Você está na página 1de 46

UNIVERSIDADE FEDERAL DE DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS E LETRAS - FAFICH


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO

UMBERTO EUSTÁQUIO DOS REIS

MELHORIA NOS AMBIENTES DE TRABALHO


E O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO

BELO HORIZONTE

2011
UMBERTO EUSTÁQUIO DOS REIS

MELHORIA NOS AMBIENTES DE TRABALHO


E O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO

Monografia apresentada ao Curso de Especialização


em Psicologia do Trabalho na Área Organizacional,
da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, da
Universidade Federal de Minas Gerais, como
trabalho de conclusão de Curso como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista em
Psicologia do Trabalho, sob a orientação do
Professor Francisco de Paulo Antunes Lima.

BELO HORIZONTE

2011
MELHORIA NOS AMBIENTES DE TRABALHO
E O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO

UMBERTO EUSTÁQUIO DOS REIS

Aprovada em: _____/ ______/______

______________________________________________
Orientador: Prof.: Francisco de Paulo Antunes Lima
Pós-doutorado em Ergologia
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:


Aos meus amigos e colegas companheiros de luta pela melhoria das condições de
trabalho na Universidade Federal de Minas Gerais, na qual se vêem colegas sendo
submetidos as mais diversas situações de trabalho privados das melhores
tecnologias de segurança do trabalho, onde por falta de conhecimento ou
comodismo, e em meio a tantos compromissos não buscam no espaço da
Universidade, melhorias e locais salubres de trabalho e novas oportunidades de
crescimento.

À minha mãe, amiga e companheira de todas as horas, Manoelina.

À Marrieny, Carolina e Mariana, razão do viver.


AGRADECIMENTOS

A Deus,
Ao Orientador Prof. Francisco Antunes
A minha família pelo apoio e compreensão;
Aos amigos de turma Fábio Frazão Messias, Mauro
Lúcio da Silva pela amizade e companheirismo;
EPÍGRAFE

“Trate as pessoas como se elas fossem o que


poderiam ser e você as ajudará a se tornarem aquilo
que são capazes de ser”
Goethe.
SUMÁRIO

1 – Introdução ...................................................................................... 8

2. Quadro Teórico .................................................................................. 12

2.1 – Adicional de Insalubridade: da Origem à atualidade ................ 12

2.2 – Contra Monetização da saúde. Experiências de lutas pela


saúde no trabalho .................................................................................. 14
2.3 – Movimento Operário Italiano .................................................... 16

3 – Metodologia ...................................................................................... 18

4 – A Especificidade do trabalho dos servidores em uma IFES e as


condições de trabalho Insalubre ............................................................. 19
..... 4.1 – Os riscos em uma IFES ........................................................... 19

..... 4.2 – Movimento de Organização da Categoria e Política Social 20

..... 4.3 - Movimento de Organização da Categoria e Política Salarial 22

..... 4.4 - Atividades de Apoio à Produção do Conhecimento, Ensino, 24


Extensão
..... 4.5 - A Luta Contra Monetização da Saúde é Possível 26

5 – Considerações Finais ....................................................................... 30

Referências Bibliográficas 32

Anexos 34
8

1- INTRODUÇÃO

O adicional de insalubridade tornou-se uma forma de compensar o sofrimento


do trabalhador exposto às condições adversas no ambiente de trabalho, deixando de
cumprir o seu papel principal, que era de fazer com que as empresas empenhassem
em tornar o ambiente de trabalho o mais saudável possível. O seu significado
inverteu, ou seja, o trabalhador viu o adicional de insalubridade como um modo de
auferir ganhos e ao mesmo tempo aposentar-se precocemente, sem promover
mudanças no ambiente insalubre.
O presente trabalho foi desenvolvido em uma Universidade Publica de Ensino
Superior, apoiado no conhecimento do autor dos ambientes de trabalho da
Universidade e dos servidores, bem como da exposição dos mesmos aos riscos
classificados como físicos, químicos e biológicos. O autor pode perceber também,
que, em alguns casos, os servidores têm pouco ou nenhum conhecimento dos
riscos, mas o desconhecimento somente não explica porque os funcionários estão
expostos a esses riscos.
Este trabalho não tem a pretensão de esgotar o assunto, porém pretende
debater e ampliar a discussão sobre o porquê do servidor não empenhar-se por um
local seguro e salubre de trabalho, já que eles realizam as tarefas e sofrem seus
efeitos, possuindo, também, um papel fundamental de auxiliar os técnicos da Seção
de Engenharia de Segurança do Trabalho - SEST na identificação, minimização e
controle dos riscos evitando, com esta atitude, de aposentar precocemente, ou ainda
pior, adoecer, às vezes de forma incurável.
Ao problematizar a intervenção por melhoria das condições de trabalho, o
autor remete à reunião de 140 cientistas que aconteceu em ASILOMAR, Califórnia,
EUA, na década de 70, quando foram participar de congresso sobre a recombinação
de moléculas de DNA. Segundo Godim:
“A reunião de Asilomar é um marco na história da ética aplicada à pesquisa,
pois foi a primeira vez que se discutiu os aspectos de proteção aos
pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o
projeto de pesquisa”.

Quando se pretende buscar melhorias nas condições de trabalho, evita-se o


pagamento do adicional de insalubridade como compensação do sofrimento do
trabalhador, analisa-se porque esse trabalhador não solicita melhorias em seu local
9

de trabalho ou o fornecimento adequado de equipamentos de proteção coletiva ou


individual, com os quais possam prevenir doenças inespecíficas ou profissionais ou
minimizar a exposição a agentes considerados agressivos. Segundo o Jornal do
Vaticano (apud BERLINGUER, 1983, p. 38):
“será bom que cada um de nós opere com a devida cautela em qualquer
circunstância do trabalho e da atividade que desenvolve, e que um
aprofundamento das normas de segurança do trabalho esteja presente em
cada consciência”.

A temática do adicional de insalubridade e o ambiente de trabalho saudável já


foram analisados por Rebouças (1989), Berlinguer (1983), Oddone (1986), Oliveira
(1996) que serão nossos interlocutores durante a nossa caminhada sobre essa
temática e seus desdobramentos.
O direito a um ambiente de trabalho saudável está garantido na Constituição
Federal de 1988, quando a mesma considera que a saúde é um direito social
ficando garantida, aos trabalhadores, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança. A Convenção 155 da Organização
Internacional do Trabalho adota que os equipamentos e as operações e processos
que estiverem sob controle dos empregadores deverão ser seguros e não envolvam
riscos algum para a segurança e a saúde dos trabalhadores.
A Universidade em questão possui 6.869 de servidores, destes 2300 recebem
o adicional de insalubridade Foram abertos, em 2009, duzentos e trinta e nove
novos processos solicitando o adicional de insalubridade. Os servidores, em
algumas situações típicas, expõem-se aos riscos desconhecendo os meios
apropriados para se protegerem dos mesmos, por exemplo, o caso de um professor
que exercia suas atividades em um laboratório e que apresentava um vazamento de
GLP. Após a visita dos técnicos da SEST no local e emissão de um relatório
afirmando que o local era considerado impróprio para o trabalho, o professor
resolveu, então, paralisar suas atividades e solicitar reparos e melhorias para o
laboratório.
Outro exemplo é o caso de uma servidora que manipulava acrilamida, produto
químico que serve para coloração. Questionada se saberia dizer quais os riscos que
a exposição a este produto poderia trazer, não soube responder. Após apresentação
da Ficha de Informação Sobre Produtos Químicos - FISPQ da acrilamida, que
também desconhecia, comentou que “trabalhava há muitos anos com acrilamida e
que não sabia dos riscos que a mesma apresenta”.
10

Além do desconhecimento, os servidores da Universidade manifestam uma


incredulidade quanto a possibilidade de obterem melhorias nos ambientes de
trabalho, pois sempre que as buscam, os dirigentes procuram obstaculizar tais
melhorias pois não fazem parte daquela administração ou mesmo não foram
contempladas no orçamento da Universidade melhorias para aqueles ambientes de
trabalho, haja visto a luta dos servidores da Unidade Administrativa III (UAIII), que
teve suas salas inferiores ocupadas por laboratórios do Departamento de Química,
após o incêndio que destruiu as instalações deste departamento.
Os servidores da UAIII lutaram por mais de 12 anos para retirar os
laboratórios do Departamento de Química do local, mais pelos odores incômodos e
não pelos riscos a que estavam expostos, que desconheciam. “Queremos que estes
laboratórios sejam retirados, pois não agüentamos mais este cheiro horrível” . Na
verdade o cheiro que sentiam eram vapores orgânicos de aulas experimentais.
Desconheciam, porém, que os vapores orgânicos poderiam desencadear algum tipo
de alergia. ”Sabemos que causam alguma doença, mas não sabemos qual”.
Nos encontros ou nas visitas para a resolução de processos administrativos
para a concessão ou não do adicional de insalubridade aos servidores, quando são
indagados se sabem que o Serviço de Atenção à Saúde do Trabalhador - SAST
através da SEST é um canal institucional que poderá auxiliá-los na reivindicação de
melhorias dos ambientes de trabalho, (seus técnicos, com o auxílio dos servidores
que exercem atividades em dado local, poderão emitir um parecer técnico e ao
mesmo tempo apontar soluções para um local salubre de trabalho), ficam surpresos
e exprimem “não sabia disso”.
Considerando que a IFES em questão é um conjunto de respostas e
compromissos dos servidores para com a sociedade, a SEST contribui não apenas
para a responsabilização do servidor para com a IFES e a profissão, como também
para facilitar a absorção de novas tecnologias.
A SEST possibilita ao servidor, então, compreender os processos que
apresentam risco, à medida que são analisados.
Os servidores não sabendo que tem direito às informações sobre os produtos
que manipulam, ao ambiente seguro e adequado ao trabalho, restam-lhes, então
solicitar o adicional de insalubridade que neste momento, após longos anos sem
uma política salarial governamental, é uma forma de auferir ganhos e compensar a
exposição aos riscos que desconhecem. Sabem, contudo, que a exposição a alguns
11

agentes sejam físicos, químicos ou biológicos dá-lhe o direito de solicitar o


adicional.
Há casos, porém, que alguns servidores, principalmente docentes, sabendo
dos riscos a que estão expostos e conhecedores dos canais competentes da
Universidade, buscam melhorias nos seus ambientes de trabalho. Por exemplo, um
professor deixou de ministrar aulas por um semestre, até que a unidade formalizou
a solicitação e a Universidade fez as reformas necessárias em seu laboratório,
tornando-o seguro e salubre.
Esta monografia está organizada em 5 partes. Discute esta introdução, o
problema que orienta o trabalho, define-se o objetivo e delineia-se a estrutura do
texto.
O segundo capítulo aborda o marco teórico do trabalho, que trata de dois
aspectos: uma primeira parte consiste na explanação histórica sobre o adicional de
insalubridade no serviço público brasileiro: sua origem e manutenção até os dias
atuais, onde são apontadas experiências de lutas pela saúde no trabalho,
retomrnando o caso Asilomar.
No terceiro capítulo apresentamos a metodologia adotada para o
desenvolvimento deste trabalho.
Penso que, com tal estudo, haverá uma modesta contribuição para a
academia e para melhoria das atividades em trabalhos considerados insalubres, já
que ao compor tal reflexão são buscados recursos disponíveis na produção científica
sobre o tema, resultados possíveis que serão discutivos nos capítulos 4 e 5.
12

2) QUADRO TEÓRICO

O quadro teórico deste trabalho cobre duas temáticas: uma se refere ao


adicional de insalubridade no Brasil e outra diz respeito às experiências de lutas pela
saúde no trabalho.

2.1 – ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: DA ORIGEM À ATUALIDADE

O início do pagamento do adicional de insalubridade no Brasil se deu em 1º


de maio de 1940, quando o então Presidente da Republica Getúlio Vargas institui o
salário mínimo, e, para os trabalhadores ocupados em operações consideradas
insalubres, conforme se trate dos graus máximo, médio ou mínimo, o acréscimo de
remuneração, respeitada a proporcionalidade com o salário mínimo que vigorar para
o trabalhador adulto os percentuais de 40%, 20% ou 10%, respectivamente. Esses
percentuais estão em vigor até apresente data. Ainda na década de 40, do século
passado, com advento da publicação da Consolidação das Leis do Trabalho, o artigo
187, considera que são insalubres as indústrias capazes de por sua própria
natureza, ou pelo método de trabalho, produzir doenças, infecções ou intoxicações.
Segundo (OLIVEIRA, 1996, p. 155), “este conceito mostrou-se precário, limitado e
transmitia a incômoda idéia de “indústria que produz doença””
Com o grande crescimento econômico Brasileiro na década de 1970, com a
mão de obra carente não especializada, com um grande número de analfabetos ou
semi letrados, os índices de acidentes cresceram assustadoramente, chegando ao
patamar de 20% da mão de obra acidentada, o governo decidiu que era hora de
mudar a legislação e torná-la mais rígida, ao mesmo tempo formar indivíduos
especialistas em proteção do trabalhador.
Então, reformou capítulo V do título II da CLT, em 1977, o conceito de
insalubridade tornou-se mais amplo e tecnicamente melhor, em relação com texto de
1943, definido, conforme a nova redação do art. 189:
“serão considerados atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
13

natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus


efeitos”.

Ficou melhor pois, deixou de mencionar apenas indústrias, passando a


considerar, também todas as atividades e operações consideradas insalubres, ou
seja, tornou-se mais abrangente.

São mais de 30 anos que os trabalhadores convivem com este conceito, cujo
quadro o Ministério do Trabalho e Emprego regulamentou como agentes
considerados insalubres os agentes físicos (ruído contínuo ou intermitente, ruído de
impacto, calor, radiações ionizantes e não ionizantes, trabalho sob condições
hiperbáricas, vibrações, frio, umidade), agentes químicos (gases, vapores, névoas,
neblinas, poeiras minerais) e agentes biológicos (bactérias, vírus). Embora venha
sendo atualizado, praticamente o quadro não teve grandes alterações. Desde sua
instituição do salário mínimo, continua a valer como parâmetro para a percepção do
adicional, ainda em 40%, 20% ou 10%, conforme o enquadramento em máximo,
médio ou mínimo respectivamente, que poderá ser feito baseado em laudo emitido
por Engenheiro do Trabalho ou Médico do Trabalho. (Lei 6514/77).
Atualmente, o artigo 68 da Lei 8112/90, contempla o adicional de
insalubridade ou periculosidade para os servidores públicos federais, regidos pelo
RJU, “os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres (...),
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.”
A respeito do pagamento do adicional de insalubridade aos servidores
públicos federal, a própria legislação prevê que o adicional seja pago nos
percentuais de 5%, 10% e 20% sobre o salário efetivo, dos trabalhadores, conforme
a Lei 8270 de17/12/1991, determina-se que
"servidores civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais
recebam adicionais de insalubridade e de periculosidade, nos termos das
normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral e
calculados com base nos seguintes percentuais:
I – cinco, dez e vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimos,
médio e máximo respectivamente”.

Embora se tenha, na teoria, um modelo preventivo em vigor, infelizmente não


é eficaz, pois, verificam-se apenas as conseqüências do local de trabalho, não se
leva em consideração a forma que as atividades são organizadas. Os trabalhadores
não tendo voz nem vez na participação dos programas preventivos, cabendo-lhes
apenas a execução das tarefas através de estratagemas. É um sofrimento que
14

poderá resultar em um desgaste físico e mental, levando-o à fadiga crônica, dores


diversas. O contrário também poderá acontecer se o ambiente de trabalho for
saudável, ao atender, conforme PORTO (2000) “as necessidades dos trabalhadores
enquanto pessoas e cidadãos”.
No entanto, conforme (LIMA, 1986)
“Não há dúvida de que o desenvolvimento científico-tecnológico pode
aumentar em muito a segurança do trabalho através de inovação de produtos
e de processos industriais. No entanto o que se observa geralmente é que,
tendo se eliminado muitos riscos e condições nocivas ao homem, novos
riscos à saúde do trabalhador são constantemente introduzidos juntos com os
novos processos e meios de produção”.

Da mesma forma a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador


de 2004, tem em comum a mesma idéia, qual seja,
“A adoção das novas tecnologias e métodos gerenciais nos processos de
trabalho contribuem para modificar o perfil de saúde, adoecimento e
sofrimento dos trabalhadores”.

Mesmo assim, é observado permanentemente um movimento de instituir


recompensas pela exposição aos riscos, deixando de se interessar com o problema
central, que é a saúde do trabalhador.
Neste contexto (BEGJEL, 2001), cita que
“A gratificação por risco de vida e saúde não cobre o dano efetivo que o
trabalhador venha suportar no serviço. Essa gratificação visa compensar,
apenas, a possibilidade de dano, vale dizer, o risco de vida em si mesmo, e
não a morte, a doença ou a lesão ocasionada pelo trabalho”.

Assim, os trabalhadores deveriam, lutar por melhores condições de trabalho,


deixando de se exporem aos riscos, contrapondo ao princípio da legislação em vigor
de se trocar a saúde pelo adicional de insalubridade.

2.2 – MONETIZAÇÃO DA SAÚDE. EXPERIÊNCIAS DE LUTAS PELA SAÚDE


NO TRABALHO

As lutas pela saúde no trabalho iniciam-se praticamente meio século após a


revolução industrial, com o crescimento da produção e o êxodo rural e urbanização
crescente das populações, segundo Dejours (1987). Com a duração do trabalho
chegando a 16 horas diárias, (ainda Dejours), a falta de higiene, promiscuidade,
esgotamento físico, acidentes do trabalho, subalimentação potencializam seus
15

respectivos efeitos e criam condições de uma alta morbidade e de uma longevidade


formidavelmente reduzida. A luta pela saúde, nesta época, identifica-se com a luta
pela sobrevivência: “Viver, para o operário, é não morrer”. Como pode-se ver, a luta
dos trabalhadores era não morrer precocemente, ao mesmo tempo, ter condições de
sobreviver e ter um emprego para não colocar em risco a sobrevivência da família.
É um período que MARX (apud ODDONE, p. 25, 1987),
“os operários não tem, realmente, nenhuma possibilidade de fazer valer
aquele que é o seu primeiro direito sanitário, o direito de ver seu próprio
trabalho livre de cada circunstância anti higiênica que o patrão esteja em
condições de evitar”

Neste período, pode-se constatar que a primeira luta pela saúde é a redução
da jornada de trabalho.
“No que concerne ao que se poderia chamar de “pré história da saúde dos
trabalhadores”, vê-se emergir uma palavra de ordem que vai por assim dizer,
cobrir todo século XIX: a redução da jornada de trabalho “ (DEJOURS, ,
1987, p.17)

Embora os trabalhadores de então começassem a buscar melhorias na


legislação trabalhista, como as sobre acidentes do trabalho, jornada de 40 horas,
delegados de segurança, lei sobre higiene e segurança dos trabalhadores nas
indústrias, indenizações sobre acidentes do trabalho o que dificultava era a
demora para as leis serem aprovadas, segundo Dejours.
A partir do início do XX, os trabalhadores já com um movimento mais sólido,
“a organização dos trabalhadores traduziu-se na conquista primordial do
direito de viver. Salvar o corpo de acidentes, prevenir as doenças
profissionais e as intoxicações por produtos industriais, assegurar aos
trabalhadores cuidados e tratamentos convenientes... esse é o eixo em torno
do qual se desenvolvem as lutas na frente pela saúde”.( Dejours, 1987,
p.18)

Após 1919, quando a criação da Organização Internacional do Trabalho, as


lutas mudam o foco. A partir da segunda grande guerra, para Dejours é o segundo
período da “história da saúde dos trabalhadores caracteriza-se pela revelação do
corpo como ponto de impacto da exploração”. Destaca-se, então, a luta por
melhores condições de trabalho, ou seja, a “luta pela sobrevivência deu lugar à luta
pela saúde do corpo”, conduzia à denúncia das condições de trabalho.

Para (LAURELL e NORIEGA, 1987 p.):


16

A saúde dos trabalhadores (...) é uma área prioritária de investigação, pois se


mostra como um tema privilegiado para construção de um novo modo de
entender e analisar a saúde coletiva enquanto processo social”.

Em 1968, ano de grande lutas sociais, chega à maturidade a palavra de


ordem “melhoria das condições de trabalho”. Ano que, também, os trabalhadores
italianos desempenharam um papel crucial para as mudanças na luta pela saúde no
trabalho.

2.3 – MOVIMENTO OPERÁRIO ITALIANO

Nas lutas pela saúde no trabalho pontos de vista se contrapõem. Conforme


ODDONE, (1986, p. 26)
“Ao trabalhador se pede somente aquilo a que se deu o nome de
“acomodação passiva”, em contraste com aquilo que é chamado de
“adaptação ativa”, à condição de trabalho, isto é, participação consciente e
inteligente do trabalhador”

Enquanto que para DEJOURS (1993, p. 98),


“a atividade profissional não é só um modo de ganhar a vida – é também uma
forma de inserção social onde os aspectos psíquicos e físicos estão
fortemente implicados. O trabalho pode ser um fator de deterioração, de
envelhecimento e de doenças graves, mas pode, também, constituir-se em
um fator de equilibro e de desenvolvimento”.

Os trabalhadores italianos procuraram intervir melhorias das condições de


trabalho, buscando por exemplo, novos conceitos para ?? o ambiente de trabalho;
“por ambiente de trabalho entendemos o conjunto de todas as condições de vida no
local de trabalho” (ODDONE, 1986). Através, desse conceito buscando-se ouvir o
“interessado no processo produtivo”, que passou a ser o referencial para as
mudanças propostas de melhorias das condições de trabalho, além de ser um
modelo “compatível com a visão que os trabalhadores têm do ambiente de trabalho
e utilizável por qualquer trabalhador, independentemente da sua escolaridade”,
(ODDONE, 1987). O que se fez então, foi classificar os fatores de riscos no
ambiente de trabalho através das cores.
Esta “alternativa operária vem da consciência da possibilidade de mudar o
ambiente de trabalho”(ODDONE, 1987). Não se deve desprezar as iniciativas dos
trabalhadores, pelo contrário, “é preciso exaltar a iniciativa dos operários, fazer um
17

apelo à cultura da classe operária para modificar o ambiente de trabalho”.


(ODDONE, 1987).
O objetivo é unir esforços ou seja, a equipe técnica assessorar os
trabalhadores, pois estes são os sujeitos da solução através da redução, da
minimização ou eliminação da nocividade do ambiente do ambiente do trabalho.
Citando (ODDONE, 1987)
“as observações, aparentemente marginais e consideradas inúteis, podem ter
seu peso na identificação de um efeito do ambiente de trabalho sobre a
saúde dos trabalhadores”.

2.4 - SOBRE ASILOMAR


Em 1973, ao se utilizar técnicas de engenharia genética, os cientistas
transferiram o gene da insulina para a bactéria Escherichia coli, resultando forte
reação da comunidade mundial de ciência, que culminou com a Conferência de
Asilomar, na Califórnia, em 1974, (PENNA et all, 2010, 556). Nesta conferência
foram tratadas questões acerca dos riscos das técnicas de engtenharia genética e
sobre a segurança dos espaços laboratoriais (ALBUQUERQUE, apud PENNA, 2010,
pág 556).
A partir desta conferência, praticamente, a Organização Mundial de Saúde -
OMS voltou o foco para a proteção dos trabalhadores em pesquisas, frente aos
riscos biológicos no ambiente ocupacional, segundo Costa, 2002.
Já na década de 80, a própria OMS (WHO, 1993) incorporou a essa definição
os chamados riscos periféricos presentes em ambientes laboratoriais que
trabalhavam com agentes patogênicos para o homem, como os riscos
químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. (Costa, 2002)

Segundo KIMMAN et al ( apud PENNA, (2010, p.556) “foi sugerido também


que a contenção deveria ser uma consideração essencial no programa experimental
e que a eficência da contenção deveria estar ligado ao risco estimado.”

Resultaram, então, a partir da Conferência de Asilomar as normas de


biossegurança, utilizadas em diversos países, inclusive no Brasil onde foi
estruturada na década de 1980.

“A biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção,


minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços,
visando à saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e
18

a qualidade dos resultados" (TEIXEIRA & VALLE, 1996, apud


COSTA, 2003).

Há outros conceitos para a biossegurança relacionados à prevenção de


acidentes em ambientes ocupacionais, incluindo o conjunto de medidas

técnicas, administrativas, educacionais, médicas e psicológicas (COSTA,


apud PENNA, 2010, P. 555).

No entanto, apesar dessas medidas já estarem formalizadas e terem havido


experiências anteriores, ainda verificamos nos laboratórios de pesquisa da
universidade a existência de várias condições inadequadas em termos de
biossegurança.
19

3 – METODOLOGIA

A opção metodológica deste estudo é inspirada no contexto dos trabalhadores


do setor educativo, especialmente os laboratoristas, têm conhecimento dos riscos a
que estão expostos, porém, ainda lhes falta informações sobre como melhorar o
ambiente de trabalho, cujos equipamentos de proteção coletiva não são adequados
para a devida proteção destes trabalhadores.
Considerando o caráter dessa pesquisa, entendemos que um dos pontos
fundamentais para garantir a coerência da investigação é ter claro que a despeito da
especificidade dos conteúdos a serem levantados durante o desenvolvimento do
estudo, pretende-se responder ao objeto do ponto de vista da psicologia do trabalho.
Até o momento duas áreas temáticas orientarão a pesquisa bibliográfica: o adicional
de insalubridade e o conhecimento dos riscos que servidores na Universidade
Pública de Ensino Superior, segundo (LIMA, p. 182, 1986)
“ainda mais importante é que esse conhecimento possibilite transformações
que, indo além das reformas ambientais e curas individuais, atinjam a
estrutura social”

Mesmo que a reflexão teórica parta de contribuições específicas de


determinados campos de conhecimento como a engenharia, a medicina, a
toxicologia, a história, a sociologia, esses conhecimentos deverão ser
transformados, pela intencionalidade da investigação, em um quadro teórico singular
que possibilite compreender a relação da exposição ao risco em troca da debilidade
da saúde do servidor.
Ainda que a saúde do trabalhador esteja em construção nos setores
considerados terciários no Brasil, o servidor não percebeu e nem está acostumado
com o tema, pois segurança do trabalho está relegado a um segundo plano.
Sintetizando, podemos dizer que esta pesquisa será descritiva, pautada em
uma análise qualitativa do objeto por meio de uma revisão bibliográfica e do
conhecimento do local mencionado. O intuito desta pesquisa é estabelecer que os
servidores da Universidade possam ter ganhos significativos na luta por melhores
condições de vida e saúde no trabalho.
20

4 – A ESPECIFICIDADE DO TRABALHO DOS SERVIDORES EM UMA IFES


E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO INSALUBRE.

A universidade é uma instituição complexa. As diversas atividades realizadas no


âmbito da universidade envolvem professores, servidores técnico-administrativos,
alunos e a comunidade sob sua influência.

A Universidade com gera, em sua atividades, diversos grupos de riscos abrangidos


pela higiene do trabalho, pelos quais os funcionários se submetem à exposição aos
riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e situações geradoras de
sofrimento mental.

4.1 - OS RISCOS OCUPACIONAIS EM UMA IFES (MICROCOSMO DA


PRODUÇÃO SOCIAL)

Uma IFES se caracteriza pela indissociabilidade do ensino-pesquisa-


extensão, garantindo a atividade fim que é a formação e a produção de
conhecimentos. A produção de conhecimento é atividade dos docentes que têm um
rol de atribuições, tais como planejamento e preparação de aulas, ministrar aulas,
atendimento e a orientação de alunos, entre outras.
Nas atividades de pesquisa tem como atribuições o planejamento,
programação, execução, tabulação e análise de pesquisas nas mais diversas áreas,
utilizando de recursos pedagógicos, entre outras atividades.
As atividades de extensão também são feitos planejamento, programação,
execução e avaliação de projetos de extensão à comunidade.
Além dessas três atividades inerentes aos docentes da IFES, temos uma
quarta que é atividades administrativas onde são feitos elaboração de relatórios,
emissão de diplomas, preenchimento de formulários diversos, por técnicos
administrativos..
Na IFES, como a analisada, têm-se instalados 950 laboratórios e os
trabalhadores desses laboratórios ficam expostos aos mais diversos riscos no
21

ambiente de trabalho, sejam eles físicos (ruídos, temperaturas extremas, radiações


ionizantes e não ionizantes), riscos químicos, principalmente vapores e gases, e os
riscos biológicos, destacando-se os servidores que exercem atividades em hospitais
tanto os de tratamento de saúde humana quanto de os de saúde animal,
consultórios para tratamento/cuidados de animais sadios ou inoculados.
Esses trabalhadores sofrem, ainda, pressões das chefias, além da ansiedade,
da responsabilidade, o que poderá levar ao sofrimento mental, resultado da
organização do trabalho (DEJOURS, 1987).
Outra situação bastante comum numa IFES é que se preocupa mais com a
correção de determinados equipamentos e/ou utensílios do que modificar a relação
entre o servidor e seu ambiente de trabalho. Verifica-se, então, que o servidor
“vende, portanto, não apenas horas de trabalho, mas sua própria saúde”
Uma dificuldade que poderá ser apontada é que os servidores têm suas
atividades isoladas, trabalham sozinhos, atendendo várias pessoas, principalmente
aos discentes, trazendo-lhes, portanto, desconforto emocional e que desencadeia o
aparecimento de distúrbio orgânico.
No microcosmo da produção social (docentes e laboratoristas) na IFES,
remete-se a (REBOUÇAS, 1987, p. 39/40),
“Além daqueles fatores relacionados com a organização do trabalho,
constituem fontes de tensão e desgaste emocional, o risco de acidentes e
intoxicação por produtos químicos, pois significam para o trabalhador, uma
ameaça permanente à sua integridade física e ainda adoção de posturas
forças e incômodas.
“Constata-se pois, que as condições de trabalho em geral e a organização do
trabalho em particular se constituem em fontes de tensão e desgaste da
saúde do trabalhador, ou seja, são fatores de insalubridade”.

4.2 - MOVIMENTO DE ORGANIZAÇÃO DA CATEGORIA E POLÍTICA SALARIAL

No final da década de 70, após longos anos de repressão social, eclode no


ABC paulista um movimento que “marcará profundamente a organização sindical e
política dos trabalhadores”. Na década de 80 até início da de 90, as conquistas
sociais foram baseadas neste movimento dos trabalhadores, inclusive com a
fundação da CUT – Central Única dos Trabalhadores.
22

Embora no país tivesse sindicatos considerados fortes, como os dos


bancários, metalúrgicos, petroleiros e servidores públicos, com a transformação da
estrutural mundial, os dois primeiros perderam força e os dois últimos com uma
política agressiva do governo, também vieram a encolher. Este encolhimento se
dará em função de subcontratações e as terceirizações, internacionalização das
redes produtivas, redução de vagas de emprego, segundo o Sindicato dos
Trabalhadores nas Instituições de Ensino Superior - SINDIFES.
Já os trabalhadores em educação, que é uma idéia recente, pois até o final da
década de 1970 “os mesmos não se viam como trabalhadores”.
Ainda o SINDIFES
“os trabalhadores em educação são um setor muito diversificado das classes
trabalhadoras, com condições de trabalho e níveis de remuneração muito
heterogêneos”.

Os trabalhadores das IFES, pertencentes aos quadros dos servidores


públicos federais ficaram sem reajuste de forma geral por mais de 10 anos. Por
diverso motivos, dentre os quais “o agravamento do quadro financeiro” do Estado.
(ALMEIDA, 2001, p. 3).

Segundo ALMEIDA
“O último reajuste salarial concedido de forma geral para os Servidores
Federais foi em janeiro de 1995, sendo de 22,07%, equivalente à variação do
Índice de Preços ao Consumidor em Real (IPCr), correspondente ao período
de julho a dezembro/94. Vale lembrar que tal indicador foi extinto em
junho/95, ocasião na qual ele deixou também de ser calculado.(...) Após o
reajuste verificado em janeiro de 1995, os servidores de qualquer dos
poderes não tiveram nenhum outro destinado a recompor as perdas
inflacionárias”,

Principalmente com o advento da publicação da Lei de Responsabilidade


Fiscal, a recomposição torna-se mais difícil, pois os governantes não podem gastar
mais do que 50% do orçamento anual, com as despesas de pessoal.
Com o arrocho salarial, os servidores deflagram uma greve nacional em 2000,
mesmo assim, não conseguiram uma proposta adequada de aumento.
Vale lembrar que na década de 80 “o servidor teve que suportar situações de
aprofundamento da defasagem salarial” (ALMEIDA, p.. 17, 2001)
No último anos, de acordo com ALMEIDA
“foram mais de 50 direitos, vantagens ou garantias dos servidores públicos
que foram suprimidos.(...) Congelamento de salários, limitação de despesas
com pessoal, eliminação de ganho na passagem para inatividade, fim da
23

licença prêmio, fim das horas extras, fim da isonomia, PDV (Programa de
Demissão Voluntária)”
entre outros.
Mesmo com alguns direitos suprimidos, os servidores asseguraram a
qualidade dos serviços públicos, buscam sempre a valorização dos serviços com
uma remuneração digna.

4.3 - ESTRATÉGIAS SINDICAIS E NEGOCIAÇÃO SALARIAL

Na década de 90, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e


Estudos Socioeconomicos - DIEESE, o “último reajuste salarial concedido de forma
geral para os servidores federais foi em janeiro de 1995, sendo de 22,07%. Ainda o
DIEESE, os servidores de qualquer dos poderes não tiveram nenhum reajuste após
janeiro de 1995, a recompor as perdas inflacionárias.
Segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal –
CONDSEF, em 2005 os servidores acumulavam “uma perda salarial de 59,15% nos
vencimentos básicos da categoria”. Diante desta perda acumulada, os servidores
buscaram então meios de aumentar a renda, deixando de lado reivindicações de
melhorias no ambientes de trabalho. Evidencia a preocupação dos sindicatos em
melhorar a renda do servidor, segundo (PINTO p.. 2, 2009),
“Os sindicatos têm na maioria das vezes preocupações apenas econômicas,
em função da situação salarial precária de seus membros, e tem tido
dificuldade frente à categoria de reivindicações de cunho ambiental.

Assevera PINTO que, como o Estado é sujeito fundamental para proteger e


preservar o meio laboral, o mesmo buscará “Salvaguardar um bem maior, que é a
saúde e a segurança do trabalhador no ambiente onde desenvolve suas atividades”.
A saúde ocupacional reconhece os riscos físicos, biológicos e químicos
essencialmente como problemas ambientais. Portanto, necessário se faz buscar
maior qualidade de vida, orientando o servidor que é preferível trabalhar num local
salubre do que visar uma remuneração maior.
Remetendo-se a GOMES (APUD Pinto, 13, ano 2007)
“Falta aos trabalhadores - ainda hoje, a necessária conscientização de que
somente por meio de auto organização é que se pode conquistar a melhoria
das condições de trabalho de forma compatível com a dignidade humana”.
24

Neste caso, o trabalho passa a ser “fator dignificante da pessoa humana e


como elemento de sociabilização do indivíduo”, porém, a monetização da saúde,
através dos pagamentos dos adicionais de insalubridade não é a forma mais
adequada.
O mais adequado seria fixar os adicionais por um tempo hábil até a
implantação de medidas adequadas que atendessem a um ambiente sadio e seguro
de trabalho.
Atualmente, diante dos riscos ambientais, são adotados três estratégias,
quais sejam:
a) Aumento da remuneração compensando o desgaste do trabalhador em
exposição aos riscos, ou seja, venda da saúde;
b) Os riscos sejam eliminados
c) Redução da exposição aos riscos.
Segundo (GÁRIOS p. 3, 2006), a “primeira alternativa é a mais cômoda e a
menos inteligente”.
Nos ensinamentos de Nogueira (Apud GÁRIOS, p. 3, 2006),
“Esse pagamento teria duas utilidades: de um lado aumentaria o salário dos
trabalhadores, permitindo uma alimentação melhor, da qual resultaria
melhores condições de defesa do organismo contra os agravos do trabalho;
por outro lado, constituiria em ônus a mais o empregador que, para evitá-lo,
procuraria melhorar as condições do ambiente de trabalho”.

As indústrias européias, posteriormente as norte americanas e canadenses,


reconheceram que os trabalhadores, em busca de majoração dos salários,
expunham-se aos riscos e sujeitando a saúde e a própria vida em troca do aumento
ínfimo do salário, segundo NOGUEIRA, (apud GÁRIOS, 2006).
Mesma opinião tem SUSSEKIND (apud GÁRIOS, 2006), “é incompreensível
que se permita ao trabalhador vender a saúde em troca de um sobre salário”
É lamentável que ocorra esse sobre salário e que os sindicatos ainda o
busquem como forma de majorar a folha de pagamento do Estado. Vale lembrar que
desde 1960, através da Lei Orgânica da Previdência Social é reforçada a
monetização, quando se instituiu a aposentadoria especial.
Destaca-se as reivindicações atuais pelos servidores para aposentadorias
precoces, ou seja, ao servidor exposto às condições adversas são lhes oferecidas
duas condições: Melhoramento salarial e aposentadoria precoce.
25

Entretanto, o servidor que serve dessas premissas, evitando buscar melhorias


em seu ambiente de trabalho, poderá estar cometendo suicídio, conforme as sábias
palavras do professor francês de medicina, CAMILLE SIMONIN, (Apud, GÁRIOS,
2006):
“Pensamos que o adicional dito de insalubridade é imoral e desumano; é uma
espécie de adicional de suicídio; ele encoraja-se os mais temerários a arriscar
a saúde para seu salário; é contrário aos princípios da Medicina do Trabalho
e à Declaração dos Direitos do Homem; nenhuma consideração de ordem
econômica deverá jamais compelir a um trabalho que implique o risco de
comprometer a saúde de quem o realiza”.

Mesmo que haja opiniões contrárias ao pagamento do adicional de


insalubridade, como visto anteriormente, a saúde ainda é uma moeda de troca seja
pelos sindicatos seja pelo próprio servidor.
Assevera (FONSECA, p. 179, 2003) que “O comportamento imposto aos
trabalhadores gera situações que dificultam a ação sindical em saúde e segurança no trabalho”, pois
“a prática sindical ainda é, em geral, muito marcada pela dimensão
economicista e tende, em muitos casos, a desconsiderar a realidade do
trabalho como uma atividade que consome a maior parte do tempo e do
espaço da vida de um homem, e como tal deveria incorporar as dimensões
do prazer e da realização, ampliando, portanto, a concepção e a prática
sindical”.(FONSECA, 2003)

4.4 - ATIVIDADES DE APOIO À PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO, ENSINO,


EXTENSÃO.

Sabendo que as IFES são produtoras de conhecimento, os laboratórios são


vistos como atividades de apoio à produção do conhecimento, pois de acordo com
FERGUSON (apud GRADELLA, p. 135, 2010) “o pensar pode, nesta época de
divisão do trabalho, vir a ser um ofício especial”.
Ainda (GRANDELLA, 2010),
“o trabalho predominantemente intelectual que caracteriza o docente
universitário tem como produto as idéias, as teorias e se realiza na
produção/reprodução dos conteúdos ideológicos”.

Às atividades de apoio sobram o fazer. O servidor, não se identificando com


aquele trabalho busca uma compensação que poderá ter dois propósitos, quais
sejam:
26

a) Aumento salarial “pelo menos sou recompensado monetariamente pela


exposição aos riscos”
b) Aposentadoria precoce “não vejo a hora de sair deste lugar horrível” é outra
fala de um servidor”.
No entanto, ao se admitir que existe vínculo entre o trabalho e a
saúde/doença, a saúde do trabalhador passa a adquirir especificidade e a se
destacar como um tema de estudo particular.
Como as atividades dos servidores são particularizadas, cada uma em seu
próprio local de trabalho. Embora os servidores estejam expostos aos mesmos
riscos, consideram-se específicos e geralmente se destacam com particularidades,
como bem colocado por REIS (2001).
Os comportamentos dos servidores frente aos riscos no seu cotidiano podem
trazer-lhes consequências graves como o desenvolvimento de doenças. Exemplar é
o que aconteceu com uma professora que perdeu o olfato, por desconhecer
máscara de proteção respiratória com um filtro adequado para os vapores a que
ficava exposta.
Outros servidores, sabendo que determinado produto químico causar-lhes-á
algum malefício, adquire uma máscara com filtro e o utiliza por longos anos, sem
sequer saber que o filtro tem validade e que poderá saturar bem antes de vencido o
prazo de validade.
Já outros servidores procuram se informar participando de treinamentos
ministrados pela Seção de Treinamentos do Departamento de Recursos Humanos
da IFES em pauta e adquirem e fazem uso o equipamento adequado. Exemplo uma
docente do Instituto de Ciências Biológicas ICB que está sempre equipada nas suas
atividades, sejam em laboratório sejam em campo.”Eu prefiro me informar e me
proteger adequadamente”.
A exposição ao risco traz inúmeras conseqüências, já que risco é toda
condição ou situação de trabalho que possa comprometer o equilíbrio físico,
psicológico e social dos indivíduos, causar acidente, doença do trabalho e/ou
profissional, segundo a Portaria já citada.
Dentre as conseqüências que a exposição ao ácido clorídrico ou ácido
sulfúrico traz, por exemplo, é a irritação das vias aéreas superiores. Uma outra
situação é a exposição ao Hidrogênio ou hélio, por serem asfixiantes, podem causar
27

a morte. Uma outra exposição, muito comum na IFES, é aos solventes orgânicos
que terão ação depressiva sobre o sistema nervoso central.
Quando o servidor é remetido a trabalhar com segurança e a se preocupar
com a saúde no trabalho, é “necessário que o próprio trabalhador tenha consciência
deste fato e que incorpore o seu significado”, conforme (REIS, 2001).
São raríssimas exceções, onde professores, com seu poder de barganha, por
exemplo, deixam de ministrar aulas, solicitam melhorias e, enquanto não são
concretizadas não ministram aulas. Neste momento os discentes tornam seus
aliados para acontecer as melhorias.
O trabalho em si não deve ser entendido como insalubre, daí a necessidade
do servidor começar a refletir sobre sua condição no trabalho.

4.5 - A LUTA CONTRA A MONETIZAÇÃO DA SAÚDE É POSSÍVEL.

A conscientização do servidor que a monetização é prejudicial em todos os


aspectos à sua saúde, estando exposto aos mais diversos agentes químicos, cujas
conseqüências para a saúde, da maioria, é desconhecida, também a exposição aos
agentes biológicos, afirma CARRION (apud MORAIS, p. 4, 2008) que
“a segurança e higiene do trabalho são fatores vitais na prevenção de
acidentes e na defesa da saúde do empregado, evitando o sofrimento
humano e o desperdício econômico”.

Como citado anteriormente, nos países europeus e na América do Norte foi


abolida a monetização através da conscientização da sociedade. Exemplo temos no
Movimento Operário Italiano cujos trabalhadores buscaram, através do
conhecimento dos riscos a que estavam expostos, melhorias no ambiente de
trabalho.
Nesse enfoque cita-se o relato de uma servidora da IFES em questão,

“prefiro trabalhar em um local salubre, limpo, livre de vapores (derivados de


hidrocarbonetos) que estão prejudicando minha a saúde, a ganhar 10% a
mais no meu contracheque”.

Remetemos novamente a (GÁRIOS, 2006),


“a tendência moderna converge para a (...): redução da exposição ao risco,
conjugada com a exigência de melhorias contínuas no ambiente do trabalho,
com atenção prioritária para a eliminação do agente agressivo”.
28

De fato, a conscientização dos trabalhadores e dos sindicatos deixando de


buscar somente ganhos salariais e colocando em pauta também a melhoria da
condição de trabalho, seria um ganho na qualidade de vida dos servidores, embora
num primeiro momento, estranharão a perda da vantagem financeira, por outro lado
terão mais coragem para buscar melhores condições de trabalho.
Remetemos a GRAMSCI apud ODDONE (186, P. 133),
“O perigo da ausência de vivacidade moral é, ao contrário, representado pela
teoria fatalística daqueles grupos que compartilham o conceito “naturalidade”,
segundo a natureza dos “brutos” e para os quais tudo é justificado pelo
ambiente social. Todo o senso de responsabilidade é entorpecido e cada uma
das responsabilidade é submersa numa abstrata e inencontrolável
responsabilidade social”.

Os sindicatos, então, deveriam estimular “uma contínua luta de indivíduos(...)


para mudar o que existe” (ODDONE,1987, p. 133)

4.5.1 - O QUE DIFICULTA ESSA LUTA NA IFES.

Pode-se apontar como uma dificuldade enfrentada pelos servidores da IFES


em buscar melhorias em seu local de trabalho, considerado insalutífero, alguns
pontos:
a) A entidade é uma autarquia pública. As decisões são centralizadas e
demoradas. Mas porque? Responde JUNIOR, (1970, p.61)
“O serviço público, em tese, tem de apresentar-se perfeito, sem a menor
falha, para que a coletividade se beneficie no mais alto grau com seu
funcionamento”.
b) .O isolamento. Cada laboratório comporta no máximo dois servidores e as
atividades são específicas, embora a exposição aos riscos são
semelhantes;
c) Política incipiente de segurança e saúde ocupacional na IFES. Segundo
relato de servidor “nunca fui examinado ou questionado pelos médicos
sobre quais produtos químicos que trabalho”.
d) Ausência de avaliações ambientais ou desconhecimento por parte dos
servidores que podem e devem solicitar tais avaliações.
Outro relato:
29

“desconheço que poderia solicitar à Seção de Engenharia de


Segurança do Trabalho – SEST do SAST vistoria no ambiente
de trabalho e a SEST proporia soluções”.

e) Por falta de estímulo, os servidores tendem a transferir os problemas para


o nível hierarquicamente superior (Organizações sociais, instituições federais de
ensino superior e autonomia universitária. Eduardo da Silva Pereira, Revista do Serviço
Público, pág. 71, Ano 48, Número 2, Mai-Ago 1997)

f) Os docentes, com sobrecarga de trabalho, esgotados mentalmente,


investem pouco em segurança do trabalho nos ambientes de trabalho.,
pois, remetemo-nos a LIMA & SAMOHYL (1986, p.186)
“O desenvolvimento tecnológico sempre vai se dar, portanto, entre duas
tensões fundamentais do sistema, e sempre encadeará deterioração nas
condições de trabalho”.

g) A exposição contínua com as situações de risco contribue para o


enfraquecimento da reação do trabalhador para reinvidicar melhoriras nos
ambientes de trabalho, segundo LIMA & SAMOHYL (1986)

Mesmo isolados e podendo ter soluções da engenharia para melhoria


ambiental, ainda há aqueles que preferem o adicional de insalubridade, não
importando se poderão adoecer expostos a agentes considerado insalubres.
Segundo SILVA, 2011, P. 31
“A valorização da saúde faz-se necessária. Os trabalhadores expostos aos
mais diferentes riscos deverão buscar meios de não adoecerem ou se
acabarem no trabalho.

Em um Seminário de Recursos Humanos ocorrido em 1994, segundo DIAS,


apud SILVA, (2011, P.30)
“Ao se pensar uma política de saúde do trabalhador na Universidade, é
necessário fazê-lo de modo articulado às demais políticas que conformam a
organização social, responsáveis pelas condições de vida, portanto, pelas
condições de saúde da população, particularmente com a política de saúde,
que define a organização e distribuição da atenção à saúde da população”.

Os servidores federais têm direitos que muitos desconhecem. A Portaria


normativa nº 3 de 07 de maio de 2010 ao estabelecer orientações básicas sobre a
Norma Operacional de Saúde do Servidor – NOSS, com objetivo de definir diretrizes
gerais para implementação das ações de vigilância aos ambientes e processo de
trabalho e promoção à saúde do servidor.
30

A Engenharia se Segurança do Trabalho modernamente controla os agentes


químicos através das medidas coletivas, administrativas ou individuais, porém, por
motivos outros, não é solicitada para fazê-lo.
As medidas coletivas com atuação na fonte ou na trajetória, farão com que o
ambiente esteja sempre dentro de um limite aceitável de concentração dos
contaminantes.
As medidas administrativas poderão ser rodízios de funcionários, redução da
jornada de trabalho, pausas.
As medidas individuais são as que têm ação sobre o indivíduo. O uso de
Equipamento de Proteção Individual – EPI. A utilização correta do EPI demanda que
o mesmo esteja dentro dos padrões de fabricação, atendam as necessidades do
servidor e que o servidor seja treinado para seu uso correto.
Os servidores da IFES contam com um Serviço de Atenção à Saúde do
Trabalhador, composto de uma equipe multiprofissional de profissionais com
diferentes formações e especialidades que atuam no âmbito da vigilância e
promoção da saúde agregando esforços para analisar e intervir nas questões de
saúde, sob diferentes ângulos da dimensão biopsissocial, fundamentadas na política
de atenção à saúde do servidor público Federal.
O governo na necessidade de responder por ações em saúde e segurança do
trabalho do servidor público federal está implantando a PASS – Política de Atenção
à Saúde do Servidor, tendo algumas estratégias. São o SIASS – Subsistema
Integrado de Atenção à Saúde do Servidor e o CGASS – Comitê Gestor de Atenção
à Saúde do Servidor.
A novidade desta política é a obrigatoriedade da implantação da CISSP –
Comissão Interna de Saúde do Servidor Público que deverá contribuir para uma
gestão compartilhada propondo ações voltadas à promoção da saúde e à
humanização do trabalho, em especial a melhoria das condições de trabalho e, o
mais importante, valorizar e estimular a participação dos servidores, enquanto
protagonistas e detentores de conhecimento do processo de trabalho, na
perspectiva de agentes transformadores da realidade.
31

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta monografia, empiricamente construída a partir de uma pesquisa, aspira


colaborar para se compreender a solicitação do adicional de insalubridade pelos
trabalhadores da IFES em pauta a buscar melhorias nas condições de trabalho.
Segundo ODDONE, 1987, p.122,
“o problema da nocividade do trabalho(...) era um problema de leis e de
controle da observação destas leis(...). Num plano absolutamente separado,
existia uma contratação relativa à nocividade do trabalho, (...) pela definição
dos postos de trabalho nocivos, que comportavam uma majoração do salário
sob a forma de pagamento por nocividade (monetização)”.

Com esta assertiva, pode-se esclarecer a falta de conhecimento sobre o


significado real do adicional de insalubridade pleiteado pelos servidores expostos a
alguns agentes considerados insalubres em troca paulatinamente da saúde, quando
na realidade deveriam solicitar investimentos na melhoria nos ambientes de
trabalho.

SERÁ MELHOR DESENVOLVIDA


32

6. Referências Bibliográficas:

BEGJEL, I , BARROSO, W.J., O Trabalhador do Setor Saúde, A Legislação e seus


Direitos Sociais, Boletim de Pneumologia Sanitária - Vol. 9, Nº2 - jul/dez - 2001

BERLINGUER, G. A Saúde nas Fábricas, Tradução de Hanna Augusta Tothschid,


São Paulo, Cebes-Hucitec, 1983.

DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e


Lúcia Leal Ferreira – 5. Ed. Ampliada – São Paulo: Cortez – Oboré, 1992.

FONSECA, C.A. Sobre Sindicalismo e Saúde do Trabalhador no Brasil nos


Anos 90: Uma contribuição ao debate.. In: SALIM, C.A (org). Segurança e
Segurança no Trabalho: novos olhares e saberes. São João Del Rei,
FUNDACENTRO, 2003

GÁRIOS, M.G., Insalubridade na Limpeza Urbana, Belo Horizonte, Informativo


AMES, p. 3 e 4, abril, 2006

LAURELL, A.C. & NORIEGA, M.,Processo de Produção e Saúde. Trabalho e


Desgaste Operário. São Paulo: Hucitec. 1989
LIMA, F.P.A, SAMOHYL, R.W, Determinantes da Insegurança no Trabalho,
Ensaios FEE, Porto Alegre, 7(1): 179-196, 1986

ODDONE, Ivar [et AL], Ambiente de Trabalho a luta dos trabalhadores pela saúde
– São Paulo, Editora Hucitec, 1986.

OLIVEIRA, Sebastião G. Proteção jurídica à saúde do trabalhador – 3ª Ed. - São


Paulo, LTr, 1996

PEREIRA, Fernandes J. Manual Prático: Como elaborar uma perícia técnica de


insalubridade – 3ª Ed. São Paulo: LTr. 2009.

PORTO, M.F.S. Análise dos riscos nos locais de trabalho: Conhecer para
transformar. INST, 2000, São Paulo.

REBOUÇAS, Antonio J. A. [ET AL] – Insalubridade: Morte Lenta no Trabalho- São


Paulo, Oboré Editorial, 1989

REIS, Ricardo J. Política de saúde do trabalhador: o caso da UFMG, 2001,134 f,


Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Faculdade Medicina, Universidade
Federal de Minas Gerais, 2001.

RIGOTTO, R.M. Isto é Trabalho de Gente? Vida, Doença e Trabalho no Brasil,


Petrópolis, Ed. Vozes, 1994
33

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/_uploads/documentos-pessoais/documento-
pessoal_11531.pdf acessado em 04 de agosto de 2010.

http://www.ufrgs.br/bioetica/asilomar.htm - acesso em 04 de agosto de 2010.

(José Cretela Júnior, in Tratado de Direito Administrativo, Ed. Forense,


1970, p. 61, 3 v.)
34

6 ANEXOS
35

DECRETO-LEI N. 5.273 - DE 23 DE FEVEREIRO DE 1943

Considera insalubre a zona de Brasília, no Alto Acre

O Presidente da República, usando da atribuição que Ihe confere o art. 180 da


Constituição, decreta:
Art. 1º É considerada malarígena, para efeito do que dispõe o item I do art. 120
do decreto-lei n. 1.713, de 28 de outubro de 1939, a zona de Brasília, região do Alto
Acre.
Art. 2º Aos servidores que trabalharem na zona indicada no art. 1º, enquanto a
mesma não for considerada saneada, será concedida uma gratificação de 20%
(vinte por cento) sobre os respectivos vencimentos ou salários.
Parágrafo único. Essa gratificação, somente devida ao servidor que tiver
prolongada permanência na referida zona, será paga no fim de cada semestre.
Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1943, 122º da Independência e 55º da
República.
GETULIO VARGAS.
Gustavo Capanema.
36

DECRETO-LEI N. 6.161 - DE 30 DE DEZEMBRO DE 1943

Altera a redação do art. 2º do decreto-lei n. 5.273, de 23 de fevereiro de 1943

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da


Constituição,

decreta:

Art. 1º O art. 2º e seu parágrafo único do decreto-lei n. 5.273, de 23 de fevereiro


de 1943, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 2º Aos funcionários que trabalharem na zona indicada no art. 1º, enquanto a
mesma não for considerada saneada, será concedida uma gratificação de 20%
(vinte por cento) sôbre os respectivos vencimentos.

Parágrafo único. Essa gratificação, somente devida ao funcionário que tiver


prolongada permanência na referida zona, será paga no fim de cada semestre".

Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 1943, 122º da Independência e 55º da


República.
GETÚLIO VARGAS.
Gustavo Capanema.
37

DECRETO-LEI N. 2.113 - DE 5 DE ABRIL DE 1940


Regula a concessão das gratificações a que se referem os itens I e II do art. 120, do decreto-
lei n. 1.713, de 28 de outubro de 1939

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,

decreta:

Art. 1º A gratificação a que se refere o item I do art. 120, do decreto-lei n. 1.713, de 28 de outubro
de 1939, pelo exercício em determinadas zonas ou locais, poderá ser concedida ate 30% (trinta por
cento) do vencimento do funcionário.

§ 1º Essa gratificação, porém sòmente poderá ser concedida quando o funcionário estiver
trabalhando em zonas ou locais, notòriamente insalubres, e neles tiver prolongada permanência.

§ 2º Zonas ou locais insalubres, para efeito da concessão dessa gratificação, serão sòmente
aqueles assim considerados e determinados por lei, ouvido o Departamento Nacional de Saúde
Pública.

Art. 2º A gratificação a que se refere o item II do art. 120 do decreto-lei n. 1.713, de 28 de outubro
de 1939, pela execução de trabalho de natureza especial, com risco da vida; ou da saúde poderá ser
concedida até 40% (quarenta por cento) do vencimento do funcionário.

Art. 3º As gratificações a que se referem os artigos anteriores sòmente poderão ser concedidas
mediante a expedição de lei, em cada caso concreto, e dentro dos limites do crédito que lhe fôr
destinado, considerando o tempo de execução de trabalho especial e ouvido, prèviamente, o
Departamento Administrativo do Serviço Público.

Parágrafo único. O registo da despesa, decorrente do pagamento das referidas gratificações ficará
condicionado á satisfação das exigências dêste artigo e à publicação da respectiva fôlha da qual
constarão nome do funcionário, cargo ou função, lotação, local e natureza do trabalho.

Art. 4º Revogam-se o decreto-lei n. 1.312, de 1 de junho de 1939, o art. 5º do decreto-lei n. 1.984,


de 29 de janeiro dêste ano, e as disposições em contrário

Rio de Janeiro, 5 de abril de 1940, 119º da Independência e 52º da República.

Getúlio Vargas. Francisco Campos. A. de Sousa Costa. Eurico G. Dutra.

Henrique A. Guilhem. João de Mendonça Lima. Osvaldo Aranha.

Fernando Costa. Gustavo Capanema. Valdemar Falcão.


38

DECRETO Nº 97.458 - DE 15 DE JANEIRO DE 1989 - DOU DE 16/1/89

Regulamenta a concessão dos Adicionais de Periculosidade e de


Insalubridade.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o art.


84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 8º do
Decreto-Lei nº 1.873, de 27 de maio de 1981,

DECRETA:

Art. 1ºA caracterização e a classificação da insalubridade ou periculosidade


para os servidores da administração federal direta, autárquica e fundacional
será feita nas condições disciplinadas na legislação trabalhista.

Art. 2º O laudo pericial identificará, conforme formulário anexo:

I - o local de exercício ou o tipo de trabalho realizado;


II - o agente nocivo à saúde ou o identificador do risco;
III - o grau de agressividade ao homem, especificando:

a) limite de tolerância conhecida, quanto ao tempo de exposição ao agente


nocivo; e
b) verificação do tempo de exposição do servidor aos agentes agressivos;

IV - classificação dos graus de insalubridade e de periculosidade, com os


respectivos percentuais aplicáveis ao local ou atividade examinados; e
V - as medidas corretivas necessárias para eliminar ou neutralizar o risco, ou
proteger contra seus efeitos.

Art. 3ºOs adicionais a que se refere este Decreto não serão pagos aos
servidores que:

I - no exercício de suas atribuições, fiquem expostos aos agentes nocivos à


saúde apenas em caráter esporádico ou ocasional; ou
II - estejam distantes do local ou deixem de exercer o tipo de trabalho que deu
origem ao pagamento do adicional.

Art. 4ºOs adicionais de que trata este Decreto serão concedidos à vista de
portaria de localização do servidor no local periciado ou portaria de designação
para executar atividade já objeto de perícia.

Art. 5ºA concessão dos adicionais será feita pela autoridade que determinar a
localização ou o exercício do servidor no órgão ou atividade periciada.

A execução do pagamento somente será processada à vista de portaria


Art. 6º
de localização ou de exercício do servidor e de portaria de concessão do
adicional, bem assim de laudo pericial, cabendo à autoridade pagadora
conferir a exatidão esses documentos antes de autorizar o pagamento.
39

Art. 7ºConsideram-se como de efetivo exercício, para o pagamento dos


adicionais de que trata este Decreto, os afastamentos nas situações previstas
no parágrafo único do art. 4° do Decreto-Lei n° 1.873, de 1981.

Para cumprimento deste Decreto serão realizadas, até 31 de março de


Art. 8°
1989, novas inspeções e reexaminadas as concessões dos adicionais, sob
pena de suspensão do respectivo pagamento.

Art. 9°Incorrem em responsabilidade administrativa, civil e penal os peritos e


dirigentes que concederem ou autorizarem o pagamento dos adicionais em
desacordo com este Decreto.

Art.10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art.11. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 15 de janeiro de 1989; 168° da Independência e 101° da República.

JOSÉ SARNEY
Mailson Ferreira da Nóbrega
João Batista de Abreu

Anexo ao Decreto nº 97.458, de 15 de janeiro de 1989

CARACTERIZAÇÃO DE INSALUBRIDADE E/OU PERICULOSIDADE


Adcional a ser
Local de Exercício Agente nocivo à Saúde Grau de Agressividade ao homem
concedido (%) Medidas
ou ou
Tolherência conhe Medição Efetua Corretivas
Tipo de Trabalho Realizado Identificação do risco Insal. Pericul.
cida/tempo da/tempo
40

LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990


Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das
autarquias e das fundações públicas federais.
Seção II
Das Gratificações e Adicionais
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos
aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais: (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento;
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - gratificação natalina;
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído pela Lei nº 11.314 de
2006)
Subseção IV
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades Penosas
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres ou em
contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade
deverá optar por um deles.
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa com a
eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em operações ou
locais considerados penosos, insalubres ou perigosos.
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a
gestação e a lactação, das operações e locais previstos neste artigo, exercendo
suas atividades em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
41

Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de


periculosidade, serão observadas as situações estabelecidas em legislação
específica.
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício
em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos
termos, condições e limites fixados em regulamento.
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou
substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de modo que as
doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação
própria.
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a
exames médicos a cada 6 (seis) meses.
42

LEI N° 8.270, DE 17 DE DEZEMBRO DE 1991


Dispõe sobre reajuste da remuneração dos servidores públicos, corrige e reestrutura
tabelas de vencimentos, e dá outras providências.
Art. 12. Os servidores civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais perceberão adicionais de insalubridade e de periculosidade, nos termos das
normas legais e regulamentares pertinentes aos trabalhadores em geral e
calculados com base nos seguintes percentuais:
I - cinco, dez e vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimo, médio e
máximo, respectivamente;
II - dez por cento, no de periculosidade.
§ 1° O adicional de irradiação ionizante será concedido nos percentuais de cinco,
dez e vinte por cento, conforme se dispuser em regulamento. (Regulamento)
§ 2° A gratificação por trabalhos com Raios X ou substâncias radioativas será
calculada com base no percentual de dez por cento.
§ 3° Os percentuais fixados neste artigo incidem sobre o vencimento do cargo
efetivo.
§ 4° O adicional de periculosidade percebido pelo exercício de atividades nucleares
é mantido a título de vantagem pessoal, nominalmente identificada, e sujeita aos
mesmos percentuais de revisão ou antecipação dos vencimentos.
§ 5° Os valores referentes a adicionais ou gratificações percebidos sob os mesmos
fundamentos deste artigo, superiores aos aqui estabelecidos, serão mantidos a título
de vantagem pessoal, nominalmente identificada, para os servidores que
permaneçam expostos à situação de trabalho que tenha dado origem à referida
vantagem, aplicando-se a esses valores os mesmos percentuais de revisão ou
antecipação de vencimentos.
43

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO


SECRETARIA DE RECURSOS HUMANOS

ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 2, DE 19 DE FEVEREIRO DE 2010

Estabelece orientação sobre a concessão dos adicionais de insalubridade,


periculosidade, irradiação ionizante e gratificação por trabalhos com Raios-X ou
substâncias radioativas, e dá outras providências

O SECRETÁRIO DE RECURSOS HUMANOS, DO MINISTÉRIO DO


PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO,
no uso das atribuições que lhe confere o inciso I do art. 34 do Anexo I do Decreto
No- 6.929, de 06 de agosto de 2009, resolve:
Art. 1º Esta Orientação Normativa objetiva uniformizar entendimentos no tocante à
concessão de adicionais estabelecidos pelos artigos 68 a 70 da Lei No- 8.112, de 11
de dezembro de 1990, pelo artigo 12 da Lei No- 8.270, de 17 de dezembro de 1991,
e pelo Decreto No- 97.458 de 15 de janeiro de 1989.
Art. 2º A caracterização da insalubridade e/ou periculosidade nos locais de trabalho,
respeitará as normas estabelecidas para os trabalhadores em geral, de acordo com
as instruções contidas nesta Orientação Normativa.
Art. 3º A gratificação por trabalhos com Raios-X ou substâncias radioativas, e os
adicionais de irradiação ionizante, insalubridade e periculosidade, obedecerão às
regras estabelecidas nesta Orientação Normativa, bem como às normas da
legislação vigente.
Art. 4º O adicional de irradiação ionizante de que trata o § 1° do art. 12 da Lei n°
8.270, de 1991, regulamentado pelo Decreto No- 877, de 20 de julho de 1993, não
se confunde com os demais adicionais ou gratificação de que trata esta norma, e
não se acumula com estes.
Art. 5° A concessão dos adicionais de insalubridade, periculosidade e irradiação
ionizante, bem como a gratificação por trabalhos com Raios-X ou substâncias
radioativas, estabelecidos na legislação vigente, são formas de remuneração do
risco à saúde dos trabalhadores e tem caráter transitório, enquanto durar a
exposição.
§ 1° O servidor somente poderá receber um adicional ou gratificação de que trata
esta Orientação Normativa.
§ 2° Os adicionais e a gratificação serão calculados sobre o vencimento do cargo
efetivo dos servidores civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais, com base nos seguintes percentuais:
I - cinco, dez ou vinte por cento, no caso de insalubridade nos graus mínimo, médio
e máximo, respectivamente;
II - dez por cento, no caso do adicional de periculosidade;
III - cinco, dez ou vinte por cento, no caso do adicional de irradiação ionizante;
IV - dez por cento no caso da gratificação por trabalhos com Raios X ou substâncias
radioativas.
§ 3º Considera-se exposição habitual aquela em que o servidor submete-se a
circunstâncias ou condições insalubres e perigosas como atribuição legal do seu
cargo por tempo superior à metade da jornada de trabalho semanal.
§ 4º Considera-se exposição permanente aquela que é constante, durante toda a
jornada laboral e prescrita como principal atividade do servidor.
44

Art. 6º Para fins de concessão do adicional de insalubridade em decorrência de


exposição permanente ou habitual a agentes biológicos, devem ser verificadas a
realização das atividades e as condições estabelecidas no Anexo I, bem como
observados os Anexos II e III.
§ 1º A exposição permanente ou a habitual serão caracterizadas pelo
desenvolvimento não eventual das atividades previstas na maior parte da jornada
laboral.
§ 2º Não caracteriza situação para pagamento de adicionais ocupacionais para
efeito desta norma legal, o contato habitual ou eventual com: fungos, ácaros,
bactérias e outros microorganismos presentes em documentos, livros,
processos e similares, carpetes, cortinas e similares, sistemas de condicionamento
de ar; bactérias e outros microorganismos presentes em instalações sanitárias.
Art. 7º A caracterização e a justificativa para concessão de adicionais de
insalubridade e periculosidade aos servidores da Administração Pública Federal
direta, autárquica e fundacional, quando houver exposição permanente ou habitual a
agentes físicos ou químicos, dar-se-ão por meio de laudo técnico elaborado nos
limites de tolerância mensurados, nos termos das Normas Regulamentadoras No-
15 e nos critérios da Norma Reguladora No- 16, previstas na Portaria do Ministério
do Trabalho e Emprego No- 3.214, de 08 de junho de 1978, bem como o
estabelecido nos Anexos II e III desta Orientação Normativa.
Art. 8º O laudo técnico deverá preencher, ainda, os requisitos do Anexo III desta
Orientação Normativa e ser preenchido pelo profissional competente.
§ 1º Entende-se por profissional competente para avaliação da exposição e emissão
do laudo técnico previsto no caput, o ocupante do cargo público, na esfera federal,
estadual, municipal ou do Distrito Federal, de médico com especialização em
medicina do trabalho ou engenheiro e arquiteto com especialização em segurança
do trabalho.
§ 2º O laudo para a concessão de adicionais não terá prazo de validade, devendo
ser refeito sempre que houver alteração dos riscos presentes.
§ 3º O laudo técnico deverá considerar a situação individual de trabalho do servidor.
§ 4º Compete ao profissional responsável pela emissão do laudo técnico caracterizar
e justificar a condição ensejadora dos adicionais ocupacionais.
Art. 9º A execução dos pagamentos das vantagens pecuniárias presentes nesta
Orientação Normativa será feita pela unidade de recursos humanos do órgão, com
base no laudo técnico expedido por autoridade competente.
Parágrafo único: para fins de pagamento do adicional, será observado a data da
portaria de localização, concessão, redução ou cancelamento, para ambientes já
periciados e declarados insalubres e/ou perigosos, que deverão ser publicadas em
boletim de pessoal ou de serviço.
Art. 10. O pagamento dos adicionais e da gratificação de que trata esta Orientação
Normativa é suspenso quando cessar o risco ou o servidor for afastado do local ou
atividade que deu origem à concessão.
Parágrafo único: Cabe à unidade de recursos humanos do órgão realizar a
atualização permanente dos servidores que fazem jus aos adicionais no respectivo
módulo do SIAPENet, conforme movimentação de pessoal, sendo, também, de sua
responsabilidade, proceder a suspensão do pagamento, mediante comunicação
oficial ao servidor interessado.
Art. 11. É responsabilidade do gestor da unidade administrativa informar à área de
recursos humanos quando houver alteração dos riscos, que providenciará a
adequação do valor do adicional, mediante elaboração de novo laudo.
45

Art. 12. Respondem nas esferas administrativa, civil e penal, os peritos e dirigentes
que concederem ou autorizarem o pagamento dos adicionais em desacordo com a
legislação vigente.
Art. 13. Os dirigentes dos órgãos da Administração Federal Direta, das autarquias e
suas fundações, promoverão as medidas necessárias à redução ou eliminação dos
riscos, bem como a proteção contra os respectivos efeitos.
Art. 14. Os casos omissos relacionados à matéria tratada nesta Orientação
Normativa serão avaliados pelo Departamento de Saúde, Previdência e Benefícios
do Servidor da Secretaria de Recursos Humanos, do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão.
Art. 15. Esta Orientação Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 16. Revogam-se as disposições contrárias a esta Orientação Normativa, bem
como o disposto nas Orientações Normativas No- 4, de 13 de julho de 2005, e No-
6, de 23 de dezembro de 2009, e o Oficio Circular No- 25/COGSS/DERT/SRH/MP,
de 14 de dezembro de 2005.
DUVANIER PAIVA FERREIRA
ANEXO I

Atividades permanentes ou habituais a agentes biológicos que podem caracterizar


insalubridade nos graus médio e máximo , correspondendo, respectivamente, a
adicionais de 10 ou 20% sobre o vencimento do cargo efetivo.

Atividades Adicional
Contato permanente com pacientes em isolamento por doenças infecto-contagiosas 20%
Contato permanente com objetos (não previamente esterilizados) de uso de pacientes
em isolamento por doençasinfecto- contagiosas 20%
Contato habitual com carnes, glândulas, vísceras, sangue,ossos, couros, pelos e
dejeções de animais portadores de doenças infecto-contagiosas. 20%
Trabalho habitual em esgotos (galerias e tanques) 20%
Trabalho habitual com lixo urbano (coleta e industrialização) 20%
Contato permanente com pacientes em hospitais, serviços de emergência, enfermarias,
ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados 10%
da saúde humana
Contato permanente com material infecto-contagiante em hospitais, serviços de
emergência, enfermarias, ambulatórios, postos de vacinação e outros estabelecimentos 10%
destinados aos cuidados da saúde humana
Contato permanente com animais em hospitais, serviços de emergência, enfermarias, 10%
ambulatórios e postos de vacinação
Contato habitual com animais destinados ao preparo de soro, vacinas e outros produtos, 10%
em laboratórios
Contato direto e habitual com animais em hospitais, ambulatórios, postos de vacinação e 10%
outros estabelecimentos destinados ao atendimento e tratamento de animais.
Trabalho técnico habitual em laboratórios de análise clínica e histopatologia 10%
Atividade habitual de exumação de corpos em cemitérios 10%
Trabalho habitual em estábulos e cavalariças 10%
Contato habitual com resíduos de animais deteriorados 10%

ANEXO II
Atividades não caracterizadoras para efeito de pagamento de adicionais
ocupacionais:
46

I - aquelas do exercício de suas atribuições, em que o servidor fique exposto aos


agentes nocivos à saúde apenas em caráter esporádico ou ocasional;
II - situações ocorridas longe do local de trabalho ou em que o servidor deixe de
exercer o tipo de trabalho que deu origem ao pagamento do adicional;
III - Aquelas em que o servidor ocupe função de chefia ou direção, com atribuição de
comando administrativo;
IV - Aquelas em que o servidor somente mantenha contato com pacientes em área
de convivência e circulação, ainda que o servidor permaneça nesses locais;
V - Aquelas que são realizadas em local impróprio, em virtude do gerenciamento
inadequado ou problemas organizacionais de outra ordem;
VI - Aquelas consideradas como atividades-meio ou de suporte, em que não há
obrigatoriedade e habitualidade do contato; e
VII - Aquelas em que o servidor manuseia objetos que não se enquadram como
veiculadores de secreções do paciente, ainda que sejam prontuários, receitas, vidros
de remédio, recipientes fechados para exame de laboratório e documentos em geral

ANEXO III
CARACTERIZAÇÃO DE INSALUBRIDADE/PERICULOSIDADE
Local de exercício do trabalho
Tipo de trabalho realizado
Tipo de risco
Agente nocivo à saúde (motivo)
Tolerância conhecida/tempo
Medição efetuada/tempo
Grau de risco
Adicional a ser concedido
Medidas corretivas
Profissional responsável pelo laudo

Você também pode gostar