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APG 02 – Sistema Locomotor

Objetivos de Aprendizagem:
1. Compreender a etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da radiculopatia lombar.
2. Conhecer os aspectos farmacodinâmicos e farmacocinéticos do tratamento com AINES e AIES.

LOMBALGIA

Etiologia e Classificação
A maior parte das lombalgias, aproximadamente 85%, não tem uma causa específica e não há uma forma única
de classificar essa condição. Em geral, as classificações usam como critérios a duração, a etiologia e a
semiologia.1
Classificação da Lombalgia de Acordo com a Duração:
Lombalgia Aguda: Duração até 4 semanas (1 mês).
Lombalgia Subaguda: Duração entre 4 e 12 semanas (1-3 meses).
Lombalgia Crônica: Dor, por pelo menos, 12 semanas (3 meses) e dor em pelo menos metade dos
dias nos últimos 6 meses.
Classificação da Lombalgia de Acordo com a Etiologia e Semiologia:
Não Irradiadas: Não Específicas (70-90%);
Degenerativas (10%);
Espondilolistese (3%): Deslocamento anterior de uma vértebra ou da coluna
vertebral em relação à vértebra inferior;
Espondilólise (1-4%): Fratura por estresse ou trauma das facetas articulares.
Irradiadas com Dor irradiada desde a região lombar até abaixo da região do joelho, sendo
Radiculopatia (Ciatalgia): que a dor lombar é com menor intensidade do que a irradiada. Pode estar
associada com estenose espinal (3%), hérnia discal (2%) e cauda equina (1-
2% das hérnias discais).
Visceral (Referida) ou Outras Sistêmica: Fratura por osteoporose, infecções (osteomielite, abscesso
Causas Específicas: paraespinhal, tuberculose), malignidade, espondilite anquilosante e doenças
do tecido conectivo.
Referida: Aneurisma aórtico; pancreatite aguda; pielonefrite aguda, cólica
renal, úlcera péptica.
Fonte: “Tratado de Medicina de Família e Comunidade”.
1. Hérnia Discal Lombar: A doença discal tem mais probabilidade de ocorrer nos níveis de L4-L5 ou L5-S1. A
hérnia discal não é comum antes dos 20 anos de idade, sendo rara nos discos fibróticos dos idosos.2
O anel fibroso interno e o núcleo pulposo normalmente são desprovidos de inervação. A inflamação e a produção
de citocinas pró-inflamatórias no interior do núcleo pulposo rompido podem desencadear ou perpetuar a dor nas
costas. A invaginação de fibras nervosas nociceptivas para dentro do núcleo pulposo do disco acometido pode
ser responsável por alguns casos de dores discogênicas crônicas. A lesão de raiz nervosa (radiculopatia) por
herniação de disco costuma ser causada por inflamação, mas a herniação lateral pode produzir compressão no
recesso lateral ou no forame intervertebral.2
A dor pode localizar-se na região lombar ou ser referida para o membro inferior, a nádega ou o quadril. Um disco
roto pode ser assintomático ou causar dor nas costas, limitação dos movimentos da coluna vertebral
(particularmente flexão), um déficit neurológico focal ou dor radicular. Um padrão em dermátomos de perda
sensitiva ou a redução ou abolição de um reflexo tendíneo profundo são mais sugestivos de lesão de raiz específica
do que o padrão da dor.2

EXTRAFORAMINAL HÉRNIA CONTIDA HÉRNIA EXTRUSA HÉRNIA SEQUESTRADA


Classificação das Hérnias – Aspectos Morfológicos:
Disco Degenerado: Geralmente fruto da desidratação discal.5
Hérnias Protusas: Abaulamento no disco intervertebral sem a ruptura completa do ânulo fibroso.5
Hérnias Extrusas: Extravasamento do conteúdo discal pelo ânulo fibroso para o interior do canal vertebral,
mas mantendo contato com o núcleo pulposo do espaço intervertebral.5
Hérnias Sequestradas: O fragmento herniário extravasa pela ruptura do ânulo fibroso formando um fragmento
livre sem contato com o núcleo pulposo remanescente.5

DISCO NORMAL

DISCO DEGENERADO

PROTUSÃO DISCAL

HÉRNIA DISCAL

COLAPSO DISCAL

DISCO DEGENERADO
COM FORMAÇÃO DE OSTEÓFITO

2. Síndrome da Cauda Equina: É uma lesão de múltiplas raízes nervosas lombossacrais dentro do canal
vertebral, distal ao término da medula espinal em L1-L2. Podem ocorrer lombalgia, fraqueza e arreflexia nas
pernas, anestesia em sela e perda da função vesical. Advém mais comumente de ruptura de um grande disco
intervertebral lombossacro, mas outras causas incluem fratura de vértebra lombossacra, hematoma dentro do
canal vertebral, tumores ou outras lesões expansivas compressivas.2
O tratamento é a descompressão cirúrgica, às vezes como procedimento urgente na tentativa de restaurar ou
preservar a função motora ou a esfincteriana, ou radioterapia para os tumores metastáticos.2
3. Espondilolistese: Corresponde ao deslocamento anterior do corpo vertebral,
dos pedículos e das facetas articulares superiores, deixando para trás os
elementos posteriores. A espondilolistese pode estar associada com
espondilólise, anomalias congênitas, doença degenerativa da coluna ou outras
causas.2
O deslizamento pode ser assintomático ou pode causar lombalgia e contratura da
musculatura posterior da coxa, lesão de raiz nervosa (mais frequentemente em
L5), estenose espinal sintomática ou síndrome da cauda equina em casos graves.2
Radiografias simples com o pescoço ou a região lombar em flexão e extensão
revelam o movimento no segmento anormal da coluna.2 A imagem ao lado
representa um caso clínico de espondilolistese.
4. Espondilose: Também chamada de doença osteoartrítica da coluna vertebral, em geral ocorre em uma época
mais tardia da vida e acomete principalmente as colunas cervical e lombossacral. Com frequência, os pacientes
queixam-se de dor nas costas que aumenta com o movimento e está associada à rigidez e que melhora em
repouso.2
NORMAL ARTROSE

DISCO OSTEÓFITOS

NERVO

DISCO DESIDRATADO

VÉRTEBRA
5. Neoplasias: A causa geralmente provém de metástases dos corpos vertebrais. A coluna torácica é a mais
comumente afetada. A dor nas costas relacionada ao câncer tende a ser constante, surda, sem alívio com repouso
e pior à noite. A RM, a TC e a Tomomielografia Computadorizada são os exames de escolha nos casos em que
se suspeita de metástase vertebral.2
6. Osteomielite Vertebral: É causada por disseminação hematogênica de estafilococos, mas outras bactérias ou
a tuberculose (mal de Pott) podem estar implicadas. Os achados mais comuns na osteomielite vertebral são dor
nas costas em repouso, dor à palpação da vértebra acometida e elevação da VHS ou proteína C-reativa. Em uma
minoria de pacientes, ocorrem febre ou leucocitose. A RM e a TC são sensíveis e específicas para a detecção
precoce de osteomielite. O disco intervertebral também pode ser afetado por infecção (discite) e, quase nunca,
por tumor.2
7. Abcesso Espinal Epidural: Apresenta-se com dor nas costas, agravada por movimento ou palpação do
processo espinhoso, febre, radiculopatia ou sinais de compressão da medula espinal. O desenvolvimento
subagudo de dois ou mais desses achados deve aumentar a suspeita de abscesso espinal epidural. O abscesso é
mais bem delineado por RM da coluna e pode se expandir para vários níveis espinais.2

Imagem A: RM, na qual as setes brancas indicam a


presença de um abcesso espinal epidural. *
Imagem B: RM, na qual a seta branca aponta a discite e a
seta vermelha o abcesso espinal epidural. *
8. Aracnoidite Adesiva Lombar (com Radiculopatia): É
resultado da fibrose pós-inflamatória dentro do espaço
subaracnóideo. A fibrose resulta em aderências das raízes
nervosas e apresenta-se como dor nas costas e nas pernas
em associação a alterações multifocais motoras, sensitivas
ou dos reflexos. A RM mostra raízes nervosas aglomeradas
na incidência axial ou loculações do líquido cerebrospinal
no interior do saco tecal. O tratamento costuma ser
insatisfatório.2

9. Traumatismo: O paciente que se queixa de dor nas costas e incapacidade de mover as pernas pode estar com
fratura ou luxação da coluna vertebral e, no caso das fraturas acima de L1, há risco de compressão da medula
espinal. É preciso ter cuidado para evitar qualquer lesão adicional da medula espinal ou de raízes nervosas por
meio da imobilização do dorso e do pescoço enquanto se aguardam os resultados das radiografias. É comum que
ocorram fraturas vertebrais na ausência de trauma em associação com osteoporose, uso de glicocorticoides,
osteomielite ou infiltração neoplásica.2
RADIOGRAFIA RM TC

Fraturas por osteoporose na coluna.


10. Osteoesclerose: Corresponde a um aumento anormal da densidade óssea frequentemente causado por doença
de Paget, é facilmente identificável em radiografias de rotina e, às vezes, pode ser uma fonte de dor nas costas.
Pode estar associada a um aumento isolado na fosfatase alcalina em uma pessoa saudável nos demais aspectos.
A compressão da medula espinal ou de raízes nervosas pode resultar de pinçamento ósseo. O diagnóstico de
doença de Paget como causa da dor nas costas de um paciente é feito por exclusão.2
11. Estenose do Canal Vertebral: O estreitamento do canal vertebral pode ocorrer na região central, no recesso
lateral ou no forame. Os sintomas dependerão de qual estrutura neural é comprimida. Os níveis lombares atingidos
com mais frequência são L4-L5, e há leve predominância nas mulheres.5
Esse processo é muito bem representado pelo estreitamento do canal vertebral devido aos processos degenerativos
articulares da osteoartrite, que é a degeneração das cartilagens articulares. As articulações são acometidas por
processos inflamatórios repetidos, o que provoca dor, rigidez, redução da amplitude de movimento, derrame
articular, deformidade e formação de osteófitos.5
Pacientes com estenoses centrais geralmente referem dor lombar irradiada para ambos os membros inferiores e
claudicação neurogênica, condição descrita como a sensação de peso ou fraqueza dos membros inferiores
relacionada à deambulação, que alivia com a posição sentada com flexão do tronco e em repouso. Indivíduos com
estenose do recesso lateral e do forame apresentarão dor lombar e radiculopatia.5
A claudicação neurogênica deve ser diferenciada da claudicação de origem vascular, cujos sintomas também se
manifestam durante a marcha, com o aparecimento de dor na panturrilha e acompanhada de cãibras, que apresenta
melhora na posição ereta com a interrupção da marcha.4
Na claudicação neurogênica a melhora dos sintomas ocorre após 5 a 20 minutos de repouso. Já claudicação
vascular apresenta melhora em um período de tempo menor (cerca de 1 a 3 minutos).4

Fisiopatologia
Descrita conjuntamente com as diferentes etiologias.

Manifestações Clínicas
A lombalgia é um sintoma e não especifica uma doença na coluna. A base patológica da dor pode ser intrínseca
ou extrínseca à coluna. Entre as bases intrínsecas estão as dores espondilogênica e neurogênica; entre as
extrínsecas, a vascular, a viscerogênica e a psicogênica.3
1. Dor Espondilogênica: Essa dor tem origem intrínseca à coluna espinhal e suas estruturas. Geralmente piora
com atividades físicas ou ortostase e melhora com repouso. É o tipo mais comum de dor lombar.3
2. Dor Neurogênica: A dor de origem neurogênica está normalmente associada a tensão, compressão ou irritação
da raiz ou das raízes dos nervos lombares. Embora a interferência na função da raiz seja a causa mais comum
de dor neurogênica, outras causas podem existir, como tumores talâmicos, irritações dos nervos aracnoides e
tumores na dura-máter.3
3. Dor Vascular: Aneurismas de aorta abdominal e doença vascular periférica (DVP) também podem resultar
em dores lombares. A DVP é frequentemente confundida com estenose espinhal.3
4. Dor Viscerogênica: Relacionada aos órgãos internos, não tem influência por atividade física, ortostase ou
repouso. Está geralmente associada a outros sintomas relacionados à víscera afetada.3
5. Dor Psicogênica: A dor de origem psicogênica é um tipo específico de sintoma físico criado pela mente do
paciente, mas que se manifesta em estruturas anatômicas. A dor é real, apesar de não possuir origem orgânica,
ambiental ou estrutural.3
Como a dor de origem psicogênica pode estar ou não associada a fatores orgânicos, o médico deve avaliar e
considerar o estado emocional do paciente antes de uma intervenção cirúrgica.3
1) Avaliação Clínica:
A irradiação da dor para o membro inferior sugere o envolvimento das
raízes nervosas, e os sintomas monorradiculares geralmente acompanham
a distribuição dos dermátomos.4
O envolvimento da raiz L4 causa dor na face anterior da coxa e medial da
perna; a raiz L5, na face lateral da perna e dorsomedial do pé; e a raiz SI,
na face lateral do pé e região plantar. Existem variações desse padrão
clínico, não sendo incomum a observação de dor na nádega e face posterior
da coxa relacionada à raiz L5 ou SI.4
Força – Movimento: Sensibilidade: Reflexo:
L2 Flexão do Quadril. Coxa Anteromedial.
L3 Extensão do Joelho. Côndilo Medial do Fêmur.
L4 Extensão do Pé. Maléolo Medial. Patelar.
L5 Extensão do Hálux. Dorso do Pé.
S1 Flexão do Pé. Lateral do Calcâneo. Aquileu.
Fonte: “Ortopedia e Traumatologia”.
Diagnóstico1
A avaliação inicial do paciente com lombalgia inclui:
* Inspeção para observar se não há abaulamento ou sinais de trauma;
* Flexão do dorso para avaliar limitação e funcionalidade;
* Palpação das apófises e da região dolorida para avaliar extensão da dor e possibilidade de patologia localizada
e específica.
Não é incomum a dor ser na realidade na região glútea, como no caso da síndrome do piriforme, e a história é
descrita como sendo na região lombar.
1. Testes Especiais para Coluna Lombar:
Suspeita de Radiculopatia: Fraqueza é um sintoma com melhor especificidade para compressão radicular.
Caso haja descrição ou suspeita de radiculopatia, é mandatório realizar os seguintes testes:
1) Lasègue: Teste de elevação da perna reta. É positivo quando o paciente refere dor neste membro a 30 a 60
graus.
2) Teste de Elevação da Perna Oposta: É positivo quando o paciente refere dor no membro não elevado a 30 a
60 graus.
Esses testes são mais reprodutíveis se houver inclinômetro ou goniômetro; na sua ausência, o teste de elevação
da perna oposta se torna mais reprodutível que o da perna reta ipsilateral à dor. Pode-se sensibilizar mais o
Lasègue ao fazer uma dorsiflexão do pé.

Suspeita de Espondilite Anquilosante:


1) Teste de Patrick ou FABER: Posiciona-se o maléolo lateral de um pé encostado na patela contralateral e
pressiona-se para baixo o joelho da perna fletida estabilizando a pelve contralateral com a outra mão; dor
associada a esse teste pode indicar origem na articulação sacrilíaca.
2) Teste de Schober: Com a pessoa em pé, marca-se um ponto na linha da coluna na altura de L5-S1, na projeção
da espinha ilíaca posterior; e outro ponto 10 cm acima deste; quando a pessoa se agacha (flexão ventral), a
distância aumenta 5 cm, ficando 15 cm no mínimo entre os dois pontos. O teste é positivo quando o aumento é
inferior a 5 cm, o que pode indicar limitação funcional com a ressalva que idosos e obesos a possuem
naturalmente. Esse teste é pouco específico e avalia apenas a funcionalidade.

Suspeita de Discopatia:
1) Levantar da Cadeira em uma Perna ou Subir em Banqueta de 18 cm com uma Perna: Essa avaliação do
quadríceps diferencia lesão de L3-L4 e L5-S1; teste positivo sugere lesão de L3-L4.
2) Reflexo de Aquileu Diminuído: É importante notar que apenas 60% das pessoas assintomáticas e hígidas
com mais de 60 anos têm este reflexo bilateral; teste positivo sugere lesão em S1.
3) Dermátomo: Testar a sensibilidade demanda tempo; a melhor estratégia é focar na simetria da dor provocada
por um objeto pontiagudo nos dermátomos L4 (face medial da perna), L5 (dorso do pé) e S1 (maléolo lateral)
4) Avaliação Motora e Sensitiva: Fraqueza na dorsiflexão do tornozelo no teste contra a resistência do
examinador e do hálux sugere lesão de L5.

Os exames complementares na lombalgia devem ser usados somente se necessários e quando há suspeita, por
meio da história e do exame físico, de alguma causa que necessite intervenção imediata ou específica.

2. Exames de Imagem: Não é necessário na avaliação inicial da pessoa com suspeita de lombalgia não específica;
radiografias normais não descartam causa específica, ao passo que muitas alterações não têm relação com a dor
e constituem apenas achados casuais. Até 81% das pessoas assintomáticas possuem abaulamento, e até 56%
possuem estreitamento discal. Nem sempre o achado radiográfico explica a dor se não houver correlação com a
história e o exame físico.
* Não é Necessário Exame de Imagem: Na maior parte das lombalgias. Quando existir exame de imagem prévio
sem alteração e não houver mudança substancial na história e no exame físico.
* Exame de Imagem Imediato: Quando houver alto risco para câncer deve ser solicitado radiografia,
acompanhado do VHS. A RM está indicada nos casos em que há risco de infecção, síndrome da cauda equina e
déficit neurológico severo.
Não se deve solicitar exame de imagem como complemento da história clínica apenas. Se há dúvida, é importante
fazer o exame físico completo.

3. Exames Laboratoriais: A grande maioria dos indivíduos não necessita de exames laboratoriais na avaliação
inicial. Para pessoas idosas, com sintomas constitucionais ou com falha terapêutica, podem ser solicitados alguns
exames de acordo com a eventual suspeita clínica.
* Processo Inflamatório ou Neoplasia: Hemograma Completo, VHS, Proteína-C-Reativa.
* Doença Óssea Difusa: Cálcio Sérico e Fosfatase Alcalina.
* Mieloma Múltiplo: Eletroforese de Proteínas Séricas e Urinárias.
* Metástase por Câncer de Próstata: PSA.
* Doença Renal: Análise Qualitativa da Urina.
* Úlceras e Tumores Gastrintestinais: Sangue Oculto nas Fezes.

Tratamento1
Quando se opta por tratamento farmacológico, é fundamental abordar o histórico terapêutico do paciente e suas
preferências durante a história, se possível antes do exame físico.
1. Tratamento da Lombalgia Aguda Sem Radiculopatia:
* Intervenção Farmacológica: Relaxante Muscular, AINE.
* Intervenção Não Farmacológica: Manter-se Ativo; Calor Local e Manipulação Espinal.
2. Tratamento da Lombalgia Crônica Sem Radiculopatia:
* Intervenção Farmacológica: AINE, Tramadol, Morfina e Outros Opioides.
* Intervenção Não Farmacológica: Exercício de Controle Motor; Tai Chi; Yoga; Terapia Cognitivo-
Comportamental; Acupuntura; Fisioterapia; Reabilitação Multidisciplinar (TCC + Fisioterapia).
3. Tratamento da Lombalgia Com Radiculopatia:
* Intervenção Farmacológica: AINE.
* Intervenção Não Farmacológica: Exercício; Manipulação Espinal + Exercício em Casa + Aconselhamento.
A principal novidade das revisões recentes foi a constatação da ineficácia do paracetamol. Dessa forma, a
medicação preconizada atualmente para lombalgia é o AINE.

Principais Riscos de Algumas Medicações Usadas no Tratamento da Lombalgia:


AINE: Evento Trombótico Cardiovascular, incluindo IAM e AVC.
Sangramento Gastrintestinal e Úlcera.
Opioide: Abuso, Adição, Overdose e Morte.
Antidepressivo: Pensamento e Comportamento Suicida.
Fonte: “Tratado de Medicina de Família e Comunidade”.
Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs)
1. Farmacocinética: Embora existam muitas diferenças na cinética dos AINEs, esses fármacos possuem algumas
propriedades gerais em comum. Todos os AINEs, com exceção de um, são ácidos orgânicos fracos; a exceção é
a nabumetona, um profármaco de cetona que é metabolizado ao fármaco ativo ácido.6
A maioria dos AINEs é bem absorvida por administração oral e circula extensamente ligada a proteínas
plasmáticas. Sua biodisponibilidade não é consideravelmente modificada pela presença de alimento. A maioria é
biotransformada pelo fígado, principalmente a metabólitos inativos.7
Embora a excreção renal seja a via mais importante de eliminação final, quase todos os AINEs sofrem graus
variáveis de excreção biliar e reabsorção.6
2. Farmacodinâmica: A atividade anti-inflamatória dos AINEs é mediada principalmente pela inibição da
biossíntese de prostaglandinas.6
Vários AINEs apresentam possíveis mecanismos adicionais de ação, incluindo a inibição da quimiotaxia, a
regulação negativa da produção de interleucina 1 (IL-1), a produção diminuída de radicais livres e superóxido e
a interferência nos eventos intracelulares mediados pelo cálcio.6
Os AINEs diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos à bradicinina e à histamina, afetam a produção de
linfocinas pelos linfócitos T e revertem a vasodilatação da inflamação.6
Ação Analgésica: Acredita-se que a PGE2 sensibiliza as terminações nervosas à ação da bradicinina, da histamina
e de outros mediadores químicos liberados localmente pelo processo inflamatório. Assim, diminuindo a síntese
de PGE2, a sensação de dor pode diminuir.7
Como a COX-2 é expressa durante inflamações e lesões, parece que a inibição dessa enzima é responsável pelo
efeito analgésico dos AINEs.7
Ação Antipirética: A febre ocorre quando o “ponto de referência” do centro termorregulador hipotalâmico
anterior é aumentado. Isso pode ser causado pela síntese da PGE2, que é estimulada quando agentes endógenos
causadores de febre (pirógenos), como as citocinas, são liberados pelos leucócitos ativados por infecção,
hipersensibilidade, câncer ou inflamação.7
Os AINEs diminuem a temperatura corporal em pacientes febris, impedindo a síntese e a liberação da PGE2.
Esses fármacos, essencialmente, recolocam o “termostato” no normal.7
Ação Anti-Inflamatória: Os AINEs diminuem a temperatura corporal em pacientes febris, impedindo a síntese
e a liberação da PGE2. Esses fármacos, essencialmente, recolocam o “termostato” no normal.7
3. Efeitos Adversos:
As reações adversas costumam ser bastante semelhantes para todos os AINEs:
Sistema Nervosos Central: Cefaleias, zumbidos, tontura e, raramente, meningite asséptica.
Cardiovascular: Retenção hídrica, hipertensão, edema e, raramente, infarto do miocárdio e insuficiência
cardíaca congestiva.
Gastrintestinal: Dor abdominal, displasia, náuseas, vômitos e, raramente, úlceras ou sangramento.
Hematológico: Raramente trombocitopenia, neutropenia ou até mesmo anemia aplásica.
Hepática: Provas de função hepáticas anormais e, raramente, insuficiência hepática.
Pulmonar: Asma.
Cutânea: Exantemas de todos os tipos, prurido.
Renal: Insuficiência renal, falência renal, hipercalemia e proteinúria.
Fonte: “Farmacologia Básica e Clínica”.
4. Classificação: 7

Derivados do Ácido Salicílico: Ácido Acetilsalicílico, Diflunisal


e Salsalato.
Derivados do Ácido Propiônico: Ibuprofeno, Fenoprofeno,
Flurbiprofeno, Cetoprofeno, Naproxeno e Oxaprozina.
Derivados do Ácido Acético: Diclofenaco, Etodolaco,
Indometacina, Cetorolaco, Nabumetona, Sulindaco e Tolmetina.
Derivados do Ácido Enólico: Meloxicam e Piroxicam.
Derivados de Fenamatos: Ácido Mefenâmico e Meclofenamato.
Inibidor COX-2 Seletivo: O celecoxibe é um inibidor seletivo
da COX-2, significativamente mais seletivo para inibir a COX-2
do que a COX-1.7
Ao contrário da inibição da COX-1 pelo AAS que é rápida e
irreversível, a inibição da COX-2 é reversível.7
A inibição da COX-2 parece levar aos efeitos anti-inflamatório e
analgésico dos AINEs, ao passo que a inibição da COX-1 é
responsável pela prevenção dos eventos cardiovasculares e pela
maioria dos eventos adversos.7

Inibição da COX-1: Maior risco para o Sistema Gastrointestinal.


Inibição da COX-2: Maior risco para o Sistema Cardiovascular.

5. Comparação:7
AINEs: Forte efeito anti-inflamatório, analgésico e antipirético.
Paracetamol: Forte efeito analgésico e antipirético.
Anti-Inflamatórios Esteroides6
Os glicocorticoides reduzem radicalmente as manifestações da inflamação. Essa ação resulta de seus efeitos
profundos sobre a concentração, a distribuição e a função dos leucócitos periféricos, bem como de seus efeitos
supressores sobre as citocinas e as quimiocinas inflamatórias e outras pequenas moléculas mediadoras da
inflamação.
A inflamação, independentemente de sua causa, caracteriza-se por extravasamento e infiltração de leucócitos no
tecido afetado. Esses eventos são mediados por uma complexa série de interações de moléculas de adesão dos
leucócitos com aquelas que se encontram nas células endoteliais, e que são inibidas pelos glicocorticoides. Após
a administração de uma dose única de glicocorticoide de ação curta, a concentração de neutrófilos na circulação
aumenta, ao passo que ocorre redução dos linfócitos (células T e B), monócitos, eosinófilos e basófilos. O
aumento no número de neutrófilos é devido a um maior influxo para o sangue a partir da medula óssea e à sua
migração diminuída a partir dos vasos sanguíneos, com consequente redução no número de células no local de
inflamação. A redução das contagens de linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos circulantes resulta de seu
movimento do leito vascular para o tecido linfoide.
Os glicocorticoides também inibem as funções dos macrófagos teciduais, bem como das células dendríticas e de
outras células apresentadoras de antígenos. Verifica-se redução na capacidade dessas células de responder a
antígenos e mitógenos. O efeito sobre os macrófagos é particularmente acentuado e limita a sua capacidade de
fagocitar e matar microrganismos, bem como de produzir o fator de necrose tumoral α, a interleucina 1 (IL-1), as
metaloproteinases e o ativador do plasminogênio. Tanto os macrófagos quanto os linfócitos produzem menos IL-
12 e gamainterferona, que são importantes indutores da atividade das células TH1 e da imunidade celular.
Além de seus efeitos na função dos leucócitos, os glicocorticoides influenciam a resposta inflamatória ao inibir a
fosfolipase A2 e, portanto, reduzir a síntese de ácido araquidônico, o precursor das prostaglandinas e dos
leucotrienos, e do fator ativador de plaquetas. Por fim, os glicocorticoides diminuem a expressão da
cicloxigenase-2, a forma induzível dessas enzimas nas células inflamatórias, com consequente redução da
quantidade de enzima disponível para a produção de prostaglandinas.
Os glicocorticoides provocam vasoconstrição quando aplicados diretamente à pele, possivelmente ao suprimir a
desgranulação dos mastócitos. Além disso, diminuem a permeabilidade capilar ao reduzir a quantidade de
histamina liberada dos basófilos e dos mastócitos
Nos seres humanos, a ativação do complemento não é alterada, porém seus efeitos são inibidos. A produção de
anticorpos pode ser reduzida por altas doses de esteroides, embora não seja afetada por doses moderadas.

Referência Bibliográfica:
1. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C; DIAS, L. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, Formação e Prática.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
2. JAMESON, J. L.; et al. Medicina Interna de Harrison. 20. ed. Porto Alegre: AMGH, 2020.
3. GIANINI, R. J. et al; SOS Ortopedia. 2. ed. Barueri: Manole, 2020.
4. FILHO, T. E. P. B.; LECH, O.; Exame Físico em Ortopedia. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2017.
5. HEBERT, S. K.; et al. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Prática. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
6. KATZUNG, B. G.; VANDERAH, T. W.; Farmacologia Básica e Clínica. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2023.
7. WHALEN, K.; Farmacologia Ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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