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Avaliação Cognitivo

Comportamental

Teresa Carvalho
Alexandra Albuquerque
Objectivos da Terapia Cognitivo
Comportamental
 Objectivo Geral/Comum:
 Remover, Modificar ou Retardar sintomas
existentes de padrões de comportamento
perturbado e Promover crescimento e
desenvolvimento positivo da personalidade pela
minimização ou eliminação da patologia
(Wolberg, 1961)
 Baseada na teoria de distúrbios mentais
(psicopatologia)
 É remediativa e reconstrutiva
Objectivos da Avaliação
 Avaliar para intervir ao nível dos aspectos cognitivos, comportamentais,
emocionais e sociais associados às situações problemáticas.

 Lida com materiais consciente e tácito



MUDANÇAS FUNCIONAIS (de acordo com os
objectivos/necessidades do cliente), OPERADAS ATRAVÈS
PROCESSO GERAL DE TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL

 Avaliações da(s) Mudança(s) a efectuar devem ser claramente


operacionalizadas e medidas objectiva e/ou subjectivamente.
Fases do Processo de Terapia Cognitiva e
Comportamental
 Fase Inicial – Avaliação
 Exploração em Profundidade – Avaliação
propriamente dita
 Plano de Intervenção
 Reavaliação
Fase Inicial – Descoberta
1.1 Estabelecer uma relação empática, segura,

colaborativa
Diminui a resistência na revelação de comportamentos de
protecção/segurança e estratégias psicológicas usadas no
evitamento de verbalizações dolorosas indutoras de
hiperactivação

 TERAPEUTA DEVE:
 Desenvolver sentimentos de Aceitação, Suporte e Controlo

 Explicar a natureza do processo de avaliação

 Facilitar a comunicação (inicialmente, uso de questões


abertas, evitar interrogatórios e juízos de valor)
 Ser coerente na sua linguagem verbal e não-verbal

 Evitar expressões que possam ser interpretadas pelo cliente


como “fracassos pessoais”
 Monitorizar reacções do cliente e evitar “catarses
incontroladas”
Fase Inicial – Descoberta
1.2 Avaliação da Natureza das dificuldades/problemas
 OBJECTIVO GERAL:

 Avaliação da natureza dos problemas/dificuldades, abrangendo conteúdos,


sentimentos e contextos

 RECOLHA DE INFORMAÇÃO SOBRE:

 Dados biográficos

 Motivo do pedido de Consulta/terapia

 Quem enviou o cliente, avaliação de relatórios/documentos que o acompanham

 Principais áreas de dificuldades actuais e significados subjectivos atribuídas às


mesmas - recolha de informação geral, presente e/ou passada

 Tratamentos prévios e respectivos resultados

 Expectativas do cliente sobre a terapia e consequente adequação


Fase Inicial – Descoberta
1.2 Avaliação da Natureza das dificuldades/problemas
 TERAPEUTA DEVE USAR:

 Predominantemente, Questões abertas


 Pontualmente, Questões Socráticas  descoberta dos
significados pessoais associados às
dificuldade/preocupações
 Feedbak interpretativos (ex.: “O que me está a querer dizer é
que...”)

 ESTA FASE ENGLOBA AINDA:

 Estabilizar o cliente (quando necessário)


 Estabelecimento dos objectivos gerais da terapia
Exploração em Profundidade
2.1 Estabelecer uma relação empática avançada
 Um alto grau de empatia é condição indispensável para explorar
significados idiossincráticos, continuar a diminuir a
resistência/defesa dos clientes associada a vivências dolorosas e
explorar material novo.

 TERAPEUTA DEVE:

 Aumentar os sentimentos de Aceitação, Suporte e Controlo


 Uso de questões fechadas e socráticas para clarificar detalhes do
material avaliado e significados ideossincráticos
 Uso de questões abertas para avaliar material novo
 Monitorizar reacções do cliente e evitar “catarses incontroladas”
 Monitorizar sentimentos negativos que o cliente desperta no
terapeuta
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades/problemas
 OBJECTIVOS GERAIS:

 Avaliação detalhada e multidimensional da natureza das Áreas de


Dificuldades/problemáticas do cliente,
 Estabelecer um Diagnóstico e
 Delinear Estratégias Terapêuticas

 RECOLHA DE INFORMAÇÃO SOBRE:

 Amostragem dos comportamentos, cognições (nomeadamente,


pensamentos automáticos), emoções/sentimentos e activação vegetativa:
 Tipo, Frequência, Duração, Intensidade e grau de invalidação
 Quando Ocorrem, Onde e Com Quem
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 O que faz, sente, pensa → Avaliação das


respostas
 Quando, onde faz, sente, pensa → Avaliação
dos estímulos antecedentes
 Como, quanto, quanto tempo faz, sente,
pensa → Frequência, duração e intensidade
 O que aconteceu depois → Avaliação das
consequências
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 Recolha de Informação sobre:


 Relações contigenciais entre situações/meio,
comportamentos, emoções, cognições e
consequências
 Modelo E.R.O.C. de Godfried & Sprafkin, 1976
 E.
 Estímulos/situações discriminativas antecedentes dos
comportamentos – Mapa Ambiental
 Anunciam a probabilidade de ocorrência dos comportamentos
 Devem ser operacionalizados
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 O.
 Variáveis genéticas/ Variáveis fisiológicas → Importantes
no diagnóstico diferencial
 História das aprendizagens passadas → Identificação de
Factores predisponentes e precipitantes
 R.
 Motoras/Cognitivas/Emocionais/neurovegetativas
 C. (Factores de manutenção)
 Próprio/outros
 Na situação
 Auto-administrados
 Curto/Longo prazo
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 Modelo ABC – Ellis, 1985


 A. Acontecimentos/Situações/Contextos/
Estímulos activadores – devem ser
operacionalizados
 Presentes
 Memórias de experiências passadas
 B. Crenças/Cognições disfuncionais relativas a A
(Pensamento absoluto, erros lógicos)
 C. Efeitos emocionais, comportamentais e
cognitivos – resultam da interacção de A e B
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 Recolha de Informação sobre:


 Sintomas (tipo, frequência, Duração, Intensidade
e grau de invalidação)
 Comorbilidade
 Diagnóstico Diferencial
 História psiquiátrica e médica
 Pensamentos automáticos
 Inferências distorcidas da realidade (Erros
cognitivos)
 Crenças, regras, atitudes e valores sobre si, os
outros e as situações
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 Estruturas de personalidade (ex.: “O mundo é


um lugar perigoso”, “Eu não presto”, “os outros
são indignos da minha confiança”, etc)
 Ciclos cognitivos interpessoais (por ex.: na
relação cliente-terapeuta)
 Recursos disponíveis
 Áreas de bom funcionamento e gratificantes/de
motivação/interesse
 Expectativas de vida
 Definição e/ou hierarquização dos objectivos
específicos da terapia
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 TERAPEUTA DEVE USAR:

 Questões fechadas
 Questões Socráticas (método hipotético-
dedutivo)  descoberta dos significados
pessoais associados às dificuldade/problemas,
para melhor compreensão das cognições,
emoções e comportamentos
 Feedbak interpretativos (ex.: “O que me está a
querer dizer é que...”)
Exploração em Profundidade
2.2 Avaliação da Natureza das dificuldades actuais/problemas

 Entrevistas Estruturadas ou Semi-


estruturadas,
 Testes, Questionários deAuto-resposta
 Entrevista com outros significativos
 Registos de Auto-monitorizações (auto-
registos)
 Observação directa
 Testes de evitamento comportamental
Exploração em Profundidade
2.3 Avaliação do início e desenvolvimento das
dificuldades actuais/ problemas

 Recolha de informação sobre:


 Quando teve lugar a 1º ocorrência do(s) problema(s)
 Com foi e com quem
 Quais as relações contingenciais entre situação,
comportamentos, emoções, cognições (respostas) e
consequências (A-B-C)
 Acontecimentos do momento na vida do doente (ex:
económico, familiar, social, situações de stress, etc)
 Evolução do problema até à data (ex: agravamentos e
atenuações)
 O que fez para resolver o problema (ex: estratégeas de
coping utilizadas)
Exploração em Profundidade
2.3 Avaliação da história do desenvolvimento e aprendizagens
prévias
 Recolha de informação sobre:
 Gravidez e parto
 Diferentes aspectos do desenvolvimento:
psicomotor, linguagem, controlo dos esficteres,
social;
 Experiências desenvolvimentais significativas
(experiências de vinculação): pessoas
significativas, história dos reforços, punições e
consequências
 Desenvolvimento da sexualidade
Exploração em Profundidade
2.3 Avaliação da história do desenvolvimento e aprendizagens
prévias
 Relações familiares
 Padrões de interacções sociais e afectivas
 História médica e psiquiátrica do doente e
familiares
 História académica e profissional
 Acontecimentos de vida significativos
(negativos e positivos)
 Estratégias de coping (aquisição e evolução)
 Valores, crenças e conceitos sobre si, os outros
e o mundo
Exploração em Profundidade
 Na avaliação do inicio e desenvolvimento das dificuldades e
na história de desenvolvimento e aprendizagens prévias:

 TERAPEUTA DEVE USAR:

 Questões abertas seguidas de questões fechadas


 Questões Socráticas (método hipotético-dedutivo)
 Feedback interpretativos (ex.: “O que me está a querer dizer
é que...”)
 Entrevistas Estruturadas ou Semi-estruturadas,
 Entrevista com outros significativos
 Diários
Exploração em Profundidade
 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO:
 Produtos Cognitivos
 (Auto) monitorização
 Comportamentos
 Pensamentos
 Emoções
 Método de Endosso: perante uma
lista/informação de produtos cognitivos é
assinalada a sua frequência de ocorrência e
intensidade
Exploração em Profundidade

 Método de Amostragem: delimitação de um


intervalo de tempo/situação para recolha dos
produtos cognitivos de forma livre ou através
de questionários
 Método de Produção: elaboraçãoção de
uma lista de produtos cognitivos num
intervalo de tempo, assinalando se são
agradáveis, desagradáveis ou neutros
Exploração em Profundidade
 B) ERROS COGNITIVOS: Identificar e registar
 Inferências arbitrárias — formular conclusões na ausência
de evidências
 Abstracção selectiva — abstrair um detalhe do seu
contexto, ignorando as suas características mais importantes
 Sobregeneralização — generalizar as conclusões a diversas
situações, com base num acontecimento isolado
 Magnificação/Minimização — distorção do grau de
importância de um acontecimento por sobrevalorização ou
subvalorização
 Personalização — atribuição pessoal inapropriada de
acontecimentos externos
 Pensamento dicotómico — avaliação dos dados da
experiência em termos de categorias mutuamente exclusivas
Exploração em Profundidade
2.4 Formulação
 Organização e sistematização da
informação recolhida de acordo com o
modelo teórico cognitivo-comportamental
 Elaboração de um “mapa” das diversas
áreas problemáticas, estabelecendo uma
relação funcional entre elas
 Factores predisponentes, precipitantes e
de manutenção
Exploração em Profundidade
2.5 Propostas Terapêuticas
 Elaboração de um plano interventivo (com
uma ou várias hipóteses) de acordo com a
sistematização da informação recolhida e
que vise concretizar os objectivos do
processo de terapia (previamente
definidos com o cliente)

 Serão escolhidas estratégias e técnicas
para cada área e/ou aspecto sujeito a uma
mudança construtiva
Plano de Intervenção
 OBJECTIVO GERAL:
 Implementação das estratégias e técnicas terapêuticas

 TERAPEUTA DEVE:

 Dar o racional sobre os factores predisponentes,


percipitantes e de manutenção
 Explicar o método de intervenção que irá ser usado
 Promover o desenvolvimento de sentimentos de segurança
e controlo
 Promover a aceitação e confronto com as próprias
dificuldades
Plano de Intervenção
 Apoiar a acção: maximização da
possibilidade de aquisição de resultados
positivos, desenvolvendo no cliente
competências necessárias à
implementação do plano de acção,
reforçando positivamente os resultados
conseguidos, etc.
 Monitorizar os efeitos do tratamento

 Reavaliação
Bibliografia
 Beck, J. S. (1995). Cognitive therapy: Basics and beyond. New York:
Guilford Press.

 Dobson, K. (1988). Handbook of cognitive-behavioral therapies (Cap.


3). New York: Guilford Press.

 Gonçalves, O. (1993). Terapias cognitivas: Teorias e práticas. Porto:


Edições Apontamento.

 Gonçalves, O. (1999). Introdução às psicoterapias comportamentais.


Coimbra: Quarteto Editora

 Kirk, J. (1989). Cognitive-behavioural assessment. In K. Hawron, P. M.


Salkovskis, J. Kirk, & D. M. Clark (Eds.), Cognitive behavioural therapy
for psychiatric problems. Oxford: Oxford University Press

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