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Mário Sérgio
Propedêutica da Coluna Vertebral e Articulações Sacroilíacas
Grande parte das queixas envolve a coluna vertebral.
A coluna vertebral é composta por 7 vértebras cervicais (mas há 8
raízes cervicais), 12 vértebras torácicas, 5 lombares, 5 sacrais
(fusionadas) e 3 a 4 coccígeas (também fusionadas).
LORDOSE
CIFOSE
CV e suas 4 curvaturas:
✓ Cervical e Lombar: Lordose;
✓ Torácica e Sacral: Cifose;
Vértebras Cervicais
C1: Atlas. C2: Áxis. Depois vem C3, C4, C5, C6 e C7. Não existe C8!
C1 (Atlas) e C2 (Áxis) são importantes para pacientes com artrite reumatoide, visto que pode causar uma
instabilidade atlanto-axial. Isso é importante de verificar antes de uma cirurgia em um paciente com artrite
reumatoide, pois causa uma instabilidade atlantoaxial e durante a intubação pode deslocar essas vértebras e
lesionar a medula cervical, causando quadriplegia.
✓ Doença facetária ou hérnia de disco que prolapsa tem tendência a estreitar o forame vertebral
✓ Lesões metastáticas ósseas tem preferência pelo pedículo vertebral.
✓ Alterações na coluna vertebral podem acometer tanto a raiz nervosa quanto a coluna vertebral.
O que tem de mais nobre na coluna vertebral é a medula:
A inervação motora:
✓ Região nervosa cervical: diafragma, braços e mãos.
o Importante porque, se eu tenho um paciente com dor cervical que irradia para o membro
superior ou uma braquialgia, porque o seguimento cervical ou as raízes que surgem da coluna
cervical são responsáveis desde a parte proximal até a distal do membro superior. Ou seja,
uma lesão em uma raiz cervical não explicaria uma ciatalgia.
✓ Região nervosa torácica: Mm. Torácicos, respiração, Mm. abdominais;
✓ Região nervosa lombar: Pernas e pés;
✓ Região nervosa sacral: Controle do intestino e bexiga, ereções penianas.
A maioria das dores cervicais: distensão de músculos e/ou ligamentos, artrite facetária, hérnia discal, etc
(sempre é importante verificar o contexto epidemiológico, em mais jovens é mais comum distensão muscular
ou ligamentar, por exemplo por uso excessivo de telas, já em idosos é mais por artrose, degeneração...)
• Também caem, na maioria, em dor de natureza mecânica (compressão de músculos ou ligamentos,
ou alterações na coluna vertebral, seja por osteófitos, seja por alterações na articulação facetária).
• Se o osteófito está lesionando um músculo ou ligamento, é mecânica, se está lesionando um
nervo/raiz, é neuropática.
• A dor neuropática vem da compressão de nervos ou raízes nervosas, ou da medula espinal, podendo
também ser causada por compressão por osteófitos.
Na grande maioria das vezes, distensão de músculos e ligamentos -> autolimitado
A artrite facetária se refere à inflamação das articulações da coluna. São tratadas com anti-inflamatórios,
fisioterapia e mudança de hábitos diários. A infiltração lombar é uma ótima opção terapêutica em casos
refratários. Cirurgias são indicadas em casos de exceção.
A maioria das dores em CV atende à categoria: dor cervical ou lombar, não específica, aguda.
• Aguda < 6 sem < Subaguda < 3 meses < Crônica.
• Em até 85% desses pacientes não é possível um diagnóstico anatômico definitivo.
RADICULOPATIA CERVICAL
Compressão da raiz nervosa, quadro clínico unilateral, eventualmente bilateral. Dor, parestesia, fraqueza.
Pode ter sensitivos e/ou motores. Inclusive com alterações dos reflexos → Dor no pescoço + Dor neurogênica
na extremidade superior
• Espondilose (degeneração que acontece com o passar dos anos)
• Reflexo de C5 → Necessário o martelinho para radiculopatia
✓ Perda da rotação, na doença da coluna cervical: comum em pacientes mais idosos com doença
discogênica ou em conjunto com doença nas facetas articulares.
✓ Vista do RX
o Metástases em CV são mais comuns em pedículos, por outro lado, infecções são mais comuns
nos corpos vertebrais (espondilodiscite, geralmente envolve dois corpos vertebrais e o disco
entre esses dois corpos).
Sumário:
• Doença da coluna cervical pode causar dor no pescoço e/ou na extremidade do membro superior,
com ou sem disfunção neurológica;
• As raízes mais afetadas são C5, C6 e C7;
• Doença degenerativa é a principal causa de dor cervical, seguida por dor miofascial.
• O exame: movimentos da coluna, grau de movimentação, palpação dos trapézios, paraespinais e
exame neurológico;
• RNM se há sinais de progressão neurológica ou suspeita de infecção ou malignidade, ou se os sintomas
progridem além de 6 semanas, com RX simples normal;
• ENMG serve para distinguir neuropatia compressiva e radiculopatia, ou se há a dor e a parestesia é
mais na extremidade que no segmento cervical;
Etiologias principais
1. fatores mecânicos
2. doenças sistêmicas
3. doenças viscerais (doenças Gastrointestinais, Genito-urinárias (cálculo renal), ginecológicas
(endometriose...) e vascular aterosclerótica)
Mais comum é a dor lombar aguda inespecífica. Mas também pode acontecer uma dor lombar causada por
uma doença sistêmica, como malignidades e infecções.
Disco intervertebral ficam entre as vértebras, servem como almofadas de absorção de choque entre os corpos
vertebrais. Possuem um núcleo pulposo e o ânulo fibroso.
Exame físico
• Inspeção
• Avaliação da amplitude de movimento
• Manobras provocativas
• Exame neurológico
LOMBOCITALGIA:
Imagem que mostra para onde irradia a dor, a grande maioria tem esse
padrão de distribuição anatômica → começa na parte posterior do glúteo,
coxa, desce pela face posterior da perna, vai para a lateral e chega ao pé.
No exame físico, fazer manobras provocativas, para ver se aumenta a dor.
Suspeita de acometimento de raiz L5-S1 → pede para o paciente para andar nos calcanhares e na ponta dos
pés → paciente não consegue, pode cair.
L1-3 → flexores do quadril → paciente sentado, você
bota força na coxa pra baixo e pede para ele levantar a
coxa em direção ao tronco.
L4 – maléolo medial
L5 – dorso do pé
- Espera-se que o paciente refira dor descendo para todo o membro inferior → irradiando descendo pelo
glúteo, passando pela parte posterior da coxa e descendo da perna e chegando no pé.
- Positividade entre 30-70º
Fatores mecânicos de compressão são similares aos da coluna cervical, com mais alguns como:
▪ Espondilolistese: Quando um corpo vertebral desliza sobre o outro;
▪ Espondilólise: fratura do componente posterior do conjunto vertebral, a nível da lâmina
vertebral.
● Epidemiologia da lombalgia:
1. Frequência alta: cerca de 84% dos adultos;
2. Na maioria das vezes é autolimitada: não mais que 4 semanas (aguda);
3. Se dura de 4 a 8 semanas: subaguda. Também pode ser crônica.
● Fatores de risco:
1. Tabagismo, obesidade, idade;
2. Sexo feminino, tipo de trabalho (trabalho insalubre), sedentarismo;
3. Estresse psicológico (como somatização), litígio trabalhista.
● Etiologia:
1. A maioria é Dor lombar não específica;
2. Cerca de 1% apenas tem Doença ameaçadora como câncer, infecção, síndrome da cauda
equina.
● Exame Físico:
1. Princípio básico: identificar achados que sugerem avaliação propedêutica adicional, seja por
exames de imagem, estudo ENMG, estudos do líquor ou outros testes.
▪ ENMG para distinguir radiculopatia de neuropatia mais distal;
▪ RNM para identificar mielopatia ou sinal sugestivo de infecção/ malignidade/
metástase;
▪ Líquor para verificar meningite, meningoencefalite...
2. Inspeção e postura: escoliose ou hipercifose
3. Palpação e percussão
4. Exame neurológico: explorar bem os dermátomos, os reflexos.
5. Atenção no EF:
▪ Checar se os achados sensitivos e/ou motores seguem (ou não), uma base
neuroanatômica.
▪ A falta de lógica neuroanatômica indica estresse psicológico. (Por exemplo, dor no
braço INTEIRO. Isso não é possível neuroanatomicamente)
● Diagnóstico diferencial:
1. Dor mecânica: facetas, discos, espondilolistese, estenose do canal espinal, fratura, estresse
físico na lombar...
2. Causas infecciosas, destaque para osteomielite;
3. Causas inflamatórias não infecciosas, destaque para espondiloartrites (presença do HLA-B27...)
4. Disfunções de órgãos pélvicos: endometriose, doença inflamatória intestinal...
5. Doenças renais: nefrolitíase, pielonefrite, abcesso peripélvico...
6. Doenças vasculares: aneurisma aórtico...
7. Doenças viscerais: pancreatite, colecistite...
8. Neoplasias: ovários...
SACROILÍACAS
O grande diferencial das espondiloartrites (artrite da coluna vertebral) é o acometimento das articulações
sacroilíacas, mas as articulações facetarias também são acometidas.
Testes laboratoriais:
• VHS e PCR: aumentados indicam doença inflamatória;
• HLA-B27: mais presente na espondilite anquilosante, que ocorre em mais de 90% dos casos (nas outras
espondilites a frequência do HLA é menor).
Radiografias:
• RX da bacia em AP é o exame mais importante para espondilite anquilosante, observa-se alargamento,
erosão, esclerose, anquilose.