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FISIOLOGIA DO
EXERCÍCIO
Introdução
Conseguimos movimentar nosso tronco graças às articulações presentes
entre as vértebras da coluna vertebral. Essas estruturas se encontram
empilhadas formando um pilar que têm as funções de proteger a medula
espinal, permitir os movimentos, dar suporte para a cabeça e os membros,
proteger os órgãos, dentre outros. Além das vértebras, os ligamentos dão
suporte e proteção limitando movimentos excessivos, a fim de evitar as
lesões da coluna vertebral.
Neste capítulo, você vai aprender todas as estruturas vertebrais, como
osso, ligamentos e articulações, assim como as diferenças entre cada
segmento da coluna vertebral e seus movimentos possíveis nos planos
anatômicos.
até a sétima vértebra cervical, T1–T12 para a primeira até a décima segunda
vértebra torácica e L1–L5 para a primeira até a quinta vértebra lombar.
A coluna vertebral consiste numa sequência de curvaturas normais que
favorecem uma boa postura quando a pessoa está em pé no plano sagital. Na
posição anatômica as regiões cervical e lombar são convexas anteriormente e
côncavas posteriormente, sendo observado dessa forma um alinhamento normal
denominado de lordose. Por outro lado, as regiões torácica e sacrococcígea
mostram uma curva anteriormente e convexa posteriormente que forma um
alinhamento natural denominado cifose (NEUMANN, 2011). Veja a Figura 1.
Curvatura secundária
(lordose cervical) Cervical
Curvatura
primária Torácica
(cifose torácica)
Lombar
Curvatura secundária
(lordose lombar)
Curvatura Sacral
primária
(cifose sacral) Coccígea
7 vértebras
cervicais
12 vértebras
torácicas
5 vértebras
lombares
5 vértebras
sacrais
4 vértebras
a coccígeas b
Figura 2. (a) Vista lateral da coluna mostrando o pilar anterior. (b) Vista posterior mostrando
o pilar posterior.
Fonte: Adaptada de Kisner e Colby (2016).
4 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
longa, formando uma faixa forte, e suas fibras profundas se unem e reforçam as
faces anteriores dos discos intervertebrais. Esse ligamento fica rígido durante
a extensão e frouxa na flexão e, nas regiões da coluna cervical e lombar, a
sua tensão auxilia a limitar o grau da lordose natural (NEUMANN, 2011).
O ligamento longitudinal posterior se prolonga na região posterior dos
corpos intervertebrais no interior do canal intervertebral. Esse ligamento
reforça a parte posterior dos discos intervertebrais e na coluna lombar limita
sua capacidade de controlar o abaulamento ou herniação discal posterior.
Além disso, sua tensão é aumentada durante a flexão (DIMON JR., 2010;
NEUMANN, 2011).
Os ligamentos capsulares das articulações apofisárias ficam frouxos na
posição neutra, se alterando para rígidos à medida que a articulação se apro-
xima dos limites de todos os seus movimentos (NEUMANN, 2011). Veja a
seguir a Figura 3.
Ligamento
supra-espinal
Ligamento
longitudinal
anterior
Figura 3. Ligamentos da coluna vertebral. (a) Vista anterior. (b) Vista lateral.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
6 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
Observe a Figura 4.
Pedículo Processo
Incisura espinhoso
vertebral
Forame
superior
vertebral
Incisura
Lâmina
vertebral
Corpo inferior Processo
Superior Lateral articular inferior
Região cervical
A coluna cervical está localizada na região do pescoço e é formada por sete
vértebras (C1–C7), sendo a primeira, a segunda e a sétima com características
especiais e diferentes das outras vértebras, sendo denominadas de vértebras
atípicas (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Algumas partes da coluna cervical diferem das outras vértebras, por exemplo, os
processos espinhosos da C1 a C7 são bífidos ou divididos em duas partes. Todas as
vértebras têm três forames, sendo eles: dois forames transversos que servem para a
passagem de vasos sanguíneos e nervos e um forame vertebral que serve para alojar
a medula espinal (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
O atlas tem dois grandes processos transversos que servem para fixar
pequenos músculos, facetas articulares superiores e facetas articulares infe-
riores. As primeiras têm o formato côncavo e são grandes, sendo voltadas para
cima e tendo como função apoiar os côndilos occipitais do crânio. As facetas
articulares inferiores têm o formato plano, são côncavas e são voltadas para
baixo (NEUMANN, 2011).
A segunda vértebra (C2) ou áxis, diferentemente do atlas, começam a
surgir o corpo vertebral e o processo espinhoso. Esta articula-se com o atlas
por meio de uma projeção chamada de dente do áxis ou processo odontoide,
as duas vértebras estão conectadas pelo ligamento transverso, formando um
pivô ou articulação do tipo trocoide, permitindo o movimento de rotação
da cabeça (movimento da cabeça de um lado para o outro). Entre a C1 e
a C2 não há presença do disco vertebral (MARTINI et al., 2009). Veja as
Figuras 5 e 6.
Tubérculo
posterior
Arco posterior Forame
Limites da fóvea vertebral
do dente
Face articular
superior
Processo articular
superior
Arco anterior
Túberculo
anterior Forame “Processo Processo
transversário costal*” transverso
Fóvea do dente
Dente do áxis
Ligamento
transverso do atlas
Atlas (C 1)
Áxis (C 2)
Região torácica
A coluna torácica é formada por 12 vértebras torácicas (T1–T12) e se articulam
por meio das fóveas com as costelas para formar o arcabouço do tórax. As
vértebras T1, T10 e T12 são consideradas atípicas por apresentarem caracterís-
ticas diferentes das demais e principalmente a forma de fixação das costelas.
A T1 tem uma faceta costal completa superior que permite a fixação de toda
a cabeça da primeira costela e uma hemifaceta inferior que acopla a parte da
cabeça da segunda costela. O seu processo espinhoso é proeminente sendo
idêntico a C7. As vértebras T10 e T12 têm uma única faceta costal completa
para se articularem com as cabeças da décima, décima primeira e décima
segunda (NEUMANN, 2011).
10 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
Face
articular
superior
Processo
transverso
Lâmina do
arco vertebral
Processo
espinhoso
Ângulo da costela
Colo
“Extremidade
Fóvea Cabeça vertebral”
costal da costela
superior
Região lombar
A região lombar é formada por cinco vértebras (L1–L5) que são maiores do
que as outras regiões, se diferenciando das outras vértebras por apresentarem
um corpo vertebral grande e maciço, pelos processos transversos curtos e
retangulares e pelas lâminas robustas. O forame vertebral tem formato trian-
gular e, em razão do seu formato, sustenta grande parte do peso corporal,
sendo mais suscetíveis a aparição de hérnias de disco. A maior de todas as
vértebras móveis é a L5. O peso corporal é transmitido da L5 para a base do
sacro (TORTORA; DERRICKSON, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO,
2016). Veja as Figuras 9 e 10.
12 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
Processo
articular superior
Processo
costiforme Forame
Pedículo do vertebral
arco vertebral
Corpo
vertebral
o ápice. Tem como principal função transportar o peso da coluna vertebral para
a pelve. Em sua região posterior encontram-se quatro pares de forames sacrais
ventrais que servem para conduzir as raízes nervosas espinais. Em sua região
dorsal, há a presença de quatro pares de forames sacrais dorsais que transmitem
os ramos dorsais das raízes dos nervos espinais sacrais (NEUMANN, 2011).
Na região superior do sacro encontra-se a primeira vértebra sacral (S1),
que tem uma borda superior pontiaguda denominada de promontório sacral,
e acima da S1 articula-se a primeira vértebra lombar (L1). O sacro também
apresenta um canal sacral que aloja e protege a cauda equina (parte terminal
da medula espinal). O sacro tem também processos articulares fortes que
têm facetas articulares superiores que se articulam com as facetas articulares
inferiores (NEUMANN, 2011). Os processos transversos das vértebras sacrais
fundidas formam uma sequência ao longo da crista mediana (TORTORA;
DERRICKSON, 2017).
O sacro se articula por meio da grande superfície articular e o ilíaco forma,
assim, a articulação sacrolíaca (NEUMANN, 2011).
O cóccix está situado na porção mais inferior da coluna vertebral, logo
abaixo do sacro, tem formato triangular e é composto por três a cinco vértebras
pequenas fundidas. Estas não apresentam forame vertebral nem processos
desenvolvidos. A primeira vértebra tem dois cornos coccígeos longos que se
fixam ao sacro por meio de ligamentos. O cóccix é sensível, sendo suscetível
a fraturas se uma pessoa cai na posição sentada (VAN DE GRAAFF, 2013;
TORTORA; DERRICKSON, 2017). Veja a Figura 11.
Porção superior
Base do sacro Processo articular superior do canal sacral
k
ee
Cr
Promontório
Tuberosidade
S1 sacral
Linhas
Face auricular
S2 transversas Crista sacral
Forames
sacrais Forames lateral
S3
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
S5
Ápice do sacro
Corno sacral
Co1 Processo transverso
Co2 Corno coccígeo
Cóccix Cóccix
Co3
Co4
(a) (b)
Figura 11. (a) Vista anterior do sacro e do cóccix. (b) Vista posterior.
Fonte: Adaptada de Van de Graaff (2013).
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 15
Região cervical
Em relação às outras regiões da coluna, a região cervical é a que mais tem
movimentos amplos, já que esta tem articulações especializadas que permi-
tem e facilitam o posicionamento da cabeça e abrangem a visão, o olfato, a
audição e o equilíbrio.
A primeira vértebra da coluna cervical se articula com os côndilos occipitais
do crânio por meio das articulações atlantoccipitais e tem como função sustentar
a cabeça na coluna cervical (LIPPERT, 2016). Nessa articulação é observado
o movimento de balanço no plano sagital ao redor de seu eixo laterolateral.
Há também o movimento de inclinação lateral que ocorre no plano frontal,
porém, esse movimento é pequeno e bem limitado.
As vértebras C1 e C2 são unidas pela articulação atlantoaxial que ocorre
por meio do ligamento transverso. O movimento gerado é a rotação da cabeça
que ocorre no plano transversal ao redor do seu eixo longitudinal.
Nas articulações vertebrais cervicais típicas, em razão da orientação, são
realizados movimentos em todos os planos (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
Veja, a seguir, os movimentos realizados pela coluna cervical.
Região torácica
Segundo Hamill, Knutzen e Derrick (2016), os movimentos da região torácica
são limitados em razão da fixação das costelas nas vértebras torácicas e pela
orientação dos processos espinhosos.
Nessa região são encontradas as articulações facetárias, as articulações
costais (HOUGLUM; BERTOTI, 2014) e a articulação toracolombar (NEU-
MANN, 2011). As articulações facetárias se movem no plano frontal em seu
eixo anteroposterior e são limitados os movimentos de flexão e cisalhamento
anterior, porém, a inclinação lateral é possível. Outro movimento limitado é
a extensão e isso ocorre em razão do contato dos processos espinhosos uns
aos outros na inclinação lateral (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
A flexão-extensão e a inclinação lateral nas últimas vértebras da coluna
torácica são parecidas com os movimentos da coluna vertebral, porém, a
rotação é um pouco limitada.
As articulações costais permitem a união entre a vértebra torácica e a
cabeça da costela. São observados movimentos de elevação e depressão das
costelas no movimento giratório. Essas articulações participam do sistema
respiração e os movimentos das costelas são observados durante a inspiração
e a expiração (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
Veja, a seguir, os movimentos realizados pela coluna torácica.
Região lombar
Na coluna lombar as articulações facetárias têm formato de meia-lua, entre L5
a S1 não são permitidos os movimentos de rotação e cisalhamento anterior.
Outra articulação presente é a toracolombar entre a região torácica e a região
lombar. A articulação lombossacral é encontrada entre a região lombar e o
sacro, entre L4 e L5 é reforçada por ligamentos sacrolombares fortes que
limitam movimentos de inclinação lateral, flexão, extensão e rotação (HOU-
GLUM; BERTOTI, 2014).
Articulações intervertebrais
Entre os corpos das vértebras estão presentes as articulações intervertebrais.
Estas consistem em discos intervertebrais constituídos por uma substância
18 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares
Posterior Anel
fibroso
Núcleo
pulposo
Flexão Extensão
Anterior
a Seção transversa
Placa terminal vertebral
Figura 12. (a) Partes do disco intervertebral. (b) Pressões do disco vertebral durante os
movimentos de flexão e extensão.
Fonte: Adaptada de Houglum e Bertoti (2014).
Leitura recomendada
FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural. 19. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.