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UNOPAR

INTRODUÇÃO A
SEGURANÇA NO
TRABALHO

INTRODUÇÃO A SEGURANÇA NO TRABALHO

ISBN 978-85-68075-78-4

9 788568 075784
Introdução à
segurança no
trabalho

Alfredo Ribeiro Almeida


Fábio Henrique Ribeiro
© 2014 by Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Almeida, Alfredo Ribeiro


A443i Introdução à segurança no trabalho / Alfredo Ribeiro
Almeida, Fábio Henrique Ribeiro. – Londrina: Editora e
Distribuidora Educacional S.A., 2014.
192 p.

ISBN 978-85-68075-78-4

1. Higiene. 2. Saúde. I. Ribeiro, Fábio Henrique. II.


Título.

CDD 341.617
Sumário

Unidade 1 — Introdução à segurança, higiene


e medicina do trabalho ............................1
Seção 1 Histórico da segurança, higiene e medicina do trabalho ..........2
Seção 2 Riscos e formas de gerenciamento .....................................16
2.1 Riscos ambientais ..............................................................................30
2.2 Riscos físicos......................................................................................32
2.3 Riscos químicos .................................................................................33
2.4 Riscos biológicos ...............................................................................34
2.5 Riscos ergonômicos ...........................................................................35
2.6 Riscos de acidentes e/ou mecânicos ..................................................36
2.7 Mapa de riscos ambientais ................................................................37
2.8 Causas e custos de acidentes ............................................................38

Unidade 2 — Aspectos e elementos do acidente


de trabalho ............................................47
Seção 1 Conceito de prevenção de acidentes ..................................49
1.1 Prevenção de acidentes .....................................................................49
1.2 Legislação sobre acidente do trabalho e doenças ocupacionais .........51
1.3 Impactos e responsabilidades envolvidas nos acidentes de trabalho...52
1.4 Aspectos importantes sobre a contratação de terceiros .......................74
Seção 2 CAT — comunicação de acidente de trabalho ....................76
2.1 Conceitos gerais de CAT — comunicação de acidente de trabalho ....76
2.2 Classificação dos acidentes de trabalho .............................................84
2.3 Inspeção de segurança .......................................................................84
iv INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 3 Levantamento e análise preliminar dos riscos


de acidentes e medidas de prevenção e controle ................86
3.1 Riscos de acidentes e medidas de prevenção e controle ....................86
3.2 Levantamento de riscos ambientais ....................................................87
3.3 Análise das condições de trabalho: equipamentos de
proteção coletiva e individual ............................................................88
3.4 Riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos .........88

Unidade 3 — Regulamentação e indicadores de saúde e


segurança no trabalho ...........................95
Seção 1 Causas, investigação e estatísticas de acidente
de trabalho .........................................................................97
1.1 PPP — Perfil Profissiográfico Previdênciário.....................................103
Seção 2 Normas Reguramentadoras — NRs — portaria nº 3.214 .......118
2.1 A implantação de um programa de gestão de saúde, segurança
e meio ambiente ..............................................................................119
2.2 Indicadores de desempenho ............................................................126
Seção 3 Motivação, estresse e insatisfação no trabalho .................128
3.1 Diagnóstico sobre segurança e saúde no trabalho ............................132

Unidade 4 — Programas de saúde e segurança


do trabalho ..........................................139
Seção 1 PPRA, PCMSO, PCMAT ....................................................140
1.1 Programa de controle médico de saúde ocupacional .......................153
1.2 PCMAT — Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção ...........................................165
Seção 2 PPR, PCA, PGR .................................................................168
Apresentação

O presente estudo busca apresentar as medidas de segurança no trabalho


com o intuito de assegurar a saúde do trabalhador de forma que possa enri-
quecer o conhecimento nesse aspecto que vem tomando uma proporção de
cuidados e preocupações cada vez maior no ambiente laboral pelos gestores,
empresários e Recursos Humanos, buscando cada vez mais amenizar as
questões relacionadas a acidente de trabalho e questões negativas relacio-
nadas à saúde dos trabalhadores.
Pois motivos como um funcionário quando é afastado por acidente de tra-
balho e não retorna na data marcada pelo médico, tentando assim conseguir
estabilidade por afastamento superior a 15 dias, a empresa deverá aplicar
advertência por escrito, notificação ao INSS e ao sindicato, resguardando
seus direitos. Se for despedido e ingressar com reclamação trabalhista, terá
que provar pericialmente que a alta médica concedida foi precoce e que
deveria ter sido enviada ao INSS, após o 15º dia. São situações desse tipo
que levam as empresas a se preocuparem com medidas de prevenção aos
riscos para que não ocorram os acidentes de trabalho ou trajeto, assim rea-
lizando os exames ocupacionais de acordo com os prazos preestabelecidos
conforme o PCMSO — Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-
nal, conforme determina a NR-7, os exames médicos admissionais devem
ser realizados para todos os funcionários, assim como na sua demissão. Em
casos específicos, como motoristas de ônibus, para funcionários de até 45
anos, esses exames devem ser anuais e os demais bienais. Os exames com-
plementares para essa atividade aconselham que se deva dar atenção para
o sistema visual e auditivo, porém, não existe obrigatoriedade em fazê-los.
Cada setor ou profissional deve realizar seus exames corretamente como
determina o PCMSO realizado pelo médico coordenador responsável pela
sua implantação na empresa.
vi INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Por esses fatores que se busca um estudo cada vez mais empenhado nas
questões de segurança do trabalho visando não só a segurança do trabalhador
como também as questões de qualidade de vida desses trabalhadores, questões
que veremos no decorrer deste livro, que são fatores de extrema importância
para as empresas nos dias atuais.
Unidade 1
Introdução à
segurança, higiene e
medicina do trabalho
Fábio Henrique Ribeiro

Seção 1: Histórico da segurança, higiene e


medicina do trabalho
Nesta seção, entenderemos o histórico e evolução
da segurança, higiene e medicina do trabalho nas
organizações, bem como alguns conceitos relacio-
nados ao tema.

Seção 2: Riscos e formas de gerenciamento


Nesta seção, estudaremos o conceito de riscos, bem
como as formas de prevenção.
2 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Introdução ao estudo
Nesta unidade você será levado a compreender a importância da segurança,
higiene e medicina do trabalho nas organizações, bem como a evolução dos
conceitos ligados ao assunto.

Seção 1 Histórico da segurança, higiene e


medicina do trabalho
Qual a importância da segurança, higiene e medicina do trabalho? Vamos
imaginar uma empresa que ofereça condições rudimentares de trabalho. Como
será o desempenho do trabalhador em uma situação precária no ambiente
laboral? Provavelmente, o funcionário irá produzir menos e, futuramente, po-
derá sofrer um acidente de trabalho ou ter a saúde agravada em decorrência da
ausência de controle de riscos no ambiente de trabalho. Sendo assim, vamos
entender qual o papel do gestor em compreender os conceitos e a evolução
da segurança, higiene e medicina do trabalho, com o objetivo de melhorar
constantemente o desempenho e a competitividade das organizações.
Segundo Vieira (2006), a ideia de trabalho foi mencionada pela primeira
vez na Bíblia, quando Deus deu a Adão o encargo de cuidar do paraíso. Nesse
primeiro momento, o trabalho era prazeroso, situação que iria mudar em pouco
tempo. Depois que Adão comeu a maçã é que Deus transformou o trabalho
em castigo.
Ainda de acordo com o autor, a palavra trabalho vem do latim tripalium,
que era um instrumento de tortura na época. A primeira forma que conhe-
cemos de trabalho foi a escravidão, na qual o escravo não era considerado
ser humano, mas sim um domínio. Não havia direito algum de proteção, e o
escravo era propriedade de seu dono, cabendo a este decidir sobre o futuro
daquele e, inclusive, sobre sua vida. O sistema de escravidão continuou no
tempo quase de forma indefinida, pois seu fim só ocorreria se o trabalhador
escravo deixasse de sê-lo.
Com o tempo, as cidades foram surgindo, e as rotas comerciais começa-
ram a ser traçadas. A partir desse momento, começa a haver mais liberdade
ao trabalhador que já possuía algum ofício, como a carpintaria e a costura.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 3

Com o aparecimento das profissões, surgem também os riscos nas atividades


desenvolvidas pelos trabalhadores.
Condições de risco sempre estiveram presentes na história da humani-
dade. O homem primitivo, para defender-se das feras com as armas precárias
que dispunha, dominado pelo medo ou em virtude do imprevisto do ataque,
feria a si próprio ou a seu companheiro de caçada com os instrumentos que
empunhava. Percebeu-se nesse período a existência do risco, que é inerente
a qualquer atividade empresarial. Toda e qualquer atividade empresarial apre-
senta riscos, por exemplo: um funcionário que realiza atividades administrati-
vas está exposto a riscos ergonômicos como postura inadequada, movimentos
repetitivos, deficiência de iluminação, mobiliários inadequados, entre outros.
Trabalhadores de grandes indústrias também estão expostos a diferentes tipos
de riscos como: ruídos, calor, frio, agentes químicos, agentes biológicos, entre
outros. Nas civilizações europeias e asiáticas anteriores a Cristo, as condições
de riscos não eram conhecidas. Na fase medieval, dentro das oficinas cor-
porativas, os artesãos sofriam acidentes em vista dos processos manuais de
produção. Existiam poucos relatos sobre acidentes e doenças provenientes do
trabalho, pois predominava o trabalho escravo e manual. Cabe lembrar que
não existiam leis e regulamentos que tratassem da preservação e integridade
física do trabalhador.
Nessa época, além de não haver medidas de controle de riscos, o regime
de trabalho chegava a até 18 horas diárias. Essas grandes jornadas de trabalho
aconteciam em ambientes sujos, abafados, sem iluminação, sem janelas (o que
contribuía para o aumento da propagação das doenças conhecidas da época,
especialmente a tuberculose), enfim, condições absolutamente precárias.
Em meados do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial na
Inglaterra, surgiu a máquina a vapor. Nesse período, várias minas de carvão
foram montadas e as condições de trabalho eram péssimas. Os trabalhadores
ficavam à mercê da sorte. As condições eram insalubres e ainda havia o perigo
de explosão e desmoronamentos, sem contar o risco de intoxicação por gases.
Em decorrência da grande oferta de mão de obra, os trabalhadores recebiam
salários ínfimos, que não eram suficientes para cobrir as despesas. O empregado
era posto quase como um servo, pois os empregadores da época os vendiam,
muitas vezes, junto com suas famílias, como força de trabalho. Mulheres e
crianças eram submetidas ao mesmo trabalho dos homens, mas recebiam muito
menos dinheiro. Indústrias têxteis se multiplicavam nas cidades.
4 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Pela ânsia de obter lucros e pela necessidade de enfren-


tarem a competição que entre eles se estabeleceu, desen-
cadearam os industriais a mais desenfreada exploração
de seus operários, pagando-lhes salários irrisórios, sub-
metendo-os a jornadas extenuantes, a inúmeros acidentes
pelo manejo de máquinas perigosas, dos quais frequente-
mente resultavam incapacidade totais, colocando-os em
ambientes de trabalho insalubres e arriscados, nos quais
contraíram muitas enfermidades, e não lhes prestando
assistência quando adoeciam ou em qualquer outra situ-
ação (AQUINO, 1989 apud VIEIRA, 2006, p. 32).
Cresce [entretanto], a partir da metade do século XIX,
o movimento organizado de trabalhadores em busca
de seus direitos, [sensibilizando] não só a classe traba-
lhadora, mas também governantes, sociólogos, juristas,
empresários, para a reformulação da legislação trabalhista
[...]. [Reivindicam-se maiores] garantias de proteção ao
trabalhador [e exigia-se que o] Estado (até então alheio
[aos aspectos de segurança do trabalhador no] conflito
capital x trabalho) [interviesse e intermediasse os] impas-
ses entre patrões e empregados, [na busca da melhoria
das] condições de trabalho.
Pouco a pouco, os trabalhadores mobilizados consegui-
ram conquistar alguns direitos, sendo os empresários
levados a assumir maiores responsabilidades para com
garantia de condições mais humanas e seguras no am-
biente de trabalho (CASTRO JÚNIOR, 1995, p. 5).

Questões para reflexão


Quais eram as dificuldades vividas pelos trabalhadores nesse período?

Durante os séculos XII e XIII, segurança e saúde do trabalho ficaram es-


tagnadas, além de serem associadas ao misticismo. Muitos acreditavam que
demônios moravam nas minas e que podiam ser controlados pela força da
oração. Nesse período, as observações do médico suíço Paracelso, baseadas
em dez anos de trabalho em uma planta de fundição e nas minas da região,
contribuíram muito para o conhecimento sobre toxicidade de riscos existentes
nos ambientes de trabalho.
Conforme Anjos et al. (2004), as primeiras informações documentadas
acerca do assunto datam do Egito no ano 2360 a.C., descrevendo uma preocu-
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 5

pação com a preservação da vida dos escravos de uma pedreira e a toxicidade


das minas de cobre. Após a Revolução Mercantil no século XIV, o conhecimento
desse assunto teve uma progressão, com os estudos de médicos como Ulrich
Ellenbog, Ysbrand Diemerbrock, George Bauer e Paracelso, que escreveu a
primeira monografia específica sobre a relação do trabalho e doença, com
assunto sobre métodos de trabalho e substâncias manuseadas, principalmente
as intoxicações por mercúrio.
No século XVIII, muitos problemas de higiene ocupacional foram reconheci-
dos e descobertos. George Baker atribuiu a “Cólica de Devonshire” à utilização
de chumbo na indústria de vinho de maçã (sidra) e colaborou na remoção de
seu uso. Percival Pott reconheceu a fuligem como uma das causas de câncer
escrotal, o que foi a principal causa para a ocorrência do Ato dos Limpadores
de Chaminé, em 1788, na Inglaterra. No século XIX, Charles Thackrah, político
influente e médico, em conjunto com Percival Pott, escreveu um tratado de 200
páginas de orientações sobre medicina do trabalho, que deu início à moderna
literatura de reconhecimento das doenças ocupacionais. Outro médico que
contribuiu de forma extremamente significativa para a medicina e segurança
no trabalho foi o sr. Bernardino Ramazzini. No ano de 1700, em Modena, na
Itália, o médico publicou o primeiro estudo sobre doenças ocupacionais. Esse
profissional questionava seus pacientes sobre os trabalhos exercidos nas minas.
Após avaliação clínica dos sintomas expostos pelas pessoas, o médico conseguia
estabelecer uma relação de causa e efeito, ou seja, a ligação dos riscos existen-
tes nos ambientes de trabalho com as doenças que os pacientes apresentavam.

Para saber mais


Assista a um vídeo que apresenta problemas relacionados às dermatoses ocupacionais. Confira:
<http://www.youtube.com/watch?v=K1KNna9u8ps>.

A primeira legislação previdenciária no mundo moderno surgiu na Alema-


nha e foi implementada entre 1881 a 1884. Essa legislação foi denominada
modelo alemão ou modelo bismarkiano e foi considerada a precursora e nortea-
dora de toda a legislação acidentária no mundo. Posteriormente, outros países
seguiram o modelo bismarkiano, a saber: Itália (1883), França (1898), Espanha
(1908), Canadá (1910), Suíça (1912), Colômbia (1915), México (1917), Brasil
6 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

(1919) e Suécia (1931). As legislações acidentárias surgiram em decorrência


das degradantes e insalubres condições de trabalho, bem como os movimentos
sindicais. Em 1919 nasce a OIT — Organização Internacional do Trabalho.

Para saber mais


Acesse a página da Organização Internacional do Trabalho por meio do seguinte endereço:
<http://www.oit.org.br/>.

Assim como ocorreu em outros países, o Brasil utilizou-se de mão de obra


escrava na mineração e na agricultura, entre outras atividades econômicas,
até o final do século XIX. Por mais de 350 anos, praticamente não existiam
outras formas de trabalho que não fossem realizadas por escravos. Isso pode
explicar, em parte, o número reduzido de informações disponíveis sobre as
doenças relacionadas ao trabalho, até bem próximo do fim da escravidão no
Brasil. Vários relatos fazem referências às más condições de trabalho, jornada
de trabalho prolongada sem remuneração de hora extra, utilização de mão de
obra feminina e infantil e ocorrências de acidentes e doenças profissionais.
As crescentes mudanças na economia e na tecnologia, no século XVIII, cul-
minaram na Revolução Industrial e aumentaram consideravelmente o número
de problemas de saúde em geral e, em especial, os relacionados ao trabalho.
Em virtude do processo de produção acelerado e desumano, processo do qual
participavam mulheres, idosos e crianças, a saúde das populações deteriorou
tanto que os índices de mortalidade cresceram a níveis nunca antes alcançados
e verdadeiras epidemias instalaram-se nos países industrializados da época.
Os estudos de Willam Farr (1851) assinalaram que a mortalidade entre os
fabricantes de casos entre 35-45 anos era excessivamente alta, e que a fabri-
cação de cerâmica na Inglaterra era um ofício insalubre. Farr estudou também
a mortalidade por doenças respiratórias em trabalhadores da mineração em
diferentes regiões de seu país.
O regime de trabalho de semiescravidão, durante a Revolução Industrial,
foi motivo de reinvidicações trabalhistas de inúmeros movimentos sociais, in-
fluenciando, portanto, políticos e legisladores a introduzirem medidas legais.
Na Inglaterra, por exemplo, em 1802 o Parlamento introduziu uma taxa (multa)
para controlar as condições de trabalho chamada “Lei da Saúde e Moral dos
Aprendizes”, que atendia às recomendações do Conselho de Saúde de Man-
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 7

chester reunido em 1796. Porém, essa lei foi ineficaz, visto que não foram
propostos quaisquer sistemas de fiscalizações que exigissem seu comprimento
ou pagamento da multa.
As condições de trabalho continuaram muito ruins, os jornais denunciavam
os maus-tratos aos trabalhadores, especialmente com relação ao trabalho das
crianças, com jornada de 15 a 16 horas diárias nas indústrias têxteis britânicas
e ao trabalho nas plantações de algodão, nos Estados Unidos. Em virtude dos
movimentos por humanização no trabalho, o parlamento britânico baixou a “Lei
das Fábricas”, em 1833, que regulamentou o trabalho da criança pela primeira
vez. Essa lei baniu todo trabalho noturno para menores de 18 anos e restringiu
a idade na qual a criança poderia começar a trabalhar, aos 13 anos, limitava
também suas horas de trabalho para 48 horas por semana, e o empregador
deveria prover educação.
Nas décadas de 1930 e 1940, alguns empregadores inspirados nos con-
selhos do médico Robert Baker, famoso médico inglês com conhecimento da
obra de Ramazzini e que veio a ser Inspetor Médico do Governo Britânico,
contataram médicos para auxiliá-los no cumprimento da legislação e também
analisar os serviços médicos dentro das indústrias que deram origem à medi-
cina do trabalho.
No decorrer da Revolução Industrial, diversos processos de fabricação foram
se modificando e gerando novos fatores de riscos para os trabalhadores. Estes
foram descritos por vários autores, entre eles Charleus Dickens que chamou
a atenção de maneira convincente quanto aos problemas existentes dentro
das fábricas que estavam causando acidentes e doenças profissionais. Suas
observações abriram caminho para uma nova legislação relativa à Higiene
Ocupacional, em vigor até hoje na Inglaterra.
A “Lei das Fábricas” de 1833 foi ampliada em 1864 e apresentava as pri-
meiras exigências sobre Higiene Ocupacional, sendo que todas as fábricas
deveriam ser ventiladas para remover quaisquer gases nocivos, poeiras e ou-
tras impurezas que poderiam causar danos à saúde, o que hoje é chamado de
ventilação diluidora.
Na Alemanha, em 1869, e na Suíça, em 1877, foram instituídas as leis pre-
cursoras que responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais. O
reconhecimento da existência de uma relação causal entre os fatores de risco
e a doença foi a chave no desenvolvimento da prática da Higiene Ocupacio-
nal. A legislação de 1878 indicava os passos e os requisitos para implantação
8 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

de ventilação local e exaustora por meio de ventiladores para a remoção de


poeiras e fumos que poderiam causar danos à saúde.
Em Portugal, a atenção com a temática da segurança e higiene no trabalho
só tem início no século XIX, mais especificamente em 1853, com a publicação
do regulamento das minas. A primeira lei concreta acerca do assunto só teve
lugar em 1895, sendo esta direcionada para o setor da construção e obras pú-
blicas, pretendendo garantir a segurança dos trabalhadores.
A legislação de 1901 não somente consolidou as exigências anteriores
relativas à segurança como também forneceu as bases para a realização de
regulamentação ou ordem para o controle da comercialização de produtos
perigosos. Essa mesma lei estabeleceu requisitos para controle dos fatores de
risco, particularmente da indústria química. Constituiu também a linha divisória
entre o campo da Medicina e o da Higiene Ocupacional, abrindo a possibili-
dade de aprofundar a investigação dos fatores de risco.
Contudo, com todos os trabalhos desenvolvidos pelos médicos da época, o
interesse de proteger os operários no seu ambiente de trabalho só veio ganhar
força no século XIX com a Revolução Industrial. O desenvolvimento da Medi-
cina no século XX identificou muitos casos de doenças derivadas do trabalho
em indústrias e muitos casos de doenças crônicas, como a fibrose pulmonar.
Vários problemas relacionados à saúde foram relatados, como a exposição ao
fósforo branco, que por esse motivo, em 1910, cobraram-se taxas elevadas
pelo transporte do fósforo branco levado dos Estados Unidos para a Inglaterra.
Com o decorrer da Primeira Guerra Mundial, novos problemas foram sur-
gindo, relacionados, sobretudo, à indústria de munição, como a exposição do
trabalhador ao chumbo. Nesse período, em virtude do avanço dos conhecimen-
tos sobre os problemas relacionados com a mineração e pelo fato de estarem
associados às altas taxas de tuberculose e de mortalidade nas ocupações em
indústrias, o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos deu especial aten-
ção a essa área, estimulando a criação de instituições de governo e entidades
de classe que realizassem trabalhos em colaboração com as universidades e
indústrias, dando impulso ao desenvolvimento da Higiene Ocupacional.
A criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, trouxe
frutos para o estudo e desenvolvimento de acordos internacionais na área de
higiene e segurança. A redução do fósforo branco e a proibição de trabalho
noturno para as mulheres são exemplos dos primeiros acordos. Na anos 1930,
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 9

houve rápido progresso, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, na


identificação de diversas doenças relacionadas com as atividades industriais.
Em 1939, é fundada a American Industrial Hygiene Association (AIHA),
por profissionais envolvidos com a promoção da saúde, entre eles químicos,
engenheiros e médicos, que se uniram para prover meios de avaliar problemas
comuns. No período da Segunda Guerra Mundial, ocorreu o custo provocado
pela perda de vidas, abruptamente por acidentes de trabalho, ou por doenças
do trabalho.
Esse fato mobilizou empregadores e companhias de seguro, que tiveram
de pagar indenizações pesadas por incapacidades provocadas pelo trabalho.
Em 1948, é criada a Organização Mundial da Saúde (OMS), que se vinculou à
Organização das Nações Unidas, fazendo com que os Estados Unidos apare-
cessem no cenário internacional como a principal nação industrial do mundo,
e com vasta experiência no campo de higiene e segurança no trabalho.
Os programas de segurança e saúde muitas vezes fazem parte de programas
maiores, denominados Programas de Segurança, Saúde e Meio Ambiente. Em
qualquer condição que se encontrem, alguns quesitos são básicos para o de-
senvolvimento dos programas de segurança e saúde, e os profissionais da área
devem dar a maior atenção a eles, uma vez que também são de sua responsabi-
lidade. Alguns exemplos desses quesitos são: estabelecer os níveis permissíveis
de contaminantes no ambiente de trabalho e meio ambiente, estudar e propor
controles para os fatores de risco, aprovar projetos de ventilação local exaus-
tora, recomendar isolamento de dispositivos que possam gerar contaminantes,
recomendar o uso de robôs para estações de trabalho onde não exista solução
tecnológica que diminua os riscos, entre outros.
Durante o período de industrialização do Brasil, a Higiene Ocupacional
não era conhecida e, de maneira muito semelhante ao que aconteceu em ou-
tros países, as primeiras preocupações com o assunto partiram de denúncias
de trabalhadores, dos jornais da época, dos estudos em universidades. A partir
desse movimento social e sob a influência direta das imigrações, que refletiam
os movimentos sindicais europeus, as lideranças conseguem mobilizar a classe
operária para a grande “questão social”.
Vamos imaginar uma linha do tempo referente ao histórico legislativo no
Brasil da proteção acidentária. No dia 7 de junho de 1917, morreram 43 tra-
balhadores da construção civil enquanto construíam o New York Hotel no Rio
de Janeiro. No mesmo ano, houve uma greve exigindo das autoridades inde-
10 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

nizações e melhores condições de trabalho. Em 15 de janeiro de 1919 surge


a primeira legislação acidentária no Brasil, o Decreto nº 3.724. As primeiras
iniciativas no Brasil de criação de comissões de trabalhadores com o objetivo
de prevenir acidentes de trabalho foram de empresas estrangeiras de geração e
distribuição de energia elétrica em São Paulo e no Rio de Janeiro, na década de
1920.

Atividades de aprendizagem
Quais ações práticas poderiam ser adotadas pelas organizações para
melhorar as condições de trabalho e reduzir os índices de acidentes e
doenças ocupacionais?

Em 1934, a responsabilidade de normatização e fiscalização dos ambientes


e condições de trabalho, visando à preservação da saúde dos trabalhadores
deixa de ser do setor de Saúde e passa a ser do Trabalho, com a criação da
Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho. Em 1941, no Rio de Janeiro,
foi fundada a Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes. Posterior-
mente, o Decreto-lei nº 5.452 de 1º de maio de 1943 cria a Consolidação de
Leis do Trabalho (CLT) estabelecendo que o Ministério do Trabalho da Indústria
e Comércio deveria estipular a classificação de risco de atividades das empresas
para pagamento do Seguro Acidente. A classe trabalhadora brasileira teve uma
legislação prevencionista melhor, somente a partir de 1944, quando passou a
vigorar a Consolidação das Leis de Trabalho.

Para saber mais


Acesse o capítulo V da CLT que trata sobre segurança e medicina do trabalho:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>.

Dentre os direitos assegurados, encontra-se na referida legislação o capítulo


V do título II — Segurança e Medicina do Trabalho, que exige que as empresas
ou seus prepostos cumpram as normas de segurança, higiene e medicina do
trabalho (BRASIL, 1977). Posteriormente, a portaria nº 3.214 de 8 de junho de
1978 do Ministério do Trabalho aprova as Normas Regulamentadoras, com o
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 11

objetivo de regulamentar ambientes de trabalho, garantindo, assim, a preser-


vação da saúde e integridade física dos trabalhadores.
De acordo com Chiavenato (2004), segurança do trabalho é o conjunto
de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para
prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer
instruindo ou convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas.
Ainda de acordo com o autor, segurança do trabalho está relacionada com
condições de trabalho seguras e saudáveis para as pessoas.
Sendo assim, pode-se concluir que a prevenção é um conjunto de ações
que visa a eliminação das causas de possíveis acidentes, impedindo, assim,
sua ocorrência. É importante salientar que todos os acidentes são evitáveis. Eles
possuem causas, que, uma vez identificadas, podem ser eliminadas. As organi-
zações estão tendo uma preocupação constante em realizar investimentos na
higiene, segurança e medicina do trabalho. Empresas que investem nessa área
apresentam índices de produtividade mais satisfatórios, menores taxas de ab-
senteísmo, redução do número de acidentes e doenças, entre outros benefícios.

Para saber mais


O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, apresenta as condições e pressões sofridas
pelos trabalhadores nesse período. Vale a pena conferir.

Conforme Webster (2008), a segurança é um estado, uma condição; traduz-


-se, basicamente, em confiança. A segurança do trabalho pode ser resumida
em uma frase: é a prevenção de perdas. Essas perdas às quais devemos nos
antecipar referem-se a todo tipo de ação, técnica ou humana, que possa re-
sultar em uma diminuição das funções laborais (produtivas, humanas etc.). A
segurança do trabalho são os meios preventivos (recursos) e a prevenção dos
acidentes é o fim a que se deseja chegar.
Os profissionais envolvidos direta ou indiretamente com aspectos relacio-
nados à segurança, higiene e medicina do trabalho têm uma série de respon-
sabilidades, a saber:
apresentar ao empregador, por meio de parecer técnico, os riscos exis-
tentes nos ambientes de trabalho, bem como as formas de controle e/ou
neutralização;
12 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de


risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a
presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador, propondo sua
eliminação ou seu controle;
executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar os
resultados alcançados, adequando-os às estratégias utilizadas de maneira
a integrar o processo prevencionista em uma planificação, beneficiando
o trabalhador; 
informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubres,
perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem
como as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos
mesmos; 
avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que
subsidie o planejamento e a organização do trabalho de forma segura
para o trabalhador.
Os gestores e profissionais devem ter pleno conhecimento dos processos
referentes à segurança, higiene e medicina do trabalho, com o objetivo de
implementar ações constantes e periódicas melhorando de forma constante os
processos e métodos de trabalho. Cabe lembrar que as organizações de uma
forma geral têm um desafio muito grande e complexo. Como manter o bem-
-estar e satisfação no trabalho e alcançar índices satisfatórios de produtividade
e qualidade? Cabe aos gestores a tarefa de buscar um ponto de equilíbrio entre
melhorar as condições de trabalho e aumentar a produtividade.

Para saber mais


Leia artigo sobre a condução de ações em Saúde e Segurança do Trabalho em pequenas e
médias empresas. Fique por dentro de procedimentos de segurança que podem ser aplicados
nas organizações. <http://www.scielo.br/pdf/rbso/v33n117/a07v33n117.pdf>.

De acordo com Barbosa Filho (2011), quando falamos em condições de


trabalho, estamos tratando dos aspectos de saúde individual e coletiva. Ao
analisarmos toda a temática, é importante compreender mecanismos, formas
e o tratamento dado aos impactos de acidentes e doenças ocupacionais. A no-
cividade gerada por impactos indesejáveis provocará perdas sociais futuras, as
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 13

quais não poderão ser dissociadas dos danos causados à saúde do trabalhador
na atualidade.
O art. 1º da Constituição Federal define os princípios fundamentais da
nação brasileira:
A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fede-
ral constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
I. a soberania;
II. a cidadania;
III. a dignidade da pessoa humana;
IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V. o pluralismo político (BRASIL, 1988).

Ainda de acordo com o autor, pode-se inferir que submeter uma pessoa
a executar trabalhos e atividades em condições inadequadas que possam
trazer prejuízos à saúde, vem de encontro ao art. 1º da Constituição Federal,
constituindo-se, dessa forma, em algo que deveria ser imediatamente rejei-
tado por todos os cidadãos, sejam eles trabalhadores ou empregadores. É
importante lembrar que a saúde é considerada um completo bem-estar físico,
mental e social e não meramente a ausência de doença, conforme conceito
definido pela Organização Mundial da Saúde. Com base no referido conceito,
é fundamental que as organizações tenham uma visão sistêmica do processo,
procurando interligar todos os aspectos físicos, mentais e sociais no ambiente
de trabalho, proporcionando, de forma constante, melhorias na segurança e
saúde do trabalho.
A Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), em
seu artigo 6º, parágrafo 1º, define o conceito de vigilância sanitária. Conforme
a legislação, entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz
de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas
sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e
da prestação de serviços de interesse da saúde (BRASIL, 1990).
Analisando esse conceito, podemos verificar que existem processos ligados
à vigilância sanitária com o objetivo de promover a segurança e saúde no am-
biente de trabalho. A mesma legislação em seu artigo 6º, parágrafo 2º, também
define o conceito de vigilância epidemiológica, a saber: entende-se por vigilân-
cia epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento,
a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
14 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar


e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
Qual a importância de entendermos os conceitos de vigilância epidemio-
lógica e vigilância sanitária?
O artigo 6º parágrafo 3º da Lei Orgânica da Saúde define o conceito de
saúde do trabalhador: um conjunto de atividades que se destina, por meio das
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e prote-
ção da saúde do trabalhador, assim como visa à recuperação e à reabilitação
dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho (BRASIL, 1990).
Os aspectos epidemiológicos e sanitários estão diretamente ligados à
qualidade de vida e segurança no trabalho. O gestor desempenha um papel
fundamental nas atividades e ações práticas para melhorar as condições de
trabalho. Outro ponto que merece destaque é o título I das disposições gerais
da Lei 8.080 que define:
Art. 2º — a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Atividades de aprendizagem
Sabe-se que existem várias leis e regulamentos que tratam sobre a prote-
ção da segurança e saúde do trabalhador. Quais os maiores obstáculos
por parte das empresas e trabalhadores para cumprir normas referentes à
segurança e saúde no trabalho?

Parágrafo 1º — o dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação


e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos e
doenças e de outros agravos e no estabelecimento das condições que assegu-
rem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.
Parágrafo 2º — o dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das
empresas e da sociedade.
Parágrafo 3º — a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes,
entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,
o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e acesso aos bens de
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 15

serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização


social e econômica do país.

Para saber mais


Acesse o link <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>, que trata sobre a Lei 8.080
“Condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
mento dos serviços correspondentes”.

De acordo com o comitê Misto OIT/OMS, reunido em Genebra, no ano de


1957, os objetivos para a Saúde Ocupacional, que a conceituam e estabelecem
o seu âmbito de atuação são:
manter o mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos traba-
lhadores em todas as ocupações;
prevenir todo o prejuízo causado à saúde dos trabalhadores pelas con-
dições do seu trabalho;
proteger os trabalhadores, no seu ambiente de trabalho contra os riscos
causados por agentes nocivos a saúde;
colocar e manter o trabalhador em uma função que convenha às suas
aptidões fisiológicas e psicológicas;
adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho.
Sendo assim, cabe aos empresários e empregados adotar boas práticas re-
lacionadas à Saúde do Trabalhador, analisando e avaliando os riscos existentes
no ambiente de trabalho, estudos epidemiológicos e treinamentos constantes.
16 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 2 Riscos e formas de gerenciamento


Como identificar, analisar e controlar os fatores de riscos que podem causar
acidentes e doenças ocupacionais? Qual o conceito de riscos ambientais? Du-
rante esta seção, vamos compreender alguns métodos que podem ser aplicados
nas organizações para a identificação e controle dos possíveis agentes nocivos
existentes no ambiente laboral.
As organizações buscam, de forma constante, o processo de avaliação e
gerenciamento de riscos. O risco pode ser considerado uma condição ou prática
que tem o potencial de causar danos à saúde do trabalhador, danos materiais
ou patrimoniais e danos ao meio ambiente.
Conforme Anjos et al. (2004, p. 47):
Qualquer pessoa pode estar exposta as mais variadas
condições que podem causar danos indesejados, seja no
ambiente de trabalho, ou fora dele, e que poderão afetar
a qualidade de vida, como: doenças, acidentes, perda de
patrimônio, entre outros. Pode-se dizer que os referidos
danos indesejados são considerados riscos. O risco, por-
tanto, é a combinação da probabilidade de ocorrência
e a magnitude de um evento indesejado. O dano pode
ocorrer em seres humanos, animais, vegetais ou sobre
materiais, como edifícios, equipamentos e automóveis.
Existem danos que são visíveis e mensuráveis, como o
efeito de um terremoto sobre uma cidade, outros, como
o dano moral, são difíceis de medir. Os eventos ocorridos
anteriormente ao dano são denominados causas, uma vez
que apresentam alguma relação de causalidade (causa-
-efeito). Esta relação pode até advir de uma crença, ou
pode ser estabelecida por meio de observações e análises
científicas. Por meio desses estudos, percebe-se que a
relação da causalidade nem sempre é clara, visto que na
realidade, os acontecimentos não ocorrem apenas após o
outro, assim como também simultaneamente. Além disso,
uma causa pode gerar várias consequências, assim como
o inverso também é verdadeiro. As causas são denomi-
nadas de fatores ou situações de riscos.

Ainda de acordo com Anjos et al. (2004), existe uma causa predominante
que pode ser chamada de agente de risco ou fator de risco principal. É impor-
tante salientar que grande parte dos profissionais e organizações admite apenas
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 17

uma causa para determinado efeito. Mas, analisando os aspectos de uma forma
detalhada, notam-se outros fatores que auxiliam para o acontecimento do dano.
Estes são chamados de fatores de riscos secundários.

Tabela 1.1 Exemplos de causas e possíveis consequências na área de saúde dos trabalhadores

EVENTO INDESEJADO (Tempo 1) EVENTO INDESEJADO (Tempo 2)


CAUSA
CONSEQUÊNCIA (Tempo 1) CONSEQUÊNCIA (Tempo 2)
Poeira orgânica Incêndio Perda patrimonial — explosão de
de cereais (grãos) Exposição indesejada um silo, incêndio em edifício,
desmoronamento de edifício.
Acidentes ocupacionais — morte
por asfixia, explosão, queimaduras.
Doenças ocupacionais — rinites,
dermatites, conjutivites, asma.
Ruído contínuo Exposição durante um tempo Perda auditiva, temporária ou
de intensidade excessivo permanente, irritação, cefaleia,
elevada zumbido.
Fonte: Anjos et al. (2004).

Avaliando os exemplos de causas e possíveis consequências, pode-se dizer,


por exemplo, que o saturnismo é uma patologia com sinais e sintomas espe-
cíficos da intoxicação por chumbo, ou que a presença de poeira orgânica foi
essencial para a ocorrência do incêndio ou explosão. Existe também a possi-
bilidade de funcionários que laboram em atividades que exijam movimentos
repetitivos contraiam doenças do trabalho, como a LER / DORT.

Para saber mais


O site apresenta uma série de questões sobre aspectos relacionados a LER/DORT.
Acesse: <http://www.lerdort.com.br/>.

Os riscos provenientes dos processos de trabalho devem ser sistematica-


mente monitorados e controlados. Existem também os fatores de riscos se-
cundários que estão relacionados com as características dos fatores de riscos,
do grupo receptor, material ou ser vivo, ou ainda, da exposição, que é a fase
de contato entre o agente e o receptor. Se não há essa interação, não existe a
possibilidade de ocorrer o dano. A exposição depende da intensidade ou da con-
centração do agente no ambiente e da frequência e do tempo que o trabalhador
18 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

está em contato ou em exposição a ele. Os fatores de riscos secundários alteram


as condições de exposição. A Tabela 1.2 apresenta alguns exemplos:

Tabela 1.2 Exemplos de fatores de risco e danos

AGENTE DE RISCO/
FATOR DE RISCO FATORES DE RISCO SECUNDÁRIOS DANO
PRINCIPAL
Poeira orgânica Faísca elétrica, temperatura elevada, Incêndio
umidade relativa baixa, falta de inspeção
do silo de armazenamento.
Chumbo Ausência de ventilação exaustora na fonte Saturnismo
de emissão, uso inadequado de respirador,
respirador indequado, fumar ou comer
trabalhando, limpeza indequada do local
de trabalho.
Ruído contínuo de Enclausuramento inadequado da fonte Perda auditiva, sudez
elevada intensidade de ruído, falta de conhecimento do ocupacional
trabalhador, ausência de sinalização,
protetor inadequado.
Teclado e mobiliário Cobrança de produção, temperatura baixa Dores e formigamentos
inadequados para no ambiente, ausência de pausas. nos membros superiores.
digitação LER ou DORT.
Fonte: Anjos et al. (2004).

Os gestores devem estar preparados para implementar medidas de controle


ou prevenção com o objetivo de identificar possíveis situações de riscos e
traçar planos de melhoria contínua, evitando acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais.
É importante ressaltar que os fatores de riscos secundários podem também
estar presentes fora do ambiente de trabalho. No caso de agravos à saúde, as
questões de saúde pública, hábitos alimentares, uso e abuso de medicamen-
tos, fatores genéticos, sociais e econômicos devem ser considerados. O risco
é classificado geralmente de acordo com as consequências. A gradação do
risco ocupacional é feita levando-se em conta a gravidade dos efeitos à saúde
(morte, incapacidade, doença grave, transtornos menores etc.) associada à
probabilidade de esse dano ocorrer. É um processo complexo e, muitas vezes,
na impossibilidade de quantificá-lo exatamente, são classificados em categorias
semiquantitativas, como risco alto, baixo, moderado. É o caso da gradação de
risco adotada para a percepção de insalubridade ou da denominação de “risco
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 19

grave e iminente” definido nas Normas Regulamentadoras do Ministério do


Trabalho e Emprego.

Para saber mais


O conceito de riscos grave e iminente está definido na NR-3. Acesse o endereço:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DC56F8F012DCD20B10A1691/NR-03%20
(atualizada%202011).pdf>.

Para entender o processo de avaliação e gerenciamento de riscos é fun-


damental conhecer as diferenças entre perigo e risco. De acordo com Seiffert
(2010), o perigo pode ser compreendido como uma situação de características
específicas de uma instalação, máquina, equipamento, operação e substâncias
que podem apresentar um potencial de causar danos aos trabalhadores (lesões
ou morte), ao patrimônio da empresa (danos diversos) e/ou ao meio ambiente
(degradação ou contaminação). Já o risco pode resultar na probabilidade de
ocorrência de uma situação de perigo.
Segundo Anjos et al. (2004), a avaliação de risco é o processo global de
estimar a magnitude do risco para um indivíduo, grupo, sociedade ou meio
ambiente e decidir se o risco é ou não tolerável ou aceitável. A avaliação e o
gerenciamento de riscos pode se dar em diferentes níveis: em nível macro ou
global, que significa a avaliação e o controle de riscos em um país ou outra
unidade administrativa menor (estado ou município), e em nível micro, que
consiste na avaliação e no controle de riscos nos ambientes de trabalho, em
uma organização ou empresa. Nos ambientes de trabalho o processo de ava-
liação e gerenciamento de riscos pode ser realizado por profissionais da área
de segurança e medicina do trabalho, sindicatos, auditores fiscais do trabalho,
entre outros.
Os gestores devem desenvolver e implementar ferramentas para minimizar
e controlar os riscos existentes nos ambientes de trabalho. Estudaremos diversas
ferramentas que podem ser aplicadas nas organizações para identificar, analisar
e controlar riscos provenientes dos processos de trabalho.
Conforme João Cândido de Oliveira em seu artigo Sistemas de Gestão
(2001), o princípio fundamental no qual se apoia qualquer iniciativa de
cunho gerencial é o conhecimento pleno daquilo que se gerencia. Só se
administra eficazmente o que se conhece e o que se pode medir ou mensurar,
20 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

como avaliação dos coeficientes de frequência e gravidade dos acidentes


de trabalho, números de incidentes ocorridos e investigados, entre outros
indicadores. Essa é a regra básica que orienta qualquer sistema de gestão.
Na área de Segurança do Trabalho, nem sempre esse princípio é levado a
sério. Considerando que o ponto de partida para qualquer ação de cunho
gerencial é o conhecimento do que se gerencia, a primeira questão a ser
posta é: com que conhecimento lidam as pessoas, em nosso meio, envolvidas
com a Segurança e Saúde do Trabalhador — profissionais do SESMT e/ou
membros da CIPA? Não há dúvida de que elas lidam com conhecimentos
relativos a riscos que poderão gerar acidentes ou doenças no trabalhador.
Todo o conhecimento acumulado e disponível está, direta ou indiretamente,
relacionado a riscos ocupacionais, nem sempre levantados a partir de um
estudo rigoroso dos processos produtivos. Os fundamentos da Segurança
e da Higiene do Trabalho, diferentemente da Ergonomia e da Toxicologia,
por exemplo, estão inteiramente consolidados nesse princípio. A aplica-
ção dos fundamentos básicos da Ergonomia implica, necessariamente, o
conhecimento pleno dos processos produtivos e da organização do traba-
lho, o que deveria também ocorrer com a Segurança do Trabalho. Ora, se
a orientação é toda centrada em riscos e não nos processos produtivos, de
onde, em última instância, procedem os riscos ocupacionais, todo o esforço
despendido pela Segurança e Saúde do Trabalho é voltado para o controle
daquilo que se encontra — os riscos — e não daquilo que deveria ser o
objeto da procura — os processos produtivos de onde surgem os riscos. Do
ponto de vista técnico, essa abordagem não está errada. O conhecimento
técnico-científico dos agravos à Segurança e Saúde dos trabalhadores é
imprescindível em qualquer incursão nesse terreno. Só que, para o correto
enfrentamento da questão, não basta a disponibilidade e utilização de co-
nhecimentos técnico-científicos relativos a riscos, é preciso que se aprofunde
em todo o complexo da organização da produção, percorrendo todas as
áreas da organização, os métodos e processos produtivos. Outro ponto que
deve ser avaliado é o monitoramento sistemático dos riscos existentes nos
locais de trabalho.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 21

Atividades de aprendizagem
Na empresa Perfilados de Alumínio Ltda., a direção decidiu implementar
um sistema de gestão em segurança, saúde e qualidade de vida no tra-
balho. Quais medidas e/ou ferramentas de prevenção que você adotaria
para implementar o referido sistema solicitado pela diretoria da empresa?
(Obs.: será avaliado o grau de conhecimento e nível de abrangência do
assunto em questão.)

O gerenciamento de riscos é uma atividade que deve ser implementada de


forma permanente e constante pelas organizações. Quais ações poderiam ser
adotadas pelas empresas para gerenciar riscos existentes nos locais de trabalho?
Como identificar, analisar e controlar os fatores de riscos que podem cau-
sar acidentes e doenças ocupacionais? Qual o conceito de riscos ambientais?
Durante a seção vamos compreender alguns métodos que podem ser aplicados
nas organizações para a identificação e controle dos possíveis agentes nocivos
existentes no ambiente laboral.
Conforme apresentado por João Candido de Oliveira (2001), o gerencia-
mento de riscos não é considerado uma tarefa fácil, envolve uma série de temas
e assuntos direta e indiretamente ligados a Segurança e Saúde do Trabalhador,
bem como conhecimentos técnicos e análise detalhada e criteriosa do processo
produtivo das empresas.

Para saber mais


O SESMT — Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho
conta com profissionais que podem compor o quadro de funcionários na área de segurança e
medicina do trabalho. Por exemplo: o técnico de segurança, médico do trabalho, engenheiro
de segurança, entre outros.
A CIPA — Comissão Interna de Prevenção de Acidentes conta com trabalhadores que compõem
uma comissão de prevenção de acidentes e melhorias das condições de trabalho.
22 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

A Figura 1.1 apresenta o processo global de avaliação e gerenciamento de riscos.

Figura 1.1 O processo global de avaliação e gerenciamento de riscos

IDENTIFICAÇÃO DO FATOR DE RISCO


ANÁLISE DE
RISCO ESTIMATIVA DO RISCO
AVALIAÇÃO DE RISCO
ANÁLISE DE DESENVOLVIMENTO DE OPÇÕES
OPÇÕES
ANÁLISE DE OPÇÕES

TOMADA DE DECISÃO

IMPLEMENTAÇÃO
GERENCIAMENTO DE RISCO
MONITORIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

REVISÃO

Fonte: Canada, (1993).

Anjos et al. (2004) demonstram que a avaliação de riscos compreende duas


fases: a análise de risco e a análise de opções. Na fase de análise de risco, os
fatores de risco são identificados e estimados. Na fase de análise de opções
de gerenciamento, várias estratégias de controle de risco são desenvolvidas e
analisadas. A identificação de fatores de risco significa estabelecer uma relação
causal entre este fator e o dano ou consequência indesejável. Por exemplo, a
inalação de poeira respirável contendo sílica cristalina pode resultar em doença
pulmonar denominada pneumoconiose (silicose) ou a realização de esforços
repetitivos pode gerar doenças e disfunções músculo-esqueléticas como a
DORT — Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.
É importante a definição clara de objetivos e metas para efetivamente realizar
o controle e gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho. Um sistema de
gestão pode ser desenvolvido para auxiliar no gerenciamento de informações
e atividades ligadas a Segurança e Saúde do Trabalhador.
A estimativa do risco é a segunda etapa da análise de risco. Estimar sig-
nifica determinar por cálculo ou avaliação ou ainda obter valor fundado em
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 23

probabilidade. Por exemplo, a probabilidade de se adquirir um câncer devido


exposição ao benzeno numa concentração de 10 ppm (partes por milhão) para
uma vida laboral, segundo a OSHA é de mil. Para exposições mais elevadas
essa probabilidade deve ser maior.

Para saber mais


ppm (partes por milhão) é a unidade de medida para agentes químicos e OSHA (Occupational
Safety and Health Administration) é um órgão do governo dos Estados Unidos criado com o
objetivo de reduzir os índices de acidentes e doenças ocupacionais.

Para realizar a estimativa do risco é importante adotar medidas quantitati-


vas, ou seja, mensurar o risco presente no ambiente de trabalho. Por exemplo,
avaliação de concentração de poeira no ambiente de trabalho, avaliação dos
níveis de ruído em um determinado setor, medição da intensidade de ilumi-
nação nos locais de trabalho, avaliar a intensidade de calor em uma cozinha
industrial, entre outros.
A análise de opções, ou seja, opções de como eliminar ou reduzir os ní-
veis de risco, compreende o desenvolvimento e gerenciamento de métodos e
maneiras para controlar e mitigar o risco proveniente dos ambientes laborais.
O processo de análise consiste em:
verificar os possíveis danos à saúde do trabalhador causados pelos riscos
existentes no ambiente de trabalho;
estudar de forma detalhada e minuciosa os processos produtivos e mé-
todos de trabalho;
interagir com trabalhadores para aumentar o conceito de percepção do risco.

Avaliando o conceito de análise de risco definido por Seiffert (2010), pode-


-se afirmar que é composto por duas etapas fundamentais: a identificação e
avaliação dos perigos de Segurança e Saúde Ocupacional e aspectos ambientais
e a avaliação de riscos e impactos ambientais. As metodologias para análise
podem ser variadas, como inspeções de segurança, análise preliminar de risco,
checklists, análise histórica de acidentes, entre outros.
O gerenciamento de risco compreende quatro etapas que iniciam com o
processo de tomada de decisão. Com base na avaliação de riscos: análises de
riscos e avaliação das opções de gerenciamento, uma decisão é tomada por
24 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

uma autoridade competente ou direção da empresa. É conveniente ressaltar


que nesse processo entram em jogo outros fatores não necessariamente consi-
derados na análise técnica.

Tabela 1.3 Lista de possíveis razões para a existência de um problema

01 — Desconhecimento da existência do risco.


02 — Os riscos não são de responsabilidade dos setores.
03 — As chefias têm consciência do risco e o assumem.
04 — Não há vontade nem das chefias nem dos trabalhadores de resolver
as situações de risco.
05 — Os riscos incorporaram-se às atividades dos setores.
06 — Ninguém exige a correção dos riscos.
07 — Quem criou a situação de risco não se sente responsável por ela.
08 — A situação de risco não gera preocupação de acidentes.
09 — O sindicato não participa nem exige a correção dos riscos.
10 — Nunca houve exigência judicial para a correção dos riscos.
11 — A produção é prioritária.
12 — Os custos acidentários são transferidos para os clientes.
13 — Não é feita avaliação de custo-benefício na prevenção de acidentes.
14 — Não há disponibilidade de tempo para corrigir os riscos.
15 — Não há recursos nem mão de obra disponíveis para correção dos
riscos.
16 — A ausência de respostas na solução das situações de riscos produz
descrença nos trabalhadores.
17 — A presença dos riscos não impede a execução das tarefas; apenas
atrapalha, ou, às vezes, nem atrapalha.

Fonte: Oliveira (2001).

A Tabela 1.3 apresenta a listagem de possíveis razões para a existência de


um determinado problema. Quando tratamos de gerenciamento de riscos é de
fundamental importância a análise de possíveis problemas que podem acarretar
em acidentes e doenças do trabalho.
Com base nas informações levantadas, os gestores podem propor planos
de ação com o objetivo de reduzir ou até mesmo eliminar os riscos existentes
nos ambientes de trabalho.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 25

Conforme João Candido de Oliveira (2001) em seu artigo publicado na


revista Proteção (2001), o ato de gerenciar riscos envolve um complexo con-
junto de ideias, informações, experiências e comportamentos. No entanto, é
possível exercer os aspectos relacionados a prevenção quando os objetivos
estão claros e bem definidos.
Ainda de acordo com Anjos et al. (2004), o processo de implementação
dos recursos necessários deve estar assegurado e as opções de implementação,
devidamente escolhidas. Isso significa que um plano, programa ou projeto é
elaborado e executado. Nessa fase do processo, a comunicação para eliminação
ou redução do risco é fundamental. Já o processo de monitoração e avaliação
implica acompanhar e avaliar de forma sistemática as medidas que estão sendo
implementadas e se os padrões estabelecidos estão sendo observados.
No referido processo, os indicadores de desempenho devem ser gerenciados.

Para saber mais


Os indicadores de desempenho podem ser considerados índices numéricos que avaliam e
mensuram um determinado processo, como: índices de acidentes por setor de trabalho, índices
de afastamento por doenças, taxa de rotatividade de funcionários, percentual de funcionários
treinados em segurança e saúde no trabalho.

E, por final, o processo de revisão tem como objetivo analisar os resultados


alcançados, corrigindo possíveis desvios e buscando sempre o processo de
melhoria contínua.
Quando falamos em gerenciamento de riscos, o gestor também deverá
implementar ações para efetuar o controle de terceiros no que diz respeito ao
cumprimento de normas de segurança, higiene e saúde no trabalho. A experiên-
cia mostra que, em particular, os trabalhos executados por terceiros exigem
cuidados gerais e específicos, portanto, devem ser tratados com o mesmo rigor
e seriedade que os efetuados por funcionários da própria empresa. Incidentes
e acidentes têm ocorrido como resultado da seleção inadequada de terceiros
ou falta de um controle eficiente do seu desempenho por parte da contratante.
Vale ressaltar que os acidentes de trabalho que aconteçam com trabalhadores
terceirizados podem resultar em sérios problemas com a Justiça do Trabalho,
sendo assim seguem algumas medidas que podem ser adotadas pelas organi-
zações para evitar futuras complicações:
26 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Funcionários registrados: É de fundamental importância que todos os


trabalhadores terceirizados sejam registrados. Cabe à empresa contratante
exigir a relação de registros de todos os empregados, antes do início das
atividades.
Chefia e membro da CIPA permanente no local de realização do ser-
viço: A chefia deve permanentemente fiscalizar o local de realização do
serviço. Quando a empresa possuir uma CIPA constituída, um membro
da comissão deve ser designado para fiscalizar o cumprimento de todas
as normas de segurança do trabalho.
Avaliar condições de risco nas tarefas contratadas: Antes da contratação
dos serviços, a empresa contratante deve realizar uma avaliação prévia
de todos os riscos potenciais que podem comprometer a segurança e
integridade física dos funcionários. É de responsabilidade da empresa a
realização de um planejamento prévio para mitigar os riscos inerentes a
todas as atividades desenvolvidas.
Exigir uso de EPIs e EPCs adequados para o serviço a ser realizado: A
empresa contratante deve exigir, por meio de cláusulas contratuais, o
fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI) e equipa-
mentos de proteção coletiva (EPC) para os serviços a serem realizados
na organização. É importante que haja uma rigorosa fiscalização quanto
ao uso dos EPIs e EPCs.
Avaliar experiência e nível de conhecimento dos contratados: A empresa
contratante deve avaliar o know-how da empresa contratada. O conhe-
cimento e nível de experiência são fatores importantes na prevenção de
acidentes de trabalho.
Checklist de itens de segurança: A empresa contratante poderá desenvol-
ver uma sistemática para garantir o cumprimento de todos os requisitos
legais em segurança e medicina do trabalho por parte da empresa con-
tratada. Na referida sistemática, a organização pode cobrar os programas
exigidos pela legislação, atestados de saúde ocupacional, crachás de
identificação, ordens de serviço etc.
Em caso de acidentes, estar preparado para prestar socorro: É de fun-
damental importância que todos os funcionários recebam instruções de
primeiros socorros.
Além de ter atenção máxima com funcionários terceirizados, o profissional
de segurança e saúde do trabalho também deve periodicamente realizar ins-
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 27

peções nos locais de trabalho com o objetivo de identificar fatores de riscos e


propor medidas de correção necessárias.
As inspeções de segurança são fontes de informações que auxiliam na
determinação de medidas que previnem os acidentes do trabalho e devem ser
aplicadas em toda a extensão para proporcionar resultados compensadores.
A inspeção de segurança nada mais é que a procura de riscos existentes no
ambiente de trabalho, bem como a apresentação de medidas para controlar ou
neutralizá-los. Dependendo do grau de profundidade exigido, a inspeção de
segurança envolve não só os elementos de Segurança do Trabalho, ou membros
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, como também todo o corpo
de funcionários da empresa. Por exemplo: uma ferramenta manual avariada
deverá ser substituída imediatamente pelo operador no momento em que
este a receber, pois deverá ser feita a inspeção visual. Não há necessidade de
aguardar o momento da vistoria geral de todas as ferramentas, a ser feito no
almoxarifado, para que a ferramenta defeituosa seja substituída.
A inspeção de segurança pode ser:
Geral: Envolve todos os setores da empresa em seus problemas relativos
à Segurança e Higiene do Trabalho. Esse tipo de inspeção pode se tornar
complexa dependendo da estrutura da organização. Se for uma empresa
muito grande, inspecionar todos os setores demanda um longo tempo.
Normalmente as empresas adotam a inspeção parcial.
Parcial: Quando é feita em alguns setores da empresa; ou certos tipos
de trabalho; ou certos equipamentos; ou certas máquinas. Esse é o tipo
de inspeção mais utilizado pelas empresas. A inspeção parcial envolve
um trabalho focado, como: inspeção em uma prensa localizada no setor
de produção, ou a inspeção e supervisão de um trabalho em altura, que
envolve uma série de riscos que devem ser identificados e gerenciados.
De rotina: Traduz pela preocupação constante de todos os trabalhadores,
do pessoal da manutenção, dos membros da CIPA e de todos setores de
segurança. Essa inspeção está incorporada no cotidiano da empresa.
Quando a empresa possui uma sólida política de segurança e saúde no
trabalho, essas premissas relacionadas à prevenção já fazem parte do dia
a dia da organização. Todas as áreas têm responsabilidades específicas
quanto ao cumprimento e promoção de normas de segurança e higiene
do trabalho.
28 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Periódica: São inspeções efetuadas em intervalos regulares, programadas


previamente e visam apontar riscos previstos como: desgastes, fadigas,
esforços excessivos e exposição a certas agressividades do ambiente a
que são submetidas máquinas, ferramentas, instalações etc. Esse tipo
de inspeção tem uma característica específica. Existe uma programação
prévia, ou seja, uma data e um local para realizar a inspeção.
Eventual: É a inspeção realizada sem dia ou período estabelecido e com
o envolvimento do pessoal técnico da área. Algumas empresas costumam
chamar essa inspeção de “blitz” de segurança. Nessa modalidade não
existe uma data e um local específico, seria uma inspeção “surpresa” para
verificar se as normas e procedimentos de segurança e saúde do trabalho
estão sendo cumpridas.

Quadro 1.1 Modelo de relatório de inspeção de segurança

Condições gerais

A empresa possui normas e procedimentos de segurança


no trabalho? Os funcionários são treinados quanto Sim Não
às normas e procedimentos existentes?

São fixados regulamentos, avisos,


Sim Não
sinalizações de segurança, cartazes etc.?

As escadas têm corrimão? As partes móveis


Sim Não
de máquinas e equipamentos estão protegidas?

Os trabalhadores, periodicamente, assistem


Sim Não
a palestras sobre segurança e saúde ocupacional?

Há, no setor, pessoas com conhecimento


Sim Não
de primeiros socorros?

Os novos empregados passam pelo


Sim Não
processo de integração de segurança?

A supervisão e gerência participam das


Sim Não
atividades de segurança no trabalho?

Existe a obrigatoriedade de constituir uma CIPA — Comissão Interna


de Prevenção de Acidentes? Sim Não
No setor há algum membro representante da CIPA?

continua
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 29
continuação

Os acidentes ocorridos no setor


Sim Não
são investigados e registrados?

São estudadas as causas


Sim Não
dos acidentes?

Após a investigação e análise dos acidentes, são desenvolvidos


Sim Não
planejamentos para evitar acidentes semelhantes?

A empresa possui funcionários com conhecimentos em


prevenção e combate e incêndios? A empresa desenvolve Sim Não
um plano de ação de emergências.

Fonte: Do autor (2014).

Oficial: É a inspeção efetuada por órgãos governamentais do trabalho


ou securitários. Para esse caso, é muito importante que os serviços de
segurança mantenham controle de tudo o que ocorre e o andamento de
tudo o que estiver pendente e que estejam em condições de atender e
informar devidamente a fiscalização. Podemos citar o exemplo de uma
inspeção do Ministério do Trabalho, Vigilância Sanitária, Ministério Pú-
blico do trabalho ou qualquer outro órgão fiscalizador.
Especial: É a que requer conhecimento e/ou aparelhos especializados.
Inclui-se aqui a inspeção de caldeiras, elevadores, medidas de nível de
ruído, de iluminação. Para essa inspeção são necessários profissionais
legalmente habilitados e/ou instrumentos de medição específicos para
desenvolvimento da inspeção.

O impresso que segue é uma sugestão para se levantar as condições gerais


de segurança no ambiente de trabalho de uma empresa. Outros formulários,
mais adequados às características de cada organização e que possam fornecer
subsídios para elaboração de um Relatório de Inspeção, podem ser utilizados.

Relatório de inspeção de segurança


Nome do responsável pela inspeção:____________________________
Seção inspecionada:_________________________________________
Data da inspeção:_____________________
Quadro — Relatório de inspeção de segurança

Fonte: Do autor (2014).


30 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Para saber mais


O SESMT — Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho é o departamento na
empresa formado por profissionais que têm como objetivo desenvolver e implementar programas
e normas para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, bem como melhorar de forma
constante as condições de trabalho.

Questões para reflexão


Como as inspeções de segurança podem contribuir para a prevenção
de acidentes?

2.1 Riscos ambientais


Nas empresas existem diversos riscos que podem comprometer a segurança
e saúde dos trabalhadores. Esses agentes nocivos podem e devem ser controla-
dos para redução dos acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Sendo assim,
observe o que diz a Norma Regulamentadora de nº 9 do Ministério do Trabalho:
[...] consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,
químicos e biológicos existentes nos ambientes de tra-
balho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 1994, grifo nosso).

É importante lembrar que, ao efetuar um levantamento de riscos ambientais


na empresa, os agentes ergonômicos e mecânicos também devem ser objetos
de avaliação.
O Quadro 1.2 apresenta os principais riscos ambientais que podem ser
encontrados em uma organização:
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 31

Quadro 1.2 Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua
natureza e a padronização das cores correspondentes

RISCOS DE
RISCOS RISCOS RISCOS
RISCOS FÍSICOS ACIDENTES
QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS
Verde (MECÂNICOS)
Vermelho Marrom Amarelo
Azul

Esforço físico Arranjo físico


Ruídos Poeiras Vírus
intenso inadequado

Levantamento Máquinas e
Vibrações Fumos Bactérias e transportes equipamentos
manual de peso sem proteção

Exigência Ferramentas
Radiações
Névoas Protozoários de postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas

Radiações não Controle rígido Iluminação


Neblinas Fungos
ionizantes de produtividade inadequada

Imposição de
Frio Gases Parasitas Eletricidade
ritmos excessivos

Probabilidade de
Trabalho no
Calor Vapores Bacilos incêndio e/ou
turno da noite
explosão

Substâncias,
compostos Jornadas
Pressões Armazenamento
ou produtos de trabalho
anormais inadequado
químicos em prolongadas
geral

Monotonia e Animais
Umidade
repetitividade peçonhentos

Outras situações
Outras situações de risco que
causadoras de poderão
estresse físico e/ contribuir para
ou psíquico ocorrência de
acidentes
Fonte: Brasil (1994).
32 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Para saber mais


Assista a um vídeo sobre riscos ambientais e medidas de prevenção. Confira em:
<http://www.youtube.com/watch?v=7Aycph7Eo3o>.

Atividades de aprendizagem
Qual a importância de identificar, analisar e controlar os riscos ambientais?
Faça um comentário apresentando exemplos práticos.

2.2 Riscos físicos


Ruído: Entende-se por ruído um barulho ou som indesejável frequente-
mente produzido por máquinas, equipamentos ou processos. Exemplos:
tratores, máquinas de terraplanagem, veículos, marteletes pneumáticos,
rebitadeiras pneumáticas, perfuratrizes, compactador, serras manuais etc.
Vibrações: São oscilações, balanços, tremores, movimentos vibratórios
e trepidações produzidas por máquinas e equipamentos motorizados
quando em funcionamento.
Calor: Os trabalhadores expostos a trabalhos de fundição, siderurgia,
indústria de vidro etc. são mais propensos a problemas como insolação,
cãibras e em alguns casos, de problema como o cristalino do globo
ocular (catarata). Convém esclarecer que os fatores comentados, geral-
mente, aparecem devido à exposição excessiva ao calor. Paralelamente
ao calor podemos acrescentar as chamadas radiações ultravioletas que
estão presentes, principalmente, nas operações de fusão de metais a altas
temperaturas, em soldas etc. Como os seus efeitos são térmicos, podem
provocar queimaduras e inflamação nos olhos (conjuntivite) conforme o
tempo de exposição.
Frio: Os casos que se destacam pela ação do frio mais comum são as quei-
maduras, gripes, inflamações das amídalas, resfriados, algumas alergias,
congelamento dos pés e mãos e problemas circulatórios. Geralmente essas
ocorrências predominam em empresas tais como: industrialização de pes-
cados, frigoríficos, indústria de alimentos congelados, fábrica de gelo etc.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 33

Pressões anormais: São as atividades que expõem o homem à condição


de pressão superior a uma atmosfera (1 kg/cm2). Exemplos: mergulho,
construção civil (tubulões e túneis pressurizados), trabalhadores de minas
e voos a elevadas altitudes.
Radiações não ionizantes: apresenta importância, visto que seus efeitos
sobre a saúde podem implicar lesões e doenças. Essa radiação é do tipo
eletromagnética e apresenta-se na forma de raios infravermelhos e ultra-
violetas. Exemplos: trabalhos em siderurgia, fusão de metais, processos
de solda, caldeiras, fornalhas, fornos etc.
Radiações ionizantes: São as radiações do tipo alfa, beta, gama, raios X
e não podem ser detectadas pelo ser humano, mesmo quando atraves-
sam o seu corpo. Portanto, sempre que existir o risco é importante fazer
o uso de instrumentos capazes de detectar a radioatividade. Exemplos:
podem ser encontrados em clínicas radiológicas, hospitais, consultórios
odontológicos, na indústria e em laboratórios de pesquisa.
Umidade: Os trabalhadores expostos à umidade são aqueles que exercem
suas atividades em lugares alagados, encharcados ou com umidade excessiva.

2.3 Riscos químicos


Poeiras: São partículas sólidas formadas quando um material sólido é
quebrado, moído ou triturado. Exemplos: esmerilhamento, trituração,
lixamento, impacto, entre outros processos.
Fumos: São partículas sólidas suspensas no ar, geradas pelo processo de
condensação de vapores metálicos, produzidos pela sublimação (pas-
sagem diretamente do sólido para o gasoso) de um metal. Geralmente
é produzido pela reação dos vapores metálicos com o oxigênio do ar.
Exemplos: Os fumos são produzidos em operações como: fundição, corte
com oxigênio, solda etc.
Névoas: São partículas líquidas em suspensão no ar produzidas mecanica-
mente. Exemplos: Pintura por pistola, spray e em processos de lubrificação.
Neblinas: São partículas finas suspensas no ar, produzidas pela conden-
sação de vapores. Exemplos: Todas as neblinas de ácidos (clorídrico,
nítrico, crômico, fluorídrico, sulfúrico etc.) afetam seriamente a saúde,
principalmente o sistema respiratório.
Gases: São substâncias que em condições normais de temperatura e pres-
são estão no estado gasoso. Exemplos: hidrogênio, nitrogênio, argônio,
34 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono, dióxido de enxofre,


G.L.P., amônia etc.
Vapores: É a fase gasosa de uma substância que normalmente é sólida
ou líquida em condições normais de temperatura e pressão. Exemplos:
podem-se encontrar concentrações de vapores quando se empregam sol-
ventes orgânicos, diluentes de tintas, agentes de limpeza, álcool, xileno,
tetracloreto de carbono, benzeno, tolueno, cloreto de etila, gasolina etc.

2.3.1 Classificação dos produtos químicos


Os produtos químicos podem apresentar as seguintes classificações:
Irritantes: São aquelas substâncias que devido a uma ação química ou
corrosiva tenham a propriedade de produzir inflamações nos tecidos vivos
que entram em contato. Exemplos: olhos, pele, mucosas e vias respiratórias.
Asfixiantes: Essas substâncias têm o poder de deslocar o oxigênio do am-
biente. Provocam asfixia, que é o bloqueio das funções vitais, causando
falta de oxigênio e atingindo o cérebro em poucos minutos. Sabe-se que o
ar precisa ter, no mínimo, 18% de oxigênio para que a vida humana seja
mantida. Exemplos: hidrogênio, nitrogênio, metano, acetileno, dióxido
de carbono, monóxido de carbono e outros.
Anestésicos: Têm como propriedade comum a todos eles o efeito anes-
tésico, devido à ação depressiva sobre o sistema nervoso central. São
introduzidos no organismo através dos pulmões, passando então ao san-
gue e daí para todo o corpo. Exemplos: benzeno, tolueno, xileno, álcool,
anilina e outros. Os diversos agentes químicos presentes no ambiente
de trabalho podem entrar em contato com o organismo humano pela
inalação, ingestão ou contato com a pele, apresentando ação localizada
ou distribuída aos diversos órgãos e tecidos do corpo.

2.4 Riscos biológicos


São caracterizados pela presença de micro-organismos invisíveis a olho nu,
presente nos ambientes de trabalhos capazes de causar doenças, deterioração
de produtos alimentícios, de madeiras, de couros, mau cheiro, interrupção de
processos industriais etc. por apresentarem facilidade de reprodução, além
de contar com diversos mecanismos para transmissão ou contaminação das
pessoas, ambientes ou animais.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 35

2.4.1 Classificação dos riscos biológicos


Protozoários: Causa doenças como a disenteria amebiana, a giardíase
(infecção causada pela ingestão de alimentos deteriorados).
Fungos: Causam mofo e bolores, deterioram alimentos, podem produzir
toxinas no homem, além de causar micoses (manchas ou feridas na pele)
do tipo pé de atleta ou frieira e sapinho.
Bactérias: Causam pneumonia, infecções alimentares, cólera, leptospirose
(transmitida pela urina do rato) e toxoplasmose.
Bacilos: São bactérias em forma de bastonetes que causam, por exemplo,
a tuberculose.
Vírus: Causam ao homem a gripe, hepatite, herpes (genital e labial), hi-
drofobia, Aids e outras.
Estão sujeitos aos agentes biológicos os trabalhadores de hospitais, labo-
ratórios, curtumes, tratamento de água e esgoto, açougue, frigoríficos, coletas
de lixo etc.

2.5 Riscos ergonômicos


O estudo dos agentes ergonômicos visa estabelecer parâmetros que permi-
tam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança
e desempenho.
As condições de trabalho relacionadas com a ergonomia incluem aspectos
ligados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições do posto de trabalho e a própria organização
do trabalho.
Na avaliação dos agentes ergonômicos, a preocupação deve ser com as
pessoas no ambiente de trabalho para atender às relações complexas entre
trabalhadores, máquinas, demandas e método de trabalho.
O objetivo final de um estudo ergonômico deve ser o de projetar instalações
de fábricas, escritórios, móveis, ferramentas, equipamentos e procedimentos
de trabalho de forma que sejam compatíveis com as dimensões, capacidades,
limitações e expectativas do ser humano.
Os locais de trabalho que não consideram os princípios ergonômicos em
seus projetos são propensos à ocorrência de erros e acidentes, diminuindo a
eficiência e a segurança da operação.
36 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Ferramentas, máquinas, métodos e locais de trabalho projetados inadequa-


damente podem produzir, entre outros, os seguintes efeitos:
dores nas articulações;
dores nas costas;
dores de cabeça;
problemas circulatórios;
ardência nos olhos;
nervosismo;
problemas nos tendões;
quedas nos níveis de qualidade, produtividade e segurança.

2.6 Riscos de acidentes e/ou mecânicos


Caracterizam-se pela presença e/ou contato do homem com as máquinas,
objetos escoriantes, cortantes, abrasivos, perfurantes, explosivos, inflamáveis,
choques elétricos e outros capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
Nesse grupo estão incluídos:
Arranjo físico inadequado: disposição irracional de máquinas e equipa-
mentos e processos do ambiente de trabalho.
Máquinas e equipamentos: sem proteção, defeituosos e sem sinalização.
Ferramentas: inadequadas e defeituosas.
Eletricidade: contato com linha viva, falta de aterramento e improvisações.
Sinalização: ausência de indicação de risco.
Probabilidade de incêndio e explosão: riscos com produtos inflamáveis,
armazenagem, sobrecarga elétrica etc.
Transporte e movimentação de materiais: batida contra, batida por, cho-
que contra, queda de objetos, esmagamento etc.
Edificações: pisos inadequados, canaletas, rampas, escadas impróprias,
ausência de espaço físico etc.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 37

Para saber mais


A avaliação qualitativa de riscos ambientais consiste na identificação de um determinado agente
presente no ambiente de trabalho. Por exemplo: em uma indústria metalúrgica podemos iden-
tificar o risco de ruído gerado pelas máquinas e equipamentos. Esse tipo de identificação consiste
na avaliação qualitativa. Existe também a avaliação quantitativa, que consiste em quantificar
ou medir o agente presente no ambiente de trabalho. Por exemplo, qual a intensidade de ruído
gerado pelas máquinas e equipamentos existentes no ambiente de trabalho? Essa seria a ava-
liação quantitativa. Como vimos anteriormente, as inspeções de segurança denominadas es-
peciais permitem esse tipo de avaliação, utilizando aparelhos ou instrumentos específicos.

2.7 Mapa de riscos ambientais


Uma ferramenta bastante útil na prevenção de acidentes e melhoria das con-
dições de trabalho é o mapa de riscos ambientais, que segundo o anexo 4 da
Norma Regulamentadora de nº 5 do Ministério do Trabalho tem como objetivos:
Reunir as informações necessárias para estabelecer o
diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho
na empresa;
Permitir aos trabalhadores fácil e rápida visualização dos
riscos encontrados no ambiente de trabalho.
Possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulga-
ção de informações entre os trabalhadores, bem como
estimular sua participação nas atividades de prevenção
(BRASIL, 1994).

Para saber mais


Saiba mais sobre o mapa de riscos ambientais acessando:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEA44A24704C6/p_19941229_25.pdf>.

De acordo com a referida legislação, os procedimentos para elaboração do


mapa de riscos são os seguintes:
identificar os riscos ambientais;
ouvir todos os trabalhadores observando as queixas mais frequentes;
discutir os fatores de riscos levantados com a CIPA;
propor medidas de correção necessárias;
representar graficamente os riscos (através de círculos) no “LAY-OUT” do setor.
38 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Após discutido e aprovado pela CIPA (responsável pela elaboração), o Mapa


de Riscos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada local analisado,
de forma claramente visível e de fácil acesso para (todos) os trabalhadores.
No caso das empresas da indústria da construção, o Mapa de Riscos do
estabelecimento deverá ser realizado por etapas de execução dos serviços,
devendo ser revisto sempre que um fato novo e superveniente modificar a
situação de riscos estabelecida (BRASIL, 1994).
Segue modelo do mapeamento de riscos de um depósito de uma empresa
do segmento de bebidas.

Figura 1.2 Mapa de riscos ambientais

Fonte: Do Autor (2014).

2.8 Causas e custos de acidentes


Os acidentes de trabalho apresentam inúmeras causas. É improvável que
o acidente seja causado por uma única causa isolada, existe um conjunto de
fatores que contribuem para a ocorrência do evento indesejado. É importante
compreender algumas causas que podem fazer com que os acidentes de tra-
balho ocorram. De maneira geral, temos as causas subjetivas, que são todos
aqueles fatores ligados ao indivíduo, por exemplo:
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 39

Fatores orgânicos:
deficiências físicas (visual, auditiva etc.);
doenças (epilepsia, fadiga, alcoolismo, problemas na coluna vertebral etc.);
biótipo (sexo, idade etc.).

Fatores de despreparo profissional:


despreparo para a função;
falta de habilidade;
falta de conhecimento ou experiência.

Fatores psicológicos:
desatenção;
negligência;
reflexos anormais;
desajustamento emocional;
imprudência;
desobediência aos regulamentos e avisos.
Podemos citar outros exemplos de causas subjetivas, a saber:
usar equipamento ou material fora de sua finalidade;
sobrecarregar um equipamento;
usar equipamento visivelmente defeituoso;
bloquear um dispositivo de segurança;
remover dispositivo de segurança;
segurar objeto de maneira errada;
expor-se a carga suspensa ou oscilante;
trabalhar ou operar a velocidade insegura;
saltar de ponto elevado;
usar mão em vez de ferramenta;
soldar, consertar tanque, equipamento ou recipiente sem permissão da
supervisão, na presença de substância perigosa;
limpar, lubrificar ou consertar equipamento em movimento, ligado à
eletricidade ou sob pressão;
deixar de usar o EPI disponível;
deixar de usar vestimenta segura;
fumar em local proibido.
40 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Analisando as causas de acidentes, temos ainda as causas objetivas, que


são os fatores ligados ao ambiente de trabalho, que causaram ou contribuíram
para a ocorrência de acidentes, tais como:
instalações elétricas, a vapor ou de outra natureza que apresentem falhas
ou falta de proteção;
roupas ou equipamentos de proteção inadequados;
condições impróprias como: iluminação, ventilação, umidade etc.;
ferramentas com defeitos, gastas, não afiadas etc.;
horários de trabalho;
problemas de espaço e circulação;
supervisão inadequada do trabalho.

Ao analisar os acidentes do trabalho, encontramos diversos fatores e/ou


causas interligadas, contribuindo para a ocorrência do mesmo evento. Exemplo:
remover um dispositivo de segurança da máquina.
Ao investigar um acidente, podemos identificar outros fatores na origem
dos problemas, como:
falta de instrução para operar a máquina com a proteção;
produtos com defeito ao operar a máquina com o dispositivo;
supervisão exigindo produção sem erros sem dar treinamento ao
funcionário;
supervisão que não exige o uso do dispositivo da máquina;
proteção inadequada.

De acordo com Tavares (1996), os profissionais de recursos humanos e se-


gurança do trabalho costumam referir-se aos custos dos acidentes para justificar
investimentos em sua prevenção, porém não têm condições de levantá-los com
exatidão e, portanto, de definir em que porcentagem eles incidem no custo
do produto.
Ainda de acordo com o autor, há uma série de razões que mostram a ine-
ficácia para o levantamento dos custos de acidentes, como:
Dificuldade em assimilar conceitos de levantamento de
custos de acidentes por parte das pessoas-chave da empresa;
Dificuldade em obter as informações necessárias para a
determinação do custo indireto ou não segurado;
Não aceitação dos números ou aceitação com desconfiança;
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 41

Fragmentação das informações e das responsabilidades


referentes às consequências dos acidentes;
Discutível aplicação prática da maioria dos métodos
conhecidos para o controle do referido custo (TAVARES,
1996, p. 71).
Pesquisa feita pela Fundacentro revelou a necessidade de modificar os con-
ceitos tradicionais de custos de acidentes e propôs nova sistemática para a sua
elaboração, com enfoque prático, denominada Custo Efetivo dos Acidentes,
descrito a seguir:
Ce = C — i
Ce = custo efetivo do acidente;
C = custo do acidente;
i = indenizações e ressarcimentos recebidos por meio de seguro ou de
terceiros (valor líquido).
C = C1 + C2 + C3
C1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (até os 15 primeiros
dias) em conseqüência de acidentes com lesão;
C2 = custo referente aos reparos e reposição de máquinas, equipamentos e
materiais danificados (acidentes com danos à propriedade);
C3 = custos complementares relativos às lesões (assistência médica e pri-
meiros socorros) e aos danos à propriedade (outros custos operacionais, como
os resultantes de paralisações, manutenção e lucros interrompidos)
O cálculo de C1 é fácil. O de C2 e C3 depende da organização interna da
empresa para seu levantamento.
Para facilitar o controle e o levantamento desses custos, segue modelo de ficha
para análise e investigação de acidente de trabalho, bem como avaliação dos custos.

Quadro 1.3 Modelo de ficha para análise

Análise de custos
Custo relativo ao tempo de acidente (até os 15 primeiros dias):
Salário por hora: R$
Salário: R$
Encargos sociais: R$
Outros: R$
Total 1: R$ C1
OBSERVAÇÕES:
continua
42 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação
Acidente com danos a propriedade
Máquinas / Equipamentos danificados: R$
Materiais danificados: R$
Principais causas do acidente:
Custos dos reparos ou reposições (máquinas, equipamentos, materiais): R$
Total 2: R$ C2
OBSERVAÇÕES:
Custos complementares
Assistência médica: R$
Transporte do acidentado: R$
Primeiros socorros: R$
Medicamentos: R$
Outros custos operacionais: R$
Total 3: R$ C3
OBSERVAÇÕES:
CUSTO DO ACIDENTE: R$ _______________C1+C2+C3
Fonte: Anjos et al. (2004).

Fique ligado!
Verificamos nesta unidade toda a evolução da segurança, higiene e me-
dicina do trabalho, bem como observamos a importância de gerenciar
riscos em uma organização. Conseguimos entender conceitos básicos
sobre segurança e saúde no trabalho e aspectos sobre gestão de riscos
no ambiente de trabalho. Para fixar todos os conceitos trabalhados neste
capítulo, vamos realizar alguns exercícios.

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, chegamos ao final da primeira etapa. Pelas informações aqui
apresentadas, podemos entender a importância de investimentos em segu-
rança, higiene e medicina do trabalho, bem como os benefícios que podem
ser gerados para as empresas e os funcionários. Verificamos também méto-
dos para identificar, analisar e controlar os riscos ambientais. Até a próxima!
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 43

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Qual a importância de segurança e saúde do trabalho nas organizações?
2. Por que algumas empresas consideram a segurança e saúde no tra-
balho um custo e não investimento?
3. Quais métodos poderiam ser utilizados para conscientizar funcioná-
rios e empregadores sobre a importância da preservação da saúde e
integridade física no ambiente de trabalho?
4. Como desenvolver uma sistemática para gestão de riscos em uma empresa?
44 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Referências
ALMEIDA, Ildeberto Muniz de. Análise de acidentes. Proteção, Novo Hamburgo, n. 125, p.
80-85, maio 2002.
ALMEIDA, Jorge Luiz Rosa de. Prejuízo por má assessoria. Proteção, Novo Hamburgo, n.
111, p. 48-50, mar. 2001.
ALVIM, Augusto César Contrucci. Atividades de alto risco. Proteção, Novo Hamburgo, n.
121, p. 64-65, jan. 2002.
ANJOS, Alcinéa Meigikos dos et al. Introdução à higiene ocupacional. Fundacentro: 2004. 84p.
BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do trabalho e gestão ambiental. São Paulo:
Atlas, 2011.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código penal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del2848.htm>. Acesso em: 21 mar. 2008
______. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o capítulo V do título II da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras
providências. Disponível em: <http://planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6514.htm>. Acesso
em: 21 mar. 2008.
______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 1 — disposições gerais. Portaria GM n.
3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, 6 jul. 1978a. Disponível
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______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 3 — embargo ou interdição. Portaria GM n.
3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, 6 jul. 1978b. Disponível
em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_03_at.pdf>. Acesso
em: 21 mar. 2008
______. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Texto consolidado até a emenda constitucional n.
42 de 31 de dezembro de 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/con1988/
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______. Lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, projeto e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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______. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da
previdência social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 21 mar. 2008.
______. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994.
Aprova o texto da medida regulamentadora nº 9 (riscos ambientais) e altera as NR 5 e 16.
Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho 45

Diário Oficial da União, Brasília, 30 dez. 1994. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/


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Unidade 2
Aspectos e elementos
do acidente de
trabalho
Alfredo Ribeiro Almeida

Objetivos de aprendizagem: Esta unidade tem como objetivo levá-lo


à compreensão dos aspectos ligados ao acidente do trabalho, ou seja,
conceitos de acidente, para que possa diferenciar acidente de trajeto
com acidente de trabalho e acidente que não tem relação com o traba-
lho, assim obtendo conhecimento sobre os aspectos gerais de acidente
de trabalho, as medidas a serem tomadas pelas empresas quando
ocorre um acidente, o CAT, que trata do documento obrigatório a ser
aberto quando ocorre qualquer tipo de acidente de trabalho, e finaliza-
remos a unidade conhecendo as análises preliminares e levantamento
de riscos ambientais do trabalho para que assim possam ser estudadas
medidas de prevenção de acidentes relacionadas ao trabalho apenas
adotando medidas de prevenção aos riscos ambientais identificados,
como veremos no decorrer da unidade.

Seção 1: Conceito de prevenção de acidentes


Nesta seção, abordaremos os conceitos relacionados a
acidente de trabalho, porém específicos aos conceitos
de prevenção a esses acidentes que vêm se tornando
comuns no ambiente de trabalho, e para que não se
tornem tão comuns assim, as empresas vêm tomando
medidas de prevenção como veremos nesta seção.
Seção 2: CAT — comunicação de acidente de
trabalho
Nesta seção, iremos abordar os assuntos relacionados
ao documento que deve ser aberto quando ocorre
um acidente de trabalho: a CAT — Comunicação de
Acidente de Trabalho, documento esse que é obriga-
tório, pois sem ele não há possibilidade alguma de um
trabalhador acidentado dar entrada ao processo com
o INSS. Veremos os conceitos no decorrer da seção.

Seção 3: Levantamento e análise preliminar


dos riscos de acidentes e medidas de
prevenção e controle
Praticamente 99,99% dos acidentes de trabalho, ou
seja, quase a sua totalidade, podem ser evitados com
adoção de medidas de identificação e controle dos ris-
cos ambientais, como veremos no decorrer desta seção.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 49

Introdução ao estudo
Nesta unidade você será levado à compreensão dos aspectos legais e buro-
cráticos relacionados ao acidente de trabalho, ou seja, as medidas que devem
ser tomadas quando ocorre qualquer tipo de acidente de trabalho ou mesmo
qualquer circunstância relacionada a acidente ou doença do trabalho, como
veremos no decorrer desta unidade.

Seção 1 Conceito de prevenção de acidentes


Nesta seção veremos conceitos, leis e obrigatoriedades tanto por parte dos
empregadores quanto por parte dos trabalhadores na questão Segurança do Traba-
lho, visando o foco de estudo em aspectos e elementos do Acidente de Trabalho.

1.1 Prevenção de acidentes


Sabemos da busca constante dos profissionais em Segurança do Trabalho
em melhorias a esse quesito, ou seja, tudo não envolve somente empregador
mas também o empregado, cultura, doutrinas, ética, enfim, vários fatores que
irão influenciar constantemente para a melhoria ou mesmo buscar tentativas de
melhorias para a segurança do trabalhador e um certo conforto ao empregador.
Sendo assim, podemos definir prevenção de acidente como as ferramentas
de melhorias tanto operacionais quanto emocionais para a prevenção de aci-
dentes de trabalho, não só de trabalho, mas acidente como um todo.
Prevenção, como o próprio nome diz, prevenir, para que não ocorra o impre-
visto, porém não podemos descartar as situações nas quais acontece o acidente.
O acidente, quando tratamos do ambiente de trabalho, muitas vezes pode
ser evitado, ou seja, calculado. Podem ser realizadas vistorias por meio de
programas como o PPRA — Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, nos
quais o profissional legalmente habilitado realiza o procedimento analisando
os setores da empresa um a um, de forma a identificar os possíveis riscos de
acidentes que possam ocorrer, assim solicitando as regularizações necessárias
para que não haja acidente de trabalho, pois, como sabemos, acidente é algo
imprevisto, com consequências muitas vezes irreversíveis, mas, quando falamos
em acidente de trabalho, estamos falando de riscos que podem, sim, ser previs-
tos e calculados, por isso a existência dos programas relacionados à segurança
50 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

do trabalho, nos quais os profissionais da área devem obter conhecimento, não


somente técnicos ou tecnólogos em segurança do trabalho, mas também o
setor de Recursos Humanos, pois se trata da qualidade de vida e ambiente de
trabalho dos trabalhadores inseridos naquele local, naquele determinado setor.
Também veremos ao longo desta unidade os riscos ambientais que po-
dem ser encontrados na empresa, visto que variam de ramo de atividade, de
empresa para empresa. Veremos que a aplicabilidade de fatores de correção
e prevenção, identificação, sua base de entendimento é para todos os ramos
de atividade profissional, ou seja, estamos estudando e tratando de assuntos-
-base, pois, tendo essa noção, o profissional saberá identificar em quaisquer
circunstâncias os devidos pontos requeridos.
Temos o Prevencionismo, que de acordo com o Dicionário Informal, “Diz-se
de uma teoria que aponta métodos preventivos para a segurança do trabalho”,
este entende que todo acidente, sendo ele de trabalho ou não, deve ser consi-
derado importante, e não está errado, pois nem todo acidente causa lesão no
trabalhador. Existem acidentes que são caracterizados acidente de trabalho,
por exemplo, uma máquina solta uma peça importante, se fosse uma prensa,
pois sabemos que esta possui peças de peso elevado e se trata de uma máquina
que pode ocasionar até a morte do trabalhador que a opera, mas também pode
ocasionar um acidente em que não haja nenhum tipo de lesão ao trabalha-
dor, este não será caracterizado lesão física. Porém, vamos entender melhor o
exemplo citado. Se uma prensa apenas solta um fio e para de funcionar jus-
tamente quando o operário iria introduzir a peça a ser prensada na máquina,
e o trabalhador acaba simplesmente trombando a peça na máquina, se trata
de uma falha mecânica, podendo esta ser considerada acidente de trabalho,
mas não houve lesão alguma aos operários, assim não fica caracterizado lesão
física, pois lesão física é somente quando o operário tem alguma lesão durante
o acidente. Exemplificando uma situação dessas, se a prensa apresentar uma
falha e quando o trabalhador introduzir a peça na máquina esta baixar antes
do tempo devido à falha mecânica, esta irá esmagar a mão do trabalhador, aí
sim teremos uma lesão física.
Todo acidente de trabalho terá consequências e atitudes legais serão toma-
das, atitudes que muitas vezes as empresas não gostam de tomar, por exemplo
o preenchimento da CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho, documento
legal, que deve ser preenchido para comunicar o Ministério do Trabalho so-
bre o acidente, pois, a cada CAT emitido, a empresa sofrerá uma penalidade,
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 51

ou seja, toda empresa deve sim tomar medidas preventivas como veremos ao
falarmos das Normas Regulamentadoras — NRs, pois existem leis para defender
os trabalhadores.

1.2 Legislação sobre acidente do trabalho e doenças


ocupacionais
Há diversos fatores que influenciam a legislação, e para iniciar nosso en-
tendimento, vamos lembrar que temos no Brasil a legislação complementar
sobre segurança e saúde no trabalho que são as NRs — Normas Regulamen-
tadoras que veremos na Unidade 3; além delas, ainda temos a Legislação de
Vigilância Sanitária, e a mais importante que é a Convenção nº 161 da OIT,
de 1985, que diz:
Em nível internacional, a convenção atualmente em vigor,
a Convenção nº 161 da OIT, de 1985, foi ratificada pelo
Brasil em 1991 e estabelece que as ações de segurança e
saúde no trabalho devem ser essencialmente preventivas,
sendo que todo o país-membro da OIT que a ratificou se
comprometeu a:
a) garantir aos trabalhadores o direito de serem informa-
dos dos riscos para saúde, inerentes a seu trabalho;
b) instituir progressivamente os serviços de saúde no
trabalho para todos os trabalhadores, em todas as em-
presas e em todos os ramos de atividade econômica
(LEGISLAÇÃO...,2014a).

Sabemos que temos Leis no Brasil que defendem o trabalhador em suas


reclamatórias, conforme a seguir:
A legislação em vigor é a Lei nº 8.213/91, conforme
redação dada pelo  Decreto nº 3.048, de 6 de maio de
1999. Esse decreto agregou a relação com 27 (vinte e
sete) agentes patogênicos causadores de doenças profis-
sionais ou do trabalho, a Lista “A” (Agentes ou Fatores de
Risco de Natureza Ocupacional” e a Lista “B” (Doenças
relacionadas com o Trabalho) (LEGISLAÇÃO...,2014b).

Ao observar os questionamentos da lei, podemos dizer que hoje temos


em nosso país alguns fatores que buscam incentivar as empresas a investirem
na questão de ambiente de trabalho, não apenas a redução de reclamatória
52 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

trabalhista, mas principalmente a redução de impostos como o FAP — Fator


Acidentário Previdenciário. Para entendermos o FAP, vamos primeiro entender
o Nexo Técnico Epidemiológico — NTEP.

Para saber mais


Acesse o site <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1977/6514.Htm> que trata da
lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 — DOU de 23/12/77. É de extrema importância seu
entendimento sobre essa lei.

1.3 Impactos e responsabilidades envolvidas nos


acidentes de trabalho
Sabemos o que diz a lei a respeito de Segurança no Trabalho, agora veremos
fatores que influenciam essa questão.

1.3.1 O que é nexo técnico epidemiológico — NTEP?


Antes de estabelecida e regulamentada a lei que determina que a Previ-
dência Social institua o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP), a aprovação do
benefício em espécie acidentária era vinculada com a emissão da Comunicação
de Acidente de Trabalho (CAT). Então, foi implantada uma nova forma para
que houvesse a concessão dos benefícios previdenciários que fossem gerados
de acidentes de trabalho com a adoção do NTEP.
A perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a partir
de abril de 2007, teve um novo método para reconhecimento do nexo entre
trabalho e doença. O novo procedimento baseia-se em modelo informatizado em
que há o cruzamento de informações da doença que gerou o benefício, que será
representada pelo código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10)
com o código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
Após abril de 2007, passaram a ser reconhecidos, no âmbito da perícia
médica do INSS, três tipos de nexo entre trabalho e agravo:
Nexo Profissional: este método é adotado pelo perito médico quando verificado
nexo entre trabalho e agravo, o benefício será concedido como acidentário;
NTEP: será adotado pelo perito médico se for verificada presunção de nexo
entre doença e trabalho e o benefício será caracterizado como acidentário;
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 53

Nexo Individual: se for comprovado que houve nexo entre trabalho e


doença, o benefício será concedido de forma acidentária.

Assim, trabalhadores e sociedade civil ganham na forma que se preservam


os direitos e as garantias da constituição que estão relacionadas aos direitos so-
ciais, com proteção da saúde dos trabalhadores e sua integridade física e moral.
Quando falamos em acidente de trabalho, estamos tratando de assunto
polêmico entre as empresas; buscando amenizar as situações e ocorrências,
criou-se o Nexo Técnico Epidemiológico — NTEP, com objetivo de analisar as
doenças e os acidentes do trabalho, sendo uma nova metodologia para com-
plementar as informações da Comunicação de Acidente de Trabalho — CAT.
Toda vez que ocorre qualquer tipo de acidente de trabalho em significância, é
necessária a abertura do CAT e a informação aos órgãos competentes.
Buscando criar melhorias para as situações de acidente de trabalho, criou-
-se o Nexo Técnico, assim identificando as situações ocorridas nas empresas
de doenças causadas pela atividade exercida do trabalhador em sua função ou
mesmo acidente de trabalho, dessa forma, com a identificação da situação real
do ocorrido, utilizam-se do NTEP para melhor entendimento e compreensão
da situação.
Para todo acidente de trabalho ou doença, o trabalhador deve recorrer ao
órgão competente, CEPS — Recurso ao Conselho da Previdência Social, ou
seja, depois de ocorrido o acidente de trabalho ou identificação da doença
relacionada à atividade do trabalhador, assim visto que este tem direito ao
benefício, a empresa tem prazo de 30 dias para dar entrada no processo de
requerimento do benefício.
Cabe ao empregador recorrer das decisões tomadas quanto ao benefício
concedido e caracterizado pelo Nexo Técnico, mas também tem seu prazo de
30 dias, contando a partir do momento que tomar conhecimento do benefício
concedido, pois, quando identificado, pode sim haver recurso, mas não terá
efeito suspensivo, pois já foi caracterizado.
Mas existe a “carta na manga” da empresa, ou seja, ela poderá recorrer ao
INSS, porém, assim que entregue a guia de recolhimento do FGTS e da GFIP,
ela terá 15 dias para esse recurso, pois existe uma cláusula no Manual do NTEP,
que determina que, se houver agravamento da situação/doença, essas que não
caracterizam qualquer relação com o trabalho exercido pelo trabalhador, a
empresa poderá alegar não conhecimento da situação por parte administra-
54 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

tiva, e assim não terá conhecimento do Nexo caso seja entregue fora do tempo,
dessa forma terá de tomar o conhecimento pelo site da Previdência Social, ou
até mesmo diretamente pelo trabalhador, que quando solicitar o benefício, se
ganhar, receberá um documento chamado Comunicado de Resultado do Reque-
rimento de Benefício por incapacidade — CRER, documento fornecido para todo
trabalhador que for considerado incapaz de retornar às suas atividades devido a
algum acidente ou doença relacionada a sua ocupação, ao seu trabalho.
Quando a empresa realizar o requerimento deverá entregar à Previdência
o documento preenchido em duas vias, para que seja protocolado no sistema
da Previdência Social, porém, quando realizar o requerimento no qual estará
negando a aplicabilidade do Nexo, ela deverá apresentar junto documentos
que comprovem que realmente não há qualquer ligação ou ato que comprove,
documentos esses que determinem a data do acontecido, a data do agrava-
mento da situação do trabalho exercido pelo indivíduo. Mas dos documentos
que forem apresentados de forma comprobatória deverão constar registros e
assinaturas de pessoas competentes, para que sejam considerados legais e que
sirvam de prova em defesa da empresa.
O trabalhador terá 15 dias para recorrer da decisão da empresa, quando
esta for atendida pelo recurso. A Agência da Previdência Social entrará em
contato com o trabalhador informando-o da decisão, cabendo a ele apresentar
documentos que provem o contrário. Os documentos, tanto os apresentados
pela empresa quanto os apresentados pelo trabalhador, são analisados por pe-
rícia médica; quando necessário, o trabalhador deverá se apresentar à perícia
em data marcada, para averiguação e análise presencial pelo médico perito.
Quando é identificado que o colaborador é capaz de exercer suas atividades,
o INSS marcará eletronicamente pelo sistema administrativo que possui, onde
está a caracterização do benefício concebido a aquele indivíduo, fazendo com
que o benefício seja suspenso até que o trabalhador entre com recurso apre-
sentando provas comprobatórias que o impossibilitam de retornar às atividades
e após passar por nova perícia, caso positivo, ele volta a receber o benefício,
caso contrário terá de voltar às atividades.
Quando recursado e o resultado for positivo, o benefício que era previden-
ciário se tornará acidentário, fazendo com que a empresa tenha de recolher
FGTS, e devido a comprovação da incapacidade do trabalhador, isso irá gerar
sua estabilidade quando retornar às atividades.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 55

Quanto mais acidentes de trabalho houver nas empresas, mais despesas


haverá, ou seja, as empresas devem analisar minuciosamente seus custos e
suas formações de passivos trabalhistas, para que após análise possam tomar
medidas preventivas buscando reduzir o número de acidentes e também as
despesas desnecessárias.
Pois, quando há situações assim, podemos observar que as empresas come-
çam a ter aumento do custo de produção decorrente do pagamento do FGTS
do trabalhador afastado, dessa forma não podemos esquecer que, quando há
o fornecimento do benefício acidentário pela Previdência Social, a empresa é
obrigada a recolher o FGTS do trabalhador em todo o período em que ele se
encontrar afastado, o benefício é pago pela Previdência Social, mas o tributo
é de responsabilidade da empresa, gerando, assim, despesa sem o benefício
da mão de obra do trabalhador.
Ressaltando que quando um trabalhador sofre qualquer tipo de acidente
de trabalho, ou mesmo adquira uma doença ocupacional, doença relacionada
ao trabalho, função exercida dentro da empresa, este terá estabilidade tempo-
rária quando retornar ao trabalho pelo tempo mínimo de 12 meses conforme
estabelecido por lei.
Quando o colaborador for portador de alguma doença ocupacional, que
por sua vez for de causa ergonômica ou psicossocial, atualmente na maioria
das causas concedidos benefícios acidentários, não ganhando do acidente de
trajeto, este quando retornar ao trabalho não poderá voltar para o mesmo se-
tor ao qual originou a situação, tendo de ser remanejado de função para uma
compatível às suas condições físicas de trabalho, dessa forma, o trabalhador
começa a comparecer à Previdência Social várias vezes para perícia e tudo
mais, devido a essa mudança de setor, para que seja analisado e reavaliado o
caso do trabalhador, assim obtendo resultados após reavaliação médica pericial,
essa situação é caracterizada presenteísmo.
O Nexo Técnico Epidemiológico não dispensa o exame por parte da perícia
médica do INSS, exame este que tem como objetivo confirmar ou descaracte-
rizar o NTEP, quando houver elementos. A perícia médica poderá estabelecer
o nexo causal com base em outros elementos que não o NTEP e a CAT, pois
o NTEP não garante automaticamente benefícios acidentários, pode ser cons-
tatado o nexo, mas não haver incapacidade laborativa por parte do segurado.
Nesse caso o benefício será negado e o valor estatístico continuará valendo.
56 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Assim, o Nexo Técnico Epidemiológico pressupõe como decorrente do meio


ambiente do trabalho, tendo benefício ocasionado por incapacidade conce-
dido pelo INSS cujo atestado médico apresente um código da doença (CID)
que tenha relação com o CNAE (Código Nacional da Atividade Econômica) da
empresa empregadora do trabalhador requerente. O FAP é um mecanismo para
aumentar ou diminuir as alíquotas de contribuição das empresas ao Seguro de
Acidente de Trabalho (SAT), dependendo do grau de risco de cada uma delas.
Porém, depois de várias análises, o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) unificou o reconhecimento dos nexos epidemiológico, de acidentes e de
doenças do trabalho, reafirmando a nova metodologia do nexo epidemiológico
e com a intenção clara de combater as subnotificações, que são os casos não
informados à Previdência Social.
O NTEP e o FAP foram criados por uma tese de doutoramento na Faculdade
de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília em 2008.
De acordo com as normativas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e
Previdência Social, temos os seguintes nexos:
Nexo técnico profissional ou do trabalho — fundamentado nas associa-
ções entre patologias e exposições constantes das listas A e B do Anexo
II do Decreto 3.048/99 (BRASIL, 1999), em que constam os fatores de
exposição químicos, físicos e biológicos associados a cada doença;
Nexo técnico por doença equiparada a acidente de trabalho ou nexo
técnico individual — decorrente de acidentes de trabalho (típicos ou de
trajeto), bem como de condições especiais em que o trabalho é realizado
e com ele relacionado diretamente.
Nexo técnico epidemiológico previdenciário — aplicável quando houver
significância estatística da associação entre o código da Classificação
Internacional de Doenças — CID — e o da Classificação Nacional de
Atividade Econômica — CNAE (doenças infecciosas e parasitárias rela-
cionadas com o trabalho).
Existem três tipos diferentes de Nexo acordados por Normativas: o Nexo
Profissional, Nexo Individual e Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário.
Antigamente quando ocorria um acidente do trabalho ou a aquisição de uma
doença relacionada ao trabalho, o trabalhador teria de provar a veracidade da
situação e consequências, mas hoje após serem adotadas as medidas do Nexo
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 57

Técnico Epidemiológico — NTEP e do Nexo Profissional, fica estabelecido que


a obrigação de provar o contrário à situação requerida pelo colaborador fica
para a empresa, assim o ônus de provar a relação entre agravo e trabalho, a
existência ou não do Nexo, se retira do trabalhador e passa a empresa, assim se
estabelece uma maior facilidade legalmente, para que o trabalhador comprove
a veracidade dos fatos.
Quanto à existência ou não do Nexo, ficou mais fácil após a alteração do
atual nexo técnico previdenciário NTEP, que implica admitir que todas as do-
enças que acometem os trabalhadores são originadas das condições de trabalho
fornecidas pela empresa.
Considerando que cumpre à empresa comprovar a inexistência do nexo, é
de grande importância enviar à perícia médica da Previdência todas as infor-
mações e provas que a empresa possa coletar, visto que o empregado também
buscará suas provas, mesmo que sejam verbais, mesmo assim a empresa não
pode deixar de apresentar todas as evidências que forem importantes para sua
defesa. Tais provas podem ser representadas por exames médicos, como no
exame admissional, no qual a empresa tem a oportunidade de produzir provas
sobre eventual patologia do trabalhador. Assim, podem conter informações nos
exames periódicos ou mesmo demissionais, os quais devem ser realizados com
grande cautela, pois podem ou não comprometer a situação da empresa caso
realizados irregularmente.
Há contraprovas do Nexo, uma contraprova seria robustecida pelo ar-
gumento epidemiológico, apesar de a Previdência Social utilizar somente a
denominação do nexo epidemiológico, sem de fato fazer o uso da epidemio-
logia, as empresas podem elaborar suas contraprovas com base na evidência
epidemiológica.
Se houver a descaracterização do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenci-
ário, uma vez estabelecido, exige-se das empresas não apenas uma sustentação
jurídica, estabelecendo o contraditório, mas efetivamente apresentando docu-
mentação de que haja sustentabilidade documental a tais assertivas e posições
assumidas, preferencialmente com embasamento em uma ferramenta de gestão
que utilize os mesmos parâmetros utilizados pela Previdência Social em suas
resoluções, em termos de RC — Razão de Chance, IC — Índice de Confiança
e AR — Amplitude Relativa.
58 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Porém, quando a empresa que dispõe de meios persuasórios possam con-


vencer a autoridade judiciária de que o ambiente de trabalho, epidemiológica
ou pontualmente, não proporcionou a incapacidade laboral alegada, ela soli-
citará uma perícia judicial no estabelecimento em que ocorreu o trabalho para
uma análise minuciosa do setor e da situação, para serem tomadas as decisões
necessárias ao caso. Essa prova pode ser obtida no exame médico admissional,
no qual a empresa tem oportunidade de descobrir precocemente qualquer
doença que o trabalhador já possua, ou mesmo que tenha propensão a adquirir,
por meio de exames complementares requisitados pelo médico coordenador
ou mesmo examinadores do trabalhador no ato da consulta ocupacional. Para
isso é imprescindível que o médico pergunte se o colaborador não deixou de
informar alguma doença preexistente, que assine a ficha preenchida, confirme
se todas as suas atividades fora do ambiente de trabalho foram informadas, para
que possa se ter uma prova a mais de que tal atividade ocasionou tal doença e
não decorrente do trabalho. São métodos preventivos que a empresa tem para
que em uma possível ação trabalhista tenha sua, digamos, “carta na manga”
para se defender.
De forma geral, a área médica carece de realizar monitoramento com fre-
quência da saúde dos empregados, através de seus exames periódicos.
Quando um trabalhador passa por acidente de trabalho, seja de qualquer
origem, quando retornar às suas atividades terá o benefício de estabilidade
conforme está previsto em lei, além dos demais benefícios estabelecidos.
Antes das mudanças ocasionadas pelo Decreto n. 6.042/2007 (BRASIL,
2007), o texto primeiro do artigo 337 do Decreto n. 3.048/99 (BRASIL, 1999),
onde se expressa o Regulamento da Previdência Social, ao incumbir que era
de responsabilidade do médico perito do INSS atestar se era de origem ocu-
pacional, ou não, a doença ocupacional, seria do ponto de vista individual,
ou seja, do ponto de vista do médico perito sobre um caso específico. Assim,
após análise minuciosa da perícia, o resultado da conclusão dependia única
e exclusivamente do cruzamento da vistoria clínica com o consecutivo diag-
nóstico da doença, que obrigatoriamente deveria estar inscrita na CID, com as
atividades desenvolvidas pelo trabalhar no seu ambiente de trabalho.
A política Nacional de Saúde do Trabalhador está inserida na política para
o setor saúde envolvendo a relação do Estado e Sociedade Civil, a saúde do
trabalhador tem como objetivo desenvolver ações de vigilância, controle e
prevenção de riscos, voltadas para a promoção, proteção e recuperação da
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 59

saúde do trabalhador. O campo do conhecimento voltado para a saúde do


trabalhador se altera constantemente, devido ao surgimento de novos objetos
de estudos que incluem mudanças tecnológicas e organizacionais dos proces-
sos de trabalho, assim os estudos da saúde do trabalhador estão voltados para
intervenções coletivas de uma perspectiva multicasual.
No Brasil, existem no âmbito da Previdência Social, Ministério do Trabalho
e Ministério da Saúde várias instituições públicas com atribuições de interven-
ções nas áreas de saúde do trabalhador.
No país temos o SUS, Sistema Único de Saúde, o qual tem como objetivo
explanar e explicar os objetivos e vontades da política de saúde do trabalhador
com o Sistema Único de Saúde, o qual determina que fosse reduzida a pro-
moção da saúde e haveria redução na morbimortalidade dos colaboradores,
seriam também implementados as ações integradas, intra e intersetorialmente,
contínua a respeito das determinantes dos agravos provenientes de modelos
de desenvolvimento e processos produtivos, no qual há participações de várias
pessoas e setores competentes, com objetivo de fortalecer a Política Nacional
de Segurança e Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde — SUS, ou
seja, medidas para que o sistema seja cada vez mais forte buscando trazer
melhor atendimento e melhores recursos ao trabalhador.
Apesar de todos os avanços na legislação na área de Saúde do Trabalhador
ainda existem ações não integradas e executadas por órgãos distintos e distantes
institucionalmente. O intercâmbio de informações entre o espaço social e a
esfera administrativa sobre acidentes e doenças do trabalho ocasionado pela
adoção do NTEP poderá proporcionar uma maior articulação das inovações
institucionais com a sociedade.
Uma consequência do NTEP é de que trabalhadores oportunistas que sabem
que seu afastamento é proveniente de trabalho exercido se sentem com direitos
de ingressar com ações trabalhistas contra a empresa para a qual trabalham.
Os profissionais do SESMT deverão concentrar seus esforços no sentido de
contraditar o benefício acidentário deferido ao trabalhador e propugnar sua
conversão em benefício por doença. Não obtendo êxito, a empresa deverá
recolher o FGTS para o segurado durante todo o período de afastamento.
Após o retorno do empregado às suas atividades, após seu afastamento, há
uma estabilidade provisória de 12 meses, sendo que nesse período o segurado
não deverá retornar às funções causadoras da patologia, exigindo-se prévia
higienização do ambiente doentio de trabalho.
60 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

A empresa ainda pode ser acusada de dolo se retornar o segurado às mesmas


funções que lhe trouxeram a doença agravando seu estado de saúde.
Ainda que as empresas não estejam preparadas para enfrentar os efeitos
do NTEP, a Justiça Trabalhista já tem efetivamente utilizado tal sistemática no
reconhecimento do nexo em ações indenizatórias.
Assim, a segurada que trabalha em pé o tempo todo em empresa de limpeza
de aves operou de varizes e no seu benefício houve NTEP. Empresa refere que é
doença constitucional e que já tinha o problema quando iniciou o seu trabalho
há cinco anos. A empresa estará buscando seus recursos para se defender das
solicitações trabalhistas. Se patologias constitucionais, tendências genéticas,
não pudessem ter nexo com o trabalho, o governo já as teria tirado da lista.
Após entendida a questão NTEP, podemos então entender o FAP, com esse
sim a empresa se preocupa.

1.3.2 FAP — Fator Acidentário de Prevenção


Quando falamos de proteção acidentária, estamos falando de algo que
é fundamentado pela Constituição Federal — CF, também a ação integrada
referente à Seguridade Social dos Ministérios da Previdência Social — MPS,
Trabalho e Emprego — MTE e Saúde — MS, proteção esta derivada do art. 1º
da Constituição Federal a qual determina quanto à forma que os princípios do
Estado de Direito e o valor social do trabalho.
No site da Previdência Social, temos a disponibilização do FAP de 2013, pois
todas as GFIP este ano terão de obter a informação do FAP, e, para consultá-lo,
é necessário o CNPJ da empresa ou instituição empregadora e senha de acesso,
a mesma senha que é utilizada para consultas de Certidões Negativas de Débito,
se há restrições na mesma ou não e para realizar consultas do Fator Acidentário
Previdenciário. Se a empresa ainda não possui senha de acesso, é porque não
se cadastrou no sistema, dessa forma deverá se cadastrar no próprio aplicativo,
clicar no ícone de cadastro de senhas para cadastrar a senha de acordo com sua
vontade, porém, caso haja qualquer tipo de problema na senha cadastrada, a
pessoa responsável pela empresa deverá se encaminhar até qualquer unidade
de atendimento da Receita Federal do Brasil para regularização.
O sistema do Fator Acidentário Previdenciário — FAP possui um multipli-
cador de cálculo variável entre 0,5000 a 2,0000, esses aplicados em alíquotas
de 1, 2 ou 3%, que é calculada para todo trabalhador que possui registro de
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 61

trabalho junto a empresa e relacionado com os riscos ambientais do ambiente


em que realiza suas funções na empresa, riscos ambientais como estudamos na
unidade anterior. O fator contribuinte para isso é a base dos acidentes ocorridos
durante os dois primeiros anos das empresas, tudo informado a Previdência
Social, e disponíveis no sistema as informações necessárias para o procedimento
de cálculo, se informado corretamente.
Todo tributo pago pela empresa pode ser contestado, o FAP não fica fora
dessa regra, ou seja, a empresa também pode contestar o FAP a ela estabelecido,
apresentando documentos comprobatórios da situação junto com o formulário
de contestação preenchido corretamente, formulário eletrônico, e entregue ao
setor correspondente e responsável pela análise do recurso, o Departamento
de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional (DPSSO), onde este disponi-
bilizará durante o período de análise dos recursos, informações pelo sistema
da Receita Federal para contestação.
Quando o empresário constitui uma empresa, durante o processo se deter-
mina a atividade que exercerá, ou seja, o que a empresa vai fazer ou produzir,
informações estas que devem ser passadas a Receita Previdenciária do Ministé-
rio da Previdência Social. A este órgão cabe a responsabilidade de vistoriar se
a empresa está ou não realizando corretamente as atividades a ela registradas,
caso contrário cabe aplicar as devidas providências para regularização. É de
grande importância a empresa conceder as informações corretas quando o tra-
balhador requer o benefício de aposentaria especial, benefício este concedido
pela Previdência Social, porém não tão fácil assim, são necessárias provas de
que o trabalhador, devido aos riscos de sua função, esteja impossibilitado de
trabalhar para o resto da vida, assim comprovado sua incapacidade, de acordo
com os percentuais de contribuição determinado pelo DATAPREV, considerando
de Grau 1 as empresas que possuem risco de acidente leve, nesse caso cabe a
contribuição de 1%, já as empresas com risco de acidente moderado, médio,
contribui com 2% considerando Grau 2, já as empresas com risco de acidente
considerado grave, predomina de Grau 3 e contribui com 3%.
A empresa deve informar ao INSS todo e qualquer acidente de trabalho,
e é ela a responsável pelas informações e análise das mesmas, cabe ao INSS
identificar se há ou não Nexo, entre trabalho e agravo, para isso se verifica o
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário — NTEP, relacionado às ativida-
des da empresa.
62 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

No ano de 2009, ocorreu o Sistema FAP junto ao DATAPREV, baseando-se


em três aspectos básicos com dados anuais sendo esses as bases de benefícios,
bases de comunicação de acidente de trabalho e bases de vínculos e estabe-
lecimentos. Todo esse processo e a forma de cálculo foram apresentados e
aprovados pelo Conselho Nacional de Previdência Social.
Após vários estudos se estabeleceram números e regras para as empresas
obterem o benefício de redução do cálculo de seu Fator Acidentário Previden-
ciário — FAP, em que a empresa não possa ultrapassar o índice de 75% de
rotatividade, comprovar investimento em sistemas de prevenção de acidente
de trabalho, entre outras, para que dessa forma a empresa consiga redução no
pagamento referente ao FAP.
Com intuito de informar as empresas em menor tempo possível, a Previdên-
cia Social busca ferramentas que agilizem esse processo, através de sistemas
com informações dos trabalhadores, canais estes disponibilizados pela Previ-
dência Social em 2009, com detalhamentos dos índices de cálculos do Fator
Acidentário Previdenciário — FAP, detalhamentos estes referentes a registros
de acidentes de trabalho, de doenças ocasionadas pela função exercida pelo
trabalhador, o que nomeamos de doença do trabalho e também benefícios
concedidos, benefícios acidentários, tudo podendo ser acessado através do
sistema pela própria empresa no site da Previdência Social, ressaltando que
esse acesso ao FAT é exclusivo para a empresa utilizando seu login de acesso e
senha, que são seu CNPJ, matrícula CEI, depende do caso e do registro, a partir
dos detalhamentos do sistema referente aos registros de acidentes do trabalho
é possível averiguar o Número de Identificação do Trabalhador — NIT e seus
dados, como a data de nascimento, a data do acidente, a data em que foi ca-
dastrada a informação de Comunicação de Acidente do Trabalho — CAT e o
seu número. Pois consta nos detalhamentos de registros de doenças do trabalho
o NIT, a data de nascimento, o número do benefício e sua espécie, os dados
necessários para pesquisa, e também podemos encontrar nos detalhamentos
de benefícios acidentários informados o NIT, a data de nascimento, o valor,
a data do início e da cessação, número e espécie do benefício, tudo o que é
necessário para a realização dos cálculos.
Quanto aos valores oficiais do Fator Acidentário Previdenciário (FAP), ele-
mentos estes destinados ao cálculo e o próprio valor do FAP, são devidamente
divulgados no site, Portal da Previdência Social, e no sítio da Secretaria da
Receita Federal do Brasil, disponíveis na internet.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 63

O método utilizado pelo Fator Acidentário Previdenciário tem a pretensão


de demonstrar como está o ambiente laboral de cada empresa em relação a
outras empresas que tenham a mesma atividade econômica, podendo existir
empresas em que o número de acidente de trabalho e o número de benefícios
acidentários são de índices elevados e apresentam valores de percentuais de
ordem de frequência, gravidade e custos acima da média, decorrente da ge-
ração dos róis, cada índice é ordenado de forma ascendente, isso do menor
para o maior, está diretamente relacionada a Subclasse da CNAE da empresa,
enquadramento da atividade preponderante, atividade econômica da empresa,
portanto a instituição pode se posicionar nas últimas posições por ter, nesta
mesma subclasse, Instituições com índices de frequência, gravidade e custo
ainda menores. O médico que realiza a Perícia Médica do INSS, durante a
consulta, ao avaliar a capacidade laborativa do segurado da Previdência Social,
estabelece duas datas importantes que se trata da data do Início da Doença —
DID e a Data do Início da Incapacidade — DI, porém se a perícia fixar o início
da incapacidade para a atividade dentro do período de graça, este estabelecido
pelo Art. 13 do Decreto nº 3.048, de 5 de maio de 1999 (BRASIL, 1999), po-
derá ser caracterizado o benefício como de natureza acidentária mesmo que
o segurado, trabalhador, esteja desempregado.
Porém, quando se realiza a fixação da data de início referente à incapaci-
dade do trabalhador de executar, desempenhar suas funções dentro da empresa,
se tratando de doença do trabalho, está constatada pelo médico responsável
pela Perícia Médica do INSS, este dentro do período de graça como discrimina
o Art. 13 do Decreto nº 3.048/1999 (BRASIL, 1999). Porém, se o trabalhador
estiver desempregado, o setor que será responsável pelo reconhecimento inicial
do direito do trabalhador no INSS deverá analisar o requerimento de benefício
solicitado e necessário e as demais condições sejam satisfeitas procede com
os procedimentos para a concessão do benefício acidentário ao trabalhador,
tudo mediante provas, mas em função do instituto do período de graça, o con-
tribuinte, trabalhador, mantém sua qualidade de segurado como estabelece o
Art. 13 do Decreto nº 3.048/1999 (BRASIL, 1999), devendo manter seus direitos
de forma equiparada às condições de trabalhador empregado, dessa forma o
CNPJ da empresa que está vinculado ao benefício será o da última empresa ao
qual o trabalhador esteve em suas funções, aí vemos quanto é importante que
a empresa acompanhe constante e periodicamente as informações apontadas
no sistema, nos seguintes passos: Agência Eletrônica/ Empregador/ Consultas:
64 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Benefícios por Incapacidade por Empresa, que está disponível no Portal da


Previdência Social na Internet para, quando necessário, apresentar contestação
ou o recurso contra a decisão do INSS, em tempo hábil pois acompanha todo o
processo e as informações, pois por dois fatores a CAT poderá ser apresentada
por terceiros junto a Previdência Social, estabelecido pelo § 3º do Art. 336 do
Decreto nº 3.048/1999, pois desde 2007 o INSS mudou os procedimentos,
assim permitindo a caracterização, pela Perícia Médica, de Nexo Técnico Pre-
videnciário — NTP, sendo este Epidemiológico, Profissional ou do Trabalho
e Individual, ainda que o trabalhador não apresente a CAT no ato do exame
pericial junto ao médico, onde poderá ser lançado como um registro de aci-
dente ou doença do trabalho, dessa forma equivale a uma CAT registrada, este
processo de contagem é realizado de forma que não haja a possibilidade de
haver a duplicação da contagem do evento.
Para a contagem do Índice de Frequência devemos considerar o número de
acidentes registrados em cada empresa, mais os benefícios que entraram sem
CAT vinculada, por nexo técnico, isso tudo é igual à somatória de Registros de
Acidentes do Trabalho e os Registros de Doenças do Trabalho.
As informações que compõem o cálculo do FAP são extraídas dos siste-
mas de informações da Previdência Social e respectivas bases de dados desse
sistema. O sistema para a realização da leitura dos dados e informações de
registros de acidentes e doenças do trabalho (CAT), dos benefícios, estabeleci-
mentos e vínculos foi devidamente realizado em uma única etapa.
No sistema da Previdência Social, especificamente na tela para con-
sulta dos valores do FAP — Fator Acidentário Previdenciário, está apre-
sentado o valor final do cálculo que a empresa deverá informar na GFIP.
Quando a empresa, após os cálculos corretos, identificar o FAP igual a 1,0000,
há indícios de que o disposto na Resolução CNPS Nº 1.308/2009 (BRASIL,
1999), item 2.4 — “Geração do Fator Acidentário de Prevenção- FAP”, onde se
refere a não bonificação, foi aplicado porque esta teve valor do Fator Acidentário
Previdenciário devidamente calculado com resultado inferior a 1,0000. Quando
isso ocorre, a empresa pode contestar a decisão de impedimento da concessão
de bonificação, para essa contestação deverá apresentar comprovantes de que
houve investimentos em melhorias nas condições de saúde e ambiente de traba-
lho para com os trabalhadores, pois há a possibilidade de um FAP ter seu valor
original de cálculo igual a 1,0000, ou mesmo ter valor unitário por definição,
esses casos são muito encontrados em empresas filantrópicas, empresas que
são optantes pelo simples nacional, entre outras situações.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 65

Dentre os diplomas legais que tratam do Fator Acidentário Previdenciário


pode ser encontrada possibilidade de contestação do impedimento da boni-
ficação, assim cabe o recurso da empresa como descrevemos anteriormente.
De acordo com o art. 303 do Regulamento do Regime Geral da Previdência
Social, em que se permite a interposição do recurso que também deverá seguir
em analogia, corretamente os prazos definidos na Portaria Interministerial 254.
A empresa deve preencher o formulário eletrônico, que se encontra disponível
no site da Previdência Social, porém seu preenchimento é permitido somente
pelo Portal da Previdência Social, isto para as empresas com FAP igual a 1,0000.
Esse formulário tem a finalidade específica de reverter o impedimento quanto
à bonificação acusada no cálculo original do Fator Acidentário Previdenciário.
Quando há um resultado do processamento original do FAP, em que atribuiu
valor menor que a unidade, não haverá nenhuma alteração, a não ser em casos
previstos de impedimento de bonificação, podendo ser morte, invalidez ou
mesmo se a taxa de rotatividade for maior que 75%, já informada ao sistema
FAP com a regra já implantada, pois, quando as empresas tiverem o FAP com
variação entre 0,5000 e 0,9999, elas terão bonificação.
Esse método de cálculo utilizado para calcular o Fator Acidentário Previden-
ciário — FAP utilizava como abordagem possibilidades da Previdência Social
de computar em sua base de cálculo os benefícios de natureza não acidentária,
por presunção epidemiológica, a partir da aplicabilidade direta da matriz do
Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário — NTEP. No ano de 2007 a Pre-
vidência Social divulgou os benefícios que iriam compor a base de cálculo do
FAP que seria calculado em 2008. Seriam inclusos os de natureza acidentária
também que eram presumidos, com a finalidade de possibilitar que fossem
contestados pela empresa, em alguns casos, os de benefícios de natureza aci-
dentária presumida. Essa nova metodologia do Fator Acidentário Previdenciário,
que foi aprovada mediante Resolução CNPS Nº 1.308 e 1.309 (BRASIL, 1999)
no ano de 2009, teve alteração por parte dela na base de cálculo para o FAP
de 2009, cujo período de apuração é de abril de 2007 a dezembro de 2008, e
não entra na questão de presunção de natureza acidentária, por ter nesse perí-
odo os benefícios por incapacidade, que foram concedidos à luz da aplicação
do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário, no qual a empresa obteve e
obtém a possibilidade de contestação ou interposição de recurso, conforme o
caso, a cada disponibilização de benefício por incapacidade, decidido pela
Previdência Social, mas com aprovação dessa nova metodologia do FAP, em
que as contestações realizadas pelas empresas perderam o objeto.
66 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Somente se aplica a redução em casos que, depois de tudo calculado, se


constatar que o FAP está maior que 1,0000, chamamos de ocorrência de ma-
lus. Assim o valor do FAP que foi calculado terá uma redução em sua ordem
de 25%, mas isso ocorre no seu primeiro ano de processamento, e esse será o
valor final, já com a redução do primeiro ano e tudo que tiver de ser reduzido.
O FAP tem um modelo de metodologia que demonstra visivelmente como
estão os ambientes das empresas, ou seja, o ambiente laboral. Assim dizemos
de cada empresa estas que tenham as suas atividades preponderantes do mesmo
segmento. Dessa forma, toda vez que informados quanto aos elementos utiliza-
dos para calcular o valor do Fator Acidentário Previdenciário — FAP, podemos
realizar a análise de como se comportam as condições de trabalho no que se
refere à saúde do trabalhador e a empresa passa a ter respaldo através de um
instrumento de aferição quanto à sua política referente à prevenção contra riscos
ambientais do trabalho ali apresentado. A empresa ocupa uma posição dentro
de cada grupo em uma determinada subclasse da CNAE, sendo obtida através
da ordenação de forma ascendente, ou seja do menor para o maior, contando
com a relação que há entre um evento infortunístico que está associado junto
a saúde e também com as condições trabalhistas junto aos aspectos sanitários,
trabalhistas e previdenciários, que acabam confrontando com alguns aspectos
da vida do trabalhador que sofreu acidente de trabalho ou mesmo que adoeceu.
Quanto à contextualidade referente à Saúde Pública, podemos assimilar
alguns fatores que possam contribuir para a causa de acidentes ou doenças no
trabalho, por exemplo, tem o objetivo de chegar após estudos e análises, a uma
definição dos mecanismos de proteção a saúde e a vida como um todo do tra-
balhador, em que se abrange a identificação e coleta de informações que estão
relacionadas a todas características dos locais de trabalho da empresa, ou seja,
todos os setores da empresa, assim como dos agravos recorrentes encontrados.
Vem também estudar, analisar, identificar as situações para se aplicar táticas
intervencionistas locais de trabalho, aplicar também no funcionamento das
atividades, na forma como se executa o trabalho. Quanto ao âmbito trabalhista,
quanto ao seu contexto, os ambientes de trabalho, assim como as condições
de execução do mesmo tendem, cada vez mais, a se tornar objetos da ação
de auditores, que também são responsabilizados em observar as relações de
trabalho com a finalidade de correção das eventuais deformações, eventuais
anormalidades e procedimentos ilegais encontrados, dessa forma se propõe
uma prevenção, com intuito de intervir na situação.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 67

Podemos observar, após estudos e diagnósticos, que praticamente todas


as funções de trabalho possuem risco ocupacional específico, por exemplo,
trabalhadores expostos a barulhos elevados possuem risco físico ruído, e a
empresa, como prevenção e controle, deve realizar audiometria regularmente,
para melhor segurança quanto a uma ação trabalhista ou mesmo perdas de
audição de seu trabalhador, mas também deve fornecer EPI para que isso não
ocorra. Mas também há outros riscos ocupacionais, como o biológico, em que
o trabalhador fica exposto a situações preponderantes ao risco; risco químico,
nesse caso o trabalhador está exposto a produtos químicos que podem ocasionar
grandes efeitos negativos em sua saúde; risco ergonômico, o qual se relaciona
à postura do trabalhador entre outros. Enfim, riscos que expõem o trabalhador,
mas a empresa deve prevenir por meio de conscientização e entrega de EPI
para que os trabalhadores executem suas funções de acordo e também fiquem
mais satisfeitos com o ambiente de trabalho.
Devido à identificação de algumas situações, em que fica comprovado que
o trabalhador sofreu acidente de trabalho devido à negligência do empregador,
o governo busca tomar uma medida regressiva, para que o trabalhador seja
reembolsado dos valores pagos através de benefícios concedidos pelo INSS.
Porém, é preciso lembrar que isso ocorre quando o trabalhador sofre qualquer
tipo de acidente de trabalho, seja ele por falta de EPI, por más condições do
ambiente de trabalho, enfim, causado por negligência do empregador quando
ao seu empregado, não fornecendo as condições seguras para a execução
da função pelo trabalhador. Essa ação tem embasamento legal, regido pela
Lei nº 8.213/1991, artigo 120, o qual esclarece que, quando houver casos de
negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indi-
cados para a proteção individual e coletiva, a Previdência Social irá propor a
ação regressiva contra os responsáveis, conforme descrevemos anteriormente.
Porém, se houver a necessidade de o trabalhador passar por perícia médica
para a realização de acareação da situação ali exposta, o trabalhador será
encaminhado até o médico perito, profissional altamente qualificado e nome-
ado pela Previdência Social, para que possa realizar análise dos documentos
comprobatórios da situação. Após o diagnóstico do perito, se constatado que
a empresa tem culpa pelo acidente ocorrido com seu trabalhador, o médico
perito informará à Procuradoria Geral Federal — PGF sobre o acontecimento
e ela tomará as providências cabíveis à situação. Ou seja, de acordo com lei
estabelecida, vai aplicar as punições às empresas negligentes. Conforme des-
68 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

crevemos anteriormente, essas medidas são para incentivar que as empresas


invistam em segurança de seus trabalhadores no trabalho, concedam Equipa-
mentos de Proteção Individual — EPI, assim como proporcionem condições
de ambiente e saúde adequadas.
Esse sistema Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) também é
responsável pelo índice referente ao Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Esse
instrumento, vigente desde janeiro de 2010, serve para majorar ou diminuir as
alíquotas de contribuição das empresas para o Seguro de Acidente de Trabalho
(SAT), de acordo com o grau de risco das empresas.
A crescente preocupação do tema da segurança e saúde laboral trouxe di-
versos questionamentos no meio ambiente do trabalho, entre eles, a ausência
de informações corretas e possível sonegação de informações referentes aos
números de acidentes de trabalho no Brasil.
O advento do NTEP trouxe um novo mecanismo de defesa para os traba-
lhadores, mas não somente a eles, pois também há benefícios para as empresas
que mantêm bons índices de saúde e segurança no trabalho, com a diminui-
ção dos índices ou mesmo abolição de casos de acidente de trabalho, pois é
mensurado o Fator Acidentário de Prevenção — FAP, com a correlação entre as
estatísticas produzidas por cada empresa e as alíquotas a serem pagas a título
de contribuição para o SAT.
É inegável o fato de que o advento do NTEP trouxe diversas repercussões
às ações trabalhistas vigentes, tendo em vista que o antigo mascaramento dos
dados relativos aos acidentes de trabalho cedeu lugar a uma maior visibilidade
diante do cruzamento de dados relativos à CID-10 e à CNAE das empresas,
minimizando, assim, possíveis práticas de sonegação e desrespeito aos direitos
dos trabalhadores acidentados.
Outra repercussão na esfera trabalhista é a obrigatoriedade de recolhimento
do depósito de FGTS, pelo empregador, durante o período de afastamento do
obreiro acidentado.
Em outro aspecto, tem-se ainda uma maior efetivação de proteção ao meca-
nismo da estabilidade provisória, inerente aos casos tipificados como acidentes
e doenças do trabalho. O NTEP trouxe ainda a inversão do ônus da prova, que
agora passa a ser do empregador, o qual deverá comprovar a ausência de nexo
causal entre o agravo e o trabalho desenvolvido pelo trabalhador.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 69

A empresa deixa de ter o principal papel de dar a notificação dos casos,


para apenas ser um dos meios. Assim, outros mecanismos de descoberta e
visibilidade real dos casos de agravo à saúde dos empregados.
Após janeiro de 2010 entrou em vigor a nova lei referente ao FAP (Fator
Acidentário de Prevenção) e NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico), que obteve
reflexos nos tributos das empresas. O pagamento de impostos previdenciários
está diretamente relacionado à incidência de incapacidade laborativa, ou seja,
quanto maior o índice de afastamento, mais alto é o grau de risco da empresa
que varia de 1 a 3.
O sistema FAP é um fator multiplicador que oscila de 0,5 a 2 em relação
ao investimento da empresa em programas de prevenção de acidentes no tra-
balho, saúde e segurança, além de proteção de riscos ambientais do trabalho.
Isso é intitulado como “Bonus-Malus”, que implicará maior ou menor alíquota
de contribuição das empresas. Essa nova lei veio positivamente para estimular
o investimento dos empregadores em melhorias nos métodos produtivos e na
qualificação dos trabalhadores visando reduzir os riscos ambientais do trabalho
e consequentemente promover a saúde do colaborador.
Outro fator que aumenta as alíquotas mensais de impostos para as Empresas
é o SAT (Seguro de Acidente de Trabalho), um tributo com incidência mensal
sobre a folha de pagamento da instituição.
Antes o colaborador tinha que provar que a empresa foi a responsável
pelo dano, agora com o NTEP específico o Nexo Causal ficou mais fácil de
ser caracterizado. Com essa nova diretriz do FAP e NTEP específico, pode-se
dizer que o “ônus da prova” é do empregador e a perícia médica torna-se mais
específica e criteriosa tendo três etapas para provar que não causou o dano.
I. Identificação de ocorrência de Nexo Técnico Profissional com ve-
rificação da existência da relação agravo-exposição ou exposição-
-agravo. Entenda-se como agravo: a lesão, a doença, o transtorno da
saúde, o distúrbio, a disfunção ou síndrome e a morte independen-
temente do tempo de latência.
II. A verificação do cruzamento de informações entre o sistema de Clas-
sificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) da Empresa com
o sistema do Código Internacional de Doenças (CID-10);
III. Identificação de ocorrência de Nexo Técnico por Doença Equipa-
rada a Acidente do Trabalho — NTDEAT, que implica diretamente
70 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

em análise individual do caso, diante do cruzamento entre todos os


elementos e exames levados ao conhecimento do médico-perito da
situação geradora da incapacidade e a avaliação.

Em qualquer um dos três nexos haverá a concessão do benefício de natureza


acidentária. Quando não houver nenhum dos nexos, o benefício será classifi-
cado como previdenciário. Dessa forma, proporciona um impacto grande tanto
para as empresas, profissionais da área de saúde e também para os advogados
que têm de defender as causas trabalhistas.
O objetivo do FAP é oferecer melhorias nas condições de trabalho e nas
condições de saúde para os trabalhadores, incentivando as empresas a investi-
rem nessa melhoria, buscando também melhorias nos índices de cálculos das
empresas, buscando também diminuir os riscos de acidente de trabalho dentro
das empresas. Pois os índices de cálculos das empresas sendo o multiplicador
das alíquotas, 1%, 2% ou 3% que incidem diretamente na folha de pagamento,
quanto para o financiamento do SAT, a tarifação varia entre 0,5 a 2,0%, isso
indica que a alíquota referente à contribuição que a empresa realiza poderá
reduzir pela metade ou poderá até dobrar.
Em 10 de janeiro de 2010, o Fator Acidentário Previdenciário passou a
ser chamado de Novo Fator Acidentário Previdenciário, em vigor praticando
um novo método de cálculo, assunto muito discutido nas empresas, devido
à nova metodologia de cálculo, pois esse novo processo poderá aumentar a
tributação da empresa em quantidade considerável para recolhimento junto a
Previdência Social.
Foi criado um mecanismo pela Previdência Social com objetivo de potenciali-
zar a metodologia utilizada para cálculo do Fator Acidentário Previdenciário FAP.
Este poderá reduzir ou mesmo aumentar as alíquotas de contribuição quanto ao
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), porém obtendo parâmetro por meio de
índices de acidentes de trabalho que foram ocasionados e devidamente registrados
dentro das empresas junto ao sistema.
Dessa forma, após janeiro de 2010, todas as empresas que apresentaram
um número elevado de acidente de trabalho, ressaltando aqueles com maior
gravidade, terão de contribuir obrigatoriamente com uma alíquota mais elevada,
ou seja, maior. E as empresas que apresentarem comprovadamente número
de acidente de trabalho reduzido terão como benefício uma redução em suas
alíquotas, assim servindo de incentivo para as empresas o investimento na
proteção de seus trabalhadores contra acidentes de trabalho.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 71

Quanto aos critérios que são utilizados pelo governo para a realização de
um tratamento diferenciado, podem ser justificados na argumentação de que
dessa forma está se garantindo mais justiça quanto à contribuição de empresá-
rios, e, como mencionamos anteriormente, incentivando medidas preventivas
contra os acidentes de trabalho, investimento das empresas nessa questão. Em
2007, o Ministério da Previdência Social teve a iniciativa com intuito de trans-
parência, ou seja, para que fosse evitada ambiguidade, de tornar os dados e
informações mais claros, buscando a garantia de aplicabilidade das fórmulas
nos cálculos, assim evitando erros. Mas as empresas precisam dos dados que
foram listados no FAP, pois não podem ficar sem nenhuma informação do
trabalhador, referente ao número de cadastro de colaborador junto ao INSS,
a classificação da doença do trabalhador, o CID — Cadastro Internacional
de Doença, tudo com associação aos dados do INSS, e também o montante
referente ao recolhimento das contribuições ao SAT, dessa forma se garantem
os princípios referentes à publicidade, servindo como mecanismo de defesa.
Mas, em contrapartida, existem eventos de situação acidentária que não se
relacionam de maneira alguma com o ambiente de trabalho em que ocupa
o trabalhador, o interno da empresa, os riscos ambientais do trabalho, que se
referem aos riscos que o trabalhador corre no ambiente de trabalho, de sua
função, mas tudo levado em consideração pelo Ministério da Previdência So-
cial, que é o órgão responsável pelo sistema, e é quem se responsabiliza pela
apuração do FAP, que fica responsável por obter, analisar e tomar as medidas
necessárias quanto às empresas. Ou seja, quando identificado que a empresa
está com números de acidente de trabalho elevados, deve-se aplicar punições
severas, para que possa resolver da melhor forma seus problemas, buscando
uma melhor qualidade de vida e de trabalho aos seus colaboradores, mas, em
contrapartida, identificando as regularidades, a empresa terá benefícios de
redução de índice de cálculo.
Algumas medidas para garantir de certa forma que o FAP não será desvir-
tuado são que qualquer acidente de trabalho que não tiver relação com riscos
ambientais do trabalho, e que não tiver como causa as virtudes das condições ou
mesmo o meio ambiente do trabalho ali da empresa, não deverá ser considerado
de maneira alguma no FAP, como agressão ocorrida na empresa, sabotagem ou
terrorismo, ofensa física, ato de pessoa privada do uso da razão, desabamento
parcial ou total da empresa, inundação, incêndio, realização de serviço fora do
local de trabalho, quando o trabalhador sai da empresa, quando houver viagem
72 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

realizada a serviço, acidente de trajeto, isso tudo respaldado pela legislação, a


qual determina a implementação da metodologia do FAP, que buscará a amplia-
ção cultural quanto a prevenção de acidentes ou mesmo doenças, relacionadas
ao trabalho, e dando apoio para a reestruturação do PNSST — Plano Nacional
de Segurança e Saúde do Trabalhador, que é estruturado pelo MPS, MTE e MS.
Assim se obtém um maior fortalecimento das políticas públicas, melhorando
de forma positiva o relacionamento entre os trabalhadores e empregadores.
O objetivo de todo esse processo, todo esse esforço, está em proporcionar
melhoria no ambiente de trabalho, um ambiente mais sadio, com condições
melhores para o desempenho e produtividade do trabalhador com qualidade.
As empresas devem buscar identificar as situações internas dentro de si, e
aplicar soluções, buscando um menor índice de rotatividade de trabalhadores,
uma melhor satisfação, em resultado terá uma melhor qualidade de trabalho
nos produtos finais. Porém somente as medidas para a redução de acidentes
de trabalho não são suficientes, é preciso aplicar medidas de conscientização,
como palestras e outras formas de deixar os colaboradores mais satisfeitos e
conscientes, como resultado a empresa terá seu FAP reduzido, caso contrário
terá um nível mais elevado do FAP.
O ser humano está acostumado a realizar as famosas “gambiarras”, re-
solvendo os problemas de imediato, apagando incêndios. Está acostumado
a administrar consequências geradas na empresa diariamente, porém não à
gestão dos conflitos e a problemas mantendo riscos de fracassar as atividades
de trabalho, controles que podem ser utilizados métodos como planejamento,
adentrar com as práticas utilizadas para gestão da produção, a manutenção,
logística, assim a SST2 aparece, diferente dos objetivos que a empresa possui,
interferindo nas decisões que já estão definidas ou, às vezes, já até foi dada
a decisão final, definitiva. Mas para que possa atender os objetivos do Fator
Acidentário Previdenciário, será preciso um ótimo gerenciamento de projetos,
buscando objetivos para otimizar o uso de recursos financeiros da empresa,
do tempo, utilizar pessoas e também segurança e saúde no trabalho, mas deve
haver a participação efetiva e dedicação dos profissionais do SESMT, em que
esse resultado poderá ser utilizado como argumento concreto, documentado,
para que possa provar a verdadeira intenção que a empresa tem em cumprir
com eficácia, com a legislação pertinente em vigor, assim garantindo o com-
promisso em manter todo o ambiente de trabalho de forma segura e levar de
forma consciente ao trabalhador a cultura de boas práticas de SST; dessa forma,
ambas as partes, trabalhador e empregador, ganharão.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 73

De acordo com o reenquadramento das empresas, após a data aludida, elas


passam a contribuir obrigatoriamente de acordo com o grau de risco acidentário
para o colaborador no desempenho das atividades que executa dentro empresa.
Assim a empresa deve contribuir com o percentual de 1% referente ao total da
folha de pagamento para as atividades que são consideradas de baixo risco; a
empresa terá o percentual de 2% quanto às atividades que são consideradas de
médio risco e um percentual de 3% para atividades consideradas de alto risco.
Ainda a Previdência colocou o FAP, que se trata de um mecanismo que é
o multiplicador sobre o percentual das alíquotas que estão previstas, e cada
subclasse, que varia de 0,5 a 2 pontos, relacionados à verificação quanto à
empresa, se ela está se empenhando nas atividades de prevenção dentro de seu
ambiente. Assim toda empresa que tiver obtido 0,5 a 2 pontos, relacionados ao
desempenho da empresa em trabalhar na prevenção de acidentes de trabalho
dentro de suas subclasses econômicas, terá o FAP reduzido. Assim, quando
tiver 0,5 de FAP, terá seu percentual de alíquota reduzido em 50%, porém se
a empresa tiver um percentual de 1,75% de FAP, seu percentual será reduzido
em 75%, isso mostra que o FAP busca obter uma bonificação para as empresas
que buscam investimento em prevenção e saúde do trabalho para com seus
trabalhadores. Mas a realidade é outra, vemos que as empresas não estão infor-
mando corretamente, pois o FAP, que é um fator de extrema importância para
se realizar consultas sobre cada trabalhador da empresa, assim dificultando
todo o processo (LABOISSIÈRE JUNIOR, 2010).
Porém, quando a empresa identifica que seu FAP foi fixado acima de 1
ponto percentual para que aconteça a majoração de alíquota referente à folha
de pagamento, ou seja, sobre a folha do SAT, cabe à empresa recursar por meio
de um questionamento do resultado, apresentando provas contraditórias, bus-
cando que a Justiça aceite todo processo e que não aconteça a suspensão da
cobrança majorada; caso aceito pela justiça, fica estabelecida a normalidade
do processo (LABOISSIÈRE JUNIOR, 2010).
Toda empresa atualmente busca investir em prevenção a acidente de traba-
lho, aumentando a conscientização de seus trabalhadores para que possa obter
um FAP menor e, consequentemente, adquirir benefícios para si mesma, ou seja,
beneficia o trabalhador dando-lhe melhores condições de trabalho com preven-
ção a sua saúde e se beneficia com menores taxas de tributos, no caso o FAP.
Visto a necessidade da busca de dados por parte da Previdência Social,
criou-se o FAP — Fator Acidentário Previdenciário, para que esteja de acordo
74 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

com as legislações referentes a ele, possa se analisar as situações de acidentes


de trabalho ou mesmo doenças do trabalho, onde se estabelecem índices de
cálculos, baseado em informações, como a rotatividade de trabalhadores, para
que se possa calcular o Tributo FAP da empresa.
Porém, como todo tributo, o FAP também poderá ser questionado pela
empresa; para isso, a empresa deverá preencher o documento de contestação
junto com provas que a empresa possui e entregar a seus trabalhadores Equi-
pamentos de Proteção Individual — EPI, que a empresa investiu em melhorias
para a segurança e saúde de seus trabalhadores. Dessa forma será avaliada a
veracidade da contestação, caso fique constatado que a empresa realmente
realizou o que diz, ela terá redução em seus impostos FAP, caso contrário se
aplica a punição por negligência as informações e as situações ali constatadas.
O FAP tem como objetivo maior conceder condições melhores de trabalho e
saúde aos trabalhadores, fazendo com que as empresas invistam em condições
melhores de trabalho.
Lembrando que todas as informações devem ser apresentadas ao INSS de
acordo com as regulamentações previstas em Lei.

Para saber mais


Acesse o site: <http://www.previdencia.gov.br/acesso-ao-fap-documentos-de-apoio-editais-de-
intimacao-e-editais-de-publicacao-de-resultado-de-julgamento/>. Nele você irá encontrar
documentos de apoio, editais de publicação para melhor entender o FAP.

1.4 Aspectos importantes sobre a contratação de terceiros


Para não tornarmos repetitivo o assunto, utilize o quadro a seguir “Para saber
mais” para se inteirar das exigências legais para a contratação de terceiros. Tal
leitura é de extrema importância para que não haja dúvidas sobre o assunto e
para o seu melhor enriquecimento de conhecimento.

Para saber mais


Acesse o site <http://blogsegurancatotal.blogspot.com.br/2011/12/exigencias-legais-para-
contratacao-de.html>, em que poderá compreender as exigências legais de contratação de terceiros.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 75

Questões para reflexão


O Processamento do FAP 2009 ocorreu no ambiente Dataprev e teve
como ponto de partida a extração de três bases de dados anuais. Quais
seriam elas?

Atividades de aprendizagem
1. Onde encontro a descrição do processo metodológico do cálculo do
FAP de minha empresa?
2. Onde se encontra a expressão “Riscos Ambientais do Trabalho —
RAT” em disposição legal?
76 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 2 CAT — comunicação de acidente de


trabalho
Nesta seção veremos a CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho,
documento importante e obrigatório quando ocorrido acidente de trabalho ou
trajeto, sua classificação e tipos de inspeção de segurança.

2.1 Conceitos gerais de CAT — comunicação de


acidente de trabalho
O Cadastro da Comunicação de Acidente de Trabalho — CAT trata-se de
um documento responsável por informar ao INSS sobre o trabalhador, quando
acontecer acidente de trabalho ou mesmo aquisição de doença de trabalho.
Sabemos que, quando acontece acidente do trabalho, há uma série de
repercussões trabalhistas e previdenciárias. Assim, deve-se realizar o correto
enquadramento quanto à incapacidade do trabalhador de realizar suas funções
devido a consequências que o benefício de índole acidentária gera.
Esse NTEP tem o objetivo de gerar proteção do trabalhador quando houver
incapacidade trazendo hipótese inversão do ônus da prova.
Acidente de trabalho são todos acidentes que acontecem no exercício da
atividade a serviço da empresa, ocasionando ao trabalhador lesão corporal
ou perturbação funcional, assim gerando a perda ou a redução, permanente
ou temporária, de sua capacidade de desempenho a suas funções, em alguns
casos ocasionando a morte do trabalhador.
Nem todo acidente pode ser previsto, mas pode ser evitado.
O acidente de trabalho pode ser classificado como “típico”, aquele que
ocorre durante o exercício do trabalho, ou de trajeto, aquele que ocorre no
percurso do local de residência para o de trabalho, ou vice-versa.
Porém toda vez que houver um acidente de trabalho, deverá ser acompa-
nhado de perto pelo técnico de Segurança do Trabalho responsável da empresa
e junto ao Médico do Trabalho da empresa, junto com o RH e CIPA.
A CAT deverá ser preenchida em seis vias, uma para o Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS), uma para a empresa, uma para o segurado ou de-
pendente, uma para o sindicato da categoria profissional, uma para o Sistema
Único de Saúde (SUS), e, por fim, uma via para a Superintendência Regional
do Trabalho (SRT).
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 77

Quando houver óbito decorrente de acidente de trabalho ou doença ocu-


pacional, a comunicação ao INSS deverá ser realizada pela CAT, na qual deve
ser anexada a Certidão de óbito para comprovação da veracidade do fato.
A CAT é um documento com a função de informar dados a respeito do
acidente ocorrido ao INSS ou mesmo se houver suspeita de que o trabalhador
tenha adquirido alguma doença em decorrência de suas atividades na empresa,
denominada doença do trabalho, está prevista em lei e também na CLT — Con-
solidação das Leis do Trabalho.
Após todo o processo de primeiro atendimento ao trabalhador e após emitida
a CAT, devidamente preenchida pela empresa, e posteriormente pelo médico
que atendeu o trabalhador, ele deve juntar todos os exames realizados, junto
com a CAT para dar entrada ao INSS, assim o médico-perito irá analisar todos
os documentos e também realizará uma análise da situação em que se encontra
o trabalhador em questão, para aí sim dar seu parecer se o trabalhador está
incapacitado de voltar às suas atividades na empresa, nesse caso, se ele negar,
ou seja, disser que o trabalhador tem condições de voltar ao trabalho, ele irá
negar o benefício, mas, se o perito entender que o trabalhador está incapacitado
de retornar ao trabalho, mas a sua incapacidade não é proveniente do acidente
de trabalho, sendo a causa outro tipo de acontecimento, o perito concederá
auxílio-doença comum, denominado benefício B31, benefício este que se con-
cede ao trabalhador porém em casos em que não há nexo causal identificado,
assim quando o trabalhador retornar a suas atividades não receberá nenhuma
indenização, mesmo se ficar com sequela do acidente. Esse trabalhador também
não tem benefício de estabilizado quando retornar às suas atividades laborais,
mas se houver reconhecimento de que sua incapacidade é proveniente do
acidente de trabalho, será concedido auxílio-doença, denominado benefício
B91, que é concedido quando há comprovação do nexo causal; assim, quando
o trabalhador tiver alta, ele terá benefício de estabilidade na empresa por um
ano, ou, se constatada a incapacidade de retornar às suas atividades laborais,
terá direito ao benefício auxílio-acidente; porém, caso o perito reconheça que
houve, sim, acidente de trabalho, mas o trabalhador não está impossibilitado de
realizar suas atividades na empresa, negará o benefício, devendo o trabalhador
retomar suas atividades normalmente.
78 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Quando há acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença profissional


ou do trabalho, deverá ser emitida a CAT inicial, quando houver reinício de
tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho
ou mesmo doença profissional ou do trabalho, que tenha sido comunicado
anteriormente ao INSS, deverá utilizar a CAT reabertura, quando houver faleci-
mento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido
após a emissão da CAT inicial, deverá se emitir a CAT comunicação de óbito,
assim se utiliza a CAT correta para cada situação.
Toda CAT deverá ser emitida em seis vias, cada uma entregue ao órgão
competente, empresa ou trabalhador, ou seja, ao INSS, a empresa, ao segurado
ou dependente, ao sindicato de classe do trabalhador, ao Sistema Único de
Saúde — SUS, a Delegacia Regional do Trabalho, sendo a responsabilidade da
entrega das vias da CAT, cabendo a quem a emitiu, normalmente a empresa.
É direito do trabalhador obter as informações sobre o que é manipulado no
ambiente do seu trabalho. O trabalhador tem o direito de saber sobre sua saúde,
quando se realizam os exames ocupacionais, o médico deve dar o parecer ao
trabalhador, pois, sabendo dos riscos que sua atividade oferece a sua saúde,
ele tem o direito de saber como ela está, assim é de direito do trabalhador soli-
citar cópia dos resultados de seus exames admissionais, ou mesmo periódicos,
mudança de função, retorno ao trabalho e até mesmo demissionais, pois uma
via do ASO — Atestado de Saúde Ocupacional já é de direito do trabalhador,
pois situações em que o médico do trabalho emitir mais de duas vias, sendo
uma da empresa, uma do trabalhador, e outras que se fizerem necessário caso
solicitado pela empresa. Cabe à empresa informar seus trabalhadores sobre os
riscos de sua função e que estão expostos, dessa forma o conscientizando sobre
o uso correto dos EPIs, assim quando o trabalhador compreende a gravidade
das ocorrências quanto aos riscos ao quais está exposto, ele tem uma resistência
menor quanto ao uso correto dos EPI.
Existem dois aspectos que devemos estudar, ou seja, a LER/DORT, que
abrangem doenças com relação à estrutura muscular-esquelética.A causa
dessa ocorrência é decorrente da sobrecarga que o trabalhador tem em sua
função, existem algumas doenças que podem ser consideradas LER/DORT, isso
varia de acordo com as avaliações dos médicos do Trabalho responsáveis por
determinada empresa. Por exemplo, a tenossinovite, ou seja, inflamação do
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 79

tecido que reveste os tendões; a tendinite que se refere à inflamação dos tendões;
a epicondilite, que é a inflamação de tendões do cotovelo; a bursite, que é a
inflamação das bursas; a miosite, que se refere à inflamação de grupos muscu-
lares em várias regiões do corpo; a Síndrome do Túnel do Carpo, muito comum
hoje em dia, e se refere à compressão do nervo mediano ao nível do punho; a
Síndrome Cérvico-braquial, que é a dor difusa em membros superiores e região
da coluna cervical; a Síndrome do Ombro Doloroso, que é a compressão de
nervos e vasos na região do ombro; o Cisto Sinovial, que se refere à tumoração
esférica no tecido perto da articulação ou tendão; Doença de Quervain, que é a
inflamação da bainha de tendões do polegar. Agora é muito comum a LER, po-
rém, quando diagnosticada no início, deverá ser tratada adequadamente, assim,
cabe ao médico uma análise minuciosa para diagnosticar a LER, pois os exames
não dão a certeza da existência da LER.
Quando diagnosticada, a LER/DORT deverá ser tratada adequadamente. É
normal ocorrer a imobilização do membro afetado, porém não deve ficar muito
tempo imobilizado, pois poderá ocasionar outros problemas.
A pessoa que presencia o acidente ocorrido deve informar imediatamente
ao responsável pelo setor (chefe), quando o trabalhador que sofreu o acidente
durante o período de trabalho estiver impossibilitado. O responsável deverá
tomar as providências necessárias quanto ao acidente.
Quando ocorre o acidente de trabalho, a chefia após ser comunicada de-
verá preencher a CAT — Comunicação de Acidente de Trabalho, ou a pessoa
designada a realizar o preenchimento, enviando o documento, CAT preenchida
para o setor responsável de Medicina do Trabalho e também para o setor de
Segurança do Trabalho, para que as providências necessárias sejam tomadas.
Assim dando atendimento ao trabalhador, lembrando que tudo depende da
gravidade do acontecido, pois, dependendo do porte da empresa, deverá abrir
a CAT, preenchendo os campos determinados e o trabalhador encaminhado ao
hospital para atendimento. O médico que o atende dará continuidade do pre-
enchimento do documento CAT, pois, se necessário afastamento do trabalhador
por mais de quinze dias, deverá apresentar a CAT devidamente preenchida à
Previdência Social para requerimento do benefício de Auxílio-Doença, bene-
fício este concedido ao trabalhador que está impossibilitado temporariamente
de exercer suas funções laborais, o qual, após passar por perícia médica, ou
seja, passar por uma consulta com o médico Período do INSS, para avaliação
80 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

e após a consulta para avaliação física e análise dos exames complementares,


possa dar o parecer se realmente o trabalhador está ou não impossibilitado de
realizar suas funções laborais, aí sim conceder ou não o benefício.
Porém, caso o perito constate que o acidente foi por negligência da empresa,
encaminhará o caso para o órgão competente para as devidas providências, ou
seja, se comprovado, a empresa será punida pelo ocorrido.
Quando ocorre acidente de trabalho, a Previdência Social realizará as
anotações na carteira de trabalho do acidentado, ou seja, todo trabalhador que
sofrer acidente de trabalho terá em sua carteira as devidas anotações sobre o
acidente, assim todo trabalhador que sofrer acidente e a CAT for aberta, rece-
berá auxílio-doença acidentário, dessa forma, feito o procedimento correto,
todo o período que o trabalhador ficar afastado de suas funções laborais, será
contado para aposentadoria, sem perda desse tempo.
Observamos que, se houver acidente de trabalho, o correto e dever da em-
presa é realizar a abertura da CAT, dessa forma o trabalhador terá anotado em
sua carteira de trabalho o ocorrido, e todo tempo de afastamento será contado
para fins de aposentadoria, dessa forma o trabalhador não ficará com o tempo
de afastamento perdido.
Considera-se acidente de trabalho também quando acontece o acidente
durante o deslocamento da residência ao trabalho e vice-versa do trabalhador,
assim denominado acidente de trajeto. Nesses casos, a empresa deve emitir a
CAT obedecendo ao prazo estabelecido em lei: até 1o dia útil após o aconteci-
mento do acidente, preenchendo devidamente as informações iniciais que serão
complementadas pelo médico que atender trabalhador. Se houver negação de
preenchimento por parte da empresa, poderá ser solicitado o preenchimento
ao sindicato ou ao médico ou mesmo ao INSS, solicitação esta realizada dire-
tamente pelo trabalhador.
A seguir veremos um modelo de CAT a ser preenchido quando ocorrer
acidente de trabalho ou percurso de acordo com o Ministério do Trabalho:
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 81

Figura 2.1 Modelo de CAT

1- Emitente
PREVIDÊNCIA SOCIAL
INSTITUTO NACIONAL DO Empregador 2- Sindicato 3- Médico 4- Segurado
1-
SEGURO SOCIAL ou dependente
5- Autoridade pública
COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO
2- Tipo de CAT
TRABALHO - CAT
1- Inicial 2- Reabertura 3- Comunicação de Óbito
em:
I - EMITENTE
Empregador

3- Razão Social /Nome

4- Tipo 1- CGC/CNPJ 2- CEI


5- CNAE 6- Endereço - Rua/Av.
3- CPF 4-NIT

Complemento
(continuação) 7-
Bairro CEP 8-UF 9- Telefone
Município

Acidentado

10- Nome

11- Nome da mãe

12- Data 13- Sexo 14- Estado civil 15- CTPS- Nº /Série/ 16- 17- Remuneração
de nasc. 1- Masc. 1- Solteiro 2- Data de emissão UF Mensal
3- Fem. Casado 3- Viúvo
4- Sep. judic. 5-
Outro
6 - Ignorado

18- Carteira de Data de Órgão 19- 20- PIS/PASEP/NIT


Identidade emissão Expedidor UF

21- Endereço - Rua/Avenida/

Bairro CEP 22- Município 23- UF 24-

Telefone

continua
82 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação
27- Filiação à
26-CBO Previdência Social 29-Áreas
25- Nome da ocupação 28-
1- Empregado 2- Tra. 1-
consulte Aposentado?
avulso 7- Seg. Urbana
CBO 1- sim 2- não
especial 2- Rural
8- Médico residente
Acidente ou Doença

30- 31- Hora 32-Após quantas horas de 33- tipo 34- Houve
Data do do trabalho? 1-Típico 2- Doença 3- Trajeto afastamento?
acidente acidente 1-sim 2-não

35- Último 36- Local do 37 - Especificação do local do acidente 38- CGC/CNPJ 39-
dia acidente UF
trabalhado

40-Municipio do 41-Parte(s) do corpo atingida(s) 42- Agente causador


local do acidente

43- Descrição da situação geradora do acidente ou 44- Houve registro policial ? 1- sim 2-
doença não

45- Houve morte ? 1- sim 2- não

Testemunhas

46- Nome

47- Endereço - Rua/Av./nº/comp.

Bairro CEP 48- Município 49- UF Telefone

50- Nome

51- Endereço - Rua/Av./nº/comp.

Bairro CEP 52- Município 53- UF Telefone

Local e data _______________________________________


Assinatura e carimbo do emitente
continua
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 83
continuação
II - ATESTADO MÉDICO
Deve ser preenchido por profissional médico.
Atendimento

54- Unidade de atendimento médico 55-Data 56-


Hora

57- Houve 59- Deverá o acidentado afastar-se do trabalho durante o


internação 58- Duração provável do tratamento?
1-sim 2- tratamento 1-sim 2-não
não dias

Lesão

60- Descrição e natureza da lesão

Diagnóstico

61- Diagnóstico provável 62- CID-10

63- Observações:

Local e data _________________________________


Assinatura e carimbo do médico com CRM
III – INSS
64-
Recebida 65- Código da Unidade 66 - Número do CAT Notas:
em 1- A inexatidão das declarações desta
comunicação implicará nas sanções
previstas nos artigos. 171 e 299 do
67- Matrícula do servidor Código Penal.

2- A comunicação de acidente do
_______________________________________ trabalho deverá ser feita até o 1° dia
Matrícula Assinatura do servidor útil após o acidente, sob pena de
multa, na forma prevista no art. 22 da
Lei nº 8.213/91.

A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE É OBRIGATÓRIA, MESMO NO CASO EM QUE NÃO HAJA


AFASTAMENTO DO TRABALHO

Fonte: Adaptada de Previne (2014).

Para saber mais


Acesse o link <http://www.grupomednet.com.br/medicina-trabalho/ppra-pcmso-ltcat-aso-ppp/
instrucao-preenchimento-formulario-cat.html>. Nele você terá as informações necessárias para
o preenchimento correto da CAT.
84 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

2.2 Classificação dos acidentes de trabalho


Conforme visto anteriormente, os acidentes de trabalho podem ser: acidente
típico (quando em horário de trabalho), de expediente, acidente de trajeto
(quando o trabalhador sofre acidente indo ao trabalho ou retornando dele) e
também acidente no horário de descanso (quando o trabalhador em horário
de intervalo sofre algum acidente).
As implicações e responsabilidades jurídicas e legais tanto por parte do
empregador quanto por parte do empregado já vimos anteriormente.

Para saber mais


Para melhor entendimento e esclarecimento de dúvidas, acesse o link: <http://prevencao.no.
comunidades.net/index.php?pagina=1423322818_01>. Ele traz ferramentas necessárias para
sanar as dúvidas geradas.

2.3 Inspeção de segurança


As inspeções de segurança buscam identificar fatores que possam influenciar
acontecimentos de danos físicos à empresa ou mesmo à saúde dos trabalhado-
res, e mesmo riscos como identificados no PPRA, podendo ser:
Inspeção geral com check list: forma comum, pois muitos documentos
abrangem check list, pois se trata de uma listagem em que constam os
itens a serem inspecionados, seria uma forma resumida e objetiva de
verificação.
Inspeção de rotina: a mais comum de ser encontrada no dia a dia, o profis-
sional responsável pela segurança de trabalho da empresa visita os setores
para verificar se estão corretos ou não, assim identificando possíveis falhas
logo no início para a tomada de providências.
Inspeção periódica: quando se estabelece prazo para a realização da
inspeção e cumpre o elaborado.
Inspeção especial: quando ocorre qualquer imprevisto, requer-se uma
inspeção, digamos, de emergência, essa seria a especial, de forma a
identificar o momento em especial e fora de prazo preestabelecido.
Inspeção eventual: ocorre de forma informal sem data e hora marcada,
ou seja, eventualmente se toma a iniciativa de uma inspeção.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 85

Inspeção oficial: requer atenção, realizada por órgãos competentes como


Corpo de Bombeiros, Ministério do Trabalho, Perito, entre outras situações,
e, quando ocorrer, o profissional responsável pela segurança do trabalho
deverá portar os documentos comprobatórios como ATA de CIPA, ASOS
dos colaboradores, PPRA, PCMSO, LTCAT.

Assim, a inspeção pretende manter o controle de prazos dos documentos


obrigatórios na questão de segurança no trabalho, e controle da situação da
saúde ocupacional dos trabalhadores, para que possam ser tomadas providên-
cias em tempo hábil quando identificados quaisquer tipos de irregularidade.

Questões para reflexão


Quando um benefício por incapacidade é analisado junto aos sistemas 
informatizados da Previdência Social, é efetuada rotina para averigua-
ção de emissão de Comunicação de Acidente do Trabalho — CAT para
o evento que motivou o afastamento do trabalho. Caso seja encon-
trada uma CAT, nessas condições, fica estabelecido um vínculo entre
o benefício requerido e a CAT registrada. Na concessão de benefícios
acidentários, por nexo técnico previdenciário, em casos em que não
há uma CAT vinculada, cada um desses benefícios implica a contabi-
lização de um registro equivalente ao protocolo de uma CAT. Qual o
órgão que analisará todo esse processo?

Atividades de aprendizagem
1. O que é o componente do cálculo do FAP denominado Índice de
Frequência?
2. Quando tratamos de “todas as ocorrências acidentárias registradas
por meio da CAT” a que se refere?
86 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 3 Levantamento e análise preliminar


dos riscos de acidentes e medidas
de prevenção e controle
Nesta seção trataremos das análises de riscos, medidas de prevenção, EPI,
EPC, e quanto aos riscos ambientais, quais são e sua distinção.

3.1 Riscos de acidentes e medidas de prevenção e


controle
Chamamos de riscos profissionais aqueles decorrentes de condições não
adequadas e inerentes ao ambiente de trabalho ocupado pelo trabalhador, ou
até mesmo pelo próprio processo operacional das atividades profissionais,
considerando, então, que o ambiente de trabalho ocupado pelo trabalhador
não possui condições com segurança, podendo assim afetar as condições de
saúde do trabalhador, ou até mesmo seu estado e as atividades exercidas. Essas
condições podem estar relacionadas à parte operacional do trabalhador, ou seja,
equipamentos e ferramentas impróprias para a atividade, matéria-prima, entre
outros fatores que podem ser considerados riscos ao trabalhador de acontecer
algum ou qualquer tipo de acidente de trabalho. Porém as condições climá-
ticas como frio, calor, se há ou não presença de gases, presença de vapor de
qualquer espécie, se há ruído, seja ele ocasionado por barulho de máquina ou
por qualquer outro tipo de ação que ocasiona ruído, são considerados riscos
ambientais, já citados.
Temos também risco ergonômico, que são a postura inadequada, esforço
de atividade repetitiva etc.
Vale informar que os riscos referentes às funções de trabalho, considerados
riscos profissionais, são divididos entre risco de acidente e risco ambiental e
risco ergonômico.
Os riscos ambientais são os riscos inerentes ao ambiente e ao meio de trabalho.
Chamamos de agente ambiental as causas que desencadeiam as doenças
do trabalho causadas pelo esforço repetitivo ou pela exposição do trabalhador
ao agente contaminador. As classificações se dão através dos riscos físicos,
os quais podem ser ruído, vibrações, temperaturas extremas (calor ou frio),
pressões anormais, radiações ionizantes, que são raios X, raios alfa, raios beta,
raios gama, radiações não ionizantes, como a infravermelha, umidade, que se
enquadram na categoria de risco ruído.
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 87

O nível de iluminação e o ruído são agentes físicos que causam doenças


ocupacionais devido à exposição do trabalhador a eles.
Quando temos excesso de ruído no ambiente de trabalho, isso pode oca-
sionar perda de audição no trabalhador, ou seja, redução parcial ou até total
da capacidade auditiva. Mas também essa exposição ao ruído pode ocasionar
desgaste emocional, afetando também o emocional do trabalhador, o seu equi-
líbrio psicossomático, fazendo com que fique nervoso, com sistema nervoso
abalado, de mau humor. Mas com o excesso de ruído, quanto mais altos os
níveis estiverem, mais alterações no quadro de funcionários com redução de
audição, maior nível de surdez causada pelo trabalho, o que só será desco-
berto com exames periódicos feitos corretamente e exames complementares,
no caso audiometria, para que seja diagnosticado, pois o trabalhador está tão
habituado com o ruído, que não percebe sua perda de audição, assim somente
se dá conta quando realizado o exame.
Estudos mostraram que o excesso de ruído também diminui a capacidade
produtiva, ou seja, ruído elevado afeta o trabalhador negativamente. Ainda é
um dos motivos a ocasionar com frequência indiretamente acidente de traba-
lho, pois a situação causa distração na atividade que, dependendo do ramo,
poderá causar acidente, ou mesmo, causar má interpretação por ouvir errado
alguma ordem ou algum aviso devido ao excesso de ruído.

Para saber mais


Acesse o link <http://www2.feg.unesp.br/home/cipa998/norma-regulamentadora-9.pdf>. Nele
consta a NR-09 que se refere ao PPRA — Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

Após acessado o link, terá o entendimento sobre levantamento dos riscos


ambientais e sua finalidade, que é identificar os riscos presentes nos setores
da empresa e sugerir melhorias, realizar os apontamentos para a utilização de
EPI — Equipamento de Proteção Individual e EPC — Equipamento de Proteção
Coletiva.

3.2 Levantamento de riscos ambientais


Na etapa de reconhecimento, se identificados, medir a concentração ou
intensidade dos riscos ambientais;
88 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Fazer um comparativo das medições realizadas com os limites de expo-


sição ocupacional (NR-15 Insalubridade);
Auxiliar nos estudos epidemiológicos;
O médico do trabalho terá dados para o PCSMO — Programa de Controle
Médico de Saúde Ocupacional;
Se comprovado exposição acima do LT — Limite de tolerância comprovar
o controle da exposição ou inexistência.

3.3 Análise das condições de trabalho: equipamentos


de proteção coletiva e individual
Após identificadas as condições de trabalho e os riscos ambientais, pode-se
entender os Equipamentos de Proteção Coletiva — EPC como os dispositivos
utilizados para a proteção dos trabalhadores no processo de trabalho, processo
de funcionamento, por exemplo, extintor de incêndio, exaustor, entre outros;
já os Equipamentos de Proteção Individual — EPI são dispositivos utilizados
pelos trabalhadores para proteção individual contra os riscos inerentes à função,
como capacete, luva de proteção, cinto de segurança, entre outros.

Para saber mais


Acesse o link <http://profdouglaswilliam.blogspot.com.br/2010/12/definicoes-de-epc-e-epi.
html>. Nele poderá sanar dúvidas sobre EPI e EPC que eventualmente surgirem.

3.4 Riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos


e mecânicos
Risco físico: ruídos, temperaturas excessivas, vibrações, pressões anor-
mais, radiações, umidade.
Riscos químicos: agentes ambientais que causam doenças profissionais
decorrentes da ação química eliminada por ele no organismo humano, no
caso dos trabalhadores expostos ao ambiente com esse risco específico,
que pode estar em forma líquida, sólida ou gasosa, depende do setor, do
que está sendo produzido e para o que está sendo produzido. Além do
grande número de materiais e substâncias tradicionalmente utilizados
ou manufaturados no meio industrial, uma variedade enorme de novos
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 89

agentes químicos em potencial vai sendo encontrada, devido à quantidade


sempre crescente de novos processos e compostos desenvolvidos. Os
agentes químicos podem ser tanto poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases,
vapores, substâncias compostas ou produtos químicos, porém quando en-
contrados em solução ou dispersos no ar, contaminando a atmosfera, são
classificados como aerodispersoides, que são partículas muito pequenas
líquidas ou sólidas, gases; o ar que respiramos já é uma mistura de gases
e vapores, que também são partículas soltas no ar.
Riscos biológicos: Trata-se de micro-organismos que causam doenças;
dependendo da atividade que o colaborador exerce, pode haver o contato
com esses micro-organismos, contaminando-se e podendo desenvolver
doenças. Alguns micro-organismos são de frequente contato com a área
da saúde, por exemplo, as bactérias, protozoários, parasitas, fungos, ba-
cilos, entre outros, mas os lavadores, quem trabalham com animais, os
catadores de lixo, trabalhadores de laboratório, todos esses, entre outros
profissionais, estão expostos ao risco.
Riscos ergonômicos: Aqui tratamos do risco mais encontrado nas ativi-
dades, ou seja, os riscos que se relacionam com fatores fisiológicos e psi-
cológicos, que podem ocasionar alterações no organismo, no emocional
dos trabalhadores, comprometendo sua saúde, sua segurança e refletindo
em grande quantidade em sua produtividade.
Todas as ocasiões que alterarem a rotina de trabalho são consideradas
risco ergonômico, como arranjo físico inadequado, máquinas e equipa-
mentos sem proteção, quando se deve utilizar qualquer tipo de equipa-
mento que exija proteção para evitar danos ao trabalhador e ele não o
possui, ferramentas impróprias ou com defeitos, a famosa “gambiarra”,
utilizar quebra-galhos, iluminação inadequada, ambiente com pouca ou
muita iluminação que pode afetar a visão e a produtividade dos trabalha-
dores, funções que estão expostas a incêndio e explosões também são de
de risco ergonômico, trabalhador exposto a animais peçonhentos, ou a
ambientes propícios a eles, entre tantas outras situações que contribuem
para o risco ergonômico.
Algumas medidas são extremamente necessárias para eliminar ou mesmo
diminuir a incidência dos riscos ocupacionais. Se ficar definitivamente
comprovado por parte do empregador ou empresa que é inviável, tecni-
camente falando, adotar medidas como EPC — Equipamento de Proteção
Coletiva, buscando prevenção dos trabalhadores, ou se estiver sendo
90 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

implantado ou mesmo se já houver na empresa o suficiente, deve ser


comunicado a área administrativa da empresa e as organizações de tra-
balho, para que deem continuidade aos procedimentos necessários para
implantação das novas medidas.
Risco mecânico: São esforços mecânicos realizados pelos trabalhadores
nas máquinas que operam.

Questões para reflexão


O Brasil, devido à quantidade de Acidentes do Trabalho e à quantidade
de vidas perdidas em decorrência desses acidentes, encontra-se numa
situação bastante preocupante, tanto quanto aos números absolutos
de acidentes de trabalho ocorridos, como em relação à quantidade
de mortes decorrentes deles. Com tantos acidentes de trabalho acon-
tecendo, quais as medidas que poderiam ser tomadas para amenizar
essa situação?

Atividades de aprendizagem
1. Em termos das possíveis consequências à vida e à saúde do trabalhador,
como definir os Acidentes do Trabalho?
2. Em termos da sua classificação, quais as principais causas consideradas
na ocorrência dos Acidentes do Trabalho?
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 91

Fique ligado!
A Norma Regulamentadora — NR que rege o Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais — PPRA é a NR 9. Tendo como objetivo preservar a
saúde e a integridade dos trabalhadores, por meio da antecipação, reco-
nhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente do trabalho,
leva em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos natu-
rais. Em relação ao PPRA, os principais tipos, segundo a sua natureza, dos
agentes considerados como causadores dos Riscos Ambientais são todos
os riscos e perigos possíveis, inclusive Riscos Físicos, Riscos Químicos,
Riscos Biológicos, Riscos Ergonômicos e Riscos de Acidentes. O PPRA,
que trata do documento que analisa e identifica os riscos, tem suas etapas
de elaboração, como a antecipação e reconhecimento dos riscos, o esta-
belecimento de prioridades e metas de avaliação e controle, a avaliação
dos riscos e da exposição dos trabalhadores e a implantação de medidas
de controle e avaliação da sua eficácia.

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade estudamos definições e conceitos de acidente de trabalho,
ferramentas de melhorias, como os Equipamentos de Proteção Individual
e Coletiva, a influência desses fatores quanto a legalidade do FAP — Fator
Acidentário Previdenciário, este que as empresas buscam cada vez mini-
mizar ainda mais, pois diminui valores em impostos e aumenta a credibi-
lidade da empresa no meio empresarial ao qual está inserida, juntamente
ao Ministério do Trabalho.
Estudamos também os riscos ambientais, sua definição, e observamos
links de acesso que aprimoram o conhecimento com finalidade de sanar
dúvidas.
92 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Prevenção, como o próprio nome diz, significa prevenir para que não
ocorra o imprevisto, porém não podemos descartar as situações em
que acontecem os acidentes.
Qual dos documentos abaixo é responsável pela identificação dos
riscos na empresa e menciona medidas de correção?
a) PPRA
b) PPP
c) ASO
d) OSA
e) ISSO
2. No ano de 2009, ocorreu o Sistema FAP junto ao DATAPREV,
baseando-se em três aspectos básicos com dados anuais: as bases de
benefícios, bases de comunicação de acidente de trabalho e bases
de vínculos e estabelecimentos. Todo esse processo e a forma de
cálculo foram apresentados e aprovados pelo Conselho Nacional
de Previdência Social. Qual a definição da sigla FAP?
a) Fator de Atitude Pericial
b) Fator Acidentário Previdenciário
c) Fator Atual Perito
d) Fator Acidente Pericial
e) N.D.A.
3. O cálculo do FAP é realizado para cada estabelecimento da empresa?
4. O programa SEFIP está atualizado para gerar a GPS, incluindo o FAP?
5. Como saber se determinado equipamento/produto é considerado EPI?
Aspectos e elementos do acidente de trabalho 93

Referências
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3.214, de 08 de junho de 1978. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2014.
BRASIL. Dataprev. Lei n. 6.514 — de 22 de dezembro de 1997 — DOU SE 23/12/77.
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BRASIL. Lei n. 8213, de 24 de julho de 1991b. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: maio 2013.
BRASIL. Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o regulamento da previdência
social, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/D3048.htm>. Acesso em: 25 jul. 2014.
BRASIL. Decreto n. 6.042 de 12 de fevereiro de 2007. Altera o Regulamento da Previdência
Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999, disciplina a aplicação,
acompanhamento e avaliação do Fator Acidentário de Prevenção – FAP e do Nexo Técnico
Epidemiológico, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6042.htm>. Acesso em: 25 jul. 2014.
BRASIL. RESOLUÇÃO MPS/CNPS N. 1.308, DE 27 DE MAIO DE 2009 – DOU DE
05/06/2009. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/72/MPS-
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94 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

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LABOISSIÉRE JUNIOR, Elifas. Fator Acidentário de Prevenção (FAP) e nexo
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PREVINE Segurança e Medicina do Trabalho. Legislação brasileira. Disponível em: <http://
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28 de dezembro de 2010. Disponível em: <http://profdouglaswilliam.blogspot.com.
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NTEP-e-suas-implicacoes-na-composicao-do-Fator-Acidentario-de-Prevencao-FAP-Copia>.
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SHERIQUE, Jaques. Perfil profissiográfico profissional/primeira parte: o que é o PPP e
suas implicações. Disponível em: <http://sobes.org.br/site/wp-content/uploads/2009/08/
historiapppp1.pdf>. Acesso em: maio 2013.
Unidade 3
Regulamentação e
indicadores de saúde e
segurança no trabalho
Alfredo Ribeiro Almeida

Objetivos de aprendizagem: Esta unidade tem como objetivo levá-lo


à compreensão das causas de insatisfação dos colaboradores, e dos
acidentes de trabalho, assim tomando como base de conhecimento
as fontes de tratamento dessas situações a fim de minimizar as fontes
de estresse e aumentar as condições de automotivação, gerando a
satisfação pessoal da equipe de trabalhadores inseridos na empresa.

Seção 1: Causas, investigação e estatísticas de


acidente de trabalho
Nesta seção veremos conceitos, estatísticas de aciden-
tes de trabalho, LTCAT — conceito de funcionalidade
e aplicabilidade, PPP, obrigatoriedade e formalizações.

Seção 2: Normas regulamentadoras — NRs —


portaria nº 3.214
Nesta seção iremos identificar o que são as Normas
Regulamentadoras e quais são elas, com objetivo de
compreender suas funções e quais as mais necessá-
rias para o dia a dia de trabalho.
Seção 3: Motivação, estresse e insatisfação no
trabalho
Nesta seção iremos compreender o assunto tão
temido pelas empresas no dia de hoje: o fator de
motivação e estresse dos colaboradores, que oca-
siona insatisfação dos colaboradores.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 97

Introdução ao estudo
Nesta unidade, você será levado a compreender os princípios de Segurança
do Trabalho e seus conceitos, bem como os indicadores e regulamentações de
saúde de forma direcionada ao colaborador, instigando o conhecimento em
busca de causas e soluções que geram acidente de trabalho nas empresas e
buscando minimizá-las com ferramentas como PPRA e LTCAT, programas que
são de extrema importância para a geração do PPP — Perfil Profissiográfico
Previdenciário, que irá proporcionar ao trabalhador exposto ao Risco Ambiental
Biológico o direito de Aposentadoria Especial, abordando também as Normas
Regulamentadoras de Segurança do Trabalho, que são a Base para a geração
dos programas descritos acima, e, por fim, vamos tratar do assunto polêmico
nas empresas, a Motivação Profissional e o Estresse, a doença do século.

Seção 1 Causas, investigação e estatísticas


de acidente de trabalho
Conforme estudado na unidade anterior, sabemos que acidente de traba-
lho é todo acidente ocasionado no ambiente laboral, ou mesmo no trajeto ao
trabalho. Assim, suas causas são inúmeras, porém muitas delas são de impru-
dência tanto dos empregadores quanto da não legalização das irregularidades
encontradas na empresa quando é feito o PPRA — Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais, que identifica as irregularidades, como má iluminação,
ruído acima do limite de tolerância, enfim, fatores que influenciam a saúde e
aumentam os riscos para os trabalhadores durante sua atividade operacional.
Antes vamos relembrar o PPRA — Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais.
A Portaria 25 de 29 de dezembro de 1994 da Secretaria de Segurança e
Saúde do Trabalho, do Ministério do Trabalho e a NR-9 trouxeram a obrigatorie-
dade do PPRA nas empresas. Trata-se de um programa de higiene ocupacional
que deve ser implementado ao programa médico, o PCMSO.
É obrigação de todas as empresas implementar o PPRA. Ele não se atenta
ao número de empregados ou mesmo ao grau de risco das atividades, o seu
98 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

objetivo é a prevenção e o controle da exposição ocupacional aos riscos


ambientais, ou seja, a prevenção e o controle dos riscos químicos, físicos e
biológicos presentes nos locais de trabalho.
A NR 9, item 9, complementa a exigência do programa e dá as orientações:
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá
conter, no mínimo, a seguinte estrutura:
a) planejamento anual com estabelecimento de metas,
prioridades e cronograma;
b) estratégia e metodologia de ação;
c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvi-
mento do PPRA.

A Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho aprova essas medidas, con-


forme apresentado acima. Trouxemos também a NR 7.
A Norma Regulamentadora 7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional — PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde
do conjunto dos seus trabalhadores.
Em uma auditoria o primeiro documento solicitado é o PCMSO. Em posse
dele, o auditor irá verificar se o conteúdo do programa condiz com o exigido em
lei e observará se este não é composto apenas de exames clínicos; é necessário
que o documento também tenha um caráter preventivo. A característica desse
programa é incluir informações como possíveis doenças na função exercida e
preveni-las. O PCMSO deve conter os exames exigidos e orientações, como
jornada de trabalho e quantidade possível de horas trabalhadas em exposição
a agentes nocivos.
Obtendo os exames e verificando o cumprimento legislativo, será cobrado
do empregador os recibos de custeio relacionados à realização dos exames
obrigatórios de cada trabalhador. Para reforçar nosso entendimento, todo custo
com exames admissionais, demissionais ou periódicos é de responsabilidade
da empresa.
A Norma Regulamentadora 9 (NR 9) estabelece a obrigatoriedade da ela-
boração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 99

Riscos Ambientais — PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade


dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conse-
quente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham
a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais.
Muitos acreditam que o PPRA deve ser feito somente nas indústrias ou em-
presas que exploram o meio ambiente. No entanto, trata-se de um programa
exigido a qualquer porte de empresa e nele serão considerados os riscos am-
bientais dos agentes físicos, químicos e biológicos.
Esse programa deverá ser revisado a cada 12 meses para acompanhamento
e ajustes necessários e, se for o caso, regularização para obter novas metas.
O Programa será realizado em etapas, e o auditor irá acompanhar se estas
foram cumpridas. Observemos cada etapa:
a) antecipação e reconhecimento dos riscos: o reconhecimento do risco
ocorreu na inspeção, o documento de inspeção registrará o que foi apon-
tado e o auditor irá vistoriar pessoalmente para constar a regularização;
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle: para
averiguar essa etapa o auditor irá observar o documento desenvolvido;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores: verificação do
PCMSO com PPRA;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia: o
auditor ao avaliar o PPRA obterá essa informação e, junto ao laudo do
engenheiro de segurança e do tecnólogo de segurança do trabalho, irá
conferir a veracidade das informações;
e) monitoramento da exposição aos riscos: sobre o monitoramento o auditor
não irá se manifestar; este é o trabalho da equipe de segurança;
f) registro e divulgação dos dados: todos os dados registrados deverão
passar para a análise do auditor, que buscará auditar os registros, através
de entrevistas com colaboradores e equipe de segurança.

O PPRA e o PCMSO referem-se à vida profissional do trabalhador no período


em que ele prestou serviço à organização. Resumidamente, os programas
referem-se a um histórico profissional dos trabalhadores, o qual será também
utilizado quando os trabalhadores estiverem no período de aposentadoria.
O trabalho da auditoria não finaliza nos documentos, é também composto
pelo mapa de risco, uma representação gráfica na qual são apontados os locais
100 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

de risco no ambiente da empresa. O mapa deverá ter cores diferentes para


melhor identificação dos locais. Ressaltamos a importância do mapa em toda
entidade que apresentar risco à saúde ou à vida do trabalhador. A elaboração
dele não é um excesso de cuidado da empresa, a NR 5 item 5.16 retrata as
obrigações a serem cumpridas pela CIPA (Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes) para atender a essas exigências da lei e o programa de saúde
e segurança do trabalhador. O mapa de risco está dentro dessas obrigações
e é um grande auxiliador para prevenção de acidentes; seu objetivo é reunir
informações nas quais poderão estabelecer um diagnóstico do ambiente da
empresa, e a não elaboração do mapa acarretará em multa à empresa, abaixo
segue um modelo:

Figura 3.1 Mapa de risco

Fonte: O QUE É... (2014).

Mapa de Risco  é uma  representação referente aos ris-


cos presentes no ambiente de trabalho, onde se apresenta
graficamente de acordo com o layout do local analisado
através de círculos de cores diferentes, de acordo o nível
dos riscos e com as cores correspondentes a eles.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 101

O tamanho dos círculos varia de acordo com o tamanho


do risco no local. Eles podem ser: pequeno, médio e
grande. 
O mapa serve tanto para mostrar os riscos presentes no
ambiente de trabalho, fazendo um diagnóstico da situação
da empresa ou do setor analisado como também para
determinar medidas de prevenção ou anulação dos
referidos riscos.
O Mapa de Risco visa também estimular as ações de pre-
venção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
na empresa. Visa estimular a conscientização, fazendo
com que após o conhecimento dos riscos os funcionários
passem a serem mais zelosos pela própria segurança
(O QUE É..., 2014).

Segundo o Ministério do Trabalho existem importantes instrumentos facili-


tadores na inclusão adequada de trabalhadores no nível de empresa, tais como
o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), a Ergonomia, o Programa de Gestão
de Questões Relativas à Deficiência no Local de Trabalho (incluído no PPRA e
no PCMSO), dentre outros, que, articulados, integram o conjunto mais amplo
das iniciativas da empresa, no campo da preservação da saúde e da integridade
dos trabalhadores em geral e em especial das pessoas com deficiência.
O Programa de Gestão de Questões Relativas à Deficiência no Local de
Trabalho pode estar incluído no PPRA e PCMSO da empresa, e faz parte das
orientações da OIT em seu Repertório de Recomendações Práticas sobre essa
questão (Genebra/2001), tendo como objetivo a igualdade de acesso e oportu-
nidade para todas as pessoas no que diz respeito ao emprego seguro e saudável,
ao treinamento profissional e às ocupações específicas e sem discriminação
(art. 4º da Convenção n° 159 da OIT).
Nesse programa deverão ser definidas as estratégias de ações por parte da
empresa para a adequada inclusão das pessoas com deficiência, após consulta
a estas e às suas organizações representativas, incluindo ações no recrutamento,
seleção e manutenção no emprego das pessoas em igualdade de oportunidades
perante os outros empregados, bem como manter no emprego o trabalhador
que tenha adquirido alguma deficiência.
Essas estratégias devem estar associadas à política de responsabilidade
social da empresa na promoção de um local de trabalho seguro e saudável,
incluindo medidas de segurança e saúde no trabalho, de análise de risco rela-
102 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

tiva a qualquer adaptação, ajustamento ou acomodação, pronta intervenção e


encaminhamento de trabalhadores(as), a serviços de tratamento e reabilitação,
no caso de deficiência adquirida durante a vida ativa. A inserção da pessoa
com deficiência no trabalho deverá ser, sobretudo, individual, social e profis-
sional, apoiada por equipe multidisciplinar, a fim de se conseguir a verdadeira
inclusão dessas pessoas.
Compete, portanto, ao empregador garantir a elaboração e efetiva imple-
mentação desses instrumentos, sem ônus para o empregado, bem como zelar
pela sua eficácia. Esses programas devem ser apresentados e discutidos na Co-
missão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), quando existente na empresa,
configurando-se como importante espaço de inclusão dos trabalhadores com
deficiência, no tocante à preservação de sua integridade e saúde.
A participação dos trabalhadores nos diversos níveis de decisão nas relações,
processo e organização do trabalho é, portanto, fundamental na promoção
da saúde. A inclusão e a integração no trabalho das pessoas com deficiência
repercutem na qualidade de vida e de saúde da empresa e da comunidade em
geral, possibilitando a utilização por todos dos bens e serviços, viabilizando uma
sociedade mais flexível e aberta às diferenças entre as pessoas e concretizando-
-se o princípio da igualdade de oportunidades para todos.
O Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) é um docu-
mento técnico, de caráter pericial, no qual se registram as condições ambientais
do trabalho. Esse documento avalia os cargos da empresa e a exposição dos
trabalhadores aos agentes de acordo com a NR 15 e NR 16, classificando-os
como agente insalubre ou periculoso, ou seja, se o colaborador está exposto
a agentes que caracterizam insalubridade ou periculosidade, para saber se o
trabalhador tem direito a aposentadoria especial ou não.
Trata-se de um documento fundamentado na Lei nº 6.514, de 22 de de-
zembro de 1977, do Ministério do Trabalho e Emprego, e também regulamen-
tado pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do MTE e pelo Decreto
nº 3048/99 de 12 de maio de 1999 e pela Instrução Normativa nº 99, de 10
de dezembro de 2003, do INSS. Artigos 189 a 192 da (CLT) e de acordo com
o Artigo 57 da Lei 8.213/91 e os Artigos 64 e 65 do Decreto Lei nº 3048/99.
A responsabilidade pela elaboração do LTCAT é do engenheiro em segurança
do trabalho ou do médico do trabalho, determinação esta pela CLT — Consoli-
dação das Leis do Trabalho pelo Artigo 195 e também pela Constituição Federal.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 103

Para saber mais


Acesse o link <http://www.corbucci.com.br/o-que-e-ltcat/> para maiores esclarecimentos sobre o LTCAT.

1.1 PPP — Perfil Profissiográfico Previdênciário


O PPP — Perfil Profissiográfico Previdenciário é estabelecido pela Ins-
trução Normativa INSS nº 99/2003 com obrigatoriedade de emissão a partir
de 1º de janeiro de 2004, para as empresas ou equiparadas à empresa. Estas
deverão preencher um PPP para cada empregado, com o histórico laboral do
trabalhador.
O PPP se aplica como norma para os trabalhadores que estão expostos a
agentes nocivos físicos, químicos e biológicos ou associação desses agentes
que prejudicam a saúde e a integridade física, lembrando que estamos tratando
de exposição para fins de aposentadoria especial.
O preenchimento do PPP é obrigatório mesmo nas condições em que há
presença dos agentes e estes são minimizados ou neutralizados pelos equipa-
mentos de proteção individual e coletiva.
Conforme a regulamentação, “caput” e incisos do art. 271 da Instrução
Normativa INSS nº 45/2010, o PPP tem como finalidade:
a) comprovar as condições para habilitação de benefícios
e serviços previdenciários, em especial, o benefício
de auxílio-doença;
b) prover o trabalhador de meios de prova produzidos
pelo empregador perante a Previdência Social, a outros
órgãos públicos e aos sindicatos, de forma a garantir
todo direito decorrente da relação de trabalho, seja
ele individual, ou difuso e coletivo;
c) prover a empresa de meios de prova produzidos em
tempo real, de modo a organizar e a individualizar
as informações contidas em seus diversos setores ao
longo dos anos, possibilitando que a empresa evite
ações judiciais indevidas relativas a seus trabalhadores;
d) possibilitar aos administradores públicos e privados
acessos a bases de informações fidedignas, como
fonte primária de informação estatística, para desen-
volvimento de vigilância sanitária e epidemiológica,
bem como definição de políticas em saúde coletiva
(BRASIL, 2010).
104 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Para se emitir o PPP deve-se tomar como parâmetro as avaliações dos se-
guintes programas:
a) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA);
b) Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
c) Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção (PCMAT);
d) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);
e) Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT).

A empresa deverá emitir o PPP quando:


a) por ocasião do encerramento de contrato de trabalho, em duas vias,
com fornecimento de uma das vias para o empregado mediante recibo;
b) para fins de requerimento de reconhecimento de períodos laborados
em condições especiais;
c) para fins de concessão de benefícios por incapacidade, quando solici-
tado pela Perícia Médica do INSS.

Segundo o art. 187, §4º da IN nº 84/2002, a não manutenção do Perfil


Profissiográfico Previdenciário atualizado ou o não fornecimento deste ao
empregado, por ocasião do encerramento do contrato de trabalho, ensejará
aplicação de multa prevista no art. 283 do RPS. O valor da multa é a partir de
R$ 636,17 para cada infração. As infrações podem ser cumulativas, e esse valor
poderá ser diminuído ou aumentado, constatada a existência de atenuantes ou
agravantes, não podendo ultrapassar R$ 63.617,35.
Lembrando também que a prestação de informações falsas no PPP constitui
crime de falsidade ideológica, nos termos do art. 297 do Código Penal.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 105
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 27/INSSPRES, DE 30 DE ABRIL DE 2008
1.1.1 ModeloNORMATIVA
INSTRUÇÃO de PPP —Nº Perfil Profissiográfico
20/INSSPRES, Previdenciário
DE 10 DE OUTUBRO DE 2007
PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – PPP
Quadro 3.1 Perfil Profissiográfico Previdenciário — PPP
I-SEÇÃO DE DADOS ADMINISTRATIVOS
1-CNPJ do Domicílio 2-Nome Empresarial: 3-CNAE:
Tributário/CEI:

4-Nome do Trabalhador 5-BR/PDH 6-NIT

7-Data do 8-Sexo 9-CTPS (Nº, Série 10-Data de 11-Regime


Nascimento (F/M) e UF) Admissão Revezamento

12-CAT REGISTRADA
12.1 Data do Registro 12.2 Número da CAT 12.1 Data do 12.2 Número da
Registro CAT

13-LOTAÇÃO E ATRIBUIÇÃO
13.1 Período 13.2 13.3 13.4 13.5 13.6 13.7 Cód.
CNPJ/CEI Setor Cargo Função CBO GFIP

__/__/__ a
__/__/__
__/__/__ a
__/__/__
__/__/__ a
__/__/__
__/__/__ a
__/__/__
14–PROFISSIOGRAFIA
14.1 Período 14.2 Descrição das Atividades
__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
continua
106 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO
continuação
II-SEÇÃO DE REGISTROS AMBIENTAIS
15-EXPOSIÇÃO A FATORES DE RISCOS

15.1 Período 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 15.8 CA EPI
Tipo Fator de Itens./ Técnica EPC EPI
Risco Conc Utilizada Eficaz Eficaz
(S/N) (S/N)

__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
__/__/__ a __/__/__
15.9 Atendimento aos requisitos das NR-06 e NR-09 do MTE pelos EPIs
(S/N)
informados
Foi tentada a implementação de medidas de proteção coletiva, de caráter
administrativo ou de organização do trabalho, optando-se pelo EPI por
inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade, ou ainda em caráter
complementar ou emergencial.
Foram observadas as condições de funcionamento e do uso ininterrupto do
EPI ao longo do tempo, conforme especificação técnica do fabricante,
ajustada às condições de campo.
Foi observado o prazo de validade, conforme Certificado de Aprovação-CA
do MTE.
Foi observada a periodicidade de troca definida pelos programas
ambientais, comprovada mediante recibo assinado pelo usuário em época
própria.
Foi observada a higienização.
16-RESPONSÁVEL PELOS REGISTROS AMBIENTAIS
16.3 Registro 16.4 Nome do Profissional
16.1 Período 16.2 NIT Conselho de Classe Legalmente Habilitado
__/__/__ a
__/__/__
__/__/__ a
__/__/__
__/__/__ a
__/__/__
continua
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 107
continuação
III-SEÇÃO DE RESULTADOS DE MONITORAÇÃO BIOLÓGICA
17-EXAMES MÉDICOS CLÍNICOS E COMPLEMENTARES (Quadros I e II, da NR-07)
17.4 Exame 17.5 Indicação de
17.1 Data 17.2 Tipo 17.3 Natureza
(R/S) Resultados
( ) Normal ( ) Alterado
( ) Estável
__/__/___ ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Normal ( ) Alterado
( ) Estável
__/__/___ ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Normal ( ) Alterado
( ) Estável
__/__/___ ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
( ) Normal ( ) Alterado
( ) Estável
__/__/___ ( ) Agravamento
( ) Ocupacional
( ) Não Ocupacional
18-RESPONSÁVEL PELA MONITORAÇÃO BIOLÓGICA
18.3 Registro
18.1 18.4 Nome do Profissional
18.2 NIT Conselho de
Período Legalmente Habilitado
Classe
__/__/___
__/__/___
__/__/___
__/__/___
__/__/___
continua
108 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação

IV-RESPONSÁVEIS PELAS INFORMAÇÕES

Declaramos, para todos os fins de direito, que as informações prestadas neste documento
são verídicas e foram transcritas fielmente dos registros administrativos, das
demonstrações ambientais e dos programas médicos de responsabilidade da empresa. É
de nosso conhecimento que a prestação de informações falsas neste documento constitui
crime de falsificação de documento público, nos termos do artigo 297 do Código Penal, e
também que tais informações são de caráter privativo do trabalhador, constituindo crime,
nos termos da Lei nº 9.029/95, práticas discriminatórias decorrentes de sua exigibilidade
por outrem, bem como de sua divulgação para terceiros, ressalvado quando exigida pelos
órgãos públicos competentes.
19-Data Emissão
20-REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA
PPP
20.1NIT 20.2 Nome

____/___/___
(Carimbo) ____________________________
_
(Assinatura)
OBSERVAÇÕES

Fonte: Brasil (2008).

1.1.1.1 Instruções para preenchimento do PPP — Perfil


Profissiográfico Previdenciá rio
Na seção de dados administrativos
Campo 1:CNPJ relativo ao estabelecimento escolhido
como domicílio tributário, nos termos do art. 127 do
CTN, no formato XXXXXXXX/XXXX-XX; ou Matrícula no
Cadastro Específico do INSS (Matrícula CEI) relativa à
obra realizada por Contribuinte Individual ou ao esta-
belecimento escolhido como domicílio tributário que
não possua CNPJ, no formato XX.XXX.XXXXX/XX, ambos
compostos por caracteres numéricos.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 109

Campo 2: Este campo se refere ao nome empresarial, ou


seja, a firma ou a denominação adotada para o exercí-
cio de empresa. Deve ser preenchido até (40) quarenta
caracteres alfanuméricos.
Campo 3: Este campo se refere ao preenchimento com o
número do CNAE (Classificação Nacional de Atividades
Econômicas), que tem por objetivo padronizar os có-
digos de identificação das unidades produtivas do país
nos cadastros e registros da administração pública nas
três esferas de governo, em especial na área tributária,
contribuindo para a melhoria da qualidade dos sistemas
de informação que dão suporte às decisões e ações do
Estado, e melhorando a relação entre os sistemas de in-
formação do governo.
Campo 4: Neste campo deverá ser informado o nome
completo do trabalhador sem abreviaturas.
Campo 5: O BR/PDH neste campo, responsável pelo
preenchimento do PPP — Perfil Profissiográfico Previden-
ciário deverá observar as seguintes situações e utilizar a
sigla correspondente:
BR — Beneficiário reabilitado — Segundo o Decreto nº
3.298/99, art. 31: Entende-se por reabilitada a pessoa
que passou por processo orientado a possibilitar que
ela adquira a partir da identificação de suas potenciali-
dades laborativas o nível suficiente de desenvolvimento
profissional para reingresso no mercado de trabalho e
participação na vida comunitária.
PDH — Portador de Deficiência Habilitado — Segundo
o art. 36, §§ 2º e 3º, do Decreto nº 3.298/99, considera-
-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada
aquela que, não tendo se submetido a processo de habi-
litação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício
da função.
NA: Não aplicável. Neste campo o responsável deverá
utilizar a sigla NA quando essa condição não existe na
empresa.
Campo 6: Este campo se refere ao NIT, ou seja, o número
de identificação do trabalhador, e deve ser preenchido
com 11(onze) caracteres numéricos no formato XXX.
XXXXX.XX.X, para fins do preenchimento deste campo
o NIT O NIT corresponde ao número do PIS/PASEP/CI.
Campo 7: Neste campo preencher a data de nascimento
do trabalhador da seguinte forma DD/MM/AAAA.
Campo 8: Preencher com F — Feminino; M — Masculino.
110 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Campo 9: Preencher este campo com os dados da CTPS —


Carteira de Trabalho e Previdência Social, ou seja, com Nú-
mero, com 7 (sete) caracteres numéricos, Série, com 5 (cinco)
caracteres numéricos, e UF, com 2 (dois) caracteres alfabéticos,
da Carteira de Trabalho e Previdência Social.
Campo 10: A data de admissão do trabalhador deverá ser
a de registro na CTPS — Carteira de Trabalho e Previdên-
cia Social no seguinte formato DD/MM/AAAA.
Campo 11: O regimento de revezamento no trabalho para
trabalhos em turnos ou escalas, especificando tempo traba-
lhado e tempo de descanso, com até 15 (quinze) caracteres
alfanuméricos. Exemplo: 24 x 72 horas; 14 x 21 dias; 2 x 1
meses. Se inexistente, preencher com NA — Não Aplicável.
Campo 12: Informações sobre a CAT — Comunicação de
Acidente do Trabalho. Neste campo deverá ser informado
sobre as Comunicações de Acidente do Trabalho registra-
das pela empresa na Previdência Social, nos termos do
art. 22 da Lei nº 8.213, de 1991, do art. 169 da CLT, do
art. 336 do RPS, aprovado pelo Dec. nº 3.048, de 1999,
do item 7.4.8, alínea “a” da NR-07 do MTE, e dos itens
4.3.1 e 6.1.2 do Anexo 13-A da NR-15 do MTE, discipli-
nado pela Portaria MPAS nº 5.051, de 1999, que aprova
o Manual de Instruções para Preenchimento da CAT.
Campo 12.1: este campo se refere à data do registro da
CAT — Comunicação de Acidente do Trabalho, e deverá
ser preenchido no seguinte formato DD/MM/AAAA.
Campo 12.2: Preencher com o número da CAT.
Obs: o número da CAT após o seu preenchimento é en-
viado via Internet pelo agente receptor. Após esse pro-
cedimento você já pode salvar em arquivo da empresa.
2.1.8 Lotação e atribuição
Neste campo devem ser incluídas as informações refe-
rentes ao histórico de lotação (Setor, seção) onde o traba-
lhador desenvolve suas atividades e as funções/atividades
desenvolvidas ao longo do período laboral.
13.1 — O Período laboral do trabalhador deve ser infor-
mado com data de início e data de fim, ambas no formato
DD/MM/AAAA.
Se o trabalhador permanece ativo, ou seja, irá utilizar
o PPP para fins de aposentadoria, deve ser informada
a data de início no formato DD/MM/AAAA, a data de
solicitação.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 111

13.2 CNPJ/CEI — Neste campo deve ser informado o local


onde efetivamente o trabalhador exerce suas atividades.
Deverá ser informado o CNPJ do estabelecimento de
lotação ou da empresa tomadora de serviços no formato
XXXXXXXX/XXXX-XX; ou Matrícula CEI da obra ou do es-
tabelecimento que não possua CNPJ, no formato XX.XXX.
XXXXX/XX, ambos compostos por caracteres numéricos.
13.3 — O setor a ser informado corresponde ao lugar
administrativo na estrutura organizacional da empresa,
onde o trabalhador exerce suas atividades laborais, com
até 15 (quinze) caracteres alfanuméricos.
13.4 — O cargo do trabalhador, constante na CTPS, se
empregado ou trabalhador avulso, ou constante no Recibo
de Produção e Livro de Matrícula, se cooperado, com até
30 (trinta) caracteres alfanuméricos.
13.5 A função do trabalhador está diretamente ligada ao
lugar administrativo na estrutura organizacional da em-
presa, onde o trabalhador tenha atribuição de comando,
chefia, coordenação, supervisão ou gerência. Quando
inexistente a função, preencher com NA — Não Aplicável,
com até 30 (trinta) caracteres alfanuméricos.
13.6 — A CBO — Classificação Brasileira de Ocupação
vigente à época, com seis caracteres numéricos:
1 — No caso de utilização da tabela CBO relativa a 1994,
utilizar a CBO completa com cinco caracteres, comple-
tando com “0” (zero) a primeira posição;
2 — No caso de utilização da tabela CBO relativa a 2002,
utilizar a CBO completa com seis caracteres.
Alternativamente, pode ser utilizada a CBO, com 5 (cinco)
caracteres numéricos, conforme Manual da GFIP para
usuários do SEFIP, publicado por Instrução Normativa da
Diretoria Colegiada do INSS:
3 — No caso de utilização da tabela CBO relativa a 1994,
utilizar a CBO completa com cinco caracteres;
4 — No caso de utilização da tabela CBO relativa a 2002,
utilizar a família do CBO com quatro caracteres, comple-
tando com “0” (zero) a primeira posição.
OBS: Após a alteração da GFIP, somente será aceita a
CBO completa, com seis caracteres numéricos, conforme
a nova tabela CBO relativa a 2002.
Código Ocorrência da GFIP — para o trabalhador, com
dois caracteres numéricos, conforme Manual da GFIP
para usuários do SEFIP, publicado por Instrução Norma-
tiva da Diretoria Colegiada do INSS.
3.3 — Códigos GFIP
112 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Os códigos relativos aos agentes ambientais a serem in-


cluídos no campo 13.7 do PPP — Perfis Profissiográfico
Previdenciário encontram-se relacionados na INSTRU-
ÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 086, DE 5 DE FEVEREIRO
DE 2003 — DOU DE 25/02/2003, e devem constar na
Guia de Recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social — GFIP são:
Código 0: código indicativo de não ter havido em nenhum
momento exposição a qualquer agente nocivo relacio-
nado em anexo de decreto regulamentador da legislação
previdenciária.
Código 1: código indicativo de ter havido em algum
momento exposição a algum agente nocivo, mas pos-
teriormente devidamente neutralizado por medidas de
proteção eficaz.
Código 2: código indicativo de exposição do trabalhador
a algum agente nocivo declinado em anexo de decreto
regulamentador que possibilita a concessão de Aposen-
tadoria Especial após 15 anos de atividade.
Código 3: código indicativo de exposição do trabalhador a
algum agente nocivo declinado em decreto regulamenta-
dor que possibilita a concessão de Aposentadoria Especial
após 20 anos de atividade.
Código 4: código indicativo de exposição do trabalhador a
algum agente nocivo declinado em decreto regulamenta-
dor que possibilita a concessão de Aposentadoria Especial
após 25 anos de atividade.
Código 5: código indicativo de não ter havido em nenhum
momento exposição a qualquer agente nocivo relacio-
nado em anexo de decreto regulamentador da legislação
previdenciária.
Código 6: código indicativo de exposição do trabalhador
a algum agente nocivo declinado em anexo de decreto
regulamentador que possibilita a concessão de Aposen-
tadoria Especial após 15 anos de atividade.
Código 7: código indicativo de exposição do trabalhador a
algum agente nocivo declinado em decreto regulamenta-
dor que possibilita a concessão de Aposentadoria Especial
após 20 anos de atividade.
Código 8: código indicativo de exposição do trabalhador a
algum agente nocivo declinado em decreto regulamenta-
dor que possibilita a concessão de Aposentadoria Especial
após 25 anos de atividade.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 113

GFIP RECOLHIMENTO
CÓDIGOS — 0 — 1 — 5 = ISENTO
CÓDIGOS — 2 — 6 = + 12%
CÓDIGOS — 3 — 7 = + 9%
CÓDIGOS — 4 — 8 = + 6%
2.1.9 Profissiografia
1.2.10 Profissiografia
Neste campo, informar as atividades desenvolvidas pelo
trabalhador de forma detalhada por período desenvolvido.
Se o trabalhador desenvolveu várias atividades durante
o período laboral, deverão ser inseridas linhas para cada
período.
14.1 — O período, ou seja, as datas referentes ao desen-
volvimento das atividades, deve ter data de início e data
de fim do período, ambas no formato DD/MM/AAAA.
No caso de trabalhador ativo, a data de fim do último
período não deverá ser preenchida. Utilizar nesse caso a
informação até a presente data.
14.2 — Descrição das atividades — neste campo incluir
as atividades, físicas ou mentais, realizadas pelo traba-
lhador, por força do poder de comando a que se submete,
com até 400 (quatrocentos) caracteres alfanuméricos.
Deve-se utilizar os verbos no infinitivo e indicar as tarefas
que o trabalhador executa habitualmente. Exemplo: sol-
dar, cortar, controlar fluxo, acompanhar fluxo, lubrificar
máquina. É um campo importante para a caracterização
da atividade como especial, que depende de comprova-
ção de trabalho permanente, não ocasional nem intermi-
tente, bem como da efetiva exposição a agentes nocivos
químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes
prejudiciais à saúde ou à integridade física.
2.1.10 Exposição a fatores de risco (Seção de registros
ambientais)
1.2.11 Exposição a fatores de risco (Seção de registros
ambientais)
Neste campo deverão ser inseridas as informações sobre
a exposição do trabalhador a fatores de riscos ambientais,
por período, ainda que estejam neutralizados, atenuados
ou exista proteção eficaz.
A alteração da exposição aos agentes implica na inclusão
de nova linha com discriminação detalhada d1 5.1 Para
este campo do período incluir data de início e data de fim
do período, ambas no formato DD/MM/AAAA. No caso
de trabalhador ativo, a data de fim do último período não
deverá ser preenchida. Utilizar a frase até a presente data.
114 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

15.2 — O preenchimento deste campo se refere ao tipo


de risco a que o trabalhador está exposto sendo F — Fí-
sico; Q — Químico; B — Biológico. A indicação do tipo
E — Ergonômico, M — Mecânico ainda não é obrigatória.
15.3 — O Fator de risco deve ser informado com até 40
caracteres alfanuméricos.
Informar o agente constante do Anexo IV do Decreto
3048/99. Por exemplo: F- Físico — Ruído.
Em se tratando do Tipo “Q” — Químico, deverá ser in-
formado o nome da substância ativa, não sendo aceitas
citações de nomes comerciais.
15.4 — Quando couber a intensidade/concentração
colocar a quantificação ambiental, por exemplo, ruído:
86,7 dB(A). Quando não couber a quantificação, citar
apenas a expressão “qualitativa”.
15.5 — A técnica utilizada se refere à técnica que o pro-
fissional utilizou para realizar as avaliações ambientais:
dados devem constar no PPRA ou no LTCAT.
Exemplo: para ruído. Foram realizadas leituras com medi-
dor de pressão sonora, em condição operacional normal
e/ou habitual de trabalho, com circuito de resposta lenta
(slow) e circuito de compensação “A”, período de 5 segun-
dos de estabilização, para ruído contínuo ou intermitente,
na altura da orelha do trabalhador, considerando método
de efeitos combinados. Para ruído de impacto, foi usado
decibelímetro operando no circuito de resposta rápida
(fast) e compensação “C”. Nesse caso utilizar avaliação
instantânea com decibelímetro.
Para os grupos homogêneos de risco foram realizados
leitura com áudio dosímetro configurado para circuito de
resposta lenta e compensação A, com incremento de du-
plicação da dose igual a 5. Nesse caso utilizar dosimetria.
15.6 — EPC Eficaz (S/N) — Neste campo inserir S — Sim;
N — Não, considerando se houve ou não a eliminação ou
a neutralização, com base no informado nos itens 15.2
a 15.5, asseguradas as condições de funcionamento do
EPC ao longo do tempo, conforme especificação técnica
do fabricante e respectivo plano de manutenção.
15.7 — EPI Eficaz (S/N) — Neste campo inserir S — Sim;
N — Não, considerando se houve ou não a atenuação,
com base no informado nos itens 15.2 a 15.5.
15.8 — CA EPI — Informar o número do Certificado de
Aprovação emitido pelo Ministério do Trabalho.
Caso não seja utilizado EPI, preencher com NA — Não Aplicável.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 115

15.9 Atendimento aos requisitos das NR-06 e NR-09 do


MTE pelos EPIs informados — neste campo as informa-
ções constantes devem estar de acordo com o descrito
nos programas em que são retirados os dados para pre-
enchimento do PPP.
Caso julgue necessário, o INSS poderá solicitar dados que
comprovem o que foi informado.
Os itens que devem ser observados para não haver inser-
ção de dados que não estejam listados no PPRA ou LTCAT
consistem nas seguintes situações:
1 — da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR-
09 do MTE (medidas de proteção coletiva, medidas de
caráter administrativo ou de organização do trabalho e
utilização de EPI, nesta ordem, admitindo-se a utilização
de EPI somente em situações de inviabilidade técnica,
insuficiência ou interinidade à implementação do EPC,
ou ainda em caráter complementar ou emergencial);
2 — das condições de funcionamento do EPI ao longo
do tempo, conforme especificação técnica do fabricante
ajustada às condições de campo;
3 — do prazo de validade, conforme Certificado de
Aprovação do MTE;
4 — da periodicidade de troca definida pelos programas
ambientais, devendo esta ser comprovada mediante re-
cibo; e
5 — dos meios de higienização.
16 — Responsável pelos Registros ambientais — este
campo deverá conter informações sobre os responsáveis
pelos registros ambientais, por período.
16.1 — Período — Inserir a data de início e data de fim
do período, ambas no formato DD/MM/AAAA. No caso de
trabalhador ativo sem alteração do responsável, a data de
fim do último período não deverá ser preenchida. Inserir
a frase até a presente data.
16.2 — NIT — o NIT é o Número de Identificação do
Trabalhador com 11 (onze) caracteres numéricos, no
formato XXX.XXXXX.XX-X.
O NIT corresponde ao número do PIS/PASEP/CI, sendo
que, no caso de Contribuinte Individual (CI), pode ser
utilizado o número de inscrição no Sistema Único de
Saúde (SUS) ou na Previdência Social.
16.3 — Registro no conselho de classe — Identificar neste
campo a qual conselho de classe pertence o profissional
responsável pelas informações ambientais, sendo: Técnico
em Segurança do Trabalho — Ministério do Trabalho,
116 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Médico do Trabalho; CRM — Conselho Regional de Medi-


cina, Engenheiro do Trabalho CREA — Conselho Regional
de Engenharia e Arquitetura. Além do número, é preciso
inserir a UF, ou seja, a sigla para Unidade da Federação.
Unidade da Federação refere-se aos Estados brasileiros,
porque cada um representa uma Unidade da Federação.
16.4 — Nome do profissional legalmente habilitado
— Inserir o nome do profissional responsável pelas
informações.
17. EXAMES MÉDICOS CLÍNICOS E COMPLEMENTARES
(Quadros I e II, da NR-07) — SEÇÃO DE RESULTADOS
DE MONITORAÇÃO BIOLÓGICA
A resolução do Conselho Federal de Medicina impede a
inclusão dessas informações no PPP — Perfil Profissio-
gráfico Previdenciário. Pode ser usada a seguinte citação:
De acordo com a Resolução de nº 1715/2004 do CFM,
não se faz necessário o preenchimento do campo de
exames médicos.
18 — RESPONSÁVEL PELA MONITORAÇÃO BIOLÓGICA
— Neste campo deve ser inserido o nome do médico,
com seu respectivo NIT, e registro no conselho de classe.
19 — Data de emissão do PPP — deve ser inserida a data
em que o PPP é impresso e assinado pelos responsáveis,
no formato DD/MM/AAAA.
20 — Representante legal da empresa — informações
sobre o Representante Legal da empresa, com poderes
específicos outorgados por procuração. Informar o NIT
e o nome completo.
No campo carimbo inserir o carimbo do cartão do CNPJ.
Observações: Devem ser incluídas neste campo as infor-
mações necessárias à análise do PPP, bem como facili-
tadoras do requerimento do benefício, como, por exem-
plo, esclarecimento sobre alteração de razão social da
empresa, no caso de sucessora ou indicador de empresa
pertencente a grupo econômico.
Exemplo: Tipo de proteção coletiva existente, validade
dos certificados de aprovação (BRASIL, 2006).

Para saber mais


Maiores informações sobre o Perfil Profissiográfico Previdenciário poderão ser obtidas no site
<http://www.previdenciasocial.gov.br>.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 117

Questões para reflexão


Como a consequência de um acidente ou doença influi no parâme-
tro tempo, ou melhor, como um acidente e uma doença do trabalho
determinam um aumento no prazo de entrega do produto devido ao
alongamento do tempo da produção?

Atividades de aprendizagem
1. Os custos da má Gestão da Saúde e Segurança podem ser explícitos
e implícitos. Conceitue cada um deles.
2. O impacto da cultura de SST sobre a competitividade depende antes
de tudo da consequência sobre os próprios trabalhadores por quais
considerações?
118 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 2 Normas Reguramentadoras — NRs


— portaria nº 3.214
As Normas Regulamentadoras — NR, relativas à segurança e à medicina
do trabalho são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas
e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados regidos
pela Consolidação das Leis do Trabalho — CLT.
O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança
e medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades
previstas na legislação pertinente.
Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento
de suas obrigações com a segurança do trabalho.
As Normas Regulamentadoras vigentes são:
NR-1 Disposições Gerais
NR-2 Inspeção Prévia
NR-3 Embargo ou Interdição
NR-4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho
NR-5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
NR-6 Equipamento de Proteção Individual
NR-7 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional
NR-8 Edificações
NR-9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
NR-10 Instalações e Serviços em Eletricidade
NR-11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR-12 Máquinas e Equipamentos
NR-13 Caldeiras e Vasos de Pressão
NR-14 Fornos
NR-15 Atividades e Operações Insalubres
NR-16 Atividades e Operações Perigosas
NR-17 Ergonomia
NR-18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
NR-19 Explosivos
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 119

NR-20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis


NR-21 Trabalhos a Céu Aberto
NR-22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração
NR-23 Proteção Contra Incêndio
NR-24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho
NR-25 Resíduos Industriais
NR-26 Sinalização de Segurança
NR-27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho
NR-28 Fiscalização e Penalidades
NR-29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário
NR-30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário
NR-31 Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados
NR-32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência
à Saúde
NR-33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados
NR-34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Constru-
ção e Reparação Naval
NR-35 Trabalho em Altura
NR-36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Proces-
samento de Carnes e Derivados

Para saber mais


Acesse o link: <https://www.target.com.br/portal/asp/regulamento/resultado_regulamento.asp>
para conhecer detalhadamente cada uma das NR supracitadas.

2.1 A implantação de um programa de gestão de


saúde, segurança e meio ambiente
Quanto ao meio ambiente, já mencionamos o PPRA, que trata de identificar
os riscos no ambiente de trabalho e sugere medidas de melhorias. Agora será
apresentado um programa que irá tratar da gestão da saúde dos trabalhadores
e sua segurança física e mental, o PCMSO.
O PCMSO estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais que de-
vem ser observados. Durante sua execução, podem ser incluídos e observados
120 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

também novos pontos de segurança e saúde através de convenção coletiva de


trabalho de cada categoria.
No que diz respeito à empresa contratante de mão de obra, esta é obri-
gada a informar a empresa contratada (no caso a prestadora de serviços) quais
são os riscos a que os trabalhadores estarão expostos durante a execução do
serviço. Se no PCMSO da prestadora de serviço não contemplar o exame de
audiometria e esta vai prestar serviço em uma área ruidosa, os seus PCMSO
deverão ser reformulados, ou seja, deverá ser incluída a realização da audio-
metria ocupacional.
Quando falamos das articulações com as demais normas regulamentadoras,
podemos ver que o PCMSO e os profissionais que compõem o SESMT devem
ter uma mesma linguagem com posicionamento lógico para que o trabalhador
nas diversas atividades econômicas possa desempenhar suas atividades com a
garantia de sua saúde física e mental.
O médico do trabalho deve conhecer o local de trabalho por meio de visi-
tas para tomar conhecimento dos riscos mencionados nos programas PPRA e
outros, além de fazer uma análise das atividades do trabalhador.
Somente dessa maneira ele poderá definir o conjunto de exames clínicos e
complementares específicos para a prevenção ou detecção precoce dos agravos
à saúde dos trabalhadores. O profissional também deverá seguir critérios para
interpretação dos resultados dos exames e que condutas devem ser tomadas,
no caso desse profissional encontrar alterações.
O médico do trabalho pode não detectar nenhum tipo de risco ocupacional,
sendo assim o exame ocupacional é resumido a uma avaliação clínica para
todos os exames exigidos, ou seja, exame admissional, periódico, retorno ao
trabalho e demissional.
Com base nos dados adquiridos pela boa prática da medicina do trabalho
são gerados dados clínicos e epidemiológicos que podem auxiliar o profissional
a tratar a coletividade e não só o indivíduo. Pela abordagem de grupos homo-
gêneos, pode-se adotar como instrumento cálculo de taxas ou coeficientes para
verificar se há locais de trabalho, setores, atividades, funções, horários ou grupos
de trabalhadores com mais agravos à saúde do que outros. Com isso podem ser
feitas investigações específicas, e detectando a causa pode haver a prevenção.
Sempre que o médico do trabalho detectar alguma alteração no ambiente
ou até mesmo nas normas que impliquem agravo à saúde, o programa pode
ser alterado.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 121

Exemplo no quadro abaixo: determinada empresa efetuava a pintura das


peças com tintas à base de solventes.

Quadro 3.2 Estrutura do PCMSO — Exemplo 1

Função Admissional Periódico Demissional Risco ocupação


Avaliação clínica Avaliação clínica Avaliação clínica
Audiometria Audiometria Audiometria Risco físico:
Hemograma com Hemograma com Hemograma com ruído
Pintor industrial plaquetas plaquetas plaquetas Risco químico:
Ácido metil Ácido metil Ácido metil vapores
hipúrico hipúrico hipúrico orgânicos
Ácido hipúrico Ácido hipúrico Ácido hipúrico
Fonte: Do autor (2014).

Após determinado tempo, a empresa optou por realizar a pintura das peças
por pintura eletrostática, ou seja, pintura a pó. Nesse caso o médico determina
novos exames ao trabalhador, sendo:

Quadro 3.3 Estrutura do PCMSO — Exemplo 2

Função Admissional Periódico Demissional (*) Risco ocupação


Risco físico:
Avaliação clínica Avaliação clínica Avaliação clínica
ruído
Pintor industrial Audiometria Audiometria Audiometria
Risco químico:
Espirometria Espirometria Espirometria
pó de tinta
Fonte: Do autor (2014).

Lembramos também que o documento do PCMSO não precisa ser ho-


mologado ou registrado no Ministério do Trabalho ou na Delegacia Regional
do Trabalho. Ele deverá ficar arquivado no estabelecimento à disposição da
fiscalização, exceto nos casos em que a empresa é notificada a apresentar os
documentos a esses órgãos.
As responsabilidades dentro do PCMSO são do empregador e do médico
coordenador, sabendo-se que a norma é bem clara na definição dos papéis de
ambas as partes.
A empresa, no papel de empregadora, deverá zelar para que o programa seja
desenvolvido dentro dela, garantindo a elaboração e a efetiva implementação
desse programa, ou seja, que ele funcione de fato, e não seja apenas um mero
documento de gaveta.
122 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Os custos provenientes da implantação do PCMSO, no qual são incluídos as


avaliações médicas e os exames complementares que se fizerem necessários, de-
verão ser assumidos totalmente pelo empregador, e, através da fiscalização, podem
ser cobrados e comprovados através de documentos fiscais previstos na legislação.
A empresa é obrigada a manter em seu quadro um médico do trabalho
conforme quadro abaixo:
Quadro NR 4 — Dimensionamento do Quadro do SESMT — Serviço Espe-
cializado em segurança e Medicina do Trabalho.
O Médico coordenador do PCMSO deverá ser indicado dentre os profis-
sionais do SESMT da empresa caso haja mais de um médico do trabalho. Caso
não haja exigência do dimensionamento do SESMT o coordenador do PCMSO
poderá ser profissional autônomo ou filiado a qualquer entidade, como SESI,
cooperativas médicas, empresas prestadoras de serviço em medicina ocupa-
cional, sindicatos ou associações.
Importante lembrar que o PCMSO estará sob a responsabilidade técnica
do médico e não da entidade.
Não há exigência de registrar o médico coordenador do PCMSO ou empresa
prestadora de serviço nas Delegacias Regionais do Trabalho.
Se em alguma região do Brasil não houver a especialidade de Médico do
Trabalho, a empresa poderá contratar médico de outra especialidade para
coordenar o PCMSO.
Lembrando que podem ocorrer algumas situações nas quais, por negocia-
ções coletivas ou por de pareceres técnicos da delegacia Regional do Trabalho,
haja alteração no número de funcionários ficando, assim, desobrigada a indicar
médico coordenador. Há casos também em que poderá haver a obrigatorie-
dade de médico coordenador, quando as condições da empresa representarem
potencial de risco grave à saúde dos trabalhadores.
O papel do médico coordenador do PCMSO está em realizar os exames
médicos previstos na norma, ou delegar um profissional médico familiarizado
com os princípios da patologia ocupacional, desde que seja um profissional
de confiança, orientado pelo coordenador do PCMSO, e que possa realizar os
exames satisfatoriamente.
Os exames complementares deverão ser realizados em clínicas capacitadas,
equipadas e qualificadas.
O PCMSO — Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional deverá
realizar obrigatoriamente os exames médicos admissional, periódico, de retorno
ao trabalho, de mudança de função e demissional.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 123

Esses exames compreendem avaliação clínica com o médico, exame físico


e mental e anamnese ocupacional. Já os exames complementares devem ser
realizados de acordo com os termos especificados na NR-7.
Os exames complementares que não constam nos quadros I e II:
[...] para trabalhadores expostos a agentes químicos, outros
indicadores biológicos poderão ser monitorizados, de-
pendendo de estudo prévio dos aspectos de validade to-
xicológica, analítica e de interpretação desses indicadores
(PROGRAMA..., 2013).

O médico coordenador, se julgar necessário, poderá indicar outros exames


complementares com o objetivo de avaliar o funcionamento de órgãos e siste-
mas orgânicos do trabalhador.
Com relação à avaliação clínica, esta deverá obedecer a prazos e períodos
determinados na norma.
Exame admissional
O exame admissional é aquele que deverá ser realizado antes que o
trabalhador assuma suas atividades na empresa. Ele é necessário para
comprovar o bom estado de saúde física e mental do trabalhador.
Exame médico periódico
O exame médico periódico deverá ser realizado no mínimo de acordo
com os intervalos de tempo determinados na NR-7.
O médico do trabalho deverá avaliar se o trabalhador está exposto a riscos
ou situações de trabalho que impliquem no desenvolvimento ou agrava-
mento de alguma doença ocupacional. Se o trabalhador for portador de
alguma doença crônica, os exames deverão ser:
a) A cada ano ou intervalos menores a critério do médico coordenador
do PCMSO ou que também conste em convenção coletiva, se notifi-
cado por agente de inspeção do trabalho;
b) De acordo com o que determina o anexo nº 6 da NR-15, para os
trabalhadores expostos a condições hiperbáricas;
c) Para os demais trabalhadores, anualmente, quando menores de dezoito
anos e maiores de quarenta e cinco anos de idade;
d) E a cada dois anos para trabalhadores entre dezoito anos e quarenta
e cinco anos de idade.
124 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Exame médico de retorno ao trabalho


Este exame deverá ser realizado obrigatoriamente no primeiro dia da
volta ao trabalho do trabalhador que esteve ausente de suas atividades
por motivo de doença ocupacional ou não, por motivo de acidente, desde
que o período do afastamento seja igual ou superior a 30 (trinta) dias.
Exame de mudança de função
Este deve ser realizado somente se ocorrer alteração de risco ao que o
trabalhador está exposto.
Por exemplo, um trabalhador é ajudante geral na montagem de uma
fábrica de componentes para cortinas. Não há ruído. Não há risco
ocupacional.
Esse mesmo trabalhador foi transferido para o setor de corte de perfis de
alumínio em que o ruído ultrapassa o limite de tolerância de 85 decibéis.
Nesse caso deverá realizar o exame de mudança de função, pois saiu
de uma condição sem risco para desenvolver outra atividade com risco,
ou seja, ambiente com ruído, sendo assim deverá realizar o exame
audiométrico.
Exame demissional
Será obrigatória a sua realização até a data da homologação.

2.1.1 ASO — Atestado de Saúde Ocupacional


O atestado de saúde ocupacional é o documento que define se o trabalhador
está apto ou inapto para desenvolver suas atividades dentro de determinada
empresa. Não existe um modelo específico. A NR-7 determina quais os dados
mínimos que devem constar nesse documento, sendo:
a) Nome completo do trabalhador, número do documento de identificação,
ou seja, número da identidade e a função que irá exercer.
b) Devem estar apresentados os riscos a que o trabalhador estará exposto
ou a ausência deles.
c) Indicar nesse documento quais os procedimentos médicos a que o tra-
balhador foi submetido, incluindo os exames complementares e a data
que foram realizados.
d) Nome do médico coordenador, quando houver, e o número do seu CRM.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 125

e) Definição de apto ou inapto.


f) Nome do médico encarregado do exame, com endereço ou forma de
contato.
g) Data e assinatura do médico contendo o número de registro no CRM —
Conselho Regional de Medicina.

O ASO — Atestado de saúde ocupacional deverá ser emitido em duas vias,


sendo a segunda do ASO entregue ao trabalhador e a primeira via é da empresa,
devendo esta arquivar e manter à disposição da fiscalização.

2.1.2 Ações de saúde no PCMSO


As ações de saúde a serem desenvolvidas na empresa pelo PCMSO devem
ser de acordo com o perfil da empresa, ou seja, qual a população desses tra-
balhadores são homens ou mulheres, qual a faixa etária desses trabalhadores,
riscos ocupacionais a que estão expostos e, além desses parâmetros, há as ações
que devem ser tratadas com a CIPA — Comissão Interna de Prevenção de Aci-
dentes como tabagismo, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis e Aids.
Nesse âmbito de ações, podem ser incluídas também ações preventivas
para doenças não ocupacionais, como campanhas de vacinação, hipertensão
arterial, diabetes mellitus, prevenção do câncer de colo de útero e de mama,
entre outros.

2.1.3 Condutas do médico do trabalho em caso de ocorrência ou


agravamento de doenças profissionais
Se o médico do trabalho verificar alterações que revelem qualquer tipo de
disfunção de órgão ou sistema biológico, observando o quadro I da NR-7 e
também o item 7.4.2.3, mesmo que o trabalhador não apresente sintoma, o
médico deverá:
Solicitar à empresa a emissão da CAT — Comunicação de acidente de tra-
balho, indicar, quando necessário, o tempo de afastamento do trabalhador do
ambiente com o risco, encaminhar o trabalhador à Previdência (INSS), orientar
a empresa a tomar medidas de prevenção de controle dos riscos no ambiente
de trabalho.
126 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

2.1.4 Estrutura do PCMSO


O PCMSO não apresenta um modelo a ser adotado, ele recomenda alguns
aspectos mínimos a serem contemplados na estrutura do documento.
a) Deve conter dados como a identificação da empresa, CNPJ, razão social,
endereço, grau de risco, número de trabalhadores, distribuição por sexo.
b) Definição dos exames médicos por setor e função, bem como a sua
periodicidade.
c) Responsabilidade pelo programa, bem como a assinatura do médico
coordenador com seu respectivo registro junto ao CRM.
d) Planejamento de ações a serem desenvolvidas.
e) Controle de vacinação.
f) Outras avaliações médicas especiais.

2.2 Indicadores de desempenho


Quando tratamos de Avaliação de Desempenho, Indicadores de Desempe-
nho, estamos falando do maior capital de uma empresa: o capital humano. Este
necessita de ferramentas de gestão aprimoradas para que, com os resultados,
possa se avaliar e buscar um percentual positivo de resultado, pois um traba-
lhador satisfeito terá resultados positivos, desempenhos aprimorados. Porém
são processos de gerenciamento que devem ser acompanhados.

Para saber mais


Para melhor entendimento e compreensão sobre indicadores de desempenho, acesse o link <http://
www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-df-sr-paulo-de-tarso-sousa-indicadores-de-desempenho>.
Nele poderá tirar as dúvidas e identificar fatores e ferramentas para aplicar no dia a dia.

Questões para reflexão


A observância das NRs não desobriga as empresas do cumprimento
de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em
códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios,
oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 127

Atividades de aprendizagem
1. As NRs são obrigatórias para quais entidades?
2. As NRs também se aplicam em quais outras condições?
128 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 3 Motivação, estresse e insatisfação


no trabalho
Para iniciarmos esta seção, vamos começar com a seguinte pergunta:
Quais fatores são determinantes para uma instituição/empresa manter seus
colaboradores motivados e com alto nível de satisfação?
Quando se falava em satisfação dos colaboradores, antigamente, se pensava
em benefícios e aumento de salários, mas, com o tempo, verificou-se que essa
situação não era suficiente para manter a satisfação da equipe, ou seja, hoje
o aumento salarial e benefícios concedidos aumenta a autoestima dos cola-
boradores, porém por pouco tempo, apenas no primeiro salário que receber o
aumento significativo, mas o ser humano é consumista e insaciável, dessa forma,
o primeiro salário reajustado é coerente, mas já o segundo se torna insuficiente,
e assim por diante. É pensando nisso que as empresas vêm buscando outras
formas de manter a autoestima de seus colaboradores em nível elevado, que é
o investimento no seu capital humano.
Existem aqueles colaboradores que se julgam os melhores e gostam
de exigir da empresa mais do que fazem por merecer, foi aí que alguns em-
presários colocaram em prática a antiga teoria, “quer conhecer realmente seu
colaborador, dê poder a ele”. Assim, o colaborador que não está preparado
para tal atividade acaba “se enforcando com a própria corda”, isso são teorias
e verdades do dia a dia.
Relembrando a história, a teoria clássica da administração, a qual co-
meçou os estudos sobre o assunto, concentrou-se em suposição simplista do
homo economicus, em que o ser humano, o trabalhador, tem como motivação o
recebimento de recompensa financeira, ou seja, remuneração pelo seu serviço,
gerando uma relação direta entre pagamento e produção.
Essa teoria iniciou-se com a revolução industrial, período em que o homem
deixa o campo e vem à cidade para trabalhar nas indústrias, ou seja, momento
em que o homem começa a ser considerado uma máquina. Assim, as suas
funções mecânicas eram objeto de estudo de vários teóricos. Após, surgiu a
Teoria Científica, e Taylor começa a estudar esse processo de trabalho humano
tal qual máquina, por suas repetidas funções, como retrata claramente o filme
Tempos Modernos.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 129

Porém um momento de estudo marcante foi com Maslow. Sua teoria, como
podemos observar na Figura 3.2, retrata as necessidades do homem.

Figura 3.2 Hierarquia das Necessidades de Maslow

Fonte: Hersey e Blanchard (1986).

A Figura 3.2 retrata as necessidades do homem iniciando pelas fisiológicas.


Desde recém-nascidos cada um de nós tem as mesmas necessidades; depois,
temos necessidades de segurança, proteção, seguidas pelas necessidades so-
ciais, necessidades de ser inserido na sociedade, tornando-se ser ético, capaz
de exercer seus direitos de cidadão, para que possa obter sua autoestima e
conquistar sua autorrealização, são estudos que até hoje podemos observar
que retratam a realidade do homem.
Mas com o passar dos tempos o homem se torna cada vez mais exigente
e quer cada vez mais, a cada dia está mais insaciável, com isso, aumenta o
estresse, diminui sua autoestima, e assim por diante.
Wisner (1994) afirma que a sobrecarga proveniente da atividade mental
tende a predominar cada vez mais nas atividades até se achar quase sozinha
como responsável pelos males ergonômicos em uma empresa.
Estudos mostram que a sobrecarga mental eleva o nível de estresse dos
colaboradores, principalmente em profissionais de nível alto.
Para Capra (2005, p. 318), “o estresse é um desequilíbrio do organismo em
resposta a influências ambientais. [...] Do ponto de vista sistêmico, o estresse
ocorre quando uma ou diversas variáveis de um organismo são focadas até
seu limite extremo, o que induz a um aumento de rigidez em todo o sistema”.
130 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

A insegurança no trabalho, metas, pressões por resultados aumentam e muito


o nível do estresse, considerado uma das doenças do século com maior índice,
uma das causadoras de evolução de câncer entre outros fatores.
Para Cohen e Fink (2003), a sensação de estresse em qualquer fase da vida
de uma pessoa afeta o seu desempeno no trabalho.
Quanto às reações ao processo de estresse, conforme Spector (2006), podem
ser divididas em três categorias, a saber:
reações psicológicas: raiva, insatisfação no trabalho, frustração;
reações físicas: tontura, dores de cabeça, problemas estomacais;
reações comportamentais: acidentes, alcoolismo, fumo, rotatividade.

Para Wagner e Hollenbeck (2006, p. 120), a insatisfação e o estresse no


trabalho “produzem importantes efeitos que não podem ser negligenciados,
entre os quais se inclui a elevação dos custos de assistência médica, rotativi-
dade, absenteísmo e violência no local de trabalho”.
A busca pelas empresas em diminuir o nível de afastamento de colaborado-
res por doenças relacionadas ao estresse é constante, pois a cada dia aumentam
a correria, as responsabilidades, diminuem os prazos para a elaboração das
atividades, ocorre acúmulo de funções por falta de profissionais qualificados
e com habilidades, as dificuldades financeiras enfrentadas pelas empresas e
pelos colaboradores influenciam o ser humano a desenvolver estresse.
Para isso, as empresas vêm investindo em ginástica laboral, diminuição da
jornada de trabalho de forma a disponibilizar momentos de café, entre outros
fatores que possam influenciar positivamente nessa questão.
Mas sabemos que, embora estudos demonstrem, cursos de motivação
profissional, para manter seus colaboradores motivados e satisfeitos com suas
atividades, não são capazes de aumentar essa autoestima, pois a motivação
está em cada ser humano; cada um precisa se automotivar para levar ao seu
ambiente de trabalho um clima harmonioso de bem-estar.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 131

Figura 3.3 Um modelo de estresse

Fonte: Robbins (2005).

A Figura 3.3 demonstra claramente o que falamos antes.

Figura 3.4 Satisfação x desempenho

Fonte: Adaptada de Spector (2002).


132 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Para saber mais


Acesse o link <http://gshow.globo.com/programas/mais-voce/v2011/MaisVoce/0,,MUL1656114-
18172,00.html> para ler o texto e assistir ao vídeo que tratam da questão do estresse no Brasil.

3.1 Diagnóstico sobre segurança e saúde no trabalho


Em busca de melhor entendimento nos processos de acidente de trabalho ou
mesmo doenças relacionadas ao trabalho, a Previdência Social vem adotando
medidas ou mesmo modernizando e aperfeiçoando as medidas já existentes
para um melhor entendimento e controle dos assuntos e informações referentes
a esses aspectos de acidentes de trabalho ou doenças laborais em concessão aos
requerimentos de benefícios, assim estabelecendo melhorias aos trabalhadores
com identificação das causas dos acontecimentos; se for identificada negligên-
cia por parte da empresa, é necessário que se tomem as medidas necessárias
punindo as empresas, fazendo com que elas tomem providências de melhorias
quanto ao ambiente de trabalho e saúde dos trabalhadores. Assim, as medidas
atualizadas e as medidas novas de processos fazem com que as informações
cheguem ao órgão competente mais rápido. No caso do NTEP, pode se verificar
se há existência do Nexo nos acontecimentos ou não, isso é estabelecido pelo
médico perito responsável pela análise do processo.
A Previdência Social vem buscando melhorias nos processos de requeri-
mento de benefício, para que não aconteça negligência no decorrer do pro-
cesso, assim adotando algumas medidas, como a que vimos nesta unidade,
o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário — NTEP, podendo o médico
perito realizar a análise e identificar perante a documentação necessária, como
a CAT — Comunicação de Acidente do Trabalho, que deverá ser emitida pela
empresa com dados reais da situação, para que o médico perito do INSS dê
continuidade no preenchimento, somente na parte que caiba a ele, lembrando
que a parte da empresa deverá estar totalmente preenchida; caso a empresa se
negue a preencher, poderá ser preenchida pelo médico perito ou do trabalho
responsável pela empresa ou mesmo pelo sindicato, mas a obrigatoriedade
do preenchimento cabe à empresa, assim o médico perito poderá tomar sua
decisão quanto ao processo que estiver analisando, reconhecendo ou não o
Nexo, assim dando continuidade no processo de concessão do benefício ao
trabalhador que está impossibilitado de retomar suas funções profissionais.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 133

As medidas estão sendo tomadas, pois houve um grande aumento de aci-


dentes de trabalho no período da adoção do sistema NTEP, sem as devidas
providências como CAT, para que o INSS fosse informado da realidade da
situação, havendo até casos de morte em decorrência dos acontecimentos de
acidentes e doenças do trabalho sem as devidas notificações e providências.
Os benefícios não são somente aos trabalhadores e ao INSS, também há
benefícios para a empresa, ou seja, o Nexo Técnico Epidemiológico Previ-
denciário tem ligação com o FAP — Fator Acidentário Previdenciário, que
estudaremos na unidade seguinte. Com as providências de melhoramento no
ambiente de trabalho da empresa para seus trabalhadores e busca da diminuição
dos acidentes e doenças do trabalho, criando um ambiente mais agradável de
trabalhar, isso comprovado no processo do requerimento, análise e concessão
do benefício ao trabalhador. Isso evita que a empresa seja multada por negli-
gência. Nos casos em que a empresa disponibiliza um ambiente de trabalho
salubre aos trabalhadores, ela terá redução nos impostos, com isso sendo fator
de motivação para o empregador investir nas condições físicas de trabalho de
sua equipe. Assim ocasionando ao INSS um número menor de comunicação
de acidente de trabalho, tudo decorrente de simples investimentos por parte
do empregador nas condições de trabalho dos trabalhadores.
Nos dias de hoje, as empresas buscam reduzir ao máximo seus impostos, as-
sim também estão mais conscientes quanto ao investimento no capital humano,
ou seja, investir em palestras, EPI, entre outros fatores de extrema importância
para a melhoria das condições de trabalho, tendo como retorno redução de
impostos e satisfação de seus trabalhadores.
Sabemos que as empresas vêm investindo na questão de avaliação de de-
sempenho como ferramenta de gestão, para que seus indicadores mostrem os
pontos fracos a serem trabalhados para melhorias e os pontos fortes a serem
explorados e mantidos, cada empresa com seu modelo diferenciado de gestão,
buscando satisfação dos colaboradores, desempenho positivo e produtividade.
Veremos o conceito de Avaliação e Desempenho para compreender o re-
sultado da junção dos dois.
Avaliação — ato ou efeito de se atribuir valor. Sentido qualitativo: formação
de juízo, atribuição de conceito a determinados atributos de algum objeto.
Sentido quantitativo: quantificação de atributos de um objeto. 
134 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Desempenho — atuação de um indivíduo ou grupo na execução de uma tarefa.


“Avaliar um desempenho significa julgá-lo ou atribuir-lhe um conceito diante
de expectativas preestabelecidas” (CATELLI, 1999, p. 30).
Se fizermos uma análise da palavra avaliação, logo percebemos que a utili-
zamos constantemente em nosso dia a dia: A dona de casa ao ir ao supermer-
cado, ao procurar a primeira escola do seu filho, ao adquirir uma propriedade,
ao cozinhar, ao decidir se casar, enfim, estamos constantemente avaliando. 
Mas o que é avaliação de desempenho? 
Assim como em quase todas as circunstâncias de nossa vida, estamos
avaliando, esse processo também é comum no mundo dos negócios. Para as
empresas competitivas e organizadas, avaliar é fundamental para corrigir os
desvios, manter a uniformidade e obter melhores resultados. Avaliar o desem-
penho financeiro, a qualidade dos produtos e serviços, a função de Gestão de
Pessoas, a eficácia organizacional faz parte do cotidiano dessas organizações.
As célebres frases repetidas inúmeras vezes em palestras, congressos e
seminários como “a empresa somos nós”, “as pessoas são nosso patrimônio
maior”, “Capital humano”, “Capital Intelectual” etc. denotam a importância
das pessoas para a competitividade das organizações e, portanto, são a chave
fundamental para o desempenho e a eficácia organizacional. A avaliação do
desempenho humano se faz necessária para manter o sucesso organizacional.
Para exemplificar melhor, partimos do planejamento estratégico de uma
organização: nada vai adiantar ter missão, visão, valores, políticas bem defini-
dos se não tiver adesão, qualificação e comprometimento das pessoas para o
alcance dos objetivos organizacionais. 
A avaliação de desempenho humano deve ser encarada como um pode-
roso meio de resolver os problemas de desempenho e melhorar a qualidade
do trabalho e a qualidade de vida nas organizações, e não como um método
burocrático e rotineiro de preenchimento de fichas e relatórios de avaliação.
Ela foi estruturada para mensurar o desempenho e o potencial do funcionário,
tratando-se de uma avaliação sistemática, feita pelos supervisores ou outros
hierarquicamente superiores familiarizados com as rotinas e demandas do tra-
balho, sendo um processo que busca mensurar objetivamente o desempenho
e fornecer aos colaboradores informações sobre a própria atuação, de forma
que possam aperfeiçoá-la sem diminuir sua independência e motivação para
a realização do trabalho.
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 135

“A Avaliação de Desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho


de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das metas e
resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento” (CHIAVENATO,
2008, p. 223).

Questões para reflexão


As variações da Bolsa de Valores, ultimamente, têm sido associadas
com a palavra estresse nos noticiários dos jornais, quase adjetivando o
mercado financeiro. Algumas pessoas, que compreendem esse nervo-
sismo como parte dos movimentos do mercado de renda variável, não
chegam a se abalar com o sobe e desce da bolsa. Outras, no entanto,
reagem com preocupação excessiva e acabam danificando a saúde e
as relações sociais.

Atividades de aprendizagem
1. O que é o estresse? 
2. Quando ocorre um acidente de trabalho, qual documento deve ser
preenchido pela empresa e complementado pelo médico que atender
o colaborador acidentado?

Fique ligado!
O estresse é um sentimento normal. Em pequenas doses, ele pode ajudá-
-lo a ser mais produtivo. O estresse não afeta todas as pessoas da mesma
maneira. Muitas sentem os sintomas do estresse em seu corpo. Você pode
sentir dores no abdômen, cefaleias e tensão muscular ou dor.
136 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade compreendemos assuntos relacionados à segurança do tra-
balhador, como o acidente de trabalho, muito comum de ser encontrado,
mas que, como vimos no decorrer da unidade, pode ser evitado e causar
menos dano tanto ao trabalhador acidentado como à empresa que toma
as devidas providências preventivas.
Identificando as causas, como os riscos a que o trabalhador fica exposto
no ambiente de trabalho, pode ser possível amenizá-los ou até mesmo
excluí-los, por meio do uso de EPI — Equipamento de Proteção Individual
e EPC — Equipamento de Proteção Coletiva de modo a reduzir os acidentes
podendo também tomar medidas de melhorias do ambiente de trabalho
gerando segurança e qualidade de vida aos trabalhadores.
Compreendemos também a legalidade de documentação, como a ne-
cessidade do PPRA e LTCAT para o preenchimento correto do PPP — Perfil
Profissiográfico Previdenciário, documento necessário para a comprova-
ção de exposição a determinado risco que o trabalhador obteve em suas
atividades para requerer aposentadoria por tempo de serviço ou mesmo
especial. Enfim, a unidade foi produtiva para a compreensão de assuntos
relacionados a segurança e saúde do trabalhador de forma legal e obriga-
tória tornando os resultados positivos.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Além dos agentes nocivos, quais outras condições que deverão estar
presentes para fins de concessão de aposentadoria especial?
2. Quais os agentes nocivos previstos na legislação em vigor que pode-
rão dar ensejo ao benefício à aposentadoria especial?
3. Quantas são as NRs e quais são elas?
4. Quando falamos de PCMSO, estamos falando de um programa de gestão
da saúde dos trabalhadores. Quem é o responsável por sua elaboração?
5. De acordo com o que estudamos, qual é o fator primordial de moti-
vação, ou seja, a quem cabe a motivação?
Regulamentação e indicadores de saúde e segurança no trabalho 137

Referências
BRASIL. Instrução Normativa INSS/PRES n. 27, de 30 de abril de 2008. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-103743-732.pdf>. Acesso em:
25 jul. 2014.
BRASIL. INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/PRES N. 45, DE 06 DE AGOSTO DE 2010 – DOU
DE 11/08/2010 – Alterada. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/38/
inss-pres/2010/45_1.htm> Acesso em: 25 jul. 2014.
BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação. São Paulo: Atlas, 1993.
BERTONI, Bartira. Reengenharia humana. Preparando o indivíduo para a mudança. São
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FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1994.
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MILKOVICH, George T.; BOUDREAU, John. Administração de recursos humanos. São
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138 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

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segurancadotrabalhonwn.com/o-que-e-mapa-de-risco/>. Acesso em: 12 jul. 2014.
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prevermedbsb.com.br/index.php/normas/112-nr-07-pcmso-programa-de-controle-medico-de-
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RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. p. 114.
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SCHERMERHORN, John R. Jr.; HUNT, James G.; OSBORN, Richard N. Fundamentos de
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TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa
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WISNER, ALAIN. A inteligência no trabalho. São Paulo: Fundacentro, 1994.
YIN, Robert K. Estudo de caso — planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.
Unidade 4
Programas de saúde e
segurança do trabalho
Fábio Henrique Ribeiro

Objetivos de aprendizagem: Você será levado a compreender


alguns programas de segurança que devem ser implementados nas
organizações.

Seção 1: PPRA, PCMSO, PCMAT


Nesta seção vamos estudar aspectos legais e práti-
cos referentes ao Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Condi-
ções e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção (PCMAT).

Seção 2: PPR, PCA, PGR


Entenderemos a importância e como implementar nas
organizações o Programa de Proteção Respiratória,
Programa de Conservação Auditiva e o Programa de
Gerenciamento de Riscos.
140 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Introdução ao estudo
Como gerenciar os riscos existentes nos ambientes de trabalho? Quais es-
tratégias e medidas preventivas podem ser adotadas para preservar a segurança
e integridade física dos trabalhadores? Nesta unidade vamos compreender e
entender a aplicabilidade de alguns programas de segurança e saúde no traba-
lho. Estudaremos também a importância dos referidos programas, bem como
a legislação que rege o assunto em questão.

Seção 1 PPRA, PCMSO, PCMAT


Qual a importância dos Programas de Saúde e Segurança do Trabalho? Como
implementar e gerenciar o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)?
Qual a ligação do PPRA e do PCMAT com o Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional (PCMSO)? Após a implementação do PPRA e PCMSO,
como conduzir e administrar o Programa de Proteção Respiratória, Programa
de Conservação Auditiva (PCA) e o Programa de Gerenciamento de Riscos?
Cabe lembrar que todos os programas citados anteriormente são obrigatórios,
ou seja, existe uma legislação que trata do assunto em questão. Mas precisamos
pensar em outros pontos além da legislação, como a saúde do trabalhador. Os
programas de segurança e saúde têm como objetivo identificar possíveis riscos
existentes nos ambientes de trabalho, bem como traçar medidas de controle
com o objetivo de eliminar e/ou controlar os agentes nocivos existentes no
ambiente de trabalho. Sendo assim, vamos entender todos os aspectos legais e
práticos que norteiam os Programas de Saúde e Segurança do Trabalho.
Antes de iniciarmos nosso conteúdo sobre os Programas de Segurança
e Saúde no Trabalho (PPRA, PCMSO e PCMAT), vamos comentar algumas
questões relacionadas à área de gestão de segurança do trabalho.
Conforme Barbosa Filho (2011), a maioria das empresas brasileiras está
isenta da obrigação legal de ter em seu quadro de funcionários profissionais
especializados em Segurança e Saúde do Trabalho. Esses profissionais são
responsáveis por gerir os programas de segurança. Entretanto, a legislação
é bem clara ao expressar que em qualquer estabelecimento que empregue
trabalhadores, ou seja, mesmo para um único trabalhador, o gestor deverá
cumprir as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego e
consequentemente implementar os referidos programas. O empresário poderá
Programas de saúde e segurança do trabalho 141

assumir várias responsabilidades e penalidades em decorrência do não cum-


primento dessas normas.
Todo processo produtivo, quer pelas características de maquinaria (forma
de acionamento, potência, aquecimento de partes, presença de ferramentas
cortantes etc.), quer pelas características dos materiais empregados (fragilidade,
toxicidade, inflamabilidade etc.), de alguma forma oferece oportunidade de
risco aos trabalhadores. Sendo assim, o gestor deverá tomar todas as providên-
cias cabíveis à proteção dos trabalhadores. Assim, deverá estabelecer, em caráter
preventivo, as etapas de planejamento das instalações e dos processos, e uma
série de procedimentos no sentido de promover essa proteção e antecipar as
perspectivas de um trabalho plenamente seguro. A organização deverá tomar
as seguintes providências:
Em um primeiro momento, a empresa deverá proceder a identificação,
o reconhecimento, a análise e o controle dos riscos existentes nos locais
de trabalho;
Posteriormente deverá avaliar o risco (natureza do agente, análise quali-
tativa/quantitativa) e a exposição dos trabalhadores, além dos possíveis
danos à saúde;
Por fim, deverá implementar medidas de controle e avaliar a eficácia
dessas medidas.
Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implemen-
tação, por parte de todos os empregadores e institui-
ções que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais — PPRA,
visando à preservação da saúde e da integridade [física]
dos trabalhadores, [mediante] antecipação, reconheci-
mento, avaliação e consequente controle da ocorrência
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção
do meio ambiente e dos recursos naturais.
As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de
cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade
do empregador, com a participação dos trabalhadores,
sendo sua abrangência e profundidade dependentes das
características, dos riscos e das necessidades de controle
(BRASIL, 1978b).

De acordo com artigo “Ferramentas Indispensáveis — PPRA, PCMAT, Mapa


de Risco são importantes programas que devem ser usados para a melhoria
das condições no trabalho”, elaborado por Jaques Sherique, para a revista
142 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Proteção, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, definido pela


Norma Reguladora n° 9 (NR-9), foi introduzido no cenário prevencionista em
substituição à NR-9 anterior que tratava dos riscos ambientais. A norma ante-
rior limitava como responsabilidades do empregador: a realização do controle
periódico dos riscos ambientais; os profundos e sensíveis avanços na nova
NR-9 ocorreram com a obrigatoriedade da elaboração do PPRA por todos os
empregadores e instituições que admitem trabalhadores como empregados.
Enquanto que, no texto anterior, a exigência de realização do Mapa de Risco
Ambiental se limitava às empresas que tinham de constituir CIPA.
Dessa maneira, universalizou-se a obrigatoriedade de realização do PPRA,
mantendo-se a dose de exigência de elaboração do Mapa de Riscos na NR-5.
A grande diferença entre os dois instrumentos de prevenção, além de sua am-
plitude de ação, é o aprofundamento das etapas que integram um programa
de Higiene Ocupacional.

Para saber mais


Confira os diversos órgãos fiscalizadores e suas responsabilidades no processo de fiscalização.
Assista ao vídeo pelo link <http://www.youtube.com/watch?v=T4UyskLL_PQ>.

O Mapa de Risco Ambiental se limitava às etapas de antecipação, reconhe-


cimento e controle, pelo fato de ser realizado pelos membros da CIPA e, desta
forma, analisar os riscos apenas de forma qualitativa. Já o PPRA introduziu
a avaliação quantitativa dos riscos, podendo ser realizada pelo SESMT, por
profissional ou equipe de profissionais que, a critério do empregador, sejam
capazes de desenvolver o disposto na referida norma.
O modelo atual de PPRA define os riscos ambientais como foco central
da atenção dos profissionais, em contrapartida aos modelos tradicionais de
programas de prevenção que buscavam identificar os riscos operacionais dos
ambientes de trabalho e aqueles ligados à atuação inadequada do trabalhador.
Essa mudança radical na forma de avaliação e de modelo de prevenção dos
riscos é que possibilitará às empresas implantarem um sistema de gestão vol-
tado para a Segurança e Saúde do trabalhador, uma vez que estes sistemas se
utilizam de programas e ferramentas de prevenção para a busca da melhoria
contínua nos ambientes de trabalho.
Programas de saúde e segurança do trabalho 143

O PPRA também pode ser entendido como um documento base para a


criação de todo um sistema de documentação de Segurança e Saúde no Traba-
lho. Para isso, o PPRA do estabelecimento deve conter aspectos estruturais do
programa, estratégia e metodologia de ação, forma de registro, manutenção e
divulgação dos dados, periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento
do programa, além do planejamento anual com o estabelecimento das metas
a serem cumpridas, com prazos para a sua implantação conforme cronograma
preestabelecido.
A implementação do PCMAT permite um efetivo gerenciamento do am-
biente de trabalho, do processo produtivo e de orientação aos trabalhadores,
reduzindo-se, assim, o número de acidentes de trabalho e doenças ocupacio-
nais. Inúmeras atividades peculiares fazem parte da indústria da construção,
envolvendo uma variedade de riscos, razão pela qual as medidas preventivas
são mais difíceis e complexas.
A nova visão para prevenção dos riscos de acidentes e doenças ocupacio-
nais, face ao atual processo de globalização, introdução de novas tecnologias e
a complexidade crescente dos riscos e seus efeitos é, além do simples cumpri-
mento da legislação vigente, necessária para desenvolvermos integralmente a
prevenção, objetivando a melhoria da qualidade de vida. Portanto, é importante
a eliminação do risco, sua avaliação, seu controle na origem, adaptação do
trabalho ao homem, organização do trabalho e prioridade da proteção coletiva
sobre a individual, levando em consideração a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais.
Um aspecto fundamental para elaboração do PPRA é compreender detalhes
e técnicas relativas ao Grupo Homogêneo de Exposição (GHE). Conforme o
artigo “Estratégia de avaliação através da técnica dos GHE mostra eficiência”
(1996), elaborado por Baldomero de Oliveira, revista Proteção. A aplicação
da estratégia de amostragem, baseando-se na técnica dos Grupos Homogê-
neos de Exposição (GHE) tem como retorno a minimização de prazos e custos
dos levantamentos ambientais com uma boa contabilidade dos resultados,
facilitando o gerenciamento do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), no que toca esta parte. Geralmente, a preocupação na hora de uma
avaliação da exposição ocupacional a agentes agressivos, mais precisamente
na hora do monitoramento individual, é a de escolher ou de se decidir por
quantas amostras coletar e qual o tamanho do grupo a ser amostrado para se
144 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

tornar representativo do todo. Existem vários métodos estatísticos e técnicas de


estratégia de amostragem, mas dentre todas as que tivemos condições de utilizar,
a estratégia dos GHE foi a mais prática em termos de prazos e custos. A instrução
normativa nº 1 — Avaliação da Concentração de Benzeno em Ambiente de Traba-
lho — define GHE como aquele que “corresponde a um grupo de trabalhadores
que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela
avaliação da exposição de qualquer trabalhador do grupo seja representativo da
exposição do restante dos trabalhadores do mesmo grupo” (OLIVEIRA, 1996, p. 45).

Para saber mais


O vídeo esclarece de forma didática alguns aspectos relacionados ao Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais. Confira! <www.youtube.com/watch?v=y7gWkS1lVHo>.

Em essência, o GHE é formado com base em trabalhadores que executam


atividades ou serviços equivalentes.
GHE por processo — Entende-se por processo a parte ou o todo de uma
linha de fabricação que tem como resultado um produto qualquer. O
processo deve ser descrito e as atividades, tarefas e insumos devem ser
relacionados de acordo com o fluxograma do processo. Correlacionar
cada fase do processo com os agentes ambientais e com o número de
trabalhadores expostos é o ideal.
GHE por serviço ou atividade — Na descrição do serviço deve-se levar
em consideração que cada serviço deve estar associado a um processo
ou subprocesso. Todas as peculiaridades do serviço devem ser registradas,
tais como: se existe ou não equipamento de controle, associação com os
agentes ambientais, descrição dos trabalhos, frequência de ocorrência e
distribuição temporal.
GHE por agente agressivo — Deve-se fazer um inventário de todos os
insumos e equipamentos que fazem parte de um processo/atividade, e
fazer um levantamento preliminar dos possíveis agentes ambientais pre-
sentes em cada processo/atividade/tarefa.
GHE por tarefa — A firmação de GHE por tarefa deve ser a meta de todo
o trabalho, considerando como tarefa o menor trabalho dentro do pro-
cesso. A tarefa deve ser padronizada e os agentes ambientais devem ser
Programas de saúde e segurança do trabalho 145

associados a esta, bem como o número de trabalhadores que a executam


e a sua periodicidade. O profissional que vai elaborar o PPRA deve ter
certeza de que todos os trabalhadores executam a tarefa com um mesmo
padrão. Tarefas de emergência devem ser registradas a parte, bem como
todas as tarefas críticas.
Interface entre os GHE — A interface entre os estudos dos diversos GHE,
processo, atividade, agentes e tarefas, é que direcionará, conforme a
necessidade e interesse do higienista, a determinação dos grupos ou sua
redefinição, quebras e homogeneidade específica.
Formação preliminar dos GHE — Os GHE preliminares devem ser
constituídos principalmente por aqueles trabalhadores que executam
atividades e tarefas semelhantes ou a critério do higienista após estudar
todo o processo, considerando os estudos epidemiológicos e o nível de
exposição dos trabalhadores.

Para saber mais


Acesse na íntegra a Norma Regulamentadora 9:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf>.

Atividades de aprendizagem
Qual a importância de um estudo detalhado referente ao grupo homogêneo
de exposição (GHE)?

O objetivo de um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais é definir


normas e procedimentos para antecipação, reconhecimento, avaliação e con-
trole dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos, que
advenham do ambiente laboral ou das atividades diárias desenvolvidas por
nossos empregados.
O artigo “Estudo de Riscos”, elaborado por Jorge Luiz Cavassin (1999),
na revista Proteção, apresenta uma série de questões sobre o PPRA. Um dos
aspectos abordados é relacionado às responsabilidades: cabe aos gerentes e
chefes de departamentos priorizarem as medidas que sejam necessárias para
146 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

eliminar ou minimizar os riscos, propiciando condições para que o Setor de


Higiene e Segurança do Trabalho realize o levantamento técnico-científico do
risco. Por outro lado, cabe ao Setor de Higiene e Segurança do Trabalho elaborar
o Mapeamento de Riscos em conjunto com a CIPA, para as diversas áreas da
empresa, obedecendo ao critério de inter-relacionamento dos diferentes riscos,
com suas escalas de prioridades, e realizar, anualmente, a atualização do PPRA.
Sempre que necessário, o Setor de Higiene e Segurança do Trabalho poderá
utilizar um grupo multidisciplinar para o estudo de riscos, com o pessoal de
outros departamentos.
Essa análise envolve algumas etapas, a começar pela fase de antecipação,
que resulta na análise de projetos de novas instalações, métodos ou processos
de trabalho. A fase de reconhecimento deverá conter os seguintes itens, quando
aplicáveis aos riscos:
a identificação do risco;
determinação e localização das possíveis fontes;
identificação das possíveis trajetórias e meio de propagação;
identificação de funções e número de trabalhadores expostos;
obtenção de dados indicativos de possível comprometimento da saúde
decorrente do trabalho;
possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados e descrição
das medidas de controle já existentes;
caracterização das atividades e do tipo de exposição.

A avaliação quantitativa dos riscos deverá ser realizada sempre que ne-
cessário, para comprovar o controle da exposição ou a existência dos riscos,
dimensionar a exposição dos trabalhadores em função das jornadas diárias
de trabalho, ou subsidiar o equacionamento das medidas de eliminação e/ou
minimização do risco.
Na fase de controle, deve ser observada a seguinte instrução normativa:
deverão ser adotadas pelas gerências e pelos departamentos as medidas neces-
sárias e suficientes para a eliminação ou minimização dos riscos ambientais,
sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:
Identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde, e cons-
tatação, na fase de reconhecimento, de risco evidente à saúde. Quando os
resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores
Programas de saúde e segurança do trabalho 147

excederem os valores de Limite de Tolerância na NR-15 ou ACGIH (American


Conference of Governmental Industrial Higyenists) ou estabelecidos em
Negociação Coletiva de Trabalho;
Quando o controle médico estabelecer nexo causal entre os danos à
saúde e à situação de trabalho.

As avaliações ambientais acontecem de quatro formas. A primeira a pedido


da gerência ou do departamento; a segunda por meio de sintomas detectados
em exames periódicos (Assessoria de Medicina do Trabalho); a terceira é feita
periodicamente, no âmbito de cada estabelecimento da empresa, pelo Setor
de Higiene e Segurança do Trabalho, nas fases de confecção ou atualização
do Mapeamento de Riscos e, por último, a pedido da Justiça, INSS, Sindicato
e outros.
Segue um roteiro que pode ser utilizado para levantamento dos riscos e
elaboração do PPRA. Cabe lembrar que esse roteiro poderá ser modificado ou
ajustado de acordo com as necessidades da empresa.

Quadro 4.1 Identificação da empresa

Empresa —
Razão Social

Endereço

CNPJ

CNAE

Grau de risco

Número de
funcionários

Responsável

Fonte: Do autor (2014).


148 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Quadro 4.2 Check list para levantamento de riscos PPRA/insalubridade/periculosidade

Riscos Riscos Riscos de


Riscos físicos Riscos químicos
biológicos ergonômicos acidentes
32) Arranjo
23) Esforço
01) Ruídos 10) Poeiras 17) Vírus físico
físico intenso
inadequado
24)
33) Máquinas e
Levantamento
02) Vibrações 11) Fumos 18) Bactérias equipamentos
e transportes
sem proteção
manual de peso
25) Exigência 34) Ferramentas
03) Radiações
12) Névoas 19) Protozoários de postura inadequadas ou
ionizantes
inadequada defeituosas
26) Controle
04) Radiações
13) Neblinas 20) Fungos rígido de 35) Eletricidade
não ionizantes
produtividade
36)
27) Imposição
Probabilidade
05) Frio 14) Gases 21) Parasitas de ritmos
de incêndio e/
excessivos
ou explosão
37)
28) Trabalho em
06) Calor 15) Vapores 22) Bacilos Armazenamento
turno e noturno
inadequado
16) Substâncias,
compostos 29) Jornadas
07) Pressões 38) Animais
ou produtos de trabalho
anormais peçonhentos
químicos em prolongadas
geral
30) Monotonia 39) Trabalho em
08) Umidade
e repetitividade altura
31) Outras
09) Iluminação situações
40) Espaço
artificial causadoras de
confinado
insatisfatória estresse físico e/
ou psíquico
41) Condução
de veículos
42) Outras
situações de
risco que
poderão
contribuir para
ocorrência de
acidentes
Programas de saúde e segurança do trabalho 149

SETOR:______________________________________
DATA DA VISTORIA:___________________________
Setor ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) divisórias ( ) sala ( ) galpão
construído em: leves
( ) cimento ( ) cerâmica ( ) madeira ( ) granitina ( ) lajota
Piso: desemp.
( ) revestimento.
Teto / ( ) PVC ( ) laje ( ) madeira ( ) gesso ( ) outros:
forração: ___________
( ) telhas ( ) telhas ( ) outros: ________________
Cobertura:
metálicas fibrocimentos
( ) concreto ( ) madeira ( ) metálica ( ) outros:
Estrutura:
pré-moldado ________________
Pé direito
(m): ______________________________________________________

Paredes
( ) azulejos ( ) outros: ________________
revestidas por:
( ) portas ( ) janelas ( ) telhas ( ) outros:
Ilum. natural:
plásticas ___________
( ) lâmpada ( ) lâmpada ( ) lâmpada
Iluminação
fluorescente vapor de incandescente
artificial:
mercúrio
( ) portas ( ) janelas ( ) ar ( ) climatiza- ( ) ventila-
Ventilação: condicionado dores dor
( ) outros:________________

Equipamentos/atividades desenvolvidas no setor:


RISCO/AGENTE (assinalar “X” nos riscos identificados no setor con-
forme avaliação técnica criteriosa).
Existem outros riscos não identificados na tabela acima? Quais? (físico,
químico, biológico, ergonômico, de acidentes).
FONTE GERADORA (relacionar os riscos identificados na tabela anterior
com as fontes geradoras/fazer uma correlação com os números de cada agente).

Riscos Riscos Riscos Riscos de


Riscos físicos
químicos biológicos ergonômicos acidentes

01 10 17 23 32

02 11 18 24 33

03 12 19 25 34

continua
150 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação

04 13 20 26 35

05 14 21 27 36

06 15 22 28 37

07 16 29 38

08 30 39

09 31 40

41

42

Nº de trabalhadores expostos: ___________________________________


Observações: _________________________________________________

Funções/quantidade
Descrição de funções
Jornada de trabalho (diária)
Tempo de exposição ao risco
(diário) por função
Iluminação (detalhar pontos de medição)

Ruído (detalhar pontos de medição)

Máxima
Nível de ruído Tempo de
exposição diária
(detalhar ponto exposição
permissível
de medição) (horas) CN
(horas) TN
Avaliação quantitativa
(Detalhar pontos de medição
para ruído, calor e iluminação)

Calor (TBS, TBN, TG)


Atividade (leve, moderada, pesada)/Metabolismo
continua
Programas de saúde e segurança do trabalho 151

continuação

MEDIDAS DE CONTROLE
EXISTENTES
Ordem de Serviço
EPIs (relacionar o EPI x CA)
Eletricidade
NR-11 Armazenagem
Máquinas e equipamentos Detalhar TODAS as medidas de controle existentes
Ergonomia/AET
Extintores/Hidrantes etc.
Sinalização
EPCs (detalhar)
Treinamentos de SSO
Outras medidas

MEDIDAS DE CONTROLE
PROPOSTAS
Ordem de Serviço
EPIs (relacionar o EPI x CA)
Eletricidade
NR-11 Armazenagem
Máquinas e equipamentos Detalhar TODAS as medidas de controle propostas
Ergonomia/AET
Extintores/Hidrantes etc.
Sinalização
EPCs (detalhar)
Treinamentos de SSO
Outras medidas

Insalubridade: NR-15 (agentes físicos, químicos, biológicos)

Assinalar com “X” os possíveis riscos que podem caracterizar insalu-


bridade (incluir observações)
152 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

GRAUS DE INSALUBRIDADE

Anexo Atividades ou operações que exponham o trabalhador Percentual


Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos limites de
1 tolerância fixados no Quadro constante do Anexo 1 e no item 6 do 20%
mesmo Anexo.
Níveis de ruído de impacto superiores aos limites de tolerância
2 20%
fixados nos itens 2 e 3 do Anexo 2.
Exposição ao calor com valores de IBUTG, superiores aos limites de
3 20%
tolerância fixados nos Quadros 1 e 2.
4 (Revogado pela Portaria MTE nº 3.751, de 23 de novembro de 1990)
Níveis de radiações ionizantes com radioatividade superior aos
5 40%
limites de tolerância fixados neste Anexo.
6 Ar comprimido. 40%
Radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de
7 20%
inspeção realizada no local de trabalho.
Vibrações consideradas insalubres em decorrência de inspeção
8 20%
realizada no local de trabalho.
Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção realizada no
9 20%
local de trabalho.
Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada
10 20%
no local de trabalho.
Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de
11 10%, 20% e 40%
tolerância fixados no Quadro 1.
Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de
12 40%
tolerância fixados neste Anexo.
Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos, consideradas
13 10%, 20% e 40%
insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.
14 Agentes biológicos. 20% e 40%

Observações:
Periculosidade NR-16 (inflamáveis, GLP, explosivos, raio x, eletrici-
dade, roubo, violência física)
Assinalar com “X” os possíveis riscos que podem caracterizar pericu-
losidade (incluir observações)

Anexo Atividades e/ou operações


01 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPLOSIVOS
Explosivos Observações
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS
Verificar e relatar item de enquadramento na tabela do anexo 02 Observações
Verificar e relatar capacidade máxima de embalagens de líquidos
02
inflamáveis/embalagem combinada/tipo de embalagem/tambor,
Inflamáveis
caixa, bombona, metal, plástico, madeira compensada, fibra, aço,
alumínio etc.
Observações
Portaria GM n.º
518, de 04 de ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM RADIAÇÕES
abril de 2003 IONIZANTES OU SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS
Radiação Observações
ionizante
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPOSIÇÃO A ROU-
03
BOS OU OUTRAS ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA FÍSICA NAS ATIVIDA-
Roubos e
DES PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PESSOAL OU PATRIMONIAL
violência
Observações
Eletricidade (verificar voltagem, tempo de exposição, área de risco, subestação
Eletricidade
Observações
Fonte: Do autor (2014).
Programas de saúde e segurança do trabalho 153

1.1 Programa de controle médico de saúde


ocupacional
A saúde dos trabalhadores de uma organização está ligada diretamente ao
acompanhamento periódico de seu estado geral e à promoção de atividades
que visam inibir todas as oportunidades de risco. Para levantar elementos que
caracterizem a condição da saúde de cada indivíduo, o gestor deverá, inicial-
mente, investigar o histórico profissional do funcionário. Ao conhecer onde, em
que, por quanto tempo e mesmo sob que condições realizou suas atividades,
o gestor terá elementos para julgar, com auxílio técnico, os quadros de possí-
veis doenças profissionais a que estará acometido, em seus diversos estágios,
o trabalhador que chega à empresa.
Para complementar essa análise preliminar, o gestor deverá também levantar
informações a respeito das condições de moradia do candidato a funcionário,
pois com base nelas poderá obter notícias sobre endemias e sobre as doenças
que, embora não sejam consideradas — em sentido estrito — do trabalho,
podem ser trazidas ao ambiente de trabalho e promover graves baixas à saúde
de indivíduos e da coletividade e, em última instância, à capacidade produtiva
da empresa.
A norma regulamentadora de nº 7 estabelece aspectos legais para elaboração
e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.
Na prática, a empresa desenvolve o PPRA e posteriormente o PCMSO. Para
elaboração dos dois programas deverá existir uma gestão eficaz e profissionais
qualificados, como médicos do trabalho, engenheiros de segurança, técnicos
de segurança, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, administradores,
entre outros. Uma equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso do
programa. O PPRA tem como objetivo identificar, avaliar e controlar os riscos
ambientais e o PCMSO vai definir quais exames médicos deverão ser realizados
conforme os riscos identificados. Por exemplo: em uma avaliação quantitativa
de ruído em um determinado setor da empresa verificou-se uma intensidade de
90 dB(A) decibéis. O limite de tolerância para ruído de acordo com a legislação
brasileira para uma jornada de 8 horas é 85 dB(A). Sendo assim, o médico do
trabalho que é o responsável pela elaboração e implementação do PCMSO vai
solicitar o exame audiométrico.
O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO),
[...] deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e
diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao
154 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

trabalho, [...] além da constatação da existência de casos


de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde
dos trabalhadores (BRASIL, 1978a).

A NR-7 estabelece algumas responsabilidades ao empregador, a saber:


garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, zelando pela sua
eficácia; custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacio-
nados ao PCMSO; indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho — SESMT, da empresa, um
coordenador responsável pela execução do PCMSO; no caso de a empresa estar
desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR 4, deverá
o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa,
para coordenar o PCMSO; inexistindo médico do trabalho na localidade, o
empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o
PCMSO. Ainda de acordo com a legislação, o PCMSO deve incluir, entre outros, a
realização obrigatória dos exames médicos: admissional, periódico, de retorno
ao trabalho, de mudança de função, demissional. Os exames compreendem:
avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental;
exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos
nesta NR e seus anexos.

Para cada exame médico realizado, o médico emitirá o Atestado de Saúde


Ocupacional — ASO, em 2 (duas) vias. A primeira via do ASO ficará arquivada
no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente de trabalho ou canteiro
de obras, à disposição da fiscalização do trabalho. A segunda via do ASO será
obrigatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo na primeira via. O
ASO deverá conter no mínimo:
nome completo do trabalhador, o número de registro de sua identidade
e sua função;
os riscos ocupacionais específicos existentes, ou a ausência deles, na
atividade do empregado, conforme instruções técnicas expedidas pela
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho-SSST;
indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador,
incluindo os exames complementares e a data em que foram realizados;
o nome do médico coordenador, quando houver, com respectivo CRM;
definição de apto ou inapto para a função específica que o trabalhador
vai exercer, exerce ou exerceu;
Programas de saúde e segurança do trabalho 155

nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato;


data e assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo
seu número de inscrição no Conselho Regional de Medicina.

Para saber mais


O vídeo demonstra com clareza aspectos relacionados ao Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional. Confira. <http://www.youtube.com/watch?v=63ta1lC-bdY>.

Conforme a NR-7, os dados obtidos nos exames médicos, incluindo avalia-


ção clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas
deverão ser registrados em prontuário clínico individual, que ficará sob a res-
ponsabilidade do médico-coordenador do PCMSO. Todos os registros deverão
ser mantidos por período mínimo de 20 (vinte) anos após o desligamento do
trabalhador. O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam
previstas as ações de saúde a serem executadas durante o ano, devendo estas
ser objeto de relatório anual. O relatório anual deverá discriminar, por setores
da empresa, o número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações
clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados considerados
anormais, assim como o planejamento para o próximo ano. O relatório anual
deverá ser apresentado e discutido na CIPA, quando existente na empresa, de
acordo com a NR-5, sendo sua cópia anexada ao livro de atas da comissão.
Segue um modelo de PCMSO que pode ser adotado pelas organizações.

PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL

P.C.M.S.O.
DOCUMENTO BASE

MÉDICO RESPONSÁVEL
DR. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Médico do Trabalho
CRM XXXXXXXXXXXXX
156 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Empresa
Endereço
CNPJ
CNAE
Grau de risco
Número de
funcionários
Responsável

OBJETIVOS
Deverá ter caráter de prevenção, através de diagnóstico precoce
dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, com promoção e pre-
servação da saúde do conjunto de trabalhadores.
1. através dos exames admissionais, visa a empresa, a perfeita adequa-
ção, entre o indivíduo selecionado para a determinada função,
e sua capacidade física e mental;
2. através dos exames periódicos, garantir a mesma saúde, ou ainda
melhor, que o indivíduo ingressou na empresa;
3. através de exame de retorno ao trabalho avaliar: se a capacidade
laboral atual é a mesma da anterior, ou preservando a integridade
física do indivíduo.
4. através do exame de mudança de função, avaliar se o trabalho
oferecido é compatível com a capacidade física e mental do
indivíduo.
5. através de o exame demissional julgar se o trabalho oferecido não
trouxe prejuízo a sua saúde.

Assim, nosso objetivo maior é o conhecimento das pessoas que


conosco trabalham, suas limitações e os pontos a serem melhorados.
Avaliar também os riscos ambientais maiores a que os mesmos estão
submetidos.
Planejar ações preventivas em saúde, principalmente em partes deter-
minadas como críticas, e estabelecer correlações estatísticas para avaliar
com facilidade o trabalho.
Programas de saúde e segurança do trabalho 157

O DESEMPENHO DO TRABALHO
Todo funcionário a ser selecionado para trabalhar na empresa será
submetido a exame médico.
O exame médico será constituído de três partes:

PRIMEIRA PARTE
Ficha do paciente
Impresso preenchido e assinado pelo candidato, em que relatará a sua
história pregressa, a saber:

Antecedentes Patológicos
tuberculose;
meningite;
acidentes de carro ou motos;
uso crônico de medicamentos;
internações ou outros;
enfatizar ao máximo e analisar para a empresa:
problemas de coluna e outros ortopédicos;
hérnias;
alcoolismo;
tabagismo;
desmaios e convulsões;
doenças de pele.

Antecedentes Profissionais
Se o funcionário já teve algum acidente de trabalho:
Qual?
Há quanto tempo?
Qual a parte do corpo atingida?
Há sequelas?
Se o funcionário já teve alguma doença profissional:
Qual?
Há quanto tempo?
Está totalmente curado?
Há prejuízo da atividade profissional?
158 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Hábitos
Fumante (sim) (não)?
Há quanto tempo?
Quantos maços por dia?
Parou de fumar faz quanto tempo?
Alcoolismo (sim) (não)?
Há quanto tempo?
Toma um aperitivo todo dia?
Drogas (sim) (não)?
Há quanto tempo?
Em todos os itens acima já fez algum tratamento?

SEGUNDA PARTE
A análise habitual de qualquer médico para seu paciente, dados como:
1. História médica pregressa.
2. Hábitos e alterações fisiológicas.
3. Ectoscopia.
defeitos físicos;
pele (alergia etc.);
mucosas;
extremidades;
articulações;
temperatura;
altura;
peso atual;
biótipo.

4. Sistema Cardiocirculatório
pressão arterial;
pulso;
edemas;
anamnese;
ausculta;
periférico.
Programas de saúde e segurança do trabalho 159

5. Aparelho Respiratório
anamnese;
ausculta (Ouvir, escutar).

6. Aparelho Digestivo
boca, dentes;
anamnese;
apalpação;
dentição.

7. Aparelho Genito-urinário
giordano;
anamnese;
exame.

8. Sistema Nervoso
anamnese;
reflexo patelar.

9. Olhos, Ouvido, Nariz e Garganta


anamnese;
reflexo pupilar;
exame.
Classificando o indivíduo como:
apto;
inapto.

Na parte médica, haverá uma breve análise, feita pelo médico, através
de perguntas ao paciente, de sua principal atividade, como:
carregar pesos;
atender pessoas;
serviços de vigilância;
atendimento telefônico.
160 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

TERCEIRA PARTE
Exames complementares:
Aqueles que obrigatoriamente deverão ser pedidos para análise do
Departamento Médico e apresentação de dados estatísticos de sua
população;
Exames estes que poderão ser pedidos de acordo com a avaliação
do Departamento Médico ou do Médico que o examinou.

MÓDULO OBRIGATÓRIO
Exames complementares são aqueles que obrigatoriamente devem
ser realizados, pois há agentes comprovadamente nocivos a saúde
do trabalhador.
Outros exames podem ser realizados de acordo com avaliação Médica.
OBSERVAÇÕES (audiometria)
O exame audiométrico será r ealizado, no mínimo, no momento da
admissão, no 6º (sexto) mês após a mesma, anualmente a partir de então,
e na demissão.
RELATÓRIO ANUAL DO PCMSO
Este relatório será realizado anualmente, discriminando os setores da
empresa, o número e a natureza dos exames médicos e complementares
realizados, apresentando estatísticas de resultados anormais e planeja-
mento e metas para o ano subsequente. O relatório estará à disposição
para ser apresentado e discutido com a CIPA e uma cópia será anexada
ao livro de atas desta.
RELATÓRIO ANUAL
N.
Anual de N. Anual Resultados N. De
N. Geral
Natureza resultados resultados anormais exames
Setor de exames
do exame Normais Anormais de exames para o ano
realizados
Indicador audiometria clinicos seguinte
Biológico

Admissional

Periódico

Demissional
Programas de saúde e segurança do trabalho 161

RELAÇÃO DE EXAMES DE ACORDO COM OS RISCOS IDENTIFI-


CADOS NO PPRA
SETOR FUNÇÃO

Escritório Auxiliar Administrativo

Riscos ocupacionais Não há Não há

Exame admissional

Exame clínico

Acuidade visual

Exame periódico Periodicidade

Exame clínico Anual

Acuidade visual Anual

Exame demissional

Exame clínico

Acuidade visual

Setor Função

Transporte Ajudante de motorista

Acidentes Acidentes de trânsito


Riscos ocupacionais
Levantamento e
Ergonômico
transporte de pesos

Exame admissional

Exame clínico

Audiometria Via Aérea

Raio X de coluna lombar

Exame periódico Periodicidade

Exame clínico Anual

Audiometria VA Anual

Raio X de coluna lombar Anual


continua
162 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação

Exame demissional

Exame clínico

Audiometria Via Aérea

Raio X de coluna lombar

SETOR FUNÇÃO

Motorista Toco
Transporte
Motorista Truck

Acidentes Acidentes de trânsito


Riscos ocupacionais
Levantamento e
Ergonômico
transporte de pesos

Exame admissional

Exame clínico

Audiometria Via Aérea

Acuidade visual

Eletrocardiograma

Gama GT

Raio X de coluna lombar

Exame periódico Periodicidade

Exame clínico Anual

Audiometria VA Anual

Acuidade visual Anual

Eletrocardiograma Anual

Gama GT Anual

Raio X de coluna lombar

Exame demissional

Exame clínico

Audiometria Via Aérea

Raio X de coluna lombar

continua
Programas de saúde e segurança do trabalho 163
continuação

SETOR FUNÇÃO

Consultório Odontológico Assistente Odontológico

Bactérias e outros
Biológico
microorganismos

Ergonômico Postura inadequada

Revelador: produto contendo


em sua formulação química os
seguintes componentes: sulfito
de sódio, dietileno glycol,
hidroquinona/fixador: água,
tiossulfato de amônio, entre outros.
Riscos ocupacionais Detergente enzimático: produto
contendo em sua formulação
química os seguintes
Químico
componentes: enzimas,
protease, lípase, carbohidrase,
solvente, entre outros
Produto para prótese: produto
contendo em sua formulação
química os seguintes
componentes: copolímero
metiletilmetacrilato, pigmentos
orgânicos, peróxido.

Exame admissional

Exame clínico

Hemograma

VDRL

HBS AG

PPD

Exame periódico Periodicidade

Exame clínico Anual

Hemograma Anual

VDRL Anual

HBS AG Anual

PPD Anual

continua
164 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

continuação
Exame demissional
Exame clínico
Hemograma
VDRL
HBS AG
PPD

RESPONSÁVEL TÉCNICO

________________________________________
DR. XXXXXXXXXXXXXXX
Médico do Trabalho
CRM XXXXXXXXXX
Local e data

Fonte: Do autor (2014).

Todas as organizações devem elaborar e implementar o PPRA e o PCMSO de


forma integrada. Cabe lembrar que a portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, em
sua Norma Regulamentadora nº 9 e Norma Regulamentadora nº 7 do Ministério
do Trabalho e Emprego, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementa-
ção do PPRA e PCMSO por todas as empresas que admitam trabalhadores, como
empregados, independente do número de funcionários ou ramo de atividade.
A legislação define empresa como qualquer estabelecimento que admita
trabalhadores como empregados, ou seja, restaurantes, condomínios, lojas,
indústrias, concessionárias, bares, oficinas, escolas, mercados, escritórios etc.
Vale salientar que todas as empresas têm a obrigação legal de elaborar os do-
cumentos citados, sob pena de multa, que podem variar de acordo com a tabela
abaixo, conforme determinações da Norma Regulamentadora nº 28 — Fiscalização
e Penalidades, aplicadas e cobradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Quadro 4.3 Fiscalização e penalidades


Número de empregados Segurança do Trabalho PPRA Medicina do Trabalho PCMSO
1-10 R$1129-R$1393 R$676-R$839
11-25 R$1394-R$1664 R$840-R$1002
26-50 R$1665-R$1935 R$1003-R$1166
51-100 R$1936-R$2200 R$1167-R$1324
Fonte: Brasil (1978f).
Programas de saúde e segurança do trabalho 165

1.2 PCMAT — Programa de Condições e Meio


Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção
De acordo com a NR-18 são obrigatórios a elaboração e o cumprimento do
PCMAT nos estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais, contem-
plando os aspectos desta NR e outros dispositivos complementares de segu-
rança. O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR-9 — Programa
de Prevenção e Riscos Ambientais, ou seja, a identificação, análise e controle
dos riscos ambientais existentes nos locais de trabalho. Sendo assim, o profis-
sional que vai elaborar o PCMAT poderá utilizar a planilha de levantamento
de riscos apresentadas anteriormente (PPRA).
Conforme o artigo “PCMAT — Qualificação metódica”, elaborado por Ja-
ques Sherique (2002), revista Proteção, a implementação do PCMAT permite
um efetivo gerenciamento do ambiente de trabalho, do processo produtivo e
da orientação aos trabalhadores, reduzindo-se assim o número de acidentes
de trabalho e doenças ocupacionais.

Para saber mais


Acesse na íntegra a NR-18, que trata sobre segurança e saúde do trabalhador na indústria da cons-
trução. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-18-1.htm>.

Várias atividades peculiares fazem parte da indústria da construção, a qual


envolve uma série de riscos, o que torna as medidas preventivas mais difíceis e
complexas. As questões ambientais, ergonômicas e educacionais bem como os
problemas de saúde existentes em consequência das deficientes condições de
alimentação, habitação e transporte dos trabalhadores devem ser consideradas,
assim como os documentos integrantes do programa, previstos na NR-18, item
18.3.4, tais como: memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas
atividades e operações que ofereçam riscos de acidentes e doenças do traba-
lho, e suas respectivas medidas preventivas, projeto de execução das prote-
ções coletivas em conformidade com as etapas da obra, especificação técnica
das proteções coletivas e individuais utilizadas, cronograma de implantação
das medidas preventivas, layout inicial do canteiro de obras, contemplando,
inclusive, a previsão do dimensionamento das áreas de vivência e programa
166 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

educativo, com carga horária, contemplando a temática de prevenção de aci-


dentes e doenças do trabalho.
Deve-se planejar o PCMAT em função das principais etapas de desenvol-
vimento da obra, desde o projeto até os serviços finais, considerando os riscos
de acidentes, doenças e as diversas categorias profissionais atuantes em cada
etapa. Para o desenvolvimento do PCMAT, devemos sempre levar em conta o
comprometimento da alta direção da empresa com o programa, por meio do
estabelecimento de políticas de Segurança e Saúde, de análise criteriosa de
antecipação/reconhecimento dos riscos e de perfil da mão de obra, abordando
questões como o nível de conhecimento do trabalhador na área de Segurança
e Saúde, os hábitos e costumes locais, a escolaridade, entre outras.

Figura 4.1 Informações para elaboração do PCMAT

Fonte: Sherique (2002).

Para saber mais


Assista ao vídeo que trata sobre o PCMAT em: <https://www.youtube.com/watch?v=DFMkypjglcU>.

O PCMAT poderá apresentar a seguinte estrutura:


capa;
índice;
informações da empresa;
Programas de saúde e segurança do trabalho 167

diagnóstica da situação atual;


organização do canteiro de obras;
riscos ocupacionais;
programa de treinamentos;
integração com outros programas de segurança e saúde do trabalhador;
definição de responsabilidades gerenciais;
controle e avaliação do programa;
conclusão;
registro, manutenção e divulgação dos dados;
bibliografia;
data do documento e assinatura do profissional.

Atividades de aprendizagem
Quais estratégias poderiam ser adotadas para conscientizar os emprega-
dores a implementar o PPRA, PCMSO e PCMAT?
168 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Seção 2 PPR, PCA, PGR


Como desenvolver o PPR, PCA e o PGR? Qual a integração dos referidos
programas com o PPRA, PCMSO e PCMAT? Vamos entender e compreender a
importância dos referidos programas e sua aplicação nas organizações.
A instrução normativa ssst/mtb nº 1, de 11 de abril de 1994, (DOU de
15/04/1994), estabelece o regulamento técnico sobre o uso de equipamentos
para proteção respiratória.
Art. 1º — O empregador deverá adotar um conjunto
de medidas com a finalidade de adequar a utilização
dos equipamentos de proteção respiratória-EPR, quando
necessário para complementar as medidas de proteção
coletiva implementadas, ou enquanto as mesmas esti-
verem sendo implantadas, com a finalidade de garantir
uma completa proteção ao trabalhador contra os riscos
existentes nos ambientes de trabalho (BRASIL, 1994).

De acordo com o Manual da Fundacentro — Programa de Proteção Res-


piratória — no controle das doenças ocupacionais provocadas pela inalação
de ar contaminado com poeiras, fumos, névoas, gases e vapores, o objetivo
principal deve ser minimizar a contaminação do local de trabalho. Isso deve
ser alcançado, tanto quanto possível, pelas medidas de controle de engenharia
(enclausuramento, ventilação, ou substituição de substâncias por outras menos
tóxicas). Quando as medidas de controle não são viáveis, ou enquanto estão
sendo implantadas ou avaliadas, ou em situações de emergência, devem ser
usados respiradores apropriados em conformidade com uma série de requisitos
técnicos.
Podem-se utilizar os programas (PPRA, PCMSO e PCMAT) estudados ante-
riormente para uma análise prévia dos possíveis agentes químicos existentes
nos ambientes de trabalho. A instrução normativa define uma série de respon-
sabilidades. Vamos entender quais são as responsabilidades do empregador:
fornecer o respirador, quando necessário, para proteger a saúde do
trabalhador;
fornecer o respirador conveniente e apropriado para o fim desejado;
ser responsável pelo estabelecimento e manutenção de um programa de
uso de respiradores para proteção respiratória;
Programas de saúde e segurança do trabalho 169

permitir ao empregado que usa o respirador deixar a área de risco por


qualquer motivo relacionado com o seu uso. Essas razões podem incluir:
falha do respirador que altere a proteção por ele proporcionada, mau
funcionamento do respirador, detecção de penetração de ar contami-
nado dentro do respirador, aumento da resistência à respiração, grande
desconforto devido ao uso do respirador, mal-estar sentido pelo usuário
do respirador, tais como náusea, fraqueza, tosse, espirro, dificuldade
para respirar, calafrio, tontura, vômito, febre; lavar o rosto e a peça facial
do respirador, sempre que necessário, para diminuir a irritação da pele,
trocar o filtro ou outros componentes, sempre que necessário, descanso
periódico em área não contaminada;
e, por fim, investigar a causa do mau funcionamento do respirador e tomar
providências para saná-la. Se o defeito for de fabricação, o empregador
deverá comunicá-lo ao fabricante e ao órgão oficial de competência na
área de EPI.

Para saber mais


Assista ao vídeo que trata sobre proteção respiratória.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=W4_7Y-3ty5c>.

Vamos estudar quais são as responsabilidades do empregado quanto ao PPR:


usar o respirador fornecido de acordo com as instruções de treinamento
recebidas;
guardar o respirador, quando não estiver em uso, de modo conveniente
para que ele não se danifique ou deforme;
se observar que o respirador não está funcionando bem, deverá deixar
imediatamente a área contaminada e comunicar o defeito à pessoa
responsável;
comunicar à pessoa responsável qualquer alteração do seu estado de saúde
que possa influir na capacidade de uso do respirador de modo seguro.

No texto do programa de proteção respiratória deve haver referência explícita,


no mínimo, aos tópicos: administração do programa, existência de procedimen-
tos operacionais escritos, exame médico do candidato ao uso de respiradores,
seleção de respiradores, treinamento, uso de barba, ensaios de vedação, manu-
170 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

tenção, higienização e guarda dos respiradores, uso de respiradores para fuga,


emergências e resgates e avaliação periódica do programa.
Administração do programa: o empregador deve atribuir a uma só pessoa
a responsabilidade e a autoridade pelo programa de uso de respiradores. Essa
pessoa deve possuir conhecimentos de proteção respiratória suficientes para
administrar de modo apropriado o programa. A responsabilidade do adminis-
trador pelo programa inclui, entre outros, a preparação dos procedimentos
operacionais escritos, o monitoramento dos riscos respiratórios, a atualização
dos registros e a realização da avaliação do PPR.
Procedimentos operacionais escritos: em toda empresa cujo uso de res-
piradores é necessário, devem existir procedimentos operacionais escritos
abrangendo o programa completo para o uso de respiradores.
Limitações fisiológicas e psicológicas dos usuários de respiradores: cabe
ao médico determinar se uma pessoa tem ou não condições médicas de usar
um respirador.
Seleção de respiradores: deverão ser avaliados os seguintes fatores: a natu-
reza da operação ou processo perigoso; o tipo de risco respiratório (incluindo
as propriedades físicas, deficiência de oxigênio, efeitos fisiológicos sobre o
organismo, concentração do material tóxico, ou nível de radioatividade, limites
de exposição estabelecidos para os materiais tóxicos, concentração permitida
para o aerossol radioativo e a concentração IPVS estabelecida para o material
tóxico); a localização da área de risco em relação à área mais próxima que
possui ar respirável; o tempo de utilização do respirador; as atividades que os
trabalhadores desenvolvem na área de risco; as características e as limitações
dos vários tipos de respiradores; o Fator de Proteção Atribuído para os diversos
tipos de respiradores, conforme exigência da Instrução Normativa.

Para saber mais


Atmosfera IPVS — Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde: qualquer atmosfera
que apresente risco imediato à vida ou produza imediato efeito debilitante à saúde.

Treinamentos: todos os usuários de respiradores devem receber treinamentos


adequados.
Programas de saúde e segurança do trabalho 171

Ensaio de vedação: antes de ser fornecido um respirador para uma pessoa,


ela deve ser submetida ao ensaio de vedação para verificar se aquele respirador
proporciona boa vedação ao rosto. Após este teste preliminar, toda vez que for
colocar ou ajustar o respirador no rosto, ela deve fazer a verificação da vedação.
Manutenção, inspeção, higienização e guarda: a manutenção deve ser
realizada de acordo com as instruções do fabricante e obedecer a um proce-
dimento que garanta ao usuário um respirador limpo, higienizado e em boas
condições de uso. O usuário deve examinar o respirador antes de colocá-lo,
para verificar se está em boas condições de uso. O respirador deve ser guardado
em local adequado e limpo.
Respiradores de fuga: numa área em que podem ocorrer situações de emer-
gência devido a riscos potenciais (vazamento de produtos químicos), os usuá-
rios do respirador de fuga deverão ser treinados quanto ao seu uso. As pessoas
que não realizam tarefas nessa área, ou visitantes, devem receber instruções
breves sobre o seu uso. Para essas pessoas, não são obrigatórios o treinamento
detalhado e o exame médico para verificar a compatibilidade com o respirador.
O Programa de Proteção Respiratória é uma ferramenta fundamental para
identificar e controlar os riscos químicos que podem ser encontrados no am-
biente de trabalho. Sendo assim, a organização deverá implementar e geren-
ciar de forma rigorosa todos os itens previstos no PPR. Agora que estudamos
alguns pontos importantes do PPR vamos comentar sobre o PCA — Programa
de Conservação Auditiva.
O objetivo principal de um programa de conservação auditiva é prevenir a
chamada PAIR — Perda Auditiva Induzida pelo Ruído ou PIRO — Perda Indu-
zida pelo Ruído Ocupacional. O ruído é um agente nocivo presente em boa
parte das fábricas e indústrias.
De acordo com o guia prático da 3M que trata sobre o Programa de Con-
servação Auditiva, o documento-base será a parte inicial do PCA. O programa
irá agrupar todas as informações constantes desse documento e deve conter
a política da empresa referente à proteção auditiva, também deve definir as
responsabilidades de cada pessoa envolvida no PCA; deve enumerar os proce-
dimentos escritos que são partes do PCA (monitoramento da exposição, testes
audiométricos, seleção dos protetores auditivos, uso, higienização, guarda e
manutenção, treinamentos dos envolvidos e, por último, deve ser avaliado
e conter um plano de ação para implementação ou melhorias no sistema).
Seguindo o guia prático da 3M, o PCA deverá apresentar a seguinte estrutura:
172 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Introdução: deverá conter todos os dados cadastrais da empresa;


Política da empresa: essa política deve explicitar a posição da empresa em
relação às questões referentes à proteção da saúde dos trabalhadores expostos
aos ruídos.

Para saber mais


Sobre políticas de segurança e saúde do trabalho acesse: <http://www.fundacentro.gov.br/bi
blioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2013/3/diretrizes-sobre-sistemas-de-gestao-
da-seguranca-e-saude-no-trabalho>.

OBJETIVO DO PCA: este item deve refletir o objetivo de um PCA, levando


em consideração as particularidades da empresa. Exemplo: em todos os se-
tores da empresa onde haja a possibilidade de exposição dos funcionários a
altos níveis de ruído, o agente físico ruído será avaliado e os trabalhadores
monitorados de tal forma que sejam obtidos dados e informações suficientes
para identificar níveis de exposição que possam ser prejudiciais à saúde de
trabalhador exposto. Existem limites de tolerância para o ruído definido pelo
Ministério do Trabalho e Empresa. Segue Quadro da Norma Regulamentadora
de nº 15 que trata sobre os referidos limites:
ANEXO N.º 1
o
Quadro 4.4 LIMITES
Anexo n.DE1TOLERÂNCIA
— limites de tolerância
PARA para ruído
RUÍDO CONTÍNUO OUcontínuo ou intermitente
INTERMITENTE

NÍVEL DE RUÍDO dB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

Fonte: Brasil (1978c).


Programas de saúde e segurança do trabalho 173

Responsabilidades: a equipe deve ser multidisciplinar (médicos, técnicos de


segurança, engenheiros de segurança, fonoaudiólogos, diretores, encarregados
de seção, líderes, engenharia e suprimentos, usuários, entre outros). Cada um
dos integrantes do programa terá suas atribuições e deveres dependendo de
suas formações profissionais, experiências e habilidades.
Avaliação da exposição: todas as áreas de trabalho onde haja presença de
ruído e trabalhadores expostos devem ser avaliadas com métodos apropriados
de análise quantitativa, ou seja, todos os níveis de ruído devem ser mensura-
dos com a utilização de equipamentos específicos e devidamente calibrados
seguindo normas da RBC — Rede Brasileira de Calibração. Elabore um proce-
dimento escrito que defina claramente como é feito o monitoramento de risco
na empresa, e que possa garantir que não haverá alterações das condições do
ambiente de trabalho que superem as limitações dos equipamentos seleciona-
dos. Este procedimento pode fazer referências ao Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA) da empresa.
Seleção dos protetores auditivos: a seleção dos protetores auditivos pode
ser realizada com base nos elementos da proteção efetiva, porém, deve ficar
explícita a metodologia utilizada pela empresa. É muito importante considerar
os fatores relativos às características pessoais do trabalhador e das atividades
por ele realizadas. O procedimento deve contemplar as considerações para
a escolha do melhor protetor auditivo, como a dose de exposição ao agente
e determinação da atenuação mínima desejável, tipo de ambiente onde será
utilizado o protetor, outros contaminantes presentes, necessidade de compati-
bilidade com uso de outros EPI, conforto proporcionado ao usuário, vedação
no canal auditivo, tipo de trabalho executado, entre outros.
Distribuição de protetores auditivos: é necessário o estabelecimento de
normas ou procedimentos por escrito para promover a distribuição e reposição
do protetor auditivo, visando garantir as condições de proteção originalmente
estabelecidas. A distribuição requer cuidados do profissional que executa tal
função, garantindo, assim, que o usuário tenha em mãos o produto adequado
ao uso a que se destina. Para tal, pode ser definida uma planilha de controle
de distribuição de protetores auditivos.

Atividades de aprendizagem
Como a empresa pode desenvolver e implementar um Programa de
Conservação Auditiva?
174 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Segue modelo de ficha de EPIs (protetores auditivos) que poderá ser adotada
pela empresa:

NORMA DE PROCEDIMENTO

EPIs - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Conforme exigências legais determinadas na CLT e nas Normas


Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, estabelecem-se os
seguintes procedimentos quanto aos Equipamentos de Proteção Individual:

1) A empresa fornecerá gratuitamente EPI adequados aos riscos existentes no


processo de trabalho, bem como realizará treinamento aos funcionários sobre o
seu uso e limitações, devendo os mesmos ter Certificado de Aprovação do
Ministério do Trabalho e Emprego;

2) Os EPI serão imediatamente repostos pela empresa quando danificados ou


extraviados, mediante entrega do EPI usado, sendo anotada a sua reposição
em Ficha de Controle de EPI, mediante assinatura de recebimento ou, se a
perda ou extravio decorrer do mau uso pelo funcionário, será cobrado do
mesmo o valor do EPI;

3) Não será permitida a execução de serviços pelos funcionários sem os EPI


recomendados para os riscos do serviço;

4) Os funcionários deverão utilizar os EPI somente para os fins a que se destinam


e se responsabilizarão pela sua guarda, sendo que a não utilização dos mesmos,
sem justificativa, implicará em falta grave do funcionário por descumprimento
desta norma, sendo passível de punição disciplinar;

5) Quando o funcionário desligar-se da empresa, deverá devolver os EPI, que lhes


foram fornecidos ou, em caso contrário, terá os valores dos mesmos
descontados em sua rescisão contratual.

Declaro ter recebido cópia da Norma de Procedimento sobre Equipamentos de


Proteção Individual, bem como fui orientado e estou ciente do seu conteúdo.
Londrina, ______/______/ ______
Nome _______________________________________________
Assinatura _______________________________________________
Programas de saúde e segurança do trabalho 175

FICHA DE TREINAMENTO E CONTROLE DE E.P.I.


FICHA DE TREINAMENTO E CONTROLE DE E.P.I.
Nome:________________________________________
Nome:________________________________________

Função:________________________________________
Função:________________________________________

Declaro ter recebido orientações sobre os riscos do meu trabalho e


sobre o uso correto dos equipamentos de proteção individual, os quais eu
recebo gratuitamente e me responsabilizo pela sua guarda e conservação,
devendo reembolsar a empresa no caso de sua perda ou estrago por mau
uso e a devolvê-los em caso de desligamento da empresa.
Declaro, ainda, que estou ciente de que, se não utilizá-los sem motivo
plausível, para os fins a que se destinam, ou usá-los de maneira indevida,
estarei sujeito a punições administrativas, por descumprimento de norma
interna da razão social da empresa, conforme estabelecido na CLT.
Local e data.

Data de Data / Motivo


EPI entregue CA Marca Assinatura
entrega de devolução

Fonte: Do autor (2014).

Limpeza, higienização, armazenamento e manutenção: os procedimentos


para manutenção, limpeza e higienização de protetores auditivos podem ser
documentados à parte. Este documento deve mencionar como e por quem será
realizada a manutenção dos equipamentos. Cada tipo ou modelo de Protetor
Auditivo exige diferentes níveis de manutenção, limpeza e higienização. Esses
procedimentos de manutenção muitas vezes constam na embalagem dos pro-
dutos ou são disponibilizados através de bulas ou dados técnicos fornecidos
pelo fabricante do Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Treinamento: todos os trabalhadores de áreas ou atividades que requerem o
uso de protetores auditivos deverão ser instruídos sobre suas responsabilidades
no PCA. Eles devem ser treinados sobre a necessidade, o uso, as limitações e os
cuidados com os protetores. O conteúdo específico do treinamento deverá ser
176 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

provido por instrutor habilitado e com formação mínima de Técnico de Segu-


rança do Trabalho. O conteúdo mínimo deve estar descrito neste procedimento.
Devem ser estipuladas as datas para os retreinamentos, num intervalo de, no
máximo, 12 meses. Os registros deste treinamento deverão ser arquivados pelo
administrador do programa.
Monitoramento do uso: é muito importante que fique claro como serão feitas
as checagens sobre o uso correto dos protetores auditivos e que providências
são tomadas caso seja encontrada alguma irregularidade no uso desse EPI.
Exame médico — audiometrias: todos os trabalhadores que forem incluí-
dos no programa de conservação auditiva deverão passar por uma avaliação
médica, que contemplará também as audiometrias. Deverão ser estipulados os
critérios de periodicidade destas avaliações.
Avaliação da eficácia do programa de conservação auditiva: Este programa
deverá ser revisto e avaliado a cada 12 meses, no mínimo, pelos auditores de-
finidos pelo administrador do programa. Todos os requerimentos mínimos do
programa deverão ser contemplados em todas as auditorias. Será elaborado um
relatório escrito desta avaliação. Para cada não conformidade encontrada, será
estabelecido um plano de ações corretivas com um cronograma estabelecido
para a conclusão de cada ação.
Registro dos dados: Devem ser criadas, para cada etapa, planilhas de con-
trole e relatórios, que devem ser claros e objetivos, preparados com as infor-
mações sobre os resultados das avaliações realizadas. Recomenda-se que os
relatórios técnicos sejam abordados de forma que um leitor qualificado possa
compreender o trabalho desenvolvido e documentar os aspectos relevantes
que foram utilizados no estudo.

Para saber mais


O vídeo trata da utilização de protetores auditivos. Confira.
<https://www.youtube.com/watch?v=rFXKpezKo_4>.

Estudamos dois importantes programas de segurança e saúde do trabalhador,


o PPR, que trata sobre aspectos relacionados à proteção respiratória, e o PCA,
que trata sobre a proteção auditiva dos trabalhadores. Agora vamos tratar sobre
o PGR — Programa de Gerenciamento de Riscos.
Programas de saúde e segurança do trabalho 177

Conforme NBR ABNT 31000, organizações de todos os tipos e tamanhos


enfrentam influências e fatores internos e externos que tornam incerto se e
quando elas atingirão seus objetivos. O efeito que essa incerteza tem sobre os
objetivos da organização é chamado de “risco”. Todas as atividades de uma
organização envolvem risco. As organizações gerenciam o risco, identificando-
-o, analisando-o e, em seguida, avaliando se o risco deve ser modificado pelo
tratamento do risco a fim de atender a seus critérios de risco. Ao longo de todo
este processo, elas comunicam e consultam as partes interessadas e monito-
ram e analisam criticamente o risco e os controles que o modificam, a fim de
assegurar que nenhum tratamento de risco adicional seja requerido. Avaliando
essa questão, é fundamental o estabelecimento por parte das empresas de um
Programa de Gerenciamento de Riscos.
Embora a prática de gestão de riscos tenha sido desenvolvida ao longo
do tempo e em muitos setores a fim de atender às necessidades diversas, a
adoção de processos consistentes em uma estrutura abrangente pode ajudar
a assegurar que o risco seja gerenciado de forma eficaz, eficiente e coerente
numa organização.
A gestão de riscos possibilita uma série de benefícios para as empresas, tais
como: aumentar a probabilidade de atingir os objetivos, encorajar uma gestão
proativa, estar atento para a necessidade de identificar e tratar os riscos através
de toda a organização, melhorar a identificação de oportunidades e ameaças,
atender às normas internacionais e requisitos legais e regulatórios pertinentes,
estabelecer uma base confiável para a tomada de decisão e planejamento,
melhorar os controles, alocar e utilizar eficazmente os recursos para o trata-
mento de riscos, melhorar a eficácia e a eficiência operacional, aperfeiçoar o
desempenho em saúde e segurança, bem como a proteção do meio ambiente,
melhorar a prevenção de perdas e a gestão de incidentes, minimizar perdas,
aprimorar a aprendizagem organizacional, entre outros.

Para saber mais


O incidente é considerado um quase-acidente. Por exemplo, um conferente realiza a contagem
de sacos de grãos em um depósito. Repentinamente ocorre uma queda de sacarias, no entanto
o trabalhador não é atingido, mas poderia ter sofrido um acidente de trabalho. Nesse caso
ocorreu um incidente ou quase-acidente. Confira o vídeo:
<https://www.youtube.com/watch?v=3Ar7nfZxBnA>.
178 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

As atuais práticas e processos de gestão de muitas organizações incluem


componentes de gestão de riscos, e muitas organizações já adotaram um pro-
cesso formal de gestão de riscos para determinados tipos de risco ou circuns-
tâncias. Nesses casos, uma organização pode decidir conduzir uma análise
crítica de suas práticas e processos existentes. O sucesso da gestão de riscos
dependerá da eficácia da estrutura de gestão que fornece os fundamentos e
os arranjos que irão incorporá-la através de toda a organização, em todos os
níveis. A estrutura auxilia a gerenciar riscos eficazmente por meio da aplica-
ção do processo de gestão de riscos em diferentes níveis e dentro de contextos
específicos da organização.
A Figura 4.2 apresenta o relacionamento entre os princípios de gestão de
riscos, estrutura e processo.

Figura 4.2 Relacionamento entre os princípios de gestão de riscos, estrutura e processos

Fonte: ABNT (2009).

A Norma Regulamentadora de nº 22 do Ministério do Trabalho e Emprego


faz menção ao Programa de Gerenciamento de Riscos. A referida norma trata
sobre alguns aspectos que o programa deve contemplar:
Programas de saúde e segurança do trabalho 179

Riscos físicos, químicos e biológicos: o PGR deverá contemplar todos os


agentes de origem física, química e biológica;
Atmosferas explosivas e deficiências de oxigênio: a empresa deverá
realizar uma análise minuciosa das atmosferas com risco de explosão e
deficiência de oxigênio. Existem instrumentos de medição para avaliar
atmosferas explosivas e níveis de oxigênio;
Ventilação: um sistema de ventilação adequado também deve contemplar
o PGR;
Proteção respiratória: de acordo com a Instrução Normativa n.º 1, de
11/04/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Existe uma
estreita ligação do PPR com o PGR;
Investigação e análise de acidentes do trabalho: o programa deve contem-
plar uma sistemática para investigar e analisar os acidentes de trabalho;
Ergonomia e organização do trabalho: aspectos relacionados à ergonomia
e organização do trabalho compõem o PGR. Os aspectos ergonômicos
estão descritos na NR-17;
Riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços
confinados, eletricidade, maquinários, equipamentos etc.: a organização
deve implementar um rigoroso procedimento de segurança para gerenciar
atividades consideradas de alto risco. O procedimento deverá contemplar
as medidas de segurança e prevenção para realização das tarefas de forma
segura;
EPI: implementar procedimentos para o controle, guarda, conservação e
fornecimento de equipamentos de proteção individual;
Plano de emergência: estabelecer um plano de ação de emergência,
conforme requisitos da NBR ABNT 15219.

Para saber mais


Confira o vídeo que trata sobre segurança na mineração subterrânea de carvão.
<https://www.youtube.com/watch?v=wM26wT9RrVA>.
180 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Questões para reflexão


Como desenvolver um sistema de gestão de riscos?

Atividades de aprendizagem
Quais aspectos devem ser observados em um programa de gerenciamento
de riscos?

Fique ligado!
Verificamos nesta unidade os principais programas de segurança e saúde
do trabalhador que podem ser implementados nas organizações. Conse-
guimos entender a importância dos referidos programas na preservação da
saúde e integridade física dos empregados. Para fixar todos os conceitos
trabalhados aqui, vamos realizar alguns exercícios.

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, chegamos ao final de mais uma etapa. Através dos conteúdos
apresentados anteriormente, verificamos a importância de implantar e
gerenciar de forma adequada programas de segurança e saúde do traba-
lhador. Até a próxima!
Programas de saúde e segurança do trabalho 181

Atividades de aprendizagem da unidade


1. Qual a integração entre o PPRA e o PCMSO?
2. Faça um comentário dos principais itens que devem ser abordados
no Programa de Proteção Respiratória — PPR.
3. Quais as maiores dificuldades que podem ser encontradas para im-
plementação do PCA — Programa de Conservação Auditiva? Como
fazer com que os trabalhadores sejam conscientizados quanto ao
uso dos EPIs?
4. Um dos maiores índices de acidentes e mortes ocorre na indústria da
construção civil. Como as organizações poderiam reduzir os índices
e estabelecer condições de trabalho adequadas?
5. Como estabelecer um plano de gerenciamento de riscos em uma
organização?
182 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA NO TRABALHO

Referências
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2012. Disponível em: <http://solutions.3m.com.br/3MContentRetrievalAPI/BlobServlet?lmd
=1373632446000&locale=pt_BR&assetType=MMM_Image&assetId=1361653082099&blo
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 31000. Gestão de riscos:
princípios e diretrizes. Dez. 2009. Disponível em: <http://gestravp.files.wordpress.
com/2013/06/iso31000-gestc3a3o-de-riscos.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2014.
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BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-7 — PCMSO. Portaria GM n. 3.214, de
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portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr_09_at.pdf>. Acesso
em: 4 jun. 2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-15 — Atividades e operações insalubres.
Portaria GM n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, 6 jul.
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B344C39/NR-15%20(atualizada%202011)%20II.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-18 — Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção. Portaria GM n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário
Oficial da União, Brasília, 6 jul. 1978d. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF8080814295F16D0142ED4E86CE4DCB/NR-18%20(atualizada%202013)%20(sem%20
24%20meses).pdf>. Acesso em: 4 jun. 2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-22 — Segurança e Saúde Ocupacional
na Mineração. Portaria GM n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União,
Brasília, 6 jul. 1978e. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A45B266
9801463A15B331128E/NR22%20(atualizada%202014).pdf>. Acesso em: 04 jun. 2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-28 — Fiscalização e Penalidades.
Portaria GM n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União,
Brasília, 6 jul. 1978f. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/
FF80808145B269620145D7E3382A5095/NR-28%20(Atualizada%202014).pdf>. Acesso
em: 4 jun. 2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994.
Aprova o texto da norma regulamentadora nº 9 (riscos ambientais). Diário Oficial da
União, Brasília, 30 dez. 1994. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF808081
2BE914E6012BEA44A24704C6/p_19941229_25.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2014.
Programas de saúde e segurança do trabalho 183

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Instrução Normativa SSST/MTB nº 1, de 11 de


abril de 1994 (DOU de 15/04/1994). Estabelece o Regulamento Técnico sobre o uso de
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2014.
CAVASSIN, Jorge Luiz. Estudo dos riscos. Proteção, Novo Hamburgo, 1999.
OLIVEIRA, Baldomero. Estratégia de avaliação através da técnica dos GHE mostra
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OLIVEIRA, Baldomero. Exposição no ambiente. Proteção, Novo Hamburgo, 1996.
SHERIQUE, Jaques. PCMAT — Qualificação metódica. Proteção, Novo Hamburgo, set.
2002.
SHERIQUE, Jaques. Ferramentas indispensáveis. Proteção, Novo Hamburgo, set. 2002.
VIEIRA, Antonio Vladimir; AQUINO, José Damásio de; ALGRANTI, Eduardo. Programa de
Proteção Respiratória: Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores. Coordenação de
Maurício Torloni. Brasília: Fundacentro, 2002.
UNOPAR
INTRODUÇÃO A
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TRABALHO

INTRODUÇÃO A SEGURANÇA NO TRABALHO

ISBN 978-85-68075-78-4

9 788568 075784

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