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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM


ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

SEGURANÇA DO TRABALHADOR NA PECUÁRIA LEITEIRA


NO VALE DO PARAÍBA

SÉRGIO RODRIGO DA SILVA ANDRADE


Engenheiro Eletricista

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP


Outubro/2017
A ESTRUTURA DAS PROPRIEDADES INFLUENCIA NA PREVENÇÃO DE
ACIDENTES DO TRABALHO NA PECUÁRIA LEITEIRA?

Trabalho de Conclusão de Curso.


Elaborado por exigência do curso
de Pós-Graduação em Engenharia
de Segurança do Trabalho da UNIP
– Universidade Paulista.

Orientador: Cesar Ken Mori, Engº de Segurança do Trabalho


Coorientador: Fernando Fernandez, Engº de Segurança do
Trabalho

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP


Setembro/2017
A ESTRUTURA DAS PROPRIEDADES INFLUENCIA NA PREVENÇÃO DE
ACIDENTES DO TRABALHO NA PECUÁRIA LEITEIRA?

Aprovado em __________de ______.

Jorge Luiz Coletto, Eng. de Segurança do Trabalho


Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho

BANCA EXAMINADORA

Avaliação do Trabalho Escrito

Cesar Ken Mori


Eng. de Segurança do Trabalho

Avaliação da Apresentação Oral

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP


Setembro/2017
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me guiar


pelos cominhos que me conduziram, dentre muitas conquistas, até a
conclusão desse curso.

Agradeço a minha família pela compreensão e apoio por todo o


período que estive ausente me dedicando as atividades acadêmicas.

Agradeço aos mestres que contribuíram para meu crescimento


acadêmico, cultural e pessoal, os quais dispensaram toda atenção e
dedicação, através de larga experiência em suas respectivas disciplinas.

Agradeço aos familiares, amigos e demais pessoas que tive o prazer


de conhecer no desenvolvimento desse trabalho de conclusão de curso, os
quais dedicaram seu tempo no fornecimento de informações que auxiliaram
nessa pesquisa.

Agradeço também aos amigos de classe, que tive o prazer de


conhecer e conviver durante todo o período do curso de Engenharia de
Segurança do Trabalho, os quais também contribuíram com meu
crescimento pessoal.
SUMÁRIO

RESUMO ..................................................................................................... 1
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 2
2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................. 3
2.1 Porte das propriedades leiteiras ..........................................................3
2.2 Principais riscos à saúde na Pecuária Leiteira.....................................3
2.2.1 Risco Físico ......................................................................................3
2.2.2 Risco Biológico ............................................................................... 8
2.2.3 Risco Mecânico .............................................................................. 9
2.2.4 Risco Químico ................................................................................10
3 Considerações finais .............................................................................12
4 Referências .............................................................................................13
RESUMO

A pecuária leiteira é uma dos ramos de trabalho que abrange a maior parte de
atividades existentes no âmbito rural, alem do manejo com o gado, que engloba e
ultrapassa os cuidados necessários da pecuária de corte, necessita também da
agricultura atuando em paralelo para a produção de insumos.
Pela grande diversidade de atividades, os trabalhadores desse ramo estão
expostos a um maior número de riscos no exercício de seu trabalho comparando-se
a outros tipos de culturas. Nessa pesquisa apontaremos quais são esses riscos e
quais métodos de prevenção são adotados nas propriedades.
O objetivo desse trabalho é fazer uma análise sobre a cultura de segurança
existente nas propriedades rurais que atuam na pecuária leiteira do Vale do Paraíba,
buscar uma relação entre as diferentes estruturas existentes ao perfil dos
empregadores e empregados na utilização de boas práticas em segurança do
trabalho.

Palavras chaves: Trabalho rural, saúde e segurança na agropecuária.


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1. INTRODUÇÃO

É importante esclarecer, antes de mais nada, que acidente de trabalho rural é


todo ato aquele que ocorre quando o empregado estiver a serviço do patrão ou da
empresa, inclusive no percurso indo ou voltando do local de trabalho. E que doença
profissional é aquela adquirida em função da atividade profissional do empregado,
exposto a agentes agressivos à sua saúde.
O acidente do trabalho é definido sob dois aspectos: primeiro, em termos de
prevenção ou o conceito prevencionista e, segundo, em termos legais. No primeiro
caso, no conceito prevencionista, o acidente de trabalho pode ser definido por
“qualquer ocorrência não desejada que modifica ou põe fim a um trabalho,
ocasionando perda de tempo, danos materiais, danos físicos parciais ou
permanentes ou morte, ou, ainda, as três coisas juntas."
No segundo caso, no conceito de acidente rural, conforme o Regulamento do
Seguro de Acidentes do Trabalho Rural, em seu artigo segundo, diz que é “acidente
do Trabalho Rural, a serviço de empregador, provocando lesão corporal,
perturbação funcional ou doença, e que cause a morte ou a perda ou a redução
permanente ou temporária da capacidade para o trabalho e que, embora não tenha
sido causa única, contribua diretamente para a morte ou perda ou redução da
capacidade para o trabalho, equiparando-se ao acidente a doença profissional
inerente à atividade rural e definida em portaria ministerial”.
A exploração agropecuária, em qualquer país do mundo, é uma atividade
importante quer pelo número de pessoas envolvidas, quer pelo capital investido,
como também, pelo valor que a mesma representa na economia de qualquer país.
O número de acidentes que ocorrem a cada ano na agricultura é desconhecido
totalmente, uma vez que os dados oficiais referem-se apenas ao contingente de
trabalhadores formais. Porém, sabe-se que esta exploração se situa, juntamente
com construção civil, indústria e transporte, entre as mais perigosas.
O acidente de trabalho além de representar um custo elevado em termos de
tratamento médico, indenizações, perdas de produção, danos às máquinas, atrasos
e outros, traz graves problemas ao acidentado e à sua família. No meio rural, para a
infelicidade de muitos, se concentra uma alta taxa de trabalhadores sem registro e,
portanto, desassistidos pelos órgãos de assistência social e saúde públicos.
Ao se analisarem as medidas de prevenção de acidentes para o trabalho rural,
deve-se ter em mente que os princípios fundamentais de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho, assim como a sua aplicação, são os mesmos que os
recomendados para os demais tipos de exploração econômica, ou geram a
regulamentação oficial, inspeção das condições de trabalho, normas técnicas e
treinamento de trabalhadores.
Entretanto, em virtude das condições em que se dá a agropecuária, nem sempre
o trabalho pode ser supervisionado diretamente, o que torna difícil a coordenação e
a vigilância de medidas prevencionistas de segurança. Daí, a importância que se
deve dar à educação, ao treinamento e adequação visando a prevenção de
acidentes e às doenças no trabalho na agropecuária.
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Porte das propriedades leiteiras

Não existe uma regra estabelecida para classificação do porte das


propriedades rurais, algumas variáveis como: disponibilidade de implementos
agrícolas, tamanho do rebanho, extensão das terras produtivas, etc., podem nortear
uma analogia nesse sentido, no entanto, para facilitar o comparativo entre as
estruturas das propriedades aqui pesquisadas iremos classifica-las em quatro
grupos de produção:
- Doméstica: Produção de até 50 litros de leite/dia.
- Pequena: Produção de 51 a 200 litros de leite/dia.
- Média: Produção de 201 a 1000 litros de leite/dia.
- Grande: Produção acima de 1001 litros de leite/dia.

2.2 Principais riscos à saúde na Pecuária Leiteira

2.2.1 Risco Físico

Exposição às radiações solares por longos períodos, sem observar pausas e


as reposições calóricas e hídricas necessárias, desencadeia uma série de
problemas de saúde, tais como cãibras, síncopes, exaustão por calor,
envelhecimento precoce e câncer de pele.
A Pecuária Leiteira desenvolve grande parte de suas atividades ao ar livre e
com isso os trabalhadores permanecem a maior parte do tempo expostos às
diversas condições meteorológicas dentre elas, a exposição ao Sol. Na grande
maioria das propriedades apenas o processo de ordenha é realizado em ambiente
coberto, nas propriedades de médio e grande porte onde, para o aumento da
produção, existe a fabricação de ração, essa atividade também é realizada em
ambiente protegido.
Na grande maioria das propriedades não é utilizado qualquer tipo de recurso
com o objetivo de proteção às radiações solares, em casos pontuais e por iniciativa
do trabalhador, independente do porte das propriedades, os mais jovens adotam a
utilização de protetor solar. Mesmo nas grandes propriedades onde existe a
disponibilização de protetor solar aos trabalhadores o uso é facultativo e pouco
praticado. Um dos recursos mais utilizados, que indiretamente influencia na proteção
do rosto, é a utilização de chapéu ou boné, os quais são utilizados com o principal
objetivo de proporcionar conforto aos olhos.
Exposição a ruído e à vibração que estão presentes pelo uso das máquinas
costais, colhedeiras, picadeiras, tratores etc. O ruído provoca perda lenta e
progressiva da audição, fadiga, irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios
do sono etc.
Conforme levantamento realizado na pesquisa a preocupação com a proteção
auditiva dos trabalhadores está presente apenas nas propriedades de grande
produção, nelas existe o fornecimento e orientação para o uso do protetor auricular,
embora a supervisão para o uso não seja muito efetiva. Nas demais propriedades
não foram observadas a preocupação com a utilização desse tipo de proteção,
algumas delas ouve a iniciativa de implantação do uso de proteção, mas como os
funcionários resistiam a utilizar, deixaram de oferecer.
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A seguir serão apresentados alguns dados referentes a ruídos:

Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA


DB (A) PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

Níveis de ruído medido nos implementos e utensílios agrícolas


Nível Medido Máxima exposição diária
Recurso DB (A) permitida
Trator 89 4 horas e 30 minutos
Trator com ensiladeira 93 2 horas e 40 minutos
Picadeira 95 2 horas
Moedor 108 20 minutos
Misturador 85 8 horas
Perfurador de Solo 105 30 minutos
Roçadeira 98 1 hora
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A picadeira é o utensílio indispensável para a produção de volumoso,


alimentação complementar à pastagem, mesmo nas produções domésticas esse
equipamento torna-se indispensável para o fornecimento de complemento no coxo,
o que expõe os trabalhadores a essa fonte de ruído em todas as propriedades.
Diretamente relacionado ao volume de produção a necessidade de
mecanização do processo torna-se indispensável pela inviabilidade de execução das
tarefas manualmente, assim, quanto maior a propriedade mais implementos e
utensílios são necessários.
Nas grandes propriedades durante o plantio, colheita, armazenamento e
silagem de insumos, os trabalhadores ficam expostos em período integral da jornada
de trabalho ao ruído dos tratores, felizmente para essas propriedades a utilização do
protetor.
Já a exposição à vibração ocasiona desconforto geral, dor lombar,
degeneração dos discos intervertebrais, etc. A exposição a vibrações também
atingem todas as propriedades cada qual com seu tipo de fonte, desde utilização da
enxada até uso de tratores no plantio de capim por exemplo.
Nas produções domésticas o plantio e colheita sejam de cana, capim, milho,
sorgo, etc. quando praticados, são feitos manualmente, essa atividade causa um
grande desconforto tanto pela vibração quanto pela condição ergonômica, que
abordaremos a frente com mais detalhes.
Com o aumento das propriedades aumenta a necessidade de utilização de
utensílios e implementos, modificando-se as fontes de vibração as quais os
trabalhadores ficam expostos como exemplo do outra extremidade as grandes
produções onde: plantio/colheita de insumos, fabricação de ração, ordenha,
abastecimento de coxo, etc. são totalmente mecanizados, estando o trabalhador na
operação de todo esse maquinário.
A mecanização das propriedades se dá tão somente pela necessidade da
produção ter tempo para sua execução, o tempo de retirada de milhares de litros de
leite das grandes propriedades não pode ser diferente do tempo de retirada de
poucos litros como nas propriedades domésticas. Isso se dá por vários fatores
inerentes à qualidade do leite e sequenciamento de manejo.
Com relação aos riscos ergonômicos diminuem com o aumento da
mecanização das propriedades e, portanto, diretamente relacionado ao volume de
produção.

A seguir faremos comparações entre alguns riscos físicos existentes para


uma mesma atividade de acordo a estrutura de cada propriedade.

2.2.1.1 Plantio e colheita de volumoso ou insumos.

Conforme já abordado, nas propriedades menores essa atividade tende a ser


manual pela quantidade de insumo necessário e os custos de para aquisição de
maquinário, portanto, a enxada permanece sendo o recurso mais utilizado. A
enxada, no entanto é onde o trabalhador tem grande exposição a riscos
ergonômicos o que se traduz no dia a dia em cansaço físico dores lombares, dorsais
e a longo prazo, degeneração dos discos intervertebrais, além de causar
calosidades.
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A seguir figuras que exemplificam essa condição:

Fig.1 – Trabalhador com inclinação dorsal até 45° Fig.2 – Inclinação dorsal acima de 45°

Com o aumento das produções a mecanização do processo de produção de


insumos muda consideravelmente, mesmo nas propriedades pequenas que não
possuem tratores e implementos, ao menos para o plantio, existe a locação desses
recursos para cobrirem toda a extensão necessária. Excetuando-se as grandes
propriedades onde todo processo de colheita e ensilamento é mecanizado, nas
propriedades intermediárias os recursos são utilizados de maneiras variadas, onde
por exemplo a colheita dos insumos pode ser feita manualmente e o transporte em
carroças ou caminhonetes.
A seguir exemplos de colheita e transporte dos insumos

Fig.3 Trator colhendo milho

Fig.4 – Transporte de capim em caminhonete Fig.5 – Transporte de capim em carroça


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2.2.1.2 Ordenha

O processo de ordenha é uma das atividades da pecuária leiteira mais críticos


com relação aos riscos ergonômicos, principalmente nas menores propriedades
onde a ordenha e feita manualmente.
Independentemente do porte da propriedade o processo de retirada do leite precisa
passar por algumas etapas macro:
a) Limpeza das tetas – limpeza simples com utilização de água corrente
b) Pré dipping – Aplicação de solução de cloro nas tetas para desinfetar
c) Teste de mamite – Ordenha manual para detectar inflamação no úbere
d) Ordenha – Extração do leite
e) Pós dipping – Higienização das tetas com solução a base de iodo

Nas propriedades menores a onde o processo é feito manualmente os


trabalhadores utilizam-se de um recurso muito antigo mas ainda praticado, um
banco de apenas um pé amarrado a cintura, nessa condição, mesmo estando
sentado, existe a pressão nos joelhos e dorso para manter o equilíbrio, todo
processo de retirada desde a limpeza das tetas até o pós dipping é feito em
condições que levam ao esforço dorsal e esforço dos braços estendidos acima de
45°.
Nas propriedades onde a ordenha é mecanizada ainda existe presente o risco
ergonômico pois o trabalho é todo realizado em pé e os braços e ombros sofrem
grande esforço para manusear as bombas de sucção, para esse manuseio os
braços precisam alongar-se formando com o dorso ângulos próximos a 90°.

Fig.6 – Retireiro executando ordenha manual Fig.7 – Ordenha mecanizada

Há uma ressalva apenas para as propriedades de grande produção onde o


manejo do gado no processo de ordenha possui um sequenciamento diferente,
visando conforto e relaxamento do gado para melhorar a liberação do leite, nessas
propriedades as vacas passam por uma sala de pré ordenha climatizada, nessa
etapa a limpeza da teta é realizada através de mangueiras a jato e o esforço
ergonômico é menor ao trabalhador.

2.2.1.3 Cuidados com a sanidade do rebanho

Independentemente do porte as propriedades os cuidados com a saúde do


rebanho são indispensáveis, mesmo nas menores propriedades, excetuando-se
raras exceções, existe uma estruturas em corredores, utilizados para vacinação,
nessas instalações o esforço dorsal é muito grande devido ao acentuado ângulo de
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inclinação para aplicação das vacinas, as exceções são a existência de troncos


onde o gado é preso para recebimento de vacinas e medicamentos, no entanto o
esforço físico chega a ser ainda maior devido a intervenção ser corpo a corpo com o
animal.

Fig.8- Brete de manejo e vacinação

Outras atividades como trabalhos a quente (ex. marcação do gado), trabalhos


em altura (ex. manutenção de telhados), levantamento de cargas excessivas,
trabalho confinado (ex. escavação de poços), etc. são atividades realizadas
normalmente nas propriedades sem nenhuma precaução ou análise de risco, as
grandes propriedades amenizam os riscos pela necessidade do uso de maquinário
devido ao volume de trabalho.

2.2.2 Risco Biológico

Acidentes com animais peçonhentos cuja relação com o trabalho quase


nunca é estabelecida, embora sejam bastante comuns. Ofidismo, aracneísmo,
escorpionismo, são os mais comuns. Acontecem ainda com taturanas, abelhas,
vespas, marimbondos etc.
Com o crescimento das propriedades rurais as áreas de mata deram lugar a
pastagens e plantações o que diminuiu o território, alimento e até mesmo água de
animais silvestres, com a escassez de recursos animais e insetos a procura de
alimento entram em conflito com o homem.
Apenas nas grandes propriedades existe utilização de EPI´s (Ex. Perneira)
com a finalidade de prevenção de acidentes com animais peçonhentos, nas demais
propriedades esse tipo de preocupação é praticamente inexistente, mesmo com
vários relatos de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões. O uso de EPI´s nas
demais propriedades também existe, no entanto com finalidades distintas (Ex. bota
de borracha para pisar em terreno molhado).
Exposição a agentes infecciosos e parasitários endêmicos que provocam
doenças como a esquistossomose, malária, leptospirose, etc. Outra preocupação
com animais é a presença dos ratos, que além de atrair predadores como cobras,
também transmite a leptospirose. Existem relatos de trabalhadores que se
contaminaram através do gado contaminado com leptospirose bovina. Várias
propriedades adotam a criação de gatos como método de combate aos roedores.
Exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de
origem animal, componentes de células de bactérias e fungos provocam um
problema de saúde muito comum em trabalhadores rurais, e pouco reconhecido e
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registrado como tal. São as doenças respiratórias, com destaque para a asma
ocupacional e as pneumonites por hipersensibilização.

2.2.3 Risco Mecânico

Acidentes com ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas


ou provocados por animais, ocasionando lesões traumáticas de diferentes graus de
intensidade.
Dados não oficiais mostram que 65% dos acidentes rurais são com
maquinários e implementos agrícolas, disparado na mesma estatística com 71%
estão os acidentes com tratores.

Acidentes com equipamentos agrícolas

Segundo os próprios operadores o que contribuiu para a ocorrência do


acidente foi falta de atenção e conscientização (51%) e falta de treinamento e
orientação (25%). A grande maioria dos acidentados, cerca de 78% eram pequenos
e médios produtores rurais.
A maioria dos acidentes poderia ser evitada se os operadores tivessem
conhecimento do maquinário, conscientização e atenção no momento da operação.
Quanto maior a propriedade maior é a necessidade da utilização de
maquinário, onde sem eles a atividade seria inviável. O aspecto positivo para as
grandes propriedades é que existe o investimento na formação dos trabalhadores,
mesmo que a intenção seja de diminuir perdas financeiras o efeito colateral positivo
é a diminuição de acidentes dessa natureza.
Ainda enquadrado nessa categoria de acidentes podemos citar as ocorrência
no manejo com os animais, como coices, chifradas, prensamento de membros,
queda de cavalos, etc. O manejo com animais inevitavelmente ocorrem contatos
diretos, pela lei da sobrevivência, sendo os bovinos prezas naturais, o homem é
visto como predador e como tal o gado co vê uma ameaça a vida. O manejo
contínuo dos animais, no entanto, diminui drasticamente o risco com esse tipo de
acidente, sendo mais frequentes em vacas de primeira lactação e recém paridas.
Outro tipo de acidente que sem relação direta com a extração de leite são
acidentes com cavalos, os quais são ferramentas fundamentais em algumas
propriedades para tanger o gado, utilização para transporte de cargas e locomoção
de trabalhadores para atividades diversas. Também o manejo contínuo das tropas
diminui a ocorrência desse tipo de acidente.
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2.2.4 Risco Químico

2.2.4.1 Exposição a agentes químicos e suas causas

Exposição a fertilizantes, que podem causar intoxicações graves. As


intoxicações registradas têm sido consideradas acidentais, envolvendo produtos do
grupo dos fosfatos, sais de potássio e nitratos. As intoxicações por fosfatos se
caracterizam por hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio
provocam ulceração da mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Os
nitratos, uma vez no organismo, se transformam - por meio de uma série de reações
metabólicas - em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas.
A exposição a agrotóxicos inclui não só problemas de intoxicações agudas,
determinadas pelo contato direto com produtos altamente tóxicos e de
consequências imediatas (podendo levar o indivíduo à morte), mas também e
principalmente problemas crônicos determinados pelo contato tanto direto como
indireto a produtos muitas vezes de baixa toxicidade aguda e por tempo prolongado.
Os efeitos nocivos dos agrotóxicos na saúde humana variam de acordo com
princípio ativo ou do grupo químico destes produtos.
Mas de maneira geral, entre os efeitos agudos estão: fraqueza, cólicas
abdominal, vômitos, espasmos musculares, convulsões, náuseas, irritações das
conjuntivas, tonteira, dor de cabeça, dificuldade respiratória, perda de apetite,
sangramento nasal, fasciculação muscular, desmaios, entre outros. Já os efeitos
crônicos variam entre: efeitos neurotóxicos, carcinogênicos, teratogênicos,
mutagênicos, dermatites de contato, lesões hepáticas e renais, arritmia cardíaca,
alergia, asma brônquica, fibrose pulmonar, irritações nas mucosas, disrupção
endócrina, danos ao sistema reprodutivo, e outros.

2.2.4.2 Processo produtivo

A principal atividade da pecuária leiteira é a ordenha, nela se apresenta o


resultado de todas as atividades existentes para a produção de leite. Como já citado
esse processo é dividido em cinco etapas macro:Limpeza das tetas; pré dipping;
teste de mamite, ordenha e pós dipping.
No pré dipping, a teta da vaca é lavado com uma solução a base de cloro
para desinfetar e o pós dipping a teta é submersa em uma solução de iodo, para
proteção contra parasitas. Durante as duas ações ocorre o derramamento de
produtos para fora dos recipientes e conforme a fispq dos produtos é recomendado
utilização de luvas, aventais, óculos de proteção e botas, o que se observa é que
infelizmente, apenas nas grandes propriedades os cuidados com a proteção dos
trabalhadores é praticada.
Para as propriedades médias e grandes onde a ordenha é mecanizada temos
outro risco químico proveniente da higienização do mecanismo de ordenha. Todo o
encaminhamento do leite desde a conexão com o úbere até a descarga no
reservatório de pasteurização necessita ser higienizado ao final de cada ordenha e
semanalmente deve ser todo desmontado para uma limpeza ainda mais criteriosa.
Para a higienização são utilizados ácidos, detergentes alcalinos, etc., tais produtos
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mostram na fispq os cuidados com o manuseio sendo eles prejudiciais


principalmente aos olhos e a pele, e onde recomenda-se utilização de luvas e
óculos, no entanto que normalmente ocorre é o descaso com precauções no
manuseio desses produtos.
Ainda com relação a riscos químicos temos a utilização de venenos para
controle de mato e pragas, defensivos agrícolas, venenos para controle de parasitas
no gado, etc., nas propriedades intermediárias a exposição a esse tipo de risco é
mais elevado, pois os trabalhadores permanecem próximos a névoa gerada pela
aplicação manual do produto e geralmente sem proteção adequada. Nas
propriedades domésticas esse tipo de prática é quase inexistente e nas grandes
propriedades os implementos agrícolas mantêm os trabalhadores mais afastados
dos resíduos tóxicos durante as aplicações.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme proposta da análise realizada, chegamos à conclusão que o tipo de


estrutura das propriedades contribui direta e indiretamente à segurança do
trabalhador.
A cultura de segurança no meio rural é, de maneira geral, muito baixa, os
trabalhadores das propriedades rurais menores tendem a realizar todas as
atividades necessárias e assim são submetidos a uma jornada mais exaustiva o que
leva ao déficit de atenção e maior exposição física, além da falta de especialização
existente nessas propriedades.
Embora o foco principal não seja a segurança do trabalhador, a estrutura
necessária para viabilizar agropecuária de leite nas grandes propriedades acaba por
proporcionar ao trabalhador maior segurança e conforto no trabalho.
Podemos concluir também que mesmo com mais fontes de risco nas
propriedades de grande porte, ainda sim oferecem mais segurança por capacitarem
seus colaboradores e atribuírem a eles tarefas específicas sem grandes variações
nas atividades entre eles.
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7. REFERÊNCIAS

- NR 31

-https://www.cpt.com.br/cursos-administracaorural/artigos/acidente-de-trabalho-rural-
garanta-a-seguranca-dos-seus-trabalhadores

http://www.frisia.coop.br/pt

http://www.folhaagricola.com.br/artigo/a-seguranca-do-trabalho-na-agricultura-e-
pecuaria-estamos-preparados-para-tratar-deste-assunto-por-guilherme-vieira-1

http://docente.ifrn.edu.br/helidamesquita/disciplinas/seguranca-do-
trabalho/importancia-da-seguranca-do-trabalho-rural/view

http://www.grupocultivar.com.br/artigos/acidentes-rurais

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