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CINESIOLOGIA E

FISIOLOGIA DO
EXERCÍCIO

Noura Reda Mansour


Coluna: ossos, articulações
e movimentos articulares
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Nomear cada estrutura da coluna vertebral.


„„ Listar as semelhanças e diferenças entre as vértebras dos diferentes
segmentos da coluna vertebral.
„„ Identificar os planos de movimento facilitados em cada segmento
da coluna vertebral.

Introdução
Conseguimos movimentar nosso tronco graças às articulações presentes
entre as vértebras da coluna vertebral. Essas estruturas se encontram
empilhadas formando um pilar que têm as funções de proteger a medula
espinal, permitir os movimentos, dar suporte para a cabeça e os membros,
proteger os órgãos, dentre outros. Além das vértebras, os ligamentos dão
suporte e proteção limitando movimentos excessivos, a fim de evitar as
lesões da coluna vertebral.
Neste capítulo, você vai aprender todas as estruturas vertebrais, como
osso, ligamentos e articulações, assim como as diferenças entre cada
segmento da coluna vertebral e seus movimentos possíveis nos planos
anatômicos.

Estruturas da coluna vertebral


A coluna vertebral é formada por um conjunto de vértebras e consiste em
33 segmentos ósseos divididos em cinco regiões: colunas cervical, torácica,
lombar sacral e coccígea. Essas regiões consistem em sete vértebras cervicais,
12 torácicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas. Cada vértebra é
nomeada de acordo com sua abreviação, por exemplo, C1–C7 para a primeira
2 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

até a sétima vértebra cervical, T1–T12 para a primeira até a décima segunda
vértebra torácica e L1–L5 para a primeira até a quinta vértebra lombar.
A coluna vertebral consiste numa sequência de curvaturas normais que
favorecem uma boa postura quando a pessoa está em pé no plano sagital. Na
posição anatômica as regiões cervical e lombar são convexas anteriormente e
côncavas posteriormente, sendo observado dessa forma um alinhamento normal
denominado de lordose. Por outro lado, as regiões torácica e sacrococcígea
mostram uma curva anteriormente e convexa posteriormente que forma um
alinhamento natural denominado cifose (NEUMANN, 2011). Veja a Figura 1.

Curvaturas Regiões da coluna vertebral


da coluna
vertebral

Curvatura secundária
(lordose cervical) Cervical

Curvatura
primária Torácica
(cifose torácica)

Lombar
Curvatura secundária
(lordose lombar)

Curvatura Sacral
primária
(cifose sacral) Coccígea

Vista lateral Vista lateral

Figura 1. Curvaturas da coluna vertebral.


Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 3

A coluna vertebral divide-se em dois pilares: anterior e posterior. O pilar


anterior é composto por discos vertebrais e discos intervertebrais e tem como
função sustentar o peso do corpo e absorver choques. Em relação à quantidade
de movimento, esta depende do tamanho do disco situado entre duas vértebras.
O pilar posterior é formado por processos articulares e facetas articulares,
que fornecem o mecanismo de deslizamento para o movimento, a orientação
das facetas controla a direção do movimento.
A unidade posterior é composta também por alavancas ósseas, os dois
processos transversos e o processo espinhoso. Nesse local os músculos se
inserem e funcionam de tal forma a produzir e controlar os movimentos e,
ainda, fornecer estabilidade para a coluna vertebral (KISNER; COLBY, 2016).
Veja a Figura 2.

7 vértebras
cervicais

12 vértebras
torácicas

5 vértebras
lombares

5 vértebras
sacrais
4 vértebras
a coccígeas b

Figura 2. (a) Vista lateral da coluna mostrando o pilar anterior. (b) Vista posterior mostrando
o pilar posterior.
Fonte: Adaptada de Kisner e Colby (2016).
4 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

Ligamentos da coluna vertebral


A coluna vertebral é sustentada por um conjunto de ligamentos que limitam
os movimentos a fim de evitar lesões durante os movimentos e auxiliam a
manter as curvaturas naturais, estabilizam a coluna e, além disso, protegem a
medula espinal e as raízes dos nervos espinais (NEUMANN, 2011). A coluna
vertebral é formada pelos ligamentos: ligamentos amarelos, interespinais,
supraespinais, nucal, intertransversários longitudinal anterior e posterior e
ligamentos capsulares das articulações apofisárias.
Os ligamentos amarelos são assim chamados por serem de cor amarelada
em razão do alto conteúdo elástico, que auxilia na resistência do disco à flexão
para frente. Esses ligamentos são uma sequência de 23 ligamentos que conec-
tam a face de duas vértebras próximas desde C2 até o sacro. As fibras deste
cobrem a face anterior da cápsula da articulação facetária e produzem tensão
nessa cápsula para evitar cortes e lesões durante o movimento (HOUGLUM;
BERTOTI, 2014).
Os ligamentos interespinais são a continuação dos ligamentos amarelos e
se inserem nos processos espinhosos adjacentes. Além disso, eles preenchem
o espaço entre os processos espinhosos (HOUGLUM; BERTOTI, 2014; NEU-
MANN, 2011). Esses ligamentos dão continuidade aos ligamentos supraespinais
que formam um forte cordão fibroso se inserindo nas pontas dos processos
espinhosos. Esses ligamentos resistem contra a flexão, na região lombar
não são bem desenvolvidos e podem se romper numa flexão extrema. Já na
coluna cervical são bem desenvolvidos se estendendo cranialmente na forma
do ligamento nucal. Os ligamentos supraespinais se tornam o ligamento nucal
(NEUMANN, 2011; HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
O ligamento nucal tem um aspecto elástico e se estende inferiormente
ao pescoço e auxilia a manter a cabeça ereta, puxando a região occipital do
crânio (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016). Segundo Houglum e Bertoti
(2014), esse ligamento permite uma área de fixação na linha média para os
músculos trapézio e esplênios da cabeça e do pescoço.
Os ligamentos intertransversários fixam os processos transversos das vérte-
bras uns aos outros. Segundo Neumann (2011), esses ligamentos ficam rígidos
durante o movimento de flexão lateral. O ligamento longitudinal anterior se
estende à parte anterior dos corpos vertebrais (DIMON JR., 2010), tem a forma
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 5

longa, formando uma faixa forte, e suas fibras profundas se unem e reforçam as
faces anteriores dos discos intervertebrais. Esse ligamento fica rígido durante
a extensão e frouxa na flexão e, nas regiões da coluna cervical e lombar, a
sua tensão auxilia a limitar o grau da lordose natural (NEUMANN, 2011).
O ligamento longitudinal posterior se prolonga na região posterior dos
corpos intervertebrais no interior do canal intervertebral. Esse ligamento
reforça a parte posterior dos discos intervertebrais e na coluna lombar limita
sua capacidade de controlar o abaulamento ou herniação discal posterior.
Além disso, sua tensão é aumentada durante a flexão (DIMON JR., 2010;
NEUMANN, 2011).
Os ligamentos capsulares das articulações apofisárias ficam frouxos na
posição neutra, se alterando para rígidos à medida que a articulação se apro-
xima dos limites de todos os seus movimentos (NEUMANN, 2011). Veja a
seguir a Figura 3.

Processo articular Face


superior articular
superior Placa
terminal
Forame Anel Disco
intervertebral fibroso intervertebral
Ligamento Núcleo
amarelo pulposo
Ligamento Medula espinal
longitudinal
posterior
Nervo espinal
Ligamento
interespinal

Ligamento
supra-espinal

Ligamento
longitudinal
anterior

(a) Vista anterior (b) Vista lateral e em corte

Figura 3. Ligamentos da coluna vertebral. (a) Vista anterior. (b) Vista lateral.
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009).
6 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

Semelhanças e diferenças entre as vértebras


dos diferentes segmentos da coluna vertebral
A coluna vertebral é formada por cinco regiões: cervical, torácica, lombar,
sacral e coccígea. As vértebras apresentam formas diferentes e dependendo de
sua localização, podem apresentar funções distintas. Cada uma das vértebras
tem um corpo vertebral, dois processos transversos laterais que servem para
inserções dos ligamentos e dos músculos, um processo espinhoso, que também
serve para inserção ligamentar e muscular e um forame vertebral que tem
como função alojar a medula espinal (BEHNKE, 2014).
Antes de abordarmos as diferenças entre as vértebras, você vai precisar
aprender alguns termos que servem como pontos de referência (LIPPERT,
2016).

„„ Corpo vertebral: é uma estrutura com formato de uma massa cilíndrica


formada por substância esponjosa e está localizada na parte anterior
da vértebra, sua principal função é a sustentação do peso. A primeira
vértebra cervical (C1) não tem corpo vertebral e, entre C3 e a primeira
vértebra sacral, os corpos vertebrais vão se tornando gradativamente
maiores, de acordo com o tamanho da vértebra, para sustentar o peso
do corpo.
„„ Arcos vertebrais: são estruturas posteriores da coluna vertebral.
„„ Facetas articulares superior e anterior: são locais onde a vértebra se
articula com as vértebras que se localizam acima e abaixo dela.
„„ Lâmina: constitui o lado posterior do forame vertebral.
„„ Pedículos: formam as partes laterais do forame vertebral.
„„ Processo transverso: é formado pela união da lâmina com o pedículo
do arco vertebral.
„„ Processo espinhoso: é uma projeção posterior do arco vertebral que
está localizado entre a união de duas lâminas do arco vertebral. Essa
estrutura serve para a inserção dos músculos e ligamentos.
„„ Forame vertebral: é uma abertura constituída pela união do corpo e
do arco vertebral. As vértebras empilhadas formam em seu interior um
canal, por onde passa a medula espinal.
„„ Fóveas: são locais que servem para articulação das estruturas.
„„ Incisuras superior e inferior: são sulcos situados nas superfícies
superior e inferior do pedículo do arco vertebral.
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 7

Observe a Figura 4.

Processo espinhoso Lâmina Incisura Pedículo


Processo Processo articular
vertebral
articular superior
Processo transverso Corpo superior
superior Processo
transverso

Pedículo Processo
Incisura espinhoso
vertebral
Forame
superior
vertebral
Incisura
Lâmina
vertebral
Corpo inferior Processo
Superior Lateral articular inferior

Figura 4. Vista superior e lateral de uma vértebra típica.


Fonte: Adaptada de Behnke (2014).

Região cervical
A coluna cervical está localizada na região do pescoço e é formada por sete
vértebras (C1–C7), sendo a primeira, a segunda e a sétima com características
especiais e diferentes das outras vértebras, sendo denominadas de vértebras
atípicas (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

Algumas partes da coluna cervical diferem das outras vértebras, por exemplo, os
processos espinhosos da C1 a C7 são bífidos ou divididos em duas partes. Todas as
vértebras têm três forames, sendo eles: dois forames transversos que servem para a
passagem de vasos sanguíneos e nervos e um forame vertebral que serve para alojar
a medula espinal (TORTORA; DERRICKSON, 2017).

A primeira vértebra cervical (C1) é também denominada atlas por suportar


a cabeça. Não tem corpo vertebral, pedículo, lâmina e processo espinhoso e
tem duas grandes massas laterais conectadas por arcos anterior e posterior.
8 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

O atlas tem dois grandes processos transversos que servem para fixar
pequenos músculos, facetas articulares superiores e facetas articulares infe-
riores. As primeiras têm o formato côncavo e são grandes, sendo voltadas para
cima e tendo como função apoiar os côndilos occipitais do crânio. As facetas
articulares inferiores têm o formato plano, são côncavas e são voltadas para
baixo (NEUMANN, 2011).
A segunda vértebra (C2) ou áxis, diferentemente do atlas, começam a
surgir o corpo vertebral e o processo espinhoso. Esta articula-se com o atlas
por meio de uma projeção chamada de dente do áxis ou processo odontoide,
as duas vértebras estão conectadas pelo ligamento transverso, formando um
pivô ou articulação do tipo trocoide, permitindo o movimento de rotação
da cabeça (movimento da cabeça de um lado para o outro). Entre a C1 e
a C2 não há presença do disco vertebral (MARTINI et al., 2009). Veja as
Figuras 5 e 6.

Tubérculo
posterior
Arco posterior Forame
Limites da fóvea vertebral
do dente
Face articular
superior
Processo articular
superior
Arco anterior

Túberculo
anterior Forame “Processo Processo
transversário costal*” transverso

Figura 5. Vista superior do atlas (C1).


* O aqui denominado “processo costal” corresponde à expansão do tubérculo anterior do processo
transverso presente nas vértebras cervicais, sendo limite anterior do forame transversário. É considerado
como vestígio evolutivo de costelas cervicais.
Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 9

Fóvea do dente

Dente do áxis

Ligamento
transverso do atlas
Atlas (C 1)

Áxis (C 2)

Figura 6. Articulação entre o atlas e o áxis, vista posterossuperior.


Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).

A sétima vértebra cervical tem o processo espinhoso mais proeminente,


não sendo bífido, e se assemelha ao processo espinhoso da primeira vértebra
torácica (T1). Este é mais palpável durante o movimento de flexão para frente
do que as outras vértebras (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
As vértebras C3 a C6 são consideradas típicas por apresentarem as carac-
terísticas de uma vértebra cervical (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Suas
regiões laterais apresentam múltiplos processos e tubérculos que podem ser
palpados quando a pessoa está posicionada em decúbito dorsal, pois nessa
posição os músculos do pescoço relaxam (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).

Região torácica
A coluna torácica é formada por 12 vértebras torácicas (T1–T12) e se articulam
por meio das fóveas com as costelas para formar o arcabouço do tórax. As
vértebras T1, T10 e T12 são consideradas atípicas por apresentarem caracterís-
ticas diferentes das demais e principalmente a forma de fixação das costelas.
A T1 tem uma faceta costal completa superior que permite a fixação de toda
a cabeça da primeira costela e uma hemifaceta inferior que acopla a parte da
cabeça da segunda costela. O seu processo espinhoso é proeminente sendo
idêntico a C7. As vértebras T10 e T12 têm uma única faceta costal completa
para se articularem com as cabeças da décima, décima primeira e décima
segunda (NEUMANN, 2011).
10 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

As vértebras de T2 a T9 são consideradas típicas por apresentarem todas


as características de uma vértebra torácica. Os seus processos espinhosos
são longos e inclinados obliquamente (BEHNKE, 2014; VAN DE GRAAFF,
2013). Esses processos são também orientados para baixo e essas vértebras
são maiores que as vértebras cervicais.
Suas facetas articulares superiores são orientadas anteriormente e, quando
articuladas, juntamente com as facetas articulares inferiores formam articu-
lações apofisárias que estão alinhadas proximamente ao plano frontal. As
cabeças das costelas 2 a 9 se articulam com duas hemifacetas que se estendem
por uma união intervertebral torácica (NEUMANN, 2011). Veja a seguir as
Figuras 7 e 8.

Face
articular
superior
Processo
transverso

Lâmina do
arco vertebral

Processo
espinhoso

Figura 7. Vista posterior de uma vértebra torácica.


Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 11

Fóvea costal Tubérculo


do processo da costela
transverso

Ângulo da costela
Colo

“Extremidade
Fóvea Cabeça vertebral”
costal da costela
superior

Figura 8. Articulação da vértebra torácica e da costela.


Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).

Região lombar
A região lombar é formada por cinco vértebras (L1–L5) que são maiores do
que as outras regiões, se diferenciando das outras vértebras por apresentarem
um corpo vertebral grande e maciço, pelos processos transversos curtos e
retangulares e pelas lâminas robustas. O forame vertebral tem formato trian-
gular e, em razão do seu formato, sustenta grande parte do peso corporal,
sendo mais suscetíveis a aparição de hérnias de disco. A maior de todas as
vértebras móveis é a L5. O peso corporal é transmitido da L5 para a base do
sacro (TORTORA; DERRICKSON, 2017; VANPUTTE; REGAN; RUSSO,
2016). Veja as Figuras 9 e 10.
12 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

Processo articular superior


Processo costiforme

Pedículo do arco vertebral Corpo


vertebral
Proceso
espinhoso

Face articular inferior

Figura 9. Vista lateral da coluna lombar.


Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).

Processo espinhoso Face


articular
Lâmina do superior
arco vertebral

Processo
articular superior
Processo
costiforme Forame
Pedículo do vertebral
arco vertebral

Corpo
vertebral

Figura 10. Vista superior da coluna lombar.


Fonte: Adaptada de Martini et al. (2009).

Região sacral e coccígea


O sacro é um osso com formato triangular formado por cinco vértebras sacrais
unidas por cartilagens. Sua região superior constitui a base e sua região inferior,
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 13

o ápice. Tem como principal função transportar o peso da coluna vertebral para
a pelve. Em sua região posterior encontram-se quatro pares de forames sacrais
ventrais que servem para conduzir as raízes nervosas espinais. Em sua região
dorsal, há a presença de quatro pares de forames sacrais dorsais que transmitem
os ramos dorsais das raízes dos nervos espinais sacrais (NEUMANN, 2011).
Na região superior do sacro encontra-se a primeira vértebra sacral (S1),
que tem uma borda superior pontiaguda denominada de promontório sacral,
e acima da S1 articula-se a primeira vértebra lombar (L1). O sacro também
apresenta um canal sacral que aloja e protege a cauda equina (parte terminal
da medula espinal). O sacro tem também processos articulares fortes que
têm facetas articulares superiores que se articulam com as facetas articulares
inferiores (NEUMANN, 2011). Os processos transversos das vértebras sacrais
fundidas formam uma sequência ao longo da crista mediana (TORTORA;
DERRICKSON, 2017).
O sacro se articula por meio da grande superfície articular e o ilíaco forma,
assim, a articulação sacrolíaca (NEUMANN, 2011).
O cóccix está situado na porção mais inferior da coluna vertebral, logo
abaixo do sacro, tem formato triangular e é composto por três a cinco vértebras
pequenas fundidas. Estas não apresentam forame vertebral nem processos
desenvolvidos. A primeira vértebra tem dois cornos coccígeos longos que se
fixam ao sacro por meio de ligamentos. O cóccix é sensível, sendo suscetível
a fraturas se uma pessoa cai na posição sentada (VAN DE GRAAFF, 2013;
TORTORA; DERRICKSON, 2017). Veja a Figura 11.

Planos de movimento facilitados em cada


segmento da coluna vertebral
As vértebras são unidas e produzem movimentos graças à presença das arti-
culações. Você vai aprender agora os tipos de articulações presentes em cada
uma das regiões da coluna vertebral e os movimentos realizados em seus
respectivos planos.
A coluna vertebral realiza movimentos de flexão-extensão, inclinação
lateral, rotação, cisalhamento anteroposterior e cisalhamento lateral.
Os movimentos de flexão-extensão ocorrem no plano sagital em seu eixo
laterolateral. A inclinação lateral é realizada como flexão lateral no plano
frontal em seu eixo anteroposterior.
14

Porção superior
Base do sacro Processo articular superior do canal sacral
k
ee
Cr
Promontório
Tuberosidade
S1 sacral
Linhas
Face auricular
S2 transversas Crista sacral
Forames
sacrais Forames lateral
S3
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

anteriores sacrais Crista sacral


S4 posteriores mediana

S5
Ápice do sacro
Corno sacral
Co1 Processo transverso
Co2 Corno coccígeo
Cóccix Cóccix
Co3
Co4
(a) (b)

Figura 11. (a) Vista anterior do sacro e do cóccix. (b) Vista posterior.
Fonte: Adaptada de Van de Graaff (2013).
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 15

A rotação é realizada no plano transverso em torno do seu eixo longitudi-


nal. No cisalhamento anteroposterior ocorre um deslocamento para frente ou
para trás sobre a vértebra de baixo, e no cisalhamento lateral ocorre quando
a vértebra superior se desloca na direção lateral sobre a vértebra de baixo.

Região cervical
Em relação às outras regiões da coluna, a região cervical é a que mais tem
movimentos amplos, já que esta tem articulações especializadas que permi-
tem e facilitam o posicionamento da cabeça e abrangem a visão, o olfato, a
audição e o equilíbrio.
A primeira vértebra da coluna cervical se articula com os côndilos occipitais
do crânio por meio das articulações atlantoccipitais e tem como função sustentar
a cabeça na coluna cervical (LIPPERT, 2016). Nessa articulação é observado
o movimento de balanço no plano sagital ao redor de seu eixo laterolateral.
Há também o movimento de inclinação lateral que ocorre no plano frontal,
porém, esse movimento é pequeno e bem limitado.
As vértebras C1 e C2 são unidas pela articulação atlantoaxial que ocorre
por meio do ligamento transverso. O movimento gerado é a rotação da cabeça
que ocorre no plano transversal ao redor do seu eixo longitudinal.
Nas articulações vertebrais cervicais típicas, em razão da orientação, são
realizados movimentos em todos os planos (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
Veja, a seguir, os movimentos realizados pela coluna cervical.

„„ Movimentos de flexão e extensão: na região atlantoaxial da coluna


cervical, os movimentos de flexão e extensão são realizados numa
amplitude de movimento de 15 graus. No movimento de flexão, o atlas
se inclina para frente e na extensão, para trás. Entre as vértebras C2 a
C7 o movimento de extensão atinge uma amplitude de 55 a 60 graus,
já a flexão ocorre numa amplitude de movimento entre 35 a 40 graus.
No plano sagital o maior deslocamento angular é observado nos níveis
C4–C5 ou C5–C6.
„„ Movimentos de rotação axial: o movimento de rotação ocorre no
plano transverso em seu eixo longitudinal. Na articulação atlantoaxial
o movimento de rotação é realizado entre o atlas e o dente do áxis
e ocorre entre 35 a 40 graus para cada direção, ou seja, para o lado
direito e para o lado esquerdo. Esse movimento ocorre também entre
as vértebras cervicais C2 a C7 e é realizado numa amplitude de mo-
vimento de 35 graus.
16 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

„„ Movimento de flexão lateral ou inclinação: este movimento é rea-


lizado no plano frontal em seu eixo anteroposterior. A maior parte da
inclinação lateral para a direita e para a esquerda ocorrem entre C2 a
C7 numa amplitude de 35 a 40 graus. O movimento é observado quando
tentamos encostar nossa orelha na extremidade do ombro.

Região torácica
Segundo Hamill, Knutzen e Derrick (2016), os movimentos da região torácica
são limitados em razão da fixação das costelas nas vértebras torácicas e pela
orientação dos processos espinhosos.
Nessa região são encontradas as articulações facetárias, as articulações
costais (HOUGLUM; BERTOTI, 2014) e a articulação toracolombar (NEU-
MANN, 2011). As articulações facetárias se movem no plano frontal em seu
eixo anteroposterior e são limitados os movimentos de flexão e cisalhamento
anterior, porém, a inclinação lateral é possível. Outro movimento limitado é
a extensão e isso ocorre em razão do contato dos processos espinhosos uns
aos outros na inclinação lateral (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
A flexão-extensão e a inclinação lateral nas últimas vértebras da coluna
torácica são parecidas com os movimentos da coluna vertebral, porém, a
rotação é um pouco limitada.
As articulações costais permitem a união entre a vértebra torácica e a
cabeça da costela. São observados movimentos de elevação e depressão das
costelas no movimento giratório. Essas articulações participam do sistema
respiração e os movimentos das costelas são observados durante a inspiração
e a expiração (HOUGLUM; BERTOTI, 2014).
Veja, a seguir, os movimentos realizados pela coluna torácica.

„„ Movimentos de flexão e extensão: a flexão é realizada numa amplitude


de 30 a 40 graus e a extensão, de 20 a 25 graus na coluna toracolombar
(NEUMANN, 2011).
„„ Movimentos de rotação axial e flexão lateral: o movimento de rotação
axial é realizado no plano transverso no nível das vértebras torácicas
T6 e T7 e ocorre numa amplitude de movimento de 30 a 35 graus.
Segundo Dufour e Pillu (2016), a rotação axial da região torácica no
total é de 30 a 40 graus para cada lado e diminui de sua região su-
perior para a inferior da região torácica 9 a 2 graus por articulação.
A flexão lateral é um movimento que ocorre em toda a extensão da
coluna toracolombar e pode ser realizado como inclinação do tronco
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 17

para o lado direito e para o lado esquerdo. A amplitude de movimento


para a flexão lateral é de 25 a 30 graus (NEUMANN, 2011).

Região lombar
Na coluna lombar as articulações facetárias têm formato de meia-lua, entre L5
a S1 não são permitidos os movimentos de rotação e cisalhamento anterior.
Outra articulação presente é a toracolombar entre a região torácica e a região
lombar. A articulação lombossacral é encontrada entre a região lombar e o
sacro, entre L4 e L5 é reforçada por ligamentos sacrolombares fortes que
limitam movimentos de inclinação lateral, flexão, extensão e rotação (HOU-
GLUM; BERTOTI, 2014).

Enfraquecimento da articulação lombossacral pode causar uma patologia denominada


espondilolistese, que consiste no deslizamento da vértebra lombar para frente no sacro.

Veja, a seguir, os movimentos realizados pela coluna lombar.

„„ Movimentos de flexão e extensão: na região lombar o movimento


predomina nas duas últimas articulações e tem uma amplitude de 70 a
80 graus (DUFOUR; PILLU, 2016).
„„ Movimento de rotação axial: o movimento de rotação axial na região
lombar é realizado de 5 a 10 graus para cada lado e esse movimento é
observado na região toracolombar.
„„ Movimento de flexão lateral: a inclinação lateral para cada lado da
região lombar ocorre numa amplitude de movimento de 20 graus. Du-
rante esse movimento, os ligamentos do lado contrário à inclinação
limitam o movimento.

Articulações intervertebrais
Entre os corpos das vértebras estão presentes as articulações intervertebrais.
Estas consistem em discos intervertebrais constituídos por uma substância
18 Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares

fibrosa e gelatinosa. Têm como funções absorver o impacto e permitir o


movimento de flexão e extensão da coluna vertebral (DIMON JR., 2010).
O disco vertebral é formado pelo anel fibroso, pelo núcleo pulposo e pelas
placas terminais cartilaginosas. O anel fibroso forma a parte externa do disco
e consiste em várias camadas densas de fibras colágenas e fibrocartilagem. O
núcleo pulposo se encontra dentro do disco intervertebral (exceto na região
lombar) e este consiste numa massa gelatinosa. Durante o movimento de flexão
da coluna vertebral, a parte anterior do disco é comprimida e a posterior é
separada (KISNER; COLBY, 2016).
As placas terminais cartilaginosas envolvem o núcleo pulposo na região
superior e inferior e estão situadas entre o núcleo e os corpos vertebrais. Es-
sas placas são responsáveis por impedir que o núcleo se desloque no sentido
superior/inferior (KISNER; COLBY, 2016). Veja a Figura 12.

Posterior Anel
fibroso
Núcleo
pulposo

Flexão Extensão
Anterior
a Seção transversa
Placa terminal vertebral

Núcleo Anel fibroso


pulposo
b
Apófise anular

Figura 12. (a) Partes do disco intervertebral. (b) Pressões do disco vertebral durante os
movimentos de flexão e extensão.
Fonte: Adaptada de Houglum e Bertoti (2014).

BEHNKE, R. S. Anatomia do movimento. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.


DUFOUR, M.; PILLU, M. Biomecânica funcional: membros, cabeça, tronco. Barueri, SP:
Manole, 2016.
Coluna: ossos, articulações e movimentos articulares 19

DIMON JR., T. Anatomia do corpo em movimento: ossos, músculos e articulações. 2. ed.


Barueri, SP: Manole, 2010.
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Leitura recomendada
FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural. 19. ed. Barueri, SP: Manole, 2016.

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