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Análise Genética - Sanders & Bowman
Análise Genética - Sanders & Bowman
BOWMAN
J
ANALISE
GEN É TICA
UMA ABORDAGEM INTEGRADA
•ducatino
I.MPRHS Ci
*
M A R K F. S A N D E R S JOHN L. BOWMAN
V
ANALISE
GEN ÉTICA
UMA ABORDAGEM INTEGRADA
REVISÃO TÉCNICA
BIANCA BIANCO
.
Mestrado, doutorado e pó s - doutorado em genética pela Unifesp Graduação em biomedicina com habilitação
em genética humana e biologia molecular. Vlce-coordenadora do programa de pós- graduaçâ o, pesquisa e Inovação
da Faculdade de Medicina do ABC .
DENISE CHRISTOFOLINI
.
Mestrado e doutorado em genética pela Unifesp Graduação em déncias biológicas modalidade médica pela
Unifesp. Professora assistente e orientadora permanente do programa de pó s - graduaçã o da Faculdade de
Medicina do ABC.
TRADU ç AO
DANIEL VIEIRA
LUIZ CL Á UDIO QUEIROZ
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Dedicató ria
.
Para minha esposa e parceira extraordin á ria Jta. cujo
apoio, paciência e incentivo durante todo este projeto
me faz muito feliz. Ela è um tesouro. Para meus filhos
maravilhosos, Jana e NTick , que conviveram por tanto
tempo com o pai trabalhando neste projeto que pode -
riam ser perdoados por pensarem ter outro irrnà o, mais
problemá tico, chamado “o livro*." Para John e Lincoln,
que, ate o momento, completam nosso cí rculo familiar.
L para todos os meus alunos, com os quais aprendi
tanto quanto ensinei.
Mark F. Sanders
John L Bowman
Sumário
Sobre os autores XVII Teste de hipótese pela anáHse do cruzamento-teste 33
Teste de hipótese pela autofertilizaçào de F, 34
Prefácio XIX
2.3 Cruzamentos diíbridos e triibridos revelam a
segregaçã o independente dos alelos 35
Análise de cruzamento diibrido de dois genes 35
Parte 1 — Transmissão e função gênica
-
Análise Genétka 2 1 36
Testando a segregação independente pela análise de
cruzamento teste 38
Base molecular da hereditariedade, Análise Genética 2.2 39
variabilidade e evolução 1 Testando a segregação independente pela análise de
cruzamento trilbrido 40
1.1 A genética moderna entrou em seu Cálculos probablMstkos na resolução de problemas
segundo século 2 de genética 41
O primeiro sécu lo da genética moderna 2 Observação Experimental 2.1 42
A redescoberta do trabalho de Mendel 42
Genética: fu ndomental para a biologia moderna 4
Análise Genétka 2.3 43
1.2 A estrutura do DNA sugere um mecanismo Observação Experimental 2.2 44
para a replicaçã o 5
A dupla-hélke do DNA 5 2.4 A teoria da probabilidade prevê as razões
Nudeotideos do DNA 6 mendelianas 44
Regra do produto 44
Observação Experimental 1.1 8
Replicação do DNA 8
Regra da soma 45
Probabilidade condidonal 45
Análise Genética 1.1 9
Probabilidade binomial 45
13 A transcrição e a tradução expressam
os genes 10 2.5 A análise do qui- quadrado testa a adequação
Transcrição 11
entre os valores observados e os resultados
previstos 47
Tradução 12
Distribuição normal 48
1.4 A evolução tem uma base molecular 13 Análise do quhquadrado 48
Teoria da evolução de Darwin 14 Análise do qut-quadrado dos dados de Mendel 50
Análise Genética 1 15
2.6 A herança autossômica e a genética
Quatro processos evolutivos 16
molecular se comparam á s previsões dos
Rastreando as relações evolutivas 17
princí pios da hereditariedade de Mendel 50
Análise Genética 1.3 20
Herança autossômica dominante 51
Estudo de Caso De volta no tempo — Análise genética e
Herança autossômica recessiva 52
genômlca dos dinossauros 21
Resumo 22 • Termos -chave 23 • Problemas 23 Genétka molecular dos traç os de Mendel 53
Estudo de Caso Herança da anemia fakiforme nos seres
humanos 55
Resumo 56 • Termos -chove 57 • Probfemos 57
2 Transmissão genética 25
3.6 A compensação da dosagem equaliza a Detecção da ligação génka autossómlca por melo da
análise de cruzamento-teste 149
dosagem dos genes ligados ao sexo 96
Inativaçáo aleatória do cromossomo X nos mamíferos
pfacentános 96
5.2 O mapeamento da ligação gênica se
baseia na frequência de recombínaçào
Estudo de Caso Os olhos de John Dalton ajudam a solucionar o
entre os genes 150
mistério do daltonismo 98
Resumo 99 • Termos-chave 99 • Problemas 100 Análise Genética 5.1 151
O primeiro mapa de ligação génica 152
Unidades de mapeamento 153
4 Interaçã o gênica 105 Análise do qui-quadrado dos dados de ligação génica 153
5.5 Os genes humanos ligados são mapeados 6.6 Os cromossomos de bacteriófagos são
usando a análise do lod score 165 mapeados pela análise da estrutura fina 209
Fase olélicd 165 Análise Genética 6 3 211
Análise do lod score 166 Análise de complementar ão genética 212
Análise de recombinaçáo intragênica 212
5.6 A análise da ligação génica investiga a Análise de mapeamento de deleção 213
evolução do genoma 167
Estudo de Caso A evolução da resistência aos antibióticos 216
Observação Experimental 5.1 168 Resumo 216 • Termos -chave 217 Problemas 218
Análise Genética 5.3 169
5.5 Os genes humanos ligados são mapeados 6.6 Os cromossomos de bacteriófagos são
usando a análise do lod score 165 mapeados pela análise da estrutura fina 209
Fase olélicd 165 Análise Genética 6 3 211
Análise do lod score 166 Análise de complementar ão genética 212
Análise de recombinaçáo intragênica 212
5.6 A análise da ligação génica investiga a Análise de mapeamento de deleção 213
evolução do genoma 167
Estudo de Caso A evolução da resistência aos antibióticos 216
Observação Experimental 5.1 168 Resumo 216 • Termos -chave 217 Problemas 218
Análise Genética 5.3 169
8.2 A transcrição bacter íana é um processo de 9.3 A tradução é rápida e eficiente 309
quatro está gios 264 Complexo de tradução 309
RNA polimerase bacteríana 264 Tradução do RNAm policistrõnico bacteriano 310
Promotores bactertanos 265 Análise Genética 9 J 311
Análise Genética 8 1 266
Iniciação da transcrição 267 9.4 O código genético traduz o RNA mensageiro
Prolongamento e terminação da transcrição 268 em polipeptideo 312
Mecanismos de terminação da transcrição 269 O código genético exibe osdlação da terceira base 312
Carregamento das moléculas de RNAt 314
8.3 A transcrição eucariótica usa várias RNA
polimerases 270 9.5 Experimentos decifraram o código
Polimeraseseucarlôtlcas 270 genético 315
Sequências de consenso para a transcrição da RNA Nenhuma sobreposição no código genético 315
polimerase II 270 C ódigo genético triplo 316
Técnica de Pesquisa 8.1 271 Nenhuma lacuna rvo código genético 317
Reconhecimento do promotor 273 Decifrando o código genético 317
Detecçáo dos elementos de consenso promotores 273 C ódigo genético (quase! universal 319
Ativadores e silenciadores 274 Análise Genética 9.3 321
Fatores de transcrição e trarvsdução de sinal 275 RNAs de transferência e especificidade do código
Promotores da RNA polimerase I 276 genético 322
Promotores da RNA polimerase III 276
Terminação na transcriçã o da RNA polimerase I ou III 277
9.6 A tradução é seguida pelo processamento
poiipeptidico e pela classificação proteica 322
8.4 O processamento pós- transcrição modifica Processamento pós-traduçáo 322
as moléculas de RNA 278 Classificação proteica 323
Capeamento da extremidade 5'do RNAm 278 Destruição das proteínas dobradas incorrctamontc 325
Poliadenilação da extremidade 3’ do pré -RNAm 278 Estudo de Caso Antibióticos e interferência na traduçã o 326
Spliclng intrônico do pré-RNAm 280 Resumo 327 • Termos -chave 328 • Problemas 328
Splktng das sequências de sinal 281
Etapas de processamento do acoplamento do pré-
-RNAm 283 10 Integra çã o das abordagens
Transcritos alternativos de genes isolados 283
genéticas: compreendendo a
Auto- spNdng intrônico 287
Processamento do RNA ribossômko 287
anemia falciforme 332
Análise Genética 8.2 288
Processamento do RNA de transferência 290
10.1 Uma variante da hemoglobina herdada
Edição pós-transcrição do RNA 291
provoca a anemia falciforme 333
O primeiro paciente com anemia fakiforme 333
Estudo de Coso Spfíonq sexual: sphcing alternativo do RNAm e
determinação do sexo na Drosaphtto 292 Estrutura da hemoglobina 334
Resumo 293 Termos -chove 294 • Problemas 295 Mutações dos genes das globmas 334
Sum á rio XI
11.1 Os cromossomos bactéria nos têm uma Mudanças espontâneas das bases nudeotid icas 392
17.3 A genética reversa investiga a ação do gene Estudo de Caso A análise genômica dos intestinos de insetos
progredindo da identificação do gene até pode alimentar o mundo 636
Resumo 636 • Termosxhave 637 • Problemas 637
o fenótipo 586
Uso de mutados por inserção na genética reversa 587
Interferência do RNA na atividade do gene 587
Genética reversa por TILLING 583 19 Herança citoplasmática e a evolução
Aprisionamento da sequência potenciadora 590 dos genomas organelares 641
coluna da esquerda, junto com sua execução correspon - biólogos reconhecem que a variação do DNA é a base da
dente nas etapas da solução, que fica na coluna da direita. variação morfológica herdada observada na transmissão
Também incluímos dicas de resolução de problemas genética. A compreensão da conexão entre essas duas
para destacar as etapas críticas e as armadilhas a serem abordagens da genética é vital para pensar como um ge -
evitadas, extraídas dc nossa experiência como professo- neticista. Destacamos essa conexão em vários capítulos.
res. A Análise Genética está totalmente integrada a cada No Capítulo 2, por exemplo, identificamos e descreve -
capítulo, logo após as discussões de conteúdos importan - mos as atividades do tipo selvagem e as atividades mu-
tes, para ajudar os alunos a aplicarem imediatamente os tantes de quatro genes reconhecida mente estudados por
conceitos. Cada capitulo inclui dois ou très recursos de MendeL No Capítulo 4, os alelos dominantes e recessi-
Análise Genética e o livro contém 50 no total. vos são abordados em um contexto molecular. E, no ca -
Emparelhamos a Análise Genética com problemas pítulo 10, exploramos tanto a hereditariedade quanto a
difíceis de fim de capítulo, divididos em dois grupos: base molecular da anemia íalciforme nos seres humanos.
primeiro vêm os problemas de conceitos do capítulo,
revendo as informações mais importantes, princípios e Organização do livro
ferramentas analíticas discutidas no capítulo em questão;
depois vém os problemas de aplicação e integração, que Este livro contém 22 capí tulos organizados em
são mais complexos e proporcionam aos alunos uma prá - cinco partes que abrangem toda a genética. Seguimos
tica na resolução de problemas de escopo mais amplo.
No final do livro, fornecemos as respostas para
a organização frequentemente utilizada que aborda pri
meiro as teorias de Mendel, começando com a trans
--
problemas de í f m de capítulo selecionados, com nu - missão e função gênicas e terminando com a análise
meração par. genética das populações .
Uma perspectiva evolutiva Parte 1 — Transmissão e funçã o gênica
Em seu ensaio de 1973, “ Nada na biologia faz sen - Começamos com uma revisão dos conceitos básicos
tido, exceto à luz da evolução”, o biólogo evolutivo Theo- da replicação, transcrição e tradução do DNA, conceitos
dosius Dobzhansky declarou claramente seu conceito ev olutivos e a conexão entre a variação herdada e os pro-
do papel central da evolução. Hoje sua opinião é mais cessos evolutivos no nível coberto pelos cursos de biologia
atual do que nunca, particularmente no campo da ge - introdutórios ( Capítulo 1). Depois, a genética mendeliana
nética. O DNA conecta toda a vida e é a razão para a é introduzida, apresentando uma discussão da identifica -
aplicação dos princí pios da genética a todas as formas ção dos quatro genes de Mendel ( Capítulo 2). Seguida por
de vida, passadas e presentes. Os geneticistas estão bem divisão celular e a herança ligada ao sexo (Capítulo 3) e
a par das relações evolutivas entre genes, genomas e or- as interações genicas (Capítulo 4). Finalmente, a identi-
ganismos. Os processos evolutivos no n ível dos organis- ficação e análise da ligação genética nos genomas euca-
mos descobertos através da biologia comparativa tam - rióticos e a an álise da transferência génica nos genomas
bém podem lan çar uma luz sobre a função dos genes e a bacterianos encenam a parte (Capítulos 5 e 6) .
organização dos genomas no nível molecular. De modo
similar , a função dos genes e a organização dos geno- Parte 2 — Dogma central
mas informam o modelo evolutivo.
Calcada na introdução dos processos moleculares
Para dar o tom , o Capítulo 1 introduz os princí pios
da Parte 1, essa parte descreve os detalhes da replicação
evolutivos e depois os conecta às semelhan ças e varia -
do DNA (Capítulo 7), a transcriçã o e o processamento
ções dos organismos. A evolução é um tema forte do
do RNA (Capítulo 8) e a tradu ção (Capítulo 9). À me-
Capítulo 10 e o foco principal do Capítulo 22. As ideias
dida que exploramos em mais detalhes esses conceitos
evolutivas são incluídas frequentemente para lembrar
fundamentais, também introduzimos técnicas laborato-
os alunos de sua liga ção com a genética. Por exemplo,
riais importantes, como a reaçã o em cadeia da polime-
no Capítulo 4, são discutidas as implicações evoluti
vas dos grupos sanguíneos ABO compartilhados pelo
- rase e o sequenciamento do DNA. A parte se encerra
com uma exploração do traço humano autossòmico
homem, grandes símios e muitas espécies de macacos.
recessivo da anemia íalciforme, que apresenta a integra -
No Capítulo 9 ( Seção 9.4), descrevemos o código gené-
ção da transmissão genética, análise molecular, técnicas
tico no contexto da origem ú nica da vida.
moleculares e evolução (Capítulo 10).
Conectando a transmissã o genética Parte 3 — Estrutura e função do genoma
com a genética molecular
Começamos a Parte 3 descrevendo a estrutura cro-
Os experimentos que lançaram uma luz nos prin - mossômica bacteriana e eucariótica (Capítulo 11). De-
cí pios da transmissão genética precederam a descoberta pois, passamos para a mutação gê nica, reparaçã o do
da estrutura e função do DNA e de seu papel na varia- DNA e recombinaçáo homóloga (Capítulo 12), seguida
ção molecular herdada por vá rias décadas. Contudo, os pelas mutações cromossô micas e pela transposição (Ca -
Pref á cio XXI
pí tulo 13). A discussão da regulaçã o da expressão gênica 2. Abordagem começando pela base
nas bactérias e bacteriófagos vem a seguir (Capitulo 14), molecular
com o último capítulo enfatizando o papel dos fen ô me-
nos epigen éticos na regulação da expressão génica nos
eucariotos (Capítulo 15).
. - . - —
Cap 1 » Caps 7 10 > Caps. 2 6 -- 4 Caps. 11-22
Esse caminho proporciona uma abordagem que
começa desenvolvendo uma compreensã o clara da base
Parte 4 — Expressão e análise genômica molecular da hereditariedade e da variação antes de nos
aprofundarmos na an álise da transmissão hereditá ria.
Discutimos a tecnologia do DNA rccombinantc
e seu uso nas abordagens gen éticas anter ógradas e
reversas ( Capí tulos 16 e 17), seguida pelas an á lises e 3. Integração da análise molecular
aplica ções genô micas (Capitulo 18), além da herança
dos genomas citoplasm á ticos e a evolução das orga - - -
Cap.1 -> Cap. 10 * Caps. 2 15 -4 Caps. 16 22 -
Esse caminho se concentra nas semelhanças entre
nelas citoplasm á ticas (Capítulo 19 ). O capítulo final
as an álises da transmissão genética e da genética mole -
da parte descreve o uso das abordagens gen éticas
cular logo de início e reflete melhor a maneira como os
para compreender o desenvolvimento dos organis -
geneticistas abordariam o estudo da á rea. Recomenda -
mos ( Capí tulo 20).
mos esse caminho para os alunos que já possuem uma
forte base em genética e que estão familiarizados com
Parte 5 — Análise genética das populações algumas técnicas moleculares comuns.
Amarramos os conceitos do curso explorando a ge-
nética quantitativa (Capítulo 21) que inclui a discus - 4. Foco na genética quantitativa
são dos experimentos historicamente importantes que
contribuíram para o desenvolvimento dessa área e tam -
bém as modernas aplicações da análise de associação
.-
Caps l 2 -> Cap 21. — .-
Caps 3 20
— .
Cap 22
Esse caminho incorpora a genética quantitativa,
—
gen ômica e voltando a focar na evolução da gen ética
populacional (Capítulo 22).
assim que o curso se inicia , ao introduzir a herança po-
-
ligènica (Capitulo 2) e seguindo se com uma discussão
abrangente da genética quantitativa (Capítulo 21).
Formas para melhor aproveitamento
5. Foco na genética populacional
do livro
Este livro foi escrito com uma abordagem que . - . -
Caps 1 2 -4 Cap 22 > Caps 3 21. -
trata primeiro das teorias mendelianas, a qual muitos Esse caminho incorpora a genética populacional
professores acham que oferece a abordagem pedagó- logo no início do curso. Os professores podem usar a
gica mais eficaz para ensinar genética. No entanto, sa - introdução aos princí pios e processos evolutivos (Capí -
bemos que o escopo da informaçã o coberta nos cursos tulo 1), o papel dos genes e alelos na transmissão (Capí-
tulo 2) e depois abordar a evolu ção no n ível populacio-
de genética varia e que as preferê ncias de cada profes - nal e em n íveis mais elevados (Capítulo 22).
sor são diferentes. Mantivemos em mente as diferen
ças e as abordagens alternativas enquanto escrevemos
-
o livro. Desse modo, fornecemos cinco formas que os Recursos dos capítulos
professores podem usar na leitura deste livro para sa -
tisfazer seus variados objetivos de curso. Cada forma
Um dos principais objetivos do nosso estilo de es -
crita e organiza ção dos capítulos é envolver o leitor in -
apresenta a integração da resolu ção de problemas
telectualmente e visualmente para convidá -lo à leitura
através da inclusão de recursos de análise gené tica em
cont ínua, a todo momento explicando claramente as
cada capí tulo.
ideias complexas e dif íceis. Nosso tom de conversa -
ção estimula a leitura e compreensão do aluno e nosso
1. Abordagem começando por Mendel design atraente e programa de arte realista envolvem
-
Caps. 1 22
visualmente os alunos e os deixa confortáveis. Os pro -
Esse caminho proporciona uma abordagem tra
dicional que começa com a gen ética mendeliana,
- fessores de genética experientes sabem que os alunos
se envolvem mais quando relacionam os conceitos ao
mundo real. Para esse fim, usamos dados experimen -
-
integrando a com os conceitos evolutivos e a conec
tando com a genética molecular. Como exemplo , dis
-
- tais reais para ilustrar os princí pios e a análise genética,
bem como para familiarizar os alunos com pesquisas es-
cutimos os genes responsá veis por quatro dos traços
de Mendel ( Capítulo 2) e també m a estrutura gé nica
em relaçã o ã dominâ ncia e ao n ível funcional (Capí
tulo 15). Reunimos a variaçã o hereditá ria , a varia ção
-
timulantes e pesquisadores criativos na área. Também
discutimos um amplo conjunto de organismos seres
humanos, bact é rias, leveduras, plantas, moscas da fruta, —
molecular e a evolução na discussão da anemia falci
forme (Capí tulo 10).
- —
nematódeos, vertebrados e vírus para exemplificar os
princí pios da genética. Constatamos que essa aborda -
XXII An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
gem ajuda os alunos a enxergar a diversidade da gené - municação com nossos usuários talentosos e dedicados
tica e a relacionar melhor os conceitos. é um fator importante de mudança. Acolhemos todas as
Nossos recursos dos capítulos foram pensados cui
dadosamente. Cada um deles serve para incrementar
- sugestões e comentá rios e convidamos você a se comu
nicar conosco diretamente através de um endereço de
-
a aprendizagem do aluno e fazer com que pensem de
forma mais parecida com a de um geneticista. Muitos
-
e mail dedicado ao livro. Por favor, envie comentá rios
sobre o livro para sbgenetics@ uc- davis.edu.
recursos estão incluídos em cada capítulo ou aparecem
de modo mais ocasional, mas os recursos a seguir ilus- Agradecimentos
tram como destacamos as ideias principais, problemas e
métodos importantes para compreender a genética. O adágio que começa com as palavras “ É preciso
Aná lise genética: esse é o nosso principal recurso
para a resolução de problemas. A Análise Genética
uma aldeia inteira... [ para educar uma criança]” aplica
-se com mais exatidão ao desenvolvimento e montagem
-
orienta os alunos por todo o processo de solução da primeira edição de um livro do que a qualquer outro
do problema usando o arcabouço avaliar deduzir - empreendimento que conhecemos. Podemos atestar que
-solucionar. este IíVTO não existiria sem as contribuições inestimá veis
de in úmeros profissionais, cujo talento e dedicação firme,
figuras básicas: ilustrações altamente detalhadas de
conceitos de genética essenciais. para produzir o melhor livro possível sobre genética, são
evidentes em cada página. Foi um verdadeiro esforço em
I Observações experimentais: discutem experimen -
equipe e somos gratos a todos os nossas colegas.
tos importantes ou ilustrativos, os dados derivados
Gary Carlson tem sido um amigo há muitos anos c
dos experimentos e as conclusões extraídas da aná
lise dos resultados experimentais.
- também mentor, advogado e fadlitador deste livro desde
o início, quando nào passava de rascunhos. Não temos
I Técnicas de pesquisa: exploram métodos de pes- como agradecé-lo o suficiente por seu apoio resoluto e
quisa importantes e ilustra visualmente os resultados amizade. Este livro nào existiria sem ele. Michael Gillcs-
e intepretações. pie assumiu as rédeas como editor de aquisições no fim
I Observa ções gen éticas: resumos curtos inseridos deste projeto e trouxe consigo uma habilidade considerá-
nos capítulos, a respeito de princí pios fundamentais , vel e um entusiasmo implacá vel pelo I í VTO. Valorizamos
ideias e conclusões. muito seu trabalho para levar este projeto à conclusão e
Estudos de caso: exemplos curtos e realistas, ao final pretendemos trabalhar com ele no futuro.
de cada capítulo, destacam as ideias centrais ou os Adam Stcinberg atuou como nosso editor de arte
conceitos do capí tulo com exemplos interessantes, e é um profissional incompará vel. Suas habilidades ex -
que fazem os estudantes se lembrarem de algumas traordin á rias como artista só rivalizam com seu conhe-
aplicações práticas da genética. cimento íntimo do assunto. Ele produziu muitas das
peças de arte dinâmicas e intelectualmente envolventes
Revisando e testando a compreensão no livro, e n ão há como mensurar o que sua concep-
ção artística acrescentou à obra. Os artistas sofistica-
No final dc cada capí tulo, temos um resumo dos dos da Precision converteram as orientações de Adam
conceitos fundamentais organizados por seçã o do ca - em muitas das peças de arte soberbas apresentadas no
pitulo, termos chave para ajudar os alunos a se autoa
valiarem durante a revisão do capítulo e conjuntos de
- livro. Nossa editora de desenvolvimento, Moira Lerner
Nelson, trouxe suas excepcionais habilidades editoriais
problemas diversos para ajudar os alunos a se prepa - para cada capítulo. Sua orientação e dedicação foram
.
rarem para as provas Os conjuntos de problemas são inestimáveis. També m queremos agradecer a Carol
separados em problemas conceituais e problemas de Pritchard - Martinez, que nos prestou uma importante
aplicação/integraçâo. Os problemas de conceitos do ca - orienta ção editorial logo no início do projeto.
pitulo ajudam os alunos a avaliar sua compreensão dos O desenvolvimento do nosso projeto esteve nas
conceitos fundamentais apresentados no capitulo, en - mãos talentosas de Deborah Gale. Apreciamos pro -
quanto os problemas de aplicação e integração propor - fundamente seu envolvimento, tanto por sua expertise
cionam aos alunos um trabalho pr á tico com conjuntos
de dados reais ou conceitos sintetizados nos capítulos.
quanto por sua orientação durante a elaboração e a re
dação dos manuscritos. Anna Amato realizou o dif ícil
-
Os dois conjuntos de problemas podem ser abordados e quase sempre ingrato trabalho de gerenciar as ativi -
usando a estratégia avaliar- deduzir -solucionar. dades dia a dia, semana a semana, da elaboraçã o e re
dação do livro, com boa vontade, competência e bom
-
Seus comentários e sugestões são humor. Ela foi a cola que algumas vezes manteve as coi-
bem-vindos sas juntas. Camile Herrera e sua equipe compuseram
e produziram um livro excepcionalmente atraente, fa -
A gen ética muda permanentemente e os livros zendo com que o nosso texto pareça melhor e faça mais
também precisam mudar para acompanhar a á rea e sa - sentido. Também agradecemos a Crystal Clifton e sua
tisfazer as necessidades dos professores e alunos. A co- equipe de editores de texto por sua assistência.
Pref á cio XXIII
Lauren Harp, Michelle Cadden e Brooke Sucho - Mike Harnngton, Umversity of AJberta
mel nos deram apoio e informações críticas importan - Patrick Hayes, Oregon State University
tes através dc pesquisas dc marketing, testes cm sala Jutta Heller, Loyola University
de aula e grupos de discussão com alunos. Seu trabalho Jerald Hendrix, Kennesaw State University
ajudou a formatar e melhorar o livro que vocé está se - Kathleen Hlll, University of Western Ontario
gurando. També m agradecemos a Dave Theisen, nosso Nancy Huang, Colorado College
-
diretor nacional de vendas para mercados chave, que Erik Johnson, Wake Forest University
desenvolveu uma compreensão ampla do nosso con - Cheryl Jorcyk, Boise State University
Davld Kass, Eastern Michigan University
teúdo e abordagem, além de nos prestar apoio excep -
cional , e a todos aqueles que trabalham com ele. Beth Cliff Keil, University of Delaware
Wilbur, M íchael Young e Paul Corey desempenharam Steven Kempf, Auburn University
papéis importantes para tornar este livro realidade, e Ollver Kerscher, College of William & Mary
agradecemos a eles por tudo o que fizeram em nosso ElHot Krause, Seton Hall University
nome e em nome deste projeto. Jocelyn Krebs, University of Alaska
Peter Mirabito, que desempenhou a tarefa hercú
lea de escrever as soluções para os problemas de fim
- Alan Leonard , Florida International University
-
Mln Ken Liao, Furman University
de capítulo, foi inestimável. Desde a primeira vez que Kí rill Lobachev, Georgia Tech University
nos encontramos, Peter nos apoiou muito na confecçio Heather Lorimer, Youngstown State University
deste livro. Não poderíamos estar mais contentes por Fordyce Lux, Metropolitan State College of Denver
ter Peter em nossa equipe. Clint Magill, Texas A&M University
Finalmente, agradecemos aos revisores técnicos Jeffrey Marcus, Western Kentucky University
e aos demais colaboradores que investiram seu tempo Phillip McCIean, North Dakota State University
para ler e comentar o nosso manuscrito em vários está - Philip Meneely, Haverford College
gios. Valendo- nos de sua expertise e perspectivas, eles John Merriam, UCLA
são responsá veis pelas melhorias neste livro. F.ssa con - Scott Michaels, Indiana University
tribuição nos é impossível contabilizar. Peter Mirabito, University of Kentucky
Margaret A. Olney, St. Martin's University
Greg Orloff, Emory University
Revisores técnicos
Bert Abbott, Clemson University
. —
John C Osterman, University of Nebraska Lincoln
John N. Owens, retired
Mary Alleman, Duquesne University J. S. Parkinson, University of Utah
Ancha Baranova , George Mason University Bernie Possidente, Skldmore College
Timothy Bloom, Campbell University Chara J. Ragland, Texas A&M University
James Bradley, Aubum University .
Dennis Ray University of Arizona
Caro! Burdsal, Tulane University Rosie Redfield, University of Brltish Columbia
Patrick Burton , Wabash College John Rinehart, Eastern Oregon University
Pat Calle, Eastern Kentucky University Malcolm Schug, University of North Carolina at Greensboro
Vkckl Cameron, ithaca College Rodney Scott, Wheaton College
—
Kimberly Carlson, University of Nebraska at Kearney Linda Sigismondi, University of Rio Grande
Steven M. Carr, Memorial University of Newfoundland Tin Tin Su, University of Colorado Boulder
—
Aaron Cassill, University of Texas San Antonio
Clarissa Cbeney, Pomona College
Martin Tracey, Florida International University
-
Tara Turley Stoulig , Louisiana State University
Francis Choy, University of Victoria Fyodor Umov, University of Califórnia , Berkeley
Beth Conway, Lipscomb University Sarah VanVickle-Chavez, Washington University in St. Louis
Kirsten Crossgrove, University of Wisconsln Whitewater Dennis Venema, Trinity Western University
Kenneth Curr, Calif órnia State University, East Bay David Waddell, University of North Florida
Kim Dej, McMaster University Dunkan Walker, private buslness
Chunguang Du, Montclair State University Clifford Weil, Purdue University
John Elder, Valdosta State University Karen Weiler, West Virgí nia University
Victoria Finnerty, Emory University Dan Wells, University of Houston
Robert Fowler, San Jose State University Brnce Wightman, Muhlenberg College
RIckGaber, Northwestern University
—
Anne Galbraith, University of Wisconsln La Crosse
Susan Godfrey, University of Pittsburgh
Michael Goodisman, Georgia Tech University
Diana Wolf , University of Alaska Fairbanks
Andrew J. Wood, Southern Illinois University
Joanna Wysocka Diller , Auburn University
Lev Yampolsky, East Tennessee State University
Nels Granholm, South Dakota State University Ann Yezerski, Kings College
.
Jody Hall Brown University
Pam Hanratty, Indiana University
—
Janey Youngbiom, Calif órnia State University, Stanislaus
Chaoyang Zeng, University of Wisconsln Milwaukee
XXIV Aná lise gen é tica: uma abordagem integrada
Aplicadores práticos Leticia Jaramillo, Amera Kchech, Daniel Lee, Jonathan Lee,
Fabiola Lugo, Marlsa Martlnez, Neha Mohindroo, Klng Moon,
Daron Barnard . Worcester University
Mary Bedell, University of Georgia
.
Jared Nojima, Justin Padiernos Gricel Plascenc ía,
Bemice Ramirez, Sara Villa, Lu Wang, Brittany Ward ,
Indrani Bose, Western Carolina University
Ebony White
Mirjana Brockett, Georgia Institute of lechnoiogy
Gerald Buldak, Loyola University Chicago University of Texas, Austin
Hui Mln Chung, University of West Florida Professor Inder Saxena
Craig Coleman, Brigham Young University Matthew Boumeuf , Kayla Bradfield, Shelley C Bradley,
Cynthia Cooper, Washington State University Vancouver Kiersten DeHart, Nathan Fu, Jered Heinrich, Grant Hogan,
Kenyon Daniel, University of South Florida Giertda Hope , Garcia, Ramu Kharel, Nafeeshathul S. Rlyaj,
John Hamlin, Louisiana State University, Eunice Jarrett Scott, Elaina Spriggs, Diana Weng
Kelly Hogan, University of North Carolina at Chapei Hill University of Califórnia, Los Angeles
Barbara Hollar, University of Detrolt Mercy Professor John Merriam
Rick Jellen, Brigham Young University Cameron Arakaki, Jasmine Chen, Michaela Ching,
David Johnson, Samford University Darwin Dirks, April Gamboa, Zhyliana Garcia Valdez,
Diana Johnson, Geocge Washington University Flizabeth Geledzhyan, Vktoria Hsu, Sophianne Kajouke,
Hope Johnson, Calif órnia State University, Fulierton Michael Kashiktchianjonathan Liem, Danielle Lingnau,
.
Christopher Jones Moravian College Tram Loi, Michael Opene, Michaeia Scott, Mital Shah,
.
Todd Keison, Brigham Young University Idaho Eve Tang
Joomyeong Klm, Louisiana State University
-
Melanie Lee Brown, Guilford College Colaboradores complementares
Alan Lloyd, University of Texas at Austin
Heather Lorimer, Youngstown State University .
Pat Calie Eastern Kentucky University
Peter Mirabito, University of Kentucky Kathleen Fltzpatrlck, Simon Fraser University
Paul Morris, Bowling Green State University Jutta Heller, Loyola University
Marlene Murray Nsuela, Andrews University David Kass, Eastern Michigan University
Nikolas Nlkolaldis, Calif órnia State University, Fulierton Fordyce Lux III, Metropolitan State College
.
Kavita Oomen Georgia State University Peter Mirabito, University of Kentucky
Louise Paquin , McDaniel College
Rebekah Rampey, Hard í ng University
Mike Robinson, Miami University, Ohio -
Sarah Van Vickle Chavez, Washington University in St. Louis
Melissa Rowland -Goklsmith, Chapman University Dennis Venema, Trlnlty Western University
John Scales, Midwestem State University Andrew J. Wood, Southern Illinois University
Lillie Searles, University of North Carolina
Marty Shankland, University of Texas, Austin Agradecimentos da edição brasileira
Patrida Shields, University of Maryland
Sem o trabalho de avaliação dos ilustres professores
Bin Shuai, Wichita State University
Leslie Slusher, West Chester University of Pennsyivania
Vieira Bianco
— —
Andrea Kely Ribeiro dos Santos UFPA, Rianca Alves
FMABC ( Departamento de Genética ),
Tom Snyder, Michigan Technical College
.
Jeff Stuart Purdue University
Susan Sullivan, Louisiana State University, Aiexandria
Denise Maria Christof òlini
——
FMABC ( Departamento
de Genética ) e Waldir Stefano Mackenzie, a publica -
Christine Terry, Augusta State University ção deste livTO não seria possível.
Jimmy Triplett, Jacksonville State University
Virginia Vandergon, Calif órnia State University, Northridge
Sala Virtual
David Westenberg, Missouri University of Science & Technology
Bruce Wightman, Muhlenberg College
Como complemento do livro, a Sala
Craig Woodard, Mt Holyoke College Virtual fica à disposição de alunos e
.
Roger Young Drury University professores para que acessem materiais
adicionais, que facilitam tanto a exposição das aulas
Demais colaboradores como o processo de aprendizagem .
Análise Genética proporciona aos estudantes uma estratégia única e integrada para a
solução de problemas.
O maior desafio em um curso de genética é ensinar aos alunos como se tornarem efetivos solucionadores de
problemas. Neste livro, aplicamos uma incompar ável ferramenta para solucionar problemas, a Aná lise Genética,
que oferece aos estudantes uma consistente abordagem para solucionar problemas em très etapas. A Análise
Genética está inserida em todos os capítulos, acompanhando discussões de conteúdos importantes, para ajudar
os estudantes a imedí atamente aplicar conceitos em um contexto de soiuçáo de problemas.
Todo exemplo de Análise Genética apresenta Cada Análise Genética é apresentada em um formato claro, em
uma consistente abordagem em três etapas, duas colunas que ajudam os estudantes a verem a Estratégia
que treina os estudantes para avaliar, deduzir de Solução em uma coluna e sua execução correspondente na
e, ent ão, solucionar problemas. coluna separada para as Etapas da Solução.
 _
A N Á L I S E G E NÉT I C A
Voeé está enemwrin no desenvcrfvtme
' * .
d kr<p iMnê «tg marrom comam en
* -
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contradi ao tango de muitos Itorjts Asy
rep'»t nMd irespoclfeamento
* *
riliRinM«lfqu«dMp>)M
da
os ganes
i gémea
•
pato uso da mutagénasa
para o desenvofemento tateia! da —-
tas reversos ou pnxpecttvas conforme
se
• Avaliar
1, Identifique o túptco aberdado por 1. Esta probtama db respeito a mvesbgeçio dos ganas qua determinam o desen-
est pmbéeme e eipéque a natumra
* voívimento 6« Mfc X elabcraçio da uma resposta requer a avefteçèo do po -
da resposta solatada. tencial refcrtvo da análae genética reversa /mus a arélise genética prospectfv»
(ver Capítulos 16 a 17X
2 Identifique is informaç A# criticas 2 A fa/Ç» é idenr ^cada como aig» marrom, um» forma de vid diferente das plan-
forreddes no problema * tas e anmaie tenestrev
*
• Oeduxlr
y -
Dctt mlnc se o narre da homologa . O exame da figura 18.12 indica que a kr
J í o tem uma ictaçio dlsurte com as
oWa (uma ábordegem genética .
plantas « anértais t«e*estres aooantp a busca por ganas das aigas marrons com
revena! tem uma alta pmbablidade base ras sequénoes génio evoiudm das pantas ou animais é como uma e -
* *
j
MM
de Identificar com sucesso os
do deunvotamento na ktip. n pcdlçSo de pesca
aÉéNi
fMtM« MHl«VMaOV.
« Mm ••7n Ot h
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*
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i
« Solucionar
4, Oe«rmin se o uso da mutagénese 4 Uma boa abordagem para encontrar gere» «rvokitlvo t «eaixar um experi-
*
(uma abodagem genétea prospec - *
mento de mutagénese que v» identificar mutados em que a formação de pa-
chral tende a ajudar a Identificar os dréo foi perturbada. A mutagénese tem potencial para afetar qualquer gene;
desse modo,a abordagem genélka prospective rd© poUiúeda ou resulta ao»
*
genes que compatttsam homologm com os genes em outras espéaes. Os mu-
Cana«amM9J»i tados que et!bem aromadas de formaçlo de pa&So do tipo selvagem tendem
•mOr a ser portadores da mutações dos ganas formadoras da pad*éo
+
Para praticar mal ver Problemas 17, 19.21, 25 e 28
* .
I Para praticar ma is, os estudantes sáo
direcionados para problemas similares
Os exemplos da Aná lise Genética incluem
dicas úteis para passar por etapas difíceis
no final do capitulo. e armadilhas a serem evitadas.
Uma abordagem integrada da evolução e das
genéticas molecular e Mendeliana
. .
reiaçio dos organismos moderno
com seus ancestral extintos, Ika
* investiga a evolut
A srleç An natural atuou para reter uma grande - Capítulo 8 **
«ida está «mectada peto DNA. R metoança das sequências nas regiões de conaenso e para
Amduçio ltaruosgmo » (der a posição das regsoes de coeucnao relatrvas ao ini*
togo e autor «Je vário livros subs laçóa evoluem t as espécies im
• *
tu CIMISKJO molecular quando • * 00 da transcriçio A eôcacia da evoluçlo para manter
muna Lsus alterações incluem
as sequências de consenso promotoras é álistrada pcU
Capítulo 1
rus iWicat (Capitulo 22) mui .
çompartçéo com as sequências entre e em tonto de
estrutura dos cromossomos
de mwr gem s 011 funções gên -
« .
10 e -35 que rsio são «mamadas e exibem variação
* - consideriveL Além disso, o espaçamento entre as se- Capitulo 8
quências e sua coloc&çOo relativa
Capítulo 5 retAvci A RNA pollmcrasc t uma| Lmt semelhanças de estrutura e função da RNA
polimrrase sao um resultado direto da hislóna evolu -
tiva comum de bactérias, archaea e eucartotos
Ai toeottpc
•funç*o
*»**U>«d»lmeada » e
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Uma caractenstica t dita denunante se fcr obter -
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chama recessiva se for observada apenas em um genò- ** .*
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a« -ec mtuMtiru m-KM n«e>TT»i»
t po Komorígoto Nesse sentido, s domlnânce e s reces-
*
«Ivtdadr têm uma base íeivolípicx No entanto os fend- .
tlpo rfo uma romtequéncls das atividade das proteína
*
produzidas * sentido, s*
pelo airlos de uan gene. Neste
SaSaMMnMM
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domlninda e recesatvidide tém uma bx e molecular .
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A damínónan de um alelo em relação s outro t deter
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Figuras elaboradas cuidadosamente que ensinam
processos genéticos complexos
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A apresentação do capítulo e os pontos
essenciais sâo sintetizados e expandidos
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ao final do capítulo» no Resumo.
Envolver os estudantes a aprender sobre as
pesquisas atuais
Obs#rva{&o Emperlmcntal S 1 .
.
Mapeindoumgtnfpana
* Mjtort cm
MtdncmtdenumieoviiUno
eaJtatil
Obiirvi(lo Eiptrli mtal 17.1
Os ensaios Observação Experimental
examinam prestigiados experimentos,
« » p> to Madacamantoi anlimaiártcoí òailveòo» da planta a pradudto na £ cotl
* *I * resumem dados reais derivados de
im
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experimentos e explicam conclusões tiradas
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Itrço delta, iqncnndD vtt o|tn:
Base molecular da Capítulo
hereditariedade,
variabilidade e evolução
APRESENTAÇÃO
1.1 A genética moderna entrou em seu segundo
século
1.2 A estrutura do DMA sugere um mecanismo para
a replicação
13 A transcrição e a tradução expressam os genes
1.4 A evolução tem uma base molecular
na Á ustria
—
nha, Hugo de Vries na Holanda e Erich von Tschermak
chegaram a conclusões surpreendente
mente similares a respeito do padrão de transmissão
.
dos traços hereditá rios em plantas ( Figura 1.2) Cada
-
mos hom ólogos. Os cromossomos ficam permanente-
mente no n úcleo. Um conjunto completo de cromos-
somos é transmitido durante um processo de divisão
celular , chamado mitose , para produzir células filhas-
um deles relatou que seus resultados se espelhavam nos idênticas. A reprodução sexual destinada a produzir
publicados cm 1866 por um botâ nico amador e monge uma prole ocorre por meio do processo de divisão ce-
agostiniano desconhecido, chamado Gregor Mendel. lular chamado meiose, que produz células reprodutivas
(O trabalho de Mendel é discutido no Capí tulo 2.) Em
bora Correns, de Vries e Tschermak tenham realmente
- —
ou gametas espermatozóides e óvulos nos animais e
pólen e óvulos nas plantas.
redescoberto uma explicação para a transmissão here-
ditá ria que Mendel havia publicado 34 anos antes, seu
Os padrões previsíveis da transmissão gé nica du -
rante a reprodução sexuada são o foco dos capítulos
an ú ncio da identifica ção dos princípios da transmissã o posteriores, incluindo transmissão hereditá ria e análise
hereditá ria deu início à genética moderna. dos padrões de transmissão (Capítulo 2), divisão celu -
Biólogos começaram imediatamente a testar, veri - lar e hereditariedade cromossômica (Capítulo 3), ação
ficar e expandir a explicação recé m-avaliada da heredi
tariedade. Em 1901, Willian Bateson, um dos primeiros
- e interação gènica na produ ção da variabilidade da apa -
rência f ísica (Capítulo 4) e a aná lise da liga ção gen ética
e vigorosos proponentes do “ mendelismo", leu uma pu - entre os genes (Capítulo 5).
Capitulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 3
( b)
Figura 1.1 Aplicações ancestrais da genética, (a) Um registro antigo da manipulação genética pelos humanos é o alto-
relevo assírio de 882-859 a .C que mostra sacerdotes usando máscaras de pássaros e polinizando tamareiras artifidalmente.
(b) Acredita-se que o milho moderno (à esquerda ) se desenvolveu a partir da domestica ção humana de seu ancestral selvagem,
o teosí nto (à direita ).
Os experimentos genéticos que ocorreram aproxi- genes. Também foi durante esse per íodo que os biólo-
madamente na primeira metade do século XX desen - gos evolutivos desenvolveram os modelos de evolu çã o
volveram o conceito do gene como a unidade física da baseados em genes. Essas ideias formam a base dos
hereditariedade e revelaram a relação entre fenó tipo, princ í pios da genética e da an á lise genética e seu uso
significando os traços observá veis de um organismo, e continua at é os dias de hoje.
gen ó tipo , significando a constituição genética de um Um experimento realizado em 1944 por Oswald
organismo. Biólogos também descreveram como a va - Avery, Colin MacLeod e Madyn McCarty identificou
riabilidade hereditá ria pode ser atribuída às formas al- o ácido desoxirribonudeico { DMA ) como o material he-
ternativas de um gene, chamadas alelos. Durante esse reditá rio, e esse experimento frequentemente recebe o
período, o estudo da transmissão genica se estabeleceu crédito por ter inaugurado a "era molecular" na genética
como base da gen ética. Os conceitos de ação e interação (Capítulo 7). Essa nova era , que compreendeu a segunda
gênica na produção da variabilidade fenotípica foram metade do século XX e continua até os dias de hoje,
descritos, assim como o conceito de mapeamento dos começou como um esforço para descobrir a estrutura
(a ) Cari Correns (b) HugodeVries (c) Erich von Tschermak Figura 1.2 Genética
do início do século XX.
( a ) Cari Correns, (b ) Huqo
de Vrles e (c) Erlch von
Tschermak redescobriram
simultaneamente os
experimentos e princ ípios de
Gregor Mendel em 1900.
4 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
molecular do DNA. Essa pesquisa chegou a uma etapa realizados e concluídos nos últimos 25 anos prome -
importante em 1953, quando os esforços de muitos bió - tem que o segundo século da genética será tão notável
logos, incluindo os mais famosos, como James Watson, quanto o primeiro.
Francis Crick, Maurice Wilk í ns e Rosalind Franklin, con -
tribuíram para a identificação da estrutura em dupla - hé - Gen ética: fundamental para a biologia
lice do DNA. Alguns anos mais tarde, em 1958, o meca - moderna
nismo da replicaçáo do DNA foi elucidado Em meados .
dos anos 1960, os mecanismos básicos da transcrição e Uma das bases da biologia moderna é a demons -
tradução foram estabelecidos e o código genético, por tração de que toda a vida na Terra compartilha uma
meio do qual o RNAm é traduzido em prote ínas, foi deci - origem comum, ou progerwta, um termo que significa
"forma progenitora" ( Figura 1.3 ). Toda a vida descende
frado. Com base nessas realizações, a an álise genética em
nível molecular surgiu como o principal campo de inves - desse ancestral comum , sendo frequentemente dividida
tigaçã o genética durante a segunda metade do século XX. cm três grandes domínios dc vida. Esses três domínios
A clonagem e o desenvolvimento da tecnologia de são Eukarya , Bactéria e Archaea. O domínio Eucarya
DNA recombinante evoluíram rapidamente durante os também é conhecido como domínio dos eucariotos;
anos 1970. No inicio dos anos 1980, os biólogos perce - eles consistem em organismos unicelulares e pluricelu -
beram que, para compreender adequadamente a uni - lares com um n úcleo verdadeiro, vá rios cromossomos
e outras características diferenciadas, identificadas na
dade e a complexidade da vida, eles teriam de estudar
e comparar genomas inteiros. Essa percepçáo lançou figura. Os dom ínios Bact éria e Archaea consistem em
a "era gen òmica " na gen ética. O genoma é o conjunto organismos unicelulares que não possuem um n úcleo
completo de informa ções genéticas portadas por uma verdadeiro e geral mente têm um ú nico cromossomo,
espécie. Os biólogos iniciaram centenas de projetos de entre outras caracter ísticas diferenciadas. As células
sequenciamento do genoma para decifrar as sequê ncias vegetais e animais conté m organelas especializadas,
de DNA completas dos organismos, de bactérias a seres chamadas mitocôndrias , e as células vegetais també m
humanos. Convenientemente, em 2001, um século após contêm organelas, chamadas doroplastos , que desem -
a identificação hist órica da alcapton ú ria como doença penham fun ções essenciais. As mitocôndrias e os clo-
hereditá ria humana realizada por Garrod e Bateson , roplastos transportam seu pró prio DNA e descendem
grupos cient íficos do mundo inteiro publicaram o "pri - de invasores bacter íanos parasitá rios ancestrais que
meiro rascunho" completo do genoma humano, o Pro - desenvolveram uma relação endossimbiótica com seus
jeto Genoma. As notáveis informações proporcionadas hospedeiros eucarióticos ( ver Capítulo 19) .
pelo Projeto Genoma Humano e por centenas de ou - Uma segunda base da biologia é o reconhecimento
tros projetos de sequenciamento do genoma que foram —
de que o material hereditá rio a substâ ncia molecular
^ Rizaria Thermoproteales
Exeavados
/
—
> Desulfurococcales
/ Sulíolobales
Archaea
-Hdlobacteriales
Methanosarclnales
Thermoplasmatales
\ Archaeoglobales
Progenota , Metanococcales 1. Um único cromossomo grande
(algumas também conté m plasmkJeos)
Thermococcales
1 Nenhum n úcleo ligado â membrana
Mitoc ô ndrias ou nenhuma membrana celular
Gram- positivas de conte údo GC baixo
\ Plancomycetales 3. Unicelulares
doroplastos
Chlamydiales 4 Genomas menores
Ns. Espiroquetas
Aquifkales Bactéria
X
x. Thermotogales
L ^Gram-positivas de conteúdo GC alto
' Deí nococcales
Cyanobacteria
Proteobacteria
Capitulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 5
Tabela 1.1 Composição das bases dos nucleot ídeos de vá rios genomas
Gervoma de
origem Porcentagens das bases de nucleotídeos Proporções
Adenina Guanina Citosina Timina
(A) (G) (c ) (T) G+ C G/c
Bactérias
E. coii (B) 233 26,8 26, 3 23,1 53.1 L02
Leveduras
S. cerevisae 31,3 18,7 17.1 32.9 35.8 1,09
Fungos
.
N crassa 23,0 27,1 26,6 23,3 53.7 1,02
Invertebrados
C.elegans 31,2 19,3 20.5 29,1 39,8 0,94
D. melanogaster 27,3 22,5 22.5 27,6 45.0 1,00
Plantas
A.thaliana 29.1 20,5 20.7 29.7 41.2 0,99
Vertebrados
M. muscu /us 29,2 21,7 19.7 29,4 41,4 1,10
.
H sapíens 30,6 19.7 19.8 30.3 39.5 0,99
Capitulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 7
3
Pares de base
,complementares _.
5 /
Pares de base Espinha dorsal de
Fitai
complementares a çúcar-fosfato
Espinha dorsal de A
^
açú car -fosfato
Açú car
G
Fita 2 Ligação
fosfodiéster
Fosfato
Grupo 5' fosfato a -
Bases de nucleotídeo
Guanina
ctetn . I
T
5'
3’
Grupo
3’ hidroxila
Sítio da Açú cares Pontes de
Hga çâo
-
fosfodiéster
desoxirribose hidrogénio ‘v J
Xí~ k 4A ^ )
T A Figura 1.6 Composição e estrutura do
DNA. Os nudeotideos do DNA contém o açúcar
desoxirribose, um grupo fosfato e uma base de
nucleot ídeo ( A, T, G ou C). As ligações fosfodiéster
5' fosfato •
Tlmina
.. ,
Adenina
"
T
| // MÁ unem os nucleot ídeos adjacentes em cada fita
* T e as pontes de hidrogénio unem nucleot ídeos
complementares das fitas que tém orientação
5* 3*
antiparalela.
8 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
—
virar uma pasta fina. Derrame a pasta em uma tigela pequena.
reunida uma quantidade suficiente de DNA, ele pode ser visto
Se estiver usando morangos em vez de cebolas, acrescente
é claro que náo em seus detalhes moleculares. Usando
uma fonte rica em DNA (como cebolas, que estão dispon íveis uma xícara de água e amasse até virar uma pasta fina.
o ano inteiro, ou morangos, cujos n úcleos cont êm oito cópias 3. Acrescente 2 colheres (sopa ) de detergente l íquido à pasta
de cada cromossomo) e alguns itens domésticos familiares, e mexa delicadamente. Tome cuidado para o detergente
você pode coletar uma amostra visível de DNA em sua própria não fazer espuma. Deixe a mistura descansar por alguns
casa, em aproximadamente 30 minutos. minutos para que o detergente quebre as membranas ce -
lulares e nucleares.
INGREDIENTES 4. Acrescente uma colher (sopa) de amaciante de carne á mis
tura e mexa delicadamente. Mais uma vez, evite a espuma do
-
1 cebola pequena sem casca (aproximadamente 1 x ícara) ou 1
xícara de morangos sem as folhas detergente. A papaina no amaciante vai digerir grande parte
1 a 2 xícaras de á gua com 1 colher ( chá ) de sal por xícara da proteína liberada pelas células rompidas e também as pro
teínas presas ao DNA. Deixe a mistura descansar por alguns
2 colheres (sopa ) de detergente l íquido
minutos para dar tempo á papa ína para trabalhar.
1 colher (sopa ) de amaciante de carne (contendo "papa ína'
do mamão) 5. Coloque 2 a 3 camadas de gaze de algodáo soltas sobre
a abertura do recipiente de vidro, permitindo que a gaze
120 ml a 1 flO ml de á lcool isopropílico ( 95% é melhor, mas
forme uma pequena 'tigela" dentro da abertura. Use o
70% é suficiente) elástico para prender a gaze no lugar. Derrame a mistura
- -
EQUIPAMENTO pastosa na gaze, escavando para fora os resíduos da cebola
ou dos morangos quando encher a 'tigela de gaze. Apro-
Processador de alimentos ( para a cebola ) ou amassador ou es- xlmadamente 240 ml a 350 ml de suco° serão coletados no
premedor de batatas ( para os morangos )
fundo do recipiente. Descarte a gaze e seu conteúdo.
Tigela pequena 6 . Derrame á lcool no suco e mexa muito pouco. Deixe a mis-
Jarro ou recipiente de vidro transparente com lados verticais tura de suco descansar por 5 a 10 minutos. O suco se depo-
Gaze de algodão para criar uma camada em cima do recipiente sita no fundo da mistura, o á lcool vai para a parte de cima e
de vidro com alguns cent ímetros de sobra em toda a volta a grande massa de material macio flutuante é o DNA.
1 elá stico para envolver o recipiente de vidro 7. Quando o á lcool estiver completamente separado do suco,
1 pauzinho de comida japonesa ou qualquer objeto similar você pode "enrolar' o DNA em um pauzinho, torcendo o -
(de madeira ) lentamente no material macio flutuante.
uma receita simples para o isolamento do DNA, que aná lise gen ética em cada capitulo do livro. Cada um
você pode fazer em casa com compostos domésticos deles apresenta a você um problema e o conduz até
comuns e seguros. a solução seguindo a estratégia de resolução de pro-
- -
blemas “ Avaliar Deduzir Solucionar". A an álise gen é
tica é uma ferramenta de aprendizagem ú nica, con -
-
Observa çã o gen é tica Cada fita do DNA em uma du - cebida para ajudá - lo a dominar a tarefa mais dif ícil
pla -hé llce tem uma extremidade 5' e uma extremidade 3'.
As fltas consistem em nucleot ídeos presos por ligações fos-
fodiéster covalentes. As pontes de hidrog é nio entre as fitas
para os alunos de genética
problemas.
—
aprender a solucionar
AN ÁLISE GENÉTICA
Escreva a sequência e a polaridade da fita de DNA complementar à fita exibida abaixo .
5 ' - ~ ACGGATCCTCCCTAGTGCGTAATTCG ... - 3'
2. Identifique as informações críticas fome- 2. O problema fornece a sequência de nucleotideos e a polaridade de uma
cidas no problema. fita de um DNA duplex.
Deduzir
3. Analise a relação dos nucleotideos na se- 3. O pareamento de bases complementares do DNA une a adenina com a ti-
gunda fita com os da fita fornecida. mina e a guanina com a crtosina para formar um DNA duplex.
DK À: As fiUs u*n DNA óuptex s*o
DNA com -
.
unMtas por por tvs d* h <Jrog rio
*
paro d* b«t compJ*n> tn«ar v
DICA: As fltis dp
*
plementara sio antiparaleUv
4. Descreva a relação de polaridade das fitas 4. A segunda fita desse DNA duplex será orientada com sua extremidade 3'
de DNA complementares. para a esquerda e sua extremidade 5' para a direita.
Solucionar
5. Forneça a sequência e a polaridade da fita 5. Pelas regras do pareamento de bases complementares e de acordo com a
de DNA complementar. orientação antiparalela, a segunda fita do DNA é
-
3 ' TG Ç CTAGGAGGGATCACGCATTAAGC - 5'
—
Niiriõõtidõõs
-filha 2 parental 2 adicionados sequências de DNA dos genes são transcritas para RNA
5' 3' e depois traduzidas para proteína, é conhecida. Capítu
los posteriores discutem a transcrição (Capítulo 8) e a
-
tradução (Capítulo 9). Porém, hoje os biólogos também
sabem que várias formas de RNA são encontradas nas
Figura 1.7 Replica ção semkonservativa do DNA Cada . células e que essas moléculas de RNA são transcritas e
fita de DNA parental serve como modelo para a síntese de desempenham vá rios papéis nas células, mas somente
sua flta -filha. A DNA pollmerase sintetiza fitas-filhas um o RNAm é traduzido. Duas categorias importantes de
nucleotideo de cada vez. RNA que não são traduzidas, mas desempenham papéis
críticos na tradução, são o RNA ribossómico e o RNA
( b)
RepJteoçôo
Transcrição Tradução
mensageiro IRNAm ) Proteí na
•y - Rr A ribossómico < RNAr)) t
Para o ribossomo
S
\
\^ » R transportador
micro
IRNAt
( RNAmi )
outros RNA
retroviral
Transcrição revtrsa
Cap í tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabi lidade e evolu ção 11
- -
£ 3' codificadora
nir.wfMiiiM iiTmt iítíMi£ 5' mo
Fita
de
conhecida como fita codificadora . Como a fita codifi
cadora é complementar e antiparalela à fita molde do
—
DNA , ela tem a mesma polaridade 5' > 3' do transcrito
RNAm 5|
' c* de RNA sintetizado a partir da fita molde; alem disso,
o transcrito de RNA e a fita codificadora de DNA sâo
A nta codticadcfa do DMA e o transato de idênticos quanto à sequência de nucleotídeos, exceto
RNAm tém a mesma ootandade e sequência, pelo surgimento de U no lugar de T.
subiWuindo U no RNAm porT no DNA.
O RNA é composto de quatro nucleotídeos quimi-
Figura 1.9 Correspondência entre a fita molde e a fita camente muito similares ao DNA. Os nucleotídeos do
codificadora do RNA e do DNA . RNA consistem em um açúcar ( ribose, nesse caso), um
grupo fosfato e uma de quatro bases nitrogenadas. Três
transportador. O RNA ribossómico ( RNAr ) forma das bases de nucleotídeos do RNA sâo adenina, citosina e
parte dos ribossomos, as estruturas celulares abundantes
onde ocorTe a montagem das proteínas. O RNA trans -
portador ( RNAt ) transporta aminoácidos, os compo-
nentes fundamentais das proteínas, para o>s ribossomos.
guanina, as mesmas encontradas no DNA. A quarta base
— .
do RNA é a uracila (U) No pareamento de bases DNA
RNA e RNA RNA, C pareia com G e A pareia com U.
A transcrição que produz o RNA é um processo con-
—
Um dogma central da biologia atualizado é exibido na trolado nas células. A RNA polimerase é a enzima res-
Figura l.Ab. Além do RNAm, RNAr e RNAt, a figura ponsá vel por sintetizar os transcritos de RNA- Para co-
identifica a transcri ção reversa , uma forma de fluxo de meçar a transcrição, a RNA polimerase e outras proteínas
informações que sintetiza o DNA a partir de um modelo transcricionalmente atiras precisam localizar um gene e
de RNA nos vírus que contêm RNA ( retrovírus) usando obter acesso à fita molde do DNA. Depois de transcrita a
uma enzima chamada transcriptase reversa. Ela també m sequência de codificação do gene, a RNA polimerase pre
identifica o RNAmicro ( RNAmi ), o foco de uma á rea -
cisa parar a transcrição e desconectar se do DNA.
rapidamente emergente de investigação do RNA que Os promotores são o tipo mais comum de sequê n -
estuda o papel dessas pequenas moléculas de RNA na cias de DNA reconhecidas pela RNA polimerase como
regulação da expressão génica em plantas e animais ( ver indicadoras da presença de um gene nas proximidades.
Capítulo 15). Os promotores (ou sequê ncias promotoras) ajudam a
regular a inicia ção da transcrição controlando o acesso
Transcriçã o da RNA polimerase ao DNA. Os promotores n ão são
A transcrição usa uma fita do DNA que compõe
transcritos. Em vez disso, a transcrição de um gene co -
meça perto do promotor no início da transcri ção. A
um gene para dirigir a sí ntese de um transcrito de RNA transcrição termina na sequência de terminação, uma
de fita única. A fita do DNA a partir da qual o trans- sequência do DNA que facilita a cessa ção da transcri-
crito é sintetizado é chamada fita molde. A RNA po- ção ( Figura 1 . i Oa ). Nas bacté rias, os genes produtores de
limerase, enzima sintetizadora de RNA, pareia os nu - proteí na sâ o transcritos para RNAm, que é rapidamente
cleot ídeos da fita molde com os nucleotídeos do RNA traduzido para produzir proteína. Os genes eucarióticos
complementar para sintetizar o novo transcrito na di - têm uma estrutura diferente da encontrada nos genes
reção 5’ para 3'; o transcrito é antiparalelo à fita molde
do DNA ( Figura 1.9).
bacterianos. Eles são subdivididos em éxons , que con -
tém a informação de codificação que será usada durante
(a)
Sequência de Figura 1.10 Estrutura dos genes nas
Promotor Sequência de codificação terminação bactérií í cariotos. As sequ ências
DNA
s' 7/n 1f 3' Fita codificadora de codifica ção contêm informações a
3' 7/ 1 jf 5' Fita molde ser transcritas para o RNA. As sequências
Inicio da promotoras regulam a Iniciação da
Transcrição Os promotores regulam
transcrição transcri ção e as sequências de terminação
Região de a transa ção de um ou
termina ção mais genes bacterianos
controlam a cessaçã o da transcrição.
(a) Os genes bacterianos contém uma
ú nica sequência de codificação que
(b ) transporta as informações do gene.
Éxon 1 Éxon 2 Exon 3 ( b) A sequência de codifica ção dos genes
Promotor .
eucarióticos é dividida em éxons que são
DNA
5' 7n ~
3' Fita codificadora separados por introns.
3' 7/ 1 Jf 5' Fita molde
In ício da í ntron A Intron B Os genes eucar óticos
transcrição
- Transcnção cortêm introns e éxons
que são transcritos.
Região de
termina ção
12 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Aminoá cido
Tradução Polipeplidio
Ponte pept ídka
As sequências dos genes do DNA sã o transcri
tas em RNAm e este é traduzido em prote í nas. A
-
tradu ção converte a mensagem genética transportada 3'
5'
pelos nucleotídeos do RNAm em sequê ncias de ami - Anticódon
.
noácidos usando o código genético Os aminoácidos
sã o unidos uns aos outros por uma ponte covalente
chamada ponte peptídica. A fita de aminoácidos
resultante é um polipeptídio, que após ser dobrado
compõe toda ou parte de uma proteína. Direção da
A tradução do RNAm ocorre no ribossomo, tradução
onde conjuntos de três nucleot ídeos consecutivos, com
cada conjunto chamado códon, especificam a sequê ncia
de aminoácidos que compõem o polipept ídio. Cada Códon /
de parada
^
códon do RNAm é um tripleto de nucleotídeos de
RNA codificados por três nucleotídeos de DNA comple - Figura 1.11 Visã o geral da traduçã o, (a ) Os códons do
mentares na fita molde e que são identificados como tri - RNA mensageiro são complementares e antiparalelos aos
tripletos do DNA da fita molde , ( b) Os ribossomos iniciam a
pleto de DNA (Figura 1.11a ). A tradução começa com o
tradução do RNAm no códon de in ício e se movem ao longo
RNAm se conectando a um ribossomo de uma maneira
do RNAm na direção 3', acrescentando um novo aminoácido
que coloca o códon de início, o códon que especifica o ao polipeptí dio nascente pela leitura de cada códon. As
primeiro aminoá cido de um polipept ídio, no local ne- moléculas do RNA transportador transportam aminoácidos
cessário (Figura 1.11b). O códon de início na maioria das para os ribossomos, onde as sequ ências de anticódon do
vezes é o AUG, sendo o códon onde a tradução começa. RNAt interagem com as sequências de códon do RNAm.
A partir do códon de início, os ribossomos se movem na A tradu ção termina quando o ribossomo encontra um
—
direção 5' 3’ ao longo do RNAm para montar a cadeia
de aminoácidos, com cada conjunto sucessivo de três
códon de parada.
nucleotídeos do RNAm formando um códon. código genético contém 64 códons; cada códon consiste
Os aminoácidos são transportados para ribossomos em três posições, cada uma delas preenchida por um
pelos RNAt Em cada códon, ocorre um pareamento de dos quatro nucleotídeos do RNA. Uma sé rie de códons
bases complementares entre os nucleotídeos do códon no RNAm especifica a sequência de aminoácidos em
e uma sequência de três nucleotídeos do RNAt , cha - um polipeptídio. Um códon de RNAm é lido na direção
mada ant ícódon. Essa interação monta aminoácidos 5' para 3': a primeira base do códon está em sua extre -
na ordem ditada pela sequência do RNAm. As proteí
nas ribossó micas alimentam a progressão contí nua do
- midade 5', a terceira base está em sua extremidade 3’ e a
segunda base está no meio.
ribossomo ao longo do RNAm e catalisam a formação Como existem 64 códons ( 4 %) e apenas 20 tipos
das pontes pept ídicas na cadeia polipept ídica crescente . comuns de aminoácidos nas proteínas, o código gené-
A tradu ção continua até o ribossomo encontrar um dos tico é redundante: a maioria dos aminoácidos pode ser
três códons de parada , levando à cessação da traduçao. especificada por dois ou mais códons diferentes. Para
—
O código gen é tico, através do qual os códons do
RNAm especificam os aminoácidos, foi decifrado por
uma série de experimentos que ocorreram durante o
início dos anos 1960. Os experimentos revelaram que o
—
dois aminoácidos metionina ( Met ou M ) e triptofano
(Trp ou W) há apenas um códon , mas para outros há
até seis. Um total de 61 dos 64 códons especificam ami
noácidos e os outros três são códons de parada. Os 64
-
Cap í tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabi lidade e evolução 13
Segunda posiçã o
uuu
UUC
} PHe ( F)
UCU 1
UCC
UAU
UAC
} Tyr ( Y)
UGU
UGC
} Cys (C)
UCA
- Ser (S)
- parada UGA - parada
UUA
UUG
} Leu ( L ) UCGJ
UAA
UAG - parada UGG - Trp (W )
o. CUUl CCUl CAU CGU 1
1 CUC CCC CAC
His ( H )
CGC
Leu ( L) Pro ( P) Arg ( R )
CUA CCA CGA Í
3L
CUG J CCG J
CAA
CAG
} Gin (QJ CGG J
2
2
1
Jf
ACUl
I AUUl
AUC “ II* ( I ) ACC
AAU
AAC
} Asn ( N )
AGU
AGC
} Ser (S)
è
c
£
AUA J ACA
- Thr (T)
AAA
AUG - Met ( M )
ACGJ AAG
} Ly* ( K )
AGA
AGG } Arg ( R )
K
I
UI
códons sã o exibidos na Tabela 1.2 usando as abreviações "é um rio de DNA, fluindo e se ramificando através do
de trés letras e de uma letra para os aminoácidos apre - tempo geológico". O " rio através do tempo" de Dawkins,
sentados na Tabela 1.3. que conecta todos os organismos passados e presentes,
A Aná lise Genética 1.2 permite que você trabalhe é o DNA . Esse DNA compartilhado é a base para identi-
com a transcrição e a tradu ção da sequê ncia de DNA ficar c estudar as relações entre os organismos c traçar a
avaliada na Análise Genética 1.1. histó ria de sua evolu ção.
A vida não é está tica e uniforme, é claro; ela evo-
Observa çã o genética A tradução converte a informa- lui à medida que o DNA diverge, através de alterações
ção genética contida nas sequências de RNAm em polipeptí-
adquiridas por mutação, em " ramos” distintos cuja bi
furcação metaf ó rica leva a novas espécies. A cita ção de
-
dios usando um código genético triplice. A tradução começa
no códon de início; os aminoácidos sucessivos são ligados por
Dawkins sugere que, para a hereditariedade manter a
pontes peptidicas; e a tradução cessa no códon de parada.
continuidade genética através das gerações e para a va -
riabilidade se desenvolver entre os organismos e origi -
nar novas espécies, os processos bioquímicos que repli-
cam o DNA e expressam a informação genética também
1.4 A evolução tem uma base precisam ser universais. Partindo dessa perspectiva, a
molecular universalidade do DNA como molécula hereditária da
rida e os processos compartilhados de replicação do
à medida que os biólogos fazem um levantamento DNA e da expressão génica são coerentes com a ideia
.
das variedades de vida avaliam as semelhanças c de uma origem ú nica da rida que evoluiu para os mi-
diferen ças genéticas entre as espécies e exploram a lhões de espécies que hoje povoam a Terra e também as
relaçã o dos organismos modernos uns com os outros e incontáveis espécies que as precederam , mas hoje estão
com seus ancestrais extintos, fica evidente que toda a extintas.
vida está conectada pelo DNA. R íchard Dawkins, bió- A vida na Terra surgiu provavelmente de uma ú nica
logo e autor de vá rios livros sobre evolu çã o, observou fonte, entre 3,5 e 4 bilhões de anos atrás. As formas de
essa conexão molecular quando observava que a rida rida fossilizadas mais antigas são organismos esféricos
14 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Asparagina Asn N
Cisteí na Cys C
Fenilalanina Pbe F
Histidina His H
- 10
Isoleucina lie I
Leucina Leu L
Usina Lys K
Metionina Met M
Lo rv
,J/
Prolina Pro P
Serina Ser S
Tirosina Tyr Y F igu ra 1.12 Formas de vida ancestrais. Bacté rias
vivas do gê nero Lyngbya (à esquerda ) lembram os restos
Treonina Thr T fossilizados da Paleolyngbya (à direita ) da Formação Lakhanda
Triptofano Trp W
.
de 950 milhões de anos que fica na Sibéria.
Valina Vai V
observações em primeira mão da distribuição e diver
sidade da vida no globo. Cada autor descreveu taxas
-
e filamentares provenientes de formações rochosas no de sobrevivência e reprodução mais elevadas de certas
Oeste da Austrália com 2,5 bilhões de anos. Alguns dos formas de uma espécie em relação a formas alternativas
por meio do processo de seleção natural. Esta funciona
primeiros fósseis têm uma aparência similar à das bac
té rias que existem hoje ( Figura 1.12). Essas primeiras
- no nível fenotí pico, mas se baseia na variabilidade gen é-
formas de vida originaram uma deslumbrante variedade tica subjacente: como a seleçã o natural aumenta a fre-
de espécies, a maioria extinta. No entanto, elas são an - quência de uma forma morfológica em relação a outra
cestrais das espécies modernas que habitam cada nicho na população, as frequê ncias dos alelos que controlam
ecológico concebível na Terra, do mais temperado ao cada forma também mudam. Ao longo de muitas gera
ções, as formas morfológicas que produzem mais prole
-
mais extremo.
també m deixam mais cópias dos alelos que controlam o
fenótipo, criando uma mudança genética na população.
Teoria da evolução de Darwin A teoria da evolu ção pela seleção natural de Char-
Ao longo de milénios desde a origem da vida , in - les Darwin hoje é um fato científico plenamente esta-
contáveis milhões de espécies surgiram e desaparece- belecido, incorporando três princí pios da genética po-
ram. Essas mudanças ocorreram através da evolu ção, pulacional que eram óbvios para muitos naturalistas
a teoria de que todos os organismos estão relaciona
dos por uma ancestralidade comum e que se diversi -
- contemporâ neos de Darwin, mas que não foram reuni
dos em um modelo coerente até que ele articulasse sua
-
ficaram ao longo do tempo, principalmente por meio conexão na publicação A origem das espécies, de 1859.
do processo de seleção natural. A noçã o contemporâ - A união desses princí pios em uma teoria evolutiva feita
nea de evolução foi proposta de maneira independente por Darwin surtiu um efeito revolucioná rio na biologia,
por Charles Darwin e Alfred Wallace no final dos anos lan çando as bases da ciência biológica moderna. Eis os
1850. Esses dois autores basearam suas propostas em princí pios da genética das populações de Darwin:
Capí tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 15
AN ÁLISE GENÉTICA
Voltando à fita de DNA apresentada na Análise Genética 1.1 (reproduzida abaixo) e usando também
a sequência complementar determinada naquele problema, responda às questões a seguir.
-
3' - .ACGGATCCTCCCTAGTGCGTAATTCG _ - 5'
.
a Uma fita da sequência de DNA de dupla fita que você produziu na Análise Genética 1.1 é usada como molde para produzir
RNAm contendo cinco códons de aminoáciòo e um códon de parada. O RNAm é traduzido em um polipeptídio contendo cinco
.
aminoácidos, o primeiro dos quais é a metionina (Met), codificada pelo códon de início Identifique o segmento da fita molde
do DNA que contém as sequências que codificam o códon de inicio, o códon de parada e os aminoácidos.
.
b Escreva a sequência e a polaridade do transcrito de RNAm, especificando os códons dos cinco aminoácidos e o códon de
parada.
c Escreva a sequência de aminoácidos da proteína produzida pela tradução. Use os códigos de três letras e de uma letra na
sequência.
.
4 Identifique os tripletos de DNA correspondentes .
4 Cinco tripletos de DNA possivelmente codificando códons de pa-
aos possíveis códons de parada. rada são exibidos abaixo em negrito.
-
5' TGCCTAGGACGGATCACGCATTAAGC 3' -
. - . UAA UA6 e l»GA
DICA: HA tif códons de paraca
*
codiflcados pHo tnplrta ATT ATT e ATT, rrvprcttvamrritc 3' * ACGGATCCTCCCTAGTGCGTAATTCG 5' -
Solucionar Resposta A
.
S Faça uma varredura nas duas fitas de DNA pro- .
5 O único códon de início possível está na fita superior à direita (3'- TAC
curando por uma sequência 3'-TAC - 5' (códon -
50* fazendo que essa fita superior seja a fita molde. O tripleto que co-
de início) que seja seguida por 12 nudeotídeos .
difica o códon de parada está à esquerda (3'— ATC - 50 Quatro códons
(quatro códons) codificando aminoácidos e de - separam o inicio e a parada e estão destacados a seguir.
pois um códon de parada. 5' - TGCCTAGGAGGGATCACGCATTAAGC - 3'
£>I( A ; O RNA mensageiro é
3' - ACGGATCCTCCCTAGTGCGTAATTCG - 5'
complementar e anfroaralelo d
fra molde do DNA K Resposta B
.
6 Determine a sequência e a polaridade do RNAm. .
6 A sequência do RNAm é
.
-
5 ' AUG CGU GAU CCC UCC UAG 3' -
7 Determine a sequência de aminoácidos do poli - Resposta C
peptídio codificada por esse RNAm . .
7 O polipeptídio codificado pelo RNAm é Met -Tyr- Asp-Asn- Ala ou
M-Y-D-N A.
DICA: U t o cóc 90 genético para traduar
o RNAm. *
Pequeno
Grande
de gerações de biólogos, demonstrando que os meca -
nismos hereditários revelados por investigações labora -
toriais e a estrutura e evolução das popula ções naturais
t Cactos
Comedores
de flores
de cactos
Tentilhã o gorjeador
Comedor
de sementes
da evolu ção une as ideias evolutivas de Darwin com as dos Comedores de insetos
biólogos evolutivos contemporâ neos para proporcionar uma Ancestral Cinza
comum
vlsáo abrangente dos mecanismos e processos da mudança
Verde
evolutiva.
Figura 1.13 Evolução morfológica. Uma á rvore fllogenética
baseada em caractensticas morfológicas mostra as relações
aparentes entre 14 espécies de tentilhão que habitam as Ilhas
Rastreando as relações evolutivas
.
Galápagos. (Adaptado com a permissão de CAMPBELL N. A;
Os biólogos evolutivos investigam a evolu ção es- . . .
REECE J. B. Biobgy.8. ed Fig. 1.22 p. 17, 0 2008.)
tudando o desenvolvimento morfológico (f ísico) e mo-
lecular ( DNA, RNA e proteína ) dos organismos. As
comparações morfológicas e moleculares podem identi - diferenças entre os grupos que estã o sendo estudados.
ficar relações entre as espécies vivas, bem como revelar
as relações ancestral -descendentes. As semelhanças e
A abordagem cladística para a construção da á rvore fl
logenética costuma utilizar o conceito de parcimó nia,
-
diferenças morfológicas ou moleculares que identificam significando o uso de opções mais simples ou econ ómi-
as relações evolutivas dos ancestrais e descendentes cas, para construir uma á rvore fllogenética postulando
podem ser retratadas em um diagrama chamado á rvore o menor n ú mero de mudanças necessá rias para levar
fllogen ética. Essas á rvores resumem as histórias evolu - em conta as diferenças entre grupos. A ideia por trás do
tivas das populações ou espécies usando pontos de ra
mifica ção na árvore para indicar os ancestrais comuns
- conceito de parcimónia é que a explicação mais simples
para as diferenças conhecidas entre os grupos tem a
dos organismos descendentes. maior probabilidade de estar certa.
A abordagem mais utilizada na construção da ár- A Figura 1.13 mostra uma á rvore fllogen ética pro-
vore fllogen ética é a abordagem dad ística, que re- posta para 14 espécies de tentilhã o que habitam as
constrói as relações evolutivas e as classifica em grupos Ilhas Galá pagos. Essas espécies de tentilhão foram um
chamados clades, baseados na identificação das carac
ter ísticas derivadas comuns que podem ser morfoló
- dos grupos estudados por Darwin quando ele formulou
sua teoria evolutiva. A á rvore exibida aqui se baseia em
gicas ou moleculares. As características derivadas co
muns se desenvolvem através da evolução a partir das
- uma série de características morfológicas e comporta
mentais, incluindo formato e tamanho do bico, hábitos
-
características mais primitivas e exibem uma gama de alimentares e o habitat de cada espécie, bem como seu
18 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
grau de isolamento ou separação das demais espécies quadr ú pedes e exclui o salmão. Desse modo, todos os
nas ilhas. animais, exceto o salmão, podem ser unidos em um
O conhecimento das relações evolutivas de um clade que chamamos quadr ú pedes. Como os peixes
grupo de organismos permite compreender melhor sua n ào estão dentro do clade dos quadr ú pedes, eles for -
biologia. Por exemplo, entre os tentilh ões de Darwin , os mam um exogrupo dos quadr ú pedes. Um exogrupo é
—
tentilhões de á rvore formam um grupo monofilé tico
um conjunto de organismos que inclui um ances-
tral comum e todos os seus descendentes. Os tentilhões
de solo também formam um grupo monofilético. Por
um tá xon ou grupo de tá xons relacionado ao clade em
-
.
questã o, mas que n ào faz parte dele As espécies dentro
do clade de interesse chamam se endogrupo. No nosso
exemplo, cada clade sucessivo é identificado pelo agru -
outro lado, os tentilhões comedores de insetos formam pamento das espécies com base em outras caracter ísti -
um grupo paraf í lético
—
um conjunto de organismos
que inclui um ancestral comum, mas nào inclui todos
cas compartilhadas.
Após a constru ção de uma á rvore filogenética, é
as seus descendentes. O conhecimento sobre se um possível sua utilização para inferir caracter ísticas das
grupo é monofilético ou parafílético permite inferências espécies ancestrais. Por exemplo , podemos inferir que
sobre a evolução dos traços. Por exemplo, uma vez que o ancestral comum de todos os tá xons na Figura 1.14
os tentilhões de árvore são monofiléticos, esse traço, a tinha uma espinha dorsal, o que seria então uma ca -
vida arbórea, provavelmente evoluiu uma vez no an - racteristica ancestral; mas ele n ão tinha quatro patas,
cestral comum dos tentilhões de á rvore. Inversamente, o que, nesse caso, seria uma caracteristica derivada
como os tentilhões comedores de insetos formam um que evoluiu ma ís tarde, na ancestralidade comum dos
grupo parafílético, o traço da preferência por insetos quadr ú pedes.
como fonte de alimento evoluiu vá rias vezes ou, de Construção de á rvores filogenéticas usando moléculas
modo alternativo, foi perdido várias vezes na evolução As á rvores filogenéticas baseadas em caracter ísticas
dos tentilhões de Darwin. moleculares são construídas da mesma maneira que as
Construção de árvores filogenéticas usando morfologia e baseadas em caracter ísticas morfológicas, exceto que as
anatomia Considere as características compartilhadas caracter ísticas compartilhadas são sequê ncias de DNA
pelos vários agrupamentos de animais apresentados na ou proteínas. Os grupos descendentes possuem áci-
Figura 1.14: salmão, crocodilo, omitorrinco, canguru, dos nucleicos ou sequê ncias de aminoácidos derivadas
lobo, gorila e homem. Uma caracteristica morfológica das sequências possu ídas por seus ancestrais comuns.
comum a todos esses animais é a presença de uma es- O conceito de parcimó nia diz que as sequências mais
pinha dorsal, que une esse grupo em um clade que co- estreitamente relacionadas sáo as que têm o menor n ú -
- mero de diferenças entre elas.
—
nhecemos como vertebrados, em que todos comparti
lham um ancestral comum neste caso, um ancestral
vertebrado. Uma segunda caracteristica morfológica ,
a presença de quatro pernas, une todos os animais
A Figura 1.15 considera as sequê ncias de DNA de
rivadas dos primeiros 15 nucleotídeos do gene (J - glo-
bina de sete espécies (a a g). Na figura, as sequências
-
foram alinhadas verticalmente e o n ú mero de diferen -
ças entre a sequência superior e cada uma das outras
Caractorfsticas morfológicas sequ ê ncias é observado na primeira etapa da figura.
Espinha Pelo, Um método comum para construir uma árvore fi -
dorsal leite logenética começa com comparações em pares, agru -
3i
&
Táxon
Homem
pando as sequ ências mais similares (sob o pressuposto
de que são as mais estreitamente relacionadas ) e sub-
sequentemente trazendo as sequ ências mais remo-
S, tamente relacionadas para obter a á rvore mais parci -
I SI
52 ]
O * O O Gorila
wo
1
ii! lf
I!
Lobo
Canguru
moniosa. A an á lise começa com as sequências a e b,
já que são idê nticas, e acrescenta sucessivamente as
sequ ê ncias mais remotamente relacionadas para cons -
u cr Omitorrinco truir uma árvore. A informação de sequência de c, que
Crocodilo
é mais similar a a e b, é acrescentada em seguida, se -
guida pelas outras sequências. Uma á rvore filogen ética
Salmão completa , construída seguindo as etapas enumeradas,
resulta em uma á rvore que recapitula a filogenia co-
Figura 1.14 Gera çã o de uma á rvore filogenética
baseada em características morfológicas. Os organismos nhecida dos vertebrados.
são avaliados quanto è presen ça ou ausência de uma série -
Deve se ter cuidado na construção das á rvores fi -
de características morfol ógicas, e os que compartilham as
mesmas caracter ísticas formam clades. As origens de tra ços
logenéticas para assegurar que as características mor
fológicas ou moleculares nas quais se baseiam n ão
-
espec íficos podem ser rastreadas na á rvore filogenética. evoluíram de maneira independente, já que isso viola-
Capí tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 19
Figura 1.15 Construção de uma árvore filogenétka baseada em características moleculares usando o princípio da
parcimónia.
ria o pressuposto de que elas são uma evidê ncia de um Genética 13 o orienta através da constru ção da árvore
ancestral comum. Por exemplo, sabemos que as asas íf logen ética .
em pássaros e morcegos t ê m origens independentes, A disponibilidade dos dados da sequ ência de DNA
pois muitas outras caracter ísticas derivadas comuns para a maior parte das linhagens de vertebrados revolu -
unem os morcegos aos mam íferos e os pássaros, aos cionou o modo como vemos a filogenia animal. Alguns
répteis. As caracter ísticas compartilhadas com ori
gens evolutivas independentes surgem por evolução
- grupos que eram reunidos tradicionalmente juntos,
como mamíferos, pássaros e anf íbios, provam , a partir
convergente ou homopiasia. Embora a frequê ncia dos dados de sequência, que formam grupos monofi-
da evolução convergente para o mesmo estado de l étkros. No entanto, análises indicaram que os répteis e
atributo gcralmentc seja lenta , os altos n íveis às vezes peixes não formam grupos monoílléticos e são parafi-
podem confundir a construção das á rvores. A An álise léticos. Por exemplo, os crocodilos são mais próximos
20 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
AN Á LISE GENÉTICA
Os bi ólogos evolutivos pesquisaram o genoma de porcos, baleias e
Organismo Gene
vacas para identificar a presen ça ou náo de seis genes (chamados A
.
a F na tabela à direita ) Um gene é marcado com um sinal de posi - A B C D E F
.
tivo (+), se for encontrado em um genoma ou com um sinal de ne - Porco +
-
gativo ( ), se n á o for encontrado. Use as informa ções para construir
a á rvore filogenética mais prová vel relacionando a vaca, a baleia e
Baleia + + + +
o porco. Vaca + + + +
Deduzir
3. Identifique os genes compartilhados por 3. Dos seis genes testados, o gene A é encontrado nos três organismos. Os
todos os trés grupos, os genes compar
tilhados por dois dos grupos e os genes
- genes BeC são compartilhados pelos genomas da baleia e da vaca, mas
não são detectados no genoma do porco. O gene D é exclusivo dos porcos .
exclusivos de um grupo. E é exclusivo das baleias e F é exclusivo das vacas.
MCA: Ch germ comparTílhjòm pek»
-
o»g*nbmoi (Hovjwdmente esUvjm pre
sentes em seu «mctrsldl tomi#n.
.
4 Atribua os genes compartilhados a ramos .
4 O gene A é atribu ído à base da á rvore filogen ética, que ascende do ances-
filogenéticos que na á rvore completa tral comum dos três organismos. Os genes B e C sâo atribu ídos a um ramo
serão compartilhados pelos organismos compartilhado pela baleia e a vaca. Os genes D, E e F são exclusivos de gru -
correspondentes. pos separados e, portanto, são colocados em ramos separados.
Solucionar
5. Comece a construir a á rvore com base 5. A á rvore filogenética baseada nos genes compartilhados é exibida a seguir,
nos genes compartilhados pelo maior n ú - BC. Baleia
mero e, depois, pelos menores n ú meros
de organismos. 4 Vaca
Porco
6. Atribua genes exclusivos de cada genoma 6. A á rvore filogenética completa contendo os três genes é exibida a seguir ,
Porco
dos pássaros do que de outros répteis. Análises morfo- Observa çã o gen é tica As diferenças morfológicas e
lógicas e moleculares de dinossauros sugerem que sã o moleculares entre os grupos taxonómicos contemporâ neos
um grupo-irmâo dos pássaros, o que implica que os são usadas para construir á rvores fitogenéticas que retratam as
pássaros ainda existentes sâo os dinossauros da era mo- relaçóes evolutivas pntre os grupov Na construção da á rvore,
derna, como é discutido no Estudo de Caso no final do as caracteristícas primitivas ou sequências ancestrais são en-
capítulo. contradas nos ancestrais comuns e as caracterist ícas derivadas
compartilhadas estão presentes nos grupos descendentes.
Cap í tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 21
ESTUDO DE CASO
saros. Esses genomas pequenos remontam aproximadamente an álises gené ticas e genômicas nos restos dos organismos
a 250 milhões dc anos» pré-datando, assim, o surgimento dos que viveram centenas de milh ões de anos atrás. M é todos
primeiros pássaros aproximadamente 100 milhões dc anos laboratoriais sofisticados para isolamento, extração c me-
atrás. A explicação evolutiva para os pequenos genomas dos di ção de quantidades- traço de ácidos nucleicos e proteínas
dinossauros continua uma questão em aberto, mas os resulta - das espécies extintas podem ser combinados com procedi -
dos de Organ dão credibilidade à opinião de que o genoma mentos de dctecçâo sensíveis e métodos computacionais
pequeno é uma caracter ística ancestral dos pássaros e nào para realizar esses estudos. Segundo, eles fornecem novas
uma adaptação mais recente. fundamentações para as teorias existentes a respeito da
A importância desses estudos com dinossauros é estreita relação evolutiva entre os dinossauros e os pássa -
dupla . Primeiro, eles sugerem a possibilidade de realizar ros modernos.
RESUMO
1.1 A genética moderna entrou em seu segun- descreve como o DNA dita a estrutura da proteí na através
do século de um RN A mensageiro intermediá rio que, por sua vez,
dirige a síntese pollpeptídica.
I Os princí pios da gen ética descritos pela primeira vez por Transcrição é o processo que sintetiza o RN A de fita ú nica a
Gregor Mendel em 1865 foram 'redescobertos* em 1900 partir da fita molde do DNA.
e, assim, fizeram da genética moderna uma disciplina
científica do século XX.
Os transcritos do RNA tém a mesma polaridade 5'
e sequência da fita codificadora do DNA; eles diferem
- 3’
O estudo da transmissão da variabilidade morfológica apenas quanto è presença do nucleot íòeo U no lugar deT.
durante a primeira metade do século XX estabeleceu
Certas sequências de DNA , na maioria das vezes os
a transmissão genética como o foco central da análise
promotores, ligam a RNA pollmerase e outras proteí nas de
genética.
transcrição.
.
A an á lise de DNA RNA e proteína começando na segunda
Tradução é o processo que usa sequ ê ncias do RNA
metade do século XX estabeleceu a genética como uma
mensageiro ( RNAm ) para sintetizar proteí nas.
disciplina molecular.
A vida na Terra possui trés dom í nios
e Eukarya — —Bactéria, Archaea
que compartilham uma história evolutiva
Os códons do RNA mensageiro formam pares de bases
com os anticódons do RNAt no rlbossomo.
comum. Cada RNAt carrega um aminoácido específico que é
adicionado à cadeia polipeptidica em crescimento.
O código genético mantém 61 códons que especificam
1.2 A estrutura do DNA sugere um mecanismo
aminoãcidos e 3 que são códons de parada.
para a replicaçã o
O ácido desoxirribonudeico ( DNA) é o material genético. O 1.4 A evolução tem uma base molecular
DNA é uma dupla-hélice composta de quatro nudeot ídeos
——
que, por sua vez, são compostos de um açúcar desoxirribose Quatro processos seleção natural, mutação, migração e
com anco carbonos, um grupo fosfato e uma de quatro desvio genético conduzem a evolução de populações e
bases de nudeot ídeo: adenlna (A), timina (T), cltoslna (C) espécies.
ou guanina (G ). A evolução das caracteristicas morfol ógicas adapt á veis
I Os nudeot ídeos em uma fita de DNA são unidos por ocorre por meio das pressões seletivas naturais exercidas
ligações fosfodiéster cova lentes entre o 5' fosfato de um sobre as espécies por seus ambientes. As caracter ísticas
nudeotídeo e o 3’ OH do nudeot ídeo adjacente. não adaptáveis que são neutras em relação à seleção
I As fitas do DNA sáo unidas por pontes de hidrogénio que natural evoluem por meio de outros processos evolutivos.
se formam entre pares de base complementares. A forma A síntese moderna da evolução é o nome aplicado à união
par com T e C forma par com G. da transmissão genética, gen ética molecular, evolução
I As fitas do DNA duplex sáo ant í paraleias; uma fita é darwiniana e gen ética evolutiva moderna.
- -
orientada 5' » 3' e a fita complementar é orientada 3' * 5* As á rvores fik>ger»éticas descrevem as relações evolutivas
entre as espécies modernas e traçam sua descendênda a
O DNA se replica por meio de um processo semleonservaòor
que produz cópias exatas da dupla -hélice do DNA original. partir dos ancestrais comuns para identificar o padrão de
A DNA polimerase usa uma fita do DNA como molde para evolução mais prová vel.
sintetizar uma fita -filha complementar, um nudeotídeo de As caracteristicas derivadas comuns sã o atributos
cada vez, na direçã o 5' para 3'. morfol ógicos que evoluem nas espécies descendentes
a partir de caracteristicas encontradas em um ancestral
comum.
1.3 A transcrição e a tradução expressam os genes
As filogenias moleculares traçam a evolução do áddo
I O dogma central - -
da biologia (DNA » RNA > prote í na ) nudeico ou das sequ ências de proteí na dos ancestrais
identifica o DNA como um repositório de informações e comuns até a espécie moderna.
Capí tulo 1 Base molecular da hereditariedade, variabilidade e evolução 23
T E R M O S- C H A V E
Acido desoxirribonudeico (DNA) (p. 5) Evolução convergente (homoplasia) (p. 79) Pares de bases complementares (p. 6)
Acido ribonucleico (RNA) (p. 5) Éxon (p. 7 7) Polaridade da fita (5' e 30 (p. 7)
Alelo ip. 3 ) Fenótipo (pi) . Ponte peptidíca (p. 72)
Aminoácido (p. 11 ) Fita codificadora (p 7 7) . Pontes de hidrogénio (p. 7 )
.
Anticódon (p 12) Fita molde (p 7 7 ) . Promotores [p. 11 )
Antiparalelas (p, 7) Fita parental (p 9) . Proteína (polipeptídio) (p. 12 )
Archaea (p. 4 ) Fita- filha (p. 9) Regra de Chargaff (p. 6)
Arvore filogenética (p. 17 ) Gametas (p. 2) Replicaçáo do DNA (replkaçào semicon
Bactéria {p. 4) Gene (p. 2) servativa) (p. 5)
Características derivadas comuns (p. 17) Gené tica evolutiva (p. 5) Ribossomo (p. 5)
.
Cladfstica (clade) (p 17) Genética molecular (p 5) . RNA mensageiro (RNAm) (p. 5)
.
Código genético (p 12 ) Genoma (p. 4 ) RNA ribossómico (RNAr) (p. 11 )
.
Códon (p 12 ) Genótipo (p. 3) RNA transportador (RNAt ) [p. 11 )
Códon de início (p. 72) Grupo monofiiético (p. 75) Seleção natural (p. 76)
Códon de parada (p. 72) Grupo parafilético (p. 78) Sequência de terminação (terminação
Cromossomo (p. 2) Início da transcrição ip. 11 ) .
da transcrição) (p 76)
Cromossomos homólogos ( homólogos) Introns (p. 72) Síntese moderna da evolução ip. 11 )
(p. 2) Ligação fosfodiéster (p. 6) Tradução (p. 5)
Desvio genético aleatório (p. 76) Meiose (p. 2) Transcrição reversa ip. 11 )
Dogma central da biologia (p. 70) Migração (p. 76) Transcnçào ip. 5)
Dupla hélice do DNA (DNA duplex ) (p. 5) Mitose (p. 2) Transmissão genética (genética
Endogrupo (p. 18 ) Mutação (p. 76) .
mendeliana) ip 5)
Eukarya (eucarioto) (p. 4) Nudeotídeos do DNA:adenina (A), Uracila (U) { p. 11 )
Evolução (p. 14) guanina (G), timina (T)r dtosina (C) (p. 6)
Conceitos do capítulo
1. A genética afeta muitos aspectos das nossas vidas. Iden- 7. Defina seleção natural e descreva como ela funciona
tifique três maneiras como a gené tica afeta a sua vida ou como mecanismo de mudança evolutiva .
a vida de um membro de sua família ou de um amigo. Os
8. Descreva a sí ntese moderna da evolução e explique
efeitos podem ser encontrados regularmente ou podem
como ela conecta a evolução darwiniana com a evolução
ser únicos ou ocasionais.
molecular.
2. Em que você acha que a determinação do DNA como ma -
9. Quais são os quatro processos da evolução? Descreva re-
terial hereditário afetou a direção da pesquisa biológica?
sumidamente cada processo.
3. Um comentarista descreveu uma vez a gené tica como "a
.
10 Defina cada um dos seguintes termos:
rainha das ciências biológicas' A declaração quis insinuar
que a genética é de importância universal nas ciências a. Transcrição
biológicas. Você concorda com essa dedaração? De que .
b Alelo
maneiras você acha que a dedaração é precisa? .
c Dogma central da biologia
d. Tradução
4. Toda forma de vida compartilha DNA como material he- .
e Replicaçáo do DNA
reditário. De uma perspectiva evolutiva, por que vocé .
f Gene
acha que isso é verdade? .
g Cromossomo
5. Defina os termos alelo, cromossomo e gene e explique h. Antiparalelo
como eles se relacionam uns com os outros. Elabore uma L Fenótipo
analogia entre esses termos e o processo de utilização de j. Par de bases complementares
um mapa de ruas para localizar um novo apartamento k. Polaridade da fita de ácido nudeico
para morar no próximo ano, Isto é, considere qual termo L. Genótipo
é análogo a uma rua, qual é análogo a um tipo de prédio m. Seleção natural
n. Mutação
e qual é análogo à planta de um apartamento.
o. Síntese moderna da evolução
6. -
Defina os termos genótipo e fenótipo e relacione os um
ao outro.
24 Análise gené tica: uma abordagem integrada
Aplicação e integração
——
tentilhões comedores de flor de cactos?
5* - ATGCCAGTCACTGACTTG -- 3 *
3' TACGGTCAGTGACTGAAC
— 5*
APRESENTAÇÃO
2.1 Gregor Mendel descobriu os princípios bá sicos
da transmissão genética
2.2 Os cruzamentos monoibridos revelam a segre-
gação dos alelos
2.3 Cruzamentos dííbridos e trilbridos revelam a
segregação Independente dos alelos
2.4 A teoria da probabilidade prevê as razòes
mendelianas
2.5 A aná lise do qui-quadrado testa a adequação
entre os valores observados e os resultados
previstos
2.6 A herança autossòmica e a genética molecular
se comparam às previsões dos princípios da
hereditariedade de Mendel
superior de seus experimentos e à sua quantificação dos bridização das plantas. Doppler, um f ísico experimental
resultados. Sua abordagem permitiu que ele formulasse famoso pelo efeito Doppler , defendia uma visão “ particu -
lada" da f ísica e ensinou Mendel a separar as característi-
e testasse hipóteses genéticas com um nível de rigor que
ninguém havia conseguido antes dele nem conseguiria
cas individuais umas das outras em experimentos. O pro -
fessor Ettinghausen ensinou a Mendel a matemá tica da
até 35 anos após ele ter articulado sua hipótese. análise combinatória. Mendel aplicaria cada uma dessas
Neste capítulo, examinamos como Mendel usou os liçòes à sua pesquisa posterior. Em 1853, Mendel voltou
a Brno para ensinar ciências naturais. Ele foi aprovado na
resultados experimentais para identificar dois princípios
parte dissertativa do exame para professor permanente,
fundamentais da transmissão hereditária. Examinamos
( 1 ) como a concepção sem precedentes dos experimen-
mas aparentemente nunca concluiu a parte oral, perma
necendo como professor “temporá rio” na escola em Brno
-
tos de Mendel lhe permitiu detectar fenômenos genéti- até se tornar abade do monastério em 1868.
cos que não foram identificados por seus predecessores No verto de 1856, após um período de três anos
durante o qual ele ponderou como poderia prosseguir
e ( 2) como a transmissão dos traços pode ser prevista em seu interesse pelas ciências naturais, Mendel começou
usando a teoria da probabilidade aleatória. O capítulo é seu trabalho de hereditariedade dos traços na planta de
concluído com uma discussão que estende os princípios ervilha Pisum sat .
ívum Mendel começou seus estudos
da transmissão genética para o exame dos traços herda- reunindo 34 variedades diferentes de ervilhas coletadas
nos fornecedores locais. Ao longo dos dois anos seguintes,
dos e as variantes da sequência do DNA nos seres huma-
nos e em outros organismos. Porém, começamos com
ele testou cada variedade quanto à sua capacidade de re -
produzir uniformemente caracteristicas idênticas de uma
uma curta biografia de Gregor Mendel, que revela como geração para outra. No final das contas, ele estabeleceu
as suas experiências educacionais influenciaram profun- 14 cepas de Pisum, representando sete traços individuais,
cada um deles com duas formas de expressão facilmente
damente sua abordagem para a exploração científica.
distinguíveis em uma semente ou planta ( Figura 2.1 ).
Mendel trabalhou com essas 14 cepas pelos cinco anos se-
2.1 Gregor Mendel descobriu os guintes, concluindo seus experimentos em 1863.
princípios bá sicos da transmissão Em 8 de fevereiro e 8 de março de 1865, Mendel
genética discutiu seu trabalho sobre ervilhas em duas conferên-
cias da Brno Society for the Study of Natural Science.
Nascido em 1822, em uma fam ília de agricultores A sociedade publicou seu relatório em seus Proceedings
sem muitas posses, em um lugar que hoje faz parte da Re - no ano seguinte, 1866. Após a publicação de seu traba-
pública Tcheca, johann ( posteriormente conhecido pelo lho, Mendel se correspondeu com vá rios botâ nicos im -
seu nome clerical, Gregor ) Mendel concluiu o equivalente portantes na Europa , mais notavelmente com Karl Nac-
ao ensino médio aos 18 anos de idade com um certificado gell As cartas de Mendel para Naegeli têm importâ ncia
atestando aptidões académicas excepcionais. Ele come- científica , pois descrevem claramente seus experimentos,
çou a cursar o ensino superior no Olmutz Philosophical resultados e conclusões. Infelizmente, nem Naegeli nem
Institute em 1840, mas esses estudos cobraram muito de qualquer um dos seus contemporâ neos pareceram captar
f sica e logo ele desistiu. Em 1843, após
sua sa úde mental e í a importâ ncia do trabalho de Mendel.
fracassar na tentativa de reiniciar os estudos em Olmutz, Após se tomar abade do monastério, Mendel abando-
ele decidiu buscar sua educação superior entrando para o nou o trabalho científico e serviu fielmente o monastério
sacerdócio. Com base em sua grande reputação no trei - até sua morte, cm 1884. Mendel morreu na obscuridade,
namento de professores e na recomendação de um ex - sem Jamais ter tido a importâ ncia dos seus experimentos
- professor em Olmutz, ele escolheu o monastério de São compreendida ou apreciada. Dezesscis anos mais tarde,
Tomás na cidade tcheca de Brno. As obrigações de Men - no ano de 1900, biólogos repetiriam e redescobririam seus
del no monastério incluíam o ensino temporá rio de ci
ências naturais em uma escola do ensino médio de Brno.
- experimentos, lançando uma revolução na biologia. Hoje,
quase 150 anos após a realização do trabalho, o extinto
Seu grande interesse no ensino de ciências e seu desejo de Monastério dc São Tomás, em Brno, é o local do Museu
se tornar um professor permanente levaram os adminis
tradores do monastério a enviar Mendel para a Univer -
- Mendel, que abriga exposições honrando Gregor Mendel
Você pode visitar o museu pela internet para ver algumas
sidade de Viena, em 1851, para estudar dências naturais das exposições e usufruir de uma série de recursos intera-
como preparação para um exame de ensino. tivos em < www.mendel- museum.com >.
Em Viena, Mendel estudou fisiologia e biologia das
plantas com o professor Franz Unger e f ísica com o pro - Abordagem experimental moderna de
fessor Christian Doppler, assim como com o sucessor de
Doppler, o professor Andreas von Ettinghausen. Com o
Mendel
professor Unger, Mendel aprendeu a raciocinar critica - Mendel identificou com sucesso os princípios da
mente sobre as teorias prevalecentes da reprodução e hi - transmissã o hereditá ria que iludiram os pesquisadores
Capítulo 2 Transmissão genética 27
que o precederam e continuaram iludindo os pesquisa - zentos cruzassem uns com os outros. Mendel argumen -
dores durante muitos anos após sua morte. Mendel era tou que, se a teoria da hereditariedade por combinação
mais perspicaz? Ele teve mais sorte ao escolher a Pisum fosse verdadeira , ele veria evidências dela em cada traço.
sativum como organismo experimental e ao selecionar Se a mistura não fosse observada nos traços individuais, a
suas sete caracter ísticas? Ele teve uma abordagem su
perior para a experimentaçã o e análise genéticas? A res-
- teoria da hereditariedade por combinação seria refutada.
Tão crucial para seu sucesso final quanto foram sua
posta para cada uma dessas perguntas é sim.
A maior perspicá cia de Mendel veio principal -
abordagem quantitativa e a escolha da Pisum , a radical
mente nova concepção experimental de Mendel foi sua
-
mente de sua familiaridade com o raciocínio quantita - inovação mais importante. Mendel estava à frente de seu
tivo e de sua compreensão da natureza particulada da tempo pelo fato de seus experimentos serem movidos
matéria , aprendida por meio do estudo da í f sica com por hipóteses. Em outras palavras, após uma observação
Doppler. A contagem do n úmero de descendentes com inicial, ele concebia uma hipótese para explicar a obser -
fen ótipos específicos foi fundamental para o sucesso ex - vação e depois realizava um experimento independente
perimental de Mendel. Esse componente lógico e hoje para testar a hipótese. Um experimento empregando
rotineiro de coleta de dados foi a chave para a capaci - essa abordagem, que é a base do método científico mo-
dade de Mendel formular as hipó teses que explicaram derno, seguiria estas etapas:
seus resultados. Com Doppler e Ettinghausen , Mendel 1. Fazer observações iniciais sobre um fen ômeno ou
aprendeu a estudar as propriedades individuais da ma - processo.
téria separadamente e a raciocinar em termos quantita
tivos sobre as combinações de resultados.
- 2. Formular uma hipótese testável para explicar as ob-
servações.
Mendel fez uma escolha feliz ao selecionar a planta
de ervilha como seu organismo experimental. As ervi - 3. Conceber um experimento controlado para testar a
lhas eram usadas normalmente nos estudos de hibridi- hipótese.
zaçâo na época de Mendel , entã o havia disponibilidade 4. Coletar dados a partir do experimento controlado.
de um grande n úmero de cepas exibindo características
fenotí picas diferentes. A ervilha é saudável e era fácil
5. Interpretar os resultados experimentais, compa
rando os resultados observados com os esperados
-
para um botâ nico qualificado como Mendel manipular sob os pressupostos da hipótese.
e fazer cruzamentos com a planta. 6. Extrair conclusões razoáveis, reformular ou retes-
Ao optar pelo estudo dos traços individuais da planta
tar a hipótese, se necessá rio.
de ervilha, Mendel concebeu seus experimentos para tes-
tar a teoria da hereditariedade por combinação, que era
Nas próximas seções, discutimos como o planeja -
mento cuidadoso de sua concepção experimental per-
a teoria da hereditariedade predominante naquela época.
A teoria da hereditariedade por combinação encarava mitiu a Mendel coletar dados sobre os traços individuais
os traços da prole como uma mistura das caracter ísticas da planta de ervilha , formular hipóteses para explicar
possuídas pelas duas formas parentais. De acordo com suas observações fenot í picas e conduzir experimentos
essa teoria , acreditava-se que a prole exibia característi- independentes para testar suas previsões.
cas aproximadamente intermediá rias entre as dos pais.
Por exemplo, a teoria da hereditariedade por combinação Cinco inovações experimentais críticas
prevê que o cruzamento de um gato preto com um gato
branco produziria filhotes cinzentos e que as cores preta
Cinco caracter ísticas dos experimentos de cruza
mentos de Mendel os distinguem dos experimentos de
-
e branca originais jamais reapareceriam se os filhotes cin - seus contemporâneos e foram fundamentais para seu
Capítulo 2 Transmissão genética 27
que o precederam e continuaram iludindo os pesquisa - zentos cruzassem uns com os outros. Mendel argumen -
dores durante muitos anos após sua morte. Mendel era tou que, se a teoria da hereditariedade por combinação
mais perspicaz? Ele teve mais sorte ao escolher a Pisum fosse verdadeira , ele veria evidências dela em cada traço.
sativum como organismo experimental e ao selecionar Se a mistura não fosse observada nos traços individuais, a
suas sete caracter ísticas? Ele teve uma abordagem su
perior para a experimentaçã o e análise genéticas? A res-
- teoria da hereditariedade por combinação seria refutada.
Tão crucial para seu sucesso final quanto foram sua
posta para cada uma dessas perguntas é sim.
A maior perspicá cia de Mendel veio principal -
abordagem quantitativa e a escolha da Pisum , a radical
mente nova concepção experimental de Mendel foi sua
-
mente de sua familiaridade com o raciocínio quantita - inovação mais importante. Mendel estava à frente de seu
tivo e de sua compreensão da natureza particulada da tempo pelo fato de seus experimentos serem movidos
matéria , aprendida por meio do estudo da í f sica com por hipóteses. Em outras palavras, após uma observação
Doppler. A contagem do n úmero de descendentes com inicial, ele concebia uma hipótese para explicar a obser -
fen ótipos específicos foi fundamental para o sucesso ex - vação e depois realizava um experimento independente
perimental de Mendel. Esse componente lógico e hoje para testar a hipótese. Um experimento empregando
rotineiro de coleta de dados foi a chave para a capaci - essa abordagem, que é a base do método científico mo-
dade de Mendel formular as hipó teses que explicaram derno, seguiria estas etapas:
seus resultados. Com Doppler e Ettinghausen , Mendel 1. Fazer observações iniciais sobre um fen ômeno ou
aprendeu a estudar as propriedades individuais da ma - processo.
téria separadamente e a raciocinar em termos quantita
tivos sobre as combinações de resultados.
- 2. Formular uma hipótese testável para explicar as ob-
servações.
Mendel fez uma escolha feliz ao selecionar a planta
de ervilha como seu organismo experimental. As ervi - 3. Conceber um experimento controlado para testar a
lhas eram usadas normalmente nos estudos de hibridi- hipótese.
zaçâo na época de Mendel , entã o havia disponibilidade 4. Coletar dados a partir do experimento controlado.
de um grande n úmero de cepas exibindo características
fenotí picas diferentes. A ervilha é saudável e era fácil
5. Interpretar os resultados experimentais, compa
rando os resultados observados com os esperados
-
para um botâ nico qualificado como Mendel manipular sob os pressupostos da hipótese.
e fazer cruzamentos com a planta. 6. Extrair conclusões razoáveis, reformular ou retes-
Ao optar pelo estudo dos traços individuais da planta
tar a hipótese, se necessá rio.
de ervilha, Mendel concebeu seus experimentos para tes-
tar a teoria da hereditariedade por combinação, que era
Nas próximas seções, discutimos como o planeja -
mento cuidadoso de sua concepção experimental per-
a teoria da hereditariedade predominante naquela época.
A teoria da hereditariedade por combinação encarava mitiu a Mendel coletar dados sobre os traços individuais
os traços da prole como uma mistura das caracter ísticas da planta de ervilha , formular hipóteses para explicar
possuídas pelas duas formas parentais. De acordo com suas observações fenot í picas e conduzir experimentos
essa teoria , acreditava-se que a prole exibia característi- independentes para testar suas previsões.
cas aproximadamente intermediá rias entre as dos pais.
Por exemplo, a teoria da hereditariedade por combinação Cinco inovações experimentais críticas
prevê que o cruzamento de um gato preto com um gato
branco produziria filhotes cinzentos e que as cores preta
Cinco caracter ísticas dos experimentos de cruza
mentos de Mendel os distinguem dos experimentos de
-
e branca originais jamais reapareceriam se os filhotes cin - seus contemporâneos e foram fundamentais para seu
28 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Castrar as flores roxas Transfprir o pólen das anteras Figura 2.3 Fertilização cruzada
removendo as anteras (tf ). da flor branca (cf) para o artificial das plantas de ervilha.
óvulo da flor roxa ( 9 )
Anteras Anteras
cruzada com o pólen de outra planta. Mendel realizou a Flor roxa de Flor branca de
fertilização cruzada artificial usando um pequeno pin - Inhagem pura linhagem pura
Tabela 2.1 Observaçóes de Mendel para os sete traços monofbridos nas gerações F , e FJ
Hoje os geneticistas sabem que a herança dos sete tra - restante da prole Fr Portanto, entre a prevé-se uma
ços que Mendel descreveu é controlada por pares de alelos razã o genotípka 1:2:1. Um quarto dos integrantes da F;
dos sete genes diferentes. Desse modo, embora Mendel que são homozigotos GG mais a metade da prole F2 que
nào utilizasse as palavras gene ou alelo, ele compreendeu o consiste em heterozigotos Gg sâo os trés quartos da Fv com
conceito incorporado por cada termo. Os geneticistas con - o fenótipo dominante (amardo). O um quarto restante da
tempor âneos descrevem a heran ça dos traços de Mendel F , contém o genótipo homozigoto gg e tem o fenótipo re-
em termos de genes e alelos e continuam a usar letras para cessivo ( verde). O mesmo padrào de herança ocorre para
representar os alelos. Diferentes esquemas notacionais e todos os outros traços estudados por Mendel.
convenções para a atribuição de nomes têm sido adotados
para diferentes espécies. ( Uma tabela descrevendo a no- Segregação dos alelos
menclatura dos genes e outras informações sobre genes e
A Figura 2.6 usa letras como símbolos para repre-
genomas de organismos que servem como modelo gené - sentar os alelos e os genó tipos nos organismos parentais,
tico está localizada nas páginas finais.)
,
F » e F , e introduz uma ferramenta simples e funcional
Fundamental para compreender a herança dos sete
traços que Mendel estudou é o conceito de que os orga -
nismos de linhagem pura têm genótipos homozigotos.
—
de análise genética o quadrado de PunnctL O método
do quadrado de Punnett para diagramar o conteúdo
genético dos gametas e sua união para formar prole foi
Na Figura 2.6, por exemplo, o parental de linhagem pura batizado em homenagem a Sir Reginald Punnett, um
amarela tem o gen ó tipo homozigoto GG e o parental de famoso geneticista do início do século XX. O quadrado
linhagem pura verde tem o gen ótipo homozigoto gg . Os
cruzamentos de parentais de linhagem pura com genóti -
de Punnett separa os dois alelos portados por cada or
ganismo reprodutor, colocando os de um pai ao longo
-
pos homozigotos diferentes produzem prole F heterozi , - da margem vertical do quadrado e os do outro pai ao
gota ( Gg) em que todos têm o fenótipo dominante da cor longo da margem horizontal. Esses alelos separados re-
amarela. De acordo com a hipótese de Mendel, cada pa - presentam os gametas dos organismos reprodutores, o
rental de linhagem pura passa um alelo para a F;, tornan- espermatozóide e o ovo, cada um deles portando ape-
do-a heterozigota. Um alelo, G nesse caso, é dominante e nas uma cópia de cada gene. Os quadrados no corpo do
produz o fenótipo dominante em toda a F,. diagrama de Punnett mostram os resultados esperados
A F, heterozigota é cruzada entre si ou autofertilizada da união aleat ória dos gametas, identificando o genótipo
em um cruzamento monoí brido, um termo que se refere da prole produzida por cada combinação possível de ga -
a um cruzamento entre dois organismos que têm o mesmo metas parentais. Na Figura 2.6, os gametas dos pais F,
gen ótipo heterozigoto para um gene. Com um alelo domi - são colocados nas margens do quadrado de Punnett e a
nante e um recessivo no genótipo heterozigoto das plantas união dos gametas produz a geração F2 nas proporções
submetidas a um cruzamento monoíbrido, prevê se uma genot í picas exibidas no corpo do quadrado de Punnett.
razão fenotipica 3:1 para a Fr Ao mesmo tempo, prevé-se Mendel usou o conceito de herança particulada
que os organismos F2 tenham três genótipos: os dois ge- para analisar seus experimentos e formular uma hipó-
nótipos homozigotos (os mesmos presentes nos pais ori- tese para explicar seus resultados. A primeira hipó tese de
ginais de linhagem pura) devem ocorrer em um quarto da Mendel é conhecida como a lei da segregação, també m
prole F2 e o genótipo heterozigoto deve ocorrer na metade chamada às vezes de primeira lei de Mendel. Essa hipó-
Capítulo 2 Transmissão genética 33
Pura Pura
Tabela 2.2 Resultados do cruzamento-teste dos RR rr
experimentos de Mendel
x
Cruzamento-teste Prole do cruzamento-teste Razão \ /
Dominante Recessivo
Fértil
Ilação cryizada
Semente lisa (Rr) x 193 lisas ( Rr ) 192 rugosas 1 ,01 :1 Heterozlgota
semente rugosa (rr) ( rr ) Rr
Semente amarela 1% amarelas 189 verdes 1 ,04:1 F,
(Gg ) x semente ( Gg ) (99 > I
Autofertilizaçáo
verde (gg)
Ror roxa [ Pp ) x flor 85 roxas { Pp ) 81 brancas 1 ,05:1
i
RR Rr Rr rr
branca (pp) (PP) Cada ervilha resulta
Plantas altas ( ff ) x 87 altas ( Tf ) 79 baixas ( ff ) 1 ,10:1 de um evento de
plantas baixas (ff ) fertfcaçáo diferente
T abeia 2.3 Resultados dos experimentos de Mendel para identificar os genótipos das plantas F } através de sua prole Fâ
Traço* ,
Plantas F heterozigotas* Plantas F3 homozigotas' Razã o11
* As plantas ft e^am heterculgotas se a prole F que procunram pHa autnfprtili /açJJo tinha apenas o frnotipo dominante .
(
Os resultados da autofertilização de Mendel exibem ou mais tra ços simultaneamente? Existe um padrão ou
de modo consistente uma razão 2:1 entre as plantas F2 do- razão de fen ótipos que permitiu a Mendel propor um
minantes para cada um dos sete traços examinados. Esses mecanismo de transmissã o quando dois ou mais genes
resultados validam a proposta de que os gametas se unem sâo examinados ao mesmo tempo?
aleatoriamente para produzir prole. Juntos, os experimen -
tos de cruzamento- teste e as experimentos de autofertili
zação da F, dominante representam experimentos inde-
- Análise de cruzamento diibrido de dois
genes
pendentes concebidos e executados com êxito para testar
os componentes da hipótese de segregação de Mendel Para testar a transmissão simultânea dos dois tra -
Nesses testes, ele fez previsões sobre os resultados experi - ços na planta de ervilha , Mendel realizou uma série de
cruzamentos diíbridos, cruzamentos entre organismos
mentais e depois verificou os resultados contando a prole
produzida. Os dados resultantes sustentaram sua hipótese que diferem quanto a dois traços. Esses testes seguiram
de segregação e ilustram como Mendel antecipou as mé- uma estratégia experimental que acompanhou sua in-
todos científicos modernos usando abordagens que não vestiga ção da segrega ção alélica de traços individuais.
seriam aplicadas de modo consistente aos experimentos Como ilustra a Figura 2.9, Mendel começou cada
genéticos por várias décadas (Análise genética 2.1). cruzamento diibrido com linhagens puras. Tendo de -
terminado, por exemplo, que a ervilha de formato liso
é dominante em relação ao formato rugoso e que a
Observa ção gen ética A autofertilização das plantas F 2
ervilha de cor amarela é dominante em relaçã o à cor
portadoras de fenótipo dominante valida a proposta de que
sua razão de heterozí gotas para homozigotas é 2:1 e apoia a
sugestão de que os gametas se unem aleatoriamente para
produzir prole. .
Lisa amarela Verde, rugosa
pura pura
RRGG rrçg
2. Identifique as informações criticas fornecidas 2. A informaçã o fornecida por cada cruzamento é o nú mero de integran-
no problema. tes da prole com folhas peludas (dominante) e lisas (recessivo). A inter-
pretação da razáo do fenótipo da prole é necessária para determinar
IK 0 nurwro ct nt gram« os genótipos e fenótipos parentais.
* *
da prole com cada ftnótipo pode
Deduzir aprvstntado corro u-na razão. AftMAÍMLHA: 0» axpenman -
lo genético produzem quantda-
* *
de finta de prole, entío 0« fcnó-
3. Examine a prole do Cruzamento 1 e determine 3. Razão dos fenótipos na prole do Cruzamento 1: * *
a razão aproximada dos fenótipos dessa prole.
tipo
* podem vanar em reiaçlo is
nuàes prevista . Mo espere obter
-
- 2,91:1 *
luões precisas ros dados reais
" ^
E uma razáo aproximada de 3:1.0 fenótipo recessivo aparece em apro
J
ximadamente da prole j |
e os restantes possuem o fenótipo
dominante.
4. Examine a prole do Cruzamento 2 e determine 4. Razáo dos fenótipos na prole do Cruzamento 2:
a razão aproximada dos fenótipos dessa prole.
— = 0, 93 : 1
45
E uma razão aproximada de 1:1, na qual o fenótipo dominante é visto
em aproxímadamente metade da prole e o fenótipo recessivo é
visto na outra metade da prole
5. Examine a prole do Cruzamento 3 e determine 5. O Cruzamento 3 produziu apenas o fenótipo recessivo, então a razáo
a razáo aproximada dos fenótipos dessa prole. é fcl .
Solucionar
6. Com base nos resultados do Cruzamento 1, 6. A prole recessiva nesse cruzamento tem o genótipo hh, então cada pai
Identifique os genótipos e fenótipos das plan- no Cruzamento 1 precisa carregar uma cópia de h.
h tas parentais no cruzamento. Construa um qua- A prole dominante é HH ou Hh. A razão fenotípica 3:1 da
drado de Punnett para ilustrar esse cruzamento. prole é coerente com um cruzamento parental Hh x Hh. H
.
DICA. Existrn dois aiecn para nsegroe etfèsgmócjposski pontais. 0
O quadrado de Punnett para esse cruzamento é coe- h
fenótipo rccenvo i encontrado em plante com o genótipo hh, enquante
*
o fenótipo dominante será encontrado nas piartas que são Hh e HH. rente com a razáo observada de 3:1.
7. Com base nos resultados do Cruzamento 2, 7. As duas plantas parentais no Cruzamento 2 carregam pelo menos
identifique os genótipos e fenótipos parentais. uma cópia de h. A razáo de 1:1 da prole é coerente com a razáo pre-
vista para um cruzamento-teste de um organismo heterozigoto para
um homozigoto recessivo. Esse cruzamento é Hh x hh.
6. Com base nos resultados do Cruzamento 3, 8. O Cruzamento 3 produz apenas prole hh . Isso é o previsto para um
identifique os genótipos e fenótipos parentais. cruzamento de linhagem pura entre dois organismos homozigotos.
Esse cruzamento é hh x hh.
verde, Mendel propôs que as plantas de linhagem pura Quadrado de Punnett Resumo
que produzem ervilhas lisas e amarelas tém o genótipo \RG \ Rg \ r<3 \ rq Genótipos Fenótipos
RRGG e que as plantas de linhagem pura para os fe - i*G 4 RRGG 4*#Gg 4 *rGG 4 ** * # RGG = á
*
-
16
-<*-
#
nótipos recessivos rugoso e verde tèm o genótipo rrgg. *rGG = <fe
Os gamelas produzidos pela planta de semente lisa e c c G
amarela contêm um alelo para cada tipo de gene e são
RrGg = ft
RG . Por outro lado, os gametas da planta de semente kRR99 4 RrCg 4 Rr99
<y
-
( JK
- 1
}) = J
cada uma em uma frequência de = .
lei de Mendel .
Figura 2.10 M étodo da linha bifurcada para determinar
a frequê ncia do genótipo do gameta . O acaso é Lai da segregação independente Durante a formação dos
responsável pela segregação independente dos alelos gametas, a segregação dos alelos em um lócus é Independente
inclu ídos nos quatro gametas geneticamente diferentes. da segregação dos alelos em outro lócus.
38 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Mendel chegou às suas conclusões relativas à segre - A razão 423:133 se reduz para 3,18:1. De modo similar,
gação independente com base em vários cruzamentos para a cor da ervilha ele constatou uma razão de 416 (315
diíbridos. O cruzamento de plantas de linhagem pura
de ervilha lisa e amarela com plantas de linhagem
+ 101) amarelas para 140 ( 108 + 32) verdes —
uma razão
de 2,97:1. Considerando cada traço individualmente, o
pura de ervilha rugosa c verde foi fundamental. Após cruzamento das plantas F, heterozigotas produziu uma
cruzar os pais de linhagem pura e permitir a autofer - geração em que - da prole têm o fenótipo dominante
tilizaçào da prole F(, Mendel contou os fenótipos entre e tem o fenótipo recessivo.
|
os integrantes da prole F. e constatou que os dois fenó - Segundo, Mendel previu que, se os alelos de cada um
tipos parentais ( liso, amarelo e rugoso, verde) estavam dos lócus se unirem aleatoriamente para produzir a prole
presentes junto com fenótipos não parentais: liso, verde F2, então os fenótipos previstos para as plantas de F, ocor-
e rugoso, amarelo. Entre as plantas da F , produzidas em rerão em frequ ências previsíveis. Ele admitiu a hipótese de
seu experimento, Mendel constatou 315 plantas lisas e que a prole F exibindo os dois traços dominantes (liso e
amarelas; 108 lisas e verdes; 101 rugosas e amarelas; e
32 rugosas e verdes ( Figura 2.12 ).
amarelo) ocorrerá em uma frequê ncia de | j ] Jj
|
= De
modo similar, a prole portando os dois tráçòs recessivas
Essa observação da prole F 2 conté m duas caracte -
risticas de importância fundamental para a hipótese de
Mendel. Primeiro, os fenótipos parentais e não parentais
( rugoso e verde) deve ter uma frequência de
e cada um dos fenótipos não parentais deve ter uma fre
( j( J j
= . A segregação independente dos ale-
^-
sâo vistos em frequ ências diferentes umas das outras.
A classe mais numerosa da prole F2 exibe os fenótipos
parentais dominantes para cada traço, liso e amarelo. A
quência de
^
los nos dois genes leva, portanto, a uma distribuição pre
vista entre a prole F2 de
-
menor classe da prole F2 tem os dois fenótipos parentais
.
liso, amarelo R-G-
recessivos, rugoso e verde; e as duas classes não paren- ifi
rias
-
tais da F2 ( liso, verde e rugoso, amarelo ) são intermediá
e em quantidades aproximadamente iguais. A partir
liso, verde
rugoso, amarelo
R-gg
rrG -
16
16
desses n ú meros, Mendel reconheceu que as razões entre
as formas dominante e recessiva de cada traço acompa - rugoso, verde rrS 16
nhavam o padrão 3:1 familiar. Ao examinar o formato A contagem de Mendel de 315 lisas e amarelas; 108
da ervilha, por exemplo, Mendel constatou que 423 (315 lisas e verdes; 101 rugosas e amarelas e 32 rugosas e ver-
+ 108) plantas eram lisas e 133 (101 + 32) eram rugosas. des (ver Figura 2.12) pode ser convertida para uma razão
dividindo cada n ú mero por 32, o valor da menor classe.
A divisão por 32 reduz a razão observada de Mendel para
Heterozigoto Heterozigoto 9,84 : 3,38 ; 3,16 ; 1, que corresponde bem à razão de
RrGg RrCg 9:3:3:1 prevista pelo seu modelo. A partir desse resultado,
x Mendel admitiu a hipótese de que a segregação indepen -
I
Formação dos gametas
^ dente em um organismo d ííbrido produz quatro genóti-
pos de gameta diferentes em frequências iguais. A união
aleató ria dos gametas produz quatro classes fenotí picas
RG Rg rG rg como resultado das relações de dominância em cada
Geração F,:
Lisa, amarela
.
Autofertillzaçâo
Lisa, verde R~99 108 Não parental Observa çã o gen é tica Prevé-se uma razão de 93:3:1
-
Rugosa, amarela rrG 101 Não parental
Rugosa, verde rrgg 32 Parental
entre a prole F3 de um cruzamento d ííbrido como consequê n-
cia da segrega ção independente dos alelos em dois lócus.
Razão fenotfpíca de F, por traço:
a) Lisa 315 + 108 = 423
Rugosa 101 + 32 = 133 0 experimento de cruzamento
dííbrido de Mendel produziu Testando a segregação independente pela
423 :133 = 3,18:1
uma razão 3:1 para cada traço
Verde
-
b) Amarela 315 + 101 = 416 e uma razão 9.3 3:1 para os
108 + 32 140 fenótipos combinados.
416: 140 = 2,97: 1
Razão fenot ípica de F, por traço:
análise de cruzamento-teste
Para testar sua hipótese de que as combinações de
forma e cor da ervilha sâo determinadas pela segrega ção
315 :108 : 101: 32 = 9,84 : 3,38: 3,16:1 independente dos alelos, Mendel mais uma vez recorreu
à análise do cruzamcnto- tcste. Tendo proposto que as
Figura 2.12 Propor ções fenot í picas na prole de um
cruzamento díí brido realizado por Mendel . Para cada
plantas da geração F, com sementes lisas e amarelas eram
traço considerado individualmente, a prole exibe uma razão diíbridas e tinham o genótipo RrGg, ele previu que o cru
zamento-teste de uma planta diíbrida { RrGg ) com uma
-
aproximada de 3:1 do fenótipo dominante para o recessiva
Quando os dois tra ços sâo considerados simultaneamente, planta de linhagem pura rugosa e verde [ rrgg ) produziria
prevê se uma razão fenotipica de 9.33:1. quatro fenótipos na prole em uma frequência de cada.
*
Capítulo 2 Transmissão genética 39
AN ÁLISE GENÉTICA
Em uma espécie de mamí fero, o pelo lor>go e o surgimento de manchas brancas Macho Fémea
são produzidos pelos alelos dominantes F e 5, respectivamente, que sáo encon
trados em dois lócus que segregam independentemente. Nesses lócus, o genó- Cruzamento 1: FFSs x Ffss
tipo ff produz pelo curto e o genótipo ss produz uma cor sólida no pelo. Dados Cruzamento 2 : ff Ss x FfSs
os genótipos parentais para cada um dos seguintes cruzamentos, determine as Cruzamento 3: FfSs x FfSs
proporções previstas de todos os fenótipos da prole .
Estrat égias de solução Etapas da solução
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por 1 Esse é um problema de transmissão genética no qual os genótipos parentais
esse problema e explique a natureza sáo fornecidos. As respostas precisam prever os fenótipos da prole e suas pro-
da resposta solicitada. .
por ções esperadas Esses dados são previstos pela determinação dos gametas
parentais e suas proporções.
.
2 Identifique as informações críticas 2 Os genótipos parentais são fornecidos para cada cruzamento Os genótipos são .
fornecidas no problema. utilizados para prever os genótipos dos gametas parentais e as proporções dos
gametas .
Deduzir
.
3 No Cruzamento 1, identifique os .
3 Cada um dos progenito- Cruzamento 1
—
gametas geneticamente diferentes res pode produzir dois Macho Fémea
que podem ser produzidos por cada
progenitor e calcule a proporção pre-
vista de cada gameta.
gametas geneticamente
diferentes nas frequèrv
cias previstas de j cada.
1F
- <
}S FS ~ 1 Mj) = i
<I
}F
ií
— 1i~ fs ( jXDH
- >
U ~ fc ( i (lM
. X
DICA O diagrama de inhe bifurcada é
uma fenamenca útil para prever os aleios
nos gametas e as hec Jé nelas dos gametas.
Cruzamento 2
.
4 Identifique o conteúdo e a frequên - 4. O macho produz dois
Macho Fêmea
cia dos gametas geneticamente di - tipos de gametas em
!*•
'< } -
ferentes produzidos pelos progenito- uma frequência pre- i
res no Cruzamento 2.
^
vista de cada. A fémea
produz quatro gametas
geneticamente diferen-
\K }
*
S
A -axjM
.
5 Preveja o conteúdo e a frequência .
tes nas frequências de
cada.
5 Os dois progenitores são
^ Macho
Cruzamento 3
Fémea
dos gametas das plantas progenito- diíbrido5 que produzem JS -FS- fJMJ) = J ! JS--FS-. <})<!) = ]
ras no Cruzamento 3. quatro gametas geneti-
i
'< } Js - Fs — <J >(J) = J '< } Fs • <$)( }) = 1
í« " •*
.
7 Construa um quadrado de Punnett .
7 A prole prevista para o Cruzamento 2 é * pelo comprido e man-
para o Cruzamento 2 e preveja os fe-
nótipos e as proporções da prole.
’
chado; pck> comprido de cor sólida; ? pelo curto e manchado
e pelo curto de cor sólida .
FS FfSS FfSs
B Fs FfSs Ffss
.
8 Construa um quadrado de Punnett .
8 A prole produzida pelo Cruza- - Fs fS fs
fS ffss ffSs
para o Cruzamento 3 e preveja os fe-
nótipos e as proporções da prole.
mento 3 deve ser pelo comprido
e manchadoj pelo comprido de
cor sólida; —
~
^
pelo curto e man-
FS FFSS FFSs FfSS FfSs
Fs FFSs FFss FfSs Ffss
fs ffSs ffss
F,
I
rg
plantas de Mendel:
Prevista Observada
-*-\ RG \ RrGg
Usa, 55 (0.266)
Testando a segregação independente pela
0.25
amarela análise de cruzamento triíbrido
Mendel testou ainda mais a hipótese da segregação
+ \ Rg \ Rrgg independente examinando os resultados de um cruza-
Lisa, 0,25 51 (0,246) mento tri íbrido, um cruzamento envolvendo três tra -
verde
—
ços nesse caso, a forma e a cor da semente e a cor da
- ;
1* \ rrGg
O
Rugosa,
amarela
0,25 49 (0,237)
flor. Ele começou seu experimento cruzando uma planta
de linhagem pura de semente lisa , amarela e com flores
roxas ( RRGGWW ) com uma planta de linhagem pura de
semente rugosa, verde e com flores brancas (nggMw) A .
*
1 rrgg
Rugosa, 0,25 52 (0,251)
Figura 2,14 ilustra o cruzamento das cepas parentais de
linhagem pura e a prole F, resultante, que exibe os fenó-
tipos dominantes de semente lisa, amarela e flor roxa.
verde fjOO 207 1
( ,000)
Presume-se que os integrantes da prole F , sejam tri íbri-
dos ( RrGgWw ). As plantas da prole Fj presuniidamente
Obseva se que a prole do cruzamento teste exibe tri íbridas foram cruzadas para produzir uma prole F2 e os
quatro fenôtipos em frequências Iguais, conforme resultados foram comparados com as expectativas.
o previsto pela apí caçào das leis deMendel. O diagrama de linha bifurcada na Figura 2.14 mos-
tra o n ú mero e a frequência esperada dos genótipos de
-
F ig u ra 2.13 Cruzamento teste de Mendel para verificar
gamela. No caso geral, o n ú mero de genótipos de gameta
a segrega çã o independente. Mendel previu e observou
uma razão aproximada de 1:1:1:1 entre a prole, apoiando sua diferentes é expresso como 2", onde n = n ú mero de genes
hipótese de segregação independente. envolvidos. Neste exemplo, existem três genes ( w 3) c
23 = 8 possíveis combinações diferentes de alelos para os
A Figura 2.13 mostra que a planta F, diíbrida deveria três traços nos gametas da planta triíbrida. A frequência
produzir quatro genótipos de gametas diferentes. Relem
brando a lógica do diagrama de linha bifurcada, lembre se -
- de cada genótipo de gameta é determinada como
ou ( j = Para prever o n úmero de gametas genetica -
(\ J
de que a metade dos gametas deve conter R e a outra me - mente diferentes e suas frequências, o expoente 3 é usado
tade deve conter r. Os gametas carregam G e g indepen - porque existem três genes sendo examinados no experi-
dentemente de R ou r, o que significa que sã o possíveis
quatro combinações diferentes desses alelos nos gametas:
mento. Em cálculos aritm éticos como esse, o valor do ex -
poente normalmente indica o n ú mero de genes.
RG, rG,Rg e uma delas ocorrendo em uma fre-
rg , cada A Figura 2.14 ilustra uma maneira de usar o método
quência prevista de Por outro lado, a planta da linha bifurcada para prever a frequência das oito classes
homozigota recessiva verde e rugosa ( rrgg) pode produ - fenotí picas desse cruzamento triibrido. No caso geral em
que existem dois fenôtipos (dominante e recessivo) para
zir apenas um gameta rg. Na figura, vemos que a prole
do cruzamento- teste deve ter quatro genótipos, cada um cada traço, existem 2* fenôtipos na prole F;. Mais uma vez,
deles correspondendo a um fenótipo diferente. A prole n = n úmero de genes. Neste exemplo, existem 2* = 8 fenó-
J
prevista deve ser RrGg (lisa e amarela ) , Rrgg (lisa e J
verde) , rrGg ( rugosa e amarela ) e rrgg ( rugosa e verde).
tipos na prole Fr O cálculo de cada frequência fenotí pica
prevista se baseia nas frequências esperadas dos [ domi-
£ ~
Progenitofes de
linhagem pura Frequência entre as
RRGGWW
Prole Fj 639 plantas de Mervdel
Cor da flor Fenótipo Frequê ncia Esperada Observada Fenòtipo
(
4) w*
/
metas
Cor da semente
- - i-
R G W
UM)
(A m a r e l a )
( Roxa]
“8 269,6 .....269 •
Lisa
Amarela
Roxa
(UM) Usa
- -1
Wrgw Forma da
R G ww Amarela ). Amarela
Y
Fertilização
semente
hr 1 ^
••
(Branca )
89.9 98
Branca
i -
I
-
(UM)
-
Usa
*- =â
( )(l)(i)
Tri íbrido
RrGgWw
R ggW ( Verde)
( Roxa) * 89.9 86 Verde
Roxa
1 (Lisa ) Usa
R ggww i ~ 0fcrde) ~ ! -
( )(D( j) « & •'•••"29,9 . . »« »« 27 Verde
Fi V ( Branca) Branca
( Rugosa ) Rugosa
/ --
Cor da semente rrG W -<Amarela ) -(l|
)( )( í) » £ 89.9 88 Amarela
i ( Roxa) Roxa
Tri íbndo
RrGgWw
Forma da
semente rr -w w
A
*
---
( Rugosa )
(Amarela )
( Branca)
-(l)(i)(i) - à -29.9 34
Rugosa
Amarela
Branca
—
I X
rrgç »
5
- A — MNI
( Rugosa )
( Verde )
( Roxa)
U)(i)(J) = á • ê
*» •• « •« ....29.9 30
Rugosa
• Verde
Roxa
• — —
rrqq
« X rrggww
» _ t
( Rugosa )
( Verde) (i)(i)(i) =à 10,0 7
Rugosa
Verde
V* ( Branca! Branca
Figura 2.14 Cruzamento tri íbrido para verificar a segregarão independente. 0 método da linha bifurcada pode ser
utilizado para determinar as frequências fenot í plcas esperadas produzidas por um cruzamento tri íbrido. Os resultados esperados
e observados para a geração Fa do experimento de cruzamento triíbrido de Mendel apoiam sua hipótese de segregação
independente.
Mendel usou esse raciocínio combinat ório para Cálculos probabilí sticos na resolução de
prever o resultado de um cruzamento triíbrido experi - problemas de genética
mental. Seus resultados experimentais para esse teste
são fornecidos na Figura 2.14 para 639 plantas da prole A razão fenotípica prevista para a prole a partir Fa
F 2 resultantes do cruzamento de plantas da prole F, com de um cruzamento tri íbrido parece complicada e, em
sementes lisas e amarelas e flores roxas. Mendel previu primeiro lugar, você pode nã o ver claramente por que
o n ú mero esperado de integrantes da prole em cada essa é a distribuição prevista. A chave para compreender
classe fenotípica multiplicando a proporçã o esperada o cálculo, demonstrada na Figura 2.14, é perceber que
.
pelo tamanho da amostra, 639 Seus resultados foram cada lócus de segregação independente pode ser tratado
notavelmente parecidos com os resultados esperados. A verdadeiramente de modo independente dos demais.
correspondência próxima desses resultados observados Vamos examinar a distribuição do fenótipo de uma
prole de um cruzamento diíbrido. Esperamos que, para
e esperados fornece uma segunda evidê ncia indepen
dente para apoiar a lei da segregação independente.
- cada traço individualmcnte, da prole exibirão o fenótipo J
dominante e o fenótipo recessivo. Poderíamos usar o
Juntas, as análises de Mendel da transmissão dos tra - quadrado de Punnctt para determinar a distribuição feno-
ços individuais e da transmissão conjunta de dois ou três
tí pica dos dois traços combinados, como fizemos na Figura
traços independentes representaram um grande avanço
2.11, mas a independê ncia de cada gene nos proporciona
na compreensão científica da transmissão hereditária.
uma maneira mais rá pida para calcular a distribuição dos
A lei da segregação e a lei da segregação independente
fenótipos: por sua probabilidade. Neste caso, as propor-
sào os princí pios fundamentais da transmissão genética
--
—
ções fenotípicas esperadas para a prole podem ser obtidas
nos organismos diploides e formam a base da nossa com
preensão da transmissão genética e da genética molecu
lar e populacional. Veremos repetidamente o>s resultados
multiplicando as duas razões
duzir a razão prevista de ou
para pro
Podemos
— -
dessas duas leis à medida que explorarmos os detalhes
da transmissão hereditária nos organismos diploides
organismos que, como os seres humanos e as plantas de
ervilha, possuem duas có pias de cada cromossomo.
— usar a mesma abordagem para prever a razão entre a prole
Fj de um cruzamento triíbrido ou de qualquer outro tipo
de cruzamento envolvendo genes segregados de modo
independente.
42 Análise gené tica: uma abordagem integrada
Outra vantagem de usar a probabilidade para solucio - leis da hereditariedade de Mendel podem ser tão pareci -
nar problemas de genética é sua fácil adaptabilidade aos das quanto o corredor de produtos de sua mercearia locaL
diferentes tipos de questòes. Por exemplo, qual proporção
da prole produzida pela autofertilização de uma planta trii- A redescoberta do trabalho de Mendel
brida amarela, lisa e de flor roxa (GgRrWw ) terá o mesmo
Em 1900, após permanecerem praticamente des-
genótipo da planta progenitora? Para determinar a res - conhecidos por 34 anos, os resultados experimentais e
posta, identificamos a probabilidade do genótipo de cada
as interpreta ções de Mendel foram redescobertos quase
traço individual e depois multiplicamos essas très probabi- simultaneamente por três botâ nicos que trabalhavam
lidades juntas. Em cada lócus o cruzamento é heterozigoto independentemente uns dos outros. Cari Correns e
por heterozigoto, então a metade da prole deve ser hetero- Erich von Tschermak trabalhavam na IHsum satiwm , a
zigota. A probabilidade de a prole de uma autofertilização mesma planta que Mendel usou, e Hugo de Vries traba -
( |]( ]
| { * j*
de triíbrido vir a ser triíbrida é, portanto,
^^
Se quiséssemos determinar a proporção da prole de um
cruzamento triíbrido com gen ótipo rrGGWw, novamente
lhou em uma espécie de planta diferente. Cada um dos
três identificou os princí pios da hereditariedade que
Mendel descreveu pela primeira vez em 1865. Com o
apoio das descobertas contemporâ neas do comporta-
tratamos os lócus de maneira independente e calculamos a
mento dos cromossomos durante a divisão celular mei-
( \ ]{ j
probabilidade como
^ = }2.
Os problemas no final deste capitulo, bem como a
Análise gené tica 2.3, fornecem uma série de oportunida -
ótica, seguida rapidamente pela evidência confirmadora
de outras espécies de plantas e animais, os princí pios
bá sicos da segregação e da segregação independente
des para você praticar usando os princí pios da transmis- foram r á pida e amplamente disseminados na primeira
são genética. Como aponta a Observação Experimental década do século XX. Os dados de Mendel, Correns,
2.1, porém, as oportunidades para coletar evidências das Von Tschermak e outros que investigaram posterior -
Observa çã o Experimental 2.1
Mendelismo no corredor do mercado
Muitas das caracterí sticas atraentes das frutas e legu- adjacentes. Isso significa que cada espiga de milho madura
mes disponíveis nas mercearias e nos mercados resultam de carrega centenas de descendentes para análise,
cruzamentos seletivos intensos. Por exemplo, nos últimos O milho bicolor surge com o cruzamento de duas linha-
anos, multas variedades novas de legumes foram Introdu - gens de milho puras, uma produzindo gràos amarelos e a outra
zidas no mercado. Entre essas, há uma variedade de milho .
produzindo grãos brancos A planta amarela é WW e a planta
chamada de diversos nomes, incluindo "bicolor", "pêssegos branca é ww . Quando os geneticistas da empresa de sementes
e creme' e 'amarelo e branco". A maioria dos gr á os em uma cruzam esses estoques parentais, os gráos nas plantas da prole
espiga de milho bicolor é amarela, mas uma quantidade F. são amarelos e possuem genótipo heterozigoto Ww. Essa se-
consider ável é branca. Com uma observação atenta e um ,
mente F é deixada amadurecendo e é embalada para venda aos
pouco de análise quantitativa, você consegue identificar o agricultores e jardineiros que a plantam para produzir uma safra,
mecanismo genético que produz essa variação na cor . A semente costuma ser rotulada como *hibrida", significando
Uma espiga de milho é um miniexperimento genético; "monoíbrlda", para refletir a natureza heterozigótica no lócus da
cada grão na espiga, como cada ervilha em uma vagem, é uma .
cor do grão Devido à segregação dos alelos no lócus da cor do
semente diferente, produzida por um evento de fertilização grão, as plantas cultivadas a partir dessa semente F, produzem
independente dos demais eventos que produziram os grãos gráos tanto amarelos (IV-) como brancos ( ww) em cada espiga.
Se você visse algum desses milhos no mercado, como
você verificaria que a base genética de seus gr áos amarelos e
|brancos é a segregação de dois alelos em um único lócus? A
I resposta é que você contaria o número de grãos amarelos e o
I número de gr áos brancos nas espigas de milho bicolor com a
I expectativa de encontrar uma razão 3:1, aproximadamente,
I entre os gr áos amarelos e brancos.
Recentemente, uma turma de estudantes de genética
I examinou várias dúzias de espigas de milho bicolor e contou
J .
7.506 gr áos amarelos e 2.376 grãos brancos Entre o total de
9.882 grãos, 75,96% são amarelos e 24,04% são brancos, uma
*
.
£ razão de 3,16:1 Você vai usar esses dados no Problema 20, no
L final do capítulo, para fazer um teste estatístko para constatar
1 se os dados observados correspondem è hipótese de que esse
I traço é o produto da segregação dos alelos em um único lócus.
Da pr óxima vez que vocè comprar frutas e legumes, lembre-
I se de que está olhando para a genética mendeliana em ação!
Capítulo 2 Transmissão genética 43
AN ÁLISE GENÉTICA
Na mesma espécie de mamífero com os mesmos traços descritos na Análise Genética 2.2, um cruza-
mento entre um macho com pelos compridos e de cor sólida e uma fémea com pelos curtos e man
chados produz oito filhotes. A prole consiste em 2 filhotes com pelo comprido e manchado, 2 com pelo
curto e de cor sólida, 2 com pelo comprido e de cor sólida e 2 com pelo curto e manchado. Dados os
fenótlpos dos pais e a distribuição dos fenótipos da prole, determine os genôtipos dos pais e da prole .
Estrat égias de soluçã o Etapas da soluçã o
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por esse pro- .
1 O problema exige a determinação dos genôtipos parentais e dos genóti-
blema e explique a natureza da resposta so - pos da prole com base nos fenótipos parentais e nas propor ções da prole
licitada. com fenótipos diferentes .
.
2 Identifique as informações críticas forneci
das no problema.
- 2. Nessa espécie de mamífero, o pelo comprido é dominante em relação ao
curto e a cor manchada é dominante em relação à cor sólida. Cada pro-
genitor é homozigoto recessivo para um traço e dominante para outro
• KA: lhe o gervótopo conhecido e o espaço
reservado para os progenitores e as razões .
traço A prole exibe uma razão 1:1:1:1 dos fenótipos.
fenotípicas para a prole, a Am de identificar
ARMADILHA: VocÉ níopcde
Deduzir compíetamente os genôtipos parentais
pwsumèr que conhece o ge
.
3 Registre o que >á é conhecido a respeito dos
.
nrttipc fif um OR}mKmr> cnm
.
3 0 progenitor de pelo comprido e cor sólida é f-ss,
fmceçm domnjrt wm as
genôtipos parentais escrevendo os alelos *
informações de vgregjçfa. portando peb menos um alelo dominante (f-) para
Use formas grr» do fenó-
homozigotos recessivos para o traço reces- Úpo F- e S tomo «paços
o pelo compnòo e alelos homozigotos recessivos (ss)
sivo e escrevendo um alelo dominante e para a cor sólida. O progenitor de pelo curto e man-
reservados para as genôtipos
um “espaço em branco' como um espaço hcmadgoto dominante ou chado é fl$-, portando alelos homozigotos recessivos
hetefodgoto.
reservado para o traço dominante . (fl) para o comprimento do pelo e peto menos um
aleto dominante (S-) para a cor manchada.
.
4 Infira o que é conhecido sobre os genôtipos .
4 Os genôtipos inferidos para a prole são
da prole escrevendo os alelos homozigotos
recessivos ou os alelos dominantes com um
--
f S comprido, manchado
ffss curto, cor sólida
espaço reservado 'em branco".
f -ss comprido, cor sólida
DKA: 0 traço segregado ò fortra indtpendtot podem
lar * * . * * *
analisados irdr se jalmentc- Avalie a segregação cair oavt
nas razões fencdptcas da srole para um traço de cada vez.
ffS- curto, manchado
.
5 Determine a razão fenotípica do pelo com-
.
5 Quatro de pelo comprido e quatTO de pelo curto, uma razão 1:1 dos fenó-
prido em relação ao pelo curto entre a prole
tipos dominante e recessivo.
do cruzamento .
.
6 Determine a razão fenotípica do pelo man - 6. Quatro integrantes da prole possuem pelo manchado e quatro possuem
chado em relação ao pelo de cor sólida
pelo de cor sólida, uma razão 1:1 dos fenótipos.
entre a prole.
Solucionar
.
7 Determine os genôtipos parentais neces- 7. Para produzir o fenótipo recessivo de peto curto, cada progenitor precisa con-
sários para produzir a prole com a razão tribuir com um alelo recessivo (/). Entre os progenitores, a fémea com peto
observada do pelo comprido para o pelo curto é ff e o macho com peto comprido precisa ser heterozigoto (ff) para esse
curto. gene. O genótipo do macho com peto comprido de cor sólida é ffo.
.
8 Determine os genôtipos parentais neces- .
8 O progenitor com fenótipo recessivo de cor sólida contribui com um
sários para produzir a razão observada de alelo recessivo (s). A progenitora com pelo manchado precisa ser hetero-
pelo manchado para pelo de cor sólida . .
zigota (Sí) A f êmea com pelo curto e manchado tem o genótipo ffSs .
.
9 Verifique os genôtipos parentais nesse cruza- 9. No cruzamento ffss x ffSs, cada progenitor fs fs
.
mento usando uma análise do quadrado de produz dois gametas geneticamente diferen- fs ffSj ffSs
i Punnett ‘
tes nas frequências de cada. O quadrado de
Punnett prevê quatro genôtipos e fenótipos
Comprido, Curto,
manchado manchado
AMAOIIMA: Para evitar errov jsr
L n quadrada de Punnett para veri-
*
ficar se os genôtipos parentais que
diferentes na prole, em uma razão 1:1:1:1 fs . ffss ffss
votè atribuir produzir ão urra prole Comprido, Curto,
rvr razão observada. cor sólida cor sólida
mente a segregação das cores amarela e verde da ervilha de um determinado gene e que ele governa a segregação
na prole F2 da Pisum sativum foram combinados para independente dos alelos nos genes em diferentes lócus.
fornecer uma razão de 3,01:1 entre as mais de 200 mil As discussões anteriores demonstraram que as regras
sementes amarelas e verdes que eles analisaram. básicas da heran ça mendeliana sào, na realidade, as re-
A abordagem para a an álise genética que descreve
mos neste capítulo costuma ser apelidada de genética
- gras da teoria da probabilidade aleatória. Na verdade, as
probabilidades mendeliana* que discutimos anterior-
mendeliana, por razões óbvias de que Gregor Mendel mente sào expressas mais claramente por quatro regras
foi o primeiro cientista a oferecer um mecanismo para
explicar os padr ões hereditários que observou. Entre - —
da teoria da probabilidade regra do produto, regra da
soma, probabilidade condicional e probabilidade bino-
tanto, como foi observado na introdução do capítulo, .
mial Nesta seção, examinamos mais atentamente essas
Mendel não foi a primeira pessoa a fazer essas observa - regras que descrevem e preveem o resultado dos eventos
ções. A Observação Experimental 2.2 mostra que, se genéticos governados pelas regras do acaso.
não tivesse deixado de quantificar os resultados de seus
cruzamentos de plantas de ervilha , Charles Naudin , Regra do produto
contemporâ neo de Mendel, poderia ter sido o primeiro Se dois ou mais eventos forem independentes um
cientista a conseguir explicar a hereditariedade . do outro, sua probabilidade conjunta, ou seja, a proba -
bilidade de sua ocorrência simultâ nea ou consecutiva, é
2.4 A teoria da probabilidade prevê o produto das probabilidades de cada um deles. A regra
as razões mendelianas do produto, também chamada regra da multiplicação,
descreve essas circunstâncias.
Mendel reconheceu que o acaso (ou probabilidade Você já utilizou vá rias vezes a regra do produto na
aleatória, o mesmo processo que determina o resultado determinação dos resultados dos cruzamentos genéticos.
dos lançamentos de moeda e da rolagem de dados) é o Por exemplo, nas Figuras 2.6 e 2.7, a regra do produto é
princípio aritmético subjacente à segrega çã o dos alelos utilizada para determinar se a chance de produzir uma
Capítulo 2 Transmissão genética 45
planta F. com o fenótipo recessivo pelo cruzamento de classe fenotí pica contém dois genótipos, GG e Gg, que
( ) ) não são igualmente frequentes. Nesse caso, o genótipo
plantas heterozigota?» que são Gg ou Rr é 2 2 = i *
^
De modo similar, na Figura 2.10, a probabilidade de pro -
duzir gametas com cada genótipo diferente é prevista
Gg é encontrado em j da prole F2 de semente amarela.
As outras plantas da prole F2 sào GG. Sob o critério con -
dicional de que o único fenótipo da prole considerado é
pela aplicação da regra do produto no diagrama de Linha
bifurcada. Da mesma forma, na Figura 2.11, a probabili- a semente amarela , a resposta da pergunta apresentada
dade de a prole F2 vir a ser homozigota recessiva a partir anteriormente é que a prole de semente amarela do cru -
zamento tem y de probabilidade de ser Gg.
de um cruzamento das plantas diíbridas da F , com genó -
Outra aplicação da probabilidade condicional é a
tipo RrGg é prevista pela aplicação da regra do produto.
pergunta “Se for permitido que as plantas de semente
amarela da prole F2 autofêrtilizem , qual proporção delas
Regra da soma deve ter linhagem pura ?". Essa pergunta é similar à que
A regra da soma . também chamada regra da adi - Mendei fez quando concebeu um teste independente de
ção, define a probabilidade conjunta da ocorrência de sua hipótese de segregação (ver Tabela 2.3). A prole F de
^
dois ou mais eventos mutuamente exclusivos somando linhagem pura precisa ser homozigota e, em seu experi -
as probabilidades de cada um deles. Essa regra é apli - mento de cor da semente , apenas a prole com genótipo
cada quando mais de um resultado satisfaz as condições GG satisfaz essa contingência condicional. Uma vez que o
da questão probabil ística. genótipo GG é encontrado em um terço das plantas de se-
Você aplicou a regra da soma em vários cálculos ge - mente amarela da prole F2, a mesma proporção de plantas
néticos na seção anterior. Por exemplo, na Figura 2.6, a de linhagem pura deve resultar da autofertilizaçâo.
probabilidade de a prole F2 do cruzamento Gg x Gg vir
a ser heterozigota é determinada pela soma da chance Observação genética Uma probabilidade condicional é
de obter qualquer uma das duas maneiras possíveis de a probabilidade de um evento ocorrer subordinado a deter-
ter uma prole heterozigota: | i | |
| * . De modo si - minada circunstância adicional ou conjunto de circunstâncias
milar, na Figura 2.11, a probabilidade de a prole F2 do adicionais. Em análise genética , 0 requisito adicional frequen
cruzamento de diíbridos heterozigotos { RrGg ) ter os temente diz respeito ao fenótipo da prole de um cruzamento.
dois fenótipos dominantes é obtida pela aplicação da 0 efeito da circunstância adicional é alterar o número de resul-
regra da soma . A partir da Figura 2.11 , a probabilidade é tados possíveis ou a probabilidade dos resultados reprodutivos.
Probabilidade binomial
Observa ção genética A regra do produto é usada para
Na determinação dos resultados de certos eventos
determinar a probabilidade conjunta de dois ou mais eventos
genéticos, apenas um evento precisa ser previsto. Um
ocorrerem simultânea ou consecutivamente. A regra da soma
exemplo é a questão “Qual é a chance de um casal gerar
é usada quando dois ou mais resultados equivalentes satisfa-
uma Filha?". A resposta é obtida presumindo que o pai
zem as condições da questão probabilistka.
tem uma chance de - de doar um cromossomo X e produ-
zir uma filha e uma chance igual a - de doar um cromos-
somo Y para produzir um filho e que a prole masculina
Probabilidade condicional e feminina é igualmente provável. Outras questões rela -
As questões de probabilidade nos experimentos tivas aos resultados genéticos requerem que avaliemos a
genéticos podem ser feitas antes da realização de um probabilidade de uma combinação ou sequência de tais
cruzamento. A regra do produto e a regra da soma po - eventos (eventos para os quais existem dois resultados
deriam , por exemplo, ser utilizadas para prever a proba - possí veis de cada vez ). Por exemplo, determinar as proba -
bilidade de obter um determinado genótipo ou fenótipo bilidades das diferentes combinações de meninos e meni -
a partir de um cruzamento. Certas questões de probabi - nas em grupos de irmãos, ou o risco do fenótipo recessivo
lidade são feitas após um cruzamento ter sido realizado em um ou mais filhos de um casal de portadores hetero-
e poderiam abordar a probabilidade de um organismo zigotos de uma doença recessiva, requer o cálculo de uma
ter um determinado genótipo. Esse tipo de probabili - determinada combinação de eventos que têm dois resul -
dade é chamado probabilidade condicional e é apli - tados alternativos cada. Para fazer essas determinações,
cado quando informações espec íficas sobre o resultado usamos cálculos de probabilidade binomial, expandindo
modificam ou “condicionam ” o cálculo probabillstico. a expressão binomial para refletir o número de combina-
Um exemplo genético tí pico de probabilidade ções de resultado e a probabilidade de cada combinação.
condicional seria considerar a prole F2 do cruzamento Construção de uma f órmula de expansão binomial Uma
como Gg x Gg e perguntar “Qual é a probabilidade de expressão binomial contém duas variáveis, cada uma re-
as plantas da prole com semente amarela serem hete - presentando a frequência de um ou dois resultados alter-
rozigotas Gg como as progenitoras?" ( ver Figura 2.6). A nativos. Podemos expressar a probabilidade de um resul -
semente amarela está presente em ] da prole, mas essa tado tendo uma frequência p e do resultado alternativo
46 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
tendo uma frequência q. Uma vez que os eventos p e q sâo dens de nascimento diferentes (as ordens de meninos
os únicos resultados possíveis, a soma das duas frequências e meninas entre os irmãos ) para cada resultado? Aqui,
é ( p + q ) * 1. Se estivermos examinando as probabilidades reconhecemos que cada ordem de nascimento tem
dos resultados para uma série de dois eventos alternativos,
como os vários resultados cara ou coroa de uma moeda ou \j J
uma probabilidade de j * e que precisamos somar
os vários filhos sucessivas de um casal, podemos expandir todos os resultados similares para determinar a pro-
o binómio para a potência do n úmero de eventos sucessi- babilidade de 1 ou 2 meninos ou meninas em trés ir-
vos (n ) a fim de calcular as probabilidades. A fórmula de mãos consecutivos. Em cada um desses casos, usando
expansão binomial é escrita como ( p q )*. ) 81
a regra da soma , a probabilidade é ( ) + ( j | = *.
Em alguns tipos de problema de probabilidade, os
valores das variáveis binomiais p e q serão iguais; ou seja,
^
Aritmeticamente, usamos a expansão binomial na
terceira potência \ { p + <7)*) para representar os três irmãos
\
p = q - , como na probabilidade de gerar um menino ou
uma menina. Em outros casos, os dois valores binomiais
sucessivos. Supondo que a probabilidade de um resultado
seja p e a probabilidade do outro resultado seja q, então o
não serão iguais, como na probabilidade de que pais he- caso geral do binómio se expande da seguinte forma:
terozigotos venham a gerar um filho com um traço re - ( p + q )s = /r* 3p*q + 3 pq1 + q*
cessivo. Vamos usar uma probabilidade combinató ria Os valores que estão sendo somados no lado direito
para prever a probabilidade de diferentes quantidades de da equa ção são as frequ ências dos quatro grupos de re-
meninos e meninas gerados quando um casal tem três sultados p e q.
filhos. Uma abordagem combinatória nos permite listar
todas as possíveis ordens de nascimento de meninos e Aplica çã o da probabilidade binomial aos fenótlpos da
meninas e agrupá - las de acordo com os n ú meros totais prole A probabilidade binomial e a expansão binomial
de meninos e meninas em cada grupo de três irmãos. A podem ser usadas sempre que uma questão probabil ís-
tabela a seguir mostra que existem 23 ou oito diferen - tica tratar de uma série de eventos repetidos que pos-
tes ordens de nascimento de meninos e meninas. Essa suem dois resultados alternativos. Vamos examinar a
conclusão é determinada com base em dois resultados produção de ervilhas amarelas e verdes nas vagens com
possí veis ( um menino ou uma menina ) para três eventos seis ervilhas cada. Nesse exemplo, o alelo dominante G
consecutivos. Supondo que as probabilidades de ter um determina a cor amarela e o alelo recessivo g determina a
menino ou uma menina sâo cada ordem diferente cor verde. O cruzamento que produz as ervilhas da prole
(
tem uma probabilidade de | = . Os resultados podem é a autofertilizaçâo de uma planta heteroz ígota ( Gg) de
^ ^
ser agrupados em quatro grupos, cada um contendo um
n ú mero total diferente de meninos e meninas.
semente amarela. A probabilidade de uma semente ser
amarela é já que o gen ótipo seria GG ou Gg e a pro-
babilidade de a semente ser verde e, portanto, ter o ge-
0 Meninos 1 Menino 2 Meninos 3 Meninos
3 Meninas 2 Meninas 1 Menina 0 Meninas nótipo gg é 4. Vamos usar a variável p para representar a
GGG GGB GBB BBB probabilidade das sementes amarelas e a variável q para
GBG BGB
BGG3 BBG representar a probabilidade das sementes verdes.
i 3 1
Probabilidade. A a 8 A
Em nosso exemplo das vagens de ervilha com seis
Podemos ver que existe apenas uma ordem na sementes em cada uma, produzidas pelo cruzamento de
qual teremos três meninos ( BBB) ou três meninas plantas parentais heterozigotas ( Gg), existem dois resulta -
( GGG ) e cada uma delas tem uma probabilidade de dos possíveis relativos à cor de cada ervilha e seis ervilhas
Repare que usamos a regra do produto para obter cada em cada vagem, perfazendo um total de 26 ou 64 combi -
probabilidade. Mas, c nos casos de 2 meninos e 1 me - nações. Contando o n ú mero total de ervilhas amarelas e
nina ou 2 meninas e 1 menino, em que existem três or - verdes em cada vagem, existem sele categorias em que
mostra a distribui ção do n ú mero total de combinações para um dado valor de n ( n ú mero de eventos). Por exempio, para
(p q )2, use a linha n 2, que prevê um total de quatro combinações de resultado distribu ídas em uma razão 1:2:1 ou *: *
=
As aplicações que usam as linhas realçadas, n * 4 e n » 6, sáo discutidas no texto.
Capítulo 2 Transmissão genética 47
- *
U t C( C Figura 2.16 Cálculo da
uccu
ctcctt
probabilidade binomial
CUICCO do fenótipo da cor da
l U l t t C< f c u c CVCCLC
CU( t i i ( i u (i c u c i c semente nas vagens
U «^
C
| | cot t i o
U t l l ACciCti ClfcCCO com saí s ervilhas. O
t t u Ci CU Uietc
U U i (. CICC ^. C Ittl l triâ ngulo de Pascal tem sido
fctictc ( tilfilL C U CC
utilizado para encontrar os
l i c i t e Í CCUC cccttt
t t CU v d «u tttttt coeficientes da equa ção
cttcct t t t t c t t c t t c t cccttt t t t t c t
c c c ccc c c u c uu binomial expandida para
CUIrLi ( CU . CC tctctc t c t t c t ttcttt
t t t t c t cccttt t c t t c t t t c t t t
Cttttt ttttct tt - ttc tcttct
ttcccc
ttttct
n = 6. Os 64 resultados
ttcttt ttttct ttttct ttcttt ttcttt CCCCCt ttttct diferentes são exibidos em
Classe do resultado 6 amarela 5 amarela 4 amarela 3 amarela 2 amarela 1 amarela 0 amarela sete classes e a equação é
da cor da semente 0 verde 1 verde 2 verde 3 verde 4 verde 5 verde 6 verde empregada para calcular
N ú mero de
combinações
que levam
S ocorr ência
1 6 15 20 15 6 1
- a frequência prevista de
64 cada classe.
Probabilidade de
ocorrência da classe
de resultado
p* 6 fy 1 5 p*tf 20pV 15p?q4 6 pq' q*
- 1,00
-
Frequência de
ocorrência da classe 0,178 0,356 0,297 0,132 0,033 0,004 0.0002 1,00
de resultado
=
(P ird D=
cada unia tem um número diferente de ervilhas amarelas
e verdes por vagem, como discutiremos por um instante. Observa çã o gen é tica A probabilidade binomial prevê
A aplicação da expansão binomial nos cálculos ge- a probabilidade das combina ções possí veis em uma amostra
de tamanho especificado quando cada membro da amos-
néticos complexos requer repetição e precisão no uso da
tra pode representar um de dois resultados. As variáveis p e
regra do produto e da regra da soma. No entanto, um ata -
q representam as frequências globais dos dois resultados e a
lho conveniente, chamado triângulo de Pascal, elimina os
fórmula binomial (p + q ) pode ser expandida para a n-ésima
cálculos repetitivos necessários para as várias expansões
potê ncia [(p + qY ] para corresponder ao tamanho da amostra .
da equação da probabilidade binomial, podendo ser usado
0 triâ ngulo de Pascal é uma ferramenta ú til para determinar 0
para qualquer número de expansões entre 0 e a w -ésima n ú meroe a frequência das classes de resultado.
potência para produzir o tamanho de cada classe possí vel e
o número total de classes possíveis (Figura 2.15 ). Voltemos
ao nosso exemplo da probabilidade binomial da vagem de 2.5 A aná lise do qui- quadrado testa
ervilha para vermos como o triângulo de Pascal é utilizado.
A Figura 2.16 usa os valores extraídos da linha n - 6 a adequaçã o entre os valores
do triângulo de Pascal ( destacada na Figura 2.15). Esses observados e os resultados
-
coeficientes da expansão binomial para n 6 fornecem previstos
as proporções de cada uma das sete classes de resultado
para esse exemplo. Os coeficientes são 1 , 6, 15, 20, 15, 6 As Seções Z 1 a 2.4 cont êm muitos exemplos de como
e 1 . somando um total de 64 combinações diferentes. Os os princípios da probabilidade, que fazem previsões sobre
coeficientes são usados para multiplicar a probabilidade eventos aleatórios, podem ser usados para prever a proba-
binomial de cada classe de resultado. Nesse caso, em que bilidade de diferentes resultados dos cruzamentos genéti -
cos. Os experimentos genéticos como os descritos e como
/* * 4 Ctf * 4» * frequência prevista para obter seis ervi- os que Mendel realizou fazem previsões baseadas na hi -
lhas amarelas em uma vagem , por exemplo, é calculada
pótese de que o acaso determina a transmissão dos traços.
^ jj
como 1O*6) ou 6 = 0,178; para as vagens com ervilhas
amarelas e 3 verdes, a frequência é 20 | Jj = 0,132;
a proporção de vagens contendo 2 ervilhas amarelas e 4
( )[
No entanto, para avaliar a validade dessa hipótese, os ge-
netidstas precisam ser capazes de comparar os resultados
que obtêm em seus experimentos com os resultados que
se poderiam prever. Por exemplo, os resultados da F2 de
7 ) * 0,033 etc. O conjunto completo
verdes é 15
^
de frequências previstas para as diferentes combina-
ções de cor da semente é exibido na parte inferior da Fl-
Mendel na Tabela 2.1 são compatíveis com sua hipótese
de segregação que prevê uma razão fenotípica de 3:1?
Os cientistas precisam ser capazes de fazer compa -
gura 2.16. Repare que a soma das probabilidades de cada rações objetivas dos resultados observados e esperados
categoria e a soma das frequências de cada categoria são para testar hipóteses genéticas. As afirmações qualitati-
1 ,00 cada uma. Essa correspondência confirma que todos vas como "os resultados observados parecem próximos
os resultados possíveis foram levados em conta. dos resultados que esperamos" são inaceitáveis para o
48 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
trabalho científico. Em vez disso, uma abordagem quan - Por convenção, os resultados experimentais obser -
titativa, ou, nesse caso, uma abordagem estat ística, é vados que tenham uma probabilidade menor que 5%
necessária para comparar objetivamente os resultados
obtidos de um cruzamento com os resultados previstos
—
(< 0,05) isto é, uma probabilidade que é mais de dois
—
desvios padrão afastada da m édia costumam ser con -
pela probabilidade. Mendel náo tinha ferramentas esta - siderados como aqueles que exibem uma diferença es-
tsticas adequadas à sua disposiçã o. Mas, no inído dos
í tatisticamente significante entre o resultado observado
-
anos 1900, o teste do qui quadrado foi derivado como -
e o resultado esperado. A análise do qui quadrado testa
um teste estatístico para a comparação de resultados ex
perimentais observados com os resultados que podem
- o desvio estatisticamente significante nos resultados ge
néticos experimentais.
-
ser esperados quando o acaso está encarregado de gerar
o resultado. Esta seção descreve o teste do qui -quadrado
e sua aplicação aos dados de análise genética, incluindo
-
Aná lise do qui quadrado
O teste do qui - quadrado (x2) é o método estatístico
alguns resultados da F.; de Mendel. Porém, começamos
com uma breve descrição de uma distribuição normal ou
utilizado com mais frequência nos experimentos genéti -
cos para comparar resultados experimentais observados
-
gaussiana , na qual a análise do qui quadrado se baseia.
com resultados previstos com base na hipótese da pro-
babilidade. O teste do qui -quadrado quantifica o grau de
Distribuição normal
correspondência entre uma observação experimental c
Nas amostras grandes, os resultados previstos pelo o resultado previsto determinando a probabilidade do
acaso t êm uma distribuição normal (gaussiana ). Uma resultado observado. O teste do qui- quadrado é apro-
distribuição normal é uma distribuição binomial cha - priado para essa tarefa quando a hipótese experimental
mada frequentemente de “curva em forma de sino”, empregada para prever o resultado depende do acaso,
devido ao formato geral da curva que os dados formam como acontece com as razões mendelianas. Assim,
quando são representados graficamente ( Figura 2.17 ). quando é feito um teste do qui -quadrado, esse teste está
Uma distribuição normal contém todos os resulta
dos experimentais possíveis. A média ( p ) é o resultado
- medindo o grau de correspondência entre as observa-
ções experimentais e as previsões experimentais. C ) teste
médio e os outros resultados são distribuídos em torno do qui quadrado se provou flexível e preciso para medir
da m édia. O segmento central alto da curva mais pró-
ximo da média representa os resultados dentro da pro-
a adequação entre os resultados experimentais observa
dos e previstos em uma ampla gama de experimentos.
-
babilidade de ocorrência mais alta. A probabilidade dos O valor do qui-quadrado para a análise de um de-
resultados experimentais fica menor na direção das ex
tremidades esquerda e direita da curva. A probabilidade
- terminado experimento é obtido em duas etapas. Pri -
meiro, a diferença entre o n ú mero observado e o n ú -
de um determinado resultado experimental é quantifi - mero previsto em cada categoria de resultado é elevada
cada por uma medição chamada desvio padrão (o). Em ao quadrado e dividida pelo n ú mero previsto na cate-
uma distribuição normal, aproximadamente 68,2% de goria; e segundo, os valores obtidos para cada classe de
todos os valores de resultado caem em um desvio pa - resultado são somados. A fórmula Y2 é
drão da média, 95,4% dos resultados caem em dois des-
Et
vios padrão da média e 99,8% dos resultados caem em
em que O é o n ú mero observado da prole em cada classe
três desvios padrão da média ( Figura 2.17). O resultado
de resultado, £ é o n úmero previsto para cada classe e o
observado de um determinado experimento pode ser
comparado com a distribuição normal para determinar -
somatório (£ ) é feito ao longo de todas as possíveis clas
ses de resultado.
a probabilidade dessa observação experimental especí-
O tamanho do valor do qui-quadrado para um expe-
fica em compara ção com todos os resultados possíveis
rimento depende de três parâ metros: tamanho da amos-
na distribuição usando ci , o desvio padrão, como guia.
tra experimental, quantidade de classes de resultado c
quantidade de observações em cada classe de resultado;
s8 iX Distribuição normal
então, é logico que os experimentos com grandes quan
tidades de classes de resultado ou com mais observações
-
idealizada experimentais registradas para cada classe de resultado
c tendem a ter valores de qui-quadrado maiores do que os
li encontrados nos experimentos com n ú meros menores
em cada classe. Simplesmente, a adição de mais valores
-3o -2o -o |i o 2o 3o
ou de valores maiores para obter um valor de qui-qua-
68,2%
95,4%
drado leva a somas maiores. Consequentemente, os valo -
res de qui- quadrado náo são diretamente compará veis de
993%
um experimento para o outro. Em vez disso, cada valor
Figura 2.17 A representa ção gr áfica da distribuição dos experimental do qui-quadrado é interpretado em termos
resultados casuais produz uma distribui ção normal. 0 da distribuição normal dos resultados previstos para um
desvio padrão (o ) é usado para caracterizar a dispersão dos
experimento desse tamanho.
possíveis resultados em torno da m édia ( p).
Capítulo 2 Transmissão genética 49
A interpretação é feita por meio de um valor da pro - de 100 lançamentos de moeda. Existem duas classes de
habilidade (valor P), que é uma expressão quantitativa resultado, caras e coroas, cada uma delas com uma pre-
da probabilidade de que os resultados de outro experi
mento de mesmo tamanho e estrutura vão se desviar
- visão de 50 ocorrências. No entanto, depois de registrar -
mos o n úmero de eventos em uma classe, digamos que
tanto ou mais dos resultados previstos pelo acaso. Os 54 caras, o número de eventos na segunda classe passa
valores P na análise do qui -quadrado estão diretamente a depender desse primeiro número. Em nosso exemplo
relacionados com a probabilidade de resultados experi
mentais em uma distribuição normal. Altos valores de
- de lançamento de moeda, se lançarmos uma moeda 100
vezes e houver 54 caras registradas, os outros 46 lança
P (valores próximos de 1) estão associados com baixos mentos devem ser coroas. Aqui o n úmero de graus de
x-
valores de 2 Baixos valores do qui - quadrado ocorrem liberdade é um, pois, embora haja dois resultados possí-
quando os resultados observados e os previstos são muito veis, o valor de um sempre depende do valor do outro.
parecidos. Um alto valor de P indica que provavelmente A Tabela 2.4 apresenta valores de qui-quadrado para
o acaso de forma isolada pode explicar os desvios das ob- diferentes graus de liberdade, que são exibidos ao longo
servações experimentais em relação aos valores previs- da margem esquerda da tabela. Os valores de P corres-
tos. Desse modo, um experimento que produza um valor pondentes são apresentados ao longo da margem supe-
de P igual a 0,90 significa que os resultados observados rior. Para determinar o valor de P para o valor do qui -qua -
e previstos são próximos e que 90% de todos os valores drado de um experimento, a primeira etapa é determinar
x
possíveis de 1 são iguais ou maiores que o valor obtido o n úmero de graus de liberdade. A segunda etapa é loca-
no experimento. Por outro lado, baixos valores de P cor- lizar o valor do qui-quadrado na linha horizontal à direita
respondem a altos valores de qui-quadrado. Eles indicam desse n ú mero de graus de liberdade. O valor de P para o
uma diferença substancial entre os resultados observados resultado do experimento em questão é encontrado no
e os previstos. Quanto maior a diferen ça entre os valores topo da coluna contendo o valor do qui -quadrado .
observados e os previstos para um experimento, maior o A interpreta çã o dos valores do qui-quadrado se ba -
valor de tf e menor o valor de P . seia no valor de P correspondente. Um resultado estatis-
A interpretação estat ística de um valor do qui-qua - ticamente significante da análise do qui-quadrado é de-
drado é determinada identificando o valor de P para cada finido como o resultado para o qual o valor de P é menor
experimento, e esse valor depende do n úmero de graus que 0,05. Isso significa que h á menos de 5% de chance
de liberdade ( d/ ) no experimento que está sendo exa - ( < 0,05) de obter a observaçã o experimental por acaso.
minado. Para cada experimento, o valor de df é igual ao Por convenção, quando qualquer resultado experimental
n ú mero de classes de resultado ( n ) menos 1 , ou ( w - l ). tem menos de 5% de probabilidade, a hipótese do acaso
No sentido estatístico, df é igual ao n úmero de variáveis é rejeitada. Em outras palavras, se o valor de P for menor
independentes em um experimento. Por exemplo, supo- que 0,05, a diferença entre os resultados observados e os
nha que estivéssemos fazendo um teste do qui-quadrado previstos é considerada estatisticamente significante e a
essas, ele contou 5.474 lisas e 1.850 rugosas. Com base nas - - -
X = ( 269 269,58)7269,58 4 ( 98 89,86)789.86
3
=—
tantes seriam de sementes rugosas. Isso significa que ele
=
-
previu (7324)(0,75) 5.493 sementes lisas e (7324)(035)
1.831 sementes rugosas. O grau de liberdade é igual a 1
df 7
2,67
^
<>
Linhagens
Sexo nâo especificado
Gera ção
ticas observadas frequentemente na herança autossô-
mica dominante de uma doença. Repare nas seis carac
terfsticas seguintes:
-
Pais
1. Cada indivíduo portador da doença tem pelo
menos um dos pais afetados . Qualquer portador de
Pais (consangu í neos)
; Adoção um alelo dominante vai exibir o fenótipo dominante.
1 I I Irmãos Portanto, qualquer doença ou transtorno causado
por um alelo dominante aparece nas gerações suces-
cfb Gémeos idênticos sivas (essa característka é descrita como um padrão
vertical de transmissão). Na Figura 2.19, todas as 13
óh G ê meos fraternos crianças afetadas nas gerações II , III c IV têm pelo
menos um dos pais afetados. As únicas exceções a
Algarismos essa regra são ( 1) a ocorrência de uma nova mutação
LII, III etc. Romanos * gerações em uma criança e ( 2) uma pessoa com a mutação do-
1, 2.3 etc Ará bicos = indiv íduos em uma geração
minante entrando na fam ília através do casamento.
Figura 2.18 Sí mbolos geneal ógicos comuns . O heredograma nâ o exibe nenhuma evidê ncia de
uma nova mutaçã o, mas o indivíduo III-16 entra na
cada organismo carrega duas có pias (alelos) de cada família pelo casamento e tem a mutação dominante.
gene autossômico. Os alelos nos cromossomos homó- 2. Machos e fémeas são afetados em quantidades
logos podem ser idênticos, situação em que uma pes - iguais. As mutações portadas por um autossomo
soa tem um genótipo homozigoto; ou os alelos podem tém ocorrência igualmente provável em ambos os
ser diferentes, produzindo um genótipo heterozigoto. sexos. Entre o total de 15 indivíduos afetados na fi -
A herança autossô mica nos permite ver as leis da se -
gregaçã o e da segregação independente de Mendel em
gura, 7 sào machos e 8 sã o fêmeas .
ação. Os autossomos são diferentes dos cromossomos 3. Qualquer um dos sexos pode transmitir o alelo
sexuais (cromossomos X e Y) e a herança autossô mica da doença . Oito pais na Figura 2.19 transmitiram a
segue padrões diferentes dos encontrados na herança doença para um ou mais filhos. Três dos pais trans-
dos genes nos cromossomos sexuais (ver Capítulo 3). missores são machos e quatro são fémeas.
Os heredogramas, ou árvores genealógicas, são um 4. Em cruzamentos em que um dos pais é afetado e
tipo de abreviatura simbólica usada para traçar a he - o outro não, aproximadamente metade da prole
ran ça dos traços em seres humanos e animais, como ca - expressa a doença . As doenças causadas por mu -
valos, cã es, gatos, gado e outros. Na notação genealógica tações dominantes normalmente sà o raras nas po-
padrão, os machos são representados por quadrados pula ções e a maioria dos indivíduos afetados é he-
e as fêmeas, por círculos ( Figura 2.18) Um círculo ou . terozigota. Um cruzamento entre um progenitor
quadrado preenchido indica que o fenótipo de interesse afetado e um progenitor n âo afetado quase sempre
está presente. Uma linha cruzando um símbolo indica pode ser interpretado geneticamente como um
que a pessoa faleceu. Os pais estão conectados uns aos cruzamento heterozigoto- homozigoto, devendo
outros por uma linha horizontal a partir da qual desce produzir uma raz ão de 1:1 entre os fenótipos.
uma linha vertical até a sua prole. Os indivíduos em um Nessa fam ília , existem seis cruzamentos entre uma
I d 1956 d 1960
2 4 6 8
d 1988 d 1990 OTI
» o^ár D rã à‘ t r o o’
d. 1972
5
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*fa”ã Éf« ó”ò
4 ,6 18
——
• 19
4 5 12
IV
pessoa afetada que é heterozigota e uma pessoa não afetado for heterozigoto, o risco de um determi -
afetada que é homozigota para o alelo recessivo. nado filho vir a ser afetado é Se o progenitor n ão
Dentre as 19 crianças geradas por esses cruzamen - afetado for homozigoto para o alelo dominante,
tos, 10 delas sã o afetadas e 9 n ão sã o afetadas. todos os filhos serão heterozigotos n ão afetados.
5. Dois progenitores não afetados não terão filhos 3. Se ambos os progenitores tiverem o transtorno,
com a doença. Os fenótipos dominantes requerem todos os filhos terão o transtorno. Se ambos os
a presença de pelo menos uma cópia do aJelo domi- progenitores forem homozigotos recessivos, toda a
nante. Se cada progenitor tiver o fenótipo recessivo sua prole terá o mesmo genótipo homozigoto. Desse
("normal"), eles precisam ser homozigotos para o modo, os quatro irmãos afetados na última geração
alelo recessivo e toda a sua prole também deve ser do heredograma idealizado herdam esse transtorno.
homozigota. Três cruzamentos desse tipo são exibi- 4. A proporção entre os sexos na prole afetada deve
dos no heredograma e todos os sete filhos resultan - ser igual. Machos e fé meas tém a mesma chance de
tes tém o fenótipo normal. A nova mutação é uma serem homozigotos para o alelo recessivo. O sexo
exceção a essa regra, mas não é vista nessa fam ília. de um filho independe da probabilidade de ocor-
6. Dois progenitores afetados podem gerar filhos rência do genótipo homozigoto recessivo no lócus
não afetados. Se cada progenitor for heterozigoto, -
autossômico. ( Lembre se de que as proporções
a razão prevista entre filhos afetados e não afetados iguais entre os sexos també m são observadas nos
é 3:1. Há um cruzamento como esse exibido no he- transtornos autossómicos dominantes.) No exem -
-
redograma e três dos quatro filhos resultantes são
afetados. O cruzamento de dois progenitores hete-
rozigotos afetados apresenta uma chance de uma
em quatro de gerar um filho homozigoto para o alelo
—
plo do heredograma, existe um total de oito indiví
duos afetados quatro machos e quatro fê meas.
5 A doença normalmente nã o aparece em cada
.
geração; mas, se um filho afetado for gerado por
mutado e uma chance de uma em quatro de produzir progenitores nâo afetados, o risco para os filhos
um filho homozigoto para o alelo do tipo selvagem . subsequentes do casal é Se os dois progenito-
res tiverem o fenótipo dominante, eles podem gerar
Herança autossômica recessiva um filho com o fenótipo recessivo apenas se cada
um deles for heterozigoto. Normalmente isso é raro
A Figura 2.20 mostra um heredograma humano em uma população, então o nascimento de filhos
exibindo as características observadas frequentemente afetados é raro. Porém, se um filho afetado nascer
na herança autossômica recessiva de uma doença.
Existem seis caracter ísticas a ser observadas:
de um casal saudável, cada progenitor é um porta -
dor heterozigoto do alelo recessivo da doença e o
1. Os indivíduos portadores da doença geralmente J.
risco da doença para cada outro filho é No exem -
nascem de pais não portadores. Um filho com a
doença (o fenótipo recessivo) precisa ter herdado
plo do heredograma, a condição recessiva está con
finada à quarta e quinta gerações.
-
uma cópia do alelo recessivo de cada progenitor. 6. Se a doença ou transtorno for raro em uma po-
Além disso, é comum os filhos com a doença terem pulação, o§ progenitores não afetados de um
sido gerados por progenitores com o fenótipo domi - filho afetado são mais propensos a ser relacio-
nante ( normal) que são heterozigotos. Quatro mem
- - - -
bros da família afetados, IV 5, IV 6, IV 10 e V 3, são
- nados entre si . Os indivíduos relacionados entre
si podem portar alelos idênticos em consequ ência
filhos de progenitores portadores heterozigotos. de sua ancestralidade compartilhada. Se o alelo
2. Se apenas um dos progenitores tiver o trans -
torno , o risco de o filho té- lo depende do genó-
recessivo estiver presente na família , o compar
tilhamento dos alelos através da ancestralidade
-
tipo do ontro progenitor. O progenitor afetado é comum aumenta a probabilidade de os indivíduos
homozigoto recessivo e deve passar uma cópia do relacionados poderem ser portadores do alelo re-
alelo recessivo para cada filho. Se o progenitor n ão cessivo em comparação com a população total. Na
III
3
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Capítulo 2 Transmissão genética 53
Figura 2.20, os dois progenitores afetados de quatro uma quantidade suficiente de polipeptídeos normais
irmãos afetados são relacionados entre si. para gerar o fen ótipo do tipo selvagem. Por outro lado,
as plantas homozigotas para o alelo mutado tém o fen ó-
Genética molecular dos tra ços de Mendel tipo mutado recessivo (Tabela 2.6).
Formato da semente ( lisa ou rugosa, gene R ) Em 1990,
A investigação dos traços de Mendel continua até
uma pesquisa publicada por Madan Bliattacharyya e co-
hoje por meio de métodos de genética molecular para
laboradores descreveu a análise de um gene responsável
identificar os genes responsá veis pela variação feno-
pela forma lisa e rugosa da semente. Chamado original -
tí pica que Mendel estudou em seus traços. Essas an á
lises moleculares, a primeira delas publicada em 1990,
- mente gene R e mais tarde renomeado para Sbel , o gene
produz a enzima de ramificação do amido que ajuda a
descrevem a variação do ácido nudeico ( DNA e RNA ) converter uma forma linear prevalente do amido, cha -
veis pelos traços de Mendel. Um elemento fundamen
-
e a varia ção polipeptidica ( proteína e enzima ) responsá
- mada amilose, em uma forma ramificada complexa do
amido, chamada amilopectina . Nas plantas homozigotas
tal da gen ética moderna é a integração ininterrupta dos
princí pios de transmissão genética com os princí pios
ou heterozigotas para o alelo do tipo selvagem, é produ-
zida uma quantidade suficiente de enzima de ramifica -
de análise da genética molecular. Na mente dos gene - ção do amido para converter a maior parte da amilose
ticistas atuais, a transmissão dos alelos que produzem
variação morfológica é equiparada com a transmissã o
disponível em amilopectina. No entanto, nas plantas ho-
mozigotas para o alelo recessivo, apenas uma pequena
das sequências de DNA variáveis que agem através do
porcentagem da amilose é convertida cm amilopectina.
RNAm para produzir variantes de proteína responsá - O fenótipo recessivo da semente rugosa é produzido
veis pelas diferentes formas morfológicas de um tra ço.
como um resultado indireto da alta concentração de
Partindo dessa perspectiva, a análise da transmissão ge - amilose nas sementes rugosas. A amilose perde facil -
nética e a análise da genética molecular não são ocupa - mente as moléculas de açúcar e, no desenvolvimento
ções distintas. Em vez disso, sã o abordagens científicas das sementes rugosas, a alta concentração de açúcar
paralelas que permitem diferentes formas de examinar livre leva as sementes a importarem uma quantidade
o mesmo resultado —
dois lados da mesma moeda, se
—
preferir com o padr ã o de transmissão das variantes
morfológicas podendo ser seguido através do exame das
excessiva de água , que incha as sementes em desenvol -
vimento. À medida que as sementes amadurecem , elas
desidratam naturalmente. As sementes rugosas em pro-
moléculas hereditá rias de DNA, RNA e prote í na. cesso de amadurecimento perdem muito mais água do
Identificar esses genes e determinar como a varia
ção molecular destes produz variação morfológica nas
- que as sementes lisas que passam pelo mesmo processo,
resultando em um colapso parcial das membranas das
plantas de ervilha requer a demonstração de que ( 1 ) a sementes rugosas que nào ocorre nas sementes lisas.
variação alélica coincide com a variação morfológica,
( 2) a variação do DNA nos alelos produz produtos pro - Tamanho do caule ( alto e baixo, gene Le ) Em 1997,
dois grupos de pesquisa , um liderado por David Mar-
teicos diferentes, (3) os produtos proteicos de cada alelo
t ém estruturas diferentes que levam a capacidades fun -
cionais diferentes e (4) as diferenças funcionais entre os
tin e o outro por Diane Lester, determinaram que um
gene chamado Le produz a variação no comprimento
alelos contribuem para a variação morfológica nas plan - do caule, que Mendel considerou como plantas altas e
tas de ervilha. As diferenças moleculares entre os alelos baixas, controlando o crescimento do caule principal da
também costumam esclarecer por que os alelos são do - -
planta. Esse gene Le produz giberelina 3 ($ hidroxilase,
minantes ou recessivos uns em relação aos outros. uma enzima que catalisa uma etapa da via bioquímica
Mendel não deixou nenhum pacote de sementes multietapas que sintetiza o hormò nio de crescimento
bem rotulado para os pesquisadores posteriores analisa
rem, ent ão o processo de localização dos traços exatos
- da planta , a giberelina As plantas do tipo selvagem são
capazes de produzir giberelina e podem ficar altas, mas
que ele examinou e dos genes e proteínas responsá veis uma mutação por substituição de base no alelo mutado
por esses traços tem sido complicado. Contudo, até resulta em uma substituição de aminoácido na enzima
hoje os pesquisadores tiveram êxito na identificação dos mutada. A mudança do aminoácido inativa a função
genes responsá veis por quatro dos sete traços de Men - da enzima mutada e resulta em um bloqueio da via de
del. Além disso, para cada gene, as mutações específicas síntese da giberelina . A perda de função dessa enzima
que produzem os alelos mutados foram determinadas. produz plantas com fenótipo mutado de baixa estatura.
Em cada caso, as muta ções reduzem significativamente Cor da semente ( amarela e verde, gene /) Dois estudos
ou eliminam por completo a produção ou função do publicados em 2007, um por Ian Armstead e colabora -
polipeptídeo do tipo selvagem. Como resultado dessa dores e o outro por Sylvain Aubry e colaboradores, iden-
perda de função, os alelos mutados dos traços de Men - -
tificaram o gene Sgr, conhecido como stay greeti 1 , que
del são recessivos em relação aos alelos dominantes do produz sementes mutadas verdes em vez das sementes
tipo selvagem. Para cada gene, uma planta que herda amarelas do tipo selvagem nas plantas homozigotas para
um alelo do tipo selvagem e um alelo mutado produz uma mutação do gene. Nesse caso, o produto polipep -
tídico do Sgr é uma enzima que catalisa uma etapa na do fator de transcrição que interage com outras proteí -
decomposição da clorofila , um composto de cor verde. nas para ativar a transcrição de certos genes. Nesse caso,
A decomposição da clorofila ocorre normalmente à os genes visados para a ativação da transcrição estã o
medida que as sementes amadurecem e resulta na cor ativos na via que normalmente produz o pigmento roxo
amarela das sementes do tipo selvagem. Uma mutação
impede a produção de uma enzima funcional, e a ausê n -
antocianina da planta. As plantas do tipo selvagem pro -
duzem uma quantidade suficiente do produto gè nico
cia de sua atividade na via de decomposição da clorofila ( a proteí na do fator de transcrição) para ativar a trans-
resulta na retenção da cor verde nas sementes mutadas. crição dos genes produtores de antocianina. As plantas
Cor da flor (roxa e branca, gene A ) Mais recentemente, homozigotas para as mutações desse gene, porém, são
em 2010, o gene responsá vel pela mutação da flor incapazes de ativar a transcrição dos genes produtores
branca nas plantas de ervilha de Mendel , um gene origi - do pigmento. Essas plantas não possuem antocianina e,
nalmente designado gene A , foi identificado. Um grupo portanto, suas flores são brancas.
de pesquisa liderado por Roger Hellens determinou que Uma caracter ística comum a cada um dos genes que
a mutação do gene bHLH nas plantas de ervilha produz controlam os traços de Mendel é que os alelos do tipo
flores mutadas brancas em vez de flores roxas do tipo selvagem são dominantes em relação aos alelos mutados,
selvagem. O produto proteico do bHLH é uma proteí na que são recessivos. Isso é uma consequência da perda de
Capítulo 2 Transmissão genética 55
função pelos alelos mutados. Para cada gene, uma ou duas pelos alelos. A análise da genética molecular levou (3) à
cópias do alelo do tipo selvagem resultam no fenótipo do identificação das diferenças na sequência do DNA entre
tipo selvagem, enquanto o fenótipo mutado é produzido os alelos, à determinação do impacto dessas diferenças
nas plantas homozigotas para o alelo mutado. ( Desenvol - no RNAm e descrição da alteração das estruturas das
vemos essa relação entre os alelos c exploramos outros proteínas resultantes de cada RNAm c (4) à análise fun-
tipos de relações de dominâ ncia na Seção 4.1.) cional do produto proteico de cada alelo para descrever
As principais conclusões desses estudos molecula
res que identificam os genes examinados por Mendel
- o papel que ele exerce na produção do fenótipo.
em seus cruzamentos são que (1) a herança das varian - Observa çã o gen é tica A identificação dos genes res
tes alélicas acompanha com precisão os padrões de ponsáveis pelos traços de Mendel amplia a compreensão da
transmissã o da varia ção morfológica e (2 ) as variações transmissão hereditá ria ao estabelecer uma base molecular
morfológicas nas plantas de ervilha resultam de diferen - para a variação observada rvos fenótipos das plantas.
ças na estrutura e na fun ção das proteí nas produzidas
ESTUDO DE CASO
.
raçã o (algarismos ará bicos) Na Figura 2.21a , o pai e a mãe IW 1fV 1da prole deve ter SCD.
são identificados como 1-1 c 1-2. Sua filha 11-4 6 afetada pela
SCD. conforme indicado por um círculo preenchida Seus ir - Quadrado de Punnett
- - - .
mãos, os indivíduos II 1, II 2 c II 3, são saudá veis
Os filhos devem ter três
O heredograma na Figura 2.21a identifica o genótipo
genótipos nas proporções
para o gene p globina. Cada pessoa 6 portadora dc duas có
-
pias do gene P-globina em cada membro dc uma determi -
- |
nada família. Repare que a pessoa II- l é homozigota para (3\ Figura 2.21 Transmissão hereditá ria da anemia
o alelo do tipo selvagem. De modo alternativo, os irmãos II 2 faldforme. ( a ) Cada progenitor passa um alelo para cada
- - -
e II 3 e os pais no heredograma, 1 1 e 1 2, são heterozigotos e filho ( b ) ê esperada a ocorrência de três genótipos entre os
,
portadores dos alelos $ A e do alelo mutado pv. filhos nas proporções exibidas.
56 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
RESUMO
2.1 Gregor Mendel descobriu os princípios bá sicos 2.4 A teoria da probabilidade prevê as razões
da transmissão genética mendelianas
Uma forma ção abrangente em ciência e matem á tica A regra do produto da probabilidade é usada para
preparou Gregor Mendel para conceber experimentos determinar a probabilidade de dois ou mais eventos
de hibridiza ção que puderam revelar os princípios da independentes ocorrerem simultâ nea ou consecutivamente.
transmissão hereditá ria. A probabilidade conjunta é determinada pela multiplicação
das probabilidades dos eventos independentes.
2.2 Os cruzamentos monoíbridos revelam a I A regra da soma da probabilidade é aplicada quando
dois ou mais resultados são poss í veis. As probabilidades
segregação dos alelos individuais dos resultados sáo somadas para determinar a
A concepçã o experimental de Mendel tinha cinco probabilidade conjunta .
caracteristicas importantes: cruzamentos controlados, Probabilidade condicional é a probabilidade dos resultados
uso de cepas parentais de linhagem pura, exame de que dependem de condições particulares.
caracteristicas distintas, quantificaçã o de resultados e uso A teoria da probabilidade binomial descreve a distribuição
de cruzamentos repetidos e reciprocos. dos resultados de um experimento em termos do n ú mero
Os cruzamentos entre plantas parentais de linhagem pura de classes de resultado e da frequ ê ncia de cada classe. O
,
com diferentes fenótipos produzem prole F monoibrida triâ ngulo de Pascal é uma ferramenta conveniente para
com o fenótipo dominante. determinar a distribuiçã o dos resultados binomiais.
Os cruzamentos monoí bridos produzem uma razão de 3:1
do fenótipo dominante para o recessivo entre a prole Fá e 2.5 A aná lise do qui-quadrado testa a adequa-
demonstra a operação da lei da segregação. ção entre os valores observados e os resulta-
A lei da segregaçã o afirma que dois alelos em um lócus vão dos previstos
se separar um do outro durante a formaçã o do gameta ,
cada alelo tem uma probabilidade igual de inclusão em x
O teste do qui-quadrado ( 1) compara os resultados
um gameta e os gametas se unem aleatoriamente durante observados com os resultados previstos por uma hipótese
a reprodu ção. genética que se baseia no acaso .
Mendel usou a an á lise do cruzamento teste para - O resultado do teste do qui -quadrado determina o grau
demonstrar que as plantas da prole F, são monoibridas em que as previsões correspondem aos resultados.
e usou a autofertilizaçáo das plantas da prole f 2 com o A importâ ncia do valor de um qui-quadrado é determinada
fenótipo dominante para demonstrar que elas têm uma pelo valor de P ( probabilidade) correspondente ao n ú mero
razão de 2:1 de heterozigotas para homozigotas. de graus de liberdade no experimento.
2.3 Cruzamentos diíbridos e triíbridos revelam a 2.6 A herança autossômica e a gen ética molecu-
segregação independente dos alelos lar se comparam à s previsões dos princípios
da hereditariedade de Mendel
A prole F; das plantas diibridas da prole F , exibem uma
razão fenotipica de 93:3:1 que demonstra a operação da Os traços transmitidos por herança autossô mica são
lei da segregação independente. ígualmente prová veis em homens e mulheres.
I Mendel usou a aná lise do cruzamento triíbrido para I A herança autossômica dominante produz um padrão de
demonstrar que os alelos de vá rios genes são transmitidos de transmissão vertical no qual cada organismo com o tra ço
acordo com as previsões da lei da segregação independente. dominante tem pelo menos um progenitor com o tra ço.
Capítulo 2 Transmissão genética 57
I Os traços transmitidos em um padrão autossòmico A aná lise molecular dos quatro traços de Mendel ilustra
recessivo normalmente são distribuídos em um padrão como a análise da transmissão genética e a aná lise
horizontal no qual a prole com o traço recessivo descende genética molecular caracterizam os mesmos processos
frequentemente de progenitores que sào heterozlgotos e hereditários em diferentes níveis.
tém o fenótipo dominante.
T E R M O S- C H A V E
Cepas de linhagem pura (cepas Gametas (p, 32) Probabilidade binomial (p.45)
verdadeiras) (p.29) Genótipo heterozigoto (p. 31 ) Probabilidade condicional (p. 45)
Cruzamento diibrido (p. 35) Genótipo homozigoto (p. 31 ) Quadrado de Punnett (p. 32 )
Cruzamento genético controlado (p. 29) .
Geração Ff, Fy f 3 (p 29 ) Razão fenotipica (razão 3:1 e razão
Cruzamento monoibrido (p 32 ). Geração parental (geração P) (p. 29) 933:1) (p. 32 )
Cruzamento recíproco (p. 30) Graus de liberdade (df) (p 49 ). Razão genotipica (razão 13:1) (p. 32 )
Cruzamento repetido (p.29) Herança autossômica (p 50) . Regra da soma ( regra da adição) (p. 45)
Cruzamento-teste ( análise do Herança autossômica dominante (p 5 J) . Regra do produto (regra da
cruza mento-teste) (p. 30) Herança autossômica recessiva (p. 52 ) multiplicação) (p. 44 )
.
Cruzamento triibcido {p 40 ) Herança particulada (p. 31 ) Teoria da hereditariedade por
Desvio padrão (s) (p. 48) .
Heredograma {p 5 F ) combinação (p. 27)
Diagrama de linha bifurcada (p. 37) Lei da segregação (primeira lei de leste do qui quadrado (x1) (p. 48)
Distribuição normal (gaussiana) (p. 48 ) .
Mendel) (p 32) Transmissão genética (p. 25)
Fenótipo dominante (p. 30) Lei da segregação independente Triângulo de Pascal (p. 47 )
Fenótipo recessivo (p. 30) (segunda lei de Mendel) (p. 37 ) Valor P (valor da probabilidade) (p. 49)
Fertilização cruzada artificial (p. 28 ) Média (p) (p. 48)
PROBLEMAS
Para obter as respostas dos problemas pares .
ver o Apêndice: Respostas.
Conceitos do capítulo
1. Compa re e confronte os seguintes termos: b. Use um quadrado de Punnett para prever a razão feno-
a. dominante e recessivo típica da prole.
b. genótipo e fenótipo c Use o método da linha bifurcada para prever a razão
.
c homozigoto e heterozigoto fenotipica da prole .
d. cruzamento monoibrido e cruzamento-teste 7. Se um teste do qui-quadrado produzir um valor de qul-
e. cruzamento diibrido e cruzamento triíbrido -quadrado de 7,83 com 4 graus de liberdade,
2. Para o cruzamento B8 x 8bf qual é a razão genotlpica pre- a. em que faixa de valores cai o valor PI
vista ? Qual é a razão fenotipica prevista ? b. o resultado é suficiente para rejeitar a hipótese do
acaso?
3. Para o cruzamento Aabb x aabb, qual é a razão genotí-
c. acima de qual valor do qui- quadrado você rejeitaria a
pica prevista? Qual é a razão fenotipica prevista ?
hipótese do acaso para um experimento com 7 graus
4. Em camundongos, o pelo de cor escura é dominante em de liberdade?
relação ao pelo de cor branca. No heredograma a seguir, 8. Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou
os camundongos com pelo escuro são representados falsas. Se uma afirmação for falsa, forneça a informação
por símbolos escuros e os com pelo branco são exibidos correta ou revise a afirmação para torná-la correta .
como símbolos vazados. Usando os símbolos de alelo B e
a. Se um cruzamento diibrido for realizado, a razão geno-
.
b determine os genótipos de cada camundongo.
tipica prevista é 933:1 .
b. Um aluno usa a regra do produto para prever que
1 a probabilidade de lançar uma moeda duas vezes e
u Pi
5.
ò É é 6 ié è i i c è *
Um casal planeja ter trés filhos. Qual é a probabilidade de
obter uma cara e depois uma coroa é j
c Um cruzamento-teste entre um progenitor heterozi-
.
goto e um progenitor homozigoto recessivo deve pro-
duzir uma razão genotlpica e fenotipica de 1:1 .
os filhos virem a ser duas meninas e um menino?
.
d O resultado de um cruzamento triíbrido é previsto pela
lei da segregação.
6. Considere o cruzamento AaBbCc x AABbCc e. Os cruzamentos recíprocos que produzem resulta -
a. Quantos genótipos de gametas diferentes cada orga - dos idênticos demonstram que uma cepa é de linha-
nismo consegue produzir? gem pura .
58 Análise gené tica: uma abordagem integrada
f. Se uma mulher for heterozigota para o albinismo, uma b. Escolha os símbolos para cada alelo e identifique os ge -
condição autossômica recessiva que resulta na ausên- nótipos do macho marrom e das duas fêmeas negras.
cia de pigmento na pele, a proporção de seus game- 13. A Figura 2.13 mostra os resultados da análise da segre
tas portando o alelo que permite a expressáo do pig-
gaçáo independente do cruzamento- teste de Mendel.
mento deve ser 75%. Nesse experimento, primeiro ele cruzou plantas de li-
g. A prole de um cruzamento triíbrido deve ter um de 27 nhagem pura de semente lisa e amarela com plantas
genótipos diferentes . de linhagem pura de semente rugosa e verde. A F, lisa
h. Se uma planta F, diibrida for autofertilizada, e amarela foi cruzada com plantas de linhagem pura de
1. ~ .
da prole terão o mesmo genótipo da progenitora F, semente rugosa e verde. Use a análise do qui-quadrado
9.
^
lócus.
Na planta estramônio, a cor roxa da flor é controlada por
.
14 Uma criadora experiente de peixe dourado recebe dois
machos incomuns. Um deles é preto em vez de dou-
rado e o outro tem uma barbatana caudal única em vez
um alelo dominante P. As flores brancas são encontradas
de uma barbatana caudal dividida cm duas A criadora .
nas plantas homozlgotas para o alelo recessivo p. Uma cruza o macho preto com uma fémea dourada. Toda a F ,
planta estramônio com flores roxas é autofertilizada e é dourada. Ela também cruza o macho de barbatana cau-
sua prole consiste em 28 plantas de flor roxa e 10 de flor dal única com uma fémea de barbatana caudal dividida .
branca. Toda a F, tem barbatana caudal dividida. Depois ela cruza
o macho preto com as fêmeas douradas da F, e. separa
a. Qual é o genótipo da planta original de flor roxa?
damente, cruza o macho de barbatana caudal única com
b. Se a prole de 28 plantas de flor roxa for autofertilizada,
qual proporçáo dessa prole ser á de linhagem pura?
as fémeas de barbatana caudal dividida da F Os resulta- ,.
dos dos cruzamentos sáo exibidos a seguir.
.
10 O padrão de pigmentação dorsal dos sapos pode ser
'leopardo* (pigmento branco entre manchas escuras) Macho preto X Fêmea dourada da F
ou 'pintado* (o pigmento entre as manchas aparece sa- Dourado Preto
rapintado). O traço é controlado por um gene autossô-
32 34
mlco. Machos e fémeas sáo selecionados a partir de po
pulações de linhagem pura, sendo realizado um par de Macho com barbatana v Fémea da Ft com barbatana
cruzamentos recíprocos. Os resultados dos cru7amentos caudal única caudal dividida
sáo exibidos a seguir. Barbatana dividida Barbatana única
Cruzamento 1: P:macho leopardo x fémea sarapintada 41 39
F,: Todos sarapintados
F3: 70 sarapintados, 22 leopardos a. O que os resultados desses cruzamentos sugerem
Cruzamento 2: P:macho sarapintado x fémea leopardo a respeito da herança da cor e da forma da cauda no
Ft: todos sarapintados peixe dourado?
F;: 50 sarapintados, 18 leopardos b A cor preta é dominante ou recessiva? Explique. A barba -
a. Qual dos fenótlpos é dominante? Explique. tana caudal única é dominante ou recessiva ? Explique,
b. Compare e confronte os resultados dos cruzamentos re- c Use a análise do qui -quadrado para testar sua hipótese
cíprocos no contexto da herança genética autossômica. de hereditariedade para cada traço.
,
c Na prole F de ambos os cruzamentos, qual é a propor -
15. O heredograma a seguir mostra a transmissão do albi-
ção prevista para ser homozigota? Qual é a proporção
prevista para ser heterozigota ? nismo (ausência de pigmento na pele) em uma família
d. Proponha dois cruzamentos genéticos diferentes que humana.
lhe permitiriam determinar o genótipo de um sapo sa- 3
rapintado da geração Fy I
.
•ú
11 A cor negra da pele é dominante em relação á cor rosa nos
porcos. Dois porcos heterozigotos negros sáo cruzados.
a. Qual é a probabilidade de que sua prole venha a ter
ó J
o* ós ú* ó 7
* *
pele rosa?
a. Qual é o modo de transmissão do albinismo mais pro-
b. Qual é a probabilidade de que a primeira e a segunda
vável nessa família ?
proles venham a ter pele negra ?
b. Usando os símbolos alélicos de sua prefer ência, Identi-
c Se esses porcos produzem um total de trê s filhotes,
fique os genótipos do homem e de suas duas parceiras
qual é a probabilidade de dois virem a ser rosa e um
na geração 1.
ser negro?
.
12 Um camundongo macho com pelo marrom é acasalado
- -
c. A mulher 1 1 e seu parceiro, o homem 1 2, tiveram qua-
tro filhos, um deles portador de albinismo. Qual é a
com duas fêmeas de pelo negro. A fémea negra 1 produz probabilidade de eles poderem ter um total de quatro
uma ninhada de 9 filhotes negros e 7 marrons. A fémea filhos com qualquer outro resultado, exceto um filho
negra 2 produz 14 filhotes negros. com albinismo e três com pigmentação normal?
a. Qual é o modo de herança do pelo negro e marrom no d. Qual é a probabilidade de a mulher 1-3 ser uma porta-
camundongo? dora heterozigota do alelo para o albinismo?
Capítulo 2 Transmissão genética 59
20. A Observação Experimental 2.1 descreve dados sobre a gota com sementes verdes sofrer autofertilizaçáo, qual é
distribuição da cor dos grãos do milho bicolor, coletados a probabilidade de 6 sementes em uma única vagem da
por uma turma de genétka como a sua. Para testar a hi- planta da prole consistirem em
pótese de que a cor do gr ão no milho bicolor é resultado a. 3 sementes verdes e 3 sementes brancas ?
da segregação de dois alelos em um único lócus gené - .
b todas as sementes verdes?
tico, a turma contou 9.882 grãos e constatou que 7.506 c pelo menos 1 semente branca?
eram amarelos e 2.376 eram brancos. Use a análise do
qui-quadrado para avaliar a adequação entre a hipótese
23. Apresente todos os gametas diferentes e possíveis a par-
tir dos seguintes genótipos.
de segregação e os resultados da turma.
a. AABbCcDd
.
21 O heredograma a seguir mostra a transmissão de uma ca- b. AabbCcDO
racterí stica fenotípica. c. AaBbCcDd
d. AabbCCdd
24. Organismos com os genótipos AABbCcDd e AaBbCcDd
í 4
guinte prole?
a. A—B—C—D—
.
são cruzados Quais são as proporções previstas da se-
.
27 Nas plantas de ervilha, a altura da planta, a forma da se-
i
4
.
multilobado vermelho
i
mente e a cor da semente são governadas por três lócus 4
multilobado, amarelo
de segregação independente. Os tré s lócus exibem do-
30. Um homem e uma mulher sào heterozigotos para fibrose
minância e recessividade com alta (7) dominante em rela-
cística (CF) e fenilcetonúria (PKU). Ambas as condições sáo
ção a baixa (f), lisa (fl) dominante em relação a rugosa (r)
e amarela (6) dominante em relação a verde (g).
autossómicas recessivas e segregam independentemente .
a. Qual proporção dos filhos desse casal não terá ne-
.
a. Se uma planta de linhagem pura alta rugosa e amarela
nhuma das duas condições ?
for cruzada com uma planta de linhagem pura baixa,
b. Qual proporção dos filhos ter á PKU ou CF, mas não
lisa e verde, quais são as razões fenotípicas previstas ambas?
nas proles F, e F3 ?
c. Qual proporção dos filhos será portadora de uma ou
.
b. Qual proporção da F; deve ser alta rugosa e amarela?
ambas as condições?
ííf Cg ?
ttf
c Qual proporção da F3 que produz sementes lisas e ver - .
31 Em uma amostra de 640 famílias com 6 filhos cada, a distri-
des (independentemente da altura da planta) deve ser buição de meninos e meninas é exibida na seguinte tabela:
de linhagem pura?
Número de famílias 9 63 147 204 151 56 10
28. Uma variedade de planta de ervilha chamada Blue Per- Número de meninas 0 1 2 3 4 5 6
sian2 produz uma planta alta com sementes azuis Uma . Número de meninos 6 5 4 3 2 1 0
segunda variedade de planta de ervilha chamada Spa - a. O número de meninos e meninas nessas famílias é
nish Dwarf* produz uma planta de baixa estatura com
sementes brancas. As duas variedades são cruzadas e coerente com a razão prevista 1:1? Justifique sua res-
as sementes resultantes são coletadas. Todas as semen- posta com a análise do qui - quadrado.
tes sáo brancas e produzem plantas altas. Essas plantas b. A distribuição dos números de meninos e meninas nas
altas da prole F. sofrem autofertlllzaçáo. Os resultados famílias é coerente com as expectativas da probabili
dade binomial? Justifique sua resposta .
-
para a cor da semente e estatura na geração F. sáo:
Fenótipo da planta F , Quantidade 32. Uma amostra de 120 famílias com 4 filhos cada, nas quais
ambos os progenitores sáo portadores de uma mutaçáo
Semente azul, planta alta 97 autossómica recessiva para a fibrose cística (CF), produz a
Semente branca, planta alta 270 seguinte distribuição de filhos com e sem fibrose cística:
Semente azul planta baixa 33
Número de famílias 16 52 32 18 2
Semente branca, planta baixa 100
Filhos com CF 0 12 3 4
TOTAL 500
Filhos sem CF 4 3 2 1 0
a. Quais sào os fenótipos dominantes e quais sào os re-
a. O número total de filhos com CF nessas famílias é coe
cessivos ? Por quê?
rente com a razão prevista? Justifique sua resposta.
b. Qual é a distribuição fenotípica prevista na geração F. ?
b. Qual é a distribuição prevista do número de famílias
c Indique a hipótese que está sendo testada nesse expe-
rimenta com 0 a 4 filhos portadores de CF nessa amostra sob os
pressupostos da probabilidade binomial?
d. Examine os dados na tabela peio teste do qul-qua-
drado e determine se eles estão em conformidade c A distribuição das famílias com 0 a 4 filhos portadores
com as expectativas da hipótese. de CF é coerente com as razões previstas pela probabi-
lidade binomial? Justifique sua resposta.
.
29 Nos tomateiros, a produção da cor vermelha do fruto
33. Uma mulher que expressa um fenótipo dominante é he-
está sob o controle de um alelo R. Os tomates amarelos
.
sào rr O fenótipo dominante para a forma do fruto está terozigota (Dd ) no lócus .
sob o controle de um alelo T, que produz dois lobos A . .
a Qual é a probabilidade de o alelo dominante portado
fruta multilobada, o fenótipo recessivo, tem o genótipo peia mulher vir a ser herdado por um neto?
b. Qudl é a probabilidade de dois netos da mulher que para pelo longo e branco. Vocé é solicitado a realizar dois
são primos em primeiro grau entre si virem a herdar, experimentos diferentes para testar a proposta de que o
cada um, o alelo dominante? pelo curto é dominante em relação ao pelo longo e que
c. Desenhe um heredograma que ilustre a transmissão o marrom é dominante em relação ao branco. Você pode
do traço dominante da avó para dois de seus netos, usar qualquer um dos quatro porquinhos-da-índia de li -
primos em primeiro grau. nhagem pura ou qualquer um dos integrantes de suas
34. Dois progenitores reconhecldamente portadores de um proles nos acasalamentos experimentais. Crie dois experi-
mentos diferentes (cruzando animais diferentes e usando
alelo autossômico recessivo tém quatro filhos. Nenhum
dos filhos tem a condição recessiva.Qual é a probabilidade combinações de fenótipos diferentes) para testar as rela-
de um ou maí s filhos serem portadores do alelo recessivo? ções de dominância dos alelos para comprimento e cor
do pelo e faça previsões para cada cruzamento com base
35. Um organismo com o genótipo AaBbCcDdEe é autofertl- nas relações propostas. Preveja que o tamanho da ninhada
lizado. Supondo que os kxus segreguem independente- será igual a 12 para cada acasalamento e que as fêmeas
.
mente determine as seguintes propor ções: conseguem produzir três ninhadas durante a vida.
a. gametas previstos para serem portadores apenas dos
39. A galactosemia é um transtorno autossômico recessivo
alelos dominantes.
provocado pela Incapacidade para metabolizar a galac-
b. prole prevista para ter um genótipo idêntico ao parental.
tose, um componente da lactose encontrado no leite dos
c. prole prevista para ter um fenótlpo idêntico ao parental
mamíferos. O transtorno pode ser parcialmente contro-
d. gametas previstos para serem ABcde.
lado peia eliminação da ingestão alimentar de lactose e
e. prole prevista para ter o genótipo AaàbCcDdE —.
galactose. Amanda é saudável assim como seus pais, mas
36. Um homem e uma mulher são portadores heterozigotos seu irmão André tem galactosemia. Bruno tem uma his-
de uma mutação autossômica recessiva de um transtorno tória familiar parecida. Ele e seus pais sâo saudáveis, mas
fatal na infância. Os dois querem ter muitos filhos, mas sua Irmã Blanca tem galactosemia. Amanda e Bruno estão
estão preocupados com o risco de ocorr ência do trans- planejando constituir família e procuram aconselhamento
torno em um ou mais de seus filhos. Em cálculos separa- genética Com base nas informações fornecidas, complete
dos,determine as probabilidades de o casal ter cinco filhos as seguintes atividades e responda às perguntas.
com 0, 1, 2, 3, 4 e 5 deles sendo afetados pelo transtorno. a. Desenhe um heredograma que inclua Amanda, Bruno
37. Ao rolar um único dado, há uma chance de g de surgir e seus irmãos e pais. Identifique o genótipo de cada
qualquer um dos seis números possíveis. Para um par de pessoa, usando G e g para representar os alelos domi-
dados, cada combinação numérica específica tem uma nante e recessivo, respectivamente.
probabilidade de ocorrência de A maioria dos valores b. Qual é a probabilidade de Amanda ser portadora do
totais dos dois dados pode ocorrer de mais de uma ma- alelo para a galactosemia ? Qual é a probabilidade de
neira. Como um teste da teoria da probabilidade aleató Bruno ser portador? Explique sua lógica para cada res-
ria, uma aluna decide rolar um par de dados de seis lados posta.
300 vezes e tabular os resultados. Ela tabula o número c Qual é a probabilidade de o primeiro filho de Amanda
de vezes que cada valor total diferente ocorre nos dois e Bruno ter galactosemia? Mostre o seu trabalho,
dados. Seus resultados são: d. Se o primeiro filho tiver galactosemia, qual é a proba-
bilidade de o segundo filho ter galactosemia? Explique
Valor total dos dois dados Número de roladas
a lógica de sua resposta.
dos dados
2 7 40. Os tomates doces amarelos com forma de pera proporcio-
3 11
.
nam um alto lucro para os produtores A forma de pera, a
cor amarela e a posição terminal da flor são traços recessivos
4
5
23
36
.
produzidos pelos alelos f r e t, respectivamente. Os fenóti-
—
pos dominantes para cada traço forma completa,cor ver
6 42 —
meiha e posição axial da flor são o produto dos alelos do-
7 53 .
minantes F, ReT Um agricultor tem duas linhagens puras
8 40 de tomate. Uma é completa, amarela e terminal e a outra é
9 38 pera, vermelha, axial. Crie um experimento de reprodução
10 30 que venha a produzir uma linhagem de tomate pura para a
11 12
forma de pera, cor amarela e posição axial da flor.
12 8 41. Um cruzamento entre uma variedade picante da pimenta
TOTAL 300 Capsicum annum e uma variedade doce [não picante) pro-
duz uma prole de plantas Ft, todas com pimentas picantes.
A aluna lhe diz que seus resultados não conseguem pro-
var que a aleatoriedade é a explicação para o resultado , ,
As plantas da F são cruzadas e entre as plantas da F exis-
desse experimento. Ela está certa ou errada? Justifique
tem 56 que produzem pimentas picantes e 20 que produ -
zem pimentas doces. O dr. Ara B. Dopsis, um especialista
sua resposta . em pimenteiras, descobre um gene chamado Pun f que ele
38. Você tem quatro porquinhos-da-índia para um estudo ge- acredita ser o responsável pelo sabor picante vénus doce
nética Um macho e uma fêmea são de uma cepa de linha- das pimentas. O dr. Dopsis propõe que um alelo domi -
gem pura para pelo marrom curto. Um segundo macho e nante P produz pimentas picantes e que um alelo mutado
uma segunda fémea são de uma cepa de linhagem pura recessivo p produz pimentas doces.
62 Análise gen é tica: uma abordagem integrada
a. Os dados do cruzamento parental e das proles F , e Os traços são ( 1) pelos no antebraço (alelos F e f ) — a pre-
sáo coerentes com a proposta feita pelo dr. Dopsis? Ex- sença de pelos no antebraço é dominante em relação à
plique usando P e p para indicar os prová veis genóti- ausência de pelos no antebraço; (2) a forma do lóbulo da
pos das pimenteiras. orelha (alelos E e e) — os lóbulos soltos sáo dominantes
b. Supondo que a proposta esteja correta, qual propor- em relaçã o aos lóbulos presos; (3) o bico de viúva (alelos
ção de pimenteiras picantes da F 3 você prevê como li- W e w ) — uma forma de "V" distinta na linha do cabelo na
nhagem pura ? Explique sua resposta. parte superior da fronte é dominante em relação à linha
42. A alcaptonúria é uma condiçã o autossómica recessiva do cabelo reta; (4) o polegar de caroneiro (alelos H eh ) — a
rara, observada pela primeira vez em recém nascidos capacidade para curvar o polegar para trá s além da verti-
quando a urina em suas fraldas fica na cor preta ao ser cal é dominante e a incapacidade para fazê-lo é recessiva;
e ( 5) as sardas (alelos D e d) — o surgimento de sardas é
exposta ao ar. A condiçáo é provocada por um transporte
deficiente do aminoáddo fenllalaní na através das pare- dominante em relação à ausência de sardas.
des intestinais durante a digestão. Cerca de quatro pes- Se um casal com os genótipos FfEe W \ Hh Dd e Ff
*
Et Ww Hh Dd tiver filhos, qual é a chance de eles virem a
soas em cada mil sáo portadoras de alcaptonúria.
Sara e Jaime nunca ouviram falar de alcaptonúria e herdar as seguintes caracterí sticas?
ficaram chocados quando descobriram que seu primeiro a. O mesmo fenótipo dos pais.
filho tinha a condição. A irmá de Sara, Maria, e seu marido b. Quatro traços dominantes e um recessivo.
Fábio estão planejando uma família e estão preocupados c. Todos os tra ços recessivos.
com a possibilidade da alcaptonúria em um de seus filhos. d. O genótipo FfEE Ww hh dd
Os quatro adultos (Sara, Jaime, Maria e F ábio) bus- 44. Nas galinhas, a presença de penas nos pés se deve a um
cam informa ções com um vizinho que é médico aposen- alelo dominante (F) e a ausência de penas nos pés se
tado. Após discutirem suas histórias familiares, o vl2inho deve a um alelo recessivo (0- A cristã no alto da cabeça
diz "Nunca estudei genética, mas sei, pelos meus muitos pode ser em forma de ervilha, um fenótipo controlado
anos de prática, que Sara e Jaime são portadores dessa por um alelo dominante (P), ou uma cristã única contro-
condiçáo recessiva. Como seu primeiro filho teve a condi lada por um alelo recessivo (p). Os dois lócus segregam
çào, há muito pouca chance de o próximo filho também independentemente. Suponha que um galo de linhagem
ter, pois as probabilidades de ter dois filhos com uma pura com penas nos pés e uma cristã única seja cruzado
condição recessiva sá o muito baixas. Maria e Fábio não com uma galinha de linhagem pura sem penas nos pés
têm chance de ter um filho com alcaptonúria, pois Fábio e uma cristã em forma de ervilha. A prole F , é cruzada
nâo tem história familiar da condiçáo". Os dois casais têm para produzir a prole Fr No entanto, entre os integrantes
filhos e ambos os filhos têm alcaptonúria. da Fy apenas as aves com cristã única e pés com penas
a. Quais são os genótipos dos quatro adultos? podem acasalar. Essas galinhas acasalam aleatoriamente
b O que há de errado com a informação fornecida a Sara para produzir a prole Fr Quais são as razões genotípicas e
e Jaime? O que há de errado com a informação forne- fenotípicas previstas entre os integrantes da prole F 3?
cida a Maria e Fábio ? 45. Uma mosca da- fruta de linhagem pura com a mutação
c Qual é a probabilidade de o segundo filho de Maria e recessiva de asa cortada, provocada pelo genótipo ho-
Fábio vir a ter alcaptonúria ?
mozigoto cc, é cruzada com uma mosca de linhagem
d. Qual é a chance de o terceiro filho de Sara e Jaime não pura e asas normais, genótipo CC. Sua prole F , tem asas
vir a ter a condiçáo ?
normais. As moscas da F, são cruzadas e a prole F 3 tem
e. Os casais estão preocupados com um de seus netos vir uma razão 3:1 de asas normais para asas cortadas. Uma
a ter alcaptonúria. Como você avaliaria o risco de um mosca macho da F ? com asas normais é selecionada
dos integrantes da prole de um filho com alcaptonúria aleatoriamente e acasalada com uma fémea da F , com
vir a herdar a condiçáo? asas normais. Usando todos os genótipos possíveis das
43. Os seres hu manos variam uns dos outros de muitas manei- moscas F. selecionadas para esse cruzamento, apresente
ras. Entre as muitas diferenças fenotípicas menos impor - todos os cruzamentos possíveis entre as duas moscas
tantes, existem cinco traços de segregação independente envolvidas nesse acasalamento e determine a probabili-
que têm um fenótipo dominante e um fenótipo recessivo. dade de cada cruzamento.
Divisão celular e hereditariedade Capítulo
cromossômica
APRESENTAÇÃO
3.1 A mitose divide as células somáticas
3.2 A meiose produz gametas para a reprodução
sexual
3.3 A teoria cromossômica da hereditariedade
propõe que os genes são transportados nos
cromossomos
Desde então, seu cofpo produziu milhares de ge- 3.1 A mitose divide as células
rações de células. O mecanismo da divisão celular que somáticas
produziu a maioria delas, a mitose, é um processo per-
A mitose, processo de divisáo celular que produz
manente que, com cada divisão, cria duas células-filhas
idênticas e que são réplicas gen éticas exatas da célula
-
duas células filhas geneticamente idênticas a partir de
uma ú nica célula progenitora, está entre os processos
progenitora. A mitose é responsá vel pelo crescimento fundamentais e mais importantes que ocorrem nos eu -
do seu corpo; ela repara danos e lesões corporais e man cariotos. Ela é geneticamente controlada com um ro-
teiro preciso que habilita os organismos a crescerem e
tém seu corpo pela produçã o de novas células para subs-
se desenvolverem normal mente, bem como a manter
tituir as que sofrem morte celular programada (apopto- as estruturas e funções de seus órgãos, tecidos e outros
se ). Enquanto você leu este trecho, aproximadamente componentes corporais. A vida depende da evolução
200 células no seu corpo sofreram divisão mitótica. ordenada e da regulação adequada da divisão celular . Se
Dos trilhões de células em seu corpo, a maioria con - ocorrerem muito poucas divisões celulares ou se a divi -
são celular ocorrer com muita lentidão, um organismo
siste em células somátkas, as que formam todos os pode não se desenvolver complctamcnte ou pode ter
seus ó rgãos, estruturas e tecidos. As células som á ticas da anomalias morfológicas. Por outro lado, a divisão celu -
maioria dos eucariotos contêm vá rios conjuntos de cro- lar excessiva pode levar ao crescimento das estruturas
além de seus limites normais, produzindo, assim, outros
mossomos. O m ú ltiplo mais comum dos conjuntos de
tipos de anomalia morfológica, possivelmente levando
cromossomos é dois, e o n ú mero de cromossomos pre- à morte.
sentes como pares homólogos nesses n úcleos se chama
número diploide. Seus n úcleos celulares somá ticos con- Estágios do cí clo celular
tém 46 cromossomos cada , em 23 pares hom ólogos, en- A divisão celular é regulada pelo controle genético
tão seu n ú mero diploide é 46.0 n ú mero diploide varia de do ciclo celular, o ciclo de rida pelo qual as células pre-
acordo com a espécie (cada espécie tem seu n ú mero de cisam passar para replicarem seu DNA e se dividirem.
Uma vez que a divisão celular bem regulada é parte in -
pares caracter ístico) e, portanto, é identificado de forma
não especifica como 2n, O valor n representa o número
.
tegrante da vida você não vai se surpreender ao apren -
der que os ciclos celulares de todos os eucariotos são
haploide de cromossomos, um valor que é a metade do similares e que grande parte do maquin ário molecular
n ú mero diploide e o n ú mero de cromossomos contidos que controla o ciclo celular é conservada durante a evo-
lu ção em plantas e animais. A impressionante seme-
nos n úcleos dos gametas, as células não som á ticas. lhança dos genes e processos de controle do ciclo em
Os gametas, produzidos a partir das células germi- plantas e animais, e o compartilhamento de muitos des-
nat í vas, sã o células germinais ou reprodutivas: esper- ses genes com os integrantes dos domínios Bactéria e
matozóide e ovo nos animais ou pólen e ovo nas plan- Archaea, é uma evidê ncia poderosa de que toda a rida
evoluiu a partir de um único ancestral comum.
tas. As células germinativas se dividem pelo processo O ciclo celular eucariótico é dividido em duas fases
conhecido como meiose, que tem vá rias diferenças em
relação à mitose.
principais — a fase M, um segmento curto do ciclo
celular durante o qual as células se dividem, e a inter-
Neste capítulo, examinamos tanto a mitose quanto fase, o período mais longo entre uma fase M e a pró-
a meiose e observamos atentamente a conexáo entre a
.
xima ( Figura 3.1a ) A interfase consiste em três estágios
-
sucessivos: G (, S e G 2. Durante esses estágios, respecti
divisã o celular meiótica e as leis da hereditariedade de
Mendel. També m exploramos os padrões de determina-
vamente, a célula expressa sua informação genética, re
plica seus cromossomos e se prepara para a entrada na
-
çã o do sexo nos eucariotos e os processos que igualam a fase M. Esta é dividida em subestágios que correspon -
dem à evolução da célula durante sua divisão.
expressão dos genes transportados nos cromossomos Quando visualizadas no microscópio ótico, as cé-
sexuais, os cromossomos que determinam o sexo. Além lulas somá ticas na interfase podem parecer um tanto
disso, estudamos os padrões especiais de heran ça dos tranquilas, mas sua aparê ncia externa fornece poucas
genes no cromossomo X e descrevemos como a des- indicações da atividade complexa que ocorre em seu
interior . Durante a fase G , { Gap 1) da interfase, por
coberta dos genes nesse cromossomo apoiou a teoria
exemplo, as células transcrevem e traduzem ativa -
da hereditariedade cromossômica, a teoria segundo mente todos os produtos proteicos necessá rios para a
a qual os cromossomos sã o as estruturas celulares que estrutura e funçã o celulares normais ( Figura 3.1 b ). A
transportam os genes. expressão génica também ocorre por todo o resto do
ciclo celular, mas o processo é mais ativo durante o
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 65
Figura 3.1 Ciclo celular, (a ) O ciclo celular se divide em interfase e fase M, com cada uma delas com suas subdivisões,
(b) Visão global das atividades do cklo celular.
.
estágio Gj Naturalmente, as células de tipos diferen
tes variam quanto ao n úmero de genes que expressam ,
- As gerações sucessivas produzidas através da mi
tose à medida que um ciclo celular se sucede a outro são
-
a seu funcionamento no corpo e quanto à sua forma conhecidas como linhagens celulares. Cada linhagem
de interagir com outras células. Consequentemente, a celular contém células idênticas ( isto é, clones) que são
duração do est ágio G { varia. Alguns tipos de células se todas descendentes de uma ú nica célula fundadora. A
dividem rapidamente e passam apenas um curto perí- mitose assegura que a informação genética nas células
odo, talvez tão pequeno quanto algumas horas, no G , . seja passada fielmente para as gerações sucessivas de li -
Outras células demoram no G , por períodos de dias, nhagens celulares. No entanto, ocorrem mutações oca -
semanas ou mais.
À medida que se aproximam do final do G,, as cé-
sionais em células isoladas que também são perpetua
das durante a proliferação da linhagem celular.
-
lulas seguem um entre dois caminhos alternativos. A
maioria delas entra na fase S, ou fase de síntese, du - Subestágios da fase M
rante a qual ocorre a replicaçào do DNA (síntese do
A fase M se segue após a interfase c é dividida cm
DNA ). Por outro lado, um pequeno subconjunto de cé- cinco subest ágios —
prófase, prometá fase, metá fase,
lulas especializadas faz a transição do G , para um estado
de não divisão chamado G0 (“G zero") , um tipo de es- —.
an áfase e telò fase cujas caracter ísticas principais são
descritas na Figura 3.2 Esses cinco subestá gios desem -
tado G , semiperpétuo no qual as células expressam sua
informação gen ética e desempenham funções normais,
penham duas funções importantes da divisão celular
cariocinese e citocinese. A cariocinese é a divisão igua -
—
mas não avançam no ciclo celular ( ver Figura 3.1b). Vá
rios tipos de células em seu corpo, incluindo certas cé-
- litária do material cromossô mico no n úcleo da célula
progenitora entre os n úcleos das duas células-filhas.
lulas nos seus olhos e ossos, atingem um estado maduro Esse processo exige primeiro que cada um dos cromos-
de diferenciação, entram no Gc e raramente se dividem somos no n úcleo seja total e precisamente duplicado
novamente, se é que chegam a se dividir. A maioria das e, depois, que as cópias duplicadas de cada cromos-
células no G0 manté m suas fun ções especializadas até somo sejam separadas, de modo que uma cópia vá para
entrar em morte celular programada (apoptose ) e mor - -
o n úcleo de uma célula filha e a outra vá para o outro
rer. Apenas raramente as células saem do Gt e retomam n úcleo - filho. A cariocinese é seguida pela citocinese,
o ciclo celular. a divisão dos conteúdos citoplasm áticos da célula pro -
A replicação do DNA ocorre durante a fase S e genitora entre as células filhas. A citocinese não exige
resulta em uma duplicação da quantidade de DNA o mesmo grau de equivalência da cariocinese. O cito -
em cada n úcleo e na criação de duas cromátides irmãs
para cada cromossomo. A entrada na fase S quase sem -
plasma das células progenitoras contém uma quanti
dade abundante de proteínas e organelas que as células-
-
pre obriga a célula a passar pelo restante do ciclo e se
dividir depois. A conclusão da fase S leva à transição
-filhas exigem para funcionar , então a divisão desse
material não precisa ser igual.
para a fase Ga, ou Gap 2, do riclo celular, durante a qual As células que entram na mitose sào diploides ( 2n )
.
as células se preparam para a divisão A interfase ter - e também são diploides no final da mitose.
mina quando a célula entra na fase M, a partir da qual Os cromossomos sào tão difusos durante a inter-
surgem duas células-filhas. fase que não podem ser visualizados pelo microscópio
66 Análise gené tica: uma abordagem integrada
Centrossomos
(com pares
Interfase (G2)
de centrfolos)
Cromatina
(duplkada)
Fuso mltòtko
primordial
Prófase
>
Fragmentos do
envoltório
Promet á fase
Microtúbulo
não cinetócoro
>
nuclear
Nucléolo
A célula da Interfase 62 retratada aqui A condensação cromo&sòmka começa e O rompimento do envottóno nuclear
passou pelas fases G1 e $, durante as .
avança ao longo da prófase tornando os durante a promet áfase expõe os
quais os cromossomos foram duplicados. cromossomos compactados cada vez cromossomos cada vez mais condensa-
Apesar disso, os cromossomos séo .
mais visíveis no microscópio ótico No .
dos á ação no citoplasma Após atingirem
difusos e não são visíveis dentro do citoplasma, os pares de centrossomos polos opostos na célula, os centrossomos
núcleo. Um envo tório nuclear intacto começam a migrar para poios opostos da estendem microtúbulos de cinetócoro
envolve os cromossomos e um ou mais c élula, estendendo seus mkrotúbulos que se conectam aos dnetócoros nos
.
nucléolos. Dois centrossomos cada um para formar o fuso mitótlco primordlaL centrômeros cfomossòmkos.Cada
.
contendo um par de centrfolos estão
situados no citoplasma. Microtúbulos
.
No final da prófase as duas cromátides
irmãs que formam cada cromossomo
cinetócoro é ligado por feixes de
microtúbulos que se estendem de polos
começam a se estender a partir dos .
podem ser visualizadas Os centrômeros opostos, exercendo uma for ça de tração
centrossomos em padrões radiais que também podem ser visualizados nos em ambas as direções. A rela ção
formam á steres. cromossomos ao final da prófase. O recíproca entre os microtúbulos de
nucléolo desaparece. cinetócoro move o cromossomo para o
melo da célula. A coesão da cromátide
.
irmã vtabiltzada pela ação da proteína
coesina, resiste ãs forç as de tração dos
microtúbulos de cinet ócoro para evitar a
separação prematura da cromátide irmã .
Os centrossomos também produzem
microtúbulos não cinetócoro que se
^
estendem na direçào do polo oposto, e
microtúbulos astrais, que se estendem
para longe do centrossomo, na cfireçáo
da parede celular mais próxima .
Figura 3.2 Interfase e os cinco estágios da mitose.
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 67
Met á fase
Placa
metafásica
Aná fase
> Teló fase e Citocí nese
Recomposição
do nucléolo
>
Sulco de
clivagem
Recomposição
Centrossomo Cromossomos-filhos do envoltório
Fuso em um polo nudear
do fuso
A condensação cromossómica completa A separação (disjunção) da cromátide A polimenzaç ao do mlcrotúbulo náo
é alcançada na metáfase e os cromosso- Irmã ocorre através do rompimento da c netócoro continua a alongar a célula na
mos plenamente condensados se coesão da cromátide irmá e da despoU- telófave, distanciando os polos. O
alinham para que as cromátides irmãs de meriza çáo dos microtúbulos de envolt ório nuclear começ a a remontar e
cada cromossomo se situem em ambos .
dnetócoro Os cromossomos filhos, logo vai envolver os cromossomos. A
os lados da placa metafásica. As presos aos microt úbulos de dnetócoro descondensação cromossómica
cromátides irmãs de cada cromossomo em despollmerizaçào, movem- se para acompanha a remontagem do envoltório
estão ligadas aos mícrotúbulos de polos opostos e congregam perto dos nudear. A citocínese divide o citoplasma,
dnetócoro que emanam dos centrosso- .
centrossomos A pollmertzaçáo dos criando duas novas células pela
mos nos polos opostos da c élula. Os microtúbulos não cinet ôcoros acompa- formação de novas paredes celulares nas
microtúbulos de dnetócoro não nha o movimento dos cromossomos - células vegetais, ou de um anel contr*átil
dnetócoro e astrais se estendem filhos, conferindo á célula um formato e um suko de clivagem, nas células
totalmente a partir dos centrossomos, alongado no final da anáfase. animais. O nucléolo se forma novamente.
instaurando um fuso mitótico completo.
68 Análise gen é tica: uma abordagem integrada
.
ótico No entanto, a condensaçã o cromossômica pro - mente descrito ) que se reúnem no centrò mero de
gressiva, que começa no início da prófase, condensa os cada cromátide. Os microtúbulos de cinetócoro são
cromossomos em cachos cada vez mais coesos até ser responsáveis pela movimentação do cromossomo
alcan çado um n ível máximo de condensação na metá - durante a divisão celular.
fasc. A ruptura do envoltó rio nuclear ocorre na prófase. 2. Microtúbulos polares se estendem na direção do
A condensação progressiva dos cromossomos os torna polo oposto de seu centrossomo e se sobrepõem
visíveis na prófase, assim como as cromá tides irmãs de aos microt ú bulos polares desse polo. Esses micro-
cada cromossomo. O centròmero é uma sequência de tú bulos contribuem para o alongamento da célula e
DNA especializada em cada cromossomo e sua localiza - para sua estabilidade durante a divisão.
ção é identificada como uma constrição na qual as cro-
— —
3. Microtúbulos astrais crescem na direçã o da mem -
mátides irmãs as duas cópias que foram duplicadas
brana da célula , onde se conectam e contribuem
na fase S sâo reunidas. A sequência de DNA centro-
para a estabilidade celular.
mérico liga um complexo proteico especializado, cha - O cinetócoro, um complexo proteico com uma
mado cinetócoro. que facilita a divisão cromossômica
no final da fase M. placa externa e uma placa interna , se reú ne no centró -
A definição e o uso dos termos cromossomo, cro - mero e é ligado pelas extremidades "positivas" dos mi -
mátide e cromátide irmã à s vezes provocam confusão e crotúbulos de cinetócoro. No final da prometáfase, os
este é um bom momento para apresentar as defini ções microt ú bulos de cinet ócoro de cada centrossomo est ão
que vamos empregar no restante da discussão sobre di- conectados ao cinetócoro de cada cromá tide do par de
cromá tides irmãs (ver Figura 3.3).
visão celular. O termo cromossomo é usado por todo o
ciclo celular para identificar cada estrutura que conte- Os cromossomos da metáfase se condensaram mais
nha DNA e que possua um centròmero. No final da G » f de 10 mil vezes desde o início da prófase, o que os torna
um cromossomo consiste em um único DNA duplex facilmente visíveis ao microscópio e lhes permite ser mo-
com as proteínas associadas. Após a conclusão da fase vidos facilmente dentro da célula. Os microt úbulos de ci-
S, um cromossomo consiste em dois DNAs duplex re- netócoro estão presos ao cinetócoro em cada centròmero
plicados com as proteínas associadas. As duas molécu - das cromá tides irmãs. Como estão presas aos microtú bu -
los de cinetócoro de centrossomos opostos, as cromá ti-
las de DNA que compõem um cromossomo sâo id ê n -
des irmãs sofrem forças contrárias que são criticas para
ticas. Individualmente, essas moléculas de DNA sào
identificadas como cromá tides e, juntas, sào identifica - o posicionamento dos centrossomos ao longo de uma
das como cromá tides irmãs. linha média imagin ária no equador da célula. Essa linha
imaginária se chama placa metafásica . A tensão chada
pela tração dos microtú bulos de cinet ócoro é compen -
Distribuição dos cromossomos sada por um processo simultâ neo conhecido como co-
Além das mudanças visíveis nos cromossomos, as esão da cromátide irmã. Esta é produzida pela proteína
mudanças celulares são aparentes na prófase. Em célu - cocsina que se situa entre as cromá tides irmãs e as man -
las animais, embora não na maioria das plantas, fungos tém juntas para resistir à tração dos microtú bulos de ci-
ou algas, duas organelas chamadas centrossomos pare- netócoro [ Figura 3.4 ). A coesina é uma proteína de quatro
cem migrar durante a fase M para formar os dois polos subunidades; seu componente central é um polipeptídeo
opostos da célula em divisão. Cada centrossomo contém mais conhecido como Scc 1 (do inglês sister chromatid
um par de subunidades chamadas centr íolos ( Figura 3.3). cohesion, que significa “coesão da cromá tide irmã"). A
Os centrossomos sào a origem dos microtúbulos das coesina reveste as cromá tides irmãs ao longo de todo o
fibras do fuso que emanam de cada centrossomo. Os seu comprimento, mas está mais centralizada perto dos
microtú bulos das fibras do fuso são pol ímeros de subu - centrômeros, onde a tração dos microtú bulos é maior.
À medida que os microt ú bulos se movem para a linha
nidades da proteína tubulina que se alongam pela adição
de subunidades de tubulina e se contraem pela remoção média da célula, a coesina ajuda a manter as cromá tides
das subunidades de tubulina. Os microt ú bulos sào pola - irmãs unidas para assegurar o posicionamento adequado
-
res; eles têm uma extremidade "negativa " ( ) ancorada do cromossomo e impedir sua separa çã o prematura.
A anáfase faz parte da fase M, durante a qual as cro-
no centrossomo e uma extremidade “ positiva" ( + ) que
cresce longe do centrossomo. Proteínas especializadas má tides irmãs se separam e começam a se mover para
chamadas proteínas motoras estão associadas aos mi -
crot úbulos. As proteínas motoras movem os cromosso-
polos opostos na célula. A aná fase inclui duas ocorrê n
cias distintas vinculadas às ações do microtú bulo. Essas
-
mos e outras estruturas celulares ao longo dos microt ú - ocorrências costumam ser identificadas como anáfase
bulos usando a energia química. A, caraterizada pela separaçã o das crom á tides irmãs,
As fibras do fuso emanam dos centrossomos em e aná fase B, caracterizada pelo alongamento da célula
um padrão de 360°, identificado como áster. Três tipos em um formato ovalado. A aná fase A começa abrupta -
de microtú bulos são identificados em células: mente com dois eventos simultâ neos.
1. Microtúbulos de cinetócoro incorporados no Na anáfase A, a enzima separase inicia a clivagem do
complexo proteico chamado cinetócoro ( breve- polipeptídeo Scc 1 em coesina, rompendo assim a conexão
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 69
Figura 3.3 Os
/
/ Conectado microtúbulos nas células
/ ao centriolo cm divisão emanam
.
/
/
4 Extremidade dos centrossomos Os
Centrossomo / © Microtúbulo
/
/ microtúbulos astrais e os
/ Fibras polares controlam o formato
Microtúbulo d </
cinetócoro /
/
Extremidade
o ^
' / contendo
proteínas
da célula e os microtúbulos
de cinetócoro ligam-se aos
/ motoras
Microtúbulo /
cinetócoros do cromossomo.
polar / — Placa externa
Polimenraçáo t
4
/
/
/
Cinetócoro
— Placa interna
Despolimerteaçio Microtúbulo
astral
Metáfasc
Os cromossomos se
afinham aleatoria-
mente ao tango da
placa metafòsica
com a ajuda do
fuso mltótico.
Anel contrátil
e sulco
Placa celular
Telófase
IXias células-fiihas s3o produzidas pela mitose. Cada
-
Figura 3.5 Citocinese em células animais (a ) e em células
.
vegetais ( b)
urra aelas é Ac8b após a separação da cromá tde
Irmã, formando cromossomos-filhos.
G,
-
D
S
9
Pontos de controle do ciclo celular
Os biólogos celulares acham que, independente - %
mente da duração do ciclo celular, a maioria das células Ponto de checagem Ponto de checagem G: ,
segue o mesmo programa básico; isso sugere que sinais da fase S: aprovado se aprovado seo tamanho da
comuns geneticamente controlados conduzem o ciclo arepí ca âot íoDNA célula for adequado a
^
estiver completa e se dfcponitolktede dp
celular. A identidade dos genes e proteínas que contro- ttver sido feita a triagem nutrientes for suficiente e
lam o ciclo celular n ão vem das células normais, mas do para remover os fatores do crescimento
estudo das linhagens celulares possuidoras de mutações incompatibilidades ou (sinais de outras células)
erros nos oares de base esdverem presentes
que afetam sua progressão pelo ciclo celular. Esses es-
tudos produziram conhecimentos importantes sobre o
controle genético do ciclo celular e, nas últimas déca - ( b)
G, [ M
Figura 3.7a, são monitorados quanto à disponibilidade Fases do ciclo celular
da célula pelas proteí nas de interação. Um mecanismo Figura 3.7 Pontos de checagem do ciclo celular e
comum para esse monitoramento é executado pelos proteínas ciclina. (a ) Eventos nos quatro principais pontos
complexos proteicos que unem uma proteína cinase de checagem do ddo celular ( b) As quantidades relativas de
,
com uma segunda proteína conhecida como ciclina. As prote í nas dclina variam durante o eido celular.
proteínas cinases catalisam a fosforilação da proteí na
— a adiçã o de um grupo fosfato transferido de um nu
deotídeo trifosfato, como o ATP ou o GTP, para uma
-Cdk fosforilam
- gress várias proteínas-alvo c regulam a pro-
ão do ciclo celular em vá rios pontos de checagem.
proteí na - alvo. A fosforilação muda a conformação das Várias Cdks e ciclinas formam uma série de comple-
proteínas- alvo e pode ativar ou inativar a proteína - alvo. xos ciclina -Cdk Figura 3.7b). Por exemplo, a ciclina B se
As prote í nas cinases normalmente estão presentes de une com uma Cdk conhecida como Cdkl para formar o
forma contínua nas células em concentrações relativa - complexo ciclina B-Cdkl necessário para fosforilar vá-
mente estáveis. As proteí nas ciclina , poré m , têm esse rias proteínas necessá rias para iniciar a fase M do ciclo
nome porque suas concentrações sã o cíclicas e ligadas celular. Além de estimular a divisão celular, o complexo
ao estágio do ciclo celular. A produção de proteína d- ciclina B-Cdkl também ativa uma enzima que degrada
clina é estimulada por proteínas de fator de crescimento a ciclina B, causando a rápida diminuição no nível de ci-
produzidas por outras células. Os componentes da clina B exibida no lado direito da Figura 3.7b.
prote í na cinase desses complexos são ativados apenas As proteínas Cdk2 e Cdk4 formam outros comple -
quando se associam com a ciclina; assim, as proteínas xos ciclina -Cdk que regulam outros pontos de checagem
cinases sã o chamadas cinases dependentes de ciclina no ciclo celular. À Cdk2 se une à ciclina F para formar
ou Cdks. Em seu estado ativado, os complexos ciclina - um complexo ciclina E-Cdk 2 que é ativo no ponto de
72 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
O A produção da prote í na
dclina é estimulada pelas O A cjclina ** 1*9» e ativa as
proteínas do fator de cinases dependentes de
crescimento de outras cidina (Cdks) . O O complexo cidina
D 1 -Cdk4 se liga ao
células. complexo pRB E2F e Q A E2F se liga ao DNA e ativa
fosforila a pRB. a tranxriçáo de vá rios
ADP genes, produzindo
O AE 2F é proteí nas necessárias para a
liberada. fase S.
I DNA
1
RNAm AAAAA/
checagem G , -S. Separadamente, a Cdk 2 se une à cidina lar da fase G , para a fase S. A cidina Dl é um dos muitos
A para formar o complexo dclina A -Cdk2 que é ativo exemplos de proteínas produzidas por genes conheddos
-
no ponto de controle S G 2. De modo similar, a Cdk4 se como proto- oncogenes. Quando expressos, os proto-
une à cidina Dl , formando o complexo cidina Dl Cdk4 - -oncogenes estimulam a progressão do eido celular. C)s
-
que é ativo no ponto de checagem G , S. Separadamente,
a Cdk4 pareia com a dclina D2, formando o complexo
proto oncogenes que sofrem mutação, designados onco-
genes, estão associados ao desenvolvimento do câncer.
dclina D2-Cdk 4 que é ativo mais tarde no dclo celular.
Um alvo proeminente do complexo dclina Dl -Cdk4 Mutações do ciclo celular e câncer
é a proteína retinoblastoma ( pRB), produzida pelo gene
O controle da frequência da divisão celular é uma
.
retinoblastoma 1 ( RB1 ) Nas células normais, a pRB se
atividade essencial do crescimento e desenvolvimento
liga a uma proteína ativadora da transcrição, conhecida normais. As células normais são infundidas com um su -
como E2 F, e o complexo pRB- E2F bloqueia o avanço do primento sangu íneo que leva oxigénio e nutrientes, mas
.
eido celular da fase G { para a fase S ( Figura 3.8) O com - cias só se proliferam quando sinais emitidos pelas pro-
plexo ciclina Dl-Cdk4 fosforila a pRB, fazendo que libere teínas, chamados fatores do crescimento, ativam o cres-
a E2F. A E2F livre se liga ao DNA e ativa a transcrição de cimento. As células normais também são responsivas às
vários genes que produzem proteínas essenciais na fase células vizinhas e seu crescimento é moderado, de modo
S. Fm outras palavras, o complexo ativo cidina Dl Cdk4
permite que a célula passe pelo ponto de checagem G, e
- que o que for melhor para os organismos como um todo
possa ter precedência. O câncer, por outro lado, é caracte-
entre na fase S liberando a E2F que de outro modo está rizado pela proliferação da célula fora de controle que leva
ligada à pRB não fosforilada. à formação de tumor e ao supercrescimento de células
Da maneira descrita, a presença da pRB não fosfori cancerosas que invadem e desalojam as células normais.
lada em uma célula age como um freio no eido celular, A perda de controle sobre o eido celular é um mecanismo
interrompendo-o no ponto de controle G ( e impedindo a fundamental que leva ao desenvolvimento do câ ncer.
progressão para a fase S. A pRB é uma das várias proteí- Como exemplos da perda de controle do eido ce-
nas conhecidas como supressoras tumorais por seu papel lular no câncer, vamos considerar dois tipos de muta -
no bloqueio do ciclo celular . O gene RB1 que produz a ções que alteram a interação normal da cidina Dl Cdk 4
pRB é conhecido como gene supressor tumoral. Muitos com a pRB. A primeira categoria de mutações inclui as
outros genes também são classificados como supressores
tumorais porque, em um sentido funcional, seus produ -
que aumentam o n úmero de cópias da ciclina Dl du -
plicando o gene ciclina Dl ou as que aumentam signi-
tos proteicos normalmente bloqueiam a progressão do ficativamente o nível de transcrição da ciclina DL F^sas
ciclo celular. Por outro lado, a expressão da dclina Dl, mutações levam a níveis de cidina Dl acima do normal.
pelo gene ciclina Dl , leva à formação do complexo d - Uma vez que a Cdk4 está sempre dispon ível nas células, a
dina Dl - Cdk4, que estimula a progressão do ciclo celu - superprodução de ciclina Dl provoca a entrada descon -
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossòmka 73
trolada na fase S pela fosforilação contínua da pRB e pela identificaram uma variedade atordoante de métodos,
liberação da E2F, estimulando a transcrição do gene rela - mecanismos e comportamentos reprodutivos em ani -
cionado à fase S. As mutações desse tipo são identificadas mais, plantas e micróbios. Mesmo assim, a reprodu ção
frequentemente em tumores da paratireoide, linfomas da pode ser dividida em duas categorias amplas: (1) repro-
célula B c outros câ nceres nos seres humanos. Observa - dução assexuada , na qual os organismos sc reproduzem
ções paralelas da produção significativa mente maior pela sem acasalar , originando progé nie geneticamente idên -
mutação do gene ciclina E são detectadas no câncer de tica à do progenitor; e ( 2) reprodução sexuada , em que
mama, no câncer de cólon e em certas leucemias. células reprodutivas chamadas gametas são produzidas
Um segundo tipo de mutação dessa interação e que e se unem durante a fertilização.
pode levar ao câncer é a mutação do gene RBl e a produ - Os integrantes dos domínios Bactéria e Archaea
ção de uma quantidade anormal de pRB. A mutação do reproduzem -se exclusivamente pela reprodução assexuada.
RBl que produz a proteína pRB que se liga fracamente Esses organismos são haploides; normalmente eles têm
(ou náo se liga ) à E2F contribui para o desenvolvimento apenas um ú nico cromossomo. A divisão celular se sucede
de vários cânceres, incluindo os de pulmão, bexiga, mama logo após a duplicação cromossómica, quando cada célula
e osso. O mecanismo causador do câncer é a entrada des
controlada na fase S pela E2F livre ( não ligada ). A mutação
- -
produz duas células filhas geneticamente idênticas. Os eu
cariotos unicelulares, como a levedura, conseguem se re
--
do RBl também é a causa de um câncer das células fotos- produzir de maneira tanto sexuada como assexuada. A re-
sensíveis da retina ocular. Esse câncer, chamado retino- produção assexuada na levedura é similar à divisão celular
blastoma, ocorre no início da inf ância e forma tumores de nas bactérias. Uma célula haploide se submete à replicaçào
células em rá pida proliferação na retina. O retinoblastoma do DNA e distribui uma cópia de cada cromossomo para
é raro, ocorrendo em 1 em 15 mil crianças. Ele ocorre de células- fillias idênticas. Embora a levedura passe a maior
duas formas: um tipo hereditário, significando que uma parte de seu eido de vida em um estado haploide e se re -
criança herda uma mutação do RBl de um progenitor, e produza ativamente como haploide, também é comum
um tipo esporádico, no qual as mutações do RBl não são que duas células haploides da levedura se fundam e for-
herdadas. O retinoblastoma ocorre apenas quando ambas mem uma célula diploide que produz gametas (chamados
as cópias do RBl sofrem mutação; desse modo, o desen - esporos) através de meiose.
volvimento do retinoblastoma é um exemplo de fenóripo Em contraste com os eucariotos unicelulares, os euca -
canceroso recessivo. No retinoblastoma hereditário, uma riotos pluricelulares reproduzem -se predominantemente
mutação do RBl é herdada; isso significa que todas as cé- por meios sexuais. Na maioria das espécies animais e nas
lulas do corpo, incluindo as células da retina, portam um plantas dioicas, machos e fêmeas são portadores cada um
alelo mutado. A aquisição da segunda mutação da cópia de teddos e estruturas reprodutivas diferentes. O acasala -
do tipo selvagem do RBl ocorre no nível somático: o gene mento requer a produção de gametas haploides pelas es-
RBl do tipo selvagem sofre mutação em qualquer uma dos truturas masculinas e femininas. A união dos gametas ha-
milhões de células em uma das retinas. Essa segunda mu- ploides produz progénie diploide. Em espécies de plantas
tação produz o genótipo recessivo que leva ao desenvol- monoicas, incluindo a Pisum sativum com a qual Mendel
vimento do retinoblastoma. C ) retinoblastoma esporádico trabalhou, os teddos reprodutivos masculinas e femini-
também requer que ambos os alelos do gene RBl sofram nos estão presentes em cada planta e a autofertilizaçào é o
mutação. Entretanto, no retinoblastoma esporádico, as modo comum de reprodução. Nos organismos que se re -
duas cópias do gene são do tipo selvagem na fertilização produzem de modo assexuado, células germinativas espe-
e a mutação precisa alterar as duas cópias do gene na cializadas sofrem meiose para produzir gametas haploides,
mesma célula da retina. Se ambas as cópias do RBl forem as células reprodutivas. Os gametas femininos são produ -
atingidas pela mutação, o retinoblastoma se desenvolve. zidos pelo ovário nas fêmeas de animais ou pelo óvulo nas
plantas. As células germinativas masculinas estão situadas
Observa çã o genética A divisão celular é rigidamente nos testículos dos animais, onde produzem espermatozói -
controlada pela sinaliza ção baseada em proteí na e por interações des, e nas anteras das plantas, onde produzem pólen. Essas
em vários pontos de checagem que marcam a transição de um descrições geralmente são verdadeiras para a maioria das
estágio do ddo celular para o próxima A perda de controle do plantas e animais, mas existem muitas exceções, incluindo
òdo celular ocorre quando as mutações alteram a atrvidade nor a observação de reprodução assexuada em vá rias espécies
mal da proteína do ponto de checagem e essas mutações estão de peixes, rotíferos (pequenos organismos aquá ticos) e sa -
frequentemente associadas com o desenvolvimento do câncer. lamandras. As formigas, abelhas e vespas macho também
possuem células somá ticas haploides e seus processos de
produção de gametas são diferentes.
3.2 A meiose produz gametas para a Meiose versus mitose
reproduçã o sexual
A reprodução é um requisito básico dos organismos
A meiose compartilha muitas características simi
lares ou idê nticas aos eventos na mitose. Por exemplo, a
-
vivos. Em mais de três séculos de observação, biólogos interfase de todas as células é igual. A interfase do ciclo
74 Análise gené tica: uma abordagem Integrada
das células germinativas contém estágios Gl, S e G2 fase M meiótica e quanto à produção de quatro gametas
indistinguíveis dos estágios nas células somá ticas. De haploides. A Tabela 3.1 compara e confronta vá rias dife-
modo similar, as ações c funções das estruturas subcclu - renças nos processos e resultados da mitose c da meiose
lares, como os centrossomos e microtú bulos que produ - descritos nas próximas seções.
zem, são as mesmas em todas as células. Nem a mitose é
exclusiva das células somá ticas. As células germinativas
A interfase meiótica é seguida por dois estágios su
cessivos de divisão celular , conhecidos como meiose 1 e
-
de plantas e animais são criadas e mantidas pela divi - meiose 11. Não há replicaçáo do DNA entre essas divisões
são mitótica. Essas células sofrem meiose apenas com celulares meióticas, então o resultado da meiose é a pro-
a finalidade de produzir gametas. A meiose é diferente dução de quatro células-filhas haploides {Figura 3.9). Na
da mitose quanto às atividades que ocorrem durante a meiose 1, os cromossomos homólogos se separam um do
Separação óe homólogos
/ Meiose I \
(divHáo por redução)
Separação das
Meiose II cromátides
Haploide (#») — (divisã o equitativa) irmãs
vò
0'
^
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 75
Pr ófase I
Lept óteno
Centrossomos
£ Prófase I
Zigóteno
Fuso mltótko
Pr ófase I
Paqu í teno
Centrômero
Bivalente
Prófase I
Dipl óteno
Cromá tldes
irmã s
>
——
leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese
Meiose I
para traçar de modo ma ís preciso as interações e a r e-
Além das duas rodadas sucessivas de divisão celu - combinaçâ o das cromossomos hom ólogos. A Figura 3.10
lar meiótica , contrastando com a divisã o celular ú nica descreve esses estágios e subestágios em detalhes.
76 Análise gen é tica: uma abordagem integrada
£ Jv
>
Ny
Sulco de
clh/agem
Fuso Os cromossomos
mit ótico Microt ú bulos astrais homólogos se separam
Mlcrot ú bulo O envoltório
conectado ao cinetócoro nuclear se forma novamente
Prófase I: dlacinese Metãfase I Anãfase I Telófase I e Citocinese
O fuso meiótko está bem As tétrades estão afinhadas ao A despolimerizaçào dos As membranas nucleares se
estabelecido, com feixes de lorgo da placa metaf ásica, com microtú bulos de cinetócoro formam novamente em volta
microtú bulos de cinet ócoro cada cromossomo de um par começa a disjunção dos dos cromossomos agrupados
amarrando os cromossomos homólogo amarrado aos cromossomos homólogos, que em cada polo. Cada nú cleo
homólogos das tétrades nos mkrot ú butos de cinetócoro que começam a se mover para •ecém-formado contém um
polos opostos. O envolt ório emanam dos centrossomos nos polos opostos. As cromátides conjunto haploide de
nuclear está totalmente polos opostos da célula. Os irm ãs permanecem unidas pela cromossomos. Os cromosso-
degradado. As t étrades sáo cinetócaros das cromátides irmàs coesina. mos podem descondensar
movidas para o meio da célula. estão conectados ao mesmo oarciaimente. A citocinese
centrossomo e as cromátides divide o material dtoplasmá ti-
Irmãs estão unidas peia coesina co da célula separando os
para evitar sua separação n úcleos A divisão c ítoplasmá ti-
prematura. Os quusmas que ca pode ser desigual
ligam as cromátides náo irmãs
são rompidos.
__
MEIOSEII: Separa as cromá tides irmás
Prófase II
0 envoltório nuclear
se forma novamente
>
*
:
iL.
I
!
-/A1 Sulco de divagem
:
i
ii \
r
i
Microt ú bulos Microt úbulo de cinetócoro
(dos centrossomos)
gunda é que os nódulos recombinantes parecem estar Os quiasmas entre os cromossomos homólogos são
presentes nos organismos que sofrem crossing-over e dissolvidos com o inicio da metáfase I. Esse processo
ausente nos que não sofrem. Os biólogos celulares con - completa o crossing-over entre cromossomos homólogos.
clu íram que os n ódulos de recombina çáo sã o agregados Os cromossomos homólogos se alinham em lados
de enzimas e proteí nas necessá rios para realizar a troca opostos da placa metafásica na metá fase I. Os microt ú-
genética entre as crom á tides nâo irmás dos cromosso- bulos de cinetócoro de um centrossomo ligam -se aos d -
mos homólogos durante o paquíteno. Discutimos as netócoros de ambas as cromá tides irmás de um cromos-
-
consequê ncias genéticas do crossing over (Capítulo 5) e
os processos moleculares do crossing-over (Capítulo 12).
-
somo. Nesse meio tempo, os microtú bulos de cinetócoro
do outro centrossomo se conectam aos cinetócoros das
Os cromossomos continuam a condensar no dipló- cromá tides irmãs do homólogo. A cariocinese acontece
teno à medida que o complexo sinaptonèmico começa a na an áfase I à medida que os cromossomos homólogos se
se dissolver. A dissolução permite que os homólogos se separam uns dos outros e são arrastadas para polos opos-
afastem ligeiramente, revelando pontos de contato entre tos da célula (ver Figura 3.10). As crom á tides irmás de
as cromá tides não irmãs. Esses pontos de contato se cha - cada cromossomo permanecem firmemente unidas pela
mam quiasmas e estão situados ao longo dos cromosso - coesina. A recomposição da membrana nuclear ocorre
mos onde ocorreu o crossing owr. Os quiasmas marcam na telòfase 1, quando um conjunto haploide de cromos-
as localizações da troca de fita do DNA entre as cromáti - somos está envolvido em cada polo da célula. A citoci -
des não irmãs dos cromossomos homólogos. nese se segue à condusão da telòfase I.
A proteína coesina está presente entre as crom á - A disjunção (separa ção) das cromossomos homó-
tides irm ás para resistir às forças de traçã o dos micro - logos na meiose I reduz o n ú mero de cromossomas em
t ú bulos de cinetócoro ( Figura 3.12 ). Na diacinese, os cada polo para o n ú mero haploide, de modo que um
microt ú bulos de cinetócoro movem produtivamente representante de cada par homólogo de cromossomos
os pares de cromossomos sinapsados em direçã o à está presente. A primeira divisão meiótica é conhecida
placa metaf ásica, onde os homólogos se alinharão como divisão por redução, significando a reduçã o do
lado a lado. n ú mero do cromossomo de diploide para haploide.
78 Análise gené tica: uma abordagem integrada
DNA
Complexo sinaptonèmko
Cromossomo
materno _IX/ «
J\ i? 9 Montagem
— Recombinaçào
Nódulo de recombinaçào
Desmontagem
~ — DNA
Mm
—
Cromátide M2
* Cromátide PI
laterais
^ ^ raÉsr ]
Elementos < Filamentos
\ uansversos
/ / / ll.Elemento
central
liW
—
'
'V - r ( í •k Espaço central
r>
DNA Nódulo de
Cromátide P 2 recombinaçào
Elemento
lateral DNA
Elemento Filamento
central transverso
Interfase
2 Prófase
Figura 3.11 Complexo sinaptonèmko. Desenho detalhado do complexo sinaptonémico e dos nódulos de recombinaçào
Met á fase >
r
:
Fibras do fuso
até os centrlolos
:
Microtúbulo|
de cinet ócoro
A/
Ouiasma
M Proteína
Qnetócoro
\ coesína
I
f I
Fibras do fuso
at é os centrlolos
.
Figura 3.12 Separação dos homólogos na meioseI (a) No diplóteno e na diacinese da prófase I, o crossing -over entre os
.
homólogos está concluido e o contato entre os homólogos (quiasmas) é resolvido (b) As fibras do fuso puxam os cromossomos
para alinhá-los na placa metafásica . A proteína coesina adere à s cromátides irmãs contra a tração das fibras do fuso. (c) Os
cromossomos homólogos se separam na anáfase I.
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossòmka 79
estágios da meiose 11
— —
têm um conjunto haploide de cromossomos. Os quatro
prófase II, metáfase II, anáfase
11 e telófase II são exibidos e descritos na Figura 3.10.
A meiose II tem uma semelhança geral com a mi -
dor Boveri em 1903. Com base em observações micros
cópicas de cromossomos durante a meiose, Sutton e
Boveri propuseram duas ideias importantes. A primeira
foi que a meiose era o processo que teria gerado as re-
-
tose quanto ao fato de os microt ú bulos de cinetócoro gras da hereditariedade de Mendel; e a segunda foi que
de ccntrossomos opostos se conectarem aos cinetó- os genes estavam situados nos cromossomos. Ao longo
coros das cromá tides irmãs. Alé m disso, assim como das duas décadas seguintes, o trabalho em muitas espé-
acontece na mitose, na meiose 11 os cromossomos se cies provou que essas hipóteses estavam corretas.
alinham aleatoriamente ao longo da placa metafásica e a
separação da cromátide irmã é acompanhada pelo rom -
Podemos compreender a segregação acompa
nhando um par de cromossomos homólogos durante
-
pimento da coesina, pela a ção das proteínas motoras e a meiose em um organismo heterozigoto. O organismo
pela despolimeriza ção dos microtú bulos. A citocinese na Figura 3.13, por exemplo, possui o gen ótipo heterozi-
ocorre no final da telófase II. Quatro células haploides goto Aa . A replicaçào do DNA na fase S cria cromá tides
geneticamente distintas, cada uma portando um cro- irmãs idênticas para cada cromossomo. Na metáfase 1,
mossomo que representa cada par homólogo, sào os os homólogos se alinham em lados opostos da placa
produtos da meiose 11. metaf ásica; e na anáíase 1, os homólogos se separam
uns dos outros. Esse movimento segrega o cromossomo
Observa çã o genética A meiose ocorre na fase M composto de duas cromá tides portadoras de A do cro-
do cklo da célula gcrmlnativa . Os cromossomos homó mossomo portador de duas crom á tides contendo a.
logos formam sinapses e podem cruzar no Iní cio da pró- Acompanhando essas células ao longo da separação das
fase I. Os homólogos segregam na meiose I, produzindo cromá tides irmãs na meiose 11, descobrimos que, entre
duas células haploides. As cromátides irmã s se separam os quatro gametas, existem dois contendo o alelo A e
.
na meiose II produzindo quatro gametas haploides gene- dois contendo o alelo a. Esse resultado explica a razão
ticamente distintos. 1:1 dos alelos que a lei da segrega ção prevê para os ga
metas de um organismo heterozigoto.
-
Meiose I
Meiose II
Gametas
i T
r íKB
1*
Nos gametas .
cada alelo tem
frequência igual
80 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
A segregação independente dos alelos é ilustrada pelo Se acompanharmos agora cada produto haploide
comportamento dos dois pares de homólogos durante da meiose I durante a divisão meiótica II, vemos que os
a divisão meiótica em um organismo, como é demons- quatro gametas produzidos pelo arranjo I têm os genó-
trado na Figura 3.14 usando o genótipo diíbrido AaBb. tipos AB e ab em frequência igual. Por outro lado, os
Mais uma vez, a fase S cria duas cromá tidcs irmãs idên- quatro gametas produzidos pelo arranjo II têm os gc-
ticas para cada cromossomo. No entanto, na metáfase I, n ó tipos Ab e aB em frequ ência igual. Levando em conta
podem ocorrer dois arranjos igualmente prováveis dos os dois possí veis arranjos de cromossomos homólogos
dois pares homólogos. Em cada arranjo, os cromossomos na metáfase I , são gerados oito gametas com quatro ge-
homólogos estão em lados opostos da placa metafásica. nótipos igualmente frequentes. Cada um dos genótipos
Obviamente, quando uma célula sofre meiose, apenas um
ou o outro desses arranjos alternativos vai ocorrer; desse
— —
do gameta AB, Ab, aB e ab é produzido em uma
frequência de 25%. O resultado de um grande n ú mero
.
modo cada célula submetida à metá fase I da meiose terá de divisões meió ticas em um diíbrido AaBb é uma razão
o "arranjo I" ou o “arranjo II ** Ao longo de um grande 1:1:1:1 entre os gametas, conforme o previsto pela lei da
n úmero de divisões meióticas, o arranjo 1 e o arranjo II segregação independente de MendeL
são igualmente frequentes. O arranjo 1 tem cromossomos
portando alelos dominantes em um lado da placa metafá - Observa çã o gen ética As leis da segregação e da se-
sica e os cromossomos portadores de alelos recessivos no
lado oposto. O arranjo II tem um cromossomo portador
gregação independente de Mendel sáo produtos da organi -
zação e separação de cromossomos homólogos e cromá tldes
de alelo dominante e um cromossomo portador de alelo kmás na meiose. Os genótipos dos gametas produzidos pela
recessivo em cada lado da placa metaf ásica. A primeira meiose correspondem às frequências de gen ótipos de gameta
divisão meiótica segrega A de a c B de b para criar os pro- previstas pelas leis da hereditariedade de Mendel.
dutos haploides da divisão meiótica L
P r o f a s e II
de homótogos na metáfase l
Metáfase I
Arranjo I Arranjo II
1
A o o
v
A
Metáfase II
Gamelas
I I
1 AB lAb \ aB
São necessá rias vá rias meioses para nreduzir gametas nas proporções previstas peia lei da segregação independente.
Figura 3.14 Meiose e lei da segregação independente.
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossómka 81
Segregação em dí ploí des unicelulares razão igual de 1:1 de alelos segregados durante a meiose
no organismo heterozigoto. Essa demonstração simples
Vimos que em plantas e animais com reprodução se - mostra que cada um dos esporos haploides no asco car -
xuada (1), a segregação dos alelos pode ser explicada pela rega uma cópia de um gene dos cromossomos-filhos
disjunção de cromossomos homólogos na meiose I e ( 2) produzidos durante a meiose c, assim, oferece evid ê ncia
que a segregação independente resulta de diferentes com - direta de que a disjunção cromossô mica na meiose é a
binações de alelos encontradas entre os muitos gametas base das razoes mendelianas.
produzidos por um organismo. O suporte direto dessas A An á lise Genética 3.1 proporciona uma prá tica
conclusões é observado na reprodução sexuada dos orga - para identificar os princí pios da transmissão mende -
nismos unicelulares como a levedura, que formam geno- liana na divisão celular meiótica.
mas diploides com a finalidade de reprodução sexuada.
A espécie de levedura Saccharomyces cerevisae
( també m conhecida como levedura do padeiro ) é um
3.3 A teoria cromossômica da
exemplo de organismo que consegue viver e se reprodu - hereditariedade propõe que os
zir como haploide, mas que também forma um genoma genes são transportados nos
diploide e produz gametas. A meiose na S. cerevisae
produz quatro gametas haploides, chamados esporos ,
cromossomos
contidos temporariamente em uma estrutura similar a O início do século XX foi uma época de rá pida ex -
uma bolsa , chamada asco. Cada gameta haploide con - pansão do conhecimento genético, alimentado pela re -
tido em um asco pode ser separado e crescer individual - descoberta dos princípios hereditá rios de Mendel e pela
mente para revelar os alelos que conté m. proposta de Sutton e Boveri de que o comportamento
A 5. cerevisae , como toda levedura, consegue se re - cromossó mico na meiose espelha a transmissão heredi -
produzir de modo sexuado ou assexuado ( Figura 3.15 ). tária dos genes. Os biólogos trabalharam duro testando
A reprodução assexuada ocorre nas células haploides a nova “hipótese gênica* de segregação e segregação
por um processo chamado brotamento, no qual uma .
independente Eles examinaram a hereditariedade em
célula -filha haploide evolui a partir da célula progeni- uma série de organismos, buscando evidências que con -
tora ( parental ). Após a replicaçáo do DNA, as cromá ti- firmassem os primeiros achados e exceções que permi -
des irmãs se separam e migram para n úcleos diferentes. -
tiriam esclarecer e expandir as regras recém articuladas
Um n ú cleo se move para um pequeno broto que forma da hereditariedade.
a célula - filha e é espremido da célula progenitora pela Thomas Hunt Morgan, inicialmente cético quanto
-
citocinese. O broto recém formado tem o mesmo genó- à hipótese gênica, começou a trabalhar na min úscula
tipo haploide de sua célula progenitora. mosca -da -fruta Drosophila meJanogaster. Morgan pre-
A reprodução sexuada na S. cerevisae é induzida tendia testar rigorosamente as regras de Mendel em uma
por condições de inanição e envolve a união de duas cé - espécie natural, não em uma espécie domesticada como
lulas haploides de levedura que são de tipos de acasala - a Pisum sativum. No entanto, ao contrário de Mendel,
mento diferentes. Os tipos de acasalamento, chamados Morgan não possuía variantes fenotí picas disponíveis
MATa e MATa, resultam de uma diferença na expres - para examinar. Então, ele e seus alunos saíram de seu la -
são gênica. Apenas o cruzamento MATa x MATa pro - boratório na Universidade Columbia, na cidade de Nova
duz uma cepa diploide, e a meiose nas cepas diploides York, e foram para a área rural de Long lsland a fim de
produz o asco contendo quatro gametas. atrair mosca-da-fruta pendurando baldes de frutas podres
Para demonstrar esses eventos, vamos examinar em á rvores. Depois de capturadas e transportadas para o
um marcador visível da variação alélica na levedura . O laboratório, as moscas eram examinadas no microscópio
alelo do tipo selvagem ( A D E' ) para a síntese do amino para identificar as variantes fenotípicas. As moscas
ácido adenina leva ao crescimento de uma coló nia de capturadas na natureza tinham quase invariavelmente o
leveduras brancas. Por outro lado, os alelos mutados mesmo fenótipo para cada traço examinado e o grupo de
( ode ) que bloqueiam a sí ntese da adenina produzem o Morgan se referiu a esses fenótipos como “tipo selvagem".
crescimento de colónias de cor vermelha. Essa cor apa
rece nos mutantes ade em razão do acú mulo de um
- Hoje usamos o termo tipo selvagem para indicar o fenó-
tipo que é mais comum em uma população.
produto intermediário na via de síntese da adenina que Morgan achou a Drosophila um organismo fádl de
é metabolizado nas células ADE\ manter e reproduzir em laboratório. Ele as manteve em
Quando o cruzamento haploide MATa ADE* x pequenas garrafas de vidro cheias com uma mistura se
MATa ade é realizado, o diploide resultante tem o ge- missólida de farinha de milho, açúcar e água. O ciclo de
nótipo heterozigoto ADE' / ade~ . A meiose na cepa hete- vida da Drosophila dura entre 12 e 14 horas, dependendo
rozigota produz um asco contendo quatro esporos ha - das condições de crescimento, então de 25 a 30 gerações
ploides que podem ser separados e crescer de maneira poderiam ser geradas em um ano. Morgan aproveitou
independente para formar colónias. A placa ilustrada na essa reprodução rá pida para criar grandes quantidades
Figura 3.14 mostra duas colónias de levedura vermelha de moscas ao longo de muitas gerações, buscando a rein -
e duas colónias de levedura branca , coerentes com uma cidência de fenótipos mutados em suas populações cria-
82 Análise gené tica: uma abordagem integrada
Célula Célula
haploide Kaploide
da levedura da levedura
\ /
MATa Crescimento MATa
Levedura Levedura
Levedura por brotamento Levedura
+ Broto Broto +
A divisáo completa Célula - Célula- A divisáo completa
produz células haploldes - f lha
* -filha produz células haplo » des
i l
A cultuta de haploidcs AD£' produz A cultura de haploldes ode produz
colónias brancas do tipo sevagerr colónias mutadas vermelhas
i i w
MATa x MATa
Gdo de vida da levedura diploide (AOF) { ode )
Célula diploide
da levedura
i Duplicação do DMA
ADT
ode As leveduras diptoides sào
heterozigotas ADt / ode
F i gura 3.15 Observado direta da base cromossômica da segregação alélica no ddo de vida haploide-diploide da levedura.
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossòmka 83
AN ÁLISE GENÉTICA
Um organismo dipkãde tem o genótipo Dpj: rEr O gene D e o gene E estão emcromossomos diferentes .
Nos diagramas requisitados, rotule cada cópia de cada alelo nos cromossomos e nas cromátides Irmá s.
a. Faça um diagrama de toda metáfase mitótica correta, Hustre esses cromossomos e rotule os alelos .
b. Faça um diagrama de toda metáfase I meiótica correta, ilustre esses cromossomos e rotule os alelos .
.
c Descreva as diferenças entre os diagramas quanto aos homólogos e ao alinhamento dos cro -
mossomos .
d. Compare o resultado da mitose com o resultado da meiose em termos do número de cromosso-
mos e do genótipo das células produzidas.
.
2 Identifique as informações críticas forneci- .
2 O organismo é identificado como um diibrido para um par de genes
das no problema. autossômkos em cromossomos diferentes.
D4CA: 0% orgaravrot hrtmuigo
tos portam jlefcn dtftmtn nos cn>
Deduzir mcKMMncn homóioçov m «oa alefcn
nas cromátidei irmài %áo èdéniicov
.
3 Identifique o posicionamento dos alelos em .
3 As cromá tides irmã s portam alelos idênticos como resultado da replka -
cromossomos homólogos e nas cromá tides .
ção do DNA na fase S Assim, as cromátides irmãs de um único cromos-
irmãs no organismo descrito após a condu- somo, por exemplo, portam uma cópia de Dl cada. De modo similar, ale-
são da fase S. los idênticos sáo portados em cada conjunto de cromátides irmás.
.
4 Faça uma revisão dos padr ões globais de . .
4 Durante a metáfase mitótica os cromossomos se alinham em uma
alinhamento cromossômlco ao longo da única fila e em uma ordem arbitrária ao longo da placa metafásica. Na
placa metafá sica durante as divisões mitó- fase meiótica I, os homólogos se alinham frente a frente ao longo da
tica e meiótica . placa metafá sica.
Solucionar Resposta a
.
5 Faça o diagrama do alinhamento cromossô- .
5 Qualquer ordem dos quatro
mico durante a metáfase mitótica . cromossomos em uma única
fila ao longo da placa metafá
sica está correta. Um exemplo
é exibido na figura ao lado.
Resposta b
.
6 Faça o diagrama de todo alinhamento cro- .
6 Os cromossomos homólogos
mossômko correto durante a metáfase 1 se alinham frente a frente na
meiótica. .
metá fase I meiótica Os dois
arranjos corretos da ordem
dos cromossomos homólo
gos são exibidos na figura .
Resposta c
.
7 Descreva as diferenças nos diagramas em .
7 Os cromossomos homólogos formam sinapses na meiose, mas não na
relação aos homólogos. mitose. A consequência da sinapse é que os homólogos se alinham perto
um do outro e em lados opostos da placa metafásica na metáfase I. A au -
sência de sinapse na mitose leva ao alinhamento dos cromossomos em
qualquer ordem ao longo da placa metafásica na metá fase mitótica.
Resposta d
.
8 Descreva os diferentes resultados da mitose .
8 A mitose produz duas células- filhas diploides geneticamente idênticas
e da meiose. entre si e à célula progenitora da qual derivaram . A meiose produz qua -
tro células-filhas haploides geneticamente diferentes.
das em laborató rio e também em moscas capturadas na frasco de moscas do tipo selvagem que havia sido man -
natureza. Ao longo de vários anos, ele encontrou muitas tido no laborató rio por aproximadamente um ano. Esse
variantes fenotipicas que utilizou para realizar e analisar macho de olhos brancos destacou -se como mutante por -
cruzamentos genéticos controlados entre moscas machos que, na Drosophila, as moscas do tipo selvagem possuem
c fémeas selecionadas. Em breve vamos examinar um olhos da cor de tijolos vermelhos ( Figura 3.16 ).
conjunto de cruzamentos que levaram Morgan a concluir O macho mutado de olhos brancos foi cruzado
que os genes sào portados pelos cromossomos. Porém, com uma fémea do tipo selvagem de olhos vermelhos.
O cruzamento produziu 1.237 moscas na progénie F,
primeiro discutimos algumas outras informações básicas
para a teoria de que os genes estão nos cromossomos.
Heran ça ligada ao X
—
com olhos vermelhos um resultado que indica a do
minância do tipo selvagem sobre o tipo mutado. Sub-
sequentemente, os integrantes da progénie F , foram
-
cruzados entre si para produzir uma F? prevista para ter
Enquanto Sutton e Boveri observavam os movi - uma razão de 3:1 entre olhos vermelhos e olhos bran -
mentos dos cromossomos durante a meiose, uma pes - cos. Dentre os integrantes da F2, 2.459 eram fêmeas de
quisadora chamada Nettie Stevens estava começando
um estudo microscópico para determinar se as diferen -
olhos vermelhos, 1.011 eram machos de olhos verme
lhos e 782 eram machos de olhos brancos ( cruzamento
-
ças nos cromossomos eram evidentes entre machos e A na Figura 3.17). N ão surgiu nenhuma fémea de olhos
fêmeas de uma espécie de besouros, Tenebrio ntolitor . brancos na progénie F2. Claramente, o resultado da F3
.
Na T molitor, Stevens descobriu que as células diploi - diferiu bastante da expectativa e os olhos brancos pare-
des dos besouros fémeas continham 20 cromossomos ceram estar ligados ao sexo masculino.
grandes, mas as células diploides dos machos conti - O resultado inesperado desse cruzamento estimu -
nham apenas 19 cromossomos grandes e um cromos- lou uma análise mais atenta da transmissã o dos olhos
somo pequeno. Durante o exame dos cromossomos nos brancos. Quando Morgan cruzou o macho original de
ovos e espermatozóides da T. molitor , Stevens observou olhos brancos e uma das filhas de olhos vermelhos da
que todos os ovos continham 10 cromossomos grandes. progénie F,, esse cruzamento produziu frequê ncias
No entanto, sua análise do espermatozóide mostrou aproximadamente iguais de machos c fémeas com olhos
que a metade deles continha 10 cromossomos gran
des, enquanto a outra metade continha 9 cromossomos
- brancos e vermelhos (cruzamento B na Figura 3.17). O
cruzamento final foi um cruzamento recíproco entre
grandes e um cromossomo pequeno.
Stevens continuou o estudo dos cromossomos nas
uma fémea de olhos brancos e um macho do tipo selva
gem de olhos vermelhos. A progénie F, do cruzamento
-
células somá ticas e nas gametas de outros insetos e con - recí proco consistiu em fê meas de olhos vermelhos e
cluiu que as diferenças hereditárias dependentes do sexo machos de olhos brancos (cruzamento C na Figura
deviam -se à presença de dois cromossomos X grandes nas 3.17). A F 2 continha proporções iguais de machos e fê-
fémeas e um cromossomo X e um cromossomo Y muito meas de olhos vermelhos e olhos brancos.
menor nos machos. A herança ligada ao sexo refere-se à Os diagramas dos cruzamentos na Figura 3.17 sào
transmissão hereditária dos genes nos cromossomos se- ilustrados na Figura 3.18, onde w representa o alelo reces-
xuais. Stevens propôs que os cromossomos sexuais nos sivo para o olho branco e »V, o alelo dominante para o olho
—
ovos da T. molitor sâo sempre do mesmo tipo cada ovo
contém uma cópia de cada cromossomo autossôrnico e um
vermelho. As diferenças entre os cruzamentos recí procos
observados por Morgan não são previstas pelas leis da
cromossomo X. Por outro lado, os espermatozóides podem hereditariedade de Mendel. Na verdade, recordamos que
portar uma cópia de cada autossomo, além de um cromos-
somo X ou um cromossomo Y. Stevens sugeriu que a pre-
sença de um cromossomo X ou Y em um espermatozóide
determina o sexo da progénie e que a frequência igual dos
espermatozóides portando X e Y contribui para as propor-
ções iguais de machos e fêmeas na progénie observadas nos
cruzamentos. Stevens foi uma das primeiras biólogas a exa
minar a transmissão dos traços ligados ao sexo, e seus es
-
.
tudos da T molitor foram os primeiros a propor uma base
cromossõmka para a determinação do sexo.
Em 1910, Thomas Hunt Morgan começou uma série
de experimentos na Drosophila que validariam a pro-
posta de Nettie Stevens de que os cromossomos X e Y
ajudam a determinar o sexo e também forneceriam evi -
dências sugerindo que os genes são portados pelos cro- Figura 3.16 Fenòtlpos ligados ao X da cor do olho na
mossomos. Os experimentos começaram quando Lilian Drosophila melanoç aster . Os olhos vermelhos (à esquerda )
Morgan (esposa de Thomas Hunt Morgan e importante sào produzidos por um alelo dominante do tipo selvagem.
colaboradora do grupo de laboratório) encontrou uma Os olhos brancos (à direita ) são produzidos por um alelo
Drosophila macho mutada com olhos brancos em um recessivo mutado.
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 85
( a ) Cruzamento A - -
macho da mosca da fruta. Os cromossomos X das fé meas
T'
p
^ x
9 Vermelho . cf Branco
\i
'
portam iim alelo dominante w* cada, que produz olhos
vermelhos. A F 2 desse cruzamento consiste em machos de
olhos vermelhos que são H^ Y e fêmeas de olhos vermelhos
que são w* w. A F , desse cruzamento contêm proporções
F, 0
/7 \\
x
/
t
7 \ \
Mcrqar produziu 1237
moscas na progCrie R.
totí ascomohos
iguais de machos de olhos brancos ( wY ) e machos de olhos
vermelhos ( >v* Y) e fêmeas de olhos vermelhos que são,
verrTelhos. em proporções iguais, w* w* e w* w. Pela mesma lógica, no
9 Vermelho i <3 Vermelho
\ cruzamento B o macho original de olhos brancos com sua
A progénte F, dc Mcrgan
filha de olhos vermelhos da Fj deve produzir pro-
F, 0 consstu em 2.459 fémeas
de 0* -
05 ve meí ho 1 JOI 1
*
porções iguais de machos e fêmeas com olhos vermelhos
machos de olho» e brancos. O cruzamento C entre uma fémea de olhos
9 Vermelho 9 Vermelho tfVermdho <3 Branco venrebos e 782 mocho»
de otx» brancos
brancos e um macho de olhos vermelhos proporciona um
teste genético dessa hipótese. O cruzamento produz uma
( b ) Cruzamento B
Fémea de cíhas
,
progénie F com fêmeas de olhos vermelhos e machos de
, olhos brancos, bem como proporções iguais de machos e
venreí hos ca F cruzada
com macho progenitor fêmeas com olhos vermelhos e brancos na progé nie F2.
de ofros brancos. A aná lise de Morgan quanto a esses experimentos
,
( F )9 Vermelho . ( P) tfBranco descreve a herança ligada ao X , um termo que identifica
i Morgan produzo 129
a transmissão dos genes portados pelo cromossomo X.
Q
'í fv
0 O fT
^
® r\
Iji
f"
fémeas de Ohos
wrmefhoi 132 machos Morgan propôs a herança ligada ao X como o modo de
.
9 Vermelho 98ranco
òeohosvemeí bo 88
*
tfVerroelho tfBranco fémeas de obos brancos
transmissão da cor do olho na Drosophila Em seu mo -
e 86 machos de otxx delo de herança ligada ao X, Morgan propôs que os ma
brancos. chos são hemizigotos, um termo que significa “ metade
zigoto", para os genes ligados ao X. Esse termo é empre-
m
(c) Cruzamento C
® » Reciproco do
cruzamento A
gado porque os machos têm um ú nico cromossomo X;
portanto, ao contrá rio das fémeas, os machos não podem
ser homozigotos ou heterozigotos para genes ligados ao
9Branco tfVermelho
1 X. Os machos hemizigotos herdam seu cromossomo X
OsferôtlposdaF . de sua m ãe; alé m disso, eles expressam qualquer alelo em
A ® * diferem dos fenôtipos do
cruzamento rec íproco
seu cromossomo X, já que o cromossomo Y não pode
portar genes que sejam homólogos aos do cromossomo
9 Vermelho . dBranco X. Ao contrário dos machos, as fêmeas possuem dois
I cromossomos X e podem exibir genótipos heterozi -
m
9 Vermefho 9Branco dVermelho dBranco
* n Proporções svrilares
àsdo cruzamertcB.
gotos e homozigotos para os genes ligados ao X assim
como ocorre nos genes autossòmicos. Repare também
que os machos podem transmitir o cromossomo X ou o
cromossomo Y, mas o cromossomo X é transmitido ex-
.
Figura 3.17 Três cruzamentos de Drosophila realizados
clusivamente para a progénie feminina e o cromossomo
por Morgan para determinar a ligação ao X do gene da
cor do olho. (a ) O cruzamento A determina que todas as Y, para a progénie masculina. Por outro lado, as fêmeas
moscas da F, e todas as fémeas da F2 têm olhos vermelhos ( tipo podem transmitir qualquer um das cromossomos X para
selvagem ). A metade dos machos da F2 tem olhos vermelhos e qualquer integrante de sua progénie.
a outra metade tem olhos brancos, ( b) O cruzamento B verifica
que as fémeas da F , são heterozigotas para os alelos da cor do Observa çã o gen é tica A herança dos traços ligados ao
olho pela constatação de uma razão de 1:1 da cor vermelha X produz resultados diferentes nos cruzamentos recí procos.
para a branca entre os machos e fémeas da progénie. (c) 0
Os machos são homozigotos para os traços ligados ao X ao
cruzamento C é o recí proco do cruzamento A produzindo um
passo que as fêmeas são homozigotas ou heterozigotas. Os
resultado diferente nas gerações F, e ?r
machos herdam cromossomo X de suas mães e o transmitem
.
exclusivamente para sua progé nie feminina
Mendei realizou muitos cruzamentos recí procos e não
constatou diferenças nas proporções fenotipicas. Morgan
percebeu que a transmissão dos cromossomos X na Dro
sophila podia contribuir para o surgimento de olhos bran -
- Análise da não disjunção
cos e vermelhos em seus cruzamentos se o cromossomo O trabalho de Morgan sobre a cor do olho da Dro
X portasse um gene para a cor do olho. \ o cruzamento '
sophila o le\ ou a propor a teoria cromossómica da he -
A, o ú nico cromossomo X de um macho de olhos bran - reditariedade, levantando a hipótese de que os genes são
cos porta um aldo recessivo designado w. O cromossomo portados pelos cromossomos. As observações de Morgan
X está presente com um cromossomo Y no genoma do quanto à herança da cor do olho foram coerentes com a
86 Análise gen é tica: uma abordagem integrada
\ H/x * \.
F,
-
*
teoria cromossómica, mas a validação da hipótese exigiu a
/ X JÍ*o
/ Vermelho
X"' Y
Vermelho \ descoberta de uma liga ção indiscutível entre um fenótipo
único e a presença ou ausê ncia de um determinado cro-
I 1 *
t
( \ mossomo. Calvin Bridges, um aluno de Morgan, estudou
/
I F, X~ Y \
\
as moscas-da -fruta com fcnótipos dc cor do olho impre-
® 9 \: vistos e n ú meros de cromossomos anormais, produzindo
uma prova da teoria cromossómica da hereditariedade.
-* X~ X~X~ X ~Y Q
:
I As fémeas da Bridges concentrou seu estudo no cruzamento C
Vermelfi?
. Vermelho l F, têm olhos (ver Figuras 3.17 e 3.18), entre uma fé mea de olhos bran -
cos ( HW) e um macho de olhos vermelhos (H^ Y). Quase
!> •
•
I
vprrr Hhn«vOS
*
machos sáo toda a progénie desse cruzamento teve o fenótipo pre-
(b)
I
\
F,
\• k
^ ~
X rr ç >TY
Vermelho Branco
x P
/
/
' j
! vermetios :
brjrx.os. visto, consistindo em fêmeas de olhos vermelhos { w* w)
ou machos de olhos brancos ( wY), mas cerca de 1 em
—
cada 2 mil moscas da F, teve uin “fenó tipo excepcio-
nal" termo utilizado para identificar a progénie com
caracter ísticas imprevistas. Especificamente, as moscas
Vermelho
X Y
Branco*
-
I
excepcionais eram fêmeas de olhos brancos ou machos
de olhos vermelhos. A detecção da progénie excepcional
f *Y feita por Bridges o deixou com duas perguntas a ser res-
F, X* pondidas: ( 1) como a progénie excepcional podia ser ex-
plicada e ( 2) o surgimento de uma progénie excepcional
fornece as informações necessá rias para testar a hipótese
-~ X -
X VTç rr I
Vermelho Vermelho
\
\ Os machos e as
fémeas da
de que os genes estão nos cromossomos?
A resposta à primeira pergunta veio quando Bridges
examinou no microscópio os cromossomos da progénie
ff V ; progénie são
! J vermelhos :
excepcional. Ele viu que as fêmeas excepcionais tinham
Branco
/ } brancos. três cromossomos sexuais
— dois cromossomos X e
um cromossomo Y (XXY) (Figura 3.19). Como discuti-
remos na próxima seção, as moscas-da -fruta com dois
(c ) Cruzamento
cromossomos X são fêmeas, mesmo se também houver
recíproco C
um cromossomo Y, como ocorre nesse caso. Bridges
P também observou um n úmero anormal de cromosso-
-
X X" ç
Branco
X *Y
Verme!IK>
~ mos nos machos excepcionais. Eles portavam um ú nico
cromossomo X , mas nenhum cromossomo Y ( XO). As
moscas-da-fruta com um cromossomo X sào machos, in -
\
F, X dependentemente de portarem ou não um cromossomo
x~x*ç X* Y Y. Com base em suas observações, Bridges propôs que o
Vermelho Vermelho cromossomo Y portado pelas fé meas excepcionais veio
I
f do progenitor ( macho), a única fonte de um cromossomo
Fa X* Y Y no cruzamento, e que ambos os cromossomos X nes -
sas fémeas excepcionais vieram da mãe, concedendo às
fémeas excepcionais duas cópias do alelo w e olhos bran-
Os cruzamentos
recíprocos AeC
fornecem resultados
diferentes na F, e na
- X* ~ X**X Q
Vermelho Vermelho
X Y
Os
ntegrantes
cos. Bridges usou uma l ógica similar para sugerir que o
único cromossomo X nos machos excepcionais veio do
progenitor ( macho) que transmitiu o alelo w\ Os machos
F* os quais são da progénie excepcionais com um único cromossomo X expressaram
Fj sáo o alelo w* como olhos vermelhos.
explicados peia
çàoaoXdogene
‘daigacor do olha
^x - xwxw ç
Branco
X”Y
Brarvcé *
} vermelhos:
j brancos,
Segundo a proposta de Bridges, os fenótipos excep-
cionais e os cariótipos incomuns resultaram de erros
raros na meiose, provocados pela separa ção inadequada
dos cromossomos X na primeira ou na segunda divisão
meiótica nas fé meas. A falha na separação dos cromos -
somos é chamada não disjunção. Repare que, na Figura
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 87
Gamela» femininos
--
X X X"
Letal
JTX Vç
Branco
- somo X são machos e que as com dois cromossomos X
são fêmeas. Na Drosophila , o n ú mero de cromossomos
X parece ser um componente cr ítico na determina ção
do sexo e o n ú mero de cromossomos Y, ou mesmo a au -
Nenhum ^
O sência de um segundo cromossomo sexual, parece não
cromossomo YO afetar o padrão de determinação sexual. Desse modo, na
sexual
O
Vermelho Letal Drosophila , as moscas com constituições cromossòmi
cas sexuais XY , YYY e XO são todas machos, enquanto
-
Os qametas possuem as moscas XX ou XXY são fé meas.
dois cromossomos X
ou r ã o possuem
Os dados da Drosophila reunidos por Bridges iden -
cromossomos sexuais tificaram a razã o entre os cromossomos X e o n úmero
de conjuntos haploides de autossomos (1X:2A nos ma -
Figura 3.19 A progénie excepciorval observada por Calvin
Bridges resulta da não disjun ção do cromossomo X .
chos e 2X:2A nas fêmeas) como uma informaçã o fun -
damental para determinar o sexo. Bridges chamou isso
de razão X / A , ou razão X / autossomo. Na realidade, a
3.19, a não disjunção também produz progénie XXX ou razã o X/ A é simplista demais para explicar a determi -
YO. No entanto, Bridges nunca viu essa progé nie, pois nação do sexo na Drosophila. O sexo da Drosophila é
a YO não se desenvolveu e a XXX normalmente é letal. determinado por proteínas regulatórias que se baseiam
As observações de Bridges fornecem provas conclusivas no n ú mero de cromossomos X presentes nos n úcleos
da teoria cromossômica da hereditariedade, mostrando das células nos embriões da Drosophila. Essas proteí nas
que o alelo branco ( tv) segrega com o cromossomo X -
controlam a expressão do gene sex lethal (Sxl ) nas mos-
durante a meiose normal e a não disjunção. A An á lise cas XX. Como discutimos no último capítulo, a pro-
Gen ética 3.2 proporciona a você alguma prá tica apre-
sentando a herança ligada ao X.
teí na Sxl controla a expressão de outros genes que im -
pulsionam o desenvolvimento sexual (ver Capítulo 8).
Observa çã o gen é tica A teoria cromossômica da here- Determinaçã o do sexo dos mamíferos
ditariedade afirma que os genes são portados pelos cromos-
somos. A teoria é suportada pela descoberta de Drosophibs
Assim como a Drosophila , os mam íferos placen -
tirios possuem dois tipos de cromossomos sexuais,
com fenótipos excepdonals para a cor do olho e anomalias no identificados como X e Y. Ao contrá rio da Drosophila ,
numero de cromossomos sexuais. porém , a determinação do sexo nos mamíferos placen -
tários depende da presença ou não do cromossomo Y.
Um único gene no cromossomo Y, abreviado como SRY
3.4 A determinação do sexo é ( região determinante do sexo do Y), inicia uma série
cromossômica e genética de eventos que levam ao desenvolvimento do fen ótipo
sexual masculino no embrião. Consequentemente,
O termo determinação do sexo abrange os proces - os embriões dos mam íferos que possuem um ou mais
sos genéticos e biológicos que produzem as caracter ís- cromossomos Y ( XY, XXY e XYY, por exemplo) e, por -
ticas masculinas c femininas de uma espécie. O sexo da tanto, expressam o SRY, vão se desenvolver como ma -
maioria dos organismos é identificado em dois n í veis: chos. Inversamente, os embriões que portam apenas
como sexo cromossòmico, a presença de cromossomos cromossomos X ( XX, XO e XXX, por exemplo) e que
sexuais associados aos sexos masculino e feminino em n ão expressam o SRY vão se desenvolver como fêmeas.
uma espécie; e como sexo fenotí pico, a morfologia in - -
O SRY é uma proteína de fator de transcrição que dis
terna e externa encontrada em cada sexo. O sexo cro - para uma cascata de transcrição gênica e eventos evoluti-
mossômico é determinado no momento da fertiliza ção e vos que acabam produzindo estruturas masculinas inter -
é controlado pelo cromossomo sexual transmitido pelo -
nas e externas Os embriões primordiais nos mamíferos
88 Análise gené tica: uma abordagem integrada
.
4 Estabeleça as hipóteses dos modos de he .
4 A observação de uma cor do corpo nos machos da F, e outra cor nas fé -
rança da cor do corpo e do formato da asa a meas sugere que se trata de um traço ligado ao X. Uma vez que os ma-
partir dos dados da Fr chos homozlgotos têm corpo amarelo e as fémeas têm corpo cinzento,
é provável que o corpo cinzento seja dominante e o corpo amarelo seja
DICA: Tcslr a hlpAti^r do recessivo.Os resultados da F, quanto à forma da asa são os mesmos para
modo dr herança comparando ambos os sexos, sugerindo que se trata de um traço autossómico.
as raròes proia» r abvrvadm
na progónie f ,.
Solucionar
.
5 Teste o modo de transmissão proposto para . ,
5 Os integrantes da F de ambos os sexos possuem asas completas, coe-
a forma da asa. rente com um traço autossómico. 0 progenitor de linhagem pura e asa
.
6 Teste o modo de transmissão da cor do .
6 A diferença dependente do sexo na cor do corpo entre os machos e fé-
corpo. .
meas da F, sugere fortemente que esse traço é ligado ao X Os machos da
F, herdam o alelo recessivo materno para o corpo amarelo e expressam
o traço porque são hemizigotos. As fémeas da F, herdam um alelo reces-
sivo no cromossomo X materno e um alelo dominante no cromossomo X
.
paterno, sendo heterozigotas Assim, elas exibem o fenótipo dominante .
.
7 Determine os genótipos das moscas pro - 7. Os genótipos dos progenitores de linhagem pura sáo X / X; +/+ para as
genitoras e das integrantes da progénie F ,. fêmeas de corpo amarelo e asa completa e X* / Y; v /v para os machos de
Use y* para o corpo amarelo, y para o corpo ,
corpo cinzento e asas vestigiais. As fémeas da F são X / X * ; +/v e os ma -
cinzento, v* para asa completa e v para asa ,
chos da F sáo X /Y; +/v.
vestigial.
(a ) Cruzamento A
Figura 3.21 A herança ZW da forma da pena nas aves
é revelada pela análise dos cruzamentos recí procos.
(a) A fémea hemizigota (galinha ) com penas não listradas
recessivas, cruzada com um macho de linhagem pura (galo)
possuindo penas listradas dominantes, produz progénie
rw ZrZr F , e machos de progénie F 2 com penas listradas. As fêmeas
da F ? exibem uma razão 1:1 de listrada para não listrada .
F, Galinha Galo ( b) O cruzamento reciproco produz resultados diferentes nas
Toda a progénie F, é listrada. gerações F , e F , coerentes com a transmissão ZW ligada ao
2*W
^
sexo relativa à forma da pena.
v ‘4
z*w
Galinha
¥ z*w
Galinha não
Isrradas
não listradas. as fêmeas tinham cinco conjuntos de cromossomos X.
Os cromossomos sexuais do orn ítorrinco macho sào re
presentados como XlYlX2Y 2X3Y3X4Y4XsY. e os cromos-
somos sexuais da fé mea de omitorrinco são representa
-
-
listrada listrada dos como XlX1X7X2XJX3X4X4X5Xs. Vários conjuntos de
cromossomos sexuais també m foram documentados em
(b) Cruzamento B algumas espécies de plantas, térmitas e aranhas.
z*w
¥ z*w
j não listrados
para o alelo recessivo e os machos hemizigotos, cujo
cromossomo X é portador do alelo recessivo, exibem o
fenótipo recessivo. O modo alternativo de transmissão
ligada ao X é a herança dominante ligada ao X, na qual
Galinha Galinha não
listrada listrada as fêmeas heterozigotas e os machos hemizigotos para o
alelo dominante expressam o fenótipo dominante.
í jzem resultados diferentes
Os cruzamentos recíprocos A e B prot
na F, e F mdfcando que a forma da pena é ligada ao sexo.
Tenha em mente que os termos recessivo e domi
nante referem -se especificamente à expressão dos tra -
-
* ços nas fêmeas homozigotas ou heterozigotas para cada
gene ligado ao X. Machos hemizigotos expressam qual -
quer alelo em seu cromossomo X, independentemente
do padrão hereditá rio nas fê meas. Alé m disso , a proba -
bilidade de transmissão do cromossomo para a progê *
Capitulo 3 Dfvrsão celular e hereditariedade cromossómica 91
.
r
í Y inprf
Sf w
.
nos d nãonas 9)
Duto de Wotff
Q
Tesòcuto
Carregando l
Fator
Colesterol leva a
antimulertano
deficiênciade
Mutação
docvpzr
- -*
> o educa^e
Tabela 3.2 Breve lista dos traços humanos dominantes e recessivos ligados ao X *
Doença Sintoma
Transtornos dominantes ligados ao X
Amelogênese imperfeita (Omim 301200) Desenvolvimento e distribuição anormais do esmalte dentário
Hlpertricose generalizada congénita (Omim 307150) Ampla distribuição dos pelos na face e no corpo
Hlpofosfatemia (Omim 307800) Deficiência de fosfato que provoca raquitismo
Síndrome de Rett (Omim 312750) Retardamento mental e defeitos neuroevolutivos
Transtornos recessivos ligados ao X
Displasia ectodérmka anidrótica (Omim 305100) Ausência de dentes, pelos e glândulas sudor
íparas
Daltonismo (Omim 303800) Deficiência na percepçáo de cor
Sindrome do X frágil (Omim 300624) Retardamento mental e defeitos neuroevolutivos
Hemofilia A (Omim 306700) Anomalia da coagulação sanguinea
Síndrome de Lesch-Nyhan (Omim 300322) Retardamento mental com automutllaçáo e paralisia cerebral
espá stica
Distrofia muscular (tipo Becker, Omim 300376) e tipo Duchen- Fraqueza muscular progressiva
ne (Omim 310200)
Deficiência de ornitina transcarbamilase (Omim 311250) Deterioração mental decorrente do acúmulo de amónia com a
ingestão de proteínas
Retinite plgmentosa (Omim 300029) Cegueira noturna, constrição do campo visual
'Omim = Online Mendelian InherItarvce of Man (ver a discussão no Capitulo 1).
.
nie não é a mesma nos dois sexos A transmissão femi
nina ligada ao X é idê ntica à transmissão autossòmica,
- das cores vermelha e verde (ver a foto de abertura do ca -
pítulo) e que é o assunto do Estudo de Caso ao final do
ao passo que os machos hemizigotos sempre transmi - capítulo, e a hemofilia A, um transtorno de coagulação
tem seu cromossomo X para a progénie feminina e seu sanguínea que discutimos em mais detalhes posterior-
cromossomo Y para a progénie masculina. mente. Quatro aspectos que caracterizam a herança re-
cessiva ligada ao X sào ilustrados na Finura 3.22.
Expressão dos tra ços recessivos ligados ao X 1. Muito mais machos do que fémeas têm o fenótipo
recessivo, em decorrê ncia de os machos serem he-
Os traços recessivos ligados ao X são expressos nos
mizigotos. Existem 10 machos recessivos e 2 fê-
machos hemizigotos portadores do alelo recessivo e nas
meas recessivas.
fêmeas homozigotas para o alelo recessivo. Como os ma
chos hemizigotos expressam a ú nica có pia de um alelo
- 2. Se um macho recessivo acasalar com uma fêmea
recessivo ligado ao X em seu fenótipo, uma das peculiari - homozigota dominante, toda a progénie tê m o fe-
dades da herança recessiva ligada ao X é a observa ção de nótipo dominante. Toda a progénie feminina con -
que há muito mais machos do que fêmeas expressando siste em portadoras heterozigotas e toda a progénie
masculina é homozigota para o alelo dominante.
os traços. A Tabela 3.2 apresenta vá rios transtornos liga -
dos ao X, incluindo o daltonismo, que afeta a percepçáo - -
Ver a progénie resultante do cruzamento 1 1 * 1 2.
Or
"
é
x x° x v
*
Ó xàv Ó
xx*
É è> Ó
-
rr
ÔB DÓ
rv >
* ICY CY ric CY
6
>
«
CJC
T
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X°Y
V
àòàó
X*Y X* X° >TY
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômka 93
3. Os acasalamentos de machos recessivos e fé meas ropa: uma aparente mutação recorrente do gene F8 afetou
portadoras produzem o fenótipo recessivo em me- a rainha Vitória da Inglaterra (Figura 3.23). Vitória teve
tade da progé nie e o fenótipo dominante na outra quatro filhos, um dos quais era hemof ílico, e cinco filhas,
metade. Ver os resultados dos cruzamentos III-13 duas delas portadoras conhecidas. As filhas portadoras
-
* III -4 e III 1 x III 2. - tinham coagulação sanguínea normal, mas introduziram
uma mutação nas famílias reais da R ússia, Alemanha e Es-
4. O acasalamento de uma fê mea homozigota reces -
panha, através do casamento misto. Essas filhas transmi -
siva e um macho hemizigoto dominante produz
tiram a mutação para seus filhos, que tiveram hemofilia,
uma progénie masculina com o fen ótipo recessivo
e para suas filhas, que eram portadoras como suas mães.
e uma progénie feminina com o fenó tipo domi-
nante, sendo portadores do alelo recessivo. Ver os
resultados do cruzamento IV 5 x IV 6 - -. Transmissão de traço dominante ligado ao X
A hemofilia A, um grave transtorno de coagulação A transmissão dos traços controlada pelos alelos do -
sangu í nea, é causada pela mutaçã o de um gene ligado ao minantes ligados ao X possui trés características especiais:
X, chamado fator VIII ( F8 ), que produz uma proteína de 1. Fêmeas heterozigotas acasaladas com machos do
coagula ção sangu í nea chamada prote í na do fator VIII. tipo selvagem transmitem o alelo dominante para a
A hemofilia A é transmitida de modo recessivo ligado metade de sua progénie de cada sexo .
ao X, na maioria das vezes por uma m ãe portadora que
2. Machos hemizigotos dominantes acasalados com
transmite o alelo mutado a um filho afetado. De uma fémeas homozigotas recessivas transmitem o traço
maneira recessiva ligada ao X típica, aproximadamente
a metade dos filhos das portadoras tem a doen ça . Nes-
dominante para todas as suas filhas, mas para ne
nhum dos filhos.
-
sas fam ílias, a doença frequentemente parece “saltar*
uma geração, pois o alelo mutado é transmitido do pai 3. O traço parece ser igualmente frequente em homens
afetado para a filha portadora e para um neto afetado. e mulheres , pois apenas uma ú nica cópia do alelo é
Em algumas famílias, uma mutação recorrente do necessária para produzir o fenótipo dominante.
gene F8 è responsável pelo surgimento da hemofilia. Um A hipertricose generalizada congénita (CGH) é um
exemplo ocorreu nas famílias reais da Inglaterra e da Eu - transtorno dominante ligado ao X, raro e dramá tico nos
111 O —
Victona Fredenck Edward VII
da da
Alemanha Inglaterra
éhO
Alice
Ò è) Ò Ò É-rO
Leopold
èhrU
Beatrice
|V
( Nenhum rh
descendente afetado) U l
GeorgeV
- o o éhO ú éhu ó ò OT4> ú ò DrO é é
Irene Henry da Alix Nikolas II Alice Alfonso XIII Victona Leopold Maurke
Pr ússia da R ússia da Espanha
VI
Margaret
OTO
Elizabeth II Juan Carlos
da Espanha
] Homem normal
VII óà o Anne Charles Andrew Edward
Ò O Mulher normal
Fam ília real
espanhola
|Homem afetado
VIII âo & O ó
Peter Zara William Harry Beatrice Eugenie
•
( ; Mulher portadora
, Possí vel mulher
/'Ts
seres humanos que exibem cada uma dessas caracteris - sexual masculino. Além do SRY, o cromossomo Y hu -
ticas. A condição aumenta substancialmente o n úmero mano contém várias cópias dos genes na família YRRM
de fol ículos pilosos no corpo e produz muito mais pelos ( motivo de reconhecimento do RNA no cromossomo Y,
corporais do que o normal, tanto nos homens quanto do inglês X chromosome &YA zecognition motij) e um
nas mulheres ( Figura 3.24 a ). Mulheres com CGH têm gene apelidado DAZ ( deletado na azoospermia , a inca-
um fenó tipo reconhecí vel, mas os pelos da face e do pacidade de produzir espermatozóides). Um segmento
corpo são menos extensos e tendem a se apresentar em
placas, por razões que discutiremos no final do capitulo.
do cromossomo Y contendo o DAZ é deletado em al
guns homens incapazes de produzir espermatozóides.
-
Uma genealogia parcial de uma família com CGH ilustra As mulheres nunca são portadoras de um cromos-
a transmissão dos alelos dominantes pela mulher III-1 somo Y; então, partindo de uma perspectiva evolutiva,
para a metade de seus filhos e a transmissão do alelo pelo faz sentido que os genes portados por um cromossomo
homem II- 2 para todas as suas filhas, mas para nenhum Y devam ser específicos para os homens, tendo a ver com
dos filhos ( Figura 3.24b}. A Aná lise Genética 3.3 examina a determinação do sexo masculino ou com a reprodução.
a segregação dos alelos ligados ao X na Drosophiht . Como os homens são portadores de apenas uma cópia do
cromossomo Y , acreditava -se que eles fossem hemizigo-
Observaçã o genética A transmissão da herança recessiva tos para esses genes, como o são para os genes em seu
ligada ao X leva ao fenótipo recessivo em muito mais homens cromossomo X. No entanto, o sequenciamento recente
hemizigotos que mulheres. Os alelos dominantes ligados ao X do cromossomo Y humano revelou que a maioria dos
são transmitidos das mulheres para a progé nie em um padrã o genes nesse cromossomo é duplicada, já que o Y foi for-
idêntico ao da transmissão autossômica dominante. Os ho- mado a partir de dois segmentos contendo a mesma série
mens transmitem alelos dominantes ligados ao X para todas de genes. Como essas duas regiões estão no mesmo cro-
as fithas, mas não para os filhos. mossomo, elas não recombinam durante a meiose, como
acontece com as regiões nos cromossomos homólogos.
Os cromossomos X e Y humanos possuem poucos
genes em comum localizados em duas regiões de homo-
Herança ligada ao Y logia, chamadas regiões pseudoautossômicas ( PAR ),
O cromossomo Y é encontrado apenas nos ho- que permitem que os cromossomos formem pares ho-
mens, e os genes ligados ao Y sã o transmitidos em um .
mólogos durante a meiose ( Figura 3.25 ) Essas regiões,
padrão homem para homem . Nos mamíferos, menos de designadas PARI e PAR2, estão situadas nas extremida-
50 genes são encontrados no cromossomo Y e, como o des dos cromossomos X e Y. Elas são “ pseudoautossômi -
cas" porque seu padrão de herança assemelha -se ao da
SRY, esses genes provavelmente exercem um papel na
determinação sexual masculina ou no desenvolvimento transmissão autossômica
—
existem duas cópias homó-
logas de cada região por genoma, embora as regiões cro-
mossôm ícas estejam nos cromássemos sexuais em vez
(a )
-
Figura 3.2 ' Hipertrkose
generalizada congé nita
de nos autossomos. Durante a meiose nos homens, os
cromossomos X e Y formam sinapses entre si usando os
( CGH ), um tra ço
segmentos PAR. Há evidê ncias de que, como as demais
dominante ligado ao X
nos humanos, ( a ) Menino regiões de homologia cromossômica na sinapse, os seg
mentos PAR do X e do Y sofrem cruzamento.
-
com CGH. ( b ) Genealogia
modificada de uma fam ília
grande com CGH. No ú nico Observação genética A transmissão do cromossomo Y é
caso de transmissão de um de homem para homem . Poucos genes, exceto os específicos
homem afetado para a determinação masculina, são encontrados no cromos-
(11-2 ), repare que todas as
somo Y. Os cromossomos X e Y compartilham homologia de
filhas (111-5 at é 111-8) são
sequénda apenas nas regiões pseudoautossômicas ( PARs )
portadoras de CGH. O
que permitem sinapse.
menino de 6 anos de idade
.
na foto (a ) é o IV-5
( b)
01995 Mucmilan PuUfetoit Ltd
I
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1 8
III
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-
12 3 4 5 6 79 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossòmka 95
AN ÁLISE GENÉTICA
Nas moscas-da-fruta, o corpo amarelo (y) é recessivo em relação ao corpo cinzento (y* ) e o traço da cor
do corpo é herdado no cromossomo X. A asa vestigial ( v) é recessiva em relação ã asa completa (v*) e
.
o traço tem herança autossómka É realizado o cruzamento de um macho de corpo amarelo e asas
completas com uma fémea de corpo cinzento e asas completas. Com base na análise da progénie do
cruzamento exibido a seguir, determine os genótipos das moscas progenitoras e da progénie .
Fenótipo Número de machos Número de fémeas
Corpo amarelo, asa completa 296 301
Corpo amarelo, asa vestigial 101 98
Corpo cinzento, asa completa 302 298
Corpo cinzento, asa vestigial 101 103
800 800
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado
por esse problema e explique a
.
1 Os genótipos dos progenitores e da progénie para um traço autossómico e um
traço ligado ao X devem ser determinados com base no número e nas propor ções
natureza da resposta solicitada . de machos e fêmeas da progénie portadores dos traços .
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Os fenótipos parentais sáo fornecidos com o número de machos e fêmeas da pro -
fornecidas no problema . génie portadores de cada fenótipo .
Deduzir
.
3 Identifique as razões fenotípicas .
3 fcntre a progénie, a razão entre as asas completas e vestigiais é aproximadamente 3:1
da cor do corpo e da forma da asa
na progénie .
em cada sexo —
598202 nos machos e 599201 nas fêmeas Por outro lado, a razão
entre o corpo amarelo e o corpo cinzento é aproximadamente 1:1 em cada sexo
.
—
397:403 nos machos e 399:401 nas fémeas.
Machos Fêmeas
- -
Mosca da fruta XY XX A expressão dos genes ligados ao X é dobrada em
relação à expressão feminina do gene ligado ao X.
Nematóòeos XO XX * A expressão génica de cada cromossomo X no
hermafrodita ('fê mea') é reduzida para a metade da
expressã o génica do cromossomo X no macho.
Mam íferos marsupiais XY XX O cromossomo X de origem paterna é inativado em
.
todas as células somá ticas femininas
Mam íferos placent á rios XY XX Um cromossomo X é inativado aleatoriamente em
cada célula somática feminina.
*
Os nematodeos XX são hermafroditas.
Cap í tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossòmka 97
--
cromossomo X, chamado transcrito específico de ina
tivação do X ( XIST ), que codifica uma grande molé
cula de RNA. O XIST RNA se dispersa do gene, "mar -
cando" o cromossomo X à medida que se acumula. Os
cromossomos X marcados com o XIST RNA possuem
todos, ou quase todos, os seus genes silenciados. O
\ XIST RNA se acumula apenas no cromossomo que
p transcreve o gene e não se espalha para o cromossomo
c°dp X hom ólogo. Em outras palavras, o XIST age apenas
pd uk> ~ M
^
~
em cis ( no mesmo cromossomo ) , mas n ão em trans
/ ( no cromossomo hom ólogo ). O exame dos cromosso-
Cromossomo
Inativo
\VCromossomo
X ativo Xatrvo mos inativados no n úcleo detecta o XIST RNA reves -
tindo o corpúsculo de Barr em um n ú cleo.
ESTUDO DE CASO
uX
u
i
também cra daltónico 1 . Ele escreveu muito sobre sua falta Opsina Opsina
de percepçào completa da cor, mas nada sabia sobre here- verde vermelha
ditariedade ou sobre a base molecular de seu daltonismo. Cruzamento desigual
Dalton ficou t ão interessado em sua condição que deu ins - entre cromossomas X
truções para que, após sua morte, seus olhos fossem preser- homótogos
vados para que um dia pudessem ser úteis na investigação Opsina Opsina Opsina
do daltonismo. Cromossomo X verde verde vermelha
A forma de daltonismo de Dalton —
a mais comum,
que afeta a capacidade para perceber a cor na parte do es -
mutaòo
(duplicação) 1 U
pectro visível com comprimento dc onda medio — c uma Cromossomo X
condi ção recessiva ligada ao X. A foto de abertura do capí-
tulo é uma carteia dc cores do tipo utilizado para dctcctar
mutaòo
(deteção)
Opsina
n
esse tipo de daltonismo. Se você estiver entre os cerca de vermelha
8% da população que possui uma deficiê ncia de percepçào
das cores vermelha e verde, você não conseguirá ver o n ú - ( b) Tipo selvagem Oalton
mero 22. Gene da opsina: Verde Vermelha Verde Vermelha
Dois genes ligados ao X c intimamente relacionados que n n n
produ/cm proteínas íolossensí veis, chamadas opsinax, são
a fonte do daltonismo vermelho verde . Um gene produz a
prote ína opsina vermelha e o outro, a proteína opsina verde.
As opsinas estão incorporadas à membrana dos cones da re-
tina. onde sua sensibilidade à luz nas diferentes partes do es-
pectro visível é responsável por nossa capacidade dc enxer- Figura 3 28 Genética molecular do daltonismo de John
gar cor. A opsina verde é sensível à luz na parte do espectro Dalton , (a ) Os genes do tipo selvagem das opsinas verde
visível de comprimento de onda médio, e a opsina vermelha e vermelha rvo cromossomo X sofrem cruzamento desigual,
absorve a luz nos comprimentos de onda longos. A opsina produzindo cromossomos mutados com um gene da opsina
azul, codificada por um gene autossômico no cromossomo 7, verde duplicado ou sem o gene da opsina verde, ( b) A análise
é sensí vel à luz dc compnmcnto dc onda curto. As mutações do DNA isolado dos olhos preservados de Dalton revela a falta
desse gene são muito mais raras que as dos genes vermelho e do gene da opsina verde.
verde e produzem um tipo diferente de daltonismo.
Os genes das opsinas vermelha e verde est ã o situa -
dos perto um do outro no cromossomo X. Esses genes são verde. A transmissão do cromossomo sem um gene da op-
98% idênticos cm suas sequê ncias dc DNA c produzem sina verde pode produzir a forma dc daltonismo da qual
proteínas que diferem em apenas 15 dos 329 aminoácidos. Dalton sofria.
Mutações ocasionais dos genes das opsinas vermelha e O desejo de John Dalton de contribuir para a compre -
verde produzem prote ínas opsinas anormais que alteram ensão do daltonismo tomou -sc realidade cm 1995 — 150
a percepçà o da cor. Mas as mutações mais comuns que
provocam o daltonismo para as cores vermelha e verde
—
anos após sua morte por meio de um relatório de David
Hunt c colaboradores sobre sua análise do DNA extraído
devcm-sc a um dcsalinhamcnlo c a um cruzamento de- dc um dos olhos de Dalton , preservados havia muito tempo.
sigual dos genes das opsinas vermelha e verde durante a Hunt e colaboradores examinaram o DNA de Dalton
prófasc I da meiose feminina ( Figura 3.28a ). O desalinha quanto à presença dos genes das opsinas vermelha c verde.
mento resulta de um alto grau de similaridade na sequên- Eles demonstraram que Dalton possuía o gene da opsina
cia dc DNA entre os genes. Os resultados desses eventos vermelha, mas não o gene da opsina verde , confirmando o
dc cruzamento desigual são um cromossomo X materno, autodiagnóstico dc Dalton quanto a seu daltonismo IFigura
com material gené tico extra que porta um gene da opsina 3.28 b ). O cromossomo X de Dalton era capaz de usar o
vermelha e duas cópias do gene da opsina verde , e um cro - gene intacto da opsina vermelha para produzir a proteína
mossomo X que carece do material genético c tem um opsina vermelha, mas a falta do gene da opsina verde o dei-
gene da opsina vermelha , mas não um gene da opsina xou sem a prote ína opsina verde.
1 N.T.: em português, a deficiê ncia na percepçào de cores foi nomeada daltonismo, també m em homenagem a Dalton.
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômica 99
RESUMO
3.1 A mitose divide as células somá ticas transmitidos através dos gametas para as gerações
sucessivas.
O ciclo celular consiste em duas fases principais: interfase,
A identificação da transmissão ligada ao X da cor dos olhos
.
cujos estágios sâoG., S e G,, e fase M durante a qual ocorre
na Drosophila, realizada por Thomas Hunt Morgan, e a
a divisão celular.
análise dos fenótipos excepcionais produzidos pela não
Mitose é o processo de divisão das c élulas somáticas. A disjunção do cromossomo X, realizada por Calvin Bridges,
mitose contém cinco subest ágios: prófase, prometáfase, demonstraram a validade da teoria cromossômica da
metáfase, anáfase e telófase. hereditariedade.
1 A mitose contém uma única divisão celular e separa as
cromátides irmãs em células-filhas diploides geneticamente
idênticas entre si e à célula progenitora da qual derivaram. 3.4 A determina ção do sexo é cromossômica e
O eido celular está sujeito a controle genético rigoroso.
genética
Moléculas regulatórias controlam a transição de um Os mecanismos da determinação do sexo assumem muitas
estágio do ciclo para o próximo, agindo como pontos de formas nos animais. O sexo da Drosophila é determinado
checagem geneticamente controlados para monitorar as pela razão da expressão dos genes ligados ao X e os genes
transiçòes do ciclo celular. autossòmicos, enquanto o sexo nos seres humanos é
A mutação dos genes de controle do ciclo celular está determinado pela presença do SRY no cromossomo Y .
associada ao desenvolvimento de câ ncer. Os padróes do cromossomos sexuais são diversos entre
os organismos. Pá ssaros, peixes e alguns insetos possuem
32 A meiose produz gametas para a reprodução cromossomos sexuais Z e W e os monotremados possuem
vários cromossomos sexuais.
sexual
II A meiose contém duas divisões celulares, designadas 3 J A transmissão humana ligada ao sexo segue
meiose I e meiose II . padrões distintos
Durante a meiose I (a 'divisão por redução"), cromossomos
homólogos são separados para produzir células -filhas I A herança dominante humana ligada ao X e a herança
haploides portadoras de um cromossomo de cada par recessiva humana ligada ao X são identificáveis,
homólogo de cromossomos. respectivamente, pelo padrão de transmissão masculina e
A divisão meiótica II separa as cromátides irmãs e produz pelo padrão de expressão masculina dos traços.
quatro células-filhas haploídes geneticamente diferentes Os genes no cromossomo Y são transmitidos
que formam os gametas. exclusivamente de homem para homem.
.
Durante a prófase I os cromossomos homólogos formam
sinapses com o auxílio do complexo sinaptonémico. Os 3.6 A compensação da dosagem equaliza a do-
cromossomos homólogos podem cruzar e trocar material
sagem dos genes ligados ao sexo
genético durante esse subestágio .
I As lets da segregação e da segregação independente deMendel 1 A compensação da dosagem equilibra o nível de
encontram sua base mecânica nos padrões de separação dos expressão dos genes ligados ao sexo e é fundamental para
cromossomos e cromátides irmãs durante a meiose. .
o desenvolvimento animal normal Os mecanismos para a
obtenção da compensação da dosagem variam entre as
espécies.
33 A teoria cromossô mica da hereditariedade
I A inativaçâo aleatória de um cromossomo X em cada
propõe que os genes são transportados nos célula das fémeas placentá r ías dos mamíferos é controlada
cromossomos por um centro de inativaçâo do X no cromossomo X .
I A teoria cromossômica da hereditariedade propõe que os
genes são transportados nos cromossomos e fielmente
T E R M O S- C H A V E
. .
Célula- filha (p. 64 ) Complexo sinaptonémico (p. 76 ) Fase M (prófase prometáfase, metáfase,
Centrômero (p. 68 ) Corpúsculo de Barr (p. 97 ) anáfase telófase) (p. 64, 65 )
Centrossomo (p. 68) Cromá tide irmã (p. 68) Gameta (célula germinativa) (p. 64 )
100 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
Conceitos do capítulo
1. Examine os seguintes diagramas das células de um or - 4. A tensão entre as cromátldes irmãs é essencial para garan -
ganismo com número diploide 2 n = 6 e identifique qual tir sua separação eficiente na anáfase mitótica ou na aná-
estágio da fase M é representado. fase II meiótica. Explique por que a coesão das cromátides
(a) Irmãs é importante e discuta o papel da proteína coesina e
da proteína separase na separação das cromátides irmã s.
A 5. O número diploide do animal hipotético Geneticus intro-
ductus é 2 n = 36. Cada núcleo diploide contém 3 ng de
DNA na G ,.
a. Qual é a quantidade de DNA contida em cada núcleo
no final da fase S?
b. Explique por que uma célula somática do Geneticus in-
troductus possui o mesmo número de cromossomos e
a mesma quantidade de DNA no Início da fase mitótica
que uma das células germinativas no inicio da prófase I
da meiose.
c Complete a tabela a seguir fornecendo o número de
o cromossomos e a quantidade de DNA presente por cé-
O- lula ao final de cada estágio listado.
051 ^ Fim do estágio Número de Quantidade de
do ddo celular cromossomos DNA
Telófase I
Anáfase mitótica
2. Nosso parente primata mals próximo, o chimpanzé, pos- Telófase II
suí um número diploide 2n = 48. Para cada um dos se-
6. Um organismo tem alelos Rf e fi em um par de cromos-
guintes estágios da fase M, identifique o número de cro- somos homólogos e possui alelos ^ .
mossomos presentes em cada célula. Tt e T } em outro par
Faça um diagrama desses pares de homólogos ao final da
a. Fim da telófase mitótica. met áfase I, no final da telófase I e no final da telófase II e
b. Metáfase I meiótica . mostre como a meiose nesse organismo produz gametas
c. Fim da anáfase meiótica II. nas proporções mendelianas previstas. Suponha que não
d. Início da prófase mitótica haja cruzamento entre cromossomos homólogos.
e. Metáfase mitótica
f. Início da prófase I. 7. Explique como o comportamento dos cromossomos ho-
mólogos na meiose se compara com a lei da segregação
3. Em um teste de sua teoria cromossômka da hereditarie-
de Mendel para os alelos autossômicos De d. Durante qual
dade, Morgan cruzou uma fémea de DrosopbHa da F.,
estágio da fase M esses dois alelos segregam um do outro?
portadora de olhos vermelhos, com um macho portador
de olhos brancos (ver Figura 3.17, cruzamento B) . Morgan 8. Suponha que o cruzamento ocorra entre os cromosso-
presumiu que a fêmea era heterozigota para o alelo reces- .
mos homólogos no problema anterior Em qual estágio
sivo ligado ao X relativo aos olhos brancos e o macho era da fase M os alelos De d segregam ?
bemizigoto para olhos brancos. Os resultados do cruza-
9. Os alelos Aea estão em um par de autossomos e os ale-
mento foram 129 fémeas e 132 machos de olhos verme-
los B e b estão em um par de autossomos diferente. O
lhos, 88 fémeas e 86 machos de olhos brancos.Teste esses
cruzamento entre um par de homólogos afeta as propor -
dados pela análise do qui-quadrado e determine se os re-
ções previstas para os genótipos dos gametas ? Explique.
sultados são coerentes com a hipótese de Morgan de que
O cruzamento entre os dois pares de cromossomos afeta
a cor dos olhos na Drosopbiki é um traço ligado ao X . as proporções previstas para os gametas? Explique .
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômlca 101
12. O pai de uma mulher é portador de deficiência de orni- c Se o primeiro filho de Clara e Charles for albino, qual é
tina transcarbamilase (OTD), um transtorno recessivo li - a chance de o segundo filho ser albino ? Explique por
gado ao X que, se nào tratado adequadamente, produz que essa probabilidade é mais alta do que a calculada
.
deterioração mental A mãe da mulher é homozigota na parte (b).
para o alelo do tipo selvagem.
a. Qual é o genótipo da mulher? (Use D para representar o
.
14 Um macho do tipo selvagem e uma fêmea do tipo selva-
gem de Drosophila com olhos vermelhos e asas comple-
alelo dominante e d para representar o alelo recessivo ) . .
tas são cruzados A progénie é exibida a seguir.
b. Se a mulher tiver um filho com um homem normal
qual é a chance de o filho ter OTD? Machos Fémeas
c. Se a mulher tiver uma filha com um homem que não | asas completas, olhos j asas completas, olhos
tem OTD, qual é a chance de a filha ser portadora hete- vermelhos vermelhos
rozigota da OTD? Qual é a chance de a filha ter OTD? | asas vestigiais, olhos
* vermelhos \ olhos roxos, asas com-
d. Identifique um homem com o qual a mulher poderia pletas
gerar uma filha com OTD. i
é
olhos roxos, asas com-
e. Para o caso que vocè identificou na parte (d), qual pro- pletas
porção de filhas geradas pela mulher e pelo homem 1 asas vestigiais, olhos
deve ter OTD? Qual proporção de filhos da mulher e do roxos
homem deve ter OTD? a. Usando símbolos aléllcos claramente definidos à sua
.
13 Nos seres humanos, a hemofilia (Omim 306700) é um trans- escolha, forneça o genótipo de cada progenitor.
torno recessivo ligado ao X que afeta o gene para a pro - b. Qual é (ou quais são) o(s) genótipo(s) das fêmeas com
teína do fator VIII, essencial para a coagulação sanguínea . olhos roxos? E dos machos com olhos roxos e asas ves-
Os alelos dominantes e recessivos para o gene do fator Vtll tigiais ?
são representados por H e h. O albinismo é uma condição .
15 Uma mulher com descoloração grave do esmalte dentário
autossómica recessiva que resulta da mutação do gene que
produz a tiroslnase, uma enzima na via de síntese da mela-
tem quatro filhos com um homem com esmalte dentá -
rio normal. Dois dos filhos, um menino (B) e uma menina
.
nlna. A e a representam os alelos da tiroslnase Uma mulher (G), têm esmalte descolorido. Cada um deles tem um par-
saudável chamada Clara (11-2), cujo pai (1-1) tem hemofilia e ceiro com esmalte dentário normal e gera vários filhos. G
cujo irmão (I11) tem albinismo é casada com um homem tem seis filhos, quatro meninos e duas meninas. Dois dos
saudável, chamado Charles (11-3), cujos pais são saudáveis O . meninos e uma das meninas têm esmalte descolorido. B
irmão de Charles (11-5) é hemofílico e sua irmã (11-4) é albina . tem sete filhos, quatro meninas e três meninos. As quatro
A genealogia é exibida a seguir . filhas possuem esmalte descolorido, mas todos os meninos
têm esmalte normal. Explique a herança dessa condição.
WI Hemofilia
3 Albinismo 16 . Em um grande hospital metropolitano, as células de
bebés recém-nascidos são coletadas e examinadas mi-
croscopicamente durante um período de 5 anos. Entre
i
K 2
} )4 aproximadamente 7.500 meninos recém -nascidos, um
corpo de Barr é observado nos núcleos de seis bebés.
< dr óvú cr ts
J Todos os outros recém-nascidos do sexo masculino nào
Clara Charles possuem corpúsculos de Barr. Entre os 7.500 bebés do
sexo feminino, quatro possuem corpúsculos de Barr em
?
cada núcleo, dois não possuem corpúsculos de Barr e o
-
a. Quais são os genótipos dos quatro pais 0*1 a 1 4) nessa
.
restante possui um Qual é a causa do número incomum
de corpúsculos de Barr em um pequeno número de
genealogia? bebés dos sexos masculino e feminino?
b. Determine a probabilidade de o primeiro filho de Clara
e Charles ser .
17 Nos gatos, o pelo da cor do casco de tartaruga (Calico)
.
i um menino com hemofilia surge nas fêmeas. Um pelo cor de casco de tartaruga pos-
ii. uma menina com albinismo sui manchas de pelo marrom escuro e manchas de peio
iii.uma menina saudável laranja, com cada uma das coces cobrindo uma metade
.
iv um menino com albinismo e hemofilia do corpo, mas que possuem um padr ão exclusivo em cada
v. um menino com albinismo fémea. Os machos podem ter peí agem marrom-escura ou
vl.uma menina com hemofilia laranja, mas um gato com pelo cor òe casco de tartaruga
102 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
raramente é gerado. Dois cruzamentos de amostra entre b. Determine que outro(s) padr âo(òes) de transmissão
machos e fémeas de linhagem pura produziram as fémeas é/ são possíveis. Para cada modo de transmissão pos-
com pelo cor de casco de tartaruga exibidas a seguir. sível, especifique os genótipos necessários para que a
transmissão ocorra.
Cruzamento I P: macho marrom-escuro x fémea laranja
c. Identifique qual(is) padr ào( ões) de transmissã o é/
F,:machos laranja e fémeas casco de tartaruga
são possíveis. Especifique por que a transmissão é
Cruzamento II P: macho laranja x fêmea marrom-escura impossí vel.
F,: machos marrom-escuros e fémeas casco Genealogia A
de tartaruga OTQ
.
a Explique a herança dos pelos marrom-escuro, laranja e r<5 OrS Dró ÒrO
casco de tartaruga nos gatos.
.
b Por que os gatos casco de tartaruga são fémeas? òò óàóòÉóòó
c. O serviço de genética de um grande hospital veteriná- Genealogia B
rio recebe encaminhamento de três ou quatro gatos Ori
. ò OTÉ Dy DTO
ó o*t ó o ó
com pelo tipo casco de tartaruga a cada ano Esses l
gatos são invariavelmente estéreis e possuem testí -
.
culos subdesenvolvidos Como sào produzidos esses oò 6
gatos com pelo tipo casco de tartaruga? Por que você Genealogia C
acha que eles são estéreis? OTO
18. O gene causador da sindrome de Coffin-lowry (Omim DrÔ OTD Dró OTO
303600) foi identificado recentemente e mapeado no
.
cromossomo X humano A sindrome de Coffin-Lowry é
ó à ò ò è ò é ò à oi
Genealogia D
um transtorno raro que afeta a morfologia e o desenvol-
TO
vimento do cérebro. A sindrome também produz ano
malias esqueléticas e de crescimento, bem como anoma-
lias de controle motor. A sindrome de Coffin-Lowry afeta
TO OTO D " 1
homens que herdam uma mutação do gene ligado ao
.
X A maioria das portadoras não exibe sintomas da do-
.
21 Use as genealogias a seguir para retratar a transmissão
ença, mas algumas portadoras exibem. Essas portadoras
de (a) um traço recessivo ligado ao X e (b) um traço do-
sempre são menos gravemente afetadas que os homens . minante ligado ao X. Forneça os fenótipos para cada
Ofereça uma explicação para essa constatação.
.
pessoa em cada genealogia Projete cuidadosamente
19. Quatro mutados da cor do olho na Drosophita — da- cada padrão de transmissão para que a genealogia (a)
masco, marrom, cor de marrom avermelhado e roxo não possa ser confundida com transmissão autossómica
—são herdados como traços recessivos. O vermelho é
a cor do tipo selvagem dominante dos olhos da mosca-
recessiva e a genealogia (b) não possa ser confundida
com transmissão autossómica dominante. Identifique os
- -
da fruta. Oito cruzamentos (A a H) são feitos entre eventos de transmissão que eliminam a possibilidade de
progenitores de linhagem pura. transmissão autossómica em cada genealogia.
Cruza- DTO
Progenitores Progénie F,
mento
Fêmeas Machos Fêmeas Machos UTO CI Ò Ó DTO
A Damasco Vermelho Vermelho Da masco ÒÚ Ó Ó6Ó
B Marrom Vermelho Vermelho Vermelho
C Vermelho Roxo Vermelho Vermelho DTO
D Vermelho Damasco Vermelho Vermelho
c Marrom
Vermelho Vermelho
Marrom DTO ’ Ú Ò Ò DrO
avermelhado avermelhado
F Roxo Vermelho Vermelho Vermelho
ÒÒ Ó ÓÚ
G Vermelho Marrom Vermelho Vermelho 22. Em uma raça de gado doméstico, podem aparecer chi -
Marrom
H Vermelho
avermelhado
Vermelho Vermelho fres em machos e fémeas. Os machos e fémeas também
podem não ter chifres. Os seguintes cruzamentos são re-
a. Quais desses mutados da cor do olho são recessivos
ligados ao X e quais são autossômicos recessivos? Ex - alizados com progenitores de linhagens puras.
plique como você distingue a hereditariedade ligada Cruzamento I Cruzamento II
ao X da hereditariedade autossómica.
Progenitores : macho com Progenitores: macho sem
b. Preveja as razões fenotípkas da F} resultante dos cru- chifre * fémea sem chifre chifre x fémea com chifre
zamentos A, B, D e G.
,
F : machos com chifre, F,: machos com chifre,
20. Para cada genealogia a seguir, fémeas sem chifre fêmeas sem chifre
.
a Identifique qual padrão simples de transmissão heredi- F,:Idos machos com chifre, F,: l dos machos com chifre,
tária (autossômico dominante, autossômico recessivo,
dominante ligado ao X ou recessivo ligado ao X) tem
\ dos machos sem chifre \ dos machos sem chifre
mais probabilidade de ter ocorrido. Forneça os genóti- \ das fêmeas com chifre,| \ das fêmeas com chifre, \
pos dos indivíduos envolvidos na transmissão do traço. das fêmeas sem chifre das fêmeas sem chifre
Capí tulo 3 Divisão celular e hereditariedade cromossômlca 103
Ouriço, vestigial 0 £
Ouriço, preto 0 £
Ouriço 0 £
produzida pela inativação aleatória do X que ocorre nas licitados a seguir, Indique os aleios portados em cada
fémeas de mamíferos. O veterinário solicita uma análise cromossomo e cromátide irmà. Suponha que não ocorra
cromossòmica do gato e descobre que ele é XXY: possui cruzamento entre cromossomos homólogos.
dois cromossomos X e um cromossomo Y. Ajude o vete- a. Qual é o genótipo das células produzidas pela divisão
rinário a descobrir como um gato com pelo cor de casco mitótica nesse macho ?
de tartaruga pode ser macho. (D/ca:pense na inativaçáo b. Diagrame qualquer alinhamento correto de cromosso -
do X em mamíferos com dois cromossomos X.) mos na metá fase mitótica.
.
32 A Drosophila tem um número de cromossomo diploide c Diagrame qualquer alinhamento correto de cromosso
.
2n = 8 que inclui um par de cromossomos sexuais (XX mos na metá fase I da meiose.
nas fémeas e XY nos machos) e trés pares de autosso- d. Para o alinhamento da metáfase I exibido em (c), quais
mos. Considere um macho de Drosophita que possua genótipos de gameta são produzidos ao fim da meiose ?
uma cópia do alelo A , em seu cromossomo X (o cromos- e. Quantos alinhamentos diferentes de cromossomos
somo Y é o homólogo) e que seja heterozlgoto para os são possíveis na metá fase I nesse macho ? Quantos
aleios 8, e 8 C, e C; e O, e D , de genes situados em um gametas geneticamente diferentes esse macho pode
^ diferente cada um. Nos diagramas so-
par autossômico produzir ? Explique seu raciocínio piara cada resposta.
Intera çã o gênica Capítulo
APRESENTAÇÃO
4
4.1 As Interações entre alelos produzem relações de
dominância
4.2 Alguns genes produzem fenótipos variáveis
4.3 A interação gênica modifica as razões mende-
lianas
4.4 A análise de complementaçáo distingue as
mutações no mesmo gene das mutações em
genes diferentes
PONTOS ESSENCIAIS
dois alelos influenciam um traço é bastante raro na natu- resulta na expressão exclusiva do fenótipo dominante
reza. Embora um organismo diploide possa ter não mals entre a progénie Fl heterozigota de um cruzamento entre
progenitores homozigotos de linhagem pura, enquanto a
que dois alelos em um lócus ( já que esses indivíduos têm
apenas duas cópias de cada cromossomo), pode haver
progé nie F, exibe uma razão 3:1 entre os fenótipos do -
minante e recessivo. Sabemos agora que os fenótipos dos
muitos alelos para um ú nico l ócus dentro de uma popu- sete traços que Mendel estudou são controlados por dois
laçã o. Raramente os geneticistas observam apenas dois alelos alternativos em sete genes diferentes. Nos casos
examinados no nível molecular, os alelos dominantes re-
alelos segregando em um lócus, com um alelo comple
fletem a função do tipo selvagem do gene, enquanto os
tamente dominante em relaçã o ao outro, com apenas os alelos recessivos codificam produtos gènicos com ativi-
alelos em um ú nico lócus controlando o fenótipo e com dade reduzida ou ausência de atividade.
os fatores ambientais desempenhando um papel mínimo As questões pertinentes à base molecular dos alelos
na determina ção das caracter ísticas fenot í picas. Na maio- dominantes e recessivos impulsionaram a pesquisa ge-
n ética no início e em meados do século XX, incluindo
,
ria dos casos a determina o do fen ótipo é mais com
çã - questões de como a domin â ncia de um alelo pode ser
plicada porque uma ou mais circunstâ ncias adicionais verificada , por que certas muta ções sào recessivas en -
afetam o resultado. Coletiva mente, essas circunstâ ncias quanto outras sã o dominantes e se as mutações sempre
são identificadas como interações genicas; esse termo se fazem que os genes percam função ou se podem trans-
mitir novas funções aos alelos.
refere a qualquer uma das vá rias maneiras em que os di-
ferentes genes podem colaborar ou interagir entre si ou Base molecular da dominância
com fatores não genéticos (ambientais) para influenciar a
Uma característica é dita dominante se for obser -
expressão de uma caracter ística fenot í pica . Entre as mais vada nos genótipos homozigotos e heterozigotos e se
importantes dessas intera ções, temos o seguinte: chama recessiva se for observada apenas em um genó-
I pode haver mais de dois alelos para um determina- tipo homozigoto. Nesse sentido, a domin â ncia e a reces-
do lócus dentro da popula ção; sividade tê m uma base fenotípica. No entanto, os fenó-
tipos sâo uma consequência das atividades das proteínas
I a dominâ ncia de um alelo em rela çã o a outro pode produzidas pelos alelos de um gene. Nesse sentido, a
não ser completa; dominâ ncia e a recessividade têm uma base molecular.
I dois ou mais genes podem afetar um ú nico tra ço; A dominâ ncia de um alelo em relação a outro é deter-
I a expressã o de um traço pode depender da intera- minada pela atividade dos produtos proteicos do alelo —
pela maneira como os produtos proteicos dos alelos fun -
ção de dois ou mais genes, da intera çã o de genes cionam para produzir o fen ótipo.
com fatores n ã o genéticos ou de ambos. Comparemos dois exemplos para ilustrar a base mo-
Neste capítulo, examinamos padrões da variação lecular da dominâ ncia e da recessividade. Em ambos os
fenot í pica que resultam da ocorrência de cada uma des- exemplos, um alelo do tipo selvagem produz uma enzima
ativa e um alelo mutado produz muito poucas enzimas
sas circunstâ ncias. Nossas discussões demonstram que, ou nenhuma- No primeiro exemplo, o alelo mutado é
embora os tra ços que surjam através das interações gê- recessivo, mas no segundo, o alelo é dominante. No pri -
nicas nem sempre exibam as razões mendellanas clá ssi - meiro exemplo, o gene R tem um alelo R~ dominante do
tipo selvagem e um alelo r recessivo mutado. O gene R
cas ( descritas no Capítulo 2), as razões observadas po-
dem ser explicadas pelos princí pios mendelianos.
produz uma enzima que precisa gerar 40 ou mais uni -
dades de atividade catalítica para acionar uma etapa de
reação cr ítica. A execução bem - sucedida dessa etapa
4.1 As interações entre alelos produz o fenótipo do tipo selvagem, enquanto a nào exe -
produzem rela ções de cução da etapa gera um fenótipo mutado. Cada cópia do
dominância alelo /? * produz 50 unidades de atividade enzimática. C )
alelo mutado r nào produz enzimas funcionais e tem 0
Mendel sabiamente optou por examinar os traços unidades de atividade. Os organismos homozigotos /?* /? *
que se apresentam em uma de duas formas alternativas. produzem 100 unidades de atividade enzimática (50 uni -
Uma forma de cada traço que ele estudou exibe domi - dades a partir de cada cópia de /?* ), ultrapassando muito
n ância completa sobre a outra forma. A domin â ncia o minimo necessário para obter o fenótipo do tipo sel -
completa toma o fen ótipo de um organismo heterozigoto vagem. Os organismos heterozigotos (/?* r) produzem
indistinguível do fenótipo de um organismo homozigoto um total de 50 unidades de atividade enzim ática, o que é
para o alelo dominante; assim, apenas os organismos suficiente para produzir o fenótipo do tipo selvagem. No
homozigotos para o alelo recessivo exibem o fenótipo entanto, os organismos homozigotos rr não produzem
recessivo. A dominância completa de um alelo també m ação enzimática e exibem o fenótipo mutado. Com base
Capí tulo 4 Interação gênica 107
em sua capacidade de catalisar a etapa de reação crítica As mutações de ganho de função identificam os
e produzir o fenótipo do tipo selvagem tanto em um ge - alelos que adquiriram uma nova função ou que foram
nótipo homozigoto ( /?* /? * ) como em um genótipo hete - alterados para expressar substancialmente mais ativi -
rozigoto ( R~r ), R* é dominante em relação a r. Os alelos dade do que o alelo do tipo selvagem. Essas mutações
dominantes do tipo selvagem dessa natureza são identifi - quase sempre são dominantes e em geral produzem fe-
cados como haplossuficientes, já que uma cópia ( haplo) nótipos mutados dominantes em organismos heterozí -
é suficiente para produzir o fenótipo do tipo selvagem. gotos. Como uma consequência de suas funções recém-
O segundo exemplo envolve o gene T, para o qual o -adquiridas, certas muta ções de ganho de fun ção são
alelo do tipo selvagem é recessivo em relação a um alelo letais em um estado homozigoto.
mutado. O gene T produz uma enzima necessária para Muta ções de perda de função Como a discussão anterior
catalisar uma etapa de reação crítica que produz um fe- sugere, as mutações que resultam em uma perda de fun -
nótipo do tipo selvagem se estiver incompleta. A inca - ção variam quanto ao grau da perda de atividade normal
pacidade para executar a etapa da reação resulta em um
do produto génico. Uma mutação de perda de função
fenótipo mutado. Na etapa de reação em questão, são que resulta em uma perda completa da função gênica em
necessá rias 18 unidades de uma atividade enzimática. O
comparação com o produto génico do tipo selvagem é
r
alelo , do tipo selvagem produz 10 unidades de ativi - identificada como uma mutação nula , também conhe-
dade. Um alelo mutado, T2 gera 5 unidades de atividade
$
cida como mutação am ó rfica ( Figura 4.1 b ). A palavra
enzimá tica. Os organismos homozigotos 7*, T , geram 20 nula significa “zero" ou “ nada" e a palavra amórfica sig-
unidades de atividade enzimá tica catalítica, o suficiente nifica "sem forma". Esses alelos mutados não produzem
para catalisar a etapa de reação cr ítica e produzir o fenó-
nenhum produto génico funcional e costumam ser letais
tipo do tipo selvagem. Por outro lado, organismos hete-
em um genótipo homozigoto. A eliminação de produtos
rozigotos produzem apenas 15 unidades de atividade en - -
gé nicos funcionais pode resultar de vários tipos de even
zimá tica e tém o fenótipo mutado porque ficam aquém
das 18 unidades necessárias para catalisar a etapa de rea - tos mutacionais, incluindo os que bloqueiam a transcri
ção, produzem um produto génico sem atividade ou re-
-
ção. De modo similar, os organismos homozigotos TfT
sultam na deleção de todo ou parte de um gene.
que produzem 10 unidades de atividade enzimá tica, tam^-
De modo alternativo, uma mutação resultante na
bém tém um fenótipo mutado. Nesse caso, o alelo mu -
perda parcial de função gênica pode ser identificada
tado T } é dominante em relação ao alelo do tipo selvagem
como uma mutação leaky , também conhecida como
Tx , já que os organismos heterozigotos ( TtT2 ) e homozi
gotos ( TJ 2 ) tém um fenótipo mutado. Em casos como
- mutação hipomó rfica ( Figura 4.1c ). Hipomórfica sig-
nifica "forma reduzida "; assim como o termo leaky,
esse, o alelo do tipo selvagem é identificado como ha - implica que uma pequena porcentagem da capacidade
ploinsufíciente, pois uma única cópia não é o bastante
funcional normal é retida pelo alelo mutado, mas em
para produzir o fenótipo do tipo selvagem.
um nível inferior ao encontrado no alelo do tipo selva -
gem . A gravidade da anormalidade fenotí pica depende
Efeitos da mutação do nível de atividade residual do alelo mutado hipo-
A análise genética se concentra nas mutações raras mó rfico. Uma porcentagem maior de atividade de um
e em outros fenó menos pouco frequentes. Em muitos alelo hipomórfico resulta em um fenótipo afetado com
casos, o estudo desses eventos raros produz pistas para menos gravidade do que quando a mutação incorre em
as causas subjacentes de eventos que ocorrem com fre
quência e que não ainda não foram compreendidos. No
- uma perda de função mais substancial. As mutações de
perda de função nulas e hipom órficas costumam ser re-
caso de qualquer mutação genética, uma questão cen
tral diz respeito ao mecanismo preciso por meio do qual
- cessivas e letais nos homozigotos. É sabido que também
ocorrem mutações de perda de fun ção dominantes.
a mutação perturba a função gênica normal. Certas mutações de perda de fun ção produzem fe-
A partir de uma perspectiva funcional , o fenótipo nótipos mutados dominantes por meio de alterações na
do tipo selvagem é produzido em organismos com duas fun çã o de uma proteína multim érica da qual o polipep-
.
cópias do alelo do tipo selvagem ( Figura 4.1 a ) Em com - tídeo mutado forma uma parte ( Figura 4.1d ). As proteí-
paração com o nível de atividade dos produtos protei
cos do alelo do tipo selvagem, os alelos mutados muitas
- nas multiméricas, compostas de dois ou mais polipept í -
deos que se unem para formar uma proteína funcional,
vezes podem ser colocados em uma categoria de perda estão particularmente sujeitas às mutações negativas
.
de função ou de ganho de funçã o Uma mutação de dominantes em consequência de alguma mudança que
perda de fun çã o resulta em uma diminuição significa - impeça os polipeptideos de interagirem normalmente
para produzir uma proteí na funcional. Uma proteína
tiva ou na perda completa da atividade funcional de um
produto génico. Essa categoria de mutaçã o comum con - multimérica que contenha um polipeptídeo anormal
tém mutações como as descritas no exemplo do gene pode sofrer uma redução ou perda total da capacidade
R anteriormente citado. Os alelos mutados de perda de funcional. Mutações desse tipo são dominantes em vir -
função geralmente são recessivos, mas, sob certas cir
cunstâ ncias, podem ser dominantes.
- tude da perda substancial de função da proteína mul
timé rica. Essas muta ções são caracterizadas como “ ne-
-
108 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
(a ) Tipo selvagem
Homozigoto
Alelos
A expressão dos produtos dos alelos do tipo
selvagem produz fpnótipo do tipo seVagem
Produtos
(b) Perda de funçào: mutação nula/amórfica AJelos nulos não geram produtos funcionais.
Orgarismos nulos homazigotas têm ferótipo
—
Homozigoto Heterozigoto mutado (amòrfico) em razão da ausércia do
Alelos X
*
—
> produto gèníco. Oganismos hereragotos
produzem menos produtos génicos funcionais do
j que organismos homozkjotos do tipo selvagem e
Produtos Nenhum podem ter um fenótipo rr orado. Ver no texto
uma discussão sobre mutações dominantes
(c ) Perda de função: mutaçã o feoJry/hipomórfica .
VCV3U5 recessivas
Homozigoto
—
Heterozigoto
Alelos
• ( X CEE AJelos mutados hipomórficos produzem uma
x
pequena quartídade de orodutos génicos do
tipo selvagem. Oganismos homozlgotos tém um
Produtos .
fenótipo mutaao hlpomórfvco) Organismos
heterozigoíos também podem ser mutados .
(d) Perda de função: mutação negativa dominante
Alelos — Homozigoto
—x—
Heterozigoto
——
Homozigoto Heterozigoto
Alelos X ~
X
0 aleto mutado tem uma função nova que
C JL
produz um fer ótipo mutado nos organisnnos
homozlgotos e he.*erozigotos e que pode ser
Produtos mais grave em organismos homozigoTos
Figura 4.1 Consequências funcionais da mutação, (a ) Tipo selvagem, ( b ), (c) e (d ) Mutações de perda de função, (e) e (f )
Mutações de ganho de função.
Cap í tulo 4 Interação génica 109
gativas” em razão do efeito destruidor do polipept ídeo cam a todos os organismos diploides, mas os sistemas
anormal na proteína multimérica. notacionais que identificam genes e alelos variam entre
Um exemplo de mutação negativa dominante as espécies. Esses diferentes sistemas notacionais foram
é observado no transtorno humano hereditá rio da desenvolvidos nos primeiros anos da pesquisa genética,
osteogéncsc imperfeita (Omim 116200, 116210 c quando os experimentos eram realizados em grupos
116220), causada por defeitos na proteí na óssea colágeno taxonómicos distintos. Os geneticistas que estudam as
e que tem muitas formas de gravidade diferentes. A moscas-da - fruta desenvolveram um sistema de notação
para identificar alelos do tipo selvagem e mutados, os ge-
entrelaçadas
—
proteína colágeno é composta de três fitas polipeptidicas
dois polipeptídeos do gene COL1A1 e
um polipeptídeo do gene COL1A2. A proteína trimé rica
do colágeno está sujeita a uma mutação negativa domi -
neticistas que estudam a levedura desenvolveram outro
e os geneticistas que estudam plantas desenvolveram
outro. Como ilustra a tabela na parte final do livro, cada
nante como consequência das mutações do COL1A 1 organismo- modelo tem seu estilo ú nico de descrição e
que produzem um polipept ídeo defeituoso. A estrutura nomenclatura genica. Os diferentes sistemas de notação
trimérica do colágeno e a razão 2:1 da incorporação causam confusão em alunos de genética porque seguem
do polipeptídeo COL1A1 em relação ao polipeptídeo regras diferentes para denominar e identificar genes e
COL1A2 significa que, nos indivíduos que são homozi - alelos. A tabela na parte final do livro contém o sistema
de regras que seguimos em todo este livro.
gotos do tipo selvagem para o COL1A2 e heterozigotos
para a mutação do COL1 A /, a maioria da proteína cola -
genosa contém uma ou duas proteínas COL1 A1 muta - Observa çã o gen é tica As relações de dominâ ncia entre
das. Em consequ ência, a maioria da proteí na colagenosa os alelos são determinadas pelas ações ou pela eficácia dos
é defeituosa e a osteogênese imperfeita se desenvolve. produtos génicos na produção dos íenótipos. Os n íveis de
Mutações de ganho de função Mutações que resultam atividade das mutações de perda e de ganho de função sá o
em um ganho de função caem em duas categorias que determinados por comparações com o nível de atividade dos
produtos do alelo do tipo selvagem correspondente.
dependem do comportamento funcional da nova muta -
ção. As mutações hiperm ó rfleas (“maiores que a forma
do tipo selvagem”) produzem mais atividade genica por
•
alelo que o tipo selvagem ( Figura 4.1 ) e normalmente
são dominantes. O produto génico de um alelo hiper-
Dominância incompleta
A descrição de Mendel da herança de traços con-
mórfico é indistinguível do produto génico de um alelo
trolada por um alelo dominante e um recessivo de genes
do tipo selvagem, mas está presente em uma quantidade
maior e, portanto, induz um nível maior de atividade.
individuais é um processo hereditário simples e relativa
mente raro na natureza. No entanto, frequentemente a
-
A concentração excessiva é o equivalente funcional da dominâ ncia de um alelo sobre outro não é completa. A
superexcitação, impulsionando os processos com mais dominância incompleta, também conhecida como do-
rapidez, no momento e/ou no lugar errado ou por um minância parcial, identifica essas circunstancias. Quando
tempo maior que o normal. Os mutados hipermó rficos existe dominância incompleta entre alelos, o fenótipo do
frequentemente resultam de mutações regulatórias que organismo heterozigoto é característico; ele se enquadra
aumentam a transcrição génica , bloqueiam a resposta entre os íenótipos dos homozigotos em um continuum
normal aos sinais regulatórios que silenciam a transcri - de algum tipo e normalmente é mais parecido com um
ção ou aumentam o n ú mero de có pias de genes pela du
plicação génica. A gravidade do efeito fenot í pico pode
- fenótipo homozigoto que com o outro. Quando os traços
exibem dominância incompleta, dois progenitores de li-
coincidir com o genótipo, de modo que os homozigotos nhagem pura com íenótipos diferentes produzem hete-
da muta ção exibam um fenótipo mais gravemente afe- rozigotos F , com um fenótipo diferente do encontrado
tado do que o observado nos heterozigotos. nos progenitores. O fenótipo da F, é intermediário entre
As mutações de ganho de função resultantes de mu - as formas parentais, embora possa ser mais parecido com
tações ncomórficas (“ nova forma*) adquirem atividades um fen ótipo parental que com o outro.
-
gé nicas inéditas no tipo selvagem Figura 4.1f ] e normal Nas discussões anteriores, usamos um sistema de
mente são dominantes. Os produtos génicos de mutados
neomórficos são funcionais, mas tém estruturas que di - letra A
—— —
notação no qual a letra maiuscula
—por exemplo, a
indica um alelo dominante e a mesma letra
ferem do produto génico do tipo selvagem. As estruturas min ú scula a designa um alelo recessivo. Nos sis -
alteradas levam a proteína mutada a funcionar de modo temas de dominância incompleta , a rela ção entre os
diferente da proteína do tipo selvagem. Homozigotos alelos é diferente, de modo que um sistema notacional
para um alelo neomórfico podem exibir um fenótipo
mais gravemente afetado que os heterozigotos.
—
diferente um que evite a indicação de dominâ ncia ou
—
recessividadc é utilizado. No sistema de nomencla-
Nossa descrição da base molecular da dominância e
das mutações de ganho e perda de fun ção fornece uma
tura de dominâ ncia incompleta , os alelos são simboliza
dos por letras maiusculas ou min úsculas mais um sufixo
-
base conceituai para compreender como os diferentes que pode ser um n ú mero ou uma letra. Por exemplo,
padrões de relações de dominâ ncia podem se desenvol- pares de alelos com dominâ ncia incompleta podem ser
ver entre os alelos de um gene. Esses conceitos se apli- designados Ale A2, íf l e BJ , d e d7 e e »v\
110 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
( b) T J t X T J,
Tt 7,
r, 7,7,
Ti 7,7, ,,
77
0,0 1 JQ 2,0 3JD 4,0 5,0 6,0 Í 7,7, Horaçâo precoce (Dia 0.0)
,
j T T2 Floração intermediá ria (Dia 3,7)
* ,,
Dias da primeira floração
7 7 Fkxaçào tardia ( Dia 52)
Fig ura 4.2 Dominâ ncia incompleta no tempo de floração das plantas de ervilha, (a ) O alelo T é incompletamente
dominante sobre o alelo 7, , conforme Indicado pelo tempo de floração tardio das plantas 7 (b ) Segregaçã o dos alelos 7, e
Jr Jr
A pesquisa genética identificou incontáveis exem - Sob certas circunstâncias, pode ocorrer mais de um
plos de dominância incompleta em animais e plantas; um padrão de dominâ ncia entre os alelos de um gene. Na
exemplo é o traço descrito como tempo de floração nas seção a seguir, examinamos a codominâ ncia de dois ale -
.
plantas de ervilha de Mendel ( Pisum sativum ) Nas ervi- los e a recess í vidade de um terceiro alelo do gene que
lhas, o primeiro surgimento das flores ocorre sob o con - determina o tipo sanguíneo humano.
trole genético de um l ócus que chamaremos T. A cepa Relações de dominância dos alelos ABO Um atributo fi -
de floração mais precoce das plantas de ervilha tem o ge -
-
nótipo homozigoto T Ty , o tempo de floração dessa cepa
é descrito como dia 0,0. A cepa de floração mais tardia
siológico que muitos conhecemos a respeito de nós mes
mos é o nosso tipo sanguíneo, que é tipo A, tipo B, tipo
AB ou tipo O. Todos nós temos um desses quatro tipos
tem genótipo homozigoto TJT1 e floresce 5,2 dias mais
sanguíneos comuns, que resultam de alelos no gene do
tarde, em média, do que as plantas TXT.. Um cruzamento
grupo sangu íneo ABO situado no cromossomo 9 (Omim
entre cepas de linhagem pura de floração precoce e de
110300). Existem três alelos em todas as populações hu -
floração tardia gera progénie heterozigota T , Tf que, em
média , começa a florescer 3,7 dias mais tarde que a cepa
manas e podem ocorrer combinações desses alelos. A
maioria das combinações de diferentes alelos do gene
de floração mais precoce (Figura 4.2a).
Genetidstas podem dizer que, nesse caso, o tempo ABO resulta na dominância incompleta de um alelo, mas
de floração é controlado por um único lócus, porque a uma combinação resulta em codominância.
autofertilização das plantas TlTz produz a raz ão 1:2:1 Os trés alelos do gene ABO são identificados como F ,
entre as plantas de floração precoce, intermediá ria e F ei, e os quatro grupos sanguíneos são fenótí pos produ -
tardia da progénie (Figura 4.2b). Dizemos que o alelo T2 zidos por diferentes combinações desses alelos. Com base
é parcíalmente dominante em rela ção a Tx porque o fe- na correlação genótipo- fenótipo (isto é, tipo sanguíneo),
nótipo heterozigoto é diferente de ambos os íenótipos os genetidstas conclu íram que F e F têm dominâ ncia
homozigotos, porém é mais parecido com o fenótipo da completa sobre i e que F e F são codominantes um em
cepa de floração tardia. relação ao outro. A dominância completa de F e F em re-
lação a i é indicada pela identificação do tipo sanguíneo
Observa çã o gen é tica A dominâ ncia incompleta entre
A nos indivíduos cujo genótipo é FF ou Fi e do tipo san -
alelos produz um fenótipo h íbrido na F, que é intermediá rio
guíneo B nos indivíduos cujo genótipo é FF ou Fi A na . -
tureza completamente recessiva do alelo i é confirmada
entre os fenótipos parentais, mas normalmente é mais pare-
pela observação de que apenas os homozigotos ii tèm tipo
cido com um dos pais.
sanguíneo O. Por fim, a codominância de F e F um em
relação ao outro é confirmada pela observação de que o
tipo sanguíneo AB ocorre apenas em indivíduos que têm
Codominâ ncia genótipo heterozigoto FF .
A codomin â ncia, assim como a dominâ ncia in -
completa, leva a um fen ótipo heterozigoto diferente
— —
O tipo sanguíneo ABO é identificado por uma re-
ação entre um antígeno ABO uma porção de açúcar
do fenótipo de ambos os pais. Entretanto, diferente da
dominância incompleta, a codominância é caracteri
zada pela expressão detectável de ambos os alelos nos
heterozigotos. A codominância é identificada com mais
- corpo
—
incorporada à superfície dos eritrócitos e um anti
uma molécula produzida pelo sistema imune
que se liga a uma proteí na antigé n íca específica. A ti
pificação do sangue usa uma reação antígeno- anticorpo
-
-
clareza quando os produtos proteicos de ambos os ale- para determinar se um antígeno específico está presente
los são detectá veis em organismos heterozigotos, nor- nos eritrócitos. Uma reação positiva ocorre quando
malmente por meio de algum tipo de análise molecular, o anticorpo detecta seu antígeno- alvo. O anticorpo se
como eletroforese em gel ou ensaio bioqu ímico, que liga ao antígeno e também a outros anticorpos de li -
conseguem distinguir entre proteí nas diferentes. Explo- gação ao ant ígeno, fazendo que os eritrócitos formem
ramos os detalhes desses tipos de análise molecular em aglomerados visíveis. A aglomeração indica que o an -
uma discussão posterior ( ver Capítulo 10). ticorpo detectou seu antígeno- alvo, enquanto uma au -
Cap í tulo 4 Interação gènlca 111
sé ncia de aglomeração indica que o sangue não contém tipo sanguí neo AB tém ambos os antígenos e nenhum
o antígeno -alvo do anticorpo. -
dos anticorpos anti A ou anti- B. Finalmente, as pessoas
Para testar o tipo sangu íneo ABO, dois antisso - com tipo sanguíneo O n ão possuem ant ígeno A ou B e
ros — -
um chamado "antissoro anti A*, contendo an
ticorpo anti - A purificado, c outro chamado "antissoro
- possuem os dois anticorpos, anti- A e anti- B.
-
anti- B", contendo anticorpo anti B purificado
colocados em depressões diferentes em unta lâ mina
são
— Base molecular da dominâ ncia e codomin â ncia dos alelos
ABO Os dois antígenos do grupo sanguíneo ABO nas
superf ícies dos eritrócitos possuem estruturas molecu -
de microscópio e uma gota do sangue a ser tipificado
é adicionada a cada depressão. Uma pessoa com tipo
lares ligeiramente diferentes. Os antígenos são glicoli -
sanguíneo A exibe aglomeração com o antissoro anti A, - pideos que contêm um componente lipidico e um com
ponente oligossacarídeo. A porção lipídica do antígeno
-
mas n âo com o antissoro anti-B (Figura 4.3), Por outro
está presa na membrana do eritródto e o segmento que
lado, o tipo sanguíneo B é identificado quando a aglo - se projeta para fora da célula conté m o oligossacarídeo.
-
meração ocorre com o anti B, mas n ão com o ant í A Se - . Inicialmente, o oligossacarídeo é composto de cinco mo-
ocorre aglomeração com os dois antissoros, o tipo san - léculas de açúcar e se chama antígeno H. Ele resulta da
guí neo é AB. A não aglomeração com ambos os antisso -
ros identifica o tipo sanguíneo O . atividade de uma enzima produzida pelo gene H (Figura
4.4 ). O ant ígeno H está presente nas superf ícies de todos
A compatibilidade adequada do tipo sanguí neo
é essencial para a transfusã o segura . Na realidade, vá - os eritrócitos e pode ser mais modificado, de duas ma
neiras alternativas, pela adição de um sexto açúcar, ou
-
rios ant ígenos produzidos por diferentes genes deter -
minam a adequabilidade entre o sangue do doador e pode continuar inalterado. A modificação final do antí -
o do receptor para transfusão, e os hospitais e clínicas geno H depende da atividade enzim á tica do produto pro-
precisam comparar atentamente o sangue do doador e teico do lócus do grupo sanguíneo ABO.
do receptor para identificar a possibilidade de reações Dois açúcares alternativos podem ser adiciona -
adversas antes de a transfusão ser feita. A regra para a dos ao ant ígeno H pelos produtos gênicos dos alelos P
transfusão sanguínea segura é que o sangue do recep - e P , respectivamente. Se o alelo P estiver presente no
tor n ão deve conter um anticorpo que reaja com um -
genótipo, ele produz o produto génico a-3 N-acetil-D -
ant ígeno no sangue doado. Quando tal rea ção ocorre, -galactosaminiltransferase, ou simplesmente “ A-trans-
pode haver hem ólise e formam -se coágulos sanguíneos . -
ferase" A A transferase catalisa a adição do açúcar
produzidos pela aglomeração de células sanguí neas no N acetilgalactosamina ao antígeno H, produzindo
sítio da transfusão. Essas reações adversas têm potencial um oligossacarídeo de seis açúcares conhecido como
para provocar complicações fatais. antígeno A. O alelo /®, por outro lado, produz a -3-
Os anticorpos anti -A e anti-B se desenvolvem nos - D-galactosiltransferase, chamada frequentemente
“ B- lransferase", que catalisa a adição de um açúcar di-
seres humanos desde o nascimento, mas as pessoas n ão
carregam um anticorpo se també m carregarem o antí - ferente, a galactose, e produz um oligossacar ídeo de seis
açúcares conhecido como antígeno B. A base molecular
geno correspondente. Assim, pessoas com tipo sangu í -
neo A, que possuem o ant ígeno A, também carregam das diferenças entre os alelos A e B são várias diferenças
-
o anticorpo anti B. As pessoas com tipo sanguíneo B de nucleotídeos que mudam quatro aminoácidos das en -
-
tê m o antígeno B e o anticorpo anti A. Aquelas com o zimas transferase resultantes e alteram a atividade enzi
má tica. Por outro lado, o alelo i se dev e a uma única dele
-
-
çào de par de bases e é um alelo nulo que não produz um
Tipo sangu íneo Aglomera ção com Poss íveis genótlpos
produto génico funcional capaz de adicionar um sexto
Anti-A Anti- B
açúcar ao antígeno H.
No n ível celular, o anticorpo anti- A reconhece a
adição da N-acctilgalactosamina mediada por IA e o an-
fVou IAi
ticorpo anti - B identifica a adição de galactose produzida
.
pela ação de P Nenhum desses anticorpos tem qualquer
reatividade com o antígeno H não modificado; então o
ff ou i*i antígeno H não modificado, presente nos indivíduos com
tipo sanguíneo O, não é reconhecido por nenhum anti
corpo. Uma ou duas cópias do alelo P ou P em um ge-
-
AB Iaf nótipo são suficientes para produzir um ant ígeno ABO
detectá vd pelos anticorpos anti- A e anti-B. Ambos os
alelos P e P são dominantes em relação a /, já que P e P
O h produzem enzimas que modificam o antígeno H, mas i
não produz essas enzimas. Por outro lado, o genótipo PP
.
Figura 4.3 Tipo sangu í neo ABO O tipo sangu í neo é leva à produção de A - transferase e B- transferase, resul -
determinado pela mistura de uma gota de sangue com uma
gota de antissoro anti-A ou antl- B.
-
tando na adição da N acetilgalactosamina a alguns ant
genos H e na adição de galactose a outros ant
í
ígenos H.
-
112 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Antfgeno A
2. Identifique as informações cr
íti- .
2 Os tipos sanguíneos dos pais são fornecidos,
cas fornecidas no problema.
Deduzir
.
3 Deduza os genótipos do grupo .
3 O pai tem tipos sanguíneos O e MN. 0 tipo O resulta da homozigosidade para o alelo
sanguíneo do pai. recessivo i, enquanto o MN é produzido nos heterozigotos que possuem ambos os
alelos. O genótlpo do pai é li MN.
.
6 Identifique os genótipos dos ga- .
6 A segregação independente prevê dois genótipos de gameta para a mãe: todos os
metas e suas frequências na mãe. gametas cont êm N , a metade contém A* e a outra metade contém /*.
.
7 Faça uma previsão dos genóti- 7. ç
Ml Ni
pos e fenótipos da progénie. MNI Âi NNfl
NI* Tipos sanguíneos : Tipos sanguí neos:
Dica: Use um qujeouto de Pun MN e A Ne A
-
letl pjr 4 jvjliar esse auzame ita
•
MNI*1 NNfi
Nf Tipos sanguí neos : Tipos sanguí neos:
MN e B NeB
Os alelos do gene C forniam uma série alélica deter - malaio, caracterizado pelas extremidades ( patas, cauda,
minada pelos fenótipos da prole de vários acasalamentos.
O alelo C é dominante em relação a todos os outros ale
focinho e orelhas) totalmente pigmentadas, mas pigmen
tação praticamente ausente em outras partes do corpo. O
-
los do gene, e qualquer genótipo com pelo menos uma fenótipo himalaio é o padrã o de pelagem “siamês”, visto
cópia de C produz a cor da pelagem do tipo selvagem. frequentemente em gatos, coelhos e camundongos. Fi-
Esses genótipos sào escritos como C- para indicar que, nalmcntc, o alelo c produz um produto proteico sem ati-
independentemente do segundo alelo no genótipo, o fe- vidade enzimá tica. Esse alelo é nulo e totalmente reces-
nótipo é dominante. Trés outros alelos que produzem sivo e sua homozigosidade produz um fenótipo albino.
enzimas tirosinase com pouca ou nenhuma atividade de Os cruzamentos entre animais com genótipos dife -
tirosinase formam uma série alélica com C (Figura 4.5 ). rentes no gene C revelam as relações de dominância dos
O alelo c* produz um fenótipo chamado chinchila, uma alelos. Por exemplo, nos cruzamentos A, B e C na Figura
pelagem de cor diluída. O alelo c* produz o fenótipo hi - 4.6, a dominância completa de C em relação aos outros
114 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
alelos na série é demonstrada pela constatação de que Isso inativa a enzima e leva a uma ausência de pigmento
toda a progénie de um animal com genótipo CC tem a na porção central do corpo. Os animais que sâo dd ou dc
pelagem totalmente colorida, independentemente do ge - têm o fenótipo himalaio. O alelo final na série, c, é um alelo
n ótipo do parceiro. A ordem de domin â ncia dos alelos na
série é revelada pelo padrão de razòes 3:1, obtido a partir
nulo, que não produz tirosinase funcional. Os homozigo -
tos para esse alelo são incapazes de iniciar o catabolismo
dos cruzamentos de vá rios genótipos heterozigotos exi- da tirosinase. Isso leva à ausência de melanina e produz a
bidos na Figura 4.6. No cruzamento D, o padrão chin - condição conhecida como albinismo.
chila é parcialmente dominante em relação ao himalaio.
A maior parte da pelagem desses animais tem cor di
luída (chinchila ) e o padrão himalaio apresenta cor mais
- Observa çã o gen é tica Os fenótipos produzidos pelas
interações de m ú ltiplos alelos em uma série alélka revelam
escura nas patas, face e cauda. O cruzamento E mostTa relações hierá rquicas que dependem da ação biológica dos
que o padrão chinchila é completamente dominante em produtos al élicos. A dominância est á associada ao alelo que
rela ção ao albino. O padrã o himalaio é completamente produz o produto génico mais ativo e a colocaçã o dos outros
dominante em relação ao albino (cruzamento F). As re- alelos na série depende da ativ »dade relativa de seus produtos
lações de dominâ ncia dentro desse lócus da série alélica gênlcos respectlvos.
podem ser expressas como C > d* > d > c .
Base molecular da série alélica do gene C As enzimas ti -
rosinase produzidas por diferentes alelos do gene C tém
Mutações letais
níveis característicos de atividade catabólica, que são a
base das relações de dominância entre os alelos. O alelo Certas mutações de um único gene sâo tâo prejudi-
C é dominante do tipo selvagem, produzindo tirosinase ciais que provocam a morte precoce ou interrompem o
plena mente ativa , definida com 100% de atividade. A desenvolvimento gestacionaL Essas mutações são catego
porcentagem da atividade de tirosinase do tipo selvagem rizadas como letais, provocadas por uma mutação letal.
produzida por cada alelo explica a ordem observada na Os alelos letais frequentemente são herdados como muta -
série alélica. O exame bioquí mico revela que a enzima dos recessivos, alelos letais recessivos que matam apenas
produzida pelo alelo hipomórfico (d tem menos de 20% homozigotos. Em geral , os alelos letais recessivos tém fre-
da atividade da enzima do tipo selvagem. No genótipo quências variá veis nas populações c podem persistir em
homozigoto c*V* ou nos genótipos heteroz ígotos d* d ou algumas delas ao longo de um vasto per íodo. A seleção
c^c, apenas uma pequena quantidade de melanina é sin- natural pode eliminar cópias do alelo quando ocorrerem
tetizada. Isso leva a uma menor quantidade de pigmento
e tem como efeito o silenciamento da cor da pelagem.
nos genótipos homozigotos; no entanto, os alelos letais re
cessivos são "escondidos" pelos alelos dominantes do tipo
-
A enzima tirosinase produzida pelo alelo hipomórfico selvagem nos genótipos heterozigotos, escapando, assim,
d ( padrão himalaio) é instável e inativada a uma tempera - da seleçã o natural. Sob determinadas circunstâ ncias, os
tura próxima da temperatura corporal normal da maioria portadores heterozígotos de um alelo letal recessivo têm
dos mam íferos. Esse tipo de produto gênico é um exemplo uma vantagem na seleção natural (ver Capítulo 10).
de alelo termossensível. Os gatos com o padrão de pe- Os alelos letais costumam ser detectados como
lagem siamês sâo exemplos familiares da açào desse alelo distorções nas razões de segregação, em que uma ou
termossensível. As partes dos gatos mais distantes do cen- mais classes da progé nie prevista estão ausentes. Por
tro do corpo ( patas, orelhas, cauda e ponta do focinho), exemplo, nos cruzamentos de plantas e animais entre
na maioria das vezes, tendem a ser ligeiramente mais frias dois organismos heterozigotos para um alelo letal re-
que o tronco. Nessas extremidades mais frias, a tirosinase cessivo, o fen ótipo da progénie é 3:1 ( viá vel : morto ) A .
termossensível produzida pelo alelo d permanece ativa, progénie morta é homozigota para uma mutação letal
produzindo pigmento nos pelos ali existentes. No entanto, recessiva. Essa progénie pode não chegar a ser vista , em
na porçã o central mais quente do corpo, a temperatura lí- razão da letalidade embrionária, pode ser natimorta ou
geiramente mais elevada é suficiente para fazer que a ti- pode morrer muito cedo. Entre a progénie viá vel, dois
rosinase produzida pelo alelo d desnature ou se desfaça. terços devem ser heterozigotos para o alelo letal e um
Capí tulo 4 Interação gènlca 115
\4
Cc*
Colorido Colorido Colorido Colorido Colorido Colorido
f ( 1
F, C C * F, C *
c* Fj C c
- C cc Cc*
Colorido Colorido
- C CC Cc*
Colorido Colorido - c CC a
Colorido Colorido
ê
t
C* * Cc* c* c* Cc* c Cc cc
Colorido Chinchila Colorido Himalaio Colorido Albino
( d ) Cruzamento D
•
( ) Cruzamento E (f ) Cruzamento F
\é \é
P x P x P X
/
c«c* cV c*c* cc cV cc
Chinchila Himalaio Chinchila Albino Himalaio Albino \4
\
x
a
\
F,
'
/
x r
\
F,
•/
Fi X
FF c^c* c*c c*c cV cc ”
Chinchila Chinchila Chinchila Chinchila Himalaio Himalaio
i
f f I f 1
Fj c* c* F , c* c Fj c* c
- c* FF
i
Fà
Chinchila Chinchila
*
ir
- c* FF
Chinchila Chinchila
r
Fc c*
\4
cV
*
Himalaio Himalaio
é
^ c*
*-
c *V
4
*
cV
Chinchila Himalaio
\i
c c^c
Chinchila
cc
Albino
c
\i
cV
Himalaio
cc
Albino
Figura 4.6 Genética da dominância do gene C. (a ) a (f ) Os cruzamentos A a F ilustram a dominância completa do C e a
recessividade completa do c e estabelecem as séries alélicas como C > F > c* > c
terço deve ser homozigoto para o alelo dominante do dade embrionária na Arabidopsis thaliana e em outras
tipo selvagem (Figura 4.7) . espécies de planta. Em um cruzamento RPNla/ rpnla
Em plantas com flores, os efeitos dos alelos letais X RPNla/ rpttla, a razão de 3:1 na segregação entre as
podem ser observados diretamente. Por exemplo, a mu- sementes vivas ( RPNla ) c as mortas (rpnla/ rpnla) pode
tação do gene RPNla que codifica uma subunidade do ser observada na fruta. Quando as sementes vivas são
proteossomo 26S, um complexo multiproteico envolvido plantadas, aproximadamente dois ter ços são heterozigo -
na degradação das proteínas, é um exemplo de mutação tas para o alelo letal ( RPNla/ rpnla ) e um terço é homo -
nula de perda de função ( rpnla) que resulta em letali - zigota para o alelo do tipo selvagem (JRPNLA/RPNla) .
116 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Letal Idade embrionária nante para a cor amarela da pelagem. Nos camundongos,
( RPN 1 a/ rpn 1 a x Letalidade gametofitica a cor da pelagem do tipo selvagem é marrom, chamada
Tipo selvagem RPNIa /rpnla ) 3:1 [ FER/ fer x macho) 1:1
agouti , produzida pela presença de pigmentos amarelo e
.
preto em cada haste pilosa (Figura 4.8a ) Os pelos agouti
sào pretos na base e na ponta, com pigmento amarelo na
parte central da haste. A cor amarela da pelagem é vista
quando o pigmento amarelo é depositado ao longo de
todo o comprimento da haste pilosa, nào apenas na parte
média, como acontece no padrão Agouti [Figura 4.8b). O
gene Agouti produz o pigmento amarelo encontrado nos
pelos. O alelo do tipo selvagem para a cor agouti da pela-
gem é designado A , e sua atividade normal leva à produção
de uma quantidade moderada de pigmento amarelo. O
alelo mutado, designado Ar, é uma mutação dominante de
ganho de função que produziu muito mais pigmento ama -
relo do que o alelo do tipo selvagem.
A mutação A r é dominante, mas não podem ser pro-
duzidos camundongos amarelos de linhagem pura. A partir
de uma perspectiva genética , isso significa que os camun-
dongos com pelagem de cor amarela sào heteroz.igotos
(AA *) e que o genótipo ArAr é letal no desenvolvimento
embrionário. A partir dessas informações, podem ser
feitas duas observações importantes a respeito da genética
Figura 4.7 Evidência de mutações letais am plantas. A do alelo amarelo. Primeiro, o cruzamento de um camun -
letalidade gametofitica é detectada pela observação da dongo agouti e um camundongo amarelo sempre vai re-
razáo 1 :1 entre as sementes vivas e mortas. As setas indicam sultar na razão 1:1 entre agouti e amarelo na progé nie
sementes não desenvolvidas . ( Figura 4.9a ). Segundo, os cruzamentos entre dois ca-
mundongos amarelos (ambos necessariamente hetero-
zigotos) produzem evidências da natureza letal recessiva
As mutações letais que resultam na letalidade ga - do alelo A * ( Figur» 4.9 b ). O resultado desses cruzamentos
metofítica feminina també m são detectáveis em plantas é a razão 2:1 entre amarelo e agouti, em vez da razão 3:1
com flores. Considere uma planta heterozigota para um
alelo gametofltico feminino, FER/ fer, na qual o alelo FER
do tipo selvagem derivou de sua progenitora e o alelo fer
mutado veio de seu progenitor. Durante a megasporogé
nese, a metade dos megásporos vai herdar o alelo FER e
- (a ) Pelagem agouti
a outra metade, o alelo fer. Os sacos embrioná rios deri- ." ^WÈLr >
* : ijpf
vados dos megásporos que herdam o alelo fer vào mor-
^
rer, de modo que apenas a metade de todos os óvulos se
desenvolve em sementes. Os alelos segregam na razão
1:1, observada entre as sementes que se desenvolvem
f. C /
cm uma fruta. Repare que a razão 1:1 é uma observação
direta das razões mendelianas nos gametas de um orga -
nismo heterozigoto. Assim, a razão 1:1 distingue a leta - ( b ) Pelagem amarela
lidade gametofitica feminina da letalidade embrionária,
que resulta na razão 3:1 entre as sementes. Normalmente
as plantas produzem uma quantidade excessiva de pólen,
similar à produção excessiva de espermatozóides em re-
lação à produção de ovos nos animais; assim, a letalidade
gametofitica masculina não é observá vel examinando as
sementes em desenvolvimento na fruta. No entanto, ela
pode ser detectada examinando as plantas em que a me -
tade de todos os grãos de pólen está morta.
Figura 4.8 Cor da pelagem em camundongos, ( a ) A
Por outro lado, os alelos letais em animais geralmente
cor agouti da pelagem do tipo selvagem é uma mistura de
são detectados por uma distorção nas razões dc segre- pigmento preto e amarelo nas hastes pilosas. (b) A pelagem
gação. O primeiro caso de um alelo letal foi identificado amarela ocorre quando o pigmento amarelo produzido
em 1905 por Lucien Cuenot, que estudou uma mutação pelo alelo mutado AY excessivamente ativo toma o lugar do
letal nos camundongos portadores de mutação domi - pigmento preto.
Cap í tulo 4 Interação gênica 117
* A AA AA' -* A AA AA
Agouti Amarelo Agouti Amarek)
a • a »
^ A AA
Agouti
AA
Amarek)
^A AA
Amarelo
AA
(Letal )
•ÍM ] AA Agouti
• • \ AA’ Amarelo
prevista quando sào cruzados heterozigotos que expres - razão mendeliana 2:1 distorcida que caracteriza a progénie
sam um alelo dominante. A interpretação genética dessa de dois camundongos heterozigotos de pelagem amarela.
observação é que os alelos do camundongo amarelo hete-
rozigoto segregam normalmente na formação dos game Tra ços limitados ao sexo
tas e se unem aleatoriamente para produzir a razão 1:2:1
na concepção, mas que os zigotos A * Ak nâo sobrevivem à O sexo de um organismo pode exercer influência
gestação. A letalidade recessiva de A‘ impede o desenvol- sobre sua expressão gênica. Uma consequê ncia de tal
vimento embrioná rio dos homozigotos, eliminando essa influê ncia é a potencial limitação da expressão gênica a
classe entre a progénie e resultando na razão 2:1 observada um sexo, mas nã o ao outro, em um padrão chamado ex -
entre a progénie de pais heterozigotos. pressão gênica limitada ao sexo. As diferenças na ex-
Quase um século após Cuenot identificar pela pri - pressão gênica entre os sexos podem resultar no surgi-
meira vez a letalidade homozigótica do alelo A* mutado, mento desses traços limitados ao sexo. Normalmente
a base molecular da letalidade foi identificada. Para sur- ambos os sexos portam genes para traços limitados ao
presa dos geneticistas, a letalidade pouco tinlia a ver com sexo, mas os genes são expressos em apenas um deles.
a pelagem amarela em si; em vez disso, a pelagem amarela Nos mam íferos, por exemplo, o desenvolvimento
era uma consequência quase involuntária de uma muta das mamas e a capacidade de produzir leite sào traços
limitados às fêmeas. O desenvolvimento de chifres é um
çào que deletava parte de um gene perto do gene respon - traço limitado aos machos em algumas espécies de car-
sável pela cor da pelagem . A mutação que produz o alelo
neiros, vacas e outros animais com casco.
Ar resulta de uma deleção que afeta dois genes, o Agouti
( agouti) e um gene vizinho, identificado como Raly. Este Os traços comportamentais em algumas espécies,
produz uma proteína essencial para o desenvolvimento particularmente os relacionados ao acasalamento, tam
bém são muito influenciados pelo sexo. Por exemplo, o
-
embrioná rio do camundongo. Cada gene tem o seu pró-
prio promotor. O promotor do Raly do tipo selvagem
incita um alto nível de transcrição, enquanto o promotor Promotor Promotor
do gene Agouti é transcrito de modo consideravelmente do Raly do Agouti
.
menos ativo { Figura 4.10) A mutação dominante que pro- Alelo A
[i QeneRaty I Gene Agouti
duz a pelagem amarela entra em cena por meio da deleção
de aproximadamentc 120 mil pares de base que delctam o Cromossomos portadores dos aletos
A do Tipo selvagem produzem a
gene Raly inteiro e o promotor do gene Agouti, cotocan- 120.000 pares proteína Paty, necessá ria para o
do-o sob o controle do promotor do Raly. Este incita um de bases desenvolvimento embrionário dos
alto nível de transcrição do gene Agouti , resultando em detetados por camundongos, e uma quantidade
Promotor mutação moderada de pigmento amamlo.
um excesso de pigmento amarelo que toma o lugar do pig -
mento preto nas hastes pilosas e leva ao fenótipo amarelo
do Raly l
Alelo A rL Cromossomos portadores do alelo
mutado. Heterozigotos com o genótipo AAr possuem pe- Gene Agouti mutado 4 rnão produzem proteína
lagem amarela e sobrevivem em razão da haplossuficiência Roty ç produzem um nível muto
.
da ú nica cópia do Raly Camundongos homozigotos A y A r alto de pigmento amarela
sào incapazes de produzir o produto proteico essencial a Figura 4.10 Mutação do Raly e do Agouti produzindo
partir do gene Raly e não se desenvolvem , resultando na pelagem amarela.
118 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
comportamento de fazer a corte dos grous coroados inclui - entre machos e fé meas barbados e imberbes. Ocorre a
uma exibição elaborada do posicionamento corporal, en - herança mendeliana, mas, como consequência da ex -
trelaçamento de pescoços e vocalização, que são executa - pressão influenciada pelo sexo, o cruzamento produz a
dos de modo diferente pelos machos e f êmeas da espécie. razão 3:1 de machos barbados para imberbes e a razão
O mecanismo que limita a expressão de um traço a 3:1 dc fê meas imberbes para barbadas.
apenas um sexo costuma ser a influê ncia diferencial dos
hormó nios que agem como reguladores intercelulares Idade de início tardia
da expressão gé nica. No caso da vocalizaçã o do caná rio
macho, por exemplo, as alterações no padrão de canto A partir de uma perspectiva evolutiva , 6 fácil com -
são iniciadas no final do inverno por um aumento nos preender que um alelo letal dominante pode ser eli -
hormónios masculinos liberados pelo cé rebro em res- minado eficientemente pela ação da seleção natural.
posta à maior duração do dia e às temperaturas mais Mesmo assim, existem muitos exemplos de condições
quentes. Esses hormónios estimulam o aumento dos hereditá rias letais dominantes e uma questão gen ética
testículos e a maior produção de testosterona , que, por evolutiva pertinente diz respeito a como essas mutações
sua vez, estimula o desenvolvimento dos neurònios no persistem nas populações. Uma resposta possível é que
alguns alelos letais dominantes evitam a seleção natural
cérebro, o que elabora o centro de canto, induz ao de - por terem uma idade de in ício tardia; as anomalias que
senvolvimento dos m úsculos na á rea de vocalização da
garganta e permite que os machos produzam vocaliza - produzem não aparecem até os organismos afetados
ção limitada ao sexo para atrair as parceiras. terem uma oportunidade de se reproduzir e transmitir a
mutação para a próxima geração .
Traços influenciados pelo sexo
Um exemplo de destaque da idade de início tar -
dia de um alelo letal dominante nos seres humanos é
Os traços influenciados pelo sexo são aqueles em a condição chamada doen ça de Huntington ( HD). Esse
que o fen ótipo correspondente a um determinado genó- transtorno neuromuscular progressivo, normalmente
tipo é diferente, dependendo do sexo do organismo por - fatal em um per íodo de 10 a 15 anos após o diagnós-
tador do genótipo. Acredita -se que os hormónios influen - tico, é provocado pela mutação de um gene perto da
ciem a expressão diferencial dos genótipos nos sexos. extremidade do cromossomo 4. (Temos muito mais in -
O surgimento de um cavanhaque versus sua ausê n - formações sobre os sintomas e a progressão da HD no
cia, o fen ótipo imberbe, em certas raças de caprinos, é Capítulo 5, no qual também discutimos o mapeamento
um exemplo de traço influenciado pelo sexo. A barba do gene HD, e no Capítulo 16, no qual discutimos a clo-
é um traço autossómico herdado, determinado por dois nagem do gene HD.) O alelo mutado do HD persiste na
alelos, B e bt presentes em três genótipos em cada sexo. população porque os sintomas não começam, na me -
Em ambos os sexos, os homozigotos BB são imberbes e tade dos casos, antes do final da terceira década de vida
os homozigotos de ambos os sexos com genótipo bb são de uma pessoa ou inicio da quarta, bem depois que a
-
barbados. Acredita se que os horm ónios androgé nicos maioria das pessoas começou a ter filhos iFigura 4.12 ) .
sejam o principal fator de influ ê ncia do fenótipo bar -
bado. O efeito de diferentes n íveis de hormó nios andro- Observa çã o gen é tica Os alelos letais causam a morte
génicos no surgimento de barba nos sexos é observado dos organismos e podem ser dominantes ou recessivos. A
pela comparação de fêmeas e machos com o genó- morte pode ocorrer no inicio ou no fim da vida . Ouando a morte
.
tipo heterozígoto ( Bb ) Os machos heterozigotos tê m ocorre durante a gestação, a presença de um alelo letal costuma
barba, enquanto as fémeas heterozigotas são imberbes. ser detectada pela ausência de uma classe da progénie prevista
A iguri 4.11 ilustra os resultados de um cruzamento ou pela alteração da proporção de sementes ou semeadura.
entre dois heterozigotos que produz razões diferentes
9 cf
100 -
Bb
Imberbe
x Bb
Barbado
ll
«U I
f 4
B b
50 -
- B
9
B8
cf 9
Bb
cf
imberbe Imberbe Imberbe Barbado
^b 9
Bb
<T 9
bb
cf
Imberbe Barbado Barbada Barbado 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Idade ( anos)
Figura 4.11 Herança influenciada pelo sexo do
surgimento de barba em caprinos. O alelo da barba ( b) é F igura 4.12 Curva de idade de in ício da doença de
expresso de modo diferente em machos e fêmeas. Huntington ( HD) .
Capí tulo 4 Interação gènlca 119
.4 1
K) 3 4 s~\5 —17 penetrantes (11-6, 11-1Oe 111-10) são
observados nessa família.
A sindrome de Waardenburg é um transtorno encontra em vários estágios da vida, é outro fator essen -
autossômico recessivo humano que exibe expressividade cial para a variação observável entre os organismos. A
variável. Os indivíduos com sindrome de Waardenburg interação gene-ambiente é o resultado da influ ê ncia
podem ou nâo ter as quatro características principais dos fatores ambientais ( isto é, fatores nâ o genéticos ) na
da sindrome: (1) perda de audição, (2) olhos de cores expressão dos genes c nos fenótipos dos organismos.
diferentes, (3) uma mecha de cabelos brancos no topo da
cabeça e (4) cabelos prematuramente grisalhos. Na ge
nealogia de Waardenburg exibida na Figura 4.15, repare
- Observa çã o gené tica Na penetrâ ncia incompleta, um
genótipo náo é expresso por todo organismo no qual está
que os círculos e quadrados que representam os mem - presente. Na expressividade variável os organismos que com
bros da família com sindrome de Waardenburg podem partilham um genótlpo expressam o fenótipo correspondente
ser inteira ou parcialmente coloridos. Cada quadrante em graus diferentes. Ambas são explicadas pelas interações
dos símbolos representa uma das características prin - genéticas e/ou náo genéticas que modificam ou impedem a
cipais da sindrome. A diversidade do escurecimento do expressão consistente de um genótipo.
símbolo demonstra a variação na expressividade da sín -
drome de Waardenburg nessa família. A análise genética
molecular nos diz que cada membro da família com a Como exemplo, considere as linhagens puras das
sindrome carrega exatamente o mesmo alelo dominante; plantas de ervilha altas e baixas estudadas por Mendel.
contudo, entre os membros da fam ília afetados, existem A variação genética herdada determina que uma linha -
seis padròes diferentes de expressão fenot í pica. gem vai produzir plantas altas e a outra linhagem vai pro-
Muitas vezes é dif ícil apontar a causa da penetrâ n -
duzir plantas baixas, mas o ambiente no qual as plantas
cia incompleta ou da expressividade variá vel. Trés tipos
são cultivadas tem uma influência importante na altura
de interações podem ser responsáveis: (1) outros genes da planta. Fatores ambientais como as variações na água ,
que agem de maneira a modificar a expressão do alelo luz, nutrientes do solo e temperatura influenciam o cres
cimento da planta. N ão é dif ícil imaginar que plantas
-
mutado, ( 2) fatores ambientais ou evolutivos (isto é, não
genéticos) que interagem com o alelo mutado, modifi - geneticamente id ênticas e de um tipo adaptado às zonas
cando sua expressão e (3) alguma combinação de outros temperadas poderiam crescer com alturas diferentes se
genes e fatores ambientais que interagem e modificam uma tiver um ambiente de crescimento ideal e a outra
a expressão da mutação. Nas cepas laboratoriais endo- enfrentar um ambiente quente e árido com solo pobre.
A expressão fenot ípica dos gen ótipos também pode
gâ micas de organismos genéticos modelo, a variação
nos fatores genéticos pode ser eliminada experimen
talmente para permitir a diferenciação da variabilidade
- depender da interação de programas de desenvolvimento
controlados geneticamente e de fatores externos que ope-
gene-gene e gene-ambiente, algo que n ão pode ser feito ram nos organismos. Por exemplo, a mudan ça sazonal na
em organismos como os seres humanos. cor da pelagem observada em mamíferos do ártico, que
são praticamente brancos no inverno, mas apresentam
pelagens mais escuras na primavera e no verão, resulta de
Intera ções gene -ambiente uma interação entre muitos genes e sugestões ambien-
Os genes controlam praticamente todas as dife- tais externas, como a duração do dia e a temperatura.
renças observadas entre as espécies. O genoma de um De modo similar, as sugestões ambientais que induzem
organismo estabelece o plano corporal e as vias bioquí- as plantas a desabrocharem na primavera desencadeiam
micas desse organismo e controla o progresso do de
senvolvimento desde a concepção até a morte. Mas os
- mudanças na expressão génica que estimulam o cresci-
mento e o desenvolvimento de vá rias estruturas vegetais,
genes sozinhos não são responsáveis por toda a variação incluindo as flores c as estruturas reprodutivas. Tais ca-
observada entre os organismos. O ambiente, a mir íade pacidades para fazer mudanças sazonais evolu íram para
de substâ ncias químicas e condições que um organismo ajudai' na sobrevivência desses organismos e elas suge -
Figura 4.15 Expressividade
variá vel da sindrome de I
Waardenburg.
II
hO ITOBTÍ
mo DOO
IV
-
rem que a interação gene ambiente é fundamental para mentar dizendo “ Fenilceton úricos: contém fenilalanina"
compreender e interpretar a variação fenotí pica. aparece nas embalagens de produtos alimentícios que
Modificação ambiental para evitar doenças hereditá rias contêm aspartame. Procure essa advertência no próximo
produto adoçado artificialmente que você escolher!
-
Um grande exemplo de interação gene ambiente nos seres
humanos é, na verdade, um caso de intervenção ambiental
praticada frequentemente para evitar o desenvolvimento Genes pleiotrópicos
da condição autossómica recessiva humana conhecida A pleiotropia é a alteraçã o de vá rios traços di-
como fenilcetonúria (PKU ). Esse caso ilustra que os mes - ferentes de um organismo por uma mutação em um
mos alelos podem produzir fenótipos diferentes em am - ú nico gene. A maioria das mutações que exibe pleio-
bientes diferentes. A PKU é provocada pela ausência da tropia ocorre alterando o desenvolvimento das carac -
enzima fenilalanina hidroxilase, que catalisa a primeira ter ísticas fenotí picas através da ação direta da proteína
etapa da via que decompõe o aminoácido fenilalanina , um mutada ou como resultado secundá rio de uma cascata
componente comum da proteína alimentar. de problemas origin ários da mutação. Mendel encon -
Há algum tempo, a PKU contribuiu para milhares trou inadvertidamente um caso de pleiotropia. Dois
de casos de insuficiência intelectual grave a cada ano. dos traços que ele considerou em seus estudos foram
A doença ocorria em 1 a cada 10 mil até 1 a cada 20 a herança da cor roxa versus branca em flores (ver Fi-
mil recém - nascidos na maioria das populações mun - gura 2.1) e a herança de um tegumento cinzento versus
diais. Bebés com PKU são normais ao nascer, mas, ao branco. Depois de observar que as plantas com flores
longo dos primeiros meses de vida, a incapacidade do brancas invariavelmente também possuem tegumentos
corpo para decompor a fenilalanina se torna tóxica para brancos, enquanto as plantas com flores roxas sempre
os neurônios em desenvolvimento. À medida que os têm tegumentos cinzentos, ele supôs acertadamente
neurônios morrem, as capacidades mentais e motoras que a herança desses traços tinha a mesma base gené-
são perdidas de modo irreversível, tornando inevitável tica. Hoje sabemos que a cor da flor, a cor do tegumento
a plena manifestação da doença. Nos anos 1960, um e a aparência da cor nas axilas das folhas (onde a folha
simples exame de sangue foi disponibilizado para detec - se prende ao caule) resultam da produção do pigmento
tar a PKU nos primeiros dias de vida. O exame identi- roxo antocianina. As mutações que bloqueiam a produ -
fica a doença antes que ela tenha chance de se mani- ção da antocianina são pleiotrópicas, pois deixam vá -
festar e começar a danificar o corpo. A PKU é uma das rias estruturas da planta sem cor e produzem fen ótipos
dezenas de transtornos hereditá rios raros pesquisados brancos mutados em vá rios traços.
rotineiramente nos recém - nascidos em hospitais norte- A pleiotropia por meio da ação direta de um pro-
-americanos e brasileiros (através do teste do pezinho). duto proteico mutado é frequentemente encontrada em
A chave para prevenir a PKU, após a detecçào pre- .
estudos de desenvolvimento Um exemplo é a atividade
coce da doença nos recém- nascidos, é a restrição severa do hormònio da Drosophila , chamado hormó nio juvenil
da fenilalanina na dieta. Como a fenilalanina é um ami
noácido e componente de muitas proteínas, bebés com
- (JH ) que é ativo durante todo o ciclo de vida da Droso
f
Mutaçã o
Normal Célula falciforme
7
S' /rCfcT 6 AA 6 A 6 // 3, "
5' 7[ C t T / r 3’
"
GliA G A 6
r l f W &k CTT CT C / / S DNA 3 7
"
'
Cs -
5' 7 £ 3' RNAm 5'7 £ 3'
it Pio I Glu T Glu
Hemoglobina normal
^ ' Prote í na ' ií Pro
Hemoglobina anormal
ATH fc Glu ]i '
I
i i
Desenvolvimento Desox ígenaçáo da
normal hemoglobina no tecido
—
Aglomeração de células
e interferência na — ) í
Maior
-dosdestrui ção -
Acú mulo
de células
faldformes
no baço
circulação sanguínea
Dano
Falhas locais no suprimento sanguineo
í I
Anemia
1
eritrócitos
Decomposição
da hemoglobina
Dano
urogenital Dano muscular
e articular
Problemas Dilatação
t
Superatlvidade
cerebral
Isquemia.
i card íacos card íaca da medula óssea
e aumento na
Aumento necrose quantidade
Dano Dano de medula Ac úmulo de
e posterior ósseo bilirrubina
I
hbrose pulmonar
I
do baço
AVC Atraso na
i Fraqueza "Crânio em
e maturidade Osteomielite Pneumonia e Cá lculos
forma de
paralisia sexual cansaço torre'
Ultra
Capacidade
Prejuízo
prejudicada Crises Insuficiência Menor da função Icterícia
de combater renal óssea de dor card íaca mental
infecções
Figura 4.16 Plelotropia na anemia falciforme. 0 formato falciforme dos eritrócitos tem uma gama de consequências
fenot ípicas.
A mutação do
gene marrom
não retrata com precisão a realidade gen ética, como o
v* resulta na cor
exemplo a seguir esclarece. Muitos genes contribuem Precursores j Pigmento marrom mutado.
para a produção da cor do olho do tipo selvagem na da via ^ marrom Olhos marrons
Drosophila . Os geneticistas sabem que é isso que acon - b‘
Precursores 1 Ç
^
^nto A mutação do
tece, pois muitos fenótipos de cor do olho diferentes
foram mapeados para diferentes genes. Vamos consi - da via vermelho - gene verme,(ho-
<kxo resulta na
derar apenas três desses genes. Dois dos genes produ - _
Precursores L i ,
claro
cor vermeho -
zem pigmentos de cor do olho diferentes e o terceiro da via 11 Olhos vermelho
-daros
--
daro mutado.
gene transporta os pigmentos para as células oculares.
O gene marrom produz uma enzima que opera em uma Precursores
da via
\ vermelho - A mutação do
gene bronco
via sintetizadora do pigmento vermelho- claro. O gene v- -claro resulta na cor
carrega um alelo dominante do tipo selvagem b e um 4
Precursores \ Pigmento branca mutada.
alelo mutado recessivo b e as moscas que são bb têm da via marrom Olhos brancos
olhos marrons. O gene recebe o nome do mutado a ele (c ) Mutações de dois genes
-
associado. O gene vermelho claro produz uma enzima
ativa em uma via sintetizadora de um pigmento mar- Precursores
b _L , nr*
A mutação do
marrom e do
rom . O alelo do tipo selvagem v* é dominante em rela - da via
_
11 pigmento \ | vermelho cloro
ção ao alelo mutado v. As moscas que sào w tém olhos Precursores J , , resulta na cor
vermelho-claros. O gene branco produz uma prote í na
transportadora de pigmento do alelo dominante w\ que
da via -
í f pi .. n una Olhos brancos
branca mutada
Observa çã o gené tica A interação génica é a regra, não a conhecida como hipótese um gene- uma enzima emergiu
exceção, na produção do fenótipo: nenhum gene opera sozinho desses experimentos. Segundo essa hipótese, cada gene
para produzir um fenótipo, embora a variação hereditária em um produz uma enzima e cada enzima tem um papel funcio-
lótus possa levar a padrões de segregação coerentes com traços nal especial em uma via biossintética que produz um fenó-
de um único gene. As redes de genes em colaboração compõem tipo. Beadle e Tatum observaram que as mutações de um
as vias biossintéticas, de transdução de sinal ou evolutivas. único gene bloqueiam a execução das vias biossintéticas
e levam à produção de fenótipos mutados. Sua hipótese
propôs que cada fenótipo mutado era atribuível à perda ou
A hipótese um gene-uma enzima função defeituosa dc uma enzima específica. Como cada
defeito enzimá tico era herdado como defeito em um ú nico
O conceito das vias biossintéticas surgiu com a gene, a hipótese um gene- uma enzima identifica a cone-
sugestão de Archibald Garrod, em 1908, de que a inca - xão direta entre genes, proteínas e fenótipos.
pacidade para produzir a enzima ácido homogentisico O conceito um gene uma enzima sofreu ajustes, já
oxidase é a causa da condição hereditá ria humana co- que sua proposta leva em conta trés observações: (1) alguns
nhecida como alcapton úria. No entanto, só depois de genes que produzem proteínas não produzem enzimas,
meados do século XX que os detalhes das vias biossin - mas sim proteínas de transporte, estruturais e rcgulatórias;
té ticas específicas começaram a surgir. George Beadle e (2) alguns genes produzem RNAs em vez de proteínas e (3)
Fdward Tatum foram alguns dos primeiros a investigar algumas proteínas ( por exemplo, (1-globina ) precisam se
as vias biossintéticas na pesquisa que lançou as bases unir a outras proteínas para adquirir uma função. Apesar
para definição e exame posteriores das vias de transdu
ção de sinal das vias evolutivas.
- dessas modificações, a conclusão fundamental de Beadle e
O Transferência dos
í I I 1 auxótrofos para
diferentes meios
mínimos supiementados
Mínimo Mínimo + Mínimo + Mínimo + Completo e controles.
aminoácidos vitaminas ácidos .
nucleicos \
U
Controle negativo Crescimento Sem Sem Controle
Sem crescimento crescimento crescimento positivo
Crescimento
«n
80 .£ C ç
E S
* «
0
126 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
interações epistáí
—
tasia, nome dado às interações gênicas
—
chamadas
tcas nas quais um alelo modifica
ou impede a expressão dos alelos em outro gene É ne .
-
-
ausê ncia de epistasia ou seja , quando os genes não
interagem para mudar a expressão de um ou de outro.
As contribuições dos genes marrom, vermelho-claro e
branco para a cor dos olhos do tipo selvagem (verme-
cessário um m ínimo de dois genes para a epistasia. Os lho ) da Drosophila são ilustTadas na Figura 4.17 Nesse .
genes que interagem pela epistasia estão envolvidos na exemplo, limitamos nossa consideração à variação do
produçã o de uma determinada característica fenot í pica -
gene marrom e do gene vermelho claro para mostrar o
e normalmente participam da mesma via. A epistasia resultado previsto da segrega ção independente de dois
é detectada mais facilmente entre a progénie de cru - genes que contribuem para uma caracter ística fenotí-
zamentos diíbridos na qual ambos os genes são porta
dores de alelos dominantes e recessivos. Nesses casos,
- pica específica. Em outras palavras, não há interação
entre os genes e o resultado é previsto pelo acaso.
a segrega ção independente prevê uma razão 9:3:3:1 de A análise começa com o acasalamento entre uma
quatro fenótipos na progénie F2, mas a epistasia resulta mosca de linhagem pura com olhos marrons ( h/h;
em menos de quatro fenótipos. Essa redução no n ú - v* / vr ) e uma mosca de linhagem pura com olhos verme-
mero de classes fenotí picas da F, ocorre porque diferen - lho-claro ( h* / b*; v/v). Escrever os genótipos nas formas
tes classes genotipicas possuem o mesmo fenótipo. Em exibidas separa os alelos nos cromossomos homólogos
outras palavras, a marca registrada da interação epis - por uma barra ( / ) e separa os genes dos diferentes cro-
tática em um cruzamento diíbrido é a modificaçã o da mossomos por ponto e vírgula. Nesse exemplo, presume-
razão 9:3:3:1 em razão da combinação de duas ou mais -se que as moscas progenitoras tenham a função do tipo
classes genotipicas em uma ú nica classe fenot í pica. selvagem do alelo w~ , embora o genótipo desse e de ou-
A epistasia resulta da mutaçã o nas vias que reque- tros genes não seja exibido. A progénie F ( tem olhos com
rem uma atividade específica de cada gene na via para a cor do tipo selvagem e consiste em integrantes diíbri-
ti MBB
h
ti AoBB
ÁABb h*« -- ft --
A S h A fl-- h A-«- --
A B
4 AaBb
Razão
ti M àb
genotfpica
h Aabb A A-bb A-bb H A- 6
* A-bb ti A-bb A-bb -
1Í A bb
h
ti OOBB
ti acBb ti ««8- ti OCB- aaB - aaB- aaB- ti -
«»8 aaB-
AN Á LISE GENÉTICA
-
Quatro mutados bacterianos zmf ízmt - 1 a zmt 4), cada um com uma Cepa mutada Acrescentado ao meio mínimo
mutaçào em um único gene, est ão disponíveis para estudo Gnco in- .
termediários na via de síntese da zmt foram identificados (D,F,M R e S), . Tipo selvagem
D F M R S Nada zmt
+ + + + + +
mas sua ordem na via é desconhecida. Cada mutado é testado quanto
à sua capacidade para crescer em meio mínimo suplementado com um -
zmt 1 + +
.
dos compostos intermediários Todos os mutados crescem quando a -
zmt 2 -
4 + 4* +
zmt é adicionada ao meio mínimo e a cepa do tipo selvagem cresce -
zmt 3 + + +
em todas as condições de cultura testadas. Encontre a ordem dos in- -
zmt 4 + + +
termediários na via de síntese da zmt e identifique a etapa bloqueada
em cada cepa mutada. Na tabela de crescimento à direita, +' indica
crescimento e indica que não houve crescimento .
-
Estrat égias de soluçã o Etapas da soluçã o
Avaliar
.
1 identifique o tópico abordado .
1 Este problema lida com mutados da via de síntese da zmt e exige a análise do defeito
por esse problema e explique a em cada mutado, bem como a ordem dos intermediários na via de síntese da zmt
natureza da resposta solicitada.
.
2 identifique as informações crf
ticas fornecidas no problema
- 2. Ovagem
.
problema fornece informações sobre o crescimento das bactérias
e também das cepas mutadas
- do tipo sel-
- quando cultivadas em placas de meio de
zmt
zmt f
.
4 Identificar o produto flnaF da .
4 A zmt é o último composto sintetizado. O composto S também suporta o crescimento
via e o próximo e último com- de todos os mutados e provavelmente é o precursor imediato da zmt .
posto intermediário da via.
Solucionar
.
5 Identificar o primeiro com - 5. O composto D náo suporta o crescimento de qualquer um dos mutados zmr e prova -
posto sintetizado na via . velmente ocorre antes de qualquer uma das etapas da síntese afetadas por mutações .
O composto D é o primeiro composto na via.
® Identificar o segundo, terceiro 6. O composto R suporta o crescimento do mutado zmt-2, indicando que o composto
e quarto compostos sintetiza- contorna a etapa bloqueada no zmt-2. O composto R provavelmente se segue ao mu-
dos na via. tado D na via e o zmt -2 é incapaz de converter D em R. O zmt -2 cresce nos compostos
intermediários que ocorrem apó s esse ponto de bloqueio da via, mas não no com-
suplementado com um com-
posto D que vem antes do bloqueio zmt 2.
Dlu: 0 freio
posto imermedUrt© que ocorre apos a etapa
da via ser bloqueada por um mutado vai dar O composto M suporta o crescimento do zmr 2 e zmr 4 e contorna o bloqueio em ambos os
suporte ao cresdmento,
. -
mutados O crescimento do zmt 4 náo é suportado pelos compostos D ou R que ocorrem
antes da etapa de conversão bloqueada no zmt-4. A conclusão é que o composto M
se segue ao composto R e que o zmt -4 é Incapaz de converter R em M.Os compostos F, Me
Dica: Para confirmar essa solução, verifique S suportam o crescimento do zmt-4 e cada um deles contorna o bloqueio.
se o crescimento dc cada mutado suportjdo O composto F suporta o crescimento do zmt -3 e se segue ao composto M na via. O zmt-3
*
pela suplementa çào com compostos que vêm
é incapaz de converter M em F. O composto S suporta o novo crescimento do zmr - 7, indi-
após o bloque* o, mas r»4o pela suplementação
com compostos que artecedem o bloqueio. cando que se segue ao composto F na via e que o zmt- 1 não converte o composto F em S.
.
7 Montar a via de síntese da zmt ® zmt-2 zmt-4 zmt-3 zmt- 1
e identificar os mutados em
D R M F S zmt
cada etapa da via.
— —
nesse caso, a base mutacional do gene branco é diferente pigmento que confere a cor roxa à flor da ervilha doce,
da encontrada nas moscas com mutação do gene branco cada linhagem parental representada pelos genótipos
que transporta o pigmento para o olho ( ver Figura 4.17).
A razão fenotí pica 93:3:1 fornece evidências de que dois
ccPP e CCpp é de linhagem pura para as flores bran -
cas em consequência da homozigosidade para os alelos
genes que segregam de modo independente contribuem recessivos em um dos genes. O cruzamento dessas duas
para o fenótipo da cor dos olhos. Essa razã o indica que os linhagens de progenitores brancos de linhagem pura
genes não têm interação epistá tica entre si.
Os exemplos mais simples de epistasia são as
produz plantas difbridas de cor roxa na progénie Ft
genótipo CcPp — porque o alelo dominante em cada
—
interações entre dois genes, cada um com um alelo l ócus permite a realização de cada etapa da via que leva
dominante e um recessivo. A Figura Bá sica 4.21 ilustra à síntese do pigmento roxo. A segregação independente
seis padrões de epistasia para a interação de dois genes. À dos alelos resulta em quatro classes genotipicas, C-P , -
medida que descrevermos esses padrões aqui, e enquanto
vocé examina a Figura 4.21, repare que as razões fenotí pi - -
c c P C p p e ccpp , produzidas na razão 9:3:3:1 prevista
para um cruzamento diíbrido. No entanto, entre a F2,
cas observadas para cada traço resultam da combinação
das categorias genotipicas 9:33:L (Consulte a Figura 4.19
--
apenas carregam o genótipo C P que confere a ca -
para obter uma visão geral desses padrões epistáticos.)
Interação gènica complementar (razão 9:7) William
^
pacidade para produzir pigmento roxo. Os restantes
da F , são homozigotos para um dos alelos recessivos c e
p ou para os dois conjuntos de alelos. Nenhuma dessas
Bateson e Reginald Punnett (do famoso quadrado de plantas é capaz de sintetizar pigmento, em razão da au -
Punnett ) foram os primeiros biólogos a documentar o sência de produtos gè nicos funcionais de um ou ambos
desvio da razão prevista de 9:3:3:1 na progénie F2 de um os lócus, e todas elas t êm o mesmo fenótipo mutado.
cruzamento di í brido resultante da interaçã o epistá tica A razão fenotí pica 9:7 resulta da interação génica
de dois genes. Nos experimentos realizados em ervilhas complementar que exige que os genes trabalhem em
doces { Lathyrus odoratus ) , uma planta ornamental dife - conjunto para gerar um único produto. A Figura 4.21 O
rente da ervilha comestível de Mendel ( Pisam sativum ), mostra que, no nível molecular, a cor roxa da flor nas er-
Bateson e Punnett começaram a cruzar duas linhagens vilhas doces é produzida quando o pigmento antocianina
é depositado nas pétalas. A produção da progénie F. de
flor roxa e a razão 9:7 da F., são explicadas pela segregação
r independente de dois genes, C c P, que gera produtos gê-
16 Precursor Marrom 9 nicos que controlam diferentes etapas da via de síntese da
Precursor Vermelho - Vermelho
antocianina. Como a produção da antocianina requer a
claro
&• ação do produto de C e também do produto de P, as duas
9 etapas precisam ser realizadas com êxito para a produção
b‘ / b: r / y
1
16
b/ b; v' /
_ Precursor
Precursor
Marrom
Sem pigmento
e a deposição da antocianina nas pétalas das flores. Por
outro lado, qualquer genótipo homozigoto recessivo no
Vermelho
x
I Marrom lócus C, no lócus P ou nos dois lócus resulta no bloqueio
da via e na produção de flores brancas sem pigmento.
—
¥
A capacidade de os dois mutados com o mesmo fe-
© 16
3
Precursor Sem pigmento © nótipo mutado produzirem progénie com fenótipo do
by_ j¥/ ¥
Precursor ; » Vermelho-
tipo selvagem se chama complementaçào genética e in-
b7 b; r / y
6*
-claro Vermelho -
Vermelho claro dica que mais de um gene está envolvido na determina -
i
ção do fenótipo. Discutimos os detalhes da complemen -
16 Precursor Sem pigmento tação genética na última seção deste capítulo.
b/ b: y/ y Precursor Sem p«gmento Ação gènica duplicada (razão 15:1) Dois genes que dupli-
T Branco
cam a atividade um do outro constituem um sistema ge-
Figura 4.20 Nenhuma interação génica na produção nético redundante, no qual qualquer genótipo que possua
da cor dos olhos na DrosophUa. A razão 9:33:1 resulta da pelo menos uma cópia de um alelo dominante em qual-
segregação independente dos alelos em um cruzamento quer lócus vai produzir o fenótipo dominante. Somente
diíbrido de moscas de olhos vermelhos com genótipo b' /b; r / y. quando os alelos mutados recessivos homozigotos estão
130 An á lise gen ética: uma abordagem integrada
Razões epistáticas
C P
Precursor I -L Precursor II Antocianlna
*
Roxa
-
A bò
CePp C
j_
P
Nenhum
Roxa C-pp Precursor I Precursor II —
h x — A
pigmento Branca
L
_cL P
*
16 Nenhum 1 Nenhum lyt 16
ceP- Precursor I precursor II * pigmento Branca
A interação géníca complementar ocorre
quando os genes precisam agir em conjunto CcPp
1 f P
para produzir um fenòlipo. A ação do tipo Roxa
-L_ Nenhum
16
Precursor I
X Nenhum
sefvagem deambos os genes é necessária ccpp * pigmento Branca
precursor II
para produzir o fenótipo do tipo selvagem
A mutação de um gene ou de ambos os
genes produz im fenótipo mutado.
- A
ÍHtQ A òb
'
AaBb
3
16
Precursor
A bb Precursor
Proteína A
Nenhuma
Discoide
- p proteína B
A eaòb Esfénra
x — a ^16
Nenhuma
Discoide B
se os alelos dominantes estiverem presentes em cada
gene;um segundo fenótipo se os alelos recessivos forem a
Nenhuma
homoagoTos para qualquer um dos genes e um terceiro L
Precursor proteína A
se ocorrer homozigosiddde recessiva em ambos os genes 16
aabb Precursor Nenhuma
p proteína B
Capí tulo 4 Interação gènlca 131
\
de eumelanina
E
ft *-*-
=4
m BbEe
Preta
2
bbE -
Precursor M
Precursor P
b
Eumelamna
marrom
Deposição
de eumelanina
—
Chocolate
x
A B Eumelanina
3.
'
t-
BbEe
1
-
16
8 M
Precursor M
Precursor P
preta
r-* Nenhuma
deposição de
e eumelanina Amarela 4
A epistasia recessiva occxre c anCo a etos Preta
^
recessivos em um gene mascaram ou reduzem Eumelanina
a expressão dos alelos no lócus da nteraçãa ± Precursor M marrom
16
bbee Precursor P Nenhuma —
deposição de Amarela
* eumelanina
b
16
D-W- ncolor
t
-escuro do pigrrento
confinada a
* *,
Branca 12
* *n %
OdWw
3
16 Precursor
d
Vermelho- -i-
w manchas na
corola
17
rx l
6
•claro
4 *+
Precursor
incolor
Sem
pigmento f
Branca
r
fr» L J
4** -
M9 -
Ccil
Branca
Precursor
incolor Pigmento
A Au
Colorida
16
4 X
r Precursor
incolor
Cl
JJ_ Sem
pigmento f
Branca
Cdl
A supressão dominante ocorre quando o aleto
dominante de um gene suprime a expressão de um
.
aldo dorr nante de um segundo gene.
Branca
1
16
ccii
Precursor j_
incolor
c I
Sem
pigmento
r
Branca
132 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
presentes nos dois l ócus o fenótipo recessivo aparece. O modelo molecular dos eventos subjacentes à intera -
Diz'se que os genes em um sistema redundante têm ação ção dominante supõe que cada gene produz uma prote ína
genica duplicada; eles codificam o mesmo produto gê' .
diferente que contribui para o formato do fruto Quando
nico ou codificam produtos gê nicos com o mesmo efeito a ação alélica dominante produz ambas as proteínas, o
em uma única via ou em vias compensatórias. fruto discoide é gerado. Sc apenas uma das proteínas for
A Figura 4.21 fornece uma ilustração e explicação produzida, são produzidos frutos esfé ricos, como nas clas -
da ação génica duplicada identificada inadvertidamente .
ses genotipicas aaB- e A-bb Plantas homozigotas para os
por Gregor Mendel em um experimento envolvendo a alelos recessivos de ambos os genes { aabb ) não produzem
.
cor da flor nos feijoeiros Perto do final de seu famoso nenhuma das duas proteínas e geram frutos longos.
ensaio de 1866 descrevendo a herança nas ervilhas, Men - Epistasia recessiva ( razão 9:3:4) As pelagens preta ,
del descreveu um experimento com feijões que começou chocolate e amarela nos cães da raça labrador resultam
com o cruzamento de um feijoeiro de linhagem pura e da interação de dois genes, um que produz pigmento
flores roxas com um de linhagem pura e flores brancas. e outro que o distribui para os fol ículos pilosos. Essa
As plantas da F tinham flores roxas e Mendel provavel - forma de intera ção génica, na qual a homozigosidade
mente presumiu que a determinação da cor da flor nos para um alelo recessivo em um lócus pode mascarar
feijoeiros seguia o mesmo padrão das ervilhas. No en- a expressão fenotípica de um segundo gene, se chama
tanto, entre 32 plantas da F. que Mendel produziu , 31 epistasia recessiva e tem a razão 9:3:4 característica
tinham flores roxas e apenas 1 tinha flores brancas. Entre dos fenótipos, ilustrada pela Figura 4.21 O.
as plantas da FJf tinham um genótipo contendo pelo Cruzar progenitores de linhagem pura da cor choco-
menos uma cópia de P ou R e apenas tinha um genó- late com progenitores de linhagem pura de cor amarela
tipo pprr e o fenótipo de flores brancas. produz uma progénie F com pelagem preta. O fato de a
>
(
A Figura 4.21 mostra que um alelo dominante progénie FJ ser diíbrida é revelado pela genaçào Fy na qual
em qualquer lócus é capaz de catalisar a conversão de
um precursor para a antocianina e produzir o fenótipo
’
7 da progénie carregam os genótipos na classe B E e --
possuem pelagem preta, tém um genótipo bbE , resul -
dominante. Inversamente, se houver alelos recessivos
homozigotos em ambos os l ócus, nenhum produto gè-
nico funcional é produzido e a via de síntese não é con --
^
tando em pelagem cor chocolate, e 7 carregam genótipos
B ee ou bbee e possuem pelagem amarela.
A explicação molecular para esse sistema gené-
clu í da. As flores brancas resultam da ausê ncia do pig tico est á vinculada à produ ção do pigmento do pelo, a
mento em da progénie F2 recessiva homozigota para melanina. Os cães produzem eumeianina, que confere
alelos de ambos os genes. a cor preta ou marrom ao pelo, e a feomelanina, que
Interação g ènka dominante ( razão 9:6:1 ) O formato do confere um tom avermelhado ou amarelado O gene E.
finto da abóbora é classificado como longo, esférico ou é o TYRP1 , que controla a distribuiçã o da eumeianina.
discoide. As plantas com fruto longo são sistematicamente O alelo do tipo selvagem E produz deposição plena da
de linhagem pura, indicando que são homozigotas para os eumeianina, mas o alelo e bloqueia a deposição. O gene
genes que controlam o formato da fruta . Por outro lado, B é o MCI R, que controla a síntese da eumeianina preta
as plantas que produzem frutos discoides ou esféricos às
vezes são de linhagem pura e às vezes não, indicando que
ou marrom, com B produzindo eumeianina preta e b
produzindo eumeianina marrom. Os cães que são B £ _ _
essas plantas podem ser homozigotas ou heterozigotas produzem e depositam grandes quantidades de eumeia
_ -
para os genes que controlam o traço. A Figura 4.21 O ilus- nina e têm pelagem preta. Os cães que são bbE produ -
tra e descreve a interaçã o dominante entre dois genes zem eumeianina, mas a depositam menos em decorrê n -
que controlam o formato do fruto da abóbora. A interação cia de seu genótipo bb. Esse cães têm pelagem chocolate
dominante é caracterizada pela razão 9:6:1 dos fenótipos ( marrom ). Os cães homozigotos ee são incapazes de
na progénie de um cruzamento di íbrido. produzir eumeianina e, em vez disso, produzem apenas
Um cruzamento de plantas de linhagem pura produ - feomelanina. Fsses cães têm pelagem amarela.
zindo fruto esférico pode gerar uma F1 com fruto discoide. Epistasia dominante ( razão 12:3:1) A determina çã o da
Esse resultado indica uma interação entre os genes que cor da flor nas dedaleiras fornece um exemplo de epis-
controlam o formato da fruta c sugere que as plantas da tasia dominante, em que um alelo dominante em um
F, que produzem o formato discoide são diíbridas. A pro- lócus mascara a expressão dos alelos em um segundo
.
^
génie F2, que exibe as proporções fenotípicas 7 discoide,
esférica e longa, confirma a hipótese. Qual dos três
fenótipos ocorre depende da presença do alelo dominante
lócus, descrito na Figura 4.21 O Nas dedaleiras, um alelo
d do tipo selvagem produz um pigmento vermelho-claro
observado nas flores e um alelo mutado D produz um
nos dois genes, em um gene ou em nenhum dos genes. pigmento vermelho-escuro nas flores. Em outro gene,
Na geração F as plantas com pelo menos um alelo domi
nante em cada ^ lócus ( A B ) têm fruto discoide, as com
--
- o alelo w é do tipo selvagem e distribui o pigmento por
toda a flor. Um alelo mutado W restringe o pigmento à
alelos recessivos em cada lócus (aabb ) produzem fruto corola da flor. As plantas diíbridas da Fj ( DdWw ) têm flo-
longo e as plantas homozigotas recessivas em qualquer res brancas com manchas vermelho - escuras na corola. A
um dos lócus [ A bb ou aaB- ) produzem frutos esféricos.
~ epistasia dominante é revelada na F2 pela raz ão 12:3:1 de
Cap í tulo 4 Interação gènlca 133
AN Á LISE GENÉTICA
. .
O dr Ara B Dopsis, um famoso genetkista de plantas, decide se aventurar na propagação da flor
íris. Ele seleciona íris de linhagem pura, uma vermelha e outra azul, e promove seu cruzamento.
Para sua surpresa, todas as plantas da F, tém flores roxas. Ele decide criar mais íris de flor roxa peia
autofertilizaçáo das íris da Fr O Dr. Dopsis produz 320 plantas da F , consistindo em 182 plantas
com flores roxas, 59 com flores azuis e 79 com flores vermelhas. ^
a. A partir das informações disponíveis, descreva o fenômeno genético que produz a razão fenotf -
Fr
pica observada nas plantas da Identifique o número de genes envolvidos nesse traço.
b. Usando símbolos claramente definidos de sua própna escolha, identifique os genótipos das plan-
.
tas parentais e da F (
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado . ,
1 Este problema diz respeito à interpretação dos resultados da F e da Fy à identificação
por esse problema e explique a do mecanismo genético responsável pela observação e á atribuição dos genó tipos á s
natureza da resposta solicitada. plantas parentais e da F, de uma maneira coerente com o mecanismo genético .
.
2 Identifique as informações crí
ticas fornecidas no problema .
- . 2 O problema afirma que as plantas parentais de flores azuis e vermelhas são de linhagem
.
pura e que sua F, consiste exclusivamente em plantas de flores roxas Entre as plantas da
Fy as flores roxas são predominantes, mas também são observadas, em menor grau, as
plantas com flores vermelhas e azuis.
Deduzir
.
3 Deduza os possíveis mecanis- .
3 Dois mecanismos possíveis são sugeridos por esses dados. Primeiro, um único gene
mos genéticos que poderiam com dominância incompleta poderia gerar um fenótipo nas plantas heterozigotas da
contribuir para a produção de F ) # o qual é diferente do fenótipo de qualquer uma das plantas parentais homozigotas.
plantas com flores roxas na F , Segundo, dois genes exibindo uma interação epistática poderiam contribuir para um
a partir das plantas parentais fenótipo em uma planta diíbrida da F(,o qual é diferente do fenótipo de qualquer uma
de linhagem pura com flores das plantas parentais de linhagem pura.
vermelhas e azuis .
.
4 Determine as proporções fe 4- . Um modelo de único gene prevê que a autofertilizaçáo de uma planta heterozigota da F,
notí picas relativas resultará na razão 1:2:1 (25%c50%:25%) na Fr Um modelo de epí stasia de dois genes pro-
^ Dica: Com-
previstas pelos duzindo três fenótipos da F poderia ser uma interação gênica dominante {razão 9 >:1),
pare a» porterv
possí veis mecanis- tagens relativas
(te caca teoô-
^ *
uma epí stasia dominante (razão 123:1) ou uma epí stasia recessiva (razão 9:4:3). As previ-
mos genéticos e ava- ttpo para veri- sões da epí stasia recessiva são uma correspondência mais próxima com as observações do
lie a razáo fenotípica ficar qual mo- que as previsões da epistasí a dominante. A epí stasia recessiva prevê porcentagens fenotí -
observada. delo gmêtko
prevê com mal
picas de aproximadamente 56%:25%:19%. A razão observada nos fenótipos da F 3 é =
*
Solucionar
prrmio
porcentagem
otnervjdav
i 56,8% com flores roxas,
Resposta a
^ = 24,7% com flores vermelhas e = 18,4% com flores azuis.
.
5 Identifique os mecanismos .
5 A comparação das previsões da F2 do modelo de dominância Incompleta de um único
genéticos mais prováveis que gene e dos modelos de epí stasia recessiva de dois genes determina que a epí stasia re-
contribuem para os resulta - cessiva é uma previsão melhor das proporções relativas da progénie. O provável ma
dos desses cruzamentos . delo genético para explicar esses dados é a epí stasia recessiva. (Repare que o número
de plantas da F, observadas em cada categoria pode ser comparado com o número pre-
visto pela análise do qul- quadrado.)
.
6 Atribua genótipos às plantas .
6 Usando os símbolos A e a para um gene e B e b para o segundo gene, os genótipos das
parentais e da F ,. plantas são
Progenitores: aaBB (vermelho) e AAbb (azul)
,
F : AaBb (roxo)
-
F »: 9 v nr /v* ie*
Damasco-claro Damasco
complementação genética pela
produção da cor do olho do tipo
selvagem na Ft,0 cruzamento entre a
cor de damasco de linhagem pura com
( b) o amarelo-claro de linhagem pura não
Amarelo- Marrom Cor de Vermelho-
produz complementação genética na F ,
Muttçio Damasco Marrem ctaro avermelhado Cereja vinho tinto Coral -daro Branco
que tem a cor dos olhos mutados.
Damasco + + + ( b) O teste de complementação
Marrom •f + genética entre nove Drosophilas
Amarelo
claro
- + + +
diferentes com cor dos olhos
Marrom + + + + mutados revela cinco grupos de
avermelhado complementação, correspondendo
Cereja + + a cinco genes. Cinco alelos mutados
Cor de do bronco não se complementam
vinho tinto + +
Coral + mutuamente e são atribuídos ao
Vermelho- mesmo gene. Os outros quatro mutados
-claro + complementam a si e aos mutados do
Branco gene branco , sendo atribu ídos ao seu
Complementação próprio gene.
Grupo Mutado ( alelo)
I Damasco ( iv*), amarelo-claro ( ar*), cereja ( »0, coral iW" ), branco (*)
II Marrom avermelhado (c)
III Cor de vinho tinto (c/)
IV Marrom ( b )
V Vermelho -claro ( v)
na Figura 4.22 b indica se o cruzamento de fen ótipos Nos dados de teste de complementação na Figura
mutados parentais produz progénie do tipo selvagem 4.22b, damasco, amarelo-daro, cereja, coral e branco exi-
( indicada na tabela pelo sinal de mais: + ) ou progénie bem uma nâo complementação m ú tua. Esse resultado
mutada ( indicada na tabela pelo sinal de menos: -). identifica os cinco mutados ocorrendo no mesmo gene.
Qualquer par de mutados que complemente um ao ( Historicamente, o branco foi a primeira mutação identifi -
outro produzindo progénie do tipo selvagem consiste cada c o gene se tornou conhecido por esse nome.) Os ge-
em mutações de genes diferentes. ( Lembre se dos resul - - -
neticistas concluem que damasco, amarelo claro, cereja,
tados da interação génica complementar, ilustrados na coral e branco são alelos mutados do gene branco { w ) na
Figura 4.21 O.) Por outro lado, o cruzamento de pais Drosophila. Essas mutações formam o grupo de comple-
mutados produz apenas o fen ótipo mutado na progénie mentaçâo I. Por outro lado, as mutações marrom, cor de
quando as muta ções nâo complementam uma à outra e cravo, cor de vinho tinto e vermclho-daro complemen-
são mutações do mesmo gene. tam todos os outros mutados. Essa observação transmite
A análise da complementação da mutação da cor dos aos observadores a informação de que eles não são alelos
olhos na Drosophila , exibida na Figura 4.22b, se concentra de outro mutados, mas sim que cada mutado representa
nos cruzamentos que não se complementam, já que são um gene diferente. Cada um desses mutados forma seu
o resultado das mutações no mesmo gene. As mutações pró pno grupo de complementação (isto é, os grupos de
que não se complementam mutuamente são identificadas complementação II a V). Dentre os nove mutados da cor
como um grupo de complementação, consistindo em dos olhos da Drosophila examinados, cinco genes (cinco
um ou mais alelos mutados de um único gene Um grupo grupos de complementação) são identificados. Um gene
de complementação consiste em mutados cujos fenóti
pos não se complementam de maneira sistemá tica e que
- é representado por cinco mutados e os outros quatro são
representados por uma mutação cada.
complementam mutados em outros grupos. No contexto
genético, um “grupo de complementação" é sinónimo Observa çã o gen é tica A complementação ocorre
de "gene", pois os alelos mutados de cada grupo afetam quando dois mutados produzem progénie do tipo sefvagcm,
a mesma característica fenotípica. Desse modo, na aná - indicando que os organismos parentais carregam mutações de
lise da complementação genética, o n ú mero de grupos de genes diferentes. Por outro lado, a não complementação ocorre
complementação é igual ao número de genes. quando dois organismos carregam mutações no mesmo gene.
136 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ESTUDO DE CASO
j {
Identificaçã o de grupos de complementa ção do xeroderma pigmentoso
Neste estudo dc caso, examinamos o uso da aná lise da
complementação genética para identificar o n úmero de genes
^
cé lula h íbrida com dois núdcos» Um hctcrocário contem toda
a informação genética das duas células formadoras. A lógica
.
envolvidos em uma condição humana rara mas genetica - experimental é que, se as duas células contiverem mutações
mente heterogé nea , chamada xeroderma pigmentoso ( XP). de genes diferentes , o hctcrocário vai sofrer complementação
O XP é caracterizado pela sensibilidade grave à radiação genética que seria dctcctada como níveis normais ou quase
ultravioleta ( UV ) da luz solar c por um aumento dc até mil normais dc NER; mas, se as mutações forem no mesmo gene,
vezes na taxa dc câ ncer dc pele induzido pelo sol. Embora a NER seria mais ou menos a mesma no heterocário e nas li-
as abordagens experimentais para o teste de complementa - nhagens celulares individuais Essa análise dos níveis de NER
ção nos seres humanos sejam necessariamente diferentes das nos hetcrocá rios do XP indicou, no final das oontas, sete gru -
empregadas nos organismos cm laboratório, as interpretações pos de complementação de genes XP.
dos cruzamentos “seguem” os mesmos processos . Cada um dos sete genes associados ao XP teve sua fun -
As pessoas com XP são deficientes cm um tipo dc re - ção identificada c sua posição mapeada no genoma humano
paração do DNA. chamado reparação por excisão de nu - na última década, mais ou menos. Quatro dos genes produ -
cleot ídeos ( NER ), que. caso contrá rio, protegeria a pele dos zem proteínas necessá rias para remover um segmento da fita
danos induzidos pelo IJV que levam ao câ ncer. Na NER . do DNA danificada pela radiação UV como parte integrante
um pequeno trecho de DNA contendo a lesão induzida
pelo UV é removido c a lacuna é preenchida pelo novo
do processo de reparação do DNA. As prote ínas de dois ou
tros genes associados ao XP são necessárias para reconhecer
-
DNA (ver Capítulo 12). o dano ao DNA induzido pela radiação UV, depois de locali-
O trabalho de pesquisa que começou no final dos anos zado. O conhecimento da identidade dos sete genes associa -
1970 identifioou sete grupos de complementação, represen - dos ao XP levou à descoberta de que outras doenças heredi-
tando sete genes diferentes que sofreram mutação nas dife - tárias associadas ao câncer també m envolvem mutações de
rentes formas da XP. Duas abordagens identificam a existên - um ou outro dos genes associados ao XP ( ver Capítulo 12).
.
cia dc sete grupos de complementação Anthony Andrews e
seus colegas obtiveram cé lulas de pele cultivadas de pacientes 100
com XP e de controles normais c testaram a capacidade das foorroíes rmwnh
células para crescer após a exposição a doses medidas de ra-
.
diação UV ( Figura 4.23) As cé lulas foram expostas à luz UV
cm um comprimento dc onda dc 254 nm durante intervalos
diferentes e seu crescimento foi medido como a porcentagem
das cé lulas originais capazes dc formar colónias após a expo -
sição à radiação UV. Esses pesquisadores identificaram cinco
padrões diferentes de resposta à exposição aos raios UV que
são designados como grupos dc complementação A até E.
Outros pesquisadores mediram a resposta à exposição
ao UV de cé lulas de XP cultivadas, determinando o n ível de
NER ocorrido nessas culturas extra ídas de diferentes indi -
v íduos portadores de XP em comparação com células nor -
mais. Os resultados mostraram que as linhagens dc células
de XP variam quanto a seus níveis de NER , dc menos dc
5 % a aproximadamente 50% do normal . Esses resultados
podem scr uma decorrência dc sua presen ça cm genes dife-
rentes ou , como alternativa, de alelos hipomórficos diferen- *
Dose de UV (J/m )
tes no mesmo gene. •Escalo logarí tmica
A aná lise da complementação gené tica foi utilizada no Figura 4.23 Crescimento das culturas celulares de
estudo das culturas de células de XP com NER baixa para pacientes com xeroderma pigmentoso ( XP ) Cinco .
identificar as linhagens celulares portadoras dc diferentes mu - grupos de complementação do XP são identificados com
tações no gene do XP. Para isso, duas cé lulas de linhagens com base na capacidade de crescimento.
NER baixa foram fundidas para formar um hctcrocário uma .
RESUMO
4.1 As interações entre alelos produzem podem provocar expressão excessiva CHJ resultarem novas
relações de dominância funções.
mais parecidos com um íenótipo homozigoto que com o 4*3 A interação g énica modifica as razões
outro. mendelianas
Alelos codominantes são igualmente detectados no fenó-
tipo heterozigoto. A epistasia é revelada por seis razões alternativas que mo-
A interação dos produtos alélicos determina a relação de dificam a razão 9:3:3:1 prevista entre a progénie de um cru-
dominância entre alelos. zamento diibrido.
Os tipos sanguíneos ABO são produzidos por alelos cujos I Os tipos e razões da epistasia são a interação génica
produtos proteicos geram dominância ou codominància, complementar (9:7), a ação génica duplicada ( 15:1), a
dependendo do genótipo. interação génica dominante (9:6:1), a epistasia recessiva
(9:3:4), a epistasia dominante (12:3:1) e a supressão do-
I Vários alelos de um único gene podem exibir uma série de
relações de dominância que estabelecem uma série alélica.
minante (13:3) .
.
Os alelos letais podem matar os gametas Impedir o desen-
volvimento gestacional de certas classes de progénie ou 4.4 A análise de complementa çáo distingue as
podem surtir seu efeito letal mais tarde durante a vida. mutações no mesmo gene das mutações em
Nos traços limitados e Influenciados pelo sexo, os alelos se genes diferentes
manifestam de modo diferente em cada sexo.
I Na heterogeneidade genética, mutações em diferentes
genes podem produzir o mesmo fenótlpo.
4.2 Alguns genes produzem fenó tipos variá veis I A complementaçáo genética produz progénie com fenó-
tipo do tipo selvagem dos progenitores de linhagem pura
Na penetrância Incompleta, um alelo nem sempre tem o
para fenótlpos mutados similares. A detec çá o da comple-
efeito esperado sobre o fenó tipo.
mentaçáo genética significa que as mutações ocorrem em
I Na expressividade variável, organismos com o mesmo ge- genes diferentes.
nótipo tém diferentes graus de expressão fenotlpica .
I A não detecção da complementaçáo genética a partir do
Mutações pleiotrópicas afetam dois ou mais atributos de cruzamento de dois organismos mutados similares identi-
fenótipo independentes e aparentemente distintos. fica os alelos mutados como pertencentes ao mesmo gene.
T E R M O S- C H A V E
Alelo termossensivel (p. 114 ) epistasia dominante (razão 123:1) Mutação letal (alelo letal) (p, 114 )
Codominància (p. 110) (p. 132) Muta ção negativa dominante (p. 107 )
Complementaçáo genética (p. 133 ) epistasia recessiva (razão 93:4) (p. 132 ) Muta ção neomórfica (p. 109)
Dissecação genética (p. 126 ) interação dominante (razão 9:6:1) (p . Mutação nula (mutação amórfica)
Dominância incompleta (dominância 132 ) (p. 107)
.
parcial) (p 109) interação génica complementar Penetrância incompleta (não pene-
Expressividade variável (p. 119) (razão 9:7) (p. 129) trante, penetrante) {p. 119)
Grupo de complementaçáo (p. 135) supressão dominante (razão 133) Pleiotropia (p. 121 )
Haploinsuficiente (p. 107 ) .
(p 133 ) Série alélica (p. 112)
Haplossuficientes (p. 107 ) Interação gene-ambiente (p. 120 ) Traç o Influenciado pelo sexo (expressão
Heterogeneidade genética (p. J3J) Interação génica (p. 122 ) influenciada pelo sexo) (p. 118 )
Hipótese um gene-uma enzima (p. 124 ) Mutação de ganho de função (p 107 ) . Traç o limitado ao sexo ( expressão gé-
Idade de Início tardia ip. 118) Mutação de perda de função (p 107 ) . nica limitada ao sexo) (p. 117)
Interação epistática (epistasia) (p. 127 ) .
Mutação hipermórfica (p 109 ) Via biossintétlca (p. 123 )
ação génica duplicada (razão 15:1) Mutação leaky (mutação hipomórfica)
(P- T 29) (p. 107)
Conceitos do capítulo
1. Defina e diferencie penetrância incompleta e expressivi- mesma altura. Como você determinaria se essas duas li-
dade variável. nhagens mutadas carregam a mutação do mesmo gene
ou de genes diferentes?
2. Defina e diferencie epistasia e pleiotropia .
4. Quinze colónias bacterianas cultivadas em um meio
3. Durante o trabalho com plantas de cevada, dois pesqui - completo sâo replicadas em um meio mínimo. Doze das
sadores identificaram independentemente uma mutação
colónias crescem no meio mínimo,
de planta baixa e desenvolveram linhagens recessivas
homozigotas de plantas baixas. Medições cuidadosas a. Utilizando a terminologia do capítulo, caracterize as 12
da altura das plantas baixas mutadas versus plantas altas colónias que crescem no meio mínimo e as três coló-
normais indicam que as duas linhagens mutadas têm a nias que não crescem.
138 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
b. As trés colónias que náo crescem no meio mínimo são 7. A cor do tipo selvagem dos besouros cornudos é preta,
replicadas em meio mínimo acrescido do aminoácido embora outras cores sejam conhecidas. Um besouro cor-
serina (min + Ser) e as trés crescem. Caracterize essas nudo preto de uma cepa de linhagem pura é cruzado com
trés colónias. uma fémea verde de linhagem pura. Toda a sua progénie
c A via biossintética da serina é uma via de trés eta- . ,
Ft é preta Os integrantes da F cruzam aleatoriamente
pas na qual cada uma delas é catalisada pelo produto entre si e são produzidos 320 besouros na Fr A F consiste
^
enzimátko de um gene diferente, identificado como en- .
em 179 besouros pretos, 81 verdes e 60 marrons Use esses
zimas A, B e C no diagrama a seguir. dados para explicar a genética da cor do besouro cornudo .
Enzima A Enzima B
3-Fosfoglicerato — 3-Fosfo-hidroxipiruvato 8. Dois genes interagem para produzir razões fenotípicas
(3-PHP) entre a progénie F, de um cruzamento diíbrido.Projete uma
EnaTia C
3-Fosfoser í na Serina via diferente explicando cada uma das razões da F? a seguir
-
(3 PS) (Ser) usando genes hipotéticos Re Te supondo que o alelo do-
minante em cada lócus catalise uma reação diferente ou
O mutado 1 cresce apenas em min + Ser. Além do cresci- desempenhe uma ação que leve à produção de pigmento .
mento em min + Ser, o mutado 2 também cresce em min
3-PHP e min 3-PS. O mutado 3 cresce em min + 3 -PS
O alelo recessivo em cada lócus é nulo (perda de função) .
Comece cada via com um precursor incolor que produz um
.
e min + Ser Identifique a etapa da via de biossíntese da
fenótipo branco ou albino se não for modificada As razões
serina na qual cada mutado é defeituoso.
são da progénie F , produzida peio cruzamento de organis -
5. Em um tipo de periquito conhecido como budgie, a cor mos do tipo selvagem da F, com genótipo RrTt .
das penas é controlada por dois genes. Um pigmento .
^ ^,'
a azul-escuros : azul-claros : brancos
amarelo é sintetizado sob o controle de um alelo domi- b. brancos : verdes : - amarelos
nante Y. Os periquitos bomozigotos para o alelo reces-
sivo y náo sintetizam pigmento amarelo. Em um gene de c. £ verdes : amarelos : azuis : 6 brancos
segregação independente, o alelo dominante B dirige a d. vermelhos : brancos
síntese de um pigmento azul. Os homozlgotos recessi- e. pretos :- jV brancos
f. pretos : -jV cinzentos : albinos
vos com o genótipo bb náo produzem pigmento azul.
Os periquitos que produzem os dois pigmentos, amarelo
e azul, tèm penas verdes; os que produzem apenas
g. brancos: verdes ^
9. O grupo sanguíneo ABO segrega de modo independente
pigmento amarelo ou azul tém penas amarelas ou azuis,
respectivamente; e os periquitos que não produzem
do grupo sanguíneo Rhesus (Rh) e do grupo sanguíneo
nenhum dos dois pigmentos são brancos (albinos). .
MN Três alelos, f9 e /, ocorrem no lócus ABO Dois ale-.
los» R, um alelo dominante que produz Rh+, e r, um alelo
a. Apresente os genótipos dos periquitos verdes, amare-
los, azuis e albinos. -
recessivo para o Rh , são encontrados no lócus Rh e os
alelos codominantes M e N ocorrem no lócus MN. Cada
b. É feito um cruzamento entre um periquito verde e
gene é autossómico.
um periquito albino de linhagem pura. Quais são os
genótipos dos periquitos progenitores? a. Uma criança com tipos sanguíneos Af Rh- e M nasce
c Quais são os genótipos e fenótlpos da progénie T , do de uma mulher cujos tipos sanguíneos são O, Rh e -
cruzamento descrito na parte (b) ? MN e de um homem cujos tipos sanguíneos são A, Rh+
d Se os machos e fémeas da F, forem acasalados, quais são e M. Determine os genótipos de cada progenitor.
os fenótlpos previstos para a F2 e em quais proporções? b. Qual propor ção de filhos nascidos de um homem com
e. O cruzamento de um periquito verde e um amarelo pro- genótipo f4 /* Rr MN e de uma mulher com Rr NN terá
duz uma progénie com 12 verdes, 4 azuis,13 amarelos e os tipos sanguíneos B, Rh- e MN ? Explique.
3 albinos.Quais sào os genótipos dos progenitores ? c Um homem com os tipos sanguíneos B,Rh+ e N afirma que
não poderia ser o pai de uma criança com tipos sanguí -
6. Os grupos sanguíneos ABO e MN são fornecidos a seguir
neos O,Rh- e MN. A mãe da criança tem upos sanguíneos
para quatro conjuntos de progenitores (1-4) e quatro fi-
lhos ( a d). Lembre - se de que o grupo sanguineo ABO
.
A, Rh+ e MN O homem está certo? Explique .
.
possui trés alelos,t , Ia e / O grupo sanguíneo MN tem dois 10. Em ratos, o gene B produz a pelagem preta se o genótipo
alelos codominantes, M e N. Usando seu conhecimento for B-, mas o pigmento preto não é produzido se o genó-
sobre esses sistemas genéticos, faça a correspondência .
tipo for 66 Em um lócus independente, o gene D produz
entre cada filho com cada conjunto de progenitores que pigmento amarelo se o genótipo for D-, mas nenhum pig -
poderiam ter concebido esse filho e exclua qualquer con- .
mento é produzido quando o genótipo é dd A produção
junto parental que não poderia tê-lo concebido. de ambos os pigmentos resulta na pelagem marrom. Se
Mãe Pai nenhum dos dois pigmentos for produzido, a pelagem
ABO MN ABO MN é da cor creme. Determine os genótipos dos progenito-
1
2
0
B
M
N
B
B
M
N
res da ninhada com as seguintes distribuições fenotípicas .
3 AB MN B MN a. 4 marrons, 4 pretos, 4 amarelos, 4 creme
4 A N B MN b. 3 marrons, 3 amarelos, 1 preto, 1 creme
Filhos c. 9 pretos, 7 marrons
ABO
a B
MN
M
.
11 Nos ratos identificados no Problema 10, um terceiro gene
que segrega de modo independente envolvido na deter-
b O M
c AB MN minação da cor da pelagem nos ratos é o gene C Nesse
d B N lócus, o genótipo C- permite a expressão do pigmento
Capí tulo 4 Interação gènlca 139
dos genes BeD. Ho entanto, o genótipo cc impede a ex- produzidas por plantas que têm produção plena de anto-
pressão da cor da pelagem e resulta em ratos albinos. Em cianina e a flores cor de marfim são produzidas por plantas
cada um dos seguintes cruzamentos, determine a razão incapazes de produzir antodanina. O alelo An J tem ativi-
fenotíplca prevista para a progénie, dade plena na produção de antocianina e o alelo An2 é nulo.
a . BbDDCc X BbDdCc O Dr. Ara B. Dopsis, um famoso pesquisador de genética,
b. BBDdccXBbddCc cruza bocas-de-dragáo de linhagem pura vermelhas com
c. bbDDCc X BBddCc flores de linhagem pura cor de marfim e produz uma pro
d. BbDdCC X BbDdCC génie F, com plantas de flor rosa. Ele propõe que esse resul-
tado é a consequência da dominância Incompleta e cruza
12. Usando as informações fornecidas nos Problemas 10 e
a F, para testar sua hipótese. Quais fenótipos o Dr. Dopsis
11, determine o genótipo e o fenótipo dos progenitores
prevê que serão encontrados na F2 e em quais proporções?
que produzem a seguinte progénie:
15. Uma linhagem de plantas com fertilidade reduzida
b. ^I
a. marrons : pretos : albinos
pretos :|creme : jj albinos
chama a atenção de um criador de plantas que observa
que as vagens das sementes costumam conter uma mis-
c.
*4
creme
marrons : & albinos :
^ amarelos : *
4 pretos : ãí tura de sementes visíveis que podem ser plantadas para
produzir novas plantas e sementes murchas que não
J
d. marrons : > amarelos brotam. O criador examina várias vagens de sementes na
13. O colesterol total no sangue é apresentado como o nú linhagem de fertilidade reduzida e conta 622 sementes
mero de miligramas (mg) de colesterol por 100 mililitros viá veis e 204 inviáveis.
(ml) de sangue. A faixa normal é 180-220 mg/ 100 ml. Uma a. Qual mecanismo de um único gene explica melhor a
muta ção genética que altera a função dos receptores de observa ção do criador?
colesterol da superfí cie celular restringe a capacidade das b. Proponha outro experimento para testar o mecanismo
células para coletar o colesterol do sangue e levá-lo para as genético proposto por vocé. Se sua hipótese estiver
células. Esse defeito resulta em ní veis elevados de coleste- certa, qual resultado experimental você prevê ?
rol no sangue. Indivíduos heterozigotos para um alelo mu-
16. No gado, uma mutação autossômica dominante cha-
tado e um alelo do tipo selvagem tém níveis de 300-600
mada Oexfer produz bezerros de baixa estatura e mem-
mg/100 ml e os homozigotos para a mutação têm níveis
bros curtos. Os embriões homozigotos para essa mu-
de 800- 1.000 mg/ 100 ml. Identifique o termo genético que
ta ção têm um desenvolvimento bastante atrasado e
melhor descreve a herança dessa forma de ní vel de coles
abortam espontaneamente ou nascem mortos. Quais
terol elevado e justifique sua escolha.
fenótipos da progénie você prevê a partir do cruzamento
14. A cor da flor na boca-de-dragão resulta da quantidade de de dois exemplares de gado Dexterl Quais são as propor-
pigmento antocianina nas pétalas. As flores vermelhas são ções previstas para esses fenótipos?
19. A cor das penas em periquitos é produzida pela mistura b. Qual fenómeno genético explica os resultados da F 2 ?
de pigmentos produzidos por duas vias biossíntéticas Use símbolos alélicos de sua escolha para explicar os
exibidas a seguir. Quatro genes que segregam de modo resultados da
Independente (A, B, C e 0) produzem enzimas que catali- 22. O xeroderma pigmentoso (XP) é uma condição aulossômica
.
sam etapas diferentes nas vias Para as questões a seguir, recessiva caracterizada peia sensibilidade que vai de mode-
use uma letra maiuscula para indicar um alelo dominante rada a grave à luz ultravioleta (UV ). Os pacientes desenvol-
produzindo atividade enzimá tíca plena e uma letra mi- vem multas lesões na pele exposta ao UV e frequentemente
núscula para indicar um alelo recessivo que não produz desenvolvem câncer de pele como consequência dessa
enzimas funcionais. As cores das penas produzidas pela exposição. O XP é provocado pela reparação deficiente dos
mistura de pigmentos são verdes {amarelo + azul) e roxas danos ao DNA provocados pela exposição è luz UV .
{ vermelho + azul). As penas vermelhas, amarelas e azuis re-
sultam da produção de um pigmento colorido e as penas
.
a Sabe - se que muitos genes estão envolvidos no reparo
dos danos ao DNA induzidos pela luz UV e vários des-
brancas resultam da ausência de produção de pigmento .
Enzima A Enzima B
ses genes estão Implicados no XP. Qual fenómeno ge -
nético é ilustrado pelo XP?
Via I: Composto I — Composto II —* Composto III b. Uma série de 10 linhagens de células epiteliais foi culti
(Incolor) (vermelho) (amarelo)
vada a partir de diferentes pacientes portadores de XP .
Enzima C Enzima D As células dessas linhagens foram fundidas e os hetero-
Via IK; Composto X
(incolor)
— Composto Y
(incolor)
Composto Z
(azul)
cários foram testados quanto á complementação gené -
tica pelo teste de sua capacidade para reparar danos ao
.
a Qual é o genótipo de uma cepa de periquito de linha- DNA provocados por uma quantidade moderada de ex-
gem pura com penas roxas? posição à luz UV. Na tabela a seguir, + Indica que a linha -
.
b Qual é o genótipo de uma cepa de periquito de linha- gem celular da fusão executa uma reparação normal
gem pura com penas amarelas ? dos danos ao DNA por mutação e - indica uma repara-
c Se uma cepa de periquito de linhagem pura com ção defeituosa. Use essas informações para determinar
penas azuis ( aa BB CC DO ) for cruzada com uma linha- quantos genes de reparação do DNA sofreram mutação
gem pura de penas roxas, preveja os genótipos e fenó- nas 10 linhagens celulares e identifique quais linhagens
.
tipos da F, Explique . celulares compartilham os mesmos genes modificados.
d Se os pássaros da F, identificados na parte (c) forem cruza- 1
dos aleatoriamente, quais fenótipos você prevê na gera - 2 4 -
ção F?? Quais são as razões entre os fenótipos? Explique .
20. A braquidactilia do tipo D é uma condição autossômica
3 -
4
4 +
dominante na qual os polegares são anormalmcnte O
curtos e largos. Na maioria dos casos, os dois polegares 3 5 4- - - -
I 4
.
vido A genealogia a seguir mostra uma família em que 7 - 4- - 4-
4 4
a braquidactilia do tipo D estâ sendo segregada. Os cír-
culos e quadrados preenchidos representam mulheres
8 4 - + + + +
9
e homens que tiveram os dois polegares envolvidos. Os
símbolos preenchidos pela metade representam mem-
10 4 - 4- 4- 4- - - 4- -
4
pigmentados e 25 são albinos. a. Para que quantidade de genes existem alelos segregando
a. Usando símbolos claramente identificados para os ale- no cruzamento G, X Y? E no cruzamento G X Y? E no cru-
los, de sua própria escolha, forneça os genótipos dos , ^
zamento G X Y? Explique sua lógica para cada resposta.
,
camundongos parentais e da F . Qual fenômeno gené- b. Usando os símbolos de alelo A c a, B e b c D c d para
tico explica esses fenótipos parentais e da Ft ? representar os alelos nos genes que est ão segregando,
Capí tulo 4 Interação gènlca 141
forneça os genótipos das plantas parentais e da F , em c Se a F , dos cruzamentos I e II for acasalada, preveja a
cada cruzamento. razão fenotipica da progénie.
c. Para cada conjunto da progénie Fy forneça uma expli- 27. A sí ndrome de Marfan é um transtorno autossômico do-
ca ção genética para a razã o amarelo : verde. Quais são minante presente em seres humanos. Ela resulta da mu-
os genótipos das plantas de lentilha amarelas e verdes ta ção do gene no cromossomo 15, que produz a proteína
da f 2 no cruzamento G2 X Y ? fibrilina do tecido conjuntivo. Em sua forma do tipo selva-
d. Se as cepas de semente verde G, e G, forem cruzadas, gem, a fibrilina confere elasticidade ao tecido conjuntivo,
quais são o fenótipo e o genótipo da progénie F,? como a cartilagem. No entanto, submetida à mutação,
e. Qual proporção da F , deve ser verde ? Explique. a fibrilina é r ígida e produz uma gama de complicações
f. Se as cepas G 3 e G, forem cruzadas, qual ser á o fenó- fenotipicas, incluindo o crescimento excessivo dos ossos
tipo da F,? longos da perna e do braço, depressão torácica, desloca-
g. Qual proporção da F? terá sementes amarelas? Explique. mento do cristalino e susceptlbllklade ao aneurisma aór -
24. A flor de cor azul é produzida em uma espécie de ipo- tico, que pode levar á morte súbita em alguns casos.
meias quando os alelos dominantes estáo presentes em São observados diferentes conjuntos de sintomas
dois lócus génicos, A e B. (Plantas com genótipo A B - entre vários membros da família, como mostra a genea-
tém flores azuis.) As flores roxas resultam quando um logia a seguir. Cada quadrante de círculos e quadrados
alelo dominante está presente em apenas um dos dois representa um sintoma diferente, como indica a legenda.
.
lócus génicos, A ou B (Plantas com genótipos A-bb e
grO
oaB- são roxas.) As flores são vermelhas quando a planta
é homozigota recessiva para cada gene (isto é, aobà ) .
a. Duas cepas roxas de linhagem pura são cruzadas e
todas as plantas da F, tèm flores azuis. Quais são os
t õúò
genótipos das plantas parentais?
b. Se duas plantas da F, forem cruzadas, quais são os fe-
nótipos previstos e as frequências na F3?
c. Se uma planta da F1 for cruzada com uma das plantas
Ossos longos
Deslocamento do cristalino s Depressão torácica
Aneurisma aòrtico
Como todos os casos de síndrome de Marfan são provo-
cados pela mutação do gene da fibrilina e todos os mem-
parentais de linhagem pura, qual é a razão fenotípica
bros da família com essa síndrome são portadores do
prevista para a progénie? Por que a razão fenotípica é
mesmo alelo mutado, como você explica as diferenças
.
igual Independentemente de qual cepa parental for exibidas na genealogia ?
escolhida para o cruzamento?
28. As leveduras são organismos eucar íótlcos unicelulares
25. Os cruzamentos a seguir são realizados em ipomeías cuja
que crescem em uma cultura como haploides ou diploi-
cor da flor é determinada conforme a descrição no Pro-
des. As leveduras diploides são geradas quando duas
blema 24. Use os dados de segregaçã o para determinar o
cepas haploides se fundem. Sete cepas haploides de le-
genótipo de cada planta parental.
vedura exibem hábitos de crescimento similares: a 25* C
Fenótipos parentais Fenótipos da progénie cada cepa cresce normalmente; mas, a 37* C, elas exibem
a. azul x azul azul: 4 roxo capacidades de crescimento diferentes. A tabela a seguir
4
exibe o padrão de crescimento.
b. roxo X roxo l azul: \ roxo: \ vermelho Crescimento da cepa
c. azul x vermelho $ azul: \ fo*o: 4 vernr>elho A B C D E F G
d. roxo X vermelho ] roxo:\ vermelho 25*C
37*C O I O O O O I
e. azul X roxo |azul: \ roxo: J vermelho
% Crescimento normal
26. Duas cepas de linhagem pura de abóbora produzindo
£ Crescimento lento
O Sem crescimento
fruto amarelo, Y , e Y , são cruzadas com uma cepa de li-
^ bora produzindo fruto verde, G , e a. Descreva a natureza da mutação que afeta cada gene
nhagem pura de abó , dessas cepas de levedura mutadas. Explique por que,
também são cruzadas entre si. São obtidos os seguintes
a 37* C, as cepas B e G exibem hábitos de crescimento
resultados:
diferentes das outras cepas.
Cruzamento P Fi Fz b. Cada um dos pares mutados de leveduras haploides é
I ,
Y ( amarelo) todas ! amarelo : 4 verde fundido e os diploides resultantes são testados quanto
x G| (verde ) amarelas à sua capacidade para crescer a 37° C Os resultados do
experimento de crescimento são exibidos a seguir.
II Y2 (amarelo) todas verdes ] verde : J amarelo
x Gx ( verde ) Dados de crescimento a 37° C
Cepa
III ,
Y ( amarelo) todas
XY2 (amarelo ) amarelas
amarelo :
Quantos genes diferentes sofrem mutação entre essas cL Usando qualquer uma das 100 plantas da progénie, pro -
sete cepas de levedura? Identifique as cepas que repre- ponha um cruzamento que verifique a conclusão que
sentam cada mutação gènica. você propôs na parte (c). As plantas podem ser auto-
fertllizadas ou uma planta pode ser cruzada com outra.
29. Durante seu trabalho como assistente de laboratório nas
Qual resultado será coerente com a hipótese 1:2:1? Qual
. .
instalações de pesquisa do Df O Sophila, um geneticista
resultado será coerente com a hipótese 93
* :4?
mundialmente famoso, você se depara com uma garrafa
Incomum, cheia de moscas -da - fruta. Todas as moscas na .
31 O tipo sanguíneo ABO humano é determinado por três
garrafa parecem normais quando estão em uma incuba- alelos (?*, f e i ) cujos produtos génicos modificam o anti-
dora configurada a 22* C. No entanto, quando sào passa geno H produzido pela atividade proteica de um gene H
das para uma incubadora a 30* C algumas das moscas que segrega de modo independente. Uma anomalia rara,
lentamente vão ficando paralisadas; e apó s 20 a 30 minu- conhecida como'fenótipo Bombaim' é o resultado da in-
tos, elas não conseguem se mexer. Voltando para 22* C, teraçã o epist á tíca entre o gene do grupo sanguíneo ABO
as moscas restabelecem sua capacidade para se mexer e o gene H. Os indivíduos com o fenótipo Bombaim pa-
após 30 a 45 minutos. recem ter tipo sanguíneo O baseado na incapacidade de
Com o incentivo do Dr. Sophila, você estabelece 10 os anticorpos anti- A e anti-B detectarem um antígeno. O
cruzamentos entre moscas que exibem comportamento tipo sanguíneo O aparente no fenótipo Bombaim deve-
incomum. Dentre a progénie de 812 moscas, 598 exibem -se á ausência do antígeno H em consequência das muta-
o comportamento incomum e 214 não o exibem. Quando ções recessivas homozigotas do gene H. Indivíduos com
você deixa uma dessas garrafas de teste em uma incuba- fenótipo Bombaim têm genótipo hh. Use as informações
dora a 30* C por tempo demais, descobre que mais de 2 anteriormente citadas para fazer previsões sobre o resul -
horas em alta temperatura matam as moscas paralisadas. tado do cruzamento exibido a seguir.
.
Quando vocé conta isso ao Dr Sophila, ele diz:'Ah ha! Eu WHhXWHh
sei qual é a explicação genética para essa condição* Qual é
a explicação dele? 32. Em coelhos, o albinismo é uma condição autossòmica re-
cessiva provocada pela ausência do pigmento melanina
30. O Dr. Ara B. Dopsis e o Dr. C EJlie Gans est ão realizando .
na pele e no pelo A pigmentação é um traço dominante
cruzamentos genéticos em margaridas. Eles autofertili- .
do tipo selvagem Três cepas de linhagem pura de coelhos
zam uma margarida de flor azul e criam uma progénie de albinos, Identificadas como cepas 1, 2 e 3, sáo cruzadas
100 plantas que consistem em 55 de flor azul, 22 de flor . ,
entre si Na tabela a seguir, as progénies F e F: sào exibidas
. .
roxa e 23 de flor branca O Dr Dopsis acredita que isso para cada cruzamento. Com base nos dados disponíveis,
é o resultado da segregação de dois alelos em um iócus proponha uma explicação genética para os resultados .
.
e que a razão da progénie é 1:2:1 O Dr. Gans acha que Como parte integrante de sua resposta, crie genótipos para
os fenótipos da progénie são o resultado de dois genes cada cepa albiria usando símbolos claramente definidos de
* :4.
epistátkos e que a razão é 93 .
sua própria escolha Use seus símbolos para diagramar cada
Os dois dentistas pedem para que você resolva seu cruzamento,fornecendo os genótipos da F e da F .
{
conflito realizando uma análise do qunquadrado nos dados Cruzamento Progénie F1 Progénie F2
.
de ambos os mecanismos genéticos propostos Para cada
56 albinos
mecanismo proposto, preencha os valores solicitados no for- Cruzamento A cepa 1 192 albinos
mulário que os pesquisadores forneceram para sua análise, Xcepa 2
Cruzamento B cepa 1 72 pigmentados 181 pigmentados,
.
a Use o formulário a seguir para calcular o qui-quadrado
Xcepa 3 139 albinos
da hipótese 1:2:1 do Dr. Sophila . Cruzamento C cepa 2 34 pigmentados 89 pigmentados,
Fen ótipo Observado Previsto Xcepa 3 72 albinos
Azul 55
Roxo 22
.
33. O Dr. O. Sophila, um amigo intimo do Dr Ara B. Dopsis,
examina os resultados da F2 que o Dr. Dopsis obteve em
Branco 23 seu experimento com a flor íris, descrito na Análise Gené-
Valor do qui-quadrado: dt Valor de p > tica 43. O Dr. Sophila acha que a progénie F 2 demonstra
.
b Use o formulário a seguir para calcular o qui-quadrado que um único gene com dominâ ncia incompleta produ-
da hipótese 93:4 do Dr. Gans. ziu a razão 1:2:1.0 Dr. Dopsis insiste que sua proposta de
Fenótipo Observado Previsto
epistasla recessiva produzindo uma a 9:4:3 est á correta .
Azul 55
.
Para testar sua proposta, o Dr Dopsis examina os dados
da F2 partindo dos pressupostos do modelo de domi-
Roxo 22 nância incompleta de um único gene usando análise do
Branco 23 qui-quadrado. Calcule e interprete esse valor do qui-qua-
Valor do qui-quadrado: df.- Valor dep > drado. O Dr. Dopsis pode rejeitar o modelo de dominân-
c Qual é sua conclusão a respeito dessas duas hipóteses cia incompleta de um único gene com base nessa aná-
genéticas? lise? Explique por quê.
Ligação e mapeamento Capítulo
genético nos eucariotos
APRESENTAÇÃO
5
5.1 Os genes ligados nào segregam de maneira
independente
5.2 O mapeamento da ligação gènica se baseia na
frequência de recombinaçâo entre os genes
5.3 A aná lise do cruzamento-teste de três pontos
mapeia os genes
5.4 A recombinaçâo resulta do Crossing over
5.5 Os genes humanos ligados sáo mapeados
usando a análise do lod score
5.6 A análise da ligaçáo gêmea investiga a evolução
do genoma
5.7 A ligação gènica nos eucariotos haploides é
identificada pela análise das tétrades
5.8 O crossing-over mitótico produz fenótipos
característicos
Indicações da ligação génica 50% e que a frequência dos gametas não parentais { Ab e
aB ) também é 50%.
A ligação génica pode ser reconhecida comparando
A Figura 5.1b ilustra a produção dos genótipos dos
as frequências observadas dos genótipos dos gametas,
gametas nos genes sintènicos De E ligados. O progeni-
ou dos fenó tipos da progénie, com as frequências pre-
tor DDEE produz gametas parentais DE e o progenitor
vistas sob os pressupostos da segregação independente.
ddee produz gametas de. A progénie F, diíbrida consiste
Se os genes forem ligados, os gametas parentais tam- — cm DdEe , portando os genes D e E cm um cromossomo
bém conhecidos como gametas não recombinantes — e d e e. no homólogo. Essa organização de alelos pode
que contém combinações parentais dos alelos ser ão
ser escrita na forma DE/det com a barra (“O separando
produzidos com muito mais frequência do que o pre
.
visto pelo acaso O excesso de gametas parentais tam-
- os alelos portados pelos membros do par de cromos-
somos homólogos. Com a ligação génica, a taxa de re-
bém pode resultar em uma progénie na qual os fenóti - combinação entre os alelos é baixa e as combinações
pos parentais para os genes ocorram com muito mais
frequência do que o previsto pelo acaso . de alelos parentais costumam ficar juntas durante a
meiose, levando à produção de gametas parentais ( DE e
A Figura 5.1 ilustra a identificação da ligação génica
pela comparação das frequências dos genótipos de ga - de ) em uma frequência combinada bem maior que 50%.
-
meta para dois cruzamentos, um ilustrando a segrega
ção independente e outro ilustrando a ligação génica.
- A baixa frequência de crossing over nos genes intima-
mente ligados resulta na produção de gametas recombi-
Na Figura 5.1a, os genes A e B estão em cromossomos nantes, ou não parentais (De e dE) , em uma frequência
diferentes e os alelos segregam de modo independente. combinada bem menor que 50%.
Os organismos parentais são AABB e aabb e seus game- A ligação génica completa é observada quando não
tas AB e ab são os gametas parentais. A progénie F ( con - ocorre qualquer recombinação entre genes ligados. A li-
siste em diíbridos ( AaBb ) e a segregação independente gação génica completa pode ser identificada, por exemplo,
prevê que esses diíbridos produzirão quatro gametas nos casos em que um diíbrido produz dois gametas igual-
geneticamente diferentes em uma razão de 1:1:1:1 Re - . mente frequentes contendo apenas combinações de alelos
pare que a frequência dos gametas parentais ( AB e ab ) é parentais e nenhum gameta recombinante (Figura 5.2a).
.
I I
Formação do gameta Formação do gameta Formação do ga meta Formação do gameta
1
AB
B
ab
b
DE
^ DE
União dos
* de
d
*
União dos gametas
oametas
A B
Os genes segregam de O oossing-cvpr pode
F, modoíndependente. ocorer entre homólogos.
a b
AaBà Ddte (De/de)
Ato
a
A
B
b - 25%
= 25%
- Gametas não
parentais ( “ 50%)
De
dE
De
dE
« 25%
« 25%
- Gametas não
parentais {« 50%)
A segregação independente prevê 25% de cada tipo de gameta com Os gametas parentais são bem mais frequentes
gametas parentais e não parentais, com cada um totalizando 50% . e os não parentais oem menos frequentes do
que o previsto pela segregação independente.
Figura 5.1 Segregação independente versos ligação génica. (a) Para esse dilbrido, a previsão é de quatro gametas geneticamente
diferentes na proporção de 25% cada um quando os genes segregam de modo independente, (b) Quando os genes estão ligados,os
gametas parentais são muito mais frequentes do que o previsto peio acaso e são mais frequentes que os gametas não parentais.
146 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
( a ) Liga çã o gê nica completa (sem crossing-over ) ( b ) Liga ção gé mea incompleta [crossing-overem 20% òos gametas)
Centrómero
RT r t
Os genes sintênicos
.
são ligados P x
r t
Genes ligados
Nenhum
FG -
crossing aver R T O Crossing cuerocone
F, entre Fi em 20% cias meioses;
9
cromossomos
homóicços. r t -
nenhum crossing o^er
ocorre nos outros 80%.
FG/ fg KTM
I I
Formação do gameta Formação do gameta
\ l
Genótipo Fenótipo Frequência Genôti Fenótii Frequência
FG RT
FG
f
= 50% — Gametas RT
r f
= 40% - Gametas
f9 = 50% parentais ri
R t
= 40% =
parentais ( 80%)
-
(c) Ligação génka incompleta ( crossing over em 40% dos gametas) Os gametas parentais são 80% e os recombinantes são
20% nesses geres
M n m N
P x i i O Genes ligados F igura 5.2 Ligação génka completa versus
i i o incompleta, (a ) Os genes que exibem ligação génka
M n m N
Mn/ Mn mN / mN completa não recombinam e todos os gametas são parentais.
I ( b) Os genes ligados com frequência de 20% de recombinaçáo
Formação do gameta Formação do gameta produzem 20% de gametas n ão parentais e 80% parentais.
M n m N \ (c) Os genes ligados com frequência de 40% de recombina çáo
à i O produzem 60% de gametas parentais e 40% não parentais.
Mn mN
iniá o dos gametas
A ausência dc recombinaçáo entre os homólogos normal-
mente tem uma base biológica específica. Certos organis-
M n
O cmssirsg-orer ocorre mos, incluindo os machos de Drosophila e outros machos
em 40% das meioses na ordem dos insetos Diptera (da qual a Drosophila é
i O •
m N
Mn/ mN
membro), exibem ligação génka completa. Não há recom -
I binaçáo entre os cromossomos homólogos nessas moscas
Formação do gameta macho. A base biológica da ausência de recombinaçáo
i nesses organismos ainda é desconhecida.
Genótipo Fenótipo Frequência A ligaçã o génica incompleta é bem mais comum
M n
Mn = 30 - Gametas
% nos genes ligados. A recombinaçáo resultante entre os
m N homólogos produz uma mistura de gametas parentais e
mN i IO = 30% parentais ( 60%) não parentais. No diíbrido da exibido na Figura 5.2 b, Ft
M N
MN
m/i
m n
»
i O = 20%
20%
Gametas
—
recombinantes (= 40%)
a recombinaçá o produz quatro gametas geneticamente
diferentes, dos quais dois são parentais e dois sã o n ã o
parentais ( recombinantes) Os dois gametas parentais .
Os gametas parentas são 60% e os t êm , cada um, aproximadamente a mesma frequ ê ncia
recombinantes são 40% nesses geres. e seu total é muito maior que 50% de todos os game -
.
tas Nesse exemplo, a frequência de cada gameta pa
rental ( RT e rt ) é 40% e a frequência total dos gametas
-
parentais é 80%. Os gametas recombinantes, que tê m
combinações de alelos n ã o parentais, são aproxima -
damente iguais cm frequência entre si c constituem
muito menos de 50% de todos os gametas. Nesse caso,
Cap ítulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 147
um total de 20% dos gametas é recombinante: 10% dos Quando os traços foram estudados separadamente,
gametas são Rt e 10% são rT. Como as proporções rela - os genes da cor da flor e do formato do pólen obedece-
tivas dos gametas parentais e recombinantes dependem
-
da frequência do crossirtg over dos genes ligados, as pro-
—
ram às regras da segregação gerando razões fenotí pi
cas 3:1 entre a F por exemplo. Mas Bateson e Punnett
^
-
porções sào diferentes entre os pares de genes ligados. partiram para o estudo de ambos os traços nas mesmas
Repare que as porcentagens de gametas diferentes obti
das para o cruzamento na Figura 5.2c são diferentes das
- plantas, com a intenção de testar a lei da segregação in
dependente. Eles cruzaram plantas de linhagem pura,
-
encontradas na Figura 5.2b.
A frequência de recombinação, expressa como a va -
flores roxas e grão de pólen comprido { PPLL ), com plan
tas de linhagem pura, flores vermelhas e grão de pólen
-
riável r , define a taxa de recombinação de um determinado
par de genes ligados. O valor de r é expresso como
-
redondo { ppll ) Conforme previsto, a F, consistiu exclusi-
vamente em plantas de flores vermelhas e grão de pólen
n ú mero de gametas recombinantes comprido, e essas plantas foram cruzadas para obter a
r= progénie F.r Mas, então, em vez da razão 9:3:3:1 prevista
n ú mero to9 £ iBoni
A frequê ncia de recombinação varia entre os dife - pela hipótese da segregação independente, uma parcela
-
rentes pares de genes sintênicos, dependendo aproxi
madamente da distâ ncia que separa os genes no cro
-- muito maior que o esperado da progénie F2 exibiu com
binações parentais de fenótipos e muito menos plantas
mossomo. Comparando a Figura 5.2b com a Figura 5.2c, exibiram combinações não parentais (Tabela 5.1 ).
Na F2, Bateson e Punnett observaram que os dois fe-
por exemplo, vemos que a frequência de recombinação
é 20% ( r = 0,20) na Figura 5.2b e 40% (r = 0,40) na Figura
— —
nótipos parentais roxo comprido e vermelho redondo
estavam muito acima das frequências previstas e que
5.2c. A maior frequência de recombinaçã o na Figura
5.2c, em comparação com a Figura 5.2b, é mais prova
velmente a consequência de uma distâ ncia maior entre
- melho comprido
— —
os dois fenótipos não parentais roxo redondo e ver-
estavam muito abaixo das frequên -
cias previstas. Essa obser\ração levou Bateson e Punnett a
os genes N e Aí do que entre os genes T e R. A corre - sugerirem que as duas combinações de alelos carregadas
lação entre a frequência de recombinaçã o e a distância
entre os genes pode ser expressa de duas maneiras equi -
-
valentes: ( 1) o crossing over ocorre em uma taxa maior
— —
pelos progenitores PLepl permaneciam juntas fre-
quentemente quando eram transmitidas pelos gametas
entre os genes separados por uma distâ ncia maior e em
para as gerações subsequentes por intermédio de um me-
uma taxa menor nos genes mais próximos uns dos ou - canismo desconhecido. Bateson e Punnett descreveram
tros; e ( 2) os genes ligados com frequências de recom - esses alelos como “ unidos". Eles descreveram o surgi
mento de novos genótipos não parentais na F2 como um
-
binação mais altas sào mais distantes uns dos outros do
que os genes ligados com frequências de recombinação indicativo de "repulsão” dos alelos parentais para produ -
mais baixas. Existem algumas advertências a essa gene - zir fenótipos n ão parentais na progénie.
raliza ção, como discutimos nas seções posteriores. Em 1911, Morgan realizou o primeiro de muitos
cruzamentos que confirmaram e explicaram a observa -
ção de união e repulsão identificadas por Bateson e Pun-
Observa çã o gen é tica Quando os genes são ligados, nett. Morgan , nessa época, identificou vários genes no
os gametas carregam combinações parentais de alelos com cromossomo X da mosca-da -fruta, incluindo o w ( olhos
muito mais frequência do que o previsto pelo acaso e carre- brancos) e o m ( asa vestigiais). A Figura 5.3 ilustra que
gam combinações nã o parentais com muito menos frequên - Morgan cruzou uma fémea de linhagem pura de olhos
cia que o esperado. A frequência de recombinaçã o (r) entre
brancos e asas vestigiais ( wm/ wm ) com machos ho-
genes ligados expressa a proporção dos gametas recombinan - mozigotos do tipo selvagem de olhos vermelhos e asas
tes ( não parentais) e as frequências de recombina ção aumen - completas ( w^ m^ /Y ). A barra , /, usada nesses genótipos,
tam com a distâ ncia entre os genes. separa os alelos carregados pelos cromossomos X homó-
K
Figura 53 Análise de Morgan da
ligação gênica dos genes ligados ao
X para a cor dos olhos ( w ) e o formato
.
das asas ( m ) O nú mero da progé nie
-
do cruzamento teste com cada fenótipo
é comparado com os valores previstos, w m m*
que sáo determinados pela suposição da P
segregação independente dos genes. w m
wm/wm 9 w*m*/ f a
Olhos brancos Olhos vermelhos
Asas vestigiais Asas completas
l I
9 wm /Y <3
Olhos vermelhos Olhos brancos
Asas completas Asas vestigiais
Fenótipos/Genótipos
N ú mero N ú mero
Fêmeas Machos observado previsto
w m’ *
w' m *
kv m
*
791 (2.441)( ) • 610,25
*v'm‘Avm w*m 7V
Olhos vermelhos Olhos vermelhos
Asas completas Asas completas
wm /wm wm/V
Olhos brancos Olhos brancos
Asas vestigiais Asas vestigiais
w' m w’ m
iv m
445 ( 2.441)( )
^ 610,25
445 455
Porcentagem de recombinantcs 0369
2.441
w 1
w w w w' w' w w w' w w w w w w w‘
Cromossomos homólogos Formação do complexo Conclusão do crossing-over Formação dos gametas (final
(início na pr ófase I) sina ptonémico (início da prófase I) ( final da metáfase I ) da telófase II. quatro gametas)
-
Figura 5.4 Hipótese de crosslng ovtr de Morgan. Cada homólogo contém Iniclalmente
cromátides irmãs idênticas. Um ú nico crotsing -over produz duas cromátides recombinantes.
O aosiing^Jrtraiò gametas
parentais e não parentas
após a segregação
A realização da meiose produz dois gametas parentais e dois recombinantes.
Com base nesse resultado, Morgan propôs que os cessiva contribui apenas com os alelos recessivos para a
fenótipos parentais são produzidos quando os gametas progé nie do cruzamento- teste. Por outro lado, a mosca
da fémea F, carregam cromossomos com os mesmos ale- diíbrida pode contribuir tanto com um alelo dominante
los que os progenitores, neste caso, w* m' e wm. Os ovos de um gene, situação em que a progé nie exibe o fen ó -
contendo alelos parentais se unem com espermatozóides tipo dominante, como com o alelo recessivo, produ -
que carregam i v e m n o cromossomo X ou que carregam zindo, assim, a forma recessiva do traço.
o cromossomo Y e os fenótipos parentais (os mesmos Em um experimento, Morgan usou a análise do cru -
fenótipos das moscas da geração P) são produzidos. De zamento-teste para examinar a ligação gênica dos genes
modo oposto, fenótipos não parentais são o resultado da autossòmicos que afetam a cor dos olhos e o formato das
recombí naçào entre cromossomos X homólogos durante asas. A cor dos olhos na DrosophiLi é vermelha se um alelo
a meiose da fémea da F, ( Figura 5.4). A produção de cro- autossômico dominante pr' estiver presente, enquanto a
mossomos recombinantes portadores de w* m ou wm* cor dos olhos roxa recessiva é produzida quando o único
exigiu a reorganização ( recombínaçào) dos cromossomos alelo presente é o pr. A asa completa é o produto de um
X homólogos. A união de ovos contendo cromossomos X alelo autossômico dominante vg* e sua contraparte reces-
recombinantes com os espermatozóides produziu uma F2 siva, a asa vesrigial, é determinada pelo alelo vg. Morgan
com fenótipos não parentais. Morgan confirmou essa ex - cruzou moscas-da fruta de linhagem pura, para olhos ver-
'
plicação através do exame de muitos outros pares de genes melhos e asas completas com moscas de linhagem pura,
ligados no cromossomo X da mosca-da- fruta. .
olhos roxos e asas em miniatura Figura 5.5a ) A F, consis-
tia uniformemente em olhos vermelhos e asas completas
Detecção da ligação gênica autossõmica ( pr \>g / pr vg). Depois, Morgan fez um cruzamento-teste
por meio da análise de cruzamento-teste de fêmeas diibridas da F, com machos de olhos roxos e
Voltando sua aten ção para os genes autossòmicos asas vestigiais ( pr vg/ pr vg). Nesse cruzamento, os ma -
e empregando um retrospecto 20/ 20, Morgan percebeu chos contribuíram apenas com alelos recessivos ( pr e vg),
que Bateson e Punnett detectaram a liga ção génica, mas mas as fémeas podiam produzir qualquer um dos quatro
não conseguiram explicá - la porque, com relação à con - genótipos de gameta. Os alelos do gameta feminino con -
cepção do experimento, eles fizeram o cruzamento er - trolaram, assim, o fenótipo da progénie do cruzamento-
teste. Se a fémea contribuía com um alelo dominante
rado! A progénie F2 no experimento de Bateson e Pun - para a progénie, o fenótipo para o traço era dominante;
nett caiu em quatro classes fenotipicas, mas três dessas
classes continham vá rios gen ótipos, em consequência de modo oposto, se o alelo doado pela fêmea fosse reces-
das relações de dominância entre os alelos (ver Figura sivo, o fenótipo era recessivo. Os fenótipos da progénie do
2.11 ). Bateson e Punnett não conseguiram determinar cruzamento- teste corresponderam diretamente aos ale-
quais alelos na progénie derivaram de cada progenitor los doados pelas fémeas da F ( , com isso tornando possí -
da F; porque não tinham meios para apurar a alta fre - vel identificar de forma inequívoca o conteúdo alélico dos
cromossomos nos gametas femininos.
qu ência das combinações parentais dos alelos e a baixa
frequência de recombinantes nos gametas da Fr Sob o pressuposto da segregação independente, as
Morgan percebeu que a ligação dos genes autossô - fé meas diibridas produziriam quatro gametas igualmente
micos na Drosophila poderia ser totalmente interpre- -
frequentes e a progénie do cruzamento teste deveria ter
tada pelo uso da an álise do cruzamento- teste de dois os fenótipos distribuídos em uma razão 1:1:1:1 (ver Fi -
pontos , na qual uma mosca diíbrida da Ft é cruzada gura 2.13). No entanto, com a ligação génica, as combi-
com um parceiro de linhagem pura com os fenótipos nações parentais dos alelos ocorrem preferencialmente
recessivos. Os “dois pontos" nessas análises são os dois nos gametas, produzindo uma progénie do cruzamento-
genes que estão sendo testados. Na análise do cruza - - teste com um excesso significativo de fenótipos paren-
mento- teste de dois pontos, a mosca homozigota re - tais e um grande déficit de fenótipos não parentais.
150 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(a ) (b)
F, íèmeas de asas Machos òe asas vestlgials
p completas do cruzamento-teste
pr
pr
vg pr formação
vg' pT
Olhos vermelhos
vg pr
Olhos roxos
j?- :pi >C > dos
gametas
Asas completas Asas vestigiais vg pr
pr
*
' pr Olhos
vg pr vg pr 0,4015 'vermelhos 0,25
Olhos roxos
Asas completas
Olhos vermelhos vg pr
Asas completas Asas vestigiais Parentais
89,3% w
Pr Olhos roxos
. [0.4015 Asas vestigiais 0 25
,
—
F, i I I vg pr
vg pr
roxos
Asas completas
Olhos
0,25
10,7% pr*
0.0535 vermelhos 0,25
vg pr vg pr vg pr vg pr Asas vestigiais
vg pr
Olhos vermelhos Olhos roxos Olhos vermelhos Olhos roxos 1 ,0000 1,000
Asas completas Asas vestigiais Asas vestigiais Asas completas
Figura 5.5 Análise do cruzamento-teste de Morgan
L
1.339 1.195 151 154 I da ligarão gênica entre genes autossó micos. (a) É
T feito um cruzamento-teste de f êmeas difbridas da F i
1.339 + 1.195 151 + 154 { pr vgVpr vg ) com machos homozigotos para olhos
2.839 0,893
2.Ã39 •0,107
roxos recessivos mutados e asas vestigiais (pr vg/ pr vg ),
Parentais Recombinantes
permitindo a identificação da progénie como portadora de
um cromossomo parental ou recombinante. (b) Um ú nico
A progénie do cruzamento- teste de Morgan exibiu crossing -over durante a meiose das fémeas leva a gametas
os quatro genótipos previstos, mas em n ú meros que se parentais e recombinantes nas frequ ências especificadas
pela recomblnação ou pelo acaso, e a união dos gametas
desviaram radicalmente das proporções mcndclianas
esperadas. Entre a progénie do cruzamento- teste, 89,3%
produz a progé nie do cruzamento-teste .
era parental e apenas 10,7% cra recombinante. As clas-
ses n ã o recombinantes da progénie foram encontradas das divisões meióticas. Muito mais de 50% dos ga -
em uma razão aproximada de 1:1 (1.339:1.195), assim metas contêm combinações parentais de alclos.
como as classes recombinantes ( 154:151 ); desse modo, 3. A frequência de recombinaçào varia entre os genes
os dois cromossomos parentais foram transmitidos com ligados e é aproximadamente proporcional à dis-
igual frequência , assim como ocorreu com os cromos- tâ ncia entre os genes cm um cromossomo.
somos recombinantes. A Figura 5.5b mostra que, entre A An álise Genética 5.1 leva você através da identifi -
os 89,3% de gametas femininos parentais, a metade, ou cação da progénie parental e recombinante e da deter -
44,65%, deve ser de cada tipo parental. De modo simi
lar , entre os 10,7% de gametas recombinantes, cada tipo
- minação da frequência de recombinaçào.
recombinante deve ter uma frequê ncia de 5,35%. 5.2 O mapeamento da ligação gênica
Nos anos imediatamente seguintes à explicação da
se baseia na frequência de
ligação génica de Morgan , outros biólogos que trabalha - recombinaçào entre os genes
vam com espécies de plantas e animais usaram a análise
do cruzamento- teste para verificar essa hipótese. Os
Um resultado importante dos estudos de Morgan
resultados coletivos dessas observações experimentais
podem ser resumidos da seguinte forma:
sobre os genes ligados na Drosophila foi o reconheci -
mento da ocorrê ncia de mais progénie parental do que
1. A ligaçã o gênica é uma relação f ísica entre os genes recombinante e de que a proporção dos recombinan -
situados perto um do outro em um cromossomo. tes variava consideravelmente de um par para o outro.
2. A recombinaçào ocorre entre os genes ligados nos Morgan resumiu essa ideia cm 1911, afirmando que “ As
cromossomos homólogos em muito menos de 50% proporções resultantes nào são tanto a expressão de um
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 151
AN ÁLISE GENÉTICA
Nos tomateiros ( Lycopenkon esculentum ), a cor vermelha do fruto (T-) é dominante em relação à
.
cor tangerina ( tt ) e a folha lisa (H-) è dominante em relação à folha peluda [ hh) Os dois genes estão
situados no cromossomo 7 e tém uma frequência de recombinaçào de 20% Uma planta de linha- .
gem pura que produz frutos cor de tangerina e folhas lisas é cruzada com uma planta que produz
. ,
frutos vermelhos e folhas peludas As plantas da F partldpam de um cruzamento-teste com uma
.
planta de linhagem pura de frutos cor de tangerina e folhas peludas Quais são os genótipos, fenóti-
pos e proporções fenotípicas previstas para a progénie do cruzamento- teste?
4 Identifique o genótipoe o fenótipo 4. As plantas da F. são diíbridas ( tH/Th ) e têm os dois fenótipos dominantes ( vermelho
das plantas da F, e determine a or- e Uso). As plantas progenitoras de linhagem pura doaram cromossomos portadores
ganização dos aletos parentais. detHeTh.
Solucionar
.
5 Determine o número e a frequên- .
5 Quatro gametas geneticamente diferentes são possíveis: tH, Th, TH e th Entre .
cia dos gametas da Ft, dada a fre- esses gametas, 20% serão recombinantes e 80% parentais (100% - 20% = 80%) O .
quência de recombinaçào de 20% acaso prevê que os dois gametas parentais (fHe Th ) são produzidos com a mesma
.
frequência Do mesmo modo, os dois gametas recombinantes ( TH e th ) são produzi-
Dtca: cotr a .
çêfKà as com- dos com igual frequência. As frequências previstas para os gametas são
bustões parentais dos «4©s vao bem
*
maores que SC <Jos gametas . <
Parentais: íH = 0,80)(1/2) = 0,40
* Th * (0,80)0 /2) 0,40
Recombinantes: TH * (0,20){l/2) = 0,10
th = (0,20)0 /2) m 0,10
.
6 Determine o resultado esperado .
6 A progénie do cruzamento-teste deve ter 40% de tangerina, liso e 40% de verme -
para o cruzamento teste. lho, peludo; 10% de vermelho, liso e 10% de tangerina, peludo.
Progéniedo
th 0.0) -
cruzamento teste
Tangerina
0,40 fW tHAh 0,40 40%
iso
Parentais
Vermelho,
0.40 Th Th/th 0.40 40%
peludo
30,7 33,7
vm
57,6
r Centrômero
r Centrômero
Sturtevant usou os resultados de vários experimen - Mapa
tos de cruzamento-tcstc de dois pontos em cinco genes contemporâ neo
0,01,5 33,0 36,1 54,5 67,7
ligados ao X na Drosophila para criar o primeiro mapa
de ligação gênica. Ele baseou sua abordagem de criação
.
Figura S 6 Primeiro mapa de ligação. O mapa original
do cromossomo X da Drosophila, com cinco genes, montado
dos mapas na ideia de que as frequências de recombina
ção menores indicavam genes residindo mais próximos
- por Alfred Sturtevant (superior ) e o mapa contemporâ neo
do cromossomo X da Drosophila baseado nos dados atuais
uns dos outros no cromossomo e de que as frequências (inferior ). O mapa de Sturtevant se baseia em parte nas
de recombinação maiores indicavam distâ ncias maio- frequências de recombinação fornecidas na Tabela 5.2.
Cap ítulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 153
ção). Essa informação coloca o rudimentar no lado 2 (791 - 610.25) + (750 - 610.25)
2 2
í iguais.
f t 1
i * t
—
s »
a
* o 4
o 4
a 4
o o 0 <a 0
*
M0 0 0 40
l ò*
b
c •c‘* — b'
C •
b' 6
c
b
C
b
c
4 b
Parental
( sem recombina ção) •
b
‘ “ c*
b*
c ^
”
b4
c
6*
c
4
fC
6
o o o I o í
— —
o o o r
0 0 0 *
04 4 0 0 0 0
4 4
•0
6 4 t>* b 4
4 b ò 4 b b b b b 4
b
4
•b
Cruzamento simples
c ic
44
c 4
4 C c * c (recombinação c c
44
c
4
c “ *c
1
entre a e b)
o o o o
4
0
b
c
40
jb
4C
44
*“ c
0
b
4
.
• 04
b
c
*
0*
b
c
4
40
b
Cruzamento simples
c ( recombinação
ú
b
L
1
entre b e c)
O o o
0 o* 04
!a
b
c
b
c* c
44
— b
4
Cruzamento duplo
(recombinação
entre os dois pares)
b
o
Homólogos
Gametas
Genótipos da progénie Genótipos da progénie
-
Figura 5.7 Cruzamentos teste de três pontos para diferentes configura ções de alelos em um progenitor tri (brido
cruzado com um progenitor triplo recessivo, (a ) No cruzamento- teste 1, os cromossomos parentais carregam tr ês alelos
do tipo selvagem e três alelos recessivos. Os gametas com esses alelos sáo parentais e produzem progénie com fenótipos
parentais. Os gametas recombinantes simples e duplos levam a progénie do cruzamento-teste a exibir recombinação. ( b) Uma
configuração diferente dos alelos nos cromossomos parentais do triíbrido no cruzamento-teste 2 produz progénie parental e
recombinante diferente da encontrada no cruzamento- teste 1 .
abc ( Figura 5.7 b ). No cruzamento- teste 1, os gametas pa- O cruzamento-teste 2 produz os mesmos oito genó-
rentais { a b C e abc ) são produzidos quando não ocorre
4 4
tipos de gameta obtidos pelo cruzamento- teste 1 , mas os
nenhum crossing-over do«s genes e a progénie resultante alelos partem de um arranjo diferente nos cromossomos
tem três fenótipos do tipo selvagem ou três fenótipos reces- parentais. Desse modo, os genótipos de gameta parentais
sivos. Um crossing over simples ocorrendo entre os genes
- e recombinantes nesse cruzamento teste são diferentes -
a e b produz dois gametas recombinantes, a’ bc e ab*c' , e .
dos encontrados no primeiro Nesse cruzamento teste, -
uma progénie com os padrões fenotípicos corresponden - os gametas parentais são a' bc* e ab*c Os gametas de .
tes. Do mesmo modo, o crossing over simples dos genes b - cruzamento simples sáo a' b* c e abc no cruzamento dos 4
-
sing over duplo que provoque o crossing over entre a e b e - provoca a recombinação entre cada par de genes produz
entre õ e c vai produzir um par de gametas de Crossing over gametas de Crossing over duplo a b' C e abc. 4
duplo, a' bc' e ab c,e uma progénie com as misturas corres- Conforme o previsto quando os genes são ligados,
pondentes de traços do tipo selvagem e recessivos. cada um dos seis gametas recombinantes é observado em
Cap ítulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 155
uma frequência muito menor que o previsto pelo acaso. de uma maneira similar à de Mendel e da produção de
Os gametas de crossing-over simples se formam em fre- grandes quantidades de sementes a partir de cada cruza-
quências determinadas pelas distâ ncias relativas entre mento. Em uma espiga de milho, cada grã o é uma semente
os pares de genes. Dentro de cada classe de crossing over - produzida pela uniào dos gametas; assim, uma ú nica es-
simples, os dois gametas serão igualmente frequentes. Os piga pode carregar centenas de sementes na progénie, cada
-
gametas de crossing over duplo serão a classe menos fre- uma delas sendo produto de fertilização independente, e
quente, porque devem ocorrer ambos os eventos de cros - um pequeno número de plantas é capaz de produzir deze-
- -
sing over. Assim como acontece dentro de cada classe de nas de milhares de sementes na progénie para análise.
crossing owr simples, os dois tipos de gametas do cros
-
sing over duplo são produzidos em frequê ncias iguais.
- Emerson cruzou plantas de linhagem pura do tipo sel-
vagem portando os fenótipos dominantes de sementes ver-
des, folhas ásperas e fertilidade normal (VGl Va/VGl Va )
Observa çã o gen é tica A progénie do cruzamento-teste com plantas de linhagem pura portando os fenótipos reces-
de trés genes ligados cai em oito classes fenotípicas. As classes sivos de sementes amarelas, folhas brilhantes e fertilidade
parentais são mais comuns e frequentes do que se poderia prever variável ( v gl va/ v gl va ). O cruzamento produziu uma F,
peio acasa Todas as classes recombinantes sào menos frequentes consistindo em plantas triibridas com os fenótipos domi -
do que se poderia prever peto acasa Os recombinantes duplos nantes e o genótipo V Gl VaA' gl va , que carrega três alelos
são as dasses menos frequentes e os n ú meros de recombinantes dominantes em um cromossomo e três alelos recessivos no
simples ocorrem proporcionalmente ã distâ ncia entre os genes. homólogo. As plantas da F, foram submetidas a um cru -
zamento- teste com plantas de linhagem pura, de sementes
amarelas, folhas brilhantes e fertilidade variá vel (v gl va/v
gl va ). A progénie do cruzamento- teste é exibida na Tabela
Construção de um mapa de recombinaçã o 5.3. Para criar um mapa genético que coloque os trés genes
de três pontos na ordem relativa correta e para calcular as frequências de
Para ilustrar o uso dos dados do cruzamento- teste recombinação entre os pares de genes, fazemos cinco per-
de três pontos na constru ção de um mapa genético, guntas sobre esses dados e as respondemos:
agora vamos analisar os dados de um estudo de 1935, 1. Os dados sào coerentes com a proposta de ligação
realizado por Rollins Emerson, sobre a ligação génica génica ?
.
no milho ( Zea mays ) Emerson testou três genes: o 2. Quais são os alelos nos cromossomos parentais?
3. Qual é a ordem dos genes no cromossomo?
gene que produz os fenótipos de semente verde ( V ) e - 4. Quais são as frequ ências de recombinação dos
semente amarela ( w ), o gene que produz folha áspera
( G/-) e folha brilhante (glgl ) e o gene da fertilidade nor- pares de genes?
mal ( Va-) e fertilidade variá vel ( va va ). 5. A frequência dos crossing-overs duplos é coerente
O milho foi um organismo de experimentação ge- com a independê ncia dos crossing- overs simples?
nética importante na primeira metade do século XX, em Pergunta 1: Os dados são coerentes com a proposta de li -
razão de seu grande n úmero de traços genéticos variá veis, .
gação génica? Sob os pressupostos da segregação inde -
da facilidade com a qual grandes quantidades de plantas pendente, as plantas triibridas produzem oito gametas
podem ser cultivadas em uma única estação, da capaci - geneticamente diferentes em uma frequê ncia de 0,125
dade dos pesquisadores para controlar os acasalamentos ou 1/8 cada e a progénie do cruzamento- teste deve ter
oito classes fenotí picas igualmente frequentes. Nesse ex - os eventos de cruzamento precisam ocorrer simultanea -
perimento, com uma progé nie do cruzamento- teste com mente para produzir recombinantes duplos ou Cros -
726 integrantes, o n ú mero de integrantes dessa progénie sing - overs duplos. A partir dos n ú meros da progénie,
em cada classe seria (726)(0,125) = 90,75. A análise do
qui-quadrado comparando os n ú meros observados c os
podemos presumir que as classes menores, Classe 3
— —
amarela , áspera , variá vel e Classe 6 verde, áspera,
—
previstos na progénie em cada classe produz um valor
-
qui- quadrado acima de 800. Existem (8 1) 7 graus de
—
normal , são os prová veis recombinantes duplos. Po-
demos usar essas previsões para testar as possíveis or-
liberdade e o valor p correspondente é p < 0,005. A partir dens dos genes nos cromossomos parentais.
desse resultado, concluímos que a distribuição observada Para esses trés genes, existem apenas trés ordens
da progénie do cruzamento- teste se desvia bastante do -- - -
possíveis: (1) va v gl, ( 2) v va gl ou (3) va gl v Não - -.
esperado e rejeitamos a hipótese da segregação indepen - existem dados para nos ajudar a determinar a orientação
dente como explicação para esses dados. da esquerda para a direita do cromossomo, então a dife-
.Se o desvio nesse experimento fosse consequência da
ligação gènica, então poderíamos prever que os números
da progénie portando fenótipos parentais seriam exces
sivamente altos. A comparação dos valores observados e
- —
ren ça entre essas ordens génicas é definida inteiramente
por qual gene está no meio v, va ou gl e quais dois
genes ladeiam o gene do meio. Cada ordem dos genes
—
poderia ser escrita no sentido oposto, já que são ordens
previstos em cada classe de cruzamento- teste mostra que --
relativas dos três genes. Por exemplo, va v gl e gl v va --
somente duas classes fenotípicas ultrapassam os n ú meros são ordens génicas equivalentes porque cada uma delas
previstos: a classe de plantas com sementes verdes, folhas tem o v como gene do meio.
ásperas e fertilidade normal e a classe de plantas com se- Existem duas maneiras de determinar a ordem dos
mentes amarelas, follias brilhantes e fertilidade variável genes. Um procedimento é listar cada ordem dos genes
Esses são os dois fenótipos parentais. A partir dessa análise, possível para os cromossomos parentais, desenhar os
concluímos que os dados são coerentes com a ligação gé cromossomos correspondentes do crossing-over duplo
-
nica: a distribuição da progénie do cruzamento teste se des - e depois determinar se os gametas produzidos por
via bastante das previsões e somente os fenótipos parentais essa atividade correspondem à progé nie prevista para
são vistas com mais frequência que o previsto pelo acaso. o crossing-over duplo. Se n ão houver correspondência,
Pergunta 2: Quais são os ai «k>s nos cromossomos parentais? a ordem dos genes está incorreta, mas, se houver, a
Podemos responder a essa pergunta de duas maneiras. A ordem dos genes foi identificada.
abordagem mais simples é usar as informações fenotípicas 1. Possível ordem dos genes va v-gl -Gametas previstos para
disponíveis a respeito das plantas parentais de linhagem
pura no cruzamento. As plantas parentais eram dominan- Cromossomos parentais o crossing-over duplo
tes de linhagem pura e recessivas de linhagem pura . A par- Va v G
tir dessas informações, sabemos que as plantas triíbridas
da F , tém os alelos dominantes em um cromossomo e os va V 91
recessivos no cromossomo homólogo. A estrutura gené-
tica do cruzamento- teste é V Gl Va/ v gl v a X v gl va/ v gí
Resultado: os gametas do crossing-over duplo, obti -
dos a partir dessa ordem dos genes, n ão são os pre-
va , então os alelos nos cromossomos parentais devem ser vistos pelos dados.
V Gl Va c v gl va. As Classes 4 c 5 da progénie do cruza-
Conclusão: a ordem dos genes proposta está incor-
mento- teste na Tabela 5.3 são parentais.
reta; v não é o gene do meio.
A segunda abordagem é necessária quando não co - 2. Possível ordem dos genes v va gl -Gametas
- previstos para
nhecemos os fenótipos dos progenitores ou quando os
alelos em cada cromossomo são desconhecidos. Nessa Cromossomos parentais o crossing-over duplo
abordagem, os dados do cruzamento-teste são usados V va 61
para determinar os cromossomos parentais. Os dados
na Tabela 5.3 indicam que as progé nies do cruza -
- ——
mento teste na Classe 5 verde, áspera , normal ( V Gl
— -
Va 9l
-
—
Va/ v gl va ) e na Classe 4 amarela, brilhante, variá
vel ( v gl va/ v gl va ) ultrapassam a frequê ncia prevista
e, portanto, são classes parentais. As duas abordagens
nos contam a mesma história: os cromossomos paren -
- Resultado: os gametas do crossing over duplo, obti
dos a partir dessa ordem dos genes , não são os pre-
vistos pelos dados.
Conclusão: a ordem dos genes proposta está incor-
tais carregam os alelos V Gl Va e vgl va. reta; va não é o gene do meio.
Pergunta 3: Qual é a ordem dos genes no cromos-
somo? Com os cromossomos parentais identificados,
3. Possível ordem dos genes va gl v - previstos para
-Gametas
Cromossomos parentais o crossing -over duplo
as seis classes restantes precisam ser recombinantes:
V £ Vo
quatro sã o classes de crossing- over simples e duas são
crossing- overs duplos. A progé nie do Crossing - ovtr duplo
será a menos frequente de todas as classes , pois ambos G va
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 157
-
Resultado: os gametas do crossing over duplo, obti
dos a partir dessa ordem dos genes, correspondem
vel (Classe 8). A frequência de recombinaçào é calculada
como a soma de todos os recombinantes simples e duplos
aos previstos pelos dados. desse par de genes, dividida pelo n úmero total da progé-
Conclusão: a ordem dos genes proposta está correta; nie: 60 + 62 + 4 + 7/726 = 0,183 ou 183%. Portanto, a dis-
gl é o gene do meio e a ordem dos genes pode ser es - tâ ncia entre esses genes é de aproximadamente 18,3 cM.
crita como v -gí -va ou va-gi-v. Essa an álise confirma -
O crossing over simples entre gl e va produz o
que as Casses 3 e 6 da progénie do cruzamento- teste seguinte:
Gametas previstos para
são uma progénie de crossing-over duplo. Cromossomos parentais o crosiingover duplo
O segundo método para determinar a ordem dos V Gl va
genes é uma abordagem abreviada que requer alguma fa -
miliaridade com a recombinaçào. Olhando novamente a
v 9l Va
Figura 5.7, repare que, se compararmos os cromossomos
parentais e os do crossing-over duplo, os alelos dos genes A progénie do cruzamento - teste que carrega esses
externos parecem continuar os mesmos, enquanto o cromossomos é encontrada na Classe 2 ( amarela, bri
lhante, normal ) e na Classe 7 ( verde, áspera, variável ). A
-
alelo do meio parece mudar. Em outras palavras, quando
comparamos um cromossomo parental com um recom- frequ ê ncia de recombinaçào r = 48 + 40 + 4 + 7/726 =
binante duplo, dois alelos correspondem e um nào. O 0,136 ou 13,6%. A distâ ncia entre os genes é de aproxi -
alelo que não corresponde é o do meio. Se um progenitor madamente 13,6 cM.
trifbrido tiver os alelos dispostos como a' b’ cVabc , então A recombinaçà o entre os marcadores laterais, va e
o crossing-over duplo produz gametas a* bc' /ab*c Os ale- . v, é calculada pela contagem de todos os Crossing ox^ers-
los parentais a* e C correspondem a um recombinante dos genes. Para esses genes, a recombinaçào entre v e va
duplo e os alelos b e h* sâ o trocados. De modo similar, é r = 6 0 + 62 + 48 + 40 + 22 /726 = 0,320 ou 32%.
o segundo gameta parental tem alelos a e c que corres- Pergunta 5: A frequê ncia dos crossing -overs duplos é co-
pondem a outro recombinante duplo. Os alelos do gene erente com a independência dos crossing -overs simples?
do meio, b e b\ foram trocados no recombinante duplo Na maioria dos testes de liga ção génica, o nú mero de
comparado ao cromossomo parentaL -
crossing overs duplos é menor que o n ú mero previsto. A
Lembre-se de que já definimos os grupos fenotípi - redução é provocada por um efeito chamado interferê n -
cos parental e de crossing-over duplo por meio de seus cia ( /), que limita o n úmero de crossing-overs que podem
n ú meros. Agora examinamos os crossing-overs duplos ocorrer em um trecho curto do cromossomo. A interfe -
para ver quais são os dois alelos que correspondem rência, que discutimos mais na Seção 5.4, é quantificada
aos fenótipos parentais e qual alelo muda e, portanto, pela comparação do número ou frequência dos eventos
é o gene do meio. Em nosso conjunto de dados, os cro- de crossing-over duplo observados com o n ú mero ou fre-
mossomos recombinantes duplos são Vgl Vaev Gl va . quência previstos, supondo que cada evento ocorra de
Nesse caso, os alelos do gene gl mudaram, indicando maneira independente. No conjunto de dados de Emer-
que gl é o gene do meio. Com base nessa abordagem, os son , existem 11 crossing- overs duplos na progénie do
cromossomos parentais são VGIVae vgl va . -
cruzamento teste, ou (11 /726) = 0,015 (1,5%). Se cada
Pergunta 4: Quais são as frequências de recombinaçào dos Crossing over fosse independente, a frequência prevista
pares de genes? Considerando os pares de genes um -
para o crossing over duplo seria o produto das duas fre
-
quê ncias de crossing owr simples, (0,183)(0,136) = 0,025
-
de cada vez, calculamos as frequências de recombinaçào
(2,5%). O n úmero previsto para a progénie do crossing-o-
-
contando o número total de Crossing overs que ocorrem
-
entre os genes do par. Cada evento de crossing over de dois
genes é contado, independentemente de o evento ocor -
ver duplo seria , portanto, (0,025)(726) = 18,2. Os recom -
binantes duplos observados são divididos pelos recombi-
nantes duplos previstos, produzindo um valor conhecido
rer de forma isolada (simples) ou simultânea com outro
.
evento (duplo) Nesse caso, existem 11 recombinantes du - como coeficiente de coincidência (c). Os n úmeros ou
plos, cada um com um crossing-over entre vegle um entre frequências dos recombinantes observados e previstos
gl e vij, perfazendo um total de 22 eventos. A progénie do podem ser utilizados para determinar c .
recombinantes duplos observados
-
crossing over simples é prevista com base nos cromosso- c=
recombinantes duplos previstos
--
mos parentais que têm a ordem dos genes v gl va. Entre v
-
e gl, um crossing over simples produz o seguinte:
Gametas previstos para
ou
= 11/18,2 = 0,60 ( usando quantidades)
Cromossomos parentais o crossing-over duplo = 0,015/0,025 = 0,60 ( usando frequências)
V gi va A interferência é definida como / 1 c, então,-
-
nesse conjunto de dados, / = 1 0,60 = 0,40. A interfe
rê ncia identifica a proporção de recombinantes duplos
-
Gl Va
previstos, mas que não são produzidos no experimento
-
A progénie do cruzamento teste que carrega esses ( a diferen ça entre previsão e realidade ). Nesse caso, o
cromossomos recombinantes tem os fenótipos ama - n ú mero de recombinantes duplos foi 40% mais baixo
rela, áspera, normal ( Classe 1) e verde, brilhante, variá - que o previsto. A interferência é uma observação muito
158 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
comum na maioria das regiões da maioria dos genomas. cada cromossomo recombinante ter metade da chance
No entanto, às vezes certas regiões de alguns genomas de aparecer em um gameta e 0,010 é a probabilidade de
geram mais recombinantes duplos que o previsto. Nes-
ses casos, / < 0, situação chamada interferência nega -
recombinação entre os genes. De forma contrá ria , os ga
melas parentais AB e ab sào formados em uma frequên-
-
tiva. A interferência ser á 7 = 0 quando os crossing-overs cia igual a 100% menos 10%, ou 90% dos gametas totais.
duplos observados e previstos forem iguais. A base mo- Os gametas parentais també m devem ter uma frequê n-
lecular da interferência nào é bem compreendida, em
bora a pesquisa atual mostre que há um limite mecâ nico
- cia igual
— nesse caso, ( l /2)(0,90) ou 45% cada.
As frequências de gametas dos três genes ligados sào
que restringe o n úmero de eventos de recombinação em previstas de modo similar. Na Figura 5.8b, os genes atb
uma determinada região de um cromossomo. sào exibidos com um terceiro gene, c, situado a 20 cM
do gene h. Para prever as frequências de gametas, pres-
Observa çã o gen é tica Os mapas de ligação gènica são supomos que a interferência seja 7 = 0 para simplificar o
constru ídos em um processo de cinco etapas que determina (1) cálculo do n ú mero de recombinantes. No tri íbrido ABC/
um desvio significativo dos resultados observados em compara- abc, os gametas parentais são produzidos quando o cros -
ção com os resultados previstos, (2) genõtipos de cromossomos -
sing over n ão ocorre em nenhum dos intervalos entre os
parentais, (3) genõtipos de cromossomo crossing-over duplo e genes. A probabilidade de nenhum crossing-over entre os
ordem dos genes, < 4) frequê ncias de recombinação entre pares de genes ae b é 90% (0,9) e entre os genes bec é 80% (0,8).
genes e (5) interferência na formação dos Crossing overs duplos. Considerando os dois pares de genes, a proporção de ga -
metas recombinantes é (0,9)(0,8) = 0,72.
Existem dois gametas parentais igualmente fre -
quentes, cada um com uma frequência prevista de
Determinando as frequências dos gametas (0,72)(0,5) = 0,36. A frequência de recombinação é 10%
a partir de mapas genéticos (0,1) entre a e b. Dois recombinantes simples entre os
O mesmo princípio utilizado para construir os mapas genes a e b têm uma frequência prevista de (0,1)(0,8)
—
de ligação gènica a relação entre as distâncias relativas
—
e a frequência de recombinação pode ser aplicado para
(0,5) * 0,04 cada. De modo similar , os recombinantes
simples entre os genes b e c têm frequências previstas
fazer previsões no sentido oposto, ou seja, para determi - de (0,9)(0,2)(0,5) = 0,09 cada. Cada um dos gametas re-
nar as frequências previstas dos gametas recombinantes combinantes duplos, AhC e aBc, deve ter uma frequê n -
com base no<s mapas de ligação gènica realizados. cia dc (0, l )(0,2)(0,5) = 0,01. A soma das frequências dos
Na Figura 5.8a, dois genes ligados têm uma frequê n
cia recombinante de 10%. No organismo diíbrido AB/ab ,
- oitos genótipos de gameta previstos é 1,0, indicando
que todos os gametas foram contabilizados.
dois gametas { AB e ab ) são parentais e dois { Ab e aB )
são recombinantes. Os gametas recombinantes equi - 5.4 A recombina ção resulta do
valem a 10% dos gametas totais e cada recombinante crossing -over
deve ocorrer com a mesma frequência. A probabilidade
é calculada como (1/ 2)( 0,010) = 0,05 para cada gameta A hipótese da recombinação de Morgan pelo
.
recombinante. Nesse cálculo Vi é a probabilidade de crossing-over entre cromossomos homólogos resistiu ao
(a )
F,
r a» o,10
A
o b
B
(b)
F,
A
a
——
r » 0,10 r = 0,20
B
b
1 i
C
Gameta Frequência
Meiose e produção
cios gametas
Tipo Gameta
I
Frequê ncia
Meicse e produção
dos gametas
Tipo
A B A B C
( }) (0.90) = 0.4S i
( ) (0.9) (0,8) = 036
a b
( ]) (0,90) = 0,45
— Parental o b c
5
( ) (0,9) (0,8) = 036
- Parental
A b A b c
= 0^»S
a B
( }K0.10)
( j)(0.10)
1,00
= 0.05 J
— Recombinante a B
A B
C
c
( J ) (0,1) (0,8) = 0,04
( } ) (0.1 ) (0.8)= 0,04 — Recombinante
simples (a-b)
( J ) (0.9) (0,2) = 0,09
Figura 5.8 Frequências d* gen ó tipo dc gameta a b C - Recombinante simples (b-c)
calculadas a partir dos dados de Itgaçio g è nica. (1 ) (0,9) (0,2) = 0,09
(a ) Frequências de gameta previstas a partir de um A b C
>
( } (0,1) (0,2) = 0,01
mapa de dois genes ligados, ( b) Gametas previstos a
partir de um mapa de três genes ligados, supondo que
a B
0 ) (0,1 ) (0,2) = 001
— Recombinante
duplo
a interferência seja zero (f = 0). 1 ,00
Cap í tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 159
na mosca -da - fruta forneceu evidê ncias convincentes des irmãs. Esse é o estágio de quatro fitas. Os Crossing-
de que a recombinaçào genética entre os cromossomos -overs simples envolvem uma cromátide de cada homó-
homólogos é acompanhada pela troca f ísica entre os logo. Existem quatro maneiras equivalentes pelas quais
cromossomos em plantas e em animais. esse processo pode ocorrer, e os quatro eventos pro-
duzem o mesmo resultado —dois gamelas parentais c
. -
dois recombinantes ( Figura 5.10a ) Os Crossing overs que
Limites da recombinaçào ao longo dos
ocorrem entre cromá tides não irmãs, mas não entre os
cromossomos
lócus testados, não deixarão evidências genéticas de re-
Creighton, McClintock e Stem demonstraram de combinaçáo ( Figura 5.10b).
modo convincente que o crossing-over é acompanhado -
Existem três padrões de crossing over duplo entre
pelo rompimento e reunião do cromossomo. O trabalho os genes. Os resultados de cada padrão são ú nicos com
de Morgan e Sturtevant, apoiado pelos dados de vá rios relação ao n úmero de gamelas recombinantes produzi -
contemporâneos, estabeleceu que a distância relativa entre -
dos. O crossing over duplo de duas filas nào produz re -
160 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
a b a b
i i i
Meiose Meiose Meiose Meiose Meiose
Parental *
A B A B A B A B A B
o b a b a b a b A B
Recomblnante
A b A b A b A b a b
a B a B a B a B a b
O crowng cuer simples produz 50% dc gametas rccombinantcs . Nenhum gameta
recomblnante é produado.
-
Fí g ura 5.10 Resultados do crossing-over simples, (a ) Os crossing overs simples ocorrem entre os cromossomos homólogos
de vá rias maneiras. Cada meiose produz dois cromossomos parentais e dois recomblnantes, assim 50% dos gametas podem
carregar cromossomos recombinantes. ( b) O crossing -over simples que ocorre fora da região cromossômica que está sendo
testada não revela cromossomos recombinantes.
combinantes, como dois eventos de recombinaçâo entre randomiza as combinações de aJelos nos cromossomos e o
um par de genes não produzem evidências genéticas de padrão passa a ser o da segregação independente. Em outras
recombinaçâo na forma de um gameta recombinante ( Fi- palavras, os genes sintènicos muito distantes segregam de
gura 5.11a ). Um crossing -over duplo de três fitas, envol - modo independente,
vendo três das crom á tides irmãs, pode acontecer de duas A An á lise Genética 5ã apresenta os resultados dos
maneiras, cada uma delas produzindo o mesmo resul - cruzamentos- teste envolvendo três genes ligados e
—
tado genético dois cromossomos parentais e dois cro-
mossomos recombinantes nos gametas ( Figura 5.11 b ) .
mostra como acontece a determinação das frequências
de recombinaçâo entre os genes.
Quando ocorre um crossing -over duplo de quatro fitas,
todos os quatro cromossomos nos gametas são recombi - Observa çã o gen é tica A frequência de recombinaçâo
nantes ( Figura 5.11c) . .
entre dots genes tem um limite superior de 50% independen
Na resposta à segunda pergunta que apresentamos temente do distanciamento entre os genes em um cromos-
anteriormente, a recombinaçâo entre um par de genes liga - somo. A frequência de recombinaçâo entre genes nóo Hgaóos
dos limita-se a 50% dos gametas. Como vimos, dos quatro é igual a 50%, mas é menor que 50% nos genes ligados.
-
gametas produzidos pelo crossing owr simples, dois são re
combinantes ( não têm genódpo parental ) e, então, resultam
-
em um total de 50% recombinantes. Do mesmo modo, a
Recombinaçâo intragênica
soma dos resultados dos crvssing-overs duplos de duas, três
e quatro fitas exibidos na Figura 5.11 fornece um total de Até agora, nossa discussão descreve como a ordem
8/16 (50%) de gametas recombinantes. Isso estabelece um linear dos genes ao longo dos cromossomos pode ser
limite superior de 50% como a frequência de genótipos pa - determinada com base no crossing-over entre genes. Ele
rentais e não parentais nos gametas. A maioria dos casos de ocorre dentro dos genes? A resposta é afirmativa.
ligação génica produz muito mais que 50% de cromossomos
parentais e muito menos que 50% de cromossomos não pa -
-
O crossing over dentro dos genes, chamado recom
binação intragê nica, é um evento raro, detectado pelo
-
rentais. As menores proporções de cromossomos recom -
binantes estão associadas com os genes mais infimamente
exame de grandes quantidades de progé nie, normal
mente em busca de evidências de recombinaçâo entre
-
ligados (isto é, os genes mais próximos um do outro), e as homólogos portadores de alelos mutados diferentes do
proporções de recombinantes aumentam com a maior mesmo gene. Como o sítio de mutaçã o dentro do gene
distâ ncia entre as genes. As frequências de recombinaçâo é diferente para cada alelo, a recombinaçâo intragê nica
entre geives ligados podem aumentai para até 50% com o
*
produz um cromossomo recombinante do tipo selva -
aumento da distância entre os genes, e a frequência corres - gem e um cromossomo mutado duplo.
pondente de cromossomos parentais diminui para 50%. Melvin e Kathleen Green foram os primeiros a relatar
Desse modo, as frequências de recombinaçâo entre os genes a recombinaçâo intragênica em um estudo de 1949 sobre
ligados sâo sempre menores que 50%. Uma vez que haja dis- o gene da Drosophila para um fen ótipo de olho mutado
tância suficiente entre os genes sintènicos, o crossing-over recessivo ligado ao X, chamado “ lozenge", que afeta o
Cap ítulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 161
(a) Crossing-over duplo de duas fitas n úmero e o padrão das facetas no olho da mosca. Várias
( três maneiras equivalente
* uma posição sempre constante) mutações diferentes do gene lozenge produzem, cada uma,
Gametas Recombinantes ístico. O casal Green, dando
um fenótipo lozenge caracter
A 8 continuidade a um trabalho iniciado alguns anos antes por
Clarcncc Olivcr, usaram fémeas com olho lozenge , cada
a b 0 uma portando dois alelos produtores de lozenge diferentes,
A B 4
lz* e l&, nas cópias de seus cromossomos X ( Figura 5.12) .
As mutações do lozenge estão situadas em posições dife-
a b
rentes dentro do gene; desse modo, cada alelo mutado tem
Nenhum gamela recomairwme é produddo uma sequência de DNA mutada no sítio de mutação, mas
por qualquer crossiogoverdu pio de duas fitas tem uma sequência de DNA do tipo selvagem no resto do
gene. A rara recombinação intragênica leva a um cromos-
(b) Crossing -over duplo de três fitas somo X mutado duplo portando as duas mutações lozenge
( uma posição sempre constante)
em um único gene e um cromossomo X do tipo selvagem
Gametas Recombinantes
com um gene lozenge que não contém nenhuma das duas
A B
mutações. Os cromossomos mutados duplos produzem
um fenótipo diferente de qualquer uma das mutações
A b 2
a B 4 individualmente. Os Green detectaram menos de 20 cro-
mossomos X mutados duplos e o cromossomo X do tipo
a b
selvagem em mais de 16 mil progénies de fémeas com
A B olhos lozenge, mas o resultado foi insuficiente para verifi-
car a recombinaçào intragênica.
A b 2
o b 4 Fatores biológicos que afetam a precisáo
dos mapas genéticos
a B
O pressuposto de que as distâ ncias genética e f ísica
Vetace dos gametas é recombinante. sâo proporcionais no genoma inteiro e de que as fre-
quências de recombinaçào de determinados genes são
(c ) Cross /ojT-overduplodequatrofitas
constantes entre todos os membros de uma espécie é
( uma posiçã o sempre constante)
Gametas Recombinantes inerente ao uso da frequência de recombinaçào como
A b uma medida da distância aproximada entre os genes
ao longo de um cromossomo. No entanto, estudos em
A b 4
vá rias espécies indicam que a idade, o ambiente e o
a b 4 sexo podem afetar a frequ ência de recombinaçào. Por
exemplo, a idade avançada das fêmeas de mosca - da -
o B - -
fruta diminui a frequência de crossing over dos pares
de genes; são observados mais crossing-overs em um par
Todos os gametas são recombinantes 8
16 específico de genes nas fê meas mais jovens do que nas
O limite de mais velhas. A frequ ência de crossing-over da fê mea da
recombinaçào Drosophila també m é afetada pela temperatura. O cres-
é 5096 . cimento de uma colónia de moscas-da - fruta a 22° C é
Figura 5.11 Resultados do crossing -over duplo. Os ideal para recombinaçào, e os aumentos ou diminuições
crossing-overs duplos entre dois genes envolvendo duas, três da temperatura em relação ao ideal podem mudar a fre -
ou todas as quatro crom á tides resultam coletivamente em
uma frequência má xima de 50% de gametas recombinantes.
-
quência de crossing over. A restrição dos níveis alimen
tares de cálcio e magnésio, cofatores importantes para
-
as enzimas que interagem com o DNA, també m dimi -
-
nui a frequê ncia de crossing over nas moscas-da -fruta.
No entanto, o impacto mais radical na frequência de
recombinaçào dos animais está ligado ao sexo. A frequén-
Gene lozenge
+ Izm tz9 *-
Cromossomos X
mutados na
f émea lozenge
^ + +
Recombinaçào
• Cromossomo X
-
duplo tazenge mutado
Cromossomo X com o
cf + Iz* v Intrag ênica cf + v gene lozenge do tipo selvagem
Figura 5.12 Recombinaçào intragênica no gene lozenge da Drosophila. A progé nie resultante da recombinaçào
intragênica pode ser detectada por um fenótipo lozenge caracter ístico, produzido pelo cromossomo mutado duplo, ou por ter
olhos do tipo selvagem. Os genes ct e v sáo usados para verificar a recombinaçào intragê nica.
162 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado .
1 Este problema envolve a avaliação de trés cruzamentos-teste envolvendo genes li-
por esse problema e explique a .
gados ao X A resposta requer a determinação da ligação gênica versus segregação
natureza da resposta solicitada. independente de cada par de genes e, para os genes ligados, o cálculo da frequên
da de recombinação.
.
2 Identifique as informações criti- .
2 Os genótipos e fenótipos das moscas do cruzamento-teste são forneddos assim .
cas fornecidas no problema. como o tamanho da progénie do cruzamento-teste em cada categoria fenotfpica.
Deduzir
3. Determinar os resultados previs- .
3 Em cada cruzamento, a fémea diíbrida deve produzir quatro gametas genetica-
tos para o cruzamento- teste sob mente diferentes nas frequências de 25% cada e a progénie deve exibir quatro fe -
o pressuposto da segregação in- .
nótipos em uma razão 1:1:1:1 (250 cada) No cruzamento-teste I, por exemplo, são
dependente. previstos os seguintes resultados, que são similares em cada cruzamento teste .
Fenótipo Fêmea Macho Número
Amarelo, vermelho-daro yv/yv yv/Y 250
Cinzento, vermelho yv/y* v* yV/ Y 250
Dica: A análise do qul-qu Amarelo, vermelho yv/yv' yr ( Y 250
*
drado poderia ser v.i izada para
a Importância estatistxa
testar Cinzento, vermelho-claro yv/yV yvfY 250
dos devdos entre os rrsufearios
obsrrvados e os prrvhtos.
Solucionar
jr
4. Examine cada cruzamento e deter- .
4 Os cruzamentos-teste I e II exibem um desvio daro das razões previstas, com as ca-
mine se há evidências de ligação tegorias parentais muito maiores que 250 cada e com as categorias não parentais
gênica entre os pares de genes. muito menores que 250 cada. A progénie do cruzamento-teste III está distribuida
em um número coerente com a previsão de segregação independente Essas afir . -
mações se baseiam na análise do qui-quadraòo que não é exibida .
cia de recombinação é diferente nos machos e fêmeas da mapa masculino, aproximadamente 2.700 cM. Os geneti -
maioria das espécies de animais e segue um padrão geral cistas que estudam o genoma humano costumam produ -
no qual o sexo heterogamético, com dois cromossomos zir um mapa genético humano "com a média dos sexos",
sexuais diferentes ( mais frequentemente masculinos), tem que é ligeiramente maior que 3.500 cM.
uma taxa de recombinação menor que o sexo homogamé- Entre as diferentes espécies, o n ú mero de pares
tieo, com dois cromossomos sexuais totalmente homólo- de base de nucleotídeos por unidade de mapeamento
.
gos ( mais frequentemente femininos) A maior frequência varia. Por exemplo, o genoma humano consiste em um
de recombinação no sexo homogamético é um fenômeno pouco menos que 3 bilhões de pares de base de DNA e
genómico e não se limita aos cromossomos sexuais. As o genoma médio dos sexos contém aproximadamente
moscas-da-fruta exibem uma versão radical desse fenô- 830.000 bp / cM. Por outro lado, o genoma da Arabidop -
meno — as fêmeas sofrem recombinação de homólogos,
enquanto os machos não sofrem recombinação!
sis contém cerca de 200.000 bp/cM; desse modo, a re-
combinaçã o é cerca de quatro vezes mais frequente na
Essas observações ocorrem em todo o espectro ta
xonò mico, incluindo os seres humanos. As mulheres
- Arabidopsis que nos seres humanos.
-
estão sujeitas a mais Crossing overs do que os homens,
resultando em um mapa de recombinação maior. Uma
Observa çã o gen ética A frequência de crosswig-over na
maioria dos organismos é afetada pelos fatores idade, sexo e
análise detalhada da recombinação e do sequenciamento
do genoma no cromossomo 19 humano exemplifica esse
ambiente. 0 sexo heterogamético geralmente sofre menos re -
combinação dos homólogos que o sexo homogamético.
fenômeno. O cromossomo 19 é composto de aproxima -
damente 65 megabases ( Mb ), ou 65 milhões de pares
de base, tanto nos genonias masculinos quanto nos fe-
.
mininos ( Figura 5.13) No entanto, o comprimento do Correção das distâ ncias do mapa genético
cromossomo, conforme determinado pela soma das dis
tà ncias de recombinação estimadas ao longo de todo o
Em razão de tantas fatores que afetam o crossing -
over e a recombinação nos genomas eucariólicos, é
comprimento do cromossomo, tem um n ú mero de uni - razoá vel perguntar se as frequ ências de recombinação
dades de mapeamento maior nas mulheres que nos ho- e as distâncias de mapeamento calculadas com base na
mens. Repare também que, nos homens, as frequências recombinação observada entre os pares de genes são,
de recombinação são maiores nas regiões situadas nas na verdade, representações precisas do n ú mero real de
extremidades do cromossomo, mas nas mulheres essas eventos de recombinação. A resposta é negativa. Evidên-
frequê ncias são maiores nas regiões cromossòmicas cen
trais. No genoma humano como um todo, o mapa gené
-- cias experimentais indicam que as distâ ncias de mapea -
r
LT
pode ser usada para correlacionar a frequência de re
combinação com o n ú mero real de eventos de Crossing
-
-over. Se identificarmos 1 In " como a frequência de
"1
— -
già o cromossômica, onde cada crossing over durante a « 0,2'
Relação linear
meiose é contabilizado. A fó rmula de Poisson é
fn = ( ln nf )! n\
i
onde !
}n - a frequência de amostras com um n úmero n de 0
eventos 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 160
n - o n ú mero real de eventos (isto é, crossing overs ) na- Dist â ncia em unidades de mapeamento (cM )
amostra Figura 5.15 As funções de mapeamento corrigem as
In = a base dos logaritmos naturais (aproximadamente estimativas de distâ ncia entre os genes ligados. A rela çã o
2,72) linear O e as correções de mapeamento feitas por Kosambi
m * o n ú mero médio de eventos na amostra O e Haldane se baseiam em pressupostos diferentes sobre
S * símbolo do fatorial ( isto é, 41 = 4 X 3 X 2 X 1) a relação entre a frequência de recombinaçáo e a distâ ncia
f ísica entre os genes ligados.
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 165
II 1 PA
1
PA
02
PA
II 1
1
PA
02
PA
111
•à •é ò è ò ú
PA PA PA PA PA PA PA PA
111
èPA úPA é é ti ò ú
PA PA PA PA PA PA
i
A fase a éftca é conhecida na fam a A rastmando A rase alélica não é conhecida na família B pcrcjue
*
a transmissão do aieto da doença (CJ eo aáeio o áelo oa doença portado por II-1 poder á estar
ção 111, a probabilidade de o gameta da mãe ser parental Lod score Resultado sigpfic3TM>
-
é 1 0 e a probabilidade de um gameta recombinante
ser transmitido da mãe para o filho é 0. Como a fase alé-
5 máximo (£ J
Intervalo
favorecendo a liçaçáo
^0
significativo
lica é conhecida para a Família A, apenas a fase conhe - 4
M
cida é testada. Por outro lado, a Família B não tem uma
fase alélica conhecida; desse modo, presume se que cada
3 + 3,0
fase possível é igualmente provável. No cálculo do lod
score da Família B, cada fase é testada e faz parte do nu
merador. Como uma fase alélica conhecida produz mais
- 2
O
Resultado
informações de ligação génica, os lod scores da Família A Inconclusivo
são maiores que os lod escores da Família B. No contexto 1
da análise do lod score, a Família A é identificada como a
mais informativa entre as duas genealogias. ao O e
Um lod score é uma estatística que pode argumentar 5 1 CU 0.3 JíA 0.5
em favor da ligação génica , se a probabilidade dessa liga
ção for suficientemente maior que a probabilidade de se-
- -1 -
O
gregação independente, ou pode argumentar contra a liga
ção, caso a probabilidade de segregação independente seja
- - 2 -2,0
suficientemente maior que a probabilidade de ligação. ( )s
lod scores podem ser interpretados para cada família ou -3
podem ser somados conforme várias famílias forem ana - Resultado sigrvficaTivo
lisadas. Em qualquer um dos casos, a importância do lod -A argumentando contra
score é interpretada pelos seguintes parâmetros: a ligação
1. Um lod score igual ou superior a 3,0 é considerado
-5
uma evidência importante em favor da ligação gê - Figura 5.17 Amostra de curvas do lod score. Os valores
nica. Um lod score igual ou superior a 3,0 indica
chances de ligação génica em cada valor 0 em que do lod score (eixo vertical ) são plotados contra as frações de
ocorre. Os valores 0 identificados como importan - recombinação (valores 0; eixo horizontal ) para três aná lises
hipotéticas do lod score.
tes indicam o n úmero mais provável de centiMor
gans entre os genes ligados.
-
pontos, foi desenvolvida para analisar simultaneamente
2. Os valores do lod score menores que -2,0 repre- os dados de ligação gé nica de vários genes e marcado-
sentam evidências importantes contra a ligação res genéticos. A análise de ligaçã o de vá rios pontos testa
gé nica. Quaisquer valores de lod score, em uma ou todas as possíveis ordens dos genes para identificar a
em vá rias fam ílias, menores que -2,0 rejeitam a li - ordem mais prová vel dos genes ligados. A Observa çã o
gação génica em cada valor 0 com esse resultado. Experimental 5.1 discute a aplicação da análise do lod
-
3. Os valores do lod score entre 3,0 e 2,0 são incon - score no mapeamento do BRCA 1, um gene cuja mutação
clusivos, ou seja, não afirmam nem rejeitam a liga
ção gé nica entre os genes examinados. Os resulta-
- pode aumentar a suscetibilidade aos cânceres de mama e
ovariano em mulheres. A Aná lise Genética 5.3, guia você
dos inconclusivos podem ser revisados à medida através da interpretação dos valores do lod score para a
que mais dados são coletados. ligação entre um gene causador de doença e um marca-
dor genético de DNA ligado.
As três curvas de lod score exibidas na Figura 5.17
ilustram que os resultados do lod score podem produzir
padrões diferentes, dependendo do nível de informa
ção dispon ível para a genealogia e da relação real entre
- Observaçã o genética A análise do lod score identifica
a probabilidade de ligação génica entre os genes possuidores
os genes testados. A curva C exibe dados com um valor de uma determinada frequê ncia de recombinaçáo versos a pro-
máximo (Z J do lod score aproximadamente igual a 4,0 babilidade de esses genes segregarem de modo independente.
^
=
em 0 0,23, sugerindo que os dois genes estão separados
por 23 cM. Os lod scores são significativamente positi
vos no intervalo de 18 a 30 unidades de mapeamento. A
- 5.6 A análise da ligaçã o génica
curva fornece evidências importantes contra a ligação gé- investiga a evolução do genoma
nica em 0 < 0,5. A curva O resulta do fato de haver muito
pouca informação sobre ligação génica e seus lod escores A evolução altera os genomas à medida que as popu -
são inconclusivos em todas as distâ ncias. A curva O re
jeita a ligação génica nos valores 0 menores que 0,12, mas
- lações evoluem e as espécies divergem dos ancestrais co-
muns. Essas alterações incluem mudanças nas frequên -
é inconclusiva pelo resto do intervalo de ligação. cias alélicas ( Capítulo 22), mudanças no n ú mero e na
Uma série de programas de computador mais abran
gentes, que permitem a análise da ligação em vários
- estrutura dos cromossomos (Capítulo 13) e aquisição
de novos genes ou funções génicas (Capítulos 12 e 21).
168 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Dados do lod score da ligaçã o do BRCA 1 ao cromossomo 17q nos seres humanos
Marcador genético Lod score nos valores de recombinaçáo (0 )
0,001 0,01 0,05 0,10 0,20 0,30 Z 8rm «
D17S250
D17S579
--1.43
11,98 -8,96
1 ,62
-U0
8,55
3,81
12,08
7,30
12,55
6,65
9.17
7,42
13,02
0,23
0,16
D17SS88 8,23 11,39 18,35 21,33 20,15 14,79 21,68 0,13
NME1 -1.41 0,75 6,01 8,70 9,13 6,76 9,45 0,16
D17S74 -39,15 -
31,73 -13,34 -2,73 6,32 7,50 7,67 0,27
toitr. dados d« J. H»l «t al. (1994 .
)
São exibidos cinco marcadores genéticos que fazem de uma mulher vir a desenvolver câ ncer de mama ou ova -
parte de uma an á lise de ligaçã o de vá rios pontos. O BRCA } riano. Outras muta ções do BRCAJ não parecem aumentar
provavelmente está ma ís perto do meio desse grupo de liga - significativamente o risco de câ nceres de mama e ovariano.
ção, perto do gene marcador do DNA D17S588. Ainda há muito a ser feito para esclarecer o papel desse
Estudos subsequentes identificaram e clonaram o gene gene no desenvolvimento desses tipos de câ ncer, mas a
BRCA 1 e determinaram que ele participa com um segundo estratégia de pesquisa concebida por King demonstra o
gene, chamado BRCA2, na reparaçã o da mutação do DNA. poder da aná lise da ligação g ê nica para localizar genes de
Um grande n ú mero de mutações do BRCA J foi identificado interesse. ( Discutimos mais sobre o BRCA 1 e o BRCA2 no Ca
e algumas delas aumentaram radicalmente a probabilidade pítulo 12.)
AN ÁLISE GENÉTICA
Em um estudo de famílias humanas com uma doença autossòmica dominante causada por um
gene cuja localização é desconhecida, os geneticistas usam a análise do lod score para testar a liga
ção entre o gene da doença e um marcador genético de DNA variável Forneça uma interpretação .
completa dos dados do lod score exibidos na tabela apresentada a seguir e identifique a distância
mais prová vel entre o gene marcador e o gene da doença.
Valore
0.0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,08 0,10 0,15 0,20 0,30 0,40 0.50
-6,95 -1,10 0,20 1,22 2,25 7,23 7,02 5,11 4,23 -2,01 -6,84 -9,91 0.0
.
2 Identifique as informações cnti- .
2 Os valores do lod score são fornecidos para 14 valores 6 (unidades de mapeamento
cas fornecidas no problema. entre os genes).
Dic«; Um lod suxe iyuil ou superior a 43,01 Lomkleraòo i#na evidência imporUnte
em favor ca fcgaçào çfrnka dos çenev erquanco um lod score menor que -2.0 fornece
Deduzir evldénoas contra a Ujaçêo dos penes Os lod sco*es entre * 3,0 e -2,0 nfc> s4o re «vantes .
.
3 Identifique os valores relevantes .
3 Ocorrem evidências importantes contra a ligação génica e m 0 á 0.01 e em 0 0.20.
do lod score na tabela e localize De modo oposto, resultados importantes em favor da ligaçáo génica sào observados
em 9 = 0,06 a 0 = 0,15.0 valor é 7,23 e corresponde a 0 = 0,06 (6 m u ) . ..
Solucionar
4. Interprete o significado dos lod 4. Os dados suportam a ligação génica entre o gene marcador e o gene da doença
scores para a ligação génica . .
nas distâncias de recombinaçáo entre 6 m.u e 15 m u. A ligação entre os genes é.
Olc»: 0 valer máximo do lod score cor-
.. .
rejeitada em menos de 2 m u e em mais de 20 m u. Os resultados do lod score entTe
. .
responde a uma dntincia especifca entre 2 m u. e 5 m u. são inconclusivos.
os genes que é idemif cada po* seu valor 0.
.
5 Identifique a distância mais pro* 5. O valor é 7,23 em 0 « 0,06, identificando assim a distâ ncia mais provável entre o
vável entre o gene marcador de gene da doença e o gene A como 6 m.u.
DNA e o gene da doença.
Esporula çé o
— Tipo de
acasalamento
a do ascósporo
haploide
Tipo de
acasalamento
a do ascósporo
haploide
o
E i por u da ção
durante um n úmero maior de gerações. Meiose
/ \
Observa çã o gen ética Os haplótipos sáo combina - a
a
a — Cédula
parental
Célula
parental
ções de alelos dos genes ligados ou de outros marcadores Ciclo de vida Ciclo de vida
genéticos que ocorrem em um segmento definido de um da célula ( n ) vegetativo ( n )
cromossomo. Os haplótipos devem ocorrer nas combinações 0
e frequê ncias previstas pek» equilíbrio de ligaçáo, mas podem *
ocorrer no desequilí brio de ligaçáo quando tiver passado
-
muito pouco tempo para que o crosslng over os randoml2e ou
quando a seleçã o natural opera em favor de certos hapl ótipos.
Ciclo de vida
a/ <
vegetativo ( 2n )
5.7 A ligaçã o gênica nos eucariotos O
haploides é identificada pela
aná lise das tétrades ©
Os experimentos de mapeamento genético rea - Indução por Indu ção por
lizados no milho, na Drosophila , nos seres humanos e fatores sexuais fatores sexuais
em outros organismos diploides permitiram aos biólo
gos desenvolver amplos mapas genéticos para muitas O
espécies. Eles são o triunfo do pensamento científico e
uma execução cuidadosa do projeto experimental. No
entanto, por mais que esses experimentos tenham sido Fusão para formar
-
bem sucedidos, certos organismos têm ciclos de vida o zigoto diploide
que permitem o estudo mais direto dos genótipos de F ig ura 5.18 Cldo de vida da Saccharomyces cerevisiae,
cada gameta individualmente, sem exigir a interpreta - O As leveduras haploides crescem por propagação vegetativa.
ção da expressão dos traços entre a progénie dos expe- 0 As leveduras de diferentes tipos de acasalamento podem se
rimentos controlados. Para essa pesquisa, os geneticis - fundir para produzir diploides.© Os ascósporos haploides são
produzidos por meiose nas leveduras diploides. O As cepas
tas dependem de microrganismos eucarióticos como a
classe Ascomycetes , que inclui o bolor do pão ( Neuros- diploides se propagam por crescimento vegetativo.
pora crassa ) e a levedura (Saccharomyces cerevisiae ) . esporos são liberados para crescer como haploides. Em es -
Espécies de ascomicetos passam a maior parte do seu
tudos laboratoriais, os ascósporos maduros podem ser re-
ciclo de vida em um estado haploide, dividindo se por mi -
movidos de seu asco e crescer como haploides em cultura
tose para produzir novas células. Por exemplo, as células
para descobrir seus genótipos. Esse processo se chama
de levedura haploides da Saccharomyces cerevisiae sofrem
análise da tétrade.
divisão mitótica durante a parte vegetativa do ciclo de vida,
reproduzindo novas células haploides que brotam das cé-
lulas parentais Figura 5.18 ). A levedura diploide se forma Análise de t étrades não ordenadas
pela união de dois tipos de acasalamento haploides geneti - Suponha que uma célula de levedura di íbr í da com o
camente diferentes. ( Discutimos a genética desse processo genótipo a ab' b seja produzida peta fusão de duas células
'
+
o’
a
6
b
- Meiose
I e II a'
a
+
b'
6
a~b*
ab
Drtipo parental
(PO) 4 gamelas parentais
+
ãJ + ab
a b a 6
Alternativa II
Cromossomo A Cromossomo B Produtos de gameta Tétrade
a* 6
Meiose
a* b lell Drtipo não parental
a 6* (NPO) = 4 gametas parentais
a b*
A segregação independente do cromossomo A e do cromossomo B produz tétrades PO e
NPD contendo um total de 50% de gametas parentais e 50% dc gametas recombinantes.
(b) Um crossing-over
Crossing - over simples do cromossomo A
Cromossomo A Cromossomo B Produtos de gameta Tétrade
a* b*
a b'
Meiose
I e II a Tetratipo
(TT) = 2 parentais e
a* 2 recombinantes
Meiose
lell o* 6 Tetratipo
o* ( TT) 2 parentais e
a ab 4
2 recombinantes
ab
a b a b
-
O crossing over de um piar homólogo dos cromossomos produz tétrades TT
contendo um total de 50% de gametas parentais e 50% de gametas recombinantes
Figura 5 . 1 9 Resultados da tétrade de genes não ligados, (a) As tétrades de ditipo parental (PD) e não parental (NPD) são os
produtos da segregaçã o e da segrega ção Independente. Cada asco contém dois tipos geneticamente diferentes de ascósporo.
(b) Os crossing-overs simples entre qualquer um dos pares homólogos de cromossomos produzem tétrades tetratipo (TT) que
contém quatro ascósporos geneticamente diferentes.
se submetem ao arranco
cromossómico da alternativa II diploides; a Figura 5.20 ilustra as combinações de t étra -
na metá fase produzem ascósporos com gen ótipos dife- -
des que resultam do nâ o crossing over e de um crossing -
rentes dos encontrados nos progenitores. Essas tétrades -par de cromossomos homólogos portadores dos alelos
over simples e de vá rios crvssing-overs duplos entre um
se chamam ditipos não parentais ( NPD). Se o crossing -
-over ocorrer entre qualquer um dos pares de cromosso-
mos homólogos, a tétrade contém ascósporos com quatro
a*b* /ab em lócus ligados. A figura ilustra que nesses
genes ligados se formam os très tipos de tétrade, mas
genótipos diferentes e é conhecida como um tetratipo as tétrades PD e TT são mais frequentes do que a NPD.
(TT) ( Figura 5.19b) . As tétrades PD são mais comuns, sendo produzidas
Agora, vamos considerar o que é observado quando nã o ocorrem crossing-overs entre os genes e
quando os genes são ligados. Nas Figuras 5.10 e 5.11, quando ocorrem crossing-overs duplos de fita dupla. As
172 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
a* b* o* b* a* b*
(b) Oossrng-oversimples
ob
ob* Tetratipo (TO,
o‘b 2 parentais, 2 recombinantes
fl * b*
<3* b' n* b
(c) Crossing -over dvpto (duas fitas )
ob
ob .
Ditipo parental ( PD)
4 parentais
C* b*
a* b *
o*
b *
a* b*
o b* ob * Tetratipo (TT),
0 b <3'b* 2 parentais, 2 recombinantes
o‘ b
o‘b
Segunda maneira
o b*
ob *
o b ob Tetratipo (TO,
b o‘b 2 parentais, 2 recombinantes
0’ b - a *
b‘ o' b*
-
( e) Crossing overduplo (quatro fitas)
o b *
ob'
o* b
a* b
Figura 5.20 A forma ção das tétrades com genes ligados é determinada pela ocorr ência ou tipo de crossing -over . ( a ) A
ausência de crossing-over produz o ditipo parental, ( b) O crossing-over simples produz o tetratipo. (c) O crossing -over duplo de
-
duas fitas produz o ditipo parental, (d) 0 crossing - over duplo de três fitas produz o tetratipo. ( e) O crossing over duplo de quatro
fitas produz o ditipo n áo parental.
té trades TT são menos frequentes do que a PD, ocor - combinação na an álise das t étrades (conhecida a partir
rendo quando h á os crossing-overs simples ou os duplos das nossas avaliações anteriores da ligação gêmea ) é
de três fitas. As tétrades NPD sà o menos frequentes, n úmero de recombinantes (100)
-
formando se quando ocorre o crossing over duplo de
quatro fitas. A ligação genética produz a tétrade PD >
- n ú mero total da progé nie
TT > NPD. A ligação génica produz a avaliação de pro- Um exemplo dessa análise vem de um estudo que
babilidade das t étrades de cada membro da progé nie. A examinou as tétrades produzidas pela fusã o das cepas
fórmula utilizada para determinar a frequência de re- haploides pdx pan* X pdx' pan. Os dados na Tabela S.5
Cap í tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 173
a*
«*
\ Meiócito
o
a
*
o
a*
a
„ • O -
>
Meiose I *
Meiose II ' Mitose *
'a (2
__ ^ ° Cromossomos
/ Células homólogos
a Cromá tides
irmãs se
a a
a ° <Z>
a*
dipkxdes se separam separam
Q
Células a
haploides
a
Asco
ordenado
(4:4)
çào na segunda divisão é usada para calcular a distancia 5.8 O crossing -over mitótico produz
de mapeamento (em centiMorgans) entre um gene e o
centròmero por meio da fórmula fenótipos característicos
xcM =
|( n úmero de ascos da segregação de segunda divisão)
número total de ascos
X 100 -
Nossa discussão sobre o crossing over e a recom
binação se limitou aos eventos que ocorrem durante a
-
meiose. Você deve ter querido saber se o crossing-over
Esse c álculo é equivalente a contar o n ú mero de
esporos recombí nantes e dividir pelo n ú mero total da ocorre durante a mitose e, se for o caso, quais são as suas
consequências. A sinapse dos cromossomos homólogos
progénie, pois a metade dos esporos nos ascos da se - durante a mitose ocorre apenas ocasionalmente nos ani-
gregação na segunda divisão é recombinante. A Figura
5.24 fornece um exemplo usando o Neurospora crassa.
mais, desse modo, há pouca oportunidade para a ocor-
*
Os fungos do tipo selvagem cultivados como coló nias rência de recombinação. No entanto, em certos casos a
de cor amarelo-clara e padrão de crescimento normal recombinaçào dos homólogos não ocorre durante a mi
são acasalados com mutados cultivados como coló nias tose. A taxa de crossing-over mitótico varia considera
velmente entre os organismos, mas suas consequências
-
alaranjadas e padrão de crescimento felpudo. Conforme
calculado na figura , a distância do centròmero até o foram reveladas por meio dc alguns exemplos fascinantes.
gene de cor é 16,5 cM e a distâ ncia do centrò mero até O primeiro exemplo bem documentado de Crossing-
o gene do padrão de crescimento é 50,7 cM. -over mitótico surgiu em 1936, quando Curt Stern estu-
dou os cruzamentos da Drosophila relativos a dois traços
recessivos ligados ao X: o corpo amarelo (y) e as cerdas
Observa çã o genética Nos eucarlotos cujos gdmetas curtas retorcidas, chamadas chamuscadas (sn). Stern
est ão contidos em um únko asco, as proporções dos gametas
cruzou fêmeas homozigotas para o corpo de cor do tipo
são usadas para calcular as frequências de recombinaçã o . selvagem ( cinzento) e cerdas chamuscadas (y* sn/ y* sn )
(a) (b)
a a
a a a* o• a
a* ; <r Q a a
a4
o*
a o o - a
& 0' o o '
a
Asco (222:2) (2222) (2:42) (2:42)
ordenado
(222:2)
Figura 5.23 Segregação na segunda divisão na formação do asco ordenado, ( a) O crossing -over simples produz um
asco ordenado 222:2. (b) Podem ocorrer vários resultados da segregação na segunda divisão, dependendo das cromátides
envolvidas no Crossing over.
Cap í tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 175
109-]
c g* C g / cg Cor (c) 73 36 109 ffl x 100 = 16 5
-[^ ,
30,7 cM
r 1
16,5 cM
r
( ¥1
cg Crescimento (g ) 42 67 109 x 100 « 30,7 C g
[109]
com machos de corpo amarelo e cerdas normais {ysn' fí ) sua vez, eram muito mais comuns que as manchas únicas
e obteve fémeas diíbridas na F que tinham corpo de cor chamuscadas.
do tipo selvagem c cerdas normais (y sn/ y sn ). O exame
4 4
Na formulação de uma explicação para as manchas
atento de um pequeno n ú mero de fémeas da F , revelou desiguais e suas diferentes frequências, Stern considerou
um fenótipo inesperado. Essas fémeas tinham o corpo de que, conto as manchas gémeas estavam sempre lado a
cor do tipo selvagem e cerdas do tipo selvagem na maior lado, elas devem resultar de eventos recíprocos. Ele per -
parte do corpo, mas pequenas manchas amarelas pelo cebeu que o raro crossing-over entre cromossomos ho-
.
corpo ou cerdas chamuscadas Ainda mais surpreendente mólogos durante a mitose poderia explicar as manchas
é que algumas fémeas tinham uma mancha corporal ama - gé meas e também poderia ser uma fonte de manchas iso-
rela e uma mancha de cerdas chamuscadas e, quando isso ladas. Stern propôs que os eventos de crossing-over mitó-
aconteceu , as manchas eram sempre adjacentes umas tico como os ilustrados na Figura 5.25 eram responsáveis
às outras, em um padrão chamado manchas gémeas ( F é
gura 5.25). Entre esses três padrões de manchas inco-
por manchas isoladas e gé meas na Drosophila. A forma
ção de manchas gê meas é explicada pelo crossing over -
-
muns, as manchas gê meas eram cerca de duas vezes mais
comuns que as manchas amarelas individuais, que, por
mitótico entre o sn e o centrômero, se o padr ão parti
cular de segregação cromossô mica ilustrado na Figura
-
Heterozigosidade do fenótipo
do tipo selvagem para sn e y
sn * y
sn Y*
I
O -
Crcming OYer mitótico
entre o centrômero e osn
O Crossing -over mitótico
entre osneoy
O .
Crosiinq-a vr mitótico
em ambos os intervalos
1
* sn *
y
2
sn *
y
sn
3
4
sn y* sn r
i
Segrega ção mitótica Segregação mitótica Segregação mitótica
sn 4
y sn4
y sn *
y
i í í
> Amarelo » Amarelo Tipo selvagem
3
sn 4 y
3
sn y
3
sn ‘
y* ^
sn f sn* sn y
*
^
2
4 Chamuscado Tipo selvagem Chamuscado
sn r sn r sn r
Manchas gêmeas produzidas Mancha amartf a isciada produzida Mancha chamuscada isoíada produzida
Figura 5.25 Crossing -over mitótico. Nos Crossing -overs na Drosophila analisados por Curt Stern , manchas gémeas O,
mancha amarela isolada 0 e mancha chamuscada isolada 0 foram produzidas pelo crossing over mitótico seguido por um
padrão de segregação particular durante a divisã o celular mitótica . Em cada caso, as cromátides e seus centrómeros são
-
numerados antes do crossing -over.Os n úmeros utilizados após o crossing-over mostram os padrões de segregação que produzem
os fenótipos de Crossing over mitótico identificados.
176 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
-
5.25 ocorrer. O crossing over mitótico de y e sn, seguido
pela segrega ção cromossòmica exibida , produz manchas
45 cM. Por outro lado, a distância entre y e sn é 21 cM,
então a formação de manchas gêmeas é aproximada
-
amarelas isoladas. O crossing over duplo e o padrão de mente duas vezes mais comum que a mancha amarela
segregação cromossòmica exibidos são necessá rios para -
isolada. O crossing over duplo que produz a mancha cha -
produzir manchas chamuscadas individuais. A formação muscada isolada é menos frequente que o crossing -over
de manchas gémeas é a observação mais comum porque simples, portanto a mancha chamuscada Isolada é o fe-
a distância de mapeamento entre o w e o centròmero é nótipo menos frequente.
ESTUDO DE CASO
-
dc marcadores genéticos dc DNA recém dcscobcrtos que
2- -
possuíam localizações cromossòmicas conhecidas. Os par - 3- -
ticipantes da pesquisa eram membros dc uma grande fa - 5 1-- 01963 Mncm ílan PuWulw* Ud
mília venezuelana que continha centenas de casos de HD.
Os pesquisadores coletaram e analisaram a varia ção do Figura 5.26 Dados do lod score para o marcador D4S10
marcador genético dc DNA dc 3 mil indivíduos c mon -
taram uma grande genealogia contendo mais de 12 mil
•
o gene da doença de Huntington. (a ) A tabela do lod
score indica evidê ncias importantes de liga ção genética de
membros. Dois membros do grupo colaborador dc Wcxlcr, = =
0 0,00 até 0 0,20, no minimo. ( b ) Curva de valores do lod
James Gusclla e Michael Connealy, usaram separadamente score sobre valores de 0 mostra ZTOí em 0 = 0,00 e lod scores
a análise do lod score para testar a ligação gê nica entre os significativamente positivos até 0 = 0,25 .
Cap í tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 177
gião do cromossomo 4. Armados com um mapa gené tico Lenore Sabin Wexler, que trabalhou proximamente a
.
apontando a localização do gene // £> os pesquisadores Thomas Hunt Morgan , em cujo laborat ório a ligação gê nica
conseguiram isolar c clonar o gene cm meados dos anos .
foi desenta c explicada pela primeira vez desempenhou um
1990. Isso levou à eventual identificação do gene huntin- papel importante no estudo da ligação gê nica que mapeou
gtina ( HTT ), à identificação da prote ína huntingtina pro - o gene da doença do qual ela era portadora. Por meio do
tacional
—
duzida pelo gene HTT c à determinaçã o do processo mu
um processo chamado expansão de tripletos do
D NA (Capítulo 12).
- apoio de sua família e dos esforços exaustivos de seu ma
rido e suas filhas, Lenore Wexler esteve no centro da aná
lise da ligação gênica que mapeou o HTT.
-
-
RESUMO
S.1 Os genes ligados não segregam de maneira .
2 identificar os alek>s nos cromossomos parentais (as
independente classes mais comuns);
3. identificar os recomblnantes duplos (as classes menos
A ligação g ênica identifica genes tão próximos uns aos ou - frequentes ), comparando-os com os cromossomos pa -
tros em um cromossomo que seus alelos não segregam de rentais, para determinar a ordem dos genes;
maneira independente. 4. calcular as frequê ncias de recombina çào entre os genes;
.
1 Com a ligação gênica as combinações parentais em fre - 5. calcular a interferência com a ocorrê ncia de crossing-
quências bem maiores que as previstas pelo acaso e as -
overs duplos.
combinações não parentais são muito menos frequentes I A frequ ê ncia de recombinaçào normalmente subestima a
que o previsto. distâ ncia f ísica entre os genes. As funções de mapeamento
I Wllllan Bateson e RegmaId Punnett observaram a liga ção são utilizadas para corrigir essas estimativas.
gênica pela primeira vez quando notaram grandes quanti-
dades de fenótipos parentais na progénie Fr 5.4 A recombinaçào resulta do crossing -over
I Thomas Hunt Morgan realizou aná lise de cruzamonto - I Os estudos que correlacionam a recombinaçào genética
-teste de genes ligados para demonstrar que a liga ção
com a recombinaçào visível das estruturas f ísicas caracte
-
viola a segregaçã o independente e que o crossing over dos
rísticas nos cromossomos apoiam a ideia de que o crossing-
cromossomos homólogos é responsá vel pela produção de
gametas recombinantes. -
over provoca recombinaçào.
I O crossing -over ocorre no estágio de quatro fitas na prófase
A frequência de crossing-over dos genes ligados está corre-
I da meiose, após a conclusã o da replicaçáo do DNA. Duas
lacionada com a distâ ncia entre os genes em um cromos-
cromátides n ã o irmãs de cromossomos homólogos tro-
-
somo. O crossing over ocorre com menos frequência entre
cam partes nos Crossing overs simples de duas fitas. Duas,
genes multo próximos do que entre genes mais distantes.
três ou quatro cromá tides podem estar envolvidas nos
Nos crossing -overs que envolvem genes ligados, os dois crossing -overs duplos.
fenótipos parentais são observados na progénie em
A recombinaçào ocorre dentro dos genes e também entre os
frequências apcoxlmadamente iguais, assim como os fenó - genes. Vá rias propriedades biológicas dos organismos afetam
tipos recombinantes.
a recombinaçào. Nos animais, o sexo heterogamético sofre
menos recombinaçào genômica que o homogamétko.
52 O mapeamento da ligação gênica se baseia na
frequência de recombinaçào entre os genes 5.5 Os genes humanos ligados são mapeados
I A correlaçã o entre a distâ ncia f ísica de mapeamento e a usando a análise do lod score
frequência de recombinaçà o permite o mapeamento ge-
As abordagens estat ísticas como a aná lise do lod score de-
nético com base na frequê ncia de recombinaçào. tectam evidências de ligação em fam ílias pequenas.
A aná lise do lod score determina a probabilidade de liga
53 A aná lise do cruzamento-teste de çáo gênica entre os genes em valores de recombinaçào
tr ês pontos mapeia os genes especificados (valores 0). Um lod score cumulativo de + 3,0
ou superior é uma evidência estatisticamente significante
Três ou mais genes podem ser mapeados pela aná lise do cru- em favor da ligação gê nica entre dois genes. Os lod scores
zamento-teste. Em um crosung -over de trés pontos, os fenóti- -
de 2,0 ou menos representam evidências estatistica-
pos parentais são mais frequentes, os recombinantes duplos mente significantes contra a ligação gênica.
são menos frequentes e os quatro fen ótipos resultantes de
dois eventos de recombinaçào simples têm frequência inter-
mediá ria, dependendo da distâ ncia real entre os genes. 5.6 A análise da ligação gênica investiga
Os mapas de ligação gênica são constnjidos em cinco a evoluçã o do genoma
etapas: O desequil íbrio de ligação entre os alelos de genes liga
.
1 encontrar proporções significativamente mais altas de dos pode indicar que a evolução está agindo na região do
fen ótipos parentais do que o previsto pelo acaso; genoma.
178 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
5.7 A ligação gê nica nos eucariotos haploides é 5.8 O crossing -over mitótico produz fenótipos
identificada pela análise das t étrades caracterí sticos
Em certos microrganismos eucariótkos, os produtos das O crossing- over mitótico é um evento raro que produz frag -
divisões celulares meióticas individuais estào contidos em mentos de tecido com fenótipo incomum.
um asco. Os gametas parentais e recombinantes contidos
em um asco podem ser analisados para mapear os genes.
T E R M O S-C H A V E
Analise da tétrade ( p. 170) Ditipo parental (PD) (p. 171 ) Lod score (logaritmo da razão de
Análise do cruzamento-teste de dois Equilibrio e desequilíbrio de ligação chances) (p. 766)
pontos (p. 149) (p. 169 ) Recombinação intragênica (p. 160)
Análise do cruzamento-teste de tr ès Fase aléllca (p. 165 ) Segregação na primeira divisão (p. 173)
.
pontos (p 153 ) Frequência de recombinação (r) (p. 147) Segregação na segunda divisão (p. 173)
Asco (ascósporo) (p 170) . Função de mapeamento (p. 164 ) Tétrade (p. 170 )
.
Asco ordenado (p 173 ) Genes sintènicos (p. 144 ) Tétrade não ordenada (p. 170)
Coeficiente de coinddência (c) (p. 157 ) Grupo de ligação (p. 165) Tetratipo (TT) (p. 171 )
Cromossomo ou gameta parental (náo Haplóí tpo, (p. 168) Unidade de mapeamento (m.u.),
recombinante) p 144 ) <. Interfer ência (/), (p. 157 ) centíMorgans (cM) (p. 153 )
Cromossomo ou gameta recombinante Interferência negativa (p. 158) Valor teta (valor 0) (p. 766)
(náo parental) (p. 144) Ligação gênica (mapeamento da liga- .
(P 166 )
.
Crossing-over mitótico (p 174 ) ção gênica), completa e incompleta,
Ditipo não parental (NPD) (p. 171 ) (p. 144, 145)
1. Faça um diagrama ilustrando os alelos nos cromossomos 4. Os genes E e H são sintènicos em um organismo expe
homólogos para os seguintes genótipos, supondo, em .
rimental com o genótipo EH/eh Suponha que durante
cada caso, que os genes residem no mesmo cromossomo cada meiose ocorra um crossing - over desses genes. Ne -
na ordem escrita: nhum cromossomo homólogo escapa do crossing -over e
.
a AB/ab nenhum deles sofre crossing -over duplo. Os genes E e H
b. aBc/abC sáo ligados geneticamente? Por quê? Qual é a proporção
c DFg/DFG de gametas parentais produzidos pela meiose?
.
d os gametas produzidos por um organismo com o ge- 5. Em tomateiros, a folha roxa é controlada por um alelo do-
nótipo Rt/ rT
minante A e a folha verde, por um alelo recessivo a. Em
.
e a progénie do cruzamento Rt/ rT X rt/ rt outro tócus, a folha peluda H é dominante em relação à
2. Nas espécies de plantas diploides, os genes da altura da folha lisa h. Os genes da cor e da textura da folha são se-
planta e do formato do fruto são sintènicos e separados por parados por 16 m.u. no cromossomo 5. No cromossomo
.
18 moj 0 alelo D produz plantas altas e é dominante em 4, um gene que controla o formato da folha possui dois
relação a d para plantas baixas e o alelo R produz um fruto alelos: um alelo dominante C,que produz o formato serri-
redondo e é dominante em relação a r para frutos ovais. .
lhado da folha, e um alelo recessivo c que produz a folha
.
a Uma planta com genótipo DR/dr produz gametas. em formato arredondado .
Identifique os genótipos dos gametas, indique os ga- a. O cruzamento de uma planta roxa, peluda e serrilhada
metas parentais e não parentais e forneça a frequência heterozigota em cada gene com uma planta verde, lisa e
de cada genótipo de gameta . em forma arredondada produz a seguinte progénie:
.
b Forneça as mesmas informações para uma planta com
Fenótipo Frequênda, %
o genótipo Dr /dR.
Roxa, peluda, serrilhada 21
3. Uma planta alta de linhagem pura que produz frutos ovais,
Roxa, peluda, arredondada 21
conforme descrito no Problema 2, é cruzada com uma
planta baixa de linhagem pura que produz frutos redondos. Verde, lisa, serrilhada 21
Verde, lisa, arredondada 21
a. As plantas da F1 são cruzadas com plantas baixas que
produzem frutos ovais. Quais são as propor ções previs- Roxa, lisa, serrilhada 4
tas para os fenótipos da progénie? Roxa, lisa, arredondada 4
b. Se os Integrantes da F identificada em (a) forem cru - Verde, peluda, serrilhada 4
zados entre si, qual é a proporção prevista de plantas Verde, peluda, arredondada 4
baixas e frutos redondos na F ? Qual é a proporção 100
^
prevista de plantas altas com frutos redondos?
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 179
Forneça os fenótipos das plantas parentais e da progé - sultado poderia ser utilizado para determinar qual dos
nie nesse experimento. mapas genéticos propostos está correto .
b. Explique em detalhes o número e a frequência de cada
classe fenotípica.
.
9. Os genes A B Q D e E são ligados em um cromossomo e
ocorrem na ordem fornecida. O cruzamento-teste Ae/ aE
6. Na Drosophila, as posições de mapeamento dos genes X ae/oe indica que os genes recombinam com uma fre-
são fornecidas em unidades de mapeamento, de uma quência de 28% .
extremidade do cromossomo até a outra. O cromos - a. Se o cruzamento-teste produzir uma progénie com mil
.
somo X da Drosophlla tem 66 m u. de comprimento O . integrantes, determine o número de integrantes da
—
gene ligado ao X para a cor do corpo com dois alelos, progénie em cada classe de resultado .
y* para corpo cinzento e y para corpo amarelo reside — b. Os cruzamentos de ligação gênica anteriores determi -
em uma extremidade do cromossomo na posição de naram que as frequências recombinantes para esses
.
mapeamento 0,0 Um lócus próximo para a cor do olho, genes são 6% para os genes A e 8, 4% para os genes
com os alelos w para olhos vermelhos e w para olhos B e C, 10% para os genes C e D e 11% para os genes D
brancos, está situado na posição de mapeamento 1,5 . .
e E A soma dessas frequências entre os genes A e E é
.
Um terceiro gene ligado ao X que controla a forma da .
31% Por que a distância de recombinação entre esses
cerda, com t para cerdas normais e f para cerdas bifur- genes, determinada pela soma dos intervalos entre
cadas, está situado em uma posição de mapeamento os genes ligados adjacentes, é diferente da distância
.
56,7 Cada gene reside no cromossomo X e em cada -
determinada pelo cruzamento teste?
lócus o alelo do tipo selvagem é dominante em relação .
10 Genes sintênicos podem segregar de modo indepen-
ao alelo mutante. .
dente Explique essa observação .
a. Em um cruzamento envolvendo esses três genes liga-
dos ao X, você espera que qualquer par de genes exiba 11. A frequência de recombinação entre os genes ligados
ligação gênica ? Justifique. é menor que 50%. Por que a recombinação de 50% é o
b. Você espera que qualquer um desses pares de genes valor máximo?
segregue de modo Independente? Justifique. 12. No cromossomo X da Drosopbila, o alelo dominante
.
c Uma mosca-da-fruta fémea do tipo selvagem com y* produz corpo dnzento e o alelo recessivo y produz
o genótipo y* w*f/ywf é cruzada com um macho de corpo amarelo. Esse gene está ligado a outro gene que
corpo amarelo, olhos brancos e cerdas bifurcadas. Pre- controla o olho de formato cheio por um alelo domi-
veja a frequência de cada classe fenotí pica da progénie nante Ire o olho em formato lozenge com um alelo re-
produzida por esse cruzamento. cessivo /z. Esses genes recombinam com uma frequên-
d. Explique como é produzida cada uma das classes pre- cia de aproximadamente 28%. O gene Lz é ligado ao
7 .
vistas para a progénie.
Os genes A Be Csão ligados em um cromossomo e en-
gene F que controla a forma da cerda, em que o domi
nante é a cerda comprida e o recessivo é a cerda bifur -
-
.
contrados na ordem A -8-C Os genes Ae B recombinam cada. Os genes Lz e F recombinam com uma frequência
com uma frequência de 8% e os genes B e C recombi- de aproximadamente 32%.
nam com uma frequência de 24%. Para o cruzamento a. Usando quaisquer genótipos á sua escolha, projete dois
o' b*c/ abc* X abc/ abc, preveja a frequência da progénie . cruzamentos diferentes, um para testar a recombinação
Suponha que a interferência seja zero . .
entre os genes Y e L z e o segundo, entre os genes Lz e
F. Suponha que seja produzida uma progénie de mil In-
8. O gene G recombina com o gene T em uma frequência
tegrantes em cada auzamento e forneça os números da
de 7% e o gene G recombina com o gene R em uma fre-
progé nie em cada categoria de resultado. ( Ao configu-
quência de 4%.
rar os seus cruzanr>entos, lembre-se de que os machos
a. Desenhe dois possíveis mapas genéticos para esses de Drosophib não sofrem recombinação.)
três genes e identifique as frequências recombinantes
b. Algum dos cruzamentos pode revelar ligação entre o
previstas para cada mapa. gene Yeo gene F7 Por quê?
b. Supondo que qualquer genótipo desejá vel esteja dis- c Por que a "segregação independente* é o termo gené-
ponível, proponha um cruzamento genético cujo re ^
a. Por que esses dados são coerentes com a ligação gê- b. Existem evidências de segregação independente entre
nica entre os très genes7 qualquer um desses pares de genes ? Se existirem,
b. Realize um teste do qui-quadrado para determinar se identifique as evidências.
esses dados exibem desvios significativos em relação á c Usando os símbolos de genes fornecidos anterior-
distribuição fenotípica prevista. mente, escreva os genótipos das plantas da F, e da F7.
c Qual é a ordem desses genes no milho ? d. Se houver alguma evidência de ligação, calcule as fra-
d. Calcule a fração de recombinação entre os pares de ções de recombinação a partir dos dados apresentados.
genes. e. Os três genes poderiam ser portados pelo mesmo cro-
e. Qual é o valor de interferência desse conjunto de mossomo? Por quê?
dados? .
16 Em uma espécie de planta diploide, uma F, com genó-
14. A síndrome da unha-patela é um transtorno autossômico tipo Gg LI Tt sofre um cruzamento-teste com uma planta
que afeta o formato das unhas nos dedos das máos e dos recessiva de linhagem pura, com o genótlpo gg II tt. Os
pés, bem como a estrutura das patelas A genealogia a . genótipos da progénie são:
seguir mostra a transmissão da síndrome da unha pateta Genótipo Quantidade
em uma família, junto com o tipo sanguíneo ABO.
GgUTt 621
2
I ôm * o GgLItt
GglITt
3
64
,1
II
A O
2
< drá rfé
B A
4
O A
6
O A
àk )°
A A
Gglltt
gg LI Tt
109
103
ggUtt 67
gg II Tt 7
A O A A8 B O A O A A A A O
gglltt 626
.
a A síndrome da unha-patela é uma condição domi- 1.600
nante ou recessiva ? Explique. a. Qual é a ordem desses tr ês genes ligados?
b. Essa fam ília fornece evidências do ligação genica entre b. Calcule as frações de recombinação entre cada par de
a síndrome da unha-patela e o grupo sanguíneo ABO? genes.
Porquê? c Por que a fração de recombinação do par de genes ex-
c Usando N e n para representar os alelos no lócus da terno não é igual à soma das frações de recombinação
unha-patela e /*, f e i para representar os alelos ABO, entre os pares de genes adjacentes ?
escreva os genótipos de 1-1 e 1- 2, bem como os de seus d. Qual é o valor de interferência desse conjunto de
cinco filhos na geração II . dados?
d. Por que 111 6 tem a síndrome da unha-patela e 111 8 não
- - e. Explique o significado desse valor de /.
tem? Forneça os genótipos desses dois Indivíduos.
e. Por que 111-11 tem a síndrome da unha-patela e 111-12 .
17 O mapa a seguir indica a ordem dos genes em um cro-
não tem ? Forneça os genótipos desses dois indivíduos. mossomo e o número de unidades de mapeamento
entre os pares de genes adjacentes. Forneça a frequência
.
15 Tr ês traços dominantes das plântulas de milho, semente de gametas prevista, produzida pelos organismos com
tunicada ( T- ), aspecto brilhoso (G-) e caule ligulado ( L- ), os seguintes genótipos. Suponha que uma unidade de
são estudados com suas contrapartes recessivas, não mapeamento seja igual a 1% de recombinação e que a
tunicada ( tt ), não brilhoso ( gg ) e não ligulado (?/). Uma interferência seja zero .
planta triíbrlda com os três traços dominantes é cruzada Frequência
com uma planta não tunicada, não brilhosa e sem lígulas. de recombinação: 10 18 8 24 16
Os grãos nas espigas das plantas da progénie são classifi-
cados para os traços, com os seguintes resultados: Gene: A B D E F G
Fenótipo Quantidade
.
a De/ dE
b. Ad / aD
Tunicada, brilhosa, ligulado 102 c DeF/dEf
Tunicada, brilhosa,não ligulado 106 d. BdE/ bde
Tunicada, não brilhosa, ligulado 18 e. AEG/atg
Tunicada, não brilhosa , náo ligulado 20 .
t ABDE/abde
Náo tunicada, brilhosa, ligulado 22 18. O grupo sanguíneo Rh nos seres humanos é determinado
Náo tunicada, brilhosa,não ligulado 23 por um gene no cromossomo 1. Um alelo dominante pro-
Náo tunicada, náo brilhosa, ligulado 99 duz o tipo sanguíneo Rh+ e um alelo recessivo produz o
Náo tunicada, não brilhosa, não ligulado 110 Rh-. A eliptocitose é um transtorno autossômico domi
nante que produz eritròcitos de formato anormal, com
500
uma expectativa de vida curta e que resultam em anemia
a. Existem evidências de ligação genica entre qualquer
um desses pares de genes? Se existirem Identifique as
evidências .
. hereditária. Uma grande família com ellptocitose é testada
quanto à ligação gênka do grupo sanguí neo Rh e a doença.
Os dados do lod score a seguir são obtidos para a família.
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 181
.
J2 0
3
2 1 -
0.05 0.1 0,15 0.20 0.25 0.30 0,35 0,40 0,45 0,50 com uma planta de soja de linhagem pura com fenótipos
recessivos de folha clara {/), semente oval (r ) e baixa esta-
tura (f). Os resultados do cruzamento-teste de três pon-
-2 -
tos sáo exibidos a seguir. Os traços não apresentados são
-3 - do tipo selvagem.
a. A partir desses dados,você pode conduir que os lócus
Fenótipo Quantidade
do Rh e da eliptocitose sâo geneticamente ligados
Clara
. _
nessa família? Por quê?
b Qual é o Z dessa família ? Clara, oval
Clara, baixa
648
64
10
c. Em quais intervalos de 6 os lod scores indicam evldèn
cias importantes em favor da ligação génica? Clara, oval, baixa 102
19. 0 mapeamento da ligação gênica de um grande número Oval 6
de famílias identifica 4% de recombinaçào entre os genes Oval, baixa 618
para o tipo sanguíneo Rh e para a eliptocitose No lócus . Baixa 84
do Rh, os alelos Re r controlam os tipos sanguíneos Rh-f Tipo selvagem 98
-.
e Rh O alelo E que produz a eliptocitose é dominante 1.630
em relação ao alelo e recessivo do tipo selvagem Tadeu . a. Quais sáo os alelos em cada cromossomo homólogo
.
e Taí s têm eliptocitose e cada um deles é Rh+ A mãe de da planta de soja triibrida parental do tipo selvagem ?
Tadeu tem eliptocitose e é Rh-, enquanto o pai é saudá- Coloque os alelos na ordem correta dos genes. Use L, R
vel e tem Rh+. O pai de Taí s é Rh+ e tem eliptocitose- a . .
e T para representar os alelos dominantes e l r e t para
mãe é Rh- e saudável . representar os alelos recessivos.
a. Qual é a probabilidade de o primeiro filho de Tadeu e b. Calcule a fraçáo de recombinaçào entre os pares de
Tais vir a ser Rh- e ter eliptocitose? genes adjacentes.
b. Qual é a probabilidade de um filho de Tadeu e Taís que .
c Calcule o valor de interferência para esses dados.
é Rh+ vir a ter eliptocitose?
24. O chefe do seu laboratório acaba de ouvir uma sugestão
20. Um Neurospora com o genótipo a* forma tétrades nas se- feita por outro laboratório de que os genes responsáveis
guintes frequências: pela cor dos olhos e pelo comprimento das cerdas corpo-
Tétrade Número .
rais podem ser ligados na Drosophila Seu laboratório pos-
cra' aa 192 sui muitas reservas de Drosopbila de linhagem pura que
poderiam ser utilizadas para verificar ou refutar a ligação
a a a' cr 208
a a‘ a am 23
.
gênica Na Drosophila, os olhos vermelhos (c+) sáo domi-
nantes em relação aos olhos marrons (c) e as cerdas lon-
a cr a' a 27 gas (d+) são dominantes em relação às cerdas curtas (d).
a o a’ a 29 O chefe do seu laboratório pede para você conceber um
ara a cr 21 experimento para testar a ligação gênica dos genes da cor
500 dos olhos e do comprimento das cerdas e a começar pelo
cruzamento de um exemplar homozigoto de linhagem
a. Qual é a distância entre o gene e o centrômero ?
b. Faça um diagrama da meiose que produz a classe a a
pura para olhos vermelhos e cerdas curtas com um exem
plar de linhagem pura para olhos marrons e cerdas longas.
-
a4 o da tétrade.
#
.
c Faça um diagrama da meiose que produz a classe a* a a. Forneça os genótipos das moscas parentais de linha-
a cr da tétrade . gem pura e o{s) genótipo( s) e fenótipo( s) da progénie
F , que elas produzem.
21. Os genes R e T sáo ligados geneticamente. Responda à s .
b Na sua concepção experimental, quais são o genótipo
seguintes perguntas pertinentes a um organismo dií- e o fenótipo da linhagem que você propõe cruzar com
brido com o genótipo Rt/ rT\ ,
a F para obter as informações mais úteis a respeito da
a. Se r = 0,20, forneça as frequências previstas dos game- ligação génica entre os genes da cor dos olhos e do
tas produzidos pelo diibrido. comprimento das cerdas ? Explique por que você fez
b. Determine as frequências dos gametas se ocorrer um essa escolha.
crossmg -over duplo de duas fitas entre os genes. .
c Suponha que os genes da cor dos olhos e do compri-
c. Determine os genótipos dos gametas produzidos por mento das cerdas sejam separados por 28 m u. Quais .
um crossing-over duplo de três fitas nesse organismo são as frequências aproximadas dos fenótipos previstos
diibrido. a partir do cruzamento que você propôs na parte (b)?
182 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
d. Em que aspecto os resultados do cruzamento seriam alelo recessivo r para fruto alongado. Os genes que con-
diferentes se os genes não forem ligados? trolam esses traços são ligados no cromossomo 1 no ge-
25. Em coelhos, o pelo cor de chocolate (i +) é dominante noma do tomate e os genes são organizados na ordem e
*
em relação ao pelo branco M, o pelo liso (c+) é domi- nas frequências de recombinaçáo exibidas.
nante em relação ao pelo cacheado (c) e a orelha comprida Gene T P R
-
(s f ) é dominante em relação à orelha curta (s).O cruzamento
de um coelho trilbrido com pelo liso,cor de chocolate e ore-
Frequência de 0,04 0,18
lhas compridas com um coelho com pelo cacheado, branco
e orelhas curtas produz os seguintes resultados: recomblnação
a. Uma planta de linhagem pura alta, com penugem e
Fenótipo Quantidade fruto redondo é cruzada com uma planta de linhagem
Branco, curta, liso 13 pura anã, com casca lisa e fruto alongado. Quais são os
Chocolate, longa, liso 165 genótipos dos gametas produzidos por cada uma des-
Chocolate, longa, cacheado 13 sas plantas?
Branco, longa, liso 82 b. Quais são o genótipo e o fenótipo da progénie F , desse
Chocolate, curta, liso 436 cruzamento?
c Quais são os genótipos dos gametas produzidos pela
Chocolate, curta, cacheado 79
F, e qual é a frequência prevista para cada gameta ?
Branco, curta, cacheado 162
d. Os integrantes da Ft sáo cruzados com plantas anãs,
Branco, longa, cacheado 450 com penugem e fruto alongado, sendo produzida uma
1.400 progénie do cruzamento teste com mil integrantes.
-
.
a Determine a ordem dos genes no cromossomo e iden- Quais são os fenótipos da progénie do cruzamento-
tifique os alek>s que estão presentes em cada um dos teste e quantos integrantes da progénie devem estar
cromossomos homólogos nos coelhos trifbridos. em cada classe ?
b. Calcule as frequências de recombinaçáo entre cada um
28. A neurofibromatose 1 (NH) é um transtorno autossó
dos pares de genes adjacentes.
c Determine o valor de interferência desse cruzamento.
mico dominante herdado no cromossomo humano 17 .
Parte da análise que mapeia o gene NF1 no cromossomo
26. A seguinte progénie é obtida a partir do cruzamento- 17 veio de estudos de ligação gènica que testam a se-
-teste de uma planta triíbrida do tipo selvagem com uma gregação do NF 1 e os marcadores genéticos de DNA em
planta com os fenótipos recessivos de folhas compostas vários cromossomos. Um marcador de DNA com dois ale-
.
(c), folhas pequenas intercalares (fl e frutos verdes (g) (Os los, designados 1 e 2, é ligado ao NF 1. A genealogia a se-
traç os não apresentados são do tipo selvagem.) A progé- guir mostra a segregação do NF J (símbolos escurecidos)
nie do cruzamento-teste é: e fornece os fenótipos do marcador de DNA para cada
Fenótipo Quantidade
membro da família .
Folhas compostas 324
Folhas compostas, folhas pequenas 32 I
intercalares
Folhas compostas, frutos verdes 5 II
Folhas compostas, folhas pequenas 51
• •*
intercalares, frutos verdes
Folhas pequpnas intercalares
Folhas pequenas intercalares, frutos
3
309
III
É
1, 2
'
1.2
Ó
1
É‘ í t
2.2 1, 2 2, 2 2, 2 1, 2
Ó "
2, 2
verdes a. Determine os alelos do gene Nf J e do gene marcador de
Frutos verdes 42 DNA em cada cromossomo portado pelos quatro mem-
Tipo selvagem 49 bros da família na geração I e na geração II. Use N para o
815 alelo dominante NF 1 en para o alelo recessivo e suponha
a. Determine a ordem dos três genes e construa um que M seja heterozigoto para o alelo da doença (Nn).
mapa genético que identifique a ordem correta e os b. Com base na fase dos alelos nos cromossomos na
alelos portados por cada cromossomo na planta pa- geração II, existe alguma evidência de recombinaçáo
rental triíbrida. entre os oito Integrantes da progénie na geração III?
b. Calcule a frequência de recombinaçáo entre os pares Explique.
de genes adjacentes no mapa. c. Qual é a frequência de recombinaçáo estimada entre o
c Quantos integrantes da progénie do crossing -over gene NF 1 e o marcador de DNA ?
duplo sáo previstos entre toda a progénie do cru- 29. Um estudo genético de 2006, realizado em uma grande
zamento- teste ? Calcule a Interfer ência desse cruza-
mento.
família americana (Ikeda e colaboradores, 2006), iden -
tificou a ligação gênica entre os marcadores de DNA no
27. Em tomates, o alelo Tpara a altura da planta é dominante cromossomo 11 e o gene que produz o transtorno neuro-
em relação ao alelo r, o alelo P para casca lisa é domi- muscular autossômico dominante ataxia espinocerebelar
nante em relação ao alelo p para casca com penugem, e do tipo 5 (5CA5). Os seguintes dados do k>d score foram
o alelo R para fruto redondo é dominante em relação ao extraídos do estudo de 2006:
Capí tulo 5 Ligação e mapeamento genético nos eucarlotos 183
Valor teta (8) que tinham olhos vermelhões e formato fozenge Os cro- .
mossomos dessas moscas são retratados a seguir .
0,01 0,05 0,10 0,20 0,30 0,40
SCA5 e marca-
Cf + Iz* V
6
APRESENTAÇÃO
nas bactérias e bacteriófagos
Dada a importância biológica, médica e tecnológi- nismos de transferência genética e recombinaçào entre
ca das bactérias e de outros microrganismos, náo é de as bactérias que são o foco deste capítulo.
As bactérias sã o um grupo taxonómico altamente
admirar que sejam estudados de maneira intensa na
diverso, sendo essenciais para o estudo genético. Entre
genética moderna, usando a bactéria Escherichia coli e as caractcr ísticas que tomam as bacté rias tào ú teis para
a levedura Saecharomyces cerevisiae como organismos os geneticistas, temos:
genéticos modelo. A facilidade relativa de estudar os I Simplicidade genò mica. A maioria dos genomas
microrganismos impulsionou a mudança revolucioná- bacterianos contém menos genes e pares de base em
seus genomas haploides que os outros organismos.
ria na genética na última metade do século XX. Grande
I Gen ótipos descomplicados. O genoma haploide da
parte das informações Iniciais na genética molecular e maioria das bactérias permite que todas as mutações
muitos dos métodos de análise genética pioneiros no sejam observadas diretamente, sem a interferência
estudo das bactérias provaram- se valiosos no estudo das interações de dominâ ncia entre os alelos.
dos organismos mais complexos. Tempos de geraçã o rápidos. As bactérias se repro -
duzem de maneira prolífica; seus tempos de geração
Neste capítulo, examinamos a genética das bactérias
podem ser medidos em minutos.
e aprendemos como os mapas de seus genomas sáo cons-
Progénies numerosas. Quantidades imensas de
truídos. Adotamos uma abordagem genética em nossa progé nie clonal podem ser examinadas, aumentando
discussão, concentrando-nos nas técnicas genéticas uti- a probabilidade de que eventos estatisticamente
lizadas para mapear os genes nos genomas bacterianos. raros venham a ser observados.
O sequenciamento do genoma se tornou disponível em Facilidade de propagação. Os micróbios podem
ser cultivados em um meio de cultura líquido ou em
mais de mil genomas bacterianos nos últimos anos e es-
placas de cultura . As culturas são f áceis e baratas de
ses bancos de dados de sequenciamento têm uma enor- manter e exigem pouco espaço no laborató rio.
me utilidade (Capitulo 18). No entanto, nosso foco aqui é
na investigação e compreensão de como aplicar a análise
I Muitas diferenças herdáveis. Os mutantes são fa
cilmente criados, identificados, isolados e manipula
--
genética ao estudo de transferência e mapeamento ge- dos para exame.
nético nos genomas bacterianos e bacteriófagos. Uma atividade de interesse central neste capítulo
é a propensão das bactérias para transferirem material
Começamos examinando três mecanismos pelos gen ético de uma para outra. A transferê ncia ocorre
quais o DNA pode ser transferido de uma bactéria para ou-
tra. Após mostrarmos como a aná lise desses processos aju-
por meio de três processos: conjugação , a transferên
cia de DNA replicado de uma bactéria doadora para
-
da os geneticistas microbianos a localizarem as posições uma receptora; transformação, a captação do DNA do
ambiente por uma bact éria receptora; e transduçào, a
dos genes no cromossomo bacteriano, o capitulo passa transferê ncia do DNA de uma bacté ria doadora para
para uma discussão sobre bacteriófagos, os vírus que in- uma receptora por meio de um vetor virai. Cada um
fectam as células bacterianas. Ele descreve experimentos desses mecanismos envolve uma transferê ncia de
que levaram a um mapa da estrutura fina de um genoma mão ú nica do material genético de uma célula doa
dora bacteriana para uma célula receptora. O DNA
-
bacteriófago e forneceram uma ponte essencial entre a transferido é um plasmideo extraclonal ou uma parte
transmissão genética e a genética molecular moderna. do cromossomo bacteriano doador. Muitas vezes, os
plasm ídeos transferidos para as células receptoras tra -
6.1 As bactérias transferem genes por zem novos genes que mudam o comportamento de
conjuga ção crescimento das células receptoras. Alternativamente,
os plasmídeos podem carregar uma segunda có pia
As bact érias se propagam por fissão biná ria, um dos genes que já existem no cromossomo bacteriano.
processo no qual o cromossomo bacteriano replica e Quando o DNA do cromossomo bacteriano da célula
uma cópia é distribu ída para cada uma das células da doadora é transferido para uma bact é ria receptora, as
progé nie, com uma parte do conteúdo da célula divi - partes hom ólogas das moléculas de DNA do doador
dida. Em uma questão de horas, essa forma de propa
gação clonal consegue gerar uma “coló nia” contendo
- e do receptor podem sofrer recombinaçà o, levando
a uma mudan ça no genótipo da célula receptora . In -
milhares de células bacterianas geneticamente idê nti - dependentemente da natureza do DNA transferido
cas. No entanto, a capacidade das bactérias para pro - das células doadoras para as receptoras, a chave para
duzir coló nias de clones náo significa que elas nunca se compreender o processo é lembrar que se trata de uma
recombinam geneticamente. Vá rios estudos nos anos via de m ão ú nica: o material genético passa do doador
1940 e 1950 identificaram e descreveram os três meca - para o receptor.
186 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Caracterí sticas dos genomas bacterianos ( resistência ), carrega genes de resistência antibiótica que
podem ser transferidos dos doadores para os receptores.
Os genomas bacterianos normalmente são compos- Os plasmídeos são modificados facilmente no laborató rio
tos de um ú nico cromossomo que carrega basicamente para produzir características específicas ou para carregar
genes essenciais — os genes necessários para as ativi-
dades metabólicas e de crescimento da espécie. O cro-
determinados genes ú teis em uma ampla gama de aplica-
çóes do DNA recombinante (ver Capítulos 16 e 17).
mossomo bacteriano normalmentc é uma molécula de Muitos plasmídeos são capazes de replicar por conta
Condizente com o pequeno tamanho do genoma de
—
DNA de fita dupla circular e fechada covalentemente.
ser bastante pequeno, variando também de algumas cen - ficados como plasm ídeos de "alto n ú mero de cópias". O
tenas de milhares a vá rios milhões de pares de base. São n ú mero real é variá vel e depende em grande parte do tipo
encontradas exceções ocasionais. Por exemplo, o gê nero de plasmídeo em questão. Os plasmídeos de baixo n ú-
bacteriano Vibrio tem um genoma contendo dois cro- mero de cópias frequentemente são incapazes de replicar
mossomos bacterianos, designados cromossomo I e cro - por conta própria, já que sua replicação está vinculada à
mossomo 11, com o primeiro sendo consideravelmente
maior que o segundo (ver Capitulo 11) . do cromossomo bacteriano. Esses plasmídeos, conheci -
dos como “de baixo n ú mero de cópias", estão presentes
Além do cromossomo bacteriano principal, a em 1 ou 2 có pias por célula bactenana, enquanto 50 ou
maioria das bactérias também carrega vá rias cópias de mais plasm ídeos de alto n ú mero de cópias podem ser en-
plasmídeos, pequenas moléculas de DNA de fita dupla contradas em cada célula. Como você verá em breve, os
circulares contendo genes não essenciais, usadas rara - plasm ídeos de alto n ú mero de cópias desempenham um
mente ou em condições muito específicas e que não são
papel fundamental na conjugação e na análise da transfe
encontradas normalmente pelas espécies ( Figura 6.1 ). Os réneia e mapeamento genético bacteriano.
plasmídeos variam amplamente quanto a seu n úmero de
genes e seu n úmero total de pares de base, mas sempre
são consideravelmente menores que os cromossomos
Conjugação identificada
bacterianos. Os plasm ídeos sâo descritos como DNA ex- A transferência do DNA bacteriano foi identificada
tracromossômico, significando que geralmente sâo sepa - pela primeira vez por Joshua Lederberg e Edward Tatum
rados do cromossomo bacteriano, embora encontremos em 1946. Eles usaram duas cepas auxotróficas triplas dc £
algumas exceções no decorrer deste capítulo. coli que tinham requisitos nutricionais diferentes para o
Muitos tipos diferentes de plasmídeos que ocorrem crescimento (ver Seção 43 para obter uma revisão de pro-
naturalmente são encontrados nas bactérias e cada um totrofia e auxotrofia ). Primeiro os pesquisadores estabe-
deles contém vários genes. Um plasmídeo que iremos leceram trés culturas bacterianas diferentes, inicialmente
discutir, chamado plasmídeo F (fertilidade ), contém cultivadas em um meio completo ( Figura 6.2). Na cultura
genes que promovem sua própria transferência de uma O, eles cultivaram uma cepa auxotrófica chamada Y-24,
bactéria doadora para uma receptora. Outro tipo de plas - .
que tem o genótipo bio leu* cys phr thr* thi* Em razão
' '
5 '
Y-10
— Mistura
de Y-10
-
e 58 161
58-161
— -
Y 10
— — 58-161
Pequeras
moléculas vão e
i i
Transferénca para o meio mínimo
r\ vém através do
fttrai mas ascélulas
bacterianas, não.
Hoje os microbiólogos sabem que a conjugação é con- para servir como o pelo (tubo) de conjugação que conecta
trolada pelos genes portados pelo plasm ídeo F. Cximo con- a doadora à receptora, formando o conduto através do qual
sequência, apenas ascélulas doadoras iniciam a conjugação. o DNA da célula doadora é transferido (ver Figura 6.4). Por
As células receptoras (células F ) são incapazes de iniciar a fim, três tipos de células sáo observados na conjugação:
conjugação. Consequentemente, a conjugação ocorre entre uma célula doadora que contém um plasmídeo F e doa
uma célula doadora e uma receptora, mas não entre duas informações genéticas, uma célula receptora que recebe o
células doadoras. Os genes do fator F dirigem a construção DNA de uma célula doadora, mas não contém um fator F
de pelos que têm funções sensoriais. Um pelo se especializa funcional, e a célula exconjugante, que é produzida pela
conjugação. Uma célula exconjugante é essendalmente
Célula doadora Pelo de conjuga çã o Célula receptora uma célula receptora que teve seu conteúdo genético mo-
dificado ao receber o DNA de uma célula doadora.
O fator F tem aproximadamente 100 kb de compri -
mento e 35% de sua sequência é dedicada a aproximada -
mente 40 genes que controlam a conjugação ( Figura 6.5) .
Os genes do plasmídeo F que desempenham um papel na
conjugação da £ coli recebem designações de quatro le-
tras, consistindo no prefixo Ira ou Irb, seguido por uma
letra maiuscula. Grande parte do resto do fator F consiste
em quatro elementos de sequência de inserção (IS): uma
cópia do 1S2, duas cópias do 1S3 e uma cópia do 1S1000
muito grande. Os elementos de sequ ê ncia de inserção
(IS) sáo segmentos móveis de DNA bacteriano capazes de
transpor a si mesmos por todo o gennma bacteriano e que
têm um papel funcional importante na transferência gené-
tica bacteriana ( ver Capítulo 12) .
Figura 6.4 Conjugação bacteriana. A bactéria doadora A conjugação entre uma célula F* doadora e uma
faz contato com a receptora c transfere DNA através do pelo célula F receptora transfere uma cópia do fator F e pro -
de conjugação. duz exconjugantes que são células F + doadoras, conforme
Cap í tulo 6 Aná lise e mapeamento genético nas bactérias e bacteriófagos 189
( a ) Genes Importantes na transfer ência do fator F que, dentro da célula doadora, a fita de DNA restante serve
oriT como um modelo para a síntese unidirecional de uma fita
Plllna -QroA de DNA substituta. Na célula receptora, a fita de DNA en -
trolj- Relaxase rolada age como um modelo para a síntese do DNA. Dis-
cutimos os detalhes da replicação do DNA no Capítulo 7.
Proteí nas
exportadoras -
Jjjt/ oK
<
Fator F A replicação por círculos rolantes começa na oriT ,
íop troO }- Proteí nas onde a ruptura da fita ú nica no DNA expôs a extremi -
de ligação
dade hidroxila 3' da fita T. Nessa extremidade exposta,
( b) Sequência oriT
a DNA polimerase adiciona novos nudeotídeos, utili
zando a fita de DNA complementar intacta como mo-
-
Pares de base
1 10 20 30 delo. A replicação do novo DNA que ocorre durante a
5“
t
3' replicação por círculos rolantes acaba deslocando a ex
tremidade 5' da fita T, liberando- a para ser transferida
-
Sítio de clivagem através do pelo de conjugação para a célula receptora.
Figura 6.5 Estrutura do plasm ídeo F. (a ) Vá rios genes A conclusão da replicação por dreulos rolantes na cé-
importantes na transferência do fator F sào mostrados, bem lula doadora restaura o fator F da fita dupla da célula doa-
como a origem da transferê ncia { oriT ). ( b ) A sequência de 38 dora , deixando intacto o estado de doadoras das células F\
pares de base do oriT , incluindo o sítio de clivagem. Nesse meio tempo, dentro da célula receptora, a fita T im -
portada age como um modelo dirigindo a síntese de uma
ilustrado na Figura 6.6 . A conjugação começa com o con - fita de DNA complementar. Na conclusão desse processo,
tato entre a célula F‘ e a célula F , contato iniciado pela
' as duas extremidades da oriT se unem para tomar a molé-
formaçã o de um pelo de conjugação. Estes são compos- cula dreular, completando a criação de um fator F na célula
tos de proteína pilina, produzida pelo gene traA no fator receptora. Com a presença de um fator F, a célula F , que "
F (ver Figura 6.5). Elementos do DNA circular, como o era receptora, é convertida para uma célula F doadora.
4
fator F, que podem se replicar independentemente do A Ta beia 6.1 enfatiza duas características dignas de
nota da conjugação F x F~. Primeiro, a transferência com -
4
fosfodiéster em uma fita do DNA, chamada fita T, para observações de Lederberg e Tatum; a conclusão lógica é
indicar que essa é a fita transferida para a célula recep- que deve haver algum outro tipo de conjugação, talvez en -
tora. A clivagem do DNA na oriT define uma extremi - volvendo tipos diferentes de células doadoras bacterianas,
dade 3' c uma extremidade 5’ na fita T e inicia algum de- para transferir genes cromossômicos bacterianos de uma
senrolamento do DNA duplex nas vizinhanças da oriT. célula doadora para uma receptora.
O dcscnrolamcnto da fita T libera a maioria dos com-
ponentes do relaxossomo, mas uma proteína, chamada Observação genétka A conjugação bacteriana è contro-
relaxase, o produto do gene trai, se liga à extremidade 5' lada pelos genes do fator F que dirigem a formação de um tubo
livre da fita T do DNA para formar um complexo nucleo- de conjugação entre as células doadoras e as receptoras. A con-
proteico. Esse complexo nucleoproteico fornece um sinal juga ção doadora receptora leva à transferência de DNA pela re
de reconhecimento crítico para uma proteí na chamada pllcaçáo por círculos rolantes. As células F doadoras tra nsferem
4
proteína de ligação, o produto do gene traD, que assume apenas o DNA do fator F para as céí ulas F~ receptocas.
uma posição perto da entrada do pelo de conjugação. O
complexo nucleoproteico se liga brevemente à proteína de
ligação e depois se afilia a várias proteínas do complexo ex - Formaçã o de um cromossomo da Hfr
portador que movem o complexo nucleoproteico e a fita
T através do pelo de conjugação e para a célula receptora. A evidência experimental descrita até este ponto
A transferência da fita T através do pelo de conjuga - demonstra que a E coli possui a capacidade de trans
ção é acompanhada por um processo especializado de re- ferir genes do cromossomo da bactéria doadora para o
plicaçào do DNA, conhecido como replicação por dreu - cromossomo da receptora . O contato entre as bactérias
los rolantes, dentro da célula doadora. Nesse processo de doadoras e receptoras é necessá rio para a transferê n-
replicação unidirecional especializado, uma Fita do DNA é cia genética . No entanto, essa capacidade nã o pode ser
enrolada através do pelo de conjugação ao mesmo tempo explicada pela conjugação envolvendo uma F“ doadora
190 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Relaxossomo
Relaxossomo
degradado
Replica ção -
0 relaxossomo degrada pa nalmente,
^ ^*
deixando a relaxase ligada á extremi-
dade 5'da f ta T. 0 complexo retaxase-
-fita T se bga a jm fator de Igação para
se preparar para a exponaçáa A
rcpr cação do DNA por círculos rolantes
começa na célula doadora
.
Figura 6.6 Conjugação das c élulas P e F A replicação por círculos rolantes transfere uma única fita do fator F, começando
'
na orfT, de uma célula doadora para uma receptora, onde é replicada para converter a célula receptora (F~) em uma doadora F\
cepas de recombinação em alta frequê ncia, ou cepas da linhagem Hfr resultante. Tanto a localização quanto
Hfr, para indicar a alta taxa em que os genes doadores a orientação do fator F sã o importantes de se considerar
das Hfr recombinavam com o cromossomo das F recep - no mapeamento dos genes bacterianos nos cromosso-
-
toras. Cavalli Sforza também determinou que a conjuga - mos da Hfr, como discutimos na Seção 6.2.
ção envolvendo as doadoras Hfr e as rcceptoras F quase “
de ser um plasmídeo extracromossòmico, o fator F nas Assim como na conjugação F* x F , o relaxossomo se liga
cepas Hfr está integrado no cromossomo bacteriano, for - à oriT e corta a fita T para iniciar o desenrolamento e a
mando um cromossomo da Hfr Figura 6.7 ). A formação transferência dessa fita para a célula receptora. Uma parte
dos cromossomos da Hfr é rara: apenas 1 em cada 100 mil do fator F integrado é transferida em primeiro lugar , se-
células F* é convertida para uma célula Hfr. O evento de guida pelos cromossomos bacterianos e, finalmente, pelo
integração que forma o cromossomo da Hfr ocorre nos restante do fator F integrado. Teoricamente, o cromos-
elementos IS. Os plasmídeos F podem ter vários elemen - somo da Hfr inteiro poderia ser transferido durante a
tos IS, e os cromossomos bacterianos tém vários desses conjugação Hfr x F , mas na realidade isso é impossível.
‘
elementos. Com base nisso, 20 a 30 cromossomos da Hfr O movimento normal das bactérias vai romper o pelo de
diferentes podem ser formados em algumas espécies bac - conjugação bem antes de a transferência da Hfr ter sido
téria nas. O n ú mero atual varia entre as cepas bacter
íanas. completada. A transferê ncia completa da Hfr levaria
Dois atributos de seus fatores F integrados nos cro-
mossomos da Hfr distinguem uma Hfr da outra. Pri
meiro, a localização da integração do fator F varia entre
-
aproximadamente 2 horas para acontecer — um inter -
valo que ultrapassa muito a duração da conjugação. Nos
experimentos de conjugação, sua duração é estocástica.
as cepas Hfr: isso pode ocorrer em qualquer um dos Alguns eventos de conjugaçã o são muito curtos, outros
sítios de IS presentes no cromossomo bacteriano. Se- bem longos, e outros ainda são de duração intermediária.
gundo, o fator F integrado pode ter uma de duas orien- O segmento de DNA da fita T que é transferido com
tações diferentes em cada local de integração. A integra
ção de um fator F para formar um novo cromossomo da
- êxito para a célula receptora é utilizado como um modelo
de DNA para gerar um fragmento linear de fita dupla.
Hfr ocorre apenas uma vez, estabelecendo uma cepa Hfr Em qualquer ponto que o pelo de conjugação se romper,
com um sítio de inserção do fator F e uma orientação do essa conjugação é interrompida , cessando a transferência
fator F que são características fixas de todas as bactérias e a replicação da fita T. A Figura 6.8 ilustra a conjuga -
ção entre uma Hfr com o genótipo thr* leu stor* e uma
*
Cromossomo bacteriano Fator F F- com o genótipo thr leu 4 S/T* (a função do s/r* e do s/r*
Célula F4 oriT é explicada momentaneamente). Dentro da célula recep-
tora, o DNA da doadora é um fragmento de DNA linear
9\ de fita dupla contendo uma parte do fator F e um seg-
Elemento
delS mento do DNA bacteriano da doadora que era adjacente
à oriT. Sem a sequência completa da oriT , o DNA linear
não pode se tornar circular; e como apenas uma parte
I
Recombinação do cromossomo bacteriano do fator F é transferida , as doadoras I ífr não conseguem
e do fator F em um elemento de IS converter as células receptoras F para um estado doador
"
Reccmbinaçâo
IxxnóOga
/ Fragmento
cromossômico
doador
Degradação
enõmá tka
Em experimentos desse tipo, a sensibilidade e a re - thr ,
sistência aos antibióticos sào utilizadas como ferramentas I
para controlar o crescimento de bactérias. Nas células re - leu '
str
ceptoras, a resistência ao antibiótico estreptomicína { str*)
é proveniente de um gene portado por um plasmídeo R Tipo de célula
extracromossô mico (ver Figura 6.8). A célula doadora é exconjugante
.
sensível à estreptomicina (str*) mas isso se deve à ausên
cia de um plasmídeo R, e não à presen ça de um alelo para
- thr * teu * ífr *
placa seletiva são thr leu* str* , um gen ót í po que pode - Com ou sem a recombinaçâo homóloga para formar
ria ocorrer apenas nas exconjugantes. uma exconjugante, o destino final do DNA linear nas cé-
Cap í tulo 6 Análise e mapeamento genético nas bactérias e bacteriófagos 193
lulas bacterianas é a degradação enzimá tica pela ação das O n úmero de minutos entre o início da conjugação e o
enzimas nucleases. Se as nucleases alcançarem o DNA surgimento de um determinado recombinante é identifi-
doado antes que ele possa se ligar e recombinar com o cado como “ momento de entrada " do gene de interesse.
cromossomo receptor, a formação da exconjugante é Essa medida, expressa em minutos de conjugação, pode
bloqueada. Sc a recombinaçáo não ocorrer, forma-se um ser utilizada para determinar a ordem dos genes no cro-
cromossomo exconjugante e o segmento do cromos - mossomo da Hfr em um mapa de momento de entrada.
somo receptor emendado durante a recombinaçáo é de -
gradado junto com o restante do DNA doado. Experimentos de mapeamento do
Para nossa finalidade, a conjugação entre uma célula momento de entrada
doadora Hfr e uma célula receptora F tem dois resul
"
- Em 1956, EUie Wollman , François Jacob e William
tados fundamentais. Primeiro, a transferência de um ou
ma is alelos doadores para o cromossomo receptor pela
Hayes usaram dados de conjugação da cepa F ~ P678 e da
recombinaçáo homóloga forma um cromossomo excon
jugante. Segundo, o fator F não é transferido totalmente
- cepa Hfr HfrH para demonstrar a utilidade da conjugação
interrompida no mapeamento do momento de entrada.
Nesse experimento, a P678 é str* , resistente ao antibiótico
durante a conjugação e, portanto, a célula receptora F‘
estreptomicina, e a HfrH é str5, sensível à estreptomicina.
não é convertida para um estado doador (ver Tabela 6.1). Os genótipos doador e receptor dos seis genes estudados
são fornecidos na Tabela 6.2. Dois desses genes tinham
Observa çã o gené tica Nas doadoras Hfr, o fator F foi localizações conhecidas: os genes da síntese da treonina
Integrado a uma sequência de inserçã o. Essas doadoras sáo c leucina (thr c leu ) , que são ruais próximos da origem de
capazes de transferir genes, mas não conseguem converter a transferê ncia na HfrH do que qualquer um dos genes testa-
receptora para um estado doador. dos. O objetivo desse experimento era mapear as posições
do azi , tonA, lacegalB em relação ao thr, leu e determinar
a distância entre os genes em minutos de conjugação.
O experimento começa pela mistura das cepas bac-
6.2 A análise de conjuga ção terianas doadoras e receptoras para iniciar a conjuga -
interrompida produz mapas de ção. Em intervalos de minutos, uma pequena amostra
de cultura é removida e agitada para romper os pelos de
momento de entrada conjugação, interromper a conjugação e parar o pro-
Observamos que os cromossomos da Hfr são com
pridos demais para serem totalmente transferidos de uma
- cesso de transferê ncia do DNA. As bactérias da amostra
são colocadas em placas de cultura contendo diferentes
célula doadora para uma receptora. Em consequência compostos suplementares no meio para determinar se
disso, uma conjuga ção interrompida, a cessação da con - as exconjugantes se formaram pela recombinaçáo entre
o cromossomo receptor e o DNA hom ólogo doado. Os
jugação provocada pelo rompimento do tubo de conjuga -
primeiros alelos recombinantes nas exconjugantes são,
ção, ocorre durante a conjugação de ocorrência natural.
como sc poderia prever, thr* e leu* . Os pesquisadores
Os paramentos interrompidos param a conjugação antes selecionam essas exconjugantes colocando células em
de o cromossomo da Hfr poder ser transferido completa - placas de cultura com um meio isento de leucina e treo-
mente da doadora para a receptora. Várias décadas atrás, nina , mas que contém estreptomicina e, portanto, vai
os pesquisadores perceberam que, se a conjugação expe- permitir o crescimento apenas das exconjugantes leu '
rimental fosse testada para a transferência genética em thr* str*. A ordem dos outros quatro genes é determi -
intervalos regulares, seria possível mapear a ordem dos nada usando essas exconjugantes leu* thr* str*.
genes doadores e determinar a distâ ncia entre esses genes.
Essa estratégia experimental se chama mapeamento do
momento de entrada. Cada cepa Hfr utilizada nos ex - Tabela 6.2 Genótipos das cepas F P678 e HfrH da
perimentos de mapeamento do momento de entrada vai C. coU
transferir genes em uma ordem específica que é carac -
teristica da cepa. A ordem da transferência dos genes e o HfrH F P678
momento do primeiro surgimento de recombinantes para thr (prototrófica para a thr (auxotrófica para a
cada gene são funções da proximidade do gene em rela- treonina) treonina )
ção à origem da transferência ( oriT ). Consequentemente, leu* (prototrófica para a leir (auxotrófica para a
os genes mais próximos da extremidade 5' da fita T atra
vessam o pelo de conjugação logo após o início da conju
-
-
leucina)
azi 9 (resistente è azida de
leucina )
azis (suscetível à azida de
gação, enquanto os genes que estão mais distantes da ex - sódio) sódio)
tremidade 5’ da fita T vão atravessar o pelo de conjugação tonA' (resistente á infecçáo tonA' (sensí vel à infecçào do
mais tarde. Os genes mais próximos da oriT també m são òofagoTI ) fagoT!)
transferidos com mais frequência que os genes mais dis- lac (capaz de utilizar a lac (incapaz de utilizar a
tantes. O resultado é que os genes mais próximos da oriT lactose) lactose)
recombinam mais cedo nos cromossomos exconjugantes golB* (capaz de utilizar a galfr ( incapaz de utilizar a
e em maiores quantidades do que os genes mais distantes. galactose) galactose )
194 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
t
100 -
regulares e representando graficamente seu momento de rr
azi
entrada no cromossomo da exconjugante. (b) Os alelos 80
doadores leu* e thr aparecem nas exconjugantes em até Ti-3!
OJ O
V.
3 minutos desde o in ício da conjugaçã o. Outros alelos tonA
Ie SI -
5 60
doadores seguem de acordo com sua ordem no cromossomo,
(c) O mapa do momento de entrada do cromossomo da Hfr é
montado a partir dos dados de recombinaçáo. n C
-§51 40 -
%
—
mento genético que podem ser obtidas a partir de uma
única cepa Hfr são limitadas. Primeiro, como o pelo de 1 8
conjugação é rompido e o pareamento é interrompido, a
probabilidade da transferência genética cai rapidamente
!, - 0
O/ B
com a distância da oriT. Segundo, uma cepa Hfr conse-
gue transferir genes em apenas um sentido.
Para obter informações experimentais sobre a ordem <u>
e a distância entre os genes no cromossomo bacteriano 1
de uma determinada espécie, vá rias cepas Hfr com dife- * 15 - too
(b) Orienta çã o 1
vai cys phe gal thr leu
1
Ú ltimo gene
1 M ! =
Primeiro gene
vai
5'
ll
Fator F
integrado
Ligação do
e«
. Replica ção
doDNA Para a receptora
relaxossomoe
cys /
>1113' clivagem da frta T
.
i
/
orií' 5' II 3*
\ i
phe \ / FitaT
s y
'v
leu
gol thr
Na orientação l as .
extremidades da onTe
da fita T se chamam I e II.
(c) Orienta çá o 2
vai cys phe gol thr leu
i
Primeiro gene Último gene
5* Fator F 5' Para a receptora
integrado IV
vai Lgação do vai % Relaxase
reiaxossomoe \
clivagem da 6taT II y \
cys A / 3' cys 3' \
\
/ oriT
r Rt3 T / 5' III 3* 5'IAIII 3’
phe
i
\
\
f
/
' phe
V /
leu leu
dades dos ep isso mos da fita dupla sflo chamados I, II, sua extremidade 5' passa através do pelo de conjugação,
III e IV; a polaridade 5 -3' das fitas também é indicada. o primeiro gene marcador a ser transferido será vai , se-
Lembre-se de que o relaxossomo que se liga à oriT leva .
guido por cys- phe-gal-thr-leu A Analise Gen ética 6.1 vai
à clivagem da fita T, que na Figura 6.10b está ilustrada -
guiá lo durante o mapeamento do momento de entrada
de um experimento de conjugação de Hfr.
com as extremidades I e II. A extremidade 5' da fita T
se move através do pelo de conjuga ção com leu sendo o
primeiro gene após o fragmento de epissomo. A Figura Consolidação dos mapas de Hfr
6.10c mostra o mesmo cromossomo bacteriano simpli
ficado com a inserção em IS1 na orientação 2, onde a
- Nos mapas de Hfr utiliza - se uma cabeça de seta para
fita T é a mais interna ( ainda com as extremidades I e
II ). A orientação 2 é oposta à orientação 1 e transfere os
indicar a orientação do fator F integrado. Você pode con
siderar a cabeça de seta como uma indicação da ponta
-
genes na ordem contrária. Quando a fita T é clivada e de uma Fita de DNA, ou seja, a primeira parte a entrar e
196 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
2 Identifique as informações criticas forneci- .
2, Os genótipos doador e receptor são fornecidos Um perfil do momento
das no problema. de entrada identifica os minutos de conjugação necessários para transfe-
rir cada gene da célula doadora para a receptora.
Deduzir
.
3 Determine a relevância da transferência muito .
3 A transferência muito precoce do ri/r indica que o gene está perto da
precoce do his* no contexto do desenvolvi- oriT e será o primeiro a atravessar o tubo de conjugação .
mento de um mapa do momento de entrada.
.
4 Identifique os componentes necessários para .
4 A placa de cultura utilizada para selecionar esses marcadores conteria
permitir o crescimento das exconjugantes estreptomicina e os aminoácidos treonina, leucina, ácido glutámico e
com os marcadores selecionados ri/s* e str*. .
alanina A placa não teria histidina, exigindo, assim, que a cepa cultivada
A seja ri/r .
DICA: Para selecionar as euconjugartes que sAo hir e
consoes
str*, as placas de cbttuta precisam fornecer nas
qua apenas as exconfugartes resistentes à estreptomi-
*
cina e capam de slrtetcnr a histidina consoam crescer,
Resposta b
5. Construa um mapa do momento de en- .
5 Sabendo-se que o ri/s ê transferido primeiro e que a ordem dos genes e
trada com base nos dados de conjugação. suas distâncias são identificadas pelo momento em que as recombinarv
tes aparecem nas exconjugantes, o mapa da Hfr para essa cepa é:
Origem de
transferência
g /u thr ala Itu
Mapa 11
Minutos r
0 8 16 29 42
ri/s
passar através do pelo de conjugação. O primeiro gene £ coli . A Figura 6.11b compara um segmento do mapa do
após a cabeça de seta a entrar na célula receptora está momento de entrada da £ coli com o segmento corres-
mais perto da oriT e atravessa o pelo de conjugação antes pondente do cromossomo produzido por sequenciamento
e com mais frequência que todos os genes doadores. Isso gen ómico. A comparação revela a correlação exata do po-
o leva a scr o primeiro gene a rccombinar e que o faz com sicionamento e da ordem dos genes.
a maior frequência. A Figura 6.11a mostra as posições e a Vamos praticar a consolidação dos mapas do mo-
orientação dos fatores F em seis cepas Hfr da £ coli. Cada mento de entrada em um mapa maior de um cromos-
cepa foi utilizada para construir um mapa do momento somo circular usando os dados apresentados a seguir
de entrada e os mapas são consolidados pela identificação sobre transferê ncia genética de quatro cepas Hfr dife -
das regiões sobrepostas para formar um mapa circular do rentes. Para cada cepa, os genes são apresentados na
cromossomo doador. Repare que, como consequência ordem de transferência . O primeiro gene transferido
das duas possíveis orientações nas posições de IS, algumas é o mais superior e o ú ltimo é o mais inferior, com os
Hfrs transferem genes em um sentido, enquanto outras minutos de conjugação de cada gene sendo fornecidos
transferem genes no sentido oposto. Por exemplo, a HfrH entre parênteses. Os genes mencionados na discussão a
transfere genes no sentido oposto ao de Hfr 2 e Hfr3. seguir sã o apresentados em cores.
O mapeamento do momento de entrada foi praticado
durante décadas antes de o sequenciamento genòmko se
tomar realidade. Durante esse per íodo, muitos cromos- Cepa Hfr
somos bacterianos foram mapeados pelo momento de Hfrl Hfr 2 Hfr 3 Hfr4
entrada, incluindo o cromossomo do organismo gené-
serR [ 2 ) nadB (8) TyrT { A ) serR (4)
tico modelo, a £ coli. Porém, com o advento do sequen -
ciamento genómico, tornou se possível identificar todos - leuY (10) proL (17) fumC (12) póefl {12)
os pares de base de nudeotídeos e todos os genes em um asn0 (15) fumC (29) proL ( 24) cys£ (25)
genoma. A precisão e a validade do mapeamento de Hfr
5erC ( 20) tyrT ( 37 ) nadB ( 33) leuU ( 37 )
podem ser demonstradas comparando um pequeno seg-
mento da sequência gcnômica da £ coli com o segmento ryrT (?7 ) serÇ (44) leuU ( 46) nadB ( 50)
correspondente do mapa do momento de entrada da fumC (35) as/ifl (49) cysf (58) proL (59)
(a ) Dados coletados das cepas Hfr para a construção Figura 6.11 Mapa de Hfr consolidado da E. coli . ( a ) Os
do mapa do momento de entrada dados de seis cepas Hfr Identificam as orientações do fator
90 minutos F e a ordem de transferência dos genes. As Hfrs sobrepostas
f /ir produzem um mapa consolidado do cromossomo.
(eu 10
,
( b) Compara ção do segmento de um mapa do momento
rfw aa de entrada da Hfr com um mapa da sequê ncia genómka.
'me f ,
Um segmento de 5 minutos ( minutos 40 a 45) do mapa do
lon momento de entrada da £ coli é exibido em comparação
7l 20 com um segmento de aproximadamente 500 mil pares de
Hfr 4 toc .
base do genoma da £ coli derivado do sequenciamento
genòmko dessa bactéria. Os genes selecionados entre
imtí
Hfrl 42,5 minutos e 44,5 minutos no mapa do momento de
tu
entrada (superior ) estão alinhados com suas posi ções no
xyi
Hfr3 30 mapa de sequenciamento genómico (inferior) para ilustrar a
HfrH 90i compatibilidade das duas abordagens de mapeamento.
I fr 2
*
ftr Iam
ACDFGHIJKLMNOPQR
50 40
( b) Compara ção dos segmentos dos mapas do momento de entrada da Hfr e do genoma sequendado da Hfr
_
o
«o
» GDCBHAFI A, B, D
( ABCDE ) ( FGH )
f l l i f i i t i i l j 11 Ei í l &fI Ht II 1I
—
44 < < <
\ \ \ ( *\ ( ( ( II (
Tempo em 43 45
minutos
/ \
asnU asnV
íf it rcsA osnT qmn sbcB hisLhnB
vsr cobU sbmC gnd rfc rfbX galF cpsG
»1 111
Genes c11 —1J
nAmii IMtll
Origem de transferência
\ -
Gene mr* hufawã vtK lyrT famC
Hfrl , f B I i r i
Minutos 2 B S S 7 B
amfl itfC ryr7 hxnC prol nadS
Hfr 2 ZI I
5 7 8 12 4 Embora o mapa de conjugação seja uma maneira
Wrf tumC peoL nada leuL' cyif
Hfr3 4 1 precisa de determinar a ordem dos genes e calcular a
4 ê 17
ped
9
nodB
1)
fcuU
17
cy%t KT#
distâ ncia aproximada entre eles, ele não é suficiente -
Hfr4
o 17 U
mente preciso para mapear acuradamente os genes in -
fimamente ligados. A taxa rá pida em que as cepas Hfr
transferem o DNA dificulta a medição exata entre os
A continua ção do processo de sobreposição acaba genes ligados. Por exemplo, na conjugação da L coli,
levando ao fechamento do círculo e à conclusão do o cromossomo transfere dezenas de milhares de n ú -
mapa cromossòmico (assim como a compilação das so- cleotídeos por minuto. A análise do genoma da E. coli
breposições apresentada na Figura 6.11a ) Na tabela an - . diz aos biólogos que o gene médio tem aproximada -
teriormente mostrada, por exemplo, repare que a Hfrl mente mil pares de base de comprimento, significando
e a Hfr4 compartilham o gene serR como o gene mais que muitos genes podem ser transferidos durante
próximo do sítio de inserção. Essa é a conexão que nos .
cada minuto de conjugação Como as diferenças no
permite fechar o mapa circular . Para começar a cons- momento de entrada dos genes intimamente ligados
trução do mapa, vamos supor que a Hfrl transfira genes podem ser de apenas alguns segundos, a ordem desses
no sentido horá rio. genes pode n ão ser solucionável pelos experimentos de
mapeamento da conjuga ção isoladamente. Dois outros
mecanismos de transferê ncia de DNA entre bacté rias, a
transformação e a transdução, facilitam o mapeamento
de alta resolução dos genes intimamente ligados. A
Seção 6.4 discute o mapeamento genético por meio da
transformação e a Seção 6.5 descreve o mapeamento
genético por meio da transdução. No entanto, primeiro
terminamos nossa exploração das vá rias configurações
possíveis para o fator F.
AN Á LISE GENÉTICA
.
Na £ coli as capacidades para utilizar o açúcar lactose, sintetizar o aminoácido metionina e resistir ao antibiótico estrepto-
micina são conferidas pelos alelos loC , mer e str*. Os alelos mutados produzem bactérias suscetíveis à estreptomicina (sfr4),
são incapazes de crescer em meio contendo lactose (toc) e requerem a suplementação com metionina para crescer (mer) As .
cepas de £ cotí são identificadas como doadoras ou receptoras na primeira tabela, que também contém informações sobre sua
capacidade de crescer sob várias condições. A segunda tabela contém informações de crescimento para as exconjugantes do
cruzamento entre as cepas doadoras e receptoras. Em cada tabela, "+" indica crescimento e indica ausência de crescimento.
*Min* significa um meio mínimo e as placas de meio mínimo suplementadas são indicadas, por exemplo, como "Min 4mef
(meio mínimo suplementado com metionina).'Lac* in-
dica uma placa contendo apenas lactose como açúcar. Cepa Tipo Crescimento da cepa
a. Utilize as informações de crescimento na primeira Min lac Min+met Min-f-mef+str ioc+mef+sír
tabela para determinar o genótipo de cada cepa A Doadora 4- 4 +
nos lócus locr met e str.
B Doadora
.
b Utilize as informações de crescimento na segunda
C Doadora
4
4
4
4
4
4
tabela para determinar os genótipos das exconju-
gantes produzidas por cada cru - D Receptora 4 4
zamento . As exconjugantes
c Compare os genótipos e o com-
Cruzamento Crescimento da exconjugante são doadoras?
portamento de cruzamento das
doadoras, receptoras e exconju- Min +sfr Min 4mer+sír lac+str tac+mer+srr
gantes para determinar se cada AxD 4 4 5im
.
doadora é F4, Hfr ou P Explique BxD 4 Sim
seu raciodnio para a identifkação CxD 4 4 Não
de cada cepa doadora.
—
«w v
PV / Por outro lado, dois genes ligados e bem próximos
7Nudeotideos
' degradados um do outro no cromossomo doador podem acabar fa-
Complexo de
ligaçã o ao DNA cilmente no mesmo fragmento do DNA transformante.
brama degradadera
na receptora do DNA Então, um único par de eventos de crossing-over pode
integrar ambos os genes no cromossomo receptor com
T uma frequência de cotransformaçâo aproximadamente
Parede da Membrana da mesma ordem de grandeza da transformação de
célula receptora cltoplasmá tlca
.
um único gene Alé m disso, a frequência de cotrans-
0 com
A fita transformante se une formaçào sempre será substancialmente maior que o
a região homóloga do
cromossomo receptor. produto das frequê ncias de transformação isoladas A .
Figura 6.14 fornece os dados de cotransformaçâo de três
Fita transformante genes ligados na E coli: purR, vai e pdxH . Esses genes
são encontrados em uma região de aproximadamente
DNA heterod ú plex 25 mil pares de base de comprimento. Mais uma vez,
suponha que a frequência de transformação isolada de
0 A fita transformante desloca ,uma cada gene seja 0,002. Se os genes não fossem ligados,
fita do cromossomo receptor uma frequência de cotransformaçâo independente de
formando um DNA heterod ú plex
complementar (a /a* ).O excesso aproximadamente 10 é seria prevista para qualquer
de fita é degradado. par desses genes. No entanto, como mostra a figura, as
frequências de cotransformaçâo observadas sâ o bem
maiores, apoiando a hipótese da forte ligação desses
Replica çá o do DNA genes no cromossomo da £. coli.
e divbáo celular Os dados na Figura 6.14 també m fornecem pistas
para a ordem desses três genes. Prevemos que os genes
i laterais ( os genes em cada extremidade do mapa ) terão
a menor frequê ncia de cotransformaçâo e que o gene
intermediá rio terá a maior frequência de cotransfor
mação quando ligado a qualquer um dos genes laterais.
-
Nossos dados mostram que pdxH e vai têm a menor
frequência de cotransformaçâo; desse modo, sabemos
que eles são os genes laterais. purR é o gene intermediá -
Nã o transformante Transformante rio e sua frequência de cotransformaçâ o com pdxH ou
vai é bem maior que a frequê ncia de cotransformaçâo
0 A mplfccaçlo do DNA e a divháo celular produzem
uma transformante e uma não transformante dos dois genes laterais. Alé m disso, como a frequên -
cia de cotransformaçâo de purR e vai é maior que a de
Figura 6.13 Transformação de uma bacté ria competente purR e pdxH , supomos que a distâ ncia entre purR e vai
( a ) pelo DNA da bactéria doadora (o4) . seja menor que a distâ ncia entre purR e pdxH .
Cap í tulo 6 Aná lise e mapeamento genético nas bactérias e bacteriófagos 203
—
transformação independente implicam ligação genética.
/ Cabeç
a
»
DNA
Cldo Iftico +-
« Infec çã o Qck> lisogê nico
DNA
FagoX © Ohospedeira
fago X se acopla à célula ©
.
O Osã*ofagos X da progénie
liberados pela lise DNA
da bactéria hospedeira. do fago
O cromossomo do faga
assume a forma circular
protegWo da degradação. © Integra çãpro do
DNA do ó fago X
no cromossomo
hospedeiro.
t i
0 DNA e proteí nas são
reunidos nos fagos X da Podem oconer vánas
progénie. Ciclo Irtico divtsôes e mJtas gerações
I
nesse estado: o DNA do
pr
ófago é copiado
© Ocorre replica ção do
cromossomo do fago; o
quando a célula se divide,
DNA hospedeiro se rompe.
O fago
Sob a direção dos genes do
, a transcri ção e a
tradu çã o produzem
— cr f %
,
© O ciclo Iftico
.
continua
—
O Excisão do prófago
• X do cromossomo
novas part ículas de fago.
\
GO \ J hospedeiro .
Fig ura 6.16 Ciclo de vida lítko e lisogênico de um bacteriófago temperado. O cicio lítico evoluiu diretamente da inf ècçáo,
passando pela reprodução do fago e chegando à lise. O eido lisogénko apresenta a integração do fago rvo cromossomo
hospedeiro, onde ele reside até a exdsão e retomada do cldo lírico.
O Lise da célula hospedeira , resultando na morte cromossomo receptor. A execuçã o desse processo cria
dessa célula e na liberação de uma progénie de par
tculas de fago.
í
- uma cepa transdutante , que é o produto da transdução.
As condições que levam à transdu ção são raras e exi-
Certos bacteriófagos classificados como fagos gem um erro no empacotamento de um cromossomo
- do fago durante infecçáo lítica. Ocorrem dois tipos de
nhecido
—
temperados, dos quais o fago X é o exemplo mais co
são capazes de se submeter a um ciclo de
vida temporário, alternativo, que leva à integração do
cromossomo do fago no cromossomo hospedeiro bac -
transdução. A transdução generalizada é a transfe-
rência de qualquer gene bacteriano e pode ser reali -
zada pelos bacteriófagos que não discriminam entre o
teriano. O processo de integração se chama lisogenia . DNA do fago e o da célula hospedeira. Por outro lado,
As condições ambientais e de crescimento são, em a transdução especializada é realizada apenas pelos
grande parte, o que inicia um ciclo Lisogénico. A lisoge - fagos temperados, e os genes transferidos limitam -se
nia pode persistir por muitos ciclos de replicação e divi
são bacteriana, mas ela acaba chegando ao fim e o ciclo
- aos muito próximos do sítio de integraçã o do fago.
A transdução foi identificada pela primeira vez em
lítico é retomado. ( Discutimos os detalhes e a regulação um experimento de 1952 realizado por Norman Zinder
e Joshua Lederberg. O experimento foi concebido para
genética dessa alternâ ncia entre os ciclos de vida no Ca -
pítulo 14.) Cinco etapas que caracterizam o ciclo lisogé - examinar a conjugação entre duas cepas da bactéria
Salmonella typhimurium. Em seu experimento, Zinder
nico são exibidas na Figura 6.16.
e lederberg misturaram a cepa duplamente auxotrófica
O Acoplamento da partícula do fago à célula hos-
pedeira. his~ met phe~ trp* tyr\ que exige histidina e metionina
para crescer, com a triplamente auxotrófica his* metr
0 Injeção do cromossomo do fago na cé lula hospe - phe ~ trp~ tyr , que cresce apenas com suplementaçào de
deira, seguida pela circularizaçáo do cromossomo fenilalanina, triptofano e tirosina. Conforme o previsto,
do fago. Zinder e Lederberg encontraram uma baixa frequência
O Integração do cromossomo do fago no cromos-
somo hospedeiro. Esse processo é específico para
de recombinantes prototróficos, coerente com a sua hi -
pótese de que a conjugação era um processo de trans-
o sítio, o que significa que ocorre em uma sequência ferência de genes de células doadoras para reccptoras.
de DNA específica, encontrada nos cromossomos do Zinder e Lederberg realizaram então um experi-
fago e da bactéria. Depois de integrado no cromos- mento com tubo em U usando as mesmas cepas auxo-
somo hospedeiro, o DNA do fago se chama prófago. tróficas que tinham estrutura similar às do experimento
O prófago permanece integrado de maneira estável do tubo em U de Davis, descrito na Seção 6.1 ( ver Figura
no mesmo local em vários ciclos da replicação cro- 6.3). Eles não esperavam nenhum protótrofo como re -
mossòmica bacteriana e da divisão celular. sultado do experimento, pois o disco de vidro no tubo
O Excisão do prófago. Em resposta a um sinal am
biental, como uma alta dose de radiação ultravio
-
-
em U impediria a passagem das células bacterianas pelo
disco. No entanto, para sua surpresa, Zinder e lederberg
leta, o prófago reverte sua integração e é excisado constataram que seu experimento do tubo em U produ-
intacto. Esse evento normalmente é uma reversão ziu protótrofos. Esse resultado indicou que os genes es-
exata da integraçã o espec ífica para o sítio, mas tavam sendo transferidos por um mecanismo que não
erros raros na excisão do prófago levam a um tipo exigia o contato de conjugação entre as células. Aparen -
específico de fago anormal que pode conter mate
rial genético do hospedeiro.
- temente, o agente responsável pela transferê ncia era su -
ficientemente pequeno para passar pelo filtro de vidro e,
portanto, era necessá ria apenas uma pequena fração do
© Retomada do ciclo l í tico, começando com a replica - tamanho das células de Salmonella no experimento.
ção do cromossomo do fago.
Zinder e Lederberg sabiam que uma das culturas
de Salmonella estava contaminada com um bacterió-
Observa çã o gen é tica Os bacteriófagos infectam e pro- fago identificado como P22 e especularam que o fago
vocam a lise da célula bacteriana hospedeira após invadirem poderia ter desempenhado um papel na transferência
a célula e usarem prote ínas, enzimas e estruturas bacterianas genética incomum no experimento do tubo em U. Os
para replicação, transcrição e tradu ção do DNA do fago. Os pesquisadores realizaram outros experimentos de tubo
fagos temperados são capazes de se submeter a um ciclo de em U com filtros de vidro possuindo vários tamanhos
vida alternativo chamado ciclo lisog ènka no qual os prófagos de poros e constataram que os protótrofos eram pro-
se integram ao cromossomo hospedeiro. duzidos quando o tamanho do poro era maior que o
tamanho do P22, mas não quando o tamanho do poro
era menor que o do P22. Eles também conseguiram
mostrar que o material que passava através do filtro de
Descoberta da transdução
vidro era maior que uma molécula de DNA, excluindo
Na transdução, a transferê ncia do material genético assim a transforma ção como o processo criador dos
de uma célula doadora para uma receptora é seguida
pela recombinaçào homóloga do fragmento doador e do
protó trofos no experimento do tubo em U. Zinder e I e-
derberg concluíram que a presença do P22 e a exclusão
-
206 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
da transformação como mecanismo de transferência O A lise da célula hospedeira libera fagos normais e de
genética significavam que o fago P22 era portador de transduçáo generalizada.
DNA bacteriano. Eles batizaram o processo recé m -des- O O fogo de transduçáo generalizada se acopla às novas
coberto como transduçáo por transferência gen ética. células receptoras e injeta o fragmento de DN A doador.
O Em cada célula receptora ocorre a recombí nação ho-
Transdu çáo generalizada m óloga entre o fragmento do DNA doador e o cro-
Nas seis d écadas desde que Zinder e Lederberg mossomo receptor. Pares de eventos de crossing -
descobriram a transduçáo generalizada, vários tipos de - over são necessá rios para unir o fragmento doador
fogos de transduçáo generalizada foram identificados.
Os fagos de transduçáo generalizada são formados Fago PI O 0doadora
f*9 P 1 Inlecta uma célula
° mer
, hir
quando um pedaço aleatório do DNA bacteriano doador
do tamanho adequado é empacotado por engano na ca *
o~
DNA ,, , ( mer, h /54)
similar. Esse erro ocasional no empacotamento do DNA do PI ^
,meV
.
Figura 6.17 Transduçáo pelo fago PI Os fagos
transdutantes são gerados pelo empacotamento equivocado
O O transdutante é mer, f»/r.
O DNA excitado contendo
de um fragmento do DNA da bactéria doadora em uma cabeça mer é degradado.
.
de fago 0 As bactérias transdutantes são produzidas pela
recombí nação homóloga entre o fragmento de DNA doador
introduzido e o cromossomo bacteriano receptor (O e O). Bactéria transdutante (mel*, hrs )
Cap í tulo 6 Aná lise e mapeamento genético nas bactérias e bacteriófagos 207
para medir a frequência de cotransdução entre o cys e Aná lise de crossing-over dos dados de cotransdu ção
o gene do trp em questão. Em cada experimento, o cys* cys* trpC trpB *
--
.
para o trpE* Em seu segundo experimento, ele consta cy? trpC trpB
tou 53% de transduçâo entre cys* e trpC* . Yanofsky con
cluiu que o trpE é maLs próximo do cys do que o trpC 1
ÓX o: cys* trpC trpB
' '
com base nas frequ ências de transdu çâo mais altas para
.
cys e trpE do que para cys e trpC As frequências de co- cys trpC * trpB*
.
o trpC Yanofsky propôs um mapa genético do óperon
-
triptofano com a ordem cys trpE trpC trpA. - - cys trpC ‘ trpB '
* $ X ê Xl
êA9 X 0X 9 X 9 X\ 8
perados, como o fago lambda (X), t ê m a capacidade de li-
sogenizar seu hospedeiro integrando-se ao cromossomo
desse hospedeiro para criar um prófago. O sítio de inte-
gração é uma sequência de DNA chamada sí tio de att
(do inglês “attachmenf ou acoplamento), que é idêntica
nos cromossomos bacteriano e do fago. A sequência de 15
pares de base chama -se attP no fago lambda (o P significa
fago em inglês, " phage” ) e attB { B de bactéria ) em sua bac-
téria E coli hospedeira Figura 6.20 ). Uma enzima de fago
especializada reconhece os sítios de att e realiza um corte
escalonado nesse ponto. As extremidades complemen -
tares de fita única do DNA clivado no att recombinam à
medida que o prófago se integra, criando uma sequência
de att em cada extremidade do prófago integrado.
Uma vez que as sequências attB e attP sáo idênticas,
a excisá o de um prófago quase sempre é a inversão exata
da integra ção do prófago. No entanto, às vezes a excisão
é imperfeita: ela remove apenas uma parte do prófago
e, junto com ela, uma parte do cromossomo bacteriano
adjacente. A excisão aberrante de um prófago forma um
fago de transdução especializada ( Figura 6.21 ). Na £.
coli , a attB está situada entre os genes galK e bioA; desse GCTTTTT MI» T A A -y v > K /y G C T T T i TTATACTA Ã ,
(
X DNA AC NA
Cromossomo
bacteriano Placa
mutada
Placa do tipo
selvagem
AN ÁLISE GENÉTICA
Na £ coii, o thr e o leu' são alelos prototróficos que controlam a síntese dos aminoácidos treonina e
.
leucina Os alelos auxotróficos são deficientes quanto à sua capacidade de sintetizar esses aminoácidos.
As bactérias portadoras do alelo azf são resistentes ao composto antibiótico azida, e as portadoras do
alelo azf sào suscetíveis a esse composto. A £ coti com qenótipo thr leu* aà* é infectada com o faqo PI.
Os fagos da progénie sáo coletados e utilizados para infectar bactérias
com genótipo thr leu azf e as céluias são colocadas em meto sele- Marcador( es) Marcador ( es ) não
tivo para um ou dois marcadores doadores em um experimento de Experimento selecionado( s) selecionado(s)
transdução. A tabela á direto identifica os marcadores selecionados e 1 /eu* azf = 50%, thr = 4%
fornece a frequência de cotransduçâo dos marcadores não seleciona-
dos para cada experimento. A partir das Informações fornecidas, de- 2 thr azf = 0%, leu* = 4%
termine a ordem dos trés genes no cromossomo doador. 3 leu* e thr azf * 2%
Deduzir
.
3. Descreva a vantagem de usar a abordagem 3 A escolha da transdução de um dos genes de interesse e a subsequente
experimental de marcador selecionado-não avaliação dos transdutantes de outros genes reduz o número de placas
selecionado. que precisam ser avaliadas e simplifica a análise experimental.
.
4 Interprete os resultados dé cada experimento . .
4 O experimento 11ndica grande proximidade de leu e azi e uma maior dis -
.
tância entre leu e thr O experimento 2 sugere a mesma relaçã o mais dis-
V
DICA: As frequências de covans-
tante entre thr e leu, mas também não exibe cotransduçâo entre thr e azi.
O experimento 3 nos informa que a cotransduçâo de todos os tr ês alelos
duçáo sác maiores nos genes r\» fs
pcóiimos uns dos outros nocromos .
ocorre em uma frequência baixa Podemos interpretar isso como o fato
somo bacterWno . de que o segmento do cromossomo contendo esses genes é suficiente-
mente pequeno para formar um fragmento único para a transdução.
Solucionar
5. Combine as suas observações para identifi- 5. Reunindo os resultados dos experimentos, podemos identificar a cotrans-
car a ordem desses très genes . duçáo do thr e do azi (exibida em 0% no experimento 2) como o cotrans -
.
dutante de cross/ng-over quádruplo Todos os outros eventos resultam de
V
UCA: 0 r/osring OMY OCDTT rm pam
crossing-over duplo. O evento de crossing-over quaádruplo deve ser o menos
frequente entre os cotransdutantes.Com base nesse fato, o leu pode ser iden-
durante a rccofrbinaçán homóloga que tificado como o gene intermediário dentre os trés testados.O mapa genético
acompanha a transduçJa Quando trés
.
genes estio emohidos um crmúng-ovei
é exibido a seguir e os quatro intervalos de croninq-over são Identificados.
quádruplo é menos frequente que qual-
quer um dos crouing-ovtrs duplos
azi 9 leu * thr *
o :«*:
Doador
Receptor
> < ox o:
azi í leu thr
Benzer usou vários mutágenos diferentes para pro - (a) Complementa çào das muta ções em genes diferentes
duzir quase 20 mil mutantes de rll que ele estudou de Mutação Mutação
três maneiras. Primeiro, usou a análise da complemen- Lócus rti m Gene A I Genefl 1 x I Gene A
tarão genética , que mostrou que existem dois genes na í i
região rll . Segundo, de mapcou diferentes muta ções Produtos A B A B
do rllA e diferentes mutações do rllB , mostrando, com virais: defeituoso funcional | funcional defeituoso
isso, que a recombinação intragênica era possí vel e po-
deria ser utilizada para estabelecer as posições das di - 1
ferentes mutações em cada gene. Finalmente, Benzer
desenvolveu o mapeamento das deteções para refinar o
Tecido da Kl 2 QO
de E. coh - Placas T4 do
tipo selvagem
—
identificar dois genes na rll rllA c rllB .
A aná lise subsequente revelou que cada gene pro-
Lócus rfJ J Gene A
* *
L x
;
f 5ênê flf 1
genética dos mutantes da lise da rll revela dois grupos de complementaçào genética em mutantes defeituosos da lise
complementaçào. Isso significa que os alelos mutados per- que carregam mutações do mesmo gene.
tencem a dois genes diferentes, designados rllA e rllB, que são
necessá rios para a lise do tipo selvagem pelo bacteri ófago T4. uma recombinação intragênica rara entre os dois mu -
tantes, cujos cromossomos carregam mutações em po-
sições diferentes de um ú nico gene ( Figura 6.24). Um
Análise de recombinação intragênica dos cromossomos recombinantcs resultantes carrega
uma mutaçào dupla e o outro é do tipo selvagem. ()s
Em raras ocasiões, Benzer observou que dois mu - cromossomos do tipo selvagem sào encontrados nos
tantes da lise que nâo conseguem complementar ( isto fagos da progé nie que realizam a lise do tipo selvagem .
é, mutantes do mesmo gene) produzem, contudo, algu - Com base na determinação do n ú mero de células
mas placas de K 12 ( X ). Ele propôs que essas placas eram em um frasco experimental e contando o n ú mero de
produzidas pelo fago do tipo selvagem que resultou de placas de K12 ( X ) produzidas subsequentemente, Ben -
Cap í tulo 6 Aná lisee mapeamento genéticonas bactéfiase bacteriófagos 213
Gene /4 Gene A 47
312 145
Muta ção da rll
Y
Coirvfecçdo
Mutação da ril Mutantes da rll 295
168
282 228
'\
0,10
Comrjrvseoi .
3ara aDssmg-cv«y
Frequências de 0,08
compementação nfragénco 0,10
recombinaçáo 0,16
Intragénlca 0,14
A
0,29
1A i
A 0,013
I I
V 0,00
L
Delituoso
1
Fago da
Defeituoso
Fago da
i II
Gene 4
II
A Gene A
0,037
Figura 6.25 Frequências dê recombinaçáo intragênica
progénie progénie Mutante duplo Tipo selvagem entre as mutações que ocorrem em um segmento do gene
mutante da rll mutanto rlIA no bacteriófago T4.
dã ír f
l l
Fago da Fago da
progé nie progénie do Usando uma técnica chamada mapeamento das
mutante da ril tipo selvagem
deleções, Benzer tirou proveito dessa diferença entre
Figura 6.24 Coinfec ção simultânea de uma
da rll
mutantes reversíveis e irreversíveis para mapear a posi
çâo de cada mutação da rll. O mapa de deleções se baseia
-
célula hospedeira por dois mutantes do rlIA sem
na produção de fogos do tipo selvagem pela recombina-
complementação. Nenhuma complementa ção (esquerda )
é o resultado comum e previsto. No entanto, em casos raros, çáo intragênica entre um mutante reversível e um irre-
a recombinaçáo intragênica (esquerda ) produz uma progé nie versível (ver Figura 6.24). Quando um mutante é rever-
de fagos do tipo selvagem e mutantes duplos. sível e o outro é irreversível, a capacidade para formar
recombinantcs intragênicos do tipo selvagem depende
dos locais das mutações. A Figura 6.26a ilustra a reversão
zer conseguiu calcular a frequência de recombinaçáo
para o tipo selvagem por meio da recombinaçáo intra
intragê nica dentro do gene rll para um determinado
par de mutações. Raciocinando que a recombinaçáo genica entre uma mutação pontual e uma mutação por
deleçào, cujos locais não se sobrepõem. Por outro lado, a
recí proca era mais propensa a ocorrer entre duas mu
tações distantes dentro de um gene e menos provável
- Figura 6.26 b mostra que, sc os locais da mutação pontual
entre mutações mais próximas, Benzer conseguiu con - e da mutação por deleção se sobrepuserem um ao outro,
verter o n ú mero observado de placas em uma frequ ên - a produção de recombinantcs do tipo selvagem é impos-
cia de recombinaçáo com a qual mapeou as mutações
da rll ( Figura 6.25). Em virtude do grande n úmero de
sível. Os recombinantes do tipo selvagem não são forma
dos nesse caso, já que o mutante por deleção não corise-
-
observações feitas, Benzer conseguiu concluir que, se gue fornecer a sequê ncia do tipo selvagem para substituir
não foram obtidos recombinantes do tipo selvagem, as a sequência modificada na mutação pontual.
mutações ocorreram no mesmo nucleotídeo. Na pesquisa publicada entre 1955 e 1962, Benzer rea-
lizou o mapa de deleções de quase 20 mil mutantes da rll.
Observa çã o gen é tica A recombinaçáo intragênica ocorre Ele infectou bactérias com o fogo portador de mutações
entre mutantes da Use da rll sem complementação. As frequên - rev ersíveis individuais (mutações pontuais), unidos um de
cias de recombinaçáo calculadas são usadas para criar mapas de cada vez com fogos portadores de mutações irreversíveis
recombénaçào detalhados dos genes da Irse do fago. ( mutações por deleção) . Após analisar os padrões de for-
mação dos recombinantes do tipo selvagem, ele produziu
um mapa genético de estrutura fina retratando mais de
300 sítios distintos dentro dos genes rllA e rllB.
Aná lise de mapeamento de deleçã o Em 1961, Benzer publicou um mapa de estrutura
A mutagê nese da rll de Benzer gerou dois tipos de fina contendo 1.612 mutações pontuais do rlIA e do
mutantes: mutantes reversíveis, que poderiam sofrer rllB ( Figura 6.27). Duas caracter ísticas desse mapa são
reversão espontânea para o tipo selvagem, e mutantes .
de nosso interesse Primeiro, as mutações estão disper -
irreversíveis, que nunca revertiam. As mutações re - sas por todo o rlIA e o rllB, sugerindo que os genes são
versíveis são provocadas por substituições da sequê n - compostos de subunidades individualmente mutáveis.
-
cia base do DNA (mutações pontuais), que podem ser Segundo, a distribuição das muta ções não é aleatória.
revertidas para a sequência do tipo selvagem por meio Mais de 100 mutações pontuais se aglomeram na re-
da reversão. Por outro lado, as mutações irreversíveis gi ã o A6c e a regiã o B4 é o sítio de mais de 500 muta ções
são mutações por deleçào parcial nas quais uma parte
da sequê ncia gé nica é perdida. Uma sequência de DNA
pontuais independentes. Esses sítios são pontos de mu
tação ativos que podem ser viabilizados por vá rias cir
--
deletada não pode ser restaurada pela reversão. cunstâncias ( Capítulo 12).
214 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Figura 6.26 Mapeamento (a ) Mutações não sobrepostas» (b ) Muta ções sobrepostas, nenhum
das deleções dos recombina çáo do tipo selvagem recomblnante do tipo selvagem
mutantes na região rll . Os
Regi ão rll Região rll
recombinantes do tipo
selvagem se formam se o
A B A B A B A B
sítio da muta ção pontual
não se sobrepuser ao sitio de ZD--H
I E *1 1 l~ x ! | í
deieçáo, mas se os dois sítios Mutação Mutação Mutação Mutaçao
de mutação se sobrepuserem , por deieçá o pontual por deieçáo pontual
Colnfec çáo Coinfec çéo
a formação de recombinantes I
do tipo selvagem é impossível.
A B A B
JD ’ ZO -
EI I
A I B A I B
Recombina çáo Recombinaçáo
XI
A B
_7 A B
xi -t
A B A B
^ ii
Mutante duplo
e
Tipo selvagem Mutante por deieçáo
e
Mutante pontual
A?g A2 h
reversí veis ( pontuais) da região rll .
A2h
Esse mapa de mutações montado por A4d A4c A4a A3h A3q A3f A3e A3a-d A2h3
Benzer coloca ma is de 1.600 mutantes 11 ' • ' J i »
‘ I IH ' TT ’
I ' * T ' t || i i i l J : l l i i l| TTTTT
na regiáo rll e identifica pontos ativos
onde as mutações sào particularmente
A4e.
' A4b
* A3i
comuns. A4f
A4g
, . iiiTi . t n TIT 11111 nl 111 i 111111111n i . 11 h 111
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ASa A5b A5c 1 A5c2 Ã5d A6a I A6a2 A6b
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58
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11 Ll 1
)
Capí tulo 6 Análise e mapeamento genético nas bactérias e bacteriófagos 215
•
( )
1272
Mutantes por 1241
deleção da Série I J3
PT1
PB242
Mutantes por A 10S
1364 638
deleção da Série II FM66
386,
168 ,1993
1695i
Ptl 53
i
1231
25
?33 221
PB28
1589
I
P 18
196
W8- 33
1519
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(b) Resultados da
recombinação
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1272
1241
J3
PT1
PB742
Série I A 105
638 +
Série II P8230
PT8 ,
164
N +
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-
Zl333 £2213212322E2E233H3E2SEILE2 213G3H3EI2SI '«lHEIEISSIESHHHHHHHH
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H
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Uma mutação pontual reversível é mapeada para a região riiA6 por sua capacidade de *crmar Tcombinantes do too se agem
* *
com mutantes irreversíveis da Série I que contém essa região. A focaização do mutante reversível no mapa é rvais preosarrente
Traçada usando mutantes da Série II que mostram suas fonrrvas recomninantes do tipo serragem com mutantes da Séne II
contendo a região níA6a2.
.
Figura 6.28 Mapeamento das deleções na região rll (a) Sete mutantes por deleção parcial da Série I da região rile 25
mutantes por deleção parcial da Série II subdividem a região rll em 47 segmentos, (b) A análise do mapeamento das deleções de
um mutante pontual rllA (reversível) para a região rllA6a2 por sua capacidade de formar recombinantes do tipo selvagem ( ) e
-
sua incapacidade para formar recombinantes do tipo selvagem ( ) com mutantes por deleção parcial das Séries I e II .
216 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ESTUDO DE CASO
RESUMO
6.1 As bact érias transferem genes por conjugação A conjugação entre uma doadora Ff e uma receptora F
transfere apenas o fator F. A célula F- é convertida para
As bactérias transferem material genético em um processo uma célula F\ mas n ão recebe nenhum material genético
unidirecional (da célula doadora para a receptora ) chamado do cromossomo bacteriano doador.
conjuga ção. A aná lise experimental determinou que a conju-
gação exige o contato direto entre a doadora e a receptora . A Integraçã o do fator F no cromossomo doador ocorre por
recombi nação nas sequências de inserção (IS) encontradas
A conjugação é controlada pelos genes em um plasm ídeo
no fator F e no cromossomo doador. A integração do fator F
conhecido como fator F. As bactérias doadoras que carre - cria um cromossomo Hfr ( recombinaçâo de alta frequência ).
gam um fator F extracroroossômko sâo células Ff e as bac
térias sem um fator F sâo cé lulas F- ou receptoras.
- Muitos tipos diferentes de cromossomos da Hfr podem
I A transferência do fator F começa com a liga ção de um ocorrer em uma ú nka espécie bacteriana Cada Hfr tem uma
complexo proteico de relaxossomo na origem de transfe- orientação particular e um determinado sítio de integração.
rência (onT) e a clivagem de uma fita de DNA do fator F, A conjugação entre uma doadora Hfr e uma receptora F
a fita T. A replicaçáo do DNA pelo mecanismo de c írculos transfere uma parte do fator F e um segmento do DNA
rolantes transfere o fator F da célula doadora para a recep- doador. 0 segmento doador sofre recombi naçã o homó-
tora através de um pelo de conjugação. loga com o cromossomo receptor. As exconjugantes rece-
Capí tulo 6 Análisee mapeamento genéticonas bactériase bacteriófagos 217
bem genes bactérianos doadores, mas não sáo converti- 6.5 A transdução bacteriana é mediada
das para um estado doador. por bacteriófagos
I A infecção por bacteriófago de uma célula bacteriana hos-
62 A aná lise de conjugação interrompida
pedeira pode levar à lise dessa célula .
produz mapas de momento de entrada I Os bacteriófagos temperados podem sofrer integração es-
Os mapas do momento de entrada sáo criados por cada cepa pecífica para o sítio no cromossomo hospedeiro por meio
Hfr pelos estudos de conjugação interrompida que identifi- de lisogenia.
cam a ordem de entrada dos genes doadores e determinam a Os fagos de transdução generalizada são criados quando
.
distância (em minutos) entre os genes transferidos uma partícula do fago empacota equrvocadamente um
Os mapas de Hfr para uma determinada bactéria sáo con- segmento do cromossomo bacterlano durante a lise da cé-
solidados para formar um mapa genético do cromossomo lula hospedeira.
doador como um todo. As células receptoras sofrem transdução generalizada
quando o DNA doador introduzido por um fago de trans
dução generalizada recombina com o cromossomo recep-
63 A conjugaçã o com cepas F' produz diploides
tor. Quaisquer genes doadores podem ser transduzidos
parciais durante a transdução generalizada.
As cepas doadoras P são criadas quando a excisão de um I O mapeamento da cotransduçào determina a ordem dos
fator F da integração da Hfr remove o DNA do fator F com genes no cromossomo doador .
o DNA do cromossomo doador adjacente. I Os fagos de transdução especializada são produzidos pela
I A conjugação entre uma doadora F e uma receptora F" excisão aberrante de um prófago lisogènico que remove
gera uma diploidia parcial nas exconjugantes. uma parte do prófago e um segmento adjacente do DNA
.
hospedeiro A transdução especializada se limita à transdu-
çáo dos genes adjacentes ao sítio de integração do prófago.
6.4 A transformação bacteriana produz
recombinaçã o genética
6.6 Os cromossomos de bacteriófagos são
.
Os fragmentos extracelulares do DNA liberados quando mapeados pela aná lise da estrutura fina
há lise de uma célula bacteriana doadora, podem ser ab-
sorvidos através da membrana celular de uma célula re- I Seymour Benzer usou a análise da complementaçào gené-
ceptora competente como DNA transformante. tica para determinar que dois genes compóem a regiã o rtl
T E R M O S- C H A V E
Cepa Hfr (recombinação de alta Cromossomo bacteriano (p. 186 ) 'Pelo* de conjuga ção (tubo de
frequência) Diploide parcial (p. 199) conjugação) (p. 187)
(doadora Hfr) (cromossomo da Hfr) Elemento de IS (sequência de inserção) Plasmídeo (p. 186 )
(P m (p. 166) Plasmídeo R (resistência) (p. 186)
Célula doadora (doadora bacteriana) Epissomo (p. 189 ) Prófago (p. 205 )
(p. 187) Estrutura genética fina (p.210 ) Replkaçào por círculos rolantes (p. 189)
Célula exconjugante (p. 166) F- (células F ) (p. 187 ) Sítio de acoplamento (sítio de att ) (p. 209)
.
Célula F* (doadora F*) (p 187 ) Fago temperado (p. 205 ) Transdução (p. 203 )
.
Célula P (doadora FT (p 198, 199 ) Fator F (fertilidade) (plasmídeo F) (p. 186) Transdução especializada (fago de trans-
Célula receptora (célula F') (p. 187) Fator F' (p. 199) dução especializada) (p.205, 209)
Ciclo lisogènico (lisogenia) (p. 205 ) Fita T (p. 189) Transdução generalizada (fago de trans-
Ciclo lítlco (lise) (p. 201, 204) Mapeamento das deleções (p. 213 ) dução generalizada) (p. 205, 206 )
Conjugação (p. 187 ) Mapeamento do momento de entrada Transdutante (p. 205 )
Conjugação Interrompida (p. 193 ) (p. 193 ) .
Transformação (p 201 )
Cotransduçào (frequência de cotransdu- Meio seletivo de cultura (p. 191 ) Transformante (p. 201 )
.
çào mapeamento da cotransduçào) Mutante reversível [p. 213 ) Triagem de marcador não selecionado
ip. 207) Mutantes irreversí veis (p. 213 ) (p. 207 )
Cotransformação (p. 201 ) Origem de transferência (onT) (p. 189) Triagem de marcador selecionado (p. 207)
218 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
Conceitos do capítulo
1. Para as bactérias que são F\ Hfr, F’ e F , responda:
'
a. a origem de transferência;
a. Descreva o estado do fator F. b. o pelo de conjugação;
b. Quais dessas células são doadoras? Qual é a receptora? c a recombinaçáo homóloga;
c Quais dessas doadoras podem converter exconjugan d. o relaxossomo;
tes para um estado doador ? e. a relaxase;
d. Quais dessas doadoras podem transferir um gene doa- f. DNAdafltaT;
dor para as exconjugantes? g. proteí na pilirva.
e. Descreva os resultados da conjugação (isto é, altera- 6. Descreva a diferença entre o eido litico e o ciclo lisogê-
ções na receptora e na exconjugante) que permitem a nico do bacteriófago.
detecçáo do estado do fator F em uma cepa doadora.
f. Descreva uma 'diploide parcial* e como ela se origina. 7. Descreva o significado do termo recombinaçáo específica
Aplicação e integração
12. Sete mutantes por deleção (1 a 7 na tabela a seguir) são mação de recombinantes do tipo selvagem e - indica
testados quanto à sua capacidade para formar recombé- que os tipos selvagens não se formam.Na primeira parte
nantes do tipo selvagem com cinco mutações pontuais de sua resposta, use os dados da Série I exclusivamente
(a até e). O símbolo + Indica que ocorre recombinaçáo do para identificar o segmento da região ril contendo o mu
tipo selvagem e - indica que os tipos selvagens nâo são tante de lise testado. Na segunda parte da resposta, use
formados. Use os dados para construir um mapa gené- os dados da Série II para refinar a localização da mutação
tico da ordem das mutações pontuais e indique o seg- pontual. Explique seu raciocínio para as atribuições de
mento detetado por cada mutação por deleção. posição das mutações nos dados de ambas as séries.
14. Suponha que você tenha um mutante de lise da rll que conjugação e depois colocadas em trés meios de seleção
mapeia para um segmento A2h2. Use os mutantes por diferentes, compostos da seguinte forma:
deleçáo da Série I e da Série II identificados no problema
Meio 1:meio minimo mais leucina, metionina e estrepto-
anterior e preencha as colunas'resultados' com as desig-
mkina.
nações e - previstas para o mutante A2h2 .
Meio 2: meio mínimo mais cisteína, metionina e estrepto-
15. Cinco cepas Hfr da mesma espécie bacteriana são anali-
mkina .
sadas quanto à sua capacidade de transferir genes para
.
bactérias receptoras F" Os dados exibidos a seguir apre- .
Meio 3: meio mínimo mais cisteína leucina e estrepto
sentam a origem de transferência ( oriT ) de cada cepa e mklna.
fornecem a ordem dos genes, com o primeiro gene à es- a. Qual gene doador é o marcador selecionado em cada
.
querda e o último à direita Use os dados para construir meio?
um mapa circular da bactéria. .
b Apresente todos os genótipos bacterianos possíveis
em cada meio .
Cepa Hfr Genes transferidos .
c Qual é o propósito de adicionar estreptomkina a cada
Hfrl oriT met ala lac gal melo de seleção ?
Hfr 2 oriT met leu thr azi A tabela a seguir mostra o número de colónias cultivadas
em cada meio de seleção. 0 tempo de amostragem in-
Hfr 3 oriT galprotrpazi dica quantos minutos se passaram desde o Início da con -
Hfr 4 oriT leu met ala lac jugação.
Hfr 5 oriT trp azi thr leu met
Tempo de amostragem
16. Um estudo de conjugação interrompida é executado nas (minutos) Número de colónias
cepas Hfr 1, 2 e 3, Identificadas no problema anterior . Placa 1 Placa 2 Placa 3
Após o estabelecimento da conjugação, uma pequena
3 0 0 0
amostra da mistura é coletada a cada minuto, durante 20
minutos, para determinar a distância entre os genes no 6 0 0 0
cromossomo. Os resultados de cada uma das trés cepas 9 0 62 0
.
Hfr são exibidos a seguir A duração total da conjugação
12 0 87 0
(em minutos) é fornecida para cada gene transferido.
15 51 124 0
Cepa Hfr 1 oriT met ala lac gal 18 79 210 62
Duração (min) 0 2 8 13 17 21 109 250 85
Cepa Hfr 2 oriT met leu thr azi 24 144 250 111
Duração (min) 0 2 7 10 17 27 152 250 122
Cepa Hfr 3 oriT gal pro trp azi 30 152 250 122
Duração (min) 0 3 8 14 19
d. Determine a ordem dos genes cys, leu e met a partir
a. Para cada cepa Hfr, desenhe um perfil do momento de dos dados de conjugação interrompida.
entrada como o da Figura 6.9a. e. Suponha um quarto melo de seleção contendo leucina
b. Usando o mapa cromossômico que você preparou na e estreptomkina. Em qual tempo de amostragem voc ê
sua resposta para o Problema 15, determine a dist ân- espera que apareçam as primeiras colónias? Explique.
cia em minutos entre cada gene no mapa . .
18 Uma cepa triplamente auxotrófica de £ coli com o genó-
c. Explique por que o azi é o último gene da cepa 2 a ser tipo phe- mer ara- é utilizada como cepa receptora em um
transferido nos 20 minutos de tempo de conjugação. experimento de transduçâo. A cepa é incapaz de sintetizar
Quantos minutos de tempo de conjugação seriam ne- sua própria femlalanina ou metionina e carrega uma muta -
cessários para permitir que o próximo gene no mapa ção que a torna incapaz de utilizar o açúcar arabinose para
fosse transferido da cepa Hfr 2? crescer. A receptora é cruzada com uma cepa prototrófica,
d. Escreva os resultados da conjugação interrompida que com genótipo phe* mer ara*. A tabela a seguir mostTa o
você prevê após 20 minutos de conjugação para as marcador selecionado e fornece as frequências de cotrans-
cepas Hfr 4 e 5. Use o formato exibido no início deste dução dos marcadores não selecionados .
problema.
.
e Em minutos, qual é o comprimento total do cromos- Colónias selecionadas contendo
somo na espécie doadora? Marcador selecionado o marcador não selecionado (%)
.
17 Uma cepa Hfr com o genótipo cys* leu* mer stf* é cru- phe* mer ara*
zada com uma cepa F portadora do genótipo cys leu mer 4 7
met st /*. Em um experimento de conjugação interrom-
pida, pequenas amostras de bactérias conjugantes são phe* 2 51
retiradas a cada 3 minutos, durante 30 minutos. As célu- mer , phe* 79
las retiradas são sacudidas vigorosamente para parar a ara* 68 5
220 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
a. Identifique os compostos presentes em cada um dos d Uma nova mutação, designada 9, não complementa os
meios seletivos. mutantes 1, 3, 5, 7 e 8. Formam-se recombinantes do
b. Use os dados de cotransduçáo para determinar a tipo selvagem entre o mutante 9 e as mutações 3, 5 e
ordem desses genes. 8;no entanto, nà o se forma nenhum recomblnante do
.
19 A arabinose é um açúcar usado pela bactéria ora * como tipo selvagem entre o mutante 9 e as mutações 1 e 7 .
única fonte de carbono em um meio de cultura. Duas Que tipo de mutação é o mutante 9 ? Explique.
mutações diferentes, ara ') e ara2~ , impedem a utilização e. A nova mutação 10 não complementa os mutantes 1, 4,
da arabinose para o crescimento das bactérias auxotr ófi- 5, 6, 8 e 9.0 mutante 10 forma recombinantes do tipo
cas. Sáo realizados experimentos de conjugação usando selvagem com os mutantes 1, 5 e 6, mas não com 4 e 8.
bactérias doadoras e receptoras auxotróficas para utiliza- O mutante 9 e o 10 formam recombinantes do tipo sel-
ção da arabinose, mas que de outro modo sâo prototr ófi- vagem. Que tipo de mutação é o mutante 10? Explique.
cas. Após a conjugação, 10* exconjugantes sáo colocadas f. A informação de mapeamento genético identifica os
mutantes 2 e 3 como os marcadores laterais nesse
no meio de cultura contendo apenas arabinose como
fonte de carbono. Os resultados sáo exibidos a seguir. grupo de genes. Supondo que essas mutações estejam
em extremidades opostas do mapa genético, determine
Número de a ordem das mutações na região do cromossomo .
Experimento
1
Doadora Receptora colónias ara*
araim arai' 0
21. A sí ntese do aminoácido histidina é uma via anabólica
de várias etapas que usa os produtos de 13 genes (hisA a
2 craT araT 0 .
hisM ) na £. coli Dois mutantes his da E.coli isolados inde-
pendentemente, designados his 1' e hls2~t são estudados
3 arai ara2 7
.
em um experimento de conjugação Uma cepa doadora
a. Qual é a explicação biológica mais provável para a pre- F* his* que carrega uma c ópia do gene hisJ no plasmídeo
sença de colónias prototróficas no experimento 3, mas é cruzada com uma cepa receptora his 1~ no experimento
nào nos outros experimentos? 1 e com uma cepa receptora ht$2 no experimento 2 As .
b. Suponha que em um experimento de acompanha- exconjugantes sáo cultivadas em placas sem histidina. O
mento usando ara 1, aro2 e uma terceira mutação de crescimento é observado entre as exconjugantes do ex-
arabinose, aro3, as frequências de cotransformaçào perimento 2, mas não entre as do experimento 1 .
sejam determinadas para cada par de mutantes. Para .
a Por que o crescimento é observado no experimento 2,
a arai e a ara2, a frequência de cotransformaçào é mas náo no experimento 1?
0,00008; para arai e ara3 , a cotransformaçào ocorre .
b Qual é o genótipo das exconjugantes no experimento 2?
em uma frequência de 0,00018; e a cotransformaçào
22. O fago PI é utilizado como faqo de transduçáo genera-
da ara2 e aro3 ocorre em uma frequência de 0,00014 . lizada em um experimento que combina uma cepa doa-
Coloque as mutações em ordem no gene da arabinose.
.
dora de E coli de genótipo leu phe* o/a* e uma cepa
.
20 Um atributo do comportamento de crescimento de oito receptora de genótipo leu phe ala . Em experimentos se -
bacteriófagos mutados (1 a 8) é investigado em expe- parados, os transdutantes são selecionados para /eu* (ex-
rimentos que estabelecem a coinfecçáo por pares de perimento A), phe* (experimento 8) e ala* (experimento
.
mutantes Os experimentos determinam se os mutantes .
C) Após a seleção, os genótipos transdutantes para os
complementam um ao outro (+) ou nào complementam marcadores não selecionados são identificados .
-. -
( ) Sabe se que esses oito mutados resultam de mutação a. Qual(is) composto( s) é(sáo) adicionado( s) ao meio mí-
.
pontual Os resultados dos testes de complementaçào nimo para selecionar os transdutantes nos experimen -
sáo exibidos a seguir . .
tos A Be C ?
Mutações Os resultados do experimento de seleção abaixo mostram
~~
í 2 3 4 5 6 7 8 a frequência de cada genótipo.
1 + + + + +
Experimento A Experimento B Experimento C
2 + + + -
4 +
phe ala 26% leu - ob 65% leu phe ~
71%
3 + + + +
phe' ala 50% leu* akr 48% leu* phe 21%
- -
~
4 4 4 +
5 + + ph<r ala* 19% letrola* 0% leu phe*
~
0%
6 f + phe‘ ala* 3% leu* ola* 4% leu* phe* 3%
7 + b. Determine a ordem dos genes no cromossomo doador,
8 c Diagrame os eventos de Crossing over que formam
cada um dos transdutantes no experimento A.
.
a Quantos genes são representados por essas mutações ? d. No experimento B, por que náo existem cotransdutan-
b. Identifique os mutados de cada gene. tes com o genótipo leu- ala* l
c. Em cada coinfecçáo anteriormente identificada como
incapaz de complementar (-), os pesquisadores en- 23. Uma série de sete mutações pontuais é mapeada ao
xergam evidências de recombinaçáo produzindo cres- longo do gene rlIA e depois testada quanto à sua capa-
cimento do tipo selvagem. Como os pesquisadores cidade de formar recombinantes do tipo selvagem com
distinguem entre o crescimento do tipo selvagem re- .
mutantes por deleçáo parcial da rll. Na tabela '4-' indica
sultante da complementaçào e o crescimento do tipo a formação de recombinantes do tipo selvagem e * " in- -
selvagem decorrente da recombinaçáo? dica que os tipos selvagens náo se formam. Use os dados
Capí tulo 6 Análisee mapeamento genéticonas bactériase bacteriófagos 221
para mostrar o comprimento e os pontos finais de cada c Com base nos dados e em sua aná lise, desenhe uma
deleçáo com a maior precisão possível. tabela de complementaçáo para os cinco mutantes
pontuais 55, 67, 74, 82 e 85. (Pule o mutante 91 neste
Mutantes pontuais rMA 37 46 21 19 34 27 12
problema.)
Mapa dos mutantes: I I I I I I d. Acrescente o mutante 91 à sua tabela de complemen-
taçáo ( suponha que ele mapeia para rl / A ).
Mutantes
por deleçá o Mutantes pontuais .
25 Três genes, pip, zap e rag, estão situados perto do minuto
32 no cromossomo de uma espécie bacteriana. Para de-
12 19 21 27 34 37 46 terminar a ordem desses genes, você realiza um experi-
6622 + + + + + mento de cotransformação e calcula as frequências de
CT48
cotransformação das três combinações possí veis de dois
+ f + +
desses genes. Os resultados são exibidos a seguir.
«
MB101 + + + + +
VG14 + ¥ •f
Experimento Genes Frequência de
N220 + + + + cotransformados cotransformação
24. Cinco mutantes por deleçáo parcial da ír l são mapeados 1 zap e rag 0,84%
e depois testados quanto à sua capacidade de formar re- 2 zap e pig 0,14%
combinantes do tipo selvagem com seus mutantes pon-
tuais. A extensão e os pontos finais dos mutantes por de 3 rag e pip 0,62%
leção são exibidos abaixo da região rll do cromossomo . a. Qual é a ordem dos genes?
.
a Use os dados na Tabela A para posicionar a mutação .
b Quais são os dois genes mais Intlmamente ligados?
pontual com a maior precisão possível ao longo do
cromossomo.
.
c Um gene recém-descoberto, zig , é testado quanto à
sua ligação ao rag. Uma cepa bacteriana auxotrófica
b. Use os dados de complementaçáo na Tabela B para de- dupla com o genótipo rig- rogr é transformada por
terminar onde está situada a divisão entre rllA e rllB na uma cepa bacteriana prototrófica (zig' rag ). As fre-
região rll . quências de transformação individuais dos genes são
rll região 0,018% para o zig e 0,012% para o rag. Em uma tria-
gem de 10* células, existem duas cotransformantes
Mutações
zig* rag* . Os resultados indicam que o zig e o rag são
por deleçáo
ligados? Por qué?
M12 j 26. Cepas Hfr que diferem quanto à orientação e ao sítio de
integração do fator F são utilizadas para construir mapas
09 j
cromossômicos bacterianos consolidados. Os dados a
W42 J seguir mostram a ordem de transferência dos genes nas
cinco cepas.
L36
R22 Ordem de transferência dos genes
Cepa Hfr - último)
(primeiro
Tabela A
Hfr A oríT - thr - leu - azi - ton - pro - lac - ade
Mutantes pontuais Mutantes por deleçlo
09 L36 Ml 2 R22 W 42
Hfr B -
oriT - mti - xyl - mal str - his
HfrC oríT - lle - met - thi - thr - leu - azi - ton
55 + + + +
67 + +
Hfr D - - - -
oriT hls trp gal ode - loc - pro ton -
74 + + + Hfr E oríT - thi - met - He - mtl - xyl - mal - str
82 + + a. Identifique as sobreposições entre as cepas Hfr. Iden-
85 + + + + tifique as orientações dos fatores F uns em relação aos
91 + + + outros .
b. Desenhe um mapa consolidado do cromossomo bac -
terlano. (Dka: comece colocando o sitio de inserção
Tabela B
da Hfr A na posição de 2 horas e organizando os genes
Mutante por deleçáo Complementado por thr -ieu - azi-.„ no sentido horária)
r// A r // B
09
L36
M12 +
R22 4-
W 42
Capítulo Estrutura e replicaçã o do DNA
7
APRESENTAÇÃO
7.1 O DNA é a molécula hereditá ria da vida
7.2 A dupla -hélice do DNA consiste em duas cadeias
complementares e antiparalelas
7.3 A replicação do DNA é semiconservativa e
bidirecional
7.4 A replicação do DNA duplica precisamente o
material genético
7.5 Os métodos analí ticos genéticos moleculares
utilizam o DNA nos processos de replicação
7.1 O DNA é a molécula hereditá ria é bastante similar, se nâo idê ntica , a uma substâ ncia
conhecida como nucleina (C29 Ht9 N,, P2 , segundo
022
da vida Miescher ), cuja análise mostra ser quimicamente com --
Quando os cientistas falam da “ molécula hereditá - posta de ácidos nucleicos ( um ácido orgâ nico com
-
-
ria" de uma espécie, eles referem se à substâ ncia mole
cular que carrega e transmite a informação gen ética da
- plexo rico em fósforo ) e albumina. E, portanto, chega
mos à conclusão notá vel de que a herança talvez possa
espécie. Nossa compreensão contemporâ nea da trans- ser afetada pela transmissão f ísica de um determinado
missã o hereditá ria e da evolu ção das espécies está ar- composto químico dos pais para a prole" .
raigada no conhecimento de que o DNA é a molécula Em 1900, os princí pios da hereditariedade de Men -
hereditá ria de todos os organismos. Muito antes de o .
del foram redescobertos (ver Capítulo 1) Logo depois,
papel hereditário do DNA ter sido estabelecido, porém, em 1903, Walter Sutton, aluno de Wilson, e, de maneira
pesquisas identificaram cinco características essenciais
do material hereditá rio. O material hereditário precisa:
independente, Theodor Boveri, descreveram precisa
mente o paralelo entre, por um lado, a separação dos
-
1. estar situado no n úcleo c ser um componente dos cromossomos hom ólogos e das cromátides irmãs e, por
cromossomos; outro, a heran ça dos genes.
2. estar presente em uma forma estável nas células;
Durante os 20 anos seguintes, o n úcleo e os cromos -
somos foram o foco das investigações biológicas da he -
3. ser suficientemente complexo para conter a infor
mação genética que dirige a estrutura, função, de
-- reditariedade. Em 1920, o principal constituinte da nu -
cleína foi identificado como DNA e sua qu í mica básica
senvolvimento e reprodução dos organismos; foi decifrada. Determinou -se que a molécula era um po -
-
4. ser capaz de se replicar com precisão de modo que
-
as células filhas contenham as mesmas informa
ções que as células parentais;
5. ser mutá vel, sofrendo mutações a uma taxa baixa ,
- —
linucleotídeo consistindo em quatro subunidades repe
tidas os quatro nucleotídeos do DNA — unidos por
ligações covalentes. Os quatro nucleotídeos do DNA são
adenina ( A), timina (T ), citosina ( C ) e guanina (G).
que introduza variação genética e sirva como base Em 1923, o DNA foi localizado nos cromosso -
para a mudança evolutiva. mos. Essa descoberta fez do DNA um candidato a ma
terial hereditá rio, mas ele não é o ú nico constituinte
-
Os cromossomos contêm DNA dos cromossomos. As proteínas estão presentes em
altas concentrações; o RNA está presente no n úcleo
A substâ ncia ligeiramente ácida conhecida hoje e em volta dos cromossomos; e outros compostos, in -
como DNA foi observada pela primeira vez em 1869,
quando Friedrich Miescher a isolou dos n úcleos dos
cluindo lipídios e carboidratos, també m foram consi
derados como potenciais candidatos a material here
--
leucócitos em uma mistura de ácidos nucleicos e proteí- ditá rio em um momento ou outro. Na verdade, alguns
nas que ele batizou de "nucleina". No entanto, Miescher
fez pouco progresso na determinaçã o da composição da
dos primeiros pesquisadores, incluindo Edmund Wil
son, achavam que a prote í na fosse possivelmente uma
-
nucleina e a substâ ncia foi pouco estudada durante vá - candidata a material hereditário melhor que o DNA.
rias d écadas seguintes.
- Eles observaram que a prote í na é composta de 20 ami -
Nos anos 1870, estudos microscó picos identifica
ram a fusão dos n úcleos masculinos e femininos du - noá cidos diferentes, enquanto o DNA tem apenas qua
tro tipos de nucleot ídeos. Os proponentes da proteí na
-
rante a reprodução. Logo em seguida, os cromossomos
sugeriram que o “alfabeto de 20 letras” das proteí nas
foram observados pela primeira vez nos n úcleos das podia conter mais informações que o “ alfabeto de
células. Os avanços na microscopia levaram à obser- quatro letras" do DNA. Foi contra esse pano de fundo
vaçã o dc que os n úcleos de diferentes espécies contêm
que os resultados dos trés experimentos realizados
quantidades diferentes de cromossomos e també m le-
varam a descrições precisas das contribuições iguais
dos cromossomos masculinos e femininos para a re
produção. A primeira sugestão de que o DNA era o
material hereditário veio de um estudo realizado por
- —
entre 1928 e 1952 se combinaram para identificar o
—
DNA não o RNA, as proteínas ou outro constituinte
químico das células como material hereditá rio dos
organismos.
Edmund Wrilson em 1895. Após documentar com pre - Fator de transformação
cisão que os espermatócit05 e ovócitos contribuem
com o mesmo n ú mero de cromossomos durante a Frederick Griffith, um m édico britâ nico interessado
reproduçã o, Wilson especulou que “A equivalência em epidemiologia, estudou a infecçâo de pneumonia em
precisa dos cromossomos fornecidos pelos sexos é fi - camundongos e publicou um extenso relatório dc pes-
sicamente correlata ao fato de que os dois sexos de - quisa em 1928 descrevendo suas descobertas. A biologia
sempenham, no todo, papéis iguais na transmissão moderna se concentra em apenas algumas páginas do
hereditá ria e isso parece mostrar que a substâ ncia cro - longo relat ório de Griffith que fornecem evidências indi -
mossômica, a cromatina, deve ser considerada como a retas de que o DNA é a molécula responsá vel por trans -
base física da herança. Hoje, sabe-se que a cromatina ferir as caracter ísticas hereditá rias em bact érias.
224 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
RII —
converter uma cepa S em uma R do mesmo tipo anti
gènico por exemplo, converter uma cepa SII em uma
mas o tipo antigénico não pode ser modificado
por uma única mutação. Em outras palavras, a mutaçào
térias SIII. Griffith també m determinou que a injeção
de bactérias SIII “ mortas pelo calor", que são mortas
utilizando calor e pressão elevados, não induz doen ça
.
0 nem o uso de qualquer cepa R 0 O resultado mais
isoladamente náo consegue transformar uma bact éria importante de Griffith O ocorreu quando ele injetou a
RII em SUL mistura de uma cepa Slll morta pelo calor e uma cepa
As observa ções mais importantes de Griffith de- RII viva. Ele constatou que a maioria dos camundongos
rivam de quatro testes de infecção que ele realizou morreu de pneumonia e, quando testou culturas de san -
usando cepas bacterianas S e R de tipos antigênicos di - gue de camundongos mortos, detectou bactérias SIII
ferentes ( Figura 7.2 ). Griffith mostrou que injetar a cepa vivas. Sabendo que seu resultado não poderia ser a con -
SIII nos camundongos, por exemplo, rapidamente pro- sequ ência de um evento mutacional simples, Griffith
o o o o
Tipo Slll viva Tipo RII viva Tipo Slll morta pelo
Tipo Slll morta pelo calor
calor e tipo RII viva
*4» 4>
Conclusão a molécula da
,
hereditariedade transformou as
bactérias RJI em bactó^as Sft
Figura 7.2 Experimento de Frederkk Griffith identificando um "fator de transforma ção" responsá vel pela
hereditariedade. O A injeção de bacté rias Slll vivas mata os camundongos. 0 As Slll mortas pelo calor não matam os
camundongos nem as bactérias RU vivas 0, 0 A injeção concomitante de uma mistura de bactérias Slll mortas pelo calor e RII
vivas resulta na morte dos camundongos por infecçáo de Slll.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 225
propôs que um componente molecular chamado fator com Oswald Avery, desenvolveu um procedimento de
de transformação era responsável por transformar RI1 transformação xn vitro para misturar células R vivas
em SIII .
Griffith concluiu que o fator de transformaçã o era
com um extrato purificado de material celular deri -
vado de células SIII mortas pelo calor contendo o fator
uma molécula que carregava a informa ção hereditá ria , de transformaçã o. Ensaios bioqu í micos indicaram que
mas não foi capaz de sugerir a classe da molécula. Hoje o extrato de SIII consistia basicamente em DNA, com
os biólogos sabem que o processo identificado por Grif - uma pequena quantidade de RNA e traços de proteínas»
fith ocorre naturalmente e se chama transformação, lipídeos e polissacar ídeos.
sendo utilizada pelas bactérias para transferir o DNA A evidência mais direta de que o DNA era o fator
( ver Seção 6.4).
de transformação veio de um experimento realizado por
Avery e seus colegas MacLeod e McCarty ( Figura 7.3).
O DNA é o fator de transformação Esse experimento identificou o papel do DNA na trans-
Logo após GrifFith publicar seu relató rio sobre o formaçã o ao eliminar lipídeos, polissacar ídeos, proteí-
fator de transforma ção, Martin Dawson, que trabalhava nas, RNA e DNA, um de cada vez, do extrato de SIII.
o o o o
I I Protease
I 1
Controle, Lipídeos e
nenhum componente polissacar ídeos
adicionada,
proteí nas
RNase adicionada
RNA destru ído
. DNase adicionada,
DNA destru ído
destru ído destru ídos
destruídas
Injeção
camundongo
. Injeção,
camundongo
Injeção,
camundongo
Injeção
camundongo
. Injeção,
camundongo
morre morre morre morre vive
••
I
•*
Bacté rias tipo Sll Nenhuma bacté ria
vivas recuperadas recuperada
DNA bacteriano
O DNA é a molécula hereditária
0 DNA do fago se torna drcjlar
O trabalho de Avery, MacLeod e McCarty con
venceu muitos biólogos de que o DNA era o material
- e ocorre repkaçào do
cromossomo do fago
hereditá rio que há muito tempo se buscava, e uma
grande parte das pesquisas no final dos anos 1940 e
início dos anos 1950 foi dedicada a deduzir a estru
tura física do DNA. Os biólogos perceberam que, de-
- DNA do fago
pois que a estrutura do DNA fosse conhecida , a natu
reza qu ímica dos genes seria identificada c a pesquisa
-
biológica iria para os dom í nios da biologia molecular Sob a dàeção dos genes do fago, a
gen ética. Porém , por mais claro e convincente que o transcrição e a tradu ção produzem
trabalho de Avery e seus colegas parecesse em retros- novas proteínas de fago.
pectiva, havia vá rias perguntas nã o respondidas a res-
peito do papel do DNA na hereditariedade. També m
havia a necessidade de demonstrar diretamente que a
presen ça de uma molécula de DNA espec ífica induz
o surgimento de um determinado gen ótipo. Essa evi-
d ê ncia surgiu em um relatório de 1952, produzido por
Alfred Hershey e Martha Chase, que mostrou que o
DNA , mas n ão a proteí na, é responsável pela infecçà o
de bacteriófago das células bacterianas.
Os bacteriófagos, também conhecidos como fagos,
^ i
( A*
O DNA e as proteí nas são
reunidos nos fagos da progénie.
0 cultivando
Marcação do DNA do fago O fago
Marcaçã o da proteí na do
-o em um meio cultivando-o em um
contendo WP. melo contendo “Sw
Meio
ák
— i Meio
contendo "P contendo S”
AÂ Â
^ 0 em
Após a infecção, a agita ção
um misturador separa as
part ículas de fago vazias
(fantasmas) das bacté rias.
O Apóum
s a Infecção, a agitação
em misturadorsepara
partículas de fago vazias
(fantasmas) das bacté rias.
as
r /V) 7
\
N
\
O Centrifugação da mistura
agitada de bactérias e
.
fantasmas As bactérias
P
^ t O Centrifugação da mistura
agitada de bactérias e
fantasmas. As bactérias
\
formam uma pelota no
fundo do tubo; as
part ículas fantasmas
KJ fr formam uma pelota no
fundo do tubo; as
partículas fantasmas
permanecem suspensas Quase todo o marcador permanecem suspensas
Quase todo o marcador yP no líquido. "S está no sotxenadante no líquido.
está na pelota e contido e permanece com as
nas bactérias infectadas partculas fantasmas.
Figura 7.5 Experimento de Hershey-Chase mostrando que o DNA é a molécula nos bacteriófagos que causa a lise das
células bacterianas infectadas.
parar os fagos para o experimento, Hershey e Chase mais leves permaneceram suspensos sob a superf ície da
inicialmente mantiveram culturas de fagos em meios de água. O teste de radioatividade de cada fração revelou
cultura diferentes. Um meio de cultura continha ótS, a que praticamente todo o marcador se associou às
forma radioativa do enxofre, para marcar as proteínas células bacterianas recém -infectadas e quase nenhum
O; o outro ambiente continha fósforo radioativo, KP, deles se associou com partículas fantasmas O. Por outro
para marcar o DNA O. Os pesquisadores usaram fagos
marcados radioativamente de cada meio para infectar
lado, o marcador *S foi encontrado na fração de part í
culas fantasmas e apenas traços foram encontrados em
-
células bacterianas hospedeiras não marcadas em expe - associação com a pelota bacteriana O. Esse resultado
rimentos paralelos O O. demonstra que o DNA do fago, mas n ão sua proteína, é
Após um curto per íodo, cada mistura foi agitada transferido para as células bacterianas hospedeiras e di-
em um misturador para separar as células bacterianas rige a síntese do DNA do fago e das proteínas, a reunião
dos envoltórios de fago agora vazios. Esses envoltórios das part ículas dos fagos da progénie c, por fim, a lise
-
de fago vazios chamam se "fantasmas" O O As célu
las bacterianas relativamente grandes foram separadas
. - das células infectadas. O experimento demonstrou que
o fator de transformação identificado previamente por
facilmente dos fantasmas por centrifugação. As bacté - Griffíth era o DNA; ele també m mostrou que Avery,
rias mais pesadas foram recolhidas em uma pelota no MacLeod e McCarty estavam certos em concluir que o
fundo do tubo da centr ífuga, enquanto os fantasmas DNA é o material hereditá rio .
228 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Nucleotldeos purfnkos
Observa çã o gen é tica Griffith identificou o fator de Fosfato Base nitrogenada
transformação como uma molécula portadora de informa
çôes hereditá rias. Avery. MacLeod e McCarty mostraram que
apenas a degrada çã o enzimática do DNA perturba a transfor -
mação in vltro. Hershey e Chase demonstraram que a transfe-
f sica do DNA do íago para a bactéria hospedeira inicia
rê ncia í
o eido litico.
-
pla hélice, també m chamada DNA duplex, pelo parea
mento complementar e pela ligação de hidrogé nio entre
-
as bases de nucleot ídeos de cada fita. Contudo, mesmo
——
em sua simplicidade sendo composto de apenas qua
tro tipos de nucleot ídeos o DNA é uma molécula in
-
-
OH H
Desoarribose
formacíonal complexa, que serve como um repositó rio Desoxitimidina Desoxkitidina
permanente de informação genética nas células e que
dirige a produção das moléculas de RN A que executam
-
5' monofosfato
(dTMP)
5'-morvofosfato
( dCMP)
ações nas células ou transportam informações para a F igura 7.6 Componentes e estruturas dos monofosfatos
montagem das proteínas. Essas funções essenciais do de nucleot ídeos do DNA.
DNA derivam de sua estrutura molecular.
5' monofosfato ( dAMP) e a desoxiguanosina 5’- mono
Nucleotídeos do DNA fosfato (dGMP) carregam as bases purínicas adenina e
Um nucleotídeo tem três partes: (1) um açúcar, (2) guanina, e a desoxicitidina 5’- monofosfato ( dCMP ) e
uma de quatro bases nitrogenadas e (3) até três gru - a desoxitimidina 5'- monofosfato (dTMP ) carregam as
pos fosfato ( Figura 7.6 ), A desoxirribose, o açúcar dos bases pirimid ínicas citosina e timina. Coletiva mente,
nucleotídeos do DNA, contém cinco carbonos, identi- elas sào identificadas como desoxinudeotídeus mono-
ficados como 1’, 2*, 3*, 4’ e 5*. Um á tomo de oxigénio fosfato ( dNMPs ), em que .\r pode ser qualquer uma das
conecta o carbono 1’ com o 4' para formar um anel de quatro bases de nucleotídeos. Por outro lado, os n úcleo-
cinco lados ( pentose) e o carbono 5' se projeta para fora tideos de DNA livres ( reativos ), que não fazem parte de
do carbono 4’ (e do anel). Uma base de nucleotídeo uma cadeia polinudeotídica, carregam uma sequência
está presa ao carbono T; um grupo hidroxila (OH ) está de trés grupos fosfato no carbono 5’ e são identificados
preso ao carbono 3'; e uma ú nica molécula de fosfato, como dATP, dGTP, dCTP e dTTP. Coletivamente, eles
ou uma cadeia de fosfatos com até três moléculas de sào chamados desoxinudeotídeos trifosfato ( dNTPs).
.
comprimento, está presa ao carbono 5’ A desoxirribose Cada nucleot ídeo é inserido em uma cadeia pol í nu -
carrega uma molécula de hidrogénio no carbono 2' em deotídica pela enzima DNA polimerase, que catalisa a
vez de um grupo hidroxila (OH ). Essa é a base para cha
mar o açúcar de desoxirribose.
- formação de uma ligação fosfodiéster entre o grupo hi
droxila 3' de um nucleotídeo e o grupo fosfato 5' de um
-
As bases nitrogenadas no DNA são de dois tipos es - nucleotídeo adjacente í Figura 7.7 ), Dois dos três fosfatos
—
truturais uma forma em anel simples, chamada pirimi -
dina, e uma forma em anel duplo, chamada purina. A ci-
de um dNTP sào removidos (como um grupo pirofos-
fato) durante a formação da liga ção fosfodiéster , dei-
tosina (C) e a timina ( T) sà o pirim ídinas, e a adenina ( A) e xando os nucleot ídeos de uma cadeia polinudeot ídica
a guanina (G ) sào purinas. Os nucleotídeos do DNA que em sua forma de monofosfato. Cada cadeia polinucleo-
fazem parte de uma cadeia polinudeotídica possuem um
grupo fosfato que forma a ligação fosfodiéster covalente
tidica tem uma espinha dorsal de açúcar-fosfato con
sistindo em grupos alternados de açúcar e fosfato por
-
com o nucleotídeo adjacente na fita. A desoxiadenosina todo seu comprimento.
Capí tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 229
9 HjC
Oi O-
> liga
/
ções
fosfodiéster
v KjC
O
Tnfosfato O
* \
OdATP é recrutado
peia DNA poèmerase
o\-
P
// \
O
Hlc
H
0
Nova ligação
fosfodiéster
Figura 7.7 Prolongamento da fita do DNA. (a) Nucleotideos complementares à fita-molde são adicionados à extremidade 3'
da nova fita pela DNA polimerase. (b) Os trifosfatos de nucleotídeo do DNA sâo recrutados pela DNA polimerase, que utiliza ação
catalítica para remover dois fosfatos (o grupo fosfato) e formar uma nova ligação fosfodiéster.
230 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
*Uy-
Citosiru
|
Grupo ções fosfodi éster entre o OH 3' e o fosfato 5’ dos nudeotldeos
....
hidroxila 3'
fosfod éster
,çucares
A
desoxirribose
Pontes de
hidrogénio
adjacentes formam fitas polinudeot ídicas simples. O parea-
mento de bases complementares (A com T, C com G ) nas fitas
antiparaleias forma moléculas de ácido nudeico de fita dupla.
Dupla-hélice torcida
A dupla - h élice do DNA tem um eixo de simetria
helicoidal, uma linha imagin á ria que passa longitudi -
Duas pontes de hidrogénio nalmcntc pelo interior da dupla - hélice c marca o centro
seformamentreTeA da molécula. As dimensões moleculares do DNA são
medidas usando a unidade chamada angstrom (À). Um
Figura 7.8 Forma ção de pontes de hidrogénio entre
angstrom é igual a 1010 metros ou 1 décimo bilionésimo
nudeotldeos complementares.
de metro. No DNA, a distâ ncia do eixo de simetria até
a borda externa da espinha dorsal de açúcar-fosfato é
Pareamento de nucleotí deos 10 À e o diâmetro molecular é 20 À em qualquer ponto
ao longo do comprimento da hélice ( Figura 7.9a ). O diâ -
complementares no DNA metro molecular de 20 À resulta do pareamento com -
O DNA é mais está vel como uma dupla - hélice e plementar de cada purina com a pirimidina correta (A
as duas fitas polinudeotídicas que compõem o duplex com T, G com C ) e confere a mesma dimensão a cada
têm uma relação específica que segue duas regras: (1) a par de bases.
organização dos nudeotídeos é tal que as bases de nu - Os pares de bases de nucleotídeos sã o espaçados
cleotídeos de uma fita são complementares às bases de em intervalos de 3,4 A ao longo dos duplex de DNA.
nudeotídeos correspondentes na segunda fita (A forma Esse acondicionamento apertado das bases do DNA na
par com T, e G forma par com C ) e ( 2) as duas Fitas dupla fita leva ao empilhamento de bases, a compen -
tém orientação antiparalela ( urna fita é, por exemplo, sação dos pares de base adjacentes de modo que seus
- -
5' ATCG 3' e a fita complementar é 3' TAGC - 50. - planos são paralelos e transmitem uma torção à dupla -
A formação de pares de bases complementares une hélice. A Figura 7.9b é um modelo de preenchimento
um nucleotideo pur í nico em uma fita com um nucleotí - de espaço que ilustra o empilhamento de pares de base
deo pirimidínico na outra. A base química desse parea - e a torção das espinhais dorsais de açúcar- fosfato. A
mento é a formação de um n ú mero está vel de pontes Figura 7.9c é um modelo de bolas e varetas ilustrando
de hidrogénio ( H) entre as bases de fitas diferentes. As como os pares de base torcem em torno do eixo de si -
pontes de hidrogénio são não covalentes e se formam metria para criar a espiral helicoidal.
entre cargas parciais que estã o associadas aos á tomos de O empilhamento de pares de base cria dois sulcos
hidrogénio, oxigé nio e nitrogé nio das bases de nucleo - -
na dupla hélice, lacunas entre as espinhas dorsais de
.
tídeos ( Figura 7.8) Duas pontes de hidrogénio estáveis açúcar-fosfato espiraladas, que expõem parcialmente
-
se formam para cada par de bases A T e três pontes de os nucleotídeos. Os sulcos alternados são conhecidos
hidrogénio são formadas para cada par de bases G C. - como sulco maior e sulco menor . O sulco maior tem
A orienta ção antiparalela das Fitas é essencial para a aproximadamente 12 À de largura, e o sulco menor tem
formação de pontes de hidrogénio está veis. Nas Figuras aproximadamente 6 À de largura. Os sulcos maior e
7.7 e 7.8, repare que os nucleotídeos em uma fita estão menor são regiões onde as proteí nas de ligaçã o ao DNA
orientados com seu carbono 5 ' para cima e seu car
bono 3' para baixo. Os nucleotídeos complementares na
- conseguem fazer contato direto com os nucleotídeos
expostos. Neste capítulo e em capítulos posteriores,
outra fita são antiparalelos; ou seja, suas orientações 5' discutimos as funções realizadas pelas proteínas de liga -
para 3' seguem no sentido oposto. A orientação antipa - ção ao DNA, como a regulação da expressão gènica e o
ralela das fitas complementares leva as cargas parciais controle do in ício e progressão da replica çào do DNA.
dos nucleotídeos complementares ao alinhamento para A maioria dessas funções depende da presença de se-
formar pontes de hidrogénio. .Se as fitas complementa - qu ências característ ícas de nucleot ídeos do DNA. As
res se alinhassem em paralelo (isto é, com seus carbo- proteí nas de ligação ao DNA ganham acesso aos nucle-
nos 5’ e 3’ voltados para a mesma direção), as cargas dos otídeos do DNA nos sulcos maior e menor da molécula.
nucleotídeos complementares se repeliriam e as pontes A Aná lisa Genética 7.1 explora as relações entre as fitas
de hidrogé nio não se formariam. de DNA complementares.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçâo do DNA 231
(a ) Diagrama de fita (b) Diagrama de preenchimento de espaços (c) Diagrama de bolas e varetas
Par de bases Par de bases
complementares Extremidade 31
da fita 1 complementares Extremidade 5’
Extremidade 3* ^
rde bases Fxtremidade
da fitai complementares 5' da fita 2
Extremidade da fita 2
Extremidades*
3 dafTtal \
^ dafrta 2 1
TA > GruP° s
fosfato
Grupos
fosfato
Eixode
simetria Anéis
helicoidal
Anéis
de açúcar
Sulco
maior
- <
ias
t #
T
Suko
maior — ç A r w
Sulco
maior
64 ' 9
5* 3' 5*
| I I
T T i
20 A 20 A 20 A
.
Figura 7.9 Dupla-hélice do DNA. (a) Diagrama de fita (b) diagrama de preenchimento de espaços e ( c) diagrama de bolas e
varetas mostrando as espinhas dorsais de açúcar-fosfato, os pares de base, os sulcos maior e menor e as dimensões da fita dupla
do DNA.
AN Á LISE GENÉTICA
-
Uma parte de uma das fitas duplas do DNA tem a sequência 5' ACGACGCTA 3'
.
a Identifique a sequência e a polaridade da outra fita do DNA.
- .
b. Identifique o segundo nudeotWeo adicionado se a sequência fornecida for utilizada como um
molde para a replicaçáo do DNA.
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado .
1 A quest á o diz respeito à sequência de DNA e exige uma resposta fornecendo a sequêrv-
por este problema e explique a cia e a polaridade da fita complementar.
natureza da resposta solicitada.
2. Identifique as informa ções cri- 2. A sequência e a polaridade são fornecidas para uma parte de uma fita de DNA.
ticas fornecidas no problema.
Deduzir
.
3 Analise a relação entre as fitas .
3 O DNA é uma dupla - hélice composta de fitas simples que contém pares de bases comple-
de um DNA de fita dupla. mentares ( A forma par com T, e G forma par com C). As fitas complementares são antipara-
-
lelas (isto é, uma fita é orientada de 5' para 3' e seu complemento é orientado de 3' para 50
Solucionar
4. Identifique a sequê ncia da fita 4. A sequência complementar é TGCTGCGAT.
complementar .
5. Forneça a polaridade da fita
complementar.
. -
5 A polaridade da fita complementar é 3' TGCTGCGAT 5' - .
.
6 Identifique o segundo n úcleo- .
6 O segundo nucleotideo adicionado à fita recém -sintetizada é a adenina, que é comple-
tídeo adicionado durante a f ta - molde
mentar à timina na í .
replicaçáo do DNA da sequên
cia fornecida .
- Dica : A DMA puiimerdM* cMailu a ddL
-
çio de um ncr»o nudeotideo na extremi
dade 3'de uma fta em descimenta
cimento da probabilidade de que ele ocorra levantou DNA prevê que cada fita dupla filha é uma combinação
uma questã o crucial de qual seria o mecanismo exato de segmentos parentais de fitas duplas entremeados e
da replicaçáo. segmentos de fitas duplas filhas.
Quase imediatamente após a estrutura do DNA ter
sido identificada, surgiram trés modelos concorrentes Experimento de Meselson -Stahl
de replicaçáo do DNA ( Figura 7.10). Os modelos com
partilhavam a ideia de que as duas fitas originais (as
- F,m 1958, Matthew Meselson e Franklin Stahl ti-
fitas parentais) da fita dupla agem como moldes para raram proveito do método recém -desenvolvido de ul -
dirigir a montagem do DNA recém -sintetizado por tracentrifugação em gradiente de densidade de cloreto
meio do pareamento de bases complementares. Os mo-
delos também previram que a realização da replicaçáo
de césio (CsCl) para decifrar o mecanismo de replica
çào do DNA em um experimento de bela simplicidade.
-
do DNA produzia duas fitas duplas de DNA idênticas Nesse método anal ítico, um tubo preenchido com uma
(fitas duplas filhas). No entanto, os modelos diferiam mistura de CsCl é submetido a altas velocidades em ul-
quanto à composição das fitas duplas filhas. O modelo tracentrifuga, o que exerce milhares de gravidades de
—
de replica çá o semiconservativa do DNA
provou correto —
que se
propunha que cada fita dupla filha
continha uma fita parental original do DNA e uma fita
filha complementar recém -sintetizada. O modelo de ©
—
força de separação, criando uma variação gradual na
densidade um gradiente de densidade — por toda a
mistura de CsCl. Quando as substâ ncias são colocadas
no gradiente de CsCl e acontece a ultracentrifugaçào, as
replicaçáo conscrvativa do DNA prevê que uma fita substâ ncias migram em uma taxa determinada por sua
dupla filha conté m as duas fitas da molécula parental densidade molecular. Essa técnica é capaz de separar
e a outra contém duas fitas filhas recém -sintetizadas. apenas as moléculas que têm pesos moleculares ligeira -
Finalmente, o modelo de © replicaçáo dispersiva do mente diferentes.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçào do DNA 233
l i \
Primeiro ciclo Primeiro eido Primeiroddo
/ \ / \ / \
Figura 7.10 Trés mecanismos propostos de replicaçà o do DNA testados por Meselson e Stahl. Os resultados previstos
para dois ciclos de replica çào do DNA sâo exibidos para cada modelo.
O experimento de Meselson e Stahl tirou proveito bacté rias feita por Meselson e Stahl, o mecanismo tam -
da intensa sensibilidade da ultracentrifuga çâo de CsCI bém foi identificado experimentalmente nos eucario-
para comparar as moléculas de DNA parentais e filhas. tos, solidificando a ideia de que todas as formas de vida
Eles começaram cultivando a Escherichia coli em um compartilham o mesmo processo geral de replicaçào do
meio de cultura contendo isótopo pesado de nitrogê
nio, lsN, por muitas gerações, para saturar plenamente
- DNA, como consequência da origem única da vida e das
conexões evolutivas entre os organismos vivos. A Aná-
o DNA parental com nitrogénio de alto teor de isótopos lise Genética 7.2 explora a an álise da replicaçào do DNA
pesados. No fim das contas, todas as fitas duplas de DNA
nas bactérias cultivadas nesse meio continham apenas o
do “ micróbio marciano" com uma abordagem experi
mental similar à de Meselson e Stahl.
-
isótopo pesado do nitrogénio. Essas fitas duplas foram
,
designadas SN /15N para indicar a incorporação do l 5N Origem da replicaçào no DNA bacteriano
em ambas as fitas duplas. (Seguindo a mesma filosofia ,
a fita dupla de DNA composta de duas fitas contendo A solução do enigma do mecanismo básico da repli -
apenas J 4N, o isótopo normal do nitrogénio, é designada caçâo do DNA introduziu novas questões sobre como
,
,4N/ 4N, e uma fita dupla com uma das fitas contendo a replicaçà o é iniciada e como evolui. A replicaçào co-
,
cada isótopo é designada SN / 4 N.) O DNA colhido para meça em pontos específicos em cada cromossomo? Se
a análise do gradiente de CsG a partir dessa geração ini- começar, quantos desses pontos um cromossomo pos-
cial, designada gera ção 0, era exclusivamente l5N / l5N. sui? A replicaçào do DNA evolui em uma direção ou em
Em seguida, algumas dessas £ coli indicadas como l 5N ambas as direções a partir de uma origem de replicaçào?
foram transferidas para um novo meio de cultura con
,
tendo apenas 4N. Em vários intervalos através de ciclos
- A evidê ncia experimental demonstra claramente que,
na maioria das vezes, a replicaçào do DNA é bidirecio-
sucessivos de replicaçào do DNA, o DNA foi colhido de nal , evoluindo em ambas as direções a partir de uma
,
algumas células no meio 4N para análise. única origem de replicaçà o nos cromossomos bacte -
A parte inferior da Figura 7.11 mostra os resultados rianos e a partir de m últiplas origens de replicaçào nos
da análise do gradiente de CsCI do DNA colhido na ge
ração 0 e após cada um dos trés ciclos de replicaçào do
- cromossomos eucarió ticos.
Em 1963, John Cairns relatou a primeira evidência
DNA. Como mostram as representações moleculares de uma origem única de replicaçào do DNA na £ coli.
na parte superior da figura, os resultados foram coeren - Cairns cultivou bactérias em um meio contendo um isó -
tes apenas com o modelo semiconservativo. O modelo -
topo radioativo da timina (3H timina ) e depois colocou
conservativo previu moléculas de DNA com duas den - seus cromossomos, extra ídos durante a replicaçào, em
sidades distintas após a geração 1 ( N/ ^N e UN /14N).
“ uma película de raios X para produzir uma imagem au-
Os resultados rejeitam esse modelo. De modo similar, torradiográ fica ( Figura 7.12 ). O decaimento radioativo
o modelo dispersivo previu uma única densidade de do *H é lento e levou vá rios meses para produzir uma
DNA em todas as gerações. Os resultados da geração 2 imagem. Depois que a exposição foi concluída, Cairns
rejeitam esse modelo de replicaçào. Após alguns anos examinou suas autorradiografias por microscopia e en-
da identificaçã o da replicaçào semiconservativa nas controu linhas escuras que revelaram o padrão de repli-
234 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
\s
Meio de ? Meio de Meio de
, Meio de
cultura “N cultura MN cultura 4N cultura WN
l 1 1 1
Amostras de DNA © 19
A
/
N
\
\ soooooòr
xxxxxxx - L» *
\
V
Híbrido sooooood
V/W\
Híbrido \ j\f\/\ Hlbndo
Análise do DNA
Faixas
Faixas de DNA densitométricas
b-
Leve
", NTN
, --
SN/ 4N
nH / nH -
Pesado
Resultados Apenas DNA pesaoo Apenas DNA hlífldo 1:1 de DNA leve para híbndo 3:1 de DNA leve para híbddo
Figura 7.11 Resultados experimentais de Meselson-Stahl. Fotografias das bandas de DNA nos tubos da centrífuga e nas
varreduras de densitometria (parte inferior da figura ) identificam a composição da fita dupla do DNA em cada estágio e são
coerentes apenas com a replicaçá o semiconservatlva do DNA. O processo de replicaçá o semiconservativa é interpretado em
cada ciclo de replicaçáo.
cação das moléculas do DNA. Ele concluiu que a alça A DNA replicado
e a alça B na fotografia são DNA replicado, que a al ça C é
Forquilha
DNA não replicado e que a replicaçáo se deu a partir de de replicaçáo
uma origem de replicaçáo ú nica. Nas imagens de Caims,
a forma do cromossomo replicado era reminiscente da Forquilha c., DNA
de replicaçáo não replicado
letra grega teta; por isso o nome aplicado a esses cromos-
somos replicados é estrutura 0 (“estrutura teta"). DNA V
replicado
V •
Figura 7.12 Replicaçáo do DNA bacteriano. A imagem
autorradiográ flca de Caims captura o DNA replicado O DNA é prolongado na fcxqu ha de replicaçáo. com as duas htas de
( vermelho) e o DNA nâo replicado (azul). A estrutura DNA nâo replicado (azul) sendo ul <&»das como modela Essa
cstrutixa ó coerente com a replicaçáo do DNA a partir de urna
cromossômica replicada indka que a replicaçáo se inicia a
origem única.
partir de uma origem única.
Capí tulo 7 Estrutura e replicaçào do DNA 235
N VN' 4
’
Mais leve
>
Mais
pesado
Controle
>
Ciclo 1 Ciclo 2 Ciclo 3
.
5 Inspecione e avalie o resultado do .
5 As mesmas duas formas de DNA estão presentes, mas agora há aproximada-
, , ,
segundo áclo de replicaçào baseado mente trés vezes mais DNA 5N/ 15N que DNA 4N/ 4N. Isso é coerente com a pre-
na conclusão da etapa anterior. visão do modelo conservador de replicaçào do DNA.
.
6 Avalie o resultado do ciclo 3 de re- 6. Após a conclusão do cklo 3, a razão das moléculas de DNA é distorcida substan-
plicaçáo do DNA e confirme se sua .
cialmente em favor de ^N/^N Após trés ciclos de replicaçào, o modelo cooser
, ,
interpretação está correta. ' .
vador prevê uma razão molecular de 7:1 entre N 5/N s e N 4 /N14 Portanto, con-
cluímos que o micr óbio tem um modo de replicaçào conservador.
Evidência da replicaçào bidirecional do DNA criando uma bolha de replicaçào em expansão, como
mostra a :lgura 7.13a. Em cada extremidade da bolha de
As estruturas 0 nas autorradiografias de Cairns sào replicaçào existe uma forquilha de replicaçào, em que
coerentes com a replicaçào unidirecional ou bidirecional
do DNA, embora poucos anos depois o mecanismo de
novos nucleotídeos de DNA sào adicionados às fitas-fi -
Ihas prolongadas. O crescimento da bolha de replicaçào
replicaçào do DNA tenha se mostrado bidirecional. Na forma a estrutura teta capturada nas imagens autorra-
replicaçào bidirecional do DNA dos cromossomos bac - diográíicas de Cairns. A replicaçào é conclu ída quando
terianos circulares, novo DNA é sintetizado em ambas as duas forquilhas de replicaçào se encontram no lado
as direções a partir de uma origem de replicaçào única, oposto do cromossomo circular a partir da origem da re -
236 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
plicação. Com o término da replica çã o, as duas fitas du - inequ ívocas de que a replicação do DNA segue bidirecio -
plas filhas são cromossomos separados. nalmente a partir das origens de replicação .
A localizaçã o da origem de replicação e das sequê n - Mais suporte da orientação bidirecional da replica -
cias de término da replicação em lados opostos do cro- ção do DNA provém de estudos bioquímicos da DNA
mossomo proporcionou a Raymond Rodrigucz e cola - polimerase responsável pela maior parte da replicação
boradores, em 1973, apoio para o modelo de replicação do DNA da £ colL Essa DNA polimerase é capaz de in -
bidirecional (Figura 7.13b). corporar cerca de mil nucleotídeos por segundo na fita
Em 1968, Joel Huberman e Arthur Riggs usaram uma -
recém sintetizada. Nessa taxa de síntese, os 4 X 106 nu -
-
técnica chamada marcação pulse chase para produzir a
primeira evidência experimental da replicação bidirecio-
cleotídeos do genoma podem ser replicados em aproxi
madamente 2 mil segundos (33 minutos). Isso é quase o
-
nal em bactérias (Figura 7.14 ). Nos experimentos de mar - tempo de gera ção m ínimo da £ colL A taxa enzimá tica da
cação pulse- chase, as células são expostas alternadamente molécula teria de ser duas vezes tão rá pida se a replicação
a altos níveis { pulse ) e a baixos níveis ( chase ) de um mar- fosse unidirecional para concluir a replicação dentro do
cador radioativo. O marcador nesse caso é a 3H- timina. tempo de geração. Ao contrário das bactérias, a taxa de
O marcador é utilizado de modo que as imagens autorra - atividade catalítica da DNA polimerase eucariótica é de
diográficas possam detectar onde a radioatividade está in - aproximadamente 2 mil a 4 mil nucleotídeos por minuto,
corporada nas moléculas de DNA replicadas. Nos perío- menos que um décimo da taxa na £ colL Muitas vezes os
dos de pulso do experimento, quando a concentra ção da eucariotos possuem genomas maiores que a £ coli e vá-
* H - timina é elevada, uma grande quantidade de radioati- rios cromossomos para replicar, entã o pode-se concluir
vidade está incorporada ao DNA replicado; inversamente, logicamente que eles replicam seus genomas a partir de
nos per íodos de perseguição (chase ), quando o nível de vá rias origens de replicação em cada cromossomo.
3
-
H timina é baixo, pouca radioatividade está incorporada
ao DNA replicado. A autorradiografia mostra trilhas es
Origem da replicação múltipla nos
curas onde os altos níveis estão presentes, e trilhas claras,
onde os níveis são baixos. O modelo de replicação bidire-
eucariotos
cional prcvc trilhas escuras e claras alternadas em ambas A análise autorradiográfica revela vá rias origens de
as direções a partir das origens de replicação durante o ex - replicação nos cromossomos eucarióticus. c a observação
-
perimento de marcação pulse chase , que serão simétricas direta por microscopia eletrónica confirma isso (Figura
em tomo da origem de replicação. Esse é o resultado ob- .
7.15) A maioria dos grandes genomas eucarióticus contém
tido por Huberman e Riggs. Experimentos subsequentes milharesde origens de replicação, separadas, em média, em
em vários eucariotos e bactérias forneceram evidências cada cromossomo, por 40 mil a 50 mil pares de base (pb).
Bolha de
Origem (ori ) replicação
Forquilhas de
replicação
(b) Prova da replicação bidirecional
/ v -
Origem
Cromossomo
Término
da E. coli
Figura 7.13 Replicação bidirecional do DNA. (a ) As imagens autorradiográficas de Cairns são coerentes com um modelo
bidirecional de replicação do DNA. (b) Os locais da origem de replicação e das regiões de término da replicação em lados opostos
do cromossomo da £ coli ( RODRIGUEZ, R. L. et aL 1973.)
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 237
-
(a) Resultados da marcaçáo pulse chase rimental identifica os segmentos de “ replicaçáo precoce"
Origem Origem (isto é, no inicio da fase S) e os segmentos de "replicaçáo
da replicaçáo da replica çáo tardia" ( no final da fase S) dos grandes genomas eucarió -
ticos. Os segmentos genômicos de replicaçáo precoce pa -
recem conter muitas genes expressos, enquanto as regiões
de replicaçáo tardia contém muito menos genes expressos.
Na Drosophila , por exemplo, as regiões de replicaçáo tardia
Baixa Alta Afta Baixa Alta Afta Baixa incluem segmentos cromossòmicos em volta dos centrò -
Concentração meros, onde estão situados poucos genes expressos.
do marcador Independentemente de sua iniciação, sincroniza -
( b ) Interpretação segundo o modelo bidirecional çã o e ritmo, todo o DNA em cada célula eucariótica é
Origem Origem 1
replicado no final da fase S. Os produtos finais da re-
da replicaçáo da replica çáo
. , plicaçào de cada cromossomo eucariótico são um par
de fitas duplas de DNA idênticas que são cromá tides
Baixa Alta Alta Baixa Baixa Alta Afta Baixa irmãs. Estas permanecem unidas durante a G, e serão
Concentração separadas na anáfase da fase M subsequente.
do marcador A simetria do padrão em
ambos os lados da origem
mostra çJC a replicaçáo Observa çã o gen ética A replicaçáo do DNA nos cro
avança em duas direções mossomos bacterianos tem uma ú nica origem de replicaçá o
e avança bídirecionalmente em volta da molécula de DNA cir-
Figura 7.14 Evidência da replicaçá o bidirecional do DNA
pela marcação pulse-chase . (a) Resultados da marca çáo
cular. Os genomas eucarióticos sofrem replicaçáo bidirecional
a partir de vá rias origens de replicaçáo que podem iniciar essa
-
pulse chase. (b) Interpreta ção dos resultados segundo o
replicaçáo em momentos diferentes durante a fase S. A repli -
modelo bidirecional .
caçáo do DNA eucariótico produz cromátides irm ãs.
As estimativas atuais indicam que o genoma humano con -
tém mais de 10 mil origens de replicaçáo, espaçadas por 30
a 300 quilobases (kb). As origens de replicaçáo eucarióticas 7.4 A replicaçá o do DNA duplica
não são todas iniciadas no mesmo momento e, entre os di - precisamente o material genético
ferentes tipos de célula, a duração da fase S é variável, sig -
nificando que a taxa de progressão da replicaçáo do DNA Uma grande parte do que os biólogos sabem sobre
varia entre as células de tipos diferentes. As células que se a replicaçáo do DNA vem do estudo das bactérias, par-
dividem rapidamente replicam seu DNA com mais rapi - .
ticularmente a £ coli Analisamos algumas das etapas
dez ( isto é, têm uma fase S menos demorada ) que as células básicas da replicaçáo do DNA (Capítulo 1) c nesta seção
que se dividem lentamente. Além disso, a evidência expe- fornecemos mais detalhes do processo. Grande parte
dessa informação também é aplicável aos eucariotos, em
virtude da história evolutiva compartilhada dos domí
nios Bactéria, Archaea e Eukarya. No entanto, apesar das
-
fortes semelhanças entre os grupos taxonômicos, o pro-
cesso de replicaçáo do DNA nas bactérias n ão é idêntico
ao dos eucariotos. À medida que discutirmos a mecâ nica
molecular da replica çáo do DNA nesta seção, vamos ob-
servar as características importantes que diferem subs-
tancialmente entre os membros dos dois domínios.
Também queremos oferecer uma nota de advertên -
cia sobre as discussões da replicaçáo do DNA. Embora as
partes iniciais da nossa discussão sobre a replicaçáo identi -
fiquem enzimas e proteínas individuais, não se deixe enga-
nar pensando que essas proteínas são os ú nicos atores que
entram e saem da forquilha de replicaçáo à vontade. Em
vez disso, essas proteí nas fazem parte de grandes e com -
plexos agregados de proteínas e enzimas, chamados reptis
somos, que se reúnem em cada forquilha de replicaçáo. Na
£ coli , por exemplo, os replissomos ativos na replicaçáo do
DNA contêm aproximadamente 30 proteínas e enzimas
Figura 7.1 S Várias origens de replicaçáo em um diferentes. Mais adiante nesta seção, descrevemos como
único cromossomo da Drosophila mtlanogcuter . As
um replissomo em cada forquilha de replicaçáo realiza a
setas apontam para as bolhas de replicaçáo, que estào se
expandindo bídirecionalmente.
replicaçáo quase simultâ nea das duas fitas- molde.
238 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
( a ) oriC da E. cotí
— Cromossomo
da £ coli
245 pb
7, — — — — — —
I
-
I 13 mer j i -
13 mer i j -
13 mer ] - -]
p9 mer
/
- -
9 mer j -
p9 mer-| - -]
p9 mer
I
.
( b ) Sequê ncia de replica ção autónoma 1 (ARS1) da S cerevisioe
95 pb
B, Ba Bi — 11 pb
—
r^> A 7 TTCGTCA ^AATrT4fT.T?ra/.T^ifAt UlATTTAAGTATTGTT|í:«
^«i -
Í jT &AAAA&CAA6CAT 'mTOÍÍ TAAACA M ^lWíãíJJJACTX'f
B
; *
.
Figura 7.16 Sequ ências da origem de replicação na £ co/re nas leveduras, ( a ) A A / T TTTAT A / Q TTT A / T
oriC na £ coli contém três sequ ências de consenso 13-mer e quatro sequências 9-mer em T / A AAATA T / C AAA T / A
uma região de 245 pares de base de sequê ncia conservada , (b) A origem de replica ção Sequê ncia de consenso
da levedura ARS1 contém um segmento de consenso com 11 pares de base e as regiões
B,, Bj e B, abrangendo 95 pares de base de sequ ência conservada. Uma barra obl íqua (/)
entre os nucleotideos das sequências de consenso ( por exemplo, A/T) indica que os dois
nucleotideos são igualmente comuns nessa posição.
Cap í tulo 7 Estrutura ereplicaçàodo DNA 239
r pç
desen^lamento da regiSo
de ligação de fita simples impede o reenrolamento das 13 -mer e formando um
fitas separadas, mantendo as disponíveis para servir
*
complexo aberto.
como modelos para a síntese do novo DNA. Proteí nas
Nas fitas de DNA de um cromossomo circular, o DnaC e DnaB
desenrolamento cria um estresse de torção que se acu - A DnaC leva a proteha DnaB
mula à medida que a região desenrolada fica maior e a
ao complexo aberto para
replicaçào do DNA avança. Sem extremidades livres, o iniciar a atividade da helicase.
Proteína DnaB
DNA circular fechado covalentemente acumula rapida - ( helicase) j
mente enrolamentos super - helicoidais, chamados DNA
superenrolado, que se assemelha a uma tira de borra
cha excessivamente torcida (Figura 7.18a ). O acú mulo
- Proteína de
liga ção de fita
simples
de estresse poderia quebrar a molécula em posições
aleatórias, possivelmente levando a um rompimento da
replicaçào do DNA. Esse evento potencial mente letal é
evitado pelas enzimas conhecidas como topoisomera -
ses, que catalisam uma clivagem controlada e rejuntam
CXitras proteinas se unem e
o DNA, permitindo, assim, que as fitas excessivamente Proteína DnaB formam o primossomo,
enroladas desenrolem (Figura 7.18b). (helicase)
A enzima DNA polimerase, que é basicamente res - Figura 7.17 Iniciação da replicaçào na oriC , exigindo as
ponsá vel por sintetizar novas fitas de DNA, adiciona proteínas DnaA, DnaB e DnaC.
240 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Superenrolamento
- superenrolado
DNA do DNA
Fig ura 7.1 8 Superenrolamento do DNA nas bactérias (a ) e seu corte e liberação pela topoisomerase ( b).
Na replicação do DNA da £ coli , a primase e uma de um primer de RNA e rapidamente sintetiza o novo
série de proteínas unem a DnaA à oriC para formar o DNA com uma sequência complementar à dos nucleo-
primossomo . O papel funcional do primossomo é levar tídeos da fita - molde. A pol III acrescenta novos nucleo-
a primase e suas proteínas acessórias necessá rias a uma tídeos a uma fita -filha, contanto que haja nucleotídeos
origem de replicaçã o, onde sintetizam uma fita simples complementares na fita - molde para dirigir a adição dos
curta de RNA, chamada primer de RNA . Medindo ape- -
nucleot ídeos à fita filha.
nas de uma a duas d úzias de nucleotídeos de compri - A evidência experimental indica que a maioria das
mento, os primers de RNA fornecem a 3’ OH necessá -
ria para a atividade da DNA polimerase. Os primers de
- enzimas que estamos descrevendo como participantes na
replicação do DNA faz parte de um ú nico complexo pro-
RNA contém a base de nucleotídeo uracila ( U) no lugar teico grande em cada forquilha de replicação, chamado
da timina. Consequentemente, os primers de RNA não replissomo. H á um rcplissomo em cada forquilha de re-
conseguem se manter como parte integrante do DNA plica çào e cada um deles contém, entre outras compo-
plenamente replicado. Desse modo, embora sejam es- nentes, duas cópias da pol III. Em cada rcplissomo, uma
senciais para permitir que a DNA polimerase comece pol III executa continuamente a síntese 5' para 3' de uma
sua sí ntese do DNA, os primers de RNA são temporá
rios e removidos das fitas de DNA recém -sintetizadas
- íita - íilha, na mesma direção em que a forquilha de repli-
ca çà o evolui. A segunda enzima pol 111 em um replissomo
por um processo que descrevemos na próxima seção.
-
- -
executa a síntese da outra fita filha. A fita filha continua
mente prolongada chama se fita líder ( Figura 7.19). Re -
Observa çã o gen é tica A replicação do DNA na £ coli ê pare que a Figura 7.19 divide a bolha de replicação em
iniciada em sequências de DNA espec íficas, designadas oriC.
As proteí nas DnaA e DnaB ligam -se à oriCe iniciam a atividade
quatro quadrantes. Os quadrantes superior direito e infe
rior esquerdo contêm fitas- líder.
-
helicase que desenrola as fitas de DNA na preparação para a
replica ção. 0 primossomo leva a primase à oriC para a sintese
-
As fitas filhas nos quadrantes superior esquerdo e
inferior direito exibidas na Figura 7.19 tê m uma dire-
de um primer de RNA curto que é utilfcado para iniciar a repli - ção de prolongamento 5’ para 3’ que segue em sentido
cação do DNA. oposto ao movimento da forquilha de replicação. Essas
fitas-filhas são prolongadas de modo descontínuo, em
segmentos curtos, cada um deles iniciado por um pri -
Replicação contínua e descontínua das fitas
mer de RNA. A fita -filha sintetizada de modo descon
tínuo chama -se fita atrasada. Assim, na Figura 7.19, os
-
Cada fita de DNA parental age como um molde quadrantes inferior direito e superior esquerdo da bolha
para a síntese de uma nova fita - filha de DNA. Na £ coli , de replica ção contêm fitas atrasadas.
-
as fitas filhas de DNA são sintetizadas na forquilha de Reiji Okazaki detectou a sí ntese de fragmentos cur-
tos de DNA na replica ção da fita atrasada. Ele observou
replicação pela holoenzima DNA polimerase 111 ( pol
111), a principal enzima sintetizadora do DNA. Holoen
zima è o termo geral utilizado para os complexos mul
-
-
que, no início da replicação bacteriana, os segmentos
de DNA recém -sintetizados em uma fita têm de mil a 2
tiproteicos com componentes proteicos adicionais que mil nucleot ídeos de comprimento, enquanto no final da
completam sua estrutura e levam à sua funçã o. A holo- replicação os segmentos recém -sintetizados são muito
enzima pol III inicia seu trabalho na extremidade 3'-OH maiores. A descoberta de Okazaki sugeriu que os seg -
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçào do DNA 241
Expansão bidirecional
da bolha
Figura 7.1 ‘ Bolha de replka çâo. A expansão bidirecional é impulsionada pela sí ntese do DNA em cada forquilha de
replicaçào. Um replissomo contendo duas enzimas de DNA pol III opera em cada forquilha para replicar cada fita filha.
mentos curtos do DNA são sintetizados e que sâo reu - A enzima pol I possui duas atividades que realizam a
nidos à medida que a replicaçào avança. Os segmentos remoção dos nucleotídeos de RBA e sua substituição por
-
curtos do DNA recém replicado chamam se fragmen -
tos de Okazaki e são o resultado da sí ntese descontínua
- nucleotídeos de DNA. Primeiro a DNA pol 1 utiliza sua
atividade exonuclease 5' para 3’ para remover o nucleo-
do DNA na fita atrasada. tídeo mais 5' do primer de RNA. Isso cria um espaço
Na Figura 7.19, repare que cada fita -filha contém aberto oposto ao molde, que depois é preenchido com o
um segmento caracterizado como fita -l íder adjacente nudeotídeo de DNA correto pela atividade polimerase 5*
a um segmento caracterizado como fita atrasada. Todas para 3' da DNA pol I. A pol 1 remove cada nucleot ídeo do
as fitas filhas sáo compostas de segmentos líder e atra - primer de RNA e os substitui por um nudeotídeo de DNA.
sado adjacentes que, no fim das contas, serão estrutu
ralmente idênticos.
- -
Ao fazé lo, a pol 1 empurra continuamente a lacuna de fita
simples na direção 3', acabando por substituir todos os nu-
ídeos do primer de RNA por nucleotídeos de DNA.
cleot
Remoção do RNA iniciador ( primer ) e Depois que todo o primer de RNA for substitu ído,
ligação dos fragmentos de Okazaki uma lacuna de fita simples se situa entre os dois nucleo-
tídeos de DNA. Nesse ponto, a DNA ligase, tendo afini-
Para concluir a replicaçào do DNA , os primers de dade exclusiva e muito alta com as lacunas DNA - DNA
RNA precisam ser removidos e substituídos por DNA de fita simples, é atra í da para a lacuna e ali realiza sua
e os fragmentos de Okazaki precisam ser reunidos para tarefa única de formar uma ligação fosfodiéster entre
formar fitas de DNA completas. Essas tarefas são rea - os dois nucleot ídeos de DNA que unem dois fragmen-
lizadas pelas enzimas DMA polimerase I e DMA ligase, tos de Okazaki. Tanto a pol I quanto a DNA ligase são
que fazem parte do complexo do replissomo em cada ativas nas fitas l íder e atrasada. O nível de atividade é
forquilha de replica çào. maior nas fitas atrasadas, em que, a cada mil a 2 mil nu -
Quando a DNA pol 111 na fita atrasada alcança um cleotídeos, elas são necessá rias para unir os fragmentos
primer de RNA, saindo assim do molde, ela deixa uma de Okazaki durante a replicaçào do DNA da E coli. A .
lacuna de fita simples entre o último nucleot ídeo de Figura 7.21 incorpora todas as caracteristicas recém -
DNA da fita - filha recém -sintetizada e o primeiro nucleo -
tdeo do primer de RNA [ Figura 7.20 ). A pol III, tendo
í
-descritas em uma visão global da replicaçào do DNA.
0 A pol I remove um
nucleot ídeo do
primer de RNA...
ti
m
—
.0 simples para impedir o
0
reveste o DNA de fita
reeorolamento.
A pcí mase sintetiza os
C '" prwners
^ RNA
de nas fitas
líder e atrasada .
5'
0 A DNA polimerase III'
Fragmento '' y sintetiza o DNA de 5
O - e preenche a de Okazaki \ / para 3’ continuamente
ao longo da fita-líder e
lacuna com um
nucleot ídeo de de forma descontínua
DNA. ao longo da fita atrasada.
0 Aremove
DNA polimerase I
os nudeotídeos
ll 7^ dos pnrners d ê HNA.
"
0 A pol I remove
cada nucleot ídeo
h8 -
-
XIj kr v 0- asA DNA
substituindo os por
nudeotídeos e DNA
ligase catalisa
do primer de RNA.. . I 3 ^
liga ções fosfodi éster
para unir os segmentos
de DNA
3* 5' 3' 5'
Fita l íder Fita atrasada
0 -ume onucleot
Papei
substitui por
DNA topoisomerase Relaxa o superen rolamento
DNA.
ídeo de
Helicase ( DnaB)
SSB
-
Desenrola a dupla hélice
Impede o reenroiamento de fitas separadas
Primase Sintetiza os primers de RNA
DNA pol Itl Sintetiza o DNA
DNA poli Remove e substitui o primer de RNA por DNA
0 Quando a remoção Lacuna de fita DNAfigase Une segmentos de DNA
do primer estiver simples {DNA ONA)
condufda, a DNA Figura 7.21 Prinapais proteínas da replicaçào do DNA e
ligase substitui a
pol I nas lacunas
-GGAT seus papéis.
_ ^
DNA ligase atrasada, simultaneamente. O replissomo também inclui
pol 1 e ligase, bem como muitos outros componentes
0 catalisa a G G A r aTfiCGG
que, coletivamente, executam a replicaçào do DNA.
formação de uma
liga ção fosfodiéster A própria holoenzima DNA pol III contém 11 su-
para unir os
fragmentos de -
.CCTAGACfiCCT , bunidades proteicas. As duas polimerases principais da
pol III sào amarradas a uma cópia diferente da proteína
Okazaki.
r (tau ) (Figura 7.22). As proteí nas T sào unidas a um com -
Figura 7.20 Remoção e substituição dos nudeotídeos
do primer de RNA ligação dos fragmentos de Okazaki.
plexo de cinco proteínas conhecido como clamp loader
• ( carregador de bra çadeira ). Duas outras proteínas for -
mam o sliding clamp ( braçadeira deslizante ), uma es-
Síntese simultânea das cadeias líder e trutura proteica que pode se fechar em torno do DNA de
fita dupla durante a replicaçào. O sliding clamp, com seu
atrasada diâ metro de aproximadamente 50 A, tem um “ buraco dc
Como vimos, as componentes do replissomo in - rosca ” de aproximadamente 35 A que circunda o DNA
cluem duas holoenzimas DNA pol III, uma das quais sin - ( Figura 7.23a ) .
Cap í tulo 7 Estrutura e replicação do DNA 243
Polimerase Funções
75 A Polimerases bacter
í anas
Primase Sí ntese do primer de RNA
( b ) Opera ção do Sliding damp I Remoção do primer de RNA correçã o de
Sliding clamp erros, reparo de mutações
Fita molde III Replkaçáo do DNA, correção de erros
Direção da replicação Polimerases eucariótkas
Q Sí ntese do primer
Fita recém-replicada DNA polimerase
6 Sí ntese da fita atrasada, correção de erros,
Figura 7.2 3 Sliding clamp do DNA. (a) Duas visualizações reparo de mutações do DNA
da estrutura sliding damp, uma mostrando o clamp e a DNA
polimerase no DNA em perfil (esquerda) e a outra mostrando
-
Síntese da fita líder, correção de erros, repa -
ro de mutações do DNA
o DNA através do “'buraco de rosca" da estrutura sliding damp
(direita ) , (b) O complexo sliding clamp-ONA polimerase tem Y Replkaçáo do DNA mitocondrial e reparo
uma alta processabí lidade durante a replicação. de muta ções
244 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
DMA helècase
Vx Camp loader
Proteínas T
* •^ 4
Fita-lí der Fita-lí der
DNA polimerase 3' SS8 liberada 3*
da fita-líder 5* l 5*
3'OH
Fita dupla 3'OH
filha
{ l A DNA helicase desnatura a duplex parental e a SSB reveste 0 A primase se liga ao molde da fita atrasada e sintetiza umnovo
.
os moldes da fita líder e da fita atrasada O complexo DNA primer de RNA. A SSB é liberada á frente da síntese da fita líder c da
pol I\ l-shding damp da fita-líder sintetiza a fita-líder fita atrasada e à frente da síntese do primer de RNA.
continuamente. O complexo pol III-sWíngdamp da fita
attasada sintetiza um fragmento de Okazaki.
Fita atrasada
A pol I se liga
aosHdmg ciamp.
DNA ligasc Fita
damp loader
A DNA pol III da fita atrasada completa a síntese de um fragmento O A DNA ligase une os fragmentos de Okazaki. O damp tooder
.
de Okazaki, sendo liberada pelo sitdrng damp A DNA pol I substitui coloca uma nova estrutura sMirrg damp perto da
a pol III para começar a remoção dopnmer àe RNA e a substituição extremidade 3' do primer de RNA na fita atrasada
dos nudeotideos de RNA por nudeotideos de DNA. recentemente iniciada. A DNA pol III da fita atrasada liga-se à
estrutura sliding ciamp e inicia a síntese de um novo
fragmento de Okazaki.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçâo do DNA 245
Fita parental
Até o Até o
centrômero telômero 3*1
llllllllllllll 5' 3'
lllllllllll 5'
Fita atrasada
Duplex 5 Replicação do DNA Primer de RNA
Protuber â ncia de fita simples
parental 3 llllllllllllllllll deixada pela remoção do
^
X.llllllllllllll
5*1
Fita parental primer de RNA no telômero
llllllllllllll
-
Fita lider
Primer de RNA Primer de RNA removido
e substitu ído por DNA
Figura 7.26 Perda de DNA nos telômeros. As fitas-l íder são sintetizadas até as extremidades dos cromossomos lineares, mas
as fitas atrasadas são encurtadas em cada ciclo de replicação, quando a sequência primer de RN A na extremidade do telômero
da fita- molde é removida.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 247
O Acoplamento da telomerase
Lacuna deixada
lomerase ), o gene que codifica a telomerase. Esses ca
mundongos mutados homozigotos são relativamente
-
peta remoçào do Telomerase normais quando intercruzados por até três gerações,
prtmerdeR NA
mas são detectados defeitos evolutivos e de fertilidade
na quarta c quinta gerações intereruzadas. A homozi-
DNA gosidade de perda de função do TERT é letal na sétima
- nminiiii '
-.
TTGGGGTTGG âiTTGGGG 3 geração, significando que nenhum camundongo com
0 Prolongamento do DNA
deficiência de TERT pode ser mantido pelo intereruza
mento por mais de seis gerações.
-
-AACCCC | AACCCCAAC
.15' A explicação molecular para o efeito fenotípico retar-
3
TTrmr 5 3
dado da inativação do TERT é que cada geração sucessiva
5* 3' do intereruzamento na linhagem mutada homozigota
- rGGGGI IGGUSTTGGGGTT leva à perda de DNA telomérico. Hoje é evidente que os
Sí ntese do mecanismos genéticos monitoram o comprimento do te-
novo DNA lômero e que esse comprimento é um tipo de cronómetro
0 Translocação da telomerase que acompanha a idade de uma célula. Depois que o en -
-AACCCC
yTTTFfTTs
Aç
*. curtamento alcança um ponto critico, a célula é direcio-
nada para a ria apoptótica, o mecanismo de morte celular
3* programada que remove as células velhas ou danificadas
-TTG66GTTGGGGTTGG
O Prolongamento do DNA
de um organismo. Acredita -se que esse fen ómeno seja a
explicação para uma observação antiga na biologia celular
de que a maioria das células normais sobrevive em cultura
-.AACCCC - AACCCCAAC entre 30 a 50 divisões celulares antes de entrar em uma
5' fase de crise, na qual sua divisão primeiro desacelera, de-
-T GGGGTTGGGGTTGGGlTTGGGGTTG
’
pois para totalmente e as células morrem.
Figura 7.27 A telomerase sintetiza a sequência
telom é rica repetida . Telômeros, envelhecimento e câ ncer
Considerando a importâ ncia do comprimento do
do Tetrahymena.O molde de RNA na telomerase do Te- tciômcro para a estabilidade cromossô mica, a longevi -
trahymena contém a repetição AACCCC, utilizada para dade celular e o sucesso reprodutivo, você pode se sur-
prolongar o telômero de uma fita o suficiente para a a preender ao aprender que a atividade de telomerase se
polimerase cucariótica sintetizar mais primers de RNA limita a apenas alguns tipos de células nos eucariotos. A
(ver Tabela 7.1), permitindo a nova replicaçào do DNA telomerase é ativa nas células germinativas, onde atua
que pode preencher as extremidades do cromossomo. para assegurar que os gametas passem por todo o com -
Nas décadas após Blackburn e Greider terem iden - primento dos cromossomos. A atividade de telomerase
tificado a estrutura telomé rica e seu mecanismo de ma - também é detectada em algumas células- tronco, permi -
nutenção, outras sequências teloméncas repetidas si-
milares foram detectadas em todos os eucariotos. Por
tindo, assim, que as células se diferenciem dessas célu -
las- tronco para terem cromossomos de comprimento
exemplo, a sequência telomérica humana repetida é
5' - TTAGGG - 3', que é codificada por uma molécula de
integral. Por outro lado, a atividade de telomerase é pra
ticamente inexistente nas células somáticas diferencia -
-
RNA telomérico com a sequência repetida complemen
- - .
tar 3' AAUCCC 5' Em seres humanos, a sequê ncia
- das, os tipos de células que té m ridas finitas e compõem
quase todas as células da maioria dos órgãos e tecidos do
telomérica é repetida de 250 a 1.500 vezes nas extremi - corpo. Nas células somá ticas, os genes responsá veis pela
dades cromossómicas. A mesma sequência telomérica e produ ção da telomerase são desligados e quase nenhuma
a sequência -molde do DNA são encontradas em verte- atividade de telomerase é detectáveL Isso contribui para
brados, protozoários (Trypanosoma ), leveduras ( Saccha
romyees ) , fungos ( Neurospora ) e plantas ( Arabidop&is ).
- a vida finita das células somá ticas em cultura celular,
observada pela primeira vez em 1965 por Leonard Hay-
Isso representa um exemplo de evolução convergente das flick, que descobriu que o n úmero de divisões celulares
sequências de DNA. A evolução convergente é um me - das células cultivadas depende da origem das células.
canismo que produz traços similares ou, nesse caso, se- Essa limita ção no crescimento da maioria das células em
quências de DNA entre organismos pouco relacionados cultura é conhecida como limite de Hayflick.
em razã o da adaptação similar ou pressão seletiva natural. A conexão entre a inatividade de telomerase e o enve-
A importância da atividade de telomerase nas cé- -
lhecimento normal das células instou os geneticistas a exa
lulas germinativas foi demonstrada em linhagens de minarem as condições de envelhecimento humano pre-
camundongos experimentais que sofrem muta ção para maturo em busca de evidências de mutações que afetem
se tomarem homozigotos para mutações por perda a formação dos telômeros ou a atividade de telomerase.
de fun ção do gene TERT ( transcriptase reversa da te - Pessoas com uma condição conhecida como síndrome
243 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ção em tandem de n úmero variável (VNTR ), esse tipo de (a ) Cada alelo produz um fragmento de PCR de comprimento diferente.
marcador contém sequências de DNA repetidas de uma Alelo VNTRs Cada boco
extremidade a outra que possuem, cada uma, até 20 pares Primer A numerado
de base de comprimento. Esses tipos de marcadores gené- representa Lma
ticos também são conhecidos como polimorfismos curtos V, I 1 I 2 repetição de uma
repetidos em tandem (STRPs). sequência de DMA
curta.
A Figura 7.29a mostra quatro alelos VNTR hipoté
ticos [ Vj a V 4 ) que poderiam ser encontrados em uma
- Primer A
Primer B
V, nnnnnnii
população. Os alelos diferem quanto ao n úmero de repe - Primer A
tições da sequência de DNA que carregam. As repetições
Primer B
estão numeradas consecutivamente na figura. Os primers
de PCR ligam -se às mesmas sequências para cada alelo.
V* nonnononn
Os primers ligam - se fora da região de repetição, então Primer A
Primer B
a amplificação de cada alelo produz um fragmento de
DNA de tamanho característico que é determinado pelo iiiiuniiniinnruiiEi
n úmero de repetições do DNA que o alelo contém.
Existem quatro alelos VNTR para esse gene e 10 ge - (b) Padrões de banda do VNTR
Primer B
n ótipos possí veis. Na Figura 7.29 b, a eletroforese em gel Genótipo
das faixas do fragmento de DNA amplificado pela PCR
tem um n ú mero de faixas e uma composição caracter ís-
nV ,VinV'V, -W ,nV V ' 4 nW ,- V,V ,nW nW ,- V ,V -W
4 4 4
VtV, ^
dos progenitores, cada alelo em um filho pode ser reme
tido a um dos pais. v,v 4
.
4
ção do DNA in vitro. 0 DNA gerado pela PCR é utilizado em M F2 IM IF2 IF3 „ 114
n n n
vá rias aná lises genéticas moleculares.
V« -
Sequenciamento de DNA pelo método de
V, -
didesoxirribonudeotídeos
V ,-
A descrição definitiva de qualquer molécula de DNA
consiste em sua sequência precisa de bases. Essa sequê n - F ig ura 7.29 Amplificação da PCR dos alelos com repetição
cia contém não só os códons dos genes que podem ser em tandem de n ú mero variá vel (VNTR) (a ) Quatro alelos .
transcritos e traduzidos em proteínas, mas também VNTR (V, a V ) sáo caracterizados por diferentes n ú meros de
todas as informações necessárias para expressar e regu
lar os genes e para a replicação do próprio DNA. As tec-
- sequências de DNA repetidas e idênticas, ( b) Dez genòtipos
VTNR são possíveis no gene, cada um possuindo um padrão
nologias de sequenciamento do DNA revolucionaram exclusivo de tamanhos de fragmento da PCR. Uma banda é
a biologia disponibilizando facilmente as informações observada para cada genótipo homozigoto e duas bandas para
de sua sequência. Embora as implicações para a biolo- cada genótipo heterozigoto. (c) A transmissão hereditá ria dos
alelos VNTR segue um padrão codominante.
gia molecular e a gen ética sejam óbvias, a tecnologia de
sequenciamento do DNA também encontrou amplas
aplica ções na agricultura , medicina e biologia evolutiva.
As tecnologias de sequenciamento do DNA mudaram
n òmica é o "genoma de mil d ólares ” um termo que
significa o desenvolvimento de tecnologias moleculares
—
rapidamente à medida que a tecnologia laboratorial e a e computacionais capazes de produzir sequências genò-
tecnologia computacional combinaram -se para tomar o micas individuais completas para cada um de nós por
sequenciamento mais rá pido c barato em várias ordens aproximadamente mil dólares cada uma. Em 2010, dois
de grandeza. Um objetivo de longo prazo da cié nda ge- grupos de pesquisa independentes deram um grande
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 251
/
II
P
o
— cr
Base
nitrogenada
gen òmico devem continuar inabalá veis e o custo vai
continuar a cair. É provável que durante sua vida você
ainda tenha a oportunidade de ter seu próprio genoma Reage para fo mar a
ligação fosfodiéster.
- OH H
sequenciado. Na verdade, vocé poderia ser até mesmo
uma dessas pessoas que fazem o sequenciamento! Desoxlnudeot
í deo trifosfato (dNTP )
Os primeiros protocolos de sequenciamento do
DNA foram desenvolvidos em 1977, um por Allan
Maxam e Walter Gilbert e outro por Fred Sanger Dos .
dois métodos, o de Sanger era mais condizente com a au
tomação e é a base do desenvolvimento das abordagens
- Base
nitrogenada
-
JVííJ ptii
DHA poè ietace
( a ) Reação ddCTP ( banda 'C*} A incorpora ção do dCTP permite nucleotideos disponíveis em cada reação, a DNA poli -
que a cadeia continue a crescer, mas merase replica o fragmento de DNA adicionando nu -
a incorporação do ddCTP termina o cleotídeos a partir da extremidade 3’-OH do primer. Os
prolongamento da cadeia prí mers utilizados no sequenciamento didesoxi sào mar-
É G '46 KW I f.1 G HPl
. i * G Mi tf
. ,£ 5' cados com fósforo radioativo (**P) ou com um marca-
51i J » fnT TTtmffHl dor fluorescente em suas extremidades 5’ para facilitar a
Tamanho do detecçào dos fragmentos de DNA produzidos na reação
fragmento de sequenciamento. Na Figura 7.31a, a síntese do DNA
sintetizado a partir de uma fita - molde avan ça até a incorporação do
23 51 18- mer A Á TGR ddCTP da mistura da reação terminar o prolongamento
25 5 18- mer A A T G C 6H da cadeia. Alguns fragmentos de replicação incorporam
28 5 18- mer C o ddCTP na primeira oportunidade (o C mais próximo
31 5 'gF
!ll!!fAA i \ 10 da extremidade 3* do primer ) , mas a maioria incorpora o
36 V 18-mer r.T.líHHÍ M.liHn - dCTP nesse sítio e continua a replicação. Alguns desses
Produtos da replicação parcial terminam
fragmentos incorporam o ddCTP na primeira oportuni -
em cada ciiosna da cadeia em virtude da dade e param de replicar, enquanto a maioria dos outros
incorpora ção do ddCTP incorpora o dCTP e continua a replicação. A replicação
avança dessa maneira, parando por alguns fragmentos
( b) Rea ção ddGTP [banda G )
Tamanho do
--
Produtos da
cada vez que uma G aparece na fita - molde e uma C é in -
corporada no fragmento recém -sintetizado. O resultado
fragmento replicação dessa reação é uma série de fragmentos parcialmente re-
sintetizado parcial plicados, cuja replicação é interrompida em cada sítio de
22 51 30 incorporação da C.
24 5 As outras trés misturas de reação contendo ddGTP,
27 5 18 merl A A T G C G C T ddTTP e ddATP também produzem uma série de pro-
32 5 18- mer A A T G C C C T G C A T C dutos da replicação parcial que terminam todos com
35 5 18-mer rHIHWW.IiiHI.I[3 seu ddNTP particular ( Figura 7.31b-d ). No té rmino das
-
--
quatro reações de sequenciamento paralelas, os produ
(c) Reação ddTTP ( banda T) tos do DNA da replicação parcial ocorrerão para cada
Tamanho do Produtos da nucleotideo no molde.
fragmento
sintetizado
replicação
parcial
Após a conclusão das reações de replicação, o con -
teúdo de cada reação é carregado em vias separadas
21 5 de uma eletroforese em gel. Após a conclusão da ele-
26 5’ 1 8 mer fT.% f troforese em gel, a sequência de DNA pode ser deter-
30 5 18 mer minada examinando os produtos da replica ção de ta-
33 5' j j
£2S» 22í222£Ll 2íí
!
5 ' 18-mer r.T.lfWWfW.imf.W T
manhos diferentes espalhados pelas quatro vias de gel.
38
^ As faixas exibidas na Figura 7.32a são visíveis em uma
autorradiografia porque os primers que começam cada
(d) Reação ddATP ibanda TV) fragmento são rotulados na extremidade. O fragmento
Tamanho do Produtos da mais curto observado está na banda A, indicando que
fragmento replicação
sintetizado pardal o primeiro nucleotideo ddNTP adicionado à extremi -
19 5 ' 18 mor
dade 3' do primer foi o ddATP. O segundo fragmento
mais curto também está na banda A, indicando que as
20 5 18 mor m cadeias às quais o ddATP foi adicionado na segunda
29 51 18 - mer HTI
. í WSBS posição terminaram o prolongamento nesse ponto. O
34 51 18-mer ff.lf HWIWIHl
LE . terceiro fragmento mais curto no gel está na banda T
38 5 is-mer
e o quarto fragmento mais curto nesse exemplo está
Figura 7.31 Reações de sequenciamento do
na banda G. Até agora, a sequ ência de nucleotideos no
DNA. (a ) Uma região-alvo do DNA é localizada pela liga ção
DNA sintetizado é AATG.
Pela continuação desse processo analítico, a sequên -
de um primer de fita simples de 18 nucleotideos ( um •18 - cia de DNA da fita sintetizada é “ lida" no gel no sentido
mer') portador de um marcador 5' Os produtos da replicação
terminada pelo ddCTP possuem, cada um, um comprimento 5' para 3 (o sentido em que uma fita replicada é prolon
J
-
diferente, (b) Produtos da replica ção terminada pelo ddGTP. gada ), como demonstra a Figura 7.32a. A "fita inferida”
(c ) Produtos da termina ção gerados pek) ddTTP. (d) Produtos é a fita- molde, que é complementar e antiparalela à fita
da terminação gerados pelo ddAl P. sequenciada. A Figura 732 b mostra uma autorradiogra -
fia de um gel de sequenciamento didesoxi e também uma
parte da sequ ência lida perto do meio do gel à esquerda.
Cap í tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 253
(a) (b)
Banda
Quatro dNTPs 4 quatro ddNTPs
C G T A © Origem
J 3' 5'
A AN Maior
O Combine os dNTPs e os
T T ddNTPs. Cada ddNTP é
C G marcado com
G A fluorescência usando um
A G comprimento de onda
T T diferente em uma ú nica
G A mistura de rea ção.
C G
T T 3-
LA
-
A
C
A
C I
5
G T
T
c
G
? C
T
G
A O Utilize uma ú nica n n
II
$—
banda da eletroforese T
Menor em gel para separar
© todos os fragmentos 6
de DNA. A
SJ T
E Fita Autorradiografia G
-
de um gel de
CL Inferida sequenciamento
5* ;
Fita sequenciada extraída
da autorradiografia
Figura 7.32 Interpretação de um gel de sequenciamento o
.
do DNA ( a ) A replica çá o de cada fragmento termina com Faça uma varredura nos
fragmentos com laser à
a adi ção de um ddNTP. Os nudeot ídeos da 'fita recém- medida que eles passam
slntetizada ’ são lidos na autorradiografia e a polaridade por uma janela e registre ©
5' para 3' da fita corresponde ao sentido do menor para com uma fotocélula.
-
o maior fragmento. A *fita inferida' é a ftta molde, que
Fotocélula
é complementar e antiparalela à "fita sequenciada' .
(b ) Fotografia de um gel de sequenciamento didesoxi .
A A T G C 6 C T G C A T C G T A C C T A
base por hora! Os sequenciadores automatizados do
DNA usam uma ú nica mistura de reação contendo os
quatro dNTPs e os quatro didesoxinucleot ídeos, com
cada tipo marcado com um composto fluorescente de
comprimento de onda diferente. Uma luz de laser é
utilizada para excitar o marcador fluorescente em cada
fragmento de replicaçáo à medida que ele passa por um
Figura 7.33 Sequenciamento automatizado do DNA. O
determinado ponto na eletroforese em gel e os com - As reações de sequenciamento contêm os quatro dNTPs e os
primentos de onda são registrados por uma fotocélula
quatro ddNTPs. Cada ddNTP é marcado com uma etiqueta
e transmitidos para a memó ria do computador. Var- fluorescente diferente. O Os produtos da replicaçáo são
reduras sucessivas de cada banda do gel de sequencia - separados pela eletroforese em gel e, à medida que cada
mento sào feitas para criar um padrào de fluorescência banda passa por uma janela, um laser excita a etiqueta
acumulado que identifica a sequência de DNA do frag- fluorescente O. A excitação é capturada por uma fotocé lula e
mento (Figura 7.33 ). Descrevemos avanços recentes na o software Interpreta o nudeotideo correspondente e re ú ne
tecnologia de sequenciamento do DNA no Capitulo 18. as Informações da sequência O.
A Análise Genética 7.3 testa sua habilidade de interpre-
tação dos resultados do sequenciamento didesoxi.
254 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
2 Identifique as informações críticas 2. É exibido um gel de sequenciamento do DNA pek) método didesoxi.
fornecidas no problema.
Deduzir
.
3 Faça uma revisão das etapas essen- 3. A DNA pollmerase incorpora os nucleotídeos em quatro reações paralelas. Cada
ciais do sequenciamento do DNA reação inclui os quatro nucleotídeos do DNA normal (dNTPs) e um didesoxinu-
pelo método didesoxi. deotideo (ddNTP) marcado. A incorporação de um dNTP permite a síntese con
tínua da fita, mas a incorporação de um ddNTP termina a síntese.
Solucionar
5. Escreva o resto da sequência (com 5. A fita sintetizada é
a polaridade) da fita sintetizada exi - - -
5' [ pri»er ] CAATAGCTGAGGAGTCGATTCATGCCGATA 3' - .
bida no gel.
.
6 Determine a sequência e a polari- .
6 A flta-mokle do DNA é
dade da fita-molde utilizada na sín- 3' - GTTATCGACTCCTCAGCTAAGTACGGCTAT - 5 \
tese do DNA.
ESTUDO DE CASO
Uso da PCR e do sequenciamento do DNA para analisar as muta ções da doença de Huntington
Tanto a PCR quanto a aná lise do sequenciamento do doença é heterozigota e carrega um alclo do tipo selvagem
DNA têm sido utilizadas para estudar o gene identificado com menos de 36 repetições da sequência CAG e um alelo
como H D , que sofre mutaçá o na doença dc Huntington .
expandido com mais dc 36 repetições Em contrapartida , os
(Omim 143100). O H D codifica a proteína huntinlina, que c membros da família que não têm a doença sáo homozigotos
expressa nas oé lulas cerebrais e em outras células do corpo. ou heterozigotos para os alelos com menos de 36 repetições
A função normal da huntintina do tipo selvagem é desco- CAG. Esse e outros mé todos moleculares similares sáo utili-
nhecida, mas ela interage com dezenas de outras proteí- zados para avaliar o n ú mero de repetições CAG no H D para
.
nas Na forma mutada , a huntintina parece agregar consigo o teste gené tico pré-sintomá tico das pessoas cm risco dc
mesma c com outras proteínas, precipitando a morte dos herdar a doença de Huntington.
neurôoios cerebrais que leva a anomalias motoras perda
—
progressiva do controle motor pc-lo movimento involunt á rio
Os indivíduos em risco podem ser testados antes de
os sintomas da doença aparecerem e podem ser informa-
—
e incontrolá vel que sáo características da doença.
A doença dc Huntington é um dos vários transtornos
dos se sáo portadores de um alelo do H D expandido. Esses
métodos também podem ser empregados para identificar a
humanos dc repetiçã o dc trinuclcotfdeo provocados por presença de uma expansão CAG do H D nos indivíduos diag -
aumentos no comprimento das seções gênicas contendo re - nosticados com doença de Huntington pelos médicos.
.
petições de ponta a ponta dos três nucleot ídeos A região
trinuclcot ídica CAG do H D que codifica o aminoácido glu- AGCT A G C T
tamina produz um trato poliglutamínico no alelo do tipo
selvagem. O comprimento do trato poliglutamínico é maior
na proteína huntintina mutada em consequê ncia de um n ú-
mero maior de repetições CAG em alelos mutados.
Os genes H D do tipo selvagem variam quanto ao n ú-
mero de repetições CAG. variando de 6 a 28 repetições na po-
pulação geral. Os alelos do H D com 28 a 35 repetições CAG
não provocam a doença, mas, em consequência do maior
.
n úmero de CAG os alelos sáo instá veis e propensos ã expan-
são posterior. Os alelos que possuem 36 a 40 repetições CAG
-
expandiram se além da faixa normal e a prote ína huntintina
produzida por esses alelos pode sc comportar de modo anor
mal c resultar em sintomas da doença que exibem pcnctrâ n-
-
cia reduzida. Os indivíduos portadores de 36 a 40 repetições
CAG podem ou n ão desenvolver a doença de Huntington. Região de
repetição CAG
Caso desenvolvam a doença, os sintomas sc manifestam cm
idade tardia e evoluem lentamente. Os indivíduos com alelos
do H D contendo mais dc 40 repetições CAG tê m a doença dc
Huntington que poik se desenvolver a qualquer momento Região de
a partir dos últimos anos da adolescência. A figura 734
mostra a aná lise do sequenciamento do DNA pelo método
didesoxi do segmento de repetição CAG do gene H D para
um alelo do tipo selvagem com 21 repetições CAG c para um
alelo mulado com 48 repetições CAG.
A reação em cadeia da polimerase proporciona um
meio de visualizar a expansã o da repetição tripla CAG e de
acompanhar a transmissão dos alelos nas famílias de pes -
soas com doença dc Huntington. Empregando pol í meros
que sc ligam a lados opostos da região de repetição CAG,
os pesquisadores amplificam os fragmentos do DNA pela
-
PCR e separam nos pela eletroforese em gel. Os sítios de
ligação dos primerx da PCR são idê nticos para lodos os ale-
los, mas são observadas diferen ças nos comprimentos dos
produtos da PCR amplificados cm ra/áo dos diferentes n ú-
meros de repetições CAG entre os sítios de ligação de primtr.
Alelo CAGi, do Alelo CAG,
tipo selvagem mutado
.
Os fragmentos de DNA amplificados contendo os primers F igura 7.34 Sequenciamento do DNA do gene HD pelo
sáo mais curtos sc forem gerados a partir de sequências de método didesoxi . Resultados da eletroforese em gel do
DNA do tipo selvagem do que a partir dos alelos mutados, sequenciamento didesoxi de um alelo do HD do tipo selvagem
pois os alelos do tipo selvagem tê m um n ú mero menor dc com 21 repetições CAG sáo comparados com os resultados de
repetições que os alelos mutados. Na família com doen ça um alelo HD com 48 repetições CAG. Dados provenientes do
de Huntington exibida na Figura 7.35, cada pessoa com a Huntington Disease Collaborative Research Group (1993).
256 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
S -3 45
50 - Faixa de
~S- c
o
40
- -
- tamanhos
dormitado
36 —
li 30 -
£ 25 -
Faixa de
- tamanhos
tf --
20
z 15
normal
RESUMO
7.1 O DNA é a molécula hereditária da vida A maior parte da replicaçào do DNA é bidirecional. Uma
bolha de replicaçào com forquilhas de replicaçào em cada
Em 1928, F. Griffith determinou que um fator de transfor- extremidade expande-se à medida que a replicaçào avança.
ma ção molecular era responsá vel pela transformação das
Os genomas bacterianos têm uma única origem de repli-
bactérias R vivas para uma forma S. caçáo, enquanto os genomas eucariòtlcos tém muitas ori-
Em 1944, o estudo realizado por 0. Avery, C. Macteod e M. Mc- gens de replicaçào.
-Carty sobre a transformação in vitro provocada por um extrato
As origens de replica çào eucarióticas iniciam-se assincro-
de células S identificou o DNA como fator de transformação e o
namente durante a fase 05.
sugeriu veementemente como o material hereditário
A replicaçào do DNA eucariótico produz cromátides irmãs.
Em 1952, A. Hershey e M. Chase determinaram que o bac-
teriófago T2 usa o DNA. nào as proteínas, para se reprodu-
zir dentro das células hospedeiras da £ coli . 7.4 A replicaçào do DNA duplica precisamente o
material gené tico
7.2 A dupla-hélice do DNA consiste em duas A replicaçào começa em locais espec íficos que sà o defini-
dos pelas sequências de DNA conservadas e pelas sequên-
cadeias complementares e antiparalelas
cias de DNA de consenso.
Os nucleotídeos do DNA consistem em açúcar desoxirri- A replicaçào do DNA começa com a síntese de um primer
bose de dnco carbonos, um grupo fosfato e uma de quatro de RNA pela primase, seguida pela síntese das fitas de DNA
bases de nucleot í deo contendo nitrogénio. líder e atrasada, realizada pela DNA polimerase.
I As bases de nucleotídeo do DNA sào as purinas adenina e Para concluir a replicaçào, os primers de DNA são removi-
guanina e as pirimidlnas cítoslna e timina. dos pela DNA polimerase e os segmentos de DNA sã o uni-
As ligações fosfodléster formam-se entre os grupos fosfato 5' e dos pela DNA ligase.
3X)H para unir os nucleotídeos em cadeias polínudeotidicas. As DNA polimerases não só replicam o DNA, mas também cor-
Os pares de base complementares consistem em uma pu- rigem erros do DNA recém-sintetizado para obter precisão.
rina e uma pirimidina. No DNA, A e T formam duas pontes Os cromossomos eucarióticos possuem em suas extremi-
de hidrogénio estáveis, enquanto G e C formam trés pon- dades sequências repetidas chamadas telômeros, que en
tes de hidrogénio está veis. curtam a cada replicaçào nos ciclos celulares somáticos.
As fitas de ácido nudeico complementares são antiparalelas. A telomerase é uma ribonudeoproteina que sintetiza sequên-
0 empilhamento de pares de base no DNA transmite a cias teloméricas repetidas para manter o comprimento do te-
contagem helicoidal do número e repetições triplas que lòcnero nas células germinatlvas e nas células- tronco.
caracterlzam cada alelo. Isso também provoca a torção que
cria os sulcos maior e menor na fita dupla . 7.5 Os métodos analíticos genéticos moleculares
utilizam o DNA nos processos de replicaçào
7.3 A replicaçào do DNA é semiconservativa e
A reaçáo em cadela da polimerase (PCR) é utilizada para
bidirecional produzir grandes quantidades de cópias das sequências-
A evidência experimental demonstra que a replicaçào do alvo de DNA.
DNA é semiconservativa, significando que cada molécula- O sequenciamento do DNA pelo método de dldesoxinu-
filha recebe uma fita parental e uma fita recém- sintetizada cleot ídeos é utilizado para determinar a sequência dos
que foi produzida usando a fita parental como molde. fragmentos de DNA.
Capí tulo 7 Estrutura e replicaçâo do DNA 257
T E R M O S- C H A V E
Antigeno nuclear de proliferação celular Estrutura 6 (teta) ip. 234) Replicaçâo dispersiva do DNA ip. 232)
.
(PCNA) ip 245) Fita atrasada ip. 240 ) Replkaçào do DNA (semiconservativa,
Bacteriófagos (fagos) ip 226 ). .
Fita -líder ip 240) .
conservativa, dispersiva) ip 232 )
.
Bolha de repíicação ip 235) Forquilha de replicaçâo ip 235 ). Replicaçâo semiconservativa do DNA
Cktmp loader ip 242 ) . .
Fragmento de Okazaki (p 241 ) .
ip 232)
Desoxinucleotideos monofosfato .
Helkase ip 239) .
Replissomo ip 237, 240)
(dNMPs) ip 228). .
Origem de replicaçâo ip 233 ) Revisão do DNA (atividade exonuclease
Desoxinudeotideos trifosfato (dNTPs) Primase ip. 239 ) .
3’ para 51) ip 241, 245)
Íp.228) Primer de RNA (p. 240 ) Sequencíamento do DNA didesoxi ip.251 )
Didesoxinucleotideos trifosfato Primers de PCR ip. 248) .
Sequências de consenso (p 238 )
(ddNTPs) ip. 251) -
DNA ligase ip. 241 )
.
Primossomo (p 240) Slldlng damp (antigeno nuclear de proli
.
feração celular [PCNA ]) ip 242 )
Proteína de ligação de fita simples (SSB)
DNA polimerase (pol I, pol III, atividade (p. 739) Suko maior ip. 230)
polimerase 5' para 3') ip. 240, 241 ) Reação em cadeia da polimerase (PCR) Suko menor ip. 230)
DNA superenrolado ip. 239) .
ip 248) Telomerase ip.246)
Empilhamento de bases ip.230 ) Replicaçâo bidirecional do DNA (p 235) . Telômero ip. 246)
Espinha dorsal de açúcar-fosfato ip. 226) Replicaçâo conservativa do DNA ip. 232 ) .
Topolsomerase ip 239 )
PROBLEMAS
Para obter as respostas dos problemas pares .
ver o Apêndice: Respostas.
Conceitos do capítulo
1. Quais resultados dos experimentos de Frederick Griffith em um duplex são universais para a formação das fitas
forneceram o maior suporte para sua conclusão de que duplas de ácido nudeico. Qual é a base química para essa
um fator de transformação é responsável pela heredita- universalidade?
riedade?
7. Para o seguinte fragmento de DNA, determine o número
2. Explique por que o experimento de transformação in de pontes de hidrogénio e o número de ligações fosfodi-
vitro de Avery, MacLeod e McCarty mostrou que o DNA, éster presentes:
mas não o RNA ou a proteína, é a molécula hereditária . -
5 ’ ACGTAGAGTGCTC 3 * -
3. Hershey e Chase selecionaram o bacteriófagoT2 para seu -
3 * TGCATCTCACGAG 5 * -
experimento de avaliação do papel do DNA na heredita - 8. As Figuras 1.6 e 1.7 apresentam representações simplifi-
riedade porque o T2 contém proteínas e DNA, mas não cadas dos nudeotideos que contêm desoxirribose, uma
RNA.Explique por que oT2 foi uma boa escolha para esse base de nucleotídeo e um grupo fosfato (ver páginas 7 e
experimento. 10). Use esse método simplificado de representação para
4. Explique como o experimento de Hershey e Chase identi -
ilustrar a sequência 3' AGTCGAT 5' e sua parceira -
ficou o DNA como a molécula hereditária . complementar em um DNA duplex.
grupo propòe que cada um de vocês desenhe a estrutura 15. Faça o diagrama de uma forquilha de replicaçâo no DNA
de dois nudeotideos de DNA unidos em uma fita sim- bacteriano e indique as seguintes estruturas ou moléculas .
ples. As figuras são desenhadas e trocadas visando à sua a. DNA pol III
correção. Você recebe o desenho abaixo para corrigir. b. helicase
O c prlmer de RNA
I
O -P - O d. origem de replicaçâo
I e. fita-líder (indique sua polaridade)
-
OH CH C
H
.
f DNA pol I
g. topoisomerase
H h. proteína SSB
H O .
I fita atrasada (Indique sua polaridade)
I .
j primase
I k. fragmento de Okazaki
OH - CH C
16. Quais das seguintes equações são verdadeiras quanto à
H
H porcentagem de nudeotideos no DNA de fita dupla ?
a. (A + G)/(C + T) = 1,0
H O
b. ( A + T)/{G + C) = 1,0
a. Identifique e corrija pelo menos dnco coisas que estáo c (A)/(T) = (G)/(0
erradas na representação de cada nucleotídeo.
b. O que está errado com a maneira como os nudeoti- -
d. (A )/(C) (GV(T)
e. (A)/(T) = (G)/(Q
deos estáo unidos?
c Como você desenharia esse segmento de fita simples? 17. Qual das seguintes igualdades não é verdadeira para o
DNA de fita dupla ?
.
12 Explique como o RNA participa da replicaçâo do DNA.
.
a (G T) = (A + C)
13. Constata-se que uma amostra de DNA de fita dupla con- .
b (G + C) = ( A + T)
tém 20% de citosina. Determine a porcentagem dos ou- c (G + A) = (C + T)
tros trê s nudeotideos de DNA na amostra . 18. Apresente a ordem em que as seguintes proteínas e enzi-
14 . A DNA polimerase I e a DNA polimerase III bacterianas .
mas são ativas na replicaçâo do DNA da E coli : DNA pol I,
desempenham funções diferentes durante a replicaçâo SSB, ligase, helicase, DNA pol III e primase.
do DNA . 19. Dois genomas virais sâo sequenciados e as seguintes
.
a Identifique as funções principais de cada molécula . porcentagens de nudeotideos sâo identificadas:
.
b Se a mutação inativou a DNA polimerase I em uma cepa . .
Genoma 1: A = 28% C = 22% G = 28% T = 22%
de £ coli, a célula seria capaz de replicar seu DNA ? Se for,
que tipo de anomalias vocé esperaria encontrar na célula?
.
f
. .
Genoma 2: A = 22% C = 28% G = 28% T = 22%
Qual é a estrutura do DNA em cada genoma?
c Se uma cepa de £ coli adquiriu uma mutação que inati-
vou a função da DNA polimerase III, a célula seria capaz
de replicar seu DNA ? Explique.
Aplicação e integraçã o
20. Matthew Meselson e Franklin Stahl demonstraram que a 24. A sindrome de Bloom (Omim 210900) é um transtorno
replicaçâo do DNA é semiconservativa nas bactérias Des- . autossômico recessivo provocado pela mutação de uma
creva resumidamente seu experimento e seus resultados DNA helicase. Entre os principais sintomas da doença
para dois ciclos de replicaçâo do DNA e identifique como est áo a instabilidade cromossômica e a propensão para
os modelos alternativos de replicaçâo do DNA foram ex- o desenvolvimento de câncer. Explique esses sintomas
cluídos pelos dados. com base na mutação da helicase.
.
21 Qual é a import ância das estruturas 6 observadas por 25. Em que a replicaçâo por círculos rolantes (ver Capí tulo 6 .
John Cairns em seus experimentos na replicaçâo do DNA página 189) difere da replicaçâo bidirecional?
bacteriano? O que as estruturas 0 nos dizem sobre o pro-
cesso de replicaçâo do DNA em bactérias ?
.
26 Os telõmeros sâo encontrados nas extremidades dos cro-
mossomos eucarióticos .
22. Joel Huberman e Arthur Riggs usaram a marcação de .
a Qual é a composição da sequência dos telõmeros?
pulso para examinar a replicaçâ o do DNA nas células b. Como a telomerase monta os telõmeros ?
de mamí feros. Descreva abreviadamente o experi- c Qual é o papel funcional dos telõmeros ?
mento de Huberman -RIggs e identifique como os re- d. Por que a telomerase normalmente é ativa nas células
sultados excluem um modelo unidirecional de replica- germmativas, mas nào nas células somáticas ?
çâo do DNA.
.
27 Uma família que consiste em uma mãe (l-l)r um pai (1-2)
23. Por que os genomas dos eucariotos, como a Orosophila, e três filhos (11-1, 11- 2 e 11-3) é genotipada pela PCR para
precisam ter várias origens de replicaçâo, enquanto os uma região de um autossomo contendo repetições
.
genomas bacterianos, como os da E coli, têm apenas de uma sequência de 10 pares de bases, A mãe é por-
uma única origem? tadora de 16 repetições em um cromossomo e 21 no
Capí tulo 7 Estrutura e replicaçáo do DNA 259
cromossomo homólogo. O pai é portador dos números 32. A replicaçáo do DNA nos embriões primordiais da Droso-
de repetições 18 e 26. phila ocorre a cada 5 minutos, aproximadamente O ge- .
a. Seguindo o estilo de ilustração da Figura 7.29c, que noma da Drosophita contém aproximadamente 1,8 X 10a
alinha os membros de uma genealogia com seus frag- pares de base. As DNA pdimerases eucarióticas sintetizam
mentos de DNA em um gel, desenhe um gel de DNA o DNA a uma taxa de aproximadamente 40 nudeotfdeos
contendo os fragmentos da PCR gerados pela ampli- por segundo. Aproximadamente quantas origens de repll-
ficação do DNA dos pais (1-1 e 1-2). Indique o tamanho caçào são necessárias para essa taxa de replicaçáo?
de cada fragmento.
33. Trés marcadores miní ssatélite autossômicos que segre-
b. Identifique todos os possíveis genótipos dos filhos
gam independentemente são utilizados para avaliar a
desse casal especificando os comprimentos dos frag-
paternidade de um potro (C) nascido recentemente de
mentos da PCR em cada genótipo.
uma égua quarto de -milha (M). Amostras de sangue
c. Qual termo genético descreve melhor o padrão de he-
são extraídas da égua, do potro e de tr és possí veis ga-
rança desse marcador de DNA ? Explique.
, .
ranhões (S S. e S}) O DNA em cada lócus marcador é
#
28. No experimento de sequenciamento do DNA pelo mé- amplificado por PCR e é feita uma eletroforese em gel
todo didesoxi são executadas quatro reações diferentes para cada marcador. As bandas de DNA amplificadas são
para fornecer o material replicado para os géis de sequen visualizadas em cada gel pela coloração com brometo
ciamento do DNA. Os produtos da reação normalmente se de etídio. Os resultados do gel s ão exibidos a seguir para
situam em bandas de gel diferentes, chamadas A, T, C e G. cada marcador.
a. Identifique os nudeotfdeos utilizados na reação de _ Éç ua.Potro _
sequendamento do DNA pelo método didesoxi que n_ r_ nJlr
produz moléculas para a banda A do gel de sequencia-
mento.
b. Qual é o papel desempenhado pela PCR no sequencia * Marcador A
mento do DNA pelo método didesoxi?
c. Por que a incorporação de um didesoxinucleotideo
durante o sequendamento do DNA é identificada
como evento de "terminação da replicaçáo'? Égua Potro
29. O seguinte gel de sequenciamento do DNA pelo método
,
n
^ n ** r
*
Si r: n
Marcador C
8
APRESENTAÇÃ O
e processamento do RNA
PONTOS ESSENCIAIS
I As moléculas dê áddo rfbonudeico (RNA)
são transcritas dos genes e classificadas
W ilhelm Johansson introduziu o termo gene em 1909 para
descrever a “unidade fundamental da herança'. A definição
de Johansson abrange a compreensão de que os genes contém in-
como RNA mensageiro ou como um dos vá- formações genéticas e sáo transmitidos de uma geração para ou-
rios tipos de RNA funcional.
tra e que os genes são a base das propriedades estruturais funcio-
I A transcrição bacteriana é um processo de
quatro estágios que começa com o reco-
nais, evolutivas e reprodutivas fundamentais dos organismos. Essa
nhecimento do promotor pela RNA polime- definição básica do gene continua válida nos dias de hoje, mais de
rase e termina com a finalização da síntese um século após ter sido cunhada; mas o nosso conhecimento da
do transcrita
gené tica molecular se expandiu tremendamente, refinando nossa
I Os eucariotos usam diferentes RNA pollme-
rases para transcrever diferentes tipos de compreensão da estrutura e função dos genes e esclarecendo os
RNA. Cada tipo de polimerase Inkia a trans- papéis que eles desempenham na produção dos traços.
crição em um tipo diferente dc promotor.
Anteriormente introduzimos o dogma central da biologia, que
I Os RNAs eucarióticos se submetem a três
etapas de processamento após a transcri-
descreve o fluxo da informação genética partindo do DNA, passan-
ção. Eventos alternativos durante e após a do pelo RNA e chegando à proteína (ver Figura 1.8). Essa fórmula
transcrição permitem que diferentes trans- nos diz que o DNA é o repositório da informação genética, que é
critos e proteínas sejam produzidos a partir
da mesma sequência de DNA. convertida através da transcrição em RNA e depois traduzida em
proteínas. A transcrição é o processo pelo qual as enzimas RNA
polimerase e outras proteínas e enzimas transcricionais usam a fi-
ta-molde do DNA para sintetizar uma fita de RNA complementar.
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 261
Urtdlna atidina
para o citoplasma, onde a traduçã o ocorre. A radioati-
vidade se dissipou após persistir no citoplasma por um
5'-monofosfato 5'- monofosfato
( UMP) (CMP) período. Esses experimentos levaram os pesquisadores
a concluir que o RNA sintetizado no n úcleo tendia a
Figura 6 Quatro nudeotfdeos do RNA. Exibidos em sua
forma monofosfato, cada ribonucleot ídeo consiste no açúcar agir como um intermediá rio transportando a mensa -
ribose, um grupo fosfato e uma das bases nucleotfdicas gem gen ética do DNA para o citoplasma para ser tra -
adenina, guanina, cítosina e uracila. duzida em proteínas.
A descoberta do RN Am culminou em 1961,
entre a adenina do DNA e a uracila do RNA. As en - quando um experimento realizado pelos biólogos Syd -
zimas RNA polimerase catalisam a adição de cada ney Brenner, François Jacob e Matthew Meselson iden
tificou uma forma instá vel do RNA como o mensageiro
-
ribonucleotídeo à extremidade 3’ da fita nascente
e formam ligações fosfodiéster entre um grupo tri- genético. Brenner e seus colegas conceberam um expe-
fosfato no carbono 5' de um nucleotídeo e o grupo rimento usando o bacteriófago T2 e a Escherichia coli
hidroxila no carbono 3’ do nucleotídeo adjacente, para Investigar se a síntese da proteína do fago requer
eliminando dois fosfatos (o grupo pirofosfato), assim ribossomos recém-constru ídos ou se as proteínas do
como na síntese do DNA. Compare a Figura 8.2 com fago poderiam ser produzidas usando os ribossomos
a Figura 7.7 para verificar a semelhança desses proces - bacterianos existentes e uma molécula mensageira
para codificar as proteí nas. O experimento descobriu
sos de síntese de ácido nucleico.
-
que o RNA do fago recé m sintetizado se associa com
Identificação do RNA mensageiro os ribossomos bacterianos para produzir proteínas do
fago. O RNA que dirigiu a síntese proteica se formou
No final dos anos 1950, os pesquisadores usaram a c degradou rapidamente, levando os pesquisadores a
técnica de pulse-chase ( ver Seção 73) para acompanhar concluir que um RNA " mensageiro" do fago com uma
o rastro do RNA recém -sintetizado nas células euca - expectativa de vida curta é responsá vel pela sí ntese
rióticas. A etapa pulse dessa técnica expõe as células a proteica durante a infecçào.
nucleotideos radioativos que se incorporam aos ácidos
nucleicos recé m -sintetizados (ver Capítulo 7). Após um Classificação do RNA
curto período de incubação para incorporar os nucleo-
tídeos marcados, a etapa chase remove os nucleotideos Todos os RNAs são transcritos a partir de genes
radioativos não incorporados, substituindo-os por nu - codificadores de RNA. Os diferentes tipos de RNA são
cleot ídeos n ão marcados. Ent ã o um pesquisador pode construídos a partir dos mesmos elementos básicos,
observar a localização e a movimentação do ácido nu- mas desempenham uma série de papéis nas células.
cleico marcado a fim de determinar o padrão de sua
movimentação e sua posição e destino definitivos.
Com base nesses diferentes papéis, os RNAs são divi
didos em duas categorias gerais RNA mensageiro e
-
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA
(«) ( b)
Fí ta- mokie do DNA Fita-molde do DMA
.
RNA funcional Os genes que transcrevem o RNA men - proteínas para formar o ribossomo, o maquinário mo-
sageiro ( RNAm ) são os genes produtores de proteínas lecular responsável pela tradução. Certas moléculas de
e seus transcritos dirigem a síntese proteica pelo pro- RNAr bacteriano interagem com o RNAm para iniciar
cesso de tradu ção. O RNA mensageiro é a forma inter- a tradu ção. (Os papéis do RNAt e do RNAr na tradu ção
mediá ria de vida curta do RNA que transmite a men- são tratados no Capí tulo 9.)
sagem genética do DNA para os ribossomos visando à Três outros tipos de RNA funcional desempenham
tradução. O RNA mensageiro é a única forma de RNA funções especializadas apenas nas células cucarióticas.
.
que sofre tradu ção A transcrição do RNAm e o proces - O pequeno RNA nuclear ( RNAsn ) de vá rios tipos é en -
samento pós - transcrição do RNAm são as principais
áreas de foco neste capítulo.
contrado no n úcleo das células eucarióticas, onde par
ticipa do processamento do RNAm. Certos RNAsn se
-
Os RN As funcionais desempenham uma série de unem com proteínas nucleares para formar complexos
papéis especializados na célula. Eles executam suas ati - ribonucleoproteicos que sã o responsáveis pela remoção
vidades na forma de ácido nucleico e n âo são traduzi - intrônica. Discutimos essas atividades em seções pos-
dos. Duas categorias importantes de RNA funcional são teriores deste capítulo. O RNAmkro (RNAmi)v uma
ativas na tradução bacteriana e eucariótica. O RNA de categoria recentemente reconhecida de RNA regulató-
transferência ou transportador ( RNAt) é codificado rio, é ativo nas células vegetais e animais, mas nâo nas
em dezenas de formas diferentes em todos os genomas. células bacterianas. Os RNAmicros tê m um papel dis-
Cada RNAt é responsável por se ligar a um determi - seminado e importante na regula ção pós- transcrição do
nado aminoácido que ele conduz até o ribossomo. Ali RNAm, regulando a produção de prote í nas por meio de
o RNAt interage com o RNAm e deposita seu amino- um processo chamado interferência por RNA ( ver Ca -
ácido para inclusão na cadeia proteica em crescimento. p ítulo 15). Finalmente, o pequeno RNA interferente
O RNA ribossômico ( RNAr ) se combina com muitas ( RNAsi) é um tipo especializado de RNA funcional que
264 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
ajuda a proteger os genomas vegetais e animais da pro - ções sobre a transcrição bacteriana. Nesta seção, exa -
dução de vírus e da disseminação de elementos genéti
cos transponíveis dentro do genoma ( ver Capítulo 12) .
- minamos os quatro estágios da transcrição na £ coli
que servem como um modelo geral para transcrição em
Por fim, certos RNAs nas células eucarióticas tém todas as bactérias. Também comparamos e diferencia -
atividade catalí tica. Ao contrá rio do DNA, que é exclu
sivamente um repositório de informaçã o genética , as
- mos a transcrição bacteriana e as atividades de transcri
ção nos genomas eucarióticos. Os estágios essenciais da
-
moléculas de RNA com atividade catal ítica conseguem transcrição na £ coli são ( 1 ) o reconhecimento do pro-
catalisar reaçòes biológicas. Chamados ribozimas, os motor, ( 2) a iniciação da cadeia, (3) o prolongamento da
RNAs com atividade catal ítica conseguem ativar um cadeia e (4) a terminação da cadeia.
processo identificado como auto- splicing, descrito mais
adiante neste capítulo. RNA polimerase bacteriana
Um único tipo de RNA polimerase da £ coli cata -
Observa çã o gen é tica Muitos tipos de RNA são trans-
critos nas células. As duas categorias principais são o RNA
lisa a transcrição de todos os RNAs. O suporte experi
mental para essa conclusão brota da análise do efeito do
-
mensageiro e o RNA funcional. Os RNAs funcionais desempe- antibiótico rifampicina na sí ntese do RNA bacteriano.
nham papéis espec í ficos relacionados ã tradução, ao proces- A rifampicina inibe a síntese do RNA evitando a forma -
samento do pré-RNAm ou à regulação da expressão gênica.
ção da primeira ligação fosfodiéster na cadeia do RNA.
Somente RNAm é traduzido . Nas cepas bactcrianas sensíveis à rifampicina ( rif ), a
síntese dos três tipos principais de RNA ( RNAm, RNAt
e RNAr) é inibida na presença do antibiótico. Por outro
8.2 A transcrição bacteriana é um lado, as bactérias resistentes à rifampicina ( rif ) trans-
processo de quatro está gios crevem ativamente o DNA nos três principais RNAs
quando a rifampicina está presente. A análise molecular
Transcrição é a síntese de uma molécula de RNA identifica uma única mutação da RNA polimerase nas
de fita simples pela RNA polimerase. A polimerase usa cepas rif que lhes permite permanecer com atividade
uma fita do DNA, a fita - molde, para montar uma fita catalítica quando expostas ao antibiótico. Esse resultado
antiparalela complementar de ribonucleotídeos (ver é coerente com a conclusão de que uma ú nica RNA po-
Figura 1.9). A fita codificadora do DNA, também co- limerase é ativa na transcrição bacteriana. Estudos mo-
- leculares subsequentes confirmaram a presença de uma
—
nhecida como fita não molde, é complementar à fita
- molde. O gene ou seja, o trecho de regiòes do DNA
que produz um transcrito de RNA
—
conté m vá rios
segmentos com funções distintas (Figura 8.3 ). O pro -
ú nica RNA polimerase bacteriana.
A RNA polimerase bacteriana é composta de uma
—
enzima principal pentà mera ( cinco polipept ídeos ) que se
motor do gene está imediatamente a montante ou liga a um sexto polipeptídeo, chamado subunidade sigma
seja , imediatamente 5’ ao início da transcrição, que é (a ), quando a polimerase se toma ativa. Em sua forma
identificado como correspondente ao nucleot ídeo + 1. A ativa, a RNA polimerase é descrita como uma holocn -
sequência do promotor é uma sequência de regulação zima , significando um complexo intacto com plena capa -
da transcrição que controla o acesso da RNA polime- cidade enzimática. A figura 8 4 mostra um tipo comum
rase ao gene. A região codificadora é a parte do gene de subunidade sigma, conhecido como o °, mas existem'
transcrita em RNAm e contém a informação necessá ria outras subunidades sigma na £ coli.
para sintetizar o produto proteico do gene. A regiã o de
terminaçã o é a parte do gene que regula a cessação da
A enzima principal é grande, pesando aproxima
da mente 390 mil dáltons (390 kD) e consistindo em
-
transcrição. A região de terminação está situada ime - duas subunidades a idênticas: uma subunidade cada
diatamente a jusante —ou seja, imediatamente 3’ ao
segmento codificador do gene.
das subunidades p e [V e uma subunidade u> (ómega ).
Ela é a porção sintetizadora de RNA da holoenzima
A transcriçã o é compreendida e descrita com mais RNA polimerase. Por conta própria , a enzima principal
clareza nas bactérias e a £ coli é o organismo experi - pode transcrever a sequência da fita - molde de DNA na
mental modelo de onde deriva a maioria das informa - sequência de RNA, mas ela é incapaz de se ligar a um
Enzima principal Subunidade Holoenzima da cidas e situadas na mesma posição relativa ao início da
da RNA polimerase sigma RNA polimerase transcrição nos diferentes promotores gê meos.
36.5 kD 4 kD 155 kD Embora os promotores sejam de dupla fita, as se
quéncias de consenso promotoras são escritas em uma
forma abreviada de fita simples que fornece a sequência
5’- para - 3’ da fita codificadora do DNA ( Figura 8.5 ). Na
posição -10 do promotor da E. coli encontra -se a se-
151 kD quê ncia da caixa de Pribnow, ou sequ ência de consenso
-10, consistindo cm 6 pares de bases tendo a sequência
* 390 kD
de peso
molecular
Dm dos quatro
tiposna £ coA; os
pesos moleculares
Subunidades sigma
alternativas conferem
à holoenzima a
- -
de consenso 5' TATAAT 3'. A caixa de Pribnow é se-
parada por aproximadamente 25 pares de bases de outra
vão de 27 a 70 kD. especificidade para
promotores regi ão de 6 pares de bases, a sequ ência de consenso -35,
^
dlre entes - -
identificada pelos nudeotídeos 5' TTGACA 3'. As se-
Figura 8.4 Enzima principal da RNA polimerase qu ências de nudeotídeos que ocorrem a montante, a ju -
bacterlana mais uma subunidade sigma (o) formam a sante e entre essas sequências de consenso sào altamente
holoenzima plenamente ativa. variáveis c não contêm outras sequências de consenso.
Desse modo, em um sentido funcional, as sequências de
promotor ou de iniciar a sí ntese do RNA sem uma su
bunidade sigma. A união da subunidade sigma com a
- consenso -10 ( Pribnow ) c -35 são importantes em razão
de seu conteú do nucleot ídico, sua posição relativa uma à
enzima principal para formar uma holoenzima induz outra e sua localização relativa ao inicio da transcrição.
uma mudan ça de conformação no segmento principal
que lhe permite ligar-se especificamente a sequê ncias
Ao contrário das sequências de consenso em si, os nu
deot ídeos entre -10 e -35 sào importantes como espaça-
-
de consenso promotoras específicas (definidas a seguir ). dores entre os elementos de consenso, mas suas sequên -
Vá rios tipos de subunidades sigma diferentes, conhe- cias específicas náo são criticas.
cidas como subunidades sigma alternativas, foram A seleçã o natural atuou para reter uma grande se-
identificados nas bactérias. As subunidades sigma al- melhan ça das sequências nas regiões de consenso e para
ternativas transmitem tipos diferentes de mudan ças reter a posição das regiões de consenso relativas ao in í-
de conformação à enzima principal que, em cada caso, cio da transcrição. A eficácia da evolução para manter
permitem que se ligue a diferentes sequê ncias de con
senso promotoras, como discutimos a seguir.
- as sequências de consenso promotoras é ilustrada pela
comparação com as sequ ências entre e em torno de
-10 e -35, que não sào conservadas e exibem variação
Promotores bacterianos considerável. Além disso, o espaçamento entre as se-
qu ências e sua colocação relativa ao nucleotldeo +1 é
Um promotor (ou sequência promotora ) é uma se - estável. A RNA polimerase é uma grande molécula que
qu ência de DNA de dupla fita que é o sitio de ligação
da RNA polimerase. Os promotores regulam a trans - - -
se liga às sequências de consenso 10 e 35 e ocupa o
espaço entre e imediatamente em volta dos sítios. Os
crição, j á que a RNA polimerase náo consegue iniciar
a transcrição sem se ligar à sequência promotora. Os modelos de estrutura cristalina mostram que a enzima
promotores bacterianos estão situados a uma curta dis - abarca DNA suficiente para lhe permitir entrar em con -
tâ ncia a montante da sequência codificadora, normal - tato com as regiões de consenso promotoras e alcançar
mente a alguns nudeotídeos do início da transcrição ( o o nucleot ídeo +1. Depois de ligada dessa maneira a um
nucleotídeo + 1 ). A RNA polimerase é atra ída para os promotor, a RNA polimerase pode iniciar a transcrição.
promotores pela presen ça das sequê ncias de consenso, A Aná lise Genética 8.1 vai guiá - lo pela identificação das
regiões curtas de sequências de DNA altamente pare- regiões de consenso promotoras.
Gene
+1
DNA Promotor Região codificadora de RNA
Fita codificadora 5* [ l Éíf.W.IBIf .lf .T.l í U
-
Fita molde 3' [ n r.T.Ufií lDf.Uf.1
Sequência Sequ ê ncia [
n 3P *
dc consenso de consenso » Inicio da Região de
-
35 10 -
(caixa de |
transcrição
Códon
Transcriçã o
Códon
terminação
AN Á LISE GENÉTICA
Sâo exibidas sequências de DNA na região promotora de 10 genes da £ coti As sequências nos .
- -
sítios 35 e 10 estão marcadas por retângulos.
.
a Use a informação de sequência fornecida para deduzir as sequências de consenso - 35 e -10 .
b. Especule sobre os efeitos relativos na transcrição, decorrentes de uma mutação em uma região de
consenso promotora versas uma mutação na sequência entre as regiões de consenso .
Região Região +1
Gene -35 10-
A2 XUi*kA((fX4i[4 n HHiSif .lÍIlCtimUCHÍW
bio f.m.T> [ iniiiiÉiiiinÉ y.T.iÉ<'f !Hiiny.Miiii
|
bis
loc inntl WDH cfv.lá i
locl
leu -
A A A A GjT T G A C A|T C C 6 T T T T T 6 T A T C C A 6 I T A A C T C r A A A A G C - X T T T~
recA --
A A C A q T T G A T A Ç T G T A T G A G C A T A C A G ÍT A T A A T f G C T T C - - Ã ÃC Ã~
'* « • 1 A -v • ? » I J
^ A T a -v
trp
RNAt
XI
Deduzir
.
3 Examine as sequências 10 e - . -. -
3 Os sítios 10 e 35 são o local de ligação da RNA polimerase durante a iniciação da
-35 desses promotores e pro- transcrição Conte as quantidades de A, T, C e G em cada posição nas regiões envolvi-
cure padrões comuns a ambas. das por retângulos.
»1 4 ; Urr setjuéncrt te conservo rferv-
-
(
*
tlflca o rvjcleoikfco mais co num em cada
posiçAo em um segmento d OtsK
*
Solucionar Resposta a
.
4 Determine a sequência de con- .
4 No sitio -10, e movendo-se da esquerda para a direita ( na direção + 1), os nucleotideos
-
senso nas regióes 10 e -35. mais comuns em cada posição na região de consenso e a quantidade de vezes que eles
ocorrem nessa posição são
T A T A A T
01(4; Identtfkjo* o nudootkfeo de maior
otoTéncia em cada (toiiçho da «egUo de (9) (9) (6) ( 5) (5) (9)
consenso composta de 6 nodeotiòeos
nesses oenes. No sitio -35, e seguindo da esquerda para a direita (na direção 41), os nucleotideos
mais comuns em cada posição na região consenso e o número de vezes que eles ocor -
rem nessa posição são:
T T G A C A
(8) (9) (8) (6) (6) (6)
Resposta b
.
5 Compare e diferencie os pro- .
5 A mutação em uma sequência de consenso tende a alterar a eficiência com a qual
váveis efeitos das mutaçóes da uma proteí na liga -se ao promotor e a diminuir a quantidade de transcrição gênica .
sequência de consenso com Por outro lado, as mutações entre as sequências de consenso não tendem a alterar a
os das mutaçóes que ocorrem transcrição gênica, pois as sequências nessas regiões Intervenientes não se ligam for-
entre as regiões de consenso. temente à RNA polimerase.
Iniciação da transcrição .
gura 8.6 ) Na segunda etapa, a holoenzima ligada desen -
rola aproximadamente 18 pares de bases de DNA em
A holoenzima RNA polimerase inicia a transcrição -
volta da sequência de consenso 10 para formar o com-
através de um processo que envolve duas etapas. Na pri - plexo promotor aberto (O na Figura 8.6). Após a forma -
meira etapa, a holoenzima prende se pouco à sequência ção do complexo promotor aberto, a holoenzima avança
-
promotora de dupla fita e depois prende se fortemente a jusante para iniciar a síntese do RNA no nucleotídeo + 1
a ela para formar o complexo promotor fechado O Fl - -
na fita molde de DNA (O na Figura 8.6) .
-35 -10
Codificadora 5'
Molde 3'
Promotor aberto
Sitio de inicio
O A holoenzima RNA polimerase iniòa a transcrição e 1 Sequência de
+1 Transcrição terminação
começa a sí ntese do RNA. A subunidade sigma se
dissocia logo após a iniciação da transcrição e a enzima
principal cont í nua a transcrição
Codificadora 5'
V
l
Molde 3' 5'
5' 3*
-35 0
RNA
Sítio de inicio
O A enzima principal sintetiza até encontrar a sequência de *
Transcrição
Sequência de
terminação
terminação. À medida quea síntese do RNA avan a a
ç , dupla fita
do DNA desenrola para permitir que a frta-molde dirija a
montagem do RNA. A dupla fita se fecha após a síntese.
Codificadora 5'
Molde 3'
> 5*
3'
Sitio de in ício
0 A transcrição termina na sequência de +1
. Sequê ncia de
terminação e a enzima pnncipal e o terminação
transcrito de RNA são liberados.
Codificadora 5'
Molde 3' 5'
Transcrito de RNA
0
268 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
i.
O
dependente de rho, um mecanismo caracterizado por
uma sequência terminadora diferente e que exige a ação *11' i nHMMty.Wf ÍWiiWTlii t ifci] Cr
de uma proteína especializada , chamada proteína rho. 3' 7 £ 5'
Terminação intrí nseca A maior parte da transcrição
A U U U U U U 3'
bacteriana ocorre exclusivamente como uma consequên
cia das sequências de terminação codificadas no DNA
- c
G
G
C
isto é, peia terminação intr ínseca. As sequências de ter-
O As pontes de hidrogénio C G Transcrito
entre os pares de bases C G de RNA
minação intrínseca têm duas características. A primeira -
A U se rompem, liberando
o transcrito e terminando
C
G, kC
G
é que elas são codificadas por uma sequência de DNA a transcrição.
contendo uma repetição invertida , uma sequência de C
DNA repetida em sentidos opostos, mas com a mesma
polaridade 5’ para 3! A figura 8.7 mostra as sequências
invertidas ( “repetição 1” e “ repetição 2”) em uma sequên - Figura 8.7 A termina ção intrínseca da transcrição é
cia de terminação, separadas por uma curta sequência acionada pela presença de sequéndas de DNA repetidas
espaçadora que não faz parte de nenhuma das duas repe- e invertidas.
tições. A segunda caracter ística das sequências de termi-
nação intrínsecas é uma cadeia de adeninas na fita - molde que a RNA polimerase desacelere e se desestabilize. Além
de DNA que começa na extremidade 5’ na região da re- *
-
disso, a região 3 U A do duplex RNA - DNA contém os
petição 2. A transcrição das repetições invertidas produz menos estáveis dos pares de bases complementares. Juntos,
RNAm com segmentos complementares que são capazes a instabilidade criada pela dcsaceleraçào da RNA polime-
de se dobrar em uma haste de dupla fita terminando com -
rase e os pares de bases U A induzem a RNA polimerase a
uma alça de fita simples. Essa estrutura secundária se liberar o transcrito e a se separar do DNA. Fazendo uma
chama estrutura de haste em alça, também conhecida analogia simples, o comportamento da RNA polimerase
como hairpirt . Uma cadeia de uradias complementares durante a terminação intr ínseca da transcrição é como o de
às adeninas na fita - molde vem imediatamente após a es - um ciclista em baixa velocidade. O momento lento para a
trutura de haste em al ça na extremidade 3' do RNA. frente cria instabilidade c o ciclista acaba perdendo o equi -
A formação de hairpin seguida imediatamente por l íbrio. De modo similar, a RNA polimerase é desestabili -
-
uma sequê ncia poli U perto da extremidade 3’ do RNA faz zada à medida que desacelera quando transcreve as sequén -
270 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
cias repetidas invertidas e cai do DNA quando o transcrito Finalmente, o DNA eucariótico está permanentemente
é liberado onde se formam os pares de bases A - U. associado com uma grande quantidade de prote ínas
Terminação dependente de rho
nação intr
Ao contrá rio da termi
ínseca mais comum, certos genes bacterianos
- para formar um composto conhecido como crvmatina.
A composição de cromatina dos genomas eucarióticos
requerem a ação da proteína rho ligando- se ao RNAm afeta a transcrição diretamente. A cromatina desempe -
nascente e catalisando a separa ção do RNAm em re- nha um papel central na regulação da transcrição euca -
la ção à RN A polimerase para terminar a transcrição. r íótica mudando a força de associação da proteína com o
Os genes cuja transcrição é dependente da rho têm se- DNA, que pode permitir ou bloquear a RNA polimerase
quências de terminação diferentes das sequências dos e o acesso do fator de transcrição aos promotores. Em
genes que utilizam terminação intrínseca. As estruturas capítulos posteriores, discutimos a estrutura de croma -
de hairpin costumam se formar como parte integrante tina e introduzimos o papel que a cromatina desempe-
da terminação dependente de rho, mas as sequências nha ao permitir ou bloquear a transcrição (Capitulo 11)
terminadoras dependentes de rho não têm uma cadeia
de resíduos de uracila. Em vez disso, as sequências con -
e exploramos o papel funcional da cromatina na regula -
çã o da expressã o gè nica nos eucariotos (Capítulo 15). No
té m um sido de utilização da rho, ou sítio rut , que é entanto, nesta seção não consideramos o papel da cro-
um trecho de aproximadamente 50 nucleot ídeos rico matina na transcrição; em vez disso, nossa discussão se
em citosina e pobre em guanina . limita aos processos moleculares da própria transcrição.
A proteína rho é composta de seis polipept ídios
idênticos e tem dois domínios funcionais, ambos utili
zados durante o processo de duas etapas da terminaçã o
- Polimerases eucarióticas
da transcrição. A primeira etapa é iniciada quando a Três RNA polimerases diferentes transcrevem clas-
proteína rho é ativada por uma molécula de ATP que se ses diferentes de RNA codificadas pelos genomas euca -
liga a um domínio funcional da rho. A proteína rho ati
vada utiliza seu segundo dom ínio para se ligar ao sítio
- rióticos: a RNA polimerase 1 ( RNA pol 1) transcreve
três genes de RNA ribossòmico, a RNA polimerase II
rut do transcrito de RN A. Usando a energia derivada do ( RNA pol II ) é responsá vel por transcrever os RNAs
ATP, a rho se desloca ao longo do RNAm na direção 3', mensageiros que também codificam polipeptideos para
acabando por alcançar a RNA polimerase que desacele - transcrever a maioria dos genes do pequeno RNA nu
clear e a RNA polimerase III ( RNA pol III ) transcreve
-
rou perto de uma sequ ê ncia terminadora. À medida que
a rho se desloca, ela catalisa o rompimento das pontes todos os genes do RNA de transferê ncia , bem como um
de hidrogénio entre o RNAm e a fita - molde do DNA.
O rompimento das pontes libera o transcrito da RNA
gene do pequeno RNA nuclear e um gene do RNA ri
bossó mico. A RNA pol II e a RNA pol III são responsá
--
polimerase e induz essa polimerase a liberar o DNA. veis pela síntese do RNAmi e do RNAsi.
As RNA polimerases eucarióticas compartilham
Observa çã o gen é tica A terminação da transcrição
semelhanças de sequência e função com a RNA poli
merase da £ coli e com a RNA polimerase dos archaea.
-
bacteriana depende da presença de certas sequências de
DNA. Na terminação intr ínseca, as sequê ncias de DNA repe
Cada uma das RNA polimerases eucarióticas contêm
tidas invertidas, seguidas imediatamente por uma cadeia de
grandes subunidades homólogas às cinco subunida -
des da enzima principal da RNA polimerase da £. coli
.
adenlnas produzem uma estrutura de halrpln de RNAm se - (Tabela 8.2 ). A RNA polimerase dos archaea també m
guida poc uma cadeia pol»-U. Na terminação dependente de
rho, uma proteína rho liga -se ao RNAm e catalisa a liberação contém cinco subunidades que tem homologia com as
do transcrito da RNA polimerase. subunidades da RNA polimerase bacteriana. As RNA
polimerases eucarióticas e archaeais são mais comple -
xas que a RNA polimerase bacteriana pelo fato de con
terem de 6 a II subunidades proteicas adicionais. No
-
8.3 A transcrição eucariótica usa entanto, em geral todas as RNA polimerases têm um
vá rias RNA polimerases formato similar: elas são reminiscentes de uma “ mã o"
com "dedos" proteicos para ajudar a pegar o DNA
'
A transcrição eucariótica passa pelos mesmos está - e com uma " palma " na qual ocorre a polimerização (ver
gios da transcrição bacteriana, mas vários fatores tornam Figura 7.21). Essas semelhan ças de estrutura e função
o processo mais complexo. Primeiro, os promotores eu
carióticos e as sequências de consenso são consideravel -
- da RNA polimerase são um resultado direto da história
evolutiva comum de bactérias, archaea e eucariotos.
mente mais diversos do que na £ coli , e os eucariotos
têm três RNA polimerases diferentes que reconhecem Sequências de consenso para a transcriçã o
promotores diferentes, transcrevem genes diferentes e
produzem RNAs diferentes. Segundo, o aparato mole- da RNA polimerase II
cular montado nos promotores para iniciar e prolongar A RNA polimerase U transcreve genes codificado-
a transcrição é mais complexo nos eucariotos. Terceiro, res de polipeptideos cm RNAm. Os promotores desses
os genes eucarióticos contêm íntrons e éxons, exigindo genes são numerosos e altamente diversificados, com
o processamento intensivo pós- transcrição do RNAm. diferentes tamanhos globais e diferenças no n úmero e
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 271
no tipo de sequências de consenso proeminentes entre quèncias de DNA estão ligadas às proteínas associadas
as fontes de variação do promotor. Dadas essas caracte - à RNA pol II durante a transcrição, (2) as supostas se -
rísticas, é razoável perguntar como as RNA polimerases quências promotoras são comparadas para avaliar suas
localizam o DNA do promotor para diferentes genes. semelhan ças e (3) as mutações que alteram a transcri -
Três linhas de investigação ajudam os pesquisa - ção genica são examinadas para identificar como as
dores a identificar e caracterizar os promotores dos mudanças nos pares de bases do DNA afetam a trans-
diferentes genes codificadores de polipept ídeos: ( 1 ) os crição. A Técnica de Pesquisa 8.1 discute a identifica -
promotores são identificados determinando quais se - ção experimental e a análise dos promotores.
T É C N I C A D E P E S Q U I S A 8 . 1 continua çã o
do DNA experimental é ma is lenta que a do DNA de controle. tra a digestã o da DNase I pelas proteínas transcricionais liga-
Esse é o resultado previsto se a amostra experimental conti- das. Nenhuma proteção desse tipo ocorre para o fragmento
ver uma sequência de consenso ligada por proteínas trans- de controle, que é clivado de modo aleatório.
orlckmals. A proteína ligada aumenta o peso molecular da Conclusão Os resultados desses dois métodos constituem
amostra experimental e desacelera sua mkjra çAo em relação evidência necessária, porém Insuficiente, de que o frag-
ao mesmo DNA sem proteína ligada. No ensaio de proteção mento de DNA contém um promotor. A evidência final de
química do DNA footprint, repare que a faixa do DNA expe- que o fragmento de DNA contém um promotor reside na
rimental contém uma lacuna na qual nenhum fragmento análise mutacional que identifica as mudanças funcionais
de DNA aparece. A lacuna representa "proteção química do provocadas por mutações de nucleotideos específicos das
footprinf para a parte do fragmento que está protegida con- sequências de consenso promotoras ( ver Figura 8.11).
1
DNA marcado na extremidade
l
© o
i
DNase I adkrcnada: d-va DNaseIadxtonada cliva
o DNA desprotegido. o DNA desprotegido.
i i
-
inibiu©
I , I
Fragmentos marcados com } P Fragmentos marcados com ”P
l ©
Eletroforese em gel
i
©
:
© ©
© c
© Região protegida por
proteína; possível
região promotora
x> =©
A proténa transcricíonal Igada protege a região
promotora centra a divagem cnamática.
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 273
GC box CAAT box TATA box Figura 8.8 Trés elementos da sequência de
DNA
GGGC GG
*.ni
[ .
I U.T.T. 3' consenso promotora eucariótica. ATATA box
CCCGCC GTTA ATATTT 5' e a CAAT box sã o comuns; a montante GC box é
-9 0 -8 0 -2 5 +1 mais variá vel.
5’ vp
-globina
procarióticos, permitindo, assim, o reconhecimento di
ferencial dos promotores em eucariotos.
-
r<
O TAF e TBP formam a TFIID e ligam-se à TATA box. sequência. Os pesquisadores produzem muitas mutações
pontuais diferentes na sequência de DNA que está sendo
TBP TFIID
estudada e depois comparam o nível de transcrição ge-
Complexo comprometido rado por cada sequência promotora mutada com a trans-
inicial crição gerada pela sequência do tipo selvagem ( intacta ).
DNA +1
1 A Figura 8.11 mostra uma sinopse da an álise de mu -
l TATAxgjjg) '
l tação no promotor a partir de um experimento realizado
pelo biólogo molecular Richard Myers e seus colegas em
box Complexo de Iniciação m í nimo um promotor do gene da (J - globina nos mamíferos. Esses
pesquisadores produziram mutações de pares de bases
individuais nas sequê ncias das TATA, CAAT e GC boxes
© A adição deTFIIB. RN A polimerase II eTFIIF forma o complexo c nos nudeotideos entre as sequências de consenso para
de iniciação m ínimo.
identificar o efeito de cada mutação no n í vel de transcri -
+ ção relativo do gene. Eles constataram que as mutações de
5' IIF } 3‘ pares de bases em cada uma das três regiões de consenso
3' 5’ diminuíram significativamente o nível de transcrição do
RNA polimerase II gene. Por outro lado, as mutações fora das regiões de con -
senso tiveram efeitos insignificantes no n ível de transcri -
ção. Esses resultados mostram a importâ ncia funcional dc
I
TFIIH unem -se e formam o complexo de
Complexo de inicia çã o completo
sequências de DNA específicas na promoção da transcri-
ção e confirmam um papel funcional na transcrição das
0 A TF1IEçãeoacompleto . sequências das TATA, CAAT e GC boxes.
Inkia
0 completo
A RNA polimerase II é liberada do complexo de inicia ção
Ativadores e silenciadores
para começ ar a
transcri çã o .
+
Os promotores sozinhos muitas vezes não são sufi -
cientes para iniciar a transcrição de genes eucarióticos,
3* sendo necessárias outras sequê ncias regulatórias para
RNA
5' acionar a transcrição. Esse é o caso particular de eucario -
polimerase II
tos multicelulares que tê m quantidades e padrões dife -
rentes de genes expressos em diferentes células e tecidos
e que mudam seus padrões de expressão gênica à medida
F i ura 8.10 Transcrição eucariótka pala RNA polimarasa II. que os organismos crescem e se desenvolvem. Esses tipos
I.-
y i o
substancialmente o n í vel de transcriçã o relativo.
e
1
z
0
-100 -80 -80 -40 -20 1 20
n
01999 AAA
GC box CAAT box -37 TATA box !
— Inicio da
transcrição (+1)
'£ 3'
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 275
y O ativador
Ugiçlo ao
h RNA
Membrana
nuclear
transcritos são empacotados com proteí nas para formar
as subunidades ribossòmicas grandes e pequenas.
Os promotores reconhecidos pela RNA pol I con-
têm duas sequ ências funcionais similares perto do in í -
cio da transcrição. A primeira é o elemento principal ,
Fator de transcrição ativo
polimerase
\ -
que vai da posição 45 à + 20 e se conecta ao inicio da
transcrição, e a segunda é o elemento de controle a
montante , que abrange os nucleotídeos -100 até -150
-
41
.
( Figura 8.14 ) O elemento principal é essencial para a ini -
Ativador In ício da
Promotor transcrição ciação da transcrição, e o elemento de controle a mon -
tante aumenta o n ível de transcrição gênica. Esses dois
N úcleo O Iniciação da
transcri ção / elementos são ricos em guanina e citosina; as compara
ções das sequências de DNA mostram que todos os ele
-
-
mentos de controle a montante tê m os mesmos pares de
O controle
O elemento principal inkia a transcrição e o elemento de (a ) GeneRNAsn Montante I Jusante
a montante aumenta a eficiência da transcrição
OCT PSE TATA i
Elemento de controle
5'
a montante Elemento pr ncipal
3' f
1 í +1 I
-
150 -
100 45 1 + 20
Os genes RNAsn
têm promotores a
.
Transcrição
0 UBF
I
1 e SL1 ligam-se aos elementos de controle a montante
montante do mico
da transação. RNAsn
e
principal . (b) Gene RNAr 5$ Região de
- 1
controle interna
1
7 v Caixa A Caixa C
SL 1 3'
IF 1 5'
+1
-100
1
SL1
5'
3’
Os genes RNAr 55 e
RNAt têm prerroto^s
internos a jusante do
inido da transcrição.
.
Transcrição
RNAr 5S
3'
-45 +1 +20
1
1
SL 1
5*
i
i .
Transcrição
RNAt
3'
SL 1
- 100
+1
5’
3* F igura 8.15 Variação dos promotores quanto aos genes
transcritos pela RNA polí meras# III .
Figura 8.14 Sequências d# consenso promotoras para a Aqui descrevemos brevemente a terminação na trans-
iniciação da transcrição pela RNA polimerase I. crição pela RNA pol I ou RNA pol 111, deixando a termi -
nação da transcrição da RNA pol 11 para uma discussão
mais abrangente em uma seção posterior. A transcrição
a esses elementos e recruta a RNA polimerase III , que
pela RNA polimerase III é terminada em uma maneira
inicia a transcriçã o de um modo similar ao das outras
reminiscente da terminaçã o da transcrição da £ coli.
polimerases.
A RNA pol III transcreve uma sequ ência terminadora
Os genes do RNA ribossómico 5S e do RNA de trans - que cria uma cadeia de uracilas no transcrito A cadeia .
ferência possuem elementos promotores internos chamados
regiões dc controle internas ( ICRs ); ver Figura 8.15 b e c. -
poli U é similar à que ocorre na terminação intr ínseca
.
As ICRs são duas sequências de DNA curtas designa -
das caixa A c caixa B cm alguns genes c caixa A c caixa C
— bacteriana (ver página 269) No entanto, a sequência
terminadora da RNA pol III nào contém uma repetição
—
em outros situadas a montante do inido da transcrição,
entre os nudeotídeos + 55 e * 80 ( Figura 8.16) Para iniciar .
invertida, entã o a estrutura de haste em alça se forma
perto da extremidade 3' do RNA .
A transcrição pela RNA pol 1 é terminada na se -
a transcrição, a caixa B ou a C liga-se ao TFIIIA, facili - quência de consenso de 17 pares de bases que se liga ao
tando a ligação subsequente do TFIIIC à caixa A. O TF11IB
liga-se a outros fatores de transcrição. Na etapa final da ini
ciação, a RNA polimerase III liga se ao complexo do fator
- fator I dc terminação da transcrição (TTF1). O sítio
de ligaçã o do TTFI é a sequência de consenso de DNA
de transcrição e sobrepõe o nudeotídeo +1. Com a RNA AGGTCGACC AGA / / 7NTCG
polimerase posidonada corTetamente, a transcrição começa
/
aproximadamente 55 pares de bases a jusante do inicio da Nessa sequência, a adenina e a timina tê m probabi
lidades iguais de aparecer em dois sítios adjacentes,
-
caixa A, no nudeot ídeo + 1.
conforme indicado pelas linhas diagonais; N significa
uma posição em que os quatro nudeot ídeos têm uma
Termina ção na transcrição da RNA
frequ ê ncia mais ou menos igual. Um grande transcrito
polimerase I ou III precursor do RNAr é clivado cerca de 18 nudeotídeos a
Cada uma das RNA polimerases eucarióticas utiliza montante do sítio de liga ção TTFI, entã o a sequê ncia de
um mecanismo diferente para terminar a transcrição. consenso não aparece no transcrito maduro.
278 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
O Os promotores internos
contêm a caixa Aea
-
Nesta seção, discutimos o processamento pós trans-
cricional de vários tipos de RNA, mas enfatizamos três
caixa C de +55 a +80. Inicio da etapas de processamento sequenciais que modificam o
transcnçáo Caixa A Caixa C
transcrito de RN Am inicial do gene eucariótico, chamado
3' | pré- RNAm, em RNAm maduro, o RNAm totalmente
+1 processado que migra do n úcleo para o citoplasma para
Q O TF1IIA liga- se è caixa C tradução. Essas etapas de modificação são (1) capea -
e facilita a ligação do mento da extremidade 51, adiçã o de um nucleotídeo
TFIKC à calxaA.
modificado à extremidade 5' do RN Am; (2) poliadenila -
JxXXXXXXXXXXXJCOodBB
O OTF1IIB liga-se aoTFIIIA
+i +55 +80
çáo da extremidade 3', clivagem na extremidade 3' do
RNAm e adição de uma cauda de vá rias adeninas para
formar a cauda poli - A; e (3) splicing intrônico, splicing
do RNA para remover íntrons e ligar éxons.
eaoTFIIIC . TFIIIB
Capeamento da extremidade 5' do RNAm
l v . \ v .
^
5*
34 Após a RNA pol 11 ter sintetizado os primeiros 20
+1 +55 +80 a 30 nucleotídeos do transcrito de RNAm, uma enzima
Q A RNA polimerase III liga-se especializada, a guanilil transferase, adiciona uma gua -
aos TFs e posiclona-se em
+1.
l TFIIIB _
nina à extremidade 5' do pré-RNAm, produzindo uma
liga ção incomum de 5* para 5’ que forma uma ligação
RNA
polimerase III IIICYTFIIIA trifosfato. Outra ação enzimá tica metila a guanina re-
5' 5'
cé m -adicionada e também pode metilar o pró ximo ( ou
3' 3'
+1 55 +80 próximos) nucleotídeo do transcrito. Essa adição de
guanina ao transcrito e a subsequente metilação são co-
nhecidas como capeamento da extremidade 5'.
F igura 8.16 Reglòes de controle internas do promotor
A guanilil transferase inicia o capeamento da ex-
para transcriçã o pela RNA polimerase III.
tremidade 5’ em trés etapas retratadas na Figura 8.17 .
Antes do capeamento, o nucleotídeo 5' terminal do
RNAm cont ém trés grupos fosfato, rotulados a, |5 c y
Observa çã o gen é tica A RNA pol I e a RNA pol lll ini - na Figura 8.17. Primeiro, a guanilil transferase remove
ciam a transcrição a partir de promotores diferentes um do
o fosfato y, deixando dois fosfatos no nucleotídeo ter-
outro e dos promotores utilizados pela RNA pol II. Os meca
minal 5' O. O trifosfato de guanina contendo a guanina
nlsmos de terminação da transcrição também são diferentes
para cada tipo de RNA polimerase.
que deve ser adicionada perde dois fosfatos (y e (V), for -
mando um monofosfato de guanina O. Depois, a guani -
lil transferase une o monofosfato de guanina e o nucleo-
tídeo terminal do RNAm , formando a ligação trifosfato
8.4 O processamento pós-transcrição de 5' para 5’ O. A enzima metil transferase adiciona
modifica as moléculas de RNA um grupo metila (CH3) ao nitrogénio 7 da guanina, for
-
mando a 7 metilguanosina ( nvG ). A metil transferase
-
Os transcritos bacterianos e eucarióticos diferem também pode adicionar grupos metila aos nucleotídeos
de vá rias maneiras. Por exemplo, os transcritos euca - -
próximos da 2' OH do RNAm.
rióticos são mais estáveis do que os transcritos bacte-
rianos. A meia - vida de um RNAm eucariótico tí pico é
A capa da extremidade 5' tem várias funções, in
cluindo (1) proteger o RNAm da degradação rápida , (2)
-
medida cm horas até dias, enquanto os RNAm bacte- facilitar o transporte do RNAm através da membrana
rianos tê m uma meia- vida média medida em segundos nuclear, (3) facilitar o splicing intrônico subsequente e
até minutos. Uma segunda diferença é a separação, em
tempo e posição, entre a transcrição e a tradu ção. Lem -
(4) aumentar a eficiência da tradução orientando o ri
bossomo no RNAm.
-
bre-se de que, nas bactérias, a falta de um n úcleo leva à
união entre a transcrição e a tradução. Nas células euca - Poliadenilaçâ o da extremidade 3' do
rióticas, por outro lado, a transcriçã o ocorre no n úcleo
pr é-RNAm
e a tradução ocorre mais tarde nos ribossomos livres ou
nos ribossomos presos ao ret ículo endoplasmá tico ru
goso no citoplasma. Uma terceira diferença é a presença
- A terminação da transcrição pela RNA pol 11 não
é totalmente compreendida. O que se sabe é que a ex-
de í ntrons nos genes eucarióticos ausentes dos genes tremidade 3' do RNAm nã o é gerada pela terminação
bacterianos. Cada uma dessas diferenças entra em cena da transcrição. A extremidade 3‘ do pré- RNAm é criada
quando consideramos as modificações pós-transcrição pela açã o enzimá tica que remove um segmento da extre-
do RNAm nas células eucarióticas. midade 3’ do transcrito e o substitui por uma cadeia de
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 279
RNAm 5'
Até a
/ Extremidade 5 do RNAm !
' extremidade 3'
/
Base 1 Base 2
O O 5 7 fosfato édo primeiro.
*
nudeotideo removido
O O monofosfato de
guanina se une à
extremidade 5' do
RNAm por meio de uma
ligação trif òsfato de 5'
para 51Também ocorre Metilaçáo adicional
a metllação adicional do
nudeotídea Base 1
Ligação trifosfato de 5’ para 5
r r r
o- P - O- P - O- P -O
a II
O O
nucleolídeos adenina, a cauda poli- A. Acredila - se que polimerase ( PAP) aumentam o complexo O. Depois, o
-
essa etapa do processamento do pré RNAm esteja asso - pré- RNAm é clivado 15 a 30 nudeot ídeos a jusante da
ciada com a subsequente terminação da transcrição. sequência de sinal de poliadenilaçáo 0. A clivagem li -
A Figure 8.18 ilustra essas etapas. A poliadenilaçáo bera um fragmento de transcrito ligado pelo CFI, CHI e
começa com a liga ção de um fator chamado fator de es- CstF, que mais tarde é degradado O. A extremidade 3’ do
pecificidade de clivagem c poliadenilaçáo (CPSF) perto dc pré-RNAm cortado sofre a adição enzimá tica de 20 a 200
uma sequência de RNAm de sets nudeotídeos, AAUAAA, nudeotídeos adenina que formam a cauda poli - A 3’ por
que fica a jusante do códon de parada e, portanto, não faz meio da açâo do CPSF c da PAP O. Após a adição das 10
parte da sequência codificadora do gene. A sequência de primeiras adenina*, as mol éculas da proteína II de ligação
seis nudeotídeos é conhecida como sequ ê ncia de sinal de à poli - A ( PABII ) juntam -se à cauda poli- A e aumentam a
poliadenilaçáo. A ligação de um fator estimulador da cli - taxa de adição de adenina 0. A cauda poli- A 3’ tem vá rias
vagem (CstF) com uma sequ ência rica em uradla vá rios funções, incluindo (1) facilitar o transporte do RNAm ma
nudeotídeos a jusante da sequência dc sinal dc poliade- duro através da membrana nuclear, ( 2) proteger o RNAm
nilaçáo vem rapidamente a seguir e a ligação de outros da degradação e (3) melhorar a tradução habilitando o re-
dois fatores de clivagem, CFI e CFII , e a poliadenilato conhecimento ribossômico do RNA mensageiro.
280 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Sequência de sinal
Sequência codificadora de polipeptídeo de poJiadenild çáo Sítio de clivagem
J
pré - RNAm 51
Códon
de In ício
IC
Códon
de parada
3 UTH AAUA Ã A
T
15 a 30 nucleotideos
U reoiàorka /
^ 3*
O °poliadenila
complexo de clivagem e
ção é constituído.
CPSF
5' U II
3'
*
71
A
PAP
CStf CStf
CPSF
5' AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
1 Sequência
Sequência codificadora de polipeptideo de consenso Cauda poli A
=
i 1
r r 1 1
pré- RNAm S | 7£ LYJjfemW»3>K0I 3'
Códon Códon
de in ício de parada
Figura 8.18 Poliadenilação da extremidade 3' do pr é-RNAm eucariótico.
Certos transcritos de RNAm eucarióticos não sofrem e na liga ção dos éxons. O splicing intrô nico exige uma
poliadenilação. Os mais destacados dentre esses transcri - precisão extrema para remover todos os nucleotideos
tos são os dos genes que produzem proteí nas histona, que intrònicos sem perturbar os éxons e sem deixar para
são componentes-chave da cromatina , o complexo DNA - trás outros nucleotideos, de modo que a sequência de
-proteína que compõe os cromossomos eucarióticos (ver
RNAm codificada pelos éxons ligados venha a dirigir
Capítulo 11). Nesses e em outros RNAm "sem cauda", a
completa e fielmente a síntese do polipeptideo correto.
extremidade 3’ contém uma curta estrutura hairpin re - Como exemplo da necessidade de precisão na remo -
miniscente das estruturas observadas no mecanismo de
terminação intrínseca da transcrição das bactérias. Pode çã o intrô nica, considere a seguinte "cadeia precursora ”
haver uma conexão evolutiva entre a terminação da trans composta de blocos de letras fazendo papel de éxons e
criçào bacteriana e a formação do hairpin nos RNAm eu
carióticos “ sem cauda".
- formando palavras de trés letras, interrompidas por ou
tros blocos de letras ininteligíveis que fazem o papel de
-
íntrons. Se a edição remover os “ íntrons" de maneira
Splicing intrônico do pré- RNAm precisa, a "cadeia editada" pode ser dividida em suas pa -
A terceira etapa do processamento do pré- RNAm é lavras de três letras para formar uma "frase". Se um erro
a remoção dos íntrons ( splicing intrô nico), que consiste da edição fosse remover letras demais ou de menos, o
na remoção dos segmentos intrònicos do pré- RNAm resultado seria uma frase sem sentido.
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 281
íntron (ntron
A constata ção de que os íntrons interrompem os dc ramificação, está situada 20 a 40 nuclcotídcos a jusante
segmentos geneticamente informá ticos das genes eu - do sítio de splicing 3\ Essa sequência de consenso é rica em
cariólicos foi uma descoberta impressionante dos bió- pirimklina e contém uma adenina invariante, clianiada ade
logos moleculares Richard Roberts e Phillip Sharp em nina do ponto de ramificação, perto da extremidade 3* .
1977. Nada que se sabia sobre a estrutura dos genes A análise mutacional mostra que essas sequências
eucarióticos à é poca sugeria que a maioria desses de consenso são críticas para a remoção precisa dos
genes era subdividida em elementos intró nicos e exó ni - íntrons. As mutações que alteram os nucleot ídeos em
cos. Roberts e Sharp dividiram o Pré mio Nobel de Fisio - qualquer uma das três regiões de consenso podem pro-
logia ou Medicina de 1993 por sua descoberta conjunta duzir RNAm maduro com splicing anormal. Os RNAm
dos “ genes divididos" no genoma eucariótico.
O grupo de pesquisa de Sharp descobriu a natu -
anormais —curtos demais se a sequência cxònica for
removida por engano, compridos demais se a sequência
reza dividida dos genes eucarióticos usando uma téc
- .
nica conhecida como R looping Nesse método, o DNA
- intrônica for deixada para trás, ou alterada de outra ma
neira que resulte na leitura inadequada da sequê ncia de
-
que codifica um gene é isolado, desnaturado para uma
forma de fita simples e depois misturado com o trans -
RNAm — produzem proteínas com sequências incor-
retas de aminoácidos (ver Capítulo 12).
crito de RNAm maduro do gene. As regiões do gene que Os íntrons são removidos do pré- RNAm por um
codificam sequê ncias no RNAm maduro serão comple- complexo RNAsn- proteína chamado spliceossomo. O
mentares às sequências no RNAm e vão hibridar com spliceossomo é parecido com uma bancada de trabalho
elas, formando um duplex DNA - RNAm. No entanto, os molecular à qual o pré- RNAm se acopla enquanto os
segmentos de DNA que codificam íntrons não encon
trarão sequências complementares no RNAm maduro e
- componentes de subunidade do spliceossomo cortam
e remendam esse pré-RNAm em um processo de qua -
permanecerão na forma de fita simples, formando uma
alça entre as sequências hibridizadas. (a )
A Figura 8.19 mostra um mapa do gene hexon es- Intron A B C
-
tudado nos experimentos de R looping realizados por
Sharp e colaboradores. Os resultados experimentais,
r _ j l Gene
~
hexon
Éxon 4
fotografados por microscopia eletrónica, revelam qua -
tro regiões híbridas DNA-RNAm, onde a sequência de
DNA exônica forma par com a sequência de RNAm
maduro. Três sequências de al ça em R de fita simples
são íntrons que não formam pares com o RNAm.
5'
=r
© As RNPsn U4, U5 e U6 ligam-se
ao complexo e formam o
spliceossomo inativa Forma -se 5'
uma estrutura intrònka em la ço. U Éxon 1
í ntron Éxon 2
em laço
O A spliceossomo
U4 se dissocia para formar O O íntron em laço se forma por
o ativo, uma
liga çãofosfodiéster 2 -5
'
seguido pela clivagem da 5'e entre a guanina 5'e a adenina O
a formação de uma ligação do ponto de ramifica ção. i
o- p = o
-
fosfodiéster 2 5' para
estabilizar o í ntron em la ça HO
I
0
í ntron
em laço
8a se Py
Base Pu
© Antron
extremidade 3’ do
í é clivada, deixando
um monofosfato 5' na
extremidade exònica 5.
íntron
em la ço Sítio de sptidng 3'
É xon 1 É xon 2
íntron
em la ço
5' 7/ ^ AGlS ff "
3f
tro etapas que, primeiro, cliva o sítio de splicing 5'; se - formar um spliceossomo. As RNPsn são subunidades
gundo, forma uma estrutura de laço (lariat) intr ônico
que liga a extremidade 5' do íntron à adenina do ponto
-
RNAsn protelna designadas UI a U6. O spliceossomo
é um grande complexo composto de vá rias RNPsn, mas
de ramificação; terceiro, cliva o sitio de splicing 3*; e, fi
nalmente, liga os é xons e libera o í ntron em laço para
- sua composição é dinâmica; ele muda durante os difer
entes estágios do splicing , quando cada RNPsn entra
-
ser degradado em seus componentes nucleotídicos. e sai à medida que determinadas etapas da reação são
Uma fotomicrografia eletrónica dos spliccossomos em executadas.
ação é vista na foto de abertura deste capítulo. Os componentes do spliceossomo são recrutados
A Figura 8.20 ilustra as etapas de splicing do pré- para os sítios de splicing 3' e 5' por proteínas especializa-
- RNAm nuclear, começando com a agregação de cinco das, chamadas proteínas SR. Essas proteínas são ricas em
pequenas ribonucleoproteínas nucleares ( RNPsn ) para serina (abreviada como S) e arginina (abreviada como R) e
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 283
ligam - se a sequências nos éxons conhecidas como ativa- ligação das proteínas de processamento ao CTD permite
dores de splicing ex ònico ( ESEs) ( Figura 8.21 ). A ligação que o RN Am seja modificado enquanto é transcrito.
das prote ínas SR com os ESEs ajuda a assegurar que os Os modelos atuais propõem que os "maquin ários de
componentes do spliceossomo se liguem de modo eficiente expressão gêmea", que consistem em RNA polimerase
a sítios de splicing 3' e 5' autênticos nas vizinhanças, cm vez II c uma série dc proteínas de processamento do pré-
de se ligarem a sítios de splicing longe dos éxons. As pro-
teínas SR são essenciais para o splicing e são produzidas
-RNAm, são responsá veis pela associação entre a trans-
crição e o processamento do pré - RNAm. A Figura B á sica
em formas variadas, algumas estando presentes em todas 8.22 ilustra esse modelo de maquinirio da expressão
as células e outras apenas em certas células. Essas proteínas gé nica. O CTD e a RNA polimerase II associam -se com
podem desempenhar um papel no splicing intrônico alter - várias proteínas que executam o capeamento (CAP), o
nativo que discutimos em uma seção posterior. splicing intrô nico (SF) e a poliadenilaçào ( pA ), de modo
que os processos de transcrição e processamento do
Etapas de processamento do acoplamento pré- RNAm ocorrem simultaneamente. Na iniciação da
do pré-RNAm transcrição, a fosforilaçào ( P) ao longo do CTD auxilia
na liga ção das enzimas de capeamento da extremidade 5’,
Cada junção íntron -éxon está sujeita às mesmas re - que executam sua função de capeamento e depois se dis-
ações de spliceossomo, levantando a questã o de haver sociam. Durante o prolongamento da transcrição, fatores
ou não uma determinada ordem na qual os íntrons são específicos para o prolongamento da transcriçã o ligam -
—
removidos do pré- RNAm ou se a UI e a U2 buscam
de modo mais ou menos aleató rio as sequências de con-
-se ao CTD e facilitam a ligação do fator de splicing. Essa
associação entre a transcrição e o splicing ajuda a explicar
senso do sítio de splicing 5' e do sítio de ramificação, a eficiência com a qual os íntrons são identificados.
induzindo a formação do spliceossomo quando conse
guem encontrar um í ntron. A resposta é que os íntrons
-
Observa çã o gen é tica 0 processamento do pré-RNAm
parecem ser removidos um a um, mas n ão necessaria -
eucariótieo ocorre no n úcleo e é necessá rio para produzir
mente em ordem ao longo do pré- RNAm. Por exemplo,
um estudo do splicing intrônico do gene ovontucoide
RNAm maduro para a traduçao. Enzimas especializadas adi -
dos mamíferos demonstra as etapas sucessivas da remo- -
cionam uma capa 5) produzem uma cauda poli A 3" e remo -
vem os í ntrons do pré- RNAm . Esses processos são controlados
ção do í ntron. ( ) gene ovomucoide conté m oito éxons
e sete íntrons. O transcrito de pré- RNAm tem aproxi - por proteínas e fortemente associados em decorrência da for -
mação de grandes complexos proteicos que executam o pro-
madamente 5,6 kb e o RN Am maduro é reduzido para
cessamento do pré-RNAm.
1,1 kb. A análise do Northern blot dos pré - RNAm de
ovomucoide em vários estágios de remoção intrònica
ilustra que cada íntron é removido separadamente e
não que todos os íntrons são removidos de uma vez. A Transcritos alternativos de genes isolados
ordem de remoção intrònica não corresponde precisa -
Antes de completar o sequenciamento do genoma
mente à sua ordem 5' para 3* no pré- RNAm.
humano, no início dos anos 2000, as estimativas do n ú -
As três etapas de processamento do pré RNAm são - mero de genes variavam de 80 mil a 100 mil genes h á
fortemente associadas. Nos métodos abrangentes desen - 20 anos, aproximadamente. A razão principal para essa
volvidos aproximadamente ao longo da última década, o
previsão era que as células humanas produzem bem
domínio carboxiterminal (CTD) da RNA polimerase II mais de 100 mil polipeptí deos diferentes. Então, sur -
desempenha um papel importante nessa associação, fun-
preendeu um pouco quando a anotação génica do ge-
cionando como uma plataforma de montagem e regula - noma humano revelou pouco mais que 22 mil genes. A
dor do maquinário de processamento do pré- RNAm. O
CTD está situado no sítio de surgimento do RNAm a par - diferen ça entre o n ú mero de genes e o n ú mero de poli -
pept ídeos é espelhada por achados similares em outros
tir da polimerase e conté m várias repetições em septeto
genomas eucariótkos, cspccialmcnte os dos mam íferos.
(sete vezes) de aminoácidos que podem ser fosforilados. A
É comum que os grandes genomas eucarióticos expres -
sem mais proteínas que os genes existentes em seus
genomas. Três mecanismos associados à transcrição
A fejação da proreina SR aos FSFs foriKta o rpconhpci-
men:o dos sítios de spUcIng intrônico ye 31 podem contribuir para a capacidade de as sequências
de DNA isoladas produzirem mais de um polipept ídeo:
(1) o pré-RNAm pode sofrer splicing em padrões alter-
nativos nos diferentes tipos de células; (2) promotores
-
Pré RNAm 5' ZJ ÍM IGU
alternativos podem iniciar a transcrição em pontos de
, ESE n BE „ partida + 1 distintos nos diferentes tipos de células; e
I I
íntron Éxon íntron Éxon íntron (3) as localizações alternativas da poliadenilaçào podem
Figura 8.21 Recrutamento da proteí na SR dos produzir RNAm maduros diferentes. Coletivamente,
componentes do spliceossomo para os sítios de splicing esses processos variados são identificados como pro-
5' e 3'. cessamento alternativo do pré-RNAm .
284 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
O As proteínas de capeamento se
dissociam e o pré-RNAm
aumenta de tamanho. y
I IA
polí merase II
3*
3' A 5'
©
O Os complexos de splkeossomo
-
se associam com o pré RNAm,
com a ajuda das proteínas SF O . 5'
I IA '
pollmerase II
3*
sptictng intrônico ocorre à 3' 5'
medida que a RNA pol continua a
prolongar o RNAnru 5plk ossomo
*
Cap
9
O As proteínas de poliadenilaçáo /' RNA \
identificam a sequência de sinal de I
XXXfe,,HJ,jj ^
pA e executam a poliadenilaçáo.
Jgollrri 3*
A transcriçáo termina. y XXXXXXXXXJOOOQÇ 5'
O splicing continua até o fim .
Cap
VVV ^ RNA
polimeme II
Citoplasma
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 285
(a ) A tradução produz
o hormònio calcitonina.
Células neuronais
RNAm maduro
do CGRP 3 CAPQ 0 3 5 18 1 AAAj }
|
A tradução produz
o hormònio CGRP
( b) Éxon 4,
12 alternativas
Éxon 6 . Éxon 9 .
33 alternativas
Éxon 17,
Poli -A
48 alternativas 2 alternativas
-
Pré RNAm
110203 5[ [
r ~~
r rh
Ei íEiElElEl íBiEiiEiEiEiSlSllSiiSiil
13
áoDscam
5
-
TTT TTTTT
6 8 9 '
I
O processamento alternativo do pré-RNAm pode produzir
38.016 transcritos diferentes submetidos ao spiicing.
RNAm maduro
I
doDscom s CAP 1121314 [ 5 CTHnniTOIiy,íFígli T1 T,lTlTr7 FrrT T r:T:
^ ^ 3'
^
>
1
A tradução produz
proteína do Dscam .
Figura 8.23 Splicing alternativo (a ) O gene CT/CGRP é transcrito em calcitonina ou CGRP. ( b) O pré-RNAm do Dscom contém
,
muitas alternativas para os éxons 4, 6, 9 e 17.0 splicing combinatório poderia gerar até 38.016 RNAm maduros diferentes.
286 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
.
-
do gene da a tropomiosina 5' i m» uunan
do rato Os padrões de
spiicing alternativo são
I
p . f
p3
n
A Ag|
t t
Aj A
*
indicados pelas linhas
arqueadas que conectam os
éxons. Nove RNAm maduros ( b)
diferentes, produzidos por M úsculo AAAAAA
tipos diferentes de células estriado 5' imimin 3'
musculares, cerebrais e AAAA
fibroblásticas, produzem
M úsculo
liso 5' ma 3'
cada um uma proteína
tropomiosina diferente. TMBr-1 AAAA
Cerebral 5' Hllllll 3'
TMBr-2 '
AAAAA
Cerebral 5 nniiBi 3'
TMBr 3
Cerebral
- 5'
AAAA
um 3'
TM 2 -
Flbroblástka 5
AAAA
um 3'
TM 3 - AA
Flbroblástka ^ MUI 3'
TM-5a AAAA
Flbroblástka 5 llllll 3'
TM-5b AA
Flbroblástka IBM 3'
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 287
É xon A íxon B
res lisas utiliza o promotor P e o sítio de poliadenilaçáo
e seu RNAm maduro contém os éxons la, 2a, 6b e 9d.
-C
5'
tmt É) J-3*
As células cerebrais produzem trés proteínas tropomio-
sina diferentes, cada uma delas sendo traduzida a partir
(£
de pré- RNAm submetidos diferencialmente a splicing que Intron
também utilizam diferentes sítios de poliadenilaçáo. Além
disso, duas formas de proteínas tropomiosina celular ce- 0 A extremidade 3’ do éxon A ataca a ponte Getl na junção
Intron-éxon.
rebral sào traduzidas dos RNAm que utilizam o promo-
tor P , e uma delas a partir de um RNAm que utiliza o Pt .
Entre as quatro proteínas tropomiosina diferentes pro
(í
duzidas nos fibroblastos, todos os RNAm usam o sitio de
Éxon A
poliadenilaçáo A., mas eles diferem quanto à seleção de Pt
versus P2, e o splicing alternativo também ocorre. A Aná- S'—l -
HPMiMil OH
iiun A6
Éxon B
—
3 3*
lise Gen ética 8.2 vai orientá -lo pela análise dos resultados
do processamento alternativo do RNAm. (C
Intron
Observa çã o gen é tica 0 spíkinç alternativo os pro-
^ O 0 intron é liberado e os éxons sào ligados.
motores alternativos e os sítios de poliadenilaçáo alternativos
podem produzir diferentes transcritos de RNAm maduro e dife -
rentes proteí nas a partir de um ú nico gene. Esses mecanismos
-OH
permitem que certos eocanotos produzam muito mais proteí-
nas que a quantidade de genes existente em seus genomas.
AN Á LISE GENÉTICA
O gene JLB- 1 , expresso em vários órgãos humanos, contém sete éxons 0 a 7) e seis íntrons ( A a F) .
Trés sondas oligonucleotídicas (I a III), hibridtzando para os éxons 2, 4 e 7, respectivamente, sao In
dicadas por asteriscos abaixo do mapa genético:
IntronA IntronB IntronC IntronD IntronE IntronF
Éxon 1 | Éxon 2 I Éxon 3 I Éxon 4 I Éxon 5 I Éxon 6 I Éxon 7
Gene 1 1 1 1 1 1 1
JLB- 1
I II
O RNAm maduro é isolado de tr és tecidos expressando o gene JLB- 1 e Sangue Fígado Rim
examinados pelo método de Northern blot usando as trés sondas oligo-
nucleotídicas indicadas anteciormente. As sondas ligam-se às sequências Sonda I
complementares no RNAm. Séo exibidos os padr ões de hibridação do
Northern blot entre cada sonda e o RNAm isolado das células sanguíneas,
hepáticas e renais. Para cada Northern blot:
a. Explique o significado do resultado da hibridação. Sonda II
b. Identifique os processos biológicos ou os processos que contribuem
para os padr ões de hibridação observados nos Northern blots.
Sonda III
Deduzir
.
3 Identifique as regióes do JLB 1 que .
3 O pré RNAm desse gene deve incluir todas as sequências de íntrons e éxons.
devem fazer parte do pré-RNAm .
4. Identifique as regiões que devem .
4 Os segmentos exònicos devem estar no RNAm maduro, com a modificação na ex-
ser encontradas no RNAm maduro. tremidade 5' do RNAm (capeamento) e na extremidade 3' (cauda poli- A) .
Solucionar Resposta a
.
5 Determine o padrão de hibrida- .
5 Sangue: as sondas I e II hibridizam, mas a sonda III, não. Esse resultado indica que
cão das sondas moleculares em os éxons 2 e 4 estão presentes no RNAm maduro do sangue, mas o éxon 7 não está.
cada órgão . Fígado: a sonda I náo hibridiza para o RNAm do fígado, indicando que o éxon 1 est á
sí. .
ausente no RNAm hepático As sondas II e III hibridizam o RNAm hepático, indi -
Deca: A hibridação de uma sonda ocorre cando que os éxons 4 e 7 estão incluídos no transcrito maduro.
quitdo a sonda encontra sua sequência-alvo. A
ausência de hibridação indka que a seqjênca- Rim: a sonda II náo hibridiza o RNAm renal, indicando que o éxon 4 est á ausente
aho de uma sonda não «ta presente. nele. As sondas I e III encontram alvos de hibridação, indicando que os éxons 2 e 7
.
est ão presentes no transcrito
Resposta b
.
6 Interprete os padrões de hibrida -
ção em cada tecido e identifique
.
6 Sangue: a ausência do éxon 7 é mais provável em razão do uso de um sítio alterna -
tivo de poliadenilaçáo que gera a clivagem da extremidade 3' do pré-RNAm antes
o processo ou os processos que do éxon 7 ou do spiicing diferencial que remove o éxon 7 do pré-RNAm durante o
contribuem razoavelmente para spitang intrômco.
os padrões observados. Fígado: a ausência do éxon 2 é mais provável em razão do uso de um promotor
alternativo que inicia a transcrição em um ponto após o éxon 2 ou do splicing dife-
9ka: 0$ promotora altematfvov os vbos rencial do pré-RNAm hepático.
*
vos ot poiodendaçao o tpKang atomatrvo uo trés
mecanismos
•
que levam os genomas eucanòttcos a Rim: a ausência do éxon 4 é mais provavelmente o resultado do splicing diferencial
gerarem proteirm diferentes a partir do mesmo gene. do pr é -RNAm.
do gene é transcrita em um RNA precursor 30S que é RNAr precursor 45S que contém uma sequê ncia de
processado pela remoção das sequências intervenientes, transcrição externa ( ETS) e duas sequê ncias de trans -
produzindo RNAr 5S, 16S e 23S, com vá rias moléculas crição internas ( ITS1 e 1TS2) que são removidas pelo
de RNAt (Figura 8.26a ). Todas as sete cópias gé nicas processamento. O transcrito é processado em vá rias
produzem os mesmos três RNAr, mas cada gene gera etapas para produzir três moléculas de RNAr pesando
um conjunto diferente de RNAt. .
5,8$, 18$ e 28S ( Figura 8.26b ) Os genomas eucarióticos
Os genomas eucarióticos possuem centenas de diferem um pouco nas etapas que processam o trans-
genes de RNAr agrupados em regiões de genes repe - -
crito do pré RNAr 45S. Em geral , porém, o transcrito
tidos em vários cromossomos. Cada gene produz um 45S é clivado para um intermediário 41S a partir do
DNA 5* LU
16S
n
RNAt
—r
Gene codificador de RNA
i
235 RNAr 5S
I I 13'
RNAt
ribossòmico t de transferência, (a ) Um
grande transcrito é clivado para produzir
RNAr e RNAt na L coii (b) Genes de RNAr
RNAr RNAr humano fazem parte de uma sequência
repetida de 40 kb que produz três RNAr.
0 A transcrição produz um
transcrito de pré - RNA 30S
comendo três segmentos de Transcrição
RNAr e dois segmentos de RNAt
-
pré RNA 5' I T -
Transcrito de pré RNA 30S
16S RNAt 23S RNAr 5S RNAt
RNAr RNAr
[ ] I I RNA rbossômico
16S 23S 55
e
I I + I I RNA de transferência
RNAt RNAt
( b) Humano
Unidade transcrkional Espa çador
de RNAr com 13 kb intergê nico
DNA 5'
ETS ITS1 ITS2
JLL
-27 U
kb
y Transcrito de pré RNA 305
18S 5.8S 28S
0 transcrito
A transcrição sintetiza um
-
de pré RNAr 45S de
Transcrição
três segmentos de RNAr 18S,
5,8S e 285.
535
Q
0 ETS, nsi e ÍTS2 são removidos pela clivagem
18S 28S enzimática Os RNAr 53S e 28S se unem peto
pareamento de bases complementares
290 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
——
Figura 8.27 Estrutura do RNA de
Wi
transferência. Cada RNAt tem uma i Aminoácido
HjC C H
íst íca.
estrutura caracter I (atanina )
Sítio de acoplamento
de aminoácido
(a) (b)
C
GMe /
1
cl
U
C
—IGA A
G
3
° Braço extra
C G
Braço do . C G Bra ço do .
anticódon anticódon
0 IMe
Anticódon
Anticódon
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 291
conté m um conjunto completo de 61 genes de RNAt mado edição do RNA foi revelado como responsá vel
diferentes, cada um correspondente a um códon do pelas modificações pós - transcrição que alteram a infor-
código genético. mação genética transportada pelo RNAm .
Os RNAt bacteríanos exigem processamento antes Ocorrem dois tipos de edição do RNA. Em um dos
de estarem prontos para assumir seu papel funcional de tipos, as uracilas sào inseridas no RNAm editado com
transportar aminoácidos para o ribossomo. Os even - o auxílio de um RNA especializado, chamado RNA -
tos de processamento exatos sào um pouco diferentes
entre os RNAt, mas vá rias caracteristicas são comuns.
- guia ( RNAg). Um RNA - guia, transcrito de um gene
codificador de RNA separado, contém uma sequência
Primeiro, muitos RNAt são clivados de grandes trans - complementar à região do RNAm que ele edita. Com o
critos de RNAt precursor para produzir vá rias molé- auxílio de um complexo proteico, uma parte do RNA-
culas de RNAt individuais. Segundo, os nucleotídeos -guia forma par com os nucleotídeos complementares
sã o aparados nas extremidades 5' e 3’ dos transcritos do RNAm pré- editado e age como um molde para con -
de RNAt para preparar a molécula madura. Terceiro, trolar a inserção (e ocasionalmente a deleçã o) da uracila
certos nucleotídeos individuais nos diferentes RNAt ( Figura 8.28). O RNA - guia libera o RNAm editado após
sã o quimicamente modificados para produzir uma mo - o término da edição. As proteínas traduzidas do RNAm
lécula característica. Quarto, os RNAt se dobram em editado podem diferir da proteína produzida a partir do
uma estrutura tridimensional precisa que inclui quatro transcrito não editado.
hastes de fita dupla , trés delas capeadas por alças de fita O segundo tipo de edição do RNA é por substitui -
simples; cada haste e al ça constituem um " braço" da ção de bases e consiste frequentemente na substituição
molécula de RNAt. Quinto, os RNAt sofrem a adição da citosina pela uracila ( edição C para U) no RNAm. Esse
de bases após a transcrição. A adição mais comum é tipo de edição do RNA foi identificado nos mamíferos,
de três nucleot ídeos, CCA, na extremidade 3’ da mo - na maioria das plantas terrestres e em vá rios eucariotos
lécula. A região é o sítio de ligação do aminoácido que unicelulares. A consequência da edição do RNA C para
a molécula de RNAt transporta para o ribossomo. A U é demonstrada pelo produto proteico do gene apoli -
Figura 8.27 mostra o RNAt , que carrega a alanina. proteina B dos mam íferos ( Figura 8.29 ). Um gene idên -
A terminação CCA é indicada ^ , com nucleot ídeos mo-
dificados quimicamente em cada braço, os quais sã o
caracter ísticos desse RNAt. Sào exibidas as representa - DMA
5 AAAAGGCTTTAA 3' Fita codificadora
ções bidimensional e tridimensional. 5 ' Fita - molde
Os RNAt eucarióticos sofrem modificações de I
processamento similares às dos RNAt bacter íanos. No Transcrição
C CVG ,A A A U U V
m
^ TAà
*
DNA
3’Z/ (í llillHB III l l l l IIIIHII nEiTSíriiiTiãM .
IIéI D'
Transcrição
. Códon de parada
i
Processamento do RNA
nas células hepáticas
I
RNAm maduro CAA U A A A A A r 3' RNAm maduro Sr|
^ Q| C A A|U A A A A A , 3’
Tradu ção
RNAm maduro S|
'
^ Q]
I
UAA
Tradução
B UAA
i l
Polipeptideo -IHIMMHMMItMMIHIIt]
4.563 amlnoáddos
Polipeptideo -íTTTIITIIIIIII^ T
2.l 52 aminoácidos
—
O processamento normal do A edição do RNA troca C por U no códon
pré-RNAm produz proteina
com 4563 aminoácidos.
.
2.153 criando um novo códonde parada.
A tradução para após sintetizar uma
proteína contendo 2.152 aminoácioos
tico contendo 29 éxons é encontrado nas células dos interrompe a tradução após a montagem dos primeiros
mamíferos e o mesmo RNAm é transcrito em todos os 2.152 aminoácidos da apoliproteína B intestinaL
tecidos. Parte dessa sequê ncia de RNA mensageiro inclui
o códon de n ú mero 2.153 que tem a sequência CAA e é Observa çã o gené tica A edição do RNA realiza mu-
traduzido como glutamina na apoliproteína B hepá tica , danças pós transcrição na sequência de RNAm pela substitui-
uma proteína consistindo em 4.563 aminoácidos. No en - ção de bases (normalmente C para U) ou por inserçã o, mais
tanto, nas células intestinais, a edição do RNA muda a frequentemente da uracila, no transcrita Ambos os tipos de
citosina no códon 2.153 para uma uracila, convertendo edição do RNA podem alterar o produto proteico traduzido a
o códon para UAA. Essa mudan ça de C para U produ
zida pela edição do RNA cria um códon de “ parada ” que
- partir do RNAm editado.
ESTUDO DE CASO
O determina
A proporção X/A O A proteína Sxl controla o spticing do
0 Transcrição epré-RNAm do Tra para produzir a
O O spHc íng alternativo
a propor ção
tradução do Sxl nos do pré-RNAm do Dsx
ativador repressor. embriões femininos, proteí na Tra nos embriões é controlado pela
2 cromossomos X
Embrião ^ SisA
K.
Sí sA
mas não nos
masculinos.
Pré - RNAm
femininos, mas nã o nos masculinos.
Proteí na Tra
proteína Tra.
.
e masculinos Nos embriões femininos iniciais, a proporção -
conhecida como Tra 2. Nos embriões femininos, as proteí-
-
de SisA f SisB para a proteína Deadpan leva à transcrição nas TYa e Tira-2 promovem o splicing do pré- RNAm em
do gene S r / e à produção da prote ína Sxl. A transcri ção do .
uma variante alternativa que quando traduzida , produz pro
. -
Sxl é reprimida nos embriões masculinos c nenhuma pro - teína Dsx específica para as f ê meas A Dsx específica para
te ína Sxl é produzida. as fêmeas ativa a transcrição dos genes específicos para as
A prote ína Sxl é uma reguladora do splicing que opera fcrncas c reprime a transcrição dos genes específicos para
no transcrito de pré- RNAm do gene Tra. Nos embriões os machos, produzindo moscas fêmeas. A prote ína Tra está
-
femininos, o pré RNAm do Tra sofre splicing para produ
zir uma prote í na Tra funcional. Nos embriões masculinos,
- -
ausente nos embriões masculinos e o pré RNAm do Dsx
sofre splicing cm uma variante alternativa . A proteína Dsx
a ausência da prote ína Sxl leva ao splicing alternativo do nos embriões masculinos reprime os genes específicos para
pré RNAm do Tra que n ão produz prote ína TVa funcional. as f ê meas e permite a transcrição dos genes específicos
A prote ína Tra também é uma reguladora do splicing que para os machos n ão reprimidos, levando ao desenvolvi -
-
opera no pré RNAm do Dsx com uma segunda proteína mento sexual masculino.
RESUMO
8.1 Os transcritos do RNA transportam Os promotores bacterianos tèm duas regiões de sequê ncia
as mensagens dos genes de consenso situadas a montante do in ício da transcrição,
I Os promotores reconhecidos pela RNA polimerase II têm A poliadenilaçáo na extremidade 3' do RNA mensageiro
uma TATA box e outros elementos regulatórios que se eucariótko é sinalizada por uma sequência AAUAAA e exe-
ligam aos fatores de transcrição e à RNA pol II durante a cutada por um complexo enzimático.
iniciação da transcrição. O splicing intrônico é controlado pelas proteínas celulares
I Os elementos regulatórios promotores eucarióticos são re- que identificam íntrons e éxons e formam complexos de
conhecidos por suas sequências de consenso. spliceossomo que removem íntrons e ligam éxons.
As modificações específicas para o tecido e evolutivas na As sequências de consenso nos sítios de spiidng 5' e 3' e no
transcrição são reguladas por sequências ativadoras e si- ponto de ramificação servem como guias durante o spli -
lenciadoras. cJng intrônico.
A RNA polimerase I usa fatores de transcrição exclusivos 0 spiidng alternativo é regulado pela variação das proteí -
para reconhecer sequências de consenso a montante dos .
nas específica para o tipo de tecido, que identifica íntrons
genes de RNA ribossômica e éxons.
A RNA polimerase III reconhece as sequências de consenso Algumas moléculas de RNA têm atividade catalítica e são
promotoras que estão a montante e a jusante do início capazes de se submeter ao auto- splidng dos íntrons sem
da transcrição. ajuda de proteínas.
As moléculas de RNA ribossômico e de RNA de transfe -
8.4 O processamento pós- transcrição modifica rência são geradas pela clivagem de grandes moléculas
precursoras, transcritas nos genomas bacterianos
as moléculas de RNA e eucarióticos.
0 capeamento da extremidade 5' do RNA mensageiro eu- A edição do RNA é uma alteração pós-transcr íçâo da
cariótico adiciona uma guanina metllada por meio da ação sequência nucleotídica, fazendo que os transcritos sejam
da guanilil transferase logo após o inicio da transcrição . diferentes da sequência-molde de DNA correspondente.
TERMOS-CHAVE
Adenina do ponto de ramificação (p.281) GC box ( p. 273 ) RNA guia (RNAg) (p. 291)
Ativadores de spiidng exònico (ESEs) Haste em alça (estrutura em “grampo de RNAm precursor (pré-RNAm) (p.278)
lp. 283 ) cabelo' ou hairpin ) (p. 269 ) RNAmicro (RNAmi) ip. 263 )
Auto-splicing intr ônico { p. 287 ) Jusante (p. 264) .
RNAs funcionais (RNAt RNAr, RNAsn,
CAATbox ( p. 273 ) Montante (p. 264) RNAmi, RNAsi, ribozimas) (p. 263, 264)
Caixa de Pribnow (sequência de Nucléolo (p. 276) Sequência ativadora (p. 275)
consenso 10) (p. 265)
- Pequeno RNA interferente (RNAsO (p. 263) Sequência de consenso (p. 265)
Capeamento da extremidade 5' (p. 278) Pequeno RNA nuclear (RNAsn) (p. 263) Sequência de consenso -35 (p. 265)
Complexo comprometido inicial (p. 273 ) Poliadenilaçáo 3' (formação da cauda Sequência de sinal de poliadenilação
.
Complexo de iniciação completo (p 273) poli- A na extremidade 30 (p. 278 ) ip.279)
Complexo de iniciação mínimo (p. 273 ) Processamento alternativo do pré- Sequência silenciadora (p. 275)
Complexo promotor aberto (p. 267) - RNAm ( spiidng intr ônico alternativo, Sítio de spiidng 3' (p. 281 )
Complexo promotor fechado (p.267) promotores, poliadenilação) Sítio de spiidng 5' (p. 281 )
Edição do RNA (p. 297) <p. 283, 286) Sítio de utilização da rho (sítio rut) (p. 270)
Elemento de controle a montante (p. 276) Promotor (p. 264) Spiidng intrônico (p. 278 )
Elemento específico para o promotor Proteínas SR (p. 282 ) Spliceossomo (p. 281)
(PSE) (p. 276) Proteína de ligação á TATA (TBP) (p. 273) Subunidade sigma (o) (subunidades
Elemento principal (p. 276 ) .
Região de controle interna (ICR) (p 277) sigma alternativas) (p. 264, 265)
Elemento promotor interno (p. 276) Região de terminação (p. 264) TATA box (caixa de Goldberg-Hogness)
Enzima principal (p. 264 ) Repetição invertida (p. 269) (p. 273)
Estrutura de laço intrônico (lariat) (p.282) Ribonucleotideos ( A, U, G e C) (p. 261 ) Terminação intrí nseca (p.269)
Fator I de terminação da transcrição Ribose (p. 26í ) Terminação dependente de rho
(TTFI) (p. 277 ) RNA de transferência (RNAt ) (p. 263) (proteína rho) (p. 269)
Fatores associados à TBP (TAF) (p. 273) RNAm maduro (p. 278) Uracila (U) (p. 261 )
Fatores de transcrição (TFs) (p. 273) .
RNA mensageiro (RNAm) (p 263) .
Via de transdução de sinal (p 275)
Fita codificadora (p. 264) RNA ribossômico (RNAr) (p. 263 )
Fita não molde (p. 264) RNA polimerase (RNA pol, RNA pol l (
Aplicação e integração
.
15 O gene eucariótico Gen - 100 contém quatro íntrons cha- d. Fragmento de 3,5 kb mais RNA polimerase II
mados A a D. Imagine que o Gen- 100 foi isolado e seu e. Fragmento de 3.5 kb mais TFIIB
DNA foi desnaturado e misturado com o RNAm poliade- 19. Um fragmento de DNA de 1,0 kb da extremidade 5' do
nilado do gene. gene do camundongo descrito no problema anterior é
a. Ilustre a estrutura de alça em R que seria vista na mi- examinado pela análise da proteção do DNA footprint (ver
croscopia eletrónica. .
Técnica de Pesquisa 8.1) Duas amostras são marcadas nas
b. Indique os íntrons. extremidades com J2P e uma das duas é misturada com
c As regiões intrònicas são de fita simples ou dupla? Por què? TFIIB, TFIID e RNA polimerase II. As duas amostras sáo ex -
16. O segmento do gene TrpA bacteriano envolvido na ter - postas à DNase 1.0$ resultados são exibidos a seguir .
minação intrí nseca da transcrição é exibido a seguir . pb i ©
-
3 ' TGGGTCGGGGCGGATTACTGCCCCGAAAAAAAACTTG - 5' 1000
-
5' ACCCAGCCCCGCCTAATGACOGGGCTTTTTTTTGAAC - 3' 900 "
c. 42
^
d Qual é o termo que melhor caracteriza o tipo de mu
tação exibida pela cepa bacteriana mutada? [Dica: o
termo foi usado no Capítulo 4 para descrever o alelo
himalaio do gene C dos mamíferos.)
Faça a correspondência entre essas condições e uma
faixa especifica do gel.
.
21 Uma cepa mutada da bactéria Salmonella carrega uma
mutação da proteína rho que tem plena atividade a 37*C,
a. Fragmento de 3,5 kb mais TFIIB e TFIID mas é completamente inativada quando a cepa mutada
b. Fragmento de 3,5 kb mais TFIIB, TFIID, TFIIF e RNA poli - é cultivada a 40°C.
merase II
c Fragmento de 3,5 kb isolado
Capitulo 8 Biologia molecular da transcrição e processamento do RNA 297
.
a Especule sobre as diferenças que você espera encon- c. Escreva a polaridade e a sequência do transcrito de
trar se comparar um amplo espectro de RNAm da RNA a partir da sequência de DNA fornecida.
cepa mutada cultivada a 37°C e o mesmo espectro de d. Identifique a direção na qual o promotor desse gene
RNAmsda cepa quando cultivada a 40°C está situado.
.
b Todos os RNAm são afetados da mesma maneira pela
Fita
mutação da proteína rho? Por quê? codificadora 5'
22. O alelo do tipo selvagem da (3-globina humana e um zxxX'
£smmzsss&
certo alelo mutado têm sequências idênticas, exceto
quanto a uma única substituição de pares de bases que
Frta-molde 3" '
*** 3'
altera um nucleotídeo na extremidade do intron 2. As se- 26. A proteção do DNA footprint (descrita na Técnica de Pes-
quências do tipo seh/agem e mutante da parte afetada quisa 8.1) é um método que determina se a proteína se
do pré-RNAm são liga a uma amostra específica do DNA e, assim, protege
parte do DNA contra a clivagem enzimá tica aleatória rea-
(ntron 2 | Êxon 3 lizada pela DNase I. Acredita-se que um segmento de 400
Tipo selvagem 5'- CCUCCCACAG | CUCCUG - 3
/ pares de bases de DNA clonado contenha um promotor .
O DNA clonado é analisado pelo ensaio de proteção do
Mutado -
5' CCUCCCACUG | CUCCUG 3' - DNA footprint para determinar se tem capacidade para
a. Especule sobre a maneira que essa substituição de agir como sequência promotora. O gel exibido a seguir
base provoca a mutação da proteína|V-globina. tem duas faixas, cada uma contendo o fragmento de DNA
.
b Esse é um exemplo de como a mudança na sequência de 400 pares de bases clonado e tratado com DNase I
de DNA que ocorre em algum lugar que não seja um para clivar aleatoriamente o DNA desprotegido. A faixa 1
éxon pode produzir mutação. Apresente outros tipos de é o DNA clonado que foi misturado com RNA polimcrase
alterações na sequência de DNA que ocorrem fora dos II e vários fatores de transcrição TFII antes da exposição à
éxons e que podem produzir mutação. Em cada caso, .
DNase I A faixa 2 contém DNA clonado que foi exposto
caracterize o tipo de mudança que você espera ver em apenas è DNase I. A RNA pol II e os TFIIs não foram mistu-
um RNAm mutado ou em uma proteí na mutada . rados com o DNA antes de adicionar a DNase I .
23. Os microbiólogos descrevem os processos de transcrição 1 2
.
e tradução como "associados* nas bactérias Esse termo
indica que um RNAm bacteriano pode sofrer transcrição 400 -
no mesmo momento em que sofre tradução. 350 -
a. Como a associação da transcrição e da tradução é pos-
sível em bactérias? 300 -
b. A associação da transcrição e da tradução é possível
.
280
-
em eucariotos unicelulares como a levedura? Explique
24. Um gene eucaríótico completo é inserido em um cro-
mossomo bacteriano. O gene contém uma sequência
5
200
-
5
promotora completa e uma sequência de poliadenilação <V
O
funcional, possuindo nudeotídeos do tipo selvagem em i/»
QJ
toda a região transcrita . No entanto, o gene não produz
uma proteína funcional .
a. Apresente três possí veis razões para esse gene eucarió-
KL
100
-
.
tico não ser expresso nas bactérias.
b Que mudanças você recomendaria para permitir a expres-
80 -
são desse gene eucaríótico em uma célula bacteriana?
50 -
i
1
25. A ilustração a seguir mostra uma parte de um gene sub-
.
metido à transcrição As fitas molde e codificadora do
gene são indicadas, sendo fornecido um segmento da a. Explique por que esse gel fornece evidências de que o
sequência de DNA. Para esse segmento do gene: DNA clonado pode agir como uma sequência promotora.
a. Superponha um desenho da RNA polimerase à medida b. Qual comprimento corresponde, aproximadamente, à
que ela se aproxima do final da transcrição da sequên- região de DNA protegida pela RNA pol II e pelos TFIIs?
cia de DNA. c Quais outros experimentos genéticos você sugeriria
b. Indique a direção na qual a RNA polimerase se desloca para verificar se essa região de DNA clonado contém
à medida que transcreve esse gene. um promotor funcional?
Capítulo Biologia molecular da tradução
9
APRESENTAÇÃ O
dos genes sá o utilizados para montar aminoácidos 9.1 Os ribossomos são máquinas
em cadeias polipeptídlcas que formam proteínas. A de tradução
tradução é executada pelos ribossomos que reúnem
os transcritos de RNAm e transferem as moléculas de Os polipeptídeos são cadeias de aminoá cidos reu -
nidas por ligações peptí dicas covaientes. A ordem dos
RNA de transfer ência (RNAt) que transportam amino- aminoácidos em um polipeptídeo é controlada pelas
á cidos e facilitam a montagem de polipeptídeos, ca- sequências de nuclcotídeos do RNAm. A montagem
deias de aminoácidos. polipept ídica é orquestrada pelos ribossomos, que sã o
" má quinas" de ribonucleoprote í nas contendo vá rias
As histórias de como os polipeptídeos são pro-
moléculas de RNA ribossómico ( RNAr ) e dezenas de
duzidos pela tradução e sobre como os cientistas
proteí nas. Os ribossomos bacterianos e eucarióticos
chegaram a compreender o processo oferecem ideias são compostos de duas subunidades que se reúnem em
intrigantes sobre a concepção dos experimentos ge- um ribossomo quando a tradução começa. Os ribosso-
néticos moleculares. Neste capítulo, descrevemos mos ligam -se ao RNAm e proporcionam um ambiente
alguns desses experimentos e examinamos a biolo- para o pareamento de bases complementares entre as
sequências de códons de RNAm e as sequências de
gia molecular da tradução. Também examinamos os anticódon do RNAt. (No Capítulo 1 e na Figura 1.11,
processos pós-traduçáo fundamentais na produção examinamos essas caracter ísticas mecâ nicas básicas da
de proteínas funcionais e para guiá-las até suas des- tradução.) A Figura 9.1 sintetiza os elementos essenciais
tinações adequadas nas células. O capitulo se encerra da tradução. Os ribossomos traduzem o RNAm na dire-
com um estudo de caso descrevendo a ação dos anti- —
ção 5’ > 3\ começando com o códon de início e termi-
nando com um códon de parada. Em cada códon triplo,
bióticos utilizados frequentemente e que Interferem o pareamento de bases complementares entre o RNAm
na tradução bacteriana. e o RNAt determina qual atninoácido é adicionado ao
t/
RNAt
f
£
/ Aminoácidos
%
Sitio de acoplamento
do aminoácido
Sitio P Anticódon
do RNAt Sítio
it RNAt chegando
Subunidade
Códons
do RNAm
RNAm
300 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
.
polipeptideo nascente (em crescimento) O códon de medido em unidades de Svedberg (S), que descrevem a
início e o códon de parada definem os limites do seg
mento de RNAm traduzido. Os polipept í deos resultan
-- velocidade da sedimentação de uma substâ ncia durante
a centrifugação. Lembre- se de que essas unidades de Sved-
- -
tes têm uma extremidade N terminal (amino terminal) berg não são aditivas quando as subunidades são combi-
correspondente à extremidade 5’ do RNAm e uma ex - nadas, pois a sedimentação é uma propriedade composta
tremidade C-terminal (carboxiterminal ), que corres- afetada pelo tamanho, formato e estado de hidratação.
ponde à extremidade 3’ do RNAm ( Figura 9 2). * Os ribossomos da £ coli são os r í bossomos bacter í a -
A Figura 9.2 identifica dois segmentos de transcrito nos mais profunda mente estudados e servem como um
de RNAm que não sofrem tradução. Entre a extremi
dade 5’ do RNAm e o códon de início há um segmento
- modelo para a estrutura ribossómica geral ( Figura 9.3a )
A subunidade menor dos ribossomos bacterianos tem
.
conhecido como região não traduzida 5', abreviada
como 5' UTR . A região entre o códon de parada e a ex -
um valor de Svedberg igual a 30S. Ela contém 21 proteí
nas e um único RN Ar 16S composto de 1.541 nucleotí
--
tremidade 3’ da molécula é a região não traduzida 3’ deos. A subunidade maior dos ribossomos bacterianos é
ou 3’ UTR. Conforme descrevemos em seções posterio-
res, a 5' UTR contém sequências que ajudam a iniciar
uma partícula de SOS composta de 31 proteínas, um pe
queno RNAr 5S contendo 120 nucleotídeos e um grande
-
a tradu ção e a 3' UTR contém sequê ncias associadas à
termina ção da transcrição e, nos eucariotos, à modifica -
RNAr 23S contendo 2.904 nucleotídeos. Quando total
mente montado, o ribossomo bacteriano intacto tem um
-
ção da extremidade 3' do RNAm. valor de Svedberg de 70S.
—
(120 nucleotfdeos)
RNAr 5S
e 31 proteínas (120 nucleotfdeos)
e 50 proteí nas
Sítio P Sítio P
Sítio E Sítio A Sítio E Sítio A
1
Vi /
&
mossomo bacteriano, o ribossomo intacto dos mam ífe- -EM ), desenvolvida por Robert Glaeser nos anos 1970
ros possui um sítio P, um sítio A e um sítio E, além de e aperfeiçoada por Jacques Dubochet nos anos 1980. A
um canal para a sa ída dos pept ídeos. -
crio EM usa nitrogénio l íquido ou etano líquido, com
As proteínas contidas nas subunidadcs ribossómicas temperaturas de aproximadamente -200“C, para con-
podem ser separadas umas das outras por um tipo espe-
cializado de eletroforese, chamado eletroforese em gel
gelar instantaneamente as macromoléculas e assim pre -
servá las em seu estado nativo. Uma molécula congelada
bidimensional. As 21 proteínas que fazem parte da subu
nidade ribossómica menor na £ coli e as 31 proteínas en
-- é colocada em um microcalibrador e varrida a partir de
vá rios â ngulos por feixes de elétrons que usam software
contradas na grande unidade ribossómica são separadas especializado para criar uma imagem tridimensional da
efidentemente por esse m étodo. A Técnica de Pesquisa
9.1 ( ver página 304) descreve como a eletroforese em gel
estrutura molecular. A crio-EM cria imagens tridimen -
bidimensional é utilizada para caractertzar as prote í nas
encontradas nas subunidades ribossómicas da £ coli.
mica
- —
sionais requintadamente precisas da estrutura ribossó-
—
de modo muito parecido com as imagens CAT
scan do corpo humano revelando detalhes no nível de
alguns àngstrõms de tamanho ( Figura 9.4 ) Essas imagens.
-
Estrutura tridimensional do ribossomo identificaram a localização e as dimensões dos sítios E, A
—
Os ribossomos são pequenos
—
meros 25 nanóme
tros ( nm ) de diâmetro , tão pequenos que quase 10 mil
deles podem caber no espaço ocupado pelo ponto no final
- e P, por exemplo, e esclareceram as atividades mecâ nicas
dos ribossomos durante a tradução.
desta frase. Ninguém )amais “viu" um ribossomo, mas nos 9.2 A tradução ocorre em três fases
ú ltimos anos os biólogos estruturais têm utilizado pode- A tradução ocorre em trés fases: iniciação, prolon -
rosas técnicas de obtenção de imagens moleculares para
explorar a configuração tridimensional de muitas molé-
gamento e terminação. As trés fases geralmente são si
milares nas bactérias e nos eucariotos e, contudo, são
-
culas e estruturas biológicas, incluindo os ribossomos e as diferentes de vá rias maneiras, particularmente durante
subunidades ribossómicas em níveis de resolução medi
dos em àngstrõms (À). Essas análises estruturais esclare -
- a iniciação da tradução, cm que mecanismos distintos
são usados para identificar o códon de in ício.
ceram como as subunidades ribossómicas se encaixam e
elas produziram uma compreensão detalhada das intera -
Iniciaçã o da tradução
ções ribossómicas com o RNAm e o RNAt
A análise estrutural dos ribossomos e de outros com - A iniciação da tradução em bactérias e eucario -
plexos moleculares nas células é viabilizada por uma téc
nica conhecida como criomicroscopia eletró nica (crio
-- tos começa quando a subunidade ribossómica menor
-
liga se perto da extremidade 5’ do RNAm e identifica
302 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(a ) (b)
RNAr — ;
Sítio
do RNAt
30S
Sítio do
/
I Sí tio A
do RNAt
anticódon
Proteí na RNAm Proteí na
Figura 9.4 Interpretações tridimensionais geradas por computador dos dados produzidos por crio-EM retratam a
estrutura ribossômica.
Sequência de
Shine-Oalgamo
I
—
Códon
de in ício
—
Sequência codificadora
de pollpept ídeo |
IF 1
P
E
IF 3 'M C *
A J G c
5' *ÍL
0 RNAt*'* carregado, o IFl e o IF 2 unem-se na formação do complexo de
Iniciação; o GTP fornece energia .
O Montagem do ribossomo
Movimento do ribossomo
ao longo do RNAm
-
A sequência de Shine Dalgamo é outro exemplo de se-
quência dc consenso. Assim como as sequências de con -
do ribossomo. O aminoácido no RNAt iniciador é
uma metionina modificada , chamada N - formil - me-
senso que descrevemos para os promotores (Capitulo 8), tionina ( fMet ); desse modo, o RNAt iniciador carre-
a sequência de Shine- Dalgamo tem uma composição nu- gado é abreviado para RNAtIMrt. Esse RNAt tem uma
deotídica característica e uma posição precisa relativa ao sequência de anticódon 3' - UAC - 5', que é uma par -
códon de início, mas sua sequência de nucleotideos exata ceira complementar da sequência do códon de início.
varia ligeiramente de um RNAm para outro ( Figura 9.6). Uma proteína do fator de iniciação ( IF) designada IF 2 -
Na próxima etapa da iniciação da tradução ( Fi - e uma molécula de GTP ligam - se ao RNAl1*5*. O fator
-
gura 9.5, > ), o RNAt iniciador liga se ao códon de
inicio no que será parte do sítio P após a montagem
-
de inicia ção 1 ( IF 1) também se junta ao complexo
para evitar a ligação da subunidade 50S. Nesse ponto,
304 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
li
- i%
**••
%>
laddaEcoti ]y.nnu«f.T :TT:iIL 6 GJI 7TTIH1HTW ITTT A. de início, em três fatores de iniciação e em uma molé-
iocZda £ coti ] IL cula de GTP, se formou .
thrA óaLcok ] mir . Na etapa final da iniciação ( Figura 9.5, 0), a su -
trpA da £ coU ] ipr.Ti bunidade SOS une-se à subunidade 30S para formar o
trpS óà Ecok ] JÁ ribossomo intacto. A energia da união das duas subu -
.
cra do fogo > ] J&C- nidades é derivada da hidrólise do GTP para GDP (di -
Proteí na A do fogo RI 7 ] fosfato de guanosina ). A dissociação de IF1, 1F2 e 1F3
Replicase A do fogo Ofi ] . v -Hrcmw: gTjr çg jgjn r IACA.
í acompanha a união das subunidades que cria o com -
plexo de inicia ção 70S. F,sse complexo é um ribossomo
PoãmeraseBdoRNA daLcoH AGCGAGCUGAGGAACCCUAUseiJUtiACucc
totalmente ativo com um sítio P, um sítio A, um sítio
Figura 9.6 Sequência dt consenso da ligação da Shint- E e um canal para a saída do polipept ídeo. O primeiro
-Dalgarno. A sequência AUG do códon de inicio (laranja) RN At ( RNAt1*4**) já está pareado com o RN Am no sítio
está perto da região de Shine Dalgarno (dourada), que se liga P, e o sí tio A aberto conté m o segundo códon e está
á extremidade 3' do RNAr 16S . aguardando o próximo RNAt carregado.
Capí tulo 9 Biologia molecular da traduçã o 305
3' 3'
menor 5 Cap RNAm
3'
E P A L
.4
^
-
X r Movimento da subunidade
1
elF6 GDPelFS + P, ADP + P ,
40S ao longo do RNAm.
3*
/ V
5'
Códon
de início
ÃÍIMMIZ/ C 3' .
RNAm 5' P
^^ Sequência -
de Kozak *
Com a ajuda de outros eí Fs a
subunidade maior se acopla,
formando o ribossomo 905 que
começa com a tradução
A varredura localiza o códon de
in ício na sequéneu de Kozak
In ício da tradu ção eucariótica A subunidade ribossô- 10% restantes usam a segunda sequência ou, em alguns
mica 40S eucariótica forma complexo com as proteínas casos, a terceira sequência AUG como códon de in ício.
do fator de iniciação eucariótico (elF) elFIA e elF3 O complexo de iniciaçã o é capaz de localizar com pre-
e com um RNAt *4* carregado, formando o complexo cisão o códon de início autêntico, já que o códon está
de pré-iniciaçã o ( Figura 9.7, O) O complexo de pré . - inserido na seguinte sequê ncia de consenso
-iniciação é então recrutado para a região 5'-cap do -
5' ACC À UOG - 3'
RNAm, situada na extremidade da 5' UTR . Na etapa O,
o complexo de pré-inicia çào une-se ao complexo eIF4, (o pró prio códon de início é exibido em negrito) .
um grupo de pelo menos quatro proteínas eIF4 que se Essa sequê ncia de consenso se chama sequê ncia de
re ú ne na extremidade 5’ cap independentemente da Kozak , em homenagem a Marilyn Kozak , que a des -
iniciação da tradução. Juntos, esses componentes com
põem o complexo de iniciação.
- cobriu em 1978 .
A localização do códon de in ício leva ao recruta -
Uma vez formado o complexo de iniciação, ele mento da subunidade 60S para o complexo, usando a
entra em um processo chamado varredura ( Figura 9.7, energia derivada da hidrólise do GTP. Essa etapa final
O)* no qual utiliza a hidrólise do ATP para mover a su - O na forma ção do ribossomo 80S é acompanhada pela
bunidade ribossômica através da 5' UTR em busca do dissociação das proteínas elF. No ribossomo 80S, o
códon de início. Cerca de 90% dos RNAm eucarióticos RNAtM'* iniciador está situado no sítio P; o sítio A está
utilizam a primeira sequência AUG encontrada pelo vago, aguardando a chegada do segundo RN At ( Aná lise
complexo de iniciaçã o como códon de início, mas os Genética 9.1 ) .
306 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
-3 G A
c
T
c
C
c c
G A
c
-3 A A A A
-2 C -2 C C G G
-
1 C C C C C C -1 A A A A
+1 A A A A A A +1 A A A A
+2 U u u u u u +2 u u u u
43 - G G G G G G +3 G G G G
4 T T G G G G OD 3,3 1,8 1.9 2,0
OD 0,7 2,6 0,9 0,9 3,1 5,0
a .
Examinando apenas os nudeotídeos nas posições -3 e +4 (Tabela A), decida quais nudeotídeos
proporcionam o maior nível de produção proteica.
b. Descreva o impacto de cada nudeotideo ( A,T, C e G) na posição -3 .
c Examinando apenas os nudeotídeos na posição -2 e -1 (Tabela B), decida quais nudeotídeos pro-
porcionam o nível mals alto de produção proteica.
d. Por que Kozak utilizou apenas A na posição -3 para testar os efeitos dos nudeotídeos nas posi-
ções -2 e -1 ?
e. Juntando os dados das Tabelas A e 8, forneça a sequência da região do RNAm de 3 a f 4 que pro-
duz o nível mais alto de tradução.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Duas tabelas fornecem a sequência de RNAm para diferentes variações da se-
fornecidas no problema. quência. Para cada variação, um valor de OD descreve o nível aproximado de
©k : ftotr qur a «quíncla AUG é a se
.
proteína produzida pela tradução da sequência Os valores de OD mais altos
*
quAnda do ródor dr nlrio rm lodos os correspondem a mais produção proteica.
.. .
mut iripi testados Como consequência,
a difenenças na 00 rrsuítim de ddemr
*
(as entre os nudeolideos circundante .
Deduzir *
3. Identifique os nudeotídeos constantes .
3 Na Tabeí a A, o nudeotideo C é constante nas posições -1 e -2 e a posição +3 é
e variáveis exibidos na Tabela A. -
sempre G. A variabilidade do nudeotideo se limita às posições 3 e +4 .
4, Identifique os nudeotídeos constan- 4, Na Tabela B, apenas o nudeotideo na posição -2 varia; todos os outros nudeotí-
tes e variáveis exibidos na Tabela B. deos são constantes.
Solucionar Resposta a
.
5 Especifique os nudeotídeos nas po-
sições -3 e +4 (Tabela A ) que propor -
. -
5 Na Tabela A, a presença de A na posição 3 e de G na posição +4 produz o valor
.
mais alto da OD Na posição +4, G produz dois valores de OD altos e dois valores
cionam a OD mais alta. de OD baixos, e T produz um valor de OD alto e um baixo.
Resposta b
.
6 Avalie como cada nudeotideo na po- . -
6 Na posição 3, A produz o valor de OD mais alto e o terceiro mais alto;G produz o
sição -3 afeta a OD . segundo mais alto e o mais baixo; T e C produzem o mesmo valor baixo de OD .
Cap í tulo 9 Bicdogla molecular da traduçã o 307
Q Recrutamento do RNAt N N
/
i i
i â
* n
p
* E E
O Recrutamento do RNAt N
ií
0 RNAt carregado,
acompanhado pelo EFl,
ertraeselIgadosftioA
5' Cap
Os fatores de prolongamento
Apeptdlltransferase Translocam o rfcossomo; o
catalisa a formação de RNAt descategaCo é
uma ligação peptfdica cerado para o stoo E e um
entre os am noáudos novo RNAt é recrutado para o
nos sitos P e A. A sítio A.
cadeia peptdica se
dpdoca para o sítio A
Movimentação do ribossomo
ao longo do RNAm
eucariótico ) que reconhece todos os três códons de nário de tradução que ajudam a explicar a velocidade, a
parada ( Aná lis* Genética 9.2) . precisão e a eficiência da produção de polipept ídeos.
(b)
.
4 Compare cada polipeptldeo mutado 4. Mutante 1 —
a sequènda polipeptídlea é truncada dois aminoácidos antes do códon
com o tipo selvagem e determine o de parada normaL O códon Tyr (UAU) parece ter mudado para códon de parada.
códon que contém a mutação . Mutante 2 — a sequência do tipo selvagem é ampliada pela adição de lísina (Lys),
Dica : ExanTne a s«Qu ncw de nuclcotídeos indicando que a mutação mudou o códon de parada para um códon especifi-
*
do tipo idvagem no local onde a mutação cando Lys e que agora é seguido imediatamente por um novo códon de parada.
deve ter ocomóo e identifique maneiras pelas
quais a substituição, inserção ou remoção Mutante 3 — a sequência do tipo selvagem é ampliada em seis aminoácidos.
de baie podena ter o eíerto observado na Isso sugere que outra mutação afetou o códon de parada.
*
sequènda de aminoácidos.
Solucionar
5. Identifique a mutação e sua conse- 5. Duas substituições de bases diferentes alterando o códon UAU da tirosina (Tyr)
quência para a tradução no Mutante 1 .
para um códon de parada poderiam causar o Mutante 1.0 c ódon UAU do tipo
selvagem provavelmente foi alterado pela substituição de bases para formar
um códon de parada UAA ou UAG .
.
6 Identifique a mutação e a sua conse - 6. A lisina (Lys), que foi adicionada ao polipeptídeo mutado, é codificada por AAA
quência no Mutante 2. ou AAG. A remoção do U do códon do tipo selvagem produziria um códon AAG
seguido por UAG, um códon de parada.
.
7 Identifique a mutação e a sua conse - 7. A tirosina, especificada pelos códons UAU e UAC, é encontrada no lugar do códon
quência no Mutante 3. de parada normal. Ela é seguida por um códon serina (UCN ou AGU / C), em vez
de GUA (Vai), que se segue ao códon de parada "enquadrado* no tipo selvagem.
Uma inserção de pares de bases que acrescenta um U ou um C na terceira posição
do códon de parada UAA normal forma um códon tirosina (Tyr) UAU ou UAC. O
quadro de leitura alterado a partir desse ponto seria lido então como AGU (Ser),
seguido por AGC (Ser), CUA (Leu), GCA ( Ala), GUC ( Vai) e UGA (parada).
Para praticar mais, ver Problemas 5, 11, 16 e 29 .
312 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Espanadores Interdstròntcos
RN Am
Sequê ncia de
_
Códon Códon de Códon Códon de Códon Códon de
Shine Dalgarrvo de in ício parada de inicio parada • de inicio parada
policistr ònico 5'
^Jf IA6GA6G1 í f
i
Polipeptideo A
i
Polipept ídeo B
i
Polipept ídeo C
Figura 9.12 RNAm policistrò nico. Um RN Am policistrònico é um transcrito òe m ú ltiplos genes e vai produzir um polipept ídeo a
partir de cada gene. A necessidade de um ú nico ribossomo ou de vá rios ribossomos para produzir os polipeptideos vai depender do
comprimento dos espaçadores intercistrônicos entre as sequências codificadoras de polipeptideos.
bacterianos funcionando na mesma via metabólica ( uma seu aminoácido para o final de uma cadeia polipeptídica
forma de regulação que discutimos no Capitulo 15). .
crescente As moléculas do RN A de transferência facili -
Os RNAm policistrónicos consistem em vários seg- tam a tradução da informação genética de uma lingua -
—
mentos polipeptídicos vários cístrons que contém, —
cada um, um sítio de Shine-Dalgarno ( para a ligação ri -
gem química (ácido nucleico) para outra (aminoácido)
Isto é, o RNAt é uma molécula adaptadora que interpreta
.
bossômica e a inicia ção da tradução) c códons de iní- e depois age sobre a informação transportada no RNAm.
cio e parada. Uma sequê ncia espaçadora intercistrô nica Nossa revisão básica da tradução e do código gené
que não é traduzida separa os cístrons do RNAm poli
cistrônico ( Figura 9.12 ).
- tico retratou um código triplo: grupos de três nucleotí
deos de RNAm consecutivos formam códons que corres-
-
Os espaços intercistrônicos tém comprimento variá - pondem, cada um, a um aminoácido. O código genético
vel: alguns têm apenas alguns nucleot ídeos de compri - contém 64 códons diferentes, mais do que suficiente
mento e outros têm de 30 a 40 nucleotídeos de com - para codificar os 20 aminoácidos comuns utilizados para
primento. Se o espaçador intercistrô n íco tiver três ou construir os polipeptideos. O n úmero de códons maior
quatro nucleotídeos, curto o bastante para ser abrangido
por um ribossomo, este deve permanecer intacto após a
que o de aminoácidos leva à redundância do código ge -
nético, conforme evidenciado pela observação de que
conclusão da síntese de um polipeptideo. Desse modo, aminoácidos simples são especificados a partir de um
os ribossomos podem não necessariamente se dissociar até seis códons diferentes. Essa redundância é explicada
do RNAm após encontrarem um códon de parada. Em pelos aspectos de como as moléculas de RNAt interagem
vez disso, o ribossomo pode avançar imediatamente para com os códons de RNAm, que é o assunto desta seção.
o próximo códon de início e começar a tradução de um
novo polipept ídeo. Por outro lado, se o espaçador interds- O código genético exibe oscilação da
trônico tiver mais de seis nucleotídeos de comprimento,
mais ou menos, o ribossomo se dissocia e precisa ocorrer
terceira base
uma nova iniciação da tradução para traduzir o próximo O código genético triplo é um exemplo biológico do
polipeptídeo codificado pelo RNAm policistrònico. princí pio de que a hipótese mais simples tem a maior pro -
babilidade de estar certa: durante o final dos anos 1950, a
9.4 O código genético traduz o RNA lógica aritmética levou muitos pesquisadores a concluí -
rem que o código genético provavelmente era triplo. Essa
mensageiro em polipeptídeo solução simples para a questão de como as sequências de
Os ácidos nucleicos e os aminoácidos são compos- aminoácidos podiam ser codificadas pelas sequências
tos muito diferentes quimicamente e não há um meca
nismo direto pelo qual o RNAm possa sintetizar um po -
- de ácidos nucleicos postula que um código genético duplo
(dois nucleotídeos por códon ) podia produzir apenas 16
lipept ídeo. Contudo, a informação genética carregada (41) combinações de códons, o que não é suficiente para
nas sequ ê ncias de nucleotídeos do RNAm fornece um produzir 20 aminoácidos. Por outro lado, um código gené -
meio pelo qual as sequências de aminoácidos dos poli- tico quádruplo geraria 44, ou 256, combinações de códons
peptídeos podem ser especificadas. O "código genético” diferentes muita quantidade para as necessidades dos
é o nome usado para descrever a correspondê ncia entre genomas. Por sua vez, um código genético triplo, produ -
as sequê ncias de códon do RNAm e cada aminoácido.
Conforme mencionamos anteriormente, a trans
zindo 41, ou 64 códons diferentes, proporciona uma varie
dade suficiente para codificar 20 aminoácidos com alguma
-
formação do código em polipeptideos específicos de
pende do RNA de transferência ( RNAt ) para levar os
- redundância, porém não excessiva ( Figura 9.13 e Tabela
9.1; ver também I abela 1.2). Dentre os 64 códons, 61 es -
.
aminoácidos para o ribossomo Ali, o RNAt forma par pecificam aminoácidos e os trés restantes são códons de
com o RNAm por meio do pareamento de bases com - parada que terminam a tradução. Apenas dois aminoáci -
plementares entre os nucleotídeos de códon do RNAm dos, a metionina (Met), com o códon AUG, e o triptofano
e os nucleotídeos de anticódon do RNAt. Depois que o (Trp), com o códon UGG, são codificados por códons in -
RNAt correto estiver ligado por um códon, ele transfere dividuais. Os outros 18 aminoácidos são especificados por
Cap í tulo 9 Biologia molecular da traduçã o 313
±
i/i
C A G |C f f
S Aminoá cido Abreviaçã o
3 letras 1 letra
C ódons
Y
A
uc Alanina Ala A OCA . CCC. 000. CCU
Argmina Arg R AGA . AGG. CGA ,
CCC . CGG . CCU
A a* c
57 U / G u G
Asparagina
Ácido aspá rtico
Asn
Asp
N
D
AAC , AAU
GAC , GAL*
s xrx G A ^- GVWV
C 7~~
CÃ
Addo glutámico Glu
Glutamina Gin
E
Q
GAA
CAA
. GAC
. CAG
. GGG ,
\ NX 'LwJ ã P Glicina
Hlstldlna
Gly
Hls
G
H
GGA , GGC
CAC . CAL*
GGU
// 7 % H . AUU
T l Q
Isoleucina lie 1 AUA , AUC
M Leucina Leu L UUA , UUG . CUA ,
R CUC . CUG. CUU
Figura 9.13 Código genético. Para ler esta tabela circular Usina Lys K AAA . AAG
do código genético, comece pek) anel interno que contém Metionina Met M AUG
o nudeot ídeo na primeira posição ( nudeot ídeo 50 de um uuc , uuu
códon. O nudeotídeo da segunda posição está no segundo
Fenilalanina Phe F
anel e o nudeot ídeo da terceira posição está no terceiro anel. Prolina Pro P CCA . CCC.CCC. CCU
As abreviações de três ietras e uma letra para os aminoácidos Serina Ser S AGC ., AGU. UCA .
correspondentes ocupam os anéis mais externos. UCC UCG . UCU
Treonina Thr T ACA . ACC . ACG . ACU
dois até seis códons. Os códons que especificam o mesmo Triptofano Trp W UGG
aminoáddo se chamam códons sin ónimos. Tirosí na Tyr Y UAC , UAL *
- -
RNAt (RNAm ), mas não sabiam como a informação de codifi
cação das proteínas transportada pelo RNA mensageiro
era decifrada durante a montagem dos polipeptídeos.
* Vá rias perguntas tinham de ser respondidas sobre a
- Haste
1 aceptora 3' natureza estrutural do código genético antes de o pró-
prio código poder ser decifrado. As trés perguntas mais
importantes, apresentadas aqui, são examinadas nas se-
v ''Glutamato ções a seguir:
ATP 1. Os códons vizinhos se sobrepõem uns aos outros
ou cada códon é uma sequ ência separada ?
* 2. Quantos nudeotideos compõem um códon do
RNA mensageiro?
jfT 3. A informação codificadora de polipeptídeo do RNA
Haste do mensageiro é contínua ou interrompida por lacunas?
antk ódon
as instruções compartilhadas por todos os organismos (a ) Tradu ção in vitro do RNAm sint ético
para traduzir as sequências de nucleotídeos do RNAm em RNAm poli(U ) sintético
sequências polipeptídicas. Decifrar o código genético foi
um marco no estabelecimento do mecanismo do dogma a IIFITITITITIIIÍITrriTITITIÍIIITITIIf , £ 3'
— —
central da biologia (DNA > RNA > proteína ) e assentou
a base da pesquisa genética moderna. Esse triunfo do ra -
ciocínio dedutivo foi reconhecido instantaneamente por
seu significado profundo e resultou na concessão do Pré- Sistema de tradu ção
mio Nobel em Fisiologia ou Medicina para Har Gobind in vitro contendo
aminoécrdcs
Khorana e Marshall Nirenberg em 1968. marcados com CM.
Depois de estabelecido que o código genético con -
siste em tripletos, os pesquisadores passaram para a ta -
refa de estabelecer quais tripletos estão associados com
cada aminoácido no processo de tradução. Nirenberg e
Johann Heinrich Matthaei realizaram um experimento "/£: Ph* Dh» I f >h
mi c
Anaiisaros polipeof íõeos
simples em 1961 que lançou as bases para outros expe- radtoatvot
rimentos na decifração do código genético. Seu projeto
experimental foi direto: construir cadeias sintéticas de ( b) Incorpora ção da fenilalanina marcada com Cu em polipept ídeos
nucleotídeos repetidos e usar um sistema de tradução
Radioatividade
in vitro para traduzir a sequência em um polipept ídeo. RNAm sintétko (contagens/ minuto)
Por exemplo, Nirenberg e Matthaei sintetizaram um Nenhum 44
RNAm artificial contendo apenas uracilas, conhecido Poli( U ) 39.800
como poli ( U ). Eles conceberam um sistema de traduçã o Poli( A) 50
Poll(C) 38
—
in vitro composto de componentes celulares de tradu
ção bacteriana conhecidos ribossomos, moléculas
de RNA de transferência carregadas e proteínas essen -
ciais para a traduçã o. Independentcmente de onde a
- F igura 9.18 Uso dos RNAm sintétkos para determinar
as possibilidades do código genético, (a ) O RNAm poll( U )
sintético é traduzido in vitro na presença de aminoácidos
marcados individualmente com C\ Um polipept ídeo
tradução pudesse começar ao longo do RNAm poli(U ),
consistindo em fenilalanina é formado, ( b) Essas contagens
o único códon possível que ele continha era o UUU. Os radioativas demonstram que apenas o RNAm poli( U ) sintético
pesquisadores, portanto, esperavam determinar qual incorpora a fenilalanina radioativa em um polipept ídeo.
aminoácido corresponde ao códon UUU .
Vinte traduções diferentes in vitro do RNAm poli(U)
foram realizadas, cada vez usando uma reserva de 19 ami - Esse RNAm pode ser traduzido em um quadro de lei
tura que começa com uracila ou com citosina. Em
-
noácidos não marcados e um aminoácido marcado com
carbono radioativo (C14). Para determinar qual aminoá - ambos os casos, o quadro de leitura produz códons
cido é codificado pelo RNAm poli( U), Nirenberg e Mat- UCU -CUC alternados. Khorana identificou os ami
noácidos do polipeptídeo resultante e constatou que
-
thaei usaram um aminoácido radioativo diferente em cada
tradução. Eles detectaram a produção de um polipept ídeo ele continha serina (Ser ) e leucina ( Leu) alternadas,
altamente radioativo após realizarem a tradução em um mas não tinha certeza de qual códon especificava a .Ser
sistema contendo fenilalanina radioativamente marcada e qual codificava a Leu. Seguindo uma estratégia simi -
.
í Figura 9.18) O polipept ídeo radioativo era poli-fenilala- lar, Khorana também examinou os polipeptídeos pro -
nína ( poli- Phe). Uma vez que o único tripleto de códon duzidos pelos RNAm compostos de dinucleotídeos AG
possível no RNAm é o UUU, Nirenberg e Matthaei pen-
saram que a sequência 5' - UUU - 3' codifica a fenilala -
. -
repetidos (5 ' .. AGAGAGAG .. . 30, bem como di
nuclcotídcos de UG e AC. Ele descobriu que dois amino-
-
nina. Eles partiram para a construção de RNAm sintéti- ácidos alternados compunham os polipept ídeos resul -
cos poli( A), poli(Q e poli(G) e identificaram a sequência tantes , estreitando assim as possí veis correspondências
- - -
5' AAA 3' como um códon da lisina (Lys), 5' CCC 3' - entre os códons e os aminoácidos.
como um códon da prolina (Pro) e 5' - GGG - 3' como um Quando Khorana usou RNAm contendo repetições
códon da glicina (Gly) ( Tabela 9.4). de trinucleot ídeo, a maioria desses RNAm produziu
Khorana adaptou a estratégia experimental de Ni - três polipeptídeos diferentes que consistiam, cada um,
renberg e Matthaei para sintetizar moléculas de RNAm
que continham repetições de dois, três e quatro nucle-
em apenas um tipo de aminoácido. Por exemplo, o qua
dro de leitura do poli- UUC pode começar com qualquer
-
otideos. Sua constru ção dos RNAm de sequência repe- uma das uracilas ou com citosina . O RNA mensageiro é
tida lhe permitiu definir muitos outros códons ( ver Ta
bela 10.4) . Por exemplo, Khorana usou a repetição UC
- lido como códons UUC consecutivos se a primeira ura -
cila iniciar o quadro de leitura , como UCU se a segunda
de dois nucleotídeos para formar um RNAm sintético
com a sequência uracila começar o quadro de leitura ou como CUU se a
citosina estiver no início do quadro de leitura. Embora
-
5' UCUCUCUCUCUCUCUCUC 3' - cada um dos diferentes quadros de leitura produza um
Cap í tulo 9 Biologia molecular da traduçã o 319
-
Polr G GGGG - -
Gly Gly Gly
Dinudeot ídeos repetidos Poli-UC UCUC ... Ser-Leu-Ser-Leu Os polipeptídeos têm dois
Poli-AG AGAG... Arg- Glu -Arg Glu aminoácidos alternados.
Trinudeotídeos repetidos
-
Poli UG UGUG...
PolhAC ACAC...
Poli-AAG AAGAAGAAG
_
- - -
Cys Val Cys Val
Thr- Hts-Thr- His
-
PolKJUC UUCUUCUUC- Phe - Phe...e $er $er e Leu - Leu-.
_
Lys-Lys...e A/ g -Arg...e Glu -Glu
Três polipept ídeos têm um
aminoácido cada.
Poli -UUG UUGUUGUUG- Leu-Leu...e Cys Cys-.e Val -Val
Poli-UAC UACUACUAC
- —
Tyr-Tyr...eThr-Thr...e Leu - Leu
Tetranudeot ídeos repetidos Poli UAUC UAUCUAUC . Tyr - Leu -Ser-lle-Tyr - Leu -Ser-lle
- Alguns polipept ídeos têm
PolhGUAA GUAAGUAA
—
Poli-UUAC UUACUUAC Leu-Leu-Thr-Tyr-Leu - Leu-Thr-Tyr
-
Nenhum (códon de parada UAA)
quatro aminoácidos repetidos.
Deve incluir um ou mais
Poli-GAUA GAUAGAUA
Nota: dados adaptados de Khorana (1967).
—
Nenhum (códon de parada UAG ) códons de parada .
polipeptídeo contendo um aminoá cido, Khorana mais las não complexas de RNAm ou RNAt passassem . Pos -
uma vez não tinha certeza de qual códon especificava teriormente, o filtro foi testado para determinar se a
qual aminoácido. sequência de RNAm trinucleot ídica ligava um RNA de
A análise de Khorana dos tetranudeotídeos repe - transferência com um aminoácido radioativo. Nirenberg
tidos confirmou a redund â ncia do código gen ético e e Leder testaram todas as 64 combinações de nucleo -
a exist ê ncia dos códons de parada. O poli- UUAC con-
tém quatro códons repetidos independentemente de
tideos com seu sistema de min úsculos RNAm e con
seguiram identificar as correspondências entre códons
-
qual nucleotídeo inicia o quadro de leitura. Os códons e aminoácidos para o código genético inteiro. Além
- - -
UUA UAC ACU CUU se repetem em um padrão
permanente. O produto polipeptídico conté m quatro
disso, eles identificaram a composição nucleot ídica
dos três códons de parada, UAA, UAG e UGA ( An á lise
aminoá cidos repetidos, Lcu- Leu -Thr-Tyr. Estava claro Genética 9.3) .
que dois dos quatro códons especificam a leucí na, em -
bora Khorana n ão pudesse determinar quais eram os Observa çã o gen ética 0 código genético foi decifrado
dois códons redundantes. A repetição tetranucleo - através de uma sé rie de experimentos que utilizaram RNAm
tídica GUAA produz um RNAm com quatro códons sintéticos e um sistema de traduçà o In vitro. Dos 64 códons
- -
repetidos, GUA UAA - AAG AGU, mas não gera poli
pept ídeos. A partir disso, os pesquisadores deduziram
- .
possíveis 61 correspondem a um dos 20 aminoácidos comuns;
os três restantes são códons dc parada que sinalizam uma inter
que um desses códons é um códon de parada. rupçá o da tradução. O código é redundante, significando que a
Nirenberg e Philip Leder contribu íram com a peça maioria dos aminoácidos é codificada por mais de um códon.
final do quebra -cabeça do código genético em 1964,
quando conceberam um experimento para resolver as
ambiguidades da identidade do códon remanescentes
Código genético (quase ) universal
dos experimentos de Khorana. Nirenberg e Leder sin
-
tetizaram muitos mini RNAm diferentes com apenas
- Como uma prova surpreendente da origem ú nica da
três nucleotídeos de comprimento cada ( Figura 9.19).
Os min úsculos RNAm foram adicionados individual -
vida na Terra e do poder da evolução para manter a uni -
formidade praticamentc completa ao longo de centenas
mente a sistemas de tradução irt vitro contendo ribos - de milh ões de anos, todo organismo vivo usa o mesmo
somos junto com 19 aminoácidos n ão marcados e um código genético para sintetizar polipept ídeos. Em todos
aminoá cido marcado com C14, todos ligados a dife
rentes moléculas de RNA de transferê ncia. O RNAm
- os seres vivos, das bactérias aos seres humanos, o roteiro
hereditário executado por um determinado RNAm é
formou um complexo com o ribossomo e o RNAt traduzido por um mecanismo similar e produz o mesmo
carregado com o aminoácido correspondente. De - polipeptídeo. A universalidade do código genético toma
pois, cada mistura ia vitro foi derramada através de possível o uso de sistemas bacterianos para expressar
um filtro que capturou os grandes complexos ribos - produtos proteicos biologicamente importantes encon -
-
somo RNAm RNAt, mas que permitiu que as molécu
*
- trados em plantas ou animais. A produção de insulina
320 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Mini- RNAm
sintéticos
Ribossomos
uu
19 aminoácldos 1 aminoáddo
náo marcados marcado com
as mudanças evoluíram nas mitocó ndrias ? A resposta
para a primeira pergunta é que a pressão seletiva natu
ral contra a mudança do códon é intensa. Uma única
mudan ça no códon alteraria radicalmente a composi
-
-
específicos ligados aos RNAt CM ligado ção de quase todos os polipept ídeos que um organismo
ao RNAt
produz. Incontá veis exemplos evolutivos nos dizem
Passar a mistura pela membrana de filtragem.
0 Testar que quase todas as mudan ças que ocorrem seriam pre-
o filtro e a solu ção em busca de radioatividade. judiciais e muitas seriam fatais. Simplificando, uma
Os HNAm específicos mudança no código genético alteraria as regras do jogo
I estão vinculados a da vida e a seleção natural impede tais mudanças.
.
ribossoírxA que poi
sua vez, são aprIsioca -
As exceções à universalidade do código genético
dos pelo filtro; os RNAt nas mitocóndrias sugerem que a seleçã o natural às
nâo espedficcs não vezes atua de forma menos intensa ? A resposta apa -
vinculados a ribossomos
/ passam pelo filtro. rentemente é sim. Os genomas das mitocóndrias en -
Membrana de filtragem contradas nas células vegetais e animais são pequenos
em comparação com os genomas nucleares. Eles car
regam até 25 genes, aproximadamente, e produzem
-
cerca de 10 a 15 polipeptídeos. Qualquer perturba ção
causada por uma mudan ça no código genético mi -
tocondrial tende a ser limitada, já que o n ú mero de
0 HNAm GUC não se
ligaaoaminoácido
0 HNAm GUC se
ligaaoaminoãcido
genes afetados é muito pequeno. Além disso, exis -
tem muitas mitocó ndrias por célula , fornecendo “có-
serina. A radoatM-
dade está na solução.
valinj. A radioatrv
dade está no filtro. pias de seguran ça ” do genoma mitocondrial. Se uma
mudança no código genético perturbar gravemente
a fun ção de uma mitocôndria, existem outras na cé -
lula para desempenhar as atividades normais. Assim,
as mudan ças podiam advir no código gen ético mito-
condrial, mais provavelmente nos códons que n ã o sã o
utilizados em alto grau.
AN ÁLISE GENÉTICA
O segmento de DNA a seguir codifica um polipeptideo contendo seis aminoácidos Os tripletos de .
DNA que codificam o c ódon de início ( AGU) e o códon de parada estão incluídos na sequência.
5' - « CCCAGCCTAGCCTTTGCAAGAGGCCATATCGAC .. - 3'
3' -_ GGGTCGGÀ TCGG À AACGTTCTCCGGTATAGCTG
- - 5'
a. Identifique a sequência e a polaridade do RN Am codificado por esse gene.
.
b Determine a sequência de aminoácidos do polipeptideo e identifique as extremidades N e C terminais do polipeptideo.
.
c As mutações por substituição de bases alteram a primeira G transcrita da fita-molde para uma A. De que forma isso altera o
polipeptideo?
.
2 Identifique as informações críticas 2. é fornecida a sequência de DNA que inclui um c ódon de início (AUG) e um
fornecidas no problema. de parada.
Deduzir
.
3 Identifique o códon de Início inspe- .
3 A varredura das duas fitas do DNA em sua direção 3' para 5' identifica uma única
cionando ambas as fitas de - .
sequência 3' - TAC 5' Essa sequência está na fita superior da sequência, co-
DNA para 3' - TAC - 5 ' Dica: 0 côòon de meçando no sétimo nucleotídeo a partir da direita.
que possivelmente «nkio AUG é o mab
corn
codificam um códon ****
M
^ ZL XnUt
>
.
de inibo (AUG) na
fita-molde.
4 Examine a
DNA r T A C 3' ,
e
——
códons de parada wpéeios de
ONA 3 ATC • 5
'
-
ocorrem no sétimo ^ 3' * A C r'* 5 e ' .
códon de uma -
3 * A T T •5 \
sequência de RNAm. INiá: Substituir U por T Md fita codificadora produz urra sequência de
HAAm. De modo alternativo, organizar os nudeotkfeos do RNA corrple-
Solucionar RespOSta ò
mentares i fita-molde e atribuir polaridade anttparaMa produz RNAm .
Oirx A sequência dr RNAm
podr ur drcrroruda a pe- 3^
.
/1
5 Identifique a t» d» fita codfesdorj nu da A sequência de RNAm ti
fita -makle da ONA
sequência de
RNAm que codifica os seis aminoáci- -
5 ' AUG GCC OCU UGC AAA GGC UAG * 3 '
dos do polipeptideo.
Resposta b
.
6 Apresente a sequência de aminoád* .
6 A sequência polipeptldica é
dos do polipeptideo.
-
N - H«t - Àla - S«r * Cy « Ly « Gly C - -
Resposta c
.
7 Identifique o efeito no polipeptideo .
7 Substituir o primeiro G -* A altera o segundo códon do RNAm, mudando
da substituição de base G -• A . GCC -* GUC, e substitui a valina (Vai) pela alanina ( Ala) na segunda posição da
sequência polipeptídica .
Para pratkar mals, ver Problemas 1, 5, 29, 30 e 31 .
322 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
noácido adequado.
-
mente seus RNAt cognatos e em carregá los com o ami - e o novo aminoácido N - terminal é acetilado como parte
desse processo.
Alé m dos aminoá cidos N- terminais, outros resí-
Observa çã o gen ética 0 código genético é quase uni - duos de aminoácidos també m podem ser modifica-
versal e se baseia nos RNAt adequadamente carregados para dos. Uma das modificações mais comuns de cada ami -
conduzir os aminoácidos corretos e ligar os códons para forne- noácido é realizada pelas enzimas conhecidas como
cer os aminoácidos para o polipeptídeo recém-formado. quinases, que executam a fosfor í laçâo das proteínas
adicionando um grupo fosfato a cada aminoácido ( Fi -
gura 9.20b). Esse é um processo regulatór ío importante,
que pode passar uma proteína da forma inativa para a
9.6 A tradução é seguida pelo
processamento polipeptídico e
forma ativa e vice- versa. Outras enzimas podem adi
cionar grupos inetila, grupos hidroxila ou grupos ace
--
pela classificação proteica tila a cada aminoácido dos polipeptideos. A adição de
cadeias laterais de carboidratos aos polipeptideos para
A tradução produz polipeptideos, mas a produção formar uma glicoprote í na é outro tipo importante de
de proteínas funcionais a partir desses pept ídeos muitas modificação pós - tradução. Por exemplo, em um tipo
vezes não é concluída até os polipeptideos serem qui - de modificação pós- tradução, a substância H é alterada
Cap í tulo 9 Biologia molecular da traduçã o 323
Classificação proteica
I
N 7c De modo an álogo ao dos passageiros em um ter-
minal aé reo movimentado, as proteínas em uma célula
tém destina ções diferentes para as quais devem se-
(c) Clivagem do polipept ídeo guir com a ajuda de um “ bilhete ” que diz à célula para
Pré-pró-insulina onde levá las. O destino muitas vezes é uma organela
N
Pré Cadeia B Pr ó Cadeia A
C ou a membrana celular; em certos casos, o polipep -
-aminoácidos -aminoácidos tídeo é destinado ao transporte para fora da célula. O
bilhete que comunica o destino de um polipeptídeo é
Clivagem dos uma sequência de sinal de 15 a 20 aminoácidos, mais ou
pré-aminoácidos menos, na extremidade N - terminal.
Pró-insulina Articulada pela primeira vez no início dos anos
1970 por Gunther Blobel , a hipótese dos sinais propõe
Cadeia A
que os 15 a 20 primeiros aminoá cidos de muitos poli
peptídeos contêm uma “etiqueta de endereço" na forma
-
S S Pontes bissulfeto se fornam
entro as cadeias A e 8. de uma sequência de sinal que designa a destina ção da
proteína na célula . A hipótese de Blobel propõe que a
Cadeia B sequência de sinal direciona as proteínas para o retículo
endoplasmá tico ( FR ), onde sâo classificadas segundo
Clivagem dos sua destinação celular ( Figura 9.21). De um modo algo
pró-aminoácidos
Insulina
Retículo endoplasmá tico rugoso
-
vs Cadeia A
(sítio de s í ntese das N úcleo
prote í nas secretadas)
Membrana piasmática
parecido com a maneira que a correspondê ncia é clas - proteínas ( Figura 9.21). Os polipept ídeos destinados à
sificada para entrega por seu código postal ou CEP, as secreção são sintetizados no ret ículo endoplasmático
sequ ê ncias de sinal na extremidade N - terminal das pro- rugoso, o nome dado às partes do RE onde os ribosso-
te í nas recém -sintetizadas facilitam sua captação pelo mos pontilham a superfície. O RE é composto de duas
RE c identificam sua dcstinaçào final. membranas externas com um espaço interno entre elas,
A hipó tese dos sinais de Blobel recebeu amplo chamado espaço cisterna!. Quando a tradução começa,
apoio experimental. Por exemplo, logo após ele propor
sua hipótese, Cesar Milstein e colegas confeccionaram
os polipept ídeos com uma sequência de sinal têm sua ex
-
tremidade N terminal empurrada para o espaço cisternal
-
um sistema de tradução in vitro que não tinha RE e o através de receptores na superf ície da membrana do RE
utilizaram para produzir proteínas que normalmente .
( Figura 9.22 ) Os polipept ídeos sem uma sequê ncia de
sáo secretadas pelas células. Milstein constatou que sinal nào sã o empurrados para dentro do espaço cister-
as proteínas em seu sistema in vitro tinham de 18 a 20 nal e permanecem no citoplasma. No espaço cisternal, os
aminoácidos a mais no comprimento do que as mesmas polipept í deos formam uma alça e sua sequência de sinal
proteínas produzidas in vivo e posteriormente secre- é removida. Então o polipept ídeo sofre glicosilaçào (a
tadas pelas células. Os aminoácidos extras estavam na ligação de um açúcar) e, à medida que passa pelo RE, é
-
extremidade N terminal das proteínas. Experimentos empacotado em uma vesícula para ser transportado por
de acompanhamento in vitro usaram o mesmo sistema , uma curta distância até o aparelho de Golgi.
mas com o RE inclu ído, e, pelo contrá rio, produziram No aparelho de Golgi, ocorre mais glicosilaçà o,
proteínas que n ào possuíam os aminoácidos extras, mas que sinaliza a dcstinaçà o do polipeptídeo determi-
eram idê nticas às versòes secretadas das proteínas nor- nando o receptor ao qual esse polipeptídeo vai se ligar
malmente encontradas nas células. O trabalho experi - ( Figura 9.23 ). A ligação ao receptor leva diretamente à
mental desde os anos 1970 tem documentado a com - inclusã o dos polipept í deos glicosilados nas vesículas de
posição e o processamento das sequências de sinal dos transporte que brotam do aparelho de Golgi. As vesí -
polipeptídeos destinados à secreção.
O RE e o aparelho de Golgi são uma espécie de amplo
culas se deslocam para suas destinações celulares, in
cluindo organelas e a membrana celular (é nesta última
-
complexo industrial para a produção e a embalagem de que ocorre a secreção proteica ).
m
Rlbossomo
"
JK % — Polipept ídeo
RNAm
A sequênoa de sinal se
liga ao receptor do RL
Ribossomo
RE rugoso
\
Sequê ncia
de sinal 4 r
iimHiiiiiiifj íinnmwMmJiinifj
Receptor do RE
iimiiiMimmiiiimuiiMimuiiMmiiii I r
o ô ít a receptor
f As proteí nas nas ves ículas interagem
com receptores em seu local
de destino.
As vesículas
brotam na
membrana do
W <X> W
Citoplasma As vesículas tians-
-
aparelho de Golgi
. po tam as proteinas
para seu destoo.
huntingtina mal dobrada. Cada uma dessas doen ças anormais de proteí na mal dobrada . Essas doen ças são
tem uma idade de in ício tardio, que se deve à morte neuronais porque é onde os genes que codificam as
celular gradual causada pela presen ça de agregados prote ínas sã o expressos.
ESTUDO DE CASO
Antibióticos e interferê ncia na tradu ção
Todos nós já tomamos antibió ticos várias vezes du - -
posto ativo diferente que tira proveito das caracter ísticas ex
rante nossas vidas para combater uma infccção microbiana clusivas da tradução bacteriana para perturbar a produçã o
dolorosa ou persistente. Como resultado da eficiência des- de proteínas bacterianas e, ao mesmo tempo, sem interferir
ses compostos» experimentamos um alívio r á pido dos sinto - na tradução das proteínas nas nossas células .
mas e a eliminação da infccção. Esses efeitos ben é ficos são A estreptomicina é um dos vá rios antibióticos cm
obtidos pela morte celular seletiva. Especificamcnte, o an
tibiótico elimina os microrganismos sem prejudicar nossas
- uma classe de compostos bioquímicos, chamuda aminogU
eosídeos. A estreptomicina inibe a traduçã o bacteriana ao
-
próprias células no processo. Qual é a base bioqu ímica da interferir na ligaçã o da N -formil-mctionina RNAt com o
açã o antibiótica? Como os compostos antibióticos se vol - ribossomo, impedindo assim a iniciação da tradução. A es -
tam cspcciíicamcnte paras as células microbianas visando à treptomicina també m provoca erro de leitura do RNAm
sua destruição? durante a tradução ao gerar o pareamenlo incorreto entre
Provavelmente você nào vai se surpreender ao apren
der que diferentes antibióticos visam a diferentes aspectos
- .
os códons e os anticódons Por exemplo, o códon UUU nor
malmcntc especifica a fcnilalanina , mas a estreptomicina
-
da biologia microbiana para eliminar microrganismos Mas . induz o pareamento entre um códon UUU e o RNAt porta -
vocé pode sc surpreender ao aprender que muitos antibióti
cos diferentes visam à tradução microbiana como seu modo
- dor da isolcucina , cujo códon é AUU. Esse CITO leva a mu
danças nos aminoácidos das proteínas e potendalmente a
-
de açào (Tabela 9.6 ). Os antibióticos rnais conhecidos, como deficiê ncias na atividade proteica. Outros aminoglicosídeos .
tetraciclina, estrcptomicina c cloranfenicol , visam a está gios como a neomicina, a canamicina e a gentamicina , também
diferentes da tradução microbiana , do mesmo modo que os causam erros de pareamento entre códons e anticódons, po -
antibióticos menos conhecidos, como a eritromicina, a puro - .
dendo gerar prote ínas defeituosas A eritromicina também
micina c a ciclohcximida. Cada antibiótico conté m um com - prejudica a tradução bacteriana , mas o faz de um modo
diferente. Ela se liga à subunidade 50S (grande ) no t únel
-
pelo qual emerge o pdipeptideo recé m sintetizado. Dessa
Tabela 9.6 Inibktores antibióticos da síntese proteica maneira, a eritromicina bloqueia a passagem do polipeptí -
deo para fora do ribossomo. Isso faz que o ribossomo fique
Antibiótico Açã o inibitória paralisado no RNAm c leva à parada da tradução. A Tabela
Cloranfenicol Bloqueia a formação dos polipeptideos 9.6 fornece detalhes sobre essas e outras açues dos agentes
inibindo a peptidil transferase no ribos - antibactcrianos.
somo 70S (açã o antibacteriana ) Os microrganismos eucarióticos unicelulares, como os
Eritromicina Bloqueia a tradução se ligando à subu - fungos, també m podem provocar tnfecções humanas. Para
nidade 50S e inibindo a liberação do .
combater essas infccçócs sã o utilizados antibióticos como
a puromicina e a cicloheximida, que visam às atividades de
polipeptídeo (ação antibactcriana )
Estreptomicina Inibe a iniciação da tradução e provoca
.
tradução das células eucarióticas A puromicina tem uma
erro de leitura do RNAm ligando-se à estrutura tridimensional similar à da extremidade V dc um
subunidade 30S (ação antibacteriana ) RNAt carregado. Ela interrompe a tradução dos RNAm
Tetracidina Liga-se à subunidade 305 e inibe a
-
bacterianos e eucanóticos ligando se ao sítio A ribossômico
c agindo como um análogo do RNAt carregado. Ouando a
ligação dos RNAt carregados (a çào
antibacteriana ) .
puromicina se liga no sítio A seu grupo amino forma uma
ponte pcpt ídica com o grupo carboxila do aminoácido do
Cidobeximida Bloqueia a formação de polipeptideos ini- sítio P. No entanto, a puromicina não contém um grupo
bindo a atividade de peptidil transferase carboxila. Essa diferença impede a formação de quaisquer
no ribossomo 80S (ação antieucariótica ) outras pontes pcpt ídicas e leva à parada da tradução. A ci-
Puromicina Provoca a terminação prematura da cluheximida bloqueia exclusivamente a tradução eucarió-
tradução agindo como um an á logo do tica ligando se à subunidade 60S e inibindo a atividade dc
RNAt carregado ( ação antibacteriana e peptidil transferase, de modo bem parecido com o que o
antieucariótica ) cloranfenicol faz na peptidil transferase bacteriana .
Capí tulo 9 Bicdogla molecular da tradução 327
RESUMO
9.1 Os ribossomos são máquinas de tradução res intercistrônicos em alguns RNAm policistrônicos bacte-
rlanos permitem que um ribossomo traduza dois ou mais
I A tradução ocorre no ribossomo, onde os códons de RNAm polipeptídeos sequencialmente a partir do RNAm antes
sáo associados aos anticódons do RN A de transferência que ele se dissocie.
pelo pareamento de bases complementares.
Os polipeptídeos sáo cadelas lineares de aminoácidos que
*se ligam através de pontes peptfdicas montadas nos ribos-
9.4 O código genético traduz o RNA mensageiro
somos. em polipeptideo
Os polipeptídeos têm uma extremidade N-termínal I 0 código genético é redundante, significando que a maio-
(amino) e uma extremidade C-terminal (carboxila) . ria dos aminoácidos é especificada por mais de um códon.
I Os ribossomos sào compostos de duas subunidades que con- A redundância do código genético é viabilizada pela osci-
sistem cada uma em RNA ribossómico e muitas proteínas, lação da terceira base que relaxa os requisitos rigorosos do
Os ribossomos têm tr ês sítios de ação funcionais: o sítio R pareamento de bases complementares na terceira base do
onde o polipeptideo é mantido; o sítio A, onde as molé- códon .
culas de RNAt se ligam para acrescentar seu aminoácido à I Enzimas especializadas, chamadas aminoacil-RNAt sinte-
extremidade do polipeptideo; e o sitio E, que fornece um tases, catalisam a adição de um aminoácido especí fico a
ponto de saida para os RNAt descarregados . cada RNAt.
T E R M O S-C H A V E
Aminoadl RNAt sí ntetase (RNAt sinte Inosina (I) <p. 3 74) RNAt descarregado (p. 302 )
tase) [p. 314) Mutação por mudanç a no quadro RNAt inidador (p. 302 )
Chaperonas (p. 325) .
de leitura (p 3 J6) RNAt isoaceptores [p. 313 )
Classificação proteica (p. 322 ) Mutação por reversão (p. 316) Sequência de Kozak (p. 305)
Códon sinónimo (p. 3 ) 3 ) N-focmil-metionina ( fMet;RNAt1*1”) (p 303 ) . Sequência de Shine-Oalgarno (p. 302 )
Complexo de pré-iniciação (p. 302 ) Oscilação da terceira base (p. 3 73) Sequência de sinal (sequência-líder)
Complexo de iniciação 30S (p. 304) .
Polirribossomo (p 309) (p- 322)
Complexo de Iniciação 70S (p. 304 ) Processamento pollpeptidico pós - Sítio aminoadl (sítio A) (p. 300)
Complexo de iniciação (p. 305) .
-traduçào (p 322 ) .
Sítio de saída (sitio E) (p 300)
Fator de iniciação < IF) (p. 302 ) Quadro de leitura (p 316 ) . Sitio peptídil (sítio P) (p. 300)
Fator de iniciação eucariótico (elF> (p. 305) Região não traduzida 3'(3* UTR) (p. 300 ) Subunidade ribossómica maior (p 300) .
Fator de liberação (RF) p. 308)
< Região não traduzida 5' (5' UTR) (p. 300) Subunidade ribossómica menor (p 300) .
Fator de prolongamento (EF) (p. 307) RNAm policistr ônico (p. 370) Varredura (p. 305)
Hipótese dos sinais (p. 323) RNAt carregado (p 302 ) .
Para oòfer as respostas dos problemas pares,
PROBLEMAS ver o Apêndice: Respostas.
Conceitos do capítulo
1. Algumas proteínas são compostas de dois ou mais poli- c. Qual é o terceiro aminoácido adicionado à cadeia poli-
-
peptídeos. Suponha que a sequência da fita molde do peptidica?
-
DNA y TACGTAGGCTAACGGAGTAAGCTAACT 5' pro- - 6. Descreva três características das moléculas de RNAt que
duza um polipeptídeo que se une em pares para formar levam ao carregamento correto pelas enzimas RNAt
uma proteína funcional. sí ntetase.
a. Qual é a sequência de aminoácidos do polipeptídeo
produzida a partir dessa sequência? 7. Identifique o aminoácido carregado pelos RNAt com as
b. Qual termo é utilizado para identificar uma proteína seguintes sequências de anticódon.
funcional como essa formada quando dois polipepti- - -
a. 5' UAG 3'
deos idênticos se juntam? - -
b.5' AAA 3'
2. Nos experimentos que decifraram o código genético, - -
C. 5' CUC 3'
d. 5' AUG 3'
muitas sequências de RNAm sintético diferentes foram
e. 5' - GAU - 3'
testadas.
a. Descreva como o códon da fenilalanina foi identifi- 8. Para cada uma das sequências de anticódon fornecidas
cado. no problema anterior, identifique a outra sequência de
b. Qual foi o resultado dos estudos dos RNAm sintéticos códon à qual ela poderia se associar usando a oscilação
compostos exdusívamente de citosina ? da terceira base .
c Qual resultado foi obtido para os RNAm sintéticos con- 9. Qual é o papel dos códons UAA, UGA e UAG na tradução?
tendo repetições AGr ou seja, Que eventos ocorrem quando um desses códons aparece
AGAGAGAG...? no sítio A do ribossomo?
d. Preveja os resultados dos experimentos examinando 10. Compare e diferencie a composição e a estrutura dos ri -
repetições GCUA. bossomos bactérianos e eucarióticos, identificando pelo
menos três caracterí sticas iguais e três exclusivas de cada
3. Várias linhas de evidência experimental apontaram para
tipo de ribossomo.
um código genético triplo Identifique três informações
que apoiaram a hipótese da estrutura do c ódigo gené - .
11 Considere a tradução da seguinte sequência de RNAm:
tico em tripletos.
5' - .. . A U G Cà G A U C C A U G C C U A U U G A .. . - 3'
4. Descreva os eventos que ocorrem durante a iniciação da
. .
tradução na E coíi a. Faça um diagrama da tradução no momento em que
o quarto aminoácido é adicionado à cadeia polipep-
5. Uma parte de uma fita-molde do DNA tem a sequência tidica. Mostre o ribossomo; rotule seus sítios A, P e
de base E; mostre sua direção de deslocamento e indique a
posição e a sequência do trlpleto de antic ódon dos
-
5' ...ACGCGATGCGTGATGTATAGAGCT...» 3'
RNAt que atualmente est ão interagindo com os có-
a. Identifique a sequência e a polaridade do RNAm trans- dons do RNAm.
crito a partir desse fragmento de sequência da fita-moíde. b. Qual é a sequência do tnpleto do anticódon do pró-
b. Determine a sequência de aminoácidos codificada por ximo RNAt a interagir com o RNAm?
esse fragmento. Identifique as direções N e C terminais c Quais eventos ocorrem para permitir que o próximo
do polipeptídeo. RNAt interaja com o RNAm?
Capí tulo 9 Bicdogla molecular da tradução 329
12. O diagrama de um r í bossomo eucariótico exibido a se- d. Em comparação com a estabilidade média do RNAm
guir contém vários erros. na E. coii, o RNAm na célula humana típica é mais ou
menos estável? Por quê?
16. A figura a seguir contém informações suficientes para
preencher cada linha. Use as informações fornecidas para
completar a figura.
DNA
N
Codificadora 5' 7f IA IW TI AI A /f 3’
tt Molde 3'7£ I A l 1
'
J ! //IS’
Códon de RNAm
5 - JZZZI 13'
ao longo do RNAm Antic ódon de RNAt
3'l , til |5'
'
Aminoácido
3 letrasí I Tc^I X X I T ..I
/U
1 letra Gí r" i .i m
a. Examine o diagrama cuidadosamente e identifique
cada erro.
17. A linha a seguir representa um RNAm eucariótico ma-
b. Refaça o diagrama e corrija cada erro usando a sequên-
duro. A lista abaixo da linha contém muitas sequências
cia de RNAm exibida.
ou estruturas que fazem parte do RNAm eucariótico. Al -
guns dos itens na lista, porém, não são encontrados no
13. A oscilação da terceira base permite que alguns RNAt RNAm eucariótico. Com a maior precisão que conseguir,
reconheçam mais de um códon de RNAm. Com base na mostre a localização na linha das sequências ou estrutu-
discussão sobre oscilação neste capítulo, qual é a quan- ras que pertencem ao RNAm eucariótico; depois, sepa-
tidade mínima de moléculas de RNAt necessárias para radamente, apresente os itens que não fazem parte do
reconhecer os seguintes aminoácidos? RNAm eucariótico .
a. Leucina
5' 3'
b. Arginina
a. Códon de parada
c. Isoleucina
b. Cauda poii A -
d. Usina
c. Intron
14. O código genético contém 61 códons para especificar os 20 d. 3' UTR
aminoácidos comuns. Muitos organismos carregam menos e. Promotor
de 61 genes de RNAt diferentes em seus genomas Esses . f. Códon de inicio
genomas tiram proveito dos RNAt isoaceptores e das regras g. AAUAAA
que governam a oscilação da terceira base para codificar h. 5' UTR
.
menos de 61 genes de RNAt Use essas regras para calcular a .
i 5 ‘ cap
quantidade mínima de genes de RNAt necessários para es- J. Sequência de terminação
pecificar todos os 20 aminoácidos comuns . 18. Após concluir o Problema 17, desenhe cuidadosamente
15. As trés formas principais de RNA (RNAm, RNAt e RNAr) In- uma linha abaixo do RNAm para representar seu produto
teragem durante a tradução . polipeptídico em alinhamento preciso com o RNAm. In-
a. Descreva o papel desempenhado por cada forma de dique as extremidades N-terminal e C-terminal do poli-
RNA durante a tradução. peptídeo. Desenhe cuidadosamente duas linhas acima e
b. Qual dos três tipos de RNA você poderia esperar que paralelas ao RNAm e chame-as de "fita codificadora'e'fi-
fosse o menos estável? Por quê? ta -molde". Indique a localização da sequência promotora
c. Qual forma de RNA é a menos estável nos eucariotos ? do DNA. Identifique as localizações do nudeotídeo +1 e
Por quê? de uma sequência de terminação da transcrição.
b. Forneça as sequências das fitas codificadora e molde a. Localize a sequência que codifica os cinco aminoáci-
do DNA correspondentes ao RNAm. Use os símbolos N, dos do polipeptídeo e identifique as fitas molde e co-
Pu e Py como marcadores de posição. dificadora do DNA.
22. Har Gobmd Khorana e seus colegas realizaram muitos b. Forneça a sequência e a polaridade do RNAm que co-
experimentos de tradução de RNAm sintéticos. Em um difica o polipeptídeo.
deles, uma molécula de RNAm com uma sequência dinu- c Forneça a sequência do polipeptídeo e identifique as
cleotídica repetida UG foi montada e traduzida. terminações N e C
d. Supondo que a sequência anteriormente dada é de
a. Escreva a sequência desse RNAm e forneça sua polari-
um gene bacteriano, identifique a região que codifica
dade.
a sequência de Shine -Dalgarno.
b. Qual é a sequência do poJipeptideo resultante?
e. Qual é a função da sequência de Shine-Oalgamo?
c Como a composição do polipeptídeo ajuda a confir -
mar a natureza tripla do código genético? .
29 Uma parte da fita codificadora do DNA para um gene
d Se o código genético fosse um par em vez de um tripleto, possui a sequência
qual seria a diferença no resultado desse experimento?
.
e Se o código genético fosse sobreposto em vez de não
5• - -GCACAGAATGAATCT- - 3 '
sobreposto, em que o resultado desse experimento a. Escreva a sequência da fita molde do DNA e a polari
seria diferente? dade, bem como a sequência e a polaridade do RNAm
23. Um experimento realizado por Khorana e seus colegas desse segmento génico.
traduziu um RNAm sintético contendo repetições do tri- b. Supondo que o RNAm esteja no quadro de leitura
nucleotídeo UUG. correto, escreva a sequência de aminoácidos do poli-
ídeo usando abreviações de três letras e, separa-
pept
a. Quantos quadros de leitura são possíveis nesse RNAm ?
damente, a sequência de aminoácidos usando abre -
b. Qual é o resultado obtido a partir de cada quadro de
viações de uma letra,
leitura ?
c Como o resultado desse experimento ajuda a confir- 30. Um RNAm eucariótico tem a sequência mostrada a se -
mar a natureza tripla do código genético? .
guir A 5' cap é indicada em itálico [ CAP ) e a cauda poll( A)
24. O polipeptídeo da (S -globlna humana contém 146 ami - 3 é indicada por adeninas em itálico .
noácidos. Quantos nudeotídeos e RNAm são necessá rios -
5 * CAPCCAAGCGUt/ ACAUGUAUGGAGAGAAUGAAACUG
para codificar esse polipeptídeo? AGGCUUGCCACGUUUGUUAAGCACCUAUGCUACCGAAAAAA
AAAAAAAAAAAAAAAAAA 3 * -
25. O RNAm maduro transcrito do gene da (J-globina hu- a. Localize os códons de início e de parada nessa sequência.
mana é consideravelmente maior que a sequência neces- b. Determine a sequência de aminoácidos do polipeptí -
sária para codificar o polipeptídeo de 146 aminoácidos.
Forneça os nomes das três sequências localizadas no
doo produzido a partir desse RNAm. Escreva a sequên -
cia usando as abreviações de três letras e uma letra dos
RNAm maduro da (5 globina, porém não traduzidas.
aminoácidos.
26. A Figura 9.6 contém vários exemplos da sequência de .
31 Diagrame um gene eucariótico contendo três éxons e
Shine-Dalgarno. Usando as sete sequências de Shine- dois íntrons, o pré RNAm e o transcrito do RNAm maduro
Dalgarno da £.cot í , determine a sequência de consenso do gene e um polipept ídeo parcial que contenha as se-
e identifique sua posição relativa ao códon de Início. guintes sequências e caracteristicas. Alinhe cuidadosa-
27. A Figura 9.20 mostra três etapas pó s- traduçáo necessá- mente os ácidos nucleicos e localize cada sequência ou
rias para produzir o hormónio insulina regulador do açú- característica na molécula adequada.
car a partir do produto polipeptídico de partida, a pré- a. Os dinudeotideos AG e GU correspondentes á s jun-
pró insulina. ções fntron-éxon.
a. Um cientista pesquisador está interessado em produ b. O nucleotídeo +1 .
zir insulina humana nas espécies bacterianas da E. coli. .
c A 5' UTR e a 3' UTR .
O código genético permitirá a produção de proteínas .
d A sequência do c ódon de início .
humanas a partir de células bacterianas ? Explique. .
e Uma sequência do códon de parada.
b. Para a insulina humana, explique por que não é viável .
f Uma sequência para os aminoácidos Gly-His- Arg na
inserir o gene inteiro da insulina humana na £. coli e extremidade do éxon 1 e uma sequência de códon
antecipar a produção de insulina. para os aminoácidos Leu-Trp-Ala no início do éxon 2.
c. A insulina humana recombinante (feita pela inserção 32. A seguinte tabela contém informações de sequência
de DNA humano codificador de Insulina na E. coli) é de DNA compiladas por Marilyn Kozak (1987). Os dados
um dos produtos farmacêuticos recombinantes mais consistem na porcentagem de A, C, G e T em cada posi-
utilizados no mundo. Quais segmentos do gene da in- ção entre os 12 nudeotídeos que precedem o códon de
sulina humana sào usados para criar bactérias recom- início em 699 genes de várias espécies de vertebrados
binantes que produzem insulina humana? e o primeiro nucleotídeo após o códon de início. Este
.
28 Uma sequência de DNA que codifica um polipeptídeo de ocupa as posições +1 até - - 3 e o nucleotí deo +4 ocorre
*
cinco aminoácidos é fornecida a seguir . imediatamente após o códon de início. Use os dados
para examinar a sequência de consenso de 13 núcleo -
-ACGGCAAGATCCCACCCTAATCAGACCGTACCATTCACCTCCT- - -
tídeos ( 12 a 1 e +4) em volta do códon de início nos
..TGCCGTTCTAGGGTGGCATTAGTCTGGCATGGTAAGTGGAGGA.- genes dos vertebrados.
Capí tulo 9 Bicdogla molecular da tradução 331
33. A tabela a seguir apresenta as sequências genicas da Use os dados nesta tabela para
a-globina e da P-globina para os 12 nudeotídeos que a. Determinar a sequência de consenso dos 16 genes se -
precedem o códon de Início e o primeiro nucleotideo lecionados da a-globina e da p-globina.
após o códon de inicio. Os dados sào de 16 genes globina b. Comparar a sequência de consenso desses genes glo-
.
de vertebrados relatados por Kozak (1987) As sequências bina com a sequénda de consenso derivada do estudo
sáo escritas de -12 a +4, com a sequência do códon de mais amplo com 699 genes de vertebrados no Pro-
inído em letras maiusculas. blema 32.
Sequência génica 34. Os seis nudeotídeos que precedem o códon de inído e o
-12 Inicio +4 primeiro nudeotideo após o códon de inído nos eucario-
tos exibem uma forte prefer ência de sequência conforme
Família da a- globina determinado pelas porcentagens de nudeotídeos nas
Adulta humana agagaacccaccATGg posições -6 a -1 e na posiçáo +4. Use os dados forneci-
Embrionária humana caccctgccgccATGt dos na tabela do Problema 33 para determinar os sete
nudeotídeos que circundam com mais frequência o iní-
Babuino ccagcgcgggcATGg
cio nos vertebrados.
Camundongo adulto caggaagaaaccATGg
Coelho adulto gaaggaaccaccATGg
Cabra embrionária tcagctgccaccATGt
Pato adulto ggagctgcaaccATGg
Galinha embrionária ctctcctgcacaATGg
Família da 0- globina
Fetal humana agtccagacgccATGg
Embrionária humana aggcctggcatcATGg
Coelho adulto aaacagacagaATGg
Coelho embrionário agaccagacatcATGg
Galinha adulta ccaaccgccgccATGg
Galinha embrionária cccgctgccaccATGg
Xenopus adulto tcaactttggccATGg
Xenopus larval tctacagccaccATGg
Capítulo Integração das abordagens
genéticas: compreendendo a
anemia falciforme
APRESENTAÇÃ O
10.1 Uma variante da hemoglobina herdada
provoca a anemia falciforme
10.2 A variação genética pode ser detectada
examinando o DNA, o RNA e as proteí nas
10.3 A anemia falciforme evoluiu por causa da
seleçã o natural nas populações humanas
PONTOS ESSENCIAIS
I O progresso na compreensão da anemia
hereditária humana, chamada anemia fal-
E m capítulos anteriores, descrevemos e analisamos a transmis-
são e a função dos genes, a estrutura e a função do DNA, os
processos de expressão génica e o papel da evolução na genética.
ciforme, mostra o poder de combinar as
abordagens analógicas da genética de Cada um desses aspectos da genética moderna contribui para o
transmissão, genética molecular e genética amplo poder explanatório da ciência, um poder alcançado espe-
evolutiva. cificamente pela integração desses princípios e abordagens Este .
I Um alelo mutado de um dos dois genes que
capítulo é concebido para colocar cm foco a integração dessas
formam a proteína hemoglobina do erltró-
cito provoca anomalias que levam à anemia abordagens da análise genética usando o transtorno humano he-
falciforme. reditário da anemia falciforme como exemplo.
I A transmissão da anemia faldforme nas fa- O capítulo também tem uma segunda finalidade. Durante
mílias pode ser observada pela análise ge-
nética molecular do gene globina e a varia- a exemplificação de como as análises de transmissão heredi-
ção das proteínas. tária, variaçã o genética molecular e evolução contribuem para
I A distribuição geográfica da mutação que uma compreensão mals ampla da anemia falciforme, também
produz a anemia falciforme é atribuível à
descrevemos a eletroforese em gel e os métodos experimentais
pressão seletiva natural nos ambientes com
alta incidência de malária. relacionados frequentemente aplicados à análise de DNA, RNA
e variação proteica. Esses métodos fazem parte do •'conjunto de
ferramentas" bá sico de análise genética e podem ser utilizados
Cap ítulo 10 Integra ção das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 333
para obter informações substanciais sobre o ácido nu- bom ponto para começar nossa discussão é com um
—
cleico e a variação proteica .
Os pacientes com anemia falciforme sofrem dor cada como é identificada como hemoglobina A,
muscular grave quando o n úmero de eritrócitos falci
formes em sua circulação é suficientemente grande
- ou HbA, em que Hb é uma abreviação para hemoglo-
bina e A designa a forma mais comum. Cada uma das
para impedir o fluxo nos pequenos vasos sanguí neos e quatro proteínas na hemoglobina carrega uma molécula
capilares. Esses vasos sanguíneos e capilares têm largura de heme contendo ferro, um composto que sofre liga -
suficiente apenas para a passagem em fila única dos eri
trócitos bicóncavos normais (ver a foto de abertura do
- ção reversível com uma molécula de oxigénio. Desse
modo, cada molécula de hemoglobina consegue se ligar
capítulo). O fluxo sanguíneo reduzido priva de oxigé - e transportar quatro moléculas de oxigénio.
nio os tecidos circundantes, provocando dor imediata e
possíveis danos em longo prazo nos ó rgãos e tecidos em
- -
Os genes da a globina e da p globina são mem
bros de um grupo de genes que compartilham fortes
-
decorrê ncia da privação de oxigé nio. semelhan ças estruturais e funcionais, além de pro-
Os eritrócitos são especialistas no transporte de duzirem proteínas globina similares. A organização
oxigénio que são bombeados para os pulm ões, onde dos dois genes também é muito similar ( Figura 10.3) .
captam oxigénio, e depois através do sistema circulató Ambos os genes contê m três éxons e dois í ntrons. O
rio, para levar o oxigé nio e outras moléculas por todo o gene a - globina codifica um polipeptídeo contendo
corpo. Os eritrócitos não contém n úcleos e não conse - 141 aminoácidos e o polipept ídeo codificado pelo gene
—
guem se dividir. Eles circulam até serem danificados e
removidos da circulação em cerca de 100 a 120 dias,
em média. Os eritrócitos falciformes são danificados
mais rapidamente do que o normal e tém uma vida ú til
p-globina contém 146 aminoácidos.
Estrutura da hemoglobina
Muta çõ es dos genes das globinas
As moléculas de hemoglobina sào tetrâ meros, es-
truturas de proteína que consistem em quatro proteí
.
nas reunidas ( Figura 10.2 ) O tetrà mero da hemoglobina
- Os genes das globinas podem ser os mais estudados
no genoma humano, e a existência e distribuição das
contém duas cadeias proteicas de cada um dos dois variantes dos genes a - globina e P- globina são bem do-
diferentes genes das globinas que sào codificados em cumentadas na maioria das populações humanas. Atual-
cromossomos separados no genoma humano. Cada mente, sà o conhecidas quase 500 variantes alélicas dife-
molécula da forma mais comum de hemoglobina con - rentes dos genes a-globina e P-globina. Algumas sào tão
siste em duas proteí nas a - globina produzidas pelo gene raras que existem apenas em uma única família. Existem
a- globina e duas proteínas p- globina produzidas pelo algumas exceções dignas de nota e essas variantes mais
gene P- globina. Essa composição em particular, indi - comuns fornecem exemplos bem pesquisados de alguns
Proteí na Proteí na
B globina globina
Grupo heme (02 ligado )
- Ferro
r Grupo heme
Y ( nenhum 02 ligado)
j Figura 10.2 Estrutura da hemoglobina .
A hemoglobina é uma proteína tetramé rica
composta de duas cadeias polipeptidicas de
Prote ína
-
a globina e duas cadeias polipeptidicas de
p-gk> bina. Uma molécula de hemo (ou heme)
Prote í na
a-globina P globina ligada a cada cadeia facilita a ligação e o
transporte do oxigénio.
Cap ítulo 10 Integra ção das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 335
T T T
, *
Intron
í
>
t
(i-globina contêm, cada um, três éxons e
dois íntroos. Os aminoácidos codificados
por cada éxon são indicados pelos
n ú meros que descrevem suas posições
Aminoácidos 1-31 32-99 100-141 na cadeia polipeptfdica final.
Éxon 1 Éxon 2 Éxon 3
Promotor
Gene p-gk>b4 na 5' ~jf T
~
U*
' ( ntron Intron
Polipeptideo da fi-globina l i
I
T
I
Aminoá cidos 1-30 31 -104 105-146
processos hereditários que você provavelmente Já estu - média dos eritrócitos nos heterozigotos; mas, como afeta
dou em cursos de biologia anteriores. Elas també m nos apenas uma pequena porcentagem dos eritrócitos, ela
dã o a chance de explorar como as variantes do gene da não causa a anemia constatada nos portadores de SCD.
globina afetam a estrutura e a função da hemoglobina. Os portadores heterozigotos às vezes são identificados
Em um século de pesquisa desde a descrição da SCD como portadores de "traço falciforme" e, embora os sin-
de Walter Noel feita por Herrick, médicos e biólogos ex- tomas geralmente sejam brandos, podem ocorrer compli-
ploraram totalmente a hereditariedade, a base molecular cações graves em circunstâncias em que a disponibilidade
e a evoluçào do transtorno. Hoje, os biólogos sabem que de oxigénio é reduzida ou a necessidade de oxigénio é alta.
a SCD è uma anemia hereditária comum provocada por Preocupações quanto a possíveis consequências para a
uma ú nica substituição de par de base na sequência do
gene |3-globina. O alelo mutado, designado (3S, produz
sa ú de de atletas portadores heterozigotos do traço fald
forme tém sido expressas de várias maneiras. Por exemplo,
-
-
uma prote í na (3 globina que contém uma diferença re
lativa a apenas um aminoáctdo em relação ao alelo (JA
- em 2010, após a morte de 10 alunos atletas com traço fal -
ciforme ao longo da década anterior, a National Collegiate
normal. Indiv íduos com SCD carregam dois alelo* ps Athletic Association ( NCAA) implementou uma política
e não possuem o alelo (3A. Eles têm o gen ótipo J3A (3S e exigindo que os alunos atletas sejam testados quanto ao
produzem apenas cadeias de (3-globina mutado. Quando traço falciforme ou assinem uma dispensa do teste.
duas proteínas (3 globina mutados se unem a duas pro -
teí nas a- globina normais, as moléculas de hemoglobina 10.2 A variação genética pode ser
formadas são anormais. A perda de função normal da detectada examinando o DNA,
hemoglobina nos homozigotos para o alelo mutado re-
sulta na herança da SCD como condição autossómica o RNA e as proteínas
recessiva. (Ver Estudo de Caso no final do Capitulo 3.)
Tendo examinado a fisiologia e os padrões de he-
A hemoglobina contida nos eritrócitos de pessoas
com SCD é menos está vel que a hemoglobina do tipo
ran ça da SCD, agora podemos explorar algumas téc
nicas de gen é tica molecular para analisarmos os alelos
-
selvagem ( normal ) quando a concentra ção de oxigénio (3A e (3a, assim como o RNAm e as proteí nas produzidas
é baixa . Essa instabilidade pode fazer que a hemoglo -
pelos alelos. Também consideramos a an á lise de tipos
bina entre em colapso, transformando se em moléculas
específicos de variação na sequência de DNA. Os méto-
lineares parecidas com cristais nos níveis de oxigénio
dos moleculares discutidos neste capítulo são ú teis em
baixos. Em razão dessa alta concentração nos eritróci- uma ampla gama de análises gen éticas.
tos, o colapso da hemoglobina em estruturas lineares
deforma os eritrócitos, conferindo-lhes o formato falci - Eletroforese em gel
forme observado pela primeira vez por Ernest Irons.
Indivíduos heterozigotos portadores de SCD tém Em 1949, James Neel usou a an á lise da transmissã o
o genótipo (V4 (J*. Todos os seus tetrâmeros de hemoglo- genética para demonstrar que a SCD é um transtorno
bina contém duas proteínas a -globina normais, mas al- recessivo. Nesse mesmo ano, Linus Pauling e seus co-
guns contém duas proteínas (3a, outros, duas proteínas (3A
e outros contém um de cada tipo de proteína (3 globina.
legas publicaram a primeira descrição da base molecu
lar da SCD e cunharam o termo doença molecular para
-
Consequentemente, uma pequena porcentagem dos eri- descrevé- la. Eles usaram o termo para indicar uma do-
trócitos de indivíduos heterozigotos pode adquirir uma ença provocada por uma variação na estrutura molecu -
forma falciforme quando o nível de oxigénio for baixo, lar de uma prote í na.
como acontece quando os eritrócitos estão voltando para Pauling isolou a hemoglobina dos portadores de
o coração. Essa condição diminui a expectativa de vida vários genótipos e usou a técnica analítica da eletro-
336 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
forese em gel para separar as moléculas de hemoglo - de polimerizaçào entre compostos quí micos. Nenhuma
bina de cada tipo. A eletroforese em gel é uma técnica dessas substâ ncias interage com as proteínas ou os áci-
para separar moléculas de prote í nas e ácidos nucleicos dos nucleicos enquanto se deslocam pelo gel, entã o as
diferentes uns das outros em um campo elétrico, com taxas de migração são inteiramente determinadas pelas
base em sua carga, tamanho e formato (Figura 10.4 ) . caracter ísticas das moléculas em cada amostra.
Uma matriz de suporte em gel é criada moldando um l í - Na eletroforese em gel, as moléculas biológicas que
quido dentro de uma forma , normalmente uma bandeja possuem carga elétrica migram para a extremidade
de moldagem de plástico. Um “ pente" é colocado no lí - que possu í carga oposta. A maioria das moléculas bioló-
quido enquanto este é derramado na forma para produ
zir "poços**, ou depressões, no gel. Na forma , o l íquido
- gicas, incluindo o DNA, o RNA e a maior parte das pro-
teínas, possui carga negativa e migra para a extremidade
solidifica em um semissólido flexível. positiva. Portanto, a origem de migração normalmente é
Os poços de amostra sào pequenos reservatórios posicionada perto da extremidade negativa. As proteínas
nos quais as amostras biológicas, como as proteínas ou o com carga positiva migram para a extremidade negativa,
ácido nucleico ( DNA ou RNA ), sfto derramadas. Normal - entã o, quando estiverem sendo estudadas, a origem de
mente são empregados vários poços, cada um marcando migração será colocada perto da extremidade positiva .
a origem de migração de uma das amostras e, assim, O movimento molecular através da eletroforese em
servindo como ponto de partida para uma das "pistas“ do gel é impulsionado pelo fluxo de eletricidade. As mo-
gel. Após as amostras biológicas serem derramadas nos léculas param de se mexer quando o fluxo de corrente
poços, aplica -se uma corrente elétrica no gel conectando é desativado. Nos géis eletroforéticos, o movimento
um eletrodo positivo a uma extremidade e um eletrodo molecular ocorre a uma taxa que depende de três pa -
negativo à outra. As amostras migram através da matriz
de poros min ú sculos e a solidificação do gel cria passa -
râ metros de estrutura molecular. Cada um desses parâ
metros individualmente é importante para determinar
-
gens. As moléculas seguem seu caminho da origem de como uma molécula específica migra, mas eles também
migração perto da extremidade negativamente carregada podem interagir uns com os outros para produzir uma
para a carga positiva na extremidade oposta . taxa de migração caracter ística para cada molécula. Os
Os materiais mais utilizados para formar a eletro- parâmetros são:
forese em gel são a agarose, uma forma de celulose, e a
poliacrilamida , um material sintético feito pela reaçã o
Peso molecular
—As moléculas menores (isto é,
prote ínas com menos aminoácidos ou ácidos nuclei -
O Derrame agarose em uma O Deixe o gel solidificar. ) Remova o pente;
bandeja plástica de moldagem. restam poços no gel.
Bandeja plástica
de moldagem
As amostras migram
através do gel para a
carga positiva.
cos com menos nucleotideos) migram com mais ra - A faixa de proteí na observada na pista psp ç tinha
pidez que as moléculas maiores. Essa caracter ística é menos mobilidade eletroforética ( menor distância mi-
um determinante importante da migração eletrofo - grada em relação à origem ) que a faixa de proteína de-
rética de todas as moléculas biológicas e é o parâ me -
tro principal na migração do DNA e do RNA.
tectada na pista Apenas uma ú nica faixa é detec
tada em cada uma dessas pistas, sugerindo que todas as
-
1 Carga molecular
—
As moléculas com carga nega
tiva maior migram para o polo positivo com mais ra
-
-
proteí nas na faixa são id ênticas. Por outro lado, quando
uma pista de eletroforese contém proteína de um indi-
víduo heterozigoto ( P P*), a proteína nessa pista se di -
pidez que as moléculas com menos carga negativa. ^
vide em duas bandas, cada uma correspondendo à mo-
A variação na carga molecular das proteínas é trans -
mitida pela composição de aminoácidos e é uma bilidade eletroforética da faixa de proteína em uma das
caracter ística importante que influencia a migração pistas contendo proteína de um homozigoto.
proteica. Por outro lado, os ácidos nucleicos têm Depois, Pauling usou uma técnica chamada densito-
carga negativa derivada da espinha dorsal de açú car- metria para mostrar que um único tipo de prote ína p- glo -
-fosfato. Essa carga negativa é proporcional à massa bina está presente nas pistas que contém proteína de um
e, assim , nâo contribui para as diferenças na taxa de indivíduo homozigoto e que dois tipos de proteí na estão
migração entre as moléculas de ácido nucleico de di - presentes nas pistas contendo proteína extraída de he-
ferentes tamanhos. terozigotos (Figura 10. Sb ). A densitometria quantifica a
Formato molecular (conforma ção molecular )
Moléculas globulares altamente condensadas mi-
— proteína presente em uma pista de gel medindo a quanti-
dade de luz que é impedida de passar pelo gel na presença
gram com mais rapidez que moléculas lineares. A de uma faixa de proteína. A comparação das posições das
migra ção proteica pode ser fortemente influenciada bandas de proteína e dos picos de densitometria em cada
pela conforma ção; no entanto, quando os á cidos nu - pista homozigota e a detecção de duas bandas e dois picos
clcicos sã o comparados , apenas as diferenças de mi - nessas posições na pista heterozigota confirmam que os
indivíduos homozigotos produzem uma ú nica forma de
gração causadas pela forma molecular ocorrem nas
comparações de DNA linear e circular. proteína P-globina que pode ser diferente, dependendo
A análise eletroforética das proteínas hemoglobina do genótipo homozigoto, e que os heterozigotos produ -
purificadas a partir de eritrócitos, realizada por Pauling, zem proteínas de ambos os tipos em concentração apro -
mostrou que as proteínas produzidas pelos indivíduos ximadamente igual.
com diferentes genótipos de P-globina possuem mobili - A importância do trabalho de Pauling é dupla. Pri -
dade eletroforética diferente, um termo que descreve a meiro, ele introduziu métodos de laboratório para a
taxa de migraçã o eletroforética de uma molécula ou a po- detecção de formas distintas da proteína globina; e, se-
sição final da proteína no gel. Vimos antcriormentc que o gundo, ele demonstrou que a variaçã o da hemoglobina
tamanho da molécula de uma proteína ( peso molecular ), explica a herança da SCD como uma doença molecular.
a carga e o formato (conformação) determinam sua mobi-
lidade eletroforética. Na análise da proteína hemoglobina
O estudo de Pauling foi o primeiro a mostrar que os pa
drões de herança de transtornos nas genealogias se com
--
realizada por Pauling, constatou - se que cada alelo produz param com a transmissão da variação molecular. Seu
uma proteína diferente com uma mobilidade eletroforé - trabalho também ilustra que, entre portadores heterozi -
tica característica; em outras palavras, à medida que cada gotos, a evid ência molecular muitas vezes apoia a expres-
-
tipo de prote í na migrou pelo gel, formou se uma faixa são de ambos os alelos, mesmo se a morfologia anormal
diferente, uma aglutinação de proteínas com uma única característica de um transtorno estiver presente apenas
mobilidade eletroforética, que podia ser visualizada co- nos indivíduos homozigotos para um alelo recessivo. Em
rando o gel com corante de proteí nas (Figura 10.5a ) . suma, Pauling foi o primeiro a chamar a atenção para
AN Á LISE GENÉTICA
Os indivíduos homozigotos para o alelo p4 da hemoglobina recebem Desconhecido
.
o genótipo AA Os portadores de SCD são homozigotos para o aJelo AA SS CC 1 2 SC
mutado p\ sendo identificados como SS. Um indivíduo designado AS é ©
.
p*Ps Uma segunda mutação do gene da P-gk>bina, designada Pc, tem
uma substituição de par de bases de DNA que leva á substituição de
um único amínoácido na cadeia polipeptídica da p-globina Indivíduos .
.
PCPC são chamados CC As sequências de DNA pce P4 diferem quanto a
um único par de bases e os polipoptídeos diferem quanto a um único
amínoácido, assim como os polipeptídeos pse P4 diferem quanto a um
único amínoácido. ©
O diagrama à direita Ilustra a mobilidade eletroforétlca da proteína he-
.
moglobina dos indivíduos com os genótipos AA, SS e CC O diagrama também ilustra as bandas
de dois indivíduos com genótipos desconhecidos e tem espaço para preencher as bandas para o
genótipo SC .
a. Interprete o padrão de bandas da proteína hemoglobina para Desconhecido 1 e Desconhecido 2
e Identifique o genótipo de cada pessoa.
b. Desenhe a faixa da proteína hemoglobina prevista para um indivíduo SC .
Estrat égias de solu ção Etapas da soluçã o
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por 1. Este problema diz respeito à interpretação da migração da proteína hemoglo
este problema e explique a natureza .
bina na eletroforese em gel O problema exige a identificação dos genótipos
da resposta solicitada. com base na migração da faixa de proteína.Também exige a previsão do padrão
de bandas para um determinado genótipo .
2. Identifique as informações criticas .
2 O problema fornece exemplos de migração da proteína hemoglobina para trés ge-
fornecidas no problema. nótipos que são a base para determinar os genótipos de amostras desconhecidas.
Deduzir
.
3 Identifique os possí veis genótipos .
3 Para um gene com trés alelos, très dos genótipos possí veis são homozigotos
que envolvem os alelos A S e C . tAA, SS e CQ e trés são heterozigotos (A5, AC e SC) .
.
4 Determine os padrões de faixa da .
4 Os genótipos homozigo- AA SS CC AC AS SC
proteína hemoglobina associados a tos produzem uma faixa 0
cada genótipo. de proteína e os hetero -
zigotos produzem duas
bandas de proteína Os .
genótipos heterozigotos
vão exibir duas bandas
Dica: Faça a correspondên- de proteína em um gel
cia entre as baortes nas pistas
Desconhecidas com os aíeos eletroforético:
correspondentes dos ger ótt-
Soludonar Resposta a
— -
posidentrKados,
pica, a sequência alélica é transmitida de uma geração para trição da enzima , e depois cortam cada fita do DNA
a outra. A Figura 10.6 mostra duas sequências de DNA re- na sequê ncia de restrição de uma maneira específica.
presentando dois alelos SNP idênticos, exceto quanto aos Quando moléculas de DNA longas contendo vá rias se -
pares de bases realçados na figura. Um par de bases A T se - quê ncias de restri ção sã o tratadas com uma enzima de
situa no aielo Sf e um par G - C especifica o aldo ST Cada restrição, muitos fragmentos de DNA são produzidos.
organismo em uma população pode ser homozigoto (S/SJ O n ú mero de fragmentos de restriçã o produzidos por
ou SjSJ ou heterozigoto (SjSJ para esses alelos SNP. O uma determinada enzima de restrição é caracter ístico
padrão de transmissão hereditária dos alelos SNP segue o
mesmo padrão dos alelos dos genes expressos, com cada
de uma determinada sequê ncia de DNA. A variabili
dade herdada no n ú mero ou no comprimento (em
-
pai contribuindo com um alelo para a prole. pares de bases ) dos fragmentos de restrição se chama
O sequenciamento completo e a inspeçã o de um polimorfismo do comprimento dos fragmentos de
genoma em busca da varia ção do SNP sã o realizados restri ção ( RFLP ).
pelo sequenciamento do genoma (Cap í tulo 18). No en - Centenas de diferentes enzimas de restrição foram
tanto, para certas análises gené ticas envolvendo SNPs, identificadas desde sua descoberta, nos anos 1960, e cada
n ã o é necessá rio examinar as sequê ncias gen ômicas enzima de restrição compartilha três propriedades gerais:
completas. Para essas análises, a variação do SNP pode 1. Cada enzima reconhece exclusivamente sua própria
ser detectada usando uma classe especial de enzimas sequ ência dc restrição, consistindo cm uma ordem
digestoras de DNA que agem apenas em sequê ncias de precisa dos nucleot ídeos na direção 5' para 3’ em
DNA específicas. Conhecidas como endonudeases de cada fita do DNA. Por exemplo, a enzima de res-
restrição —
ou , mais frequentemente, como enzimas trição £coRl reconhece exclusivamente a sequê ncia
dc restrição
—essas enzimas agem como tesouras
moleculares precisas. Primeiro, as enzimas reconhe -
- -
de restrição 5' GAATTC 3'. Como a sequência de
restrição de cada endonuclease de restrição é pre -
cem uma sequência nucleot ídica de DNA precisa, com cisa , qualquer variação bloqueia a capacidade da en -
alguns pares de bases, chamada sequência de res - zima de restrição para reconhecer a sequência.
<») ~
7 / C C T A G COT T C G A C~jT
2. As sequências de restriçã o normalmente são palí n
dromos, significando que cada fita da sequê ncia de
-
Alelo S,
1/ SGATCGilAAGCTG ? /~ restrição de fita dupla tem a mesma ordem dos nu-
cleotídeos ( segundo de 5’ para 3’). A sequência de
7
AletoS, -Ij C restrição EcoRI de dupla fita é
GGATCGftAAGCTG7/~ 5* GAATTC 3*
3 * CTTAAG 5*
rr
ç 7 / C C T A G C n H T C G A C7
"
formar pares de bases com extremidades coesivas com -
* 7/ G G A T C G B A A G C f G7 plementares em outros fragmentos. As enzimas de res -
Indiv íduo 3 5,5, trição também sã o utilizadas para formar moléculas de
c ILí LlbSiilãU í bÀ LjC DNA recombinante (Capítulo 16) .
** 7/ 6 & À f C á(ãAA 6 Ctg7f ‘
A variação do SNP é um dos tipos de alteração
na sequência de DNA que podem destruir ou criar uma
F í g ura 10.6 Polimorfismo de nudeotkleo ú nico
.
( SNP) ( a ) Em um iócus SNP, dois alelos diferem quanto a um
sequência de restrição. Quando isso ocorre
quando a variaçã o do SNP cria ou elimina uma sequên
—
ou seja,
-
par de bases. O alelo 5, conté m um par de bases A - T (verde)
e o alelo S 2 cont ém um par de bases G C ( roxo), ( b) Três
genótipos são poss íveis a partir desses dois alelos.
—
cia de restrição o n ú mero de fragmentos dc restrição
produzidos a partir do DNA pode mudar e o compri -
Capítulo 10 Integração das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 341
Sítio de
restrição
Sítio de
restr ção
Observaçã o genética Os polimorfismos de nudeotf -
5 3C
' ['f.T.lt í
*
GAATTC 1T 3'
deos únicos ( SWPs) são diferenç as nos pares de bases de um
' único nudeotídeo que podem ocorrer em qualquer parte de
3' CTTAAG lf ~ 5' um genoma. A vanação do SNP pode afetar o número e o
Tratar o DNA com EcoRI . AfcoRI comprimento dos fragmentos de restrição.
reconhece a
seqjè ncia -aNo
do DNA GAATTC.
V
s' I7 c z UC 3' Sondas moleculares
3' a c t 5‘ O uso da análise clctroforética para detectar a va -
riação dos fragmentos de restrição do DNA, a varia ção
A EccR diva sua nos transcritos de RNAm a partir dos genes expressos
sequé nria -afvo ou a variação nos produtos polipept ídicos dos genes é
Digestão com enzima de restrição quebrando a
complicado pelo grande n úmero de fragmentos de res-
ligação entre G
e A no alvo. trição, moléculas de RNAm ou moléculas de prote í na
em uma amostra em análise. O tratamento do DNA ge-
Fragmento 1 í
Fragmento 2 i Fragmento 3
A A T T t IT 3*
nó mico humano com uma enzima de restrição como a
5'ZO AAT TC fi £coRl, cuja sequê ncia de restrição é comum no genoma,
=
3'l 4ir.T.l
7/ G
— —
visualizado ( Figura 10.8a ). De modo similar, os corantes
de proteína genéricos corantes que se ligam a qualquer
Tabela 10.1 Exemplo de enzimas de restrição
proteína podem ser usados para descobrir a localização
Endonuclease Organismo Sequência das proteínas em um gel eletroforético ( Figura 10.8 b ).
de restrição de origem de restrição Duas inovações particularmente felizes na ele-
Produtores de extremidades coesivas troforese em gel tornaram possível a identificação de
EcoRI Escherichia coli -
5' CÀATTC 3' - proteínas individuais, RNAm e fragmentos de DNA.
3' - CTTÁA£ - 5' A primeira é o desenvolvimento de m étodos de blot -
ting , um nome gen é rico para a transferê ncia de ácidos
BamH I Baciilus 5' - GGATCC 3' - nuclcicos ou proteínas de um gel eletroforético para
omyloiiquifadens -
3' CCTAG£ 5' - uma membrana que pode suportar tratamento e an á -
Hind )II Haemophilus 5'- AAGCTT - 3'
lise rigorosos. O Southern blotting (em homenagem
í uen/ ae
inf -
3' TTCGAA 5' - ao seu inventor, F.dwin Southern ) é o termo aplicado à
Dde I Desulfovibrio 3' - CTTNAG 3' - transferência de DNA (ou transfer ê ncia de Southern );
desulfuricans
Produtores de extremidades cegas
3' - CANTAC - 5' o northern blotting ( batizado em analogia ao Sou -
thern blotting) identifica a transferê ncia do RNAm
Pvui\ Proteus vulgaris -
5' CAC&TG 3'- (ou transferência de northern ) e o western blotting
-
3' GTÇGAC 5'- é o termo que identifica a transferê ncia de proteínas
5' - CCd&GG - 3'
(ou transferê ncia de western ).
Srool Serratia
marcescens 3'- GGG£CC - 5'
A segunda inovação é o desenvolvimento das son -
das moleculares. Elas são anticorpos ou ácidos nucleicos
Nota: N * qualquer nudeotídeo ( A, T, C ou G );
de divagem.
A e v indicam locais
de fita simples que se ligam especificamente a molécu -
342 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Ak4o V*
(a ) l 2,000 pb [
Sítios de Afeio ' Sítios de Alelo R*
restrição 1 2 3 * restrição 1 3 f T
—
f-5,1 fr-4,2 -|kb t 93 1 kb
T I f T T
f
Digestão com enzima de restrição Digestão com enzima de restrição FxdusàodeSOOpb Inserção de 500 pb
" T7HTT * 93 T
R*
I 93 1 kb
VJ 2,5
las- alvo, tornando possível, assim , a identificação de uma DNA curto de fita simples e a molécula alvo é uma re - -
determinada proteína ou sequência específica de DNA gião do DNA que contém uma sequê ncia complemen -
ou RNA. Localizar uma determinada sequê ncia de ácidos tar à sequência da sonda. De modo similar, as sondas
nucleicos ou uma proteína específica de um conjunto he- moleculares de fita simples detectam RNAm -alvo nos
terogéneo de moléculas em um gel eletroforético é seme- northern blotting pelo pareamento de bases comple-
lhante a tentar encontrar uma única sequê ncia de letras mentares da sonda e de um segmento da sequê ncia de
que compreenda uma série curta de palavras em um do- nucleot ídeos visada. O pareamento das fitas de ácido nu -
cumento de texto volumoso. Varrer cada bloco de letras cleico complementares da sonda e da sequê ncia - alvo se
em busca da sequência correta é quase impossível sem chama hibridaçáo. Ao contrá rio das sondas de ácido
uma ferramenta para visar à sequência desejada. Assim nucleico utilizadas para detectar sequências-alvo de
como os programas de processamento de texto locali - DNA ou RNA, as sondas moleculares usadas para de-
zam uma determinada sequência de letras usando um tectar proteínas-alvo nos western blotting são anticor-
comando "buscar", que procura todas as sequências em
basca de uma correspondê ncia, os biólogos usam sondas
—
pos proteínas do sistema imune que se ligam apenas
a proteínas-alvo específicas. As descriçóes de Southern,
moleculares para identificar sequências- alvo de ácidos northern e western blotting e o uso de diferentes tipos
-
nucleicos ou proteí nas alvo após a eletroforese. de sondas moleculares para identificar ácidos nucleicos
Na busca pela molécula alvo do DNA em um Sou
thern blotting, a sonda molecular é um fragmento de
- ou proteínas específicos nas transferências sào forneci
dos na Técnica de Pesquisa 1031.
-
344 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ou à proteína - alvo são aplicadas na membrana preparada. leculares de fita simples para detectar DNA desnaturado na
As moléculas da sonda molecular que não se ligam a uma transferência pelo pareamento de bases complementares.
molécula - alvo na transferência são lavadas. Subsequen- O northern blotting detecta RNAm de ligação à membrana
temente, a autorradíografia usando película de raios X usando sondas moleculares de fita simples de um modo si-
captura a localização de qualquer sonda molecular ligada, .
milar ao do Southern blotting O western blotting detecta
detectando a radiação. De modo alternativo, os marcado- proteínas com o uso de anticorpos que se ligam especifica -
res não radioativos ou fluorescentes podem ser ligados a mente a proteínas -alvo .
sondas moleculares para detecção subsequente. Métodos Conclusão Os Southern, northern c western blotting são
similares sáo utilizados para preparar os Southern blotting produzidos por métodos similares e usam sondas molecu-
do DNA digerido por enzimas de restrição, northem blot- lares para detectar moléculas ou sequências de interesse
ting do RN Am e western blotting das proteínas,exceto pelo .
na amostra Sondas moleculares marcadas llgam-se a se-
fato de o RNA e a proteína não serem desnaturados antes quências ou moléculas especificas e são detectadas em
da transferência. autorradiografias ou outras análises das transferências que
Descrição O Southern blotting recebeu esse nome em ho- servem como registro permanente dos resultados da ele-
menagem ao seu criador, Edwin Southern, e usa sondas mo- troforese em gel.
Película de raios X
1 2 3
Solução com
sonda radioativa
O Descasque o filtro de ligação ao Q 0 Wtro para Q Aplique a película Q Autorradiografia final, todos os
DNA do gel e coloque-o em remover a sonda de raios X sobre o marcadores de tamanho na
uma bolsa vedada a quente não ligada e filtro para a pista I aparecem porque são
contendo a sonda marcada; a depois seque. autorradiografia. radioativos; nas pistas 2 e 3,
sonda hí brida com as sequên
cias complementares .
- apenas as bandas que
hibridam com a sonda
radioativa sáo visíveis.
P
5- J/ CTTAS
1.150 pb
s 200 pb
GFJG CTTAGIT ?
de restrição e aná lise de Southern
blotting da sequência de DNA do alelo
7 / 6 * ATC [ ® TD £ A A T C /f 5
*
3' *
P* identifica dois fragmentos de DNA
Sonda molecular hibridados peia sonda molecular. Um
A D(M reconhece
três sítios de
fragmento de restrição de 1.150 pb
Digest ão com enzima de restrição restrição CTNAG (1,15 kb) é produzido pela clivagem nos
sítios 1 e 2 e o fragmento de 200 pb é
produzido pela clivagem nos sítios 2 e 3.
i 1
-]
sI7 £
y ~ G A AT
TTAG C LJESõ C TTAG / f 3'
l GACH c GA A f
Sonda Sonda
molecular molecular
I I i
1.150 pb 200
A clivagem nos sítios 1,
Eletroforese, transferência 2 e 3 cria fragmentos
e hibridaçá o da sonda de DNA de 1.150 pbe
. I
200 pb
Transfer ência
de Southern
©
pb A hibridaçáo da sonda
1.150
200
-
-
com um DNA do aIdo
PA dentifca fragmentos
de 1.150 pbe 200 pb.
I i 1
TTAG CTGHG C TTAG lf 3 f
I 1.350 pb l
Southern blotting
pb
! ©
de 1350 pb.
A hibrdaçào da sonda
1.350 com um DNA do alelo
35 identifica um
fragmento de 1350 pb
©
343 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
F
1
?
L-L r L
tT DdeIt - 2
\ í
3
F
1
t
3 mobilidades eletroforé ticas dos transcritos de RNAm
desses dois alelos, pois os comprimentos de seus
RNAm são idê nticos. Uma análise de northem blot -
-
DdeI DdeI DdeI DdeI DdeI Dde\ Dde\
1 i I \ 1 I ting realizada no RNAm dos indivíduos com os três
0* F gcnótipos da P- globina dctccta a mesma faixa ú nica dc
! 2 3 1 2 3
RNAm para cada gen ót í po ( Figura 10.13 ). Consequen -
I temente, a análise de northem nào é ú til para detectar
a variação nesse caso.
Genótipo: FF FF Embora a diferença na sequê ncia entre esses dois
kb RNAm n ão seja detectá vel pela an álise de northem
U5
1,15
-- blotting, uma diferen ça na mobilidade eletroforé tica
~
de suas proteínas é detectá vel usando a análise de
0,20
western blotting, pois as prote í nas diferem quanto ao
conteúdo de aminoácidos. Lembre- se da Figura 10.9,
© em que os polipeptídeos produzidos pelos alelos (3* e
Tipo Portador de Anemia
selvagem anemia fak íforme
Ps diferem na sexta posição de aminoácido em suas
faldforme respectivas cadeias de aminoácidos de 146 membros.
Southern blotting A mudan ça no aminoá cido resulta em uma pequena
diferença de carga que produz mobilidades eletrofo-
F í g u ra 10.12 Resultados do RFLP para genótipos da
réticas caracter ísticas para as proteínas. Os western
P-globirva. blotting revelam bandas de proteí na hemoglobina
para os três genótipos essencialmente id ê nticas aos
An á lise de northern e western blotting do transcrito do padrões de faixa que Pauling detectou pela primeira
gene e da proteí na p-globina As sequê ncias de DNA
dos alelos P4 e p' sã o idê nticas, exceto pelo SNP que
.
vez ( Flcjura 10.14 ) Indivíduos com genótipos homozi
gotos e psP* produzem , cada um, uma ú nica faixa
-
as diferencia. Na transcrição, cada alelo produz uma de proteí na com mobilidade eletroforé tica diferente e
molécula de RNAm contendo 664 nucleot ídeos. A os indivíduos heterozigotos ( ( P*) tê m duas bandas de
substituição dc um ú nico nudeotídeo que diferencia ^
proteína , cada uma correspondendo ao produto poli -
os dois alelos nào altera o comprimento do transcrito pept í dico de um alelo diferente.
de RNAm. Considerando que o atributo molecular que
produz diferenças na mobilidade eletroforética entre
os RNAm é o comprimento total da molécula , n ão é
Observa çã o gen é tica A aná lise de northem blotting
de surpreender que, nesse caso, nào haja diferença nas produz resultados idê nticos para os genótipos p*p4 p*ps e.
P4 P\ pois os comprimentos dos transcritos de RNAm dos dois
alelos (p4 e P5) são idê nticos. Por outro lado, a aná lise de wes-
tern blotting produz diferenças detectá veis na mobilidade ele-
DNA F F
rroforêtka entre os produtos proteicos dos diferentes alelos.
Fita codificadora H IUC Jí IUL
Fita - molde 7Í
=.
n /c li
I
Transcrição
UZii
I
Transcrição
*
RNAm EU:
J L
n nu: Genótipo: fF FF
664 664
Sonda nucleot ídeos Sonda nucleot ídeos 0
Genótipo: FF FF i i FF
- ©
0
664 - Tipo Portador de Anemia
nucleot ídeos selvagem anemia faldforme
faldforme
Western blotting
0
Northern blotting
Figura 10.13 Aná lise de northern blotting do RNAm da Figura 10.14 An á lise de western blotting da proteí na
-
|3 globina humana. A transcrição produz um RNAm com P-globlna humana. Sáo observadas bandas simples de
664 nucleot ídeos de comprimento para ambos os alelos. proteí na na an á lise de western blotting dos homozigotos
Os resultados da aná lise de northem blotting, portanto, são P4p* e PJPS; duas bandas de proteí na são detectadas para os
idênticos para os três genótipos. heterozigotos.
Capítulo 10 Integração das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 349
AN Á LISE GENÉTICA
O segmento de DNA de 6 kb exibido contém o gene Bca . Sítios de restrição da EcoRI (E)
O local da hibrídaçáo de uma sonda molecular comple E E E E E
mentar à porção do gene é indicado. Os locais das cinco
sequências de restrição fcoRI também são indicados e 1 1
Gene Bca
1 i i
as distâncias (em quilobases) entre os locais de restrição
são fornecidas.
a. Se essa região de 6 kb for digerida com a £coRI, quan I 03 I
-
LO i
i— — —
3,0
Sonda
í
1 1.2 kb
tos fragmentos de DNA são gerados? Quantos pares
de bases de nudeotideos deve haver em cada um dos fragmentos de restrição resultantes?
.
b Quais fragmentos de restrição vão conter todo ou parte do gene Bca ?
c O DNA do segmento de 6 kb é digerido com a EcoRI e os fragmentos resultantes são separados
pela eletroforese em gel do DNA. Qual dos fragmentos resultantes estará ligado á sonda molecu-
lar e será observado nas bandas de Southern blotting? Quais fragmentos não serão detectados
por Southern blotting? Explique.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 São fornecidas as localizações dos cinco sítios de restrição da EcoRI e as distâncias
fornecidas no problema. entre os sítios. 0 segmento do gene ligado pela sonda molecular é identificado.
Deduzir
.
3 Avalie a relação da sonda molecu- .
3 A sonda molecular se liga ao maior entre os dois fragmentos de restrição que
lar com o gene e avalie a escala em .
contém parte do gene Bca A soma dos pares de quilobases em todos os frag-
quilobases em relação aos sítios de mentos de restrição da EcoRI é igual a 6,0 kb.
restrição da fcoRI e os fragmentos
de restrição .
Solucionar Resposta a
.
4 Determine o número e o compri .
4 A digestão com a EcoRI produz quatro fragmentos de restrição com comprimen
mento (em pares de bases) dos frag- .
tos de 0,8 kb (800 pb), 1X1kb (1.000 pb), 3,0 kb ( 3.000 pb) e 1,2 kb (1.200 pb)
mentos de restrição.
Resposta b
.
5 Identifique os fragmentos de DNA .
5 Os fragmentos de restrição de 1,0 kb e 3,0 kb contém segmentos do gene Bca.
que contêm partes do gene Bca .
Resposta c
.
6 Identifique o fragmento de DNA que .
6 Apenas o fragmento de restrição de 3,0 kb contém a sequência hibridada pela
irá hibridar com a sonda molecular . .
sonda molecular Esse fragmento será observado no Southern blotting .
Dica: As sondas moleculares hibndam
com as teg órs- jlvc que contém sequências
de bases tompietrentares.
.
7 Explique por que um fragmento é .
7 A sequência de DNA complementar à sequência da sonda molecular está con-
hibridado pela sonda e outros frag - .
tida completamente no fragmento de restrição de 3.0 kb então esse fragmento
mentos, não . se liga à sonda. Nenhum dos outros très fragmentos de restrição contém uma
sequência complementar à sonda molecular, então, embora sejam separados
ArmftdMh : Evite contato lembrando que os
*
ragirentos de ONA que náo contém sequências
.
um do outro pela eletroforese em gel do DNA eles não são hibrldados pela
compfcmertares a uma sonda rrvoieculaf r\ o sonda e não são vistos no Southern blotting.
-
conseguem Nbndar com essa SO KU . *
Para pratkar mais, ver Problemas 15, 23 e 25 .
350 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
10.3 A anemia falciforme evoluiu por da mal á ria té m morbidade (doenças ) e mortalidade
(morte ) mais elevadas e geram menos filhos que o
causa da seleçã o natural nas resto da população.
populações humanas O P. falciparum e o mosquito que o carrega pros -
peram em ambientes tropicais e, portanto, a malá ria é
Dezenas de alelos variantes dos genes da hemo- endémica nos tró picos. Os embriões do P. falciparum
globina produzem uma forma ou outra de anemia he-
reditá ria. Segundo a Organização Mundial de Sa úde,
vivem em seus mosquitos hospedeiros, mas nâo come -
çam o desenvolvimento larval até serem transferidos
as anemias hereditá rias sã o as mais comuns de todas
para o hospedeiro mam ífero. Uma vez dentro de um
as doenças genéticas humanas; elas ocorrem em uma
quantidade estimada de 250 milhões a 350 milhões de
hospedeiro mamífero, o plasmódio começa a amadure -
cer, primeiro em seu fígado, e mais tarde nos eritrócitos.
pessoas em todo o mundo. A maioria das mutações do
gene globina que provocam anemia hereditária é rara,
mas algumas delas sã o encontradas em alta frequência Vantagem heterozigótica
em certas populações. O alelo|3S ocorre em frequências Um dos exemplos mais bem documentados da
tão elevadas quanto 15% em vá rias populações nativas seleção natural na evolu ção das populações humanas
da Á frica, Oriente M édio e subcontinente indiano. A tem sido a relação observada entre a malá ria e o alelo
análise genética populacional c evolutiva verifica que P5. Muitos estudos antropológicos e epidemiológicos
o alelo surgiu de modo independente em cada região e registraram os efeitos da mal á ria na evolução do p* e
evoluiu pelo mesmo processo evolutivo em cada loca - SCD nas populações africanas e em outras populações
lidade. Exemplos de outros alelos da (3-globina encon
trados com alta frequência são o (3<:, principalmente em
- no sul da Europa e da Ásia ( Figura 10.15). O achado
principal desses estudos é que os heterozigotos com o
genótipo p* ps sobrevivem e se reproduzem de forma
populações da África Ocidental , e o
^ em populações
do Sudeste Asiá tico e das ilhas do Pacífico.
As altas frequências de Ps, e P* sào coerentes com
mais confiá vel que outros genó tipos em ambientes
onde a malária é comum.
a conclusão de que a seleçã o natural está trabalhando As maiores sobrevivência e reprodução de hetero-
para aumentar a ocorrência desses alelos. Os estudos zigotos podem ser explicadas em um n ível celular pela
populacionais ao longo dos últimos 50 anos estabele
ceram firmemente a malária como o agente de seleção
- vantagem seletiva que os heterozigotos derivam da ex -
pectativa de vida média menor de seus eritrócitos. A
natural que leva a uma alta frequência desses alelos do expectativa de vida m édia dos eritrócitos nesses indiví-
gene da P-globina em certas populações. Um ambiente duos é menor pela presença de uma certa quantidade de
onde a malá ria é endémica favorece a sobrevivência e proteí na P-globina mutadn e a consequente formação
a reprodução dos indivíduos heterozigotos para o
um dos alelos mutados sobre os outros genótipos. Em
outras palavras, os indivíduos que são p*|K p* pc ou
^
e de uma pequena quantidade de eritrócitos falciformes.
A expectativa de vida menor dos eritrócitos interrompe
o ciclo evolutivo das larvas de Plasmodium, impedindo
p p1 tém uma vantagem de sobrevivê ncia e reprodução
4
Endem»cidade da malaria
Isenta de malá ria
d Epidéroica
L J Hipoendèmica
Mesoendémica
Hí pcrendémica
Holoencèmica
(c)
F requê ncias
de distribuição
do alelo da
hemoglobina E (%)
<2
2-10
>10
OP001 Uocmnan Pvtaihw» iro
Figura 10.15 Distribuição da malária e da anemia faldforme. (a) As á reas coloridas indicam as regiões do mundo onde
a malá ria é uma doença endémica , ( b) Distribuição de frequência do alelo (3* em algumas populações humanas que ocupam o
cintur ão da malá ria (c) Distribuição do alelo p* no Sudeste Asiá tica
,
decorrente da seleção contra um de seus genótipos é 3. No “cinturão da malária" a parte dos trópicos onde a
compensada pela seleçã o natural em favor do alelo malária é comum, o alelo p5 se desenvolveu e evoluiu
para outro fenótipo. de forma pelo menos três vezes mais independente
Na pesquisa pertinente à vantagem heterozigótica nas diferentes popula ções. Alguns biólogos acredi-
na evolução do ps, três achados sào particular mente tam que a evidência genética apoia quatro eventos
importantes: distintos de mutação e evolução. Esses eventos evo -
.
1 A frequência de portadores de SCD aumenta com a lutivos independentes contribuem para a presença
idade avançada na população. Estudos de frequên - do p5 em alta frequência nas populações do Oriente
cia genot í pica nas popula ções afetadas pela malá ria Médio, da região que circunda o Mar Mediterrâ -
constatam que a frequência dos heterozigotos P^ PS neo, de partes do subcontinente indiano e de partes
é menor em crianças que em adolescentes, e menor da Á frica.
em adolescentes do que em adultos. Em outras pa
pp
lavras, indivíduos com genótipos p*p* e * * estão
-
Observa çã o gen ética 0 alelo P' evoluiu pela seleção
sendo perdidos nessas populações em idades infe - natural e atingiu uma alta frequência em vá rias populações
riores que os heterozigotos. porque os portadores heterozigotos sobrevivem e se reprodu -
2. Mulheres heterozigotas geram uma quantidade zem com mais eficiência que outros nas populações. Nessas
média maior de filhos que as mulheres p*p*. Isso populações, a vantagem seletiva do alek> Ps no genõtipo he-
é uma indicação de que a sa ú de global dos hete - terozigoto é anulada pela perda dos alelos em decorrência da
rozigotos é melhor, levando-os a se reproduzir de SCD, produzindo um polimorfismo balanceado.
forma mais eficiente.
352 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Evoluçã o do pc e do pc (a ) (b)
( a ) Variação na sequ ência de DNA dos alelos da 0-globina (c ) Análise de Southern blotting da
Trlpleto de DNA: 36 37 38 39 40
7/
Tipo selvagem (M) Rtacodificadora 5 CCT TGG ACC MAC AGG
'
41
TTC / ,r 3'
~~
variação dos alelos da
Mm Mm ^globina
7 DiO2
. n c^7/~
Rta-molde 3' / GSA ACC T 6 G MTC TCC A /TS fS *
I
I 1 ~
Mutado [ m ) Rta codificadora S 7/
' c c i i G U AC :: UA G \ si 3*
3
Rta-molde 3'7 G G A A C C T f a f i U i C I C C
/ AAG it* *
<
Novo sitio de
restrição Maei
5
—
0/
O
D
£ 1,5 -
(b) Digestão por enzima de restrição dos alelos da 0-globina
Sítio
Moei 1
Sítio
Mae12 I
% no -\
i 1,5 kb l o
Tipo selvagem (M) 5
*
7/ C T A CT AG 7 />
3* 7/ 6 A T C GA TC IT 5’
Sítio Novo sítio Sítio I
o
‘
7
Mutado (m ) 5 /TTrs ——
Moei 1
.I 03 kb
3 ' 7776 À TC
' "
MaHI
|
.f
CU Ã G
tf A 11'
1,0 kb
Sonda
Moei 2
I
Cf AG
GATC
/7 3'
7775'
F igura 10.17 Análise genética molecular da variaçã o no tripleto 39 do DNA do gene da (3-globí na na p- talassemia da
Sardenha, ( a ) Sequências de DNA dos alelos do tipo selvagem (M) e mutados ( m ) da {3-globina do tripleto 36 ao 41. (b) Mapas
de restrição dos alelos do tipo selvagem e mutados do tripleto 39 exibem um novo sítio de restrição Moei no alelo mutado.
O local de liga ção da sonda molecular identifica um fragmento de DNA de 1,5 kb para o alelo do tipo selvagem (M) e um
fragmento de 1,0 kb para o alelo mutado (m ). (c) Aná lise de Southern blotting de uma fam ília exibindo segregação de alelos do
tipo selvagem e mutado do tripleto 39. Os pais heterozigotos ( Mm ) produzem filhos com os três gervótipos. O genótipo de 11-4
é discutido a seguir.
RESUMO
10.1 Uma variante da hemoglobina herdada polipept ídeos codificados pelo agrupamento gen ético da
provoca a anemia falciforme p-globina.
I A mutação dos genes frequentemente leva à estrutura e
A hemoglobina é uma prote í na abundante nos eritróci- função anormais das proteí nas. As mutações dos genes da
tos, transportando oxigénio por todo o corpo. Sua estru - -
a-globina e da 0 globina costumam produzir anemia he -
tura é tetramérica , composta de dois polipept ídeos codi- reditá ria, a categoria mais comum de doença hereditá ria
-
ficados pelo agrupamento gen ético da a globina e dois conhecida nos seres humanos.
354 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
I A anemia fakiíorme (SCD) é uma anemia hereditária O padrão de herança dos RFLPs se compara ao dos alelos
comum nos seres humanos, provocada pela homozigosi- no gene da p-globina.
dade para o alelo fis do gene da (Vglobina. Indivíduos com Os fragmentos de restrição do DNA são detectados trans-
SCD tém o genótlpo A proteína globina produzida ferindo fragmentos de DNA desnaturado dos géis eletrofo-
pelo ps difere do produto gènico normal da p-globina (P*) réticos para uma membrana permanente no processo de
quanto à substituição de um único aminoácido. Southern blotting .
A hemoglobina em pessoas com SCD é instável e lineariza Nos Southern blotting, sondas de ácido nucleico de fita
na baixa concentração de oxigénio, distorcendo o eritró simples, marcadas com marcadores radioativos ou quími-
cito e conferindo-lhe um formato falciforme. As células cos, hibridam com sequências alvo complementares nos
distorcidas podem bloquear os capilares estreitos, produ- fragmentos de DNA .
zindo prfvaçáo de oxigénio nos tecidos, que leva ao dano A presença e a posição de um fragmento de DNA hibri-
tecidua! e a outras complicações, A anemia falciforme leva dado por uma sonda molecular são reveladas pelo surgi-
à morte prematura dos eritródtos. mento de bandas na análise de Southern blotting.
I Portadores heterozigotos da mutação P5 (P^P5) têm uma 0 northern blotting é similar à de Southern, mas examina o
pequena porcentagem de eritródtos falciformes, mas não RNAm em busca de diferenças de comprimento.
sofrem os sintomas ou complicações da doença.
I 0 western blotting usa anticorpos com marcadores radio-
ativos ou químicos para detectar variação na mobilidade
10.2 A variação genética pode ser detectada exa- eletroforética das proteí nas.
minando o DNA, o RNA e as proteí nas
A eletroforese em gel demonstra a base molecular da SCD 10.3 A anemia falciforme evoluiu por causa da
revelando que os produtos proteicos dos alelos p* e p* têm seleção natural nas popula ções humanas
mobilidades eletroforétícas diferentes. Os padrões carac-
O alelo Ps passou a ter uma alta frequência em muitas po-
terísticos das bandas eletroforétícas são detectados para
pulações no cinturão da malária como consequência da
muitos genótipos do lócus da p globina.
seleção natural, que favorece os heterozigotos p*Ps como
A substituição de um único aminoácido causada pelo alelo os mais adaptados no ambiente malárico.
P5 é uma valina no lugar de uma glutamina na proteína P- A vantagem beterozigótica no caso dos alelos p4 e P' surge
globina.
A aná lise do DNA identifica a mutação Ps como uma subs-
da perturbação do ciclo de vida do parasita malárico re-
sultado da expectativa de vida média um pouco curta dos
.
tituição de par de base no gene da p-globlna que produz eritródtos em heterozigotos .
um polimorfismo de nucleotideo único (SNP) e elimina um
sítio de restrição Ddel.
As mutações do gene da P globina, incluindo Pc e p* pare .
cem ter evoluído em populações diferentes por processos
A variação do RFLP distingue os alelos p* e P5. similares aos que o P* estabeleceu nas populações humanas.
TERMOS-CHAVE
Conceitos do capítulo
.
I Defina os seguintes termos conforme descritos neste d. íntron
capítulo: e. Tetrâmero de hemoglobina
a. Agrupamento genético f. Anemia hereditá ria
b. Vantagem heterozlgótica g. Éxon
c Dominante h. Heterozigoto
Capítulo 10 Integração das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 355
.
21 Quatro alelos de um gene marcador de DNA variável pro-
i
to! duzem fragmentos de DNA de tamanhos diferentes: R' =
4 kb, = 13 kb, fl3 = 10 kb e = 7 kb.
a. Identifique os genótipos dos indivíduos retratados nas
II
OOT]' * pistas 1, 2 e 3 no gel exibido.
Pista: 1 2 3 4 5 6
r~i -
-
11 1-2 11- 1 -
H2 11-3 -
11 4 kb
r\ j i
0
kb © 13 -
--
1,35 10 -
1.15 7-
4 -
0,20 -
© b. Nas pistas 4, 5 e 6, desenhe os padrões de bandas pre
vistos para os indivíduos com, respectivamente os ge - .
.
16 Suponha que o casal (1-1 e I-2) exibido no Problema 15
nótipos ftW ftWeftW. .
esteja esperando um quinto filho . 22. Considere esta sequência de DNA:
a. é possível que seu bebê possa ter anemia falciforme? 5' TTCGAATTCGACTCAGGATCCTACA À GTTTCAT - 3'
Se for, qual é a probabilidade? Caso contrário, explique
por quê. -
3' AAGCTTAAGCTGAGTCCTAGGATGTTCAAACTA 5' -
b. O DNA fetal é coletado e analisado pelo Southern blot - Quais dos seguintes sítios de restrição estão presentes
ting. O feto tem uma única faixa de DNA com 1,35 kb nessa sequência? Desenhe um retângulo em volta de
de comprimento. Qual é a sua interpretação desse re- cada sequência de restrição.
sultado? Explique sua resposta. «
a. Eco (5'- GAATTC - 3 *)
.
17 O que são endonucleases de restrição e por que elas são -
b. flamHI (5' GGATCC - 30
úteis na identificação da variação da sequência de DNA ? -
C Hind\\\ ( 5' AAGCTT 3 ) - /
Jr 2fi-r_ rT-3A—»
um fragmento de restrição que você deseja detectar por 4,0-
autorradiografia .
3' - ATTCATGACGGACTATTCGAGAGCTGATGCAT... 3 '
- -
.
r2M n 7.0- ^ 1
-.
3'- TAAGTACTGCCTGATAAGATCTCGACTACGTA ^ - 5
Identifique qual das seguintes sondas moleculares é a
#
H2
-5,0^ 3,0 4,0
1
1
melhor opçáo para alcançar a reação de hibridaçáo de-
8.0 4,0
sejada. Indique onde a fita superior ou Inferior da sonda
vai hibridar. H*
t t 1
a. 3'- TCATATCGTACCGAA - 5' Sonda Sonda
B A
b. 5'- TCCCTGATAAGATCT - 3'
C 3'- ACAGCCTAGTAAGAT 5-' a. Para o genótipo WH3, quais são as bandas de DNA pre -
d. 3'- ACTGCCTGATAAGCT - 5' vistas em uma autorradiografia usando a sonda A ? E
.
20 As enzimas de restrição reconhecem sequências de DNA usando a sonda B? E usando as duas sondas juntas?
de dupla fita específicas que têm a mesma sequênda b. Para o genótipo WH4, qual é o padrão de bandas pre
em ambas as fitas. Por exemplo, a sequência de restrição visto usando a sonda A ? E usando a sonda B? E usando
para BamH I é 5 ' GGATCC 3' em cada fita de DNA e para as duas sondas juntas ?
Capítulo 10 Integração das abordagens genéticas: compreendendo a anemia faldforme 357
c. Suponha que uma mulher com o genótipo H' HS tenha mentos da progénie de portadoras altas são exibidos nas
um filho com um homem cujo genótipo seja hPH* . pistas 3 e 4 e o DNA das plantas anãs é exibido na pista 5.
Quais são os quatro genótlpos possíveis de um filho a. Qual mecanismo mutaciona! é o mais provavelmente
desse casal? responsável pela produção do comprimento anormal
d. Quais são os tamanhos das bandas produzidas por do fragmento de DNA correspondente a esse alelo
cada possível filho desse casal usando a sonda A ? E mutado? Explique.
usando a sonda B? b. Em comparação com o comprimento do RNAm do
24. As plantas de uma determinada espécie podem ter o fe alelo normal, o RNAm desse alelo mutado provavel-
nótipo dominante do tipo selvagem, alto, ou o fenótipo mente será maior, menor ou aproximadamente o
.
recessivo, chamado anão A análise genética identificou mesmo? Explique.
o gene da estatura e a análise do DNA das plantas altas 26. Durante a eletroforese em gel de moléculas de DNA linear,
produz um fragmento de DNA de 7,5 kb correspondente por que as moléculas maiores se movem mais lentamente
.
a uma parte do gene O mapa genético do tipo selvagem que as moléculas menores? O que determina a diferença
é ilustrado, com uma autorradiografia mostrando frag- na mobilidade eletroforética das moléculas de RNAm ?
mentos de restrição do DNA de uma planta progenitora
normal (T; pista 1); uma planta alta que carrega uma 27. Quais são as trés caracterí sticas mais importantes das
cópia do alelo mutado (T; pista 2); os dois padrões de proteínas na determinação de sua mobilidade eletro -
fragmento do DNA observados nas plantas altas da pro- forética? Com base em sua resposta, descreva como as
génie (T; pistas 3 e 4) e o padrão de fragmento do DNA substituições de um único aminoácido podem mudar a
observado nas plantas anãs (D; pista 5) . mobilidade eletroforética de uma proteína.
28. Em biologia molecular, as endonucleases de restrição
1.0
t 5.0
1-3'° Gene
7,5
isoladas das bactérias são usadas para clivar o DNA em
.
fragmentos Qual é o papel funcional exercido pelas en-
1 I 7 Sonda
donudeases de restrição nas bactérias das quais são deri-
vadas? { Dica: a endonuclease de restrição produzida por
Progenitores Progénie uma bactéria não consegue cortar o DNA dessa bactéria.)
i T
T T T T D 29. Um gene vegetal completo contendo quatro íntrons e
Pista: 1 2 3 4 5 cinco éxons é carregado em um fragmento de DNA de
© 6,0 kb. A análise do sequenciamento do DNA constata
kb que esse fragmento contém mil pares de bases que la-
deiam a região transcrita do gene e 5 mil pares de bases
7.5 - que são transcritos. Quatro íntrons contêm 3.500 pares
de bases e cinco éxons contêm 1.500 pares de bases. A
4 - análise de northern blotting é realizada no RNAm desse
© gene usando uma sonda que se liga a uma parte de um
dos éxons. O RNAm isolado do citoplasma das c élulas é
.
a Proponha dois eventos mutacionais que poderiam comparado com o RNAm isolado dos núcleos das célu-
causar o pequeno fragmento de DNA que representa o las no northern blotting. Você prevê que todos os RNAm
alelo mutado. terão um comprimento uniforme ou serão detectadas
b. Na análise de northern blotting do RNAm, quais dife- moléculas de RNAm de vários comprimentos no nor -
renças no RNAm você preveria para seus dois mecanis- them blotting?
mos de mutação propostos?
30. Dois cães de caça machos, identificados na figura como
25. Uma segunda cepa de plantas anãs tem uma mutaçáo di-
<? 1 e <£2, se perderam uma noite na Wet Noses Puppy
ferente do mesmo gene identificado no Problema 24 Na . Farm. Uma fêmea (Ç A na figura) ficou prenha e teve uma
segunda cepa, as plantas que carregam uma cópia do alelo .
ninhada de três filhotes (P1, P2 e P3) O proprietário da
mutado produzem um fragmento de restrição do DNA de Wet Noses está desesperado para saber qual dos machos
10,5 kb em vez de um fragmento de 7,5 kb Os fragmentos . é o pai e tem uma análise eletroforética de um marcador
de DNA produzidos pela digestão do DNA das plantas por genético de DNA variável (exibida na figura) para guiar
tadoras altas são exibidos a seguir nas pistas 1 e 2, os frag- - na identificação. O proprietário acha que é o pai dos
.
três filhotes O proprietário está certo ? Explique .
Progenltores Progénie
T 1
T T T T D 9A d1 cfl PI P2 P3
Pista: l 2 3 4 5 n n n n n r ©
rL *
ri J“"! kb
©
kb 10 -
10,5 - 8-
7,5 4 -
2 - ©
©
358 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
31 O mapa a seguir ilustra três alelos em um segmento ge- .
a Faça uma lista dos tamanhos (em quilobases } das ban -
.
nómko Os alelos diferem em número e localização das das de DNA detectadas pelo Southern blotting do DNA
.
sequências de restrição A digestão com enzima de res- digerido com enzima de restrição dos organismos com
trição e o Soutbern blotting com a sonda molecular cuja os genótipos D>D' e DW .
posição de hibridaçáo está indicada resultam na detec- .
b 0 DNA digerido com enzima de restrição dos dois
ção de uma única faixa de DNA para cada alelo. organismos é analisado pelo Southern blotting. São
observados fragmentos de restrição de 2,0 kb e 3,5 kb
Sítios de restrição (R)
no Southern blotting de um organismo e bandas de
R R R R
2.0 kb e 3,0 kb são observadas no outro. Quais sáo os
Dr
. 1 1 genótipos desses organismos?
'
c Os organismos com genótipo D1D sáo identifica
‘ r i dos pela dctecção de uma faixa de DNA de 2,0 kb
.
no Southern blotting Por que esse genótipo produz
uma única faixa detect á vel e por que os fragmentos
R R R
de restrição de 1,0 kb e 1,5 kb não são detectados no
D2
i 1 1 Soutbern blotting?
] V 1
R R R
O2
1 1 1
r i Sonda T
——
I 1.0 I 2,0 1 1,5 kb
Estrutura do cromossomo Capítulo
APRESENTA ÇÃO
ajuda a compactar o DNA de modo que ele venha a tanto, o comprimento total do cromossomo e o n ú mero
se encaixar na célula ou núcleo. Segundo, estabili- de genes que ele conté m variam substancialmente entre
as espécies (Tabela 11.1). O cromossomo individual ou,
za o DNA e o protege de danos. Terceiro, promove a
nas poucas espécies com mais de um cromossomo, o
condensação cromossômica necessária para a divisão maior cromossomo carrega genes essenciais, necessá -
celular. Rnalmente, a combinação dos cromossomos rios para a reprodu çã o, a expressão gé nica e as ativida -
com as proteí nas ajuda a regular a replicação do DNA e des metabólicas normais realizadas pelo organismo. As
bactérias também transportam rotineiramente vá rias
a transcrição gênica.
cópias de um ou mais tipos de plasmídeo, que sào molé-
O assunto deste capí tulo é a associaçã o DNA- pro- culas de DNA extracromossòmico que nào fazem parte
.
teína nos cromossomos e as maneiras em que as qua -
tro funções essenciais anteriormente identificadas são
realizadas. A maior parte do capítulo se concentra nos
—
do genoma bacteriano (ver Seção 6.1) Os plasmídeos
carregam genes n ão essenciais genes que não são ne
cessários para as bactérias realizarem seus processos e
tarefas normais.
-
cromossomos eucarió ticos, que têm um conjunto mui- A maioria dos genomas bacterianos e arqueais
to mais complexo de proteínas associadas ao DNA que conté m um ú nico cromossomo que carrega todos os
o observado nos cromossomos bacterianos. No entan- genes essenciais para o organismo. Entretanto, em
alguns genomas, os genes essenciais estão situados
to, começamos com uma discussão sobre os cromosso em um cromossomo principal e em um ou dois cro-
mos bacterianos. mossomos adicionais. Por exemplo, o genoma da
Borrelia burgdorferi, o organismo bacteriano que
11.1 Os cromossomos bacterianos provoca a doença de Lyme, é composto de um único
cromossomo linear grande com 910 mil pb (0,91 Mb)
têm uma organização simples
e um cromossomo circular menor com 530 mil pb
Bactérias sào organismos haploides que possuem (0,53 Mb). A Agrobacterium tumefaciens , bactéria
cromossomos individuais, não pares homólogos. A des- causadora da galha -da -coroa em muitas espécies de
crição costumeira do genoma bacteriano consistindo plantas, tem um cromossomo circular de 3,0 Mb, dois
em um único cromossomo que quase sempre é circular cromossomos circulares muito menores e um cromos-
é válida para muitas das espécies bacterianas mais es- somo linear de 2,1 Mb. Até hoje, nã o foi encontrado
tudadas, como a Escherichui coli e a Bacillus subtilis. O nenhum cromossomo linear nas espécies arqueais,
genoma da £ coli consiste em um ú nico cromossomo mas a archaebactéria Methanococcus jannaschii, á vida
circular contendo aproximadamente 4,6 milh ões de por metano, possu í trés cromossomos circulares em
pares de bases ( Mb ) que codificam aproximadamente
4.200 genes. Todavia, certas espécies bacterianas pos-
seu genoma — um grande cromossomo de 1,66 Mb e
dois cromossomos menores, de 58 kb e 16 kb.
suem cromossomos lineares e algumas carregam mais Os cromossomos bacterianos e arqueais sào den
samente empacotados, formando uma pequena região
-
de um cromossomo.
chamada nucleoide (ver imagem de abertura do ca -
pítulo) dentro da célula. A organização eficiente do
Cromossomos bacterianos e arqueais
cromossomo em uma sé rie de alças apertadas toma
Os genomas da maioria das espécies bacterianas e essa região notavelmente pequena. Por exemplo, se os
arqueais consistem quase exclusivamente em um ú nico 4,6 Mb do nucleoide da £ coli fossem desembrulha -
cromossomo circular fechado covalentemente. No en - dos c assentados ao longo de uma régua, eles mediriam
aproximadamente 1.200 pm, um tamanho quase 1 mil vá rias formas enroladas; a menos enrolada é a forma
vezes maior que o da própria célula da f . coli. Para ter circular relaxada, e a mais enrolada é a forma altamente
uma noção dessa diferença de tamanho, imagine en - superenrolada. O DNA circular relaxado tem a forma
cher uma cá psula gelatinosa como as que você toma de O , assemelhando-se a uma tira de borracha grande
para alergia ou dor de cabeça com um fio de 19 metros! e náo distorcida. Por outro lado, o DNA no estado al-
tamente superenrolado se parece mais com uma tira
Condensação do cromossomo bacteriano de borracha muito retorcida , que sobrepõe a si pró -
Como a £ coli embrulha um cromossomo 1 mil
pria e não vai ocupar um ú nico plano. O superenrola -
mento compacta o cromossomo circular de modo que
vezes maior que a própria célula e deixa espaço para as ele ocupa menos espaço e, assim, se encaixa mais facil-
atividades moleculares como replicaçào, transcrição e mente no nucleoide.
tradução? A resposta é dupla. Primeiro, as proteínas aju - A Figura 11.2 ilustra a visualizaçã o do superenro-
dam a organizar o cromossomo nas alças que embalam lamento por eletromicroscopia e pela eletroforese em
eficientemente o nucleoide e, segundo, o DNA circular gel. A micrografia eletrónica na Figura 11.2a mostra
do cromossomo é submetido a um superenrolamento.
O DNA bacteriano está associado a dois grandes
dois cromossomos circulares da mesma espécie bac
teriana, um altamente superenrolado e outro em uma
-
grupos de proteínas, as pequenas proteínas associa - estrutura circular relaxada. A Figura 11.2b mostra os
das ao nucleoide e as prote í nas de manutençã o es- resultados da eletroforese em gel para o DNA circular
trutural do cromossomo ( SMC ). Várias proteínas relaxado, o DNA altamente superenrolado e o DNA em
diferentes pertencem ao grupo de pequenas proteí - vá rios estados de superenrolamento. O DNA altamente
superenrolado bem embalado tem uma mobilidade ele
nas associadas ao nucleoide e todas parecem participar *
do encurvamento do DNA que contribui para a dobra - troforética muito maior ( isto é, migra para mais longe
gem e a condensação do cromossomo. As pequenas
prote ínas associadas ao nucleoide, cujas funções são
da origem ) que o DNA circular relaxado. O DNA su
perenrolado existe naturalmente nos cromossomos
-
mais bem caracterizadas, são a prote í na H - NS e a pro - circulares das bacté rias, mas pode se tomar excessiva -
te í na HU. A Figura 11.1 ilustra uma organização geral
possível para a H - NS e a HU na manutenção das alças
mente enrolado — como acontece, por exemplo, du -
rante a replica çào do DNA. O enrolamento excessivo
de DNA cromossômico dentro do nucleoide. Ela tam - imprime um estresse de torção insustentável no DNA
e, se esse estresse nào for aliviado, o DNA vai se romper
bém mostra o papel das proteínas SMC, que parecem
se prender diretamente ao pró prio DNA, mantendo- o aleatoriamente. O DNA superenrolado é parcialmente
em espirais (ou talvez em configurações em forma de V) desenrolado pelas enzimas girase bacterianas, tam
bém chamadas topoisomerases, que relaxam o DNA
-
que podem formar grandes complexos de nudeoprote-
ínas ( isto é, ácido nucleico e proteína ). Além das prote - superenrolado de maneira controlada (ver Capítulo 7,
ínas HU, H- NS e SMC, outras proteínas interagem no para obter uma discussão sobre o DNA superenrolado
nucleoide para compactar o DNA. A identidade exata criado durante a replicaçào e o papel da topoisomerase
e os papéis de cada uma dessas proteí nas ainda são as- no desenrolamento da molécula ).
sunto de investigação ativa.
Duas formas de superenrolamento do DNA são
detectadas nos organismos. O superenrolamento
O segundo mecanismo facilitador da compactação
negativo ocorre pela tor çã o do DNA em volta de seu
cromossô mica no nucleoide é o superenrolamento do
eixo no sentido oposto ao da torção da dupla -h élice.
DNA, que ocorre no nível cromossô mico. Os cromos -
A fita dupla do DNA tem uma torção voltada para a
somos circulares fechados covalentemente existem em
direita, então o superenrolamento negativo torce o
cromossomo para a esquerda . O DNA superenrolado
As alças menores consistem negativamente é a forma predominante na maioria dos
A alça média contém DNA
-
com 40 kb em DNA duplex condensado
petas proteí nas SMC organismos. Algumas espécies arqueais, porém, tém
um cromossomo com superenrolamento positivo,
X Ç
que é torcido no mesmo sentido de torção da dupla -
-
,
O
muito maior que a do mesmo X)
5
DNA circular relaxado. Na pista c
2, 5 minutos de tratamento com Ji
topoisomerase para relaxar o
superenrolamento produzem
muitas formas enroladas
diferentes do cromossomo.
DNA
altamente
superenrolado —
Na pista 3, 30 minutos de
tratamento com topoisomerase
convertem grande parte do DNA
para circular relaxado.
AN Á LISE GENÉTICA
A espécie vegetal Arabtdopsis thaliana tem um genoma contervdo aproximadamente 100 milhões
de pb de DNA. Para este problema, suponha que a Arabidopsrs tenha um DNA central com 145 pb e
um DNA ligadorcom 55 pb.
a. Determine o número aproximado de nucleossomos em cada núcleo.
.
b Determine aproximadamente quantas moléculas de proteína histônica H4 são encontradas em cada núcleo.
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema pergunta o número de nucleossomos por núcleo e a respeito
este problema e explique a natureza .
da composição de histona dos nudeossomos A resposta exige as quantidades
da resposta solicitada. aproximadas de nucleossomos e de moléculas de histona M4 por núcleo.
.
2 Identifique as informações criticas . .
2 O tamanho aproximado do genoma da A thaliana é fornecido em pares de
fornecidas no problema. bases, assim como os comprimentos de seu DNA central e llgador.
Deduzir
.
3 Descreva o número de pares de bases .
3 O envoltório de DNA central do nucleossomo tem 145 pb de comprimento. O
de DNA que envolvem cada núcleos- DNA ligador entre os nucleossomos tem aproximadamente 55 pb de compri-
somo e afirme o número aproximado mento. No total, existe apenas um nucleossomo para cada 200 pb de DNA.
no trecho entre os nucleossomos.
Dica: 0 nudeossomo é cnvcfctdopeto
DNA central e os trechos entre os nudeos-
scroos consistem em DNA IkjaOor.
.
4 Descreva a composição do nudeos .
4 Os nucleossomos são octâmeros de proteína histônica consistindo em duas
somo. moléculas cada de H2A, H2B, H3 e H4 .
Solucionar Resposta a
.
5 Calcule o número de nucleossomos .
5 Se estimarmos que um novo nucleossomo se associa com o DNA a cada 200 pb,
em cada núdeo de A. thaliana. aproximadamente, o número aproximado de nucleossomos por núcleo é
1 x 10* nudeotideos/núdeo
= 5 x 10* nuclcossomos/núdeo
2 x 101 nudeotideos/nudeossomo
Resposta b
.
6 Calcule o número de moléculas de .
6 Existem duas moléculas de H4 por nucleossomo, assim ( 2)(5 x 105) = 106, ou um
H4 nos nucleossomos de um núdeo milhão de moléculas de H4 por núdeo.
de Arabidopsis.
Vista de tr ês quartos H2B Vista lateral A proteína Hl puxa os nucleossomos para um conjunto
solenoide ordenado e reveste o interior da estrutura. A
análise experimental mostra que a cromatina da qual a
Hl foi removida pode formar fibras de 10 nm, mas nào fi-
bras de 30 nm. A cromatina existe em um estado de fibra
de 30 nm ou em um estado mais condensado durante a
-
interfase. A An á l í ie Gen ética 11.1 vai guiá lo durante a in
terpretação da organização da cromatina.
-
Observa çã o genética A unidade básica da cromatina
eucariótlca consiste no DNA central embrulhado em volta
das proteínas histômeas H2A, H2B, H3 e H4, que formam uma
Figura 11.4 Estrutura do nucleossomo Arte-final. partícula central de nucleossomo com oito membros que é
gerada em computador da estrutura cristalina em raios X envolvida por 146 pb de DNA formando os nucleossomos. A
do nucleossomo na resolução de 2,8 À por microscopia proteí na histônicas H1 se associa ao DNA ligador e participa
crioeletrônica. As oito moléculas de histona são visí veis em na condensação de ordem superior da cromatina.
um conjunto codificado por cores.
366 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
--
são ricas em pares de bases A T e té m uma concentra Observa çã o gen é tica A condensação cromossòmka
ção alta de C em uma fita. As sequê ncias ATC são en progressiva durante a prófase resulta da compacta ção da
contradas por todo o genoma. Consequentemente, elas fibra de 30 nm em estruturas de ordem superior. As proteínas
podem se associar às MARs em padrões diferentes em de suporte formam a superestrutura cromossômica para a
tecidos diferentes. A evidência experimental indica que condensação da cromatina que. no fim das contas, produz
a transcrição ativa ocorre nas alças de cromatina , parti- a forma caracteristica dos cromossomos da metáfase.
Cap ít u l o H Estrutura do cromossomo 367
Reinas de suporte formam alças de cromatina. Capítulo 7). No entanto, essa discussão não mencionou
a presença dos nucleossomos ou a necessidade de mo-
Proteínas de suporte ná o histònicas vê-los temporariamente para permitir a replicaçáo dos
Regi ão de
associação à
genomas eucariótícos. Também não mencionou o pro-
matriz ( MAR) cesso igualmente essencial de adicionar nucleossomos
-
ao DNA recém sintetizado após a passagem da forquilha
de replicaçáo ou a montagem de novas proteínas h ístô-
nicas que sâo necessárias em decorrência da duplicação
do DNA em consequ ê ncia da replicaçáo.
A presença dos nucleossomos levantou muitas ques
Al ças de tòes para os pesquisadores. Os nucleossomos antigos
cromatina são perdidos durante a replicaçáo? Novos nucleosso-
mos são sintetizados durante a replicaçáo? Os nucleosso-
mos antigos permanecem intactos, de modo que são com
postos inteiramente de proteínas histònicas antigas ou
-
inteiramente de proteínas novas? Independentemente de
os nucleossomos permanecerem intactos, como eles sâo
o As alças formam uma roseta. distribuídos para as cromátides irmãs? A evidência expe
rimental coletada por muitos pesquisadores constata que
as histonas antigas são retidas como dímeros, tetráme-
ros ou moléculas individuais, que a maioria dos nucleos-
Cromatina
interf ásica
somos presentes após a replicaçáo é pelo menos parcial -
mente montada a partir de componentes nudeossómicos
antigos e que a maioria dos nucleossomos contém alguns
dímeros de proteína histònica recém -sintetizados.
O modelo atual propõe que, à medida que a for-
-
põem em subconjuntos proteicos
—
quilha de replicaçáo passa, os nucleossomos se decom
especificamente,
tetrâ meros H3-H4 e d í meros H2 A -H 2B. Os tetr àmeros
H3-H4 se associam imediatamente, mais ou menos de
modo aleató rio, a um dos produtos de crom á tides irmàs
da replicaçáo. Por outro lado, muitos dímeros H2 A- H2 B
aparentemente se desmontam em proteínas histònicas
individuais e depois rapidamente se juntam em d ímeros
com parceiros proteicos, antigos ou recé m -sintetizados.
o As rosetas sào comprmidas em feooes
Ocorre uma nova síntese de todas as quatro proteí -
Proteínas de nas em quantidade suficiente para dobrar o numero de
suporte não nucleossomos. Nesse processo, novos dímeros H2A - H 2B
histònicas e tetrà meros H3- H4 sào formados. Alguns novos díme-
Cromossomo
metafá slco
-
ros H2A H2B se unem a tetrà meros H3- H 4 antigos já
no DNA, enquanto outros novos dímeros H2A - H2B se
unem a novos tetràmeros H3-H4 para formar nucleos-
somos. Desse modo, aproximadamente a metade dos
nucleossomos montados durante a replicaçáo é com-
-
posta de antigos tetrà meros H3 H4, distribu ídos aleato-
riamente para as cromátides irmãs e combinados com
dímeros H2A-H2B novos ou antigos. Os nucleossomos
Figura 11.6 Modelo de posicionamento radial da remanescentes contém novos H3-H4 e componentes
condensa ção da cromatina. A cromatina é presa às
regiões de associação à matriz (MARs ). 0 As proteínas não
H2A- H2B novos ou antigos ( Figura 11.7) .
histònicas organizam as alças de cromatina em rosetas. 0 As
rosetas são comprimidas nos cromossomos metafà sicos.
Remodelação da cromatina
A onipresença dos nucleossomos ao longo do DNA
Distribuição e síntese dos nucleossomos
ção da transcrição. Especificamente, quando as proteínas
-
eucariótico apresenta um desafio particular para a inicia
durante a replicaçáo
de ligação ao DNA buscam as sequências de consenso
Nossa discussão da replica çáo do DNA descreveu os do DNA nas quais iniciam a transcrição, sua ligação a
processos enzimá ticos necessá rios para sintetizar uma essas sequências pode ser atrapalliada pela presença dos
-
nova fita - filha do DNA em uma fita molde do DNA ( ver nucleossomos. Para permitir a liga ção das proteínas de
368 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
2
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« 2 A condensa ção da cromatina varia durante todo
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cromossomo para outra. H á uma evidência clara de que
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J a última variação está diretamente relacionada com a
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II mossô micas contendo os genes expressos ativamente
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f contêm genes expressos. Essas regiões de expressão
ativa são identificadas como eucromatina ou regiões
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lis : eucromáticas. A maioria dos genes expressos está situa
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4 da nas regiões eucromá ticas, onde a condensação é vari
ável durante o ciclo celular. As regiões cromossômicas
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eucromá ticas são regiões de pouca coloração nos cro-
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* mossomos com bandamento G. Inversamente, regiões
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densada contêm heterocromatina e se chamam regiões
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expressos que as regiões eucromá ticas. A heterocroma -
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tina é identificada como uma região cromossômica de
coloração escura nos cromossomos com bandamento G.
Duas classes distintas de heterocromatina são de-
tectadas. A heterocromatina facultativa exibe n íveis
CAAAS
variá veis de condensaçã o. Às vezes, a heterocromatina
Flg ura 1 1 1 0 Padrões normalizados de bandamento facultativa é altamente condensada, enquanto outras
cromossômico humano. Cromossomos humanos 1 a 5 no vezes é menos condensada. A transcrição dos genes nas
final da prófase. As regiões heterocromáticas são exibidas
como faixas cinzentas e negras e as regiões eucromá ticas,
como faixas brancas. 2 N.R.T.: normaLmer.te é de 400 a 550 bandas cromossômicas.
Cap ítuloH Estrutura do cromossomo 371
regiões de heterocromatina facultativa normalmente RTCACRTG, onde R é qualquer uma das purinas: adenina
se correlaciona com períodos de menor compactação. ou guanina. A da CDE UI contém 26 pb ricos em A T. -
Por outro lado, a heterocromatina constitutiva ò um Entre esses elementos encontra-sc a CDE II, variando de
estado heterocromá tico permanente e contém muito 78 a 86 pb de comprimento e tendo mais de 90% de sua
poucos genes expressos, É composta predominante - sequência composta de pares de bases A - T. Os microtú -
mente de sequências de DNA repetitivas. Ela é particu- bulos se prendem aos cinetócoros para desempenhar seus
larmente proeminente nos teló meros cromossômicos e papéis na divisão celular (ver Capítulo 3) ( Figura 11.11c ) .
nas regiões centromé ricas dos cromossomos. Após o trabalho de Carbon e Clarice, as sequên -
Nem a heterocromatina constitutiva telomérica cias CEN foram caracterizadas na Schizosaccharomyces
nem a centromérica contê m genes expressos. (Ver Ca
pítulo 7 para obter uma descrição de como as repeti -
- pombe e em outras espécies de levedura , além de muitos
outros eucariotos. As sequências CEN da S. pombe e ou -
ções tclom éricas são sintetizadas pela telomerase.) tras espécies de levedura possuem tamanho similar, mas
diferem um pouco quanto à sequência em comparação
Estrutura do centrômero com a S. cerevisiae. Pesquisa posterior mostrou que as
sequências CEN dos eucariotos pluricelulares são muito
As sequê ncias de DNA repetitivas nos centròmeros maiores que as encontradas na levedura e ocorrem den -
facilitam a ligação das proteínas de cinetócoro especiali- tro de uma grande extensão de heterocromatina cons-
zadas e os microt ú bulos das fibras do fuso que atuam na titutiva que caracteristicamente se agrupa em volta dos
divisão dos cromossomos homólogos e das crom á tides centròmeros dos cromossomos animais e vegetais. Essas
irmã s durante a divisão celular ( ver Figuras 3.4 e 3.6). sequências CEN expandidas ligam vá rios microt ú bulos
Essas sequ ê ncias repetitivas são organizadas em uma em vez de apenas o microt úbulo ligado na levedura.
forma não encontrada em nenhuma outra parte dos
cromossomos. No início dos anos 1980, John Carbon
Heterocromatina centromérica
e Louis Clarke descreveram o DNA centromé rico, ou
sequê ncias CEN, na levedura Saccbaromyces cerevisiae. As sequências de DNA centromérico dos eucariotos
Carbon e Clarke analisaram as sequências de DNA são altamente repetitivas e constitutivamente heterocro -
de 16 centròmeros de levedura e descobriram que cada máticas. Uma forma especializada de proteína histònica
um tinha uma sequência CEN ligeiramente diferente, em - H3, conhecida como proteína centromérica A (CENP A), -
bora cada centrômero desempenhe a mesma função. As liga se ao DNA centromérico. A CENP- A é similar à H3
sequências CEN abrangem de 112 a 120 pb e são divididas desde sua extremidade C-terminal até grande parte de seu
em três dom ínios, designados elementos DNA centrom é- comprimento, mas tem uma cauda N- terminal muito dife-
ricos (CDE) I, II e III. A Figura 11.11a mostra quatro exem - rente e muito maior que a encontrada em outras moléculas
plos de sequências CEN de levedura que ilustram a seme - H3. A CENP- A age como a H3, formando cromatina, mas
lhança global, mas também a variação sutil, das sequências -
as caudas N terminais estendidas das proteínas CENP- A
centroméricas. As sequências de consenso centroméri- levam à ligação de proteínas de cinetócoro exclusivas que
cas reveladas na análise de Carbon e Clarke são exibidas .
se ligam apenas aos centròmeros Lembre-se de que as pro-
na Figura 11.11 b. A da CDE I é uma sequência de 8 pb, teínas de cinetócoro e as estruturas que elas formam são
f
Microtúbulo simples
372 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
os locais de ligação dos microtúbulos que movimentam os moleculares aumentou bastante a resolução da marca -
cromossomos e as cromátides durante a divisão celular. ção cromossômica, possibilitando a detecção precisa de
A importância da CENP-A na formação do cinetócoro é cada cromossomo marcado e a localização de genes es -
demonstrada pelos mutados nos quais as anomalias ou a pecíficos nos cromossomos. Hoje, a hibrida çà o in situ
pcrda da CENP-A interferem na criação dos tinetócoros. fluorescente ( FISH ) usa sondas moleculares marcadas
com compostos que emitem luz fluorescente quando
Observa ção gené tica 0 centrômero é uma região es- excitadas pela luz no espectro visível ou UV. Na FISH,
-
pecializada de heterocromatina constitutiva, ligada por proteí vários compostos que emitem luz fluorescente em di
ferentes comprimentos de onda podem ser usados si
--
nas de dnetócoro que facilitam a ligação do mkrotú bulo e o
movimento do cromossomo e das cromátides irmás para os multaneamente para marcar as sondas. Uma vantagem
polos da cé lula durante a divisão celular. dessa abordagem é que o comprimento de onda de cada
emissão produz uma cor diferente quando os cromos-
somos são visualizados no microscópio.
A Figura 11.12a ilustra o uso de sondas, uma pro-
Hibrida çà o insitu duzindo cor vermelha e a outra produzindo cor verde,
Discutimos anteriormente técnicas laboratoriais para identificar dois genes no mesmo cromossomo hu -
nas quais uma sonda molecular marcada hibrida com .
mano A Figura 11.12 b utiliza várias sondas para marcar
-
uma sequê ncia alvo de DNA ou RNA (ver Capí tulo 10). individualmente cada cromossomo humano. Nesse caso,
Esses procedimentos são utilizados para ajudar os pes
quisadores a detectarem fragmentos de DNA contendo
- (a )
uma sequência de interesse ou a detectarem um trans-
crito de RNAm específico. Os pró prios cromossomos
— ou , mais especifkamente, o DNA nos cromossomos
— também podem ser visados para hibridaçào pelas
sondas moleculares.
O DNA cromossómico não precisa estar fragmen -
tado para que uma sequência -alvo específica de um gene
ou cromossomo seja detectada por uma sonda molecular.
A técnica conhecida como hibridaçào in situ usa sondas
—
moleculares marcadas com radioatividade ou, mais re-
centemente, com compostos fluorescentes para detec-—
tar suas sequências-alvo. São utilizados muitos métodos
de hibridaçào in situ , mas as primeiras versões comuns
trabalhavam desnaturando o DNA de cromossomos in -
tactos e depois banhando-os em uma solução contendo
a sonda molecular marcada. A hibridaçào ocorre entre o
DNA cromossómico de fita simples e a sonda de fita dupla.
Os métodos de hibridaçào in situ de primeira ge -
ração usavam sondas de á cido nucleico radioativo que
produziam autorradiografias quando um pequeno
pedaço de película fotográfica era colocado em cima
de um cromossomo espalhado em uma lâ mina de mi - )i a xii
croscópio. O decaimento do marcador radioativo ttP
1 2 3 4 0
1 9
1 4
20
1 9
•I
21
10
I»
1 7
Muitos avanços ocorreram ao longo das décadas, (a ) Duas sondas com sequências-alvo em um cromossomo
particularmente com o desenvolvimento de uma nova humano sáo detectadas pelas emissões de cores diferentes.
geração de marcadores fluorescentes, ou fluoróforos, ( b) Usando fluoróforos diferentes paramarcar 24 sondas para
para serem usados como sondas moleculares. O de- cromossomos espec íficos, esse cariôtipo masculino humano
senvolvimento dos fluoróforos para marcar as sondas normal exibe uma cor diferente para cada cromossomo.
Cap ít u l o H Estrutura do cromossomo 373
.
e um para o cromossomo Y Os dados de emissão de cada Domí nio
sonda são coletados por um fotorreceptor e processados intercromossómico
por um software especializado para produzir o cariótipo
ucleo
exibindo cada cromossomo em uma cor diferente.
A técnica de FISH tem muitas aplicações nas aná - Replicante
precoce
lises cromossó micas em humanos e em outras espécies.
Um uso importante e prático desses métodos é a identi - Replkante tardio
ficação das reorganizações complexas dos cromossomos,
frequentemente encontradas nas células cancerosas, que
discutimos no Estudo de Caso que encerra o capítulo.
Agrupamento de acesso das proteí nas ao DNA, proteínas estas que exe -
centrómeros cutam a replicaçáo, transcrição, recombinação e repara -
A ção do DNA. Em uma ponta do espectro da condensa -
ção da cromatina est ão as regiões heterocrom á ticas dos
/
cromossomos, que são relativa mente inacessíveis para
i
as prote í nas transcricionais de modo temporá rio ( no
caso da heterocromatina facultativa) ou quase o tempo
todo ( no caso da heterocromatina constitutiva ). Por
/ outro lado, nas regiões cromossó micas eucromáticas, as
proteínas e enzimas transcricionais têm mais facilidade
de ganhar acesso ao DNA.
Vá rias linhas de evidência experimental relacionam
02010 Mftcrrtilan Pjtnabera LM •\ a estrutura da cromatina com a expressão gé nica. A pri-
meira identiíicaçào dessa conexão veio da observação da
Figura 11.14 Modelo tridimensional dos cromossomos
no núcleo da levedura. Os centrómeros cromossòmicos variegaçáo do efeito de posição (PEV) afetando a cor
das leveduras sã o agrupados em uma extremidade do dos olhos na Drosophila. Durante as décadas de 1920 e
n úcleo; os braços cromossòmicos irradiam a partir do 1930, em testes do efeito dos raios X no desenvolvimento
agrupamento centromérico. da Drosophila, Hermann Muller identificou moscas-da -
-fruta expostas aos raios X com um padrão variegado
disso, as regiões cromossó micas mais ativas em termos de de cor dos olhos, no qual são observadas manchas ver
mcllias o brancas de tecido ocular colorido. As manchas
-
transcrição se encontram mais perto da fronteira entTe
um território cromossómico e um domínio interero vermelhas resultam da expressão do alelo w' do tipo sel
vagem para a cor vermelha. As manchas brancas não tê m
-
mossòmico, presumivelmente em razão (1) de um maior
acesso às proteínas e enzimas necessá rias para a trans
crição e (2) da dispersão mais rá pida dos transcritos de
- cor em consequência da ausê ncia de expressão do w\
Nos experimentos de variegaçáo mais importantes
RNA após o término da transcrição. Embora a transcrição de Muller, ele observou que os cromossomos X das mos-
ocorra em cada território cromossômko inteiro, a evidên
cia experimental sugere que a transcrição é mais intensa
- cas com cor das olhos variegada tinham uma estrutura
anormal. Esses cromossomos X foram rompidos pelos
nas fronteiras com os domínios intercromossô micos. efeitos nocivos dos raios X e os pedaços dos cromosso-
Recentemente, C. Anthony Blau e vários colegas mos foram rejuntados, mas com um pedaço invertido
ampliaram as descobertas dos Cremer desenvolvendo em 180 graus em relação à sua posição normal. Em con -
um modelo tridimensional dos 16 cromossomos nos sequência da inversão do cromossomo X, o gene w se
n úcleos haploides das leveduras ( Figura 11.14 ). Empre
gando um método que identifica cada cromossomo de
- deslocou da sua posição normal perto do telômero do
cromossomo X, onde é expresso ativamente, para uma
maneira diferente, os pesquisadores conseguiram mapear nova posição mais perto do centrômero do cromos-
precisamente a localização de cada cromossomo dentro somo. A região centrom érica contém heterocromatina
do n úcleo. O mapa resultante do posicionamento tridi - constitutiva que apenas relaxa brevemente para permitir
mensional dos cromossomos revela que os centrómeros que as enzimas e estruturas de replicaçáo do DNA aces -
cromossòmicos são agrupados e que os braços cromossô- sem as sequências durante a replica çáo do DNA. A he-
micos se projetam para fora desses agrupamentos. O co- terocromatina é restaurada rapidamente no centrômero
nhecimento do posicionamento dos cromossomos dentro e a condensação heterocromá tica se espalha a partir da í.
do n údeo possibilitará determinar como as sequências de O grau de disseminação da heterocromatina varia
DNA influenciam o posicionamento dos cromossomos e, de um cromossomo para o outro; basicamente nâ o há
por sua vez, como o posicionamento cromossómico in - genes expressos perto do centrômero, então um pouco
fluencia a transcrição e a replicaçáo das sequências. mais ou um pouco menos de disseminação heterocro -
má tica normalmente não traz consequê ncias genéticas.
Observa çã o gen é tica Os cromossomos ocupam terri- Nas moscas-da-fruta com inversão do cromossomo X, o
tórios cromossòmicos distintos durante a interfase. A transcri- ponto de parada da disseminação heterocrom á tica de-
ção génica depende em parte das posições dos cromossomos termina se w é expresso ou n ão ( Figura 11.15 ). Se a dis-
dentro de seus territórios. semina çã o da heterocromatina nâo alcançar a nova po-
sição de w\ o gene estará em uma região eucromática
e pode ser transcrito ativamente, produzindo olhos de
cor vermelha. Por outro lado, as células nas quais a dis-
Estrutura dinâmica da cromatina seminaçã o da heterocromatina centromérica abrange
A estrutura da cromatina é dinâ mica; os segmentos a nova posição de w* não expressam o gene e carecem
cromossò micos possivelmente existem em estados di - da cor do pigmento. Neste exemplo, o gene w não sofre
ferentes de compactaçào e relaxamento durante o ciclo muta ção por inversão. Pelo contr á rio, a oportunidade
celular. Em termas gerais, essas mudanças regulam o para expressar o gene é alterada pela realocaçào do
Cap ít u l o H Estrutura do cromossomo 375
— AJetokV
expresso
AJdowr
silenciado
A disseminação da
heterocromatina é variá vel
gene para uma nova posição situada dentro da região Mutações da PEV
cromossô mica heterocromá tica. Por isso, no “efeito de
posição", a expressão do gene depende de sua posição A an álise genética dos genomas eucarió ticos re
vela que a PEV é um fen ô meno comum, sugerindo
-
com relação à heterocromatina centromérica.
Desde que Muller descreveu pela primeira vez a que os mecanismos que controlam a estrutura da
variegaçáo do efeito de posição, os biólogos celulares cromatina são importantes no controle da expressã o
compreenderam que esse tipo de efeito de posição é gê nica. As muta ções que modificam a PEV levaram
um fenó meno epigenético no qual a expressão gênica é à identificação de vá rios genes e prote í nas que de-
determinada pela estrutura da cromatina. O estado epi
genético dos genes do efeito de posição é transmissível
- sempenham um papel direto no estabelecimento e
na manuten ção das estruturas de cromatina associa -
durante a divisão celular mitótica. Como consequência, das com a expressã o e o silenciamento gê nicos. Por
as células em que o w* está posicionado dentro da hete- exemplo, as mutações conhecidas como E{ var ) , em
que E( var ) é uma abrevia çã o de potencializadores
rocromatina centrom érica produziram células descen - ( enhancers ) da variega çá o do efeito de posi çã o, au -
dentes incapazes de produzir pigmento porque o gene
d silenciado. Consequentemente, aparecem manchas mentam ou potencializam o surgimento do fenótipo
brancas onde estão situadas as células descendentes mutado dos olhos brancos estimulando a dissemina -
com w* inativado, produzindo um padrão variegado ção da heterocromatina para alé m dos seus limites
normais. O efeito da mutaçã o E( var ) é a produ ção de
de pigmentação da cor dos olhos no tecido ocular (ver
Figura 11.15b ). Não existem dois olhos de Drosophila um n ú mero maior de células oculares sem pigmento
variegados com o mesmo padrão de variegaçáo. Até .
( Figura H.16) Por outro lado, as muta ções Su( var ) ,
mesmo os dois olhos da mesma mosca variegada t êm em que Su( var ) é uma abrevia çã o de swpressores da
padrões diferentes! A ocorrência da PEV indica que (1) variegaçá o do efeito de posiçã o, restringem a disse-
mina ção da heterocromatina ou interferem em sua
a expressão gê nica pode ser silenciada pela posição do
gene em um cromossomo e (2) o silenciamento é uma forma ção. As mutações Su( var ) aumentam a extensão
característica da estrutura da cromatina que é transmis - das regiões normalmente pigmentadas do olho, su
primindo o surgimento de manchas brancas.
-
sível de uma geração celular para a próxima.
Vá rias dezenas de mutações E( var ) e Su( var ) são
conhecidas no genoma da Drosophila e as mutações
Observa çã o gen é tica A estrutura da cromatina re- Su( var) se mostraram particularmentc valiosas na
gula a expressã o gê nica. Ha variegaçáo do efeito de posiçã o, identificação dos genes e proteí nas que modulam a es-
os genes transcritos ativamente que são transpostos para a trutura da cromatina. A análise gen ética das mutações
cromatina heterocromá tica perto do centrômero sofrem uma E( var ) e Su( var ) apoia a hipótese de que a estrutura da
forma de silenciamento epigenético. cromatina é dinâ mica e está associada com a expres -
são gê nica. Na verdade, a estrutura da cromatina pa -
rece oscilar: às vezes ela está em um estado altamente
376 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(Xho variegado Muta ções Su( var ) Mutações C ( var ) questões, os pesquisadores chegaram a duas conclusões
gené ricas. A primeira é que os padrões de modificação
das histonas se correlacionam com a formação da estru -
tura da cromatina. A segunda é que um grupo impor-
tante de mutações Su( var ) exemplifica como a detecçào
das proteínas defeituosas pode elucidar as funções nor-
mais. Algumas mutações Su( var) são provocadas pela
expressão defeituosa da prote í na heterocromatina 1
( HP-1), encontrada na associação com os centrômeros,
-
Sáo produzidas As mutações As mutações
manchas bloqueiam a aumentam a telò meros e outras posições cromossô micas hetero-
vermelhas peias xxmaçao eficiente formação de cromá ticas na Drosophila. A comparação dos mutados
células em que o da heterocroma - heterocromatina
Su( var ) com os tipos selvagens revela que a UP-1 é uma
w* é transcrito e tina e deixam a e restringem a
manchas brancas maioria das céHjlas expressão do v/ proteí na de ligação a n ú cleos somos que visa aos amino-
nas células em
que ow* è
com transcrição
ativa do w*.
a pequenas
rranchas.
ácidos Usina na posição 9 da histona H3, se forem por -
desativado pela tadores de um grupo metila. A metilação da lisina 9 da
.
dlsserr nação da H3 é uma das modificações epigcnéticas mais comuns
heterocromatina
das histonas nas regiões heterocromá ticas. A ausê ncia
.
Figura 11.16 Muta ções E( var ) eSu( vor ) As mutações da HP- 1 interfere na formação da heterocromatina e
dos genes cujos produtos proteicos participam na suprime a variegaçào.
remodelação da cromatina são detectadas pela intensificaçã o Um segundo grupo de mutações Su( var) afeta
ou supressão da variega çào do efeito de posição. os genes que codificam as histonas metiltransferases
(HMTs), enzimas responsá veis por catalisar a adição
condensado, no qual a transcrição gênica é silenciada de grupos metila aos aminoácidos das proteínas his-
( isto é, heterocromá tica ), e às vezes está em um estado t ô nicas. As histonas metiltransferases parecem visar
menos condensado que permite a transcriçã o ( isto é, aos aminoácidos básicos específicos para a metilação
eucromá tica ), mas frequentemente ela existe em um ( por exemplo, arginina e lisina ) nos nucleossomos,
estado intermediá rio de condensa çã o. acoplando grupos metila a esses aminoácidos como
Coletivamente, as an á lises experimentais dos su - parte da marcação epigenética das histonas. Como foi
pressores e potencializadores da PEV identificam os observado anteriormente, o resíduo de lisina na posi -
genes que criam as " marcas" epigen éticas nas proteí - ção 9 da proteí na histônica H3 é um alvo frequente da
nas histò nicas, causando conexão e desconex ão de metila ção. Na metilaçã o, essa posição é descrita como
grupos metila , acetila e fosforila aos aminoácidos das H3K9me, que é uma abreviação de /fistona 3, lisina
histonas. Essas marcas epigenéticas estão associadas ( abreviação K de uma letra ), posiçã o 9 e metilaçã o. Se
com a remodela çã o da cromatina , que leva à transcri - as HMTs não estiverem funcionando adequadamente,
ção gê nica ou ao silenciamento génico. Os padrões de
metila çã o e desmetila çâ o, acetila ção e desacet í laçâo
a metilação epigenética n ão é estabelecida e a forma
ção da heterocromatina é inibida.
-
e fosforilação e desfosforilaçào são mantidos nas his - A identificação das funções desses dois grupos de
tonas e podem ser transmitidos através de gerações mutações Su( var ) levou ao modelo simples da função
sucessivas de células. Cinco aspectos importantes da da HP-1 e HMT, prevendo que as posições de histona
modificação epigen ética foram identificados pelos especificamente metiladas nos nucleossomos ( por
pesquisadores: (1) as modificações epigen éticas alte- exemplo, H3K9me ) sã o metiladas pelas HMTs e agem
ram a estrutura da cromatina; (2) são transmissíveis
durante a divisão celular; (3) são reversíveis; (4) estã o
como sítios de ligação da HP -1 que ajudam a conden
sar a estrutura da cromatina para silenciar a expres
-
-
associadas diretamente com a transcrição gênica e (5) são genica ( Figura 11.17). De acordo com esse modelo,
náo alteram a sequência de DNA. Em capítulo poste - os mutados Su(var ) defeituosos em seu silenciamento
rior, voltaremos a uma discussão sobre as modifica
ções epigenéticas da cromatina e seu importante papel
- do w' poderiam carregar uma muta ção do gene HMT
que leva à nã o metilação apropriada dos nucleossomos
na regulação da expressão gê nica (Capítulo 15).
ou poderiam carregar uma mutação do gene HP 1 e -
se tornarem incapazes de remodelar a cromatina para
Proteínas de remodelaçã o da cromatina uma forma altamente condensada. Discutimos a re -
Entre as questões que os biólogos celulares estuda - modelação da cromatina e as modificações epigené-
ram através das an á lises mutacionais Su( var ) e E( var) tkas da cromatina em mais detalhes na conex ã o com
estão: “Quais genes e proteínas controlam a condensa - os mecanismos que regulam a transcrição dos genes
eucarióticos ( ver Capítulo 15). A An á lise Gen é tica 11.2
ção da cromatina ?" e "Como a remodelação da croma-
tina altera o acesso ao DNA das proteí nas do fator de vai guiá -lo por uma análise da estrutura da cromatina
transcrição e da RNA polimerase?’. Em relação a essas em volta de um gene.
C a p ít u l o H Estrutura do cromossomo 377
Eucromatina AtNaçâodoXfcre
transcrição do RNAXftr.
AN Á LISE GENÉTICA
O gene Te2 da enzima do tecido do camundongo é expresso nas célu- Coração Timo Rim
las do coração (H), rim (K) e timo (T) em momentos diferentes durante E A E A E A
o desenvolvimento do camundongo. O DNA situado a montante dos rr n n- n ©
genes Te2 transcritos das c ópias transcricionalmente silenciosas do
Te2 é isolado dos tecidos embrioná rio (E) e adulto (A) Um marcador .
radioativo é preso a uma extremidade de cada fragmento de DNA
isolado. Os fragmentos com as extremidades marcadas sào trata -
dos com a enzima nudease microc ócica, que corta o DNA embalado
como eucromatina, mas não consegue cortar o DNA embalado como 5
.
heterocromatlna As amostras de DNA tratadas com enzima e com as
extremidades marcadas são submetidas à eletroforese em gel Os re- .
sultados da eletroforese são exibidos na figura.
a. Com base nos resultados exibidos no gel, há evidências de que a ©
compactaçáo e a remodelação da cromatina desempenham um
papel na expressão do 7fe2? Explique seu raciocínio.
.
b Em qual tecido e em que momento durante o desenvolvimento os resultados indicam que a ex-
pressão do Te2 é mais provável?
.
2 Identifique as informações críticas .
2 São fornecidos os resultados da eletroforese do DNA a montante das cópias ina-
fornecidas no problema. tivas do Te2, ativas e inativas transcricionalmente.
Deduzir
.
3 Descreva a relação entre a atividade .
3 A heterocromatlna é aomatina densamente embalada e em grande parte ina-
transcricional e a estrutura da croma- cessivel para as proteínas transcricionais e contém poucos genes transcritos, se
tina de um gene. . .
tiver algum A eucromatina, por outro lado é uma cromatina mais relaxada, que
contém genes transcritos.
Solucionar Resposta a
.
4 Avalie os resultados da eletroforese .
4 Dois padrões de faixas de DNA são observados. Um padrão contém faixas cujos
em gel de cada tecido dos camun - .
comprimentos aumentam em uma sequência contínua Esse padrão de faixas
dongos embrionários e adultos. indica que são criados pela ação enzimática fragmentos de todos os compri-
mentos. O segundo padrão contém fragmentos menores e maiores, mas não de
V
Dica: A enzima clrva tamanho intermediário. Esse padrào indica que os comprimentos de fragmen-
0 ONA eucromitico, ma» tos intermediá rios não são criados pelo tratamento com enzimas.
nèc o hetemcromático.
Resposta b
5. Use os resultados do gel para inter- 5. Um padrão continuo de fragmentos de DNA é observado quando o DNA é eu-
pretar os padrões de expressão do cromático e tende a conter genes transcritos. Os resultados do gel são coeren-
Te2 do tecido embrionário e adulto tes com a expressão do gene Te2 no coração embrionário e no timo adulto e nos
dos camundongos. rins tanto embrionários quanto adultos. Os resultados sugerem que o Te2 não é
.
transcrito no coração adulto ou no timo embrionário A estrutura compacta da
Dica : Lacunas no padráo dei frag -
cromatina em volta do gene no coração adulto e no timo embrionário poderia
mentos de DMA digeridos r»dica *n cue contribuir para o silenciamento observado da expressão gêmea nesses tecidos.
parte da cromadna esta bem ligada e
que è bem resistente a digest ão enzimá-
tica. Porianta elas sáo um sinal de que a
ESTUDO DE CASO
Busca de anomalias cromossôm í cas nas células cancerosas
As cé lulas cancerosas são altamente anormais c con - Embora as cé lulas cancerosas tenham caractcristi-
tê m caracleristicamente v á rias mutações que perturbam camente cromossomos bastante instá veis e que tendem
muitas atividades celulares fundamentais, incluindo o con - a produzir o tipo de cariótipo manifestamente anormal
trole normal do ciclo celular, as interações c a comunicação observado na Figura 11.19a, certas células cancerosas sã o
entre as células, a taxa de divisã o celular e os processos de
.
reparação das mutações Alé m disso, os genomas c os cro-
incomuns pelo fato de conterem reorganizações cromos
sô micas específicas que sã o quase diagn ósticas dc um
-
mossomos das cé lulas cancerosas são instáveis e propensos determinado tipo dc câncer. É isso o que acontece na
.
a mais alterações mutacionais As mutações cromossôuii- .
leucemia mieloide crónica ( LMC ) em que uma translo
cas nas células cancerosas normalmcnte são m ú ltiplas e, na ca çã o recíproca específica entre os cromossomos 9 e 22
maioria das vezes, incluem a remoção ou a duplicação de é observada em quase todos os casos. De modo similar,
todos ou partes dos cromossomos» bem como as transloca - cm um câ ncer chamado linfoma de Burkitt , uma translo -
ções cm que parte dc um cromossomo é transferida c vincu - cação recíproca diferente entre os cromossomos 8 c 14 é
lada a uni cromossomo não homólogo. observada com muita frequ ê ncia . A Figura 11.19b mos -
Em um momento, as anomalias cromossô mí cas nas tra a transloca ção rec í proca entre os cromossomos 9 e 22
cé lulas cancerosas foram identificadas pela inspeção dos encontrada nas células cancerosas das pessoas com LMC.
padrões de bandamento dos cromossomos quanto às alte
rações. Esse processo foi aprimorado nos últimos anos pelo
- Do mesmo modo, a transloca ção entre os cromossomos 8
c 14 nas pessoas com linfoma dc BurkiU també m é reve-
desenvolvimento da técnica FISH com sondas mullicolori- lada pela FISH ( Figura 11.19c ). O uso de fluoróforos emi -
das e pelo uso de sondas e fluoróforos diferentes para cada tindo comprimentos de onda diferentes facilita a iden -
cromossomo ( técnica SKY
—
xpectral karyotype ) A nova
metodologia permite a detecçáo e identificação mais preci
.
-
tificação dos cromossomos envolvidos na mutação por
translocação e a indicação dos locais das translocaçôes
sas das anomalias cromossôm í cas. A Figura 11.19a mostra cromossôm í cas. Em um capítulo posterior , discutimos as
o cariótipo de uma cé lula cancerosa na qual a FISH reve - perturbações biológicas criadas por essas translocaçôes C
lou que vários cromossomos contê m mais de uma cor. indi como elas contribuem para o desenvolvimento do câ ncer
cando que são realmcnte compostos de pedaços de dois ou ( Capítulo 13).
mais cromossomos n ão homólogos .
( b)
+-- -—
I
D
l
I Cromossomo
Ontrôcnêfo
Filad é lfia
I ??
9
Translocação
9/22
—
Figura 11.19 Detec çáo FISH da
P 1: reorganização cromossò mica nas células
TT -Q 0 Centr ômero cancerosas humanas, ( a ) A instabilidade
£ 1 » : cromossòmica geral leva à observação de
:I 2 8!
. BI
S
vá rias anomalias cromossôm ícas nas células
cancerosas, facilmente observadas usando o
q » i
método FISH (direita ), ( b ) Uma translocação
! s; 3
i i recíproca entre o cromossomo 9 e o
•
8
i
"V-lgV
Transloca çã o
a/14
Ç>
14
— igV
m c- myc
cromossomo 22 é multo comum na leucemia
mieloide crónica ( LMC). (c) A translocaçã o
entre o cromossomo 8 e o cromossomo 14
Translocação é frequentemente detectada nas células do
8/14 linfoma de Burkitt
380 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
RESUMO
11.1 Os cromossomos bacterianos têm uma 113 As regiões do cromossomo sáo diferenciadas
organização simples pelo padrão de bandamento cromossómico
Os genomas bacterianos sáo haplokles e costumam conter Os cromossomos são categorizados pela estrutura com
.
um único cromossomo circular Os genomas de certas es- base na posição do centròmero e na proporção do com-
pécies bacterianas contém mais de um cromossomo. primento do braço longo (braço q) para o comprimento do
I Os cromossomos bacterianos sáo mil vezes maiores, ou braço curto (braço p).
mais, que as células em que residem, e estão situados no Cada cromossomo tem um padrão de bandas caracterfs-
nudeoide. tico, criadas quando são aplkados corantes.
As proteínas se associam com os cromossomos bacteria- O DNA heterocromá tico forma bandas de cor escura que
nos para ajudar na compactaçào. contém relativamente poucos genes expressos .
O superenrolamento dos cromossomos bacterianos circu- O DNA eucromátko forma bandas de cor clara que contêm
lares é o mecanismo principal de compactaçào do cromos- a maioria dos genes expressos.
somo nas células bacterianas. O centròmero consiste em sequências de DNA especializa-
das que ligam proteínas de cinetócoro .
11.2 Os cromossomos eucarióticos sá o organiza - Sondas moleculares especializadas sáo utilizadas na hibri-
dos como cromatina dação in situ para localizar genes espec íficos ou sequências
.
de DNA específicas do cromossomo Essas sondas frequen -
Os núcleos eucarióticos contêm vários cromossomos alta- temente utilizam marcadores fluorescentes na detecçào.
mente compactados.
Os cromossomos eucarióticos sáo compostos de croma- 11.4 A estrutura da cromatina influencia a trans-
tlna — uma mistura de DNA, proteínas histônicas, proteí
nas de suporte e outras proteí nas não histônicas.
- criçã o gênica
I Oito moléculas de proteína histônica formam os núcleos- Durante a Interfase, cada cromossomo habita um território
somos, em volta dos quais 146 pb de DNA se enrolam para próprio no núcleo. O posicionamento cromossómico den-
formar a fibra de 10 nm . .
tro do território está ligado à replicaçáo e à transcrição
I A fibra de 10 nm condensa e forma a fibra de 30 nm. Estudos da variegaçáo do efeito de posição (PEV ) determi
As proteínas nao histônicas formam o suporte cromos- naram que a estrutura da cromatina que circunda um gene
sómico, que confere estrutura às cromá tides e ajuda influencia diretamente a transcrição .
a compactar mais o cromossomo durante a prófase do A remodelação da cromatina consiste em modificações epi-
ciclo celular . genéticas especificas das caudas N-terminais das proteínas
As alças de cromatina se formam com a ajuda das proteí- histônicas.
nas de suporte. Em cada tipo de c élula diferente, os genes As mutações que potencializam [£( vor) ] ou suprimem
expressos estáo mais distantes dos pontos de ligaçáo ao [Su(vor)] a variegaçáo do efeito de posição alteram os
suporte que os genes não expressos. genes responsáveis pela remodelação da cromatina .
A Inatlvaçào aleatória do X nas fémeas de mamíferos é pro-
vocada por um RNA especializado transcrito de um gene
ativo no cromossomo X inahvado.
TERMOS-CHAVE
.
23 Estudos de modificações epí gené ticas das proteí nas
hist ônicas na levedura constatam um aumento apro-
ximado de 15% a 20% na transcrição dos genes se
houver acetklaçáo da H3 e H4 nos nucleossomos vlzi
nhos. Os estudos também detectam uma reduçã o no
nível de metilação dos nucleossomos ( hipometilaçã o)
na vizinhança dos genes ativamente transcritos. Espe -
cule sobre a import ância das observações epigenéti -
cas da transcrição génica .
24. A evidência experimental demonstra que os nudeosso-
mos presentes em uma célula apõs a conclusão da fase
S são compostos de alguns dimeros de histona "antigos"
a. Examine cuidadosamente e redesenhe os cromosso- e alguns recénvslntetizados. Descreva a concepção geral
mos em qualquer alinhamento válido da metáfase I . de um experimento que usa um marcador proteico como
,
Desenhe e indique a placa metafá sica e indique cada o s5 para mostrar que os nucleossomos são frequente-
cromossomo por seu número atribuído. mente uma mistura de dimeros de histona antigos e
b. Explique como você determinou o alinhamento cor- novos após a replicaçâo do DNA.
reto dos cromossomos homólogos nos lados opostos
.
da placa metaf ásica 25. A nuclease microcóclca corta o DNA não protegido por
proteínas a ele ligadas, mas é incapaz de cortar o DNA
.
19 O diagrama cromossômico exibido a seguir representa
.
ligado a proteínas O DNA humano é isolado, destituí-
um cromossomo eucariótico corado por bandamento G
(Giemsa). Indique as regiões heterocromática e eucromá-
do de suas proteínas não histônicas e misturado com a
tica do cromossomo e também as regiões centromérica nuclease microcócica. Amostras são removidas após 30
e telomérica . minutos, 1 hora e 4 horas e submetidas separadamente
Centrômero
.
à eletroforese em gel O gel resultante é corado com bro-
meto de etídio e os resultados são exibidos na figura. Os
tamanhos do fragmento de DNA em pares de bases (pb)
são estimados pela escala à esquerda do gel.
a. Qual termo descreve melhor a forma desse cromossomo ?
b. Vocé espera que a região centromérica contenha hete- Tempo
rocromatina facultativa? Por què? 30 min 1h 4h
c Descreva as caracterí stlcas da composição da sequên- n n©
cia geral e da ligação proteica que diferenciam a região pb
centromérica das outras regiões do cromossomo. 800 -
d. Por que os genes expressos não são encontrados na 600
região telomérica dos cromossomos?
e. Você tem mais chance de encontrar a sequência de 400 -
APRESENTA ÇÃO
O estudo dos danos ao DNA, do reparo do DNA e das Reconhecendo que a variação herdada era a fonte
mutações é a pedra angular da an á lise genétka por mul- da hereditariedade e da evolução nas populações, os
tas razões. Por exemplo, (1 ) as muta ções são a fonte defini-
biólogos tiveram de responder a duas perguntas impor
tantes. A primeira , “Qual a frequência de mutações nos
-
tiva da nova variação genética nas espécies e populações diferentes genomas? w, e a segunda, “A variação entre
e a evolução seria impossível sem a variação herdada que organismos é o resultado de mutações aleatórias, algu -
elas geram; ( 2) os padrões de herança das variantes alé - mas delas adaptativas, ou uma mudança no ambiente
licas são a base em que os princípios da hereditariedade induz alterações genéticas?”. A resposta à primeira per -
gunta veio de muitos estudos de uma ampla gama de
estão fundamentados; (3) o mapea mento das mutações é
uma primeira etapa rumo à construçã o dos mapas gené-
organismos e a resposta à segunda pergunta veio prin -
cipalmente de um experimento realizado em 1943 por
ticos dos cromossomos e dos genomas; (4) o exame das Salvador Luria e Max Delbruck, o qual demonstrou a
anomalias que ocorrem nos organismos mutados leva à natureza aleat ó ria das mutações.
descoberta da função do tipo selvagem dos genes; (5) o
Frequência das mutaçõ es
estudo dos mecanismos de reparo dos danos ao DNA é
parte integrante da compreensã o dos processos biológi- Com que frequência as mutações ocorrem? As
quantidades de mutações são iguais para cada gene ou
cos e moleculares que contribuem para a variaçã o here- variam de acordo com o gene ou o organismo? Essas
ditá ria; (6) o reparo das quebras do DNA de fita dupla é são algumas questões que os geneticistas fazem sobre as
subjacente ao processo de crossing -over dos cromosso- muta ções enquanto procuram descrever a frequência e
mos homólogos na meiose e (7) o reparo do DNA defei- a distribuição das mutações nos genomas.
Em bactérias e outros microrganismos haploides,
tuoso é subjacente a vá rias doenças, com mais destaque
para o câ ncer. Este capítulo explora esses tópicos em sua
a frequência das mutações pode ser medida pelo n ú -
mero de vezes que a mutação altera um determinado
discussão da mutação gènica, reparo dos danos ao DNA e gene. As mutações nesses organismos, que criam defi -
mecanismo de recombinação homóloga. ciê ncias nutricionais auxotróficas que prejudicam a ca -
pacidade dos organismos para crescer em um meio de
12.1 As muta ções são raras e cultura mínimo, são mais facilmente identificadas. Os
mutados auxotróficos requerem suplementa çào de um
ocorrem de maneira aleatória meio de cultura mínimo para crescer.
As mutações têm estado no centro das atenções A frequência das mutações é definida e investigada
desde o início da dé neia genética. Por exemplo, lembre- de maneira diferente nos diploides que se reprodu -
-se de que a herança das sementes rugosas nas plantas zem sexualmente. Nesses organismos, a frequê ncia de
de ervilha estudadas por Mendel resulta da homozigosi - mutação é o n úmero de eventos mutacionais em um
determinado gene em relaçã o a uma dada unidade de
dade para um alelo mutado que não produz uma enzima
ramificadora de amido (ver Capítulo 2). Na ausência tempo; e embora as mutações recessivas possam ser
dessa enzima , uma quantidade excessiva de moléculas identificadas, é mais comum identificar as dominan -
de açúcar livres está presente nos embriões em desen
volvimento, que acabam formando sementes rugosas
- tes, pois são mais fáceis de detectar. As frequências de
muta ção na maioria das vezes são medidas pelo ciclo
( ver Tabela 2.6). De modo similar, a baixa estatura da de replicação do DNA ou pela geração celular. Por
planta de ervilha que Mendel observou ocorre nas plan - exemplo, se 100 mil grãos de pólen forem examinados
tas homozigotas para um alelo mutado incapaz de pro - quanto à varia ção na cor, a descoberta de dois grã os de
cor anormal seria relatada como uma taxa de mutação
duzir um hormônio do crescimento. Do mesmo modo, a
descoberta de Morgan da base cromossómica da heredi- de 2 X 10-5. De modo alternativo, estudos longitudi -
tariedade surgiu de seu estudo do fenótipo dos olhos de nais da reprodu ção em animais e plantas conseguem
cor branca mutados na Drosophila (ver Capítulo 3). identificar as taxas de mutação na prole. As mutações
Em cada um desses exemplos, um fenótipo mutado dominantes são identificadas com mais facilidade por
resulta da mutação de um único gene transmitido du- essa abordagem pela simples razão de que uma ú nica
rante a reprodução. Mas, na realidade, todo organismo cópia de um alelo mutado dominante será observá vel
carrega alelos mutados, independentemente de eles se no fenótipo. A Tabela 12.1 apresenta as taxas de mu -
manifestarem ou não em fenótipos distintos. A presença tação de genes selecionados em uma série de espécies
das mutações é abundante nos genomas e elas ocorrem microbianas, vegetais e animais.
em toda geração. As estimativas atuais para o genoma A partir de décadas de estudo das frequ ê ncias de
humano, baseadas nos dados de sequenciamento do ge- mutações genicas, três conclusões essenciais podem
noma, indicam que como indivíduos nós adquirimos de ser extra ídas. Primeiro, as frequências de mutaçã o são
uma a quatro novas mutações a cada geração. baixas em todos os genomas, significando que a es-
Capí tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recombina çáo homóloga 385
*
Resistência ao fago TI TIs tTI r - - 2 x 10 •
Dependência de histidina -
htr thir 2 x 1o-6
Salmonella typbimurium Independência de triptofano trp -Krp * 5 x 1 0^
Dependência de histidina hir -> hisr 2 x 10-*
Dependência de treonina thr* -» thr 4 x 10“*
Algas
Chlamydomonas reinhordií Resistência à penicilina pen-s -» pen-r 1 x IO 7
"
-* ade' 4 x 10 *
Independência de inositol inor -* inos* 8 x 10 *
"
Plantas
Zea mays (milho) Cor do grão C* > c -
- 2 x 10-*
Composição do endosperma
Forma do grão
—
SlJ* > SlT
$h+ -> sh
2 x 1 0^
1 x 10-*
Insetos
Drosophlh melanogaster
(mosca-da- fruta)
Cor dos olhos —
w* > w 4 x 10-»
Cor do corpo y* -> y 1,2 x 10-*
Cor dos olhos bw -> bw 3 x 10 *
Cor do corpo e -» e
4
2 x 10 * *
Mamíferos
Mus musculus (rato) Cor do pelo -
64 > tr 8,5 x 10 * "
*
Doença de Huntington HUT* —> HUT 2 x 10-6
Síndrome unha-patela 5 x 10 6
"
tabilidade genô mica é primordial e que as mutações existem variáveis intr ínsecas à sequência de DNA que
contribuem lentamente para a diversidade herdada. levam a taxas de muta çã o diferentes entre os genes em
Segundo, as frequê ncias de muta ções genicas diferem um genoma.
consideravelmente entre os organismos, sugerindo CJada espécie tem uma frequência m édia de muta -
que os genomas podem ter níveis variá veis de tole çáo gênica e as pesquisas indicam que as frequências
rà ncia para as muta ções e que a eficiê ncia do reparo estão correlacionadas com o tamanho do genoma. Em
das mutações pode variar entre os organismos. Por outras palavras, organismos com genomas maiores cos-
fim, as frequências de mutação entre diferentes genes tumam ter uma frequência de mutação mais alta que
de uma ú nica espécie exibem varia ção, sugerindo que os organismos com genomas menores. As estimativas
386 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
atuais constatam que os vertebrados tém frequê ncias Luria e Delbriick conceberam o "teste de flutuação"
de mutação pelo menos 100 vezes maiores por gera - para descobrir se as mutações ocorrem aleatoriamente
ção que as bactérias. Alé m das diferenças nas frequê n- ou são induzidas por mudan ça ambiental. A mutação
cias de mutação entre os organismos, as frequências de que eles examinaram foi a aquisição de resist ência à in -
mutação para certos genes dentro de um dado genoma fccção por bacteriófago. A presença do bacteriófago nas
podem ser substancialmente mais altas que a média da placas de cultura foi o fator ambiental que poderia ter
espécie. No genoma humano, por exemplo, a frequên - desencadeado uma resposta adaptativa das bacté rias.
cia de mutação média do gene médio é da ordem de 1 Luria e Delbr úck inocularam 20 culturas bacterianas de
a 10 por milhã o de gametas. Mas em genes específicos, pequeno volume com bactérias de uma cultura maior.
como o DYS , que produz a distrofia muscular de Du - As 20 culturas pequenas e a grande cultura original
chenne, um transtorno humano recessivo ligado ao X, foram expandidas até a mesma concentração final de
e o NF1, que produz a neurofibromatose autussômica bactérias e nunca encontraram um bacteriófago du -
dominante, vemos frequ ê ncias de mutação elevadas. rante a fase de crescimento. Depois de cultivadas, os
Genes como esses sào identificados como hotspots de pesquisadores extraíram volumes iguais de cada uma
mutação, genes individuais ou regiões dos genomas das 20 culturas pequenas e coletaram 20 amostras da
onde as mutações ocorrem com muito mais frequência cultura grande, distribuindo cada amostra nas placas
que a m édia. de cultura contendo bacteriófago. Após aguardar o
Os hotspots de mutaçã o derivam normalmente crescimento das bactérias, eles contaram o n ú mero de
de caracter ísticas específicas dos genes ou sequê n - colónias resistentes a fago em cada placa de cultura.
cias de DNA envolvidos. Uma razã o para as hotspots A hipótese de muta ção adaptativa prevê que, como
de mutação é um gene de tamanho grande. É o caso do as bacté rias em cada placa foram expostas ao mesmo
DYS e do\T 1 , que sofrem mutações a uma taxa apro - tempo ao bacteriófago, cada placa deveria produzir
ximadamente uma ordem de grandeza maior que a
taxa de mutação humana média (105 para o DYS e NF1
aproximadamente o mesmo n úmero de colónias re
sistentes a fago, caso esse fago no ambiente de cultura
-
vénus a supracitada 10-* para o gene humano médio). estimulasse a mudança genética adaptativa. Por outro
Esses genes também sào os dois maiores conhecidos no lado, a hipótese de mutação aleató ria prevê que as célu -
genoma humano. O DYS , por exemplo, abrange apro- las resistentes a fago se desenvolvem espontaneamente
ximadamente 2,5 milh ões de bp no cromossomo X. em cada cultura; desse modo, suas quantidades totais
Discutimos em seções posteriores outras circunstâ ncias variam consideravelmente entre as diferentes culturas.
que criam hotspots de mutação. A Figura 12.1 ilustra que mais flutuação em volta da
quantidade média de coló nias resistentes é prevista pela
Teste de flutuação hipótese de mutação aleatória e é exatamente isso que
Luria e Delbriick detectaram. A partir desse trabalho,
A natureza da muta ção foi tema de considerável eles conclu íram que as mutações ocorrem aleatoria -
especulação até quase a metade do século XX. A espe- mente e in ú meros experimentos em vá rios organismos
cula ção praticamente acabou em 1943, quando Luria nos anos subsequentes apoiam essa conclusão.
e Delbr ú ck realizaram um experimento que testou a
.
natureza de uma mutação que protegia a E coli con - Observa çã o gen ética As mutações ocorrem aleato-
tra a lise após exposição ao bacteriófago. Embora no
experimento de Luria e Delbr ú ck a frequê ncia de bac
té rias resistentes ao fago fosse baixa, sua quantidade
- riamente. Elas sào raras, mas t ém uma taxa variável entre as
diferentes espécies, de gene para gene dentro de uma espéde
pôde ser contada em razão do grande n ú mero de cé
lulas bacterianas em cada placa de cultura e da capaci
-- e entre diferentes segmentos dos genomas.
Muta ções por substituição de pares de bases Mutaçã o silenciosa Uma substituição de pares de
A substituiçã o de um par de bases de nucleotí - bases produzindo uma proteí na com a mesma sequê n
cia de aminoácidos da prote í na do tipo selvagem é
-
deos por outro é uma mutação por substituição de
pares de bases . Ocorrem dois tipos de substituição
conhecida como mutação silenciosa , também cha -
mada mutaçã o sinónima. As Figuras 12.2a c 12 2 b ilus-
de pares de bases: muta ções por transição, nas quais
tram uma muta ção silenciosa na qual uma mutaçã o
uma purina substitui a outra ( isto é, A substitui G ou
por transição A T para G - C altera o códon leucina
-
vice versa ) ou uma pirimidina substitui outra ( isto é,
- -
do tipo selvagem ( 5' UUA 3') para um códon mu
-
C substitui T ou vice versa ), e mutações por trans-
- -
tado ( 5# UUG 30 que també m codifica a leucina.
*
Tipo Consequência
Mutações de sequência codificadora
Silenciosa Nenhuma mudança na sequência de aminoá cidos
Sentido trocado Muda um aminoácido do polipeptídeo
Sem sentido Cria um códon de parada e termina prematuramente a tradução
Mudança de quadro de leitura Resulta na sequência de aminoácidos errada
Mutações regulatórias
Promotora Muda o momento e a quantidade de transcrição gênica
Poliadenilaçáo Altera a sequência de RNAm; pode afetar a estabilidade do RNAm
Sitio de spOóng Pode reter a sequência Intrônka ou excluir a sequência exônica do RNAm maduro
Mutação por replicação do DNA: Aumenta (ou raramente diminui) o número de repetições dos tripletos de DNA, pro-
Expansão da repetiçã o dos tripletos vocando instabilidade do RNAm ou o número incorreto de aminoácidos repetidos
em uma proteína
388 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
,
DNA 5'7J TTET T t T AGA T G G T G T / r 3' Fita codificadora ( b) Mutação por mudanç a da matriz de leitura: inserção de um
7
3' JAAMIAAA t C T A C C AfTT/f 5’ Fita-molde único par dê bases
T
RNAm S'7 m G\ ITWW.OTJPI
*
Polipept ídeo N •1 Leu '/ C DNA 57f n i i nfj
t i É t m m i u 7 3'Fita codificadora
31n WJ A .Y.infMif .fHr.fiX 5'Fita-molde
(c) Mutação de sentido trocado RNAm 571 mu AUU U AG AUG GUG III, £ 3 *
Sequências
nudeotfcJtas
DNA S' 7 £ 3' Fita codificadora Polipept ídeo N Phm destacadas
3*7/ A A I AAA I C I T 5' Fita-molde
Sequência de aminoàcidos alterada
RNAm 5'7fiijraaiii»iiKiífji A [ rfHiiwifj 3'
Polipept ídeo N
JITL*UTPII« VkíSLíESU IVãI1 jc
* (c) Muta ção por mudança da matriz de leitura: remoção de um
ú nico par de bases
1
( d) Mutaçã o sem sentido
troladas pelo gene SGR (staygreen ) (ver Tabela 2.6). O (a ) Muta ções no promotor
produto proteico do alelo dominante participa da via Posição no promotor
de degradação da clorofila , mas a prote í na mutada tem -
Gene da (3- globlna 101 -88 - 30
muito pouca funçã o em virtude da muta ção que insere Tipo selvagem7 ' 1 C á C A IççaftÃõÃ AÇil
6 bp de DNA e adiciona dois am í noá cidos à proteí na. i u i u
Mutação 7inÊBulGuuR i sarf GUG cr;ac
(
Mutaçõ es regulatórias
(b ) Muta ções no íntron 1
Algumas mutações pontuais produzem o efeito de
reduzir ou aumentar a quantidade de transcritos gêni
cos do tipo selvagem e a quantidade de polipeptideos
- Éxon 1 [ í ntron 1
Quantidade de transcrito
com splicing normal
^
J GCCflfl G T iRilf l
’
Tipo selvagem 100%
do tipo selvagem sem afetar as sequências do transcrito
e do polipeptídeo. Essas mutações, classificadas como Mutação J ILEBAG QTTS 6 TA /Í . Nenhum
mutações regulatórias, ocorrem nas regiões nã o codi - 7/ SCC
'
U T T G G T A ,r
/ Nenhum
ficadoras dos genes, como as regiões promotoras, os ín- 7 G T T G H T A / ir Nenhum
trons e as regiões que codificam os segmentos 5' UTR - 7 / GCCFJH JtJTCiflOjC Reduzida
-
e 3' UTR do RNAm. Nenhuma dessas regiões codifica 1/ GCCHcf b I bUI JJC Reduzida
diretamente as proteínas, mas as mutações nessas re -
7 / GCCEE 6 T r áò HAlC
~
Reduzida
giões podem produzir RNAm anormais. Três tipos de 1 2 3 4 5 6 7J
mutações regulatórias são frequentemente reconheci - Posiçã o no íntron
dos: mutações promotoras, mutações de splicing e sítios
de splicing cr ípticos. Figura 12.4 Mutações regulatórias do gene da
Muta ções promotoras As sequências de consenso pro - 0-globina humana, (a) Essas mutações por substituiçã o de
pares de bases no promotor reduzem a transcrição do gene.
motoras reconhecidas pela RNA polimerase II e seus (b) Essas substitui ções de pares de bases no íntron 1 reduzem
fatores de transcrição associados controlam a inicia
ção eficiente da transcrição. As mutações que alteram
- ou eliminam o splicing normal do pré- RNAm.
de splicing cr íptico sofre splicing em aproximadamentc bases descritos anteriormente sào exemplos de processos
90% dos eventos de splicing 3' do í ntron 1. Esse splicing
aberrante deixa 19 nucleotídeos adicionais no RN Am
que criam mutação. As reversões podem ser provoca -
das por mecanismos similares. Em um tipo de reversão,
maduro; esses nucleotídeos foram removidos nos ou
tros 10% dos transcritos maduros, que sofrem splicing
- chamada reversão verdadeira , a sequê ncia de DNA do
tipo selvagem é restabelecida para codificar sua men -
no sítio 3' do íntron 1. Na Análise Genética 12.1, você sagem original por meio de uma segunda mutação no
pode praticar a identificação dos tipos de mutações mesmo local ou dentro do mesmo códon ( Figura 12.6a ).
pelas alterações que produzem nos polipeptídeos. De modo alternativo, a reversão pode ocorrer por meio
—
(a) Reversão verdadeira ( c) Reversã o de segundo sítio
Pigmento
azul azul azul
RNAm 5* 7/ UUA / «TITlClj / raj c i r y
Pollpept ídeo ( LOl Proteí na Prote ína Proteí na
de baixo de baixo de alto
\ transporte transporte transporte
A subsr tuiçáo de pares de A substituição de de pigmento de pigmento de pigmento
bases cria uma mutação pares oe bases revene
de sent do trocado. o códon alterado para Maior função Perda da função Perda da função
codticar o aminoã de transporte de transporte de transporte
odo (lej} do t po de pigmentol
Fita
DNA Tipo selvagem
molde 3‘
~
AAT AAA
J
Fita codificadora 5' ] T T A T T T A G [A TGG TGT CCA
- 7/ T ACC ACA GGT
Muta çã o por
Ify
Ify
Dois pares de bases
a sL,
*
A
mudan ç a da
matriz de leitura
Tc são removidos. -
Flor azul escura -
Flor azul clara -
Flor azul escura
-7 fTT Ã \ i i f U I l i A
reverte uma mutação por mudança da matriz de leitura
provocada por uma remoçã o de 2 bp e inser çã o de 2 bp em
l* um sítio próximo no gene. (c ) A reversão do segundo sitio
restabelece um fenótipo quase do tipo selvagem por meio de
A mutação adcional em um segundo local restabelece a matrtz de leitura.
uma mutação compensatória de um segundo gene.
Capí tulo 12 Mutaçáo gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 391
AN Á LISE GENÉTICA
Um fragmento de um polipeptideo tem a seguinte sequência de aminoácidos do tipo selvagem:
Met-His- Ala-Trp- Asn-Gly-Glu-His- Arg
As sequências de aminoácidos dos três mutados são exibidas a seguir. Para cada mutado, identifi-
que o tipo de mutação que ocorre e especifique como a sequência de RNAm foi alterada.
Mutação 1: Met-His- Ala-Trp-Lys -Gly-Glu-His- Arg
Mutação 2: Met-His- Ala
-
Mutação 3: Met-Met -Leu-Gly-Met - Ala -Glu His- Arg
.
2 Identifique as informações críticas .
2 A sequência de aminoácidos do tipo selvagem e as partes correspondentes dos
fornecidas no problema. polipeptídeos mutados sáo fornecidas.
Deduzir
3) Determine a sequência de RNAm do (3.J A sequência de RNAm do tipo selvagem é
tipo selvagem.
/
J
5' AUG CA7C GCN UGG AAu/ GGN GAVC CA7C7CGN 3'
- = -
Dica: U w M w a postç So poder ser ocupada
; Dicê: Use 0 código qenetKo da Tabela IJ.
*-
pof qualquer nudeoriderx\ pan as purirws a
terrjçtvas e V, par» as pnlmdlw altemadwas
Solucionar
.
4 Compare cada sequência mutado .
4 As comparações sáo:
com o polipeptideo do tipo selva- Mutado 1: essa é uma mutação de sentido trocado em que o polipeptideo mu-
gem e identifique os prováveis tipos tado tem um aminoácido trocado de Asn para Lys.
de mutações. Mutado 2: essa é uma mutação sem sentido em que um códon Trp é trocado
por um códon de parada.
Mutado 3: esse mutado contém alterações de cinco aminoácidos consecutivos,
começando pelo segundo aminoácido (His por Met ). A sequência do tipo sei
vagem é restaurada, começando pelo sétimo aminoácido (Glu). Esse mutado
resulta de duas mutações compensatórias por mudança da matriz de leitura. A
primeira altera a matriz de leitura e a segunda a restabelece.
.
5 Determine a alteração no RNAm que .
5 0 códon do tipo selvagem (Asn) é AA:/C e o códon mutado (Lys) é AA7o Essa-
produz o mutado de sentido trocado. alteração resulta de uma mutação por transversâo .
.
6 Determine a alteração no RNAm que .
6 O códon do tipo selvagem Trp (UGG) é trocado por um códon de parada. A mu-
produz o mutado sem sentido. .
dança é UGG por UGA ou UGG por UAG Em qualquer um dos casos, essa é uma
mutaçáo por transiçã o .
.
7 Determine a alteração no RNAm que .
7 O surgimento do Met na posição 2 significa que o segundo c ódon do mutado
produz o mutado por mudança na .
por mudança da matriz de leitura é AUG Essa alteração exige a remoção da pri-
matriz de leitura. meira C da sequência do tipo selvagem e significa que U, e não Cr está presente
como o sexto nudeotídeo do tipo selvagem. Começando pek) Glu, a sequência
de aminoácido do tipo selvagem é restaurada. Isso exige a inserção de G ime-
diatamente apó s o códon Ala.
versão de segundo sítio, produzida pela mutação em mesmos trés nucleotídeos ( repetições trinucleotidicas)
um gene diferente. Nesse caso, a mutação original ina
tiva o gene A e resulta na perda de função da proteí na
- ou de unidades de repetição maiores são suscetíveis a
erros de replicação que surtem o efeito de aumentar ou
de alto transporte de pigmento em uma flor. Um gene de diminuir o n úmero de repetições.
baixo transporte de pigmento, R, permanece ativo, trans- Mutações que alteram o n úmero de repetições do
portando uma pequena quantidade de pigmento azul do DNA ocorrem por um processo chamado deslizamento
gene G A mutação inicial produz uma flor azul-clara. A da fita. Em meados dos anos 1960, George Streisinger e
reversão do segundo sítio é uma mutação do gene B que colaboradores descreveram o primeiro exemplo conhe -
aumenta a transcrição gênica e, assim , aumenta a produ - cido de deslizamento da fita, que gerou mutações por mu -
ção da proteína transportadora de pigmento. A mutação dança da matriz de leitura em um gene do bacteriófago
do gene B compensa a mutação do gene A e restabelece o T4. Streisinger propôs que o deslizamento de fita ocorre
-
fenótipo da flor azul escura do tipo selvagem. Uma mu
tação de segundo sítio desse tipo também pode ser iden-
- quando a DNA polimerase do replissomo se dissocia tem -
porariamente da fita- molde enquanto se desloca por uma
tificada como uma mutação supressora. região da sequência de DNA repetida ( Figura 12.7). Du -
rante a dissociação, uma parte do DNA recém - replicado
Observa çã o gen ética As mutações pontuais são provo- forma uma estrutura em hairpin temporária de fita dupla,
.
cadas por substituições Inserções ou remoções de bases simples
induzida pelo pareamento de bases complementares dos
nucleotídeos na alça. A reassociação da DNA polimerase
nos segmentos codificadores dos genes e podem gerar proteí
nas anormais. As mutações regulat órias alteram a quantidade
e a retomada da replicação levam a uma nova replicação
de proteí na do tipo selvagem produzida. As reversões anulam
de uma parte da região repetida, aumentando o compri -
mento da região repetida na fita-filha. As sequências de
a consequência fenotípka das mutações anterógradas e restau-
DNA repetidas frequentemente são hotspots de muta ção
ram plena ou substancialmente o fenótipo do tipo selvagem.
em razão do deslizamento da fita.
Nas últimas duas décadas, uma categoria especial
de mutações foi identificada como uma causa de doen ça
12.3 As muta ções gênicas podem hereditá ria em humanos e em outros organismos. As do-
surgir de eventos espont âneos enças hoje são classificadas como doen ças de repetição
de trinucleotídeos (Tabela 12*3). Os alelos do tipo sel -
Na muta ção espontâ nea , as mutações de ocor - vagem dos genes em questão normalmente contêm
rência natural surgem nas células sem ser induzidas uma quantidade variável de repetições trinucleotidicas
pela exposição do DNA a um agente físico, químico ou de DNA. Em raras ocasiões, esses genes sofrem muta-
biológico capaz de gerar danos ao DNA. As mutações ção pelos eventos de deslizamento da fita que causam o
espontâneas surgem basicamente por meio de erros du- aumento do n ú mero de repetições de trinucleot ídeos.
rante a replicação do DNA e por meio de mudan ças es- Em cada um desses exemplos, a expansão do nú mero de
pontâ neas na estrutura química das bases nudeotídicas. repetições de trinucleot ídeos além da faixa do tipo sel-
vagem resulta em uma doença hereditá ria que bloqueia
Erros de replicação do DNA a produção do RNAm do tipo selvagem e reduz ou eli-
mina a produ çã o de proteínas do tipo selvagem.
A replicação do DNA tem uma fidelidade extraor
dinariamente alta. Os erros de replicação que resultam
-
Mudanças espontâneas das
na combinaçã o malsucedida dos pares de bases entre
uma fita- molde c uma fita recém-sintetizada do DNA bases nudeotídicas
ocorrem em uma taxa aproximada de 1 X 10 9 na Esche - As bases nudeotídicas do DNA são estruturas quími-
richia coli do tipo selvagem, e uma taxa de acurácia si- cas orgânicas que às vezes podem ser convertidas, no que
milar é encontrada na replicação do DNA eucariótico. são conhecidas como mudanças tautoméricas, em estru-
A eficiê ncia global da replicação do DNA é atribuível à turas alternativas conhecidas como tautòmeros. Estes são
capacidade de correção de erros das DNA polimerases estruturas que tèm a mesma composição e organização
-
e à operação dos sistemas de reparo reparo de erros de geral, mas uma ligeira diferença na ligação e colocação de
combinação nos pares de bases do DNA (Seção 12.5). um hidrogénio. A geração de um tautômero muda a es-
Uma exceção à acurácia geral da replicação, poré m, trutura tridimensional da base nudeotídíca de uma forma
é observada nas regiões gcnó micas contendo sequê ncias comum, mais estável, para uma forma rara , menos está-
repetidas. Os erros de replicação nessas regiões mudam vel. Mudanças tautoméricas que afetam as bases nitro-
o n ú mero de pares de bases nas sequê ncias repetidas genadas podem levar a uma combinação malsucedida de
e são outra fonte de hotspots de mutação. As sequên - pares de bases entre um tautômero raro em uma fita do
cias de DNA repetidas frequentemente são repetições DNA e a forma comum na fita complementar.
curtas de ponta a ponta. Por exemplo, trechos consis - O pareamento equivocado dos nucleotídeos do DNA
tindo em muitas repetições de ponta a ponta dos mes - em razão da presen ça dos tautòmeros é a forma mais
mos dois nucleot ídeos ( repetições dinucleotídicas ), dos comum de erro de replicação do DNA. A Figura 12.8a
Capí tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 393
Separaçao da fita
tripleto CAG .
o
TC 6 TC GTC GTC GTC 6 TC A 6 // 5'
I
Inicio da replkaçáo
o i
^^ if^/15
~ ~ ' Flta-molde
5' 7/ T A A C A S C A S CTITTA 6 CA 6 Fita- filha em
crescimento
7
5* C*
7
J'
Conclusão; o deslizamento da fita nas reg óes de sequência de DNA repetidas leva a uma
alfpraçào no número de elementos repetidos
mostra o paramento de bases padrão envolvendo for - mero errado de pontes de hidrogénio, levando ao parea-
mas tautoméricas comuns das bases nucleot ídicas. Em mento equivocado.
comparação, as combinações malsucedidas que ocorrem Mudanças tautoméricas podem levar a mutações
entre um nucleotídeo tautomérico raro e um nucleotídeo .
por substituição de pares de bases Na igura 12.9, a rara
normal são exibidas na figur» 12, 8b. Repare que, em cada forma en ólica da timina é pareada incorretamente com
caso de combinação malsucedida, o pareamento purina - a guanina durante a replicação do DNA Três pontes de.
-pírimklina é mantido, mas o tautòmero raro forma o n ú - hidrogénio está veis se formam entre esses nucleotídeos
Número Sequência
Doença Omim repetida Faixa de repetição Fenótipo da doença principal
Normal Doença
Síndrome do X frágil 309550 CGG 6-50 200- 2000 Deficiência intelectual
Ataxia de Friedrelch 229300 GAA 6- 29 200-900 Perda òe coordenação
Doença de Huntí ngton 143100 CAG 10 34 40 200 Movimento descontrolado
Sí ndrome de Jacobsen 147791 CGG 11 100 1000 Retardo do crescimento
Distrofia miotònka (tipo I) 160900 CTG 5-37 80- 1000 Fraqueza muscular
Atrofia muscular espinhal e bulbar 313200 CAG 14- 32 40-55 Perda muscular
Ataxia esplnocerebelar ( várias formas) 271245 CAG 4 - 44 45- 140 Perda de coordenaçã o
394 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
ídeos padrão e
Nucleot
pdfcdrrxaito de bd 3
*
a
*
( b) Pareamento de bases envolvendo tautômeros raros Mudança tautoménca da
forma T (eetônica) comum
HjC para a forma T (erólica) rara
o ,o
| Replicarão |
H
- N
Taut Ômero H
O tautômero T
(enólico) pareia
equivocada*
mentecom
G (cetônico).
Mudança
tautomérica de
T (enólCa) para
T (cetôníca) CL | Replicaçáo |
Mutação por
transição.
-
A T - -
G C
•
( ) ( b)
Dcsaminaçá o DesamlrvaçAo
(O
~
ljf ~ 3’
Reparo usando a fwa T como molde. S'
3*
ji C Tp
7/ ^
fiAH í
GAT
lTTjf 5 '
Muta ção po' transição (C G- -
T A)
*'1 Cl'
*1 C 5'
Par de bases equivocado Reparo usando a fita G como molde. 5' 7 C 3' -
Par de bases C G do tipo
CTA A / í- 5'
t
selvagem restaurado
(d )
5'
3 -7J £ 5-
Replicação do CNA sem
reparo do erro de pareamenta
o/
*1 si GAT
CTA
V Ê*
»// 5'
" Muta ção po' ransição (C G -
— -
T A)
Figura 12.11 Desaminaçáo. (a ) A crtosina não metilada é desaminada para formar uracila. ( b ) A desaminaçáo da 5- metilcitosina
forma timina pareada equlvocadamente com a guanina . (c ) O reparo do pareamento equivocado pode criar uma mutação por
-
transiçã o de G - C para A T ou pode remover a timina para restaurar a sequê ncia do tipo selvagem (d ) Os erros de pareamento
,
não corrigidos são replicados e produzem uma cromátide do tipo selvagem e uma cromátide de mutação por transição.
lecular. Consequentemente, os análogos de base são amina de qualquer nucleot ídeo. Na maioria dos casos,
incorporados nas fitas de DNA durante a replicação. a desaminação n ão produz nenhum efeito mutagé nico;
Como os análogos de base se assemelham a nucleo - -
mas a desaminação da 5 metilcitosina (exibida na Fi -
tídeos end ógenos ( isto é, os nucleot ídeos produzidos gura 12.11) é uma exceção, levando a uma substituição
pelo corpo), as muta ções que eles induzem são tran - - -
de pares de bases G C por A T. Alé m disso, quando
sições. Por exemplo, o composto 5- bromodesoxiuri- o ácido nitroso desamina a adenina , o produto é a hi -
dina ( BrdU ) é um derivado da uracila muito similar poxantina , um nucleot ídeo modificado que pode pa -
à timina quanto ao tamanho e à forma. Nas células, rear equivocadamente com a citosina e levar a uma
ele age como um análogo da timina . Após a incor - mutação por substituição de pares de bases C G por -
pora çã o do BrdU durante a replica çã o do DNA , ele T - A (Figura 12.13a ) .
forma par com a adenina ( Figura 12.12 ). A replica ção
da fita - molde contendo a adenina equivocadamente Agentes alquilantes Os agentes alquilantes adicio-
nam grupos laterais volumosos, como os grupos me
—
*
pareada resulta em uma mutação por transversào de
C - G para A - T no exemplo exibido na figura . O BrdU tila (CHj) c etila (CHf CHa), às bases de nucleotídeos.
sofre tautomerização com muito mais facilidade que Esses grupos adicionados são conhecidos como adutos
seu an álogo, a timina. Em sua forma tautom é rica , o volumosos. O metanossulfonato de etila ( EMS) é um
BrdU pode levar a muta ções também nos ciclos de poderoso agente alquilante que adiciona um grupo etila
replicação posteriores. Outros análogos de base pro- à timina , produzindo 4-etiltimina, ou um grupo etila à
duzem diferentes mutações por substituiçã o de pares guanina, criando O^ -etilguanina (Figura 12.13b). Esse
de bases. Por exemplo, o composto 2- aminopurina ( 2- e outros adutos volumosos interferem no pareamento
- AP) é um análogo de base da adenina que pareia com normal das bases de DNA e podem distorcer a dupla -
a timina e pode levar a qualquer um dos tipos de mu
taçã o por transição.
- -hélice do DNA.
Agentes hidroxilantesA hidroxilação é a adição de
Agentes desaminantes O ácido nitroso ( HN 02) é um um grupo hidroxila (OH ) a um composto receptor
agente desaminante, ou seja , um agente que remove por um doador chamado agente hidroxilante. A hidro-
um grupo amina ( NH2 ). Ele é capaz de remover grupos xilamina é um agente hidroxilante que adiciona um
Mecanismo mutaclonal
Novo nucleotfdeo Par de bases Par
Base normal Mutá geno Base modificada parceiro original modificado Muta çã o
—
Acido nitroso Mutação por
( HNO ) , C transição
— c ( AI GC)
Agente desammante
remove grupos
Adenlna amlna.
(b)
Metanossutfonato
"T"W°
H
/
N
Guanlna
-H —
deetlla
(EMS)
Agente alquiã me
adiciona
grupos etia.
CT- Etilguanlnal
A
T
—
Mutação por
trarsição
(G-C A T)-
(0 H
/
—
H
Hldroxilamina Mutação por
(NH ,OH) C (NH,OH) c* T
- H • N N III III II transição
-
(C G T-A)
Agente hadroxiante
— adiciona gnjpos
nidroxila.
H >= N
\ G A A
Figura 12.13 Exemplos da ação dos mutágenos químicos. Em (a), H é a hipoxantina. Em ( b) e (c). os asteriscos (*)
representam nucleot ídeos modificados.
grupo hidroxila à citosina deslocando um H3, criando tes, consegue se espremer entre os pares de bases dc
assim hidroxilaminodtosina ( Figura 12.13c) A hidro . - DNA. Os compostos intercalantes do DNA , como a
xilaminocitosina costuma parear com a guanina mas . profiavina , o benzo(a ) pireno ( um composto da fuma ça
frequentemente pareia equivocadamente com a ade
nina , levando a mutações por transiçã o de pares de
- do cigarro) e a aflatoxina ( uma toxina encontrada em
amendoins contaminados com mofo), são grandes com -
- — -
bases C G > T A. postos que podem se infiltrar entre os pares de bases
.
e distorcer a fita dupla ( Figura 12.14 ) Esses compostos
Reações oxidativas Oxidação é um processo químico
de transferência de elétrons pela adição de um átomo de também podem se associar a bases nucleot ídicas, for-
oxigé nio ou pela remoção de um á tomo de hidrogénio. mando adutos volumosos que contribuem para a dis-
As reações oxidativas que levam à mutação resultam torção do DNA. Essas distorções helicoidais levam a
quando os compostos que contém formas reativas do um corte da fita de DNA que nã o é reparado eficiente
mente . No próximo ciclo de replicação, as fitas cortadas
-
oxigé nio ( muitas vezes identificadas como radicais oxi - podem ganhar ou perder um ou mais nudeotídeos. Em
genados) reagem com as bases de DNA. Um exemplo de
mutação originária da ação de um composto oxidativo consequ ência, os agentes intercalantes causam muta-
é a produção de 8-oxi-7,8-di - hidro-deoxiguanosina a ções por mudança da matriz de leitura.
partir da guanina pela adição de um átomo de oxigénio
ao carbono 7 e a transferência de um átomo de hidro- Observa çã o gen é tica Mutágenos qu ímicos interagem
génio do carbono 8 para o carbono 7 do anel de purina . com o DNA por meio de mecanismos diversos, mas cada mu-
A forma oxidada da guanina costuma parear equivoca - tágeno em particular modifica o DNA de modo sistemá tico
para criar danos caracteristieos a ele. 0 dano criado por alguns
damente com a adenina, levando a uma mutação por
-
transversão ( G C para T A ). - mutágenos leva a substituições de pares de bases; o dano
criado por outros mutágenos leva a muta ções por mudança
Agentes intercalantes do DNA Uma série de pequenos
damatnz de leitura .
compostos moleculares , chamados agentes intercalan
Cap í tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 399
-
Fotoproduto 6 4
H
Figura 12.15 Fotoprodutos UV. A radiaçã o UV forma fotoprodutos a partir das pirimid í nas adjacentes, distorcendo a dupla *
vá rias nos eucariotos ) que conseguem replicar através Observa çã o gen é tica A energia de radiação nos com-
das lacunas. Essas DNA polimerases especializadas sáo primentos de onda menores que 380 nm é mutagénica. A
mais propensas a erros de replicaçáo, pois não têm ca
pacidade de correção de erros. Na verdade, é a ausência
- radiação ultravioleta é um mutá geno frequentemente encon -
trado que uia d í meros de pirimidina no DNA e que pode levar
da atividade de correção de erros que permite à s poli - a mutações por substituição. A radiação de energia mais alta
merases realizarem a replicaçáo através dos d ímeros de pode induzir quebras na fita de DNA.
pirimidina. Desse modo, a replicaçáo pode avançar , mas
.
com o risco de introduzir mutações Discutimos mais o
processo na Seção 12.6.
Teste de Ames
A radiaçã o com energia mais alta que ondas UV ,
raios X e materiais radioativos, por exemplo , pode Em nossas vidas diárias, encontramos dezenas de
causar danos ao DNA de vá rias formas, a mais grave produtos qu ímicos naturais e sinté ticos nos alimentos
delas sendo a indu ção de quebras na fita simples ou que ingerimos, no ar que respiramos, nos carros que di -
dupla do DNA. Essas quebras bloqueiam potencial- rigimos e até mesmo nos livros que lemos. A cada ano,
mente a replica çáo do DNA e , assim , representam centenas de novos compostos qu ímicos sáo introduzi -
uma ameaça importante para a integridade e a so- dos como parte de vá rios processos comerciais e indus-
brevivência das células afetadas. Esse tipo de dano ao triais. De que forma determinamos se esses produtos
DNA é enfrentado com mecanismos de reparo espe
cializados na quebra de fitas, os quais discutimos mais
- químicos representam um perigo para a nossa sa úde ao
aumentarem as frequências de mutação dos genes? Às
adiante neste capítulo. vezes, o potencial mutagé nico ou carcinogè nico de um
Cap í tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 401
composto é tào grande que a evidê ncia de seu perigo Experimento dt exemplo Resultados de exemplo
é relativamente fácil de identificar. No entanto, com
muito mais frequê ncia a mutagenicidade de um com -
posto é mais sutil, sendo necessá ria uma an álise cuida -
-
dosa dos dados experimentais para averiguá la.
Durante 40 anos, milhares de compostos naturais e
Extrato S9
sintéticos foram testados quanto ao potencial mutagénico Testar o produto
por um simples teste biológico desenvolvido por Bruce qu ímico adktonado
ao disco de filtro Resultado
Ames. Esse procedimento, chamado teste de Ames, positivo
Cultura
expõe bactérias aos compostos experimentais na presença
de uma mistura de enzimas purificadas produzidas pelo
experimental
com cepa 1 h /r
i Incuba çã o
(substituição
f gado de mam íferos. Nos animais, os produtos químicos
í de base) Mistura colocada ( reversão
ingeridos são enviados para o í f gado, onde são decompos- em placa contendo Importante)
Mutado por melo de cultura
tos por enzimas desintoxicantes. Usando um subconjunto substituição sem histidina
crítico de enzimas hepáticas desintoxicantes, chamado de base da
cepa 1 his'
espontâ neas nas culturas de controle. placas contendo meio de cultura sem histidina e as pla -
Em cada cultura experimental , o extrato S9 é adi- cas sâo incubadas. As bacté rias nas placas de controle
cionado às cepas mutadas da S. typhimurium com mu- não são expostas ao composto de teste.
tações por substituição de pares de bases ou mutações Os resultados do teste de Ames são interpretados
por mudança de matriz de leitura , e cada mistura é pela contagem do n úmero de colónias em crescimento
colocada separadamente em placas contendo um meio em cada placa e comparando os n úmeros uns com os
de cultura sem histidina ( Figura 12.16 ). O composto de outros e com as placas de controle. Esses dados são usa -
teste, em diferentes concentrações, é adicionado a um dos para determinar se um composto de teste é mutagé-
disco de papel de filtro no centro de cada placa de teste nico e para desenvolver uma curva de resposta ao cresci-
e as placas são incubadas. Para determinar a frequê n - mento, descrevendo como a concentração do composto
cia de reversão espontâ nea de his para his\ culturas de de teste afeta sua mutagenicidade. Um resultado posi -
402 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
AN Á LISE GENÉTICA
Três compostos potencialmente nocivos, A, B e C, sáo submetidos ao teste de Ames. Duas cepas
de bactérias hbr (1 e 2) sáo utilizadas. A auxotrofia na cepa 1 é provocada por uma mutação por
mudança da matriz de leitura e na cepa 2 por uma substituição de par de bases, resultando em
.
uma mutação sem sentido Cada cepa é tratada com compostos diferentes Uma fração de S9 (so- -
brenadante de enemas hepá ticas de rato soiubilizadas) foi adicionada a cada mistura de bactérias
auxotróficas, além de um dos compostos .
Após o tratamento, as células foram colocadas em placas contendo meio de cultura mínimo. As
placas de controle contém cada uma das duas cepas tratadas com S9 isoladamente, sem a presença
.
de A, B ou C A tabela a seguir mostra o número de colónias prototróficas observadas nas placas:
.
2 Identifique as informações críticas . .
2 O número de colónias revertentes é fornecido para cada composto Um resul-
fornecidas no problema. tado de controle também é fornecido. A causa da auxotrofia em cada cepa mu-
tado é identificada.
Deduzir
.
3 Descreva o significado dos resultados . .
3 As placas de controle não tiveram adição de nenhum composto de teste As co-
de crescimento na placa de controle. lònias cultivadas nessas placas são revertentes espontâneos para cada uma das
cepas-teste auxotróficas.
.
4 Deduza o significado dos resultados .
4 O composto A produz muitos revertentes da cepa 1, mas nenhuma reversão em
de crescimento em cada uma das relação aos níveis espontâneos na cepa 2.0 composto C gera muitos reverten -
placas experimentais . tes da cepa 2, mas não produz revertentes em uma taxa maior que o controle na
cepa 1.0 composto B não aumenta a taxa de reversão acima do nível espontâ -
neo em qualquer uma das cepas.
Solucionar
.
5 Identifique os compostos mutagèni- . .
5 Os compostos A e C sáo mutagênicos, mas o composto B não é As grandes
cos e justifique sua resposta. quantidades de colónias revertentes no teste da cepa 1 do composto A e o nú-
mero de revertentes no teste da cepa 2 do composto C identificam esses com-
postos como mutágenos. O composto B não exibe uma taxa maior de reversão
em relação aos números básicos nas placas de controle.
.
6 Descreva a natureza da mutagenicj: .
6 O composto A provoca mutações por mudança da matriz de leitura indu-
. zindo uma alta taxa de reversão dos auxótrofos da cepa 1 H‘n~. O composto C
dade de cada composto
K
Dica: Oi mutigencn por wtntttuição dr pjr òc
provoca uma alta taxa de reversão dos auxótrofos da cepa 2 induzindo rever-
baie» getalrrentr revertem o» JL ò'.tokn por
sões por substituição de par de bases.
*
vut»llluk o de par de bavev e o& niuiiyercn
^
por mcdança da nrutrtz de leitura revertem os
aunxrofos por mudada da matriz de leitura.
3
5'
37 '
/13'
/:*•
« PI Afotoiaseseligaao
dimerodelimira.
executado pelos produtos proteicos de quatro genes de
- -
reparo com UV, chamados uvr A, uvr B, uvr C e uvr D
.
(Figura 12.20) Duas moléculas de prote í na UVR A e
uma molécula de proteí na UVR- B se ligam a uma fita
Luz
vis í vel
O AUVR-O *
^
reparo O metilguanina metiltransferase. A enzima
tem um ú nico sítio ativo que puxa o grupo metila para
fora do nucleotídeo, convertendo a enzima para uma
forma permanentemente inativa. Cada enzima de re-
Segmento de
fita danificado
r< #)
DNA
polimerase
liga e ajuda a
liberar a fita
simples
danificada;
DNA a DNA
paro remove apenas um ú nico grupo metila. Conse- polimerase _ polimerase
quentemente , a exposição a uma alta dose de guani - preenche a
lacuna de
dina nitrosa pode resultar em um nível de metilação fita simples.
que pode oprimir a capacidade de uma célula para
corrigir o dano. Os recursos de reparo celular limita
dos fornecem uma explicação para a observação de
- Síntese de
DNA 5 3* -
que alguns compostos produzem mutações apenas
quando a exposiçã o é alta.
DNA
polimerase
Excisão e substituiçã o de nucleotídeos O A DMA iigase
restaura a
sequência
Se um nucleotídeo modificado não puder ser re- original
parado diretamente, a estrutura de dupla fita do DNA Intacta.
pode ser explorada pelo uso da fita intacta como molde, Figura 12.19 Reparo por exdsão de nucleotídeo.
em uma abordagem diferente para o reparo do DNA. As proteí nas UVR removem o dano induzido por UV das fitas
Vários sistemas de reparo em bacté rias e eucariotos re- de DNA.
Cap í tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recombinação homóloga 405
DNA contendo um nucleot ídeo modificado do DNA oposta ao sitio do fotoproduto. As duas mo -
-
léculas de UVR A se dissociam da fita e uma molécula
-
de UVR C se une à UVR- B para formar um complexo
UVR- BC. Cada molécula do complexo UVR-BC cliva
um par dc ligações fosfodiéstcr na fita contendo o foto-
produto. A UVR- B diva uma ligação de quatro a cinco
nucleotídeos até o lado 3’ do fotoproduto e a UVR-C
corta uma ligação de aproximadamente sete ou oito
DNA glicosilase nucleotídeos até o lado 5' da lesão. O fragmento de fita
simples de aproximadamente 12 nucleotídeos contendo
Q Nucleot ídeo modificado o fotoproduto é liberado. A UVR-D, que é uma helicase,
se liga com a DNA pol I ao 3’OH exposto. A UVR- D
31*
5'
desenrola o DNA e a pol I usa a fita complementar para
Sítio AP
o Aremove
DNA glicosilase
o sintetizar um substituto para o segmento que está fal-
nucleotídeo tando. Na etapa final do processo de reparo por excisão,
modificada a DNA ligase se liga à região para vedar a espinha dorsal
deixando um
sítio AP. de açúcar-fosfato.
Reparo por excisã o da basa nudaotídica Um processo
Endonudease AP de reparo em vá rias etapas, chamado reparo por ex -
cisã o de nucleot ídeos, é iniciado quando as enzimas
Desoxirribose AP exdsada conhecidas como DNA glicosilase reconhecem e re-
Sítio AP movem uma base nudeotídica purina modificada para
produzir sí tios apur í nicos ( AP ) ( Figura 12.20). Entã o,
a nuclease AP remove o restante do nucleotídeo apu -
rinico, após o que a atividade da DNA polimerase e da
O Endonudease AP DNA ligase preenche a lacuna nudeot ídica e veda a
excisa a
desoxirribose AP . espinha dorsal de açúcar- fosfato da fita reparada.
polimerase
+ dNTPs
•
—
^>
O dano ao DNA gerado em grande escala por
um alto n ível de exposiçã o a um mutá geno pode so-
brepujar a capacidade dos mecanismos de reparo
para corrigir todas as lesões resultantes. Por exem
plo, a £. coli exposta a uma alta dose de radiação UV
-
S
3* 1 5' pode adquirir tantos fotoprodutos que muitos deles
O Apolimerase
DNA permanecem quando a replica çã o do DNA começa.
Então a replicaçã o pode contornar os segmentos de
sintetiza o novo
DNA a partir do DNA contendo fotoprodutos na fita - molde, pois as
s ítio 3*OH usando pontes de hidrogé nio n à o conseguem se formar entre
a fita inferior um nucleotídeo - molde e um recé m -adicionado à fita
y como molde.
sintetizada se o nucleotídeo- molde fizer parte de um
DNA ligase
fotoproduto. A replicaçã o vai reiniciar no local de
um primer de RNA adjacente, mas as lacunas de fita
simples que abrangem dezenas de nucleotídeos vão
continuar. O reparo por recombina çã o consegue
preencher essas lacunas de fita simples controlando a
O A DNA ligase recombina çã o do segmento de fita simples com a fita
veda a lacuna de complementar usando a cromá tide irmã como molde
fita simples e
reforma um de reparo (Figura 12.21).
duplex intacto Na £. coli , a enzima de recombinação RecA é o
com a sequência principal agente de reparo por recombinação. A RecA
3' original.
se liga à regi ão da lacuna de fita simples e forma um
Figura 12.20 Reparo por excisão de bases de filamento de nucleoproteína ativa. A fita - molde não
nucleotídeos. A DNA glicosilase e a endonudease replicada invade a fita dupla recém -sintetizada no
AP ( apur ínica ) removem do DNA os nucleot ídeos outro lado da forquilha de replicação. Após a inva -
modificados quimicamente. são, a fita é totalmente complementar à fita molde -
406 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
oposta e a RecA induz a clivagem e transferê ncia da Observa çã o gen é tica Os processos de reparo do
fita - molde oposta para preencher a lacuna de fita sim - DNA corrigem os danos ao DNA reparando direta mente a
ples na fita - molde não replicada . Essa ação preenche a lesão, removendo ou substituindo um segmento de uma fita
lacuna de fita simples deixada pela replica çã o ininter- danificada ou preenchendo lacunas deixadas após a replica-
rupta do DNA. çã o incompleta.
O reparo por recombinaçâ o n ào corrige a lesão ao
DNA original. Em vez disso, sobrepõe a interrupção da
replicação do DNA provocada pela presença dos foto - Sistemas de sinalização de danos ao DNA
produtos do DNA nas í f tas- molde e permite a conclu - Os mecanismos bioquímicos capazes de reconhecer
são da replicação. Mecanismos semelhantes de reparo
por recombina çâo atuam nos genomas eucarióticos. a presen ça de danos ao DNA e montar uma resposta de
correçã o aos danos são cruciais para a sa úde e a sobrevi -
.
vência de um organismo Eles consistem em processos
genéticos rigidamente regulados, envolvendo muitos
genes e proteínas. Nos seres humanas e em outros ma -
míferos, um complexo multiproteico age como sentinela
O O dano Induzido por UV Dano induzido
por UV genômica para identificar danos. Esse processo atua
bloqueia a replicação
.
do DNA deixando uma y 7
durante todo o ciclo da célula , sendo especialmente im -
grande lacuna de portante na regula ção da transição de G para S do ciclo
(
ftta simples. Lacuna celular, impedindo que esse ciclo entre na fase S até a cé-
lula corrigir quaisquer mutações de maneira adequada.
5' Uma proteína importante nesse processo é a
3'
BRCA 1, o primeiro gene implicado na suscetibilidade
familiar aos câ nceres mamário e ovariano. Uma segunda
Proteína RecA proteí na, chamada ATM, desempenha um papel funda -
0 A proteína RecA se liga mental na comunicação do dano ao DNA pela transdu-
â lacuna de fita simples.
ção de sinal. O dano ao DNA adquirido pela exposição
qu ímica ou radiação é detectado usando a ATM como
uma molécula de transdução de sinal para ativar a trans-
crição do gene /?53 que produz a proteína p53. Por meio
desse mecanismo, a ATM ativa a “ via de reparo da p53",
que controla a resposta celular à mutação decidindo (1)
pausar o ciclo celular na transição de G, para S, dando
O Invasão da fita do tempo para o reparo da mutação, ou (2) direcionar a
duplex inferior
pda fita supenor . célula para a via apoptótica, na qual ela sofre a morte ce-
lular programada ( Figura 12.22 ).
Nas células saudá veis, o n í vel de p53 é baixo, mas a
ATM aumenta seu n ível em resposta ao dano empreen -
dido ao DNA. Agindo como um fator de transcrição, a
Q A recombinaçâ o da Dano Induzido p53 inicia a parada da Gt do ciclo celular pela indução
por UV
-
fita molde inferior da síntese da proteína p21, que Inibe a formação dos
na lacuna de fita -
complexos Cdk ciclina. A pausa induzida pela p53 no
simples deixa uma
nova lacuna no
d ú plex inferior que
5"
— 3’
Replica ção
ciclo celular dá tempo para o reparo dos danos ao DNA.
A conclusão do reparo ao DNA esgota a p53 e o ciclo
é preenchida pela 5' celular para a fase S.
Lacuna 3' Ao mesmo tempo que inativa a parada do ciclo
DNA pollmerase. DNA
pollmerase -
celular na transição G ( S, a p53 também ativa a trans-
crição do gene BAX . A proteína BAX é um inibidor de
i ação lenta da proteína BCL 2 que reprime a via apop-
tótica. Nas células saudáveis, em que o nível de p53 é
G A DNA ligase veda o baixo, a transcrição do BAX n ão é iniciada. Em conse-
DNA recém- J
-sintetizado: a lesão ?JO0OC quência , a proteína BCL2 permanece não inibida e re-
UV permanece e
pode ser corrigida
.
^ y
prime a apoptose. No entanto, nas células danificadas, a
inibição BAX do BCL2 leva à ativação da via apopt ótica.
subsequentemente DNA ligase
^^ Se a pausa induzida pela p53 no ciclo celular demorar
demais, a ria detecta que há uma grande quantidade de
danos ao DNA que nã o podem ser reparados rapida -
mente. A pausa longa permite que a via apoptótica
Figura 12.21 Reparo por recombinaçâo. avance e a célula sofre morte celular programada.
Cap í tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 407
-
tudo de Caso que conclui este capítulo, onde discutimos
ATP ADP
0 v y .a
uma conexão entre as mutações do pS3 e a ocorrência
de câncer e o papel da transmissão da mutação do pS3
» na síndrome do câncer familiar humano, conhecida como
"' Degrada çã o \ -
sí ndromc dc Li Fraumeni (Omim 151623). A Tabela 12.5
apresenta alguns transtornas humanos de reparo de mu -
tação que estão associados a níveis significativamente ele -
P p
P5 3
^ "
P5 3
P
P
vados de tipos específicos de câncer.
mecanismos de reparo de danos são perfeitos e alguns O sistema SOS na £ coli opera por uma polimerase
são uma importante fonte de alterações no DNA, alte - de desvio especializada, identificada como polimerase V,
rações essas que podem levar à mutação. Pode não ser ou pol V. Quando a pol III para no DNA danificado, a
imediatamente óbvia a razão de os mecanismos de re - proteína RecA cobre a fita - molde à frente da lesão que já
paro, propensos a introduzirem mais erros, terem conse - está ligada a uma proteína de ligação de fita simples (SSB).
—
guido evoluir. Afinal, a finalidade dos sistemas de reparo
do DNA é apenas esta reparar danos para manter a
integridade do genoma. Esse enigma é solucionado pelo
fato de que os mecanismos de reparo propensos a erro
Lembre-se de que a SSB cobre as fitas simples de DNA
separadas à frente da forquilha de replicaçâo (ver Figura
7.21). A proteína RecA no complexo DNA -RecA -SSB é
uma forma ativa que també m aciona a transcrição de vá -
são ativados somente nos casos de dano disseminado no rios genes, incluindo a pol V. Esta desloca a polimerase
DNA que, de outro modo, impediriam a realização da III, sintetiza uma pequena parte da fita-filha através da
replicaçâo do DNA e poderiam causar morte celular . lesão do DNA e depois é substituída pela pol 111, que re-
toma sua atividade normal de replicaçâo.
Síntese do DNA translesão Os genomas eucarióticos utilizam um mecanismo
similar na síntese do DNA translesão. No entanto, nos
A seção anterior descreve o reparo de recombina -
eucariotos as polimerases de desvio estão sempre pre-
çâo como uma resposta da E coli ao dano disseminado
sentes nas células, então o sistema que regula seu acesso
do DNA. Existe um segundo mecanismo de reparo que
ao DNA é bem diferente. O mecanismo regulat ório que
pode ser ativado na £ coli em resposta ao dano maciço
guia sua escolha da polimerase decide qual delas se liga
no DNA. Esse sistema de reparo, chamado reparo SOS,
ao PCNA, o sliding clamp eucariótico. Quando a re-
é conhecido há décadas, mas apenas recentemente foi
plicaçáo eucariótica para em uma lesão do DNA, uma
compreendido em n ível molecular. O sistema tem seu
proteí na chamada Rad6, que está sempre presente na
nome emprestado da frase marítima nave ourshtp, usada
forquilha de replicaçâo, adiciona um grupo ubiquitina
quando o naufrágio era iminente. No passado, o reparo
( Ub) ao PCNA. Esse processo, chamado ubiquitinaçâ o,
SOS era descrito como um derradeiro esforço da parte
costuma procurar uma célula visando à sua destruição.
da célula bacteriana gravemente danificada para repli
car seu DNA e se dividir antes de sucumbir ao dano. A
- No entanto, no PCNA a ubiquitinaçâo causa apenas
pesquisa recente demonstra que o reparo SOS é feito
uma alteração de conformação, conferindo à polimerase
pela ativação de DNA polimerases especializadas em de desvio uma grande afinidade com o PCNA ubiquiti -
um processo conhecido como síntese do DNA translc-
nado. Nesse processo, a polimerase de desvio desaloja
são. Esse processo de vida curta permite a replicaçâo do a polimerase normal e executa a sí ntese translesão do
DNA por polimerases alternativas por meio de lesões DNA. Assim como no sistema SOS, o uso das polimera -
que bloqueiam a ação da DNA polimerase 111 ( pol 111), a ses de desvio nas células eucarióticas é propenso a erros
principal DNA polimerase de replicaçâo na £ coli . porque a enzima não possui capacidade de correção.
A síntese do DNA translesão é realizada pelas DNA
polimerases translesã o, também chamadas polimera - Observa çã o gen ética A sí ntese do DNA translesão é
ses de desvio (bypass ). As polimerases de desvio ope- um sistema propenso a erros que utiliza polimerases de des-
ram de modo diferente da pol III em vá rios aspectos. vio para replicar segmentos curtos das fitas-filhas cuja replt-
Primeiro, são capazes de replicar através das lesões de cação normal ê bloqueada pelas lesões na fita-molde do DNA.
DNA que param a pol UI. Essa capacidade se explica
pela segunda diferença que distingue as polimerases de
desvio, que é a ausência de correção de erros. Em outras Reparo de quebras na fita dupla
palavras, as polimerases de desvio não possuem capa -
cidade de exonuclease de 3' para 5' e são incapazes de Uma característica comum dos mecanismos de re -
remover os nucleot ídeos recém -adicionados que nã o paro do DNA que examinamos é o uso da DNA poli
-
-
formam ponte de hidrogé nio com os nucleotídeos da fi - merase e uma fita molde de DNA para guiar o reparo, a
ta - molde. Em decorrência de sua falta de capacidade de substituição ou a síntese do DNA. Esses sistemas de re -
correção de erros, a terceira caracter ística diferencia - paro são eficazes, contanto que uma fita do DNA esteja
intacta e possa servir como molde. Mas, o que acontece
dora das polimerases de desvio é que elas são propensas
a produzir erros de replicaçâo. Finalmente, as polime- se ambas as fitas do DNA estiverem danificadas de uma
rases de desvio sintetizam apenas segmentos curtos de maneira que não seja possível ter um molde para o re-
DNA; elas caem da fita - molde após sintetizarem uma paro da fita? Esse dano é uma consequência frequente da
pequena quantidade de nucleotídeos. A partir dessas exposição aos raios X e a certos tipos de radicais oxige-
caracter ísticas diferenciadoras, os biólogos molecula - nados. O dano causado por esses agentes quebra ambas
res concluem que as polimerases de desvio são utiliza
das para realizar a replicaçâo que, de outro modo, seria
- as fitas do DNA , deixando lesões que são conhecidas
como quebras da fita dupla. Como podem provocar ins-
bloqueada. No entanto, isso tem um preço, que é o de tabilidade cromossômica e replicaçâo incompleta do ge-
possivelmente introduzir novas mutações. noma, as quebras de fita dupla são potencialmente letais
Cap í tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 409
para as células e elevam o risco de câncer e a chance de A ressecção deixa extremidades cegas em cada lado da
mutações na estrutura dos cromossomos. quebra. Finalmente, essas extremidades sã o ligadas por
Para proteger os organismos das consequ ências uma ligase especializada, chamada ligase IV.
desagradá veis das quebras de fita dupla, dois meca - A realização da NHEJ produz uma fita dupla de DNA
nismos evolu íram para realizar o reparo da quebra intacta c permite a replicação através da região reparada
da fita dupla . O primeiro deles é um processo de re
paro propenso a erros, conhecido como ligação das
- no próximo eido de replicação, mas o reparo costuma
ser imperfeito porque a ressecção remove nucleotídeos
extremidades nã o homólogas ( NHEJ ), que corrige as que não podem ser substituídos. Por essa razão, a NHEJ
quebras da fita dupla antes da replica ção do DNA. O é propensa a erros. Contudo, por mais que esse processo
segundo é um processo sem erros, chamado anela - seja potencialmente danoso, seu resultado é superior ao
mento da fita dependente de síntese , que corrige as das alternativas sofridas pelas células incapazes de reparar
quebras da fita dupla que ocorrem após a conclusã o quebras de fita dupla e impede a perda mais ampla decor -
da replica çã o do DNA . rente da degradação das extremidades desprotegidas. No
Ligação das extremidades náo homólogas Se uma que- entanto, podem ser geradas mutações quando os nudeo-
bra da fita dupla danificar um cromossomo cucariótico tídeos são perdidos pelos genes transcritos.
durante a G , do ciclo celular, a replicação do cromos -
somo danificado é bloqueada. Considerando que as
Anelamento da fita dependente da sí ntese Nos euca
riotos, depois da conclusão da replicação do DNA, cada
-
DNA polimerases, e até mesmo as polimerases de des -
vio, exigem uma fita- molde para controlar a sí ntese de
cromossomo consiste em duas cromátides irmãs idênti
cas. Vimos anteriormente que o reparo por recombina
--
uma fita filha, está claro que uma quebra da fita dupla é ção tira proveito da presença das crom átides irmãs para
incompatível com a execu çã o da replicação. Uma alter- preencher as lacunas de fita simples deixadas quando
nativa de reparo que permite que as células readquiram a replicação é bloqueada por danos na fita - molde in-
sua capaddade para replicar seu genoma plenamente é a duzidos por UV. As quebras de fita dupla apresentam
ligação das extremidades não homólogas ( NHEJ ), em - um tipo diferente de desafio para as células após a re -
bora seu processo de quatro etapas para reparar quebras plicaçào, mas a presença de cromá tides irmãs idênticas
da fita dupla leve à mutação (Figura 12.23). pode ser explorada em um processo de reparo isento
Na primeira etapa, as quebras da fita dupla são re- de erros, conhecido como anelamento da fita depen -
conhecidas pelas proteínas Ku 70 e Ku80, que formam dente da síntese (SDSA ).
heterod ímeros e se associam às extremidades quebradas Como mostra a Figura 12.24, uma quebra da fita
da fita dupla do DNA. Os heterod í meros estabilizam dupla ( DSB) afeta uma cromá tide irmã; a outra está
as extremidades quebradas contra a degradação pelas intacta. A SDSA começa com a aparagem de uma das
nucleases. Em seguida, as nucleases aparam ( ressec - fitas quebradas. Isso é seguido pela ligação da prote ína
cionam ) as extremidades livres de cada fita quebrada. Rad51, um homólogo da proteína bacteriana RecA, na
região quebrada , para formar um filamento de nucleo-
O 0 dano provocado por proteína. Em um processo reminiscente da ação da RecA
raios X ou o dano na facilitaçào do reparo por recombinação, a Rad51
oxidatrvo produzem se liga às fitas e facilita a invasão da cromá tide intacta
quebra da fita dupla pela extremidade resseccionada e uma fita da cromá tide
Ku80
I Ku 70
do DNA.
O 0 complexo proteico
irmã. Esse processo de invasão da fita desloca uma fita
do duplex e cria uma alça de deslocamento ( D). A re-
plicação do DNA dentro da alça D sintetiza novas fitas
^
Ku80- Ku 70 liga as
áJCáJ
'
(s xiooec
* extremidades do DNA de DNA das fitas- molde intactas. As crom á tides irmãs
são reformadas pela dissociação e pelo anelamento da
fita nascente no outro lado da quebra. Fazendo a remo-
ção do DNA na vizinhança imediata de uma quebra de
fita dupla e a substituição do DNA excisado por uma fita
O As extremidades são
àfl pej); «
Txxxf A aparadas, resultando
em uma perda de
dupla idêntica à da cromátide irmã, a SDSA executa o
reparo perfeito das quebras da fita dupla.
nucleotídeos.
berta na levedura e hoje se sabe que ela existe na forma genes não é produzida, embora as regiões heterod ú plex
homóloga em todos os eucariotos [figura Básica 12.25, 0). estejam presentes. Essa resolução ocorre apenas rara -
A Spoll é uma proteína dimérica que gera cortes na fita mente. Bem mais comum é a resolução em que uma
dupla, ligeiramente assimétricos, em uma cromá t í de. As região da junção de Holliday é resolvida por um corte
proteínas Mrx e Exol se associam com a Spol 1 c, após a NS e a outra, por um corte EW. Os cromossomos resul -
.
degradação da Spol 1, a Mrx resseta as fitas simples 0 Duas tantes sã o recombinantes e carregam A r e B , ou A2 e B , .
proteínas homólogas à RecA, Rad5 e Dmcl , se unem na Essas recombinações são detectiveis entre a progénie,
região cortada O. Hsse complexo proteico ajuda a formar onde são contadas como recombinantes entre os genes.
um conjunto de intercâmbio de fitas, facilitando a invasão
.
da fita e a formação de uma alça D O, 0 A fita invadida Observa çã o gen é tica A recombinação homóloga é um
pareia com a fita complementar na alça D. Fora da alça processo geneticamente programado, inkiado pela proteina
D, as duas fitas que parecem cruzar uma sobre a outra Spol 1, que gera quebras na fita dupla do DNA. A recombina -
formam uma junção de Hotliday. uma estrutura tem - çào dos homólogos forma DHJs e adquire DNA heterod ú plex
porária proposta no modelo original de Holliday. Repare por meio de sua interação. A resolução das conexões DHJ pode
que também há uma região heterod ú plex contendo duas ou nao resultar em evidência genétka de recombmaçáo.
fitas complementares de DNA que se originaram em ho-
mólogos diferentes. Também identificadas como DNA
heterod ú plex , essas regiões são uma assinatura molecu -
lar da recombinação homóloga. Como as duas fitas do 12.8 A conversã o gênica é o
DNA heterod ú plex se originam em homólogos diferen - reparo dirigido dos erros
tes, pode liavcr pares de bases incompatíveis entre essas
fitas. Em outras palavras, se a heterozigosidade estiver
de pareamento no DNA
presente nas sequências de DNA que formam uma região heterodúplex
heterodú plex, um ou mais pares de bases serão incompa
t íveis no DNA heterodú plex. Discutimos as implicações
- Nosso tópico final neste capítulo é a conversão
gênica , um processo de alteraçã o direcionada na
dessa situação na seção a seguir.
sequência dc DNA que ocorre pelo reparo dos erros de
A extensão da fita invasora e a sí ntese do DNA
pareamento das bases dentro do DNA heterod ú plex.
dentro da fita quebrada sáo guiadas pelas fitas - molde
intactas O, O. Nesse ponto, formou - se uma segunda
Esses erros podem ocorrer quando a sequê ncia de DNA
região heterod ú plex. A extremidade 3’ da fita invasora
é heterozigota em uma região heterod ú plex criada du -
rante a recombinação meiótica. Na conversão gênica , a
conecta-se em seguida com a extremidade 5' de um seg
mento de fita que inicialmente fazia parte da fita invasora
- alteração “direcionada " é o reparo dos erros de parea -
mento das bases que mudam a sequê ncia nucleoddica
O, formando uma segunda junção de Holliday. Agora as de um alelo para a de outro alelo que já está presente
cromá tides não irmãs dos cromossomos recombinantes
porque o organismo é heterozigoto na parte do genoma
estão intcrconectadas uma à outra pela presença de jun - onde se forma o DNA heterod ú plex. Ao contrário da
ções de Holliday duplas ( DHJs): os cromossomos re
combinantes contêm DHJs e duas regiões heterod ú plex.
- mutação, que pode transformar um alelo em qualquer
outro alelo, a conversão gênica consegue apenas mudar
um alelo para outro já presente em um gen ót í po hetero-
Resolução das junçõ es de Holliday zigoto do outro alelo na regiã o heterozigótica.
As etapas recombinatórias recém -descritas ocor
rem na prófase I da meiose e quaisquer correções entre
- A conversão gê nica é mais facilmente detectada
nos fungos que formam um asco, um saco de esporos
os cromossomos hom ólogos precisam ser resolvidas na haploides que são produtos da divisão meiótica. Por
prófase, bem antes de os homólogos se prenderem às fi - exemplo, identificamos que, nos fungos com o genótipo
bras do fuso na metá fase. O corte e a reconex ào das fitas a * a , a proporção desses alelos nos esporos em um asco
simples dos cromossomos homólogos interconectados de oito células deve ser igual (4:4) (ver Figura 5.23). A
- .
resolvem o crossing over conversão gê nica muda essa proporção, passando um
Dois padrões de resolução, a resolução de mesmo ou mais alelos de uma forma para outra: a* para a ou
sentido e a resolução de sentido oposto (O e 0 na Fi
gura 12.25), completam o crossing-over e desligam os
- .
a para a* O resultado é uma proporção aberrante de
esporos em um asco de oito células, normal mente 5:3
homólogos para que possam ser separados na aná fase. ou 6:2 em vez de 4:4. Como a conversão gênica está ri -
A resoluçã o de mesmo sentido envolve dois cortes de gorosamente limitada às conversões de um alelo para a
resolução norte - sul (NS) ou dois cortes dc resolução forma alternativa em um genótipo heterozigoto ela é .
leste - oeste ( EW ) das fitas do DNA para separar os ho- diferente da mutação, na qual um alelo pode ser alte -
mólogos ( ver Figura Básica 12.25). Quando a conexão rado para uma variedade de formas quase infinita. De
entre os homólogos é resolvida pelos dois cortes NS ou modo similar, nos organismos que produzem um asco
EW, os marcadores laterais ( As e Bt e A2 e BJ não re- de quatro células, prevê -se uma proporção 2:2 para um
.
combinam Consequentemente, a recombinação desses heterozigoto e qualquer outra proporção é aberrante.
412 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
B, A ,
Recombmação meiótica
B A , diagramada entre essas
Bi Aã cromátides nào irmãs de
cromossomos homólogos
Bi AI
O A Spoi 1 cria quebra de fita dupla em um dúpiex de DNA. O A digestão enzimática 5' —
3' pela Mrx
cria segmentos de fita simples.
Spo 11 + Mrx + Exo 1
B, A, BJ A,
^1 3’ 5':
y\
3'
5*
5*
Bi AI BI Ai
O A invasão da fita cria uma alça D e a primeira região O A extensão da fita pela DMA polimerase desloca o DNA
heterodúplex. da alça D, que pareia com o DNA de fita simples
complementar e forma a segunda região heterodúplex .
Junção de Holiiday Região heterodúplex
B A Br A
s
5' Alça D 5'
3'
mi
Bi I AI BI AI
T Síntese do DNA
Região heterodúplex
B, A,
Recombinaçáo meiótica
B, A, diagramada entre essas
Bi AI cromátides não irmãs dos
cromossomos homólogos
BI AI
0 nucleoproteicos
A Dmcl e a Rad51 montam filamentos Q Os filamentos de intercâmbio de fitas promovem a
de intercâmbio de fitas. invasão da fita.
B} A/ Aj
0 A extensão e a ligação da fita preenchem a lacuna de fita O As junções duplas de Holliday se formam após a incisão estar
simples na fita pareada com o DNA da alça D. vedada; as cromátides contêm heteroduplexes deslocados.
Extensão e ligação Junção de
da fita Região heterodúplex Holliday
0 1 A, 0, I Ar
0, A; 0;
F
Junção de Região
Holliday heterodúplex
A,
5*
0, A,
Recombinaçáo meiótrca
0, A, diag ramada entre essas
BÀ A, cromátides não irmãs dos
cromossomos homólogos.
0 j Aj
m
5'
mi 3'
3'
5'
Aj 0, A,
Corte leste oeste \ I i
T
Região
heterodúplex
Opção de correção 3
ATCCG Asco 22
aberrante
T A GGC
Correção
AIC.A.S Ai
•
( ) 3* ATC G
TAG C
Corredio
TA'6 C Aí
Asco 22 ATCCG A
TAG C
.
ã vm 3'
A,
A
A ’C A G
Aí
ATC G 5' A,
TÃ 6 1 C A coneção de erros ce pareamento de bases em
ATC G Aí
sentidos opostos rescrta em um asco 22 aberrante.
TAG C Aj
Figura 12.27 Exemplo de correção de erro no
TAG C pareamento de bases e padrões de conversão génka em
ATC G um asco de quatro células.
Opção de correção 1 Melose Mitose Asco 6:2 Figura 12.28 Correção de erros de pareamento e
conversão génica em um asco de oito células.
A
A
3b
< Nenhum erro
de pareamento
A,
,
X1
Correção At
— 3
A
3b
X^
A
Aí
<
Correção A
Nenhum erro
—
de pareamento
, A
*
A>
*4
A7
/
Opção de correção 2
A,
Meiose Mitose
—
A correçã o dos dois erros de
pareamento de Aj Ar aia asco 62
Asco 5:3
A,
Opção de correção 3 Meiose Mitose
Asco 4:4
aberrante
A,
A
< Nenhum erro
de pareamento
A,
A
A < Nenhum erro
de pareamento
A;
A,
-A
A0 </Nenhuma correção
3b ^ lorreçá o At +
*A X-1
3b
'
</NNenhuma correção
*
A,
*
A;
X^
^ Nenhuma correçã o
Aí XJ Aí
A
A < Nenhum erro
de pareamento
Ay
Aí
A
A
< Nenhum erro
de pareamento
Av
Aí
A correção dc um erro e a nãu correção A não correção dos erros de pareamento das bases na
do outro criam uma proporção 53. região heterod ú plex cria uma proporção aberrante 4:4.
ESTUDO DE CASO
RESUMO
12.1 As mutações sà o raras e ocorrem de manei- I As substituições de pares de bases podem mudar um ami
noácido do polipept ídeo, podem criar um novo códon de
-
ra aleatória
parada ou podem deixar o polipeptideo intocado.
A mutação é uma alteração herdada na sequência do DNA. I As mutações por mudança da matriz de leitura resultam
I As muta ções resultam de danos empreendidos ao DNA. da inserção ou deleçâ o de um ou mats pares de bases que
I As frequências das mutações são baixas em todos os orga- deslocam a matriz de leitura do RNAm durante a tradução.
nismos. I As mutações regulatórias alteram a transcrição gé nica ou o
Os hotspots de muta ção são genes ou regiões nos quais splicing do pré-RNAm.
as mutações ocorrem com muito mais frequ ência que a A mutação anterógrada altera um alelo do tipo selvagem para
média. a forma mutada e a reversão muda um mutado de volta para a
O teste de flutua ção realizado por Luria e Delbr úck de- forma do tipo selvagem ou quase do tipo selvagem.
monstrou que as mutações ocorrem aleatoriamente.
12.3 As mutações gênicas podem surgir de even-
12.2 As mutações gênicas modificam a sequên- tos espontâneos
cia do DNA Os erros de replicaçáo do DNA podem substituir os pares
As mutações por substituição de pares de bases podem ser de bases e o deslizamento da fita pode modificar o n ú -
transições ou transversões. mero de repetições de uma sequê ncia de DNA
Capí tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recombinação homóloga 417
I Os deslocamentos tautoméricos da estrutura das bases 12.6 As proteínas controlam a síntese do DNA
nucleotídicas podem induzir mutações espontâneas por translesão e o reparo das quebras na fita
substituição de pares de bases.
dupla
I Várias mudanças espontâneas na estrutura nucleotídica
podem resultar na mutação da sequência do DNA pelos I O reparo SOS, controlado pela proteína RecA, é um pro-
erros de pareamento das bases. cesso especializado, ativado durante a replicação nas bac-
térias em resposta ao dano disseminado no DNA.
12.4 As mutações podem ser induzidas por subs- A síntese do DNA translesão usa polimerases de desvio
para concluir a replicação quando o dano está presente.
tâncias quí micas ou radiação ionizante
A ligação das extremidades não homólogas corrige as
Os produtos químicos mutagênicos interagem nas reações quebras da fita dupla do DNA que ocorrem antes de sua
características com os nucleotideos do DNA e geram mu- replicação.
tações específicas. I 0 anelamento da fita dependente da síntese corrige as
Os compostos químicos podem criar mutações agindo quebras da fita dupla que ocorrem apó s a conclusão da
como análogos das bases nucleotídicas, adicionando ou replicação.
removendo grupos laterais dos nudeotideos ou interca-
lando no DNA.
12.7 A recombinação meió tica é controlada por
A energia na faixa ultravioleta e superior (comprimento
quebras da fita dupla programadas
.
de onda mais curto) é mutagènica A radiação ultravioleta
induz a formação de fotoprodutos que levam a mutações A recombinação meiótica é um processo programado e
por substituição de pares de bases. iniciado por uma enzima que gera quebras na fita dupla.
O teste de Ames identifica compostos químicos mutagêni - I A invasão da fita e a síntese do novo DNA formam o DNA
cos testando o aumento nas taxas de reversão nas bacté- heterodúplex nos dois participantes da recombinação.
rias auxotróficas expostas a um composto de teste na pre- O DNA heterodúplex contém erros no pareamento de
sença de enzimas deslntoxkantes do fígado eucariótlco . bases se as sequências de DNA forem heterazigotas.
As fitas de DNA que formam as junções duplas de Holli-
125 Os sistemas de reparo corrigem alguns day são cortadas e rejuntadas para separar os homólogos
danos ao DNA antes de sua separação na meiose.
I A resolução das junçóes duplas de Holliday gera DNA hete-
O reparo direto das lesões ao DNA remove os nucleotideos
rodúplex e pode produzir cromossomos recombinantes ou
e impede a mutação . não recombinantes.
Os nucleotideos de DNA com erros de pareamento, os fo-
toprodutos induzidos por radiação UV e as cadeias laterais
nucleotídicas modificadas são removidos pelo reparo direto. 12.8 A conversã o gênica é o reparo dirigido dos
I O reparo por excisao, o reparo por UV e os mecanismos de erros de pareamento no DNA heterodúplex
reparo controlados por metila removem segmentos das A conversão gênica ocorre pelo reparo dos erros de parea
fitas simples do DNA que contém nucleotideos danificados mento de bases no DNA heterodúplex .
e dirigem a nova síntese para preencher a lacuna de fita
1 A conversão gênica em um asco de quatro ou oito células
simples resultante . gera proporções aberrantes de esporos que diferem das
Os sistemas geneticamente controlados monitoram o ge- proporções 2:2 ou 4:4 previstas.
noma e regulam o reparo do DNA .
T E R M O S- C H A V E
Aduto volumoso (p. 397) Doença de repetição de trinucleotídeos Muta ção de sentido trocado Ip. 387)
Alça de deslocamento (alça D) (p. 409) (p. 392) Muta ção de iplicing (p. 389 )
Análogo de base (p. 396) Fotoproduto (p. 399) Mutação espontânea (p. 392)
Anelamento da fita dependente da Fotoproduto 6-4 (p.399) Mutação pontual (p. 386)
síntese (SDSA) (p. 409) Frequência das mutações (p. 384 ) Mutação por mudança da matriz de lei-
Conversão gênica (p. 411 ) Hotipot de mutação (p. 386 ) tura (p. 388)
Desamínação (p. 395 ) Invasão da fita (p. 409) Mutação por substituição de pares de
Deslizamento da fita (p. 392 ) Junção de Holliday (p. 41 f ) bases (p. 387 )
.
Despurinação (p 395) Junção de Holliday dupla (DHJ) [p. 411) Mutação por transição (p. 387 )
Dimero de pirimidina (dimero de timina) Ligação das extremidades não homólo- Muta ção por transversão (p.387 )
(p. 399) gas (NHEJ) (p. 409) Mutação promotora (p. 389)
DNA heterodúplex (região heterodúplex ) Modelo de Holliday (p. 410) Muta ção regulatória (p. 389)
Mutação anterògrada (mutação) (p. 390) Mutação sem sentido (p. 388)
418 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
Mutação silenciosa (p 38 / ) Reparo de quebra da fita dupla (p.409 ) Reversáo de segundo sitio (p.392)
Mutaçáo supressora (p 392!) . Reparo fotorreatlvo (p. 402 ) Reversáo Intragênlca (p. 390)
Mutações induzidas (p. 395) Reparo por exclsão de nudeotideos Reversão verdadeira {p. 590)
.
Mutágeno (p 396) ip. 405) Sintese de DNA translesào (p. 599)
Polimerase de desvio (DMA polimerase Reparo por recombinação (p.40$ ) Sitio apuriníco (p. 595)
translesào] (p. 408 ) -
Resolução leste oeste (EW) ip. 411 ) Sitio de splicing críptico (p. 589)
Propor çáo aberrante (p. 411 ) Resolução norte- sul (NS) (p. 41 J ) Teste de Ames (p. 40 /)
Reparo com UV (p. 404 ) Reversão (mutaçáo reversa ) (p. 390)
Conceitos do capítulo
1. Identifique dois modos gerais em que os mutágenos quí- 9 . As duas sequências de DNA e polipeptídicas exibidas são
micos conseguem alterar o DNA. Forneça exemplos des- de alelos em um local hipotético que produzem pollpeptí -
ses dois mecanismos. deos diferentes, ambos com cinco aminoácidos de compri
mento. Em cada caso, a fita de DNA inferior é a frta-molde:
2. O ácido nitroso e o 5-BrdU alteram o DNA por mecanis-
mos diferentes. Identifique cada mecanismo e descreva
.
5' ..ATGCATGTAAGTGCATGA. 3' ..
como cada composto cria mutação.
Alelo Af : ...TACGTACATTCACGTACT. .5'
3' .
3. Usando o par de bases adenina-timina nesta sequência
- - - - - -
Polipeptideo A , N Het Hia Vai Ser Ala C
5\..ATGCAAGTAAGTGCATGA...3'
de DNA Alelo A; 3'...TACGTTCATTCACGTACT. .5' .
••• GCTC •• -
Polipeptideo A3 N - M e t - G i n V a i - S e r - A l a C
.* • CGAG ... Com base apenas nas sequências de DNA e polipeptidkas,
a. Forneç a a sequência após a mutaçáo por transição. há algum modo de determinar qual é o alelo dominante e
.
b Forneça a sequência após a mutaçáo por transversão . qual é o recessivo? Explique.
4. A sequência pardal de aminoácidos de uma proteí na do 10. Em muitos estudos populacionais sobre mutaçáo espon-
tipo selvagem é tânea, duas observações são feitas sistematicamente: (1) a
.. Arg-Met-Tyr-Thr-Leu-Cys-Ser ... maioria das mutações é recessiva e (2) a mutaçáo anteró-
grada é mais frequente que a reversão Em sua opinião, quais
A mesma parte da proteína a partir de um mutado tem a são as prováveis explicações para essas duas observações?
sequência:
11 . Duas mutações diferentes são identificadas em uma cepa
... - - -
Arg Met Leu Tyr- Ala-Leu-Phe - haploide de levedura. A primeira impede a síntese da
a. Identifique o tipo de mutaçáo. adenina por meio de uma mutação sem sentido do gene
b. Forneça a sequência da fita -molde do DNA do tipo sel- ade- 1. Nessa mutação, uma substituição de par de bases
vagem. Use V6 se o nucleotídeo puder ser uma purlna, muda um códon triptofano(UGG)para um códon de pa-
T
/c se puder ser uma pirimidina, N se qualquer nucleo- rada(UGA). A segunda afeta um dos vários genes de RNAt
tídeo puder ocorrer em qualquer lugar ou os nudeoti- duplicados. Essa mutação por substituição de par de bases
deos alternativos se uma purina e uma pirimidina muda a sequência de anticódon de um RNAt passando
forem possíveis. - - - -
de 3' ACC 5'para 3' ACU 5' . ^
a. Você considera a primeira mutação anterógrada ou
5. A timina normalmente é a forma cetÔnica normal, mas,
uma reversáo? Por quê?
se ocorrer um deslocamento tautomérico logo antes da
b. Você considera a segunda mutaçáo anterógrada ou
replicaçáo do DNA, faça um diagrama do par de bases
uma reversáo? Por quê?
que resultaria . c Supondo que não ocorram outras mutações no ge-
6. A radiação ultravioleta (UV) é mutagénka. noma, essa cepa de levedura mutada dupla será capaz
a. Que tipo de lesão do DNA a energia UV provoca? de crescer em um meio de cultura médio? Se o cres-
b. De que modo as lesões do DNA Induzidas por UV cimento vai ocorrer, caracterize a natureza do cresci-
levam à mutação? mento relativa ao tipo selvagem.
c Identifique e descreva dois mecanismos de reparo do 12. Muitos genes humanos sáo conhecidos por terem ho
DNA que removem as lesões do DNA induzidas por UV. mólogos no genoma do camundongo. Uma abordagem
7. Pesquisadores interessados em estudar a mutação e o re- para a investigação da doença heredit ária humana é
produzir mutações dos homólogos no camundongo dos
paro da mutaçáo costumam induzir mutações com vários
genes humanos por métodos que podem visar precisa-
agentes. Que tipos de mutações são induzidas por
mente a determinados nudeotideos para mutação.
a. Mutágenos quimicos? Forneça dois exemplos.
a. Muitos estudos de mutações dos homólogos no ca-
b. Energia radiante ? Forneça dois exemplos.
mundongo dos genes humanos produziram informa-
8. O efeito das mutações por substituição de par de bases ções valiosas sobre como as mutações gênicas influen-
sobre a função da proteína varia amplamente, de ne- dam o processo de doença humana. Em termos gerais,
nhum efeito detectável á perda completa da função da descreva como e por que a criação de mutações dos ho-
proteína ( alelo nulo). Por que as consequências funcio - mólogos no camundongo pode fornecer informações
nais das substituições de pares de bases variam tanto? sobre os processos de doenças hereditárias humanas.
Capí tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recombinação homóloga 419
b. Apesar das homologias que existem entre os genes a. Em uma série de 50 mil nativivos consecutivos regis -
humanos e os dos camundongos, algumas tentativas trados em uma grande área metropolitana, quantos
para estudar os processos de doenças hereditárias novos casos de cada doença devem ocorrer ?
humanas induzindo mutações nos genes dos camun- .
b Identifique duas razões moleculares para que a taxa de
dongos indicam que há pouco a ser aprendido sobre a novas mutações que causam neurofibromatose seja
doença humana dessa maneira. Em termos gerais, des mais de 10 vezes superior à taxa de mutação que causa
creva como e por que o estudo das mutações génicas o retinoblastoma.
nos camundongos poderia não produzir informações
17. Uma amostra de 1 ml da bactéria £ coli é exposta à luz
úteis sobre os processos de doença humana.
ultravioleta. A amostra é usada para inocular um frasco
13. Responda às seguintes perguntas a respeito da acurácia de 500 ml de meio de cultura completo, que permite o
da DNA polímerase durante a replicaçào . .
crescimento de todas as células bacterianas A cultura
a. Qual é o mecanismo geral que as DNA polimerases uti- de 500 ml é realizada na bancada e duas amostras de
lizam para verificar a acurácia da replicaçào do DNA e mesmo tamanho são removidas e colocadas em pla-
identificar os erros durante a replicaçào? .
cas possuindo meios de cultura completos A placa 1
b. Se for detectado um erro de replicaçào do DNA pela é embrulhada imediatamente em pano escuro, mas
DNA polimerase, como ele é corrigido? .
a placa 2 náo é coberta As duas placas são deixadas
c. Se um erro de replicaçào escapar è detecçáo e corre- em temperatura ambiente por 36 horas e depois são
ção, que tipo de anomalia tem mais chance de existir .
examinadas Observa-se que a placa 2 contém muito
no sí tio do erro de replicaçào? mais colónias do que a placa 1. Pensando a respeito
d. Identifique dois mecanismos que conseguem corrigir dos processos de reparo do DNA, como você explica
o tipo de anomalia resultante das circunstâ ncias iden- essa observação?
tificadas na parte (c).
e. Se o tipo de anomalia Identificada na parte (c) náo 18. Uma cepa de £ coti è identificada como portadora de
for corrigido antes do próximo ciclo de replicaçào do uma mutação nula do gene RecA. Qual propriedade bio-
DNA, que tipo de mutação ocorre? lógica você espera que esteja ausente na cepa mutada?
í. A correção dos erros de pareamento do DNA pode dis - Qual é a base molecular da propriedade ausente?
tinguir com precisão entre a fita-molde e a fita recém-
19. Defina conversão génica e compare-a com mutação gènica.
-replicada de um duplex de DNA. Qual caracteristica
das fitas de DNA é utilizada para fazer essa distinção? 20. Alguns eventos de recombinação homóloga produzem
14. A síndrome de Apert é uma condição autossômica domi .
conversão gênica A recombinação homóloga é um
nante humana que afeta o desenvolvimento de cabeça, evento mutacional? Explique .
.
mãos e pés Em uma pesquisa de 322.182 nascimentos 21. O que é DNA heterodúplex e por que ele se forma ? Qual
consecutivos na Irlanda, dois novos casos de síndrome é a relação entre DNA heterodúplex e conversão génica ?
.
de Apert foram identificados Qual é a taxa de mutação
desse gene por gameta? 22. O DNA heterodúplex resulta sempre da recombinação
homóloga? Explique.
15. A polidactilia é uma condição autossômica dominante hu-
mana que produz dedos extras nas mãos e nos pés. Estu- 23. Uma cepa de levedura produzindo um asco de quatro cé -
dos de centenas de famílias com polidactilia determinaram -
lulas é heterozigota para o alelo A/o 8 do tipo selvagem e
que a penetrânda do alelo dominante é de 70%. Levanta- para o alelo mutado alob. O alelo do tipo selvagem car -
mentos de nativos baseados em hospitais constatam que rega um par de bases A - T e o alelo mutado, um par
1 em 40 mH bebés tem um novo caso de polidactilia. Use -
de bases G C em um sítio que faz parte de uma região
essa informação para estimar a taxa de mutação do gene. heterodúplex. Identifique os eventos que produzem os
16. A tabela a seguir mostra as taxas aproximadas de novas
seguintes tipos de ascos .
mutações para tr ês doenças humanas autossômicas a. 3 Ala B: 1 alob
dominantes. b. 3 ola-b: 1 AJa-B
c 2 o h b: 2 A J a B
Mutação por
Traço 106 gametas
.
24 A conversão gènica é relativamente fácil de detectar nos
ascos fúngicos de quatro e oito células, onde proporções
Retinoblastoma (tumor da retina ) 20
como 3A:1a ou 5a:3 A Indicam que a conversão génica
Acondroplasia (nanismo estatural) 80
.
ocorreu Por que a conversão gènica é mais difícil de de -
Neurofibromatose (tumor do tecido nervoso) 220 tectar nos eucariotos multicelulares ?
DNA com à metilaçã o CpG. Ela cliva o DNA na sequência a. Use as informações dispon í veis para caracterizar cada
de digestão por enzima de restrição mutado.
i b. Determine a sequência do RN Am do tipo selvagem.
5 ' - CCC GGG - 3' c. Identifique a mutação que produz cada polipeptideo
3' * GGG CCC - 5' mutado.
T 29. Experimentos realizados por Charles Yanofsky nos anos
A /Vuil não é sensí vel à metilaçáo CpG. Ela diva o DNA na 1950 e 1960 ajudaram a caracterizar a natureza da sín-
sequência de restrição tese do triptofano na £. coli. Em um dos experimentos
i de Yanofsky, ele identificou a glicina (gly) como o ami-
5 ' - CAG CTG - 3' noácido do tipo selvagem na posição 211 da triptofano
3' - GTC GAC - 5' sintetase, o produto do gene trpA. Ele identificou dois
t mutados independentes de sentido trocado com trip-
a. Qual é a caractenstica comum a Smol e Pvi/ll que seria tofano sintetase defeituosa nessas posições e que resul-
útil para um pesquisador em busca de mutações que taram de substituições de pares de bases. Um mutado
perturbem a digestào com enzima de restrição ? codificou a arginina (arg) e o outro codificou o ácido
b. Que processo o pesquisador está pretendendo detec- glutâ míco ( glu). Na posiçã o 235, a triptofano sintetase
tar com o uso das enzimas de restrição ? do tipo selvagem contém serina (ser), mas um mutado
27. Uma cultura do tipo selvagem de leveduras haploides é por substituição de par de bases codifica a leucina (leu).
exposta ao metanossulfonato de etila (EMS ). As células Na posição 243, o polipeptideo do tipo selvagem con-
da levedura sâo colocadas em placas com um meio de tém glutamina e um mutado por substituição de par de
cultura completo, e seis colónias (numeradas de 1 a 6) bases codifica um códon de parada. Identifique os có-
são transferidas para uma nova placa com meio de cul- dons do tipo selvagem mais prováveis para as posições
tura completo para mais estudos. Quatro placas iguais 211, 235 e 243. Justifique sua resposta em cada caso.
são produzidas, da placa com meio de cultura completo
30. A levedura do padeiro ( Saccharomyces cerevisiae ) nor -
até placas contendo apenas o meio de cultura mínimo ou
malmente é cultivada a 37° C, mas vai crescer produti-
um meio de cultura mínimo acrescido de um aminoácido
vamente em temperaturas baixas de até 20° C, aproxi-
(placas numeradas de 1 a 4 ) com os seguintes resultados:
madamente. Uma cultura haploide da levedura do tipo
Melo selvagem é mutagen í zada com EMS. As células da cul-
completo
tura mutagenizada são espalhadas em uma placa con-
tendo meio de cultura completo e cultivadas a 25* C.
Seis colónias ( 1 a 6) são selecionadas na placa original
I contendo o meio completo e transferidas para duas
Placa réplica placas novas contendo meio de cultura completo. As
novas placas completas (exibidas a seguir ) são cultiva -
f 1 das a 25° C e 37* C. Quatro placas- réplica s â o criadas
Placa 1 Placa 4 em meio de cultura mínimo ou acrescido de adenina a
partir da placa com meio de cultura completo a 25 ° C.
As novas placas sâo cultivadas a 25® C ou 37° C, con
Mínimo Minimo Mí nimo Minimo forme Indicado a seguir.
hlstidlna + arginina leucina
a. Identifique as colónias prototróficas (tipo selvagem).
Qual informação sobre o crescimento o(a ) levou a dar Meio
essa resposta ? completo
b. Identifique as colónias auxotróficas (mutadas). Qual
informação sobre o crescimento o(a) levou a dar essa
resposta ?
c Identifique quaisquer colónias His , Arg , Leu .
d. Para as seguintes colónias, preencha *+# para a síntese
do tipo selvagem e *-* para a síntese mutada da histi-
dina e leucina nas colónias 1, 3 e 5. Mínimo Minimo Mínimo Minimo
e. Existem colónias para as quais a informação genotípica adenina
4 adenina
4
não possa ser determinada ? 5e existirem, quais são elas? 25*C 37°C
28. Um fragmento de polipeptideo do tipo selvagem é se- a. Quais colónias são prototróficas e quais são auxotrófi
quenclado para sete amlnoácidos. A mesma regiã o poli- cas? Qual informação de cultura é utilizada para fazer
peptidica é sequenciada em quatro mutados. essas determinações?
Polipeptideo N.JThr-His-Ser- Gly-Leu -Lys- Ala...C b. Classifique a natureza das mutações nas colónias 1, 2 e 5.
do tipo selvagem c O que vocé pode dizer a respeito da colónia 4?
Mutado 1 N. Thr-Hi$-Ser-VaW_eu-Lys-Ala...C
» 31. Os dois géis ilustrados a seguir contém informações de
Mutado 2 NJRir-His- Ser-C sequenciamento do DNA pelo método didesoxi (ver Ca-
Mutado 3 N._Thr-Thr-Leu- Asp-C pítulo 7, pá ginas 250- 254) para um segmento de DNA do
Mutado 4 N.JThr-Gln-l_eu-Trp-lle-Glu-Gly...C tipo selvagem e mutado correspondentes á extremidade
Capí tulo 12 Mutação gênka, reparo do DNA e recomblnaçào homóloga 421
N-terminal da proteína. O códon de início e os cinco có- a. Usando A para representar o alelo do tipo selvagem e
dons seguintes são sequenciados . a para o alelo mutado, identifique o genótipo de cada
A T
_
Tipo selvagem
C G AT
Mutado
CG
9 .
.
membro da família Identifique qualquer membro da
família que seja alcaptonúrico.
b Em uma figura separada, desenhe os padrões autorra-
diográficos de todos os genótipos que poderiam ser
encontrados nos filhos deste casal .
.
c Explique como a alteração na sequência de DNA resulta
em uma mutação de sentido trocado Ser para Thr .
33. Duas cepas haploides de fungo se fundem e formam um
.
diploide que produz ascos de oito c élulas A cepa fúngica
.
A tem o genótipo +ade 1 hts2 e a cepa B é <J++ Os três
genes estão ligados e ocorrem na ordem fornecida.
a. Os alelos no lócus do gene A são determinados em um
asco e a ordem é oaao+++^. Escreva o genótipo dos três
genes que você espera encontrar com mais frequência.
b. Um asco do diploide é do seguinte tipo:
f adel hii2
4- adelhis2
4 adel his2
9
4 adel his2
a. Escreva a sequência de DNA dos alelos, incluindo a po - a adel +
laridade da fita. a+ +
b. Identifique as fitas molde e não molde do DNA. a+ +
c Escreva as sequências de RNAm codificadas por cada o+ +
fita-molde e sublinhe os códons de início.
Explique os eventos que produziram esse asco.
d. Determine as sequências de aminoácldos traduzidas
desses RNAm. c Um asco do diploide é do seguinte tipo:
e. Qual é a causa da mutação? a 4- +
32. A alcaptonúria é um transtorno autossòmico recessivo o + +
humano, provocado pela mutação do gene HAO, que co- a -f his2
difica a enzima ãcido homogentlsico oxidase. 0 mapea- a 4- his2
mento de restrição da região do gene HAO revela quatro 4 adel his2
sítios de restrição SamHI (BI a B4) no alelo do tipo selva - 4- ade 1 his2
gem e três sítios de restrição ftamHI no alelo mutado. A 4 adel his2
fiomHI utiliza a sequência de restrição 5' - GGATCC - 3' . 4 adel hii2
A sequência de restrição da BamH\ identificada como Explique os eventos que produziram esse asco.
- -
B3 é alterada para 5' GGAACC 3' no alelo mutado. A
mutação resulta em uma mutação de sentido trocado Ser 34. Dois fungos haploides são cruzados e examinados em
.
para Thr Os mapas de restrição dos dois alelos são exibi- busca de evidências de recombmação e conversão gê-
dos a seguir e os sítios de ligação das duas sondas mole - nica em uma região de três genes ligados. A cepa A tem
culares (sonda A e sonda B) são Identificados. o genótipo ah' brp' cty e a cepa B tem o genótipo ala
brp- cty . A maioria dos esporos nos ascos de oito células
Kb 3,0 2.5 4,0
i i
dessa espécie é encontrada em uma proporção 4:4 de
BI B2 B3 B4 ala* brp* cty : akr brp - cty . No entanto, um asco contém
Fipo selvagem —I 1
i I
1
I + os seguintes esporos:
Sonda mutada f [
i i
+ fI + I + ala brp cty
LJ ala brp cty
A B
ala brp- cty
Amostras de DNA extraídas de uma mãe (M), um pai (F) akr brp’ cty
e dois filhos (Cl e C 2) são analisadas pela Southern blot- ola* brp* cty
ting do DNA digerido por ftomHI. A autorradiografia re- ala* brp* cty
sultante é ilustrada a seguir. ola' brp * cty*
ala* brp* cty
Kb
M „ F „ Cl „ a a. O que é Incomum nos esporos desse asco?
6r 5 b. O que os esporos sugerem a respeito da localização da
4,0
recombinação e do processo de conversão gênica?
3.0
c Explique como os esporos produzem uma proporção
23
6:2 nos alelos do gene brp e proporções 4:4 em ala e cty.
Capítulo Aberrações e transposição
13
APRESENTA ÇÃO
cromossômicas
.
( 2n = 40) No entanto, na Ilha da Madeira uma popu- Euploidia e aneuploidia
lação tem 2 n = 22 e a outra tem 2 n = 24. Como cada O n ú mero de cromossomos contidos em um n úcleo
população tem um número cromossômico diferente, e o tamanho e forma relativos de cada cromossomo são
.
os híbridos entre as populações sào estéreis Esses hí- características que dependem da espécie, mas nenhum
dos dois parâ metros est á diretamente associado com a
bridos carregam 23 cromossomos (11 de um progeni - complexidade do organismo (Tabela 13.1 ). O n ú mero de
tor e 12 de outro) e, portanto, não conseguem formar
gametas viáveis. Esse exemplo de especiaçáo, baseado
cromossomos varia amplamente entre as espécies, em -
bora as espécies intimamente relacionadas tendam a ter
principalmente nas diferenças na estrutura cromossô- n ú meros semelhantes.
mica e no número de cromossomos, ocorreu ao longo Com muito poucas exceções, o n ú mero de cro
mossomos é o mesmo nos machos e fê meas de uma
-
de menos de 600 anos. espécie e o n ú mero de cromossomos nos n úcleos das
A variação e a evolução no número de cromosso- células normais é um m ú ltiplo do n ú mero haploide
—
mos têm escopo genômico ou seja, potencialmente ( w ), o n ú mero em um ú nico conjunto de cromosso-
mos. Independentemente de o n ú mero total de cro -
alteram o conteúdo do genoma, mudando as intera-
mossomos ser 2n ( diploide ), 3« ( triploide ) ou um
ções entre os cromossomos homólogos na meiose m últiplo maior de n, ele é descrito como um n ú mero
e limitando a possibilidade de reprodução entre os .
cromossô mico euploide Se as células contiverem
organismos com diferenç as cromossômkas. Este ca- um n ú mero de cromossomos que nã o seja euploide,
pítulo aborda duas categorias distintas de mudança o n ú mero cromossômico é aneuploide. A aneuploi-
cromossòmica. A primeira compreende um grupo de
dia ocorre quando um ou mais cromossomos sã o per -
didos ou adquiridos em relaçã o ao n úmero euploide
alterações do número de cromossomos e da estrutura normal. A não disjun ção cromossòmica é uma causa
cromossòmica, conhecidas coletivamente como aber - principal de aneuploidia .
rações cromossômicas. Por um lado, as aberrações
Não disjunção cromossòmica
cromossômicas são eventos mutacionais que podem
alterar gravemente os fenótipos normais ou que po- O termo não disjunção cromossòmica, ou simples -
mente não disjunção, se aplica a uma incapacidade
dem ser fatais para seus portadores. Por outro lado,
de separação dos cromossomos hom ólogos ou das
fazem parte do processo mutacional que cria diversi- cromá tides irmãs como fariam normalmente durante
dade genética dentro da espécie, proporcionando um a divisão celular. A n ão disjun ção pode ocorrer com
mecanismo para a diversificação e a especiaçáo, como resultados similares nas células somá ticas ou nas cé -
exibido pelos camundongos da Ilha da Madeira. A se-
.
lulas germinativas Se um ú nico par de cromossomos
homólogos não fizer adequadamente a disjunção em prossegue, mesmo quando a meiose I é aberrante e
uma célula somá tica durante a divisão celular mitó- sua conclusão envia as cromá tides irmãs para game-
-
tica , uma das células filhas resultante carrega um cro- tas diferentes. Os quatro gametas resultantes contêm,
mossomo adicional ( 2n + 1) e na outra vai faltar um cada um, um n ú mero aneuploide de cromossomos. A
cromossomo ( 2w - 1 ) ( Figura 13.1 ). união dc um gameta aneuploide com um gameta ha -
As células mitóticas dos animais que contê m o ploide normal na figura resulta em um ovo fertilizado
n úmero errado de cromossomos podem sofrer viabili
dade reduzida em compara ção com suas contrapartes
- com um n ú mero aneuploide de cromossomos que será
t ris vó mico (2n + 1), possuindo três cópias de um dos
possuidoras de um n ú mero cromossómico diploide. A cromossomos em vez de um par homólogo, ou monos-
m á sobrevivê ncia dessas células costuma limitar sua -
só mico ( 2n 1), possuindo uma única cópia de um dos
quantidade nos organismos, embora as células com cromossomos em vez de um par homólogo.
n ú meros anormais de cromossomos sejam comuns Se ocorrer a n ão disjunção na meiose 11, normal -
no câncer, em que outras alterações genéticas, alé m mente ela vem depois de uma meiose I normal. Em
das alterações do n úmero de cromossomos, desempe
nham um papel central na sobreviv ê ncia e proliferação
- consequência, os dois gametas secundá rios cont ê m o
n ú mero haploide de cromossomos ( Figura 13.2). Uma
da célula cancerosa. vez que são células diferentes, elas se dividem inde-
Ao contrá rio das circunstâ ncias limitadas para as pendentemente durante a meiose II; desse modo, se
mudanças no n úmero de cromossomos nas células ani - ocorrer a não disjunção, apenas um dos gametas se-
mais, muitas vezes as plantas té m uma tolerâ ncia subs- .
cund á rios será afetado Entre os quatro gametas re-
tancialmente maior quanto ao n ú mero de cromosso- sultantes, dois são normais, pois a disjunção normal
mos e não é incomum encontrar cepas de plantas com ocorre durante cada divisão meiótica. Os outros dois
mais de duas cópias de cada cromossomo. Descrevemos gametas sã o aneuploides, contendo n + 1 ou n 1 cro - -
essa situação, chamada pvliploidia , em mais detalhes mossomos. Os zigotos trissô micos ou monossô micos
em uma seção posterior. são produzidos quando um desses gametas aneuploi -
A não disjunção nas células germinativas produz des se une a um gameta normal na fertilização. Os
gametas aneuploides e pode levar à produção de zigo -
zigotos diploides normais resultam da fertilização de
qualquer um dos dois gametas haploides.
tos aneuploides. A n ão disjunção meiótica pode ocor
rer tanto na meiosc I como na II e na maioria das vezes
-
afeta apenas um ú nico par homólogo ou um ú nico par Alteração da dosagem gênica
de cromá tides irm ãs. A não disjunção na meiose I é a Em 1913, aproximadamente ao mesmo tempo que
não separação dos cromossomos homólogos. Ela resulta Calvin Bridges estava publicando sua demonstração da
no deslocamento dos dois homólogos para um ú nico teoria cromossòmica da hereditariedade, Albcrt Fran -
polo. Um gametócito secundá rio contém os dois cro- cís Blakeslee e John Belling estudaram as consequ ê n -
mossomos e o outro não contém nenhum . Esses game - cias fenotipicas da aneuploidia no estramônio ( Datura
tócitos contém n ú meros cromossômicos aneuploides itramonium) diploide (2w 24), no qual 12 pares de
iguais aM + l e n - 1 ( isso presume que apenas um par cromossomos são identificados como A a L. Blakeslee e
de cromossomos é afetado). Normalmente a meiose II Belling identificaram 12 linhas fenotipicamente distin -
Figura 13.1 Não disjunção Meiose I Gametócitos Fertilização (com
.
na meiose I Os cromossomos secund á rios Gametas um gameta normal ) Zigotos
homólogos nào fazem a disjunção
na meiose I e todos os gametas
resultantes são aneuploides. A
fertilização por um gameta haploide
normal produz zigotos trissômicos
V(n + 1)
+
a
(2n -f 1) ou monossômicos (2n - 1 ).
a a
A Nâo dsjunçâo
V(n + 1)
tn)
Trissòmico (2n + 1 )
Gametócito
a
primá rio ( 2n ) a
(n - 1) +
(n)
(n - 1) Monossômico (2n - 1 )
(n - 1 )
Capítulo 13 Aberrações e transposição cromossóm í cas 425
A (Y) A
\\ 1)
•
normal dos gametas resultantes gera
zigotos tnssòmicos, monossómicos
ou diploides normais.
0
(n)
+
(n)
-
Monossômico ( 2/1 1)
a a
Cn)
Diploide normal (2n )
(n )
(n)
tas de Datura trissòmico, uma para cada um dos pares mal e da produçào de fenótipos anormais. A maioria dos
de cromossomos (Figura 13.3). animais é altamente sensível às mudanças na dosagem
Esse resultado sugere que o número de cromosso génica, e sua biologia evolutiva, especialmente dentro
mos é um fator no fenó tipo e, nos anos que se seguiram do sistema nervoso, não progride normalmente na pre -
ao relatório de Blakeslee e Belling, outros estudos de - sença de desequilíbrio na dosagem génica Ao contrário .
monstraram que a ancuploidia provoca consequ ê ncias do potencial para perturbações evolutivas decorrentes
fenotí picas graves em quase todas as espécies de animais da aneuploidia nos animais, as mudanças na dosagem
e que afeta o fenó tipo de muitas espécies de plantas. As génica sào mais pronlamente toleradas em muitas espé -
anomalias resultam de alterações na dosagem génica , cies de plantas como consequência de seus programas
o n ú mero de cópias de um gene. A aneuploidia muda evolutivos distintos.
a dosagem de todos os genes no cromossomo afetado.
Em um diploide onde duas có pias de um gene, em um Aneuploidia nos seres humanos
par homólogo de cromossomos, geram 100% da dosa - Profissionais médicos e outros especialistas em
gem génica, um mutado monossômico tem apenas uma
cópia do gene c apenas 50% da dosagem génica normal biologia humana forneceram abundantes informações
para cada gene no cromossomo. Por outro lado, um sobre a aneuploidia humana, a maior parte delas se ori -
mutado trissòmico tem três cópias e 150% da dosagem ginando na não disjun ção germinativa e na produçã o de
génica normal para cada um dos genes no cromossomo. gametas aneuploides. Os seres humanos sào tremenda -
As alterações na dosagem gé nica levam a um de - mente sensíveis às mudanças na dosagem génica pro-
sequilíbrio dos produtos gênicos de cada cromossomo vocadas pela aneuploidia , e a maioria das aneuploidias
afetado em relação aos nã o afetados e esse desequil íbrio humanas é incompatível com a vida. Teoricamente,
está no â mago das alterações do desenvolvimento nor- existem possivelmente 24 tipos diferentes de trissomia
—
nos seres humanos uma para cada autossomo e uma
para cada um dos cromossomos X e Y e um n úmero —
f aa #
Trissómkos igual de possíveis monossomias. Contudo, somente as
trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21, e nenhuma
monossomia autossômica , são observadas com qual
quer frequência mensurável em recém nascidos huma
--
nos. Vá rias formas de trissomia do cromossomo sexual
também são detectadas com alguma frequê ncia no nas -
selvagem Enrolado Brilhoso Fmpenado Alongado cimento, com um tipo de monossomia do cromossomo
2n 2n + A 2n + B 2/i + C 2n + D sexual (Tabala 13.2). Uma ampla variedade de outras
F 1 gura 13.3 Surgimanto da tr
í ssômicos salacionad os no anomalias cromossô micas também ocorre nos recém -
estramònio ( Datura stramonium ) . nascidos. Cada uma das condições de aneuploidia
426 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
——
disjunção meiótica nos seres humanos, a trissomia do
21 (síndrome de Down) a trissomia autossó mica mais
comum no nascimento tem sido foco de estudos in -
camundongos, a maior dosagem do homólogo DYRK
reduz o tamanho do cérebro. O DSCAM é um segundo
gene cuja maior dosagem está ligada à síndrome de
Tabela 13.3 Risco de sindrome de Down (trissomia do 21) pela Idade materna *
Faixa etá ria materna Total de natrvivos estudados Nascimentos com trissomia do 21 Taxa por 1.000 nascimentos
15 19 30.272 18 0,49
20- 24 117.593 87 0,73
25 29 108.746 96 0,90
30- 34 49.487 72 1,56
35-39 19.522 73 4,19
40-44 4.880 73 18,02
45-49 304 19 55,02
'Diaao .
* adaptado* dr E. 6. Hook e A. linckjo, Down syrdromr In llvp blrtht by tlngk* ycar m rrrmaJ age Interval In a Swcdbh ttudy: Compatlvon w*rh rrsult* frcvn a New
. *-
York State study. Am J. Hum Genet, n 30t p. 1 27, 1978.
Down. Esse gene também tem homólogos no camun - (a ) Estrutura trivalente (b) Fstruturas bivalente
dongo e na Drosophila, onde seu produto proteico par
ticipa na formação do coraçã o e dos componentes do
- Metáíase I
e trivalente
Metáfase I
sistema nervoso em desenvolvimento.
Um tipo de mudança diferente na dosagem genica III Bivalente
é observado nos seres humanos com sindrome de Tur-
ner, uma monossomia do cromossomo X na qual há um
cromossomo X, mas não h á um segundo cromossomo
sexual (ver Tabela 13.2). Apesar da ocorrência da inati
vaçáo do X nos embriões femininos humanos, são ne
cessários dois cromossomos sexuais para o início de de-
-- III
«- Unlvalente
—
forma de semiesterilidade, uma redução mas não a
eliminação completa da fertilidade. Estudos de casos
de reprodução esporádicos de pessoas com síndrome de
Down identificam a menor fertilidade e a geração fre - 46, XX 47, XXX
quente de filhos com síndrome de Down em consequê n
cia da alta taxa de produção de gametas com uma cópia
-
adicional do cromossomo 21 decorrente da alta propor -
ção de gametas com duas cópias do cromossomo 21 .
Mosaicismo
Nossa discussão sobre a inativaçâo aleató ria do X
das fé meas de mamíferos identificou o fenómeno como
um exemplo de mosaicismo que ocorre naturalmente,
no qual diferentes células do organismo contêm cro-
Cariótipo tipo mosaico
mossomos X com funcionamento diferente ( ver Ca -
pítulo 3). O mosaicismo também pode se desenvolver As mulheres com síndrome deTumer npo mosaico contém células
46, XX e 45, X e também podem ter células com 47, XXX
pela n ão disjunção mitótica no in ício da embriogê nese e
é um dos muitos tipos de anomalias cromossómicas que Figura 13.5 Mosaicismocromossòmico. 0 mosaicismo
-
ocorrem nos recém - nascidos. Por exemplo, 25 30% dos começa normalmente com um zigoto diploide normal. A não
disjunção mitótica produz uma ou mais linhagens celulares
casos de sí ndrome de Turner , a monossomia do cro-
mossomo X (45,X ), ocorrem em mulheres com algumas aneuploldes que persistem e são encontradas no recém-nasddo.
células que são 45, X e outras que são 46,XX. Alguns
indivíduos com síndrome de Turner tipo mosaico tam - -
a síndrome de Prader Willi (PWS; Omim 176270), que
bém carregam células 47,XXX. Esse tipo de mosaicismo normalmente resultam de uma deleçã o parcial da parte
normalmente é derivado da náo disjun ção mitótica em 15ql 1.12 do cromossomo 15.
.
um zigoto 46, XX ( Figura 13.5 ) A dissomla uniparental tem dois mecanismos de ori -
Nas moscas-da -fruta, borboletas e traças, o mosai - gem. O mecanismo mais raro requer a não disjunção do
mesmo cromossomo no espermatozóide e no ovo Por .
cismo do cromossomo sexual produz um determinado
fenótipo sexualmente ambíguo, chamado ginandro- exemplo, a dissomla uniparental para o cromossomo 15 é
morfismo. A morfologia sexual do ginandromorfismo produzida quando um gameta contribui com duas cópias
é a fémea Cgin ** ), com a metade do corpo e o macho do cromossomo e o outro não contribui com uma cópia.
.
("andro") com a outra metade ( Figura 13.6) O ginan - O segundo mecanismo é mais comum. Ele envolve a náo
dromorflsmo se desenvolve em consequência da não disjunção cm um progenitor que resulta em um gameta
disjunção mitótica no início do desenvolvimento. aneuploide fornecendo duas cópias do cromossomo 15.
O outro gameta é normal e contribui com uma única
Dissomia uniparental cópia desse cromossomo. A união dos gametas resulta em
trissomia do 15 no ovo fertilizado, uma condição invaria -
Uma anomalia rara do conteúdo cromossòmico, velmente incompatível com a sobrevivência. Por meio de
.
chamada dissomia uniparental foi identificada no um processo conhecido como resgate trissómico, uma
homem. A dissomia uniparental ocorre quando ambas das cópias adicionais do cromossomo 15 c ejetada alea -
as cópias de um par de cromossomos hom ólogos ori - toriamente em uma das primeiras divisões mitóticas após
ginam -se de um ú nico progenitor. Ela foi identificada a fertilização. Um resultado do resgate trissómico pode
pela primeira vez vinculada a duas condições cromossó- ser uma célula com um cromossomo de cada progenitor.
micas, a síndrome de Angelman ( AS; Omim 105830) e Os zigotos com esse resultado t êm conteú do cromossò-
Capítulo 13 Aberrações e transposição cromossôm í cas 429
Macho com olhos Fémea com olhos (a ) Fertiliza ção por m ú ltiplos grá os de pólen
brancos e asas em
miniatura ( X )
vermelhos e asas do
tipo selvagem ( XX) n + n + n
°*°
I
Pólen
— 3n
Zlgoto
n t n + n n 4n
Ovo Pólen Zigoto
Célula - tronco
sexual
2n
Gameta
+ 2fl
Gameta
— 4n
Zigoto
tetraploide
somia uniparental da PWS, as duas cópias do cromos -
Figura 13.7 Mecanismos que criam zigotos triploides e
somo 15 são da mãe e não há cópia do cromossomo 15 tetraploides nas plantas.
paterno. A descoberta das formas de dissomia unipa -
-
rcntal da AS e da PWS origina se de um processo de re -
gulação da expressão gé nica nos mam íferos, conhecido pécies. Muitos tipos de poliploidia são possíveis triploi-
des (3/f ), tetraploides (4/f ), pentaploides (5/f ), hexaploides
—
como iniprintinggenômico ( ver Capítulo 15) .
(6/f ), octaploides (8w) etc. Os poliploides cujo cariótipo
consiste em cromossomos derivados de uma única espé-
Observa çã o gen é tica Os organismos tipo mosaico
cie são designados autopoliploides e os poliploides com
contêm duas ou mais linhagens celulares distintas que pos-
conjuntos dc cromossomos derivados de duas ou mais
suem cromossomos diferentes, resultantes da não disjun ção
m ítótica. A dissomia uniparental é uma consequência rara da espécies se chamam alopoliploides ( aio - "diferente").
não disjunção, na qual as células resultantes possuem duas có- Termos como autotetraploide (cromossomos 4/f que
pias de um cromossomo provenientes de um ú nico progenitor.
derivam de uma única espécie) e aloexaploide (6/f com
cromossomos derivados de duas ou mais espécies ) são
usados para descrever o conteúdo genômico de um orga-
nismo poliploide. A poliploidia é comum em espécies de
13.2 Mudanças na euploidia resultam plantas, mas é extremamente rara nos animais.
em vários tipos de poliploidia
Autopoliploidia e alopoliploidia
Poliploidia é a presença de três ou mais conjuntos de
cromossomos no n úcleo de um organismo. A poliploidia Três mecanismos levam à poliploidia ( Figura 13.7) .
na natureza pode resultar da duplicação de conjuntos de 1 . Fertilizações m últiplas. A fertilização de um ovo
cromossomos euploides de uma única espécie ou da com
binação de conjuntos de cromossomos de diferentes es-
- por mais de um grão de pólen haploide resulta em
um zigoto triploide (3/f ) ou superior Geralmente .
430 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
gosidade em relação aos diploides que ocorre quando liploide pelas diferenças cromossõ micas que tornam
as linhagens puras (endogá micas) são cruzadas, sendo improvável a hibridação entre a nova espécie. Segundo,
a base do maior vigor de crescimento. Esse fenó meno a poliploidia produz duplica ção gémea que relaxa as
é conhecido como vigor híbrido e consiste no cresci- restrições da seleção natural sobre as cópias duplicadas
mento mais rá pido, na maior produção de frutos e flo- dos genes. ( Discutimos essas ideias no Capítulo 22.)
res e na maior resistência à doença entre a progénie he - Nenhuma espécie de planta comum incorpora o
terozigota ( h íbrida ) das linhagens puras. impacto evolutivo da poliploidia de maneira mais ra -
dical que o Triticum aestivum, o trigo comum do pão.
Homozigosidade recessiva reduzida O Triticum aestivum é um aloexaploide natural (6n )
que se desenvolveu pela união de genomas diploides de
O padrào de herança de um ú nico gene nos poli- três espécies ancestrais em dois eventos de hibrida ção
ploides é diferente do padrà o nos diploides no que diz ( Figura 13.9 ). Os membros modernos do gênero Triti -
respeito às proporções dos fenótipos dominante e re - cum possuem 14 ( 2w ), 28 (4« ) e 42 (6rt ) cromossomos.
cessivo de certos cruzamentos. Essa diferença está li - A história evolutiva do trigo moderno começa com a
gada diretamente ao n úmero adicional de cópias gené - hibridação de duas espécies diploides que contê m 14
ticas nos genomas poliploides. Um fenótipo dominante cromossomos cada. O trigo einkorn ( T. monococcum ) é
é produzido por qualquer gen ótipo contendo uma ou uma variedade cultivada que ainda pode ser encontrada
mais cópias do alelo dominante e o recessivo é produ - em todo o mundo. Representada pela fórmula gen ô-
zido apenas pelo gen ótipo recessivo homozigoto. No mica AA , o T. monococcum hibridado com uma grama
caso de um fenótipo decidido por um ú nico gene com selvagem , T. searsiii ( fórmula genó mica BB ), forma uma
um alelo dominante e um recessivo, a probabilidade de variedade alotetraploide chamada trigo emmer ( 7. tur *
-
produzir o fenótipo recessivo em uma cepa tetraploide .
gidum ) O trigo emmer (fó rmula genó mica AABB ) era
é menor em comparação com a probabilidade de pro - cultivado aproximadamente 10 mil anos atrás, quando
duzi- lo em uma cepa diploide. sofreu um segundo evento de hibridação com outra es -
Pegando como exemplo um autotetraploide com o pécie diploide de grama selvagem, T. tauschii (fórmula
genótipo AAaa , vamos determinar a probabilidade de a .
genómica DD ) , formando o T aestivum ( fórmula genô-
progénie produzida pela autofertilizaçáo ter o genótipo
.
aaaa Vamos usar as designações A , A „ a.t e a 4 para os
{
AN Á LISE GENÉTICA
A cor da flor em uma planta autotetraploide é a caracterí stica de um único gene com dois alelos, R ,
e no lócus gênico. O alelo Rt produz cor, mas o Rt não produz. Consequentemente, a intensidade
da cor da flor é determinada pelo número de alelos Rt no genótipo. A correspondência genótipo-
-fenótipo é
Genótipo Fenótipo
Vermelho- escuro
Vermelho- claro
Rosa
Rosa-claro
WA Branco
Uma planta de flor rosa é autofertilizada. Quais são os fenó tipos previstos para a cor da flor e em
que propor ções eles devem ocorrer ?
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por
este problema e explique a natureza
.
1 Este problema diz respeito è autofertilização de um autotetraploide. A resposta
requer a determinação dos fenótipos da progénie e da frequência prevista para
da resposta solicitada. cada fenótipo.
2- Identifique as informações criticas (X A planta é identificada como autotetraploide e as relações especificas entre ge-
fornecidas no problema. nótipo e fenótipo são fornecidas.
Deduzir
3. Identifique o genótipo da planta au - . ,
3 0 genótipo da planta de flor rosa é R R :RjRr Os gametas serão diploides. Seis
tofertilizada e os possíveis gametas combinações aleatórias de cromossomos podem se formar durante a ga -
que eia produz . .
metogénese O primeiro cromossomo R , pode ocorrer em um gameta com o
Dica: Os gametas dr um autotetraploide tio
segundo Rt ou com qualquer um dos cromossomos R , formando três dos ga-
dipodev Cada gameta contém dois das cro- metas. 0 segundo íf , pode ocorrer com qualquer um dos cromossomos Rr for-
mossomos no genótipo tetraploníe- mando mais dois gametas, ou os dois cromossomos R . podem formar um ga-
meta, perfazendo a sexta combinação.
.
4 Determine o genótipo e a frequência 4. Cada combinação de cromossomos nos gametas vai se formar com a mesma
prevista para cada possível gameta. frequência, significando que a frequência prevista para cada gameta é 1/6. Uma
V combinação contém os dois cromossomos R , e a outra contém os dois cromos -
Dk : /Adicione as frequências previstas para os
*
qairww e certifique se de gue sua soma é 1JQ. ] somos R . Os gametas restantes são combinações diferentes com o genótipo
Rfl2 para uma frequência combinada de 4/6.
Solucionar
.
5 Descreva as possíveis uniões de ga- .
5 Os resultados da união desses trê s genótipos de gameta são:
metas e a produção de progénie por R ,R > RA RA
< > < >
fertilização.
Dica: Use um quadrado de Punnett
para mostrar as uriòes dcs uameLsv
RA RtRiRrRi
* <í>
R r RiR rRj RARA
*
< > 4> ( 4) 4
*
( ( )
Deleçáo
terminal
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P I 14
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Deleção
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1 2 3 4 5 6 7 8 9
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14
3- iA Deleçòes intersticiais
cromossômica IS IS 1 A
/ parciajDeleçá o 21
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- —- 21
77 q 4
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21 * 7) 2.
Cromossomo
do tipo
—-
S )S
it
a
--
J II
11
A banda 11p13
contém genes que
selvagem Cromossomol * 14
3
^ Telômero produzem ò
síndrome de WAGR
Cromossomo Cromossomo 5
O fragmento acéntrico 5 normal na deleçáo
é perdido na dMsáO terminal 11
celular subsequente Figura 13.11 Deleçòes intersticiais do cromossomo
Figura 13.10 Deleçáo cromossômica terminal. 11p1.3 na síndrome de WAGR. As deleçòes de 1 a 7
(a ) A quebra da dupla fita do DNA em um ponto de quebra resultam na WAGR, mas as deleçòes 8 e 9, náo. A menor
cromossômica na região H leva à deleçáo terminal do região de deleçáo comum é a banda 11 p1.3 .
fragmento acéntrico. (b) A deleçáo terminal do cromossomo
5 na sí ndrome do miado de gato. crossing-over desigual em um capítulo anterior para ex -
plicar a mutação mais comum que causa o daltonismo
Ao contrário de uma deleção terminal, que resulta recessivo ligado ao X (ver Estudo de Caso no Capítulo 4).
de uma quebra simples em uma extremidade de cro- -
O crossing over desigual é raro e ocorre com mais
mossomo, uma deleçáo intersticial é a perda de um frequência quando regiões repetidas dos cromossomos
segmento interno de cromossomo que resulta de duas hom ólogos estão mal alinhadas. A condição humana
quebras cromossômicas. As deleçòes intersticiais podem conhecida como síndrome de Williams- Beuren ( WBS;
ser vistas em muitos organismos, incluindo os seres hu - Omim 194050) é encontrada com frequência nos hete-
manos. A síndrome de WAGR, uma condição de deleção rozigotos por deleçáo parcial para um segmento do cro-
intersticial observada nos seres humanos, na realidade é mossomo 7. No cromossomo 7 do tipo selvagem, essa
uma série de condições causadas pela deleçáo de vá rios região conté m có pias duplicadas do gene PMS , desig -
genes contíguos na vizinhança do llpl.3 (Figura 13.11 ). nadas PMSA e PMSb, que estão situadas próximas umas
As iniciais WAGR significam tumor de Wilms ( um tipo das outras e possuem 17 genes situados entre cias (Fi-
de câncer renal hereditário) , aniridia (ausência de íris no gura 13.12a ). O desalinhamento dos cromossomos ho-
olho), anomalias genituriná rias e retardo mental. Os pa - mólogos resulta em erros de pareamento do PMSA em
cientes com as maiores deleçòes do 1lpl.3 têm as quatro um cromossomo com o PMSB no cromossomo homó -
condições, enquanto os pacientes com deleçòes menores logo. Uma cópia do PMS em cada cromossomo forma
podem ter apenas uma ou duas dessas condições. uma alça em cada hom ólogo durante o desalinhamento
(Figura 13.12b). O crossing -over desigual nos cromosso-
Cruzamento desigual mos desalinhados resulta em um cromossomo recom
binantc que possui um cromossomo 7 por deleçáo par-
-
O processo de recombina çáo recíproca realiza a re- cial que resulta em WBS. Esse cromossomo cont ém um
combinação dos alelos nos cromossomos homólogos
sem causar ganho ou perda de material cromossómico
-
gene h íbrido não funcional PMSA PMSX que ná o existe
nos genes PMS K e PMS . intactos, bem como 17 genes
que resultaria em mutaçào (ver Capítulos 5 e 12). Nem encontrados normalmente entre o PMSt e o PMSa (Fi-
todo evento de recombinaçáo entre homólogos é recí- gura 13.12c). O cromossomo por duplicação parcial
proco e às vezes ocorre um cruzamento desigual entre ( contendo cópias duplicadas do gene híbrido PMSA ~
os homólogos. Isso pode resultar em duplicação parcial
e em deleção parcial do material genético nos cromos - PMSB e os 17 genes interv enientes) não provoca anoma
lias fenot í picas imediatamente identificáveis.
-
somos recombinantes resultantes. Um organismo que
carrega um homólogo com material duplicado é um
Detecçã o da duplicaçã o e deleção
heterozigoto por duplica ção parcial , enquanto um or-
ganismo com material deletado de um cromossomo é Grandes deleçòes ou duplicações dos segmentos
um heterozigoto por deleção parcial. Introduzimos o cromossómicos podem ser detectadas pelo exame mi -
Capítulo 13 Aberrações e transposição cromossôm í cas 435
*JL
PMS Á PMSn do PMS ePM
^
com 17 genes entre
as cópias Sondas FISH
Marcador T Marcador
lateral 17 genes lateral (b ) Deleçáo m íaointersticial
( b ) Desalinhamento dos cromossomos homólogos e
crossing -ovtr desig uai
PM 5A Alça de DNA Os homólogos desalnham e uma
cópia do PMS em cada cromos- Nenhuma fluorescência
1 2 somo forma uma alça.Crossinç- dPterraria a partir da sonda B.
PMSt ( c) Mlcroduplkação
over desgual dos homólogos Os
dísticos 1, 2 3 e 4 são marcadores
3 PMS Â 4 laterais para referência.
A B C
Duas manchas fluorescentes
PMSd «nt
í cam que o alvo da sonda B
está dupíkado.
(c) Cromossomos recomblnantes por deleçá o e duplica ção Figura 13.13 Detecçáo da microdeleçáo e
.. microduplica ção cromossó mica pela FISH. (a ) Très sondas
3 PM5 /PMS,i 2
*
Osrecombinantessão.
FISH Identificam os genes A, BeC, (b) A mkrodeleção de um
Um cromossomo de defeção segmento cromossô mko contendo B Impede a hlbrldaçâo da
Gene h í brido parcial com um gene híbrido, mas
Sfndrome de WBS no qual faltam os 17 genes entre sonda , (c) A microduplicação resulta na hibrida ção da sonda
os PMS,é duplicado .. B para genes duplicados.
1 PMSA PMSi/ PMS* PMSy ^ primento do par homólogo, ocorre o pareamento sin á p
Nenhuma Gene hibrido tico normal. Mas, nas regiões de diferença estrutural, o
L
anomalia material adicional presente em um cromossomo protrai
fcnotfpka 17 genes 17 genes
para fora visando a permitir o pareamento sin á ptico em
-duplica
eum cromossomo de
ção parcial com P¥ St ,
qualquer um dos lados. O material na alça consiste em
PMS$ eum gene híbrido e material gené tico normal se um cromossomo carregar
duplicação dos 17 genes uma deleçáo e em material gen ético duplicado se um
Figura 13.12 Crosslng -over desigual na criação da homólogo carregar uma duplicação.
sí ndrome de Williams-Beuren.
Observa çã o gen é tica A defeção e a duplicação par -
croscópico que revela alterações no padrão de banda - dais criam anomalias ao afetarem os genes sensíveis à dosa -
mento cromossô mico resultantes da mudança estru
tural no cromossomo. Essas deleções e duplicações
- gem. As deleçóes e duplicações maiores alteram os padrões
de bandamento cromossô mico e afetam a sinapse entre os
geralmente são bem grandes. Nos cromossomos hu - homólogos, enquanto as mkrodeleções e microduplicaçóes
são detectadas pela aná lise molecular.
manos, as duplicações e deleções de aproximadamente
100 mil a 200 mil pares de bases estão no limite infe-
rior da visualização do bandamento cromossômico. As
microdeleçòes e microduplica çôes são consideravel -
mente menores e em geral não são facilmente detec
tadas pela análise do bandamento cromossô mico. Em
- Alça rvào pareada
i i
vez disso, as t écnicas moleculares como a FISH ( hi -
bridação in situ fluorescente ) podem ser usadas para
detectar a ausê ncia ou duplica ção de um determinado
gene ou sequê ncia cromossó mica ( Figura 13.13; ver
també m Capítulo 11).
Uma observação microscópica alternativa indicando
Homólogo com
duplicação parcial
1 2 3
1 2 3 4
4 5
M
6
5 6 7
1
8
9
9
10 11
10 11
12
12
Hom ólogo normal
deleçáo ou duplicação cromossó mica parcial pode ser
feita na sinapse dos cromossomos hom ólogos da prófase Figura 13.14 Alça não pareada na sinapse.
I durante a meiose. Os pares hom ólogos com erros de O bomozigoto por duplicação parcial exibido aqui tem
pareamento porque um deles contém uma grande dupli - rnaterial genético duplicado nas faixas 6 a 9.0 material extra
cação ou deleçáo vão formar uma alça nâo pareada na forma uma alça não pareada na sinapse para permitir que as
sinapse ( Figura 13.14)« Ao longo da maior parte do com- regiões homólogas se alinhem correta mente.
436 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Mapeamento das deleções parcial comum para os genomas que expressam pseu -
dodominància para o Notch é a regiã o 307, sendo onde
Pseudodomináncia é um fenô meno genético o gene reside. A An á lise Genética 13.2 vai guiá -lo por
que ocorre quando um alelo normalmente recessivo é uma an álise do mapa de deleções.
"desmascarado" e expresso no fenótipo porque o alelo
dominante no cromossomo hom ólogo foi deletado. A
pseudodominá ncia é utilizada para mapcar os genes nas 13.4 A quebra cromossômica leva
regiões cromossô micas deletadas por um método co- à inversã o e transloca ção dos
nhecido como mapeamento das deleções. cromossomos
A Figura 13.15 mostra o mapeamento das dele
ções usando pseudodomináncia para mapear o gene
- A quebra cromossô mica envolve quebras na dupla
Notch ( rt ) na Drosophila. O gene Notch reside no cro- fita do DNA que cortam um cromossomo. A quebra
mossomo X e sua localizaçã o é revelada pela correlação que não é seguida pela religação do segmento quebrado
da pseudodominá ncia nas cepas de delcçào pardal do leva à deleçào cromossômica parcial; poré m , o que
cromossomo X. A pseudodominá ncia aparece nas fé- acontece se o cromossomo quebrado for remontado,
meas heterozigotas para a deleçào parcial, carregam o mas o segmento quebrado for religado na orientação
alelo recessivo no cromossomo X intacto e perderam errada, ou se o segmento quebrado for religado a um
o alelo dominante pela deleçào parcial do cromossomo cromossomo n ão homólogo ? As respostas são que a re-
X. Na figura, os segmentos dnzentos representam os liga çào na orientação errada produz uma inversão cro-
segmentos cromossômicos presentes, e a cor identi- mossòmica, enquanto a religação a um cromossomo
fica os que foram deletados. As duas primeiras deleçòes não homólogo resulta em translocação cromossô mica .
-
parciais ( rjl e 258 42) nào levam à pseudodominá ncia
(em outras palavras, o fenótipo dominante do tipo sei
Discutimos dois tipos de eventos de inversão cromossò-
mica e dois tipos de translocação cromossômica nesta
vagem é observado), indicando que as regiões deletadas seção. Um tema repetido que vai surgir nessa discussão
não conté m o gene Notch. As outras duas deleções par
ciais, 62dl8 e N71a, resultam em pseudodomináncia,
- é que, contanto que nenhum gene crítico ou região re-
gulató ria sofram mutações pela quebra cromossô mica e
indicando que o lócus do gene Notch contendo o alelo contanto que os genes sensíveis à dosagem sejam man -
dominante está na região 3C5 a 3C9. Por conterem a tidos em seu equilíbrio adequado, os portadores hete-
localização do gene Notch, as deleções parciais pro- rozigotos de inversã o ou translocação cromossô mica
gressivamente menores sào utilizadas para identificar podem nào sofrer anomalias fenotipicas. No entanto,
o menor segmento de deleçào comum a todas as dele
ções que resultam em pseudodomináncia. Nesse caso,
- complicações durante a meiose podem afetar a eficiê n
cia da segregação cromossômica e a fertilidade pode ser
-
e usando outros dados nào exibidos, a menor deleçào afetada nesses indivíduos .
z w rst n dm
1
M
* í
\
Fenótipo mutado
Unias 112 ? 1 2 3
2D 2E 2 r
56 112 3 A 5 6 7 el9 »C 1 ? 3 4 112 3 4 5 6 7 R 9 E l i
3A 38 3C
I 23
3D
5 6
u M l|l
3c
? 56 78 M3j*lM7lgj9 «12
3F 4A
por deleçào parcial
rJ1 Dominante
258 42 Dominante
62d 18 Pseudodominante
N71a Pseudodominante
.
Figura 13.15 Mapeamento de deleções do gene Notch (n) da Drosophila 0 grau de cada deleçào parcial do cromossomo
X da Drosophila é exibido pelas barras coloridas para quatro mutados por deleçào parcial. A retenção do traço dominante ou
o surgimento do notch por pseudodomin á ncia sào Indicados. O menor segmento do cromossomo X que falta em todos os
mutados pseudodominantes é a regiã o 3C-7, indicando essa como a localização do gene.
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossômí cas 437
AN Á LISE GENÉTICA
Na DrosopMa, os traços mutados recessivos ligados ao X de cer-
Cromossomo X
das chamuscadas, olhos lozenge e asas cortadas são codificados Unidades de 2 4 6 8 101214161820
nos genes ligados. Cinco cepas de Drosophila produzidas pelo cru- mapeamento
zamento de moscas de linhagem pura do tipo selvagem e moscas Cepa 1
mutadas de linhagem pura ( SLC/SLC x slc/ slc ) devem ter o genótlpo chamuscada
triibrido SLC/ slc e expressar os fenótipos do tipo selvagem. As fémeas Cepa 2
de cada cepa exibem pseudodominância para um ou mais traços em chamuscada, cortada
razão da deleção pardal do cromossomo X. Cepa 3
Os mapas cromossômkos comparativos mostrando o grau das dete- lozenge
ções em cada cepa pseudodomlnante (indicadas pelas linhas traceja- Cepa 4
das) são fornecidos na figura junto com os fenótipos pseudodominan- chamuscada, cortada
tes encontrados em cada cepa. Use essas informações para localizar Cepa 5
cada gene com a maior precisão possível ao longo do cromossomo X. cortada
Deduzir
.
3 Faça uma revisão do significado de .
3 Pseudodominância é o aparecimento de um traço recessivo em um organismo
pseudodominância e da conexão presumidamente beterozigoto em razão da deleção de um segmento cromos-
entre a deleção cromossômica e a sômico que carrega o alelo dominante. No mapeamento das deleções usando
pseudodominância . pseudodominância, a localização de um gene é mapeada para a menor região
de deleção comum compartilhada por todos os organismos que expressam o
traço pseudodominante .
Solucionar
.
4 Interprete o significado do fenótipo .
4 Falta material cromossômico na cepa 1, da 81 até a 14* unidade de mapeamento .
pseudodominante na cepa 1 . O aparecimento do fenótipo pseudodominante chamuscado indica que o gene
chamuscado mapeia para esse intervalo .
.
5 Compare a cepa 2 com a cepa 1 e in- .
5 A cepa 2 tem uma deleção das unidades de mapeamento 4 a 13, que inclui os
terprete o significado do novo fenó- fenótipos chamuscado e cortado.
tipo cortado pseudodominante. Isso restringe a localização do fenótipo cortado para o intervalo entre as uni-
dades de mapeamento 8 e 13. A localização do fenótipo cortado é entre a 4* e
Dica: Compare o mutjòm por dck\io qur tom-
* a 8J unidade de mapeamento, com base em seu aparecimento com a deleção
pjrtilhdm fcnó:ipoi de ourudodominãntu ver
onde a ddevòtfj e sobrepõem. desse intervalo.
*
.
6 Avalie a pseudodominância da cepa 3 . .
6 A ocorrência simultânea da deleção entre as unidades de mapeamento 16 e 20
e o aparecimento do fenótipo lozenge pseudodominante mapeiam o gene lo-
zenge para essa posição.
8. Identifique as localizações genicas 8. Com base nos dados de pseudodominância nessas cinco cepas, o fenótipo cor -
com base na análise do mapeamento tado reside no intervalo entre as unidades 4 e 6, chamuscado se situa entre 8 e
das deleções. 12 e lozenge, entre 16 e 20.
Quebra
i
K
o ni dois centròmeros (2 ABCDA - 4) e o outro é um fragmento
acêntrico que não possui centrômero (2'- IHGFEDCBE -
- -
FGHI 40 Na anáfasc I, quando os centròmeros nos cro-
mossomos homólogos migram normalmente para polos
Segmento opostos, forma se uma ponte dicéntrica à medida que o
Quebra
invertido cromossomo dicéntrico é puxado para os polos da célula.
No fim das contas, a ponte se encaixa sob tensão em um
ponto de quebra aleatório. Ambos os produtos da quebra
possuem um centrômero, mas ambos também têm mate-
rial genético faltando. Por outro lado, o fragmento acén-
trico, que nâo possui centrômero, não possui mecanismo
pelo qual migrar para um polo da célula e será perdido du-
Quebra Rotação livre Inversã o Heterozigoto rante a meiose. A conclusão da meiose desse heterozigoto
cromossòmica do segmento paracêntrica para inversão para inversão paracêntrica resulta em dois gametas viáveis,
paracêntrica
um com o cromossomo em ordem normal (1 ABCDE - -
( b) Inversã o pericê ntrica
-
FGHI 10 e um com o cromossomo em ordem inversa
(3* ADCBEFGHI - 3 ) e dois gametas inviáveis com cro
/
-
mossomos de deleção parcial.
O cruzamento na alça de inversão em um hetero-
Quebra
WWV zigoto para inversã o pericêntrica produz dois gametas
viá veis e dois inviáveis. Um gamcta vi á vel cont ém o
Segmento cromossomo em ordem normal (1 ABCDE FGHI 1') 4
-
invertido e um contendo o cromossomo de ordem inversa (3 AB -
-
CHGF * EDI 3'). O cruzamento também resulta em
dois gametas inviáveis, cada um possuindo uma com -
Quebra
binação de deleçôes e duplicações (2 ABC DE FGH
CBA - 4) e (4'- IDE • FGHI - 20 ( Figura 13.18).
4
-
Quebra Rotação Irvre Inversão Heterozigoto Três observações sobre recombinação nos he-
cromossòmica do segmento pericêntrica para inversão terozigotos para inversã o têm implica ções gen éticas
pericêntrica importantes:
Fí g ura 13.16 Inversão cromossòmica paracêntrica .
1 A probabilidade de cruzamento dentro da alça de
e pericêntrica. inversão está ligada ao tamanho da alça de inversão.
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossômí cas 439
3 3' Cromossomo
de inversão Transloca ção cromossômica
( viável)
A translocação cromossômica ocorre após a quebra
0 cruzamento na alça de inversão resulta em dois gameis cromossômica e a religaçào de um segmento quebrado
wiávets e dois inviáveis
com um cromossomo não homólogo. Se nenhum gene
crítico for cortado ou tiver sua regulação perturbada pelos
eventos de quebra ou translocação, os heterozigotos para
Figura 13.17 Consequências do cruzamento na alça de translocação, com um cromossomo normal e um cro -
inversão nos heterozigotos para inversão paracéntrica. mossomo alterado em cada par homólogo, tèm um fenó-
440 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(a ) Transloca çã o n ào balanceada
Cromossomo
normal Cromossomo / Cromossomo
Normak deietado / translocado
Cromossomo
invertido Quebra z Normal
I ycromossômica
Sinapse na prótese I Translocação
nâo balanceada
!
Alça de
inversáo À Cruzamento
i r I II III IV I II III IV
2 2' Fipo selvagem Heterozigoto
para translocaçáo
3 náo balanceada
4
(b) Translocação balanceada recíproca
I Cromossomos
Cruzamento entre
homólogos Norm. translocados
Normal
Migra ção na
anáfase I Translocação
balanceada
II
Quebra reciproca
4
Quebra
I II III IV I II III IV
Migra çao na Tipo selvagem Heterozigoto
an áfase I para translocaçáo
balanceada
Conclusão da meiose II
(c) Transloca çáo robertsonlana (fusão cromossômica )
l Cromossomo
1 1 # Cromossomo Normak fundido
normal
( viável )
2
4* ' f} 4
Cromossomos
com duplicação/
Translocaçáo
robertsonlana
ec Bra ço P
Centrômero
Normalmente
deleçào perdido
(inviá veis)
II
Normal
í 3' Cromossomo
com inversáo
( viável)
r
realizações de Muller estavam sua descoberta de que os raios (exposto aos raios X )
li
X Induzem mutações por quebra cromossômica e seu desen Raios X
volvimento de um método genético para identificar mutações
letais ligadas aos raios X no cromossomo X da Drosophila. C/B x m{7)
Para Identificar essas mutações, Muller crtou um cromos-
somo X chamado cromossomo C/B: C relativo à supressão do Olho em barra
cruzamento. / relativo à presença de uma mutação recessiva
letal e B relativo à mutação dominante produzindo um olho
anormal em forma de barra . A supressão do cruzamento resulta
da presença de várias inversões que impedem o surgimento de
1 Fêmeas
! I Machos 1
recombinantes entre cromossomos X invertidos e do tipo selva-
gem nas fémeas. O olho em barra é um fenótipo mutado domi-
nante que marca permanentemente ocromossomo invertido, )á C/B m{7) e + m{7)
que não pode ser reformado pela recombina çáo. As mutações
recessivas potencialmente letais (m?) são geradas nos cromos- Olho cm barra Tipo selvagem Tipo selvagem Morrem
l l
somos X masculinos peia exposição aos ralos X.
Os machos de Drosophita hemizigotos para C/B (C/B/Y)
morrem em consequência da mutação letal (/) no cromossomo Cruzamento II:
X. As fémeas portadoras do C/B (OB / +) sobrevivem e preser-
vam o cromossomo. Muller começou sua busca pelas mutações 9 C/B / mi ? ) cf Tipo selvagem
letais Induzidas por ralos X expondo machos de mosca-da-fruta
aos raios X a fim de induzir mutações nas células germinati-
x
vas. Os machos expostos aos raios X foram cruzados com uma
fémea portadora de olhos em barra (C/B / +), no Cruzamento
I. Em seguida, a progénie da mosca com olhos em barra do
Cruzamento I foi acasalada individualmente com machos do
tipo selvagem, no Cruzamento II. Este deveria produzir uma
I
Se nenhuma mutação letal for mduzida per
proporção de 2:1 de fêmeas para machos se a exposição aos
raios X nóo Induzisse uma mutação letal no cromossomo X.
.
raios X uma proporção 2:1 de 9 : (3 é prevista.
||.. * j[. j° . ji
C/B morreriam. Se, por outro lado, uma mutação letal fosse In-
duzida, seria produzida uma progénie apenas com fémeas pelo
Cruzamento IL Os machos que herdassem o cromossomo C/B
morreriam, mas isso também aconteceria com os machos que
C/B « »
herdassem o cromossomo X com a mutação letal induzida . Olho em barra Tipo selvagem Tipo selvagem Morrem
A Identificação das mutações letais induzidas por raios X
usando o método C/B é altamente precisa: ela requer apenas que
se determine se os machos são produzidos pelo Cruzamento II.
Por outro lado sea mutação letal for induzida, será
Muller reconheceu que. quando a exposição aos raios X induzia produnda uma progénie apenas com fémeas
uma mutação letal, ele podia estudá-la através das fémeas do
Cruzamento II com olhos normais, que são portadoras heterozi- Fêmeas Machos
jj. . jj. * jf . „ j°
gotas da mutação letal induzida. Muller usou o método C/B para
demonstrar que a exposição aos raios X induz mutações em uma
taxa mais de 150 vezes maior que a taxa de mutação espontânea
na Drosophila. Sou trabalho levou à caracterização de vánas mu-
C/B «
tações e à identificação da relação linear entre o nível de exposi-
Olho em barra Tipo selvagem Morrem Morrem
ção aos raios X e a frequência de mutações letais induzidas. (portador de
mutação)
Método C/B de Muller Machos expostos aos raios X são
cruzados com fêmeas portadoras de olhos em barra que car- Ma»s estudos e possível
regam o cromossomo C/B no Cruzamento I. As fémeas com • cara erização da
^
olhos em barra da progénie que possivelmente carregam mutação letal induzida.
uma mutação letal ligada ao X [m(?)3 são cruzadas com ma-
chos do tipo selvagem no Cruzamento II. A ausência de pro-
génie masculina do Cruzamento II identifica a ocorrência de
uma mutação letal induzida.
442 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Translocaçáo balanceada reciproca Na translocaçáo cromossomos na figura são indicados como 1, 11, 111 e IV,
balanceada recíproca, um membro de cada par homó- de modo a podermos acompanhar com mais facilidade
logo é alterado pela translocaçáo e nenhum dos quatro sua progressão na meiose e os resultados meióticos.
cromossomos tem um parceiro plenamente homólogo. Dois padrões de segregação cromossómica surgem
Pelo contrário, os segmentos cromossomos transloca- das estruturas tctravalcntcs encontradas nos hetero-
dos hom ólogos ao membro normal de cada par sâo dis
tribuídos em dois outros cromossomos. A ausência de
- zigotos para translocaçáo. A segregação alternada e a
-
segregação adjacente 1 ocorrem, cada uma, em aproxi-
homologia completa entre os pares de cromossomos madamente 50% das divisões meióticas, embora as pro -
requer a formaçào de uma estrutura siná ptica tetrava - porções reais variem um pouco entre diferentes espécies.
lente incomum, uma configuração cruciforme composta Na anáfase I na segregação alternada, os cromossomos
de quatro cromossomos relacionados pela transloca çáo, I e IV se deslocam para um polo da célula e os cromosso-
habilitando as regiões hom ólogas a formarem sinapses mos II e III se deslocam para o polo oposto. Na conclusão
durante a metáfase I , como mostra a F i g u r a 13.20, Os da meiose, todos os gametas sâo viá veis porque cada um
Complexo tetravalente
Metáfase I
e e
•f
II
Gametas
1 Meiose II
III II
I Meiose II
IV III
K A B C D EF-6J K A 6 C D E f 6j I IABCO E F 6J
7 T!1
IV III II
i ( A B C D. Tcrrza I I (ABC 0 JE FG
7T
IV III II
II I K A B C D .; E S R J
III IV IV
II III
III IV IV
Condusà oc acenas a segregação alternada produz gametas viáveis e progénie. Esse padrão de segregação ocorreem
apxiximactarrente metade das rreioses e contrtbu » para a semiesteriSdade dos heteroziçotos para translocaçáo,
Figura 1 3.20 Estrutura sináptica tetravalente e a segregaçã o cromossómica alternada e adjacente nos heterozigotos
para translocaçáo balanceada recíproca.
Capítulo 13 Aberrações e transposição cromossôm í cas 443
deles contém um conjunto completo de informação ge - somos distintos. A Figura 13.21 ilustra esse padrão de
nética para os dois cromossomos. A fertilização de um translocaçâo robertsoniana nos seres humanos, em uma
gameta contendo os cromossomos 1 e IV vai produzir condição chamada síndrome de Down familiar, que
um zigoto normal, enquanto a fertilização de um gameta é a causa de 5%-10% dos casos de síndrome de Down
contendo os cromossomos II c III vai produzir um zigoto ( trissomia do 21 ). A sí ndrome de Down familiar ocorre
com heterozigosidade para translocaçâo balanceada recí
proca, como o progenitor ilustrado na figura.
- quando um progenitor é portador de uma translocaçâo
robertsoniana do cromossomo 21 para outro autos-
-
Na anáfase 1 da segregação adjacente 1, os cro- somo acrocéntrico, na maioria das vezes o cromossomo
mossomos I e III são deslocados para um polo da célula 14. O progenitor heterozigoto para translocaçâo tem
e os cromossomos II e IV vão para o polo oposto. Ne- um genótipo diploide normal, produzido por uma cópia
nhum dos gametas formados por esse padrão de segre- completa do cromossomo 14, uma cópia completa do
gação é viá vel em razão das duplicações e deleçòes da 21 e um cromossomo fundido 14/ 21. O cromossomo
informação gené tica. Os gametas contendo os cromos- fundido perdeu os braços curtos do cromossomo 14 e
somos I e 111 têm uma duplicação das regiões F e G, com
a deleção das regiões R e S. De modo contrá rio, os ga --
do cromossomo 21; mas esses braços não contêm infor
mações genéticas cr íticas e, portanto, os portadores de
-
metas contendo os cromossomos II e IV tém uma dupli transloca çâo robertsoniana têm um fenótipo normal.
cação das regiões R e S e uma deleção das regiões F e G. Trés padrões de segregação possíveis dos três cromos -
Às vezes, ocorre um padrão de segrega ção inco- somos são igualmente prová veis após a formação do
mum, conhecido como segregação adjacente-2. Ele é
raro porque requer que os cromossomos I e II, que com -
partilham centrômeros homólogos, se desloquem para
Sinapse da translocaçâo Progenitor
o mesmo polo da célula na anáfase I. Analogamente, robertsoniana (14/21) normal
os cromossomos III e IV, que também compartilham
14 14/21
centrômeros hom ólogos, também se deslocam para I f| Cromossomo
o mesmo polo da célula ( cromossomos opostos I e II ). fundido
Isso é at í pico do padrão usual na anáfase 1, na qual os
cromossomos hom ólogos (que carregam centrômeros
homólogos) são separados na divisão por redução. Ne -
nhum dos gametas ou nenhum membro da progénie re
sultante da segregação adjacente- 2 é viável.
- Complexo trivalente
Gametas
I
Gametas
Em suma, os biólogos celulares conclu í ram que, ;
nos heterozigotos para translocaçâo balanceada, ape - 21
nas a segrega ção alternada produz gametas e progé nie 14 Resultado
viáveis. Esse padrão contribui para apenas a metade dos
.
eventos meióticos nesses indiv íduos; desse modo a se- 21
o21 21 Cariótipo normal
miesterilidade dos heterozigotos para translocaçâ o se 14 14 14 (fenótipo normal )
deve à redução pela metade no n úmero de gametas viá
veis que podem ser produzidos.
- O
21
Portador de
translocaçâo
14/21 14/21 14 (fenótipo normal )
Translocaçâo robertsonlana Nos organismos com uma
translocaçâo robertsoniana, também conhecida como 14/21 14/21
fusão cromossô mica, dois cromossomos não homólo - 21 Trissomia do 21
21 21 14 (s í ndrome de Down )
gos se fundem e formam um ú nico cromossomo maior,
resultando em uma redução no n ú mero cromossômico. o
Se dois pares de cromossomos se fundirem através da 14 14 dl 21 Monossomia do 21
translocaçâo robertsoniana , o n úmero de cromossomos O 14 (inviá vel)
-
em um genoma é reduzido para 2n 2. Isso é um me - O14/ 21
canismo observado frequentemente, por meio do qual o 14 /21
número cromossômico se expande nos organismos re - 21 Trissomia do 14
lacionados. Esse mecanismo contribui para a diferença 14 14 14 (inviá vel)
no n ú mero cromossômico entre o homem ( 2n 46) e- 21 21 21 Monossomia do 14
o chimpanzé (2n = 48), conforme discutido no Estudo O 14 (inviá vel)
de Caso. Se vá rios cromossomos sofrerem translocaçâo
Figura 13.21 Síndrome de Down familiar decorrente
robertsoniana , como foi o caso dos camundongos na da translocaçâo robertsoniana. Para a reprodução entre
Ilha da Madeira , ocorrem reduções maiores no n úmero um portador de translocaçâo robertsoniana 14/ 21 e um
cromossô mico. indiv íduo com cariótipo normal, são possí veis três zigotos
Os portadores de uma ú nica translocaçâo robert - invi á veis (categorias 4.5 e 6) e tr ês zigotos viá veis (1, 2 e 3).
soniana têm uma fusão cromossômica. Os homólogos Aproximadamente um terço das crianças com essas uniões
dos cromossomos fundidos continuam a ser cromos- (categoria 3) tem trissomia do 21 (sí ndrome de Down) .
444 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
.
nismo Nesta e nas duas próximas seções, discutimos F igura 13.22 Mutação de setores incolores e reversão
os elementos transpon íveis nos genomas bacteriano e da mutação incolor está vel no milho pelos elementos
eucariótico e suas relações evolutivas . genéticos transponíveis Ds e Ac .
Capítulo 13 Aberrações e transposição cromossôm í cas 445
Examinando o cromossomo 9 nos n úcleos das cé - pécies de plantas, nos animais e nas bactérias. Desde a
lulas dos setores incolores das sementes, McCUntock descoberta da transposição no milho por McClintock, o
observou uma deleção terminal de um homólogo do processo tem sido identificado em praticamente todos
cromossomo 9. Por outro lado, ambos os homólogos do os organismos. Pela descoberta da transposição, Mc-
cromossomo 9 estavam intactus nas células dos setores Clintock foi agraciada com o Pré mio Nobel de 1983 em
roxos. McCUntock concluiu que o surgimento simultâ - Fisiologia ou Medicina.
neo de sementes incolores, encolhidas e ceráceas era o re
sultado da pseudodominância decorrente da deleção dos
-
Características dos elementos genéticos
alelos dominantes de um homólogo (Figura 13.22 b). A di - transponí veis
visão mitótica de uma célula original contendo a deleção
cromossómica produzia os setores anormais. A frequên - A transposase é a enzima responsável por excisar ou
cia das sementes setorizadas era frequente demais para copiar elementos genéticos transpon í veis dos cromosso -
ser o resultado da mutação cromossómica espontânea mos e por reinseri - los em novos locais. Um gene trans-
.
e, ainda mais importante McCUntock observou que os posase é carregado por alguns elementos transpon íveis,
pontos de quebra do cromossomo 9 ocorriam no mesmo .
mas nâo por todos Além disso, alguns elementos trans -
lugar em todas as sementes afetadas de uma determinada pon íveis carregam um ou mais genes que traasmitem
cepa. Com base nessas observações, ela concluiu que um caracter ísticas específicas para as células ou organismos
elemento genético, mais tarde batizado como elemento que os contém. Por outro lado, alguns elementos trans -
de dissociação ( Ds ) , estava situado no sítio de quebra pon íveis nâo codificam quaisquer genes específicos e são
cromossómica. No entanto, o que intrigava McCUntock compostos basicamente de sequência repetitiva .
era por que o Ds gerava quebra cromossómica em algu - Essas c outras diferen ças no conteúdo gen ético ex-
mas células, mas não em outras. Para explicar isso, ela su- plicam dois tipos de elementos transponíveis. Os ele -
geriu que o Ds isoladamente não conseguia gerar quebra mentos transpon íveis autó nomos carregam o gene
cromossómica. Em vez disso, a quebra cromossómica no transposase e possuem sequências de DNA que lhes per-
Ds era ativada por um elemento genético desvinculado, mitem mobilizar sua pró pria transposição sem a ajuda
ao qual ela chamou elemento ativador { Ac ). .
de outros genes ou elementos transponíveis De modo
A proposta Ds/ Ac de McCUntock provou -se capaz de oposto, os elementos transponíveis não autónomos
expUcar outra observação altamente incomum que ela fez
no milho. Ela encontrou mutados de milho incolores oca -
não carregam o gene transposase e podem não ter ou
tras sequê ncias de DNA necessárias; essa condição os
-
sionais que tinham fenótipo mutado instável. Esses mu
tados instáveis tinham sementes praticamente incolores,
- deixa incapacitados para se deslocar, a menos que um
elemento autó nomo esteja presente em outro lugar do
mas também tinham manchas roxas. Os padrões de man - genoma. O elemento Ac descrito por McClintock é um
chas roxas diferiam de semente para semente na mesma
espiga de milho, indicando que se desenvolveram por
exemplo de elemento transponível autónomo que codi
fica a transposase e pode conduzir sua própria transpo-
-
algum tipo de reversão nas células somáticas que era per- sição e a do elemento transpon ível autó nomo Ds.
petuada pela divisã o mitótica subsequente ( Figura 13.22c).
A investigação de McCUntock a levou a concluir que os 13.6 A transposiçã o modifica os
alelos mutados instáveis eram produzidos pela inserção
.
do Ds no alelo C para formar o alelo cf* Esse alelo sofre genomas bacterianos
mutação pelo processo insercional de inativação e, con - Os genomas bacterianos contém duas categorias de
sequentemente, nâo produz cor na semente. O alelo cj*
elementos transponíveis. Os elementos de sequência de
é revertido pela ação do Ac , que ativa a excisáo do Ds em
inser ção ( IS) são elementos transpon íveis simples que
cada célula somá tica das sementes em desenvolvimento.
contêm apenas as sequências e genes necessários para
A reversão do cf* para C nessas e nas células descendentes
leva à produção de pigmento e às manchas roxas.
a transposição aut ónoma. Em um capítulo anterior, in -
troduzimos as sequências de inserção com a integra ção
A hipótese do elemento genético transponível de
dos plasm ídeos F nos cromossomos bacterianos para
McCUntock era que o fenótipo mutado instá vel era re -
formar cromossomos Hfr ( ver Capítulo 6). A segunda
sultado de um elemento gen ético transpon ível ( Ds ) que
categoria contém dois tipos de transposons que car-
criava uma mutação quando inserido em C e levava à re-
regam, cada um, vá rios genes e conferem novos traços
versã o quando a expressão de Ac levava à sua remoção
( Figura 13.22d ). A hipótese de McCUntock surgiu em
nas bactérias que os contém. Os dois tipos de elemento
transponível podem produzir mutações se forem inseri -
um momento da história da Biologia em que a estrutura
dos em um gene do tipo selvagem , como acontece com
molecular do DNA e os genes foram descritos pela pri - o alelo d* ou nas ervilhas de Mendel.
meira vez. Para muitos biólogos, foi dif ícil compreen -
der como os elementos gen éticos podiam ser móveis,
e então a hipótese da transposiçã o foi muito debatida Sequências de inserçã o
durante anos. No entanto, no fim das contas surgiram
mais exemplos de transposição no milho, em outras es -
Muitas sequê ncias de inserção foram identifica
das no DNA bacteriano e plasmidial (Tabela 13.4 ). Os
-
446 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
* I
CTCGACTCGA Ç TAATTCGG CCGAATTAG
18 pb
1.057 pb
Gene transposase 18 pb
i
Repetição direta Gene transposase Repetlçáo direta
r i T I í rnj r i
( b) tSI
768 pb Figura 13.24 Transposição de um elemento dt IS.
23 pb Gene transposase 23 pb O elemento de IS é removido de seu sítio de inserçáo
original pela clivagem da transposase na extremidade de
.
cada repetição invertida O novo sítio-alvo sofre clivagem
w.wf.w«tnra^.w /.i escalonada da fita dupla pela transposase. A ligaçáo une
o elemento de IS ao novo sltio- alvo em uma extremidade
Repetições invertidas terminais .
de cada fita As lacunas de fita simples remanescentes são
preenchidas pela replicaçào do DNA para criar repetições
Figura 13.23 Scquéndas de inserção IS903 e IS1 da £ coti . . diretas que ladeiam os elementos de IS .
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossômí cas 447
AN Á LISE GENÉTICA
As seguintes sequências de DNA ocorrem na mesma fita e são separadas por uma grande quantidade
de núcleotideos. Quais dessas sequências poderiam ser encontradas ladeando uma sequência de in
serção? Explique sua resposta e identifique as partes relevantes das suas sequências selecionadas.
a. 5 '- TTAGCAC . .. CAGGATT - 3'
.
b 5'- GCCCAAT ... ATTGGCC - 3'
C. 5'- CCGACCGTA ... CCGACCGTA - 3'
.
d 5'- AGTATACCGC * • GCGGTATGGC - 3'
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema requer que você reconheça as sequências de DNA que poderiam
este problema e explique a natureza ladear uma sequência de inserção bacteriana. Você precisa identificar uma ou
da resposta solicitada. mais das sequências fornecidas como candidata.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Foram-nos fornecidas sequências de fita simples provenientes da mesma fita de
fornecidas no problema. DNA em lados opostos das possí veis sequências de inserção.
Deduzir
3. Determine as sequências de fita .
3 As sequências de fita dupla são
dupla para cada uma das sequências
de fita simples apresentadas.
a. 5'- TTAGCAC . .. CAGGATT - 3'
3'- AATCGTG ... GTCCTAA - 5'
b. 5'- GGCCAAT 4 ATTGGCC - 3'
m m
-
3' CCGGTT À ... - ' TAACCGG 5
C -
5' CCGACCGTA • • -
CCGACCGTA 3'
-
3' GGCTGGCAT • * -
GGCTGGCAT 5'
-
d. 5' AGTATACCGC ... --
GCGGTATGGC 3'
-
3' TCATATGGCG 4 . 4 CGCCATACCG 5'
.
4 Faça uma revisão de seus conheci- .
4 As sequências que ladeiam os elementos de inserção são sequências repetidas
mentos sobre as sequências que la - invertidas.
deiam os elementos de Inserção.
Solucionar
.
5 Identifique qualquer sequência que .
5 As sequências b e d na etapa 3 são as com maior probabilidade de serem en-
poderia ser encontrada ladeando contradas ladeando as sequências de inserção, pois cada sequência forma uma
uma sequência de inser ção. sequência repetida invertida no DNA de fita dupla.
mento transponivel é cortado do seu local original e sub - 13.7 A transposiçã o modifica os
sequentemente colado em um novo local. Esse processo
movimenta os elementos transponíveis pelo genoma, genomas eucarióticos
mas não aumenta o n ú mero de elementos transpon íveis.
A transposição replicativa. como seu nome im -
Os elementos genéticos transponíveis são abun -
dantes e altamente variados nos genomas eucarióticos;
plica, envolve a replica çâ o dos elementos transpon íveis e os mecanismos básicos que realizam a transposição
que leva a aumentos no n ú mero de elementos transponí
veis em um genoma. A Figura 13.26 ilustra a transposição
- nos eucariotos e os possíveis resultados mutacionais são
similares aos descritos anteriormente para as bactérias.
replicativa entre dois plasmídeos. Após a iniciação da re- Os elementos transponíveis eucarió ticos são divididos
plicação do elemento transponivel, a transposase facilita em dois grupos; transposons de DNA , que são trans-
a formação de um cointegrado entre os dois plasmídeos. postos através dos genomas eucarióticos pela transpo-
O cointegrado é uma fusão temporá ria dos plasmídeos, sição conservadora ou replicativa, e retrotransposons ,
resolvida por um processo similar à recombinaçâo que que usam a enzima transcriptase reversa para sintetizar
corta e religa as fitas do DNA para separar os plasmídeos. DNA de fita dupla a partir de um transcrito de RNA de
O resultado da transposição replicativa é que os dois
plasmídeos contém uma có pia do elemento transponivel.
fita simples. Os elementos transponíveis Ds e Ac descri-
tos pela primeira vez por McClintock são transposons
de DNA e muitos outros exemplos são encontrados nos
genomas eucarióticos. Os transposons de DNA na Dro -
O Um plasmídeo doador sophila foram totalmente caracterizados com a identi-
pares
carregando Tn3 Tn3 fica ção e análise dos elementos Pf e começamos nossa
com um plasm ídeo
receptor carregando Plasm ídeo discussã o com essa análise.
uma sequénria-alvo. doador
Plasm ídeo
receptor ~
_
4 Sequência
-alvo
/
*
Elemento P da Drosophila
O genoma da Drosophila melanogaster carrega vá -
rias dezenas de cópias de um elemento genético trans-
pon ível, chamado elemento P . Esses transposons de
DNA não faziam parte do genoma da D. melanogaster
O A transposase corta as coletado na natureza antes de 1960. No entanto, hoje
fitas simples do DNA toda D. melanogaster coletada na natureza carrega ele -
adjacente ao Tn3 e na mentos P em seu genoma, sugerindo que esses elemen-
-
sequência alvo; as
tos P foram introduzidos na D. melanogaster por volta
fitas se cruzam.
de 1960, talvez pela transferência entre espécies de uma
espécie com rela ção distante. Desde sua introdução no
genoma , os elementos P proliferaram rapidamente. O
ciclo de vida da Drosophila consegue produzir de 20 a
25 gerações por ano; assim, os elementos P vém evo-
O Um cointegrado se luindo há mais ou menos mil gerações na D. melanogas
ter, desde que foram introduzidos em seu genoma.
-
forma após a sí ntese
do novo DNA para
preencher as lacunas
Os elementos P existem em várias formas. Os ele -
mentos P de tamanho total codificam a transposase e
de fita simples.
Cointegrado -
Novo são capazes de realizar transposição autónoma. Esses
DNA elementos P tém aproximadamente 2.900 pb de com -
primento e possuem uma região central contendo um
gene para a transposase que é codificado em quatro
éxons e três íntrons ladeados por repetições invertidas
de 31 pb. A transcrição e a tradu ção do gene transpo-
O A resolução do
separa
sasc nos elementos P de tamanho total produzem uma
cointegrado enzima transposase de 87 kD que ativa a transposição
os plasm ídeos; o Plasm ídeo f Tn3
plasm ídeo doador doador do elemento P nas células germinativas. Vários tipos de
retém o Tn3 e o Plasm ídeo elementos P nã o funcionais também são encontrados
plasm ídeo receptor receptor \ + no genoma da D. melanogaster , nenhum deles produz
modificado ganha modificado
uma cópia replicada transposase funcional e todos são menores que 2.900 pb.
do Tn3 . Tn3 Os elementos P foram descobertos na D. melano
gaster porque produzem dUgenesia hí brida , um fenô -
meno no qual ocorre esterilidade na progénie FL de um
cruzamento específico de moscas cruzadas em laborató-
Figura 13.26 Transposição replicativa. rio. A disgenesia híbrida ocorre quando os híbridos da
450 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
E S T U D O DE C A S O
Evolu çã o do cromossomo humano
Os pesquisadores conseguem rastrear a evolução dos A Figura 13*29 compara os grupos sint ênicos dc genes
cromossomos humanos comparando a estrutura cromossò- em 20 cromossomos (19 autossomos e o cromossomo X )
mica e a composição gené tica dos seres humanos com as no genoma do camundongo e sua relação com as mesmas
de outras espécies que compartilham um ancestral comum. sequ ê ncias nos 23 cromossomos ( 22 autossomos c o cro-
Descrevemos duas dessas abordagens comparativas aqui: mossomo X ) em seres humanos. Publicado em 2002 por um
uma delas compara os grupos sintê nicos de genes ( genes no grande grupo de pesquisas conhecido como Consó rcio de
mesmo cromossomo) cm espécies pouco relacionadas c a Scqucnciamcnto do Genoma do Camundongo, esse estudo
outra compara os padrões dc bandamento dos cromosso- compara 342 segmentos cromossõmiooa sintênicos. O ta-
mos nas espécies intimamente relacionadas . manho médio dos segmentos sintênicos é um pouco menor
452 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
H C G O H C G O H C G O
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o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 X
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Cromossomos humanos
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 1213141516171819 2021 22 X
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O
RESUMO
13.1 A não disjunçã o leva a mudanç as no núme- A nã o disjunçã o cromossò mica é a incapacidade dos
ro de cromossomos cromossomos hom ólogos ou das cromá tldes Irm ã s para
se separarem, sendo uma causa comum de gametas
Nos n úcleos euploides, o n ú mero de cromossomos é igual a aneuploides.
um m últiplo do n ú mero haploide (n ), enquanto os n úcleos
aneuploides têm cromossomos adicionais ou ausentes.
A aneuploidia altera o fenótipo de um organismo mu
dando o equil í brio da dosagem gènica dos genes críticos.
-
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossòmí cas 453
I A aneuploidia humana se manifesta como trissomia de de - As inversões paracêntricas possuem dois pontos de que-
terminados autossomos e como trissomia ou monossomia bra em apenas um braço e a inversão não inclui a região
dos cromossomos sexuais. centromérka. As inversões paracêntricas possuem pontos
I Mosaicos cromossòmicos são organismos contendo célu- de quebra em cada braço e a região centromérlca está In-
las com dois ou mais cariótipos distintos. duida na região invertida.
I A dissomia uniparental ocorre quando as duas cópias ho- A inversão cromossòmica é um mecanismo de supressão
mólogas de um cromossomo se originam em um único do cruzamento.
progenitor. Uma estrutura sináptica tetravalente contendo cromosso-
mos envolvidos na translocaçào recíproca leva a dois pa
132 Mudanças na euploidia resultam em vários drões de segregação cromossòmica na rrveiose .
A redução no número de gametas viáveis produzidos pelos
tipos de poliploidí a
heterozigotos para translocaçào balanceada reciproca re-
Os poliploides carregam três ou mais conjuntos haploides sulta em semlestefilidade.
de cromossomos. A translocaçào robertsoniana ocorre pela fusão dos cro-
Os alopoliploides carregam conjuntos de cromossomos de mossomos não homólogos acrocéntrícos.
espécies diferentes, enquanto os autopoliploides possuem
vários conjuntos de cromossomos de uma única espécie . 13.5 Elementos genéticos transponíveis se
A poliploidia é comum nas espécies de plantas, nas quais o movem por todo o genoma
aumento no tamanho das frutas e das flores altera a fertili -
dade e pode produzir vigor híbrido. I Transposição é o processo que movimenta os elementos ge-
I Os poliploides têm uma menor frequência de homozigosi - néticos transponíveis nos genomas e fòidescoberto no milho.
dade recessiva em comparação com as espécies diploides. Transposase é a enzima responsável pela transposição, sendo
codificada por muitos elementos genéticos transponíveis.
13.3 A quebra cromossòmica provoca mutação 1 A transposição produz mutações por meio da inativação
InsevclonaL
por perda, ganho e reorganização dos
Os elementos transponíveis autónomos codificam a trans-
cromossomos
posase para impulsionar seu movimento, mas os elemen-
A quebra cromossòmka pode resultar na deleçáo terminal tos não autónomos precisam contar com os elementos
ou intersticial e pode alterar os padrões de bandamento transponivels para produzir transposase.
cromossòmica
A heterozigosidade para deteção ou duplicação parcial 13.6 A transposição modifica os genomas
produz anomalias fervotípicas por meio de perturbações bacterianos
do equilíbrio da dosagem gènka.
A sinapse dos cromossomos homólogos envolvendo um I As sequências de Inserção bacterlanas codificam a trans -
cromossomo com deleção ou duplicação parcial produz posase e são ladeadas por sequências repetidas invertidas
uma alça não pareada caracteristica. exclusivas de cada sequência de inserção.
I Microdeleções e microduplkações pequenas demais para Os transposons bacterianos conservadores e simples car-
serem vistas pelas alterações de bandamento são detecta- regam o gene da transposase e talvez os genes de resistên-
das por métodos moleculares. da antibiótica ou de resistènda a metais pesados.
A detecçáo da pseudodominânda fornece importantes A transposição conservadora ocorre pela excisão e reinser-
indicadores posicionais para o mapeamento das deleções çáo de um elemento transponível, enquanto a transposição
dos genes. replicatlva produz novas cópias do elemento transponível .
T E R M O S- C H A V E
Aberração cromossòmica (p.423) Cruzamento desigual (p. 434 ) Disgenesia híbrida (p. 449 )
Alça de inversão (p. 438) Deleção (Intersticial, microdeleção, dele- Dissomia uniparental (p. 428)
Alça não pareada (p. 435 ) ção parcial, heterozigoto por deleçáo Dosagem gémea (p. 425 )
.
Aneuplolde (p 423 ) parcial, terminal) (p. 433, 434) Duplicação (duplicação parcial, heterozi-
Cointegrado (p. 449) Deleção cromossòmica parcial (p. 433 ) goto por duplkaçào parcial) (p. 434 )
454 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
Elemento ativador (Ac ) (p. 445) Mapeamento das deleçôes (p. 436) Supressão do cruzamento (p. 439)
Elemento de dissociação (Ds) (p. 445) .
Monossomla (p 424 ) .
Transposição conservadora (p 448 )
Elemento P (p. 449) Poiiploidia ( aloploidia, autopoliploidia ) Translocaçào cromossômica (p. 436)
Elemento transponrvel autónomo (p. 445) .
(p 429 ) Translocação reciproca (balanceada,
Elemento transponrvel não autónomo Ponte dicéntrica (cromossomo dicên não balanceada) (p. 440 )
(p. 445) trico) (p. 438) Transposição repllcatlva (p. 449)
Estrutura sínáptica tnvalente (p. 427) Ponto de quebra cromossômica (p 433 ) . Translocação robertsoniana (fusão cro-
Euplolde (p. 423 ) Pseudodominância (p 436 ) . .
mossômica) (p 440 )
Fenótipo mutado Instável (p. 445 ) Repetição direta (p 447 ). Transposição (elemento genético trans-
Fragmento acéntrico (cromossomo Repetições terminais longas (LTRs) (p. 450) .
ponível) (p 444 )
acêntrlco) (p. 433) Resgate trissòmico ( p. 428) Transposon (composto e simples)
Ginandromorflsmo (p. 428 ) Ret/ otransposon (p. 449) (p. 445, 448 )
Heterozlgoto para translocação (p. 439) Segregaçáo adjacente 1 (p. 443 ) Transposon de DNA (p. 449 )
.
Inativação por inserçáo (p 444 ) Segregação alternada {p 442) . Trissomia (p. 424 )
Inversão (heterozigoto para inversão) Semiesterilidade (p. 428) .
Vigor híbrido (p 431 )
cromossômica (paracéntrlca, peri- Sequência repetida invertida (IR) (p 446 ) .
cêntríca) (p. 436, 438)
Conceitos do capitulo
1. Considere a sinapse na prófase I da meiose de duas espé- .
f Translocação balanceada recíproca
cies de planta que carregam, cada uma, 36 cromossomos. g. Inversão paracêntrica
.
A espécie A é diploide e a espécie B é triploíde Quais ca- h. Monossomla
racter ísticas da sinapse dos cromossomos homólogos .
i Poiiploidia
podem ser usadas para diferenciar essas duas espécies?
5. O acasalamento entre um burro macho (2n = 62) e uma
2. Em um conjunto de cromossomos carregado por uma es- égua (2n = 64) produz mulas estéreis. No entanto, recen-
pécie de planta triploíde, suponha que o par de cromos- temente ocorreu um evento muito raro —
uma mula
somos seja bivalente entre os cromossomos Cl e C2 e fémea gerou uma prole ao acasalar com um cavalo.
univalente com o cromossomo C3. Mostre os gametas re- a. Determine quantos cromossomos estão no cariótipo
sultantes desse padrão sináptico e identifique a frequên da mula e explique por que as mulas geralmente são
cia e o conteúdo dos gametas geneticamente diferentes estéreis.
produzidos pela espécie.Na sua resposta, use as designa - b. Quantos cromossomos são portados pela prole da
ções C,,C; e C, para identificar cada cromossomo. mula- cavalo ?
3. Se o número diploide de uma espécie de planta for 4,
c. Por que é muito improvável que a prole venha a ter
caraterí sticas genéticas totalmente parecidas com as
quantos cromossomos são encontrados em um membro
da espécie que tenha uma das seguintes características? do cavalo?
Explique sua lógica em cada caso. 6. Estudos da disgenesia híbrida na Drosopbiia indicam que
a. Diploide a proteína repressora da transposição produzida pelos ele-
b. Pentaploide mentos P faz parte de um processo que limita o número
c Octaploide de elementos P presentes em um genoma- Por que é van-
d. Trissòmico tajoso limitar o número de elementos P em um genoma?
e. Triploíde 7. Qual evidência sugere que os elementos copia das mos-
f. Monossômico
g. Tetraploide
cas- da-fruta e os elementos Ty da levedura estão relacio -
nados com os vírus portadores de RNA ?
h. Hexaploide
8. O que podemos concluir sobre um evento mutacional
Na lista acima, quais plantas tendem a ser inférteis ou a
que toma o tS1 incapaz de transpor ?
ter uma fertilidade reduzida ?
4. A partir da seguinte lista, identifique os tipos de altera 9. Em termos do conteúdo cromossòmico dos núcleos, o
que significa o termo mosaico ?
ções cromossômicas que devem exibir consequências
fenotipkas. 10. Na Drosopbila, um aleio recessivo ligado ao X produz
a. Inversão pericéntrica .
corpo amarelo O cruzamento de uma fémea amarela e
b. Deleçáo intersticial um macho com corpo da cor do tipo selvagem costuma
c Duplicação produzir fêmeas do tipo selvagem e machos amarelos .
d. Deleçáo terminal No entanto, às vezes é produzida uma fêmea amarela Ex- .
e. Trissomia plique como é produzida a fémea normal.
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossômí cas 455
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Pai Filho
2
y J
dos pais? 5 2
i
c Qual termo descreve melhor esse tipo de anomalia
cromossômica?
d. Qual é a probabilidade de o próximo filho desse casal
.
21 Uma pequena popula ção de cervos que vive em uma
ilha isolada é separada durante muitas gerações de
vir a ter um fen ótipo normal e possuir 46 cromosso- uma popula ção de cervos do continente. As popula ções
mos? Explique. mantém o mesmo n ú mero de cromossomos e são infér-
20. O cromossomo 5 humano e os cromossomos correspon - .
teis mas esse cromossomo tem um padrão de banda -
dentes do chimpanzé, gorila e orangotango são exibidos mento diferente.
ao lado. Descreva quaisquer diferenças estruturais que a. Descreva como o padrão de bandamento do cromos-
você observar nos cromossomos do outro primata em somo da população da ilha isolada evoluiu a partir do cro-
relação ao cromossomo humano e proponha um meca - mossomo continental. Qual termo ou termos descrevem
nismo para explicar cada diferença. melhor a diferen ça entre esses cromossomos?
b. Desenhe a sinapse desses homólogos durante a pró -
fase I nos h í bridos produzidos a partir do cruzamento
do cervo continental com o insular .
c No cervo hibrido continental insular, a recombinação
ocorre na banda q1 dos cromossomos homólogos.
Capí tulo 13 Aberrações e transposição cromossòmí cas 457
.
22 Nos seres humanos mosaicos XX/X,o fenótipo é altamente
.
c Quantos cromossomos das linhagens tetraploides são
fornecidos para a variedade experimental 1? E para a
variável, variando de mulheres com sintomas de síndrome variedade experimental 2?
de Turner até mulheres basicamente normais. Do mesmo
26. No tomate,Solanum esculentum, a planta de estatura ele-
modo, os mosaicos XY/X têm fenótipos que variam de mu-
_
vada (D ) é dominante em relação à planta de baixa esta -
lheres com síndrome de Turner até homens basicamente
.
normais Como pode ser explicada a ampla gama de fenó-
_
tura (dd), o fruto liso (P ) é dominante em relação ao fruto
tipos desses mosaicos do cromossomo sexual? "com pelos” (como o pêssego, por exemplo) (pp) e o fruto
redondo (O ) é dominante em relação ao fruto alongado
.
23 Um criador de plantas gostaria de desenvolver uma va- .
(oo) Esses três genes estão ligados no cromossomo I do
riedade de pepino sem sementes a partir de duas linha- tomate na ordem baixa estatura- pêssego-alongado. Exis-
.
gens existentes A linhagem A é tetraploide e a linhagem tem 12 unidades de mapeamento entre baixa estatura
B é diploide. Descreva a estratégia de procriação que vai e pêssego e 17 unidades de mapeamento entre pêssego e
produzir uma linhagem sem sementes e sustente sua es- alongado. Uma planta triíbrida (DPO/ dpo) é submetida a
tratégia descrevendo os resultados dos cruzamentos. um cruzamento-teste com uma planta homozigota re-
cessiva nos três lócus ( dpo/dpo ). As plantas da progénie
.
24 Na Drosophifa, sete deleções parciais (1 a 7) exibidas como
são cultivadas com os resultados exibidos a seguir.
lacunas no diagrama a seguir foram mapeadas em um
Fenótipo da progénie Número
Cromossomo .
Alta lisa, redonda 473
Deleçào Baixa, pêssego, alongada 476
1
Alta, lisa, alongada 12
2
3 Baixa, fruto com pelos, redonda 8
4 Alta, pêssego, alongada 17
5 Baixa, lisa, redonda 13
6
Alta, pêssego, redonda 0
7
Baixa, lisa, alongada 1
Mutação 1.000
Deleçào a b c d e í 9 Identifique o mecanismo responsável pelos dados resul-
1 + m + m + + + tantes que não est ão de acordo com o mapa genético
2 m + + + m + estabelecido.
3 m +
+
+
+
+
m
+ +
m
m
m
.
27 Na Drosophlla, a cor do olho do tipo selvagem é produ-
4 m + zida pelo alelo w* ligado ao X. Os mutados para a cor
5 + m + m m dos olhos costumam não ter capacidade para depositar
6 m m m m + m m pigmento no olho e, portanto, t ém olhos brancos. Para
7 m + + + + + + a finalidade deste problema, suponha que, na aná lise
458 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
da Southern blot uma sonda molecular hibride com um Transposon
fragmento de DNA de 5,0 kb do lócus da cor do olho. A I
sonda se liga aos fragmentos de DNA contendo sequên- 5‘
cia do tipo selvagem ou mutado. 3’ 5*
a. Se um macho de Drosopbila tiver olhos brancos como T
consequência da inativação do w' pelo movimento de a. Escreva a nova sequência que circunda o tTansposon
um elemento P de 3 kb para o alelo do tipo selvagem, recém-inserido.
diagrame o padráo previsto para a Southern blot dos b. Descreva o mecanismo que cria a sequência que cir-
fragmentos de DNA dos machos do tipo selvagem e cunda o sítio de inserção do transposon.
das fêmeas e machos de olhos brancos que carregam
o alelo mutado. Explique sua lógica.
.
31 Duas enzimas de restrição Nofl clivam o DNA em lados
opostos do gene Dbm em uma espécie de levedura. Uma
b. Vários integrantes masculinos da progénie de uma sonda molecular para o Dbm detecta um fragmento de
fêmea portadora de alelo mutado têm setores verme restrição do DNA de 8,5 kb nos organismos do tipo sel-
lhos em seus olhos. O número e tamanho dos setores vagem em Dbm. Em uma cepa de levedura, um elemento
variam entre os machos. Explique a origem desses se-
genético transponlvel Tyl provoca mutação dbm. O Tyl
tores vermelhos e leve em conta a variação no número
tem 5,6 kb de comprimento.
e tamanho.
a. Na levedura haploide com essa mutação dbm, qual é
c Se a Southern blot for utilizada para comparar o DNA
o comprimento do fragmento de restrição detectado
isolado de um setor branco e de um setor vermelho do
pela sonda após a digestão com Nofl?
mesmo olho, há previsão para uma diferença no tama-
nho do fragmento de DNA ? Explique. b. Quais são os tamanhos de fragmento de DNA detec-
tados em uma cepa de levedura diploide heterozigota
.
28 Um elemento P da Drosophila tem 2,5 kb de compri- para alelos do tipo selvagem e mutados no dbm?
mento e é modificado pela adição de uma sequência c A inser ção do Tyl no dbm causa mutação por perda de
.
Intrônica de 1,0 kb a um dos seus éxons Um elemento função. Explique por que isso acontece.
copia de 6,0 kb é modificado pela adição do mesmo irv
32. Nos cruzamentos a seguir,determine com a maior precisão
tron de 1,0 kb á sua regiáo central.
possível os genótipos de cada progenitor, em qual desses
.
a Um genoma de Drosophiia carregando os dois elemen progenitores ocorre a não disjunção e se a não disjunção
tos transponíveí s é induzido a sofrer transposição. Qual
ocorre na primeira ou na segunda divisão meiótica. O dal-
é o comprimento do elemento P recém-transposto? tonismo e a hemofilia, um transtorno de coagulação, são
b. Qual é o comprimento do elemento copia reeém- .
traços recessivos ligados ao X Em cada caso, suponha que
-transposto? os pais tenham cariótipos normais (ver Tabela 13.2).
c Explique os resultados de cada caso de transposição.
a. Um homem e uma mulher que tenham fenótipos do
29. Um biólogo que estuda mecanismos de voo nos insetos tipo selvagem geram um filho com síndrome de Kline-
deseja introduzir um alelo mutado dominante que pro- .
felter ( XXY) que tem hemofilia
duza asas de tamanho exagerado, chamadas íf apper, no b. Um homem daltónico e uma mulher do tipo selvagem
genoma da Drosophiia. O biólogo escolhe uma cepa de geram um filho com síndrome de Jacob (XYY) que tem
mosca-da-fruta homozigota para um mutado recessivo hemofilia.
que produz asas em miniatura. Como o biólogo vai con - c Um homem daltónico e uma mulher do tipo selvagem
ceber o experimento usando um elemento P para forne- geram uma filha com síndrome de Turner ( X) que tem
cer o alelo mutado para o genoma? visão e coagulação normais.
.
30 Uma parte de uma sequência repetida invertida mar- d. Um homem daltónico e portador de hemofilia e uma
mulher do tipo selvagem geram uma filha com síndrome
cando o sítio de Integração de um transposon é forne - do triplo X (XXX) que tem hemofilia e visão normal.
.
cida A região centrai do transposon tem 868 pb de com-
primento. A transposase cria um corte escalonado no
DNA, quebrando as fitas no local indicado pelas linhas.
Regulação da expressão gênica Capítulo
nas bactérias e bacteriófagos
APRESENTA ÇÃO
14
14.1 O controle transcriclonal da expressão gênica
exige a interação DNA-proteina
14.2 O óperon loc é um sistema óperon induzível
sob o controle negativo e positivo
143 A análise das mutações decifra a regulação
genética do óperon loc
14.4 A transcrição a partir do óperon do triptofano
é repressivel e atenuada
14.5 As bactérias regulam a transcrição dos genes
de resposta ao estresse e também regulam a
tradução
14.6 Os antitermínadores e repressores controlam a
infecçáo por fago lambda da £ coli
Vá rios dos mecanismos e processos que executam a das interações entre as proteí nas de ligação ao DNA e as
regulação transcrlck> nal da expressã o gê nica nas bacté- sequências regulatórias específicas do DNA. O primeiro
rias e nos ví rus bacterianos ( bacteriófagos) são o assunto
n ível de controle regula o início da transcrição, deter -
minando se um determinado gene ou grupo de genes
deste capítulo. A partir de cada uma dessas discussòes, é ou nào transcrito. O segundo nível de controle trans-
—
surge um motivo operacional central a transcrição é
regulada pelas intera ções entre as prote í nas regulató-
cricional determina o volume de transcrição, regulando
a duração da transcrição ou o volume de transcrito de
RN Am produzido a partir do gene.
rias de ligação ao DNA e as sequ ências de DNA regula
A maior parte da regulação da expressão gènica nos
tó rias específicas. Esse motivo é comum entre todos os genomas bacterianos ocorre pela regulação transcricio-
organismos e o veremos repetido nas discussões de re- nal , que é o foco principal deste capítulo. Os mecanis-
gulação da expressão gè nica nos genomas eucarióticos mos regulatórios pós- transcricionais também sào im -
portantes para controlar o n ível e tradução do RNAm
(Capítulo 15).
ou a atividade das proteínas e enzimas (ver Capítulo
Neste capítulo, os sistemas regulatórios que dis - 14). A Figura 14.1 fornece uma visão global dos meca -
cutimos se encontram principal mente na E. coli, a bac- nismos regulató rios bacterianos.
téria mais utilizada como modelo. Começamos com
uma introdução geral à expressã o gé nica regulada e Controle negativo e positivo da transcrição
ao mecanismo mais comum de interação entre as pro- Os mecanismos de controle da transcrição sào des -
teínas regulatórias dc ligaçã o ao DNA e as sequ ê ncias critos como negativos ou positivos. O controle nega -
tivo da transcrição envolve a ligação de uma proteí na
de DNA que regulam a transcriçã o. Em seguida, explo- repressora com uma sequê ncia de DNA rcgulató ria,
ramos a organiza ção, função e regulaçã o do sistema com a consequência de impedir a transcrição de um
óperon lactose (lac ) da £. coli, cuja transcrição gé nica é gene ou grupo de genes. Por outro lado, o controle po-
induzida (ativada ) pela presen ça do a çú car lactose no sitivo da transcriçã o envolve a ligação de uma proteí na
meio de cultura. Depois disso, vem uma discussã o so-
ativadora ao DNA regulatório, com o resultado de ini
ciar a transcrição gênica.
-
bre a aná lise mutacional e a explica ção molecular do As prote í nas repressoras são uma ampla cate-
controle transcricional dos genes do ó peron lac. Depois goria de prote í nas regulatórias que exercem controle
voltamos nossa atenção para a estrutura gen ética e o negativo sobre a transcrição. Em sua forma ativa, as
proteínas repressoras se ligam a sequências de DNA
controle molecular da transcrição do óperon triptofano regulatórias, incluindo as conhecidas como opera -
( frp), que conté m os genes necessá rios para sintetizar o dores , conforme descrevemos para o óperon lactose. A
aminoácido triptofano; por fim, após uma discussão da
regulação pós-transcrição dos genes bacterianos, exa- A B C D
minamos os processos controlados geneticamente que Gene
DNA
controlam a infecçáo das células bacterianas pelo bacte
riófago X ( lambda ).
RNAm
Tradu ção
i L f—
.. Controle da
expressão gênica exige a
intera ção DNA-proteína Enzima A Enzima B ^ transcrição
nenhuma
sí ntese
—
Certos genes bacterianos especificamenle aque - tradução
nenhuma —
Controle da de RNAm
Nenhuma
Produto
regula ção
atividade — -
sí ntese
enzimá tica
controle regulat ório. Por outro lado, a necessidade de enzimá tica total
respostas á geis e calibradas às condições ambientais
mutá veis requer a transcrição regulada de muitos Constitutiva
genes bacterianos. Figura 14.1 Visã o global da expressão génica nas
A regulação da transcrição dos genes bacterianos .
bactérias A expressão não regulada ( constitutiva ) e trés
ocorre em dois níveis e ambos controlam o resultado padrões de expressão gènica regulada ocorrem nas bacté rias.
Capítulo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactérias e bacteriófagos 461
i
regulatória onde a polimerase se ligaria ou impedindo Dom ínio Dom í nio alostérico
a formaçã o do complexo promotor aberto necessá rio de ligação Sem RNA polimerase
para a iniciaçã o da transcrição. As proteínas repres - ao DNA transcriçã o / Transcrição
soras podem ser ativadas ou inativadas por interações \
com outros compostos. Promotor 'Operador Gene
Normalmente, as prote í nas repressoras contêm A ligação da proteína repressora A ligação da mdéoia
dois sítios ativos por meio dos quais seu papel funcional bloqueia a transcrição por meio irdutora ã proteí na repressora
da regulação negativa permite a transcrição.
é exercido. O domínio de ligação ao DNA é responsá -
vel por localizar e ligar a sequência de DNA operadora
ou outras sequências- alvo regulatórias. O domínio (b) Efeito da repressora simultâ nea
alostérico se liga a uma molécula ou proteína e, ao fa - Proteína Prote í na repressora
zê- lo, provoca uma mudança na conformação do sítio
de ligação ao DNA. A propriedade pertencente a algu
mas enzimas de mudar a conformação no sítio ativo em
consequê ncia da ligação de uma substância em um sítio
-
repressora
«
Sem
transcrição
f RNA polimerase
l
-Transcriçi
ligação ao DNA, permitindo que a proteína ativadora A ligação do inibidor á protefrva A ausência de urn inibidor
ativadora impede a ligação í to permite a liga ção da proteína
se ligue ao DNA (Figura 14.3a). Por outro lado, certas ativadore a transcrição ativadora e a transcrição por
proteí nas ativadoras possuem um domínio funcional meio da regula ção positrva
de ligação ao DNA que é convertido para uma confor-
F igura 14.3 Mecanismos de controle positivo da
ma ção inativa ligando um composto inibidor no dom í - transcrição.
nio de ligaçã o alosté rico ( Figura 14.3b).
deias laterais de aminoácidos das proteínas com bases 0 dlrrero da proteína regulatória
nucleotídicas específicas e com a espinha dorsal de Hélice estabilizadora -
tem contatos atfe helicoidais que
açúcar-fosfato do DNA. As proteí nas entram em con - sf forrrwn as hélices estabiBAKlords.
tato com pares de bases específicos localizados no sulco
7
As alfa-hélices formam
maior e no sulco menor da hélice do DNA usando um hélices de reccnhec mpnto
padrão exclusivo de á tomos de hidrogé nio, nitrogénio e Hélice de que se encaixam nos
oxigénio que caracteriza cada par de bases. reconhecimento s jkos menor e maior para
-
Para obter a especificidade proteína DNA nessas entrar em contato com as
sequências regulatórias.
interações, a proteína precisa entrar em contato si -
multaneamente com vários nucleotídeos. Um motivo
comum nas estruturas das proteínas regulatórias de li-
gação ao DNA é a formação de estruturas proteicas se-
cund á rias, na maioria das vezes hélices a, que contém
aminoácidos que entram em contato com nucleotídeos / Repetição invertida
regulatórios. Frequentemente, dois segmentos protei
cos entram em contato com a sequência -alvo de DNA.
- s1MB £
As regiões de ligação ao DNA pareado de uma proteína
regulatória se formam de duas maneiras. Em um tipo de
interação, um ú nico polipept ídeo se dobra e forma dois
dom í nios que se ligam a sequências de DNA específicas.
- -
3'3 n f.W.H Hf.T.H.WHl Hnií lIf.H
- 1
Repetição invertida
u
3'
<•)
ôperon lactose
1
Região
Repressora regulatória Região gè nica estrutural
i i
r T T 1
Comprimento do Lu
1.040 ptó
w
f - 3.072 pb 1.251 pb 609 pb
—
gene ( pb) I
Promotor fad y
,' Sitio LOperador
/ de ligação
/
/ da CAP
/
/
y Promotor do
/
y lod ó pcron lac hcZ lacY lacA
y
y
y
y
(b ) y
y
/
/ Região promotora
/ i
/
Sítio de ligaçã o da CAP Sequência promotora Operador
lacZ é responsá vel por clivar a ligaçã o betagalactosí- A Figura 14.6b mostra a composição da sequê ncia
dica da lactose a Fim de liberar moléculas de glicose de DNA do promotor do ôperon lac, lacP, e do operador
e galactose. A enzima també m converte uma pequena lac, lacO , que abrange apenas 80 pares de bases, apro-
quantidade de lactose em alolactose, que tem uma es
trutura química muito similar à da lactose. A enzima
- ximadamente. Repare que as sequências promotora e
operadora se sobrepõem e que a sequência operadora se
permease do lacY age na membrana celular para fa - sobrepõe ao nucleot ídeo +1 que inicia a transcrição. A
cilitar a entrada da lactose na célula . A transacetilase, lacP conté m os sítios de sequência de consenso -10 e
o produto do lacA , n ào é essencial para a utilizaçã o -35, críticos para a ligação da RNA polimerase (veja o
da lactose, embora nas bactérias ela proteja contra Capítulo 8 para uma revisão). A lacO, que sc liga à pro-
subprodutos potencialmente danosos, resultantes do teína repressora produzida pela lacl , se sobrepõe à lacP
metabolismo da lactose. Nossa discussão se concentra perto do inicio da transcrição. Repare també m que o
apenas na transcrição do lacZ e do lacY , e na ação da
betagalactosidase e da permease, já que a transaceti -
sitio de ligação à CAP é próximo das regiões 35 e 10
do promotor. Discutimos essa relação na próxima seção.
- -
lase n ão é essencial para a utilização da lactose.
Adjacente ao ôperon lac, mas nã o fazendo parte Funçã o do ôperon lac
dele, encontra -se o gene regulató rio, lacl , que produ 2
a proteí na repressora lac. O gene lacl tem seu próprio O ôperon lac é silencioso na transcriçã o quando a
promotor, que nào é regulado e conduz a transcrição lactose não está disponível ou quando a glicose está dis-
constitutiva. A proteína repressora lac é um homotetrâ
mero que possui dois domínios funcionais. O primeiro
- ponível para a célula ( Figura 14.7a ). Na ausência de pro-
dução de betagalactosidase, nào h á alolactose na célula
é o domínio de ligação ao DNA que se liga às regiões e a prote ína repressora lac produzida constitutivamente
operadoras e o segundo é um dom ínio alostérico que se se liga à lacO, usando seu dom ínio de liga ção ao DNA.
liga à substâ ncia indutora alolactose. Por sua presença no operador , a repressora lac impede
Ca pitu lo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactéf ias e bacteriófagos 465
—
( a ) Lactose indispon ível (glicose dispon ível ) gerar cópias suficientes do RNAm policistró nico para
Gene Não há acionar o metabolismo ativo da lactose. Um segundo
repressor Promotor Operador i transcrição processo regulat ório que apresenta controle positivo
da transcriçã o é necessá rio para ativar totalmente a
\ transcrição genica do óperon lac. O controle positivo
RNAm da transcrição do óperon lac reside em uma intera çã o
i A proteína reoressora lac se -
DNA proteí na que ocorre no sí tio de ligação à CAP
m Prote ína
repressora
liga à sequência operadora
(tocO) e inibe a transcrição.
do promotor do ó peron lac. Esse sítio está situado
-
aproximadamente a 60 da lacP (ver Figura 14.6b ). O
s ítio de ligaçã o à CAP é a sequê ncia que atrai o com -
plexo CAP -cAMP, um pequeno complexo molecular
( b) Lactose dispon ível (gltcose indisponível) composto de uma proteína conhecida como prote í-
RNA polimerase na ativadora por catabólito ( CAP) e do nucleot ídeo
Gene adenosina monofosfato cíclica (cAMP). A ligaçào do
repressor Transcrição
locO -
complexo CAP cAMP ao seu sítio de ligação faz que o
DNA se dobre em torno do complexo e isso aumenta
l 1 a capacidade de a RNA polimerase transcrever os
RNAm RNAm genes do óperon lac ( Figura 14.8), Esse efeito regula -
I i tó rio positivo leva a um alto n ível de transcrição dos
W
¥'
Proteí na
repressora
Transacetilase
Permease
Betagalactosidase
genes do ó peron lac que permitem que a célula meta -
bolize a lactose c cresça em um meio de cultura con
tendo lactose .
-
Alolactose O processo regulató rio positivo é, em si, regulado
m Com a onxeína repressora inatvada
pela ligação da atoiactose, a RNA
polimerase executa a transcrição.
indiretamente pelo nível de glicose, que modula a dis
ponibilidade de cAMP ( AMP cíclico). O AMP é sinteti -
-
Complexo indutor -repressor zado a partir do ATP (adenosina trifosfato) pela enzima
adenilato cíclase. Durante a glirólise, a disponibilidade
Figura 14.7 Regulação da transcrição do óperon /0c. de adenilato ciclase é limitada e a síntese da cAMP é re-
(a ) Quando a glicose está dispon ível e a lactose n ã o est á, os duzida. Desse modo, quando a glicose está disponível,
genes do óperon toe não são transcritos, (b) A disponibilidade a cAMP tem uma concentração muito baixa, quase ne-
da lactose na ausênda da glicose Induz a transcrição gêmea -
nhuma CAP cAMP consegue se formar e a transcrição
do óperon. génica do óperon lac é altamente ineficiente. Esse efeito
da glicose em bloquear a transcrição genica do óperon
que a RNA polimerase se ligue à lacP e impede também lac é conhecido como repressão por catabólito, du -
a iniciação da transcrição. Essa interação regulatória rante a qual a presença do catabólito preferido (glicose)
transcricional é um exemplo de controle negativo da reprime a transcrição dos genes para um catabólito al-
transcrição que é alcançado pela ligação da proteína re-
ternativo ( lactose, neste caso) .
pressora à sequência operadora que regula a transcrição.
Por outro lado, a disponibilidade de lactose no
Promotor toc
meio de cultura e a indisponibilidade da glicose levam
à indução da transcrição dos genes estruturais do ó pe
ron lac ( Figura 14.7 b ), Com base nisso, o óperon lac é
- -35
identificado como um óperon induz ível. Com a síntese DNA ,0 \ h -10
V
da betagalactosidase ocorre a produção da alolactose. Li - V
7
gando-se ao domínio alost érico da proteína repressora, a
alolactose forma o complexo indutor-repressor A for
mação desse complexo induz uma mudança alosté rica
.
- \
Genes estruturais
que altera a conformação do domínio de ligaçào ao DNA do óperon lac
da proteína repressora para uma forma que nâ o reco-
o
nhece ou se liga ao operador. O operador aberto permite
que a DNA polimerase acosse o promotor. A transcrição
dos genes do óperon lac é induzida por esse evento. A Complexo
CAP-cAMP
sí ntese do RNAm policistrónico se segue e a tradução
produz betagalactosidase, permease e transacetilase.
Apenas a transcrição conduzida pela RNA poli
merase que ganha acesso ao promotor lac pelo meca
-
-
Figura 14.8 Complexo CAP-cAMP se ligando ao sítio de
ligação da CAP. O DNA se dobra em um â ngulo aproximado
-
nismo do complexo indutor repressor n ã o basta para de 90" em volta do complexo CAP cAMP.
466 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
lactose induz rapidamente mais transcrição, disparando resultavam da muta ção do mesmo gene ou de muta -
uma cascata de transcrição que logo faz que a célula ções de genes diferentes. As investigações mostraram
mude seu metabolismo para utilizar a lactose. que os mutados lac formavam dois grupos de comple-
lacZ Betagalactosidase
para o operador e um para a lacto-
se, o indutor
Tabela 14.2 Síntese da betagalactosidase e da permease pelos haploldes e dlploldes parciais com mutações
gê nicas estruturais
Genótipo Betagalactosidase *
Permease * Descriçã o
Lactose Nenhuma lactose Lactose Nenhuma lactose
.
1 /* P O
* 4
rr + + Tipo selvagem ( tor )
2.rrcrz-r + Nenhuma betagalactosidase
funcional ( toe )
3. rp - crrr Nenhuma permease funcional
(t
oe )
. -
A I' P 0' Z' Y / t' P' O Z r + + Resposta do tipo selvagem
através da complementa çào
(toe )
4
' Os simDoios e - Irdfccam a produ ção e a n*> procuçío das enzimas f jndonals. respecttvamente.
a?
está ausente e forma um
m ínio de liga ção alostérico (alolactose) e um dom í nio -
complexo indutor repressor
de ligação funcional ao operador. A proteína repressora quando o Indutor está
Proteína repressora presente
usa seu domínio de ligação ao operador para se ligar à lac Alolactose
sequê ncia regulatória e bloquear a transcrição ( Figura
14.9a ). As bactérias com mutações do operador são
constitutivas para a transcrição dos genes do óperon lac ( b) & (mutação constitutiva do operador)
e possuem o genótipo /* P* Cf Z* Y~ ( Figura 14.9b ) A . 7Õ&T
designação Cf do alelo significa uma "mutação consti - i 1 A mutação do sítio do
tutiva do operador! Nos mutados Cf , a sequência nu -
y y operador impede que a
1
Tabela 14.3 Síntese da betagalactosidase e da permease pelos haplokles e dlploldes parciais com
muta ções regulat órias
Gen ótipo Betagalactosidase Permease Descriçã o
Lactose Nenhuma lactose Lactose Nenhuma lactose
1.rro - z- r + + + Transcrição constitutiva devido
à mutação do lact .
+ + + + Transcriçã o constitutiva devido
à mutação do tacO\
A transcrição não é induzível,
devido à muta ção lad*.
4. rp- o*
zr
* Nenhuma transcri ção efetiva,
devido à muta ção lacF .
com o genótipo I P* O* Z' Y * do óperon lac. Essa célula sores. Esses mutados são n ão induzí veis, significando
transcreve constitutivamente e produz betagalactosi - que a transcrição genica do ó peron não pode ser indu -
.
dase e permease ( Figura 14.9c ) De modo similar , uma zida ( Figura 14.9d e Tabela 143). Haploides com o ge-
cepa haploide com o genótipo P P* CP Z* Y ~ produz be - nótipo F P~ CP Z* Y* produzem uma proteí na repressora
tagalactosidase constitutivamente, mas nenhuma per- que se liga normalmentc à sequência operadora; mas,
mease é produzida e as bactérias com o genótipo I P* sem um dom í nio alosté rico funcional, a proteí na não é
O* Z‘ Y * produzem constitutivamente a permease, mas removida do operador pela lactose na célula. Esses mu -
não produzem betagalactosidase.
Por outro lado, um diploide parcial com o gen ó -
tados são lac e n ão podem ser induzidos a metaboli
zar lactose. Culturas de bactérias diploides parciais com
-
"
-
tipo F' P P* O’ Z r / I P* O* Z’ Y expressa as duas o genó tipo F' F P* O* Z* Y* / P P* O* Z* Y* podem ter,
enzimas em sua maneira induzível normal. O alelo P inicialmente, alguma resposta induzível à lactose, mas
/
pode estar no plasm ídeo F ou no cromossomo receptor essa capacidade é perdida à medida que a proteína re-
e surtir o mesmo efeito, inevitavelmente resultando na pressora mutada se liga às sequências operadoras. Esse
dominância de P sobre 7\ Esse resultado indica que o diploide parcial revela a dominância de F sobre 7\
lacJ produz uma proteína regulatória com ação trans. Mutações da sequ ência promotora As mutações das
Nesse contexto, trans se refere a uma proteí na capaz de
se difundir através da célula e se ligar a uma sequê ncia -
sequências de consenso promotoras reduzem bas -
tante a transcrição ou podem eliminá -la inteiramente
-alvo de açã o cis. (ver Figura 8.11). Para conhecer o efeito específico de
A explicação molecular da capacidade de ação trans uma mutaçã o da sequ ência promotora , geralmente é
da proteí na repressora lac é que o mutado lad altera necessá rio o teste direto da transcrição no organismo
o domínio de ligação ao DNA da proteína, tornando- a mutado. As sequ ências promotoras, como as operado-
incapaz de se ligar à sequência operadora. Na ausência ras, sáo sequências regulatórias de ação cis e a maioria
do controle negativo, a transcrição é constitutiva. En - das mutações do lacP reduz sí gnificativamente, e pode
tretanto, nos diploides parciais que são P /l , a proteína eliminar por completo, a transcrição dos genes lacZ e
repressora como um dom ínio de ligação ao DNA fun - .
lacY , que estão situados em cis Isso reduz a produção
cional está presente na célula e responde normalmentc de betagalactosidase e permease a um ponto tão baixo
à adiçã o ou remoção da lactose da célula. que as bacté rias haploides com o genótipo F P~ O Z * *
-
Muta ções da proteí na super repressora Um segundo Y* são lac .
conjunto de mutações da proteí na repressora produz A Tabela 14.4 resume as condições da transcrição
uma consequência diferente da transcrição do óperon genica do óperon lac , considerando a presença ou au -
.
lac Esses mutados produzem proteína repressora mu
tada com um domínio alostérico alterado. As proteínas
- sência de glicose e lactose. A transcrição ativa dos genes
do ó peron ocorre apenas quando a glicose está esgotada
mutadas são incapazes de se ligar à alolactose e não são na célula e a lactose está presente. Nessas condições,
responsivas à adição ou remoção de lactose das célu - ocorrem os seguintes eventos:
470 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
1. O n ível de AMP cíclico sobe em consequência da segue acessar e iniciar a transcrição na sequ ê ncia promo-
disponibilidade de adenilciclase. tora. A segunda observação identifica três segmentos dis-
2. O complexo CAP-cAMP se forma e se liga ao sítio tintos de sequência de DNA operadora. Esses segmentos
CAP do promotor lac. operadores, designados O ., 02 e Oy interagem de forma
3. A alolactose é produzida por uma reação colateral
diferente com a proteína repressora e o resultado das inte -
rações proporciona um mecanismo pelo qual a ligação da
do metabolismo da lactose pela betagalactosidase.
proteína repressora consegue bloquear o acesso da RNA
4. A conformação da proteína repressora é modificada polimerase à sequência promotora.
pela interação com a alolactose, fazendo que a pro- A análise molecular suplementar revela que a pro-
te í na se libere a partir da sequê ncia operadora , per -
mitindo assim a transcrição gènica do óperon.
teína repressora é uma proteí na homotetramérica for
mada pela união de quatro polipeptideos idênticos com
-
Para testar sua compreensão do óperon lac , ver a .
360 aminoácidos ( Figura 14.10 ) Os quatro polipeptideos
An á lise Genética 14.1, que vai guii- lo pela análise de al - -
são unidos em suas extremidades C terminais e dispos -
guns mutados do óperon lac. .
tos como dois feixes idênticos Uma extremidade de cada
feixe forma um domínio de ligação à sequ ência operadora
Observa çã o gen é tica Os mutados do operador lac, de DNA e a outra extremidade forma o dom í nio alosté -
incapazes .
de se ligar à proteína repressora exibem transcri - rico. Os três segmentos da sequência operadora de DNA
ção constitutiva pela atividade ds. A aná lise das mutações da
proteí na repressora revela dois dom ínios funcionais na proteí-
que são alvos da ligação da proteína repressora compar
tilham uma sequência repetida invertida conservada de
-
na de ação trans. As mutações do promotor loc impedem de .
21 pb Em cada sequência, um par de bases central G C -
modo eficaz a transcriçã o pela ação crs.
Dom í nios de liga ção à sequê ncia operadora de DNA
AN Á LISE GENÉTICA
Avalie os seguintes diploides parciais do óperon fac . Indique se a produçáo da betagalactosidase
funcional do lacZ e da permease do facY é 'induzível", "constitutiva ’ ou "não induzível” para cada
1
diploide parcial.
«. tr&rr/rrcrrr
b. r r o r r / r F O r Y' -
c rroz - r /p r o r r
Estrat égias de solução Etapas da solu çã o
Avaliar
.
1 Identifique o tópko abordado por .
1 Este problema diz respeito a uma análise dos padrões de regulação da transcri-
este problema e explique a natureza ção e à produção de betagalactosidase funcional e permease pelos genòtipos
da resposta solicitada . do óperon. A resposta exige uma determinação da forma de produção das enzi-
mas: induzí vel, constitutiva ou de modo algum .
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Os genòtipos do óperon lac de très diplokies parciais são fornecidos,
fornecidas no problema.
Deduzir
3. Descreva as consequências de quais- 3. A mutação t produz uma proteí na repressora Incapaz de se ligar à sequência
quer mutações no genótipo a. .
operadora A mutação Zr não vai produzir betagalactosidase funcional e a mu -
.
-JL
tação Y não vai produzir permease funcional
r
Olc : PrtmMroiraikaimutaçôrsrpgubft óriai;
*
dcpo»v conuòcrr as consequências da transcri
.
ç &o do gene cstrutuf il.
.
4 Descreva as consequências de quais- .
4 A mutação O altera a sequência operadora e impede a ligação e a repressão
quer mutações no genótipo b. transcricional pela proteína repressora. As mutações Z~ e Y bloqueiam a produ-
ção de betagalactosidase funcional e permease.
.
5 Descreva as consequências de quais- .
5 A mutação P produz uma proteína super-repressora que possui um domínio
quer mutações no genótipo c . alostérico alterado e que não vai interagir com a alolactose. (7 e Z alteram a
'
Solucionar Resposta a
.
6 Determine o padrão de expressão .
6 A proteína repressora do tipo selvagem tem atividade trans e se liga à sequência
das enzimas fundonals para o di- .
operadora do tipo selvagem Essa sequência operadora de ação ds bloqueia a
ploide parcial a . transcrição de Z* e quando a lactose não está na célula, mas permite a trans-
.
crição quando a lactose está presente Portanto, as duas enzimas são produzi
das por indução .
Resposta b
.
7 Determine o padrão de expressão .
7 O* tem atividade cis sobre Z\ resultando em transcrição constitutiva. Y* está sob
das enzimas fundonais para o di- o controle transcricional de atividade ds de O . Portanto, a betagalactosidase é
ploide parcial 6. produzida constitutivamente e a permease é produzida por indução.
Resposta c
.
8 Determine o padrão de expressão .
8 A sequência de O' não é reconhedda pela proteína repressora do tipo selvagem
das enzimas fundonais para o di- ou pela super -repressora. Ambas as repressoras têm sequências de ligação ao
ploide parcial e . DNA do tipo selvagem. A sequência de O0 com atividade cis transcreve consti-
tutí vamente Y\ A super repressora se liga a O* e sua atividade ds torna Z' e Y*
.
não induzívers Portanto, a betagalactosidase é não induzível e a produçáo de
permease é constitutiva.
o n on on
n ab cd e fg
84
-»-1
I Sequência
operadora
primária
+10 %
Os espaç os em nranco na
bka 2 ir dicam proteção da
RNA polimerase centra a
I
digestão dos nucleotideos
peia DNase L
Na faixa 3, a proteína + 20
repressora protege os Sequência
nudeotíceos operadora
secundária
+39
+39 5'
Região -35 Região -10
Análise de proteção da impressão digital pela DNAase I Impressão digital da proteína repressora lac a
das regiões e do modelo do lacP e lacO. ligação ao DNA.
Ca pitu lo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactéf ias e bacteriófagos 473
(a)
Alça de
Proteí na DNA
repressora
0> 0
ou
Proteí na
repressora
-
5' AATTTCACACA 3 *
hd ... : .íacZ ..
AACAI
rÍCI AT IGt I AAA Ô tGlGI 5
'
L
central G C -
Regi ã o de 21 pb
O ,
TRepet »ções Invertidas J
Figura 14.11 A região O, do facO cont ém uma sequência
repetida invertida. O par de bases central G-C é o ponto de
articulação dessa regi ão de simetria nudeot ídica dupla de
uma sequência repetida Invertida.
*
à arabinose dentro da qual está situada a sequência operadora araOr
proteína
Ugador
£2 O gene araC tem a sua própria sequência promotora (Pr ),
araC Proteí nas: araB araA araD
Domínio de ligação que se sobrepõe à sequência operadora araOr O gene
ao DNA araC é adjacente ao óperon ara , com um sítio de ligação à
CAP separando Pc de arai e resto do óperon ara.
( b) Em 1989, Robert Schleif e colegas propuseram um
araA araB araD modelo de alça de DNA para explicar a regulação do
i
.
Arabinose -1*- - Rlbulose - i- Ribulose -I • o-xllose - GUcóllse .
óperon ara O modelo de Schleif propõe uma estrutura
5-fosfato 5-fosfato que é reminiscente das alças de DNA formadas quando
Figura 14.14 Óperon arabinose [ ara ) e metabolismo da a proteína reprcssora se liga ao operador lac (ver Figura
arabinose. (a ) A proteína regulatória araC é codificada pelo 14.12a ). Uma característica especial do modelo de Schleif
gene araC sob o controle da sequência promotora Pc A araC é a proposição do duplo papel que a proteína araC de-
se liga a três regiões regulatórias: araOx , ora02 e arai. Os três sempenha no controle positivo e negativo da transcrição.
genes do óperon, araB , araA e araD, são transcritos como um Na ausê ncia de arabinose, o modelo de alça de DNA de
RNAm policistrónico a partir da sequê ncia promotora Pm. ( b) Schleif prevê que a proteína araC vai se ligar às sequên -
As proteí nas araA. araB e araD catalisam etapas diferentes do cias operadoras arai, araO } e ara02 ( Figura 14.15a ). Um
metabolismo da arabinose . homod ímero da proteína araC se liga em ara01 e mo-
n ômeros da araC se ligam a arai e araOr As proteínas
ção, voltamo- nos para o sistema óperon de arabinose araC ligadas em arai e araO , ligam -se uma à outra, in-
( ara ) , em que uma ú nica proteína regulató ria executa duzindo a formação de uma alça de DNA. Esta impede
tanto a regula ção transcricional positiva quanto a nega - a ligação da RNA polimerase a P , bloqueando assim a
^
transcrição dos genes do óperon ara. Além de bloquear
tiva. A arabinose é outro dos açúcares alternativos que
as bactérias usam como fonte de carbono quando a gli
cose está esgotada e o óperon ara contém os genes res
-- a transcrição gênica do óperon, o dímero araC ligado a
araOl ocupa o sítio de ligação à RNA polimerase de Pc
( a ) Arabinose ausente Figura 14.15 Regula ção transcricional
Nenhuma negativa e positiva do ó peron ara pela
Pç -» transcri ção proteí na araC. ( a ) Nenhuma arabinose.
oraO, araO, ( b ) Arabinose presente.
Monômero araC
Alça de
DNA Nenhuma
.
O araC se liga ao araQ e ao arai para promover a formação de uma
^
.
al a de DNA e hibir a transcrição dos genes do óperon Um dímero
araC se liga ao oruO para inibir avida mais a transar ão do araC
( b ) A/ abinose presente
Arabinose
^
cAMF NA polimerase
\ CAP \r
— Transcrição
Nenhuma transcriçã o —* PQ
A arabinose se liga à proteína araC e quebra a alça de DNA entre oroO .
e arai. Uma molécula addonal de proteína araC se Sga ao oral O
complexo CAP-cAMP se liga ao CAP site e a RNA polirrerase
transcreve os geres do óperon.
Capítulo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactérias e bacteriófagos 475
e impede a continuação da transcrição de araC. Quando diferença entre atenuação e capacidade de indução pode
a arabinose está ausente do meio de cultura, a araC age ser esclarecida por uma analogia. Os óperons induzíveis,
como uma proteína de controle negativo que suprime a como o lac ou o ara, são semelhantes a um interruptor
transcrição genica. A combinação da alça de DNA su
pressora da transcrição e da repressão do araC significa
- de luz que fornece iluminação em uma configuração
(“ligado") e nenhuma iluminação na configuração alter-
que, na ausência da arabinose, o óperon ara é desligado nativa (“desligado"). Os ó perons induzíveis são ligados
pelo controle transcricíonal negativo da proteína araC. e desligados por interruptores moleculares controla -
Quando a arabinose está presente, ela se liga às pro- dos por proteínas de ligação ao DNA. A atenuação, por
teínas araC em todos os trés sítios operadores ( Figura outro lado, funciona mais como um interruptor do tipo
14.15b), Isso rompe a conexão entre as proteínas araC dimmer que permite o ajuste incremental da ilumina-
em arai e ara02 e destrói a alça de DNA que suprime a ção. Para vários óperons de aminoácidos, a regulação da
transcrição do óperon ara. Após o rompimento da alça expressã o gè nica evoluiu para manter n íveis estáveis de
de DNA, um segundo complexo formado pela proteína aminoácidos nas células. Nesses sistemas, a inibição por
araC e pela arabinose se liga em arai, produzindo díme - feedback desliga a transcrição gènica do óperon quando
ros araC-arabinose em arai e araOt que ladeiam o sítio o aminoácido está imediatamente disponível e a atenua -
de ligação à CAP. Assim como na ativação transcricional ção faz o ajuste fino do nível de aminoácido para manter
do óperon lac , a CAP precisa formar um complexo com uma concentração constante.
a cAMP e se ligar ao sítio de ligação à CAP para ativar a
transcrição gènica do óperon ara. A formação do com
-
plexo CAP cAMP ocorre quando a glicose está ausente.
- Inibição por feedback da síntese
do triptofano
O grande complexo formado por dímeros de araC-
- arabinose predsa se ligar em arai e araOjt e o complexo O óperon triptofano ( Irp) no genoma da £ coli con-
CAP-cAMP precisa se ligar no sítio de ligação da CAP, tém cinco genes estruturais que compartilham uma região
para que a RNA polimerase se ligue de modo eficiente e regulatória contendo uma sequência promotora ( trpP ),
inicie a transcrição em Com esses complexos esta - uma sequência operadora ( trpO ) e uma região líder
( trpL ) que contém a região atenuadora ( Figura 14,16). A
belecidos, o óperon ara é transcrito e as proteínas B, A e
D, necessá rias para metabolizar a arabinose, são produ - região regulatória abrange 312 pares de bases e os cinco
zidas. Nesse caso, a araC exerce controle transcricional genes estruturais abrangem aproximadamente 6.800
.
positivo sobre a transcrição do gene ara Na presença da pares de bases. Os cinco genes estruturais transcritos no
óperon são trpE, trpD, í rpC, trpB e trpA, nessa ordem.
arabinose e na ausê ncia da glicose no meio de cultura, a
-
araC opera em conjunto com o CAP cAMP para trans - Juntos, os produtos proteicos desses genes são responsá -
crever araB, araA e araD no óperon ara. veis pela síntese do aminoácido triptofano. Fora do ópe-
ron, um sexto gene, trpR , codifica a proteína repressora
que não é ativada até formar par com o triptofano.
14.4 A transcrição a partir do A transcrição dos genes do ó peron trp é regulada
óperon do triptofano é por um sistema de inibição por feedback que responde
repressível e atenuada ao triptofano livre na célula. Nesse sistema , o triptofano
age como um correpressor ligando-se e ativando a pro-
Os óperons lac e ara são exemplos de óperons in - teí na repressora trp que nã o é ativa sem seu correpressor
duzíveis que produzem proteí nas responsáveis pela ligado. A inibição por feedback ó o principal mecanismo
quebra dos açúcares que são fontes alternativas de
energia quando nào há glicose. Os óperons como o lac
que liga e desliga a transcrição gènica do óperon trp ( Fi
gura 14.17), Na ausência do triptofano, a proteína re-
-
e o ara que estão envolvidos no catabolismo das fon
tes alternativas de energia são tipicamente induzíveis,
- pressora inativa é incapaz de se ligar ao trpO , ocorrendo
a transcrição gènica do óperon. No entanto, quando o
já que são convocados quando a glicose está esgotada triptofano está presente, ele se liga à prote í na repressora
e o açúcar alternativo está dispon ível. Por outro lado, para ativá- la e o complexo repressora-correpressor se
os óperons envolvidos nas vias anabólicas ( vias que sin - liga à sequência operadora para bloquear a transcriçã o.
tetizam os compostos necessá rios para a célula ) podem Com base nessa descrição, e conhecendo a inibição
ser regulados por mecanismos de feedback negativo que por feedback da transcrição gènica , pode-se prever que
operam por meio da atividade do produto final da via
para bloquear a transcrição gènica do ó peron . Os ó pe-
as bactérias trpR , que são mutadas para a proteína re -
pressora, exibam transcrição constitutiva dos genes do
rons desse tipo sã o óperons repressíveis. ó peron , independentemente da presença do triptofano.
Além do mecanismo de feedback negativo, certos
óperons repressíveis têm uma segunda capacidade regu -
No entanto, surpreendentemente não é isso que acon
tece. Nas bactérias do tipo selvagem { trpR' ), a síntese
-
latória, conhecida como atenuação, que consegue fazer do triptofano é muito baixa quando ele está presente na
o ajuste fino da transcrição para se adequar aos requisi
tos momentâneos da célula, alcançando um estado mais
- célula; mas, embora a síntese do triptofano pelas cepas
trpR seja mais alta nas mesmas condições, ela não
ou menos constante de disponibilidade de compostos. A ocorre em 100% da capacidade (Tabela 14.5). As duas
476 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
T
Complexos enzimáticos
Reações
catalisadas
Corismato
+ Glutamlna
AntranHato
+ PRPP
PRA — — ^—1
CdRP InGP
+ Serlna
Triptofano
Repressora
-
A refxessora riath a não se liga ao
trpO, ocorrendo a transcrição dos
genes do óperon.
são as quatro sequê ncias repetidas, designadas 1, 2, 3 e
4, que conseguem formar estruturas de haste em al ça
(inativa) diferentes (Figura 14.18b). ( As estruturas de haste em
(b ) Triptofano presente
alça sã o discutidas no Capitulo 8 vinculadas à termina -
ção intrí nseca da transcrição nas bact é rias; ver Figura
j- X * Nenhuma transcrição
~
8.7). A segunda delas é que, entre os códons dos 14 ami -
tn 3 trpC trpA noácidos codificados pelo trpL RNAm, existem dois có-
Repressora dons triptofano um após o outro ( UGG ), que agem na
t' ativa detecção da disponibilidade de triptofano.
W'S +
Repressora
A repressora é ativada pelo tnptnfano
correpressor e se Hga ao trpO para bbquear
a transcrição do gene do óperon.
Tabela 14.5 Porcentagem de expressão plena do
triptofano para as cepas trpR* e trpR ‘
Possíveis estruturas de
© ©
haste em alça do RNAm 1 2 2 3
( b) TrpL RNAm
Fim da sequência
codificadora trpL
* Parada
fé
Ser K
Thr -
J
Região 1
Arg -
Trp Sequência de terminação
rica em U
rrp - (apenas a haste em alça 3 4) *
5* N giHJ
Lys Met Gin Thr
1 L 1 1
10 Leu ir
Met
20
ZÀ 150 C A A A Ç A i 3'
I62
\
Inicio da sequência
Inido da sequência 30 40 codificadora trpE
codificadora trpL
Figura 14.18 Região atenuadora trpL e o RNAm. (a ) A trpL atenuadora conté m quatro sequências repetidas invertidas
que codificam as regióes 1 a 4 no trpL RNAm. Três hastes em alça alternativas podem se formar no RNAm. ( b ) A sequência
de atenua ção trpL RNAm conté m 162 nudeotideos. O poss ível pareamento de bases entre as regióes atenuadoras e a
sequência de codificação do polipept ídeo da trp l íder são exibidos.
A formação das hastes em alça do trpL RNAm está antes de chegar aos genes estruturais do óperon ( Figura
ligada diretamente à continuação ou terminação da 14.19a ) .
Repare que a região 4 é seguida imediatamente
transcrição dos cinco genes do óperon trp. No RNAm da por uma sequência poli - uracila ( uma cauda poli- U) .
região trpL , a regiã o 1 é complementar à 2, a região 2 é
complementar à 3 e a região 3 é complementar à 4. Duas
—
Essa configura çã o uma haste em al ça de RNAm se-
—
guida por uma cadeia de uracilas é a mesma descrita
dessas estruturas de haste em alça, a haste em alça 3 4 e - na conexão com a termina ção intr ínseca da transcrição
a haste em alça 2- 3, são fundamentais para a atenuação. nas bactérias (ver Capítulo 8). A formação da haste em
O terceiro tipo de haste em alça, a haste em alça 1 2 , de - - -
alça 3 4 pode ser precedida pela formação de uma haste
sempenha um papel pouco importante na atenuação. -
em alça 1 2 que consegue induzir uma pausa no pro -
-
A haste em alça 3 4 do RNAm, que é a haste em cesso de atenuação. A formação da haste em alça 1 2 -
al ça de terminação, sinaliza a terminação da transcri - deixa apenas a região 4 para formar par com a regiã o 3.
ção. Isso é identificado como sítio de terminação da Por outro lado, uma haste em alça 2-3 do RNAm, que
transcrição na Figura 14.16a. A forma ção da haste em é a haste em alça de antitermina çào, se forma quando
alça 3-4 interrompe o avanço da RNA polimerasc ao a região 1 está indisponível para pareamento imediato
longo do DNA, terminando a transcrição na região l íder com a região 2; a formação dessa haste em al ça impede
478 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
-A
GÂ
/
JGGUGGCGCACUUCR; AÀCGGGCAGUCUÀUUCACCAUG -JC*
Regi ã o 1 U
Q
( b ) Falta de triptofano: ant í termina ção
Ribossomo
AcU CAu
U C
A C
U-A
C-G
U C
Região Q Q Regiã o
^ Região 1
2
C G
5 ç
AC
_
—
Regi ão 4
3
a formação da haste em alça 3-4 ( Figura 14.19b ). A haste nucleotídeo + 1 após a RNA polimerase iniciar a trans -
em alça de antíterminação permite que a RNA poli- crição. A transcrição através das regiões repetidas 1 e
merase continue a transcrição através da regiã o l íder e
nos genes estruturais do ôperon trp , começando com
2 pode levar à formação de uma haste em alça 1 2 que
para temporariamente o avanço da RNA polimerase
- .
a transcrição do trpE. Se a transcrição passar da região A pausa é apenas momentâ nea; entretanto, ela dura o
4, é produzido um RNAm policistrònico abrangendo tempo suficiente para um ribossomo se ligar no códon
cinco genes do trp , A tradução das cinco enzimas ne- de início da trpL e começar a tradução do polipeptídeo
cessá rias para a síntese do triptofano se segue. de 14 aminoácidos, começando pelo códon AUG identi -
Cada RNAm transcrito a partir do óperon trpL ficado na Figura 14.18. A iniciação da tradução rompe a
acaba formando uma haste em alça 2-3 ou 3-4; mas o
que determina o tipo de haste em alça de RNAm que vai
-
haste em alça 2 3, a RNA polimerase retoma a transcri
ção e o ribossomo e a RNA polimerase começam junta
--
se formar? A ligação da transcrição e da tradução, que mente sua progressão .
é uma caracter ística proeminente da expressão gé nica Observe três caracter ísticas do RNAm l íder retra -
bacteriana, desempenha um papel crítico na decisão tadas na Figura 14.19b: (1) A sequência codificadora dc
desse resultado. A transcrição da região trpL começa no polipeptídeo se sobrepõe inteiramente à região l íder 1 e
Capítulo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactérias e bacteriófagos 479
—
assim a transcriçã o e a tradu çã o das enzimas necessá
Região 3 < 5<*- U Região 4
—
rias para sintetizar o triptofano quando o sistema de- y G
tecta que o suprimento de triptofano dispon ível é insu - A CHG A C
A G C
ficiente para dar suporte à tradução. U Jc í G Muiações que reduzem
Cada trpL RNAm toma uma “decisã o” baseada em / \j \ a complementaridade
molécula quanto a formar uma haste em alça 3-4 ou
-
2 3, dependendo da disponibilidade de RNAtti> carre - 125
gado no momento em que o RNAtwp é exigido pelos ri - Figura 14.20 Muta ções do trpL. As análises mutaclonais
bossomos. É provável que cm qualquer dado momento identificam várias substituições de base na trpL que
uma ú nica célula bacteriana contenha uma mistura de diminuem a eficiência da regulação transcricional na região
trpL RNAm com hastes em alça 2- 3 e trpL RNAm com atenuadora atrapalhando a formação da haste em alça 3-4.
480 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ôperon tfir.
W5)lTO®(|F
Pbe Ptie Phe Phe PheMTí phe
(a )
Sequê ncias promotoras
nas proteínas chaperonas. Nas temperaturas de cresci
mento normais, várias prote ínas chaperonas se ligam à
-
-35 -10
pequena quantidade de cr13 presente na célula para ini -
Reconhecidas por:
i ’ .
. . •
••
•
-16-18 Ptx- l.ll.f.1 bir sua capacidade para formar holoenzima. Em tem -
peraturas elevadas, as prote ínas chaperonas liberam
cru, deixando-o livre para se unir à porção central da
( b) Em temperatura elevada enzima RNA polimerase e formar uma holoenzima. As
Porçã o central da enzima RNA proteínas chaperonas livres são redirecionadas para se
ligar às proteínas celulares danificadas pelo calor. Nesse
papel, as proteí nas chaperonas degradam as proteí nas
ás quais se ligam ou ajudam a redobrá las - .
Foram descritos vários outros exemplos do uso de
fatores sigma alternativos nas bactérias. Por exemplo, o
Bacillus subtilis é uma bactéria que normalmente se pro-
paga pelo crescimento vegetativo, mas as más condições
de crescimento mudam o modo de crescimento para es-
porulaçào, ativando a expressão de fatores sigma alterna -
rpoH RNAm ] tivos. A evidência da transcrição gènica mostra que, com
a deterioração das condições de crescimento, a transcrição
do fator sigma comum é substituída pela transcrição de
dois fatores sigma alternativos. Os novos fatores sigma re-
. conhecem as sequências promotoras exclusivas e transcre-
vem os genes usados na esporulação. Uma ampla gama de
evidência mostra que a mudança da transcrição do fator
Transcreve os geres sigma normal para os fatores sigma alternativos induz a
do choque térmsco
uma mudança no padrão de expressão de todo o genoma
que silencia os genes anteriormente ativos e inicia a trans-
crição de genes especializados que são utilizados apenas
Figura 14.22 Fatores sigma alternativos para os genes
do choque térmico, (a ) Sequências promotoras reconhecidas em condições de crescimento restritivas ou extremas A .
por oJV e aÀJ contendo RNA polimerase. (b) Em temperatura Tabela 14.6 compara e diferencia os mecanismos da regu-
elevada, o"e o* transcrevem o rpoH, que codifica o on lação génica nos sistemas bacterianos.
.
que, por sua vez se junta à porção central da enzima RNA
polimerase para transcrever os genes do choque térmica Observa çã o gen ética Os fatores sigma alternativos
causam mudanças na expressão génica de todo o genoma ao
tura está alta. O pol í pept ídeo traduzido a partir do rpoH permitirem a transcrição dos genes cujos produtos são neces-
RNAm é muito ativo na estimulação da transcrição dos sá rios apenas em circunstâ ncias extraordiná rias.
genes do choque térmico. Alé m disso, a transcrição de
um terceiro fator sigma , conhecido como o34, que nor
malmente está presente nas células da £ coli em um
-
Regulação da tradução nas bactérias
nível muito baixo, é bastante elevada. A holoenzima
RNA polimerase contendo or34 també m reconhece a A regulaçã o da transcrição é disparadamente o
sequência promotora do rpoH e transcreve o gene em modo predominante de controle da expressão gé nica
temperaturas elevadas que inativam o a70 . nas bactérias, mas elas també m sã o capazes de regular
Uma segunda mudança transcricional que ocorre a traduçã o. A regulaçã o da tradução ocorre por meio
em consequência da alta temperatura é uma alteração de dois mecanismos, um que liga uma proteína a um
AN Á LISE GENÉTICA
Descreva os efeitos sobre a atenuação e a síntese do triptofano das seguintes mutações dos còdons
de triptofano ( UGG) na regtáo atenuadora do óperon.
a. Os códons de triptofano são alterados para UAGUGG .
b. Os códons de triptofano são alterados para UUGUUG.
4. Examine a natureza da mutação na 4. Duas substituições de bases são vistas no mutado (b). Cada uma delas cria um
parte (b ). códon de leucina em vez de um códon de triptofano.
Solucionar
s) Descreva a consequ ência da muta - .
5 UAG é um códon de parada que para a tradução do polipeptideo. A localizaçã o
ção na parte (a ). desse códon de parada vai impedir que o ribossomo cubra a região repetida 2 .
Mci: Compare d tMnvur çio do óperon do A haste em alça 2 3 é a ú nica configuração regulatória que consegue se formar
*
tipo setoçem com à de&se òp*ron mutado e vai levar á síntese constitutiva do triptofano.
.
(ver Figuras 14.18 é 1420)
6. Descreva a consequ ência da muta - 6. Os dois códons mutados neste caso codificam a leudna. Essas altera ções muta-
ção na parte ( b). dona ís vão Impedir a atenuação do óperon trp em resposta ao n ível de tripto-
fano. Em vez disso, a sí ntese do triptofano vai atenuar em resposta ao n ível de
leucina , já que a disponibilidade de leucina a ser acrescentada ao polipeptideo
vai determinar qual haste em alça vai se formar.
RNAm para impedir sua tradu çã o e outro que pareia de pedindo, assim, a ligação da pequena unidade ribossó-
modo complementar o R\rA antissentido com o RNAm mica com o RNAm policistrônico e inibindo a síntese das
para bloquear sua tradução. proteínas codificadas pelo óperon.
As proteínas repressoras da tradução regulam A tradução bacteriana també m pode ser inibida pela
-
a tradução ligando se ao RNAm nas vizinhanças da se
quência de Shine-Dalgamo. A ligação da prote ína nesse
- atividade do RN A antissentido, uma molécula de RN A
complementar a uma parte de um RNAm específico. A
local interfere no reconhecimento da sequência de Shine - ligação de um RNAm por um RNA antissentido impede
a ligação do ribossomo ao RNAm e bloqueia a tradução.
- Dalgamo pelo 16S RNAr na pequena subunidade ribos-
sômica e, assim, impede a iniciação da tradução. Um dos Foram descritos vá rios exemplos de regulação da tradu -
exemplos mais claros desse tipo de interação entre prote-
ína regulatória e RNAm é visto na regulação da tradução
ção bacteriana pelo RNA antissentido. Um dos primei
ros mecanismos de controle antissentido da tradução
-
.
das proteínas ribossómicas na £ coli As proteínas ribos - prové m da regulação da produção de transposase pela
sòmicas são codificadas em uma série de óperons que sequência de inserção bacteriana IS10. A transposase é
produzem RNAm policistrô nicos. Esses óperons estão uma enzima que conduz o movimento dos elementos
sujeitos a um certo grau de regulação transcricional, mas genéticos transponíveis nos genomas ( ver Capí tulo 13) .
o controle mais proeminente da tradução das proteínas A transposase corta o DNA para remoção ou inserção
ribossómicas ocorre no nível da tradução. Um dos pro-
dutos proteicos de cada óperon de proteína ribossó mica
do elemento transponível. Um baixo nível de transposi
ção pode ser tolerado pelos genomas bacterianos e pode
-
consegue se ligar ao RNAm policistrônico desse óperon, até mesmo ser vantajoso ( ver Capítulo 12). No entanto,
perto da sequência de Shine- Dalgarno mais para 5’, im - a expressão excessiva de transposase leva à transposi ção
Capítulo 14 Regulaçã o da expressão gênlca nas bactérias e bacteriófagos 483
*
trolados por meio da expressã o gê mea do fago para
redirecionar a ação dos genes hospedeiros e (2 ) que a
antissentido expressão genica do fago inicie uma sequência de even-
na l$ 10
tos que levam a bactéria a participar na expressão da
Figura 14.23 Controla da expressão da transposase 1510 informação gen ética do fago. Em nenhum bacteriófago
pelo RNA antissentido.
existe um quadro claro dos processos que controlam a
comutação genética regulat ória no fago lambda ( X ).
igualmente excessiva, que pode provocar mutações letais Recorde que todos os bacteriófagos são capazes de
em virtude da inserção do transposon em genes críticos. infectar e se reproduzir dentro da célula bacteriana hos-
A sequê ncia de inserção ISJO contém duas regiões pedeira. A infecção termina com a lise da célula hospe-
promotoras. Uma, chamada PL f é relativamente fraca
% deira em um processo chamado ciclo lítico ( ver Figura
e controla a transcrição da fita de DNA que codifica a 6.16). Porém, certos bacteriófagos conhecidos como
transposase ativa. A segunda sequ ência promotora , fagos temperados, dos quais o fago X é um exemplo,
é muito mais forte. Essa promotora está embutida no também são capazes de passar por um ciclo lisogènico,
gene transposase e dirige a transcrição da fita nào codi - -
ou lisogenia. O ciclo lisogènico é caracterizado pela inte
ficadora do gene, produzindo um RNA antissentido que gração do fago no cromossomo hospedeiro, convertendo
é complementar à extremidade 5' do RNAm da transpo- o hospedeiro em um lisógeno. A integração iisogênica é
sase e cobre a sequência de Shine- Dalgamo do RNAm, específica ao sítio, significando que ela ocorre em uma
evitando, assim, seu reconhecimento pela pequena su -
bun í dade ribossómica ( Figura 14.23 ). Como consequên -
sequência compartilhada pelo fago e o hospedeiro bac
teriano ( ver Figura 6.20). A enzima de fago integrase é
-
cia da promotora POUT mais forte, o RNA antissentido responsável pela integração iisogênica. Nesta seção, dis-
na IS10 é mais abundante que o RNAm da transposase. cutimos os dois ciclos de vida do fago X, examinando as
A consequência disso é que a maior parte do RNAm da prote í nas regulatórias que controlam qual ciclo de vida
transposase se liga ao RNA antissentido e impede efe- uma determinada infccçáo vai empreender, bem como
tivamente a traduçã o de quase todo o RNAm da trans- as ações das proteínas que controlam cada ciclo de vida.
posase. Contudo, às vezes um RNAm da transposase es-
capa da ligação antissentido e sofre tradução. Isso gera
um baixo nível de transposase que inicia o evento raro
Genoma do fago lambda
de transposição da IS 10 dentro do genoma bacteriano. O genoma do fago lambda é composto de aproxi-
madamente 48 kb de DNA linear de fita dupla que co-
Observa çá o gen é tica As proteínas represso ras da tra- -
du ção e os RNA antissentido regulam a tradu ção nas bactérias
difica aproximadamente 60 genes ( Figura 14.24 ). Sua
injeção em uma célula bacteriana hospedeira leva a uma
visando a transcritos específicos para a inibição regulatória. circularizaçào imediata dentro da célula hospedeira , ob-
tida pela união de duas extremidades coesivas (cos) de
fita simples, com 12 nucleotídeos de comprimento cada
uma. Uma DNA ligase do hospedeiro veda as lacunas
14.6 Os antiterminadores e deixadas quando as extremidades coesivas se unem e
repressores controlam a infecçáo produzem um fago X circularizado que está pronto para
por fago lambda da E. coli começar a expressão génica.
O genoma do fago X é organizado como uma série
Bacteriófagos (ou fagos, para abreviar) sào vírus que de óperons. Os genes em cada óperon são expressos em
infectam as células bacterianas. Assim como todos os uma sequência bem definida. A expressão dos genes
vírus, eles precisam infectar as células hospedeiras para em certos óperons começa imediatamente após a cir-
se reproduzirem. Seus genomas min úsculos nào con - cularizaçáo. A ordem específica da expressão gé nica é
tê m todos os genes necessá rios para replicação, trans - fundamental para a capacidade do fago X para realizar
crição e tradução, então os fagos são parasitas obrigató - a infecção bem -sucedida de seu hospedeiro bacteriano.
rios que usam um conjunto engenhoso de truques para Consequentemente, certos genes precoces sào expres -
484 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
(a) Regulador da
Regulador expressão génka
do gene d
Regulador dos
.
deA c/ efní
Proteínas de
replicaçã o do DNA
dofago
Genes para as
proteínas da
cabeça e montagem
Genes para as
proteínas da cauda
e montagem
(b)
Extremidade coesiva
5' A S G T C G C C G C C C 1
T C C A G C G G C G 6 6 5’
II
AGGTCGCCSCCC
Extremidade coesiva
Figura 14.24 Mapa genômico do fago X (lambda )
(a) 0 genoma do fago A é organizado em óperons que
funcionam em momentos definidos durante a infecçâo de
.
sos logo depois da circularização, enquanto os genes até o fogo exdsar a si próprio em seu sítio de integração,
tardios são expressos mais adiante no ciclo infeccioso. rcativando a expressão genica do fago e o ciclo lítico.
Os segmentos reguladores da transcrição dos óperons
também são organizados em regiões precoces e tardias. Transcrição genica precoce
Imediatamente após a circularização do cromossomo
Na circularização do cromossomo do fago, os pro-
do fago X, as sequências promotoras c operadoras pre - dutos proteicos dos genes precoces do fago X se envol -
coces controlam a transcrição dos genes cujos produ -
vem em um cabo de guerra molecular pelo controle de
tos proteicos interagem para determinar se o fago passa um interruptor genético que determina se a infecçâo vai
pelo ciclo lítico ou pelo dclo lisogênico ( ver Capítulo 6). resultar em um ciclo l ítico ou em um ciclo lisogènico.
O dclo lítico resulta em uma infecçâo de rá pida progres
são que leva à lise ( ruptura ) da célula hospedeira e à libe -
- No começo de cada infecçâo, a transcrição começa em
duas regiões promotoras precoces do fogo A. A promo-
ração de uma progénie com dezenas de fagos. No eido de tora precoce Pg controla a transcrição para a direita dos
vida lisogènico, por outro lado, o cromossomo do fogo se genes precoces, começando pelo gene cro (que significa
integra no cromossomo hospedeiro, como foi observado controle da repressora e outras) que produz a proteína
anteriormente. A expressão dos genes no cromossomo cro (Figura Bá sica 14.25, O). A promotora precoce P ,
do fogo integrado (o prófago) é mínima; apenas os genes controla a transcrição para a esquerda, começando pelo
necessá rios para manter a lisogenia são expressos. A re- gene N , que produz uma proteína antiterminadora que
plicação do cromossomo bacteriano produz células filhas - desempenha um papel fundamental no estabelecimento
que carregam uma cópia do prófogo. A lisogenia continua da lisogenia O.
Ca pitulo 14 Regulação da expressão gênlca nas bactéf ias e bacteriófagos 485
RNAm
I RNAm “
i
© A proteína N age como
um antiterminador para i i © 0 acúmulo da
estender a transcrição
Q proteína cro leva
além das sequências de
terminação f e t
* *
. Proteína N Proteína cro
1 ao ciclo lítico
0 0 O,,
O
Proteína cro
* *
RNAm 1 RNAm
1
Q
Proteína clll Proteína dl
O A proteí na cro se liga a Ot e 0 e inicia a transcrição
da proteína Q; a cro bloqueia *a transcrição de cl . A
transcrição dos genes para a esquerda de Ot leva à
© 0 acúmulo do/
complexo cll dll
.
montagem da partícula do fago e a transcrição dos
genes para a direita de O leva à expressão dos
leva ao ciclo lisogênko . genes tardios . *
Desenvolvimento do eido lisogênico
It
Proteína cll/dll
I 1
PidHU vi«eu
771
O A ligação do complexo Q A ligação do complexo
cll/dll a Pt leva à cll/dll à Pv leva à expressã o
de cl, a proteí na repressora
expressão da integrase,
que estimula a
integração do prófago
.
Á bloqueando a síntese de
cro e permitindo sua
própria síntese.
486 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
—
reita além de cro ou alé m dos trés outros genes precoces
dl , O e P. Entretanto, quando a proteína N se liga a
tL, tg , e vários genes à esquerda de tL e à direita de tg
e são transcritos. Uma das proteínas produzidas pela
1
çl
Transcrito
( b)
17 pb 17 pb 17 pb
cro
Transcrito
A
132 236
radores ocorre na ordem Or í , Ofi , e Okr A ligação a 0R , 93- 131
e exerce controle negativo sobre PR, bloqueando o
1 -92
acesso da RNA polimerase a cro , Q e aos outros genes
à direita de Pg . Essa regulação negativa bloqueia a
transcrição necessá ria para iniciar o ciclo iítico. A li- 17 pb
gaçã o da proteí na repressora às sequê ncias operadoras
inicia o controle positivo da transcrição em PRM e leva ( b)
RecA RecA
DMA
à transcriçã o cont í nua de cl que mant ém a repressã o. Cativa danificado ativada^
Ela também ativa a a çã o da integrase, provocando a
inserção do cromossomo do fago no cromossomo
P
hospedeiro, ponto em que o genoma do fago X é re
lativamente quiescente. A regulação positiva contínua
-
da expressão do gene cl pela repressora X serve para
manter o estado lisogé nico e é a ú nica atividade gen é- (0
RNA polimerase
tica no prófago. o
^
Indução lisogênica
A lisogenia é um estado semi per manente que pode
ser mantido por um longo per íodo pela ligação per
manente da proteí na repressora X com Ogl , Og , e Ogr
-
° L cl PHM Ofu Õ fcWl
— cr
° pfft c{l O
Transcri ção do ao
.
A persistê ncia do estado lisogénico por per íodos pro - ( a ) A proteí na repressora X homodim érlca se liga às
longados levanta duas questões. Primeiro, o que faz a sequências operadoras de 17 pb para regular sua própria
lisogenia chegar ao fim ? Segundo, de que modo o fago transcrição e manter a lisogenia. ( b ) A luz UV e outros agentes
retoma o ciclo I ítico e produz uma progénie de fagos? nocivos ao DNA ativam a RecA que cliva os monômeros
A indução é o processo que leva a lisogenia ao fim c de repressora X para inativar a proteína repressora . (c) A
reinicia o ciclo I ítico. Você poderia comparar a indução lisogenia termina com a remoção da proteina repressora X
com a ativação de um interruptor, disparado pelo dano das sequências operadoras e a iniciação da transcri ção do
gene cro.
ao DNA provocado por forças extracelulares. A força
principal que provoca lesão no DNA é a luz ultravioleta,
cujos efeitos sobre o DNA ativam sua reparação. Entre Em resumo, o fago X oferece um exemplo elegante
as muitas proteínas ativadas na cascata de reparação do de sistema regulató rio que controla de que maneira
DNA está a proteí na RecA , cujo papel na reparação da
mutaçã o é ativar a recombina çào.
um interruptor genético é acionado. A interação cru
cial é entre os produtos proteicos dos genes precoces
-
No entanto, quando o DNA baderiano é danificado cro e cl que competem pela liga çã o com as sequ ências
pela luz LTV, a atividade de protease (destruição de pro- operadoras 0 Ry Ow e 0 Ry Se a proteí na cro prevalecer
teínas) da proteína RecA também é ativada. A atividade pela liga ção bem -sucedida com Ow e 0Rt , a expres -
de protease visa ao segmento de aminoácido dos monô - são de cl é expressa e a síntese dos genes tardios que
meros de repressora X que se unem às regiões N e C-ter - leva à conclusão do ciclo I ítico está assegurada. Por
minais de cada proteína ( Figura 14.27b ). A terminação C outro lado, se a proteina repressora X prevalecer , sua
é cortada de cada mon ó mero, literalmente quebrando ocupação precoce de 0 R , e Ou impede a transcrição
os d í meros da repressora e fazendo que as extremidades dos genes tardios, assegurando que o ciclo lisogé nico
N- terminais caiam do DNA. Com a repressora X desli - vai prosseguir.
gada do DNA, as sequências 0Â / OgJ e Ow são expostas,
f
ESTUDO DE CASO
Vibrião colérico — A resposta ao estresse leva à infecçã o grave
A cólera é uma doença gravemente debilitante e po - produzem virulê ncia ( crescimento bacteriano ativo
lencialmcnle faial, provocada pela infecção com a bact é- que provoca a doença ). A expressão dos genes ToxS e
ria intestinal Vibrio choierae. A bactéria é transmitida de TuxR é estimulada pelas pistas ambientais encontradas
pessoa para pessoa através do contato com material fecal pelo V. choierae no ambiente hostil do estômago. Um com -
infectado. A ingestão de água contaminada por fe /es é a plexo proteico formado pelos produtos desses genes ativa
maneira mais comum de contrair a doença . A maioria das .
a transcrição do ToxT O produto polipeptldico de ToxT
bact é rias ingeridas é morta pelo ambiente altamente ácido é uma proteína ativadora da transcrição que se liga à se -
do estômago, mas as que sobrevivem sofrem um chavea- quência promotora P t < que controla a transcrição de dois
mento rá pido na regula ção genica que desativa a expres - genes, CtxA e CtxB ( abreviações para “ toxina A da cólera ”
sã o dos genes rotineiramente ativos c ativa a expressão e “toxina B da cólera ” ), que fazem parte de um óperon . Os
dos genes de resposta ao estresse. Esses mecanismos de produtos polipeptídicos de CtxA e CtxB são as toxinas da
chavcamcnto gené tico permitem que as bacté rias sobre - cólera que iniciam uma série dc ações que levam aos sinto-
vivam no ambiente hostil do estômago. Infclizmcntc para mas da cólera.
os seres humanos infectados, a resposta ao estresse da V . Prevenir a cólera é uma prioridade de sa úde pú blica,
choierae produz toxinas que podem levar rapidamente à podendo salvar milhares dc vidas por ano. Igualmcnte
degradação das células mucosas que revestem os intestinos importante é adquirir uma compreensão de como o com -
e ao vazamento excessivo de água das células danificadas. -
plexo ToxS ToxR e o ToxT operam no reconhecimento da
O vazamento perturba o equil íbrio osraótico das células; sequê ncia promotora c na identificação dc outros genes
para compensar, cias lecretam água, iniciando um ciclo que eles regulam. De modo similar, reunir informações
repetido de vazamento de ferro e liberação de água que sobre a resposta ao estresse e os genes da virul ência no V .
produz diarreia c desidratação grave. A menos que o trata - choierae vai ajudar profissionais dc medicina c microbiólo -
mento imediato com antibiótico e a terapia de reidrataçâo gos a compreenderem como a bactéria produz seus efeitos
sejam iniciados, a morte pode ocorrer em horas . letais e como os prestadores de cuidados de sa úde pode -
. —
No V choierae, três genes ToxS , ToxR c ToxT
exercem controle positivo sobre a transcrição dos genes que
— riam intervir precoccmentc no processo infcccioso para evi
tar as consequê ncias mais graves da infecção.
-
RESUMO
14.1 0 controle transcrlcional da expressão geni- se ( tocV) e transacetilase ( lacA ) — necessá rias para metabo-
ca exige a interação DNA-proteína lizar a lactose e seus subprodutos. Seu centro de controle
regulatório contém uma sequência promotora e uma se-
Os genes regulados estão sujeitos ao controle transcrlck) - quência operadora (tocO).
nal, enquanto os genes constitutivos não são regulados . O controle negativo da transcrição gênka do óperon loc è
No controle negativo da transcriçã o, as prote í nas regula- exercido por uma proteí na repressora ( toc/) que se liga à re-
tórias ligadas ao DNA reduzem ou eliminam a transcrição. gião lacO para bloquear a transcrição. A alolactose inativa
As proteí nas regulatórias, também chamadas repressoras, a prote í na repressora mudando sua conformação e impe-
possuem um domínk) de ligação ao DNA para se ligarem dindo - a de se ligar á sequ ência operadora .
às sequências de DNA regulatórias e um dom ínio alosté- 0 controle positivo da transcrição dos genes do óperon loc é
rico para se ligarem à molécula regulatória. exercido pelo complexo CAP-cAMP que se forma na ausência
Uma molécula indutora se liga à molécula repressora em de glicose e se liga aosítio CAP da sequência promotora toe.
um sítio alostérico para Inibir sua a ção.
No controle regulatório positivo, as proteí nas ativadoras se 14.3 A aná lise das mutações decifra a regula ção
ligam a sequências de DNA promotoras e a outras sequên- gené tica do óperon lac
cias regulatórias e iniciam a transcriçã o ou aumentam sua
eficiência. Os estudos de mutação determinaram que a ordem dos
genes do óperon loc é lacZ- lacY-facA.
14.2 O óperon lac é um sistema óperon induzí vel A aná lise de haploides e diploides pardais mutados nas
bactérias identificou a proteí na repressora de atividade
sob o controle negativo e positivo
trans que se liga à sequência operadora.
I Os óperons bactenanos transcrevem dois ou mais genes A aná lise de mutação da sequê ncia operadora toc indica
sob o controle regulatório coordenado das sequências que a operadora é um elemento de ação cis que controla
promotoras, operadoras e outros elementos regulatório* a transcrição dos genes imediatamente adjacentes no cro-
compartilhados. mossomo.
I
—
0 óperon lactose (toc) é um sistema óperon Induz ível que
produz três prote í nas betagalactosidase (tocZ), permea-
O sítio de ligação da repressora toe se sobrepõe ao sitio de
ligação da RNA polimerase na sequência promotora toc.
Capítulo 14 Regulação da expressão gênlca nas bactérias e bacteriófagos 489
I A ligação da proteína repressora lac induz a formação de 14.5 As bact érias regulam a transcrição dos
uma alça de DNA que impede a ligação da RNA polimerase genes de resposta ao estresse e também
na sequência promotora.
regulam a tradução
O complexo CAP-cAMP se liga ao sítio de ligação è CAP da
sequência promotora lac e facilita a ligação da RNA poli - I Fatores sigma alternativos são usados para gerar RNA poli-
merase. merases que reconhecem sequências promotoras de genes
I A transcrição dos genes do óperon arabinose { ara ) é re- não transcritos pela RNA polimerase bacteriana comum .
gulada pela proteína araC que exerce controle positivo e I Os genes transcritos usando fatores sigma alternativos são
negativo. necessários apenas em circunstâncias especiais, como na
resposta ao choque térmico.
14.4 A transcrição a partir do óperon do triptofa - I A tradução do RNAm bactériano pode ser impedida pelas
proteí nas repressoras da tradução ligadas ao RNA ou pek>
no é repressí vel e atenuada
RNA antissentido que se liga ao RNAm de genes específicos .
O óperon triptofano (frp) é um óperon repressível que produz
cinco polipeptideos que participam da síntese do triptofano. 14.6 Os antiterminadores e repressores contro-
II A transcrição do óperon frp é inibida por um mecanismo de lam a infecção por fago lambda da E. coli
feedback envolvendo o triptofano como um correpressor .
A expressão do gene do óperon frp é atenuada para man- Os genes precoces do genoma do bacteriófago X produ-
ter a concentração celular do triptofano em estado perma- zem proteí nas que competem para se ligar á mesma região
nente. Vários óperons de aminoáddos são regulados por .
regulatória A proteína que prevalece determina se a infec-
um mecanismo de atenuação. ção por fago vai seguir o ciclo litico ou o ciclo lisogénico.
A região trpL (líder) contém uma sequência atenuadora de A passagem pelo ciclo lírico requerem a expressão dos
quatro repetições de DNA que formam uma das duas has- genes tardios do fago X.
tes em alça de RNAm alternativas . I A integração e manutenção do lisógeno requer a expres-
A haste em alça 2- 3 (antitenminação) formada pelo RNAm são permanente da proteína repressora X, que regula sua
permite a transcrição de cinco genes estruturais do óperon própria transcrição .
frp em um RNAm policistrònko. A integração do lisógeno é revertida pelas mudanças am-
A haste em alça 3-4 (terminação) do RNAm termina a trans - bientais que levam à indução e retomada do ciclo litico .
crição antes que a RNA polimerase se ligue aos genes es-
truturais do óperon .
T E R M O S- C H A V E
.
Ação ds (p 468 ) Gene lacA (gene tacY , gene tocZ) (p 463) . óperon repressível (p. 475)
Ação trans (p 469) . Genes precoces ( sequências operadoras Proteína atrvadora (p. 461 )
Alça de DNA (p 473 ) . precoces, sequências promotoras .
Proteína repressora (p 460)
Alolactose (p. 463 ) precoces) (p. 483, 484) Proteína repressora da tradução (p. 482 )
Atenuação ( região atenuadora) (p. 475) Genes tardios (sequências operadoras Região líder { trpL ) (p. 475)
-
Cis dominante (p. 468) tardias, sequências promotoras tar-
dias) (p. 484, 486)
Repressão por catabólito (p. 465 )
Complexo indutor repressor (p. 465) Repressora simultânea (p. 46 J )
Composto efetor alost érico (p. 461) Haste em alça [3 -4 (terminação), 2-3 (an - RNA antissentido (p. 482 )
Controle negativo (da transcrição)
titerminação}) (p 477). RNAm policrstrônico (p. 463 )
(p. 460) Indução (p. 487)
Sítio de ligação à CAP (complexo CAP-
Controle positivo ( da transcrição) Indutor (p. 46 F ) cAMP) (p. 465 )
.
(p 460) Inibidor (p.461) Sítio de ligação da ativadora (p. 467 )
.
Domínio alostérico (alosteria) ( p 461 ) -
Motivo hélke volta- hélice (HTH) (p. 462 ) Transcrição constitutiva (mutados cons
.
Domínio de ligação ao DNA [ p 461 ) Não induzível (p. 469) titutrvos) (p. 460, 467 )
.
Extremidades coesivas ( cos) (p 483) Operadores (p. 460) Transcrição regulada (p. 460)
Fator sigma (o) alternativo (p. 480) óperon [lactose ( lac ), triptofano ( frp),
Fenótipo lac* (p. 463 ) arabinose (ara )) (p. 462.463, 475)
Fenótlpo lac (p. 463) óperon induzível (p 463) .
PROBLEMAS
Para obter as respostas dos problemas pares .
ver o Apêndice: Respostas.
Conceitos do capítulo
1. Frequentemente, os genomas bacterianos contém gru - Identifique os componentes regulatórios que você es-
pos de genes organizados em óperons. Qual é a van pera encontrar em um óperon. Como os genes expressos
tagem biológica dos óperons em relação à s bactérias ? de um óperon costumam estar dispostos?
490 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
2. A regulação transcricional da expressão genica do ópe- 7. A região trpL contém quatro sequências de DNA repeti-
ron envolve a interação das moléculas umas com as das que levam à formação de estruturas haste em alça no
outras e das moléculas regulatórias com segmentos de RNAm. Quais são essas estruturas haste em alça e como elas
.
DNA Nesse contexto, defina e forneça um exemplo de afetam a transcrição dos genes estruturais do óperon frp?
cada um dos seguintes itens:
8. O sítio de ligação à CAP no promotor loc é o local de
.
a Sequência operadora regulação positiva da expressáo génica para o óperon.
.
b Sequência repressora Identifique o que se liga a esse sitio para produzir regu-
c. Indutor lação positiva, em que circunstâncias a ligação ocorre e
.
d Correpressor como a ligação exerce um efeito positivo.
.
e Sequência promotora
f. Regulação positiva 9. Qual papel a cAMP desempenha na transcrição dos
g. Aiosteria genes do óperon locl Qual papel a CAP desempenha na
.
h Regulação negativa transcrição dos genes do óperon lacl
.
i Atenuação
10. Como uma mutação cap que produz uma proteí na CAP
3. Por que é essencial que as células bacterianas se>am ca- inativa afetaria o controle transcricional do óperon locl
pazes de regular a expressão de seus genes? Quais são as
vantagens energéticas e evolutivas da expressão genica
11. Explique as circunstâncias em que a atenuação da ex -
regulada? A expressáo de todos os genes bacterlanos está pressão gênica do óperon é vantajosa para um orga-
sujeita à expressão regulada? Compare e diferencie a ex- nismo bacteriano. Você preveria que a atenuação fosse
pressão gê mea regulada e a expressão gênica constitutiva. encontrada em um euearloto unicelular? E em um euca-
ríoto pluricelular ?
4. Identlflque as semelhanças e diferenças entre um óperon
induzivel e um óperon repressivel em termos 12. Descreva como a proteína araC age como reguladora po-
sitiva e como reguladora negativa da transcrição do ópe-
.
a das sequências de DNA reguladoras da transcrição
ron ara (arabinose).
tx da presença e ação das moléculas regulatórias alostérícas
c da organização dos genes estruturais do óperon 13. Descreva os ciclos de vida lítico e lisogénico do bacte-
riófaqo X. Quais papéis a repressora X e a proteína cro
5. A transcrição da betagalactosidase e da permease é in-
desempenham no controle da transcrição de Pxe PMe
duzível nas bactérias lac* com um óperon lac do tipo sel-
vagem. Explique o mecanismo pelo qual a lactose ganha como esses papéis estão ligados à lise e á lisogenia ?
.
acesso à célula para induzir a transcrição dos genes 14. Defina RNA antissentido e descreva como ele afeta a tra -
6. A atenuação é o produto de um efeito alostérico? A ate- .
dução de um RNAm complementar Por que é mais van-
nuação é o resultado de uma atividade de transcrição ou tajoso para o organismo parar a iniciação da tradução
de tradução? Explique suas respostas. em vez de inativar ou destruir o produto gènico após ele
ser produzido?
Aplicação e integração
15. A atenuação da transcrição do óperon np é controlada c. Mutação do gene locl que afeta o sitio alostérico da
pela formação de estruturas haste em alça no RNAm. A proteína
função de atenuação pode ser perturbada por mutações d. Mutação do gene locl que afeta o sí tio de ligação ao
que alteram a sequência das regiões de DNA repetidas 1 DNA da proteína
e 4 e impedem a formação das haste em alça de RNAm. e. Mutação do sítio de ligação à CAP da promotora loc
Descreva os prováveis efeitos sobre a atenuação de cada 17. Identifique quais dos seguintes genótipos haploides do
uma das seguintes mutações nas condições especificadas. óperon lac transcrevem genes do óperon de modo indu-
zfvel e quais transcrevem genes de modo constitutivo,
Região alterada (por mutação) Nível de triptofano indique se a cepa é /oc* ( capaz de crescer em um meio
a. Região 1 Baixo contendo apenas lactose) ou lac (não consegue crescer
b. Região 1 Alto em um meio contendo lactose),
c. Região 2 Baixo a rro z r -
b. r r a z- r
d. Região 2 Alto
e. Região 3 Baixo
.
c r P* o* r r
d.rp crrY*
f. Região 3 Alto -
e. r p o z- r
g. Região 4 Baixo .
f rraz Y- -
h. Região 4 Alto g. r p a z r-
18. Complete a tabela a seguir, indicando se a betagalactosi-
16. No óperon lac, quais são os prováveis efeitos sobre a dase e a permease funcionalmente ativas são produzidas
transcrição gênica do óperon exercidos pelas mutações .
na presença ou ausência de glicose Use V para indicar a
identificadas a seguir? presença de uma enzima funcional e "-" para indicar sua
a. Mutação da sequência de consenso promotora lac. ausência. Indique se a cepa diploide parcial é lac (capaz
b. Mutação do sítio de ligação á repressora na sequência de crescer em um meio contendo apenas lactose) ou lac
operadora (não consegue crescer em um meio contendo lactose).
Ca pitulo 14 Regulação da expressão gênlca nas bactéf ias e bacteriófagos 491
19. Faça uma lista dos possíveis genótipos de óperon l a c que Cruzamento Transcrição e crescimento
possuem as seguintes caracter ísticas fenotipicas:
AxB lar , induzível
a. Os genes do óperon são transcritos constitutiva-
mente, mas a cepa é incapaz de crescer em um meio A xC lar, induzível
.
contendo lactose Apresente dois genótipos possíveis A xD lac , constitutiva
para esse fenótipo.
.
b Os genes do óperon nunca sào transcritos acima de BxC lar , induzível
um nível basal e a cepa é incapaz de crescer em um BxD lac*, constitutiva
meio contendo lactose. Apresente dois genótipos pos
CxD lar , induzível
síveis para esse fenótipo.
.
c Os genes do óperon sào transcritos de modo induzí-
Use essas informações para identificar qual gene do
vel, mas a cepa é incapaz de crescer em um melo con - óperon lac sofre mutação em cada cepa.
tendo lactose. Apresente um genótipo possível para
esse fenótipo. 22. Suponha que o diploide parcial de óperon lac cap~ t P
d. Os genes do óperon são transcritos constitutivamente O* Z YWcap t F O Z' Y seja cultivado.
e a cepa cresce em um meio contendo lactose. Apre-
a. Essa cepa diploide parcial vai crescer em um melo con-
sente dois genótipos possíveis para esse fenótipo.
tendo lactose?
20. Suponha que cada um dos genótipos que você apresen- b. A transcrição da betagalactosidase e da permease é in-
tou nas partes (a) e (b) no Problema 19 sejam colocados duzível, constitutiva ou não induzível?
em um genótipo diplokJe parcial com um cromossomo c. Explique como a complementação genética contribui
que tenha um óperon l a c do tipo selvagem. para o h ábito de crescimento dessa cepa.
.
a A transcrição dos genes do óperon em cada diploide 23. Um óperon bacteriano induzível, similar ao óperon lac,
parcial ser á induzível ou constitutiva ?
b. Quais diploides parciais conseguirão crescer em um
contém três genes —R, T e S —
que est ão envolvidos
na regulação coordenada da transcrição. Um desses
meio contendo lactose? genes é uma região operadora, um é uma proteína re-
21. Quatro mutados l a r independentes (mutados A a 0} são gulat ória e o terceiro produz uma enzima estrutural.
.
isolados em cepas diploides de £ coti As cepas têm as se- Na tabela a seguir, *+" indica que a enzima estrutural é
guintes características fenotípicas: sintetizada e indica que ela não é produzida. Use
as informações fornecidas para determinar qual gene
O mutado A é lac , mas a transcrição dos genes do é o operador, qual produz a proteína regulatòria e qual
óperon é induzida por lactose . produz a enzima.
O mutado B é lac e tem transcrição induzível dos genes
do óperon . Genótipo Síntese da enzima com ...
O mutado C é lar e tem transcrição constitutiva dos Indutor presente Indutor ausente
genes do óperon.
*?• ST +
0 mutado D é lac’ e tem transcrição constitutiva dos ff ST
genes do óperon.
ff *ST +
Um microbiólogo desenvolve variedades doadoras e re-
ff* ST f
ceptoras de cada cepa mutada e realiza seu cruzamento,
.
obtendo os resultados a seguir A tabela indica se ocorre ff - s- r/ff* s- r + +
transcrição induzível, constitutiva ou não induzível, com ff *Sf /ff - ST + f
o hábito de crescimento de lac 4 e lac de cada diploide
parcial. Suponha que cada cepa tenha uma única muta- ff* S4 T~ /R~ S T
"
+
ção.
492 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
.
24. Um sistema óperon repressfvel como o óperon trp, con- 28. De que modo as mutações que inativam cada um dos
tém très genes, G, Ze IV Os genes do óperon são sinteti- seguintes genes afetam a determinação do ciclo de vida
zados quando o produto final da via de síntese do ópe- lítko ou lisogénico nas cepas mutadas de fago X ? Justifi-
ron está ausente, mas náo há síntese quando o produto que suas respostas.
.
final está presente Um desses genes é uma sequência a. cl
operadora, um é uma proteína reguladora e o outro é .
b dl
uma enzima estrutural envolvida na síntese do produto c cro
.
final Na tabela a seguir, *V indica que a enzima é sinte- d.íní
tizada pelo óperon e significa que náo ocorre síntese .
e cll e cro
.
enzimátíca Use essas informações para determinar qual .
f N
gene corresponde a cada função do óperon . .
29 A sequência de inserção bacteriana tSIO usa RNA antis-
sentido para regular a tradução do RNAm que produz a
Genótipo t ca
Síntese enzimáí
enzima transposase, necessária para a transposição da
Com o produto Com o produto .
sequência de inserção A transcrição do gene RNA an-
final presente final ausente tissentido é controlada por P que é mais de 10 vezes
^
mais eficiente na transcrição do que a região promotora
G’ Z' IV* +
G' Z* IV* + + Pn que controla a transcrição do gene transposase.
a. Se uma mutação reduzir a eficiência transcricional de
G* Z W* de modo a igualá -la à de P qual é o provável
^
G+ Z* W + f efeito sobre a transposição da IS Í01
b. Se uma mutação de Pw eliminar sua capacidade de
G Z* IV7G* Z W
'
•f
funcionar na transcrição, qual é o provável efeito sobre
G* Z~ W* tG~ Z* IV "
+ a transposição da 15 / 0?
G Z IV7G* Z* IV •f 30. A análise de northern blotting é realizada em RNAm ce-
G* Z* W7G Zr VV*
' lular isolado da E. coll . A sonda utilizada na análise de
northern blotting hibrida com uma parte da sequência
25. Qual é o provável efeito das seguintes mutações da re- .
lacY A seguir vemos um exemplo de autorradiografia da
gião trpL sobre o controle da atenuação da transcrição análise de northern blotting de uma cepa bacteriana toc *
génica do óperon trpl Explique sua lógica. .
do tipo selvagem Nesse gel, a linha 1 é de bactérias cul-
tivadas em um meio de cultura contendo glicose (meio
a. A região 3 é deletada.
b. A região 4 é deletada.
.
mínimo) A linha 2 é de bactérias em um meio de cultura
contendo apenas lactose. Seguindo o estilo desse dia-
c A região trpL inteira é deletada.
d. O códon de início (AUG) do polipeptídeo trpL é dele- .
grama desenhe o aspecto da autorradiografia para os
tado.
northern blotting das bactérias apresentadas a seguir .
Em cada caso, a linha 1 é de RNAm isolado após o cres -
e. Dois nudeotídeos são inseridos na região trpL imedia-
cimento em um meio de cultura contendo glicose (mí-
tamente após o códon de parada do polipeptídeo.
nimo) e a linha 2 é de RNAm isolado após o crescimento
f. Vinte nudeotídeos são inseridos na região trpL imedia-
em um meio contendo apenas lactose.
tamente após o códon de parada do polipeptídeo.
g. Dez nudeot ídeos são inseridos entre as regiões 2 e 3 Pista
da trpL,
1 2
h. Dois nudeotídeos são inseridos imediatamente após o
códon de início do polipeptídeo.
í. A sequência codificadora inteira do polipeptídeo da
trpL é deletada.
j. Os oito nudeotídeos uracila imediatamente após a re-
gião 4 sáo deletados.
26. Se as mutações de cada região apresentada a seguir im-
pedem a ligação da proteina araC, de que modo será afe- Autorradiografia
tada a regulação transcricional do óperon arai do northern
a. arai blotting
b. araO,
c. araO , a. Bactérias laC com genótipo t* P* & Z* Y*
d. araO , e araO) b. Bactérias lac com genótipo !' P* O* ZY*
. .
27 Duas mutações diferentes afetam Pu 0 mutado 1 dimi- c Bactérias lac com genótipo I’ P CFZ* Y'
d. Bactérias lac* com genótipo t P* CF Z* Y*
nui a transcrição da região promotora para 10% do nor - e. Bactérias lac com genótipo f P 0‘ Z Y\ que é uma
mal. O mutado 2 aumenta a transcrição da região pro-
motora para dez vezes mais que o tipo selvagem. De que mutação polar que afeta o gene lacZ
modo cada mutação vai afetar a determinação do ciclo f Bactérias lac com genótipo 1' P* O ZrY -
.
de vida litico ou lisogénico nas cepas mutadas de fago X? g. Bactérias lac com genótipo V P* 0' Z* Y* e uma muta-
Justifique suas respostas. ção que impede a ligaçào do complexo CAP- cAMP ao
sítio CAP
Ca pitulo 14 Regulação da expressão gênlca nas bactéf ias e bacteriófagos 493
31. O gel eletroforético exibido a seguir na parte (a) é da aná- 32. Para os diploides parciais de óperon lac a seguir, deter -
lise da impressão digital por DNase I da região de con- mine se a sintese do RNAm UscZ é 'constitutiva", "induzí-
trole de transcrição de um óperon. A análise da sequên- vel" ou "não induzrvel" e indique se o merodiploide é lac*
cia de DNA de uma região de 35 pb é exibida na parte (b) . ou lar ( capaz ou não de utilizar a lactose).
A região de controle, chamada l 2 P em uma extíemidade,
é exibida em um mapa na parte (c). Amostras diferentes Genótipo Sintese do Fenótipo lac
do DNA da região de controle são expostas ã DNAse I e o RNAm lacZ
DNA resultante digerido pela DNase I é colocado em pis-
tas diferentes do gel eletroforético. 0 DNA desprotegido
a. I P* 0' Z* Y' / r F O* ? Y*
b. t P & Z+ Y+l t F & Z Y*
est á na linha 1, o DNA protegido pela proteína repressora
na linha 2 e o DNA protegido por RNA polimerase na
.
pista 3 Os números ao longo do gel eletroforético cor -
--
c r p- o+ r r / i p c t r r
d. r P' 0' Z- r / r r c r z' Y'
respondem à sequência de 35 pb rotulada no mapa na
.
parte (c) Use as informações fornecidas para soluek>nar
e. r r c r r r / r r c r z t Y -
os problemas a seguir. .
33 Os seguintes genótipos hipotéticos têm os genes A, B e C
a. Determine a sequência de DNA da região de 35 pb .
correspondentes a locl, lacO e ktcZ mas não necessária
examinada. mente nessa ordem. Os dados na tabela indicam se a be-
b. Localize as regiões da sequência protegida pela proteí- tagalactosidase é produzida na presença ou na ausência
na repressora e pela RNA polimerase. do indutor de cada genótipo. Use esses dados para iden-
tificar a correspondência entre A, e C e os genes tad,
(a) Tratamento fase I (b) Sequenciamento do DNA
lacO e lacZ. Explique sua lógica cuidadosamente para
identificar cada gene.
20
10 -
5 -
1-
(c)
1 35
Capítulo Regulação da expressão gênica
nos eucariotos
APRESENTAÇÃO
15.1 As sequências cls-regulatórias ligam as proteínas
trans-regulatórias para controlar a transcrição
eucariótica
15.2 A remodelação da cromatina regula a transcrição
eucariótica
15.3 Mecanismos mediados pelo RNA controlam a
expressão gênica
eucarióticas. A localização nuclear sequestra os cromos- eucariotos seguem um esquema familiar ao dos processos
somos e encapsula a repllcação do DNA. a transcrição e bacterianos. As proteínas ativadoras se ligam a sequên
cias regulatórias para estimular a transcrição ( regulação
-
as vá rias atividades de processamento do RNA. Uma se-
positiva da transcrição) e as proteínas repressoras se ligam
gunda diferença é a incorporação do DNA em cromatina. a outras sequências para impedir a transcrição ( regula -
O processo de condensação da cromatina começa .
ção negativa da transcrição) No entanto, ao contrário de
com a prófase e culmina em cromossomos totalmente suas contrapartes bacterianas, as sequ ências ativadoras e
condensados na metáfase. Essa etapa é uma predecesso- repressoras da transcrição eucariótica se encontram em
grandes complexos compostos de centenas de proteínas
ra essencial da separação eficiente dos cromossomos na regulatórias diferentes que se ligam a uma ampla e diversa
anáfase. A condensação da cromatina também desempe-
nha um papel fundamental, permitindo ou impedindo a
gama de sequências regulatórias. Essas proteínas se jun
tam em combí naçóes diversas, que ativam ou reprimem a
-
transcrição. Nenhuma célula em seu corpo expressa to- transcrição de diferentes padrões de genes em diferentes
tecidos e em diferentes momentos do cicio de vida.
dos os 22 mil genes do genoma humano. Em vez disso, a
maioria dos tipos celulares humanos expressa apenas al- Motivos estruturais das proteínas de
guns milhares de genes, enquanto os outros são silencio- ligação ao DNA
sos na transcrição. Nas últimas décadas, os biólogos ce-
Centenas de proteínas de ligação ao DNA regulató-
lulares que estudam a ligação íntima entre as mudanças rias foram identificadas nos eucariotos. Essas proteínas
estruturais na cromatina e a transcrição dos genes euca- são as fontes primárias de expressão gênica regulada
rióticos tiveram êxito em revelar muitos detalhes cruciais. nos eucariotos. Essas proteínas são categorizadas com
Os processos que regulam a expressão génica
base em sua estrutura , chamada motivo ( motif ) estrutu
ral da proteí na, e existem muitos motivos estruturais
-
nos eucariotos ( ver Capítulos 8 e 9) são mais variados .
diferentes Os elementos mais comuns dos motivos es -
e multifacetados que os que governam a expressão truturais sã o as alfa - hélices e outras estruturas protei-
gênica nos genomas bacterianos (Figura is.l ). Neste cas secundá rias, que formam os domí nios funcionais
capítulo, concentramo-nos em cinco outros elementos das proteínas regulató rias. Certos dom ínios funcionais
permitem que as proteínas identifiquem e se liguem a
centrais para a regulação da transcrição e da expressão
sequências de DNA regulatórias específicas no sulco
gênica nos eucariotos: ( 1) sequências regulatórias, maior ou no sulco menor do DNA. Esses dom í nios de
diferentes das sequências promotoras, que contribuem ligação ao DNA geralmente consistem em algumas
para a regulação da transcrição; ( 2) mecanismos que dezenas de am í noácídos, dentre os quais vá rios fazem
remodelam a cromatina ou reconfiguram a associa ção
contato direto ou interagem com pares de bases nucleo -
tídicas nas sequ ências regulat órias. Os aminoácidos nos
entre nucleossomos e DNA para regular a transcrição; domí nios funcionais das proteínas regulatórias também
( 3) mecanismos epigenéticos que exercem controle são capazes de reconhecer sequências de DNA especí -
regulatórlo transcrlclonal nas linhagens celulares em ficas por meio de interações com conjuntos únicos de
á tomos de nitrogénio, oxigénio e hidrogénio que se
longo prazo; (4 ) a transmissão dos estados epigenéticos
estendem de cada par de bases. As interações dos dois
de uma geração de células para outra a fim de exercitar motivos estruturais comuns com o DNA regulalório
o controle em longo prazo da expressão gênica diferen- .
são exibidas na Figura 15.2 As características desses e
cial e (5) mecanismos baseados em RNA que atuam após de outros motivos comuns são descritas na Tabela 15.1 .
a transcrição para regular a disponibilidade de RNAm
maduro para a tradução e, portanto, a capacidade para
Interações regulatórias transcricionals
produzir polipeptídeos. Três conjuntos de sequências de DNA regulatórias
estão normalmente envolvidos na regulação da transcri -
15.1 As sequências cis-regulatórias ção eucariótica de genes específicos. O primeiro conjunto
de sequências regulatórias é a região promotora central,
ligam as proteínas trans- contendo a TATA box e outras sequências; ela é imedia -
-regulatórias para controlar a tamente adjacente ao início da transcrição e é a sequência
transcrição eucariótica á qual a RNA polimerase II e seus fatores de transcrição
.
associados se ligam (Figura 153) A montante da sequência
Apesar das consideráveis diferenças entre eucariotos promotora central há vá rias elementos prwdmais, que são
e bactérias, os mecanismos básicos que controlam a trans- o segundo conjunto de sequências regulatórias. Essas se-
crição são similares, em um sentido amplo, em ambos os quências se ligam às proteínas regulat órias e são essenciais
grupos de organismos. As interações DNA - proteína nos para o reconhecimento da sequência promotora e eventual
496 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
c. Regulação da estabilidade da
proteína
Figura 15.2 Motivos estruturais (a ) Motivo ziper de leudna (b) Motivo hélice -torção-hélice
e ligação ao DNA. (a ) As alfa-
-hélices das proteí nas ziper de
leucina dimérica se ligam ao DNA
regulatório. (b) As proteínas hélice-
Hélice
-torçâo-hélice usam uma alfa -hélice
de cada polipeptídeo para se ligar
ao DNA regulatório.
- Resíduos de leudna
(vermelho) unem Alça
as alfa-hélices. Hélke
i
Sulco maior Sulco maior
Cap ítulo 15 Regulado da expressão g énica nos eucariotos 497
Tabela 15.1 Motivos estruturais comuns das proteínas reguiatórias de ligação ao DNA eucariótico
Z í per de leucina .
Duas alfa-hélices, uma contendo vá rios aminoácidos leucina em cada polipept ídeo. Dois polí peptideos
formam uma proteína dimé rica funcional. As alfa -hé lices contendo leucina estão de frente uma para a
-
outra e se penetram, formando o *zfper* e a outra alfa hélice de cada polipept ídeo se liga ao DNA.
Homeodom ínio Trés alfa-hélices se formam em polipept ídeos funcionais individuais e a hé lice mais longa interage com
as sequências de DNA reguiatórias.
Dedo de zinco Alças projetadas ou “dedos* contendo cerca de 24 aminoá cidos cada uma contém uma molécula
central de zinco ligada a dois aminoá cidos cisteina e dois aminoácidos histidina. Dois ou trés dedos de
zinco se formam em cada polipeptídeo e cada dedo interage com o DNA regulatório.
transcrição. Em distâncias maiores da sequência promo- A RNA polimerase II ( Pol II ) e vários fatores de
tora central encontram-se as sequências enhancers , o ter- transcrição gerais (GTFs) são atraídos para a sequê n -
ceiro conjunto de sequências reguiatórias, que se ligam às cia promotora central e a ela se ligam (ver .Seçã o 8.3).
proteínas reguiatórias e interagem com as proteínas liga - As prote ínas ativadoras da transcrição ou as proteínas
das a outros segmentos promotores. Ao contrário dos ele- repressoras da transcrição se ligam aos elementos pro -
mentos de sequência promotora centrais e proximais, que motores e enhancers proximais. Todas essas prote ínas
invariavelmente estão situados a montante e próximos dos sã o proteínas reguiat órias de a çã o trans: elas conse-
genes que regulam, as sequências enhancers podem estar a guem identificar e se ligar a sequ ências- alvo reguiató-
montante ou a jusante, algumas vezes sendo encontradas .
rias em qualquer cromossomo A RNA polimerase II,
dentro dos genes. Além disso, embora algumas sequências por exemplo, consegue se ligar a qualquer região pro -
enhancers estejam perto dos genes que regulam, outras motora central se os fatores de transcrição geral corre -
-
estão bem distantes de seus genes alvo; algumas estão a tos também estiverem presentes. De modo similar, as
proteínas ativadoras e repressoras da transcrição con -
uma distância de milhares a dezenas de milhares de nudeo-
tídeos dos genes que regulam. -
seguem se ligar a qualquer sequência alvo regulatória
Todas as três regiões reguiatórias contêm sequências e podem influenciar a transcriçã o com igual eficiê ncia,
.
reguiatórias de açâo ds significando que elas regulam a independentemente de onde a sequência ocorrer.
Além das proteínas reguiat órias que se ligam às
transcrição de genes situados no mesmo cromossomo em
que se situam as sequências. Os elementos reguiatórias de sequéndas de DNA reguiat órias, muitas outras proteí-
ação cís sào capazes de regular apenas a transcrição dos nas també m se associam com regiões reguiatórias do
genes no mesmo cromossomo e n ão influendam a trans- -
DNA por meio de interações proteí na prote í na que for-
crição dos genes nos outros cromossomos. mam complexos maiores. Nas sequências promotoras,
por exemplo, a agregação de várias proteínas, algumas
sequéndas enhancers de ligação e as outras se ligando
Proteí nas a outras proteí nas formam um complexo proteico
reguiatórias
grande, conhecido como acentuassomo. Os acentuas -
somos controlam o dobramento do DNA em alças que
colocam o acentuassomo em contato com a RNA poli
merase e os fatores de transcrição ligados na sequê ncia
-
promotora central ou com os complexos proteicos li-
JSdaítiotranscri
de inicio
ção gados aos elementos promotores proximais ( ver Figura
enhancer / \Elemento TATA
próximaI box
\ 8.12). As alças de DNA podem ser pequenas ou grandes,
Promotora
-
observando se que os acentuassomos podem estar pró -
central ximos ou bem distantes dos genes que regulam.
Em um sentido amplo, a atividade enhancer controla
o momento e a localiza ção da transcrição gênica eucarió-
tica para ajudar a garantir a função e o desenvolvimento
Figura 15.3 Interações reguiatórias na transcrição
adequados dos organismos ( por exemplo, disponibili
zando polipeptídeos específicos em momentos cruciais).
-
eucariótica. A proteína de ligação á TATA (TBP), outros
fatores de transcrição gerais (GTFs) e a RNA polimerase II ( Pol Muitas vezes, os genes cuja transcrição é controlada de
-
II ) ligam se à sequência promotora central. Outras proteí nas
reguiatórias ligam-se è sequê ncia promotora proximal e à s
modo dependente do tempo produzem polipeptídeos
necessários para determinados processos metabólicos ou
regiões enhancers, interagindo com os nudeossomos para processos de desenvolvimento. As sequê ncias enhancers
ativar a transcrição. também controlam a expressão dos genes em tecidos ou
498 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
tipos celulares específicos, produzindo padrões de pro - a an álise identifica as possíveis sequências enhancers.
dução de polipeptídeos específicos para o tecido. Depois, são identificadas as sequências conservadas
que se ligam a proteínas regulat órias. Curiosamente,
Observa çã o gen é tica As proteí nas regulatórias de as compara ções das sequências conservadas em termos
açáo trans sc ligam a sequências regulatórias de açáo os para evolutivos nos genomas do camundongo e do homem
controlar a transcrição eucartótica . constatam que menos da metade das sequências
conservadas se liga a proteí nas. Sugere -se que essas
sequências conservadas que nã o se ligam a proteí nas
possam ter sua diversifica ção restrita pela necessidade
Conservação da sequência enhancer
Apesar da diversidade das combinações por meio das
de serem reconhecidas de modo eficiente pelas proteí
nas regulatórias. Partindo dessa perspectiva , a evolução
-
quais as sequências e proteínas regulatórias controlam da sequência enhancer poderia ser desacelerada pela
a transcrição nos eucariotos, os cientistas identificaram necessidade de que as sequê ncias sejam reconhecidas
muitas informações ú teis sobre esses componentes regu - pelas proteínas regulató rias.
latórios. Por exemplo, estudos da composição das sequên
cias enhancers no vírus eucariótico SV40 (vírus símio 40)
- Sequências ativadoras a montante
revelaram sequências modulares que desde então foram em leveduras
constatadas como similares às das sequências enhancers
de outros eucariotos. A sequência enhancer do SV40 con- A regulação da transcrição pelas sequências enhan -
siste em regiões adjacentes de sequências conservadas, si
tuadas a aproximadamente 200 pb a montante do ponto
- cers é bem compreendida na levedura Saccharomyce.s
cerevisiae, na qual a transcrição dos genes envolvidos
de início da transcrição dos genes regulados. Cada um dos na via de utilização da galactose, entre outras, é cui --
sete segmentos da sequência conservada se liga a proteí - dadosamente regulada por sequ ê ncias similares às en
.
hancers Quando o monossacar ídeo galactose é o único
nas regulatórias específicas ( Figura 15.4a ).
Comparações entre as espécies revelam a conser - açúcar no meio de cultura, as cepas gal da levedura *
vação da sequência de DNA nas promotoras. Isso im- vào induzir a transcrição de quatro genes produtores
plica que a seleção natural trabalha para reter a função de enzima , GAL1, GAL2, GAL7 e GAL10, que, juntos,
enhancer, ou seja, reter a capacidade de se ligar a proteí - importam a galactose extracelular ( GAL 2) e depois,
através de uma curta série de reações bioquímicas, de-
nas regulatórias específicas conservando a composição da
sequência. A Figura 15.4b mostra as sequ ências enhancers compõem a galactose intercelular em glicose-1- fosfato
do gene betainterferon em vários mamíferos; as abre- para a glicólise [ GAL1 , GAL7 e GAL10; Figura 15.5).
viações representam as proteínas de ligação à enhancer, Cada um dos quatro genes tem sua própria sequê ncia
ligaçào essa que se baseia em certas sequências. As espé - promotora , mas a transcrição dos genes é regulada por
outro gene, GAL4, que produz uma proteí na regulat ó-
cies apresentadas na figura compartilham um ancestral
comum a partir do qual as diferentes linhagens divergi- ria. A prote í na Gal4 é uma proteí na ativadora da trans-
ram aproximadamente 100 milhões de anos atrás. crição que se liga a um elemento similar à sequê ncia
A an á lise da sequência genômica aponta para a enhancer, chamado sequê ncia ativadora a montante
probabilidade de forte restrição evolutiva na diversifi - ( UAS) ( neste caso, designada UASJ, situada a mon -
cação da sequência enhancer. Nesses estudos, primeiro tante de cada um dos quatro genes GAL . A proteína
(a)
1 2 3 4 5 6 7
3 ' TTfiGT [ 5'
5‘ AACCAGCTGTGGAA GTC AGTTAG66 TCTGGA A A £TCCCCAfifiCTCCCCA 66CAGG f. A r 3
ÀÇ T A T £ £ AAA ÇÇ AT Q f A T Ç. T. A A T T A Ç T C. Afc Ç AA Ç .
-
GT II GT- I
TC-II
TC I - SpW-ll SpH-l P
Proteí na ligada
( b)
F i g u r a 15.4 Sequências enhancers e as proteínas regulatórias que a elas se ligam, ( a) A sequência enhancer do SV40
contém sete segmentos de sequência curtos, visados por proteínas regulatórias especificas, (b) A sequência enhancer do
betainterferon contém vá rias sequências (caixas coloridas ) conservadas entre as espécies mam íferas. As sequências destacadas
sáo cruciais para a liga ção de proteínas regulatórias espec íficas.
Cap ítulo 15 Regulado da expressão g ênica nos eucariotos 499
Galactose
extracelular
Galactose
intracelular
Galactose
fosfato
UDP-
-galactose
UDP-
-q li cose
Figura 15.5 Utiliza çã o da galactose na S. cerevisiae. A utilização da galactose exige a ação dos produtos de cada um dos
Glicose-1
-fosfato
*
— Glicólise
LCR
(b) Expressã o do desenvolvimento dos genes do
complexo betaglobina
100 Gy + Ay
3 «
3
2J 80 -
H ^-
£ 40
Proteínas RNA polimerase
3* 20- r£ 6
f Ay ativadoras
0 -
6 12 18 24 30 36 6 12 18 24 30 36 42 48
Sequência
promotora
Semanas de gesta ção Nascimento Semanas de idade 6 £ ** J Transcrição
F i gura 15.7 Controle do lócus e expressão do
desenvolvimento dos genes do complexo betaglobina
/
Gene betaglobina
Fatores de •
humano, (a ) A região de controle de lócus (LCR) do complexo transcrição
betaglobina humano contém quatro segmentos regulatórios
( HS1 a HS4). ( b ) A LCR regula a expressão de cinco genes F igura 15.8 Regiã o de controle de lócus do complexo
( 4$ é um pseudogene não expresso) em um padrão de betaglobina. Combinada com as proteínas regulatórias, que
desenvolvimento compatí vel com a idade gestadonal. variam de acordo com o est á gio de desenvolvimento, a LCR
forma alças de DNA que també m variam com o estágio de
desenvolvimento, permitindo que ela ative a transcrição de
vdvimento dos genes do complexo betaglobina à medida genes específicos do complexo.
que um feto se desenvolve durante a gestação. A LCR e
os seis genes que ela regula ocupam pouco mais de 70 kb.
Cada gene do complexo betaglobina produz um po- Proteínas repressoras e
li peptídeo globina diferente que confere à hemoglobina sequências silenciadoras
uma capacidade de transporte de oxigénio diferente. Du
rante a gestação, as necessidades de oxigénio do feto em
- Um modo comum pelo qual as proteínas repres-
soras inibem a transcrição nas bactérias é se ligar às se
desenvolvimento mudam à medida que ele cresce e seus quências operadoras que se sobrepõem às sequências
órgãos se desenvolvem. Com o avan ço da gestação, a promotoras, bloqueando a ligação da RNA polimerase
transcrição dos genes do complexo betaglobina muda de ( ver Capítulo 14). Nos eucariotos, esse mecanismo de ini-
um para outro a fim de produzir moléculas de hemoglo- bição da transcrição não é observado. Em vez disso, as
bina que tenham a capacidade de transporte de oxigénio sequências repressoras eucarióticas inibem a transcrição
exigida pelo feto em desenvolvimento. A ordem de ex- por meio de outros mecanismos. Um desses mecanismos
pressão dos genes do complexo betaglobina corresponde é a ligaçã o das sequências repressoras eucarióticas às se-
à ordem em que eles ocorrem no cromossomo. A igura quências silenciadoras, que são sequências regulatórias
15.7 b mostra o perfil de expressão desses genes durante de ação cis que bloqueiam a transcrição evitando direta -
o desenvolvimento. Os componentes HS1 a HS4 da LCR mente a transcrição mediada pela sequência enhancer.
do complexo betaglobina ligam -se a proteínas regula - Os genes de utilização da galactose na levedura ofe-
tórias que controlam a formação de pequenas alças de
DNA , que servem como uma ponte para as sequências
recem um exemplo desse mecanismo direto de repres
são da transcrição. Quando a glicose está presente no
-
promotoras dos genes do complexo betaglobina ( Figura meio de cultura da levedura, a prote í na Migl é produ -
15.8). A composição dos acentuassomos ligados à LCR zida. A Migl se liga a uma sequ ência silenciadora loca -
varia durante o desenvolvimento para variar também as lizada entre a UASG e a sequê ncia promotora do GAL1
alças resultantes e, assim, produzir o padr ão regulado no ( Figura 15.9). Por sua vez, a Migl atrai a prote í na Tupi e,
desenvolvimento da expressão génica do complexo be-
taglobina. Uma LCR similar conduz a transcrição de um Repressão da
n ú mero menor de genes no complexo alfaglobí na. Tupi transcrição
GALt
contendo proteí nas regulatórias; por sua vez, elas interagem
com sequências promotoras gén ícas específicas para contro F igu ra 15.9 Repressã o da transcrição do gene GAL1
lar a transcrição. .
da levedura As prote í nas Migl e T u p i ligam se ao sítio
da Migl para reprimir a transcrição quando a glicose est á
dispon ível no meio de cultura.
Cap ítulo 15 Regulado da expressão g énica nos eucariotos 501
ir? '
vedura , as enhancers e silenciadoras estão situadas re
lativamente perto dos genes que regulam. A LCR do
-
complexo betaglobina nos seres humanos também
está muito próxima dos genes que regula. No entanto, 1 Gene SHH
Sequência Sequénda
muitas vezes a distâ ncia entre uma sequê ncia enhancer enhancer cerebral enhancer
ou silenciadora e os genes que ela regula é grande. Um do membro
exemplo é fornecido pelo gene SHH { Sonic hedgehog ) , Figura 15.10 Açã o enhancer específica para o tecido.
que nos seres humanos e em outros mam íferos controla ( a ) A sequência enhancer espec ífica parao cérebro se liga
o desenvolvimento dos membros e, em sua forma do a fatores de transcrição específicos para o cé rebro e ativa a
tipo selvagem, produz cinco dedos ( de m ãos e pés) em transcrição do SHH nas células cerebrais, ( b ) Uma sequ ê ncia
cada apêndice. O SHH é expresso de um modo especí - enhancer diferente especifica para o membro se liga a fatores
fico para o tecido nos membros, sob o controle de uma de transcrição diferentes espec íficos para o membro a fim de
sequê ncia enhancer com 1 milhão de pares de bases (1 expressar o SHH de modo diferente nas células dos membros .
megabase) de distâ ncia do gene. A an á lise do sequen -
ciamento genômico revela que, na realidade, a enhancer de transcrição específico para o tecido ou para o estágio de
do SHH está situada em um íntron de um gene vizinho. desenvolvimento. Os complexos proteicos montados nas
Um modelo geral para a regulação da transcrição sequências regulatórias controlam determinados padrões
eucariótica precisa retratar a ação caracteristica das se- de expressão ativando a transcrição de certos genes, ao
quências enhancers e silenciadoras, levando em conta, mesmo tempo bloqueando a transcrição de outros genes.
ao mesmo tempo, a variabilidade dos locais e seus pa - Os polipeptídeos que acabam sendo produzidos em cada
drões de regulação específicos para o tecido. O modelo célula ou em cada estágio do desenvolvimento conduzem
retratado na Figura 15.10, para o SHH , mostra duas os processos que tomam as células características e levam
sequências enhancers que controlam a transcrição do às mudanças de desenvolvimento observadas.
mesmo gene de um modo específico para o tecido. Nesse
exemplo, o gene SHH aparece expresso no cérebro e nos Sequências isolantes
membros. A transcrição nesses tecidos é controlada por
diferentes proteínas regulatórias e fatores de transcrição -
Considerando se que as sequências enhancers podem
produzidos em cada tipo de célula. Uma combinação de estar situadas bem longe dos genes que regulam, quais
proteínas regulató rias se liga a uma sequência enhancer mecanismos controlam a açào enhancer para o gene pre-
nas células cerebrais, mas uma combina çã o diferente de tendido e longe dos genes mais próximos que não são re
gulados pela mesma sequência enhancer? A resposta se
-
proteínas regulató rias se liga a uma sequência enhancer
alternativa nas células dos membros. As diferentes pro- encontra nas sequências isolantes, que são sequências de
teínas regulatórias presentes nos diferentes tipos de ação cis situadas entre as sequências enhancers e promoto -
células levam a padrões de expressã o do gene-alvo, es- ras dos genes que devem ser Isolados dos efeitos da sequ-
pecíficos para o tecido, produzindo um polipeptídeo ência enhancer. As sequências isolantes são sequências de
diferente em cada caso. Modelos similares retratando a ligação à proteína que direcionam as sequências enhancers
ligação das proteínas repressoras às sequê ncias silencia - a interagirem com a sequência promotora pretendida e que
doras descrevem como as sequê ncias silenciadoras dis
tantes conseguem inibir a transcrição dos genes visados.
- bloqueiam a comunicação entre as sequências enhancers e
outras sequências promotoras ( Figura 15.11). O mecanismo
Esse modelo ilustra um aspecto importante da regu
lação da transcrição eucariótica. Somente quando todos
- dessa atividade pode consistir em permitir a formação de
alças de DNA contendo sequências enhancers e suas pro-
os fatores de transcrição e proteínas regulatórias necessá - motoras-alvo, impedindo ao mesmo tempo a formação das
rias estão presentes em uma célula, pode ocorrer a mon - alças de DNA contendo uma sequência enhancer e uma
tagem dos complexos proteicos necessários para o padrão promotora que não são seu alvo.
502 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
- /® _
de talas&emia resultam de mutações diferentes dos genes
.enhoncer
..rec econara
'
para
alfa e betaglobina. No entanto, em alguns pacientes de
outro gene.
talassemia nenhuma mutação de qualquer um dos genes
Gene 8
ATTVADCA
\Enhancer Promotora Gene A
DESATIVADO
globina foi detectada. Além disso, as sequências promo-
Promotora toras de ambos os genes eram do tipo selvagem, então a
busca pela origem das mutações nesse grupo de pacientes
(d)
Isotante Uma determinada teve de ser ampliada. F.m vá rios casos, as mutações perti-
enhancer ativa um nentes à talassemia devem -se a mudanças por deleçào ou
gene prefe^enclal-
Enhancer
J4£
Promotora Gene A
, menteem
detfmenco de um
gene vtz nho cu>a
reorganização cromossômica que alteram a LCR de um
dos complexos gênicos de globina. Essas deleções resul-
tam em mutações da sequência enhancer que alteram o
ATIVADO ação está
boqueada
nível de transcrição dos genes afetados e levam a um de -
sequilíbrio na produçào de polipept ídeos.
As mutações por substituição de bases nas enhancers
(e )
Gene B sào outra fonte de disfunção das sequências enhancers. A
DESATIVADO sequência enhancer do SHH , localizada a 1 megabase do
As isolantes pedem gene SHH que ela regula, sofre mutação em certos casos
controlaras
Promotora 1 informações das de uma condição chamada polidactilia, na qual dedos ex-
Enhancer Promotora 2 alças de DNA que tras nas mãos e pés podem se formar durante o desenvol -
daTATA box da TATA box contém enhancer e
vimento. Os dedos extras resultam da expressão anormal
os genes que
ativam. do gene SHH. Em estudos de certas famílias humanas
Gene A com polidactilia, foram identificadas substituições de uma
ATIVADO Isolante única base na sequê ncia enhancer do gene SHH. Além
disso, estudos em camundongos nos quais uma deleçào
Figura 1 5.1 Interações entre as sequências isolante e
enhancer .
da sequê ncia enhancer do SHH ocorreu revelaram ano-
malias importantes no desenvolvimento dos membros.
Certas sequências isolantes tê m uma função dife-
rente, ou seja, parar a disseminação da heterocroma - Observa çã o gen é tica As sequências silenciadoras e
isolantes direcionam a ação das sequências enhancers para
tina. Por exemplo, a variega çào do efeito de posiçã o
( PEV) nas moscas-da - fruta é observada nas inversões certas sequências promotoras e para longe de outras. As mu-
do cromossomo X que levam o gene hranco para mais tações das sequências enhancers podem alterar os padrões
perto do centrô mero ( ver Figura 11.16) A dissemina . - normais de expressão gênica.
ção da heterocromatina centromé rica que impede a
transcrição gê nica é controlada pelas sequê ncias iso-
lantes. Nesse caso, sua fun ção é evitar a disseminação 15.2 A remodela ção da cromatina
descontrolada da heterocromatina após a replicaçào, regula a transcriçã o eucariótica
impedindo, assim, que a expressão dos genes críticos
seja bloqueada. Até este ponto no capítulo, descrevemos a regula-
No fim das contas, o que importa a respeito das se - ção da transcrição em termos das interações entre as
quências enhancers , silenciadoras e outras sequências proteínas regulató rias e as sequ ências regulatórias. Em
regulatórias é o seu efeito na transcrição. As enhancers um sentido, esse padrã o de regulação é análogo, embora
e silenciadoras contêm sequências que atraem determi
nadas proteínas e que podem controlar a transcrição dos
- mais complexo, aos processos descritos para regular a
transcrição nas bactérias ( ver Capítulo 14). Entretanto,
genes em determinados tecidos ou em momentos espe- a característica definidora do DNA eucariótico é o
cíficos durante o desenvolvimento ( ver Capítulo 20) . acondicionamento em cromatina . Como, então, os fato-
Cap ítulo 15 Regulado da expressão g énica nos eucariotos 503
-
res de transcrição ativadores e repressores ligam se ao em extremidades opostas de um conjunto continuo de
DNA regulató río acondicionado em cromatina ? Exis
tem trés mecanismos básicos pelos quais as proteínas
- associação dos nucleossomos com sequência de DNA re
gulat ór ía. A maioria dos promotores cai em algum ponto
-
de ação trans acessam sequências de DNA regulatórias entre esses extremos no que diz respeito à sua associação
específicas nos cromossomos eucarió ticos. Primeiro, al- com os nucleossomos, mas um exame dos promotores
gumas sequê ncias regulatórias não se ligam fortemente abertos e dos cobertos pode nos ajudar a compreender
às histonas, que, com isso, permitem a entrada mais ou como a estrutura de cromatina contribui para a regulação
menos direta para o DNA regulatóí r o. F.ssas sequê ncias da transcrição.
incluem as sequê ncias “ ligadoras" entre os nudeosso - Os promotores abertos fazem que os genes sejam
mos e as sequências com características específicas que transcritos constitutivamente. Esses promotores têm
impedem as histonas de se ligarem eficientemente. uma região sem nucleossomos ( NDR ), que é uma região
Segundo, proteínas chamadas remodeladoras de de 150 a 100 pb contendo poucos nucleossomos situados
cromatina podem mudar enzimaticamente a distribui
ção ou a composição dos octâ meros de histona ( nucleos -
- imediatamente a montante do início da transcrição. Esses
promotores geralmente não contém uma TATA box. Em
somos). Essas enzimas remodeladoras possuem três vez disso, uma região rica em adenina c timina, conhe-
modos de opera çã o. Um tipo de enzima rcmodeladora cida como trato poli A/T, está situada na NDR, perto
da cromatina reorganiza os nucleossomos induzindo sua .
do sítio de inicio da transcrição ( Figura 15.12a ) O trato
movimentação. Essas enzimas normalmente reprimem poli A/T contém sequências de ligação ( BS) que atraem
a transcrição movimentando os nucleossomos. Um se- as ativadoras da transcrição ( ACT). Essa região de liga -
gundo tipo de enzima remodeladora da cromatina muda ção normal mente é ladeada por sequências que ajudam a
a organização dos nucleossomos deslizando- os ao longo posicionar dois nucleossomos, um a montante e o outro
-
do cromossomo ou movendo os do DNA. Essas enzi
mas costumam funcionar descobrindo as sequências
- a jusante, da NDR. O nucleossomo a montante, identifi
cado como o nucleossomo *1, é posicionado no sítio de
-
enhancers ou promotoras e, assim, estão associadas com início da transcriçã o. Esse nucleossomo + 1 contém uma
a ativação do gene. O terceiro tipo de enzima remodela
dora da cromatina muda a composição dos octâ meros
-
( a ) Promotor aberto
de histona, substituindo determinadas proteínas histona
por proteínas de versões diferentes. Essas mudanças
- -
Nucleossomo 2 Nucleossomo 1 Nucleossomo +1 Nucleossomo +2
transição reversível do DNA heterocrom á tico inativo Figura 15.12 Transcrição dos promotores abertos e
para o DNA eucromá tico ativo. cobertos, (a ) Os promotores abertos possuem uma região
sem nucleossomos ( NDR) e nenhuma TATA box. As proteí nas
Promotores abertos e cobertos ativadoras (ACT) são atra ídas para as sequências de ligaçã o
( BS ) para recrutarem a RN A polimerase II para transcrição.
Dois estados contrastantes de associação dos nudeos- (b) Com os promotores cobertos, a transcrição é ativada
somos com sequências promotoras, conhecidos como pela ligação da proteí na ativadora e pelo deslocamento dos
promotores abertos e promotores cobertos, encontram -se nucleossomos.
504 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
versão da proteí na histona 2A, conhecida como H2AZ, as sequências promotoras, enhancers e outras sequências
que é facilmente modificada para a remoção do sítio de regulatórias da transcrição. Os complexos de cromatina
início da transcrição durante a iniciação dessa trans- aberta detectados pela hipersensibilidade à DNase I são os
crição, permitindo que a RNA polimerase II se ligue e sítios de ligação das proteínas ativadoras da transcrição e
acesse a sequência de início da transcrição. para a própria transcrição ( Figura 15.13). A Análise Gené-
Por outro lado, os promotores cobertos caracteri - tica 15.1 vai guiá- lo por uma análise da presença de hiper-
7.am os genes cuja transcrição é regulada . A transcrição sensibilidade à DNase I em uma região do DNA.
desses genes é bloqueada até os nucleossomos serem Os remodeladores de cromatina são os comple -
deslocados ou removidos do promotor para permitir xos proteicos que executam a remodelação da croma -
que as ativadoras da transcri ção se liguem às sequências tina movimentando os nucleossomos de duas maneiras
necessá rias , um evento que leva à ligação da RNA po- principais (Figura 15.14), Primeiro, os remodeladores
limerase 11 e à iniciação da transcrição ( Figur » 15.12 b ). de cromatina podem fazer que os nucleossomos desli -
Geralmente esses promotores contêm TATA boxes zem ao longo do DNA . Nesse processo, o DNA se en -
e outras sequências de ligação ao fator de transcrição. rola no nucleossomo até as sequências promotoras ou
Nos promotores cobertos, há uma competi ção ativa enhancers se livrarem de sua ligação com o nucleos-
entre os nucleossomos e os fatores ativadores da trans - somo. Segundo, os remodeladores de cromatina podem
crição pela ligação. Em consequência, são necessá rios fazer que os nucleossomos sejam realocados de uma
mecanismos regulat órios que remodelam a cromatina molécula de DNA para outra .
para conceder às proteínas ativadoras o acesso às sequ- Uma série de remodeladores de cromatina diferen -
ências de ligação a fim de iniciar a transcrição. tes é conhecida. Três das categorias mais compreendi -
das, classificadas por suas funções principais, são o com-
Remodelação da cromatina pela plexo SWI / SNF, que desliza e realoca os nucleossomos; o
modificação de nucleossomos complexo 1SWI , que ajuda a direcionar o posicionamento
dos nucleossomos; e o complexo SWRI , que substitui a
A remodelação da cromatina se refere às modifica - versão de proteí na histona 112AZ nos nucleossomos, no
ções da cromatina que reposicionam os nucleossomos de lugar da proteína H2A mais comum.
modo a abrir ou fechar os promotores e outras sequências
regulatórias. Mover os cromossomos para fora das sequên- (a ) Cromatina fechada
cias regulatórias melhora o acesso a elas pelas proteínas re-
Insensível à DNase I e silenciosa na transcrição.
gulatórias ativadoras da transcri ção. A cromatina aberta é
aquela em que a associação do DNA com os nucleossomos Nucleossomo Sequência promotora Gene
é relaxada nas regiões que contêm sequências regulatórias,
permitindo o acesso das proteínas regulatórias. As modi - L- Sítio de inicio
Sequência da transcrição
ficações que fazem que o DNA regulatório seja coberto enhancer
por nucleossomos, restringindo com isso o acesso das pro-
( b ) Cromatina aberta
teínas regulatórias às sequências, produzem cromatina
fechada. Nela, as sequências regulatórias não podem ser Os nucleossomos são deslocados e a ativadora se liga
acessadas de modo eficiente pelas proteí nas regulat órias e Ligação da ativadora
os genes sào silenciosos na transcrição.
Os biólogos moleculares conseguem determinar
experimentalmente se uma região do DNA contém
cromatina fechada ou aberta avaliando a sensibilidade
z
— '
T .~
A RNA pol lie os fatores
de transcrição se ligam
A hipersensibilidade
à DNase I é detectada
da região à enzima de digestão do DNA , a DNase I . apõs o deslocamento
à sequência promotora. do nucleossomo
Essa enzima corta o DNA aleatoriamente nas regiões
de cromatina aberta , mas não é capaz de fazê- lo onde A pol II
a cromatina é fechada . As regiões de cromatina aberta,
sensíveis à digestão pela DNase I , são conhecidas como
sí tios hipersens íveis à DNase I . Onde a hipersensibi - Hipersensibilidade
lidade à DNase I é detectada , os genes possivelmente per -\ ‘.tente à DNase I
podem ser transcritos. A aná lise experimental do DNA A transcrição é iniciada.
-
quanto à hipersensibilidade à DNase I se parece com a
análise de proteção da impressão digital do DNA, des-
crita na Técnica de Pesquisa 8.1 ( página 271). Os frag -
mentos de DNA criados pela exposição à DNase I são RNAm 5'
r L*
separados e analisados pela eletroforese em gel.
Figura 15.13 Estrutura de cromatina aberta e
A hipersensibilidade à DNase I ocorre na vizinhança
fechada, (a) A cromatina aberta é inacessível para as
imediata dos genes transcritos e também podem surgir mil proteí nas transcriclonais e Insensível à digestão pela DNase I.
pares de bases ou mais a montante ou às vezes a jusante (b ) A cromatina aberta se liga às proteínas transcricionais e é
dos genes transcritos. As regiões hipersensíveis circundam hipersensível à DNase I.
Capitulo 15 Regulado da expressão génica nos eucariotos 505
AN Á LISE GENÉTICA
A enzima tecidual TE2 é expressa em vá rios tecidos de camundongo
em momentos diferentes durante o ciclo de vida . Fragmentos de DNA
idênticos foram isolados de uma região imediatamente a montante de
Regiã o a montante
TE2 e analisados quanto à hlpersensibilldade à DNase I. O DNA foi co - de TE?
lhido do coração (W), rim (K) e timo (T) de camundongos embrionários
(E) e adultos (A). Na análise, um marcador radioativo foi vinculado a uma
DNA a montante deTE2 GQ)OGt
extremidade de cada fragmento de DNA e as amostras de cada tecido
foram expostas à DNase I para determinar se as regiões a montante de Marcador ^
radioativo Tratamento
TE2 eram hipersensíveis à DNase I. O DNA de cada amostra foi separado com DNase I
pela eletroforese em gel e os resultados são os exibidos a seguir. I
.
a Com base nos resultados do gel, há evidência de que a remodelação
da cromatina desempenha um papel na expressão da TE21 Explique IT TTimoT TRim1
seu raciocínio . E
çã
Cora o
A E A E A
.
b Em qual (ou quais) teddo(s) e em que momentos durante o desenvol- ri
0
vimento os resultados indicam maior probabilidade de ocorrência da
expressão da TE21
5
5
©
Gel de eletroforese
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema diz respeito a uma análise experimental de hipersensibilídade á
este problema e explique a natureza DNase I na região a montante (isto é, região promotora} de TE2 As respostas .
da resposta solicitada. exigem a interpretação dos resultados experimentais com relação à estrutura
de cromatina e â expressão gènica .
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Os resultados da eletroforese em gel são fornecidos para fragmentos de DNA
fornecidas no problema. idênticos, provenientes de coração, timo e rim, embrionários e adultos. Todos os
fragmentos de DNA foram expostos à DNase I.
DICA: A NpefsmsJbdidxte DNase lé terectadiquardo a estrutura
*
de cromatlrw e aberta e possivelmente acesstoe As proteínas atlvadc-
Deduzír * 4 trarvKrKâa A cromatina fechada nèo e hlpetsenstae DNase I
** * *
® Compare e diferencie o significado 3. Uma série contínua de faixas digeridas pela DNase I indica hipersensibilídade
de uma série continua de faixas em a essa enzima. A hipersensibilídade está correlacionada com cromatina aberta
algumas pistas do gel versus as pistas .
que é acessível para a transcrição As lacunas entre as faixas de gel indicam que
em que são observadas lacunas nas certos comprimentos do fragmento de DNA náo são criados pelo tratamento
.
faixas .
com DNase I Esse resultado sinaliza a ausência de hipersensibilídade à DNase I
nessas regiões e sugere uma estrutura de cromatina fechada e sem transcrição .
.
4 Avalie o gel e descreva os padròes .
4 Os padrões de faixas descontínuas são observados no DNA do coração humano
das faixas com digestão pela DNase I adulto e do timo embrionário. Essa ausência de hipersensibil í dade à DNase I su-
em cada amostra. gere estrutura de cromatina fechada. Cada uma das outras amostras de DNA
indica hipersensibilí dade à DNase I.
Solucionar Resposta a
.
5 Determine se os dados do gel indi- .
5 Os resultados da hipersensibilídade à DNase I indicam padrões diferenciais de
cam modificação da cromatina perto expressão de TE2 em diferentes tecidos e em diferentes momentos do desenvol -
de TE2 . .
vimento em razão das modificações da cromatina A hipersensibilídade à DNase I
resultante da cromatina aberta aparece no DNA do rim embrionário e adulto, do
coração embrionário e do timo adulto. A hipersensibilídade não é observada no
DNA do coração adulto ou do timo embrionário, indicando cromatina fechada .
Resposta b
6. Mencione os tecidos em que TE2 è 6 A expressão de TE? tende a ocorrer nos estágios embrionário e adulto do rim,
expresso e descreva o tempo de de- .
no coração embrionário e no timo adulto A expressão de TE? náo tende a ocor-
senvolvimento. rer no coração adulto ou no timo embrionário.
tt
de acasalamento ou a capacidade para iniciar a transcri
Promotora
ção dos genes necessá rios para a fermentação da sucrose. AC AÇ
hipersensí vel
A pesquisa revela que o complexo SWI / SNF é á DNase I
±r.
composto de 8 a 12 proteí nas. As proteínas específicas
«vvi®jO
<
Ativadora da
transcrição Deslocamento
© SWI
Fam ília do nixleossomo
TATA
box
Montagem e
organiza çã o do
ACT -9 /SNI
nudeossomo Ejeçã o do
o o SWR nudeossomo
02009 Macmdan LM
^ Complexo
remodelador
da cromatina
-i 1
Inserção da
historia H2 AZ
Figura 15.16 Ações dos complexos remodeladores de cromatina. O OISWI monta e organiza os nucleossomos em um
padrão regular e contribui piara a repressão da transcrição. O A fam ília SWI /SNF abre a estrutura de cromatina e ajuda a iniciar a
transcrição realocando os nucleossomos para longe das sequê ncias regulatórlas ou ejetando os nudeossomos. O O SWR 1 insere
a proteína histona modificada H 2 AZ nos nucleossomos para ajudar a facilitar o deslocamento.
0 Recrutamento da
e ativadora
HAT A ligação da pioteina
atroadora recruta o complexo
Cromatina fechada
insensível à DNase I — Ativadora
Complexo
HAT
HAT; histonas aretiladas
t. -
0 Transcrição ativada
Ativadora
Cromatina aberta
—
hipersensí vel à DNase I
jrrT
r
RNAm 5* . — -
A ligação da PNA pol II
Inicia a transcrição
Figura 15.17 Acetilaçá o e desacetila çá o na estrutura de cromatina aberta e fechada. As proteí nas histona desacetilases
( HDACs) desacetilam os aminoá cidos nas caudas N-terminais de proteí nas histona e fecham a estrutura de cromatina As histonas .
acetiltransferases ( HATs) acetilam os aminoácidos N terminais e ajudam a abrir a estrutura de cromatina para ativar a transcrição.
508 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
levedura S. cerevisiae. Nossa discussão desse exemplo A transcrição do PHOS ocorre quando o nível de
particular se baseia em vários estudos que pintam cole - fosfato cai. A proteína Pho4 se liga à Pho2, formando um
complexo proteico que começa a ativação da transcrição.
tivamente um quadro abrangente das ações associadas
com a modificação da cromatina na iniciação e regula - Ocorre a acetilaçào adicional dos nucleossomos -1 a -4
ção da transcrição do PHOS . sob o controle da NuA4. O complexo Pho4- Pho2 inicia
O PHOS é um gene repressfvel que codifica uma en - então a modificação da cromatina, deslocando o nucleos -
zima fosfatase ácida que remove os grupos fosfato das somo -2 ( Figura 15.19b ), d ísponibilizando o UASp2 para
outras prote í nas. Na levedura , a transcrição do PHOS é que se ligue à proteína Pho4.0 complexo proteico SWI/
ativada pela necessidade premente de fosfato, mas é re
primida quando o nível de fosfato é alto. No estado re-
- SNF é reunido, e a modificação adicional da cromatina
-
desloca os cromossomos 1 (que antes cobria a TATA
primido, o acesso dos fatores de transcrição e da RNA box ), -3 e -4. Com a cromatina aberta pelo desloca-
polimera.se II à TATA box da sequência promotora é mento do nucleossomo, a proteína geral da transcrição e
bloqueado por um nucleossomo, chamado -1 na Figura a RNA polimerase II conseguem se ligar à sequência pro-
15.19a. De modo similar, o acesso das proteínas ativado motora e iniciar a transcrição do gene PHOS .
ras da transcrição ao elemento UAS, chamado UASp2, é
bloqueado por um nucleossomo chamado 2. No estado - Herdabilí dade epigenética
reprimido, a proteína ativadora da transcrição Pho2 e a
A transcrição dos genes eucarió ticos é um processo
proteína acetilase NuA 4 estão presentes a montante da
intricado, no qual vá rias sequências regulatórias inte-
sequência promotora em um elemento UAS chamado
ragem para controlar a expressão gênica de dois níveis
UASpl. A montante desses elementos, encontramos os
diferentes. Um nível consiste nas interações necessá rias
nucleossomos chamados -3 e -4. Há um nível baixo de
para transcrever cada gene. O segundo nível consiste
- -
acetilaçào dos nucleossomos 1 a 4 no estado repri
mido. Em conjunto, a presença dos nucleossomos la -
- em interações que regulam os padrões de desenvolvi-
mento da expressão gênica criando e mantendo estados
-4 bloqueia o acesso da proteína ativadora e dos fatores de cromatina específicos para certos genes.
de transcrição às sequê ncias regulató rias do PHOS.
A ativação da transcrição de um determinado gene
requer a confluê ncia das proteínas regulatórias que re-
(a ) Alta concentração de fosfato -
CBO09 MacmUar Pufaiat «rs LM modelam ou modificam a cromatina para proporcionar
o acesso da sequência enhancer e da sequência promo -
tora aos fatores de transcrição que iniciam e executam
a síntese do transcrito, como vimos na descrição deta-
lhada da transcrição do gene PHOS. Os mecanismos
TATA
que controlam a formação diferencial do estado da cro-
N ú mero do
nucleossomo
-1 +1
matina e sua manuten ção produzem padrões de expres-
são gênica nos diferentes tipos de células que são ne-
(b ) Baixa concentração de fosfato cessá rios para o crescimento e o desenvolvimento dos
JrxH ^£ r*
organismos complexos. Em um sentido amplo, esses
processos regulatórios são a razão para que um único
ovo fertilizado consiga se desenvolver e produzir mui-
/ tos tipos diferentes de células ( hepá ticas, musculares,
UASpl UASp2 TATA cerebrais etc.) que têm aparências e ações diferentes,
- - -
5 4 3 -2 -1 +1
embora carreguem a mesma informação genética.
Ejeção do nudeossomo, Entre os trilhões de células somáticas no seu corpo,
ligação do SWVSNFe encontram -se dezenas de diferentes tipos celulares e, no
atvaçâo da transclçãa
entanto, todas essas células contêm a mesma informa -
ção genética. As diferenças na morfologia e função entre
V ftuA4l V
^ SWI/5NF os tipos celulares são controladas geneticamente, con -
forme evidenciado pelo fato de que as células- filhas têm
-
'
li Í /W f i PtfOS as mesmas estruturas c funções das células parentais;
R
-5
UASpl UASp2
“ I
TATA
4
“ )
1
mas a variabilidade da sequ ência de DNA não é a razão
para essas diferenças. Em vez disso, as diferenças entre
Figura 15.19 Controle da transcrição do gene PH 05 na -
as células somá ticas são epigenéticas, resultando de di
ferentes estados da cromatina que afetam a transcrição
Saccharomyces cerevisiae . ( a ) A transcrição é reprimida
nas condições de alto teor de fosfato (b) Nas condições de
,
gê nica em tipos de células específicos.
baixo teor de fosfato, a Pho4 se une à Pho 2 no UASpl e a Certos padrões epigenéticos são herdáveis de uma
NuA 4 controla a acetilaçào dos nucleossomos próximos. geração de células para a outra, fazendo que as células-
0 complexo SW1/SNF se liga, levando à ejeção dos -filhas tenham os mesmos padrões de expressão gênica de
-
nucleossomos 1 a -4. A RNA polimerase II e os fatores de suas células progenitoras e irmãs. Também há evidências
transcrição gerais inkiam a transcriçã o do PHOS . de que as diferenças epigenéticas são herdáveis durante a
510 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
“"gaméticas
. Ovo
H /9
A maioria das citosinas nos dinucleot ídeos CpG dos (a ) Estrutura de cromatina nas ilhas CpG
genomas dos vertebrados é metilada, mas o padrão não Ilha CpG
é aleatório. Em vez disso, as sequê ncias ricas em CpG , Ilhas CpG não
chamadas ilhas CpG, sào visadas para metilaçáo. Nos metiladas possuem
genomas dos mamíferos, as ilhas CpG são agrupadas nas estrutura de
cromatina aberta
sequências promotoras. Quando as ilhas CpG não sào
metiladas, a cromatina na região promotora é aberta ,
A metfoçáo das
concedendo acesso aos fatores de transcrição e à RNA ilhas CpG fecha a
polimerase. Assim , a transcrição ativa está ligada aos bai - estrutura de
xos níveis de metilaçáo das ilhas CpG { Figura 15.22a ). Por cromatna.
outro lado, se as ilhas CpG forem metiladas, as regiões
promotoras sáo fechadas e a transcrição é reprimida. (b ) Detecçáo do status de metila çáo das ilhas CpG
No laboratório, a detecçá o das ilhas CpG metila - I 800 pb lf 400 pb-j
das versus não metiladas é realizada isolando o DNA
OH ,
-
e tratando o com certas enzimas de restrição que tém
sequências de restrição ricas em CG (Figura 15.22 b) As . Ilha
CpG C C G G Ct 6 G CCG 6
enzimas de restrição Mspl e Hpall possuem, cada uma,
- -
a sequência de restrição 5' CCGG 3'. A enzima HpaW , 1200 pb I
no entanto, é "sensível à metila", significando que, se sua Digest ào Nenhuma digestão
sequência de restrição for metilada ( 5' - CC**GC 30, - M
Hpall Sonda
A metilaçáo da
CpG impede a
a sequência não será digerida. Por outro lado, a Mspl digestão pela
não é sensível à metila çáo e digere sua sequência de res
trição, independentemente da metilaçáo. No exemplo
- Digestào
pela
(- 400 pbj Hipai mas náo a
digestão pela Msp \
ilustrado na figura, fragmentos de restrição de tama - Mspl Sonda
nhos diferentes são produzidos pela digestão com Hpall
e Mspl da mesma região da ilha CpG, dependendo se a Southern bk>t
região for metilada. A Análise Genética 15.2 demonstra pb ® Aete^ofereseemgdeaaná lise
uma análise da metilaçáo da ilha CpG. 1.200 - da Southern btotting usando a
sonda indicada detectam a
diferença entre a digestão por
Observa çã o gen ética A metilaçáo dos nudeot ídeos . 400 •*Ípallcapoí //spl.
principalmente da dtosina, fecha a estrutura de cromatina
nas ilhas CpG para silenciar a transcrição e também age na im - Mspl Hpall
pressão genômlca . Figura 15.22 Metilaçáo dos nudeotideos dtosina
nas ilhas CpG dos mamíferos, (a) A metilaçáo fecha a
cromatina, enquanto a desmetilação abre a cromatina.
( b ) A digest ão comparativa pelas enzimas de restrição Mspt
15.3 Mecanismos mediados pelo RNA e Hpall sens ível à metila resulta na digestã o diferencial
por enzima de restriçã o, caso uma sequ ê ncia de restri ção
controlam a expressão gênica esteja metilada . ( c) A aná lise de Southern blotting detecta
Nos últimos anos, o RNA surgiu como componente- metila çáo da ilha CpG.
-chave no controle regulatório da expressão gênica euca-
ríótica. Em grande parte desconhecidos antes de meados eram quase inteiramente brancas. Os pesquisadores cha-
dos anos 1990, os mecanismos regulatórios mediados maram esse fenômeno de cossupressáo, pois a expressão
pelo RNA se tornaram rapidamente o foco da pesquisa do gene pigmentado introduz.ido e do gene produtor do
em plantas e animais. Essa área importante de investi
gação surgiu inesperadamente a partir de experimentos
- pigmento natural da petú nia foi suprimida.
Em 1995, fenô menos de silenciamento gé nico si -
concebidos para produzir uma petú nia mais colorida. milares foram documentados em muitas espécies de
No início dos anos 1990, Richard Jorgensen e seus
colegas estavam tentando intensificar a cor das petú nias
plantas, no fungo Neurospora crassa, no verme nema
tódeo Caenorhabditis elegans e na mosca -da -fhita Dro-
-
introduzindo em seu genorna um gene produtor de pig- .
sophila O mecanismo fundamental subjacente a essa
mento controlado por uma sequência promotora ativa. forma de regula ção foi identificado em 1998 por uma
Os pesquisadores esperavam que a transcrição ativa equipe de pesquisa liderada por Andrew Fire c Craig
desse gene recombinante intensificasse radicalmente a Mello. Fire e Mello descobriram que as moléculas do
cor da flor. No entanto, para surpresa de Jorgensen, em RNA de fita dupla (RNAds) estavam fazendo parte de
vez de exibir uma coloração global mais intensa, muitas um mecanismo regulatório pós- transcriçào hoje conhe-
das flores resultantes eram variegadas ( ver a foto de aber - cido universalmente como RNA interferente ( RNAi).
tura do capítulo ). Algumas flores tinham faixas de pig- Fire e Mello receberam o Prémio Noel em Fisiologia ou
mento intenso e faixas sem pigmento, e algumas flores Medicina em 2006 por seu trabalho.
Capítulo 15 Regulação da expressão gênica nos eucarlotos 513
AN Á LISE GENÉTICA
.
M Ethyl Layton, um biólogo que estuda os efeitos da metilaçáo Número de Porcentagem relativa
da ilha CpG sobre a expressáo gênica nos eucariotos, constr ói CpGs metiladas de transcrição do lacZ
dois sistemas genéticos recombinantes. Ambos os sistemas
cont ém o gene lacZ bacteriano. Um dos recombinantes une o Homem 0 100
lacZ a um segmento de 4 0 kb de uma regiào promotora hu-
f
9 50
mana contendo vários dinudeotideos CpG. 0 segundo recom- 20 25
binante une o lacZ a um segmento de 4,0 kb de uma região 35 2
promotora do gene da Drosopbila que também contém vários
Drosophila 0 100
CpGs. A tabela apresenta o número de dinudeotideos CpG me-
7 99
tilados e a porcentagem relativa da expressáo do lacZ no sis -
tema génico recombinante . 14 97
.
a Que conclusão genérica você pode tirar a respeito do papel 26 95
da metilaçáo como um mecanismo de silenciamento génico
nos seres humanos?
b . Com base nesses dados, o que você conclui a respeito do papel da metilaçáo na transcrição nos
seres humanos em comparação com a Drosopbilos ?
Deduzir
.
3 Descreva qualquer correlação entre .
3 A transcrição do gene lacZ diminui à medida que o número de dinudeotideos CpG
o número de dinudeotideos CpG metilados na sequência promotora gênica humana aumenta, mas a transcrição do
metilados e a expressão do lacZ. lacZ permanece basicamente inalterada peíos números crescentes de CpGs meti-
lados na sequência promotora gênica da Drosophila.
.
4 Compare as diferenças entre os recom- .
4 Quando não há metilaçáo, ocorre 100% da transcrição em ambos os recombi-
binantes em termos de sua expecta- nantes. A transcrição induzida pela sequência promotora da Drosopbila não é
tiva baseada na leitura do capítulo . reduzida pela metilaçáo, mas a transcrição induzida pela sequência promotora
humana diminui gradualmente à medida que o número de nudeotídeos me-
tilados aumenta e cai pratkamente para zero no maior número de eventos de
.
metilaçáo A leitura do capitulo indica que a metilaçáo das ilhas CpG reduz a
transcrição nos genomas dos mamíferos.
Solucionar Resposta a
Resposta b
.
6 Descreva como a metilaçáo dos CpGs .
6 A porcentagem de transcrição diminui gradualmente com o aumento da meti-
afeta a expressáo gênica humana ver - laçáo dos CpGs nas sequências promotoras humanas, mas nenhum nível de me -
su5 a expressáo gênica na Drosopbila . tilaçào reduz a transcrição induzida pelas sequências promotoras da Drosopbila .
Para praticar mais, ver Problemas 5 e 16 .
514 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
£v\/\/
r \/\/\/\
( )
degradada
Vá rios genes e
que normalmente é degradada. A fita -guia permanece Qhi Fita - guia sequências
liga-se ao transcrevendo
ligada ao RISC e o complexo controla um dos processos O Silendamento pré RNAmi
RNAm pelo
de silendamento gênico ( n úmeros 1 a 3 na figura ): O O pareamento da transcrição e pré-RNAsi
complexo usa o pareamento de bases complementares de bases dos genes-alvo
para prender a fita- guia ao RNAm e o RNAm é destruído; complementares
-
0 o RN A guia do RISC se liga a RNAm complementa
res e impede sua tradução ou O o complexo direciona as
-
enzimas modificadoras da cromatina para o n údeo, onde
silenciam a transcrição de genes selecionados.
Qual é a origem do RNAds? Ele pode ser produzido Q RNAm destru ído
ou
a partir de genes endógenos, da transcrição de outras Q tradução bloqueada
N úcleo
sequências endógenas, ou pode ser proveniente de fon -
tes exógenas. Em muitos eucariotos, os genes codificam Figura 1 5.23 Silencia mento génico pelo RNAi .
precursores de RNAds que são processados em RNA
micro ( RNAmi) de 21 a 24 nt em um complexo Dicer.
- A Dicer corta o RNAds em segmentos de RNAsi ou RNAmi,
com 21 a 25 pbr que são desnaturados pelo RISC. Os
A maioria dos genes que codifica os RNAmi é transcrita complexos RlSC fita guia conseguem degradar os RNAm
* *
pela RNA polimerase II e o transcrito resultante se dobra visados, Impedir a tradução destes ou entrar no n úcleo para
novamente em um RNAds. Os alvos dos RNAmi são os modificar a cromatina .
RNAm que sào destruídos ou têm sua tradução bloquea-
da de modo subsequente à atividade mediada pelo RISC. dos RNAm -alvo ou via silendamento transcricional dos
Ao contrário dos RNAmi, os pequenos RNAs in - genes -alvo, que ocorre por meio dos processos modifi-
terferentes ( RNAsi ) normalmente não são derivados cadores da cromatina. Finalmente, as fontes exógenas de
de genes, mas são RNAs complementares provenien - RNAds, como as produzidas por alguns vírus de RNA,
tes de fontes exógenas ou de outra transcrição endógena. podem disparar silendamento gênico induzido por vírus.
Por exemplo, se as duas fitas de uma região genómica Clivando o RNAds A atividade Dicer cliva as moléculas
forem transcritas, podem se formar RNAds. A trans- de RNAds em fragmentos de 21 a 25 pb. O mecanismo de
crição de fitas opostas de elementos repetitivos, como ação geral da divagem do RNAds foi identificado em
os transposons, também podem levar à produção de 2006, quando Jennifer Doudna e colegas determinaram
RNAds. No último caso, as duas fitas não precisam ser a estrutura cristalina da Dicer no parasita intestinal Gwr -
derivadas da mesma posição genómica. Alguns euca - dia intestinalis. O grupo de pesquisa de Doudna usou a
riotos possuem RNA polimerases dependentes do RNA estrutura cristalina para determinar que o sítio de ligação
que podem produzir RNAds usando RNA de fita simples do RNAds na Dicer, chamado PAZ, é separado por 65 À
como molde. As fontes exógenas de RNAds podem con- dos sítios dos dois domínios RNasc que cortam o RNA.
trolar o silendamento pós-transcrição pela destruição O espaço de 65 À entre o PAZ e os dom í nios RNase cor-
Capitulo 15 Regulação da expressão g énica nos eucariotos 515
A criação do RNAmi é similar à criação dos RNAsi. , Clivagem do tronco inferior pela Drosha
Os transcritos precursores dos RNAmi são sintetizados
no n úcleo de uma célula e são processados em RNAmi
pela atividade Dicer. O transcrito que vai formar o
RNAmi se chama RNAmicro prim ário (pri-RNAmi ). Tronco inferior Tronco superior Alça terminal
O pri- RNAmi se dobra e forma um tronco de fita dupla (degradado)
normalmente contendo de 65 a 70 nucleotídeos e pos - Pré-RNAmi
suindo extremidades livres em um lado e uma alça de fita
.
simples no outro lado (Figura 15.25 ) Nos animais, o com - O Clivagem da alça terminal peia Dicer
plexo enzí má tico Drosha corta o pri- RNAmi perto do
meio do tronco e produz dois segmentos, um dos quais,
hoje chamado RNAmicro precursor ( pre- RNAmi).
contém o restante do tronco superior, que tem aproxi
madamente 21 a 25 pb, e a alça terminal. C ) pré-RNAmi
- Tronco superior
-
( 22 pb)
Alça terminal
(degradada )
é transportado para o citoplasma, onde a Dicer remove a © Processamento RISC para produzir RNAmi
alça terminal, deixando um RNAds de aproximadamente RNAmi ‘ ‘ -
21 a 25 pb. Depois, o complexo RISC se liga ao RNAds Figura 15.25 Processamento passo a passo do
e separa as fitas, criando RNAmi. Ao contrá rio dos ani
mais, as plantas usam uma única enzima Dicer para rea -
- pri-RNAmi pela Drosha para produzir RNAmi.
—
Muitas espécies codificam vá rias prote í nas Argonauta
os seres humanos codificam oito, por exemplo e
— ficientemente alta, essa ligação forma uma estrutura que
permite a um domínio RNase da Argonauta cortar a fita
-alvo do RN Am perto do meio do d ú plex fita -guia - RNAm,
-
^
j RNAds provocando assim a clivagem do RNAm. Quando o pare-
amento de bases fita -guia-RNAm é menos bem adaptado
— ou seja , quando apenas um n úcleo dos pares de bases
complementares está presente no d ú plex fita - guia- RNAm
S — o domínio RNase da Argonauta é incapaz de cortar o
d ú plex. Em vez disso, o d ú plex retém sua forma de fita
Dom í nio RNase dupla, provocando o bloqueio da tradução.
\h
não tem metilação da H3K9 nem silenciamento gé nico em RNAsi
Dicer
em volta do centrómero. A explicação para essas defi -
ciências adicionais é que, na S. pombe, as duas fitas das
sequ ê ncias repetidas centrom éricas são transcritas pela RNAsi TOQG O A Argonauta se une à
RNA polimerase II. Os RNAm resultantes são com - RITS
sooc Chpl e ò outras
proteí nas para formar
plementares e formam RNAs de fita dupla que a Dicer
Chpl
o complexo RITS, que..
corta. Os fragmentos produzidos por esse processo sáo
RNA 51
separados em fitas simples que se ligam à Argonauta ,
ArgonnautiK
que depois se une a uma proteína conhecida como
Chpl e a outras proteí nas, formando um complexo tipo RNAm —
i:Í\ £ £ £ £
RISC chamado complexo de silenciamento transcri -
cional induzido por RNA ( RITS) ( Figura 15.26 ), que
carrega o RNAsi no n údeo. O complexo RNAsi -RITS é
atraído para o centró mero, onde o RNAsi parece usar o
pareamento de bases complementares para formar um
O - leva o RNAsi para o
n údeo, onde se liga
aos transcritos de RNA
duplex com transcritos das sequências repetidas cen nascentes da regláo
troméricas. Esse pareamento atrai outras proteínas que centromé rka.
promovem a desacetilaçâo das histonas e a metilação do
H3K9 para fechar a estrutura de cromatina c disseminar
a heterocromatina para fora do centrómero.
Swi6
Clr4 ^C>
A evolu ção do RNAi
O RNAi é disperso nos eucariotos e acredita -se
que o mecanismo de silenciamento transcricional na S.
pombe esteja relacionado ao silenciamento transcricio-
G O complexo RfTS-ftNAU
nal mediado pelo RNAi em outras espécies eucarióticas. atrai as metilases e
Mas como o RNAi evoluiu? A resposta ainda está sob desacetilases (Swi6 e
Or4), que fecham a
investigaçã o, mas a hipótese operacional é que o RNAi cromatina e espalham a
evoluiu ajudando os organismos a protegerem seus ge- heterocromatina.
nomas contra os efeitos mutacionais dos elementos ge-
néticos transponíveis (descritos no Capítulo 13).
()s elementos transpon íveis sào diversos, mas per
- Figura 15.26 Silenciamento transcricional induzido por
fazem grandes porcentagens dos genomas dos eucario - RNA ( RITS) na levedura.
tos complexos. Por exemplo, quase metade do genoma
humano é composta de elementos transponíveis. No mais suscetíveis à disseminação de infecções virais que as
genoma humano e em outros genomas eucarióticos, a plantas sem mutações no Dicer ou Argonauta. Essas des-
maioria desses transposons está situada na heterocroma -
tina e é silenciosa. Os pesquisadores descobriram que as
cobertas são coerentes com a ideia de que o RNAi evo
luiu como um mecanismo de proteçã o gen ômica contra
-
mutações no maquiná rio RNAi de um organismo podem os elementos genéticos transponíveis e a infecção viraL
reativar os transposons normalmente quiescentes, rever - Voltando brevemente às pet ú nias de Jorgensen e à sua
tendo o silenciamento transcricional. Isso pode levar ao
movimento de alguns elementos transpon íveis em tomo
cossupressão, hoje os biólogos sabem que o RNAi é res
ponsá vel por impedir a expressão do gene cromossómico
-
do genoma e potencialmente à produção de novas mu - produtor de pigmento e também da cópia induzida do
tações. A evid ência sugere que o RNAi desempenha um gene produtor de pigmento.
papel no silenciamento da transcrição dos transposons. Tanto o genoma das plantas quanto o dos animais
O RNAi também desempenha um papel protetor na codifica RNAmi, mas o modo de açã o dos RNAmi di -
resposta â infecção virai Nas plantas, a infecção de uma fere ligeiramente entre os dois táxons. Nas plantas,
folha por um vírus pode gerar uma resposta do RNAi que os RNAmi exibem complementaridade de sequê ncia
bloqueia a replicação virai e impede a infecção de se es- quase completa com seus alvos de RNAm e normal -
palhar pela planta. Apoiando essa observa çã o, as plantas mente clivam o alvo e, com menos frequência , repri-
com mutações nos genes Dicer ou Argonauta são muito mem a tradução. Por outro lado, os RNAmi nos animais
Cap ítulo 15 Regulação da expressão gênica nos eucariotos 517
geralmente são apenas complementares a seus alvos em canismo ocorre exclusivamente nas fêmeas de mamífe -
uma extremidade do RNAmi e normalmente reprimem ros para equilibrar a dosagem dos genes ligados ao X.
a tradu ção em vez de clivarem o alvo. Essas diferen ças Para atingir o equil íbrio correto da expressão génica
sugerem que os RNAmi podem ter evolu ído de modo ligada ao X entre machos e fê meas de mamíferos, o me-
independente nas duas linhagens. canismo de compensação da dosagem conhecido como
O estudo do RNAi está emergindo como uma po-
derosa ferramenta de pesquisa que pode ser utilizada
inativação do X inativa aleatoriamente um dos cromos -
somos X no n úcleo de cada célula em uma fêmea ( ver
de muitas maneiras. Uma aplicação frequente do RNAi Figura 11.18). O centro de inativaçã o do X ( XIC) é a
na pesquisa é o uso dos RN As interferentes para “ no - fonte do transcrito de RNA específico para a inativaçã o
cautear" a expressão de genes selecionados. Essa é uma do X ( Xist ) , que se espalha ao longo do comprimento
maneira de descobrir o efeito do gene sobre o fenótipo do cromossomo X inativo para silenciar praticamente
examinando como esse fenótipo ê alterado na ausência todos os genes (ver Capítulo 11). A inativação do X é
de expressão do gene. Uma segunda abordagem ao uso um fenô meno epigenético no qual o RNA Xist induz
do RNAi é na medicina, em que os pesquisadores bio- a formaçã o de uma estrutura de cromatina fechada
médicos estã o explorando os possíveis usos do RNAi atraindo as proteínas desacetilases e metilases que de-
para controlar a expressão dos genes que produzem
transcrito em excesso ou transcritos anormais na do -
sacetilam e metilam os aminoácidos nas caudas N ter - -
minais das proteínas histona. Esses eventos fazem que
ença. Em certos câ nceres, por exemplo, o processo da o cromossomo X inativado inteiro forme heterocroma -
doença é induzido em parte pela superexpressáo de cer- tina , que aparece no n úcleo como um corpo de Barr. A
tos genes. A terapia com RNAi envolveria a concepção e
evid ê ncia dispon ível indica que a transcriçã o e disse-
construção dc pequenas moléculas de RNA que sc ligam
minação do RNA Xist são essenciais para estabelecer a
especificamente e impedem a tradução dos transcritos
dos genes causadores de doença, ao mesmo tempo sem
inativação do X. Outros eventos mantê m as modifica -
ções epigenéticas.
afetar os transcritos de outros genes. ( Discutimos ou
tras aplicações experimentais do RNAi no Capítulo 16.)
- A inativação do X é reversível nas células germi-
nativas femininas mamíferas. Os eventos de reversão
remodelam a cromatina fechada para uma forma mais
Inativação do X e RNA regulatório aberta que restaura as regiões eucromá ticas no cromos-
Por fim, tomemos um tipo diferente de mecanismo somo. A desmetilaçâ o e a acetilação acompanham esse
de silcnciamento gênico mediado por RNA esse me- — processo dc reversão.
ESTUDO DE CASO
Epigenética ambiental
Temos aqui uma pergunta simples: como os traços são .
Maleska. em 2008 revela que o silenciamento da expressão
passados dc uma geração para outra ? A primeira resposta da DNA mctiltransfcrasc Dnmt3 pelo nocautc da traduçã o
que veio à sua mente, provavelmente (e acertadamcnte ), do transcrito de Dnmú pelo RNA interferente leva ao de-
foi que os traços são passados pela transmissão dos genes
dos pais para a prole. Entretanto, mais ou menos na última
.
senvolvimento de rainhas férteis Em outras palavras, o blo
queio de uma ria importante de metilaçâo de histona levou
-
década, a resposta a essa pergunta foi ampliada cm uma di- á expressão dos genes que normalmcntc são expressos
reção imprevista. Novas evidências sugerem que, em certos apenas quando uma larva é alimentada com geleia- real. A
casos, a nutrição e a dieta parentais podem levar a modifi - implicação é que a metila çâo é um mecanismo epigenético
cações da expressão genica controladas cpigcncticamcntc c importante para reprimir a expressão gênica e controlar o
que, em alguns casos selecionados, os genes afetados podem desenvolvimento das abelhas operá rias. A metilaçâo c a re-
ser transmitidos para a prole em sua forma modificada epi - sultante repressão da transcri ção são subvertidas pela ali -
gcncticamcntc. Ainda mais surpreendente, os dados tam
bé m indicam que o estado modificado cpigcncticamcntc
- - .
mentação com gclcia rcal para produzir o desenvolvimento
dc abelhas rainhas férteis
pode persistir nas gerações futuras. Em outras palavras, A segunda linha de evidê ncia é proveniente de vários
pode ser possível que a experiê ncia nutricional dos avós estudos da conexão entre a metilaçâo dos genes gerada am -
afete a expressão gê nica dos netos. bientalmentc c a variação na expressão genica dos ratos c
Três linhas de evidência sugerem um papel da nutri- camundongos. Em um estudo, camundongos geneticamente
ção e da história alimentar na modificação epigené tica da idênticos carregam um gene agouti modificado que produz
expressão gê nica. A primeira é proveniente dc estudos pelo amarelo e obesidade extrema, enquanto o pelo marrom
cm abelhas, nos quais se demonstrou que as larvas geneti- e o peso corporal normal são produzidos se o gene modificado
camente idênticas conseguem se desenvolver em rainhas nào for expresso. A cor do pdo e o peso corporal dos filhotes
f é rteis ou oper á rias esté reis após a alimentaçã o diferencial de camundongo geneticamente idênticos que carregam esse
-
com gcleia real, composto fornecido às larvas que sc tor - gene modificado são determinados pela dieta da mãe nas se -
nam rainhas. A an álise experimental, liderada por Ryszard manas antes da impregnação e durante a gravidez e lactação
518 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Em experimentos controlados, as mães que vão trans- mavam nascer gravemente abaixo do peso. À medida que os
mitir a seus filhotes o gene agouti modificado são alimen - -
filhos da fome cresciam, tomavam se adultos c envelheciam ,
tadas com uma dieta enriquecida com três compostos, que eles sofriam maior risco de doença cardiovascular, diabetes
—
agem , cada um, como doadores de grupos metila ao DNA
ácido fólico ( vitamina B13), cloreto de colina e betaína
—
anidra , ou com uma dieta sem esses compostos. O pe-
ríodo alimentar controlado começa duas semanas antes do
c obesidade, cm comparação com os pares que n ão tinham
sido afetados pela fome, A explicação proposta é que as
condições nutricionais restritas no feto provocaram altera
ções da expressão gênica que produziram um metabolismo
-
acasalamento e continua durante toda a gravidez e lacta - energeticamente “frugal? No entanto, ainda mais surpreen -
ção. Os filhotes gerados são geneticamente idê nticos e, apõs dente foi que, entre os filhos dos filhos da fome, també m há
serem desmamados, são alimentados com a mesma dieta. um risco elevado de doenças cardiovasculares, entre outras .
No entanto, com três semanas dc idade, a aparência dos fi
lhotes é radicalmente diferente. Os camundongos gerados
- A explicação oferecida para esse efeito na segunda geração
é a modificação cpigenética da expressã o gê nica que é trans-
pelas mães alimentadas com dieta enriquecida possuem mitida através de vá rias gerações.
pelo marrom e peso corporal normal , enquanto os camun -
Um estudo realizado cm 2008 por Bastiaan Hcijmans,
dongos gerados por m ães n ão alimentadas com dieta enri -
sobre o padr ão de metilação do gene ÍGF2 no cromossomo
.
quecida possuem pelo amarelo e são obesos A diferença
15, confirma o mecanismo de controle epigenético que dis -
indica que o gene agouti modificado é expresso quando é
cutimos anteriormente na conexão com a impressão genô
transmitido das mães que n âo receberam dieta enriquecida
com doadores de metila . No entanto, se o gene modificado -
mica, a sí ndrome de Prader Willi e a síndrome de Angel -
for transmitido das m ães que receberam alimentação enri- man. Heijmans e colegas descobriram que o IGF2 em certos
quecida, o gene agouti é metilado e silenciado. filhos da fome (hoje na casa dos 60 anos de idade ) ainda
A terceira linha dc evidê ncia é proveniente dc um carregam as marcas da fome. Os genes IGF2 das pessoas ex -
evento infeliz que ocorreu na Segunda Guerra Mundial. postas à fome durante as primeiras dez semanas dc gestação
Uma grande fome atingiu a Holanda ocupada pela Alema - são marcados por um n ú mero significativamente menor dc
nha , entre novembro dc 1944 c maio dc 1945. A fome redu - grupos metila que os genes dos seus irmãos do mesmo sexo
-
ziu a ingestão calõrica diá ria para 500 800 calorias por dia, não expostos a condições dc fome. Esses resultados apoiam
muito menos que as necessidades do corpo para suprir suas -
a ideia de que as condições pré natais podem conferir pa
drões epigenéticos específicos aos genes e que os fatores
-
atividades metabólicas normais. Estudos de longo prazo
foram realizados em holandeses concebidos ou nascidos du - ambientais que contribuem para os padrões epigenéticos
.
rante a fome e em seus descendentes Os estudos dos efeitos podem desempenhar um papel importante na modificação
da fome constataram que os chamados filhos da fome costu- da expressão gê nica ao longo de muitas gerações.
RESUMO
15.1 As sequências cis-regulat órias ligam as 15.2 A remodelação da cromatina regula a trans-
proteínas trans-regulatórias para controlar criçã o eucariótica
a transcrição eucariótica I As sequ ências promotoras abertas são transcritas constitu-
Proteínas regulatórias nos eucariotos ligam-se a nucleotf- tlvamente, enquanto a transcrição das sequências promo
deos espec íficos expostos nos sulcos maior e menor do DNA toras cobertas é regulada .
As promotoras, os elementos proximais e as enhancers são I Nas regiões de estrutura de cromatina fechada, o DNA se
sequências de DNA de ação cis que se ligam a prote ínas enrola de modo demasiadamente apertado em volta dos
regulatórias de a ção trans para regular a transcrição. nudeossomos. Essas regiões são silenciosas na transcrição.
As sequ ências enhancers são fortemente conservadas, in - I Nas regiões de estrutura de cromatina aberta, a associação
dicando que desempenham fun ções essenciais. do DNA com os nudeossomos é mais relaxada, permitindo
As sequ ê ncias ativadoras a montante ( UAS) na levedura que os genes sejam expressos.
são elementos parecidos com enhancers que regulam a Os complexos remodeladores da cromatina deslocam os
expressão dos genes, como os que estão envolvidos na uti- nudeossomos para permitir a iniciação da transcrição pela
lização da galactose. RN A pol II e pelos fatores gerais de transcrição.
As regiões de controle de lòcus ( LCRs) são sequências A modificação da cromatina pela adição ou remoção de
enhancers especializadas que controlam a expressão se
quencial de conjuntos de genes, como os pertencentes
- grupos acetila, metila e fosfato em aminoácidos espec ífi -
-
cos nas caudas N terminais das proteínas histona abre e
ao complexo do gene betaglobina humano, regulados no fecha a cromatina.
desenvolvimento. I Os estados epigenéticos da cromatina sá o herdáveis nas célu-
As sequências silenciadoras ligam-se á s proteínas repres- las somá ticas, que se dividem por mitose, e podem ser restau-
soras para impedir a transcrição de determinados genes. rados nas células germinativas, que se dividem por meiose.
I As isolantes bloqueiam a influência da sequê ncia promo- I A impressão genômka nos genomas dos mam íferos en-
tora sobre certos genes e direcionam a influência para ou- volve a metila çã o de dinudeotideos e a ação das sequên -
tros genes. cias enhancers e isolantes.
Capitulo 15 Regulado da expressão génica nos eucariotos 519
I A metilaçáo das bases nucleotídrcas de citosina que fazem Os pequenos RNAs interferentes (RNAsi) e os RNAmicro
parte dos dinucleotideos CpG nas Ilhas Cpg é um meca- (RNAmi) são as principais moléculas de RNA regulatórias .
nismo destacado para silenciar as sequências promotoras O complexo proteico Dicer processa os RNAds em sua
nos mamíferos. forma rçgulatória.
O complexo RISC leva os RNAs regulatòrios até os RNAs vi-
153 Mecanismos mediados peio RNA controlam sados para destruição ou bloqueio da tradução .
a expressã o gênica Uma forma específica de RNA regulatório controla a inati -
vaçào do X nos mamíferos .
I O RNA interferente (RNAi) é um mecanismo mediado por
RNA para regular a expressão génica nos eucariotos.
T E R M O S- C H A V E
Aplicação e integração
.
12 As consequências de quatro deleções na regiã o a mon- é isolada. Vários segmentos da sequência a montante se
tante do gene DBM 1 da levedura são estudadas para fundem com o gene lacZ e cada fusão é examinada para
determinar o efeito sobre a transcriçáo. A taxa normal determinar o grau de eficiência com que o gene é trans-
de transcrição, determinada a partir do estudo da trans- crito. No diagrama deste problema, as barras escuras in-
criçáo dos genes que náo tém deleções a montante, é dicam os segmentos a montante que estão presentes em
definida como 100%. A localização de cada deleção e cada um dos seis diferentes genes fundidos. A eficiência
os efeitos das deleções sobre a transcriçáo DBM 1 são transcriciona! de cada fusão é medida em relação à fusão
exibidos a seguir. de controle, isto é, o segmento completo a montante,
fundido com o gene lacZ.
Inicio da
transcriçáo Região completa
r
Região a jusante
a montante
]Gene DBM ) Gene
fundido
LacZ
i li i l ll l
Regiões A B C 0 Fusão Segmento fundido Transcriçáo (%)
dc deleção Controle
Deleção Transcrição (%) (comprimento total) 100
Nenhuma A 6
100 B 0
(controle)
C 8
A 7
B 155 D 0
C 51 E 55
D F 88
<1
a. Identifique a região a montante que contém a sequên-
a. Qual(is) mutaçáo(ões) afeta(m) uma sequência
cia enhoncer.
enhancerl Justifique.
b. Qual(is) mutaçáof ôes) afeta(m) uma sequência silen-
b. Identifique a região a montante que contém a sequên -
cia promotora.
ciadora? Justifique.
c Especule sobre a razão para as diferentes taxas de
c Oual(is) mutaçào{òes) afetafm) a sequência promo- transcrição detectadas nas fusões E e F.
tora ? Justifique.
15. Uma doença hereditá ria é herdada como um traço au-
.
13 O gene UG4 é expresso nos tecidos do caule e da folha da tossõmico recessivo. O alek> do tipo selvagem do gene
planta Arabdopsis thaliana. Para estudar os mecanismos da doença produz um RNAm maduro com 1.250 nucleo-
que regulam a expressão do UG4, sáo feitas seis pequenas
tídeos (nt) de comprimento. A análise molecular mos-
deleções da sequência de DNA a montante da sequên- tra que o RNAm maduro consiste em quatro éxons que
cia codificadora do gene. As posições das deleções e seu
medem 400 nt (éxon 1), 320 nt (éxon 2), 230 nt (éxon 3) e
efeito na expressão do UG4 são exibidos a seguir.
.
300 nt (éxon 4) Uma mãe e um pai com dois filhos saudá-
Inicio da veis e dois portadores de doença são submetidos á anã
Região transcriçáo lise de northern blotting em um laboratório de genética
Região a montante promotora | * médica. Os resultados para cada membro da família sáo
GCM exibidos a seguir.
I II II II I I II I
Regiões E D A C B F
de deleção
Transcrição (%)
Deleção Caule Folha
Nenhuma (controle)
A
B
100
100
100
100
II
èb i b
<1 92
C 100 100 -
11 1-2
H
-
11 1 11-2 11-3 11-4
D 100 163
E 1.250
98 <1 Northern
F 100 100 nt blotting
1.020
a. Explique os efeitos diferenciais das deleções B e F na a. Identifique o genótipo de cada membro da famí -
expressão nos dois tecidos. lia usando os tamanhos dos RNAm para indicar cada
b. Por que a deleção D aumenta a expressão do VGA no alelo. (Por exemplo, uma pessoa homozigota do tipo
tecido da folha, mas náo no tecido do caule? selvagem é indicada como "1.250/1.250".)
c Por que a deleção E reduz a expressão do VGA no te- b. Com base na sua aná lise, qual é a mais provável ano
cido da folha, mas não no tecido do caule? malía molecular causadora do alelo da doença?
.
14 Um gene expresso no músculo longo do camundongo é 16. A região do DNA humano ilustrada no diagrama a seguir
identificado e a região regulatória a montante do gene contém três sequências de restrição ( 5' - CCGG - 30 para
Capitulo 15 Regulação da expressão gênica nos eucariotos 521
.
as enzimas de restrição Hpoll e Mspl (Lembre - se de que a 18. Uma enzima muscular chamada MEl é produzida pela
.
Hpoll é sensível à metilaçâo, mas a Msp\ não é ) A ilustra- transcrição e tradução do gene ME 1 em vários múscu-
ção identifica a distância entre as sequências de restrição los durante o desenvolvimento do camundongo, in -
e indica a posição de ligação de uma sonda molecular . cluindo o músculo cardíaco, de modo altamente regu -
lado. A produção da ME1 parece ser ligada e desligada
I 1,7 kb li 2.3 kb em momentos diferentes durante o desenvolvimento.
5* HM
i ! CCGG CCGG 3' Para testar o possível papel das sequências enhoncers e
3' G G C C GGÇÇ GGCC S silenciadoras na transcrição de ME 1, um biólogo cria um
Sonda molecular
sistema genético recomblnante que funde a sequên
cia promotora de ME 1, com o DNA a montante dessa
-
promotora, com o gene lacZ bacteriano (betagalactosi-
a. Se a metilaçâo ocorrer em qualquer uma das sequên - dase). O gene lacZ é escolhido pela facilidade e simpli-
cias de restrição, qual é o nudeotideo mais propenso a cidade para examinar a produção da enzima codificada.
adquirir um grupo metila ? Por quê? O diagrama mostra a estrutura do recombinante, bem
b. Desenhe dois experimentos de Southern blotting, como as barras que indicam o alcance das deleçòes que
cada um deles contendo uma pista com DNA digerido o biólogo faz na sequência promotora de ME 1 e nas se-
por Hpoll e uma segunda pista com DNA digerido por quências a montante. A tabela exibe a porcentagem de
Mspl. No experimento A, não ocorreu metilaçâo das atividade betagalactosidase em cada mutado por de-
sequéndas de restrição. No experimento B, a sequên- leçào em comparação com o sistema gènico recombi-
cia de restrição do meio é metilada, mas as duas outras nante sem quaisquer deleçòes.
sequéndas não são.
17. Uma proteína muscular no camundongo é produzida Região a montante Promotora
através do uso de sequências promotoras alternativas de MÍ 1 àtMEl Gene LacZ
nos músculos cardíaco e esquelética Um diagrama da
região gênica é exibido a seguir. O gene contém um total
de seis éxons e existem três sítios de restrição reconhe-
cidos pela enzima de restrição Hind\\\ na vizinhança do .s C
B
.
éxon 4 A transcrição do gene nos músculos cardíaco e Atividade de
esquelético termina apó s o éxon 6. A proteína produzida Deleçâo LacZ (%)
pelo gene é reconhecida nas amostras cardíacas e mus- Nenhuma (controle) 100
culares pelo mesmo anticorpo. A 100
B 100
Hindlll H/odlll H/odlll C 4
I> *>
D
E
<1
170
Éxon
ícncin
1 2 3 4 5 6
F 5
APRESENTAÇÃO
16.1 As triagens genéticas prospectivas identificam
os genes por seus fenôtipos mutados
16.2 As sequências de DNA especificas são
reconhecidas usando tecnologia de DNA
recombinante
16.3 As tecnologias de sequenciamento do DNA
revolucionaram a biologia
16.4 As coleções de fragmentos de DNA donados
chamam-se bibliotecas
16.5 Genes especí ficos são clonados usando a
tecnologia de DNA recombinante
Neste capítulo, ilustramos como a existênda de um selvagem e conhecimentos sobre os processos biológicos.
gene pode ser inferida a partir dos fenótipos mutados e Em um dos primeiros exemplos, em 1908, Archibald Gar-
rod vinculou uma condição hereditária, a alcapton úria, à
como as sequências de DNA e as funções de determina-
falta de uma atividade bioquímica específica, o metabo-
dos genes podem ser reveladas usando técnicas da tec- lismo dos anéis de benzeno no ácido homogentísico. Ele
nologia de DNA recombinante. Essas discussões são uma sugeriu que a versão do tipo selvagem do gene codifica a
base para os Capítulos 17 e 18, nos quais exploramos apli- enzima responsá vel por essa atividade bioquímica. Com a
capacidade para gerar mutações à vontade, os geneticistas
cações da tecnologia de DNA recombinante ao dissecar-
começaram a empregar triagens genéticas sistemá ticas
mos a funçào gênica e o sequenciamento dos genomas. para dissecar outros processos biológicos, e as bases gené-
A exploração de como os genes controlam os proces- ticas de vias bioquímicas inteiras foram elucidadas.
sos fisiológicos e evolutivos é abordada de duas maneiras A concepção das triagens genéticas para identificar os
genes envolvidos em determinados processos biológicos é
que atacam o problema a partir de direções diametral-
mente opostas. Essas abordagens opostas são conheci-
limitada apenas pela imaginação do geneticista. Um exem -
plo é a pesquisa realizada por Seymour Benzer que levou
das como análise genética prospectiva e análise genético ao campo da genética comportamental nos anos 1970.
reversa . Os objetivos das análises prospectiva e reversa Benzer acreditava que podiam ser identificadas as muta-
ções que afetavam espeáficamente os processos compor-
são os mesmos: identificar os genes responsáveis pela tamentais, como o que você está usando agora, o processo
variação hereditária, determinar a estrutura e função dos de aprendizagem e memória. Na época, muitos acredita-
alelos do tipo selvagem que controlam os traços e descre- vam que o comportamento era complexo demais para ser
ver como os alelos mutados geram fenótipos anormais.
dissecado geneticamente. No entanto, Chip Quinn, um
aluno de pós-graduaçâo no laboratório de Benzer, apro-
No entanto, as duas estratégias começam em diferentes veitou as ideias anteriores e concebeu uma triagem enge-
extremidades do processo de identificação gènica. nhosa para identificar os mutados deficientes em apren -
A análise genética prospectiva começa com uma dizagem e memória na Drosophila. As moscas do tipo
selvagem podiam ser ensinadas que um pulso de odor seria
triagem genética que identifica anomalias fenotí picas
seguido por um choque: mais tarde, quando sentissem o
específicas em uma população de organismos que fo- odor, elas adotariam uma ação evasiva. Quando Quinn e
ram mutados. 0 fenótipo anormal é estudado para iden- Benzer sujeitaram uma população mutada de Drosophila a
tificar a natureza da anomalia hereditária e, por infer ên- essa triagem genética , eles identificaram cepas mutadas de
moscas que podiam perceber o odor, mas pareciam inca -
cia, as funções normais de um gene associado. No final
das contas, a sequência do gene responsável pela ano-
-
pazes de associá lo com o estímulo; ou elas não aprende -
ram ou não conseguiam se lembrar.
malia é determinada e pode sugerir a função molecular Mais tarde, foi demonstrado que dois genes muta -
do produto gênico correspondente figura 16.1a). Neste dos identificados no estudo, dunce e rutabaga , codifi -
cavam prote í nas envolvidas na produção ou degrada ção
capítulo, discutimos as triagens genéticas prospectivas
da pequena molécula de sinalização adenosina mono-
e como a tecnologia de DNA recombinante é utilizada fosfato cíclico ( cAMP). Na é poca, sabia-se que a sina -
para identificar a sequência de DNA de determinados lização por uma via cAMP era necessá ria para a apren -
genes. Ao contrário da análise genética prospectiva, a dizagem na lebre- do- mar, Aplysia. Como os mutados
da Drosophila eram defeituosos na fisiologia do cAMP,
análise genética reversa começa com a sequência de
outros genes que codificavam proteínas envolvidas na
um gene de funçào conhecida que depois é conectado
a um fenótipo mutado (Figura 16.1b). Essa estratégia é
sinalização e resposta cAMP também foram investiga
dos quanto aos seus papéis na aprendizagem. No final
-
explorada com mais profundidade no Capitulo 17. das contas, um fator de transcrição chamado creb (ele -
mento de resposta, proteína de ligação ao cAMP, do
( b)Genética reversa
Tipo selvagem Mutado Hox 10
Hox 10
níwwwvzn
— lso ,í r 9^^ do
O camundongo
* °
Lombar
Sacra!
O identificar
o fenótipo
GCG GGG GAA GCG
EMS -
Conversã o GC AT
Códons de parada criados: TGG TAG
Alta
- Nulo, hipomorfo, hipermorfo
apenas a mutação de interesse e não as outras que tam - as Drosophilas são tratadas com um mutágeno por —
bém foram induzidas durante a mutagénese.
Estratégia para identificar mutações dominantes e recessi
vas O objetivo global da mutagénese é identificar vários
alelos mutados independentes de cada gene envolvido no
-
exemplo, alimentando os machos com metanossulfonato
de etila (EMS) (ver labela 16.1) somente as mutações
—
induzidas nas células germinativas são herdáveis e serão
passadas para a progénie das moscas mutadas.
processo biol ógico de interesse. Consideremos a iden - As mutações dominantes recé m - induzidas podem
ser identificadas na gera ção F produzida pelo cruza -
tificação das mutações dominantes e recessivas em um
-
(
exemplo animal tí pico. A Drosophila , como a maioria dos mento dos machos mutados com fémeas do tipo selva
animais, passa a maior parte do seu ciclo de vida no estado gem ( Figura 16.2a ). No entanto, apenas uma pequena
diploide. Suas células germinativas são extra ídas no início fraçã o da progénie F , exibirá um íenótipo mutado, pois
do desenvolvimento e não contribuem para o desenvol - as mutações dominantes são raras. Essa raridade se
vimento somático do resto do corpo do animai. Quando deve à baixa probabilidade de que qualquer altera ção
,
(a ) A triagem da F identifica ,
( b) A triagem da F identifica mutações ,
(c) A triagem da F identifica mutações
mutações dominantes recessivas nos animais. recessivas nas plantas.
O Promover O Promover
mutações mutações O Promover muta ções
nas células nas células nos progenitores
t espermá tlcas . espermáticas. germi nativos.
4441 I 4 f7H I O Acasalar com a 0 Acasalar com F, 4 * l I [í ’r' I ( ) Permitir que as
I x 1 +++' ! plantas da F,
P9 p
fé mea do tipo f émea do tipo 1 +++
selvagem. selvagem. autofertillzem.
,F ( 1 O Identificar muta ções
m- n i HM
Fi I 1 O Isolar a progénie
+1714 +4+ Q Identificar as F, e acasalar F , 1 indiv
recessivas nos
+4+ 4+4 mutações indlvldualmente íduos da F . 2
fn » » ro»
dominantes com o tipo
4m+
444
+4+
44
nos indivíduos selvagem para
4/n+ +4 *--
da F produzir famílias +m4 4+4
* distintas na F2.
-
4
4+4
As mutações dominantes _[ 444
1
1 x mi O
segregam em uma proporção 1:1 +4+ I 41774 | |4ff )4 I Entrecruzar os
^ í 1
indiv íduos da F2
para produzir a
progénie F*
0 Identificar
Os mutados homozigoros ncxmalmente
não vão segregar na proporção 3:1 na
geração F POts as piantas da F são
quimeras *com algumas células do tipo
secagem e algumas células rrutadas
,
F# 4ffi + » mr
-
44 4
mutações
recessivas nos
heterozígotas .
4m+ -
44 4 indiv íduos da Fj
44 4- 4+ 4
na sequê ncia de DNA de um gene venha a produzir um pare que, embora as mutações sejam induzidas por todo
ganho de função para o produto génico codificado, seja o genoma, apenas as mutações no homólogo do cromos -
qualitativamente seja quantitativamente. somo balanceador são analisadas. Os membros machos
As mutações que resultam em uma perda de função da progénie Ft que herdaram um cromossomo mutado
são mais comuns, mas as muta ções de perda de função do pai e o cromossomo balanceador da mie são selecio-
geral mente são recessivas e n ão resultam em um fenó- nados. Em seguida , os machos selecionados são cruzados
tipo observável na geração F,. Portanto, devem ser reali - com fémeas do estoque de portadoras do cromossomo
zados mais cruzamentos para produzir mutados homo- balanceador , produzindo a progénie Fr A geração F, con -
zigotos de perda de função. Na Drosophila , as mutações siste em machos e fémeas heterozigotos para a mutação
recessivas são identificadas em uma triagem da F, ( Fi - induzida e podem ser cruzados para produzir a progénie
.
gura 16.2 b) Nessa triagem , os indivíduos da F( deriva - Fr Na geração Fy 25% devem ser homozigotos para a mu-
dos do acasalamento de machos mutados com fémeas tação induzida e não vão carregar o alelo dominante do
do tipo selvagem são cruzados com fê meas do tipo sel - cromossomo balanceador; 50% serão heterozigotos para
a mutação recém - induzida e também carregam o alelo
vagem, produzindo uma geração ¥ r Os irmãos da F 2 sã o
cruzados, produzindo uma população F 3 segregando dominante; e os 25% restantes morrerão em virtude da
os indivíduos homozigotos para a mutação induzida. homozigosidade para o cromossomo balanceador. A pro-
O cruzamento da F: para produzir o mutado homozi- génie homozigota não portadora do alelo dominante do
goto da F3 é ineficiente, já que apenas a metade da F2 cromossomo balanceador pode passar por uma triagem
é hctcrozigota para a mutação induzida. Todavia , essas de fenótipo aberrante.
estratégias de mutagènese são empregadas em muitas
espécies, como os camundongos e o peixe paulistinha.
A identificação das muta ções recessivas é um O Promover muta ções nas
Cromossomo células espermá ticas.
pouco mais simples nos organismos que autofertilizam, balanceador i
como a Caenorhabditis elegans e muitas plantas ( por V X
l
Q Acasalar com uma mosca
f êmea carregando um
exemplo, Arabidopsis e milho). Nesses organismos, cromossomo balanceador.
os indivíduos da F são autofertilizados para produzir
C)Oé um cromos -
somo balanceador. A mutaçãocom vcmdhâ o dc cnábno
uma geração F2 a partir da qual as mutações recessivas AmjtaçáoCyé ícn) é mclu da para ajudar a acompanhar
dominarvTe, o balanceador e nutar oscromossomos
podem ser identificadas. Um exemplo de triagem da F} resultando em asas
é exibido na Figura 16.2c. Em uma triagem da F 2 ou da onòjladave é letal O Selecionar os ,membros
da progénie F com asas
Fy as mutações que resultam na letalidade homozigó - quando bomoagoQ
onduladas, carregando a
tica podem ser mantidas nos irmãos heterozigotos. F, cn+m+
cn
muta çã o CyO, e acasalar
com uma mosca
.-
Uso dos cromossomos balanceadores para rastrear mu- portadora do cromos
tações A ineficiência de uma triagem da F1 pode ser
somo balanceador
: } Selecionar os membros
contornada usando cromossomos marcados de modo a cn da progénie F2 com asas
serem seguidos através das gerações. Os cromossomos Fj y onduladas e olhos
zado por Hermann Muller para demonstrar que os raios a mutação m. cn+ mt
cn
X induzem mutações (Observação Experimental 13.1) . cn Asa* ondulada *,
Os cromossomos balanceadores estão disponíveis para olhos verme hio
todos os cromossomos da Drosophila . de cirtAbrio
—
rio em uma condição ambiental a condição permissiva
—— mas é necessário e inativo ou ausente em outra condi-
.
23 X mas não a 36 X.
— —
dicionais desse tipo, a população mutada inicialmente é Retenção do
cultivada em condições permissivas nesse caso, em fenótipo
um meio contendo histidina de modo que o mutado N ú mero dc cdc2B
genes ede
cdc6, 7, 8, 16
17.20,23
. cdcIS
e o tipo selvagem vão crescer. Essa população mutada é
replicada e depois passa por triagem quanto aos defeitos 0$ fenótipos dos mutados doeido dedivisão
fenotípicos ( por exemplo, letalidade) quando cresce em celular iede ) se parecem com a levedura do too
selvagem em estágios específicos do ddo celular
uma condição restritiva ( por exemplo, falta de histidina ).
Essas triagens genéticas foram realizadas por Beadlc e
Tatum para identificar os auxótrofos no Neurospora na ( c)
Processos biokjç cos celulares espec íficos bloqueados
pesquisa que estabeleceu a gen tica bioquímica produ
é e
ziu a teoria de um gene- uma enzima ( ver Seção 4.3) .
- nas Snhagens mutados ak sugerem funções
especificas do ddo celular para os genes mutados.
Se uma substancia ausente não puder ser fornecida Duplicação Iniciação Sí ntese Ponto de Divisão
para o meio de cultura, outros tipos de condições am - do corpo da s í ntese doDNA checagem nudear
bientais podem ser alterados em seu lugar. Nos mutados polar do fuso doDNA da síntese ( mtose)
doDNA f
sensíveis à temperatura, a estabilidade do produto poli -
peptídico mutado de um alelo varia com a temperatura
( ver Seção 4.1), muitas vezes como resultado de uma
Fator alfa i
cdc28 cdc7 cekó, 8, 17 cdcl ó, 20.23 cdcIS
mutação de sentido trocado. Esse tipo de alelo letal con - Pós-
dicional nas leveduras S. cerevisiae e Schizosaccharomy - G1 S Final de S/G 2/M
-anáfase
ces pombe leva a uma compreensão genética molecular
do ciclo celular, um processo biológico compartilhado Figura 16.4 Identificação e análise dos alelos condicionais.
528 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
.
do ciclo celular ( Figura 16.4c) Os estudos na levedura tificados. Quando um experimento de mutagênese de -
forneceram a base para compreender o papel da regula - monstra ter produzido várias mutações independentes
ção do ciclo celular no câ ncer ( ver Seção 3.1). em cada gene identificado, a maioria dos genes no pro -
cesso de interesse provavelmente sofreu mutação.
Análise da mutagênese
Observa çã o gen ética As triagens genéticas prospec-
Vá rias perguntas importantes precisam ser res - tlvas sào uma abordagem imparcial para Identificar os genes
pondidas na an á lise dos mutados obtidos pela mutagè-
nese: (1) Os alelos mutados são dominantes ou recessi- envolvidos em um processo biológico específico; nã o é neces
vos com relação ao alelo do tipo selvagem ? (2) Quantos sá rio nenhum conhecimento prévio da função molecular dos
genes diferentes foram identificados na mutagênese? genes. Os testes de complementaçáo revelam o n ú mero de
(3) Quantos alelos mutados diferentes de cada gene genes e alelos identificados nas triagens genéticas.
foram identificados?
Determinação da dominá nda ou recessivklade A resposta As triagens genéticas prospectivas costumam exigir
para a primeira pergunta fornece informações sobre a pro- a mutagênese de milhares de indivíduos e a seleção de
babilidade de o aldo mutado representar uma perda ou grandes quantidades de integrantes de sua progénie por
tadores de fenótipos mutados. Cada progénie pode conter
-
um ganho de função ( ver nas Seções 4.1 e 12.2 as descri-
ções dessas categorias). A dominâ ncia ou a recessividade várias mutações, mas apenas uma pequena fração da pro-
sao determinadas usando a mesma abordagem empregada génie terá um fenótipo mutado de interesse. Por exem -
por Mendel. ()s indivíduos homozigotos para as novas plo, em suas triagens para identificar auxótrofos, Beadle,
mutações são cruzados com a cepa do tipo selvagem em Tatum e colegas selecionaram muitos milhares de linha -
que a mutagênese não foi realizada. O fenótipo na progé- gens mutadas individuais para descobrir alguns auxótro-
nie Fj derivada do cruzamento permite que o aldo mutado fos para arginina que foram produzidos. F.mbora algumas
seja designado como dominante ou recessivo. triagens necessitem de inspeção visual de toda a progénie,
outras são concebidas especifica mente para realçar certos
Determinação da quantidade de genes identificados A mutados de interesse contra o pano de fundo composto
resposta para a segunda pergunta fornece pistas sobre por todos os demais mutados. A concepção dessas tria-
quantos genes estão envolvidos nos processos biológicos de gens é uma arte. Talvez a triagem mais radical seja aquela
interesse. O método mais direto para determinar o n ú mero
de genes representados por uma nova coleção de muta - em que a aplicação de uma técnica de seleção simples per -
mite que os mutados de interesse sobrevivam, enquanto
dos que produzem fenótipos mutados similares é a reali - os que não são de interesse morrem. Entre os exemplos,
zação de testes de complementaçáo entre diferentes pares temos o isolamento das bactérias resistentes a antibióti-
de linhagens mutados. Se a progénie produzida pelo cru - cos, os insetos resistentes a inseticidas e as plantas resis -
zamento de duas linhagens mutados recessivas exibir um
tentes a herbicidas. De modo similar , o isolamento dos
fenótipo mutado, então as duas mutações são no mesmo
gene, ao passo que, se a progénie exibir um fenótipo do tipo
mutados resistentes aos análogos dos compostos quími -
cos celulares ou aos altos níveis de hormónios naturais se
selvagem, então as duas mutações são em genes diferentes
( ver Capitulo 4). Na prá tica , podemos limitar o n úmero de
provou útil nas triagens genéticas. Frequentemente nes
ses casos, as mutações identificam genes codificadores de
-
cruzamentos reconhecendo que a complementaçáo é co-
proteínas envolvidas no metabolismo ou nas vias de sina -
municativa; ou seja, se a mutação A for alélica para a mu - lização dos compostos químicos respectivos.
tação B e a mutação B for alélica para a mutação C, então
Mesmo quando não podem ser aplicados fortes
as mutações A e C são alélicas. Em alguns casos especiais,
critérios de seleção, o conhecimento dos processos bio-
como acontece com as mutações dominantes ou game-
lógicos de interesse pode influenciar na concepção da
tolkamente letais (letais em um estágio haploide do eido
triagem. Por exemplo, quando Wieschaus e N ússlein -
celular, por exemplo, no pólen), os experimentos de com - -Volhard realizaram sua triagem de mutados da em-
plementaçáo não podem ser realizados facilmente e outros
briogênese na Drosophila , eles supuseram que todas as
métodos para averiguar o alelismo, como o mapeamento
mutações de interesse provavelmente eram letais para
(ver Seção 5.2), podem ser empregados.
a larva (ver Seção 20.2). Assim, eles podiam limitar sua
Determinação do número de alelos mutados identificados análise intensiva às linhagens mutadas em que a letali-
para um gene A resposta para a terceira pergunta deve
t
provir da análise de complementaçáo. ú til obter vá rios
dade larval era evidente. A Aná lise Genética 16.1 vai de -
safiá -lo a conceber uma triagem que identifique os genes
alelos mutados de cada gene por dois motivos. Comparar envolvidos em um determinado processo biológico.
os fenótipos mutados de vá rios alelos permite uma ava -
liação da gama de variação fenotí pica que pode ser ob- Identificação da interação e da
tida pela mutação do gene em questão ( ver Seção 4.1). A
redundância gênica
recuperação de vários alelos para cada gene também for -
nece informações sobre a saturação da triagem genética; Geralmente, os fenótipos mutados refletem a res -
em outras palavras, ela sugere a porcentagem dos genes posta do organismo à perda , ou alteraçã o, de um deter -
que podem ser identificados, que na verdade foram iden - minado produto génico. No entanto, os genes não agem
Capítulo 16 Genética prospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 529
AN Á LISE GENÉTICA
Em todos os organismos eucarióticos, as proteí nas a serem secretadas pela célula ou incorpora
das à membrana plasmática são traduzidas no ret ículo endoplasmático e seguem pelo aparelho
de Golgi até alcanç ar a membrana plasmática. Descreva uma triagem genética para identificar os
genes envolvidos na secreção proteica.
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema diz respeito à concepção de uma triagem genética,
este problema e explique a natureza
da resposta solicitada.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 O objetivo é identificar mutações nos genes que funcionam na secreção pro-
fornecidas no problema. teica, um processo universal entre os eucariotos .
Deduzir
.
3 Considere qualquer informação dls- .
3 Como não recebemos qualquer tipo de informação sobre os genes erwofvídos
ponibilizada sobre os genes envolvi- na secreção proteica, uma triagem genética prospectiva seria uma boa aborda-
dos no processo seaetórlo. gem porque suas mutagéneses nâo são influenciadas pelos preconceitos sobre
as funções bioquímicas ou as sequências génicas .
.
4 Escolha um organismo para a abor- .
4 Uma vez que os sistemas secretórios em todos os eucariotos são similares, pro-
dagem genética prospectiva. vavelmente eles são homólogos, ou seja, herdados de um ancestral comum.
Assim, podemos escolher qualquer eucarioto apto a análise genética. A Sac-
charomyces cerevisiae seria uma boa escolha, pois já existem muitas ferramentas
genéticas para esse organismo genético modelo.
.
5 Considere a consequência fenotípica .
5 Como a perda de um sistema secretório funcional tende a ser letal para qual-
de uma perda de secreção proteica . quer organismo, devemos usar uma estratégia para identificar os alelos muta-
dos condicionais.
Solucionar
6. Projete uma abordagem para a tria- 6. Um bom projeto seria similar ao procedimento utilizado para identificar os ale -
gem genética baseada nos passos 3 los mutados sensí veis á temperatura nos genes do ciclo celular da S. cerevisiae.
a 5 da solução. A mutagênese das células haploides poderia ser realizada em uma temperatura
permissiva (por exemplo, 25 - 30 *0, seguida pela triagem de fenótipos mutados
em uma temperatura restritiva (por exemplo, 39 °C).
.
7 Descreva como vocé identificaria 7. é necessário um método para monitorar a secreção. Uma abordagem seria
as mutações que afetam especifica- acompanhar o destino de uma proteína reconhecidamente secretada no meio
mente a secreção. de cultura e procurar mutados em que a proteína não foi detectada.
Para pratkar mais, ver Problemas 21, 22, 23, 27, 28 e 29.
isoladamente. A atividade dos outros genes pode modifi - simultaneamente. As estrat égias de triagem potencia -
car, potencializando ou suprimindo, os defeitos fenotipi- doras-supressoras sáo quase ilimitadas em quantidade e
cos provocados pela perda de um produto gênico. Uma sofisticação, além de terem o potencial para identificar
abordagem para descobrir as interações genéticas é rea
lizar uma triagem modificadora genética para ver se as
- os genes que funcionam nas vias genéticas interagentes.
As triagens modificadoras conseguem identificar
mutações em um segundo gene conseguem potencializar mutados duplos que exibem um fenótipo imprevisto,
ou suprimir o fenótipo da primeira mutação. Em uma um que n ã o seja simplesmente uma combina ção dos
variação de uma triagem modificadora, chamada tria - fen ótipos dos dois mutados simples. Na que seja tal-
gem potenciadora, as muta ções em um segundo sítio vez a forma mais radical de potencializaçã o, chamada
potencializam o fenótipo do mutado inicial. Um tipo letalidade sinté tica , os dois mutados simples sã o viá -
complementar de triagem gen ética , chamado triagem veis, mas o mutado duplo é inviá vel. A letalidade sin -
supressora , procura identificar mutações de segundo
sítio que suprimem o fenótipo do genótipo inicial. Re -
tética foi observada pela primeira vez pelos geneticis
tas de Drosophila que observaram a inviabilidade de
-
pare que os dois tipos de triagem podem ser realizados algumas combinações de pares de alelos mutados. Por
530 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
exemplo, quando Alfred Sturtevant cruzou fé meas també m herdou um alelo pn* de seu pai. Nesse exem -
mutados prune { pn no cromossomo X ) com machos plo, os mutados pn e K - pn são viá veis, mas o mutado
de uma reserva separada, chamada S/ E S, ele notou - duplo pn, K pn resulta em letalidade.
-
que a progénie consistia somente em fê meas pn* e ne- A Figura 16.5b mostra dois possíveis mecanismos
nhum macho viá vel ( Figura 16.5 a ), Sturtevant deter- para explicar a letalidade sintética ou potcncializaçào.
minou que os machos S/ E-S portavam uma muta çã o Em um dos mecanismos, os dois genes em questão
autossô mica dominante, que ele chamou de Prune - agem em vias complementares paralelas. Neste cenário,
- -
kUler ( K pn ) , que combinada com a pn resulta em
letalidade; mas ele notou que as moscas homozigotas
as mutações que resultam na perda de qualquer uma
das vias podem ser compensadas pela atividade da via
-
para a muta ção K pn isolada não tinham um fenó- restante. Entretanto, quando ambas as vias são rompi -
tipo aberrante. Em seu cruzamento, todos os machos das, observa -se uma potencializaçã o radical no fen ótipo
da progé nie herdaram um alelo pn de sua mâe e um mutado. Um mecanismo alternativo é possível quando
-
alelo K pn de seu pai e, portanto, essa progé nie mor - os dois genes estão agindo na mesma via: uma redução
reu. Por outro lado, a progé nie feminina era viá vel , na função de um componente da via resulta em um fe-
pois, apesar de herdar um alelo K pn do seu pai, ela - nótipo brando, mas, quando os dois componentes são
rompidos, a via não consegue mais funcionar de modo
(a) Cruzamento de Sturtevant identificando letalidade sintética eficaz. Repare que no último cenário os alelos hipomór -
ficos podem resultar na potencializaçã o sintética, mas
— ±+
çv pn X
-
K pn
0 afeio dominante,
não os alelos nulos.
O primeiro cená rio, em que os dois genes agem em
-
Prune kí Mcf (K-pn), em paralelo, é um exemplo de redundância genética , na
F, 9
pn Kpn
^
combinaçãocoma
perda da função
qual a perda de fun ção de qualquer um dos genes iso -
ladamente é compensada pela atividade do outro gene
i total
da via
! reduzida
f
da via
! reduzida
da via
Insufioente
da via
revelada pelas triagens potenciadoras-supressoras. As
triagens potenciadoras-supressoras tê m sido realiza -
Função das em muitos organismos, incluindo Drosophila , C
essencial
eleganz, Arabidopsis e camundongos ( ver Seção 18.3),
Tipo selvagem Viável Viá vel letal sendo extremamente bem -sucedidas na identificação
das vias genéticas interagentes (ver Seção 20.3) .
Mutações por perda de função parcial no Cf ou C? isoladamente
reduzem as funções, mas os organismos ainda são viáveis No
entanto se os dois componentes sofrerem mutação a va pode se
tomar não funcional.
Observa çã o gen é tica As triagens potenciadoras-su -
pressoras podem revelar que dois genes estão agindo em vias
00007 Macnvlan Pubk*r*n LM genéticas interagentes.
Figura 16.5 Potencializaçã o sintética .
Capítulo 16 Genética pfospectiva e tecnologia de DMA recombinante 531
dos genes e a variação alélica são possíveis apenas dis - pares de bases complementares pela ligação de hidrogé-
tinguindo um gene de interesse dos demais no genoma .
A tecnologia de DNA recombinante permite que os
nio. A produção de extremidades coesivas facilita a com
binação dos fragmentos de DNA gerados com as enzimas
-
pesquisadores dividam o genoma em segmentos meno- de restrição e o pareamento de bases complementares
res que depois podem ser analisados e remontados para desempenha um papel em quase todas as técnicas de
proporcionar uma visualização molecular dos genes e DNA recombinante. O princí pio é que, se duas molécu -
do genoma . Nas próximas seções, descrevemos o desen - las de DNA produzidas pela digestão com enzima de res-
volvimento das ferramentas tecnológicas de DNA re- trição tiverem extremidades coesivas complementares,
combinante e sua aplicação para identificar sequências elas podem ser combinadas pelo pareamento de bases
de DNA específicas, culminando nas abordagens para complementares. O próprio genoma da E coli é prote-
identificar os genes originalmente identificados apenas gido contra a digestão pela endonuclease EcoRI pela en -
por um fenó tipo mutado. zima EcoRI metilase, que adiciona um grupo metila ao A
532 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
Do bacterió fago à s enzimas de restriçã o: a pesquisa bá sica gerou uma revolução biológica
A pesquisa biológica bá sica visa descobrir e compreen- em suas extremidades, indicando que a clivagem ocorre ape-
der fenómenos de todas as partes do espectro da vida. Mi- nas na sequência-alvo. Smith também descobriu que as enzi-
lhares de biólogos participam dessa pesquisa diariamente e mas de restrição divam cada cópia de sua sequência-alvo que
a maioria possui especialidades que podem parecer obscuras encontram.
ou triviais para os que não são cientistas. Contudo, suas des- Em 1971, Daniel Nathans foi o pioneiro no uso das en-
cobertas podem não só revolucionar a pesquisa, mas também donucleases de restrição para tratar de questões genéticas e
contribuir para mudar a forma como enxergamos o mundo. genômicas. Nathans usou o Hind\\ para digerir o pequeno ge-
Em meados dos anos 1960, Werner Arber estava estudando noma do virus SV40 dos simios e constatou que se formaram
um fenômeno bacteriano chamado restrição e modificação con- 11 fragmentos de DNA. Em 1973, Nathans digeriu o SV40 com
troladas pelo hospedeiro, que age como um sistema imune sim- duas endonudeases de restrição recém-descobertas. Depois
pies nas bactérias invadidas por bacteriófago , Ele mostrou que ele usou os três conjuntos de fragmentos de restrição para
*
a £ coli produz duas enzimas que afetam as mesmas sequências criar o primeiro mapa de restrição do genoma do SV40, deter -
.
de DMA palindrômkas curtas Uma enzima, chamada endo- minando o número e a ordem dos sítios de restrição de cada
nudease de restrição, diva o DNA como um par de tesouras mo- enzima e reunindo tudo em um mapa.
leculares. A segunda enzima, chamada enzima de modificação, Quando Nathans concluiu seu mapa do genoma do
adiciona grupos metila (CH1) ao DNA, impedindo assim que as SV40, os biólogos já estavam examinando outras enzimas de
endonudeases de restrição se liguem ao DNA. restrição. Em cinco anos, mais de 100 enzimas de restrição
Em 1970, Hamilton Smlth ampliou o trabalho de Arber foram descobertas. Muitas formavam extremidades coesivas
ao estudar uma endonuclease de restrição do Haemophitus no DNA digerido e Paul Berg percebeu que os fragmentos
irifluenzae. Smith isolou o Hind\\ e determinou que ele diva de DNA provenientes de diferentes organismos podiam ser
na sequência unidos se tivessem extremidades coesivas complementares.
Essa constatação o levou a criar a primeira molécula de DNA
5' GTPyPuAC 3'
3'- CAPuPyTG - 5'
- 5' GTPy PuAC 3'
3'- CAPu PyTG - 5'
- recombinante em 1975.
Arber, Smith e Nathans dividiram o Prémio Nobel em Fi-
O HindW gera extremidades cegas clivando sua sequência- siologia ou Medicina de 1978 por seu trabalho sobre enzimas
<
alvo entre a purina central (Pu = A ou G)e a pirimidina Py = de restrição e Berg ganhou o prémio em 1980 pek) desenvol -
T ou C). O trabalho de Smith no HindW identificou algumas ca- vimento do DNA recombinante. Desde então, as enzimas de
racteristicas importantes das enzimas de restrição. Primeiro, o restrição se tornaram uma ferramenta onlpresente na pes -
HindW cliva o DNA estranho em fragmentos grandes, mas não .
quisa genética e genómica O estudo inicial de Arber sobre
afeta o DNA do H. infhtenzae. Isso confirmou a ideia de Arber um evento obscuro nas bactérias desencadeou uma revolu-
de que o DNA bacteriano está protegido contra a ação das ção tão importante quanto a descrição da estrutura do DNA
enzimas de restrição da pr ópria bactéria. Segundo, cada frag- feita por Watson e Crick ou a descrição das leis da hereditarie-
mento de DNA resultante tem os mesmos três pares de bases dade de Mendel.
adjacente ao T em ambas as fitas de DNA. Essa é a “ mo- trição que reconhecesse uma sequência de 8 pb cortaria o
dificação" no sistema de modificação da restrição EcoRI. DNA uma vez a cada 65.536 pb (1/ 48) em média. Na rea-
Centenas de enzimas de restrição foram isoladas lidade, o genoma da maioria dos organismos não consiste
das bactérias e estã o dispon íveis comercialmente (ver em quantidades iguais de quatro bases. Por exemplo, a
Tabela 10.1). Embora muitas enzimas de restrição pro - maioria dos genomas dos eucariotos pluricelulares é rica
duzam extremidades coesivas, seja com ressaltos em 5’ em AT (ou seja, seus genomas têm um conteúdo maior de
( como na EcoRI ) ou com ressaltos em 3’, algumas delas A e T do que de G e C ) e então as enzimas de restrição que
deixam extremidades cegas que não possuem um reconhecem uma sequência rica em GC cortaria o DNA
segmento de fita simples. As moléculas de DNA com com menos frequência, em média, que as enzimas que re-
extremidades cegas també m podem ser recombinadas. conhecem uma sequência rica em AT .
Algumas enzimas de restrição reconhecem sequên - Os cientistas usam dados dos experimentos de res-
cias de 4 pb, outras reconhecem sequências de 5, 6 ou 8
pb. O tamanho da sequência de reconhecimento influen -
trição, incluindo o n úmero de sítios de restrição e o nu
mero de pares de bases entre os sítios, para criar mapas
-
cia a frequência com que uma determinada enzima vai de sequê ncias de DNA específicas. Esses mapas de res-
cortar o DNA. Se o DNA de um organismo consistisse em trição fornecem uma base para a manipulação poste-
25% A, 25% T, 25% G e 25% C e as bases fossem distribuí-
das aleatoriamente, então uma enzima de restrição que
rior dos fragmentos de DNA clonados
—
por exemplo,
sugerindo onde subdividir ainda mais os fragmentos
tivesse uma sequência de reconhecimento de 4 pb deveria clonados para clonar fragmentos ainda menores, em
cortar o DNA uma vez a cada 256 p b ( % x % x % x % a um processo conhecido como subclonagem .
.
1/256) Do mesmo modo, uma enzima de restrição que Utilizemos o genoma do fago lambda da E coli em .
reconhecesse uma sequência de 6 pb cortaria o DNA uma um exemplo de processo de mapeamento de restrição.
vez a cada 4.096 pb ( l /4ft ) em média, e uma enzima de res- O DNA do genoma do fago pode ser isolado purificando
Capítulo 16 Genética prospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 533
o fago e removendo seu revestimento proteico. Se isso Para determinar qual é a ordem correta, precisamos
for feito delicadamente, o ácido nucleico isolado será o realizar uma digestão dupla, na qual as duas enzimas são
cromossomo inteiro do fago lambda, que consiste em usadas simultaneamente para cortar o genoma do lambda.
uma molécula linear com 48.502 pb de comprimento. Esse experimento gera três pedaços: 10,1 kb, 15 kb e
A eletroforese do cromossomo em gel de agarose, in - 23,4 kb. Uma vez que o fragmento de Xhol de 15 kb per-
cluindo um corante fluorescente para o DNA (ver Ca - maneceu intacto, mas o fragmento de Xhol de 33,5 kb
pítulo 10), revelaria uma única faixa fluorescente de foi cortado em dois fragmentos (10,1 kb e 23,4 kb) pela
48,5 kb (primeira pista na Figura 16.6). Se o cromossomo Apal , concluímos que o mapa deve ser
lambda purificado for digerido primeiro com Apal , dois AM Xhol
fragmentos, um medindo 10,1 kb e o outro 38,4 kb, são l
gerados, indicando que a Apa\ precisa cortar o genoma A[
uma vez. Isso nos permite começar a desenhar o mapa
de restrição conforme mostrado se segue. O outro possível mapa pode ser considerado incor-
Apal reto e eliminado, já que geraria fragmentos de 4,9 kb,
10,1 kb e 33,5 kb:
A[ ][
Apal Xhol
A[
Se digerirmos o cromossomo lambda purificado
com Xhol , dois fragmentos, um de 33,5 kb e um de
15 kb, são gerados, indicando que a Xhol também pre
cisa cortar o genoma uma vez:
- A Analise Gen é tica 16.2 proporciona mais prá tica
adicional para a construção de um mapa de restrição.
Xhol Para analisar o DNA dos organismos com genomas
A[
l grandes, os pesquisadores precisam fragmentar os ge -
nomas em peda ços mais manuseáveis. Por exemplo, o
genoma da Physcomitrella patens consiste em 400 mi -
No entanto, duas orientações sào possíveis para o lhões de pares de bases e quando é digerido com uma
mapa de restrição da Xhol em relaçã o ao mapa de res - enzima de restrição como a £coRI que corta o DNA, em
trição da Apal desenhado anteriormente. Ele também média, a cada 4.096 pb, são produzidos aproximada -
poderia ser desenhado conforme segue: mente 100 mil fragmentos de DNA diferentes. Quando
Xhol esse DNA digerido passa pela eletroforese em gel de
i agarose, os fragmentos que perfazem o “esfregaço” re -
A[ sultante variam de 20+ kb até pedaços menores que
.
100 pb ( Figura 16.7) O resultado é um esfregaço por-
,
I 1 I 1i I
4 x 10" pb
Qgfll S‘ I 3‘
- 6,7
- 4.4 EcoRl 5' G VAA T C
'
3'
=a HindUl 5'
Alu\ 5'
A*
A Q*C T
“
3'
3’
AN Á LISE GENÉTICA
Você isola um plasmideo da £ coli e quer começar sua análise O O O
deste criando um mapa de restrição. Usando tr ês enzimas de
restrição, O BamHI, O EcoRI e O Norl, você realiza seis digestões
o o o ó ó ó
diferentes: digestões simples usando cada enzima isoladamente kb
i nr
- 23
9A
ou digestões duplas usando cada uma das combinações de duas
enzimas. A eletroforese em gel de agarose dos fragmentos resul- li:
si
-- 4J
.
tantes produz os resultados exibidos aqui Desenhe um mapa de 40
30
restrição do plasmideo . u 2J
20
1.3
- 20
10
a«
oA
a4
- os
02
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema pede para que você construa um mapa de restrição de um
este problema e explique a natureza plasmideo .
da resposta solicitada.
.
2 Identifique as informações críticas 2. Os resultados da eletroforese de três digestões simples e três possíveis combi -
fornecidas no problema . nações de digestão dupla são fornecidos .
Deduzir
.
3 Identifique os tamanhos de cada um .
3 SomHI — um único fragmento de 7 kb. Como os plasmídeos são circulares, o
dos fragmentos das digestões sim - BomHI precisa cortar o plasmideo apenas uma vez.
ples e determine quantas vezes cada
enzima corta o plasmideo.
—
EcoRI um único fragmento de 7 kb Um sítio no plasmideo.
—
Norl dois fragmentos, 3 kb e 4 kb. A Not\ precisa cortar o plasmideo em dois sítios.
compatíveis coesivas. Por exemplo, a BamHI reco - Cóar extremidades coesrvas ráo
compementarps e diferentes
nhece a sequência de 6 pb (doragem direcional).
-
5' GGATCC - 3' DNA vetor Fragmento de DNA inserido
-
3' CCTAGG - 5' EcoRI Bam Hl EcoRI BamHl
e deixa as extremidades coesivas f
-
5' G GATCC 3' -
-
3' CCTAG G 5' - Digerir com
EcoRI e BamHl . Digerir com
EcoRI
A Sau3 A reconhece a sequência de 4 pb Remover o fragmento
^• Extremidades e ôomHI.
-
5' GATC - 3' coesivas
-
3' CTAG - 5' diferentes e
e deixa uma extremidade coesivas
-
5' N -
GATCN 3'
complementares
/ às extremidades
do DNA — r
,
-
3' NCTAG -
N 5' 3'
*v Inserida
5’ S A> T t C
/
yA ÀTrCafbE 3’ '\
(onde N representa qualquer nucleotídeo). Como as TT7TÍ 5’
extremidades coesivas criadas pelas duas enzimas são
iguais ( 5' - GATC - 3'), as extremidades de um fragmento
BamHl c Sau3A podem se combinar c criar moléculas de Combinar os fragmentos
DNA recombinantes. No entanto, nesse caso, nos produ
tos ligados resultantes sempre faltará um sítio BamHl in
-- Vetor recombinante Vetor não ligado
Criar extremidades cegas preenchendo ou aparando da £ coli (ver Capítulo 6) é um plasmideo. Os plasmi -
Vetor plasmideo Fragmento de DNA deos utilizados como vetor de clonagem se replicam de
modo independente do cromossomo bactcriano e, ao
Kpn\ Kpn\ contrário do fator F, que consegue recombinar no cro-
mossomo da £ coli , sempre permanecem separados dele.
Os plasmídeos utilizados como vetores de clonagem
foram modificados em laboratório para possuir várias
Digerir com Digerir com características que facilitam a produção de moléculas de
fcoRI. BM DNA recombinante Figura 16.11 ). Por exemplo, os plas -
m ídeos são equipados com uma origem de replicaçào que
induz a replicaçào eficiente do plasmideo dentro do hos
pedeiro bacteriano. Eles também contê m um gene que
-
s
confere um traço que permite às bactérias abrigarem o
plasmideo para que cresça seletivamente. Os genes que
/ 5* conferem resistência aos antibióticos frequentemente
3' [W
são utilizados como marcadores selecionáveis.
Dois tipos de plasmídeos, identificados como plas-
Preencher a Remover a
extremidade 5’ protuber ância m ídeos baseados em pUC e plasm ídeos baseados em
com DNA 3' com pBR, são utilizados com mais frequência na construção
polimerase exonuclease
de plasm ídeos recombinantes capazes de transformar
bactérias competentes. Ambos os tipos possuem mui -
.3’
L 5*
5'
3*
5' £
=**=£ 3’ tas formas diferentes, desenvolvidas por meio de ampla
engenharia gen ética realizada em laboratório. Nesses
vetores, o gene betalactamase, que confere resistê ncia
á ampicilina, é utilizado com frequê ncia como marca -
Combinar os fragmentos dor sclccion á vcl. A origem de replicaçào (ori ) derivou de
um plasmideo de £ coli de ocorrência natural chamado
Vetor recombinante plasmideo ColEl. A ori do CoIEl permite que esses
plasmídeos sejam mantidos em um n ú mero elevado de
cópias, de 100 a 200 plasmídeos por célula.
Os plasm ídeos pUC e pBR também contêm um
sítio de clonagem m últipla ( MCS) que possui vários
sítios de enzima de restrição diferentes nos quais o
DNA pode ser clonado. Esses sítios de enzima de res-
trição ocorrem apenas dentro do MCS e em nenhum
outro lugar no plasmideo. Nos vetores de clonagem de
Figura 16.10 Clonagem de extremidade cega das plasmideo baseado em pUC, o MCS está incorporado
moléculas de DNA . no gene lacZ, que codifica a betagalactosidase, uma
organização que proporciona uma análise calorimé-
cegas podem ser convertidas em extremidades coesivas trica para determinar quais bactérias abrigam vetores
pela ligação de oligonucleotídeos curtos nas moléculas com uma inserção de DNA no MCS (ver Figura 16.11).
de DNA com essas extremidades cegas. Os oligonu - Embora o substrato normal da betagalactosidase seja
cleotídeos podem ser sintetizados para ter sequências a lactose, a enzima também consegue clivar análogos da
destinadas a qualquer enzima de restrição desejada, adi
cionando assim qualquer sítio de restrição específico à
- lactose, como o X -gal. Quando o substrato incolor X -gal
é adicionado ao meio de cultura, as bactérias com um
extremidade de qualquer molécula de DNA. Os oligonu - gene lacZ funcional que produzem betagalactosidase
-
cleotí deos desse tipo chamam se ligadores . vão converter o X -gal em um produto azul. Quando um
fragmento de DNA é inserido no MCS, o gene lacZ é
Observa çã o gen é tica A ligação dos fragmentos de afetado c se torna não funcional. Então, as bactérias vão
DNA derivados de diferentes fontes cria moléculas de DNA aparecer como coló nias brancas, enquanto as bactérias
recombinante. Com o uso de várias ferramentas combinadas, que abrigam um vetor de clonagem que não contém um
pratkamente quaisquer duas moléculas de DNA podem ser fragmento do DNA inserido no MCS são azuis. Essa di
ferença permite a rá pida identificação das coló nias que
-
ligadas e produzir uma molécula recombinante .
abrigam vetores com inserções no MCS. Desse modo,
a seleção baseada na resistê ncia a antibióticos permite a
Plasm ídeos como vetores de donagem Os plasm ídeos identificação das bacté rias que foram transformadas, e
sâo moléculas de DNA circulares que se replicam de a triagem de azul versus branco permite a identifica ção
modo autó nomo nas bactérias e normalmente carregam das bactérias que abrigam vetores plasmídeos com uma
genes não essenciais. O fator F envolvido na conjugação inser ção de DNA recombinante.
538 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
5' CP
\ \ Xbai Kpn\ EcoRI
jAsaGmcnr , 3'
MCS
kTcZ
( b)
Ascoiôr as brancas
Emum meio contendo X-gal as . identificam as bactérias em
colónias azuis identificam as < je o gene bcZ foi afetado
bactérias com gcnc tocZ fundonal c*assim, contém moléculas
.
de DMA recombinante
Amplifica ção das moléculas de ONA recombinante As sistência a um antibiótico, codificado no vetor de DNA .
moléculas de DNA recombinante são introduzidas na £ Quando as bactérias transformadas são colocadas em
coli por transformação, o mesmo processo descrito por placas com um meio contendo o antibió tico, apenas as
GrifFiths e por Avery, MacLeod e McCarty em suas pri - bactérias que abrigam o DNA do vetor vã o sobreviver.
meiras investigações da funçã o hereditá ria do DNA ( Fi - As moléculas de DNA recombinante introduzidas
gura 16.12; ver Capítulo 6). Para amplificar as moléculas nas células microbianas sào amplificadas por ciclos re -
de DNA recombinante nos laboratórios modernos, o petidos de replicação do DNA. Uma vez que o vetor
DNA é misturado com a £ coli em um tubo de ensaio. recombinante tem uma origem de replicação, ele será
As bactérias são tratadas quimicamente com cátions bi - amplificado pela replicação autónoma usando enzimas
.
bacterianas Depois, quando a bactéria se dividir, cada
valentes (como o Ca2 * ) ou com um choque elétrico para
abrir poros em suas membranas, tornando, assim, as membro de sua progénie receberá cópias da molécula
bactérias competentes para capturar DNA exógeno por de DNA recombinante. Como uma ú nica bactéria com
transformação. As cepas bacterianas utilizadas nos ex- uma molécula de DNA recombinante consegue crescer
perimentos de DNA recombinante são escolhidas pelas em uma colónia consistindo em aproximadamente 10*
caracter ísticas que n ão permitem que sobrevivam fora bactérias, cada uma com várias cópias da molécula de
do laboratório. DNA recombinante, são criados bilhões de cópias idê n -
As concentraçóes de DNA utilizadas para transfor - ticas das moléculas de DNA.
mar as bactérias competentes são determinadas empi - Observa çã o gen é tica Os plasmideos são utilizados
ricamente e escolhidas para que cada célula bacteriana
seja propensa a capturar mais de uma molécula de DNA. como vetores para amplificar as moléculas de DNA Sào utili-
Após a transformação, aguarda se a recuperação das bac
*
Plasmídeos recombí nantes cada gene costuma ser maior que 20 kb e, portanto, não
pode ser clonado em um único plasmídeo. Para contor-
nar essas limitações dos plasmídeos, foram desenvolvi-
dos vetores capazes de lidar com clones maiores (Tabela
16.2). Têm sido empregadas duas abordagens gerais para
propagar os fragmentos de DNA maiores. Em uma delas,
mt ® é 6 ®ó%°
Divisão celular
em bacteriófago, é a replicação do fago dentro da bactéria
que amplifica a molécula de DNA recombinante.
O tamanho do fragmento de DNA inserido que pode
ser acomodado é ainda mais aumentado aproveitando
outra caracteristica do sistema bacteriófago lambda: a re-
plicação por círculos rolantes (ver Capítulo 6). Durante o
ciclo de vida lítico, o DNA lambda replicado pela replica -
i çáo por círculos rolantes resulta na concatenação suces-
b siva dos genomas de 50 kb em moléculas de DNA longas.
@ © © Uma nuclease codificada pelo lambda reconhece uma
M sequê ncia específica dentro do genoma lambda e cliva os
genomas concatenadas em unidades genó micas simples.
$èè £ ©
Subsequentemente, sequências específicas, chamadas
(a ) Clonagem em um vetor de fago lambda (b) Clonagem em um vetor cosmideo de fago lambda
Genoma do lambda Genoma do lambda
I
r 1 r i
Repkaçào Llsogêmco Lítlco Cauda Cabeç a Repkaçào llsogênèco Utico Cauda Cabeça
1 I t 4 4
flomHI fiomHI cos cos flomHI BamH I cos
J
I
V Y
Inser ção apenas de uma sequência
cos no vetor cosmideo
Digestão com
cos
Gene de resistência
isolamento dos DNA genômico humano Amp* e a origem
braços esquerdo flomfll
de repliração (pr
í)
cos e direito cos derivados de um
4 f vetor plasmfdeo. Vetor cosmideo
5-10 Kb
Sítios 5ou3 A
Amp”
o/ i
Digestão com
Digest ão pardal Digestão parcial Somlll.
com $oi/ 3 A, com Sou3A, BomHlcos BamH \
para - 20- 25 kb -
para 35-45 kb
I 1 1 1 1 I I .1
Ligação e concatamerização
it ( cos
t
I cos
t
cos
t t t l
0 cosmideo circulariza
e se comporta como
um plasmideo
Infecção da E. coí i e Infecção da f. co/r.
colocação cm placa
Capítulo 7). No sequenciamento didesoxi, aproximada - (a) Sequenciamento por primer walking
—
mente 800 a 1.000 bases consecutivas sâo determinadas
em cada reação uma leitura sequencial, mas a maioria
das regiões do DNA de interesse é maior que isso. Como
são sequenciados os fragmentos de DNA maiores?
O Os primers( (cinza)), baseados Inicialmente nas sequências
do vetor laranja , permitem que as extremidades do
done sejam sequendadas a partir dos dois lados.
I 3 kb
Sequenciamentos de moléculas de
DNA longas
O Novos primers sâo
Existem duas estratégias básicas para o sequencia
mento de grandes moléculas de DNA. A primeira técnica,
- concebidos com
base na sequência Q o procedimento é reiterado
o primer walking ( caminhada do primer ) ( Figura 16.14a ), recém obtida até a sequência dos dois
(vermelho). lados se sobrepor.
se baseia na síntese sucessiva de primers baseados na ob -
tenção progressiva de informações sobre a sequência. A (b) Sequenciamento shotgun
informação sobre a sequência de DNA obtida na primeira .100 kb
reação de sequenciamento didesoxi fornece uma base para DNA
a concepção de um segundo primer. Se o segundo primer
O Fragmentação em) tamanhos
-
estiver a 600 800 bases do primeiro, a segunda reação de
sequenciamento didesoxi pode estender a sequência co - Biblioteca de dones
-
menores ( 2-3 kb e donagem
usando vetores plasmideos.
nhecida para até 1.800 bases a partir do primeiro primer. ( roxo) do DNA
t
As reiterações desse processo permitem que os técnicos
“caminhem” ao longo de uma molécula de DNA, conce -
bendo novos primers a cada 600-800 bases. A velocidade
com que uma molécula é sequenciada por esse método é
limitada pela sua natureza reiteratíva.
Um segundo método para sequenciar grandes molé
culas de DNA é o sequenciamento shotgun, uma abor-
-
dagem que se baseia no sequenciamento redundante do
DNA -alvo fragmentado na esperança de que todas as
regiões venham a ser sequenciadas pelo menos algumas
vezes. Nessa técnica, uma grande molécula de DNA ( por
exemplo, um clone BAC de 100 kb) é fragmentada em
pedaços menores e os fragmentos são ligados em vetores O Extremidades das sequências Cada porção do DNA deve
.
de donagem ( Figura 16.14b) Os fragmentos podem ser dos dones (vermeibo) .
-
ser sequenciada em 10
gerados pela digestão parcial com enzima de restrição ou 0 Montagem das sequências dones independentes para
faclitar a montagem
cisalhando o DNA. O principal aqui é que a fragmentação por computador em
sequê ncias cont íguas
é feita de tal forma que produz pedaços aleatórios e, por- ( verde).
tanto, sobrepostos. As extremidades desses dones podem
Contig
ser sequenciadas usando um primer baseado na sequência
do vetor. Os dones desses fragmentos podem ser con - Primers z
Produto da PCR
z
siderados uma biblioteca de sequências da molécula de Sequência
DNA maior. A estratégia é sequenciar dones suficientes
para conseguir montar uma sequénda contígua completa O Utilização da PCR (com os primers)
baseados nas sequências laterais para
com base nas sobreposições das sequências. Existem al- fechar as lacunas restantes.
goritmos informatizados para realizar grande parte dessa
tarefa, permitindo que os dados de milhões de reações de Figura 16.14 Primer walking vtnus sequenciamento
shotgun.
sequenciamento sejam montados rapidamente ( ver Seção
18.1). Desse modo, no sequenciamento shotgun, o se
quenciamento de muitos fragmentos diferentes ocorre de
- base é adicionada a cada etapa. Após a fragmentação,
forma simultânea “em paralelo", permitindo que grandes cada molécula de DNA é desnaturada e são capturadas
moléculas de DNA sejam sequendadas rapidamente. e imobilizadas moléculas de fita simples em esferas. As
esferas, com cada uma abrigando uma única molécula
Novas tecnologias de sequenciamento: de DNA, são colocadas em cavidades. Os ligadores são
próxima geração e terceira geração adicionados aos fragmentos de DNA, permitindo a am
plificação pela PCR usando primers complementares
-
Novas gerações de tecnologias de sequenciamento
.
estão sendo desenvolvidas continuamente A tecno -
aos ligadores. Os fragmentos amplificados são sequen
cíados lavando as cavidades sequencialmente com so-
-
logia de sequenciamento de DNA conhecida como luções contendo as quatro bases, A, G, C e T. A luz só
última geração certifica a sequê ncia de uma ú nica fita é produzida quando a solução contiver o nucleotídeo
sintetizando a fita complementar e detectando qual complementar da primeira base não pareada do molde.
Capítulo 16 Genética pfospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 543
A luz é detectada por um sensor e a ordem das bases em 2000 para quase 300 bilhões em 2010. L'm objetivo
é revelada pela sequência de soluções que produzem declarado é produzir a sequência genômica de qualquer
sinais. Assim, as tecnologias de sequenciamento de úl - pessoa por menos de US$ 1.000, o chamado genoma de
tima geração se baseiam no sequenciamento “ pela sí n - mil dólares, dentro da próxima década. Quando isso for
—
tese" em vez de se basearem na terminação da cadeia,
como é o caso do sequenciamento didesoxi.
viável, pode ser rotineiro que sua sequência gen ômica faça
parte de seu prontuá rio médico. Hoje o sequenciamento
Um avan ço importante das tecnologias de sequen - de última geração está sendo empregado para determinar
ciamento de ú ltima geração é que milhares a milhões se os pais podem ser portadores de mutações nos genes
de reações de sequenciamento são executados simul- subjacentes a 448 doenças recessivas da inf ância.
taneamente, produzindo muito mais sequências que Essas novas possibilidades levantam algumas ques -
o método didesoxi; desse modo, elas també m são cha - tões sociais sem precedentes. Desde os primeiros dias
madas tecnologias maciçamente paralelas ou de alto no desenvolvimento das tecnologias de DNA recom -
rendimento. Outro avanço importante das tecnologias binante, os possíveis problemas éticos e os possíveis
de sequenciamento de última geração em relação ao riscos ambientais, entre outros, tê m sido assunto de
sequenciamento didesoxi é que o DNA a ser sequen
ciado não precisa ser clonado primeiro, mas, em vez
- intenso debate. F.m 1975, após uma moratória inicial
autoimposta, os cientistas se reuniram em Asrlomar
disso, precisa ser amplificado diretamente pela PCR e para tra çar um conjunto de diretrizes abordando muitas
os produtos da PCR resultantes são sequenciados. Por questões de segurança. Possíveis problemas éticos sus-
essa razão, essas técnicas são conhecidas como tecno - citados pelo sequenciamento dos genomas individuais,
logias de sequenciamento direto. A eliminação da etapa incluindo questões pertinentes à confidencialidade, pre -
de clonagem inicial tem duas vantagens importantes. A cisarão ser abordados por debates pú blicos similares.
primeira é que cia facilita o sequenciamento das amos-
tras de DNA encontradas apenas em quantidades- traço Observa çã o gen é tica Sobreposições nas sequências
—
( residuais ) por exemplo, as pequenas amostras de
DNA obtidas de organismos extintos, como as dos ossos
decorrentes de m ú ltiplas reações de sequenciamento perml
tem que sequê ncias cont íguas de milhões de pares de bases
do homem de Neandertal ou dos mamutes preservados sejam montadas. Por meio das tecnologias de sequencia -
na camada de terra congelada ( permafrost ) da Sibé ria. mento maciçamente paralelas, genomas inteiros são sequen -
Na verdade, o sequenciamento direto é tão poderoso ciados a um custo baixo.
que permitiu a identificação das sequê ncias que repre -
sentam a contaminação ambiental do DNA do mamute,
fornecendo, assim, informações sobre organismos que
coexistiram com o mamute ( por exemplo, espécies de 16.4 As coleções de fragmentos
grama ). A análise do genoma do homem de Neandertal de DNA donados chamam- se
é discutida em mais detalhes na Seção 18.2. Segundo, bibliotecas
certos tipos de DNA que são dif íceis de clonar, como a
heterocromatina altamente repetitiva, agora podem ser Uma biblioteca dc DNA é uma coleção de fragmen -
sequenciados. Por outro lado, esses métodos tém a des- tos de DNA clonados, normalmente derivada de ácidos
vantagem de produzir leituras sequenciais mais curtas nudeicos provenientes de uma única fonte (lembre se
( 20-500 bases ) que as sequências de 800 a 1.000 bases do nosso uso da biblioteca na discussão anterior sobre
obtidas com o sequenciamento didesoxi de Sanger. .
sequenciamento shotgun ) As bibliotecas de DNA estão
Agora estão sendo desenvolvidas as tecnologias de disponíveis em duas variedades; as bibliotecas derivadas
sequenciamento de terceira geração, nas quais milhões de do DNA gen ômico de um organismo chamam -se biblio-
moléculas de DNA simples são sequenciadas diretamente tecas gen ó micas e as derivadas do RNAm chamam -se
e em paralelo, sem a necessidade de clonagem ou amplifi
cação por PCR. Vale observar que, embora as tecnologias
- bibliotecas de DNA complementar ( DNAc). Como a
fonte dos ácidos nudeicos dc cada tipo dc biblioteca é
de sequenciamento tenham mudado, o processo de deter - diferente, os tipos de sequências representadas em cada
minação da sequência de DNA sempre se baseia na quí - tipo e biblioteca também sào diferentes.
mica precisa do pareamento de bases complementares. Teoricamente, as bibliotecas genómicas devem con -
Com o advento das novas tecnologias, o preço do se-
quenciamento caiu, tornando possíveis novas aplicações.
ter todas as sequências encontradas no genoma do orga
nismo de origem (fonte ). Por exemplo, uma biblioteca ge-
-
O custo do sequenciamento de um milhão de pares de n ômica humana conteria todos os 3 x 10" pb na sequê ncia
bases pela tecnologia didesoxi era de US$ 10.000 em 2001. genômica haploide. Isso incluiria os éxons e íntrons dos
F.m 2005, o preço caiu para US$ 1.000, relativo ao pí rosse- genes, as sequências regulatórias que controlam a expres-
quendamento, e para apenas US$ 1,00 usando a tecnolo- são genica, as sequências intergênicas (sequências não
gia de sequenciamento de terceira geração dispon ível em codificadoras entre os genes) e as sequências repetidas
2010. O custo mais baixo resultou em uma explosão de (ccnlrómcros, telômeros, DNA ribossômico, transposons,
sequências disponíveis nos bancos de dados públicos; seu retroelementos etc.). Por outro lado, as bibliotecas de
n úmero passou de menos de 10 bilhões de pares de bases DNAc são derivadas do RNAm e, assim, representam as
544 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
sequências de DNA transcritas no tecido do qual o RNAm e BAQ ou utilizados para infectar bactérias (no caso dos
é derivado. Como apenas uma fração dos genes presentes vetores de fago ) que crescem em colónias ou placas que
no genoma tende a ser expressa em qualquer tecido em contêm coletivamente clones representando o genoma in-
particular, e mesmo estes sào expressos em níveis dife- teiro. Uma biblioteca genòmica contém cada sequê ncia no
rentes, apenas uma fração dos genes é representada, e em genoma aproximadamente cm frequências iguais. Desse
diferentes quantidades, em qualquer biblioteca de DNAc. modo, as sequ ências que representam os éxons e íntrons
Desse modo, o n úmero de veies que uma sequê ncia es- dos genes, as sequências regulatórias que controlam sua
pecífica é representada em uma biblioteca difere bastante expressão e as sequências repetitivas e intergênicas são
entre as bibliotecas genômicas e de DNAc. todas representadas com frequência aproximadamente
igual na biblioteca genòmica. Porém, na prática, algumas
Construçào de bibliotecas genômicas sequências não são mantidas o suficiente nas células hos-
pedeiras e serão sub- representadas, de modo que o ge-
As bibliotecas genômicas são coleções de clones in - noma inteiro nâo é totalmente representado em qualquer
dividuais derivados do DNA gen ômico de um organismo. biblioteca genômka tí pica. Por exemplo, o DNA repetitivo
Para construir uma biblioteca genòmica, normalmente a -
tende a ser sub representado em decorrência de sua pro -
-
partir de um único indivíduo, isola se um fragmento em pensão para sofrer recombinação intragénica, resultando
pedaços menores que depois sào ligados em vetores de clo - na deleção das sequências de DNA dentro dos clones.
nagem Figura 16.15 ). ( >s vetores recombinantes são trans - Três atributos desejá veis para a biblioteca gen ò-
formados em bactérias (no caso dos vetores plasmídeos mica são: (1) os clones genô micos são amplamente re-
DNA genômico
-
20 25 kb -
40 45 kb
100- 200 kb 250 2.000 kb
Ligação
ao vetor
Liga çã o
ao vetor I Ligação
ao vetor
Liga ção
ao vetor
Origem da levedura
Cosmideo
Marcador selecioná vel
Telõmero
y^
entrómero
ci it
Manrador selecioná vel
levedura Telõmero
Infecçáo Infecçáo Transformação Transformação
da £. coti da L coti na £. coti na levedura
Placas em substrato de £. coJi Seleção das colónias bacterianas Seleção das colónias bacterianas Seleção das colónias de levedura
Cada paca ou colónia é um clone independente. Todas as sequènoas origmaimente
presentes no DNA genômico devem ser rep,esentadasda mesma forma na biblioteca
presentativos do DNA do genoma inteiro, (2) os clones reversa, encontrada nos vírus portadores de RNA, e dos
genômicos sào suficientemente grandes para o sequen - retrotransposons, que usam o RNA de fita simples como
ciamento e a subclonagem e (3) os clones genômicos um molde para produzir uma fita complementar de DNA,
t êm tamanhos aproximadamente iguais. Vamos exami - toma possível a clonagem do RN Am. A transcriptase re-
nar como esses atributos sào obtidos. versa cria DNAc, primeiro transcrevendo uma molécula
Para garantir que uma biblioteca genô mica seja am - de DNA de fita simples complementar ao RNAm que age
plamente representativa, deve- se ter cuidado para frag - como um molde. A cauda poli-A adicionada aos transcri -
mentá -la em pedaços aleatórios de tamanho adequado
para a clonagem em um vetor. A fragmentação aleatória
tos de RNA polimerase U dos eucariotos facilita a cons
trução das bibliotecas de DNAc a partir desse RNAm, já
-
é obtida por dois métodos diferentes. Em uma das téc - que a primeira fita do DNAc pode ser sintetizada usando
nicas, o DNA é digerido parcialmente com uma enzima um primer oligo dT ( Figura 16.16), O molde de RNAm
que corta com muita frequ ência ( por exemplo, uma en- é removido enzimaticamente e a segunda fita do DNA é
zima de restrição com sequência de reconhecimento de sintetizada pela DNA polimerase, usando a primeira fita
4 pb). O termo digestão parcial se refere ao uso de menos do DNAc como molde.
enzimas de restrição do que seria necessá rio para cortar A composição de uma biblioteca de DNAc reflete
o DNA em todas as sequências de restrição reconheci - o nível de expressão dos diferentes genes ativos no te -
das pela enzima, resultando em cortes em algumas das cido, a partir dos quais o RNAm foi extraído. Os genes
sequ ências de restrição, mas não em todas elas. Como altamente expressos são representados no RNAm em
uma sequência de reconhecimento de 4 pb deve ocorrer uma frequência mais alta que os genes expressos em um
a cada 256 pares de bases, em m édia , a digestão parcial n ível inferior, e os genes não expressos no tecido de ori-
do DNA na qual, em média, apenas uma em cada 400 se- gem náo sào representados. Ao contrário das bibliotecas
quências de reconhecimento é cortada deve resultar em
fragmentos de DNA de aproximadamente 100 kb. Assim,
genô micas, que representam todos os genes aproxima
damente na mesma frequência, a frequência com que
-
a digestão parcial com uma enzima que, de outro modo, qualquer gene em particular será representado em uma
corta frequentemente vai gerar fragmentos grandes e ale- biblioteca de DNAc é dif ícil de estimar, já que depende
atórios de DNA gcnômico com extremidades coesivas, do nível dc expressão do gene na populaçã o de RNAm
como é desejado. A segunda t écnica para obter a frag- original ( Figura 16.17 ),
mentação aleatória do DNA é o corte aleatório do DNA Uma vez que as bibliotecas de DNAc normalmente
genômico com tratamento enzimá tico subsequente para sào feitas de RNAm citoplasmá tico maduro, as ú nicas
criar extremidades cegas. Teoricamente, qualquer uma sequências incluidas nos clones de DNAc são a 5' UTR,
das técnicas deve proporcionar uma representação alea - -
os éxons e a 3' UTR; os clones não terão as sequê ncias
tória do DNA genômico do genoma inteiro. intrònicas e intergênicas. Como o código genético é uni -
O tamanho dos clones de DNA nas bibliotecas ge- versal, os clones de DNAc derivados de um organismo
nômicas resulta de escolhas técnicas que buscam um podem ser expressos em qualquer outro organismo, con-
equil íbrio entre, por um lado, a dificuldade de isolar , tanto que os sinais de transcrição ( por exemplo, sequên -
clonar e propagar moléculas de DNA grandes e, por cia promotora ) e tradução adequados sejam inseridos
outro, o maior n úmero de fragmentos menores que te - para promover a expressão gènica eficiente no organismo
riam de ser clonados a fim de abranger o genoma in
teiro. Como discutimos no Capítulo 18, um conjunto
- hospedeiro. Uma biblioteca de DNAc construída com
essas características chama -se biblioteca de expressão.
de bibliotecas gen ômicas possuindo, cada uma, uma se - Um exemplo é descrito na Seção 16.5.
qu ência de inserção de tamanho diferente pode ser ú til
para determinar a sequê ncia de um genoma inteiro. Seleção nas bibliotecas
Depois de produzida uma biblioteca ou outra cole-
Construção de bibliotecas de DNAc
ção de clones, como os biólogos identificam os dones
A matéria- prima para uma biblioteca de DNAc é o que contêm determinadas sequências de DNA ? Como
RNAm, frequentemente derivado de um tecido ou tipo de rimos com a PCR e com a análise dos ácidos nucleicos
célula especifico. O RNA mensageiro não pode ser donado por Southern e northern blotting (Técnica de Pesquisa
diretamente, pois é de fita simples e, naturalmente, é RNA, 10.2 na página 344), todas as técnicas para identificar
não DNA. A clonagem das sequências de RNAm pode ser fragmentos contendo sequ ências de ácidos nucleicos es-
obtida pela sintetização de uma cópia DNAc de fita dupla pecíficas tiram proveito da excelente especificidade do
do RNAm e depois ligando o DNAc em um vetor. As bi- pareamento de bases complementares entre as sondas
bliotecas de DNAc sào especialmente ú teis para trabalhar moleculares de fita simples e as regiões da sequêncta -alvo
com os organismos eucarióticos, cujas sequências gênicas de fita simples do DNA ou RNA. l ^mbre-se de que, no
são interrompidas por íntrons muito longos. Southern blotting, o DNA de fita simples preso a uma
O conceito e o desenvolvimento das bibliotecas de membrana sólida de apoio é sondado com um DNA de
DNAc exigiram avanços na compreensão do ciclo de vida fita simples marcado (a sonda molecular). A sonda mar -
dos retrovírus e do movimento dos retrotransposons ( ver cada vai hibridar com os fragmentos de DNA na mem -
Seção 13.7). A disponibilidade da enzima transcriptase brana que contém a sequência complementar. Quando o
546 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Gene 1 Gene 3
(expresso (expresso (expresso
nos olhos) nas asas e na nos olhos e na
Fonte de RNAm ( neste caso, reticulócltos) embriogé nese) embriogénese )
5'
i Isolar o RNAm.
3*
(b)
Biblioteca genòmica Biblioteca de Biblioteca de
DNAc embriog ènka DNAc do olho
1
Adicionar primers oligo dT.
1 (2 )
S'
3' TTTTTT S' 2
(2 ) 3
3
= 22
2
3
i Degradar parciaknente o RNAm
usando a RN aseH.
É AA É É[ 5’
taram apenas os
genes 2 e a
tam apenas os
genes le 3.
3’
Extremidades cegas
da S1 nuclease.
I Proteger os sítios fcoRI no DNAc da
digestão usando fcoRI metilase
T T T T T T 5*
. das bactérias em cada colónia grudam na membrana. As
bactérias remanescentes na placa de Petri servem como
5' ajam 3' recurso para uma etapa posterior no procedimento. As
bactérias ligadas à membrana sofrem lise e seu DNA é
i Anexar os llgadores contendo
sítios fcoRI .
TTTTTT
desnaturado. Então a membrana pode ser sondada com
um ácido nudeico marcado de fita simples e tratada con-
forme descrito no Southern blotting. O DNA, que hibrida
rf.mii com a sonda , é detectado ( por exemplo, por autorradio-
fcoRI fcoRI grafia) e as colónias de onde ele veio são identificadas por
i Digerir com fcoRI e dorvar no vetor.
sua posição na placa de Petri original . O mesmo proto -
colo é seguido para o fago, que forma placas em substra-
Os dones dos genes tos de bacté rias espalhadas nas placas de Petri, e para a
expressos em altos levedura, que forma colónias similares às das bactérias.
Rl RI nNeis nos reticulócitos
váo aparecer em maior
frequência nessa
biblioteca de DNAc
Observa çã o gen é tica As sequências de DNA genômi-
que os dones cios cas sáo igualmente representadas em uma biblioteca genó-
Amp* ori çenes expressos em mica, enquanto as sequê ncias transcritas sá o representadas
um mvel baixo em uma biblioteca de DNAc de acordo com sua abundância
na população de RNAm correspondente.
Figura 16.16 Construção das bibliotecas de DNAc.
Biblioteca de DNAc
constru ída com
A sonda hibrida o Um ácido nucleko marcado RNAm isolado dos
DNA do fago ( por exemplo, radioativo) é usado reticulócitos
complementar/ como uma sonda e deixado
\:
hibridar com o DNA no filtro.
*
•
Sí ntese
O excesso da sonda é da sonda
Conjunto de filtTos
lavado; o filme de representando a
raios X é exposto ao filtro oco biblioteca de DNAc
cc
O filme de raios X é comparado com as placas
originais e o done desejado é escolhido
I RNAm isolado
dos reticulócitos.
AAAAA
•m
Adicionar oligo
'm
dT, transcriptase
» <*» reversa, dNTP
* marcado *
na biblioteca que representam os genes mais altamente uma vez a biblioteca gen ômica. Essas sondas devem
expressos ( por exemplo, betaglobina ) vão hibridar mais identificar o mesmo clone genòmico de antes, além de
rapidamente e exibirão um sinal mais forte que os menos alguns clones genómicos sobrepostos cujas sequências
bem representados na sonda de DNAc marcado. se estendem para além de 5'e 3' da regiào codificadora
Em nosso exemplo, podemos prever dois genes di - do gene betaglobina. Voltaremos a esse processo reite-
ra tivo de isolar clones genómicos sobrepostos quando
ferentes representados por deões de forte hibridação,
os genes betaglobina e alfaglobina. Como as sequências considerarmos a técnica de donagem posicionai.
de proteína betaglobina e alfaglobina são conhecidas, o També m podemos usar o gene da betaglobina hu -
exame das sequências de DNA dos clones de forte hibri - mana para clonar outros genes homólogos. Se o grau
de semelhança da sequência for suficiente a ponto de
dação poderia identificar rapidamente os genes. Porém,
essa é uma situação especial e a maioria dos genes não permitir que as sequê ncias hom ólogas façam uma hi -
pode ser identificada tão facilmente. Por exemplo, em brida çâo cruzada, o gene da betaglobina humana pode
um experimento com a S. cerevisiae , determinou -se que ser empregado para sondar bibliotecas de DNAc com -
as células podem conter 15 mil moléculas de RN Am de- postas de RN Am de reticulócitos provenientes de ou -
rivadas de aproximadamente 2 mil genes diferentes e que tras espécies. Entretanto, quando a distâ ncia filogené -
os genes expressos com mais frequência são representa - tica entre as espécies é grande, essas sequências podem
dos por 1% a 2% da população de RNAm total. não ser suficientemente similares para permitir a hi -
brida çá o cruzada, já que são necessá rios trechos com
Clonagem de genes homólogos aproximadamente 20 bases conservadas consecutivas.
Porém, uma abordagem tipo PCR baseada na tradução
Os clones de uma sequénda de DNA conhecida reversa das sequências de aminoácidos consegue, na
podem ser usados para isolar outros clones de DNA maioria das vezes, contornar esses problemas de espe-
com sequência similar. Por exemplo, o clone de DNAc cificidade. Se sequências curtas, como 6 ou 7 aminoáci -
da betaglobina humana da discussão anterior poderia dos, estiverem conservadas nas proteínas de interesse,
ser utilizado para isolar o clone de DNA gen òmico que primers degenerados podem ser designados usando a
representa o gene da betaglobina humana. Ao contrário tradução reversa de duas regiões conservadas diferen -
do clone de DNAc, o clone genòmico pode conter não tes em uma proteína e o DNA interveniente pode ser
só éxons, mas os introns do gene betaglobina e algumas amplificado pela PCR usando o DNAc como substrato.
sequências a montante (5*) e a jusante (3*) da parte trans - Suponha que você queira clonar um gene betaglo-
crita. Se o clone genòmico não contiver o gene betaglo- bina de um wombaU um marsupial australiano, e que
bina inteiro, podemos usar um processo reiterativo com tenhamos os dados da sequência proteica exibidos na
as extremidades do clone genòmico para sondar mais Figura 16.20a. Em três regiões, as sequê ncias de pelo
( a ) Sequências de ammoácidos
1 10 20 30 40 50 60
Aves, tartaruga, peixes:
Gallus gaí ius
I
MVHWTAE E KQL ITGLWGKVNVA ECGA EA LAR L l I VY PWTQR F FASFGNLSSATAI IGNPMVRAHGK
Taenhpyg ía guttata MVQWTAEEKQLITGLWGKVNVAECGGEALARLLIVtPWTQRFFASFGNLSSPTALLGNPKVQAHGK
Geochelone carbonário M V H W S C E E K Q F I T S L W A K V N V E E V G G E A L A R L l I V Y P W T O R F P S S F G N L S S P N A I L H N A K V L A H G K
Danto rerio MVEWTDAERTAIIGLWGKtNIDEIGPQALSRClIVYPWTQRYFATFGNLSSPAAIMGNPKVAAHGR
Salmo safar M V O W T D A E K S T I S A V W G K V O I N E V G P L A L A R V L I V Y P W T Q R Y F G S F G D V S T P A A I M GN P K V A A H G K
Mam íferos:
Homosapiens MVHLTPEE KSAVTALWGKVNVDE VGGEALGRLL VVYPWTQR FFESFGDLS TPDAVMGKPKVKAHGK
Pon trogfodytes MVHLTPE EKSAVTALWGKVNVDEVGGEALGRL LWYPWTQRFF E SFGDLSTPDAVMGNPKVKAHGK
Aotus azarai MVHLTGFFKAAVTAlWGKVNVOFVGGFAl GRL lVVYPWTQRFFOSFGDl S S POAVMNK PKV KAHGK
Canis famitiaris MVHLTAEEKSLVSGLWGKVNVDEVGGEALGRLL IVY PWTQR FFDSFGDLSTPDAVMSNAKVKAHGK
Rattus norvegicus MVHL TDAE KAAVNGLWGKVNPDDVGGEALGR LL VVY PWTQRY F 0S FGDLSSASA IMGNPKVKAHGK
Ochotona cvrzonioe MVHLSGEEKSAVLSlWG KVNVDEVGGE T LGRLL VVF PWTOR P F0 S FGDL S SP 0AVMGNSKVKAHGK
Mocropus eugeníi MVHLTSEEKNCITTI WSKVQVDQTGGEAlGRMl VVYPWTTRFFG$ FGDLSSPGAVMSNSKVQAHGA
Didelphis virginiana M V H I S G S E K T A V T N L W G H V N V N E L G G E A L G R L L W Y P W T Q R F F E S F G DlS S A D A V M G N A K V K A H G A
Tochygfossus oculeatus M V H L T A E E K N A I T S L W G K V A I E Q T G C E A L G R L L I V Y P W T 5 R F F 0HFGDL S N A K A V M S N P K V L A H GA
/ \
v
Conservadas em todos os vertebrados
O Conservadas em todos os mamíferos /
* \
( b ) Tradução reversa da sequência proteica ; G I G I EI AI LI GTR ~1 Três regiões altamente conservadas podem se'
5' GGã GGã GãAGCATTã GGACGã 3* identificadas nas sequências dos rramfleros
Em razão da redundância do código genético, a G 6 G GC G GA G
identidade dos nucieot ídeos em algumas posições c c C C C C
pode ser representada por mais de um nudeotíoeo
T T T T T T
Figura 16.20 Usando a traduçã o reversa e a PCR para clonar genes homólogos .
Capítulo 16 Genética prospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 549
menos sete aminoácidos estão conservadas em todos os mos transgênicos podem ser gerados. Considere os mu -
genes betaglobina dos mamíferos: tados do ciclo celular da levedura sensíveis à temperatura
GGEALGR descritos na Seção 16.1. Se os clones de uma biblioteca
LSELHCDKLHVDPSNF de expressão do DNAc da levedura forem transformados
ALAHKYH em um mutado do ciclo celular da levedura , quaisquer
Essas sequências podem sofrer tradução reversa (Fi-
clones que complementem o fenótipo mutado de modo
que as células cresçam normalmente devem conter ale-
gura 16.20b) Os .primem devem ter pelo menos 20 nu - los do tipo selvagem do gene que sofreu mutação ( F i g u r a
cleotideos de comprimento para serem suficientemente
específicos para uso em uma mistura complexa de áci-
.
16.21 ) Nesse caso, a cepa de levedura primeiro seria
transformada e cultivada na temperatura permissiva. As
dos nucleicos, como o DNA gen ô mico ou o DNAc. Os
colónias de levedura resultantes seriam então transferi -
primem podem ser usados para amplificar o DNAc, em
um processo chamado transcrição reversa PCR ( rtPCR )
das para um ambiente mantido na temperatura restritiva.
que começa com o RNAm, que sofre transcrição re- Apenas as colónias de levedura que recebem um done
versa para DNAc, que depois é utilizado como molde que codifica uma versão do tipo selvagem do gene mu -
para uma reação PCR . Com o DNAc como molde, qual tado em questão seriam capazes de continuar a crescer
quer um de dois primem específicos para o gene pode na temperatura restritiva; nessas colónias, o fenótipo
ser utilizado ou, de forma alternativa, pode ser em - mutado teria sido complementado pelo gene adicionado.
Os experimentos de complementaçáo também
pregado um primer específico para o gene combinado
com um primer oligo dT. As técnicas baseadas na PCR podem ser empregados para identificar genes ortólogos
podem ser aplicadas para amplificar qualquer gene que de outras espécies, se houver conservação suficiente da
fun çã o proteica. Por exemplo, a pesquisa em que um
compartilhe similaridade de sequência suficiente com
um gene homólogo conhecido. Como a maioria dos mutado do ciclo celular da levedura foi transformado
genes pertence a uma família de genes relacionados, usando uma biblioteca de expressão do DNAc humano
(uma em que os clones de DNAc humanos primeiro
essa abordagem revolucionou o estudo dos genes ho -
mólogos dentro de uma espécie e entre as espécies. foram fundidos com sequê ncias que permitem sua
transcrição e tradução na levedura ) levou à identifica -
ção dos genes humanos ort ólogos aos genes da levedura
Clonagem de genes por complementaçáo que sofreram mutação. O fato de que os genes humanos
Outra abordagem para identificar genes específicos e das plantas podem complementar esses mutados da
é detectar a complementaçá o genética de um fenótipo levedura demonstra a universalidade do maquln á rio do
mutado por meio de um gene do tipo selvagem introdu- ciclo celular c indica que tais proteínas estavam presen-
zido. Essa abordagem é restrita aos casos em que organis- tes no ancestral comum dos eucariotos.
KVLGAFSDGLAHLDNLKGTFATLSELHCOKLHVOPENFRLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPPVQAAVQXVVAGVANALAHKYH
KVlGAFSDGlAHlDNLKGTFATLSElHCDKLHVOPENFRLLGNVlVCVlAHHfGKlFIPPVQAAYQKVVAGVANALAHKYH
KVLGAFSDGIAHIDNLKGTFAQISEIHCDKIHVDPENFRILGNVIVCVIAMHFGKEFTPQVQAAYQKVVAGVANAIAHKYH
KVLNSFSDGLKNLDNLKGTFAKLSELHCDKLHVDPENFKLLGNVLVCVLAHHFGKEFTPQVQAAYQKVVAGVANALAHKYH
KVINAFNDGLKHLDNLKGTFAHL 5 ELHCDKLHVDPENFRLLGNMIVIVLGHHLGKEFTPCAQAAFQKVVAGVASAIAHKYH
KVMNAFSEGIHHIDSLKGTFAKISELHCDKLHVDPENFXllGNVLVVVtSHHFGAfFTPQMQAAWQKVVSGVANAlAHKYH
KVLTSFGEAVKMIDNIKGTYAKISELHCDKIHVDPENFSMLGNIIVIClAEHFGKDFTPECQVAWQKLVAGVAHÀ lAHKYW
KVLTSFGDALKNLDNLKGTFAKISELHCDKLHVDPENFNRLGNVIVVVLARHFSKEFTPE AQA AWQKLVSGVSHALAHKYH
KVLVAFGDAI KNIDNLKGTPAKLSELHCDKLHVDPENF KLLGNI IVICLAEHFGKEFTI DAQVAWQK LVAGVANAlAHKYH
y \X
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CGAGG G CG T T T G CG T G T G G T T
3* 5' KOI/MWMVM
G CG G T G T T
'Zr
C C C c c c c c c
T T T T T T T T T
550 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
— —
tados instáveis de um gene clonado aielos propensos a
conter um transposon eles podem usar uma sonda para
Clonagem posicionai
o gene clonado para isolar a sequência do transposon. Os genes identificados nas triagens genéticas pros -
Para que a marcação com transposons possa ter êxito pectivas são conhecidos apenas por seu fenótipo mutado
na prá tica, a biologia deles precisa ser considerada. Como e, portanto, nenhuma das abordagens para clonagem
Capítulo 16 Genética prospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 551
(a)Induzir e identificar os alelos marcados com transposon. cromossômica, já que consiste em “caminhar" ao longo
Alek> mutado está vel O Cruzar uma linhagem homozigota do cromossomo em etapas sequenciais, de um marcador
Linhagem para um alelo mutado est á vel ( m) para o outro, unindo os clones de DNA sobrepostos.
' causadora de muta çã o com uma linhagem portadora de A clonagem posicionai é feita em três etapas. A pri -
x
transposons ativos. meira é construir um mapa genético mostrando a lo-
m + calização do gene de interesse relativa aos marcadores
| de DNA mapcados. A segunda é identificar os clones de
m
O Fazer a triagem de um fenótipo
F, segundo
DNA que abrangem os marcadores que ladeiam o gene
mutado na . O
£
alelo
mutado deve ser derivado do
de interesse. A terceira etapa é identificar o gene de in-
estoque causador de muta ção e teresse dentro do DNA que o abrange e determinar sua
m* poderia ser provocado por uma sequência nucleotídica.
Alelo mutado induzido inserçã o de transposon .
Etapa 1: Construir um mapa genético usando marcado-
por transposon.
res de DNA Em 1980, um artigo de David Botstein e
colegas propôs uma ideia para criar um mapa genético
(b) Identificar o transposon que c ireça . baseado em marcadores de DNA com a finalidade de
O Cruzamento - Tipo selvagem executar a clonagem posicionai dos genes humanos.
retr ógrado para Nas décadas que se seguiram, a clonagem de muitos
-
construir uma
“genes de doença ” humanos foi obtida usando esse
população com um
protocolo. Mesmo hoje que o genoma humano foi $c-
alelo induzido por
segregação do
transposon com o
E .
quenciado um protocolo de mapeamento similar con
tinua a ser empregado na identificação de genes nos
-
novo alelo.
seres humanos, e a abordagem geral para a clonagem
O a sequência do transposon m» m
m
posicionai, conforme descrita aqui, pode ser aplicada a
como uma sonda em um *
Southern blotting do DNA
qualquer organismo.
genômico isolado dos indivíduos A chave para a clonagem posicionai é identificar
de uma população retrocruzada . os marcadores moleculares que ladeiam o gene que
Avaliar a cossegregação dessa você deseja clonar. Os marcadores de DNA definem
população em m* com o
transposon. as duas extremidades da sequência de DNA na qual o
-
plantas m /m , mas
* tídeo único (SNPs), os polimorfismos de comprimento
não nas plantas m/ +. do fragmento de restriçáo ( RFLPs), pequenas inserções
éS S ou deleções e diversas variantes da sequência de DNA
repetida (ver Capítulo 10). Depois de identificado um
conjunto de marcadores de DNA polimórficos, a detec-
ção da segregação desses marcadores em uma “ popula-
Figura 1 6 . 2 2 Uso dos transposons para marcar genes. ção de mapeamento" vai permitir o posicionamento de
cada marcador em um determinado local no genoma. A
de genes que discutimos até agora é aplicável. Como os construção do mapa com marcadores moleculares segue
biólogos encontram a sequência de DNA de um gene o mesmo procedimento dos marcadores fenotí picos (ver
quando apenas um fenótipo mutado é conhecido? Eles Capítulo 5); os diferentes marcadores de DNA que cos -
o fazem combinando um mapa genético composto de segregam estão ligados fisicamente, com uma frequência
frequências de recombinação (Capítulo 5) com um de recombinação proporcional à distâ ncia entre eles em
mapa f ísico do genoma baseado em clones de DNA ou, unidades de mapeamento.
quando estiver disponí vel, na sequência gen òmica , para Para examinar como funciona o mapeamento, to-
encontrar a sequência de DNA em uma posição espe - memos como exemplo a Arabidopsis, na qual um gene
cífica do mapa. A Figura 16.23 fornece uma visão geral é mapeado cm uma populaçã o F2 ( Figura 16.24 ). A pri -
das relações entre os mapas genéticos baseados na se - meira etapa na construção de um mapa genético é iden -
gregação dos lócus, os mapas í f sicos baseados em con - tificar duas cepas com sequências de DNA diferentes,
juntos de clones genômicos sobrepostos, os genes e a se- neste caso, a Landsberg ( L) e a Columbia (C). Cada cepa
quência de DNA do genoma. Se forem identificados dois é altamente homozigota em razão da endogamia (endo-
marcadores ladeando o gene de interesse, este gene deve cruzamento), embora difiram uma da outra nos lócus
residir no DNA interveniente. O DNA do gene, no fim
das contas, pode ser identificado isolando um conjunto
polimó rficos por todo o genoma. A população de ma
peamento é gerada pelo cruzamento de duas linhagens
-
de clones de DNA que abrange coletivamente a região homozigotas a fim de produzir uma geração hetero-
entre os marcadores que o ladeiam. Essa abordagem é zigota em todos os lócus que diferem entre as duas li -
classificada como clonagem posicionai ou caminhada nhagens endocruzadas. Esses indivíduos da F , sã o inter-
552 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
0 -- fy 447 4* 0 **
217 4.1
5.9 tt 7
-
11 2 v / hys 224 11.1
-- XCHS 2
<tt4)
14.6
235
253 - j
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-... -- cnx
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291 -- 273 \
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N 105.3 005
035 i
y t
'
'
"
cruzados ou autofertilizam. Em cada lócus no genoma , direta do genótipo. Por outro lado, apenas os indivíduos
os indivíduos na população F2 resultante podem ser ho - da F2 homozigotos para uma mutação recessiva no gene
mozigotos para os alelos de uma ou da outra linhagem de interesse podem ser genotipados com precisão e o ge -
endocruzada original, ou podem ser heterozigotos. Os nótipo dos indivíduos da F2 fenotipicamente do tipo sel-
alelos do gene de interesse, neste caso o AP2, també m vagem tem de ser determinado na F3 ou por meio de um
estão segregando na população já que um dos pais cruzamento- teste. Embora esse exemplo use um sistema
( l.) é homozigoto para um alelo mutado recessivo ap2t genético modelo, o mapeamento genético nos seres hu -
enquanto o outro progenitor (C) era homozigoto para o manos com marcadores moleculares segue um protocolo
alelo AP2 do tipo selvagem. similar ( modificações descritas no Capítulo 5).
Os genótipos de cada membro da F2 são determina Como o n úmero de diferenças na sequência de
dos para os marcadores de DNA e o gene de interesse.
Os marcadores de DNA que cossegregam com a muta -
DNA entre as duas cepas tende a ser maior que o n ú
mero total de genes no organismo, os mapas genéticos
-
ção estão ligados ao gene de interesse, no qual a distância baseados em marcadores de DNA costumam ser sufi-
em relação ao gene é proporcional à frequência de re- dentemente densos para que os marcadores intima -
combinaçào; os marcadores de DNA não ligados devem mente ligados ao gene de interesse sejam identificados.
segregar de modo independente da mutação. Na maioria Depois que os marcadores de DNA sã o encontrados
dos casos, os alelos dos marcadores de DNA são codomi-
nantes, então o exame do DNA permite a determinação
ladeando o gene de interesse, a próxima etapa da iden
tificação do DNA entre os marcadores pode prosseguir.
-
Capítulo 16 Genética prospectí va e tecnologia de DMA recombinante 553
x C-
L-
AP2 ap2
AP2 ap2 O Identificar os marcadores polirrvórficos.
F,
AP2
ap2
\
Autocruzamento ou cruzamento
dos Indivíduos da Ft .
O Sondar população de mapeamento com os marcadores 1 e 2 e analisar pela eletroforese em gel para
encontrar recombinantes. Os Indivíduos da Fa que são homozigotos para o alelo Columbia
(C, sombreado vermelho) ou para o alelo Landsberg (L sombreado azul) ou heterozigotos (H) em cada
um dos dois marcadores (sombreado dnza ) são marcados como não recombinantes. Qualquer indiví duo
em que o genótipo difere entre os marcadores 1 e 2 é um recombinante { sombreado amarelo}.
-m
para mostrar os portos
hipotéticos de
Marcador 2 - "L H L H c H H H L recombinação em cada
um dos indivíduos .
O genótipo AP2 è ap2 ap2 qp2 ap2 AP2 ap2 op2 ap2 ap2 ap2 AP2 op2 ap2 ap2 ap2 AP2 ap2 ap2
determinado
examinando as pianas
O ap2/op2 é determi-
. ap2 AP2 ap2 AP2 AP2 AP2 AP2 ÀP2 AP2 AP2 AP2 op2 AP2 ap2 AP2 AP2 AP2 ap2
= H =L = H =C «H
a b c GOI d e
Observa çã o gen é tica Os polimorfismos da sequên- O identificar os *=* i
(Gene de
i i
marcadores
cia dc DNA entre os indiv íduos sáo utilizados para construir
mapas genéticos. Os marcadores de DNA agem, então, como
-
moleculares (a e) interesse)
sondar a biblioteca
genômlca, Identificar
Etapa 2: Construção da sequ ências contíguas de DNA os ciocies genômicos
( vermelho) que
Antes do advento dos projetos de sequenciamento do
hibridam com os
genoma, os pesquisadores eram obrigados a montar o marcadores.
DNA abrangendo dois marcadores por meio da constru - a b c GOI d e
ção dc sequências contíguas (contigs), a partir dc con-
Ousaras
extremidades dos
i
*==* i i
i
i
juntos de dones genômicos sobrepostos ( Figura 16.25) . dones genômicos
Os marcadores de DNA que ladeiam o gene de interesse para isolar os
O podem ser usados como sondas em uma biblioteca dones sobrepostos
(laranja ).
genómica para identificar clones genômicos que con -
têm os marcadores de DNA 0. As extremidades desses
clones genô micos podem ser usadas para sondar nova - a d e
O Mapear as =: » I • * *
mente a biblioteca genómica a fim de identificar os do- extremidades dos
•
-
sobrepostos (contigs) estendendo se em ambas as dire
ções a partir dos dois marcadores de DNA iniciais. A ex -
- determinara direção
da caminhada.
tensão em uma direção revela sequências mais próximas I
c GOI
do gene de interesse e a extensão na outra direção revela
sequ ências mais distantes.
O Reiterar a triagem . 4
i f
da biblioteca até
Como o direcionamento de uma contig é determi-
nado? O mapeamento genético das sequè ndas de DNA
os clones
sobrepostos
abrangerem a
^
r =i !
i 1 t I
polimó rficas nos dones gen ô micos recé m isolados - regiào entre os i
i
d ==
pode resolver o direcionamento dos dones genô micos marcadores I
.
sobrepostos O Se a extremidade do clone genòmico originais (azuis). l
rimentos de transformação são rotineiros em muitos ser avaliados quanto a esses padrões de expressã o em
organismos genéticos modelo e são descritos em mais células e tecidos específicos. Também pode ser possível
detalhes no Capítulo 17 . detectar mudan ças nos padrões de expressão do RNA,
Nos organismos inaptos à transformação ( por como, por exemplo, as muta ções que resultam em pa -
exemplo, os seres humanos), outras abordagens podem drões alterados de splicing ou as que resultam em um
ser empregadas para identificar e caracterizar os genes RNAm menos está vel que o RNAm do tipo selvagem.
candidatos. Primeiro, o sequenciamento direto dos Os genes também podem ser avaliados com base no
genes candidatos e a comparação das sequências nos tipo de proteína que devem codificar. Se for poss í vel
indivíduos do tipo selvagem e mutados podem revelar -
prever a função bioquímica do gene alvo, alguns genes
o gene de interesse. As mutações de sentido trocado ou candidatos podem ter características que os fazem pa -
sem sentido podem ser previstas em cada um dos ale- recer mais propensos que outros a conseguirem desem -
los mutados, com relação ao alelo do tipo selvagem No . penhar essa função. Entretanto, em muitos casos, esse
entanto, como as mutações fora da região codificadora conhecimento não existirá.
podem ser responsá veis pela expressão gênica alterada, Essa abordagem geral para a clonagem posicionai
as sequê ncias não codificadoras também podem ter de tem sido aplicada a vários sistemas genéticos modelo.
ser pesquisadas. Repare que, nas espécies n ão endocru - Nos anos 1980 e 1990, muitos genes na Drosophila, C.
zadas, se houver apenas um ú nico alelo mutado a ser elegans e Arabidopsis foram identificados por protoco-
examinado, pode ser dif ícil dizer se as diferen ças nas se- los de clonagem posicionai , bem antes de os genomas
qu ências de DNA dos genes candidatos são a causa do terem sido sequenciados. As estratégias de clonagem
fenótipo mutado ou simplesmente polimorfismos exis- posicionai têm sido especial mente ú teis na identifica -
tentes na população. ção dos genes associados com doenças humanas, apesar
Em uma segunda abordagem para identificar o ge
ne alvo, a natureza do defeito fenotí pico conferida pelo
- da inviabilidade de realizar cruzamentos controlados e
experimentos de complementaçào nos seres humanos.
alelo mutado pode fornecer pistas para os prováveis pa - O Estudo de Caso descreve o gene responsável pela do -
drões de expressão gênica e os genes candidatos podem ença de Huntington.
ESTUDO DE CASO
Clonagem posicionai em humanos: o gene da doen ça de Huntington
.
A doença de Huntington um transtorno neurodege - mais a uma regi ão de 2,2 Mb no cromossomo 4 ( Figura
nerativo de in ício tardio e inevitavelmente fatal, tem esse 16.26 ). Os alelos mutados do HD foram conhecidos a
nome em homenagem a Gcorge Huntington , o médico que partir de um grande n ú mero de fam ílias n ão relacionadas
publicou a descri ção clássica da doença e de sua herança em com diversas origens gen éticas, sugerindo que os alelos
1872. Sua descrição especificou os sintomas do transtorno mutados dominantes do HD surgiram v á rias vezes de
de movimento, alteração de personalidade e declínio cog- maneira independente. Os dados de mapeamento de 75
nitivo e, notavelmente, descreveu o padrão autossômico do - famílias identificaram um haplótipo compartilhado por
minante de heran ça, uma característica desconsiderada até aproximadamente um ter ço delas, sugerindo que o gene
a redescoberta do trabalho de Mendel em 1900. Hunting - HD estava localizado provavelmente dentro dos 500 kb
ton reconheceu o padrão de heran ça graças à experiência
coletiva de seu pai e seu avô, ambos médicos també m, que
do haplótipo compartilhado ( ver no Capítulo 5 uma dis
cussã o sobre os hapló tipos ).
-
tiveram a oportunidade ú nica de observar vá rias gerações
Identifica ção do gene candidato Antes dc 2001, ano
da doença cm uma fam ília local. Ele não encontrou a forma
em que foi publicado um esboço da sequ ê ncia gen õmica
de início juvenil da doença , que apresenta outros sintomas,
humana , a identifica çã o dos genes em grandes trechos da
como rigidez c convulsões Em uma forma dc herança cha
mada antecipação, a doença dc Huntington com início na
- sequ ê ncia gen õ mica humana cra uma tarefa á rdua. No
caso da clonagem do gene HD no in ício dos anos 1990,
juventude é herdada por um alelo paterna
ela exigiu a reconstruçã o de um contig de cosm ídco e
Mapeamento do gene HD Os pesquisadores compila - clones YAC abrangendo o l ócus do HD , usando as té cni -
ram genealogias amplas retratando a transmissão da do- cas descritas em todo este capítulo para isolar os clones
ença de Huntington em uma grande fam ília da Venezuela. gen õmicos sobrepostos. Para identificar as sequê ncias
As genealogias abrangem 10 gerações e incluem quase transcritas na regiã o gen õmica de 500 kb, foi utilizada
20 mil indivíduos, trê s quartos dos quais est ão vivos. No uma abordagem de aprisionamento exônico desconhe-
início dos anos 1980, James Gusella e Susan Wexler e co - cida. Fragmentos dc DNA gen ô mico foram clonados em
.
legas estudando essa fam ília venezuelana e també m uma um vetor, onde eram flanqueados por dois é xons conti -
grande fam ília de Ohio, mapearam o gene HD no braço dos na sequ ê ncia do vetor . Quando avaliados em uma
curto do cromossomo 4 ( ver Estudo de Caso no Capí - cultura dc células humanas, se o DNA gen ômico n ão
tulo 5). Outros marcadores polim órficos ligados aos ale - contivesse um é xon , os dois é xons do vetor sofreriam
los mutados dominantes do gene HD o restringem ainda -
splicing no processamento pós transcrição, gerando um
556 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
O O gene HD foi mapeado em uma região de 500 kb do cromossomo 4, na qual foram detectados quatro genes transcritos.
500 kb
Marcadores D D D D D D
moleculares 4 4 4 4 4 4
s s s s s s
1 ; r 9 ; 9
0 8 2 5 8 8
0 7 2
I I I I
HH R R R R R R R
MM M M M |M M M M M MM M M M M
i i l i i I
N NN N N N N NN N N NN NN N N
Mapa de restrição:
Nort (N),
MkA (M) e J
Nrul (R) Centrômero i Telômero
GUS72-2130 , ~ i
=y
i
Oones LI 9 91Fl
genômicos L11386 L83D3 L181010 L118F6
BJ66
LI 3489 L22886
L40010
LTC2
LE9F 7 BJ65W Ai 2
LT4208
Genes identificados a
/
/ ms rm moa ADDA
/
/
°siram
/775,exibiu
polimorfismos
no tamanho de
uma repetição
nudeotidka 12 3 4 6 7 8 9 10
(CAG) entre
indivíduos
normais e
portadores
de HD, como AJelosdos
pode ser visto cromossomos Repetições
nesse gel de
sequenoamento .
HD - 48
©19 3 a»
* *** -
Figura 16.26 Localizando o gene da doenç a de Huntington .
Capítulo 16 Genética prospectiva e tecnologia de DMA recomblnante 557
transento de tamanho definido. No entanto, se o DNA tratamento ). No entanto, o conhecimento da sequê ncia de
gen ômico clonado contivesse um é xon, ele sofreria spli
cing em dois éxons flanqueadores, criando um transcrito
- DNA proporcionou uma maneira dc testar a presen ça do
alclo da doença nas famílias cm que está segregando. Essa
de tamanho maior. Essa t écnica revelou a presen ça de informação pode ser utilizada no diagn óstico pré natal -
quatro genes transcritos na região.
Foram empreendidas duas abordagens para avaliar os
para eliminar o alelo da próxima geraçã o, caso o aborto te
rapê utico seja uma opção, o que é legalmente possível em
-
genes candidatoeL Primeiro, foram analisados os padrões alguns pa íses, mas n ão no Brasil. Embora esse teste possa
de expressão do RNAm dos genes Porém, nenhuma dife - parecer uma dádiva , ele introduz muitos dilemas éticos.
rença nos padrões ou níveis dc expressão para qualquer um
dos quatro genes foi detectada entre os indivíduos normais
-
Deve se testar uma criança quanto a uma doença de ma
nifestação na vida adulta na qual não há perspectiva de
-
c portadores dc HD. Segundo, os genes candidatos foram tratamento ou cura no momento? O teste em um adulto
examinados quanto aos polimorfismos do DNA. Um dos jovem poderia inadvertidamente fornecer informações
genes candidatos era polimórCco entre os indivíduos. Foi
observada uma diferença impressionante nos comprimen
.
sobre outro indivíduo, como um dos pais que n ão deseja
conhecer seu status gené tico?
tos de uma sequência trinucleotídica repetida nesse gene;
os indivíduos normais tinham 17 a 34 cópias de uma repe - A an álise da repetição CAG polimórfica també m for
neceu informações sobre o fenômeno da antecipação. Os
-
ti ção CAG c os indivíduos portadores dc HD tinham dc 42
a mais de 66 cópias. A mesma correlação foi observada em alclos CAG cujo tamanho sc aproxima da extremidade mais
todas as 75 famílias, sugerindo fortemente que se tratava de alta do intervalo normal [( CAG)r.,J são instá veis durante
um gene HD. Como uma evidê ncia adicional , o tamanho a transmissã o e mudam de tamanho de uma geração para
das repetições nos indivíduos com IID também se correla- outra. A instabilidade ocorre tanto na herança materna
cionava com a idade de início dos sintomas da doença. quanto na paterna, mas grandes expansões tê m sido obser-
O gene HD abrange 210 kb, codificando um RN Am vadas apenas durante a transmissão masculina; isso explica
de mais de 10 kb, e tem uma matriz de leitura aberta de por que os pacientes juvenis quase sempre herdam o alclo
9.432 bases que codificam uma proteína de 3.144 amino- mutado do pai . Embora a base molecular dessa tend ê ncia
ácidos. Nesse caso, há pouca coisa na sequê ncia proteica dc gê nero tenha se tornado aparente, a base do mecanismo
para fornecer uma pista para a função ( e possivelmente o ainda é desconhecida.
RESUMO
16.1 As triagens genéticas prospectivas identifi- tos de um vetor que pode ser amplificado em um sis -
cam os genes por seus fenótipos mutados tema biológico e um trecho -alvo de inserção de DNA a
ser amplificado.
As triagens genéticas prospectivas são concebidas para I Embora as extremidades compatíveis coesivas fadlitem
identificar os genes pela criação de um fenótipo mutado, a criação de moléculas de DNA recombí nante, quaisquer
frequentemente permitindo aos pesquisadores inferirem a dois fragmentos de DNA podem ser ligados se suas extre-
função biológica de um gene. midades forem transformadas em cegas .
I Os testes de complementação são utilizados para desco- I 0 uso de duas enzimas de restrição diferentes facilita a clo-
brir o número de alelos e o número de genes afetados em nagem direcional das moléculas de DNA
uma triagem genética prospectiva. I A amplificação das moléculas de DNA recombínante em um
I As mutações que resultam em letalIdade podem ser Identi - sistema biológico permite a produção de dones de DNA.
.
ficadas nas triagens genéticas de alelos condicionais I Os cromossomos artificiais de bacteriófago, bacterianos e
As triagens genéticas das sequências poterveiadoras e su- de levedura permitem a donagem de grandes moléculas
pressoras identificam genes que agem em vias relaciona- de DNA.
das ou redundantes. I A reação em cadeia da polimerase é um método enzimá-
tico de amplificação do DNA, que depois pode ser clonado
16.2 As sequências de DNA específicas são reco- em um vetor ou diretamente sequenciado.
nhecidas usando tecnologia de DNA recom-
binante 16.3 As tecnologias de sequendamento do DNA
I As enzimas de restrição, que cortam sequências de DNA revolucionaram a biologia
específicas, são utilizadas para fragmentar grandes molé- I Moléculas de DNA longas podem ser sequenciadas usando
culas de DNA em pedaços menores definidos. métodos de caminhada do primer { primer walking ) ou pelo
I Um mapa de restrição de uma molécula de DNA pode ser sequendamento shotgun e remontagem via algoritmos in -
construído analisando os padrões dos fragmentos de DNA formatizados.
após a digestão com enzima de restrição. As tecnologias de sequenciamento maciçamente paralelo
I Os fragmentos de DNA podem ser ligados para criar mo- permitem que o DNA seja sequenciado sem antes donar o
léculas de DNA recombinantes, normalmente compos- DNA em um vetor.
558 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
16.4 As coleções de fragmentos de DNA clonados conservadas para conceber primers de PCR de modo a am-
chamam-se bibliotecas plificar as sequências relacionadas.
Alguns genes podem ser clonados pela complementação
As bibliotecas genômicas são coleções de fragmentos de de um fenòtipo mutado.
DNA clonados que representam o genoma inteiro de um Os transposons e outros elementos integrantes podem ser
organismo. utilizados para marcar (etiquetar) os genes, facilitando sua
As bibliotecas de DNAc são coleções de fragmentos de
DNA donados que representam a população de RN Am de
clonagem subsequente .
A clonagem posicionai, ou caminhada cromossòmlca, pro-
um organismo ou tecido. porciona um meio para identificar genes donados conhe-
A hibridação do DNA, que depende do pareamento de cidos apenas a partir de um fenòtipo mutado.
bases complementares, é um meio de identificar sequên- Nas abordagens de clonagem posicionai, primeiro as mu-
cias similares em uma mistura de sequências de DNA. tações são mapeadas e depois os contigs do DNA sáo isola
.
dos, abrangendo o gene-alvo O gene-alvo pode ser iden-
16.5 Genes especí ficos são clonados usando a tificado pelas aná lises de expressão, análises da sequência
tecnologia de DNA recombinante de DNA ou experimentos de complementação.
T E R M O S-C H A V E
Análise genética prospectiva (genétka Cromossomo artificial da levedura (YAC) Sistemas de modificação da restrição
prospectiva ) (p. 523) (p. 540 ) (p- 537)
Análise genética reversa ( genética re - Cromossomo balanceador (p. 526) Sitio de clonagem múltipla (MCS) (p. 537)
.
versa) (p 523) Extremidades cegas (p. 532 ) Sí tios de sequência de extremidade coe-
Biblioteca de DNA (p. 543) Extremidades coesivas (p 531). siva (cos) (p. 539)
Biblioteca de DNA complementar Extremidades compatíveis coesivas Subclonagem (p. 532)
(DNAc) (p. 543)
<
p. 536 ) Tecnologia de DNA recombinante (p. 537)
Biblioteca genòmka (p 543) . Letalidade sintética (p.529) Tradução reversa (p. 548 )
Clonagem direcional (p 536) . .
Ligador (p 537) Transcriptase reversa (p. 545)
Clonagem posicionai (caminhada CTO- .
Mapa de restrição (p 532) .
Triagem genética (p 523)
mossômica) (p 557 ). Marcação com transposon (p 550 ) . Triagem modificadora (p. 529)
Clone de DNA (p. 535) .
Mutagênese (p 524 ) Triagem potenciadora (p. 529)
Clone recombinante (p. 535) Mutagênese por saturação (p 524 ) . Triagem supressora (p. 529)
Condição permissiva (p. 527) Primer walkinq (p. 542) Vetor (p. 535)
.
Condição restritiva (p 527) Redundância genética (p. 530 ) Vetor cosmídeo (p. 539)
Cromossomo artificial bacteriano (BAQ Sequência contígua (contig) (p 554 ) . Vetor não recombinante (p.536)
(p. 540 ) Sequenciamento shotgun (p. 542)
Conceitos do capítulo
1. A que finalidade se prestam os genes da betalactamase e 5’-fosfato das moléculas de DNA. Qual seria a consequên-
locZ no vetor plasmideo pUC!8? cia de tratar o vetor, antes da ligação, com a fosfatase in-
testinal de vitelo?
2. O genoma humano tem 3 x 10 pb de comprimento.
’ .
.
a Quantos fragmentos devem resultar da digestão com- 4 Você construiu quatro bibliotecas diferentes: uma biblio -
pleta do genoma humano com as seguintes enzimas: teca genômica composta de DNA isolado de tecido cere -
- -
Sou3A ( GATC), BamH\ (GKSATCC), EcoRI (G AATTC) e bral humano, uma composta de DNA isolado de tecido
-
Nort (GC GGCCGC) ?
b. Em que a sua resposta Inicial mudaria se você sou-
muscular humano, uma biblioteca de DNAc cerebral hu-
mano e uma biblioteca de DNAc muscular humano.
besse que o conteúdo médio de GC do genoma hu- a. Quais dessas bibliotecas teriam a maior diversidade de
mano fosse 40%? sequências?
3. A ligase catalisa uma reação entre o 5’-fosfato e o 3'-hi- b. As sequéndas contidas em cada biblioteca devem se
droxila nas extremidades das moléculas de DNA A en- . sobrepor completamente, parcialmente ou não devem
zima fosfatase intestinal de vitelo catalisa a remoção do se sobrepor ?
Capítulo 16 Genética prospectí va e tecnologia de DMA recomblnante 559
5. Você deseja tlonar o gene humano que codifica a mios - 9. Muitas vezes é desejável donar DNAc em um vetor de tal
tatina, que é expressa apenas nas células musculares. modo que todos os dones de DNAc venham a ter sua ex-
a. Supondo que o genoma humano tenha 3 x 10* pb e tremidade 3' em uma orientação no plasmideo e sua extre-
que o tamanho médio do fragmento de inserção nas bi- midade 5' na outra orientação. Isso é chamado clonagem
bliotecas genômicas seja de 100 kb,com que frequência .
direcional Descreva como vocé donaria direcionalmente
um done representando a miostatina será encontrado uma biblioteca de DNAc no vetor plasmideo pUC18.
na biblioteca genômica feita de tecido muscular ? 10. Você sequencia seu DNA genômico usando o sequencia-
b. Com que frequência um done representando a mios mento de Sanger e uma tecnologia de sequenclamento
tatina será encontrado na biblioteca genômica feita de .
maciçamente paralela Haver á diferenças entre os tipos
tecido cerebral? de sequências representados nos dois conjuntos de
c Com que frequência um clone representando a miosta- dados? Se houver, que tipos de diferenças?
tina será encontrado na biblioteca de DNAc muscular ?
d. Com que frequência um done representando a miosta .
11 Usando os dados do final do livro, calcule o número
tina será encontrado na biblioteca de DNAc cerebral ? médio de pares de quilobase (kb) por centimorgans nos
quatro organismos eucariótícos pluricelulares. Como
6. O genoma humano tem 3 x 109 pb. Você deseja conce -
essa informação influencia as estratégias para donar po-
ber um primer para amplificar um gene específico no ge-
sidonalmente os genes nesses organismos?
noma. Fm geral, qual comprimento de oligonucleotideo
seria suficiente para amplificar uma única sequência ? 12. Um importante avanço nos anos 1980 foi o desenvolvi-
Para simplificar seu cálculo, suponha que todas as bases mento da tecnologia para sintetizar ohgonucleotídeos
ocorram com a mesma frequência. curtos. Esse trabalho facilitou o sequenciamento do DNA
e levou ao advento do desenvolvimento da PCR. Recen-
7. Com base nas sequências da Figura 16.20, como você
temente, ocorreram avanços rápidos na tecnologia para
donaria o gene da betaglobirra a partir da salamandra da
sintetizar o DNA quimicamente e hoje são produzidas se -
Califórnia?
quências de até 10 kb com facilidade. À medida que esse
8. Os mapas genéticos e os mapas físicos são representa- processo se torna mais económico, como isso ir á afetar
ções de um genoma. as abordagens de clonagem genica descritas neste capí-
a. Quais são as semelhanças e diferenças entre os modos tulo? Em outras palavras, que tipos de técnicas essa nova
de criação dos mapas genéticos e fisicos? tecnologia tem potencial para suplantar e quais técnicas
b. Se os mapas genéticos de um determinado organismo não serào afetadas por ela?
forem construídos de modo independente em dois 13. Supondo que as tecnologias de sequenciamento vão
laboratórios diferentes, eles ser ão idênticos? E dois continuar a avanç ar e que qualquer pessoa em breve
mapas físicos construídos de modo independente? terá seu próprio genoma sequenciado como parte de um
c Como a informação que consta nos mapas genéticos e
físicos pode ser combinada?
procedimento médico padrão, discuta algumas das rami
ficações éticas do conhecimento gerado .
-
Aplica ção e integra ção
14. O genoma do bacteriófago lambda pode existir na forma Em um esforço para criar um mapa de restrição do $X 174,
linear ou circular ( ver Figuras 16.6 e 16.13). A forma circu- você digere a forma de dupla fita do genoma com várias
lar ocorre quando os sítios cos de 20 pb (extremidades enzimas de restrição e obtém os resultados mostrados na
coesivas) hibridam em seus pares de bases complemen- página 560. Desenhe um mapa do genoma do 0X 174.
tares e são ligados.
Pst\ 5386 Pst\ + Pii \ 3078, 2308
a. Quantos fragmentos ser ão formados pela digestão
PSí1 5386 PstUDrai 331, 1079, 3976
com enzima de restrição Xhoi, Xba\ e com Xhoi e Xbal
simultaneamente nas formas linear e circular do ge- Orai 4307, 1079 Rsrl + Dral 898, 1079, 3409
noma lambda ? .
17 Você identificou um clone de DNAc de 0,80 kb que con-
b. Diagrame os fragmentos resultantes como aparece- tém a sequência codificadora inteira do gene CRABS
riam em um gel de agarose após a eletroforese. CLAW da Arabidopsis. Na construção da biblioteca de
15 . As enzimas de restrição Xhoi e Sali cortam suas sequên- DNAc, foram adicionados ligadores com sítios fcoRI a
cias específicas conforme mostrado a seguir cada extremidade do DNAc e este foi clonado no sítio
Xhoi -
5' C -
TCGAG 3' .
EcoRI do MCS do vetor exibido a seguir Você realiza di -
3'- GAGCT C - 5' gestões no clone de DNAc do CRABS CLAW com enzimas
5ail 5'- G TCGAC - 3' de restrição e obtém os resultados a seguir. Você con -
segue determinar a orientação do clone de DNAc com
-
3' CÀGCT -
G 5'
relação aos sítios de enzima de restrição no vetor ? As
As extremidades coesivas criadas pelos sí tios Xhoi e So/I
enzimas apresentadas na região verde são encontradas
podem ser ligadas? Se puderem, as sequências resul-
tantes podem ser clivadas pela Xho\ ou pela Sal1?
apenas no MCS do vetor .
fcoRI 0,8, 3,0
16. O bacteriófago $X 174 tem um genoma com DNA de fita
.
simples composto de 5.386 bases Durante a replicação H/ndUI 0,3, 3,5
do DNA, são geradas as formas de dupla fita do genoma . £coRI f Hinà lW 0,3, 0,5, 3,0
560 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
orl
Amtf lacZ
T7
MCS
2.961 pb
-T3
Primer de sequenciamento T7
5’ 6 ,A À AAC bAC 6&1 C 4G !&A AH
3' C AU HG LtB ÇÇjS á tC AÇI IAA tAI CCCI SCI TM
1 Vf
" HCUSLJ .
<5Ç Cfif cct ÇTÇ TAf, AAf. TA$ TCG ATÇ CCC C&w CCT GC r,f,A ATT ÇGA TAT CAA ÇCT TA, i &V* i*. tÇT ÇÇA ÇC i l u*
* GÇÇ U u JAÇ CCA
- » .
íT ATC TTi MC KC TM Mf« CttCOT CCT TM «T ATA «TT C4A ATA «T 4Ti KA «T Wtd «C CCC CM 9CC MT
Primer de sequenciamentoT3
18. Vocè isolou um clone genômico com um fragmento a. Qual sequência representa a extremidade 5' do gene?
fcoRl de 11 kb que abrange o gene CRABS CLAW {ver Pro- Qual sequência representa a extremidade 3' do gene?
.
blema 17) Você digere o clone genômico com Hind\\ \ e b. O trecho longo dos resíduos T na sequência T3 vão
nota que o fragmento £coRl de 11 kb é dividido em très existir na sequência genômica do gene?
fragmentos òe 9 kbr 1,5 kb e 0,5 kb . c. Vocè consegue identificar quais sequências são deriva-
.
a Isso lhe diz alguma coisa sobre onde está situado o das do vetor ( especificamente o MCS) e quais são deri-
gene CRABS CLAW dentro do done genômico de 11 kb? vadas do clone de DNAc?
b. Multas vezes os sítios de enzima de restrição dentro d. Você consegue identificar o início da região codifica-
de um clone de DNAc também estão na sequência dora na extremidade 5' do gene ? O que representa a
genômica. Você consegue imaginar um motivo para sequência que precede o códon de início?
que isso às vezes não aconteça? Os sítios de enzima de
restrição em um done genômico estão sempre em um Sequência produzda
comopwnefT7
done de DNAc do mesmo gene?
ACTAfiTM ATCCCCC 6G6:T KAtG A»TTCS6CAt4 A 6 TTCAA6 A &C 46TTT7CAATtCAT
.
19 Para analisar mais o gene CRABS CLAW (ver Problema 130
18), você cria um mapa do done genômico. O fragmento
fcofil de 11 kb é donado no sitio £coRI do MCS do vetor
exibido r>o Problema 17 .
Você digere a forma de dupla fita do genoma com várias
enzimas de restrição e obtém os resultados mostrados a rCBCTAAA« ACCA -« AACCTA6 * »fi ífiAA <CAACCAI8 »C 66 «1TCAA 66« mCCC TC A
130 140
seguir. Desenhe, dentro do possível, um mapa do clone
genômico do CRABS CLAW .
fcoRI 11,0, 3,0
fcoRI + Xba\ 4,5,6,5.3,0 Xba( 4,5,9,5
EcoR\ + Xho\ 10,2, 3,0, 0.8 Xho\ 13,2, 0,8
t \
fcoRI + San 6,0, 5,0, 3J0 San 6.0, 8.0 Sequência produzda
fcoRI + Hiodlll 9,0, 3,0, 1,5, 0,5 Híndlll 12,0, 1,5, 0,5 com oprimerT3 1
CCOCCC TCI* TTTTImT TT T TTTTTTTTA A40 AAT AC6C- ATAT AAAATTTM AT AM ATT A
Qual digestão com enzima de restrição ajudaria a re- 40 *
50 60 70 80 90 100
solver qualquer ambiguidade no mapa?
20. Você isolou outro done de DNAc do gene CRABS CLAW
n
de uma biblioteca de DNAc construída no vetor exibido
.
no Problema 17 O DNAc foi donado direcionalmente
*GACAA*TAAA6 ACCAfiAí:ATAAA£eT:CAA /.&i6 «CATA
IMJ
*C .* i 6 <«TTACTTTCAAIITCT
4
â *
APRESENTAÇÃO
-
recombinante
Ç Corotene
17.5 A clooagem de plantas e animais produz
indivíduos geneticamente idênticos
ffeurosporMl
I Os organismos transgénicos sòo criados ê. coli transgemea expressando os genes da via biossintétka caro-
pelo aproveitamento dos vetores biológicos tenoide derivada das plantas. Os pigmentos carotenoides, respon-
para introduzir genes nos organismos. savei pelascores vermelha e alaranjada de tomates, pimentas e la
I Os fenotipos dos organismos transgénicos ^ um tampão para absorver o excesso de
*‘*t *m*durante
podem fornecer informa ções sobre a fun eTeuomTraafcafs produzidos a fotossintese.
çáo génica.
I As técnicas de genética reversa começam
•
com uma sequência genica depois passam
para a identificação de um fenótipo mutada
I A tecnologia dc DNA recombinante nos
0 advento da tecnologia de DNA recombinante abriu cami-
nho para o estudo da funçáo génica no nível molecular.
Apôs introduzir as estratégias bá sicas para a manipulação in vitro
seres humanos é uma via para o desenvolvi-
mento da terapia gémea do DNA e para a identificação da sequência de qualquer gene (ver
I A donagem de plantas e animais produz tn Capitulo 16), uma etapa próxima e óbvia é a manipulação precisa
divtduos geneticamente idênticos. da ação génica nos organismos vivos. Um dos desenvolvimentos
principais que impeliram esse avanço e a capacidade para criar
organismos transgénicos. que são receptores dos genes inseridos
em seus genomas. A criação dos organismos transgénicos é uma
ferramenta poderosa para manipular a atividade de genes especí-
ficos. observar os fenótipos resultantes e, dessa maneira, adquirir
novas percepções dos processos biológicos. Além disso, os orga-
Capí tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recombinante e genética reversa 563
nlsmos transgênicos podem ser moldados para fins mé- esse DNA se integre ao genoma e (2) a necessidade de
dicos, agrícolas ou industriais específicos. fornecer as sequências regulatórias adequadas para que
o transgene venha a ser expresso convenientemente.
A produção de organismos transgênicos é rotinei-
Como as células dos diferentes organismos têm
ra na análise genética hoje e pode ser adaptada a um
número quase ilimitado de abordagens experimentais.
capacidades diferentes para importar DNA de seu am
biente e também têm propensões diferentes para re
--
Entretanto, um dos usos mais significativos da tecno- combinar DNA exógeno em seus genomas, os proto-
colos para introduzir os transgenes variam de acordo
logia de DNA recombinante é no pioneirismo das téc -
com o organismo. Contudo, a produção de organismos
nicas de gené rica reversa. Enquanto as abordagens de transgênicos é surpreendentemente objetiva , talvez
genética prospectiva começam a investiga ção gené- porque os organismos de ocorrência natural tenham
tica com um fenótipo mutado e seguem para a iden- evolu ído na maioria das linhagens da vida visando à
capta ção ou ao fornecimento de DNA. Muitos organis-
tifica ção de uma sequência gênica, as abordagens de
mos ou células vão absorver DNA de seu ambiente e,
genética reversa começ am com uma sequência g ênica depois que esse DNA estiver dentro da célula , um dos
e procuram identificar o fenótipo mutado correspon- seus possíveis destinos é a recombinaçáo no genoma.
dente. Por exemplo, um experimento de gené tica re- Recorde nossa discussã o sobre certas versões de ocor-
rência natural desse processo, incluindo a transferência
versa poderia gerar alelos de perda de função de genes gênica pelos doadores Hfr nas bacté rias receptoras, a
específicos inserindo transgenes em um organismo e transdução dos genes de um doador para um receptor
depois observando as diferenças entre os fenótipos bacteriano e a transferê ncia gê nica entre e dentro das
transgênicos e o tipo selvagem. A análise genética
espécies por meio da transformação ( ver Capítulo 6).
A concepção dos transgenes utiliza técnicas de tec -
reversa ganhou proeminência em consequência da
enorme quantidade de dados de sequência de DNA
nologia de DNA recombinante (ver Capítulo 16). A ex
pressão dos transgenes é igual à expressão de qualquer
-
disponibilizados desde o final dos anos 1990. gene; primeiro, a sequência gênica precisa ser transcrita
A análise transgênica também é utilizada para ex-
em RNAm e depois traduzida em um polipeptídeo. A
universalidade do código genético permite a expressão
plorar a regulação gênica. As sequências regulatórias
-
podem ser dissecadas por experimentos transgênicos
que fundem todas ou parte das sequências regulatórias
para um gene com o segmento expresso de outro gene
das sequências codificadoras, mesmo quando transfe
ridas entre organismos muito pouco relacionados
mesmo quando um deles é procarioto e o outro é eu
carioto. Entretanto, as sequências regulatórias e suas
—-
cujo produto é facilmente visualizado. As sequências
interações moleculares com o maquinário de transcri
ção e tradução variam bastante entre os organismos, não
-
regulatórias de genes diferentes podem ser misturadas sendo intercambiávcis entre os organismos muito pouco
e compatibilizadas para alterar o momento, o lugar e a relacionados. Desse modo, para que os transgenes sejam
expressos eficientemente, eles precisam ser combinados
quantidade de expressão gênica, proporcionando no-
com as sequê ncias regulató rias do hospedeiro.
vas perspectivas para o estudo da função gênica e a
produção de produtos gênicos específicos. Transgenes na Escherichia coli
Neste capítulo, discutimos essas aplicações da tec- A transformação bacteriana por um plasmfdeo re-
nologia de DNA recombinante, concentrando-nos nos combinante é o método prim á rio para gerar bactérias
métodos utilizados para criar organismos transgênicos transgênicas. Conforme descrevemos na Seção 17.2, DNA
e manipular a atividade gênica. estranho pode ser introduzido nas bactérias, como a £
coli , usando um vetor plasmídeo contendo sequências ne-
cessárias para a replicação do DNA e possuindo também
17.1 A introdução de genes
estranhos nos genomas cria
um marcador selecionável, como a resistência a antibióti-
cos, para facilitar a identificação dos transformantes.
organismos transgênicos Os vetores de expressão são vetores que foram for-
Marcador Marcador
selecioná vel seledonável
bacteriano bacteriano
se ligam à RNA polimerase a montante do sí tio de mul - sinónimos não são utilizados com a mesma frequência.
ticlonagem ( MCS) do plasm ídeo. Lembre-se de que o Por exemplo, a glicina é codificada pelo GGN, com N re -
MCS é um grupo de sítios de restrição ú nicos nos quais presentando qualquer nucleot ídeo, mas o GGA e o GGG
o gene a ser expresso é inserido em dones recombinan - raramente são utilizados no E colit ao passo que esses
tes (ver Capítulo 16). A tradução eficiente do RN Am na códons são comumente usados nos outros organismos
£ coli também exige a presença de uma sequência de apresentados na Tabela 17.1. Os RNAt correspondentes
-
Shine Dalgarno na região 5' não traduzida do RNAm , aos códons frequentemente utilizados são expressos em
outra característica embutida nos vetores de expressão n íveis mais altos que os RNAt para os códons raramente
da E coli. Além disso, como o maquiná rio de splicing do utilizados. Esse uso preferencial dos códons se chama
RNAm não existe nos procariotos, os transgenes euca - viés de códon. Desse modo, para a produção eficiente
rióticos precisam ser isentos de íntrons para que sejam das proteínas heterólogas na E coli, o uso de códons den -
traduzidos adequadamente nos procariotos. Esse requi- tro das sequ ências gé nicas heterólogas pode precisar ser
sito implica o uso de DNAc como transgenes eucarióti - alterado para aproximar a polarização do códon na E
cos nos sistemas de expressão da E coli . coli. Repare que essas mudan ças não alteram a sequência
A expressão do gene heterólogo transportado por de aminoácidos da proteína codificada: elas alteram ape-
um vetor de expressão pode ser constitutiva ("ativa" o
nas a eficiência com que ocorre a tradução na E coli. A
tempo inteiro ) ou regulada pela adição ou remoção de
polarização do códon pode afetar a expressão dos trans-
compostos indutores. Um exemplo da ú ltima aborda - genes heterólogos em qualquer caso em que os genes
gem é o uso do aparelho rcgulató rio do ó peron lac da E
sejam transferidos entre espédes pouco relacionadas.
coli para induzir a expressão dos transgenes: a fusão da
Uma segunda obstruçã o possível à produção de
sequência operadora lac e dos sítios de ligação ao CAP
proteí nas heterólogas funcionais na £. coli é apresen -
do óperon lac com o sitio de ligação da RNA polime - tada pelas modificações pós- tradução à qual muitas
rase permite que o transgene seja controlado da mesma
maneira induzível que os genes do óperon lac (o óperon proteí nas precisam se sujeitar para funcionar. As mo -
lac é descrito no Capítulo 14).
Dois tipos de variação nos mecanismos genéticos dos Tabela 17.1 Preferência em diferentes organismos por
organismos vivos podem dificultar a produção eficiente códons g&dna específicos
de produtos transgénicos funcionais. A primeira com
plicação afeta a eficiência da tradução. Embora na reali
-- Códon £ coli S. cerevisiae H. sapiem A. thaliana
dade o código genético universal permita a expressão dos GOA 0 23% 23% 37%
transgenes heterólogos, os organismos variam quanto ao GGG 2% 12% 26% 15%
grau em que utilizam códons específicos quando o có- GGC 38% 20% 33% 14%
digo genético contém mais de um para um determinado
GGT 59% 45% 18% 34%
aminoácido ou sinal. Na maioria das espédes, os códons
Cap í tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recombinante e genética reversa 565
-
dificaçòes pós traduçáo das proteínas são diferentes de
acordo com a espécie, em particular entre os eucariotos
-,
A sequência de aminoácidos da insulina foi determi
nada por Fred Sanger no inicio dos anos 1950 (Figura 17.2
e as bactérias. Por exemplo, os grupos de carboidratos e O), mas o gene humano que codifica a insulina não foi
lipídios são adicionados a muitos tipos de proteínas eu - identificado até o final dos anos 1970. Entretanto, mesmo
ca rióticas. Além disso, as fun ções das proteí nas podem antes de o gene da insulina humana ter sido clonado, os
ser modificadas pela fosforilaçâo, acetilação ou metila - biólogos moleculares começaram experimentos concebi -
çào dos resíduos de aminoácidos; outro processamento dos para produzir insulina humana na £ coli construindo
-
polipept ídico pós traduçâo; e atividades específicas de plasm ídeos recombinantes contendo DNA quimicamente
dobramento proteico. Muitos desses processos simples sintetizado que codifica a insulina humana. Uma estraté-
mente n ão ocorrem ou o fazem com diferenças impor
tantes nas células bacterianas. Em tais casos, as células
- gia experimental, chamada método das duas cadeias, uti-
lizou dois genes sintéticos, um codificando a cadeia A c
eucarióticas, como a levedura ou as células na cultura de o outro codificando a cadeia B. Cada gene sintético foi
tecido, e os vetores de expressão eucarióticos precisam construído a partir de oligonudeotideos cuja sequência se
ser utilizados. Os vetores de expressão eucarióticos
possuem caracteristicas eucarióticas an á logas às encon -
baseava na tradução reversa das sequ ências de aminoáci-
dos das cadeias gê nicas da insulina humana 0.
tradas nos vetores de expressão bactcrianos, incluindo Os genes sintéticos foram clonados em vetores plas-
as sequ ências para a regula ção da transcrição (como a mideos diferentes. Em cada caso a cadeia foi fundida , na
TATA box para a ligação com a RN A polimerase II ), mesma matriz de leitura , à termina ção 3’ do gene lacZ
sequ ências potenciadoras para o controle quantitativo
e qualitativo da transcrição e poiiadenilaçào e sinais de
que codifica a betagalactosidase O. Construtos genéti -
cos como esse, consistindo em dois ou mais genes ou
terminação da transcrição (ver Figura 17.1). segmentos gènicos unidos para formar um novo gene
artificial, chamam -se genes de fusão. A transcrição e
Observa çã o gen ética A universalidade do código gené- a tradução de um gene de fusão produzem uma pro-
tico permite a expressão dos genes heterótogos controlada por
sequências regulatórias específicas para o organismo hospedeiro.
teína de fusão, que em cada um desses casos conti
nha o polipeptídeo da cadeia de insulina fundido com
-
a terminaçã o carboxila da betagalactosidase (o produto
.
proteico do gene lacZ ) No plasm ídeo recombinante a
transcrição é controlada pelas sequências regulatórias
Produção de insulina humana na £. coli do operador lac. A transcrição gènica é induzida pela
Um gene que codifica insulina foi um dos primeiros lactose na ausê ncia de glicose, conforme descrito em 0
genes humanos a ser expressos na £ coli e a insulina e O ( ver també m o Capítulo 14). Em condições de cres-
humana foi a primeira proteína produzida a partir da cimento adequadas, até 20% da proteí na total produzida
tecnologia de DNA recombinante para uso terapêutico pelas cepas recombinantes de £ coli é proteína de fusão.
em seres humanos. A insulina, um hormònio proteico, Para separar os peptídeos de insulina dos peptídeos
regula o metabolismo do açúcar nos animais estimu - de betagalactosidase, e para formar moléculas de insulina
funcionais, foi elaborado um resíduode metionina na pro-
lando as células hepá ticas e musculares a absorverem
glicose e as células adiposas a absorverem lipídios do teína de fusão, na junção entre a extremidade N -terminal
sangue. Os indivíduos incapazes de produzir insulina, dos peptideos de insulina e a extremidade C- terminal dos
ou cujas células não respondem a ela, sào portadores de peptídeos de betagalactosidase para servir como um sitio
diabetes, uma doença frequentemente debilitante que de clivagem pept ídica O. O tratamento das proteínas com
afeta milhões de pessoas no mundo inteiro. brometo de cianogênio (CNBr ) cliva as pontes peptídi-
A insulina é produzida ciclicamente no pâncreas por cas na extremidade carboxila dos resíduos de metionina
células especializadas nas ilhotas de Langerhans, sendo O. Não há outros resíduos de metionina na proteína de
liberada na circulação sanguínea em resposta à ingestão fusão, então o tratamento com CNBr libera cada uma das
de carboidratos contendo açúcar. As células pancreá - cadeias de insulina das peptideos da betagalactosidase.
Quando as cadeias A e B são purificadas de suas cepas
ticas inicialmente sintetizam uma proteína precursora
com 110 aminoácidos, chamada pré- pro-insulina, que hospedeiras recombinantes e misturadas em condições
não é secreta d a e não possui função hormonal até ser oxidantes, pontes bissulfeto se formam e ligam as cadeias
——
processada proteoliticamente. Os aminoácidos “ pré” A e B, produzindo moléculas de insulina ativas 0.
os 24 aminoácidos terminais da pré- pro-insulina
clivados da precursora para produzir proinsulina, um
sào As moléculas originais de insulina humana recom
binante, produzidas por esse m étodo, foram idênticas
-
— chamados segmento “ pro"
—
evento seguido pela clivagem de mais 35 aminoácidos
do meio da proteí na.
A clivagem posterior gera duas cadeias de aminoácidos,
chamadas cadeia A e cadeia B, que consistem respecti -
à insulina humana de ocorrência naturaL No entanto,
desde a implementação desse processo sintético nos
anos 1980, tê m sido desenvolvidos métodos mais efi -
cientes para produzir insulina humana recombinante.
vamente em 21 e 30 aminoácidos de comprimento. A Alguns desses métodos introduziram alterações nos
cadeia A se une à cadeia B por pontes bissulfeto entre os aminoácidos na insulina humana recombinante para
resíduos de cisteína para produzir insulina. criar proteínas que possuem diferentes efeitos dese-
566 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
l
© A sequência de nudeotídeos foi criadaappela tradução reversa da sequência de aminoácidos. Dois códons de
parada sucessivos foram adicionados ós a matriz de leitura aberta .
Molde 3'
^ .^ .
Codificadora 5' Élí f«f r»f . ^ .
t4'UÉf í Értf»fK4í irym4iÉÉí
^^ f f TOi . ^ÉÉ^^í^mi^Éif4T«iy.W1^4«lf.T.T^TiiiTAArA 3 35' *
l
© Dm códon metionina foi inserido no inicio da sequência codificadora B da insulina para facilitar o subsequente
isolamento da proteí na B insulina.
5' 3*
^7 7
3' TACr.yTrr i r?WrT ? T.T#T»ri7JT;yTmrrTrrirJTilIflftTT.T.W.ãiW.lXfJJXftf
^ âfX ifrT»TT«r T.TTrf.T.Trf.
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* ^ fti frflA ~ 77
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O Sítios £co«I e BamHI foram adicionados às extremidades do DNA para facilitar a donagem em um vetor.
5' G A>iT MaMMaiittâttfjcammflaiT AA r A C GA T C q3'
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jados na absorção da glicose pelas células-alvo. Essas cos. Os sistemas recombinantes utilizados para produzir
vá rias formas de insulina humana recombinante sào esses e muitos outros agentes farmacêuticos e indus-
utilizadas por milh ões de diabéticos dependentes de in- triais sào fontes seguras e eficazes de material que, de
sulina em todo o mundo, diariamente. outro modo, seria escasso. Por exemplo, antes da produ -
A facilidade e a economia de trabalhar com bac
térias em comparação com eucariotos tornou prá tico
- ção da insulina humana pela tecnologia de DNA recom
binante, a insulina era extraída dos pâncreas de porcos e
-
produzir muitas proteínas eucarióticas nas bactérias vacas, sendo coletada como um subproduto da ind ústria
para aplicações médicas e industriais. Além da insulina de carne. A insulina suína e a bovina são muito pareci-
humana , proteínas como o hormõnio do crescimento das com a insulina humana, mas não idênticas; conse-
humano (hGH ) c a eritropoietina (que induz a formação quentemente, as reações alérgicas comprometeram seu
de eritrócitos) são produzidas em sistemas procarióti - uso pelos diabéticos. As extrações de insulina de animais
Capí tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 567
*
convertido para artemisina por
G3P um processo químico in vitro.
^ DXP -» MEP CDP-ME - CDP-ME2P ME-2,4cPP HMB4 PP -J-» IPP -» pMAPP
Plruvato ** *
ADS
leva a uma síntese do DNA in vibro a partir do nucleotí - DNA pode ser facilmente integrado no genoma de mui -
deo 3' hidroxila dos primers. O resultado é uma mistura
de plasmídeos de fita dupla, alguns deles contendo a mu -
tos fungos por meio de recombinação homóloga , viabi
lizando a manipulação direta do genoma f ú ngico.
-
tação de interesse e outros contendo a sequência original. Plasmí deos de levedura Algumas cepas de 5L cerevisiae
Após a conclusão da PCR , os plasm ídeos nào mu -
abrigam um plasmideo circular de 6,3 kb que, em decor-
tados podem ser degradados seletivamentc usando en - rência de seu diâmetro aproximado de 2 pm, é conhecido
zimas de restrição sensíveis à metilaçâo. Para isso, pri
meiro o plasmideo original precisa ter sido cultivado em
- como plasmideo 2-mícron. Esse plasmideo pode ser trans -
formado em um plasmideo recombinante pela inserção
uma cepa de E coli na qual o DNA seja metilado no resí - de transgenes. Uma origem de replicação da E coli,além de
duo de adenina na sequê ncia GATC, que ocorre natural - marcadores selecionáveis, também pode ser introduzida
mente na reparação de DNA controlada por metila (ver
Capítulo 12). A sequência GATC metilada é clivada pela -
no plasmideo 2 mícron, que já contém a origem de replica -
çào da 5. cerevisiae Figura 17.4). Com essas adições, o plas-
enzima de restrição Dpnl , enquanto o DNA sintetizado
mídeo se toma um vetor de transporte, ou seja, um vetor
in vitro pela PCR nào é metilado e é resistente à clivagem
- que consegue se replicar em duas espécies —
nesse caso,
mediada pela Dpnl. Desse modo, durante a transforma
ção apenas o plasmideo mutado é introduzido na E coli.
Do mesmo modo que no sequenciamento do DNA,
—
a E coli e a £ cerevisiae e, portanto, pode ser utilizado
para transportar sequências de DNA entre elas . Com um
a tecnologia para sintetizar quimicamente as moléculas vetor de transporte, as sequências de DNA podem ser ma -
de DNA foi bem aperfeiçoada nos últimos anos, tanto nipuladas na E coli, onde a manipulação é mais fácil, após
em termos de precisã o quanto de custo. Considere o o que os plasmídeos modificados podem ser transportados
exemplo dos genes da insulina humana. No final dos para a levedura visando à expressão proteica heteróloga .
anos 1970, a construção do gene da cadeia B a partir de .
Integração do DNA no genoma da S cerevisiae Se o DNA
18 oligonucleotídeos quimicamente sintetizados, com 10 que é introduzido em um organismo não tiver origem de
a 12 nucleotideos de comprimento, e do gene da cadeia
A a partir de 12 oligonucleotídeos, com 10 a 15 nucleo-
replicação, ele se submete a um entre dois destinos: degra -
dação enzimática ou integração no genoma hospedeiro. A
t ídeos de comprimento, foi uma tarefa monumental. No degradação enzimática , realizada pelas nucleases comuns
entanto, hoje os oligonucleot ídeos com dezenas a cente- nas células, vai eliminar o DNA introduzido. A integração
nas de bases de comprimento são baratos para construir do DNA no genoma hospedeiro, por outro lado, permite
e constituem uma das ferramentas mais utilizadas para que o ácido nucleico introduzido persista na célula hos-
manipulação das moléculas de DNA in vitro ( por exem
plo, na PCR e nas reações de sequenciamento).
- pedeira. A integração é feita por meio de um entre dois
mecanismos de recombinação distintos: recombinaçáo
Mais recentemente, a síntese química das molé - ilegítima ou recombinaçáo homóloga.
culas de DNA com até 50 mil bases de comprimento A recombina çáo ilegí tima integra o DNA intro -
tornou -se viá vel. Os geneticistas conseguem projetar duzido em uma localização aleatória e não homóloga.
uma molécula de DNA do zero e sintetizá-la para uso Essa forma de recombinaçáo nào exige qualquer homo-
subsequente nos organismos vivos. Essa capacidade logia entre o DNA introduzido e o DNA gen ô mico no
é ú til quando muitas mudanças na molécula de DNA qual o primeiro é integrado. Por outro lado, o segundo
antes de sua introdu ção em um organismo transgê nico mecanismo para integraçã o do DNA introduzido, a re-
são necessá rias. Do mesmo modo que nas tecnologias combinaçâ o homóloga entre esse DNA introduzido e
de sequenciamento, os avanços na síntese química das a sequência gen ômica do hospedeiro, exige um tama -
grandes moléculas de DNA têm potencial para trans-
formar a biotecnologia e a pesquisa biológica. Em 2008, MCS
o genoma inteiro de 582.970 pb do Mycoplasma geni
Uilium foi sintetizado quimicamente in vitro , clonado
-
em um vetor YAC e propagado na Saccharomyces cere -
visiae. Depois, o genoma sintético foi transplantado
para um citoplasma receptor do Mycoplasma , gerando Marcador
uma célula que usaria a informaçã o gen ética contida no Marcador selecioná vel
selecioná vel da levedura
cromossomo sintético. Essa capacidade para sintetizar bacteríano
moléculas de ácido nucleico do tamanho de um genoma
poderia revolucionar a biologia experimental.
Orl
Oh da levedura
Geraçã o de fungos transgênicos
bacteriana
Os transgenes podem ser introduzidos nas células
f úngicas de modo similar ao das bactérias usando um
sistema plasmideo desenvolvido para o fungo Saccha - .
romyces cerevisiae ( levedura do padeiro ). Alé m disso, o Fig ura 17.4 Vetor de transporte para a E coli e a
Saccharomyces cerevisiae .
570 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
nho significativo da sequência de DNA comum entre as tituição do DNA genô mico pelo DNA introduzido flan -
duas moléculas recombinantes. As frequências relati - queado pelas sequências homólogas.
vas com que esses mecanismos ocorrem dependem da A introdução de uma molécula de DNA linear em
espécie na qual o DNA é introduzido. Na maioria das vez de circular favorece a recuperação dos recombinantes
espécies dc plantas c animais, a recombinaçâ o ilegí tima produzidos pelo cruzamento duplo, pois um cruzamento
é o destino mais comum, embora existam t écnicas para simples vai provocar um evento de deleção que resulta
selecionar os indivíduos nos quais ocorreu recombina
ção hom óloga (conforme descrito mais adiante neste
- em moléculas recombinantes sem uma grande parte do
cromossomo original e, portanto, propensas a serem le -
capitulo). Nas espécies de bactérias e fungos, o DNA tais [Figura 17.5 b). As moléculas de DNA linearizadas re -
introduzido frequentemente é recombinado no genoma combinam em uma frequência maior que as circulares,
de uma maneira homóloga. tornando a introdução de moléculas lineares o método
Os segmentos de DNA introduzidos na S. cerevi - preferido nos experimentos de recombinaçâo homóloga.
siae tê m uma propensão a sofrer recombinaçâ o ho- Tirando proveito dessa tendência de ocorrê ncia da
móloga. Uma molécula de DNA circular introduzida recombinaçâo homóloga na levedura, geneticistas es-
pode recombinar por meio de um cruzamento simples
.
ou duplo ( Figura i 7.$a ) Em um cruzamento simples, a
pecializados nesse organismo criam leveduras recombi
nantes pela inserção e substituição de genes. Os alelos
-
molécula inteira do DNA circular introduzida é inte - de perda de função são criados pela substituição do ge-
grada no genoma da levedura sem nenhuma perda de ne-alvo com DNA heterólogo, frequentemente um gene
DNA genô mico. Se a recombinaçâ o de uma molécula marcador selecionável, eliminando assim a produção
circular ocorre por meio de cruzamento duplo, apenas da proteína funcional do tipo selvagem pelo gene-alvo.
o DNA entre as sequê ncias fianqueadoras homólogas é .
As inserções génicas que resultam na deleçào de toda
integrado no genoma receptor e a integração é acom
panhada por uma perda concomitante do genoma do
- a região codificadora do gene, criam alelos nulos que
não geram produtos proteicos. Esses alelos de inserção
DNA entre as sequências homólogas. Desse modo, a frequentemente são chamados nocautes gé nicos ( ina -
recombinaçâo com dois cruzamentos resulta na subs- tivaçáo génica ) , pois a inser ção "nocauteia" a função do
(a ) Recombina çâ o homóloga com molécula de DNA circular (b) Recombina çâo homóloga com molécula de DNA linear
Homologia coi
-
Plasm ídeo o gene alvo
2
Gene- ah/o
1 Cruzamento simples em Marcador selecion á vel
Marcador selecionável Plasm ídeo linearizado
1 / 2
Cruzamento simples em 1
X
Cromossomo da levedura Gene-alvo* Cromossomo da levedura
Parte do cromossomo
Plasm ídeo integrado 1 1 é perdida.
Plasm ídeo integrado
1
1 2 11 1 2
Gene alvo Gene alvo' Gene-alvo
O cruzamento simples resulta na integração do O cruzamento simples resulta na integração do DNA ntroduzido
-
DNA introduzido sem substituição do gene alvo. e na pe^da dos cromossomos distais ao sitio de Integração
1 Cruzamento duplo em
2 I e 2
Plasm ídeo linearizado
Cruzamento duplo em 1 e 2
X X
Cromossomo da levedura Gene alvo" Cromossomo da levedura Gene alvo'
1 1 , 1 1 ,
Gene alvo’ Gene alvo '
gene, criando um alelo recessivo de perda de função. Por pode se recombí nar ilegitimamente com o genoma nu -
outro lado, a inserção de um gene funcional, criando clear da planta , resultando em uma inserção do T-DNÀ
frequentemente um alelo de ganho de fun ção, chama se - em uma posição aleatória nesse genoma Figura 17.6b ) .
ativação genica. Partindo da perspectiva bacteríana, o resultado desse
A facilidade com que os recombinantes hom ólogos evento de transformação natural é a expressão dos genes
.
são gerados na S cerevisiae permitiu a produ ção de um -
no T DNA que codificam proteínas cujo efeito é fazer
grande n ú mero de cepas de levedura para análise gené-
tica dos processos biológicos nesse organismo. Como
-
que as células vegetais (1) dividam se de uma maneira
descontrolada e (2) produzam aminoácidos que somente
descrito em mais detalhes na Seção 17.4, os alelos de a bactéria consegue utilizar como fonte de energia. Ba -
perda de função de todo gene no genoma da S. cerevi
siae foram gerados e podem ser encomendados em um
.
- sicamente, as bactérias reprogramam as células vegetais
para se transformarem em fá bricas de alimento para as
estoque central. Esses estoques facilitaram bastante a bactérias. Os genes bacterianos que codificam enzimas
pesquisa genética ao livrarem os cientistas da necessi- de biossíntese dos hormó nios vegetais fazem que as célu -
dade de produzir mutações nos genes de interesse no las vegetais transformadas produzam altos níveis de dois
início de cada experimento gené tico novo. hormó nios vegetais, auxina e citocinina, que por sua vez
provocam a divisão descontrolada das células vegetais,
Observa çã o gen é tica A levedura do padeiro, 5. cerevi - -
.
resultando na formação de tumor ( Figura 17.6c) Os ou
tros genes no T DNA codificam enzimas de biossí ntese
-
-
siae, exibe um alto n ível de recombinaçáo homóloga, permi da opina. As opinas, como a nopalina e a octopina , são
tindo que os pesquisadores criem nocautes génicos e outros aminoácidos que não ocorrem naturalmente nas plantas;
alelos sob medida. portanto, as plantas não produzem quaisquer enzimas
capazes de metabolizar as opinas. Porém, a Agrobacte -
rium possui essas enzimas; consequentemente, as opinas
Transformação do genoma das plantas produzidas pelas células vegetais podem ser usadas como
pela Agrobacterium fontes de carbono e nitrogénio pelas bactérias. Outros
genes no plasm ídeo Ti, mas não situados dentro da re-
Nosso alimento é derivado principalmente das gião do T- DNA, codificam enzimas necessárias para a
plantas e os seres humanos vêm modificando geneti
camente as plantas desde o início da agricultura , apro-
- transferência do T- DNA para a célula vegetal.
A análise de sequência revelou que os genes envolvi-
ximadamente h á 10 mil anos. Na maior parte dessa
histó ria, o aprimora mento genético limitou -se aos cru -
-
dos na transferência do T DNA estão relacionados evolu -
tivamente aos genes envolvidos na transferência do fator
zamentos entre espécies selvagens e domesticadas para F na £ coli ( ver Capítulo 6). Assim, a Agrobacterium de-
selecionar traços já presentes na natureza . As técnicas senvolveu um mecanismo para transferir o DNA para as
recentemente desenvolvidas para introduzir nas plan - células vegetais adaptando os genes normalmente envol -
tas um DNA proveniente de muitas fontes acrescentou vidos na conjugaçã o bacteriana. Um aspecto formidável
uma nova dimensão à modificação genética das plantas dessa transferência gênica entre reinos é que os genes no
para fins agr ícolas. Por esses novos meios, a variação T-DNA evoluíram para serem transcritos e traduzidos
gené tica disponível nas plantas tem sido ampliada para eficientemente nas células vegetais, em vez das células
incluir não só os genes de outra espécie de planta, mas bacterianas. Na natureza , a Agrobacterium normalmente
també m genes derivados de animais, fungos e bactérias. transforma apenas as plantas; mas, em laboratório, a
O método mais utilizado para gerar plantas trans - bactéria tem capacidade para transferir DNA para quase
génicas aproveita o sistema de transformação natural qualquer célula eucariótica, incluindo as humanas.
das plantas que evoluiu na bactéria do solo, a Agrobac - Criação da plantas transg ã nkas Os cientistas podem
terium tumefaciens. Na natureza, essa bactéria é a causa usar a Agrobacterium para transferir qualquer gene
da doença galha - da - coroa , uma divisão celular descon - desejado para as plantas removendo os genes produto-
trolada nas células vegetais. A doen ça resulta em tumo- res de opina e tumores , normalmente encontrados no
res {galL$ ), tipicamente na coroa ( crown , a base perto do -
T DNA , e substituindo- os por DNA que codifica o gene
solo) da planta . Cepas selvagens da A. tumefaciens abri -
gam um grande plasmídeo (200 kb) chamado plasmídeo
-
desejado. Depois, o T DNA transfere o gene desejado
para a célula vegetal, onde ele passa a se integrar ao
indutor tumoral ou plasmídeo Ti ( Figura 17.6a ). Uma DNA genô mico da planta.
parte do plasm ídeo Ti, uma regiã o chamada DNA de A Figura 17.7a retrata a maneira que o plasm ídeo
-
transferência (T DNA ), é transferida da bactéria para o Ti é modificado para os procedimentos de transforma -
-
n úcleo de uma célula vegetal. Mary Dell Chilton e cole - ção. Primeiro, os genes indutores tumorais e os genes de
gas demonstraram de modo conclusivo a natureza dessa opina são delctados do plasm ídeo Ti, produzindo o que
notável transferência de DNA entre reinos no final dos .
se chama um plasm ídeo Ti “desarmado* Depois, o gene
anos 1970, demonstrando que o DNA do plasmídeo Ti de interesse é inserido entre as duas extremidades da re-
da Agrobacterium pode ser detectado dentro das célu
las vegetais. Uma vez dentro da célula vegetal, o T- DNA
- gião do T- DNA, denominadas bordas esquerda e direita.
Essas regiões fronteiriças contém as sequências necessá *
572 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(« )
Genes
de interesse inserido entre as duas sequências das bor -
, Borda direita das também será transferido. Assim como em qualquer
oncogén co
/ .>^
Produção
\
Produ
f ção de
dtocinina
C
Síntese do T-DNA
de opina (repetições
outro protocolo para construir organismos transgênicos,
um marcador selecioná vel é incluído (entre as bordas
de auxina I iimperfeitas
de 25 pb) esquerda e direita ), além do gene de interesse, para per -
Borda
esquerda Genes para mitir a seleção eficiente das plantas transformadas. Nos
do T - DNA \
Região T
transferência
experimentos com plantas, genes que conferem resistên -
(repetições conjugativa
imperfeitas cia a antibióticos ( inibindo a traduçã o no cloroplasto) ou
de 25 pb; herbicidas podem ser empregados como marcadores se-
lecionáveis. Os genes marcadores selecioná veis normal-
Plasm ídeo indutor tumoral ( TI ) mente sáo expressos usando uma sequência promotora
que confere expressão constitutiva, de modo que as plan -
Genes para tas transgènicas possam ser selecionadas em qualquer es-
catabolismo da opina
(necessários para a A
tágio de seu desenvolvimento.
utilização dos
aminoácidos)
y
/
Como o plasniídeo Ti é grande demais para ser ma -
nipulado com facilidade, a maioria dos protocolos experi-
Região de virulência mentais que utilizam a Agrobacterium constrói uma cepa
( genes necessários
para a transfer ência que abriga dois plasmídeos: um deles é um plasmídeo Ti
Ori
eficiente do DNA} desarmado e o segundo é um plasmídeo que contém as se-
0 DNA de transferènca ( T-DNA) contém genes bèossintéticos de quências das bordas esquerda e direita ladeando o DNA de
auxina e dtocinina e genes para a biossíntese dos aminoácidos. interesse Figura 17.7b ). Essa estratégia, separando os ele-
mentos funcionais do plasmídeo Ti em dois plasmídeos, é
(b) Agrobocterium tumefaciens Célula vegetal denominada abordagem biná ria. FJa resulta na transferên -
-
( 1 2 mferons de largura ) -
(5 50 mfcrons de largura) cia eficiente do DNA dc interesse para a célula vegetal c
Plasm ídeo TI em sua subsequente Integração no genoma da planta.
T- DNA
Diferentes das bactérias e leveduras, que sào orga-
nismos unicelulares, as células vegetais transformadas
precisam ser regeneradas em uma planta inteira a fim de
revelar os efeitos dos transgenes no fenótipo da planta.
Tradicionalmente, os dentistas tiram proveito de uma
característica exclusiva do desenvolvimento vegetal, a
totipoté neia da maioria das células vegetais: sujeita às
Proteínas condições ambientais e hormonais adequadas, uma planta
de virulência
normal inteira pode ser regenerada a partir de uma única
célula vegetal isolada. Desse modo, após a infecçào das
-
Um T DNA de fita simpées é transfehdo para a cêiu a
vegetal e » ntegrado ao genoma nuclear da planta
'
células vegetais com a cepa de Agrobacterium modificada
e a seleção das células transformadas com base no gene
marcador selecionável, as plantas da progénie podem ser
regeneradas a partir de células transformadas individuais
A expressão dos genps ( Figura 17.7c ). F.$sa técnica tem sido aplicada com êxito
biossintéticos da auxina e da
citodnina leva à dfcrisão celUar a uma ampla gama de espécies dc plantas com flores, in-
descontrolada e à fòrrra çáo cluindo espécies cultivá veis como arroz, milho e tomates.
do tumor, ascélulas tumcrais
produzem os arr moác dos
Os pesquisadores dc plantas que usam a Arabidop -
corr jns que a Agrcòaaernjm sis como um sistema modelo para estudar os processos
usa como fonte de carbono biológicos básicos procuraram um método de trans-
e ntrogênkx formação mais fácil, que n ão exigisse a regeneração a
partir de uma única célula transformada. Após tenta
rem várias técnicas diferentes, eles descobriram que
-
a técnica simples de imergir flores da Arabidopsis em
(a ) Produção Síntese
decltocinina de opina
Produção
de auxlna Borda direita do T-DNA
Região de
Genes para
virulência
catabolismo
de opina
^
Ori
i
A reengenharia do plasmideo Ti separa as sequências
responsáveis por transferir o T-DNA do próprio T-DNA.
/
Genes para a
transferência conjugativa
Marcador selecioná vel vegetal
Sequência promotora
Sequência termlnadora 3'
' r - (Amp
'
”
marcador
selecioná vel
bacteriano)
Ori
Plasmideo
^
Ti desarmado *
Células de Crescimento Planta
cultura das plântulas transgénica
—-
hoje em dia são a resistência a herbicidas e a resistência que a deficiência de vitamina A afete entre 140 milhões
a insetos. Com as safras resistentes a herbicidas por e 250 milhões de crianças em idade pré-escolar, levando
exemplo, as variedades vendidas como Roundup Ready a um n ú mero entre 250 mil e 500 mil casos de cegueira
( transgcnica )
—os agricultores conseguem aplicar her
bicida a um campo para limpar as ervas aninhas do solo
anualmente. Como nenhum cultivar de arroz selvagem
ou domesticado produz provitamina A no endosperma,
as tecnologias recombinantes, em vez do programa de
e outras plantas que n ã o fazem parte da cultura sem
danificar a própria cultura. Isso reduz a necessidade de cruzamento convencional, sào necessárias para produzir
arar as ervas daninhas no começo da estação. Menos arroz com endosperma contendo provitamina A .
aragem resulta em menos perda de solo e também em Os cientistas sabiam que o endosperma do arroz sin -
economia de consumo de combustíveis fósseis. tetiza geranilgeranil difosfato ( GGPP), um precursor na
As culturas de algod ão e milho resistentes a inse - sí ntese dos carotenoides. O estudo da via biossintética do
tos herbívoros são duas das culturas transgênicas mais carotenoide nas plantas sugeriu que cinco enzimas deri-
utilizadas. A resistência a insetos normalmente é con - vadas de plantas sào necessárias para converter o GGPP
para betacaroteno. No entanto, a descoberta de que uma
ferida pela expressão de genes derivados da bactéria
Bacillus thuringiensis. Os genes que codificam aproxi- única enzima bacteriana (CRTI) poderia substituir três
madamente 100 toxinas de insetos, conhecidas como das enzimas vegetais ( PDS, ZDS, CRTISO) simplificou
toxinas Bt, foram identificados em diferentes cepas da a estratégia de engenharia genética ( Figura 17.8a ) Então,.
B. thuringiensis. As toxinas atuam perfurando os intes- em 2000, lngo Potrykus, Peter Beyer e colegas relataram
tinos de diferentes espécies de insetos e as vá rias toxi - que a adição de apenas dois genes, um gene derivado
nas possuem especificidades diferentes para o “ hospe- do narciso chamado PSY e o gene bacteriano chamado
deiro". As plantas transgê nicas que expressam os genes CRTI , resultava na produção de betacaroteno no endos-
que codificam as toxinas Bt sào menos palatá veis para .
perma do arroz ( Figura 17.8b) Esse resultado foi surpre-
os insetos e exibem menos insetos herbívoros. Conse - endente porque se previa que um gene chamado LCY
também seria necessá rio, mas aparentemente o gene
quentemente, as plantas transgênicas que expressam os
genes da toxina Bt exigem muito menos aplicação de LCY endógeno do arroz já é expresso no endosperma.
inseticidas que as plantas não transgênicas, reduzindo, Subsequentemente, o trabalho se concentrou em
assim, a carga de inseticida no ambiente.
Embora as toxinas Bt claramente diminuam a quan -
adaptar o processo para que (1) o transgene fosse ex
presso apenas durante a formação do endosperma e
-
tidade de insetos, outros herbívoros, como os seres huma - somente no endosperma , ( 2) a síntese do betacaroteno
nos, sào impermeá veis aos compostos. As propriedades pudesse ser incrementada usando diferentes versões
das toxinas Bt têm sido avaliadas há algum tempo. Os agri- dos genes, (3) o marcador selecioná vel pudesse ser re-
cultores orgânicos aspergem rotineiramente a B. thuringi - movido das linhagens transgê nicas e (4) os transgenes
*Nota do editor: o Brasil é o segundo maior produtor de tramgénicok, produzindo milho, algudáo e soja , fic ando apenas atrás do» Estados
. .
Unidos. Fonte: < agncultura.ruirdbcjcom br>
Cap í tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 575
Segunda geração do arroz docrado (GRft urr. gene PSY do Animais transg ènicos
milho foi trocado peio gene PSY do naicsa reforçando a
produção de betacaroteno Os protocolos para geração de animais transgé -
nicos sà o similares aos descritos para os fungos, mas,
(c) Aparência do arroz do tipo selvagem e transgé nico assim como nas plantas, a recombinação homóloga
ocorre com muito menos frequê ncia que a recombi
naçáo ilegítima ( isto é, recombinação não baseada em
-
homologia de sequência ). A Caenorhabditis elegans , a
Betacaroteno Drosophita e o Mus musculus ( camundongos) sào três
«r
produzido nõ dos animais modelos genéticos mais utilizados e pro-
endosperma
porcionam exemplos da variedade de mé todos disponí -
veis para a criação de animais transgènicos. A totipo-
-Tipo selvagem téneia não é característica da maioria das células; desse
( sem
betacaroteno) modo, os m étodos para produzir animais transgènicos
se baseiam na injeçã o de DNA em ovos, embriões ou
Figura 17.8 Geração do arroz dourado. células que irão originar os gametas, na esperança de
que o DNA injetado venha a se integrar ao genoma por
pudessem ser introduzidos nos cultivares de arroz uti- recombinação homóloga ou ilegítima.
lizados tipicamente pelos agricultores de subsistência Onde a injeçã o diretamente nos gametas não for
no sudeste e no centro- sul asiá tico e africano. Esses viável, o DNA pode ser injetado em células isoladas que,
aperfeiçoamentos levaram a linhagens transgênicas que subsequentemente, são transplantadas para um em -
forneceriam uma fraçã o substancial da ingesta diá ria brião. Então o embrião desenvolve uma quimera gen é-
576 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
tica, um organismo no qual algumas células té m um ge - portamentaL em vez de se moverem em um padrão sinuoso,
n ótipo diferente das demais e vão transmitir transgenes os mutados tendem a rolar em círculos apertados. Os ani -
para a progénie apenas se as células germinativas em - mais com várias cópias desse alelo mutado dominante não
brioná rias carregarem uma cópia do transgene. Assim sobrevivem, então ele serve como um " marcador" que se -
como os protocolos utilizados cm fungos c plantas, os leciona os concatâmeros entre os transgenes.
métodos para a produção de animais transgènicos va - Drosophila Nos anos 1980, Gerald Rubin e Allan Spra -
riam de acordo com as características biológicas especí
ficas para cada tipo de organismo.
- dling demonstraram que os elementos P transpon íveis,
uma dasse de transposons, ofereciam um meio efi-
C elegans No verme nematódeo C. elegans , um pro - ciente para criar Drosophila transgénica, na maioria dos
tocolo para a criação de animais transgènicos é injetar casos a simples inserção de uma cópia do DNA sendo
DNA diretamente nas gò nadas dos hermafroditas du
rante o desenvolvimento do ovócito ( Figura 17.9 ). As
- transferido (ver Capítulo 15 para obter uma descrição
dos elementos P ). Sua ideia era utilizar a atividade en -
gò nadas são sinciciais, significando que as células go- dógena dos elementos P para transpor os transgenes
nadais conté m muitos n úcleos cada uma e uma grande para o genoma (Figura 17.10).
quantidade de citoplasma . No fim das contas, cada n ú- Com base em seu conhecimento da transposição do
cleo origina uma célula germinativa. Se o DNA injetado elemento P, Rubin e Spradling argumentaram que po -
estiver integrado ao genoma de uma célula germinativa , diam substituir grande parte do DNA do elemento P por
o mecanismo de integração quase sempre é a recombi
nação ilegítima. Muitas vezes, mas nem sempre, o DNA
- DNA exógeno, contanto que (1) a transposase, a enzima
sào indesejá veis porque resultam em n íveis anormais de selvagem, mas não possu transposase funcional. Um segundo
expressão gênica , seja porque as cópias adicionais pro - óeo fornece a atMdade transposase em trans.
plasmt
duzem excesso de produtos génicos ou em decorrência Vetor plasmí deo Segundo pJasmfdeo
dos efeitos do silenciamento gênico mediado por RNA Gene de Interesse
e desencadeados pelas repetições no concat âmero (dis - Transposase do
3' Sequência elemento P
cutido no Capítulo 15). Por outro lado, o DNA injetado v, terminadora
pode existir como conjuntos extracromossòmicos que U Sequências
nào estão integrados ao genoma e que podem não ser * '
finais repetidas
3' invertidas do
Gene
rosy 4
portadores desse alelo mutado exibam um defeito com - plasmideos nas bactéras
A atividade transposase
O DNA é Injetado na gónada. insere o elemento P.
rosy rosy
Ocorrem eventos de feminino masculino
integração em algumas
células orglnando x
gameias, o que leva a
uma parte ca p énie
0 DNA injetado no sincício da gônada pode ser
incorporado aos ovócitos após a celulariza çâa
como gene rosy * eo ^ Acasalamentodas
gene de nteresse. fémeas injetadas com
t A J t machos rosy / rosy\
Lí
que controla o movimento do elemento P, fosse forne- Gene end ógeno do hormônlo do crescimento do
cida; e (2) as extremidades do elemento P fossem manti - salmão vermelho
das, já que eram necessárias para o reconhecimento pela Os elementos potenciadores do
transposase. Duas moléculas de DNA , uma consistindo gene do hormôrio do Gene do
crescimento do sal mio vermelho hormônlo do
cm um elemento P modificado e a outra , uma molécula são responslvos à luz e advos crescimento do
de DNA codificadora da transposase, mas sem as sequên - apenas na primavera e no verão
1A Í A 5'
salmão vermelha
cias necessárias para a transposição, são injetadas simul - box UTR
taneamente em um embrião de Drosophila. Os elementos
P modificados são induzidos a se inserirem no genoma Combinação dos
fragmentos génicos
em posições aleatórias pela ação da transposase. Nor- in vitro usando
malmente, somente um único elemento P é inserido, evi - Gene projetado do salmão vermelho tecnologia de DNA
recomblnante.
tando os problemas associados aos conjuntos concatemé-
Os elementos pctenciddofes Gene do
ricos observados no C elegans transgênico. Essa estratégia
lembra o uso da Agrobacterium para transformar plantas,
-
do gere metaioOoneina beta
do salmão vermelho ativam a
hormônio co
crescimento do
já que também utiliza um sistema biológico que evoluiu expressão gênèca oano Inteiro. salmão vermelha
TATA 5*
para recombinar o DNA no genoma de um hospedeiro. , box UTR .
Como os elementos P transpõem apenas nas célu-
las germinativas da Drosophila , a injeção é feita em um DNA Injetado
embrião em estágio inicial, visando às células que vão no óvulo do
salmão coho
originar a linhagem germinativa. Os embriões em está -
gio inicial da Drosophila são sinciciais e os núcleos na
extremidade posterior do sincício são mais propensos a
O DNA se
originar células germinativas. A mosca derivada do em - integra ao /1
brião injetado é, portanto, uma quimera em que a maior genoma i
—
parte do soma e alguns gametas são do tipo selvagem , nuclear /
S a l m ão c o h o Os óvulos
mas alguns soma e gametas são transgénicos. Quando do tipo injetados se
a mosca injetada é acasalada com uma mosca injetada e selvagem
Salmão desenvolvem
alguma cepa , os gametas em cujos genomas foi inserido em um salmão
adulto
um elemento P vão produzir progénie transgénica.
Um marcador selecionável frequentemente utili - Figura 17.11 Criação de salmã o transgênico pela
zado na Drosophila é o gene rosy (17). No procedimento injeção de DNA nos ó vulos.
que está sendo discutido, os embriões a ser injetados
são ry / ry e possuem olhos rosados, em vez dos olhos que a expressão do transgene pode ser anormal em razão
vermelhos do tipo selvagem. Uma cópia do tipo selva - do ambiente cromossômico no qual ele está localizado.
gem , ry* , do gene é inclu ída no elemento P modificado, Por exemplo, se o transgene for inserido na heterocro-
al ém do DNA a ser transformado na mosca. Enquanto matina , a expressão gènica pode ser alterada conforme
as moscas derivadas dos embriões injetados terão olhos descrito na variegação do efeito de posição na Drosophila
rosados, alguns dos membros da progénie derivada de (ver Capítulo 15 ). Repare que o problema dos efeitos da
gametas transgénicos da mosca terão olhos vermelhos posição do transgene é compartilhado por todos os orga-
em decorrência da ação do alelo ry* no elemento P in - nismos transgénicos em que o transgene é integrado no
serido. Como é característico dos transposons, os ele - genoma por meio da recombinação ilegí tima. Embora os
mentos P se inserem no genorna em posições aleatórias. efeitos da posição possam representar problemas na Dro-
Vertebrados Uma abordagem geral para criar verte -
sophila , no C elegans e nas plantas, eles são exacerbados
nos camundongos pelo maior tamanho médio dos genes
brados transgénicos é injetar DNA diretamente no nú-
cleo de um óvulo fertilizado, de modo similar ao que foi dos vertebrados e pela maior quantidade de heterocro-
matina nos genomas dos vertebrados. Para superar essa
descrito anteriormente para o C. elegans e a Drosophila .
variabilidade, foram desenvolvidos métodos para inserir
O DNA injetado pode se integrar ao genoma em po-
sições aleatórias por meio da recombinação ilegítima .
os transgenes com mais precisão nos camundongos.
Como o DNA se integra aleatoriamente ao genoma , o Mus muscukis Os camundongos sã o modelos genéti -
transgene se torna inserido em locais diferentes nos ge - cos importantes para as doenças e a fisiologia humana;
nomas de cada animal. Em organismos como o salmão, desse modo, a capacidade para criar camundongos
cada óvulo injetado tem potencial para se desenvolver transgénicos habilita os cientistas a dissecarem não só
em um indiv íduo transgênico ( Figura 17.11 ). a base genética e molecular do desenvolvimento e da
Duas características desse método levam à variabi - fisiologia dos camundongos, mas também, consequen-
lidade na expressão do transgene . A primeira é que, em temente, muitos aspectos do desenvolvi mento e fisiolo-
virtude da integração dos transgenes como concatàmeros gia humanos. Existem dois métodos para criar camun -
multicópia, os níveis de expressão genica podem ser afe- dongos transgénicos: uma abordagem direcionada e
tados conforme descrito para o C elegans . A segunda é uma não direcionada . Na abordagem não direcionada ,
578 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
(a ) Criar o a leio nocaute pela recombinaçáo homóloga nas (b) Gerar camundongos nocaute a partir das células ES .
células-tronco embrionárias .
Homologia com o gene CFTR
—
Vetor linearizado / Resistência \ Tlmldina
Isolar os Wastoostos
é injetado nas
células ES
/à neomicina
1 1
\dnase
BBCFTRVcftr
|
Marcador Marcador CFTfr / CFTfr\ Injetar as células ES
Construir umclone bb \
heterozigotas nos
contendo o gene selecionável selecionável \
\
positivo negativo Wastocistos hospedeiros,
CFTR do camundongo criando blastocistos que
e substituir a regiào sào qu meras genéticas
central por um gere
Trés destinos possíveis conterdo células do tipo
marcador seecionável seVageme células
positivo, rompendo o do DNA njetado. Quando sào utilizados os mutados hewozigotâs
gene 07??. mutados da cor da pelagerx
a prole quimérica é
mediatamente identificada
O Recombinaçáo O Recombinaçáo O Nenhuma 8_ * marrom; bb - preto
homóloga ilegítma recombnação Injetar bastocistos no
útero.
X
1
.
Resistente à neomlclna Resistente à neomlclna, Sensível à neomlclna,
resistente ao gancidovir sensivel ao gancidovir resistente ao gancidovir
Os camundongos da
progénie sào
quiméricos
Após a transformação e apiicaçáo da seleção
postNa e negativa, apenas as células que adquiriram Acasala'os camundon-
.
o marcador positivo {peoR) mas não o marcador
negativo { xirrvána anose do M9A vão sobreviver
gos quiméricos com os
do tipo selvagem. Se o
Camundongo trarsgene estiver
nocaute presente nascélulas
homozigoto germinativas,ele será
herdada
Selecionar as ,
células ES resistentes
à neomicina e ao
gancidovir
.
« r» «
CFTJr /CFnr
bb
cmr /cftr
Bb
•
cmr /cftr
Bb
Parreda progéreserá
heteraõgota para os
alelo5 nocaute e os
outros camundongos
serão liP sehagem.
°
I | Acasalar os heteroõgotos.
1
tos da progénie forem cruzados, podem ser produzidos Recombinaçáo sítio- específica
camundongos homozigotos para a mutação. As tecno - -
logias para a construção de outros mamíferos transgê
nicos, incluindo ovelhas, gatos, vacas, cavalos, macacos
- Em alguns casos é desejá vel manipular os transge
nes após terem sido introduzidos em um organismo.
e ratos, seguem um protocolo similar. Por exemplo, a capacidade para remover o gene mar -
cador selecionável positivo após a seleção dos transfor -
mantcs mitiga uma das preocupações levantadas pelos
Observa çã o genética Os mamíferos transgênkos
podem ser criados pela seleção dos eventos de recombinaçáo
críticos das plantas transgénicas. Além disso, a manipu -
lação in vivo dos transgenes facilita a produção de aldos
homóloga nas células-tronco embrionárias. Depois as células
podem ser reintroduzidas em um embrião a partir do qual se
condicionais dos genes cujo alelo nulo é letal. A capaci
dade para recombinar especificamente as moléculas de
-
desenvolve um animal geneticamente quimérico. DNA viabiliza a manipula ção dos transgenes in vivo .
580 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
nável é ladear o transgene indesejado com sítios loxP em també m vimos que outro uso importante dos transge -
uma orientação repetida direta. Uma planta contendo o nes é para o estudo da função génica criando alelos de
transgene é cruzada com outra planta Lransgénica expres- perda e de ganho de fun ção, bem como para monitorar
sando a recombinase Cre, e o transgene indesejado é de- os padrões de expressão gé nica. Esta seção descreve em
letado na Fr Depois é possível segregar o transgene que mais detalhes as maneiras que os transgenes podem re -
codifica a recombinase Cre para longe do transgene dese - velar a função genética.
lado em operações subsequentes. Embora um conjunto quase ilimitado de transgenes
Além da recombí naçào in vivo das moléculas de possa ser construído visando à análise genética, muitos
DNA, os sistemas de recombinação sitio específica deles caem em duas categorias. Uma categoria consiste
podem ser utilizados para manipular o DNA in vitro. em genes repórteres para investigar a regulação génica.
Um sistema de recombínaçào do bacteriófago lambda foi A fusão das sequências regulat órias de um gene com um
adaptado para essa tarefa. Lembre-se de que, durante o gene repórter fornece informações sobre onde, quando
ciclo de vida lisogônico, o genoma do bacteriófago lambda e quanto um gene é expresso. Alguns genes repó rteres
é integrado ao genoma da £ coli hospedeira (ver Capítulo facilitam a geração de imagens e a monitoraçào ao vivo
6). A integração é mediada pela proteína integrase codifi -
cada pelo bacteriófago lambda, que reconhece sequências
da expressão génica em tempo real. A segunda catego -
ria consiste em alelos de ganho de funçã o gerados pela
de DNA praticamente idênticas no genoma do bacterió- colocação de regiões codificadoras de um gene sob o
fago lambda ( onde a sequência é identificada como fogo controle de sequências regulató rias derivadas de outro
de acoplamento ou attP) e no genoma da £ coli ( onde a
sequência se chama bactéria de acoplamento ou attB). A
gene. Um alelo constru ído dessa maneira pode ser ex
presso ectopicamente, significando às vezes ou nos lu
--
integrase medeia a recombí naçào sítio-específica entre
gares onde o gene n ão é expresso normalmente. O uso
.
as sequ ências (Figura 17.13b) As sequências attP e attB
de um ou ambos os tipos de transgenes pode comple -
compartilham 15 n úcleotídeos idênticos, mas diferem
quanto aos três nucleotídeos flanqueadores em ambos os
mentar as análises dos alelos de perda de função forne -
lados, dependendo de a sequência ser attP ou attB. Desse cendo informações sobre como os genes normalmente
modo, após a recombínaçào entre os sítios attP e attB, for- são expressos e as consequências fenotí picas de mudar
ma -se um sítio híbrido ( parte superior da Figura 17.13b). seu padrão de expressão normal.
Uma proteína adicional codificada pelo bacteriófago
lambda, a excisionase, é necessária para agir com a inte - Monitora çào da expressão génica com
grase na recombinação reversa que excisa o bacteriófago genes repórteres
lambda do genoma da £ coli. A capacidade para inserir e
excisar do genoma bacteriano permite que o bacteriófago
Um gene pode agir como repó rter se o seu produto
lambda passe por um ciclo de vida lisogênico ou lítico (ver puder ser detectado diretamente ou se for uma enzima
Capítulo 14). Uma vez que o sistema de recombinação que produz um produto detectá vel. As sequências regu -
sítio-específica requer apenas proteínas codificadas pelo latórias do gene dc interesse sã o utilizadas para induzir
bacteriófago lambda e sequê ncias de DNA curtas, o sis- a expressão do gene repórter. Dois tipos de fusões de
tema pode ser adaptado para recombinar quaisquer mo
léculas de DNA . A recombinação é obtida adicionando
- gene repó rter podem ser construídos: por traduçã o ou
por transcrição (Figura 17.14).
sequências attB ou attP específicas às extremidades das Em uma fiísào por transcrição, as sequências regula-
moléculas de DNA a serem recombinadas e fornecendo a tórias que controlam a transcrição do gene de interesse
enzima integrase purificada. são fundidas diretamente com as sequências codifica-
A Análise Genética 17.1 pede que você aplique algu - doras do gene repórter. Nesse caso, o gene repórter será
transcrito no padrão induzido pelas sequências regu-
mas dessas ideias concebendo um modelo de uma do -
ença humana em um camundongo. latórias às quais é fundido. Na fusão por tradução, não
só as sequências regulatórias, mas também a sequência
Observa çã o gen é tica Quando as sequénrias-alvo da codificadora do gene de interesse são fiindidas com o
recombí naçào pelas enzimas dos bacterlófagos são incorpo- gene repórter, de tal modo que a matriz de leitura para
radas aos transgenes, estes podem ser manipulados in vivo. a traduçã o é mantida entre o gene de interesse e o gene
repórter. Em consequência, a proteína repórter é fundida
por traduçã o com a proteína de interesse e a localização
da proteína repórter fornece informações não só sobre o
17.2 Os transgenes proporcionam padr ã o de expressão espacial e temporal da transcrição,
um meio de dissecar a função mas também sobre a localização subcelular da proteína
do gene de fusão. Nas fusões por tradução é preciso ter cuidado
para saber se a proteína de fusão ainda é funcional, já que
A maioria dos transgenes descritos até agora neste a adição da proteína repórter poderia interferir no dobra-
capítulo consiste em genes heterólogos transferidos mento adequado ou na atividade da proteína dc interesse.
com a Finalidade de produzir um produto proteico ou Alguns genes repórteres utilizados com frequência
conferir um traço agronómico favorá vel. No entanto, estão representados na Figura 17.15. A escolha do gene
582 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
(a ) Sequências regulatórias (b) Sequências regulatórias PHABULOSA (c) Sequências regulatórias CaMV
Lin-3 controlando o gene controlando o gene repórter 35 S controlando o gene
repórter lacZ no C. elegans betagtkuronldase na Arofodopsls repórter ludferase no tabaco
(d) Sequências regulatórias RHODOPSiN contro- ( e) Neurònios doMus muscufvs expressando tr ês genes repórteres
lando o gene repórter GFP no Mus musculus fluorescentes diferentes, derivados da modificação do GFP
AN Á LISE GENÉTICA
Modelos de camundongo para Investigação de doenças humanas são ferramentas de pesquisa va
liosas que podem ser empregadas para testar terapias e fármacos. Como vocé fana um modelo de
camundongo da doença de Huntlngton, que normalmente é provocada por uma mutação autossò-
mka dominante que consiste em uma sequência expandida de repetições trlnucleotídicas?
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Este problema pergunta como construir uma cepa específica de camundongo
este problema e explique a natureza transgénico.
da resposta solicitada.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 O modelo de doença desejado é o da doença de Huntington (HD), descrita
fornecidas no problema. como uma mutação autossômica dominante que consiste em uma sequência
expandida de repetições trlnucleotídicas .
Deduzir
.
3 Identifique o padrão de herança do .
3 Como a HD é dominante, um fenótipo deve ser evidente se um alelo mutado for
fenótipo da HD . introduzido no gonoma.
.
4 Avalie as maneiras em que o alelo HD .
4 Os camundongos transgénicos podem ser gerados pela integração aleatória de
pode ser transferido para os camun- um transgene our por outro lado, pela recombinaçáo homóloga que substitui o
dongos. gene endógeno por uma versão mutado.
.
f Escolha um método para gerar um
camundongo transgénico.
ArmadUha: Os transgmrs Integradas de modo alcató
5 Como queremos que o transgene seja expresso no mesmo padrão do gene HD
do camundongo do tipo selvagem, a recombinaçáo homóloga é a melhor abor -
dagem, pois o gene HD mutado estará no mesmo contexto genômico e será
-
rio podem ter yyiaçio nos pjdròrs dc ciprcs vki g ricA
^ expresso no mesmo padrão do gene do tipo selvagem.
Solucionar
.
6 Crie uma estratégia para substituir .
6 A abordagem de seleção positiva-negativa descrita na Figura 17.12 para produzir
o gene HD do camundongo do tipo um camundongo transgénico por recombinaçáo homóloga resulta em um alelo
selvagem por uma versão mutado .
de perda de função Essa abordagem precisa ser modificada para criar um alelo de
do oeneHD humano. ganho dc função.
.
a Construa um vetor no qual um gene HD mutado humano seja ladeado pelas
Armadilh : Como um aldo funconal é
* sequências regulatórías do HD do camundongo {5' e 3 ’ do gene HD] .
desejado o rtidftuJof selec orwivd positivo
^ b. O gene marcador selecionável positivo pode ser colocado a jusante do gene
rdodeveiotertMir rn funçãodoflcne HO .
HD, em uma posição improvável para interferir na expressão gênica do HD, ou
-
poderia ser removido usando a abordagem Cre tox descrita na Figura 17.13 .
c Outro camundongo transgénico expressando o gene humano do tipo sel
vagem controlado pelas mesmas sequências regulatórías proporcionaria um
-
controle útil para comparar os efeitos fenotipicos especí ficos induzidos pela
expressão do alelo mutado.
uma atividade endógena de betagalactosidase, o lacZ não sequê ncias específicas necessárias para determinados
é adequado para estudar sistemas vegetais. Um sistema aspectos da regulação génica. A abordagem geral é co-
alternativo é o gene uidA da £ coli que codifica a beta - meçar com um clone em que estejam presentes todas as
glicuronidase, que cliva enzimaticamente um precursor sequências regulatórias necessárias para a expressão gê-
. .
incolor X -glic em um produto azul ( Figura 17.15b). De
modo oposto, como os animais possuem atividade endó-
nica adequada e depois avaliar os efeitos da deleçâo e al-
teração de partes específicas do clone. Um exemplo desse
gena de betagalactosidase, o gene uidA não pode ser uti- tipo de análise do gene even- skipped { eve ) da Drosophila ,
lizado como repórter nos animais. Uma limitação desses que é expresso em sete faixas no padrão de segmentação
dois genes repórteres nos organismos diferentes das bac - .
do embrião, é exibido na :igura 17.16 As deleções sobre-
térias é que, para o substrato ser absorvido efetivamente postas abrangendo grandes regiões são analisadas antes,
nos tecidos internos, o tecido a ser corado precisa ser ba - com as regiões identificadas como importantes para a
nhado em uma solução que mata as células. manipulação gé nica dissecadas usando deleções meno-
A pesquisa sobre as reações que causam a emissão res. O conceito é similar ao descrito anteriormente para
natural de luz em alguns animais levou ao desenvolvi- o mapeamento das deleções (ver Capítulo 7). Quando se-
mento de genes repórteres que fazem a luz ser produ
zida em células vivas. Por exemplo, a luciferase, enzima
- quências específicas necessárias para a expressão genica
são deletadas, a expressão do gene repórter será alterada
responsável pelo brilho dos vagalumes, catalisa uma rea - de modo correspondente. Se a sequência gen ô mica esti-
çã o entre o substrato de luciferina e o ATP que resulta ver disponível em duas ou mais espécies relacionadas, os
na emissão de luz. As plantas transgé nicas que expres- elementos regulatórios podem ser previstos buscando as
sam o gene da luciferase vã o emitir um brilho amarelo sequê ncias que estão conservadas entre as espécies rela -
esverdeado se receberem o substrato (Figura 17.15c). No cionadas, usando um método conhecido como impressão
entanto, a luciferina não é fornecida a todas as células da digital filogenctica (discutida no Capítulo 19). Essas aná-
planta em igual medida, o que em muitos casos limita a lises da sequê ncia genômica iniciais podem direcionar os
sua utilização como gene repórter. testes experimentais subsequentes que usam genes re-
O desenvolvimento da proteí na fluorescente pó rteres para analisar os organismos transgénicos.
verde (GFP ) levou a um grande progresso na gen ética
e na biologia celular ao proporcionar um meio náo in -
vasivo de visualizar os padrões de expressão génica e Observa çã o gen é tica Os genes repórteres sáo utiliza
proteica nos organismos vivos ( Figura 17.15d ). O gene dos para dissecar as sequências regulatórias e monitorar os
GFP, derivado da água - viva Aequoria viciaria , é a fonte padr òes de expressão gênka nos organismos vivos.
de bioluminescéncia natural dessa espécie. Seu produto
proteico do tipo selvagem, que consiste em 238 amino-
á cidos, emite fluorescência verde ( um comprimento de Investiga ção da função génica com
onda de 509 nm ) quando iluminado com luz UV ( um genes quiméricos
comprimento de onda de 395 nm ), que nesse caso é o
*substrato", fornecido pelo laser. Com as fusões génicas quiméricas, os cientistas
Como a luz UV, com esse comprimento de onda podem fazer que qualquer gene de interesse seja con -
curto, pode ser nociva para os organismos ( por exemplo, trolado por sequências regulatórias ativas no organismo
fazendo que os dímeros de timidina se formem no DNA, que está sendo utilizado como hospedeiro. A Figura
conforme desento no Capítulo 12), o gene GFP do tipo sel-
vagem foi alterado para produzir variantes que respondam
17.17 mostra uma das maneiras para os experimenta
dores aproveitarem esse potencial de obtenção de infor
-
-
aos comprimentos de onda de energia mais baixa. Um mações sobre a função génica. As mutações recessivas
aperfeiçoamento importante foi uma mutação que mudou de perda de função no gene eye/ess da Drosophila resul -
o comprimento de onda da excitação para 488 nm, cor - tam no não desenvolvimento dos olhos. O gene eyeless
respondendo à luz azul e minimizando o dano potencial normalmente é expresso apenas nos discos imaginais
às células iluminadas. A subsequente modificação da se - do olho durante o desenvolvimento da Drosophila Os .
quência da proteína GFP lev ou à produção de versões que
emitem outras cores ( por exemplo, amarelo, dano, azul ).
discos imaginais são grupos de células precursoras aban -
donadas durante o desenvolvimento embrionário. Elas
Os genes que codificam proteínas repórteres fluorescentes crescem por proliferação mitótica durante a vida larval
também foram isolados de corais marinhos e outras águas- e mais tarde se diferenciam em tecidos corporais adultos
vivas. A disponibilidade de vários genes repórteres fluo- durante a metamorfose. Se o gene eyeless for expresso
rescentes possibilita a visualização da expressão de vários ectopicamente em outros discos imaginais, como os que
genes simultaneamente em um único organismo (Figura normalmcnte originariam antenas ou patas, os discos
17.15e). Osamu Shimomura, Martin Chalfie e Roger Y. imaginais vão se diferenciar como tecido ocular. Esse re-
Tsíen receberam o Prémio Nobel em Química de 2008 por sultado indica que as células em qualquer disco imaginai
sua descoberta e desenvolvimento da GFP. são capazes de se diferenciar nos olhos e que o produto
Os genes repórteres podem ser utilizados para dis- gênico eyeless pode promover o desenvolvimento dos
secar as sequências de DNA regulatórias e identificar olhos a partir de qualquer disco imaginaL Desse modo,
Cap í tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 585
Regi ão codificadora
Urra série de fusões transcriõonais com um gene do IQCZ
repórter kxJ.é criada usando enemas de restrição
para remover partes da sequência regulatória e
Construtos de deleçáo
analisada quanto ã expressão nas fatxas 2 e 3.
Construto Expressão na
de fusão faixa 2 faixa 3
5'A 4 4
5‘F + 4
5‘G 4 +
5'H 4
5*1
AB 4 4
AC 4
AD 1
4 4
AE 4 4
AF 4
AG 4 4
m
I 1
AI 4 4
AJ i i
i
i i
l t
A análise de deleçáo localiza módulos potenc adores para sequêndasde DNA especificas
i
2,9 1*7
r T— Sítio de in ício da transcrição
Módulos potenciadores do DNA genòmico do eve 3 8 1.0
Murados de ganho
oe furção eyeíeu ,
nos quais o gene
-
gyfltes é exp esso
ecopicamente nos
a»scos imaginais
errados,
oesenvolvem onos
ectóprcos em
antenas, pataseasas
AOosqp/wtadofcpo
sekagem tem oihos
vermelhos.
Os olhos ectcpcos
sáo anatomicamente
normais, apesarde
suas locahzaçôes
ectópicas.
Os mutados de perda
de função eyeiess são
totalmente
desprovidos de olhos.
17.3 A genética reversa investiga razões para essa mudan ça na ê nfase. A primeira é que
a enorme quantidade de sequências gen òmicas dispo-
a ação do gene progredindo n íveis aumentou em vá rias ordens de grandeza a quan -
da identificação do gene até tidade de sequências génicas conhecidas e apenas uma
o fenótipo fraçào delas recebeu uma funçào por parte da genética
prospectiva. Por exemplo, quando o genoma da E coli
As tecnologias gen éticas que introduzem DNA nos foi totalmente sequenciado, 4.288 genes codificadores
organismos também viabilizam um método de análise de proteína foram identificados, mas apenas 1.853 des-
genética conhecido como gené tica reversa. A gené - ses genes haviam sido identificados anteriormente por
tica reversa busca , no fim das contas, identificar uma meio das triagens gené ticas prospectivas. A segunda
sequência gênica começando com um fen ótipo mu
tado e investigando a fisiologia ou o desenvolvimento
- razã o é que o sequenciamento genòm íco e as triagens
genéticas reversas também revelaram um grau de du-
anormal do fen ótipo como um indicador do gene ou plicação gê nica antes insuspeitado. As duplicações de
dos genes envolvidos na anomalia ( ver Capítulo 16). A genes costumam resultar em redundância genética. Nas
genética reversa funciona no sentido oposto, come - triagens gené ticas prospectivas, esses genes duplicados
çando com uma sequê ncia gênica e procurando Iden - n ão seriam identificados, pois a mutação de apenas um
tificar um fenótipo mutado associado ( ver Figura 16.1). dos genes normalmente não resultaria em um fenótipo
parte do século XX —
Durante um longo tempo, a genética prospectiva
foi a abordagem primá ria e a ú nica, durante a maior
— a revelar a função gê nica. O de-
senvolvimento dos m étodos moleculares para a identifi -
mutado ostensivo. No entanto, as abordagens de ge-
nética reversa, nas quais as funções das duplicatas sáo
perturbadas, são particularmente convenientes nessas
situações para fornecer evidências da função gê nica.
cação gênica e os avanços nas tecnologias de sequencia - A genética reversa começa com a criação de um
mento hoje estã o tomando as abordagens de gen ética alelo mutado para um gene que é identificado apenas por
reversa cada vez mais valiosas e comuns. São duas as sua sequê ncia. A escolha das ferramentas mutadonais
Capí tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 587
depende bastante da biologia do organismo experimen - seadas na PCR com um primer específico para o gene
taL Nos organismos em que a recombinação homóloga de interesse e um para o mutágeno insercional utilizado.
ocorre de imediato, as mudanças na sequência visada, Para modelar sistemas genéticos como a Drosophila , na
como as deleções, são o método preferido. Nos organiS ' qual os elementos P foram utilizados como mutágeno
mos aptos à transformação, mas em que a recombinação insercional, grandes populações de mutados gerados por
é rara, duas abordagens são utilizadas com frequência. A inserções foram caracterizadas a tal ponto que as muta -
primeira é gerar um grande conjunto de mutações por ções em determinados genes podem ser encomendadas
inserção aleatória e depois fazer a triagem desses conjun
tos em busca de mutações no gene de interesse usando
- diretamente de um estoque central. Bibliotecas de no-
-
caute similares, baseadas em T DNA e inserções de
técnicas baseadas na PCR. A segunda abordagem é apro transposons, estão disponíveis para a Arabidopsis Essas .
veitar um fenómeno de silenciamento génico conhecido bibliotecas de nocaute são um recurso inestimável para
como RNA interferente ( RNAi ), induzido pelas molécu- os experimentos de gen ética reversa em larga escala que
las de RNA de fita dupla. Nas espécies inaptas aos expe- visam elucidar a função de cada gene nos organismos
rimentos de transformação em larga escala , os métodos genéticos modelo (ver Capítulo 18). Um exemplo de
não transgènicos de mutagénese podem ser utilizados. aplicação da genética reversa para determinar a fun ção
Três técnicas básicas de genética reversa sáo descritas no dos genes intimamente relacionados na Arabidopsis é
restante desta seção. (Os aspectos genómicos da gen ética descrito no Estudo de Caso no final deste capítulo.
reversa são discutidos no Capítulo 18.)
Observa ção gené tica A genética reversa Investiga a
Uso de mutados por inser ção na função gêmea começando com uma sequência gêmea e pas
genética reversa .
sando para a descoberta de um fenódpo mutado As bibliote-
cas de nocaute facilitam a triagem genética reversa fornecendo
As abordagens de genética reversa para a maioria alelos nulos para todos ou a maioria dos genes em um genoma.
dos organismos genéticos modelo frequentemente uti
lizados empregam bibliotecas de nocaute , conjuntos
-
de mutados em que a maioria dos genes, ou todos eles,
sofreram mutação pela inativaçào (ou “nocaute") de sua Interfer ênda do RNA na atividade do gene
expressão. A maioria dos mutados nocaute é produ - No final dos anos 1980, pesquisadores introduziram
zida pela inserção de pedaços exógenos de DNA no ge- na petúnia um transgene da calcona sintetase na tenta -
noma para gerar alelos de perda de função; desse modo, tiva de aumentar a quantidade de pigmento floral. Para
a maioria dos alelos nas bibliotecas consiste em alelos sua surpresa, algumas linhagens transgênicas exibiram
nulos. Por exemplo, os genetidstas da Saccharomyces perda completa de produção do pigmento (Capítulo 15).
cerevisiae e da £ coii têm gerado sistematicamente alelos Não só o transgene da calcona sintetase não foi expresso
de perda de função de todos os genes conhecidos da S. adequadamente nessas linhagens, mas também o gene
cerevisiae e da £ coli por meio de recombinação homó- endógeno da calcona sintetase foi silenciado, um fenô -
loga. Nesses conjuntos de bibliotecas de nocaute, cada
cepa tem uma mutação simples em um gene diferente.
meno que eles classificaram como cossupressão. Subse -
quentemente, um fenô meno semelhante foi observado
Em muitos organismos genéticos modelo, não é tec- nos sistemas f ú ngicos e animais. Esse m étodo de silen -
nicamente simples ou economicamente viá vel gerar mu - ciamento dos genes foi inicialmente chamado supressão
tados de perda de funçã o para todos os genes de forma no Neurospora e nos animais com RNA interferente
sistemá tica. No entanto, se um organismo for fácil de ( RNAi ). Hoje o fen ômeno é conhecido universalmente
transformar, podem ser geradas populações de mutados como RNAi. Nos anos 1990, Andréw Flre e Craig Mello,
aleatórios por meio de inserções de transposons ou de
T-DNA ( no caso das plantas) (Tabela 17.2). Essas popu -
que receberam o Prémio Nobel em Fisiologia ou Medi
cina de 2006 por seu trabalho sobre o RNAi, emprega
--
lações podem ser selecionadas quanto às mutações em ram uma abordagem genética para dissecar e elucidar o
genes específicos. A triagem é feita usando técnicas ba - mecanismo bioqu ímico do RNAi no C. elegans.
O RNA de fita dupla (RNAds) pode agir como um zir o RNA de fita dupla no C elegans é surpreendente -
gatilho para a degradação não só do próprio RNA de fita mente simples. Normalmente, o C elegans se alimenta
dupla, mas também de quaisquer moléculas de RNA que da £ coli e quando a £ coli está produzindo RNA de fita
sejam complementares ao RNA de fita dupla (ver Capí-
tulo 15). Um papel básico desse sistema dc silendamcnto
dupla, o mesmo será absorvido pelo C elegans e irá si
lenciar os genes em muitos órgãos de seu corpo. Embora
-
génlco é silenciar o DNA repetitivo. A transcrição de vá - nesse caso o fenótipo do RNAi não seja indefinidamente
rias cópias diferentes de elementos repetitivos frequente - hereditá rio, os efeitos fenotí picos podem ser observados
mente gera moléculas de RNA de fita dupla, já que cole
tivamente as duas fitas de DNA repetitivo costumam ser
- em várias gerações subsequentes, produzidas pela auto-
fertilização do verme que se alimenta da £ coli.
transcritas. Além disso, o RNAi protege as células contra As vantagens da abordagem do RNAi para a genética
os vírus de RNA de fita dupla. Desse modo, o silencia- reversa incluem a facilidade e a rapidez de aplicação do
mento génico mediado por RNAds age como um sistema método. Ele permite que triagens genéticas em larga es-
imune gen òmico no silenciamento das sequências de cala sejam realizadas em culturas celulares ou em organis-
DNA repetitivas e na invasão dos ácidos nucleicos. mos inteiros sem a trabalhosa tarefa preparatória de criar
Para tirar proveito da atividade endógena de RNAi populações mutagenizadas. Além disso, o silenciamento
como uma maneira de silenciar os genes, os cientistas in - génico mediado por RNAi transiente oferece um meio al -
troduzem RNA de fita dupla complementar em termos de ternativo de aplicar a genética reversa nas espécies para as
.
sequência ao gene-alvo ( Figura 17.18 ) O RNAm do gene- quais não existem protocolos de transformação estáveis.
-alvo será degradado por meio da ação das enzimas Dicer Em uma abordagem relacionada, foram criados
e Argonauta (descritas no Capítulo 15), provocando um RNAmicro sintéticos para direcionar a degradação de
fenótipo de perda de funçáo do gene- alvo. A eficiência do RNAm específicos. Assim como o silenciamento gê-
silenciamento pode se aproximar à do alelo nulo, embora nico mediado por RNAi, o silenciamento génico me-
muitas vezes os fenótipos induzidos representem uma diado por RNAmicro sintético aproveita o maquinário
gama de fenótipos de perda pardal de função. de silenciamento génico endógeno ( ver Capítulo 15). Os
O RNA de fita dupla pode ser introduzido direta - RNAmicro sintéticos são concebidos de acordo com os
mente nas células ou organismos, pda injeçã o de RNA princí pios derivados dos RNAmicro conhecidos, mas
de fita dupla, ou ind í retamente, pela infecçâ o com um são adaptados para coordenar a repressão da tradução
vírus de RNA de fita dupla. De forma alternativa, pode ou a clivagem do RNAm do gene de interesse.
ser criado um transgene que resulte na produção de
RNA de fita dupla, um método que traz a vantagem Genética reversa porTILLING
adicional de ser hereditá rio. Nos animais, a introdução
temporária do RNA de fita dupla nas culturas celulares A genética reversa também pode ser realizada nas
tem sido bem-sucedida. Um dos m étodos para introdu - espécies que não podem ser facilmente transformadas,
contanto que a espécie seja passível de se submeter à aná
lise genética padrão. Uma abordagem para a genética re -
-
O RNA de fita dupla pode ser introduzido por
versa que pode ser aplicada a qualquer genoma é a lesão
\ 0 Transfecção
local induzida e direcionada nos genomas (T1LL1NG,
.
do inglês targeted induced local lesions in genomes ) Em
um protocolo T1LLING, uma população de organismos
de uma cepa endogámica é mutagenizada aleatoriamente
ou Injeção .
no genoma inteiro ( Figura 17.19) São produzidas linha -
1 direta do
RNAds 0 Introdu ção do
RNAds mediada
por virus
gens independentes em quantidade suficiente para levar
o nível da mutagénese próximo à saturação, na qual, em
condições ideais, cada gene é representado por vários
0 Transgene com alelos mutados na população mutagenizada. Frequente -
V repeti ção invertida
Transcrição
mente, o mutágeno empregado no desenvolvimento das
linhas mutagenizadas é um composto químico como o
metanossulfonato de etila ( EMS), um potente mutágeno
0 transcrito que gera um espectro de alelos (Capitulo 16). O DNA das
RNAds
poce formar linhagens mutagenizadas é selecionado sistematicamente
0 Clivagem do
RNAds em RNAsi
.
V
urna estrutura
hairpin. I
usando métodos baseados na PCR para procurar muta -
com 21 a 24 ções em um determinado gene de interesse.
bases de
\ Argonauta O Os RNAm alvo Para cada indivíduo da população mutagenizada são
comprimento complementares colhidos a progénie e o DNA. A geração derivada da po-
pela enzima Dicer
alvo
-
RNAm aos RNAsi são
clivados pela pula ção mutagenizada é frequentemente chamada gera -
Clivagem atividade s /Zcerda .
ção M , (Figura 17.19a ) O DNA é isolado dos indivíduos
enzima Argonauta ,
da M, ou das famílias de organismos da M2. Qualquer
Figura 17.18 Genética reversa usando RNAi. mutação induzida na mutagénese será heterozigota (se o
Cap í tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 589
(a ) As sementes são modificadas para produzir a gera çã o M „ ( b) As mutações em genes espec íficos são identificadas analisando
Cada membro da M , é heterozigoto para as muta ções em .
o DNA Isolado de cada fam ília da M 2 Por exemplo, uma fam ília
diferentes genes (coces ). representativa da M3 com um mutado segregado ( vermelho) .
Indiv íduos da M ,
¥ ¥ ¥ ¥ ¥
i1 à\
^ /
/
I
/
ik
Cada Indiv íduo da M, é propagado para produzir uma fam ília M,
l \
.
O DNA é coletado e selecionado quanto ãs mutações
no gene alvo pela amplificação baseada na PCR.
Famílias da M 2
r
t 1
t •2
r
\ • - •- <
Gene-alvo
t
^ »
T
*
r -
t
r
^
»
Produtos da PCR:
r* Alelodotipo G
I Alelo A
selvagem
Alelo do tipo
5 Indivíduos +/+
G
mutado
Alelo
do tipo
I
G
Indiv íduos / -
Cada faml a da M, segrega para as mutações em diferentes genes selvagem ç c
selvagem
.
(mutados homozlgotos em ccres) O estoque de sementes e as
amostras de DNA são coletados para cada família da . Os Alelo A
estoques de sementes representam um repositório demutados . mutado
[ Indivíduos -/-
Alelo A
Figura 17.19 Genética reversa por TILLING. mutado j
|Calor, hibridaçã o
DNA homod ú plex G DNA heterod ú plex
DNA for derivado de um indivíduo da M ) ou segregada , G
(se o DNA for derivado de uma fam ília da M2). Uma re - C T A
gião do gene -alvo é escolhida para amplificação baseada A
em PCR. Os produtos da PCR gerados na análise devem T C
conter a sequência do tipo selvagem e a sequência mu - A endonudease (Cell ) cliva
tado. Os que consistem somente no alelo do tipo selva- uma fita simples nos erros
gem podem ser distinguidos dos que consistem em uma no DNA heterod ú plex.
mistura do alelo do tipo selvagem e um alelo mutado. G G
Primeiro, os produtos da PCR sào desnaturados e c T A
deixados hibridar novamente, criando algum DNA ho - A
mod ú plex no qual as fitas são totalmente complemen - T C
tares se forem derivadas do mesmo alelo e algum DNA
heterod ú plex iFigura 17.19b). O DNA heterod ú plex é
composto de fitas em grande parte complementares, mas Fam ília da 1 2
I
3
Desnaturação por eletroforese
4 5
que contém um ou mais pares de bases que não combi - DNA não cortado
A maioria cas
fam’ as da Mj
nam, indicando que as fitas derivam de DNA contendo possui apenas
alelos diferentes. O DNA heterod ú plex pode ser diferen - DNA nâo cortado
(lipo selvagem).
ciado do homodú plex por uma diferença na migração DNA cortado
dos produtos durante a eletroforese ou pela suscetibili - Uma família
dade diferencial a uma endonuclease que cliva o DNA (veimdho) possu*
heterod ú plex nos pares de bases incompatíveis. O DNA DNA cortado
indicando uma
heterod ú plex se forma apenas nas amostras de DNA em DNA cortado mutação no gene
-
que uma mutação no gene alvo está presente. A triagem de interesse
da progénie a partir de vários milhares de indivíduos mu
tagenizados frequentemente permite a identificação de
-
vá rios alelos mutados do gene-alvo. Os indivíduos homo- TILLING costuma ser ú til para dissecar a fun ção génica,
zigotos ou heterozigotos para o alelo mutado podem ser mesmo nos organismos em que os nocautes génicos
identificados na fam ília adequada da Mr estão dispon íveis. Embora o TILLING tenha sido de-
Quando a mutagé nese química é utilizada para senvolvido para estudos em espécies genéticas modelo,
produzir alelos TILLING, ela resulta em alelos nulos e ele é adequado para qualquer organismo que possa ser
alelos de perda parcial de função. O espectro dos alelos mutagenizado e analisado geneticamente. Atualmente
de diferentes fenótipos produzidos pelas abordagens de ele está sendo aplicado a vá rias plantas cultivadas.
590 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
AN Á LISE GENÉTICA
Na busca do genoma do camundongo, vocé Identifica as sequências de tr ês genes octólogos ao
gene hedgehog simples da Drosophila: Sonic hedgehog, Indian hedgehog e Desert hedgehog. Des
creva a técnica de pesquisa que vocé utilizaria para aprender a função de cada um dos genes e se
essa função gênica é única ou redundante no camundongo.
Avaliar
.
1 Identifique o tópico abordado por .
1 Esta quest ão pede a identificação da função dos genes conhecidos apenas pela
este problema e explique a natureza sequência .
da resposta solicitada.
.
2 Identifique as informações críticas .
2 Embora exista apenas um gene hedgehog na Drosophila, existem três genes
fornecidas no problema. hedgehog no camundongo, levantando a questão de saber se os três genes têm
funções diferentes ou se há algum compartilhamento de funções .
Deduzir
.
3 Considere as possíveis abordagens .
3 As funções dos genes conhecidos apenas pela sequência podem ser determina -
para descobrir as funções dos genes das pelas abordagens de genética reversa.
conhecidos apenas pela sequência.
.
4 Considere as possíveis abordagens .
4 As abordagens de recombinaçào homóloga podem ser empregadas para produzir
para a genética reversa disponíveis .
mutações de peida de função nos camundongos Assim como outras possibilida-
nos camundongos. des, os a leios de ganho de função podem ser construídos com genes quiméncos e
os padrões de expressão gênica podem ser deduzidos com genes repórteres.
Solucionar
5. Descreva como vocé criaria alelos .
5 A abordagem de seleção positiva-negativa descrita na Figura 17.12 pode ser
nocaute de perda de função de cada utilizada com um vetor de recombinaçào homóloga no qual a sequência codi-
um dos três genes por melo da re- ficadora dos genes hedgehog é substituída pela de um gene marcador seledo-
combinaçào homóloga. nável positivo.
.
6 Descreva uma abordagem genética .
6 As linhagens mutados homozígotas podem ser cruzadas e os fenótípos de cada
para determinar se os genes possuem .
um dos três nocautes simples podem ser examinados O cruzamento das linha -
funções únicas ou redundantes. gens mutados simples vai levar à criação de cepas em que combinações de dois
ou mais genes são inativas. A comparação dos fenótipos dos mutados simples
com os dos mutados múltiplos permite a avaliação dos genes quanto à exibição
de funções únicas ou redundantes .
.
7 Descreva como os experimentos . 7 A informação sobre a função gênica também pode ser obtida sabendo-se onde
usando genes quiméricos e genes e quando um gene é expresso, a localização subcelular do produto génlco co -
repórteres poderiam apoiar as con- .
dificado e os efeitos fenotípicos da expressão ectópica Como as sequências re -
clusões a que você chegou com base gulatórias gênicas eucarióticas podem se situar nos íntrons ou em grandes dis -
.
nos alelos nocaute tâncias a montante (5') ou a jusante (3') das sequências codificadoras, a melhor
abordagem é fundir o gene repórter na matriz com o gene endógeno usando
recombinaçào homóloga. As comparações dos padrões de expressão dos três
ArmacMKa: A npmúa dos grnes repórteres poder á ruo genes também podem guiar os ensaios para avaliar os fenótipos mutados.
refletir « expressóo normal do gene determinada«penmeo- As sequências codificadoras dos três genes hedgehog podem ser fundidas
tjinenee (por exemplo,por hibddaçAo com o flNAm intinA
corn sequências regulatórias derrvddds de outro gene que seja expresso em
um padrão diferente ou em níveis mais altos que a expressão do gene hedgehog
endógeno, com o fenótipo sendo avaliado. Os fenótipos complementares de
ganho e perda de função fornecem uma evidência poderosa da função gênica .
Para praticar mais, ver Problemas 11,12, 16 e 18 .
alteração não será herdada pela progénie do indivíduo lado, nas doenças do sangue, células de várias linhagens
submetido à terapia gênica somática. As células somá ti - hemopoicticas são as células-alvo; elas podem ser re-
cas específicas visadas dependem da doença em quest ão. movidas da medula óssea, tratadas e devolvidas para o
Por exemplo, nos indivíduos com íibrose cística , as cé- mesmo indivíduo. A terapia gênica somá tica transforma
lulas epiteliais dos pulmões representam um alvo lógico, o indivíduo tratado em uma quimera genética que tem o
já que os pulmões são gravemente afetados. Por outro transgene presente nas células- alvo, mas não em outras
592 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
células somá ticas ou nas células germinativas. A terapia ciona um mecanismo para a transferê ncia génica está -
gênica som á tica tem potencial para ser utilizada no trata - vel e, assim, para a correçã o permanente do defeito A .
mento de várias doenças genéticas cujo fenótipo se toma integração do vetor no genoma não ocorre sem riscos;
aparente no inicio da infâ ncia. a inserção pode provocar uma mutação prejudicial,
A estratégia alternativa para a terapia gé nica, a te- um problema que tem atormentado a maioria dos ex -
rapia genica germinal, visa às células germinativas, que perimentos de terapia génica humana até hoje. O tra -
originam os gametas. Como a terapia gênica germinal tamento de uma doença grave no sistema imune, cha -
altera as células germinativas, o transgene terapêutico mada sindrome da imunodeficiê ncia combinada grave
é transmitido para a progénie do indivíduo tratado. Os (SC1 DS), é um exemplo. Os pacientes com SCIDS nào
-
dois tipos de terapia génica tém sido bem sucedidos nos tém capacidade para produzir uma categoria de células
sistemas animais, mas por razões éticas apenas a terapia sangu íneas, as chamadas células T, que são fundamen -
génica somá tica tem sido tentada nos seres humanos. tais para a defesa do corpo contra infecções. Uma forma
Nesta seção, discutimos a terapia gé nica somá tica nos de SCIDS se deve a mutações no gene que codifica a su -
seres humanos e descrevemos as modifica ções desses bunidade gama (cadeia y ) do receptor da interleucina-2
protocolos , sugeridas pelos experimentos bem -sucedi- e é ligado ao X. Em meados dos anos 1990, foi concebida
dos da terapia gênica somá tica nos camundongos. uma abordagem de terapia gé nica usando um vetor re-
troviral portador do DNAc da cadeia y conduzido por
Terapia gênica humana sequências regulató rias virais. O retrovírus portador do
DNAc se ligou a repetições terminais longas ( LTRs; ver
As principais dificuldades na terapia gê nica somá - Capítulo 12). Em um estudo, 9 de 10 pacientes foram
tica humana dizem respeito ao fornecimento dos trans-
genes para as células somá ticas de interesse e à expres -
tratados com sucesso, exibindo sistemas imunes adapta
tivos e funcionais após a terapia gênica. No entanto, em
-
são adequada do transgene nas células-alvo. O DNA três pacientes um aumento descontrolado das células T
que codifica o gene precisa ser fornecido para as células maduras, chamado leucemia linfoblástica T aguda, se
adequadas, passar pela membrana celular e entrar no desenvolveu nos anos imedialamente subsequentes ao
n úcleo e, uma vez l á dentro, ser expresso em um n ível tratamento. Em cada um desses indivíduos, o retrovírus
suficiente para proporcionar a fun ção gê nica normal. se inseriu no gene LM02 de tal modo que a sequê ncia
— —
Em alguns casos por exemplo, nas doen ças hemopoi
éticas as células a ser tratadas podem simplesmente
- promotora da LTR retroviral não foi capaz de causar a
expressão desregulada do LM 02. Sabe-se que esse gene
ser extraídas do corpo, tratadas in vitro e depois injeta - é necessário para a diferenciação das células hemopoié -
—
das de volta. No entanto, em outros casos por exem -
plo, na fibrose cística, em que as células epiteliais pul-
ticas. Sua superexpressão, segundo o que se acredita, é o
—
monares sào visadas as células precisam ser tratadas
in situ , pois não podem ser removidas do paciente.
A escolha do vetor para levar o DNA às células é
que leva esses pacientes a desenvolver a leucemia.
Uma das preocupações levantadas com o uso dos re-
troví rus como vetores de terapia gênica é que eles podem
agir como mutágenos. Uma vez que essa possibilidade
fundamental. Os métodos de terapia gê nica costumam foi reconhecida, os ensaios de terapia gênica da SCIDS
aproveitar os vírus que desenvolveram mecanismos
para acessar tipos específicos de células. Basicamente,
-
recém descritos foram suspensos. No entanto, a alta
proporçã o de indivíduos tratados cujos defeitos imunes
os vírus são aproveitados para traduzir o transgene nas foram corrigidos no estudo sugere que a terapia génica
células - alvo da mesma maneira que ocorre a tradução pode ser uma abordagem viável para tratar essas doenças.
do DNA entre as bacté rias, realizada pelos bacteriófa -
gos (ver Capítulo 7). Os ví rus podem ser “desarmados"
Além das preocupações com a segurança e a eficá -
cia, o uso dos vetores virais apresenta desafios técnicos
para que não tenham mais capacidade para provocar a oriundos da quantidade limitada de DNA que pode ser
doença associada com seus parentes do tipo selvagem. acondicionada em um capsídeo virai (limites similares
Tém sido utilizados vá rios tipos de vetores virais, in
cluindo os retrovírus gama , lentivirus e adenoví rus (Ta-
- foram discutidos cm relação à transduçâo bacteriana
no Capítulo 7). Na maioria dos casos, a quantidade de
bela 173). Cada um tem suas vantagens e desvantagens DNA que pode ser acondicionada por um vírus é muito
para os protocolos de terapia gênica. menor que o tamanho de um gene humano tí pico. Por
Muitos vetores virais levam os transgenes se inte- exemplo, a região transcrita do gene CFTR abrange
grando ao genoma da célula - alvo. A integração propor- aproximadamente 170 mil pb e resulta em um RN Am
processado de 6.132 pb codificando uma proteína de (A palavra pluripotente é utilizada porque os cientistas
1.480 aminoácidos. Uma vez que os vetores virais só con
seguem aceitar 5 a 10 kb de DNA, apenas um DNAc do
- ainda não sabem se as células iPS são totipotentes. ) Essa
reprogramação das células diferenciadas foi obtida pela
gene CFTR sem todos os elementos regulatórios da ex
pressão génica endógena pode ser acomodado em um
- expressão de uma combinação de três a quatro fatores de
transcrição, incluindo Oct4, Sox2, c-Myc e KIf4. Os fato-
vetor virai. Na ausência dessas sequê ncias regulató rias res de transcrição que foram utilizados normalmente são
endógenas, a expressão da sequência que codifica o CFTR expressos nas células- tronco embrioná rias e parecem ser
é induzida pelas sequências regulatórias virais, que pode suficientes para induzir a reprogramação das redes trans-
riam não regular os transgenes de uma maneira adequada cricionais de células somá ticas diferenciadas em redes ca-
para a função génica conveniente nas células-alvo. racterístícas de células- tronco embrioná rias. Esses avan -
A terapia gé nica baseada em vírus continua a ser ços estabeleceram o cenário para a utilização das células
empregada em casos experimentais selecionados, ape - -
iPS na terapia génica. A prova de princí pio ( uma frase uti
sar dos fracassos passados e das permanentes preocu - lizada pelos cientistas significando a prova de que a ideia
pações com a segurança dos procedimentos. O sucesso
do tratamento dos pacientes com fibrose cística, SCIDS
geral é válida ) foi fornecida usando um modelo de camun
dongo para anemia falciforme ( Figura 17.21). A estratégia
-
e muitas outras condições hereditá rias humanas oferece básica testada consistia em (1) colher células adultas, (2)
uma esperan ça de que a pesquisa permanente vai iden - reprogramar as células adultas em células iPS, (3) corrigir
o defeito genético por meio da recombinação homóloga,
tificar vetores eficazes para fornecer um tratamento que
seja sustentado, direcionado e seguro. (4) diferenciar as células iPS em precursoras hemopoiéti-
cas in vitro e (5) transplantar as células corrigidas para a
Curando a anemia falciforme medula óssea do camundongo afetado.
em camundongos O ponto de partida para esse teste da terapia génica
somá tica foi a criação de um modelo de camundongo
A terapia genica somá tica ideal seria uma que corri - “ humanizado" para anemia falciforme, substituindo os
gisse a mutação específica que causa a doença genética, em genes da alfaglobina humana pelos genes da alfaglobina
vez de apenas compensar o alelo mutado. O aumento da endógenos do camundongo e substituindo os genes da
compreensã o da biologia das células- tronco embrionárias -
f35 globina (falciformes) humana pelos genes da p-glo-
( ES) trouxe novas formas de terapia génica somá tica que bina do camundongo. Os camundongos homozigotos
podem se aproximar do ideal no caso de algumas doen
ças genéticas. As células- tronco embrionárias são totipo-
- -
para o alelo ps globina ( hf&/hfP) exibiram sintomas tí
picos da doença, incluindo anemia grave e deformação
-
tentes, significando que tém potencial para se diferenciar dos eritrócitos. Os fibroblastos isolados da cauda do ca -
em qualquer tipo de célula no corpo. Além disso, como foi mundongo HfP/hfF foram infectados com retrovírus co-
discutido na Seção 17.1, o genoma de uma célula-tronco dificadores dos fatores de transcrição Oct4, Sox2 e Klf4
embrioná ria pode scr manipulado pela recombinação ho- e com um lentivírus codificador do fator de transcrição
móloga. Desse modo, se as células- tronco embrionárias
pudessem ser isoladas de um indivíduo, as mutações gê
-
c Myc. A expressão desses quatro fatores de transcri
ção resultou na reprogramação das células fibroblásti
-
-
nicas dentro das células talvez pudessem ser corrigidas e cas em células iPS. Em ambos os lados do gene c-Myc
as células poderiam entáo ser induzidas a se diferenciar no no lentivírus, foram colocados os sítios lox para permitir
tipo de célula conveniente para tratar a doença genética. que o gene fosse cxcisado do genoma quando as células
Conforme ilustrado no experimento com camundongo foram infectadas com um adenoví rus codificador da re-
descrito a seguir, a capacidade para criar e manipular célu- combinasc Cre. Isso foi importante porque a expressão
las- tronco embrionárias proporciona um meio de isolar as
células de um indivíduo, corrigindo as mutações nas célu -
-
permanente do c Myc predispóe as células a se torna
rem cancerosas. Embora os outros três transgenes não
-
las e reintroduzindo as células “corrigidas" no corpo. tenham sido removidos nesse experimento, sua remoção
Em muitos casos, o diagnóstico de uma doença ge - por um mecanismo similar também é recomendada.
nética só é feito no início da infância , quando o corpo -
Para corrigir um alelo pA globina, um vetor de
-
não possui mais quaisquer células tronco embrion á rias, transformação codificando o alelo [ - globina foi in
^ -
já que elas se formam apenas no início da embriogénese
(ver Seção 17.1). Como as células- tronco embrioná rias
troduzido nas células iPS e foram criados recombinan -
tes hom ólogos resistentes a higromicina e ganciclovir
podem ser obtidas de uma pessoa que não possui ne
nhuma? A resposta é criar células - tronco embrionárias
- usando o procedimento descrito na Seção 17.1. As célu -
las i PS corrigidas agora eram heterozigotas no lócus da
a partir de outras células do corpo.
^ .
p-globina ( hf /hf }5) As células iPS hfP /hfF foram dife-
Em 2006 e 2007, uma série de experimentos demons- renciadas em progenitoras hemopoiéticas ( HPs, células
trou que os fibroblastos, um tipo de célula que ocorre no com potencial para se diferenciar em qualquer linha-
tecido conjuntivo de camundongos ou do homem, po - gem hemopoié tica ) pela Infecçâ o com outro retrov írus
diam ser reprogramados in vitro para se comportarem codificador do gene HoxB4 , que induz a diferenciação
-
como células tronco. Essas células reprogramadas foram
chamadas células- tronco pluripotentes induzidas ou iPS.
das células- tronco embrionárias em HPs quando incu
badas com citocinas secretadas das células da medula
-
594 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
O O transplante comgiu as
•• O Coletar os. fibroblastos
células
hematopoi éticas nos da cauda
camundongos Irradiados, Cultivar os
curando os assim da fibroblastos.
anemia falcíforme. é possível acompanhar
as células HP com GFP Fibroblastos
Células HP
Htf / Hb* O De-diferenciar os fibroblastos
nas células-tronco
í potentes induzidas (Í PS);
plur
O Infectar com retrovírus infectar com três retrovlrus
Moloney expressando Moloney expressando os
HoxM GFP para genes Oct4, Sox2 e Klf4 e um
promovera Células iPS lentiv í rus expressando o
diferenciação das células Células iPS Htf / Hb* gene c-Myc (o gene c-Myc é
IPS nas células HP. Htr / HbA Células iPS
flanqueado pelos s ítios loxP).
^
ay2 h0 h1 ph 2 Ph 3
J L|
* /£ Wb' DNA gen ômko do camundongo
/ Hó5 \ / DMA do camundongo
V f “] DfJA humano
O marcador se*eciorȇvei
PGKHygo pode sef removido
pea recombinase Ge. t
/ /
X •>
i Vetor-alvo da recombina ção
TK
Braço de Hb*
>
loxP
PGKHygro
loxP
> |
— ço
Bra de
h o mó l o g a
Figura 17.21 Terapia gen ética para camundongos com anemia faldforme.
^>
Hb* loxP
PGXHygro
^
loxP
AleloHÓ4 corrigido
óssea . As HPs hpA /hp* foram transplantadas de volta manos. Alé m disso, a memó ria genética de sua origem
nos camundongos /r/3Vfy3' nos quais as células endó- ainda não foi determinada. Como as pró prias células
genas hpVhp' da medula óssea haviam sido eliminadas de um indivíduo são utilizadas como fonte para a mo-
por radiaçã o, de modo que agora as HPs hpA/hp5 consti- dificação genética, n ão h á impedimento decorrente de
tu íam a fonte primá ria de células hemopoiétí cas. Nesse incompatibilidade do sistema imune. No entanto, essa
experimento em particular, a sequência codificadora do abordagem se limita a doenças (como os transtornos
HoxB4 foi fundida por tradução com a da proteína fluo - sanguíneos) em que as células podem ser isoladas, gene -
rescente verde (GFP ), de modo que a atividade das HPs ticamente corrigidas e reintroduzidas no corpo .
hpA / hps podia ser monitorada pela presen ça das células
GFP* no sangue. Subsequentemente, por meio de todos Observa çã o gen é tica A terapia génica somática é con -
os testes fisiológicos, os camundongos que receberam cebida para corrigir defeitos genéticos nas células somátkas.
as HPs hpA/hpà foram curados da anemia falciíorme.
Esses experimentos nos camundongos proporcio-
nam uma prova de princí pio para o potencial terapê u -
tico da utiliza ção das células - tronco embnoná rias ou 17.5 A clonagem de plantas e
das células iPS na terapia gé nica para corrigir defeitos animais produz indivíduos
genéticos, mas pelo menos duas facetas da terapia gê- geneticamente idênticos
nica continuam a causar preocupação. Problemas as-
sociados com o uso de retrovírus e oncogenes para Muitas plantas têm capacidade para a propagação
reprogramação precisam ser resolvidos antes de imple
mentar um protocolo de terapia génica em seres hu
-- vegetativa ( assexual ), além da propaga çã o sexual. Por
exemplo, os bosques de álamo e aspen ( Populus sp.)
Cap í tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 595
—
na natureza não se propaga facilmente por clonagem
mas há exceções. Por exemplo, algumas espécies de
ídeos se submetem a várias gerações partenogenéticas
af
(clonais ) na primavera e no verão, seguidas pela repro-
Dolly com sua màe de aluguel.
.
du ção sexual no outono Como a maioria das células Fig ura 17.22 Clonagem de animais por implantação
animais não é totipotente, com as células- tronco em *
nuclear.
bríonárias sendo uma exceção, os animais n ão se rege-
neram imediatamente a partir de células simples. Desse
modo, as técnicas para clonagem de animais, especial- do animal a ser clonado ( Figura 17.22 ). Esse n úcleo, con -
mente de mamíferos, são consideravelmente mais com - tendo toda a informação genética nuclear do animal de
plicadas que as destinadas à clonagem de plantas. onde foi tirado, é injetado em um óvulo que teve seu
Dolly, uma ovelha, foi o primeiro mam ífero clo- próprio n úcleo removido. O óvulo pode ser derivado do
.
nado No protocolo empregado para produzir Dolly, animal a ser clonado (se possuir óvulos) ou de um indi -
um n úcleo diploide é isolado de uma célula diferenciada víduo diferente. Se o transplante nuclear for bem -suce-
596 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
dido, o genoma do n úcleo doador vai controlar o desen - Nas células somá ticas diferenciadas, como as da glân -
volvimento do embrião derivado do óvulo. O uso de um dula mamá ria, os padrões de heterocromatina faculta -
n úcleo doador diploide significa que a fertilização com tiva (ver Capítulo 15) são amplamente diferentes dos
um espermatozóide n ão é necessá ria para produzir um padrões das células-tronco embrioná rias. Em outras
n úcleo diploide no embrião; assim, a constituição gené- palavras, embora as sequências de nucleotídeos nos ge-
tica do embrião será idêntica à do doador. No entanto, nomas das células- tronco diferenciadas e embrioná rias
tenha em mente que, embora o genoma nuclear seja ge - sejam idênticas, as modificações epigenéticas das histo-
neticamente idêntico ao do doador, o genoma mitocon
drial é derivado do óvulo de aluguel. O óvulo diploide é
- nas e dos padrões de metilação do DNA são diferentes.
A baixa frequência de sucesso nas tentativas iniciais de
induzido então a começar a embriogénese e posterior- clonar mam íferos provavelmente se deveu a deficiê n -
mente implantado em uma mãe de aluguel. Se tudo cor- cias na reprogramação do material genético do n ú cleo
rer bem, ele vai se desenvolver em um embrião normal injetado para imitar as modificações epigenéticas ca -
e vai ocorrer o nascimento de uma progénie normal. racter ísticas de uma célula - tronco embrioná ria. Entre-
Na maioria dos mamíferos, a frequência de sucesso
.
.
tanto os avanços no conhecimento da biologia celular
com esse protocolo tem sido muito baixa O óvulo de -
das células tronco embrion á rias e em sua aplicação na
Dolly foi o único entre 270 óvulos implantados que re - criação de células iPS a partir de células diferenciadas
sultou no nascimento de uma ovelha. As células doa - sugerem que a clonagem de mamíferos vai aumentar
—
doras têm sido derivadas de animais adultos a célula com o passar do tempo. Apesar das dificuldades, muitos
doadora de Dolly foi uma célula da glâ ndula mamá ria
e, portanto, são células somá ticas altamente diferencia -
— mam íferos diferentes além da ovelha têm sido clonados
com êxito, incluindo camundongos, vacas, cavalos, bur-
das em vez de células- tronco embrioná rias totipotentes. ros, gatos e cães.
ESTUDO DE CASO
Genética prospectiva
Tipo selvagem
agamous
0 Gerar mutado
agamous pela
mutagènese
do T-DNA
0 Usar o ONA isolado do
mutado do T-DNA do
agamous para construir
uma biblioteca genômica. i
Inserçã o do T-DNA
DNA ger>ômico Q Q
^^^
mmna
O Identificar sequências similares
em outras especies de plantas,
fungos e animais. 10 20 30 40 50
AGiArabidopsis ) RGKIEIKRIENTTNROVTFCKRRNGLLOtAYELSVLCCAEVALIVFSSRGRLYEYS
DCFfAntí rrblnum ) RGKIOIKRIENQTNRQVTYSKRRNGLFKKAHELSVLCDAKVSIIHISSTOKLHEYI
SRFlHomosopí ens ) RVKIKMEFIDN<IRRYTTFSKRKTGIM<KAYELSTLTGTQVILLVASETGHVYTFA
.
MCM 1 (S cerevkiae ) RRKIEIKFIEHKTRRHVYFFKRKHGIMKKAFELSVLTGTQVILLVVSETGLVYTFS
Arabidopsis .
AGAMOUS
!S As sequências relaoonadas
sofrem hibridaçáo cruzada,
como mostra esse
Southern blotting.
0 Clorar
da
as sequências que codificam os genes relacionados
Arabidopsis;
caixa MADS na construir rvore
aá
filogenética com base nas sequências da caixa MADS.
SEP 1
SEP2
SEPS _
AGL3
Gene
FUL
AGLJ 3
CAI
AP 1
AGL79
! O Identificar as mutações nos genes relacionados SEP 1, SEP2 e
ancestral SHP1 SEP3 usando abordagens de genética reversa (por exemplo,
SHP2 triagem das bibliotecas de nocaute das linhagens mutados
AGAMOUS de transposon e T- DNA ).
AGL 11
AGLJ 2 0 Combinar as mutações nulas em cada um dos três genespara
pelo
cruzamento dos mutados e das linhagens homozigotas
mutações em todos os très genes. Analisar o fenótipo do
sep 1 sep2 sepi mutado triplo nulo.
Figura 1 7.23 Aplicação da genétka prospectiva e reversa para determinar a função génica.
598 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
estão relacionados com o AGAMOUS c entre si, pode ser o que os mutados duplos sepl sep2 foram identificados na
construída uma á rvore f ílogenética O ( ver no Capítulo 1 geraçã o Fr Lamentavelmente, os mutados duplos sepl sep2
uma revisão das árvores filogenéticas ). não diferiram muito das plantas do tipo selvagem. No en-
Uma vez que os genes relacionados são conhecidos tanto, as plantas mutados triplas sepl sep2 sep3 exibiram
apenas pela sequê ncia pê nica , pode ser empreendida uma flores consistindo apenas em sé palas, o que indica que esses
abordagem genética reversa para determinar a função genes tê m uma função relacionada à especificação do órg ão
genica. Os alelos mutados induzidos por transposon ou floral , mas distinta do papel do AGAMOUS.
-
T DNA de muitos genes AGL 11a Arabulopsis podem ser A redundâ ncia genética decorrente de duplicações
identificados nas bibliotecas de nocautc dispon íveis O ( ver é prevalente na maioria dos genomas eucariótieos ( ver
Seção 17.3). Os pesquisadores inidalmente ficaram surpre - Capítulo 18). Imcdiatamcntc após uma ocorrê ncia dc du -
sos com o fato de as plantas homozigotas para alelos dc
plicação gênica. frequentemente os genes duplicados tê m
perda de função dc muitos genes individuais n ão exibirem
um fenótipo aberrante. Na hipótese de que. quanto mais sequê ncias de DNA e padrões de duplicação idê nticos e,
intimamente relacionados forem os genes, mais similares portanto, são geneticamente redundantes Entretanto, ao
serão as suas funções, os pesquisadores combinaram os ale- longo do tempo, as funções dos dois genes podem divergir
los de perda de função dos genes intimamente relacionados devido ao acú mulo dc mutações que levam a mudanças na
0. Os alelos dc perda dc função sc deveram a inserções dc sequê ncia dc prote ínas e no padrão dc expressão. Contudo,
-
T DNA ou de transposons nos genes c aos alelos mutados como os genes estão relacionados evolutivamente, muitas
identificados pela genolipagem baseada na PCR. Por exem vezes eles funcionam cm processos biológicos similares. As
pio, os mutados sepl possuindo mutações do gene SE - abordagens de genética reversa podem facilitar a an á lise
PALLATA1 —
foram cruzados com mutados sep2 , após dos genes redundantes intimamente relacionados.
RESUMO
17.1 A introdução de genes estranhos nos geno- 0 sistema de recombinação bacteriófago pode ser uti-
mas cria organismos transgênicos lizado para manipular as sequências de DNA in vitro e os
transgenes ín vivo.
Os genes introduzidos em um organismo se chamam
.
transgenes Os genes introduzidos a partir de outras espé-
17.3 A genética reversa investiga a açã o do gene
cies se chamam transgenes heteròlogos.
Os transgenes podem ser introduzidos na levedura em
progredindo da identificaçã o do gene at é o
.
plasmídeos ou de modo alternativo, por recombinação fen ótipo
homóloga no cromossomo da levedura. As abordagens de genética reversa, nas quais a determina
A Agrobacterium e seu tumor indutor tumoral podem ser çáo da função biológica vai da sequência gênica até o fenó-
aproveitados para criar plantas transgênicas nas quais o tipo mutado, utilizam conjuntos que consistem em mata-
DNA de transferência carrega o transgene desejado. dos defeituosos, cada um em um gene definido diferente.
As Drosophibs transgênicas são criadas pela injeção no
embrião de um transposon de elemento P carregando o
Conjuntos de alelos de inserção, o processo TILLING e o si-
lenciamento gênico mediado por RNAi contribuem para a
transgene. anãlise genética reversa de organismos modelo.
Os transgenes são introduzidos nos camundongos peta
injeção direta do DNA em células isoladas. A detecçáo dos
17.4 A terapia gênica usa tecnologia de DNA re-
eventos de recombinação homóloga é facilitada pela sele-
ção negativa-positiva das células -tronco embrionárias. Os combinante
camundongos transgênicos são criados pela injeção de cé- Terapia gênica é a aplicação da tecnologia de DNA recom-
lulas-tronco embrionãrias transgênicas em um embrião que binante e da transgénese para tratar doenças humanas.
é subsequentemente implantado em uma mãe de aluguel e
Na terapia gênica somática, os transgenes são direciona
a progénie resultante é quimérica. Depois, os camundongos
dos para as células somá ticas e náo são herdados. Na te-
não quiméricos são selecionados na geração seguinte. rapia gênica terminal, os transgenes são direcionados para
as células germinativas e,portanto, sáo herdados.
17.2 Os transgenes proporcionam um meio de
dissecar a função do gene 17.5 A donagem de plantas e animais produz in-
Os genes repórteres são utilizados piara monitorar os pa- divíduos geneticamente idênticos
drões de expressão gênica nos organismos transgênicos e
Muitas plantas se reproduzem por clonagem na natureza,
.
na dissecação das sequências regulatórias Alguns genes
enquanto a reprodução donal nos animais é rara.
repórteres, como os da proteina fluorescente verde, podem
ser visualizados em tempo real nos organismos vivos. I A reprodução donal nos mamíferos requer a reprograma-
ção das células somáticas diferenciadas em células-tronco
Os genes quiméricos representam alelos desconhecidos
plurip>otentes.
que fornecem pistas para a função gênica.
Capí tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recombínante e genética reversa 599
T E R M O S- C H A V E
Aprisionamento da sequência potência Nocaute génico (p. 570) Terapia génica (p. 590 )
dora (p. 590) Organismo transgénico (p. 563 ) Terapia génica germinal (p. 592)
Biblioteca de nocaute fp. 587) Plasmídeo TI (p. 571 ) Terapia génica somática (p. 590)
DNA de transfer ência (T-DNA) (p. 571 ) .
Proteína de fusão (p 565 ) Totipotênda (p. 572 )
Elemento P (p. 576) Proteína fluorescente verde (GFP) (p 584) . Transgene (p. 563 )
Gene de fusào (p. 565) Recombinação homóloga (p 569) . Vetor de expressão (p. 563)
Gene repórter (p. 581 ) Recombinação ilegítima ( p. 569) Vetor de transporte (p. 569)
Genética reversa (p. 586) Recombinação sítio-específica (p 580) . Vetores de expressão eucarióticos (p. 565)
Lesào local Induzida e direcionada nos RNA interferente (RNAi) (p. 587) Viés de códon (p. 564)
genomas (T1LLING) (p. 588) Seleção positiva negativa (p.578) Quimera genética (p. 575 )
Mutagênese sitio dirigida (p. 567)
Conceitos do capítulo
1. Quais são as vantagens e desvantagens de usar o GFP colhidos facilmente — no leite da ovelha ou gado, por
versus o ktcl como gene repórter nos camundongos, no exemplo. Descreva em detalhes como você produziria in-
C elegans e na Drosophllal sulina humana no leite da ovelha.
2. Uma fusào transcricional das sequências regulatórias de 6. Por que as doenças do sangue são alvos mais prováveis
um determinado gene com um gene repórter resulta na para o tratamento pela terapia génica do que muitas ou -
expressão relativamente uniforme do gene em todas as tras doenças genéticas?
células de um organismo, ao passo que uma fusão por
tradução com o mesmo gene exibe expressão do gene 7. A injeção do RNA de fita dupla pode levar ao silencia-
repórter apenas no núcleo de um tipo de célula especí- mento gènko pela degradação das moléculas de RNA
fico. Discuta algumas causas biológicas para a diferença complementares a qualquer uma das fitas do RNAds. O
nos padrões de expressão dos dois transgenes. RNAI poderia ser utilizado na terapia génica para um de-
feito provocado por um alelo recessivo? E por um alelo
3. 0 uso de modelos animais das doenças humanas pode dominante? Se puder, qual poderia ser o principal obstá-
levar a percepçôes sobre a base celular e genética das culo ao uso do RNAi como agente terapêutico?
doenç as. A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é a
consequência de um alelo recessivo ligado ao X . 8. Compare e diferencie os métodos para criar plantas
a. Como você alaria um modelo de camundongo da DMD? transgènkas e a Drosophila transgènka.
b. Como você aiaria um modelo de Drosophila da DMD? 9. Quais são as vantagens e desvantagens de usar alelos de
4. Compare os métodos para construir camundongos e le- inserção versus alelos gerados por produtos químkos (via
veduras transgènicos por meio de recombinantes ho- T1LLING) nos estudos de genética reversa?
mólogos.
10. Você clonou o ortólogo de camundongo do gene asso-
5. Os produtos da fusão de genes quiméricos podem ser ciado com a doença de Huntington humana (HD} e quer
utilizados para fins médicos ou industriais. Uma ideia é examinar sua expressão nos camundongos. Descreva as
produzir terapêuticos biológicos para uso médico hu - abordagens que você poderia adotar para examinar o
mano em animais dos quais os produtos possam ser padrão de expressão temporal e espacial no nívei celular.
cia à broca do milho e o segundo, um gene que confere b. Como você mostraria que o padrão de expressão
resistência a um herbicida que você utilizou como mar- da linha de armadilha da sequência potenciadora
cador selecionável a fim de obter suas plantas transgéni- reflete o padrão de expressão gênica endógena do
cas. Você cruzou cada uma das linhagens com um milho gene adjacente?
do tipo selvagem e também gerou uma população T, 18. Quando o genoma da S. cerevrswe foi sequenciado,
por autofertiliza ção das plantas T,. Foram observados os apenas cerca de 40% dos genes previstos haviam sido
seguintes resultados de segregação (resistência a herbi- identificados anteriormente nas triagens genéticas pros-
cida/ sensibilidade a herbicida ): pectrvas. Isso deixou aproximadamente 60% dos genes
previstos sem nenhuma função conhecida, levando al
Cruzamento Linhagem 1 Linhagem 2 Linhagem 3
guns a dublar os genes fun (de função desconhecida ).
Transgênico (T, ) x 1:1 3:1 5:1 a. Como uma abordagem para compreender a função de
tipo selvagem um certo gene fun, você deseja criar um alelo de perda
Autofertilização (T2) 3:1 15:1 35:1 de função. Como você faria isso ?
b. Você quer conhecer a localiza ção fisica do produto
Explique essas razões de segrega ção.
proteico codificado. Como você vai verificar essa in
14. A espécie bacteriana Pseudomonos frequentemente formação?
possui plasmídeos que codificam genes envolvidos no 19. As fusões por tradução entre uma proteí na de interesse
catabolismo dos compostos orgânicos. Você descobriu e uma proteina repórter são utilizadas para determinar a
uma cepa que consegue metabolizar petróleo cru e de- localizaçã o subcelular das proteínas in vivo. No entanto,
seja identificar o(s) gene(s) responsável(eí s). Descreva uma complicação é que às vezes a fusão com uma proteí-
um protocolo experimental para descobrir o gene ou os na repórter torna a proteína de interesse não funcional,
genes necessários para o metabolismo do petr óleo cru. pois a adição da proteina repórter interfere no dobra-
15. Duas queixas a respeito de algumas plantas transgénlcas mento correto da proteína, na atividade enzimática ou
atualmente em uso comercial sã o que (1) o gene da to- nas interações proteína- proteína. Você construiu uma
xina Bt é expresso constitutivamente nessas plantas, le- fusão entre sua proteina de interesse e um gene repórter.
vando a receios de que as pressões seletivas venham a Como você demonstraria que a proteína de fusão retém
fazer que insetos desenvolvam resistência à toxina e ( 2) o sua função biológica normal?
gene marcador selecioná vel que confere resistência á ca- 20. A sequência destacada a seguir é a que foi usada original-
namicina permaneça na planta, levando a preocupações mente para produzir a cadeia 8 da insulina humana na E
com a maior resistência a antibióticos nos organismos na coii . A sequência do gene humano que codifica a cadeia
natureza. De que modo você geraria plantas transgénlcas
B da insulina foi determinada posteriormente a partir do
que produzam a Bt apenas em resposta à alimentação DNAc isolado de uma biblioteca de ONAc pancreático
por insetos e sem o marcador selecionável ? humano e é exibida a seguir em preto. Explique as dife-
16. Na Drosophikj , as mutações de perda de função do Ul- renças entre as duas sequências.
trabithorax resultam nos segmentos toráckos posterk)
ATGTTCGTCAATCAGCACCTTTGTGGTTCTCACCTCGTTGAAGC
res se diferenciando com uma identidade encontrada
TTTGTACCTTGTTTGCGGTGAACGTGGTTTCTTCTACACTCCT
normalmente no segmento tor ácico anterior. Quando o
AAGAC7TÀA
gene Ultrabttborox foi donado, ficou claro que ele codi-
GCCTTTGTGAACCAAC ÀCCTGTGCGGCTCACACCTGGTGGAAGC
fica um fator de transcrição e é expresso apenas na re-
TCTCTACCTAGTGTGCGGGGAACGAGGCTTCTTCTACACACCC
gião posterior do tórax. Desse modo, o Ultrabtthorax age
AAGACCCGC
na especificação da identidade dos segmentos torádcos
posteriores. Genes similares logo foram descobertos em 21. Em experimentos de aprisionamento da sequência po-
outros animais, incluindo camundongos e o homem. tenciadora, uma sequência promotora mínima e um
Você descobriu que os camundongos possuem dois gene repórter foram colocados adjacentes á extremi-
genes intimamente relacionados. Hoxa7 e Hoxb7, que dade de um transposon, de modo que as sequências
são ortólogos ao Uttrabithorax . Você quer saber se os dois potenciadoras genómicas adjacentes ao sítio de inserção
genes do camundongo agem na especificação da identi- possam induzir a expressão do gene repórter. Em uma
dade dos segmentos corporais nos camundongos. modificação dessa abordagem, uma série de sequên-
a. Como você vai determinar onde e quando os genes do cias potenciadoras e promotoras pode ser colocada na
camundongo são expressos? extremidade de um transposon em um DNA genómico
b. Como você vai criar alelos de perda de função dos adjacente. Quais tipos de mutações você acha que serão
genes do camundongo ? Induzidos por um transposon como esse em um experi -
c. Como você vai determinar se os genes do camun- mento de mutagênese?
dongo possuem funções redundantes?
22. O gene RAS codifica uma proteína de sinalização que hi-
17. Você identificou uma linha de armadilhas da sequência drolisa o GTP em GOP. Quando ligada ao GDP, a proteína
potenciadora gerada pela transposição do elemento P RAS é inativa, ao passo que, quando ligada ao GTP, ativa
na Drosophlla, na qual o gene marcador da armadilha da uma proteína-alvo, resultando na estimulação das célu-
sequência potenciadora é expresso especificamente no las para crescerem e se dividirem ativamente. A mutação
disco imaginai da asa. de um único par de bases resulta em uma proteína mu-
a. Como você pode identificar o gene adjacente ao sí tio tado que é constitutivamente ativa, levando à promoção
de inser ção da armadilha da sequência potenciadora ? contínua da proliferação celular. Essas mutações desem -
Capí tulo 17 Aplicações da tecnologia de DNA recomWnante e genética reversa 601
penham um papel na formação do câncer. Você clonou a seus construtos do gene repórter e os sinais + e - à direita
versão do tipo selvagem do gene RAS do camundongo indicam se o gene de fusão eveiacZ correspondente con-
e deseja criar uma forma mutado para estudar sua ativi- trola a expressão da faixa 2 nos embriões de Drosophita
dade biológica In vitro e em camundongos transgênlcos. transformados, mediados pelo elemento P. Como você In-
Descreva como você procederia. terpretaria os resultados — isto é, onde residem as sequên-
cias regulatórias responsá veis pela expressão da faixa 2?
Gly Ala Gly Gly Vai Gly
.
DNA RAS do tipo selvagem: 5' . GGC GCC GGC GGT GTG GGC , 3' .. +1 eve
r*
i
DNA RAS mutado: GTC
Vol
23. Vitamina E é o nome para um conjunto de tocofer óis qui-
micamente relacionados, que são compostos lipossolú-
veis com propriedades antioxidantes. Esses antioxidantes
protegem as células contra os efeitos dos radicais livres
criados como subprodutos do metabolismo energético
-1,7 -1,55 -1.1 -0,4 -0,04 Regiã o codificadora do taci
APRESENTAÇÃO
18.1 A genômica estrutural fornece um catálogo
dos genes contidos em um genoma
18.2 A genômica evolutiva reconstitui a história dos
genomas
18.3 A genômica funcionaI ajuda a elucidar a função
gênica
da estrutura, funçã o e evolu ção do genoma humano. algumas espécies eucarióticas. A partir de uma perspec -
Desde então, os genomas de centenas de outros proca - tiva ampla , o n úmero de genes geralmente aumenta com
a complexidade do organismo. No entanto, os genomas
riotos e dezenas de outros eucariotos também foram se-
também variam em suas proporções de sequê ncias de
quenciados. Em virtude dos custos sempre decrescentes
e das tecnologias cada vez mais aprimoradas, o sequen-
DNA codificadoras versus não codificadoras; e nos eu
cariotos multicelulares, o tamanho do genoma pode au
--
ciamento do genoma est á se tornando cada vez mais mentar muito mais que o n ú mero de genes em razão de
um aumento desproporcional no DNA não codificador.
viá vel em termos de custo e rotina . Ele está se mostrando
tã o ú til que, no futuro, as espécies poderã o ser definidas
Essas diferenças à parte, até mesmo os menores ge -
nomas bacterianos são milhares de vezes maiores que
pelas caracteristkas de sua sequência gen ômica. os 600 a 900 pb que podem ser sequenciados em uma
Nas aná lises iniciais dos genomas de organismos ú nica reação tradicional de sequenciamento didesoxi
modelo, duas constata ções se destacam. A primeira é
.
(ver Capítulo 7) Está claro que, para sequenciar intei -
ramente qualquer genoma, seriam necessá rias muitas
que, mesmo nos organismos bem estudados, apenas reações. Por exemplo, o genoma humano, com seus
uma fraçã o dos genes identificados pelo sequenciamen - 3 x IO'4 pb, exigiria pelo menos 5 x 10* reações. Se os téc-
to gen ô mico havia sido previamente identificada pelas nicos fossem executar essas reações sequencialmente,
concebendo um novo primer para cada reação com
aná lises genéticas prospectivas; Isso levanta a quest ão base na sequê ncia obtida a partir da sequência anterior,
quanto à funçã o desses genes antes desconhecidos. A levaria décadas para sequenciar o genoma inteiro.
segunda é que as an á lises genô m ícas também revela - Então, qual seria uma maneira eficiente para se-
ram a natureza altamente dinâ mica dos genomas, pro - quenciar as moléculas de DNA ( isto é, cromossomos )
com milhões de bases de comprimento? A resposta
porcionando percepções quanto ao grau das diferen ças é decompô-las em fragmentos menores e sequenciar
entre as espécies, entre indiv íduos de uma espécie e os todos esses fragmentos em paralelo. Depois disso, al-
ritmos de evolu çã o das sequ ências de DNA. goritmos computadorizados montam as sequências dos
fragmentos em uma ú nica sequ ência cont ínua. Duas
Este capítulo fornece uma visã o geral da genômi-
abordagens básicas para esse modo de ataque geral dife-
ca descrevendo três de suas principais subdivisões. A rem apenas quanto ao DNA inicial a ser fragmentado e
genômica estrutural se concentra no sequenciamento sequendado. Em uma das abordagens, frequentemente
dos genomas inteiros e na catalogaçã o, ou anotação, chamada sequenciamento de clones ordenados, cada
cromossomo é decomposto em clones sobrepostos que
das sequ ê ncias dentro de um determinado genoma. Ela
depois são dispostos em ordem linear para produzir um
fornece uma lista de componentes do kit de ferramen mapa f ísico do genoma. Cada clone no mapa é sequen -
tas gen éticas de um organismo. A genômica evolutiva ciado separadamente. Na segunda abordagem, chamada
é a compara çã o dos genomas, tanto dentro quanto sequenciamento sfiotgun do genoma inteiro (WGS),
o DNA representativo do genoma inteiro é fragmen -
entre as espécies. Ela ilumina as bases genéticas das se - tado em pedaços menores e um grande n ú mero de frag-
melhan ças e diferenças entre indivíduos ou espécies. A mentos é escolhido aleatoriamente e scqucnuado.
genômica funcional utiliza as sequências gen ômicas A escolha da abordagem é ditada pelo genoma a
para compreender a fun ção gênica em um organismo. .
ser sequendado A abordagem de clones ordenados se
baseia na disponibilidade de recursos gen éticos especí-
Juntas, essas três abordagens contribuem para o objeti- ficos e, portanto, só é aplicá vel a alguns organismos mo-
vo final de compreender o papel de cada gene contido delo. Por outro lado, a abordagem shotgun do genoma
em um determinado genoma . inteiro é aplicá vel a qualquer genoma, sendo a mais
utilizada hoje em dia. Descrevemos as duas abordagens
18.1 A genômica estrutural fornece aqui porque ambas desempenharam um papel no se-
quenciamento do genoma humano.
um catálogo dos genes contidos
em um genoma A abordagem de sequenciamento de
Os genomas variam tremendamente quanto ao seu clones ordenados
tamanho, de várias centenas de quilobases em algumas A abordagem de clones ordenados começa com a
espécies bacteríanas até vá rios milhares de megabases construção de um mapa í f sico. Os mapas genéticos fa
em algumas espécies de vertebrados e plantas (Tabela cilitam a construção de um mapa í .
f sico Por essa razão
18.1 ). Os genomas podem consistir em uma ú nica mo - o sequenciamento de clones ordenados normalmente é
lécula de DNA, como em muitas espécies bacter íanas
e arqueais, ou em centenas de cromossomos, como em
aplicado apenas às espécies que têm uma história de aná
lise genética e, portanto, para as quais já existem ferra
--
604 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
mentas como os mapas genéticos. O mapa í f sico de um fragmentos e sequenciado, com as sequências montadas
genoma é um conjunto de clones genô micos sobrepostos em contigs baseados nas sobreposições dessas sequências
reunidos em contigs que, depois de montados, cobrem .
(Figura 18.1 ) Para produzir sobreposição suficiente das
o genoma inteiro (ver uma descrição de contigs no Ca - sequências com esse propósito, normalmente os técnicos
pitulo 16). Então, a sequência genômica é determinada geram a sequência totalizando aproximadamente 10 a 12
pelo sequenciamento shotgun de cada um dos clones (ver vezes o tamanho real do genoma (o grau de sobreposi-
Figura 16.14), após o que as sequências dos clones são ção se chama cobertura 10- 12 x ); desse modo, qualquer
combinadas em sequências contíguas maiores, baseadas sequência está contida em vá rias leituras para minimizar
no mapa í f sico. A integridade do sequenciamento genô- a chance de erros de sequenciamento. A facilidade com
mico resultante depende da qualidade e da integridade que as sequências são montadas em contigs depende dos
dos conjuntos de clones sobrepostos. comprimentos de leitura do sequenciamento, que variam
A comparação do mapa genético com o mapa í f - de acordo com a tecnologia aplicada (ver Capítulo 16) .
sico pode fornecer informações que ajudem a alinhar o
mapa í f sico com os cromossomos do organismo conhe -
O DNA repetitivo representa um obstáculo impor
.
tante no sequenciamento WGS As sequências de DNA
-
cidos. O sequenciamento do genoma da S. cerevisiae, C
elegans , A. thaliana e, até certo ponto, dos seres huma -
Cromossomo
nos contou com esse uso dos mapas í f sicos. Para essas I Fragmentar o genoma e
espécies, foi extra ída uma correspondência direta entre aplicar o sequenciamento
a sequência gcnòmica e os cromossomos , com cada l shotgun
[fj
.
uma dessas correspondências representada por uma
sequência contígua simples ou um pequeno n ú mero
de sequê ncias contíguas com intervalos nos centrôme- O Reunir as sequências
em contigs.
ros e em outras sequências altamente repetitivas.
repetitivas dispersas ( por exemplo, transposons e retro - sequências em particular são ligadas fisicamente e a dis -
transposons) interferem na montagem do genoma , con - tância aproximada entre elas. Mesmo que ocorra DNA
forme está explicado na Figura 18.2, já que podem ser repetitivo entre as sequências com extremidades parea -
mapeadas para vários locais dentro do genoma. Conse- das, elas ainda podem ser ligadas em um scaffold.O DNA
quentemente, a sequê ncia montada precisa permanecer repetitivo disperso no genoma frequentemente consiste
decomposta nas sequências repetitivas. Uma maneira em repetições simples e curtas ( microssatélites ou minis-
de contornar esse problema é usar dados de sequências satélites) de sequências de elementos transponíveis (até
com extremidades pareadas para preencher as lacu - 10 mil pb). A maioria das sequências repetidas é flanque-
nas na montagem decorrentes das sequências de DNA ada por uma sequência com extremidades pareadas de
repetitivas. No sequenciamcnto com extremidades pelo menos uma das diferentes bibliotecas. No entanto,
pareadas, a sequ ência é gerada a partir de ambas as as sequências repetitivas maiores que os maiores dones
extremidades de um fragmento de DNA gen ô m íco de disponíveis ( por exemplo, sequências repetidas centro-
tamanho conhecido. Se as sequê ncias com extremida - méricas ) nâ o podem ser transpostas usando essa aborda -
des pareadas flanquearem um elemento repetitivo, elas gem e, assim, provocam lacunas entre os contigs.
permitem a montagem de um scaffold , um conjunto
de contigs que estão fisicamente ligados por sequên - I 80 kb I
Sequências:
cias com extremidades pareadas, contendo o elemento
Ú nica Repetida Ú nica Repetida Ú nica
repetitivo. As orientações relativas das sequências com
extremidades pareadas e sua distâ ncia umas das outras
A 8
JL —II *
podem ser incorporadas nos algoritmos de montagem.
Examinemos como isso funciona. Tipicamente, são
O sequ
Gerar leituras de
ência com
O Construir três
bibliotecas de tamanhos
geradas três bibliotecas genômicas, cada uma contendo extremidades pareadas. diferentes.
fragmentos de DNA clonados com um tamanho diferente 20-30 kb \
— uma com clones de 2 a 3 kb, uma segunda com clones
de 6 a 8 kb e uma terceira com dones maiores (20-30 ou s
X
.
mais quilobases ) ( Figura 18.3) A sequ ência com extremi - =
dades pareadas gerada a partir dos clones nas diferentes i
6-8 kb i
bibliotecas vai fornecer informações revelando se as duas “ •I X
Sequências:
Única Repetida Ú nica Repetida Ú nica Repetida
B ii 2 C
A 11
^ 3
2-3 kb
O Fragmentar o DNA e
sequenciar pelo
método shotgon.
-- - - - •••••••
• '
G Identificaras sequências
sobrepostas e montar
em contigs.
A i I
I I I i
B
Repetida rnandÊ i i
j O Montar os contigs.
c 2 i
l
i
I l i
!
Uma vez que as seqjéncias são idênticas, elas não Contig 1 ontig 2 Contig 3
podem ser atribuídas a uma Icxalizaçáo genômica ' ' i
Os condgs podem ser ordenados e orientados usardo lerturas com
única; assim, as localizações relativas e as orientações
dos contigs K B e C nâo podem ser determinadas. extremidades pareadas dos dones X e Y maiores; assim, os três
contigs formam um scaffold simples.
Algumas montagens possíveis: i
r
A
D
B
B
C
A
i
i
i
A -
II® Montar o scaffold.
i
Tamanho Cobertura em
A 8 C da inserção n ú mero de vezes
B C A 2-3 8x
6-8 2x
a c A 20-30 0.5x
Figura 18.3 Estratégia de sequenciamento shotgun
Fi gura 18.2 Problema do DNA repetitivo . com extremidades pareadas.
606 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Sequendamento WGS de um genome bact ériano Para No entanto, com as informações sobre a ligação í f sica das
ter uma ideia de como a abordagem WGS funciona leituras de extremidades pareadas, as lacunas puderam
na prá tica , consideremos dois exemplos: um pequeno ser divididas em duas categorias: 98 eram lacunas de se-
genoma bacteriano com pouco DNA repetitivo e um quência dentro de um scaffòld , significando lacunas para
grande genoma eucariótico contendo uma proporção as quais havia um donc disponível para sequenciamento
significativa de DNA repetitivo. posterior que podia fechar a lacuna, e 42 eram lacunas
O primeiro genoma a ser sequenciado por uma abor - f sicas entre scaffòlds, significando lacunas para as quais
í
dagem WGS com extremidades pareadas ( no Instituto não havia clone para fornecer a sequência.
de Pesquisa Genómica, ou TIGR, em 1995) foi o da Hae - As lacunas de sequência foram fechadas pelo se-
mophilus influenzae, uma bactéria Gram - negativa cujo quenciamento dos clones transpostos identificados por
hospedeiro natural é o homem ( Figura 18.4) O genoma . meio do sequenciamento com extremidades pareadas.
da H. influenzae tem 1,8 x 10* pb e relativa mente poucos Foram utilizadas duas abordagens para fechar as lacunas
elementos repetitivos dispersos. A sequência com extre - f sicas. Primeiro, as bibliotecas genòmicas lambda foram
í
midades pareadas foi gerada a partir de três bibliotecas sondadas com sequências derivadas das extremidades
genòmicas. Os dados dessa sequê ncia foram montados dos scaffolds: se um clone genòmico simples hibridasse
em 140 contigs cujas ordens relativas e orientações eram com as extremidades de dois scaffolds, o clone podia
desconhecidas. O genoma da H. influenzae é um cromos- transpor a lacuna entre esses dois scaffolds. Segundo,
somo circular simples, então a sequência montada tinha
140 lacunas em que faltavam informações da sequ ência.
usando primers específicos para as sequências nas extre
midades dos scaffolds, foi empregada a metodologia de
-
(a) Estratégia empregada no sequenciamento shotgun .
(b) Mapa do genoma da H Influenzae
do genoma inteiro da H. influenzae.
Sobrepor os clones X Sítios de enzima
para verificar e confirmar de restrição
a montagem
Genoma da Pares de bases
.
H influenzae
I,8 x 10a nt
© Montar em
contigs.
O em
Montar os contigs
scaffolds .
42 scaffolds
que o sequenciamento do genoma foi concluído quatro biental e também contribuem para a identifica ção das
anos antes do previsto no cronograma. sequê ncias genicas dos organismos que habitam um de-
Em 2000, o entã o presidente Bill Clinton, em uma terminado ambiente. Essas análises têm sido aplicadas a
coletiva de imprensa com J. Craig Venter ( presidente da comunidades ecológicas que vivem em resíduos ácidos
Celcra ) e Francis Collins (diretor do Consórcio dc Se- das minas, águas subterrâneas contaminadas e sistemas
quenciamento do Genoma Humano ) , anunciou a con - de água potá vel , além de ecossistemas mais " naturais"
de DNAc foram total ou parcialmente sequenciadas. As liar na concepção de abordagens experimentais para es -
leituras parciais da sequência de DNAc são chamadas eti - clarecer a função dos genes. Em contraste com os genes
quetas de sequências expressas (ESTs). A compara ção das codificadores de proteína, os genes que codificam molé -
sequêndas de DNAc com a sequência gen ômica permite
a anotação precisa dos éxons c íntrons gémeos c também
culas de RNA não são fáceis de prever computacional
mente, já que a maior parte dos métodos computacio
--
fornece pistas para o spiicirtg alternativo ( Figura 18.6 ). nais começa com uma busca pelas ORFs. Desse modo,
Abordagens computacionais para a anota ção Os ge - as abordagens genômicas experimentais ou comparati-
nomas dos eucariotos multicelulares frequentemente vas normalmente sào necessárias para anotar os genes
cujos produtos são o RNA n ã o codificador. O processo
contém dezenas de milhares de genes, dos quais foi co - pelo qual os genes sao previstos é explorado em mais
letado pouco ou nenhum dado. Na ausência de dados
experimentais pertinentes à existê ncia ou função de um detalhes na Técnica de Pesquisa 18.1 .
gene, as abordagens computacionais são empregadas Outro método de bioinformá tica da anotação gé-
para identificar possíveis genes dentro das sequências nica é comparar as sequ ências genômicas de espécies
gen ômicas. O uso de abordagens computacionais para relacionadas. Como discutiremos em uma seção poste-
decifrar informações da sequência de DNA é classifi- rior, essa e outras formas de aná lise genômica compa -
cado como bioinformática. rativa estã o se tornando cada vez mais poderosas com
Os algoritmos de anotação da bioinformática pre
veem a estrutura gê nica pela identifica ção das matrizes
- a disponibiliza ção das sequ ê ncias gen ômicas de uma
quantidade maior de espécies. Após os genes serem
de leitura abertas (ORFs), sequências que têm poten - previstos por meios computacionais, seja por meio de
cial para codificar polipeptídeos. A maioria desses al- algoritmos, seja por meio de comparações filogenéticas,
goritmos inicialmente busca as ORFs maiores que um eles precisam ser confirmados experimentalmente.
tamanho mínimo, como 50 aminoácidos, por exemplo,
pois as ORFs desse tamanho têm menor probabilidade Anotação para descrever funções biológicas
de ocorrer aleatoriamente. Os dados derivados das se - -
qu ências de DNAc conhecidas do organismo em aná - Além de apontar os genes e seus componentes es
lise
——
códon
por exemplo, informações sobre polarizações de
podem ser utilizados para fazer o ajuste fino
truturais, a anotação gênica também descreve a função
bioquímica e biológica. Consideremos o gene lací , que
-
codifica a prote í na repressora da £. coli. A função bio
dos algoritmos empregados na anota ção gênica . Mesmo
assim, as previsões não sào infal íveis, especialmente
química da proteína codificada é se ligar ao DNA e à
nos grandes genomas eucarióticos, nos quais os éxons alolactose, e sua função celular é regular a transcrição
frequentemente são pequenos em relação aos íntrons e do ó peron lac ( ver Capítulo 14). A função biológica do
dispersos ao longo de grandes distâncias. gene lacl é a regulação da expressão gênica em resposta
à disponibilidade de açúcar no ambiente. Nesse exemplo
Em comparação com os dados experimentais, os al - em particular, a anotação que fazemos pode ser bem de-
goritmos de bioinform ática geralmente são apenas 50%
a 90% bem -sucedidos em prever corretamente os éxons, talhada , já que conhecemos bem a função do gene lacl.
mas podem fornecer informações suficientes para auxi- Os genes com sequências similares presumidamente
codificam produtos gênicos com funções bioquímicas si-
milares. Os genes com sequência similar à do gene lacl,
DNA por exemplo, tendem a codificar fatores de transcrição
genômko
que regulam a expressão gênica; mas a natureza dos
O Comparar a EST e as sequências genes que regulam pode ser dificil de prever. A anotação
completas de DNAc com as
sequências genômicas. inicial dos genomas eucarióticos representados na Figura
18.7 categorizou os genes por sua função bioquímica ou
celular presumida . Muitos genes possuem fun ções bio-
5‘ EST [ I~-P I | 3' EST químicas ou celulares conhecidas, aprendidas a partir de
evidências experimentais prévias; e um n ú mero de genes
DNAc completo .j — ÉB— I
hIntron aproximadamente igual possui função bioquímica pre-
' Exon Intron
1
Éxon 1 i 1 ! 2 ! 2 I' Éxon 3 ! sumida, baseada na semelhança de sua sequência com
Gene LR > **. i a das proteínas conhecidas. Embora às vezes as funções
anotado u
5' UTR 3' LfTR
u bioquímicas e celulares possam ser previstas, a determi -
nação das funções biológicas dos genes exige análise dos
Códon de inicio Sequências Códon de parada fenótipos mutados ( ver Capítulos 16 e 17 para obter des-
para a extremidade de consenso do
5' do gene sítio de ipticinç crições das abordagens de análise dos mutados ).
O Examinar a sequência para os códons de in ício e parada
nos éxons e as sequências de consenso do s ítio de spliáng
O exame e a comparação das sequências gen òmi
cas inteiras permitiram aos pesquisadores reconhece
-
-
nas extremidades dos í ntrons . rem famílias de genes, que são grupos de genes rela -
Figura 18.6 Pistas para a anota ção gênica adquiridas cionados evolutivamente. Algumas fam ílias de genes
experímentalmente. são proeminentes em certas espécies, enquanto outras
610 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Bioinformática
Finalidade O que os algoritmos de computador 'procu Procedimento Vamos praticar examinando uma sequência
ram* em uma sequência de DNA durante a anotação do núcleotidica para verificar se podemos identificar as sequências
genoma bacteriano, arqueai ou eucariótico? Muitas vezes que poderiam codificar informações biológicas- Entretanto,
a primeira etapa na anotação é a identificação de matrizes como este exemplo ilustra, a identificação das ORFs se trans-
de leitura abertas (ORFs). Nas bactérias e archaea, todas forma rapidamente em um problema computacional maí s
as ORFs traduzidas em proteína ter ão um códon de ini- adequado para os computadores que para o lápis e o papei.
cio ( ATG) e um códon de parada (TAA, TAG ou TGA ) com Para simplificar a análise, vamos supor que estejamos procu-
uma matriz de leitura aberta ininterrupta entre eles. No rando uma sequência de DNA de uma bactéria, então precisa-
entanto, nos eucariotos, onde os genes podem estar sepa- mos considerar os requisitos de corte e spbclng éxon-íntron.
rados em vários éxons, apenas o éxon aminoterminal pos- Na busca pelas possíveis ORFs, sempre precisam ser
sui um códon de início e apenas o último éxon codificador consideradas seis matrizes de leitura, já que as proteínas
possui um códon de parada; mas todos os éxons internos podem ser codificadas em qualquer uma das fitas duplas
possuem as sequências que garantem o splicing adequado, da molécula de DNA. Existem trés matrizes de leitura na fita
assim como a extremidade 3' do primeiro éxon e a extremi- complementar, no sentido Inverso. Considere os primeiros
dade 5 ’ do último. 21 nudeotideos da sequência a seguir.
5' J
M : 7. C - ? M : vv *
'
*
-
. •
. .
L
(a ) Arabidopsis thaliana
Transcrição Crescimento celular, divisã o celular
e síntese do DNA
Metabolismo
/ Resgate celular, defesa,
^ /
/ morte celular, envelhecimento
Comunicação celular/
transduçào de sinal
N áo c l a s s i f i c a d o
É Destina ção da proteí na
Transporte intracelular
Sí ntese proteka
Momeostase tónica
(b) Homosapiens
Adesão celular ( 577, 1,9%) v Chaperone toteína estrutural dtoesquéletica (876, 2,8%)
(159, 0,5%) Matriz extracelular (437, 1.4%)
Dl versos (1318, 4,3%)
Imunoglobulina ( 264, 0,9%)
Proteína virai (100, 03) f
Canaliônko (406, 13%)
Proteí na de transferê ncia (203, 0,7%) / Motor (376, 1,2%)
Fator de transcrição (1850, 6,0%) \
Enzi ma de á cido nucleico (2308, 7,5%) „ A
Henbum
v A
^
/ Prote ína estrutural do m úsculo (296.1,0%)
Proto oncogcnc (902, 2,9%)
Selecionar proteí na de liga ção aocá lcio (34, 0,1%)
Molécula de sinalização (376, 1,2%) ^ jM ^ Transportador Intracelular ( 350, 1.1%)
Receptor (1543, 5,0%)
^ ^ Transportador (533, 1,7%)
Quinase (868.23%) Obfl- *
Selecionar molécula reguladora (988, 3,2%K -tfcj- Categorias Panther ( Análise Proteica
podem ser inteiramente ausentes. Os 23 mil genes do a fam ília de genes dos receptores olfatórios é muito
genoma humano podem ser colocados em aproxima
damente 10 mil famílias de genes. Embora a maioria
- maior nos organismos que se baseiam fortemente nesse
sentido ( um camundongo tem mais de 900 desses genes)
dos animais compartilhe esse conjunto de fam ílias de que nas espécies em que o sentido do olfato é reduzido
genes, apenas 3 mil a 4 mil dessas fam ílias de genes são (os seres humanos tém apenas 339). Em seres humanos,
encontradas nos eucariotos. Outras linhagens, como os a maior fam ília de genes codifica as proteínas que atuam
fungos e plantas, possuem seus próprios conjuntos de no sistema imune, mas essa fam ília de genes nào existe
fam ílias de genes de linhagens específicas. na Arabidopsis e na Saccharomyces , em que as maiores
A expansão e retenção de determinadas famílias de famílias de genes codificam proteínas quinases.
genes dependem da importância de suas fun ções bio - A conservação não se estende necessariamente pelos
lógicas para o organismo. Por exemplo, nos mam íferos genes inteiros e as relações evolutivas entre os genes tam -
ros
a fam ília de genes que codifica os receptores olfatóí bém podem ser reconhecidas pelos dom ínios proteicos
frequentemente é a maior do genoma, consistindo, na conservados. Muitas proteínas eucariót ícas sâo modula -
maioria das vezes, em mais de mil membros. No entanto, res, consistindo em domínios proteicos distintos reuni-
612 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
micas das proteí nas, porém, mais uma vez, a compreen - 1000
0 número de arquiteturas
putecas diferentes é rraicx
são da função biológica requer a análise dos mutados. nos animais que na levedura.
500 -
Observa çã o gen é tica A anotação gen ômica é o pro-
cesso de associar informações bioíógkas à s sequências de 0
DNA. A anotação é facilitada pelos algoritmos que buscam se
quências potencialmente significativas, mas que precisam ser
- Levedura Mosca Verme Homem
F i g ura 1 8.8 Modularidade dos domí nios proteicos.
confirmadas por evidências experimentais. (a ) Frequentemente as proteínas são modulares, compostas de
domí nios discretos ( por exemplo, Epl , Ep2, PHD, Br, BMB, Znf ).
As prote í nas complexas podem se desenvolver pela mistura e
compat íbillzaçáo dos dom ínios proteicos, normalmente por
Variação na organização do genoma entre um processo conhecido como mistura de éxons (ver Capitulo
as espécies 18). (b ) Os eucariotos multicelulares têm arquiteturas proteicas
mais complexas que os eucariotos unicelulares.
Tendo obtido e comparado as sequências genômi-
cas de centenas de bacté rias e archaea e de dezenas de
eucariotos (ver Tabela 18.1), os biólogos conseguem
vel à falta de íntrons, ao tamanho mais compacto das se
quências regulatórias e às estruturas geralmente menos
-
tirar vá rias conclusões gerais sobre a organização do ge - complexas da maioria das proteí nas codificadas nas bac -
noma ( Figura 18.9). Primeiro, as bactérias e archaea tém térias e archaea. Segundo, os eucariotos diferem ampla -
menos genes e uma densidade gênica muito maior que mente quanto ao n ú mero de genes e à densidade gé nica,
os eucariotos. Essa densidade génica elevada é atribuí- e os genomas dos eucariotos unicelulares tendem a co-
-ao
organização dos ganes e do 100 kb gene
genoma. Nos genomas eucarióticos
retratados, as linhas grossas OpA trpti trpC trpO ma u
«PK
\ 1 »
i m
20 kb
100
representam éxons, as linhas finas Peptídeo
representam íntrons e as caixas em Escherichk) coh Óperon l íder
branco representam regiões não
traduzidas ( UTRs).
Saccharomyces cerevwae (cromossomo 2) *
M
Sentido da transcrição
O B
'
Sentido da transcrição
.
AIJ'9°100—
S 8 M-
kb
50 0,05
20 4
Arabidopsis thaliana (cromossomo 1)
7 3,2
100
Drosopbila melanogaster ( cromossomo X)
1 9
1 Mb
Homo sapiens (cromossomo 1)
Capitulo 18 Genô mica: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 613
dificar menos genes que os dos eucariotos pluricelula - DNA repetitivo em um genoma é um fator significativo
res. Terceiro, as espécies que evoluíram para parasitas que influencia a densidade gènica. Algumas característi-
obrigatórios sofrem contração genô mica. À medida que cas da organização do genoma podem ser observadas no
os parasitas se tomam dependentes de seus hospedeiros cromossomo humano 21, exibido na Figura 18.10 .
para obter nutrientes, eles perdem os genes dos quais As sequências gen òmicas anotadas dos organis-
não necessitam mais. Esse traço é refletido no tamanho mos gené ticos modelo podem ser visualizadas em web-
reduzido do genoma em comparação com as outras sites ( ver flnal do livro). O website do genoma humano
eubacté rias da Rickettsia prowazekii , a eubacté ria res - ( http:// genome.ucsc.edu/ ) també m serve como portal
ponsável pelo tifo nos seres humanos ( ver Tabela 18.1). para os genomas anotados de vá rias outras espécies.
Assim como o n úmero e a densidade dos genes va -
riam entre os eucariotos, a proporção de DNA repetitivo Tr ês informações extraídas das
no genoma também varia. O genoma humano consiste
sequências genòmicas
em mais de 50% de DNA repetitivo: aproximadamente
45% consiste em elementos transponíveis ( transposons, As an á lises das sequências genòmicas de uma gama
retrotransposons e retroelementos); mais 3% consiste em de bact é rias, archaea e eucariotos produziram muitas
sequências microssatélites; e aproximadamente 5% con - informações sobre a natureza dos genomas, das quais
tém duplicações gênicas recentes. Mais DNA repetitivo três são particularmente importantes. Primeiro, as
está presente nas sequências centroméricas e teloméri - comparações genòmicas demonstram que os genomas
cas. O DNA repetitivo que não é centromérico ou telo- de todos os organismos são dinâmicos por natureza. Os
mérico costuma ser chamado DNA repetitivo disperso, elementos transponíveis (ver Capítulo 13) são apenas um
já que é distribuído por todo o genoma. A proporção de dos fatores que induzem a evolução genômica; duplica -
—
i
i
LOC 150051 * 21 q 22.ll LOC150051 hipotético
21 p!2 FBXW 11 P 1 * 21q 22.11 Dom í nio repetido F-box e WD contendo 11 pseudogenes 1
soo; i 21 q 22.11 Sú peróxido dismutase 1, solú vel
:
í «? (esderose lateral amiotrófica 1 [adulta])
21 pl 1.2
i: - :
- -
SFRS 15
HMG 14P I
21 q 22.11 Fator de spíicing, alto teor de arginina/serina 15
21 q 22.11 Grupo de alta mobilidade (cromossômico não histona),
pseudogene de proteína 14
21 pl 1.1 *i l.
&
‘
1
*
— LOC 100131268 * 21 q 22.11 LCX 100131268 hipotético
21q11.1 !§:
:x
21 q 11.2 - 4 r *
1
— HUNK 21 q 22.11 Quinase Neu -associada suprarregulada via hormônio
i:* =
Azul éxon
21q 21.1 S3 Vermelho = íntron
m
<
í»
21q 21.2
-
- jSih * 3 •
!i
21q 21.3
m hJ
»f »
r
1* HI *
21q22.11
—{^ H-
:i
|
t
21 q 22.12
—|
—|
21 q 22.13
M \-
r s-LOC
^
C2 orf45
)
100128198
-
21 q 22 11 Matriz de leitura aberta 45 do cromossomo 2
21 q 22.11 Proteína hipotética 10000128198
21q 22.2
— - s
MRAP
SHORA80
21 q 22.11 Proteína acessória do receptor da melanocortina 2
.
21 q 22.11 Pequeno RNA nudeolar caixa H/ACA 80
*
— JH
*
Is
(•
h:.
~ C21orf 119 21 q 22.11 Matriz de leitura aberta 119 do cromossomo 21
21q 22.3 * ^
C21orf63 21 q 22.11 Matriz de leitura aberta 63 do cromossomo 21
í *
t
LJ
Figura 18.10 Anota ção genômica do cromossomo humano 21 .
614 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
ções cromossó micas de grande e pequena escala, bem cies que guardam relações mais distantes. Nas espécies
como deteções e outras reorganiza ções, també m con - intimamente relacionadas, as semelhanças na sequ ê ncia
tribuem. Observa-se uma variação genética substancial
mesmo dentro de uma espécie, fornecendo, assim , maté -
vão alé m dos genes compartilhados, chegando aos seg
mentos cromossô micos conservados. A genòmica evo
-
-
ria - prima para a seleção natural e levando à evolução de lutiva também trouxe à tona informações importantes
novas espécies. Segundo, o sequenciamenlo genômico pertinentes à natureza altamente din â mica do genoma.
de organismos modelo revela as limitações das triagens Podem ser observadas mudan ças na forma das muta -
genéticas prospectívas. Mesmo nas espécies intensamente ções, mesmo na escala de tempo de uma ú nica geração.
.
estudadas, como a £ coli e a S cerevisiae, as triagens ge-
n éticas prospectívas (ver Capítulo 17) identificaram ape- Árvore da vida
nas uma fração ( 1/3 a 1 / 2) dos genes identificados pelo
sequenciamento genômico. Quais são as funções de todos
A grande quantidade de informações sobre sequê n -
cias de DNA disponí veis hoje em dia revolucionou o
esses genes antes desconhecidos?
modo como os biólogos percebem a á rvore da vida ,
A terceira informação obtida da análise dos genomas
é a descoberta de que o n úmero de genes no genoma hu
mano é comparável ao de vários outros eucariotos multi-
- a á rvore filogenética que retrata as relaçòes evolutivas
entre os organismos. Os tra ços morfológicos e fisioló-
gicos já foram a base principal da classificação das es
celulares. Ao longo dos últimos 25 a 30 anos, as estimati- pécies, mas as comparações das sequ ê ncias de DNA
vas do n úmero de genes no genoma humano diminuíram
esclareceram questões que os m étodos de estudo mais
constantemente. Uma vez tendo estimado que o nosso
antigos eram incapazes de solucionar.
genoma contém de 80 mil a 120 mil genes, podemos achar
As comparações das sequências de DNA do mesmo
humilhante descobrir que nós e outros animais temos
gene em diferentes espécies são particularmente ú teis
menos genes que as plantas. O n ú mero de genes estimado
para avaliar as relações filogenéticas. Em razão de sua
em 20 mil a 25 mil no genoma humano é característico onipresença e alto grau de conservação, os genes que co-
dos vertebrados e não é muito mais alto que os 14 mil,
dificam os RNAs ribossómicos fornecem uma sequência
mais ou menos, estimados para a Drosophila. Se alguns de universal para tais comparações. Ao comparar as sequên -
nós sofrermos “ansiedade quanto ao n ú mero de genes”,
isso pode ser aliviado reconhecendo que o n ú mero de
cias de RN A ribossômico, Cari Woese e colegas reve -
laram, por meio de estudos pioneiros no final dos anos
genes não se traduz dirctamcntc em n úmero de proteínas 1970, que todas as formas de vida na Terra caem em um
ou em complexidade do organismo. Tanto a mistura de ou outro dos três dom í nios distintos: Bacté rias, Archaea
éxons quanto o splicing alternativo aumentam a comple- e Eukarya. Desde então, as relações dentro de muitos
xidade das proteínas nos eucariotos e esses processos são grupos eucarióticos têm sido esclarecidas usando compa -
muito mais prevalentes nos animais que nos fungos ou
plantas. Nas páginas restantes deste capítulo, abordamos
rações das sequê ncias de DNA, permitindo a determina -
ção da arquitetura básica da á rvore da vida ( Figura 18.11 ).
essas informações importantes em mais detalhes. Algumas relações surpreendentes surgiram. Por exem -
plo, descobriu -se que os fungos e metazoá rios, que antes
18.2 A genòmica evolutiva reconstitui
a história dos genomas
eram considerados “ reinos” diferentes da vida, eram rela
tivamente bem relacionados e hoje são agrupados com os
-
Ameboides em uma clade chamada Unikonta. Uma vez
A genòmica evolutiva , às vezes chamada filogenò - que os animais e plantas são as formas de vida mais cons-
mica ou genòmica comparativa , é o estudo comparativo pícuas pelo ponto de vista humano, a árvore apresentada
dos genomas. As comparações interespec íficas dos na Figura 18.11 é polarizada para um foco nas inter- rela -
—- —
genomas comparações entre espécies identificam
sequ ências conservadas ao longo do tempo de evolução
ções desses dois grupos. Se todos os seus ramos pudes
sem ser apresentados com o mesmo n ível de detalhe, a
-
e, assim, facilitam a anota ção dos genomas e fornecem árvore lembraria mais um arbusto muito denso.
informações sobre a evolução dos genes e a diversidade A árvore da vida na Figura 18.11 foi construída uti -
dos organismos. Por outro lado, as comparações in
traespecíficas identificam polimorfismos de sequência
- lizando informações das sequências de DNA ( ver Capí -
tulo 1) e a compara çã o do alinhamento dos nudeotideos
que sào responsá veis pelas diferenças genéticas dentro homólogos para apurar as relações filogenéticas. Os nu-
.
das populações de uma ú nica espécie Essas diferenças cleotídeos homólogos são os que descendem do mesmo
são a maté ria - prima da evoluçã o e formam a base da ge- nucleotídeo no ancestral comum de duas espédes que
nética populacional e da evolução das espécies. estáo sendo comparadas. As sequências de DNA codifi-
A histó ria evolutiva de cada organismo pode ser cadoras de proteína altamente conservadas são analisa -
reconstituída em seu genoma e na composição de seus das para identificar os pontos de ramificação evolutiva ou
cromossomos. A genò mica evolutiva revelou o fato im - nós. Algumas sequências codificadoras de proteína têm
pressionante de que uma grande quantidade de genes é sido conservadas em escalas de tempo de mais de um
compartilhada por espédes filogeneticamente distantes, bilhão de anos. Por outro lado, as sequências não codifi-
reafirmando que toda a vida na Terra está relacionada. cadoras são comparadas para esclarecer os nós recentes
As espécies mais intimamente relacionadas entre si na evolução da espécie. As sequências de íntrons c in -
compartilham quantidade de genes maior que as espé - tergênicas, nas quais pode haver pouca pressão seletiva
Cap í tulo 18 Genô mlca: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 615
''•Chromalveolata
Sulfolobales
x Desuifurococcales Cnid á rios
1
^ yCaencrhobMis
^
Drosophih metanogcnter elegans
Vertebrados
1
Larvd plants
, Fungl
Eukarya
Amoebozoa
^ Metazoans
Algae j Choarvoflagellates (anjmaiS pluricelulares)
n
r\ —j 's
Linhagens de peixes
n
Anfí bios
'' Danioreno
nm
R épteis
e pássaros
Plantas
Mamíferos
%
Linhagens de algas" Chkjmydomonas reinhardtii
1
J
nfflTlA
^
Marsupiais
Monotremados
* Primatas
1
para manter uma sequência especifica, podem acumular e definem clades de espêdes específicas. Por exemplo, os
mutações e mudar rapidamente ao longo do tempo. Uma genes que codificam a tubulina se encontram em todos
estratégia desenvolvida para pesquisar sequências homó - os eucariotos, implicando que o gene da tubulina evoluiu
logas é descrita na Técnka de Pesquisa 18.2. antes da diversificaçã o dos eucariotos. Outros genes ainda
sâo compartilhados entre clades mais restritas de orga -
Compara ções genômicas interespecíficas: nismos e alguns estão confinados apenas às espécies infi -
mamente relacionadas. Dessa maneira, a distribuição filo-
conteúdo gênico
gené tica das famílias de genes fornece informações sobre
O scquenciarncnto genômico indica que certos genes quando genes específicos estão envolvidos. Além disso, o
sâo encontrados em todos os organismos, sejam bactérias, conjunto de genes compartilhados entre qualquer grupo
archaea ou eucariotos, e sugere que esses genes devem de organismos pode ser considerado representativo do
ter surgido no início da evoluçã o da vida na Terra. Esses conteúdo genômico mínimo do ancestral comum desse
—
genes altamente conservados por exemplo, os que co-
dificam as proteínas necessárias para a síntese do DNA —
grupo de organismos, fornecendo, assim, informações
sobre a evolução dos genomas e organismos.
estão envolvidos em processos biológicos comuns a todas Como os primeiros genomas a ser sequenciados
as espécies. Outros genes têm uma origem mais recente eram de organismos filogeneticamente diversos, muitos
616 An á lise gené tica: uma abordagem integrada
compartilhar quase todo o conteúdo de seu genoma; as Observa çã o genética A arquitetura da árvore da vida
diferenças genòmicas entre grupos taxonômicos irmãos pode ser verificada comparando as sequências de DNA dos
definem as diferenças entre as duas espécies. Por exem- mesmos genes encontrados em diferentes espécies. As dife-
plo, o conteúdo genómico é muito similar em quatro es- rentes taxas de evolução da sequência de DNA nas sequências
pécies de Saccharomyces intimamente relacionadas (S. funcionais e não funcionais podem ser exploradas para resol-
cerevisiae, S. paradoxus , SL mikatae e 51 bayanus ) , todas ver as relações evolutivas dos organismos que divergiram em
separadas por 5 milhões a 20 milhões de anos (Figura tempos antigos e recentes.
.
18.12) Por todos os genomas das espécies de Saccharo -
myces, apenas um punhado de genes especí ficos de cada
Capitulo 18 Genô mica: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 617
Espécies de .
Figura 1 B 12 Comparação
Saccharomyces de quatro genomas de
Saecharomyces . As matrizes de
5. cerevisiae
leitura abertas (ORFs) previstas são
retratadas como setas apontando
5. paradoxos
no sentido da transcriçã o. As ORFs
ortólogas são conectadas por
S. mikatae linhas pontilhadas. As ORFs com
uma correspondê ncia de um para
5. bayanos um são exibidas em azul; as ORFs
com uma correspondência um
50 kb para dois estão em vermelho (a S .
paradoxui tem dois genes no lugar
do gene 7 da S. cerevisioe); as ORFs
Nascimento e morte dos genes Na reconstituição da sem correspondência (gene 24 na
histó ria evolutiva dos genes pela comparação das se- S. cerevTuae ) est ão em branco. As
quências genômicas, os geneticistas obtê m pistas para lacunas de sequência sã o indicadas
os mecanismos por meio dos quais surgem novos genes por linhas cheias verticais.
.
(Figura 18.13) Esses mecanismos incluem:
1 . Duplicação genica por meio da duplicação do díbulas, cujos produtos proteicos estão envolvidos
DNA genómico. A duplicação do material gené
tico pode duplicar uma parte de um gene, um ú nico
- na reorganização das sequê ncias de DNA durante
a maturação do sistema imune, foram derivados de
gene, um cromossomo ou um segmento cromossô - sequências que codificam a transposase.
mico, ou o genoma inteiro ( ver Capítulo 13).
2. Duplicação génica por meio do cruzamento
6. Transferência génica lateral (horizontal ). O movi
mento dos genes de uma espécie para o genoma de
-
desigual. Em um caso especial de duplicação gê - outra espécie é chamado transferência génica late-
nica, um ou mais genes podem ser duplicados pelo ral. Esses eventos são comuns nos procariotos, que
cruzamento desigual em razão do mau alinhamento
dos cromossomos homólogos na sinapse durante a
podem trocar genes até mesmo com organismos dis -
tantemente relacionados ( ver Capítulo 6). As endos
prófase I da meiose. A duplicação génica pelo cruza- simbioses levam a eventos de transferência génica
mento desigual é indicada pela detecção de repetições
em tandem, ou cópias sucessivas, de material genético
lateral de larga escala , como é o caso da mitocòn
dria e do cloroplasto. Embora menos comum entre
-
(ver Capítulo 13 e Estudo de Caso do Capítulo 3).
os eucariotos, a transferência génica lateral tem sido
3. Mistura de éxons. Durante um evento de mistura documentada em alguns protistas e plantas.
de éxons, os éxons de dois ou mais genes são com -
binados em um novo contexto genómico (ver Figura 7. Fusão génica e fissão génica. Dois genes conse -
18.8a ). A reorganização poderia ocorrer por meio de guem se fundir em um único gene pela deleção do
códon de parada e pelos sinais de termina ção da
eventos de recombinaçào ilegítima ou, de modo al - transcrição que normalmente separam os genes.
ternativo, por meio de eventos de retrotransposição.
De modo alternativo, um ú nico gene pode ser divi-
4. Transcrição reversa. A transcrição reversa dos dido em dois genes, cada um com as suas próprias
RNAs celulares, usando transcriptase reversa co
dificada por retrotransposon e sua inserção no ge -
- sequências regulatórias.
noma , costuma levar à formação dc pseudogenes , 8. Derivação de novo . Os éxons podem ser deriva-
sequências reconhecíveis como sequ ências géni- dos de novo a partir das sequências intrônicas ou
cas alteradas ( por muta ção), mas também podem intergènicas que estão incorporadas nos éxons dos
produzir novos genes . Mais de 10 mil pseudogenes genes adjacentes.
foram reconhecidos no genoma humano e mui- As comparações entre os genomas de vá rias es-
tos foram derivados da transcrição reversa. Além pécies de Drosophila relacionadas forneceram infor-
disso, a inserçã o de um retrotransposon em uma mações sobre as origens de novos genes em um euca -
nova posição genò mica pode alterar o padrão de rioto pluricelular. A principal fonte de novos genes,
expressão dos genes adjacentes , levando potencial- um pouco menos que 80% das vezes, foi a duplica ção
mente a novas funções gênicas . génica, na qual as duplicações estavam arranjadas em
5. Derivação de éxons dos transposons. Os trans
posons possuem sequ ê ncias que codificam uma
- tandem ou dispersas em localizações cromossómicas
distantes. Outros 10% dos novos genes derivaram de
proteína de ligação ao DNA chamada transposase, eventos de retrotransposição; e, surpreendentemente,
que é necessá ria para o movimento do transposon. aproximadamente 12% deles surgiram de novo, a partir
——
As sequências da transposase podem ser feitas para de sequências não codificadoras.
desempenhar uma nova função, se fundidas com Dois mecanismos duplicação génica e transfe -
outros éxons derivados do genoma. Por exemplo, rência génica lateral se destacam como principais
os genes RAGI e RAG2 dos vertebrados com man - mecanismos responsáveis pela geração de genes nos eu -
618 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
O Duplkaçáo gênica -\ —r T
|Duplicação
.
nômica evolutiva A maioria dos genomas contém um
mosaico de famílias de genes derivadas de eventos de
duplicação antigos e mais recentes, indicando que os ge -
|Diverg ência nomas sào dinâ micos e mudam continuamcntc com o
\ l \ L tempo. Um estudo no ano 2000, realizado por Michael
Lynch e John Concry, contou os genes duplicados em
nove espécies eucarióticas e estimou a taxa de duplica -
O Duplicação géníca 1 I ção: aproximadamcnte 0,01 gene por milhão de anos.
pelo cruzamento
desigual
I
1
i—r
.I 1 l Desse modo, para um genoma eucariótico médio com 10
mil a 30 mil genes, essa pesquisa sugere que um gene du-
plica e é mantido no genoma a cada 3 mil a 10 mil anos.
mr O destino dos genes duplicados depende da base
molecular da duplicação. Se o gene inteiro, incluindo as
sequê ncias regulató rias, for duplicado, as duas cópias
0 Mistura de éxons czt serão capazes de produzir um produto proteico funcio-
nal na quantidade, tempo e lugar corretos. Nesse caso, os
-,
^ 1
FunçàoB
f 1
O Pseudogene 0 SubfunoonaJlzação 0 Neofuncionalizaçáo
„ Funçào A
4 Gene 4 Função 4 ab 4 GeneZ, '- Funçào B
ab
ab
/
a
* ~
Xb 1 4 IZ Gene Z, Função B c 4 Gene Z2 —
Funçào C
Muta ções de
inativaçào As funções compostas 0 gene 4 ret ém a funçào
dosgenesZ, e 4 sào original do gene 4
equ valentes ãs do enquanto o gene 4
abU 4 n gene 7 adquire uma nova funçáa
- z* XI
GeneZ,
^ Função B
duas espécies. Na maioria das vezes, mas nem sempre, os tilhamento dos plasmídeos entre as espécies bacterianas
ortólogos têm funções equivalentes nos dois organismos (ver Capítulo 6), mas outros eventos de transferência gê-
que estão sendo comparados. Os genes globina na Figura nica lateral entre espécies bacterianas e entre espécies de
18.15 ilustram essas relações evolutivas. bactérias e archaea também foram documentados. Com
A duplicação gênica tem sido um mecanismo fun - base na comparação dos genomas bacterianos e arqueais
damental na geração de novos genes que, ao longo do sequenciados, estima-se que 1,5% a 14,5% dos genes em
tempo, viabilizam a evolução dos organismos complexos. qualquer genoma resultam da transferência génica lateral.
Durante a evolução do gene globina, a duplicação génica Provavelmente esse percentual está subestimado, já que os
permitiu a especialização, que, por sua vez, permitiu uma eventos de transferência ancestrais podem não ser detec-
maior complexidade fisiológica . Tanto a subfunrionaliza - táveis. Em um exemplo extremo de transferência gé nica
çào quanto a neofunc íonalizaçào podem ser observadas lateral, as espécies bacterianas hipertermófilas ( bactérias
dentro da fam ília do gene globina. A neofundonalização capazes de viver em ambientes extremamente quentes)
pode ser observada no evento de duplicação gêmea que adquiriram genes de espécies arqueais. Quase um quarto
produziu os genes hemoglobina e mioglobina, em que a
hemoglobina atua no transporte de oxigé nio no sangue
dos genes na bactéria Thermotoga marí tima são mais pa
recidos com os genes arqueais, indicando uma origem ar-
-
e a mioglobina atua na ligação do oxigénio nos m úscu - queai. Um gene arqueai adquirido codifica uma girase re -
los. A subfuncionalizaçáo també m ocorreu nos genes versa, uma topoisomerase que induz superenrolamentos
globina, se presumirmos que a -globina ancestral era
^
ativa durante todo o ddo de vida do organismo. Se for,
positivos no DNA e que é necessária para a adaptação à
vida nas altas temperaturas.
a subfundonalizaçào agora é evidente entre os parálogos
de c-globina e (5- globina, em que a £ - globina é ativa no
Embora os genes que codificam proteínas com fun
ções metabólicas pareçam ter sido doados em eventos
-
embrião e a Pglobina é ativa no adulto. Outros exemplos de transferê ncia génica lateral, os que codificam proteí -
incluem duplicações de um gene ancestral que levam a
uma fam ília de genes que permitem a visão tricrômica
nas para o processamento de informações ( por exem
plo, replicaçào, transcrição e tradu ção) normalmente
-
em algumas espécies de primatas, incluindo o homem não são transferidos. Uma explicação possível para essa
( ver Capítulo 3), e na criação de outra fam ília de genes
-
tendência é que as prote í nas com funções de processa -
que especifica a identidade ao longo do eixo anterior
- posterior dos animais (ver Capítulo 20).
mento de informações agem frequentemente nos gran
des complexos e não são facilmente incorporadas aos
-
Transferènda génica lateral A transferência génica lateral, complexos existentes em outras espécies.
também conhecida como transferência génica horizontal,
é a transferência de material genético entre duas espécies.
Embora a transferência génica lateral seja relativa
mente comum entre as bactérias e archaea, a transferência
-
A transferénria gênica lateral pode ter sido ampla no inírio entre bactérias ou archaea e eucariotos, ou entre eucario -
da evolução da vida, mas, à medida que os mecanismos ge- tos, é rara. Isso se deve em parte aos diferentes mecanis-
néticos espedalizados evolu íram para controlar a expres- mos de controle da transcrição e tradu ção nos eucariotos,
são gênica , a transferência gênica lateral se tornou menos por um lado, e às bactérias e archaea por outro. Apesar
frequente dentro da linhagem eucariótica. Um evento de de a bactéria Agrohacterium tumefaciens transferir genes
transferência gènica lateral comum ocorre pelo compar para células vegetais (ver Capítulo 17), existem poucas
620 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Homosapitns
Agrupamento de genes (5 globina
1* 1 lYoí Í
l l 101
‘
—
Ortólogos
Pan trogbdytei ITT
Agrupamento de
TM m m
Parálogos genes 0-globina Pará logos
O agrupamento de genes 3-ç bbma no nosso
geronna e o do genoma oo chimpanzé tém o
mesmo complemento gêrvca Os genes da (3 çlobna- Como os genes dentro de cada agrupamento derivaram
hixnana e do ch impanzé estão relacionados por im de eventos de duplicação génea dentrode um genoma .
os membros dentro de um agrupamento são genes
-
cvcr to de especiação e os dois genes são ortólogos
pará logos (isto é, os genes humanosda 6-globina e
0 gftubna são parálogos! Os genes da 6- ylubina
. -
humana e da 3 gtabina do chimpanzé também são
pará logos já que podem remontar a um evento de
duplica ção gê nlca dentro de um genoma ,
Cí
t J
.
|o I 1LL IVcl 161 IP lMnl
50 mya 50 mya
80 mya
L 260 mya 120 mya
300 mya 170 mya
Gene a-globina ancestral Gene (Tglobina ancestral
V /
450- 500 mya
O termo homokjgia pode se aplicar à Duplicação gér ica 450-500
relação entre os genes derivados milhões de anos atrás
através de um evento de especiação
(ortólogos) ou á relação entre os genes Gene hemoglobina ancestral Gene mioglobina ancestral
derivados através de urr evento de
duplicação gênica (parálogos). l
- 600 800 mya
Gene globina ancestral
aleatórias de 63 aminoácidos ocorrem com frequência O DNA não codificador já foi chamado “DNA inútil" ( um
( aproximadamente 5% do tempo em qualquer sequên - termo originalmente cunhado por Sydney Brenner), pois
cia aleatória de 189 pb) . Além disso, nos eucariotos plu - uma coisa in útil, ao contrário do lixo, é algo que tende-
ricelulares, as sequências codificadoras dos genes são mos a manter mesmo sem uma finalidade identificável.
fragmentadas cm pequenos éxons ( frequentemente co- No entanto, hoje sabemos que pelo menos parte desse
dificando menos de 100 aminoácidos) dispersos sobre DNA náo codificador é funcional; ele contém sequências
grandes distâncias, tomando, assim, um desafio sua regulat órias, centroméricas e teloméricas e genes que
identificação inequí voca. A anotação desses genes é vi á - produzem RNAs não codificadores funcionais, como os
vel apenas com evidências experimentais ou evidências genes de RNAmicro.
de sequências similares em outros genomas . Existem dois métodos para identificar sequências
No caso das espécies de Saccharomyces ( ver Figura não codificadoras conservadas e eles abordam a tarefa
18.12), as comparações entre os quatro genomas leva - partindo de sentidos opostos. Na impressão digital filo-
ram à previsão de mais de 40 genes previa mente nã o gené tica , as sequências conservadas são identificadas
anotados que codificam proteí nas entre 50 e 100 ami - buscando sequências similares em espécies separadas
noácidos de comprimento. As comparações do genoma por grandes distâncias evolutivas ( Figura 18.16 ). De modo
humano com os de outros vertebrados ajudaram na oposto , na cópia filogenética as sequências conserva -
identificação dos éxons e refinaram significativamente das são identificadas eliminando primeiro as sequências
a anota ção do genoma humano. Fsse é um aspecto em >
nâo conservadas nas espécies intí mamente relacionadas.
_
que o sequenciamento genômico de organismos genéti - As análises de sequência comparativas complementam
cos modelo aumentou bastante o conhecimento sobre os experimentos de análise das sequências promotoras
nosso próprio genoma. (conforme descrito no Capítulo 17) e hoje são, frequen-
Sequências nã o codificadoras conservadas Além de temente, a primeira etapa na previsão das sequências re-
ajudar a identificar matrizes de leitura abertas, as com - gulatórias, que depois são testadas por experimentação.
parações genómicas também detectaram a presença de As sequências regulatórias que controlam a expres -
sequências náo codificadoras conservadas (CNSs). são dos genes na maioria dos eucariotos pluricelulares
•
( ) Espécie A
E x o n I n t r o n Exon ^É xon * intron
1
Ê :« ~ n
A
Exon Intron xon
Espécie 6 1 6 8 T
100% r~
Conserva ção
da sequ ê ncia
entre o
homem e
o camundongo
50%
100%
Conserva ção
da sequência 1 Mb
entre o
homem e Uma CNS localizada em um intron Co gene LM 8FJ controla a expressão do
oFugu gene SHH , ooe está situado a 1 megabase de distâ ncia da CNS. As mutações
50% da CNS pstâo associadas com poí dartilia nos camundongos e sems humanos
Camundongo Homem
consistem em módulos potenciadores que abrangem O = Sequ ência NAO conservada entre as espécies
centenas e possivelmente dezenas de milhares de pares
.
de bases (ver Capítulo 15) Um grande n úmero de CNSs Homem
que correspondem a sequê ncias regulatórias foi identifi-
i i i
i i i
cado pela impressão digital filogenética usando compa
rações dos genomas de mamíferos e outros vertebrados
- Kl +
I +
Babu íno
=
i i i
.
( Figura 18.16a ) As comparações entre mamíferos e pei - U n {] | j [] Macaco Rhesus
xes mostraram que os módulos potenciadores podem ser i i i
conservados ao longo de grandes distâncias evolutivas (as
linhagens que levam aos peixes e seres humanos se sepa - Í - 1L — Ú
i i i
Colobo
1
3 - índia A diversidade genética entre
europeus, asiáticos e australianos
4ê
é um subconjunto da diversxiade
encontrada na África, coerente
}
• Asia central como fato de essas populações
terem derrvaco de uma
população africana ancestral.
Europa - Asia oriental
-
-
D- ta<
H— } Américas
£ «Mui
J
J
- África oriental
m
T
TM>Wl
- Afnca ocidental/central
—^
As populações africanas exibem
} - Sul da À frka/pigmeus
Figura 18.20 Cladograma mostrando as distâncias genéticas entre populações humanas. Á rvore filogenética baseada
em 1.327 marcadores poiimórficos: 848 microssatéiites, 476 indels, 3 SNPs.
Capitulo 18 Genó mica: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 627
O de
A compara ção das sequências Gorila em vias redundantes e com quais proteínas cada pro -
espécies extintas permite a
GATCGAGCTT duto gé nico interage. A genómica funcional é o estudo
inferência da sequência
presente no ancestral comum .
I I da função gênica pela perspectiva do genoma inteiro.
Ancestral Ancestral
Tecnologias de alto rendimento, nas quais um grande
Chimpanzé
n úmero de genes é analisado simultaneamente, permi
tiram o exame dos padrões de expressão do RNA e das
-
GATCAAG TT
J GATCAAG1 T T
I I
proteínas, as interações gen éticas e as interações proteí
na - DNA e proteína - proteí na no nível do genoma. Além
-
Alelos Ancestral Derivado
disso, as tecnologias de alto rendimento facilitaram a
ancestrais O As sequências que
criação de alelos mutados de todos os genes no genoma
mudaram desde a
divergência do ancestral de algumas espécies genéticas modelo. Nesta seção,
comum se chamam descrevemos algumas tecnologias de alto rendimento
© As sequências presentes
\ alelos derivados.
no ancestral comum da genó mica funcional e consideramos o que aprende-
são alelos ancestrais. Homem
mos aplicando -as a organismos modelo.
GGTCAAGCTT
I I
Derivado Ancestral
Transcriptômica
Figura 18.21 Alelos ancestrais versus derivados .
Uma pista importante para a função de um gene
atrás, saiu da África e viveu na Eurásia até 30 mil anos atrás.
é quando e onde esse gene é expresso. O estudo da ex
pressão gênica pela perspectiva genómica se chama
-
O homem moderno saiu da Á frica um pouco mais tarde,
cerca de 65 mil anos atrás, e coexistiu com os neander
tais na Eurásia. Em meados de 2010, foi determinada
- transcriptômica, e o conjunto de transcritos presentes
em uma célula ou organismo se chama transcriptoma.
a sequência genómica de um neandertal , e as compa -
O northern blotting é utilizado para analisar a expres -
são gênica ( ver Capitulo 10). No entanto, a análise de
rações dos genomas dos neandertais, do homem e do
chimpanzé esclareceram o tempo de aquisição dos ale-
northern não é propícia ao projeto de alto rendimento .
Duas técnicas de alto rendimento utilizadas para analisar
los no homem que sào derivados em relaçào aos chim -
panzés. ( >s neandertais compartilham com os humanos -
o transcriptoma são os micro arrays ( arrays ) de DNA e o
a maior parte dos alelos derivados, indicando que essas sequenciamento de alto rendimento do DNAc. Os arrays
mudanças na evolução humana datam da época entre a de DNA são amplamente utilizados hoje em dia , mas o
sequenciamento de alto rendimento provavelmente vai
divergência homem chimpanzé e a divergê ncia homem - se tornar o método dominante nos próximos anos.
-neandertais. No entanto, no que diz respeito a alguns
genes, os neandertais possuem alelos ancestrais, apon - Arrays de expressão e titing arrays Os micro-arrays de
tando assim para mudanças na linhagem humana após a DNA consistem em coleções de fragmentos de DNA sin -
divergê ncia dos neandertais. tetizados, presos a um suporte sólido e representando as
Como o homem moderno e os neandertais coabita
ram a Eurásia por milénios, persistem questões sobre a
- sequências presentes em um genoma ( Figura 18.22 ). Os
fragmentos de DNA tê m tamanho fixo, geralmente 25 a
ocorrência ou não de miscigenação entre essas linhagens. 70 bases. As sequências de DNA específicas sào sinteti-
As comparações entre o genoma dos neandertais e uma
série de genomas humanos sugerem que uma pequena
quantidade de fluxo génico ( i %-4%) pode ter ocorrido
dos neandertais para os ancestrais dos não africanos, mas
—
zadas quimicamente em um substrato de sil ício, chamado
chip, em alta densidade de dezenas de milhares a mi
lhões de sequências de oligonucleotideos por array, com
cada sequência localizada em um ponto diferente. Após a
-
não dos africanos. À medida que mais genomas humanos hibridaçào com uma sonda fluorescente representando o
e de nossos parentes próximos, tanto existentes quanto
extintos, forem sequenciados, seremos capazes de obter
DNAc, a intensidade do sinal de cada um dos pontos re -
flete a concentração da sequência complementar à sonda.
uma visão sem precedentes da nossa história evolutiva Para os genomas sequenciados , foram produzidos dois
recente. (Os métodos para analisar e interpretar esse tipo -
tipos de micro arrays: arrays de expressão e titing arrays.
de dado sào discutidos no Capítulo 22.) Um array dc expressão carrega sequências úni
cas de cada gene anotado do genoma. A hibridaçào de
-
18.3 A genómica funcional ajuda a um array de expressão com sondas de DNAc marcadas
elucidar a função gênica produz informações quantitativas sobre os n íveis de
expressão relativos dos genes representados no array.
Embora a sequência genó mica forneça um catá - O poder para examinar os padrões de expressão gé-
nica por meio do uso de arrays de expressão é limitado
logo dos genes de um organismo, ela n ão proporciona
diretamente uma compreensão de como os genes con - apenas pelo grau em que o RNAm pode ser extra í do de
trolam o desenvolvimento e a fisiologia do organismo. determinadas células e tecidos e convertido para DNAc
Para isso, precisamos saber quando e onde os genes antes da marcação.
são expressos, os fenótipos dos alelos de perda e ganho Um exemplo do brotamento da levedura S cere- .
de função, que outros genes agem nas mesmas vias ou visiae ilustra como os dados do micro -array podem
628 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
Sequências
potenciadoras
Horas
S
/
/
0 V 2 5 7 911
* ^^
/3 ^
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i
i
i
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i
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i 8
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Horas após a indução /
da esporulaçâo i
# •f
i
0 V 5 7 9 11 8
Asinhas verdes
*2 /
/
/
8
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representam a repressão r
da expressão gônica r
r
relativa ao terr poO r
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X O
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3T?
Figura 18.23 Análise dos padr ões de transcHçáo da levedura usando micro- arrays.
630 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
de constrição se ligou na célula. Essa técnica proporciona se tornando a escolha preferida para as an álises do trans-
uma visão genômica das interações proteína DNA e é co criptoma e para a descoberta de polimorfismo.
nhecida coloquialmente como ChiP no chip.
Os tiling arrays gen ômicos também podem ser Observa çã o gené tica Os mlcro-arrays e o sequencia-
utilizados para descobrir e analisar polimorfismos. Os mento de alto rendimento fornecem Informações sobre os
-
micro arrays são muito sensíveis, detectando diferenças
de sequência de um ú nico par de bases por meio de uma
padr ões de expressão gêmea, melhoram a anotação gênka e
facilitam a descoberta dos polimorfismos.
redu ção na intensidade do sinal relativo à sonda que
tem 100% de complementaridade com seu alvo. Como
os micro - arrays utilizam uma sequência genômica de
referência, as diferen ças alélicas com relação a essa se- Outros "ornas" e "ômicas"
quência são detectadas como uma redu ção na intensi - Pela mesma lógica que produziu os termos genômica
dade da hibridaçào, onde reside a diferença alélica.
Aná lise do transcr
í ptoma pelo sequendamento de alto
rendimento As técnicas de sequenciamento de DNA
de alto rendimento (ver Capítulo 16) proporcionam
as proteínas
teoma
— —
e transcriptômica, a proteò mica é o estudo de todas
conhecidas coletivamente como pro-
expressas em uma célula, tecido ou indivíduo.
Enquanto a bioqu ímica dos áddos nucleicos é previsível
outra maneira de analisar o transcr í ptoma . Nessa
abordagem, o RNA é isolado das células de interesse e
— qualquer ácido nucleico pode formar par de bases com
qualquer outro ácido nucleico, dadas as sequ ê ncias com-
convertido em DNAc, que depois é fragmentado e se
quenciado usando o sequenciamento de DNA de alto
- —
plementares , a bioquímica do proteoma é complicada
pela gama muito maior de estruturas e funções proteicas.
rendimento. A sequência resultante é comparada com O estudo das proteínas requer, assim, técnicas adaptadas
a sequê ncia genômica de referência para identificar as aos subconjuntos espedficos de proteínas. Várias tec-
sequê ncias presentes na populaçã o de DNAc. A abor- nologias de alto rendimento foram desenvolvidas para
dagem de sequendamento tem duas vantagens sobre as análises proteômicas, incluindo técnicas para estudar
as que utilizam micro-arrays. A primeira é que a abor- a expressão proteica, a modificação proteica e as intera-
dagem de sequenciamento tem potencial para ser mais
sensível. Uma vez que milhões de fragmentos de DNAc
podem ser sequenciados, os dados quantitativos preci
sos sobre os níveis de expressão gènica podem ser obti
-
-
-
teí na proteína
— —
ções proteína - proteína. Os exemplos das interações pro-
técnicas que revelam se e como proteí
nas diferentes interagem fornecem informações sobre
o funcionamento dos sistemas biológicos, identificando,
-
dos. A segunda é que as abordagens de sequenciamento por exemplo, conjuntos de proteínas que formam um
conseguem distinguir mais facilmente entre os trans- complexo. Aqui, discutimos uma técnica para identificar
critos com sequências similares, como as variações de proteínas interagentes.
splicing alternativo e as SNPs, que às vezes são dif íceis O sistema de duplo- híbrido é um mé todo de alto
de distinguir com as técnicas de hibridaçào. rendimento para descobrir se duas proteinas interagem.
A primeira aplicação do sequenciamento de alto ren - Esse sistema se baseia na natureza modular do fator de
dimento à análise do transcrí ptoma do genoma da leve - transcrição GAL4 da levedura que se liga à sequê ncia
dura foi publicada em 2008. Ela forneceu descrições pre - de ativação GAL4 a montante (ou UAS J, que é um
^ ção dos
cisas das extremidades 5 e 3' dos transcritos e esclareceu
*
elemento potenciador, para ativar a transcri
as anota ções gê nicas. Fm virtude do custo decrescente do genes envolvidos no metabolismo da galactose (ver Ca -
sequendamento de alto rendimento, esses métodos estão pítulo 15). Um domínio da proteína GAL4, o dom ínio
Capitulo 18 Genômica: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 631
- -.
OGaW 6D e o Gal4 AD podem estar
separados Cada urr deles pocie ser fundido
com uma proferia diferente, o GaW-BO com a
-
proteína Balt e o GaW AD com a proteíra Prey,
para testar se essas duas proteínas interagem. Aajséncade 0 crescimento signfica
crescimento que as duas proteí nas
significa que as estão interagindo
Se a Bait e a Prey não duas proteínas não
-
irte aqirem, a transcrição não esiáo interagindo.
.
pode ser ateada e portanto,
não ocorre transcrição.
Apartrdosdadosce
intera ção de dois
Gê W D hbridos, jma rede de
^ Sem transcrição proteínas interagentes
^
j pode ser inferida.
Pt« y
GdM AD , conectados indiretamente e
a transcrição ocorre.
>OR3 3 >
S C »R120C) ~<APG13> (APG1)
YPR 105 C) A YGRl 20C age como um
.
'entrorcamer lo'coneaando
6JII4 fiO
Transcrição .
as cx tras pritenas.
-
com um transgene UASr AiA :HIS não vai crescer em um gcnômico foi a grande quantidade de genes identifica -
meio sem histidina, a menos que a transcrição mediada dos pela aná lise de sequê ncia , mas que previamente não
632 An á lise gen é tica: uma abordagem integrada
-6.000 cepas de deleçào condições para testar sua importâ ncia n ã o foram satis -
feitas ou (3) sua anota çã o como genes est á incorreta.
Para analisar ma is os genes essenciais, são neces-
O crescimento reduzido sá rios alelos condicionais. Trad ícionalmente , os alelos
dos diplokfes heterozigotos sensíveis à temperatura isolados nas triagens gen éticas
identificou 186 genes Os mutados tém sido utilizados para estudar as fun ções dos genes
haploides insuficientes. haploides letais
identificaram 1.102 essenciais. As bibliotecas de alelos condicionais pro-
genes essenciais. jetados dos genes essenciais da S. cerevisiae també m
deleçào e os fenótipos mutados duplos foram exami- ratorial ideais, conforme definido pelos fenótipos de
nados. Aproximadamente 4 mil interações letais sinté - mutados simples, outros genes se tornam essenciais
ticas diferentes foram identificadas, envolvendo cerca de quando os organismos sã o comprometidos por uma
mil genes diferentes. O n ú mero de interações por gene mutação em outro gene. Uma explicação para os ní -
variou de 1 a 146, com uma média de 34. Uma carac - veis de letalidade sintética observados é que, onde
terística impressionante desse estudo de intera ção ge- existem vá rias vias genéticas, algumas dessas vias
nética é que os genes essenciais exibiram cerca de cinco amortecem uma à outra , criando sistemas gen é ticos
vezes mais interações que os genes ' dispensáveis'’. Esses está veis que sâ o mais capazes de suportar perturba -
resultados sugerem que as redes genéticas consistem ções ambientais e gené ticas.
em um pequeno n úmero de genes essenciais que parti - As redes genéticas definidas pelas interações gené -
cipam de muitas interações e em um n úmero maior de ticas frequentemente identificam grupos de genes com
genes dispensáveis que participam de menos interações funções moleculares similares, como tradução, meta -
(Figura 18.28). bolismo de lipídios ou repara ção do DNA ( ver Figura
Se o mesmo n ível de letalidade sinté tica existir 18.28). Se um gene com função desconhecida pertencer
para os genes restantes no genoma da levedura, es- a uma rede genética na qual muitos genes possuem pa -
tima- se que 200 mil interações sintéticas letais dife-
rentes vão ocorrer entre todos os genes da levedura
e que 1% de todos os mutados duplos vai resultar em
letalidade sinté tica. Desse modo, embora apenas mil
— —
péis conhecidos por exemplo, no metabolismo dos
lipídeos , experimentos para identificar a função mo
lecular do gene desconhecido poderiam começar pela
investigação do gene em questão e descobrir se também
-
genes sejam essenciais nas condições de cultura labo - exerce um papel no metabolismo dos lipídeos.
Capitulo 18 Genômica: a genética do ponto de vista do genoma inteiro 635
SUMI
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