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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO NEUROCIÊNCIA


COGNITIVA E COMPORTAMENTO

Resumo capítulo 7- A importância das mães

João Pessoa

2022

É fato que sabemos que um bebê humano ou até mesmo um animal recém-
nascido, necessita de sua mãe para a manutenção de sua sobrevivência e
desenvolvimento. No entanto, alguns pesquisadores do início do século XX divergiam
deste pensamento e a partir disso davam orientações aos pais acerca de técnicas que
poderiam ser efetivas na criação dos filhos, como: ter menos contato físico com a mãe,
dormir sozinhas desde cedo e diante do choro da criança os pais eram aconselhados a
não os pegarem no colo rapidamente, mas demorar para atender ao choro. Nesta época,
entendia-se que para o cuidado de uma criança, o foco deveria estar nos aspectos
biológicos, como: temperatura adequada, alimentação e outras necessidades fisiológicas
e dentro desta equação o calor humano, contato físico e afeição seriam deixadas de fora.

Durante este período, o psiquiatra John Bowlby, trouxe grandes contribuições


acerca da relação mãe-bebê a partir do desenvolvimento da “teoria do apego”, sendo
essa a teoria que norteia a sociedade até os dias de hoje. Essa teoria aponta para a
necessidade das crianças de amor, afeto, calor humano, consistência, confiabilidade,
entre outros elementos que compõe o laço entre a mãe e seu bebê. A partir dessa noção
de importância das mães, estudos foram desenvolvidos para entender o que a falta dos
cuidados de uma mãe poderia ocasionar.
Diante disso, o estudioso Harry Harlow, desenvolveu um experimento que
envolvia a criação de um filhote de macaco reso sem a presença de sua mãe, mas sim de
duas estruturas feitas de metal e plástico que possuíam uma feição similar à do macaco,
uma das estruturas tinha uma mamadeira saindo de seu torso e outra possuía um tecido
felpudo enrolado em seu torso, similar a pelagem da mãe do filhote. Para surpresa dos
estudiosos da época, o filhote escolheu a estrutura com o tecido felpudo e a partir disso,
Harlow concluiu e escreveu a celebre frase: “O homem não pode viver apenas de leite.
O amor é uma emoção que não precisa ser dada por mamadeira ou colher”.
Uma outra pesquisa com filhotes foi realizada e nesta pesquisa, estes filhotes
eram criados sem a presença de nenhum outro ser vivo e isso fez com que os mesmos
passassem a exprimir comportamentos como: tentavam se abraçar, ficavam se
balançando para frente e para trás e alguns exibiam comportamentos hierárquicos e/ou
sexuais inadequados. E isso se dava pelo fato de não ter sua mãe ou algum outro
cuidador que os ensinassem a se portar dentro da sua sociedade, de acordo com as
“regras”, ou seja, sem um modelo. Faz necessário que alguém com mais experiência que
os filhotes os ensinem os contextos corretos de cada comportamento, possibilitando uma
maior adaptação no meio em que se vive.
Outro experimento com filhotes de macacos foi realizado nos mesmos moldes
que os anteriores. Onde uma estrutura com a aparência similar à de um macaco fêmea
eram incluídos, no entanto, neste experimento em especial, esta estrutura tinha em seu
dorso saídas de ar, no qual, todas vezes que os filhotes se agarravam a eles recebiam
uma rajada forte de ar e para a surpresa dos pesquisadores invés de se separar dessa
estrutura se agarravam ainda mais forte a ela. A partir desse experimento e outros
envolvendo filhotes de ratos e suas mães, iniciou-se entre os pesquisadores a
curiosidade e descobertas acerca de relacionamentos abusivos e sua manutenção.
É importante salientar que não são apenas relacionamentos abusivos com as
mães que favorecem os aumentos nos níveis de estresse, mas outras situações adversas
como: privação paterna, pobreza na infância e até mesmo exposição a violência e
desastres naturais. A presença de estresse continuo no início da vida produzem crianças
e adultos com níveis altos de glicocorticoides, bem como estes apresentam
hiperatividade no sistema nervoso simpático. Esse cenário acarreta prejuízos que afetam
desde a cognição até o controle de impulsos e outros comportamentos. Adversidades
contínuas na infância trazem implicações diretas para o cérebro, tendo em vista, que
esse tipo de situação pode levar a atrofia do funcionamento do hipocampo e córtex
frontal, enquanto a amigdala se torna maior e hiper-reativa. Essa conjuntura cerebral
pode levar esse adulto a desenvolver depressão e ansiedade.
Nota-se que estar inserido em um contexto de agressão e violência, possibilita
que este ser humano expresse comportamentos violentos no futuro, bem como,
testemunhar violência na infância aumenta muito as chances de desenvolver transtorno
do estresse pós-traumático (TEPT), assim como a morte de um dos pais pode acarretar
depressão na idade adulta.

Contagem de palavras: 744

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