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Introdução
Contrariamente aos outros mamíferos, o homem é um ser prematuro, eternamente
inacabado, e esta prematuridade remete-nos para a neotenia, ou seja, o nome dado à
propriedade, em animais, da retenção na idade adulta de características típicas de sua forma
jovem. Os bebés humanos desenvolvem-se muito lentamente e, por essa razão a interação
com os outros é determinante para a sua sobrevivência, sendo assim, as relações precoces
que ocorrem nos primeiros anos de vida da criança, têm um papel fundamental neste
processo de construção do eu.
Durante todo o século XX, foram diversos os investigadores que contribuíram para a
compreensão da natureza e da importância do processo de vinculação precoce. Sendo assim,
com a realização deste trabalho vamos ficar a conhecer e dar a conhecer alguns destes
investigadores como John Bowlby, que desenvolveu a primeira teoria consistente sobre
vinculação precoce, Harry Harlow, que demonstrou a necessidade inata de conforto de
contacto e Mary Ainsworth, que caracterizou três padrões distintos de vinculação precoce.
Para além destes investigadores vamos ficar a conhecer os estudos sobre o papel das
relações precoces no tornar-se humano de René spitz, que identificou enfermidades que
resultaram da privação afetiva precoce, e de Emmy Werner, que coordenou um estudo que
revelou a capacidade de resiliência.
Posto isto, afinal o que se pode intender por relações precoces? E qual o papel destas?
É o que vamos tentar explicar ao longo do trabalho, bem como, de que forma a vinculação
tem um papel importante no desenvolvimento humano.
Relações precoces
As relações precoces que ocorrem nos primeiros anos de vida da criança, consistem
na presença e na influência dos familiares cuidadores ou terceiros. Estas relações são
responsáveis pela construção do nosso eu, que é formado pelo que pensamos, sentimos e
aprendemos. Como somos biologicamente sociais, desde o nascer até ao morrer, estamos
pré-dispostos para interagir socialmente e criar laços com os outros. Trata-se de uma
necessidade adaptativa que nos acompanha ao longo de toda a vida e se inicia com os
cuidadores sobre a forma de vinculação.
Vinculação
Assim sendo, na perspetiva das relações precoces, a vinculação é um laço afetivo
recíproco que se estabelece entre a criança e uma pessoa especifica (figura de vinculação),
em direção à qual a criança se dirige em busca de sustento, apoio e proteção. Deste modo, a
vinculação é um processo aprendido e não instintivo que une a criança e o cuidador num
determinado espaço e perdura no tempo, expressando-se através de reações que procuram
manter a proximidade entre ambos (comportamentos de vinculação). Posto isto, é a
vinculação que torna possível a exploração do mundo por parte da criança e a construção de
um ambiente de segurança, sendo, portanto, essencial ao desenvolvimento pessoal e social
do individuo.
Contudo existem quatro características que distinguem as relações precoces de
vinculação de outras interações sociais, são elas a procura de proximidade, a noção de
base de segurança, o comportamento de refúgio e a angústia e o protesto face à
separação involuntária.
Posso ainda referir que a vinculação, apesar de precoce, não é inata, é antes aprendida
e consolidada ao longo do tempo. Para isso a criança comunica desde cedo com os seus
cuidadores.
Atualmente sabe-se que o bebé humano tem muito mais competências do que durante
muito tempo se supôs, pois comunicam, veem, ouvem e reagem de forma muito mais
complexa do que imaginamos. De facto, os bebés humanos são capazes desde muito cedo de
discriminar e reconhecer os rostos, as vozes e o odor dos que dele cuidam e de responder aos
estímulos com emoção.
Características precoces
A nível sensorial, ao contrário do que se acreditava, os recém-nascidos apresentam um
conjunto de características que facilitam a sua relação com o mundo e o estabelecimento de
vínculos. Apesar de relativamente míope a visão exerce um papel importante, pois aos três
meses o bebé já distingue o rosto do seu cuidador. Relativamente à audição, a partir das
vinte semanas o bebé consegue reagir a sons, conseguindo reconhecer a voz das suas mães à
nascença. Agora de acordo com o olfato, os recém-nascidos têm este sentido fortemente
apurado conseguindo aos três dias de vida diferenciar o cheiro da sua mãe e distinguir odores
agradáveis de desagradáveis. Em relação ao paladar os recém-nascidos conseguem
distinguir diferenças subtis de paladar. Por fim o tato é o primeiro e o mais importante meio
de comunicação entre os adultos e o bebé.
Mas mais do que um mero recetor, o bebé é um comunicador que exerce um papel
ativo sobre os seus cuidadores. As suas reações cativam os adultos e desencadeiam
comportamentos de vinculação. Nas primeiras semanas de vida o bebé já sorri, chora e
imite vocalizações.
Posto isto, estes comportamentos favorecem a proximidade com a figura de vinculação
e predispõem os adultos a prestar cuidados à criança.
Sendo assim, podemos concluir que esta experiência demonstrou que a vinculação é
determinante na infância e fundamental para a qualidade das relações futuras.
Posto isto, estas patologias demostram que as relações precoces são fundamentais para
desencadear um sentimento de segurança e autonomia e que este é promotor de
representações positivas de si mesmo e dos outros. As relações precoces afetam, pois, a
autoestima e o desenvolvimento de relações duradouras e gratificantes ao longo da vida.
Sendo assim, investigações recentes confirmam que o desenvolvimento do córtex pré-frontal
é diferente em crianças negligenciadas pelos cuidadores.
Conclusão:
Com a realização deste trabalho podemos concluir que as relações precoces são
fundamentais para o ser humano, permitindo-lhe a formação da sua entidade e personalidade,
sendo organizadoras da saúde mental e elementares para o bem-estar psicossocial e também
que o caráter inacabado do Homem não é, portanto, a sua fragilidade, mas a razão da sua
força.
Webgrafa e bibliografia
https://issuu.com/marinasantos/docs/3_1_rela__es_precoces
http://www.resumos.net/psicologia.html
Manual- Psicologia B “Nós” 12º ano