Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
M. Fraústo da Silva1*, T. Gomes1, A. S. Dias1, J. Aquino Marques2, L. Mendes Jorge1, J. Cavaco Faísca1,
G. Alexandre Pires1, R. M. Caldeira1
Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.
1
Resumo: Embora a estimativa da idade dos equinos através do dentes continua a ser o método mais utilizado para, de
exame dentário tenha actualmente uma aplicabilidade limitada, uma forma expedita e barata, estimar a idade dos equi-
continua a ser a melhor forma de conhecer a idade na ausência
de provas documentais. Depois da descrição de aspectos relati- nos. Naturalmente, com a sofisticação crescente das
vos à estrutura, tipos de dentes, fórmula dentária e evolução den- metodologias de identificação e registo dos animais, a
tária dos equinos, os autores resumem a cronologia dos eventos avaliação da idade através deste método tende a perder
observáveis no exame dentário principalmente da arcada inferior alguma aplicabilidade. No entanto, será sempre uma
dos equinos, ilustrando-a com imagens de arcadas de animais forma de recurso na ausência de provas documentais,
em que se estimou a idade tendo em consideração os aspectos
descritos. ou quando surjam dúvidas relativamente à sua auten-
ticidade.
Summary: At present, age estimation in horses based on dental O exame da dentição não é todavia o único meio de
features has a limited practical value. However, in the absence of estimar a idade. O aspecto geral do animal, a sua esta-
documental evidence, it is still the best way to know the age of tura e conformação, o seu comportamento, a presença
an animal. After describing aspects related with structure, teeth
types, dental formulas and dental evolution, the authors resume de pêlos brancos nalgumas pelagens, entre outros
the chronology of dental features observed mainly in the lower aspectos, dão indicações valiosas que devem ser con-
dental arcade of horses, illustrating it with images of arcades sideradas. A estimativa da idade através da avaliação
of animals which age was estimated according to the description. do desenvolvimento ósseo por exame radiográfico é
também um método bastante preciso. A sua utilização
é contudo bastante limitada pela tecnologia requerida
Introdução e, naturalmente, aplica-se principalmente às primeiras
fases da vida do animal, no caso dos equinos até cerca
O conhecimento da idade dos animais é natural- dos 6-7 anos.
mente importante para adequarmos o seu acompanha-
mento e perspectivarmos a sua utilização futura. Se Estrutura dos dentes
num animal criado para fins exclusivamente produtivos
a idade nos dá uma noção eminentemente económica Cada dente é composto por uma parte visível exte-
do que ainda podemos esperar dele, já num animal de riormente, a coroa, e por uma parte interna, a raiz
companhia e/ou lazer a idade é uma indicação precisa ou raízes. A zona estreita de separação entre a coroa
dos cuidados especiais a ter em cada fase da sua vida, e a raiz ou raízes é denominada colo do dente. No
de modo a podermos usufruir dessa relação durante o interior do dente encontra-se a cavidade pulpar, cuja
maior período de tempo possível. Em termos práticos, forma se assemelha à do dente, e que nas raízes ter-
a idade implica uma variação do valor comercial do mina num orifício designado foramen apical ou apex,
animal, assumindo assim uma importância decisiva na por onde passam os vasos e os nervos. Os principais
determinação do valor da sua transacção. componentes dentários são o esmalte e a dentina
Os dentes são os órgãos que melhor registam a pas- (componentes mineralizados) e a polpa (componente
sagem do tempo, constando o seu exame do reconheci- não mineralizado). O esmalte forma uma camada fina
mento dos tipos de dentes incisivos presentes e do seu sobre a superfície dentária e a dentina encontra-se sob
estado de erupção e desgaste (ou usura). O exame dos o esmalte e constitui a maior parte do dente (Figura
1). A polpa encontra-se na cavidade pulpar (Ten Cate,
1998; Ferraris e Muñoz, 2001; Junqueira e Carneiro,
* Correspondente: fsmarina@fmv.utl.pt
1995)
103
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
104
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
105
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
cialmente, a estrela dentária tem a forma de uma linha e uma forma arredondada na mesa dentária dos inci-
transversal, tornando-se posteriormente ligeiramente sivos adultos. No Quadro 4 são referidas as idades
oval e finalmente arredondada. Altera também a sua aproximadas de alteração da forma da mesa dentária
localização, passando a ocupar o centro da mesa den- (Anónimo, 1988; Caldeira et al., 2002; Knottenbelt,
tária. Depois do rasamento, o esmalte central que se 1996/97; Richardson, 1997).
mantém ainda durante algum tempo em posição pos- A oclusão das mesas dentárias dos cantos não é geral-
terior à estrela dentária, acaba finalmente por desapare- mente total, deixando a região posterior das mesas den-
cer, dizendo-se então que o dente está nivelado. Apesar
das alterações visíveis com o desgaste dos dentes
estarem bem definidas, com o avançar da idade o rigor
da estimativa da idade com base na evolução dentária
diminui drasticamente, já que a velocidade de desgaste
dos dentes é influenciada por numerosos factores entre
os quais o genótipo, a alimentação, características indi-
viduais e desvios de comportamento (Caldeira, 2002;
Richardson et al., 1999).
No Quadro 1 indicam-se as idades de erupção dos
incisivos temporários e definitivos, bem como aquelas Figura 6 - Presença da cauda de andorinha no canto superior esquerdo
a que estes dentes atingem o nível da arcada. (Anó-
nimo, 1988; Caldeira et al., 2002; Knottenbelt, 1996/
97; Richardson, 1997).
106
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
Quadro 3 - Incisivos definitivos inferiores - idades de rasamento, nivelamento, aparecimento da estrela dentária e alterações da sua
forma e posição na mesa dentária
Rasamento Aparecimento da Nivelamento Estrela dentária Estrela dentária
estrela dentária central arredondada
Pinças 6/7 anos 7/8 anos 12/15 anos 10/13 anos 10/15 anos
Médios 7/8 anos 8/9 anos 13/15 anos 10/15 anos 11/15 anos
Cantos 8/9 anos 9/10 anos 13/15 anos 10/15 anos 11/15 anos
tárias dos cantos superiores sem oposição nos inferiores Aos 1,5 meses de idade
e, logo, sem desgaste. Este facto tem como conse- Os pinças temporários atingiram o nível da arcada
quência o aparecimento de uma proeminência naquela e podem apresentar algum desgaste. Estão também
região, designada cauda de andorinha (Figura 6). A presentes os médios temporários, ainda virgens, e os
cauda de andorinha não aparece geralmente em animais pré-molares temporários.
com menos de 7 anos de idade, mas por si só não é um
indicador fidedigno da idade de um animal (Anónimo,
1988; Knottenbelt, 1996/97; Richardson, 1997).
O sulco de Galvayne (sulco de coloração escura na
face vestibular dos cantos superiores) aparece junto ao
bordo gengival por volta dos 10 anos, prolongando-
se gradualmente até à fase oclusal, que atinge por
volta dos 20 anos de idade (Figura 7). Nos animais
mais velhos inicia-se o seu desaparecimento a partir
do bordo gengival chegando a estar completamente
ausente num animal muito velho (Anónimo, 1988;
Knottenbelt, 1996/97; Richardson, 1997).
Em consequência da forma dos dentes incisivos e do
seu desgaste, a aparência do perfil de oclusão das arca- 2 meses de idade
das altera-se com o avançar da idade, desde quase ver-
tical até mais horizontal (Figura 8) (Anónimo, 1988; Aos 9 meses de idade
Caldeira et al., 2002). Estão presentes todos os incisivos temporários. Os
Resume-se em seguida a cronologia dos eventos pinças e os médios apresentam desgaste, que é mais
observáveis no exame dentário da arcada inferior dos marcado nos primeiros. Os cantos ainda não atingiram
equinos, ilustrada, sempre que possível, com imagens o nível da arcada estando praticamente virgens.
de arcadas de animais em que se tenha estimado a
idade referida. Ao ano de idade
Normalmente a estrela dentária é bem visível nos
pinças e médios temporários. O desgaste dos cantos
Cronologia dos eventos observáveis no
é ainda pouco marcado. Estão presentes os primeiros
exame dentário dos equinos e exemplos molares.
Às 2 semanas de idade
Estão presentes apenas os pinças temporários
107
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
5 anos de idade
108
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
109
Silva, M.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 103-110
Aos 15 anos de idade Anónimo, (1988). Official Guide for Determining the Age of the
Horse. (Ed. American Association of Equine Practitioners),
A mesa dentária dos pinças e dos médios pode Lexington.
ter uma forma triangular. Todos os incisivos estão Caldeira, R. M.; Fraústo da Silva, M.; Grave, J.; Rosa, I. G.; Men-
nivelados. Os acidentes da mesa dentária resumem- donça, H., (2002). Apontamentos de Exognosia. Faculdade de
se à estrela dentária que aparece como uma pequena Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa.
mancha amarela em posição central. Getty, R. (1981). Anatomia dos Animais Domésticos de Sisson e
Grossman. 1ª Edição. (Ed. C.E. Rosenbaum, N. G. Ghoshal,
D. Hillmann). Interamericana Ltd., Rio de Janeiro.
Ferraris, G.; Muñoz, C., (2001). Histologia y Embriologia
Bucodental. Ed. Médica Panamericana, Madrid.
Henning,G. E.; Steckel, R. R., (1995). Diseases of the oral cavity
and esophagus. In: The Horse, Diseases and Clinical Man-
agement (Ed. C. N. Kobluk, T. R. Ames, R. J. Geor). W.B.
Saunders Company, Philadelphia.
Junqueira, L. C.; Carneiro, J., (1995). Histologia Básica. 8ª Edicão.
Guanabara Koogan S.A, Rio de Janeiro.
Knottenbelt, D. (1996-97). Ageing of Horses. CD-rom. University
of Liverpool.
14 a 16 anos de idade Masty, J., Vojt, T., sem data. Age related changes of the equine
hypsodont tooth. In http://www.vet.ohio-state.edu/docs/
Aos 18 anos de idade ATCenter/AT2658/TOC.html
A mesa dentária pode ter uma forma triangular em Orsini, P. G., (1992). Oral cavity. In: Equine Surgery (Ed. J. A.
todos os incisivos. Os acidentes da mesa dentária Auer). W.B. Saunders Company, Philadelphia.
Richardson, J., (1997). Ageing Horses - An ilustrated guide. In
resumem-se à estrela dentária que aparece como uma Practice. Oct. pp.486-489.
pequena mancha amarela em posição central. Richardson, J.; Lane, J. G.; Waldron, K. R. (1999). Is dentition
an accurate indication of age of a horse ? The Veterinary
Record 9:31-34.
Ten Cate, A. R. (1998). Oral Histology, Development, Structure and
Function. 5ª Edição. The C. V. Mosby Comp., St. Louis.
18 a 20 anos de idade
110
RPCV (2003) 98 (547) 111-118 REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Materiais e métodos
* Correspondente: apires@utad.pt,
telefone 259350637, fax 259350480 As informações presentes neste trabalho referem-se
111
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
Resultados
Amostra
112
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
113
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
qual nos baseámos englobe os quistos como parte inte- ram 3,9% da totalidade das neoplasias diagnosticadas
grante da classificação de neoplasias, estes não foram nestes animais (n=70). Observámos principalmente
considerados para a apreciação deste nosso estudo. linfomas nas suas diferentes variedades (64 casos), 3
plasmocitomas e três leucemias.
Tabela 3 – Tumores epiteliais e melanocíticos da pele
114
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
Tabela 5 – Distribuição etária das neoplasias deste grupo). Seguiram-se as neoplasias das glândulas
≥9 hepatóides (7,9%), neoplasias do tecido conjuntivo
Neoplasia ≤ 2 anos 3 a 8 anos anos Total (6,6), do testículo (6,4%), do folículo piloso (4%) CCE
Neoplasias da (3,7%) e neoplasias das glândulas sebáceas com 3,1%.
glândula mamária 1 153 228 382 Todos os outros tumores tiveram uma representativi-
Histiocitomas 90 18 4 112 dade inferior a 3% (Tabela 5).
Mastocitomas 9 58 30 97
3 – Influência do sexo
Papilomas 15 12 1 28 Por falta de informação sobre este parâmetro, não
Neoplasias das podemos processar informação em 1,9% dos casos.
glândulas hepatóides 1 11 43 55 As neoplasias observadas predominaram nas fêmeas
Tumor venéreo (61%), provavelmente devido à elevada frequência
transmissível 10 13 3 26 das lesões da glândula mamária. Além das lesões neste
Hemangiopericitoma 0 6 16 22 órgão, não nos foi possível observar predisposição
Neoplasias do sexual relativamente à ocorrência de outras neoplasias.
testículo 3 7 35 45
Neoplasia do ovário 1 2 3 6 4 – Distribuição das neoplasias por raça
Não tivemos informação acerca deste parâmetro em
Neoplasias do tecido
conjuntivo 5 38 36 79 12,16% dos casos. Nos restantes, a raça indeterminada
foi aquela que predominou na amostra, sendo também
Neoplasias vasculares 2 15 13 30
aquela que apresentou maior casuística de neoplasias
Linfomas 10 28 14 52 (25,86%) (Gráfico 5).
Carcinoma de células Relativamente à distribuição das neoplasias por
escamosas 3 19 20 42 raças puras, os animais de raça Caniche foram aqueles
Neoplasias melânicas 1 10 14 25 em que o maior número de tumores foi diagnosticado
Neoplasias das (13,47%), seguida dos de raça Boxer (10,56%), Cocker
glândulas apócrinas 3 4 2 9 (8,5%), Pastor Alemão (4,39%), Dobermann (2,34%)
Neoplasias da e Perdigueiro Português (2%). Todas as outras raças
próstata 0 2 7 9 estiveram representadas em menos de 2% dos tumores
Neoplasias do
estudados no nosso Laboratório.
folículo piloso 3 28 22 53
Neoplasias do
músculo 1 9 11 21
Neoplasias do nervo
periférico 0 2 7 9
Neoplasias das
glândulas sebáceas 0 5 17 22
Neoplasias da
glândula de
Meibomio 0 7 4 11
Neoplasias do útero 0 0 3 3
Neoplasias da vulva
e vagina 0 3 7 10
Neoplasias do Gráfico 5 – Distribuição das neoplasias por raça
sistema nervoso 0 6 0 6
Neoplasias do osso e Discussão
articulações 1 11 7 19
Total 159 480 550 1189 Os estudos de prevalência tumoral no nosso país,
referem-se a períodos pouco recentes (Durão e Santos,
Nota: o total das neoplasias apresentadas nesta tabela não é sobreponível 1975; Santos, 1976; Monteiro e Clemente, 1978; Bap-
aos os valores apresentados nas tabelas anteriores, porque só estão regis-
tados os casos em que a idade foi referida. tista e Silva, 1985; Gomes, 1987; Nunes, 1988/89;
Silva, 1989), pelo que as autoras se propuseram a ela-
mas (3,9%) e os tumores vasculares (3,2%). Todos os borar um estudo retrospectivo das neoplasias em caní-
outros tumores tiveram uma representatividade inferior deos recebidas durante 6 anos no Laboratório de His-
a 3 % (Tabela 5). tologia e Anatomia Patológica da UTAD. Neste estudo
Os animais geriátricos (com idade igual ou superior foi realizada a distribuição dos tumores por raça, sexo,
a 9 anos), continuaram a apresentar predominância de idade e sistemas.
neoplasias da glândula mamária (41,7% das neoplasias Pela situação geográfica do nosso laboratório, a
115
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
maior parte das análises que recebemos para exame preconizado. Os TVT são tumores de características
histopatológico são provenientes do Norte de Portugal, enzoóticas em diversas zonas do mundo, principal-
ao contrário das referidas nos trabalhos por nós con- mente tropicais, subtropicais e nos países mediter-
sultados e acima referidos. Pela quantidade e variedade rânicos. A quimioterapia e a radioterapia são muito
de tumores que nestes 6 anos foram enviados ao nosso eficientes na sua resolução, e estas lesões podem
laboratório, consideramos ser este trabalho importante mesmo regredir espontaneamente (Brealey, 1995). Por
para a actualização da realidade das neoplasias em isso esta neoplasia raramente é enviada para estudos
canídeos no nosso país. de anatomia patológica, podendo por isso a baixa fre-
A raça Caniche foi a raça pura que apresentou maior quência por nós observada não se reflectir na realidade
número de neoplasias diagnosticadas (13,47%; n=236), clínica.
na nossa amostra, predominada pelos animais de raça O estudo das neoplasias por aparelhos e sistemas
indeterminada. baseou-se na actual classificação histológica da OMS
A única lesão neoplásica para a qual observámos (Slayter et al.,1994; Hendrick et al., 1998; Golds-
predisposição sexual foi a da glândula mamária, para chmidt et al., 1998; Kennedy et al., 1998; Koestner
as fêmeas, facto já referido por Mialot e Lagadic, em et al., 1999; Dungworth et al., 1999; Misdorp et al.,
1990. 1999; Valli et al., 2002). A nossa amostra apresentou
Nos animais domésticos, a prevalência de neoplasias um predomínio das neoplasias da glândula mamária
aumenta com a idade, existindo, contudo um ligeiro seguidas pelas lesões da pele (quer tumores epiteliais e
decréscimo em idades extremas. Com poucas excep- melanocíticos quer tumores mesenquimatosos da pele
ções, esta relação entre a idade e as neoplasias aplica- e tecidos moles), dados semelhantes aos registados por
se à maioria dos tipos neoplásicos e respectivos locais Mialot e Lagadic no seu trabalho de 1990.
de ocorrência (Dorn e Priester, 1987; Misdorp, 1990). De todas as neoplasias observadas no cão, os his-
No estudo da distribuição das lesões neoplásicas por tiocitomas (com 8,8%) foram as neoplasias mais fre-
idade observámos um pico de neoplasias aos 11 anos quentes, logo após as da glândula mamária, tendo sido
de idade. Estes dados são semelhantes aos observados observados sobretudo em animais com idade inferior a
por Mialot e Lagadic (1990), que registaram o pico dois anos; foram as lesões mais frequentes no grupo
de incidência das neoplasias aos 10 anos. Por ter sido das neoplasias mesenquimatosas da pele e tecidos
omitido este parâmetro em 33,6% das análises por nós moles, assim como de todas as neoplasias cutâneas
observadas, a distribuição por idade poderá não corres- (18,5%). Estes valores foram superiores aos observa-
ponder inteiramente à realidade. dos por Gorman e Dobson (1995), que referem ser os
Nos animais jovens (com idade igual ou inferior a 2 histiocitomas 10% de todos os tumores cutâneos do
anos), observámos uma predominância do diagnóstico cão.
de histiocitomas e de papilomas, o que está de acordo Os tumores com origem no tecido conjuntivo foram
com o referido por Estrada (1993). os terceiros mais frequentes no nosso estudo (8,2%),
No grupo dos animais abrangidos pelo estudo, a seguidos pelos mastocitomas, que representam 7,2%
frequência dos tumores da glândula mamária, das de todas as neoplasias observadas e 15,2% das neo-
glândulas hepatóides, do testículo, do ovário, do tecido plasias da pele. Estes dados são mais elevados que
conjuntivo, dos tumores melânicos e dos carcinomas os registados por Walder (citado por Walder e Gross,
de células escamosas aumentou com a idade, predomi- 1992), mas estão de acordo com os valores referidos
nando no grupo de animais geriátricos. por Lemarié et al.(1995). Estas divergências poderão
Após os tumores da glândula mamária, os mastoci- ser reflexo da população de referência em cada um dos
tomas foram as neoplasias com maior frequência nos estudos, da situação geográfica ou de factores induto-
animais adultos, com uma idade média de 8 anos, res da neoplasia em causa.
como o observado por Lemarié et al. (1995), por As lesões das glândulas hepatóides foram o 5º tipo
Pulley e Stannard (1990) e por Gorman e Dobson de neoplasia mais frequente (5,2%), mas dentro do seu
(1995). grupo histológico (as neoplasias epiteliais e melano-
Os hemangiopericitomas, os tumores do útero e da cíticas da pele), foram o tipo tumoral predominante.
próstata só foram observados em animais adultos. Neste grupo de neoplasias, o CCE é a segunda neopla-
Nielsen e Kennedy (1990) referem que os TVT são sia mais frequente, e a 7ª (3%) de todas as observadas
neoplasias mais comuns nos animais sexualmente no cão. Estas observações em relação a estes dois tipos
activos e Rogers (1997) observou uma maior incidên- neoplásicos estão de acordo com o referido por Godsh-
cia desta lesão entre os 4 e 5 anos. No nosso estudo, midt et al. (1999). Os estudos de Gorman e Dobson
este tipo tumoral foi mais frequente em animais com (1995) referem os CCE como o tumor maligno mais
idade igual ou inferior a 2 anos e no grupo de animais comum da pele dos cães, representando entre 4 e 8 %
adultos (entre 3 e 8 anos com 3,1%), podendo esta dis- de todos os tumores cutâneos destes animais, dados
tribuição não estar apenas de acordo com a actividade mais elevados que os apresentados por nós.
sexual dos animais, mas também ser o reflexo de uma Neste estudo, os linfomas foram o 6º tipo de neo-
detecção precoce e do tipo de tratamento actualmente plasia mais observada (3,9%), e o mais frequente do
116
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
sistema hematopoiético, o que também foi referido por Julgamos, por tudo isto, ser este trabalho um ponto
Moulton e Harvey (1990). de partida para outros estudos, e esperamos contribuir
Os papilomas representaram 4,7% de todas as neo- para o conhecimento das lesões neoplásicas dos caní-
plasias cutâneas (embora represente 12,8% das neo- deos domésticos que ocorrem na nossa região e no
plasias epiteliais e melanocíticas da pele), dados dis- nosso país.
cordantes dos observados por Walder e Gross (1992)
e por Pulley e Stannard (1990), que se referem a esta
Agradecimentos
patologia como sendo uma neoplasia pouco frequente,
representando apenas 1 a 2,5 % das neoplasias cutâ-
Não queremos deixar de agradecer a todas as nossas
neas. A maioria dos papilomas observados eram lesões
colegas que desempenham ou desempenharam funções
compatíveis com etiologia vírica. Este dado, em con-
de Anatomopatologistas no Laboratório de Histologia
junto com a elevada frequência desta lesão em relação
e Anatomia Patológica da UTAD, e que com o diag-
aos autores por nós consultados, alerta-nos para o facto
nóstico colaboraram para o conhecimento e casuística
de podermos estar perante uma situação de transmissão
que nos permitiram elaborar este trabalho. Assim,
e propagação do vírus em causa, no nosso país.
agradecemos à Profª Doutora Anabela Alves, Drª Paula
As neoplasias dos aparelhos genital e urinário cor-
Robrigues, Profª Doutora Helena Vala, Drª Justina Oli-
responderam a 9% do total dos tumores observados
veira, Drª Maria de Lurdes Pinto, Drª Adelina Gama,
nos canídeos, havendo natural diferença nos orgãos
Drª Maria do Carmo Topa e Drª Patrícia Pereira. Agra-
afectados em função do sexo. Nos machos o predo-
decemos ainda, e de forma muito especial, ao pessoal
mínio das lesões ocorreu no testículo e nas fêmeas na
técnico e auxiliar nas pessoas da D. Lígia Lourenço
genitália externa, afectada principalmente por TVT,
Bento, D. Ana Plácido e D. Glória Milagres.
tal como foi referido por Phillips (1999), os restantes
Ao Dr. Pedro R. Ferreira de Carvalho e ao Prof.
orgãos deste sistema registaram poucas lesões. O rim
Doutor Carlos Lopes endereçamos o nosso especial
foi o orgão menos afectado.
agradecimento pela disponibilidade sempre demons-
Como já foi mencionado previamente, a glândula
trada no esclarecimento de dúvidas e auxílio prestado
mamária foi o orgão que registou maior número de
no diagnóstico de situações mais raras, ou casos mais
neoplasias (36,3%), o que está de acordo com o refe-
duvidosos. À Profª Doutora Rita Payan, ao Prof Doutor
rido na bibliografia por nós consultada (Jones et al.,
Jorge Colaço e à Prof. Doutora Raquel Chaves, pelos
1997; Misdorp et al., 1999). Observámos uma clara
valiosos comentários.
predominância destas lesões em fêmeas relativamente
aos machos, sendo os tumores mamários no macho de
grande agressividade. Bibliografia
As neoplasias do osso e articulações apenas repre-
sentaram 1,7% da nossa amostra. O sistema nervoso Baptista, R e Silva, M.C. (1985). Blastomas dos Animais. Dados
Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V., XVII, 95-110.
esteve representado em 0,8% das neoplasias obser- Brealey, M.J. (1995). The Urogenital System. In Manual of Small
vadas, o sistema digestivo em 0,7%, as glândulas Animal Oncology. British Small Animal Veterinary Associa-
endócrinas em 0,4% e o sistema respiratório em 0,1%. tion. Worthing, West Sussex. 297-314.
Todos estes valores são muito inferiores aos referen- Dorn, C.R. e Priester, W.A. (1987). Epidemiology. In Veterinary
ciados por White (1995), McGlennon (1995) e Nelson Cancer Medicine. Gordon H. Theilen, Bruce R. Madewell,
e Feldman (1995). Lea & Febiger (Philadelphia). 27-35
Dungworth, D.L., Hauser, B., Hahn, F.F., Wilson, D.W., Haen-
Em comparação com estudos efectuados por outros ichen, T. e Harkema, J.R. (1999). Histological Classification
autores, podemos concluir que a distribuição de lesões of Tumors of the Respiratory System of Domestic Animals.
neoplásicas espontâneas nos canídeos domésticos nem Ed. Armed Forces Institute of Pathology. American Registry
sempre é igual àquelas observadas noutros países, o of Pathology. (Washigton, D.C.). Vol.VI
que torna importante o seu estudo e comparação. Durão, J.C. e Santos, Z. (1975). Blastomas dos Animais Domésti-
cos. Dados Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V., VII, 117-127.
A frequência das neoplasias aumenta com a idade
Estrada, M. (1993). Tumeurs du Jeune Chien Congres CNVSPA,
sendo mais frequente nas fêmeas que nos machos, em 81-85
consequência da elevada frequência das neoplasias da Goldshmidt, M.H., Dunstan, R.W., Stannard, A.A., von Tschar-
glândula mamária. O pico etário com maior frequência ner, C., Walder, E.J. e Yager, J.A. (1998). Histological
de neoplasias para os canídeos registou-se aos 11 anos. Classification of Epithelial and Melanocitic Tumors of the
Observámos neoplasias características dos animais Skin of Domestic Animals. Ed. Armed Forces Institute of
Pathology. American Registry of Pathology. (Washigton,
jovens (como os histiocitomas e os papilomas), e D.C.). Vol.III.
outras cuja frequência aumenta com a idade dos ani- Gomes, M.J.S. (1987). Blastomas dos Animais Domésticos no
mais. Algarve. Dados Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V., XIX,
Não encontrámos qualquer predisposição racial 91-102.
relevante e a distribuição das neoplasias relativa a este Gorman, N.T., Dobson, J.M. (1995) The Skin and Associated Tis-
parâmetro é sobreponível com a distribuição da popu- sues. In Manual of Small Animal Oncology. British Small
Animal Veterinary Association. Worthing, West Sussex.
lação de referência. 187-200.
117
Pires, M.A. et al. RPCV (2003) 98 (547) 111-118
Hendrick, M.J., Mahaffey, E.A., Moore, F.M., Vos, J.H. e Walder, ley). 231-307.
E.J. (1998). Histological Classification of Mesenchymal Nelson, R.W. e Feldman, E.C. (1995). The Endocrine System. In
Tumors of Skin and Soft Tissues of Domestic Animals. Ed. Manual of Small Animal Oncology. British Small Animal
Armed Forces Institute of Pathology. American Registry of Veterinary Association. Worthing, West Sussex. 341-362.
Pathology. (Washigton, D.C.). Vol. II Nielsen, S.W. e Kennedy, P.C. (1990). Tumors of the Genital
Jones, T.C., Hunt, R.D. e King, N.W. (1997). Genital System. Systems. In Tumors in Domestic Animals. J.E. Moulton. 3ª
In Veterinary Pathology. 6ª edição. Lippincott Williams & edição. University of California Press (Berkeley). 479-517.
Wilkins (Philadelphia). 1190-1201. Nunes, J.J.R.S. (1988/89). Neoplasias dos Animais Domésticos
Kennedy, P.C., Cullen, J.M., Edwards, J.F., Goldshmidt, M.H., (Dados Estatísticos). Anais da Faculdade de Medicina Vet-
Larsen, S., Munson, L. e Nielsen, S. (1998). Histological erinária. XXV/XXVI, 83-106.
Classification of Tumors of the Genital System of Domestic Phillips, B. S. (1999). Bladder Tumors in Dogs and Cats. Compen-
Animals. Ed. Armed Forces Institute of Pathology. American dium of Continuing Education 21(6), 540-547
Registry of Pathology. (Washigton, D.C.). Vol. IV Pulley, L.T. e Stannard, A.A. (1990). Tumors of Skin and Soft Tis-
Koestner, A., Bilzer, T., Fatzer, R., Schulman, F. Y., Summers, sues. In Tumors in Domestic Animals. J.E. Moulton. 3ª edição.
B.A. e Van Winkle, T.J. (1999). Histological Classification University of California Press (Berkeley). 23-87.
of Tumors of the Nervous System of Domestic Animals. Ed. Rogers, K.S. (1997). Transmissible Venereal Tumor Rec. Med.
Armed Forces Institute of Pathology. American Registry of Vét., 19(9), 1036-1045.
Pathology. (Washigton, D.C.). Vol. V Santos, Z. (1976). Blastomas dos Animais Domésticos. Dados
Lemarié, R.J., Lemarié, S.L. e Hedlund, C.S. (1995). Mast Cell Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V., VIII, 69-76.
Tumors: Clinical Management. Rec. Med. Vét., 17(9), 1085- Silva, E.M.R. (1989). Blastomas dos Animais Domésticos na Área
1100 do Grande Porto. Dados Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V.,
McGlennon, N.J. (1995). The Musculoskeletal System. In Manual XXI, 149-208.
of Small Animal Oncology. British Small Animal Veterinary Slayter, M.V., Boosinger, T.R., Pool, R.R., Dammrinch, K., Mis-
Association. Worthing, West Sussex. 265-280. dorp, W. e Larsen, S. (1994). Histological Classification of
Mialot, M. e Lagadic, M. (1990). Epidémiologie Descriptive Bone and Joint Tumors of Domestic Animals. Ed. Armed
des Tumeurs du Chien et du Chat. Rec. Med. Vét., 166(11), Forces Institute of Pathology. American Registry of Pathol-
937-947. ogy. (Washigton, D.C.). Vol. I
Misdorp, W. (1990). General Considerations In Tumors in Domestic Valli, V.E., Jacobs, R.M., Parodi, A.L., Vernau, W. e Moore,
Animals. J.E. Moulton. 3ª edição. University of California P.F. (2002). Histological Classification of Hematopoietic
Press (Berkeley). 1-22. Tumors of Domestic Animals. Ed. Armed Forces Institute
Misdorp, W., Else, R.W., Hellmén, E. e Lipscomb, T.P. (1999). of Pathology. American Registry of Pathology. (Washigton,
Histological Classification of Mammary Tumors of the Dog D.C.). Vol. VIII.
and Cat. Ed. Armed Forces Institute of Pathology. American Walder, E.J. e Gross, T.L. (1992). Neoplastic Diseases of the Skin.
Registry of Pathology. (Washigton, D.C.). Vol. VII In Veterinary Dermatopathology. A Macroscopic and Micro-
Monteiro, M.M. e Clemente M.L. (1978). Blastomas dos Ani- scopic Evaluation of Canine and Feline Skin Disease. T.L.
mais Domésticos. Dados Estatísticos. Rep. Trab. L.N.I.V., Gross, P.J.Ihrke, E.J. Walder. Mosby (St Louis). 327-482.
X, 115-124. White, R.A.S. (1995). The Respiratory System. In Manual of Small
Moulton, J.E. e Harvey, J.W. (1990). Tumors of the Lymphoid and Animal Oncology. British Small Animal Veterinary Associa-
Hematopoietic Tissues. In Tumors in Domestic Animals. J.E. tion. Worthing, West Sussex. 281-296.
Moulton. 3ª edição. University of California Press (Berke-
118
RPCV (2003) 98 (547) 119-124 REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Laboratório de Inspecção Sanitária - CIISA, Faculdade de Medicina Veterinária, Rua Prof. Cid dos Santos,
Polo Universitário do Alto da Ajuda, Lisboa, Portugal
Summary: A rapid method for the specific detection and enu- Introduction
meration of Listeria monocytogenes in milk was developed. This
method is based on Fluorescent In Situ Hybridization (FISH),
using a fluorescent 19-mer oligonucleotide probe, homologous Listeria monocytogenes is a foodborne pathogen
to 16S rRNA of L. monocytogenes, and adapted from a dot-blot able of causing either outbreaks or sporadic episodes
hybridization technique (Wang et al., 1991). The protocol was of listeriosis. The organism has been incriminated in
established through the hybridization of 68 reference strains, foodborne diseases promoted by a wide variety of
and tested against 114 Listeria cultures isolated from food and food products, in many countries, since the 1980s
environmental samples, including L. monocytogenes, L. innocua,
L. ivanovii, L. grayi, L. seeligeri and L. welshimeri. The probe (Sutherland and Porritt, 1997). In 1997, the worldwide
hybridized specifically to all L. monocytogenes serovars, and no incidence was two to five cases/million population
cross hybridization was observed with any of the other strains (Rocourt and Cossart, 1997), and although infection
tested. The protocol was then applied to the direct detection of can be treated successfully with antibiotics, between
L. monocytogenes in natural and artificially contaminated milk 20 and 40% of the cases are fatal (McLauchlin, 1996).
samples, and the relation between the traditional plating method
and FISH cell counting was evaluated. Results show that FISH Recently in the United States, listeriosis was estimated
is a promising technique for the rapid detection and enumeration as the second largest identified cause of death from a
of L. monocytogenes in food and environmental samples, allo- foodborne disease (Mead et al., 1999), which justifies
wing positive identification in approximately seven hours, with the continued analysis of the causative organism, L.
a consumable cost of 0.45 to 3.0 euro, depending on the number monocytogenes.
of simultaneously processed samples.
The development of methods for the rapid detection
Resumo: Foi desenvolvido um método rápido para a detecção of L. monocytogenes in food is therefore critical for
específica e contagem de Listeria monocytogenes em leite. Este ensuring food safety. Traditional plating methods are
método baseia-se na técnica Fluorescent In Situ Hybridization well established, but complex and time consuming.
(FISH), e recorre a uma sonda fluorescente de 19 oligonucleó- They depend upon the obtention of pure cultures and
tidos, homóloga ao 16S rRNA de L. monocytogenes, e adaptada
de uma técnica de hibridação dot-blot (Wang et al., 1991). O include long steps of pre-enrichment, enrichment,
protocolo foi estabelecido através da hibridação de 68 estirpes selection and identification. For L. monocytogenes,
de referência, e testado em 114 isolados de Listeria obtidos positive results are only obtained after 5 days. Scien-
a partir de amostras de alimentos e ambientais, incluindo L. tific advances over the past years resulted in the deve-
monocytogenes, L. innocua, L. ivanovii, L. grayi, L. seeligeri e lopment of faster, more sensitive and more specific
L. welshimeri. A sonda hibridou especificamente com todas as
serovariedades de L. monocytogenes, não se tendo observado methods for the detection of pathogenic microorga-
hibridações cruzadas com as outras estirpes. O protocolo foi nisms. These methods, which include immunomag-
aplicado à detecção directa de L. monocytogenes em amostras de netic techniques, biochemical kits (Olsen et al., 1995)
leite naturais e contaminadas artificialmente, e a relação entre o and molecular techniques, such as PCR (Jaton et al.,
método de plaqueamento tradicional e a contagem de células por 1992; Lantz et al., 1994; Wang et al., 1997; Ingianni
FISH foi avaliada. Os resultados demonstram que esta técnica é
promissora para a detecção rápida e contagem de L. monocyto- et al., 2001) and FISH, eliminate the need for pure
genes em amostras de alimentos e ambientais, permitindo a sua cultures and give results in 3-8 hours.
identificação positiva em aproximadamente sete horas, com um The FISH technique, already applied to clinical
custo entre 0,45 e 3,0 euro, dependendo do número de amostras investigation of faeces (Sghir et al., 2000), urine
processadas simultaneamente. and blood, and to the microbiological analysis of
water (Kenzaka et al., 1998), soils, activated sludges
* Corresponding author: e-mail: bernardo@fmv.utl.pt; telephone (Wagner et al., 1994) and biofilms (Poulsen et al.,
213652846, fax 213652882. 1993), is based on the hibridization of specific geno-
119
Oliveira, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 119-124
Oligonucleotide probes
120
Oliveira, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 119-124
Table 1 – Reference strains tested by FISH with the specific protocol for L. monocytogenes
Species Serotype Strain Code Positive hybridisation
RL-2 Eub338 Non338
Citrobacter freundii CECT401T 0 1 0
Edwardsiella tarda CECT849T 0 1 0
Enterobacter aerogenes CECT684T 0 1 0
Enterobacter cloacae CECT194T 0 1 0
Enterococcus hirae DSMZ20160T 0 1 0
Enterococcus faecium DSMZ20477T 0 1 0
Enterococcus faecalis DSMZ20478T 0 1 0
Enterococcus gallinarum DSMZ20628T 0 1 0
Enterococcus durans DSMZ20633T 0 1 0
Enterococcus avium DSMZ20679T 0 1 0
Enterococcus casseliflavus DSMZ20689T 0 1 0
Enterococcus pseudoavium DSMZ5632T 0 1 0
Escherichia coli O127a CECT352 0 1 0
O1 CECT515NT 0 1 0
O25 CECT685 0 1 0
O111 CECT727 0 1 0
HfrK12 CECT4624 0 1 0
O157:H7 CECT4782; CDC3834 0 2 0
Klebsiella pneumoniae CECT143T 0 1 0
Klebsiella aerogenes NCTC418 0 1 0
Listeria grayi CECT931T 0 1 0
Listeria innocua CECT910T; NCTC11288 0 2 0
Listeria ivanovii CECT913T; NCTN11846 0 2 0
Listeria monocytogenes 1a CECT932; CECT4031T 2 2 0
1/2a CIP104794 1 1 0
1/2b CECT936 1 1 0
1/2c CECT 911 1 1 0
3b CECT937 1 1 0
4a CECT934 1 1 0
4b CECT935; CECT4032 2 2 0
4c CECT939; CIP78.39 2 2 0
6 CECT941 1 1 0
Others NCTC11994; L7946; L7947; L2036C; ScottA 5 5 0
Listeria seeligeri CECT917T 0 1 0
Listeria welshimeri CECT919T 0 1 0
Morganella morganii CECT173T 0 1 0
Pantoea agglomerans CECT850T 0 1 0
Proteus mirabilis CECT4168T 0 1 0
Proteus vulgaris NCTC4175 0 1 0
Pseudomonas aeruginosa ATCC27853 0 1 0
Salmonella anatum K84 0 1 0
derby K1205 0 1 0
dublin K65 0 1 0
enteritidis CECT4300; K64 0 2 0
heidelberg CIS154 0 1 0
infantis K158 0 1 0
newport K50 0 1 0
typhimurium CECT443; NCTC74 0 2 0
Serratia marcesens NCTC1377 0 1 0
Shigella dysenteriae CECT584T; NCTC4837 0 2 0
Staphylococcus aureus ATCC25923 0 1 0
Staphylococcus Epidermidis NCTC4276 0 1 0
Streptococcus faecalis NCTC5213 0 1 0
Streptococcus faecium NCTC1377 0 1 0
Yersinia enterocolitica CECT4315T 0 1 0
ATCC – American Type Culture Collection; CDC – Central Disease Control; CECT – Colección Española de Cultivo Tipo; CIS – WHO Collaborating Centre for Reference and Research
on Salmonella, Collection de l’Institut Pasteur; DSMZ – Deutsch Sammlung für Mikroorganismen; K – Statens Seruminstitut; NCTC – National Collection Type Cultures.
121
Oliveira, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 119-124
Table 2 – Bacterial strains isolated from food and environmental samples and tested with the specific FISH protocol for L. monocyto-
genes
Origin Species Serotype Total Positive Hybridisation
RL-2 Eub338 Non338
Environment Seagull L.monocytogenes 1/2a 1 1 1 0
Faeces 1/2b 4 4 4 0
4b 13 13 13 0
L. welshimeri 2 0 2 0
Silages L.monocytogenes 4b 2 2 2 0
L. innocua 2 0 2 0
Food Milk L.monocytogenes 1/2a 1 1 1 0
1/2b 8 8 8 0
L. innocua 1 0 1 0
L. ivanovii 3 0 3 0
L. seeligeri 1 0 1 0
Turkey L.monocytogenes 1/2a 1 1 1 0
1/2b 1 1 1 0
L. grayi 2 0 2 0
L. welshimeri 4 0 4 0
Fish L.monocytogenes 1/2a 1 1 1 0
1/2b 1 1 1 0
4b 35 35 35 0
Meat L.monocytogenes 1/2b 7 7 7 0
4b 6 6 6 0
L. grayi 2 0 2 0
L. innocua 2 0 2 0
L. seeligeri 3 0 3 0
Chicken L.monocytogenes 1/2a 7 7 7 0
1/2b 2 2 2 0
3b 2 2 2 0
Table 3 – Determination of the bacteria concentration through none hybridized with Non338 (Table 2).
the conventional methods and the FISH technique (bacteria/ml) The applicability of the FISH protocol for the direct
Milk Samples Quantification L. monocytogenes 4b detection and enumeration of L. monocytogenes
method in food samples was also tested. The protocol was
Natural Plating 0 applied to milk samples, and it allowed the detection
FISH 0 and enumeration of bacteria in the contaminated sam-
Inoculated Plating 9.0 x 10 (± 4.1 x 106)a
7 ples. The bacteria quantification obtained by the FISH
technique and the conventional bacteriological method
FISH 2.0 x 109 (± 5.0 x 108)b
were studied, by comparing results obtained by colony
The results correspond to the average values from 5 assays,
a,b counting and by the number of hybridized cells in 20
performed in duplicate (± standard deviation). microscope fields. It was found that the FISH techni-
que could count 100 x more bacteria than the plating
CECT941 and L. monocytogenes L2036C were posi-
method (Table 3).
tive, but weak. No cross hybridization was observed to
any of the other non-L. monocytogenes strains tested.
All 68 reference strains were able to hybridize with Discussion
Eub338, and none hybridized with Non338 (Table 1).
The applicability of the FISH technique to detect A specific FISH protocol for the rapid detection
bacterial strains isolated from food and environmental and enumeration of L. monocytogenes was developed,
samples was tested against 114 Listeria cultures, inclu- using a fluorescent 19-mer oligonucleotide probe,
ding 92 L. monocytogenes samples, corresponding homologous to 16S rRNA of L. monocytogenes (Wang
to different serotypes. All L. monocytogenes cultures et al., 1991). Although this probe was originally used
showed positive hybridization signal with RL-2 (Fig. in a dot-blot hybridization technique, its characteris-
1A), and no cross hybridization was observed with any tics were ideal for application in FISH: it is specific
of the other Listeria strains tested (Fig. 1B and 1C). for L. monocytogenes (Wang et al., 1991); its target
All strains were able to hybridize with Eub338, and is the 16S rRNA subunit, a conserved gene, present in
122
Oliveira, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 119-124
A B C
a high number of copies in the cell (> 104 copies per This protocol was tested against 68 reference strains,
cell), which represent enough targets so that the cell including 24 Listeria strains, 17 of which correspond
becomes visible through FISH (Amann et al., 1995); to different serotypes of L. monocytogenes. Only L.
its size, 19 oligonucleotides, allows the penetration monocytogenes strains were able to hybridize with RL-
through the cell wall, reducing the time and the tem- 2, and no cross hybridization was observed with any
perature required for hybridization; and its melting of the other strains tested. Fifteen L. monocytogenes
temperature, determined by the G+C content, is 48 ºC, strains yielded a strong hybridization signal with RL-
in accordance with the recommended range of 60 ºC ≥ 2, and the hybridization signal of L. monocytogenes
Tm ≥ 46 ºC (Fuchs et al., 1998; Fuchs et al., 2000). CECT941 (serovar 6) and L. monocytogenes L2036
The protocol was established through the hybridi- was positive, but weak. Differences between the inten-
zation with reference strains. The first step was the sity in the hybridization signal might be related with
fixation of the bacterial cells, which should be done differences in the ribosome content of the cell (Amann
in the exponential growth phase, in order to guarantee et al., 1995).
the maximum number of ribosomes (Rice et al., 1997). The protocol was applied to 114 Listeria indigenous
This step is crucial, since it allows the immobilization isolates, obtained from food and environmental samples,
of the cells, facilitates the penetration of the probe, including 92 strains of L. monocytogenes, corresponding
protects the ribosomes from degradation by endoge- to four serovars. All L. monocytogenes cultures showed
nous RNase activity, and maintains the morphological positive hybridization signals and no cross hybridization
structure of the cells (Amann et al., 1995). There are was observed to any of the other Listeria species tested.
several protocols for the fixation of the cells. We used After its optimisation, the FISH protocol was applied
a paraformaldehyde solution, with an additional step of to the direct detection in milk samples. To evaluate
permeabilisation of the membrane through dehydration weather or not this technique could be implemented
in 70 and 96 % ethanol. This additional step is someti- in food safety analysis, it was necessary to estimate
mes necessary, in order to allow the penetration of the the relation between CFU and the FISH cell counting.
probe (Meier et al., 1999). With that purpose, tenfold dilutions from natural and
The next step was the hybridization of the probe artificially contaminated sheep milk were simultane-
and the target sequence. The probe was diluted in a ously analysed by the conventional method and the
hybridization solution, to a concentration of 5 ng/µl FISH technique. In all assays, the sensitivity of the
(Wallner et al., 1993). This concentration should be FISH technique was 100 x superior to the plating
determined in order to allow the maximum velocity method, as already reported (Auty et al., 2001; Oli-
of hybridization and the minimum of non-specific veira and Bernardo, 2002). This can be explained by
staining (Wallner et al., 1993). The composition of the the detection of non-viable cells that still have mRNA
hybridization solution and the hybridization tempera- molecules, by the observation of individual cells,
ture determined the stringency conditions necessary even when organised in aggregates, and by variations
for the discrimination between strains with two misma- in the sample distribution along the total area of the
tches, which include the related species L. innocua and slide well, which may affect the determination of the
L. ivanovii (Wang et al., 1991), allowing the specific number of hybridized cells/ml.
detection of L. monocytogenes. The buffer used in the These results suggest that the FISH technique can
following washing step should provide the same strin- be used for the rapid and specific detection of L.
gency conditions as the hybridization buffer. This step monocytogenes in food samples, although the appli-
is crucial for the elimination of non-bonded probe and cation of this methodology to pathogen quantification
non-specific hybrids. needs to be optimised. This technique allows positive
123
Oliveira, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 119-124
results in approximately 7 hours, with a consumable Listeria monocytogenes in soft cheese through use of an aque-
cost of 0.45 to 3.0 euro, depending on the number of ous two-phase system as a sample preparation method. Appl.
Environ. Microbiol. 60, 3416-3418.
simultaneously processed samples.
McLauchlin, J. (1996). The relationship between Listeria and liste-
Acknowledgements riosis. Food Control. 7, 187-193.
Mead, P. S., Slutsker, L., Dietz, V., Mccaig, L. F., Bresee, J. S., Sha-
piro, C., Griffin, P. M. and Tauxe, R. V. (1999). Food Related
We thank Sergi Ferrer (Universitat Valência), Ana illness and death in the United States. Emerging Infectious
Tenreiro and Rogério Tenreiro (Faculdade de Ciências Diseases. 5, 607-625.
de Lisboa) for technical and scientific support. Meier, H., Amann, R., Ludwig, W. and Schleifer, K. H. (1999). Spe-
The work was supported by the following projects: cific oligonucleotide probes for in situ detection of a major
CIISA43, POCTI/CVT/43252/2001, POCTI/ESP/ group of gram-positive bacteria with low DNA G+C content.
System. Appl. Microbiol. 22, 186-196.
39233/2001. M. Oliveira has a PhD grant from Funda-
Oliveira, M. and Bernardo, F. (2002). “Fluorescent In Situ Hybridi-
ção Ciência e Tecnologia (BD 905/2000). zation” aplicado à detecção rápida de Salmonella de origem
alimentar e ambiental. Revista Portuguesa de Ciências Veter-
inárias. 97, 81-85.
References Olsen, J. E., Aabo, S., Hill, W., Notermans, S., Wernars, K.,
Granum, P. E., Popovic, T., Rasmussen, H. N. and Olsvik,
Amann, R., Ludwig, W. and Schleifer, K. (1995). Phylogenetic Æ. (1995). Probes and polymerase chain reaction for detec-
identification and in situ detection of individual microbial tion of food-borne bacterial pathogens. Int. J. Food Microbiol.
cells without cultivation. Microbiol. Rev. 59, 143-169. 28, 1-78.
Amann, R., Fuchs, B. M. and Behrens, S. (2001). The identification Poulsen, L. K., Ballard, G. and Stahl, D. A. (1993). Use of rRNA
of microorganisms by Fluorescent In Situ Hybridisation. Cur. Fluorescent In Situ Hybridization for measuring activity of
Op. Biotechnol. 12, 231-236. single cells in young and established biofilms. Appl. Environ.
Auty, M. A. E., Gardiner, G. E., McBrearty, S. J., O’Sullivan, E. O., Microbiol. 59, 1354-1360.
Mulvihill, D. M., Colins, J. K., Fitzgerald, G. F., Staton, C. Rice, J., Sleigh, M. A., Burkill, P. H., Tarran, G. A., O’Connor, C.
and Ross, R. P. (2001). Direct in situ viability assessment of D. and Zubkov, M. V. (1997). Flow cytometric analysis of
bacteria in probiotic dairy products using viability staining in characteristics of hybridization of species-specific fluorescent
conjunction with confocal scanning laser microscopy. Appl. oligonucleotide probes to rRNA of marine nanoflagellates.
Environ. Microbiol. 67, 420-425. Appl. Environ. Microbiol. 63, 938-944.
Christensen, H., Hansen, M. and SØrensen, J. (1999). Counting Rocourt, J. and Cossart, P. (1997). Listeria monocytogenes. In Food
and size classification of active soil bacteria by fluorescence Microbiology – Fundamentals and Frontiers. (Eds. Doyle,
in situ hybridization with an rRNA oligonucleotide probe. M.P., Beauchat, L.R. and Montville, T.J.) pp. 337-352. Wash-
Appl. Environ. Microbiol. 65, 1753-1761. ington DC. American Society for Microbiology.
Fuchs, B. M., Wallner, G., Beisker, W., Schwippl, I., Ludwig, W. Sghir, A., Gramet, G., Suan, A., Rochet, V., Pochart, P. and Dore,
and Amann, R. (1998). Flow cytometric analysis of the in situ J. (2000). Quantification of bacterial groups within fecal
accessibility of Escherichia coli 16S rRNA to fluorescently flora by oligonucleotide probe hybridization. Appl. Environ.
labelled oligonucleotide probes. Appl. Environ. Microbiol. Microbiol. 66, 2263-2266.
64, 4973-4982. Sutherland, P. and Porritt, R. (1997). Listeria monocytogenes. In
Fuchs, B. M., Glöckner, F. O., Wulf, J. and Amann, R. (2000). Foodborne Microorganisms of Public Health Significance
Unlabelled helper oligonucleotides increase the in situ acces- (Eds. Hocking, A.D., Arnold, G., Jenson, I., Newton, K. and
sibility to 16S rRNA of fluorescently labelled oliginucleotides Sutherland, P.) pp. 335-378. Australia.Australian Institute of
probes. Appl. Environ. Microbiol. 66, 3603-3607. Food Science and Technology Inc. (AIFST), NWS Branch,
Guerra, M. M., McLauchlin, J. and Bernardo, F. A. (2001). Listeria Food Microbiology Group.
in ready-to-eat and unprocessed foods produced in Portugal. Wagner, M., Amus, B., Hartmann, A., Hutzler, P. and Amann, R.
Food Microbiol. 18, 423-429. (1994). In situ analysis of microbial consortia in activated
Ingianni, A., Floris, M., Palomba, P., Madeddu, M. A., Quartuccio, sludge using fluorescently labelled rRNA-targeted oligonu-
M. and Pompei, R. (2001). Rapid detection of Listeria mono- cleotide probes and confocal scanning laser microscopy. J.
cytogenes in foods, by a combination of PCR and DNA probe. Microsc. 176, 181-187.
Mol. Cell. Probes. 15, 275-280. Wallner, G., Amann, R. and Beisker, W. (1993). Optimizing fluores-
Jaton, K., Sahli, R. and Billie, J. (1992). Development of polymerase cent in situ hybridization with rRNA targeted oligonucleotide
chain reaction assays for detection of Listeria monocytogenes probes for flow cytometric identification of microorganisms.
in clinical cerebrospinal fluid samples. J. Clin. Microbiol. 30, Cytometry. 14, 136-143.
1931-1936. Wang, R. -F., Cao, W. -W. and Johnson, M. G. (1991). Development
Kenzaka, T., Yamaguchi, N., Tani, K. and Nasu, M. (1998). of a 16S rRNA-based oligomer probe specific for Listeria
rRNA-targeted Fluorescent In Situ Hybridization analysis of monocytogenes. Appl. Environ. Microbiol. 57, 3666-3670.
bacterial community structure in river water. Microbiol. 144, Wang, R. -F., Cao, W.-W. and Cerniglia, C. E. (1997). A universal
2085-2093. protocol for PCR detection of 13 species of foodborne patho-
Lantz, P. -G., Tjerneld, F., Borch, E., Hahn-Hagerdal, B. and Råd- gens in foods. J. Appl. Microbiol. 83, 727-736.
ström, P. (1994). Enhanced sensitivity in PCR detection of
124
RPCV (2003) 98 (547) 125-134 REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Resumo: O estudo foi conduzido com o objectivo de avaliar a significant interaction (P<0.01) in the intestinal segments for
o uso de diferentes probióticos sobre a morfometria e a ultra- crypt depth. The non administration of probiotic in drinking
estrutura da mucosa intestinal de frangos. Foram utilizadas no water has provided significantly higher villus densities in all
total 28 aves (4 aves por tratamento), distribuídas em um deli- segments of the small intestine. Thus, no beneficial effects were
neamento ao acaso em esquema factorial 3 x 2 + 1 (3 fontes seen in intestinal morphology when the probiotics were used.
de probióticos na ração, 2 níveis de concentração de probiótico
na água de bebida e 1 testemunha - controle negativo). Aos 42
dias, observou-se que as aves pertencentes ao grupo controle
apresentaram significativamente (P<0,01) uma menor altura e Introdução
perímetro de vilo no duodeno em relação as aves que receberam
os probióticos, não sendo observada esta diferença no jejuno e
no íleo. Um aumento significativo foi obtido na altura de vilo A sobrevivência e o bom desempenho das aves
(duodeno) e no perímetro (duodeno e jejuno) com o uso do pro- dependem da obtenção adequada de energia e com-
biótico na água de bebida. Observou-se a menor profundidade de postos químicos pelo organismo. Para que isso ocorra
cripta (P<0,01) com o uso do probiótico na ração contendo Sac- é necessário que o tracto digestivo apresente caracte-
charomyces cerevisiae. Houve interacção significativa (P<0,01) rísticas estruturais funcionais desde a ingestão dos ali-
na profundidade de cripta em todos os segmentos intestinais
analisados. A não administração do probiótico na água de bebida mentos até à sua absorção (Romer e Parsons, 1981).
proporcionou significativamente maiores densidades de vilo, em O sistema digestivo das aves, à semelhança do que
todos os segmentos do intestino delgado. Como conclusão, não ocorre com o sistema termorregulador e o imunoló-
foram encontrados benefícios na morfologia intestinal das aves gico, sofre um processo de maturação no período pós-
com o uso dos probióticos. eclosão, sendo que há uma maior necessidade em se
Summary: This study was conducted to evaluate the effect of estudar os seus processos de desenvolvimento.
different probiotics on the intestinal mucosa structure and ultras- Sabe-se que o desenvolvimento da mucosa intestinal
tructure of broilers chickens. 28 Cobb male chicks were distri- é decorrente de dois eventos citológicos primários
buted in a completely randomised design in a 3 x 2 + 1 factorial associados: renovação celular (proliferação e diferen-
arrangement (3 probiotic sources in the diet, 2 probiotic concen- ciação), resultante das divisões mitóticas sofridas por
trations in drinking water and 1 negative control). To the 42 days
of age, it was observed that the birds pertaining to the control células totepotentes localizadas na cripta e ao longo
group had presented significantly (P<0.01) a lesser height and dos vilos (Uni et al., 1998; Uni et al., 2000) e a perda
villus perimeter in the duodenum in relation to the birds that de células por descamação, que ocorre naturalmente
received probiotic, not being observed this difference in the jeju- no ápice dos vilos. O equilíbrio entre esses dois pro-
num and in the ileum. A significant increase was obtained in the cessos é determinado por uma taxa de renovação cons-
villus height (duodenum) and in the perimeter (duodenum and
jejunum) with the use of probiotic in drinking water. Crypts with tante e, portanto, a capacidade digestiva e de absorção
smaller depths (P<0.01) were seen with the use of a probiotic intestinal.
in the diet that contained Saccharomyces cerevisiae. There was Segundo Yamauchi e Ishiki (1991), a densidade de
vilos é diferente nas várias porções intestinais (duo-
* Correspondente: e-mail erlpelicano@yahoo.com.br. deno, jejuno e íleo), onde o número de vilos é redu-
Zootecnista, Mestre, Pós-graduanda em Produção Animal, zido aos 10 dias de idade, independente da raça. O
FCAV/UNESP. fato não implica em menor capacidade absortiva, e sim
a
Professores do Departamento de Tecnologia, FCAV/UNESP
b
Zootecnista, Mestre, Pós-graduando em Produção Animal, em maior desenvolvimento do vilo. Assim, o número
FCAV/UNESP de vilos/área é reduzido em função da idade, sendo
c
Zootecnistas observado uma redução maior no frango de corte em
d
Técnica do Laboratório de TPOA, FCAV/UNESP relação à poedeira. De acordo com Macari (1999) o
125
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
ração (a base de milho e soja) e água ad libitum, sendo tura de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e
que este período foi divido em três fases: fase inicial Bacillus licheniformis (1,6 x 109 UFC/g do produto);
(1 a 21 dias), onde as aves receberam uma dieta inicial 5 - probiótico adicionado na ração contendo uma mis-
contendo 2944 kcal/kg de ração de energia metabolizá- tura de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto)
vel e 23% de proteína bruta, 1,285% de lisina, 0,537% e Bacillus licheniformis (1,6 x 109 UFC/g do produto)
de metionina, 1,001% de Ca e 0,481% de P total. A e probiótico adicionado na água de bebida contendo
dieta de crescimento (22 a 35 dias) continha 3100 Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g do produto) e
kcal/kg de ração de energia metabolizável e 20% de Lactobacillus johnsonii (3,3 x 109 UFC/g do produto);
proteína bruta, 1,074% de lisina, 0,388% de metionina, 6 - probiótico adicionado na ração contendo Saccha-
0,913% de Ca e 0,377% de P total, enquanto que a romyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto); 7 -
dieta final ou de acabamento (36 a 42 dias de idade) probiótico adicionado na ração contendo Saccharomy-
continha 3200 kcal/kg de ração de energia metabolizá- ces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto) e probiótico
vel e 18% de proteína bruta, 0,935% de lisina, 0,333% adicionado na água de bebida contendo Lactobacillus
de metionina, 0,803% de Ca e 0,327% de P total. Os reuteri (6,6 x 109 UFC/g do produto) e Lactobacillus
outros níveis nutricionais foram aqueles recomendados johnsonii (3,3 x 109 UFC/g do produto).
pelo NRC (1994). Em nenhuma das fases de criação
foi adicionado agente anticoccidiano ou qualquer outro Dosagens dos probióticos na ração e na água
produto que pudesse ter acção antibiótica. de bebida
seriada, a uma espessura de 7 µm, 7 cortes histológicos Os diferentes probióticos administrados na ração não
foram colocados em cada lâmina, sendo corados pelas afectaram (P>0,05) a altura de vilos nos diferentes seg-
técnicas do PAS (Ácido Periódico de Shift), e obser- mentos intestinais.
vados a microscopia de luz. O estudo morfométrico Também observou-se aumento significativo na altura
da altura das vilosidades, do perímetro e da profun- de vilo do duodeno, com o uso do probiótico na água
didade das criptas intestinais (em µm) foi realizado de bebida, não sendo observado esse aumento para o
através do sistema analisador de imagens da Kontron jejuno e o íleo.
Elektronik (Vídeo Plan), acoplado a um microscópio A Tabela 3 apresenta os valores médios de perímetro
binocular. Em um total de 84 lâminas (7 tratamentos x de vilo, dos segmentos do intestino delgado de fran-
4 animais x 3 segmentos intestinais), foram efectuadas gos de corte submetidos a dietas contendo diferentes
90 leituras/lâmina (30 leituras para altura de vilo, perí- probióticos, aos 42 dias de idade. Para este parâme-
metro de vilo e profundidade de cripta), perfazendo tro, também foi observado que as aves pertencentes
no total 7560 leituras de microscopia de luz (1080 ao grupo controle apresentaram significativamente
leituras/tratamento). (P<0,01) um menor perímetro de vilo duodenal, em
A altura de vilo foi medida a partir da região basal relação as aves que receberam os probióticos, não per-
do vilo, coincidente com a porção superior das criptas, sistindo esta observação para o jejuno e o íleo.
até ao seu ápice, sendo o mesmo efectuado nas deter- Da mesma maneira, os diferentes probióticos admi-
minações do perímetro, sendo que para esta última nistrados na ração não afectaram (P>0,05) o perímetro
medição contornou-se as reentrâncias presentes no de vilos nos diferentes segmentos intestinais.
vilo. As criptas foram medidas da sua base até a região Também foi observado que a administração do probi-
de transição cripta:vilosidade. ótico na água de bebida proporcionou maiores médias
(P<0,05) de perímetro de vilo no duodeno e jejuno, não
Ultra-Estrutura da Mucosa Intestinal - Microscopia sendo este facto observado para o íleo.
Electrónica de Varredura A Tabela 4 apresenta os valores médios de profun-
didade de cripta, dos segmentos do intestino delgado,
Para a microscopia electrónica de varredura, amos- de frangos de corte submetidos a dietas contendo
tras intestinais de duodeno, jejuno e íleo, com apro- diferentes probióticos, aos 42 dias de idade. Não houve
ximadamente 2 cm de comprimento foram extraídas diferença (P>0,05) na profundidade de cripta entre as
de cada ave. Após isto, fragmentos de 0,5 cm foram aves pertencentes ao grupo controle e as que receberam
fixados por 24 horas à 4oC em glutaraldeído 2,5% em os probióticos. Foi observado para todos os segmentos
tampão fosfato (0,1 M, pH 7,4) e pós-fixados em tetró- intestinais interacção significativa (P<0,01) entre os
xido de ósmio 1 % por 2 horas. A seguir, os fragmentos factores estudados, demonstrando que o efeito do pro-
foram desidratados em série de concentração crescente biótico na ração foi dependente do nível de concentra-
de etanol (70 a 100%). Seguindo a desidratação as ção do probiótico na água de bebida, na determinação
amostras foram submetidas a obtenção do ponto crí- da profundidade de cripta.
tico de secagem, utilizando CO2 (aparelho BAL-TEC), Observa-se ainda que os diferentes probióticos admi-
montadas em suporte, metalizadas com ouro paládio nistrados na ração afectaram (P<0,01) a profundidade
em aparelho DENTON VACUM DESK II, e observa- de cripta nos diferentes segmentos intestinais. O probi-
das em microscópio electrónico de varredura (JEOL- ótico contendo Saccharomyces cerevisiae proporcionou
JSM 5410). Para a mensuração do número de vilos, as menores profundidades no duodeno, jejuno e íleo em
as amostras foram eletronmicrografadas em 5 campos relação aos outros dois probióticos contendo Bacillus
distintos, totalizando 420 fotos (28 aves/3 segmentos/5 subtilis e a mistura de Bacillus subtilis e Bacillus liche-
campos). Foi verificada a escala da foto, mensurado o niformis, que não diferiram entre si (P>0,05).
campo de observação apresentado, através da largura Não houveram diferenças nas médias para a profun-
de comprimento, obtendo-se assim a área da foto. didade de cripta (P>0,05) com o uso de probióticos na
Feito isto, foram realizadas as contagens dos vilos de água de bebida em relação a sua não utilização.
cada campo e feita a relação número de vilos/µm2. A Tabela 5 apresenta os valores do desdobramento da
interacção (probiótico na ração x probiótico na água de
Resultados bebida) para a profundidade de cripta, dos segmentos
do intestino delgado de frangos de corte, aos 42 dias de
A Tabela 2 apresenta os valores médios de altura de idade.
vilo, dos segmentos do intestino delgado de frangos de Através do desdobramento da interacção observa-se
corte submetidos a dietas contendo diferentes probióti- que: para o probiótico administrado na ração contendo
cos, aos 42 dias de idade. Observa-se que as aves per- Bacillus subtilis, maiores profundidades de cripta
tencentes ao grupo controle apresentaram significativa- (P<0,01) são obtidas no duodeno e jejuno com a sua
mente (P<0,01) uma menor altura de vilo no duodeno associação com o probiótico na água de bebida con-
em relação as aves que receberam os probióticos, não tendo Lactobacillus reuteri e Lactobacillus johnsonii;
sendo observada esta diferença no jejuno e no íleo. para o probiótico administrado na ração, contendo a
128
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
Figura 1 - Eletronmicrografias de varredura das vilosidade intestinais do duodeno (D), jejuno (J) e íleo (I), de frangos de corte, aos 42 dias de idade,
alimentados com probiótico na ração durante toda a fase experimental, a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
mistura de Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis, área em relação àquelas que receberam os probióticos.
maiores profundidades de cripta (P<0,01) são obtidas Os diferentes probióticos administrados na ração não
no duodeno, jejuno e íleo sem o uso do probiótico na afectaram (P>0,05) a densidade de vilos/área nos dife-
água de bebida e; para o probiótico da ração contendo rentes segmentos intestinais.
Saccharomyces cerevisiae, maiores profundidades de A não administração do probiótico na água de bebida
cripta (P<0,01) são obtidas no jejuno com a sua asso- proporcionou significativamente maiores densidades
ciação com o probiótico na água de bebida contendo de vilo, em todos os segmentos do intestino delgado
Lactobacillus reuteri e Lactobacillus johnsonii. (Figuras 1, 2 e 3).
A Tabela 6 apresenta os valores da densidade de
vilos (número de vilo/1.145.306 µm2), dos segmentos
do intestino delgado de frangos de corte submetidos a Discussão
dietas contendo diferentes probióticos, aos 42 dias de
idade. Observa-se que as aves pertencentes ao grupo Através dos resultados observou-se que as aves
controle não diferiram (P>0,05) na densidade de vilos/ pertencentes ao grupo controle apresentaram signi-
Tabela 2 - Valores médios de altura de vilo no intestino delgado de frangos de corte alimentados com probióticos na ração e na água
de bebida aos 42 dias de idade
Altura de Vilo (µm)
Parâmetro Avaliado
Duodeno Jejuno Íleo
Controle vs Probióticos
Controle 794,21 b 928,20 a 616,95 a
Probióticos 1109,86 a
943,40 a
691,17 a
Teste F 16,22 ** 0,06 ns 2,36 ns
Teste F para Interacção R x A 0,82 ns 2,46 ns 1,90 ns
Probiótico na Ração (R)
Bacillus subtilis (1)
1128,55 a
954,79 a 732,37 a
Bacillus subtilis + Bacillus licheniformis (2)
1139,40 a 957,54 a 692,61 a
Saccharomyces cerevisiae (3)
1061,62 a
917,86 a
648,54 a
Teste F 0,67 ns 0,30 ns 1,76 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 182,95 143,62 112,86
Probiótico na Água de Bebida (A)
Sem Probiótico na Água de Bebida 1028,25 b
898,71 a 726,58 a
Com Probiótico na Água de Bebida
Lactobacillus reuteri + Lactobacillus johnsonii (4) 1191,46 a 988,08 a 655,76 a
Teste F 7,59 * 3,69 ns 3,75 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 123,23 96,73 76,02
Coeficiente de Variação (%) 13,63 12,10 13,16
a,b
Dentro de um mesmo factor, índices distintos na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) entre médias pelo teste de Tukey
(1)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
(2)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
(3)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
(4)
Probiótico fornecido na água de bebida, apenas no 1o dia de vida, a base de Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g) e Lactobacillus johnsonii (3,3
x 109 UFC/g)
129
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
Figura 2 - Eletronmicrografias de varredura das vilosidade intestinais do duodeno (D), jejuno (J) e íleo (I), de frangos de corte, aos 42 dias de idade,
alimentados com probiótico na ração durante toda a fase experimental, a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
ficativamente (P<0,01) menor altura e perímetro de ção celular (proliferação e diferenciação), resultante
vilo no duodeno, em relação àquelas que receberam das divisões mitóticas sofridas por células totepotentes
os probióticos. Esses resultados discordam dos obti- (stem cels) localizadas na cripta e ao longo dos vilos
dos por Loddi (1998), Sato (2001) e Chiquieri et al. (Uni et al., 1998; Applegate et al., 1999; Uni et al.,
(2003), que não observaram diferença na morfometria 2000) e perda de células (extrusão) que ocorre nor-
dos vilos entre os animais do grupo controle e os que malmente no ápice dos vilos, determinam um turno-
receberam probióticos. Pedroso (1999) ao administrar ver celular (síntese-migração-extrusão) constante, ou
probiótico na ração de galinhas poedeiras contendo seja, a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto,
Bacillus subtilis observou que a maior altura de vilo a manutenção da capacidade digestiva e de absorção
foi proveniente do tratamento cuja administração do intestinal. Entretanto, quando o intestino responde a
probiótico foi contínua, e que a menor altura foi decor- algum agente (microrganismos, por exemplo), com um
rente de sua não administração. desequilíbrio no turnover a favor de um dos processos
Sabe-se que o equilíbrio entre 2 processos: renova- citados acima, ocorre uma modificação na altura, bem
Tabela 3 - Valores médios de perímetro de vilo no intestino delgado de frangos de corte alimentados com probióticos na ração e na
água de bebida aos 42 dias de idade
Perímetro de Vilo (µm)
Parâmetro Avaliado
Duodeno Jejuno Íleo
Controle vs Probióticos
Controle 2851,50 b 3259,41 a 2312,45 a
Probióticos 3852,22 a
3320,25 a
2558,71 a
Teste F 18,48 ** 0,14 ns 2,81 ns
Teste F para Interacção R x A 1,77 ns 2,73 ns 1,75 ns
Probiótico na Ração (R)
Bacillus subtilis (1)
4025,48 a
3462,91 a 2722,13 a
Bacillus subtilis + Bacillus licheniformis (2) 3967,98 a 3406,94 a 2525,24 a
Saccharomyces cerevisiae (3)
3563,20 a
3090,90 a
2428,75 a
Teste F 2,73 ns 3,64 * 2,42 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 543,87 374,84 342,90
Probiótico na Água de Bebida (A)
Sem Probiótico na Água de Bebida 3646,94 b
3184,43 b 2658,59 a
Com Probiótico na Água de Bebida
Lactobacillus reuteri + Lactobacillus johnsonii (4)
4057,49 a 3456,07 a 2458,83 a
Teste F 5,43 * 5,01 * 3,24 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 366,32 252,47 230,96
Coeficiente de Variação (%) 11,63 8,98 10,78
a,b
Dentro de um mesmo factor, índices distintos na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) entre médias pelo teste de Tukey
(1)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
(2)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
(3)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
(4)
Probiótico fornecido na água de bebida, apenas no 1o dia de vida, a base de Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g) e Lactobacillus johnsonii (3,3 x
109 UFC/g)
130
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
Figura 3 - Eletronmicrografias de varredura das vilosidade intestinais do duodeno (D), jejuno (J) e íleo (I), de frangos de corte, aos 42 dias de idade,
alimentados com probiótico na ração durante toda a fase experimental, a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
como no perímetro dos vilos. Assim, se ocorrer um de adesão na mucosa intestinal, diminuindo a incidên-
aumento na taxa de mitose com ausência, diminuição cia de diarreias e melhorando a absorção dos nutrien-
ou manutenção da taxa de extrusão, deverá haver um tes disponíveis, sendo que esse mecanismo interfere
aumento no número de células e consequentemente um directamente no restabelecimento da mucosa intestinal,
aumento na altura e no perímetro dos vilos e até pre- aumentando a altura das vilosidades.
gueamento da parede dos mesmos. Se o estímulo levar O uso do probiótico na água de bebida contendo uma
a um aumento na taxa de extrusão, havendo manuten- mistura de Lactobacillus sp., proporcionou uma maior
ção ou diminuição na taxa de proliferação, o intestino altura de vilo no duodeno, bem como um maior perí-
deverá responder com uma redução na altura dos vilos metro de vilo no duodeno e no jejuno (P<0,05), sendo
e, consequentemente diminuição em sua capacidade esses resultados semelhantes aos obtidos por Dobro-
de digestão e absorção (Pluske et al., 1997). Segundo gosz et al. (1991), ao adicionarem Lactobacillus reu-
Ribeiro (1996), as células viáveis (probióticos) com- teri na ração de frangos de corte aos 42 dias de idade.
petem com os microrganismos patogénicos pelos sítios Com relação a profundidade de cripta, não foram
Tabela 4 - Valores médios de profundidade de cripta no intestino delgado de frangos de corte alimentados com probióticos na ração
e na água de bebida aos 42 dias de idade
Profundidade de Cripta (µm)
Parâmetro Avaliado
Duodeno Jejuno Íleo
Controle vs Probióticos
Controle 122,51 a
97,25 a 88,38 a
Probióticos 139,10 a
103,26 a
97,40 a
Teste F 2,27 ns 1,17 ns 1,45 ns
Teste F para Interacção R x A (5)
49,04 ** 40,20 ** 8,63 **
Probiótico na Ração (R)
Bacillus subtilis (1) 165,64 a 112,79 a 114,95 a
Bacillus subtilis + Bacillus licheniformis (2)
152,80 a 114,03 a 100,71 a
Saccharomyces cerevisiae (3)
98,85 b
82,96 b
76,53 b
Teste F 24,22 ** 23,47 ** 15,65 **
Diferença Mínima Significativa (5%) 25,68 12,95 17,50
Probiótico na Água de Bebida (A)
Sem Probiótico na Água de Bebida 140,27 a
102,67 a 98,61 a
Com Probiótico na Água de Bebida 137,92 a 103,86 a 96,18 a
Lactobacillus reuteri + Lactobacillus johnsonii (4)
Teste F 0,08 ns 0,08 ns 0,18 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 17,30 8,72 11,79
Coeficiente de Variação (%) 14,90 10,03 14,45
a,b
Dentro de um mesmo factor, índices distintos na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) entre médias pelo teste de Tukey
(1)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
(2)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
(3)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
(4)
Probiótico fornecido na água de bebida, apenas no 1o dia de vida, a base de Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g) e Lactobacillus johnsonii (3,3
x 109 UFC/g)
(5)
Desdobramento da Interacção apresentado na Tabela 5
131
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
Tabela 5 - Valores médios do desdobramento da interacção (Probiótico na Ração x Probiótico na Água de Bebida) para profundidade
de cripta no intestino delgado de frangos de corte aos 42 dias de idade
Parâmetro Avaliado Profundidade de Cripta (µm)
Probiótico na Ração (R)
Bacillus subtilis (R1) B. subtilis + Saccharomyces cerevi-
Probiótico na Água de Bebida (A) B. licheniformis (R2) siae (R3)
Duodeno
Sem Probiótico na Água de Bebida(A0) 124,97 Bb* 209,97 Aa 85,87 Ac
* Médias com letras distintas diferem entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05); maiúsculas na vertical e minúsculas na horizontal
( )
(R1)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
(R2)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
(R3)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
(A1)
Probiótico fornecido na água de bebida, apenas no 1o dia de vida, a base de Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g) e Lactobacillus johnsonii (3,3
x 109 UFC/g)
observadas diferenças neste parâmetro entre o grupo que não houve diferença na altura dos vilos com o uso
controle e os tratamentos que receberam os probióti- de diferentes probióticos na ração, no duodeno, jejuno
cos, sendo esses resultados semelhantes aos obtidos e íleo.
por Loddi (1998), entretanto contrários aos de Bradley A densidade de vilos por segmento intestinal foi
et al. (1994). decrescente na seguinte ordem: íleo, jejuno e duodeno,
Houve interacção significativa entre os factores sendo que esses resultados corroboram aos descritos
estudados (probiótico na ração x probiótico na água na literatura por Yamauchi e Ishiki (1991). De acordo
de bebida), onde a associação de Bacillus subtilis e com Macari (1995), a densidade e tamanho de vilos,
Saccharomyces cerevisiae à culturas de Lactobacillus bem como de microvilos, em cada segmento do
reuteri e Lactobacillus johnsonii foram decisivos para intestino delgado, confere características próprias aos
ocasionar maiores profundidades de cripta. Esses mesmos, sendo que na presença de nutrientes a capa-
resultados corroboram em partes aos obtidos por cidade absortiva é proporcional a densidade e tamanho
Dobrogosz et al. (1991) e Schwarz et al. (2002), que dos vilos ou seja, à área de superfície disponível para
também relataram maiores profundidades de cripta em absorção.
aves suplementadas com culturas de Lactobacillus sp. Independente da utilização de probióticos, a forma
Menores profundidades de cripta (P<0,01) foram dos vilos observada neste experimento reflectiu a
obtidas no duodeno, jejuno e íleo, das aves que rece- encontrada na literatura. Para o duodeno, as vilosida-
beram probiótico na ração a base da levedura Sac- des apresentaram-se mais esparsas, em menor número
charomyces cerevisiae, sendo que esses resultados e em formato de folhas, sendo o mesmo também rela-
concordam com os obtidos por Bradley et al. (1994). tado por Yamauchi e Ishiki (1991) e Sato (2001). O
Entretanto, Schwarz et al. (2002), observou que maio- jejuno apresentou um arranjo de vilosidades em forma
res profundidades de cripta foram obtidas com o uso de ziguezague, sugerindo às vezes um formato de
de Saccharomyces cerevisiae em relação ao uso de cul- onda, sendo esses resultados semelhantes aos obtidos
turas de Bacillus subtilis. De acordo com Pluske et al. por Loddi (1998) e Loddi (2003). Segundo Yamauchi e
(1997), maior valor de profundidade de cripta indica Ishiki (1991) esta forma de organização entre os vilos
maior actividade proliferativa celular, para garantir pode possibilitar uma estrutura mais eficiente de absor-
adequada taxa de renovação epitelial, compensando as ção de nutrientes do que quando os vilos se apresentam
perdas nas alturas das vilosidades, facto este contradi- em uma organização paralela ou aleatória. Isto ocorre-
tório ao que se observou neste experimento, uma vez ria porque o caminho percorrido pelo bolo alimentar
132
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
Tabela 6 - Valores médios da densidade de vilos (número de vilo/1.145.306 µm2) por segmento de intestino delgado de frangos de
corte alimentados com probióticos na ração e na água de bebida aos 42 dias de idade
Densidade de Vilos
Parâmetro Avaliado Duodeno Jejuno Íleo
Controle vs Probióticos
Controle 17 a 20 a 24 a
Probióticos 13 a 22 a 29 a
Teste F 2,65 ns 0,36 ns 2,84 ns
Teste F para a Interacção R x A 0,87 ns 0,02 ns 2,20 ns
Probiótico na Ração (R)
Bacillus Subtilis (1) 17 a 28 a 38 a
Bacillus subtilis + Bacillus licheniformis (2)
14 a
27 a
33 a
Saccharomyces cerevisiae (3) 18 a 27 a 36 a
Teste F 1,42 ns 0,05 ns 2,21 ns
Diferença Mínima Significativa (5%) 6,33 7,59 7,09
Probiótico na Água de Bebida (A)
Sem Probiótico na Água de Bebida 20 a 31 a 39 a
Com Probiótico na Água de Bebida
Lactobacillus Reuteri + Lactobacillus johnsonii (4)
14 b 24 b 32 b
Teste F 8,09 ** 7,53 * 9,07 **
Diferença Mínima Significativa (5%) 4,27 5,11 4,78
Coeficiente de Variação (%) 29,18 22,37 16,12
a,b
Dentro de um mesmo factor, índices distintos na mesma coluna indicam diferença significativa (P<0,05) entre médias pelo teste de Tukey
(1)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1010 UFC/g do produto)
(2)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Bacillus subtilis (1,6 x 109 UFC/g do produto) e Bacillus licheniformis (1,6
x 109 UFC/g)
(3)
Probiótico fornecido na ração durante toda a fase experimental a base de Saccharomyces cerevisiae (8 x 109 UFC/g do produto)
(4)
Probiótico fornecido na água de bebida, apenas no 1o dia de vida, a base de Lactobacillus reuteri (6,6 x 109 UFC/g) e Lactobacillus johnsonii (3,3 x
109 UFC/g)
seria maior no fluxo em ziguezague do que no fluxo morfométricos intestinais apenas do duodeno.
recto, possibilitando assim, um maior contacto entre os
nutrientes e a superfície absortiva do epitélio intestinal.
Agradecimentos
Para o íleo, todos os tratamentos apresentaram uma
grande densidade de vilos, dificultando até sua indi-
À Universidade Estadual Paulista - FCAV/
vidualização, sendo que os mesmos apresentaram um
Jaboticabal, pela oportunidade de desenvolver o expe-
formato de língua.
rimento.
As aves pertencentes ao grupo controle não diferi-
À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
ram na contagem de vilosidades intestinais em relação
À FAPESP pelo recurso financeiro.
àquelas que receberam probióticos, sendo que esses
resultados corroboram com os obtidos por Sato (2001)
e Loddi (2003). Bibliografia
Já o uso do probiótico na água de bebida proporcio-
nou significativamente menores densidades de vilo, em Applegate, T.J., Dibner, J.J., Kitchell, M.L., Uni, Z. e Lilburn, M.S.
todos os segmentos do intestino delgado; entretanto, (1999). Effect of turkey (Meleagridid gallopavo) breeder
hen age and egg size on poult development. 2. Intestinal
segundo Macari (1999) o fato de se possuir uma menor villus growth, enterocyte migration and proliferation of the
contagem de vilos por área não implica em menor turkey poult. Comparative Biochemistry Physiology, 124
capacidade absortiva por segmento, mas sim que (B): 381-389.
possa ter ocorrido um maior desenvolvimento do vilo Bradley, G.L., Savage, T.F. e Timm, K.I. (1994). The effects of
(altura), através do processo de estimulação directa ou supplementing diets with Saccharomyces cerevisiae var.
indirecta existente na mucosa, conforme observado boulardii on male poult performance and ileal morphology.
Poultry Science, 73, 1766-1770.
neste experimento. Chiquieri, J., Soares, R.T.R.N., Carvalho, E.C.Q., Lemos, L.S.
Como conclusão final, neste experimento, o uso de e Ventura, B.G. (2003). Altura das vilosidades intestinais
probióticos para frangos de corte não se mostrou van- de suínos alimentados com rações contendo diferentes
tajoso, mediante a observação de melhora nos índices promotores de crescimento. In: 40 o Reunião Anual da
133
Pelicano, E.R.L. et al. RPCV (2003) 98 (547) 125-134
134
RPCV (2003) 98 (547) 135-138 REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
135
Mattos, M.R.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 135-138
In rats, the vaginal epithelium is highly sensitive to maintained in natural light (approximately 12 h light /
hormone administration, permitting a reliable endpoint 12 h dark). The queens were randomly allotted to four
assessment of hormonal imbalance (Banik and Herr, groups receiving different doses of eCG (IU/kg/IM) as
1969; Nagaoka et al., 2002). In contrast, the indirect follows: 0 (control group), 25, 40 and 60. The estrous
influence of exogenous gonadotrophins causing the cycles were daily monitored, with evaluation of the
steroidal hormones imbalance after ART procedures peculiar signs of each phase according to previous
on the cellular pattern of the vaginal epithelium of studies (Banks, 1986; Johnston et al., 2001; Silva et
cats is poorly known. Indeed, due to the sensitivity of al., 2001). On the fifth day of interestrus, the queens
the vaginal epithelium to steroid hormones, vaginal received a single injection of eCG. The control group
cytology may be an indirect parameter for the deter- was considered as natural estrus and received only
mination of the hormonal environment of gonadotro- 1 mL of saline solution (0.9%). After hormonal or
phin-induced estrus in cats. Thus, it is very important placebo injection, the queens were exposed daily to
to establish reliable endpoints for the assessment of the toms until male acceptance, although at that time
the individual hormonal milieu of queens with gona- mating was prevented by us. Twenty-four and 48 h
dotrophin-induced estrus queens in order to assess the after the first day of male acceptance by queens, four
consequences of ART procedures. mating episodes were allowed to occur over a period
Thus, as the action of equine chorionic gonadotro- of two hours. It is important to point out that this study
phin (eCG) and FSH are similar concerning the relea- is part of a wide trial which evaluates the effects of
sing of estrogens, the purpose of the present study was gonadotrophins on different reproductive parameters
to access the possibility of the indirect influence on the (data not shown). This explains the mating procedures
vaginal cellular profile of queens by ovarian stimula- cited above. Thus, only vaginal cytology findings will
tion with progressive increasing doses of eCG. be mentioned.
Animals and treatments Ten to 15 minutes after the last mating, vaginal cells
were obtained by gently passing a sterile cotton-tipped
Forty-seven adult intact undefined breed cats (Felis swab into the vaginal canal followed by a quick 180º
catus) were used in this trial, 42 queens (body weight rotation. The cells were transferred to one or two
2.5 to 4.8 kg), and five toms (3.5 to 5.8 kg). The ani- slides, air dried, and immediately fixed with 100%
mals were housed in individual cages (80 x 60 x 60 ethanol. The smears were stained with hematoxylin
cm) and fed a dry maintenance cat food (Eukanuba and eosin, modified (Mattos et al., 2001b). A total
Chiken and Rice Formula, Kitekat and Gatsy) and of 135 vaginal smears were obtained from the four
water ad libitum throughout the study. In addition, they different treatments on the second and third days of
were kept free in a commun solarium with sufficient permitted mating. Twenty-six slides were prepared for
material for distraction for at least four hours/day. The the control group, 36 for the 25 IU group, 34 for the 40
experiment was accomplished from February to June IU group, and 39 for the 60 IU group.
of 2002, in the Fortaleza city, Northeastern Brazil,
situated at 3º 43’ 47” South and 38º 30’ 37” West. In Evaluation of vaginal cells
this region there are few differences in number of hour
per day along the year and the queens show estrous Smears were examined under a light microscope at
cycle during all year. In this work, the queens were magnifications of X32, X100, X400 and X1000. Two-
Figure 1 - Percentage of epithelial vaginal cells (mean ± SEM) of the Figure 2 - Percentage of epithelial vaginal cells (mean ± SEM) of exfo-
vaginal smears from 42 domestic queen (Felis catus) in natural (control) liates vaginal smears of domestic queen (Felis catus) at first and second
or induced estrus at different doses of eCG. PB - Parabasal; SI - Small days of mating. PB - Parabasal; SI - Small intermediate; LI - Large
intermediate; LI - Large intermediate; NS - Nucleated superficial; AS - intermediate; NS - Nucleated superficial; AS - Anucleated superficial. p
Anucleated superficial. p ≤ 0.01. ≤ 0.01.
136
Mattos, M.R.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 135-138
hundred epithelial cells from each slide were evaluated this respect, examination of the cell profile by vaginal
and classified according to previous studies (Concan- cytology during the estrous cycle may be an inefficient
non e Digregorio, 1986; Shille et al., 1979; Mattos et tool for the evaluation of the hormonal environment in
al., 2001b) as: parabasal (PB), small intermediate (SI), cats with induced estrus.
large intermediate (LI), nucleated superficial (NS) In this trial, the profile of the epithelial cells detected
and anucleated superficial (AS). Blood cells, mainly on vaginal smears for feline estrus was similar to the
erythrocytes and neutrophils, as well as the presence of findings reported by other authors for feline natural
the mucus and cellular debris were also recorded. cycles (Mowrer et al., 1975; Herron, 1977; Mills et
al., 1979; Shille et al., 1979; Toniollo et al., 1995.
Statistical analysis Nascimento and Lopez, 1999; Aragão and Ferreira,
2000; Johnston et al., 2001). According to Johnston
All data were analyzed by SAS. Cell type data were et al. (2001), no cell debris were found. The presence
log transformed and were reported as mean ± SEM. of mucus and spermatozoa in all smears has also been
The effect of the different doses of eCG on the vaginal reported in previous studies (Mowrer et al., 1975;
cell profile was analyzed by General Linear Model Herron, 1977).
(GLM). Data for the control group and treated groups The vaginal epithelial profile was the same for the
were compared by Dunnett’s test. Student’s t test was first and second day of mating (Figure 2), suggesting
performed to compare each treatment as well as the that collection of a vaginal smear with a swab and
mean of all groups on the first and second days of mating do not alter exfoliated cells. In addition, the
mating acceptance. Values were considered statistically interval of one day during estrus also caused no chan-
significant when p<0.01. ges in cell profile. Interestingly, some cat breeders
believe that mating causes vaginal bleeding which
is necessary for conception. However, in the present
Results trial as well as in all the available scientific literature
the erythrocytes were absent (Mowrer et al., 1975;
Figure 1 shows that there was no difference in the
Herron, 1977; Shille et al., 1979; Mills et al., 1979;
percentage of epithelial vaginal cells from the vaginal
Nascimento and Lopez, 1999; Johnston et al., 2001).
smears obtained for each treatment. Similarly, no diffe-
In addition, according to Johnston et al. (2001), exclu-
rences in cell type were detected between the first and
ding anestrus and the pregnancy/pseudopregnancy
second day of mating within each group or when the
phases of the estrous cycle, white blood cells are
mean for all groups were compared (Figure 2). Few
usually absent or rarely found in vaginal smears from
parabasal cells and small and large intermediate cells
queens. In addition, in contrast to canine vaginal
were present, in contrast to nucleated and anucleated
smears, no erythrocytes are observed in queens during
superficial cells. No cell debris were found in any
proestrus/estrus.
smear. In contrast, mucus and spermatozoa were detec-
In conclusion, the cellular pattern of the vaginal epi-
ted in all smears. Concerning blood cells, neutrophils
thelium of queens with eCG- ovarian stimulation at the
were not found in any smear and only one erythrocyte
schedule and dose used in the present study was simi-
was seen on one slide obtained on the second day of
lar to that of natural estrus. Thus, the indirect hormonal
mating from the 40 IU group. Thus, the presence of
stimulus of the vaginal epithelium was the same, even
neutrophils and erythrocyte was considered negligible
with progressive increasing doses of eCG.
in this trial.
The elapsed time, in days, between the application of
the treatment and the mating acceptance was of 18.03 Acknowledgements
± 7.69 for control group; 2.68 ± 1.12 for 25 UI group;
2.89 ± 1.36 for 40 UI; and 2.37 ± 1,65 for 60 UI. The authors wish to thank FUNCAP and CNPq for
fellowships, and EFFEM do Brasil for supplying Kite
Kat food. We also wish to thank Dr. Manuel Odorico
Discussion de Morais, Departamento de Farmacologia, Universi-
dade Federal do Ceará (UFC), and Margarida Maria de
Exogenous gonadotropin administration to cats
Lima Pompeu, Núcleo de Medicina Tropical – UFC,
causes several pathological alterations such as altered
for facilities.
cyclicity, exacerbated estrous behavior, follicular cysts,
feline mammary fibroadenoma, pyometra, and other
alterations (Dresser et al., 1987; Silva et al., 2001). References
On this basis, we speculated that gonadotropin would
have an indirect action on the differentiation of vaginal Aguiar, L., Madeira, V.L.H., Silva Júnior, F., Silva, F.M.O.,
epithelial cells observed by vaginal cytology. However, Monteiro, C.L.B., Silva, L.D.M., Simões-Mattos, L. and
Mattos, M.R.F. (2002). Transferência de embriões em
our findings rejected this hypothesis since each gona- gata doméstica (Felis catus). Rev Bras Rep Anim, Supl 5,
dotropin dose yielded the same results (Figure 1). In 152-154.
137
Mattos, M.R.F. et al. RPCV (2003) 98 (547) 135-138
Aragão, C.N. and Ferreira, A.M.R. (2000). The use of new method Nascimento, M.C.O. and Lopez, M.D. (1999). Estudo da
of collection material for colpocytological analysis in queens: sazonalidade reprodutiva em gatas domésticas através de
interdental brush. Rev Bras Ci Vet, 7, 47. exames citológicos. Rev Bras Rep Anim, 23, 205-207.
Banik, U.K., and Herr, F. (1969). Effects of medroxyprogesterone Orosz, S.E., Morris, P.J., Doody, M.C., Niemeyer, G.P., Cortelyou,
acetate and chlorpromazine on ovulation and vaginal cytol- L.E.J., Eaton, N.L., Lothrop, C.D. Jr. (1992). Stimulation of
ogy in a strain of 4-day cyclic rats. Can J Physiol Pharmacol, folliculogenesis in domestic cats with human FSH and LH.
47, 573-575. Theriogenology, 37, 993-1004.
Banks, D.R. (1986). Physiology and Endocrinology of the Feline Papanicolaou, G.N. (1942). A new procedure for staining vaginal
Estrous Cycle. In Current Therapy in Theriogenology, smears. Science, 95, 438-439.
Editor: D.A. Morrow. W.B. Saunders company (Philadel- Pope, C.E. (2000). Embryo technology in conservation efforts for
phia), 795-800. endangered felids. Theriogenology, 53, 163-174.
Barnes, F.L. (2000). The effects of the early uterine environment Roszel, J.F. (1977). Normal canine vaginal cytology. Vet Clin North
on the subsequent development of embryo and fetus. Theri- Am, 7, 667-681.
ogenology, 53, 644-658. Roth, T.L., Munson, L., Swanson, W.F. and Wildt, D.E. (1995).
Concannon, P.W. and Digregorio, G.B. (1986). Canine vaginal Histological characteristics of the uterine endometrium and
cytology. In Small animal reproduction and infertility. A corpus luteum during early embryogenesis and the relation-
clinical approach to diagnosios and treatment, Editor: T.J. ship to embryonic mortality in the domestic cat. Biol Reprod,
Burke. Lea and Febiger (Philadelphia), 96-111. 53, 1012-1021.
Dresser, B.L., Sehlhorset, C.S., Wachs, K.B., Keller, G.L., Gel- Roth, T.L., Wolfe, B.A., Long, J.A., Howard, J.G. and Wildt, D.E.
wicks, E.J. and Turner, J.L. (1987). Hormonal stimulation (1997). Effects of equine chorionic gonadotrophin, and
and embryo collection in the domestic cat (Felis catus). laparoscopic artificial insemination on embryo, endocrine,
Theriogenology, 28, 915-927. and luteal characteristics in the domestic cat. Biol Reprod,
Erunal-Maral, N., Findik, M. and Aslan, S. (2000). Use of exfolia- 57, 65-71.
tive cytology for diagnosis of transmissible venereal tumor Schramm, R.D. and Bavister, B.D. (1995). Effects of gonado-
and controlling the recovery period in the bitch. Dtsch Tier- trophins, growth hormone and prolactin on developmental
arztl Wochenschr, 5, 175-180. competence of domestic cat oocytes matured in vitro. Reprod
Goodrowe, K.L., Howard, J.G. and Wildt, D.E. (1986). Embryo Fertil Dev, 7, 1061-1066.
recovery and quality in the domestic cat: natural versus Shille, V.M., Lundström, K.E. and Stabenfeldt, G.H. (1979).
induced oestrus. Theriogenology, 25, 156. Follicular function in the domestic cat as determined by
Graham, L.H., Swanson, W.F. and Brown, J.L. (2000). Chorionic estradiol-17β concentrations in plasma: relation to estrous
gonadotrophin administration in domestic cats causes an behavior and cornification of exfoliated vaginal epithelium.
abnormal endocrine environment that disrupts oviductal Biol Reprod, 21, 953-963.
embryo transport. Theriogenology, 54, 117-1131. Silva, T.F.P., Mattos, M.R.F., Silva, A.R., Cardoso, R.C.S.,
Herron, M.A. (1977). Feline vaginal cytologic examination. Feline Pereira, B.S., Uchoa, D.C., Domingues, S.F.S., Ferreira,
Pract, 3, 36-39. M.A.L., Costa, S.H.F., Costa-Filho, J.C. and Silva, L.D.M.
Herron, M.A. and Sis, R.F. (1974). Ovum transport in the cat (2001). Sexual behaviour and ovarian response after FSHp
and the effect of estrogen administration. Am J Vet Res, 35, superovulation treatment in queens (Felis catus). Rev Bras
1277-1279. Rep Anim, 25, 375-377.
Johnston, S.D., Kustritz, M.V.R. and Olson, P.N.S. (2001). Canine Swanson, W.F., Horohov, D.W. and Godkle, R.A. (1995). Pro-
and feline theriogenology. W.B. Saunders Company (Phila- duction of exogenous gonadotrophin-neutralizing immu-
delphia). noglobulins in cats after repeated eCG-hCG treatment and
Mattos, M.R.F., Silva, T.F.P., Pereira, B.S., Uchoa, D.C., Cardoso, relevance for assisted reproductin in felids. J Reprod Fertil,
R.C.S., Silva, A.R., Domingues, S.F.S., Ferreira, M.A.L., 105, 35-41.
Costa, S.H.F., Costa-Filho, J.C. and Silva, L.D.M. (2001a) Swanson, W.F., Penfold, L.M. and Wildt, D.E. (1998). Develop-
Embryo transfer in the cat: first success in Latin America. mental capacity of IVF-derived domestic cat embryos fol-
Errata dos Anais do II Congresso Internacional de Medicina lowing transfer to naturally-estrous, GNRh-treated recipients.
Felina – CIMFEL [on CD-ROM], junho 14-17 de 2001, Rio Theriogenology, 49, 267.
de Janeiro, pp. 2-3. Disponível em: www.ncvonline.com.br. Toniollo, G.H., Cury, S.R., Vicente, W.R.R, Camacho, A.A., Garcia,
Mattos, M.R.F., Pereira, B.S., Simões-Mattos, L. and Silva, J.M. and Vantini, R. (1995). Colpocytology of estrous cycle
L.D.M. (2001b). Citologia vaginal esfoliativa em cadelas: in cat. Braz J Vet Res Anim Sci, 32, 125-129.
comparação de diferentes técnicas de coloração. Ci Anim, Vannucchi, C.I., Satzinger, S. and Santos, S.E.C. (1997). Técnicas
11(2), 140-143. de citologia vaginal como método de diagnóstico da fase do
Mills, J., Valli, V.E. and Lumsden, J.H. (1979). Cyclical changes of ciclo estral em cadelas. Clin Vet, 9, 14-19.
vaginal cytology in the cat. Can Vet J, 20, 95-101. Verstegen, J.P., Onclin, K., Silva, L.D.M., Donnay, I., Mettens, P.
Mowrer, B.S., Conti, P.A. and Rossow, C.F. (1975). Vaginal cytol- and Ectors, F. (1993). Superovulation and embryo culture in
ogy, an approach to improvement of cat breeding. J Vet Med vitro following treatment with ultra-pure follicle-stimulating
Small Anim Clin, 70, 691-696. hormone in cats. J Reprod Fertil Suppl, 47, 209-218.
Nagaoka, T., Takegawa, K. and Maekawa, A. (2002). The rela- Wildt, D.E., Monfort, S.L., Donoghue, L.A., Johnston, L.A. and
tionship between endocrine imbalance and alteration of rat Howard, J. (1992). Embryogenesis in conservation biology
vaginal epithelium. J Toxicol Pathol, 15, 103-109. – or, how to make an endangered species embryo. Theriog-
enology, 37, 161-184.
138
COMUNICAÇÃO BREVE REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
Resumo: Estuda-se um caso de carcinoma prostático (CaP) num A partir de estudos necrópsicos e estatísticos, cal-
cão (Canis familiaris) de raça indeterminada com mais de 6 anos cula-se que uma percentagem significativa de carci-
(idade exacta não determinada). As características anatómicas,
histológicas e relativas à contagem dos organizadores nucleola- nomas prostáticos (CaP) humanos não se manifesta
res corados pela prata (AgNORs) indicam que o CaP é de baixa clinicamente, sendo aquelas neoplasias achados de
agressividade, o que é pouco frequente no cão. A próstata tinha necrópsia (“carcinomas latentes” ou “histológicos”)
um aspecto macroscópico normal, não foram detectadas metás- (Gittes, 1991). Cerca de 65,8 % dos casos são bem
tases macroscópicas nas vísceras toraco-abdominais, o CaP diferenciados, os restantes moderadamente diferencia-
era ao exame histológico moderadamente diferenciado (grau
de Gleason 6) e o número médio de AgNORs por núcleo (NM dos (Brawn et al., 1995). Nos CaP clinicamente detec-
AgNORs) era de 2,16 ± 1,01, significativamente menor do que tados, há uma percentagem significativa com um prog-
a média dos NM AgNORs de oito outros CaP caninos (3,61 ± nóstico relativamente favorável (Lu-Yao e Yao, 1997),
0,67). Notaram-se também lesões de displasia intraductal prostá- ao contrário do CaP canino, que se reveste, na grande
tica (prostatic intraepithelial neoplasia – PIN). A comparação do maioria dos casos, de grande agressividade biológica e
NM AgNORs das áreas de PIN, igual a 2,02 ± 0,85, com os NM
AgNORs obtidos em áreas de atrofia dos tubuloalvéolos (1,22 ± clínica, quer a nível local, quer a nível sistémico, apre-
0,52), de hiperplasia benigna (1,35 ± 0,58) e de CaP, indica que sentando o animal metástases em 70 a 80 % dos casos
a PIN canina, tal como a humana, é muito possivelmente uma na altura do diagnóstico (Hall et al., 1976; Basinger
lesão pré-cancerosa. e Luther, 1993; Cornell et al., 2000). Além disso,
contrariamente ao que se passa na espécie humana, o
Palavras-chave: cão; próstata; carcinoma; organizadores nucle-
olares; AgNOR; displasia intraductal prostática. CaP do cão é, normalmente, sob o ponto de vista his-
tológico, moderadamente ou pouco diferenciado. Os
autores deste estudo não têm conhecimento de casos
Summary: A case of prostatic carcinoma (PCa) in a more than de CaP canino histologicamente bem diferenciado.
six year-old mongrel dog (Canis familiaris) is reported. The Um cão (Canis familiaris) vadio (portanto, com his-
anatomical, histological and argyrophilic nucleolar organizer
regions (AgNOR) – related characteristics suggest that this PCa tória pregressa desconhecida), de raça indeterminada,
may have low biologic agressivity, which is rather infrequent in sexo masculino, mais de 6 anos de idade (de acordo
the dog. As a matter of fact, the gross morphology of the gland com os critérios de exame da dentição de Bourdelle
was apparently normal, no metastases were macroscopically e Bressou (1953) e de Cornevin e Lesbre (1894)), foi
detected in the thoracoabdominal organs, the PCa was moder- eutanasiado e o cadáver submetido a uma necrópsia
ately differentiated (Gleason grade 6) and the AgNOR mean
number per nucleus (NM AgNORs) was 2,16 ± 1,01, which was sumária, cuja finalidade principal era a colheita da
significantly lower than the mean of the NM AgNORs found in próstata. Esta apresentava uma forma aproximada-
other eight canine PCa (3,61 ± 0,67). There were also lesions mente esférica, era simétrica em relação ao plano
of prostatic intraepithelial neoplasia (PIN). Comparing the NM sagital (Figura 1), a sua superfície era lisa e, em corte
AgNORs of PIN (2,02 ± 0,85) with the NM AgNORs of atrophic transversal, a uretra prostática não apresentava qual-
alveoli (1,22 ± 0,52), glandular benign hyperplasia (1,35 ± 0,58)
and PCa, it is inferred that canine PIN, like the human counter- quer deformação. Em apreciação qualitativa, o seu
part, is most possibly a precancerous lesion. volume era normal ou estava ligeiramente diminuído
tendo em conta a idade aproximada e a corpulência
Keywords: canine; prostate; carcinoma; argyrophilic nucleolar do animal. As vísceras toraco-abdominais foram ins-
organizer regions; AgNOR; prostatic intraepithelial neoplasia. peccionadas superficialmente, não tendo o seu exame
mostrado lesões do tipo metastásico.
A próstata foi cortada segundo vários planos trans-
a
Estudo apresentado a 10 de Outubro de 2002 no Congresso de versais e os fragmentos foram fixados em formol a 10
Ciências Veterinárias, realizado no Tagus Park (Oeiras). % neutro tamponado (pH = 7). Alguns foram incluídos
* Correspondente: e-mail jfsilva@fmv.utl.pt, telefone 213 652 em parafina e os cortes histológicos respectivos, com 5
888
139
Silva, J.F. e Correia, J.J. RPCV (2003) 98 (547) 139-143
140
Silva, J.F. e Correia, J.J. RPCV (2003) 98 (547) 139-143
141
Silva, J.F. e Correia, J.J. RPCV (2003) 98 (547) 139-143
142
Silva, J.F. e Correia, J.J. RPCV (2003) 98 (547) 139-143
Gillen, P., Grace, P.A., Dervan, P., McDermott, M., Smith, J.M. McNeal, J.E. e Bostwick, D.G. (1986). Intraductal dysplasia: a
e Fitzpatrick, J.M. (1990). Nucleolar organiser regions as premalignant lesion of the prostate. Human Pathology, 17,
predictors of outcome in prostatic carcinoma. World Journal 64-71.
of Urology, 8, 175-178. Moore, K.L. (1988). The developing human (clinically oriented
Gittes, R.F. (1991). Carcinoma of the prostate. The New England embryology). 4ª edição. W.B. Saunders Company (Phila-
Journal of Medicine, 324,236-245. delphia).
Gleason, D.F. (1992). Histologic grading of prostate cancer: a Nikula, K.J., Benjamin, S.A., Angleton, G.M. e Lee, A.C. (1989).
perspective. Human Pathology, 23, 273-279. Transitional cell carcinomas of the urinary tract in a colony
Hall, W.C., Nielsen, S.W. e McEntee, K. (1976). Tumours of the of Beagle dogs. Veterinary Pathology, 26, 455-461.
prostate and penis. Bulletin of the World Health Organiza- O’Shea, J.D. (1963). Studies on the canine prostate gland. II.
tion, 53, 247-256. Prostatic neoplasms. Journal of Comparative Pathology,
Hansen, A.B. e Østergård, B. (1990). Nucleolar organiser regions in 73, 244-255.
hyperplastic and neoplastic prostatic tissue. Virchows Archiv Pamukcu, A.M. (1974). Tumours of the urinary bladder. Bulletin
A (Pathologic Anatomy), 417, 9-13. of the World Health Organization, 50, 43-52.
Harmelin, A., Zuckerman, A. e Nyska, A. (1995). Correlation of Pavlakis, K., Alivizatos, G., Mitropoulos, D., Constantinides, C.,
AgNOR protein measurements with prognosis in canine Skopelitou, A., Kittas, C. e Dimopoulos, C. (1992). Silver-
transmissible venereal tumour. Journal of Comparative binding nucleolar organizer regions in benign and malignant
Pathology, 112, 429-433. prostatic lesions. Urologia Internationalis, 49, 137-140.
Hasegawa, S., Okamura, K., Shimoji, T., Miyake, K., Yamakawa, Ploton, D., Menager, M., Jeannesson, P., Himber, G., Pigeon, F. e
Y. e Sakamoto, H. (1994). Evaluation of testicular germ cell Adnet, J.J. (1986). Improvement in the staining and in the
tumor proliferation using DNA flow cytometry and nucleolar visualization of the argyrophilic proteins of the nucleolar
organizer silver staining. Cytometry, 15, 59-63. organizer region at the optical level. Histochemical Journal,
Hittmair, A., Öfner, D., Offner, F., Feichtinger, H., Ensinger, C., 18, 5-14.
Rogatsch, H. e Mikuz, G. (1994). In vitro investigations of Rossignol, A. (2001). Prévalence des lesions précancéreuses et
interphase and metaphase argyrophilic nucleolar organizer cancéreuses de la prostate du chien – analogie avec l’homme.
regions and cellular proliferation in the human urothelial Thèse pour le Doctorat Vétérinaire. Toulouse. pp. 13-22 e
cancer cell line HOK-1. Virchows Archiv, 424, 149-154. 45-47.
Howat, A.J., Giri, D.D., Cotton, D.W.K. e Slater, D.N. (1989). Sakr, W.A., Sarkar, F.H., Sreepathi, P., Drozdowicz, S. e Criss-
Nucleolar organizer regions in Spitz nevi and malignant man, J.D. (1993). Measurement of cellular proliferation in
melanomas. Cancer, 63, 474-478. human prostate by AgNOR, PCNA and SPF. The Prostate,
Kennedy, P.C. (1995). Pathology of the lower urinary tract and 22, 147-154.
prostate. In: Lower urinary tract diseases of dogs and cats Silva, J.M.A.F. (1996). Aspectos morfológicos, citofotométricos e
(diagnosis, medical management, prevention). Editor: Ling, imunocitoquímicos da próstata canina. Dissertação de Douto-
G.V.. Mosby-Year Book, Inc. (Saint Louis), pp. 107-113. ramento. Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade
Kennedy, P.C., Cullen, J.M., Edwards, J.F., Goldschmidt, M.H., Técnica de Lisboa. 1996. p. ix + 241.
Larsen, S., Munson, L. e Nielsen, S. (1998). Histological Silva, J.F. (2001). Organizadores nucleolares na displasia intra-
classification of tumors of the genital system of domestic ductal prostática (prostatic intraepithelial neoplasia - PIN)
animals. Second Series, Volume IV. Armed Forces Institute no cão. Medicina Veterinária (Revista da AEFMV), nº 53,
of Pathology (Washington). 7-12.
Kiupel, M., Bostock, D. e Bergmann, V. (1998). The prognostic sig- Silva, J.F. e Peleteiro, M.C. (2000). Nucleolar organizer regions
nificance of AgNOR counts and PCNA-positive cell counts in the normal, hyperplastic and neoplastic canine prostate.
in canine malignant lymphomas. Journal of Comparative European Journal of Veterinary Pathology, 6, 71-76.
Pathology, 119, 407-418. Simões, J.P.C., Schoning, P. e Butine, M. (1994). Prognosis of
Kobayashi, S., Kuriyama, M., Yamamoto, N., Takahashi, T., canine mast cell tumors: a comparison of three methods.
Shinoda, I., Takeuchi, T., Deguchi, T. e Kawada, Y. (1992). Veterinary Pathology, 31, 637-647.
Nucleolar organizer regions in prostate cancer. In: Prostate Spiegel, M.R. (1971). Estatística. Editora McGraw-Hill do Brasil,
cancer and bone metastasis. Editores: Karr, J.P. e Yamanaka, Ltda. (São Paulo). pp. 310-330.
H.. Plenum Press (New York). De Vico, G., Papparella, S. e Di Guardo, G. (1994). Number
Leav, I. e Ling, G.V. (1968). Adenocarcinoma of the canine prostate. and size of silver-stained nucleoli (AgNOR clusters) in
Cancer, 22, 1329-1345. canine seminomas: correlation with histological features
Lindeman, N. e Weidner, N. (1996). Immunohistochemical profile and tumour behaviour. Journal of Comparative Pathology,
of prostatic and urothelial carcinoma (impact of heat-induced 110, 267-273.
epitope retrieval and presentation of tumors with intermediate Waters, D.J. e Bostwick, D.G. (1997). Prostatic intraepithelial
features). Applied Immunohistochemistry, 4, 264-275. neoplasia occurs spontaneously in the canine prostate. The
Lu-Yao, G.L. e Yao, S.-L. (1997). Population-based study of long- Journal of Urology, 157, 713-716.
term survival in patients withclinically localised prostate Waters, D.J. e Bostwick, D.G. (1997a). The canine prostate is a
cancer. The Lancet, 349, 906-910. spontaneous model of intraepithelial neoplasia and prostate
Mamaeva, S., Lundgren, R., Elfving, P., Limon, J., Mandahl, L., cancer progression. Anticancer Research, 17, 1467-1470.
Mamaev, N., Henrikson, H., Heim, S. e Mitelman, F. (1991). Waters, D.J., Hayden, D.W., Bell, F.W., Klausner, J.S., Qian, J. e
AgNOR staining in benign hyperplasia and carcinoma of the Bostwick, D.G. (1997). Prostatic intraepithelial neoplasia
prostate. The Prostate, 18, 155-162. in dogs with spontaneous prostate cancer. The Prostate, 30,
92-97.
143
COMUNICAÇÃO BREVE REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
145
Vieira-Pinto, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 145-148
post mortem na linha de abate e o quadro lesional iden- rejeitados) rejeitados em exame post mortem na linha
tificado no decurso da necropsia das aves rejeitadas. de abate, encontram-se apresentados na Tabela 2.
Para atingir este objectivo, efectuaram-se 12 visitas, A necropsia dos 8 broilers rejeitados post mortem
durante um mês, a um matadouro de aves da Região pela presença de ascite, os quais foram retirados da
Norte, tendo-se acompanhado a inspecção sanitária linha de abate por eviscerar, evidenciou, em todas as
post mortem de 49121 aves, realizada na linha de abate aves, a presença de lesões viscerais, principalmente
(35700 broilers, 10000 frangos do campo e 3421 gali- a nível do fígado (n = 4) e do coração (n = 1) ou em
nhas poedeiras). Registaram-se as causas de rejeição ambos (n = 2). Este resultado está de acordo com o
total das aves abatidas e efectuaram-se necropsias a exposto por Riddell (1997) o qual refere que, nas aves,
uma amostra (duas a três aves por dia) das aves rejei- dois dos principais factores que conduzem ao apareci-
tadas (18 broilers e 8 frangos do campo) seleccionadas mento de ascite são lesões hepáticas, que dificultam o
aleatoriamente. Durante a necropsia registaram-se retorno venoso, e lesões cardíacas.
as lesões encontradas e recolheram-se amostras para Segundo Stuart (1993) a caquexia é uma das prin-
diagnóstico histopatológico. Este material foi fixado cipais causas de rejeição post mortem de carcaças em
com formalina a 10% e os tecidos assim tratados foram matadouro. Tal facto está de acordo com os resultados
processados pelos métodos standard para a observação obtidos no nosso trabalho, no qual a caquexia repre-
ao microscópio. Os preparados de parafina foram cora- sentou a segunda maior causa de rejeição (22,67%),
dos com Hematoxilina e Eosina (HE). conforme já foi referido anteriormente. Para este autor,
Da inspecção post mortem resultou a rejeição de 247 a caquexia pode estar associada à presença de artropa-
(0,69%) broilers, de 84 (0,84 %) frangos do campo e tias, doença crónica e parasitismo. A necropsia de 13
de 13 (0,38%) galinhas poedeiras. As causas de rejei- aves (9 broilers e 4 frangos de campo) rejeitadas post
ção encontram-se descritas na Tabela 1. mortem por caquexia, revelou a presença de lesões a
Pela análise desta tabela constata-se que as causas nível dos órgãos internos (ex. Hepatite parasitária -1,
que contribuíram para uma maior rejeição post mortem Enterite necrótica bacteriana -1, Colangiohepatite cró-
a nível da linha de abate foram: i) os traumatismos, a nica-1, lesões compatíveis com a doença de Marek -2).
caquexia e a ascite, nos broilers; ii) a má sangria, nos Neste trabalho, atribuímos especial destaque à
frangos do campo; iii) a salpingite, nas galinhas poe- doença de Marek, devido à importância que esta
deiras. assume nos efectivos avícolas, e porque a sua detec-
Apenas esta última situação (salpingite) é iden- ção no matadouro (Figura 1), através da necropsia dos
tificada no decurso da evisceração, contrariamente animais rejeitados, espelha o interesse desta prática
às anteriores que são detectadas antes desta etapa, no melhor conhecimento do perfil sanitário das aves
podendo as carcaças ser rejeitadas e retiradas, por evis- abatidas.
cerar, da linha de abate, não permitindo a inspecção de Segundo Calnek (1997) as aves com Doença de
rotina das vísceras e a identificação de eventuais lesões Marek podem apresentar sinais não específicos tais
existentes. As lesões compatíveis com a doença de como perda de peso, palidez, anorexia e diarreia e, se
Marek, nomeadamente espleno e hepatomegália com estes animais forem sujeitos durante algum período a
infiltrações nodulares tumorais, foram identificadas uma má nutrição, podem evidenciar caquexia.
apenas num animal. Na fase aguda da Doença de Marek, os tumores
As lesões macroscópicas registadas e o resultado linfóides podem ocorrer em vários órgãos. As gónadas
histopatológico das amostras recolhidas no decurso da são dos órgãos mais afectados, mas as lesões linfo-
necropsia de 18 broilers (13,7% dos broilers rejeitados) matosas também podem ser observadas no pulmão,
e de 8 frangos do campo (10,5% dos frangos do campo coração, mesentério, rim, fígado, baço, timo, glândula
Tabela 1 Causas de rejeição total de 344 aves no decurso de inspecção post mortem em matadouro.
146
Vieira-Pinto, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 145-148
Tabela 2 Causas de rejeição post mortem, lesões macroscópicas e diagnóstico histopatológico das amostras recolhidas no decurso da
necropsia de 18 broilers e de 8 frangos do campo rejeitados em exame post mortem na linha de abate.
147
Vieira-Pinto, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 145-148
148
Vieira-Pinto, M. et al. RPCV (2003) 98 (547) 145-148
edição. Editores: A.D. Leman, B.E. Straw, W.L. Mengeling, Ritchie, B.W. (1995). Avian Viruses: function and control. Wingers
S. D’Allaire e D.J. Taylor. Iowa State University Press. Cap. Publishing. Florida. Cap. 7, 200-204.
79, 968-985 Stuart, C. (1993). Common conditions resulting in poultry carcass
Powell, P.C. e Payne, L.N. (1993). Marek’s disease. In: Virus infec- condemnation. In: Poultry Practice. Editor: E. Boden. Bail-
tions of birds. Editores: J.B. Mc Ferran and M.S. Mc Nulty. lière Tindall. London. Cap. 2, 17-30.
Elsevier Science Publishers. Cap. 3, 37-73. Watkins, B., Lu, Y.C. e Chen, Y. R. (2000). Economic feasibility
Riddell, C. (1997). Developmental, metabolic and others non infec- analysis for an automated on-line poultry inspection technol-
tious disorders. In: Diseases of poultry, 10ª edição. Editores: ogy. Poultry Science, 79 (2): 265-74.
B.W. Calnek, H.J. Barnes, C.W. Beard, L.R. Mcdougald e
Y.M. Saif. Mosby-Wolfe. Cap. 35, 913-937.
149
CASO CLÍNICO REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
CECAV- Departamento de Patologia e Clínicas Veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5000-911 Vila Real-Portugal
1
2
Departemento de Protecção de Plantas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5000-911 Vila Real-Portugal
3
Laboratório de Farmacologia, Departamento de Imunofisiologia e Farmacologia, ICBAS, Universidade do Porto, Largo Professor Abel Salazar, nº.2,
4099-003 Porto-Portugal
Resumo: Na literatura científica existem alguns trabalhos que a praga mais destrutiva para o pinheiro (Contreras e
documentam os efeitos nocivos de Thaumetopoea pityocampa, Figueroa, 1997).
processionária do pinheiro, nesta espécie vegetal e no Homem.
No entanto, os artigos sobre este tema em Medicina Veterinária Thaumetopoea pityocampa é uma espécie mediterrâ-
são escassos. Neste trabalho descrevemos cinco casos clínicos de nea que se distribui pela Península Ibérica estendendo-
intoxicação por Thaumetopoea pityocampa em pequenos animais se à Turquia e ao Norte de África. As espécies animais
e relacionamo-los com o ciclo de vida do insecto na região de susceptíveis de serem afectadas na fauna selvagem
Trás-os-Montes e Alto Douro. são as raposas, as ginetas e os texugos, e nos animais
Palavras chave: Thaumetopoea pityocampa, cão, intoxicação,
processionária do pinheiro domésticos os cavalos, as ovelhas, as aves, os suínos, o
cão e o gato (Lorgue et al., 1996; Contreras e Figueroa,
Abstract: There are several scientific papers describing the 1997).
harmful effects of Thaumetopoea pityocampa in man and pines. O ciclo de vida da processionária do pinheiro (Figura
However, papers about the effects of pine processionary in dogs 1) inclui duas fases que decorrem em estratos diferen-
are uncommon. The aim of this paper is to analyze the biological
cycle of caterpillar with clinical signs observed in five cases pre- tes do ecossistema florestal. A fase aérea na copa do
sented to the Veterinary Hospital at Universtity of Trás-os-Montes hospedeiro, inclui a postura e o desenvolvimento larvar
and Alto Douro. e a fase subterrânea a pré- pupação, pupação e desen-
Key Words: Thaumetopoea pityocampa, dog, pine processionary volvimento do adulto. A passagem de uma fase à outra
caterpillar, poison verifica-se entre Fevereiro e Maio com a migração
colectiva das lagartas, que abandonam o hospedeiro
em procissão (Figura 2) para se enterrarem no solo a
alguns centímetros de profundidade.
Introdução A fase aérea inicia-se em Junho prolongando-se até
Agosto com a emergência dos adultos e posterior aca-
Os animais domésticos, e em especial o cão, são salamento. As fêmeas, depois de fecundadas procuram
muito curiosos, sendo frequentemente vítimas do seu o local mais adequado para a postura (Arnaldo, 1997).
comportamento. Nas suas incursões farejam e cheiram Em meados de Setembro, e uma vez completo o
espécies animais possuidoras de propriedades tóxicas, desenvolvimento embrionário, nascem as lagartas.
como é o caso de insectos, serpentes, sapos, processio- Decorrido o primeiro estádio de desenvolvimento,
nárias, entre outros (Poisson et al., 1994; Bernal et al., as lagartas sofrem a primeira muda. Nesta fase, as
2000). lagartas apresentam pêlos brancos na região lateral e
A processionária do pinheiro, designada também alaranjados na região dorsal, destacando-se já peque-
como lagarta do pinheiro, é denominada pelo nome nas manchas negras em cada segmento, que corres-
científico de Thaumetopoea pityocampa, pertence à pondem aos receptáculos dos futuros pêlos urticantes.
ordem lepidóptera, à família Thaumatopoidea e ao A duração deste estádio é de cerca de quinze a vinte
género Thaumetopoea. Esta espécie, conhecida desde a dias, após o que as lagartas sofrem a segunda muda
antiguidade, começou a ser estudada com o objectivo de (Arnaldo et al., 1999). A partir do terceiro estádio,
melhor compreender o seu papel devastador na floresta. as lagartas tecem ninhos definitivos onde se agrupam
Considera-se hoje que, após os incêndios florestais, é grande número de indivíduos provenientes de várias
posturas (Demolin, 1965). A estrutura destes ninhos
* Correspondente: mginja@utad.pt permite a acumulação do calor necessário à sobrevi-
Tel. 259350632, Fax. 259350480 vência das colónias durante o Inverno (Figura 3). As
151
Oliveira, P. et al. RPCV (2003) 98 (547) 151-156
lagartas abandonam os ninhos a partir do crepúsculo um carácter sazonal, dependente do clima da região,
para se alimentarem durante a noite, ficando presas verificando-se uma maior percentagem de casos durante
por um fio sedoso que lhes permite regressaram ao a Primavera e Verão. No cão a parte do corpo mais afec-
ninho (Arnaldo et al., 1999). Nestes dois últimos está- tada é a cabeça, em especial os lábios, a mucosa oral e a
dios do desenvolvimento, o aparelho defensivo das língua. O diagnóstico desta intoxicação pode ser difícil,
lagartas, perante a actuação de predadores naturais, particularmente nos casos em que não estão disponíveis
está completamente formado e é composto por oito informações sobre os antecedentes da exposição.
receptáculos localizados entre o primeiro e o oitavo
segmentos abdominais, cada um dos quais compreende
aproximadamente 120000 pêlos urticantes de coloração Casos clínicos
alaranjada e com propriedades urticantes (Lamy et al.,
1985; Contreras e Figueroa, 1997). Quando a lagarta O presente trabalho descreve cinco casos clínicos
se move os receptáculos abrem-se, libertando milhares observados no Hospital Veterinário da Universidade de
de pêlos que se dispersam no ambiente. Os pêlos retêm Trás-os-Montes e Alto Douro. Estes animais pertenciam
no seu interior uma haloproteína, cujo peso molecular é a vários proprietários residentes em freguesias distintas
de 28000 daltons, designada de taumatopoína, e que é do concelho de Vila Real. Em comum os cinco casos
capaz de desencadear a libertação na pele e mucosas, de clínicos têm o passeio por pinhais e o aparecimento
histamina, acetilcolina ou proteínas (Lamy et al., 1985; súbito e violento dos sinais clínicos. Os proprietários
Pineau e Romanoff; 1995; Veja et al., 1999; Miranda et quando questionados referiam que residiam em locais
al., 2001). próximos de pinhais e que na zona existiam numerosos
As lagartas terminam o desenvolvimento larvar e ini- ninhos de processionárias. No quadro 1 descrevem-se
ciam a procissão em busca de um local para puparem. a anamnese, os sinais clínicos (apenas os parâmetros
A procissão de enterramento é normalmente encabe- alterados), os exames complementares, o tratamento e
çada por uma fêmea (Demolin, 1962; Bertucci; 1983; a evolução, de cada um dos casos. As figuras 4, 5, 6 e 7
Dajoz, 1991). A procissão de pupação pode prolongar- documentam os casos clínicos por nós observados.
se durante vários dias com protecções provisórias noc- O diagnóstico de envenenamento pela processionária
turnas ou perante condições atmosféricas desfavoráveis foi realizado através da interpretação dos dados obtidos
(Pinto et al., 1998). da anamnese detalhada e dos sinais clínicos observados.
A intoxicação por contacto com esta espécie assume O caso clínico número 5 foi alvo de uma análise exaus-
152
Oliveira, P. et al. RPCV (2003) 98 (547) 151-156
tiva, porque os sinais clínicos apresentados pelo animal animal. Os restantes recuperaram, tendo no entanto os
eram compatíveis com outras intoxicações, mas perante animais dos casos número 2 e 3 perdido parte da língua,
a anamnese e os conhecimentos apresentados pelo pro- por necrose irregular do seu bordo (Figuras 11 e 12).
prietário admitimos tratar-se de um caso de intoxicação
por contacto ocular com a larva da processionária.
A evolução destas situações depende da precocidade Discussão
com que o tratamento é instaurado. A cadela do caso
clínico número 1 não conseguia ingerir água ou ali- A principal via de contacto dos animais domésticos
mento, foi-lhe aplicada uma sonda nasogástrica (Figura com a processionária é na maioria dos casos cutânea,
9) e alimentada 4 vezes por dia com uma dieta comer- podendo ser também digestiva e ocular (Arditti et al.,
cial diluída em água. Quinze dias após o início do 1988). Os pêlos das processionárias funcionam como
internamento caiu-lhe a língua, parte do lábio superior finas agulhas, através das quais a taumatopoína é injec-
e a totalidade do lábio inferior (Figura 10). O proprie- tada na pele ou mucosas (Lorgue et al., 1996). Não
tário optou pela eutanásia. No caso do Doberman após sendo por isto fundamental um contacto directo entre a
o internamento também lhe foi aplicada uma sonda larva e o animal para este último ser afectado (Contre-
nasogástrica, com regime alimentar idêntico. Devido ras e Figueroa, 1997).
ao prognóstico ser reservado, vinte e quatro horas após Tal como nós observámos, e é referido na biblio-
a sua admissão o proprietário optou por eutanasiar o grafia, os sinais clínicos e lesões desta doença têm um
Caso clínico 1 2 3 4 5
Sexo Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea
Raça Indeterminada Husky Siberiano Indeterminada Doberman Retrivier do Labarador
Idade 1 ano 2 anos 1 ano 4 meses 2 anos
Anamnese 3 dias de evolução, 12 horas de evolução, 1 dia de evolução, 2 dias de evolução, < 6 horas após o con-
abatimento, incapaci- abatimento e incapaci- abatimento e inca- abatimento e incapaci- tacto
dade de abeberamento. dade de abeberamento. pacidade de abebe- dade de abeberamento.
ramento.
Sinais clínicos Face edemaciada, Intenso prurido facial, Edema da face, Edema da face, Intenso prurido facial,
macroglossia, língua ulceração da língua salivação intensa. macroglossia, edema edema generalizado da
com coloração azul, (Figura 5). Hipertrofia Intenso prurido sublingual, língua com córnea (Figura 8), epí-
glossite, edema sublin- dos gânglios submandi- facial, hipertrofia coloração azul, pros- fora, blefaroespasmo,
gual, úlceras focais bulares. dos gânglios sub- tração (Figuras 6 e 7). fotofobia, prurido
na língua, estomatite mandibulares e Intenso prurido facial, ocular moderado.
e vómitos (Figura 4). vómitos. hipertrofia dos gânglios
Intenso prurido facial, submandibulares.
hipertrofia dos gânglios
submandibulares.
Exames com- Hematologia e bioquí- Hematologia e bioquí- Hematologia e bio- Hematologia e bioquí- Teste da fluoresceína
plementares mica normal mica normal química normal mica normal normal, pressão intrao-
cular 8 mm de Hg.
Tratamento Lavagens cutâneas Lavagens cutâneas Lavagens cutâneas Lavagens cutâneas Colírio oftálmico
com soro fisiológico, com soro fisiológico, com soro fisioló- com soro fisiológico, com fosfato de dexa-
succinato de metilpred- succinato de metilpred- gico, succinato de succinato de metilpred- metasona a 0,1%,
nisolona (1 mg/Kg, nisolona (1 mg/Kg, metilprednisolona nisolona (1 mg/Kg, QID, 1 gota. Sulfato
BID, IM), cefradina BID, IM), cefradina (40 (1 mg/Kg, BID, BID, IM), cefradina de neomicina a 0,5%
(40 mg/Kg, TID, IV), mg/Kg, TID, IV), pro- IM), cefradina (40 (40 mg/Kg, TID, IV), em asscociação com
prometazina (1 mg/Kg, metazina (1 mg/Kg, BID, mg/Kg, TID, IV), prometazina (1 mg/Kg, sulfato de polimixina
BID, SC), espiramicina SC), espiramicina (10 prometazina (1 BID, SC), espiramicina B, 1 gota QID. 1 gota
(10 mg/Kg, BID, SC), mg/Kg, BID, SC). mg/Kg, BID, SC), (10 mg/Kg, BID, SC). de atropina a 1%, BID,
metoclopramida (1 mg/ espiramicina (10 durante 2 dias.
Kg, infusão contínua). mg/Kg, BID, SC),
metoclopramida
(1 mg/Kg, infusão
contínua).
Evolução Queda da língua, parte Perda dos bordos linguais Perda de um dos Eutanasiado Recuperação completa.
do lábio superior, tota- e parte da região apical bordos laterais da
lidade do lábio inferior. da língua. língua.
Eutanasiado.
Legenda: BID- de 12 em 12 horas; TID- de 8 em 8 horas; QID- de 6 em 6 horas; IM- intramuscular; SC- subcutânea; IV- intavenosa.
153
Oliveira, P. et al. RPCV (2003) 98 (547) 151-156
Figura 4 - Caso clínico n.º 1, observar o edema Figura 5 - Caso clínico n.º 2, observar as úlce- Figura 6 - Caso clínico n.º 4, observar o
da face, macroglossia e coloração azulada da ras linguais e o edema sublingual. edema da face.
língua.
Figura 7 - Caso clínico n.º 4, observar o edema Figura 8 - Edema da córnea secundário a Figura 9 - Caso clínico n.º1 entubação naso-
da língua e a coloração azul da língua. uveíte, caso clínico número 5. gástrica.
carácter evolutivo. Podem ser classificados em locais e evoluindo rapidamente para uma dermatite, também
sistémicos. Na sintomatologia local a língua é o órgão podem surgir conjuntivite, queratite e uveíte. Se os pul-
mais afectado, aumenta de volume, torna-se azulada mões estão afectados surgem dificuldades respiratórias
e com a evolução surgem áreas de necrose podendo que evoluem para asma (Ducombs, et al., 1981; Pineau
ocorrer, no local de contacto, perda dos tecidos num e Romanoff, 1995).
período de 6 a 10 dias. A glossite e a estomatite desen- O edema, secundário a reacção anafiláctica, e a urti-
cadeiam um quadro clínico de disfagia com ptialismo cária são comuns a várias patologias, é difícil reconhe-
(Arditti et al., 1988; Pineau e Romanoff, 1995). Por cer a etiologia precisa destes sinais clínicos, sendo por
vezes, observam-se sinais oculares, como conjuntivite isto importante estabelecer diagnósticos diferenciais
e queratite ulcerativa, ou sinais cutâneos como o edema (Bernal et al., 2000). Os diagnósticos diferenciais
facial, a urticária e o prurido facial intenso (Bernal et do quadro clínico de intoxicação por contacto com a
al., 2000). Do contacto da processionária com a laringe processionária incluem reacções de hipersensibilidade
ou a mucosa nasal podem ocorrer, tosse, dificuldades provocadas pela ingestão de alimentos, aditivos alimen-
respiratórias e asfixia por edema (Contreras e Figueroa, tares, medicamentos, soros, parasitas gastrintestinais,
1997). O proprietário e o Médico Veterinário podem mordidelas de serpentes, picadelas de insectos e aracní-
apresentar um intenso prurido nas mãos e braços como deos ou inalação de alergenos, afecção dentária, corpos
consequência da manipulação dos animais (Pineau e estranhos, bem como a suspeita de intoxicação química
Romanoff, 1995). (Blanchard, 1994). O edema característico destas pato-
Os sinais clínicos sistémicos são mais raros, porém logias afecta os lábios, o focinho, as pálpebras e as
possíveis, existindo relatos de choques anafiláticos, orelhas, surgindo também pápulas urticantes espalhadas
tremores musculares, coma e mesmo morte do animal pela cabeça pescoço e tronco. Nestas circunstâncias a
(Contreras e Figueroa, 1997). Observámos dois casos língua não é atingida. Nas mordeduras por serpentes
clínicos com vómitos, Grundmann et al. (2000) referem e picadas por insectos heminópteros, as reacções de
a possibilidade de surgirem outros transtornos gastrin- hipersensibilidade localizam-se apenas no local de ino-
testinais nomeadamente a diarreia. culação do veneno (Poisson et al., 1994).
Nas aves pode ocorrer uma enterite grave após a Recomenda-se o tratamento sintomático. A primeira
ingestão de processionárias, enquanto que no cavalo medida terapêutica consiste na lavagem cutânea abun-
podem observar-se erosões alongadas na mucosa oral, dante da zona afectada, por pulverização, com soro
cólicas e agitação que evolui para agressão, seguido de fisiológico ou água de javel a 1%, com o objectivo de
um intenso prurido na região do dorso (Lorgue et al., eliminar os pêlos da processionária que não estejam
1996). encravados na pele e/ou mucosas. A região afectada não
No Homem são as crianças as mais afectadas, em deve ser friccionada, para evitar a ruptura dos pêlos e a
especial os rapazes, pela sua curiosidade em explora- libertação da taumatopoína (Pineau e Romanoff, 1995).
rem ambientes desconhecidos e treparem às árvores. No combate à hipersensibilidade aguda deve aplicar-
As afecções por ingestão são raras (Pineau e Romanoff, se de imediato um tratamento de urgência à base de
1995). O quadro clínico começa por prurido intenso corticosteróides (dexametasona) por via endovenosa
154
Oliveira, P. et al. RPCV (2003) 98 (547) 151-156
Figura 10 - Queda do lábio superior e inferior, Figura 11 - Necrose e perda de porção rostral Figura 12 - Perda do bordo lateral da língua,
animal do caso clínico n.º 1. da língua no, Husky siberiano, caso n.º 2. caso clínico n.º 3.
e anti-histamínicos (prometazina) por via subcutânea. cia do contacto com a processionária, dois proprietários
Os antibióticos são úteis na prevenção das infecções optaram pela eutanásia, porque as lesões resultantes do
secundárias (Poisson et al., 1994; Grundmann et al., contacto com este insecto punham em causa a quali-
2000). Para o tratamento das lesões oculares os dife- dade de vida dos animais.
rentes autores seguem o protocolo terapêutico por nós Durante a fase de procissão das larvas deve impedir-
utilizado (Quadro 1). se que os cães tenham livre acesso aos pinhais onde
A sedação ligeira é aconselhada para combater a dor existam ninhos de processionárias. Na fase de larva,
intensa e nos casos com transtornos gastrintestinais, especialmente antes da segunda muda, as processio-
vómitos e diarreia, recomenda-se a administração de nárias são sensíveis a insecticidas. As fumigações com
metoclopramida (Grundman et al., 2000). Poisson et triclorfon a 5% ou piretrinas são eficazes (Bernal et al.,
al. (1994) e Bernal et al. (2000) aconselham a admi- 2000). Nas zonas endémicas para destruir a processio-
nistração de aprotinina, substância activa inibidora das nária recomenda-se a utilização de diflubenzuron como
enzimas proteolíticas, com efeito antifibrinolítico, que antiquinizante (Poisson et al., 1994). Os ninhos podem
actua sobre os mediadores plasmáticos da inflamação destruir-se com injecções de petróleo ou de insectici-
(plasmina e calicreína). Bernal et al. (2000) utilizaram e das, ou por queimadas (Bernal et al., 2000).
obtiveram resultados satisfatórios com a administração Em Portugal não existem registos epidemiológicos
intralingual de heparina, 200 a 500 UI/Kg de oito em sobre o número de animais afectados anualmente pela
oito horas, para controlar a evolução da glossite necró- processionária, mas estudos realizados em França
tica da ponta da língua, desencadeada pelos microen- demonstram que a processionária do pinheiro é a prin-
fartes. No caso das glossites superficiais uma plastia cipal causa de envenenamento dos animais domésticos.
da língua pode ser utilizada com o objectivo de corrigir, Em Trás-os-Montes, a processionária do pinheiro,
pela cirurgia, os defeitos linguais e facilitar a ingestão representa uma ameaça para a saúde humana e animal
de água e alimento (Grundman et al., 2000). entre Fevereiro e Maio. De referir que, para além do
Os animais debilitados, com dificuldade na preensão contacto directo com as lagartas, também o manusea-
dos alimentos ou na ingestão de água, devem ser inter- mento dos ninhos pode ser perigoso, uma vez que estes
nados para realizar fluidoterapia e normalizar a função se encontram recheados de excrementos e de pêlos
renal. Em circunstâncias especiais pode ser necessário que ao serem transportados pelo vento, contaminam o
alimentar o animal através de uma sonda gástrica ou ambiente e em contacto com a pele ou com as mucosas
nasogástrica. A duração do tratamento depende do originam reacções alérgicas.
estado geral do animal, normalmente os animais recu-
peram até aos 10 dias.
O prognóstico é reservado, apesar da maioria dos
Bibliografia
casos apresentar uma evolução favorável (Poisson et al.,
Arditti, J., David, J.M., Jean, P., Jouglard, J., (1988). Accidentes
1994). Contudo, depende do grau de afecção e da pre- provoqués par la chenille processionaire du pin en Provence.
cocidade com que o tratamento inicial é instaurado. De Journal de Toxicologie Clinique et Espérimentale 8(4),
acordo com Bernal et al. (2000), os animais com sinais 247-251.
clínicos de urticária e edema recuperam num período Arnaldo, P. S. (1997). Parasitismo de ovos de Thaumetopoea
de 24 horas, no entanto nos que apresentam estomatite pityocampa Schiff. em Trás-os-Montes. Tese de Mestrado
em Engenharia da Produção Florestal. Universidade de
e glossite a recuperação demora cerca de 3 dias. Nos Trás-os-Montes e Alto Douro, 125 pp.
casos em que o contacto lingual com a processionária Arnaldo, P., Rocha, S., Torres, L. & Pinto, A. (1999). Bioecologia
é intenso está referido por vários autores que pode da processionária do pinheiro, Thaumetopoea pityocampa
ocorrer necrose de uma porção, mais ou menos extensa Schiff. em Trás-os-Montes. Resultados preliminares. V
(Poisson et al., 1994; Lorgue et al., 1996; Bernal et al., Encontro Nacional de Protecção Integrada, Bragança, 27 a
29 de Outubro de 1999, 292.
2000). Dos casos clínicos por nós acompanhados obser-
Bernal, I.J., Cerón, J.J., Tecles, F., Bolio, M. (2000). Envenenami-
vámos que os animais com pior evolução foram aqueles ento por procesionaria del pino : conceptos generales y pautas
cujo tempo compreendido entre a intervenção médica e de actuación. Consulta Difus Veterinaria 8(71), 41-46.
o contacto com a larva da processionária era igual ou Bertucci, B. M. (1983). La processionaria del pino. Informatore
superior a 2 dias. Nenhum dos cães morreu na sequên- Fitopatologico 7(8), 21-30.
155
Oliveira, P. et al. RPCV (2003) 98 (547) 151-156
Blanchard, G. (1994). Erucisme chez le chien A propos de 6 obser- Lamy, M.; Pastureaud, M. H. & Ducombs, G. (1985). Toxicologie
vations cliniques dans le Sud-Est de la France. Recueil de – La thaumétopoéine, une protéine urticante de la Che-
Médecine Veterinaire, 170(1), 9-16. nille Processionnaire du Pin (Thaumetopoea pityocampa
Contreras, T.P., Figueroa, J.M.T. (1997). La processionaria del pino Schiff.)(Lépidoptères, Thaumetopoeidea). C. R. Acad. Sc.
y sus defensas urticantes. Quercus, 135, 20-22. Paris, 301, Ser. III, 5, 173-176.
Dajoz, R. (1991). Entomologia Florestal: los insectos y el bosque. Lorgue, G., Lechenet, J., Rivière, A. (1996). Clinical Veterinary
Papel y diversidad de los insectos en el medio forestal. Edi- Toxicology. Blackwell Science. Londres,70-71.
ciones Mundi-Prensa, 548 pp. Miranda M., López Alonso, M.. Castillo , C., Hernandez, J. e Ben-
Demolin, G. (1962). Comportament des chenilles de Thaumetopoea edito, J.L. (2001). Manejo general del perro y gato intoxicado.
pityocampa Schiff. au cours des « processions de nymphose ». Consulta Difusion Vet 9(81), 53-62.
C. R. Heb. des Séances de l’Acad. Sci., Paris, 254, 733-734. Pineau, X. e Romanoff, C. (1995). Envenimations des carnivores
Demolin, G. (1965). Gregarisme et subsocialité chez Thaumetopoea domestiques. Recuiel de Medicine Veterinaire- Spécial Toxi-
pityocampa Schiff.. Nid d’hiver – Activité de tissage. Actes cologie des Carnivores Domestiques. 171(2/3), 183-192.
du Vº Congress de L’Union Internationale pour L’étude des Pinto, A., Beito, S., Arnaldo, P. & Azevedo, J. (1998). Estudo da
insectes Sociaux, Toulouse, 69-77. distribuição na copa de Pinus pinaster Ait. de posturas, intac-
Ducombs, G., Lamy, M., Mollard, S., Guillard, J.M., Malevvile, J. tas e predadas, e ninhos de Thaumetopoea pityocampa Schiff.
(1981). Contact dermatitis from processional pine caterpil- (Lepidoptera, Thaumetopoeidea). VIII Congresso Ibérico de
lar (Thaumetopoea pityocampa schiff lepidoptera). Contact Entomologia, Évora,7 a 11 de Setembro, 93.
dermatitis 7(5), 287-288. Poisson, L., Boutet J.P., Pailassou, P., Fuhrer, L. (1994). Quatre cas
Grundmann, S., Arnold, P., Montavon, P., Schraner, E.M., Wer- d’envenination par des chenilles processionnaires du pin chez
melinger, B., Hauser, B. (2000). Toxische Zungennekrose le chien. Point Veterináire 158 (25), 992-1002.
nach Kontakt mit Raupen des Pinienprozessionsspinners Veja, J.M., Moneo, I., Armentia, A., Fuente, V., Fernández, A.
(Thaumetopoea pityocampa Schiff.). Kleintierpraxis 45, (1999). Reacciones ocupacionales de hipersensibiliad inme-
45-50. diata a procesionaria del pino Thaumetopoea pityocampa.
Ver. Esp. Alergol Inmunol Clín. 14(1), 19-22.
156
SUPLEMENTO REVISTA PORTUGUESA
DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
27
SUPLEMENTO RPCV (2003) SUPL. 123: 27-32
por não se focalizar na questão essencial: a protecção merece, quer sob o ponto de vista ético, quer sob o
dos animais deverá resultar exclusivamente da natureza ponto de vista religioso, quer ainda sob o ponto de
dos seus perfis fisiológicos, cuja avaliação científica e vista dos costumes, uma unanimidade de opiniões; não
experiência acumulada ditarão as regras relativamente existe tão-pouco um consenso social generalizado, das
às cinco componentes enunciadas: fome e sede, con- regras a cumprir, pelo que os fundamentos das mesmas
forto, dor, comportamento natural, medo e stress. não poderão em qualquer circunstância ultrapassar os
Por outras palavras se dirá que, qualquer que seja a limites daquelas que forem as referências de natureza
expressão jurídica, ou melhor, legal, dos “direitos dos fisiológica e experiência acumulada.
animais”, nunca a mesma poderá decorrer por compa- É nesta perspectiva que me parece deva ser man-
ração, mesmo que absurda, com outro tipo de legisla- tida pela profissão veterinária uma posição de fiel da
ção, mas exclusivamente estatuindo um conjunto de balança, não assente em costumes, dogmas ou crenças,
regras (garantidas por meio de uma acção coercitiva resultando na clarificação legal de um conjunto de
do Estado), que sejam o reflexo exacto da ciência e circunstâncias de que são exemplo: o confinamento de
da experiência, quanto às exigências fisiológicas dos animais de produção, o transporte de animais, a occi-
animais. são ou abate, o abate religioso, a competição despor-
Quanto a este aspecto, a expressão “direitos dos tiva, o espectáculo envolvendo animais, a caça, etc.
animais” não poderá ser reconhecida como alusiva à 5. Para finalizar e repescando algumas das expres-
natureza intrínseca dos animais, também aqui deverá sões utilizadas em referência aos animais: “estatuto
ser obviado o paralelismo com os “Direitos Humanos”. moral”; “direitos dos animais”; “estatuto jurídico”;
Ao contrário, e como referi, qualquer legislação “protecção jurídica”; “sujeito jurídico” e tendo em
sobre a protecção dos animais, deverá derivar exclusi- conta a interrogação que o título da carta ao editor
vamente das cinco componentes antes referidas, enqua- encerra, parece-me óbvio estarmos perante uma ques-
drando-se em outras áreas do Direito, nos domínios tão veterinária.
da Saúde Animal, da Higiene Pública Veterinária, do
Miguel Ângelo
Melhoramento Animal, etc. parecendo portanto mais Apartado 78
sensato, falar de Direito Veterinário, identificando-se 5374 - 909 MIRANDELA
os animais em quanto coisa jurídica, como um recurso supervet@sapo.pt
da Humanidade.
Constituindo-se assim, como um ramo do Direito,
Notas sobre publicações
resultante da diversidade e evolução da vida social e
portanto mais coerente, eficiente e eficaz quanto à sua
aplicação, o enquadramento das diferentes disposições
legais num Código Veterinário, está aliás plasmado no
edifício legislativo comunitário, que incluí toda a regu-
lamentação em apreço sob a designação de “legislação
veterinária e zootécnica”.
Julgo que a designação “direitos dos animais” deverá
ser obviada, a favor da legislação, de que a protecção
dos animais constituiria um importante pilar, geradora
de obrigações jurídicas aos humanos, particularmente O Diamante
aos donos e detentores dos animais (cuja responsa- Revista editada pela Associação do Pessoal
bilidade deriva da sua personalidade jurídica), mas da Diamang
também às entidades e pessoas (igualmente detento- A história começa em Angola em 1907, quando
res de personalidade jurídica), que de algum modo foi encontrado o primeiro diamante, no então Congo
interferem no cumprimento daquela legislação, a cujo Belga do grande protector dos nativos Rei Leopoldo
conjunto deverá ser atribuída a designação de Direito dos belgas, o qual, como se sabe não se poupou a
Veterinário ou de Código Veterinário se assumir esse esforços para o desenvolvimento da extensa concessão
modelo. que lhe coubera na partilha do continente africano,
4. O problema anterior coloca, justamente, um outro, na Conferência de Berlim, tudo realizado a bem da
estritamente relacionado com a filosofia do Direito: “civilização”, evidentemente. Essa descoberta deve ter
o de saber se os animais poderiam ser detentores de feito nascer a ideia de que onde existia um, existiriam
qualidade jurídica. Não detendo qualquer competência muitos mais. Para dar continuidade às prospecções foi
na área do Direito, parece-me, ainda assim, que aquela então criada uma empresa denominada “Societè Inter-
qualidade apenas poderá ser atribuída às coisas de nationale Forestiére et Miniére du Congo”, abrevia-
conduta humana, sendo que nestas circunstâncias os damente designada por “Forminière”. Ao seu serviço
animais constituiriam o objecto, o recurso, o bem, con- ficaram os dois prospectores americanos chamados
substanciando um determinado Direito. Jhonson e Mac Vey que já operavam na área e que,
Será bom registar que a protecção dos animais, não em 1912, na margem direita do rio Chiumbe, encon-
28
SUPLEMENTO RPCV (2003) SUPL. 123: 27-32
traram mais sete pedras, concluindo portanto que as tugália, Cambulo e Verissimo Sarmento, corresponden-
jazidas descobertas no Congo tinham continuidade em tes a 45 483 Km2, qualquer coisa como, aproximada-
território angolano. Isso obrigou à formação de uma mente, metade da superfície de Portugal metropolitano,
outra sociedade associada da belga, com algum capital realçando a obra realizada e o grande Hospital que sob
português, que tinha nos seus objectivos a prospecção sua orientação se construiu no Savacula, para a luta
das jazidas de diamantes presumivelmente existentes anti-tuberculose, assinado julgo, por quem o substituiu
em Angola e que se chamou “Companhia de Pesquisas o Dr. José Henrique Santos David; ao Doutor Antó-
Mineiras de Angola” – a PEMA, em 4 de Setembro de nio Barros Machado, neto de Bernardino Machado, o
1912, depois substituída pela constituição da “Compa- cientista, Doutor Honoris causa pela Universidade do
nhia de Diamantes de Angola” – a “Diamang” em 16 Porto, criador do Laboratório de Investigações Bio-
de Outubro de 1917. lógicas do Dundo e biólogo especialista de renome
Assim principia a história intitulada “Pioneiros” que internacional, em insectos, aranhas, mamíferos, des-
nos conta o nosso colega, amigo e condiscípulo Victor crevendo novos géneros e espécies e seus comporta-
d’Albuquerque Matos, a abrir uma interessantíssima mentos, enriquecendo os conhecimentos sobre a fauna
publicação intitulada “O Diamante” editada pela angolana e obrigando a que as “Publicações Culturais
“Associação do Pessoal da Diamang” a propósito do da Diamang” passassem a ser de consulta obrigatória
XXI encontro de confraternização e convívio dos ex- por especialistas de todo o mundo, sem esquecer os
empregados da Companhia e seus familiares, realizado seus originais trabalhos sobre a biologia da Glossina
em 14 de junho último, em Manique do Intendente. ou tsé-tsé (a mosca transmissora da doença do sono)
Direi, antes de mais, que essa publicação de 82 pági- assinados pelo Doutor Eduardo Luna de Carvalho e
nas, com formato de “revista tipo A4”, tem excelente e pelo seu filho David; ao Dr. David Bernardino, assassi-
cuidada apresentação gráfica, com numerosas reprodu- nado pela UNITA, quando saía do Centro de Saúde que
ções fotográficas, quase todas inéditas, não pode deixar construíra com as suas próprias economias no bairro
de interessar a todos os que se interessem pela História de Cacilhas na sua cidade do Huambo onde nascera,
de Angola. A sua tiragem foi limitada e julgo que não publicando o discurso do Doutor Barros Machado na
esteve, nem está à venda. Pelo menos não a encontrei homenagem prestada à sua memória no Teatro Villa-
nas livrarias de Lisboa e o exemplar que possuo foi-me ret, em Lisboa, focando as suas diversas facetas de
oferecido pelo acima citado amigo e colega. Também médico, de melómano, de escritor, de actor, de poeta
não encontrei qualquer referência a preço, ou director, e jornalista “um elo de ligação entre as culturas dos
presumindo tratar-se de publicação avulso, não perió- povos angolano e português”, “os mandantes dos seus
dica, portanto. Para confirmar essa ideia é indicado executores, destruíram com este crime um dos valores
apenas como seu coordenador o Dr. Bernardo José humanos mais altos do seu próprio país”, “mas o que
Ferreira Reis, que foi o último administrador da Dia- não puderam destruir foi exemplo que o David nos
mang residente no Dundo, o qual também descreve o deixou de toda uma vida de abnegação e de coragem,
último arrear da bandeira portuguesa, feito ao pôr-do- simbolicamente aniquilada no limiar do seu posto de
sol no dia 10 de Novembro de 1975, frente à sede da trabalho de assistência humanitária, que se recusou a
Direcção Geral da Companhia na Praça Henrique de desertar, não obstante os perigos que o ameaçavam”.
Carvalho, com todo o cerimonial e guarda de honra E ainda outra colaboração talvez menos específica,
prestada pelos “cipais” ou “capitas” da policia mineira mas de situações vividas tais como “Quando a vio-
com bombos, fanfarra e bandeiras, como sucedia todos lência chega ao paraíso” (o paraíso era obviamente o
os domingos e feriados. Dundo) pelo Dr. Américo Botelho ou simples postais
A independência de Angola seria declarada no dia de vários autores que já não podemos referenciar, por
seguinte, 11 de Novembro, por cada um dos três movi- falta de espaço.
mentos que pretendiam governar o novo país, incapa- Deixei, propositadamente para o fim a colaboração
zes de se entenderem em conjunto, respectivamente, do meu amigo d’ Albuquerque Matos. A ele pertence o
em Luanda, no Huambo e no Ambriz. valioso trabalho sobre as origens e a formação da Dia-
Essa publicação é, uma evocação a quantos trabalha- mang e dos seus Serviços Veterinários, intitulado “Pio-
ram na Diamang, abordando factos, situações, aconte- neiros”. Nesse trabalho mostra-nos como a Companhia
cimentos gerais vividos, mas também homenageando cresceu rapidamente, avaliando esse desenvolvimento
alguns elementos de uma pequenina comunidade pelo número de engenheiros e profissões ligadas às
perdida no nordeste de Angola que, pelo seu trabalho actividades mineiras, logo seguido pelos agentes agrí-
continuam na lembrança dos vivos e refiro: o médico colas – boeres e ingleses – os quais representam o
Dr. João da Rocha Afonso, que durante 15 anos foi o interesse e o esforço que a Companhia sempre dedicou
Director dos Serviços de Saúde da Diamang, prestando à produção de bens alimentares, numa zona difícil e
“incomensurável contribuição na tentativa de solu- carenciada.
cionar três magnas questões da Lunda: a assistência Por esse tempo a língua falada era quase exclusi-
materno-infantil e o combate às graves endemias da vamente a inglesa, pois a comunidade existente era
lepra e da tuberculose”, na área dos concelhos de Por- dominantemente anglo-saxónica. A parte administra-
29
SUPLEMENTO RPCV (2003) SUPL. 123: 27-32
tiva estava entregue aos belgas. frente dos Serviços Veterinários só voltou à Lunda, de
Nesse artigo aborda a visita que o Alto Comissário, onde fora expulso na sua juventude, trinta anos depois,
General Norton de Matos acompanhado pela esposa e em 1950, sendo recebido com a deferência devida ao
a filha em 7 de Janeiro de 1922, viajando de automóvel seu cargo.”
, realiza à Lunda. O General mostrou-se bem impres- O Colega Victor Matos escreve que “O contrato,
sionado com o que observou, mas não deixou de regis- impresso em papel selado com $30 que todos os
tar que não se falasse português, que não houvesse empregados tinham que assinar...era mais que leonino,
uma única bandeira portuguesa hasteada e que não era diamantino!” e foi “melhorando” pela aposição de
existisse um serviço de veterinária e zootecnia, dado o mais cláusulas e novas exigências...” E concluí: “mas
desenvolvimento das manadas de gado bovino. ou se tinha necessidade e espirito de aventura ou se
Assim veio a nascer o primeiro Serviço Veterinário rejeitava!” e acrescenta: “Desses contrato assinei eu
da Diamang para o qual foi contratado o Dr. Abel Lima cinco! Mas de trinta meses, além dos prolongamen-
do Sacramento Pratas. A presença do colega Pratas na tos...”
Lunda foi muito curta, pois na sequência de desenten- O que ele não diz mas eu acrescento, pois ainda me
dimento com o “Acting Manager Engineer Retie, foi- recordo de assistir à sua passagem pela estação do
lhe imposto o fim do contrato, nos termos do art.12, ou Caminho de Ferro de Nova Lisboa, “comandando a
seja: “quando isso conviesse à Companhia, sem aviso operação” “Arca de Noé” o comboio de gado de várias
prévio e sem justificar a sua demissão, mediante o espécies, com destino à Lunda, para reforço e melho-
pagamento de uma indemnização igual a três meses de ramento das explorações pecuárias da Diamang. De
ordenado”. Na mesma data foram dados por findos os facto foi ele o sucessor do Dr. Pratas na Companhia de
contratos a mais três empregados portugueses, que se Diamantes de Angola. Durante 26 anos nunca os diri-
solidarizaram com o Dr. Pratas. gentes da Companhia entenderam necessário disporem
Quando passaram por Luanda, em 2 de Fevereiro de Serviços Veterinários próprios e recorriam ao Dele-
de 1922, os portugueses demitidos apresentaram suas gado de Sanidade de Pecuária de Malange.
queixas ao General Norton de Matos e em consequên- Nunca visitei a Lunda mas sei que o trabalho reali-
cia dos acontecimentos, foi publicado em 20 de Feve- zado pelo colega Matos foi verdadeiramente notável.
reiro do mesmo ano o Decreto nº 241, o qual, logo no Partindo do zero, levantou as estruturas de um Ser-
art. 1º estipulava: “Todas as sociedades, companhias viço que chegou a ocupar cinco médicos veterinários,
ou empresas, nacionais ou estrangeiras...” são obriga- além de reestruturar em novas bases as estratégias
das: “a) O empregado mais graduado, com residência das deslocações de bovinos para abate, que por vezes
na Província será sempre cidadão português; b) O ultrapassavam as duas mil cabeças de animais adquiri-
administrador ou director geral “in loco” será sempre das no Sudoeste de Angola e percorriam “a pé-de-boi
cidadão português; c) Será constituída por cidadãos mais de 2000 quilómetros, como ele gosta de dizer. A
portugueses metade pelo menos, quer do pessoal téc- História de todo esse trabalho e estudo, de um médico
nico, quer do pessoal de carteira e contabilidade; d) veterinário “pioneiro” na Lunda, numa Companhia que
O pessoal médico e de enfermagem, será todo portu- explorava Diamantes, mas que se preocupava também,
guês”... O 20º e último artigo concedia o prazo de um e isso é preciso que se diga, com o bem estar dos seus
ano, a contar da data de publicação do Decreto, para empregados e das populações que habitavam as áreas
que lhe fosse dada execução. concessionadas, é praticamente desconhecida. As situa-
Quanto ao Eng. Rettie, a direcção da Companhia ções vividas nesses tempos são abordadas vagamente
considerou que a sua actuação fora precipitada e reco- (diria mesmo “talvez desportivamente”) em outro
mendou-lhe especial cuidado na recepção e tratamento artigo do mesmo autor que ele intitulou de “Aponta-
dos empregados portugueses. mentos”. Mas isso não chega. Tudo isso é, de facto,
O Dr. Abel Pratas veio depois a ser contratado para uma parte (desconhecida!) da História da Profissão em
os Serviços Veterinários de Angola, em 1924, sendo Angola que seria bom não se perdesse.
colocado como Director interino da Estação Zootéc- Tenho elementos, na minha posse que esse Amigo
nica da Humpata, acumulando com a chefia da Repar- me tem enviado, mas falta-me a vivência dos aconte-
tição Distrital de Veterinária do Distrito da Huíla. cimentos ... o conhecimento do meio, falhas, desinfor-
Depois, em 1939, foi nomeado para dirigir a Reparti- mações e outras insuficiências...
ção de Pecuária da Direcção dos Serviços de Fomento Até porque, tal como escreve um dos elementos
de Angola. Com a remodelação dos Serviços Adminis- da Comissão Organizadora do Encontro: “Hoje não
trativos de Angola ocupou então o lugar de Director da restam mais que vestígios de tudo o que ali fizemos,
Repartição Central dos Serviços de Veterinária e da por exemplo no domínio da cultura e da ciência (e
Industria Animal, no qual permaneceu até aos 62 anos, podíamos falar do Museu, do Laboratório de Biologia,
quando foi promovido a Inspector Provincial e aposen- dos Estudos Antropológicos, dos trabalhos permanen-
tado, por ter atingido o limite de idade. Escreve então tes do combate ao paludismo, à doença do sono, à
o colega d’Albuquerque Matos: “Durante a sua longa tuberculose, etc.). Esta é a nossa grande mágoa.”
permanência em Angola, quer na Humpata, quer à E mais não digo! Meus parabéns ao Coordenador, à
30
SUPLEMENTO RPCV (2003) SUPL. 123: 27-32
A. Martins Mendes
Vida associativa
Alto da Ajuda, Setembro 2003
Sessão solene comemorativa da abertura do ano
académico: A cerimónia terá lugar na Universidade de
Reuniões científicas e cursos Trás os Montes e Alto Douro, no dia 11 de Dezembro
de 2003, 5ª feira, pelas 16 horas. A oração de sapiên-
Curso de Mestrado em Ciência Animal em Meio cia será proferida pelo Professor Doutor Alexandre
Tropical: No âmbito das acções de formação pós- Quintanilha e será subordinada ao tema “Como é que
graduada da Faculdade de Medicina Veterinária da as sociedades lidam com o risco”. Foi convidada para
UTL, decorre actualmente a programação do Curso presidir à cerimónia a Senhora Ministra da Ciência
de Mestrado em Ciência Animal em Meio Tropical, e do Ensino Superior, Professora Doutora Maria da
organizado por aquela Faculdade com a colaboração Graça Carvalho.
do Centro de Veterinária e Zootecnia do Instituto de
Investigação Científica Tropical. Palestras na sede da SPCV: Será anunciado breve-
O Curso que se iniciará em Janeiro de 2004, tem por mente um conjunto de actividades científicas e culturais
objectivo facultar formação técnico-científica aprofun- para o período que vai do presente até ao fim de 2004 e
dada em temas relevantes para a pecuária nas regiões que se iniciarão com uma palestra, no dia 20 de Novem-
tropicais relacionados com: bro p.f. pelas 17h e 30m na sede da SPCV (antiga
- As suas particularidades edafo-climáticas, sanitá- biblioteca da FMV nas instalações da rua Gomes
rias, zootécnicas e sociológicas; Freire) proferida pelo Doutor Michael Parkhouse, do
- Aspectos da transformação e qualidade de alimen- Instituto Gulbenkian de Ciência, subordinada ao tema
tos; “Rational strategies for pathogen control”.
- A utilização de biotecnologias apropriadas em pro-
dução e sanidade animal; Sítio da Sociedade Portuguesa de Ciências Vete-
- O estabelecimento de estratégias de planeamento rinárias na Internet: a SPCV pode ser encontrada
de economia e de produção pecuária baseadas no em www.spcvet.pt e dispõe já de um endereço de
desenvolvimento sustentável daquelas regiões. correio electrónico, spcvet@spcvet.pt, que pretende-
As inscrições estarão abertas até ao dia 30 dia mos usar para manter os sócios informados das nossas
Novembro. Informações detalhadas sobre o referido iniciativas e através do qual nos poderão fazer chegar
Curso podem ser obtidas no “site” da Faculdade de sugestões, comentários e críticas para que possamos
Medicina Veterinária www.fmv.utl.pt (Ensino pós-gra- melhorar e dignificar a nossa sociedade. Pedimos a
duado). todos os sócios que nos enviem para esta morada o seu
endereço de correio electrónico.
15th International Congress of Animal Reproduc-
tion (ICAR 2004): a decorrer em Porto Seguro, Baia, Movimento de sócios: de 1 de Julho a 30 de Setem-
Brasil, de 8 a 12 de Agosto de 2004. O programa inclui bro de 2003 foram admitidos ou readmitidos os sócios
sessões plenárias: Genomics, Cloning and Transgenic que a seguir se indicam. Efectivos: 1457 João António
Strategies; Reproduction and Conservation of Endan- Lannas da Silva, 2213 Maria de S. José Centeno, 2214
gered Wildlife; New Developments in Reproductive Maria Teresa Filipe da Costa, 2215 Manuel Ferreira
Technology; Microenvironment and Reproduction; Joaquim, 2216 Maria Helena Monteiro. Estudantes:
Simpósios: Nutrition and Reproduction; Canine and 2208 Francisco Mendes Machado da Silva, 2209 Rita
Feline Reproduction; Small Ruminants; Immuno- Calado da Silva, 2210 Paula Alexandra Guerra, 2211
Reproduction; Reproduction and Fertility in Males; José Miguel Novo de Matos, 2212 Ana Luisa da Silva
Reproduction in Bos Indicus; Pathology; Endocrine Pinto, 2217 Mafalda Aragonez Bacalhau, 2218 Joana
and Paracrine Control of Reproductive Processes; Gonçalves da Silva, 2219 Sofia Isabel Costa, 2220
The Control of Oestrus, Ovulation and Anoestrus in Pedro David Carvalho, 2221 Ana Sofia Pisco, 2222
Cattle; The Control of Oestrus, Ovulation and Anoes- Rita Soraia Campos, 2223 João Lucena Afonso, 2224
trus in Cattle; Gene Expression; Equine Reproduction; Ary Hugo de Abreu, 2225 Luís Carlos Simão, 2226
Workshops: Buffalo, Animal Welfare, Reproduction of Telmo Ricardo Ferraz Fernandes, 2227 Pedro de
Camelids, Pig Reproduction, Active Immunization and Morais Julião, 2228 Ana Catarina Gascon Migueis,
Reproductive Control, Spermatogonial Transplants and 2229 Carlos Manuel Nery Norte, 2230 João Manuel
Testis Graft in Mammals, Transvaginal Oocyte Retrie- Monteiro da Costa.
val (Ovum Pick-Up) and it’s Applications, New Insight
31
SUPLEMENTO RPCV (2003) SUPL. 123: 27-32
32