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ESTUDO SOBRE DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL INFANTIL NA PERSPECTIVA DA

PSICANÁLISE EM CRIANÇAS DE CACOAL-RO

Autores: Ana Paula dos Santos de Freitas; Cleide Teixeira; Cristiane Barros; Elder Businari;
Stheffany Almeida; Cleber Lizardo de Assis

Segundo os autores o trabalho tem por objetivo comparar as teorias psicanalíticas sobre a
sexualidade infantil junto às percepções de pais sobre as vivências das próprias crianças atuais
e discutir as fases do desenvolvimento psicossexual e as implicações para pais, educadores e
psicólogos.

Todo o processo desde o encontro de Breuer e Freud (2006 [1893/1895]) com a histeria e o
posterior nascimento da psicanálise, mostra que o ser humano não é transparente a ele
mesmo e que não é o que pensa ser, portanto, desconhece-se na sua totalidade.

As fases psicossexuais destacadas nos estudos de Breuer e Freud são a oral, anal, fálica, de
latência e genital, tendo eles discorrido sobre as zonas corporais erógenas, os objetos
fantasiados e objetos substituídos na procura do alívio de prazer.

Fase oral: nos18 meses de vida da criança, em que considera-se zona erógena a boca e sete
prazer na sucção. A criança satisfaz-se no próprio corpo, tornando-a independente do próprio
mundo que não consegue dominar.

Fase anal: A fase anal compreende aproximadamente o segundo ano de vida da criança, e tem
como zona erógena o ânus. É nessa fase que o prazer extrapola a satisfação de alívio fisiológico
e seu único intuito de defecar: a excitação sexual está em prender as fezes até que seu
acúmulo provoque contrações musculares, para depois ser expelido bruscamente, ativando
nesse ato a mucosa anal. Esse ato de reter as fezes, a princípio intencionalmente, para tirar
proveito de estimulações caracteriza-se como algo masturbatório, bem comum nas fases
adiante.

Fase fálica e Complexo de Édipo: No curso da fase fálica, o órgão genital masculino
desempenha papel dominante no menino, enquanto na menina o clitóris é considerado o
atributo fálico e fonte de excitação. A criança na fase fálica tende a uma identificação com um
dos pais, em que o menino identifica-se com o pai, e a menina com a mãe. O menino tem o
desejo de ser forte como o pai e ao mesmo tempo deposita ódio por ele amar a mãe. A
menina é hostil com a mãe porque supõe que ela possui o pai, ao mesmo tempo tem medo de
perder o amor da mãe que sempre lhe foi tão protetora. No Complexo de Édipo masculino, um
sentimento de destaque é a angústia, provocada pelo medo da castração, isso porque para o
menino, o objeto da pulsão é a mãe fantasiada da qual teme ser punido. O afeto em torno do
qual gravita o Édipo feminino é a inveja, e não a angústia, como no menino. Ela sente-se
castrada e culpa muitas vezes a própria mãe por isso.

Período de latência: Entre os seis e dez anos ocorre a fase de latência, em que a energia
libidinal é investida em algo que não está no próprio corpo, e podese afirmar que a libido
sexual passa por certo “adormecimento” em prol de outros investimentos da cultura.

Fase genital: Na adolescência ocorre a fase genital, caracterizada pela organização das pulsões,
sob a influência das outras fases psicossexuais infantis (oral, anal e fálica). Somente na fase
genital é que todas as zonas erógenas serão interligadas, operando sob o domínio do órgão
primário.

Sexualidade da criança na fase ora:

1º caso: além do leite, do seio e do corpo materno, a criança demanda esse olhar de
acolhimento, como destacado na teoria winnicottiana. Analisando o comportamento e
associando a fala da mãe e a teoria de Klein, podese argumentar que a angústia e a
inquietação da criança, na hora de se alimentar, podem ocorrer por uma visão de que o seio
da mãe seja mau, pois não lhe dá a gratificação esperada, levando em consideração que a mãe
interrompia as mamadas sempre que as sucções da criança ao mamar lhe proporcionavam
dor.

2º caso: A criança não foi amantada, pois o leite secou, ficando demonstrado que a criança não
encontrou no seio materno sua descarga parcial de tensão, e quando a mãe diz que a criança
sentiu nojo ao ser reapresentada ao seio, levou os pesquisadores a inferir queque a mesma vê
o seio como um “seio mau’’.

Sexualidade da criança em fase fálica:

Primeiro caso (quatro anos e sete meses): a criança em questão é muito apegada à mãe, chora
quando ela sai ou ameaça sair, sempre dá beijos, abraços e troca carinhos, ficando bem claro
que a criança está vivenciando o Complexo de Édipo com uma persistência em desejar a mãe,
o que, segundo Freud, caracteriza-se numa mistura de amor e desejo, mas também de ciúmes
e hostilidade, dirigidos aos genitores, especialmente o de sexo oposto, numa vivência
complexa de ambivalência de sentimentos.

Segundo caso (quatro anos e três meses): Relacionando essa descoberta sexual aos desejos
especiais pela mãe, mas começa a deslocar de forma não definitiva e ambivalente para outro
objeto amoroso, restando claro que a criança começa a desistir da mãe e elege outro objeto
amoroso sexual, transferindo esse sentimento para outra pessoa que neste caso é a inquilina.

A pesquisa realizada pelos autores Comprovou a dificuldade de os pais conceberem e


compreenderem os movimentos psicossexuais de seus filhos, cada uma de suas vivências nas
fases psicossexuais, o que demanda do psicólogo paterno uma intervenção educativa em torno
da temática sexual, no sentido de esclarecer sobre o desenvolvimento psicossexual de bebês e
crianças, ajudando-lhes a acolher os gestos considerados “estranhos” de seus filhos como de
natureza da “normalidade” e ajudá-los a compreender que a sexualidade é parte constitutiva
da natureza humana.
SEXUALIDADE E ESCOLA: O DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE INFANTIL A PARTIR DA
PSICANÁLISE

Autores: Jaqueline Tubin Fieira, Franciele Lorenzi e Giseli Monteiro Gagliotto

Sexo e sexualidade não se confundem. O sexo é a nossa marca biológica, hereditária, é a


condição orgânica que nos define e nos diferencia enquanto “machos” e “fêmeas”, seja, em
seres humanos, plantas ou animais. A sexualidade é uma energia que influencia pensamentos,
sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental.

Freud propôs uma concepção de sexualidade mais ampla, que tem início com a construção do
psiquismo e acompanha o ser humano até o fim da vida.

Freud apropriou-se do termo autoerotismo, inicialmente descrito por Havelock Ellis, para
explicar os fenômenos como, a busca pelo seio materno pela criança já saciada. Neste caso, a
criança procura a repetição de um prazer já vivenciado, um prazer já experimentado, que
busca repetir. A primeira zona erógena, no início da vida é a boca, e é por meio dela, que a
criança busca a sobrevivência e tem suas primeiras experiências de prazer, portanto, a origem
da sensação prazerosa.

A fase oral (0 a 1 ano) é a etapa do desenvolvimento infantil, no qual o prazer e a satisfação se


encontram na boca, portanto, a boca representa o canal de comunicação entre a criança e o
mundo, sendo a boca e lábios os primeiros órgãos responsáveis pelas primeiras experiências
de prazer.

O bebê deixa de sugar apenas o seio materno, e busca partes, em seu corpo, que possam ser
sugadas, portanto, o início da autoerotização na criança. As relações entre o bebê e quem
ocupa a função dos pais, são a base para o desenvolvimento da sexualidade.

Na fase anal, entre 1 a 3 anos de idade tem início quando a criança experimenta sensações
corporais, por meio, do controle das fezes e da urina, quando ela nota que é aceita pela
sociedade e, consequentemente, começa o processo de internalização das normas sociais.
Ocorre ao assimilar que, as evacuações muito frequentes, causam nos pais, preocupações e
cuidados redobrados, havendo duas etapas: a retensiva e a expulsiva. Na primeira etapa, a
criança pode (inconscientemente) considerar as fezes como objeto interno, que será
destruído, caso eliminado. Com as relações objetais, a excreção assume a característica de
prazer com a agressividade, portanto, sádica. Já na etapa retentiva, o prazer principal está na
retenção das fezes, assim, o prazer é maior com o alívio pós-retenção; determinando uma
estimulação intensamente prazerosa da mucosa retal. Por outro lado, pela falta da valorização
dos adultos,em relação à evacuação, a criança pode, ainda, fantasiar que as fezes são materiais
preciosos, que precisam ser guardados. Surge novamente o aspecto sádico, em vez de,
“oferecer suas fezes de presente”, poderá retê-las como um gesto hostil aos pais. A fase anal é
a precursora do superego, na qual, as proibições dos pais são internalizadas gradativamente, e
as proibições são acompanhadas, na criança, pelo medo de perder o amor dos pais. A criança,
antes de realizar um ato proibido, por exemplo, olha para a figura de autoridade, para
certificar-se sobre o consentimento para a realização da ação. Nesta fase, a criança apresenta
impulsos contraditórios (amor/ódio) às pessoas significativas de seu mundo, com as quais
estabelece suas relações objetais.
A terceira etapa do desenvolvimento psicossexual, que ocorre, aproximadamente, entre 3 e 6
anos de idade, é nomeada de fase fálica. Nesta fase, a criança descobre os órgãos sexuais e,
consequentemente, demonstra curiosidades pelas diferenças sexuais. Com a descoberta dos
órgãos sexuais, a criança começa a manipulá-los, e pela sensação de prazer gerada com o
toque, é comum, a criança repetir essa atividade. A descoberta, das diferenças entre os sexos,
causa na criança uma série de descobertas posteriores, que influenciarão seu psíquico e a
vivencia da sua sexualidade, na fase adulta. No menino, o complexo de castração e o complexo
de Édipo iniciam e encerram ao mesmo tempo. Já na menina, embora o complexo de Édipo
inicie com o complexo de castração, não encerra com ele, pelo contrário, o término deste abre
caminho para o início daquele. É o término do complexo de castração que marca a escolha do
pai como objeto de amor, pela menina. as crianças desenvolvem, com mais frequência, a
iniciativa e o gosto pelos jogos de cunhos sexuais, como brincar de papai e mamãe,
brincadeiras de casinha, de médico, etc. Nesta fase, há também, o desenvolvimento do
complexo de Édipo, tema central para a psicanálise.

Após os seis anos de idade até os dez, aproximadamente, o desabrochar vivaz da sexualidade é
tomado pelas repressões; e a quarta fase está instaurada. Na fase da latência, que dura até a
puberdade, as formações reativas são assimiladas, por meio, da moral, da vergonha e do nojo.
O desvio das forças pulsionais sexuais, denominado de sublimação, torna-se componente para
as realizações culturais. A criança se desenvolve de forma harmônica, após a renúncia do amor
incestuoso e as respostas às perguntas infantis, também devem ser harmônicas e verdadeiras,
visto que, demostram a curiosidade sadia e o desejo em aprender da criança. Para tanto, pais e
professores, precisam respeitar e estimular as imaginações, a vida lúdica e as afinidades
afetivas de cada criança.

Finalmente, a quinta etapa do desenvolvimento sexual é a fase genital, que ocorre a partir dos
10 anos de idade, é na puberdade há uma luta entre os impulsos dos primeiros anos e as
inibições do período de latência”, portanto, nesta etapa, são reavivados os impulsos e
investimentos objetais, das fases anteriores. A participação dos pais é fundamental, para
conduzir o adolescente, desta etapa, a liberar os desejos por todos os objetos familiares, que
por ventura, persistem.

Os autores concluem que concluímos que o desenvolvimento da sexualidade para Freud, não
se resume às etapas do desenvolvimento psicossexual e, não somente na prevalência das
zonas erógenas do corpo. O desenvolvimento da sexualidade representa, a partir das relações
estabelecidas entre a criança e as pessoas que ocupam a função de materna e paterna, as
inscrições no psiquismo; que permitem à criança a compreensão de que, além de um corpo
biológico, ela precisa se reconhecer como um ser de importância para o outro (ZORNIG, 2008).
No espaço escolar promover debates e atividades que compreendam a sexualidade como
inerente ao ser humano. Apontando a necessidade e a possível intervenção pedagógica para a
garantia do direito humano de se expressar e de existir em todo e qualquer contexto,
principalmente no escolar.

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