ângulo da mandíbula e através do ducto submandibular liberam a solução
até a cavidade bucal.

As glândulas sublinguais encontradas no assoalho da boca escoam a solução salivar nas pregas sublinguais. Essas glândulas juntamente com as menores contribuem
com 5% de toda a solução salivar.

Estímulos psíquicos, mecânicos, químicos e biológicos são responsáveis pela produção de saliva em todas as glândulas salivares. Essa produção se deve em resposta
a liberação de neurotransmissores que ativam receptores específicos gerando transdução de sinal e consequentemente a secreção do fluido por exocitose.

A quantidade de saliva produzida é bastante variável entre os indivíduos e no mesmo indivíduo, sob condições diferentes, estimamos que o volume total em 24
horas esteja entre 1 e 1,5 litro. Devido ao grau de hidratação, medicamentos utilizados, exposição a luz, estímulos olfativos e até mesmo posição corporal, pode
ocorrer a diminuição ou aumento da produção de saliva. Um volume aumentado de solução salivar chamamos de sialorréia e quando o volume de solução salivar
está diminuído, ou até mesmo ausente, diagnosticamos a xerostomia.

Importância da saliva no meio bucal

São múltiplas as funções da saliva que a tornam uma solução de fundamental importância ao meio bucal.

Vamos destacar tais funções:

Proteção, lubrificação da cavidade oral, orofaringe e esôfago.


Limpeza da boca, por movimentos mastigatórios, e também dos alimentos.
Digestão, por facilitar a mastigação e a deglutição, além de apresentar enzimas responsáveis pela quebra química inicial de algumas macromoléculas.
Promove a ideal articulação da língua facilitando a fala.
Defesa, apresenta grande atividade antimicrobiana.
Contribui com o paladar ao solubilizar partículas alimentares que entram em contato com corpúsculos gustativos.
Regula o pH da região bucal prevenindo a desmineralização dos dentes e evitando lesões por excesso de ácidos e bases.

A capacidade tamponante da saliva ocorre devido a três tampões específicos da região (mucinato/mucina, HCO3 / H2CO3 e HPO4 / H2PO4) que conservam o pH da
saliva em torno de 6,9, este considerado ideal para evitar a colonização da boca por microrganismos potencialmente patogênicas e também anular possíveis
compostos que promovem a desmineralização do esmalte.

A capacidade tamponante pode ser utilizado como um indicativo de atividade de cárie dental.

Composição da saliva

A saliva é um líquido aquoso límpido, incolor e bastante viscoso composto por 99% de água e 01% de substâncias químicas orgânicas e inorgânicas que se
apresentam em concentrações variáveis de acordo com a atuação de cada glândula salivar.

Água (H2O)

Distribuída por todo o corpo, a água é o componente principal na maioria das células. Esta água é proveniente da nossa ingestão e de nossa própria produção através
de certas reações químicas.

A água apresenta propriedades que possibilitam exercer diversas funções no ambiente celular. Essas propriedades se devem a molécula de água ser altamente
polarizada já que seus dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio compartilham elétrons (ligação covalente) de forma desigual resultandoem uma
cargaparcialpositivaenegativa.

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Legenda: MOSTRAR A COMPOSIçãO E ESTRUTURA MOLECULAR DA áGUA COM SEUS PóLOS POSITIVO E NEGATIVO.

A distribuição de elétrons da molécula de água possibilita a formação de pontes de hidrogênio com outras moléculas o que a torna um excelente solvente.
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Sendo assim, a água presente na saliva é responsável por manter a umidade na mucosa bucal e das superfícies dos dentes e ao mesmo tempo dissolver uma grande
diversidade de substâncias do meio bucal.

Substâncias inorgânicas

As substâncias inorgânicas estão principalmente relacionadas a osmolaridade, manutenção do pH salivar e da remineralização das superfícies dentárias.

Há uma grande variedade de cátions e ânions presentes na saliva, alguns desses estão em concentração extremamente baixa e muitos com funções desconhecidas.

Entre os principais componentes inorgânicos podemos citar:

Sódio (Na+), Potássio (K+) e Cloro (Cl-) são íons monovalente que apresentam relação com osmolaridade e se alteram de acordo com o fluxo de secreção
salivar.
Cálcio (Ca+2) é o íon bivalente presente em ossos, tecidos moles, fluidos corporais e nos dentes. Na cavidade oral sua função envolve a remineralização
dos dente, já que se trata de um constituinte da hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2], além da secreção da enzima amilase.
Bicarbonato (HCO-3) é o constituinte do sistema tampão bicarbonato/ácido carbônico. Como tampão, apresenta a função de manter o pH dentro dos
limites certos mesmo com a adição de ácidos e bases. É um tampão bastante complexo e com componentes facilmente regulados. O bicarbonato aceita
prótons formando ácido carbônico e consequentemente gás carbônico sendo assim um tampão de fase, seu efeito envolve uma fase dissolvida e uma fase
gasosa.

Observe o equilíbrio para este tampão: CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ HCO3 - + H+

Os Fosfatos (H2PO4-, HPO4-2 ou PO4-3) podem ser encontrados na saliva de formas iônicas diferentes, ligados ao controle do pH ou na formação da
hidroxiapatita.
O Flúor (F-) é um elemento utilizado como preventivo e terapêutico. É capaz de colaborar com o fortalecimento do esmalte ao diminuir sua solubilidade
perante o ataque ácido, favorece a remineralização e inibe enzimas participantes de processos bioquímicos produtores de ácidos.

Os compostos solúveis de flúor na água e alimentos quando ingeridos sofrem dissociação iônica em função do ácido clorídrico produzido no estômago. O íon
fluoreto é absorvido, em sua maior parte, pela mucosa estomacal. Por intermédio do plasma sanguíneo o flúor circula por todo o organismo. Após três horas 70% é
eliminado pela urina, 15% pelas fezes e 5% pelo suor. Apenas 10% do Flúor ingerido é assimilado pelo organismo. Essa pequena parte circula nos fluídos intra e
extracelulares fixando-se nos tecido duros: ossos e dentes em formação.

Em dezembro de 1975 foi regulamentada a Lei nº 6.050 que determina a fluoretação de água sob responsabilidade do Ministério da Saúde quanto as normas e
padrões em todo o território nacional.

Substâncias orgânicas

Vamos agora conhecer os componentes orgânicos mais importantes presentes na saliva. Tais compostos são originados das glândulas salivares ou produtos de
reações bioquímicas do meio bucal.

Mucina

São glicoproteínas de alta viscosidade, constituinte do muco. É responsável por formar um gel visco elástico e com afinidade a água que lubrifica toda a cavidade
bucal e o bolo alimentar. É capaz de limitar a penetração de componentes irritantes nas células mucosas. Aglutina microorganismos modulando a flora oral. Forma
um tampão (mucinato/mucina) responsável pelo controle do pH em 6,9.

Gustina

É uma metaloproteína que está relacionada a acuidade gustativa.

Estaterina

Trata-se de peptídeos que proporcionam a remineralização e evita a precipitação de sais de fosfato de cálcio.

Histatina

São polipeptídeos que atuem principalmente contra microorganismo, apresenta ação antimicrobiana.

Amilase

Também chamada de ptialina, trata-se de uma enzima digestiva classificada como hidrolase que catalisa a degradação inicial de amido e glicogênio. O amido é uma
macromolécula de carboidrato com função de reserva energética nos vegetais, o glicogênio é uma macromolécula de carboidrato com função de reserva nos animais
e ambos estão presentes em nossa alimentação. A amilase promove a hidrólise destes componentes em partículas menores para que possam, posteriormente, serem
absorvidas.Além da função digestiva, a amilase também apresenta função antimicrobiana.

Lipase Lingual

Enzima digestiva responsável por digerir, degradar triglicérides em ácidos graxos.

Anidrase Carbônica

É uma metaloenzima que apresenta zinco responsável por catalisar a reação química forma o ácido carbônico a partir de água e gás carbônico. Fundamental para a
eficiência do tampão bicarbonato.

Peroxidase

São enzimas classificadas como óxido-redutases e que na saliva catalisam a reação química entre peróxido de hidrogênio (H2O2) e tiocianato (SCN-) gerando
hipotiocianato (OSCN-). Com essa reação a mucosa oral se protege contra o peróxido de hidrogênio, componente tóxico e ainda produz hipotiocianato que apresenta
atividade antimicrobiana.

Lisozima

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É um tipo de enzima com capacidade antibacteriana. É responsável por lisar a parede celular bacteriana, o peptideoglicano. Como uma segunda função, a lisozima
se torna constituinte da película adquirida ao se ligar ao esmalte do dente.

Lactoferrina

É uma glicoproteína com capacidade de sequestrar o ferro que é essencial ao crescimento e desenvolvimento de patógenos. Desta forma, apresenta ação
antimicrobiana.

Imunoglobulinas (IgA)

São glicoproteínas sintetizadas e excretadas por plasmócitos. São responsáveis por atacar agentes estranhos ao corpo, chamados de antígenos, realizando assim a
defesa do organismo. Depois que o sistema imunológico entra em contato com um antígeno são produzidas imunoglobulinas específicas contra ele. A IgA é uma
classe imunoglobulina cujo o papel é proteger o organismo através das mucosas. Proporciona a primeira barreira contra infecções de microorganismo, é a resposta
imune da cavidade bucal.

ATIVIDADE FINAL

Um indivíduo com xerostomia devido a um tratamento radioterápico que afetou suas glândulas salivares consultou o dentista que diagnosticou um grande número
de cáries. A presença de saliva em quantidade normal poderia evitar tais lesões nos dentes devido as diversas funções que exerce.  Entre as funções da saliva todas
afirmações abaixo estão corretas, exceto:

A. Proteção de dentes e gengiva.

B. Digestão de macromoléculas químicas da alimentação.

C. Mantem o pH da saliva ácido em 4,9 evitando a remineralização do dente.

D. Defesa, apresenta grande atividade antimicrobiana.

As glândulas salivares responsáveis por 25% da produção de saliva e que estão localizadas posteriormente ao músculo masseter são as glândulas:

A. Submandibulares

B. Sublinguais

C. Sudoríparas

D. Parótidas

A enzima amilase é capaz de digerir:

A. Amido e glicogênio que são carboidratos.

B. A proteína amido que está presente na nossa alimentação.

C. Lipídeos.

D. Qualquer tipo de alimento já que é uma enzima digestiva.

As glicoproteínas constituintes do muco que apresentam como função lubrificar, controlar a permeabilidade da mucosa oral, efeito tamponante, entre outras. Essas
substâncias são conhecidas como:

A. Lactoferrinas

B. Mucinas

C. Peroxidades

D. Lisozimas

REFERÊNCIA

ARANHA, F. L. Bioquímica odontológica. 2ª. ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

NICOLAU, J. Fundamentos de bioquímica oral. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

MENAKER, L. Cáries dentárias – Bases biológicas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984.

FERREIRA, C. P. Bioquímica para cirurgiões-dentistas. 1ª ed. São Paulo: Editora Apoio Ltda., 1989.

MARZZOCO, A.; TORRES, B.B. Bioquímica básica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

CAMPBELL, M.K. Bioquímica 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

CHAMPE, P.C.; HARVEY, R.A. Bioquímica ilustrada. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LEHNINGER, A.L.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Princípios de Bioquímica. 2ª ed. São Paulo: Sarvier, 2000.

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