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Os pacientes de Freud “associavam livremente”, o que significa dizer que

faziam o melhor que podiam para expressar verbalmente todos os pensamentos


que lhes vinham à mente, mesmo que parecessem irrelevantes ou embaraçosos no
momento.
Com base nessas associações e nas lembranças dos pacientes, Freud
levantou a hipótese de que a sexualidade infantil passa por uma sucessão de
estágios de desenvolvimento durante os treze primeiros anos de vida,
aproximadamente, cada um deles caracterizado por um interesse direcionado para
uma parte diferente do corpo. Esse percurso, as respostas dos pais a esses
estágios e o modo como a criança lida com elas produzem efeitos duradouros.
A maioria dos terapeutas hoje percebe como foi importante o
reconhecimento da sexualidade infantil e compreende as dificuldades psicológicas
como resíduos de problemas acorridos em uma fase de maturação especifica.
Na tipologia freudiana, em cada um dos estágios que a criança atravessa,
uma parte do corpo e as atividades a ela associadas assumem uma importância
especial, da qual um aspecto é o prazer proporcionado por aquela região corporal.
Os estágios são:

A FASE ORAL (DO NASCIMENTO ATÉ CERCA DE DEZOITO MESES – 1 ANO


E 6 MESES)

A FASE ANAL (DOS DEZOITO MESES ATÉ CERCA DE 3 ANOS)

A FASE FÁLICA E O COMPLEXO DE ÉDIPO I (DOS 3 ANOS ATÉ CERCA DE 7


ANOS)

O PERÍODO DE LATÊNCIA (DOS 7 ANOS ATÉ A PUBERDADE)

Esses estágios não começam e terminam com precisão; cada um deles


tende a se esvanecer no seguinte e a este se sobrepor. A época em que ocorrem é
também aproximada e variável. Os estágios não apenas se sobrepõem: eles
também subsistem, inconscientes e escondidos, como um pano de fundo contínuo
para os estágios subsequentes.
Freud entendia o desenvolvimento psicossexual como uma evolução pulsional que
ocorre no interior do indivíduo. Não há dúvida de que as pulsões existem, embora
haja um desacordo interminável sobre como melhor classifica-las.

FIXAÇÃO E REGRESSÃO
Ideia de que existem uma quantidade de energia psíquica que pode ser
direcionada e redirecionada. Quando uma grande quantidade desta energia é
aplicada a uma ideia ou desejo ou memória, essa ideia ou desejo assume duas
características: ganha importância e se abastece de emoção. A medida que entram
em cada um dos estágios psicossexuais a seu tempo, as crianças investem uma
grande quantidade de energia nos desejos e prazeres daquele estágio.
A fixação se refere a uma quantidade incomum de energia que é deixada
para trás. No inconsciente, um estágio em que alguém está fixado retém uma
grande parte da importância e da emoção que ele originalmente continha. Desse
modo, ele é o lugar psíquico confortável ao qual se pode regressar quando a
situação fica difícil.
A regressão descreve o retorno a um ponto de fixação, que ocorre quando a
pessoa se encontra frustrada ou amedrontada. Assim como a fixação pode estar
vinculada a um estágio psicossexual ou a um relacionamento, a regressão pode
nos trazer de volta a qualquer um desses estágios.
Se as experiências de uma criança num determinado estágio são muito
traumáticas (ou excessivamente condescendentes), as lições aprendidas ou
inferidas acabam profundamente implantadas. É comum encontrar pessoas
inconscientemente fixadas no seu relacionamento com uma figura parental. Se
estou fixado dessa maneira, uma boa parte da minha energia psíquica estará
empenhada no anseio por aquela pessoa ou tentando extirpar a dor daquele
relacionamento. Don Juan representa a fixação pela mãe: é ela quem ele busca
desesperançada e futilmente. Minha cliente Barbara teve um pai emocionalmente
distante. Durante toda a infância, tentou sem sucesso fazer com que ele lhe desse
atenção e estabelecer algum vínculo emocional com ele. A privação e a frustação
desse relacionamento crucial estavam poderosamente fixadas. Hoje, ela escolhe
um namorado emocionalmente distante após o outro, numa tentativa inconsciente
de curar aquele primeiro relacionamento, fazendo finalmente com que o homem
frio passa a amá-la.

FASE ORAL
As primeiras preocupações da criança estão relacionadas à ingestão de
alimentos. A criança rapidamente aprende que sugar é prazeroso, mesmo quando
não há leite. A boca também pode ser a primeira fonte de prazer. As primeiras
frustações são as orais: fome, sede e uma necessidade insatisfeita de sugar. A
boca também serve como um primeiro órgão de agressão: morder, berrar e chorar.
Esses prazeres são amplamente reprimidos à medida que a criança cresce, mas
permanece influentes no inconsciente. Quando mais tarde na vida as relações
interpessoais tornam-se difíceis, pode haver uma forte tentação de retornar a uma
época em que não se precisava de ninguém.

RESPOSTA PARENTAL
A alimentação com hora marcada é uma declaração prematura e, por
conseguinte, poderosa para a criança de que seus interesses e necessidades não
são tão importantes quanto a conveniência dos outros. A alimentação sob
demanda, por outro lado, ensina que ela tem o direito de pedir aquilo de que
necessita e que deve ter confiança em que essas necessidades serão
frequentemente satisfeitas. A outra questão importante da resposta parental à fase
oral é o desmame. Ele é feito cedo ou tarde? É feito abrupta ou gradualmente? A
iniciativa é tomada pela criança ou pelos pais? Para a criança, as respostas a estas
perguntas contem lições sobre o mundo no qual nasceram, e, como foram
administradas muito cedo, podem exercer uma influência extraordinária sobre elas.

FIXAÇÃO ORAL
Pessoas com fixação oral podem desenvolver um sério transtorno alimentar,
como anorexia e bulimia, ou comer sem moderação, podem ter propensão a comer
quando estressadas ou sozinhas; podem ser passivas e dependentes. Podem
preferir sexo oral a outras modalidades de sexo. Podem ser verbalmente
agressivas, o que para os adultos provavelmente significaria dar “mordidas”
verborrágicas. Uma fixação oral moderada frequentemente parece tão comum
quanto universal.

FASE ANAL
No segundo ano de vida, as crianças demonstram um interesse considerável
pelas fezes e pela defecação. Há prazer em defecar e em prender as fezes. É o
período sádico-anal. Os pais frequentemente ensinam inadvertidamente as crianças
que as fezes são um presente que pode ser entregue ou negado.

RESPOSTA PARENTAL
A criança pode aprender que o corpo, suas funções e produtos são naturais
e aceitáveis ou pode aprender que são nojentos e vergonhosos. O treinamento da
toalete também é um poderoso instrutor, uma importante ocasião de aprendizado
de convívio social. Um treinamento de toalete prematura e severo ensina que as
coisas têm de ser feitas do jeito que os pais querem, não do jeito da criança. O
treinamento da toalete relaxado ou inexistente indica confiança na capacidade de a
criança descobrir como as coisas são.

FIXAÇÃO ANAL
A fixação anal pode assumir diversas formas. A mais comum parece ser a
compulsão – transtorno obsessivo-compulsivo. Pessoas com fixação anal que têm
mania de limpeza muitas vezes (talvez sempre) anseiam inconscientemente pela
sujeira, bagunça e desordem que elas com tanto escrúpulo evitam. Freud observou
que pessoas com fixação anal tinham propensão a ser “ordeiras, parcimoniosas e
teimosas”. Reter as minhas fezes quando alguém quer que eu entregue se torna
simbolizado na retenção do dinheiro.

FASE FÁLICA
Por volta do terceiro ano de vida, as crianças ficam muito interessadas nas
diferenças anatômicas entre os sexos. Não é apenas a diferença entre os sexos que
mobiliza a criança que entra nessa fase. É também o enorme prazer que a
estimulação do pênis ou do clitóris pode proporcionar. A estimulação de outras
“zonas erógenas” era satisfatória também, mas esse novo prazer torna-se
prioritário. A fantasia do contato genital com outra pessoa começa a aparecer. Por
volta dos 5 anos de idade, a vida fantasiosa das crianças não é mais
primordialmente auto-érotica, mas começa a focalizar outra pessoa.

RESPOSTA PARENTAL
A resposta parental a essa prática, que pode varias de punição e ameaças
aterrorizadoras de lúgubres consequências a total indiferença, pode causar um
impacto duradouro. Pode-se aprender que o prazer é ruim, pode-se aprender que o
prazer sexual é particularmente ruim. Na outra extremidade do continuum, podem
aprender que os pais não parecem fazer objeção a essa forma de prazer. Muitos
terapeutas acreditam que o menino desenvolve um medo de castração por conta
própria, sem que a ameaça lhe seja feita especificamente. Uma vez que viu que as
meninas não têm pênis, ele pode deduzir que elas tinham antes, mas lhes foram
retirados. As crianças de ambos os sexos podem perceber as diferenças genitais
como um sinal da superioridade masculina e da inferioridade feminina.

FIXAÇÃO FÁLICA
A fixação fálica descrê a criança que executa a transição da primazia auto-
erótica para a sexualidade interpressoal de modo incompleto ou que não a
executa. A criança pode se transformar numa pessoa para a qual a masturbação é
a forma mais satisfatória de sexo. Um menino com fixação fálica pode se
transformar em um homem que orgulhosa e agressivamente utiliza o pênis para
penetrar e dominar, em vez de fazer amor. Tem propensão a desvalorizar a mulher
e a se orgulhar da sua superioridade masculina. Uma menina com fixação fálica
pode se transformar numa mulher com sentimento de inferioridade,
particularmente em relação aos homens. Pode acreditar que deve ser passiva e
submissa aos homens. Pode se rebelar e assumir uma postura “masculina”
agressiva no mundo. Como os meninos com fixação fálica, poderá desvalorizar as
mulheres. Pode se ressentir de sua mãe, acreditando inconscientemente que esta é
responsável pela sua deficiência. Uma fixação fálica severa interfere com a
realização sexual. A pessoa pode ser totalmente inibida ou ser capaz de ter
relações sexuais apenas de forma mecânica e sem contato emocional. A fixação
fálica pode surgir primariamente de duas maneiras. Primeiro, um conflito sério em
relação a masturbação pode gerar essa fixação. Segundo, a criança pode ficar
traumatizada com a descoberta das diferenças genitais. A menina pode acreditar
que a falta do pênis significa que ela é inferior. O menino, ao descobrir que
existem pessoas sem pênis, podem passar a ter um medo sério de que isso possa
vir a lhe acontecer. Poderá então se tornar cauteloso ou medroso ou se defender
desse medo por meio de um orgulho fálico agressivo.
Um dos aspectos mais importantes da fixação é sua relação com a regressão, um
retorno a um estágio ou relacionamento anterior como forma de reagir à frustação
ou à ansiedade.

A regressão significa lidar com a ansiedade ou a frustação, refugiando-se em um


estágio psicossexual anterior ou em um relacionamento anterior.

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