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BIOMECÂNICA
Introdução
A coluna vertebral é uma estrutura do esqueleto axial constituída de
vértebras, sendo uma de suas funções suportar o peso corporal e manter
a postura ereta do corpo. Ela se torna suscetível às patologias dege-
nerativas ou adquiridas pela má postura durante as atividades diárias
e pode danificar as vértebras e estruturas que lhe dão suporte, como
músculos, articulações e ligamentos. Essa condição gera quadro álgico,
fraqueza muscular, posturas antálgicas, entre outros, portanto, para
diferenciar uma estrutura normal de uma alterada devido à presença
de patologias, é indispensável conhecer a anatomia e cinesiologia da
coluna vertebral.
Neste capítulo, você estudará as vértebras e curvaturas normais da
coluna vertebral nas fases do desenvolvimento humano; as posturas
que podem alterá-las; bem como seus movimentos e adaptações nos
eixos e planos.
2 Cinesiologia da coluna vertebral
Processo espinhoso
Processos
articulares
Processo transverso
Arco vertebral
Funções das partes em C
Fixação e movimento
musculares
Corpo vertebral Restrição do
movimento
Proteção da medula
espinal
Vistas superiores Sustentação do peso
do corpo
Processo espinhoso
Processo e faces
articulares inferiores Lâmina
Processo
transverso Arco
vertebral
Região cervical
As vértebras cervicais são delicadas por terem o corpo vertebral pequeno,
estão localizadas na região do pescoço e têm um forame transverso em cada
processo transverso, pelo qual passam as artérias vertebrais. A primeira,
segunda e sétima vértebras se diferenciam das demais cervicais, pois possuem
peculiaridades diferenciadas (MARTINI et al., 2009; VANPUTTE; REGAN;
RUSSO, 2017).
A primeira vértebra cervical chama-se atlas, se articula diretamente
com o crânio por meio de côndilos occipitais e tem como função sustentar
a cabeça. O atlas (C1) se diferencia das outras devido à ausência de corpo
vertebral; à presença dos arcos vertebrais anterior e posterior; à existência
de faces articulares superiores com formato oval e inferiores circulares;
e ao forame ser maior em relação às outras vértebras. A articulação entre
o crânio e o atlas permite os movimentos de flexão e extensão da cabeça
(MARTINI et al., 2009).
A segunda vértebra é denominada de áxis (C2) e, diferentemente da pri-
meira, tem um corpo vertebral e um processo espinhoso. Ela articula-se com
o atlas por meio de um processo chamado de dente do áxis ou odontoide,
em que os dois estão ligados pelo ligamento transverso, formando um pivô
ou uma articulação do tipo trocoide e permitindo o movimento de rotação
da cabeça (de um lado para o outro) — entre a C1 e a C2 não há presença
de disco intervertebral. Da segunda a sétima vértebra cervical, o processo
espinhoso se torna bífido (MARTINI et al., 2009). Veja na Figura 3 a primeira
e a segunda vértebras.
Região torácica
As vértebras torácicas (Figura 4) se diferenciam das outras, pois apre-
sentam processos espinhosos longos que se direcionam inferiormente e
fóveas articulares para fixar as costelas em seus processos transversos. As
vértebras de T1 a T8 possuem fóveas inferiores e superiores articuladas
com os dois pares de costelas, já as de T9 a T12 têm somente uma fóvea
costal em cada lado. Os movimentos dessa região são limitados devido
à fixação das costelas no externo (MARTINI et al., 2009; VANPUTTE;
REGAN; RUSSO, 2017).
Cinesiologia da coluna vertebral 7
Vértebra torácica (TVI), vista lateral Vértebra torácica (TVI), vista superior
Corpo vertebral
Incisura
Processo a face vertebral
articulares superiores superior Fóvea Corpo Forame
costal
Pedículo do superior vertebral vertebral
arco vertebral
Fóvea costal
Fóvea costal superior
do processo Incisura
transverso vertebral Pedículo do
superior arco vertebral
Processo
transverso Fóvea costal
do processo
transverso
Processo
articular
inferior Incisura Fóvea costal Processo Lâmina do
vertebral inferior Processo articular arco vertebral
Processo inferior transverso superior Processo
espinhoso espinhoso
POSTERIOR
Processo espinhhoso
Face articular superior
do processo articular
Lâmina do superior
ANTERIOR arco vertebral Processo transverso
Pedículo do
arco vertebral Forame vertebral
Localização
das vértebras
lombares Corpo vertebral
ANTERIOR
Visão superior
Promontório
Promontório
Nutação Contranutação
Controle da cabeça
De acordo com Houglum e Bertoti (2014), a linha de gravidade incide sobre
o lado côncavo de cada curva vertebral quando a pessoa está na postura
ortostática. Seu centro de massa se localiza aproximadamente 2,5 cm acima
14 Cinesiologia da coluna vertebral
Postura sentada
Durante a postura sentada, o peso do corpo é transferido para as musculaturas
dorsal e pélvica. Quando a pessoa senta em uma cadeira sem apoio, a lordose
lombar diminui e resulta em um aumento da pressão no disco intervertebral,
pois ele se desloca do centro para a região posterior da vértebra. Na postura
sentada ereta, a lordose lombar se mantém, e a pressão no disco diminui.
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Leituras recomendadas
FONSECA, M. P. M.; CARDOSO, F.; GUIMARÃES, A. Fundamentos biomecânicos da
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