Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORTOPÉDICO
FUNCIONAL I
Introdução
O êxito de um tratamento fisioterapêutico depende fundamentalmente da
correta avaliação e da identificação de distúrbios. O ombro é uma estrutura
complexa e com articulações de diferentes amplitudes de movimento. Por
isso, a compreenção das estruturas anatômicas e funções desempenhadas
por essas articulações é indispensável no planejamento de um tratamento.
Neste capítulo, você vai ver como utilizar a avaliação estática, a dinâ-
mica e testes específicos para identificar possíveis distúrbios das estruturas
envolvidas com o complexo do ombro. Além disso, vai estudar como
aplicar as técnicas fisioterapêuticas para tratar as disfunções identificadas
e recuperar a funcionalidade do seu paciente.
2 Técnicas fisioterapêuticas para distúrbios do complexo do ombro
Ação Músculos
Rotação interna Peitoral maior, grande dorsal, redondo maior, serrátil ante-
rior, deltoide anterior
Figura 2. Alguns dos movimentos realizados pelo complexo do ombro. Nas imagens, é
possível visualizar o movimento realizado pela escápula.
Fonte: Dutton (2004, p. 484).
Figura 3. Alguns movimentos que podem ser solicitados ao paciente para a avaliação da
movimentação ativa de ombro.
Fonte: Adaptada de Auttapon Wongtakeaw/Shutterstock.com.
Figura 8. Teste de esforço de Norwood: (a) braço abduzido a 90º; (b) braço aduzido
horizontalmente.
Fonte: Magee (2010, p. 287).
Luxações e subluxações
Conforme vimos, a glenoumeral é a articulação com maior mobilidade no
corpo humano, o que lhe confere a característica de instabilidade articular.
Essa instabilidade pode, entre outros distúrbios, acarretar luxação articular,
que ocorre quando há um deslocamento ósseo de sua posição articular ideal.
Um exemplo é a luxação anterior e posterior da glenoumeral, que ocorre
quando a cabeça do úmero se desloca respectivamente para a frente ou para
trás da glenoide, cavidade da escápula que se articula com a cabeça do úmero
(KENDALL et al., 1995; MAGEE, 2010).
Além de serem classificadas de acordo com a direção do deslocamento,
as luxações de ombro também podem ser totais ou parciais. A subluxação
(luxação parcial) ocorre quando a cabeça do úmero se desloca da glenoide e
depois retorna à sua posição original. Já na luxação total, a cabeça do úmero
se desloca completamente de sua posição e assim permanece. Causas comuns
de luxação são sobrecargas e movimentações bruscas para a frente e para trás
dos ombros, quedas, fraturas, como luxação anterior ou posterior e em atletas
de esportes de contato (KENDALL et al., 1995).
16 Técnicas fisioterapêuticas para distúrbios do complexo do ombro
Capsulite adesiva
A capsulite adesiva, popularmente conhecida como ombro congelado, é a
inflamação da cápsula articular do ombro que causa edema, dor e perda da
elasticidade. A limitação progressiva da função articular associada à dor
caracteriza a capsulite adesiva. A cápsula articular do ombro é uma estrutura
flexível formada por colágeno. Nas fases iniciais de lesão, o paciente relata
dor e, posteriormente, ocorre a fase restritiva de movimento ou congelamento
(LECH; SUDBRACK; VALENZUELA NETO, 1993).
Classicamente, a patologia se divide em três fases. Primeiro, a fase dolorosa,
com aumento gradual da dor inclusive em repouso — a dor aguda pode estar
presente em alguns movimentos. Em seguida, inicia-se a fase adesiva, com
redução da dor e perda progressiva da ADM de movimento do ombro. A terceira
e última fase são as de resolução, quando ocorre melhora na funcionalidade
articular e, progressivamente, ausência de dor. Todo o processo de migração
entre as fases varia, podendo levar anos até a completa resolução (LECH;
SUDBRACK; VALENZUELA NETO, 1993). Nesses casos, o tratamento
fisioterapêutico é fundamental para o alívio das dores e recuperação da função
em menor tempo.
A fisioterapia nos casos de capsulite adesiva de ombro costuma ser pro-
longada e com várias sessões semanais (Figura 12). Para a escolha do trata-
mento, leva-se em conta o estágio da lesão, e o foco inicial está em reduzir
a dor do paciente. O segundo objetivo será aumentar o espaço articular e
descomprimir as estruturas; para isso, poderão ser utilizadas técnicas como
Kaltenborn, Maitilan e Mulligan para a promoção de mobilização passiva,
ativa ou combinada. Exercícios pendulares de Codman e o fortalecimento
isométrico são importantes para que o paciente ganhe consciência corporal
e não sobrecarregue a articulação, assim como exercícios de fortalecimento
concêntrico, excêntrico e resistidos, que devem ser utilizados logo que a dor
Técnicas fisioterapêuticas para distúrbios do complexo do ombro 17
Figura 12. Mobilização passiva e alongamentos assistidos são parte do tratamento fisio-
terapêutico na capsulite adesiva.
Fonte: Karelnoppe/Shutterstock.com; Albina Glisic/Shuttertock.com.
Tendinite calcária
A tendinite calcária se caracteriza por calcificação dos tendões. Sua etiologia
não é totalmente conhecida, mas pode ocorrer devido ao acúmulo de cálcio nos
tendões e também por uma redução da vascularização e hipoperfusão local,
promovendo degeneração e calcificação. As mulheres fazem parte do grupo
mais acometido, especialmente a partir dos 50 anos de idade (FERREIRA
NETO et al., 2010; SANTOS et al., 2012).
A tendinite calcária pode ser classificada pela duração e pela gravidade
dos sintomas em aguda, subaguda e crônica; quanto ao tamanho visualizado
em exame de imagem, em pequena (< 0,5 cm), média (0,5 a 1,5 cm) e grande
(maior do que 1,5 cm) ou até mesmo de acordo com características radiográfica
(FERREIRA NETO et al., 2010).
O tratamento médico prescrito, geralmente, inclui medicamentos analgé-
sicos e anti-inflamatórios, podendo ter indicação cirúrgica para remoção da
calcificação (FERREIRA NETO et al., 2010). A fisioterapia é extremamente
importante e, no início, o principal objetivo é o alívio de dores. Resultados
interessantes têm sido observados com o uso da eletroterapia, especialmente o
18 Técnicas fisioterapêuticas para distúrbios do complexo do ombro
Figura 13. Ultrassom e mobilização passive como parte do tratamento para tendinite
calcárea.
Fonte: Roman Zaiets/Shutterstock.com; Lopolo/Shutterstock.com.
LECH, O.; VALENZUELA NETO, C.; SEVERO, A. Tratamento conservador das lesões parciais e
completas do manguito Rotador. Acta Ortopédica Brasileira, v. 8, n. 3, p. 14-156, 2000. Dispo-
nível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-78522000000300008&script=sci_
abstract&tlng=pt. Acesso em: 6 de. 2019.
MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. Barueri: Manole, 2010.
METZKER, C. A. B. Tratamento conservador na síndrome do impacto no ombro. Fisiote-
rapia em Movimento, v. 23, n. 1, p. 11-151, 2010. Disponível em: https://periodicos.pucpr.
br/index.php/fisio/article/view/20703/19963. Acesso em: 6 de. 2019.
SANTOS, J. S. et al. O ultrassom é efetivo no tratamento da tendinite calcárea do ombro?
Fisioterapia em Movimento, v. 25, n. 1, p.195-205, 2012.
TORTORA, G. J.; DERRIKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia.
10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.