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INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E

SAÚDE OCUPACIONAL
RUI BOCCHINO MACEDO

INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL


INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E
SAÚDE OCUPACIONAL

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-5025-3

9 788538 750253

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Rui Bocchino Macedo

Introdução à Segurança no
Trabalho e Saúde Ocupacional

IESDE BRASIL S/A


Curitiba
2015

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________________________
M119s

Macedo, Rui Bocchino


Introdução à Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional / Rui Bocchino Macedo. -
1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012.
160p. : 28 cm

Inclui bibliografia

ISBN 978-85-387-5025-3

1. Segurança do trabalho. 2. Higiene do trabalho. 3. Medicina do trabalho. I. Título.

12-6556 CDD: 363.11


CDU: 331.4
________________________________________________________________________________
10.09.12 24.09.12 038996

Capa: IESDE BRASIL S/A.


Imagem da capa: Shutterstock

Todos os direitos reservados.

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Batel – Curitiba – PR
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Rui Bocchino Macedo
Especialista em Medicina do Trabalho pela Universi-
dade Federal do Paraná (UFPR). Médico pela Universidade
Luterana do Brasil (Ulbra). Responsável Técnico pelo Servi-
ço de Engenharia e Saúde Ocupacional (SESAO) da UFPR.
Professor.

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Sumário
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho........9
Saúde do trabalhador................................................................................................................................ 9
Anamnese ocupacional..........................................................................................................................10
Problemas crônicos de origem ocupacional...................................................................................13

Medicina do Trabalho e Toxicologia................................................................23


Toxicologia...................................................................................................................................................24

Toxicologia ocupacional......................................................................................37
Princípios gerais de Toxicologia...........................................................................................................37

Metais pesados.......................................................................................................47
Chumbo........................................................................................................................................................48
Mercúrio.......................................................................................................................................................51
Níquel............................................................................................................................................................53
Cromo............................................................................................................................................................53
Arsênio..........................................................................................................................................................54

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho.....63


Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho (SESMT)..................................................................................................63
Organização dos Serviços de Medicina do Trabalho....................................................................64

Normas regulamentadoras................................................................................81

Riscos ambientais............................................................................................... 103


Riscos ambientais....................................................................................................................................103
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)................................................................106

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Acidentes de trabalho e riscos físicos.......................................................... 117
Riscos físicos..............................................................................................................................................119
Radiações...................................................................................................................................................123
Epidemiologia – fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos.............................124

Doenças ocupacionais...................................................................................... 131


Conceito.....................................................................................................................................................133
Epidemiologia..........................................................................................................................................133
LER/DORT...................................................................................................................................................134

Previdência Social............................................................................................... 145


A diferença entre INSS e SUS...............................................................................................................147
Seguro social.............................................................................................................................................147
Regime geral da Previdência Social..................................................................................................147

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Apresentação
Ao longo da história do mundo, o homem sempre
enfrentou os mais diversos tipos de risco. O trabalho é,
talvez, a maior fonte desses riscos, até porque o homem
passa a maior parte de sua vida dentro de seu ambien-
te laboral, afastando-se de sua família. Desde o caçador
mais primitivo, passando pelo artesão da Idade Média,
com “escala” nos primeiros trabalhadores fabris da Re-
volução Industrial, até chegar no trabalhador moderno,
o homem constantemente passou por diversos riscos
de acidentes, de aquisição de doenças e, mesmo, de
perder seu maior bem: a própria vida. Concomitante a
esse processo, o homem foi, também, aprendendo a se
cuidar de uma maneira mais adequada, prevenindo-
-se, ainda que de maneira empírica, contra os males que
pudessem afetar seu bem-estar. Não é exagero, portanto,
afirmar que os Serviços de Saúde e Segurança do Traba-
lho tiveram origem nos primórdios da humanidade, junto
com os processos de trabalho mais remotos, e foram se
adaptando às novas descobertas e aquisições de conhe-
cimentos na busca eterna de se atingir uma excelência na
arte da prevenção e promoção da saúde, especificamente
no ambiente laboral.

A presente obra busca introduzir o leitor nesta viagem


apaixonante pelo mundo da Medicina do Trabalho, através
de seus capítulos.

Inicialmente, o leitor é apresentado ao tema, além


de ser apresentado aos mais relevantes assuntos: saúde
do trabalhador e o Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e Medicina do Trabalho. Após, apresentam-
se as principais leis que regem o mundo da Segurança e
Medicina do Trabalho: as normas regulamentadoras, apre-
sentadas uma a uma. Abordaremos os Riscos Ambientais e

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a Toxicologia. Este tema é abordado com mais profundida-
de nos dois capítulos seguintes, para, logo após, fazer a in-
trodução do leitor no assunto que envolve as doenças do
trabalho, LER/DORT, que mereceram um capítulo à parte,
tamanha a sua incidência no mundo laboral moderno.

Noções fundamentais sobre o funcionamento da


Previdência Social também são apresentadas, ficando por
conta dos Acidentes de Trabalhos, seus riscos e preven-
ções o encerramento desta obra.

Espera-se que a presente obra estimule o leitor a criar


uma mentalidade prevencionista no que tange aos assun-
tos relacionados à Saúde e Segurança do Trabalho. A partir
do momento em que esta ideia se sobressair em relação
às medidas paliativas e curativas, os ambientes laborais,
certamente, serão mais prazerosos e menos propensos à
aquisição de doenças laborais.

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Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e
Medicina do Trabalho

Saúde do trabalhador
O trabalho das sociedades atuais é realizado dentro de padrões determinados
historicamente. A metalurgia, por exemplo, descende do trabalho em metais da Idade
Média, onde o artesão medieval realizava todas as etapas do trabalho com o metal,
desde a fundição até o acabamento final, por vezes também atuando em sua revenda.
O metalúrgico atual, por sua vez, representa apenas uma pequena parcela em toda
a cadeia de transformação do metal, pois seu trabalho limita-se a estar à frente de
máquinas, realizando passos da produção, sendo o ritmo de trabalho elevado com es-
tímulos salariais para o aumento da produtividade e com controle constante sobre a
produção.

Ao artesão medieval, que concentrava todo o processo de produção na sua pessoa,


cabia a função de criar a peça a ser produzida antes de lidar com o metal. Havia a liber-
dade para introduzir mudanças durante a produção, que era baixa, devido ao fato de
as técnicas serem extremamente rudimentares naquela época. Quanto ao trabalha-
dor moderno, a execução de tarefa monótona, repetitiva e desprovida de conteúdo
mais intelectualizado, associada à alta produtividade e competitividade da empresa
no mercado, pode levar o trabalhador a permanente sofrimento psíquico e somático,
conhecido como estresse.

No Brasil, há queixas de trabalhadores e sindicatos de um certo descaso nas con-


dições dos ambientes de trabalho, especialmente no que diz respeito à exposição do
trabalhador a produtos químicos, ruídos e trepidações; jornadas de trabalho muito ex-
tensas, com a realização de horas extras; submissão do trabalhador frente ao autorita-
rismo na organização do trabalho, sem a participação dos trabalhadores nas decisões;
demissão imotivada, decorrente da inviabilização de reivindicações por melhorias;
baixos salários; problemas sociais relacionados a condições inadequadas de transporte
urbano, moradia, alimentação, lazer, acesso a serviços de saúde e medicamentos.

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A abordagem quanto à saúde do trabalhador é feita, inicialmente, por meio de
uma anamnese clínica/ocupacional, de um exame clínico e de uma investigação labo-
ratorial. Esse contato é fundamental para se poder conhecer o trabalhador, bem como
seu ambiente de trabalho como um todo, para conseguir relacionar ou não os sinto-
mas dos quais se queixa com o seu respectivo trabalho.

Anamnese ocupacional
A maioria das doenças relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente se manifes-
tam com queixas comuns, sem sinais e sintomas específicos. Assim, a história de expo-
sição no trabalho a um agente ou situação capaz de produzir doença é fundamental
para o diagnóstico correto e a adoção dos procedimentos dele decorrentes, como o
tratamento, a prevenção e os possíveis encaminhamentos previdenciários.

O profissional de atenção primária à saúde tem um importante papel na detec-


ção, tratamento e prevenção das doenças decorrentes das exposições tóxicas e/ou si-
tuações particulares de trabalho, que podem ser reconhecidas ou suspeitadas a partir
da história do paciente.

Na anamnese ocupacional são levantadas questões com a descrição dos trabalhos


atual e passados. Também são levantados os riscos a que o trabalhador está ou esteve
exposto, como o contato com poeiras, fumaças, metais, líquidos ou outras substâncias
químicas, ou ainda fatores como calor ou ruídos excessivos. Ainda na anamnese ocu-
pacional, devem ser levados em consideração a jornada de trabalho, o turno (diurno,
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noturno ou rodízio), além da opinião pessoal do trabalhador, que é questionado sobre


as suas condições de trabalho.

Deve conter, na anamnese, a descrição da atividade específica realizada, do ritmo


e dos turnos de trabalho e da matéria-prima ou substância que possa interferir no risco.
Essas informações são importantes para que seja feita a diferenciação entre as catego-
rias. Por exemplo, o metalúrgico, que pode estar lotado num setor administrativo ou
na linha de produção, o que pode diferenciar a exposição a riscos. Trabalhadores de
mesma função em empresas distintas também podem apresentar diferentes formas
de organização e ritmos de trabalho.

Fatores como o turno de trabalho podem interferir no diagnóstico e no tratamen-


to de qualquer doença, sendo, por conseguinte, extremamente importante a anamne-
se ocupacional. Isso fica evidenciado na realização de exames ou na determinação de
horários fixos para o uso de medicações em funcionários de turnos alternados, além da
investigação de riscos percebidos pelo próprio trabalhador.

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A grande maioria das pessoas que procuram os serviços de saúde são atendidas
por profissionais não especialistas em questões de saúde ocupacional ou ambiental.
Com o crescimento do setor informal de trabalho, um número cada vez maior de tra-
balhadores estará descoberto das ações de serviços especializado das empresas e de
planos de saúde complementares, tendo como única alternativa a rede pública de ser-
viços de saúde. É interessante destacar que o momento da entrevista e a escuta do
paciente falando sobre seu trabalho pode representar uma oportunidade de estreita-
mento da relação médico-paciente e constituir um processo pedagógico de identifica-
ção, no trabalho, de fatores adoecedores que necessitam ser evitados ou corrigidos.

Podemos dividir a anamnese ocupacional quanto à investigação: do perfil ocupa-


cional, da exposição ocupacional e contaminação ambiental.

Perfil ocupacional
No perfil ocupacional devem estar contidas as atividades atuais e passadas. Ele
deve conter a descrição sobre o ritmo de trabalho e das atividades, conteúdo das ta-
refas, matérias-primas utilizadas, posto de trabalho, riscos ambientais, medidas de
proteção, efeitos verificados com a exposição. Investiga também fatores que podem
aumentar, predispor ou modificar os riscos ocupacionais, como idade, sexo, hábitos de
fumar ou se alimentar no trabalho, avalia se os sintomas são exacerbados ou atenua-
dos pela exposição aos riscos ocupacionais, avalia a modificação dos riscos aos finais
de semana, férias, final do turno de trabalho ou ainda em que dia da semana os sinto-
mas são mais intensos.

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Exposição ocupacional
Exposição de característica específica, relata fatores que podem modificar os efei-
tos das exposições aos riscos ocupacionais, como alergias, patologias no trabalho atual
ou passado, além de sua predisposição a adquirir determinadas doenças. Também
deve citar fatores que podem alterar as respostas aos riscos ocupacionais quando eles
existem, tais como história de doença respiratória ou cardíaca, patologia renal, insufici-
ência hepática, alterações neurológicas, estado de nutrição, erro metabólico, hipovita-
minose. Além disso, busca problemas de saúde similar em colegas de trabalho.

A adoção rotineira da coleta da história ocupacional e  a existência de uma rede


de referência para as ações no cuidado primário desempenham um importante papel
na detecção, prevenção e tratamento de doenças relacionadas ao trabalho.

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Contaminação ambiental
Investiga a ocorrência de exposição não profissional a substâncias potencialmente
patogênicas, como a casa do trabalhador próxima a alguma indústria ou a contamina-
ção com substâncias tóxicas ou pesticidas nos momentos de lazer, ou mesmo resíduos
tóxicos trazidos do ambiente de trabalho para casa por outros membros da família.

Investigação laboratorial
Com esse procedimento busca-se, além das confirmações diagnósticas, observar
medidas de exposição que estão ocorrendo no período subclínico, obter um diagnós-
tico precoce e avaliar as medidas de controle de riscos, na fonte e no meio ambien-
te, que forem instituídas. Pode ser usada como medida de exposição, como indicador
biológico de exposição, além de ser parte fundamental de um programa de vigilância
epidemiológica.

Realiza-se, normalmente, com sangue ou urina. Outros testes podem ser realiza-
dos em laboratórios especializados em Toxicologia, utilizando unhas, cabelos, tecidos
e outros fluídos corporais. Os parâmetros clínicos obtidos devem ser admitidos como
padrão para acompanhamento da evolução no quadro de exposição a determinado
agente, mas não como um valor absolutamente seguro.

Serve, também, como parâmetro para a busca de um ambiente de trabalho seguro


e sem riscos ou, ao menos, com todos os riscos controlados. O valor determinado como
limite de tolerância pode ser reduzido até drasticamente, de acordo com novos estu-
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dos e acompanhamentos de trabalhadores por longos períodos ou descobertas de


novos feitos.

Muitas das doenças relacionadas ao trabalho ou a uma exposição ambiental


manifestam-se como um problema médico comum e não apresentam sintomatologia
específica. Assim, a história de uma exposição prévia significativa a um agente ou con-
dição de trabalho adoecedora é que vai permitir que se suspeite da relação da doença
com o trabalho ou com uma exposição ambiental. Se esses aspectos não forem ade-
quadamente explorados pelo médico que atende o paciente, o diagnóstico etiológico
fica prejudicado, o tratamento pode vir a ser inadequado e ficam perdidas as chan-
ces de uma atuação preventiva sobre o paciente e o conjunto dos demais expostos à
mesma situação. 

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Problemas crônicos de origem ocupacional
Dermatoses ocupacionais
O problema das dermatoses ocupacionais é amplo e muito complexo, sendo uma
das maiores causas de falta ao trabalho em todo o mundo. Mesmo para o médico do
Trabalho mais experiente é, muitas vezes, difícil de se lidar com esses pacientes, em
especial no que se refere a sua relação com a indústria onde trabalha, pois é frequente
a necessidade de orientação segura, no sentido de maior proteção no ambiente profis-
sional, ou até a mudança de ramo de atividade, o que nem sempre é fácil convencer o
paciente ou a empresa. A saúde dos trabalhadores e a convivência saudável entre estes
e seu ambiente de trabalho é de vital importância para o bem-estar da empresa, pois o
trabalhador, em suas plenas condições de trabalho e saudável, mantém sua produção
elevada. Portanto, são necessários que alguns cuidados sejam tomados quanto à saúde
dos trabalhadores, quando os mesmos trabalham direta ou indiretamente com produ-
tos quimicamente perigosos, principalmente os derivados do óleo mineral, petróleo,
detergentes, solventes, plásticos, resinas, borracha natural, tintas, vernizes, corantes,
petróleo e seus derivados, ácidos. Essas substâncias podem provocar, frequentemente,
dermatites ou dermatoses nos indivíduos, quando os mesmos ficam em contato com
esses tipos de produto sem as mínimas condições de higiene exigidas.

As causas das dermatoses ocupacionais podem ser:

mecânicas, devido a um trauma ou fricção;

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físicas, decorrentes da exposição ao frio, ao calor e a radiações ionizantes;

químicas, pelo contato com compostos orgânicos e inorgânicos; e

biológicas, devido ao contato com plantas, animais e micro-organismos.

No organismo, as dermatoses podem surgir através de dois mecanismos diferen-


tes: o otoérgico e o alérgico. O mecanismo otoérgico (não imunológico) corresponde
a 75% das dermatoses causadas por irritantes primários, como os ácidos fortes, álca-
lis, solventes e sais de metal. A dermatite de contato por irritante primário, causada
pelo contato direto com o composto químico, leva ao aparecimento de irritação local,
sem irradiação, e desaparece quando cessa a exposição, voltando a aparecer a cada

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novo contato, e vai depender do tempo de exposição e da concentração da substância
envolvida. A grande maioria dos trabalhadores expostos ao mesmo agente agressivo
apresenta dermatite.

O mecanismo alérgico, por sua vez, ocorre quando uma pessoa já está sensibili-
zada (hipersensibilidade) e envolve o sistema imune, em geral do tipo de hipersensi-
bilidade tardia a uma substância, e pode apresentar reação alérgica de 48 a 72 horas
após a exposição, sendo que a dermatite de contato normalmente não se apresenta na
primeira exposição a um novo composto, e a reação inicial aparece, em média, cinco
dias após o primeiro contato. O diagnóstico dessa doença é realizado através da histó-
ria ocupacional das manifestações cutâneas diversas e do patch-test, que é um exame
que consiste no contato direto de diversas substâncias potencialmente alérgenas com
a pele para chegar ao diagnóstico definitivo.

As principais substâncias químicas causadoras de dermatites de contato são os


bicarbonatos de cromo, potássio e amônio; os plásticos, como resinas epóxi e cata-
lisadores; aceleradores e anti-oxidantes de borracha; agentes germicidas usados em
sabões e compostos halogenados; aminas aromáticas e seus derivados, como tinturas
e anestésicos locais; o mercúrio e seus compostos inorgânicos; o níquel e seus com-
postos; cobalto e seus compostos; e algumas ervas venenosas.

Para se realizar o diagnóstico preciso de dermatose ocupacional é necessário,


além de uma anamnese completa, um exame físico minucioso. Na entrevista, devem
ser pesquisados fatos cronológicos e de evolução, enfatizando aspectos como me-
lhora ou não com tratamentos, por exemplo. A história prévia de alergias a drogas,
alimentos e inalantes é fundamental, assim como antecedentes atópicos pessoais e
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familiares, como asma, rinite e eczema atópico. No ambiente de trabalho, é importante


observar as condições de trabalho e as medidas de higiene do local, além de pesquisar
lesões cutâneas semelhantes em colegas, e observar se a reexposição do trabalhador
ao alergeno causará agravamento do quadro. Em casos de dermatoses ocupacionais,
as lesões podem ser bilaterais e normalmente situadas em regiões expostas ou em
contato direto com substâncias químicas.

O exame físico deve conter uma análise geral da pele. Também devem ser avalia-
dos os fatores predisponentes indiretos, como a característica da pele. Por fim, devem
ser observadas a quantidade de pelos e a higiene pessoal dos trabalhadores. O trata-
mento profilático dessa patologia consiste na proteção dos trabalhadores aos agen-
tes alérgenos. Já no tratamento específico, após a identificação e eliminação desses
agentes, podem ser usadas medicações tópicas ou sistêmicas, dependendo do tipo da
lesão, da distribuição, do grau e do fato de ser aguda ou crônica.

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Surdez ocupacional
A exposição a ruídos de duração prolongada ou de grande intensidade pode acar-
retar danos à audição e, consequentemente, levar à surdez profissional. Essa doença é
comum em caldeireiros, ferreiros, prenseiros, maquinistas, tecelões, entre outros.

O grau da lesão produzida pelo ruído está relacionado a diversos fatores. Um dos
principais fatores é a intensidade. Ruídos superiores a 80dB poderão levar a trauma
auditivo. O tipo de ruído também é importante. O ruído intermitente, ou de impac-
to, parece produzir danos maiores. O período de exposição também deve ser levado
em consideração, assim como a duração do trabalho, uma vez que o efeito é cumu-
lativo. Também são fatores importantes a susceptibilidade individual, a idade, as pa-
tologias auditivas prévias e outras patologias, como hipertensão arterial, diabetes e
hipertireoidismo.

Trauma acústico e surdez por exposição ao ruído são os tipos de transtornos audi-
tivos que podem acometer o profissional. O trauma acústico é uma lesão produzida no
ouvido médio ou interno por impacto sonoro ou ruído intenso. O diagnóstico é feito
através da história ocupacional, na qual se busca estímulo e associação com o início da
sintomatologia (surdez, vertigens, zumbidos, dor); do exame físico, a partir do qual se
busca evidência de congestão vascular ou até ruptura timpânica com lesão na cadeia
ossicular; e da audiometria, em que há ou não falha na discriminação vocal, além de
queda em 4KHz.

A surdez por exposição ao ruído decorre de uma exposição crônica, em que trau-
matismos sucessivos levam a um deslocamento assimétrico da membrana basilar. Os

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sintomas são causados devido à cronicidade da evolução do quadro, como zumbido
noturno ou em locais silenciosos. A audiometria aponta, inicialmente, queda em 4KHz.
Com a evolução do quadro, ocorre aprofundamento da queda e propagação para 3, 6
e 8KHz, com cada vez mais dificuldade de discriminação vocal.

Além da perda auditiva característica, o ruído pode ser o fator causador de outras
doenças. Essas patologias podem afetar o trabalhador psicologicamente, causando
depressão, estresse, entre outras doenças, chegando a gerar danos inclusive no siste-
ma cardiovascular, podendo ser fator causador de hipertensão arterial e taquicardia.

Dores na coluna
Uma das maiores queixas no mundo moderno é a de dor na coluna. Dentro de
um ambiente laboral, essa patologia acomete vários trabalhadores, devido a diversos
fatores, os quais serão abordados a seguir.

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Para melhor entender o mecanismo da dor na coluna, é necessário conhecer a es-
trutura anatômica da coluna vertebral humana. Ela é dividida em 33 vértebras, sendo
7 formadoras da coluna cervical, 12 da coluna torácica, 5 da coluna lombar, 5 vértebras
fundidas formadoras da região sacral e 4 vértebras da região coccígea. Seu limite supe-
rior é o osso occipital, sendo o osso ilíaco o limite inferior.

A coluna vertebral possui uma região denominada canal vertebral, que segue as
diferentes curvas da coluna vertebral. Grande e triangular nas regiões cervical e lombar,
onde a coluna possui maior mobilidade, o canal vertebral é pequeno e redondo na
região onde não há muita mobilidade, a região torácica. Esse canal possui algumas ca-
racterísticas gerais, cada qual com sua função, sendo que cada região da coluna possui
suas próprias características, assim como cada vértebra se difere uma da outra.

Além das vértebras, outras estruturas podem ser responsáveis pelas dores na
coluna. Os discos intervertebrais, músculos e ligamentos são algumas dessas estrutu-
ras. Também se destacam outras doenças presentes em outras estruturas que podem
resultar em dores na coluna, tais como aneurisma de aorta, úlcera duodenal, inflama-
ção na próstata, doença inflamatória pélvica, entre outras.

Algumas são as doenças e situações diretamente relacionadas com as dores na


coluna. Entre elas destacam-se a osteoporose, hérnias discais, tumores, postura viciosa,
obesidade, fibromialgia, artrose, artrite reumatoide – com inflamação nas articulações
e outros tecidos, gravidez e encurtamento dos músculos das pernas. Além disso, exis-
tem fatores de risco que influenciam no aparecimento do quadro álgico na coluna ver-
tebral. Entre eles pode-se citar a obesidade, a tensão emocional, os esforços excessivos,
a idade, o sexo e a atividade profissional.
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

Algumas doenças da coluna vertebral podem estar relacionadas ao trabalho. As


dores musculares são um exemplo, especialmente as dores em coluna lombar, deno-
minadas lombalgias. Também problemas posturais, que podem gerar desvios no eixo,
ou aumento na curvatura preexistente da coluna vertebral. Esses desvios são deno-
minados cifose, lordose e escoliose. Osteofitose e hérnias discais também são causas
comuns de dores na coluna.

A lombalgia é uma doença cuja incidência mundial é de aproximadamente 5%


de novos casos ao ano, sendo que em alguma fase da vida, estima-se que 80% dos
indivíduos terão dor lombar. Ela pode ser diagnosticada em três fases. A fase subaguda
é quando ela se iniciou há menos de um mês. A fase aguda ocorre quando o início do
quadro ocorreu entre um e seis meses. A fase crônica é quando a dor já vem há mais
de seis meses. Suas causas são as mais diversas. Podem ser decorrentes de problemas
mecânicos – posturais, devido a posturas viciosas, obesidade, gravidez, esforços repeti-
tivos, ergonomia inadequada; degenerativos, como estenose do canal vertebral, artro-
se articular; psicológicas, como dor miofascial; tumorais, por metástase óssea; mistas,
como fibromialgia, entre outras.

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A cifose caracteriza-se por ser um aumento anormal da concavidade posterior
da coluna vertebral. As causas mais importantes dessa deformidade são a má postura
e o condicionamento físico inadequado. Outras doenças também podem causar essa
deformidade, como a espondilite anquilosante e a osteoporose senil.

A lordose é um aumento anormal da curva lombar, levando a uma acentuação


da lordose lombar anatômica. A essa situação dá-se o nome de hiperlordose. A dor
ocorre especialmente em atividades que envolvam a extensão da coluna lombar, tal
como permanecer em postura ortostática por muito tempo, o que tende a acentuar o
quadro. A flexão do tronco usualmente atenua a dor, o que faz com que, normalmente,
a pessoa prefira permanecer em posição sentada ou deitada.

A escoliose é a curvatura lateral da coluna vertebral. Sua progressão depende


muito da idade em que ela se inicia, bem como da magnitude do ângulo da curva-
tura durante o período de crescimento na adolescência. Para a melhora do quadro,
são essenciais o tratamento fisioterápico, com uso de alongamentos e melhora na
respiração.

A osteofitose, popularmente conhecida como bico de papagaio, é decorrente da


protusão progressiva do anel fibroso do disco intervertebral, dando origem à forma-
ção de osteófitos, cujos efeitos são agravados pela desidratação gradual do disco in-
tervertebral. Ela causa a aproximação das vértebras e pode comprimir a raiz nervosa,
gerando fortes dores.

As hérnias de disco são resultados de diversos pequenos traumas da coluna, que


vão, gradativamente, lesando as estruturas do disco intervertebral. Também podem
ser decorrentes de um trauma severo sobre a coluna. Elas surgem quando o núcleo

Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


do disco intervertebral migra do seu local, no centro do disco, para a sua periferia, em
direção ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas, levando à
compressão das raízes nervosas.

Texto complementar

A Importância da Medicina e Segurança do Trabalho Preventiva


Introdução
As mudanças no mundo do trabalho advindas das inovações tecnológicas e
organizacionais têm incrementado significativamente a produção nas empresas,
eliminando assim tarefas penosas ou pesadas. Essa relação estabelecida entre o

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homem e a tecnologia ocasionou novos riscos para a saúde dos trabalhadores, tanto
nos aspectos físico, mental ou social.

Tal processo passou a exigir dos trabalhadores uma maior qualificação e uma cres-
cente intervenção desses nos processos produtivos, o que consequentemente tornou-
os mais suscetíveis a acidentes de trabalho. Tanto as empresas quanto o Estado não to-
maram postura diante de tal fato. Somente em meados dos anos 1980 surge o campo da
saúde do trabalhador no Brasil, objetivando mudar o complexo quadro da saúde.

Apesar de tantas transformações serem tão evidentes, ainda fica difícil de serem
captadas e apreendidas pelos profissionais. Atualmente, ainda nos deparamos com
empresas desinformadas, desinteressadas ou até mesmo com dificuldades de solucio-
nar assuntos correlatos a acidentes de trabalho. Diante desse fato, este artigo busca
contribuir abordando a importância da Medicina e Segurança do Trabalho Preventiva.

Desenvolvimento
A relação entre o trabalho e a saúde/ doença surgiu na Antiguidade, mas se tornou
um foco de atenção a partir da Revolução Industrial. Afinal, no trabalho escravo ou no
regime servil, inexistia a preocupação em preservar a saúde dos que eram submetidos
ao trabalho. Os trabalhadores eram equiparados a animais e ferramentas.

Com a Revolução Industrial, o trabalhador passou a vender sua força de tra-


balho, tornando-se presa da máquina e da produção rápida para acumulação de
capital. As jornadas eram excessivas, em ambientes extremamente desfavoráveis à
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

saúde, aos quais se submetiam também mulheres e crianças. Esses ambientes ina-
dequados propiciavam a acelerada proliferação de doenças infectocontagiosas, ao
mesmo tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutila-
ções e mortes.

Através dos tempos, o Estado passou a intervir no espaço do trabalho base-


ando-se no estudo da causalidade das doenças. Assim, toma figura o médico do
Trabalho que vai refletir na propensão a isolar riscos específicos e, dessa forma, atuar
sobre suas consequências, medicando em função de sintomas e sinais ou, quando
muito, associando-os a uma doença legalmente reconhecida. A partir daí houve
uma crescente difusão da matéria de Segurança e Medicina do Trabalho.

No Brasil, a legislação trabalhista compõe-se de normas regulamentadoras,


normas regulamentadoras rurais e outras leis complementares, como portarias, de-
cretos e convenções internacionais da Organização Internacional do Trabalho.

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Devido ao fato de ter surgido e se mantido à sombra da legislação, muitos de
nós não demos a devida importância à Segurança do Trabalho. Limitamos a mera
leitura da legislação sem preocuparmos com a interpretação e a cultura prevencio-
nista. Ainda existe uma gama de instituições empresariais que só implantam os pro-
gramas exigidos por lei para terem os documentos e papéis em seus arquivos com o
objetivo de apresentar aos fiscais do Trabalho, em caso de fiscalização.

Felizmente um maior número de pessoas já compreende que as doenças pro-


fissionais são aquelas decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos am-
bientais, ergonômicos ou de acidentes.

O setor de segurança e saúde tornou-se multidisciplinar e busca incessante-


mente prevenir os riscos ocupacionais. Essa é a forma mais eficiente de promover e
preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Nesse aspecto se destaca
os profissionais da área, composto por técnico de Segurança do Trabalho, engenheiro
de Segurança do Trabalho, médico do Trabalho e enfermeiro do Trabalho. Estes, por
sua vez, atuam na eliminação ou neutralização dos riscos, prevenindo uma doença
ou impedindo o seu agravamento. Para tanto, é necessária a antecipação dos riscos
que envolvem a análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos de
trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando identificar os riscos poten-
ciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. Outra etapa
do processo de prevenção é a de reconhecimento dos riscos. Nesse caso, o risco já
está presente e será preciso intervir no ambiente de trabalho. Reconhecer os riscos
é uma tarefa que exige observação cuidadosa das condições ambientais, caracte-

Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


rização das atividades, entrevistas e pesquisas. A adoção das medidas de controle,
também se torna necessária para a etapa da prevenção. Nesse caso o engenheiro de
Segurança deverá especificar e propor equipamentos, alterações no arranjo físico,
obras e serviços nas instalações, procedimentos adequados, enfim, uma série de re-
comendações técnicas pertinentes a projetos e serviços de engenharia.

Além dessas etapas, por parte do empregador, é de fundamental importância o


treinamento dos empregados para a correta utilização dos equipamentos de proteção
individual ou coletiva. A empresa deve treinar o trabalhador com recursos próprios, ou
por meio dos fabricantes de EPIs que já fazem esse trabalho gratuitamente, através de
palestras ou minicursos. Portanto, a inspeção no local de trabalho é procedimento es-
sencial de antecipação intempéries em relação à segurança e Medicina do Trabalho.

Eliminando-se as condições inseguras e os atos inseguros é possível reduzir os


acidentes e as doenças ocupacionais. Esse é o papel da Medicina e Segurança do
Trabalho Preventiva.

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Conclusão
Qualquer empresa que queira realmente melhorar a qualidade de vida dos
seus colaboradores deve estar disposta a ouvir sua equipe, dar possibilidade do
indivíduo expor suas súplicas, fortalecendo desta forma uma relação de trabalho
confiável e saudável. Após abrir este importante canal de comunicação, a empresa
deverá fazer um levantamento criterioso dos problemas que acometem a equipe
como um todo, visualizando sua real existência e verificando suas incidências. Uma
vez realizado este reconhecimento da saúde geral dos trabalhadores, devem-se le-
vantar os problemas mais comuns e fazer um estudo individualizado para descobrir
de que forma estão ou não relacionados às rotinas de trabalho de cada um, sendo
importante nesta fase o auxílio de profissionais preparados para esta compreensão.

Uma vez realizado todo este levantamento e análise, deve-se agir tentando eli-
minar os fatores de risco e caso isso não tenha sido possível, deve-se proteger os co-
laboradores dos riscos, muitas vezes adotando uso de EPIs mais adequados, orien-
tações de forma de trabalho e fomentando este indivíduo de recursos de proteção
direcionada, e por último, após todas estas ações deve-se investir num mecanismo
de defesa e preparo para a função, adaptando todo o posto e o indivíduo.

Portanto, a maneira mais eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar


os riscos. Isso se faz com uma política de segurança e saúde dos trabalhadores que
tenha por base a ação de profissionais especializados, antecipando, reconhecendo,
avaliando e controlando todo o risco existente.
Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

(RAINATO, Thalita Alvarenga. Disponível em: <http://revista.fundacaoaprender.org.br/


index.php?id=997.)

Atividades

1. Um funcionário chega com queixa de dor intensa na região lombar. Não há am-
bulatório médico na empresa, sendo você o único responsável pela Segurança
do Trabalho na ocasião. Qual é a sua conduta?

a) Daria um anti-inflamatório com miorelaxante e analgésico ao funcionário.


b) Trocaria imediatamente o seu posto de trabalho, evitando agravamento da
lesão.

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c) Faria bolsa de água quente na região afetada e encaminharia o funcionário
ao serviço médico mais próximo ou conveniado.
d) Manteria o paciente no trabalho e o orientaria a buscar um médico após o
serviço.
e) Orientaria os colegas de trabalho a dobrarem a jornada para compensar a
falta do trabalhador com problemas.

2. Analisando a importância da anamnese e considerando os efeitos da exposição


a riscos ocupacionais, assinale a alternativa correta.

a) Fatores que alteram as respostas aos riscos ocupacionais podem ser igno-
rados.
b) A busca de problemas similares em colegas de trabalho é irrelevante.
c) A predisposição de adquirir determinadas doenças deve ser considerada.
d) O hábito de se alimentar no trabalho não interfere no risco.
e) n.d.a.

Referências

D’ASSUMPÇÃO, E. A. Livro das Especialidades Médicas. Belo Horizonte: Coopmed,


2000.

Introdução à Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


PEREIRA, C. A. Surdez Profissional em Trabalhadores Metalúrgicos: estudo epidemio-
lógico em Indústria da Grande São Paulo. São Paulo: Fac. de Saúde Pública da USP, 1978.

REVISTA SIM! Campanha Nacional da Audição. <www.saudeauditiva.org.br>.

Gabarito

1. B

2. C

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Medicina do Trabalho e Toxicologia
Embora as discussões mais importantes sobre o assunto tenham se iniciado há
poucas décadas, a Medicina do Trabalho é uma área que já é estudada há séculos.
Apesar de já existirem obras e estudos ainda mais antigos, Bernardino Ramazzini, um
médico italiano nascido no ano de 1633, na cidade de Modena, é considerado o pai da
Medicina do Trabalho. Isso ocorre devido à obra, publicada no ano de 1700, intitulada
De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores). Nesse estudo, Ramazzi-
ni destacou 54 profissões consideradas mais importantes na ocasião. Dessa maneira,
conseguiu relacionar algumas doenças adquiridas pelo trabalhador com seu respecti-
vo posto de trabalho. Foi na Revolução Industrial Inglesa, ocorrida no século XVIII, en-
tretanto, que a Medicina do Trabalho começou a ser vista de maneira mais importante
e assim foi crescendo até chegar na representatividade atual. Na ocasião, ocorreram
transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas, bem como de
adoecer e de morrer. Com as mudanças e as exigências dos processos produtivos e
movimentos sociais, surgiram novos enfoques em instrumentos de trabalho em uma
perspectiva interdisciplinar, com a delimitação do campo da Saúde do Trabalhador.

Define-se Medicina do Trabalho como a especialidade que lida com as relações


entre a saúde dos homens e mulheres trabalhadores e seu trabalho, visando não so-
mente à prevenção das doenças e dos acidentes de trabalho, mas também à promo-
ção da saúde e da qualidade de vida através de ações capazes de acelerar a saúde
individual e propiciar uma saudável inter-relação das pessoas e dessas com seu traba-
lho. O médico do Trabalho possui um campo de atuação muito amplo, extrapolando
o âmbito tradicional da prática médica. Não basta ao médico do Trabalho ter conheci-
mento apenas na sua área, ele também necessita de uma noção ampla de outras áreas,
como Clínica Médica e Saúde Pública, por exemplo, para que possa realizar programas
de prevenção, ou mesmo para chegar a diagnósticos mais precisos. Também o médico
do Trabalho deve trabalhar com uma equipe multidisciplinar. Para isso, deve contar
com o crucial auxílio de engenheiros de Segurança do Trabalho, técnicos em Seguran-
ça do Trabalho, fonoaudiologistas, fisioterapeutas e outros profissionais capacitados
para a promoção da saúde no ambiente laboral. Vários são os campos de atuação para
o médico do Trabalho. Entre os principais, destacam-se as empresas, Perícia Médica da
Previdência Social e Judicial, Assessoria Sindical, Consultoria Privada e Toxicologia.

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Toxicologia
“Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno, apenas a dosagem
é razão para que uma coisa não seja um veneno”. Essa frase é de autoria do médico
alemão Theophrastus Bombast von Hohenhein, nascido em 1493, em Eisiedeln, e que
também é conhecido como Paracelsius. Ele estudou Medicina na Universidade da Ba-
sileia e iniciou sua prática médica nas Minas de Tirol, onde começou a relacionar as
doenças apresentadas pelos mineiros à exposição excessiva aos minerais. Partindo
desse conceito de Paracelsius, que é tido como verdade até os dias atuais, percebe-se
que todas as substâncias podem ser consideradas tóxicas. O conceito de tóxico, en-
tretanto, é algo que já vem desde os homens mais primitivos. A palavra toxikon tem
origem grega e significa veneno das flechas, que eram usadas nas caças na Antiguida-
de. As pontas das flechas eram preparadas com material bacterialmente contaminado
com pedaços de cadáveres ou venenos vegetais com o intuito de acelerar a morte dos
animais.

Com o passar dos anos, novos estudos foram feitos e foi criada a Toxicologia, que
é a ciência que estuda as intoxicações, os venenos que as provocam e o tratamento
adequado. Também define os limites de segurança dos agentes químicos.

Histórico
A Toxicologia, historicamente, pode ser dividida em três fases:

Fase do descobrimento – teve início com o homem primitivo em seu contato


com a natureza como meio de sobrevivência. Do seu contato com as plantas e
animais, começou a identificar substâncias que eram ou não benéficas.

Fase primitiva – estuda os venenos como meio de suicídio e homicídio. Nessa


fase, os venenos eram também utilizados como forma punitiva.

Fase moderna – surgiram os métodos de estudo para a identificação de vene-


nos, o que diminuiu as ações criminosas. Nessa fase, foi considerável o aumen-
Medicina do Trabalho e Toxicologia

to das intoxicações acidentais.

Vários nomes importantes na Medicina realizaram diversos tipos de estudos re-


lacionados à Toxicologia. Hipócrates (460-375 a.C.), médico grego e considerado o pai
da Medicina descreveu o quadro clínico de intoxicação por chumbo em mineiros. Na
Idade Média, o médico e filósofo persa Avicena (980-1037) descreveu a cólica plúmbica,
ou seja, a dor abdominal presente em pessoas expostas ao chumbo. Na Roma Antiga,
Plínio, o Velho (23-79 d.C.), considerado um dos mais importantes naturalistas da An-

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tiguidade, escreveu a obra Naturalis Historia, um vasto compêndio das ciências anti-
gas distribuído em 37 capítulos dedicado a Tito Flávio, futuro imperador romano. Nela,
Plínio descreve o aspecto de alguns escravos que observou nas minas de chumbo e de
mercúrio. O médico saxão Georgius Agricola (1495-1595), também conhecido como o
pai da Mineralogia, escreveu a obra De Re Metallica, em que descreve com minúcia de
detalhes as operações minerais e metalúrgicas de sua época, detalhando as principais
doenças dos mineiros e fundidores. Anos mais tarde, Percival Pott (1713-1788) descre-
ve, no ano de 1775, o câncer ocupacional entre os limpadores de chaminé na Inglater-
ra, identificando a fuligem, através da substância 3,4-Benzopireno, e a falta de higiene
como causa do câncer escrotal. Os principais afetados eram as crianças que, por sua
baixa estatura, tinham a responsabilidade de entrar nas chaminés e limpá-las. Graças a
esse estudo foi criada a Lei dos Limpadores de Chaminé, no ano de 1788. Também na
Alemanha a industrialização era avançada, mas o número de casos de câncer escrotal
era significativamente menor, devido a um melhor ajuste da roupa ao corpo do traba-
lhador em relação aos colegas ingleses, sendo elas consideradas uma espécie de pri-
mórdio de equipamento de proteção individual (EPI). Pouco tempo depois, o médico
francês Tanquerel des Panches (1809-1862) publicou a primeira descrição moderna da
intoxicação por chumbo, no ano de 1839. Em seu estudo, Tanquerel analisou 1 217
casos, fazendo a descrição completa de toda a síndrome, destacando a dor abdominal
como principal sintoma. Seu estudo foi tão completo que desde então muito pouco foi
acrescentado nas descrições clínicas de intoxicação por chumbo.

Conceitos
Para melhor compreensão da Toxicologia, é necessário saber que ela se divide em:

Clínica – estuda a ação do agente tóxico (sintomas, diagnóstico e


orientação).

Química – estuda as propriedades do agente tóxico e suas ações dentro do


organismo.

Ocupacional – estuda as enfermidades industriais e a insalubridade do ambien-


Medicina do Trabalho e Toxicologia

te de trabalho.

Analítica – estuda a análise de produtos tóxicos visando determinar sua


toxicidade.

Profilática – estuda a poluição da água, terra, ar e alimentos. Procura manter


e aumentar a segurança para a vida.

Forense – estuda a ação de propriedades dos agentes tóxicos para estabelecer


a causa de morte ou envenenamento em intoxicações, auxiliando a Justiça.

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Para melhor delineamento do estudo, o presente capítulo será focado principal-
mente na Toxicologia Ocupacional, que é o ramo da Toxicologia voltado para o estudo
da interação entre o homem e as substâncias químicas presentes em seu ambiente de
trabalho.

Outro conceito fundamental é o de intoxicação. Qualifica-se como intoxicação


toda e qualquer manifestação clínica ou laboratorial de efeitos adversos. É um estado
patológico, causado pela interação de um agente químico com o organismo. Esse
agente químico é também conhecido como agente tóxico ou xenobiótico. É uma subs-
tância química que provoca o desequilíbrio do organismo e que gera desde simples
distúrbios de saúde até o óbito. Tudo vai depender de alguns fatores e, especialmente,
de sua toxicidade, que é a propriedade potencial das substâncias químicas de instalar,
em maior ou menor grau, um estado patológico após sua introdução ou interação com
o organismo.

Vários são os fatores que podem afetar o grau de toxicidade de um agente. Algu-
mas características da pessoa afetada, como a idade, a massa corpórea, estados nutri-
cionais ou doenças prévias são fundamentais para que o agente tenha maior ou menor
toxicidade. Também a concentração do agente tóxico, bem como seu estado de disper-
são, de acordo com a forma e o tamanho da partícula, exercem influência no grau de
toxicidade. Outros fatores também são importantes para que a substância seja mais ou
menos tóxicas, como a afinidade da substância com um determinado tecido ou órgão
do corpo humano ou, ainda, a sensibilidade desse tecido ou órgão, por exemplo.

Intoxicação no Brasil em 2005


A análise dos dados obtidos em 2005 revela novo recorde no número de intoxica-
ções com cerca de quase 90 mil casos registrados. Os animais peçonhentos tiveram o
maior número de registros. Foram mais de 23 mil casos de acidentes com animais ve-
nenosos, sendo 1/3 deles causado por escorpiões. Pernambuco foi o estado que mais
registrou acidentes com escorpiões, com cerca de 2 200 casos em 2005. As serpentes
e as aranhas também são animais que causaram alto número de acidentes tóxicos e o
alto índice está possivelmente relacionado à ocupação desordenada do homem em
Medicina do Trabalho e Toxicologia

encostas sem saneamento básico e com solos empobrecidos.

O número de mortes por intoxicação também cresceu. O aumento foi de 18% em


relação ao ano anterior e o principal agente causador de óbito foram os agrotóxicos.
O uso indiscriminado de agrotóxicos, que se dividem em quatro categorias: de uso
agrícola, uso doméstico, uso veterinário e raticidas, aparecem como um outro grande
problema brasileiro, a falta de conhecimento e a má manipulação desse produto nas
lavouras causaram 159 mortes, dentre as quais os homens são as maiores vítimas dos
agrotóxicos, respondendo por 70% dos óbitos.

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Entre as crianças menores de cinco anos, os medicamentos ocuparam o primeiro
lugar na lista de agentes tóxicos mais perigosos, cerca de 6 500 acidentes naquele ano.
As plantas também representaram alto índice de intoxicação nessa faixa etária, com
mais de 40% das vítimas.

Os medicamentos apresentaram alto índice de intoxicação entre as mulheres, com


64% do total de casos. Também são esses produtos os maiores responsáveis por tentati-
vas de suicídio, com 58% dos casos, seguidos por agentes agrícolas, com 14% do total.

Em relação às drogas de abuso, lícitas e ilícitas, os adultos jovens com idade entre
20 e 29 anos foram o maior número de casos registrados, especialmente na região Su-
deste, com 1 790 casos. A região Centro-Oeste, entretanto, foi a que apresentou maior
letalidade, com 8,75% do total. O sexo masculino apresentou um número de casos 2,6
vezes maior que as mulheres.

A região Sul foi a que teve maior número de registro de casos. Em cada três casos
registrados no Brasil, um deles era proveniente dessa região.

Causas de intoxicação no trabalho


O ambiente de trabalho pode apresentar vários fatores de risco para o trabalha-
dor. A emissão de gases através de vazamentos de alguns equipamentos é uma das
principais causas de intoxicação no trabalho.

O próprio trabalhador por vezes pode cometer alguns erros que são capazes de
causar intoxicação. A ausência ou o uso inadequado dos equipamentos de proteção
individual (EPIs) é um exemplo. Também é comum observar em um ambiente aberto
trabalhadores aplicando produtos tóxicos contra o vento, o que também pode gerar
intoxicações. Alguns problemas na higiene, tais como o uso da mesma roupa em dias
consecutivos, a ausência de banho diário e a alimentação sem higiene das mãos são
causadores de acidentes tóxicos. Trabalhadores que tomam banho com água quente
antes do trabalho dilatam os poros cutâneos devido ao calor, o que pode facilitar a pe-
netração de toxinas. Pelo mesmo motivo, a aplicação de produtos nas horas de maior
temperatura também pode representar um risco.Os trabalhadores que ficam sozinhos
Medicina do Trabalho e Toxicologia

em seus postos correm o risco de não receber ajuda imediata em caso de intoxicação.

Alguns outros fatores, como o armazenamento inadequado dos produtos tóxicos,


podem causar acidentes que levam à intoxicação. Outro fator importante é a resistên-
cia física do trabalhador. Quanto mais baixa a resistência, maior o risco de contamina-
ção por parte desse trabalhador.

Há também casos de intoxicação de familiares de trabalhadores. Isso ocorre quando


principalmente o posto de trabalho localiza-se na própria residência, ou então quando a
roupa utilizada ao longo da jornada de trabalho é lavada em casa de maneira inadequada.

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Classificação das intoxicações
As intoxicações são classificadas de três formas. Para tanto, observa-se sua origem,
seus efeitos e seus níveis operacionais.

Quanto à origem, as intoxicações podem ser classificadas como acidentais (me-


dicamentos, alimentos, ambiente ou profissão), intencionais (homicídios, suicídios ou
doping), genéticas (transmitidas geneticamente), congênitas (adquiridas pelo feto) e
sociais (dependência química).

Quanto aos efeitos, as intoxicações podem ser crônicas (ação lenta e progressiva
com exposição contínua) ou agudas (introdução rápida do agente tóxico no organis-
mo em dose única).

Em relação aos níveis operacionais, as intoxicações são classificadas como de altas


doses (exposição curta; intoxicações agudas e acidentais), doses médias (exposição
por período de tempo maior; intoxicação profissional) e pequenas doses (exposição
longa, com efeito teratogênico; intoxicação ambiental).

Agentes ambientais
As doenças ocupacionais podem ser causadas por alguns agentes presentes
no posto de trabalho. Os agentes podem ser físicos, ergonômicos, biológicos e/ou
químicos.

Os agentes físicos são observados na forma de ruídos, vibração, frio, calor, umi-
dade, pressão, radiação, entre outros. Os agentes ergonômicos caracterizam-se como
fatores fisiológicos ou psicológicos inerentes à execução da atividade profissional. Os
agentes biológicos são os micro-organismos e os germes, tais como vírus, fungos e
bactérias.

Os agentes químicos, por sua vez, podem estar presentes no ambiente nos es-
tados sólido, líquido e gasoso. No estado sólido podem estar sob a forma de poeiras
de origem animal (pelos e couro), vegetal (fibras de algodão, bagaço de cana), mine-
Medicina do Trabalho e Toxicologia

ral (sílica, amianto, carvão) e sintética (fibras de plástico). No estado líquido estão as
soluções ácidas, alcalinas e solventes orgânicos. No estado gasoso, encontram-se as
substâncias que se misturam com o ar respirável.

Contaminantes atmosféricos
Os contaminantes atmosféricos são representados pelos gases, vapores e aeros-
sóis. Os gases, nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) encontram-se

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no estado gasoso, enquanto os vapores são sólidos ou líquidos e os aerossóis são par-
tículas sólidas ou líquidas, suspensas ou dispersas no ar, com tamanho reduzido.

Os gases podem ser classificados como de ação irritante ou asfixiantes. Quando


são irritantes, podem ter ação intensa (sulfúricos, aldeídos, flúor, amoníacos, acroleína),
moderada (cloro e derivados) ou leve (arsínia, ozônio, brometo e cloreto de metila).
Essas substâncias podem levar à inflamação tecidual e são percebidos pelo homem
em concentrações baixas. A distinção entre irritante e corrosiva depende da natureza
da substância, concentração, viscosidade, osmolaridade, potencial de oxidação e redu-
ção, complexo de afinidade a pontes bivalentes, da ação do irritante alcalino, intoxica-
ção protoplástica, irritante ácido, denaturante, irritante hidrocarboneto. Podemos citar
como efeitos clínicos com a inalação: cefaleia, secura/insensibilidade nasal, hemorra-
gia, edema de glote, esôfago ou pulmão. Também através das vias respiratórias podem
ocorrer respiração ofegante, sibilância, tosse e perda de função das vias aéreas. Os
gases asfixiantes podem apenas substituir o oxigênio atmosférico, como o nitrogênio,
ou podem também interagir com o organismo, causando alterações nos mecanismos
de transporte sanguíneo do oxigênio ou na respiração celular. Como exemplo temos o
monóxido de carbono.

Os aerossóis são classificados em poeiras, fumo, fumaça e névoa. Tal classificação


é realizada de acordo com o tamanho das partículas.

Poeiras: partículas sólidas que podem se apresentar em suspensão no ar, gera-


das de materiais inorgânicos, como rochas, minérios, metais, carvão e madei-
ra, sendo produzidas por desintegração, trituração, pulverização ou impacto.
Elas não se difundem no ar e se depositam sob a influência da gravidade. São
partículas com diâmetro variando entre 1 e 100 mícrons.

Fumos: partículas produzidas normalmente pela condensação de vapores


após a volatilização de metais fundidos, tais como o derretimento de ferro e
chumbo, por exemplo. Seu diâmetro é inferior a 10 mícron.

Fumaças: combustão completa da matéria orgânica, com partículas inferiores


a 1 mícron de diâmetro. Medicina do Trabalho e Toxicologia

Névoas: partículas líquidas de diâmetro entre 0,01 e 100 mícrons, resultantes


da condensação de vapores sobre certos núcleos ou da dispersão mecânica
de líquidos.

Toxicocinética
Os agentes tóxicos seguem etapas determinadas ao entrar no organismo. Essas
etapas são:

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Absorção – é a passagem do agente tóxico do local de exposição para a
corrente sanguínea. Ocorre pelas vias de penetração cutânea, digestiva, res-
piratória, além de outras menos comuns, como ocular, genital e dental, por
exemplo.

Distribuição – após a absorção, o agente tóxico se difunde pelos tecidos atra-


vés do sangue, líquido intersticial e líquidos celulares. No corpo, existem os
considerados órgãos de proteção, ou seja, enquanto armazenado, o agente
tóxico dificilmente causa danos ao organismo. Os principais órgãos de prote-
ção são as proteínas plasmáticas, o fígado e os rins.

Metabolismo – são os processos pelos quais o agente tóxico e seus metabó-


litos se modificam no organismo por reações enzimáticas e não enzimáticas.
Algumas dessas transformações podem reduzir ou mesmo impedir seus efei-
tos, diminuindo a atividade e facilitando a excreção. O principal sítio de desin-
toxicação é o fígado, através de enzimas chamadas biotransformadoras.

Excreção – são os processos pelos quais os agentes tóxicos são eliminados do


organismo. A principal via de eliminação é a urinária, mas também pode haver
excreção por via pulmonar, digestiva ou outras secundárias.

Texto complementar

Atestado médico
Considerações ético jurídicas

(COSTA, 2008. Adaptado.)

O atestado pode ser classificado como uma instituição, criado que foi para uma
finalidade certa e definida, qual seja a de demonstrar a verdade de determinado ato,
ou de determinada situação, estado ou ocorrência. De acordo com Plácido e Silva,
Medicina do Trabalho e Toxicologia

dicionarista especializado, “o atestado indica o documento em que se faz atestação,


isto é, em que se afirma a veracidade de certo fato ou a existência de certa obriga-
ção. É assim o seu instrumento.“

A utilidade e a segurança do atestado estão intrinsecamente vinculadas à cer-


teza de sua veracidade. Assim é que uma declaração duvidosa tem, no campo das
relações sociais, o mesmo valor de uma declaração falsa, exatamente por não impri-

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mir um conteúdo de certeza ao seu próprio objeto. Confirmada por atestado médico
a veracidade de determinado fato ou a existência de certa obrigação, poderá o be-
neficiário da declaração pleitear os direitos advindos daquilo que foi declarado. Ex-
pedido no exercício de profissão regular, merecedora de que seus profissionais nele
depositem confiança, o atestado médico é verdadeiro por presunção e sua recusa
propicia o oferecimento de reclamações tendentes à garantia dos direitos represen-
tados pela declaração.  

Em busca de preservar a confiabilidade do atestado médico, apontamos aqui


cinco condições para sua expedição:

1. ser sempre exarado por médico habilitado na forma da lei;

2. ser subscrito por quem, de fato, examinou o beneficiário da declaração;

3. ser elaborado em linguagem simples, clara e de conteúdo verídico;

4. omitir a revelação explícita do diagnóstico, salvo quando ocorrente dever


legal, justa causa ou pedido expresso do paciente;

5. expressar a prudência do médico ao estabelecer as consequências do exame


e, portanto, ao prognosticar.

Em sendo o atestado parte integrante do ato médico que se inicia com o exame
do paciente, não justifica cobrança de valor adicional por sua expedição, sob pena
de cominações éticas e penais.

Infelizmente, encontram-se muitos e muitos atestados falsos, tal ocorrência


tanto pode proceder da pusilanimidade do próprio atestante, como da conduta vi-
ciada do beneficiário que comete a fraude. Qualquer que seja a situação, atestante
e beneficiário estarão sempre envolvidos em responsabilidade conjunta e solidá-
ria, capaz de produzir efeitos diversos e funestos tanto no campo ético-profissional,
como no campo jurídico-social.
Medicina do Trabalho e Toxicologia

Aspectos ético-penais
O Código Internacional de Ética Médica visa preservar um dos pontos mais im-
portantes da relação do médico com o paciente, qual seja o de garantir que a con-
duta médica relate, sempre, a veracidade dos fatos constatados no exame, qualquer
que seja o procedimento executado ou a executar. A mesma linha de disposições
pode ser flagrada em nosso Código de Ética Médica.

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Tratando conjuntamente do atestado e boletim médicos, o Código pátrio
proíbe ao profissional fornecer atestado que não corresponda à prática de ato que o
justifique, ou relatando situação diferente da realmente constatada.

Como normatização interna que é, o Código Brasileiro se permite detalhamen-


to incompatível com a natureza internacional daquele outro diploma.

Assim, proíbe a utilização do atestado como instrumento de captação de


clientela: confere ao paciente direito subjetivo ao atestado que define como parte
integrante do ato médico, não importando seu fornecimento em majoração de
honorários.

É ainda do nosso Código a proibição de que o médico sirva-se de formulários de


instituições públicas para atestar, mesmo a verdade, quando verificada em institui-
ção particular. O óbito, em princípio, somente poderá ser atestado após verificação
pessoal e por quem tenha prestado assistência ao paciente, salvo nas hipóteses de
verificação em plantão, como médico substituto ou por via de necrópsias ou exame
médico-legal. Por outro lado, se o médico vinha prestando assistência ao paciente,
atestar-lhe o óbito converte-se em obrigação, salvo na suspeita de morte violenta.

Quando o boletim médico contiver afirmação técnica à semelhança do atesta-


do, deverá comportar-se segundo as linhas gerais que regulam a produção deste,
vedando-se a informação falsa ou tendenciosa.

Do ponto de vista da legislação, o Código Penal, tomando como bem jurídico


a preservar a veracidade do atestado médico, pune com detenção de um mês a um
ano a quem concede atestado falso, agregando à pena certa multa, se o crime é
cometido com fim de lucro.

As disposições do Código de Ética acerca do atestado de óbito e do forneci-


mento deste sem base em ato profissional pessoalmente desenvolvido são igual-
mente encontradas no Decreto-Lei 20.931, de 1932.
Medicina do Trabalho e Toxicologia

Verificando-se a legislação estrangeira, observa-se que o tratamento é seme-


lhante ao dado pela norma nacional. E o que resulta da análise da legislação fran-
cesa, portuguesa, italiana e outras. A diferença entre aqueles países e o nosso vai
ocorrer não nos textos legais, mas na maneira como aquelas normas são aplicadas e
na efetividade da punição que ali se observa.

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Algumas medidas simples têm sido propostas para evitar essa prática malsã,
como relata Irany Novaes ao escrever:
a experiência de juízes registra casos de ação contra médico que, em um semestre, vendeu mais
de quinhentos atestados para abono de falta em uma só entidade. Há situações muito ilustrativas
que comprovam ser possível coibir o médico em sua faina de conceder atestados falsos. Os
mesários escolhidos pela Justiça Eleitoral não encontram um só médico que dê atestado para
justificar seu não comparecimento a convocação, graças a ideia brilhante que um juiz teve de
despachar o pedido nos seguintes termos: Justificada a ausência, convoque-se o atestante para
as próximas eleições.

Sem dúvida, a liberalidade na outorga desse valioso instrumento é nociva aos


médicos e à própria medicina, por abalar a credibilidade de ambos perante a socie-
dade, a qual, ademais, perde um instrumento útil que pela prática fraudulenta já não
atende à sua finalidade original.

Segredo médico
Por segredo entende-se tudo aquilo que é conhecido e não revelado. O segre-
do é, portanto, o guardado resultado de um certo processo de conhecimento que se
desenvolveu. Não há que falar em segredo quando ausente o conhecimento. Visto
que a informação segredada advém de pesquisa, delimita-se dois campos dentro
dos quais se pode considerar o sigilo: sigilo quanto aos passos do processo de co-
nhecimento e sigilo quanto ao resultado da pesquisa.

No primeiro caso, tratamos, segundo a terminologia definida por alguns au-


tores, de segredo profissional. Na outra hipótese, temos o sigilo médico ou sigilo
diagnóstico.

Para o professor Hilton Rocha:


Com a evolução, com as evoluções sociais e comunitárias, o rigorismo do sigilo foi se atenuando,
ampliando-se as exceções iniciais. Não se consegue mais manter estritamente inviolados os
diagnósticos. Tenho para mim que poderíamos considerar dois aspectos distintos, a que eu
Medicina do Trabalho e Toxicologia

rotulo para diferenciar como sigilo médico e segredo profissional. Se sigilo médico envolve
diagnósticos, que hoje muitas vezes somos compelidos a divulgar, já o segredo profissional,
como relacionado com confidências, inclusive sobre intimidades dos lares visitados, estes são
segredos de que somos confidentes, e não podemos jamais revelar, sob pena de nos tornarmos
perjuros.

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Atividades

1. A Medicina do Trabalho:

a) visa somente atender aos interesses da empresa, buscando somente maior


lucratividade.

b) possui um campo de trabalho pequeno, restrito a empresas de grande porte.

c) busca a prevenção de doenças e acidentes de trabalho, além da promoção


da saúde e qualidade de vida do trabalhador.

d) não necessita ter conhecimentos de outras áreas da Medicina, como a Clíni-


ca Médica, por exemplo.

2. Assinale a alternativa correta.

a) A intoxicação é um estado patológico causado pela interação de um agen-


te químico e o organismo.

b) O agente tóxico não é capaz de levar ao óbito.

c) O grau de toxicidade não tem relação com o biotipo da pessoa.

d) O estado de disperção do agente tóxico não influi na sua toxicidade.

Referências

COSTA, Sergio Ibiapina Ferraira. Atestado Médico – Considerações Ético Jurídicas.


Disponível em: <www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/des_etic/23.htm>.
Acesso em: 8 abr. 2008.
Medicina do Trabalho e Toxicologia

D’ASSUMPÇÃO, E. A. Livro das Especialidades Médicas. Belo Horizonte: Coopmed,


2000.

DIAS, Elizabeth Costa; MENDES, René. Associação Nacional de Medicina do Traba-


lho – ANAMT: o que é Medicina do Trabalho? Disponível em: <www.liberass.com.br/
redicinadotrabalho.ac4/4OD>.

FISHER, F. M.; MORENO, C. R. C.; ROTENBERG, G. L. Trabalho em Turno e Noturno: na


sociedade 23 horas. São Paulo: Atheneu, 2004.

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Gabarito

1. C

2. A

Medicina do Trabalho e Toxicologia

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Toxicologia ocupacional
O corpo humano possui sistemas naturais de defesa que o ajudam a se prote-
ger contra muitos riscos ambientais e ocupacionais. Esses sistemas de defesa ajudam
também o organismo a se curar quando sofre um dano e/ou fica doente. Os riscos
ocupacionais podem ser representados pelas bactérias, vírus, substâncias químicas
(material particulado, líquidos, gases, vapores), ruído, temperatura, procedimentos de
trabalho (fatores antiergonômicos). O principal objetivo deste capítulo é identificar
os princípios gerais da Toxicologia Ocupacional e a sua importância no cotidiano do
médico do Trabalho, com exemplos práticos.

Princípios gerais de Toxicologia


Podemos destacar a relação dose-resposta do agente toxicológico, os fatores que
influenciam na toxicidade, a toxicocinética, a toxicologia dos metais (Pb, Hg, Cd, As),
a toxicidade dos solventes, dos gases e dos vapores irritantes e asfixiantes, além dos
agrotóxicos.

Principais vias de introdução


A pele constitui-se numa importante camada protetora do organismo, mas não
protege sempre contra os riscos presentes no ambiente de trabalho, porque as subs-
tâncias químicas podem ser absorvidas diretamente pelo organismo através da pele
saudável. Uma vez absorvidas, as substâncias químicas, através da circulação, são
transportadas para os órgãos-alvo, produzindo efeitos nocivos.

Vários materiais ou situações no ambiente de trabalho podem causar moléstias


ou lesões. O trabalho mecânico onde se realizam fricção, pressão e outras formas de
força, como os trabalhadores que utilizam rebitadeiras, retiram lascas, verrumas e mar-
telos, podem produzir calos, bolhas, lesões dos nervos, cortes etc. Existem centenas
de novas substâncias químicas que ingressam nos ambientes de trabalho a cada ano
e algumas delas podem ocasionar irritação da pele e reações alérgicas da derme. Al-
gumas substâncias, tais como ácidos e álcalis fortes, provocarão lesões na pele quase
instantaneamente, enquanto outras, como ácidos, álcalis diluídos e solventes em geral,

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provocarão efeitos na pele apenas se houver contato desta com a substância química
com certa frequência.

Quais substâncias podem danificar a pele?


Podem causar danos à pele todas as formas de petróleo, entre elas diesel, lubri-
ficantes, combustíveis, solventes, diluentes e desengraxantes, como parafina e triclo-
roetileno, além dos produtos derivados do petróleo e produtos do alcatrão da hulha,
como os fenóis e os cresóis. Algumas substâncias podem tornar a pele enrijecida, após
a formação de bolhas ou produzir escamas. Tais lesões são denominadas dermatites.

Dermatites: sintomatologia
Habitualmente, os sintomas somente aparecem quando a substância química
entra em contato com a pele e desaparecem quando o trabalhador deixa de estar em
contato com a substância.

Algumas substâncias químicas podem causar dermatites de contato, tais como o


formaldeído, compostos de níquel, resinas epóxi, catalisadores utilizados na fabricação
de produtos plásticos, agentes germicidas que levam sabão, produtos de limpeza, em
particular o hexaclorofeno, bitionol, silicilanilidas halogenadas e os cromatos.

Sistema respiratório
O sistema respiratório possui um mecanismo muito eficaz para filtrar os poluen-
tes normais que ocorrem no ar. Os sistemas de filtração do nariz (pelos) e do trato respi-
ratório superior (mucosas e cílios vibráteis) impedem que grandes partículas penetrem
no organismo e atinjam os pulmões, produzindo efeitos adversos à saúde.

Em geral, o sistema respiratório filtra as partículas de pó de diâmetro grande, entre


as quais as fibras, sendo muito difícil eliminar as partículas de diâmetros pequenos,
que podem atingir partes mais profundas dos pulmões e ocasionar graves problemas
respiratórios locais. Quando os pulmões estão expostos a concentrações elevadas de
pós, vapores, fumos de cigarro, poluentes da atmosfera, os mecanismos de filtração
podem ficar sobrecarregados e sofrer um dano. Uma vez instalado esse dano, é prová-
Toxicologia ocupacional

vel que se desenvolvam nos pulmões diferentes bactérias, vírus, entre outros germes,
provocando doenças como a pneumonia.

Tarefas em locais com pó em demasia, como minas de bauxita e carvão, engenhos


de açúcar, amianto, indústria química, indústria farmacêutica, acarretam em maior

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possibilidade de contrair doenças respiratórias em comparação a outros trabalhadores
em outras atividades.

Gases e vapores também podem penetrar no organismo através do sistema res-


piratório. Efeitos locais no trato respiratório superior e nos pulmões serão absorvidos
passando para a corrente sanguínea, podendo provocar efeitos adversos nos órgãos-
alvo.

Aspectos toxicológicos dos solventes orgânicos


Os solventes orgânicos são de grande interesse para a Toxicologia Ocupacional,
sendo largamente utilizados na dissolução, extração, desengraxamento, para tintas co-
rantes, pinturas, coberturas, na diluição, como dispersante e na limpeza a seco. Mas seu
uso também pode estar relacionado a combustíveis, alimentos, drogas de uso abusivo,
bebidas, explosivos e poluentes.

Sua absorção pode ocorrer de maneira rápida pela via inalatória ou cutânea e
menos comumente através de sua ingestão. Sua distribuição ocorre de acordo com o
teor de lipídios e o mecanismo de vascularização. Os tecidos adiposos e outros, ricos
em lipídios, são depósitos para armazenamento. Seu metabolismo geralmente é hepá-
tico. Sua excreção se dá pela urina, fezes e pelo ar expirado.

Características comuns na toxicidade dos solventes


Podem ser observados efeitos dérmicos locais devido à extração dos lipídios da
derme, efeito depressor do Sistema Nervoso Central, efeitos neurotóxicos, efeitos he-
patotóxicos, ou seja, tóxicos para o fígado, efeitos nefrotóxicos, ou seja, tóxico para os
rins e provável risco de câncer.

Como efeitos hepatotóxicos podemos citar a hepatite química, com o aumento


das transaminases indicando dano hepatocelular esteatose, que ocasionalmente pro-
gride para necrose hepática; possível cirrose (na recuperação); metabolismo reduzido
de outros xenobióticos.

Os efeitos tóxicos sobre os rins podem variar desde uma necrose tubular aguda,
devido à exposição aguda severa a hidrocarbonetos halogenados, glicóis, tolueno e
Toxicologia ocupacional

destilados do petróleo, até mesmo a uma glomerulonefrite crônica, devido a uma ex-
posição contínua, com a qual a gasolina está bastante relacionada.

Como características dos efeitos tóxicos ao Sistema Nervoso Central (SNC) de


forma aguda pode ter sua atividade como um anestésico geral ou, por uma inibição
seletiva, acarretando narcose, euforia, agitação (desinibição), incoordenação motora,

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ataxia, disartria. De forma crônica, torna-se mais complexa a atribuição, mas pode estar
relacionada com a “Síndrome dos Pintores” que, por sua vez, pode estar ligada à ocor-
rência de um conjunto de fatores como depressão, desempenho psicomotor retarda-
do, alteração da personalidade, bem como déficit de memória recente.

Capazes também de apresentar alta toxicidade periférica, os solventes podem


causar neuropatia axonal distal, especificamente. Dentre eles estão o n-hexano, metil-
n-butil cetona, dissulfeto de carbono (conhecidos), estireno, tetracloroetileno (suspei-
tos), levando a parestesias sensoriais precoces, tais como dormências, perda da capa-
cidade de receber estímulos dos músculos e tendões, posteriormente. Esses efeitos
apresentam-se inicialmente nas baixas extremidades, como a ocorrência de reflexos
no tendão calcâneo e a vibração. Como efeito motor, observa-se a fraqueza motora e
a atrofia de nervos.

Toxicologia geral dos solventes halogenados alifáticos


Esses solventes têm como principal característica o potencial de causar severa
hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, arritmias cardíacas e alto potencial carcinogênico,
ou seja, podem desenvolver câncer.

Toxicologia específica dos solventes halogenados alifáticos


A gasolina pode estar relacionada aos casos de glomerulonefrite1. Quando aspi-
rada, pode levar à pneumonite, e sua alta toxicidade pode estar relacionada, também,
aos altos teores de chumbo em sua composição.

Para a investigação da intoxicação por nitratos alifáticos, por se tratar de um com-


posto de extrema hepatotoxicidade, como o trinitrotolueno (TNT), a metahemoglobi-
na é um exame a ser solicitado, sendo a hipotensão um dos sintomas observados.

É muito importante lembrar que o organismo dispõe de vários mecanismos que


podem emitir sinais de alarme quando ocorrem riscos, tais como odor, tosse e irritação
no nariz. Esses sinais de advertência apenas indicarão um provável risco. Muitas subs-
tâncias químicas, no entanto, não apresentam odor e, assim, não as podemos identifi-
car. Outras substâncias químicas só apresentam odor quando estão em concentrações
Toxicologia ocupacional

muito acima dos níveis de segurança e já podem estar provocando danos à saúde.

Alternativamente, outras não apresentam odor após determinado tempo próxi-


mo a elas, pois o nariz se habitua com essa sensação, ocorrendo, portanto, uma adap-
tação. Dessa forma, nem sempre o olfato é um sinal de alarme confiável.

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Álcoois
Os álcoois estão divididos em etanol, metanol e glicol. O etanol pode apresen-
tar numerosos efeitos adversos. É capaz de provocar intoxicação aguda, como nos
casos de embriaguez e no abuso crônico do álcool, podendo causar dependência.
Fetos também podem sofrer as consequências do álcool durante a gestação e, quando
nascem, frequentemente sofrem da Síndrome Alcoólica Fetal, causada pela abstinên-
cia, conhecida nos adultos como Delirium tremens.

O metanol, também conhecido como álcool metílico ou álcool da madeira, líqui-


do, inflamável, é obtido através da destilação de madeiras ou pela reação do gás de
síntese, vindos de origens fósseis como o gás natural, passando por um catalisador
metálico a altas temperaturas e pressões. É utilizado como solvente na indústria de
plásticos, na extração de produtos animal e vegetal, também na indústria farmacêuti-
ca, no preparo de hormônios e vitaminas. Pode ser usado também como combustível
e no preparo do biodiesel. Apresenta metabolismo muito lento nos primatas. Quando
inalado provoca leve irritação às mucosas e membranas. Os sintomas da exposição
incluem dor de cabeça, náusea, vômito e coma, podendo levar à morte. Devido a sua
alta toxicidade no nervo óptico, quando afeta a retina pode causar cegueira.

O etileno glicol (etanodiol) é bastante nefrotóxico. Pode levar à deficiência de


cálcio, levando o doente a se submeter à hemodiálise, além de poder apresentar alta
toxicidade no sistema reprodutivo.

Toxicologia específica dos solventes aromáticos


BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno) – contaminantes comuns do solo e
água. O tolueno apresenta potente toxicidade no SNC e desordem cognitiva crônica. O
xileno é irritante às membranas e mucosas, especialmente a ocular.

O benzeno foi descoberto em 1825, por Michael Faraday, no gás da iluminação


usado em Londres, na ocasião. Aproximadamente 50% do benzeno inalado é absor-
vido, e sua baixa solubilidade em água provoca expansão dos tecidos adiposos. Com
intoxicação aguda, os efeitos são essencialmente devido à ação no sistema nervoso
central. Em concentração moderada, os sintomas são desmaios, ou um estado de con-
fusão, excitação e palidez, seguido de fraqueza, dor de cabeça e sensação de morte
Toxicologia ocupacional

iminente. Em concentrações altas os sintomas são de excitação e euforia, seguido de


cansaço, fadiga e sonolência. Se a vítima não for atendida nessa fase, problemas res-
piratórios ocorrem associados a contrações musculares, convulsões e morte. O maior
efeito atribuído à exposição crônica são os efeitos ao sistema nervoso central, que
podem levar a vítima à leucemia.

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A exposição ocupacional do benzeno se dá em refinarias de petróleo, em petroquí-
micas, em coquerias, nos distribuidores de combustíveis, nas indústrias de couro, em la-
boratórios químicos e biológicos. A exposição extraocupacional ocorre no ato de inalar
a fumaça do cigarro e da poluição do tráfego veicular. Na metabolização, o benzeno é
distribuído para várias partes do corpo, tais como medula óssea, sangue, tecido adipo-
so e fígado. É também transportado do sangue para os pulmões. Cerca de 12% do ben-
zeno absorvido é eliminado inalterado pelos pulmões, e cerca de 1% pela urina. A meia-
-vida do benzeno é estimada em 9 horas, mas esses valores podem alcançar também
24 horas, porque o benzeno tende a se depositar no tecido adiposo, de onde é lenta-
mente liberado.

Na intoxicação aguda são mais evidentes os sintomas SNC, enquanto na intoxi-


cação crônica o efeito mais relevante está a cargo do sistema hematopoiético, carac-
terizado por uma menor produção de eritrócitos, leucócitos e plaquetas pela medula,
características da anemia aplásica, além da indução de leucemia mieloide aguda. O
benzeno é um líquido inflamável, incolor, que pode ser de odor agradável, carcinóge-
no não genotóxico.

O tolueno é um hidrocarboneto aromático volátil e incolor, com amplo uso in-


dustrial, naturalmente presente no petróleo. É um dos solventes produzidos em
maior quantidade. Cerca de 92% do tolueno obtido é utilizado na produção de ga-
solina. O restante, purificado como tolueno comercial, é empregado na elabora-
ção de produtos químicos. Muitas tintas, colas, polidores, diluentes, desengordu-
rantes e removedores contêm essa substância como seu principal constituinte.
É um solvente que atua sobre o SNC em exposições agudas e crônicas. Apresenta ação
irritante sobre pele e mucosas e seus efeitos agudos são semelhantes aos decorrentes
da intoxicação etanólica: efeitos estimulantes, seguidos de depressão do SNC. Em ex-
posições crônicas, pode provocar hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e perda auditiva.
Estudos sobre a exposição crônica ao tolueno a baixas concentrações demonstram
mudanças neurocomportamentais e exposições a altas concentrações podem ocasio-
nar não apenas deficiência de atenção e concentração, mas também déficit motor.

O controle e a prevenção da exposição a esse solvente é realizado através de


medidas de controle ambiental, com uso de roupas impermeáveis, luvas, óculos de
segurança e máscaras com filtro químico. Adicionalmente, tendo em vista seus efei-
tos tóxicos, todos os trabalhadores com risco de exposição ao tolueno devem realizar
monitorização biológica por meio de exames toxicológicos para avaliar seu grau de
Toxicologia ocupacional

exposição a esse solvente. A norma regulamentadora (NR) 7, da Secretaria de Segu-


rança e Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho, indica o ácido hipúrico (AH)
urinário como indicador de exposição ocupacional ao tolueno. O AH é o metabólito do
tolueno encontrado em maior concentração na urina e seus níveis estão diretamente
relacionados aos níveis de tolueno no ambiente, sendo considerado adequado como
biomarcador de exposição a esse solvente. De acordo com a NR 7, o valor de referên-

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cia (VR) para o AH é 1,5 grama de AH por grama de creatinina, e seu Indice Biológico
Máximo Permitido (IBMP) é 2,5 gramas de AH por grama de creatinina.

A exposição ocupacional se dá em usinas petroquímicas e refinarias de petróleo,


enquanto a exposição extraocupacional ocorre com o uso de produtos de limpeza e
colas. O tolueno é absorvido através dos pulmões e mais lentamente pela pele. No or-
ganismo, é encontrado primeiramente no sangue, e em seguida deposita-se no tecido
adiposo. Cerca de 20% da dose absorvida é eliminada pelo trato respiratório, e 80%
é biotransformado, sendo os principais metabólitos dessa reação o ácido hipúrico, o
o-cresol e o ácido benzóico. A chamada “cola de sapateiro” é um produto tóxico que
contém o solvente tolueno. Além disso, esse solvente tem emprego industrial na pre-
paração de vários compostos. Entre eles o TNT (trinitrotolueno), explosivo muito usado
em demolições. O tolueno é uma substância orgânica líquida e incolor derivada do
benzeno. É extremamente cancerígeno e alucinógeno.

Nos Estados Unidos e Europa existem leis limitando seu uso nas colas em 4%. No
Brasil, ele é usado na proporção de 25%. A cola de sapateiro, manuseada por operários,
por tapeceiros, além dos próprios sapateiros, provoca sérios problemas de saúde: sin-
tomas como tonturas, enjôo e até doenças como o câncer. Os menores abandonados
que cheiram a cola tóxica (clientes clandestinos do produto), geralmente ficam droga-
dos, com mudanças de comportamento, em processos de alucinação, não raras vezes
realizando ações criminosas, sempre violentas.

O xileno é um hidrocarboneto aromático que pode ser utilizado de maneira ocu-


pacional como solvente; frequentemente em combinação com o tolueno, na fabrica-
ção de resinas sintéticas e como intermediário na preparação de ácidos empregados
industrialmente em matéria plástica, lacas e vernizes; na industria farmacêutica, atra-
vés das preparações de vitaminas; e em laboratórios de anatomia patológica. A exposi-
ção extraocupacional pode ocorrer através do fumo do cigarro, do gás de descarga da
gasolina verde e de alguns diluentes.

Sua exposição aguda provoca irritação nos olhos e pele com o aparecimento de
dermatites e, de forma crônica, através da exposição prolongada aos vapores, pode
provocar conjuntivite, irritação da pele e cavidade nasal, e no SNC pode gerar inicial-
mente excitação, depois depressão. As principais vias de absorção são o trato respira-
tório e a pele. No organismo as reações são semelhantes ao metabolismo do tolueno.

A exposição ao n-hexano ocorre de maneira ocupacional nas indústrias de calça-


Toxicologia ocupacional

dos como solventes de colas, e em laboratórios como agentes de extração na determi-


nação do índice de refração dos minerais. A exposição extraocupacional pode ocorrer
no uso de colas, para a montagem e prática de aeromodelismo. A absorção ocorre pelo
sistema respiratório e pela pele, podendo se acumular no tecido adiposo. Sua principal
via de excreção são os pulmões, através do ar exalado, mas também pode ser elimina-
do pela urina.

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A exposição elevada ao hexano produz um efeito narcótico. A exposição às con-
centrações pode causar neuropatias periféricas e um efeito neurotóxico aumentado
por uma exposição simultânea a metil etil cetona (MEK). Para compostos como o n-
hexano, é provável que tal efeito se deva ao seu produto de biotransformação, a 2,5-
hexanodiona. Sabe-se que esse metabólito interage com componentes dos axônios,
podendo causar degeneração nervosa central e periférica.

Atividades

1. Os riscos ocupacionais podem ser representados por:

II. substâncias químicas.


III. ruídos elevados.
IV. temperaturas altas ou baixas demais.
V. depressão.
VI. problemas socioeconômicos.

Pode-se afirmar que:

a) apenas I e IV estão corretas.

b) apenas I e II estão corretas.

c) apenas I e III estão corretas.

d) apenas I, II e IV estão corretas.

e) apenas I, II e III estão corretas.

2. São fatores que influenciam na toxicidade:

a) idade do trabalhador exposto.

b) massa corpórea do trabalhador exposto.


Toxicologia ocupacional

c) temperatura do ambiente.

d) quantidade utilizada do agente tóxico.

e) todas as alternativas estão corretas.

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Referências

D’ASSUMPÇÃO, E. A. Livro das Especialidades Médicas. Belo Horizonte: Coopmed,


2000.

DIAS, Elizabeth Costa; MENDES, René. Associação Nacional de Medicina do Traba-


lho – ANAMT: o que é Medicina do Trabalho? Disponível em: <www.liberass.com.br/
redicinadotrabalho.ac4/4OD>.

VIEIRA, S. I. et al. Medicina Básica do Trabalho. 1. ed. Curitiba: Genesis, 1995.

VIEIRA, S. I. et al. Medicina Básica do Trabalho. 1. ed. Curitiba: Genesis, 1996.

Gabarito

1. E

2. E

Toxicologia ocupacional

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Metais pesados
Os metais pesados são os agentes tóxicos mais antigos e conhecidos do homem. Já
no ano de 2000 a.C., grandes quantidades de chumbo eram obtidas de minérios, como
subproduto da fusão da prata. As minas de prata eram compostas de galena (minério
de chumbo), um metal dúctil, maleável, prateado e resistente à corrosão. Possivelmente
esse tenha sido o início do uso desse metal pelo homem. Com o tempo, vários estudos
foram realizados sobre o assunto, com destaque para Hipócrates, o pai da Medicina, que
descreveu o quadro clínico de intoxicação por chumbo em mineiros; Plínio, o Velho, que
descreveu o aspecto observado em alguns escravos em minas de chumbo e mercúrio; e
Ellenborg, que expôs os riscos de exposição do trabalhador de ourivesaria ao vapor
dos metais.

Metais pesados são os elementos químicos de alto número atômico, normalmen-


te acima de 22. Também possuem uma característica extremamente peculiar, que é a
de serem precipitados por sulfetos. Mas a melhor e mais difundida definição de metais
pesados é aquela que afirma que os metais pesados são aqueles que apresentam efei-
tos adversos à saúde humana. Ao contrário de outros agentes tóxicos, eles não são sin-
tetizados nem destruídos pelo homem. A partir do contato com o organismo humano,
sua contaminação é progressiva, ou seja, ocorre com o acúmulo dos metais no orga-
nismo. A sua presença pode ser associada à localização geográfica. Locais onde a água
ou o solo esteja contaminado por metais pesados possuem fortes possibilidades de
intoxicação. Para que isso seja evitado, é necessário que se limite o uso de produtos
agrícolas, além da proibição do uso de locais contaminados.

Os metais pesados, a partir do momento em que haja contato com o organismo,


podem representar diferentes riscos à saúde. Esses riscos podem ser imediatos, como
também podem ter efeitos nocivos a médio ou longo prazo, uma vez que a sua conta-
minação é progressiva e cumulativa. Outra característica importante é o fato de serem
capazes de afetar diferentes órgãos e tecidos do organismo. Isso decorre da alteração
de processos bioquímicos, organelas e membranas celulares dos respectivos órgãos
afetados, graças à afinidade dessas regiões com o agente tóxico em questão. As popu-
lações mais afetadas são aquelas em que a imunidade e a resistência física sejam mais
baixas. Idosos e crianças, por exemplo, são mais susceptíveis a serem intoxicados que
os adultos jovens saudáveis, por exemplo.

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A principal fonte de contaminação por metais pesados é via oral. Isso decorre do
fato de os alimentos serem os agentes tóxicos, devido à contaminação da água e do
solo. Pode afetar plantações ou mesmo animais que utilizam a água, ou do próprio
solo para subsistência e esse metal pesado presente nesses alimentos são repassados
ao homem. Dessa forma, percebe-se que todas as formas de vida são afetadas pela
presença de metais pesados no meio ambiente, dependendo da dose de concentração
do agente tóxico. Outro fator importante é que, também graças à intoxicação pela via
digestiva, os metais pesados possuem elevado índice de absorção gastrintestinal. Vale
ressaltar, no entanto, que vários desses metais são necessários e fundamentais para o
crescimento de todos os tipos de seres vivos, desde colônias de bactérias até mesmo o
ser humano. Logicamente, esses metais pesados devem estar presentes em uma deter-
minada dose, acima da qual começam a aparecer sinais e sintomas de intoxicação.

Recentemente, vários casos de intoxicação por metais pesados foram registrados.


As principais ocorrências foram com idosos e crianças. O acúmulo desses metais em
rios e solos, entretanto, fez com que o número de lotes e populações fosse afetado,
gerando um número também preocupante. Tendo em vista o efeito gradativo e cumu-
lativo da presença dos metais pesados no organismo, há pouca informação precisa
sobre riscos e consequências da contaminação por esses metais para a saúde humana
numa perspectiva em longo prazo.

Os metais pesados podem ser classificados em:

Elementos essenciais – cálcio, ferro, zinco, cobre, níquel e magnésio.

Microcontaminantes ambientais – arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio,


tungstênio, alumínio, titânio, estanho.

Mistos – cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel.

Chumbo
O chumbo foi um dos primeiros metais que o homem aprendeu a usar. Há evidên-
cias de que já era utilizado na Ásia Menor em meados do ano 2000 a.C. Assim, como o
chumbo já é utilizado há tanto tempo, a história da intoxicação por chumbo é vasta e
bem relatada. Hipócrates foi o primeiro a relacionar o chumbo como causa de doença
ocupacional, ao estudar alguns mineiros. Na Idade Média, pouco se falou sobre a intoxi-
cação por esse metal. O assunto retornou à literatura médica com Paracelsus, no século
XVI, com a descrição da “doença dos mineiros”. Dentre as várias descrições e estudos,
Metais pesados

destaca-se a obra de Tanquerel, que em 1839 realizou a primeira descrição moderna da


intoxicação por chumbo, ao analisar mais de 1 200 casos. Esse estudo foi tão detalhado
que, até hoje, muito pouco foi acrescentado no que tange aos sinais e sintomas clínicos.

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A intoxicação por chumbo tem o nome de plumbismo ou saturnismo. Ela ocorre
devido, especialmente, à exposição prolongada, muito comum em áreas industriais
e pode ser causada devido a compostos inorgânicos utilizados em inúmeras indús-
trias e atividades. Dentre as quais pode-se citar a indústria extrativa, petrolíferas, ba-
terias, tintas e corantes, cerâmica, cabos, tubulações e munições. A intoxicação pode
também ocorrer se o chumbo for incorporado ao cristal na fabricação de copos, jarras
e outros utensílios, no intuito de fornecer brilho e durabilidade, sendo incorporado
aos alimentos e bebidas durante o processo de industrialização, ou mesmo no preparo
doméstico.

O chumbo pode penetrar no organismo através de diversas maneiras. As mais


comuns são pelas vias respiratória, cutânea ou digestiva. A partir do momento em
que está dentro do corpo, o chumbo pode se distribuir por todo organismo, sendo
excretado pelos rins, biles, suor e até mesmo pelo leite materno. Seu acúmulo é lento
e progressivo, sendo que cerca de 90% do depósito total de chumbo no organismo
acumula-se nos ossos, havendo concorrência direta com o cálcio. O restante desse
metal deposita-se no sangue e em partes moles, especialmente nos rins e no cérebro.
O chumbo tem a propriedade de atravessar facilmente a placenta, o que faz com que
a concentração sanguínea da mãe seja similar à do feto.

O quadro clínico da intoxicação por chumbo varia de acordo com diversos fato-
res, como o tempo e nível de exposição ambientais, uso de equipamento de proteção
individual e coletiva, além de fatores individuais. As principais manifestações ocorrem
no trato gastrintestinal, sistema hematopoiético, sistema nervoso (central e periférico)
e rins.

A intoxicação crônica é a mais comum, tendo o quadro progressivo e insidioso.


No início, normalmente aparecem sintomas gerais e inespecíficos, tais como fraqueza,
dores musculares, dores em membros inferiores, insônia, fadiga, irritabilidade, perda
progressiva de memória, dores abdominais e cefaleia. Na grande maioria das vezes,
observa-se que o paciente tem uma história ocupacional de exposição prolongada ao
metal e poucas e inadequadas medidas de segurança.

Os principais sintomas ocorrem no trato gastrointestinal, com a presença da cólica


intestinal intensa como principal sintoma. Pode haver diarreia ou constipação, sendo
esta mais comum que aquela, como também a presença de úlceras, gastrite e perda de
apetite. No sistema osteomuscular, a gota é muito comum, devido a um aumento no
nível de ácido úrico sanguíneo. Pode também haver dores nas articulações. No sistema
cardiovascular, é comum o trabalhador começar a apresentar hipertensão arterial. Em
relação ao sistema nervoso, o trabalhador com intoxicação por chumbo pode apre-
Metais pesados

sentar um quadro denominado encefalopatia satúrnica, cujos sinais e sintomas variam


desde alterações psicológicas e de conduta leves até alterações neurológicas graves.
Pode também apresentar quadros depressivos, déficit de concentração, de inteligên-

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49
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cia e de habilidades visuais e motoras. Pode haver um comprometimento de nervos
motores, e o sintoma mais frequente é a debilidade dos músculos extensores, sendo
essa a causa de alteração na força das mãos. Isso pode evoluir para um quadro denomi-
nado paralisia satúrnica, no qual a pessoa perde o movimento das mãos.

Para realizar o diagnóstico da intoxicação por chumbo, é fundamental que seja


feita uma anamnese ocupacional muito detalhada, ou seja, que seja pesquisado minu-
ciosamente os sinais e sintomas e que haja descrição completa do ambiente de traba-
lho para saber se a fonte geradora da doença foi o ambiente laboral. Também o exame
clínico minucioso e alguns exames complementares são primordiais para realizar o
diagnóstico de maneira adequada.

Na anamnese ocupacional, primeiramente, deve-se buscar um relato completo e


detalhado do trabalhador sobre sua atividade. Cabe também ao médico examinador a
avaliação das condições de trabalho, ou seja, observar se há o risco da contaminação
pelo metal em questão. Após a análise dos sinais e sintomas, também é útil buscar
sinais e sintomas semelhantes nos colegas de trabalho. No exame clínico, o achado
mais peculiar do saturnismo é a linha de Burton. Esse sinal corresponde a uma colora-
ção negra na gengiva, que são os depósitos dos sais de chumbo.

Os exames laboratoriais complementares para o diagnóstico de saturnismo podem


ser gerais ou específicos. Nos exames gerais, além do aumento dos níveis de ácido
úrico, conforme anteriormente mencionado, pode ocorrer uma redução nos níveis de
hemoglobina e eritrócitos, o que gera anemia. Entre os exames específicos, o chumbo
sérico é o mais importante entre eles. Espera-se que o valor de chumbo encontrado
no sangue de um adulto seja inferior a 30mg/dL, e em crianças abaixo de 25mg/dL.
O contrário fala a favor de intoxicação plúmbica, principalmente se os níveis estive-
rem acima de 60mg/dL, quando provavelmente a pessoa afetada apresentará sinais
de toxicidade. Também são úteis a dosagem do chumbo urinário, cujo valor de refe-
rência é inferior a 65mg/dL, com limite de 150mg/dL, do Ácido Delta Aminolevulínico,
cujos valores de referência e de limite são 4,5mg/dL e 15mg/dL, respectivamente; e da
Zincoprotoporfirina, cujos valores de referência e limite são, respectivamente, 75mg/
dL e 200mg/dL. Também uma radiografia óssea pode ser útil, apresentando “linhas de
chumbo” nas metáfises ósseas das crianças e densidade aumentada nos ossos cúbito e
perônio (ossos menores), indicando exposição de meses de duração.

Algumas doenças podem ter sinais e sintomas similares àqueles apresentados na


intoxicação por chumbo. Entre elas podemos destacar o abdômen agudo, ou seja, a
dor intensa e súbita abdominal, com evolução de menos de 24 horas. O quadro de
abdômen agudo apresenta dor abdominal que pode ser similar à dor sentida nos qua-
Metais pesados

dros de saturnismo. Entre os diagnósticos diferenciais, também podemos citar a Porfí-


ria Intermitente Aguda e transtornos neuromusculares.

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O tratamento do saturnismo deve ser realizado de acordo com o estágio da
doença. O afastamento do posto de trabalho deve ser imediato, e é uma das medidas
mais importantes do tratamento em qualquer fase da doença. A terapia medicamen-
tosa, quando utilizada, deve ser constantemente monitorada. Para a obtenção da cura,
devem ser usadas terapias com quelantes de chumbo ou antioxidantes ou a associa-
ção de ambos. O retorno ao posto de trabalho só deve ocorrer se o trabalhador estiver
totalmente curado e se houver controle da fonte geradora da intoxicação.

Ainda mais importante que o tratamento são as medidas de prevenção, no intuito


de evitar o surgimento de novos casos. O primeiro e mais importante passo seria a rea-
lização de um controle ambiental intenso e efetivo no posto de trabalho, uma vez que
este foi o principal responsável pelo aparecimento da doença. A educação continuada
do trabalhador também é fundamental. As medidas de higiene básicas, como não se
alimentar no local de trabalho, lavar as mãos, tomar banho ao sair do posto para casa
e trocar de roupas, devem ser sempre estimuladas e devidamente cobradas. Também
é de suma importância a realização dos exames médicos de rotina. O exame periódico
assume papel primordial, uma vez que nele o médico pode detectar a presença dos
sinais e sintomas que possam sugerir a intoxicação por chumbo. Também é impor-
tante que as empresas que tenham o risco de contaminação pelo metal utilizem-se
dos exames periódicos para realizar o controle do chumbo sérico dos trabalhadores.
Muitas vezes, consegue-se detectar a doença em sua fase subclínica, ou seja, antes de
surgirem os primeiros sinais e sintomas, apenas com a alteração laboratorial.

O prognóstico para os casos de intoxicação por chumbo também depende do


estágio da doença. Quadros de intoxicação leve possuem bom prognóstico, com me-
lhora significativa dos sintomas e posterior retorno ao trabalho após normalizar os
marcadores biológicos. Quando houver dano renal, chegando a um quadro de insufi-
ciência renal crônica, com possível encefalopatia satúrnica, dificilmente o trabalhador
vai conseguir obter a cura, podendo chegar ao óbito. Por fim, os casos de neuropatia
periférica intensa podem ser irreversíveis, podendo conduzir à paralisia permanente.

Mercúrio
A utilização em larga escala do mercúrio para fins industriais e o emprego de com-
postos mercuriais durante décadas na agricultura resultaram num substancial aumen-
to na contaminação ambiental, especialmente da água e dos alimentos. A intoxicação
por mercúrio também recebe o nome de hidrarginismo. Historicamente, na Inglaterra
Metais pesados

do início do século XIX, os fabricantes de chapéu de feltro utilizavam uma substância


chamada nitrato de mercúrio no processo de feltração. A exposição contínua começou
a fazer com que esses chapeleiros começassem a ter espasmos, convulsões, tremores e

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distúrbios psiquiátricos. Esse episódio ficou conhecido como “loucura dos chapeleiros”,
e foi imortalizado por Lewis Carroll, em 1845, em sua obra Alice no País das Maravilhas,
com o personagem “Chapeleiro Maluco”.

O mercúrio possui algumas particularidades em relação aos demais metais pe-


sados. Ele é o único metal líquido à temperatura ambiente. Todos os seres vivos estão
expostos a esse metal devido à poluição ambiental, especialmente em lixões, esgotos
domésticos e urbanos e rios próximos a empresas que têm no mercúrio uma de suas
matérias-primas. Os maiores riscos de exposição profissional se dão com os vapores
de mercúrio e seus compostos inorgânicos. O metal encontra-se presente em diversos
equipamentos, como aparelhos de aferição em laboratórios e hospitais (termômetros,
barômetros), amálgama, garimpo e fabricação de lâmpadas, por exemplo. Embora
ainda se encontre o mercúrio em uma quantidade significativa no meio ambiente, per-
cebe-se uma preocupação cada dia maior com esse metal, que aos poucos vem sendo
substituído por outras substâncias similares e menos tóxicas.

O metilmercúrio, que corresponde ao mercúrio inorgânico biotransformado por


bactérias, é o principal responsável pelas intoxicações ambientais. Ele é responsável
pela contaminação de peixes e outros alimentos e possui grande afinidade com o sis-
tema nervoso central.

As vias de penetração do mercúrio no corpo humano em intoxicações profissio-


nais são as mais diversas. A mais comum é a via respiratória. O trabalhador inala o metal
em forma de vapores e pó, sendo a absorção pulmonar responsável por cerca de 80%
do mercúrio inalado. Ele também tem a propriedade de cruzar a placenta, o que faz
com que o feto possua o mesmo nível sérico de mercúrio se comparado com a mãe.

A intoxicação por mercúrio pode ocorrer tanto na forma aguda como também de
maneira crônica. As exposições ocupacionais podem ser caracterizadas como agudas e
crônicas, enquanto as exposições ambientais são, normalmente, crônicas. Na intoxica-
ção aguda, a pessoa pode apresentar problemas respiratórios, tais como bronquiolite e
mesmo pneumonia, além de edema pulmonar agudo, que pode ser associado a sinto-
mas do sistema nervoso central, como tremores e excitabilidade. Pode ocorrer leve dor
abdominal, vômitos, diarreia com sangue. Também há o risco de colapso circulatório,
com falência renal, além de dificuldades na marcha, paralisia, redução do campo visual,
com déficit visual e auditivo. Nas intoxicações crônicas, pode ocorrer a chamada “tríade
mercurial”, que consiste em gengivo estomatite, tremores e eretismo, ou seja, insônia,
perda de apetite, timidez, perda de memória e instabilidade ocupacional. O sistema
nervoso central é o mais afetado, havendo alterações psíquicas como as mais precoces.
Também pode haver perda de peso, cefaleia, irritabilidade, depressão, rubor facial, su-
Metais pesados

dorese intensa e tremores persistentes, com comprometimento na fala e na escrita.

O diagnóstico também se dá a partir de uma anamnese completa, clínica e ocu-


pacional, exame físico detalhado e eventuais exames complementares. Na anamne-

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se, além dos sintomas detalhados, deve-se investigar o processo de trabalho, o modo
como vem sendo executado, o tipo de exposição, bem como os meios de controle no
processo produtivo ou exposição ambiental. No exame clínico, procura-se alterações
no sistema nervoso, psíquico, além de análise da escrita e investigação minuciosa da
cavidade oral. O exame complementar mais importante é o mercúrio sérico, com pa-
râmetros referenciais de no máximo 5mg/dL. Também o mercúrio na urina e mesmo
a dosagem de mercúrio no cabelo podem auxiliar o diagnóstico. Um hemograma e
provas de função hepática e renal são exames mais inespecíficos, mas que se mostram
alterados em caso de intoxicação por mercúrio. Temos o etilismo, a esclerose múltipla
e as neuroses como diagnósticos diferenciais.

O afastamento do local de exposição é a medida mais importante. Também, nesse


caso, devem ser prescritos quelantes. Nos casos mais graves, apenas com a respiração
artificial associada o tratamento pode obter sucesso.

Como medidas de prevenção, o ambiente deve ser observado para haver segu-
rança na exposição, além de haver necessidade de reavaliação dos equipamentos de
proteção individuais e coletivas. Também é importante o rastreamento de outros fun-
cionários com a mesma patologia para detectar problemas no ambiente de trabalho.

O prognóstico da intoxicação por mercúrio em casos iniciais é favorável. O sim-


ples afastamento do trabalhador de seu posto gera regressão dos sintomas e sinais.
Em casos crônicos, o quadro clínico tende a estacionar, mesmo com o afastamento,
observando-se melhora lenta e gradual.

Níquel
O níquel é um dos produtos mais sensibilizantes conhecidos. Ele é um metal utili-
zado na fabricação de aços, fitas magnéticas, catalisador de óleos e gorduras, produtos
dentários, cunhagem de moedas, galvanização, além de ser um catalisador também
na indústria de petróleo, de plásticos e de borracha. Os principais órgãos afetados na
intoxicação por níquel são os olhos, a pele e os pulmões, através da conjuntivite, der-
matite e asma brônquica.

Cromo
O cromo e seus respectivos compostos são largamente usados na metalurgia, nas
Metais pesados

indústrias processadoras de cromita, aços inoxidáveis, indústrias galvânicas, curtumes,


indústrias têxteis e em diversos pigmentos. Também pode ser encontrado na constru-
ção civil, como impureza do cimento. São encontrados no cromo II (bivalente), cromo
III (trivalente) e cromo VI (hexavalente), sendo este o mais tóxico.

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O quadro clínico da intoxicação por cromo é diversificado. Em caso de ingestão
aguda, pode ocorrer um colapso circulatório, podendo chegar ao choque. Também
pode afetar a pele, com dermatites agudas, com manifestações como descoloração
amarelada. Há a possibilidade de ulceração e perfuração do septo nasal. Outras mani-
festações clínicas possíveis são ulcerações e hemorragia do trato gastrintestinal, hepa-
tites e anemia.

Arsênio
O arsênio é considerado um problema de saúde pública em países em desen-
volvimento. Esse metal é um contaminante de fontes de água, por exemplo. Utilizado
na metalurgia, na indústria de vidros, na indústria elétrica e, antigamente, também
era usado como veneno para insetos. Sua toxicidade relaciona-se com a inibição de
enzimas sulfidrílicas e desacoplamento da cadeia respiratória. As principais patologias
são a hiperqueratose, indicando intoxicação crônica, bem como neoplasias de pele,
de fígado, de rins, de bexiga e de cólon. Ao exame clínico, podem ser observadas as
linhas de Aldrich-Mees, presentes nas unhas das mãos após cerca de cinco semanas de
ingestão aguda.

Texto complementar

Higiene e toxicologia ocupacional


Metais pesados
(COLACIOPPO, 2001)

[...]

Caracterização da exposição
A exposição ocupacional a metais pesados pode ser observada em diversos locais
e atividades. Citamos a seguir os principais metais pesados em relação ao número de
expostos e alguns exemplos de atividades que envolvem exposição ocupacional.
Metais pesados

Arsênico: fabricação de ligas metálicas, pigmentos e reagentes.


Cádmio: solda prata e tratamento de superfícies.

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Chumbo: fabricação e reforma de baterias de chumbo/ácido. Têmpera e tre-
filação de metais. Fundição de ligas de bronze e similares.
Cobre: galvanoplastia, solda MIG e oxiacetileno.
Cromo: galvanoplastia, solda em aço inoxidável, fabricação de tintas e pintura.
Ferro: fundição de ferro, soldas em geral, em ferro ou aço.
Manganês: solda MIG, fundição de ferro.
Mercúrio: fabricação de lâmpadas, garimpo, odontologia.
Níquel: Galvanoplastia, solda em aço inoxidável.
Zinco: galvanoplastia, solda oxiacetileno.

Outros metais ainda podem ser identificados, porém com menor importância
toxicológica, ou de pouca utilização no Brasil, como o cobalto e o molibdênio, e a re-
lação anterior não tem a pretensão de ser completa nem de citar todos os locais ou
atividades que podem originar uma exposição ocupacional a metais pesados mas
nos dá uma ideia da diversidade desses locais ou atividades.

Uma vez identificada a presença de um metal em um local de trabalho ou ati-


vidade deve-se conhecer sua toxicidade, que é a capacidade de provocar um efeito
deletério, quando introduzido no organismo humano e por este absorvido e verifi-
car a possibilidade de exposição ocupacional, ou seja o risco ou periculosidade que
é a capacidade ou probabilidade do metal sair de onde se encontra e penetrar no
organismo humano e lá atingir os sítios de ação e provocar um efeito nocivo.

Tão ou mais importante como saber qual a composição química dos metais
envolvidos é saber qual a forma de utilização. Nesta fase deve-se ter conhe-
cimento prévio do local ou atividade ou realizar uma visita prévia onde serão
levantados dados fundamentais para o estabelecimento de uma estratégia
de amostragem [...]

Avaliação da exposição
Com estes e outros dados pode-se estabelecer uma estratégia de amostragem,
pela qual se estabelece o número de amostras e funcionários a serem avaliados, dias
Metais pesados

e períodos a serem medidos, equipamentos a serem utilizados na coleta de amos-


tras, análises químicas e estatísticas a serem efetuadas.

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Basicamente, a população deve ser dividida em grupos homogêneos em re-
lação ao risco e em cada grupo é feita uma amostragem adequada segundo crité-
rios estatísticos, geralmente segundo o Manual de Estratégias de Amostragem do
NIOSH. [...]

Para cada trabalhador amostrado dentro de um grupo homogêneo é calculada


ou estimada a média ponderada pelo tempo (individual). A seguir é calculada uma
média geométrica que é atribuída ao grupo como um todo.

Dessa forma, verifica-se que avaliação ambiental não é uma atividade simples
de medição de concentração, muito mais que medir a concentração de um agente
químico no ar, deve-se estimar a exposição ocupacional a este agente. Consideran-
do este âmbito bem maior, na prática da Higiene Ocupacional diversas questões são
frequentemente formuladas e que deveriam ser respondidas adequadamente, sob
pena de se comprometer todo o processo de avaliação.

Exemplos:

Onde avaliar?

Quantas amostras coletar?

Quantos funcionários avaliar?

Por quanto tempo coletar uma amostra?

Quando avaliar novamente?

A avaliação ambiental deve ser simultânea com a avaliação biológica?

Para responder essas e outras questões similares, deve-se planejar o processo


de avaliação e executá-lo adequadamente. Para tal, diversas etapas devem ser se-
guidas de forma sistemática:

Definição do objetivo da avaliação.

Conhecimento dos locais de trabalho e atividades a avaliar.

Identificação das substâncias presentes e reconhecimento do risco de expo-


sição.
Metais pesados

Definição da estratégia de amostragem.

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Coleta de amostras.

Análise do material coletado.

Cálculos dos resultados e estimativa da exposição ocupacional.

Comparação com limites de exposição ocupacional.

Comparação com os dados da avaliação e monitorização biológica.

Objetivos de uma avaliação


Uma avaliação ambiental poderá ter diversos enfoques, tais como:

Descobrir o que está causando determinados sinais ou sintomas nos funcio-


nários.

Atender uma reclamação trabalhista, ou notificação de um agente de fisca-


lização.

Caracterizar a insalubridade do ponto de vista legal.

Identificar as substâncias eventualmente presentes.

Verificar a eficiência de uma medida de controle instalada.

Realizar avaliação prevista no PPRA e dentro de um programa de monitori-


zação ambiental e biológica.

[...]

Idealmente deve-se ter um programa de monitorização ambiental e biológica


com uma série histórica de dados que permita a qualquer tempo estabelecer, ou
não, o nexo causal entre a exposição ocupacional e eventual quadro clínico ou re-
clamação trabalhista. Dentro de um programa de Higiene e Toxicologia Ocupacional
as avaliações são realizadas de forma sistemática e repetitiva de modo a acompa-
nhar a exposição ocupacional e introduzir medidas de controle sempre que neces-
sário. Numa situação ideal, sempre que necessário, a qualquer momento, qualquer
membro da equipe de Saúde do Trabalhador ou o próprio trabalhador pode ter
acesso às informações e resultados das avaliações ambientais e biológicas que foi
Metais pesados

submetido, inclusive de acordo com a portaria 3.214, NR-1. [...]

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Identificação do agente e reconhecimento do risco
Tão importante como porque avaliar é saber o que avaliar. Entre as milhares de
substâncias químicas potencialmente presentes em um local de trabalho, devemos
ter certeza do que procuramos. É comum o laboratório de Higiene Ocupacional re-
ceber amostras com a solicitação de análise genéricas, como de fumos metálicos,
sem especificar quais metais estão presentes, ou ainda, felizmente com menos fre-
quência, solicitar análise de “agente químico”, que não diz nada, apenas que o solici-
tante não sabe o que existe no local que pretende avaliar. [...]

Limites de Exposição Ocupacional


Apenas como complemento, lembramos aqui alguns conceitos de Limites de
Exposição Ocupacional, que são fundamentais para a interpretação de resultados.

TLV – Threshold Limit Values

São os limites preconizados pela ACGIH – American Conference of Governmental


Industrial Hygienists, são revistos anualmente, baseados na melhor literatura técni-
ca disponível e editados por um grupo de especialistas, não exclusivamente norte-
americanos e independe de leis ou do governo dos USA. É a melhor fonte atual para
Limites de Exposição Ocupacional do ponto de vista técnico e referem-se a concen-
trações de agentes químicos dispersos na atmosfera e representam condições sob
as quais, supõe-se que quase todos os trabalhadores podem estar expostos dia após
dia sem efeito adverso à saúde.

TLV-TWA

A maioria das substâncias listadas possuem um TLV-TWA, Time Weighed Avera-


ge, Média Ponderada pelo Tempo, são aplicáveis a substâncias de efeito de médio e
longo prazo e para exposição de 8 horas diárias e 40 horas semanais. A maioria dos
metais está neste grupo.

TLV-Ceiling, Teto

São concentrações que não podem ser ultrapassadas em momento algum da


jornada de trabalho, devendo ser introduzidas medidas de controle imediatas que
Metais pesados

evitem esta exposição.

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TLV-STEL, Short Term Exposure Limit

Referem-se a concentrações que os trabalhadores podem estar expostos con-


tinuamente por um curto período, sem sofrer: 1– Irritação; 2 – Lesão tissular crônica
ou irreversível; 3 – Narcose que comprometa a segurança. Não substitui o TLV-TWA
sendo seu complemento. Não deve ser ultrapassado e pode ser atingido por 15 mi-
nutos 4 vezes ao dia, com intervalos de 60 minutos.

Atividades

1. Você foi fazer um reconhecimento de área em uma região de extração de ouro.


Conversando com um trabalhador, você percebe que ele está tremendo. Exis-
tem algumas lesões em seu lábio e ele se queixa de aftas recorrentes. Também
diz não dormir bem, e vem perdendo peso devido à falta de apetite. Nesse
momento, o trabalhador começa a chorar. Você descobre que esse trabalha-
dor exerce a mesma função há mais de 10 anos. Qual é a possível causa desse
quadro e qual é a melhor conduta nesse caso?

a) Trata-se de um portador de HIV, que deve buscar auxílio médico urgente


para evitar a progressão dos sintomas da infecção propriamente dita (aids).
b) É um quadro de depressão, e o funcionário deve iniciar com o uso de medi-
cações antidepressivas.
c) Intoxicação por mercúrio, sendo o afastamento do posto a primeira medida
a ser tomada.
d) Intoxicação por chumbo, sendo necessário o internamento do trabalhador
para tratamento com medicações especiais até a sua recuperação definitiva.
e) Intoxicação por cromo, sendo necessário apenas tratar os sintomas.

2. Assinale a alternativa incorreta.

a) Os metais pesados são elementos químicos de alto número atômico.


b) Os metais pesados são sintetizados pelo corpo humano.
c) Os metais pesados apresentam efeitos adversos à saúde humana.
Metais pesados

d) Os metais pesados não podem ser facilmente eliminados pelo organismo.

e) Os metais pesados podem afetar diversos órgãos e tecidos do organismo.

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Referências

BUSCHINELLI, J. T; KATO, M. Monitoramento Biológico de Exposição a Agentes Quí-


micos Fundacentro, São Paulo, 1993.

COLACIOPPO, Sérgio. Higiene e toxicologia ocupacional. In: I Jornada de Toxicologia


da Sociedade Paulista de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina. 30
jun. 2001. Resumo do Evento... Disponível em: <www.grupo-ramazzini.med.br/tex-
tosdownload/ResumoToxicologia.doc>. Acesso em 8 abr. 2008.

D’ASSUMPÇÃO, E. A. Livro das Especialidades Médicas. Belo Horizonte: Coopmed,


2000.

DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO. Diagnóstico e conduta. Ministério da Saúde


– Capítulo 2 Disponível em: <www.medicina.ufmg.br/dmps/mdrt_a_investigação_re-
lacoes_trabalho_saude.rtf>). Acesso em: 4 abr. 2008.

Gabarito

1. C

2. B
Metais pesados

60 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S/A.,


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Legislação de Segurança, Saúde, Higiene
e Medicina do Trabalho

Serviço Especializado em Engenharia


de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
A preocupação com a segurança e a saúde do trabalhador é tema que vem sendo
discutido há muito tempo.

Em 460-375 a.C., Hipócrates, em suas observações sobre o saturnismo em seu


clássico Ar, Água e Lugares, e Plínio (23-79 d.C.), ao tratar dos aspectos relacionados
aos trabalhadores mineiros nas minas de chumbo e de mercúrio, já faziam sérias refe-
rências ao tema.

Data do ano de 1959 a Recomendação 112 da Organização Internacional do Tra-


balho (OIT) a qual constitui-se no primeiro documento internacional que descreve,
de modo concreto, os princípios e as condições de atividade da medicina social. Esse
documento versou, principalmente, sobre a organização e os objetivos dos serviços
médicos das empresas.

No Brasil, por meio da Lei 3.724, de 15 de janeiro de 1919, foram instituídas as pri-
meiras diretrizes da legislação sobre acidentes do trabalho. Tal lei foi substituída pela
Lei 24.637, de 10 de julho de 1934, a qual estabeleceu as sociedades de seguro e coo-
perativas de sindicatos.

Com o Decreto-Lei 7.036, de 10 de novembro de 1944, ficou estabelecido o infor-


túnio do trabalho, cujo seguro era realizado nas Carteiras de Acidentes do Trabalho, as
quais vinculavam-se a diversos institutos de Previdência Social, dentre eles o Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos industriários (IAPI) e o Instituto de Aposentadorias e
Pensões dos Comerciários (IAPC).

Somente em 1968 tais institutos de previdência foram unificados, nascendo, por


meio da Lei 5.316, de 14 de novembro de 1967, o Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS), vinculado ao Ministério do Trabalho.

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Em 1977, foi alterado o texto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), deter-
minando ser da competência do Ministério do Trabalho as questões sobre Segurança
e Medicina do Trabalho.

Como consequência, nasciam as Normas Regulamentadoras (NRs) até hoje exis-


tentes, as quais traçam as diretrizes para a organização e manutenção dos SESMT obri-
gatório em todas as empresas.

Especificamente para os SESMT foi criada a NR 4 (redação dada pela Portaria 33,
de 27 de outubro de 1983).

Organização dos Serviços de Medicina do Trabalho


Os Serviços de Medicina do Trabalho muitas vezes envolvem ações urgentes da
empresa, casos em que há necessidade de uma rápida tomada de decisão para eficácia
de procedimentos.

Principalmente por esse motivo é recomendado que no organograma da empre-


sa esse serviço esteja ligado diretamente ao setor capaz de executar as medidas reco-
mendadas sem que haja necessidade de passar por outros setores para avaliação.

É preciso um livre e fácil trânsito do Serviço de Medicina do Trabalho dentro da


empresa para que as medidas sejam avaliadas e implantadas dentro de um prazo razo-
ável, que possibilite a solução dos problemas detectados.
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

Observe-se que o Serviço de Medicina do Trabalho é parte integrante do SESMT.

Na maioria das empresas, verifica-se o posicionamento do SESMT com vinculação


ao Departamento de Recursos Humanos. Se assim for, resta a esse departamento dar
agilidade aos encaminhamentos a quem possui poder de decisão dentro da empresa.

Certo é que cabe ao médico do Trabalho chefiar o Serviço de Medicina do Traba-


lho, e ao engenheiro de Segurança dirigir o Serviço de Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Funcionamento do Serviço de Medicina do Trabalho na empresa


Cabe ao Serviço de Medicina do Trabalho aplicar os diversos instrumentos e me-
canismos de que tem conhecimento e que estão ao seu alcance, com o objetivo de
proteger a saúde dos trabalhadores, quer solucionando problemas existentes, quer na
prevenção de futuros.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um perfeito estado
de bem-estar físico, psíquico e social. Ainda que a saúde seja objetivo de todos, pode
o trabalhador em seu ambiente de trabalho estar sujeito a condições que a prejudi-
quem. Como o trabalho também é essencial à sociedade e à própria pessoa, tem-se
a perda da saúde como um fator que diminui a capacidade laborativa e, ao longo do
tempo, pode levar à redução da qualidade de vida.

Assim sendo, é primordial que a atividade desenvolvida pelo Serviço de Medicina


do Trabalho tenha também o seu trabalho baseado nos Códigos de Ética Médica e de
Conduta do Médico do Trabalho.

Observa-se, ainda, que muitos dos serviços de Medicina Ocupacional restringem-


se à atuação relacionada a atendimento a acidentes de trabalho e, eventualmente,
consultas médicas admissionais, periódicas e demissionais.

O Serviço de Medicina do Trabalho deve ir além de tais serviços, com funções de


prevenção, protegendo a saúde do trabalhador e, por consequência, a manutenção da
força produtiva de trabalho.

É claro que muitos dos serviços devem respeitar a região em que as empresas
estão situadas, muitas delas em locais de difícil acesso, onde sequer existem médicos
ou materiais e serviços de saúde.

É possível citar algumas das muitas atribuições que podem ser delegadas ao Ser-
viço de Medicina do Trabalho:

exames médicos admissionais;

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


exames médicos demissionais;

exames médicos periódicos;

exames médicos especiais;

produção de educação sanitária;

informação, divulgação e educação;

programas de nutrição;

programas de vacinação;

estatísticas epidemiológicas;

controle de absenteísmo por entidade nosológica;

controle estatístico dos acidentes de trabalho;

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participação nas reuniões da CIPA;


organização de cursos de socorros básicos de emergência para os
trabalhadores;

cursos técnicos de reciclagem para o pessoal paramédico, quando houver;

exames e controles biométricos;

programas de controles especiais relacionados à conservação auditiva, estres-


se, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis, aids, pré-natal, drogas,
entre outras;

visitas e inspeções periódicas;

auditorias e assessorias;

programas de reabilitação, adaptação e serviços compatíveis.

Considerando a gama dos serviços realizados no ambiente da empresa, é neces-


sário uma total integração do médico do Trabalho com todos os setores da empresa,
o que se estabelece por meio de contatos e visitas regulares, elaborando anotações
específicas para acompanhamento.

Dependendo do tamanho da empresa e do número de empregados é essencial


ao Serviço de Medicina do Trabalho traçar prioridades de atendimento, com critério
predeterminado de acordo com o tipo de empresa, região e outros fatores que possam
ser importantes a considerar.
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

Em empresas pequenas, ao contrário do que possa parecer, o Serviço de Medicina


do Trabalho possui diversas dificuldades, mormente pelo número reduzido de traba-
lhadores em contraposição à gama de atividades variadas a serem desenvolvidas por
cada um.

Instalações necessárias para o Serviço de Medicina do Trabalho


É de fundamental importância a escolha do local onde serão desenvolvidas as ati-
vidades do Serviço. O local deve ser de fácil acesso, livre da ação frequente de agentes
físicos, químicos e biológicos, que não possuam degraus ou escadas e, de preferência,
próximo às vias públicas para facilitar a movimentação rápida e livre de ambulâncias.

Também, em relação às instalações elétricas e hidráulicas, as quais devem ser


adequadas e de preferência com gerador autônomo de energia elétrica, deve existir
sistema de comunicação interna e externa, sem falar da importância de um sistema de
ventilação adequado.

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Especificamente, na sala de atendimento, independentemente do tamanho, deve
existir no mínimo sala de espera, recepção, arquivo, consultório, posto de enferma-
gem, sanitários, farmácia, sala de repouso, espaço para pequenas cirurgias.

Organização
Para regular o início das atividades a serem desenvolvidas pelo Serviço de Medi-
cina do Trabalho, é preciso elaborar normas de procedimentos destinadas ao pessoal
médico, paramédico e administrativo, visando uniformizar procedimentos. Tais normas
devem ser escritas e ficar à disposição para consulta.

É preciso criar um banco de dados, de preferência na forma informatizada, de fácil


acesso, para inclusão de dados e controle para manutenção de dados estatísticos pelo
pessoal do setor. Nesse banco de dados devem constar o número de consultas diárias,
afastamentos, acidentes de trabalho, medicamentos administrados, entre outros.

Vários são os formulários a serem preenchidos, os quais irão compor o banco de


dados mencionado e formarão o arquivo do serviço. Nesse arquivo deverão ser man-
tidos os prontuários médicos, devidamente envelopados e constituídos pelos exames
admissional, periódico, de seguimento médico e demissional, se for o caso, formulário
de exame biométrico, entre outros.

Segundo a Portaria 3.214, de junho de 1978, do Ministério do Trabalho, pela NR 4 há


previsão de efetivo médico e paramédico para compor o Serviço de Medicina em tela.

Recomenda-se que sejam elaborados, com frequência regular, cálculos de custos

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


das atividades realizadas pelo Serviço de Medicina do Trabalho.

Serviços de emergência no Serviço de Medicina do Trabalho


Independentemente do tamanho da empresa ou do serviço médico instalado, é
indispensável a existência de um serviço de emergência, com o objetivo de dar pronto
atendimento às ocorrências graves, muitas vezes envolvendo risco de vida.

Para tanto, é imprescindível a existência de equipamentos e instrumental ade-


quados, dentre os quais, um carrinho de emergência contendo:

cardioscópio;

desfibrilador;

eletrocardiógrafo; e

medicamentos.

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Seria importante para o serviço de emergência a existência de uma ambulância
dotada minimanente de:

um sistema de radiocomunicação;

macas;

colar cervical;

ambu e cânula de Guedel;

talas de madeira;

sistema de aspiração e oxigenação;

bandagens, torniquetes; e

colete de imobilização.

Em havendo remoção, é necessário o preenchimento do respectivo relatório e


guia para autorização de remoção, expedida pelo médico socorrista.

Importante trazer à colação a NR 4 que versa sobre os SESMT do Trabalho, apro-


vada pela Portaria 33, de 27 de outubro de 1983, alterada pela Portaria/MTE 17, de 1.º
de agosto de 2007: 
4.1. As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da Administração direta e indireta e dos
poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

trabalhador no local de trabalho. (104.001-4/I2)

4.2. O dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina


do Trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados
do estabelecimento, constantes dos Quadros I e II anexos, observadas as exceções previstas nesta
NR. (104.002-2/I1) 

4.2.1. Para fins de dimensionamento, os canteiros de obras e as frentes de trabalho com menos
de 1 (um) mil empregados e situados no mesmo estado, território ou Distrito Federal não serão
considerados como estabelecimentos, mas como integrantes da empresa de engenharia principal
responsável, a quem caberá organizar os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho. (104.003-0/I2)

4.2.1.1. Neste caso, os engenheiros de Segurança do Trabalho, os médicos do Trabalho e os


enfermeiros do Trabalho poderão ficar centralizados.

4.2.1.2. Para os técnicos de Segurança do Trabalho e auxiliares de Enfermagem do Trabalho, o


dimensionamento será feito por canteiro de obra ou frente de trabalho, conforme o Quadro II,
anexo. (104.004-9/I1)

4.2.2. As empresas que possuam mais de 50 (cinqüenta) por cento de seus empregados em
estabelecimentos ou setores com atividade cuja gradação de risco seja de grau superior ao da
atividade principal deverão dimensionar os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança

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e em Medicina do Trabalho, em função do maior grau de risco, obedecido o disposto no Quadro II
desta NR. (104.005-7/I1)

4.2.3. A empresa poderá constituir Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho centralizado para atender a um conjunto de estabelecimentos pertencentes
a ela, desde que a distância a ser percorrida entre aquele em que se situa o serviço e cada um dos
demais não ultrapasse a 5 (cinco) mil metros, dimensionando-o em função do total de empregados
e do risco, de acordo com o Quadro II, anexo, e o subitem 4.2.2.

4.2.4. Havendo, na empresa, estabelecimento(s) que se enquadre(m) no Quadro II, desta NR, e
outro(s) que não se enquadre(m), a assistência a este(s) será feita pelos serviços especializados
daquele(s), dimensionados conforme os subitens 4.2.5.1 e 4.2.5.2 e desde que localizados no mesmo
estado, território ou Distrito Federal. (104.006-5/I2)

4.2.5. Havendo, na mesma empresa, apenas estabelecimentos que, isoladamente, não se enquadrem
no Quadro II, anexo, o cumprimento desta NR será feito através de Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho centralizados em cada estado, território ou
Distrito Federal, desde que o total de empregados dos estabelecimentos no estado, território ou
Distrito Federal alcance os limites previstos no Quadro II, anexo, aplicado o disposto no subitem
4.2.2. (104.007-3/I1)

4.2.5.1. Para as empresas enquadradas no grau de risco 1 o dimensionamento dos serviços referidos
no subitem 4.2.5 obedecerá ao Quadro II, anexo, considerando-se como número de empregados o
somatório dos empregados existentes no estabelecimento que possua o maior número e a média
aritmética do número de empregados dos demais estabelecimentos, devendo todos os profissionais
integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho,
assim constituídos, cumprirem tempo integral. (104.008-1/I1)

4.2.5.2. Para as empresas enquadradas nos graus de risco 2, 3 e 4, o dimensionamento dos serviços
referidos no subitem 4.2.5 obedecerá o Quadro II, anexo, considerando-se como número de
empregados o somatório dos empregados de todos os estabelecimentos. (104.009-0/I1)

4.3. As empresas enquadradas no grau de risco 1 obrigadas a constituir Serviços Especializados em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho e que possuam outros serviços de medicina

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


e engenharia poderão integrar estes serviços com os Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho constituindo um serviço único de engenharia e medicina.

4.3.1. As empresas que optarem pelo serviço único de engenharia e medicina ficam obrigadas a
elaborar e submeter à aprovação da Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, até o dia 30 de
março, um programa bienal de segurança e medicina do trabalho a ser desenvolvido.

4.3.1.1. As empresas novas que se instalarem após o dia 30 de março de cada exercício poderão
constituir o serviço único de que trata o subitem 4.3.1 e elaborar o programa respectivo a ser
submetido à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, no prazo de 90 (noventa) dias a
contar de sua instalação.

4.3.1.2. As empresas novas, integrantes de grupos empresariais que já possuam serviço único,
poderão ser assistidas pelo referido serviço, após comunicação à DRT.

4.3.2. À Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho fica reservado o direito de controlar a


execução do programa e aferir a sua eficácia.

4.3.3. O serviço único de engenharia e medicina deverá possuir os profissionais especializados


previstos no Quadro II, anexo, sendo permitido aos demais engenheiros e médicos exercerem
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, desde que habilitados e registrados conforme
estabelece a NR 27. (104.010-3/I1)

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4.3.4. O dimensionamento do serviço único de engenharia e medicina deverá obedecer ao disposto
no Quadro II desta NR, no tocante aos profissionais especializados. (104.011-1/I1)

4.4. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho deverão ser


integrados por médico do Trabalho, engenheiro de Segurança do Trabalho, enfermeiro do Trabalho,
técnico de Segurança do Trabalho e auxiliar de Enfermagem do Trabalho, obedecendo o Quadro II,
anexo.(*) Subitem 4.4 com redação dada p/ Port. 11 (104.012-0/I1)

4.4.1. Para fins desta NR, as empresas obrigadas a constituir Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho deverão exigir dos profissionais que os integram
comprovação de que satisfazem os seguintes requisitos:

a) engenheiro de Segurança do Trabalho – engenheiro ou arquiteto portador de certificado de


conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-
graduação;

b) médico do Trabalho – médico portador de certificado de conclusão de curso de especialização em


Medicina do Trabalho, em nível de pós-graduação, ou portador de certificado de residência médica
em área de concentração em saúde do trabalhador ou denominação equivalente, reconhecida
pela Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, ambos ministrados por
universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em Medicina;

c) enfermeiro do Trabalho – enfermeiro portador de certificado de conclusão de curso de


especialização em Enfermagem do Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por universidade
ou faculdade que mantenha curso de graduação em Enfermagem;

d) auxiliar de Enfermagem do Trabalho – auxiliar de Enfermagem ou técnico de Enfermagem


portador de certificado de conclusão de curso de qualificação de auxiliar de Enfermagem do
Trabalho, ministrado por instituição especializada reconhecida e autorizada pelo Ministério da
Educação;

e) técnico de Segurança do Trabalho: técnico portador de comprovação de registro profissional


expedido pelo Ministério do Trabalho.
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

4.4.1.1. Em relação às Categorias mencionadas nas alíneas “a” e “c”, observar-se-à o disposto na Lei
7.410, de 27 de novembro de 1985.

4.4.2. Os profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho deverão ser empregados da empresa, salvo os casos previstos nos itens 4.14
e 4.15. (104.013-8/I1)

4.5. A empresa que contratar outra(s) para prestar serviços em estabelecimentos enquadrados no
Quadro II, anexo, deverá estender a assistência de seus Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho aos empregados da(s) contratada(s), sempre que o número de
empregados desta(s), exercendo atividade naqueles estabelecimentos, não alcançar os limites previstos
no Quadro II, devendo, ainda, a contratada cumprir o disposto no subitem 4.2.5. (104.014-6/I1)

4.5.1. Quando a empresa contratante e as outras por ela contratadas não se enquadrarem no Quadro
II, anexo, mas que pelo número total de empregados de ambos, no estabelecimento, atingirem os
limites dispostos no referido quadro, deverá ser constituído um serviço especializado em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho comum, nos moldes do item 4.14. (104.015-4 / I2)

4.5.2. Quando a empresa contratada não se enquadrar no Quadro II, anexo, mesmo considerando-
se o total de empregados nos estabelecimentos, a contratante deve estender aos empregados da
contratada a assistência de seus Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho, sejam estes centralizados ou por estabelecimento. (104.016-2/I1)

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4.5.3. A empresa que contratar outras para prestar serviços em seu estabelecimento pode constituir
SESMT comum para assistência aos empregados das contratadas, sob gestão própria, desde que
previsto em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

4.5.3.1. O dimensionamento do SESMT organizado na forma prevista no subitem 4.5.3 deve


considerar o somatório dos trabalhadores assistidos e a atividade econômica do estabelecimento
da contratante.

4.5.3.2. No caso previsto no item 4.5.3, o número de empregados da empresa contratada no


estabelecimento da contratante, assistidos pelo SESMT comum, não integra a base de cálculo para
dimensionamento do SESMT da empresa contratada.

4.5.3.3. O SESMT organizado conforme o subitem 4.5.3 deve ter seu funcionamento avaliado
semestralmente, por Comissão composta de representantes da empresa contratante, do sindicato
de trabalhadores e da Delegacia Regional do Trabalho, ou na forma e periodicidade previstas na
Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

4.6. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho das


empresas que operem em regime sazonal deverão ser dimensionados, tomando-se por base a
média aritmética do número de trabalhadores do ano civil anterior e obedecidos os Quadros I e II
anexos. (104.017-0 / I1)

4.7. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho deverão


ser chefiados por profissional qualificado, segundo os requisitos especificados no subitem 4.4.1
desta NR. (104.018-9/I1)

4.8. O técnico de Segurança do Trabalho e o auxiliar de Enfermagem do Trabalho deverão dedicar


8 (oito) horas por dia para as atividades dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e
em Medicina do Trabalho, de acordo com o estabelecido no Quadro II, anexo. (104.019-7/I1)

4.9. O engenheiro de Segurança do Trabalho, o médico do Trabalho e o enfermeiro do Trabalho


deverão dedicar, no mínimo, 3 (três) horas (tempo parcial) ou 6 (seis) horas (tempo integral) por
dia para as atividades dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho, de acordo com o estabelecido no Quadro II, anexo, respeitada a legislação pertinente em
vigor. (104.020-0/I1)

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


4.10. Ao profissional especializado em Segurança e em Medicina do Trabalho é vedado o exercício
de outras atividades na empresa, durante o horário de sua atuação nos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. (104.021-9/I2)

4.11. Ficará por conta exclusiva do empregador todo o ônus decorrente da instalação e
manutenção dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho. (104.022-7/I2)

4.12. Compete aos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho:

a) aplicar os conhecimentos de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho ao ambiente


de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir
até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador;

b) determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este
persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI), de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou
característica do agente assim o exija;

c) colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e


tecnológicas da empresa, exercendo a competência disposta na alínea “a”;

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d) responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nas NR
aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos;

e) manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações,


além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5;

f ) promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores


para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto através de campanhas
quanto de programas de duração permanente;

g) esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,


estimulando-os em favor da prevenção;

h) analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa


ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo
a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as
características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou
acidentado(s);

i) registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e


agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas
constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo a empresa encaminhar um mapa contendo avaliação
anual dos mesmos dados à Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho até o dia 31 de janeiro,
através do órgão regional do MTb;

j) manter os registros de que tratam as alíneas “h” e “i” na sede dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente alcançáveis a partir da mesma,
sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde que sejam
asseguradas condições de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser
guardados somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas “h” e “i” por um período
não inferior a 5 (cinco) anos;

l) as atividades dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

o atendimento de emergência, quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de


controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios
e ao salvamento e de imediata atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de acidente estão
incluídos em suas atividades.

4.13. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho deverão


manter entrosamento permanente com a CIPA, dela valendo-se como agente multiplicador, e
deverão estudar suas observações e solicitações, propondo soluções corretivas e preventivas,
conforme o disposto no subitem 5.14.1 da NR 5.

4.14. As empresas cujos estabelecimentos não se enquadrem no Quadro II, anexo a esta NR, poderão
dar assistência na área de Segurança e Medicina do Trabalho a seus empregados através de Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho comuns, organizados
pelo sindicato ou associação da categoria econômica correspondente ou pelas próprias empresas
interessadas.

4.14.1. A manutenção desses Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina


do Trabalho deverá ser feita pelas empresas usuárias, que participarão das despesas em proporção
ao número de empregados de cada uma.

4.14.2. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho previstos


no item 4.14 deverão ser dimensionados em função do somatório dos empregados das empresas
participantes, obedecendo ao disposto nos Quadros I e II e no subitem 4.2.1.2, desta NR.

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4.14.3. As empresas de mesma atividade econômica, localizadas em um mesmo município, ou
em municípios limítrofes, cujos estabelecimentos se enquadrem no Quadro II, podem constituir
SESMT comum, organizado pelo sindicato patronal correspondente ou pelas próprias empresas
interessadas, desde que previsto em Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

4.14.3.1. O SESMT comum pode ser estendido a empresas cujos estabelecimentos não se enquadrem
no Quadro II, desde que atendidos os demais requisitos do subitem 4.14.3.

4.14.3.2. O dimensionamento do SESMT organizado na forma do subitem 4.14.3 deve considerar o


somatório dos trabalhadores assistidos.

4.14.3.3. No caso previsto no item 4.14.3, o número de empregados assistidos pelo SESMT comum
não integra a base de cálculo para dimensionamento do SESMT das empresas.

4.14.3.4. O SESMT organizado conforme o subitem 4.14.3 deve ter seu funcionamento avaliado
semestralmente, por Comissão composta de representantes das empresas, do sindicato de
trabalhadores e da Delegacia Regional do Trabalho, ou na forma e periodicidade previstas na
Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.

4.14.4. As empresas que desenvolvem suas atividades em um mesmo pólo industrial ou comercial
podem constituir SESMT comum, organizado pelas próprias empresas interessadas, desde que
previsto nas Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho das categorias envolvidas.

4.14.4.1. O dimensionamento do SESMT comum organizado na forma do subitem 4.14.4 deve


considerar o somatório dos trabalhadores assistidos e a atividade econômica que empregue o
maior número entre os trabalhadores assistidos.

4.14.4.2. No caso previsto no item 4.14.4, o número de empregados assistidos pelo SESMT comum
não integra a base de cálculo para dimensionamento do SESMT das empresas.

4.14.4.3. O SESMT organizado conforme o subitem 4.14.4 deve ter seu funcionamento avaliado
semestralmente por Comissão composta de representantes das empresas, dos sindicatos de
trabalhadores e da Delegacia Regional do Trabalho, ou na forma e periodicidade previstas nas
Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho.

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


4.15. As empresas referidas no item 4.14 poderão optar pelos Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho de instituição oficial ou instituição privada de utilidade
pública, cabendo às empresas o custeio das despesas, na forma prevista no subitem 4.14.1.

4.16. As empresas cujos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho não possuam médico do trabalho e/ou engenheiro de segurança do trabalho, de acordo
com o Quadro II desta NR, poderão se utilizar dos serviços destes profissionais existentes nos
Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho mencionados no
item 4.14 e subitem 4.14.1 ou no item 4.15, para atendimento do disposto nas NR.

4.16.1. O ônus decorrente dessa utilização caberá à empresa solicitante.

4.17. Os serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho de que


trata esta NR deverão ser registrados no órgão regional do MTb. (104.023-5/I1)

4.17.1. O registro referido no item 4.17 deverá ser requerido ao órgão regional do MTb e o
requerimento deverá conter os seguintes dados:

a) nome dos profissionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho;

b) número de registro dos profissionais na Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho do


MTb;

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c) número de empregados da requerente e grau de risco das atividades, por estabelecimento;

d) especificação dos turnos de trabalho, por estabelecimento;

e) horário de trabalho dos profissionais dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho.

4.18. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, já


constituídos, deverão ser redimensionados nos termos desta NR e a empresa terá 90 (noventa)
dias de prazo, a partir da publicação desta Norma, para efetuar o redimensionamento e o registro
referido no item 4.17. (104.024-3/I1)

4.19. A empresa é responsável pelo cumprimento da NR, devendo assegurar, como um dos meios
para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes dos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. O impedimento do referido
exercício profissional, mesmo que parcial e o desvirtuamento ou desvio de funções constituem, em
conjunto ou separadamente, infrações classificadas no grau I4, se devidamente comprovadas, para
os fins de aplicação das penalidades previstas na NR 28. (104.025-1/I4)

4.20. Quando se tratar de empreiteiras ou empresas prestadoras de serviços, considera-se


estabelecimento, para fins de aplicação desta NR, o local em que os seus empregados estiverem
exercendo suas atividades.

Texto complementar

Terceirizações
(MACOHIN, 2008)

A terceirização trata-se de um processo já há muito tempo presente em


Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

nosso país, que consiste na execução, por terceiro, de atividades não integrantes dos
objetivos sociais da empresa contratante. A expressão ganhou força e notoriedade
nos últimos anos, fazendo parte das discussões que impliquem a remodelagem de
gestão das empresas.

Para evitar problemas de ordem jurídico-trabalhista, o administrador deve se


cercar de todos os cuidados para não cometer erros. A empresa poderá terceirizar
apenas suas “atividades-meio”, mas, para o prestador de serviços, a atividade contra-
tada deve ser sua atividade-fim. [...]

Etapas do processo de terceirização


Diversos processos de terceirização falham devido à falta de planejamento e en-
tendimento sobre as obrigações e relações contratuais. Para isso, é importante a iden-
tificação das diversas etapas que deverão ser seguidas, como apresentado a seguir.

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Planejamento
A etapa de planejamento deve ser considerada tão importante quanto a ati-
vidade que será objeto da terceirização. A fase inicial é a identificação correta das
áreas que deseja terceirizar para o bom andamento de todo o plano de trabalho.

Nas organizações existem diversas áreas que podem ser terceirizadas, cabendo aos
administradores identificar o foco do negócio e optar ou não por essa forma de gestão.

Formação do perfil do terceiro


Após a identificação das atividades que serão terceirizadas, passa-se para a for-
mação do perfil do terceiro, em relação ao que se deseja. O objetivo é identificar no
mercado qual a empresa que realiza tal serviço. Ainda não é o momento de fazer
a escolha do fornecedor. Nesse momento estamos na fase de planejamento, para
identificar com exatidão aquilo de que necessitamos.

Cronograma do processo de terceirização


A elaboração de um cronograma de atuação é de fundamental importância
para identificar as diversas etapas do processo, complementando todas as variáveis
esperadas, a fim de evitar desagradáveis surpresas. Devem ser identificadas todas as
etapas previstas.

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


Preparação do público interno
O público interno deve ser trabalhado para interagir de forma produtiva. Dessa
forma, se o público interno estiver desinformado ou com informações erradas a res-
peito do processo, isso poderá dar errado.

A realização de um trabalho de preparação e conscientização do público inter-


no, portanto, passa a ser relevante para que não existam informações desencontra-
das. É nesse momento que o canal de comunicações da empresa deve se abrir, trans-
mitindo a todos os funcionários aquilo que se pretende e quais as perspectivas de
aproveitamento daqueles que terão suas atividades terceirizadas.

A falta de comunicação pode levar à visão errada do processo, deflagrando


grandes conflitos internos.

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Critérios decisórios para terceirização
A primeira etapa é identificar todos os dados de uma gestão própria e de uma
terceirizada, sem ainda, entrar na discussão de escolha do fornecedor. A compara-
ção de custos é muito relevante.

Assim o mercado deve ser pesquisado sobre o preço a ser pago e quanto isso
representa hoje para a empresa, a partir daí os custos indiretos devem ser levados
em comparação, pois existem custos administrativos indiretos para todas as ativida-
des da empresa.

Finalmente deve-se calcular todos os custos relativos à terceirização, à adminis-


tração do contrato, ao tempo despendido na gestão e à inspeção.

Decisão de terceirizar
O fator econômico não deve ser o único quesito a ser analisado e comparado,
vários outros quesitos deverão ser pesados na decisão, como agilidade, cultura or-
ganizacional, qualidade e eventuais dissabores de uma eventual descentralização.

Uma terceirização malfeita é altamente problemática, pois traz prejuízos enor-


mes de ordem financeira e para a imagem da organização.

Administração de atividades terceirizadas


Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

O acompanhamento dos serviços terceirizados deve ser rigoroso por parte da


empresa contratante dos serviços.

Todas as tratativas que se referem aos serviços prestados devem ser entre os
gestores das empresas, não sendo recomendável, por questões jurídicas trabalhis-
tas, que funcionários da empresa tomadora dos serviços passem ordens diretas aos
empregados da contratada.

Existem certos pressupostos jurídicos que devem ser respeitados:

o tomador de serviços não pode exercer a superioridade hierárquica


sobre o funcionário terceirizado, todas as recomendações, ordens deve-
rão ser transmitidas através de seus gestores.

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a empresa contratada precisa ter total liberdade relativa ao trato com seus
empregados.

deve haver uma sólida relação de equilíbrio entre as partes contratantes.

Os tribunais brasileiros não viam com bons olhos as práticas de terceirização,


pois algumas empresas se utilizavam de práticas abusivas nas contratações, burlan-
do a legislação.

Alguns sindicatos de trabalhadores também não veem com bons olhos a prá-
tica da terceirização, pois acabam perdendo filiados e reduzindo a dimensão da
categoria.

É fundamental a aplicação dos conceitos apresentados no item III do Enunciado


331 do TST, não permitindo a pessoalidade e a subordinação direta, ou seja, não são
as pessoas que estão sendo contratadas, mas o serviço completo, que deverá ser su-
pervisionado e orientado pela empresa contratada. Da mesma forma não é permitido
transmitir ordem diretamente aos funcionários terceirizados.

Cabe à empresa tomadora dos serviços ficar atenta às ocorrências contrárias


ao objeto da contratação, devendo comunicar imediatamente à empresa prestado-
ra de serviços para que as irregularidades sejam corrigidas, sob pena de responder
como polo passivo na justiça trabalhista.

Uma fiscalização periódica é recomendável ao contratante, tanto nos aspec-

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


tos técnicos da prestação de serviços como documental. Devendo observar alguns
quesitos, principalmente o registro de trabalho e as verbas trabalhistas e ainda um
acompanhamento dos recolhimentos devidos ao INSS, FGTS, PIS, COFINS, IRPJ.

Eventualmente, algumas modificações poderão acontecer na prestação de ser-


viços, mas isso deve constar de termos aditivos ao contrato original.

Os cuidados com a terceirização de funcionários


(ROMANO, 2008)

O excesso de encargos trabalhistas exigidos pela CLT, em vez de proteger o


trabalhador, acaba por fomentar o desemprego, que em abril de 2004 alcançou o
índice recorde de 13,1%. Estima-se que o registro em carteira encareça em 60% a

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criação de um posto de trabalho. Para fugir dos encargos e continuar crescendo,
muitas empresas optaram por terceirizar parte da força de trabalho. A medida é
viável, mas exige cuidados para não se descumprir a lei.

De acordo com o enunciado 331 do Tribunal Superior do Trabalho, só é permi-


tida a terceirização de funcionários para atividades-meio, não para atividades-fim da
empresa. Em uma metalúrgica, por exemplo, é possível terceirizar serviços de limpe-
za e portaria; o trabalho de metalurgia, jamais. Esse enunciado, adotado pelo TST em
2002, uniformizou as decisões do tribunal nas ações de prestação de serviços, como
os de vigilância e limpeza.

Recentemente, um banco foi questionado, pelo Ministério Público do Trabalho


no Rio de Janeiro, por entregar a terceiros o processamento de documentos movi-
mentados nos caixas automáticos – o que é considerado atividade-fim do banco. A
visão do MPT é de que isso caracteriza relação de emprego (conforme previsto no
artigo 3.º da CLT); portanto, o funcionário não poderia ser tratado e remunerado
como terceirizado.

Não acaba aí. Também são condições para a terceirização não haver pessoa-
lidade nem relações de subordinação e hierarquia entre a empresa tomadora de
serviço e o funcionário terceirizado. Por isso, é bom evitar dar ordens diretas a esse
trabalhador e sempre pedir, à empresa terceirizada, a constante mudança do pro-
fissional que fará o serviço, evitando que se caracterize o vínculo empregatício. Isso
será levado em conta pelo juiz em casos de disputas judiciais. Em empresas com
muitos funcionários terceirizados, um representante deles deve fazer parte da Cipa
Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho

(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da tomadora de serviços.

Outra exigência é de que a empresa terceirizada seja notificada (e assine docu-


mento que comprove a notificação) sobre riscos de acidentes de trabalho na empre-
sa tomadora de serviço. Essa, por sua vez, deve fiscalizar o pagamento de salários e
direitos trabalhistas dos funcionários terceirizados, uma vez que pode ser acionada
em caso de litígios trabalhistas, solidariamente ou subsidiariamente. Havendo falhas
da empresa no pagamento de FGTS e INSS dos empregados, por exemplo, a toma-
dora de serviço pode acabar dividindo a responsabilidade judicial do erro.

Funcionários que se sentirem lesados pela terceirização indevida de sua força


de trabalho podem recorrer à Delegacia Regional do Trabalho, orientar-se sobre o
assunto e fazer denúncias formais contra empregadora e tomadora de serviços. Em
casos mais graves (de maus cuidados com higiene, medicina e segurança, por exem-
plo, por parte das empresas envolvidas), a melhor solução é procurar o Ministério
Público do Trabalho. Se o funcionário efetuar uma denúncia por escrito, será aberto
um inquérito e a tomadora de serviço será chamada para averiguação.

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Atividades

1. É importante que dentro de uma empresa se tenha um local para serviço de


emergência contendo alguns itens, exceto:

a) cardioscópio.
b) eletrocardiógrafo.
c) sistema de aspiração e oxigenação.
d) centro cirúrgico.

2. A norma regulamentadora que determina o funcionamento do SESMT é a:

a) NR 17.
b) NR 7.
c) NR 4.
d) NR 32.

Referências

MACOHIN, Gilmar Amilton. Compras, Contratações e Terceirizações. Curitiba: IESDE

Legislação de Segurança, Saúde, Higiene e Medicina do Trabalho


Brasil S.A., 2008.
MENDES, R. Aspectos Conceituais da Medicina do Trabalho. Rio de Janeiro, 1995.
ROMANO, Sylvia. Os Cuidados com a Terceirização de Funcionários. Disponível em:
<http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/artigos/060704-cuidados_tercei-
rizacao_sylvia.shtm>. Acesso em: 7 abr. 2008.
SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, Lei 6514 de 22 de dezembro de 1977. São
Paulo: Atlas.

Gabarito

1. D

2. C

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Normas regulamentadoras
As normas regulamentadoras (NRs) foram criadas e estabelecidas pela Portaria
3.214, em 8 de junho de 1978. Essas NRs, somadas à aplicação das normas técnicas
correspondentes, surgiram para orientar as principais ações preventivas, bem como de
fiscalização para serem executadas nos Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho nas
mais variadas áreas de trabalho. Sem elas, torna-se inviável a prática e o exercício da
Higiene e Segurança do Trabalho não só nas empresas, mas também no meio rural.

As NRs, hoje, são compostas por 33 normas regulamentadoras e 5 normas regu-


lamentadoras rurais (NRRs). A seguir, elencam-se todas essas normas, para posterior
análise individual:

NR 1 – Disposições gerais.

NR 2 – Inspeção prévia.

NR 3 – Embargo ou interdição.

NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT).

NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI).

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

NR 8 – Edificações.

NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade.

NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais.

NR 12 – Máquinas e equipamentos.

NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão.

NR 14 – Fornos.

NR 15 – Atividades e operações insalubres.

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NR 16 – Atividades e operações perigosas.

NR 17 – Ergonomia.

NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.

NR 19 – Explosivos.

NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis.

NR 21 – Trabalho a céu aberto.

NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração.

NR 23 – Proteção contra incêndios.

NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho.

NR 25 – Resíduos industriais.

NR 26 – Sinalização de segurança.

NR 27 – Registro profissional do técnico de Segurança do Trabalho no Ministé-


rio do Trabalho.

NR 28 – Fiscalização e penalidades.

NR 29– Segurança e saúde no trabalho portuário.

NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário.

NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura,


exploração florestal e aquicultura.

NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de assistência à


saúde.

NR 33 – Segurança e saúde nos espaços confinados.

NRR 1 – Disposições gerais.

NRR 2 – Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural


Normas regulamentadoras

(SEPATR).

NRR 3 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural


(CIPATR).

NRR 4 – Equipamento de proteção individual (EPI).

NRR 5 – Produtos químicos.

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Descrição das Normas Regulamentadoras (NRs)

NR 1 – Disposições gerais
A NR 1 tem por finalidade estabelecer o campo de aplicação de todas as normas
regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho urbano, assim como os direi-
tos e obrigações do governo, dos empregadores e dos trabalhadores no que tange a
esse tema específico. É ela a responsável por determinar o cumprimento obrigatório
das normas regulamentadoras, por todas as empresas, sejam elas públicas ou privadas,
sempre que possuírem empregados no regime celetista.

NR 2 – Inspeção prévia
A NR 2 é a responsável por estabelecer as situações nas quais as empresas deverão
solicitar ao Ministério do Trabalho a realização de inspeção prévia em seus respectivos
estabelecimentos, assim como a maneira de sua realização. Este emitirá um Certificado
de Aprovação de Instalações (CAI), de acordo com um modelo previamente estabeleci-
do. O artigo 160 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é a fundamentação legal,
ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência dessa NR.

NR 3 – Embargo ou interdição
A NR 3 estabelece as situações em que as empresas se sujeitam a sofrer parali-
sação de seus serviços, máquinas ou equipamentos, bem como os procedimentos a
serem observados pela fiscalização das Delegacias Regionais do Trabalho na adoção
de medidas punitivas em relação à Segurança e Saúde do Trabalho. Essas punições
ocorrerão mediante apresentação de um laudo técnico e consistem, além de interdi-
ção ou embargo, a orientação sobre as providências a serem adotadas para prevenção
de acidentes do trabalho ou doenças profissionais. O artigo 161 da CLT é o responsável
por fornecer o suporte legal à existência dessa NR.
Normas regulamentadoras

NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho (sesmt)
É a NR que estabelece a obrigatoriedade das empresas com funcionários no
regime celetista, seja ela pública ou privada, em organizarem e manterem em pleno

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funcionamento os SESMT, com o objetivo de promover a saúde e proteger a integri-
dade do trabalhador em seu ambiente de trabalho. A implantação do SESMT depen-
de, basicamente, de dois fatores: da gradação do risco da empresa, de acordo com os
dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), e do número de
trabalhadores da empresa. Dependendo desses elementos, o SESMT pode ser formado
por técnico de Segurança do Trabalho, engenheiro de Segurança do Trabalho, auxiliar
de Enfermagem do Trabalho, enfermeiro do Trabalho e médico do Trabalho. O artigo
162 da CLT fornece seu embasamento jurídico.

NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (cipa)


Estabelece que as empresas com funcionários celetistas devem manter, por esta-
belecimento, uma comissão formada exclusivamente por funcionários com a finalida-
de de prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, através de apresentação
de sugestões, além de recomendações ao empregador para melhoria do ambiente de
trabalho, eliminando possíveis causas para essas moléstias, tornando o trabalho com-
patível com a promoção de saúde e preservação da vida do empregado. O embasa-
mento legal dessa NR são os artigos 163, 164 e 165 da CLT.

NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (epi)


Responsável pelo estabelecimento e definição dos tipos de EPI que as empresas
devem fornecer aos seus trabalhadores, quando assim for necessário, de acordo com
as condições de trabalho, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva forem in-
suficiente ou estiverem sendo implantadas, ou ainda nos casos de emergência. Isso
ocorre com o objetivo de preservar a saúde e a integridade física dos empregados. Os
artigos 166 e 167 da CLT dão o suporte legal para a aplicação dessa NR.

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional


(pcmso)
Com o objetivo de promoção e preservação da saúde da coletividade dos traba-
Normas regulamentadoras

lhadores, essa NR tem por finalidade obrigar as instituições a realizarem os exames


pertinentes à saúde laboral, como os exames admissional, periódico, de mudança de
função, de retorno ao trabalho e demissional, bem como obriga também o trabalhador
a passar por esses exames. O embasamento jurídico dessa NR são os artigos 168 e 169
da CLT.

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NR 8 – Edificações
É a NR responsável pela segurança e conforto dos trabalhadores de edificações,
através da disposição dos requisitos técnicos mínimos, de acordo com os artigos 170
a 174 da CLT.

NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (ppra)


Também com o intuito de preservar a integridade da saúde física dos trabalha-
dores, essa NR busca mapear os riscos ambientais existentes no ambiente de trabalho,
através de sua antecipação, reconhecimento, avaliação e controle, levando em consi-
deração o meio ambiente e os recursos naturais. Dentre os principais riscos, destacam-
se os riscos biológicos, físicos, químicos, de acidente de trabalho e ergonômico. Ela
obriga a inclusão dos empregados no PPRA, conforme os artigos 175 a 178 da CLT.

NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade


Responsável pela segurança dos funcionários que trabalham em instalações elé-
tricas. Esses trabalhadores estão nas mais diversas etapas, tais como elaboração de
projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, bem como a segu-
rança de usuários e de terceiros, em quaisquer das fases de geração, transmissão, dis-
tribuição e consumo de energia elétrica, obedecendo às normas técnicas vigentes ou,
na falta delas, às normas técnicas internacionais, segundo os artigos 179 a 181 da CLT.

NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio


de materiais
Com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, são estabelecidos os requisitos
de segurança a serem observados nos locais de trabalho, no que se refere ao trans-
porte, à movimentação, à armazenagem e ao manuseio de materiais, tanto de forma
mecânica quanto manual, segundo os artigos 182 e 183 da CLT.
Normas regulamentadoras

NR 12 – Máquinas e equipamentos
Visando à prevenção de acidentes de trabalho, são estabelecidas medidas de segu-
rança e higiene do trabalho a serem adotadas pelas empresas em relação à instalação, ope-
ração e manutenção de máquinas e equipamentos, segundo os artigos 184 e 186 da CLT.

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NR 13 – Caldeiras e vasos de pressão
De modo a se prevenir acidentes de trabalho, são estabelecidos os requisitos téc-
nico-legais relativos à instalação, à operação e à manutenção de caldeiras e vasos de
pressão, segundo os artigos 187 e 188 da CLT.

NR 14 – Fornos
É responsável por determinar as recomendações pertinentes à construção, à ope-
ração e à manutenção de fornos industriais nos ambientes de trabalho, com base no
artigo 187 da CLT.

NR 15 – Atividades e operações insalubres


Descreve quadro de insalubridade, determinando limites de tolerância para agen-
tes insalubres. Define as situações que caracterizam insalubridade, a partir da vivência
do trabalhador em seu respectivo ambiente laboral, além do meio de proteger esse
mesmo trabalhador de tais exposições nocivas a sua saúde. Os artigos da CLT de 189 a
192 são os responsáveis pelo embasamento legal dessa NR.

NR 16 – Atividades e operações perigosas


Define periculosidade. É a NR responsável por regulamentar atividades e opera-
ções consideradas perigosas e estipula as recomendações de prevenção correspon-
dentes, de acordo com os artigos 193 a 197 da CLT.

NR 17 – Ergonomia
Busca proporcionar conforto, segurança e desempenho eficientes por parte dos
trabalhadores, através do estabelecimento de parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às condições psicológicas dos empregados. Os artigos 198
Normas regulamentadoras

e 199 da CLT fornecem a base legal para a aplicação dessa NR.

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NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da
construção
Objetiva a implementação de medidas de controle e sistema preventivos de se-
gurança nas construções e no meio ambiente de trabalho da construção civil, estabe-
lecendo diretrizes de ordem administrativa, de planejamento organizacional. O artigo
200, I, da CLT é a base jurídica dessa norma.

NR 19 – Explosivos
Com o intuito de proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores em
seus respectivos ambientes de trabalho, essa NR estabelece as disposições sobre o de-
pósito, manuseio e transporte de explosivo, de acordo com o artigo 200, II, da CLT.

NR 20 – Líquidos combustíveis e inflamáveis


Também visando à proteção da saúde e à manutenção da integridade física dos
trabalhadores em seus respectivos ambientes de trabalho, essa NR estabelece as dis-
posições sobre o depósito, o manuseio e o transporte de líquidos combustíveis e infla-
máveis, também de acordo com o artigo 200, II, da CLT.

NR 21 – Trabalho a céu aberto


Determina os tipos de medidas para realizar a prevenção de acidentes nas ativida-
des desenvolvidas a céu aberto, como minas ao ar livre e pedreiras. A base jurídica para
essa NR é o artigo 200, IV, da CLT.

NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração


Determina que as empresas que lidem com trabalhos subterrâneos proporcio-
Normas regulamentadoras

nem a seus funcionários condições adequadas de segurança e saúde no seu ambiente


de trabalho. A fundamentação legal para a existência dessa NR são os artigos 293 a 301
e o inciso III do artigo 200, todos da CLT.

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NR 23 – Proteção contra incêndios
Objetivando a prevenção da saúde e da integridade física dos trabalhadores, essa
NR estabelece medidas de proteção contra incêndio, que devem estar dispostas nos
locais de trabalho. O dispositivo legal para a aplicação dessa norma é o inciso IV do
artigo 200 da CLT.

NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho


Observa os itens de conforto e higiene dentro de um ambiente de trabalho. Os
itens mais abordados são banheiros, vestiários, refeitórios, cozinhas, alojamentos e
água potável, com a finalidade de proteger a saúde do trabalhador. Baseada no inciso
VII do artigo 200 da CLT.

NR 25 – Resíduos industriais
Protege a saúde e integridade física do trabalhador estabelecendo algumas medi-
das preventivas a serem impostas pelos empregadores no destino final a ser dado aos
resíduos industriais resultantes dos ambientes de trabalho. Fundamentada também
no inciso VII do artigo 200 da CLT.

NR 26 – Sinalização de segurança
Padroniza as cores a serem adotadas como sinalização de segurança nos ambien-
tes de trabalho. Embasada no artigo 200, VIII, da CLT.

NR 27 – Registro profissional do técnico de Segurança


do Trabalho no Ministério do Trabalho
Fornece dados sobre os requisitos necessários para que um profissional da área
Normas regulamentadoras

possa exercer as funções e atividades de técnico de Segurança do Trabalho, especial-


mente no que tange ao seu registro profissional junto ao Ministério do Trabalho. Essa
norma é embasada juridicamente pelo artigo 3.° da Lei 7.410, de 27 de novembro de
1985, regulamentada pelo artigo 7.° do Decreto 92.530, de 9 de abril de 1986.

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NR 28 – Fiscalização e penalidades
Regulamenta os procedimentos adotados pela fiscalização trabalhista, no que
tange à concessão de prazos às empresas para a correção de irregularidades técnicas e
também no que diz respeito ao procedimento de autuação por infração às NR.

NR 29 – Segurança e saúde no trabalho portuário


Aplicadas aos trabalhadores portuários em operações tanto a bordo como em
terra, ou ainda aos demais funcionários que trabalhem em portos organizados ou ins-
talações portuárias de uso privativo e retroportuárias, situadas dentro ou fora de porto
organizado. Busca estabelecer proteção contra acidentes e doenças profissionais, fa-
cilitar os primeiros socorros a acidentados, além de alcançar as melhores condições
possíveis de segurança e saúde a esses trabalhadores. Embasada na Medida Provisória
1.575-6, de 27 de novembro de 1997, no artigo 200 da CLT e no Decreto 99.534, de 19
de setembro de 1990, que promulga a Convenção 152 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT).

NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário


Aplicadas aos trabalhadores de qualquer embarcação comercial, passageira ou
cargueira, na navegação marítima de longo curso, na cabotagem, na navegação inte-
rior, no reboque em alto-mar, em plataformas marítimas e fluviais, quando em deslo-
camento, e em embarcações de apoio marítimo e portuário. Além da observância da
NR, as empresas também devem seguir todas as outras disposições legais com relação
ao tema, bem como outras provindas de acordos, convenções e contratos coletivos de
trabalho.

NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura,


pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura
Normas regulamentadoras

Torna viável o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultu-


ra, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, com segurança e saúde no
ambiente do trabalho, através do estabelecimento das normas a serem observadas na
organização desse ambiente. Base jurídica assegurada pelo artigo 13 da Lei 5.889, de
8 de janeiro de 1973.

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NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos
de saúde
Fornece diretrizes para a adoção de medidas de proteção à segurança e à saúde
dos trabalhadores dos serviços de saúde, onde se incluem hospitais, laboratórios, clí-
nicas, consultórios, entre outros. Também devem seguir essa NR os profissionais que
exerçam atividades ligadas à promoção e assistência à saúde em geral.

NR 33 – Segurança e saúde nos espaços confinados


Dita os requisitos mínimos para reconhecimento, avaliação monitoramento e
controle dos riscos existentes em espaços confinados. Busca garantir a saúde e a segu-
rança dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nesses locais.

Normas Regulamentadoras Rurais (NRR)


As Normas Regulamentadoras Rurais (NRR) servem para regulamentar o traba-
lho no campo, com o intuito de garantir a saúde e a segurança do trabalhador rural.
Essas normas são juridicamente embasadas principalmente pelo artigo 13 da Lei
5.889/1973.

NRR 1 – Disposições gerais


Fornece aos empregados e empregadores seus deveres no que concerne à pre-
venção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais relacionadas à área rural.

NRR 2 – Serviço Especializado em Prevenção de Acidente do


Trabalho Rural (sepatr)
Normas regulamentadoras

Obriga as empresas rurais a organizarem e manterem em funcionamento Servi-


ços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho, de acordo com o número de
trabalhadores.

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NRR 3 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do
Trabalhador Rural (cipatr)
Organização e manutenção, por parte do empregador rural, de uma Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes.

NRR 4 – Equipamento de Proteção Individual (epi)


Estabelece o fornecimento obrigatório dos EPIs pertinentes ao risco e em perfeito
estado de conservação ao empregado, com o objetivo de protegê-lo de acidentes de
trabalho.

NRR 5 – Produtos químicos


Orienta sobre o manuseio adequado de produtos químicos por parte dos traba-
lhadores rurais, para garantir sua segurança.

Texto complementar

O Modelo Brasileiro de Segurança e Saúde no Trabalho


No Brasil, os aspectos relacionados com Segurança e Medicina do Trabalho
foram disciplinados pelo Decreto Lei 3.700 (de 09/10/1941) e pelo Decreto 10.569
(de 05/10/1942), porém a legislação efetiva sobre a matéria veio através do capítulo
V do título II da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
5.452, de 1.º de maio de 1943. A Lei 6.514 (22/12/1977) deu nova redação a todo o
capítulo V do Título II da CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho e a Porta-
ria 3.214 (08/06/1978) aprovou as normas regulamentadoras – NRs (relativas à Se-
gurança e Medicina do Trabalho) do referido capítulo da CLT. Atualmente existem 32
Normas regulamentadoras

Normas (NR-1 a NR-32) que são de observância obrigatória pelas empresas privadas
e públicas e pelos órgãos públicos da Administração direta e indireta, bem como
pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regi-
dos pela CLT. Além disso, as disposições contidas nessas normas aplicam-se também
aos trabalhadores avulsos, às entidades ou empresas que lhes tomem o serviço e
aos sindicatos representativos das respectivas categorias profissionais.

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De acordo com a NR1, subitem 1.3, a Secretaria de Segurança e Saúde no Tra-
balho (SSST) é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar,
controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a Segurança e Medicina
do Trabalho, e ainda fiscalizar o cumprimento dos preceitos legais e regulamentares
sobre segurança e medicina do trabalho, através das Delegacias Regionais do Tra-
balho (DRT), e impor as penalidades cabíveis por descumprimento destes preceitos
legais, em todo o território nacional. Cabe ao empregador: cumprir e fazer cumprir
as disposições legais e regulamentares sobre Segurança e Medicina do Trabalho,
prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho e adotar medidas para elimi-
nar ou neutralizar a insalubridade e as condições inseguras de trabalho. Cabe ao
empregado: usar o EPI fornecido pelo empregador e colaborar com a empresa na
aplicação das NRs.

Entre as citadas normas regulamentadoras, a NR18 é a que trata especificamen-


te da Indústria da Construção Civil. Essa norma regulamenta o processo construtivo,
do ponto de vista da segurança e saúde no trabalho, apresentando detalhes referen-
tes às condições seguras na etapa de execução da obra. Entre os itens que compõem
a NR18, destaca-se a obrigatoriedade de elaboração e implementação do PCMAT
(Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).
Esse programa deve ser elaborado antes do início da obra e implementado durante
a execução da mesma, com cronograma de implantação das medidas preventivas e
programa educativo, e contempla também as exigências contidas na NR9 – Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Embora a NR18 seja considerada um
bom guia para a prática da segurança e saúde no trabalho em canteiros de obras,
pode-se afirmar que suas exigências estão baseadas em detalhes quantitativos da
legislação e da técnica construtiva e não acompanham a rapidez das mudanças ou
inovações tecnológicas que são introduzidas no processo construtivo e as especifi-
cidades da indústria da construção com produtos únicos que implicam em medidas
interventivas diferenciadas, a cada projeto. O que vem acontecendo na maioria das
empresas construtoras é a repetição do PCMAT como procedimento-padrão que
afinal não é devidamente implementado, sendo utilizado para atendimento das exi-
gências legais e fiscalização, enfim a boa ideia transformou-se em mera burocracia.

Através dessa reflexão fica perceptível que as abordagens sobre segurança e


Normas regulamentadoras

saúde no trabalho, no Brasil, traduziram-se fundamentalmente em:

intervenções coletivas sobre os componentes materiais do trabalho, isto é,


nos locais e equipamentos de trabalho.

intervenções sobre o trabalhador, através da vigilância médica.

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intervenções ao nível de equipamentos de proteção individual do trabalhador.

predominância, nas empresas, da cultura de obediência a legislação e de


ações pontuais.

O Modelo Europeu de Segurança e Saúde no Trabalho


Na Europa, durante o período da sociedade industrial, já se reconhecia a in-
fluência das condições de trabalho na saúde dos trabalhadores e, por via de conse-
quência, na produtividade das empresas. Nesse contexto, se desenvolveram várias
abordagens no sentido de buscar soluções para a problemática da Segurança e
Saúde no Trabalho (SST). Inicialmente essas abordagens tinham como eixo central,
os trabalhos de maior periculosidade e insalubridade, já em um segundo momento,
no pós-guerra, o foco migrou para os riscos profissionais inerentes aos fatores de
produção, enfatizando-se a influência dos agentes físicos, químicos e biológicos na
Segurança e Saúde do Trabalhador. Tais abordagens fundamentavam-se em uma
filosofia protecionista em relação ao trabalhador e numa visão fragmentada do sis-
tema de produção, onde a atuação se dava de forma corretiva buscando reduzir os
efeitos dos riscos de acidentes do trabalho ou de doença profissional.

No atual contexto da globalização, a rapidez da absorção de novas tecnologias


nos processos produtivos veio comprometer a eficácia das medidas de SST até então
utilizadas, devido à dificuldade de acompanhar e conhecer todas as propriedades
das novas matérias-primas, componentes, equipamentos e processos de trabalho
que substituem, de forma acelerada, os anteriormente incorporados no cenário de
transformação industrial. Então, diante desse ambiente de variabilidade dos fatores
de produção, qual deveria ser a estratégia para enfrentamento da problemática de
SST? Indubitavelmente, a resposta a essa questão não se encontraria na inovação e/
ou adoção de técnicas de controle de riscos profissionais, mas sim, no domínio da
gestão. Dessa forma, a SST na Europa evoluiu para o desenvolvimento da gestão da
prevenção numa abordagem global e integradora da empresa.

No que diz respeito à indústria da construção, uma nova abordagem foi introdu-
zida na União Europeia em 1992 para a melhoria da SST nesse setor através da publica-
Normas regulamentadoras

ção da Diretriz Canteiros (DC) (92/57/CEE) que teve por base a Convenção da OIT 167,
de 1988, que trata especificamente da Segurança e Saúde na Construção. Segundo
Dias (2005), a nova abordagem da DC pode ser resumida nos seguintes pontos:

a) Todos os intervenientes envolvidos no processo de construção têm tarefas


(responsabilidades) específicas em relação à SST, inclusive os projetistas e o
dono da obra;

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b) Criação da coordenação de segurança e saúde que deve atuar na fase de
concepção e elaboração dos projetos e na fase de execução da obra. Surgi-
ram assim dois novos atores no processo de construção: o coordenador de
projeto e o coordenador de obra;

c) Criação de três novos documentos de prevenção de riscos profissionais: co-


municação prévia, o plano de segurança e saúde e o plano de intervenções
posteriores.

Esse artigo não tem a pretensão de apresentar de forma detalhada essa nova
abordagem aqui denominada “Modelo Europeu”, uma vez que esse não é o objetivo
da pesquisa. Cabe aqui apenas destacar alguns pontos considerados importantes
para fundamentar a análise e discussão do atual “Modelo Brasileiro”.

Nesse sentido, em relação ao primeiro ponto acima citado, é preciso destacar


a importância dessa medida para esse setor, considerando a quantidade e diversi-
dade de intervenientes que são envolvidos durante todo o ciclo de vida de um em-
preendimento. Tal diversidade implica na complexidade de gestão tendo em vista
a necessidade de coordenar as múltiplas relações entre eles. Os intervenientes vão
desde o dono da obra (o proprietário), passando por autores de projetos, empreitei-
ros, subempreiteiros, fiscais, trabalhadores etc. até o cliente final. Dessa forma, vale
sublinhar a inclusão das responsabilidades do dono da obra na temática da SST, uma
vez que lhe cabe a tomada de decisão referente à política de segurança da obra.
Também é bastante pertinente a participação dos autores de projeto que devem
considerar os princípios de prevenção já na fase de concepção do empreendimento,
evitando assim inúmeros problemas de segurança e saúde que poderiam surgir nas
fases posteriores. Outro destaque para a relação dos empreiteiros com a SST que
devem atender ao que está estabelecido na legislação específica e no contrato com
o dono da obra, se estendendo essas obrigações para toda a cadeia de subcontra-
tações (fornecedores de equipamentos, subempreiteiros etc.) largamente utilizada
nesse ramo de atividade. Conforme Dias (2005), os empreiteiros têm a obrigação
de coordenar todos os seus subcontratados, devendo ainda fazê-los implementar
os princípios gerais de prevenção, na fase de execução da obra. Para tanto, os em-
pregadores devem prover os meios necessários para as atividades de informação e
formação dos recursos humanos na área de gestão e prevenção dos riscos profissio-
Normas regulamentadoras

nais, além de criar um sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho.

Quanto ao item (b), que trata da criação da coordenação de segurança, o IDICT


(1999, p.75) define o coordenador de projeto como “uma pessoa singular ou cole-
tiva nomeada pelo dono da obra para desenvolver, durante a fase do projeto, as
tarefas de coordenação de segurança inerentes a esta fase e habilitada para tal fim”.

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Segundo Souto (2003), a presença de um coordenador de projeto, principalmente
no caso de grandes obras onde existem vários projetistas, é fundamental para obter-
se a perfeita integração de todos os projetos e assegurar que se cumpra a legislação
de segurança. O coordenador de obra é definido como “pessoa singular ou coletiva
nomeada pelo dono da obra para executar, durante a realização da obra, as tarefas
de coordenação inerentes a esta fase e habilitada para tal fim” (IDICT, 1999, p. 75). De
acordo com Souto (2003), tal coordenação se justifica, principalmente, quando há
vários empreiteiros envolvidos, uma vez que cada empreiteiro terá os seus técnicos
de segurança e, portanto, terá que haver uma figura hierarquicamente superior que
represente o dono da obra e coordene o trabalho de todos.

Em síntese, a criação dessa coordenação de segurança tem um duplo papel:


por um lado, responde pela coordenação da segurança e saúde de um determinado
empreendimento, por outro, garante a integração entre as fases de projeto e exe-
cução daquele empreendimento. Desse modo, segundo Souto (2003), favorece a
difusão da visão sistêmica e da interdisciplinaridade que poderão contribuir para as
atividades de geração e transferência do conhecimento e, portanto, para o aumento
da competitividade da empresa.

Como acima referido no item (c), a DC exige os seguintes documentos: Comu-


nicação Prévia (CP) que tem o propósito de comunicar a abertura de um novo can-
teiro; Plano de Segurança e Saúde (PSS) que, segundo Dias (2005, p. 63) é “o principal
documento de prevenção de riscos profissionais para a fase de execução, tendo por
objetivo identificar e avaliar os riscos de SST e respectivas medidas preventivas a
serem tomadas durante essa fase no canteiro”; Plano de Intervenções Posteriores
(PIP) que contempla as intervenções pós-obra, ou seja, durante a fase de uso/manu-
tenção do empreendimento.

Por fim, percebe-se que a DC visualiza a SST como uma função inerente à gestão
global do empreendimento, o que se traduz na inclusão de todas as fases do ciclo do
empreendimento (projeto, execução e pós-obra) e no envolvimento de todos os in-
tervenientes que participam desse ciclo em quaisquer das suas fases. Dessa forma, a
nova abordagem da SST em vigor nos países da União Europeia, materializada atra-
vés da DC, veio colocar essa temática como parte integrante da gestão do negócio
Normas regulamentadoras

da indústria da construção.

Resultados da pesquisa
Este item apresenta os resultados da pesquisa nas três empresas construtoras,
de pequeno, médio e grande porte, selecionadas para o estudo multicaso e a análise

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do comportamento dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho em relação à me-
todologia e filosofia de fiscalização do cumprimento das normas de segurança nessas
empresas.

A empresa de grande porte é de estrutura familiar e conta com um contingente


de 1 200 a 1 500 funcionários. Atua no Estado de Pernambuco, com predominância
na cidade de Recife, e tem como produto principal a construção de edifícios residen-
ciais verticais.

A política da empresa é a de não poupar esforços para a melhoria do ambiente


de trabalho, entendendo que as mudanças só serão possíveis graças ao trabalho de
valorização do cliente interno. Dessa forma, a empresa investe em segurança e nas
condições de trabalho e vida dos funcionários, através de medidas tais como: con-
tratação de nutricionista e cozinheiro treinado para preparar refeições balanceadas
(café e almoço) e cardápio adaptado aos costumes regionais (cuscuz, cozido, rapa-
dura, suco de frutas etc.); palestras educativas e treinamentos sobre SST; sinalização
do canteiro e contratação de técnicos de segurança do trabalho que atuam no can-
teiro subordinados ao engenheiro gestor.

Nessa empresa, a política de gestão de recursos humanos é extensiva aos tra-


balhadores subcontratados, no que se refere a treinamento, segurança, alimentação
e condições de trabalho dignas. A terceirização é vista pelo nível estratégico como
uma problemática, decorrente do fato de que a maioria das terceirizadas caracteri-
za-se por ser pequenas empresas, mal estruturadas, não investem em capacitação
de pessoal e não primam pela qualidade do serviço. Segundo o engenheiro/sócio
do nível estratégico entrevistado: “muitas vezes, as empresas terceirizadas deixam a
mão de obra à mercê do engenheiro da obra e só aparecem no dia de medições...
então, a empresa contratante investe na qualificação e segurança do pessoal da em-
presa contratada para evitar futuros problemas”.

A empresa de médio porte no momento da pesquisa tinha cinco obras em an-


damento, na cidade de João Pessoa/Paraíba e empregava 110 pessoas. O topo da
empresa é composto por duas diretorias: a técnica e a administrativa. O entrevista-
do foi o engenheiro/diretor técnico responsável pela área de produção. Segundo o
entrevistado, a missão, os objetivos e metas da empresa se enquadram na seguinte
Normas regulamentadoras

afirmação: “nós queremos ser uma empresa respeitada no mercado a partir da qua-
lidade. Nosso grande objetivo tem sido qualidade do produto. Nós descobrimos que
temos um patrão e este é o cliente, pois sem ele a gente não existe, sem ele a gente
não consegue vender os apartamentos”.

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Quanto aos itens relacionados com segurança e saúde no trabalho, a opinião
de um dos sócios dessa é: “o grande causador dos acidentes de trabalho é a cultura
do operário. A dificuldade do operário de entender a necessidade do EPI”. As maio-
res dificuldades que ele sente para implantação das medidas de segurança estão
relacionadas com esta “cultura de rejeição do operário” e com a falta de assesso-
ria competente a quem possa “terceirizar esse serviço e ficar tranquilo”. Segundo o
entrevistado dessa empresa, as questões de Segurança e Saúde no Trabalho estão
incluídas em suas estratégias de desenvolvimento, “até porque a gente precisa orçar
a obra e o nosso orçamento é bem abrangente, inclui até as despesas com água, luz
e telefone e naturalmente tem de ter as despesas com bandejas de proteção, guarda
corpo e equipamentos de proteção Individual. O planejamento prevê as normas de
segurança, porém eu não tenho um projeto”. Em relação à política de Segurança e
Saúde no Trabalho, a mesma estava documentada, como também um extenso do-
cumento designado como o Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho.
Porém, o entrevistado admitiu que ainda não estava implementado devido às difi-
culdades por ele mencionadas.

A empresa de pequeno porte também atuante em João Pessoa/Paraíba pos-


suía 85 funcionários e três obras em andamento, no momento da pesquisa. É uma
empresa típica familiar, pois iniciou suas atividades mais ou menos nos anos 1970
sob a responsabilidade do pai dos atuais sócios. Em relação à missão, objetivos e
metas, o entrevistado considerou que o princípio no qual se baseia o funcionamen-
to da empresa é de sobrevivência do grupo (sócios). Para o entrevistado uma empre-
sa bem-sucedida é “aquela que dá lucro e está atenta às variações do mercado, da
competitividade do setor procurando por sua vez a competência técnica”.

O relacionamento interpessoal nessa empresa acontece na “base do respeito


mútuo sem abrir mão da autoridade e hierarquia, principalmente nos canteiros de
obras”. Em relação às informações sobre a Segurança e Saúde no Trabalho, o res-
ponsável por essa empresa considera que as causas da ocorrência de Acidentes de
Trabalho em canteiros de obras “[...] são muitas, mas a maior delas é essa questão de
poder aquisitivo como um todo, essa pobreza do Brasil, esta renda per capita baixa
que nós vivemos”, portanto, na sua opinião a maior dificuldade para implantação
das medidas de segurança nos canteiros é a financeira. Quando interrogado sobre
Normas regulamentadoras

se a Empresa inclui questões de Segurança e Saúde no Trabalho em suas estratégias


de desenvolvimento, afirmou que sim complementando: “[...] hoje a gente já coloca
a segurança como item básico para qualquer início de canteiro de obra, porém a
maior resistência que encontro, vem dos engenheiros residentes. Não querem acei-

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tar mudanças e perder tempo conversando com o funcionário [...]”. O treinamento
dos operários para as atividades é realizado, segundo o entrevistado, “[...] na medida
do possível [...]”. Em relação ao Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
na Indústria da Construção (PCMAT), essa empresa elabora um programa para cada
obra conforme exigência da NR 18, porém a implementação deste programa nos
canteiros de obras já não acontece a contento, conforme o entrevistado, uma vez
que “uma empresa como a minha, de porte pequeno, não tem condições de ter um
engenheiro só para praticar segurança do trabalho”. Então, segundo as informações
obtidas na entrevista, a gestão da segurança e saúde no trabalho na empresa em
estudo acontece de forma a não receber reclamações da Delegacia Regional do Tra-
balho (DRT), ou seja, tentando cumprir os principais itens da NR.18.

A função da DRT é fiscalizar as empresas, orientar e informar ao público sobre as


questões trabalhistas. A fiscalização abrange duas áreas: a área trabalhista e a de se-
gurança e saúde do trabalhador. A área trabalhista fiscaliza a parte relacionada com
carteira do trabalho, fundo de garantia, horário de trabalho e trabalho do menor. A
área de segurança e saúde do trabalhador fiscaliza as empresas e também atende
ao público com relação ao cumprimento da legislação pertinente a esta área. A fis-
calização nas empresas baseia-se no capítulo V da CLT, que é a Lei que versa de uma
maneira geral sobre as obrigações das empresas em relação à segurança e saúde do
trabalhador. A metodologia da fiscalização é então preparada seguindo as Normas
Regulamentadoras que significam o detalhamento desta Lei. Os canteiros de obras
são fiscalizados com certa frequência embora o número de fiscais ainda seja reduzi-
do. Segundo um agente da fiscalização, é muito difícil que uma obra seja realizada
e chegue até o final sem receber uma visita de um auditor fiscal da DRT. Conforme
este agente, muitas empresas construtoras, ligadas ao subsetor de edificações em
João Pessoa, ainda investem pouco em Segurança e Saúde no Trabalho e a maioria
ainda espera a visita de fiscais da DRT para cumprir os itens que compõem a NR 18.

Análise e aspectos conclusivos


Através da análise do discurso dos representantes das empresas pesquisadas e
da DRT, percebe-se que:
Normas regulamentadoras

A empresa de grande porte adota política de valorização dos recursos hu-


manos e atende às exigências da NR 18, com destaque para: PCMAT, treina-
mento de pessoal e área de vivência dos canteiros de obras em boas condi-
ções de higiene e conforto.

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As empresas de médio e pequeno porte não dão o devido valor às questões
relacionadas com SST, limitando-se ao fornecimento de Equipamentos de
Proteção Individual e aplicação de algumas medidas de proteção coletiva.

A auditoria fiscal da DRT adota como forma de atuação a verificação do


cumprimento da legislação (Normas Regulamentadoras do cap. V da CLT).
No entanto, a maioria das empresas construtoras ainda espera a visita de
fiscais da DRT para cumprir os itens que compõem a NR 18.

Conclui-se que o Modelo Brasileiro de Segurança e Saúde no Trabalho é es-


sencialmente legalista, funciona como um mecanismo indutor de uma política de
segurança e saúde no trabalho restrita, uma vez que não coloca a função segurança
como parte integrante do negócio da empresa e não contempla todo o ciclo do
empreendimento, limitando-se a fase de execução.

Para reverter este quadro é preciso que se adote o enfoque sistêmico e se aceite
a Segurança e Saúde no Trabalho como uma atividade como qualquer outra na em-
presa, devendo por essa razão ser parte integrante da gestão global da mesma,
traduzindo-se numa intervenção integrada e envolvendo todos os trabalhadores,
todos os setores e todas as dimensões da empresa. Enfim, é preciso investir no co-
nhecimento das pessoas da empresa principalmente dos gestores [...]

Atividades

1. Sobre a NR 32 é incorreto afirmar que:

a) regulamenta as atividades e operações insalubres.

b) não regulamenta as atividades e operações perigosas.

c) estabelece os requisitos mínimos e as diretrizes básicas para implementar


as medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos servi-
Normas regulamentadoras

ços de saúde.

d) versa sobre caldeiras e vasos de pressão.

e) determina os principais equipamentos de proteção individual (EPIs).

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2. De acordo com a NR 32, sobre o PCMSO de um serviço de saúde, é incorreto
afirmar:

a) localização de áreas de risco, conforme descrito no PPRA.

b) relação nominal dos trabalhadores, suas funções e local de trabalho e os


riscos a que estão expostos.

c) reconhecimento e avaliação dos riscos biológicos.

d) programas de vacinação não são necessários.

Referências

MELO, Maria Bernardez Fernandes Vieira; SOUTO, Maria do Socorro Marcia Lopes.
Análise do Modelo Brasileiro de Segurança e Saúde no Trabalho – o caso da Cons-
trução Civil. Disponível em: < http://www.cramif.fr/pdf/th4/Salvador/posters/bresil/
vieira_de_melo.pdf >. Acesso em: 4 abr. 2008.

SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, Lei 6514 de 22 de dezembro de 1977. São


Paulo: Atlas.

Gabarito

1. B

2. D
Normas regulamentadoras

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Riscos ambientais
A principal função daqueles que trabalham na área de Saúde e Segurança do Tra-
balho é a de promover um meio ambiente laboral salutar, com o menor número de
riscos possíveis à saúde do trabalhador. Sabe-se, entretanto, que existem riscos diver-
sos aos quais o trabalhador pode estar exposto em seu posto de trabalho. Cabe aos
profissionais da área de Saúde e Segurança do Trabalho identificar e dimensionar esses
riscos. O objetivo deste capítulo é demonstrar a importância da elaboração dos Mapas
de Risco, bem como da constituição das Comissões Internas de Prevenção de Aciden-
te (CIPA), abordando sobre sua fundamental participação na promoção da saúde do
trabalhador.

Riscos ambientais
Na sociedade moderna, o homem passa grande parte de sua vida em seu ambien-
te de trabalho. Para se ter uma noção mais exata desse tempo, uma jornada laboral de
44 horas semanais corresponde a aproximadamente 2 200 horas em um ano. Para a
aposentadoria, este trabalhador necessita ter passado em seu ambiente de trabalho
cerca de 77 000 horas, ao longo de 35 anos. Tais números refletem a importância do
meio ambiente de trabalho para o homem. Certamente, o bem-estar e a satisfação
com o seu respectivo serviço é um dos fatores mais importantes e que está direta-
mente ligado com a qualidade de vida do trabalhador. Por essa razão, é fundamental
que esse ambiente laboral seja constantemente monitorado e avaliado, para aferir e
dimensionar os riscos que esse local possa apresentar à saúde desse trabalhador.

Ao longo da história, a exposição do trabalhador aos mais diversos riscos presen-


tes no seu respectivo ambiente de trabalho gerou inúmeros acidentes e doenças cau-
sados por esses riscos. Desde intoxicações por produtos químicos, até perdas auditivas,
traumas e doenças musculares, apenas para mencionar alguns exemplos, foram cau-
sadas pela monitorização inadequada ou mesmo ausente destes riscos. Vários são os
exemplos dessa preocupação do homem com o seu trabalho e com a maneira de pre-
venir as doenças dele adquiridas, assim como são muitos os exemplos de acidentes.

As civilizações antigas acreditavam que o contato direto era o principal responsá-


vel pela transmissão de doenças. Os egípcios acreditavam na transmissão das doenças
pelo toque. Já para os hebreus, as patologias eram contraídas pelo contato com ves-

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timentas e outros objetos ligados à pessoa doente. Hipócrates, considerado o pai da
Medicina, afirmava que o principal responsável pela transmissão de doenças era o ar,
devido a sua má qualidade pela presença de vapores nocivos. Apesar das mais diver-
sas explicações para as causas da doença, pouco se fazia para a sua prevenção. Casos
isolados de tentativas de prevenção foram registrados na história. Durante a Grande
Peste, que assolou a Europa no século XVII, por exemplo, alguns médicos usavam seus
próprios equipamentos de proteção individual, que consistia em uma túnica que en-
volvia a maior parte da superfície corporal, além de chapéu, luvas e máscaras com bico
longo e afunilado, onde eram colocadas substâncias aromáticas para atenuar o odor.
Entretanto, há também lamentáveis exemplos históricos de acidentes relacionados di-
retamente com a falta de proteção do ser humano com a substância, sendo inúmeros
deles fatais. Marie Curie, física polonesa, ganhadora dos Prêmio Nobel de Física em
1903, pelas suas descobertas no campo da radioatividade, e de Química, em 1911, pela
descoberta dos elementos químicos Rádio e Polônio, é um exemplo disso. Nascida em
Varsóvia, no ano de 1867, Madame Curie, como era conhecida, faleceu em 1934, na
cidade francesa de Salanches, de leucemia, doença provavelmente adquirida devido à
exposição inconsciente à radiação dos materiais perigosos e radioativos com os quais
lidava.

Graças a esses e outros inúmeros aprendizados históricos, percebeu-se a im-


portância da elaboração de programas direcionados à prevenção dos mais diversos
riscos presentes nos ambientes. Esses riscos foram denominados riscos ambientais, e
são considerados como tais os riscos químicos, físicos, biológicos, de acidentes e ergo-
nômicos. Aos programas de prevenção, cabem estabelecer algumas regras básicas de
segurança nos ambientes laborais. Sabe-se, também, que a segurança nas atividades
profissionais é a mesma que a segurança em qualquer outra atividade humana. Atra-
vés de alguns procedimentos-padrão, pode-se chegar a esse ideal de segurança.

Para que níveis satisfatórios de eficiência, qualidade e produtividade sejam al-


cançados, é necessária a adoção de políticas voltadas à implementação de ambientes
de trabalho confiáveis e seguros. Esses procedimentos nada mais são que ações de
qualidade. Portanto, o ambiente laboral deve ser projetado, dimensionado ou adequa-
do devidamente de modo a oferecer condições confortáveis e seguras de trabalho, as
áreas de trabalho devem ser definidas com a finalidade de separar as de maior risco
(por exemplo, a manipulação de produtos químicos e biológicos) daquelas que apre-
sentam menor probabilidade de acidentes (por exemplo, as de áreas administrativas).

As áreas do ambiente laboral devem ser adequadamente sinalizadas de forma a


facilitar a orientação dos usuários, advertir quanto aos riscos existentes e restringir o
Riscos ambientais

acesso de pessoas não autorizadas. O uso de equipamento de proteção individual e


coletiva é fundamental para a execução das atividades laborais, a fim de assegurar a
saúde do profissional e minimizar a possibilidade de acidentes.

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A segurança deve ser planejada, dimensionada e realizada por uma equipe multi-
profissional, de modo a atender vários requisitos relacionados com:

o cumprimento das normas de segurança vigentes (leis);

a disponibilidade e o uso adequado de equipamentos de proteção;

a organização e a realização de programas de treinamento;

manutenção preventiva de equipamentos e instrumentos;

a disponibilidade de extintores e outros dispositivos de combate a incêndios;

treinamento de combate a incêndio e em situações de emergência;

Mapa de Risco obrigatório e sinalização adequada das áreas de riscos e das


rotas de fuga;

a disponibilidade de sistema de geração elétrica de emergência;

planejamento e execução do programa de prevenção de riscos ambientais


PPRA;

planos de contenção, quando ocorrem situações de emergência (derrama-


mentos, vazamentos, contaminações, explosões etc.);

planos de emergência para enfrentar situações críticas, como falta de energia


elétrica, de água, incêndio e inundações;

sistema de registro dos testes de segurança e desempenho dos equipamentos


de urgência.

É importante entender a distinção entre perigo e risco. Em relação ao perigo,


refere-se ao agente nocivo biológico, químico ou físico que podem causar diferentes
efeitos, por exemplo, a presença de objetos estranhos em embalagens de produtos
alimentícios e até mesmo a presença de micro-organismos em pesticidas. O risco diz
respeito à probabilidade de ocorrer um acidente com o pesticida contaminado com o
micro-organismo, por exemplo, em dada circunstância .

Pode-se classificar, portanto, a análise do risco como um método científico que


visa à obtenção de informações sobre um determinado perigo, o que permite a avalia-
ção do risco presente e a busca de soluções para eliminar ou controlar o perigo apon-
tado. Compreende as etapas de avaliação do risco, gerenciamento do risco e informa-
Riscos ambientais

ção do risco.

Através da avaliação do risco, quantificam-se e qualificam-se os efeitos adversos


(perigo). O gerenciamento do risco se refere à busca de políticas e medidas de regu-

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lamentação e controle (detecção, rastreamento e monitoramento do risco). Já a co-
municação é parte responsável por informar a sociedade e a comunicar os segmentos
envolvidos, como governo e institutos científicos.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)


Com o crescente conhecimento dos trabalhadores em relação aos riscos aos quais
eram expostos em seus respectivos ambientes laborais, observou-se a importância da
criação de políticas prevencionistas. Concluiu-se que ninguém melhor que o próprio
trabalhador poderia conhecer o ambiente de trabalho e, assim, apontar, quantificar e
sugerir melhorias de modo a aperfeiçoar as condições de segurança deste local. Dessa
maneira, em 1921, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que havia sido fun-
dada dois anos antes, promoveu alguns estudos na área de Segurança e Higiene do
Trabalho. Nessa ocasião, foram realizadas algumas recomendações de medidas pre-
ventivas de doenças e acidentes do trabalho que passariam a ser adotadas pelos países
de acordo com o interesse de cada um em promover a melhoria nas condições de
trabalho de seu povo.

No Brasil, foi criado em 10 de novembro de 1944, o Decreto-Lei 7.036, que ficou


conhecido como a “Nova Lei da Prevenção de Acidentes”. Ele trazia em seu artigo ori-
ginal, 82, o marco inicial para a formação das CIPAs. Estas seriam implantadas em locais
com mais de cem funcionários e seriam compostas por representantes dos próprios
empregados. O principal objetivo dessas comissões seria a promoção da prevenção de
acidentes, através de diversas medidas, tais como a realização de palestras instrutivas,
orientação e fiscalização de medidas de proteção ao trabalho e educação contínua dos
demais empregados em relação à pratica de prevenção dos acidentes.

Apesar da criação das CIPAs ter acontecido em 1944, sua obrigatoriedade nas em-
presas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ocorreu apenas no ano
seguinte, através da Portaria 229 do antigo Departamento Nacional do Trabalho (DNT).
Com o advento das normas regulamentadoras (NR) através da Portaria 3.214, de junho
de 1978, o assunto Segurança e Saúde no Trabalho foi abordado de uma maneira di-
ferenciada. Dentre as NRs, a NR 5 é aquela que trata sobre a CIPA e suas atribuições,
tendo sua mais recente redação entrado em vigor em 24 de maio de 1999.

Mapa de Riscos
Riscos ambientais

Foi criado em 17 de agosto de 1992, a partir da Portaria 5, obrigando todas as


empresas a representar graficamente os riscos existentes nos diversos ambientes de

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trabalho, o que faz parte da NR 9. Conforme determinado pela NR 5, cabe à CIPA a pro-
moção de políticas e medidas preventivas de modo a evitar acidentes profissionais.

O Mapa de Riscos é um dos métodos mais simples para a avaliação qualitativa


dos riscos existentes nos locais de trabalho. É a representação gráfica dos riscos por
meio de círculos de diferentes cores e tamanhos permitindo fácil visualização e cria-
ção. Elaborado pelos próprios trabalhadores, é, portanto, um instrumento participati-
vo e é adequado conforme suas sensibilidades. Serve como instrumento preliminar de
levantamento de riscos, de informação para os demais empregados e visitantes e de
planejamento para as ações preventivas que serão adotadas pela CIPA.

O objetivo do Mapa de Riscos é reunir as informações básicas necessárias para


estabelecer o diagnóstico da situação da segurança e saúde no trabalho na empresa,
e possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e a divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. Os
principais benefícios da obtenção do Mapa de Riscos são:

identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos quais os
trabalhadores poderão estar expostos;

conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos equipamentos


de proteção coletiva e individual;

redução de gastos com acidentes e doenças, medicação, indenização, substi-


tuição de trabalhadores e danos patrimoniais;

facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com aumento da segu-


rança interna e externa; e

melhoria do clima organizacional, maior produtividade, competitividade e


lucratividade.

Para a elaboração do Mapa de Riscos são utilizadas cores para identificar o tipo de
risco, conforme a tabela de classificação dos riscos ambientais. A gravidade é represen-
tada pelo tamanho dos círculos a seguir:

Círculo pequeno – risco pequeno por sua essência ou por ser risco médio já
protegido;

Círculo médio – risco que gera relativo incômodo, mas que pode ser
controlado;
Riscos ambientais

Círculo grande – risco que pode matar, mutilar, gerar doenças e que não
dispõe de mecanismo para redução, neutralização ou controle.

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Quanto à simbologia das cores:

Círculo pequeno marrom – risco biológico leve.

Círculo médio marrom – risco biológico médio.

Círculo grande marrom – risco biológico elevado.

Círculo pequeno vermelho – risco químico leve.

Círculo médio vermelho – risco químico médio.

Círculo grande vermelho – risco químico elevado.

Círculo pequeno amarelo – risco ergonômico leve.

Círculo médio amarelo – risco ergonômico médio.

Círculo grande amarelo – risco ergonômico elevado.

Círculo pequeno azul – risco mecânico leve.

Círculo médio azul – risco mecânico médio.

Círculo grande azul – risco mecânico elevado.

Círculo pequeno verde – risco físico leve.

Círculo médio verde – risco físico médio.

Círculo grande verde – risco físico elevado.

Para a elaboração do Mapa de Riscos deve-se conhecer o processo de trabalho do


local avaliado no que diz respeito:

aos trabalhadores – número, sexo, idade, queixas de doença, jornada, treina-


mento recebido;

aos equipamentos, instrumentos e materiais de trabalho;

às atividades exercidas; e

ao ambiente.

É muito importante identificar os agentes de risco existentes no local avaliado,


conforme a tabela de classificação dos riscos ambientais, bem como identificar as me-
Riscos ambientais

didas preventivas existentes e sua eficácia referente a:

proteção coletiva;

organização do trabalho;

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proteção individual;

higiene e conforto – banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouros,


refeitórios, área de lazer.

Identificar os indicadores de saúde também é de extrema importância, dentre


eles podemos citar:

queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos


mesmos riscos;

acidentes de trabalho ocorridos;

doenças profissionais diagnosticadas; e

causas mais frequentes de ausência ao trabalho.

Quanto a elaboração do Mapa de Riscos, sobre uma planta ou desenho do local


de trabalho, é importante identificar através do círculo:

o grupo a que pertence o risco, conforme as cores classificadas;

o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro


do círculo;

a especificação do agente químico (por exemplo, amônia, ácido clorídrico), ou


ergonômico (repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotado também
dentro do círculo;

a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve


ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes dos círculos.

Dentre os riscos físicos podemos citar:

presença de ruídos, podendo provocar cansaço, irritação, dores de cabeça, di-


minuição da audição, problemas no aparelho digestivo, taquicardia, perigo de
infarto.

presença de vibrações, podendo provocar cansaço, irritação, dores nos mem-


bros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos,
lesões ósseas, lesões dos tecidos moles.

presença de calor excessivo, podendo provocar taquicardia, aumento da


Riscos ambientais

pulsação, cansaço,intermação, prostração térmica, choque térmico, fadiga


térmica, perturbação das funções digestivas, hipertensão etc.

presença de radiação não ionizante, podendo provocar queimaduras, lesões


nos olhos, na pele e em outros órgãos.

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presença de radiação ionizante, podendo causar alterações celulares, câncer,
fadiga, problemas visuais, acidente do trabalho.

presença de umidade em excesso, podendo causar problemas respiratórios,


quedas, doenças de pele , doenças circulatórias.

Dentre os riscos químicos, podemos citar:

Poeiras:

minerais – silicose, asbestose;

vegetais – bissinose, bagaçose;

alcalinas – enfizema pulmonar;

outras – potencializam a agressividade.

Fumos metálicos – ocorre intoxicação específica de acordo com o metal, febre


dos fumos metálicos, doença pulmonar obstrutiva;

Névoas, neblinas, gases e vapores:

irritantes – irritação das vias aéreas superiores. Ex.: ácido clorídrico;

asfixiantes – dores de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e


morte. Ex.: hidrogênio, oxigênio, hélio, acetileno, metano, dióxido de car-
bono, monóxido de carbono;

anestésicos – ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diver-


sos órgãos, ao sistema formador do sangue. Ex.: butano, propano, aldeí-
dos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois,
xileno.

Substâncias, compostos ou produtos químicos em geral.

Dentre os riscos biológicos estão:

Vírus – podem causar hepatite, poliomielite, herpes, varíola, febre amarela,


raiva (hidrofobia), aids, rubéola, dengue, meningite.

Bactérias/bacilos – podem causar hanseníase, tuberculose, tétano, febre


tifoide, pneumonia, difteria, cólera, leptospirose, disenterias.
Riscos ambientais

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Protozoários – malária, mal de chagas, toxoplasmose, disenterias.

Fungos – alergias e micoses.

Os riscos ergonômicos podem ser:

Esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigên-


cia de postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de
ritmos excessivos, jornada prolongada de trabalho, monotonia e repetitivi-
dade, outras situações causadoras de estresse físico e psíquico.

De um modo geral, deve haver uma análise mais detalhada, caso a caso. Tais riscos
ergonômicos podem causar:

cansaço, dores musculares, fraquezas, hipertensão arterial, úlceras, doenças


nervosas, agravamento do diabetes, alterações do sono, da libido, da vida
social com reflexos na saúde e no comportamento, acidentes, problemas na
coluna vertebral, taquicardia, cardiopatia (angina, infarto), agravamento da
asma, tensão, ansiedade, comportamentos estereotipados, medo.

Dentre os fatores que podem causar riscos de acidente pode-se citar:

o arranjo físico inadequado, podendo provocar acidentes, desgastes físicos;

a existência de máquinas e equipamentos sem proteção, podendo levar à


ocorrência de acidentes graves;

o uso de ferramentas inadequadas ou defeituosas em sua grande maioria pro-


vocam acidentes com repercussão nos membros superiores;

trabalhar em locais com iluminação inadequada implica em risco de


acidentes;

a eletricidade, quando mal empregada, pode provocar acidentes graves;

a probabilidade de incêndio ou explosão, podendo provocar acidentes


graves;

o armazenamento inadequado, podendo provocar acidentes graves;

a existência e a manipulação de animais peçonhentos, podendo provocar aci-


dentes graves.
Riscos ambientais

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Texto complementar

Qualidade de vida agora é lei


Quem não reduzir acidentes de trabalho pagará mais tributos

A partir de 2009, as empresas que investirem em ações que permitam a redu-


ção dos seus índices de afastamento por doenças e acidentes de trabalho poderão
ter a alíquota de cálculo do Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) reduzida em até
50%. Entretanto, as que não o fizerem correrão o risco de ter que pagar o dobro do
valor atual, que incide sob total da folha de pagamento da empresa.

Isso acontecerá devido a mudanças nas regras da segurança do trabalho, feitas


pelo Ministério da Previdência. Até então, as empresas pagavam como SAT, 1%, 2% ou
3% do valor de suas folhas de pagamento. O enquadramento era feito de acordo com a
área em que a empresa atua. Agora, o que definirá essa alíquota será o Fator Acidentá-
rio de Prevenção, um índice que leva em conta a frequência dos acidentes e seu custo
para o INSS. “Os índices continuam os mesmos, o que muda é a possibilidade de uma
empresa que paga 3% ao mês possa ter essa alíquota reduzida para 1,5% ou elevada
a até 6%, dependendo da quantidade de afastamentos por acidentes ou doenças de
trabalho registradas pelo INSS”, explica Myrian Quirino, consultora Especialista na área
Previdenciária e Trabalhista do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco).

Para Myrian, a decisão visa a fomentar os investimentos por parte das empresas
no que diz respeito à segurança no trabalho e, consequentemente, reduzir os gastos
da previdência.

Segundo Mario Bonciani, auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego


(MTE), com a mudança houve uma revisão também na tabela de doenças motiva-
das pela atividade do trabalhador. Doenças como diabetes, tuberculose e hiperten-
são passaram a integrar a tabela. “Cerca de 10% das doenças consideradas comuns
foram incluídas. A depressão, por exemplo, foi incluída como doença de trabalho
comum ao setor financeiro”, explica.

Para Bonciani, que também é vice-presidente da Associação Brasileira de Me-


dicina do Trabalho (ABMT) e colaborador da Associação Brasileira da Prevenção de
Riscos ambientais

Acidentes (ABPA), os efeitos da nova metodologia começarão a ser sentidos em se-


tembro do ano que vem (2008), quando o Fator Acidentário irá alterar o SAT pela
primeira vez.

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De acordo com ele, após o anúncio do reenquadramento das empresas, feito
no fim de novembro, foi estipulado um prazo de 30 dias, que termina no fim deste
mês, para os empresários questionarem a nova alíquota que foi atribuída pelo Mi-
nistério da Previdência. Ele conta que até agora o volume de ações de impugnação
está muito abaixo do esperado, o que denota a falta de informação e de interesse
das empresas pelo assunto.

Myrian, do Cenofisco, espera que as novas regras criem uma cultura de investi-
mento por parte das empresas na criação de melhores condições para trabalhado-
res cujas funções envolvam o risco. Ela acredita que a possível vantagem financeira
– já que uma empresa poderá pagar metade do que paga hoje, caso implemente
ações – servirá como impulso para isso.

Bonciani acrescenta que a própria concorrência dentro do setor servirá,


também, de incentivo. “Uma empresa que não investir na melhoria de suas condi-
ções de trabalho e tiver sua alíquota dobrada, verá seu concorrente sendo premiado
por suas ações com a redução drástica na sua contribuição para o SAT. Isso se reflete
na imagem da empresa perante o mercado e elas não ficarão aquém a isso”.

(Editorial Portal e-Learning Brasil. Qualidade de vida agora é lei.


Disponível em: <www.administradores.com.br/noticias/qualidade_de_vida_agora_e_lei/13498>.)

Atividades

1. Assinale a alternativa correta.

a) Não há risco de queimaduras na presença de radiação ionizante.

b) O calor excessivo não é considerado um risco físico.

c) O ambiente úmido não pode ser fator gerador de problemas respiratórios.

d) A presença de vibrações pode provocar, dentre outros sintomas, dores arti-


culares, dores músculares e irritabilidade.

2. Não são considerados agentes ambientais:


Riscos ambientais

a) agentes físicos.

b) agentes químicos.

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c) agentes imunológicos.

d) agentes biológicos.

e) agentes ergonômicos.

Ampliando conhecimentos

Para um aprofundamento do estudo abordado sugiro os seguintes sites:

<www.anvisa.gov.br>

<www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1999_A0258.PDF>

<www.laborprev.com.br/site/servicos/mapa_riscos.htm>

Referências

<www.abepro.org.br/bibliotecaengep1999_a1999.pdf>

<www.anvisa.gov.br>

<www.laborprev.org.br/site/servicos/mapa_riscos.html>

BURGESS, W. A. Identificação dos Possíveis Riscos à Saúde do Trabalhador nos Di-


versos Processos Industriais. Belo Horizonte: Ergo, 1995.

Gabarito

1. D

2. C
Riscos ambientais

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Acidentes de trabalho e riscos físicos
A definição de acidente de trabalho é muito ampla, e suas consequências podem
gerar grande impacto na saúde pública. De acordo com o artigo 19 da Lei 8.213, pu-
blicada em 24 de julho de 1991, “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou per-
manente”. Essa lesão pode provocar a morte, perda ou redução da capacidade para o
trabalho, podendo ser caracterizada apenas pela redução da função de determinado
órgão ou segmento do organismo, como os membros, por exemplo.

Há outras situações que também podem ser consideradas acidentes de trabalho.


Por exemplo, o acidente de trajeto, ou seja, aquele que ocorre no percurso que o traba-
lhador realiza entre sua residência e seu local de trabalho. A doença profissional produ-
zida ou desencadeada no exercício ou devido a determinadas condições de determina-
do trabalho também é considerada acidente de trabalho. Também aqueles acidentes
sofridos durante e no local do expediente, decorrentes de agressões, sabotagens ou
atos de terrorismo praticados por terceiros ou colegas de trabalho são considerados
acidente de trabalho. Quando o acidente ocorre fora do horário e do ambiente físico
da empresa, também pode ser considerado acidente de trabalho nas situações em que
o trabalhador estiver executando ordem ou serviços ou sob a autoridade da empresa.
Em viagens, mesmo que devido a estudos, o acidente é considerado acidente de tra-
balho se essa viagem for sob custódia financeira da empresa.

Existem, por conseguinte, três tipos de acidentes: o acidente típico, que é aquele
decorrente da característica da atividade profissional que o indivíduo exerce; o aci-
dente de trajeto, que ocorre no trajeto entre a residência do trabalhador e o local de
trabalho e vice-versa; e as doenças profissionais ou do trabalho, que são produzidas ou
desencadeadas pelo exercício de determinada função, característica de um emprego
específico. Dados governamentais relatam que os acidentes típicos correspondem a
aproximadamente 84% da totalidade dos acidentes de trabalho, ficando os acidentes
de trajeto e as doenças do trabalho perfazendo os 16% restantes. Apesar de o número
ainda ser considerado elevado, nota-se uma tendência à queda nessas estatísticas, es-
pecialmente se forem comparados os dados atuais com aqueles relacionados entre
os anos de 1972 e 2002. Os setores de transformação e de serviços são os principais
responsáveis pelo alto número de casos de acidentes de trabalho.

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A caracterização do acidente de trabalho se dá através de uma análise pericial, que
deve estabelecer uma relação direta entre o acidente e a lesão provocada. O médico
perito, nesses casos, examinará o paciente e poderá decidir se este trabalhador pode
ou não voltar às atividades normais, atribuídas a sua função. Em casos de afastamento,
o perito definirá, a partir de sua avaliação clínica, se o funcionário permanecerá em
afastamento temporário ou definitivo do emprego.

Em relação à empresa contratante, esta é obrigada a fazer uma Comunicação de


Acidente de Trabalho (CAT) até o primeiro dia útil após o acontecimento comprova-
do. Essa norma é valida independentemente da ocorrência ou não do afastamento
do trabalhador acidentado. Em caso de morte, a CAT deve ser imediata, sendo que o
não cumprimento dessa regulamentação acarretará em punição, com pagamento de
multa pelo empregador. A CAT é um documento fundamental na investigação e na
epidemiologia dos acidentes de trabalho. A partir do momento de sua emissão, ela
deve ser encaminhada aos órgãos competentes.

O trabalhador acidentado, a partir do momento em que é afastado do seu posto


de trabalho, tem direito a um benefício denominado auxílio-acidente. Tal benefício é
concedido pelo Ministério da Previdência Social e é fornecido ao trabalhador com se-
quelas que reduzam sua capacidade funcional. Apenas o trabalhador empregado, o
trabalhador avulso e o segurado especial têm direito a esse tipo de benefício. Ele não
pode ser fornecido aos empregados domésticos, aos contribuintes individuais ou autô-
nomos e aos contribuintes facultativos. Outra peculiaridade desse benefício é que ele
é concedido aos trabalhadores que estavam recebendo o auxílio-doença que é pago
aos trabalhadores impossibilitados de exercer sua função por um período superior a
15 dias. Os primeiros 15 dias de afastamento são remunerados pela empresa e, a partir
daí, o Ministério da Previdência é o responsável pelo pagamento desse benefício. Se o
trabalhador puder exercer suas funções, ainda que doente, o auxílio não é concedido.
A concessão do auxílio-acidente não faz com que o trabalhador tenha uma carência,
ou seja, um período mínimo de contribuição, e deverá ser interrompido imediatamen-
te após o trabalhador recuperar suas capacidades laborais e retornar ao trabalho, ou
ainda se houver a solicitação de aposentadoria por invalidez que, por não ser cumulati-
va, deve entrar no lugar do auxílio-acidente. O pagamento do auxílio-acidente, confor-
Acidentes de trabalho e riscos físicos

me anteriormente exposto, é iniciado tão logo o auxílio-doença deixe de ser fornecido.


Seu valor é equivalente a 50% do salário utilizado no cálculo do auxílio-doença, corrigi-
do até o mês anterior ao do início do pagamento do auxílio-acidente.

Os acidentes, em sua grande maioria, são previsíveis, sendo por isso evitáveis.
Algumas medidas simples, uma vez adotadas, são suficientes para reduzir considera-
velmente o número de acidentes de trabalho em uma empresa. O fornecimento de
equipamentos de proteção individual (EPI), uma obrigação da empresa, com seu uso
adequado por parte dos trabalhadores, é um exemplo típico de como medidas simples
podem ser práticas e reduzem as estatísticas relacionadas aos acidentes de trabalho.

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A seguir, serão abordadas algumas causas de acidentes de trabalho, especialmen-
te no que tange aos riscos físicos, bem como algumas doenças decorrentes do traba-
lho e suas respectivas prevenções.

Riscos físicos
São considerados riscos físicos as diversas formas de energia. São elas: ruídos,
temperaturas extremas, vibrações, pressões anormais e radiações.

Ruídos
Define-se som como uma variação sonora capaz de sensibilizar os ouvidos. O
ruído, por sua vez, é uma sensação sonora desagradável, pode ser mensurado, não
desejado ou inútil.

Os efeitos indesejados causados pelo ruído podem ser:

Psicológicos – nervosismo, neuroses, prejudica a concentração, causa irritabi-


lidade e prejudica o sono.

Deficiências de comunicação – altera o estado emocional dos interlocutores,


prejudica a qualidade de trabalho.

Fisiológicos – perda de audição, dor de cabeça, vômitos, diminuição do con-


trole muscular.
Ruídos suportáveis:

rádios e televisores em alto volume;

várias pessoas falando ao mesmo tempo;

ruídos provenientes das ruas. Acidentes de trabalho e riscos físicos

Ruídos que causam perturbações nervosas:


buzinas estridentes;
alto-falantes;
descargas livres de automóveis; e
máquinas e motores de indústrias em funcionamento permanente.

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Prevenção
O incentivo e a conscientização da utilização dos protetores auriculares. Estabele-
cer um programa de manutenção periódica do maquinário, pois peças gastas, soltas,
falta de lubrificação e de ajustes, e disfunções mecânicas implicam na geração des-
necessária de ruído, bem como realizar a instalação de barreiras, que são colocadas
entre as fontes de ruído e os trabalhadores, podendo ser formadas por painéis fixos
ou móveis, constituídos com materiais isolantes, podem minimizar o ruído. Limites de
tolerância para ruído contínuo ou intermitente conforme a NR 15:

Para um nível de ruído de 80dB, é permitida uma exposição máxima diária de


8 horas.

Para um nível de ruído de 90dB, é permitida uma exposição máxima diária de


4 horas.

Para um nível de ruído de 100dB, é permitida uma exposição máxima diária de


1 hora.

Para um nível de ruído de 110dB, é permitida uma exposição máxima diária de


15 minutos.

Para um nível de ruído de115dB, é permitida uma exposição máxima diária de


8 minutos.

Protetores auriculares
São considerados EPI, que tem a finalidade de atenuar ruídos e proteger o apare-
lho auditivo da exposição a ruídos prejudiciais. Seu uso é obrigatório em toda a área
fabril.

Encontram-se disponíveis aos usuários nos modelos plugue automoldáveis e tipo


concha.
Acidentes de trabalho e riscos físicos

Temperaturas extremas
As temperaturas excessivas podem causar alguns danos à saúde do trabalhador.
Ela se divide em calor frio e calor quente.

As altas temperaturas, ou calor quente, são responsáveis por desidratação, erup-


ção da pele, fadiga física, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios,
insolação, entre outros.

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As baixas temperaturas, também conhecidas como calor frio, por sua vez, podem
provocar feridas, rachaduras na pele, enregelamento (o indivíduo fica congelado),
agravamento de doenças reumáticas preexistentes, predisposição para doenças da via
respiratória, entre outras.

O controle das ações nocivas das temperaturas extremas se dá através de algu-


mas medidas de prevenção. A proteção coletiva é fundamental. É necessário uma ven-
tilação local exaustora adequada, com a função de retirar o calor e os gases dos am-
bientes, além do isolamento das fontes de calor ou frio. Em relação aos EPI, são alguns
exemplos nos casos de temperatura excessivas: avental, bota, capuz, luvas, protetores
solares, entre outros.

Vibrações
A vibração é um movimento oscilatório de um corpo, devido a forças desequili-
bradas de componentes rotativos e movimentos alternados de uma máquina ou equi-
pamento. Como todo corpo com movimento oscilatório, um corpo que vibra, descreve
um movimento periódico, que envolve um deslocamento num certo tempo. Daí resul-
ta a velocidade, bem como a aceleração do movimento em questão.

Outro fator importante é a frequência desse movimento, isto é, o número de


ciclos (movimentos completos) realizado num período de tempo. No caso de ciclos
por segundo, utiliza-se a unidade Hertz (Hz). Ao contrário de muitos agentes ambien-
tais, a vibração somente será problema quando houver efetivo contato físico entre um
indivíduo e a fonte, o que auxilia no reconhecimento da exposição.

Vibrações localizadas: efeitos ao organismo


Os antecedentes legais e técnicos da exposição a vibrações são contemplados na
Legislação Brasileira no Anexo 12/83:
As atividades e operações que exponham os trabalhadores, sem a proteção adequada às vibrações
localizadas ou de corpo inteiro, serão caracterizadas como insalubres através de perícia realizada no
Acidentes de trabalho e riscos físicos
local de trabalho.

Vibrações no corpo inteiro


Todo o corpo pode ser interpretado como um sistema mecânico (massa e mola,
por exemplo), lembrando-se que, na prática, existe também o amortecimento. Assim,
todo corpo possui uma frequência natural de oscilação, podendo ser quantificada com
um pequeno estímulo no sistema. No entanto, esse corpo poderá estar sujeito a forças

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externas, vibrações de outras fontes que podem entrar em contato com o mesmo. As
fontes de vibração podem ser provenientes de:

Furadeiras elétricas manuais – indústrias metalúrgicas e mecânicas e


instaladores.

Motosserras – indústria extrativa de madeira.

Furadeiras pneumáticas – reparo de vias públicas, demolições, construção


de túneis e estradas, extração de mármore.

Efeitos ao organismo
Os motoristas de ônibus estão mais predispostos ou propensos ao desenvolvi-
mento de síndromes dolorosas de origem vertebral, deformações da espinha, estira-
mento, apendicites, problemas estomacais e hemorroidas. Todavia, posturas forçadas,
manuseio de cargas e maus hábitos alimentares não podem ser descartados como
desordens.

Sistema gastrintestinal
Outros estudos em laboratórios mostraram grande relação causal com desordens
gastrintestinais e a vibração nas cadeiras. Foi usada uma cadeira vibratória como simu-
lador de testes, com motoristas, que revelou que a vibração causa desconforto e pode
interferir na destreza de comando manual e na atividade visual.

Atividade muscular/postura
Na faixa de 1 a 30Hz, observa-se dificuldades para manter a postura, bem como
o aumento de balanço postural. Há, também, uma tendência à lentidão de reflexos na
faixa de frequência entre 10 a 200Hz.
Acidentes de trabalho e riscos físicos

Efeito no sistema cardiovascular


Em frequência inferior a 20Hz, ocorre um aumento da frequência cardíaca duran-
te a exposição à vibração.

Efeitos cardiopulmonares
Aparentemente, existem alterações nas condições de ventilação pulmonar e taxa
respiratória com vibrações de 4,9 mls2 (134 dB), na faixa de 1 a 10Hz.

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Efeitos metabólicos e endocrinológicos
Foram observadas alterações na bioquímica urinária e sanguínea, como uma
reação genérica.

Um estudo polonês sobre trabalhadores agrícolas e florestais descreveu os efeitos


do que se chamou vibration sickness:

o primeiro estágio evidenciou distensões, náuseas, perda de peso, redução


visual, cólicas no cólon etc.;

num segundo estágio, as dores se intensificam, mais concentradas no sistema


muscular. Exames em trabalhadores revelaram atrofia muscular e lesões na
pele.

Prevenção
Melhoria do equipamento, reduzindo a intensidade das vibrações, instituir perí-
odos de repouso e rotatividade, evitando exposições contínuas, e, após identificar as
lesões iniciais, deve-se proceder o rodízio no posto de trabalho.

Pressões anormais
Existem dois tipos de pressões anormais causadas pela variação da pressão
atmosférica.

Hipobárica: quando o homem está sujeito a pressões menores que a pressão


atmosférica. Essas situações ocorrem a elevadas altitudes (sintomas: coceira
na pele, dores musculares, vômitos, hemorragias pelo ouvido e ruptura do
tímpano).

Hiperbárica: quando o homem fica sujeito a pressões maiores que a atmosfé-


rica. Por exemplo, mergulho e uso de ar comprimido. Acidentes de trabalho e riscos físicos

Radiações
São responsáveis pelo aparecimento de diversas lesões. Podem ser classificadas
em radiações ionizantes e não ionizantes.

As radiações ionizantes podem afetar o organismo ou se manifestar nos descen-


dentes das pessoas expostas. Os operadores de raios X e radioterapia estão frequente-

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mente expostos a esse tipo de radiação. As radiações não ionizantes são as radiações
infravermelhas, provenientes de operação em fornos, ou de solda oxiacetilênica, além
das radiações ultravioletas, como a gerada por operações em solda elétrica, ou ainda
raios laser, micro-ondas, entre outras.

Os principais efeitos das radiações no organismo são os distúrbios visuais, como


conjuntivites e cataratas, além de queimaduras e lesões cutâneas. A prevenção é,
também, fundamental no controle da ação das radiações para o trabalhador. Coleti-
vamente, pode-se isolar a fonte de irradiação através de biombo protetor para opera-
ções em solda, por exemplo, ou o próprio enclausuramento dessa fonte, como pisos e
paredes revestidas de chumbo em salas de raios X, por exemplo. Os EPIs também são
fundamentais e devem ser fornecidos de maneira adequada ao risco. O soldador, por
exemplo, deve usar avental, luva, perneira e mangote de raspa, enquanto os operado-
res de forno devem usar óculos. As empresas podem tomar algumas medidas admi-
nistrativas que podem ser úteis na prevenção desses males, como o fornecimento de
dosímetro de bolso para os técnicos de raio X. Por fim, os exames médicos periódicos
são fundamentais na detecção da doença e na prevenção de novos casos.

Epidemiologia – fatores de risco de natureza


ocupacional conhecidos
As dermatites de contato são as dermatoses ocupacionais mais frequentes. Esti-
ma-se que, juntas, as dermatites alérgicas de contato e as dermatites de contato por
irritantes respondam por cerca de 90% dos casos de dermatoses ocupacionais. As der-
matites de contato por irritantes são mais frequentes que as dermatites alérgicas.

Estudos epidemiológicos realizados em países distintos mostram taxas de inci-


dência entre dois a seis casos em cada dez mil trabalhadores/ano, o que significa que
as dermatites de contato irritativas são, provavelmente, as doenças profissionais mais
frequentes.
Acidentes de trabalho e riscos físicos

Entre os agentes causais destacam-se ácidos e álcalis fortes que, dependendo da


concentração e do tempo de exposição, também produzem queimaduras químicas
por sabões e detergentes.

As doenças e seus agentes


Dermatite de contato por irritantes devida a solventes: cetonas, ciclohexa-
no, compostos de cloro, ésteres.

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Dermatite de contato por irritantes devida a outros produtos químicos:
bromo, cromo, cimento, flúor, fósforo.

Quadro clínico e diagnóstico


O quadro clínico varia de acordo com o irritante, podendo aparecer sob a forma de
dermatites indistinguíveis das dermatites de contato alérgicas agudas, até ulcerações
vermelhas profundas, nas queimaduras químicas. A dermatite irritativa cumulativa é
mais frequente que a aguda ou acidental. Agressões repetidas, por irritantes de baixo
grau, ocorrem ao longo do tempo. Nesses casos, a secura da pele e o aparecimento de
fissuras são, frequentemente, os primeiros sinais, que evoluem para eritema, descama-
ção, pápulas, vesículas e espessamento gradual da pele.

As dermatites de contato irritativas podem ser facilmente diagnosticadas pelas


histórias clínica e ocupacional e, com frequência, ocorrem como acidentes. Os testes
epicutâneos ou patch test não estão indicados para o diagnóstico de dermatites irrita-
tivas. Eventualmente, as mesmas substâncias irritativas, mas em concentrações muito
mais baixas, poderão ser testadas para fins de esclarecimento etiológico das derma-
tites de contato alérgicas. O diagnóstico diferencial deve ser feito com os quadros de
dermatites de contato alérgicas, psoríase, herpes simples e herpes zoster, reações idio-
páticas vesiculares pela presença do Trichophyton nos pés (micides), eczema numular
e reações cutâneas a drogas, entre outras doenças.

Tratamento e outras condutas


O tratamento é feito com cuidados higiênicos locais para prevenir a infecção se-
cundária e o uso sintomático de anti-histamínicos. Cremes de corticoides também
podem ser usados.

Prevenção
Acidentes de trabalho e riscos físicos
É muito importante a existência e o acesso fácil à água corrente, quente e fria, em
abundância, com chuveiros, torneiras, toalhas e agentes de limpeza apropriados. Chu-
veiros de emergência devem estar disponíveis em ambientes onde são utilizadas subs-
tâncias químicas corrosivas. Podem ser necessários banhos por mais de uma vez por
turno e troca do vestuário em caso de respingos, caso ocorra contato direto com essas
substâncias deve-se utilizar sabões ou sabonetes neutros ou os mais leves possíveis.

Também deve ser disponibilizado limpadores/toalhas de mão para limpeza sem


água para óleos, graxas e sujeiras aderentes. Não utilizar solventes, como querosene,
gasolina ou thinner, para limpeza da pele.

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Recomenda-se o uso de creme hidratante nas mãos, se necessário, lavá-las com
frequência, bem como deve-se dar preferência ao uso de roupas protetoras para blo-
quear o contato da substância com a pele. Os uniformes e aventais devem estar limpos,
lavados e trocados diariamente. A roupa deve ser escolhida de acordo com o local da
pele que necessita de proteção e com o tipo de substância química envolvida, incluin-
do luvas de diferentes comprimentos, sapatos e botas, aventais e macacões, todos de
materiais diversos, como plástico, borracha natural ou sintética, fibra de vidro, metal ou
combinação de materiais. Capacetes, bonés, gorros, óculos de segurança e proteção
respiratória também podem ser necessários.

O vestuário contaminado deve ser lavado na própria empresa, com os cuidados


apropriados. Em caso de contratação de empresa especializada para essa lavagem,
devem ser tomadas as medidas de proteção adequadas ao tipo de substância também
para esses trabalhadores. A eliminação ou redução da exposição aos fatores de risco de
natureza ocupacional a concentrações próximas de zero ou dentro dos limites consi-
derados seguros, podem ser conseguidas por meio de medidas de controle ambiental,
que veremos a seguir.

Enclausuramento de processos e isolamento


de setores de trabalho
Uso de sistemas hermeticamente fechados, na indústria, ou provimento de
máquinas e equipamentos de anteparos para evitar que respingos de óleos de
corte atinjam a pele dos trabalhadores.

Adoção de normas de higiene e segurança rigorosas com sistemas de ventila-


ção exaustora adequados e eficientes, bem como monitoramento ambiental
sistemático e mudanças na organização do trabalho que permitam diminuir
o número de trabalhadores expostos e o tempo de exposição. É muito impor-
tante o fornecimento, pelo empregador, de EPIs adequados, em bom estado
de conservação, nos casos indicados, de modo complementar às medidas de
Acidentes de trabalho e riscos físicos

proteção coletivas.

O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas para


a detecção precoce da doença. Consta de avaliação clínica, que inclui exame
dermatológico cuidadoso e exames complementares de acordo com a expo-
sição ocupacional e orientação do trabalhador e o uso adequado de uma solu-
ção simples e eficaz: o creme protetor da pele, para impedir que as dermatoses
ocupacionais continuem afligindo os trabalhadores de todas essas áreas de
trabalho, além dos profissionais de saúde e segurança do trabalho.

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Texto complementar

A história dos cremes


No Brasil, os cremes protetores já eram utilizados por empresas multinacionais
desde a década de 1960. Mas só na década de 1980 é que começaram a surgir os
primeiros artigos em revistas especializadas em Medicina e Segurança do Trabalho
afirmando que os cremes protetores poderiam ser um meio de proteção da pele
para os trabalhadores impossibilitados de utilizar luvas de PVC, Nitrile, Neoprene
etc., devido ao risco associado ao seu uso, às dermatites causadas pelo uso dessas
luvas ou pela impossibilidade do tato necessária para seu tipo de trabalho.

A maioria das empresas brasileiras só passou a implantar o creme protetor


depois que ele foi incluído no inciso II do item 6.3 da NR 6 entre os EPIs destinados à
proteção dos membros superiores, por meio da Portaria 3, de 20/02/1992.

Com o uso difundido do creme protetor, principalmente nas regiões Sul e Su-
deste, uso que não se limitava à proteção dos membros superiores, mas de todas as
partes do corpo que entram em contato com o agente químico, como rosto, tórax,
pernas, pés, o Ministério do Trabalho criou nova Portaria, de 26, de 29/12/1994, que
incluiu, no item 6.3 da NR 6, um novo inciso, o IX, cujo título é Proteção da Pele.

Nos dois textos, das duas Portarias, são apresentadas importantes justificativas
para classificar os cremes como EPIs. São elas: o uso regular dos cremes proteto-
res em outros países, a recomendação de literatura internacional, a constatação de
sua eficácia, o benefício dos trabalhadores pelo uso geral nas empresas, e apresen-
tação de resultados satisfatórios nos estudos e demonstrações práticas realizadas
com cremes protetores de fabricação nacional (Ver Portarias 3 e 26, de 20/02/1992 e
29/12/1994, respectivamente). Na Portaria 26, de 29/12/1994, os cremes protetores Acidentes de trabalho e riscos físicos
foram classificados em 3 grupos, e passou a ser exigido seu registro no Ministério da
Saúde.

A partir da determinação dos cremes protetores como sendo de uso obrigató-


rio, de aperfeiçoamento tecnológico dos fabricantes para produção de cremes de
uso cada vez mais específico e cada vez mais benéficos à pele e ao conforto dos
trabalhadores, constata-se que são raríssimos os casos de dermatoses ocupacionais
nas grandes e médias empresas.

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A implantação definitiva do EPI creme protetor da pele pode ser constatada
pela Portaria do MTbE que altera a NR 6, a de número 25, de 15 de outubro de 2001.
Em seu Anexo I, item F. 2, os cremes protetores são mantidos como EPIs segundo a
Portaria 26, de 29/12/1994, continuando, portanto, a ser cremes protetores da pele
do trabalhador.

A segurança que os cremes protetores representam para a saúde dos trabalha-


dores é muito grande. Os cremes protetores água-resistentes, com ação microbicida,
vêm resolver um problema comum enfrentado por profissionais de segurança, que
é o aparecimento de dermatites de contato irritantes ou alérgicas pelo uso de luvas
e botas de látex ou PVC. Agentes biológicos (fungos e bactérias) e químicos (acelera-
dores, antioxidantes, corantes) na formulação e no interior das luvas são os causado-
res dessas dermatites de contato. Até mesmo a proteína do látex é uma substância
alergena. As luvas de couro também podem provocar dermatites. A grande maioria
dessas dermatites pode ser evitada com o uso do creme protetor sob as luvas.

O esclarecimento e conscientização dos usuários, associados à aprovação de


cremes cada vez mais específicos à condição dos diversos tipos de atividades la-
borais, são as armas dos profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho para
obtenção dos excelentes resultados alcançados nesta longa batalha contra as der-
matoses ocupacionais.

(MIGUEL, Mirian. Disponível em: <www.viaseg.com.br/artigos/dermatites_ocupacionais.htm>.)

Atividades

1. Sobre os acidentes de trabalho, é correto afirmar:

a) são casos imprevisíveis.


Acidentes de trabalho e riscos físicos

b) não podem ser evitados.

c) evitáveis, especialmente quando os métodos de proteção individual e cole-


tiva forem utilizados de maneira adequada.

d) não geram um grande impacto social de saúde pública.

e) dificilmente o acidente de trabalho leva ao afastamento do trabalhador.

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2. Assinale a alternativa correta.

a) Creme protetor da pele não é considerado um EPI.

b) Creme protetor sempre se constitui um EPI.

c) O uso do creme protetor não se dá exclusivamente para as mãos, podendo


ser usado nas demais regiões corporais.

d) O creme protetor não deve ser aplicado debaixo das luvas de proteção.

Ampliando conhecimentos

Proteção – Revista mensal de Saúde e Segurança do trabalho, n. 180, dez. 2006.


Disponível em: <www.protecao.com.br>.

Referências

PROTEÇÃO. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n. 180, dez., 2006.

PROTEÇÃO. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n. 191, nov., 2007.

PROTEÇÃO. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n. 194, fev., 2008.

Gabarito

1. C

2. C
Acidentes de trabalho e riscos físicos

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Doenças ocupacionais
Apesar das relações trabalho, saúde e doença dos trabalhadores serem reconheci-
das desde os primórdios da história humana registrada, estando expressa em obras de
artistas plásticos, historiadores, filósofos e escritores, é relativamente recente uma pro-
dução mais sistemática sobre o tema. Coube ao médico italiano Bernardino Ramazzini,
nascido no século XVII, ser o primeiro a explorar esse tema, através da sua obra De Morbis
Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores). Nela, o autor relaciona 54 profissões
e descreve alguns dos principais problemas de saúde apresentados pelos trabalhadores,
chamando a atenção para a necessidade dos médicos conhecerem a ocupação atual e
pregressa de seus pacientes, para fazer o diagnóstico correto e adotar os procedimentos
adequados. Dentre as observações importantes, Ramazzini separou os trabalhadores em
grupos descritos como “[...] operários que passam o dia de pé, sentados, inclinados, en-
curvados, correndo, andando a cavalo ou fatigando seu corpo por qualquer outra forma.”
Dessa maneira, chegou a conclusão que os trabalhadores que permaneciam sentados
levavam uma vida sedentária, sendo, por isso, denominados “artesãos de cadeira”. Eram
eles os sapateiros, os alfaiates e os notários, sofriam doenças especiais, decorrentes de
posições viciosas e da falta de exercícios, por exemplo.

Em função da importância do seu trabalho, Bernardino Ramazzini recebeu da pos-


teridade o título de pai da Medicina do Trabalho, isso tudo muito antes do surgimento
dos métodos Taylor-Fordianos adotados depois da Revolução Industrial.

Dentre as principais doenças relacionadas ao trabalho, percebe-se a importância


das lesões por esforços repetitivos (LER) e dos distúrbios osteomusculares relaciona-
dos ao trabalho (DORT). Essas doenças estão, na grande maioria das vezes, associadas
aos esforços físicos repetitivos ou com manutenção prolongada de alguns segmentos
corpóreos em posturas inadequadas e, tendo em vista o alto número de trabalhadores
acometidos, são as doenças ocupacionais que requerem maior atenção por parte de
médicos, agências governamentais de saúde, sindicatos de categorias profissionais e
do público em geral.

Apesar do insuficiente número de dados e informações para a determinação da


prevalência destas doenças no Brasil, é comum que através da análise de relatos iso-
lados algumas empresas, especialmente as informatizadas, como também aquelas
em que haja algumas posições de trabalho consideradas desconfortáveis, como nos
bancos e nas linhas de montagem, realizam suas próprias estatísticas, constituindo,
dessa maneira, seus respectivos bancos de dados.
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Sabe-se que a população mais susceptível às LER/DORT são os trabalhadores
jovens, do sexo feminino que executam tarefas que exijam movimentação contínua
dos braço e/ ou das mãos, ou ainda que se coloquem em posturas inadequadas por um
período de tempo prolongado. A principal manifestação clínica da doença é a dor, po-
dendo também ocorrer edema, rubor e o aumento da temperatura no local da lesão.
Podem acometer os tendões, as bainhas sinoviais e os músculos.

A LER/DORT normalmente é encarada de diferentes maneiras de acordo com o


ponto de vista do observador, da seguinte maneira:

Sociologia e Psicologia – manifestação somática das angústias do nosso


tempo. Uma espécie de histeria coletiva desencadeada pela organização do
trabalho moderno em pessoas com perfil emocional susceptível.

Médicos (Ortopedistas) – processo inflamatório que acomete os tendões,


que se atritam uns com os outros e todos contra proeminências ósseas ou
estruturas ligamentares muito resistentes durante os movimentos repetitivos
empregados em uma série de tarefas executadas nas indústrias. Alguns médi-
cos e profissionais de saúde parecem acreditar que os pacientes estejam simu-
lando a doença para obter ganhos secundários.

Empresários – algo a ser negado por todos os meios possíveis.

Sindicatos – algo a ser explorado, com o objetivo de forçar mudanças para a


melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.

Pacientes – fonte de dor e sofrimento de angústia e de medo sobre o presen-


te e sobre o futuro de sua capacidade de receber o seu salário bem como de
manter-se em seu próprio emprego.

Outra preocupação do paciente, então já acometido pela doença, é em relação ao


seu prognóstico, que pode em muitas ocasiões ser sombrio, como no seguinte relato:
Desde que comecei a trabalhar na digitação, em 1982, passei a sentir um incômodo no braço,
principalmente no pulso. Depois veio a dor... as outras colegas reclamavam da mesma coisa... com
o tempo a gente vai ficando isolada... não consegue fazer mais nada de interessante... agora... até
namorar fica difícil... fiquei traumatizada quando o médico do INPS me mandou para a fisioterapia.
Lá, todos os doentes faziam o mesmo tratamento, independente da doença. Tanto fazia ser acidente,
derrame cerebral, tenossinovite... foi horrível... a gente piorava porque fazia exercícios com as
mãos, apertando uma bolinha de borracha... e aquela água suja da hidromassagem... não gosto
nem de me lembrar...eu me sinto aleijada. Não aguento olhar para as minhas mãos e ver os meus
dedos tortos e a palma da mão afundada, mesmo depois de 2 cirurgias, incontáveis sessões de
Doenças ocupacionais

fisioterapia e infiltrações com corticoides. Depois de tentar voltar ao trabalho por 3 vezes e o Centro
de Reabilitação Profissional não ter conseguido me arrumar uma ocupação que não agravasse o
meu quadro, fui aposentada, em 1989. Aposentada aos 29 anos... por invalidez... (BARREIRA, 1989)

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Conceito
Existem vários conceitos para LER/DORT. Para Barreira (1989):
As lesões por esforços repetitivos são definidas como um conjunto de disfunções músculo-
esqueléticas que acometem os membros superiores e região cervical e estão relacionadas ao
trabalho, principalmente em áreas como indústrias de eletroeletrônicos, de alimentos, químicas,
têxteis, serviços de telefonia e de entrada de dados em terminais de computação, entre outras.

Ao longo do mundo, a doença recebe diferente denominação. Na Austrália o nome


é similar ao Brasil (RSI – Repetitive Stain Injury). Nos EUA, recebe o nome de CTD (Cumu-
lative Trauma Disorders), enquanto no Japão destacam-se a localização dos sintomas e a
sua relação com o trabalho (por exemplo OCD – Ocupational Cervicobrachial Disorders).

Epidemiologia
Conforme visto anteriormente, há poucos dados disponíveis no Brasil relativos à
prevalência de LER/DORT. Um dos maiores estudos já realizados no país ocorreu em
2001, sob a responsabilidade do Centro de Referência de Saúde do Trabalhador no
município de São Paulo (Cerest-SP). Na ocasião, foram estudados 620 trabalhadores in-
seridos no Programa de Saúde do Trabalhador da zona norte de São Paulo naquele pe-
ríodo. Os números obtidos refletem uma realidade não só brasileira, mas que também
confere com a literatura mundial sobre o assunto.

Dos 620 trabalhadores estudados, 540 (87%) correspondem a mulheres, enquan-


to apenas 80 (13%) eram homens. Destes, a maioria encontrava-se na faixa etária entre
26-35 anos (45%), seguidos por trabalhadores entre 36-45 anos (23,5%), 18-25 anos
(18,4%), mais que 46 anos (10%) e menos que 18 anos (0,6%). Apenas 2,5% dos traba-
lhadores não responderam a esse item.

Em relação ao ramo de atividade, a maioria dos trabalhadores estudados eram


bancários (35,5%). Logo após vinham os metalúrgicos (33,7%), funcionários de servi-
ços públicos e privados em geral (13,7%), funcionários do comércio (3,1%), trabalhado-
res do ramo de confecção e vestuário (2,1%), gráficas (1,5%), comunicações (1%), entre
outros (9,4%).

Sobre a função exercida, a grande maioria dos trabalhadores estudados eram


Doenças ocupacionais

montadores (30,2%), seguidos pelos digitadores (18,2%). Logo após apareciam os


caixas (13,1%), escriturários (8,4%), costureiras, compensadores e operadores de má-
quinas (1,5%), seguidos dos auxiliares de escritórios (1,1%), entre outros (25,5%).

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A região do corpo mais afetada foi os punhos (20%). Logo após apareceram an-
tebraços (15,1%), mãos (12,3%), região cervical (11,8%), membros superiores (11,3%),
ombros (8,9%), cotovelos (7,7%), quirodátilos (4,9%), entre outros (8%).

No que tange ao tempo da queixa percebeu-se que a maioria dos pacientes ini-
ciou o quadro entre 1 e 12 meses da primeira procura ao ambulatório médico espe-
cializado (38,1%). As demais buscas de auxílio clínico ocorreram entre 13 e 24 meses
(22,1%), 25 e 36 meses (11,9%), 37 e 48 meses (8,7%), menos de 1 mês (5,8%), 49 e 60
meses (4,2%), mais que 85 meses (3,8%), 61 e 72 meses (3,1%) e 73 e 84 meses (2,3%).

O último dado colhido foi em relação ao tempo de afastamento dos trabalha-


dores. Da população de 620 casos estudados, 218 (35,1%) receberam algum tipo de
afastamento. Destes, a maioria permaneceu afastada entre 1 e 6 meses (14,2%). Em
seguida, vieram aqueles que permaneceram afastados por menos de 1 mês (7,1%),
entre 7 e 12 meses (5,8%), 13 a 18 meses (3,5%), 19 a 24 meses (1,8%), 25 a 36 meses
(1,6%), 37 a 48 meses (1,1%).

LER/DORT
Conforme visto anteriormente, LER/DORT são assuntos muito amplos, que envol-
vem diversos fatores. As populações observadas e constatadas com o diagnóstico da
doença possuem características específicas, cada qual com sua peculiaridade, e que
podem ser elencadas como causas para o aparecimento da doença. São elas:

uso repetitivo de um grupo muscular;

uso de força por um grupo muscular específico;

postura inadequada (posto de trabalho antiergonômico);

necessidade de manter o mesmo gesto profissional durante toda jornada de


trabalho;

postura viciosa de membros superiores;

tarefas que exijam elevação de membros superiores acima da linha dos


ombros associada à força;
Doenças ocupacionais

falta de pausa durante a jornada de trabalho;

insatisfação;

sobrecarga (horas extras, volume, ritmo);

tensão (cobrança de produtividade, falta de controle ou autonomia).

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Classificação
As LER/DORT são classificadas em tendinites inflamatórias, síndromes nervosas
periféricas compressivas, bursites e outras. A diferença entre elas encontra-se na re-
alização de anamnese clínica e ocupacional e exame físico. Eventualmente, pode-se
solicitar alguns exames complementares para a confirmação do diagnóstico a fim de
realizar o tratamento mais adequado. As principais LER/DORT são:

Tendinites inflamatórias – tenossinovite ocupacional, dedo em gatilho, sín-


drome de De Quervain, tendinite da cabeça longa do bíceps, epicondilite La-
teral e medial e tendinite do supraespinhoso.

Síndromes nervosas periféricas compressivas – síndrome do desfiladeiro


torácico, síndrome do supinador, síndrome do planador redondo, síndrome
do túnel cubital, síndrome do túnel do carpo e síndrome do canal de Guyon.

Bursites – ombro, cotovelos, joelhos, articulações coxofemorais.

Outras – síndrome tensional do pescoço, síndrome miofascial, cisto sinovial,


radiculopatia cervical e fibromialgia.

Tendinites inflamatórias
As tendinites inflamatórias são aquelas causadas pela inflamação aguda ou crônica
dos tendões ou das bainhas. A principal característica nesse quadro é a dor. Também
pode haver edema localizado, rubor na região afetada e aumento da temperatura local.

Tenossinovite ocupacional
O trabalhador com essa doença inicia com quadro de dor. Logo após, podem apa-
recer outros sintomas, tais como redução de força, sensação de peso com ou sem pa-
restesia ou alteração de sensibilidade. Ao exame físico pode-se observar o calor local,
rubor, além do espessamento dos tendões ao longo do músculo.

Tenossinovite dos flexores dos dedos (“dedos em gatilho”)


Doenças ocupacionais

Essa doença é resultado da constrição da bainha tendinosa, que impede o desli-


zamento normal do tendão em sua bainha. Nesse caso, o paciente tem dificuldade em
estender normalmente os dedos devido a um bloqueio mecânico. A extensão forçada
gera sensação de salto, como um obstáculo vencido. Observa-se no exame clínico um
nódulo palpável na primeira polia dos flexores.

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Tenossinovite estenosante (síndrome de De Quervain)
Consiste na constrição dolorosa da bainha comum dos tendões abdutor longo e ex-
tensor curto do polegar. Observa-se que o paciente sente dor na região que pode irradiar
para o lado radial do antebraço até o ombro pela passagem difícil e dolorosa desses ten-
dões no processo estiloide do rádio. No exame clínico, observa-se uma tumefação sobre
esse processo estiloide do rádio. Também é realizado o teste de Filkenstein, segurando
a mão do paciente, com o antebraço em posição neutra, e fletindo--se o primeiro dedo
sobre a palma da mão. Logo após, é realizado o desvio ulnar do punho. O teste é positivo
quando houver reprodução da dor sobre o processo estiloide do radio.

Epicondilites laterais (cotovelo do tenista) ou mediais (cotovelo do golfista)


São associadas a posturas viciosas do membro superior afetado, compressão me-
cânica do cotovelo, esforço excessivo na extensão, flexão ou pronosupinação do an-
tebraço. Há um comprometimento do grupo muscular extensor-supinador ou flexor-
planador. O paciente sente dor ao apanhar objetos, estender ou fletir o punho com
limitação funcional progressiva ao exame físico são observados edema e dor à palpa-
ção de epicôndilos, com dor contra a resistência e redução da força de pressão.

Tendinite da cabeça longa do bíceps e supraespinhoso (síndrome do impacto)


Ocorre devido à postura viciosa do membro superior afetado por tarefas que
exijam elevação do braço acima do nível dos ombros por longo período de tempo.
Sensação de dor na face anterior do ombro, que pode se irradiar para o braço e é agra-
vada ao esforço. O diagnóstico dessa doença é realizado através do sinal de Yerga-
son, no qual o paciente sente dor sobre o tendão bicipital e à supinação do antebraço
contra a resistência.

Síndromes nervosas periféricas compressivas


Ocorrem devido especialmente ao próprio processo inflamatório tendíneo, que
gera compressão. Nesses casos, além da anamnese do exame físico, a eletromiografia
pode ser utilizada.
Doenças ocupacionais

Síndrome do desfiladeiro torácico


Consiste na compressão anormal do plexo braquial, artéria e veia subclávia na
altura da clavícula, primeira artéria torácica e musculatura adjacente. Acometem tra-
balhadores que permaneçam longos períodos com os braços elevados acima do nível

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dos ombros, empregando força. Os principais sintomas são parestesia, perda de força
e pontos dolorosos, com presença de pontos de gatilho na cintura escapular que, ao
serem comprimidos, geram dor irradiada da coluna para todo o membro superior. O
diagnóstico é realizado através do teste de Adson, quando o paciente, sentado, realiza
inspiração profunda e contém a expiração. Logo após, estende o pescoço e gira o rosto
em direção ao lado em que está sendo examinado, enquanto o examinador palpa as
pulsações da artéria radial. O teste é positivo quando o pulso diminui ou desaparece,
ou quando há reprodução dos sintomas anteriormente referidos pelo paciente.

Síndrome do supinador
É a compressão do nervo mediano na altura do cotovelo pelo músculo supinador.

Síndrome do túnel cubital


Consiste na compressão do nervo ulnar no cotovelo por movimentos repetitivos
ou de apoio dos cotovelos. Ocorre especialmente à noite ou quando o cotovelo é man-
tido em flexão e pronação. Pode haver redução da força e alteração de sensibilidade do
quarto e quinto quirodátilos.

Síndrome do túnel do carpo


É a compressão do nervo mediano na altura do túnel do carpo. O paciente poderá
sentir parestesia noturna, desconforto, com possível irradiação para todo o membro
superior, déficit de força, dor e dificuldade na realização dos movimentos finos. Nesse
caso, o diagnóstico é realizado através da percussão do nervo mediano junto à face
lateral flexora do punho, o que reproduz os sintomas (sinal de Tinel), e da flexão a 90°
dos punhos, encostando-se a face dorsal das duas mãos uma na outra, o que também
reproduz os sintomas (sinal de Phalen).

Síndrome de Guyon
Consiste na compressão do nervo ulnar no punho, o que gera alterações na sensi-
bilidade no quarto e quinto quirodátilo, com redução de força e pinça.
Doenças ocupacionais

Bursites
É a condição em que a bursa fica inflamada e irritada, causando dor e edema local.
Pode ocorrer nos ombros, cotovelos, joelhos e articulações coxofemoral.

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Bursite no ombro
A mais comum afeta a bursa subacromial. Ocorre por enrijecimento tendíneo
através do excesso de utilização do supraespinhoso, ou ainda pelo depósito de cálcio
no tendão, interferindo na mobilização do ombro.

Bursite no cotovelo
Atinge principalmente a bursa olecraniana. Ocorre, principalmente, devido a
trauma ou apoio prolongado.

Bursite no joelho
É a inflamação na bursa que envolve a patela. O principal sintoma é a dor em
região anterior da patela, podendo haver edema. Ocasionada pelo trauma direto ou
hábito de se ajoelhar.

Bursite no quadril
Atinge especialmente a região do trocânter maior do fêmur. Dor intensa relaciona-
da ao atrito repetitivo do músculo tensor da fáscia lata deslizando sobre o trocânter.

Outras patologias
Síndrome miofascial e tensional do pescoço
Gerada pelo excesso de atividades físicas, trabalho que cause fadiga, postura vi-
ciosa, posto de trabalho antiergonômico. Os principais sintomas são dor e contratura
muscular. Observam-se pontos gatilhos na musculatura envolvida.

Fibromialgia
É o comprometimento doloroso, crônico e difuso do sistema osteomuscular. Os
pacientes apresentam fadiga, insônia, rigidez, dores difusas, ansiedade e depressão. Os
exames geralmente são normais.
Doenças ocupacionais

Tratamento
O objetivo do tratamento é a busca da melhora do quadro clínico com o retor-
no do paciente às suas atividades habituais. Esse retorno deve, obrigatoriamente, vir

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acompanhado de alterações ergonômicas nos postos de trabalho ou de readaptação
em outra atividade que não apresente os mesmos fatores biomecânicos envolvidos no
desencadeamento e agravo da lesão.

É fundamental que o paciente coopere e tenha consciência de suas restrições,


não só no trabalho, mas também nas suas atividades diárias de vida. É um tratamento
a longo prazo, sendo necessário o estadiamento da LER para a sua definição.

O repouso é a primeira e mais importante medida. Deve haver restrição ao mo-


vimento em todas as atividades que envolvam sobrecarga muscular dos membros
atingidos. Logo após, inicia-se terapia com anti-inflamatórios não hormonais e, em
alguns casos, anti-inflamatórios hormonais. Vitamina B6 e miorrelaxantes também são
utilizados.

Algumas outras medidas podem ser usadas, tais como calor local (relaxamento
muscular), gelo (analgésico e anti-inflamatório) e exercícios de alongamento e fortale-
cimento das áreas da musculatura afetada. A fisioterapia proporciona importantes me-
lhoras quando associada aos demais tratamentos. Considera-se a cirurgia em poucos
casos, especialmente naqueles em que os tratamentos conservadores não apresenta-
rem resultados satisfatórios.

Texto complementar

Dicas de ergonomia
A figura ao lado apresenta uma
série de recomendações fundamen-

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tais a este tipo de atividade. Confira
na listagem abaixo, a importância de
cada uma delas.

1. De olho no conforto visual! Para


garantir o conforto visual, mantenha
seu monitor entre 45 e 70cm de dis-
tância e regule sua altura no máximo,
Doenças ocupacionais

até sua linha de visão (Veja a figura).


Isso pode ser feito através de um su-
porte de monitor, ou pela utilização de
mesas dinâmicas. Sempre que possível procure “descansar” a vista, olhando para ob-
jetos (quadros, plantas, aquários etc.) e paisagens a mais de 6 metros.

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2. Punho neutro é fundamental! Assim como a altura do monitor, a do teclado
também deve poder ser regulável. Ajuste-a até que fique no nível da altura dos seus
cotovelos. Durante a digitação é importante que o punho fique neutro (reto) como
na figura anterior. Mantenha o teclado sempre na posição mais baixa e digite com
os braços suspensos ou use um apoio de punho.

3. Pés bem apoiados! É importante que as pessoas possam trabalhar com os


pés no chão. As cadeiras devem, portanto, possuir regulagens compatíveis com as
da população em questão. Para o Brasil, o ideal seriam cadeiras com regulagem de
altura a partir de 36cm. Quando a cadeira não permite que a pessoa apoie os pés no
chão, a solução é adotar um apoio para os pés, que serve para relaxar a musculatura
e para melhorar a circulação sanguínea nos membros inferiores.

4. Dê um descanso para as costas! - Com excessão de algumas atividades, as


cadeiras devem possuir espaldar (encosto) de tamanho médio. Uma maior superfí-
cie de apoio garante uma melhor distribuição do peso corporal e um melhor relaxa-
mento da musculatura. É recomendável, ainda, que as cadeiras não tenham braços
(o apoio deve estar nas mesas, para garantir um apoio correto) e o revestimento
deve ser macio e com forração em tecido rugoso.

Dicas gerais
A – Iluminação – Para evitar reflexos, as superfícies de trabalho, paredes e pisos,
devem ser foscas e o monitor deve possuir uma tela antirreflexiva. Evite posicionar o
computador perto de janelas e use luminárias com proteção adequada.

B – Cores – Equilibre as luminâncias usando cores suaves em tons mate. Os


coeficientes de reflexão das superfícies do ambiente devem estar em torno de: 80%
para o teto; 15 a 20% para o piso; 60% para a parede (parte alta); 40% para as divisó-
rias, para a parede (parte baixa) e para o mobiliário.

C – Temperatura – Como regra geral, temperaturas confortáveis, para ambien-


tes informatizados, são entre 20 e 22 graus centígrados, no inverno e entre 25 e 26
graus centígrados no verão (com níveis de umidade entre 40 a 60%).
Doenças ocupacionais

D – Acústica – É recomendável para ambientes de trabalho em que exista so-


licitação intelectual e atenção constantes, índices de pressão sonora inferiores à 65
dB(A). Por esse motivo recomenda-se o adequado tratamento do teto e paredes,
através de materiais acústicos e a adoção de divisórias especiais.

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E – Humanização do ambiente – Sempre que possível humanize o ambiente
(plantas, quadros e quando possível, som ambiente). Estimule a convivência social
entre os funcionários. Muitas empresas que estão adotando políticas neste sentido
vêm obtendo um aumento significativo de produtividade. Lembre-se de que o pro-
cesso de socialização é muito importante para a saúde psíquica de quem irá traba-
lhar nele.

(Dicas de Ergonomia. Disponível em: <www.ergonomia.com.br/htm/dicas.htm#visao>.


Acesso em: 8 abr. 2008)

Ampliando conhecimentos

ALMEIDA, I. M. Dificuldades no diagnóstico de doenças ocupacionais e do traba-


lho. Jornal Brasileiro de Medicina, v. 74, n. 1/2, p. 35-48, 1998.

Atividades

1. Você é funcionário de uma grande empresa metalúrgica. Um operário o procura


com queixa de dor no ombro esquerdo e a relaciona com o trabalho repetitivo
que exerce na empresa. O que você, em Segurança do Trabalho, deve saber?

a) O tempo que esse funcionário está na empresa não é relevante.

b) Conhecer as atividades exercidas por esse trabalhador é fundamental para


a elucidação do quadro.

c) As atividades exercidas fora da empresa não são importantes, mesmo que


possam influenciar no quadro.

d) A jornada de trabalho desse funcionário não interfere no diagnóstico.

2. Qual dos trabalhadores abaixo, de acordo com os conhecimentos teóricos e as


Doenças ocupacionais

estatísticas existentes, é mais propenso a ser portador de um distúrbio osteo-


muscular relacionado ao trabalho?

a) Frentista de posto de gasolina, homem, 57 anos.

b) Empresária, mulher, 45 anos.

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c) Professor aposentado, homem, 71 anos.

d) Bancária, mulher, 32 anos.

e) Jornalista, mulher, 38 anos.

Referências

ALMEIDA, I. M. Dificuldades no diagnóstico de doenças ocupacionais e do trabalho.


Jornal Brasileiro e Medicina, v. 74, n 1/2, p. 35-48, 1998.

BARREIRA T. H. C. Um enfoque ergônomico para as posturas de trabalho. Revista Bra-


sileira de Saúde Ocupacional, v. 17, n. 67, 1989.

CONSULTÓRIO MÉDICO. Revista da Associação Paulista de Medicina, ano1, n. 3, 3.º


trimestre,1990.

D’ASSUMPÇÃO, E. A. Livro das Especialidades Médicas. Belo Horizonte: Coopmed,


2000.

PROTEÇÃO. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n. 180, dez., 2006.

Gabarito

1. B

2. D
Doenças ocupacionais

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Previdência Social
A Previdência Social é um seguro que garante ao trabalhador ou à sua família uma
renda quando ocorrer perda, temporária ou permanente, da capacidade de trabalho
em decorrência dos riscos sociais.

A Lei Elói Chaves, criada em janeiro de 1923, através do Decreto 4.682, foi consi-
derada a primeira lei brasileira de Previdência Social. Tudo começou com a Caixa de
Aposentadorias e Pensões destinada aos empregados de empresas ferroviárias, criada
pelo Congresso Nacional, que os beneficiava com assistência médica, remédios subsi-
diados, auxílio-funerário e pensões também para seus dependentes. Em 1926, os be-
nefícios foram estendidos também para os trabalhadores das empresas portuárias e
marítimas.

Com a Era Vargas, em 1930, houve a reestruturação da Previdência Social, sendo


incorporadas praticamente todas as categorias de trabalhadores urbanos. Ocorreu a
criação de grandes Institutos Nacionais de Previdência e o financiamento dos benefí-
cios começou a ser repartido entre os funcionários, empregadores e o Governo Federal
em observação à Seguridade Social, que foi um conceito inspirado na legislação previ-
denciária americana, com uma nova concepção de Seguro Social Total que procurava
abranger toda a população na luta contra a miséria, auxiliando na garantia de condi-
ções sociais dignas.

A Lei Orgânica, de 1960, originou toda a doutrina previdenciária atual. A Previ-


dência Social foi elevada à condição de instituto, passando a abranger quase todos os
trabalhadores urbanos brasileiros.Também unificou a legislação previdenciária relati-
va a todos os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) Marítimos, Bancários,
Estiva e Transporte de Cargas, Industriários e Servidores do Estado. Inicia-se, portanto,
o princípio da universalidade, incluso na Constituição Cidadã de 1988.

Criado em 1967, o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS), através da fusão


de cinco dos seis IAPs (exceto o IAPSDE – dos Servidores do Estado, extinto nos anos
1980), era responsável por toda a assistência médica dos trabalhadores formais. O tra-
balhador contribuía com 8% de seu salário, mais 8% da folha de pagamento da em-
presa, independentemente da função ou cargo exercido dentro da empresa (ramo de
atividade ou categoria profissional). Cobria os trabalhadores autônomos ou emprega-
dores (individualmente) que contribuíssem em dobro para o INPS (16% de sua renda
básica).

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O Ministério da Previdência e Assistência Social, criado em 1974, passou a ter
todas as atribuições referentes à Previdência Social.

Ao INPS, cabia a concessão de benefícios, a readaptação do profissional às ativida-


des de trabalho e o amparo aos idosos.

Ao Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (Iapas) cabia a


responsabilidade de administrar e recolher recursos.

Ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) cabia


administrar o sistema de saúde previdenciária.

Em 1976, houve a consolidação do processo de criação do Sistema Nacional de


Previdência e Assistência Social (SiNPAS), bem como a criação do Fundo de Previdência
e Assistência Social como instrumento financeiro.

O SiNPAS era composto por:

Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social (Iapas).

Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps).

Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Fundação Nacional para o Bem-Estar do Menor (Funabem).

Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev).

Central de Medicamentos (Ceme).

Com a Constituição de 1988, houve a unificação formal de algumas dessas estru-


turas, sendo criado o Sistema Único de Saúde (SUS) pela Lei 8.080/90, tendo sido rea-
lizada a incorporação de hospitais universitários do Ministério da Educação, das redes
públicas e privadas conveniadas de saúde nos estados e municípios, formando um
sistema que, teoricamente, tem abrangência nacional.

O artigo 201 da Lei 8.080 da Constituição Federal de 1988 ainda determina que a
Previdência Social será organizada sob regime geral, de caráter contributivo e de filia-
ção obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atenderá
nos termos da lei:
Previdência Social

à cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte ou idade avançada;

à proteção à maternidade, especialmente à gestante;

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à proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

ao salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de


baixa renda;

à pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou compa-


nheiro e dependentes.

A diferença entre INSS e SUS


INSS: Vinculado ao Ministério da Previdência Social, é responsável pela conces-
são de benefícios aos seus contribuintes em casos de doença, invalidez, morte
e idade avançada, além de dar proteção à maternidade.

Dispõe de serviços de perícia médica e reabilitação de trabalhadores que estão


vinculados à Previdência Social.

Deve haver contribuição para que o servidor tenha acesso aos benefícios.

SUS: Vinculado ao Ministério da Saúde, é responsável pela assistência à saúde


de todo cidadão contribuinte ou não do INSS.

Dispõe de atendimento médico, internações, diversos tratamentos, convênios


com muitos hospitais ou qualquer outro serviço na área de saúde pública.

Garantia de assistência à saúde a todo cidadão, sem a necessidade de


contribuição.

Seguro social
É o Sistema de Proteção Social que assegura o sustento do trabalhador e de sua fa-
mília, quando ele não puder trabalhar por causa de doença, acidente, gravidez, prisão,
velhice ou morte.

Regime geral da Previdência Social


Previdência Social

O salário benefício é o valor básico utilizado para definir a renda mensal dos be-
nefícios, exceto o salário-família, salário-maternidade e os benefícios dos segurados
especiais.

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Corresponde à média dos 80 maiores salários de contribuição do segurado conta-
dos a partir de julho de 1994.

Para a aposentadoria por tempo de contribuição e por idade, deve-se multiplicar


a média pelo fator previdenciário.

Conceitos básicos
Benefícios previdenciários: são os benefícios concedidos em razão de incapa-
cidade proveniente de causa comum.

Benefícios acidentários: são os benefícios concedidos nos casos de incapaci-


dade decorrente de acidentes do trabalho (inclui doença ocupacional).

Carência: é o tempo de contribuição exigido para se garantir o recebimento da


aposentadoria ou de outros benefícios a que tem direito o assegurado.

Acidente de trabalho: ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa


ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão cor-
poral ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, perma-
nente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Benefícios oferecidos pelo regime geral da Previdência Social


Auxílio-doença.

Auxílio-acidente.

Aposentadoria por invalidez.

Auxílio-reclusão.

Pensão por morte.

Salário-maternidade.

Salário-família.

Aposentadoria por idade.


Previdência Social

Aposentadoria por tempo de contribuição.

Aposentadoria especial.

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Auxílio-doença
É o benefício concedido ao segurado que ficar incapacitado temporariamente ao
trabalho, por motivo de doença ou decorrente de acidente de qualquer causa ou na-
tureza. Todos os segurados têm o direito de receber auxílio-doença, a partir do 16.° dia
de incapacidade. O contribuinte individual, doméstico, avulso, especial e facultativo, a
partir da data em que resultou a incapacidade.

Serviços de amparo oferecidos


Serviço Social.

Perícia médica.

Reabilitação.

A carência mínima é de 12 contribuições mensais (para alguns casos previstos


em Lei, a carência não é necessária). O valor do benefício corresponde a 91% do salá-
rio de benefício. Do 1.° ao 15.° dia de auxílio-doença quem paga é a empresa, exceto
autônomos; mais de 15 dias quem paga é o INSS. Nesse caso é obrigatório exame peri-
cial, tratamento e reabilitação e, segundo o artigo 62 da Lei 8.213/91, fica estabelecido
que o segurado em gozo do auxílio-doença, insusceptível de recuperação para a sua
atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que o mesmo seja dado como
habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou
quando, considerado não recuperável, for aposentado por invalidez.

Há casos especiais em que não há a necessidade da carência mínima de 12 con-


tribuições. São eles:

tuberculose ativa;

hanseníase (lepra);

alienação mental (loucura);

neoplasia maligna (câncer);

cegueira;
Previdência Social

paralisia irreversível e incapacitante;

cardiopatia grave (doença grave do coração);

doença de Parkinson (doença caracterizada por tremores e rigidez facial);

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espondiloartrose anquilosante (artrose aguda nas vértebras);

nefropatia grave (insuficiência ou mal funcionamento dos rins);

estado avançado da doença de Paget (inflamação deformante nos ossos);

síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids);


contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada;

hepatopatia grave.

Auxílio-acidente
É o benefício cedido como indenização ao segurado empregado, trabalhador
avulso, segurado especial e ao médico residente que sofram lesões ou apresentem
sequelas de acidentes de qualquer natureza (auxílio-acidente previdenciário) ou aci-
dente de trabalho (auxílio-acidente acidentário). Pode ser acumulado com outros be-
nefícios pagos pela Previdência, exceto aposentadoria.

Quando for concedida a aposentadoria, o valor do auxílio-acidente será computa-


do como salário de contribuição. Nesse caso não é exigido o cumprimento do período
de carência e seu valor corresponde a 50% do salário de benefício.

Aposentadoria por invalidez


É o benefício pecuniário concedido ao segurado que, estando ou não em auxílio-
doença, seja considerado incapaz definitivamente para o trabalho e insusceptível de
reabilitação. Todos os segurados têm o direito de receber o benefício da aposentadoria
por invalidez, sendo a carência mínima de 12 contribuições mensais para a Previdência
Social. No caso de incapacidade provocada por acidentes de qualquer natureza não é
exigida a carência. O valor do benefício é de 100% do salário de benefício, com acrésci-
mo de 25% caso necessite de assistência permanente de outra pessoa.

É obrigatório o exame médico pericial e não deve ocorrer o diagnóstico de doença


preexistente. O beneficiado deve se afastar de todas as atividades laborais e no caso de
requerer reversão dessa condição, uma revisão pode ser solicitada.
Previdência Social

As situações em que há a necessidade do acréscimo de 25% são:

cegueira total;

perda de nove dos dez dedos da mão ou mais;

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paralisia dos dois membros superiores ou inferiores;

perda de membro inferior acima do pé quando for impossível o uso de


prótese;

perda de uma mão ou dois pés, mesmo quando for possível o uso de
próteses;

perda de um membro superior e um inferior com prótese impossível;

alteração mental com grave perturbação organizacional e social;

doença que exija permanência contínua em leito;

incapacidade permanente para atividades da vida diária.

Auxílio-reclusão
É o benefício pago aos dependentes durante todo o período de detenção ou re-
clusão do segurado. O dependente poderá receber o benefício, desde que o segurado
recluso ou detido não receba remuneração da empresa, auxílio-doença ou aposenta-
doria, e desde que seu último salário de contribuição seja de até um salário mínimo.
Não é exigido o cumprimento do período de carência para a concessão do auxílio-
reclusão, basta comprovar que o preso é segurado da Previdência Social.

O valor é correspondente a 100% da aposentadoria por invalidez a que o segura-


do teria direito na data da reclusão. Caso haja mais de um dependente com direito ao
auxílio, o valor é dividido em partes iguais entre eles.

Pensão por morte


É o benefício pago aos dependentes quando o segurado falecer. Pode ser por
motivo de acidente de trabalho ou morte natural. Não é exigido o cumprimento do
tempo de carência, basta que se comprove a qualidade de segurado. A pensão tem o
mesmo valor da aposentadoria do segurado falecido. Se o segurado ainda não estiver
aposentado, calcula-se uma aposentadoria por invalidez com início na data do óbito.
Caso haja mais de um dependente com direito à pensão, o valor é repartido em partes
iguais entre eles.
Previdência Social

Auxílio-maternidade
Todas as seguradas da Previdência Social têm direito ao salário-maternidade.
Trata-se de um benefício concedido à segurada gestante por 120 dias, e é o único be-

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nefício da Previdência Social que não está sujeito ao teto máximo. Para a segurada que
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido o salário-
maternidade de:

120 dias, se a criança tiver até um ano de idade;

60 dias se a criança tiver de 1 a 4 anos de idade;

30 dias se a criança tiver de 4 a 8 anos de idade.

Para as trabalhadoras empregadas e avulsas, o salário-maternidade corresponde


à última remuneração (sem teto). Para as domésticas, o salário-maternidade corres-
ponde ao último salário de contribuição (com teto). Para as demais categorias, o salá-
rio-maternidade corresponde à média dos últimos dez salários de contribuição (com
teto), apurados nos últimos 15 meses.

Para as seguradas empregadas avulsas não é exigida carência, enquanto que para
as contribuintes individuais, a carência é de dez meses. Para a segurada especial (traba-
lhadora rural), é necessário ser comprovado dez meses de efetivo exercício da atividade.

Salário-família
É o benefício pago aos aposentados e trabalhadores de baixa renda para ajudar
na manutenção dos filhos. Tem direito ao benefício o segurado empregado e o tra-
balhador avulso que tenham um filho ou equiparado de até 14 anos, ou inválido de
qualquer idade, desde que a remuneração mensal seja inferior ou igual a um salário
mínimo.

Aposentados por invalidez ou por idade, e os demais aposentados com 65 anos


(homem), ou 60 (mulher), serão beneficiados nas mesmas condições do segurado em
atividade. É necessária a apresentação anual do atestado de vacinação para as crianças
de até sete anos e de frequência escolar semestral para as maiores de sete anos.

Aposentadoria por idade


Benefício concedido ao trabalhador que alcança idade considerada avançada.
Trabalhadores urbanos com 65 anos (homens), e 60 (mulheres), têm direito ao benefí-
cio, sendo que, trabalhadores rurais aos 60 (homens), e aos 55 (mulheres), desde que
não sejam empresários rurais, têm direito ao benefício.
Previdência Social

O valor do benefício é de 70% do valor do salário de benefício. O valor do benefí-


cio deve ser calculado com e sem o fator previdenciário, concedendo-se o que for mais
vantajoso para o segurado. A carência é a de ter contribuído por pelo menos 15 anos
para a Previdência Social.

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Aposentadoria por tempo de contribuição
Benefício devido ao segurado que completar período mínimo de contribuição
ao Sistema Previdenciário. Têm direito de receber o benefício todos os segurados que
completarem o período mínimo de contribuições. Para os homens o período é de 35
anos e para as mulheres 30 anos. Para os professores da Educação Infantil e Fundamen-
tal esse período é de menos cinco anos.

O valor da aposentadoria corresponde a 100% do salário de benefício, multiplica-


do pelo valor previdenciário. Quanto maiores o tempo de contribuição e a idade, maior
o valor da aposentadoria.

O segurado filiado até 16/12/1998, pode optar pela aposentadoria proporcional,


desde que conte até 30 ou 25 anos de contribuição e 53 ou 48 anos de idade, con-
forme seja homem ou mulher. Deverá ainda completar mais 40% do tempo que, em
16/12/1998, faltava para atingir 30 ou 25 anos de contribuição.

Aposentadoria especial
É concedida aos segurados empregados, exceto domésticos, e aos trabalhadores
avulsos que tenham trabalhado em condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos, de acordo com o nível de exposição aos
agentes nocivos. É necessário ter contribuído por pelo menos 15 anos para a Previdên-
cia Social. O valor da aposentadoria corresponde a 100% do salário de benefício.

Acidentes nas atividades ou exposição a longo prazo como a extração, fabri-


cação, transporte, manipulação, manutenção e operação que envolva agentes tais
como carvão mineral, chumbo, cromo, cloro, ruído (acima de 90db), sílica, níquel,
mercúrio, iodo, fósforo, petróleo, xisto betuminoso, asbestos (amianto), dissulfe-
to de carbono, temperaturas anormais (NR 15), pressão atmosférica anormal, micro
-organismos e parasitas infecciosos vivos e suas toxinas e radiações ionizantes estão
entre as causas mais frequentes apontadas como motivo das aposentadorias especiais.

Acidentes de trabalho
Consideram-se acidentes de trabalho as seguintes entidades mórbidas:

Doença profissional: distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho em di-


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gitadores; faringite no professor.

Doença do trabalho: desde que o agente físico, químico ou biológico estejam


presentes no ambiente de trabalho (pneumoconiose, silicose, câncer).

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Não são consideradas doenças do trabalho:
doença degenerativa;
inerente a grupo etário;
doença que não produza incapacidade laborativa;
doença endêmica adquirida por habitante em região que ela se desenvolva.

Equiparam-se a acidentes de trabalho:

acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente para a morte


do segurado, redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, mesmo
que não tenha sido sua única causa;

ato de agressão, sabotagem ou terrorismo, praticado por terceiro ou colega de


trabalho;

ofensa física intencional, mesmo de terceiro, por motivo de disputa relaciona-


do ao trabalho;

ato de imprudência, negligência, ou imperícia de terceiro ou de companheiro


de trabalho;

ato de pessoa privada do uso da razão;

desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de


força maior;

doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício


de sua atividade.

Acidentes sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho
quando:

na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da


empresa;

na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar preju-


ízo ou lhe proporcionar proveito;

em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada


pela empresa dentro de seus planos para melhor capacitação de mão de obra,
Previdência Social

independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de


propriedade do segurado;

no percurso da residência para o local de trabalho, ou deste para aquela, qualquer


que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

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Função da perícia médica
Em sentido amplo, é todo e qualquer ato de diagnóstico ou exame feito por
médico, com a finalidade de contribuir com as autoridades administrativas, policiais
ou judiciárias na formação de juízos a que estão obrigados. É o ato médico ou conjunto
de procedimentos atribuídos aos médicos pela legislação. Realizado por profissional
da medicina, legalmente habilitado, com a função de informar e esclarecer a alguma
autoridade sobre fato próprio de sua especificidade funcional, no interesse da justiça,
e a conclusão do laudo. É a perícia que vai determinar e contribuir diretamente na con-
cessão ou não do benefício.

Texto complementar

Qualidade de vida no trabalho – estresse


(TEIGA, 2007)

Toda a principal teoria moderna sobre o estresse tem presente uma visão ho-
lística do homem, prevendo, assim, que há a necessidade de estarmos atentos a
muitos fatores para combatê-lo. O manejo adequado do processo requer mais do
que mudança de hábitos: requer uma mudança de estilo de vida, um estilo de vida
que respeite as necessidades biológicas, sociais, afetivas e psicológicas.

Os fatores são independentes, mas complementares, como por exemplo, as


quatro rodas de um carro. Você já parou para pensar qual a roda mais importante
de seu carro?

Dieta
Quando falamos de dieta, além da alimentação em si, que obviamente está
diretamente relacionada ao processo (pois quando estamos sob estresse nosso
organismo fica carente de algumas vitaminas, metais e outros nutrientes que são
utilizados no funcionamento do sistema nervoso e mobilização muscular e cardio-
Previdência Social

vascular), estamos preocupados com a qualidade e a quantidade de nossa ingestão


alimentar. Como você se alimenta? Que tipo alimento você está ingerindo? Quem
lhe faz companhia? Qual a frequência e o tempo de cada refeição? E a quantidade?
Que tipo de assunto é tratado durante as refeições?

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Se continuar, creio que muitos de nós vamos acabar nos deprimindo ou sim-
plesmente fechando o manual, pois nossa vida moderna (moderna?) cada vez deixa
menos espaço para uma alimentação equilibrada, harmônica e saudável. Assim,
toda a análise sobre estresse e toda ação para administrá-lo inicia na mesa.

Exercícios físicos
Veja, não estou fazendo apologia às academias – apesar de saber o quanto elas
são importantes –, estou pensando em pequenas ações diárias, regulares e harmôni-
cas como nossa disponibilidade e condição física. Toda atividade física é de extrema
importância no controle do estresse. Os exercícios devem tornar-se um hábito para
preservar a saúde, especialmente a do principal músculo de nosso corpo – o coração.

É vital que sejam desenvolvidas atividades aeróbicas como caminhada, bici-


cleta, academia, dança etc., mas sempre sob orientação médica e profissional de
alguém devidamente licenciado e capacitado. Está mais do que comprovado que
esse tipo de atividade estimula a produção de endorfinas e que auxilia na redução
do excesso de cortisol e adrenalina.

Além dos benefícios biofisiológicos, as atividades físicas regulares e bem orien-


tadas também nos beneficiam em termos afetivos e psíquicos, melhorando nosso
humor, nossa capacidade de raciocínio, liberando energias bloqueadas ou mal diri-
gidas etc. Até nosso sistema imunológico é beneficiado.

Relaxamento
Como está muito mais do que comprovado, toda emoção tem repercussão fi-
siológica e vice-versa. Assim, todo estado emocional negativo é acompanhado de
tensão muscular e toda a tensão muscular acaba por gerar um estado negativo em
termos de emocionalidade.

As atividades de relaxamento têm por finalidade obter uma resposta fisiológica


que se opõe à reação de estresse. Elas levam a uma redução do ritmo respiratório, do
consumo de oxigênio, da pressão arterial e do fluxo sanguíneo visceral, favorecen-
do os músculos periféricos. Esta redução abrange, igualmente, a tensão muscular e
Previdência Social

esfincteriana.

O relaxamento leva à diminuição do estado ansioso. Assim, se a tensão mus-


cular estiver ausente, é provável que a pessoa sinta-se emocionalmente melhor,

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ficando apta a interagir adequadamente nas situações em que estiver envolvida.
Exercícios de relaxamento e de respiração aumentam o funcionamento do sistema
parassimpático e diminuem sobremaneira nossa couraça muscular.

Existem várias técnicas diferentes de relaxamento, algumas verbais, algumas


táteis, outras que envolvem movimento. Elas podem ter orientação fisiológica ou psi-
cológica e são bastante variáveis em termos de tempo. Assim, cada pessoa deve buscar
aquela técnica que melhor se adapte a tal pessoa, ao seu tempo, ao seu espaço etc.

Não podemos esquecer, no entanto, que, em alguns casos, o manejo do estres-


se requer também uma abordagem profissional psicológica e/ou médica. O auto-
conhecimento é o pressuposto básico para o desenvolvimento da autoestima, que,
por sua vez, é a mola mestra que nos impulsionará na busca de uma eficiente ad-
ministração do estilo de vida e melhor aproveitamento do tempo de que dispomos,
priorizando nossa qualidade de vida.

Diversões ou passatempo ativo


É de suma importância estruturar o tempo livre, planejar as horas de diversão
como algo que nos gere prazer para alcançar o eustresse e dissipar o distresse acu-
mulado. Aqui, diferenciamos diversão de passatempo. Em nossa visão, a diversão é
uma atividade de caráter mais passivo, ao passo que consideramos o passatempo
como algo ativo. Uma pessoa pode se divertir assistindo a uma partida de futebol
na televisão: o passatempo seria jogar uma “pelada” com os amigos. Assim, apesar
de ambos serem importantes, o passatempo tende a ser mais rico e gratificante,
pois a construção de algo, além de ajudar a estruturar o tempo, fortalece nossa
autoimagem.

Trabalho interessante
Todos nós, ou pelo menos quase todos, necessitamos trabalhar. Assim, ter um
trabalho interessante ajuda muito a criar motivação para a vida. É por meio dele que
satisfazemos nossa necessidade de admiração e de reconhecimento. Tanto o exces-
so quanto a carência desse fator pode nos levar a problemas de adaptação.
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Lembre-se que todo o trabalho pode ser interessante, e isso está mais em nós
mesmos do que no trabalho em si. O desafio fica justamente no sentido que damos
ao que fazemos.

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Grupos de apoio
Diz um velho ditado que nenhum homem é uma ilha. Conta-se que foi feita
uma experiência no Japão com pessoas assistindo a um filme de muito suspense.
Os espectadores tiveram seus sinais vitais monitorados durante o filme, e verificou-
se que aquelas pessoas que estavam sozinhas no cinema tinham maiores altera-
ções biofisiológicas. Estudos com animais mostraram a mesma coisa, ou seja, os que
foram estimulados fisicamente em grupo resistiram muito melhor aos estressores
físicos e psicológicos que aqueles isolados.

Todos nós necessitamos, para manejar o estresse nosso do dia a dia, de pessoas
próximas com quem possamos contar para dividir nossas angústias e que também
possam nos dar, de maneira incondicional, apoio e proteção.

Nada melhor para encerrar do que um pensamento de Hans Selye, que ensina
que estresse é o sal da vida, ou seja, o estresse faz parte da vida, é ele que impulsiona
as pessoas e a humanidade para a evolução e para o crescimento.

Logo, como já dissemos anteriormente, além de impossível, é indesejável eli-


minar o estresse; o desafio está em administrar o nosso estresse produtivamente.
E há duas estratégias básicas para isso: na primeira, cada um tem de apreender a
adaptar-se a uma carga suportável e há uma convivência adequada na medida em
que se obedece aos seis itens anteriormente descritos (dieta, exercícios físicos, re-
laxamento, diversão, trabalho e grupo de apoio); na segunda, que deve ser usada
quando não é mais possível nos adaptarmos, deve-se diminuir a carga, eliminar a
fonte de estresse e reestruturar a vida.

Lembre-se que cada um é o “senhor de sua vida”, não é o(a) parceiro(a), a fa-
mília, o trabalho. Cada um de nós é o responsável maior por sua própria vida e pelo
cumprimento de nosso destino. Assim... mãos à obra!

Atividades

1. É considerada doença do trabalho:


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a) faringite crônica em professor.

b) hipertensão arterial em empresário obeso de 50 anos.

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c) diabete melitus em trabalhador idoso com histórico familiar positivo para
a doença.

d) malária em trabalhador morador de região endêmica.

2. Assinale a alternativa correta.

a) Toda pessoa, de qualquer faixa etária, tem direito aos benefícios fornecidos
pela Previdência Social.

b) A perícia médica é um serviço cujas atribuições são de responsabilidade do


Ministério da Saúde.

c) O trabalhador acidentado, recebendo o auxílio-acidente, não tem direito


a ser atendido nos postos da Rede Pública de Saúde.

d) O INSS não é responsável pelos atendimentos médicos, convênios hospi-


talares, internamentos ou quaisquer outros serviços relacionados à saúde,
cabendo ao SUS gerir essa área.

e) O trabalhador só tem acesso aos serviços prestados pelo SUS após 12 meses
de carência.

Referências

PROTEÇÃO. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n. 191, p. 50-62, nov.


2007.

TEIGA, Adriano J. Proteção. Revista Mensal de Saúde e Segurança do Trabalho, n.


191, p. 50-62, nov. 2007.

Gabarito

1. A

2. D
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INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E
SAÚDE OCUPACIONAL
RUI BOCCHINO MACEDO

INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL


INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO E
SAÚDE OCUPACIONAL

Fundação Biblioteca Nacional


ISBN 978-85-387-5025-3

9 788538 750253

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