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PARTE 1

O que veremos neste curso:

Manhã Tarde
➔ Introdução à Teoria do Apego; ➔ Teoria do Apego como ferramenta para
➔ Teoria do Apego como base para a entender e lidar com demandas de
Teoria Cognitiva da personalidade; relacionamentos;
➔ Sistema de apego; ➔ A clínica do apego: o terapeuta e os
➔ Estilos de apego (infância); processos de vinculação.
➔ Para além da infância: estilos de apego
na vida adulta.
Teoria do Apego:
Aspectos introdutórios
Com o desenvolvimento das pesquisas em
Esses estudos estão apenas
neurociências, cada vez mais vem se
discutindo a importância das relações. confirmando aquilo que já vem
Somos seres sociais, dependentes desde sendo discutido:
o nascimento de outro indivíduo para
a necessidade não só de olharmos
nossa sobrevivência. Nosso cérebro é
as relações, mas também como
moldado a partir das interações com outro,
em que fazemos conexões e redes para elas são construídas desde a
podermos processar informações. infância.
Teoria do Apego

➔ Teoria do Apego foi formulada por Jonh Bowlby, psiquiatra e psicanalista britânico;

➔ Primeira teoria consistente sobre vinculação precoce e como o ser humano reage às
experiências de perda e separação;
➔ Afirma que a estrutura da personalidade do adulto é construída a partir das ligações
precoces e socioafetivas da criança e que estes vínculos repousam sobre necessidades
fundamentais biológicas. A base do desenvolvimento humano saudável, estaria na
sensação de confiança.
➔ Altamente corroborada por diferentes estudos neurocientíficos atuais.

Novas perspectivas sobre a psicopatologia e o desenvolvimento humano.

Mendes, 2021.
Influências
➔ Psicanálise: aproximações e críticas
Aproximações - Relações infantis como fundamentais para se compreender o desenvolvimento e os
sintomas na vida adulta; Freud: ansiedade de separação (observação de sofrimento em bebês quando estes
se afastavam de suas mães).
Críticas - “Como explicar a natureza dos fortes vínculos afetivos entre as crianças e suas mães sem perder a
objetividade científica, sem recorrer a modelos baseados em conceitos excessivamente obscuros e ao
mesmo tempo aproveitando o aprofundamento proporcionado pela escuta psicanalítica?” - Pouca ênfase
na observação do real

➔ Teorias da Aprendizagem: aproximações e críticas


Aproximações - Compromisso com: Rigor e controle; Testes empíricos; Princípios da Aprendizagem
Críticas - Watson considerava que a associação entre o prazer e a satisfação da criança poderia torná-la
mimada e dependente, alertando para as consequências que o “excesso” de afeto e carinho poderiam gerar.

➔ Estudos observacionais com bebês

➔ Etologia

➔ Psicologia Cognitiva - Seres humanos organizam suas crenças sobre si e sobre o mundo nas suas relações
com os outros em modelos mentais ou esquemas. Modelos internos de funcionamento.
Mendes, 2021.
Estudos observacionais com bebês - Fases da separação

➔ Protesto: Choro estridente e comportamento agitado e incessante para


reencontrar a mãe. Expectativa de que ela irá retornar a qualquer
momento. Rejeição de figuras alternativas à mãe. Ansiedade
➔ Desespero: Menor agitação psicomotora. Lamentos e choros intermitentes.
Apesar da menor agitação sugerir melhora, a preocupação com a ausência
da mãe ainda está presente. O que ocorre, na verdade, é que a criança passa
a revelar alguma desesperança pelo retorno da mãe.
➔ Desapego: Aparente recuperação aceitando cuidados de terceiros e maior
socialização. Quando a mãe retorna, porém, passa a tratá-la de maneira
indiferente, perdendo o interesse nela.
Quando a permanência da criança no hospital ou instituição residencial for prolongada e ela tiver, como é usual a experiência de
apegar-se transitoriamente a uma série de enfermeiras, cada uma das quais a deixa, repetindo-se, desse modo, a experiência da
perda original da mãe, ela, com o tempo, agirá como se nem os cuidados maternos nem o contato com outros seres humanos tiesse
muito significado… Tornar-se-á cada vez mais egocêntrica e, em vez de dirigir seus desejos e sentimentos para as pessoas, passa a
preocupar-se apenas por coisas materiais como doces, brinquedos e alimentação… Ela permanecerá alegre e adaptada à sua
situação incomum e aparentemente dócil sem temor de qualquer estranho que se acerque. Mas essa sociabilidade é superficial; ela
simplesmente deixou de importar-se com toda e qualquer pessoa. (Bowlby, 1990, p.31)

Mendes, 2021.
Evolucionismo e Etologia: conceitos centrais

“Nada na biologia faz sentido, a não ser se olharmos pelas lentes da


evolução.” Dobzhansky

➔ A observação detalhada da complexidade do comportamento animal fez com


que Bowlby se sentisse extremamente confortável e à vontade para realizar
analogias com o comportamento humano, sem a necessidade de recorrer aos
sofisticados modelos psicanalíticos.
➔ O caráter original de Bowlby foi observar que, não apenas filhotes humanos,
mas em várias outras espécies apresentavam sequências específicas de
reação à separação/ausência dos seus cuidadores. Estes protestos devem-se
à vulnerabilidade que o filhote apresentaria caso ficasse sozinho, em meio a
predadores e outras ameaças. A proximidade e a proteção, consequentemente,
seriam então características selecionadas pela evolução e uma explicação
mais lógica e coerente para elucidar a motivação pelo contato entre os bebês e
suas mães ou figuras cuidadoras.
Evolucionismo e Etologia: conceitos centrais

➔ A Teoria do Apego é essencialmente evolucionista, pois o


comportamento da criança de ficar próximo de sua figura
cuidadora principal seria derivado de sistemas comportamentais
inatos que foram adaptativos durante a evolução da nossa
espécie, permanecendo presentes até hoje por meio dos
mecanismos de seleção natural. Assim como outros mamíferos, o
filhote humano busca contato e proximidade com uma figura
cuidadora principal e mais presente em sua vida, bem como de
outras figuras preparadas para lidar com as adversidades do
ambiente, especialmente quando a primeira está ausente.
➔ Apesar de observarmos o comportamento de apego em outros
mamíferos, podemos notar que o ser humano é o animal com a
infância mais longa entre todas as espécies e, também, uma das
que mais precisa de cuidados e proteção nos primeiros anos de
vida. Somos emocionalmente vulneráveis.
Konrad Lorenz

➔ Estampagem ou Imprinting: algo que fica marcado no repertório comportamental e que é


de difícil modificação. Descreve o comportamento exibido por filhotes de se fixarem à
primeira figura disponível de contato, mesmo se receber qualquer tipo de alimento,
mantendo a proximidade com ela durante seu desenvolvimento inicial.
Harlow

➔ Harlow, psicólogo norte americano, através das suas


experiências com macacos Rhesus, vem provar que
a necessidade de conforto e afeto cria um vínculo
mais forte com a figura materna do que a satisfação
das necessidades básicas de nutrição.
Sistema de Apego

➔ Mecanismo biológico responsável pela regulação da nossa conexão com


figura de apego
➔ Conjunto de comportamentos inatos que contribuíram para a sobrevivência
da espécie durante a evolução, sendo pré-programado, e que permanece
presente ao longo de toda a nossa existência, regulando as relações não
apenas dos bebês com seus cuidadores, mas também as relações
interpessoais e intrapessoais.
➔ Em termos filogenéticos, os bebês humanos não são passivos, sendo
altamente preparados para buscar a aproximação e proteção daqueles que
cuidam dele (figuras de apego). Assim, as duplas (figura de apego-criança)
que permaneciam mais próximas e conectadas no ambiente de adaptação
evolutiva da nossa espécie tiram maior possibilidade de sobrevivência.
Sistema de Apego

➔ O sistema de apego é ativado quando ocorre uma quebra na


homeostase ambiental e interna, por meio de indicativos de
perigo potenciais (barulhos altos, escuro), estresse (fome,
dor, frio) e a ausência/localização da figura de apego.
➔ O repertório comportamental do comportamento de apego
inclui chorar, sugar, estabelecer contato visual, agarrar-se,
aconchegar-se e sorrir. Qualquer forma de comportamento
que resulta em uma pessoa alcançar e manter proximidade
com algum outro indivíduo considerado mais apto para lidar
com o mundo retornando ao estado fisiológico de equilíbrio e
sensação de proteção e segurança.
➔ Estas respostas são fortalecidas ou enfraquecidas de acordo
com a interação com o ambiente.
Base segura do comportamento de apego

➔ O termo base segura no contexto da Teoria do Apego refere-se à confiança que o

indivíduo tem em uma figura particular, protetora e de apoio, que está disponível e

é acessível, e a partir da qual se pode fazer uma exploração co participada.

➔ O comportamento de apego traz segurança e conforto e possibilita o

desenvolvimento a partir da principal figura de apego – do comportamento de

exploração. Quando uma pessoa está apegada ela tem um sentimento especial de

segurança e conforto na presença do outro e pode usar o outro como uma “base

segura” a partir da qual explora o resto do mundo.

➔ Figuras de apego: possíveis cuidadores (pais, avôs, tios, educadores, etc.)

➔ A estratégia comportamental primária do sistema de cuidados inclui aproximação

e sensibilidade adequada, auxílio, validação


Principais características do
comportamento de apego:
•Especificidade (Monotropia): o
comportamento de apego é
dirigido para um ou alguns
indivíduos específicos,
geralmente em ordem clara de
preferência;

•Duração: ligação persiste por


grande parte do ciclo vital;

•Envolvimento emocional e
afetivo: muitas das emoções mais
intensas surgem durante a
formação, manutenção,
rompimento e renovação de
relações de apego.
Principais características do
comportamento de apego:
•Ontogenia: o comportamento de
apego desenvolve-se durante os
primeiros nove meses de idade de
vida dos bebês humanos. Quanto mais
experiências de interação social um
bebê tiver com uma pessoa, maior são
as probabilidades de que ele se
apegue a essa pessoa. Por essa razão
torna-se a principal figura de apego
bebê aquela pessoa que lhe dispensar
a maior parte dos cuidados maternos.
O comportamento de apego
mantém-se ativado até o final do
terceiro ano de vida; no
desenvolvimento saudável, torna-se
daí por diante, cada vez menos
ativado.
Principais características do
comportamento de apego:
•Aprendizagem: recompensas e
punições têm um papel limitado na
formação do vínculo de apego. Mesmo
sofrendo punições e tendo uma relação
que não seja muito saudável, uma
criança pode desenvolver uma relação
de apego com a figura cuidadora.
•Organização: no início da vida, o
sistema de apego é mediado por
respostas simples (ex. chorar).
Gradativamente, a diminuição do
funcionamento do sistema envolve
modificações que estão relacionadas
ao aumento do desenvolvimento
cognitivo e da capacidade reflexiva.
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE APEGO

FASE 1: Pré-apego 6-8 sem O bebê ainda não reconhece a figura do cuidador.
Prefere estímulos humanos (rosto). Reconhece a voz
e o cheiro da mãe, mas geralmente não apresentam
reações intensas ao serem deixados com outros
adultos.

FASE 2: Formação do Apego 6/8 sem - 6/8m Geralmente recusa estranhos e prefere pessoas que
está familiarizado. Possui privilegiada interação com a
figura de apego, sorrindo e chorando e produzindo
vocalizações especiais para esta.

FASE 3: Apego bem definido 6/8m - 18m - 24m O sistema de apego já esta bem desenvolvido e o
bebê passa a apresentar ansiedade de separação
quando a figura de apego se afasta. Comportamentos
para manter a proximidade. Medo do desconhecido.

FASE 4: Formação de relação recíproca 18m - 24m Interação com a figura de apego evolui graças às
em diante novas capacidades mentais e linguísticas adquiridas
pela criança. Há uma diminuição dos protestos na
separação. Determinada previsibilidade no tempo e
espaço
Modelos internos de
funcionamento
“As relações de vinculação preconizam efeitos
futuros negativos. É evidente que um
determinado estilo não é em si mesmo uma
condenação definitiva, mas podemos afirmar
que é por meio dessas relações que a pedra
fundamental é posicionada, dispondo assim os
elementos necessários para a edificação de uma
construção futura.” (Abreu, 2019)

“As relações primárias nos dão modelos de como


amar e sermos amados.” (Stevens 2016)

“Uma das necessidades humanas básicas é ter


uma conexão emocional segura – um apego –
com aqueles que estão próximos a nós. Esta
necessidade, e o medo da perda que a
acompanha, conduzem o roteiro dos dramas
humanos...” ( John Bolwby)
Modelos internos de funcionamento

➔ Estruturas afetivo-cognitivas de significado. São


como mapas sofisticados para a compreensão do
ambiente.
➔ São formados a partir das experiências de apego e,
uma vez estabelecidos, são uma tendência para a
vida futura, guiando a forma como nos sentimos,
TCC = ESQUEMAS MENTAIS
nos relacionamos e também a interpretação que
fazemos de nós mesmos e do mundo à nossa volta.
Influência importante em abordagens clínicas contemporâneas como a

TERAPIA FOCADA NA EMOÇÃO E A TERAPIA DO ESQUEMA.


CONDUTA DE AFETO

ESQUEMAS INICIAIS TEMPERAMENTO


DISFUNCIONAIS

NECESSIDADES
EMOCIONAIS
BÁSICAS
➔ Bowlby contou com a importante contribuição de
Mary Ainsworth, considerada por muitos, coautora da
Teoria do Apego. Por meio de experimentos simples e
impactantes, as pesquisas de Ainsworth permitiram a
observação e a classificação da qualidade da relação
entre as mães e seus filhos.
Apego Seguro

● Dado pela segurança com que a criança pode recorrer aos seus pais em busca de apoio e cuidado, de modo
acessível, frente a circunstâncias diversas.
● Favorece a exploração do entorno, o contato com os pares e as atividades sociais, sem apresentar a
necessidade de proximidade contínua.

Tipo de cuidado:

➔ Mãe com capacidade de captar as necessidades da criança,garantindo a segurança do cuidado que


necessita.
➔ Promove experiências coordenadas, sensíveis, raramente super estimulantes e a capacidade de
restabelecer a tranquilidade.
Comportamento da criança

● Se angustiam quando o cuidador se afasta;


● Exploram o ambiente rapidamente na presença do cuidador;
● Buscam contato quando esse volta, acalmando-se e voltando à
exploração;
● Mostram ansiedade diante de um estranho e o evitam;
● A criança percebe que a mãe corresponde a suas demandas emocionais,
contando com ela em situações estressantes.

Esses comportamentos estão vinculados com


mães que conseguem entender, identificar e
validar as necessidades emocionais de seus
filhos.
Apego Ansioso/Ambivalente

● Criança insegura frente à ambiguidade do vínculo do progenitor que, em


certas ocasiões se encontra disponível e colaborador e em outras, distante
e rejeitador.
● Os sentimentos de ameaça e abandono favorecem esse tipo de relação,
gerando ansiedade e irritação, impedindo a exploração do entorno.

Tipo de cuidado:

➔ Padrão de cuidado insensível e inconsistente ainda que, às vezes, possa


haver amostras de sensibilidade em função do estado de ânimo da mãe.
➔ Ao contrário de atender seus sinais, querem interagir justo quando a
criança está implicada em outras atividades.
Comportamento da Criança

● Limitam sua exploração do ambiente.


● Ficam altamente perturbados pela separação; mostrando grande
dificuldade para se recompor (choram ou ficam irritados), não bastando a
presença do cuidador para acalmá-los.
● A ansiedade persiste por bastante tempo, assim como a raiva.
● A criança reprime o afeto e incrementa a expressão de mal-estar com o
objetivo de aumentar a resposta do cuidador.
● Há um baixo limiar para a ameaça e a criança está preocupada em estar em
contato com o cuidador mas, simultaneamente, está frustrada, mesmo
quando esse contato está disponível.
Apego Evitativo
● Tem experiências em que não foi acalmado e outras em que foram
super-estimulados por condutas parentais intrusivas e intensas,
mantendo pouco contato físico com o filho.
● Esse padrão mostra uma adaptação da criança para manter uma
organização de conduta e, ao mesmo tempo, manter-se próximo a uma
figura rejeitadora e avassaladora. Sua expectativa é que a interação
com a mãe resultará aversiva e/ou decepcionante.

Tipo de cuidado:

➔ A característica dessas mães é que elas eram mais rígidas e não


disponíveis à procura da criança.
Comportamento da Criança

● Não interagem muito com o ambiente.


● Respondem com menos ansiedade frente à separação, podem não buscar o
cuidador quando esse volta e não preferir o cuidador mais que ao estranho.
● Ignoram a presença da mãe quando essa volta ficar disponível agindo com
indiferença.

Mas esse comportamento não conta a história


toda. De fato a criança não está nem calma
nem contida. Os pesquisadores descobriram
que o pulso desses bebês fica tão elevado
quanto o dos bebês que expressam a aflição e o
seu nível de cortisol fica mais alto.
Apego Desorganizado

● Proposto por Mary Main, mostra-se uma reação com contradições no


comportamento da criança.
● Acontece quando a criança tem um cuidador a quem teme e que , ao
mesmo tempo, o reassegura (conflito entre temor e apego). Parece ter
relação com alguma experiência traumática de apego da mãe durante
sua infância ou etapa adulta que ainda não está resolvido.

Tipo de cuidado:

➔ Essas reações geralmente estão associadas a algum trauma ou


abuso dos pais.
➔ Experiência de severa desatenção e/ou abuso sexual, físico e/ou
emocional.
Comportamento da Criança

● A criança demonstra apego, mas ao mesmo tempo apresenta raiva,.


● Movimentos sem sentido e incompletos, expressão de apreensão e
ansiedade diante da mãe, paralização ou desorientação.
Para além da
infância
Apego na vida adulta
➔ Pessoas que possuem opiniões positivas sobre si mesmas e o parceiro.
➔ Esta dinâmica resulta em um relacionamento harmonioso, pois a pessoa
sente-se confortável com a intimidade e com a independência.
➔ A separação não é encarada como negativa, mas como natural.
➔ Pessoas seguras estão bem consigo mesmas e com a outra pessoa do
relacionamento (geralmente amoroso).
Apego
➔ O relacionamento se torna harmonioso devido ao conforto da companhia
Seguro segura. Surge intimidade e um passa a ser conforto para o outro, combustível
para encarar a vida.
➔ Esse padrão corresponde ao desejo de altos níveis de intimidade, o que
resulta na dependência extrema do parceiro.
➔ Elas desejam ter relacionamentos íntimos, mas são inseguros com relação
a si mesmas, acham que seu valor é muito baixo para que a pessoa que elas
gostem tenha uma vontade recíproca de se relacionar.
Apego ➔ O sistema de apego é altamente sensível, levando a tirar conclusões
Ansioso precipitadas. Vivem uma montanha-russa emocional.
➔ Pessoas com este estilo de apego sentem que não necessitam de relações
sociais mais íntimas.
➔ Elas se veem como altamente independentes e recusam qualquer indício de
aprofundamento de vínculos.
➔ Quando se relaciona, busca não se entregar completamente, não aprofundar a
Apego relação.
Evitativo ➔ Esse tipo de apego pode ser perigoso, uma vez que o ser humano é
intrinsecamente um ser social.
➔ Dificuldade de estabelecer laços profundos, embora exista o desejo de

fazê-lo.

➔ A intimidade emocional é simultaneamente intimidadora e almejada.

➔ Pessoas deste padrão não acreditam nas intenções do parceiro, mesmo

quando são boas.


Apego
Desorganizado
Teoria do Apego como ferramenta para
entender e lidar com demandas de
relacionamentos
Qual seu estilo de apego?
Exercício com questionário ERI-R 1998
Decifrando o estilo de apego de outras pessoas
● Quer muita intimidade no relacionamento.
● Expressa inseguranças - preocupa-se com a rejeição.
● Infeliz quando não está em um relacionamento.
● Faz joguinhos para manter sua atenção/interesse.
● Tem dificuldade de explicar o que o está incomodando. Espera
que você adivinhe.
● Faz drama. Apego
● Esforça-se por negar a si mesmo no relacionamento.
● Deixa você dar o tom do relacionamento.
Ansioso
● Preocupa-se com o relacionamento.
● Tem medo de que pequenos atos arruinarão o relacionamento;
acredita que precisa se esforçar para manter o seu interesse.
● Suspeita que você possa ser infiel.
Decifrando o estilo de apego de outras pessoas
● Envia várias mensagens contraditórias.
● Valoriza bastante sua independência.
● Desvaloriza você (ou parceiros anteriores).
● Usa estratégias de distanciamento emocionais ou físicas.
● Enfatiza Fronteiras no relacionamento.
● Tem uma visão romântica irrealista do que um
relacionamento deveria ser.
● Desconfiado - receia que o parceiro esteja se
Apego
aproveitando dele. Evitativo
● Tem uma visão rígida do relacionamento e regras
inflexíveis.
● Durante uma discussão, precisa ir embora ou "explode".
● Não deixa suas intenções claras.
● Tem dificuldade em falar sobre o que está acontecendo
entre vocês.
Decifrando o estilo de apego de outras pessoas
● Confiável e consistente.
● Toma decisões junto com você.
● Opiniões flexíveis quanto a relacionamentos.
● Comunica bem as questões do relacionamento.
● Consegue chegar a um acordo durante uma discussão.
● Não tem medo do compromisso ou dependência.
● Não considera o relacionamento como algo que requeira
Apego
esforço. Seguro
● A proximidade cria mais profundidade.
● Apresenta amigos e família logo no começo.
● Expressa sentimentos por você naturalmente.
● Não faz joguinhos.
Rastreando os
estilos de apego
através de músicas
Como fazemos nossas escolhas amorosas

Nós não somos livres para escolher qualquer


pessoa para nos relacionarmos ou construirmos “O relacionamento amoroso
uma família. Nós temos essa bagagem da
é nossa segunda chance.”
construção do nosso mundo interno.” Kelly Paim
Renata Moreira

Todos nós temos listas bem


específicas,
definindo o que as pessoas que
podemos
amar, devem ter como característica.
( Steven & Roediger, 2017)
O apego seguro
também vacila
@marianabalardin
Ele é conexão entre humanidades.
Ele também está sujeito a desconexões
Ele também sofre com as ações do contexto.
Estar para o outro não significa onipresença.
Nem onipotência.
Muito menos perfeição.
O apego seguro é disponível.
Mas possui limitações.
Apego seguro gera segurança, mas não é controle.
Pode parecer fortaleza, mas vem da vulnerabilidade.
Pode parecer fusão, mas é conexão que vem da diferenciação.
E o apego seguro pode se mostrar distante quando acolhe algumas
necessidades do outro ou das próprias.

Porque ele sabe que voos solo também são importantes.

O apego seguro também precisa de apego seguro para se abastecer

Apego seguro é encontro e reparação.

Porque ele vive em seres humanos.

E pessoas são passíveis de falhas

Pessoas têm necessidades e faltas.

E o que mostra a sua segurança é justamente a conexão entre as


humanidades.

Com dores que se cruzam. Que se acolhem.

E se validam em dores e necessidades abraçadas pela compaixão e pelo amor.


A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

As características das relações de apego estão


presentes a todo momento na psicoterapia.
Se quisermos ajudar terapeuticamente os pacientes, é
necessário que os habilitemos a considerar minuciosamente
como os seus modos atuais de perceber e lidar com pessoas
emocionalmente significativas, incluindo o terapeuta, podem
ser influenciados e, talvez, seriamente distorcidos pelas
experiências que eles tiveram com seus pais durante os
anos da infância e adolescência, e que possivelmente - pelo
menos algumas delas - ainda persistem ou repercutem no
presente. (Bowlby, 1997, p. 169)

Precisamos estar conscientes desta dinâmica e utilizar este conhecimento em prol


dos processos de mudança dentro dos limites adequados que a relação
terapeuta-cliente impõe.
Experiências na infância marcadas por:

Responsividade Modelos de self valorizado e merecedor de afetos e cuidados


Acessibilidade Probabilidade
Sensibilidade

Rejeição Figura de vinculação e self com imagens negativas


Insensibilidade Probabilidade

Os indivíduos são propensos a se colocarem em situações que reforçam os seus


modelos de funcionamento
IMPORTÂNCIA DA ANAMNESE

1. Procure me dar uma ideia de como era o ambiente na sua casa. Era uma casa feliz, alegre? Fria e triste? Seus
amigos frequentavam sua casa? Você ia brincar na casa de outras crianças?

2. Feche seus olhos por um instante. Imagine-se de volta à sua casa da infância, mais especificamente em seu quarto.
Se você tiver morado em mais de um lugar, procure escolher um com o qual quer seguir. O que acontece com você
quando você está aí? Procure observar o seu corpo e deixe palavras descreverem o que você sente neste momento.

3. Se você pudesse definir a sua infância em poucas palavras, quais seriam elas?

4. Coloque agora a imagem da pessoa que mais estava presente com você e que deveria cuidar de você na sua
infância. Deixe aparecer esta imagem. O que acontece com você quando olha para esta pessoa?

5. Fale sobre situações marcantes da sua infância.. Podem ser boas ou ruins.

6. Como é paa você, hoje, ficar sozinho? Você precisa sempre de companhia? Sente-se inseguro quando está só? Ou
sente como se não precisasse de ninguem? Procura ajuda quando necessita? Quem você procura?
IDENTIFICANDO OS ESTILOS DE APEGO

APEGO SEGURO:

Relatos espontâneos e vividos das experiências


da infância, com lembranças positivas e uma
descrição equilibrada de ocorrências infantis
difíceis. Narrativa coerente, clara, organizada e
suficientemente aberta emocionalmente.

Siegel, 1999
APEGO EVITATIVO:

Apresenta um relato idealizado da infância, ou


diminuição da imagem dos pais. Falha na
reconstrução das memórias infantis. Falta de
consistência e espontaneidade no discurso.
Econômicos nas palavras.

Siegel, 1999
APEGO ANSIOSO:

Caracteriza-se por um relato que envolve


experiências que podem ter sido confusas,
vagas, tempestuosas e conflitantes,
apresentando inabilidade para se colocar nas
situações infantis e apresentar um roteiro
coerente dessas experiências. Costuam ser
discursos longos. Serei abandonado? Serei
suficientemente amado?

Siegel, 1999
Pacientes com diferentes tipos de apego diferem na visão do que é:
● Intimidade e união;
● Em como lidar com conflitos;
● Na capacidade de comunicar desejos e necessidades;
● Nas expectativas que nutrem a respeito do outro.

SEGURO ANSIOSO EVITATIVO

Sentem-se à vontade com Desejam intimidade, mas Evitam intimidade e


intimidade; tem dúvidas quanto a conexão emocional
Amorosos capacidade dos outros em
corresponderem
A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

MEMÓRIA AFETIVA - permanente

Podemos analisar e rever os modelos cognitivamente, mas


muitas vezes o conteúdo afetivo sequestra e inviabiliza esta
capacidade.

A relação terapêutica tem o potencial de desconstrução


deste modelo - EXPERIÊNCIA EMOCIONAL
CORRETIVA resulta na construção gradual de um senso
de segurança interno e da capacidade de autorregulação
A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

TERAPEUTA COMO FIGURA DE APEGO


A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

INÍCIO DA VIDA X PSICOTERAPIA

● Dependência Autonomia Conotação negativa??

Comum no início do processo terapêutico. E quanto maior a fragilidade nos vínculos iniciais a dependência pode estar
presente por mais tempo.
Como o terapeuta deve agir?
➔ Forma mais ativa Flexibilidade
➔ Aos poucos vai incentivando a autonomia uma vez que tem o papel de base segura

Sistema de Exploração Sistema de Apego


regulação

FALAMOS EM NEUTRALIDADE AFETIVA EM TERAPIA?


A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

Características centrais para que alguém se torna uma figura de apego seguro:
● manutenção da proximidade;
● distresse na separação;
● base segura;
● porto seguro.

Dentro desta perspectiva, a relação terapêutica pode


ser conduzida de maneira que o terapeuta procure
preencher estas características, ocupando o papel
de figura de apego. O terapeuta auxilia não apenas
na reconstrução do sistema de apego, mas nos
demais sistemas que estão interligados.
A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

★ Manutenção de proximidade - queremos estar perto do nosso


terapeuta, nos sentimos seguros. Não se trata de proximidade física
de ter o outro conosco, de algo que eu sinto quando imagino o outro
comigo.
★ Distresse na separação - é apresentada quando estamos distantes
da figura de apego e sentimos sua falta. A mesma reação pode
ocorrer na RT quando, por qualquer motivo, ela é significada pelo
cliente como estando ameaçada ou de que ele não é prioridade para o
terapeuta. Trocas de horários, ausência do terapeuta - doença, férias,
★ Base segura - engloba a noção de que o cliente se sinta seguro para
explorar o ambiente, novas situações, novas formas de
comportamento, de relacionamentos, bem como explorar emoções
difíceis que muitas vezes procura esconder de si mesmo.
★ Porto seguro - terapeuta como alguém que é possível recorrer em
busca de suporte. Local de recarregamento da energia, como se fosse
um contato que nos motiva e revitaliza.
A clínica do apego: o terapeuta e os processos de vinculação

“As condições sob as quais o bebê desenvolve um apego seguro são extremamente
semelhantes às condições para uma terapia eficaz. Podemos, então, interpretar o terapeuta
como aquele que satisfaz as funções de sensibilidade e segurança que foram originalmente
buscadas na mãe.”

Pistole, 1989.
Diz-se que em uma região do sul da África, as
pessoas se cumprimentam com sawabona, que
significa “eu te vejo, eu valorizo”. Em resposta,
tem-se shikoba: “então, eu existo para você”.

Quando falamos na construção da subjetividade e


das relações interpessoais, temos justamente a
construção de uma relação de valorização e
construção, de modulação, regulação.
Referências Bibliográficas
Muito Obrigada!

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