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Avaliação Cinético-Funcional

Aula 08: Exame Físico da Coluna Cervical e da Coluna Lombar

Apresentação
Vamos conhecer, nesta aula, a relação da coluna cervical com o plexo braquial e da coluna lombar com o plexo
lombossacral, relacionando com as possíveis patologias que podem causar danos aos locais, além da realização dos
exames da função nervosa periférica, dos testes clínicos, da palpação e da realização dos exames de superfície.

Bons estudos!
Objetivos
Compreender a relação da coluna cervical com o plexo braquial e da coluna lombar como plexo lombossacral;

Verificar quais são os tipos de exames realizados para verificar a Função Nervosa Periférica;

Aprender quais são os Testes Clínicos Específicos realizados no paciente com disfunções relacionadas a coluna
vertebral.

Palavras iniciais

 Fonte: Shutterstock

Como já vimos na nossa terceira aula, a coluna vertebral é o nosso eixo corporal ósseo polissegmentado, formado por
vértebras superpostas, rígidas e que junto com os discos intervertebrais e as curvaturas anteriores e posteriores são capazes
de nos dar flexibilidade em toda a região, cervical, torácica e lombar.

Quando temos uma boa postura, ou seja, o estado de equilíbrio entre os músculos e o esqueleto há uma proteção das
estruturas de suporte do corpo contra lesões e deformidades progressivas independente da atitude nas quais essas estruturas
estão trabalhando ou repousando. Quanto maior for o equilíbrio maior será a possibilidade de se obter uma postura com
menos gasto de energia.

Agora, quando temos uma postura defeituosa com tensões sobre as estruturas de suporte teremos um aumento no gasto de
energia gerando uma má postura que poderá nos acarretar várias lesões e várias patologias na coluna vertebral e que poderão
inclusive irradiar dor para outras partes do corpo.

Nesta aula, conheceremos a relação da coluna cervical com o plexo braquial


e da coluna lombar com o plexo lombossacral, relacionando com as
possíveis patologias que podem causar danos aos locais, além da realização
dos exames da função nervosa periférica, dos testes clínicos, da palpação e
da realização dos exames de superfície.

Plexo braquial
Fonte: Wikipédia

O plexo braquial é um conjunto de cinco raízes nervosas


(C5, C6, C7, C8 e T1) que saem da medula espinhal na
região cervical para formar todos os nervos que dão
movimentos aos membros superiores. Essas raízes se
misturam entre si, formando os troncos anterior e posterior
do plexo braquial.

A redistribuição das fibras dos troncos acarreta a formação


de cordões chamados de fascículos:

As divisões dos troncos superior e médio se unem


para formar o fascículo lateral;

A divisão anterior do tronco inferior permanece isolada


e forma o fascículo medial;

As divisões posteriores de todos os troncos se unem e


formam o fascículo posterior.

A partir da mistura entre si dos fascículos lateral, medial e posterior, teremos a formação dos principais nervos que são
responsáveis pela motricidade e sensibilidade dos membros superiores.

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Nervo musculocutâneo 

Inerva os músculos bíceps braquial, músculo braquial e músculo coracobraquial;

Axilar 

Responsável pela inervação dos músculos deltoide e redondo menor;

Radial 

Músculos tríceps braquial, braquiorradial, ancônio, supinador, extensor radial curto e longo do carpo, extensores dos
dedos, extensor do dedo mínimo, extensor ulnal, extensor longo do polegar, extensor do dedo indicador, abdutor curto e
longo do polegar;

Ulnar 

Responsável por inervar os músculos flexor ulnar do carpo, flexor profundo dos dedos, palmar longo, abdutor do dedo
mínimo, flexor curto do dedo mínimo, oponente do dedo mínimo, lumbricais, adutor do polegar, flexor curto do polegar,
interósseos dorsais e palmares;

Mediano 

Faz a inervação dos músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial e profundo dos
dedos, flexor curto e longo do polegar, pronador quadrado, abdutor curto do polegar, músculos lumbricais.
Testes clínicos especiais da região cervical

Teste de tração (ou distração)


Verifica a presença de compressão discal. Para realizar o
teste, o paciente deverá estar sentado, e o fisioterapeuta
coloca uma mão espalmada no queixo dele e a outra na
região occipital. Em seguida, deverá ser realizado o
movimento de tração da região cervical. Se o paciente sentir
alívio da dor na região cervical e diminuição da parestesia
(dormência ou formigamento), é porque há uma provável
compressão nervosa e o teste será positivo.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de compressão
Também verifica a presença de alguma compressão discal.
Para realizar o presente teste, o paciente deverá estar
sentado, e o fisioterapeuta coloca as mãos espalmadas no
topo da cabeça do paciente. Em seguida, deverá ser
realizado o movimento de pressão para baixo. Se o paciente
sentir um aumento da dor na região cervical e aumento da
parestesia (dormência ou formigamento), é porque há uma
provável compressão nervosa e o teste será positivo.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de Spurling
Também verifica a presença de alguma compressão discal.
O paciente deverá estar sentado, e o fisioterapeuta coloca
as mãos espalmadas no topo da cabeça dele. Em seguida,
deve ser realizado o movimento de pressão para baixo com
lateralização e extensão cervical. No teste positivo, o
paciente relatará dor intensa e parestesia no mesmo lado
para o qual a cabeça foi inclinada.

Fonte: Dr. Got Fryd


Manobra de Valsalva
É um teste muito utilizado não só para verificar a possível
presença de tumores e hérnias na região cervical, mas
também é realizado em exames de ultrassonografias, para
verificar possíveis hérnias inguinais ou umbilical. O paciente
estará sentado, o fisioterapeuta irá solicitar que ele prenda a
respiração e faça força, como se fosse evacuar. Se houver
aumento do quadro álgico, peça para o paciente descrever a
localização dessa dor, indicando assim uma provável
compressão discal.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de Adson
Indica uma provável compressão da artéria subclávia e do
feixe nervoso, pelo músculo escaleno anterior espástico ou
hipertrofiado (síndrome do desfiladeiro cervicotorácico),
pela presença de uma costela cervical a mais ou por um
tumor.

O paciente estará sentado, e o fisioterapeuta irá verificar a


pulsação radial do paciente do lado no qual quer testar. Em
seguida, irá abduzir o braço a mais ou menos 45º, fazendo
uma rotação com a cabeça e elevação do queixo para o
mesmo lado. Pedir então que o paciente faça uma
inspiração profunda e prenda a respiração. Realizar
bilateralmente. Se o teste for positivo, a pulsação do
paciente diminui ou some por completo.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de Wright
Também verifica uma possível síndrome do desfiladeiro
cervicotorácico em um quadro mais avançado. O paciente
deverá estar sentado, e o fisioterapeuta irá primeiro sentir
sua pulsação radial. Em seguida, com o braço do paciente
em abdução acima de 90°, pedimos que ele inspire
profundamente e prenda a respiração. Se o teste der
positivo, a pulsação do paciente some.

Fonte: Gramho
Teste da deglutição
Verifica uma possível protuberância óssea, osteófitos,
hematomas, infecções ou até tumores na região anterior da
coluna cervical. O paciente deverá estar sentado e o
fisioterapeuta irá solicitar que ele faça o movimento de
deglutição. Caso ocorra quadro álgico, o teste será positivo.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de depressão do ombro


Também verifica uma possível compressão discal. Com o
paciente sentado, o fisioterapeuta irá colocar uma pressão
acima do ombro para baixo e, ao mesmo tempo, inclinará a
cabeça do lado que está sendo testado. Caso o teste dê
positivo, o paciente relatará dor local, com aumento de
parestesia. A manobra de tração nesse caso fica
contraindicada.

Fonte: Concurso e Fisioterapia

Teste da artéria vertebrobasilar ou teste de


Dekleyn
Verifica uma possível compressão na artéria basilar. O
paciente deverá estar em decúbito dorsal com a cabeça
para fora da maca, com o fisioterapeuta apoiando-a. Em
seguida, o profissional realiza uma hiperextensão de cabeça,
com uma inclinação lateral, mantendo nesta posição por
cerca de 30 segundos, com os olhos abertos. Esta manobra
será repetida nos dois lados. Se o paciente relatar tontura,
visão turva, náusea ou até mesmo você observar um
Fonte: Piriforme nistagmo, o teste será positivo.

Plexo lombossacral
O plexo lombossacral se estende desde o T12 do cóccix, sendo dividido em duas porções: o plexo lombar e o sacral. Por essas
duas porções são formados vários nervos responsáveis por nossa motricidade e sensibilidade da parede abdominal, região
pélvica e de membros inferiores.

Qualquer problema que ocorra nessa região pode acarretar a perda dos reflexos, da propriocepção, incapacidade de sustentar o
peso corpóreo e até paralisia. Por esses motivos, é tão importante conhecermos a região.

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Plexo lombar 

Formado pelos ramos ventrais das raízes de T12 até L4, formando os nervos:
- Ílio-hipogástrico: formado pelas raízes de T12 e L1 e inerva região inguinal, púbica e a parede lateral e anterior do
abdome;
- Ilioinguinal: formado pela raiz de L1 e inerva a região genital e também a parede anterior e lateral do abdome;
- Genitofemoral: formado pelas raízes de L1 e L2 que inervam a região genital e a região do trígono femoral;
- Cutâneo lateral da coxa: é formado pelas raízes de L2 e L3 inervando a região da coxa;
- Obturatório: formado pelas raízes de L2, L3 e L4 e inerva a região medial da coxa;
- Femoral: também formado pelas raízes de L2, L3 e L4 e inerva a porção anterior da coxa.
Obs.: entre as duas porções do plexo lombossacral, temos a formação do tronco lombossacral, formado pelas raízes de
L4 e L5.

Plexo sacral 

- Nervo glúteo superior: formado pelas raízes de L4, L5 e S1, faz a inervação da região glútea e da parte lateral da coxa;
- Nervo glúteo inferior: formado pelas raízes de L5, S1 e S2, inerva a região glútea, períneo e coxa;
- Nervo isquiático: também chamado de ciático, é o nervo de maior calibre e o mais longo do corpo, sendo formado pelas
raízes de L4, L5, S1, S2 e S3. É capaz de inervar a região posterior da coxa e a maior parte da perna e o pé, sendo um dos
mais atingidos por compressão de hérnias de disco;
- Cutâneo femoral posterior: formado pelas raízes de S1, S2 e S3, inerva a porção posterior da coxa;
- Nervo pudendo: formado pelas raízes de S2, S3 e S4, inerva a região do períneo e região genital externa;
- Tibial: formado pelas raízes L4, L5, S1, S2 e S3, inerva a região posterior da perna;
- Fibular comum: formado pelas raízes L4, L5, S1 e S2, inerva a região anterior e inferior da perna.

Testes clínicos especiais da região lombossacral

Reflexo de Aquileu
É um reflexo profundo mediado pelo músculo gastrocnêmio.
O paciente deverá estará em decúbito ventral ou sentado
com os pés para fora da maca. O fisioterapeuta solicita que
ele realize uma dorsiflexão do pé. Com um martelo de
reflexos, ele percute a região do tendão de calcâneo. O
normal é que o paciente faça uma flexão plantar súbita.
Caso isso não ocorra, pode configurar alguma lesão
nervosa.
Fonte: Famaz
Reflexo abdominal superficial
É realizado quando se quer verificar alguma lesão no
primeiro ou segundo neurônio motor. O paciente deverá
estar em decúbito dorsal; utilizando a parte mais aguda do
martelo de exame, o fisioterapeuta irá percutir cada
quadrante do abdômen, observando se a cicatriz umbilical
se desvia em direção ao ponto que foi percutido.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Reflexo cremastérico superficial


Verifica uma possível lesão no primeiro ou segundo
neurônio motor. O paciente deverá estar em decúbito dorsal.
Utilizando a parte mais aguda do martelo, o fisioterapeuta
irá percutir a face interna da porção superior da coxa. Se o
reflexo estiver normal, a bolsa escrotal do lado que foi
realizado o teste irá se elevar.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.

Teste de Laségue
Verifica se o paciente é portador de neuralgia do nervo
isquiático. Ele deverá estar em decúbito dorsal, e o
fisioterapeuta irá realizar passivamente uma flexão de
coxofemural com extensão de joelho no membro em que há
parestesia. O teste só será considerado positivo se houver
um aumento da dor do paciente de 45º a 60º de flexão.

Fonte: O que é

Teste de Bragard
É uma confirmação do teste de Laségue. Caso dê positivo, o
paciente relatará um aumento do quadro álgico na região do
trajeto do nervo isquiático. Ele estará em decúbito dorsal,
enquanto o fisioterapeuta realiza passivamente uma flexão
coxofemoral, com extensão de joelho e dorsiflexão do pé no
membro em que há parestesia.
 Fonte: Professor Adriano

Teste de Milgram
Verifica se o paciente é portador de hérnia de disco. Ele
deverá estar em decúbito dorsal. O fisioterapeuta irá instruí-
lo para elevar as duas pernas até que elas estejam em torno
de 45º. O teste será positivo se o paciente não conseguir
permanecer 30 segundos na posição por conta de um
quadro álgico intenso.

Fonte: HOPPENFELD, 2008.


Teste de Hoover
Verifica se o paciente está simulando não conseguir
levantar a perna, fingindo algum quadro álgico excessivo ou
perda de força muscular. Com o paciente em decúbito
dorsal, o fisioterapeuta apoia sua mão no calcanhar da
perna contralateral que quer testar. Se o paciente estiver
tentando elevar mesmo a perna, realizará uma pressão com
o calcanhar na sua mão. Caso o paciente esteja fingindo, a
perna nem irá se mexer.

Fonte: Camp Cursos

Teste de Lasegue invertido


Verifica uma possível neuralgia do nervo femoral. Com o
paciente em decúbito ventral, o fisioterapeuta faz uma
extensão passiva da perna. Se o paciente relatar dor
irradiada na região anterior da coxa, o teste será positivo.

Fonte: Daniel C Pimentel | Slideshare

Teste de inclinação (slump test)


Verificar uma irritação do trato meníngeo em consequência
de hérnia discal. Com o paciente sentado, o fisioterapeuta
coloca uma das mãos nas costas dele e solicitar que ele
faça uma flexão da coluna torácica e, em seguida, estenda o
joelho com uma dorsiflexão do tornozelo. Caso ele relate
dor, o teste será positivo.

Fonte: Fisioterapia Humberto


 Dermátomos para avaliação de sensibilidade

 Clique no botão acima.

Para avaliarmos a sensibilidade do paciente, utilizamos muito os dermátomos, que são áreas específicas que se
espalham no nosso corpo de acordo com a inervação vinda dos nervos espinhais.

Quando o paciente apresenta algum processo patológico capaz de afetar os nervos espinhais, sua sensibilidade
poderá ser afetada. É aí que a análise dos dermátomos se faz importante, pois através dela podemos verificar quais
são os nervos e raízes nervosas prejudicados.

Avaliamos o paciente fazendo a utilização do estesiômetro, que é um instrumento com cerca de sete filamentos, cada
um com uma cor e espessura diferente. Fazemos a análise da sensibilidade passando por esses filamentos no trajeto
dos dermátomos.

Fonte: Kenhub Fonte: Stra Medical Shop Estesiômetro | Fonte: Magazine


Médica

Atividades
1. Sobre o teste ortopédico da região lombar para identificar a ausência de dor irradiada em membros inferiores, assinale a
alternativa correta:

a) Teste de Lasègue
b) Teste de Schober
c) Teste de Hoover
d) Teste de Thomas
e) Teste de Phalen

2. (UNIFESP- SP/ 2014) O plexo braquial é composto por nervos que provêm dos seguintes níveis:

a) C1-C6
b) C2-C4
c) C3-T1
d) C4-C5
e) C5 a T1

3. Testes realizados para diagnosticar a síndrome do desfiladeiro cervicotorácico:

a) Teste de Adson e de Spurling


b) Teste de Milgran e de Bragard
c) Teste de Adson e de Wright
d) Teste de Adson e de tração
e) Teste de Spurling e de Hoover

4. Descreva como é realizado o teste de tração e seu objetivo.


5. Quais são os nervos formados pelo plexo braquial?

Referências
Notas
CIPRIANO, J. Manual Fotográfico de Testes Ortopédicos e Neurológicos. 4. ed. São Paulo: Manole, 2001.

CONCEIÇÃO, Fátima Figueiredo. Avaliação cinético-funcional. 1. ed. Rio de Janeiro: SESES - Universidade Estácio de Sá, 2016.
Disponível em: http://portaldoaluno.webaula.com.br//repositorio/LD153.pdf. Acesso em: 3 ago. 2020.

HOPPENFELD, S. Exame do cotovelo: propedêutica ortopédica. Coluna e Extremidades. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008

MOORE, Keith L.; DALLEU, Arthur F.; AGUR, Anne M.R. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.

NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

STANDRING, S. Gray’s Anatomia. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

Próxima aula

O exame físico do tórax;

Verificando os sinais vitais (temperatura, frequência cardíaca e respiratória e verificação da pressão arterial);

O tipo de padrão e ritmos respiratórios, assim com as disfunções que acometem um bom funcionamento dos pulmões.

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